cais das colunas
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Local22 • Público • Sábado 13 Dezembro 2008
Património Lisboetas têm alguns dias para reapreciar o que lhes foi vedado dez anos
Pela manhã, os lisboetas voltaram ao sítio do costume, e foi ver para crerSARA MATOS
Cais das Colunas foi ontem integralmente devolvido a Lisboa mas só até JaneiroO solo do Terreiro do Paço será novamente esventrado para a obra de saneamento que acabará com a descarga de esgotos no Tejo e que vedará dois terços da sua praça central
a O Cais das Colunas, em frente ao Terreiro do Paço, foi ontem devolvido à cidade, depois de ter sido desmon-tado em 1997 para dar lugar a obras de prolongamento da linha azul do metro. No entanto, o usufruto deste espaço por parte dos cidadãos pode tornar-se difícil já a partir de 5 de Ja-neiro, altura em que se inicia naquela zona uma complexa empreitada que vai permitir a criação de uma rede de saneamento que coloca um pon-to final nos despejos de resíduos não tratados no rio Tejo.
Na cerimónia de reposição do cais, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, reconhe-ceu que 2009 “vai ser um ano difí-cil”, porque a obra de saneamento é complexa e implica intervenções em
diversas zonas, o que significa que o acesso das pessoas ao Cais das Co-lunas poderá ficar em risco durante todo aquele ano.
Para melhorar a rede de saneamen-to, vão ser construídos interceptores de esgotos que chegam ao Campo das Cebolas e entram depois no Terreiro do Paço. A partir dali faz-se uma li-gação ao Cais do Sodré e posterior-mente à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que está a ser construída em Alcântara.
A obra é complexa, já que os inter-ceptores vão estar ligados aos braços do esgoto que vêm da Av. Almirante Reis e Av. da Liberdade. Prevê-se que, no final de 2009, as obras entre a zo-na que envolve a Praça do Comércio e o Cais do Sodré estejam concluí-das, enquanto o final das interven-ções para pôr a ETAR de Alcântara
a funcionar está previsto para o fim de 2010.
O investimento será na ordem dos 26 milhões de euros. E o impacte das obras adivinha-se extenso. De acor-do com António Costa, dois terços da placa central do Terreiro do Paço te-rão de ser vedados. A empreitada vai ainda implicar um provável conges-tionamento da circulação automóvel, por isso é necessário um reordena-mento do trânsito, cuja discussão está agendada para a próxima reunião do executivo municipal.
Apesar de acreditar que a frente ri-beirinha deve ser das pessoas, o pre-sidente da autarquia sublinhou que a questão é difícil de resolver porque a zona do Terreiro do Paço incorpora uma circular, cujo volume de trânsito é bastante elevado.
A obra de saneamento é impera-
tiva, uma vez que, segundo Costa, 20 por cento dos resíduos da cidade ainda são despejados directamente no rio. “[A empreitada] é desagra-dável, mas útil para Lisboa porque o Tejo tem de ser despoluído”, frisou o autarca.
Com o início da empreitada a apro-ximar-se, o presidente aconselha os cidadãos a desfrutar do cais. “Há que aproveitar estes 15 dias”, afirmou. Na verdade, os lisboetas têm ainda mais alguns dias para aproveitar o espaço, antes que a circulação na zona se tor-ne mais complicada.
A reposição foi da responsabilida-de do Metropolitano de Lisboa, que desmontou o cais no Verão de 1997 e o guardou numa das suas oficinas. As colunas tiveram de ser reconstruídas, mas houve preocupação em manter o desenho original. E assim foi feito.
Catarina Pinto
O ministro das Obras Públicas presidiu à cerimónia, juntamente com a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino. Mário Lino falou de um “dia histórico”, em que finalmente é possível olhar as colunas e “contemplar 250 anos de história”. O ministro sublinhou a importância e a complexidade desta obra que possibilitou a devolução do cais ao local de origem, e que exigiu uma articulação dos trabalhos entre o Igespar e outros técnicos, para levar a cabo a reconstituição e recuperação de algumas pedras.
250 anos de história