camões e o principezinho

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Page 1: Camões e o principezinho

CAMÕES, O POETA DO AMOR PRINCIPEZINHO, O MENSAGEIRO DO AMOR

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Foi então que apareceu a raposa.- Olá, bom dia! - disse a raposa.- Olá, bom dia! - respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.- Estou aqui - disse a voz - debaixo da macieira.- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - És bem bonita...- Sou uma raposa - disse a raposa. (...)- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Não estou presa... (...)- O que é que "estar preso" quer dizer - disse o principezinho?- É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.- Laços?- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...(...)- Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer. (...)- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...O principezinho voltou no dia seguinte. (...)Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:- Ai! - exclamou a raposa - ai que me vou pôr a chorar...- A culpa é tua - disse o principezinho.- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...- Pois quis - disse a raposa.- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.- Pois vou - disse a raposa.- Então não ganhaste nada com isso!- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...(...)E então voltou para o pé da raposa e disse:- Adeus...- Adeus - disse a raposa. Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa... in O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry

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Amor é….

Definição poética de Luís de Camões Mensagem sobre as exigências do amor e do afeto

Soneto = 2 quadras + 2 tercetos

O sujeito poético procura compreender e definir o processo amoroso que aparece contraditório

(antíteses)

"tão contrário a si é o mesmo amor" = total impossibilidade de se compreender o próprio amor.

Conclusão, expressada pela interrogação no último terceto

Viera de um pequeno planeta, o Asteróide B612, tão distante que não se podia ver no horizonte. Tão pequeno, que tinha apenas dois vulcões ativos e um extinto, e uma rosa que, com amor e carinho, regava e cuidava todos os dias. Ela tornou-se exigente, muitas vezes presunçosa e voluntariosa. Sendo única, defendia-se com os seus espinhos, seduzia o pequeno com a sua beleza e a delícia do seu perfume. Assim, para fugir dos caprichos da rosa, o pequeno e sonhador, parte do seu planeta, levado por uma revoada de pássaros, perseguindo as aventuras do seu ser, numa ardente vontade de voar pelos mistérios do universo.

Rosa = beleza/sedução das paixões = exigências do amor e do afeto essenciais aos sentimentos =caprichos = espinhos (decepção/incompreensão dos labirintos dea pessoa que se ama)

Raposa = interlocutora do diálogo entre sentimentos e genuidade das palavras = reveladora de que só passamos a ser diferenciados para alguém,

quando somos por ele conquistado. Revela-lhe que a sua rosa era única, porque ela o cativara, tornando-se fundamental em sua vida.

= ensinamento : Responsabilidade e cuidado por aqueles que cativamos.

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