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    terra

    mudanas

    ambientaisglobaisagir

    c cudd

    pensar

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    gNas aulas sobre biodiversidade, a proessora contou atos in-teressantes e tambm umas histrias dessas que passam deboca em boca, de gerao a gerao, e que do at arrepio

    na gente. A melhor era sobre a Anhang (do tupi-guarani, almaque corre), conhecida pelos povos da oresta na Amazniacomo a Me do Mato.

    Anhang uma visagem, como dizem por l, ou um esprito,um ser mgico e invisvel que vive correndo pelas orestas, pro-tegendo as plantas, os animais e seus flhotes. Principalmenteprotegendo as meas grvidas de seus predadores humanos.Ela chega a bater nos caadores. E tem tambm a Me do Igara-

    p, que protege os peixes dos rios dos pescadores abusados.

    Teve gente da turma da 6 srie que se impressionou com essasaulas e, pensando no que estava acontecendo com a biodiversi-dade, decidiu azer greve. Em uma amlia, a coisa oi sria:

    Mame, a gente no vai para a escola. Estamos em greve!

    Mas, minha flha, logo agora, que gosta tanto da proessora?E voc, meu flho, voc vai to bem! Algum bateu em vocs?Tiraram nota baixa e no querem contar?

    No.

    Mas o que aconteceu?

    que tudo o que a gente aprende na escola, vocs azem ocontrrio. Ento a gente no vai mais!

    Claro que vo!

    Me, a senhora varre as olhas secas e pe ogo. E o pai peogo na roa!

    O que isso tem de errado?

    A proessora contou que as olhas no cho se decompem.Quer dizer, primeiro elas protegem o cho. Depois, uns bichi-nhos que fcam na terra to pequenos que no d para en-

    xergar transormam as olhas num adubo natural! A senhorasabia que d para juntar restos de comida, cascas, com as

    olhas numa lata, separando com camadas de terra, para azeresse adubo?

    Que bobagem. As olhas sujam o cho. E, embaixo delas,pode aparecer uma aranha!

    Me, eu no tenho mais medo de aranhas. Elas s atacamquando se sentem ameaadas. Quase nunca so venenosas.E comem insetos, como os da dengue, a senhora no ouviuno rdio?

    E como que eu vou plantar sem desmatar com ogo? In-terere o pai, que ouviu a conversa.

    continua na pg. 4

    2008. Secretaria de Educao Continuada, Alabetizao

    e Diversidade (Secad) Ministrio da Educao

    Coordenao Editorial: Eda Terezinha de Oliveira Tassara,

    Rachel Trajber

    Texto: Silvia Czapski

    Edio de Texto: Ananda Zinni Vicentine, Luciano Chagas

    Barbosa, Ricardo Burg Mlynarz, Silvia Pompia, Vanessa

    Louise Batista.

    Reviso: Carmen Garcez

    Projeto Grfco: Beatriz Serson, Bernardo Schorr

    Ilustraes: Antonio Claudino Batista

    Colaboradores:

    Ana Jlia Lemos Alves Pedreira, Ayrton Camargo e Silva,

    Beatriz Carvalho Penna, Brites Carmo Cabral, Bruno Veiga

    Gonzaga Bagapito, Emlia Wanda Rutkowski, Fabola Zerbini,

    Fernanda de Mello Teixeira, Flvio Bertin Gndara, Franklin

    Jnior, Gilvan Sampaio, Joo Bosco Senra, Jos Augusto

    Rocha Mendes, Jos Domingos Teixeira Vasconcelos, Lara

    Regitz Montenegro, Larissa Schmidt, Luiz Cludio Lima Costa,

    Mrcia Camargo, Maria Thereza Teixeira, Neusa Helena Rocha

    Barbosa, Patricia Carvalho Nottingham, Paula Bennati, Paulo

    Artaxo, Pedro Portugal Sorrentino, Viviane Vazzi Pedro, Xanda

    de Biase Miranda.

    Tiragem: 106 mil exemplares

    Terra / Silvia Czapski. Braslia : Ministrio da

    Educao, Secad : Ministrio do MeioAmbiente, Saic, 2008.25 p. (Mudanas ambientais globais. Pensar +agir na escola e na comunidade)

    ISBN

    1. Biodiversidade. 2. Conservao da natureza. .Responsabilidade ambiental. I. Czapski, Silvia. II. Brasil.Secretaria de Educao Continuada, Alabetizaoe Diversidade. III. Brasil. Secretaria de ArticulaoInstitucional e Cidadania Ambiental. IV. Srie.

    CDU 7:504

    DadosInternacionaisdeCatalogaonaPublicao(CIP)

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    Furiosas, as crianas continuaram:

    Se lembra quando o vento levou o ogo para a mata? um perigo. Pai, o senhor sabe oque equilbrio ecolgico? Quando passa o ogo, os bichos ogem para outros lugares,onde tem outros bichos. E todos vo brigar pela mesma ruta da rvore. Tem at a Medo Mato, coitada, que nem d mais conta de tanto ogo...

    Bobagem. Os bichos acham um outro lugar! E quem essa Me do Mato?

    No dia seguinte...

    Ainda no desistiram, meus flhos?

    S vamos voltar para a escola se ningum mais queimar as plantas! E a coisa ainda pior! Vocs viram na televiso a notcia sobre o aquecimento global? A gente aprendeuque a madeira tem carbono. Com o ogo, ela vira gs carbnico, que fca 100 anos no ar. o gs que segura o calor na Terra. Quer dizer, a gente queima hoje e o nosso Planetavai fcar mais quente por 100 anos!

    Depois de uma semana de greve, a me decidiu:

    Crianas, vocs podem ir para a escola. Ns no vamos mais queimar o mato.

    Isso s para a gente voltar para a escola, ou vocs entenderam?

    Como quem entende passa adiante o que sabe, oi assim que a amlia decidiu ajudar aproessora a azer uma campanha, que oi parar at na rdio e nos jornais. Chegou navizinhana, e o principal oi que chegou nos ouvidos dos donos de grandes azendas l daregio. Esses grandes, sim, que desmatavam tocando ogo nas matas e orestas parabotar seu gado e as enormes plantaes. A campanha da escola uncionou, mudou bas-tante coisa por aquelas bandas. E Anhang, a Me do Mato, j pode fcar mais tranqila!

    tempo, tempo, tempoEm seu livro Os Drages do den, de 1977, o astrnomo Carl Saganimaginou que toda a histria do Universo pudesse ser comprimida emum nico ano. Tudo. Desde o Big Bang, a exploso que resultou nosurgimento do Universo, do espao e do tempo, at o ltimo instante,agora. So 1 bilhes de anos em 12 meses.

    Se sinalizarmos o 1 de j aneiro como o dia em que ocorreu o Big Bang,teramos o nascimento da Via Lctea em 1 de maio. Em 9 de setembro,a origem do Sistema Solar. A 14 de setembro, a ormao da Terra. Avida teria surgido apenas em 25 de setembro, progredindo na seguin-te seqncia: clulas simples, depois as complexas, em seguida serescapazes de azer otossntese, os primeiros invertebrados marinhos, osancestrais dos insetos e aranhas, os peixes, anbios, as plantas, os rp-teis, os mameros, at chegar, em 0 de dezembro, nos avs dos an-cestrais humanos. Nos ltimos segundos de 1 de dezembro, viriam osseres humanos como hoje conhecemos.

    E ns? Nascemos no P v h uma rao de segundo.

    diversidade daCom o desenvolvimento dos seres vivos na Terra, uma nova camada passou a azerparte da constituio do Planeta: alm da atmosera, ormada pelo ar; da hidrosera,composta pelas guas, e dalitosera, constituda pelas rochas e o solo, passou a existirabiosera, representada pelos seres vivos e o ambiente no qual vivem.

    A biosera uma fna camada, se comparada com as dimenses do Planeta, onde reinaa biodiversidade, ou diversidade da vida. Ela comea pela variedade gentica dentro decada espcie ou populao. Por exemplo, uma pessoa nunca igual a outra. E pros-segue pela variedade de espcies vivas. Cientistas j identifcaram cerca de 1,7 milhode espcies no mundo, entre plantas, animais e microrganismos (ungos, bactrias eoutros). E h muito mais a descobrir.

    Tambm temos uma variedade de unes ecolgicas desempenhadas pelos organis-mos nos b. No h um habitat igual ao outro, ou uma paisagem igual a outra.Precisamos aprender com as unes ecolgicas desempenhadas pela biodiversidade,mas j sabemos que dependemos disso para a sobrevivncia.

    quantos ?Ainda estamos longe de saber quan-tas espcies vivas existem em toda aTerra, ou qual a uno de todas elaspara o equilbrio do seu habitat olugar onde elas vivem. Sabemos que

    muitas se desenvolvem num nico

    ecossistema, sob condies espe-ciais. So chamadas de p.

    De todas as espcies j identifca-das no mundo, no Brasil oram en-contradas 12,8%, ou seja, em tornode 226 mil espcies conhecidas.

    Mais de mil so comprovadamenteendmicas, ou seja, s existem aquino nosso pas.

    Muitas espcies podem se extinguirantes mesmo de ser descobertas,devido s destruies que o ser hu-mano vem provocando nos ambien-tes naturais.

    Habitat (do latim, ele habita) um conceito usado em ecologia

    que inclui o espao sico, o local e as condies ambientais que

    permitem a vida das espcies

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    espcies teis x espcies inteis. pode?

    At um tempo atrs, pensava-se na biodiversidade como algo sem uno ou valor es-pecial. Animais e plantas eram separados entre teis, nocivos e se no desse paraclassifcar nessas categorias sem utilidade e sem valor.

    como se bastasse as pessoas escolherem algumas espcies teis para alimentao,

    e as que desconheciam eram chamadas de mato. As que atrapalhavam o cultivo ou ouso das plantas teis seriam espcies daninhas (que causam danos).

    Esquecer que cada espcie viva um elo da grande corrente que compe a vida consti-tui um pensamentoreducionista. Por esse raciocnio, quando o recurso explorado acaba,ou a ertilidade do solo se esgota, s resta taxar o local como intil ou i mprestvel eabandon-lo. Foi assim que o ser humano oi avanando sobre os ecossistemas, pararealizar atividades econmicas como agropecuria, extrao de madeira, de minriosetc., sem cuidados ambientais. Cidades, estradas, indstrias se expandiram no lugar domato, destruindo plantas e animais, poluindo solo, gua e ar.

    Muitas vezes, descobre-se que uma planta, at ento considerada nociva, ou simples-mente sem utilidade, um nutritivo alimento, um efciente remdio ou matria-primapara algo necessrio. Basta lembrar que hoje muitos produtos armacuticos derivam deprincpios ativos das plantas. Tem gente que chama as orestas de bibliotecas vivas.

    ciclo 1 | Todos os seres vivos de um ecossistema animais, vegetais, microrganismos relacio-nam-se direta ou indiretamente, pois cada um alimenta-se de um outro, que serve dealimento a um terceiro.

    A luz solar representa a onte de energia externa. Os vegetais e microrganismos capa-zes de azer a otossntese convertem a energia luminosa em energia qumica, que osdemais componentes do ecossistema podero usuruir. So, por isso, chamados de

    produtores. Usam nesse processo compostos orgnicos (hmus) e inorgnicos (gua esais minerais) que retiram do solo e da gua.

    Animais herbvoros desde insetos at a grande anta alimentam-se de plantas, ab-sorvendo sua energia qumica. So os consumidores primrios, que so devorados poranimais carnvoros (comedores de carne) ou onvoros (consomem plantas e animais),classifcados como consumidores secundrios ou tercirios, de acordo com o porte dos

    animais consumidos. Quando plantas e animais morrem, so consumidos por ungos ebactrias os decompositores ,que digerem matria orgnica morta para azer hmus,adubo natural que alimenta as plantas. E, assim, voltamos ao comeo do ciclo i ntermi-nvel, chamado cadeia alimentar.

    Num ecossistema, vrias cadeias alimentares se entrecruzam, compondo uma comple-xa relao entre os seres vivos, que cientistas preerem chamar de teia trfca (troos =alimento). um mecanismo que ajuda as populaes de cada espcie a se manteremestveis. Se um nico elo dessa cadeia destrudo, por exemplo, pela extino de umaespcie, todo o ecossistema pode ser prejudicado. Caso aete o ecossistema, as condi-es ambientais mudaro junto. A vida no tem como continuar igual. Mais um motivopara trabalharmos pela conservao da biodiversidade.

    eXpresses Da ViDaEcologia (eco = casa; logia = estudo, em grego), ramo

    da cincia bastante recente, estuda a vida em quatro

    nveis de complexidade:

    Espcie: grupo de indivduos semelhantes, que ha-

    bitam a mesma regio, que reproduzem-se gerando

    descendentes rteis.

    Populao: conjunto de organismos da mesma esp-

    cies que habitam uma determinada rea num espao

    de tempo defnido.

    Comunidade: conjunto de dierentes populaes que

    habitam um mesmo lugar.

    Ecossistema: considerado a unidade de unciona-

    mento do meio ambiente, onde as comunidades de

    seres vivos interagem. Rene os seres vivos (espcies),

    atores qumicos e sicos do local. Cada elemento in-

    uencia as propriedades do outro.

    Bioma (ou grande biossistema regional): no qual

    d para identifcar um tipo principal de vegetao ou

    de paisagem, mas onde h vrios ecossistemas.

    Biosfera: camada da Terra que contm toda a vida

    que conhecemos no Universo.

    sozinho

    na mata ele vive

    sozinho

    na mata ele ama

    da mata ele come

    da mata ele vive

    sozinho

    na mata

    da mata ele morre

    mato

    mata

    ELE VIVE

    Hlio Oiticica

    (Homenagem aos Povos daFloresta, 1964)

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    diversidade gVoc sabia que, em toda a histria da Humanidade, j utilizamos mais de7 mil espcies vegetais e animais para variados fns? Como alimento, paraabricar roupas, objetos de decorao, utilitrios, meios de transporte... Oclculo de pesquisadores, que concluram que a variedade vem caindodesde a Revoluo Industrial. O motivo a padronizao do consumo.Os produtos so abricados em srie, e a gente se acostuma a seguir amoda, por exemplo, no jeito de se vestir.

    Outro bom exemplo est na alimentao. Segundo alguns pesquisadores,cerca de 00 espcies servem atualmente como alimento no mundo. Masa base alimentar (aquilo que utilizamos como alimento) muito menor: so-mente 17 espcies, produzidas em larga escala, em geral como monocultu-ras (a cultura de uma s espcie) como o trigo, o arroz e a carne bovina.

    Vale lembrar que a base da agropecuria moderna que produz essesalimentos a padronizao das variedades. Por exemplo: escolhem-seduas ou trs variedades de arroz que sero produzidas em escala, entre asmuitas que existem na natureza.

    O contrrio de diversidade homogeneidade. Se num cultivo agrcola todasas plantas so iguais, acontece o que se chama de monoculturae empobre-cimento gentico. A, se aparece uma praga e uma planta sucumbe, todassucumbiro. que elas tm a mesma alta de deesa. Em ecossistemas na-tivos, onde a variedade gentica maior, haver exemplares resistentes, quesobrevivero e depois se multiplicaro. Assim, a espcie no desaparece.

    Ecossistemas nativos e os conhecimentos tradicionais sero a onte paraachar a planta substituta.

    diversidade Muitos elementos disponveis no ecossistema solucionam problemas dapopulao tradicional que vive nele. Esses conhecimentos se encontramnos modos de vida de cada comunidade, na culinria, nos remdios, en-

    eites, objetos, materiais de construo, instrumentos musicais. Tambminspiram histrias, msicas, tradies. Valores culturais que nos chegampelas tradies reoram os laos entre as pessoas das comunidades egarantem o pertencimento ao local.

    Nesse sentido, a diversidade cultural humana pode ser considerada parteda biodiversidade. As populaes tradicionais indgenas, descendentesde quilombolas, pescadores artesanais, camponeses, extrativistas podemser as grandes aliadas na luta pelo meio ambiente. Os povos da oresta tmsido undamentais para manter a oresta em p.

    Como questo de justia, os conhecimentos da diversidade biolgica pro-venientes de comunidades tradicionais, que gerem recursos pela comer-

    cializao de produtos, devem ser reconhecidos e recompensados fnan-ceiramente por meio de, por exemplo, pagamento de royalties.

    servios da zServios da natureza so unes dos ecossistemas nativos que a naturezano cobra para oerecer, essenciais para o equilbrio ecolgico e para anossa existncia. Eis alguns:

    Regular o clima, pelo ciclo respirao-transpirao.

    Proteger g, por exemplo, com as matas cili ares, que bei-ram e protegem as nascentes e os rios.

    Fornecer elementos necessrios nossa existncia. A cada dia, des-cobre-se em nossa auna e ora algum novo remdio, alimento, fbraou madeira.

    Guardar espcies e variedades rsticas. Ecossistemas naturaisconstituem um patrimnio gentico, que pode ser acessado sempre

    que preciso.

    existem seres ? claro que certas bactrias transmitem doenas, assim como h insetos

    que devoram plantas. Mas um organismo orte, assim como o ecossistemaequilibrado, sabe se proteger.

    As ormigas, quando poucas, cortam olhas, levam os pedacinhos de ve-getais para dentro do solo, onde sero digeridos, tornando-se hmus, queertiliza a terra. E a planta sobrevive, alimenta-se desse hmus. Mas se aplanta estiver raca e altarem inimigos naturais , as ormigas se prolie-ram sem controle, cortam olhas demais. Viram problema ambiental.

    Inicia-se ento o crculo vicioso: apela-se para os agrotxicos, que sovenenos para matar pragas (insetos, ungos, ervas-daninhas). No casodos insetos, o produto mata todos, indistintamente. Mas sobraro exem-plares resistentes ao veneno. Como os inimigos naturais morreram, elesprolieram. Viram uma nova praga. A indstria responde criando venenosmais ortes, que tm um impacto ambiental ainda maior.

    uso sustentvelComo defniu a Conveno das Naes Unidas para

    a Diversidade Biolgica, a utilizao de componen-

    tes da biodiversidade de certo modo e em certo ritmo

    que no leve, a longo prazo, diminuio da diversi-

    dade biolgica. Assim se mantm seu potencial para

    atender s necessidades e aspiraes das geraes

    presentes e uturas.

    De olho na relaoentre os temas:veja o caderno gua

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    foresta amaznica

    mata atlntica

    cerrados

    caatinga

    campos

    pantanal

    restingas e manguezais

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    biomas bCom biomas muito diversifcados em seus 8,5 milhes de quilmetros quadrados, oBrasil est entre os chamados pases megadiversos, ou de grande biodiversidade.Com mais 11 pases (Austrlia, Mxico, Colmbia, Peru, Equador, Zaire, China, Mada-gascar, Indonsia, ndia e Malsia), detm, juntos, de 60% a 70% da biodiversidade daTerra. Uma riqueza a se valorizar.

    f z. Maior e mais biodiversa oresta tropical domundo, avana em nove pases, mas a maior parte fca no Brasil, onde ocupa 40% doterritrio nacional (a Amaznia Legal chega a 60%). Seu principal ecossistema a matade terra frme. um banco gentico para o mundo. Hoje, a maior ameaa o desmata-mento (queimadas e extrao de madeiras), muitas vezes ilegal, sobretudo no Arco deDesmatamento, aixa que vai do nordeste do Par ao Acre, passando pelo Maranho,Tocantins, nordeste do Mato Grosso e norte de Rondnia. As reas desmatadas soocupadas pela criao de gado e por monoculturas (como a da soja). Outros impac-

    tos ocorrem pela expanso urbana desordenada, caa e pesca predatrias, garimpoe outras atividades econmicas impactantes, como megaprojetos minerrios (GrandeCarajs, produo de erro-gusa e alumnio).

    . Em 1500, quando Pedro lvares Cabral chegou ao Bra-sil, esse bioma ocupava 12% do territrio brasileiro, do Cear ao Rio Grande do Sul. Eletambm tem ormaes diversifcadas, com trs tipos principais de orestas (orestasombrflas densas, semideciduais e deciduais), alm de reas de cerrados, campos,manguezais. A destruio no perodo colonial comeou com a extrao do pau-brasile o ciclo da cana-de-acar no Nordeste do pas. Chegamos ao sculo XX com o ciclodo ca e orte crescimento econmico. Hoje, restam menos de 7% da mata original.

    A urbanizao, a industrializao, grandes projetos agropecurios e rodovias geram osmaiores impactos.

    g gz. Convivendo com a Mata Atlnticana aixa litornea, os manguezais possuem trs espcies de rvores, mas uma enormeriqueza animal. So ambientes extremamente rteis, com intensa vida microscpica,chamados de berrios da natureza por servirem reproduo de espcies da aunamarinha. Entre as principais ameaas esto a expanso urbana desordenada, a poluiopor esgotos, a carcinicultura no sustentvel (azendas de camaro), orte industrializa-o, os portos e marinas, alm do turismo predatrio. Tambm nosso mar tem espciesvivas importantes. S entre os cetceos (como a baleia e os golfnhos), so mais de 50espcies. A explorao predatria dos recursos marinhos e a poluio so duas amea-as biodiversidade.

    . Bioma que j cobriu 25% do territrio do pas, sobretudo no BrasilCentral, caracteriza-se por rvores mais baixas que as da oresta tropical, com troncostortuosos, olhas grossas e razes proundas que atingem o lenol dgua, elementos im-

    portantes para resistir a secas e incndios. Pela grande quantia de biomassa subterrneaque produz, o Cerrado considerado como um bom fxador de carbono, seqestradoda atmosera. E um dos biomas mais biodiversos do mundo, com uma gradao deecossistemas: desde o campo sujo (gramneas e arbustos esparsos) at o cerrado (o-resta com rvores altas e grossas). A orte urbanizao, grandes projetos agropecurios,produo de erro-gusa (consumo de lenha), hidreltricas azem desse bioma um dos maisameaados. Dos 2 milhes de quilmetros quadrados originais, restam 50 mil.

    g.Situada no Semi-rido brasileiro (Nordeste e norte de Minas Gerais),sua vegetao adapta-se alta de chuvas, com plantas que perdem olhas na secapara reduzir a supercie de evaporao. Hoje, a regio abriga quase metade da popu-lao nordestina. H grandes projetos agropecurios apoiados na irrigao. Em algunspontos, prticas agrcolas inadequadas geraram a eroso do solo, contaminao poragrotxicos e a salinizao, propiciando a desertifcao. Mas o Semi-rido no scaatinga. Na aixa litornea, existe a Zona da Mata (remanescentes de Mata Atlntica) eo Agreste (zona intermediria).

    p. Maior plancie inundvel do mundo e Reserva do Patrimnio da Hu-manidade pela Unesco, tem uma diversidade de ecossistemas matas echadas, cam-

    pinas, buritizais, cerrados e ecossistemas aquticos com uma vida animal que atraituristas do mundo todo. Seu solo no se presta agricultura, mas permite a pecuriaextensiva. Entre as ameaas, constam o garimpo de ouro, a pesca, caa e agropecuriapredatrias, bem como a construo de rodovias e barragens nos rios, que provocamdegradao ambiental.

    p . Regio plana onde predominam gramneas, o Pampa,ou Campos do Sul, estende-se do Rio Grande do Sul Argentina e Uruguai. A pecuriaintensiva, culturas agrcolas e, mais recentemente, o plantio de eucaliptos impactamo ecossistema. Encontra-se tambm no sul do Brasil, a Mata de Araucrias, orestadensa dominada pelo pinheiro-do-paran (Araucaria angustiolia). Pelo valor comercial, arvore oi explorada descontroladamente, tornando-se espcie ameaada, e o ecossis-tema comeou a desaparecer. Expanso urbana, grandes projetos agrcolas e industriais

    so outras causas do impacto nessas duas ormaes vegetais.

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    ciclo da vida nos urbanosO maior exemplo de um ecossistema alterado o ecossistema urbano, as cidades.Construdo por e para seres humanos, no sobrevive s com a entrada de energia solar.Para sustentar o alto consumo, importa ontes de energia de outros ecossistemas, comoo combustvel ssil e lenha. Tambm traz de longe outros insumos, como madeira dasorestas, gua dos rios ou subsolo, alimentos cultivados, metais escavados, matrias-primas industriais.

    Ao contrrio dos ecossistemas naturais, no urbano tem sido insufciente a reciclagemdosrecursos renovveis, tais como gua, materiais orgnicos e inorgnicos. O resultado a contaminao do solo, da gua e do ar. Alm da poluio espalhada para outras re-gies, o ecossistema urbano exporta mercadorias, servios e dinheiro, em troca do quechega para ser consumido.

    Enquanto os ambientes naturais tm limites, uncionam indefnidamente e tm a biodiver-

    sidade como base do equilbrio, no ambiente construdo o ser humano a espcie vivaque domina, sem limite para crescer. Usa g que podem ser qu-micos, mecnicos, eltricos, eletrnicos para se sobrepor aos demais seres vivos e bus-car o que precisa em outros ecossistemas, simplifcando e reduzindo a biodiversidade.

    O impacto orte e ameaa outras ormas de vida. Fl orestas so desmatadas, sistemasnaturais so trocados por projetos agropecurios, atividades industriais, minerao, hi-dreltricas. A se manter o descuido ambiental, solos e oceanos sero destrudos. E asemisses de gases estua acentuaro as mudanas do clima.

    H 9 mil anos, ramos 5 milhes de seres humanos na Terra. Logo seremos 6,5 bilhes,a maioria em cidades. Apesar das dierenas socioeconmicas, em cada classe socialque se concentra o consumodosrecursos naturais. Em especial nas classes mdia ealta, com acesso a bens dierenciados, h um consumo insustentvel para o Planeta. Amudana para um padro menos consumista, que respeite a vida, um desafo.

    e Cerca de 20% da populao mundial, que habita principalmente os pases do Hemis-rio Norte, consomem em torno de 80% dos e energia do Planeta, egeram mais de 80% da poluio e degradao dos ecossistemas. Enquanto isso, os ou-tros 80% da populao mundial, que habitam sobretudo os pases pobres do HemisrioSul, fcam com aproximadamente 20% dos recursos naturais. Para reduzir as disparida-des socioeconmicas, permitindo aos habitantes dos pases do sul atingirem o mesmopadro de consumo material mdio de um habitante do norte, seriam necessrios, pelomenos, mais dois planetas Terra.

    o que ameaa a b?Muitos tipos de aes humanas produzem eeitos que ameaam a biodiversidade: ocrescimento das cidades, as atividades industriais, as de minerao, a construo dehidreltricas, a ocupao de grandes reas de oresta, principalmente pela monoculturae pecuria, o uso excessivo dos recursos da natureza. So aes que destroem os ha-bitats, onde as espcies nativas vivem.

    A poluio outra ameaa. O lanamento de agrotxicos bem como de dejetos doms-ticos e industriais degrada os ecossistemas. Por conseqncia, aeta a diversidade da

    vida. Como eeitos indiretos, podem ocorrer alteraes climticas.

    No Brasil, a Amaznia uma das reas com a diversidade da vida ameaada. A cobia

    por madeiras nobres estimula a extrao ilegal de rvores nativas, vendidas em grandeparte no sul e sudeste do pas. Outras rvores viram carvo vegetal. E h as queimadas.

    Aps o desmatamento, o ciclo da perda da biodiversidade prossegue com a criao degado, seguido de monoculturas, o agronegcio.

    espcies pgNotcias sobre o sumio das abelhas nos Estados Unidos assustaram os agricultores, quesabem que as plantas dependem delas para a polinizao. Por tudo se achar interligado, eo desaparecimento de uma espcie aetar o sistema todo, governos nacionais podem de-fnir, com base em estudos cientfcos, algumas espcies e reas que fcaro sob proteo

    legal. No Brasil, a lista ofcial de animais ameaados de extino contm 95 espcies devertebrados, dentre os quais 160 aves, 69 mameros, 20 rpteis e 16 anbios.

    Recursos naturais so elementos da natureza usados pelas sociedades

    humanas, aqueles que tm valor para o desenvolvimento da civiliza-o, a sobrevivncia e o conorto das pessoas. Podem ser renovveis,

    como a gua, a energia do Sol e do vento, a ora e a auna que no esto

    em extino, ou no renovveis, como o petrleo e os minrios.

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    invaso de pQuando introduzimos em um ecossistema uma espcie vegetal ou animal (chamadaextica, por no ser originria do local), h o risco de desequilibrar o ambiente natural.

    Foi o que aconteceu com o mexilho-dourado (Limnoperna ortunei), molusco que che-gou da sia na gua de lastro que d peso aos navios de carga no carregados. Porno ter predador natural por aqui, o molusco se multiplicou, invadiu e entupiu tubula-es de abastecimento de gua e barragens hidreltricas.

    Trazido por engano, o capim aricanoAnnoni, espalhou-se por 1,5 milho de hectares nosul do pas, assim como a r-touro (Rana catesbeiana), importada da Amrica do Nortepor um criador, virou praga na Mata Atlntica. No se sabe como, oAedes aegypti veiodo Egito e espalhou a ebre amarela e a dengue por aqui.

    As espcies invasoras j so a segunda maior causa de perda da biodiversidade doPlaneta, atrs do desmatamento. No Brasil, em 2006 havia 54 delas catalogadas peloMinistrio do Meio Ambiente. Os tcnicos distinguem, porm, espcies exticas quepermanecem no local onde cultivadas das exticas invasoras, que escapam para a na-tureza, concorrendo com as nativas.

    x para sempreA extino to antiga quanto a vida. Ela echa o ciclo de exis-tncia de uma espcie. Grandes extines tambm no so no-vidade no Planeta Terra. Foi uma grande extino, causada porum evento externo h cerca de 65 milhes de anos, que eliminoucerca de metade das espcies vivas, inclusive os dinossauros, quetinham reinado na Terra por 150 milhes de anos.

    O problema que a ao predatria do ser humano que repre-senta apenas uma entre os milhes de espcies vivas do Planeta tem acelerado esse processo. Nas ltimas dcadas, o modo devida consumista desgastou cerca de um quinto do solo rtil daMe Terra. Um tero das reas cultivadas oi desertifcado ou sali-nizado. Se prosseguir assim, estima-se que at 8% das espciesvivas do nosso Planeta podem desaparecer em 25 anos. umdos maiores problemas ecolgicos de nossa casa planetria.

    trfco de e pO trfco de espcies nativas uma ameaa biodiversidade. Esti-ma-se que ele retira, s de animais, 12 milhes de exemplares porano dos ecossistemas brasileiros. A lgica cruel. Quanto maisrara a espcie, mais caro e cobiado o exemplar.

    Assim como o trfco de armas e de drogas, o de animais proun-damente desigual. De cada dez retirados da natureza, nove morremsem chegar ao destino fnal. Quem os captura no habitat naturalso pessoas em geral pobres, que recebem at 8 mil vezes menosde que o valor pago pelo consumidor fnal. Que, por sua vez, noimagina as crueldades soridas pelos bichos.

    Calcula-se que dois teros dos animais provenientes do trfco socomercializados dentro do Brasil. As melhores ormas de ajudar asespcies so no comprar animais ou plantas nativas de procedn-cia incerta, denunciar o trfco, no criar animais silvestres em casa

    e principalmente proteger os ambientes onde elas vivem, paraque as aes humanas no atrapalhem o equilbrio da natureza.

    Tem lei? Desde 1998, no Brasil, a Lei dos Crimes Ambientais deter-

    mina a criminalizao do desmatamento. Ela responsabiliza quem

    desmata, quem armazena a madeira, quem vende, alm de en-

    quadrar a compra, a venda ou qualquer outro negcio que envolva

    animais silvestres como crime inafanvel. Mais recentemente,

    oi regulamentada a criao de animais silvestres em cativeiro.

    Uma eXperinCia

    Vamos conerir? Que espcies de plantas e animais azem parteda merenda escolar? E nas reeies em casa? O que se repetesempre? Quais compem as roupas, calados, adornos, mveis,materiais de construo?

    Vamos somar e depois pesquisar. De que ecossistemas vieramessas espcies? E quais ecossistemas oram destrudos para darlugar produo daquilo que consumimos?

    Voc sabia que a batata vem dos Andes? Foi descoberta peloscolonizadores espanhis no Peru e levada para a Europa. De l, oconsumo espalhou-se pelo mundo. J o macarro inveno chi-nesa, trazida por Marco Plo, no sculo XV, para a Europa. Muitosingredientes da culinria brasileira oram trazidos pelos portugue-ses das demais colnias portuguesas: legumes (como a couve),trigo, cebola, entre outros. Da rica, temos rutas como a manga,a jaca e o coco.

    Em outras palavras: grande parte de nosso cardpio ormadade plantas e animais importados, cuja produo tomou o lugar denossa vegetao nativa atravs da agricultura intensiva. De esp-cies brasileiras natas vamos encontrar vrias rutas, como o aba-caxi, o caju, goiaba, jabuticaba e maracuj. Tambm so brasileirosda gema o milho, a mandioca, amendoim, palmito, alguns tiposde peixes, entre outros.

    passareDoEi, pintassilgo

    Oi, pintarroxo

    Melro, uirapuru

    [...]

    Foge asa-branca

    Vai, patativa

    Tordo, tuju, tuim

    X, ti-sangue

    X, ti-ogo

    X, rouxinol sem fm

    Some, coleiro

    Anda, trigueiro

    Te esconde colibri

    [...]

    Bico calado

    Toma cuidado

    Que o homem vem a

    O homem vem a

    O homem vem a

    (Chico Buarque de Hollanda)

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    bpBiopirataria o uso no autorizado de espcies vivas ou dos conhecimentos que aspopulaes tradicionais tm sobre elas para a produo e venda de remdios e outrosprodutos.

    Os piratas que praticam a biopirataria so pessoas, empresas e instituies cientfcasque pesquisam e vendem o grande tesouro da biodiversidade, bem como os conheci-mentos tradicionais, sem autorizao. Exemplo recente o da empresa que patenteouo nome do cupuau e seus usos no Japo, o que nos impediria de utilizar o nome daplanta tradicional brasileira. Foi um caso to evidente que o registro oi cancelado.

    Estados, municpios, proprietrios privados e comunidades indgenas tm direito a re-ceber parte do lucro obtido com produtos eitos com materiais genticos descobertosem suas reas. E, para realizar coletas ou pesquisas em terras pblicas (inclusive terrasindgenas), obrigatria a autorizao prvia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

    dos Recursos Naturais Renovveis Ibama (Medida Provisria 2.052, de 2000).

    mudanas climticas e a bMudanas climticas, sempre houve no mundo. Espcies mais vulnerveis desapare-cem, mas a maioria delas tende a se adaptar. Faz parte do processo natural da evoluo.O problema a rapidez com que se processam essas mudanas agora, que podemprovocar uma taxa de extino sem precedentes.

    Cientistas prevem que, se a temperatura subir de 1,5C a 2,5C , podem ocorrer sig-nifcativas mudanas na estrutura e uno dos ecossistemas. Com isso, a taxa de ex-tino das espcies vegetais e animais pode subir em quase um tero (20% a 0%). Asespcies sobreviventes tero de se adaptar e, eventualmente, buscar novos ambientesonde consigam sobreviver.

    Um exemplo? Em muitas regies onde ocorre desmatamento, aves de vrias espciesque perderam os ecossistemas onde viviam mudam-se para bairros arborizados dascidades (com praas e jardins). Algumas at aprendem a azer ninhos em vos de telha-dos. Outras espcies, mais vulnerveis, podem se extinguir.

    O relatrio apresentado pelo Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas - IPCC em

    2007 avisa que o aquecimento global adicional ser de pelo menos 0,1C por dcada (1,8C

    a 4C a mais at 2100, conforme o cenrio), mas sabemos que nosso organismo suporta

    mudanas maiores. Ento, o aquecimento ser to impactante para a vida no Planeta?

    Para responder a essa dicil pergunta, existe uma palavra-chave: , a capa-cidade de se proteger e se recuperar dos impactos soridos.

    e os ?Os estudos cientfcos demonstram que as rvores rapidamente se aclimatam aos au-mentos nos nveis de CO2. Mas a alta de chuva pode ser atal. No caso da Floresta

    Amaznica, a parte leste desse bioma pode se tornar um cerrado, ecossistema maisadaptado seca.

    J no Nordeste brasileiro, se a disponibilidade da gua diminuir, a vegetao semi-ridapode ser substituda pela de reas ridas, com possibilidade de desertifcao. Valelembrar que so tendncias, no certezas. Muito depende dos cuidados que tivermos apartir de agora com nosso Planeta.

    Nas zonas costeiras, o aquecimento das guas pode aetar a prpria vida marinha. Umexemplo o branqueamento e mortalidade dos corais. Corais so grandes colnias deminsculos animais, osplipos. O que vemos o esqueleto externo que eles constroemao longo do tempo. Vrias espcies animais desenvolvem-se em torno dele, ormando

    um conjunto vivo. A baixa capacidade de adaptao trmica e a poluio do mar soameaas para esses seres.

    o que z?H ormas de adaptao para minimizar impactos do aquecimento global, bem comode mitigao, para evitar eeitos maiores nos sistemas ecolgicos naturais, manejados ehumanos. Sabendo como sero aetadas as atividades humanas, no que diz respeito biodiversidade, podemos planejar a ao:

    g p f. Dependem datemperatura e disponibilidade de gua. Segundo cientistas, um aquecimento mdio deat 2C pode benefciar reas de clima temperado, hoje rias e pouco produtivas. Masprejudicar cultivos nas regies tropicais, se aumentarem as secas e i nundaes. Onde

    j mais seco (no Semi-rido, por exemplo), reas agrcolas podem fcar desertifcadas.Ser preciso usar espcies certas para o novo clima, alm de tcnicas agrcolas e ins-trumentos que respeitem a biodiversidade.

    q p. O aumento na temperatura da gua do marmudar a vida marinha. Isso inuenciar, por exemplo, a distribuio e produo dedeterminadas espcies de peixes. A acidifcao dos oceanos pode aetar organismosmarinhos ormadores de conchas.

    . As po-pulaes mais vulnerveis so as que dependem de recursos naturais sensveis ao clima(em geral as mais pobres). Mas haver oportunidades para quem melhor se adaptar.

    Resilincia, uma palavra inglesa usada primeiro na sica dos materiais, em seguida na psicologia, na

    ecologia, entre outras aplicaes. Signifca a capacidade de um ecossistema de se proteger dos impac-

    tos ambientais e se regenerar sem mudar seu estado ecolgico. Ecossistemas de baixa resilincia no

    conseguiro se proteger diante das mudanas globais, como as do clima (mais secas e inundaes, por

    exemplo) ou as causadas pela poluio. Como tudo est interligado, isso ter eeito nas demais reas.

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    De olho na relaoentre os temas:veja o caderno ar

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    rerigerador do A mudana no uso da terra e a destruio das orestas so a segunda maior onte de g no mundo. Elas representam 25% das emisses, contra75% dos combustveis sseis. No Brasil, ocorre o inverso. Cerca de 75% das emissesde CO2 provm do desmatamento e das queimadas, sobretudo na Amaznia Legal. Paraazer rente a isso, o governo ederal criou o Plano de Ao para Preveno e Controledo Desmatamento na regio.

    Vale lembrar que a antiga idia da Floresta Amaznica como pulmo do Planeta umconceito equivocado. Pensava-se que ela libera oxignio a absorve CO2, pela otossn-tese das plantas. Hoje se sabe que existe um ciclo equilibrado, com uma pequena sobrade oxignio no processo. Mas a oresta em p pode ser chamada de rerigerador domundo, por contribuir para evitar o aquecimento global.

    leis para a bUma maneira de assegurar a biodiversidade criar reas protegidas por lei. Delimitadaspelos governos ederal, estadual ou municipal, elas so de quatro tipos no Brasil: reas depreservao permanente, reservas legais, terras indgenas e unidades de conservao.

    g.O Cdigo Florestal brasileiro impe que cada proprieda-de rural tenha umareserva legal , rea correspondente a pelo menos 20% da propriedadecom vegetao nativa conservada (na Amaznia, a reserva deve ser de 80%).

    p p (aPP).Recebem esse ttulo os topos de morro, encostas muito inclinadas e matas que beiramos cursos dgua, cuja proteo necessria para evitar a degradao ambiental.

    .So reas protegidas por lei paragarantir a proteo do ecossistema e sua biodiversidade. E ganham nomes especfcos,conorme os dierentes tipos previstos na lei que instituiu o Sistema Nacional de Unida-des de Conservao (Lei 9.985/00). Entre eles, h os parques nacionais, onde s se ad-mitem pesquisas e visitao controlada; as orestas nacionais e reservas extrativistas,que prevem alguns usos da rea, sem devastar; e reas de proteo ambiental, queadmitem a atividade econmica associada proteo ambiental.

    g.reas da Unio, tradicionalmente ocupadas por po-vos indgenas, onde eles tm o direito de viver, reconhecido a partir de estudos da Fun-dao Nacional do ndio Funai.

    corredores gA devastao pode separar reas de importncia ecolgica, isolando indivduos da mes-ma espcie em ragmentos distantes entre si. Se o contato or inviabilizado, a espciepode desaparecer. Contra isso, oram idealizadas extenses de matas nativas para queanimais possam transitar de uma rea para outra. So os corredores ecolgicos, reas devegetao contnua que unem parques, reservas biolgicas, estaes ecolgicas, ores-tas nacionais, reservas extrativistas, ormando passagens por onde os animais circulam.

    Os 15 corredores ecolgicos brasileiros, administrados pelo Ibama e pelo Ministrio doMeio Ambiente, unem 247 reas protegidas e envolvem o trabalho de associaes comu-nitrias, cooperativas, ONGs locais e rgos estaduais e municipais de meio ambiente.

    QUioto iiAt 2012, governos e empresas de pases desenvolvidos podemusar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL, criadopelo Protocolo de Quioto, para patrocinar projetos que reduzamas emisses de carbono nas naes em desenvolvimento. Porexemplo, o plantio de rvores (seqestro de carbono do ar).

    Agora, discutem-se as regras ps-2012. Uma idia patrocinartambm quem protege as orestas em p, para evitar o retornodo carbono ao ar. um tema complexo. Uma das questes a sepensar : qual a validade do patrocnio se, para manter uma rea,or desmatada outra em seu lugar?

    O Brasil entrou no debate com outra sugesto: que os pasesdesenvolvidos criem um undo voluntrio para i ncentivar naesem desenvolvimento a alcanarem a reduo das emisses pro-

    venientes do desmatamento (RED).

    rppno proprietrio, ou proprietria, de uma rea que conserva um ecossistema

    nativo pode pedir para transorm-la em Reserva Particular de Patrimnio

    Natural RPPN. Ao se comprometer a conservar a rea de orma volun-

    tria, no precisa pagar o imposto sobre o territrio. uma orma de com-

    pensao e reconhecimento.

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    internacional que tratada b

    A partir da metade do sculo XX, as pessoas comearam a reconhecer que muitas esp-cies vivas oram extintas e outras tantas corriam srio risco devido ao modo de vida daspessoas na Terra. Foi ento que se comeou a discutir a biodiversidade, ou diversidadebiolgica.

    Assinada por 175 pases durante a Rio-92, a Conveno sobre Diversidade Biolgica CDB mostra que temos responsabilidades com a conservao dessa diversidade. Mastambm leva em considerao o ato de que, hoje, a biodiversidade est distribuda deorma desigual no mundo!

    Os pases do Hemisrio Norte, geralmente considerados mais desenvolvidos, empo-breceram sua biodiversidade no passado ao destruir muitas ormas de vida enquantoinvestiam no crescimento econmico. Os pases do Hemisrio Sul, em geral conside-rados menos desenvolvidos, so ricos em biodiversidade, porm pobres em tecnologia.Hoje grande e vital o desafo de conciliar o desenvolvimento com a conservao e ouso sustentvelda biodiversidade.

    Os principais objetivos da CDB so: a conservao da biodiversidade por meio da pro-teo de ecossistemas, o uso sustentvel da biodiversidade com a proteo dos conhe-cimentos tradicionaise a repartio justa dos benecios do uso da biodiversidade, demaneira igual entre os povos.

    in situ, ex-situ, gCertas expresses parecem mais complicadas do que so, quando se trata de biodiver-sidade. Especialistas alam de conservao in situ para se reerir proteo de espciesnos prprios ecossistemase habitats onde vivem. Ou nos meios onde se adaptaram, seorem espcies cultivadas.

    Tambm h a conservao ex-situ, quando exemplares so guardados em locais es-peciais, como os jardins botnicos, cmaras rias, zoolgicos, criatrios de animais sil-vestres. O jacar, muito cobiado por seu couro, depois que comeou a ser criado emcativeiro, saiu da lista dos animais ameaados de extino.

    Por fm, h os organismos transgnicos, ou organismos geneticamente modifcados(OGM). So plantas, animais ou microrganismos cuja constituio gentica oi mudadaem laboratrio para atender a alguma fnalidade (por exemplo, ser resistente a um agro-txico especfco). Ainda no se sabem os riscos que os OGMs podem trazer sade,

    ou aos ecossistemas nativos, onde poderiam se tornar espcies invasoras.

    Existe um debate intenso relacionado entrada de alimentos geneticamente modifca-dos no mercado. Alguns pases, tais como os da Europa e o Japo, rejeitam ortementea entrada de alimentos transgnicos. H os que deendem que a biotecnologia poderiareduzir o problema da ome no mundo, alegando que aumentaria a produtividade agr-cola, mas existem estudos que criticam essa posio. Por exemplo, o do economistaindiano Amartya Sen, ganhador do Prmio Nobel, que mostra que o problema da omeno mundo no li gado escassez de alimentos ou baixa produo, mas sua injustadistribuio em uno da baixa renda das populaes pobres.

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    ao pela bioDiVersiDaDe:

    alternatiVas para

    CUiDar Da bioDiVersiDaDeConservar a biodiversidade um desafo que deve envolver todos governos, empre-sas, universidades, instituies no governamentais, as pessoas de nossa regio, denossa cidade, de nossa escola.

    Pois tudo o que produzimos, e tudo o que consumimos, em ltima instncia, tem ori-gem na natureza. Ns azemos parte da natureza. Compomos a teia de vida, junto aosdemais seres vivos. E sempre que um fo se rompe, todos ns perdemos. Somos co-responsveis pelo equilbrio dessa teia.

    De que orma os projetos na nossa escola podem ajudar nessa delicada tarea de usara biodiversidade com sabedoria?

    Vamos juntos pensar em pesquisas sobre as ormas de vida que nos rodeiam, em nossaescola, nosso bairro, nas praas, parques e unidades de conservao que conhecemos.Discutir o que ameaa, o que contribui para a conservao do bioma onde vivemos.Pensar nas responsabilidades e em quais aes podemos propor.

    aes mitigadoras gbAssinada em junho de 1992 no Brasil, a Conveno sobre Diversidade Biolgica umacordo internacional no qual os pases signatrios se comprometem a recuperar e res-taurar ecossistemas degradados, alm de promover a recuperao de espcies amea-adas mediante, entre outros meios, a elaborao e implementao de planos e estra-tgias de gesto.

    Ao contribuir para o equilbrio ecolgico, estaremos tambm combatendo o aqueci-mento global do Planeta. Com aes locais e regionais, ajudaremos todo o Planeta.Vamos examinar as reas degradadas nossa volta. Buscar saber como elas eram an-tes, recuperando a histria do lugar atravs de otografas antigas e conversas com osmoradores mais velhos. Depois, promover aes, como o replantio de vegetao nativa,a melhoria do solo e o cuidado com as nascentes de gua.

    aes no mbito g e O processo industrial e tecnolgico pode ser usado a avor do meio ambiente, e nomais em sacricio dele. Para isso, preciso juntar todos os conhecimentos possveispara criar a estratgia do uso sustentvel, que concilia interesses econmicos, sociaise ambientais.

    O Ministrio do Meio Ambiente elabora listas sobre temas importantes, tais como a iden-tifcao de reas prioritrias para conservao e uso sustentvel, listas de espcies daauna e ora ameaadas de extino, de espcies invasoras, entre outros. Eis algumasaes que o governo pode tomar para estabelecer polticas que promovam a conserva-o da biodiversidade, combinando equilbrio ecolgico e eqidade social:

    Promover a proteo ao conhecimento tradicional associado biodiversidade, comrepartio dos benecios oriundos desse conhecimento, e proteo s populaestradicionais e locais garantir o direito s suas terras, sua cultura e tradio;

    Fomentar prticas de produo sustentveis a partir da biodiversidade. Existemdiversas prticas, como o agroextrativismo, o manejo sustentvel da oresta, ap, a agroecologia, que visam ao desenvolvimento rural sustentvel;

    Conservar e recuperar os biomas brasileiros.

    A permacultura (uso das palavras permanente e agricultura) oi idealizada

    nos anos 70 como prtica para planejar a produo agrcola e orestal com

    a mesma estabilidade, diversidade e exibilidade dos ecossistemas naturais.

    Hoje, o conceito se aplica tambm a outros ramos da atividade humana.

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    Ministrio do

    Meio Ambiente

    Ministrio

    da Educao

    vamoscuidar

    Brasildo2008

    Este caderno parte do material didtico:

    Mudanas Ambientais Globais:

    Pensar + agir na escola e na comunidade

    ar gua terra ogo

    realizao

    apoio