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Programa REVIZEE SCORE-CENTRAL Prospecção pesqueira demersal no talude da costa central brasileira a bordo do N.O.Thalassa Campanha Bahia-2

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Programa REVIZEE SCORE-CENTRAL

Prospecção pesqueira demersal no talude da costacentral brasileira a bordo do N.O.Thalassa

Campanha Bahia-2

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Programa REVIZEE / SCORE-CENTRAL

Prospecção pesqueira demersal no talude da costa centralbrasileira a bordo do N.O.Thalassa

Campanha Bahia-2

Paulo A.S.Costa, Agnaldo S. Martins, George Olavo M.Silva,Adriana C.Braga e Manuel Haimovici

Resumo

Entre 6 de junho e 10 de julho foi realizada uma campanha de prospeção pesqueirademersal com redes de arrasto de fundo entre 200 e 2000 m de profundidade naregião central do Brasil entre Rio Real (Lat .11oS) e o Cabo de São Tome (Lat.22oS), abrangendo uma área total de 36.700 km2. Foram realizados 58 lances depesca de uma duração média de 1:07 hs.

A fauna de peixes demersais, crustáceos e cefalópodes é diversificada e inclui maisde 500 espécies. Os rendimentos médios foram de 214.8 kg/hora, compostos 95.5%de peixes, 3.0% de cefalópodes e 1.5 % de crustáceos.

Ocorreram várias espécies que se constituem em recursos pesqueiros exploradosem outras regiões do mundo, porém as densidades e os rendimentos por hora dearrasto foram muito baixos para justificar sua exploração .

Verificou-se que não existem grandes extensões de áreas arrastáveis disponíveisna região central.

A pesca de arrasto de profundidade não representa uma alternativa viável para osetor pesqueiro, devido ao seu alto custo operacional comparado aos baixosrendimento verificados.

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ÍndiceIntrodução ................................................................................................................... 4Objetivos da campanha .............................................................................................. 4Área de estudo............................................................................................................ 4

Setor 1 (do Rio Real-BA a Alcobaça-BA)................................................................. 6Setor 2 (do Rio Doce-ES ao Cabo de São Tomé-RJ).............................................. 7

Metodologia ................................................................................................................ 8Características das redes de arrasto ....................................................................... 8Geometria dos arrastos e área varrida .................................................................... 8Registro de dados ambientais.................................................................................. 9Estratégia de prospecção de fundos arrastáveis ..................................................... 9Amostragem das capturas ....................................................................................... 9

Resultados ................................................................................................................ 12Condições ambientais............................................................................................ 12Batimetria nas áreas prospectadas........................................................................ 12Caracterização das massas d’água ....................................................................... 15Temperatura nas áreas arrastadas........................................................................ 21Arrastos de fundo................................................................................................... 21Composição de espécies e rendimentos ............................................................... 26Potencial pesqueiro ............................................................................................... 27

Resumo e Conclusões.............................................................................................. 28Pesquisadores envolvidos ........................................................................................ 40

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Campanha Bahia-2

Introdução

Este relatório apresenta os resultados obtidos durante a execução da CampanhaBahia-2, cujo principal objetivo foi prospectar recursos pesqueiros encontrados emáreas não exploradas do talude continental da costa central brasileira, desde o RioReal (Lat.11oS) até o Cabo de São Tomé (Lat.22oS).

O planejamento e o desenvolvimento deste trabalho foi coordenado porpesquisadores brasileiros e executado em conjunto com conselheiros científicos etécnicos franceses, através de uma ação integrada envolvendo a Secretaria deAgricultura do Estado da Bahia, a Bahia Pesca S.A., o Programa REVIZEE/SCORE-Central, o IFREMER, o Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e daAmazônia Legal (MMA), e a Secretaria da Comissão Interministerial para osRecursos do Mar (SeCirm-MM).

Com a realização da campanha Bahia-2, a bordo do N/Oc.Thalassa, puderam serregistradas pela primeira vez informações precisas sobre a disponibilidade eabundância de recursos pesqueiros demersais de profundidade existentes na costacentral brasileira, através de operações de pesca realizadas entre 200 e 2000 m deprofundidade.

Objetivos da campanha

A Campanha Bahia-2 teve como objetivo principal a determinação de abundânciasrelativas de recursos pesqueiros demersais encontrados na costa central brasileira,entre o Rio Real e o Cabo de São Tomé. Simultaneamente, foram registradasinformações ambientais (meteorológicas, oceanográficas e geológicas), além dedados biológicos de diversas espécies de peixes ósseos e cartilaginosos,cefalópodes e crustáceos encontrados nesta área.

Área de estudo

A área de estudo compreende desde o Rio Real (Lat 11oS) até o Cabo de SãoTomé-RJ (Lat 22oS), em profundidades de 200 a 2000 m. Por razões logísticas, azona prospectada foi dividida em 2 setores, que foram cobertos seguindo umconjunto de operações de pesca adaptado à topografia dos fundos em duas etapasde trabalho. A Figura 1 apresenta os limites geográficos dos setores prospectados.

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42°W 41°W 40°W 39°W 38°W 37°W 36°W 35°W 34°W 33°W

22°S

21°S

20°S

19°S

18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

V itór ia

Rio Do ce

Alcoba ça

Porto Se guro

Salva dor

Rio R eal

C abo deSão To mé

Setor 2

Setor 1Ilh éus

200 m

2000 m

Figura 1. Setores de trabalho dentro da área pesquisada durante a CampanhaBAHIA-2.

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Setor 1 (do Rio Real-BA a Alcobaça-BA)

Neste setor, a plataforma continental é muito estreita, o talude geralmente apresentadeclividade acentuada, assim como afloramentos rochosos e formações recifais.Foram determinadas três sub-áreas para distribuição do esforço amostral. Asprincipais características de cada sub-área são apresentadas a seguir:

Sub-área A : Rio Real-Salvador (11-130S). Declividade intensa, fundos rochosos, sem influência significativa de aporte fluvial de rios ouou presença de cânions de grande porte;

Sub-área B : Salvador-Belmonte (13-160S). Declividade moderada, fundoscompostos, com influência significativa de deságues dos riosBelmonte, Pardo, Una, Cachoeira, Almada, Contas e das baíasde Todos os Santos e de Camamu, além da presença degrandes cânions, como o de Salvador e Itaparica.

Sub-área C : Belmonte-Alcobaça (16-17.5oS). Declividade intensa, fundosrochosos, sem influência significativa de deságue de rios oucânions de grande porte; presença de extensas formaçõescoralinas sobre o banco Royal Charlotte, ao norte, e o banco dosAbrolhos, ao sul.

Foram considerados quatro estratos de profundidade, conforme definidos na Tabela1. As estimativas de superfície (em km2), para cada estrato amostrado nas diferentessub- áreas do Setor-1, indicam que a sub-área B correspondeu a 47.5 % de toda aárea investigada no setor, entre 200 e 2000 m de profundidade desde o Rio Real atéAlcobaça. A área ocupada entre 1.500 e 2.000 m de profundidade representou 38.4% da superfície de todos os estratos.

Tabela 1. Áreas (em km 2) estimadas para os estratos batimé- tricos investigados no setor-1 durante a campanha BAHIA-2.

Sub-áreas

Faixa deProfundidade Estrato A B C Total

200-500 m 1 450 896 484 1.831

500-1000 m 2 656 1.249 492 2.398

1000-1500 m 3 721 1.585 1.014 3.321

1500-2000 m 4 842 2.094 1.777 4.714

Total Km 2 2.670 5.825 3.769 12.265

(%) 21.8 47.5 30.7 100

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Setor 2 (do Rio Doce-ES ao Cabo de São Tomé-RJ)

O setor-2 foi dividido em três sub-áreas (D, E e F) para facilitar a distribuição doslances de modo a cobrir toda a área a ser prospectada. Neste setor, a plataforma e otalude apresentam-se mais amplos em relação ao setor-1, principalmente ao sul dobanco dos Abrolhos, onde chega a atingir 50 mn no sentido norte-sul.

Sub-área D : Rio Doce-Vitória. Esta área pode ser caracterizadaprincipalmente pela influência do Rio Doce, um talude superiorrelativamente extenso no sentido leste-oeste e umapredominância da área no estrato IV, entre 1500 e 2000 m.

Sub-área E : Vitória-Garapari. Caracterizado por um talude superior bemestreito que segue o trecho de plataforma continental mais curtodo setor (20mn). Nesse trecho aparecem afloramentos rochososno talude oriundos do alinhamento Vitória-Trindade, assim comogradiente batimétrico acentuado entre 200 e 1.500 m.

Sub-área F : Guaraparí-Cabo de São Tomé. Nesse trecho as isóbatas entre200 e 1500 metros distanciam-se em relação aos demais sub-setores, favorecendo a presença de fundos arrastáveis em áreasmais rasas.

Estimativas de superfície (km2) para cada estrato amostrado nas diferentes sub-áreas do Setor-2 indicaram que a sub-área B correspondeu a 45.0 % da áreainvestigada, entre o Rio Doce e o Cabo de São Tomé. A área ocupada entre 1.500 e2.000 m de profundidade representou 50.0 % da superfície de todos os estratos(Tabela 2).

Tabela 2 . Áreas (em km 2) estimadas para os estratos batimé- tricos investigados no setor-2 durante a campanha BAHIA-2.

Sub-áreas

Faixa deProfundidade Estrato D E F Total

200-500 m 1 1.256 207 974.4 2.438

500-1000 m 2 1.186 227 1.424 2.838

1000-1500 m 3 3.077 1.223 2.639 6.939

1500-2000 m 4 5.488 2.646 4.118 12.252

Total Km 2 11.007 4.305 9.156 24.468

(%) 45.0 17.6 37.4 100

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Metodologia

Características das redes de arrasto

Ao longo da primeira pernada foram utilizadas 2 tipos de redes de arrasto. Namaioria das vezes os arrastos foram realizados com a rede tipo ARROW 47,4 m X26,8 m (Figura 2), que possui bobinas de rolamento que facilitam a operação emfundos acidentados, além de flutuadores capazes de suportar profundidades de até2.000 metros.

A rede tipo GOV (que trabalha com uma tralha inferior mais próxima ao fundo), foiutilizada em 4 ocasiões para efeito de comparação das capturas e da composiçãode espécies em locais que já haviam sido prospectados com a ARROW. Ressalta-seque a rede GOV (“Great Opening Vertical”) é a rede padronizada para pesquisasrealizadas em águas costeiras pelo ICES (Conselho Internacional para a Exploraçãodo Mar) no Atlântico Norte. Já a rede ARROW é uma rede de pesca comercial, maisadequada às operações de arrasto em fundos acidentados e rochosos, como aquelea ser prospectado durante a campanha Bahia-2. As principais características dasredes utilizadas estão indicadas na Tabela 3.

Tabela 3. Principais características das redes utilizadas durante a campanha BAHIA-2.

Tipo de redeARROW

(47.40 m x 26.80 m)GOV

(36.00 x 47.00 m)

Relinga superior 47.40 36.0 m

Relinga inferior 26.80 47.0

Tamanho da malha no saco 110 mm 50 mm

Tamanho da malha do forro do saco 20 mm 20 mm

Diâmetro das bobinas 53.3 cm 20 cm / 10 cm

Portas WV12/ 7m2 / 2.200 kg WV9/ 5.5 m2 /1.600 kg

Geometria dos arrastos e área varrida

Durante as operações de arrasto foram utilizados sistemas acústicos para monitoraro comportamento das redes durante a pesca. Esses dados foram obtidos através detransdutores instalados no casco do navio, os quais recebem sinais acústicosemitidos pelos sensores PACHA e SCANMAR, fixados nas portas, cabos e relingasuperior da rede. Deste modo foi possível monitorar e registrar a localizaçãogeográfica e a distância entre as portas, a abertura horizontal e vertical da rede, adistância entre a rede e o navio e a temperatura nos locais onde foram realizados osarrastos. Estes dados foram utilizados para calcular a área varrida pela rede duranteos arrastos e posterior conversão das capturas (em kg) a rendimentos (em kg/h) ou

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abundância (kg/km2). Em profundidades superiores a 1400 m, a temperatura defundo foi obtida à partir de dados coletados com CTD, uma vez que os sensores dosistema SCANMAR não funcionam além daquela profundidade.

Registro de dados ambientais

Durante a campanha foram registrados continuamente diversos parâmetrosmeteorológicos e oceanográficos, que incluem direção e velocidade do vento,pressão, temperatura do ar, umidade e radiação, entre outros. A temperatura e asalinidade superficial foram registradas a cada 6 segundos com umtermosalinômetro (SEABIRD/SBE-21). Após os arrastos, foram realizadoslançamentos de CTD (SEABIRD/SBE-19), para análise da estrutura térmica verticalda coluna d’água e determinação das massas d’água presentes no momento dosarrastos.O sistema de navegação integrada do Thalassa permitiu indexar toda abatimetria gerada pelas ecossondas OSSIAN 500 (48.9 kz) e OSSIAN 1500 (38 kz)durante a sondagem de fundos e arrastos nos arquivos do sistema CASINO eMOVIES+.

Estratégia de prospecção de fundos arrastáveis

A escolha das áreas a serem prospectadas foi feita à partir da análise de perfisbatimétricos obtidos na Campanha Bahia-1, além de dados do Progama LEPLAC, osquais foram reunidos em um único banco de dados batimétricos para a costa centrale processados por pesquisadores do SCORE-Central durante a campanha.

A prospecção acústica para a identificação de fundos arrastáveis precedeu arealização das operações de pesca. A estratégia de sondagem de fundos consistiuem uma varredura batimétrica ao longo das isóbatas, normalmente à partir de umperfil perpendicular a costa (Figura 3). Este trabalho era realizado geralmentedurante a noite, entre 23:00 e 08:00 hs. Em muitas ocasiões, quando a sondagemnoturna não era suficiente para localizar fundos arrastáveis, a procura se prolongoudurante o dia. Uma porção considerável do tempo útil da operação foi aplicada notrabalho de sondagem, em função do pouco conhecimento e detalhamento dascartas náuticas disponíveis para esta região da costa brasileira (Tabela 4).

Amostragem das capturas

O trabalho de amostragem das capturas a bordo consistiu basicamente naidentificação das espécies e registro de dados biométricos (comprimento e peso) decada espécie. A captura total de cada lance de pesca foi registrada e cada espécieteve seu peso total na captura registrado. Em seguida, uma amostra representativada estrutura de comprimentos foi tomada ao acaso para aquelas espécies queocorreram em grande número (n>200). No caso de capturas inferiores a 200indivíduos, todos os exemplares foram medidos. Para as espécies mais importantes,foram registrados dados para a obtenção dos parâmetros da relação comprimento-peso, assim como coletadas amostras de estruturas de aposição (otólitos),estômagos e gônadas, para estudos posteriores.

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Figura 2. Convés de pesca do N.O. Thalassa. Detalhe da rede ARROW (47.40m x 26.80 m), utilizada durante a campanha BAHIA-2 (Fonte: IFREMER).

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Figura 3. Percurso do navio em operação de sondagem de fundosdurante a campanha BAHIA-2

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A identificação das espécies foi executada por taxonomistas, os quais tambémorientaram a elaboração de um banco de imagens digitais de todas as espéciesencontradas durante a campanha. Três taxonomistas (01 ictiólogo, 01carcinólogo e01 teutólogo) foram especialmente convidados pela equipe de pesca do SCORE-Central, e juntamente com o auxílio de oito bolsistas, procederam aos trabalhos deamostragem.

Uma coleção de exemplares representativos de cada espécie, de cada lance depesca, foi elaborada para estudos taxonômicos, assim como para estudospopulacionais a serem desenvolvidos posteriormente. Um certo número deexemplares deverão ter ainda a identificação confirmada pelos taxonomistasresponsáveis.

Resultados

Condições ambientais

Batimetria nas áreas prospectadas

Nas Figuras 4 e 5 são mostrados imagens da batimetria do fundo respectivamentedos setores 1 e 2 onde são caracterizadas as principais feições topográficas. Nasub-área A (Setor 1), correspondente ao trecho Rio Real-Salvador, observa-se umtalude superior estreito (15 mn) e próximo 10 mn da costa e a isóbata de 200 m temum trajeto bastante curvilíneo, com diversas mudanças de orientação ao longo detoda a sua extensão. Tais características dificultaram a localização de fundosarrastáveis nesta área resultando num único lance de pesca (E-515). Na sub-área B(Setor 1) do segmento Salvador-Belmonte, o talude superior torna-se mais extenso(20 mn) em relação a sub-área A. As isóbatas tornam-se menos curvilíneas eaparecem diversas gargantas ou Canyons submarinos com extensos valeslamosos. Tais características facilitaram a localização de áreas arrastáveis,permitindo a realização da maior parte das estações da primeira pernada nessaárea. A sub-área C (Setor 1), entre Belmonte e Albocaça, possui um talude superiorextenso (15 mn), com uma faixa profunda (de 1500 a 2000m) predominante sobre asdemais e uma maior distancia da costa (30 mn) caracterizando-se por grandevariação na orientação das isóbatas, seja pela presença do Banco Royal Charlotte eo embaiamento decorrente da divisão entre este e o Banco de Abrolhos e tambémpela ocorrência de um grande número de vales de rios extintos ou “calhas”. Taiscaracterísticas dificultaram a localização de áreas arrastáveis resultando num únicolance, o qual teve baixa eficiência na captura devido a acidentes de choque da redecom obstáculos no fundo.

No Setor 2 (áreas D, E e F) foram encontradas condições mais propícias para oarrasto devido a uma morfologia de fundo menos acidentada e a presença de umatalude superior mais largo. A sub-área D encontra-se ao largo da foz do Rio doce epossui extensas planícies submarinas lamosas entre os 500 e 2000m dispostas nosentido leste-oeste. Somente o estrato I (200 a 500m) apresentou um relevoacidentado, dificultando a localização de fundos arrastáveis em determinados sub-setores.

Figura 4. Representação da batimetria do Setor-1 onde são indicadasas regiões prospectadas e os locais onde foram feitos os arrastos.

40° W 39° W 38° W 37° W 36° W18° S

17° S

16° S

15° S

14° S

13° S

12° S

11° S

A

B Salvador

Ilh éus

N ova Viço sa

C

200m

20 00 m

Campanha BAHIA-2Setor 1:Rio Real - A lcobaça

A sub-área E localiza-se me frente a região da Grande Vitória-ES e caracteriza-sepor ter um trecho de plataforma continental e talude superior estreito. Nesse trechoocorreram as condições mais difíceis de localização de fundos arrastáveis devido apresença de grandes varições na orientação das isóbatas e grande declividade dofundo. A sub-área F abrange o sul do Espírito Santo e Norte do Rio de Janeiro ecompreende uma plataforma continental progressivamente mais larga e um taludesuperior (até os 1000m) igualmente mais alargado enquanto que o talude médio(1000 a 2000m) torna-se progressivamente mais estreito a medida que se deslocapara o sul. Nessa área foram encontradas as melhores condições de trabalho emarrasto de fundo de toda a campanha, com a presença de extensos e planos fundoslamosos.

41° W 40° W 39° W 38° W23° S

22° S

21° S

20° S

19° S

D

E

R io D o ce

C abo deS ão T om é

V itó ria

F

200m

2000 m

Figura 5. Representação da batimetria do Setor-2 onde são indicadas asregiões prospectadas e os locais onde foram feitos os arrastos.

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Estrutura térmica vertical

Durante a realização da Campanha Bahia-2 foram realizados 47 lançamentos deCTD (22 no Setor-1 e 25 no Setor-2) para registro da estrutura térmica e salina dacoluna d’água nos locais onde foram feitos os lances de pesca. Na Tabela 4 sãoapresentadas as principais características dos lançamentos.

A Figura 5 apresenta o perfil térmico de todos os lançamentos de CTD realizados noSetor-1. Nesta área, a temperatura média na superfície foi de 26.8oC (variando de26.7 a 27.2oC). A camada superficial de mistura se prolonga normalmente até os 100m, onde a temperatura média é de 23.2 (variando entre 20.1-25.0oC). Na maioria doscasos, a termoclina se estabelece entre 80 e 100 metros, quando a temperaturadiminui para 16.1oC.

No Setor-2. A temperatura média na superfície foi de 24.2oC (variando de 22.4 a26.8oC). A 100 m, a temperatura média diminui a 19.6 oC (variando entre 16.4 a21.5oC). Na maioria dos casos, a termoclina se estabelece entre 80 e 100 metros,mas houve variação de sua posição relativa de acordo com o regime de vento eentradas de frentes frias, mais comuns nessa área (Figura 6).

Caracterização das massas d’água

No Setor-1, as características do diagrama T-S (Figura 7 ), revelaram a presença depelo menos três tipos de massas d’água: Águas Tropicais, Subtropicais e Sub-antárticas. A massa de água tropical, principalmente representada pela Corrente doBrasil pode ser encontrada até os 300-400 metros (T >18oC S>36,0). Entre 400 e500 metros a coluna d’água apresenta temperaturas variando entre 6 e 18oC esalinidades na faixa entre 34,5 e 36,0. Estas amplitudes de variação caracterizam apresença de águas subtropicais associadas à presença da Água Central do AtlânticoSul. Abaixo dos 1.000 m ocorrem águas de origem antártica (Água AntárticaIntermediária) quando a temperatura se estabiliza em torno de 2,03 e 3,87oC e asalinidade entre 34.74 e 34.97. A identificação das massas d’água presentes durantea realização da Campanha Bahia-2 foi baseada em descrições das propriedadestérmicas e salinas das águas do Atlântico Sul, segundo Thomsem (1962).

As mesmas massas d’água observadas no Setor-1 puderam tambem seridentificadas no Setor-2 (Figura 8). Em geral, no Setor-2 encontramos um regimehidrológico comparativamente mais frio, com predomínio de águas subtropicais emzonas de menor profundidade.

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Tabela 4. Descrição dos lançamentos de CTD realizados durante a CampanhaBahia-2.

No. Data Hora Estação Prof. local (m)Veloc.do

vento(m/s)

Direção do vento

(graus)

Temp. surperfície

(°C)

Salinidade de superfície

(o/oo)1 7/6/00 13:15:28 E0496 S 13 10.467 W 038 14.504 1768 6,0 137,3 27,3 37,12 7/6/00 19:15:45 E0497 S 13 13.977 W 038 16.452 1500 7,2 112,4 27,1 37,03 8/6/00 08:16:02 E0499 S 13 27.502 W 038 39.798 1106 12,8 112,0 27,0 37,14 8/6/00 17:37:24 E0500 S 13 18.041 W 038 37.704 276 10,5 142,4 26,8 37,05 9/6/00 15:12:53 E0501 S 14 18.187 W 038 40.555 1658 9,3 99,2 27,1 37,16 9/6/00 20:32:04 E0502 S 14 24.033 W 038 53.297 408 5,8 203,0 26,7 36,97 10/6/00 10:02:41 E0503 S 14 33.498 W 038 52.152 648 10,6 189,6 27,0 37,18 10/6/00 13:07:47 E0504 S 14 25.908 W 038 53.835 301 5,4 185,8 26,8 36,99 10/6/00 17:16:04 E0505 S 14 41.159 W 038 50.331 1062 6,9 156,7 27,0 37,1

10 11/6/00 11:19:35 E0507 S 15 06.485 W 038 41.067 1035 7,5 227,9 27,0 37,011 11/6/00 17:36:27 E0508 S 15 18.263 W 038 41.958 306 9,1 91,5 26,4 36,712 12/6/00 11:42:58 E0509 S 15 48.044 W 038 25.448 1896 4,9 76,6 27,0 37,113 12/6/00 15:22:32 E0510 S 15 46.507 W 038 37.300 891 3,6 79,7 26,5 36,814 12/6/00 19:05:19 E0511 S 15 44.284 W 038 38.890 269 3,8 77,7 26,1 36,715 13/6/00 12:55:21 E0512 S 15 50.461 W 038 02.417 1056 3,9 102,7 27,0 37,116 13/6/00 15:39:57 E0513 S 15 53.863 W 038 00.984 606 4,5 122,2 26,5 36,817 17/6/00 08:49:50 E0515 S 11 37.412 W 037 12.929 466 4,1 160,0 26,9 37,118 19/6/00 10:03:51 E0516 S 13 06.882 W 038 24.750 463 0,5 204,9 26,1 35,019 20/6/00 09:22:00 E0518 S 13 24.673 W 038 40.721 901 6,9 120,6 26,8 37,020 20/6/00 11:55:01 E0519 S 13 23.342 W 038 23.130 1815 1,8 351,4 26,9 37,121 20/6/00 19:28:32 E0520 S 13 28.196 W 038 13.046 2366 6,8 71,9 26,8 37,122 21/6/00 09:59:51 E0521 S 13 29.645 W 038 41.835 550 4,2 95,2 26,8 37,023 21/6/00 13:07:46 E0522 S 13 28.516 W 038 35.919 1404 0,9 63,8 26,8 36,924 27/6/00 10:27:16 E0523 S 19 43.769 W 038 37.933 885 4,5 348,0 24,4 36,925 28/6/00 09:20:33 E0525 S 20 07.931 W 038 39.884 1648 1,5 98,1 25,2 37,126 28/6/00 14:50:35 E0526 S 20 05.187 W 038 38.926 1641 7,8 43,1 25,2 37,127 29/6/00 12:24:44 E0527 S 19 50.717 W 039 11.566 1432 10,2 17,1 24,7 37,128 29/6/00 17:43:43 E0528 S 19 48.988 W 038 59.555 1431 11,3 25,8 24,6 37,029 30/6/00 23:39:00 E0529 S 19 50.079 W 038 58.270 1439 10,7 31,5 24,7 37,030 30/6/00 11:14:37 E0530 S 19 40.435 W 039 21.745 215 9,4 342,3 24,4 36,831 30/6/00 15:11:11 E0532 S 19 43.105 W 039 25.804 283 12,8 19,8 24,4 36,832 30/6/00 18:08:58 E0533 S 19 45.264 W 039 26.336 656 12,3 16,3 24,3 36,833 1/7/00 21:42:00 E0534 S 19 45.002 W 039 24.639 733 14,2 10,8 24,3 36,834 1/7/00 11:00:28 E0535 S 19 55.085 W 039 35.900 916 10,6 203,6 24,3 36,835 2/7/00 10:26:34 E0536 S 20 26.108 W 039 45.704 1292 5,3 102,9 24,8 37,136 2/7/00 15:43:29 E0537 S 20 24.855 W 039 39.540 1559 1,2 337,9 24,8 37,137 4/7/00 09:44:45 E0539 S 21 09.453 W 040 15.670 140 7,8 115 23,2 36,538 5/7/00 10:01:00 E0540 S 21 10.781 W 040 01.160 1345,2 0,4 50 24,2 36,739 4/7/00 20:25:12 E0541 S 21 09.353 W 040 14.005 478,6 0,3 30,4 22,4 36,440 5/7/00 09:51:26 E0542 S 21 20.875 W 040 15.325 210,6 4,3 136,9 23,1 36,341 5/7/00 13:47:18 E0543 S 21 27.614 W 040 10.122 646,4 6,3 129,5 24,4 36,942 5/7/00 19:21:29 E0544 S 21 19.539 W 040 03.065 1218,2 6,6 145,8 24,7 37,143 6/7/00 06:21:43 E0545 S 21 45.042 W 039 56.629 1044,2 6,4 46,3 24,4 37,044 6/7/00 12:21:44 E0546 S 21 45.622 W 040 01.944 560 7,7 101,5 24,6 37,145 6/7/00 17:07:39 E0547 S 21 45.732 W 039 56.158 982,4 7,6 86,9 24,3 37,046 7/7/00 19:56:09 E0549 S 21 26.578 W 039 43.953 1708,2 7,3 54,5 24,5 37,147 8/7/00 14:55:57 E0552 S 21 07.834 W 039 46.721 1688,6 9 34,5 24,7 37,1

PosiçãoLatitude Longitude

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 5 10 15 20 25 30

Temperatura (°C)

Pro

fund

idad

e (

m)

Setor-1

Figura 5. Campanha BAHIA-2. Perfis verticais de temperatura, obtidosnos lançamento de CTD no Setor-1.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Temperatura (°C)

Pro

fund

ida

de (m

)

Setor-2

Figura 6. Campanha BAHIA-2. Perfis verticais de temperatura, obtidosnos lançamento de CTD no Setor-1.

Figura 9 . Médias (símbolos) e intervalos de temperatura (barras verticais)registrados na rede e portas (sensores do PACHA e SCANMAR) duranteas operações de arrasto realizadas no Setor-1.

Figura 10 . Médias (símbolos) e intervalos de temperatura (barrasverticais) registrados na rede e portas (sensores do PACHA e SCANMAR)durante as operações de arrasto realizadas no Setor-2.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

100 300 500 700 900 1100 1300 1500 1700 1900

Profundidade (m)

Te

mpe

ratu

ra (

°C)

E-I 200-500 m

E-II 500-1000m

E-III 1000-1500m

E-IV 1500-2000mn = 10.904

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

100 300 500 700 900 1100 1300 1500 1700 1900

Profundidade (m)

Tem

pera

tura

(°C

)

E-I 200-500 m

E-II 500-1000m

E-III 1000-1500m

E-IV 1500-2000m

n = 17.197

20

Tabela 5. Características dos arrastos realizados durante a campanha BAHIA-2

Data Estação Setor Arrasto Profundidademédia (m)

Horafilagem

Velocidade fundo (nos)

Rumo(°)

6/6/00 E0495 1 1 341 17:04:12 S 13 06.611 W 038 25.379 S 13 06.903 W 038 25.807 2.7 2246/7/00 E0496 1 2 1717 9:00:08 S 13 17.580 W 038 17.599 S 13 12.030 W 038 14.873 3.2 566/7/00 E0497 1 3 1374 16:17:33 S 13 13.841 W 038 19.525 S 13 14.281 W 038 15.584 3.2 1126/8/00 E0498 1 4 623 21:44:00 S 13 08.243 W 038 24.766 S 13 08.058 W 038 24.582 2.5 636/8/00 E0499 1 5 761 9:36:56 S 13 23.826 W 038 37.541 S 13 20.872 W 038 35.922 3.3 496/8/00 E0500 1 6 394 15:56:02 S 13 22.057 W 038 40.204 S 13 19.472 W 038 38.035 3.5 476/9/00 E0501 1 7 1654 12:43:02 S 14 13.986 W 038 40.277 S 14 16.764 W 038 38.978 2.8 1456/9/00 E0502 1 8 522 18:52:51 S 14 28.385 W 038 52.395 S 14 24.813 W 038 53.006 3.4 2356/10/00 E0503 1 9 740 8:18:31 S 14 37.834 W 038 52.029 S 14 34.565 W 038 51.672 3.3 76/10/00 E0504 1 10 278 11:18:15 S 14 28.971 W 038 54.004 S 14 25.696 W 038 53.870 3.1 716/10/00 E0505 1 11 1089 15:22:42 S 14 36.606 W 038 49.345 S 14 39.662 W 038 50.154 2.8 1856/10/00 E0506 1 12 1067 20:04:37 S 14 36.579 W 038 49.544 S 14 39.605 W 038 50.134 3.1 1866/11/00 E0507 1 13 1026 10:03:24 S 15 08.595 W 038 40.638 S 15 07.158 W 038 40.542 2.8 86/11/00 E0508 1 14 421 16:07:02 S 15 21.844 W 038 40.821 S 15 18.873 W 038 41.685 3.3 3446/12/00 E0509 1 15 2076 9:17:18 S 15 47.725 W 038 21.973 S 15 46.378 W 038 24.839 2.7 3076/12/00 E0510 1 16 599 14:18:02 S 15 48.503 W 038 35.265 S 15 47.383 W 038 36.154 3.2 3236/12/00 E0511 1 17 251 17:38:07 S 15 42.675 W 038 37.298 S 15 44.231 W 038 39.196 3.6 2326/13/00 E0512 1 18 1043 11:38:29 S 15 50.532 W 038 02.274 S 15 50.599 W 038 02.507 2.4 2556/13/00 E0513 1 19 489 14:37:19 S 15 53.628 W 038 02.951 S 15 54.087 W 038 01.906 3.3 1166/14/00 E0514 1 20 1815 10:33:10 S 16 46.389 W 038 32.124 S 16 46.459 W 038 31.808 2.6 856/17/00 E0515 1 21 487 7:48:59 S 11 40.363 W 037 13.959 S 11 38.951 W 037 13.162 3.7 876/19/00 E0516 1 22 334 7:37:43 S 13 08.894 W 038 28.687 S 13 07.255 W 038 26.235 3.6 536/19/00 E0517 1 23 750 16:03:30 S 13 22.173 W 038 36.566 S 13 24.968 W 038 38.277 3.2 2036/19/00 E0518 1 24 518 19:40:08 S 13 21.199 W 038 38.896 S 13 24.353 W 038 39.782 3.2 1826/20/00 E0519 1 25 1730 9:41:45 S 13 19.944 W 038 19.654 S 13 22.615 W 038 21.960 3.1 2126/20/00 E0520 1 26 2137 15:50:57 S 13 21.837 W 038 16.683 S 13 26.455 W 038 13.836 2.7 1476/21/00 E0521 1 27 376 7:48:05 S 13 27.306 W 038 43.286 S 13 30.909 W 038 41.131 3.3 1526/21/00 E0522 1 28 1144 11:33:01 S 13 30.495 W 038 38.977 S 13 29.472 W 038 37.943 3.0 456/27/00 E0523 1 29 922 8:10:39 S 19 42.569 W 038 32.030 S 19 42.685 W 038 36.961 3.1 2796/27/00 E0524 1 30 925 12:03:39 S 19 43.663 W 038 39.838 S 19 42.684 W 038 44.568 3.4 2916/28/00 E0525 1 31 1639 8:47:59 S 20 08.145 W 038 38.081 S 20 07.308 W 038 42.906 3.1 2896/28/00 E0526 1 32 1637 14:12:29 S 20 06.565 W 038 40.502 S 20 03.984 W 038 36.676 3.1 476/29/00 E0527 1 33 1402 9:39:10 S 19 50.736 W 039 10.817 S 19 50.563 W 039 14.496 2.9 2796/29/00 E0528 1 34 1237 15:36:00 S 19 45.258 W 039 03.003 S 19 47.581 W 038 59.827 3.2 1206/29/00 E0529 2 35 1337 20:51:20 S 19 48.484 W 039 02.349 S 19 48.911 W 038 59.108 3.2 926/30/00 E0530 2 36 202 8:40:55 S 19 42.897 W 039 25.899 S 19 42.655 W 039 25.458 2.9 516/30/00 E0531 2 37 195 9:46:39 S 19 42.897 W 039 25.943 S 19 40.781 W 039 22.652 3.6 526/30/00 E0532 2 38 354 13:15:01 S 19 41.968 W 039 23.663 S 19 43.857 W 039 26.653 3.4 2416/30/00 E0533 2 39 239 17:08:43 S 19 42.626 W 039 26.321 S 19 43.857 W 039 26.372 3.6 1756/30/00 E0534 2 40 613 20:07:21 S 19 42.162 W 039 21.608 S 19 43.828 W 039 24.583 3.2 2577/1/00 E0535 2 41 1002 8:59:19 S 19 58.936 W 039 38.657 S 19 56.087 W 039 35.408 3.1 557/2/00 E0536 2 42 1293 8:11:37 S 20 24.008 W 039 46.217 S 20 27.001 W 039 44.843 3.2 1417/2/00 E0537 2 43 1545 12:41:33 S 20 26.850 W 039 41.636 S 20 23.542 W 039 38.943 3.0 337/2/00 E0538 2 44 1680 18:06:22 S 20 27.667 W 039 38.101 S 20 32.771 W 039 37.650 3.1 1727/4/00 E0539 2 45 202 7:56:19 S 21 13.460 W 040 16.062 S 21 09.644 W 040 15.529 3.1 147/4/00 E0540 2 46 1364 15:01:36 S 21 12.293 W 040 00.884 S 21 09.576 W 040 00.461 2.9 137/4/00 E0541 2 47 557 18:44:58 S 21 13.644 W 040 14.031 S 21 10.040 W 040 13.601 3.3 117/5/00 E0542 2 48 259 7:52:02 S 21 25.421 W 040 13.310 S 21 21.087 W 040 14.804 3.4 3497/5/00 E0543 2 49 666 11:12:46 S 21 23.944 W 040 11.292 S 21 28.481 W 040 09.750 3.2 1467/5/00 E0544 2 50 1159 17:23:38 S 21 24.306 W 040 02.916 S 21 20.953 W 040 02.847 3.3 107/6/00 E0545 2 51 246 7:42:22 S 21 44.106 W 040 07.244 S 21 41.103 W 040 08.112 3.2 3317/6/00 E0546 2 52 565 10:23:29 S 21 43.571 W 040 03.138 S 21 46.375 W 040 01.563 3.1 1347/6/00 E0547 2 53 1105 15:34:42 S 21 46.569 W 039 53.364 S 21 44.949 W 039 55.117 3.2 3287/7/00 E0548 2 54 1799 8:27:39 S 21 28.611 W 039 40.303 S 21 25.523 W 039 40.443 3.1 137/7/00 E0549 2 55 1718 12:48:50 S 21 25.738 W 039 43.946 S 21 22.965 W 039 44.646 2.9 1587/7/00 E0550 2 56 1598 17:05:34 S 21 26.324 W 039 49.113 S 21 28.583 W 039 47.176 2.9 1398/7/00 E0551 2 57 1642 8:22:19 S 21 07.780 W 039 49.106 S 21 04.783 W 039 48.698 3.0 148/7/00 E0552 2 58 1694 12:11:32 S 21 07.493 W 039 46.423 S 21 09.541 W 039 46.079 2.8 158

Posição inicialLatitude Longitude

Posição finalLatitude Longitude

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Temperatura nas áreas arrastadas

Os valores médios de temperatura registrados pelos sensores instalados na rede(SCANMAR) ou nas portas (PACHA) durante as operações de arrasto sãoapresentados nas Figuras 9 e 10. No Setor-1, estrato I (200 a 500 m), ocorreramtemperaturas entre 14 e 7°C. No estrato II (500 a 1000 m) as temperaturas variaramde 10 a 2°C no Setor 1 e 8 a 2°C no Setor 2, descrescendo com a profundidade,mas na maioria dos lances foram superiores a 3°C. Os estratos III e IV (1000 a 2000m) apresentaram temperaturas mais constantes, variando de 1.5 a 3°C, e nãodemostraram uma variação descrescente com a profundidade. A grande diferençaentre as faixas térmicas observadas nos arrastos do Setor-1 e Setor-2 deve-se àsbaixas profundidades (próximas a 200 metros) em que ocorreram alguns arrastos noSetor-2, ocasionando um registro de temperaturas mais elevadas.

Arrastos de fundo

No Setor-1 foram realizados 28 lances de pesca que tiveram duração variando entre09 e 123 minutos (média = 53 minutos), em operação de arrasto. Deste total, 22foram considerados arrastos efetivos e seis foram interrompidos. No Setor-2, foramrealizados 30 arrastos variando entre 11 e 99 minutos (média = 66 minutos).Considerando todos os arrastos realizados, em média, a área varrida pela rede foide 0.18 km2 , correspondendo a uma distância média arrastada de 5.77 km. Aabertura média da boca da rede foi de 32.09 m e a velocidade média de arrasto de3.11 nós. A Tabela 6 apresenta uma síntese do esforço dispendido durante acampanha entre operações de arrasto, navegação e sondagens de fundo nosdiferentes setores. Comparativamente, analisando o tempo gasto nas diferentesatividades observa-se que o Setor-2 apresentou maior disponibilidade de fundospara as operações de arrasto. Mesmo sendo necessário alocar mais tempo denavegação no deslocamento de ida e volta a Salvador, foi possivel realizar maisarrastos com menor tempo de sondagem. As Figuras 11 e 12 representam todas asoperações de arrasto realizadas no Setor-1 e Setor-2 e a cronologia das operaçõese o percurso do navio para a primeira pernada.

Tabela 6. Síntese do tempo dispendido nas diferentes atividades reali- zadas durante a Campanha BAHIA-2.

Tipo de atividade realizada

SETOR-1 Operação dearrasto*

CTD Sondagemde fundos

Navegação Total

Horas 56 16 154 142 368

Dias 2.3 0.7 6.4 5.9 15.3

SETOR-2Horas 79 17 107 172 375

Dias 3.3 0.7 4.4 7.2 15.6

(*) inclui lançamento + pesca + recolhimento

6-jun7 -jun

8 -jun

9 -jun

10-jun

11-jun

12-jun 13-jun

14-jun

15-jun

16-jun

17-jun

18-jun

19-jun20-jun

21-jun

22-jun

41°W 40°W 39°W 38°W 37°W 18°S

17°S

16°S

15°S

14°S

13°S

12°S

11°S

Alcobaça

Porto Seguro

Salvador

R io R eal

Setor 1

Ilhéus

200 m

2000 m

Cam panha BAHIA-2Setor 1:R io Real - A lcoba ç a

Figura 11 . Navegação e crono logia das a tividades realizadas no setor 1 durante a cam panhaBahia-2 .

41 °W 4 0°W 3 9°W 3 8°W

2 2°S

2 1°S

2 0°S

1 9°S

27 -jun

28 -jun

2 9-jun

30 -jun

01 -ju l

02 -ju l

03 -ju l

04 -ju l0 5-ju l

06 -ju l

07 -ju l

0 8-ju lSetor 2

Vitória

Cam panha BAHIA-2Setor 2: R io Doce -Cabo de São Tom é

Cabo de São Tomé

R io D oce

Fig ura 13. Nave g aç ão e cronolo g ia das ativ idades realizadas no Setor-2 duran te a cam p anhaBA HIA-2

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Composição de espécies e rendimentos

Ao todo, puderam ser identificadas a bordo mais de 500 espécies, incluindo peixes(> 335); crustáceos (>120) e cefalópodes (>35). As espécies que representarammais de 90% das capturas estão representadas em kg por estratos na Tabela 7. AsFiguras 15 a 18 apresentam os rendimentos de peixes, crustáceos e cefalópodes porsetores e estratos em kg/hora.

Tabela 6. Área varrida (em km 2) em cada estrato de profundidade.

Área varrida (km2)Estrato Profundidade (m) Setor-1 Setor-2 Total

1 200 - 500 1.32 1.17 2.49

2 500 - 1000 1.12 1.21 2.33

3 1000 - 1500 0.80 1.77 2.57

4 1500 - 2000 1.35 1.96 3.32

1-4 200 - 2000 4.60 6.11 10.72

No estrato I (<500 m) o rendimento médio foi de 830 kg/h, sendo 99,5 %de peixes,principalmente Thyrsitops lepidopoides (serrinha) e Trichiurus lepturus (espada),Dasyatis centroura (raia), e Squatina spp (cação-anjo). Esse conjunto foi encontradoao sul do banco dos Abrolhos. Os crustáceos representaram 0,8%, destacando-sePleisionika sp. Os cefalópodes representaram 0,9% principalmente Illex coindetti noSetor-1.

No estrato II (500-1000 m) o rendimento médio foi de 68,0 kg/h, 67,8 % de peixes,principalmente de Merluccius hubbsi, Xenolepidichthys dalgleishi e Lophiusgastrophysus. Os crustáceos representaram 11,3%, destacando-se Aristeaomorphafoliacea e Bathynomus miyarei, os cefalópodes representaram 21,3%principalmente Pholidoteuthis adami e Histioteuthis arcturi.

No estrato III (1000-1500m) o rendimento médio foi de 79,3 kg/h, 85,7% de peixes,principalmente de Alutera monoceros, provavelmente capturado na descida ouretrono da rede, além de peixes típicos de aguas profundas como Cataetix sp1,Cataetix laticeps e Somniousus microcephalus. Os crustáceos representaram 3,3%,com algum destaque para Benthesicymus spp. Neste estrato, os cefalópodesrepresentaram 11,5% principalmente as espécies Pholidoteuthis adami eOrnytoteuthis antillarum.

No estrato IV (>1500 m) o rendimento médio foi de 61,1 kg/h, 93,9 % de peixes,principalmente dos peixes de aguas profundas Synaphobranchus brevidorsaisCataetix sp1 e Conocara spp. Os crustáceos representaram 2,2 %, com algumdestaque para Benthesicymus spp. Os cefalópodes representaram 4,0%principalmente Pholidoteuthis adami.

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Os rendimentos no estrato I foram 12 vezes maiores no Setor-2 (Figura 15), sendoos maiores rendimentos encontrados próximo ao Cabo de São Tomé e foz do RioDoce e, no Setor-1, nas regiões de influência dos grandes estuários associados àBaía de Todos os Santos (Salvador) e ao Rio Jequitinhonha (Belmonte). Osrendimentos totais nos estratos restantes, em ambos setores, foram da mesmaordem de magnitude (27,0 a 53,9 kg/h). Os crustáceos foram mais abundantes etiveram maior importância relativa no estrato II e os cefalópodes nos estratos II e III.

As Figuras 16 a 19 apresentam respectivamente a distribuição geográfica dosrendimentos médios por área varrida, em kg/km2, para o total de peixes, crustáceose cefalópodos em conjunto para cada operação realizada durante a primeirapernada, no Setor-1 e Setor-2.

Os rendimentos de peixes presentaram uma tendência similar aos redimentos totaispara os dois setores. Os crustáceos e cefalópodes apresentaram melhoresrendimentos no segundo estrato de profundidade, entre 500 m e 1000 m, mas nuncaalcancando os 70 kg/km2.

Na Figura 18 observa-se ainda a ocorrência de rendimentos relativamente altos(acima de 20 kg/km2 ) para os crustáceos de profundidade na região entre Ilhéus eCanavieiras, no estrato III, entre 1000 e 1500 m. Os rendimentos máximosobservados para crustáceos foram verificados no estrato II, entre os 500 e 1000m deprofundidade, alcançando valores em torno dos 36 kg/km2, ao sul da Baía de Todosos Santos, e 32 kg/km2 ao largo de Belmonte.

Para o grupo de espécies de cefalópodos, o maior rendimento registrado foiobservado ao norte de Ilhéus, com 63.8 kg/km2 no estrato de profundidade entre os500 e os 1000 m de profundidade (Figura 19).

Potencial pesqueiro

Várias das espécies capturadas durante a Campanha Bahia-2 representam recursospesqueiros comerciais em outras regiões do Brasil ou do mundo (ver Anexo). Noentanto, as densidades encontradas na área prospectada foram muito inferiores asnecessárias para sustentar uma pescaria comercial de arrasto. Para estebelecer umparâmetro de comparação, operações comerciais rentáveis com redes de tamanhocompáravel a utilizada pelo N.Oc Thalassa nesta campanha, se situam na ordem demagnitude de toneladas de peixes de interesse comercial por hora de arrasto. Ouseja, pelo menos vinte vezes superiores aos maiores rendimentos por estrato emquase toda a área prospectada, a exeção das proximidades do Cabo São Tomé,onde os rendimentos foram maiores, mas quase que exclusivamente de serrinha eespada, espécies de pouco ou nenhum valor comercial no Brasil.

Tambem não foram encontradas espécies típicas de grandes profundidades e queapresentam alto valor comercial, como Hoplostetus atlanticus, que poderiamestimular investimentos em novos esforços de prospecção de arrasto de fundo naregião central.

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O longo tempo de procura de fundos adequados para arrastar evidenciou aescassez de áreas arrastáveis reduzindo ainda mais a expectativa de encontrarconcentarções de interesse comercial de espécies demersais de fundos moles naregião.

Embora a abundância de recursos pesqueiros tenha se mostrado pequena, ariqueza de espécies foi elevada, incluindo numerosas espécies e famílias de peixese invertebrados antes desconhecidas para o Brasil. A possiblidade de utilizar redesde arrasto ate profundidades superiores aos 2000 m tem sido importante para olevantamento faunístico do ambiente demersal da zona econômica exclusiva daregião central.

Resumo e Conclusões

Entre 5 de junho e 10 de julho foi realizada uma campanha de prospeção pesqueirademersal com redes de arrasto de fundo entre 200 e 2000 m de profundidade naregião central do Brasil entre Rio Real (Lat 11oS) e o Cabo de São Tome (Lat 22oS)abrangendo um area total de 36.700 km2. Foram realizados 58 lances de pesca deuma duração média de 1:07 hs.

A fauna de peixes demersais, crustáceos e cefalópodes é diversificada e inclui maisde 500 espécies. Os rendimentos médios foram de 214.8 kg/hora, compostos 95.5%de peixes, 3.0% de cefalópodes, e 1.2% de crustáceos.

Ocorreram várias espécies que se constituem em recursos pesqueiros exploradosem outras regiões do mundo, porém as densidades e os rendimentos por hora dearrasto foram muito baixos para justificar sua exploração .

Verificou-se que não existem grandes extensões de áreas arrastáveis disponíveisna região central.

A pesca de arrasto de profundidade não representa uma alternativa viável para osetor pesqueiro, devido ao seu alto custo operacional comparado aos baixosrendimento verificados

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PEIXES 200-500 500-1000 1000-1500 1500-2000 TOTALThyrsitops lepidopoides 2791.46 7.66 2799.12Trichiurus lepturus 844.46 0.78 845.24Dasyatis centroura 198.00 198.00Squatina spp 166.64 11.82 178.46Saurida normani 153.54 153.54Bathygadus spp 147.02 1.47 0.00 0.00 148.49Cataetyx sp1 67.28 76.90 144.18Synaphobranchus brevidorsalis 3.07 20.74 83.00 106.81Aluterus monoceros 0.52 104.72 105.24Lophius cf. gastrophysus 68.92 17.46 86.38Pagrus pagrus 79.80 0.30 80.10Cataetyx laticeps 54.86 16.47 71.33Urophycis cirrata 61.30 9.03 70.33Conocara spp 0.00 0.00 21.05 43.48 64.53Synagrops sp 64.21 0.28 64.49Merluccius hubbsi 10.35 40.45 0.74 51.54Ilyophis blachei 13.92 30.36 44.28Somniosus microcephalus 43.00 43.00Antigonia capros 42.08 42.08Polymixia lowei 36.14 5.58 41.72Synagrops sp sensu Fuji 32.68 0.88 0.07 33.63Bassozetus sp 18.07 11.82 29.89Xenolepidichthys dalgleishi 3.31 25.18 28.49Narcetes stomias 27.13 27.13Brotulotaenia sp 21.14 4.60 25.74Cataetix sp2 19.26 5.76 25.02Alepocephalus spp 4.96 18.84 23.80Bathytroctes spp 0.17 23.42 23.59Saurida brasiliensis 23.37 0.07 0.10 23.54Fistularia petimba 23.32 23.32Chimaera sp 22.50 22.50Narcetes sp 19.97 19.97Nezumia atlantica 9.86 9.95 19.81Centroscymnus macracanthus 0.09 12.30 2.90 15.29Trachonurus sulcatus 14.47 0.56 15.03Outras espécies 25.54 67.82 39.71 22.70 155.77Total peixes 5048.62 285.00 533.45 549.14 6416.21

CRUSTÁCEOS 200-500 500-1000 1000-1500 1500-2000 TOTALBathynomus miyarei 0.25 11.97 2.42 1.40 16.04 Plesionika sp 15.01 0.04 15.06 Aristaeomorpha foliacea 0.16 13.50 0.12 0.05 13.83 Benthesicymus spp 0.33 4.62 3.10 8.05 Aristeus spp 6.66 0.31 0.38 7.35 Chaceon ramosae 2.88 2.57 5.45 Hepomadus tener 2.44 2.64 0.28 5.36 Acanthephyra eximia 1.08 2.51 0.32 3.91 Heterocarpus inopinatus 0.03 1.66 0.58 0.04 2.31 Pasiphaea spp 0.13 0.95 0.97 2.05 Aristaeopsis spp 1.74 0.96 2.70 Stenocinops spinosissima 1.44 0.33 1.77 Nematocarcinus spp 0.52 1.07 0.14 1.73 Bentheogennema sp 0.02 0.35 1.02 1.39 Penaeopsis serrata 0.83 0.50 1.33 Munida longipes 0.31 0.90 0.01 1.22 Stereomastix sculpta 0.11 0.34 0.73 1.18 Aristaeopsis edwarsiana 0.34 0.60 0.22 1.16 Rochinia sp 0.16 0.85 1.01 Glyphocrangon aculeata 0.47 0.31 0.06 0.84 Outras espécies 2.28 2.47 2.19 4.12 11.06 Total crustáceos 20.49 46.79 23.21 13.46 103.95

Tabela 7. Capturas (em kg) das principais espécies de peixes ,crustáceos ecefalópodes nos diferentes estratos de profundidade durante a campanha BAHIA-2.

30

CEFALÓPODES 200-500 500-1000 1000-1500 1500-2000 TOTALPholidoteuthis adami 48.42 30.46 14.74 93.62Ornythoteuthis antillarum 5.81 15.61 0.81 22.23Illex coindetti 3.37 8.51 3.43 15.31Histioteuthis arcturi 10.34 0.27 1.21 11.81Ommastrephes bartrami 3.86 3.70 7.56Moroteuthis robsoni 5.59 5.59Opistoteuthis sp 3.03 0.34 3.36Haliphrom atlanticus 2.11 2.11Loligo plei 1.69 1.69Abralia veranyi 0.86 0.46 0.26 0.02 1.60Megalocranchia maxima 0.47 0.90 0.01 1.37Cirroteuthidae sp2 0.68 0.41 1.09Sthenoteuthis pteropus 0.97 0.97Illex argentinus 0.15 0.31 0.33 0.79Cycloteuthis sirventi 0.27 0.42 0.69Cirroteuthidae sp 1 0.62 0.62Vampyroteuthis infernalis 0.46 0.08 0.54Liocranchia reindhardtii 0.24 0.20 0.07 0.51Octopoteuthis megaptera 0.02 0.15 0.21 0.37Onychoteuthis banksii 0.11 0.06 0.11 0.28Discoteuthis laciniosa 0.19 0.19Abralia redfieldi 0.07 0.07 0.01 0.15Rossia bullesi 0.15 0.15Rossia tortugaensis 0.10 0.10Eucloteuthis luminosa 0.09 0.09Spirula spirula 0.03 0.02 0.01 0.06Chiroteuthis sp 0.01 0.04 0.05Eledone massyae 0.05 0.05Pyroteuthidae 0.01 0.02 0.03Semirossia tenera 0.03 0.01 0.03Heteroteuthis atlantis 0.02 0.01 0.01 0.03Bathyteuthis sp 0.02 0.02Octopteuthis sp 0.01 0.01Bolitaenidae 0.01 0.01Nectotheusis pourtalesi 0.01 0.01tipo Chiroteuthis 0.00 0.00varios não identificados 0.04 0.19 0.96 0.89 2.08Total cefaló podes 6.18 87.27 60.59 21.09 175.13

Tabela 7. Continuação ..

31

Para o grupo de espécies de cefalópodos, o maior rendimento registrado foiobservado ao norte de Ilhéus, com 63.8 kg/km2 no estrato de profundidade entre os500 m e os 1000 m de profundidade (Figura 18).

Figura 15. Rendimentos em kg/h de arrasto para peixes, crustáceos ecefalópodes obtidos durante a campanha BAHIA-2.

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

Re

ndim

ent

os (

kg/h

)

Estratos

Setor 2

PEIXES 766,7 27,6 34,4 25,8

CRUSTÁCEOS 3,3 7,7 3,1 1,4

CEFALÓPODES 0,9 14,5 10,7 2,6

I II III IV

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

Re

ndim

ent

os (

kg/h

)

Estratos

Setor 1

PEIXES 63,5 18,5 44,9 35,2

CRUSTÁCEOS 3,3 7,7 3,1 1,4

CEFALÓPODES 0,9 14,5 10,7 2,6

I II III IV

Cam panha Bahia 2

2 00 0 m

1 0-100

1 00 -50 0

5 00 -1 000

> 10 00

2 00 m

S a lva d or

I lh é us

Be lm o n te

20 0-50 0 m 5 00 -1 00 0 m 10 00 -1 50 0 m 15 00 -2 00 0 m

TO TA L (kg /km 2)

Figura 16. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies (peixes, crustáceos e cefalópodes) encontradasem cada estrato de profundidade no Setor-1.

33

Campanha Bah ia 2

20 00 m

10 -1 00

100 -5 00

50 0-100 0

>1 000

200 m

S alva do r

Ilh éu s

B e lm on te

2 0 0-5 00 m 50 0 -10 00 m 1 00 0 -15 00 m 1 5 00 -20 00 m

PEIXES (kg/km 2)

Figura 17. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies de peixes encontradas no Setor-1 em cadaestrato de profundidade.

34

Figura 18. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies de crustáceos encontradas no Setor-1 em cadaestrato de profundidade.

C am panha B ahia 2

2 00 0 m

0-5

5-10

1 0-20

>2 0

20 0 m

S al va do r

I lh éu s

B e lm o nte

2 0 0-5 00 m 500 -10 00 m 1 000-15 00 m 1 500 -20 00 m

CRUSTÁCEOS (kg/km 2)

35

Campanha Bahia 2

2 000 m

0-5

5-10

1 0-20

> 20

2 00 m

S a lva d or

I lh é us

B elmo n te

2 00 -50 0 m 50 0-1 00 0 m 1 00 0-1 50 0 m 1 50 0-2 00 0 m

CEFALÓ PO DES (kg/km 2)

Figura 19. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies de cefalópodes encontradas no Setor-1 emcada estrato de profundidade.

36

Figura 20. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies (peixes, crustáceos e cefalópodes) encontradasem cada estrato de profundidade no Setor-2.

Cam panh a Bahia 2

10-100

100-500

500-1000

>1000

2 00 -50 0 m 5 0 0-1 00 0 m 10 0 0-1 50 0 m 15 0 0-2 00 0 m

TOTAL (kg/Km ²)

V itó ria

Cabo de S ão T om é

R io Doc e

Figura 21. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies de peixes encontradas no Setor-2 em cadaestrato de profundidade.

Cam panha Bahia 2

10-100

100-5 00

500-10 00

>100 0

20 0 -50 0 m 5 00 -1 00 0 m 10 00 -1 50 0 m 15 00 -2 00 0 m

Peixes (kg/Km ²)

V itó ria

Cab o de S ão T om é

R io D oc e

Figura 22. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies de crustáceos encontradas no Setor-2 em cadaestrato de profundidade.

Cam pan ha Bahia 2

10-100

100-5 00

500-10 00

>100 0

200 -50 0 m 5 0 0-1 00 0 m 10 0 0-1 50 0 m 15 0 0-2 00 0 m

Crustác eos (k g/Km ²)

Vitó ri a

Ca bo d e S ã o T o m é

Rio D oc e

Figura 23. Rendimentos totais (em kg/km 2) do conjunto de espécies de cefalópodes encontradas no Setor-2 emcada estrato de profundidade.

C am p anha Bahia 2

1 0-10 0

1 00 -5 00

500 -1 00 0

>100 0

2 00 -50 0 m 50 0-1 00 0 m 1 00 0-1 50 0 m 1 50 0-2 00 0 m

Cefaló podes (kg/Km ²)

Vitó ria

C abo de S ão T om é

R io Doc e

Pesquisadores envolvidos

LISTAGEM DE PESQUISADORES BRASILEIROS, OBSERVADORES E BOLSISTAS QUEPARTICIPARAM DA CAMPANHA BAHIA-2 REALIZADA A BORDO DO NOc THALASSA, ENTRE25/06/00 E 10/07/00.

EtapaNome Sobrenome C P I O B Qualificação Unidade I IIPAULO Costa X Pesquisador UNI-RIO X XAGNALDO Martins X Pesquisador UFES X XGEORGE Olavo X Pesquisador UEFS X XMANUEL Haimovici X Pesquisador FURG X XADRIANA Braga X Pesquisadora UNI-RIO X XGUSTAVO Nunam X Pesquisador URFJ/MN X XWAGNER Guerreiro X Pesquisador UEFS XEDUARDO Neto X Pesquisador IEAPM XJOEL Mendonça Jr. X Bolsista USU XJOSÉ ALBERTO Schineider X Bolsista UFES XJÚLIO Araújo X Bolsista UFES XLUIS Rocha X Bolsista UNI-RIO XMARCELO Semeraro X Bolsista UFRJ/MN XPAULO Lopes X Bolsista UEFS XPAULO Vianna X Bolsista UEFS XPAULO Young X Pesquisador UFRJ/MN XALESSANDRO Ferreira X Bolsista UEFS XALINA Sá Nunes X Bolsista UEFS XBERNARDO Ferreira X Bolsista UNI-RIO XCLÁUDIO Sampaio X Bolsista UEFS XCRISTIANA Young X Pesquisadora UFRJ/MN XFLÁVIO Coelho X Bolsista UFES XGERALDO Neto X Bolsista UFES XGLADSTONE Almeida X Bolsista UFES XLUCIANO Fischer X Bolsista FURG XPAULINO Souza Jr. X Bolsista USP XTOSTA Gitonilson X Observador BAHIAPESCA X XSEYDEL Rafael X Observador M. Marinha X XTOTAL 18 18

(P:Pesca, B:Bentos, C:Carcinologo, I:Ictiólogo, I:Primeira fase, II:Segunda fase).

Recursos potenciais

Nesta seção são apresentados dados bibliográficos e imagens digitalizadas dasprincipais espécies encontrados durante a Campanha Bahia-2 e que representamrecursos pesqueiros comerciais em pescarias de outras regiões. São mostradosmapas de visualização quantidativa da variação latitudinal das capturas, distribuiçãodos rendimentos por estrato batimétrico e distribuição de frequencias decomprimento total (ou equivalente) dos principais recursos pesqueiros atuais oupotenciais presentes nas capturas.

HABITAT: espécies deste gênero possuem hábitos bentônicos e ocorrem em regiões deplataforma continental externa e talude superior sobre substratos inconsolidados (Froese &Pauly, 1998). IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: As estatísticas da FAO para o período1950/1995 referentes à familia Squatinidae indicam capturas globais geralmente inferiores a1.000 ton/ano.

Squatina spp

0

3

6

9

1 2

1 5

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0 ,0

1 ,0

2 ,0

3 ,0

4 ,0

80 90 100 110 120 130 140

Comprimento total (cm )

Num

/h

HABITAT: Espécie associada à recifes, encontrada sobre fundos rochosos ou arenosos (osjovens geralmente encontrados sobre fundos de algas) até cerca de 250 metros, geralmenteacima de 150 m de profundidade. Comercializada fresca e congelada.IMPORTANCIAECONOMICA: capturas variam de 1000 a 10000 t por ano, pescada com redes de arrastos defundo, cerco e armadilhas. Na Argentina foram capturadas 1.590 t em 1996.

Pagrus pagrus

0

2

4

6

8

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

20

40

60

80

100

16 18 20 22 24 26 28 30 32

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: espécie bentônica, habita substratos moles e distribui-se entre 200 e 700 metrosde profundidade (Froese & Pauly, op cit.). IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: espécierelativamente importante na pesca de arrasto-de-fundo nas regiões sul e sudeste do Brasil. Asestatísticas da FAO para o período 1950/1995 referentes a família Lophiidae indicamtendência crescente nas capturas a partir de 1975 (Froese & Pauly, op cit.).

Lophius gastrophysus

0

2

4

6

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

1

2

3

4

41 45 49 53 57 61 65

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: Espécie mesobentopelagica sobre o talude continental. De distribuiçãosubtropical, ocorrendo entre 17°S e 42°S. IMPORTANCIA ECONOMICA: Pescariacomercial pequena, realizada principalmente na Argentina. As estatísticas da FAO para operíodo 1950/1995 referentes à espécie indicam capturas globais inferiores à 1.000 ton/ano .

Thyrsitops lepidopoides

0.0

1.5

3.0

4.5

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg/

h

0

2000

4000

6000

23 25 27 29 31

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: Espécie batidemersal, encontrada sobre fundos de lama, geralmente entre 360 e470 metros de profundidade. Subtropical, distribuindo-se de 30°N até 9°N. IMPORTANCIAECONOMICA: Pescaria de grande interesse potencial, realizada com redes de arrasto defundo. Atinge até 57 cm de comprimento.

Urophycis cirrata

0

1

2

3

4

5

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

4

8

12

16

20

18 22 26 30 34 38 42 46

Comprimento total (cm)

Num

/h

Merluccius hubbsi

HABITAT: Espécie sutropical, distribuindo-se de 35°S a 54°S. Bentopelagica, habita aplataforma continental geralmente entre profundidades de 100 e 200 metros. Comercializadafresca e congelada. IMPORTANCIA ECONOMICA: Pescaria de grande importanciacomercial. Realizada com redes de arrasto, principalmente na Argentina, Uruguai e Japão. NaArgentina, em 1996, foram capturadas 589.766 t.

0

1

2

3

4

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

4

8

12

16

18 22 26 30 34 38 42 46

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: espécie demersal, distribuindo-se entre 360 e 1.100 metros de profundidade(Froese & Pauly, op cit.). IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: capturada como by-catch napesca de arrasto-de-fundo direcionada a camarões da familia Aristeidae no AtlânticoOcidental. Possui relativo interesse comercial (Froese & Pauly, op cit.)

Nezumia atlantica

0.0

0.4

0.8

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

2

4

6

8

10

40 50 60 70 80 90

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: Espécie bentopelagica, ocorrendo sobre a plataforma continental, geralmentesobre fundos lamosos de aguas costeiras rasas, algumas vezes penetrando em estuarios.Adultos grandes se alimentam proximo à superficie durante o dia, migrando para o fundo ànoite. Comercializado seco/salgado, fresco e também congelado. Encontrado até 385 metrosde profundidade. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: De alta importancia na pescariacomercial, com capturas de 1.071.914 t na China, em 1996 e 805.715 t em 1990 no Paquistão.Capturado com redes de arrasto, cerco e emalhe.

Trichiurus lepturus

0

20

40

60

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

40

80

120

160

1 5 9 13 17 21 25 29 33

Comprimento pré-anal (cm)

Num

/h

HABITAT: Espécie demersal, encontrada sobre fundos de areia ou lama. Juvenis, abaixo de 8cm de comprimento, são pelágicos (Froese & Pauly, op cit.). Distribui-se de 37° N até 20° S.IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: espécie de interesse comercial, capturada com redes dearrasto-de-fundo, de emalhe e armadilhas. Espécies do mesmo genero são relativamenteimportantes em paises como Indonésia, India e Hong-Kong (Froese & Pauly, op cit.). Carneconsiderada de boa qualidade, comercializada fresca e congelada.

Upeneus parvus

0.0

0 .4

0 .8

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

10

20

30

14 16 18 20 22

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: Espécie demersal, encontrada sobre fundos de lama ou areia (Froese & Pauly, opcit.), entre 25 e 550 metros de profundidade. Tropical, distribuindo-se no Oceano Atlanticooeste. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: espécie de interesse potencial.

Saurida normani

0

3

6

9

12

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

20

40

60

80

22 26 30 34 38 42 46 50

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: Espécie batipelagica, distribuindo-se entre 100 e 3200 metros deprofundidade, sendo mais comum acima de 1800 metros. Ocorre nos oceanos Atlantico,Indico oeste e Pacifico, de 54°N até 22°S.

IMPORTANCIA ECONOMICA: As maiores capturas da familia são registradas parao Atlantico noroeste, com cerca de 12 toneladas em 1988, pela Alemanha.

Bathytroctes sp.

0.0

0.8

1 .6

2 .4

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

5

10

15

20

20 22 24 26 28 30 32 34

Comprimento total (cm)

Num

/h

HABITAT: espécie demersal sobre fundos de lama. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: afamília Aristeidae inclui espécies de grande importância na pesca de arrasto-de-fundo emregiões profundas do Atlântico Norte e Mediterrâneo.

Aristeopsis edwardsianus

0.0

0 .1

0 .2

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

3

6

9

25 35 45 55 65

Comprimento da carapaça (mm)

Num

/h

HABITAT: espécie demersal sobre fundos de lama. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: afamília Aristeidae apresenta espécies de grande importância na pesca de arrasto-de-fundoem regiões profundas do Atlântico Norte e Mediterrâneo.

Aristeomorpha foliacea

0 .0

0 .4

0 .8

1 .2

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

16

32

48

64

17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61

Comprimento da carapaça (mm)

Num

/h

HABITAT: ocorre sobre fundos de lama. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: a famíliaAristeidae apresenta espécies de grande importância na pesca de arrasto-de-fundo emregiões profundas do Atlântico Norte e Mediterrâneo.

Aristaeus sp

0.0

0 .4

0 .8

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

8

1 6

2 4

3 2

2 5 2 9 3 3 3 7 4 1 4 5 4 9 5 3 5 7 6 1

C o m p rim e nto d a c arap aç a (m m )

Nu

m/h

HABITAT: espécie demersal sobre fundos de lama. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA:interesse potencial.

Penaeopsis serrata

0.0

0 .1

0 .2

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

16

32

48

64

8 12 16 20 24 28 32

Comprimento da carapaça (mm)

Num

/h

Benthesicymus sp.

0.0

0 .2

0 .4

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

32

64

96

13 17 21 25 29 33

Comprimento da carapaça (mm)

Num

/h

HABITAT: espécie semidemersal, distribui-se da superficie até cerca de 1000 metros deProfundidade, ocorrendo tanto em regiões oceanicas quanto na zona neritica (Roper etal., op cit.). IMPORTANCIA ECONOMICA: espécie de importancia comercial,pescada com rede-de-arrasto de fundo no Mediterraneo Ocidental, Espanha e costa oesteafricana (Roper et al., op cit.).

Illex coindetti

0 .0

0 .4

0 .8

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

6

12

18

10 14 18 22 26 30

Comprimento do manto (cm)

Num

/h

Ornytoteuthis antillarum Adam, 1957 – Mollusca, Cephalopoda, Ommastrephidae.HABITAT: Distribui-se em aguas quentes a tropicais do Oceano Atlantico.IMPORTANCIA ECONOMICA:

Ornythoteuthis antillarum

0 .0

0 .4

0 .8

200- 500m

500-1000m

1000-1500m

1500-2000m

Kg

/h

0

6

12

18

10 14 18 22 26 30

Comprimento do manto (cm)

Num

/h