caderno especial sobre uso de herbicidas em milho

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Manejo de herbicidas - Especial 3 RESIDUAIS DE HERBICIDAS UTILIZADOS EM CULTURAS ANTECESSORAS AO MILHO I) Condiçıes para a ocorrŒncia de fitotoxidade no milho provo- cada por residual de herbicidas utilizados nas culturas antecessoras I.1) AMBIENTE SOLO - `GUA As regiıes com maiores possibilidades de apresentar, com maior freqüŒncia, problemas de fitotoxidade decorrente de resi- duais de herbicidas utilizados em culturas antecessoras sªo as Æreas onde o solo Ø utilizado mais intensamente. Destacamos as regiıes de safrinha, Æreas irrigadas e solos arenosos. Nestas con- diçıes, hÆ uma maior vulnerabilidade ao aparecimento de fito- toxidade. As condiçıes para que ocorra tal situaçªo estªo expres- sas na Figura 01, que nos mostra que o ambiente Ø o principal elemento responsÆvel pela interferŒncia na reduçªo de produti- O milho, como todas as culturas anuais, Ø extrema mente sensível à competiçªo inicial com as plantas daninhas. PorØm, à medida que se proporciona um período inicial livre da competiçªo por Ægua, luz e nutrientes, a cultura do milho se torna bastante competitiva com as plantas daninhas, evitando prejuízos à produtividade. Durante as fases intermediÆrias da cultura, o desenvolvimento do milho propor- ciona uma boa cobertura do solo, atravØs de sombreamento, ini- bindo a açªo das plantas daninhas. Esse conjunto se torna o melhor herbicida para o milho. O Brasil Ø um país bastante heterogŒneo quanto ao solo, clima e manejo. Essas diferenças, na grande maioria das vezes, exigem cuidados especiais e por que nªo dizer - recomendaçıes de manejo planejadas. No caso específico dos herbicidas, a tex- tura do solo, o índice pluviomØtrico, a dose, a fase da cultura, o nível de sensibilidade do híbrido, os prazos de carŒncia, dentre outros fatores, podem determinar a maior ou a menor eficiŒncia, bem como os índices de fitotoxidade do herbicida para a cultura. Muitas vezes, por nªo serem respeitados alguns desses as- pectos, o produtor pode colocar a sua cultura em risco e ficar confuso com relaçªo aos sintomas que ele poderÆ estar vendo ou, atØ mesmo, sintomas que podem passar despercebidos e que, tal- vez, só sejam vistos no momento da colheita, quando o produtor questiona os resultados de produtividade. Independente da situaçªo no campo, os tØcnicos tŒm sido cada vez mais solicitados para resolverem questıes como essas que poderiam ser evitadas com uma adequada anÆlise. É com o propósito de mostrar essas interaçıes que resolvemos escrever o presente artigo. Nªo Ø nosso intuito avaliar a eficiŒncia dos herbicidas, nem mesmo indicar doses, nem direcionar para a escolha do herbicida A ou B, mas apenas chamar a atençªo para aspectos que podem ajudÆ-los a melhorar a eficiŒncia do con- trole de plantas daninhas, com menor risco de fitotoxidade. Para isso, nós dividimos o artigo em duas partes principais, sendo que a primeira trata do efeito de residuais de herbicidas utilizados em culturas antecessoras e, na segunda parte, Ø tratado o controle de plantas daninhas em milho. Com o passar dos anos, nos deparamos com grande quantidade de solicitaçıes de alguns de nossos clientes que se questionam sobre o vigor e comporta- mento final de nossos híbridos, enquanto, na grande maioria das vezes, os problemas sªo causados pelo uso errado de herbicidas. Herbicidas em milho Herbicidas em milho Figura 01 ... Injœrias causadas por herbicidas na cultura do milho sªo abordadas pelos pesquisadores da Pioneer

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Page 1: Caderno Especial Sobre Uso de Herbicidas Em Milho

Manejo de herbicidas - Especial � 3

RESIDUAIS DE HERBICIDAS UTILIZADOSEM CULTURAS ANTECESSORAS AO MILHO

I) Condições para a ocorrência de fitotoxidade no milho provo-cada por residual de herbicidas utilizados nas culturas antecessoras

I.1) AMBIENTE � SOLO - ÁGUAAs regiões com maiores possibilidades de apresentar, com

maior freqüência, problemas de fitotoxidade decorrente de resi-duais de herbicidas utilizados em culturas antecessoras são asáreas onde o solo é utilizado mais intensamente. Destacamos asregiões de safrinha, áreas irrigadas e solos arenosos. Nestas con-dições, há uma maior vulnerabilidade ao aparecimento de fito-toxidade. As condições para que ocorra tal situação estão expres-sas na Figura 01, que nos mostra que o ambiente é o principalelemento responsável pela interferência na redução de produti-

Omilho, como todas as culturas anuais, é extremamente sensível à competição inicial com as plantasdaninhas. Porém, à medida que se proporciona um

período inicial livre da competição por água, luz e nutrientes, acultura do milho se torna bastante competitiva com as plantasdaninhas, evitando prejuízos à produtividade. Durante as fasesintermediárias da cultura, o desenvolvimento do milho propor-ciona uma boa cobertura do solo, através de sombreamento, ini-bindo a ação das plantas daninhas. Esse conjunto se torna �omelhor herbicida para o milho�.

O Brasil é um país bastante heterogêneo quanto ao solo,clima e manejo. Essas diferenças, na grande maioria das vezes,exigem cuidados especiais e � por que não dizer - recomendaçõesde manejo planejadas. No caso específico dos herbicidas, a tex-tura do solo, o índice pluviométrico, a dose, a fase da cultura, onível de sensibilidade do híbrido, os prazos de carência, dentreoutros fatores, podem determinar a maior ou a menor eficiência,bem como os índices de fitotoxidade do herbicida para a cultura.

Muitas vezes, por não serem respeitados alguns desses as-pectos, o produtor pode colocar a sua cultura em risco e ficarconfuso com relação aos sintomas que ele poderá estar vendo ou,até mesmo, sintomas que podem passar despercebidos e que, tal-vez, só sejam vistos no momento da colheita, quando o produtorquestiona os resultados de produtividade.

Independente da situação no campo, os técnicos têm sidocada vez mais solicitados para resolverem questões como essasque poderiam ser evitadas com uma adequada análise.

É com o propósito de mostrar essas interações que resolvemosescrever o presente artigo. Não é nosso intuito avaliar a eficiênciados herbicidas, nem mesmo indicar doses, nem direcionar para aescolha do herbicida �A� ou �B�, mas apenas chamar a atençãopara aspectos que podem ajudá-los a melhorar a eficiência do con-trole de plantas daninhas, com menor risco de fitotoxidade.

Para isso, nós dividimos o artigo em duas partes principais,sendo que a primeira trata do efeito de residuais de herbicidasutilizados em culturas antecessoras e, na segunda parte, é tratadoo controle de plantas daninhas em milho. Com o passar dos anos,nos deparamos com grande quantidade de solicitações de algunsde nossos clientes que se questionam sobre o vigor e comporta-mento final de nossos híbridos, enquanto, na grande maioria dasvezes, os problemas são causados pelo uso errado de herbicidas.

Herbicidasem milhoHerbicidasem milho

Figura 01

...

Injúrias causadas porherbicidas na cultura domilho são abordadas pelospesquisadores da Pioneer

Page 2: Caderno Especial Sobre Uso de Herbicidas Em Milho

4 � Especial - Manejo de herbicidas

Cultivar � Agosto 2002

vidade. Este gráfico é resultado de um trabalho da Pioneer Ame-ricana, onde se estudou o efeito do ambiente, em dez locais, doscinco herbicidas e da susceptibilidade de seis híbridos a estesfatores. Apesar de os herbicidas estudados serem recomendadospara utilização no milho, em várias modalidades pré e pós-emer-gência, o exemplo serve para demonstrarmos o quanto o ambi-ente interfere no processo de potencialização e degradação dequímicos.

Cada vez mais tem ficado evidente a interferência do ambi-ente na persistência de herbicidas no solo, pois é crescente a aber-tura de novas áreas ao processo produtivo. Estas, que até poucotempo eram considerados regiões marginais por apresentarem bai-xos teores de argila, chegando, em alguns casos, a valores abaixo de15%. Hoje, são exemplos claros de áreas agricultáveis a Bahia,norte de Goiás, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, o Pará.Estes solos, por exemplo, requerem grandes cuidados no seu ma-nejo, para que não coloquem em risco as culturas ali instaladas.

Outro efeito provocado pelo ambiente que favorece os sin-tomas de fitotoxidade no milho é a falta de chuvas, que podeocorrer nas lavouras de verão. A água é um dos principais res-ponsáveis pela degradação dos herbicidas, sendo este um dosprincipais fatores de problemas ocorridos em milho de safrinha.

Além desse, outros fatores também interferem na pré-dis-posição do milho ao residual de herbicida:

� Atividade do solo;� Textura do solo;� Quantidade de precipitação ou irrigação;� Teor de matéria orgânica do solo;� pH do solo;� Temperatura após aplicação do produto;� Tempo de espera (da aplicação até a instalação do milho).

1.2. HERBICIDAQuanto ao herbicida utilizado na cultura antecessora, verifica-

se que algumas características são mais marcantes no favorecimentode problemas de fitotoxidade no milho. Entre eles se destacam:

� Degradação do herbicida;� Dosagem do herbicida;� Princípio ativo.

1.3. HÍBRIDOOs híbridos de milho apresentam diferentes comportamen-

tos perante à presença de residual de herbicidas não seletivos. Ossintomas são variados, mas podem ser divididos em dois princi-pais: aqueles que ocorrem na fase inicial e são percebidos ou visí-veis e aqueles sintomas que ocorrem nas fases finais da cultura eque não foram percebidos (chamados de fitotoxidade oculta).

A fitotoxidade oculta ainda divide as opiniões entre os pes-quisadores, mas hoje já é bem mais aceita do que no passado,principalmente em decorrência dos novos produtos que foramsendo introduzidos no mercado.

� Sintomas mais comuns da fitotoxidade visível:- Redução de população;- Desuniformidade inicial, Figura 02;- Raízes mal formadas, Figura 03.� Sintomas mais comuns da fitotoxidade oculta:

- Aparecimento de Tombamento/ Quebramento (Entradade doenças);

- Redução de produtividade.

2. PRINCIPAIS PROBLEMAS DA DESSECAÇÃOSem dúvida nenhuma, dessecações feitas com produtos à

base de 2,4D sem respeitar adequadamente as indicações de usopara esse fim, têm sido uma das principais causas de fitotoxida-de, principalmente nas fasesiniciais da cultura que apre-sentam desuniformidadeinicial de plantas. As prin-cipais características de her-bicida à base de 2,4D são:

� É absorvido por argi-la, matéria orgânica, mas élixiviado em solos arenosos;

� É degradado por bac-térias e actinomicetos;

� Volatilização baixaquando na forma de Sais deAmida e alta na forma deéster;

� Baixa perda por foto-decomposição;

� Na dosagem reco-mendada, em solos argilosose clima quente, o produto édegradado em quatro sema-nas. Em solos arenosos e fri-os, gasta-se mais tempo paradecomposição.

Como foi visto anteriormente, o 2,4D necessita também deágua para sua degradação. Esse é um dos principais motivos dasua interferência na cultura do milho, uma vez que podem nãoocorrer chuvas após a aplicação na dessecação e o plantio do mi-lho, podendo ocasionar danos ao processo inicial de germinação,conforme pode ser visto na Figura 04.

Um outro aspecto que deve ser observado é que na ocorrên-

Figura 02

Figura 04

cia de grandes precipitações - logo após o plantio do milho - prin-cipalmente em solos com pouca cobertura, a chuva provoca umaerosão laminar do solo, mesmo em plantio direto, fazendo comque haja uma maior concentração do produto na linha de plan-tio, aumentando demasiadamente a concentração do herbicidaem contato com o milho na sua fase inicial. Algumas medidaspodem ser tomadas para se evitar essas situações:

� Esperar um prazo em torno de 5 dias, sendo necessárioque ocorra alguma precipitação neste intervalo. O ideal seriauma precipitação de 60 mm;

� Evitar usar doses cheias do 2,4D;� Evitar o uso deste produto em solos arenosos;� Procurar estudar, junto ao agrônomo ou consultor, a pos-

Figura 03

Cada vez maistem ficadoevidente a

interferênciado ambiente

na persistênciade herbicidas

no solo, pois écrescente aabertura de

novas áreas aoprocesso

produtivo

...

Page 3: Caderno Especial Sobre Uso de Herbicidas Em Milho

Manejo de herbicidas - Especial � 5

sibilidade de substituição por produtos de menor efeito residual.OBS: Todas essas medidas devem ser tomadas com suporte

técnico de um agrônomo, consultor ou orientação da empresafornecedora do herbicida.

3. HERBICIDAS EM CULTURAS ANTECESSORASOs herbicidas utilizados em culturas antecessoras que têm

mais problemas de residuais estão expressos no Quadro 01.

4. COMO EVITAR RESIDUAL DESTES DE HERBICIDAS

4.1. HISTÓRICO DA ÁREAÉ o principal e insubstituível fator para se evitar um proble-

ma de residual.

4.2. PROGRAMAÇÃO NA CULTURA ANTERIORVários produtores optam em não fazer safrinha ou, até mes-

mo, optam por não plantar milho como cultura sucessora. Porém,no desenrolar do mercado, o preço torna-se atrativo, o produtortorna-se propenso a plantar milho e aí começam os problemas �estes, normalmente, são decorrentes da falta de planejamento.

Para que isso não ocorra, deve-se sempre utilizar produtos debaixo residual, independente da cultura sucessora. Já, quando setrata de áreas irrigadas ou mesmo regiões de safrinha, este cuidadodeve ser constante.

4.3 EVITAR O USO DE PRODUTOS DE ALTA PERSISTÊNCIA NO SOLOAo planejar sua lavoura e o seu sistema de plantio, converse

com seu agrônomo e exponha o que pretende fazer. Com basenisso, com certeza uma das orientações que serão dadas será a deoptar por produtos de menor persistência no solo.

4.5. OBEDECER O PRAZO DE CARÊNCIA E LIMITAÇÕES INDICADOSPELO FABRICANTE

Siga o que está escrito no manual do produto, levando sem-pre em consideração os aspectos ambientais como chuva etc.Apesar de estar escrito no seu registro junto ao ministério daagricultura, as observações dos produtos, às vezes, passam des-percebidas, ocasionando grandes transtornos aos produtores econseqüentes prejuízos à lavoura.

4.6. FAZER UM TESTE DE LABORATÓRIOHoje, no Brasil, existem alguns laboratórios que podem rea-

lizar análises de solo para fins de detecção de resíduos. Para isso,basta se informar junto a uma cooperativa local ou junto ao seuagrônomo sobre como proceder. Na prática é simples, basta en-caminhar uma amostra de solo para esse laboratório com a fina-lidade de identificar níveis existentes de herbicidas que possamser tóxicos para a cultura a ser implantada.

4.7. FAZER UM TESTE BIOLÓGICONa dúvida sobre a existência ou não de residual, pode se

optar pela utilização de um teste biológico, que nada mais é doque simular no campo uma possível situação que a lavoura su-cessora irá passar.

4.7.1. TESTE BIOLÓGICO

OBJETIVODetectar resíduos de herbicidas da cultura anterior no mi-

lho, usando diferentes híbridos ou culturas indicadoras.

COMO FAZERSemear uma quantidade conhecida de sementes do híbrido

que se pretende plantar, juntamente com uma cultura indicado-ra o mais rápido possível na área suspeita, chegando mesmo a secultivar ainda quando a cultura anterior ainda não foi retiradada área (colhida). Irrigar, se estiver seco e também plantar numsolo vizinho, que não recebeu a aplicação do herbicida na cultu-ra antecessora, para que sirva como testemunha. É importanteque esse solo tenha características físicas e químicas semelhan-tes. A cultura indicadora é aquela que tenha uma maior sensibi-lidade ao herbicida residual, na grande maioria dos casos o sorgose apresenta com esta característica, porém existem outras cul-turas indicadoras mais sensíveis de acordo com o herbicida estu-dado, Quadro 02. A cultura indicadora deve ser semeada tam-bém, para que se possa identificar uma possível fito oculta nomilho(mais tolerante) já nas fases iniciais do sorgo. Após isso,deve ser feita uma avaliação logo após a emergência e uma sema-na após, avaliando o milho e o sorgo, tanto na área onde recebeua aplicação do herbicida suspeito e na área testemunha. Na ava-liação deve-se comparar o número de plantas, plantas normais ea aparência delas (desenvolvimento das plantas, aspecto das fo-lhas e raízes, etc). Caso, nada de anormal tenha sido detectado,ou não detectando nenhuma diferença entre o milho e o sorgonas diferentes áreas, isso significa que a área terá grandes chan-

Características dos Herbicidas Utilizado nas Culturas Antecessoras quepodem apresentar influiencia no milho subseqüente

Princípio Ativo

IMAZAQUIN

TRIFLURALIN

DICLOSULAN

FOMESAFEN

CLOMAZONE

Nome Comercial

�Scepter, Topgan, Squadron,Triscept;

Trifluralina, Treflan, Herbiflan,Premerlin, etc.;

Spider

Flex, Fusiflex, Robust

Gamit

Cultura recomendada

Soja

Algodão, Soja, Feijão e Milho.

Soja

Soja e Feijão

Algodão, arroz irrigado, fumo e soja

Indicação do Produto:

Herbicida seletivo para a cultura da sojautilizado em pré plantio incorporado,aplique e plante e pré emergência paraas folhas largas.

Herbicida recomendado para o contro-le de gramíneas anuais e algumas pe-renes e algumas folhas largas, utiliza-do em pré plantio incorporado e préemergência.

Herbicida seletivo para a cultura da sojautilizado em pré plantio incorporado,pré emergência para o controle de fo-lhas largas.

Herbicida seletivo para as culturas dasoja e do feijão, usado em pós emer-gência em folhas largas.

Herbicida seletivo utilizado em préemergência para o controle de gramí-neas anuais e perenes, e algumas fo-lhas largas.

Residual no Solo:

para milho intervalo de 360 dias e pre-cipitação mínima de 330 mm;

Indicado para a cultura do milho, po-rém em altas dosagens pode apresen-tar problemas;

a soja não poderá ser rotacionada comas seguintes culturas de outono, plan-tadas imediatamente após a colheita dasoja: milho, girassol, sorgo, etc. CDA,6ed.

Observar um intervalo mínimo de 150dias entre a aplicação e a semeadurado milho e sorgo, GUIA DE HERBICI-DAS, 1998. Quando utilizado dosagemrecomendada.

dosagens superiores as indicadas po-dem ocorrer fito no milho.

Quad

ro 0

1

Ao planejarsua lavoura e oseu sistema deplantio,converse comseu agrônomoe exponha oque pretendefazer. Combase nisso,com certezauma dasorientaçõesque serãodadas será ade optar porprodutos demenorpersistência nosolo

...

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6 � Especial - Manejo de herbicidas

Cultivar � Agosto 2002

ces de não apresentar fito imediata e oculta no milho. Deve secoletar também um solo de características químicas e físicas omais próximo possível do solo suspeito, onde deverá se semear ohíbrido de milho a ser plantado e a cultura indicadora escolhida.

A Figura 05 apresenta uma chave de identificação de injuri-as. Redução de produtividade causada por residual de herbici-das, que deve ser utilizada na ausência de um histórico pre-ciso da área.

5. COMO AGIR NA PRESENÇA DE RESIDUAL DE HERBICIDAS

5.1. PRIMEIRO SELECIONE A TOLERÂNCIA DO HÍBRIDOOs genótipos de híbridos de mi-

lho tendem a se comportar diferente-mente aos vários herbicidas residuaisnão seletivos. Porém, este fato se limitaem torná-lo mais ou menos sensível aoquímico, não devendo existir ausênciade dados ao residual - a não ser em ca-sos específicos de milhos mutantes,como no caso dos híbridos de milho re-sistentes a imidazolinonas.

5.2. CALAGEM PODEMELHORAR A SITUAÇÃODEPENDENDO DOHERBICIDA

Como acontece com a calda her-bicida, a estabilidade dos herbicidaspode ser alterada de acordo com o pHdo solo. Para a maioria dos herbicidasque favorece efeitos residuais para acultura do milho, o pH mais elevadopoderá desfavorecer um efeito fitotó-xico para a maioria deles. No entanto,valores elevados de pH poderão trazer outros malefícios,como indisponibilidade de micronutrientes etc. Como su-gestão, se informe a respeito.

5.3. DÊ TEMPO PARA QUE O PRODUTO DEGRADE, CHECANDOCOM O TESTE BIOLÓGICO

A maioria dos herbicidas apresenta no próprio rótulo o tem-po mínimo necessário para a instalação do milho, porém, se ascondições climáticas não foram normais, principalmente no quese refere à quantidade e distribuição de chuvas e temperatura, oprodutor deverá fazer uso do teste biológico.

5.4. PREPARE A ÁREA. PREPARO DO SOLO DILUI O HERBICIDA Na maioria dos casos, o preparo do solo poderá ajudar na

degradação do herbicida, porém poderá disponibilizar o solo àerosão, acelerar a decomposição da matéria orgânica etc. Aqui éimportante pesar até que ponto se deve comprometer um siste-ma de plantio direto para solucionar o problema.

5.6. NÃO PLANTE!!!Se tiver dúvida é melhor não plantar. Na dúvida não plante.

Procure um técnico para sua melhor orientação e menor risco.

Culturas indicadoras para os diferentes herbicidas utilizados nasculturas antecessoras

GRUPO QUÍMICO

ImidazolinonasFenoxiacéticosDinitroanilinasSulfonanilinasDifenil eteresIsoxazolinonas

NOME COMUM

Imazaquin2,4 - DTrifluralinDiclosulanFomesafenClomazone

CULTURAS INDICADORA

Alfafa=milho=girassol>sorgoAlgodão=mamona>sorgo>milhoSorgo>milhoGirassol>sorgo>milhoAlfafa>sorgo>milhoTrigo>girassol=sorgo=milho

Fonte: Adaptado de Testing for Herbicide Residues in Soil, Pioneer EUA, 1998

Quad

ro 0

2

5.7. CONSIDERAÇÃO FINAL SOBRE EFEITO RESIDUAL DEHERBICIDAS NAS CULTURAS ANTECESSORAS DO MILHO

Como se faz com os fertilizantes, procure não só aplicar oherbicida de acordo com o mato e a cultura, como tambémlevar em conta a aplicação do herbicida no SISTEMA. Planejesua lavoura. Não decida por mudanças de culturas na últimahora. Para isso, hoje, todos podem contar com adequado supor-te técnico de agrônomos de cooperativas, consultores, equipedas empresas de sementes e defensivos. Sempre que tiver dúvi-das faça uma consulta. Se for mudar de produto, ou mudou omanejo, ou tiver qualquer outra dúvida, consulte sempre.

MANEJO DAS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHOO melhor herbicida existente para o milho é o próprio mi-

lho. Para isso, basta que nós o favoreçamos no processo deimplantação da cultura. Existem inúmeras práticas que podemauxiliar nesse processo., Uma delas é a dessecação e imediatoplantio em situações normais de umidade e temperatura, porexemplo. Outra estratégia são as adubações mais concentradasde nitrogênio, o que favorece o arranque inicial do milho emrelação à planta daninha, ou ainda, a redução de espaçamentoentrelinhas para o fechamento mais rápido, impedindo a en-trada de luz e conseqüente germinação das plantas daninhas.

Existem vários trabalhos que demonstram que a utilizaçãode herbicidas pré ou pós-emergentes na cultura do milho temreduzido a produtividade do milho em relação à testemunha(capina manual). Isso demonstra que, apesar da seletividade eeficiência dos herbicidas no controle de plantas daninhas, elespoderão afetar de alguma forma a produtividade do milho.

Assim, mais do que nunca a indicação de um determinadoherbicida deve seguir rigorosamente um planejamento e devesempre ser feita com uma orientação técnica de uma pessoa ca-pacitada. Nesse planejamento deve ser levado em consideração ohistórico da área, o tipo e pressão de plantas daninhas na área,além de uma infinidade de outras informações como textura dosolo, qualidade da água etc. O presente artigo não tem o objetivo

A maioria dosherbicidas

apresenta nopróprio rótulo

o tempomínimo

necessáriopara a

instalação domilho, porém,

se ascondições

climáticas nãoforam

normais,principalmente

no que serefere à

quantidade edistribuição de

chuvas etemperatura, o

produtordeverá fazeruso do teste

biológico

... Figura 05

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Manejo de herbicidas - Especial � 7

6800

7000

7200

7400

7600

7800

8000

8200

0 12 24 36 48

PCC 15 a 50 DAS

Período Crítico de Competição no Milho - PCC

Rend

imen

to (K

g ha

)DAS-Dias após a semeadura. Fonte: Planta Daninha, 18:471,2000

Figura 06de indicar qual herbicida deverá ser aplicado, mas sim discutiros parâmetros que devem ser levados em conta para essa seleção.

I) PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO � PCCO período crítico de competição do milho é o período em

que a cultura do milho não está apta a sofrer competição com asplantas daninhas, repercutindo em reduções de produtividade.Existem vários estudos mostrando este período pelo qual o mi-lho deverá passar sem a competição de plantas daninha, ou seja,�passar no limpo�. A Figura 06 apresenta que este período deve-rá ser de 7 dias de nascido a mais ou menos 45 dias de nascido, apartir daí a competição com luz, água e nutrientes é menor.

II) QUE HERBICIDA USAR?Na hora de selecionar o herbicida a ser utilizado surge sempreuma primeira discussão. Pré-emergentes ou Pós-emergentes?

FATORES A CONSIDERAR

a) Tipo de sistema de plantio (Direto ou Convencional)O tipo de sistema adotado - se direto ou convencional - tem

influenciado na eficácia e controle de plantas daninhas. Grandepresença de matéria orgânica na superfície do solo poderá ocasi-onar uma ausência ou desuniformidade de distribuição da solu-ção herbicida em pré-plantio ou pré-emergência, dificultando suaeficiência.b) Limitação do equipamento

Alguns produtores dispõem de somente um aparelho de apli-cação de químicos e esta época coincide com a dessecação deoutras áreas, aplicação de herbicidas pré, inseticidas etc., fazen-do com que o produtor opte por um herbicida pós ou pré emfunção do seu cronograma de aplicação de defensivos.c) Tipo e grau de infestação de determinada Planta Daninha

Em áreas mais intensamente utilizadas como safrinha e pi-vôs centrais, nota-se uma maior presença de plantas daninhas,tornando difícil o controle destas plantas em determinada mo-dalidade do herbicida, como é o caso do controle de �feijão ti-güera� que aparece no milho, onde a atrazina possui moderadaeficiência quando utilizada em pré-emergência. Quando utiliza-do em pós inicial mais óleo mineral, a atrazina se torna altamen-te eficiente.d) Textura do solo

A textura do solo tem efeito direto na lixiviação de herbici-das pré-emergentes, chegando até mesmo a se adotar estratégi-as diferentes destes herbicidas em áreas arenosas, como é o casodo oeste baiano e regiões do arenito em parte de São Paulo e atémesmo no Paraná. Em algumas situações, os produtores apli-cam os herbicidas pré-emergentes antes do plantio, até mesmona dessecação, esperando condições de chuvas após esta aplica-ção, para ativar o herbicida e depois efetuar o plantio do milho,funcionando assim como herbicida pré-plantio, evitando pos-síveis danos dos herbicidas ao milho. Os trabalhos realizados acampo têm demonstrado que nestas situações de solos areno-sos e/ou altas precipitações imediatamente após a aplicação deherbicidas pré-emergentes a translocação do herbicida no per-fil do solo pode ser afetada, atingindo a semente, Figura 07 Éimportante ficar atento para esse aspecto.e) Umidade inicial do solo

A maioria dos herbicidas é ativada na presença de umidade.Em várias regiões onde os produtores rurais �arriscam� mais nosplantios do cedo, o tão conhecido �plantio do pó�, a utilizaçãode herbicidas pré-emergentes pode apresentar um maior risco,pois as chuvas nestas situações são bastante irregulares, podendocomprometer a eficiência dos pré-emergentes.f) Custo

O mercado de herbicidas é bastante atrativo e, como emqualquer outra modalidade, a exemplo do que ocorre com inse-ticidas, sementes, fertilizantes, o custo passa a ser um compo-nente importante de decisão de compra. O produtor, na suamaioria, está sempre propenso a buscar reduções de custos, emuitas vezes isso implica na utilização de novos produtos ain-da não bem avaliados na sua situação específica de solo, tecno-logia, clima, manejo etc.. Estas reduções de custo se dão princi-palmente entre os pré-emergentes, que é a maioria dos produ-tos no mercado, em comparação com os pós-emergentes, por

esses possuírem um menor número herbicida.

II.2) O QUE CAUSA A ESCOLHA INADEQUADA DE HERBICIDASDe um modo geral, quando ocorre qualquer sintoma anor-

mal nas lavouras, principalmente durante as fases iniciais dacultura, produtores e técnicos apresentam dúvidas e questio-namentos com relação aos híbridos plantados. E colocam entreas principais suspeitas:a) Suspeita de falta de vigor das sementes Pioneer

Essas suspeitas são de fácil solução, pois as empresas desementes têm um controle dos lotes que permite rapidamente aexecução do processo de rastreabilidade, ou seja, um lote nuncaé enviado para apenas um produtor e este lote é distribuído paravárias regiões. Na medida em que surge qualquer reclamação, orestante do lote é aferido em condições de campo, descartandoou não a hipótese de problemas de vigor. Entretanto, isso sem-pre causa desgastes com os clientes.b) Alteração na performance do híbrido

Há casos em que a suspeita é de que a empresa produtorada semente alterou o híbrido, tornando-o mais sensível. Essasuspeita é totalmente infundada pois as empresas teriam dealterar todo o seu esquema de produção, desde as linhagensque são responsáveis pela produção das sementes híbridas co-merciais. Entretanto, o que muitas vezes pode ocorrer é a fito-toxidade não ter se manifestado, ou não ter sido percebida nasafra anterior por �n� razões, como por exemplo o clima Tersido extremamente favorável etc.

Apesar de contestada por alguns, a fitotoxidade oculta mui-tas vezes não é percebida até mesmo nos ensaios de avaliaçãode herbicidas porque as observações são realizadas até o flores-cimento do milho, não chegando até a colheita, o que muitasvezes não oferece condições de detectar o efeito.C) Alteração do herbicida

Da mesma forma que produtores e técnicos atribuem sus-peitas com relação à alteração do material genético, surgemtambém suspeitas com relação a alterações na composição dosherbicidas. E, nesse caso, cabe às empresas produtoras ter oadequado sistema de controle para provarem não ser isso pos-sível, até mesmo porque os produtos são todos registrados numprocesso bastante complexo.

III) HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA CULTURA DO MILHOSão herbicidas aplicados em pré-emergência das plantas

daninha. Continua sendo a classe de herbicidas mais utilizadana cultura do milho.

Os produtos utilizados para esta finalidade estão descritosno Quadro 03.

Os herbicidas de pré-emergência são aqueles aplicados logoapós a semeadura do milho. Para um bom desempenho dessesherbicidas é necessário que o solo esteja úmido, ou que se irrigueou faça chuva 48 horas após a sua aplicação, para que se obtenha amelhor performance dos produtos. Em preparo de solo convenci-

O mercado deherbicidas ébastanteatrativo e,como emqualquer outramodalidade, aexemplo doque ocorrecominseticidas,sementes,fertilizantes, ocusto passa aser umcomponenteimportante dedecisão decompra

...

Page 6: Caderno Especial Sobre Uso de Herbicidas Em Milho

8 � Especial - Manejo de herbicidas

Cultivar � Agosto 2002

onal, é de extrema importância que o solo esteja bem destorroado.Estes herbicidas têm por função controlar as plantas dani-

nhas no estágio mais inicial, ou seja, quando as sementes estãogerminando e as plântulas de milho ainda não emergiram. Comoconseqüência, o milho nasce no limpo e assim permanece atéque o efeito residual termine. É desejado que estes herbicidaspré-emergentes possuam um residual suficiente para manter asplantas daninhas controladas até o próximo pendoamento domilho. A seletividade é sempre desejável, no entanto, é reco-mendado sempre consultar sobre a utilização de novos herbici-das, que podem em alguns casos exigir maiores cuidados paraque alcancem sua eficiência, seletividade e apresentem menoresriscos de fitotoxidade.

III.1) MANEJO ADEQUADO DOS PRÉ-EMERGENTESa) Profundidade de Plantio

A profundidade de plantio está diretamente ligada a ummaior contato entre o herbicida e a fase inicial de germinação domilho. Pode se tornar um fator importante na desuniformidadeinicial das plantas ou em casos mais graves em redução de popu-lação de plantas.

Em condições de campo, temos verificado que a utilizaçãode herbicidas pré-emergentes de última geração em situações deplantios mais rasos (menor do que 5 cm) tem apresentado algumnível de fitotoxidade.b) Seguir as recomendações de doses específicas ao tipo de solo

Devem ser seguidas as recomendações dos fabricantes. É nomanual do produto que se encontram todas as informações parao uso correto e seguro dos herbicidas. Havendo qualquer altera-ção como misturas com inseticidas, outros herbicidas, fertilizan-tes etc., o fabricante deve ser consultado. As doses dos herbicidas

sempre são indicadas de acordo com o tipo de textura do solo(argiloso ou arenoso), teor de matéria orgânica, além de outrosaspectos que podem implicar diretamente na eficácia no contro-le de plantas daninhas, menor risco para a cultura indicada econdições seguras para a implantação da cultura seguinte.c) Evitar solos arenosos com baixa matéria orgânica

Cada empresa possui informações sobre seus herbicidas su-ficientes para a recomendação e sua utilização em função de ca-racterísticas específicas como o tipo de solo e teores de matériaorgânica etc. O usuário deve ler ou solicitar informações adicio-nais antes da sua utilização.d) Precauções em crostas ou torrões

Um mau preparo do solo influencia diretamente no desem-penho do herbicida pré-emergente, pois não promove uma me-lhor distribuição do herbicida no solo.e) Evitar épocas de plantio muito cedo

Conforme mencionamos, a eficiência dos herbicidas pré-emergentes está diretamente ligada a sua ativação imediata nosolo e isto se dá somente na presença de umidade. Épocas inici-ais de plantio são caracterizadas por chuvas de distribuição irre-gulares e grandes quantidades de água em um curto período detempo, dificultando uma boa ação dos herbicidas pré-emergen-tes e podendo potencializar seus efeitos tóxicos, apesar de a grandemaioria destes produtos apresentar um antídoto (substâncias queimpedem que o principio ativo do herbicida cause problema nomilho). O que poderá ocorrer é uma incompatibilidade entre oativo do herbicida e o antídoto, no que se refere às característicasquímico-físicas, como por exemplo solubilidade. Isso poderia ocor-rer remotamente, nos casos de mudança de antídotos, ou de qual-quer outro componente do sistema com solventes, por exemplo.Se isso ocorrer, a proteção do antídoto poderá ficar comprometi-da em determinadas situações. Mas com certeza são evitadas edescartadas através dos testes de compatibilidade feitos pelos fa-bricantes antes dos seus lançamentos e /ou modificações, se porventura vierem a ocorrer.f) Época ideal de aplicação de herbicidas pré-emergentes

A época ideal para a aplicação de herbicidas pré-emergenteestá ilustrada na Figura 07. Esta época consiste em aplicar oproduto antes que a sementeira das plantas daninhas tenha ini-ciado o processo de germinação. Pois caso isso tenha ocorrido, énecessário que se faça a aplicação de produtos já formulados comatrazina mais óleo mineral, para que se possa ter um efeito decontato da atrazina nas gramíneas em fase inicial, bem antes deemissão de perfilho.

Quando fazemos um simples teste de herbicida e acompa-nhamos somente o nível de controle de ervas e a produtividadefinal, podemos não avaliar todo a seletividade do herbicida, poiso mesmo poderá afetar a população inicial de plantas sem queisso apresente danos à produtividade, pois como se sabe algunshíbridos de milho apresentam um alto grau de compensação deespigas, mascarando um possível efeito da seletividade do herbi-cida. Na Figura 08, verificamos que a maioria dos herbicidasafeta diferentemente a população inicial de plantas de diferenteshíbridos de milho no mercado.

Quando avaliamos produtividade final, verificamos que asreduções de produtividade não seguem as mesmas proporçõesque ocorreram na redução de população inicial, Figura 09. Mes-mo em alguns casos ocorreu o inverso, os herbicidas que tiveramuma leve influência na redução inicial de população apresenta-ram maior produtividade em relação a outros herbicidas, bemcomo em relação à testemunha. Isto se deve ao fato de que ocomportamento de um híbrido é diretamente proporcional aogenótipo (linhagens que compõem os híbridos), adicionados aosfatores limitantes do ambiente (água, temperatura etc.) e mane-jo (adubação, época de plantio, condições de plantio etc.). Comessas ponderações, a grande importância desse tipo de ensaio é ofato de que ao se avaliar efeitos de herbicidas deve se avaliar todoo sistema, o que se torna um tanto complexo, mas se faz necessá-rio, principalmente quando o produtor está insatisfeito com osresultados dos produtos que vem utilizando atualmente e estáem processo de substituição de produto.

É importante observar que os dados abaixo foram obtidospara uma condição específica de manejo e ambiente. Foi realiza-do controle sobre a população de plantas, das práticas de manejocomo nível de adubação, dose dos produtos etc. Outra observa-

Figura 07

Um maupreparo do

solo influenciadiretamente no

desempenhodo herbicida

pré-emergente,

pois nãopromove uma

melhordistribuição do

herbicida nosolo

...

Figura 08

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA POPULAÇÃO DE HÍBRIDOS - SAFRAS 98/99 e 99/2000(solo textura argilosa)

abcdefg

hmédia

Page 7: Caderno Especial Sobre Uso de Herbicidas Em Milho

Manejo de herbicidas - Especial � 9

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS- SAFRAS 98/99 e 99/2000(solo textura argilosa)

Característica dos principais herbicidas recomendados para a cultura do milho

Modo de Ação

Inibidores de Mitose

Inibidores de DivisãoCelular

Inibidores deFotosíntese

Inibidores da SínteseAminoácidos

Destruidores daMembrana Celular

Reguladores de crescimento

PrincípioAtivo

Pendimentalin

AcethocorAlachorAtrazineDimethenamidS-MetholachlorTrifluralin

AmetryneBentazonCyanazinaIsoxaflutoleSimazineAmônioGlufosinato

GlifosateNicosulfuron

Sulfosate

Paraquat

2,4 D

NomeComercial

Herbadox

VáriosLaçoVáriosZetaDual GoldPremerlin

Gesapax RDABasagranBladex 500ProvenceVáriosFinale

VáriosSanson

Zapp

Gramoxone

Vários

Concentração

500 g/l

768, 840 e 900g/l480 g/l500 g/l900 g/l960 g/l600 g/l

785 e 500 g/l600 g/l500 g/l750 g/kg250 g/l200 g/l

360, 480 e 720 g/l40g/l

480 g/l

200 g/l

720 g/l

Solubilidade

0,5 ppm

223 ppm a 250 C242 ppm33 ppm1180 ppms.i0,3 ppm a 25º C

185 ppm à 20º C100 % soluv.171 ppm a 20º C6 ppm a 200C5 ppmS.I.

10000 ppm360 ppm a pH 5 e12.200ppm pH 6,85 (250C)Sem inform.

100% soluv.

600 ppm

F.E.1

X

XX-XXX

X--XXX

XX

X

X

-

F.L.2

-

XXXXXR3

XXXX-X

XX

X

X

X

Modo deAplicação

PPI

PréPréPré/PósPréPréPPI/Pré (P.A.)

Pré/Pós jato dirigidoPósPPI- Pré/PósPré/PósPré/PósManejo/Pós (Não seletivo)

Pós não seletivoPós

Pós não seletivo

Pré/Pós Jato Dirigido

Pós/Pós jato dirigido

Controle

Quad

ro 0

3

ção que deve ser feita é que os dados foramobtidos para aquele ambiente específico. Sobnenhuma hipótese os dados apresentados de-vem ser interpretados sob outros aspectos a nãoser aqueles para os quais os ensaios foram con-duzidos. Esses ensaios não foram conduzidoscom o propósito de recomendar o herbicida �A�ou �B�.

IV) HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES NA CULTURADO MILHO

Os herbicidas pós-emergentes são herbi-cidas aplicados em pós-emergência das plantasdaninhas.

Os produtos recomendados para esta mo-dalidade de aplicação devem possuir certas ca-racterísticas importantes, como uma alta sele-tividade à cultura, rápida ação no controle daplanta daninha, para parar imediatamente oprocesso de competição.

Os produtos utilizados para esta finalida-de estão restritos ao 2,4D, Nicossulfuron (San-son), Bentason(Basagran) e por último o Equi-pe Plus e Onduty, descritos no Quadro 03.Neste capítulo trataremos exclusivamente donicossulfuron ( Sanson) e 2,4D.

IV.1) NICOSSULFURON (SANSON)a) Época de Aplicação do Nicossulfuron

A época de aplicação de nicossulfuron está apresentada naFigura 10, que apresenta uma fase fisiológica limite que deve serobservada pelo usuário, para uma aplicação sem maiores riscosde fitotoxidade.

Em condições de campo, verificamos que a aplicação maistardia de nicossulfuron, a partir de V4 (a cultura se apresenta com4 folhas completamente desenvolvidas � 4 folhas fora do cartu-cho) os sintomas de fitotoxidade são evidenciados, mesmo em hí-bridos conhecidamente tolerantes ao herbicida. Para que se evitetais situações algumas medidas são bastante importantes.b) Nível de tolerância dos híbridos ao Nicossulfuron

Os híbridos de milho apresentam de maneira simples 3 dife-rentes níveis de sensibilidade ao nicossulfuron. Existem os híbri-dos letais, que são aqueles que morrem independentemente dadose de nicossulfuron utilizada. Esses híbridos são facilmenteidentificados durante os programas de melhoramento através deaplicações do produto. A explicação para essa letalidade é o fatode que tanto a linha que compõe o macho, quanto a que compõea fêmea transferem sensibilidade e, como resultado, o híbrido életal. Existem os híbridos resistentes, ou altamente tolerantes,

que não apresentam fitotoxidade nas doses recomendadas. Nes-se caso, tanto a linha que constitui o macho, quanto a fêmea nãotransmitem sensibilidade e, como resultado, o híbrido é resisten-te, ou apresenta elevada tolerância. Existem os híbridos toleran-tes que, dependendo da dose e de alguns outros fatores, podemapresentar ou não fitotoxidade. Esses são os piores para seremidentificados, pois seu nível de toxidade está diretamente ligadoaos fatores ambientais e de manejo que podem não ocorrer du-rante o período de avaliação. E são esses que apresentam a �fitooculta� que é contestada por alguns pesquisadores. Principaissintomas de fitotoxidade do nicossulfuron estão apresentados nafigura 11.c) Como evitar fitotoxidade com o nicossulfuron, ou quais são ascondições ideais para a aplicação do nicossulfuron

1. Estádio de aplicação com segurança � até V4. Cuidadocom a contagem do número de folhas, para o milho a contageme nomenclatura internacional é com base em folhas fora do car-tucho. Tome cuidado com cálculos feitos em dias. Lembre-se queo milho responde ao acúmulo térmico diário e pode alterar o seudesenvolvimento com relação ao número de dias dependendo datemperatura na ocasião;

Figura 10

Figura 09

...

Page 8: Caderno Especial Sobre Uso de Herbicidas Em Milho

10 � Especial - Manejo de herbicidas

Cultivar � Agosto 2002

Cláudio M. Peixoto,Gerente de Produtos e MarketingAndré Aguirre Ramos,Coordenador Técnico Região Central

Parte áerea afeta: com sintomas de amarelecimento das folhas

Meristema apical afetado: com folhas do cartucho retorcidas e amareladas

Parte áerea afeta com sintomas de enrolamento das folhas

Colmo e raiz adventícia afetados; colmo retorcido � �pescoço deganso� e raiz adventícia deformada

Efeitos de fitotoxidade de 2,4D aplicados em pós-emergencia na cultura do milho

Efeitos de fitotoxidez causada por nicosulfuronaplicados em pós-emergencia na cultura do milho

2. Intervalo de aplicação de 7 a 10 dias antes e após aplicação deorganofosforados e nitrogenados. No caso de nitrogenados, é im-portante que o usuário do produto fique atento a algumas conside-rações como quantidade de nitrogênio que foi aplicado (quanto maiora quantidade, maior a carência) e a fonte de nitrogênio que foi apli-cada (os nitratos e sulfatos são fontes mais lentas quanto à absorçãoe podem requerer um maior prazo de carência). Esses aspectos sãoagravados sob condições de estresse térmico e de umidade;

3. Veja a temperatura por ocasião da aplicação de inseticidas enitrogenados. Em regiões mais frias, a metabolização do herbicidapelo milho é mais lenta, devendo se atentar mais para os fatores eprazos para os manejos de nitrogênio e controle de pragas;

4. Falta de chuvas logo após a aplicação do nitrogenado. Deve-mos considerar o prazo a partir da retomada das condições fisiológi-cas da lavoura, uma vez que o milho em condições de seca paralisaquase que completamente suas funções.

IV.2 ) UTILIZAÇÃO DE 2,4D EM PÓS-EMERGÊNCIAO 2,4D é um herbicida hormonal e poderá ser utilizado como

pós-emergente. No entanto, esta aplicação realizada em área totaldeverá ser realizada até o estágio de 3 a 4 folhas, antes da formaçãodo �cartucho�, isoladamente, ou em mistura com atrazina. O 2,4Dsó poderá ser aplicado no milho em pós-emergência até quandoeste estiver com seu ponto de crescimento abaixo do solo

a) Fitotoxidades causadas por 2,4D em pós-emergênciaAs aplicações após a época recomendada poderão causar de-

formações nas plantas decorrentes de alterações ou desorganiza-ções da multiplicação celular. Outros sintomas de fitotoxidez des-te herbicida também são conhecidos, como colmo torcido e curva-do, podendo se tornar quebradiço na fase de colheita; as folhasnovas não se abrem; as raízes de fixação ficam curtas e fundidas; asraízes crescem para cima, além de falhas na granação, Figura 12.

b) Como evitar a fitotoxidade provocada por 2,4DO 2,4 D poderá ser aplicado com maior segurança respei-

tando-se as doses e época de aplicação. Ele deverá ser aplicadoconforme a dose especificada pelo fabricante. Lembre-se queexistem várias e diferentes formulações no mercado. Não pe-gue uma indicação sem antes ter certeza da formulação usada.A época correta de aplicação fica entre 3 e 4 folhas, período emque o ponto de crescimento do milho está abaixo do solo. Comopode ser observado, é um período bastante curto e merece es-pecial atenção, principalmente com relação ao tamanho da áreaa ser tratada e à estrutura de aplicação existente (números depulverizadores disponíveis). Um outro alerta é com relação àsaplicações das formulações éster, que por serem extremamentevoláteis merecem especial atenção com as culturas vizinhas emodalidade de pulverização.

5. CONSIDERAÇÕES FINAISAs características do solo e as condições ambientais no mo-

mento da aplicação podem influenciar positiva ou negativamen-te na eficiência do controle de plantas daninhas, podendo tam-bém causar fitotoxidade ao milho.

A adoção de um novo herbicida deverá ser gradual, similarao que é feito com híbridos e variedades, para que aos poucosvá se conhecendo nos detalhes as características do produto e,principalmente, as interações com o manejo praticado e o am-biente local.

Ascaracterísticas

do solo e ascondições

ambientais nomomento da

aplicaçãopodem

influenciarpositiva ou

negativamentena eficiência

do controle deplantas

daninhas,podendotambém

causarfitotoxidade ao

milho

Figura 12

Figura 11

...

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