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ISSN 2317-7411 CADERNO DE RESUMOS DA JORNADA HEIDEGGER VOLUME 5, 2013 Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Caicó RN

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ISSN 2317-7411

CADERNO DE RESUMOS DA

JORNADA HEIDEGGER

VOLUME 5, 2013

Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Caicó – RN

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CADERNO DE RESUMOS DA

JORNADA HEIDEGGER

VOLUME 5, 2013

ISSN 2317-7411

Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Caicó – RN

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Reitor Milton Marques de Medeiros Vice-reitor Aécio Cândido de Sousa Pró-reitor de Administração Lauro Gurgel de Brito Pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças

Fábio Lúcio Rodrigues Pró-reitora de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis Lúcia Musmee Fernandes Pedrosa Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Wogelsanger Oliveira Pereira

Pró-reitora de Ensino de Graduação Moêmia Gomes de Oliveira Miranda Pró-reitor de Extensão Francisco Vanderlei de Lima

Diretor do Campus Caicó Francisco de Assis Costa da Silva Coordenador do Curso de Filosofia José Francisco das Chagas Souza

Coordenador do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência Dax Moraes

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CADERNO DE RESUMOS DA JORNADA HEIDEGGER Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência

Editor responsável Dax Moraes (UERN) Corpo Editorial Dax Moraes (UERN) Edgar Lyra Netto (PUC-Rio) Fernando Antonio Soares Fragozo (UFRJ) Ligia Saramago (PUC-Rio) Marcia Sá Cavalcante Schuback (Södertörns Högskola – Suécia) Marco Antônio Casanova (UERJ) Paulo César Duque Estrada (PUC-Rio) Róbson Ramos dos Reis (UFSM) Rodrigo Ribeiro Alves Neto (UFRN) Rossano Pecoraro (PUC-Rio)

Revisão e Editoração Eletrônica Dax Moraes

Contatos Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN Curso de Filosofia A/C Dax Moraes Rua André Sales, nº 667, Paulo VI - Caicó-RN - CEP: 59300-000 Telefax: (0xx84) 3421-6513 [email protected]

Homepage jornadaheidegger.wordpress.com

Twitter @JHeidegger

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SUMÁRIO

Apresentação 7 Heidegger e a retórica da dubiedade Narbal de Marsillac 9 Os aspectos decisórios do ser-com os outros: aproximações e distanciamentos da autenticidade do Dasein Lauro Ericksen Cavalcanti de Oliveira 10 Heidegger e a pergunta pela coisa Rafael Paes Henriques 12 Heidegger e a psicanálise freudiana: notas sobre uma desconstrução Caroline Vasconcelos Ribeiro 13 A carne, o mundo e o tempo: a radicalização existencial do Dasein na ontologia bruta de Merleau-Ponty Uilson Júnior Francisco Fernandes 14 O sentido de “palavra originária” no pensamento de Martin Heidegger Leandro Assis Santos 15 As duas faces da verdade: a compreensão heideggeriana da alétheia heraclitiana Augusto César Feitosa 16 Envios do pós-humanismo: letra de mão e escrita maquinal no Parmênides de Heidegger Ione Manzali de Sá 17 Aletheia e parrhesia: o dizer da verdade entre Heidegger e Foucault Francisco David Camello Casado 18 Psicologia descritiva e significação nas Logische Untersuchungen de E. Husserl Julio Brotero de Rizzo 19 A fenomenologia da linguagem e a inconsistência do nominalismo Thiago Aquino 20

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O mundo “intencional” enquanto horizonte significante do ser-aí Roberto Kahlmeyer-Mertens 21 Entre compreensão e interpretação: para uma hermenêutica filosófica no pensamento de Heidegger Rebeca Furtado de Melo 22 A constituição da poesia, nem um pouco onto-teo-lógica Claudia Drucker 24 A terra no pensamento de Heidegger: a arte e o aparecer da verdade Solange Aparecida de Campos Costa 25 Heidegger e o processo de entrada da arte no horizonte da estética Gabriela Fagundes Dünhofer 26 O caráter metafísico da estética e a colocação distinta do pensamento japonês Diogo César Porto da Silva 27

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Apresentação

A IV Jornada Heidegger – Horizontes confirmou o contínuo crescimento e amadurecimento do congresso, resultando de uma feliz parceria com o NEED-Núcleo de Estudos em Ética e Desconstrução, coordenado pelo professor Paulo César Duque-Estrada, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituição que desta vez sediou as atividades. O êxito dessa edição é especialmente devido ao inestimável empenho dos colaboradores no Rio de Janeiro e, ao lado disto, à grande adesão da comunidade acadêmica, a todos cabendo especial agradecimento. Foram mais de trinta os trabalhos incluídos na programação mediante uma criteriosa seleção a partir de um elevado número de propostas de comunicação oriundas das diversas partes do país e mesmo do exterior. Assim, optamos por publicar a íntegra dos resumos das comunicações programadas em dois volumes. Neste quinto volume, registramos os resumos dos trabalhos incluídos nas sessões vespertinas ocorridas nos dois últimos dias do congresso, 21 e 22 de março de 2012, respeitada a ordem do programa.

Dax Moraes

Organizador

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Caderno de Resumos da Jornada Heidegger

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Heidegger e a retórica da dubiedade

Narbal de Marsillac

Para além do vínculo tradicionalmente apontado entre a análise das disposições afetivas no parágrafo 29 de Ser e tempo e o livro II da obra Arte retórica de Aristóteles, há, no pensador alemão, uma compreensão da retórica que ultrapassa a mera técnica de persuasão. Heidegger a vê, como ele mesmo diz, enquanto primeira hermenêutica sistemática da convivência cotidiana com os outros. A proposta é revisitar e investigar o papel que a retórica, tal como foi entendida por Heidegger, exerce na compreensão ontológica do existente humano e do mundo, procurando relacionar as noções de auditório e de horizonte, já que no âmbito da universalidade retórica ou, como quis Gadamer, de sua ubiquidade ilimitada, todo discurso é sempre adaptado a auditores sempre específicos. Assim, compreender e retoricizar caminham juntos.

Palavras-chave: Dubiedade; horizontes da compreensão;

universalidade retórico-hermenêutica.

Doutor em Filosofia, professor na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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Os aspectos decisórios do ser-com os outros: aproximações e distanciamentos da autenticidade

do Dasein

Lauro Ericksen Cavalcanti de Oliveira

O presente trabalho tem como objetivo expor como os aspectos decisórios do Dasein são importantes para a sua existência em seu sentido autêntico, partindo da premissa básica que há uma necessidade de se decidir atrelada ao Dasein e que ela possui implicações ontológicas importantes. Busca-se como fundamentação dessa concepção a influência de Søren Kierkegaard na filosofia de Heidegger por meio de apontamentos acerca da subjetividade e da autenticidade segundo o seu pensamento subjetivista. Há também de se perquirir as possibilidades decisórias no modo de ser-com os outros por meio da indagação se tais possibilidades podem ser autenticamente postas nos meandros coletivos. Derradeiramente, analisa-se a neutralidade axiológica da análise existencial do Dasein em sua convivência com os outros, buscando-se aproximações e distanciamentos da autenticidade em Heidegger com as propostas filosóficas de Lévinas e Sartre, para observar como estes dois (de maneira diametralmente oposta) tratam esse tema. Conclui-se que Heidegger mantém uma postura diversa das apresentadas por Lévinas e Sartre, principalmente porque ele não constrói uma alteridade axiológica, tal como os outros dois o fazem, de modo a manter sempre possíveis as variedades decisórias autênticas

Doutorando em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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mesmo quando se tratar de elementos comunitariamente postos na coletivização do Dasein.

Palavras-chave: Dasein autêntico; decisão; ser-com.

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Heidegger e a pergunta pela coisa

Rafael Paes Henriques

A comunicação apresenta o esforço realizado por Heidegger na tentativa de esclarecer o modo como entendemos a objetividade. A pergunta que se coloca é: o que faz de algo uma coisa? Ele afirma que hoje, até mesmo filosoficamente, a “coisidade” da coisa, na maioria das vezes, é uma lista de características totalmente apreensíveis as quais podemos controlar antes mesmo de toda e qualquer experiência. Desde essa resposta, Heidegger compreende que não se pode entender a naturalidade com que se adota essa solução sem que se discuta o que entendemos hoje como verdade; sem que se esclareça o modo como determinamos aquilo que pode ser considerado válido. Isso porque o automatismo da premissa reside justamente na interpretação de que nenhuma outra determinação da coisa pode ser tão fiel e de acordo com a estrutura da própria realidade; é algo que parece funcionar por si mesmo. Verdade, nessa perspectiva, é uma conformação à estrutura da coisa, uma conformidade à própria coisa. Ao refazer todo o caminho, Heidegger quer chamar atenção para o fato de que, por trás da obviedade e da evidência com que se determina a essência do real, sempre existe uma história: entra-se, assim, no domínio da essência da verdade.

Palavras-chave: Heidegger; objetividade; metafísica.

Doutor em Filosofia, professor na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

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Heidegger e a psicanálise freudiana: notas sobre uma desconstrução

Caroline Vasconcelos Ribeiro

Nos Seminários de Zollikon, o filósofo Martin Heidegger, com a atitude desconstrutiva que lhe é peculiar, convida os participantes – profissionais e estudantes de psiquiatria – a encontrar as verdadeiras certidões de nascimento de conceitos oriundos da teoria psicanalítica, tais como: inconsciente, pulsão, projeção, recalque. Para Heidegger, a metapsicologia freudiana ergue-se sobre um solo ontológico marcado por conquistas da metafísica moderna e não foge ao servilismo do modelo científico-natural, na medida em que reduz o homem a um aparelho psíquico regido por pulsões (Triebe) e governado por determinações causais. Segundo Heidegger, qualquer tentativa de explicar o existir humano a partir de princípios da física e do jogo de forças pulsionais antagônicas, acaba por concebê-lo exclusivamente como coisa objetificada. O filósofo critica a marcante associação da psicanálise freudiana com a física clássica e questiona sobre sua capacidade de pensar genuinamente o existir humano, visto que se serve de categorias mecanicistas estrangeiras aos modos de ser do Dasein. Com essa comunicação, pretendemos expor as veementes críticas heideggerianas dirigidas à psicanálise freudiana e problematizar se, de fato, essa teoria é tributária do legado da metafísica moderna e dos procedimentos científico-naturais.

Palavras-chave: Ciência natural; metafísica moderna; psicanálise.

Doutora em Filosofia, professora na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

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A carne, o mundo e o tempo: a radicalização existencial do Dasein na ontologia bruta de Merleau-Ponty

Uilson Júnior Francisco Fernandes

A compreensão do tempo passa necessariamente pela relação que meu corpo mantém com o mundo. A articulação entre corpo e mundo sempre foi dada como evidente na filosofia de Merleau-Ponty, entretanto buscamos no presente artigo assimilar algumas importantes influências das teses de Heidegger sobre o tempo, para uma melhor delimitação da ontologia bruta do filósofo francês. Nesse sentido, alguns pontos, tais como a significação existencial da ontologia bruta enquanto terreno da indivisão do ser, nos propiciarão uma leitura que expresse, de forma clara, as limitações de interpretações que concebem o terreno selvagem da ontologia merleau-pontyana como passividade do corpo. A leitura do filósofo francês sobre o Dasein heideggeriano pode ser vista, nestes termos, como uma radicalização existencial da capacidade humana de instituição de sentido que tem no corpo sua abertura a uma experiência sempre nova.

Palavras-chave: Dasein; corpo; ontologia.

Mestre em Filosofia, professor substituto na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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O sentido de “palavra originária” no pensamento de Martin Heidegger

Leandro Assis Santos

O objetivo do presente estudo será esclarecer a compreensão de Martin Heidegger sobre a linguagem, mais detidamente em relação ao seu esforço em recuperar algumas palavras que perderam sua força evocativa ao longo dos “tempos”. Recuperar o sentido de algumas palavras originárias – e no presente caso, da palavra “alétheia” – se faz mediante um retorno ao que elas significaram outrora. E tal retorno só ganha seu vigor quando nós mesmos nos colocamos no interior dessa mesma retomada, já que, tanto a tradição filosófica quanto o próprio homem em seu uso ordinário das mesmas, esqueceram seu sentido fundamental. Entender como essas palavras instauram um mundo será o mesmo que evidenciar o enraizamento do Homem à própria linguagem, entendendo linguagem como a morada na qual esse ente está resguardado. Com isso já se compreende que linguagem não coincide apenas com fala ou regras sintáticas, mas configura um modo essencial pelo qual se realiza no mundo. Dessa maneira, intenta-se esclarecer o sentido de linguagem em Heidegger buscando mostrar a importância desse retorno às palavras originárias, bem como os desdobramentos possíveis de uma interpretação poética conferida às mesmas por parte do filósofo.

Palavras-chave: Linguagem; alétheia; palavra. Mestrando em Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professor substituto no Colégio Pedro II.

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As duas faces da verdade: a compreensão heideggeriana da alétheia heraclitiana

Augusto César Feitosa

A partir da análise que Martin Heidegger desenvolve acerca do pensamento de Heráclito de Éfeso, sob a perspectiva do originário, encontramos a repercussão da problemática da verdade como des-velamento, como Alétheia. O objetivo deste estudo é identificar como Heidegger percebe nos contrários de verdade e não-verdade aquilo que mais radicalmente sugere uma co-pertinência, implicando numa relação de identidade na diferença. Trata-se de uma relação de mesmidade que não se estabelece como igualdade para chegar à identidade. Pois, sob a ótica da fenomenologia-hermenêutica, o que emerge da luta dos contrários não é simplesmente a contradição, mas o mesmo. Desse modo, o pensador alemão revisa a compreensão de fundamento da verdade utilizando-se do horizonte de percepção dos gregos antigos para sugerir uma inovação ao esgotamento do pensamento metafísico contemporâneo.

Palavras-chave: Metafísica; verdade; mesmidade.

Mestre em Filosofia, professor na Universidade Tiradentes (UNIT).

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Envios do pós-humanismo: letra de mão e escrita maquinal no Parmênides de Heidegger

Ione Manzali de Sá

A comunicação comenta a problematização de Martin Heidegger da escrita datilografada, tema que aparece inicialmente em 1942-43 nas suas preleções Parmênides. Partindo do poema didático parmenídico, Heidegger contrasta ali o entendimento grego da verdade, alétheia, e da não-verdade, pseudos, com suas traduções romanas por veritas e falsum. Iniciarei mostrando o confronto entre a confecção artesanal de textos, cujos instrumentos Heidegger filia à sua definição de utensílio, de 1927, e a produção da escrita técnica, que instaura outra ordem. Será exposto, em seguida, o movimento da predominância de uma nova linguagem, que, no horizonte de descobrimento aberto pela tecno-ciência, ocorre na relação do homem com a lógica dos aparelhos. Heidegger vê na máquina de escrever o sinal desta nova compreensão do tempo e do ser, mudança que acompanha uma nova essência da verdade que caracterizará mais tarde como a “era da técnica”. Por fim, comentarei este novo tempo, pós-histórico e pós-humanista, inerente ao fim do projeto metafísico. A tarefa de pensar o começo da metafísica tem mantido aberto o espaço da pergunta sobre nossa correspondência com o ser. Esta tarefa é trabalhada por Heidegger nestas preleções, e desde seus primeiros escritos, em um retorno às origens, pensando as palavras gregas essenciais.

Palavras-chave: Heidegger; filosofia contemporânea; filosofia da ciência.

Mestra em Filosofia e especialista em Filosofia Contemporânea pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

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Aletheia e parrhesia: o dizer da verdade entre Heidegger e Foucault

Francisco David Camello Casado

No horizonte filosófico atual, na tensão entre fenomenologia hermenêutica pós-heideggeriana e a filosofia da diferença e da alteridade pós-estruturalista, aletheia e parrhesia oferecem alternativas contra a noção dominante de verdade como verificação, correspondência e adequação, e abrem-se, além do âmbito do conhecimento científico, para outras áreas da cultura como arte, religião, política, história etc. Nesse contexto, a nossa comunicação estuda as condições do retorno contemporâneo dessas noções de aletheia e parrhesia em Heidegger e Foucault, considerando a importância que têm em seus respectivos caminhos filosóficos e querendo analisar suas diferenças, correspondências e coincidências. Assim, tendo em mente a óbvia influência e o impacto de Heidegger na obra do Foucault em sua última fase, como apontam os estudos mais recentes, consideramos muito pertinente atuar com a nossa proposta no espaço que atualmente desenvolve um estudo de confronto (Auseinandersetzung) entre o pensamento heideggeriano e o de Michel Foucault a partir de uma perspectiva da recuperação ontológica do dizer.

Palavras-chave: Aletheia; parrhesia; problematização da “verdade”. Doutor em Filosofia pela Universidad Autónoma de Madrid, Espanha, atualmente desenvolvendo projeto de pós-doutoramento no Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) como bolsista FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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Psicologia descritiva e significação nas Logische Untersuchungen de E. Husserl

Julio Brotero de Rizzo

O presente trabalho tem por objetivo apresentar de forma esquemática o percurso argumentativo da 5ª Investigação Lógica de Edmund Husserl, intitulada “Sobre as vivências intencionais e seus conteúdos” (“Über intentionale Erlebnisse und ihre Inhalte), parte integrante do segundo tomo da obra de 1900, Investigações lógicas, (Logische Untersuchungen), com vias à explicitação da relação entre a semântica e a análise de atos intencionais significativos na obra em questão. A tese que motiva nosso estudo é a de que a tese da intencionalidade da consciência, de importância central para o desenvolvimento da fenomenologia, possui, necessariamente, dois planos essenciais: um plano lógico-semântico e um psicológico-ontológico. Pretende-se mostrar de que forma esta relação é formulada pelo autor e demonstrar que a mesma cumpre papel fundamental para o projeto de fundamentação fenomenológica das leis da lógica pura.

Palavras-chave: Fenomenologia; intencionalidade; semântica.

Mestrando em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).

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A fenomenologia da linguagem e a inconsistência do nominalismo

Thiago Aquino

Na comunicação, pretendo examinar a análise crítica do nominalismo desenvolvida por Heidegger na preleção Problemas fundamentais da fenomenologia, investigando especialmente a afirmação de que esta posição filosófica não pode ser formulada de modo consistente. A discussão das dificuldades na formulação consistente do nominalismo funciona como esclarecimento negativo da relação entre significatividade linguística e compreensão de ser. De fato, a linguagem é tematizada pela fenomenologia hermenêutica desde a perspectiva da sua conexão com a abertura, ou seja, a partir da sua capacidade de mostrar e indicar os fenômenos. O sentido que está articulado nas expressões linguísticas não é meramente verbal, nem muito menos o recheio espiritual da materialidade do significante. As palavras são significativas na medida em que participam do desvelamento. Esta ênfase na dimensão ontológica de toda articulação de sentido coloca a fenomenologia necessariamente em rota de colisão com outras interpretações da linguagem mais comprometidas com a análise de suas estruturas formais e menos certas da sua capacidade de exibir ou manifestar o mundo. A contraposição destas concepções pode contribuir para o entendimento da natureza da intencionalidade linguística.

Palavras-chave: Sentido; ontologia; intencionalidade.

Doutor em Filosofia, professor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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O mundo “intencional” enquanto horizonte significante do ser-aí

Roberto Kahlmeyer-Mertens

A comunicação tem por tema o conceito de mundo e o nexo que este possui com a estrutura fenomenal da intencionalidade. Tratando-o no âmbito da filosofia de Martin Heidegger, especificamente na obra Ser e tempo (1927), nossa posição prévia é a de que mundo é horizonte significante do ser-aí humano. Importa problematizar em que medida a noção de mundo ainda depende da estrutura fenomenológica da intencionalidade para sua formulação. Objetivamos, assim, uma caracterização do conceito de mundo e uma evidenciação dos aspectos intencionais presentes em sua cunhagem. Levando em conta que a intencionalidade é identificada nitidamente na obra fenomenológica de Husserl e, igualmente, nos primeiros trabalhos de Heidegger, pretendemos sustentar que Heidegger, ao valer-se do conceito de mundo (e do projeto da existência do ser-aí ao mundo), converte a estrutura da intencionalidade ao contexto da analítica existencial, sem que, com isso, tal estrutura intencional permaneça negligenciada. Julgamos, portanto, poder sustentar a hipótese segundo a qual, em Ser e tempo, a intencionalidade continua operante no espaço semântico do mundo (mesmo contrariando o que assevera o comentarista Günter Figal).

Palavras-chave: Intencionalidade; mundo; horizonte significante.

Doutor em filosofia, professor na Universidade Cândido Mendes (UCAM).

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Entre compreensão e interpretação: para uma hermenêutica filosófica no pensamento de Heidegger

Rebeca Furtado de Melo

O presente trabalho questiona a relação entre Heidegger e a hermenêutica. Para isso, problematiza as transformações que a noção de hermenêutica sofre no pensamento heideggeriano, a partir da confrontação entre as noções de interpretação e compreensão. A hipótese norteadora do trabalho considera que no pensamento heideggeriano há uma inversão quanto à anterioridade existente entre elas. Tradicionalmente a hermenêutica, enquanto método interpretativo, considerou a interpretação como caminho à compreensão, caracterizando assim, o esforço básico da hermenêutica na busca pelos meios interpretativos necessários à compreensão de algo. Contudo, em Ser e tempo, Heidegger parece entender o conceito de hermenêutica como a descrição das condições compreensivas existenciais do interpretar ele mesmo, nas quais o existente humano sempre já está inserido. Isto é, como a própria essência compreensiva presente na realização de toda e qualquer interpretação. Desta maneira, altera-se a hierarquia tradicional entre tais conceitos na medida em que a compreensão passa a ser considerada como o traço fundamental do existente, por meio do qual ele se interpreta e se expressa em sua história. Neste sentido, a comunicação discute o modo como toda interpretação é debitária

Doutoranda em Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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ontologicamente de um sentido compreensivo, por ser derivada de uma compreensão, discutindo as consequências desta inversão.

Palavras-chave: Hermenêutica; compreensão; sentido.

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A constituição da poesia, nem um pouco onto-teo-lógica

Claudia Drucker

A comunicação tem como objetivo expor a conexão entre ausência de deus, obra de arte e fundação de mundo histórico na filosofia da arte de Heidegger. A filosofia da arte de Heidegger não se limita a tratar problemas específicos de uma subdisciplina filosófica tradicional, em virtude do sentido que Heidegger dá à noção de verdade e de arte como o “pôr-se em obra da verdade”. Os escritos sobre Hölderlin e os póstumos reforçam que isto deve ser entendido como a fundação de um mundo histórico. A poesia é potencialmente fundadora de um mundo quando nomeia a fuga do deus. O homem moderno terá seu mundo próprio quando fizer a experiência do retiro do deus. Uma crítica frequente a Heidegger é que ele não teria ido longe o suficiente na direção que apontou (o ultrapassamento da metafísica). Se entendemos metafísica como onto-teo-logia, a crítica perde um pouco da sua força. Seu pensamento sobre a arte já não é onto-teo-lógico, dado que a dimensão da ausência é prioritária.

Palavras-chave: Hölderlin; fundação; deus fugido.

Doutora em Filosofia, professora na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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A terra no pensamento de Heidegger: a arte e o aparecer da verdade

Solange Aparecida de Campos Costa

No artigo se pretende analisar a relação de mundo e terra no texto heideggeriano A origem da obra de arte. Esses elementos permitem a concepção de verdade que contrapõe encobrimento e desencobrimento de modo inovador na sua filosofia. Nesse percurso, almeja-se tratar da ligação entre velar e desvelar que a obra de arte expõe, entendendo a terra como elemento fundante, que preserva a proveniência da obra de arte e ao mesmo tempo sustenta a manifestação do mundo. O aparecer da verdade, que se expõe nessa relação, talvez seja fruto das leituras que Heidegger faz de Hölderlin. Assim, o presente trabalho ambiciona também investigar a influência hölderliniana na composição do texto A origem da obra de arte, bem como entender a relação mundo e terra que se apresenta no texto, sobretudo a formulação que Heidegger trará a sua filosofia na concepção de terra como fundamental para o surgimento da verdade.

Palavras-chave: Arte; terra; verdade.

Professora na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e doutoranda em Filosofia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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Heidegger e o processo de entrada da arte no horizonte da estética

Gabriela Fagundes Dünhofer

O pensamento de Martin Heidegger traz uma mudança no horizonte de colocação da questão da arte. No texto “A época das imagens de mundo”, Heidegger enumera cinco fenômenos essenciais dos tempos modernos. Um deles, o título desta apresentação, seria o processo de entrada da arte no horizonte da estética. Na modernidade, a arte passa a ser compreendida e praticada esteticamente, ou seja, o belo e a arte tornaram-se objeto de fruição de um sujeito. A estética considera a obra de arte objeto de uma vivência e a arte mais uma expressão da vida humana. Para Heidegger, a questão da arte não diz respeito nem a uma estética da obra de arte, nem a uma estética da fruição subjetiva. Pretendo apresentar a crítica heideggeriana à estética e também abordar o outro sentido que o filósofo dá para a arte: o de uma experiência onde o acontecimento da verdade está em obra. Para tal, o pensamento deve ser não representacional, e por isso, como Heidegger definiria, poético. A questão da arte, enquanto lugar da verdade e possibilidade de superação da metafísica, possui destacada relevância no pensamento de Heidegger.

Palavras-chave: Metafísica; arte; verdade.

Doutoranda em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

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Caderno de Resumos da Jornada Heidegger

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O caráter metafísico da estética e a colocação distinta do pensamento japonês

Diogo César Porto da Silva

A comunicação tem um duplo objetivo. O primeiro é de analisar a importância do texto heideggeriano “De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador”, principalmente da crítica que Heidegger faz à pesquisa do “Iki” empreendida pelo filósofo japonês Shūzō Kuki. Segundo tal crítica, Kuki haveria de ter empregado ferramentas da filosofia estética ocidental para explicar o fenômeno estético japonês conhecido como “Iki” e, com isso, realizando uma pesquisa metafísica. Porém, no mesmo texto, Heidegger viria a reconhecer que o pensamento japonês, especialmente no que se refere à linguagem, possibilitaria uma nova colocação, distinta daquela da metafísica ocidental. O segundo objetivo é de explicitar os motivos que levam Heidegger a caracterizar como metafísica a tradição da filosofia estética. Segundo Heidegger, a estética seria metafísica por ter como base os pares metafísicos sujeito/objeto e expressão/vivência. Com isso, poderemos alcançar um critério para julgar se, de fato, a teoria do “Iki” de Kuki se trata de uma metafísica ou, como Heidegger reconhece no pensamento japonês, de uma nova colocação, utilizando, assim, Heidegger contra si mesmo.

Palavras-chave: Estética; linguagem; pensamento japonês.

Mestrando em Filosofia na Kyushu University, Japão.