câmara - quadro histórico

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J. MATTOSOCAMARA JR. I-TISTORIA LINGUA E ESTRUTURA DA PORTUGUESA 4? edição PADRÃO - Lrvn^nte EtÍor^ LTna. Rto DE 'ANEIRO / 1981.

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Texto de Câmara Jr. sobre a história da língua portuguesa.

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Page 1: Câmara - Quadro Histórico

J. MATTOSO CAMARA JR.

I-TISTORIA

LINGUA

E ESTRUTURADA

PORTUGUESA

4? edição

PADRÃO - Lrvn^nte EtÍor^ LTna.

Rto DE 'ANEIRO / 1981.

Page 2: Câmara - Quadro Histórico

--!r

Revisão feita Por:

*Iaria ÀParecida Ribcìro

Ântünio BasíIio Rodrigucs

C-zPa.:

Pavlo Sergio

(Prcpc,rsda pelo Ceatro dc Catatogação-ne-fonte do

SiÍ!ÍDICATìO NÂC:QÌ{.1I. 9OS ÊDrroRES DE LTTIROS, nr}

I

INTRODUçÃO

I. Â LINCUA PORTUGUESA

.'i-ìnrl Jurúor, Jorquin M!to!o, lg04-lgf0.c;t?Íth ïIittórb c egtruturs de lÍngue portuS,nër lFod J.

lÍrÊtoo CôErra Jr., 4t cd.. Rio dc Jrnciro, Pdrão, 198t.

tÚl P. 2l çn

Bibliofrrllr.

,t. Forüfuêa - nodoftr. t. Fortufuër - EHórir.3. Forh*uèr - üorÍoloft. I. tttulo.

| . Nestas condiçõc+ a língua fice rndo, mo rmidade. utrrir qF

cDD - !!9.gq | ï* idcal, gue aprclcnül eE ri o treça Mricos comunr a

g:lt | : *_: :ï: ï*1i. r a inverianc ;b.*". e vinuar, ,o

cDu - ffi:&tt; | ' bÌcP6ta a "n mosaico dc variantcr êoncrìerar c l?'.ir.

Ér,,t ë:Sl I -*J:#*i:9.d'Gurt-.cr'hc'dr'q..!ó'e,|

* "._ | I

-.i,itizrdo", o coo€.iro d. lÍìsu. r. [email protected] .aú. p..r" ||o, I :: : T"lÍ. dìrDrr . .,lrnsü. cGün... dr .rílrur -râddat",

barc da ltngua escrita, ou ,.llngua titertria., lar-o-:;;;ï;: Irirtitd bt .ü& í.tifu

i' PÂDMO - r.rvrare ronce rrue. i -ï' â iffi !#.!Í.:Af-,-.: :,-..!. n q&i.. se a Í..2

i r . Cottceito de língua

, No uso corrente, a palawa lingua, aplicada ao quc se d.iz our 6cr€ve, tetu rrrn sentido frou_xo e impreeriooistico- O homem co,I Eum não t@ a menor di{icujdade àu hcsitaçJo cm empregar orenno, mas o faz de urna maneira intuitiva e i+reÍIetida, de sortei que é incapaz dc expli"", [.que o faz.: O lingüiita,

"o .onoúo, qrcontra na coneitua$o da pala-

: vra rrrn sÍâvc trop€ço. o probrema dcco'c da imcasa variedadej dc q"e -sc

Ìcvcsrc a tinguagem e da fugidia gradat'o com que sci difcrencia. Há uma diversilicaç;qdc oãern ;"S.{fi* no elpaço,j ou horizontal, e outrâ. ve*ical. de ordesr ã.ii, or funçro das: lasscr

da rcciedade e dar interfcrências entrc clas. A d,ifcrcncia-, Éo no c?aço cria o problma de disdnguir srtre tíngua e dia_i

tc1, tue EGrn scrnpre or próprios liagüfuÃl da resolvido dc me-i neira rrniÍorme, cochBarr i ac"iar.a..

rtarr!\^\, _ r,rvÉa|(rÃ, q.rtrrrf, r.rrrÊ. i úEar. ul Irrgut crtjre, ou tirçrárir Àr" _l,ï-ãï,ãË"ff*,ï,ffiRue Mfrrt Coü3o.,10 -CP 256 ^ P@c o vinudc dc rur-oblcriv- pri.Ã-i.t-*. oc.il-Ëã=frï'.,rprnlÍ dÊ un diercto rcgionel ú -d;;Ji F- crG.bocnrc crprorr.ro,Rio dc Jrndro - nJ

Page 3: Câmara - Quadro Histórico

:

i t :

.,. ::-tíãgua cd quc usam as classcs consideradas "suPeriorcs" ecr coc'

dições sociais de um ccdmoniaü mais ou üeoos estrito' Cria-se

cntão una norrna rígida, que redu: ao mtnimo a v'ariabilidadc c

serve de nodclo ideal na comunica$o lingüística, cuja obsewân-

cia passe a consdtuir a "correção".

Não ficam elirninadas, com isso. as mütiplas variedader doa

dialete regionais e sociais nem as interferências (que sÍo nr'-e-

rGat e coaplexas) enuc tdos eles. Esabelecese aPenâ! uÍr sêtor

de iavariabilidade relativa, e que potlemos nos relloitãr como a

lingua erpccìficamente d.ita. Focatizandea prinordialmente' tc'

lnos qualquer coisa de uno e urtis apreensível para falar ea língua

pcürtugüe$l, ou língua inglesa, ou llngua árabe, e assim por diante,

ê eré Pea distinguir qualquer detas dc outra' nurrt território con'

dnuo, cmro sucede com o portuguè eo Íace do espanhol '

Podcsnot consideráJa de per si e ensinÁ'ta ao c$traÍrgeiro,

coano a fftrgua "normal" ou llngua-padrão; e podemoa lhe trapr

a biltória c lhe desüever a estrutura, embora se trítc ds "'n"e$rutufir rouitas vezer virtual.

Não aoc etqueçamos, enuÊtânto, que a nonna da llngua conuÉ

aPÊnal raduziu a variabilidade ao mlnimo c não ProPrtarnenr€ a

supriaiu.

2. fln$t4 crn ,noit dc um pah

 resielrra é importante para qualqucr lÍagua'

dffi1 rnrir o é para aquelas, como o portuguêr c o inglêl

qüË p€rrcaceo a rociedad'es politic'mentc distintas, com Gtìr di'

Ícrcnciação cultural e mais ou rnencr afastadas no etllaço' AÍ' r

veriÊda&, inn{nseca e leinPrc Presenrc em qualqucr caro, tcnde

a rc pd.*rizar eü subnoÉÍnas, cgrresPondsrter aor paÊcr dirtcrlq

cm guc a ltogua vigora. Temos então o problcoa do iaglër am+

d€an;, eco tace do inglêr brirânico, ou do portug"êt do Brasíl' o

f-cc do portuguêr eurolxu.

O bsmen GotrruÍl' â {ue aludimoc ds iskio' retrtêtc cntlo

|r![ ürnff pcrplexo. O valor escrr.iah*crrrc iropresiolrtico çtcdt I petevra |lngua, uão lhc pcrmitc rcrohs o problcor: cl o

E

empol6a a evidência das difereoças e pensa en duas línguat distin-tas; ora as põc srrmilriastente de lado e só vê uma lÍngua, quequer $upoÍ uniforme.

O lingüista é uais objetivo e cautcloso. Só em funfo dahierarquia das diterençar é quc o problcma da variabilidade lin-güística pode ser resolüdo o qualquer caso.

Para uroa lÍngua coruum quc abranç mais de um paÍs, aunidade básica justifica em s€ falar nrrrna llngua única, ma:r âomcsrtro tempo impõe-se a considcração d"t diferençat dentro daunidade fundr-enhl . É preciso, por outro lado, fugir ao vezode ver numa subnorma a norrna propriamente dita e na bascdisso estabclecer um conceito único de correção. Â desrrição temde panir da unidadc dos traços fundamcntair e nela se apoiar pri.mordialnnence. Âs diferençs enuan secundariaüent€ e sc cscalonarn em imponlncia na estÌutura lingütstica gwat.

Chegamos assírq a uÍra çoÉpreeosão dc lingua portuguesa,que scrí a dirctrü constante para o ertudo quc vamor encctar.

t. Distribuiúo dt ltngua pat4ugucsa

Entendida dessa maneira, da abranç. corno lÍngua nacional,dois paiseal Portugal, na Europa r!, c. na Anérica do Sul, o Bra-sil. Eo ambas acha-sc cercada por outra l{ngua comrrrn, o êspa.nhol, que com ela aprËêntl rrryra grindc scmdhança geral, mardela se distingue por traços cstrururair fundamenais - na f,onologia, nas íormas gramaticair e sua concatenação, no conjunto doléxíco e distribuição de suas palavras.

Fora daí, tcmor ainda o português, sob o aspccto de portu-

guês crioulo, eú pontos da Álrica e da Ásia, aonde a llngua loi

lcvada pela expansão ulsarnarina de Portugal (rdc. XV-XVI) '

Já não s€ tralr de uma lÍngua nacional. mal de dialetos sui gc'zaris, que deconeram da adoção do portuguê.r, como lingua dcintcrcurso, por populações dc outra ctnia c oura cullurâ, ao lado

t) O por(u8uêr coeuú cuÍqpcü c*â hojc crrsadirlo, m ÁÊi'rr. ron cantÌorde civitüeção curopéie po,Ítuguc!â dc Àngolr c Mognbiquc.

Page 4: Câmara - Quadro Histórico

. j.rì::

rlas suas lilqguns nativas. Tal é o carc do poÌruguês de Diu,Danão e C'rts (Ínüa), de Macau (China), de partc da. ilhe dcTimor (lÍafãria) e, na África, do arquipelago de C.abo Vsde,da üha de 5Âo Tomé c &a illra do Príncipe.

No rerrfuório português e no brasileiro, há, sotopossa às durssubnormas da llngua cornum, uma dialeução variada.

Enr arnbos os paÍscs, o estudo e a dassificação dos dialetossc ràn feito com pouca exeção técnica. A rigorou metodologiada geografi:r lingüistica ró há algum tFmpo conreçou a se cm-preg.rr ern Pontugal, e as pesquisas ainda ss1!6 ffn Íase de desen.volvimerrto. No Brasil, só houvc até agora, e muito re(entemente,um priureiro c preliminar ensaio, confinado ao estado da Blhia-

Em Ponatg-al. nío obstante, a partir especialmente da aruaçtode Leite de Vasconcelqç desde os fins do séc- XIX, tem havidomais clevondâerrto' co€rência e continuidade de pcsquisas, emborasempre um taÌrto impressionísticas-

' t{á, indubitaveLmentc, no Errirório europeu. uma grandc di-

visão dialetal enüe o Norte e o SuI, a que se pode aaescentaroma 1rca do Crntro (provÍncias da'Beira), gue é francamentede transiçíc enre o dialèto sctentrional e o meridional- Essardivisõcs gerris reúnem diferenciações regionais &enore3 qus, nafalta de um critdrio lingüístico preciso, se coslgma frzar appsli.

madamente tôincidir com a divisão polÍtica das províncias portu-gues.ls: no Nottc, Minho, Douro e Trás-otMontes; no Sul, Eçtremadura, Ribatejo, Alentcjo e Algarve. Ainda mri5 difercacia.

dos são or dialetos ilhéus da ilha da Madeira c do arquipÉIàgodqr Açor$.

No Brasil, a dasificação dialetal aais coerentc é a de ânte-nor Nascenlcs, cobora esscncialmenre organizada na base dc irI-pressõct ds riagens. Por ela o paÍs sc divide cm duas grander áreasdialcair, a do Norte e a do Sul, cuja linha de scparação Nasceo-ter acrcdita srtâ!, a partir do litoral, entÌq o! àtãdor dc EspÍritoSanto e Babia e re prolongar até a cidade dc Mato Grocso, cor.tando o estado dessc nomc, depois de cortar igpFlÍqentË o de MinarC,crafu e o dc Goiás. No Norte, haverá duar grandcr nrbdivisõcr:

lo

arnarônica (Pará, Amazonar, Acrc c norocÍte dc Goi&) e nor-dcatina (Maranhio, PiauÍ, C-cará, Rio Grandc do Norc, PareÍba;Pcrna.mbuco, Alagoas e nordeste de Goiás) . No Sul, por sua vct,quaro subdivisões: baiana (quc dém dà Bahia abranç. Sergipe,norte de Ì!Íinas Gerais e ceirtro dc GoiÁs), ÍI'minense (E$pkito

Santo, Rio de Janeiro, partc do lestc dc Minas Gerais), mineira(cnvolvendo a maroria do estado de Minas Gcrais) e sulina (SáoPaulo, Paraná, Santa Caurin+ Rio Grande do Sul, além do sulde Minas, srrl de Goiás e lvÍato Grosso) . (Nasmtes" t95t, l&26) .

4. Motivações patd d dialctaçõa

Uma difcrenciaç5o dialetal explica*c, scÍÍrpne, em parte, pelahistória cultural e pollrica e pelos movimentos de populafo e, dcoutra parte, pdar próprias forças cenrÍfug:rr da linguagern hu-raana, que tendem a crisnlizar ar variações c qiar dialetaçlo emqualquer território relativamcnte amplo e na medida direta domaior ou menor isolamento das fueas regionair em rtferência aocenuo lingüistico irrrdiaclor.

A d.ivisão enue o Nortc e o SUI de Portugal provém essencialmente da maneira por gue sc constituiu, como veremoq ânafo portugue$ na faixa atlântica ectcntrional, en facc da fai*rmeridional dominada pelos ÌvÍouror, No Brasil, tambéra a gtandedivisão lingiiÍstica anáIoga dccorre da hirória colonial c, a sc-guir, dc um. desenvolvimento econômico e cultural divcrso enrêar duar regiõe, coln uma história diversa paÌe su:r: respcctivarpopulaçõcr.

No prescnte cstudo nio vai entrar o EatarneÍrlo diaüetológicoda lingua portuguea. Cooo já ficou ressalvado, o noiso objetivoserá a lingua comum e lua normâ vinual, com conrideraçõcr mar.ginais e cotejos a respcito das subnormas europÉia e americana.

A nosa primeira tare[a scrá aprcciar a origem c a expanúoda llngua. É o_quadro hisqórico para as.orudanças formais, aua-vér dos tcmpor,,s€ln perda. de.certa.unidadc cruutural. quc lhe

{4.-q_e$tt" dc g19,a_ percrc - língua -única.- <ronologicrmcntc.. difcrcnciada em fascs succrsiva"r-

l r

Page 5: Câmara - Quadro Histórico

, \: ...: i* cí{rutura idea.l, que aprescnti em si os traços báricos coÌnuns aì 1 . :

| - !

J

toda3 es suas variedades" (d. S l.) há para conriderar o rÉtico,

ou ladino, numa área que abrange parter do extremo sul da Suíça e

do cxtremo norte da ltília. Nas me$nas condiçõeq acha-se o

serdo, ni ilha da Srrdenlra, cujos traços estrllturiis fundamentais

são muito pcq.rlirres e próprios para se poder incluíJo como va-

riante dialeurl do italiano. 'Como

o rédco c o sardo, houve, até

o sécuÌo XIX, um grupo dalmático, como o veglioto por exenÌplo,

ua Dalmácia, isto é, b litora.l oriental do nrar Âdriítico, fron-

teiro ao d: IuiÌia.

(t. Â cxpansíia d.o latim

Todes essas língrras são o resultado da evoluçío do latim,

que se irnplantera numa vasrd regiío da Europa eqr virtude decorrquistas militares e do conseqüenee dominio crdtural e politico

de Roma, a parrir do sé.c. III a.C.

Çom a conquista de toda a península itá.lica. iniciada ria-

quele século, o latim pâssou alinal à condiçÍo de lÍngua de Itália

Antiga. Estiolaram-se e desaparecenm com isso, pouco a pouco,

tocLas as demais llnguas da penlnsula. Uma, o etrusco, era de ori-

gem e natureza eompletamente diversa do latim; vigorava numa

na$o de cidader indepcndentes, acima de Roma. numÀ laÌga faixÂ

litorânea do mar Tirreno, fronteiro à ilha da Olrscga, represen-

tante de uma culturâ peculiar, que a princípio, por largo tempo,

intluiu na na$o romana. Duas outras línguaq o osco e o umbro,

respecüvamente na reg:ião do Samnium, que cnvolvia o lJcio,

e na UÍnbria, entre o Samnium e a Erúria, eram çnética ê e!Eu-

turalmente muito próximas do latim; são consirJcradas aré, ea

Ìegra, como nmificaçõca,'ao lado do latim, de um pr6históricoitálicort. Pertencentcs, como o latim, o osco c o umbro, à grande

Íamilia lingüÍstica indo<uropéia (a que sc filiao ãntes línguae

antiga.s e modernas da Europa e da Ásia) lravia várias outras

ll Hl lingúbur, cürtro Dsvo.o (19fi, 67), quc tr.Tro . crirrêncir pré-àiÍóiicâ dc urn grupo itíIko:.pen clcr. o htim c o os'umbro 5ilo doirgrupo indo'curopur, onginrrirmenË díltintÕrr, qu€ rc ÍnÍluarcierem mutur*mcntc, tlcnrro da ltálir, pclo conacto gográÍiro c culrurrl.

11. O QUÂDRO HIsTóRIco

5. ás

 fÍngua püftuguca, como v{rias ouEas do mundo modernrr

ocid€ntal, Pcrlten{c ao gruPo das lln8us..ditas "rqmânicas"' ou

"n@ladnas", que dm o sËu Ponto de partida no lâtim' a lÍngua

do l-ácio na ltâIia Andga, ou' mris esPecificaúente' da cidade de

Roma.

 relativa inscgurança na- distinção entÌê lín8ua e dialeto teÍF

renrlsado em sensíveis discepâncias enüe os autores ao fazerem a

enumeração das llngrras legrâÍricas' Acresce- que algumas delas' im-

trrorcrntÊs na ldade 1fédia' baixarao Íruito de condiçio' ou sc

epres€nram ôÂ)Solescerrie$, c1r !::eËmo desapareceram em noltços

dias.

Enre as línguar nadonais e literárias lato setuu esúo' de leste

, Para cste na rLp"' " t-:-tlt da Romênia' ou Rumâni& nos

. #* Balcãs; o italiano, L rutiut o francês' na França; e' na penín'

- '

], sula ibérica ou hispânica' o castelhano' ou espanhol' ü Espanha'

, . d l!* . o porrusuês, de Port,rgal ' Delas' vigoram igualmente' como lÍn'. r - g ' .

j':l i ,.

t .. guas- tiarlrias loto scnstt, o francÔs no canadil' numa área aprc'

j - .-.=' ciável do p"[r de lÍngua inglesa, e' como linEuar nacionais' o es-

. .'., .t oanhol .* .oa" a nmerica Central e grande parte da Arnérica

=: =i , ão sut, e o-po,rtuguês' üuroa vasra área da América do Sul' que é a

' * ï.. r da rcpública do Brasil.

1- r' Mas na Espanha cabe arobém levar em conut o catelão' úr'.-.,t'

provinciu .ry*'tut" de Caulunha, a nordcste' que foi uma im'

Porante trngua nacional c litcrária na ldade llf&ia e ainda hoje

sc ÍlantéÍc, tb *"u últirno asPecto' regionalment€i sob a hegcmo-

: nia oficial do espanhol ' f,'gr França' na ldatle ÌvÍédia' houve' em

face do írancês, i.r" "o vigorava ao Gentrô e ao norte' uma lÍngua

, Iiterfuia, Iato e sìricco scttsl,., no sul, o provençal, ou ocitinico, tle

, quc rre3tam hoje reroanescentec dialetais'

' Fora do ârnbito des línguas nacionais e lierír'ias' como "uma

l3i:= ,i2

Page 6: Câmara - Quadro Histórico

fÍryurs, dc rrsoto Partútlsco' Portanco' cdr o latia'!' Dc quar

todr $ $ür Íçrüra otr notn6 G vagas e duvidcar iafotmaçÜcr'

Não eaeis o clta, outra lÍrrSFra indocuropéia' cujoc lineamen'

toc gcrais nos úo conhecidos J que inclui' fora da ltátia' llnguas

"ou!:e, txÌ{!o ó gaulêr. nas Gálias, c' aiirda hoje rtnancsccntcs' o

irlardÊr, na lrlanda, e o galês, no pals *.Glo {"*]:ttfli

o cclta da Irllia Antiga ocupou, a' ptrtir do réc' IV a'G.' a

pârtc üortË da peoinsul"a, .oot os Apeninos c c Âlper' chamarla

por iso Cátia Cit€rior. Ouüa llngua indo-eur+péia' que conhe'

ccooa ouito bem, ao lado do latim' era o grcSo' que vigoratra

n ,'nr !Érië dc cidades gegas de colonizaflo' no sudeSte da ltália

até a Sic{lia, através a. ïttJ" extensa Íaixa litorânea charnade pelos

Rmaoc a DÍagrra Grécia.

 cxpanrdão PolÍticomrlitar cic Roana' fora da pcnínsula itá'

ricr, podàa ter levado a anÍJoga mudança dc lÍngua todar as re'

grõcl'd" Ërrqpa da Ákica "

L 'lti"' gue onrtituhan' afi&l'

o grande lryÉrio Romano- Taf só-5g deu' Porem' cm regiõcr

rtsrriar do Im$rio, chamadas por isso' englobadamente' a Ro'

nilnie.

 Româeia" induindo naturelüente a Itália e ar ilhas adja'

qrrê+ bÊrtl Gomo uma Parte do ertremo rul da Sulça e o litomÌ

,frlnárico, cmpreendia as Gátias (corresponrlcnte ao que é hojc

a Françe c 6rande parte da Bélgica) , 1-Iou*"' ou ;xnínsula ibérica

ou hirpânica" a Líbia, ou litoÃl mediterrilneo da Ákica' e' com

sotu$ dc csrdnuitlade, a Dácia, nos Baicís' coinciCente ear p3rte

codr o que ê 'hoje a Romênia ou Rurnânia'

O latim da Á.trica setentrional não se dlant€ve' porém' a loago

p.""* t if ao* princ{pios da ltlade lÍ&ia sô ai sc falavam os

acri.g6 dialc.tor berueres e o árabe' trazido pcla invaúo Úuçul'

-ttt. cmscqüente islamização a partir do léc' V[I'

-;;;-.m: o ligúrico, a Roro.stc, cstcnrlcndo'rc ptlo lul I cária; o

rrãapio. oa Jrpúli. . .oüõii., et*.*r-1t5 +-"** quc or GÍÊ8or chr'

orvrn üpigc* o ""oe.io,

-ã'p"t[' -ti"tr de ql1,oícic do Pól o illrto' i:t no

Ttírll, csttúddo's. pctr tãui i-raï-ao. rynriliol o dculo' e princípio no

cÌrrìÊm fll dr ttáIia . .-"';;;dt-'L-smit É muio provâvel teru ddo

rodar €fú. üryrorr indo-curoPéiu.

lrt

7. O latim ibérico

Dcssa România, arsim definida. aqui nor interessa especiti.camente a história da implantaçio do latim na grnÍnrula ibérica.

Roma ai entrou a prrtir do séc. [I a.C., como conseqüên.cia da segpnda guerra púnica.

Dcpois de uma primeira derrota nuftra gucrra eninertcmËNt-tc n:rval, os Cartagines€s, coÍtr Amílcar Barca, pai de Anlbal. ti-nham estabelecido na Ibéria centros de ocupação militer e arrcigi-.mentado popuÌações nativas para o fim de urna scgunda guerra dedesÍorra contï:r Roma. Da Ibéria é que partiu Anlbat pâfir o atr-<1uc à Itália e a Roma por via terrestÍe. A Ibéria foi, por ruavez, o prirneiro grande objetivo do contra-âtaque romano duraatca long;r e enarniçada luta, gue se decidiu alinal a [avor de Romarros arcíis da África,

 ocupaçio romana da puÍnsula ibérica foi cabal e pcrÉt-nente. O território foi meto<ticamente d,ivitlido em traodes rotra!administrativas e militarcs. A demarcação foi" mais de rrrtr vÊ&reforinade, mas houve ïma grande direuiz const3nt€ coa a pct-sisrêncie dos rês grandes cenúor adminiscativo* c militarcr (dcÍronteiras uuitos variáveis embora aravés dor tctnporl - a Bêriii, ao sul, subindo a princÍpio por todo o litoral mcditcrrâ.Deo; a Prov{ncia Taraconensc, ao ccntro c eo nonc, c cm !rê

guida também i lertc; e finalmentc a oertc. continendo @o o jI

Adânrico, a Lusitânia. *tPouco sc sa bc dos poyq. 9, !íIrBg as-. !l3g-Y4t-Ë*9{1-sião-:è - co.n'

quista ronana, Ê certo, âPcnac, quc era.ú nuE€rqrü ar naçõcr

c muito difcrentcr de língua e de cultura. Do ponto dc virtaétnico,haviagelo-nnenor__d_g1s*gryjg- jS_pgp$lç{e-Qçn-distin'tas: urna antiqüIsima, darsiÍic?da como "-ibérica:' ProÌtrirmcntcdig- (o quc não exclui a grande probabiiidadc dc se catar degrupos muito divenor pcla oriçm, pela cultura c Pcla lí"p")

ç-.-ou!!a, mair rêczrtc, doc Ccltas, quc tinham o lcu ccntro de cx'pansão nar Gáliar e sc ertcnderam pcla pcninrute hrsiiànig; ao6o

o fircr"rn peto nortc Ca ltália. Parecc quc em Êrter r'egiões da

penÍnsula sc dcu urna mistura íntima entrË C.clat e populaçõcr

l5

Page 7: Câmara - Quadro Histórico

a . J-+- 'l

:: i

afferiq€+ donde na@ que o:r Romanos aonheciam como "cel-tib€ras".

 uipattiSo administrativa romaÍra, ao que tudo indica. precursu arcndcr a certas distinções étnicoculturais básicas das po-pdeçAes ntüvas. Assid, a Lusitllnia, e'n que acabou por situar-setotlo o tsritório que hoje correspondc a Portugal, devia aprescn-tar a{r(to:r étnicos, culturais e lingüÍsticos próprios.

0 latin pouco a pouco radicou-sê nt penÍnsula e fez desa-parecer, afinel, as lÍnguas nativa3. Só numa zona restrin dosFiriaeus ccrseguiu manter-se uma língra da canrada pré"céItica,o basco, que aÉ hoje vive no seu âmbito rcgion:rl. como um en-claare eatre o espanÌrol ao sul e o francês eo oorte.

8. Á península ibéríca na ldadc tIédia

Ë uoa România inteiramcnte lrtinizada quc encontrenos naÍ:ce do dcdinio político e militar do Impdrio Romano, emb<n:rsocial e espiritualmentc renovado com a adoção do Cristianismo.

Qgando coneçaram francamente as invasões çrmtrnicas (séc.V), o lariau natura.lmente com variaçõcs regionais e muito evo.luído, era a nova lingS.ra nativa da peninsula ibérica. A crupaçãodo território por nações germânicas não alterou esscnciahnentea latinira@. O ladm, cgm grandes traços da cultura romana,pcsistiu no FÊgueno reino dos Suevos, güe s€ estabeleceram no li-toral adâ,nrico, do Tejo para arna, e no gtande império dorV;sigodos, qrle dominaram o resto da península e afinal rubju-gãrarn oi Suevos.

Quando, nos principiels do séc. VIII, sc deu a oc.upação islâ-Eica da peraínsuJa ibérica, por parte dc Mouros maometanos, vin-dor d;a Á{rica mcditerrâ$ea, Íoi a lbgrra latina que enconrararn,r invasorer c quc elet deixarara subsistir tro s€u império islfunicehbpânieo, pb o clominio otrcrt'aa tngua *ratx.

Esc lerim já muito disnnciado dc ruas origens e region3l-GÊÍrte divcrsificado, condnuou a evoluir na boca dar populaçõerrufuoeddas, ditas moçarábias. Ao uresdro tempo, o latim hispâ-nico sc isolava nar regiõcr do norte, oode sc con3tituÍra urn nú-deo de resistência cristã, gue os l!Íouros não conscguiraú âniqui.

tar. O lento, mas irresistlvel trabalho da Reonquistr oi.t{ p*

meio da qual o doraÍnio dos CristSos do norte foi se estenderrdo

para .o sul, en dctrimento do Império Islâmico, trouxe coasigo

a llnçra larina dos Cristãos, que ia se Ëncontr:rndo com o latim

moçaríbico.

Um e outro jâ eram uma nova fase lingüÍstica, eÍn quê se

passa do ladm propriamente dito para outro csutdo de lÍngua.

É o dr:rmado ,3omanço), nome convencionaü englobando múlúplor

e variadÍssimor'-fatetéj regionais, em que sc dilerenciou q latirn

por toda a România, durantc a prioreira parte da Idade Média.

Os Estados politicos medievais scrviram <lc força catalisatlora para

que de grupos de falares contÍguos scnrelhantes emergisscui língual

cornlrrÌs nacionais. Asim se deu no norte da Frençl, Por exen'

plo, coru o adrento do franc€s comum'

i\a peninsula hisp&rrita, a população cristi nio Éë con$ar'

vou na inicial uni<lade polltica. Criaram-se desde cedo reinos

disrintos. Os mais tmportantes. a princlpio, foranr o dc l-eÍo, a

ocste, e o de Âragão a leste.

O reino de l.eão propiciou de inicio a srrpreaacia 4s rlirleto

teonês; mas a importlncia crescente da província de Castela, no

extrenro norte, impôr afinal o dialeto castelhano como llngua na-

ciohal do reino, o qual passou a sc chamar de l-eão e C.astela.

Ànalogamente, a leste, o condado de Barcelona' na regiio da Ca'

urlunha, sc irupôs ao rcsto do Aragão e trou)ae coo a tua suPre'

macia a asccnsío do catalão a lingua nacional e licrária-

9. ítlvcnto do portvguës comum

Il*:lf_"-4-f"{ca'--gg'séc' .}'I. scaqgu'se do -r€ioo dc- Lcão

e gsìã-4";--conaaao de Portug-al, cujo ccntro cra e reglio do

Por_to (P,oytu Ca!e). O novo P€quêïlo reino consolidou' pc sua

vez, como língua nacionai o scu roÍnanço pcculiar, qüc çoá5tituiu

a língua Porruguesa, No extemo norte do litoral etlântico, F

rém, a região da Galiza, em que sc falava o úertno romanço.

conúnuou politicamente subordinada ao reino dc Lêão c Casrela

c até hoje censcïva o scu ga.lcgo como dialeto regional, sob o do

mtnio oficial do castelhano'

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l6 17

Page 8: Câmara - Quadro Histórico

, O pctug* tçre a.*irn coeo centro lingüistio a rqião doPorm. .Lerads para o sul, ao lougo do Atlâatico, à uc{ida qucPornryal re exSraudie nes.ra direção aI encontravl f:lrrçr mográ-bics, estruturdmente s€Eelltantes a ele, c se enriguccia'e nodi-ficarra" crn cmseqüência, como língua nacional. Bcm edo, aliá.s"o graode €cÊno lingüIstico prssou a ser a cidedc de Lisboa" ÀsEar6ÊÍr3 do Tcjo, conguistada aos Mouros pelo primciro rci porrw

Euê+ Aíoaso lilenriques, e feita afinal capital do reino.Na segunén metade do séì. XIII, Portugal Ermou o Ëu t€r-

ritório definiriinro coor a conquista do Alganre, as Mourps, uoextiems sul drl ,litoral Atlânrico.

't llrrgu.a *rortugüesa jí apresentarz en!ão uoa llngua litaí-ria stnc{o rârasr, em face do castelhano e do catalão. Neh secompôs uma rrica poesia lírica, associada pela técnica e pela rc-mática à que üorcscia no sul da França em lÍngue proï€nçâlr). língua cscriça correnÍe c a pÍollir liter:lria .foram sair tardias etivtmn de sub*tituir o híbito da redação cm larim" um larim mui-üur rpFs desr'grrrado pelo impacto do português falado e dondcse pode nio rgro deprecnder muitor traçor da lílgua p€tugucsâ.

 tÍagua çscrita reÍIete as condições gerais dã lfngiua @Eurnnacioaal c aropanha a sua cvolução. Dentro dc tal ptcssuposto,costüÍr' .5e, q ._}ë9* g lllg11 -g,*rig, {s*arr* g_Pq$gSi9g ."}"ggPçtÍd€*!IÇ|!!14- quc *Y3!*a t_é- -9* .{S-, -XJ| q EutLlr€rlodo po*crior,que s pode {*Ëma. jd modano. Distinguen*c crsar d.uar fa:cr

ii Éf -Bf-ffia

fonológica, gramatical c te-l. xical [çs d.eçr:rcados. No_I{$..cg, a_,par_tir -dg,-réc_-_-I"y!. o-*Irorru-, gQ _s {fry ry uA gpde acervo de palawas e_ dcrivaçõcr

toaadar d" ry-q.j$.: qg.!4im lirerário da Antiguidadc, àr vcgrpg- rc__do_1tUiar9-. Eo referência à norma lingüÈúà, ê no rtc.

:1 XVI $s da oomcça a sc organiear disciplinadamente, por mcio: : aal p.l*.irar granâricar (Fernão de Oliveira, João dc Barrol,i

' Durrc Nuncr dc trão) .

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É cstumc ainda onsidcrar, secundariamcotc, nn ecríp4o

sllssiç-o*. p.all_9 J*:-J11:_IY_{, e ourÌo pó_l{$I59' pql. a!--*g{":fqlfg,i-gg. Tal divhão é cspecialmente adcquada aoesüo na lingua titcrária: aÍ, no ponuguês dársico, é scnsÍvd umadisciplina sintâtica calcada no latim lircrário, coru a esruturaçãode ì'-a elaborada e complcna hipotaxe, grquanto ê pârtir doréc. XVüI cssa disciplina sc quebra e a ftase escrita se pautapor períodor 6ais curtos, sintaticamente loltoi, sob a inÍluênciado Írancts escrito. Mcsmo, cntÍËtãnto, do ponto dc vista do por.tuguês oral coüru.m, ou l{ngua nacional eü sentido amplo, hádiferenças gramaticais nltidas cntre os $éc. XVI e XVII dc "Elado, e, dc ouro lado, oo sécrrlos subseqüenter, Tudo indica, até, ilque a fonologia ern quc assenta a pronúncia padrão do portu- ffgrrês europeu atualmente, é posterior ao séc. XV[.

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ilr. o r-ÀTrM E suA EvoLUçÃo

10. á língua de Roma

O larim tinha sc erhbÊlerido na rcgião do Lácio, na lt{lia-@mo paÍte dos movimcstos oigratórios dor IndoEuropcu+ dcslocandose da Europa oriental.

A cidadc dc Roma, eÍrtro d€$:r nova populafo larina, foitãebéB o cËntro da ltngua, coa um dialcto urbano, quc afinalse impôs como llngua ccrllrul !É,:ut, e pindpio, * difertnçavabasrante dos dialçtq rústice aln voltq estendidc do crrno inÍe-rior do rio Tibre até os Âpcrrinol e ç Monrcr Abanoc. Â im.portância da cidadc já é prcpondcrente no réc. III a.C. A ruaorganização rocial assentava rur ruprcuurcia dc uma clarse erirto,crática, or "parldor", quc dc início cr:utr o! únics a dctcr ospoderes polÍticos. Scparavam-rc, tanto política corro ;ocial c cconomicamente, de uma grandc macsa dG habitantc$ um tanto attror-fa, a "plebe", cru quc cntÌ:rvem ccrtor contingenas de populeçãorural, Íeita citadína, estra.Dgeire imigranccl e ctcrevoc libcrtos'Or patrlcior e:(ageravam oú aqlcctól dcssa hcterogercidede dol

t

: tl 3lr srü. llngu po&ice um :rnto cmwrtloflal. áeÍr dÊ grtcglriúoc Geo prorcrçrtimo. NIo rcprercnn. Ílalmcnra r üngrre caum qú rtet-

! racnac r*trrye çs tcrrítório portuguà. É r csa lÍngÌlr Fo&ica, e olo ao por-; tuguà ,coÍrsrn Ês rntido gctel, què cebc e dcnmineçfo-dc -gFlcgo-FoÍtu$;r-.

18 19

Page 9: Câmara - Quadro Histórico

-!.r,5aÍ@ fora do guadro dos çnuínos cidaclãosplebeus Para c5 coÍlsrs'

-ïï."**n,..," j*ïrf ':ïïj*t#'i'iff '.frïËiïÍ:uso lingiiístir"' .,^t^,:: er^ o dos patrÍcios, e outro inttisciplina<Ioo u-so- "elegaoïi,."-oroptto de pÌebe' Era uma situaçãa a quêe desleixado' .Éars_ t- j ai"irao teórica, trediciona-t, enue letim

Procura corresponder , respectivarnentg adotada nos estud.os re

clássico e tat-uu *tïrr,o,"t. entreriìnro, resstver tão simptesmente

manísticos. ,nu: t l; diática.

essa sutil conceituaçac'* ;;;; ï:ïãff: lilï.,ï'ï:;,'ïfr

u*i"'ï'ï:Ïffi ffi;"* .rigorosa

€ era tema de atenção Por parrc

dos inretectuais c, Éarr pa:-tieularrnente' dos gramáticos' que desde

Ï" ï;õ*" t trË ::'",ïïï'ï;f"iï'.iï"ï'jïie aprendido, *o_t-Ï'-ro",rrzva ser imutível, e prestava-se mal parapadrío esrito' 9u" r-

cotidiana.o vida socral corente'

- -:^ diário, rnesÍÍÌo da parte dos paulcios, funcio

*,"ïï'ï:'ffi ÏX;:'i:"1ïil,ïï"iJ,i:ïLï'"o::::ïAqcscc que ü

llÏoot.*o* aravés de uma prolongada luu demico' por P""*

':- ior- ait"rr a diferenciaçio lingüistica no uso

classcs, conry: ï"o* accitando mclhor.o uso plebcu! q os

Íalado: "t

p"*i-ï*"oao "=ol<!ar-se melhor ao uso elegante-

plebcus foram Pr*' esg'iui cuidada e na IÍngua literária, aEntrennto' ea 'ï'"'

se curijecia e mais se firrnava um ideal dediriprina fYi!rí*"

..ii*uau'. c estática.latim cllssico É0Úo tu"ï.ã"0-

".;,';ï; ",Ë"'

;:% ïJ,lï*"'= imcntc ao

"**-tlf" cÍB gue recebia influência do larim vulgarlÍngua viva t"

Ïj'I*, mais malcável e tnesrno um tanto di-C tC toma€' L-*

nl'nio.

Na llngr$a esrríw havia una gradação de iaterfcrência' Eran'

. n;:,'#;;; BcsÉo na lingua literária cm seu sentido es"

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trito, quer pclas condiçõer populares dar obra,r (como é o casodas comédie! de.Plauto no séc. III a.C.), quer pclar iatençõesestillsricat do auror (como sucedc mais tarde e em muito urcnorgrau na llrica de Catrdo e nas sátirâs de Horácio) . O Cristianisrao,posteriormente, com a sua literatura religiosa pâÌa âs Eassas, con-correu definirivamente, 'afinel,

pan dar uma feição vulgar in_tensa à língua escrita rornaaa.

Em sentido oposto, a nortn:l clássica aruava no latim vulgere lhe marizava o uso, conforme as situaçõres de comunicaçâo e osmeios sociais.

Na realidade, o latim vulgar gô sc define como um conrastecom a norma ideal do latim dássico. Nio é unra unidaele lin-gúistica em qualquer momento dc sua história_ Diversifica-se erndialctos soçiais, e. diaconicamente, é uma contiauidade de mu-rlanç:rs.

É justo dieer que ar língrras românicas provêm do latim vr.rl"gar, no scnrido reladvo de que resultaram de rrrn latim dinâniica,essencialmente de lúngua oral, rr" procc$so de percne evoluçio.Elementos do latim dássico, que estão nas onçns românicas, sãoos que sc integraram no proc€sso evolutivo, fazendo.sc ,.vutg.rres',.

I l. Fíagmcfltdçíío lingütstìca da Romdnia

À aedida que a llngua dc Roma re ex,Bandia pela Itália cpor ouras prov{ncias do Imp{rio, cntrïìFa no tatin vulgar o dadonovo da variação no espaço. No período áureo, até o séc. t d.C.,lxlo menos, a dialetação parccÊ r€r sido discreta. e, em p:rrrÊ, êraneuralizada pelo idcal do ladm dássico, quc rcgia as atividaderpolÍticas ç arlrniaisuativa$ se ensinava oas escolar das provínciare sc dilundia com a literatura romana. Foi naturalmentc ruraen-tado cou o coÍTer do rempo, nío rô devido àr forças cenuifu.gas que atuaru eru qualgucr língua ertendida por um teÍritôriovasto, t!:$ r.abéno porque a rcde adninistradva c escolar lc en-traquecia e a literatura ia rc aÍasnndo, cada vez mair, da nqrmedásica.

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Page 10: Câmara - Quadro Histórico

llourrc, cntr'etanto, várias outras ceÌrÍrsr e maiç para firmarun

rlilrl e &egocrrtação tingülstica da Roânia, de gue resuluìrârnes lúoguar românicas.

rgr primeiro lugar, lri um fator oonolôgico. Ar diversas rc'

giõcÍ Ímam coquisadas e ladnizadas cm épocas diferentes e re

ccbefas urn ladrn tnenos ou mais evoluldo. A romanização da pe'

ninsrda ibérica precedeu a das Gdlias, e uu e outra forarn postc'

riqcr à da lcdlia; a da Dácia íoi parricuÌrrnrente tardia' NaIbért"a" e Lusirânia ú se laúnizou' francanente, muiro rlcpoir da

Béti,ca c llre$mo dc grande parte da Província Tarraconensc.

Âs ondições cócioeconômicas t"mbérn er.* muito diversas,

a e diraersidadc sócio-econômica acarreta necessriamente certc di'

vers&ledc lingüstica. Nesse particular, a Lusitânia era um'paÍr

dc yidl csenciaLnentc rural, seÍn os grendcs cenues urb:urot e

comerciais da Bétiça, por etemplo.

C,ctuma-sÈ ciur tambèm o contacto com llnguas muito dis.rinta+ a que o latio sc superpunha e vinham a constituir assim

os oais varia&r subçuator lingüísticos para ele; panr r Lusitânia

terq sc alcgado uma predominllncia do eleoento celta ou, pelo

ÍnÊtro!, cltibcro. Com ar invasões geruâaicas a Partir do #c. W,

priocipalmcntc" elitcr goveÌnantcs esuangeiras sc estabeleceram nãs

provlncias. Mudaram de lÍng;ua, em favor do latim, mas as lÍn-

grras abandoaada! Pâ$anutr, Por $uã Yar, e úuPsrstratoc dos latinsprovinciaaoc; na pcnlnsula iMrica, o pcqucno império dos Sucvocdcrnorarz ne Lusitânia, do Tejo pen cima, e, durante algum

r€opo, roda e pcnín:ula foi um graode império virigótico. Êvcrdadc gue a afo dor rubstratoc lingúIsticc, que não é mais do

qu€ ud ca"ro dc emprésdmor, Íeitor por uma lÍngua domiirantcà lÍlgÌre vcoriier), {oi, dc maneira geral, rcunüria na Ronânia:c o lrrcso rc pode dizsr doc cnpréstino dc supcrstrato t).

.) llr|irq rutorcr d.ilo ctcc$ivo rclsro à r@ do rrrbrtnrol, iarãF€til-do.r rt{ suü stido qur!. Eírrico dc Íorgr hrcorcr incocrclvcir.

?) A ú.i,*ia dor gcrornirool do lerio ibúico rlo ant ÍidÍGr à dminedose c virigótirr" c rlo colaunr I aod: r Rodrnir, porÍÌuc proËrricnrcr dc un@reÉo qu. einb. dc loogr, cntrt o lerim c er llnguer gcolnkru (cf. Pi.ld,lgil. r'}.

t2

Causa muito mais profunda fol pere cad- região, o maior oulnenor €ontacto com O latim dc Ron, a6avél doc tanpos.

Roma era a cabeça potÍtica, sociel e cuttual do Impériq qgrande centro irradiadoi das inovaçõcr tingüÍ.tricas, gue traba_lhavam em medida crescenrc o eu latim vulgar. Ora, essas ino,vaçõcs atingia$l em grau diferentc as dirrursas pror{ncias, conformea distllncia e a posiçío de cada .mr denro ou â margem dasgtaades coÌÌenrcs de comunieação do rmpério, umas eran áre-asque panicipavam da vida lingüística de capital, @no a ltáIia eas G{lias. Outras eram áreas .,laterais',, um taoto, ao lado dcssavida ling.üisticr, co'o de maneira geral a lb{ria. E havia aindaas árras "isoladar", como e sardenha e a Dácir.  Lusitânia, queaqui nos interessa cspecia.lncrrte, coÍno berço da tÍngua porìu-

ry*, o.. das udr provínciar ibéricas, a ársa qüc sc pode cons!

derar mais lateral.

f2. Btrvaura do latim c wa anlvçfu

No seu período áurto, o latirn aioda se eprsnnÌa @ruo un{ll{ngua Ílexional, não r,ó no vcrbo, mrr trmg{al no notne. A nor-ma do larim dássico procuÌou fixar-rhÊ o{r iincrrãs dc [ocão.Eles já estavarn, não obstante, nurn proceÍro dc sioptiticação c rê.modelação, e o nortre, particularmearê, rcndjl p"r. o,roa otrÌrturâ.

. A deÍlexionalizaflo nomind se fcz rcntir uúro ccdo nor u!ro,vulgarer e se insinuava até na l{ngua claita. Intcnrifiou,sc ç.lpo coÌrer dos séculot por baixo das prescriçõcs, quirar vrÌer @n-vencioqais, da grarnítica dássica, e ecrbor pc cinr a tipologiattominal quc aparece nar lÍnguar r@ânir:r.

Naruralmente a rernodelação morfológica dot nomes c$tá li-gada a uaa remodelaçío paralela dor padrõer rintático4 e utlanova dpologia frasal ranbém pouco . pouco Ë esrabcleeu.

Ár parücula.r conccdvas, dicar ..prepoeiçõct'.. e e ordcn do

vocábuloc na frar trlrnararrn-lc o mcio dc apreroão d,.. relaçõerrintáticaq que no tipo ringüírtico Ítcxiqral a$rnür erscncialmenteo dcsinênciar nooinair crpcdÍicar. Asciú, dar dcrirÉnciar dc no,

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23

Page 11: Câmara - Quadro Histórico

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minativo, Pata o noo.c sujeito, e de acusalivq,'para o nome objeto(direro), que permitiam variaçóes liwcs e estilÍsticas dc uma frasccoru€r - pvcr vidit lupuqt (Iupum pua údit, Iupum uidit pra,vidit lttpan Pzar, etc.), Passoü-sc à ordem gmmaticat rornâni-ca - (a) maino uru (o) tobatl, cuja fixação se esboçou rclaúmeúte do ap ladm vulgar. As preposiçôcs, por su:r vez, já eramugadas ao lado das desinências de acusativo e ablativo, para sFractcrirarern crtor compl@entós verbais. Acabaram por chanara si a genuína indicação sinutica (propiciando o d,csgaste írxre-tico das desinências) e se estenderam a outros dpos de comple-mencq, qrrc €rem indicados pelas desinéncias de dativo ou de genÍrivo, onforoe o caso. Do dativo p:ìrïi um nome em função deobjeto indireto (darc puero) pas.çou-se par:r a constrnÉo români-q - &r t ioj menino, riccorrcuie .io eniprcgo da prcposição adcom o offile no eclrsalivo, que no latim dássico era privativo doscomlrleroetrtos de dire$o (írc ad, templum; port. iÍ d@I fera,plo) -Andogaarenre, a subordinação de um norns a outro, pot meio dadesinència de genidvo, foi pouco È pouco subsrituida por constru-

ção de prcpodçao com ablativo; no dc. II d.C. já se enconuanura epitáÍio qisÉo - dc Deo munus, modeìo do padrão portu-gu& (&idiuc d,e Dcus), cB veã da construçio clássica - Dcì munus,coro Dei ao çnirivo.

Qrunto à {onologra, havia da mesna rcrte forter tendênciassrrolüúcar. ìÉão cnconravam maior resistÊncia no latim vulgar.deserenro à rtoépia clíssica, e foras:r desenvolveado 'úm proccssode audarrça muitas vezeg radical

A prdclinincia da úaba tôuica e do scu contfirste com as sí-labar tronas, denso do vocábulo, rompeu o jogo delicado dasquantiddcs 'l"r vogai!, que de início alternavam nuoa opoci-

ção di*indra entre longas e breves (milum "maçã", mãJun -Eau",

c t c . ) .

Altcrou.e e rüabação e a dpologia da sílaba, e contraçõc edirõeÍ viol,catas transforsaraa o volumc fonérico dor vocábulc.

t, gouÊ FrÊnrãGr o errigg, quc é ourre lúoraçlo greoetir:l drr tlnguuruddar

2A

TaI foi o ponto de panide para a renodclafo do sistcoa de vogais e do de corisoanter, em diretdzer peculiares a cada r€gião.

O léxico, como a parte mais carácterlstica dor dialetos rocíair,âpresentou senrpre grandcs diferençar enrc o latim dâssico c olatim vulgar. Nestc ütimo, sujeito à incocrdvel dinÍmica dc umallngua viva eqpontânea, cle sofreu auürentos e substituições por eopréstimo, não ó dc orde- cuÌtural, mas tembém no contacto In.ümo com outrar lÍnguas num mesüno território regional. Surgiratrtnovos modelos de derivafo e composi$o. Ocorreram consideriveismudanças de significação por metáfora, ou amptiaSo ou resrifodo campo sernfuitico. Ao ncsao rrrnpor ccrÌor tctnnos elegantcs iamficando confinados à dicão retórica c poética e salam do uso dal{n6nra viva.

Por outrq lado, a dialcta$o regional foi, como era dc erparar, intensa no léxico, que é a partc da llngua onde maig sc r+fletem as experiências peailiares a um dado ambiente biosocial.É, desta ordem, por exemplo, a discrepância entre port, ,aôntËrgae fu, bcunc, com it. btrto, ou errre port. queijo e Ír. ftomagc ,(d*rignafo que opõc o iuliano, o português e cçanhol ao freff!*provençal e catalão); a divcrgÊncia dc radicais correspondc I dccsp'écie e fabrico.

Em referência às íuovaçõcr léxicer que partiam de Rma a di-fusão era de alcancc variável, onformc a situaSo d,s árut cmface do enuo irradiador, À Lusiúnia, ou ainda àr ouuas prüí!,ciar ibéricaq não chegarao, como drcar ..Iatcrais.., muital mrrdangrIéxicas que o impulso expressivo das masrar uÌbanâ! crilva incc+sânrétnentc en Roma. O portuguêr e o espanhot conrcÌ?aram, porcx,eruplo. o tradicional vcrbo latino comcürc (pnr. cornct), a.quanto a Itália c ar Gdias adotavam o nôvo e apressivo mand:a,ctrc(ít. mangiarc, h. mangc)

Á$iE" ec omprecode a difccnça ecutural cnre o letim e arlÍnguas romiìnic.r, dele provenieïrË+ e a diferenciação das llnguã!romllnicar entrË ri.

Ficam" eo rnerno rcmpo, en prindpio cxplicadar ar oodvr.çõcr para a ctrurura espcdÍice do portuguê* que aqui s prctcndcdelinear.

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Page 12: Câmara - Quadro Histórico

rV. O PORTUGUÊS DO BRÂSIL

13. 'd irnqiar*bação do português no Brasil

O Brasil foi descoberto, Por urrÌa fro-ta portuguesa dc aplora-ção do -{,dântico, no primeiro ano do séc. XVI. Só nos meadosdessc século, cÍrretatlto, coureçou tr movimento de ocupaSo e co-lonização do litoral. Intensificou-tc nr. medida êÍÌr quÊ dedinava oImpér'io PortrÌBlrês do Oriente e o Brasil passâva a ser vislo comoa gra*de coiólaia uìsasarina de PcrtuçI.

Fora.rn trêr ot primeiros grandes centros de colonira$o no Ii-toral brasileiro: .Pernambuco, no nortc; a Balria, mais abaixo; ç, uurpouco depois, o Río dc Janeiro, já francamente no sul. I!íair tardeapareÊeftr o lì{.eranhio, ainda mais ao norte, e São Paulo, aindamais ac sul- Cws base nesses 4entïol, Portugal. ao conrário do queÍez ne Ãsia e na África, Íoi estabelecendo no Brasil uma colonização r:etdd"ica c {írme, um verdadeiro prolongamento da na$ona Arnérica. Âs populaçõcs nativas, em esrÍgio cultural nrdimen-tar, cúlÍn ecan*ornia baseada na crça, na coleta ou nurna ptantaçãoincipieote, cran afuçntadas, eliminadae ou escraviarrlas.

As condi$cr da europeização da América for.nr, de uaneira

çral, muito diversas da latiniração do Império Romaro, que se

ProcÊsssu, ao ,colgfuio, Por ulrâ infilração lenta c conrtanrc nasnaçõcs rsrcidas. É i'crdadc .que ltouve não poucas d.iÍerenças deuma rcgião maiciirna Panr outn. No Brasil, deu-se a'n grau âprÊ.ciávd e iocorrporaçâo das etnias qativas na socicdade bfanca, comintensa acstiçaçm, rÍIoruiente no norte do pals.. A própria iáior.poração, porÉr* eguivalia a uú:l dirninat'o lenta, coo a dcra-

Sregafão da vi{ia uibal e dos scur valorer sociais. Or netivoc resi+tiam roaf ao inilpacto da mudanp e sc cxringuiam cm rnassr; 6mestiçoc, cuitrÍÍralmen tc, pcrreniam à sociedade branca .

14. A dtuago lingüística anttiot

Pq ocarilo do dcscobrimcnto, o litoral brasileiÍo cra ocupado,d€sdc época rüladvarnente recerrle' por triboc Tupi, vindar do culdo conrinentc €ín graúdct movimcntor migratórior. Uma 1rcpula-

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t'o iaügcne meis entiga, e .lar nummes tribo{ Jê, tinha ddo to.cada para o intirior e só 6trou pn coütactor corn sr Portugucerroaic tardc, nor fins do éc. XVII, quando se iniciou a cploraçíodo scrtão em busca de ouro c pcdras preciosas. Outrar naçõc!,corno a doc Aruak e a do! Karib, principalrnente na Amaeó'nia, ouainda outras muito mcnorel que parËcËm lingüisticamenc isola-dar (Pano, Matu, Tslano, Katulina Guaituru, ctc.), .3ó muitomais tarde cxperiúentaram cssc contacto.

Or Portugueser subjuganm c actrlturaram, crn grandc partc,oo Tupi da costa, que foram or scu! guias e aliadoo na madra depaulatina penetração da tena. Ê expressivo quc, de acordo coín orTupi, considerav:un todoc or demais indíçnar como "llapuias", quccra o norqc para "inimigo" .t tupi, ciandesc uma dicotomia Tu.pi-Tapuia, que Íicou va.lendo por nüto t€tupo como np'a divisãoétnica c lingüirtica.

Os Tupi do litoral, entre a Bahia c o Rio de Jafciro, Ícmrvrn usa *rie dc tribos basrenrc homcg[neas cultural e lingúisúcr.aÊnte. Or dialetoc quc hlarem, Íoram eprendidoc pclo brancs,c dal sc descnvolveu ume lÍngua gErrl dc iritaanrso, quc era fun-demcntalmente o diateto tupina$bá. 6lç rrrn dct grupor mais impor-trntcr e mair ç-r coúürcto cm 6 Porrugucres. Or missimlrio j+rulta! o Grtudâram, dcÍcÌcvcrao normativatncnte c cnrinerem emtntador gramati.-il, pra finr espccidmcntc de catcqucsc. Elc rcr-vie nlo tô p-l er releçõcr idl oi Íadioo Tupi, mar rrnb{n pareo. oontado! coo rodor oc Índioo, cn çrd. Ar naçõcs nã+Tupi oeprcrrdien com rcletiva Íâcitidadc (o qrrc não uccdia €ún o pG-gnà) rt .

Arrirn re ertebclccu e tÍo$re gerel tupl eo lado do ponugu&,oa vide cotidirn dt colônie. Conrrituirrr eú cooo lÍngrn crcritee titsárie, Poit cc m!*ion&ior g7du.ia6 pera ele ar oraçõcr crirtãrc ncle cmpunhem hilc rcligiocor e pcAt Eâtr.ir no crrilo dorrelhor autot de litcreture hirplnice.

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_ t, lorre o rupi c o jê hl uur ÉFnÉo rll thl dG ad.a l{rlr (Í( orpaa! P lo, Frr

-tur-. .rup{ ata" 1l Lw4 pqr 'Íqo-, rupl rrl, p fa, prn'pcdrr- dc.), tnrr b.{ d{vdr etbrnçrr Anlófai c dc Lnrturr-;noicrl.

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Page 13: Câmara - Quadro Histórico

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!üessa lingra inügena, dc intercrrrsor eu€ c6 brancos falavam

&egúentemetrtt e descmbaraçadamenrc,.=9 por!\rguês atuou conrolrrperstréro, srodifiqrndo especialmente a fonologia tupi. Vog-.ris ecorrsanaei muito diversas das portuguess adaptaram-sc ao sistemaportqguês. Arrim" o /i'/ guturat assimilou-sc ao lil Palatal Portu'guê+ unbora cscrito y pelo$ jeruitas para indicar um som dietintrr. ou esp{radicamerrte de'compôs-se nuÉ grupo /ig/ (couro no

topônr.rao lparoig) de /i/ palaul e /g/ gutural. Analogementc de'slparüenun al úpicas corlsoanÍcs prt-nasaliaadas do rupi (/-b/'

l'tli ctc), resnh'enrlo-sc num:r cünsoanre oral, de estilo Português'e lra n-rxlação ltortuguesa da vogal silíbica precdente' (cÍ. imbu"urna ãn'ore típica", tamanduii "ulr arrirnal üpico", etc) . TamMm

a líquída única ttrpi.se tornou uu /r/ ponuguês, em oposição dis'

dntira cccr ll/- Õs valores semi.nticos, por sur vez, mudaraÍn muitas

vcze, dc acordo com os valores seruândcos pôrtuguescs, nÍo sÓ no ..

tÇüry- (i. tüfã "rovão", feito nome para "Deus'), mas ainda nas

forsras gramaticair, como especialmerrte Íto verlo, onde sc [irmaram

ooçõc* clc ternpo Íuturo, de modo subjundvo e assim por diante.

Frt' contacto com o Portu8uêa que paralclamente sc radicou na

oo!ôoia cx tupi de intercurso oFerou antes como adstrato do que

coao srrbsrrato propriamente dito; eram duas tÍnguas que cocxir

tiam eircsttancrnenE no Fesmo tcrritório-

f5. f @ífiibtt;çõo alricana

Drrdc os princípios do rêc. XVII surgiu um dado novo no

pas6ã:nr liagüÍnico da colônia.

Loiciou*" crn es{âla cada vez mair aerccntc, o uáfico dos n+

gru eÍricano*' ce-''!o es(Íavo$ Parâ o Brasil' Áqui sc distribulram

p.{t* grrsdcs letifúiidiot c Peloç csnuot urbanor.

Ermr contingtnte3 das mair variadas naçõer negta!, quer do

grupo Bfuitu, quer de tribos não-Ellntu' corno espeoalmente oc

Yqnba. Rcuaidos à força nuln novo habitat, tinham necessaria'

rn€GrÈ dc siat-una lÍngua de cornprouisso para intcrcurso' Parece

qua dadc nuito ccdo. a sua ittcgração na rocicdadc branca, com

c*r':eiter rdaçõcr oÍn ela na quetidade dc ercravor ligpdor a todar

ri Írnüi principCr atividadcr, propiciou o dcscnvolvirocnro dc uÍn

a

lrcrtuguês crioulo, que uniu enae si 03 negroi das uair diversas

proveniências. Tanbém tudo indica gue ie adaptaram com rela-

tiva facilidade ao uso da língua çral indiçna. dandelhç ainda

mais esdmulo e expanúo.

16. A Português do Brosil

A intensificação da imigra$o ltôrtugues:l c o desenvolvimento

maior dos valores cuÌturais curopeus determinaram o dedÍnio e afi-

aal praticamente a extinção do bilingüirmo português e tupi em

favor do português. Testeruunha-se o dedínio desde os meados do

séc. XVll .

A tingua portugucsa, trezida parï o Brasil, vinha sob a forma

tanto dos seus dialctos setenuiotÌais como dor meridionais. Parece

ter havido certo equilibrio na proporçío enue a imigraçào do norte

e a do sul , Vürha concomitantctncntc r lÍngua padr5o de Lisboa,

con a m:iquine administretiva e aprccilvel conrinçnte de notrrcza

eortesã. Seratim da Silva Neto (Silva, 1950, l0) obscrva, coÊ jue

tczz, que a juntada de dialetor divcrsos nurn mc$rro centro ulua-

marino dcve tcr propiciado um cornpromirso lingüIsrico entre eleg

como uma nova modalidade dialetal. A lÍngua padrio rinha tarn-

bém de rctrer erta modificação em conseqüência.

Compreende-se assim que, desde o infcio, tenha havido no Bra

ril condições novas para uma vicla lingüIstica própria e para o de'

senvolvimento dc uma subnorma, na língua çomum. cm facc do

portugu& curopeu.

A lÍngua escita e a llngrra lircríria strito stzsn (cm Pernarn-

buco, ainda no léc. XVI, já aparece um poene épico em moldes

camonianos) lo) ora sC resSCntia dessar noval cOndiçõcf Ora sê man-

tinha mais nos padrõcs escitoí da llngua de além-mar.

No dc. XD(, o movimento litcrário do Rmantimo, que sc

manifestou algumar décadac depoir da indcpendência do Brasil

(1822), aproximou bastant€ a lingua litcrária da lÍngua oral comurn do peÍs. Fenômcno aaálogo sc verificava paralelamenrc com e

ro, A hotopo\àa dc Bcnto Tclreln (Plnto). O roloÍ crl pÍonyclÃGat!ua lrortuguê, r2di.úo no Breril (d. C,ourinho, l'1}ó5, l-1. n4.

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língua literária de Portugal. Assim se firmann cerras divcrgêociarpacr ir lingüa eserita e litcdria €ntre as duas naçôcs de lÍngua

Portugu€sa.l.'lo Bras,it tesr havido momentoi de tentativa para uma disci-

plinação rigida da lingua escrita, em molder essriramenrc euÌopeus.De naaeira geral, entretanto, a! divcrgências pÉTroarrêcem e a êlarse deve a vivilficação da lingua escrin brasileira arsim em cerro contacto €oÍn a lingua oral comugr-

Itíão hâ ,apesâr de tudo, identidadc €ãtFe a língua escrita doBraritr c a língue oral mesmo no uso bcu aceito desta. Há na er.cita. convenç6es que não ço1r€5p6ndem à verdadeira fonologia bra-rileira e fo*nas e construçõeg sirrtáticas quc, ffr lingue oral, sãopouco usada*, ou são obsoletaq ou estão aré abandonadar. :

17. ls duil;s atbnarmas da portugués

C.omo qucr que scja, ar disaepânçizc de tÍngua padrão entreBresil c Pctugal não devern ser cxpliorl-r pG rrÍn rupocto rub+trato urpi oü por uurÀ suposta profunda inÍlulncia a.fricana, comose tcm Íciro fu vea. Resultam essen.iatmcntc dc rc echar e llngueeo doir trrieórior nacionais distintor e scparado.

A prÌdr do pcrÍodo dássico. rrrr quç o poatugp& !c implantouüo Brüil, câda peb tcve . sua wolução lingAllti,ce, neut lcmprlBcointidcntc m? ÕrÍr e outm alxrr 'l-r crtreisr da{6cr dc videraiel e odnrrai

 Íoolar.gir bràtilcire pc cxcoplo, nto epreute, o.ÌEo nFccdc m r dc Ponugal e partir de Íele d&ü!cr, oc fcnô,oenoc dcritno cn útgro c Íorte inrictênciâ ne dlebr tôaicr, que lá dctÊr-nirrrnar r{Ecto3 hnológicoc importentcr. A nm imotodr recrrt-te, troúêrq llo obtante, dc uma evduSo dcrdc o lq@ento ern

$r d. : Ërtnrturou no EÍritório brailciÌo pclo conucto cntr,cverido dbhtor uluamrinq c e llngue pedrão.

Eo rcfuêDci. eo lérico, e dcccncoogq dc $tFiÍica#o, d. tcooyr{Ío c oonrcrvação c de emprértimc rão airlcotcncntc Fnri.dcrfvcit. ^{ lú püa conter no Braril om uÉ iroËrvrrdc tcnnol ryi c a&icanoq com quc e língne @rm r cilriquê

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(eu ua época do bilingüioo portugué+tupi e do portuguës <rioulodos escravos negroü.

O problcma do português popular e dialctal do Brasíl é, na.turalmenre, ourro. Nde podem tcr atuado substratos indÍçoas, nãonecessari"mente, tupi, e ot falareg africanor, na csrrut'ra fonolôgicae gramatical. Também se vcrificaram, por outno lado, sobrevivên_cias de úaço. porrutuescs arcaicos, que não re climinaram de árearisoladas ou laterais em relação às grandcs corrcntcs dc omunica.ção da vids eolonial. A imensa vasddão do terrirório bmsiìeiro e armodalidader de uma exploração intcroitente c caprichosa já propi-ciavarn, aliás, por si sós, uo'a complexa dialctação, quc ainda estápor estudar cabalmentc.

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