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PROGRAMAÇÃO E RESUMOS WORKSHOP 2013 TESES E DISSERTAÇÕES ORGANIZAÇÃO: REPRESENTAÇÃO DISCENTE

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PROGRAMAÇÃO E RESUMOS

WORKSHOP 2013 TESES E DISSERTAÇÕES

ORGANIZAÇÃO: REPRESENTAÇÃO DISCENTE

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WORKSHOP DE APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS DE TESE/2012 E

DISSERTAÇÃO/2013

Caríssimos Docentes e Discentes do Programa de Pós-Graduação em Geografia

do Instituto de Geociências da UFMG, no período de 29 a 31 de outubro de 2013 será

realizado o Workshop de apresentação dos projetos de Tese e Dissertação dos discentes

dos cursos de Doutorado/2012 e Mestrado/2013. Neste ano a dinâmica do evento

ocorrerá por meio de mesas de trabalho com temas de pesquisas afins, possibilitando

diálogos e debates que visam gerar contribuições às pesquisas dos discentes do

Programa. Cada apresentação (tempo máximo de 20 minutos) será seguida das

contribuições das comissões de cada mesa (tempo estimado de 20 minutos).

Ressaltamos, ainda, que no dia 31 de outubro, de 13h as 14h será realizada uma

assembléia discente que escolherá a nova Representação Discente para o mandato

2013/2014 e será apresentado um balanço da representação que deixa o posto.

Desejamos a todos (as) um ótimo trabalho e muitos diálogos que possam

contribuir para as pesquisas.

Realização: Programa de Pós-Graduação em Geografia

Coordenador: Prof. Dr. André Augusto Rodrigues Salgado

Sub-coordenador: Prof. Dr. Weber Soares

Comissão Organizadora: Representação Discente do Programa de Pós-Graduação em

Geografia do IGC/UFMG

Chrystiann Lavarini Ferreira (Mestrando)

Thiago Andrade dos Santos (Mestrando)

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PROGRAMAÇÃO

DATA HORÁRIO/SALA MESAS DEBATEDORES

29/10/2013

Terça-feira

8h às 9h / 3051 ABERTURA

9h às 12h / 3051 Gestão e conservação da

biodiversidade

Fábio Soares de Oliveira Valéria Roque Ascenção Klemens Augustinus

Laschefski

13h às 17h / 3051 Urbanização, política e cidadania

Rogata Soares Del Gaudio Claudinei Lourenço Doralice Barros Pereira

30/10/2013 Quarta-feira

8h às 12h / 3051

Estudos Geomorfológicos:

processos denudacionais,

dinâmica dos solos, dos rios e do

clima

Antônio Pereira M. Junior Fábio Soares de Oliveira Vilma Lúcia M. Carvalho

13h às 17h / 3051 Geodinâmica, SIGs e

Planejamento

Claudinei Lourenço Ricardo Alexandrino Garcia Marly Nogueira

31/10/2013 Quinta-feira

8h às 12h / 3051 Práticas e gestão do/no espaço e a

questão ambiental

Rogata Soares Del Gaudio Carlos Lobo Klemens Augustinus

Laschefski

13h às 14h / 3051 ELEIÇÃO DA NOVA

REPRESENTAÇÃO DISCENTE

14h às 17h / 3051 Patrimônio cultural,

representações e processos de

territorialização

Weber Soares Marly Nogueira Heloisa Soares de M. Costa

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DIA 29/10/2013 – 9h

DIA 29/10/2013 – 13h

MESA 1: Gestão e conservação da biodiversidade

Debatedores:

Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira

Profa. Dra. Valéria Roque Ascenção

Prof. Dr. Klemens Augustinus Laschefski

DISCENTE TÍTULO DO PROJETO

Marília Ferreira

Gomes Identificação de copas de árvores em ambientes urbanos a

partir de dados de alta resolução espacial e dados laser.

Leonardo Mateus

Pfeilsticker de

Knegt

Indicadores da paisagem para ocorrência de sítios

arqueológicos na região da Serra do Espinhaço mineira.

Flávia Regina

Lacerda Suassuna

Dutra

Análise da espacialização dos casos de Leptospirose em

Minas Gerais e a possível influência da climatologia regional

William Fortes

Rodrigues Qualidade Ambiental do Parque Nacional do Caparaó (ES e

MG): Influência Antrópica na concentração de MPP’S em

sedimentos fluviais

MESA 2: Urbanização, política e cidadania

Debatedores:

Profa. Dra. Rogata Soares Del Gaudio

Prof. Dr. Claudinei Lourenço

Profa. Dra. Doralice Barros Pereira

DISCENTE TÍTULO DO PROJETO

Laura Amaral Faria Reflexões sobre natureza e arte no urbano a partir do

instituto Inhotim

Daniela Adil

Oliveira de Almeida

Agricultura e cidade - espaços e saberes da agricultura

urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte

(RMBH)

Luiz Antônio

Evangelista de

Andrade

A Reprodução Social no Mundo Moderno: Esboço de uma

Crítica à Emancipação Jurídico-Política

André Henrique de

Brito Veloso

O fluxo dominante e a vazão: mobilidade urbana, cotidiano

e lutas sociais na produção capitalista do espaço belo-

horizontino

Eliane Queiroz Silva

O trabalho enquanto categoria nos livros didáticos de

geografia publicados entre 1889 e 1945: Educação, Estado e

ideologia

Page 5: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

DIA 30/10/2013 – 8h

DIA 30/10/2013 – 13h

MESA 3: Estudos Geomorfológicos: processos denudacionais, dinâmica dos solos,

dos rios e do clima

Debatedores:

Prof. Dr. Antônio Pereira M. Junior

Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira

Profa. Dra. Vilma Lúcia M. Carvalho

DISCENTES TÍTULO DO PROJETO

Breno Ribeiro

Marent

Capturas Fluviais no Contexto da Evolução das Bordas dos

Planaltos Escalonados do Sudeste Mineiro

Patrícia Mara Lage

Simões

Evolução do Relevo do alto curso da bacia do Rio Pardo

Pequeno – Diamantina/MG

Walter Viana

Neves

Análise da dinâmica hidro-geomorfológica na bacia do Rio

Peruaçu.

Luiz Fernando de

Paula Barros

Implicações Geomorfológicas e Paleoambientais dos

Registros Sedimentares em Vales Fluviais do Quadrilátero

Ferrífero – Minas Gerais

MESA 4: Geodinâmica, SIGs e Planejamento

Debatedores:

Prof. Dr. Claudinei Lourenço

Prof. Dr. Ricardo Alexandrino Garcia

Profa. Dra. Marly Nogueira

DISCENTES TÍTULO DO PROJETO

Grazielle Anjos

Carvalho

Pensar e fazer o Planejamento Urbano e Regional sob a ótica

de teorias da complexidade: A identificação de alterações no

uso do solo da mancha conurbada de Belo Horizonte - Minas

Gerais – Brasil, através de modelos preditivos baseados em

Autômatos Celulares (CA)

Bráulio Magalhães

Fonseca

Futuros Alternativos para o município de São Gonçalo do Rio

Abaixo/MG, região do Médio Piracicaba: uma abordagem

através do Geodesign

Lília Maria de

Oliveira

Obtenção de modelo físico para determinação da poluição

difusa na bacia do rio das velhas

Page 6: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

DIA 31/10/2013 – 8h

DIA 31/10/2013 – 14h

Obs: A apresentação dos trabalhos seguirá a ordem proposta nesta programação. Caberá

às bancas debatedoras promover alterações caso julguem necessárias.

MESA 5: Práticas e gestão do/no espaço e a questão ambiental

Debatedores:

Prof. Dr. Klemens Augustinus Laschefski

Prof. Dr. Carlos Lobo

Profa. Dra. Rogata Soares Del Gaudio

DISCENTES TÍTULO DO PROJETO

Diego Horta

Bicalho.

“O Planejamento Urbano e a questão socioambiental:

Perspectivas e desafios das propostas de áreas verdes

mescladas com habitação social a partir da elaboração dos

Planos Diretores Regionais de Belo Horizonte, MG”.

Rana Paz Lacerda

Vieira Discurso ambiental: ideologia e crítica

Altair Sancho

Pivoto dos Santos Des-ordenamento Territorial e Unidades de Conservação

Ana Carolina

Andrino de Melo

Natureza, técnica e possibilidades de uso do espaço a partir

do processo de constituição dos cursos d’água em Belo

Horizonte

Reinaldo de Freitas O discurso inclusivo dos livros didáticos de Geografia para

ensino fundamental

MESA 6: Patrimônio cultural, representações e processos de territorialização

Debatedores:

Prof. Dr. Weber Soares

Profa. Dra. Marly Nogueira

Profa. Dra. Heloisa Soares de M. Costa

DISCENTES TÍTULO DO PROJETO

Mariana Rodrigues

da Costa Neves O Mercado de Diamantina e os Sentimentos de

Pertencimento: Uma análise sobre o Patrimônio Histórico

Cultural nas Óticas da Percepção Ambiental e do Turismo

Cultural

André Tomé de

Assis As transposições do rio São Francisco na voz dos atingidos

Tatiane Campos

dos Santos Relações entre território e educação escolar na produção da

identidade no quilombo de Santo Isidoro- Berilo/ MG

Sidney Daniel

Batista

Um novo olhar sobre Diamantina e Ouro Preto: Estudo das

políticas públicas, do turismo e de suas relações com o lugar

numa perspectiva Geográfica-Cultural

Cristiano Cruz

Santana

A rede gospel no Brasil: novas territorialidades num contexto

de prosperidades

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CADERNO DE RESUMOS

29/10/2013 – TERÇA-FEIRA – 9:00h

MESA 1: Gestão e conservação da biodiversidade

Debatedores:

Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira

Profa. Dra. Valéria Roque Ascenção

Prof. Dr. Klemens Augustinus Laschefski

Autor: Marília Ferreira Gomes

Orientador: Philippe Maillard

Área de concentração: Análise Ambiental

Nível: Doutorado

Linha de pesquisa: Métodos em sensoriamento remoto

Identificação de copas de árvores em ambientes urbanos a partir de dados de alta

resolução espacial e dados laser.

Resumo

Árvores urbanas desempenham um papel importante para o bem-estar das

pessoas e para melhoria na qualidade de vida nas cidades. O conhecimento sobre as

espécies plantadas e seu estado de conservação permite melhorar a compreensão do

papel das árvores, além de contribuir com o manejo florestal nas cidades.

O sensoriamento remoto é uma forma viável economicamente para extrair

informações consistentes sobre a vegetação. Com o aumento da disponibilidade de

dados de alta resolução espacial e do poder computacional para processá-los, a pesquisa

na área florestal passou a focar na identificação e delimitação de copas de árvores

individuais. Porém, esse aumento na resolução espacial demandou novas formas de

extração da informação. Nesse contexto, a classificação orientada a objetos (Object

Based Image Analysis - OBIA) se aproxima dos processos cognitivos humanos e tem a

vantagem de lidar com grupos de pixels ao invés de pixels isolados. Ao trabalhar com

regiões, parâmetros como o tamanho, forma, textura e mesmo as relações entre objetos

adjacentes podem ser utilizados como descritores para ajudar nos esquemas de

classificação.

O objetivo desta pesquisa é investigar e desenvolver métodos de processamento

de imagens para detecção e delineamento de copas de árvores em ambientes urbanos, a

partir da integração entre dados óticos de alta resolução espacial e dados de

mapeamento digital a laser (Light Detection And Ranging - LiDAR). A área escolhida

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para estudo é o campus da Universidade Federal de Minas Gerais, localizado na cidade

de Belo Horizonte/MG.

A metodologia é divida em três etapas: detecção da árvore, delineamento da

copa e classificação da árvore conforme a espécie. Para detecção da copa serão testadas

metodologias com os dados LiDAR e com algoritmo Template Matching. Para

delineamento das copas será utilizada segmentação multinível com diferentes

algoritmos (crescimento de regiões, watershed, chessboard), diferentes níveis

hierárquicos e regras de classificação (geometria, textura, relações de vizinhança,

características espectrais e funções de pertinência fuzzy). Com as copas delineadas, a

classificação supervisionada servirá para identificação das espécies arbóreas.

Para a avaliação dos resultados serão calculados os erros de omissão e comissão,

tanto para a detecção, quanto para o delineamento das copas. A acurácia na

classificação será medida através da matriz de coocorrência e de diferentes testes

estatísticos (Distancia de Mahanalobis, Chi-Quadrado, teste T-Student).

Palavras-chave: classificação orientada a objetos (OBIA), detecção de copas de

árvores, delineamento de copas de árvores, WolrdView-2, LiDAR.

Autor: Leonardo Mateus Pfeilsticker de Knegt

Orientador: Philippe Maillard

Área de concentração: Análise Ambiental

Nível: Mestrado

Linha de pesquisa: Meio ambiente, paisagem e desenvolvimento sustentável

Indicadores da paisagem para ocorrência de sítios arqueológicos na região da

Serra do Espinhaço mineira.

Resumo

A maior parte do território brasileiro é ainda desconhecida do ponto de vista

arqueológico, isto se deve, em parte, ao número reduzido de cursos de graduação em

Arqueologia no país, não permitindo grande disseminação dessa ciência. Um maior

conhecimento acerca dos sítios arqueológicos e áreas com predisposição para a

existência dos mesmos, podem atuar como elemento indutor e fortalecedor de ações de

proteção e conservação da paisagem. A localização dos sítios arqueológicos está

diretamente relacionada à distribuição pretérita dos povoamentos, que por sua vez estão

condicionados às variáveis ambientais e à disponibilidade de recursos naturais para

aquele grupo de pessoas. Deste modo a partir da análise da paisagem atual é possível

identificar áreas propicias para a instalação de assentamentos e povoamentos antigos.

Nestes locais há uma maior chance de se encontrar vestígios destas populações antigas.

O objetivo deste trabalho é elaborar um modelo preditivo capaz de apontar a

provável localização de sítios arqueológicos na região da Serra do Espinhaço mineira.

Este modelo levará em conta as características ambientais locais e a localização de sítios

arqueológicos já conhecidos na região.

Para a construção deste modelo é necessário antes de tudo o levantamento de

dados relativos à área de estudo tais como relevo, orientação das vertentes, hidrografia,

tipo de solos, litologia, distância de fonte de água dentre outros. De posse destes dados

serão criados vários mapas temáticos cada um configurando como um layer, ou plano de

informação. Cada variável ambiental (hidrografia, relevo, solos, etc) será dividida em

Page 9: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

subcategorias, como por exemplo a hidrografia que será dividida em lagos, cursos

d'água de 1º ordem, 2º ordem, etc. A cada variável ambiental será atribuído um valor

(V) que corresponde ao peso e importância deste para a ocorrência de sítios

arqueológicos. Dentro de cada grupo de variáveis, serão atribuídos diferentes pesos (P)

para cada elemento deste grupo, assim um cursos d'água de 1º ordem pode ter peso 1, ao

passo que um cursos d'água de 3º ordem pode ter peso 4 por exemplo. Finalmente, para

se chegar capacidade de se abrigar um sítio arqueológico far-se-á a multiplicação dos

valores V e P onde será obtido o peso final (VxP).

Para atribuição de peso às variáveis é necessária uma extensa investigação

geográfica da área em estudo, já que estes valores são subjetivos e podem atuar

diretamente na validade ou não do modelo preditivo em questão. O modelo então será

testado em no mínimo duas áreas, uma onde já se conhece a existência de sítios e outra

onde não se conhece. Para que o modelo seja válido é necessário que, na área

amostrada, os sítios preditos sejam coincidentes com os sitos observados. Serão feitos,

também, testes estatísticos a fim de comprovar a acurácia do modelo.

Palavras-chave: Paisagem Arqueologia Modelo Variáveis Ambiental

Autor: Flávia Regina Lacerda Suassuna Dutra

Orientador: Roberto Célio Valadão

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Climatologia

Nível: Doutorado

Análise da espacialização dos casos de Leptospirose em Minas Gerais e a possível

influência da climatologia regional

Resumo

Os fenômenos atmosféricos e a atual variabilidade do clima têm causado

bastante impactos sobre a saúde humana, gerando grandes discussões em âmbito

mundial. A pesquisa consiste em: a partir dos registros históricos de leptospirose entre

1998 a 2012, em Minas, analisar e explicar as evidências científicas de associações

entre a Variabilidade do Clima e as Alterações Climáticas e, as possíveis influências

desta sobre a ocorrência da doença, principalmente no que concerne às forçantes

meteorológicas, morfodinâmicas e ambientais que favoreciam um quadro ótimo para a

manifestação/propagação da leptospirose no estado. Especificamente pretende-se: 1)

Analisar espacialmente a distribuição da leptospirose, para identificar as regiões e/ou

municípios mais vulneráveis a ocorrência de surtos epidemiológicos; 2) Analisar as

informações de morbidade da doença para conhecer o comportamento epidemiológico

na população afetada. E dessa forma, traçar um perfil epidemiológico da população (ex.:

estilo de vida, padrão social), estudar as características da série temporal a fim de

identificar o comportamento da doença no tempo (ex.: variações cíclicas, sazonais,

variações irregulares tais como os surtos) e analisar o espaço sob a ótica das variáveis

geopolíticas, principalmente aquelas relacionadas às diferenças nos padrões de

morbidade e mortalidade urbana e rural; 3) Demonstrar cientificamente a sensibilidade

da doença às variáveis climáticas (temperaturas, precipitações, umidade e vento), a

partir da observação dos efeitos da variação espaço-temporal do clima na saúde, para

evidenciar os principais componentes no processo de transmissão da leptospirose,

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segundo critérios (epidemiológicos) que são significativos para a saúde pública (Ex.:

tempo de internamento dos casos e a recorrência da doença); 4) Correlacionar e analisar

estatisticamente a distribuição regional da leptospirose e suas interações com os padrões

sazonais do clima local e com a variabilidade climática em meso e larga-escala; 5) E por

fim, pretende-se elaborar um modelo conceitual, a partir do conhecimento das principais

forçantes que possivelmente são importantes e explicam o “INPUT” na

contaminação/distribuição da leptospirose no estado. Espera-se que os resultados finais

possam subsidiar nas tomadas de decisões acerca dos planejamentos no âmbito da

gestão da saúde pública, com o intuito de melhorar o entendimento e controle desta

doença em Minas.

Palavras-chave: Leptospirose; Epidemiologia; Alterações e Variabilidade do Clima;

Variáveis Atmosféricas e Morfodinâmicas

Autor: William Fortes Rodrigues

Orientador: Adolf Heinrich Horn

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Geomorfologia e Meio Ambiente

Nível: Doutorado

Qualidade Ambiental do Parque Nacional do Caparaó (ES e MG): Influência

Antrópica na concentração de MPP’S em sedimentos fluviais

Resumo

A criação de unidades de conservação atualmente vem se transformando numa

das principais formas de intervenção governamental, visando reduzir os danos à

biodiversidade face à degradação ambiental causada pela sociedade. Vendo desta forma

o Parque Nacional do Caparaó como uma unidade territorial oportuna para um estudo

da situação atual das condições naturais e das atividades humanas nela desenvolvidas

porque podem comprometer a qualidade ambiental do parque.

Devido ao uso e ocupação do solo, o ambiente natural está sujeito a alterações

que podem comprometer a qualidade dos cursos da água e dos sedimentos, e assim um

monitoramento de sua qualidade torna-se importante, a fim de que possam ser avaliadas

as condições reais e atender os requisitos estabelecidos para o Parque e garantir seus

usos previstos dentro de um planejamento ambiental.

Desta forma o estudo da composição dos sedimentos por métodos analíticos

permite analisar a alteração causada e definir uma assinatura geoquímica de locais e

usos específicos em tempo e espaço. Assim pode ser possível identificar os fatores

influentes como condicionantes antropogênicas, alterações climáticas e outros naturais

devido ao fator acumulativo ocorrendo em sedimentos de rios.

Como os sedimentos também cumprem uma função importante na situação da

qualidade da água por sua capacidade de reter e liberar poluentes na interface o que

pode indicar o tipo de uso e ocupação do solo. O objetivo principal desta pesquisa é

analisar a concentração de elementos potencialmente tóxicos em sedimentos

corrente/fundo fluvial do Parque Nacional do Caparaó (MG-ES), visando entender e

avaliar a correlação com as características geo-ambientais e fatores antropogênicos.

Foram realizados trabalhos de campo na parte oriental da Serra do Caparaó com

a coleta de amostras que foram submetidos à análise granulométrica, determinação das

concentrações de elementos selecionados (Mg, Cr, Co, Cu, Cd, Ti, Mn, Ni, Zn, Ba, Pb)

Page 11: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

e testes de solubilização sob condições diversas (neutro; ácido fraco e forte, digestão

total). Para avaliar os resultados estes foram comparados com os limites estabelecidos

pela resolução do CONAMA n° 344/04. Nos resultados destacam-se teores elevados de

Cr e PB. Para as dez amostras coletadas, o teor de Cr de quatro está acima do nível II

(90mg/Kg) e os valores para os outros variam entre 86mg/Kg a 119,2mg/Kg. Os valores

de Pb variam de 21mg/Kg a 48,97mg/Kg e excedem em parte o nível I.

A distribuição do Cr e Pb variam para as porções Sul e Norte da borda leste do

Parque. A contaminação por Cr e os valores altos de Pb na porção sul podem estar

relacionados à maior densidade da ocupação antrópica, agricultura mais intensiva e

atividades turísticas com maior número de construções nesta região. Os resultados

preliminares indicam que a qualidade dos sedimentos bem como a água estão

comprometidos, o que alerta para a necessidade de um monitoramento e uma possível

ação de controle das fontes antrópicas.

Estes resultados alertam e sugerem um estudo mais profundo com a tentativa de

criar valores de background para esta área.

Palavras-chave: Qualidade Ambiental, Sedimentos, Metais Pesados, Risco Ambiental,

Unidades de conservação

29/10/2013 – TERÇA-FEIRA – 13:00h

MESA 2: Urbanização, política e cidadania

Debatedores:

Prof. Dr. Rogata Soares Del Gaudio

Prof. Dr. Claudinei Lourenço

Profa. Dra. Doralice Barros Pereira

Autor: Laura Amaral Faria

Orientador: Doralice Barros Pereira

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço

Nível: Mestrado

Reflexões sobre natureza e arte no urbano a partir do instituto Inhotim

Resumo

O objeto da pesquisa de mestrado parte da análise do instituto Inhotim

(Brumadinho-MG) para refletir a respeito de possibilidades de vivenciar natureza e arte

na sociedade urbana. Procura-se compreender e elucidar processos sociais, econômicos,

políticos e espaciais, gerais e específicos, que se objetivam no referido instituto e que

possibilitam dialogar com a teoria crítica à sociedade produtora de mercadorias e seus

desdobramentos. Para isto, são discutidos os nexos entre as categorias natureza, arte,

espaço, metrópole e trabalho, visando a uma explicitação das contradições existentes

no/do instituto Inhotim. Interessa, portanto, compreender os seguintes processos gerais:

apropriação do tempo do não trabalho e consumo do espaço para o lazer e o

entretenimento, museificação da natureza, transformação da cultura e da arte em

mercadorias e redefinição do papel dos museus de arte na contemporaneidade. Em

relação aos processos específicos, intenta-se discorrer sobre: o contexto do mercado

artístico brasileiro, a metropolização de Belo Horizonte, a constituição de Unidades de

Page 12: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Conservação em Brumadinho e as alterações espaciais e econômicas e os conflitos

territoriais decorrentes da implantação do instituto. Ao longo da pesquisa, procurar-se-á

verificar se essa corporação tem forjado uma nova centralidade na periferia da

metrópole de Belo Horizonte e qual é a importância das facetas ecológica e cultural do

capitalismo contemporâneo nesse processo. Questiona-se, também, qual foi a

redefinição do papel de Brumadinho na Região Metropolitana de Belo Horizonte a

partir da execução do projeto do instituto. A metodologia prevê revisão bibliográfica

sobre as categorias, conceitos e debates que esclareçam os processos supracitados;

entrevistas com ex-moradores da extinta comunidade rural do Inhotim, com críticos e

pesquisadores de arte, secretários de cultura/meio ambiente/turismo e moradores atuais

de Brumadinho; e questionários com os usuários do instituto. Até a presente data, já

foram feitas leituras bibliográficas, definições do referencial teórico, coleção de

reportagens e artigos publicados em jornais e revistas, contato com ex-moradores da

comunidade e uma apresentação do tema em seminário (VI Seminário de Áreas

Protegidas e Inclusão Social) a fim de desvelar possibilidades de condução das reflexões

propostas.

Palavras-chave: Natureza, arte, museu, instituto Inhotim, metrópole

Autor: Daniela Adil Oliveira de Almeida

Orientador: Heloísa Soares de Moura Costa

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço

Nível: Doutorado

Agricultura e cidade - espaços e saberes da agricultura urbana na Região

Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)

Resumo

A pesquisa tem como objetivo investigar as relações entre a agricultura e a

cidade no mundo contemporâneo, considerando a abordagem lefebvriana acerca da

produção do espaço, as contribuições da ecologia política e as práticas agrícolas na

RMBH. A aproximação entre estas abordagens se inspira no exercício de tradução

proposto por Boaventura de Souza Santos e é motivada pelo contraponto observado

entre a diversidade de experiências agrícolas urbanas e a carência de conhecimentos

sobre a agricultura urbana na literatura brasileira. Assumindo que essa carência indica

um desperdício dos saberes construídos por essas práticas e contribui para as mesmas

sejam consideradas muito frágeis, localizadas ou irrelevantes, a pesquisa tem como

objetivo ampliar a compreensão sobre a diversidade das práticas agrícolas da RMBH e

construir argumentos consistentes sobre sua potencialidade como uma práxis espacial

transformadora.

Esse objetivo se articula estreitamente à escolha sobre o modo de fazer essa

pesquisa e implica o compromisso na construção de possibilidades de pensar e fazer

coletivo com diferentes interlocutoras/es, como as obras e autoras/es que enfatizam a

espacialidade da vida humana e a questão ambiental urbana; os atores sociais vinculados

à rica trajetória de ações coletivas e políticas públicas relacionadas à agricultura urbana

e os sujeitos que atuam e produzem conhecimento sobre a RMBH. Os recortes criados

pela pesquisa serão contextualizados por meio de levantamento e organização de

informações secundárias, diagnósticos e análises recentemente produzidos sobre a

Page 13: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

agricultura e sobre a ocupação e o uso do solo na RMBH, considerando ainda o debate

internacional sobre a agricultura urbana e como experiências consolidadas na América

do Norte (especialmente no Canadá) se articulam com abordagens socioespaciais e

ambientais urbanas.

São objetivos específicos da tese: 1) compreender as práticas agrícolas urbanas a

partir da abordagem lefebvriana da produção do espaço e do pensamento ambiental, e

sobretudo, se o uso agrícola do solo urbano representa uma possibilidade de práxis

urbana que politiza a vida cotidiana e conecta a função social da terra, a qualidade de

vida e o valor de uso do espaço urbano e metropolitano; 2) explorar as possibilidades de

convergência entre a agroecologia e o planejamento urbano, buscando contribuir no

debate sobre o atual conflito de paradigmas, em que parecem faltar alternativas a modos

de vida sustentáveis nas cidades; 3) identificar a pluralidade de sujeitos, saberes e

espaços relacionados à prática agrícola na RMBH e as conexões existentes entre a

trajetória de ações coletivas e formulação de políticas públicas relacionadas à

agricultura urbana na RMBH e dinâmicas nos âmbitos estadual, nacional e

internacional; 4) colaborar com o fortalecimento de espaços de diálogo e de afirmação

das práticas e saberes que oportunizam novas ligações e ações conjuntas entre

organizações, movimentos sociais e pesquisadoras/es atuantes na RMBH relacionados à

agricultura urbana.

Palavras-chave: Agricultura urbana, agroecologia, planejamento urbano, produção do

espaço, ecologia política

Autor: Luiz Antônio Evangelista de Andrade

Orientador: Doralice Barros Pereira

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Urbanização, Política e Cidadania

Nível: Doutorado

A Reprodução Social no Mundo Moderno: Esboço de uma Crítica à Emancipação

Jurídico-Política

Resumo

Pode-se dizer que a justiça social é uma noção cara às concepções políticas que

emergiram na modernidade ocidental, sobretudo no momento em que a formação

econômico-social capitalista nela se corporificou. Das correntes liberais (em suas várias

nuances), passando pelas reformistas, às ditas correntes socialistas, cada uma a seu

modo buscou trazer para seus debates tal noção e os modos de empreendê-la, seja nas

suas lutas sociais, seja pelas articulações a partir e em torno do Estado. Convém

destacar que os chamados direitos humanos, consagrados no preâmbulo da Constituição

francesa de 1791, passaram, desde então, a ser uma espécie de mola mestra da evocação

de tudo aquilo que fosse concernente à justiça social. Com efeito, é justamente no

âmbito do Estado e da legalidade (seu sustentáculo institucional) que a justiça social

ganhou efetividade jurídica e institucional. Outrossim, foi (e vem sendo) a partir do

Estado e da legalidade que a justiça social pode ser compreendida no âmago da

reprodução de relações sociais de produção. A partir do par analítico Estado/justiça

social, duas dimensões merecem destaque aqui. A primeira delas se refere ao papel do

direito como ciência do Estado inscrita no regime de legalidade. Esta se impõe sobre a

vida não só em aparência, isto é, como regulação social apresentada como racional,

Page 14: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

objetiva e necessária – porquanto atuaria, por exemplo, com vistas a dirimir ou mesmo

evitar os conflitos –, mas como essência (não obstante dissimulada), visto que invade a

cotidianidade e ajuda a definir uma forma de ser do social. Forma de ser essa que se

acha orientada pelas determinações do mundo das mercadorias e pela lei do valor. Nesse

sentido, a forma jurídica (inscrita na forma estatal) e a forma mercadoria atuam em

uníssono nessa reprodução de relações sociais de produção. A segunda dimensão

assinalada se refere ao estatuto da política na modernidade e a um de seus importantes

desdobramentos: o tema do interesse público. Este último, alçado à condição de

princípio jurídico, encontra-se no seio da constituição do Direito Administrativo

enquanto ramo jurídico que determina os fins do exercício do poder de Estado na

sociedade. Ademais, a política, supostamente uma resultante do Estado, conteria em

seus fins – os fins do Estado e dos agentes que atuam em seu nome – a racionalidade

própria ao direito, consagrada por um princípio regulador como o do interesse público.

Voltando-se à noção de justiça social e tendo-se em conta o lugar do Estado e da forma

jurídica na sociedade, cumpre compreender de que maneira ela ganhou objetividade,

seja aquela advinda da prática de Estado, seja aquela que se inscreve na cotidianidade. E

quando falamos de objetividade, estamos nos referindo à sua recepção e incorporação,

no discurso e na prática, tanto pelas organizações populares que trazem para si o tema

da justiça social, quanto pelo Estado e pelos agentes que atuam em seu nome. Os

sentidos desta atuação (do Estado e das organizações populares) passam por duas

questões que julgamos importantes, senão vejamos. Por que a justiça social, a despeito

das concepções (políticas e filosóficas) que gravitam ao seu redor, tornou-se um valor

pétreo na sociedade burguesa? Por que o tema da justiça social retornou com tanta força

no mundo acadêmico e no debate político, a ponto de ter se consolidado como fonte dos

princípios que orientam as Cartas Constitucionais em todo o mundo – por exemplo, o

princípio da “dignidade da pessoa humana”? Diante do exposto, o objetivo central desta

pesquisa é o de, partindo-se da constatação das frentes de atuação de algumas das

organizações sociais em Belo Horizonte, refletir acerca dos temas da justiça social e dos

direitos humanos, bem como a maneira através da qual ambos vieram a frequentar seu

discurso e sua prática. Procuramos ter em conta que tal atuação, não obstante em alguns

momentos se ache localizada num aspecto específico (como a da habitação, por

exemplo), são lutas frente aos sentidos assumidos pela metropolização de Belo

Horizonte.

Palavras-chave: Reprodução social; urbano; urbanização; justiça social; Estado.

Autor: André Henrique de Brito Veloso

Orientador: Klemens Augustinus Laschefski

Área de concentração: Organização do espaço

Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço

Nível: Mestrado

O fluxo dominante e a vazão: mobilidade urbana, cotidiano e lutas sociais na

produção capitalista do espaço belo-horizontino

Resumo

O presente projeto assume que a mobilidade urbana, entendida aqui como a

capacidade de deslocamento cotidiano no espaço urbano, é um dos grandes

condicionantes do processo de segregação espacial nas metrópoles brasileiras, bem

Page 15: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

como elemento estruturador e fundamental no processo de produção capitalista do

espaço e consequentemente de reprodução ampliada do capital.

Parte-se do princípio de que a mobilidade urbana é um componente fundamental

da vida cotidiana na sociedade capitalista, e que, portanto, submete toda a população aos

seus entraves, embora de maneira diferenciada e desigual conforme a posição social do

indivíduo. A partir da concepção teórica compartilhada entre Lefebvre e os

situacionistas da vida cotidiana como momento de reiteração das relações de dominação

e alienação, mas de disputa das possibilidades de emancipação, de construção de novas

relações e de subversão contra as coações, entende-se que a reprodução do atual modelo

de mobilidade urbana – pautado no predomínio absoluto do transporte individual

motorizado – é fruto de uma ideologia dominante que busca se reiterar no espaço

cotidianamente. Alternativamente, entende-se que as lutas históricas pelo direito ao

transporte, protagonizadas pelos movimentos sociais urbanos nas cidades brasileiras, em

especial nos últimos 10 anos, são fundamentais para a disputa e construção de um novo

modelo de sociedade, que supere a lógica capitalista.

Assim, buscar-se-á, tendo a metrópole belo-horizontina como objeto de análise,

compreender as características que revestem a reprodução do modelo dominante de

mobilidade urbana tanto na esfera dos discursos oficiais dos governos e de sua prática

na reprodução social do espaço (dois elementos que sempre estiveram em descompasso

no planejamento urbano brasileiro), como em outros circuitos de reprodução da

ideologia, como a publicidade e o senso-comum. Assim, as obras de infraestrutura

viária, a gestão e planejamento do transporte público e os planos de mobilidade da

cidade serão analisados em sua capacidade de reiterar ou superar a ordem vigente. Da

mesma forma, a mesma análise será feita para os atuais processos de luta dos

movimentos sociais, seu processo de construção política que em muito difere das

tradições de esquerda construídas do século XX, e sua capacidade de questionamento do

poder instituído e de construção de possibilidades de emancipação por meio de uma

renovação da práxis urbana.

Por fim, é necessário ressaltar que a análise das relações entre o modelo de

mobilidade urbana vigente, o processo de reprodução ampliada do capital e a

reprodução social do espaço, bem como as lutas pela ressignificação do espaço

enquanto valor de uso serão feitas a partir da especificidade latinoamericana e brasileira.

Assim, elementos como a estrutura urbana profundamente segregada, a precarização do

trabalho, desigualdade de renda e conformação da estrutura produtiva aos circuitos

globais de capital serão balizadores de toda esta pesquisa.

Palavras-chave: Mobilidade urbana, segregação espacial, metrópoles brasileiras,

alienação, cotidiano

Autor: Eliane Queiroz Silva

Orientador: Rogata Soares Del Gaudio

Área de concentração: Organização do espaço

Linha de pesquisa: Teoria, métodos e linguagens em geografia

Nível: Mestrado

O trabalho enquanto categoria nos livros didáticos de geografia publicados entre

1889 e 1945: Educação, Estado e ideologia

Resumo

Page 16: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

A transição do período imperial para o período republicano, no Brasil, sinalizou,

evidentemente, transformações que atingiram toda dinâmica do país. O período

caracteriza-se por nova organização da sociedade com a abolição da escravatura, a

chegada de imigrantes em massa para substituição da mão de obra escrava, crescimento

do número de trabalhadores livres e o surgimento do embrião de uma produção

industrial. O conjunto dessas mudanças não deixou de repercutir no campo educacional,

embora a educação ainda permanecesse como privilégio das elites, que sustentavam as

instituições particulares e ainda se valiam do Estado para estabelecer um ensino público

que as favorecesse (SILVA, 2012).

Neste cenário, a educação era vista como um dos fatores indispensáveis a estas

transformações sociais, propiciando a adaptação à nova realidade republicana, à nova

forma de organização do trabalho e à disseminação das ideologias, nacional, da

civilização e do progresso. A “ideologia do progresso” marcou a sociedade durante todo

o período, do início da República em 1889 ao final do primeiro governo Vargas em

1945, e esteve presente nas mais diversas frentes, se destacando no campo educacional.

Lourenço Filho, em sua obra Tendências da Educação Brasileira, publicada em 1940,

destaca que “esse novo estado de coisas havia de tender à criação de um novo tipo de

sociedade e refletir-se na consideração das questões da educação e cultura no novo

ambiente que o trabalho livre e a industrialização tinham vindo criar” (LOURENÇO

FILHO e MONARCHA, 2002:22).

Por consequência, o livro didático se coloca como um grande potencial a ser

explorado uma vez que carrega discursos que poderiam ser repassados a mais de uma

geração. Devido a essa importância como veículo de informações e ideologias

atualmente o livro didático tem ascendido como material e foco de pesquisas para o

entendimento da evolução das disciplinas escolares.

Nesta pesquisa serão analisados livros didáticos de Geografia adotados e/ou

escritos por professores do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro-RJ). A centralidade da

investigação neste colégio e, por conseguinte dos livros didáticos adotados por seus

professores, deve-se à importância dessa instituição, fundada pelo poder público – ainda

no período imperial – em 1937, e que tinha como um de seus objetivos, servir de

modelo nacional para o ensino secundário desde o império, permanecendo assim

durante todo o período que será analisado (GASPARELLO, 2002).

As análises dos livros buscarão responder às seguintes inquietações: Qual a

abordagem da categoria trabalho nos livros didáticos de 1889 a 1945? Há diferenças

entre a abordagem da categoria trabalho nos livros publicados no primeiro momento de

análise (1889 a 1930) e no segundo momento de análise (1930 a 1945)?

Como metodologia para análise dos livros selecionados, escolhemos a Análise

do Discurso em sua acepção bahktiniana, devido ao objeto da pesquisa ser uma das

formas mais comuns do discurso, potencializando assim o fato de que os processos

discursivos carregam as tensões ocorridas nos seus momentos de acontecimento,

revelando os valores sociais que a ação humana considerava naquele momento.

Palavras-chave: Trabalho, educação, livros didáticos, geografia, Colégio Pedro II.

Page 17: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

30/10/2013 – QUARTA-FEIRA – 8:00h

MESA 3: Estudos Geomorfológicos: processos denudacionais, dinâmica dos solos,

dos rios e do clima

Debatedores:

Prof. Dr. Antônio Pereira M. Junior

Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira

Profa. Dra. Vilma Lúcia M. Carvalho

Autor: Breno Ribeiro Marent

Orientador: Roberto Célio Valadão

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Geomorfologia

Nível: Doutorado

Capturas Fluviais no Contexto da Evolução das Bordas dos Planaltos Escalonados

do Sudeste Mineiro

Resumo

O sudeste de Minas Gerais é drenado por quatro grandes bacias hidrográficas:

Doce, São Francisco, Paraná e Paraíba do Sul. Estas são separadas entre si por uma série

de degraus no relevo constituindo diferentes níveis de base em ambos os lados e áreas

propícias a capturas fluviais. Estudos anteriores identificaram uma desvinculação dessas

anomalias de drenagem em relação às características lito-estruturais, sugerindo o nível

de base como responsável pela regressão da escarpa e surgimento desses rearranjos na

rede de drenagem. No entanto, a diversificada morfologia, próxima aos principais

divisores, associada a rochas do embasamento sugere que, além do nível de base,

existem outros elementos atuando no recuo da escarpa e geração das capturas. Nesse

contexto, o objetivo deste trabalho é identificar as capturas fluviais e os elementos que

influenciam na sua geração e regressão da escarpa. Esse se justifica uma vez que a

literatura elenca vários fatores para formação de capturas fluviais (litologia, tectônica,

estrutura, nível de base, clima ou uma combinação de alguns destes). Desta forma,

pretende-se trabalhar com a investigação sobre outros elementos averiguando sua

possível influência no rearranjo da drenagem para a área. Cabe ressaltar que a região

também apresenta elevada quantidade de estruturas herdadas, bem como um

escalonamento com gênese relacionada ao soerguimento do Brasil Oriental. Além disso,

a distribuição pluviométrica se apresenta desigual ao longo das escarpas sugerindo uma

possível influência em suas diferentes porções. Os procedimentos metodológicos se

baseiam em duas escalas de análise: uma regional e outra local. A regional compreende

etapas de gabinete com produção e análise de mapa geológico e MDE, perfis geológicos

e topográficos, compartimentação morfoestrutural, levantamento de dados

geocronológicos e aplicação do Fator de Simetria Topográfica Transversa. A escala

local se baseia em trabalhos de campo e gabinete com análise de mapa geológico e

topográfico, imagens de satélite, perfis longitudinais e morfologia da área próxima às

capturas, identificação das anomalias de drenagem, terraços fluviais e feições

morfotectônicas. Os resultados esperados são uma maior compreensão da evolução de

escarpas no interior de margens passivas no que diz respeito a capturas fluviais e suas

relações com seus elementos de formação.

Page 18: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Palavras-chave: evolução do relevo, regressão de escarpas, anomalia de drenagem,

nível de base e morfoestrutura.

Autor: Patrícia Mara Lage Simões

Orientador: Roberto Célio Valadão

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Geodinâmica das paisagens continentais

Nível: Doutorado

Evolução do Relevo do alto curso da bacia do Rio Pardo Pequeno –

Diamantina/MG

Resumo

A paisagem geomorfológica é moldada por processos morfogenéticos que

ocorrem com a ação da dinâmica externa sobre os materiais da superfície terrestre. Os

estudos que pretendem resgatar os acontecimentos passados responsáveis pela formação

atual do relevo necessariamente devem analisar as interações estabelecidas entre os

diversos processos e materiais ao longo do tempo profundo. Esta pesquisa propõe uma

análise geomorfológica em escala regional, considerando o princípio de que é preciso

investigar o objeto de estudo transitando entre duas escalas dimensionais, e

consequentemente temporais, a regional que é o foco do trabalho, e a local que irá

fornecer subsídios, essencialmente pela caracterização da cobertura pedológica. Na área

de estudo foram identificadas três unidades geomorfológicas, cujas características

morfológicas sugerem uma relação morfogenética. Com base no que foi exposto este

projeto de pesquisa propõe como objetivo principal investigar a formação e evolução da

paisagem geomorfológica do alto curso da bacia do Rio Pardo Pequeno, tendo como

objetivos específicos: a produção da compartimentação geomorfológica da área,

caracterização das unidades de relevo identificadas, mapeamento da cobertura

pedológica, determinação do grau de intemperismo dos solos das unidades

geomorfológicas. Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram divididos em

duas linhas de investigação, uma voltada para a análise da evolução do relevo em uma

escala regional (macro), na qual serão trabalhadas as cartas geológicas, topográficas,

imagens de satélite, perfis topográfico e longitudinal dos cursos d’água; e a segunda

abordagem que está delimitada por uma escala de maior grandeza (micro) que irá buscar

na análise da cobertura pedológica da área de estudo dados que expliquem os

questionamentos levantados nesta pesquisa, por meio de análises físicas, químicas,

mineralógicas e micromorfológicas dos solos que representam as unidades

geomorfológicas do alto curso da bacia do Rio Pardo Pequeno. Ao final desta pesquisa

os métodos voltados para as diferentes escalas de análises irão fornecer subsídios, que

interpretados dentro de seus contextos escalares, irão contribuir para alcançar o objetivo

proposto.

Palavras-chave: morfodinâmica, morfogênese, pedogênese, compartimentação

geomorfológica, cobertura pedológica.

Page 19: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Autor: Walter Viana Neves

Orientador: Cristina Helena Ribeiro Rocha Augustin

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Recursos hídricos

Nível: Doutorado

Análise da dinâmica hidro-geomorfológica na bacia do Rio Peruaçu.

Resumo

A pesquisa trata de estudos comparativos do comportamento hídrico na bacia de

drenagem da vereda do Peruaçu, municípios de Bonito de Minas, norte de Minas

Gerais. As veredas são uma tipologia florestal, dentro do bioma do Cerrado,

caracterizada principalmente pela existência de buritis e gramíneas, com solo

hidromórfico turfoso, ponto de exsudação do lençol freático, responsáveis pela

perenização dos cursos de água em algumas regiões do semi-árido brasileiro. O

desenvolvimento e articulações das redes de drenagem na região sudeste, consiste em

sistemas complexos e poucos estudados como é o caso das veredas no norte de Minas,

que estão sendo destruídas antes mesmo de serem totalmente compreendida. Estudos

nessas áreas apontam para a existência de processos sub-superficiais erosivos,

associados às perdas geoquímica causando incisões e podendo provocar a captura por

outras bacias limítrofes. Estudos específicos em veredas do norte de Minas por meio de

utilização de GPR levanta suspeita da existência de um freático suspenso, dividido por

uma camada tampão, formada por argila ou partícula de areia muito fina. Essa hipótese

causa grandes preocupações com relação à subsistência das veredas, tendo em vista a

fragilidade do ecossistema, caso o mesmo seja local. Esse projeto propõe investigar a

dinâmica fluvial de uma bacia hidrográfica formada por veredas, em áreas de substratos

rochosos de arenitos, identificando processos associados ao modelo do relevo, voltado

para o desenvolvimento da rede de drenagem em áreas com formação rochosa

siliciclásticas. Para isto, os métodos utilizados são: o uso de parcelas para a coleta de

sedimentos e como áreas de amostragem do solo e do manto alterado. As parcelas foram

alocadas ao longo do perfil longitudinal do rio Peruaçu, para permitir que sua cabeceira,

médio e o baixo curso sejam bem representados. Estão sendo instalas 12 parcelas, 3 em

cada vertente, perfazendo 4 vertentes. A localização de cada parcela teve como base a

identificação de sítios geomorfológicos, identificados a partir de rupturas de declive, em

medições realizadas com o uso de clinômetro Suunto, de leitura direta e de sequências

de 3 balizas alinhadas. As parcelas, além de permitir a coleta de sedimentos (por meio

de galões), são também pontos referenciais para a locação para os piezômetros que

permitirão o monitoramento do nível freático e coleta de amostras de água. Serão: 1-

abertos perfis ao lado das parcelas com profundidade de até 1,5 metros, para descrição e

coleta de amostras de solo para análises físico-químicas laboratoriais; 2-coleta de

amostra de águas subterrâneas e superficiais em uma área de aproximadamente 50Km

de raio no entorno da bacia; 3- coleta de amostras de do perfis do regolito a cada

mudança de cor ou textura do material nos poços com piezômetros; 4- levantamento

sub-superficial de transectos ao longo das vertentes das parcelas por meio de GPR; 5-

Analise química e física do solo e da água. Em cada parcela está sendo medida a

cobertura vegetal quanto aos seguintes parâmetros: densidade total e por estratos, altura

média das espécies, estratos dominantes. Correlações entre as variáveis serão realizadas

após a obtenção de todos os dados.

Page 20: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Palavras-chave: Vereda, freático, micromorfologia, dinâmica, vertente.

Autor: Luiz Fernando de Paula Barros

Orientador: Antônio Pereira Magalhães Junior

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Geomorfologia Fluvial

Nível: Doutorado

Implicações Geomorfológicas e Paleoambientais dos Registros Sedimentares em

Vales Fluviais do Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais

Resumo

Diversos estudos localizados acerca da sedimentação fluvial quaternária vêm

sendo realizados na região do Quadrilátero Ferrífero (QF), importante domínio

geológico-geomorfológico de relevo montanhoso situado na região central do Estado de

Minas Gerais. Esses estudos dizem respeito a diferentes vales das bacias dos rios Doce,

das Velhas e Paraopeba, das quais o QF se constitui como divisor hidrográfico.

Entretanto, avanços logrados com a datação de depósitos por recentes pesquisas na área

têm levado a novos questionamentos e indicado a necessidade de um estudo de caráter

regional, a fim de se buscar relações entre os resultados encontrados nas diferentes

porções do QF. Nesse sentido, o presente trabalho visa sintetizar o quadro de níveis e

sequências deposicionais fluviais do Quadrilátero Ferrífero, a fim de se identificar

possíveis padrões na sedimentação regional e de se lançar luzes sobre a compreensão do

papel da dinâmica neotectônica e climática no modelado fluvial regional. Os métodos a

serem empregados incluem descrição faciológica, análises granulométricas e de clastos,

geocronologia, além de possíveis análises micromorfológicas e de fitólitos em depósitos

selecionados.

Um exemplo de questão a ser investigada diz respeito às idades obtidas em

estudos anteriores para os depósitos fluviais na região. No vale do Rio Conceição (bacia

do Rio Doce), por exemplo, o nível deposicional mais recente, que não apresenta

desnível para o rio atual e ainda é preservado como terraço, foi datado em 77±12 ka

pelo método da Luminescência Opticamente Estimulada. No entanto, o nível fluvial

mais antigo do vale do alto Rio das Velhas (porção central do QF), situado entre 10-

30m acima do rio atual e completamente descaracterizado morfologicamente, apresenta

idades entre 47±6 e 50±6 ka, segundo datação pelo mesmo método. Do mesmo modo,

enquanto um nível aluvial ~15 m acima do rio atual foi datado no vale do Rio

Conceição em 170±28 ka, no médio vale do Rio das Velhas, apenas alguns quilômetros

do QF, níveis aluviais com desníveis aproximados de 50 m para a drenagem atual foram

datados em no máximo 167±18 ka. Outra questão importante a ser investigada é o fato

de terem sido encontrados depósitos semelhantes em vales das diferentes bacias que

drenam o Quadrilátero Ferrífero. Este fato sugere eventos regionais de formação de

níveis deposicionais com fácies de seixos cimentadas por óxidos-hidróxidos de ferro, à

semelhança de cangas, sendo necessária a aplicação de métodos geocronológicos e de

reconstrução ambiental nesses depósitos para definição de sua efetiva relação e

entendimento dos cenários paleoambientais responsáveis por sua formação.

Nesse sentido, a presente pesquisa justifica-se por contribuir para uma melhor

compreensão da evolução geomorfológica e dos cenários paleoambientais do

Quaternário na região do Quadrilátero Ferrífero. O trabalho também se justifica como

Page 21: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

uma contribuição para o entendimento da sedimentação continental brasileira e de sua

cronologia, ainda muito incipiente.

Palavras-chave: níveis deposicionais fluviais, evolução regional do relevo, paleoclimas

do Quaternário, neotectônica, geocronologia

30/10/2013 – QUARTA-FEIRA – 13:00h

MESA 4: Geodinâmica, SIGs e Planejamento

Debatedores:

Prof. Dr. Claudinei Lourenço

Prof. Dr. Ricardo Alexandrino Garcia

Profa. Dra. Marly Nogueira

Autor: Grazielle Anjos Carvalho

Orientador: Ana Clara Mourão Moura

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Geoprocessamento nos estudos urbanos e na gestão da paisagem

Nível: Doutorado

Pensar e fazer o Planejamento Urbano e Regional sob a ótica de teorias da

complexidade: A identificação de alterações no uso do solo da mancha conurbada

de Belo Horizonte - Minas Gerais – Brasil, através de modelos preditivos baseados

em Autômatos Celulares (CA)

Resumo

O texto do seminário corresponde ao apresentado para a banca de qualificação

planejada para o início de outubro. Ele apresenta, em um primeiro momento, o estado

da arte do planejamento urbano no Brasil e de como ele tem sido feito, assim como os

planos de ação dos governos nos últimos 50 anos. Apresenta ainda uma reflexão sobre

os Sistemas Complexos e a tentativa de se entender a cidade como um deles, relatando

os parâmetros que caracterizam os sistemas complexos, assim como os que são

identificáveis no sistema urbano. É apresentado o marco teórico do que vem a ser os

Autômatos Celulares (AC), metodologia de sistemas complexos selecionada para ser

trabalhado no ambiente urbano correspondente à mancha conurbada de Belo Horizonte,

onde se insere cerca de 80% da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O trabalho apresenta como objetivo geral identificar alterações (positivas ou negativas)

no uso do solo da mancha conurbada de Belo Horizonte, através de um modelo

computacional preditivo baseado em Autômatos Celulares (CA) antes da implantação

de projetos, seja de infra-estrutura, habitacional ou preservacionista, de forma a permitir

o planejamento do ambiente urbano e não apenas a sua gestão, objetivo este ainda não

alcançado. Como resultados iniciais são apresentados, através do mapeamento do uso

do solo em imagem Landsat (resolução 30 metros), a monitoria temporal das variações

ocorridas no uso do solo entre o período de 1989 e 2013. Além disso, também foi feito

uma comparação temporal de variáveis como renda, acesso a saneamento básico (coleta

de lixo, rede de água, rede de esgoto) e densidade populacional, em escala de setor

censitário, para o período compreendido entre 2000 e 2010 (fonte IBGE). O material

cartográfico é estruturado em Sistema de Informações Geográficas e foi trabalhado de

Page 22: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

modo a constituir base de dados para a aplicação das metodologias de análise espacial

baseadas em autômatos celulares.

Palavras-chave: Planejamento Urbano Regional, Sistemas Complexos, Autômatos

Celulares, Belo Horizonte, Geoprocessamento

Autor: Bráulio Magalhães Fonseca

Orientador: Dra. Ana Clara Mourão Moura

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Geoprocessamento na Gestão da Paisagem Urbana e Ambiental

Nível: Doutorado

Futuros Alternativos para o município de São Gonçalo do Rio Abaixo/MG, região

do Médio Piracicaba: uma abordagem através do Geodesign.

Resumo

Analisar os futuros alternativos para um município ou uma região requer o

envolvimento de múltiplas variáveis, um método de pesquisa que seja integrador e que

permita a participação dos atores sociais locais que fazem uso e contribuem para a

transformação da paisagem. A partir desta premissa Carl Steinitz1 propôs um novo olhar

sobre as análises de multicritérios fazendo uso do conceito e da metodologia Geodesign.

Neste contexto, o presente trabalho propõe uma análise dos futuros alternativos para o

município minerador de São Gonçalo do Rio Abaixo – MG, na região do Médio

Piracicaba.

O termo Geodesign foi consolidado com o lançamento do livro A Framework

for Geodesign no ano de 2012 por Carl Steinitz, mas sua essência está relacionada ao

surgimento do Sistema de Informação Geográfica (SIG), que de acordo com Batty

(2013) tem suas origens na Arquitetura da Paisagem e na Geografia. O SIG surgiu como

uma resposta sistemática para solucionar conflitos entre as variadas e diferentes

interpretações da dinâmica da paisagem. Segundo Batty (2013) tudo começou com a

sobreposição de mapas, o que nos remete aos métodos usados pelo arquiteto paisagista

Frederick Law Olmsted (1882 – 1903) no projeto do Central Park, Nova York. A

essência do termo Geodesign não é nova, e também está presente na obra Design With

Nature, de Ian McHarg (1969) (MILLER, 2012; STEINITZ, 2012).

O município de São Gonçalo do Rio Abaixo foi selecionado como área piloto

pelas grandes transformações econômicas e ecológicas referentes à atividade de

mineração, sobretudo com iminente expansão da capacidade produtiva da mina de

Brucutu, por ser um município pouco estudado no tocante à análise da paisagem, pela

sua localização em uma região que comporta grandes empreendimentos do setor

minero-metalúrgico e também devido à proximidade da região do Médio Piracicaba

com a região do Médio Espinhaço2, a qual constitui uma zona de expansão da atividade

mineral no Estado de Minas Gerais (BARBIERI, 2013). A questão é que a expressiva

transformação econômica pode resultar também em transformações da paisagem.

1 Carl Steinitz é Professor Emérito de Arquitetura e Planejamento da Paisagem na Escola Superior de

Design da Universidade de Harvard. 2 A região é objeto do estudo intitulado “Plano Regional Estratégico em torno de Grandes Projetos

Minerários no Médio Espinhaço”, realizado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional

(CEDEPLAR) ligado à Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.

Page 23: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Como o município se encontra fortemente vinculado a Itabira, que é um

município que passou pelo processo de transformação geográfica – econômica e de

paisagem – provocados pela mineração, cabe perguntar se a análise e simulação de

processos acontecidos em situação semelhante ajudam na compreensão da situação atual

e futura para o município de São Gonçalo do Rio Abaixo que inicia um processo de

transformação correlato.

Esta pesquisa compreende um estudo de caso que criará subsídios para diversas

situações semelhantes às condições aqui pesquisadas, apresentará como contribuição a

análise e interpretação da paisagem através da proposição e avaliação de um

procedimento metodologico que pode ser aplicado em outros municípios mineradores

no estado de Minas Gerais e no Brasil.

Palavras-Chave: Geoprocessamento, planejamento urbano-ambiental, paisagem, SIG

Autor: Lilia Maria de Oliveira

Orientador: Philippe Maillard

Área de concentração: Análise Ambiental

Linha de pesquisa: Sensoriamento remoto aplicado no estudo da poluição difusa para

recursos hídricos superficiais

Nível: Doutorado

Obtenção de modelo físico para determinação da poluição difusa na bacia do rio

das Velhas

Resumo

A origem de fontes difusas de poluição, assim como as técnicas para seu

controle, são objeto de várias pesquisas através do uso de modelos matemáticos

relacionando variáveis hidráulicas, hidrológicas e qualidade de água, os quais podem ser

integrados ou não a Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Como as fontes de

poluição difusa tem origem em diferentes pontos da bacia e podem atingir o curso de

água em diversas partes, isto dificulta a associação da fonte poluidora as alterações de

qualidade ocorridas no curso de água. Assim definir distâncias críticas, com o uso de:

variáveis hidrológicas, uso e ocupação do solo e declividade tem mostrado um caminho

a ser percorrido. Desta forma pretende-se definir distâncias criticas (considerando a

declividade), tomadas a partir dos cursos de água, para as quais o uso do solo, a

declividade e a rugosidade da cobertura vegetal possam explicar as alterações de

qualidade ocorridas nas águas superficiais. Os resultados iniciais indicam que em áreas

com maior resistência ao escoamento, devido a maior rugosidade da vegetação e menor

declividade, o escoamento adquiri menor velocidade, produz tempos de viagem

elevados e conduz a menores distâncias críticas. Os resultados obtidos indicam ganhos

iniciais, no potencial de explicação da qualidade das águas a partir do uso e ocupação do

solo, de até 17% comparados com métodos convencionais de estabelecimento de

distâncias críticas fixas para o estudo da poluição difusa.

Palavras-chave: Sensoriamento remoto, poluição difusa, recursos hídricos, hidrologia e

hidráulica

Page 24: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

31/10/2013 – QUINTA-FEIRA – 8:00h

MESA 5: Práticas e gestão do/no espaço e a questão ambiental

Debatedores:

Profa. Dra. Rogata Soares Del Gaudio

Prof. Dr. Carlos Lobo

Prof. Dr. Klemens A. Laschefski

Autor: Diego Horta Bicalho.

Orientador: Klemens A. Laschefski.

Área de concentração: Organização do Espaço.

Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço.

Nível: Mestrado

“O Planejamento Urbano e a questão socioambiental: Perspectivas e desafios das

propostas de áreas verdes mescladas com habitação social a partir da elaboração

dos Planos Diretores Regionais de Belo Horizonte, MG”.

Resumo

A ideia de áreas de preservação “intocadas” dentro das cidades, transformadas

geralmente em parques que podem ficar abertos num determinado horário para visitação

ou não; oferecendo somente a função de algum tipo de lazer e/ou práticas esportivas

(quando a estrutura assim oferece) ainda têm prevalecido. Contudo, dentro de áreas

urbanas, as áreas verdes não poderiam contribuir de formas mais diversas as

necessidades das populações que habitam no seu entorno, especialmente aquelas

camadas sociais mais carentes?

O município de Belo Horizonte passou recentemente por uma atualização do seu

Plano Diretor de 1996 com objetivo de apresentar propostas técnicas mais sólidas para

aplicação dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade. Entre elas, cabe destacar o

aumento significativo de propostas de áreas para habitação de interesse social (AEIS-1)

delimitadas em terrenos vazios acima de 1200 m² em enorme quantidade espraiados por

todo município. Em algumas glebas, foi observada tecnicamente a possibilidade de

algumas áreas serem preservadas do ponto de vista ambiental, mas com possibilidade de

serem entremeadas com áreas passíveis de edificação para habitação social. A proposta,

inicialmente pensada em implantação de parques nas APPs e áreas de vegetação

expressiva em geral, com habitação social no entorno, foi logo praticamente descartada

pelos planejadores – Entre eles o próprio autor que também trabalhou na revisão e

mapeamento dessas áreas - em função das dificuldades tanto de compra dos terrenos

como de implantação e futura gestão dessas áreas pelo poder público municipal: Incapaz

do ponto de vista da atual estrutura político-administrativa.

A partir de uma análise documental de propostas para o planejamento urbano,

pesquisa bibliográfica, declarações e entrevistas com planejadores e moradores de

comunidades no entorno de grandes glebas como o Isidoro em Belo Horizonte, este

trabalho propõe fazer uma análise crítica em cima do modelo de planejamento que vem

sendo feito até então e discutir outras possibilidades de se pensar o uso e ocupação do

solo nas cidades baseado no conceito de justiça ambiental (ACSELRAD), direito ao

território, direito à cidade (LEFEBVRE), direito à moradia e segurança alimentar.

Partindo não somente dos pressupostos da Reforma Urbana e aplicação dos

instrumentos do Estatuto da Cidade, mas também da ideia de que tais questões são

Page 25: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

fundamentais como parte da dignidade da pessoa humana, não podendo tais direitos

ficarem restritos cada vez mais à lógica das regras capitalistas de práticas de mercado

como vem sendo feito no acesso à moradia e ao espaço urbano em geral.

Palavras-chave: Planejamento Urbano, habitação social, áreas verdes na cidade, justiça

ambiental e direito ao território.

Autor: Rana Paz Lacerda Vieira

Orientador: Klemens A. Laschefski

Área de concentração: Organização do espaço

Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço

Nível: Mestrado

Discurso ambiental: ideologia e crítica

Resumo

O tema da pesquisa é o discurso ambiental enquanto linguagem significativa de

um conjunto de comportamentos, imagens, palavras e valores ambientais. Tendo em

vista a capilaridade do discurso ambiental, entremeando diferentes campos de saber:

econômico, geográfico, educativo, entre outros, fez-se necessário como condição de

possibilidade da pesquisa, a escolha de um objeto. Partindo da própria experiência da

autora, optou-se pelo que se tem denominado de educação ambiental, objeto que

somente se constitui em diálogo com outros campos de saber.

As questões que encaminharam a pesquisa tiveram como ponto de partida a

inquietação diante de uma dupla naturalização: a do discurso ambiental e do seu próprio

conteúdo, o ambiente, produzindo a despolitização do conceito e a alienação dos

sentidos dos elementos do discurso. São dois, portanto, os movimentos principais da

pesquisa: uma denúncia ao discurso da educação ambiental enquanto discurso que se

pretende hegemônico e universal, colocando a educação a serviço da ciência e da

técnica. E a descrição de propostas de um discurso contra-hegemônico, a partir do

questionamento da atividade acadêmica na produção de uma educação ambiental crítica.

A denúncia ao discurso hegemônico da educação ambiental e a descrição de

propostas que se denominam de educação ambiental crítica só são possíveis com a

construção de um método, uma sistematização e organização dos elementos da análise

do discurso e da elaboração de conceitos contra-hegemônicos. A escolha do método

tem sido feita a partir de uma análise semiológica dos discursos e de propostas da

geografia crítica, sobretudo a partir de duas categorias fundamentais, lugar e espaço. A

metodologia propõe uma análise comparativa entre educação ambiental no ensino

escolar básico e as propostas críticas no nível acadêmico em cursos de graduação e pós-

graduação.

Palavras-chave: Educação ambiental, discurso, modernidade, lugar, espaço

Page 26: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Autor: Altair Sancho Pivoto dos Santos

Orientador: José Antonio S. de Deus

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Ordenamento Territorial e Meio Ambiente

Nível: Doutorado

Des-ordenamento Territorial e Unidades de Conservação

Resumo

A partir da década de 1970, com a institucionalização da questão ambiental no

âmbito dos debates acerca do desenvolvimento, a criação de unidades de conservação

adquiriu centralidade no arcabouço das políticas de ordenamento territorial do Estado

brasileiro. Tradicionalmente, esse instrumento de planejamento e gestão governamental

está ancorado em uma concepção singular de espaço e de mecanismos concretos de

intervenção territorial, caracterizados pela delimitação e controle de realidades

socioespaciais estratégicas sob o ponto de vista da conservação da biodiversidade.

Como resultado dessa nova ordem estabelecida, sobretudo no caso da criação de

unidades de proteção integral, inúmeras comunidades, residentes dentro ou no entorno

dessas áreas, passam a conviver com interferências em relação às suas práticas

territoriais. Há, nessa direção, uma sobreposição de manifestações de poder

circunscritas nos espaços transformados em unidade de conservação, conformando um

campo de relações e disputas, moldado por um movimento relacional e contínuo de

forças que buscam afirmar o efetivo exercício de suas territorialidades.

Esse contexto se complexifica na pós-modernidade, quando se abre a

possibilidade de vivência de novas experiências de espaço e de tempo (“compressão

tempo-espaço”, Harvey, 1989), que impedem uma leitura estanque do território.

Segundo Haesbaert (2006), o território, enquanto relação de apropriação e/ou domínio

da sociedade sobre o seu espaço, não está relacionado apenas à fixidez e à estabilidade,

mas incorpora como um de seus constituintes fundamentais o movimento, as diferentes

formas de mobilidade e o exercício cada vez mais multiescalar das territorialidades (por

meio de redes). Nessa direção, é preciso compreender a formação dos territórios

enquanto processo “des-reterritorializador” (Haesbaert, 2004) e, portanto, des-

ordenador. É justamente a apreensão dessa dinâmica o grande desafio que se apresenta

aos estudos territoriais , uma vez que , como afirma Penha (2005), agentes

territorializadores e estruturas territoriais contrapoem -se e combinam-se dialeticamente,

gerando um complexo mosaico de escalas e significados difícil de detectar e apreender.

No caso de pesquisas dedicadas à temática da criação e gestão de unidades de

conservação, essa perspectiva de análise é ainda incipiente, de maneira que são poucas

as iniciativas que se propõem a adotar uma abordagem integrada e processual das

transformações territoriais associadas a essa política de ordenamento territorial.

Nesse sentido, a presente pesquisa visa compreender o processo de ordenamento

territorial associado à criação e gestão do Parque Nacional da Serra do Cipó e Área de

Proteção Ambiental Morro da Pedreira, MG. Tal objetivo parte do pressuposto que o

território em questão é conformado a partir de uma perspectiva multidimensional de

poder (Foucault, 1979) e moldado, ao mesmo tempo, por forças econômicas, políticas e

culturais ou simbólicas, que se conjugam de formas diferenciadas e interdependentes,

exigindo uma abordagem direcionada à apreensão das des-continuidades,

temporalidades, escalaridades e processos históricos conformadores do contexto

territorial em questão. Assim, a pesquisa abrangerá dois níveis de análise, como sugere

Page 27: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Haesbaert (2006): i. nível “societal” ou da gestão territorial, buscando-se compreender a

natureza dos mecanismos (i)materiais de controle e domínio territorial que se

estabelecem e se ressignificam no âmbito da gestão das unidades de conservação em

estudo, levando-se em consideração a perspectiva democrática desse processo, a atuação

dos diferentes sujeitos e segmentos sociais, seus respectivos interesses e as estratégias

por eles adotadas para garantir a continuidade do modelo de dominação em curso ou

para tentar se contrapor a tal processo, bem como as tensões e conflitos territoriais daí

resultantes. ii. nível mais “personalizado”, do espaço mais imediato, ou seja, do lugar,

com o intuito de compreender as implicações do processo de des-ordenamento

territorial via criação e gestão das UC’s na vivência espacial, nas práticas cotidianas, no

sentimento de pertencimento e no exercício de territorialidade de algumas comunidades

residentes nesse território, inclusive as resistências que se concretizam a partir da

tentativa de imposição dessa nova ordem.

Palavras-chave: Ordenamento Territorial, Unidades de Conservação, Poder, Cultura e

Conflitos.

Autor: Ana Carolina Andrino de Melo

Orientador: Sérgio Manuel Merêncio Martins; Co-orientadora: Doralice Barros

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço

Nível: Mestrado

Natureza, técnica e possibilidades de uso do espaço a partir do processo de

constituição dos cursos d’água em Belo Horizonte

Resumo

O objetivo da pesquisa é investigar a relação entre a cidade de Belo Horizonte e

os cursos d’água presentes em seu território, indagando sobre sua articulação com a

produção do espaço urbano e a produção de conhecimento sobre a natureza e a cidade.

Mais especificamente, trata-se de discutir, a partir da história social dos rios, a dimensão

conflituosa do uso do espaço, buscando compreender como a transformação física,

funcional e simbólica dos espaços fluviais ao longo da história da cidade manifesta as

determinações materiais, socioespaciais e políticas do saber técnico na urbanização

contemporânea e as ideologias envolvidas nas noções de natureza dominantes em nossa

sociedade.

A história dos rios e córregos de Belo Horizonte mostra que, desde o plano da

nova capital mineira, orientado por princípios positivistas basilares da Engenharia e do

Urbanismo ao final do século XIX, privilegiou-se a opção de adaptar os canais ao

escoamento pluvial e ao esgotamento e, as margens fluviais, à circulação no espaço e à

valorização da terra urbana. Desde então, a realização de obras de engenharia de grande

porte para controlar a dinâmica fluvial foi colocada como necessidade para a cidade e,

ao longo do tempo, novas necessidades criadas pela produção do espaço perpetuaram a

hegemonia desse modelo de saneamento e drenagem. Como resultado, os canais fluviais

encontram-se distantes da paisagem e do cotidiano dos moradores, possibilitando um

uso muito reduzido para as áreas das margens.

Considerando que a forma pela qual os cursos d’água integram o tecido urbano

faz parte do conjunto de transformações do espaço, propõe-se analisar, desde a fundação

de Belo Horizonte até hoje, o histórico de intervenções em cursos d’água, assim como

Page 28: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

os planos e projetos voltados à drenagem urbana, como partes integrantes do processo

de produção do espaço. Este processo se desenvolve através de lutas acerca do uso do

espaço, nas quais o domínio do saber e da técnica constitui-se em importante

instrumento, notadamente alocado nas mãos do Estado.

Para desenvolver os objetivos e questionamentos da pesquisa, constituem-na,

metodologicamente, os seguintes procedimentos: i) fundamentação teórica; ii) pesquisa

bibliográfica e documental; iii) entrevistas. As noções de produção do espaço, natureza

social, urbanização, metropolização, ideologias e poder são alguns dos principais eixos

teóricos que orientam a discussão. Através de revisão bibliográfica de estudos prévios e

de documentos do âmbito do planejamento urbano, será analisado o contexto

sociopolítico em que têm se inserido as intervenções realizadas em cursos d’água e

margens fluviais de Belo Horizonte, buscando-se analisar sua relação com as dinâmicas

espaciais que encaminham a produção do espaço urbano e com os paradigmas e debates

técnicos que orientam e transformam esta produção. Serão consultados, por meio de

entrevistas não estruturadas, membros do corpo técnico-científico do Planejamento

Municipal e da Academia, participantes dos processos decisórios referentes ao

saneamento e à drenagem urbana e inseridos nos debates que os envolvem.

Palavras-chave: Águas urbanas; Produção do espaço; Urbanismo; Saber; Poder.

Autor: Reinaldo de Freitas

Orientador: Rogata Soares Del Gaudio

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Teoria, Métodos e linguagens em Geografia

Nível: Mestrado

O discurso inclusivo dos livros didáticos de Geografia para ensino fundamental

Resumo

Essa pesquisa tem por objetivo identificar reflexos das políticas de inclusão de

deficientes, institucionalizadas por meio de legislação específica, nos livros didáticos de

Geografia, para o segundo segmento do ensino fundamental. Essa proposição surgiu

com base em inúmeros questionamentos, relativos ao processo de inclusão escolar,

enquanto professor das séries finais do ensino fundamental, e que aportou na seguinte

questão: como os livros didáticos podem contribuir para melhorar a compreensão das

relações em sociedade, com foco na representação de portadores de necessidades

especiais nos livros didáticos, material presente em todas as etapas da escolarização a

partir do 2º ciclo do ensino fundamental?

Os livros didáticos, segundo Choppin (2004), mais que meros portadores de

informações e conhecimentos, também representam concepções acerca da (re)produção

do espaço, por meio da conformação de discursos e de representações que pretendem

corresponder à sua efetividade. No âmbito dessa pesquisa, a função documental do livro

didático tem grande importância, pois é a partir da presença de elementos textuais e

icônicos, cuja observação e confronto podem contribuir para desenvolver o espírito

crítico dos alunos, é que se pretende verificar a representação e o tratamento dado aos

portadores de necessidades especiais.

Como procedimento metodológico, os documentos oficiais relacionados à

parametrização dos conteúdos e critérios estabelecidos pelo PNLD serão analisados, por

meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema. Tendo em vista as referências

Page 29: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

atualmente adotadas na construção dos livros didáticos, acredita-se que elas permitirão

apontar mudanças nos discursos adotados pelas obras, relativos à formação de uma

sociedade inclusiva.

A pesquisa abrange os cinco últimos ciclos de avaliações feitas pelo PNLD,

realizadas em períodos de três em três anos, tomando como ponto de partida a

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) - 9.394/96, que cria possibilidades

para ampliação do debate sobre inclusão de deficientes em escolas regulares. Outros

marcos legais criados ao longo do período delimitado (1999 a 2011), também servirão

de subsídio para verificar se, a partir dos textos e imagens veiculados, os livros trazem

reflexos dessa mudança e a incorporação de pressupostos relativos a inclusão.

Para entender a contribuição dos livros didáticos de Geografia no

desenvolvimento de atitudes que favoreçam a construção da cidadania e analisar de

forma sistemática e propositiva as formas simbólicas presentes nas imagens e textos,

essa pesquisa de caráter qualitativo, utilizará a análise de conteúdo como instrumento

metodológico. Com isso, o uso de técnicas de análise de conteúdo constitui um

instrumento descritivo para a interpretação dos textos e ilustrações presentes nos livros

didáticos.

Como o universo a ser pesquisado é constituído atualmente por mais de 200

livros, estabelecemos critérios iniciais para selecionar as obras, apresentados a seguir:

- Livros referentes ao 6º e 7º anos de cada coleção;

- Coleções que estiveram presentes ao longo dos cinco ciclos de avaliação;

- Seleção das coleções com base no quantitativo comercializado que obtiveram maior e

menor volume de exemplares comercializados;

Ao descrever esse conteúdo, desde o início do programa de avaliação e

divulgação do Guia de referência, busca-se verificar se houve uma mudança nas

tendências de abordagem sobre aspectos relacionados à inclusão, identificando as

possíveis representações sociais que os livros carregam. Interessa-nos verificar como

essa temática é abordada nas obras a serem selecionadas para essa pesquisa, tanto por

meio de textos, quanto de imagens, geralmente associadas à discussão da cidadania e

que se apresenta também como tema ao ensino de Geografia. Essas representações,

possivelmente, são resultado de inúmeras variáveis que envolvem padrões editoriais,

governamentais e as transformações sociais. Assim, nesse intercruzamento de discursos,

existe uma condução ideológica no qual um desses atores sociais se sobressai. Palavras-chave: Livro didático, deficientes, inclusão, Geografia, educação inclusiva.

31/10/2013 – QUINTA-FEIRA – 14:00h

MESA 6: Patrimônio cultural, representações e processos de territorialização

Debatedores:

Prof. Dr. Weber Soares

Profa. Dra. Marly Nogueira

Profa. Dra. Heloisa Soares de M. Costa

Page 30: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Autor: Mariana Rodrigues da Costa Neves

Orientador: José Antonio Souza de Deus

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço

Nível: Mestrado

O Mercado de Diamantina e os Sentimentos de Pertencimento: Uma análise sobre

o Patrimônio Histórico Cultural nas Óticas da Percepção Ambiental e do Turismo

Cultural

Resumo

Ao longo dos tempos, a Geografia se mostrou como um campo do conhecimento

que busca constantemente a compreensão do mundo, e de suas contradições, no âmago

das relações sociais, na apropriação e uso do meio ambiente. Nesse sentido, ao longo do

seu processo de desenvolvimento e construção evidenciam-se diferentes formas de

perceber, pensar e refletir sobre os fenômenos socioespaciais, sendo cada uma delas

geradoras de linhas interpretativas que são fundamentais no processo de construção do

conhecimento geográfico. O presente estudo busca, a partir das abordagens da

Geografia Humanística, compreender o processo de percepção e identificação dos

indivíduos com o espaço urbano patrimonial. A pesquisa tem como objetivo analisar as

percepções individuais das pessoas no Mercado Municipal de Diamantina, e como isso

pode interferir na construção de uma identidade patrimonial. O método do trabalho será

baseado na Fenomenologia, refletindo sobre a categoria “Lugar”, materializada a partir

de duas abordagens: em sua relação “lugar-mundo-vivido” e “lugar-social”, destacando

questões concernentes à experiência cotidiana, às identidades e às relações de poder

estabelecidas e desenvolvidas nos processos de sua construção, via processos de

intersubjetividade. Os procedimentos metodológicos serão embasados pela análise de

dados estatísticos oficiais, observação participante, entrevistas semiestruturadas e

produção de mapas. Esperamos contribuir de forma significativa para a execução/

realinhamentos, numa perspectiva crítica, de planejamentos em áreas patrimoniais que

levem em conta as percepções dos indivíduos que usufruem das construções

patrimoniais enquanto bem simbólico.

Palavras-chave: Patrimônio Histórico – Fenomenologia – Turismo – Mercado -

Identidade

Autor: André Tomé de Assis

Orientadora: Maria Aparecida dos Santos Tubaldini

Área de concentração: Organização do Espaço.

Linha de pesquisa: Processos sócio-espaciais do espaço rural, Agricultura

Familiar/campesinato/desenvolvimento rural.

Nível: Doutorado

As transposições do rio São Francisco na voz dos atingidos

Resumo

Page 31: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

O rio São Francisco é considerado o rio da integração nacional. Atualmente uma

transposição das suas águas chama a atenção dos brasileiros. Segundo Ministério da

Integração Nacional (2013) essa obra teria sua inauguração em 2015, onde seria

assegurada a oferta de água em 2025, aos habitantes de municípios do Agreste e do

Sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Nesta tese

de doutorado uma grande questão foi escolhida e será abordada por se relacionar

diretamente com os atingidos pela transposição: Como a população ribeirinha aos canais

propostos pela transposição do rio São Francisco, percebe e convive com as

transformações e as expectativas geradas por essa obra no seu espaço de vivência?

Procurando responder a essa questão o objetivo geral é registrar, compreender e discutir

a percepção da população ribeirinha ao longo dos canais propostos pelas transposições

no rio São Francisco em Cabrobó (PE). A categoria Lugar na Geografia orienta para o

recorte que se fará observando os laços cotidianos que o indivíduo tem com o lugar

onde mora. Para se colher a voz desta população será utilizada a técnica História Oral

que valoriza justamente os grupos que historicamente não tiveram sua voz utilizada em

grandes empreendimentos. Para se compreender e discutir as falas colhidas nas

entrevistas será utilizada a Percepção como base teórica da Geografia. Inicialmente está

sendo feito uma pesquisa de exploração com levantamento bibliográfico e entrevistas

abertas semi-estruturadas. Segundo o Ministério da Integração Nacional (2013) o

Projeto é dividido em dois grandes eixos (Norte e Leste). O Eixo Norte parte de

Cabrobó em Pernambuco, é a primeira região onde se irá captar a água do rio São

Francisco e também uma das primeiras a serem beneficiadas pelas obras, pois já se tem

parte das obras prontas. A Comissão Pastoral da Terra (2013) em seus documentos,

fazendo analises de colocações da Articulação Popular São Francisco Vivo aponta

comunidades diversas como indígenas, quilombolas, pequenos produtores agrícolas;

todos ribeirinhos em Cabrobó, que estariam passando por transformações em seus

lugares de vivência feitos pelas obras. De acordo com vários autores que discutem a

metodologia que será usada, a escolha e o número de entrevistados, não necessita

exatamente seguir um padrão rígido. Há de se procurar identificar os moradores ao

longo do curso dos canais. As entrevistas visarão coletar percepções frente às questões

históricas, as transformações geradas pelas transposições e a importância do rio São

Francisco, com elementos representativos como as responsabilidades, interesses,

possibilidades de uso, expectativas, valoração. Na tese será feita a transcrição dos

relatos, e a compreensão deles se dará a partir de comparações com diferentes relatos e

o referencial bibliográfico. Espera-se que através desta pesquisa seja possível observar a

importância e a necessidade de se ouvir a população, que tanto conhece o lugar onde

vive, seus problemas e as melhores soluções.

Palavras-chave: Rio São Francisco, Transposição, Percepção, História Oral, Lugar.

Autor: Tatiane Campos dos Santos

Orientador: José Antônio Souza de Deus

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço

Nível: Mestrado

Relações entre território e educação escolar na produção da identidade no

quilombo de Santo Isidoro- Berilo/ MG

Page 32: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Resumo

Este projeto de pesquisa objetiva analisar se, e como, a educação escolar pode

participar da construção da identidade territorial quilombola, na comunidade de Santo

Isidoro em Berilo/ MG. A educação escolar quilombola pode ser compreendida como

um instrumento que pode, a propósito, propiciar a discussão da questão da

autoidentificação, em áreas quilombolas. Nessa perspectiva, será privilegiada no

referencial teórico da pesquisa, a problematização sobre os conceitos de Identidade,

Território, aportes importantes para se compreender espacialmente a manifestação da

cultura tradicional dos povos quilombolas. A necessidade sentida, de me aprofundar

nesta temática é resultado de minha própria trajetória pessoal e acadêmica que me deu a

oportunidade de participar da pesquisa “Educação Escolar Quilombola em Minas

Gerais: Entre Ausências e Emergências” que me propiciou entrar em contato com a

realidade dos sujeitos quilombolas.

Este trabalho com a educação escolar quilombola possibilitar-me-á, aliás, uma

reflexão crítica sobre a produção identitária nos quilombos. A análise, desse processo

para o campo da educação é importante, pois aborda a questão da luta dos povos

quilombolas por uma educação que privilegie o contexto em que tais comunidades se

inserem, garantindo a manifestação de sua cultura e saberes (etnoambientais,

etnobotânicos, vinculados às espacialidades e temporalidades festivas e/ ou a seu

protagonismo etnopolítico, etc.). Diante de tudo disso, é que se visualiza que a educação

é um mecanismo de revitalização de outra forma de experienciar o mundo, nas suas

diversas relações com o social, através do território que também constitui o seu espaço

vivido.

Como aporte metodológico será utilizado uma abordagem qualitativa que

possibilite o contato direto do pesquisador com os sujeitos da pesquisa, bem como, com

o contexto no qual se encontram. Em relação aos procedimentos de coleta de dados

serão utilizados: revisão bibliográfica, entrevistas, confecção de mapas mentais com

sujeitos dessa pesquisa e o georreferenciamento dos seus elementos simbólicos.

Palavras-chave: Quilombos, Território, Identidade, Educação, Relações Raciais

Autor: Sidney Daniel Batista

Orientador: José Antônio Sousa Deus

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Geografia Cultural

Nível: Mestrado

Um novo olhar sobre Diamantina e Ouro Preto: Estudo das políticas públicas, do

turismo e de suas relações com o lugar numa perspectiva Geográfica-Cultural

Resumo

A pesquisa iniciar-se-á pela uma discussão, dentro do âmbito da Geografia,

sobre o Lugar, traçando as origens do conceito e discutindo a diversidade de enfoques

desenvolvidos ao longo do tempo sobre essa categoria de análise nas diferentes linhas

interpretativas da Geografia. A opção por tomar o Lugar como categoria de análise

neste estudo deve-se ao fato desta categoria ser caracterizada pelos processos de

Page 33: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

vivência, significação e ressignificação, o que resulta numa pluralidade de significados

de cada localidade, conforme contextos sociais diferenciados.

A pesquisa pretende realizar, em paralelo, uma investigação sobre as políticas

públicas na área de Cultura e Turismo sob a perspectiva da integração, fortalecimento e

interação entre as leis que podem interferir na dinâmica social de uma destinação

turística. O recorte territorial proposto incide em dois sítios urbanos situados nas

regiões de antiga mineração do Brasil: Diamantina e Ouro Preto. A opção por tais áreas-

foco de investigação justifica-se pelo fato de ambas as cidades guardarem fortes

elementos do Barroco e em que se mesclaram características profanas e sagradas, que

ainda repercutem e reverberam fortemente, a propósito, na atualidade. Além disso, as

duas cidades em questão apresentam inúmeros aspectos sociais, culturais e turísticos

convergentes. A pesquisa fundamentar-se-á em fontes primárias e secundárias,

destacando-se, aí, a interlocução com os moradores em reconhecimentos de campo, bem

como com os “decisionmakers”, ou seja, os órgãos responsáveis pela condução das

normas culturais e turísticas, a fim de mostrar como a legislação pode interferir no

desenvolvimento e implementação da atividade turística nestes locais específicos. É

relevante assinalar, ademais, que as duas cidades constituirão, sobretudo, campos de

referência para as análises propostas.

Pretende-se, também, na investigação, se compreender as funções do lugar/

mundo vivido na formação de identidades, tentando promover assim, um novo olhar

sobre o Patrimônio e o Turismo e possibilitando a identificação, análise e

(re)interpretação dos sentimentos topofílicos e topofóbicos dos moradores desses

municípios em relação ao Patrimônio, bem como as singularidades socioculturais locais,

as quais são apropriadas através do desenvolvimento/ experimentação in loco da

atividade turística e permeadas por uma ordenação de leis que muitas vezes modifica

também o(s) sentido(s) atribuídos pela população ao seu lugar. A pesquisa enquadra-se,

portanto, nitidamente, numa abordagem humanista do saber geográfico, pois valoriza os

aspectos subjetivos e a experiência de vida dos indivíduos como fonte de conhecimento.

Vale ressaltar que é através da atribuição destes significados e valores, que o

Lugar é acionado em processos de identificação do indivíduo (ou de segmentos sociais

locais), com o espaço que ocupam. A pesquisa pretende ainda fornecer subsídios para o

desenvolvimento, de forma adequada e pertinente, do turismo cultural, e sugerir, ao

mesmo tempo ações estratégicas que potencialmente viabilizem que o turismo possa

contribuir no sentido de valorização das culturas locais e para a efetivação de processos

de desenvolvimento social, lançando um novo olhar e com isso, tendencialmente vindo

a propiciar eventualmente, uma nova interpretação do patrimônio.

Por fim, o estudo colocará em discussão o conceito de topo-reabilitação no

sentido de tentar reestabelecer um sentimento de pertencimento do morador com a sua

cidade, inclusive remetendo-se à implantação e consolidação de eventuais

programas/propostas que visem, específica e precisamente, a valorização do Patrimônio.

Palavras-chave: Lugar, Politicas Públicas, Turismo, Patrimônio e Cultura.

Page 34: Caderno de Resumos Workshop 2013 Ppgg-igc Ufmg PDF (1)

Autor: Cristiano da Cruz Santanna

Orientador: Weber Soares

Área de concentração: Organização do Espaço

Linha de pesquisa: Teoria, métodos e linguagens em Geografia

Nível: Mestrado

A rede gospel no Brasil: novas territorialidades num contexto de prosperidades

Resumo

O presente trabalho constitui estudo acerca da plena adaptação e crescimento da

cultura gospel no Brasil, com ênfase nas denominações evangélicas de origem

pentecostal e nas denominações da chamada renovação carismática, que, por sua vez,

formam o núcleo onde acontecem as principais manifestações da referida cultura. Esse

crescimento do gospel é observado, principalmente, nas áreas urbanas onde, segundo

dados do IBGE3, alcança aproximadamente 22% dos cerca de 147 milhões de religiosos

declarados, enquanto que nas zonas rurais essa porcentagem cai para cerca de 10% dos

aproximadamente 28 milhões de religiosos declarados.

O discurso gospel, como observado até o presente momento, se baseia tanto em

questões relacionadas ao sagrado e às matrizes religiosas brasileiras quanto à realidade

social, cultural e econômica do Brasil. Um dos pilares do gospel no Brasil é a Teologia

da Prosperidade (doutrina religiosa cristã que defende que o crescimento financeiro é o

desejo de Deus para o fiel). Alguns sociólogos, dentre eles Jessé Souza (2012), afirmam

que, através de tal doutrina, as matrizes evangélicas de origem pentecostal apresentam

um discurso que vai de encontro aos anseios de uma crescente classe de trabalhadores

(ou batalhadores4) que vêm no trabalho e no acesso ampliado ao crédito e ao consumo

uma conexão com o plano divino.

Um dos principais objetivos deste trabalho é evidenciar o caráter reticular da

cultura gospel no Brasil, através, é claro, de uma breve análise dos conceitos de cultura

e gospel. Em seguida, propor-se-á a identificação dos agentes da rede gospel

(indivíduos, grupos, instituições, entre outros) e das relações (laços) existentes entre

eles, bem como uma análise mais detida da territorialidade gospel (material e imaterial),

e da importância dessas territorialidades para a preservação e ampliação da rede.

Palavras-chave: Gospel, prosperidade, classe média, consumo, rede

3 Censo IBGE, 2010.

4 Souza, Jessé (org.); Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora?

Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2012.