redalyc.caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle...

8
Saúde Coletiva ISSN: 1806-3365 [email protected] Editorial Bolina Brasil Arruda Soares, Daniela; Sadigursky, Dora Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes Saúde Coletiva, vol. 7, núm. 45, 2010, pp. 263-269 Editorial Bolina São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84216927002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Upload: dinhnhi

Post on 10-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

Saúde Coletiva

ISSN: 1806-3365

[email protected]

Editorial Bolina

Brasil

Arruda Soares, Daniela; Sadigursky, Dora

Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Saúde Coletiva, vol. 7, núm. 45, 2010, pp. 263-269

Editorial Bolina

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84216927002

Como citar este artigo

Número completo

Mais artigos

Home da revista no Redalyc

Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Page 2: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269 263

diabetes e relações interpessoais

Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Daniela Arruda Soares Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira, Universidade Federal da Bahia, [email protected]

Dora Sadigursky Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem, Campus Canela- Salvador, Universidade Federal da Bahia, BA.

INTRODUÇÃO

A diabetes pode ser caracterizada como “uma síndrome crôni-co-degenerativa”1, com “etiologia multifatorial”2, “decorrente

de um distúrbio metabólico crônico que resulta de uma deficiên-cia, absoluta ou relativa de um dos hormônios produzidos pelo pâncreas - a insulina”3.

Para além da instabilidade orgânica, consequência do distúr-bio insulínico, ser acometido pela diabetes e conviver com ela pode representar, para muitas pessoas, uma perda de controle

Recebido: 18/01/2009Aprovado: 23/09/2010

Trabalho extraído de dissertação de mestrado intitulada “Competência Interpessoal no cuidado de pessoas com Diabetes: percepção de enfermeiras”.

Este trabalho de natureza qualitativa tem como objetivo caracterizar o relacionamento interpessoal entre enfermeiros e pes-soas com diabetes, por entender-se que as relações constituem uma forma de intervenção à saúde que podem contribuir para a compreensão das respostas dessas pessoas à doença. O cenário de coleta de dados foi constituído de onze unidades de Saúde da Família locadas na cidade de Vitória da Conquista-Bahia. Os sujeitos do estudo foram os enfermeiros dessas unidades em interação com pessoas com diabetes. Para coleta dos dados, foi utilizada a observação estruturada e não parti-cipante, cujo conteúdo foi analisado e categorizado por meio da análise temática norteada por Bardin. Os resultados aponta-ram uma valorização do papel instrumental (técnico) do enfermeiro, bem como uma desvalorização dos elementos subjetivos como integrantes do cuidado de enfermagem. Necessário se faz preencher as lacunas de informação e conhecimento sobre as relações interpessoais, o que não tem sido foco de planejamento e implementação nas ações cuidativas/relacionais dos enfermeiros que lidam com pessoas portadoras de diabetes.Descritores: relações interpessoais, diabetes, enfermagem.

This work of qualitative nature aims to characterize the interpersonal relationship between nurses and diabetic people, for understanding that the relations constitute a form of health intervention that can contribute for the understanding the way people respond to the illness. The data collection consisted on eleven Family Health units in the city of Vitória da Conquis-ta- Bahia, Brazil. The subjects of the study were the nurses of these units who interacted with people with diabetes. For the data collection, it was used a non-participant, structuralized observation, and the content was analyzed and categorized by means of the thematic analysis guided by Bardin. The results pointed out a higher apreciation of the instrumental (technician) knowledge of the nurse, as well as a depreciation of the subjective elements as part of the nursing care. It is necessary to fill the information and knowledge gaps on the interpersonal relations, as it has not been focus of planning and implementation in care actions of the nurses who deal with people in the diabetes situation.Descriptors: interpersonal relations, diabetes, nursing.

Este estudio es cualitativo y tiene como objetivo caracterizar las relaciones interpersonales entre los enfermeros y las personas con diabetes ya que considera que las relaciones son una forma de intervención en salud, que puede contribuir a la comprensión de las respuestas de las personas con diabetes. El escenario de la colecta de datos fue formado por once unidades de Salud de la Familia en la ciudad de Vitória da Conquista-Bahia, Brasil. Los sujetos del estudio fueron los enfermeros en estas unidades que interactuaban con las personas con diabetes. Para la colecta de datos, se utilizó la observación estructurada y no participante, cuyo el contenido fue analizado y categorizado por el análisis temático guiado por Bardin. Los resultados mostraron una apreciación de la función instru-mental (técnica) de los enfermeros, y una desvalorización de los elementos subjetivos, como parte de los cuidados de enfermería. Se hace necesario llenar los vacíos en la información y conocimiento sobre las relaciones interpersonales, ya que ese no es el foco de la planificación y ejecución de acciones de cuidado de los enfermeros que trabajan con personas con diabetes.Descriptores: relaciones interpersonales, diabetes, enfermería.

artigo_diabetes.indd 263 15/10/10 14:44

Page 3: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

264 Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

diabetes e relações interpessoaisSoares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

de sua própria vida, considerando os limites e restrições impos-tos pela doença. Portanto, “na perspectiva da pessoa enferma a doença traz um impacto no fluxo de sua vida quotidiana”4.

A prestação de um cuidado que não considere as relações interpessoais como elemento constituinte do mesmo, tende a torná-lo meramente biologicista e reificador, e a desconsiderar o impacto da doença no fluxo de vida das pessoas, contribuin-do para que o mesmo configure-se como instrumental e tecni-cista.

Nesta ótica, salienta-se que já existem evidências que suge-rem a existência de uma influência das relações interpessoais em uma gama de aspectos como a saúde, a percepção de bem estar, de qualidade de vida, redução de mal-estar, queixas às doen-ças, estresse, e outros5,6.

Tais evidências demonstram a necessi-dade premente de se conhecer como se caracterizam as relações interpessoais dos enfermeiros perante as pessoas com diabe-tes, no sentido de que este conhecimento possa redirecionar o cuidado, subsidiando a implementação de estratégias mais efeti-vas com vistas a uma abordagem integral dessas pessoas, envolvendo não só os ele-mentos fisiopatológicos relativos à doença, mas também os psicossociais, educacionais e de reorganização da atenção à saúde7.

Apesar de, este tema adquirir feição de-veras familiar e rotineira na profissão de enfermagem8 ele não tem recebido a devi-da atenção quando da operacionalização deste recurso no cuidado de pessoas com doenças crônicas, no caso o diabetes, fato este que ratifica a importância deste traba-lho em desvelar facetas ainda pouco pri-vilegiadas do cuidado, além de configurar um “aspecto emergente na pesquisa de en-fermagem”9.

Neste sentido, este trabalho tem como objetivo caracterizar o relacionamento interpessoal entre enfermeiros e pessoas com diabetes, por entender-se que as relações constituem uma for-ma de intervenção à saúde, que pode contribuir para a com-preensão das respostas dessas pessoas à doença, de como as relações de saúde são processadas e vivenciadas, assim como subsidiar a identificação de intervenções mais efetivas capa-zes de melhorar a adesão do paciente às orientações e ao tra-tamento e, por conseguinte, melhorar o controle glicêmico e prevenir complicações agudas e crônicas.

O cuidado de enfermagem e as relações interpessoaisO cuidado representa uma ação integral e dinâmica que tem signos e significados e está atrelado à compreensão da saúde como um direito do ser10. Ele ainda representa uma forma de intervenção à saúde que inclui ações terapêuticas, capazes de afetar o funcionamento individual ou coletivo, sendo definido e atualizado no contexto de uma relação interpessoal9.

Depreende-se assim que, o cuidado de enfermagem é de na-tureza interacional, refletindo a relação entre o ser que cuida

e o que é cuidado, representando a relação interpessoal entre o enfermeiro e a pessoa foco dos cuidados deste profissional, perpassado por um alvo terapêutico a ser atingido.

Se o cuidado é um direito do ser e é de natureza interacio-nal, faz-se mister a reflexão de que as relações interpessoais são fundamentais e integrantes do cuidado de pessoas com dia-betes, visto que ser portador desta enfermidade crônica pode representar fonte de estresse, causadora de sofrimento humano, dificuldade de enfrentamento da doença e de situações a ela associadas11, podendo repercutir positivamente na manutenção da dignidade, bem como da adesão ao regime terapêutico e ao

novo estilo de vida dessas pessoas, portan-to, no processo de viver de forma saudável.

Desta forma, quando uma pessoa com diabetes, vai a busca do cuidado do enfer-meiro, procura instaurar uma relação de ajuda com este profissional, que seja cen-trada em suas necessidades, nos problemas que vivencia, já que para ela, esta nova si-tuação de descoberta da doença pode re-fletir em dificuldades de aceitá-la e de ca-minhar para estados de interdependência e independência1.

O estabelecimento de uma relação de ajuda entre o ser que cuida (enfermeiro) e o ser que é cuidado (pessoa com diabetes), prevê a ocorrência de uma relação que seja “pessoa-a-pessoa”12, ou seja, a pessoa do enfermeiro interage com a pessoa por-tadora de diabetes, a fim de atender as di-ficuldades encontradas na manutenção da saúde e estimular as potencialidades do ser cuidado.

Quando o cuidado não se fundamenta nestes moldes, a relação de cuidado con-figura-se como de sujeito-objeto e não pes-soa-a-pessoa, o que é preocupante, pois,

“[...] a ausência deste aspecto humano do cuidar, principal-mente considerando as crescentes pressões econômicas, políti-cas e tecnológicas na área da saúde bem como a tendência ao individualismo e a falta de ética nas relações [...]”13, pode com-prometer o cuidado e a relação interpessoal subjacente a este.

A este respeito, Moscovici14 vem dizer que o relacionamen-to humano é precioso demais para ser reduzido a mero fun-cionamento de uma máquina e que a dimensão interpessoal transcende aos limites da tecnologia avançada. Esta mesma au-tora ainda faz um questionamento que deve tocar na acústica do ser: “os profissionais atuam em elevado e sofisticado nível técnico de competência nas várias atividades ocupacionais. Quando começarão a funcionar, ao mesmo nível de competên-cia com as pessoas?” Este questionamento impele à busca de entendimento sobre as relações interpessoais.

Aspectos das relações interpessoaisO relacionamento interpessoal “é uma abstração, uma con-veniência do intelecto”15. Isto porque o relacionamento não é tangível, o que é palpável é a existência do terapeuta (en-fermeira) e de um paciente (ser cuidado), que se interrelacio-nam, bem como dos efeitos e dos resultados deste relaciona-

“SE O CUIDADO É UM DIREITO DO SER E É DE NATUREZA INTERACIONAL, FAZ-SE

MISTER A REFLEXÃO DE QUE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

SÃO FUNDAMENTAIS E INTEGRANTES DO CUIDADO

DE PESSOAS COM DIABETES, VISTO QUE SER PORTADOR

DESTA ENFERMIDADE CRÔNICA PODE REPRESENTAR

FONTE DE ESTRESSE, CAUSADORA DE SOFRIMENTO

HUMANO [...]”

artigo_diabetes.indd 264 15/10/10 14:44

Page 4: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269 265

diabetes e relações interpessoais

mento. A enfermeira e o ser cuidado são o relacionamento propriamente dito.

Apesar do relacionamento interpessoal se constituir em uma conveniência do intelecto, ele é a base de tudo, pois, “na vida, tudo é interação”16, com repercussões multiformes entre ser que cuida e ser que é cuidado.

Esta influência recíproca entre ser que cuida e ser que é cui-dado é compatível com a concepção sistêmica de Capra17, o qual vê o mundo em termos de relações e de integração. Ca-pra17 ainda considera que um sistema depende da interação si-multânea, da interdependência e da integração existente entre suas unidades.

As relações interpessoais, além de serem sistêmicas, são processuais, pois “abrange um procedimento técnico, guiado por métodos sistemáticos, numa sequência contínua de fatos e operações, que apresentam certa regularidade, em participação conjunta visando um alvo terapêutico”18.

Estes processos de interação entre as pessoas ocorrem den-tro de um campo interacional, que também é uma abstração do intelecto, e que para Stefanelli19, se constitui em um campo onde as pessoas se percebem, compartilham pensamentos, pro-pósitos, significados de ideias, além de modificarem-se.

Este campo interacional perpassa por todos os relaciona-mentos de caráter terapêutico que o enfermeiro estabelece com

a pessoa com diabetes, no entanto, nem todas as interações en-tre a enfermeira e o paciente se constituem uma relação inter-pessoal.

Complementarmente, Travelbee12 explicita que um determi-nado número de interações acumuladas não constitui, a prio-ri, uma relação interpessoal e que, “uma das características de uma relação é que ambos, paciente e enfermeira, trocam e mo-dificam o seu comportamento”.

Há que se entender ainda que relacionamentos interpessoais, de cunho terapêutico, não devem ser confundidos com relacio-namentos sociais. Sobre isto, Taylor20 e Daniel18 ainda vêm co-laborar, quando estabelecem uma diferenciação entre relacio-namentos sociais e terapêuticos. Para elas, os relacionamentos sociais geralmente são compartilhados pelos participantes e são limitados ao prazer pessoal, ao passo que, os relacionamentos terapêuticos, focalizam-se sobre as necessidades de saúde dos clientes, além de ter como premissa a responsabilização da própria pessoa enferma pela conquista e manutenção de sua saúde.

A relação terapêutica ou pessoa-a-pessoa ainda se diferen-cia de outros tipos de relações, pois, têm objetivos definidos, requer responsabilização mútua, identificação de problemas, envolvimento emocional e uso de técnicas de comunicação e atitudes terapêuticas ou interpessoais12,18,21.

artigo_diabetes.indd 265 15/10/10 14:44

Page 5: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

266 Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

diabetes e relações interpessoaisSoares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

No que diz respeito aos objetivos do relacionamento inter-pessoal, estes são pré-estabelecidos desde o primeiro encontro, no sentido de clarificar os reais propósitos do encontro, da in-teração18,21,22.

A responsabilização mútua é referida ao envolvimento e compromisso do enfermeiro e da pessoa foco dos cuidados, na prevenção, promoção e recuperação da saúde desta última, com vistas a uma transição de estados de dependência para a interdependência e independência.

A identificação de problemas deve ser feita nos âmbitos biopsicossocial do cliente, portanto em uma perspectiva inte-gralizante. Isto permite uma desvinculação com a visão pura-mente objetivista para outra mais ampla, que valorize o ser cui-dado como possuidor de capacidades criativas, imaginativas, relacionais.

O envolvimento emocional é outro ele-mento importante para a relação interpes-soal, pois, as relações humanas acontecem a partir de uma base emocional que define o âmbito da convivência. Através deste, po-de-se empatizar com os sentimentos e pro-blemas do outro para ajudá-lo, sem, con-tudo, imobilizar-se com esta experiência. Envolver-se emocionalmente é um requisito básico para as relações interpessoais e para que o cuidado de enfermagem ocorra23.

As atitudes terapêuticas ou interpes-soais, mais um componente de um rela-cionamento terapêutico, correspondem a elementos comportamentais, ao estado mental, à disposição interna, a forma de pensar e sentir do enfermeiro expressas pelo seu modo de ser e por opções de aju-da terapêutica oferecidas à pessoa enfer-ma18. Elas são o reflexo da incorporação dos preceitos da relação terapêutica ao comportamento do enfermeiro, o qual os exterioriza em forma de atitudes, com o intuito de favorecer o relacionamento terapêutico e de possibilitar mudanças que se incorporem, de igual forma, ao comportamento do cliente.

Por fim, as técnicas de comunicação representam os instru-mentos que se deve lançar mão para obter troca de informa-ções e estabelecer interações. Estas veiculam e perpassam por todo o relacionamento terapêutico e por isso, devem ser indi-vidualizadas no sentido de atender as necessidades específicas de cada situação e a unicidade das pessoas. Para Aquino24, “a comunicação materializa-se através da linguagem e corporifi-ca-se nas relações entre os indivíduos”.

A caracterização das relações interpessoais entre a pessoa com diabetes e o enfermeiro nos moldes supracitados, denota que a análise dessas relações poderá apontar caminhos e suge-rir estratégias que valorizem a individualidade de cada um, que amenize a angústia e a dor inerentes ao viver humano e que dinamize os processos de mudança, superando as tradicionais formas de cuidar pautadas apenas no êxito técnico e no conhe-cimento aprisionado no método10.

METODOLOGIATrata-se de um estudo com abordagem qualitativa. O cenário da pesquisa foi constituído de onze Unidades de Saúde da Fa-mília (USF) da zona urbana, locadas no município de Vitória da Conquista-BA, o qual é considerado o principal pólo regional de prestação de serviços nas áreas de educação e saúde da re-gião Sudoeste da Bahia. Tais Unidades de Saúde visam imprimir uma nova dinâmica de atuação, através da promoção da saúde e da reorientação do modelo assistencial vigente, de acordo com as diretrizes do SUS. Elas estão localizadas em pontos estratégi-cos do município, buscando implementar a proposta de regio-nalização da atenção em saúde, focalizando grupos de risco biológico e social.

Os sujeitos constituíram-se de onze enfermeiros que preen-cheram os seguintes critérios de inclusão: trabalhavam nas unidades de saúde famí-lia da zona urbana do município, desen-volviam o atendimento às pessoas com diabetes, preencheram o termo de consen-timento livre e esclarecido. O fechamen-to amostral ocorreu quando se percebeu uma saturação teórica emitida nas falas, momento em que os dados começaram a apresentar certa repetição25.

Como técnica de coleta de dados uti-lizou-se a observação estruturada e não-participante21. O roteiro estruturado de ob-servação seguiu os parâmetros delineados no referencial deste estudo para as relações interpessoais, a saber: objetivos defi nidos, responsabilização mútua, identifi cação de problemas, envolvimento emocional e uso da comunicação. As atitudes terapêuticas não foram contempladas como um item do roteiro de observação, pois, como elas re-presentam a incorporação dos preceitos da relação terapêutica ao comportamento do

enfermeiro, os achados dos outros elementos, de certo modo a representariam. Um pré-teste foi aplicado no sentido de testar o instrumento, momento em que o mesmo sofreu algumas altera-ções para refl etir com sensibilidade e efi ciência os objetivos do estudo.

Os procedimentos éticos exigidos pela Resolução n. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, foram seguidos, sendo este estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, pelo Processo n.º 38/2006.

A coleta de dados ocorreu nos meses de março à junho de 2006, respeitando a programação prévia que tais Unidades têm para atendimento de pessoas com diabetes mellitus. Assim, as observações ocorreram geralmente no início do expediente, nos dois turnos de trabalho, na sala de atendimento do próprio pro-fi ssional, com duração de cerca de quarenta minutos e os regis-tros foram feitos em um diário de campo.

Para análise do conteúdo das observações, procurou-se seguir os passos defi nidos por Bardin26: préanálise, onde se fez uma leitura fl utuante do material, constituição do corpus, preparação de materiais; a segunda etapa foi a de exploração do material, por meio da codifi cação dos núcleos de compreensão, agregan-

do dados e informações, bem como selecionando as categorias e subcategorias teóricas ou empíricas que nortearam a especi-fi cação do tema; tratamento e interpretação dos resultados, por meio de proposição de inferências e realização de interpretações fundamentadas no quadro teórico delineado neste trabalho.

O tipo de análise adotada foi a temática, a qual objetiva identificar as unidades de significação que se desprendem de um texto analisado, comportando um feixe de relações que podem ser apresentadas através de uma palavra, uma frase ou um resumo.

RESULTADOSDos 11 sujeitos, 10 eram do sexo feminino e apenas um do sexo masculino, todos encontravam-se na faixa etária de vinte e cinco a trinta e cinco anos, mais da me-tade eram casados. Em termos de experiên-cia profissional, somente um atuou na área assistencial, o restante já atuou nas áreas de ensino, pesquisa e assistência. O tempo de atuação no Programa foi em média de cinco anos. Em termos de especialização, todos os informantes a possuíam, sendo que a de maior prevalência foi de Saúde Pública.

Obtiveram-se os seguintes temas: valo-rização de um papel instrumental e dis-tanciamento do aspecto subjetivo do cui-dado.

Valorização de um papel instrumentalAs relações interpessoais desenvolvidas en-tre o enfermeiro e a pessoa com diabetes, “evidenciam um jeito de ser e estar com [...], cujas intervenções efetivas refletem as atitudes e as competências relacionais dos profissionais da saúde”9.

Este jeito de ser e estar com a pessoa com diabetes pode refletir tanto uma aproximação do enfermeiro com os elemen-tos que constituem uma relação de ajuda, quanto um distan-ciamento dos mesmos, ou até uma hipervalorização de alguns destes.

Desta forma, foi perceptível que, dos elementos constituintes de uma relação de ajuda os quais foram seguidos no roteiro de observação estruturada deste estudo, os enfermeiros se atenta-ram, quase exclusivamente, para a determinação de objetivos e identificação de problemas; atentaram parcialmente para a utilização da comunicação verbal e praticamente, desconside-raram a responsabilização mútua, o envolvimento emocional e outros elementos implícitos ao cuidado de pessoas com diabe-tes.

Constatou-se ainda que houve uma valorização parcial e acentuada de componentes dos relacionamentos interpessoais tais como: cumprimentarem a pessoa com diabetes; apresen-tarem-se; orientarem sobre o cuidado relativo à doença antes, durante e após a sua realização; questionarem à pessoa aten-dida sobre o tipo de problema que estava apresentando decor-rente da doença, buscarem formas de intervenção relacionados aos problemas orgânicos relatados, escutarem com atenção e

“... AS QUESTÕES SUBJETIVAS, RELACIONADAS

AO CUIDAR DE PESSOAS COM DIABETES, NÃO

FORAM EXPRESSAS PELOS ENFERMEIROS. OS ASPECTOS MAIS VINCULADOS À ROTINA

DE TRABALHO, COMO APRESENTAR-SE, EXPLICAR

SOBRE A DOENÇA, FAZER ENCAMINHAMENTOS, FOI O

QUE PREVALECEU”

artigo_diabetes.indd 266 15/10/10 14:44

Page 6: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269 267

diabetes e relações interpessoais

do dados e informações, bem como selecionando as categorias e subcategorias teóricas ou empíricas que nortearam a especi-fi cação do tema; tratamento e interpretação dos resultados, por meio de proposição de inferências e realização de interpretações fundamentadas no quadro teórico delineado neste trabalho.

O tipo de análise adotada foi a temática, a qual objetiva identificar as unidades de significação que se desprendem de um texto analisado, comportando um feixe de relações que podem ser apresentadas através de uma palavra, uma frase ou um resumo.

RESULTADOSDos 11 sujeitos, 10 eram do sexo feminino e apenas um do sexo masculino, todos encontravam-se na faixa etária de vinte e cinco a trinta e cinco anos, mais da me-tade eram casados. Em termos de experiên-cia profissional, somente um atuou na área assistencial, o restante já atuou nas áreas de ensino, pesquisa e assistência. O tempo de atuação no Programa foi em média de cinco anos. Em termos de especialização, todos os informantes a possuíam, sendo que a de maior prevalência foi de Saúde Pública.

Obtiveram-se os seguintes temas: valo-rização de um papel instrumental e dis-tanciamento do aspecto subjetivo do cui-dado.

Valorização de um papel instrumentalAs relações interpessoais desenvolvidas en-tre o enfermeiro e a pessoa com diabetes, “evidenciam um jeito de ser e estar com [...], cujas intervenções efetivas refletem as atitudes e as competências relacionais dos profissionais da saúde”9.

Este jeito de ser e estar com a pessoa com diabetes pode refletir tanto uma aproximação do enfermeiro com os elemen-tos que constituem uma relação de ajuda, quanto um distan-ciamento dos mesmos, ou até uma hipervalorização de alguns destes.

Desta forma, foi perceptível que, dos elementos constituintes de uma relação de ajuda os quais foram seguidos no roteiro de observação estruturada deste estudo, os enfermeiros se atenta-ram, quase exclusivamente, para a determinação de objetivos e identificação de problemas; atentaram parcialmente para a utilização da comunicação verbal e praticamente, desconside-raram a responsabilização mútua, o envolvimento emocional e outros elementos implícitos ao cuidado de pessoas com diabe-tes.

Constatou-se ainda que houve uma valorização parcial e acentuada de componentes dos relacionamentos interpessoais tais como: cumprimentarem a pessoa com diabetes; apresen-tarem-se; orientarem sobre o cuidado relativo à doença antes, durante e após a sua realização; questionarem à pessoa aten-dida sobre o tipo de problema que estava apresentando decor-rente da doença, buscarem formas de intervenção relacionados aos problemas orgânicos relatados, escutarem com atenção e

interesse. Ficou evidente, portanto, que os enfermeiros se relacionam

com a pessoa com diabetes utilizando alguns elementos da re-lação terapêutica, entretanto, delineia-se neste momento a valo-rização de um papel mais instrumental e mecânico, decorrente de uma rotinização técnica e protocolar para tratar a doença, não parecendo claro para os mesmos que esta relação deva se reverter em benefício mútuo, permitindo que as experiências da pessoa com diabetes sejam acomodadas, concorrendo para a potencialização do cuidado de enfermagem.

Depreende-se com isto, que as observações demonstraram que as relações tendenciam mais para a mecanização do que para a humanização. Há uma preocupação maior em cumprir o que é determinado para o alcance de metas de cobertura de

certo número de atendimentos do que para como estas atividades se processam.

Em associação a isto, Manzolli27 afirma que “o enfermeiro deve ter consciência do seu papel, não apenas como aplicador de técnica, mas de um profissional liberal que visa o relacionamento efetivo com o paciente”, pois, a pessoa com diabetes ne-cessita, muitas vezes “de conversar, de um aperto de mão, um olhar, ou apenas de se-rem ouvidas”28.

Portanto, compreender a dimensão re-lacional do cuidado de enfermagem, estar sensibilizado, informado e bem preparado para lidar com este processo interacional, é de fundamental importância para poder configurar a relação interpessoal, entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes, como terapêutica e capaz de gerar efeitos benéfi-cos rumo à melhora da qualidade de vida destes.

Distanciamento do aspecto subjetivo do cuidadoO cuidado de enfermagem, considerado em dimensões amplas (além da técnica), abarca em seu bojo uma fi nalidade que tam-bém é ampla, esta é a de aliviar o sofrimento humano, manter a dignidade e facilitar meios de enfrentar as crises e as experiên-cias do viver e do morrer13.

Silva29 vem coadunar com Waldow13 ao dizer que se evoluiu muito no terreno da técnica, mas que esta não signifi ca ética, por isso muitas vezes, os profi ssionais esquecem o envolvimento e responsabilidade que o cuidado requer. Já Benjumea30 ratifi ca que o cuidar não é uma mera execução de procedimentos pres-critos pelo médico, pois representa um movimento de conexão relacional entre o ser que cuida e o que é cuidado.

Reconhecendo que as relações interpessoais estabelecem uma superfície de contato com o cuidado de enfermagem, in-tegrando uma fi nalidade única que é a de promover a vida, por meio da “expressão, refl exão, imaginação, elaboração do pen-samento, aplicação intelectual”29, salienta-se que as observa-ções realizadas demonstraram certo distanciamento do exposto acima.

No que diz respeito à valorização de todos os problemas refe-

“FICOU EVIDENTE, PORTANTO, QUE OS ENFERMEIROS SE

RELACIONAM COM A PESSOA COM DIABETES UTILIZANDO

ALGUNS ELEMENTOS DA RELAÇÃO TERAPÊUTICA, ENTRETANTO, DELINEIA-SE NESTE MOMENTO A

VALORIZAÇÃO DE UM PAPEL MAIS INSTRUMENTAL E

MECÂNICO [...]”

artigo_diabetes.indd 267 15/10/10 14:44

Page 7: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

268 Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

diabetes e relações interpessoaisSoares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Referênciasridos pela pessoa com diabetes, entendendo-os como determi-nantes ou desencadeantes da doença; a realização de cuidados e orientações acatando, sempre que possível, os desejos e/ou su-gestões da pessoa com diabetes; a valorização dos sentimentos do paciente, a expressão de sentimentos consoante ao que o pa-ciente diz; o fornecimento de informações claras certifi cando-se que a pessoa as compreendeu e, o toque realizado não apenas para executar um procedimento, não foram constatados durante o período que em foi realizada a observação.

Em relação ao fato de colocar-se como elemento de ajuda, estimular a participação da pessoa com diabetes para o seu pró-prio cuidado reconhecendo e respeitando suas experiências, e demonstrar aceitação pelo o que a pessoa é, foi observado em apenas uma das interações entre um enfermeiro e uma pessoa com diabetes.

Isto denota que as questões subjetivas, relacionadas ao cui-dar de pessoas com diabetes, não foram expressas pelos enfermeiros. Os aspectos mais vinculados à rotina de trabalho, como apresentar-se, explicar sobre a doença, fa-zer encaminhamentos, foi o que prevale-ceu.

Acredita-se que esta é uma situação a ser repensada, com vistas à superação da visão biomédica voltada para o corpo, para a cura/tratamento da doença, isto porque já se tornou um jargão para os profissionais da área defender uma assistência holística e integralizante aos indivíduos. Em contra-posição, o que se observa é que “os enfer-meiros identificam e atendem principal-mente as necessidades do plano físico ou psicobiológico”23.

Corroborando com a colocação acima, Cruz e Soares31 dizem que: “[...] a ajuda terapêutica deve se concentrar na pessoa e não no problema, porquanto promove ao indivíduo ajudado um meio de melhorar sua capacidade para enfrentar a vida, ante o potencial que cada indivíduo tem”.

Assim, suplantar a superficialidade e o distanciamen-to em que os relacionamentos vêm se edificando, é concor-rer para o resgate de um cuidado que não se limite a tratar, mas como diz Cólliere32, que vise à manutenção, o estímu lo e o despertamento das forças da vida, pois, para ela “po-de mos viver sem tratamento, mas não sem cuidados”.Con siderar as subjetividades, os sentimentos, os conhecimentos dos sujeitos envolvidos na relação interpessoal, aplicando habili-dades específicas para atender as demandas deste relacionamen-to, é concorrer para a aquisição de competência interpessoal. Por isso, não só o cuidado de enfermagem, mas as práticas em saúde como um todo “devem ser visualizadas não só do pon-to de vista técnico-científico, mas também das emoções e sen-timentos, [...] estes como um elemento das práticas de saúde”33.

Ser competente nas relações interpessoais, atualmente, deve fa-zer parte do trabalho desenvolvido por enfermeiros em qualquer contexto de trabalho, isto porque “o trabalhador polivalente, mul-tiqualificado deve exercer cada vez mais, funções abstratas e exe-cutar, cada vez menos trabalho manual”34, neste caso, lançar mão

das relações interpessoais como forma de intervenção em saúde, considerando-a como uma tecnologia de cuidado.

Reconhece-se que se o profissional enfermeiro quiser ser te-rapêutico e competente, as atitudes terapêuticas devem “per-mear toda a conduta do enfermeiro frente à pessoa que passa por um episódio de sofrimento (físico ou psíquico)”21.

CONSIDERAÇÕES FINAISAo analisar os pontos preconizados no roteiro de observação e correlacioná-los com o comportamento expresso pelos enfer-meiros, não se pretendeu com isto estabelecer padrões norma-tizadores e rígidos para guiar os relacionamentos interpessoais. Ao contrário, tais pontos foram edificados mediante um con-senso de exímios autores da área, objetivando contribuir com o processo de reflexão sobre as relações interpessoais e sobre o cuidado de enfermagem.

Das observações para caracterização do relacionamento entre o enfermeiro e a pes-soa com diabetes, demonstrou que ainda há uma valorização do papel instrumental (técnico) do enfermeiro, bem como uma divergência da prática destes profissionais em relação aos constructos teóricos exara-dos no referencial deste trabalho, conside-rando os elementos subjetivos como inte-grantes do cuidado de enfermagem.

Não obstante, os dados deste estudo demonstrarem um distanciamento entre os preceitos de um relacionamento tera-pêutico e o relacionamento realizado no quotidiano de um grupo de enfermeiros em interação com pessoas com diabetes, destaca-se que a prestação do cuidado sob a égide da relação pessoa-a-pessoa ou te-rapêutica, não é somente fruto de modeli-zação teórica de caráter utópico e distante das possibilidades de realização. É, antes

de tudo, o resgate dos saberes tácitos e explícitos do profissio-nal de enfermagem e da pessoa cuidada, é o confronto entre o saber e o saber ser, é a aplicação contextualizada de conheci-mentos em forma de práticas concretas, é o caminhar para a aquisição de competência interpessoal e de intervenções espe-cíficas na saúde destes sujeitos.

Importante é compreender que existem distintas formas de relacionamento interpessoal, até mesmo porque as pessoas em interação são as mais diversas possíveis, inseridas em um contexto dinâmico e também diversificado. Tais formas de rela-cionamento excluem a existência de fórmulas para se alcançar uma interação satisfatória.

Por isso, só o conhecimento técnico não é capaz de lidar com a dinamicidade dos processos interpessoais. Eles devem, pois, estar associados às pessoas, às circunstâncias e ao contex-to em que se desenrola uma relação.

Necessário faz-se preencher as lacunas de informação e co-nhecimento sobre as relações interpessoais, visto que ela não tem sido foco de planejamento e implementação nas ações cuidativas/relacionais dos enfermeiros que lidam com pessoas com diabetes.

“IMPORTANTE É COMPREENDER QUE

EXISTEM DISTINTAS FORMAS DE RELACIONAMENTO

INTERPESSOAL, ATÉ MESMO PORQUE AS PESSOAS EM INTERAÇÃO SÃO AS MAIS

DIVERSAS POSSÍVEIS, INSERIDAS EM UM

CONTEXTO DINÂMICO E TAMBÉM DIVERSIFICADO.”

artigo_diabetes.indd 268 15/10/10 14:44

Page 8: Redalyc.Caracterização das relações … representar, para muitas pessoas, uma perda de controle Recebido: 18/01/2009 Aprovado: 23/09/2010 Trabalho extraído de dissertação de

Soares DA, Sadigursky D. Caracterização das relações interpessoais entre o enfermeiro e a pessoa com diabetes

Saúde Coletiva 2010;07 (45):263-269 269

diabetes e relações interpessoais

Referências

1. Damasceno MMC, Loureiro MFF, Silva LF. Ser diabético e nefropata em tratamento de hemodiálise. Rev Baiana Enferm. 2001;14(1):27-38. 2. Pereira E, Menegatti C, Percegona L, Aita, CAM, Riella MC. Aspectos psico-lógicos de pacientes diabéticos candi-datos ao transplante de ilhotas pancre-áticas. Arq Bras Psicol. 2007;59(1):51-60.3. Franco LJ. Epidemiologia do diabe-tes mellitus. In: Lessa I, organizador. Adulto brasileiro e as doenças da mo-dernidade. Epidemiologia das doenças crônicas não-transmissíveis no Brasil. São Paulo: Hucitec; 1998. p. 123-35.4. Lira GV, Nations M, Catrib AMF. Cronicidade e cuidados de saúde: o que a antropologia da saúde tem a nos ensinar? Texto & Contexto Enferm. 2004;13(1):47-55. 5. Silva et al. Efeitos do apoio social na qualidade de vida, controle metabólico e desenvolvimento de complicações crónicas em indivíduos com diabetes. Psicol Saúde Doenças. 2003;4(1):21-32.6. Cheng TYL, Boey KW. Coping, social support, and depressive symptoms of older adults with Type II diabetes melli-tus. Clin Gerontol. 2000;22(1):15-30.7. Santos ECB, Zanetti ML, Otero LM, Santos MA. O cuidado sob a ótica do paciente diabético e de seu princi-pal cuidador. Rev Latinoam Enferm. 2005;13(3):397-406.

8. Ribeiro MILC, Pedrão LJ. Relaciona-mento interpessoal em enfermagem: considerações sobre formação/atuação no nível médio de enfermagem. Pai-déia (Ribeirão Preto). 2002;11:99-102.9. Silveira AO, Ângelo M. A expe-riência de interação da família que vivencia a doença e hospitalização da criança. Rev Latinoam Enferm. 2006;14(6):893-900.10. Pinheiro R, Guizardi F. Cuidado e integralidade: genealogia de saberes e práticas no quotidiano. In: Pinheiro R, Mattos RA, organizadores. Cuidado as fronteiras da integralidade. Rio de Ja-neiro: CEPESC/UERJ, ABRASCO; 2006. p. 21-36.11. Santana MG. O corpo do ser dia-bético: significados e subjetividades. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2000. 12. Travelbee J. Intervención em en-fermería psiquiátrica: el processo de lá relación de persona a persona. Cali: Carvajal; 1979. 248p.13. Waldow VR. O cuidado humano: o resgate necessário. 3º ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto; 1998. 14. Moscovici F. Desenvolvimento in-terpessoal. 5º ed. Rio de Janeiro: José Olympio; 1996.15. Wood JK. Abordagem centrada na pessoa. 3º ed. Vitória: Fundação Ceci-liano Abel de Almeida; 1997. 16. Vidal DE. A necessidade da pratica da criatividade e da melhoria dos rela-

cionamentos interpessoais no processo ensino-aprendizagem: um estudo de caso. Florianópolis: Universidade Fe-deral de Santa Catarina; 2002.17. Capra F. O Ponto de mutação. São Paulo: Altrix; 1992.18. Daniel LF. Atitudes interpesso-ais em enfermagem. São Paulo: EPU; 1983.19. Stefanelli MC. Comunicação com o paciente: teoria e ensino. 2º ed. São Paulo: Robe; 1993.20. Taylor CM. Fundamentos de en-fermagem psiquiátrica. 13º ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1992.21. Furegato ARF. Relações interpes-soais na enfermagem. Ribeirão Preto: Scala; 1999.22. Tavares JL, Rodrigues ARF, Scatena MCM. Interação terapêutica enfermei-ra-paciente deprimido. Rev Esc Enferm USP. 1998;32:101-8.23. Filizola CLA, Ferreira NMLA. O envolvimento emocional para a equipe de enfermagem: realidade ou mito? Rev Latinoam Enferm. 1997;5(Esp.):9-17.24. Aquino JM. Relações Interpessoais de uma equipe cirúrgica: influências no ambiente de trabalho e na assistên-cia. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2000.25. Fontanella BJB, Ricas J, Turato ER. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: con-tribuições teóricas. Cad Saúde Públi-ca. 2008;24(1):17-27.

26. Bardin L. Análise de conteúdo. Lis-boa: Edições 70; 1995.27. Manzolli MC. Relacionamento em enfermagem: aspectos psicológicos. 2º ed. São Paulo: Saraiva; 1987.28. Zanetti ML. O cuidado com a pes-soa diabética no Centro Educativo de Enfermagem para Adultos e Idosos. Ri-beirão Preto: Escola de Enfermagem da USP; 2002. 29. Silva MJP. Qual o tempo do cui-dado?: humanizando os cuidados de enfermagem. São Paulo: Centro Uni-versitário São Camilo: Loyola; 2004.30. Benjumea CC. Cuidado familiar en condiciones crónicas: una aproxima-ción a la literatura. Texto & Contexto Enferm. 2004;13(1):137-46.31. Cruz EA, Soares E. O centro cirúr-gico como espaço de cuidado na rela-ção enfermeira/paciente. Rev Soc Bras Centro Cir. 2004;9(2):11-6. 32. Coliére MF. Cuidar... A primei-ra arte da vida. Lisboa: Lusociência; 2001. 33. Fernades JD. Competência inter-pesssoal nas práticas de saúde: o indivi-dual e o coletivo organizacional. Texto & Contexto Enferm. 2003;12(2):210-5. 34. Wiit RR, Almeida MCP. O mode-lo de competências e as mudanças no mundo do trabalho: implicações para a enfermagem na Atenção Básica no referencial das Funções Essenciais de Saúde Pública. Texto & Contexto En-ferm. 2003;12(4):559-68.

Normas para publicaçãoA revista Saúde Coletiva tem por objetivo ser um veículo de divulgação de assuntos de Saúde Coletiva e áreas afins, buscando expansão do conhecimento. Assim, recebe artigos de pes-quisa, dialogados (debates), de atualização, de relatos de experiência, de revisão, de reflexão, de estudos de caso e ensaios em Saúde Coletiva. Abaixo as normas para publicação:

01 Deve vir acom pa nha do de soli ci ta ção e autorização para publi ca ção assinadas por todos os autores.02 Não ter sido publi ca do em nenhu ma outra publi ca ção ou revis ta nacio nal.03 Ter, no máximo, 26.000 toques por artigo incluindo resumo (português, inglês e es-panhol) com até 700 toques, ilustrações, diagramas, gráficos, esquemas, referências bib-liográficas e anexos, com espaço entrelinhas de 1,5, margem superior de 3 cm, margem inferior de 2 cm, margens laterais de 2 cm e letra tamanho 12. Os originais deverão ser encaminhados em CD-ROM, no programa Word for Windows e uma via impressa.04 Caberá à reda ção jul gar o exces so de ilus tra ções, supri min do as redun dan tes. A ela cabe rá tam bém a adap ta ção dos títu los e sub tí tu los dos tra ba lhos, bem como o copi des que do texto, com a fina li da de de uni for mi zar a pro du ção edi to rial.05 As refe rên cias deve rão estar de acor do com os requi si tos uni for mes para manus cri tos apre sen ta dos à revis tas médi cas ela bo ra do pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (Estilo Vancouver Sistema Numérico de Entrada).06 Evitar siglas e abre via tu ras. Caso neces sá rio, deve rão ser pre ce di das, na pri mei-ra vez, do nome por exten so. Solicitamos des ta car fra ses ou descritores.07 Conter, no fim, o endereço completo do(s) autor(es) e telefone(s), e-mail e, no rodapé,

a função que exerce(m), a instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional. 08 Não será per mi ti da a inclu são no texto de nomes comer ciais de quais quer pro du tos. Quando neces sá rio, citar ape nas a deno mi na ção quí mi ca ou a desig na ção cien tí fi ca.09 O Conselho Científico pode efe tuar even tuais cor re ções que jul gar neces sá rias, sem, no entan to, alte rar o con teú do do arti go.10 O ori gi nal do arti go não acei to para publi ca ção será devol vi do ao autor indi ca do, acom pa nha do de jus ti fi ca ti va do Conselho Científico.11 O con teú do dos arti gos é de exclu si va res pon sa bi li da de do(s) autor(es). Os tra-ba lhos publi ca dos terão seus direi tos auto rais res guar da dos por Editorial Bolina Bra-sil e só pode rão ser repro du zi dos com auto ri za ção desta.12 Os tra ba lhos deve rão pre ser var a con fi den cia li da de, res pei tar os prin cí pios éti cos e tra zer a acei ta ção do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução CNS – 196/96) quando for pesquisa.13 Os tra ba lhos, bem como qual quer cor res pon dên cia, deve rão ser envia dos para a revista: Saúde Coletiva – A/C CON SE LHO CIENTÍFICO, Al. Pucuruí, 51/59 - Bl.B - 1º andar - Cj.1030 - Tamboré - Barueri - SP - CEP: 06460-100 - E-mail: [email protected].

saúdecoletiva

artigo_diabetes.indd 269 15/10/10 14:44