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    Cadernodeviagem

    Comunicao, lugares e tecnologias

    Andr Lemos

    maro de 2010

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    3/353editoraplus.org

    Sumrio

    Agradecimento, 4

    Prefcio, 6

    Introduo, 16

    Prlogo, 20

    Edmonton, 31

    Montreal, 123

    Referncias, 339

    Sobre esse livro, 351

    Sobre a Editora Plus, 352

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    AgrAdecimento

    Um agradecimento especial Faculdade de Comunicao da UFBA

    rado para o ps-doutoramento, e ao CNPq, que me concedeu uma bolsperodo de setembro de 2007 a setembro de 2008. Sem estes apoios, eao Canad, no avanaria na pesquisa acadmica e este livro no exis

    bm agradecer a pessoas-chave de antes e durante meu perodo canad

    Devo muito ao professor Rob Shields, amigo de longa data, pelo inmento e apoio total durante a minha estada na University of AlbertaRob demonstrou uma amizade slida, respeito acadmico e apoios ingstico sem preos. Ao meu amigo Juremir Machado da Silva, parceirpos de Paris nos anos 1990, agradeo pelo fundamental suporte e con

    mo, um reconhecimento ao amigo, professor Will Straw, pela cordialrecepo na McGill University no meu perodo em Montreal.

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    Agradeo professora Rosanna Maule e aos queridos Priscila e prietrios dos meus apartamentos em Montreal e Edmonton, respectimuito mais do que proprietrios, amigos sempre disponveis. A Priscidevo as minha primeiras sadas sociais em Edmonton. Ela foi atenciome ajudou a enfrentar a solido nos primeiros momentos do inverno.

    no necessariamente nesta ordem, devo agradecimentos especiais aofilo e montador Milton do Prado, a danarina e professora Suzy WebGuto, que nos proporcionaram boas risadas, sadas e suporte inesquo tempo em Montreal. Eles nos deram dicas preciosas sobre a cidademuito atenciosos e prestativos.

    Por fim, dedico este livro a Mari Fiorelli, minha companheira, pela

    rncia e ajuda nesse perodo, a Alice, por ter ficado um tempo comigopor todo o apoio nesse perodo de distncia. E a Bernardo, que nascefinalizando este livro, tendo sido gerado em Montreal. Ele a pequen

    dense que germina no Brasil.

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    Prefcio

    Comeo a ler estes Cadernos de viagemem uma avio, num voo

    So Paulo. No podia haver lugar mais especial do que este para pedizer como introduo ao webdiriodo professor e colega de UniversBahia Andr Lemos. Um texto - em letras e imagens - que trata de comres e tecnologias. Comunicao entre lugares, conectando pessoas dde tecnologias, as mais diversas possveis, que ligam meios de transpocomunicao, como j pontuou h um bom tempo atrs Rene BergerGolen, que tambm li numa viagem de estudo como a aqui descrita.

    O texto recheado de constataes e angstias naturais do nossalguns de um acadmico que, no perdendo o rigor, passeia parate,flana com os lugares, livros, sites, mapas, coisas e gentes. Essecharme especial ao livro, que uma deliciosa viagem acompanhand

    durante o seu ps-doutoramento no Canad. Mas os passeios no se

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    pas, muito menos a apenas uma parte dele. Trata-se de uma viagemidas e vindas, referncias, reflexes, provocaes e, muitas, imagens

    Uma coisa volta subliminarmente em todo o texto. Trata-se da consque no temos mais tempo para nada. Alguns anos atrs, numa troca d

    questionava: Por que corremos tanto?, e ele mesmo completava: E Aqui podemos continuar a conversa. Gostamos ou somos empur

    formar com essa correria? No nosso cotidiano universitrio, pelo que no mundo, e tambm em muitas outras profisses, estamos quase correr, produzir, estar na frente. E no temos mais tempo para ver. P

    Para nos deliciarmos com o simples olhar.Bizoiar, dar uma ispiada, na Bahia.

    Mas Andr busca dar um tempo nesse tempo e destacar esse seu flexo, o que, na verdade, deveria ser o trabalho cotidiano dos pesqcom tempo, teriam possibilidade de maturar e refletir mais sobre os

    e as culturas. No temos mais isso! Vivemos, nas universidades, a acorrer para publicar ou perecer! -, fazendo projetos e mais projeto

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    a editais que, se aprovados, nos possibilitaro termos um pouco d

    as nossas necessidades bsicas profissionais. Depois, os relatrios, contas e, os novos projetos.Eppur se move!

    E nada do tempo para flanar!

    As escritas leves, essas, foram sendo deixadas de lado por muitos.

    por todos.

    Andr Lemos um desses que no deixa de rabiscar umas linhas enotesna web, desde um tempo em que mal tinha blog. Hoje, dos seunos oferece esses Cadernos, mantendo o estilo dirio, com data mar

    e declarada. Aqui, podemos navegar pelos textos, mapas e fotografiae re-apresentados em um formato de livro. No trato das imagens, a ccisa de outro colega da UFBA, Jos Mamede.

    Gosto de escrever sobre lugares que no conheo. Ou melhor, ncom as leituras desses originais pude fazer uma bela viagem pelo tem

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    Dos muitos autores e livros referenciados, no conhecia o escritoPauls. Fiquei curioso com o fragmento que antecede a bela imagem

    tainede Montreal, refletindo sobre a inrcia. Inrcia que no snum mesmo lugar. Lamentavelmente poucos sabem disso (recu

    bons tempos de professor de fsica!), j que inrcia pode significar meste um movimento constante o que vem a significar que ele, tambmovimento, digamos assim, to movimentado. um movimento capela velocidade constante do deslocamento e dos acontecimentos. M

    movido pelos desequilbrios, um movimento que, como diz Alan duz mudanas.

    E so essas mudanas que nos fazem crescer. Foi o recente mov

    doutoramento que gerou esse livro. Foi nessa linha tambm o meudepois do dele, s que na Inglaterra, na cidade de Robin Hood, Notpensamos ns dois, deve ser o tal perodo sabtico expresso quechada l pelo meio do livro - dos professores universitrios. Isso pcoisa melhor do que viajar.

    Ih! no tem no!

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    Pode dizer a, pense e diga, as coisas melhores que voc conheelas ficam ainda melhores se voc estiver viajando, conhecendo novsafiando-se permanentemente. O frio ou o calor, a pera ou o conco pubou a destilaria, o carro ou o nibus, tudo, tudo absolutamensabor do diferente. Mesmo que hoje, com esse mundo padronizado,

    danado para se achar esse diferente. Mas isso outra histria e aqnos, voc vai poder ver muitas dessas histrias. Como, alis, o fez bJim Jarmush no belo filme Down by law, onde a presena do escom o lugar. Traz nova vida e novos nimos para aqueles que no

    Andr Lemos tem estudado intensamente as questes da cibercultur

    atentamente para os temas da mobilidade, dos territrios informactroles de fronteiras, redes virais e conexes sem fios. Conexes e re

    conta de todas as pginas e so, na verdade, as bases dos muitos mbm apresentados. Uma conjugao perfeita entre o texto, os mapaComo ele mesmo diz, O texto importa, mas no sem as imagens.prpria e no so mero suporte dos textos.

    Desde a sada de Salvador, para Edmonton, no Canad, um lugarformaes que ele nos d, j foi um parque de dinossauros e hoje u

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    complexos de redes sem fio do mundo, ele j fazia as anotaes q

    Cadernos. E nessas anotaes, podemos contatar que essa conectivcada, tambm significa maiores controles sobre os nossos movimeacontecendo em todo o mundo e, obvio, preocupa-nos por demaissempre associados questo que virou mantra: a segurana. Nas

    na rede, nos sistemas comunicacionais e interativos, impondo-nosativista intenso na luta pelas liberdades na internet, e que aqui esdetalhes em vrios dos dias do dirio.

    Mas, claro, pensar no tema segurana l no Canad no tem nnosso pensar em segurana aqui no Brasil. Num dos trechos do livr

    seu cotidiano: Ontem no nibus, na hora do rush (aqui s 16h),laptops, consoles de games, celulares com ou sem GPS. S min

    um rapaz com um MacBook, um outro jogando no console de gamna minha frente usando o GPS no celular (no consegui fotografachecando e-mail no Blackberry... Lugares de mobilidade fsica quem diante, lugares de mobilidade informacional. nibus, trens,

    ou ferries seriam as novas heterotopias por excelncia, para usarchel Foucault. Voltarei mais adiante a este ponto.

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    Eu no. Acho que isso o suficiente.

    O leitor acompanhar o desdobramento dessas discusses sob

    segurana ao longo do dirio.

    As imagens, belas imagens, ajudam a descomprimir, como ele mtransportam para o frio, para a neve, para as ruas das cidades aqtrazendo de volta, quem sabe de maneira mais forte, a mesma pepor Andr e j referida: Por que corremos?

    Mas corremos!

    E, de corrida em corrida, o tempo vai passando e ns vamos questes, transformando-as, quem sabe, em alertas para pensar

    tncia.

    Na sua chegada dessa viagem - eu preparando-me para a minha inos num debate que propus TV Educativa da Bahia. O tema era omas, no fundo, o que queramos era falar do futuro do planeta.

    vai, conversa ao vivo vem, e nos resta alguns segundos para os lti

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    Andr Lemos no pestanejou e, depois de ter escrito esse detalhado12 meses, encerrou o programa - e o papo! - com uma contundentefuturo?! O futuro, seguramente vai depender da nossa capacidade d

    vero, desplugar.

    Quem sabe possa essa ser a atitude mais correta, concreta e maimomento contemporneo.

    Espero que o leitor delicie-se com os textos e as imagens, realizecom esses Cadernose, assim, desplugado, relaxe para fazer esse dpasseio por espaos, palavras, lnguas e imagens.

    O livro, portanto, o resultado de anotaes no seu moleskine(

    um viciado nos cadernos fsicos, bons e belos, que acompanham oaqueles que, como ns, usam todos os recursos tecnolgicos!), e flanando pelos espaos do Canad, da Espanha, Portugal, e tantooutras viagens, com os linkspara os outros espaos vividos, a vero

    Estou com as malas prontas esperando o taxi.

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    Ele vai partir.

    Esse perodo do Carnet de Notesvai se fechar e com isso, abrir

    possibilidades. Para o pensar. Para o discutir, refletir e escrever. Re-nas revistas acadmicas, nos jornais e panfletos.

    O taxi est chegando. So trs malas de matria fsica e toneladtransportados pela infoesferade forma permanente e continua.

    Ao aeroporto!.

    O voo vai sair. Acabou o seu tempo. Acabou o meu tempo. Acabo

    Paulinho da Viola:

    Ol, como vai ?Eu vou indo e voc, tudo bem ?Tudo bem eu vou indo correndoPegar meu lugar no futuro, e voc ?Tudo bem, eu vou indo em busca

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    De um sono tranquilo, quem sabe ...Quanto tempo... pois ...

    Quanto tempo.(...)O sinal ...

    Eu espero vocVai abrir...

    Por favor, no esquea,Adeus...

    Adeus, at breve.

    Boas viagens, leitor! (e no esquea o seu moleskine! Essa convers

    Praia do Forte, Bahia, outubro de 2009.

    Nelson De Luca Pretto

    www.pretto.info

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    introduo

    Para a escritora Margaret Atwood, o padro recorrente no imagin

    canadense a sobrevivncia,Survival.Este o ttulo do seu livro querico da prosa e da poesia candense sustentando a tese. Embora tenha spor diversos autores, no h como negar que o imaginrio canadense essa dimenso de luta contra temperaturas extremas, os povos ances

    selvagens... Este livro marcou meu perodo canadense, talvez pela minca pela sobrevivncia. Li a obra nos primeiros dias da minha chegadacompreender a alma canadense, o imaginrio, os simbolismos da soc

    assim melhor me inserir neste contexto. E, para isto, nada melhor do qo que falam os escritores, os poetas e romancistas.

    Embora a sobrevivncia seja um padro da literatura canadense eo meu primeiro desafio ao chegar nas terras do norte, no precisei de

    breviver no Canad. Alas, viveria tranquilamente neste pas para semcondies difceis de um estrangeiro latino-americano , tudo foi m

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    tenses maiores dos que s que estamos submetidos em situaes para lngua, conhecer os cdigos sociais, romper a solido e fazer amigtemperaturas extremas...). Assim, entre outubro de 2007 e agosto deentre o oeste e o leste do Canad, entre Edmonton e Montreal, passaBanff, Qubec, Toronto. No s sobrevivi, como vivi intensamente. O i

    dificuldade de adaptao cultura local - mais prxima da americanapia, a que eu estava acostumado -, o ingls que estudo desde pequenopratiquei; em suma, dificuldades e testes de sobrevivncia. Mas a palcia aqui mesmo muito forte, pois embora passar pelo inverno glacie pelas nevascas de Montreal seja efetivamente sobreviver, adorei o C

    muito fcil e prazeroso. Fui muito bem recebido e tive muita sorte emlado pessoal quanto profissional.

    Passando o inverno, no difcil viver no Canad. Muito pelo consegura (no h a violncia quotidiana a que estamos expostos nas

    brasileiras), as coisas funcionam bem, as universidades so timas elonge de ser estressante, ainda mais na minha condio de pesquisadano sabtico oficialmente em ps-doutoramento. Meu tempo foi dituras, pesquisas, entrevistas e conversas com especialistas locais, escr

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    Carnet de Notes (http://andrelemos.info), apontando resultados empaperse congressos e andar, andar e andar. Anotei tudo que vi e prestaos fenmenos comunicacionais, tecnolgicos e locativos. Escrevi mue o livro que est em suas mos parte das minhas anotaes eletrnde Notes. Ele uma readaptao impressa do que escrevi e fotogr

    Este livro uma mostra de textos e imagens sobre as cidades por onas coisas que gostei e tambm sobre as que no gostei, sobre as questpeito da comunicao, as novas tecnologias, a mobilidade, o espao,Caderno de Viagens tem como base o Canad e as cidades de Edmononde morei, mas tambm flerta com outras cidades canadenses (com

    Qubec e Toronto) e algumas cidades europias que visitei no perodFaro e Sevilha).

    Acredito que este livro possa ser de interesse para estudantes de coquisadores, flneurs, visitantes presentes e futuros do Canad, ou mes

    primeira hora e tambm amantes da fotografia. O texto importa, mas gens. Estas tm vida prpria e no so mero suporte dos textos. O livrum passeio por lugares, formas comunicacionais e tecnologias digitairio de viagem, mostra a minha viso do estrangeiro, essa figura exemp

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    (como mostrou o socilogo alemo G. Simmel), vivendo a anomia eimerso na massa e a solido, vendo a cidade com um olhar espetacumeu percurso tentando criar o meu lugar, o meu kanata. Canad vekanata, que significa vila, village, ou settlement, povoamento, pquoian, Canad aquilo que funda um lugar. Este livro fruto da tenta

    meu Canad. Tudo se d na fundao do lugar. Aprendemos, socialisofremos..., sempre de forma locativa, aqui e agora.

    Andr Lemos

    Montreal, 20 de agosto de 2008.

    Salvador, maio de 2009

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    Prlogo

    trilogiAdotemPoedAdurAo

    Levei um tempo desde que cheguei e escrevi, j no Brasil, essa trilogo e sobre o ano que se inicia. Ela reflexo de vivncias nos lugaresentre setembro de 2007 e agosto de 2008. Essa reflexo se deu na in

    desadaptao ao Brasil e na iminncia de um novo ano que iniciava. derno de Viagem propondo um pensamento sobre a durao e sobre

    cronolgico, descontnuo e ilusrio.

    Durao 1a. Parte

    Tudo muda em 2009?

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    la chose et ltat ne sont que des instantans artificiellement pris sur la tran

    transition, seule naturellement exprimente, est la dure mme. Elle est mmoire

    mmoire personnelle, extrieure ce quelle retient, distincte dun pass dont

    la conservation; cest une mmoire intrieure au changement lui-mme, mmoirlavant dans laprs et les empche dtre de purs instantans apparaissant et

    dans un prsent qui renatrait sans cesse. Bergson, H., (Dure et simultanit

    1968)

    O ano comea e nada parece mudar. Olhamos para o lado e tudo estprdios, as pessoas, os vizinhos... Ligamos a TV e so os mesmos promas matrias, as mesmas notcias, os mesmos jornalistas, as mesmasmos para as propagandas polticas nas ruas e vemos sempre os meafirmarem a mesma coisa: que agora vai, que tudo ser diferente.

    prometemos novas aes, posturas, decises todos os anos, para ns

    mas temos sempre a sensao de estarmos nos repetindo, repetindoaqui frustrao, mas tambm um certo conforto. Nada muda realmentmos nada se, por exemplo, morrermos. Tudo continua na infindvel es2009 se apresenta como 2008, 2007, 2006..., sempre o mesmo.

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    Mas podemos dizer que, contra esse sentimento conformista ou pedana est sempre a, no fluxo das coisas, nos segundos que passam, ndeixa mais velhos a cada dia, nos pequenos passos que conseguimosa novas posturas (iluso?) diante do mundo, de ns mesmos e dos

    vemos isso nas grandes coisas (dada essa sensao de que tudo se re

    se estivermos atentos, tocar e ser tocados pelas pequenas e mnimade abertura ao novo que emergem - sabe-se l como - dos lentos inarrastam dentro do tempo descontnuo que passa. Este tenta sempre

    valos, chamando para si a ateno, colocando o peso nos grandes momtados em que baseamos a nossa existncia (amanh, s 18h, segunda-f

    descontnuo, ilusrio e frustrante (j que quando chega segunda-fei tampouco s 18h, ou mesmo amanh) tenta apagar o que pode emer

    manifestaes nfimas do que dura, nos intervalos quase imperceptvenantes, que agem como pequenas prolas inovadoras dentro desse tde Cronos. Talvez a fonte do princpio que principia, que quase nun

    no nos grandes intervalos marcantes das promessas que fazemos toser mais feliz, vamos viver em paz, vou mudar completamente a mi

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    comer e de respirar...), mas na durao, nos momentos que se arrastagundo e que nos permitem tocar sutilmente, porm substancialmente

    No devemos nos iludir. O que muda no visvel aos grandes olhobinculos, computadores ou telescpios, e nem est nos grandes proj

    (que nunca chegam). O que muda nunca chegar abruptamente pelo tdo calendrio ou da agenda, mas na lenta passagem entre os segunminutos e entre os minutos de todas as horas, na durao que se arrastante e outro, no fluir dos pequenos instantes que crescem e se dissolvS podemos acreditar na mudana de olhos fechados, na imobilidade

    Como diz Bergson, a durao essa multiplicidade de instantes pderna, s grandes marcaes temporais que insistimos em usar para

    sa vida em sociedade. A durao no o um ou o mltiplo, no (despedaado), nem um conjunto destes inmeros momentos retalhaligados artificialmente, mas a variao (multiplicidade) do um e do m

    teramos o que Bergson chama de um tempo fundamental, uma suceso que pode apontar para um futuro (uma mudana?), construindoranhado de instantes sem a artificial divisibilidade das horas que com

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    bam acol. Para Bergson, h duas multiplicidades: a numrica, que (e o tempo) e a qualitativa, que implica a durao (e a extenso). Qimersos apenas na dimenso numrica, a sensao de que nada mudtalvez, artificialmente. Quando vivemos a durao, percebemos as pcantes diferenas que parecem mudar ( nossa revelia) cada instante,

    como uma nova novidade. Se for assim, no vamos querer mais momos que perderemos coisas (novas?) a cada instante. 2009 s muda2008 se esquecermos essa marcao numrica e mergulharmos nos inda durao, se nos apegarmos a essa seqncia de nadas, a esses peququalitativos fora do rigor numrico das horas e dos grandes projet

    Se for assim (mas no h garantias!), dissolve-se at a prpria nsij que, diferente do que mostramos no primeiro pargrafo, tudo mud

    Um futuro poderia se preparar diluindo-se nas pequenas diferenas enpresente, o presente do presente e esse agora futuro do presente. Mas o

    nesse presente aglutinando passado, presente e futuro. Nessa duraoimperceptvel (por isso na maioria das vezes temos a impresso de quque muda pode se preparar. Mas no h mesmo nenhuma garantia. se deve matar a durao despercebida, engolida pelas dimenses

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    existncia quotidiana (- 13h aula, 17h, ginstica, 20h jantar...) que o (memrias, pensamentos e sentimentos que emergem quando no eum tempo vazio e outro, no nibus, dormindo, andando...). S na dutiplicidade qualitativa, e no no tempo descontnuo, numrico, dasfragmentadas do quotidiano, podemos perceber o que pode, efetivam

    diferena, mudar.

    Aparentemente paradoxal, na durao que tudo pode mudar. A decomposio do tempo, mas a possibilidade da emergncia do novoBergson). Mergulhados nesse lento fluir do tempo, a pergunta sobre

    2009 se dissolve. No fundo, no existe isso que chamamos de 200iluso numrica), mas a elstica qualidade da durao. Se no for assdonarmos esse 2009, viveremos para sempre no repetitivo retorno d

    rando um amanh que nunca chega.

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    Durao, 2a. Parte

    Terminando um livro interminvel (no bom sentido), O Passado,critor argentino Alan Pauls (comecei em meados de 2007, ainda no

    estou terminando agora em Salvador), leio este pargrafo que coloca a

    sofo (Bergson, acima) em estreita relao com a verdade do escritorachei a literatura uma forma eficaz e importante de compreenso dsociedade, da cultura), s vezes at mais do que as cincias sociais. M

    Vemos aqui como parece coincidir a argumentao filosfica de Bergso e a narrativa ficcional de Pauls. Por um lado ou pelo outro, essas l

    ajudar a compreender melhor o tempo e os mecanismos bastante comdanas, das duraes, das degradaes, da inrcia, das entropias... trechos de livros, principalmente de fico sentir essa sensao medo meu corpo um instrumento de uma outra voz, que poderia aqui sero que escreve Pauls:

    A inrcia no produz mudanas. No produz nada na verdade. No mx degradao, por exemplo, ou entropia. A mudana sim: a mudana p- inrcia, para dar um exemplo. E ento, quem se animaria a afirmar queentre o que muda e o que degrada, entre um sinal de alterao e outro de

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    uma diferena real? (...) No entanto, como toda fora sem motor, a ina movimentos sub-reptcios, tremores que surgem, fazem-se sentir por umrecolhem-se ao silncio, at que o estmulo casual que os convocou se reaparecem, num ciclo cujas seqncias, tomadas cada uma em si mesmmente, nunca chegam a mudar o mundo que afetam, mas deixam nele, recos de um murmrio em que, com bons ouvidos, se l a lembrana ou uma mudana. Assim, como o viajante indolente que dorme no convs d

    de repente acorda, golpeado por uma luz ou pelo grito de um pssaro, e e, no desconcerto do despertar, ao mesmo tempo que reconhece o quehorizonte infinito, o cu, pensa ver algo que mudou, algo sutil, mas indedepois, ao pr-se de p e vacilar, descobre a inclinao do piso do convende que o que mudara na paisagem no estava na paisagem, mas nesqual contemplava, agora afetado por uma nova instabilidade, induzida pelano se lembrava de ter sentido ao adormecer, assim Rmini teve a impressmomento, de que esse estar ali para Nancy, por sua mera obstinao, uma certa inclinao, um deslizamento que ameaava comunic-lo com

    (SP, Cosac Naify, 2007, p. 376)

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    Tarde de inrcia bastantetransformadora no

    Parc La Fontaineem Montreal,

    2008

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    Durao, Parte 3

    Fechando a trilogia sobre o tempo e a durao, deixo mais uma agora de William Faulkner em Palmeiras Selvagens. Neste excerto,

    a irrealidade do tempo ou a sua iluso, reforando a nfase na dura

    do eco e acrescentando elementos ao que foi colocado anteriormentedessa digresso sobre o tempo, aparece a nossa existncia, como passmicrotemporais entre um passado, presente e futuro, amalgamados ne ser. Vejam o que diz Faulkner:

    Eu estava fora do tempo. Ainda estava ligado a ele, apoiado por ele no espest desde quando havia um no-voc para se tornar voc e se estar atfim para o no-voc, graas exclusivamente ao qual voc pde existir uma imortalidade -, apoiado por ele mas tudo, apenas nele, no condutivo

    dal isolado, pelos prprios ps duros e no condutivos e mortos, do fio dea corrente do tempo que corre pelo ato de lembrar, que existe apenas e

    pouco de realidade (aprendi isso tambm) que conhecemos, ou ento ncoisa que chamamos tempo. Voc sabe: Eu no era. Ento eu sou, e o teretroativo, era e ser. Ento eu era e portanto no sou e assim o tempo n(...) aquela condio, fato, que na verdade no existe exceto no instante sabe que a est perdendo (...) a solido, voc sabe. Voc precisa saltar

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    solido e pode suportar apenas este tanto de solido e ainda viver, como aE por esses um ou dois segundos voc estar absolutamente s: no antee no depois de no ser, porque nessas horas voc nunca est sozinho;dos casos voc est seguro e acompanhado num anonimato infindo e inexdo p para o p; no outro, dos vermes fervilhantes para os vermes fervilhaFaulkner, Palmeiras Selvagens, p. 123, Cosac&Naif, 2003).

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    edmonton

    SegundA, 03 deSetembrode2007Me preparo para ir para Edmonton, capital do Estado de Alberta, o

    Tenho certeza de que gostarei do pas. No Canad, as tenses identitroferecem algo de vivo e dinmico; a dimenso e a natureza do pas, dealm da simpatia e receptividade do povo canadense, me fazem pens

    que para o Canad que eu devo mesmo ir, e assim ser. Graas a doe parceiros de trabalho, Rob Shields e Juremir Machado da Silva, qna formalizao dessa visita, estou agora preparando minha viagem onde ficarei. Farei meu ps-doutoramento na Universidade de Alberdo uma pesquisa sobre mdias locativas, comunicao, espacializao

    parte do grupo Space and Culture do Departamento de Sociologia de Alberta.

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    J comeo a colher informaes sobre a cidade. Edmonton a sextaCanad e capital do estado de Alberta. Como estou pesquisando o temamveis, busco informaes sobre as redes de acesso sem fio interneque Edmonton planeja expandir o acesso rede sem fio aos seus cidamatria, City plans to expand wireless web service, doEdmonton J

    cipalidade pretende ampliar as zonas de acesso e criar mapas interativhotspotsda cidade.

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    Amanhecer em Edmonton,Outono de 2007

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    domingo, 14 deoutubrode2007

    Passado um ms esperando o visto, estou finalmente viajando amanve uma demora incrvel na liberao dos vistos (exames mdicos de

    tudo sai do Brasil, vai a Trinidad e Tobago e volta ao Brasil, partindo d

    Paulo). Vou trabalhar diretamente com o professor Rob Shields (comlongo intercmbio acadmico desde 1995, quando o conheci em Paris, doutoramento). Colaboramos nessa ocasio no livro Cultures of Inter1996) no qual escrevi um captulo sobre o Minitel, sistema de telete

    internet. Em 2007, Rob passou 7 meses conosco como professor visde Pesquisa em Cibercidade (GPC) do Programa de Ps-Graduao ee Cultura Contemporneas da Faculdade de Comunicao da UFBA. Cdores do grupo de pesquisa Space and Culture, pretendo dar continu

    sas sobre novas tecnologias de comunicao, cibercultura, mdias locainformacionais, mobilidade e espao urbano. Vou escrever, ler, dar adas atividades do grupo, alm de ir a congressos na rea pelo Canad,

    H alguns meses venho buscando informaes sobre a cidade e me a mudana e, principalmente, para o frio extremo do inverno (algo em

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    graus em mdia). Sei o que o frio da Europa, da Frana, mas isso uda Imaginao. A internet ajuda muito nesse processo, no s para acomo para manter o contato com o Brasil. Quando fui para Paris, emdoutoramento, no havia internet; as notcias do Brasil eram raras e por correio ou telefone (ou pelas pouqussimas notcias na mdia loc

    a rede planetria, j at aluguei um apartamento pela craiglist e tetimas dicas nos blogs e sites. De fato, as informaes mais especficaencontrei mesmo nos blogs, como o brasileiro Tapioca Congelada, nalm de outras coisas, que h uma Associao Comunitria Brasileirsite tem vrias informaes teis, com dicas preciosas. H tambm o

    outros blogsmuito bons, como o Edmonton Blog, o Edmonton Re o portal City of Edmonton, entre outros. Aprendi que foi nessa rmes Brokeback Mountain (2005) e Legends of the Fall (1994) forah bons festivais de blues e jazz, interessantes museus, bons restaurWhyte Avenue, um bairro antigo e agitado, o Old Strathcona,alm de

    pblico mas que, infelizmente, bom ter um carro.

    Para a minha pesquisa, estou buscando aprofundar o conceito de macional, ou seja, zonas de controle de informao eletrnica nos lug

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    processo cria novas formas de espacializao (produo social do espnitorado a expanso das redes sem fio, dos telefones celulares e de tgias e servios baseados em localizao no mundo e, particularmente,Edmonton. J localizei algumas redes Wi-Fi com mais de 60 hotspo

    Alberta. Embora a cidade no tenha planos imediatos para se tornar

    fio (projetos similares aos das atuais cidades digitais), h algumasressantes. A mais substancial a da Universidade de Alberta, que quem todo o campus redes Wi-Fi at 2008. Estou mapeando os projetosas discusses, principalmente da Edmontons Next Generation (essesenvolver redes Wi-Fi e pensar o futuro da cidade) e no seu blog, o W

    Espero tambm ter a oportunidade de visitar o Banff Centre, um dtantes em arte e tecnologia do Canad e do mundo, em Banff, cidadeRochosas prxima a Edmonton.

    Acabo de saber, tambm pela internet, que para ter uma conexo d

    25MB!!!!) mais TV a cabo, em casa, devo pagar algo em torno de CAD que pago aqui para 600kb/s mais a Sky), e que a regio foi, muito tempque de dinossauros. Edmonton tem um dos maiores complexos de codo mundo, o West Edmonton Mall, considerado o maior do mundo,

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    por todo o gigantesco empreendimento. No excelente blog MasterMaque voltou para a cidade em 1998, podemos ter uma ideia mais precis

    Edmonton is the sixth largest metropolitan region in Canada according to tsus, with a population of 1,034,945. It is also the northernmost North Amea metropolitan population over 1 million. The population density of the Edmis just 109.9 persions per square km. This is half the population density oregion, 1/7 of the Vancouver region, 1/8th of the Montreal region, 1/2 the Oand 1/8th of the Toronto region.

    Edmonton is home to West Edmonton Mall, North Americas largest shoppthe third largest in the world. WEM also holds the world record for the largEdmonton receives 2,289 hours of sunlight each year, making it one of Cniest cities.

    There are more than 60,000 full time post-secondary students s tudying at

    Edmonton area. A very impressive 66,000 new jobs are projected to be cEdmonton region between 2006 and 2010. Edmonton did not make the 200expensive cities in which to live (the list contained 150 cities). Calgary, Varonto, Ottawa, and Montreal all made the list. Edmonton was named the Cuof Canada for the year 2007. The annual Fringe festival is the largest alternevent in North America.

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    Edmontons 60,000-plus elm trees make up the largest concentration ofelm trees in the world. Alberta is North Americas only rat free area (not inclritories). Edmonton has 225 kilometers of designated bikeways, and 41 oto walk with your dog. The River Valley park system is the longest urban

    America, 21.7 times larger than New York s Central Park.

    Edmonton is home to five professional sports franchises, including the ve

    Edmonton Oilers and Edmonton Eskimos. Air quality in Edmonton is ratedbest level) at least 90% of the time for any given year. Edmonton leads effective waste management. For example, the citys curbside recycling reduced by 60% the waste sent to landfills.

    Edmonton is down right beautiful at times, as you can see in the thousansands of photos available at Flickr.

    A partir dos prximos dias estarei postando diretamente de Edmon

    cias, falando das minhas impresses da cidade e mostrando o andame

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    QuintA, 18 deoutubrode2007

    Cheguei. H dois dias no Canad, tenho praticamente tudo resolvina com uma eficincia inacreditvel. No dia em que cheguei, saindo d

    com Rob ao supermercado, depois abri uma conta no banco. Rpido eNo dia seguinte, fiz o seguro sade, vi meu escritrio na Universidade

    ID cardsda Universidade. No mesmo dia, j tinha, no apartamento, e no 25 por escolha minha), telefone, luz, TV a cabo, tudo. Obviamseria possvel sem a ajuda e a disponibilidade absoluta de Rob Shield

    departamento de sociologia, que me recebeu de forma muito amigve

    Edmonton uma cidade plana nas pradarias canadenses, com bperto. Os grandes carros dominam a paisagem. Com exceo do centro

    cortada de norte a sul por ruas e de leste a oeste por avenidas todas,numeradas, o que faz a localizao ser muito fcil, embora no haja ocom nomes. Bairros residenciais com casas preenchem a paisagem. Poruas, poucos nibus, e difcil ver os txis. Assustei-me ao andar na por vrias ruas do meu bairro, mas s cruzei pouqussimas pessoas n uma ou duas, para ser mais preciso, em 30 minutos de caminhada

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    dade tem mais movimento, vrios cafs, livrarias, servios gerais, shopprdios altos de arquitetura moderna e um certo nervosismo com o

    bancos e das instituies financeiras. O domnio da praa central, a C

    A Universidade de Alberta no fica longe, e possvel ir de metr o

    conjuno dos dois. Um ticket de CAD $ 2,75 vale para qualquer trajet

    ras. So apenas duas estaes do centro. Da minha casa, tenho que pedepois o metr. Em 30 minutos estou l. A universidade pulsante, teestrutura e organizao. O HUB, estrutura central que mais parece umas residncias dos estudantes com servios gerais, alm dos diversos

    e faculdades. Tudo feito para transitar por dentro dos prdios. Agorsentido, j que a temperatura est amena, mas d para compreender anas e fechadas por causa das extremas temperaturas. No ano passado

    O frio ainda no chegou e os dias esto belssimos, um cu azul prola

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    domingo, 21 deoutubrode2007

    Aqui em Edmonton circulam vrios jornais gratuitos distribudos ecam no meio da rua. H tambm os pagos, que voc compra com moed

    cas de jornais, s livrarias, que tm reas para revistas. Os jornais grabons, com a programao cultural da semana e matrias sobre a cidteressantes so o See, 24hours e o VueWeekly. H uma forte imdente que consegue manter essas publicaes circulando livremente eNo h nada parecido no Brasil. Hoje peguei o Metro e vi uma foto

    me chamou a ateno. Trata-se de uma entrevista tipo ping-pong pa democracia. A pergunta Why democracy?. O Metro e a CBC (gige radio pblica Canadense, no modelo da BBC, de longe a melhor em jlocal) esto fazendo esse ping-pong com 10 pessoas famosas. J passa

    tes Vivienne Westwood, Boutros Boutros-Ghali, Jesse Jackson, MBjorn Ulvaeus, Daniel Libeskind, Ken Loach e Naomi Klein. Para Pelgunta foi: Who would you vote for as president of the world?. Pel

    president of the world for who Id vote is God, no question. Ele s noseria, se o dos catlicos, dos muulmanos, dos judeus, hindus, budisto que se entende por democracia pode variar bastante.

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    Escada para a Ravine, Edmonton, Canad, Outubro de 2007,depois da visita ao Museu de Histria Natural de Edmonton.

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    terA, 30 deoutubrode2007

    Ainda sem computador, comeo a trabalhar efetivamente, e mais na pesquisa. A Universidade de Alberta (UA) tem uma excelente bibl

    rece todas as condies de pesquisa. S para se ter uma ideia, em mpesquisa em suas bases de dados on-line, tanto de material on-line,disponveis nas prateleiras, de casa. Reservei tudo pela rede e comecediversas bibliotecas do Campus. A coisa funciona assim: depois de uinternet, os livros ficam com uma etiqueta com meu nome em uma p

    l, pego o livro, coloco-o em um sistema automtico de emprstimo, p(One Card, que serve para toda a universidade e pode ser at cartoe estou liberado. Quantos posso pegar? Quantos quiser. Quando a bibta? Todos os dias (s fecha no natal). Quanto tempo posso ficar com

    renovando sempre que quiser. Se algum solicita o livro, eu recebo uma devoluo para evitar uma renovao. Uma fantstica estrutura. Parnotonia, saio de casa e vou trabalhar na biblioteca. Achei tudo o que pcom mais de 20 livros me esperando. Tenho lido muito e isso me faznosso trabalho de pesquisador e escritor exige tempo de maturao e

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    d h d h fl

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    tendo esse tempo e tenho avanado muito nas minhas reflexes. Paratrabalhando com os seguintes livros:

    View from Nowhere, de Thomas Nagel, filosofia, sobre a nossa codo, nossa posio diante das coisas e os limites e tenses entre a ob

    identifica assim o real) e a subjetividade, que no pode ser destacada

    tiva de ver o mundo. Acabei de ler Mobile Technologies of the CityMimi Sheller, uma organizao com vrios artigos interessantes sobremobilidade, vigilncia, redes Wi-Fi... Estou com o vol. 1, n. 1 da rev(Routledge) com artigos que tratam da mobilidade social, neo-noma

    games, entre outros temas sobre a mobilidade. Comecei tambm o clsCultural Mobility, de Sorokin, e estou formulando melhor a noo da ajuda do bsico, mas muito interessante, Territory, a short introdu

    Delaney. Os outros livros esto na minha sala noSpace and Culturentempo, estou escrevendo e o plano sair com um livro sobre o assunt

    para variar e no perder o hbito, leio o ultimo romance do britnicoTomorrow, e estou no meio de O Passado, de Alan Pauls.

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    Mi h i b d bilid d d i i i

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    Minha pesquisa sobre a questo da mobilidade, dos territrios idas mdias locativas em interface com processos sociais e comunicacisenvolvido uma reflexo sobre esse tema nos meus ltimos artigos (httinfo/artigos/artigos.html) e o objetivo aprofundar a discusso aqui nlar, bluetooth, etiquetas RFID, redes Wi-Fi, GPS, wirelessgames, etc.

    pio. Minha preocupao estudar como essas tecnologias redefinem territrios, as cidades e a comunicao na atual fase da cibercultura. Fuma dessas ltimas leituras, um novo campo de investigao que sermedia studies ou cybermobilities. Acho que estou efetivamente trrea de interesse. Comecei tambm a fazer ensaios fotogrficos sobre

    territrios que encontramos no dia a dia em Edmonton. Meu objetivoem primeiro lugar, ilustrar as minhas ideias e, em segundo, ajudar a co

    Fronteiras definem territrios. Fronteiras fsicas delimitam o territsim como as novas fronteiras eletrnicas indicam territrios informa

    minha tese de fundo. Temos hoje senhas de acesso, as formas eletrnterritrios informacionais com novas formas de vigilncia, monitorale. Territrios so zonas de controle de fronteiras atravs dos quais afluxos se exercem (em diferentes velocidades, formas de acesso, poder

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    f d t l d bilid d d fl l t it i

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    e a forma de controle dessa mobilidade e dos fluxos pelos territrios chamar de vigilncia, monitoramento, controle: cdigos de acesso emeletrnicos do metr, senhas para internet etc. so barreiras de acessopecficos, tanto em territrios fsicos, como eletrnicos (automatizadotwareque escrevem a cidade, sem interveno humana, projetivo,

    falar em territorialidades simblicas como a cultura, a poltica, a relAssim, pensar territrio pensar mobilidade e fluxo e pensar tamde controle e vigilncia. Tudo est diretamente interligado (aqui, a tea saber, a de atores-rede, pode ajudar a compreender este novo fenPara pensar a mobilidade e os fluxos comunicacionais, devemos leva

    apenas as territorialidades fsicas, mas as novas formas de territoriaca, potencializadas pelas tecnologias e dispositivos de comunicao, massmediae chegando hoje a uma radicalidade maior com o que ven

    mdias de funo ps-massiva.

    Tem sido interessante tambm pensar mobilidade, territrio infortrole de fronteiras em meio a minha nova situao: preso em diversaEdmonton uma cidade ampla, plana, com uma baixa densidade pocheia de centros comerciais onde o que poderamos chamar de espa

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    i bli fi Ti d t d id d h

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    mi-pblico, se configura. Tirando o centro da cidade, s h mesmo pescomerciais. A paisagem aqui formada pelas muitas casas, alguns prwn, ruas e avenidas numeradas em cortes simtricos, tendo o horizonum cu azul brilhante e automveis que passam, param e seguem. Ecidade onde o automvel cria, inscreve e desfaz os lugares. Pensar t

    mento e lugar aqui s faz sentido se pensarmos como o carro se configde leitura e apropriao da cidade. com o carro que os edmontoniadade. O carro aqui o softwaree o hardwarede inscrio da cidadepblicos (nibus e metr) e poucos txis. Os nibus so uma opo, j

    bem servida, funciona, e eles so rigorosamente pontuais, mas parece

    mesmo pelo carro, e no so simples carros, mas big trucks. Essa aplcita de mobilidade por aqui. Ao menos aos meus olhos, ainda estrates. Praticamente no h metr, apenas uma nica linha que no cob

    com 5 estaes. Dei sorte, j que tenho um ponto de nibus na portaleva a uma estao de metr, e desta chego a Universidade. No h t

    voc pode comprar cartelas no metr, que servem, obviamente, para ao todo, 35 minutos. De carro levaria 10 min.

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    J vemos aqui formas (poderes) e mobilidades diferentes institui

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    J vemos aqui formas (poderes) e mobilidades diferentes instituientre mobilidade e imobilidade. Estou pensando as mdias, a cidade(meu objeto de pesquisa) estando, em vrios sentidos, imvel, ou comdade. Para Deleuze, a desterritorializao, a mobilidade total se d comNeste sentido, com tempo, calma e focado, estou bastante mvel, p

    tempo a pensar meu objeto de pesquisa. Mas tenho diversas limitaeEstou limitado na minha movimentao por no ter um carro (ir ao uma aventura), estou limitado tambm por no conhecer ainda os c(territrio identitrio), estou limitado na minha habilidade discursivtou completamente mvel na lngua (territrio lingstico), estou lim

    condio de estrangeiro, estou tambm sem celular e sem o meu lainformacional), tendo assim pouca mobilidade informacional. Pretencriar condies para me locomover melhor em todos esses domnios

    mo curto prazo. No entanto, seria possvel pensar a mobilidade em plNo seria a imobilidade, ou um limite da mobilidade plena, uma cond

    tal para pensar o seu oposto?

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    SbAdo 03 de novembro de 2007

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    SbAdo, 03 denovembrode2007

    Est acontecendo aqui, de 1 a 4 de novembro, o Global Vision Fesde vrias partes do mundo. O tema central direitos humanos, a b

    o pacifismo e o meio ambiente. Assisti hoje dois filmes canadensesvi: Aboriginality, de Dominique Keller, e Place Between, de CurAmbos me remeteram a questes territoriais e vou resenh-los rapid

    Os dois filmes falam, cada um ao seu modo, de fronteiras, de limit

    territrios culturais e identitrios. O primeiro filme uma animamuito bem realizada, mostrando um garoto assistindo a um clipe cantor um aborgine. Como que por mgica, o garoto transportadda TV para o mundo do aborgine. Ele espreita na mata o guerreiro

    sua musica ancestral. A tela da TV aqui um portal que envia o teleslimites da cultura, fundindo tradio e modernidade, mostrando o ado hip hop (uma forma de atualizao de sua musica ancestral) e, daborgine em sua terra natal, cantando para os deuses. Vemos claram

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    ras dos territrios culturais da magia ao moderno do canto ancestra

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    ras dos territrios culturais, da magia ao moderno, do canto ancestracultura pop e do videoclipe.

    O segundo filme a busca do autor para reencontrar sua famlia eidentidade, em uma viagem para compreender a sua condio no m

    adoo por uma famlia americana. De origem indgena canadense, o a

    com 7 anos por uma famlia americana, j que sua me estava envolvimo (a relao ndios e alcoolismo parece ser mesmo um problema glocondies de cri-lo nem ele nem seu irmo, que tambm fora adotaca tinha quatro anos. O autor organiza um encontro das duas famlia

    no Canad. O filme intercala imagens externas com imagens mais sautor faz com sua cmera porttil. Apesar de todas as dores, o filme memocionante das famlias, coordenado por uma espcie de xam loc

    autor busca reconstruir seu territrio subjetivo, sua identidade, passeain betweende sua condio de ndio, canadense e americano. Ele bus

    sua origem e seu futuro nessa fronteira entre a famlia de sangue e aque se reencontram para criar um territrio, nesse lugar intermedir

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    SbAdo, 0novembro

    Ao lado umacesso Wi-Fi

    A maioria do

    gs e hotis ofemas medianum provedordo no centroanunciando

    blico na ChNo vi ningu

    frio mesmomas parece hforo da cidad

    Rede Wi-Fi pblica e livre naChurchil Square, centro de

    Edmonton, Outono 2007

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    QuArtA 07 de novembro de 2007

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    QuArtA, 07 denovembrode2007

    Salvador, Capital Cultural Global

    Alguns rpidos comentrios sobre a palestra de Rob Shields hoje spitais Culturais Globais, o caso de Salvador, no Art Building da U

    berta. O argumento mais interessante desenvolvido por Shields foi aque seriam cidades globais. Muitos autores contemporneos identiglobais (NY, Tquio, Londres) a partir do fluxo financeiro, informacide instalao de companhias globais (Sassen). Embora estes princpipre atrelados a dinmicas sociais e culturais (no podemos dizer que

    Londres no sejam capitais culturais globais), pode-se levantar a hippossvel pensar em capitais culturais globais sem que as mesmas tenh

    mente, a presena pesada de fluxos (financeiros, cientficos, informapresas globais. Este ponto interessante e mereceria mais investigapensar, segundo Shields, em Viena, Buenos Aires, Moscou, Machu Pic

    mos. Shields tentou, a partir da, discutir a posio de Salvador, identimo tempo, traos de globalizao cultural e problemas de posicionam

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    em relao aos padres de globalizao. A discusso foi interessante,

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    p g b ,por Salvador, de alguma forma, parecer recusar participar dessa dinm

    bora os governantes e fazedores de poltica queiram isso a todo custoa cultura, a sociedade, o turismo, a economia etc.). H algumas evidde interesse, digamos assim, para entrar na globalizao: no h turis

    global, os servios so ruins, o transporte deficiente, muita violnciano se fala ingls, no se encontram muitas informaes em outras lnachar, por exemplo, na Casa de Jorge Amado, livros do prprio em inisso se d pela mistura de narcisismo e provincianismo do baiano, qu

    j se acha no centro do mundo, o bero mesmo da globalizao: cidad

    baiano no nasce, estreia, e outros clichs do gnero. H tambm o la(embora involuntria) em participar desse padro de globalizao. contra-cultural, no caso, contra os padres da globalizao: a cultura

    j que tem a melhor comida, a melhor msica, as melhores praias... me limitei a apreciar, como brasileiro e morador de Salvador, a curio

    global de estrangeiros sobre a nossa cidade (viso totalmente legtideira, na minha opinio). Aproveitei para curtir o espetculo de estanorte, em Edmonton, a 2 graus com um cu cinza, cercado por canad

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    russos, ouvindo Rob falar de candombl, do sol, das praias, do acara

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    , , , p ,dos orixs... Uma delcia! Eles viam Salvador de forma ex-tica... e, deu os via! E isso no tem nada de depreciativo. Um bom papo e uma bme fizeram pensar no que pode significar casa, lar, territrio!

    SbAdo, 10 denovembrode2007

    Passei o dia todo no Art and Science Symposium. As discussescansaram, mas a tarde foi bem legal. Primeiro houve uma discusso sotangvel e do intangvel, do atual, do virtual, da materialidade, da im

    pois, fui at a minha sala na Universidade e cruzei com duas coisas estrum cartaz no ponto de nibus avisando que acharam um iPod... Para

    pois me deparei com algo branco brilhando no asfalto, e, chegando mera isto. E, para relaxar, fui ver um Andy Warhol naAlberta Art Galesobre aPop Art. Depois, voltando para casa, desci do nibus bem antefui andando pela interessante 124th Street (vrios restaurantes gregos

    uma loja especialista em quadrinhos em um shopping comercial). And

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    rei c

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    ganuma

    j Ont

    ciasumadimcia apara

    figo avest

    corrCida

    Creamalimentandoo asfalto!

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    Anotaes Urbanas em Edmonton

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    No centro da cidade, saindo da minha aula de ingls, anotaes urmes, territorializao no espao pblico.

    ArteurbananasruasdeEdmonton

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    domingo, 25 denovembrode2007

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    , 5 7

    Passando o primeiro ms aqui em Edmonton, ainda no me sinto para fazer anlises mais profundas sobre a cidade, sobre as formas de

    espao e o uso das tecnologias. Mas algo tem me chamado a atenosegurana. Tudo gira em torno disso: dirigir, atravessar a rua, compra

    usar o computador, tudo... A palavra segurana aparece freqentempublicitrias, refletindo mesmo o estado das coisas por aqui, e mesmdo chama-se Safeway (embora seja britnico). A pr-ocupao (j

    segurana de alguma forma estar sempre no futuro) s vezes me inmesmo a sentir falta e apreciar a nossa (brasileira) completa vivnciano presente urgente, sem qualquer garantia de segurana, se arriscan

    Vejam s o paradoxo. Ns, que temos violncia, ausncia completa ou

    dro de qualidade em objetos, mquinas e mesmo alimentos, no nmuito com a segurana. Aqui em Edmonton, onde o ndice de criminsimo e os padres de qualidade altssimos, h uma verdadeira paranesse tema.

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    Lendo o jornal gratuito e culturalSee,deparo-me com uma matria s

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    acesso de pessoas em bares. Agora, para entrar em alguns estabelecimerio o scanning dos documentos de identidade com o sistema BarLincomo sempre, entre o limite legal da exigncia e a segurana. Parece sinformao pessoal para entrar em um bar e tomar uma cerveja. Bom,

    a exigncia seria mesmo ilegal, j que ningum deve ser obrigado a for

    de famlia, identidade e um documento para passar em um scannerqudados em bancos de dados ligados polcia. Claro, pode-se pedir parapessoas para entrar, para evitar a entrada de menores. Dizem que, spossvel pedir para tirar o seu nome do sistema, mandando um e-mail

    a empresa. A questo a segurana, e vrios depoimentos na matriaPor exemplo, a dona doPub Druid, naJasper Avenue- avenida que ccidade que no enfrenta problemas no seu estabelecimento, pensa no f

    because something hasnt happened doesnt mean something wont haemptive planning. Uma freqentadora de bares concorda e afirma qu

    enter a establishment that didnt have BarLink, because of safety controublemakers go to clubs that dont scan Ids.

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    Estou tocando nesse assunto porque essa questo central para a

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    territrios informacionais. Busco entender esses novos territriosespaos de lugar das cidades e o uso das tecnologias mveis e procedias locativas. Li recentemente o livro Human Territoriality: Its theo(Cambridge University Press, Cambridge, 1986) de Robert Sack, fu

    compreender a territorialidade humana. Penso que as novas formas de

    nico de pessoas e de objetos reforam a ideia de um territrio informado a privacidade e o anonimato. Sack diferencia, em primeiro lugar, a cterritorialidade humana daquela da vida animal. A humana seria intencativa, de historicidade aberta, criadora de instituies, abstrata e vin

    ccio do poder, sendo assim no apenas naturalmente motivada, noprincipalmente socially and geographically rooted. Para Sack, a termana uma powerful strategy to control people and things by con

    territorialidade humana um meio indispensvel para o exerccio doos nveis. A territorialidade humana a control over an area or spa

    conceived of and communicated. Territoriality in humans is best uspatial strategy to affect, influence, or control resources and peoplearea. Aqui em Edmonton, a obsesso pela segurana uma forma de a

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    ccio do controle (c

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    controle na mobilidgrado, de se sujeitarderes exercidos denritrios informacion assim social, pol

    e tecnolgica, se separar estes termda privacidade e dafortssima. Para tereontem, quando fui p

    biblioteca, vi os que rados para mim e f

    os outros livros na rando os outros usumente uma bibliote

    junto a mim e disspoderia ficar olhan

    Territorialidades Urbanas.Skatistas, no ultrapassem

    esse limite

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    que no poderiad

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    tando o que aesto pegando.

    j que s olhavaos nomes das pe

    servaram. Mas

    da privacidade to ameaados sequncia, fototrios, as borda

    que cerceiam mna cidade. Essesrecem fisicamen

    mente no nossoh os menos vi

    nicos-informaciAve. of Nations, Edmonton

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    QuArtA-feirA, 28 denovembrode2007

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    Pensar hoje temas como comunicao, espao, lugar e territrio tornacompreender o que est em jogo na interface atual entre vida social e esp

    diatizado pelas novas tecnologias digitais mveis. A relao do lugar compre foi problemtica, j que vrios estudos apontam para a tendncia das

    para a destruio das relaes sociais autnticas, do sentimento comunface... elas destruiriam assim o lugar, essa parte socialmente construglobalizao e as novas tecnologias do ciberespao estariam agora soterr

    mente o lugar. A mobilidade (de pessoas e de informao) ameaa o lugmajoritariamente visto como ponto de fixao, de enraizamento (podemTuan, Lefebvre, Harvey, Aug). Os fluxos apagam, destroem, enfraqueComo podemos pensar isso hoje, nas sociedades avanadas e na era dos

    informao, pessoas, mercadorias e capital?

    Os lugares s existem nesse movimento de fluxos, e isso sempre aconos lugares, em todas as pocas. Apenas uma viso mais nostlgica v o lucomunitrio, a casa, a famlia (muitos estudos culturais feministas questide lugar desenvolvida at meado dos anos 80). Os lugares so espaos

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    mados por diversas tenses e linhas de fluxo que os compem. Vejamb i d Ri V lh S l d d C b Ri d J

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    bairros do Rio Vermelho, em Salvador, de Copacabana, no Rio de JanMadalena, em So Paulo, apenas para citar o Brasil. Eles no so lude vnculo enraizado de uma comunidade, mas, pelo contrrio, ganlugar justamente por serem formados por uma mirade de tense

    nicao, entrecruzamentos corporais, sonoros, visuais, tnicos, sexua

    ra sejam fluxos diversos, criam efetivamente a ideia de um lugar, umdinmico. Embora fluxos, Copacabana, Rio Vermelho e Vila Madal

    j que constitudos por dinmicas sociais e histricas prprias. Podehiptese ainda, que as diversas experincias com as mdias locativas e

    vas significaes no espao urbano, produzindo novas e reforando ades, e no simplesmente as destruindo. Esse o interesse em se peninformacional como um territrio formado por fluxos eletrnicos e

    formas de territorializao que se enrazam em espaos sociais crianddo, consolidando lugares. Como afirma Pred, places are never fini

    becoming. Place is what takes place ceaselessly, what contributes tocific context through the creation and utilization of a physical setting

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    Os lugares (e diria mesmo tat ais) n nca esto finali ados

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    atuais) nunca esto finalizados,sados como diria Tuan, mas etenso entre virtualizao, a futo, o fluxo, e atualizao, a terr

    enraizamento. Ele sempre u

    mobilidades, de fluidez entre tenses em suas diversas terrlugar no a fixao do movimatualizao temporria de uma

    findvel que o transforma e o cevento (Escobar, Massey, Thponto. Aqui em Edmonton, v

    te esses entrecruzamentos na WJasper Avenueno centro da ci

    pontos perto da Ravine. As cituem nesse fluxo de tenses terdesterritorializantes.

    O lugar Old Strathconana White Avenue,

    Edmonton

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    Caf Dabbar, meu lugar naWhite Avenue, primeira

    neve em Edmonton

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    Fluxo na noiteo lugar mais din

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    terA, 04 dedezembrode2007

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    Derivas e GPS

    Pensar os lugares pensar a mobilidade e a dinmica dos fluxos

    testar algumas derivas com GPS e mapeamento dos meus percursoEarthe o Google Maps. Estou usando um GPS Data Logger, o WBT

    do tamanho ou menor que um Zippo, deve ter 6 x 2,5 cm) que colocsaio ando e ele registra meus passos. Ele ao mesmo tempo bssolalongitude, altura, direo, velocidade do deslocamento) e logger, isto do deslocamento. Depois, passo esses dados (pode ser em formato paGoogle Earthou outros) para o laptop (por bluetooth). Posso tambm tempo real com ele acoplado ao laptop(mas ainda no testei isso, po

    pas gratuitos daqui). Fiz algumas fotos do percurso (com uma Kodak Mcom oPhoto GPS Editor, indexei as fotos aos pontos e a est!

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    Abaixo o meu percurso da Universidade de Alberta para a White Avbus) e o histrico bairro de Old Strathcona com algumas fotos Es

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    bus), e o histrico bairro de Old Strathcona com algumas fotos. Esmapeado e geolocalizado para mim uma forma de conhecer melhcriar sentido neste lugar. No por acaso que inmeros projetos com

    vas utilizam escritas e desenhos com GPS. Os primeiros artistas usava

    GPS (em uma apropriao de uma tecnologia militar) para desenhar (

    do pioneiro Jeremy Wood, ou as derivas de alguns cidados noAmstede Esther Polak). Retornamos assim a praticas artsticas que buscamuma arte e criar sentido ao urbanismo racionalizante, como a deriva edos dadastas, surrealistas e situacionistas. Alguns projetos com as

    parecem estar em busca do urbanismo unitrio.

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    Ciberfhttp://cibe

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    Old Strathcona

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    SextA, 07 dedezembrode2007

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    Ontem no nibus, (aqui s 16h), muit

    tops, consoles de gcom ou sem GPS. S

    tinha um rapaz comum outro jogando nomes, uma mulher nusando o GPS no celu

    gui fotografar) e um tdo e-mail no Blackbermobilidade fsica qu

    em diante, lugares deformacional. nibus

    navios ou ferries seriterotopias por excelo termo de Michel Fomais adiante a este p

    Zo em Edmonton

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    QuintA, 13 dedezembrode2007

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    Q , 3 7

    Telus, World of Science,Edmonton

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    domingo, 15 dedezembrode2007

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    Snow Valley

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    QuArtA-feirA, 02 dejAneirode2008

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    H alguns meses na cidade de Edmonton posso afirmar que difco pblico onde reina o automvel e onde o frio coloca as pessoas se

    comerciais fechadas, circulando por pedways (passagens de pedestrchadas ou lugares subterrneos). Apesar disto, h na cidade vrios ho

    e nos centros comerciais), uma certa cultura dos games, algumas zoncelulares 3G e smartphones, mas a cidade est longe de ser uma em termos de cibercultura ou de socialidade tout court. Ontem, os

    bateram um recorde entraram para o Guinness em termos de sociaFoi criado um blog onde (apenas) 100 pessoas colocavam seus desejoem 2008, em 3 horas. A ideia discutir a localidade e divulgar a potde dos blogscomo ferramenta informativa e de sociabilidade.A ao

    categoria e, logo, um novo record.No entendi muito bem qual seria a operao foi feita para entrar no livro e incentivar os blogspor aqEdmonton Journal, Bloggers set world record to gain skills, mosfletindo sobre esta questo,postdo Space and Culture, Winter is Pta que, aqui em Edmonton, o espao pblico o ciberespao, j que os

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    discutem muito a cidade em fruns como o Connect2edmonton. VepostsnoSpace and Culture:

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    (...) But there is a further question - one may assume that Edmonton streets emptie

    being interconnected by overhead pedways reflect a lack of interest in the cities

    The paradox is that the public sphere is online: Edmontonians are the most vand opinionated population Ive ever encountered when it comes to the city and

    (R.Shields).

    QuintA-feirA, 03 dejAneirode2008

    Its gone three A.M. Its getting closer. Not tomorow, I cant play that trick on mlonger. Today, today: the soft drumming of the rain seems to be saying i t oveHapiness breeds hapiness: its as simple as that? Its not biology, but its thesoundest system of reproduction... (Graham Swi ft, Tomorrow, Random Hou

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    domingo, 06 dejAneirode2008

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    JasperLodge,

    apreciandoolagocongelado!

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    SbAdo, 12 dejAneirode2008

    D i di t h d J j d d i i i

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    Dois dias nas montanhas de Jasper ajudam a descomprimir: riocongelados, coiotes, renas, grutas..., realmente um lugar sublime, no s

    do termo. Paisagens que nos arrebatam em suas belezas e dimenso enosso verdadeiro lugar; um nada na imensido da natureza. Li uma

    Surfacing (1973), de Margaret Atwood, em que ela defende a tese deses se sentem vitimas da natureza. Aqui d para entender o que isso

    Vemos pequenas cristalizaes sociais, pequenos lugares onde o esp

    ameaador pela sua beleza radical reina. Sintomaticamente perdi meu

    A cidade de Jasper pequena, cravada no p das Montanhas Rochotica com toda a infraestrutura. Voltarei com certeza no vero para vepaisagem. Aqui foi um tempo de esqui, de conhecer o Maligne Cagn

    cestrais, de circular pela cidade e ver os animais, como renas. Dias mintenso, alguma neve e muita, muita alegria e contato ntimo com a nabaixo, lugares reescritos pelas prticas quotidianas, o andar como foo espao (Michel de Certeau).

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    InvenEm Jasper, pass

    seus pr

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    SegundA, 21 dejAneirode2008

    Mesmo no frio e com dificuldade de locomoo fiz muitas flneries

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    Mesmo no frio e com dificuldade de locomoo, fiz muitasflneries

    Saa andando independente do tempo l fora. As fotos abaixo mostalgumas caminhadas.

    Cemitrio, Edmonton

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    Cemitrio, Edmonton

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    Paisagem sublime com a Luaem Edmonton

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    domingo, 27 dejAneirode2008

    Inverno rigoroso frio glacial Da minha janela j no se veem mais

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    Inverno rigoroso, frio glacial. Da minha janela, j no se veem mais

    jardim, da calada e da pista. Chegando a -43oC com o Wind Chill.

    Vista da janela

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    SegundA, 28 dejAneirode2008

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    Falling Man

    Estou lendo o novo livro de Don DeLillo, Falling Man (NY, Scribn

    os acontecimentos do 11 de setembro. interessante como o livro paque vira uma histria publicada em uma revista, que se desdobra em

    e que agora personalizada em um artista-performer fictcio homnDeLillo. Recursividade multimiditica: Fato - Foto - Ensaio para revismentrio TV - Romance. Ser possvel assim digerir o acontecimento

    Explico. Inicialmente, Falling Man o ttulo de um ensaio publEsquire a partir da fotografia de Richard Drew, tirada em 11 de sete

    A foto de um homem se jogando do WTC em chamas foi considerada crstica e, posteriormente, boicotada pela imprensa americana. Essa imda Esquire, deram origem a um documentrio para a TV, o 9/11: Thde Henry Singer (2006). Agora, Don DeLillo vai adiante e desdobra oseu novo romance. Ele cria o artista performtico FallingMan que s

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    bea para baixo nas ruas de Manhattan para chamar a ateno sobre aatiraram das torres em chamas como um homem aranha: Shed heaformance artist known as Falling Man Hed appeared several times

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    formance artist known as Falling Man. He d appeared several timesunannounced, in various parts of the city, suspended from one or analways upside down, wearing a suit, a tie and dress shoes... (p. 33).

    Esse o primeiro romance que leio sobre o 9/11 (li o Brooklyn FAuster, que toca no assunto, mas no de forma to direta quanto o Dcria uma personagem que simboliza a vertigem desse incio de sculo o signo do desmoronamento, do terrorismo global e do medo do futu

    curto circuito entre os fatos e as diversas modalidades miditicas quproduzem o real (o fato, a TV, a foto, o ensaio, o documentrio, o romasabe, fornecer releituras da realidade que possam criar sentidos. Em Ftamos no centro dos acontecimentos, em meio a poeiras e fumaas que

    ver claramente o futuro.

    - What is next? Dont you ask yourself? Not only next month. Years to com

    - Nothing is next. There is no next. This was next. Eight years ago they plain one of the towers. Nobody said whats next. This was next. The time twhen theres no reason to be afraid. Too late now.

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    terA, 29 dejAneirode2008

    Passei hoje o dia trabalhando com alguns livros sobre a questo do l

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    j g qe das relaes sociais. Revi, a partir de uma bibliografia mais atual sob

    Sense of Place, de Joshua Meyrowitz (tinha lido em 1993), que retosituacionista de Goffman e cruza com a teoria das mdias de McLuha

    novos comportamentos sociais em relao evoluo das mdias elestou falando em territrio informacional e territorializao, voutrrio dos que pensam que o lugar perde sentido e que as cidades vira

    informacionais desprovidas de sociabilidade. Estou trabalhando novendo formas de localizao, territorializao e controle informacescreve basicamente sobre a televiso e a cultura impressa para comcomo as mdias eletrnicas (a TV, o rdio, os computadores - ele colomo saco) modificam as relaes espaciais, alterando padres de com

    discusso me til para pensar as mdias locativas. Sua compreenparece hoje equivocada (melhor do que falar em no sense of place, sense of place). Bom, o livro de 1985, antes da popularizao da i

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    antes do impacto das tecnologias mveis e do surgimento de novas temporais.

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    Escrevi algumas pginas sobre o tema tendo como companheiros EMcLuhan. Sem saber, os fantasmas estavam bem aqui perto. Tomo co

    temperatura e vento glaciais, para um caf com Rob Shields no centroversvamos sobre minhas leituras e, ao mesmo tempo, navegvamos eGPS, pelo Google Maps, quando ele me diz que a duas quadras de onsitua o lugar onde McLuhan nasceu, e que Goffman tambm nascera aton (na realidade Goffman nasceu em Manville, aqui prximo). Minh

    levou surpresa, j que ambos me fizeram companhia nesta manh Perguntei se havia alguma placa e a resposta foi negativa. No h nendo lugar de nascena de dois dos mais importantes pensadores da somunicao contemporneas (bom, parece que h agora um projeto pa

    ca virtual seja indexada aos locais no futuro). Interessante ver comode uma cidade podem ser esquecidas. Talvez seja tambm sintomno tenham nomes, elas so apenas nmeros, como se no houvesse hlegtimos ou forjados, para serem lembrados. Curioso tambm conscidade onde prevalecem os grandes espaos vazios, a circulao aut

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    frio intenso possa ter gerado dois acadmicos que vo justamente peda comunicao e as relaes face a face, a microsociologia do quotidfrio e vazio ganhou para mim a new sense of place!

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    g p f p

    domingo, 03 defevereirode2008

    Fronteiras

    Ontem, andando em Old Strathcona, encontro uma pequena reuniblica contra a ocupao da faixa de Gaza. Algumas faixas, pessoas suque, um lindo cu azul e um frio de rachar... Remisso questo do lurios, das fronteiras, do espao pblico, das faixas... Veja a foto acima.

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    SegundA, 04 defevereirode2008

    Para comear a semana: Os factos s so verdadeiros depois de

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    dos.Crena de Tizangara no divertido e sarcstico O ltimo vo do F

    Couto (Cia das Letras, 2000).

    QuArtA, 06 defevereirode2008

    Nano World!

    Visitei hoje o National Institute for Nanotechnology. Vejam os duma dimenso da coisa: the $52.2 million, 20,000 square metre b

    the worlds most technologically advanced research facilities and holaboratory space - the quietest such space in Canada. O centro ficasidade e um dos mais importantes do mundo em pesquisas na reate pequeno. Um prdio de ltima gerao, com equipamentos que d

    poolde empresas incubadoras, em parceria com a universidade e o g

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    avanos nas aplicaes tecnolgicas nesse campo (tecidos, medicina, tcomputadores, materiais). A visita foi no bojo das discusses do semido por Rob Shields sobre Visibilidade e Materialidade, justamente

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    p jse v. Vimos algumas imagens que so representaes e simulaesnano-microscpicos e no pudemos entrar nos laboratrios por medi

    a e para no interferirmos nos experimentos. Aqui a matria (e o

    em jogo no nvel subatmico. A discusso do seminrio ficou centradgrosseiramente) na economia poltica da nanotecnologia, na inovaonolgica, no domnio da cincia e da tcnica sobre o mundo exterior.novo paradigma cientfico (teorias dos quanta, probabilidade difer

    ma mecnico newtoniano), mas efetivamente de uma mesma dinminanotecnologia a aplicao tcnica dos princpios da nanocincia), ono nvel micro, o que a humanidade persegue no nvel macro desde transformao da natureza, criao de novas espcies e formas de vider, de controle e de consumao desse desejo de sair de si.

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    QuintA, 07 defevereirode2008

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    Fatos, Entidades e Sentimentos

    Passei o dia todo lendo Alfred Whitehead para compreender melhoatual, do potencial, do fluxo e dos afetos. Isso pode ajudar a entenscio-comunicacional das mdias ps-massivas e das tecnologias da

    cidades contemporneas. O que so os lugares, an actual entity, slinhas de fluxo, eventos? Como percebemos, sentimos essas entiprpria dimenso do urbano (o virtual, a potncia da concretude dcom as tecnologias mveis? Como a cidade concreta, o processo dassubjetivizada na sensao (feeling) do urbano e como esse feelinprocessos sociais e comunicacionais? Deixo algumas citaes de Whit

    lizar esse dia e sair para sentir o que pulsa l fora!

    The general principle will be termed the ontological principle. It is the peverything is positively somewhere in actuality, and in potency everywheactual entity is conceived as an act of experience arising out of data. It isfeeling the many data, so as to absorb them into the unity of one individ

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    tion. Here feeling is the term used for the basic generic operation of pasobjectivity of the data to the subjectivity of the actual entity in question. variously specialized operations, effecting a transition into subjectivity. (entity is a process, and is not describable in terms of the morphology of a

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    y p p gy

    All actual entities in the actual world, relatively to a given actual entity as necessarily felt by that subject, though in general vaguely. An actual entityto be objectified for that subject (p. 55)

    There is nothing in the real world which is merely an inert fact. Every realfeeling: it promotes feeling; and it is felt. (p. 364)

    (Alfred North Whitehead, Process and Reality, Collier-Macmillan, Toronto,

    QuArtA, 13 defevereirode2008

    Dias muito ocupados por aqui preparando uma ao de escriGPS, o que estamos chamando de Writing Edmonton - SUR-VIV-nh, dentro do que o Jeremy Wood chamou, desde o comeo dos ano

    Drawing. a primeira ao desse porte por aqui. Estou fazendo o pr

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    as teorias referentes ao uso das mdias locativas e do uso do espao urjust for fun!Na prxima semana devo colocar resultados, textos, refltalhes no Carnet de Notes.

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    Tomei uma deciso importante neste ms e vou passar cinco mes

    como pesquisador visitante dentro do meu programa de ps-doutorade Comunicao da McGill. Isso no estava nos planos, mas decidi vuniversidade, expandir os contatos e conhecer melhor o Canad, de oconvidado pelo colega e amigo Will Straw para ficar no Departamento dessa universidade. J conheo Montreal (estive l diversas vezes

    de eventos acadmicos), mas nada como morar na cidade para ter umdessa regio particular do Canad, o Qubec. Mas para no passar emhoje, como prometido, listo uma bibliografia do que li desde que cheg

    versidade de Alberta e que desenvolverei nos prximos meses na McG

    Montreal. Os assuntos que mais pesquisei foram sobre territrio, luda comunicao e mobilidade, como vocs podem ver nas refernci

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    QuintA, 14 defevereirode2008

    SUR VIV ALL A i

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    SUR-VIV-ALL e Areias

    Realizamos hoje o primeiro GPS drawing e mapeamento por hotspots (abertos e fechados) em Edmonton, SUR-VIV-ALL, tendo

    vro de Margaret Atwood, Survival. Vejam o site para terem um

    jeto: http://andrelemos.info/survivall. Voltando para casa, depoiparafernlia tecnolgica (laptops, palm com GPS, GPS tracker,so, aparelhos de foto e vdeo digitais), vejo no nibus uma foto dataque desenhado na areia, na fronteira do Chad com o Sudodia High Tech versus Locative Media Low-tech ancestral e m

    SextA, 15 defevereirode2008

    SUR-VIV-ALL. Preparando os dados e mapas do projeto SUR-VIV-A

    GPS pelas ruas de Edmonton, realizado ontem. A ideia surgiu do cruza

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    leitura do livro de Margaret Atwood, Survival, com as minhas pesqulocativa, cidade, mobilidade e novas tecnologias. Como vimos, no livautora defende a tese de que a relao com a sobrevivncia um pad

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    rio da literatura canadense, tanto da prosa quanto da poesia: lutar conatureza, contra os nativos, contra os animais... Assim, a partir da

    sobre mdias locativas, tive o mpeto de escrever a cidade com um G

    mapear alguns hotspotspelo caminho. Busco aqui, alm de diverso, uaproximar mais da cidade, de compreender e sentir seus espaos, seudinmicas. Mas, no fundo, uma forma de ver minha sobrevivnciaSURVIVAL foi alterada para SUR-VIV-ALL, tentando criar senti

    francs e ingls, lnguas oficiais do Canad, e em portugus, minha Em francs podemos ver ou inferir SUR VIV(R)E/VIE..., algo comfalta de vida, justamente quando sobreviver o recurso mnimo e ltimEm portugus, VIVA, viver clamando a existncia, um imperativo. Eval, o seu sentido original, acrescido do ALL que chama por uma d

    pelo pblico e comunitrio.

    O que est em jogo aqui o imaginrio da cidade (e do pas), a relaraturas extremas, o uso dos carros como padro de deslocamento, os

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    a inviabilidade dos processos eletrnicos (a escrita por GPS invisvehotspotsWi-Fi) em meio s estruturas aparentes do espao pblico

    vdeos que tentam captar essa relao, mas tendo como fio condutord

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    mundo externo.

    Abaixo alguns trechos do livro de Atwood:

    The persistent cultural obsession of Canadian literature, said Survival in 1vival. In actual life, and in both the anglophone and francophone sectors,was often enough a factor of the weather, as when the ice storm cuts off

    power (Preface, edition 2004, p. 8)

    The original Survival question was: Have we survived? It was a good pl1972, and its a good place now (Preface, edition 2004, p. 13)

    The central symbol for Canada - and this is based on numerous instancerence in both English and French Canadian literature - is undoubtedly Survvance (...) a survival can be a vestige of a vanished order which has manaafter its time is past, like a primitive repti le (...). But the main idea is the firston, staying alive. (p. 41)

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    Let us suppose (...) that Canada as a whole is a victim, or an oppressedexploited. (p. 45)

    Canadian writers as a whole do not trust Nature, they are always suspect

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    trick. An often-encountered sentiment is that Nature has betrayed expecsupposed to be different. (p. 59)

    Andandonatempestade...Sobrevivncia!FototiradaduranteoSur-viv-all

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    SUR-VGPS em

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    SegundA, 18 defevereirode2008

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    Hoje a foto do dia a placa NeighbourhoodWatch, presente ecidade e que me d mais medo do que a suposta vigilncia do Googcmeras de vigilncia CCTV. O subttulo da placa aterrorizante e diz q

    vidade suspeita ser reportada polcia e que os vizinhos esto olhancidade com baixssimos ndices de criminalidade. O que seria uma ati

    Quem est olhando? Como essa pessoa que olha julga o que o outro para descansar ou ouvir uma msica por algum tempo, isso seria sumento de intimidao grande e talvez at maior do que o sentido cCCTV apontada para o espao pblico.

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    Vigilncia difusa...

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    iPod e Espao Urbano

    Mudando de assunto, quero fazer uma reflexo sobre a relao ende msica portteis, o consumo musical e o uso do espao urbano. And

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    de msica portteis, o consumo musical e o uso do espao urbano. And

    dade, a p ou de nibus, e crio sempre um ambiente sonoro, um pano coloca de uma maneira especial nos lugares por onde passo. Mais do o iPod para mim um dispositivo que cria um pano de fundo musicaaos lugares. Lembro de determinados lugares ao ouvir determinadascontexto totalmente diferente, por exemplo. H alguns dias, penso nara das cidades e como os dispositivos mveis de udio fazem parte da p

    contempornea. Os tocadores deMP3, telefones celulares,palms, notequipamentos que funcionam como interfaces entre o espao urbanomacional e as redes sociais. difcil andar na rua, entrar em nibus

    ver algum com um mp3 player (ou ainda os enormes CDPlayers),

    esta funo, ou netbooks... Os celulares e ospalmsampliam ainda maimobilidade pelos espaos das cidades.

    O regime visual parece estar em parte cooptado pelas estru