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Café-com-LetrasRevista Literária da Academia

de Letras de Teófilo Otoni

Nº 11 - DEZEMBRO/2013Publicação anual

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ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI

Fundada em 20 de dezembro de 2002Rua Dr. João Antônio, 57, fundos - centroTeófilo Otoni – MG - [email protected] - [email protected]

DIRETORIA ALTOPresidente: Amenaide Bandeira Rodrigues

Vice-Presidente: Elisa Augusta de Andrade Farina Secrerário Geral: Wilson Colares da Costa

Tesoureiro Geral: Leuson Francisco da Cruz

CAFÉ-COM-LETRAS: REVISTA LITERÁRIA DA ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI

Publicação anual

Produção editorial: Prof. Wilson Colares da CostaRevisão: Profª Amenaide Bandeira RodriguesCapa: Matheus SerôaMontagem: Roberto AchtschinImpressão: Gráfica EXCLUSIVA

Ficha Catalográfica

Revista Literária Café-com-Letras – Ano 11 n.11Teófilo Otoni: Academia de Letras de Teófilo Otoni, 2013.Fundada em 20021.Literatura – Periódico. 2.Obras Literárias 1.Academia de Le-tras de Teófilo Otoni

Os conceitos emitidos nos textos desta edição são de inteira responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da

Academia de Letras de Teófilo Otoni.

ISSN 2317-7985

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Humberto Luiz Salustiano CostaUm autêntico teófilo-otonense em Caratinga

Natural de Teófilo Otoni/MG. É da primeira turma do curso de Ciên-cias Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Teófilo Otoni, da Fundação Educacional Nordeste Mineiro, é também jornalista profissional. Em Teófilo Otoni foi líder estudantil, presidente da União Estudantil de Teófilo Otoni – UETO, primeiro presidente do Grêmio Acadêmico Aécio Cunha da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, presidente da Liga de Desporto de Teófilo Otoni e Vereador na legislatura: 1963-1966, sendo, inclusive, autor da Lei 1.067, de 02 de maio de 1966, que instituiu o Brasão e o Pavilhão/Bandei-ra oficial do município de Teófilo Otoni.

Radicado em Caratinga/MG, desde 1968, onde como jornalista profissio-nal foi fundador do O Jornal, membro da Assembleia Geral da Fundação Educa-cional de Caratinga, do Conselho Diretor do Centro Universitário de Caratinga, da Academia Caratinguense de Letras, cadeira 7, tendo como patrono Theóphilo Benedicto Ottoni, membro fundador e primeiro presidente do Movimento Amigos de Caratinga. Diretor Secretário da Câmara Municipal, há mais de 21 anos. Es-creve regularmente para o Jornal AFATO, da Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni com a coluna: Naquele tempo... causos de Teófilo Otoni.

É cidadão honorário dos municípios de Caratinga, Ubaporanga, Santa Bárbara do Leste e Entre Folhas de Minas. É membro Honorário da Acade-mia de Letras de Teófilo Otoni.

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Theomar Sampaio ParaguassuBenemérito das causas sociais

Natural de Amargosa/BA, porém radicado em Teófilo Otoni há mais de 50 anos. Em abril de 1965, participa como membro fundador do Lions Clube de Teófilo Otoni, atuando inúmeras vezes na sua diretoria, inclusive como Presidente e membro da governadoria distrital; é ainda membro fundador do Clube da Maturidade Três Vales. Quando comerciante, participou ativamente da Associação Comercial e Industrial de Teófilo Otoni. Recebeu em 1997, em Belo Horizonte, o título de Empresário Destaque, concedido pela Federação das Associações Comerciais do Estado de Minas Gerais.

Pela sua colaboração na manutenção e ampliação da Biblioteca Públi-ca Municipal Benjamim da Cunha, em dezembro de 1978, recebeu do Prefei-to Municipal Wander Lister de Carvalho Sá, o título de Benemérito.

Como pecuarista, foi Tesoureiro da Associação Rural de Teófilo Otoni, atual Sindicato Rural de Teófilo Otoni e membro da Diretoria e do Conselho Fiscal da Cooperativa de Laticínios de Teófilo Otoni. Na área social e cultural, foi por 18 anos consecutivos, membro do Conselho Consultivo do Automóvel Clube de Teófilo Otoni e por 14 anos do Conselho Consultivo do Palmeiras Country Clube.

Em dezembro de 1989, recebeu da Câmara Municipal de Teófilo Otoni, o título de Cidadão Honorário, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao município. É membro Benemérito da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Sumário

Apresentação - Profª Iracema das Graças Ferreira .................................... 7Hoje, um novo dia - Hilda Ottoni Porto Ramos – D. Didinha ....................... 8Mudança - Guiomar Sant’Anna Murta ......................................................... 9Ser jovem - Amenaide Bandeira Rodrigues .............................................. 10Aos jovens - Helena Selma Colen ..............................................................11Os escolhidos - Marlene Campos Vieira ................................................... 12Juventude Insólita - Elisa Augusta de Andrade Farina .............................. 13Juventude desprotegida - Elmo Notélio..................................................... 15Juventude - Clevane Pessoa..................................................................... 16Aos Jovens - Elba Khadija......................................................................... 17Saudades - José Feldman......................................................................... 18A face da juventude - Cristina Carone ....................................................... 19Conflito de Gerações - FranSilva .............................................................. 20Uma juventude legal - Arnaldo Pinto Júnior .............................................. 21A juventude (brasileira) - José Moutinho dos Santos ................................ 22Festiva Aurora da Juventude - Glória Brandão ......................................... 24Um Pequeno Conto de Juventude - Leandro Bertoldo Silva ..................... 25Avante juventude - José Geraldo Silva ..................................................... 26O amor nos faz jovens - Fernando Catelan............................................... 28Desabrochar da juventude - Antônio Altivo Gomes ................................... 30Doce Pássaro da Juventude - Seme Handeri ........................................... 32Jovens loucos por Jesus - Alhis Ribeiro .................................................... 33Juventude: um grande desafio - Egmon Schaper ..................................... 34Com a juventude está a força - Lucivalter Almeida dos Santos ................ 36À hora das saudades - Marlene B. Cerviglieri ........................................... 38Ídolos da Juventude e Ritos de Passagem - Geraldo José Sant´Anna .... 40Juventude - Gilberto Ottoni Porto .............................................................. 41O que é juventude? - Humberto Luiz Salustiano Costa ............................ 42Saturados - Maria Helena Sleutjes ............................................................ 44Juventude, idade dos sonhos - Sandra Ramalho de Oliveira ................... 45Euforia Remanescente - Antonia Aleixo Fernandes .................................. 46Pugilato da razão - Francisco Alves Bezerra............................................. 47Perambulando pela vida - Ilda Maria Costa Brasil .................................... 48Amor na Floresta - Odyla Paiva ................................................................ 49Voto de confiança: juventude não é defeito - Isabel C S Vargas ............... 50A outra juventude - Alexandra Vieira de Almeida ...................................... 52Refém do tempo - Gessimar Gomes de Oliveira....................................... 53O elixir da eterna juventude - Daniel Antunes Júnior ................................ 54Juventude na Bual’amour - Varenka de Fátima Araújo ............................. 55

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Juventude é algo que se sente - Rogessi de Araujo Mendes ................... 56Tiantoninha - Magali Maria de Araújo Barroso .......................................... 57Conceito de juventude - Antonio Sérgio Torres Ferreira ............................ 58Juventude - Wilson Ribeiro........................................................................ 59Fio do Bigode - Humberto Barbosa ........................................................... 60Ordem DeMolay, um incentivo ao protagonismo juvenil - Johann Colares ........62Onde estás, Jovem? - Wallace B. S. Pereira ............................................ 64Rejuvenescer - Verônica Vicenza .............................................................. 65Jovialidade infinita - Natalina Silva Nascimento ........................................ 66O assassinato da esperança - José Amalri do Nascimento ...................... 67Celebrai!!! - Tadeu Raimundo Laert ........................................................... 69A juventude - Leuson Francisco da Cruz................................................... 70Vitória da juventude - Felipe Ribeiro Lemos .............................................. 71Juventude: esperança e certeza de futuro - Marcos Miguel da Silva ........ 72Juventude - A. Zarfeg ................................................................................ 74Crônica de Amor aos Jovens - Ivonette Santiago de Almeida .................. 75Casa dos espelhos - João Batista Vieira ................................................... 77Elogio ao fragmento - Ailton Ferraz Silva .................................................. 78A força da juventude teófilo-otonense na construção das políticas públicas universais - Antônio Jorge de Lima Gomes............ 79Academia de Letras de Teófilo Otoni: Quadro Social ................................ 81

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Apresentação

Viva a Juventude!

Todo ser humano nasce para habitar a terra e com especificidades pró-prias, olhá-la de maneira diferente, vivendo plenitudes, promovendo ações e provocando emoções.

Quando criança, deixa-se conduzir. Com olhar afoito tenta entender a função de cada espécie que desfila diante de si.

Mas, cresce, torna-se jovem…Nesse momento, acha que está completo. Porém seu despertar para o

mundo deve ser cercado de zelo, de maiores cuidados, pois é alvo de desejo para aqueles que podem fazer dele um trampolim para divulgar e sustentar suas maldades. A vulnerabilidade que a família e a escola deixaram, poderão ser as responsáveis pela interrupção dos sonhos de criança, quebrando todo encantamento quando se vislumbrar diante do céu, das flores e das aves…

Uma coisa é certa, a terra continuou azul, os beija-flores elegantes ainda voam em busca do néctar. Mas muitos jovens embriagados em seus vícios não veem isso.

Como educadora, deixo meu recado aos jovens: tenham caminhos su-aves, mas se depararem com pedras, saibam contorná-las com sabedoria e assim chegar ao ápice da montanha que miraram enquanto viviam e que não se deixem arrastar pelas drogas e o álcool, mas bebam do cálice de bons conselhos deixados por seus pais e mestres.

Saiam intactos desta que é a fase mais linda de nossas vidas e provem para o Deus do Universo, o Juiz Supremo de toda a sabedoria, que valeu a pena tê-los criado.

Parabéns a todos os participantes que se perpetuarão através desta publicação.

Recebam meu carinho e admiração.

Profª Iracema das Graças FerreiraSecretária Municipal de Educação e Cultura

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Hoje, um novo diaHilda Ottoni Porto Ramos – D.Didinha*

Um trabalho diferenteà minha espera.As tintas para as aquarelasteriam descanso. Outras seriamos desenhos: cores, matizes. Inspiração! Sentimentos, saudososlembranças, deveriam acordar o coração. Escrever algo paraa juventude!... Grande distância nos separava. Até onde meuPequeno lápis poderia alcançá-la? Procurei cores que deveriam vir naspalavras em matizes:Saudades, lembranças, entre os meus escritos, encontrei: Viver!Passos firmes, ritmos acelerados ficaram no passadoEstão hoje distantes!... Vacilantes!... Pisamsobre o dia a dia do presentevão sendo entregues no ontemAlém... talvez, quem sabe!Sentimentos, saudades, momentos, emoções! A vocês, jovens, aproveitem viver: Uma juventude sadia, para que um diaQuando o futuro chegarpossam sem temor,abrir as janelas da alma, silenciosamente reler nas páginas do livro da vida, o seu a b c: vivemos bem!

*Escritora, poetisa, artista plástica, pianista, musicista, educadora e compositora, é membro da Acade-mia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 8.

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MudançaGuiomar Sant’Anna Murta*

Juventude... Não sei. Quem sabe? Pois vicejaseu dom na aspiraçãode idosos e crianças.Não se define assim,no tempo, talvez sejaum antes, um depois,

nos sonhos e lembranças.

Não se comporta em si,tem força que lateja

a graça de viverurgentes esperanças. No impulso de querer,

a liberdade adejaem espaço maior,

sem portas, trancas, tranças...

Dos fios sociais,em redes normativas,

escapa a conferirpadrões, há rodas vivas

em leis a transigir.O novo é atitude.

Criança quer crescer,idoso quer mesmicede ampulheta voltar,na areia da velhice,

cada grão que perdeuda sua juventude.

*Escritora - Convidada de Honra da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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Ser jovemAmenaide Bandeira Rodrigues*

Definir a palavra “jovem” é quase impossível, implicaria inúmeras situ-ações em que ela aparece; a jovialidade de uma pessoa está na presença de espírito, no desenvolver das suas atitudes, na maneira de encarar a vida, numa mistura de erros e acertos, sem atribuir a culpa a quem quer que seja.

Viver jovem é não ter arrependimento, é não permitir que o passado destrua o presente, é tocar a vida, dançando conforme a música, procurando não pisar nos pés do seu par ou mesmo dos seus pares.

Toda pessoa jovem jamais deve se esquecer de que a cada dia o tem-po passa para todos, sem distinção; as limitações aparecerão com certeza, e, para que isso aconteça bem suave e naturalmente, é preciso aceitar a velhice como um presente de Deus, uma oferta que nem todos puderam, podem ou poderão receber.

*Professora graduada em Letras e Pedagogia com Pós-Graduação em Língua Portuguesa. Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 01.

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Aos jovensHelena Selma Colen*

Com o tempo você aprende:Que a vida é oferecida como um prêmio.Cultivar esse prêmio é um grande dever.Que o aprendizado pode perpetuar um bom futuro.Que o futuro é reflexo do presente.Que jovem tem o direito de ser jovem.Mas a obrigação de sentir respeito pelos mais velhos.Que aquilo que você acredita ser impossível, pode estar acontecendo amanhã.Que a riqueza pode ser alcançada.Sem perder a alegria de viver.Que a felicidade pode ser dividida com outras pessoas.Que tudo que precisam está ao seu alcance.É preciso saber procurá-la.E, acima de tudo, ame.Ame a Deus e a família. Ame os amigos e os não muito amigos.Sem desanimar, nunca irá se arrepender.

*Professora, escritora, reside em Ladainha/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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Os escolhidosMarlene Campos Vieira*

Somos os escolhidos, muitos tentaram chegar, muitos tentaram perma-necer, nós conseguimos chegar e ficar. Com nossa bagagem interior, frutos da genética de uma imensa árvore genealógica, fomos crescendo, desconhe-cidos de nós mesmos; “Os escolhidos”.

De todas as fases vividas, a mais marcante é a juventude. Como dizia Vinícius de Morais: “Que seja eterna enquanto dure”. Nela conhecemos os embates, o destemor , a ousadia, junto com eles o amor. Nossa vida será eternamente marcada pelas estradas trilhadas na juventude, assim vamos fa-zendo nossa bagagem. Marcas intensas no fundo d’alma, amores e paixões, quedas e feridas, sorrisos abertos de felicidade, temas que fazem parte de um histórico de vida, num período de maior ousadia da nossa existência. Desco-nhecemos o medo, em busca de atingir nossos ideais. Assim hoje, podemos usufruir dos grandes confortos que as descobertas nos proporcionaram: a luz elétrica, as grandes vacinas, os antibióticos, sem contar com as marcantes obras literárias. Um dia a juventude passa e só então nos ressentimos disso, já não temos a mesma força, nossa imagem começa a desbotar. O círculo da vida assim se apresenta, porém existe algo invisível aos nossos olhos, que nos enriquece: a sabedoria que acumulamos dentro do nosso “Eu Interior’. Com esse divisor de águas, nossa bagagem sempre terá os troféus da juven-tude. Quantas vezes encontramos os Oscar Niemayer da vida, carregando uma chama especial no olhar. Toda beleza é a soma da ousadia jovem, e da tolerância adulta com a experiência da idade. Ser jovem é para sempre, mes-mo para quem não pôde viver a plenitude da vida. Viva estará para sempre a Jornada da Juventude, com uma multidão de jovens, que muito nos lembrou, a passagem de Cristo pela terra em suas pregações. Foi de enorme excelên-cia, mostrando que há sementes do bem em germinação.

Fazemos parte dos planos do amor de Deus nessa terra, para isso fomos “Os Escolhidos” eternamente jovens.

*Educadora, escritora e membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 29.

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Juventude InsólitaElisa Augusta de Andrade Farina*

Os jovens ocupam o centro das questões que comovem o país, tanto no que tange aos problemas gerados pelo agravamento das desigualdades, como no que diz respeito à esperança de novos caminhos para a nossa evo-lução social, com valores e padrões éticos superiores aos que predominam nos dias atuais.

Se existe uma palavra ambígua e contraditória, essa palavra é “juven-tude”, termo que serve para apontar, a um só passo, aspectos bons e ruins, relações positivas e negativas dessa faixa etária com a sociedade que a re-cepciona.

O jovem é aceito como futuro da nação e dilema social de máxima importância e ter de resolver o problema da juventude tem se tornado uma palavra de ordem de sucessivos governos.

A juventude ora é pensada de lado a lado do vigor e do potencial de transformação social e, num piscar de olhos, passa a ser vista como desculpa para atos de irresponsabilidade: “ah, são jovens, não sabem o que fazem”.

A juventude é algo fascinante!…Os jovens precisam de direcionamento para que caminhem certo den-

tro desse mundo conturbado por maus exemplos.O jovem surge na mídia como um espelho amplificado da velocida-

de de transformações sociais, representando de forma maximizada todas as contradições e, principalmente, as desigualdades que marcam a sociedade contemporânea. Já acabou com tabus que petrificavam os comportamentos sociais, buscando novos caminhos, rumo a uma vida autônoma e mais fácil de ser sentida. Cabe aos mecanismos sociais de percebê-los como vulneráveis e, ao mesmo tempo, capazes, fazendo-os enxergar nossa responsabilidade como adultos frente a eles, delineando um projeto de vida que esteja relacio-nado com a definição de metas de ordem pessoal, social e profissional. Quem desenha um projeto de vida, procura definir rumos, sentido e direções.

Tem que ser abolida a ordem escravizadora que o capitalismo dita, fazendo do jovem uma marionete de suas convenções. O jovem não precisa ser valorizado por estar dentro da última moda, de ter o corpo sarado para ser aceito no meio da “galera das marcas” das multinacionais. Não é necessário sentir-se incluído por ter certo poder aquisitivo para que percebam a sua exis-tência, como se isso fosse uma senha de reconhecimento.

Os jovens necessitam de orientações que os façam buscarem conhe-cimentos e serem valorizados pelo que são e não pelo que têm. É muito triste ouvir: “uma geração sem livros nem leituras”, assim o professor Geraldo

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Rodrigues, com sua experiência de antigo educador, definiu a juventude bra-sileira atual.

Na escola e fora da mesma, mostram-lhe sobre o que pensar, mas não o estimulam a pensar. Acossado por uma gigantesca massa de informações e incapaz de discernir o que é legítimo, o jovem tende, em geral, à indiferen-ça, ao alheamento.

É urgente uma mudança na tessitura social para reversão desse qua-dro caótico.

A juventude também tem a sua sabedoria, o que está faltando para que exteriorize o potencial adormecido chama-se oportunidade e credibilidade.

*Graduada em Filosofia, Professora Universitária, escritora e vice-presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 06.

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Juventude desprotegidaElmo Notélio*

Também acredito ser a juventude, o futuroda humanidade, mas é preciso que hajapor parte do governo e da sociedadeum pouco mais de respeito, atençãoe lealdade. A juventude é forte,participativa e vibrante, mas uma grande parteprecisa de moradia, trabalho e educação.Diante do descaso das autoridades,a juventude pode se transformar em umafaca de dois gumes, pode ser o bemou pode ser o mal. Ao prestar essa homenagemà juventude, gostaria de me incrustar na almade um Filósofo como Sócrates ou mesmo de Aristóteles,para então poder dizer em versos tudo o queela significa na realidade. Ela pode ser o bem,mas pode ser o mal. Pode ser o pão ou afome. Pode ser a água ou a sede, o agasalho ouo frio, o antídoto ou o veneno. Pode ser o contoou a odisséia, pode ser a calmaria do oceanoou a mais forte procela. Pode ser o espelho ouo reflexo, pode ser o lógico ou mesmo ocomplexo, pode ser o côncavo, pode ser o convexo. Só depende dos governantes brasileiros,famílias, sociedade, lideres do mundo inteiro,só depende de nós para que: com educação,ternura, amor e bondade, façamos da juventuderealmente... o futuro da humanidade.

*Escritor, reside em Frei Inocêncio/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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JuventudeClevane Pessoa*

A juventude mostra uma beleza especial,pois reúne traços ,força, coragempara contestar e renovar o Mundo.Todo o corpo vem da infância, Com sua carga de vida pura,Com uma nova existência a possibilitar...Os órgãos, pouco desgastados, Quando a saúde impera, Trazem consigo um vigor Que se perde depois, sem desejar...A memória mediata e imediata, É tão plena de capacidade.Que os jovens sem perceber,São capazes de acumularInformações, lembranças, emoções, E disputar, desfrutar, narrar,Tudo que passaram qual uma ave em voo,sempre querendo chegar...Qual uma rosa de pétalas e sépalas perfeitas, Abrem-se ao beijo de um sol particular!Ah, se todo esse potencial pudesse ser preservado...Se os jovens não acabassem as maravilhasDa vida herdada , com excessos, drogadição, Se não se expusessem a mil noites indormidas, à violência, à pressa sem razão!Se as necessidades do corpo jovemNão fossem minimizadas pela falta de boa alimentação!Deveríamos amadurecer a mente, a alma, o espírito,Mas sem envelhecer , parados num tempo físico de mais valia,sem tristezas, mágoas, revoltas,fome ou violação dos direitos naturais!A juventude é a verdadeira beleza.Tudo mais é consolo, é paliativo À casa corporal que foi bela e agora, em ruínas,Vai devagar se desgastandoAté ao suspiro final...

*Escritora, poetisa, membro da Academia Feminina Mineira de Letras, reside em Belo Horizon-te/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Aos Jovens Elba Khadija*

O refletir e pensarOuvir e aceitar,É o que devemos acatarPara o nosso bem estar.

Para um futuro brilhante,Ouvir os sábiosNos trará glórias E um saber exemplar.

Educando nossa mente,Sermos sempre obedientesFicaremos à frentePara as conquistas alcançar.

*Escritora e poetisa, reside em Paranaguá-PR, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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SaudadesJosé Feldman*

Oh! Saudades da juventude,daqueles dias de outrora,em que não existia vicissitude,e eu seguia mundo afora.

Oh! Saudades da juventude,de quando minha vida era um sonho,e apesar de toda minha inquietude,sempre havia um semblante risonho.

Oh! Saudades da juventude,de um tempo que ficou prá trás,um tempo em que a solitude,não era mais que um cartaz.

Oh! Que saudades da juventude,daqueles tempos de paz!

*Escritor, presidente da Academia de Letras do Brasil/Paraná, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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A face da juventudeCristina Carone *

Em tempos mais antigos, os jovens, enfrentaram diversos tipos de Ta-bus, Preconceitos e Opressões.

Não podiam se expressar através de palavras, escritas e até músicas.Isso foi um grande erro...A Juventude, por si só, já é beleza, inspiração e inovação.Com suas características quase sempre imutáveis, vivem por aí,procurando suas turmas, surpreendendo uns aos outros, por atitudes

bem românticas, para o atual Século (o Século do Poder).Costumam ainda, oferecer “flores” a quem amam.A juventude, é com certeza, imprevisível...Quando se passa por uma Praça Pública, e, depara-se com um

grupo de jovens conversando, vestidos informalmente e, até de manei-ras “Bizarras”...

Sabe-se: “É a Linda Juventude,” cantando, protestando, balançando bandeiras, e reivindicando seus direitos.

A Primavera, passa... A Juventude, não... Ela é meio Eterna.Porque, dentro de cada pessoa, bem no fundo do coração e da mente,

existirá sempre, um pouco da criança e do jovem que foi um dia. E, só assim, poderá sonhar um pouco.

Artistas, estudantes, trabalhadores, dóceis, revolucionários, meio lou-cos...

Caminham pela vida, tentando a qualquer preço, viver e ver um Mundo Melhor.

*Escritora e poetisa, reside em Belo Horizonte, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Conflito de GeraçõesFranSilva*

O tempo passa, traz maturidadeVelhas lembranças que se eternizamVolta e meia traz também saudadeOu feridas que nunca cicatrizam.

Tempo e experiência, de mãos dadasÀs vezes trazem a sabedoriaOutras tantas, são cruzes ou espadasRazão de sofrimento e agonia.

Nossa terceira ou, MELHOR IDADELamenta por perder a JUVENTUDEO jovem busca a maturidade:Paradoxo em forma de virtude.

Pouco importa a faixa etáriaTodas elas são muito importantesAinda mais que a faixa é temporáriaE os destinos, são itinerantes.

*Professor, escritor e poeta, reside em Bom Jesus do Galho/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Uma juventude legalArnaldo Pinto Júnior*

Que me perdoem os editores da nossa Revista, mas não serei abrangente com o tema Juventude. Não vou fugir ao tema, porém pretendo aproveitar o espaço para falar sobre uuuuma Juventude, a minha. Eu a conheço bem, convivo com ela por tanto tempo que, por consequência, não devo errar naquilo que vou escrever.

Para a quase totalidade das pessoas que eu conheço, Juventude é um perí-odo que acontece entre a pós-adolescência e o dia do casamento. A dependência econômica dos pais é a principal característica para aqueles ainda rotulados pela Juventude.

Eu estou na contramão dessa turma. A minha Juventude é interminável. Nasci sob os cuidados de uma parteira, brinquei como toda criança, me alfabetizei, estudei em boas escolas teófilo-otonenses, servi o glorioso Exército Nacional enquadrando-me como reservista de primeira categoria, joguei futebol e futsal nos principais clubes da cidade, fui da primeira turma da pioneira Fafito, fui bancário por 30 anos, tive a honra de ser professor de estudantes que hoje são competentes profissionais, pela ascensão profissional deixei minha querida cidade natal para residir na capital, o meu coração já deu alguns sinais de desconforto mas nada que uma mamária, uma angioplastia e dois stents não tenham solucionado, já me subtraíram a vesícula e a próstata, voltei a uma faculdade para conquistar o diploma de Jornalismo, atuei em emissoras de rádio, em jornais e revistas, enfim, tive uma vida repleta de emoções que só o estado de espírito da minha Juventude pode permitir. Entendo que a minha vida é cheia de sucessos, que só foram possíveis graças ao apoio e carinho de meus familiares, todos eles, e um número incalculável de amigos, sempre solidários em todas as minhas atividades.

É possível que, em algum momento, realmente pontual, alguém já me tenha visto com ar de tristeza, choramingando em função de algo que não tenha corres-pondido conforme eu pretendia. Mas, tenho certeza, deve ter sido uma situação tão pontual que passou de forma tão rápida que logo, logo dei a volta por cima e retornei com a minha Juventude para continuar tocando a vida.

Não sei até quando a Juventude será minha aliada em minhas ações. Não gostaria muito de ter um final de vida triste, relegado a um leito com vida vegetativa, dependendo da ajuda de parentes e amigos para atender as minhas necessidades fisiológicas. No meu mundo, carrego a bandeira do otimismo. Então, minha gente, no meu caso, a minha música referência é aquela do Gonzaguinha: “Viver ! e não ter a vergonha de ser feliz”... e assim, eu vou vivendo, ao máximo, essa minha super-bacana Juventude.

* Professor e jornalista, é membro Benemérito da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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A juventude (brasileira) José Moutinho dos Santos*

O nosso Brasil é um país gigante, de dimensões continentais, cons-tituído de realidades adversas em toda sua extensão, encaminhando-se para as desigualdades sociais e culturais, notadamente de grande parte dos jovens que vão percorrendo suas trajetórias, a vencer os desafios que a sociedade vai ditando em seus caminhos, numa incessante busca, enquanto vivem a cidade e o campo da exclusão social e econômica.

Registros dão conta de desemprego juvenil, por falta de ofertas ou por ausência de qualificação decorrente de descaso dos governantes ao ensino e especialização profissional, que capacitem os jovens para os grandes desafios do mundo moderno. Neste contexto, é oportuno lembrar a existência de lei que impede o juvenil de começar a vida na prática de determinado aprendizado, ao proibir o “ trabalho infantil” sem definir o caminho certo na arte de aprender, de conformidade com a sua vocação, daí a marginalização que os coloca à deriva, levando-os para a triste e devastadora violência urbana e rural, nas mais variadas formas, puxados pelas drogas, (conduta desvairada), que tanto mal causa aos jovens, à cidadania, à democracia e ao país.

A juventude origina-se dos direitos: o nascimento e a vida. Sagra-das concepções de Deus a serem vividas com dignidade e respeito, no exercício honesto da profissião que sua vocação delineou. Para isto é preciso que os educadores tenham condições e preparo para ministrar o ensino com qualidade e os governantes respeitem seus direitos, sua dig-nidade e de suas famílias, oferecendo-lhes recursos necessários, dentro da realidade da lei e da justiça, com segurança e saúde, para o bem da vida laboral.

Apesar da “barafunda”, ainda há esperança: a juventude brasileira com alto otimismo em relação ao país e a si próprio, com expectativas e sonhos quanto à elaboração de seus projetos de vida, no campo das artes e da cultura, protagonista de manifestações e linguagem, caracte-rísticas às suas criatividades próprias e de sua jovialidade.

Vejam parte do texto “Hora da Juventude” de D. Walmor de Olivei-ra de Azevedo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte: “Os jovens introduziram a sociedade brasileira em um novo ciclo ainda em desdo-bramentos iniciais. O mundo da política está em efervescência, desa-fiado a dar respostas novas, sem paliativos. A juventude desencadeou em muitas esferas a configuração de demandas meio adormecidas ou equivocadamente tratadas. Inconteste é, pois, a força dos jovens, indis-

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pensável no presente das instituições e na projeção de seu futuro. Ago-ra é a hora da juventude. Ninguém, particularmente os governos, pode desmerecer ou desconsiderar o significado da juventude. Ao levantar as próprias vozes, os jovens dão voz aos diversos segmentos da sociedade e trabalham pela vez de todos, particularmente dos pobres...”

- É a voz Cristã em prol da juventude, na “Jornada Mundial da Juventude” (JMJ). Que assim seja.

*Advogado e escritor, reside em Belo Horizonte/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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Festiva Aurora da JuventudeGlória Brandão*

És tu, ser jovem, dono da mocidadeBrisa fresca que invade tua narinaAlmejando sorver da vida, toda felicidadeSaiba manejar o lápis para escrever tua sina. Verdes anos são esses, do teu agoraVive, pois, esses dias de glória e poesiaCom licitude no desejo que em ti afloraColherás flores mescladas de aroma e alegria. Nos albores fanfarrões da juventudeEsparja belas sementes no teu viverA vida amiúde, com ledos enganos te iludeDetentor da juventude, não venhas a padecer. A aurora da juventude é viçosa e contenteNesse dilúculo festivo navegam as ciladasNão penetres em abismo e serás feliz viventeAssim, tuas pegadas serão por Deus, abençoadas.

*Escritora e poetisa, reside em Itabuna/BA, é membro correspondente da Academia de Letras de Te-ófilo Otoni.

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Um Pequeno Conto de Juventude - A Melhor Música do Mundo

Leandro Bertoldo Silva*

Uma vez encontrei um jovem sozinho na rua. Estava todo sujo. Estava tão sujo que eu jurava ver poeira saindo do seu corpo quando caminhava em minha direção. O engraçado é que o tanto que estava sujo era o tanto que estava feliz. Vinha sorrindo, esbanjando conten-tamento. Carregava uma caixinha de fósforo e nela dedilhou um sambinha e, tão logo me viu, começou a cantar:

Oh, seu moço, por favor, dê um sorriso!Porque hoje aprendi o que é o amor.O que é o amor..._ Por que está tão feliz,menino? – Perguntei admirado._ Porque hoje conheci a melhor música do mundo e descobri que ela está dentro

desta caixinha. - Me respondeu prontamente._ Música?! Mas isso não é música! É apenas um batuque!Ele me olhou de uma maneira tenra e dócil..._ Não, moço... É música! E é tão linda que só os puros podem ouvi-la e reco-

nhecê-la._ Não é engraçado um rapaz como você tão sujo falar de pureza?Mais uma vez ele pousou em mim um olhar dócil, sorriu e disse:_ Você acha mesmo que eu estou sujo? É, moço... Você não sabe mesmo o que são

as coisas do mundo... O que os seus ouvidos e olhos escutam e veem nem sempre são o que realmente se diz ou mostra. Preste um pouco mais de atenção... Eu vou ajudar você.

A partir daquele momento, não mais disse nada. Na verdade não fora preciso. Ele tocou a caixinha de fósforo de uma forma tão maravilhosa, com uma alegria tão especial, que aos poucos fui percebendo a grande música que dali saía e, nessa hora, percebi que não era poeira suja que eu via sair de seu corpo, e sim partículas minúsculas de luz que o envolviam completamente. Foi quando vi como eu estava enganado pelo pessimismo que me afligia e pela arrogância dos mais velhos que julgam ter o direito de achar ser isso natural. Quando o jovem me viu diferente, deu um sorriso largo e escultural, sorriso que eu não me lembrava de ter visto igual, e saiu tocando a sua caixinha de fósforo até sumir de minha vista. Quanto a mim, fiquei feliz. Ele está por aí, na sua missão de caixinha. Por isso, repare em todas as pessoas “sujas” que encontrar pelas ruas e, ao invés de se desviar delas, deem a elas um pouco de atenção e as toque como a uma caixinha de fósforo. O que vier delas pode ser a melhor música do mundo...

* Escritor e Professor, residente em Padre Paraíso/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Avante juventudeJosé Geraldo Silva*

Avante juventude deste paísvá firme desvendando sua força motriza instigar a verdade escondidapor debaixo dos panos, por tantos anos;exponha a dor fatigante,a falsidade do ser vivo, que dizajudar o próximo, reconstruir a naçãoE tome conta desse patrimônioImensurável, indescritívelque nos pertence, que lhe pertenceE é manipulado de qualquer jeitoàs escondidas em benefício próprio...

Avante juventude brasileirainteligente, sábia, ordeiracentro de toda atençãoMostre a sua razão de ser antes que tudo morra para todosBusque o grande benefícioa expor a claridade necessáriaa vontade arremessadorade ajudar a todosde fazer só o bemde plantar o certode hastear a bandeira da esperançapara mais tarde servirtanto de exemplo como de alentoAos tantos que vierem nascerAos muitos que envelheceremAos que não puderem mais lutar...

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Escarafunche o oculto da corrupçãoA incubação dos políticosO monopolizar de tantos maltrapilhosA indivisão de homens do poderos interesses egoísticos do ser des-humano...que mal intenciona ajudardividir, servir ao próximo...

Avante juventude altivaessência de uma nação poderosarica e abençoada que é nossa,vá antes que se tornem mais irreversíveisnossos direitos,exploda nas ruas,nos meios de comunicação,sua vivacidade intencionalfértil, conclusiva, produtivaforte, aconchegante, justa.Para que este País não morra e nem continue a ser apenasdos poucos “espertos”Nem pouquíssimo dos muitosque o amam com sinceridade!...

*Escritor e membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 11

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O amor nos faz jovensFernando Catelan*

Penso, revisitando a história da Terra, mas tendo faltado a nós o que tínhamos de sobra, qual seja o amor. Mestres do amor estiveram e estão entre nós, pouco tendo, contudo, valido o teor de seus ensinamentos, a ira da qual o ser humano quase que milagrosamente vai se despojando dentro de um fenômeno de abrangência indistinta jamais protagonizado em toda a Criação, a prova da inclinação do homem ao amor, já que genealogicamente ele é fruto desse sentimento maior.

Se houve mártires no processo de condução a tal desfecho, segura-mente conheço tantos deles, uma vez que fui e sou, parafraseando o títu-lo de certa conhecida obra, hóspede da loucura, já que minha condição de portador desde meus 24 anos de Transtorno Afetivo Bipolar deu-me a plena convivência com o suplício dos manicômios, aqueles que romperam através de um processo de divergência mental com as convenções da Sociedade e do Sistema precursores da sensação de volta à juventude e à infância agora vividas sadiamente sem que se eleja criaturas sensíveis e sensitivas e por tal marcadas por sofrimentos físicos e psíquicos inenarráveis a bola da vez.

Não poderíamos mesmo ser outra coisa que não jovens, erguendo eu essa bandeira já que mesmo o mais ancestral dos seres humanos, ainda que tenha vivido uma eternidade infinda tem, como de resto todos nós, o futuro como uma eternidade infinita, já que somos iguais em verdadeiramente pre-cisar de plena projeção no tempo adiante a fim de que, dissociados de nosso lado de idade, tenhamos como nos melhorar, nos tornarmos mais e mais perfeitos humanamente falando.

A sabedoria nos é intrínseca, já que é inerente ao instinto de conserva-ção ditado por nossa animalidade, porém desenvolvê-la no sentido altruísta, pluralista, democrático, fraterno ainda é uma realização de bem poucos. Foi, contudo, preciso que nos reportássemos à infância, ou, dependendo de onde já estagiada nossa maturidade, à juventude como única forma de aceitarmos algo como uma nova era.

A jovialidade não mais nos abandonará e de modo algum alguém es-tabelecerá o preço de nossos sonhos, como tampouco será punida nossa meninice se agora, face por pouco não tendo se dado a derrocada de toda a Criação, mas por muito pouco mesmo, isso diante de nossa invigilância, voltamos a ver o mundo e tudo que nele existe com a impetuosidade sadia da juventude.

É hora, contudo, de revisitar a História, reeditarmos a saga do Co-nhecimento, pois naqueles que já são adultos cronologicamente há o peso

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das leis, de decisões, da sobrevivência, e, por dedução, do amadurecimento incessante de nossas carreiras profissionais ou iniciativas de trabalho, con-quistas também construídas através do estudo profícuo e incessante.

Da mesma maneira que as gaivotas, por exemplo, aprimoram seu voo, a juventude que reconquistamos nos cobra bom ânimo, positivismo, destreza em lidarmos com nossas oscilações de humor, coragem diante das vicissitu-des da vida, que serão tanto menores quanto mais nos dedicarmos a impul-sionar adiante o próximo que porventura vejamos em dificuldade.

Não mais nos cabe, se tremendamente ameaçada esteve a vida, vol-tarmos os olhos ao próprio umbigo, mas, resgatada nossa juventude, como jovens vislumbrarmos o porvir com toda a abrangência que está à altura de um jovem protagonizar, já que a certeza do amanhã agora não é mais duvi-dosa.

É certo que muita dor ainda resta em nossas almas, que de certa forma fere a sensibilidade tão brutal transformação que nos faz gravitar de nossas vilezas à predominância das virtudes que geralmente desenvolvemos ou res-gatamos na juventude, mas somos na verdade jovens porque fica claro que viveremos pelo sempre, não passando de um curto trajeto a caminhada até aqui.

*Escritor, poeta, jornalista, e Engenheiro Mecânico, reside em Mogi das Cruzes/SP, é membro corres-pondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Desabrochar da juventudeAntônio Altivo Gomes*

A anatomia é perfeitaDo homem e da mulherUm corpo casa com outroNo momento de conceberNa explosão de um orgasmoSeguido de um marasmoO início de um novo ser.

É a festa do Deus VivoConcedido às criaturasUm presente para os casaisVisto por gente maduraÉ ter vida em abundânciaPôr em Deus a confiançaPerceber as escrituras.

Concepção, gestação, nascimentoLactante, criança, juventudeTudo lindo e fascinanteCada etapa suas virtudesCabe a nós discernimentoPara viver cada momento.

Como é linda a idade de 15 anosJuventude festejarÉ vida, é alegriaÉ também desabrocharÉ tempo de perceberUm novo alvorecerComeçar a caminhar.

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E nessa nova etapaTudo é novo e esperançaComeça a questionarÉ tempo de festas e dançasComeçam também os namorosAs encrencas, desaforosSe não cuidar, vai “dançar”.

E as boas amizadesDeve sempre procurarSão elas as garantiasDe no bem encaminharNão somos a soluçãoSomos de outra geraçãoMas podemos ajudar.

A você, jovem amigoCom toda sinceridadeDesejamos alegriaContinue sem maldadePois só o amor constróiO ódio sempre destróiViva sempre a verdade.

Um dia chegará a velhiceA cem anos pode irAprenda a viver cada etapaSeus encantos descobrirVai ver que valeu a penaNo palco da vida a cenaO encanto com Deus surgir.

*Diretor do jornal A Pedra, Ladainha/MG.

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Doce Pássaro da Juventude Seme Handeri*

Quando nasce o broto, Quando os sonhos florescem, O mundo se abre Transbordante de segredos. Quando os olhos enxergam Uma nova dimensão do universo, É preciso desvendá-lo Urge construir uma nave breve E se deixar levar. Deixar levar pelas asas da ilusão, Caminhar por estradas tortuosas, Experimentar incontidas paixões. Conhecer mentes ... clarear.Quando a escuridão da noite Envolver seus mais lindos sonhos E deixar o manto da solidão nublar seus olhos E as lágrimas chegarem de repente,Guarde bem esses momentos. Lembre-se sempre de que tudo faz parte Da vida de todos nós, E com você, minha filha, não será diferente. Sua história será contada por reveses e vitóriasQue certamente serão lembradas mais amiúde.São voos ousados do doce pássaro da juventude.

*Advogado e Procurador Jurídico do Município de Teófilo Otoni/MG.

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Jovens loucos por Jesus Alhis Ribeiro*

Ser jovem é uma das mais lindas e impressionantes dádivas Que vem das santificadas e poderosas mãos de Deus.Temos que amar esse presente como ele ama os filhos teus,Usufruir dessa juventude com as mãos cálidas.

De gratidão, obediência e muito louvorAo Deus que faz dessa mocidadeUma louca e alvoroçada tempestadeQue vem despertar com puro santo amor

Os corações perdidos, as almas que naufragamNos mares das lágrimas de tristezas da vidaE que o fulgor da palavra viva os salva

Dos desejos carnais, das pestes perniciosas.Que sejamos Sempre jovens loucos por JesusLapidando almas, celestiais pedras preciosas.

*É estudante em Teófilo Otoni/MG.

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Juventude: um grande desafioEgmon Schaper*

Um grande movimento de jovens está começando a se formar, tornan-do-se realidade na atual conjuntura do nosso país. A visita do Papa Fran-cisco, ao Brasil, culminando na jornada da juventude, a Copa do Mundo, as Olimpíadas, que diga-se de passagem, são excelentes incentivos para a juventude praticar esportes.

Manifestações afloraram em todos os estados brasileiros. Na América Latina os jovens sempre tiveram bons parceiros, a nível

de competições, em paralelo à juventude da Europa: tanto na política como nos esportes .

Daqui demonstramos importantes transformações que estão sendo vi-sualizadas pelo velho mundo, quais sejam: “Diretas Já”, “Fora Collor”, com o seu impeachment, “Caras Pintadas”... sempre estiveram presentes em suas organizações e discussões reflexivas, provando com isso que a idade de jo-vem não é apenas uma faixa etária a ser cumprida mas sim juventude a ser transformada.

Sem saudosismo, volto aos anos 80, quando, como jovem, também tive oportunidade para fazer acontecer, me fazer sujeito da história, dessa história.

Como Secretário da UETO, pude organizar estudantes, elaborar pro-postas, junto a esses jovens organizados, para a Constituinte; na militância do SIND-UTE e partidos políticos, numa efervescência cristã, nos movimen-tos sociais. Foi um período muito rico. Os valores dos jovens da época, esta-vam refletidos em seus bairros, famílias, na região, no mundo inteiro. O senti-mento que imperava, culminava numa única palavra: transformar, embora se dissessem que jovens só tinham contra-valores.

Não posso dizer que haja diferenças entre o antes e o agora, na qua-lidade desses movimentos. Devido à massificação, do jeito de ser do jovem, estamos comprometidos de tal maneira de discursar e transformar de um jeito diferenciado, pois o jovem continua a ser jovem, explosivo, por vezes, entretanto, mantendo sua fé no futuro, indeciso, mas revolucionário, inquieto e imediatista, mas generoso.

Nos tornamos uma cidade universitária e ainda nos defrontamos com o déficit de desemprego para os mesmos.

Quantos desafios temos pela frente! Estou ansioso e na expectativa de tais mudanças.

Deixo uma reflexão: “Estamos nos preparando? Mundo globalizado, redes sociais... que tipo de cultura temos hoje?

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Como essa rica história que tive oportunidade de vivenciar, esse tem-po, também se torna hoje, pelo que nossos jovens também passam.

Todavia, há em mim, uma preocupação especial em relação aos jovens residentes no meio rural, visto que 30% da nossa população vivem no campo. Os desafios são enormes, a comunicação não funciona, eles não têm acesso a políticas públicas que lhe garantam informações precisas sobre suas reais necessidades, como educação, saúde, transporte, segurança, lazer que são direitos básicos previstos constitucionalmente.

Como mantê-los ocupados, no meio rural, onde a própria terra(gaia) é tão importante para eles, se não há garantias de direito sobre ela, pois não há previsão ou indícios de reforma agrária que os favoreça e garanta sua estabilidade sustentável?

“Os jovens têm vida e vão lutar! Desejo e espero que sejam felizes e comunguem conosco este jeito novo de Ser”

Juventude = Um grande desafio!

*Artista plástico e Assessor Parlamentar/Câmara Municipal de Teófilo Otoni.

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Com a juventude está a força...Lucivalter Almeida dos Santos*

“Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes...” esta é uma citação con-tida na Bíblia, no Novo Testamento, na Primeira epístola do apóstolo São João no capítulo 2 e versículo 14. Uso tal citação, como respaldo de que, na verdade a fase da juventude é a chamada “flor da idade”; fase do vigor; das oportunidades; das conquistas; é a ocasião de pensar seriamente no futuro profissional; é a fase em que se deve pensar nas palavras do sábio Salomão quando diz: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Eclesiastes 12.1).

Recentemente, vimos um grande evento sendo realizado no Rio de Janeiro, tendo inclusive a presença do Sumo Pontífice da Igreja Católica Ro-mana, o Papa Francisco. Tal evento, “A Jornada Mundial da Juventude” teve como público alvo, a juventude; esta tem sido levada pela vulnerabilidade do ilusório mundo das drogas e do crime que por sua vez responsável pelo aumento da violência que se instalou na sociedade, e os envolvidos têm feito vítimas e sendo em proporção alarmantes também vitimados!

O jovem dispõe de habilidades consideráveis, tendo acesso mais fa-cilitado no campo do emprego; no futebol; em diversas modalidades espor-tivas e artísticas; nas lideranças em diversos segmentos da sociedade etc. – “É perfeita a força da juventude” para determinadas atuações na sociedade. Contudo, chamo atenção através deste escrito, para as palavras contidas no Salmo 119.96ª quando diz: “A toda perfeição vi limites...”

Já presenciei por várias vezes, pessoas idosas sendo desmerecidas pela idade, por membros da própria família, e outros sem vínculo familiar, mas, que compõem a fase da juventude; como se fossem inúteis. Igualmente, jovens sendo olhados com desdém, por pessoa que já está na fase da melhor idade. Entretanto, um não deve desmerecer o outro; devemos entender que cada um pode dar a sua parcela de contribuição para uma sociedade ainda melhor.

Lembrei de certo episódio acontecido entre o povo de Israel que cul-minou na divisão do reino (pois na época de Saul, Davi e Salomão, o reino era unido). Após a morte de Salomão, seu filho Roboão passou a reinar; recebendo uma Comissão dos líderes das Tribos, pedindo para amenizar o jugo tributário imposto por seu pai. O rei pediu aos líderes que voltassem de-pois de três dias; enquanto isso consultou aos anciãos, que pela experiência aconselharam atender ao pedido do povo, e em todo o tempo contaria com eles; o rei depois consultou alguns jovens criados no reinado, e por sua vez,

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esses aconselharam pesar mais ainda; o rei optou pelo conselho dos jovens, resultando na divisão do reino (I Reis cap.12).

Aprendi com isso que com a juventude está a força; mas com o idoso está a experiência. Com a força e a experiência juntas, teremos uma socie-dade mais humana; um respeitando o espaço do outro, banindo a mania de superioridade!

* Professor e escritor, reside em Nazaré/BA, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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À hora das saudades Marlene B. Cerviglieri*

Oh! minha Lua Prateada!Com você eu posso falar!Que saudade eu sinto das noites frias de junho, onde lá no Terreiro a

fogueira ardia em brasa num clarão de tamanho.Bem antes já se juntavam as madeiras, tudo era em abundância.Amontoados os troncos, os galhos era só esperar.Menino ainda sem saber do perigo, e nem mesmo avisado, fazia meus

balões para estas noites ir soltar.Que alegria ver o balão subindo nas suas cores tremendo e o seu fogo

até cuspindo.Ao lado com mesas improvisadas estavam todos os doces, aqueles

que hoje não como mais.Tanta coisa, pé de moleque, cocadinha, batata doce, pinhão cozido e

não faltava a canjiquinha e o arroz doce também.Noutro lado o gostoso bolo de fubá, o milho cozido pronto para masti-

gar e o quentão só para gente grande tomar.Ah! que saudades do tempo da roça e do luar.Cantava-se com a viola tocando, e sanfona fazendo o acompanha-

mento numa grande alegria.Meu sonho secreto era ser cantor.Quando me pegava sozinho cantava com toda minha força com muita

alegria no peito.Saudades das caminhadas no mato procurando os ovos que as gali-

nhas deixavam por lá.Ir pegar as mangas no chão, pois caíam de montão, não dava tempo

de distribuir tudo.Saudades do vento no rosto, do cheiro de chão!Do leite quentinho tirado na hora da Mimosa que calma assentia.Saudades de ir pescar no rio e levar para casa peixes que nunca nin-

guém viu de tão miúdos. Mas a brincadeira valia.O tempo passou, o progresso chegou lá também.O pomar não é o mesmo, as frutas crescem em qualquer tempo!Os ovos estão guardados recolhidos automaticamente e as galinhas

na engorda, presas, coitadinhas.O leite levam todo embora para ser comercializado.Tenho saudades sim, mas também estou no novo tempo!Olha eu aqui escrevendo no computador!

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Mas à noite com um olho no céu, procuro a Lua, o luar prateado e se der sorte ainda ouço a voz de um sertanejo cantando sua história, que quase sempre é de amor!

Do sonho de ser cantor, restou a lembrança de um menino que soube aproveitar tudo que a natureza de bom pôde lhe dar.

Na roça, onde meu coração foi morar.

*Psicóloga e escritora, reside em Ribeirão Preto/SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Ídolos da Juventude e Ritos de PassagemGeraldo José Sant´Anna*

A transição entre a criança e o adulto sempre foi motivo de atenção nos di-ferentes grupos humanos. Período em que se abandona a imaturidade para assu-mir tarefas mais complexas que exigem responsabilidade, em especial relativas ao coletivo, principalmente a tomada de consciência de grupo e a aceitação de seus costumes. Os ritos de passagem são os mais variados, exigindo ao jovem demons-trar estar apto para uma nova fase de sua existência.Tradicionalmente reafirmamos a interação com o grupo social em que vivemos por meio de eventos e celebrações de nascimento, formatura, casamento e morte. Na sociedade moderna, em geral, os ritos que marcam a puberdade e o ingresso à maturidade enfraqueceram.

Os rituais de tucandeira, os saltos dos Vanuatu,os saltos de vacas dos Har-mar, os rituais de escoriação dos Yawalapiti ou as tradições da sociedade Semai embora ainda possam ser encontrados, mostram-se circunscritas a determinados grupos. O mundo contemporâneo parece ter abandonado esse momento da cons-trução social, inclusive os tradicionais bailes de debutantes que apresentavam signi-ficado importante na vida da mulher.

Embora, atualmente, muitos dos jovens usem piercings e alargadores, os ob-jetivos se distanciam do dapo’redzapu dos Xavantes.

O jovem, nesse período, enfrenta as dificuldades entre deixar de ser criança e ser adulto, oscilando na dualidade dessas fases. Nessa efusão bioquímica, emocio-nal e psicológica, emerge quem ele define ser a partir das mais diversas referências. E cada época histórica evidencia suas próprias. Houve o momento em que James Dean se mostrou o modelo jovem, rebelde, bem expresso em sua frase “sonhe como se fosse viver para sempre, viva como se fosse morrer amanhã”, explicitando a ideia de viver intensamente e morrer jovem. Assim inspirou a geração da “juven-tude transviada”. Podemos citar também Elvis Presley, os Beatles, Rolling Stones, Queen, Menudos e New York Dolls.

Atualmente os estilos são os mais diversos e as referências as mais diferen-tes, do pop rock ao funk.

Seja por meio dos ritos de passagem ou os pôsteres dos ídolos juvenis, a transição ocorre definindo as concepções de mundo, o estilo de comportamento, as relações consigo mesmo, com o outro e com a sociedade. Talvez devamos aprender com o rito de passagem cherokee em que o jovem (o “kofeitõy”) é deixado na floresta – sozinho - e de olhos vendados, para passar a noite; sem que ele saiba, contudo, o pai permanecerá com ele ensinando-lhe e protegendo-o sem que em momento algum,o agora adulto,se mantivesse só. Certamente seu pai tornara-se seu ídolo e isso terá implicações em sua vida toda.

*Matemático, Pedagogo, Mestre em Educação, Supervisor Pedagógico Regional, reside em Ribeirão Pre-to/SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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JuventudeGilberto Ottoni Porto*

Dom Helder Câmara e Alceu de Amoroso Lima realizaram uma façanha notável nos últimos anos de suas vidas e no auge da ditadura militar: conseguiram rejuvenescer cada vez mais. E como foi isso possível? Lutando pelos ideais eter-nos de justiça social, liberdade, direitos humanos, fraternidade e amor.

Acreditar no futuro, na humanidade, na promoção do ser humano, pobre e desprotegido, marginalizado e explorado. Acreditar na obra de Deus que está encarnado em tudo e todos.

Extasiar-se com as maravilhas da natureza e ao mesmo tempo ser capaz de se indignar e revoltar contra as injustiças. Ter, enfim, utopias, em busca de uma sociedade cada vez mais justa, distributiva, responsável e sustentável.

A juventude é apaixonada, generosa, alegre, criativa, corajosa, esperanço-sa, amorosa, desprendida, confiante e louca. Sem a santa loucura da juventude, a humanidade seria mais esclerose, desânimo, egoísmo, apatia e estagnação.

É na juventude que a vida se perpetua. O amor altruísta faz loucuras, se arrisca e se entrega com paixão e devotamento à luta contra os privilégios e contra a corrupção. Corrupção que impede os governos de aplicar bem o dinheiro arreca-dado de todos os cidadãos.

Ter coragem – Ter fé – Doar-se. Entregar-se na busca de uma vida plena, que faça sentido. Ser agente de transformação; construir, fazer história.

O Brasil, pela sua juventude, finalmente acordou, e está nas ruas cobrando das autoridades melhor transporte, saúde, educação e segurança. E veja a garra, a disposição, o empenho, veja a coragem de enfrentar a polícia e lutar pelos seus direitos.

Quem é esse povo inconformado que, com determinação e força, conse-guiu fazer a hora e soube acontecer?

É a juventude que enche as ruas, é ela que faz a história. A galera deixou a galeria, onde apenas torcia, e veio lutar na arena, onde se mudam as coisas. Fez a hora, não ficou esperando de camarote.

O Brasil tem futuro porque a sua juventude está presente, aqui e agora, na luta por mais qualidade de vida.

Esta é a grande força revolucionária que, mesmo sem saber bem o como, sabe muito bem o que mudar, para melhorar a sociedade.

Quero morrer jovem, com mais de noventa anos, lutando com garra por uma humanidade cada vez melhor.

*Engenheiro Civil e conselheiro do Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri, é membro Benemérito da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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O que é juventude?Humberto Luiz Salustiano Costa*

Recorrendo ao Aurélio, pouca coisa teremos como resposta a esta nossa indagação. Ali está registrado, apenas, que juventude vem do latim juventute – idade moça, mocidade, adolescência, fase de ciclo de um lago na qual este recebe mais água do que perde e por isso tem maior duração.

Sem muito esforço de memória poderíamos enumerar outras tantas definições para a quadra da vida da qual jamais se esquece, estando per-manentemente guardada em nossas lembranças. Pelos momentos inesque-cíveis vividos, a juventude se faz sempre presente nas recordações mais recônditas.

As verdadeiras amizades se consolidam na mocidade, tornando-se in-deléveis e representando o que de mais sublime vale a pena preservar.

Juventude é também o tempo do primeiro amor, aquele primeiro amor que se eterniza, mesmo que tenha sido tão somente um amor platônico. É, sobretudo, aquele tempo de projetos acalentados a cada instante, numa es-pécie de comprometimento com o tempo futuro. É tempo de sonhos coloridos, de pensar em grandes realizações, de aventurar-se como se de fato o jovem já estivesse devidamente preparado para os grandes embates da vida.

No esplendor da juventude, esperanças cotidianamente são renova-das, visando sempre alcançar, na sua dimensão maior, a concretização dos ideais próprios, de um período de constantes transformações de conduta.

Como se sabe, a contestação está intimamente ligada ao modo de agir da juventude, na sua natural inquietação diante do surgimento de novos horizontes, que se descortinam no seu dia a dia.

Mas é sobretudo na mocidade, que são aprendidas as grandes lições de vida, que irão acompanhá-la pelo resto da vida. No aprendizado nas es-colas, nos conselhos dos pais e dos mais velhos, vão se alicerçando os prin-cípios básicos que nortearão a caminhada do futuro cidadão. Nos exemplos dignificantes, o jovem aprende a ser responsável nos seus direitos e deveres, pautando sempre a sua conduta pela retidão dos seus atos.

A juventude, na sua essência, é, acima de tudo, o desabrochar de um mundo novo, cheio de expectativas. Nessa fase de afirmação, o jovem en-contra motivo para o seu crescimento em todos os seus aspectos, valorizan-do-se na expressão maior do termo.

Nessa singela peça literária, iniciamos recorrendo ao Aurélio, em bus-ca de uma definição para a juventude, ali encontrando algo muito sucinto, não refletindo o que de mais importante a juventude representa, num con-texto de valores, emoções e sentimentos. Já o livro sagrado dos cristãos,

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onde existem inúmeras citações sobre o tema, reconhece a juventude como sendo aquele tempo de elevação espiritual centrada num Poder Superior, que naquela citação bíblica em Eclesiastes 12:1, está registrado: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos nos quais não se tem nenhum contentamento”, e ainda em João 21:18 - “(...) quando eras jovem, tu te cingias e andava por onde que-rias; quando fores velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te conduzirá aonde não queres”.

Em síntese, juventude é aquele tempo que deveria ser eterno em todos os seus momentos felizes, sobretudo e principalmente, sendo feita para ser vivida agora.

*Jornalista, é membro da Academia Caratinguense de Letras e membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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SaturadosMaria Helena Sleutjes*

- Você já se sentiu como um polvo, cheio de olhos e mãos para dar conta do mundo que está se movimentando a sua volta?

- Já se viu navegando na web com algumas janelas abertas, olhando de vez em quando seu e-mail, abrindo um vídeo recebido, respondendo ao MSN, conferindo o twitter e o facebook?

Se a sua resposta for SIM, bem-vindo ao clube dos SATURADOS. Saturados de informações, saturados de dados e ainda assim, ligadíssimos nesta explosão de estímulos.

Mas você também já reparou que não consegue ler de bom grado textos mais longos? Perce-be que quando o texto é mais longo, você salta alguns trechos?

- Há quanto tempo você não encara um livro de 300 páginas? E ainda frequentemente você para de ler depois do segundo ou terceiro parágrafo e passa a verificar outras coisas?

- Já se pegou tamborilando os dedos ao lado do teclado quando o PC demora mais de dois segundos para abrir um arquivo?

Se a resposta for SIM, bem-vindo ao clube dos SATURADOS. Saturados de informação, saturados de dados.

Nocholas Carr, jornalista e escritor americano, diz que esse ritmo acelerado, alucinado de lidar com as informações no mundo contemporâneo, está promovendo mudanças no cérebro, fortalecendo certos caminhos neurais e enfraquecendo outros.

Partindo do princípio de que o cérebro não é “multitask” (ainda), isto é, não é capaz de dar atenção a várias coisas ao mesmo tempo, Carr afirma, que tudo o que conseguimos ultimamente é alternar rapidamente o foco, o que promove a desatenção.

Toda esta questão polêmica deu origem a seu livro OS SUPERFICIAIS, que tenta responder as seguintes questões:

- Estamos ficando mais rasos?- Estamos nos transformando em leitores desconcentrados?- Estamos nos tornando incapazes de raciocínios mais complexos?Pelo sim, pelo não, o negócio é usar o cérebro nosso de cada dia com mais sabedoria.- Como seria isto?Autodisciplina é a palavra-chave. E as sugestões são:- deixe de ser viciado em novidades;- existe vida além da web;- de vez em quando, passe um dia of line;- valorize mais os conteúdos que as formas;- aprofunde as informações em bibliotecas tradicionais (com livros em papel).E aí, será que ainda dá para encarar?

*Escritora, reside em Juiz de Fora, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Juventude, idade dos sonhosSandra Ramalho de Oliveira*

A juventude é uma época luminosa, cuja luz magnética conquista a todos e emana uma vontade de viver intensamente.

O desejo de explorar o mundo é um sentimento natural, cujo processo gestará atitudes arrojadas, no intuito de explorar algo novo, de mudar a roti-na, de conquistar seu espaço, de seguir outros caminhos.

A juventude é o passaporte rumo à felicidade, porque nesse período uma força vibrante dá direção a um determinado ideal.

Um potencial enorme estimula e faz despontar aspirações profundas para a realização de um objetivo.

Acredite em você. Lutar por um ideal é muito bom, desde que tome uma direção certa, que amplia e tonifica seus passos em direção a um futuro promissor.

Juventude, idade esplendorosa, na qual o coração traz a alegria cons-tante, pois celebra a vida de forma intensa e radiante.

Os sonhos povoam a mente inquieta e ilusória, embalam a alma, tra-zem recordações que levam a um estado prazeroso.

O pensamento, dotado de sensibilidade, amor e inspiração, voa pelo espaço e mergulha nas profundezas da alma.

Mas é preciso amadurecer, ter cautela, ter equilíbrio necessário para vencer e garantir a realização do sonho. Construir o caminho certo requer atitudes ponderadas, eficientes e amadurecidas.

No entanto, a esperança é a fonte primordial que deve ser cultivada, para vislumbrar objetivos que abram as portas para um futuro promissor.

Conclamo aos jovens, que despertem uma reflexão profunda para uma nova ética, esperança, sustentabilidade e humanização, a fim de garantir um mundo melhor.

Parabéns. Confio em vocês.“Ainda que o mundo se desfaça em frangalhos, em suas ruínas me

encontrarão de pé.”

*Assistente Social, escritora e artista plástica, membro da Academia Caratinguense de Letras, é mem-bro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Euforia RemanescenteAntonia Aleixo Fernandes*

Minha adolescência,Mudanças surgindo,Meu corpo tremendoDesejos soltosSem saber como acalentarSentia arrepios no arMeu coração palpitava loucamente;Tão inocente!Não entendia tanta euforia.Sem motivos aparentes,Mudava de humor de repenteDe amor, para a dorDor, por quê?A dor que não sentiaTão pouco entendiaSó sentia um calorSubindo no meu corpoTorpor no meu rostoQuente como brasa em chamasE eu não entendia;Por que tanta euforia;e tanta agonia!De repente,Ia embora aquele desconfortoQue suava o meu corpoVoltava a brincar de bonecasTranquila e sossegadaSentada na calçada;Não sentia mais nada.Saudades do meu tempo de adolescente!

*Graduada em Serviço Social. Atuando como Assistente Social e Supervisora de Projetos Sociais, reside em São Paulo /SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Pugilato da razãoFrancisco Alves Bezerra*

Surge um facho de luzes, que fazem dos súbitos instantesCoroa de plumas brilhantes dos páramos azuis.

Ao longe um fraco grito cruza os horizontesDas páginas do infante livro das luzes.

Nas voltas do século brotam sementes do saber!E entre as palmas do mundo vão as sementes brotandoE as raízes incólumes vão ficando no solo da amplidão.

E do estrato surgem braços ainda molhados de suor,Nas mãos um alfarrábio dourado,

Entre os dedos o aljôfar do passadoCom alcunha de esperança do existir.

Mas se o tufão ameaça destruir o Livro Sagrado,Do esforço grande dos guerreiros verdes,

Surge ao longe sob as imensas plagasUm forte grito, maior que o infinito,

Mais bravo que Davi.Meu Deus, que grito é esse,

Que afugenta a tempestade e arrasta o tufão?Ah! É um grito lançado das páginas brilhantes

Vindo do peito desses bravos estudantesDo coração do amado Brasil!

E em festa o firmamento aplaude o solo brasileiro,Que brotou de sementes tão santas

Altaneiras plantas de coração estudantil!

*Funcionário Público, escritor, reside em São Bernardo do Campo/SP, é membro correspon-dente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Perambulando pela vidaIlda Maria Costa Brasil

De horizonte a horizonte, Luísa muito perambulou pela vida. Quando jovem, como integrante do Projeto Rondon, conheceu diver-

sos estados do Brasil. Quando adulta, realizou viagens de estudos em países vizinhos. Hoje, aposentada, passa mais na ponte aérea que solo brasileiro.

Cultura e conhecimento ganharam significação singular e expandiram-se. De cada local, um souvenir e muitas fotos. Recostada numa velha cadeira de balanço, após avaliar o seu peram-

bular, concluiu que a vida lhe trouxe muitos ganhos. Hoje, tem feito de amiza-des virtuais, realidades.

* Graduada em Letras; Pós-Graduada em Recursos Humanos para Administração e Supervisão de es-colas, reside em Porto Alegre/RS, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Amor na Floresta Odyla Paiva*

Ela?Estava prometida ao filho do chefe da tribo vizinha.Ele?Estava prometido à filha do chefe da tribo que ficava mais ao sul.Cresceram como todas as crianças da aldeia mas, quando a puberda-

de chegou, eles notaram que haviam se modificado.O desejo e a necessidade de se tocarem os uniram definitivamente.Todas as noites encontravam-se à beira do rio bem perto da cachoeira.Eram noites de amor e paixão sob as bênçãos das estrelas que brilha-

vam no céu da floresta que os viu nascer.A lua escolhida para que casassem com seus prometidos se aproxi-

mava e eles começaram a sofrer porque sabiam que a separação seria ine-vitável.

Não podiam desobedecer às tradições de sua tribo!Ela era dele e ele era dela, nada modificaria essa verdade.Em seu último encontro, pediram ao Deus que cuidava de suas almas

que os presenteasse com um encantamento.Ao adormecerem enlaçados, sonharam com uma estrela radiante que,

ao aproximar-se de seus corpos, partiu-se ao meio.Quando as mulheres da aldeia a paramentavam para o casamento

tiveram uma surpresa.Ela?Possuía na altura de seu coração a tatuagem de meia estrela prateada!O que as mulheres da aldeia não sabem, e nunca saberão, é que:Ele?Tem a outra metade.

*Psicóloga e escritora, pertence a várias Academias de Letras no Brasil e, no exterior, Comendadora pela Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais. Reside no Rio de Janeiro/RJ, é membro corres-pondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Voto de confiança: juventude não é defeito Isabel C S Vargas*

Juventude não é defeito. Ser jovem não significa ser inconsequente nem ser alheio ao meio que o circunda ou insensível às necessidades do povo, da comunidade ou de determinados segmentos. Pelo contrário, ser jovem significa não estar comprometido com um passado rançoso, cheio de ações pouco louváveis, ou acordos antigos que se perpetuam em prol do bem da classe política e não da população.Os jovens vivem mais intensa-mente, com mais destemor e mais confiança em si e nos seus sonhos, Que seria do futuro não fossem eles?

Embora alguns fracos argumentos de imaturidade, de irresponsabilida-de, falta de experiência, eles estão aí para mostrar que são os protagonistas de um novo tempo: de ousadia transparente, de sonhos.

Particularmente, acho maravilhoso quando vejo em determinadas car-reiras a grande quantidade de jovens que assumem postos relevantes em função de seu empenho, garra, disciplina para chegarem onde sonham.

Hoje assistimos isso na esfera política. Jovens, cara limpa, sorriso lar-go, peito aberto sem os velhos ardis.

Acho extremamente saudável a renovação com mentes abertas, cheias de ideias e ideais, de boas intenções, bons propósitos.

Somado a tudo isso, é importante a consciência de que mais do que nunca, o que a sociedade precisa e espera, é que eles tenham para com o outro e com a própria sociedade o compromisso de serem não só bons pro-fissionais, mas bons seres humanos, que gostem de pessoas, de lidar com elas, que saibam escutá-las (muitas vezes é só isso que precisam) tratá-las com carinho e o respeito que todo ser humano busca e merece. Quem ama o que faz, presta atenção naquilo que faz.

É importante ser humilde, abnegado no desempenho de suas ativi-dades públicas, para atender às necessidades do outro; ser coerente, no pensamento e ação, comprometido com a sua realização e com a satisfação das necessidades do outro. Sobretudo, é preciso aquilo que mais a socie-dade está carente neste momento: honestidade,estar livre de tentações,de enganos,de envolvimentos perniciosos.

Na verdade, o que precisa a sociedade, é de verdadeiros líderes, bons modelos, comprometidos com a verdade, com a dignidade, o respeito e cujo objetivo seja a ela servir.

Creio que estamos começando um novo tempo. Sem ilusões, mas com o desejo de que as mudanças se façam, começando pelos partidos políticos, e é óbvio por políticos. Que os partidos se fortaleçam e para isso são neces-

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sárias lideranças verdadeiras, que não sejam mais necessárias coligações esdrúxulas, incompreensíveis e que servem apenas para uma distribuição de cargos, deixando o governante atrelado à satisfação de necessidades des-tes beneficiados e não a bem servir a população, vendo-se preso em um emaranhado de interesses que o distanciam dos projetos e promessas de campanha,

Oxalá isso não volte a ocorrer.

*Professora, advogada, jornalista e escritora, reside em Pelotas/RS, é membro correspondente da Aca-demia de Letras de Teófilo Otoni.

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A outra juventude Alexandra Vieira de Almeida*

As sombras do ventovêm cantar a juventude gélida,a outra juventude da noiteem que passantes solitáriosdizem não à aurora vadia,A outra juventudecorre em riosnadando no lapsodos desmaios da manhãEnquanto dormem os meninosnos acalantos das floresJuventude em flechaa atiçar os escombros da florestaque sucumbe às tempestades do vazio.Solidão, à espera do vagalumea iluminar o escuro do coração frágilSem derrota, meneios das estrelasa desenhar no rosto dos jovens a palavra“Desejo”.

*Doutora em Literatura Comparada e Agente de Leitura, reside no Rio de Janeiro/RJ, é mem-bro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Refém do tempoGessimar Gomes de Oliveira*

Juventude,Fiz o que pude,Mas, você se foi.

Calmamente,Lentamente,Como isso dói!

O tempo passou veloz,Deixando em todos nós,Lembranças e cicatrizes.

Hoje sou um idoso,Desiludido e muito saudoso,Dos momentos felizes.

Não tenho o vigor de outrora,Vejo só o correr das horas,No tristonho rolar do dia.

Ah, se eu pudesse, novamente,Possuí-la, imediatamente,Como feliz eu seria!

*Escritor, bancário, reside em Montes Claros/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni

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O elixir da eterna juventude

Daniel Antunes Júnior*

A mulher, com todo o seu esplendor,Cheia de vida, atraente e amorável,Espelhando o encanto de uma florNa sua tessitura incomparável.

Cativa o homem com sua graçaE o deslumbra, poderosa e sedutora, Como jóia superfina e sem jaça; Mas, para ser sempre tentadora.

Pois tudo é bom enquanto dura,Terá que renovar-se no seu fulgorA cada dia, assim como quem procura

O elixir da eterna juventude e do amor.Se não o fizer, - Oh, que loucura!Decerto fenecerá como a própria flor....

*Administrador, historiador, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, re-side em Belo Horizonte/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Juventude na Bual’amour Varenka de Fátima Araújo*

Uma época de tranquilidade, 1974Minha mãe Albanisa — a Maria Bonita, assim achama Dr. Luiz Barreto,escritor e amigo da família, de longasdatas —, não media esforços para nos levar para as festasde Largo. Íamos no seu “famoso” veículo de passeio, umaRural que naquela época era um veículo muito usado.Nossa turminha não tinha vícios, apenas bebiarefrigerantes, era tudo muito inocente, muito lúdico.Alguns amigos nos acompanhavam: o Serginho eramuito engraçado; Marcos com suas piadas (leves) nosfazia gargalhar; e o Pedrinho, meu amigo, respeitador einseparável.Aboletávamos todos na Rural, com minha mãedirigindo, claro! O destino era a festa do Largo da BoaViagem, para fazermos a virada do ano. Depois naSegunda quinta-feira do mês de janeiro a grande festa doBonfim... E por aí até chegar dezembro com a Festade Largo da Conceição da Praia.No intervalo dessas festas, a turminha seguiarumo aos “encantos da noite”, as boates, que eram ofrenesi do momento. A nossa predileta era a Bual’amour,que ficava na Boca do Rio. Nessa boate a gente soltava afranga dançando ao som das vozes de Tim Maia (GostavaTanto de Você), Elis Regina (Dois Prá Lá Dois Prá Cá),Beth Carvalho (1.800 Colinas), Alcione (Não Deixe oSamba Morrer) e da saudosa Clara Nunes (Canto deAreia).Pacientemente, D. Albanisa ficava na mesa esperandoa nossa vontade de terminar a noite. Qual a mãelevaria suas filhas e agregados para curtir uma noitada?Desconheço... Só você, mamãe querida!

*Escritora, poetisa, reside em Salvador/BA, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Juventude é algo que se senteRogessi de Araujo Mendes*

Quando na minha estada em Belo Horizonte, na Praça de Alimentação do Shopping UAI, percebi um animado grupo de mulheres de faixas etárias diversas; o destaque do grupo, sem dúvida, era uma senhora de aproximada-mente cinquenta anos, que esbanjava alegria e interagia com as mais jovens, como se fosse da mesma idade.

Observei-a... e, deleitei-me com a sua juventude. Àquela senhora vestia calça legging, túnica em lã, sapatilhas, e tinha

os cabelos emoldurados, por um lindo chapéu – a perfeita materialização da felicidade.

Próximo à mesa, onde eu estava, um grupo de moços, os mais novos contavam entre 16 a 18 anos, os outros, não mais de 25 anos de idade – sem dúvida, eram jovens – sorriam e brincavam alegremente. Constrangeu-me ouvi-los comentar sobre a alegria da senhora mais idosa. Um deles falou alto: – Olha a menininha! E, continuou: – Mas, essa menina eu não levo pra casa!

A situação não foi mais constrangedora, porque o moço não encontrou apoio, entre os que o acompanhavam, todos ficaram sérios, sentindo o peso da grosseira observação do amigo.

A mulher ouviu o maldoso comentário. Calmamente, dirigiu-se aos jo-vens, e falou-lhes: – Boa tarde, moços. Tenho consciência de minha idade, o tempo é inexorável, porém, a alegria jovial que a vida roubou-me, quando moça, devolveu-me na minha maturidade; o meu sofrer, reprimiu, mas... não matou a minha juventude; fez-me bem ouvi-lo chamar-me de “menininha”... Você disse não desejar levar-me para casa... Não acha que antes teria, que me perguntar, se eu queria a sua companhia? Repondo-lhe: Não! Você é muito velho para mim!

Os moços riram do colega que murchou igual a um pneu furado.A mulher voltou ao grupo sorrindo, como se nada tivesse acontecido. Meditei sobre o ocorrido, pendurei o fato nas paredes de minha memória.

*Educadora e escritora, reside em Recife/PE, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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TiantoninhaMagali Maria de Araújo Barroso*

Desde pequena me lembro das visitas em sua casa. Minha mãe e eu. Do portão, ouvíamos você cantando:

O barco fugiu da lagoaCansou de caçar jacaréNavega em águas profundasFingindo ser uma galéUm chamado nosso no portão interrompia a música e afazeres, era

hora de abraços e boas-vindas. Para agradar, mamãe levava um queijo de presente. Eu gostava de ver as duas. Eram como mãe e filha. Minha mãe era a filha, claro. Conversas intermináveis, segredos deixavam de ser. Eu não entendia nada, mas ficava por ali, brincando no quintal, entre rosas e margaridas. Corria atrás de borboletas, cheirava lírios e jasmins. Um passo em falso e pronto, deixava amarronzado o branco vestido de lese. Já sei, já sei, vou ganhar um xingo das duas. O café era servido com sonho polvilhado de açúcar e iscas do presente favorito. No final da tarde, retornávamos para casa, cheias de novidades e promessas de voltar em breve.

Revejo sua vida, simples, rica. Inventava a felicidade com tão pouco. Hoje é seu aniversário e por isso te escrevo. Você poderia ter ficado aqui quietinha, despercebida, fazendo bem à própria vida e à de tantas outras. Nunca apresentou problema de memória, até que, numa fria manhã de outo-no, se esqueceu de acordar.

* Professora do Centro Universitário de Belo Horizonte, editora da Revista eletrônica e-xata-UniBH, reside em Belo Horizonte/MG, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Conceito de juventudeAntonio Sérgio Torres Ferreira*

Como gotas de orvalho,Que fluem dentre dedos.Afoitos, vorazes, sem medos,Vivendo de momentos, atalho.

Doces encantos em faces juvenis,Forjam personalidades, atrozes,Permeiam sorrisos em vidas febris,A vida escoa, tempos velozes.

Momentos de ternura finita,Encontros de gerações, controversas,Poesias que nascem em gestos e imitam,A vida em simples conversas.

Não apenas a esperança do amanhã,Porém, certezas que englobam esperiências,Todas empreitadas lhe confiadas, pendências.Serão logo tratadas em todos os temas,Para produzirem todas as consequêncas.

Juventude não é apenas não ter idade,É abrigar no peito um vontade imensa,Voraz e ter sempre viva a sede do saber e querer,Como consequência, diariamente oferecidas,Ter a consciência de absorvê-las com aprazimento.Para que a experiência do tempo lhe seja amena...!

*Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 21.

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JuventudeWilson Ribeiro*

Jovem é entendido como sendo forma imatura de um ser vivo.Para o ser humano esta designação refere ao período entre a infância e a matu-ridade, podendo ser aplicada a ambos sexos, podendo haver variações no período de idade que ocorre, de acordo com a cultura.

O jovem brasilerio compreende a faixa etária entre 16 a 29 anos, de acordo com a PEC da Juventude, aprovado pelo Congresso Nacional, em setembro de 2010.

Segundo o Banco Mundial, o termo juventude refere-se àqueles que estão entre as idades de 15 a 24 anos.

Para a Constituição Brasileira, através do Estatuto da Criança e do Adolescente, juventude é uma fase que vai dos 12 aos 18 anos de idade. É relevante afirmar que o ECA, criado pela Lei Federal 8.069/90, é uma con-quista no que diz respeito à garantia dos direitos humanos para este setor social, mas que vai apenas até os 18 anos, como se houvesse, no momento em que o jovem faz aniversário, um conjunto de mudanças psicológicas, so-ciais, de direitos e deveres.

A juventude tem o direito de asseguar seu futuro, alcançando a paz, a liberdade, a justiça, que, são as principais garantias para alcançar suas aspirações e felicidade.

O papel importante da juventude é desempenhar em todas as esferas da atividade social, e do feito de que está convocado a dirigir os destinos da humanidade.

É necessário que a juventude deva conhecer, respeitar e desenvolver o acervo cultural do nosso país e da humanidade.

Nos dias atuais, os jovens ganham do poder público, viagens de in-tercâmbios, de turismo, para as reuniões, estudos de idiomas estrangeiros, confraternização em cidades e universidades, sem distinção alguma por mo-tivo de raça, cor, origem, étnica ou crença, estimulando facilidades entre os jovens de todos os países com o objetivo de aproximá-los ds atividades edu-cativas, culturais e esportivas,

Em suma, a juventude é a esperança de um mundo melhor para todos.

*Escritor, reside em Pavão/MG, é membro da Academia de Letras de Teófiflo Otoni, titular da cadeira 30.

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Fio do BigodeHumberto Barbosa*

Antigamente era quase obrigatório o uso do bigode para caracterizar mais respeito. As pessoas precisavam do bigode para facilitar imposição de suas ideias. Em certa época falava-se muito que um fio de bigode valia mais do que um nota promissória, documento utilizado para assumir dívidas. Até meados de 60 aqueles fios de cabelo acima da boca e debaixo do nariz tive-ram seus momentos de glória.

Pode parecer estranho, mas preferi inverter a ordem natural das coi-sas. Nosso propósito nasce do desejo de falar do crescimento da força da nossa juventude. Antigamente os jovens tinham uma total subordinação aos mais velhos. Uma professora, por exemplo era mais respeitada e possuía total liberdade para corrigir seus alunos. A palavra do professor tinha total vantagem em relação aos alunos. Os pais autorizavam aos professores cor-rigirem seus filhos. Na verdade imperava uma total superioridade dos mais velhos. Vamos tomar por base uma época em que os jovens resolveram re-verter essa superioridade dos mais velhos. Essa tendência cresceu tanto que foi criado um estatuto para proteger os direitos da Criança e do Adolescente.

Os jovens ao deixarem suas casas para estudar, passam a receber uma influência externa, o chamado sopro acadêmico. Algumas pessoas acham que o movimento da Revolução de 31 de março de 1964 nasceu com os jovens, influenciados pelos professores universitários. Nessa época come-ça nascer a chama viva da juventude. Esses jovens foram às ruas contra a Ditadura Militar, Fora Collor (Cara Pintada), Anistia Já e mais recentemente, em junho, esse turbilhão de manifestações contra corrupção e uma gama enorme de críticas às instituições brasileiras.

Percebemos que os novos promotores, sobretudo os mais jovens, têm feito um trabalho brilhante na justiça brasileira. Dizem também que entre os mais ricos do mundo, figuram pessoas mais jovens. Na classe política tem crescido a participação da juventude. A gente fica pensando que a evolução natural das coisas passa necessariamente pelo estágio gradativo. Os bebês já nascem com os olhos abertos, para começar mais cedo a enxergar as falcatruas do mundo. As crianças começam a andar mais cedo. Andei lendo de cunho Kardecista que os bebês que estão nascendo no Brasil seriam de procedência interplanetária. Explicam porque as crianças têm um aguçado senso de aprendizagem. Aceitam mais cedo lidar com máquinas modernas, tipo computador. As crianças aprendem mais cedo a utilizar o computador para competições tipo vídeo game. No setor da informática, existe uma su-premacia juvenil.

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As recentes manifestações populares, amplamente espalhadas pelo país têm quase sempre integrantes da juventude conduzindo os movimentos. Nesse particular, ouvi uma opinião de um colega do Jornal Agora de que os professores acadêmicos fazem a cabeça dos estudantes. Os estudantes, quase sempre dispõem de tempo, energia e disposição para conduzir essas manifestações. As unidades representativas dos estudantes têm estado pre-sentes em muitos movimentos importantes para o país. A União Nacional dos Estudantes participou da articulação de inúmeras participações populares.

Parece estranho, mas volta e meia encontramos pais consultando seus filhos mais novos sobre tomada de posição, atitudes e até para grandes empreendimentos.

O fio do bigode tem envelhecido. Com ele não se pede mais bênção aos pais, licença para sair de casa, desculpas quando escorregamos, cum-primentos aos mais velhos. A relação humana perdeu uma série de seus valores. Ao longo da história foram criados asilos, albergues exatamente para distanciar os velhos dos mais jovens. Essa ruptura acaba ferindo um enorme braço da família. Os jovens de hoje são como os pássaros, tão logo crescem as asas, deixam seus ninhos. Vão buscar novas moradas. Essa sentença inevitável nasce do preceito bíblico. Um dos primeiros dilemas da nossa ju-ventude passa primeiramente como lidar com a velhice dos seus próprios pais. A Bíblia recomenda deixá-los e formar uma nova família. Alguns textos contra-indicam uma assistência ampla e irrestrita. Permanece a dúvida.

*Jornalista e cronista esportivo

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Ordem DeMolay, um incentivo ao protagonismo juvenil

Johann Colares*

Nossos antepassados bem sabiam que a juventude, assim compreen-dida no mundo profano, tem se designado como um alicerce seguro sobre o qual se arquiteta o futuro de uma nação. Muitos poetas e profetas, mestres e filósofos, escreveram sobre isso, ressaltando a importância do investimento consciente nas futuras gerações, e, na Ordem DeMolay, não é diferente.

Por se tratar de uma instituição filosófica, restrita aos jovens do sexo masculino, nossos ensinamentos acabam, por vezes, se direcionando para a manutenção da cidadania e ordem social, mediante a difusão de preceitos morais, intelectuais e políticos durante a juventude de seus membros. Uma obra quase que secular, vale ressaltar, com mais de 90 anos de história, agre-gando jovens de 12 a 21 anos de idade em várias partes do mundo.

No Brasil, especificadamente, a Ordem DeMolay chegou somente no ano de 1980, pelas mãos do Grande Mestre Fundador Alberto Mansur, que dedicou um terço de sua vida, diretamente, em prol da juventude brasileira. Hoje, com mais de 120 mil membros espalhados pelas 27 unidades federati-vas, com cerca de 800 Capítulos instalados, a Ordem DeMolay vem incenti-vando cada vez mais o protagonismo juvenil, seja por meio de suas ativida-des filantrópicas, seja por meio da formação de seus membros.

E o que faz um DeMolay? Serve a DEUS, primeiramente, independen-te de religião, como um verdadeiro devoto no santuário da FÉ, pois assim como somos todos filhos de pais terrenos, também somos do PAI UNIVER-SAL. Reconhecemos a dádiva do AMOR FILIAL, a importância dos laços fa-miliares e o RESPEITO por tudo aquilo que é considerado sagrado. O próprio DEUS, em sua infinita sabedoria, escreveu nas Tábuas da Lei [...] “Honrarás teu pai e tua mãe”.

Um DeMolay pratica a CORTESIA, visto que nenhum homem, jovem ou velho, pode ser considerado educado se naturalmente não é cortês com afeição. Compreende o significado da fraternidade indissolúvel, do COMPA-NHEIRISMO e da UNIÃO, uma virtude que adorna a humanidade. Um verda-deiro DeMolay é FIEL, acima de tudo, pois sabe que o jovem cuja palavra é tão confiável quanto a sua honra desfruta da consideração e respeito de to-dos os homens. O próprio exemplo de Jacques de Molay, que preferiu morrer a trair um amigo ou fasear seu juramento, serve como lição.

Buscamos a PUREZA do corpo e da mente, pois ninguém respeita o jovem grosseiro, obsceno, dissoluto e imoral, que antecipa os anos da maio-

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ridade, entregando-se a hábitos que enfraquecem o corpo, enervam a mente, envelhecem o coração e a alma. Em nossas veias corre sangue PATRIÓTI-CO, um sentimento que nos fará viver orgulhosamente pelo Brasil, quanto morrer bravamente por ele, se necessário for.

O que é um DeMolay, se não um jovem que procura honrar a sabedoria das gerações que se levantam das brumas do tempo para investir na juventu-de! Somos, na verdade, faróis na escuridão, luzes para iluminar os caminhos estreitos e as pontes escuras. Somos o escudo da cidadania, a espada da tolerância, o legado da moral e dos bons costumes. Somos o protagonismo da juventude, a consciência das futuras gerações e LIDERANÇA DO NOVO MUNDO!

O presente artigo foi escrito com base nas cerimônias e rituais da Ordem DeMolay.

*Sênior DeMolay do Capítulo Filadélfia nº 296 da Ordem DeMolay e graduando em Direito pela Funda-ção Educacional Nordeste Mineiro – FENORD.

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Onde estás, Jovem?Wallace B. S. Pereira*

Juventude, termo singelo, porém de características distintas, podendo ser empregado para harmonizar em um único conjunto um número infinito de possibilidades e atitudes.

Juventude, uma fase, uma etapa, um momento, ou melhor, diz de uma forma de ser e se mostrar em um mundo que a cada momento transforma-se em um todo fragmentado, distante, periférico. Onde cada indivíduo deve, e por assim dizer, lhe é imposto o viver... Uma “Vida Fantasma”.

Uma vida sem objetivos, sem desejos, sem pensamentos, uma vida automatizada, mecânica, e desta forma, o indivíduo passa a viver apenas como uma mera peça, uma engrenagem de uma grande máquina. A máquina do existir.

E nesse contexto, onde a vida é ditada pelas redes sociais, pelo con-sumismo em escala ascendente, e por relações interpessoais e por que não dizer intrapessoais triviais, sem calor, tingido em preto e cinza, é que encon-tramos a nossa juventude, ora perdida em si mesma, ora perdida no que o mundo espera dela.

Jovens que em um passado não muito distante apresentavam-se como os defensores do futuro do país, guerreiros que não se deixavam abater por nada, na luta pela defesa daquilo que consideravam como o melhor para o futuro de todos. Mas que hoje, os vemos como o que mais se parece com o papel de algozes do futuro do país.

Contudo, cabe relembrar, que em um Estado que se proclama como defensor de seu povo, povo este que desde os primórdios, vem sustentando e usufruindo dos benefícios e malefícios, advindos de uma visão social que negligencia, expurga, e aos poucos vem corroendo os alicerces que susten-tam os ideais que fundamentam toda a nossa nação.

E assim dentre desse emaranhado de sabores e dissabores, a nossa juventude vai se formando em um paradoxo deformador. Deformador do si mesmo e si com o outro, transformando a tudo e a todos a mera significância de uma categoria a mais, uma mera peça da grande e descendente socieda-de humana.

*É Psicólogo, residente em Teófilo Otoni/MG.

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RejuvenescerVerônica Vicenza*

Velha, depois da batalhaChora as cinzas da mortalhaEsquece o sol que ainda brilhaPensas apenas nos dias de anilhaEm que suportaste o peso da estaca.

Fraca, exausta, cansada...Envenenada vida dançadaRepousa tua menteSossega teu coração Rejuvenesce calmamente

Abastece-te de paixãoE depois de todo o alívio que senteAo esquecer os percalços de viventeSegue...Siga jovem, o teu caminho.

Pois a vida é feita das feridas que levamosMas também do sucesso das batalhas que travamos.

*Escritora, poetisa, relações públicas, reside em Águas Belas/DF, é membro correspondente da Acade-mia de Letras de Teófilo Otoni.

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Jovialidade infinitaNatalina Silva Nascimento*

Aptidão e sensibilidade em busca do desejo pela alegria de acertar no caminho da felicidade.

Felicidade esta que nos impulsiona à vocação do amadurecimento nos tornando firmes e conscientes; é que a nossa realização existencial é definida em etapas, na escolha de um estado de vida.

O sonho de sermos idealizadores prova um grande sentimento de con-quistas, pois as alegrias não são comparadas à idade, e, sim na construção pelo desejo da sabedoria.

A experiência voltada para uma vida relevante e com bom humor é visível a certeza da construção do dia a dia com uma formação integral por uma realidade em que a jovialidade supera os limites.

Vivamos com entusiasmo em busca dos conhecimentos essenciais traçando, assim, nosso perfil sujeitos a acertos e erros, mas convictos de que quanto mais aprendemos estamos possibilitando um eterno sentimento de liberdade. A busca incessante diante da vida nos faz crer ou reconhecer nossos talentos e vocações como seres sensíveis ao Dom que Deus nos concebeu pela alegria de sermos eternamente jovens.

Acertar e assumir é acreditar no sonho possível ao longo da vida, em harmonia com a maturidade. Defina a sua escolha e seja eternamen-te jovem!

*É artesã, residente em Teófilo Otoni/MG.

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O assassinato da esperançaJosé Amalri do Nascimento*

O alarme soou quando os ponteiros cruzaram cinco horas em ponto e o pequeno cômodo logo foi tomado pela estridente sonoridade do despertador do relógio comprado no camelódromo do Centro do Rio de Janeiro, fazendo com que Luiz Carlos, num sobressalto, o desligasse para que seus irmãos menores não acordassem. Cansadamente abriu os olhos e esticou o corpo ainda sonolento sobre o colchonete estendido no meio do quarto, de joelhos o dobrou e o empurrou com cuidado pra debaixo do beliche onde dormiam os dois mais novos dos quatro irmãos, levantou cambaleante dando longos bo-cejos e, a custo, pé ante pé, na penumbra embaçada do dia que começava, tateou as duas redes onde os outros dois se remexiam em leve incômodo.

— Ui! Desculpem-me, voltem a dormir... Shhh...No único banheiro da casa, onde dispunha apenas de água fria, o co-

ração do garoto que acabara de completar 16 anos, experimentava um misto de sensações que fazia seus batimentos acelerarem descompassadamente. Seu pai já não mais se encontrava em casa, levantara ainda mais cedo, sua labuta diária beirava doze horas. Sua mãe se encontrava na humilde cozinha fervendo água na única boca que funcionava do fogão velho.

Luiz Carlos tomou um banho apressado, em parte pela baixa tempe-ratura da água, mas principalmente, pela ansiedade que o assolava. Aquele haveria de ser um dia muito importante, não queria se atrasar. Na verdade, sabia: a fila a esperá-lo seria enorme e desejava ser, senão o primeiro, um dos primeiros.

Mesmo não tendo muitas opções, vestiu a melhor roupa, pois lera numa matéria de uma revista velha, que uma boa apresentação contaria pontos.

Na cozinha, açodadamente, comeu meio pão dormido sem margarina e tomou um gole de café meio amargo que a mãe acabara de preparar. Já na porta, a mulher, pouco vigorosa, lançou-lhe um olhar pesaroso, mais pela dureza dos dias do que propriamente pelo que, de fato, sentia. Tentando, o máximo que podia passar-lhes as esperanças que somente o âmago das mães pode acumular, abraçou-o com as poucas forças de braços magros e desejou-lhe, amorosamente, boa sorte.

— A sua bênção mãe! (...)Em meio aos anseios daquele dia que o tomavam de assalto, o jovem

sonhador e esperançoso por dias melhores, viu a porta fechar-se às suas costas. Escadaria abaixo seguiu atalhando as bifurcações dos becos da co-munidade.

Em cada esquina um sorriso nervoso desenhava-lhe o rosto e um cala-

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frio fazia cócegas na barriga, porém, o pensamento era um só: o de que a sua vida e de toda a família estavam prestes a mudar, e pra melhor...

Já na última esquina, acesso a avenida principal, onde pegaria a con-dução que o levaria ao seu destino, num gesto inocente, levou a mão ao bol-so da calça por baixo da camisa. Nesse momento um estrondoso estampido ecoou e um forte impacto o atingiu no peito jogando-o para trás de encon-tro ao muro. Escorregou lentamente parecendo apenas sentar-se, enquanto uma mancha escorria às suas costas pintando de vermelho a parede des-cascada.

Policiais que se preparavam para uma incursão surpresa, aproxima-vam-se:

— Você viu tudo! Ele estava armado, ia atirar...— Não parceiro, esse daí não faz parte da facção, ele só tinha um

papel no bolso!Abaixando-se, retira da mão do jovem, de olhar estático e sem vida,

um panfleto onde se lia: Primeiro emprego! Entrevista: A partir das 08:00h.

*Suboficial da Marinha do Brasil, reside no Rio de Janeiro/RJ, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Celebrai!!!Tadeu Raimundo Laert *

Celebrai, celebrai, celebraia juventude sabe onde vai.Cantai, cantai, cantai,somos peregrinosrumo à Casa do Pai.

Todo jovem deve terum pouco de amor pra doar.Na unidade crescer,como irmãos partilhar.

Celebrai, celebrai, celebraia juventude sabe onde vai.Cantai, cantai, cantai,somos peregrinosrumo à casa do Pai.

Todo jovem deve serum sinal de fé a seguir.No Evangelho viver,muita paz transmitir.

Celebrai, celebrai, celebraia juventude sabe onde vai.Cantai, cantai, cantai,somos peregrinosrumo à Casa do Pai.

Todo jovem deve agirconforme seu coração.Ser instrumento é servir,seu lema é o perdão.

*Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 17

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A JuventudeLeuson Francisco da Cruz*

Tão sábia, às vezes sabiáTanto do campo ou da cidadeTambém gosta de cantarolarÉ gente moça, é mocidade.

Desabrocha como as floresAlegra o lugar onde estáPerde tempo pra sonharRetira em ilusões de amores.

De passagem é passageiraPorque não se deu conta aindaPois vaga como uma estrelaAté de passagem é muito linda.

Perde tempo pra pensarÀ vezes tem forte reflexoOutras vezes pra se mostrarFica cheia de complexo.

Gosta sempre de criticarAtitudes dos mais velhosÀs vezes não leva a sérioQue envelhecer é capacitar.

Quando se é jovem ou juvenilCom a força da jovialidadeÉ um orgulho para esta idadeSer chamada, futuro do Brasil.

*É membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 12.

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Vitória da JuventudeFelipe Ribeiro Lemos*

Depois de quase dez anos de tramitação no Congresso Nacional, foi aprovado e em seguida sancionado o Estatuto da Juventude. O texto estabeleceu como princípios e diretrizes o fortalecimento e a organiza-ção das políticas públicas de juventude. Isso significa que 51 milhões de brasileiros com idade compreendida entre 15 e 29 anos estarão ampara-dos com políticas de Estado e não só de governos.

A nova lei é sem dúvida um dos maiores marcos na história da ju-ventude brasileira, pois avança e amplia na proteção especial ao jovem, bem como reconhece as suas peculiaridades com a regulação de direi-tos específicos ao estabelecer diretrizes para elaboração de políticas para a juventude.

A partir dessa conquista, a juventude avança no processo demo-crático que vem desde o fim do regime militar, assegurando aos jovens o direito de participar das discussões das políticas públicas ao se orga-nizarem através de conselhos de juventude.

Cabe ressaltar que o Estatuto, além de fortalecer e aprofundar na legislação existente no que diz respeito à educação, saúde e cultura, apresenta uma nova e importante abordagem sobre temas como trabalho, orientação sexual, sustentabilidade, protagonismo juvenil, entre outros.

Assim, a nova legislação garante a existência de espaços onde a juventude possa debater, permitindo a sua participação plena nos pro-cessos de decisão. É por este motivo que os conselhos de juventude, de forma autônoma, passam a ter um papel primordial nessa nova fase, buscando o envolvimento da juventude com a sociedade e visando o crescimento coletivo, com respeito acima de tudo às diferenças e diver-gências políticas e religiosas.

Pode-se, portanto, afirmar que o Estatuto da Juventude se con-figura como o reconhecimento e a valorização de uma juventude, que sempre foi vista como o futuro, mas que deseja ser o presente e partici-par ativamente na construção de um país que todos nós desejamos.

* Presidente da União Estudantil de Teófilo Otoni – UETO e Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM.

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Juventude: esperança e certeza de futuro Marcos Miguel da Silva*

Ainda que alguns constituam a exceção da regra, os jovens represen-tam o combustível que nutre a humanidade, eis que sintetizam a metamorfo-se renovadora que alavanca essa espécie de efervescência que chacoalha o mundo, através das bandeiras defendidas e formação de conceitos de vida que os tornam, indubitavelmente, a esperança e a certeza não só do futuro, mas também do cotidiano contemporâneo.

É obvio que em alguns casos a situação é diferenciada, sobretudo em se tratando daqueles que norteiam suas vidas, prematuramente, rumo a ca-minhos desgastantes, pagando tributos indesejáveis e comprometendo toda a esperança de futuro que paira na aura de um jovem, especialmente quando ancora nas drogas, no mundo do crime de um modo geral, tornando aquela vidinha em um problema social.

O gratificante é que, majoritariamente a juventude é focada como es-perança de futuro sem deixar de ser a certeza do presente. Basta nos ater às tantas modalidades esportivas que movimentam verdadeiras monstruosi-dades financeiras pelo mundo afora, nas quais os atores principais são os jo-vens; viajando em um retrospecto nítido pelas veredas da música, depara-se com a alvissareira realidade de que os grandes talentos musicais do planeta tiveram sua iniciação enquanto jovens; os grandes nomes desse competitivo mercado de trabalho e até mesmo os mais modestos partiram para a lida tam-bém quando eram jovens; a avassaladora maioria dos profissionais liberais de todos os cantos do mundo, igualmente rumou para tais atividades ainda quando jovens.

Por esta e por tantas outras razões, o jovem deve ser objeto de irrestri-ta atenção, vez que quando corretamente lapidado torna-se um instrumento de importância que não se mensura, trazendo alegrias para o seu núcleo fa-miliar e satisfação para toda a coletividade, pois que detém a jovialidade que os confere atributos peculiares aos portadores de vigor físico e mente fértil, condição básica para protagonizar afazeres, ainda que na ótica preliminar, capazes de referenciá-lo na amplitude dos horizontes, de modo que favoreça, em demasia, a si e a outrem.

Quando não se presta esta atenção em sua plenitude, expõe-se o jovem às escolas da vida, que podem direcioná-lo para a positividade, porém na grande maioria das vezes o doutrina para o erro e o faz inútil a tudo e to-dos, resultando em um efusivo desperdício vital.

Observa-se pela mídia o avantajado índice de jovens vidas interrom-pidas vorazmente pela marginalização que decorre do despreparo de pais e

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responsáveis, que vitimados pela própria carência de ações imprescindíveis para se moldar um filho, os deixa à mercê da sorte, d’onde não se pode es-perar muito.

A educação de berço, verdadeiramente é o ponto de partida, da qual o jovem herda valores de natureza moral e religiosa que servirão de espelho e bússola para que possa conduzir a sua vida. Aquilo que se aprende quando jovem normalmente se usa como referencial para a vida adulta, cujos princí-pios certamente serão objeto de multiplicação e se difundem de geração em geração.

No tempo em que a devoção dos filhos aos pais era condição para se levar uma vida digna e pautada na educação advinda das orientações familia-res, os problemas que assolam a juventude eram bem menos preocupantes e tinham menos destaque nas estatísticas.

Todavia, o resgate de alguns valores que ao longo do tempo vêm se perdendo sorrateiramente é de fato indispensável para que se faça valer a premissa de que aos jovens estão creditadas a esperança e a certeza de futuro para qualquer nação.

Um trabalho de fortalecimento da fé, de modo a estimular um envol-vimento maior dos jovens com as questões da religiosidade, os tornará bem mais afetos aos ensinamentos de Deus e, efetivamente os distanciará dos malefícios causticantes que tantos danos têm causado a essa que é uma das mais importantes facetas da sociedade.

*É natural de Teófilo Otoni/MG, reside em Itaipé/MG, onde é servidor público municipal, advogado, escritor, historiador e poeta, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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JuventudeA.Zarfeg*

O jovem – quem diria – curte Queem, axé e amendoimO jovem – que alegria – curte os anos 80 e vota aos 16O jovem – Ave, Maria – curte achados, perdidos e poesiaO jovem – oh, jovem – curte Forever Young pra sempre.

*Poeta e jornalista, reside em Teixeira de Freitas/BA, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Crônica de Amor aos Jovens: Liberdade e Cidadania

Ivonette Santiago de Almeida*

Ao entrar na sala de aula da Universidade de Brasília, a mestra deparou com a plêiade de jovens calouros ingressos em seu primeiro dia no curso de Medicina.

Todos vivenciaram experiências de vestibulares cujas respostas só poderiam gerar o certo ou o errado. Estavam deveras apreensivos com aquele primeiro mo-mento.

Em cada rosto havia mistos de alegrias, de olhares brilhantes e de apreen-sões sobre o que descortinariam a partir daquele momento. Juventude move-se e cresce por desafios.

Ela se apresentou referindo que todos ali eram até então desconhecidos e solicitou que cada um se apresentasse da forma que melhor lhe conviesse e assim procederam. Em seguida ela solicitou-lhes que escolhessem duas palavras que lhes fizessem sentido naquele momento. Os vocábulos escolhidos foram cidadania e li-berdade.

Ela traçou um risco com giz em diagonal de um canto a outro da sala e pediu que se apresentassem dois voluntários. Tamanha apreensão diante do desconhe-cido nenhum se apresentou. Preferiram fazer indicações entre eles e surgiram dois escolhidos.

Foi designado que cada voluntário ocupasse uma ponta da linha diagonal em um dos dois cantos da sala. Em seguida ela anunciou: Vocês são cidadãos livres e deverão ir um ao encontro do outro, andando sobre a linha de giz no chão da forma que lhes convier, parar quando e como quiser, tendo em mente as duas palavras: cidadania e liberdade. Assim procederam. Cada qual caminhou a sua metade, es-forçando-se para não se desviar do risco de giz traçado no chão. De repente os dois corpos se chocaram sem se darem conta do acontecido.

Para abrir o diálogo ela indagou à dupla por que trombaram? De imediato um respondeu: Ora, professora, a senhora não sinalizou parada e eu cuidei de andar certo em cima da linha traçada. Ela arguiu, mas vocês são cidadãos livres, então por-que se chocaram na caminhada? O outro foi logo retrucando que o companheiro foi o culpado por não parar primeiro. Seguiram discorrendo sobre o assunto disputando posições sem conclusões.

Além dos vários argumentos dos dois, a discussão sobre o episódio prosse-guiu com os demais colegas presentes e muitos foram os ditos, sendo que alguns chamaram-lhe mais atenção, tais como; conceitos de certo e errado, culpados e não culpados. Percebia-se que refletiam robotização nos métodos educacionais e de cursinhos vestibulares, máquinas de respostas certas e erradas, com memorizações excessivas em lugar do livre pensar inteligente.

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Havia predominância de sim e não, sempre e nunca, sem existência do talvez e do poderá ser, bem distanciados de concepções de processos históricos e dialéti-cos. Ora, o certo de hoje poderá ser o errado de amanhã, as verdades científicas e tecnológicas e os conhecimentos de hoje poderão ser mentiras do presente e futuro e vice versa, na impermanência do pensar inteligente em criar novos conhecimen-tos.

Os conceitos de cidadania misturavam-se com ter ou não profissão e ganhar ou não dinheiro, inversão de valores entre Ser e ter, enfim não se achavam cidadãos ainda. Cidadania é pertencer a e ter direitos inerentes ao pertencer, seja ao país, ao universo, à espécie humana, à etnia, à cultura de um povo e à família etc, com direitos e deveres.

Nos conceitos de liberdade repetiram-se jargões de que “a liberdade de um começa quando termina a do outro”. Redarguiu a mestra: Como assim? Quando o um e o outro terão liberdade caso o um e o outro sejam invasivos, possessivos ou dominadores? Eis a questão. Ora, tudo que a juventude e a cidadania almejam é ser e existir com liberdade!

O cenário propíciou o esperado em processo de reflexão do assunto como educação em processo libertador, inspirada no revolucionário método educacional de Paulo Freire: “A liberdade é concebida como um modo de ser e por isto mesmo só pode ter sentido na história que se vive”. É ainda ele quem diz: “A ideia de liberdade só adquire plena significação quando comunga com a luta concreta das pessoas por libertar-se”.

A juventude de braços dados à rebeldia faz diferenças acreditando no poten-cial criativo, na crença do poder de mudar, no idealismo marcante e abrangente e experimenta como parcela significativa da sociedade transformar realidades no país e no mundo.

Os jovens nem sempre estão dispostos a assumir os papéis costumeiros na sociedade. Os costumes são questionados e o lema de paz e amor deve tomar con-ta do cenário. Eles buscam liberdades, emoções diferentes e sensações de atores de mudanças políticas e sociais.

A liberdade e a cidadania, assim como o amor, acontecem quando as pessoas têm amor por si mesmas e por consequência têm amor pelo outro. Torna-se um jeito de ser que envolve reflexão crítica de realidades que carecem de mudanças. Para que estas ocorram é fundamental a solidariedade para o bem estar coletivo. Não há revolução, nem democracia e liberdade, sem uma “forma es-tranha de amor”. Este exige esforços constantes de compreensão, de compromis-so, de cumplicidade, de lealdade, de paciência e sobretudo de liberdade e amor à vida. Envolve ser humano e revolucionário, pois toda revolução deve conter o amor como propulsor de mudanças, caso contrário estará fadada a fracassos.

*Médica/Mestre Docente em Saúde e Educação Aposentada pela UnB. Consultora Especializada em Planejamento e Gestão em Saúde. Reside em Brasília, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.

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Casa dos espelhosJoão Batista Vieira*

Estrada afora, imagens vagas.Elementos, sonhos, vigores se agigantam E se desintegram na imensidão.Ilusão de ótica, tempo fugaz.O vulto da revolta e insensatez.O reflexo da bagagem nua e cruaO refluxo das ondas e devaneiosArreios de uma vida só, arrimos de família. Casa adentro, reflexão e sombrasEscárnios e consciência vaziaCasa dos espelhos... Juventude...Abrigo dos segredos... Inquietude!É a vida dividida em deduções,Inserções desprovidas de conteúdo.A imagem é a mesma de outrora.Dizem que são os espelhos, os culpados.Por tão grandes distorções... A culpa é do tempo, o relógio da selvaSuas horas são implacáveis e friasA feição que logo se degeneraE a lembrança de que ficou algo por viverE o semblante quase endividado de quem vive personagensO holograma, o holocausto ou a face maquiada demais!A colheita se faz retrato de vivências e de vestígios ou silhuetas, Vislumbres, ficções, fantasias e canções de uma nota só.Um espelho d´água, a casa bela e transparenteA tela do pintor em estado de graçaA tez, a vez ou a oportunidadeA sua imagem que a cor dos meus olhos desfigurou

*Professor, escritor e membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 10.

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Elogio ao fragmentoAilton Ferraz Silva*

O que é a morte? Não, não morrerei, serei eterno?Se ávido estou, deste sarcoma sou imuneque razão me alimenta? Basta-me um pequeno pretextoe revolucionarei o mundo

“Nenhum jovem acredita que um dia morrerá”Willian Hazlitt (1778-1830)

Sou a própria rebeldia, ou a teimosia refreadasou o este geográfico, sem requinte pedagógicosou o tudo, sou o nada e a chantagem escancaradameu apelo é apológico neste país democrático.

“O jovem não precisa de razões para viver...”Ortega Y Gasset (1883-1955)

Estou por ela apaixonado, se por Vera ou Helena,se alta ou pequena, loira, negra ou morenadesculpe-me pela falta de jeitosem pudor e preconceito, acho também pelo Fernando.

Não tenho apego à matéria, sou propenso a transbordarpensamento inquietante, coloco-me neste mutismomas da insana vontade de rebelar.

Não estou propenso ao conformismovou eufórico para a batalhao meu grito é a navalhaque corta a entranha do canalha adepto à corrupção.

Sou o exemplo máximo da rebeliãosou a introversão acentuada sob o véusou o guerreiro de espada à mãosou filho pacato, de lenço branco tremulando ao léu;

Sou a juventude inquietante, que agora neste instantesem pavor e excitamento, prepara a bucha do canhãopara a guerra convergir.

*Poeta e Agente de Correios em Teófilo Otoni/MG.

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A força da juventude teófilo-otonense na construção das políticas públicas universais

Antônio Jorge de Lima Gomes*

A atual juventude brasileira está vivendo um momento histórico de lu-tas e intensa mobilização nacional. No mesmo ritmo a juventude de Teófilo Otoni segue unida, na perspectiva de assegurar o reconhecimento de seu segmento social, bem como exigir ações governamentais pela construção de políticas públicas, que contemplem as expectativas e demandas para a melhoria da qualidade de vida, sobretudo, transporte, saúde e educação.

O ano de 2013 vem despontando historicamente, através de um novo movimento, no qual, a juventude mostra sua cara e cobra políticas públi-cas de transportes, educação, saúde e até mesmo de alimentação. Tivemos passeatas no centro da cidade, atos em frente à Prefeitura Municipal e uma invasão pacífica à Câmara Municipal de Teófilo Otoni, concomitantes com movimentos nacionais organizados e de momentos históricos similares ao período da ditadura imposta em 1964.

Fernando Pessoa na sua frase célebre nos dizia “que tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Cazuza numa canção pediu a todos “Bra-sil mostra tua cara”. A juventude teófilo-otonense mostrou sua alma e sua cara. Esta, consciente dos elementos históricos pelos quais perpassam es-tas mobilizações, rompeu preconceitos e arquitetou ações, que nos foram apresentadas no decorrer deste ano, com linguagens universais, fortifica-das num extremo “grito de alerta” para transformar nossa realidade. Pas-seatas, ocupação da Câmara Municipal e embates apolíticos, levaram a juventude a permanecer unida na luta pela construção de políticas públicas, sem vandalismo, com ações próprias pautadas no exercício de democracia e de participação social.

Frases marcantes ecoaram na Praça Tiradentes e seus arredores, e que jamais poderão ser esquecidas, tais como: “Se o restaurante po-pular não abrir o povo vai se unir” e ainda “Se a passagem não baixar a cidade vai parar”.

Os jovens cansaram de frases vazias como “a juventude é o futuro deste País”. Ou outras de total incompetência administrativa como, por exem-plo, “A prefeitura não tem dinheiro”, ou ainda, “O Estado está falido”.

Esta luta pacífica mostra claramente o novo comportamento dos jo-vens de Teófilo Otoni, que comungam os mesmos anseios de mudança, com o qual partilham todos os brasileiros. O levante democrático da juventude foi uma resposta sensata, à desalojada “ausência de políticas públicas” onde o

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povo é sempre esquecido. Comprovam-se estas ações, através de reivindi-cações coletivas, de questões como educação, esporte, transporte, lazer, cul-tura e diversão, as quais devem fazer parte das políticas públicas e devemos reconhecê-las como direitos sociais universais.

Este movimento não é exclusivo de Teófilo Otoni, mas sim, similar a lutas de várias gerações, vividas por todos os segmentos sociais brasileiros principalmente durante o Golpe Militar de 1964. Os jovens têm razão. Se já somos a quinta economia mundial, alguém está tomando o dinheiro do povo. Onde está o nosso dinheiro? Por que não temos direito garantido à saúde? Por que faltam transportes coletivos eficientes? Por que não se valorizam os professores? Por que temos uma das piores formas de educação do mundo? Portanto, a resposta direta a todas estas questões é uníssona: “todos devem ir para as ruas”.

De fato, a juventude nos dá aulas de democracia, direitos, obrigações e de igualdades sociais. Suas lutas no momento presente entoam o caminho de um melhor futuro. Vivemos uma dinâmica histórica que nos motiva a acre-ditar que a “Ordem e Progresso” da nossa bandeira não foram esquecidos. A busca de direitos ressurge nos novos e importantes movimentos da Juven-tude. A juventude teófilo-otonense está cumprindo bem o seu papel para a consolidação democrática da construção de políticas públicas que atendam às demandas sociais de seu tempo.

*Professor Adjunto da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, atualmente no cargo de Vice-Diretor do ICET (Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia), Doutor e Mestre em Geofísica pelo Observatório Nacional (Rio de Janeiro) e membro da Sociedade Brasileira de Geofísica. É membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni, titular da cadeira 5.

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Academia de Letras de Teófilo OtoniQuadro Social

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Academia de Letras de Teófilo Otoni

“Resgatando a arte literária na cidade”

Perfil, membros titulares, correspondentes, beneméritos, honorários, convidadas

de honra e patronos

Fundada oficialmente em 20 de dezembro de 2002, é composta por 30 membros titulares e efetivos; cada cadeira é designada numericamente e tem um patrono, imutável, em homenagem a personalidades que tenham se notabilizado nas letras, nas ciências, nas artes, na política, na educação e na imprensa. A en-tidade tem por objetivos: realizar estudos e pesquisas na área da literatura local e regional; promover e incentivar a cultura através da realização de conferências, exposições, concursos, cursos e outras atividades de natureza cultural; coletar, pesquisar, elaborar e divulgar estudos e informações de cunho cultural, relaciona-dos aos interesses da entidade, bem como congregar os esforços daqueles que se interessam pelo processo cultural, o cultivo e divulgação da língua e literatura nacionais.Realiza, anualmente, a tradicional “Noite do Café Com-Letras”, com reci-tal de poesias, lançamento da Revista “Café-com-Letras”, com trabalhos dos aca-dêmicos e convidados especiais e, ocasionalmente, posse de novos membros titulares e correspondentes.

Mantém a Biblioteca D. Didinha e o Núcleo de Documentação, destinado ao resgate, à guarda e conservação de livros, documentos (manuscritos e icono-gráficos) e demais objetos de valor histórico cultural com referência à literatura no município de Teófilo Otoni e região do Vale do Mucuri.

Desenvolve em parceria com a União Estudantil de Teófilo Otoni e Conse-lho Municipal da Juventude, atividades de estímulo à leitura e escrita por meio da realização anual do Prêmio Literário Jovem Escritor para os alunos na faixa etária dos 14 aos 29 da comunidade escolar da educação básica e superior.

Outorga, anualmente, o Prêmio Academia de Letras de Teófilo Otoni: Tro-féu Cultural Isaura Caminhas Fasciani com premiação nas seguintes modalidades: Prêmio ALTO conjunto de obra literária; Prêmio ALTO produção literária: poema, romance, conto, crônica, crítica literária, roteiro adaptado e literatura infantojuvenil; Prêmio ALTO produção técnico - científica e intelectual: dissertação, tese, ensaio, artigo científico, artigo jornalístico e monografia; Prêmio ALTO expressiva ativi-dade elevadora da cultura teófilo-otonense; Prêmio ALTO livro do ano: por obra poética ou em prosa lançada no decorrer do ano; Prêmio ALTO incentivo cultural para pessoas físicas ou jurídicas, incentivadoras da arte e cultura no município;

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Prêmio ALTO Veículo de Comunicação e Prêmio ALTO escritor do ano.Outrossim, concede a cada ano, “A Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha”

destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que tenham se destacado na criação e promoção lítero-cultural, através de atividades pertinentes às contribui-ções literárias, culturais, artísticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvi-mento da pessoa humana e da sociedade teófilo-otonense ou pelo estabelecimen-to de políticas e projetos para o desenvolvimento da educação, o ensino e civismo no município e região do Vale do Mucuri.

Quadro Social

Convidados de HonraDom Aloísio Jorge Pena Vitral

Gilson de Castro PiresGuiomar Sant’Anna MurtaHilda Ottoni Porto Ramos

Isaura Caminhas Fasciani (In memoriam)Luiz Gonzaga Soares Leal

Maria Laura Pereira da Silva Couy

Membros TitularesAmenaide Bandeira RodriguesAntônio Sérgio Torres FerreiraAntonio Jorge de Lima Gomes

Elisa Augusta de Andrade FarinaHilda Ottoni Porto Ramos

Maria Laura Pereira da Silva CouyMarlene Campos Vieira

Neuza Ferreira SenaJoão Batista Vieira de Souza

José Geraldo SilvaJosé Carlos Pimenta

José Salvador Pereira AraújoLeuson Francisco da CruzLizia Maria Porto RamosOlegário Alfredo da Silva

Raquel Melo Urbano de CarvalhoTadeu Raimundo Laert

Therezinha Melo Urbano de CarvalhoWilson Colares da Costa

Wilson Ribeiro

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Membros CorrespondentesAdão Alves de Oliveira Filho – Uberlândia/MG

Alberto Slomp – Araraquara/SPAlcione Sortica – Porto Alegre/RS

Alexandra Vieira de Almeida – Rio de Janeiro/RJAlexandre Cezar da Silva - Ocara/CE

Almir Fernandes de Souza – Nanuque/MGAltamir Freitas Braga – Rio de Janeiro/RJ

Angelica Maria Villela Rebello Santos – Taubaté/SPAntonia Aleixo Fernandes – São Paulo/SP

Arahilda Gomes Alves – Uberaba/MGBenvinda da Conceição de Melo Lopo – Lisboa/Portugal

Bruno Resende Ramos – Teixeiras/MGCarlos Henrique Pereira Maia – Niterói/RJ

Carlos Lúcio Gontijo – Santo Antonio do Monte/MGCarmem Terezinha Rodrigues Moraes – Porto Alegre/RS

Celso Gonzaga Porto – Cachoeirinha/RSCharlene dos Santos França – Rio de Janeiro/RJ

Cícero Barbosa Teixeira – Inhapi/ALCláudio de Almeida – São Paulo/SP

Cláudio de Almeida Hermínio- Belo Horizonte/MGClevane Pessoa de Araújo Lopes – Belo Horizonte/MG

Cosme Custódio da Silva – Salvador/BADaniel Antunes Júnior – Belo Horizonte/MG

Darlan Alberto Tupinabá Araújo Padilha – São Paulo/SPDécio de Moura Mallmith – Porto Alegre/RS

Dilercy Aragão Adler – São Luiz/MAElba Gomes de Andrade – Paranaguá/PR

Elizabeth Abreu Caldeira Brito – Goiânia/GOElmo Notélio – Frei Inocêncio/MG

Else Dorotéia Lopes – Nova Lima/MGEmerson Maciel Santos – Laranjeiras/SE

Fátima Cristina Sampaio Luiz – Belo Horizonte/MGFernando Catelan – Mogi das Cruzes/SP

Fernando da Matta Machado – Rio de Janeiro/RJFlávia Assaife Campos Almeida – Rio de Janeiro/RJ

Francisco Alves Bezerra – São Bernardo do Campo/SPFrancisco de Assis de Assis Dantas – João Pessoa/PB

Francisco José da Silva – Bom Jesus do Galho/MGFrancisco Soriano de Souza Nunes – Rio de Janeiro/RJGeraldo José Sant’Anna – São José RO Rio Preto/SP

Gessimar Gomes de Oliveira – Montes Claros/MG

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Gilmar da Silva Cabral – Rio de Janeiro/RJGilmar Ferraz da Silva – Teixeira de Freitas/BA

Gleidston César Rodrigues Dias – Lagoa da Confusão/TOHelena Selma Colen – Ladainha/MG

Helenice Maria Reis Rocha – Belo Horizonte/MGHélio Pedro Souza – Natal/RN

Ieda Cunha Cavalheiro – Porto Alegre/RSIlda Maria Costa Brasil - Porto Alegre/RSIrineu Barone Costa – Belo Horizonte/MGIsabel Cristina Silva Vargas – Pelotas/RS

Ivonette Santiago de Almeida – Brasília/DFJacqueline Bulos Aisenman – Genebra/Suiça

Jane Guilherme da Silva Rossi – Guarulhos/SPJaneuce Maciel Cordeiro – Turmalina/MG

Jean Albuquerque – Nova Viçosa/BAJelvisson dos Santos Nascimento – Salvador/BAJoão Carlos de Oliveira Tórtora – Petrópolis/RJ

João de Souza Neres – Mata Verde/MGJoão Marques de Oliveira Neto – Osasco/SP

João Santos Gomes – Medeiros Neto/BAJohnathan Felipe Bertsch – Jaguará/SC

Joilson Maia dos Santos – Uma/BAJorge Henrique Vieira Santos – Nossa Senhora da Glória/SE

José Amalri do Nascimento – Rio de Janeiro/RJJosé Aparecido Araújo – São Paulo/SP

José Feldaman – Marigá/PRJosé Geraldo Tavares – Juiz de Fora/MG

José Moutinho dos Santos – Belo Horizonte/MGJúlio César Bridon dos Santos – Gaspar/SC

Leandro Bertoldo da Silva – Padre Paraíso/MGLenival Nunes de Andrade – Catolé do Rocha /PB

Leônidas da Conceição Barroso – Belo Horizonte/MGLilian de Sousa Farias – Aracaju/SE

Lucas Menck – Curitiba/PRLúcia Helena Pereira – Natal/RN

Luciana Tannus de Andrade - Aracaju/SELucilene Ianino Lima Peçanha – Belo Horizonte/MG

Lucivalter Almeida dos Santos – Nazaré/BALuiz Paulo Lírio de Araújo – In memoriam

Magali Maria de Araújo Barroso – Belo Horizonte/MGMamede Gilford de Meneses – Itapipoca/CEMarcelo Allgayer Canto – Cachoeirinha/RS

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Marcelo de Oliveira Souza – Salvador/BAMárcia de Jesus Souza – Ribeirão das Neves/MGMárcia Devincenzi Reis Terra – Águas Claras/DF

Marco Aurélio de Freitas Lisboa – Belo Horizonte/MGMarcos Miguel da Silva – Itaipé/MG

Marcus Vinícius Bertolini Rios – Iúna/ESMaria Cristina Carone Murta – Belo Horizonte/MG

Maria da Conceição Rodrigues Moreira – Belo Horizonte/MGMaria da Glória Oliveira Brandão Marques – Itabuna/BA

Maria Helena Sleutjes – Juiz de Fora/MGMaria José Alves Coelho – Brasilândia de Minas/MG

Maria Norma Lopes de Macedo – Turmalina/MGMaria Telma Barbosa de Lima – São Paulo/SP

Marlene Bernardo Cerviglieri – Ribeirão Preto/SPMarly Rondam Pinto – São Paulo/SP

Mauro Marques de Carvalho – Manaus/AMMônica Yvonne Rosemberg – São Paulo/SP

Nelci Veiga Mello – Campo Mourão/PRNeri França Fornari Bocchese – Pato Branco/PRNorma Disney Soares de Freitas – Fortaleza/CE

Nylton Gomes Batista – Cachoeira do Campos/MGOdyla Pinto de Paiva – Rio de Janeiro/RJ

Ormuz Barbalho Simonetti - Natal/RNPaulo André Gazzinelli – Belo Horizonte/MGPaulo Cesar de Almeida – Andrelândia/MG

Paulo Dias Neme – São Paulo/SPPaulo Roberto de Oliveira Caruso – Rio de Janeiro/RJ

Regina Batista Magalhães Silva – Bebedouro/SPRenata Rimet Ramos Silva – Salvador/BA

Roberto Prado Barbosa Junior – São Vicente/SPRodrigo Marinho Starling – Belo Horizonte/MGRogério Ferreira de Araújo – São Gonçalo/RJ

Rogessi de Araújo Mendes – Recife/PERozelene Furtado de Lima – Teresópolis/RJSandra Ramalho de Oliveira – Caratinga/MG

Stefany Nayara Santanna Alves – Guarulhos/SPTeresa Cristina Carvalho Mércuri Azevedo – Campinas/SP

Valdeck Almeida de Jesus – Salvador/BAValdivino Pereira Ferreira – Turmalina/MGVânia Rodrigues Calmom – Vila Velha/ES

Vanina Miranda da Cruz – Salvador/BAVarenka de Fátima Araújo Garrido – Salvado/BA

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Vilson Barbosa Costa – Belo Horizonte/MGWalter Teófilo Rocha Garrocho – Barbacena/MG

Weder Ferreira da Silva – Rio de Janeiro/RJWilson de Oliveira Jasa – São Paulo/SP

Yara Regina Franco – Araraquara/SPZenir Izaguirre Carvalho – São Jerônimo/RS

Membros BeneméritosArnaldo Gomes Pinto Júnior

Detsi Gazzinelli Jr.Gilberto Ottoni Porto

Maria José Haueisen FreireTheomar Sampaio Paraguassu

Membros HonoráriosHumberto Luiz Salustiano Costa

Ivan Claret Marques Fonseca (In Memoriam)Sebastião José LoboWilson Pires Neves

Patrono OficialProf. Celso Ferreira da Cunha

Patronesse: Prêmio Academia de LetrasIsaura Caminhas Fasciani

Patronesse: Bibliotecae da Medalha de Mérito Cultural

Hilda Ottoni Porto Ramos - DªDidinha

Patrono: Publicações EspeciaisAlbert Schirmer

Patrono: Convidados de HonraMonsenhor Otaviano José de Magalhães

Patrono: Membros CorrespondentesLuiz de Almeida Cruz

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Patrono: Membros HonoráriosSerafim Ângelo da Silva Pereira

Patrono: Membros BeneméritosHorácio Rodrigues Antunes

Patrono: Prêmio Jovem EscritorFábio Antônio da Silva Pereira

Voluntários da Secretaria GeralEduardo Amorim SilvaEgmon Schaper Filho

Última atualização do Quadro Social: 29/11/2013

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Patronos Perpétuos In Memoriam

Cadeira: Patrono:01............................................................Pedro de Paula Ottoni02............................................................Ruy Homero de Oliveira Campos03............................................................Lourenço Ottoni Porto04............................................................Olbiano Gomes de Mello05............................................................Paul Max Rothe06............................................................Pedro Antônio do Nascimento07............................................................Régulo da Cunha Peixoto08............................................................Reynaldo Ottoni Porto09............................................................Augusto Pereira de Souza10............................................................Adail Barbosa de Oliveira11 ............................................................Lourival Pechir12............................................................Dom Quirino Adolfo Schmitz13............................................................Joaquim Nunes14............................................................Joaquim Alves Portugal15............................................................Tristão Ferreira da Cunha16............................................................José Alfredo de Oliveira Baracho17............................................................Nelson de Figueredo18............................................................Rubem Somerlate Tomich19............................................................Dely Coelho Nogueira20............................................................Darcy de Almeida21............................................................Libório Zimmer22............................................................Johann Leonard Hollerbach23............................................................Petrônio Mendes de Souza24............................................................Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto25............................................................ Ione Lewicki da Cunha Mello26............................................................Leônidas Alves Lorentz27............................................................Luiz Gonzaga de Carvalho28............................................................Noé Rodrigues dos Santos29............................................................João Salomé de Queiroga30............................................................José Gonçalves Sollero

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