caderno de resumo

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1 IV SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA CADERNO DE RESUMOS PÔSTERES Língua Portuguesa: ultrapassando fronteiras, unindo culturas Faculdade de Letras/UFG 02 a 05 de julho de 2013

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Page 1: Caderno de Resumo

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IV SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

CADERNO DE RESUMOS PÔSTERES

Língua Portuguesa: ultrapassando fronteiras, unindo culturas

Faculdade de Letras/UFG 02 a 05 de julho de 2013

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IV SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

COMISSÃO ORGANIZADORA

Presidente

Profª. Drª. Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Vice-Presidente Profª. Drª. Tânia Ferreira Rezende – UFG

Conselheiros

Profª. Drª. Silvia Bigonjal Braggio – UFG/CNPq Prof. Dr. Francisco José Quaresma de Figueiredo – UFG

Tesoureiro

Prof. Dr. Leosmar Aparecido Silva – UFG

Secretaria Prof. Dr. Sinval Martins de Sousa Filho – UFG

Profª. Ms. Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque – UFMT

Equipe de Apoio Amanda Moura – UFG

Fernanda Cristine Guimarães – UFG Henrique Silva Fernandes – UFG

Jéssica Lobo – UFG Lorena Araújo de Oliveira Borges – UFG

Pedro Henrique Andrade – UFG Pedro Henrique da Silva – UFG

Priscilla Cabral de Arruda – UFG Ricardo Cantuária – UFG

Colaboradores Déborah Barros Elisandra Filetti

Izac Vieira Chaves Maria Goreti Barichelo

Marly Augusta Magalhães Milcinele Duarte Silvone Melchior

Vera Roncato

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FACULDADE DE LETRAS

Diretor Prof. Dr. Francisco José Quaresma de Figueiredo

Vice-Diretor

Jamesson Buarque

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Profa. Dra. Maria Cristina Faria Dalacorte Ferreira

Coordenadora dos Cursos de Letras: Português, Estudos Literários e Linguística

Prof. Dra. Tânia Ferreira Rezende

Chefe do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários Profa. Dra. Eliane Marquez da Fonseca Fernandes

Chefe do Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras

Profa. Dra. Patrícia Roberta Castro

Chefe do Departamento de Letras Libras Hildomar José de Lima

Coordenador do Centro de Línguas

Antón Corbacho Quintela

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REITORIA

Reitor Prof. Dr. Edward Madureira Brasil

Vice-Reitor

Prof. Dr. Eriberto Francisco Bevilaqua Marin

PRÓ-REITORIAS

Graduação Profa. Dra. Sandramara Matias Chaves

Pesquisa e Pós-Graduação

Profa. Dra. Divina das Dores de Paula Cardoso

Extensão e Cultura Prof. Dr. Anselmo Pessoa Neto

Administração e Finanças

Prof. Dr. Orlando Afonso Valle do Amaral

Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos Prof. Ms. Jeblin Antônio Abraão

Assuntos da Comunidade Universitária

Economista Júlio César Prates

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COMISSÃO CIENTÍFICA

INSTITUIÇÕES DA ÁSIA

Universidades e Institutos Chineses

Instituto Politécnico de Macau

Choi Wai Hao

Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim Ye Zhi Liang

Zhao Hongling

Universidade de Estudos Internacionais de Xangai Catarina Xu Zhang Weiqi

Universidade de Macau

Alan Norman Baxter Ana Nunes

Ana Paula Cleto Godinho Carlos Filipe Guimarães Figueiredo

Custódio Cavaco Martins Maria Antónia Espadinha

Mário Pinharanda Nunes Roberval Teixeira e Silva

Universidades japonesas

Kioto University of Foreign Studies

Ikunori Sumida

Sophia University Helena Toida

Tokyo University of Foreign Studies

Masayuki Toyoshima

Universidades coreanas

Hankuk University of Foreign Studies Lee Sung Doc

INSTITUIÇÕES DA ÁFRICA

Universidade Eduardo Mondlane Elidio Nhamona Gregório Firmino

Universidade Metodista de Angola

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Armindo Gameiro

Universidade Pedagógica de Maputo Agostinho Goenha

INSTITUIÇÕES DA EUROPA

Universidade de Extremadura (Espanha)

Juan Carrasco

Université Charles-de-Gaulle Lille III (França) Liliane Santos

Universidade de Helsínquia (Finlândia)

Ruben Rodrigues

Universidade del Salento (Itália) Kátia de Abreu Chulata

Gian Luigi de Rosa

Universidade do Algarve (Portugal) Manuel Célio Conceição

Universidade de Beira-Interior (Portugal)

Paulo Osório

Universidade Católica Portuguesa (Portugal) Maria Laura Bettencourt Pires

Universidade de Évora (Portugal)

Maria João Marçalo Maria do Céu Fonseca

Universidade de Lisboa (Portugal)

Maria Helena Mira Mateus Maria José Grosso Madalena Teixeira

Universidade do Minho (Portugal)

Sérgio Paulo Guimarães Sousa Henrique Barroso

Anabela Leal de Barros

Universidade Nova de Lisboa (Portugal) Maria Francisca Xavier

Maria Teresa Lino Ana Madeira

Universidade do Porto (Portugal)

Maria da Graça Lisboa Castro Pinto

Universidade de Trás-os-Montes-e-Alto-Douro (Portugal)

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Carlos Assunção

Universidade de Londres (Inglaterra) Else Vieira

Katholische Universität Eichstätt-Ingolstadt (Alemanha)

Roland Schimdt-Riese Mathias Arden

INSTITUIÇÕES DA AMÉRICA

Universidades e Instituições Brasileiras:

Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás

Célia Sebastiana Silva Deise Nanci de Castro Mesquita

Elisandra Filetti Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira

Vivianne Fleury de Faria

Centro Universitário Fundação Santo André Clarice Assalim

Centro Universitário da Grande Dourados

Adair Vieira Gonçalves Nara Maria Fiel de Quevedo Sgarbi

Instituto Federal de Educação de São Paulo

Raul de Souza Püschel Suely Corvacho

Instituto Federal do Tocantins

Daniel Marra da Silva

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Liliana Cabral Bastos

Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

Caroline Rodrigues Cardoso

Universidade Bandeirante de São Paulo Valdevino Soares de Oliveira

Universidade de Brasília Daniele Marcelle Grannier

Davi Borges de Albuquerque Denize Elena Garcia da Silva

Heloisa Maria Moreira Lima Salles Hildo Honório do Couto

Kleber Aparecido da Silva Marcos Bagno

Orlene Lúcia de Saboia Carvalho

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Universidade do Estado da Bahia

Cristina Carvalho Emília Helena Portella Monteiro de Souza

Norma Lopes

Universidade Estadual de Campinas Anna Christina Bentes Cláudia Hilsdorf Rocha Cláudia M. Wanderley

Universidade Estadual de Feira de Santana

Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz

Universidade Estadual de Goiás Luana Alves Luterman

Universidade Estadual do Maranhão

Maria Célia Dias de Castro

Universidade Estadual Paulista Antônio Donizeti Pires

Roberto Gomes Camacho Sanderléia Roberta Longhin-Thomazi

Sebastião Carlos Gonçalves

Universidade Estadual do Rio de Janeiro Darcilia Marindir Pinto Simões

José Pereira da Silva Vania L. R. Dutra

Universidade Federal do Acre

José Pereira da Silva

Universidade Federal da Bahia Edleise Mendes

Universidade Federal do Ceará

Márcia Teixeira Nogueira

Universidade Federal do Espírito Santo Lilian Coutinho Yacovenco Maria Marta Pereira Scherre

Universidade Federal Fluminense Cláudia Roncarati (em memória)

Ivo Da Costa Do Rosário Magda Bahia Schlee

Mariângela Rios de Oliveira Nilza Barrozo Dias Vanise Medeiros

Xoán Carlos Lagares

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Universidade Federal de Goiás Agostinho Potenciano de Souza André Marques do Nascimento

Antonio Corbacho Quintela Christiane Cunha de Oliveira

Eliane Marquez da Fonseca Fernandes Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto Francisco José Quaresma de Figueiredo Goiandira de Fátima Ortiz de Camargo

Heloisa Augusta Brito de Mello Israel Elias Trindade

Jamesson Buarque de Souza Joana Plaza Pinto

Kátia Menezes de Sousa Leila Borges Dias Santos

Leosmar Aparecido da Silva Lucielena Mendonça de Lima

Maria Suelí de Aguiar Maria Zaíra Turchi

Mirian Santos de Cerqueira Pedro Carlos Louzada Fonseca

Rodrigo Marques Sebastião Elias Milani

Silvia Lucia Bigonjal Braggio Sinval Martins de Sousa Filho

Solange Fiuza Cardoso Yokozawa Tânia Ferreira Rezende

Vânia Cristina Casseb Galvão

Universidade Federal do Mato Grosso André Luiz Rauber

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Aparecida Negri Isquerdo Maria Luceli Batistote

Universidade Federal de Minas Gerais

César Nardelli Maria Antonieta Amarante De Mendonça Cohen

Maria Cândida Trindade Costa De Seabra Maria Gorete Neto

Universidade Federal de Ouro Preto

Ana Paula Rocha

Universidade Federal do Pará Eliane Pereira Machado Soares

Austria Rodrigues Brito Cláudio Abreu Fonseca

Soélis Teixeira Do Prado Mendes

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Universidade Federal da Paraíba Dermeval da Hora

Universidade Federal do Piauí

Maria Auxiliadora Ferreira Lima

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Edvaldo Balduino Bispo

José Romerito Silva Maria Angélica Furtado da Cunha

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Maria Luiza Braga Maria da Aparecida Meireles de Pinilla

Maria Cristina Rigoni Costa Marina Rosa Ana Augusto Maria da Conceição Paiva

Universidade Federal de Rondônia

Maria do Socorro Pessoa

Universidade de São Paulo Ataliba T. de Castilho

Benjamin Abdala Junior Elis de Almeida Cardoso Caretta

Émerson Di Pietri Gabriel Antunes de Araujo

Helder Garmes Ieda Maria Alves

José Nicolau Gregorin Filho Manoel Luiz Gonçalves Corrêa

Manoel Mourivaldo Santiago Almeida Márcia Santos Duarte de Oliveira

Maria Aparecida Torres Maria Célia Lima-Hernandes

Maria Helena da Nóbrega Maria Lúcia C. V. O. Andrade

Maria Zilda da Cunha Mário Eduardo Viaro Marli Quadros Leite

Monica Simas Patrícia Carvalhinhos

Rosane Amado Rosangela Sarteschi

Vima Lia Rossi Martin

Universidade Federal de Santa Catarina Adair Bonini

Leonor Scliar Cabral

Universidade Federal de São Carlos Oto Araújo Vale

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Roberto Leiser Baronas

Universidade Federal do Triângulo Mineiro Acir Mário Karwoski

Universidade Federal de Uberlândia

Angélica Rodrigues Cleudemar Alves Fernandes

Eliana Dias Guilherme Fromm

Maura Alves de Freitas

Universidade Federal de Viçosa Luciana Ávila

Universidade Nove de Julho

Marcello Ribeiro

Universidade Presbiteariana Mackenzie Maria Helena de Moura Neves Regina Helena Pires de Brito

Universidade de Santo Amaro

Maria Auxiliadora Fontana Baseio

Instituição Argentina:

Universidad Nacional de Córdoba Juan José Rodríguez

Instituições norteamericanas:

Princeton University

Luís Gonçalves

Universidade do Arizona Ana M. Carvalho

United States Instituto Camões

João Caixinha

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APOIO

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APRESENTAÇÃO

O IV SIMELP ocorrerá de 02 a 05 de julho de 2013, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, Goiás, Brasil. O SIMELP tem como concepção básica congregar estudiosos da língua portuguesa de todo o mundo – no que diz respeito à divulgação, ao ensino e à pesquisa – em Simpósios constituídos como espaços de discussão nas áreas da língua, da linguística, da literatura e da cultura. Mesas-redondas e apresentações de pôsteres integram também a programação. Para isso, como na primeira edição em 2008 (na USP, Brasil), na segunda em 2009 (na Universidade de Évora, Portugal), e na terceira em 2011 (na Universidade de Macau), contamos com a participação de universidades de todos os continentes. São mais de 2.000 inscritos no IV SIMELP GOIÂNIA, entre pesquisadores, alunos de graduação, pós-graduandos, professores da educação básica e do ensino superior. Especialistas da área (28) integrarão mesas-redondas cujos temas envolvem variação linguística, política linguística, ensino, gramática e literatura. Os temas discutidos nas mesas-redondas e outros de relevo na área dos estudos da linguagem nortearão os debates em 65 simpósios. Haverá também reuniões de redes e de associações internacionais de pesquisa. Pretendemos promover um evento democrático e um ambiente que propicie a interação de jovens e experientes pesquisadores, estudantes e profissionais de diferentes áreas que têm a língua portuguesa como objeto de interesse. Diálogo é a palavra-chave do IVSIMELP GYN. Grande abraço,

Vânia Cristina Casseb Galvão (UFG/CNPq) Coordenação Geral do IV SIMELP

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Os resumos publicados neste caderno são de inteira responsabilidade de seus autores.

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PÔSTERES

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A (DES)CONSTRUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS SOBRE INDÍGENAS NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL: UMA REFLEXÃO SOBRE A LEITURA NA ES COLA

Silvely Brandes – UEPG/Fundação Araucária

Cloris Porto Torquato – UEPG A literatura infanto-juvenil é constituída por gêneros discursivos (Bakhtin, 1997) que estão presentes no ensino fundamental como uma das principais formas de desenvolver as habilidades de leitura e interpretação dos alunos e, muitas vezes, serve de propulsora para produções de escrita na escola. Sabemos que muitas crianças acabam tomando como verdades as histórias contadas nos textos de literatura infanto-juvenil, por isso parece ser necessária uma reflexão sobre os conteúdos presentes nestes textos e sobre os procedimentos de interpretação viabilizados nas eventuais fichas de leitura que acompanham alguns livros, as quais são muito utilizadas nas escolas. Neste trabalho, entendemos que uma das características da literatura é o diálogo com a vida (Bakhtin, 1926); recortando e apreendendo momentos da vida, a literatura apreende a vida e auxilia-nos a atribuir-lhe sentidos (BAKHTIN, 2010). Partindo dos estudos bakhtinianos, busca-se, nesta pesquisa, refletir sobre os gêneros (textos em prosa e poesia), focalizando, sobretudo, aspectos do tema (conteúdo temático) e aspectos dos tratamentos didáticos/pedagógicos pelos quais estes gêneros passam a integrar o repertório discursivo dos estudantes. Nossa pesquisa se concentra em relatar a realidade indígena presente na literatura infanto-juvenil para depois pensar no papel do educador para a formação de um leitor que saiba relacionar o conteúdo dos gêneros literários com a sua função, o entretenimento. Esperamos identificar e compreender, assim, os modos como a literatura e a escola têm contribuído para a construção e/ou a desconstrução de estereótipos sobre os indígenas no Brasil. A COLOCAÇÃO DOS PRONOMES CLÍTICOS EM ANÚNCIOS DE JO RNAIS DO INÍCIO

DO SÉCULO XX DA CIDADE DE UBERABA-MG

Bruna Faria Campos de Freitas – UFTM/Uberaba/MG/FAPEMIG Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/Uberaba,/MG/CNPq

Partindo dos pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista e da Linguística Histórica, o presente projeto busca verificar a posição dos clíticos pronominais, adjungidos a complexos verbais, em orações presentes em textos jornalísticos extraídos do Lavoura e Comercio publicados na cidade de Uberaba no início do século XX. Diversos estudos variacionistas apontam que a colocação pronominal se revela como um fenômeno característico do processo de evolução e transformação no português (cf. GALVES; BRITTO; PAIXÃO de SOUZA, 2005; MARTINS, 1994; PAGOTTO, 1993; TORRES-MORAIS,1995, VIEIRA, 2002 BIAZOLI, 2010). A variante pré-verbal tornou-se o padrão básico em Português Brasileiro (PB) nos domínios finitos e não finitos, tanto em orações independentes ou coordenadas como em orações subordinadas e imperativas. Isto significa dizer que a colocação proclítica independe da presença dos “atratores” de próclise. Assim, partindo de pesquisas já realizadas sobre colocação dos pronomes clíticos no PB, buscamos verificar se no registro de língua escrita do Português Mineiro de Uberaba do início do século XX é possível verificar os padrões de colocação característicos do PB atual. Inicialmente, fizemos uma revisão bibliográfica sobre a Teoria da Variação Lingüística e sobre a colocação pronominal no Português. Em seguida, montamos um corpus composto de textos jornalísticos extraídos do jornal Lavoura e Comercio. Após essa etapa, selecionamos aleatoriamente as cem (100) primeiras ocorrências com colocações pronominais e as analisamos seguindo a metodologia variacionista prescrita por Labov (1972). Fizemos uso da análise estatística fornecida pelo pacote de programas GOLDVARB-X, considerando-se os resultados absolutos e os percentuais obtidos. Quanto ao referido recorte temporal, escolhemo-lo por se tratar de um período pouco investigado do

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ponto de vista linguístico e relevante pelo conjunto de fatos históricos que o caracterizam. Acreditamos que as reflexões aqui suscitadas, a partir de considerações sobre variação e mudança linguísticas e da alternância da posição dos pronomes clíticos, podem contribuir com a descrição da variedade do português mineiro, e consequentemente, do Português Brasileiro, além de, também, confirmarem a relevância dos estudos já existentes acerca dessas temáticas.

A CONCORDÂNCIA NOMINAL: UM ESTUDO MINIMALISTA

Alane Luma Santana Siqueira – UFRPE/UAST/PIBIC/FACEPE Adeilson Pinheiro Sedrins – UFRPE/UAST

Apresentaremos uma análise sobre a concordância nominal do Português Brasileiro (PB), sob a perspectiva da teoria de valoração de traços (CHOMSKY, 2001). Para isso, nosso estudo parte da discussão do trabalho de Magalhães (2004), uma proposta baseada na operação Agree (Chomsky, 2001). Podemos entender a relação Agree como uma operação que visa à eliminação de traços que não são interpretáveis pelas interfaces da gramática. Nesse sentido, de acordo com Chomsky (2001), os itens lexicais podem apresentar traços interpretáveis e não-interpretáveis. O item que apresenta um traço não-interpretável assume um papel de sonda, procurando na estrutura um alvo a fim de que, a partir da relação estabelecida com esse alvo, seu traço nãointerpretável possa ser valorado e eliminado antes de atingir as interfaces. Nessa teoria, um traço não-interpretável só será eliminado se o elemento que o contiver estabelecer relação com outro elemento que apresenta o mesmo tipo de traço, mas com natureza interpretável. Baseada nessa teoria, Magalhães (2004) propõe que a operação Agree, responsável pela concordância entre o sujeito e a flexão verbal da sentença, seja estendida também ao domínio do DP. De acordo com a autora, no PB, adjetivos (A) possuem traços-phi de gênero e número não-interpretáveis; nomes (N) possuem traço de gênero e pessoa interpretáveis, mas traços de número e Caso nãointerpretáveis. No momento em que A entra em relação com N, A tem seu traço de gênero valorado. O determinante (D) seria o núcleo que possui traço de número interpretável, mas traço não-interpretável de gênero. Então, D, ao ser concatenado na estrutura, estabelece relação com A, valorando o traço de número de A. No entanto, D não valora o seu próprio traço de gênero, já que A não tem traço interpretável de gênero, e continua procurando um alvo, encontrando N, que valora o seu traço de número com D, e D valora o seu traço de gênero. Duas questões centrais, a partir do estudo de Magalhães (2004), são exploradas em nossa pesquisa. A primeira é o fato de o adjetivo funcionar como um “alvo”, valorando seu traço não-interpretável de gênero com D, D não “ganhando” nenhuma eliminação de seus próprios traços não-interpretáveis. Assim, assumimos que na relação estabelecida entre D e A, ambos obtêm traços valorados. A segunda questão diz respeito à nossa investigação sobre a presença de traço de pessoa não-interpretável no DP, uma questão não explorada por Magalhães. A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS: BREVE ESTUDO SOBRE COESÃO REFERENCIAL NO TEXTO ESCOLAR

Sílvia Coelho Oliveira – UFTM/PIBID/CAPES Ana Paula Silveira – UFTM/PIBID/CAPES

Jauranice Rodrigues Cavalcanti – UFTM A presente pesquisa faz parte do subprojeto de Língua Portuguesa do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), cujo início se deu em julho de 2011. O principal objetivo do referido subprojeto é enriquecer a competência textual de alunos do ensino médio cujas escolas recebem as equipes do PIBID-UFTM. Para isso, elegeu-se como foco de atuação o trabalho com a produção de textos de

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cunho argumentativo, visto que os exames de avaliação (como o ENEM) cobram do aluno o domínio desse tipo de texto. No desenvolvimento do trabalho, reuniu-se um corpus constituído de redações que apresentavam inadequações/distorções em sua progressão textual, isto é, na construção de sentidos, na fluência de sua leitura e interpretação. Como postula Antunes (2008), a coesão textual refere-se a “essa propriedade pela qual se cria e se sinaliza toda espécie de ligação, de laço, que dá ao texto unidade de sentido ou unidade temática” (p.47). Alguns dos textos selecionados foram desenvolvidos a partir do tema – Homofobia: a intolerância não velada – eleito pelos alunos dentre outras opções – outros são provenientes de redações elaboradas com base no tema da redação do ENEM 2011 – Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado – e, por fim, textos elaborados a partir de uma atividade de paráfrase do texto: Nós, mulheres da periferia, extraído da coluna Catraca Livre do periódico Folha de S. Paulo. A análise dos textos teve como suporte teórico as reflexões de Marcuschi (2010), Antunes (2008) e Koch (2005), imprescindíveis para descrever a estreita relação entre o contexto de produção e elementos cotextuais, ou seja, elementos dispostos na superfície textual. Resultados parciais apontam inadequações na seleção e uso de recursos coesivos independentemente do assunto abordado nos textos. Melhor dizendo: os textos revelam a dificuldade que seus autores têm de mobilizar o aporte de recursos linguísticos oferecidos pela língua no momento em que constroem a tessitura de seu texto, comprometendo, assim, o evento discursivo. A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA LEITURA E SUA PRÁTI CA NA ESCOLA:

ANTIGA E ATUAL, ENSINOS QUE SE CRUZAM PARA FUTURAS REFLEXÕES A CERCA DO ENSINO DE LEITURA

Lídia Carla Borges da Costa – UFG/PIBID/CAPES

Wilton Divino da Silva Júnior – UFG O ensino de leitura na escola é um tema que nos últimos anos tem sido debatido por muitos, tendo em vista sua relevância para o desenvolvimento do aluno na vida escolar e social. Avaliações, como Prova Brasil e PISA, apontam para graves problemas no que tange o ensino oferecido pela grande maioria das redes de escolas brasileiras. Como o principal foco dessas avaliações é a leitura é avaliar a capacidade de apreender o texto como construção de conhecimento em diferentes níveis de compreensão, análise e interpretação e ainda, procura relacionar as habilidades desenvolvidas pelos estudantes. Instituições não governamentais como o Instituto Paulo Montenegro ( IPM ) e a ONG Ação Educativa, apresentam uma estatística sobre o Indicador de Alfabetismo Funcional ( Inaf) no Brasil. Segundo eles "O país tem cerca de 6,5 milhões de universitários e de todos que chegaram ao ensino superior no Brasil somente 62% são plenamente alfabetizados", ou seja, 38% ainda não dominam a leitura e nem a escrita. É certo que a leitura é extremamente importante na vida de qualquer pessoa. Garcez acrescenta a essa ideia que " a leitura é fonte de enriquecimento da memória, do senso crítico e do conhecimento sobre diversos assuntos acerca dos quais se pode escrever" (Garcez, 2001, p.23). Compreender melhor o ensino da leitura da atualidade e porque esse ensino muita das vez não tem atendido os anseios da "nova era" a era da informática. É importante voltarmos ao passado e façamos um estudo e uma reflexão das origens das práticas de leitura no Brasil para que através de um estudo constante da história e cruzar duas dimensões de maneira abrangente, "antiga" e "Atual". Para que, pesquisando sobre o passado e observando o presente possamos construir hipóteses para refletir sobre as práticas, complexas, múltiplas que constroem a história do ensino da leitura, "pois se conseguíssemos entender como se lia, poderíamos vir a compreender melhor como se entendia a vida, e por essa via a via histórica, quem sabe chegaríamos a satisfazer uma parte de nosso próprio anseio por um sentido." ( Darnton, 1990, p.172).

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A CONSTRUÇÃO FICAR DE + INFINITIVO: UMA ABORDAGEM C ONSTRUCIONAL

Marina Lara – UNESP Orientadora: Angélica Rodrigues – UNESP

O objetivo deste trabalho é oferecer uma descrição e análise das construções FICAR DE + INFINITIVO, buscando apresentar evidências a favor de sua construcionalidade nos termos de Goldberg (1995). Construção é entendida aqui como pareamento entre forma e função, sendo que sua forma e seu significado não estão previstos pelos elementos individualmente presentes em sua composição nem por outras construções préexistentes na língua (GOLDBERG, 1995, p. 04). As instanciações da construção em foco neste trabalho foram inicialmente coletadas a partir de sistema de busca na internet e posteriormente a partir do banco de dados Iboruna (IBILCE-Unesp), que é constituído por amostras de fala representativa da variedade do interior de São Paulo, mais especificamente da região de São José do Rio Preto. Os enunciados (1) e (2) são representativos dos casos da construção FICAR DE + INFINITIVO: (1) Há alguns meses atrás vi a receita no programa do Olivier Anquier na qual ele visitou algumas cidades da Itália. Ele deu a receita e a preparou em um lugar maravilhoso. Fiquei de fazer e nada. (Google) (2) Ah que pena gente, eu e o Luan ficamos de ir lá em casa. (Google) Dos dados coletados inicialmente, podemos concluir que essas construções apresentam as seguintes propriedades funcionais: (i) veiculam um valor associados à modalidade deôntica; e estruturais: (ii) a construção não apresenta restrições quanto às flexões modo-temporais e número-pessoais, podendo ocorrer em qualquer tempo-modo verbal e com qualquer pessoa do discurso; (iii) o segundo verbo sempre está no infinitivo e apresenta restrições quanto ao tipo semântico (essa restrição está associada à veiculação de conteúdos deônticos que podem ser incompatíveis com alguns verbos a depender do contexto).

A CONVERSÃO DO ADJETIVO EM ADVÉRBIO NO PORTUGUÊS DE GARANHUNS

Reginaldo Victor Rêgo de Souza – UFRPE/UAG/FACEPE Rafael Bezerra de Lima – UFRPE/UAG

Partindo de Foltran (2010) que fala da grande heterogeneidade dos advérbios, destacamos que os únicos que seguem uma regulariade morfológica são os terminados em –mente. Dentre esses, os advérbios de modo, que são o nosso objeto de estudo, apresentam uma relação muito próxima aos adjetivos, pois para formar tais advérbios utilizamos uma base adjetival, também verificamos essa relação entre adjetivo e advérbio no ambiente sintático em que as formas do adjetivo adverbializado e formas especificadas ocorrem, como nesse exemplo: Maria entrou lento na sala/Maria entrou lentamente na sala, ou seja, eles ocorrem numa mesma posição sem haver prejuízos semânticos para as sentenças. Com isso, destacamos o trabalho de Basílio (2007), no qual a autora define esse fenômeno como “conversão”, também destacamos o trabalho de Lima (2010), que considera esse tipo de advérbio uma subclasse dos adjetivos. O presente trabalho tem como objetivo estudar no português da cidade de Garanhuns-PE o fenômeno da conversão de adjetivo em advérbio, como também, verificar a ocorrência da variação entre a forma default do adjetivo e a forma terminada em –mente, ou seja, forma mais especificada. A coleta dos dados para a pesquisa foi feita com um aparelho mp4, em seguida as gravações foram transcritas para a formação do corpus, foram selecionados 2 homens e 2 mulheres nascidos em Garanhuns e com os pais nascidos na mesma cidade. Com o intuito de analisar se a escolaridade era fator determinante nos resultados, a entrevista foi feita com 1 homem e 1 mulher com ensino médio completo e com 1 homem e 1 mulher com ensino superior completo. O indicado na pesquisa é que os 2 informantes com ensino médio tenderam a usar mais os adjetivos adverbializados, enquanto que os 2 informantes com ensino superior fizeram maior uso dos advérbios com o morfema -mente, isso segundo as análises de Hummel (2000) e Rodrigues (2007), raros são no português brasileiro os advérbios de modo -

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mente (a ocorrência fica em torno de 6 a 8% do total de advérbios com essa forma) e isso aponta para o fato que a noção de modo está sendo realizada de outras maneiras e o uso de adjetivos adverbiais é uma delas. Também verificamos que até os falantes com graduação não utilizaram com ampla frequência os advébios com o morfema –mente, isso nos mostra que existe uma tendência cada vez maior de não se utilizar esses advérbios de VP na oralidade.

A CRÔNICA COMO ESTÍMULO PARA A LEITURA E A ESCRITA

Ana Claudia da Silva Ribeiro – UEA Lílian Clara Pereira Lisboa – UEA

Thaís Vasconcelos dos Santos Oliveira – UEA O presente trabalho tem como objetivo apresentar as técnicas de ensino utilizadas nas aulas de língua portuguesa, buscando através do gênero crônica, despertar e estimular nos alunos de uma escola pública estadual o gosto pela leitura e escrita. Isso foi possível através do Programa institucional de bolsas de iniciação a docência - PIBID que permitiu as acadêmicas orientar adequadamente as atividades de produção textual, realizando onze oficinas na sala de aula, fazendo atividades de leitura e escrita das crônicas, instigando os alunos a desenvolverem seus textos de forma leve e prazerosa, despertando neles o interesse por outras tipologias, como: notícia, artigo de opinião, conto etc, usando como referenciais teóricos livros de oficina de leitura e outros de relacionados a produção textual, como: KLEIMAN. Ângela, Oficina de leitura: Teoria e prática e OLIVEIRA. Luciano Amaral,Coisas que todo professor de português precisa saber: A teoria e a prática. Nesse sentido podemos incentivar os alunos a leitura de jornais, para terem mais conhecimento sobre o meio em que vivem, fazendo com que eles pratiquem a escrita expondo suas opiniões sobre a sociedade. Possibilitando também verificar o estilo de leitor e a organização textual de cada um. Como a produção de texto reflete o indivíduo por seu modo de ser, de pensar e de interpretar seus conhecimentos, aprimorar a escrita é fundamental, então utilizamos as crônicas e colocamos o nosso objetivo ao encontro das necessidades mais profundas da escola atual. A interação digital fez, praticamente, desaparecer a procura por livros de leitura e pesquisa. Os resultados obtidos foram o resgate da leitura de livros impressos e o treinamento da escrita estimulada por meio das crônicas produzidas pelos alunos, adquirindo assim a importância de hábitos saudáveis e indispensáveis na vida dos alunos através do gênero crônica.

A DIVULGAÇÃO DA CULTURA AFRICANA PARA O PÚBLICO INF ANTIL BRASILEIRO A PARTIR DA LITERATURA DE ROGÉRIO ANDRAD E BARBOSA

Clara Loureiro Silva de Carvalho – UFF

Juliana de Araújo Barros – UFF Margareth Silva de Mattos – UFF Nilma Gonçalves Lacerda – UFF

Anteriormente à colonização, a África era composta por diversas tribos com diferentes culturas e formas de organização social. Essas sociedades africanas eram majoritariamente ágrafas, tendo na oralidade não apenas uma tradição, mas uma visão particular de mundo. Para esses povos a palavra tem caráter sagrado, ela emana do ser supremo como instrumento de criação do universo. O mundo é considerado um todo integrado e a partir disso cria-se uma concepção particular de homem, concepção essa que não está presente apenas no período pré-colonial, mas que continua sendo atual e que diferencia essa cultura de todas as demais. Depois das independências das colônias no século XX, intensificou-se o interesse por um resgate do passado africano na busca de uma identidade: uma tentativa de rompimento com a visão eurocêntrica e de valorização da diversidade dos povos.

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Para isso, contou com a metodologia da coleta, que permitiu uma noção mais próxima da realidade sociocultural, uma vez que se utilizava da melhor fonte de informações, as narrativas de tradição oral. Esse estudo se propõe a analisar a importância da divulgação da cultura africana para a construção de um imaginário que rompa com os estereótipos e preconceitos acerca do continente. Centralizamos a pesquisa em torno da obra de Rogério Andrade Barbosa, escritor brasileiro que se empenha em recolher, traduzir (em alguns casos) e adaptar narrativas provenientes de relatos orais desses povos para apresentá-las ao público de crianças e jovens, da qual selecionamos para este trabalho a coleção “Bichos da África” (1987/1988) e os livros “Histórias que nos contaram em Luanda” (2009) e “Irmãos Zulus” (2006). Isso se faz interessante porque permite aos leitores a formação de uma visão crítica pós-colonialista. Recorremos, para isso, à pesquisa bibliográfica tanto na produção literária do escritor quanto na produção teórica de alguns autores que fundamentam nossa reflexão, como Bhabha (1998) e Memmi (2007).

A ECOLOGIA DAS RELAÇÕES ESPACIAIS EM LIBRAS

Jullyne Sousa Aguiar – UFG Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto – UFG

Este projeto propõe o estudo da Língua de Sinais Brasileira a partir da teoria da ecologia das relações espaciais. É importante destacar que mesmo pertencendo à modalidade espaçovisual, a Libras é uma língua natural assim como as línguas orais. A iconicidade, apesar de não representar a totalidade dos sinais, é um fator que pode ser observado com maior freqüência nas línguas viso-espaciais do que nas orais. Trata-se de uma pesquisa ação que visa, dentre outros objetivos, investigar a relação entre as palavras que designam as relações espaciais e o dado do mundo a que essas palavras se referem, a partir dessas relações espaciais, verificando se na Libras existem outras expressões espaciais não contempladas na Ecologia das Relações Espaciais, e se o uso de uma figura pode ajudar na explicação desses conceitos e das palavras que os lexicalizam. A pesquisa ainda está em andamento e é embasada por autores renomados como Quadros (2008), Couto (1996), Skliar (2003) e Karnopp (2004). A metodologia utilizada consiste na leitura de materiais já publicados sobre o assunto em questão e coleta de dados a partir da realização de entrevistas com pessoas surdas. Os resultados parciais feitos ate agora esta nas pesquisas e leitura desses autores e a escrita do artigo para em seguida prosseguir com o plano de apresentação para o congresso.

A EXPERIÊNCIA MULTICULTURAL NO ENSINO DA LITERATURA NA ESCOLA

Miriã Campos Meireles – UFOPA Lauro Roberto da Figueira – UFOPA

Este trabalho trata de uma proposta pedagógica desenvolvida na Escola Estadual Rio Tapajós envolvendo turmas da 1ª etapa EJA Médio, abordando os gêneros narrativo e poético, conteúdos do plano de ensino das referidas séries aliados às propostas do Programa Institucional de Bolsa De Iniciação À Docência – PIBID. Nessa proposta, optamos pelos autores Bruno de Menezes e Inglês de Sousa, tendo em vista não somente a qualidade literária de suas produções, mas também a possibilidade de apresentar, aos alunos dessas turmas, textos literários de expressão amazônica recheados de manifestações multiculturais reveladoras do modo de vida humana da Amazônia bem como de outras culturas que por aqui transitam e ficam. Esse barroquismo é produto de conflitos existenciais, medos, ambiguidades, paradoxos e transgressões marcadores das vivências desse homem amazônico. Considerando a proposta de explorar o multiculturalismo relacionado ao ensino da literatura na escola, sem perder de vista o plano de ensino da série envolvida, o trabalho desenvolveu-se a partir de leitura e produção de texto. As etapas metodológicas efetivadas nas

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turmas, em determinado ponto, tornaram-se distintas, tendo em vista faixa etária, modalidade de ensino e abordagem. Portanto, observando as características específicas da EJA, desenvolveu-se a produção coletiva de quadro comparativo dos textos e autores trabalhados. Os resultados obtidos durante o desenvolvimento do trabalho culminaram numa noite de socialização dos quadros comparativos e painéis temáticos. Portanto, a tarefa levada a cabo tornou-se edificante na medida em que o saber cotidiano e o espaço escolar dialogaram e se revelaram por meio de manifestações individuais do aluno no processo ensino/aprendizagem. Os PCN’s e a perspectiva multiculturalista de estudo sobre o homem amazônico e sua língua em contato com outras culturas são orientações fundamentais para a consecução deste projeto.

A FALA DE ARCOS (MG) E SEUS ASPECTOS SOCIOGEOLINGUÍSTICOS: UMA PERSPECTIVA DIALETOLÓGICA

Danilo Araujo de Souza – UFOP/FAPEMIG

Clézio Roberto Gonçalves – UFOP Elaborar estudos que dizem respeito à língua e, especificamente, à fala, um tema também político, é impossível sem a ligação direta com o ser humano que, por sua vez é um “animal político”. Portanto, este trabalho não é exclusivamente uma discussão acadêmica, pois aborda uma conjuntura em âmbitos mais amplos. Assim como não se pode negar a grande influência da língua sobre a visão de mundo dos seus falantes, não se pode negar a influência do meio físico e do contexto cultural sobre a língua. Elaborar um estudo lexical de caráter descritivo da fala do município de Arcos (MG) é o objetivo geral deste estudo, sendo que, especificamente, se propõe a: i) elaborar uma base de dados semântico-lexicais do município de Arcos (MG); ii) fazer o tratamento dos dados semântico-lexicais, mostrando quantitativamente as incidências das variações; iii) registrar e documentar todas as variantes em cartas lexicais. A fundamentação básica do estudo na Dialetologia e na Geolinguística permite a reconstituição da história de palavras, de suas vias de difusão, de flexões, de agrupamentos sintáticos e de antigas camadas da língua, segundo a repartição dos tipos geográficos atuais. Esse resgate torna-se possível por meio da aplicação de um questionário previamente elaborado a determinados sujeitos e pela elaboração de cartas, onde as respostas são registradas e pelas quais poderemos, então, obter o mapeamento das variantes linguísticas, segundo as orientações do Projeto do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Os resultados parciais desta pesquisa constatam que, desde a origem do município de Arcos, alguns itens nos remetem a uma reflexão sobre que fatores influenciaram a fala e a norma linguística em voga atualmente no município mineiro.

A FALA DOS JOVENS DO 1° ANO DO ENSINO MÉDIO NO MUNÍ CIPIO DE COXIM

Amanda Lolita Rosalim Alves – IFMS O objetivo do projeto A fala dos jovens do 1° ano do ensino médio no munícipio de Coxim é identificar quais as variações linguísticas são mais recorrentes dentro deste público-alvo no município de Coxim - MS. A pesquisa consta de três etapas: pesquisa bibliográfica, coleta de dados e análise de dados. Para tal pesquisa foram selecionadas algumas obras do renomado linguista brasileiro Marcos Bagno, o qual se mostra ser um referencial na sociolinguística no âmbito nacional brasileiro, dentre as obras está Preconceito Linguístico, na qual o autor vem desmistificar muitos mitos que são passados de geração a geração a respeito da fala do brasileiro. A pesquisa foi realizada nas escolas da rede pública e rede privada do município de Coxim – MS.

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A FUNÇÃO DO GOSTO E A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO: DA TRAD IÇÃO CRÍTICA ÀS TEORIAS ESTÉTICAS CONTEMPORÂNEAS

Ludmila Parreira Borges – PUC/GO

Maria Aparecida Rodrigues – PUC/GO O estudo pretende apresentar, por meio da abordagem crítica de teorias comparadas, analisar a construção de sensações estéticas encontradas nas obras literárias a partir das teorias da poética de Aristóteles, da concepção horaciana de arte como “útil e doce”, das funções de gosto de Kant. Fazendo uma analise do objeto contemplado de acordo com as teorias citadas a cima, podemos entender como o artista consegue transformar algo simples em um objeto de beleza incondicional, capaz de gerar emoções diversas, uma vez que, segundo Horácio, o principal papel da arte é ser bela, e proporcionar prazer em seu admirador através desta beleza, levando-o assim a um estado pleno, catarse, que, segundo a poética de Aristóteles, é o estado de purificação da alma, alcançado através de uma grande descarga emocional, gerada a partir desta contemplação. Kant realiza o seu estudo da faculdade de ajuizamento do belo e do feio pela “análise do juízo de gosto”. No juízo de gosto, está sempre contida uma referência ao entendimento, a faculdade responsável pala execução da funções lógicas para julgar. Os momentos que caracterizam as funções do gosto fornecem o quadro geral dentro do qual é elaborada a Analítica do Belo. Em outras palavras, o guia da análise kantiana dos juízos de gosto é a lógica “formal” da sua época, reforçada pelas considerações sobre o uso de certas expressões estéticas na linguagem comum. A atitude do artista, em determinadas teorias da tradição, já prefigura o papel da audiência como parte da criação. O destinatário funciona como co-produtor da obra na medida em que sua expectativa determina as exigências estruturais que o artista deve atender se quiser obter a aprovação do público. Embora, o criador poderá ou não aceitar críticas do apreciador. Isto significa, então, que a atitude crítica está implícita no ato criativo. Fato é que o fator de adesão nasce do relacionamento que o público estabelece entre a lógica interna da obra e o que ocorre na sua experiência cotidiana – formas do ser e do parecer. A HISTÓRIA SOCIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA EM JUIZ DE F ORA/MG NO SÉCULO

XIX: CONSIDERAÇÕES SOBRE CONTATOS LINGUÍSTICOS

Malvina Maria de Oliveira – UFJF Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda – UFJF

Este trabalho tem como objeto fundamental tratar das relações de contato linguístico que teriam ocorrido em Juiz de Fora/MG no século XIX. Conforme discutiremos, o município integrou o Caminho Novo – nova rota estabelecida para o escoamento do ouro proveniente da região mineradora – e se tornou, no século XIX, um grande centro exportador de café. Além disso, a cidade, em decorrência de seu acelerado processo de crescimento, vivenciou uma expressiva expansão de seu contingente populacional. Como será mostrado, o desenvolvimento da cidade está relacionado a uma grande movimentação de agrupamentos populacionais, já que Juiz de Fora contou, no século XIX, com a presença de imigrantes alemães e italianos, com pessoas que antes habitavam a região das minas e, principalmente, com o maior contingente de escravos de todo o Estado. De acordo com Zágari et al. (1998, 2005), a língua portuguesa em Minas Gerais é constituída por três falares – falar baiano, falar mineiro e falar paulista – que possuem particularidades fonéticas e morfossintáticas. Baseando-se nesta classificação, este trabalho tem como objetivo fundamental analisar como situações específicas de contato linguístico ocorridas no século XIX – principalmente, no que se refere à presença bastante significativa de escravos de origem africana – seriam as principais responsáveis pela atual configuração do falar mineiro, o qual recobre, no Estado de Minas Gerais, as regiões da Zona da Mata e Vertentes. Como defendemos neste trabalho, a compreensão efetiva dos diversos dialetos e/ou falares que constituem uma língua

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requer uma análise bastante apurada de fatores de ordem histórico-social. No caso mais específico do falar mineiro, discutiremos como a presença maciça de escravos de origem africana teria atuado como fator preponderante em sua configuração. A respeito da importância das situações de contato entre línguas para o estudo de processos de variação e mudança linguística, Kroch (1989) vai ainda além e afirma que a origem da mudança é sempre externa e envolve – como consequência do contato entre línguas – o contato entre gramáticas distintas. Nesse sentido, advogamos que o levantamento de informações de natureza demográfica pode fornecer importantes indícios de como os contatos linguísticos ocorridos na cidade durante o século XIX estariam diretamente relacionados a processos de variação e de mudança, principalmente no que se refere à presença maciça de escravos na região.

A IMAGEM DA MULHER NAS PASTORELAS DE AIRAS NUNES E D. DINIS

Geraldina Ribeiro Nascimento – UEG Márcia Maria de Melo Araújo – UEG

O trabalho tem como objetivo principal investigar como a imagem da mulher é construída nas cantigas de amigo trovadorescas, tendo como corpus as pastorelas de Airas Nunes e D. Dinis. Para tanto, serão realizadas leituras e observação de fontes bibliográficas, a exemplo de fontes específicas sobre as cantigas de amigo como Rodrigues Lapa, José Joaquim Nunes, João Gaspar Simões, Lênia Márcia Mongelli, Maria do Amparo Maleval e Yara Frateschi; para tratar do simbolismo, do imaginário e da misoginia na Idade Média servirão de fundamentação Mário Martins, Luiz Costa Lima e Howard Bloch. Para tratar da situação do meio familiar, da atividade profissional, política, intelectual e o problema da marginalidade, as fontes de pesquisa serão Rivair Macedo e Georges Duby. A remissão às pastorelas pode permitir recuperar a dinâmica do percurso feminino, dentro de um panorama literário exclusivamente masculino. Além disso, o estudo permite analisar temas e motivos pecualiares a cada trovador, recorrências formais e soluções estilísticas, de modo a se reconstituir o que modernamente se chamaria de cosmovisão do homem medieval. Como resultado, pretende-se criar um blog sobre as cantigas de amigo dos trovadores galego-portugueses, começando pelos dois autores que constituem o corpus deste trabalho e anexá-lo a uma rede social. A INFLUÊNCIA DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS SÂNDI E SÍNCOPE NA AQUISIÇÃO

DA ESCRITA

Miriane Gomes de Lima – UFG/CAC/AG/ PIBIC Sabendo-se que a língua possui duas modalidades (oral e escrita), o presente estudo propõe uma abordagem sobre a influência da fala na aquisição da língua escrita por crianças, inclusive no que diz respeito à aquisição da ortografia já que toda escrita se pauta em normas para se escrever corretamente. Almejamos introduzir a este estudo um paralelo entre modalidade oral e escrita, estimulando uma maior compreensão da língua escrita materna. Para o desenvolvimento desse projeto, busca-se fundamentação nas teorias fonéticas, fonológicas e sociolinguísticas; em estudos direcionados para questões da alfabetização e letramento. Nesse sentido, propomos verificar até que ponto a fonética, a fonologia e a sociolinguística influenciam de maneira benéfica, ou não, na aquisição da linguagem escrita, especialmente em relação aos processos fonológicos sândi e síncope. Portanto, a partir desta pesquisa, os dados gerados serão nossos subsídios, juntamente com as teorias das áreas anteriormente citadas, para possível compreensão e identificação de possíveis erros ortográficos gerados a partir desses processos fonológicos (sândi e síncope) e sua influência na fase de aquisição da língua escrita. Dessa forma, proporemos soluções para correção lógica, no intuito de induzir os alunos a fazerem uma reflexão na hora da escrever e, assim, cometerem menos

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erros na escrita e, ainda assim, utilizarem seus conhecimentos linguísticos como fator primordial na construção de textos escritos. Diante disso, visamos favorecer não somente os alunos, mas também os professores, dando-lhes oportunidades para familiarizarem com as teorias fonológicas e fornecerem largas condições para se pensar o ensino de língua materna.

A INTERAÇÃO EM AUDIÊNCIAS DE CONCILIAÇÃO DE UM JUIZ ADO ESPECIAL CÍVEL: UM ESTUDO DE (RE)FORMULAÇÕES

Welton Pereira E Silva – UFV

Tomando por base algumas teorias a Sociolinguística Interacional, nossa pesquisa procura entender a maneira como se dá o uso de formulações nas atividades conversacionais de uma audiência de conciliação. Essas audiências são encontros entre partes adversárias em um processo jurídico, mediados por uma terceira parte. Essa terceira parte, o mediador das audiências, coordena a negociação entre as partes em conflito com o objetivo de encontrar um consenso e, conseqüentemente, dar fim ao processo jurídico, para que não haja a necessidade de levá-lo a julgamento. O foco de análise dessas audiências serão as estratégias de formulações ou reformulações produzidas pelos participantes, principalmente pelo mediador durante as fases de relato de conflito e de negociação. Tal estratégia linguístico-discursiva consiste na descrição, definição ou resumo que um dos participantes fornece explicitamente sobre o que está acontecendo na conversa. Supomos, assim, que as estratégias discursivas de (re)formulações contribuam para a construção da história do conflito e serão de extrema importância para o estabelecimento de uma determinada verdade a partir da qual os participantes negociarão. O interesse dessa proposta, portanto, é a descrição e interpretação da atividade interacional de produção de formulações em audiências de conciliação. Isso engloba atividades de resumir a fala do outro, fazer paráfrases e repetir. Através da análise de fala-em-interação em ambiente de trabalho jurídico, pretende-se: (i) revelar a função discursivo-interacional do uso de formulações em audiências em um Juizado Especial Cível; (ii) verificar em quais momentos aparecem as formulações em interações em audiências e qual a freqüência de produção de tais estratégias, assim como quem as produz; (iii) observar as identidades e papéis sociais que estão sendo construídos através do uso de formulações em audiências. Toda pesquisa de cunho etnometodológico, como assim se classifica as bases teóricas dessa investigação, tem a importância fundamental de descrever e esclarecer as ações cotidianas dos atores sociais, através das quais eles constroem o seu mundo social por meio das interações do dia a dia. A relevância desse estudo se torna mais evidente quando se trata da análise e observação de ambientes de trabalho, o que proporciona aos estudos lingüísticos um caráter social de aplicação de conhecimento. Desse modo, a descrição discursiva da atividade de formular ou reformular é reveladora dos modos de agir e de construir significados em interação, pois, a formulação seria, então, uma representação do discurso, produzida por um dos participantes dessa interação. A pesquisa ainda se encontra em processo, no entanto, na data do evento, esperamos já apresentar os resultados finais. A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL COMO INCENTIVO A CRITICIDAD E DOS ALUNOS

Kelly Ferreira Sarmento – UERR

Chislene Moreira Cardoso – UERR Quando se lê, interpretam-se palavras, itens lexicais, unidades linguísticas que podem ser simples ou complexas (REBELLO, 2002, p.149, apud GONÇALVES, 2006, P.18), e estas unidades complexas, por exemplo, o texto, para ser compreendido necessita estar inserido dentro de um contexto histórico e social e o leitor precisa ter conhecimento disso. Caso contrário não haverá

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compreensão do que foi lido. Este estudo teve como intuito analisar a didática utilizada pelo docente de língua portuguesa para trabalhar o processo de interpretação textual com os alunos do 7º ano EJA de uma escola Municipal de Rorainópolis, visto que, durante o período de regência observou-se que os discentes, de modo geral, têm dificuldades em interpretar textos e perceber informações subentendidas. Esta pesquisa fundamentou-se em Pareison (2005), Soares (1998) e PCNs do terceiro e quarto ciclos do Ensino fundamental (Brasil, 1998). A pesquisa foi qualitativa, com objetivos exploratório e descritivo, tendo como procedimento técnico a pesquisa bibliográfica e de campo. Os dados foram coletados por meio de entrevista aberta aplicada ao docente e questionário aplicado aos discentes. Após analisar os dados coletados observou-se que a didática utilizada pelo professor não é eficaz no que se refere à interpretação, visto que os alunos não têm o habito de ler, não entendem o que leem, embora afirmem que o professor os auxiliem quando apresentam dificuldades na interpretação textual.

A INTERSECÇÃO ENTRE FATORES INTERNOS E EXTERNOS DA LÍNGUA: O SISTEMA DE FORMAS DE TRATAMENTO EM JORNAIS UBERABEN SES DO INÍCIO

DO SÉCULO XX

Mayra Natanne Alves Marra – UFTM/CAPES Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/CNPq

O Português Brasileiro sofreu e sofre variações e mudanças à medida que é utilizado por seus falantes. Logo, é inerente a estrutura da língua ser variável de acordo com as necessidades daqueles que a utilizam, de maneira que a língua falada ou escrita em sincronias passadas não é a mesma que utilizamos atualmente. Seguindo esta perspectiva de língua, este trabalho tem como principal objetivo pesquisar no Português Escrito Mineiro da cidade de Uberaba a motivação que levou o usuário da língua a escolher certas formas de tratamento em detrimento de outras. Além disso, investigamos também o emprego dos pronomes pessoais (tu/você) e possessivos (seu/teu), para designar segunda pessoa do discurso. Optamos por analisar esses fenômenos linguísticos especificamente nos gêneros textuais “Coluna Social” e “Editorial” extraídos do Lavoura e Comércio, publicados nas primeiras décadas de 1900. Os fenômenos linguísticos citados e o veículo “jornal” foram escolhidos por representarem um exemplo da interdependência entre a história interna e externa da língua. O Lavoura e Comércio foi um jornal que exerceu grandes influências na sociedade uberabense daquela época. Fundado em 1989 por produtores rurais que eram contra o governo mineiro, por causa do fisco estadual, o jornal, após 104 de veiculação ininterrupta, faliu no ano 2003. Para montagem da amostra do Português Uberabense escrito do início do século XX, digitalizamos esses jornais e, posteriormente, selecionamos os fenômenos linguísticos (objeto da pesquisa). A análise linguística – qualitativa/quantitativa – seguiu o modelo proposto por Labov (2008), levando-se em consideração fatores linguísticos e extralinguísticos. Dessa forma, por meio desta pesquisa, buscamos contribuir para o estudo da história e caracterização das peculiaridades do português mineiro e auxiliar no esboço de um panorama, por meio do estudo das formas de tratamento no jornal Lavoura e Comercio, dos anseios da comunidade de Uberaba do início do século XX, referentes à busca por um espaço de circulação de sua voz na sociedade.

A LÁGRIMA DE UM CAETÉ: TRADIÇÃO E RENOVAÇÃO DA AUTORIA FEMININA

Gislene da Silva – UFTM/FAPEMIG Fani Miranda Tabak – UFTM

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Este trabalho visa estudar o poema A lágrima de um Caeté, de Nísia Floresta. Nísia nasceu em 1810 na cidade de Papary, Rio Grande do Norte, depois de casar-se e separar-se, Nísia mudou-se para Pernambuco e nos anos seguintes para Porto Alegre e Rio de Janeiro. Nísia viajou para diversos países europeus e relacionou-se com a intelectualidade européia, chegando a residir em Paris, Roma, Florença e por fim em Rouen, onde faleceu em 1885. O poema A lágrima de um Caeté foi publicado pela primeira vez em 1849 sob o pseudônimo de Telesila, posto que o mesmo apresenta uma face inédita do Indianismo no Brasil. Segundo Constância Lima Duarte (1997, p. 07), uma das autoras que estudou a sua obra, o nome de Nísia Floresta não consta em antologias da Literatura Brasileira ou em livros que tratam da história literária do país do século XIX. O fato é ainda mais curioso quando se pensa em indianismo brasileiro, posto que a obra em análise apresenta uma visão do indianismo bastante distinta daquela tradicional. Em A lágrima de um Caeté, o índio não é apenas um selvagem subserviente, mas representa uma voz que de fato reflete sobre sua condição. Consequentemente, este estudo é fundamental para que se pense uma “nova” noção de indianismo dentro da tradição literária dos oitocentos. A importância de se estudar A lágrima de um Caeté, de Nísia Floresta, está no fato de que, até o presente momento, este poema tem poucos estudos críticos e ele representa um diálogo com uma possível revisão do conceito de Indianismo, desenvolvido amplamente no romantismo brasileiro. Resulta importante, ainda, dentro do âmbito do conceito de Indigenismo, disseminado na literatura da América Latina, mas raramente aplicado aos estudos de literatura brasileira. É importante ressaltar que, por se tratar de uma obra de autoria feminina, verificamos importância destacada no seu estudo, já que a história literária baniu ou ignorou boa parte da autoria feminina do século XIX. O objetivo principal deste estudo é a análise do poema A lágrima de um Caeté, de Nísia Floresta, e de seu diálogo com a tradição indianista no romantismo brasileiro. Posto que o mesmo estabelece parâmetros distintos no trato dado ao índio e, consequentemente, ao indianismo erigido, objetiva-se também a discussão de uma perspectiva nova para sua compreensão, pensada a partir do conceito de indigenismo presente na literatura da América Latina em geral. A LEI 10.639/03 E A LITERATURA MOÇAMBICANA: PERSPEC TIVAS E APLICAÇÕES

Stela Saes – USP

Rejane Vecchia da Rocha e Silva – USP A lei 10.639/2003 (alterada para a lei 11.645/05) estabelece as diretrizes e bases da educação nacional o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira em todas as escolas de ensino básico do Brasil. A ideia para esse projeto surgiu pela necessidade de criar espaços de reflexão e práticas pedagógicas que visem a educação anti-racista, e que ajudem a problematizar os processos de conscientização da sociedade. O objetivo desse projeto foi, portanto, criar uma proposta didática baseada na literatura moçambicana (especificamente a obra Godido e outros contos de João Dias) sob o respaldo da lei. Além dessa proposta, o intuito também foi o de relacionar a temática dos contos com a elaboração e a finalidade da própria lei, através de diálogos sobre racismo, negritude, identidade, literatura e sociedade. Para tais relações, essa pesquisa partiu de algumas premissas básicas de sustentação teórica: Literatura, Educação e Relações Étnico-raciais no Brasil. As leituras e análises aconteceram em diversas etapas: primeiro priorizando o estudo da literatura, sempre pelo viés da literatura como manifestação cultural e processo histórico humano. A segunda etapa foi o aprofundamento nos estudos de história e cultura da África e de Moçambique. Posteriormente, um estudo sobre a lei, sua elaboração, objetivos e necessidades. Finalmente, o trabalho exigiu um estudo sobre os temas sociais e políticos que envolvem a relação entre a lei e os contos da obra Godido, como as relações étnico-raciais e a vivência escolar. A proposta didática elaborada para esse fim, levou em consideração todas essas relações, bem como o espaço e tempo de uma sala de aula de uma escola pública brasileira. Como resultado, foi possível observar como a obra Godido é adequada para ser trabalhada em sala de aula nos moldes da lei 10.639/03, além de também

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simbolizar todo o contexto de criação da lei, no âmbito das relações étnicas, raciais e sociais do Brasil. É possível observar muitos avanços na pesquisa sobre estudos africanos e afro-brasileiros, mas também há muito a ser feito. O trabalho com a educação é contínuo e longo e por isso a preocupação com a formação de professores, com material didático e recursos deve ser constante entre todas as esferas da sociedade. O ensino de literatura nas escolas é um modo de refletir sobre a história e a sociedade brasileira e deve ser aliada à ações afirmativas e à lei 10.639/03.

A LEITURA ATRAVÉS DA LITERATURA E DO CINEMA EM SALA DE AULA

Gabriel Adams Castelo Branco de Aragão – CEPAE/UFG A proposta desta comunicação é socializar observações e reflexões feitas a partir de experiências com o trabalho de leitura literária e fílmica com alunos e alunas do Ensino Básico do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás. A proposta de trabalho com a língua/linguagem, pela Subárea de Língua Portuguesa do CEPAE/UFG, está relacionada a um envolvimento intenso com o texto literário. A partir dessas leituras, os alunos e as alunas podem refletir sobre valores e práticas sociais diversos, construindo sentidos por meio de comentários, discussões e produções textuais, e compreendendo o funcionamento da linguagem formal de forma que não se restrinja ao estudo da gramática normativa. Nesse sentido, o cinema entra como recurso que reforça e complementa uma perspectiva discursiva de linguagem no âmbito educativo. No que se refere aos estudos da narrativa, uma das maneiras de articular a leitura literária e a fílmica seria apresentar adaptações cinematográficas de obras literárias. Por meio desse método, é possível que o estudante perceba – ou que o/a professor/a possa mediar essa percepção – a maneira com que cada uma das artes estrutura suas linguagens. Muitos autores comentam sobre a importância do uso do cinema para fins educativos no contexto das Tecnologias de Informação e Comunicação/TIC, logo a exploração da mídia audiovisual é, hoje, essencial à realidade prática de crianças e adolescentes que convivem com recursos cada vez mais imagéticos. Assim, o objetivo principal das aulas de língua portuguesa tem sido dialogar as artes, apresentando contrastes e confluências estéticas, sem deixar de valorizar as especificidades de ambas as linguagens. Pretendo, aqui, compartilhar os resultados da experiência com o trabalho literário atrelado aos meios audiovisuais.

A LÍNGUA COMO PARTE DA IDENTIDADE DE UM POVO

Bruna Oliveira Costa – UFBA-PIBC Hayane Inez da Rocha Ribas – UFBA-PET

Sandra Carneiro de Oliveira – UFBA Este o trabalho busca analisar a linguagem empregada em uma placa do bar “Gambarzeira” que despertou nosso interesse. Em tal placa havia o seguinte texto: “Gambarzeira, Horário de Atendimento: diariamente "das zóra cô quero, até às zóra cô quizé", o Dono”. Procuramos, então, saber mais sobre a motivação da elaboração de uma placa como essa e o que tal placa representava para as pessoas que a viam diariamente, bem como qual era localidade da placa (se seria a placa de um bar realmente existente). Após essa etapa realizada começamos a desenvolver o trabalho com base em conceitos de linguagem como prestígio, oralidade, monitoramento, escrita, preconceito linguístico, norma, entre outros. Como resultado, encontramos um bar realmente existente em uma região do estado de Florianópolis de maioria populacional mineira. O dono do bar coloca em um blog oficial a sua intenção ao colocar a placa com uma linguagem mireiresca tão explicita: a de proporcionar ao público um momento de lazer e sem preocupação com os padrões que a sociedade impõe logo o monitoramento linguístico e outras classes da linguagem se encontram dentro destes padrões. O igualamento que o dono do bar, um mineiro, faz entre um dialeto local e a linguagem

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padrão é notória uma vez que a frase remete os leitores nativos da região de Minas Gerais às suas origens, dando a ela um grande significado. Tem-se então uma junção harmoniosa entre língua padrão e o dialeto mineiro. A partir da análise feita podemos pensar em como a língua está constantemente ligada à vida do ser humano em todo aspecto, uma vez que este se utiliza da linguagem verbal para se expressar, para comunicar-se e se fazer entender. Ao refletirmos sobre a pressão que a sociedade impõe aos falantes, impondo-lhes a obrigatoriedade de falar como a norma padrão, o que exige monitoramento constante. O que diverge da norma é estigmatizado como certas variedades de dialetos regionais e locais, é algo que devemos repensar uma vez que mesmo quem não tem o domínio das variações linguísticas também quer se fazer entender. Conclui-se, portanto que o bar é um local de relaxamento onde as normas linguísticas não são aplicadas por imposição, um lugar de relaxamento, explicito na placa, onde existe harmonia entre as variedades. A LEITURA DE GÊNEROS NARRATIVOS CURTOS E O ENSINO D E PORTUGUES NA

EDUCAÇÃO BÁSICA

Laís Carolina Machado e Silva – UFG Lajla Katherine Rocha Simão – UFG

Durante o Estágio Supervisionado IV, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG), foram desenvolvidas atividades de leitura e escrita de anedotas, fábulas e contos com alunos do 6º ano em atendimento especial. Primeiramente, o objetivo foi apresentar esses gêneros discursivos como forma de incentivar o gosto pela literatura, levando os discentes a superar uma postura apática frente à leitura. No entanto, a constatação de que esses alunos já tinham o hábito de ler ao menos oito obras literárias durante o ano letivo, como parte do programa da disciplina de língua portuguesa, suscitou o questionamento sobre o porquê da limitação em produzir textos orais e escritos com a fluência e a criticidade esperadas nessa fase escolar. Para tanto, foi formulado um projeto de pesquisa-ação, desenvolvido com um grupo de seis estudantes, objetivando investigar como os gêneros narrativos curtos poderiam contribuir para o processo de incentivo à leitura literária e, consequentemente, o letramento desses alunos. Com isso, foram propostas sequências didáticas que explorassem a leitura e a análise de uma anedota, uma fábula e dois contos abordando temáticas que fazem parte do cotidiano desse grupo. Perguntas do tipo interpretativas, como “Faça uma comparação expondo as semelhanças e as diferenças entre o Papai Noel descrito na anedota e o Papai Noel das histórias que sempre nos foram contadas”, “Qual o conflito vivido pelo narrador?”, “Esse conflito é decorrente de quê?” e “Ele realmente abriu mão de um presente de Natal?” mostraram ser insuficientes para responder as perguntas iniciais da pesquisa. Por isso, em um segundo momento, foram apresentados questionários abertos contendo perguntas que ressignificavam o texto, tais como: “Em sua opinião este é um texto interessante? Justifique sua resposta” e “Para você, esta é uma história verídica ou ficcional? Justifique sua resposta”; e “O tema apresentado no texto é interessante?”, “Quais aspectos lhe chamam mais a atenção?”, “Para você, as atitudes do Ratinho foram corretas ou incorretas?”, “Em que se assemelham a sua forma de viver?” e “Você se sente motivado a ler outras fábulas? Por quê?”. Os dados foram analisados de forma comparativa, tomando como suporte teórico os conceitos de leitura literária, letramento, gêneros discursivos e sequência didática apresentados por CALVINO (2005), ZILBERMAN (1988), BAMBERGER (1977), FREIRE (2003) e SOARES (2006), MARCUSCHI (2009) e SCHNEUWLY & DOLZ (2004), além dos PCN’s (1998).

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A LÍNGUA PORTUGUESA EM JUIZ DE FORA NO SÉCULO XIX: CONSTITUIÇÃO DE

UM BANCO DE DADOS A PARTIR DE NOTÍCIAS DE JORNAIS E DE ANÚNCIOS

Fernanda Soares Nogueira – UFJF Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda – UFJF/ PPG

Pesquisadores que se empenham em compreender estágios hodiernos de qualquer língua recorrem comumente à análise dos diversos processos de variação e mudança linguística que se desenvolveram no passado. Porém, pesquisas diacrônicas apresentam um problema para os estudiosos no que concerne aos escassos bancos de dados orais que ofereçam fonte de investigação de aspectos pretéritos da língua. Dessa forma, uma solução seria recorrer a documentos escritos que contenham traços de oralidade, representando, portanto, a língua vernácula, ou seja, a maneira como essa era falada na época em estudo. Schneider (2004) destaca que a escolha dos textos escritos para análise da língua falada torna-se uma tarefa que requer cautela: a fim de definir os gêneros textuais que portam as marcas de oralidade, é necessário anteriormente realizar um estudo cuidadoso do contexto social no qual os textos a serem analisados estão inseridos. Visando apresentar, pontual e sistematicamente, os critérios que subsidiaram a constituição do corpus representativo da língua portuguesa em Juiz de Fora no século XIX, torna-se o objeto principal deste trabalho a discussão referente aos cuidados fundamentais a serem tomados quando, a partir de documentos escritos, busca-se analisar processos de mudança e variação linguística no passado. Para esta pesquisa, conforme será demonstrado, selecionou-se um tipo específico de documentação disponibilizada pelo Arquivo Histórico da Prefeitura de Juiz de Fora: notícias de jornais. Na ausência de dados reais de fala representativos do uso da língua no século XIX, optou-se por trabalhar com textos escritos nos quais houvesse marcas de oralidade, admitindo, portanto, que se aferisse o vernáculo. A partir da análise de notícias de jornais e de anúncios, verificam-se aspectos não apenas de ordem linguística, mas também de ordem histórico-social. Segundo Renault (1978 apud ALKMIN, 2002), os anúncios permitiriam um levantamento historiográfico da vida social, política e cultural, assim como o registro do panorama linguístico. Por representar discurso direto em determinadas partes, é possível aferir marcas claras de oralidade da mesma forma em que se tornam explícitos aspectos da estrutura social vigente na época. Os documentos analisados também oferecem certos benefícios no sentido de fornecerem datação, indicação da autoria e contextualização, facilitando a investigação do uso da língua.

A LINGUAGEM VIRTUAL NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Karen Costa dos Prazeres – UERR Chislene Moreira Cardoso – UERR

Nas últimas décadas houve grande avanço tecnológico, e com isso, a sociedade está cercada dessas novas tecnologias. E um desses gêneros emergentes é a internet. Com o surgimento das salas de bate papo, das redes sociais, do SMS nasceu uma nova linguagem, a linguagem virtual. De acordo com Galli (2010) esta nova linguagem tem sua estrutura, que está caminhando para uma nova comunicação. Com isso houve a curiosidade de pesquisar se a linguagem virtual está influenciando o ensino de língua portuguesa. A pesquisa teve como objetivo analisar a influência da linguagem virtual no ensino de Língua Portuguesa dos alunos do 2º ano “A” do ensino médio de uma escola pública de Rorainópolis. Esta pesquisa fundamentou-se em Galli (2010), Marcuschi (2010), Brasil (1998 e 2000), Bazerman (2011). O estudo foi qualitativo, com objetivos exploratório e descritivo, tendo como procedimento técnico a pesquisa bibliográfica, e como método, a de campo. Os dados foram coletados por meio de questionários aplicados aos alunos, professora de língua portuguesa da turma e à coordenação pedagógica da escola. De acordo com a análise dos dados da pesquisa, a

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linguagem virtual não influencia a aprendizagem da língua portuguesa formal dos alunos, pois eles conseguem diferenciar a nova linguagem da linguagem culta.

A LÍRICA DE EUCANAÃ FERRAZ

Jorcilene Alves do Nascimento – UFU/FAPEMIG Elaine Cristina Cintra – UFU

O presente trabalho de iniciação cientifica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) se propõe a mostrar os resultados parciais iniciados em março do presente ano. A proposta é analisar como os poemas de Eucanaã Ferraz apresentam seu pensamento e reflexão sobre a poesia buscando verificar diálogos intertextuais com autores que lhe são contemporâneos, suas opções estéticas na construção de seu objeto poético e como essas escolhas se relacionam com o momento histórico desse poeta. O objetivo é pesquisar a proposta poética de Eucanaã Ferraz buscando compreender as relações estéticas e históricas que este autor estabelece com a contemporaneidade. A fundamentação teórica da poesia contemporânea foi desenvolvida a partir da leitura dos textos de Agamben (2009) e SISCAR (2010). A metodologia consiste na revisão bibliográfica sobre o poeta, análise dos poemas e conclusão. O resultado esperado com a pesquisa é encontrar o diálogo com os vários discursos poéticos da contemporaneidade, tais como, a obsessão pela forma, a recorrência à tradição modernista, a tematização da cidade, a definição da intimidade, as questões de identidade, o homem e o tempo, entre outros.

A LITERATURA INFANTIL COMO ESTRATÉGIA MEDIADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LEITURA E ESCRITA

Camila Bahia Góes – UEFS

Rita de Cássia Brêda M. Lima – UEFS O presente artigo é proveniente da experiência desenvolvida junto ao Projeto de Pesquisa e Extensão “Conte-me uma história: a interação de crianças com textos narrativos” vinculado ao Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Oralidade, Leitura e Escrita - GEPOLE/NEPA (Núcleo de Alfabetização) da Universidade Estadual de Feira de Santana - Bahia (UEFS). O objetivo central do projeto é conhecer/refletir sobre o trabalho desenvolvido com a Literatura Infantil nas classes do 3º ano do ensino fundamental I de escolas da rede pública, bem como desenvolver ações de extensão – intervenções com foco na formação do leitor e na produção textual. Destacamos autores que subsidiam o projeto, como, Rojo e Glaís (2004); Lajolo, (1994); Cagliari (1993); Faria (2001); Silva (2001), dentre outros. O plano de intervenção foi realizado através de sequências didáticas, com a turma de 3º ano de uma determinada Escola Municipal de Feira de Santana-BA. O público envolvido contou com 25 crianças entre 8 e 13 anos, sendo 12 meninas e 13 meninos. A escolha do grupo ocorreu por estarem iniciando o processo de construção das competências de leitura e escrita, e por ser o foco do Projeto de Extensão ao qual o presente plano de intervenção está vinculado. A proposta foi estruturada em seis momentos envolvendo: diálogo, dinâmica de integração, leitura, escrita, reescrita e retextualização através da Literatura Infantil. As vivências demonstraram a necessidade de maior investimento na formação e sensibilização do leitor, assim como pensar políticas efetivas de aproximação das crianças ao acervo literário que muitas vezes na existe na escola, caso contrário o objetivo maior da escola que é a formação de alunos leitores e escritores competentes não será concretizado. É importante salientar que apesar da resistência apresentada por alguns alunos, o trabalho teve êxito em todas as atividades propostas e diante dos resultados da pesquisa/extensão, foi possível perceber a importância do uso da Literatura Infantil como

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instrumento na prática pedagógica a fim de promover uma aproximação dos alunos com esse gênero, e, paralelamente trabalhar com a leitura e escrita dos mesmos.

A NOVA CONFIGURAÇÃO SINTÁTICA DOS VERBOS CLIMÁTICOS

Natival Almeida Simões Neto – UFBA Edivalda Alves Araújo – UFBA

Conforme a Teoria de Princípios e Parâmetros, proposta por Chomsky nos anos 80, estudos como os empreendidos por Duarte (1996), Galves (1996, 2001) e Kato (2002) evidenciaram que o português brasileiro (PB) tende a não licenciar o sujeito nulo. Em função desse comportamento, têm sido encontradas construções com verbos climáticos, como chover, nevar e fazer frio, preenchendo o sujeito, indo de encontro às proposições tradicionais. Simões Neto (2012) apresenta construções veiculadas em contextos informais da Internet, com esses verbos selecionando sujeito. Com base nisso, duas hipóteses foram levantadas. A primeira é a inversão locativa, conforme os estudos de Avelar & Cyrino (2008) e Avelar (2009). Segundo esses autores, a inversão locativa acontece quando um sintagma locativo, argumental ou adjunto, ocorre na posição canônica de sujeito, podendo desencadear concordância com o verbo. Essa proposta justificaria exemplos como: I) Algumas cidades nevam no inverno, outras fazem frio. Porém, não só os sintagmas locativos entram em concordância com o verbo, mas também os sintagmas temporais, como em: II) Uns verões chovem mais, outros fazem calor. É a partir dessa constatação que surge a segunda hipótese, baseada nos estudos de Galves (1998, 2000), norteando-se pela noção de tópico-sujeito proposto pela autora: o sintagma nominal topicalizado, ao invés de ir para uma camada mais externa da oração (cf. RIZZI, 1995), vai para uma camada mais interna, a camada da flexão TP/IP e entra em concordância com o verbo, o que lhe dá estatuto de sujeito, conforme Perini (1985, 1998) e Duarte (1996, 2007). .As hipóteses se interceptam no argumento de Avelar & Galves (2011) de que, no PB, a posição de Spec TP/IP é uma posição A’, podendo ser preenchida por termos não argumentais. Apesar disso, agora, uma nova hipótese norteia essa pesquisa. Baseada na Teoria do Minimalismo, proposta por Chomsky (1995), levanta-se a possibilidade de os verbos climáticos estarem passando por um processo de mudança na sua configuração sintática e começaram a selecionar argumentos, implicando preenchimento à esquerda de um sintagma nominal pleno, que desencadeia concordância com esses verbos. Isso é diferente do que ocorreu com o inglês e o francês, visto que, nestas línguas, o preenchimento do sujeito com esses verbos ocorre com um sujeito expletivo, que faz parte da grade argumental. No português brasileiro, entretanto, conforme os exemplos apresentados, observa-se não um sujeito expletivo, mas um sujeito com carga semântica e o disparo da concordância com o verbo.

A ORDEM EM CANTIGA DE ESPONSAIS DE MACHADO DE ASSIS

Anna Carolyna Ribeiro Cardoso – UFG Maria Severiana Almeida Santos –UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Este resumo diz respeito ao pôster que traz os primeiros resultados da investigação que pretende averiguar o padrão de ordem da sentença recorrente em Cantiga de esponsais, de Machado de Assis, publicado pela FTD em 2002 no livro Contos. A análise é realizada a partir de uma perspectiva funcionalista, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. Os objetivos da pesquisa são: a partir dos possíveis padrões de ordem no português, analisar um conto de um dos maiores escritores brasileiros em busca de semelhanças e/ou diferenças nos padrões mais recorrentes e quais efeitos tais padrões

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exercem na produção dos sentidos dos textos, especialmente, no que se refere à ironia e à ambiguidade características da obra machadiana.A importância desse projeto se justifica pelo fato de que, como já dito anteriormente, Machado é um dos mais conhecidos e relevantes escritores realistas brasileiros, sendo conhecido nacional e internacionalmente, logo, seu estilo pode revelar aspectos gramaticais e discursivos relevantes. Serão desenvolvidas análises qualitativas e quantitativas, e, para isso, serão utilizados como referência bibliográfica autores como Mussalim; Bentes (2001), Neves (1997,2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), entre outros. A ORDEM SENTENCIAL EM CONTOS DE MÁRIO DE ANDRADE: E STRUTURAÇÃO E

FUNCIONALIDADE

Jullyana Corrêa Ribeiro – UFG Nathalia Pereira de Oliveira Sousa – UFG

Rita de Cássia de Oliveira Azevedo – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

A presente pesquisa pretende investigar o padrão de ordem sintático recorrente nos contos “O poço”, “O ladrão” e “Primeiro de Maio”, escritos pelo escritor Mário de Andrade (1999), segundo a perspectiva funcionalista, a qual concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. A hipótese é a de que seu texto pode representar uma quebra no padrão recorrente na época, devido ao caráter inovador da estética da “geração modernista de 1922”, a qual Mário de Andrade está vinculado. É nosso objetivo investigar como ocorre a disposição dos elementos na sentença, bem como verificar se esses elementos seguem padrões recorrentes na língua portuguesa ou se se configuram ordens sintáticas atípicas, mas que está a serviço dessa estética e dos sentidos produzidos nos textos. Para isso, adotamos como referencial teórico os estudos de Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), Mussalin; Bentes (2001), entre outros que acrescentaremos conforme necessário ao desenvolvimento dos trabalhos, com o intuito de nos apropriar de maneira mais fundamentada do nosso objeto em questão.

A ORDENAÇÃO DOS CONSTITUINTES NA OBRA O AUTO DA COM PADECIDA: NA PEÇA ORIGINAL E NAS VERSÕES CINEMATOGRÁFICAS

Carlos Cesar Machado Fontenele – UFG

João Paulo Martins de Oliveira – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão - UFG/CNPq

Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito ao trabalho que pretende investigar o padrão de ordem recorrente na peça Auto da Compadecida, escrita em 1955, por Ariano Suassuna, e também nas versões cinematográficas: A Compadecida (1969), Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987) e O Auto da Compadecida (2000), a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. Os objetivos da pesquisa são investigar e identificar os padrões de ordem recorrentes nas obras analisadas. Interessa saber, portanto, em que medida a marca original do autor é preservada em três versões cinematográficas, considerando que o cinema, e, essa obra em específico, tem um tempo, um espaço e uma linguagem que lhe são próprios. Para isso, será analisada a fala dos personagens João Grilo, Chicó e dos sacristãos. A cena selecionada para análise apresenta um encontro entre os dois amigos (Chicó e João Grilo), que tentam convencer o sacristão, o padre e o bispo a aceitarem enterrar um cachorro no cemitério local. A base bibliográfica está em Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), entre outros.

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A PATEMIZAÇÃO NO DISCURSO – ESTUDO SOBRE O FUNCIONAMENTO DA EMOÇÃO NO FILME “TROPA DE ELITE”

Luciana Rodrigues dos Santos – UFT

Juscéia Aparecida Veiga Garbelini – UFT A emoção no discurso fílmico parece algo evidente, mas não é o que nos propõe Patrick Charaudeau (2007) em seus estudos sobre a emoção, no cinema, principalmente, quando o objeto de análise é observado sob o ponto de vista da Análise do Discurso. Neste trabalho fizemos um estudo sobre o funcionamento da emoção no discurso, os efeitos patêmicos foram investigados na dimensão do discurso fílmico na produção nacional Tropa de Elite II o Inimigo Agora é Outro, os quais foram abordados na perspectiva da produção e da recepção dos discursos e de seus efeitos. As emoções são estudadas levando em consideração, sobretudo à esfera de produção, dos efeitos visados pelos sujeitos comunicantes e, na esfera da recepção, os efeitos sentidos pelos sujeitos interpretantes. Tratamos da patemização de ordem intencional que se manifesta em vista de alguma coisa, em direção a algo. E além da intencionalidade, outros dois pontos complementam o tratamento discursivo da emoção: elas estão ligadas aos saberes de crença e inscritas na problemática da representação psicossocial. A escolha dessa obra como objeto de estudo deve-se ao fato de tratar da violência urbana na cidade brasileira do Rio de Janeiro e das ações do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e da Polícia Militar também do Estado do Rio de Janeiro. O filme mostra o crescimento do BOPE e os conflitos entre os policiais e milícias do Rio de Janeiro. O diretor José Padilha afirmou que "o filme trata da relação entre segurança pública e financiamento de campanha. Faz ligação entre a segurança e a política". Além disso, mostra rebelião realizada na penitenciária de Bangu I. Temas que afetam o cotidiano de milhões de brasileiros, pertinentes, portanto.

A PERDA DA CONSOANTE “R” NO FINAL DE VERBOS EM REDE S SOCIAIS

Efraim Celes Araujo Junior – ALVORADA Essa pesquisa busca apresentar uma proposta inicial de análise linguística do porquê da perda do grafema “r” em muitas palavras escritas nas redes sociais, já esse ambiente de produção textual/discursivo é, frequentemente colocado como uma das grandes causas de "vícios" prejudiciais ao ensino de língua portuguesa nas escolas, já que os jovens o utilizam muito e escrevem com mais liberdade ortográfica e formal; coloca-se em foco o "Facebook" como principal rede social para pesquisa dos dados desse trabalho, pois tem um público numeroso e diversificado, além da facilidade de acesso aos dados, que são, em geral abertos ao público. Inicialmente tem sido feito o levantamento de dados sob uma perspectiva qualitativa, com vistas à inserir também a análise quantitativa; além de pesquisar as palavras escritas no Facebook também foram feitas perguntas à alguns usuários sobre como percebem esse fato, além de leituras envolvendo aspectos de fonética e morfologia relevantes para a análise. Como referencial teórico, empregamos principalmente a Linguística de Corpus e a Linguística Funcional. Os resultados iniciais apontam que, a maneira empregada na fala da pessoa é determinante para compreender como este falante percebe os sons dos fonemas e os associa à ortografia, transcrevendo-os, portanto, da forma mais próxima à sua fala, ou seja, se ela não percebe de maneira marcante a expressão do fonema final "r" ela tende a não reproduzi-lo na escrita, como demonstra o exemplo "É difícil compra* no natal", para uma sentença que seria "É difícil comprar no natal" se considerada a norma padrão; percebemos também a influência do fator escolaridade como elemento determinante no emprego do grafema "r", sendo que uma análise inicial dos dados aponta para uma relação de maior escolaridade maior incidência do "r", bem como menos escolaridade menor incidência deste mesmo grafema.

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A PERDA DO PRONOME APASSIVADOR DA PASSIVA PRONOMINA L/SINTÁTICA

Jilvan Evangelista da Silva – UFBA Edivalda Alves Araújo – UFBA

Com este trabalho, pretendemos analisar as transformações da passiva pronominais/sintéticas, envolvendo a perda do pronome apassivador no período dos séculos XIX a XXI. A construção passiva pronominal é um mecanismo gramatical que retira o argumento externo da construção sintática, e o argumento interno passa a ser o sintagma nominal de proeminência, ocupando a função de sujeito. Tal passiva tem como característica, além do apagamento do argumento externo, a inserção do pronome apassivador -se juntamente com um verbo transitivo direto, como em: Lava-se [roupa]. Nem todos os verbos aceitam a transformação em passiva, como indica Perini (2000). Observa-se, entretanto, que as passivas pronominais estão passando por um processo de transformação no português brasileiro, visto que o pronome apassivador clítico está desaparecendo das realizações, principalmente orais. Sem a realização do clítico, as passivas pronominais estão se assemelhando às construções médias. A voz média é uma representação flexional das línguas clássicas com a função de expressar estados de coisas que afetam o sujeito do verbo ou seus interesses (CAMACHO, 2003). O que diferencia uma construção e outra é justamente a presença do pronome como nos exemplos e o tipo de verbo: transitivo acusativo para as passivas e ergativos para as construções médias, como se pode ver nos seguintes exemplos: (1) Vendem-se apartamentos e (2) A aula acabou. Em (1), temos uma construção de passiva pronominal com o predicador vender, transitivo acusativo, o -se apassivador e apartamentos como sujeito da passiva; enquanto em (2) ocorre uma construção média, que dispensa o pronome –se, já que o verbo é ergativo, permite o apagamento do argumento externo com alçamento do argumento interno para a posição de sujeito – característica universal entre as línguas. Já em (3) Quando a casa varre, fica limpinha, verifica-se a presença de um verbo que não é ergativo e que, por isso, a construção deveria ter a inserção do –se, para se caracterizar como uma passiva pronominal. Sem a presença do –se, tem-se a impressão de que se está diante de uma construção média. Esses tipos de realizações estão sendo recorrentes no português brasileiro na oralidade das pessoas do século atual, o que não acontecia no século XIX, por exemplo, conforme o seguinte exemplo: (4) entre o que se sente e o que se diz, retirado de uma carta de Castro Alves ao Dr. Dutra. Buscaremos as mudanças diacrônicas que ocorreram com as passivas pronominais entre os séculos XIX – XXI, faremos um levantamento dos dados de cartas dos diferentes períodos estabelecidos, confrontando com dados de escrita do século XXI, indicando as formas de ocorrência sintática e sua evolução.

A POLÊMICA EM TORNO DA EXPRESSÃO “A PRESIDENTA”

Moisés Laert Pinto Terceiro – UFTM Jauranice Rodrigues Cavalcanti – UFTM

Nas eleições presidenciais de 2010, após a qual se sagrou eleita a candidata Dilma Roussef, surge uma polêmica que implica questões de ordem da linguagem. Tal polêmica irrompe quando a candidata eleita escolhe ser tratada como “a presidenta”, no lugar de “a presidente”. A escolha, por mais “inocente” que pudesse parecer, causou alvoroço na impressa, com calorosas manifestações contra e em favor da forma de tratamento selecionada por Dilma Roussef. Os que defendiam o uso da expressão argumentavam que se tratava de um emprego “correto”, abonado até mesmo pela gramática normativa; aqueles que o condenavam chegaram a dizer que não passava de mais uma “invenção petista”. Com o objetivo de analisar essa polêmica, reunimos um corpus constituído de textos colhidos em veículos de comunicação de grande alcance, como o Jornal Folha de S. Paulo, a revista Carta Capital, o portal eletrônico do Terra Magazine e outros blogs e sites de livre acesso. Para analisá-lo, trabalhamos com o quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha

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francesa (AD), em especial com as categorias de análise presentes nos trabalhos de D. Maingueneau, tais como ethos, heterogeneidade constitutiva, heterogeneidade mostrada, simulacro e destacabilidade. A análise revela dois posicionamentos (discursos) que constroem/determinam sua identidade por meio da relação polêmica que estabelecem entre si, o que comprova o primado do interdiscurso sobre o discurso. As diferenças que ocorrem na forma de nomear Dilma Roussef, de fazer remissão à figura da presidenta, podem ser explicadas levando em conta o lugar de onde enunciam os sujeitos de cada discurso, o posicionamento que assumem no espaço conflituoso da polêmica.

A PRESENÇA DO ESPANHOL NO LÉXICO DO PORTUGUÊS DO SUL DO BRASIL FORMANDO A MEMÓRIA DA HISTÓRIA DE UM POVO

Seila Marisa da Cunha Islabão – UFPel

Ana Lourdes da Rosa Nieves Fernández – UFPel Aline Coelho da Silva – UFPel

O objetivo deste trabalho é apresentar a notória presença do espanhol no léxico do português do sul do Brasil, mais precisamente no estado do Rio Grande do Sul, como elemento constituinte, modificador e facilitador ao aprendizado deste idioma, ao mesmo tempo irmão, por sua origem, e estrangeiro, por consequência, às pessoas nascidas aqui. A iniciativa partiu da observação da maneira como meu pai se expressa e fala determinadas palavras. Por viver em zona de fronteira, ele adquiriu este léxico que se propagou pelos filhos e netos. O presente trabalho será fundamentado na abordagem qualitativa, por ser uma linha de pesquisa que melhor se adéqua ao perfil deste estudo, pois trabalha com questões culturais, sociais e reais. A coleta de dados se dará através de métodos indutivos individuais e orais, que serão realizados com pessoas oriundas da zona rural de Arroio Grande, cidade situada a noventa quilômetros da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, sendo assim, considerada zona de fronteira. A análise dos dados será feita à luz da teoria interpretativista e espera-se que através dos informantes selecionados possa-se constatar que o léxico dos gaúchos difere do restante das regiões do Brasil fundamentalmente por esta interferência da zona da fronteira, que por sua vez, se propagará e se perpetuará em diferentes esferas da população deste Estado, construindo assim, um sujeito peculiar denunciado pelos aspectos não-verbais que acompanham a comunicação verbal: o ritmo da fala, o tom de voz, o volume da voz, as pausas utilizadas na pronúncia, o léxico utilizado e as demais características que transcendem a própria fala, causando assim, um estranhamento nas demais regiões para com a maneira que este sujeito, cristalizado numa sintonia identitária, seja suficiente para reafirmar a nacionalidade do gaúcho “brasileiro” e no tipo social e especial nascido no extremo sul do Brasil, formando indiscutivelmente, a memória da história de um povo.

A PRODUÇÃO TEXTUAL (ESCRITA) NO ENSINO MÉDIO: INTERVENÇÕES DIDÁTICAS EM UMA DISCIPLINA MERCADOLÓGICA

Mariane Portal da Costa – UEPA

Thays do Espírito Santo Brito – UEPA Sueli Pinheiro da Silva – UEPA

Este trabalho tem por objetivo apresentar dados acerca da trajetória do ensino da produção textual e seu reflexo na formação do aluno quanto a sua produção escrita. Além disso, enfatizar a “redação” como um dos eixos mais complexos do ensino por enfrentar as exigências formais dos processos seletivos, o que fez atribuir à “redação”, status de disciplina, neste caso, mercadológica, com dias letivos e horários específicos a ela destinados, a qual tem os seus subsídios de avaliação pautados

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em critérios que pesam na avaliação do sujeito escrevente em detrimento do sujeito enquanto autor do seu discurso. Desta forma, reflete a concepção de uma certa competência quanto ao seu ingresso no ensino superior avaliada por meio de uma produção textual padronizada. A pesquisa foi realizada em uma escola pública com alunos do Ensino Médio, que segundo as exigências mais formais já se encontrariam com mediano domínio de leitura e produção textual nos usos da língua, entre os quais, de participar de processos seletivos, como o vestibular. Os instrumentos utilizados como ferramentas da pesquisa são o questionário e intervenções didáticas, pautadas na metodologia da sequência didática. A análise foi feita por meio de uma descrição dos dados coletados e uma interpretação dos indicadores que apontam a descrição, avaliação e a explicação do processo de produção textual (escrita) no ensino de língua através das atividades realizadas por meio dos gêneros. Ao finalizamos a investigação constatamos uma divisão entre as disciplinas Português, Literatura e Redação, as quais deveriam ser destinadas ao horário de Língua Portuguesa. O espaço destinado à redação não oportunizou um trabalho voltado para a produção Textual, mas para o ensino de gramática. Com isso, não houve formação de “redacioneiros”, sujeitos prontos para reproduzir textos padronizados a serem objetos de avaliação de o único leitor, o professor, e nem de produtores textuais, por isso a necessidade de intervir. A partir de pressupostos sociointeracionista de teóricos como Antunes (2003), Fiorin (1999), Meserani (1995), Soares (1998), entre outros, consideramos que a língua se constitui e reconstitui na história, então, afirmamos que sua aprendizagem ocorre na interação contínua e não por meio de situações contexto de uso – escrita sem função (Antunes, 2003), visto que aparece praticamente “destituído de qualquer valor interacional, sem autoria e sem recepção”.

A RELAÇÃO DO REAL COM O FICTÍCIO PARA A CONSTRUÇÃO DO FANTÁSTICO EM "O VAMPIRO QUE DESCOBRIU O BRASIL" DE IVAN JAF

Daniel Leite Almeida – UFMGr/CUA

Célia Regina Benquerer – UFMG/CUA O livro O vampiro que descobriu o Brasil de Ivan Jaf, obra integrante da série Memória de Sangue, tem como característica a junção de fatos históricos/verídicos com outros ficcionais, assim como os demais livros da série. O presente trabalho tem como objetivo analisar esse recurso utilizado por Jaf, e tentar compreender a relação que se cria entre o real e o imaginário para a construção da narrativa fantástica, uma vez que essa junção alimenta a falsa verossimilhança e a permanência da ambiguidade. Este recurso chamado de "História Alternativa", muito utilizado em obras de ficção científica, fantásticas e gêneros similares, recria situações verídicas, com personagens reais convivendo com outros fictícios. Ao se narrar momentos históricos em uma obra fictícia, consequentemente se cria uma relação entre a literatura e a história. Pretendemos discutir acerca dessa relação, uma vez que O vampiro que descobriu o Brasil se apresenta como uma obra que narra todo o processo de formação da sociedade brasileira por meio do fantástico, sem separarar o verídico do imaginário, criando-se um vínculo entre a fantasia e a realidade.

A SAGA AMAZÔNICA DA BORRACHA EM TRÊS CASAS E UM RIO, DE DALCÍDIO JURANDIR E EM A SELVA, DE FERREIRA DE CASTRO

Luciana Moraes Dos Santos – UFPA/CNPq

Marlí Tereza Furtado – UFPA

O período histórico referente à exploração econômica da borracha, com o apogeu e o declínio da extração do látex, marcou a história da região amazônica nos aspectos econômicos e sociais e, ainda, inspirou a produção literária de autores notórios. Neste sentido, o presente trabalho objetiva

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apresentar os resultados parciais da investigação dos romances Três casas e um rio (1958), de Dalcídio Jurandir e A Selva (1930), de Ferreira de Castro, sob a perspectiva da saga amazônica da borracha, em razão destes romances se destacarem enquanto obras literárias que retratam o momento histórico em questão, no qual o produto extraído da seringueira exerceu funções socioeconômicas distintas. Para tanto, utilizamos como embasamento teórico os estudos de Baze (2010), Loureiro (2002), Sarges (2002), Tocantins (1960), dentre outros autores, e como base de apoio a pesquisa bibliográfica, com a leitura das obras ficcionais corpus desta pesquisa, visando à análise e confronto da representação da saga amazônica da borracha de ambas as obras, bem como o estudo do período histórico da economia extrativista na Amazônia conhecido como “ciclo da borracha”. A abordagem diversificada pela qual os romancistas das obras em estudo retratam esse período aponta para o fato de que, Dalcídio Jurandir estabeleceu uma quebra com a tradição, atualizando a prosa paraense por sua inovação literária. O plano de trabalho em execução “A saga amazônica da borracha em Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir e em A Selva, de Ferreira de Castro” é vinculado ao projeto de pesquisa em andamento “Dalcídio Jurandir: o jornalista e o romancista”, financiado com verba da FAPESPA e do CNPq.

A SELEÇÃO LEXICAL NA CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS DE ANDRÉ VIANCO

Carlos Henrique Rizzo Pereira – USP/IC/FFLCH Elis de Almeida Cardoso Caretta – USP/FFLCH

A escolha lexical na caracterização de personagens de uma obra literária talvez seja um dos principais aspectos aos quais o autor deve estar atento ao desenvolver suas histórias, uma vez que as personagens devem convencer o leitor. Por meio do léxico, sobretudo pelo vocabulário utilizado nos diálogos literários, é possível verificar como o autor insere a personagem não só no contexto da obra literária, mas também no meio social em que vive. A partir das obras do autor André Vianco, verifico como a seleção lexical pode ser responsável pela composição de suas personagens (e da própria narrativa). André Vianco é um autor paulista que se consagrou com a obra que foi tomada como bestseller “Os Sete”, e com suas histórias de terror, suspense, magia e espiritualidade. A narração de quase toda sua obra é feita pela técnica da onisciência múltipla, ou seja, o narrador está presente a todo o momento mostrando o pensamento de todas as personagens, manipulando-as ou persuadindo-as. Pela própria técnica da onisciência múltipla e pelos diálogos entre personagens o leitor das obras de Vianco vai identificando características de todas as personagens (idade, sexo, naturalidade, escolaridade) através das marcas linguísticas que o autor nos apresenta em todas as situações – a principal marca é sem dúvida a lexical. Com base na Lexicologia (Guilbert, Biderman, Vilela, Alves) e na Estilística (Martins, Lapa, Cressot), verifico como o autor se utiliza da manipulação/escolha do léxico para atingir o resultado brilhante que consegue, levando o leitor a identificar com bastante propriedade o falar cotidiano, os dizeres populares, bem como marcas de outros falares como os regionalismos, os arcaísmos, e estrangeirismos. Partindo-se da Estilística Léxica, que tem como um dos objetivos verificar de que forma a escolha lexical produz no discurso expressividade, e se chegando à questão das variações linguísticas, pretende-se mostrar que os falantes de uma língua têm à sua disposição todo o conjunto lexical e dele podem extrair as palavras que desejam para expressar suas ideias, sentimentos, etc. Em minha pesquisa, mostro como este movimento de transformação linguística permanece ativo na manifestação escrita da língua em sua realização artística – o discurso literário. André Vianco pretende se aproximar da modalidade da língua que realmente falamos, sem deixar de dar à obra um tom artístico, e isso é alcançado, sem sombra de dúvidas, pela sua minuciosa escolha lexical.

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A SUBVARIEDADE ‘PORTUGUÊS CRIOULO GUINEENSE’ – UM C ASO DE INTERLÍNGUA

Basílio Félix da Silva Injai – USP/RUSP

Este trabalho aborda a subvariedade denominada de ‘Português Crioulo Guineense’ – daqui em diante PCG. Essa variedade insere-se em um contínuo denominado de ‘Contínuo Português Guineense L2’, ver Oliveira, Baió & Injai (a sair: o itálico é nosso): (1) Contínuo Português Guineense L2 português europeu – PE ↓↑ português brasileiro – PVB/PB

↓↑ português acadêmico guineense – PAG

↓↑ português crioulo guineense – PCG

↓↑ crioulo guineense Ainda segundo Oliveira, Baio & Injai (a sair) a subvariedade guineense PCG (e também a subvariedade PAG) encaixa-se nas “variedades africanas de português com substrato crioulo” que são apresentadas em Figueiredo (2010: 2.1.1.). Nesse trabalho, nosso objetivo é apresentar o PCG como uma subvariedade do português guineense que atesta um caso de interlíngua. Logo o PCG não é marcado por uma ruptura tipológica com o português, mas insere-se em um conjunto de variedade ditas ‘sistemas transicionais’. Segundo Selinker (1972: 216) e Nemser (1971: 119), a interlíngua consiste de etapas em que o ‘aprendente’ de uma segunda língua (L2) vai se aproximando de uma língua alvo (LA). Ainda, segundo Thomason & Kaufman (1988: 73-74), na interlíngua, verificam-se processos de ‘interferência’ da língua materna (L1), o que origina estruturas próximas a L1, mas também próximas a LA. Logo, nas interlínguas, é possível atestar diferentes gramáticas geracionais e até individuais. Tomando como tópico de nossa investigação o sintagma nominal, temos percebido que falantes desta variedade, em algumas situações de fala, não marcam a categoria ‘gênero’ no sintagma nominal (SN): (1) Tem [SN vários etnias] (2) [SN Os meus três irmãs] Analisando dados do PCG em (1) e (2) com dados da língua crioula de Guiné Bissau, percebemos interferência dessa língua no PCG. A língua crioula de Guiné Bissau não marca gênero – ver Doneux & Rougé (1988: 15, 16). No entanto, no PCG, pode ser verificado ausência/presença de gênero inclusive em um mesmo falante, o que aponta também, segundo a literatura, para o fenômeno da interlíngua.

A UNIDADE MORFOLEXICAL SE E SUAS POSSIBILIDADES SEMÂNTICAS: APASSIVAÇÃO E REFLEXIVIDADE

Francisco Pereira da Silva Neto – UFPI

O se é objeto de discussão frequente das pesquisas linguísticas em geral. Sua variedade de uso dentre suas inúmeras classificações e direcionamentos por vezes as justificam ou embasam. A experiência tem mostrado que conclusões estanques da gramática normativa não têm dado conta da abrangência semântica de muitos itens lexicais no uso. Este trabalho busca relacionar duas funções

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da unidade morfolexical se: pronome oblíquo (com valor reflexivo) e pronome apassivador. Exemplos, como As crianças retiraram-se da sala, não expressam de modo preciso a ação ocorrida, se um outro indivíduo entrou na sala e as retirou ou se as crianças retiraram a si próprias. Do ponto de vista semântico, questionamos a consistência de orações com verbos transitivos diretos + se, diante da dupla possibilidade de classificação do morfema supracitada. Além disso, serão discutidos os critérios de categorização ante o sentido final transmitido pelos enunciados com a estrutura em questão, observando condições periféricas de composição textual como determinantes ao desfazimento da ambiguidade. Utilizar-se-ão o corpus do PORFATER – Português Falado por Teresinenses – e enunciados contidos em meios de comunicação de ampla divulgação, a níveis local e nacional para a análise da pesquisa. Fundamentamos a pesquisa na Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, de Culioli, que admite a construção do sentido como oriunda da articulação dos elementos morfológicos do enunciado. Consideramos também noções do autor sobre contexto e cotexto, pertinentes ao presente estudo e até que ponto esses conceitos determinam a classificação e o sentido. O presente trabalho pretende, com o balanceamento e a aplicabilidade, chegar a um posicionamento que deixe transparecer com mais clareza e segurança a identidade da partícula -se nos dois casos abordados.

A VOZ DO SAGRADO NA POESIA DE PEDRO CASALDÁLIGA

Michael Jhonatan Sousa Santos – UFMT Célia Maria Domingues da Rocha Reis – UFMT

Neste trabalho apresentaremos uma análise do poema “Ecologia Suprema”, do poeta mato-grossense Pedro Casaldálig a (1984). Em 1968, ele chegou ao Brasil, e veio a se tornar Bispo da prelazia de São Felix do Araguaia, no Estado de Mato Grosso. O país vivia a ditadura militar, ainda assim, Pedro se insurgia política e socialmente ao tomar partido dos interesses dos índios, dos Sem-Terra, e dos pequenos proprietários de terras. Militante, faz de sua criação poética meio de denunciar o agravo e as mazelas sociais imputadas ao homem do campo. Assim, o objetivo dessa análise é refletir sobre os elementos de criação poética que tornam o apelo do poema em questão suficientemente penetrante ao ponto de comprometer – responsabilizar o leitor pela realidade que o poeta empreendeu desvendar. Isto é, partimos do pressuposto concebido por Jean-Paul Sartre (2004) de que a arte do escritor consiste em levar o leitor a descobrir e recriar a realidade que ele outrora desvendou, visto que a leitura parece ser a síntese da percepção e da criação artística do texto literário. Tal produção justifica-se na medida em que cumpri contribuir para os estudos da poética contemporânea, visando destacar o caráter engajado de que a mesma pode se revestir. O estudo do poema não se fixou, exclusivamente, a sua forma, ou, ao seu conteúdo semântico, mas buscou contemplar o todo, com fins de compartilhar o maior teor expressivo de cada palavra. Por analogia, procurou-se compreender e expor os processos que dispuseram e organizaram no interior do fluxo verbal o metro, o som, o ritmo e como as recorrências desses elementos contribuíram para a formação da imagem poética e para a construção do sentido. Ainda no que tange a metodologia, foram procedidas investigações bibliográficas com vistas a conhecer o contexto econômico e social no qual foi concebido o poema. Assim, percebe-se o seu engajamento na direção de transformar o mundo no qual se insere pelo poder da palavra poética, uma vez que ela exige do leitor uma tomada de consciência. Por processos que são linguísticos, mas que, também, buscam superar a natureza verbal da palavra tornando-a objeto dotado de imagem, som, cor, matéria, sem que deixe, sobretudo, de ser palavra (BOSI, 1977), o poema em questão formula seu apelo no sentido da superação das desigualdades sociais e do respeito ao outro (próximo).

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AMBIGUIDADE SEMÂNTICA PRODUZIDA POR PROPAGANDAS PUB LICITÁRIAS VEICULADAS NA REVISTA PLAYBOY

Felipe Salorran Trindade Tourinho – UNIFAP

Rosivaldo Gomes – UNIFAP Com intuito de explorar as discussões existentes sobre a Linguística, principalmente, aquelas que tratam da Análise do Discurso, o presente trabalho tem como foco analisar a relevância dos sentidos propositais existentes nesse gênero, o procedimento de construir corpus dos usos escritos do português no gênero publicitário propaganda e de procurar sistematizar esse corpus com vistas à análise semântica/lexical da língua, com ênfase nos processos de qualificação dos vocábulos, sob uma ótica diversa daquela que tradicionalmente fora vista em aulas de Língua Portuguesa. Metodologicamente, exploram-se os mecanismos de escritura midiática das campanhas estudadas; logo, há duas etapas, visando à criação de dados da utilização formal/informal do português e sistematização dos dados, enfocando aspectos morfossintáticos e semânticos dos textos selecionados, respectivamente. Tomando teoricamente os estudos feitos por Fiorin (1994), Charaudeau (2006), Possenti (2010) e Monnerat (2010) sobre elementos/sujeitos inseridos no processo de discurso, a enunciação, a semântica do discurso, os discursos articulados pelos meios midiáticos, este trabalho percorre pelos mesmos eixos. Como forma de contribuir, esta análise vem relatar/expor os modos com que a propaganda publicitária tenta alcançar e conquistar o público alvo, envolvendo-o com peculiares técnicas de sentido e fornecendo, dessa forma, para pesquisadores, um grande objeto de análise e, para leitores/clientes, informações a respeito de seu produto e/ou ideia a ser veiculado.

AMOR E EROTISMO EM SOLO FEMININO: AMOR E DESACERTO

Rosilene dos Santos Parreira de Miranda – UFT Profa. Dra..Olivia Aparecida Silva – UFT

Este trabalho pretende discutir o amor e o erotismo em Solo feminino: amor e desacerto, de Lívia Garcia-Roza, escritora contemporânea com várias obras publicadas. Ela tem como protagonista Gilda que busca, de forma incessante, ser feliz com o homem amado e, ainda, deseja alcançar a plenitude sexual. Segundo Freud, o prazer sexual é o maior dos prazeres e o ser humano é capaz de procurar ativamente quem possa lhe proporcionar. Assim, o amor e o prazer são alvos de Gilda. Para as mulheres o amor e o erotismo se entrelaçam, para o homem, no entanto, há distinção. Em busca do amor, Gilda relaciona-se, dentre vários parceiros, com um homem casado, provocando conflitos familiares. Após sua separação, Júlio César, o amante, casa-se com Gilda. A realização amorosa e sexual esperada por ela não acontece. Frustrado o seu desejo, ela rompe com o casamento e busca, em suas aventuras amorosas, o amor ideal. Assim, perceberemos que Gilda não consegue plena satisfação amorosa, pois sempre, ao iniciar um novo relacionamento, espera encontrar o companheiro ideal. O amor e o desejo não acontecem simultaneamente, decorre, então, o desacerto. Gilda é uma mulher neoromântica em um mundo de relações fugazes em que o sexo está ligado ao prazer momentâneo. Cansada das relações temporárias que não contemplam o amor e o prazer, ela investe em um relacionamento tradicional. Ao tentar romper com os padrões de moralidade, em busca do amor e prazer, compreende ser inútil suas investidas. Quem sabe, ao casar-se, como era o desejo da mãe, ter uma vida dentro dos princípios morais estabelecidos o amor não acontece? Mais uma vez ela casará.

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DAS ENTRADAS NOS DICIONÁRIOS ESCOLARES

Geordana Borges – UFU/FAPEMIG Eliana Dias – UFU

As entradas são as palavras destacadas no dicionário, organizadas alfabeticamente (modo de organização mais empregado nos dicionários de língua) e geralmente escritas em negrito, com um leve recuo e alinhamento à esquerda. Elas podem vir com divisão silábica ou não, dependendo da obra de referência em questão. Mas nem sempre a ordem alfabética das entradas foi o critério de organização mais utilizado. Segundo Genouvrier e Peytard (1974) as entradas podem ser organizadas pela classificação etimológica, em que existe o agrupamento de todas as palavras de uma mesma família em torno da palavra primitiva. Segundo o que consta no Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa Caldas Aulete uma entrada “é o vocábulo em análise. Ela aparece em negrito e abre o verbete que contém as informações a ele relativas.”. Já o Dicionário Aurélio Júnior: dicionário escolar da língua portuguesa conceitua a cabeça ou a entrada do verbete como aquilo que vem sempre em negrito e azul (a cor é uma particularidade desse dicionário escolar), apresentando seu texto com um leve deslocamento à esquerda, para que ele tenha mais destaque. O minidicionário Houaiss apresenta o conceito de entrada de maneira mais elaborada e detalhada, explicando ao leitor-estudante que “a entrada é a palavra, locução, sigla ou elemento de composição (prefixo ou sufixo) que abre o verbete, sendo objeto de definição e/ou de informação.”. Fato interessante e importante é o de que todos os três dicionários analisados nessa pesquisa (Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa Caldas Aulete, Dicionário Aurélio Júnior: dicionário escolar da língua portuguesa e Minidicionário Houaiss da língua potuguesa) apresentam o conceito de entrada para os jovens leitores, mesmo que de maneira bastante simples e direta, fazendo com que se crie, por parte desses leitores, uma ideia elementar organizacional, bem como uma ideia científica e teórica do item lexicográfico dicionário e de suas particularidades. Nos três dicionários escolares analisados há um espaço destinado à explicação de como as entradas, os lexemas - parte de uma palavra que possui uma unidade mínima com significado lexical – presentes em cada obra estarão constituídos e apresentados, ou que tipo de sistema organizacional foi utilizado naquele espaço lexicográfico. E a análise contida nessa pesquisa está pautada em como as entradas estão constituídas nos referidos dicionários escolares.

ANÁLISE DA HETEROGENIEDADE DENTRO DA REPORTAGEM DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

Lorena Rosa Quiles de Oliveira – UFG

Eliane Marquez da F. Fernandes – UFG Este artigo de cunho teórico-analitico aborda a análise de uma reportagem do jornal diário da manhã com base no pensamento de Bakthin sobre o que diz respeito á reflexão e refração. Os objetivos é mostrar o quanto um ‘eu’ enuncia e logo reflete varias possibilidades de interpretações. O sentido de cada enunciado não esta relacionado ao comportamento do locutor ou ouvinte, e sim com a interação do enunciado e a enunciação. Bakhtin considerava que cada enunciado tem varias possibilidades de interpretações. Dessa forma, Bakthin diz que cada enunciado é um novo enunciado. Levando o dito em consideração, a analise será da reportagem sobre uma receita simples e infalível onde encontramos o conceito de reflexão e refração aplicado no texto e de que a enunciação é colocar a língua em funcionamento por um ato individual de utilização. A metodologia de investigação liga-se à pesquisa bibliográfica de textos e à exemplificação. Os resultados parciais indicam que o enunciado a cada refração está sujeito a várias interpretações, dependendo do âgulo que se encontra o receptor da mensagem.O contexto segundo Bakthin contribuiu para o sentido dos

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enunciados, e a reportagem do jornal diário da manhã vai mostrar exatamente como um mesmo texto tem varias vozes e a um novo dizer um novo sentido. ANALISE DA ORDEM SENTENCIAL EM CHRÓNICA DE EL-REI D OM JOÃO I E SUA

RELAÇÃO À ORDEM CANÔNICA DO LATIM CLÁSSICO

Juan Alberto Bobba – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito ao estudo da ordem sentencial na “Chrónica de El-Rei Dom João”. O pressuposto é o de que a ordem, no português arcaico é permeada por resquícios da ordem do latim, canonicamente SOV. Logo, eleger um padrão em uma oração subordinada como, SV+ CONJ.+ O+ Adv+ V, por exemplo, estaria relacionado à acomodação de parâmetros remanescentes no processo de formação dialetal de uma língua sintética (latim) para outra analítica (português). A justificativa deste trabalho é a de conhecer as origens da sintaxe do português arcaico, de modo a dar suporte sintático na formação das restantes línguas românicas e, como consequência, compreender a diversidade e as transformações das estruturas sintagmáticas. O objetivo geral é investigar os padrões de ordem recorrentes em obras históricas do português arcaico e contemporâneo. Os objetivos específicos são investigar a localização dos adjuntos adverbiais nas orações subordinadas, entender os motivos dessa localização e analisar as irregularidades do uso de pontuação e conetivos de forma de verificar a coesão e a coerência. A metodologia da pesquisa está baseada na concepção gerativista da linguagem com foco nos Princípios e Parâmetros propostos por Chomsky. Os dados serão analisados quantitativa e qualitativamente, com base em autores gerativistas, como KATO (1999), RAMOS (1999), MATTOS E SILVA (1994 ), entre outros. Na análise quantitativa, serão computadas as ocorrências dos padrões de ordem possíveis de ser distintos na língua e visíveis na obra analisada a fim de saber o padrão recorrente. ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS DIDÁTICAS FOCADAS NOS GÊNE ROS DO DISCURSO

NO ENSINO MÉDIO

Alessandra Goulart D’Avila – UNIPAMPA/PIBID/CAPES Margaret Barbosa Cortez – UNIPAMPA/PIBID/CAPES

Fernanda Cavalheiro Granato – UNIPAMPA/PIBID/CAPES Liane Barreto Silva – UNIPAMPA/PIBID/CAPES

Nathan Bastos de Souza – UNIPAMPA/PIBID/CAPES Eliana Silveira Rosa – PIBID/CAPES

Fabiana Giovani – UNIPAMPA Este trabalho tem por objetivo analisar as experiências didáticas de um grupo de bolsistas do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) da área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Foram aplicadas oficinas com duração de oito horas/aula de prática, que focaram o trabalho com os gêneros do discurso, em um primeiro ano de ensino médio de uma escola estadual na cidade de Bagé-RS. Os gêneros discursivos explorados foram: carta, charge, narrativa e texto teatral. O plano de ensino sobre cartas, “Gênero textual cartas: descobrindo autores no ensino médio”, buscou conhecer o gênero e tornar o aluno autor de cartas. Apresentamos as cartas dos diferentes tipos e a meta principal foi reconhecer e diferenciar os tipos de cartas e trabalhar com atividades orais e escritas. Na proposta sobre charges, “Questões sociais representadas através da Charge”, apresentou-se uma sequência didática com o intuito de incentivar a leitura e a produção textual com ênfase nas linguagens verbal e não verbal, além de trabalhar com a criatividade, a atenção e desenvolvimento de um aluno crítico

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frente a sociedade em que vive. Já, no plano de ensino sobre narrativas, “Aventuras mitológicas na produção de narrativas”, procuramos estabelecer um diálogo entre o mito clássico e a produção de textos narrativos na atualidade. Nessa prática, enfatizamos a leitura, a interpretação e a produção textual como fruto desse processo. Completando, o projeto intitulado “A sala de aula como espaço de interação social a partir do gênero texto teatral”, teve o objetivo principal de despertar o interesse pela leitura explorando o gênero texto teatral através da interpretação e compreensão de textos através de leituras dramáticas. Como base teórica, tivemos o princípio dialógico da linguagem e os gêneros discursivos que propõe Bakhtin (2003), o interacionismo proposto por Vigotsky (1989), a ênfase na curiosidade epistemológica que propõe Freire (2011) e o trabalho com o texto que propõe Geraldi (2004). Os resultados foram satisfatórios, pois conseguimos retirar o aluno da posição de “escritor de redação”, prática descontextualizada e pautada na atribuição de notas, para o colocarmos na posição de “produtor de textos”, que são expostos para a comunidade escolar e tem uma função social mais demarcada. Igualmente, conseguimos aumentar os níveis interpretativos nas turmas em que atuamos e os números de leitura. Palavras chaves: diálogo, gêneros do discurso, texto na sala de aula. ANÁLISE DAS QUALIDADES DISCURSIVAS UNIDADE TEMÁTICA E CONCRETUDE

NA PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA DE ALUNOS DO 9ºANO DO E NSINO FUNDAMENTAL

Ana Aline Moreira Frich – FACALE/UFGD

Regiane Ferreira Araujo Rodrigues – FACALE/UFGD Rute Izabel Simões Conceição – FACALE/UFGD

Demonstraremos neste trabalho os resultados parciais de uma pesquisa-ação que analisa o processo de construção do conceito das qualidades discursivas unidade temática e concretude (GUEDES, 2004) em textos escritos e rescritos por alunos do Ensino Fundamental II, 9º ano. Para a geração dos dados, foi aplicada uma proposta de ensino de produção textual com enfoque no desenvolvimento dos aspectos discursivos do texto em que os alunos deveriam produzir texto sob o tema “relato de uma emoção forte”, inicialmente sem intervenções do professor, cujo texto em primeira versão foi utilizado para o diagnóstico inicial. A partir do diagnóstico, foram trabalhadas as qualidades discursivas em questão e os alunos foram incentivados a reescreverem seus textos com vistas promover a melhoria qualitativa das produções escritas. Durante a experiência, procurou-se levar os alunos a modificarem a visão que têm de que a produção textual é mera realização de uma tarefa escolar. Procurou-se despertar o interesse dos alunos pela produção textual escrita, tendo como base o trabalho com quatro qualidades discursivas: unidade temática, objetividade, questionamento e concretude (GUEDES, 2004), sendo que duas delas serão objeto de análise neste trabalho, visto que o recorte para esta apresentação recaiu na análise comparativa das qualidades discursivas unidade temática e concretude em 5 versões escritas e reescritas por uma escrevente sujeito da pesquisa. Este trabalho está inserido no conjunto de estudos realizados no âmbito da pesquisa “Ensino-aprendizagem da escrita: estudo da didática da reescrita e de seu impacto na qualidade textual”, em andamento no Curso de Letras/FACALE/UFGD. Os resultados parciais apontam para o fato de que, após cinco encontros, embora ainda com algumas dificuldades, a escrevente cujo texto foi analisado neste trabalho apresenta sensível melhora na qualidade discursiva de sua escrita textual.

ANÁLISE DE PRODUÇÕES ORAIS DE FALANTES NATIVOS DO P ORTUGUÊS BRASILEIRO NA ARTICULAÇÃO DE FONEMAS DA LÍNGUA INGL ESA

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Juliana Libório Rodrigues – FACALE/UFGD

Simone Ferreira Cidade – FACALE/UFGD Rute Izabel Simões Conceição – FACALE/UFGD

Com este trabalho pretendemos contribuir para o aprofundamento dos estudos a respeito das dificuldades que os professores de Língua Inglesa (LI), falantes nativos do português brasileiro (PB), apresentam na articulação de certos fonemas de língua inglesa. Pretendemos também avaliar em que medida essas dificuldades influenciam na formação de futuros professores de LI. Para a realização da investigação, buscamos fundamento teórico nos estudos da Fonética Articulatória, tanto do português brasileiro quanto do inglês americano. O recorte da questão recaiu sobre a investigação teórica a respeito da descrição de casos de pronúncia dos fonemas da Língua Inglesa considerados “difíceis” para falantes nativos do português e sobre a análise do diagnóstico inicial das produções orais, gravadas em áudio, de professores de Língua Portuguesa/Lingua Inglesa em formação matriculados no curso de Letras-Inglês da Faculdade de Comunicação Artes e Letras (FACALE) da Universidade Federal da Grande Dourados. Os sujeitos participaram de uma oficina ministrada no laboratório de Línguas da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras/UFGD, cujo foco da oficina voltou-se para o estudo do papel da pronúncia na qualidade da comunicação oral do professor de língua inglesa falante nativo do PB. Ao final da oficina foi realizado um teste para efetuar a análise comparativa dos dados entre a fase de diagnóstico inicial e a fase final da oficina para que se avaliasse em que medida houve ganhos qualitativos. ANÁLISE DE TIRINHAS DA PERSONAGEM MAFALDA NA PERSPE CTIVA TEÓRICA

DE BENVENISTE

Daihany Silva de Araújo – UFG Eliane Marquez da Fonseca Fernandes – UFG

Abordaremos a linha de pensamento de Benveniste, que em seus textos explica que a Enunciação é o colocar a língua em movimento em uma manifestação individual carregadas de um conjunto de vozes que nos cercam para nos expressar sempre com a presença de um (eu – tu ), que tomam para si e fazem a utilização da língua para compreender ou se inserir em determinada situação fazendo-se entender e ser entendido com a utilização e atualização de palavras com diferentes significados que a elas o locutor atribui, com a intenção de chegar a seu alocutário e para exemplificar este pensamento de Émile, utilizaremos uma tirinha da personagem Mafalda. Olhando nosso exemplo pode se ver claramente que nossa personagem assim como toda criança, tem uma curiosidade em abrir um livro e se deparar com uma nova história, porém ao ler percebe que mesmo que mudem os personagens a ideologia são as mesmas onde monstros comem criança por algum motivo, sentindo se lesada, ela reclama e faz uma crítica a literatura infantil. Contexto onde se nota claramente a presença de todos os elementos que são citados na linha de estudos de Benveniste, onde cada leitor pode interpretar da forma que melhor entender o ato enunciativo não só de Mafalda, mas também de vários outros atos.

ANÁLISE DISCURSIVA COM PRINCÍPIOS FOUCAULTIANOS E B AKHTINIANOS: O DIALOGISMO ENTRE OS DISCURSOS SÓCIO-POLÍTICOS PRODUZIDOS ANTES E

PÓS RIO+20 COM O DOCUMENTO OFICIAL DA CONFERÊNCIA

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Danielle Marques Gomes – UEAP/CNPQ Francesco Marino – UEAP

O presente trabalho trata-se de uma análise dialógica entre discursos políticos produzidos antes e pós a realização da Rio + 20, relacionando os mesmos com o documento oficial que foi produzido no encerramento desta importante conferência entre as nações. Esta investigação tem como intuito analisar as principais falas produzidas neste contexto e divulgadas pelas mídias. A presente pesquisa esta vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 2012-2013-PIBIC/CNPQ/UEAP. O estudo em questão tem como objetivos: Analisar o discurso sócio-político do documento oficial da Rio+20, diagnosticar as intenções persuasivas nas notícias veiculadas referentes à importância da conferência, utilizar os princípios foucaultianos e baktinianos para interrelacionar os discursos e o contexto no qual eles foram produzidos, descrever as estratégias discursivas e os mecanismos que configuram o documento final da conferência. Para a abordagem do dialogismo e a análise dos discursos sócio-políticos, estão sendo usados como embasamento teórico os princípios foucaultianos e baktinianos. A investigação é do tipo exploratória, este caso ocorrerá pois, a pesquisa visa o aprimoramento de ideias, analisando criticamente a temática ambiental por meio de estudo bibliográfico que recorram de maneira primordial aos pressupostos de estudiosos da linguagem discursiva como Bakhtin e Foucault. Esse trabalho também é classificado como explicativo, já que a análise do dialogismo dos discursos e interesses supostamente ambientais servirá como fundamento para explicar a redação final do documento resultante da Rio +20. A pesquisa proposta possui relevância, porque além de oportunizar aos sujeitos receptores do discurso em questão uma formação política na sociedade, também fará com que os mesmos percebam de maneira eficaz a importância do conhecimento discursivo. Portanto, espera-se com a investigação resultados científicos que contribuam para a formação social e construção ideológica dos estudiosos da linguagem.

ANÁLISE POLISSEMICA DO VERBO “PEGAR” E A VARIAÇÃO D E SUAS PROPRIEDADES SEMÂNTICAS

Monique Vieira Miranda – UFV

Aparecida de Araújo Oliveira – UFV Nesse artigo propomos uma análise dos diferentes sentidos do verbo pegar, com ênfase nos argumentos e nas suas propriedades semânticas. Selecionamos alguns usos desse verbo de um conjunto de obras de romances e crônicas do autor Luis Fernando Veríssimo, para trabalharmos. De forma que não foram todos os sentidos existentes do verbo analisados, sendo oito deles retirados dessas obras e outros dois formulados, a partir de situações cotidianas, para melhor ilustrar a proposta. Explica-se, neste trabalho, a relevância do papel temático na análise de sentenças, suprindo uma deficiência da gramática tradicional. Como este é um tema bastante divergente, quanto à sua caracterização, na literatura, optamos por trabalhar com a classificação dos papéis temáticos proposta por CANÇADO (2008), assim como seu conceito de propriedades semânticas dos argumentos, CANÇADO (2005), em que ela propõe regras de projeção entre a sintaxe e a semântica a partir dessas propriedades (controlador, afetado, estativo e desencadeador), que substituiriam os papéis temáticos. Sabe-se da importância dos papéis temáticos na análise gramatical, e, assim, na compreensão das sentenças em geral, embora isso seja algo que nós, nativos da língua, fazemos automaticamente. Para ilustrar: sabe-se que há o verbo pegar com o sentido de “adquirir algo por contágio”, como na frase “Peguei uma terrível gripe neste final de semana”. O argumento grifado não pode ser substituído por algo que não seja uma doença, caso contrário mudar-se-ia o sentido do verbo naquele contexto. Essa é uma experiência que um leigo poderia perceber. Avaliaremos, neste trabalho, a veracidade dessa teoria em função das propriedades semânticas proposta pela autora mencionada. Com base nisto, no exemplo dado, o argumento

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grifado se classificaria como desencadeador da ação, de forma que para o sentido do verbo ser mantido, apenas outro argumento com a mesma propriedade poderia substituí-lo. Conclui-se com este trabalho, que essas características dos argumentos de um verbo, não são escolhidas aleatoriamente, e implicam que diferentes propriedades podem, e em geral resultam, em outros sentidos. Comprovamos isso de maneira mais simples e prática possível, que foi analisando os diferentes sentidos de um mesmo verbo, e as diferentes propriedades semânticas que seus argumentos acarretam.

ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA DE FIGURAS DE CO NTEÚDO EM NARRATIVAS DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FORMAÇÃO

Blanca Flor D. M. Mejia – FACALE/UFGD

Rute Izabel Simões Conceição – FACALE/UFGD Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados parciais de uma investigação acerca da análise do uso de figuras de linguagem e dos efeitos de sentido causados em 22 textos (10 narrativas escritas e 12 narrativas reescritas) produzidos por professores de Língua Portuguesa em formação, participantes de um Curso de Especialização em Linguística oferecido pela Universidade Federal da Grande Dourados. As produções foram escritas na disciplina “Produção Oral e Escrita no Ensino”, oferecida no ano de 2009, na Faculdade de Comunicação, Artes e Letras. Após o trabalho em sala de aula, realizado com o objetivo de promover a melhoria da qualidade discursiva nos textos produzidos pelos sujeitos participantes, promoveu-se a análise comparativa a respeito do uso de figuras de linguagem na primeira e na última versão reescrita para três temas propostos durante a experiência vivenciada pelos sujeitos: Apresentação pessoal, Relato de uma emoção forte e Descrição de um tipo de pessoa. O foco da análise comparativa recaiu na detecção da presença/ausência de figuras de conteúdo (metataxes, metassemas e metalogismos) e da classificação das figuras em subgrupos, de acordo com o efeito de sentido provocado (elipse, epíteto, zeugma, polissíndeto, paralelismo, metonímia, sinédoque, metáfora, catacrese, comparação, antítese, eufemismo, personificação). Os resultados apontam que houve perceptível acréscimo do número de figuras de conteúdo na última versão dos textos reescritos e uma equivalente melhoria na qualidade discursiva das narrativas.

ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DA FALA DE ALUNOS DO PROGR AMA BRASIL ALFABETIZADO

Daniele Oliveira de Souza – UFBA

Kyssila Pabline Gomes Franz – UFBA Lidiane Xavier Sudré – UFBA

Sandra Carneiro de Oliveira – UFBA ]

O Brasil Alfabetizado é um programa do Governo Federal criado em 2003 para atender adultos e idosos que não tiveram oportunidade de estudar na fase da infância e da adolescência, devido a diversos fatores. Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise sociolinguística da fala dos alunos do Programa Brasil Alfabetizado, estudantes do Colégio Municipal Deputado Juarez de Souza, localizado no município de Barreiras- BA, a fim de refletir sobre a relação entre língua, poder e diversidade cultural. Para o estudo foram realizadas entrevistas semi-estruturadas (gravações), e a “observação participante” de uma das aulas da turma. Com base na metodologia dos contínuos (BORTONI-RICARDO, 2004), buscou-se identificar o grau de monitoramento, as variantes linguísticas presentes na fala dos alunos e o valor atribuído pelos próprios falantes a certas variantes linguísticas que utilizam. Segundo Bortoni-Ricardo, traçando-se uma linha imaginária que

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vai da ponta das variedades rurais isoladas, passando pela área rurbana até o outro extremo onde se situam as variedades urbanas padronizadas é possível localizar qualquer falante do Português Brasileiro. Partindo dessa ideia, situamos a fala dos alunos do Programa Brasil Alfabetizado no pólo rurbano do contínuo, pois percebemos a ocorrência de variantes da norma popular, das variedades rurais isoladas e algumas da norma padrão. Os alunos entrevistados, assim como, vários brasileiros das classes menos favorecidas da sociedade, falam de acordo com a norma popular da língua, principalmente devido a falta de acesso a educação básica, a ausência de práticas de letramento e também por trazerem consigo os aspectos sociolinguísticos da cultura rural para os centros urbanos. O resultado mostra que os alunos são conscientes do estigma que recai sobre a norma popular que empregam e sobre eles próprios, pessoas que “falam errado”, que não sabem ler e escrever, por isso são “como cegos”. ANTÔNIO VIEIRA E LOPES BOGÉA: UM OLHAR SOBRE OS PRE GÕES DE SÃO LUÍS

Katiellen Andrade de Sousa – UFMA Lívia Fernanda Diniz Gomes – UFMA

Sonia Regina de Abreu Moreira – UFMA Conceição de Maria de Araujo Ramos – UFMA

A cultura popular brasileira, sobretudo a maranhense, é caracterizada pela diversidade – variedade de cores, sons, ritmos, sabores e falares, apresentados em manifestações folclóricas. Ao lado dessas manifestações culturais, embora bem menos conhecida, está a prática de compor pregões para anunciar produtos no comércio, com o intuito de conquistar a freguesia. Ao som de rimas criativas embaladas por músicas leves e despretensiosas, os pregoeiros movimentaram o comércio maranhense do século XIX. Embora tenham contribuído para a formação da identidade cultural e econômica do Estado, atualmente pouco se sabe acerca da origem e importância dos pregoeiros. Considerando esta realidade, este estudo tem por objetivo registrar a história dos pregoeiros, bem como sua rotina de produção e venda, por meio da análise dos seus pregões. O estudo, que tem como foco a relação língua / cultura, seguiu os princípios teórico-metodológicos da Etnolinguística. A amostra utilizada neste trabalho é constituída por quinze pregões do corpus obtido a partir do registro feito por Bogéa e Vieira, na década de 80, em São Luís. A análise se volta para a língua tentando apreender, a partir desta, a realidade cultural de São Luís e o fazer dos pregoeiros. Os resultados evidenciam o uso marcante da metalinguagem referente ao próprio ato de vender; de vocativos e linguagem informal, que contribuem precipuamente para persuadir a clientela; da ocorrência de hipérbato, com o intuito de enfatizar o produto apregoado, e de incisiva repetição da mercadoria apregoada a fim de dar ênfase ao produto posto à venda, como observado nos pregões a seguir: “Quando o dia amanhece/Saio gritando o meu pregão/Meu pregão é a minha prece/Prece, vida, meu irmão.”; “Seu José, seu Portela/Venham comer pamonha/feita pela Nhá Ela.” e “É o derresó, é o derresó, minha gente, que estou vendendo”. As escolhas lexicais feitas pelos pregoeiros dão ao conhecer informações sobre a preparação dos produtos e dos utensílios utilizados em sua venda: “Minha irmã/Quem rala o coco/Mãe Zabé que rala o milho/Eu me encarrego da lenha/A Francisca da cozinha/Mas, na hora do tempero/Quem tempera é a Dindinha”, “Uma palha de Juçara/Ela sempre traz à mão/Grossa rodilha à cabeça/Pra firmar o panelão/Um prato grande de estanho/Tapando a mercadoria/Xícara pequena com asa/Pra servir a freguesia.”. Como se pode constatar, a análise da língua usada pelos pregoeiros – os arranjos linguísticos, a seleção lexical – é fundamental para entender-se como o grupo social, foco deste estudo, lê / interpreta o universo em que se insere.

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AS FORMAS IMPERATIVAS EM ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS DE JORNAIS PORTUGUESES: UM FENÔMENO EM VARIAÇÃO?

Larissa Campoi Peluco – IC/UFTM

Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/CNPq Esta pesquisa tem como objetivo central investigar se existe variação no uso das formas verbais em situações imperativas em anúncios publicitários extraídos de jornais portugueses escritos a partir de 2001. Muitas obras chamam de “formas próprias (ou imperativo verdadeiro)” do imperativo, construções como “olha”, “abre” e “faz” em frases diretivas sem sujeito superficial, como, por exemplo: “Olha para menina!/Abre a porta! /Faz a tarefa!”. Além disso, para a expressão de atos diretivos afirmativos singulares com marca discursiva de respeito ou para atos diretivos negativos, também sem sujeito superficial, é apontado o emprego de formas do modo subjuntivo, denominadas de “formas supletivas” (por exemplo, Mateus et al, 2003, p.254-256; p.451-460). Investigações sobre o Português Brasileiro (PB), das regiões Sudeste e Centro-Oeste, evidenciam que a frequência de uso do imperativo verdadeiro (olha, abre, faz) na fala espontânea é de aproximadamente 90% (Scherre et al, 1998; Neta, 2000; Ferreira e Alves 2001; Silva, 2003; Lima 2005; Sampaio, 2004, etc). Na região Nordeste, pesquisas apontam que esse emprego varia de 50%, a 70% dos casos (Sampaio, 2001; Alves, 2001; Jesus, 2006). Na região Sul, há resultados que indicam a predominância de imperativo verdadeiro em Florianópolis (100%) e de imperativo supletivo em Lages, 79% (Bonfá, Pinto e Luiz, 1997). Em relação ao Português de Portugal (PP), gramáticas como de Mateus et al (2003, p. 449-460), sugerem que a forma imperativa padrão apresenta duas características do imperativo verdadeiro: (i) morfologia distinta do modo indicativo (Imperativo: Diz tudo - 2ª pessoa do singular / Indicativo: Dizes tudo - 2ª pessoa do singular); (ii) ocorrência exclusiva em frases afirmativas, ou seja, impossibilidade gramatical de negar o imperativo verdadeiro (Imperativo em construções afirmativas: Diz tudo o que sabes sobre o assunto! / Imperativo em construções negativas:*Não canta! - forma supletiva: Não cantes!). Em relação à ordem do clítico ao verbo no Portguês de Portugal, para Mateus et al (2003), sempre aparece em segunda posição (Deixa-me descansar!). Partindo desses – e de outros – apontamentos, buscamos verificar qual a forma imperativa mais frequente no Português de Portugal escrito contemporâneo. Para isso, montamos um corpus composto por anúncios publicitários escritos extraídos de jornais portugueses online publicados a partir do ano de 2001. Partimos de estudos como de Pombal (2003), que sugerem que o gênero textual “anúncio publicitário” apresenta alguns usos linguísticos considerados inovadores dentro da língua devido a sua abertura para um texto menos formal, de acordo com a situação e a necessidade do falante, o que demonstra sua força e relevância como forma de expressão viva da língua portuguesa. Verificamos também quais contextos linguísticos discursivos favorecem o uso de uma forma ou outra. Conhecer quais são as variações presentes no Português de Portugal atual contribui no levantamento de características peculiares da escrita desta comunidade, além de possibilitar comparações com o Português Brasileiro.

AS LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: PERÍODO PÓS-CO LONIAL

Maria das Neves Jardim de Deus – PUC/GO Lacy Guaraciaba Machado – PUC/GO

Neste trabalho analisa-se a representação e a identidade cultural dos personagens nas obras de Mia Couto terra sonâmbula e Eça de Queiroz primo Basílio tendo como suporte teórico Tânia Carvalhal, Stual Hall, BellaJozef, Lefebve entre outros. Numa abordagem comparativa, estão sendo evidenciando dois planos: o da construção da história e o da narrativa, a partir da voz narradora e da manifestação das personagens. A representação trabalha no mundo operado numa linguagem histórica e necessariamente influenciada pela realidade social da época. Devido ao seu caráter

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intuitivo, a linguagem apresenta caráter eminentemente simbólico e alegórico. No âmbito da representação a literatura busca a realidade, mas ao mesmo tempo foge dessa mesma realidade para representá-lo depois na ficção.

AS TRÊS FACES DO AMOR EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Evany Ribeiro Miranda – UFT Olívia Silva – UFT

Essa apresentação em pôster discute sobre o amor na obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, privilegiando a visão masculina, em especial do personagem Riobaldo em relação às personagens Reinaldo (Diadorim), Otacília e Nhorinhá. Publicada em 1957, essa obra retrata a vida dos jagunços, suas aventuras, o mistério, a traição, os conflitos, a amizade, a paixão e o amor. Este último sendo evidenciado de forma predominante. Em Grande Sertão, o personagem-narrador, Riobaldo relaciona-se afetivamente com três personagens femininas: Diadorim, Nhorinhá e Otacília, no qual o amor se apresenta de formas distintas. Com uma dessas personagens, o amor está relacionado ao amor físico, a outra ao amor puro e espiritual e por fim a um amor proibido e misterioso. Para Riobaldo, Diadorim é mais que um amigo, é um amor reprimido, misterioso e impossível. Ele (a) é a causa de grandes conflitos do narrador por ser o objeto de desejo e nojo em função de sua aparente sexualidade. Nhorinhá é prostituta e representa o amor físico e ao mesmo tempo afetuoso. O seu caráter profano e voluptuoso seduz Riobaldo. Gostava de Nhorinhá porque não era mesquinha e todos os homens porfiavam por estar com aquela linda prostituta que, de acordo com o narrador, ao entregar-se sexualmente para todos os homens e estes sempre a desejando, considerava-a de grande valia. Já Otacília é o amor delicado, sentimental, sagrado e sem mácula. A imagem dela é evocada pelo narrador quando se encontrava saudoso durante sua vida de jagunço. Momento em que pensava em sair da vida de jagunço, levar uma vida de cidadão comum, lembrava-se dessa moça que, de acordo com ele, serviria para ser a mãe de seus filhos. Na obra, Riobaldo perde o contato com Nhorinhá, e por muito tempo vive jagunceando ao lado de Diadorim desejando-a, sem nunca ser correspondido e em uma terrível batalha é morta. O narrador sofre muito com a perda da amada, e o que lhe consola é o amor por Otacília com quem se casa. Trata-se de três personagens que, desde o início da nossa civilização, a literatura procura representar. Elas se diferenciam na forma de ser socialmente, convivem em classes díspares e são desejadas e amadas cada qual na sua especificidade. ASPECTOS DO POSICIONAMENTO DISCURSIVO DE CHICO BUAR QUE NO CAMPO

DA MPB: ANALISE DE CANÇÕES DE CARATER POLITICO

Marihá Mickaela Neves Rodrigues Lopes – UFU/PET MEC/SESu Fernanda Mussalim Guimarães Lemos – UFU

Pautada na Analise do Discurso (AD) de linha francesa, a pesquisa tem como objetivo analisar algumas canções de caráter político do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda, produzidas em período ditatorial. Temos como corpus um CD em homenagem aos cinquenta anos de Chico Buarque nomeado: "50 anos Chico: O político", neste CD encontramos uma seleção de suas músicas do período ditatorial. A escolha por este corpus de análise se deu em função do objetivo da pesquisa, a saber, analisar o posicionamento político deste artista no campo da MPB a partir de suas canções. Nossa análise será feita seguindo orientação teórica de Dominique Maingueneau, apresentada em seu livro Gêneses dos discursos (2008). Segundo o qual Dominique Maingueneau postula o conceito de semântica global. O autor concebe o discurso como prática discursiva, e busca explicar seu funcionamento formulando hipóteses sobre sua semântica.

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AUTORIA EM TEXTOS DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Ricardo Sanchez Assan – UFTM/CAPES Luana Noleto – UFTM/CAPES

Jauranice Rodrigues Cavalcanti – UFTM Através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), ligado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), oferecemos, na Escola Estadual Minas Gerais em Uberaba (MG), ao longo de dois semestres, oficinas como parte do subprojeto de Língua Portuguesa (2011) que tem como propósito o aprimoramento da competência textual, em especial a escrita de textos da ordem do argumentar. Durante esse período, observamos que uma das maiores dificuldades dos alunos (de primeiro e segundo anos do Ensino Médio) é de assumirem-se como autores, isto é, construírem textos que revelem um posicionamento acerca do tema discutido, construção decorrente de um trabalho com os recursos expressivos que a língua oferece. Tal constatação nos levou a reunir um corpus constituído de textos produzidos a partir da proposta do ENEM 2011, “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado” a fim de investigar os indícios de autoria neles presentes. Observamos casos em que há indícios de autoria, como no seguinte trecho: “As redes sociais estão dominando a rede, jovens, adultos e idosos, ninguém escapa dessa explosão de tecnologia, pessoas cada vez mais estão criando perfils principalmente no Facebook e permanecem conectadas durante horas todos os dias, não fazer parte das redes sociais, é como não ter uma identidade”. Podemos ressalvar, então, que o aluno apresentou, curiosamente, uma anáfora (criativa, a propósito) para se referir a “redes sociais”: explosão de tecnologia. O referente garante que o autor considera a criação das redes sociais como um grande feito, um avanço. Adiante, notamos a afirmação “não fazer parte das redes sociais, é como não ter uma identidade” que, por sua vez, também impõe a opinião do aluno-autor. A análise fundamentou-se nos estudos desenvolvidos por Possenti (2009), para quem, "pode-se dizer provavelmente que alguém se torna autor quando assume (sabendo ou não disso) fundamentalmente algumas atitudes: dar voz a outros enunciadores, manter distância em relação ao próprio texto, evitar a mesmice, pelo menos” (p.110). Os resultados parciais da pesquisa revelam, no geral, ausência de marcas de um autor nos textos analisados. Quando é possível identificá-las, aparecem na remissão por meio de descrições nominais, que imprimem orientações argumentativas aos enunciados em que se inserem. BREVE ESTUDO SOBRE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM TEXTOS D ISSERTATIVOS DE

ALUNOS XERENTE DO ENSINO MÉDIO BÁSICO

Maisa Coelho Parente – UFT Odair Giraldin – UFT

Juscéia Aparecida Veiga Garbelini – UFT O povo Akwẽ Xerente se localiza na cidade de Tocantínia-TO. A língua akwẽ pertence à família Jê Central do tronco linguístico Macro-Jê (RODRIGUES, 1986). Este trabalho tem como objetivo analisar caso de concordância de gênero e número em produções textuais em português por alunos indígenas Xerente da 3° série do Ensino Médio no Centro Educacional Fé e Alegria Frei Antônio; assim como refletir com os referidos alunos sobre o evento estudado, estabelecendo mediação sobre a construção de enunciados em língua portuguesa. O trabalho desenvolveu-se em campo, nas aldeias Salto (Kripe) e Porteira (Nrôzawi) e em visita ao Centro Educacional Fé e Alegria Frei Antônio, em Tocantínia, Tocantins, para coleta de textos dissertativos elaborados por 06 (seis) alunos Xerente que estudam no 3° Ano do Ensino Médio Básico. A base teórica ancorou-se em pesquisa bibliográfica sobre o tema em foco, (SOUSA FILHO, 2007; BORTONI-RICARDO, 2004; TARALLO, 2002; NASCIMENTO, 2012; MOLLICA E BRAGA, 2003; CARVALHO, 2009;

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CALLOU & LEITE, 2001). Em: “Nas aldeia”, por exemplo, à variável < s > de marcação de plural correspondem duas variantes: presença do segmento ([s]) e sua ausência ([∅]). Por ser a palavra “aldeia” bimorfêmica, favorece ainda mais a ausência do segmento ([s]) (TARALLO, 2002). “Existem com seu mode de viver, e com sua cultura (...)”. “Mode” é a forma arcaica da palavra “modo”, esse arcaísmo é mais usado na zona rural e raramente pronunciado pelos falantes da zona urbana. O uso por esse aluno se explica porque muitos desses, mesmo aqueles que estudam na cidade residem na zona rural, onde essa variante e usada de forma mais intensa. Espera-se com a análise de casos de variação linguística em situação de contato: a língua portuguesa e a língua akwẽ-xerente, apresentar uma contribuição, ainda que pequena, à área de sociolinguística.

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE ABREVIATURAS NO LIVRO DE BATISMO DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA MÃE DE DEUS (1837-1838)

Maiune de Oliveira Silva – UFG/CAC

Maria Helena de Paula – UFG/CAC/FAPEG Objetiva-se com esse trabalho expor resultados parciais da pesquisa de iniciação científica intitulada “Abreviaturas no livro de registros de batizados da paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus (Maio de 1837 a setembro de 1838): estudo preliminar”, o qual faz parte de um projeto maior: “Em busca da memória perdida: estudos sobre a escravidão em Goiás”, tendo como coordenadora a Professora Doutora Maria Helena de Paula, com o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás-FAPEG. O nosso material de estudo é um livro de batizados da paróquia supracitada que foi exarado entre maio de 1837 e setembro de 1838, e registra batizados de negros escravos, de seus filhos e ainda filhos de outros moradores da Villa do Catalaõ. Temos, como hipótese inicial, que as abreviaturas encontradas no códice devem-se à numerosa quantidade de registros que ficavam sob a responsabilidade do vigário Francisco Matozo Xavier chegando a mais de um por dia. Para compreender as abreviaturas (que palavras foram mais abreviadas, em que contexto a abreviatura é mais recorrente, que abreviaturas ocorrem) no códice, realizamos a leitura e a edição semidiplomática sob as regras postuladas por Megale e Toledo Neto (2005). A edição semidiplomática, por prever a indicação em itálico das formas que foram desenvolvidas, é passo importantíssimo para a compreensão do contexto de escrita e, sobremaneira, para o desdobramento das abreviaturas. Posteriormente, foi feito um inventário, a fim de indicar possíveis justificativas para o uso das abreviaturas recorrentes no livro. Ademais, foi imprescindível a leitura dos livros de Acioli (2003) e Flechor (1991) que nos guiaram sobre a interpretação da escrita utilizada no período colonial brasileiro e também no desenvolvimento das formas abreviadas.

COMO FACILITAR O DOMÍNIO DA ESCRITA EM PRODUÇÕES TE XTUAIS UTILIZANDO COMO PARÂMETROS PRINCIPAIS OS ELEMENTOS TEXTUAIS

COESÃO E COERÊNCIA?

Juliana Leite Do Nascimento – UEA/CAPES Cleaná Maysa Lima Nunes – UEA/CAPES

Dênis Michel Nogueira Do Nascimento – UEA/CAPES Renata Nobre Tomás – UEA/CAPES

O presente trabalho tem como finalidade apresentar a experiência de ensino de produção textual com ênfase para os elementos textuais coerência e coesão. Este estudo, realizado através do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), buscou aplicar uma metodologia que facilitasse a compreensão da estrutura textual e dos elementos essenciais para o entendimento do texto, visto que é perceptível a dificuldade apresentada em sala de aula na elaboração da escrita,

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destacando-se a dificuldade em organizar e conectar ideias. Para isso, empregou-se uma sequência didática em que houve a explanação dos aspectos relevantes do texto, utilizando-se o parágrafo-padrão, por se tratar de uma estrutura textual menor e completa composta por introdução, desenvolvimento e conclusão, consistindo em uma unidade na qual se desenvolve uma ideia central a que se interligam ideias secundárias. Desse modo, trabalhou-se com ênfase na coesão e coerência, recursos de construção textual que contribuem para a unidade semântica. E, para verificar a importância desse estudo em uma estrutura menor, facilitando assim o seu domínio, duas turmas do primeiro ano do ensino médio foram escolhidas. Em uma turma as oficinas sobre parágrafo padrão foram aplicadas e pediu-se que os alunos fizessem uma produção com o tema internet. Na outra turma, apenas pediu-se que escrevessem um parágrafo sobre a internet, sem a aplicação das oficinas com o procedimento de elaboração de um bom e compreensível parágrafo-padrão. Ao final, as produções das turmas foram confrontadas, observando a coerência e a coesão na construção dos parágrafos. Na primeira turma, obtiveram-se os resultados já esperados, textos com uma boa estruturação e continuação de ideias, devido à aplicação das oficinas. Enquanto que, na segunda turma, os alunos não conseguiram expor com sucesso suas ideias, apresentando, na maioria das vezes, repetição de ideias e uma estrutura textual inadequada. Adotou-se como orientação teórica para este trabalho, principalmente, os autores Sena (2008) para o processo de elaboração de um parágrafopadrão; e Koch (2010; 2011) e Travaglia (2011) para ressaltar a coerência e a coesão. Portanto, cabe destacar a necessidade de conduzir o escritor à reflexão, a fim de levá-lo a analisar em sua produção os aspectos que contribuem para a construção da unidade textual, principalmente a coesão e a coerência que tanto influenciam no entendimento do texto, ou seja, na comunicação. COMPARANDO O ORIGINAL ÀS VERSÕES: A ORDEM EM “O PEQ UENO PRÍNCIPE”,

FRANCÊS/INGLÊS/PORTUGUÊS

Anna Gabriela Feitosa Nogueira – UFG Luana Ferreira Magalhães – UFG

Jéssica Mayara da Silva – UFG Paula Roberta Morais Ungarelli – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Pretende-se investigar o padrão de ordem recorrente em O Pequeno Príncipe, a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. O pressuposto é o de que a ordem, mais que um fenômeno gramatical, sistêmico, diz respeito às escolhas dos usuários da língua para produzirem determinados efeitos de sentido. Logo, eleger um padrão como SVOAdj ou VSOAdj, por exemplo, está relacionado ao que se quer dizer, às intenções pragmáticas do enunciador. Os objetivos da pesquisa são mostrar as diferenças estruturais e de sentido na obra e o que causa no leitor cada uma dessas diferenças e versões. Para isso, serão analisados o livro original em francês e suas versões em inglês e português. Os dados serão analisados quantitativa e qualitativamente, com base em autores funcionalistas como Neves (1997, 2006, 2010), Pezzatti, Camacho (1997), entre outros. Na análise quantitativa serão computadas as ocorrências dos padrões de ordem possíveis de ser distintos na língua e visíveis nos textos analisados a fim de saber o padrão recorrente. Na análise qualitativa, os padrões mais recorrentes serão correlacionados aos fatores sócios discursivos relativos às condições das produções dos textos e os efeitos de sentido que a escolha por esses padrões ajuda a produzir.

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CONCEPÇÕES DE ENSINO: MODALIDADES DISCURSIVAS PARA O ESTUDO DE LINGUAGEM

Genilva Bezerra Santos – UnirG/TO/CAPES

Ellen Karoline F. da Silva Resplandes – UnirG/TO/CAPES Luciana de Oliveira Rocha – UnirG/TO/CAPES

Marcilene de Assis Alves Araújo – PIBID/CAPES/UNIRG Essa proposta é parte do subprojeto de Letras cadastrado no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência do Centro Universitário UnirG, no qual apresenta o trabalho com os gêneros textuais, na sala de aula como uma prática que visa resultados significativos para o ensino em diversos contextos. Nesse sentido, esse trabalho propõese discutir sobre as estratégias discursivas para a análise textual, a partir dos estudos de Antunes (2007), Koch & Elias (2006), considerando o desenvolvimento de três focos de análise: estratégias de leitura, de estudo linguístico e produção de texto. Abordam-se questões relativas ao léxico textual e à sua realização nos textos; relativas às condições sociais da produção e da circulação destes textos, com a finalidade de explicitar que outras descobertas podem-se empreender, além da gramática (ou dentro da gramática, mais com visões amplas). Portanto, pretende-se realizar oficinas de leitura e produção textual a partir de gêneros diversos circulantes no cotidiano dos alunos, considerando diferentes aspectos relacionados ao seu processo de produção, circulação e recepção. Durante os processos de usos da linguagem, os interlocutores colocam em ação várias estratégias sociocognitivas, por meio das quais realiza o processamento textual, e nesse momento é necessário mobilizar vários aspectos e tipos de conhecimento armazenados na memória, recorrendo, simultaneamente, a vários passos interpretativos, eficientes, flexíveis e extremamente rápidos, além de pequenos cortes que funcionam como entradas para elaboração de hipóteses interpretativas do enunciado. Esse trabalho almeja constatar que toda enunciação é dialógica e faz parte do processo comunicativo de forma que possibilite o desenvolvimento do aluno em relação à leitura, à interpretação e à produção de textos, uma vez que os focos de análise discutidos oferecem condições para o desenvolvimento de habilidades de usos linguísticos, possibilitando ao leitor apropriação de instrumentos que abrem possibilidades para novos conhecimentos, saberes e práticas sociais. Os estudos realizados sobre as relações entre práticas pedagógicas docentes e o desenvolvimento linguístico do aluno demonstram que essas questões são interdependentes, pois a forma como o professor prefigura as atividades de sala de aula torna-se fundamental para o desenvolvimento pleno das habilidades discursivas necessárias para o entendimento e a produção textual, nesse sentido a metodologia que se abordará para as atividades, priorizará uma perspectiva enunciativa discursiva, conforme os estudos de Bakhtin (1992), demonstrando para os alunos os vários aspectos mobilizados pelo leitor no momento de leitura e interpretação de textos.

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE ENSINO DE ADIVINHAS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

INDÍGENA DE PERNAMBUCO NO ENSINO FUNDAMENTAL I E II

Diana Cibele de Assis Ferreira – UFPE/CAA/NEI Cinthya Torres Melo – UFPE/CAA//NEI

Esta pesquisa encontra-se em fase inicial e faz parte do Projeto de Pesquisa Língua(gem) e Diversidade Indígena e tem como objetivo descrever e analisar as concepções e as práticas que os professores de linguagem de várias escolas indígenas de Pernambuco, do fundamental I e II, possuem em relação ao gênero adivinha. As bases teóricas encontram-se ancoradas em Dionísio (2000), Marcuschi (2004), Koch e Travaglia (2011), e nas Leis e Diretrizes Básicas, constitucionais, da área indígena (LDB). A metodologia usada é de caráter qualitativo e quantitativo, com aplicação inicial de questionários para os graduandos, que já são professores nas aldeias, mas que se

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encontram em formação no Curso de Licenciatura em Educação Intercultural Indígena da Universidade Federal de Pernambuco-Campus Agreste. Como resultados preliminares, tem-se que dos 11 povos participantes da pesquisa apenas 7 utilizam o gênero adivinha na educação escolar indígena, sendo que 5 destes adaptam as adivinhas encontradas nos livros didáticos das escolas não-indígenas conforme as características próprias do seu povo, e apenas 1 povo indígena cria suas próprias adivinhas por meio das figuras dos animais a fim de que os alunos descubram o nome dos bichos através de pistas das qualidades e dos defeitos. Os dados sugerem que há diferenças no uso e na constituição das adivinhas nas escolas indígenas de Pernambuco.

CONHECENDO O ACORDO ORTOGRÁFICO: AS IMPLICAÇÕES SOC IAIS E CULTURAIS

Gisele Naiara De Oliveira Silva – UFMT Luiz Antônio Bitante Fernandes – UFMT

O presente documento apresenta uma breve história do acordo ortográfico e as principais mudanças que ocorreram, e que levou a língua portuguesa a entrar em uma nova fase, fase esta de reestrutura e significação modificando intrinsecamente a sociedade até os dias atuais. A Língua Portuguesa originou-se por meio de diversas transformações de outras línguas, fezse necessário efetuar mudanças no modo pela qual esta era expressa na forma escrita, com o objetivo de melhorar a interação entre os indivíduos que a utilizam para comunicar-se em todo o mundo e valorizá-la, enquanto língua oficial; no século XIX o escritor Almeida Garrett sentiu a necessidade de uma norma para regularizar a ortografia portuguesa. Após ele, diversas pessoas preocuparam-se com esta questão, o que resultou nos Acordos Ortográficos. No ano de 1990 ouve o projeto de ortografia unificada de língua portuguesa, sendo de grande valia para a língua portuguesa e sua importância internacional, ele foi aprovado pela academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Este projeto visa apresentar o acordo meramente ortográfico, portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. O mesmo tem como objetivo de descobrir a importância deste acordo para a sociedade, especificamente os estudantes e analisar o que eles pensam e entendem sobre esse assunto. A justificativa para este projeto está na necessidade de entender a história do acordo ortográfico e as razões que tornaram possível cada mudança sofrida pela Língua Portuguesa, nos aspectos sociais, culturais, econômicos, geográficos e históricos que influenciaram os países membros do Acordo Ortográfico a modificarem a língua comum a todos. O acordo ortográfico é de grande valia para a sociedade, pois ele traz a ideia de facilitar o idioma e aproximar os países que o aderiram, divulgando assim as suas respectivas culturas e aumentando a integração entre os mesmos.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DE CRITÉRIOS LEXICOGRÁFICOS NO “DICIONÁRIO DO BRASIL CENTRAL – SUBSÍDIOS À FILOLOGIA” (2009)

Rayne Mesquita de Rezende – UFG/CAC

Profa. Dra. Maria Helena de Paula – UFG/CAC/PMEL O presente trabalho tem como objetivo fazer uma breve análise da estrutura do “Dicionário do Brasil Central – subsídios à Filologia”, da autoria de Waldomiro Bariani Ortêncio, em sua segunda edição, que data do ano de 2009, na versão eletrônica. Nossas observações advêm do fato de termos utilizado o dicionário, tido como de regionalismos específicos de região Centro-Oeste do Brasil, durante um cotejo realizado na pesquisa de iniciação científica “Traços de Conservação lexical no Dialeto Caipira em Goiás”, que visou a investigar se as lexias registradas como parte do vocabulário

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do dialeto caipira figuravam no estado de Goiás, reconhecidamente um locus de realização dessa variante. Ao longo de nosso trabalho percebemos a ausência de alguns critérios essenciais na constituição de um dicionário e que ao mesmo tempo permitem classificalo como tal, diferenciando-o dos vocabulários e glossários. Dentre as principais lacunas identificadas em Ortêncio (2009), identificamos que na seção apresentação/biografia não consta informações sobre a quantidade de verbetes registrados na presente edição e, menos ainda, sobre seu autor; a ausência de definição para alguns verbetes, para os quais o mesmo coloca trechos retirados de livros de literatura goiana; a ausência de critérios para uso de exemplos e abonações. Utilizamos como suporte teórico acerca dos procedimentos de constituição de um dicionário os estudos de Biderman (1984) e (2001) e Coelho (2008). Buscamos, ainda, fazer a distinção entre os mais conhecidos instrumentos lexicográficos, abordando em linhas gerais o que são e como devem ser constituídos um vocabulário, um glossário e também um dicionário, através das características que cada um deve conter ao serem elaborados e m obedecer. Assim, este estudo tem o intuito de apresentar considerações sobre os critérios adotados (ou não adotados) por Ortêncio para a sua obra, reeditada recentemente, de modo a nos garantir uma classificação segura deste expediente lexicográfico conforme postulam os estudos da área.

CONSTATANDO A GRAMATICALIZAÇÃO DO PREFIXO DES- NO GRANDE DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Warley José Campos Rocha – UESB

Valéria Viana Sousa – UESB As estruturas linguísticas, segundo os pressupostos funcionalistas, propostos por Givón (1979) e Neves (1997), devem ser analisadas a partir da interação entre falantes de uma língua. Destarte, evidenciaríamos o funcionamento de tais estruturas em um contexto de uso real com propósitos determinados. Nesta teoria, também são evidenciadas como acontecem determinadas migrações funcionais provenientes de uma mesma estrutura, processo esse que se respalda por pressões de uso dos falantes com o intuito de alcançar maior expressividade ao se interagir. Diante disso, temos estudado o deslocamento funcional de vocábulos, o que comprova a extensão semântica dos mesmos, possibilitando, então, um aumento de possibilidades partindo de um mesmo item linguístico. Neste trabalho, em desenvolvimento, é tomado o prefixo des- como objeto de estudo. Prototipicamente, esse afixo possui o sentido de negação, como, por exemplo: descontente (não contente). Porém, foi constatado, em gramáticas históricas e contemporâneas, dicionários etimológicos e pesquisas linguísticas, que há outros sentidos para o mesmo prefixo, a saber: separação, afastamento, ação contrária, intensidade, cessação de um ato ou estado. Observamos, então, o sentido primeiro desse prefixo e a sua ampliação semântica. Após isso, categorizamos os verbos de forma livre, prefixados em des-, presentes no Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), para atestar quais são os valores do des- menos e mais marcados neste corpus.

CONSTITUIÇÃO DO CORPUS PARA INVESTIGAÇÃO NA ÁREA DE VARIAÇÃO MORFOLÓGICA: O “ANTE” E “ANTI” NO PORTUGUÊS MINEIRO ESCRITO DE

UBERABA/MG

Amanda Modolão Nóbrega – UFTM Juliana Bertucci Barbosa – UFMT/CNPq

O presente trabalho, partindo da concepção heterogênea de língua, conjuga-se a um projeto maior, desenvolvido na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM – Uberaba), sobre variação morfológica do português mineiro escrito na região de Uberaba-MG, e visa discutir questões

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teórico-metodológicas para constituição corpus para estas pesquisas. Para ilustrarmos essas reflexões, focalizamos nossos estudos no uso variável dos prefixos ante e anti na escrita de alunos do terceiro ano do Ensino Médio da cidade de Uberaba, situada no Triângulo Mineiro, estado de Minas Gerais. A escolha desse fenômeno se justifica devido ao fato de que é perceptível na fala uberabense a utilização da variante africada do /t/, ou seja, foneticamente, os prefixos em questão são pronunciados da mesma forma (“antI”), logo temos um ambiente que contribui para a pronuncia e posterior escrita de anti. Buscando, então, fomentar discussões sobre a montagem de corpus para coleta de ocorrências para pesquisas como esta (sobre prefixo), apresentaremos, neste trabalho a nossa proposta de corpus e os métodos teórico-metodológicos utilizados. A construção do corpus foi pensada dentro de uma perspectiva variacionista e de um olhar contextual, compondo-se de um questionário lexical, usando marcadores regionais (LABOV, 2008), e por redações escolares. Inicialmente selecionamos escolas pertencentes à rede pública de ensino de Uberaba, localizadas em bairros distintos. Como critério para escolha dessas escolas, baseamo-nos no IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica), em caráter comparativo. Um dos critérios de seleção dos participantes foi ser alfabetizado em Uberaba e não ter morado fora da cidade por mais de cinco anos. O questionário possui 45 itens, sendo que os participantes devem responder as perguntas utilizando palavras que fossem sinônimas, sendo realizada uma mescla de vocábulos com uso de outros prefixos além do “ante” e do “anti”. Para a elaboração das redações foram propostas cinco temáticas nas quais era possível a utilização de palavras formadas pelos prefixos “ante” e “anti”. Por meio deste corpus, já observamos um número relevante das variantes em foco. Além das contribuições teórico-metodológicas sobre montagem de corpus, esta pesquisa também busca auxiliar no levantamento de características regionais brasileiras – região de Uberaba -, e, posteriormente, contribuir no ensino da língua materna.

CONSTRUÇÕES IDIOMÁTICAS COM NEGAÇÃO NO PORTUGUÊS BR ASILEIRO

Ana Karoliny Antunes Ribeiro – UFG Larissa Magalhães Correia Andrade – UFG

Leosmar Aparecido da Silva – UFG Em geral, os linguistas consideram que, no plano sintático, as construções idiomáticas são semelhantes às expressões não cristalizadas. Já no plano cognitivo, elas são interpretadas pelos falantes / ouvintes pela totalidade de seus componentes e não pelas partes que as constituem. Assim, tais construções podem ser consideradas unidades léxico-semânticas abstratas/metafóricas compostas por mais de uma palavra e que o todo da construção possui uma significação. Este pôster tem o objetivo de apresentar os resultados de uma breve pesquisa na qual foram analisadas construções idiomáticas do Português Brasileiro que possuem que possuem negação. Alguns exemplos seriam: Não vou à festa nem que chova canivete, nem que a vaca tussa, nem que a galinha crie dentes, nem morta Os dados revelaram que o uso da negação tem grande dinamicidade na língua, podendo ser construções de dupla negação e/ou construções subordinadas concessivas. A dupla negação é rejeitada pela gramática padrão, porém é uma forma bastante utilizada, não só no português brasileiro, como em várias outras línguas. Os falantes multiplicam vocábulos negativos numa sentença a fim de reforçar uns aos outros. Através de vários exemplos de construções idiomáticas de negação mostraremos que essas construções fazem parte da língua do falante brasileiro e, como consequentemente as expressões idiomáticas proporcionam a diversidade e diferenciam o discurso.

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CONSTRUÇÕES IDIOMÁTICAS E EXPRESSÕES METAFÓRICAS ENVOLVENDO GASTRONOMIA E PERCEPÇÃO GUSTATIVA NO PORTUGUÊS BRAS ILEIRO

Paula dos Santos Ferreira – UFG

Regiane Maria Dondici Marques – UFG Leosmar Aparecido da Silva – UFG

As construções idiomáticas ou cristalizadas são unidades lexicais ou gramaticais maiores que a palavra e que passaram por um processo de metaforização. Durante muito tempo, elas foram consideradas exceções sintáticas ou curiosidades semânticas. O significado ou o uso das construções não pode ser previsto quando um de seus elementos aparece isolado dos outros, por isso, elas são interpretadas pelos falantes / ouvintes pela totalidade de seus componentes e não pelas partes que as constituem. As expressões metafóricas, por sua vez, não envolvem necessariamente mais de uma palavra, mas revelam a habilidade cognitiva do falante em aproveitar velhas formas linguísticas para novas funções. Em vista dessas considerações, este pôster tem o objetivo de analisar, quantitativa e qualitativamente, construções idiomáticas e expressões metafóricas que envolvam comida e que, portanto, são próprias do domínio da percepção gustativa, tais como “amanheceu com cara azeda”, “saborear os prazeres da vida”, “saborear momentos de glória”. Em relação à metodologia, aplicou-se um questionário para quatro turmas do curso de Letras da Universidade Federal de Goiás para que escrevessem, num período de 10 minutos, todas as construções idiomáticas e expressões metafóricas envolvendo a percepção gustativa. Apresentaramse dois exemplos para que os alunos tivessem material para se embasarem. Posteriormente, tais construções foram listadas. Em seguida, foram analisados os contextos sintáticos que mais favoreceram a ocorrência das expressões e, com base no critério semântico, procurou-se verificar quais as que são mais transparentes, ou seja, mais se aproximam do significado literal e quais as que são mais opacas ou se distanciam do significado literal, além de se analisar o processo de mudança semântica de determinadas expressões não necessariamente idiomáticas. Espera-se, como resultado, encontrar diferentes graus de idiomatismo das expressões, o que confirmaria a dinamicidade linguística atestada por vários estudiosos.

CONSTRUÇÕES SINTÁTICAS SUBJETIVAS NAS SEÇÕES POLÍTICA, ESPORTIVA E POLICIAL DO JORNAL O POPULAR

Brenno Fernandes Soares – UFG

Thaynara Karolina Vaz da Cruz – UFG Leosmar Aparecido da Silva – UFG

Alguns estudos já apontam para a relação entre gramática, especificamente, sintaxe e enunciação. Uma possibilidade é estudar os ambientes sintáticos que favorecem a construção da subjetividade, fenômeno amplamente estudado pela linguística enunciativa. Em vista disso, este pôster tem o objetivo analisar como a subjetividade é construída nas manchetes das seções relacionadas à política, ao esporte e às notícias policiais do jornal O Popular, enfocando os ambientes sintáticos e o tipo de sintagma que favorecem a emissão de opinião do enunciador. Para isso, foram analisadas as manchetes dessas três seções em edições do jornal O Popular publicadas entre o dia 1º de dezembro de 2012 e o dia 31 de dezembro de 2012, portanto, 31 exemplares do jornal. Espera-se, como resultado, a confirmação de que certos sintagmas, como o adjetival e o adverbial, contribuem mais fortemente para que a manchete revele com maior explicitude a opinião do enunciador.

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CONSTRUÇÕES DE SENTIDO DO VERBO COLOCAR: UMA ANÁLIS E EM UMA

ABORDAGEM SEMÂNTICO-ENUNCIATIVA

Carmen Maria do Carmo Sousa Costa - UFPI Maria Auxiliadora Ferreira Lima - UFPI

O presente trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa de Iniciação Científica vinculada ao Projeto Unidades Lexicais: Identidade e variação em uma dinâmica de interação desenvolvido na Universidade Federal do Piauí – UFPI, fundamentada na Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (T.O.P.E) de Antoine Culioli. Tal pesquisa, de natureza semântico-enunciativa, enquadra-se em uma abordagem de caráter construtivista, a qual postula que o sentido de um termo lexical não está previamente definido em termos de categorias previamente estabelecidas, ele é construído nas suas interações com seus diversos ambientes textuais. Nos estudos enunciativos de base culioliana, o sentido de uma expressão linguística não é fixo, estável, ele é construído no e pelo enunciado. Esta pesquisa volta-se para a construção a sentido de uma unidade lexical no âmbito do texto em uma dinâmica de interação que envolve relações cotextuais e contextuais. Dentro desta perspectiva, analisamos ocorrências do verbo colocar observando inicialmente o ambiente sintático, a relação de transitividade e a semanticidade dos argumentos para daí buscarmos o papel desses aspectos na construção de sentido de tais ocorrências verbais. A análise foi feita a partir de um levantamento de ocorrências do verbo correr em textos orais e escritos. Para os textos orais, fizemos uso do corpus do Português falado por teresinenses (PORFATER) e, para os textos escritos, examinamos ocorrências extraídas do Google. CONTAÇÃO DE HISTORIA EM SALA DE AULA: UMA EXPERIÊNC IA DE FORMAÇÃO

DE LEITORES

Carla Virginia da Silva Marinho Santos – UEFS Heloísa Barretto Borges – UEFS

Originado da experiência, na condição de bolsista do Programa Interno de Bolsa Extensão – PIBEX, do Núcleo de Leitura Multimeios, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bahia, este trabalho apresenta um relato acerca das atividades de contação de história desenvolvidas com alunos do 2º ano do ensino fundamental de uma escola pública do município de Feira de Santana-BA. Vinculado ao projeto de extensão “Leitura Itinerante: uma alternativa de mobilização de leitores”, o plano de trabalho visa, por meio de círculos de leitura, com contação de história, propiciar situações leitoras aos educandos, a partir do contato com os livros. A prática de leitura é imprescindível para a formação de sujeitos críticos e autônomos, devendo ser incentivada desde a primeira infância. Abramovich (1989) reforça a importância do ato de ouvir histórias para a formação leitora de qualquer criança, afirmando que essa prática propicia uma melhor compreensão de mundo. Araújo (2006 p. 37) afirma que “contar e ler histórias multiplica pela fantasia a memória e o encantamento do homem e do mundo, em processo similar ao do conteúdo sistematizado e formal”, ou seja, a experiência ora narrada, se direciona, de maneira lúdica, a oferecer às crianças o contato com a literatura infantil variada e diversificada, incentivando a prática leitora. A vivência acontece uma vez na semana, no espaço de sala de aula, com duração média de 40 a 50 minutos, para não comprometer o cronograma das demais atividades da professora. Geralmente utiliza-se para a contação de história livros, alguns da própria biblioteca da escola, mas também outros

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recursos narrativos, como as pausas protocoladas, por exemplo. As crianças são incentivadas a expressarem-se antes, durante e depois da contação. No curto período de tempo que o trabalho vem sendo aplicado, 4 meses, pôde-se perceber mudanças no que se refere ao perfil da turma, que no primeiro encontro apresentou resistências e diversas situações de indisciplina mediante a aplicação da contação. No entanto, conforme os encontros foram acontecendo, eles passaram a entender, respeitar e aderir à proposta, demonstrando interesse pelas histórias, participando das discussões e socializando experiências. Ao trabalhar com livros da biblioteca da escola foi perceptível a contribuição para o despertar da prática leitora nas crianças, uma vez que elas comentavam no encontro posterior terem solicitado empréstimo do livro trabalhado em sala. O próprio manuseio dos livros ao fim da contação e os olhares curiosos a cada nova história também demonstram o avanço.

CONTOS DE FADAS E EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS SURDAS

Thainã Miranda Oliveira – UFG Sueli Maria de Oliveira Regino – UFG

Todas as narrativas que são apresentadas ao jovem, desde seus primeiros anos, contribuem para a formação de sua subjetividade. Entre os animais, apenas os humanos compreendem sua existência como uma trajetória dotada de sentido, de significado, que é apresentada em forma de uma narrativa temporal com início, desenvolvimento e fim. As narrativas folclóricas, especialmente os contos de fadas, sempre encantaram as crianças e continuam a seduzi-las. Com os novos recursos midiáticos e tecnológicos, essas narrativas buscam trilhar novos caminhos, com atualizações, adaptações e versões de antigos clássicos para a tevê e o cinema. Surgem animações e seriados que têm como tema os contos de fadas. Na tradução para diferentes idiomas, também ocorrem adaptações. Nesse novo contexto estão as crianças surdas brasileiras, cuja realidade é de bilingüismo, entre a Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS e o Português. A LIBRAS é uma língua de modalidade visuoespacial, adequando-se ao bloqueio auditivo-oral dos sujeitos surdos. Como língua natural dos surdos, é essencial para a formação de sua Cultura e Identidade. A presente pesquisa refere-se ao trabalho de conclusão de curso, “Contos de Fadas e Educação de Crianças Surdas” que tem como objetivo refletir sobre os contos de fadas adaptados para LIBRAS, especialmente nas traduções realizadas pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos, o INES, que explora mídias visuais, como fitas cassetes, CDs e DVDs, com a filmagem de apresentações teatrais, filmes e narrações em LIBRAS, em um trabalho financiado pelo Governo Federal. A reflexão também abarca preceitos teóricos da subjetividade na psicanálise dos contos de fadas.

CRIAÇÃO LEXICAL: A INTERFACE ENTRE NOMES PRÓRPIOS E COMUNS NA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA

Antonio Jorge de SOUZA – IC/UFMG Aderlande Pereira FERRAZ – UFMG

É comum considerar-se que o nome próprio não faz mais do que nomear o seu portador, ou seja, não parece que ao nomear ele indique alguma característica de seu portador, salvo, talvez, quando seja derivado. O presente trabalho, entretanto, procura discutir aspectos da criatividade linguística na formação de nomes próprios, especialmente nomes de entidades, marcas e produtos comerciais, constituindo casos sempre ignorados pelos estudos da Gramática Tradicional. O objetivo deste trabalho é descrever algumas construções nominais, resultantes da neologia lexical e presentes no discurso publicitário, criadas a partir da relação nome próprio/nome comum. Tais construções nominais pertencem ao corpus do projeto de pesquisa intitulado Desenvolvimento do observatório

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de neologismos na publicidade impressa: produtividade e competência lexical em português, em andamento na Faculdade de Letras da UFMG. O corpus da pesquisa é constituído de textos publicitários veiculados nas edições semanais das revistas VEJA, ISTOÉ e ÉPOCA, publicadas de 2006 a 2010. O critério de neologismo adotado é o de exclusão lexicográfica, que consiste na verificação da aparição de unidades lexicais nos principais dicionários brasileiros contemporâneos. A fundamentação teórica se apoia em Dick (1980) e Brito (2003), no que diz respeito às funções do signo na onomástica; em Guilbert (1975) e Alves (1990), na conceituação e delimitação da unidade lexical neológica; e Ferraz (2006), na análise do corpus.

DE TODOS OS NOMES O NOME: INTRODUÇÃO À ONOMASIOLOGI A EM MACHADO DE ASSIS

Ana Carolina de Aguiar Gonçalves – UFOP

José Luiz Foureaux de Souza Jr. – UFOP Durante a pesquisa desenvolvida em cumprimento ao projeto de Iniciação Científica (vinculado ao CPNq) que visou a elaboração de um dicionário de nomes e as possíveis acepções de cada um na obra de Joaquim Maria Machado de Assis, surgiu a ideia de elaboração de um artigo, que recebeu o título de "Um estudo onomasiológico: a carga do adjetivo em Machado de Assis". Após a catalogação de todos os adjetivos com a elaboração do dicionário, se pode iniciar a elaboração do artigo. É este o nosso trabalho apresentado ao XX Seminário de Iniciação Científica. Este artigo analisou, pautado em mecanismos gramaticais, dois contos dentre a vasta obra Machadiana. A saber: A última receita (1875) e Fernando e Fernanda (1866). O objetivo foi estabelecer uma relação entre a quantidade de acepções significativas dicionarizadas trazidas pelos adjetivos escolhidos pelo autor e a posição social do personagem no meio em que ele é inserido. A metodologia utilizada foi desenvolvida por Luiz Cláudio Valente Walker de Medeiros, em sua tese “Em busca de uma análise lexicográfica: análise de construções metafóricas” (2006). Esta pesquisa consiste na catalogação de cada adjetivo utilizado na descrição dos personagens; a partir disto, a contagem das acepções dicionarizadas trazidas para cada adjetivo. Com isto, foi possível notar uma relação entre a quantidade de significações trazidas pelo termo empregado como adjetivo e a relevância social de cada personagem, dando maior sustentação à hipótese de que nada é despretensioso na obra de um dos maiores nomes da literatura nacional - Machado de Assis.

DESCRIÇÃO ETIMOLÓGICA E CLASSIFICAÇÃO TAXIONÔMICA D OS NOMES DE LUGARES (TOPÔNIMOS) NAS CARTAS TOPOGRÁFICAS DA REGI ÃO DO BICO DO

PAPAGAIO

Rodrigo Vieira do Nascimento – UFT Karylleila dos Santos Andrade – UFT

A Toponímia, subdivisão da Onomástica, é responsável pelo estudo dos nomes dos lugares e designativos geográficos. O objetivo geral desta proposta de estudo consiste na descrição etimológica e classificação taxionômica dos nomes de lugares (topônimos) nos mapas dos municípios da região do Bico do Papagaio, estado do Tocantins. O percurso metodológico utilizado no estudo, apresentado por Dick (1990), foi o plano onomasiológico de investigação. O levantamento e a análise dos topônimos constituem um resgate sócio histórico, podendo refletir fatos e ocorrências de diferentes momentos da vida de uma sociedade. Este estudo faz parte do macro projeto ATT – Atlas Toponímico do Tocantins, vinculado ao ATB – Atlas Toponímico do Brasil. O objetivo geral desta proposta de estudo consiste na descrição etimológica e classificação taxionômica dos nomes de lugares (topônimos) dos municípios da região do Bico do papagaio,

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Tocantins. A área do Bico do Papagaio está localizada na região norte do estado e faz divisa com os estados do Pará, Maranhão e Piauí. O território Bico do Papagaio é composto por 25 municípios: Aguiarnópolis, Ananás, Angico, Araguatins, Augustinópolis, Axixá do Tocantins, Buriti do Tocantins, Cachoeirinha, Carrasco Bonito, Darcinópolis, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis, Maurilândia do Tocantins, Nazaré, Palmeiras do Tocantins, Praia Norte, Riachinho, Sampaio, Santa Tereza do Tocantins, São Bento do Tocantins, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins, Sitio Novo do Tocantins e Tocantinópolis. A microrregião, Bico do Papagaio, limita-se entre os rios Araguaia, a Oeste, e Tocantins, a Leste. DIÁLOGOS CULTURAIS EM PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO, DE PEPETELA, E UM

RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA, DE MIA C OUTO

Thiago Vieira Oliveira – PUC/GO Lacy Guaraciaba Machado – PUC-GO

Os romances Parábola do Cágado Velho, de Pepetela, obra angolana, e Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, de Mia Couto, obra moçambicana, são duas obras de países africanos que têm a língua portuguesa como língua oficial, estas obras fazem a crítica, principalmente, a colonização portuguesa nas terras africanas e ao desrespeito dessas influências ao modo de vida africano de ser, na reconfiguração de seus valores e tradições sociais. Modo de vida este, riquíssimo, em suas características, quanto o de qualquer outra cultura, mas que sofreu duras interferências pelo processo de colonização de Portugal, que, impositivamente, colocou a “cultura européia”, a “cultura de centro”, como a única que deve ser vivenciada. Portanto, este estudo estabelece a comparatividade destes romances africanos, com o subsídio teórico do autor Stuart Hall, que afirma que o “eu real” dialoga com os mundos exteriores na formação do seu “eu”, e, que, por conseguinte, descentraliza a identidade do sujeito na aquisição de outra, porém, sem excluir a antiga identidade. Neste caso, pode se contextualizar este diálogo cultural como o processo dialógico dos povos africanos relativo às infiltrações culturais decorrentes das influências do colonizador. Assim, este processo de diálogo cultural incidirá em mudanças no seio cultural (tradições, ritos, ideologias) desses povos, que reavaliam reflexivamente os aspectos constitutivos de suas tradições, face aos trazidos pelos portugueses. A assimilação de elementos culturais, como ideias, hábitos e costumes, trouxe grande diferenciação cultural em um mesmo território e, conseguintemente, conflitos culturais e identitários na África de língua portuguesa.

DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE O PB E O PE EM RELAÇ ÃO AO TÓPICO

Sheltom de Aragão – UFBA/CAPES Edivalda Araújo – UFBA/CAPES

Os estudos na área da sintaxe têm amplamente discutido as diferenças linguísticas entre o português do Brasil e o de Portugal. Um dos pontos em que o português brasileiro (PB) inova em relação ao português europeu (PE) está na sintaxe, principalmente em relação às construções de tópico, como têm mostrado os estudos de Kato (1989), Galves (1998, 2001) e Araújo (2006). Tomando como base teórica os referidos trabalhos, o presente estudo estabelece como objetivo analisar as construções de tópico nas duas variedades do português, na modalidade oral urbana, para identificar as semelhanças e/ou diferenças entre elas. Para alcançar esse objetivo, serão utilizados dados do corpus Varport (UFRJ)1, em relação ao português europeu oral, e dados coletados aleatoriamente no português oral brasileiro. A análise realizada até agora traz evidências de que há construções que se diferenciam, consoante os estudos já citados, como: 1) os indivíduos que pusessem aqui o carro o senhor mandava-os retirar (PE - Op-P-70-1m-001) – construção de CLLD, típica do PE, mas

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ausente no PB; 2) os meninos, eu encontrei ontem na rua (PB) – topicalização de objeto, sem retomada clítica – presente no PB, mas inexistente no PE. Há, entretanto, construções também semelhantes, como: 2) caso do benfica o benfica actualmente tem os melhores jogadores (PE - Op-P-70-1m-002); 3) o futebol eu acho que o futebol daqui a um mais meia dúzia de anos morre (PE - Op-P-70-1m- 002). Nesses dois últimos casos, há um tópico com retomada do próprio termo, tipo de tópico que também foi encontrado por Araújo (2009) no português rural afrobrasileiro. A pesquisa está em fase inicial. Com o avanço dos estudos, acreditamos que será possível trazer mais evidências da natureza sintática das construções de tópico nessas duas variedades.

DISCURSO E TEXTUALIDADE: NOVAS FORMAS DE LEITURA NO FACEBOOK

Breno Rafael Martins Parreira Rodrigues Rezende – UFTM Jauranice Rodrigues Cavalcanti – UFTM

Sabe-se que os impactos dos avanços tecnológicos produziram mudanças em diferentes esferas sociais, nas práticas de leitura e escrita que ocorrem em tais espaços. O advento da internet causou uma transformação significativa em todos os campos da sociedade, o que inclui o campo da comunicação. Através desse meio a leitura deixa de ser uma atividade restrita ao impresso, passando a ser realizada em outros gêneros textuais e suportes: emails, MSN, blogs, chats, redes sociais e etc. Nas redes sociais, por exemplo, os escreventes expressam seus pontos de vista sobre diversos assuntos, muitas vezes polêmicos, que entram e saem das mídias, ou ainda, sobre si mesmos, sobre suas convicções, que podem ser lidos por qualquer pessoa que tenha acesso à internet. Os limites entre o público e o privado confundem-se e embaralham-se provocando diferentes efeitos, novas formas de construção de subjetividades. De acordo com Maingueneau (2010), a Web não é apenas o lugar que possibilita a emergência de novos gêneros, ela “transforma as condições de comunicação, o que se considera gênero e a própria noção de textualidade” (p.132). Isso porque a concepção de gêneros e a compreensão de como esses devem ser analisados são reguladas por um mundo em que o impresso prevalecia, o que hoje não acontece mais. Levando em conta o quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa (AD) com o qual trabalha o analista, procuramos analisar neste trabalho o ethos que jovens escreventes do Facebook constroem de si e também a imagem que seus textos constroem de seus interlocutores. Além da noção de ethos discursivo, mobilizaremos o conceito cena de enunciação, também elaborado por Maingueneau (2008). Por fim, procuraremos analisar, fundamentados no conceito de destacabilidade, o quê/como locutores/interlocutores do Facebook destacam assuntos polêmicos veiculados pela mídia.

DO PORTAL DO PROFESSOR À ELABORAÇÃO DE UM GLOSSÁRIO : OS TERMOS QUE CONSTITUEM OS GÊNEROS DISCURSIVOS DIGITAIS – RESULTADOS

PARCIAIS

Amanda Abadia Veloso Reis – UFU/CNPQ/PIBIC Eliana Dias – UFU/PIBIC /Ileel

O objetivo do pôster é mostrar parte de uma pesquisa sobre lexicografia e gêneros discursivos digitais. Como bem elucida os PCNs, é sugerido ao docente que trabalhe com atividades de ampliação do vocabulário, uma vez que ele tem a tarefa de fazer com que os alunos dominem, pelo menos, parte do universo lexical da língua. Nesse contexto, vale ressaltar a importância do dicionário e do glossário que, utilizados como materiais escolares, são ferramentas que auxiliam na formação de leitores, bem como no letramento dos estudantes. Em relação à metodologia, analisa-se como as propostas de atividades publicadas no Portal do Professor - no site do MEC (Ministério da Educação) tratam as características dos gêneros digitais, sobretudo no que diz respeito à sua

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linguagem e à sua composição; na sequência, seleciona-se os termos utilizados nas aulas de gêneros discursivos digitais e, ao final, elabora-se um glossário dos termos que constituem os gêneros discursivos digitais. Para fundamentar a pesquisa, a base teórica vem de BAKHTIN (2000), BRASIL (1998), COELHO (2008), DIAS (2004), MARCUSCHI (2005), dentre outros. Espera-se que o glossário elaborado com os termos, que constituem os gêneros discursivos digitais, facilite sobremaneira a compreensão de professores usuários dessas aulas e incentive o uso dos sistemas de comunicação na prática docente. Além disso, espera-se que essa pesquisa possa propiciar uma reflexão crítica sobre as aulas do Portal que abordam os gêneros discursivos digitais, bem como sobre a importância do léxico como norteador da significação de textos.

DUPLO PREENCHIMENTO DO CP EM VARIEDADES REESTRUTURA DAS DO PORTUGUÊS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSAL LINGUÍST ICO E A

SITUAÇÃO DE CONTATO

Eduardo Ferreira Dos Santos – USP Rasraquel Azevedo Da Silva – USP

Neste trabalho enfoca-se a construção de duplo preenchimento do sintagma complementizador (CP) no português de Angola (PA), no português de Guiné-Bissau (PGB), no português vernacular brasileiro (PVB) ’norma não padrão’ – línguas reestruturadas – , no português brasileiro ‘norma padrão’ (PB) e a aproximação desse tipo de construção, nesse conjunto de variedades distintas da língua portuguesa, com o português europeu (PE) e brasileiro presentes em textos dos séculos XV e XIX. Comumente classificadas como ‘interrogativas clivadas sem cópula’, essas construções serão tomadas como sentenças do tipo monoclausais e excluídas, portanto, do âmbito das clivadas – ver Oliveira (2011); Santos & Oliveira (2012). Os dados em (01), exemplificam esse tipo de construção nas referidas variedades: (01) i. Onde que vai seguir a faculdade? (PA) ii. O que que você acha sobre cota racial? (PGB) iii. O que que você fez? (PB/PVB) iv. Onde que valë ali as riquezas në as honrras në a fremosura e a postura e os grandes comeres? (PE – séc. XV) v. Afonso Karr diz não sei onde que o elogio não tem merecimento, senão quando aquele que elogia podia dizer o contrário (...) (PB – séc. XIX) Essa construção interrogativa fronteada seguida pelo ‘que’, segundo Oliveira (2011), é comum nas línguas do oeste africano, mas não se pode tomá-la como específica para esse conjunto de línguas, pois outros dados apontados pela autora com línguas não pertencentes a família Niger Congo também apresentam esse tipo de construção. Além dos traços internos de cada língua, estaríamos, portanto, diante de um universal linguístico e da concepção de que as teorias substratistas e universalistas são complementares para o apontamento da gênese das línguas reestruturadas. Para Holm & Machado (2010), as construções em (01), para o PB e PVB, estariam em uma variedade de interlíngua do português falado no Brasil durante o período colonial. Essa questão presente nos dois autores também reforça a hipótese de que a língua portuguesa chega em África como uma língua de contato, apoiada nos dados do PGB e no português dos séculos XV e XIX. EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: COMUNIDADES INDÍGENAS SU RUÍ PAITER E A

CULTURA DO IMPRESSO

Lucélia Miranda de Souza – UNIR/PIBIC/CNPq Cynthia de Cássia Santos Barra – UNIR

Esta comunicação tem por finalidade fazer uma reflexão sobre os caminhos da educação escolar indígena no Brasil, neste início do séc. XXI, enfocando suas relações com a transmissão da escrita alfabética nas aldeias e a produção de literatura de autoria indígena (ALMEIDA, 2004). Para

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percebermos as mudanças que tem ocorrido no cenário da educação escolar indígena, vamos lançar um olhar para a implantação das escolas jesuítas que tinham por finalidade “civilizar” os indígenas e, nos dias atuais, verificaremos como os movimentos indígenas, órgãos governamentais, antropólogos, educadores, diversos artistas e cientistas apoiam os indígenas, que exigem seus direitos assegurados por lei, como, por exemplo, o respeito às suas formas tradicionais de produção de conhecimento e também o direito a uma escola diferenciada, específica. Nesse contexto, a antropóloga e editora de narrativas indígenas Betty Mindlin levanta importante questão: “que utilidade teria aos indígenas escrever e ler em suas línguas?” (MINDLIN, 2004). Pedagogicamente falando, a alfabetização em língua materna é mais fácil de ser assimilada pelos indígenas; no entanto, isso implica a introdução de estruturas de produção de conhecimento não indígenas nas escolas das aldeias. Nesse sentido, talvez o maior desafio envolva a escolha de métodos e procedimentos interculturais tanto para a alfabetização quanto para a pesquisa e o registro das produções orais tradicionais. Sabemos que a introdução da escrita alfabética nas comunidades indígenas possui um amplo alcance político, estético e cultural; gostaríamos, portanto, de propor uma discussão em torno da prática da escrita alfabética e dos desafios, caminhos abertos e problemas, trazidos pela Educação Escolar Indígena no Brasil em sua relação com a publicação dos Livros da Floresta (ALMEIDA, 2004). Orientaremos nossa discussão enfocando algumas das produções escritas produzidas em co-autoria por Betty Mindlin e as comunidades Suruí Paiter, de Rondônia, nas últimas décadas.

EDUCAÇÃO ESTÉTICA PELA PRÁTICA DA ESCRITA POÉTICA

Eveline Almeida – UFG Jamesson Buarque – UFG

Sabemos que no Brasil, em geral, a poesia é aprendida na escola. Assim, este lugar ocupa uma posição fundamental na formação de leitura poética e o professor se torna essencialmente um mediador de tal processo. Logo, faz-se necessário investigar como essa formação tem ocorrido a fim de refletir acerca da aprendizagem dessa arte específica. Para tanto, foi realizada uma investigação dos Parâmetros Curriculares Nacionais e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio de Língua Portuguesa, bem como um levantamento de resultados de algumas ações de ensino de poesia, como faz a Olimpíada de Língua Portuguesa, os estudos da Rede Goiana de Pesquisa em Leitura e Ensino de Poesia, as oficinas da Casa das Rosas e da Casa do Saber entre outras. Constatamos que há nas diretrizes para o ensino de Literatura, e mais particularmente de poesia, uma forte valorização da leitura imanentista da obra literária, que por sua vez superou a leitura da obra a partir da história literária em escolas. Contudo, essa constatação nos levou a observar uma diferença contrastante entre tais orientações e aquelas destinadas ao ensino de Arte na escola. Enquanto, por exemplo, se aprende a dançar em aulas efetivamente práticas, onde o corpo é tomado como instrumento a ser manipulado por determinada técnica, no caso da poesia tem se reproduzido um ensino que se dá pela leitura do cânone via análise linguística. Isso implica que o ensino de poesia, em muitos casos, não chega ao plano da apreciação. O presente trabalho, resultado de pesquisa PIVIC/CNPq, pretende retomar a tese de Longino (Do Sublime), que lança olhos para uma aprendizagem de poesia que se dê pela prática, que, atualizada em cenário educacional, forma a sensibilidade estética dos alunos. Trazendo para cena Bakhtin, discutimos a respeito da relação que há entre arte e vida e como esta assim compreendida pode formar, através do acabamento estético, sujeitos capazes de criar e contextualizar o que produzem, tornando-se aptos a se posicionar diante do mundo não só inteligível, mas também sensivelmente. A formação poética pela prática na sala de aula torna possível uma relação com o idioma pela qual a língua, a textualidade e os discursos são experimentados pelo aluno como sujeito catalisador de forças que formam a cultura, a vida pública e privada, os modos de perceber, sentir e pensar o mundo que dizem respeito a suas contingências mais identitárias, como o sentido de pertença a lugar, época e povo.

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ELAS ENTRE AS LEITURAS: TRANSPONDO MUROS E TECENDO SABERES

Daniele Araujo dos Santos Marinho – UEFS Andréia Caricchio Café Gallo – UEFS

O presente trabalho consiste em um relato de experiência das atividades realizadas enquanto bolsista do Projeto de extensão “Círculos de Leitura: Uma tecnologia social para além do espaço escolar” do Programa Interno de Bolsa Extensão-Pibex vinculado ao Núcleo de Leitura Multimeios da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e caracteriza-se como uma ação extensionista que propõe fomentar o hábito da leitura nas mulheres beneficiadas pelo leite do Programa Bolsa Família do Governo Federal, da comunidade rural de Tocos do município de Antônio Cardoso-Ba.Os círculos são realizados mensalmente e são constituídos por uma técnica em que o leitor-guia conduz a leitura do textos de diversos gêneros em voz alta, e logo após, são abertos momentos para discussões que estabelecem relações condizentes com a realidade das mulheres. Sabe-se que a leitura é extremamente importante no processo de formação do indivíduo. Nas palavras de SILVA (1983), “O processo de leitura apresenta-se como atividade que possibilita a participação do homem na vida em sociedade em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidades de transformação cultural futura”. Dessa maneira, para o indivíduo tecer saberes é preciso realizar leituras com uma visão crítico-reflexiva. Assim, as atividades extensionistas têm o intuito de ampliar, nos sujeitos envolvidos, a capacidade de enxergar nas entrelinhas; ver o não dito a partir do dito. LAJOLO (1999) reforça que “lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral sem fim.” Assim, é a partir das pluralidades de sentidos despertados pela leitura, e pelas trocas de experiências que os saberes estarão sendo construídos. Embora o projeto ainda se encontre em andamento, é perceptível que as mulheres estão mais envolvidas no mundo das leituras, repensando suas realidades com posicionamentos mais críticos, adquirindo uma capacidade de interpretação e de conhecimento que vão além do mero reconhecimento de palavras, da interpretação de sinais gráficos, identificação de ortografia e pronúncia. Considerando-se ainda que os círculos de leitura caracterizam-se como uma TS (tecnologia social), conforme PEDREIRA et al (2004), por oportunizar inclusão social e melhorias na qualidade de vida, é possível afirmar que as leitoras estão sendo formadas como sujeitos conscientes de seu papel na sociedade.

ELEMENTOS DESLOCADOS À ESQUERDA: TÓPICOS OU ADJUNTOS?

Maiane Soares Leite Santos – UFBA O objetivo desta pesquisa é analisar os elementos deslocados à esquerda da sentença, que podem exercer a função de tópico ou adjunto na língua portuguesa falada. O deslocamento de elementos à esquerda da sentença acontece tanto no português brasileiro quanto no português europeu. Os elementos deslocados à esquerda, se fizerem parte da pressuposição entre falante e ouvinte, são considerados tópico. Caso contrário, isto é, caso não haja a pressuposição da informação entre os interlocutores da conversa, esses elementos deslocados seriam um sintagma preposicionado funcionado como adjunto adverbial. É escolha do falante deslocar e/ou adjungir elementos à esquerda da sentença. Pode-se verificar isso, em algumas construções do português brasileiro, como Nessas línguas, eu acho que o sujeito acontece ou não, ou do português europeu, como Na Faculdade de Farmácia do Porto também há um centro de bioquímica. Em ambas há um elemento deslocado à esquerda. Levando em consideração que o assunto entre as pessoas envolvidas eram Na Faculdade de Farmácia do Porto e As línguas em questão, pode se dizer que esses sintagmas são tópicos, pois, dentro de um contexto, estão desencadeando o assunto, e, além disso, fazem parte da

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pressuposição dos envolvidos na conversa. Os sintagmas preposicionados e os adverbiais, deslocados à esquerda, podem ser ou adjuntos adverbiais ou tópicos conforme Pontes (1987), Araújo (2006, 2009) e Rocha e Lopes (2009). A diferença entre eles é sintático-discursiva. O tópico, elemento que está na interface sintaxediscurso, estabelece um quadro de referência para o que vai ser dito. Quanto aos adjuntos, acontecem por adjunção, que é o processo sintático responsável por expandir a sentença, agregando informação adicional a uma categoria presente na oração para lhes atribuir, por exemplo, um modo, um aspecto, um tempo. De acordo com Rocha e Lopes (2009), um elemento será considerado adjunto a depender da posição que ocupa em uma sentença e a partir da (não) exigência dos predicadores da mesma. A análise realizada por este trabalho traz contribuições sintáticas em relação ao português (brasileiro ou europeu), evidenciando que tipos de sintagmas deslocados à esquerda podem ser considerados tópico ou adjunto e se há diferenças entre essas duas variedades do português.

EMPREGOS DA PREPOSIÇÃO POR EM TEXTOS DE FORMANDOS EM LETRAS

Rafael Praciel Costa – FACALE/UFGD Bruno Oliveira Maroneze – FACALE/UFGD

Este trabalho tem como objetivo apresentar os usos da preposição por em textos de formandos em Letras Licenciatura da Universidade Federal da Grande Dourados, comparando seus usos com os descritos nas gramáticas. Os textos utilizados para a pesquisa são resultado da disciplina de Escrita e Ensino, em que os alunos são levados a escrever e reescrever seus textos até chegarem a uma versão de boa qualidade discursiva. Dessa forma, foi selecionada sempre a última versão, com o objetivo de demonstrar o uso das preposições em contextos textuais bem desenvolvidos. Para análise dos dados, foram descritos, sob a forma de uma tabela, o termo regido e regente da preposição por, a classificação gramatical desses termos e a classificação semântica do termo regido, sendo esta última a principal e mais complexa tarefa deste estudo. Nesta pesquisa pudemos observar que a preposição por apresenta mais frequentemente os significados de agente, meio concreto (lugar) e meio abstrato. Além disso, observamos certa oscilação entre os significados de causa, função e motivo, que se apresentam muito próximos entre si. As gramáticas empregadas para comparação dos vários significados da preposição foram a Gramática de Usos de Maria Helena de Moura Neves e a Moderna Gramática Portuguesa de Evanildo Bechara.

ENSINAR GRAMATICA OU ENSINAR LÍNGUA

Adevagno Coutinho MARCIEL – UEMA/CESB Fernanda Dias de Andrade LIMA – UEMA/CESB

O trabalho tem como finalidade apresentar as diferenças existentes entre língua e gramática visando abordar diversos contextos relacionados ao tema e mais provocar uma reflexão do que aumentar o estoque de saberes. Língua e Gramática são assuntos distintos, porém importantes que vêm provocando desde tempos remotos criticas e discussões acerca do imensurável cosmo que as diferenciam. Com esse paradoxo propomos como objetivo geral despertar a reflexão sobre a importância desses dois fatores na vida especialmente dos temidos professores da Língua Portuguesa. E tendo como objetivos específicos chamar atenção para as diversas gramáticas existentes nas salas de aulas, e que independente de qual seja a gramática utilizada pelos alunos, cada uma tem o seu prestígio pois cada pessoa tem o seu idioleto no uso de Língua e de Falar.Partindo desses pressupostos que ambos contextos citados acima tem sua relevância de destaque na vida de uma comunidade falante.Sabemos da importância de aprofundar conhecimentos nesses assunto pois uma grande duvida nos incomoda, ensinar língua ou gramática? Uma pergunta

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que vem se tornado frequente no cotidiano de professores e estudantes de letras, pois a sociedade com suas regras e normas impõe N fatores a respeitos desse tema sendo que a realidade existente em sala de aula é outra. Analisando a questão da gramática seria de suma importância que professores ao fazerem correção de textos escritos por seus alunos em sala de aula, dessem mais valor ao conhecimento que os mesmos oferecem ao transcrever um texto, do que a simples regras gramaticais, com isso constatariam que, não são tão inúmeros os erros de português que se fala que existe tanto por ai. Uma vez que é papel da escola ensinar a língua padrão. ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁTICA DOCENTE NO ÂMB ITO DA ESCOLA

Keci Vieira da Silva – UERJ/CAPES

Vânia L. R. Dutra – UERJ O maior desafio de um professor ao iniciar a sua prática em sala de aula é adequar o conteúdo do Curso de Letras para o ensino básico. Nesse sentido, para o professor de Língua Portuguesa essa tarefa se mostra ainda mais desafiadora, na medida em que ele se propõe a ensinar algo que supostamente já é de domínio do aluno: sua língua materna. Entretanto, se a língua é algo tão familiar ao aluno, por que então a dificuldade quando se trata da escola? Qual a diferença entre a Língua Portuguesa que estudamos na universidade e a que ensinamos na escola básica? Como vincular a teoria apreendida à prática escolar? Esse questionamento surgiu quando da participação em um congresso promovido pelo PIBID. Bolsistas de várias instituições, atuando em diferentes escolas públicas de várias regiões, apresentavam as mesmas preocupações: diante da oportunidade de atuar na escola, que conteúdo deve ser priorizado e que metodologia deve ser usada para trabalhá-lo? como adequar os conteúdos estudados na graduação aas necessidades dos alunos da escola básica? Este trabalho objetiva explicar como os alunos da licenciatura em Língua Portuguesa que participam do Subprojeto de Iniciação à Docência de Língua Portuguesa na UERJ têm conseguido minimizar essa dificuldade. Sob a orientação do professor na universidade e do professor da escola, construímos atividades que são aplicadas em sala de aula, observando-se o programa do “currículo mínimo” exigido para o ensino de base no Rio de Janeiro e sua aplicabilidade às necessidades comunicativas dos alunos. Para tanto, lemos e discutimos textos de autores que discutem o ensino da Língua Portuguesa conciliando texto e gramática (MARCUSCHI, ANTUNES, NEVES), observamos e avaliamos em conjunto a prática do professor na escola, discutimos e analisamos o programa e sua realização, construímos atividades que nos auxiliam na concretização de nossos objetivos pedagógicos e avaliamos os resultados obtidos junto às turmas. Em relação aos bolsistas licenciandos, teoria e prática têm caminhado paralelamente, proporcionando a eles vivenciar a realidade da escola e construir uma experiência profissional que lhes ajudará ao assumirem sua própria sala de aula. Quanto aos alunos da escola básica, percebemos um engajamento maior diante do material que produzimos, que priorizam o texto em detrimento da metalinguagem gramatical, e uma mudança significativa em sua prática oral e escrita da língua materna.

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA GUERRA PERDIDA?

Dayanne da Silva Rocha – UFMT/CUA/ICHS/PIBID/CAPES Eloísa de Oliveira Lima – UFMT/CUA/ICHS

Este trabalho nasceu das discussões realizadas nas reuniões de estudo do grupo de Pesquisa “Língua e Gramática: desafios e possibilidades de ensino” e tem como objetivo apresentar um estudo de caso que está sendo realizado no ensino médio, turno matutino, da Escola Estadual Deputado Norberto Schwantes, na cidade de Barra do Garças. A pesquisa visa diagnosticar as possíveis

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deficiências no ensino de língua daquela escola, por meio da análise do plano de ensino dos docentes, em que será verificado o conteúdo proposto para trabalhar em sala, e também por meio do acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos estudantes daquela escola. Detectadas as deficiências, passa-se para uma nova etapa que é descobrir as causas. O que leva o ensino de língua ao fracasso ou ao sucesso naquela escola: o tipo de atividade desenvolvida? A formação do professor? A metodologia utilizada? A motivação dos alunos? A partir desse diagnóstico e à luz da teoria trabalhada pelos autores estudados pelo grupo (Geraldi, Irandé Antunes, Carlos Franchi, Travaglia, Fiorin), discutir se existe possibilidade de corrigir as falhas existentes ou se conformar com a atual realidade e considerar o ensino de língua como uma guerra perdida. O que espera desse trabalho é muito mais do que simples discussão sobre a deficiência no ensino da língua portuguesa. O que se espera é que, a partir do diagnóstico, a pesquisa contribua com o grupo no sentido de dar-lhes condições para que aponte caminhos e que seja possível aprimorar a prática do ensino de língua.

ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA, EM UMA PE RSPECTIVA HISTÓRICO-SÓCIO-CULTURAL

Nathalia Pereira de Oliveira Sousa – UFG

Tânia Ferreira Rezende – UFG Esta pesquisa tem o propósito de investigar, em uma escola de ensino fundamental da rede municipal de ensino de Goiânia, se o tratamento da variação linguística em sala de aula e as concepções de variação linguística, de linguagem e de ensino de língua portuguesa, presentes nas práticas pedagógicas dos professores, refletem as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa para o ensino fundamental. A hipótese é a de que os resultados inoperantes de inúmeras políticas públicas destinadas a promover uma melhoria na Educação no Brasil podem ser reflexo da forma como a gramática da língua é ensinada, revelando um distanciamento entre o ideal linguístico e aquele praticado socialmente pelo aluno; e que as dificuldades encontradas na produção, oral ou escrita, da língua portuguesa e do atual fracasso escolar, no que diz respeito ao ensino-aprendizagem de LP, podem estar relacionadas ao ensino de língua pautado em uma concepção uniformista e padronizadora, tanto de linguagem quanto de ensino de línguas. O objetivo aqui é investigar se o tratamento da variação linguística em sala de aula e as concepções refletidas nas práticas pedagógicas dos professores estão de acordo com as orientações dos PCN de língua portuguesa para o ensino fundamental que prima pelo raciocínio e pela reflexão em detrimento do reconhecimento cristalizado da língua e daquilo que é certo ou errado nela. Nessa perspectiva, um raciocínio reflexivo do funcionamento da língua portuguesa, no ensino fundamental, deveria estar pautado no entendimento da língua como um fenômeno que sofre influência sócio-cultural e que se constitui no decorrer da história. Desse modo, temos o princípio de que o ensino de gramática do português quando pautado no conhecimento de sua formação histórica e com reflexão do seu papel na sistematização das normas consideradas padrão ou nãopadrão/ populares pode elucidar e dar sentido à maioria das regras incompreensíveis da língua portuguesa, dispensando os exercícios mecanicistas e a memorização. Para tanto, dentre o referencial teórico, temos Britto (1997), Deline (In: Fiorin, 2007), Marcuschi (2003), Silva (1997).

ESCOLARIZAÇÃO BÁSICA, LEITURA LITERÁRIA, ANÁLISE LI NGUÍSTICA E FRUIÇÃO ESTÉTICA

Thaísa Martins de Oliveira – UFG

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Esta comunicação apresenta e discute os dados coletados durante o primeiro ano de pesquisa desenvolvida por duas alunas de ensino médio do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás, contempladas com Bolsa PIBIC-EM (2012/2013). A questão que norteia a investigação é: em que sentido a gramática de um idioma estrutura o discurso de uma língua? O objetivo é identificar formas de explorar o texto literário em seu sentido estético, de fruição, tendo como recurso também a análise dos elementos linguísticos (morfossintáticos, semânticos e fonológicos) que o organizam e, assim, potencializar a qualidade da leitura e da compreensão dos conteúdos enciclopédicos veiculados em outros gêneros textuais na escola. Para tanto, primeiramente, foram pesquisadas as obras literárias selecionadas para compor a bibliografia da disciplina Língua Portuguesa de 5º ao 9º anos, em 2012, para que seus conteúdos temáticos fossem explorados e utilizados também como referência informacional em atividades de produção escrita, durante os encontros extras de atendimento especial a alunos com dificuldades em diferentes matérias do currículo escolar, que acontecem sem a presença do professor que ministra a disciplina. Durante o segundo semestre da pesquisa, foi organizada uma Coletânea de Atividades Multidisciplinares, em que constam exercícios de leitura e exploração de poemas e contos que analisam a estrutura linguística discursiva e a intertextualidade promovida pelas relações associativas de diferentes campos de conhecimento; elementos que organizam o texto e que o autor convoca o leitor a perceber, para que possa usufruir a obra com mais propriedade. Nesta comunicação, serão expostas algumas dessas atividades da Coletânea, com o intuito de demonstrar a relevância da leitura literária que potencializa a fruição estética do aluno, ao invés de sua mera interpretação das ideias contidas no texto, para melhorar a qualidade analítica dos conteúdos presentes em outros gêneros textuais, durante o processo de escolarização básica.

ESTRATÉGIA DISCURSIVA EM ANÁLISE TEXTUAL

Elenilce dos Santos Oliveira Santiago – UnirG/Centro Universitário O presente trabalho propõe-se a discutir sobre as estratégias discursivas para a análise textual, a partir dos estudos de Antunes (2007), considerando o desenvolvimento de três focos de análise: estratégias de leitura, de estudo linguístico e de produção de texto. Nesse sentido, abordam-se questões relativas ao léxico textual e à sua aplicação nos textos; questões relativas às condições sociais da produção e da circulação de textos, com a finalidade de explicitar que outras descobertas podem-se empreender, além da gramática (ou dentro da gramática). Desse modo, pretende-se analisar textos, levando em conta diferentes aspectos que dizem respeito ao processo de produção, circulação e recepção. Durante os processos de usos da linguagem, os interlocutores colocam em ação várias estratégias sociocognitivas, por meio das quais realizam o processamento textual, e nesse momento é necessário mobilizar vários aspectos e tipos de conhecimento armazenados na nossa memória, recorrendo, simultaneamente, a vários passos interpretativos, eficientes, flexíveis e extremamente rápidos, além de pequenos cortes que funcionam como entradas para elaboração de hipóteses interpretativas do enunciado. Nesse sentido o trabalho busca estabelecer as estratégias que determinam os elementos fundamentais para organização textual, atribuindo-lhe sequência, continuidade, progressão e coerência como fatores essenciais para a produção dos sentidos.

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ESTUDO DIALETOLOGICO NAS PRÁTICAS RELIGIOSAS DA COM UNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA MORRO DE SÃO JOÃO

Elizângela Gomes Quintana – UFT

Karylleila dos Santos Andrade – UFT A história dos quilombolas, bem como as questões envolvidas na mesma, despertou o interesse por uma pesquisa que visasse realizar um estudo sob a ótica da dialetologia nas práticas religiosas da comunidade remanescente de quilombola Morro de São João. De acordo com Aguilera (1998), a linguagem é um meio essencial de comunicação e de interação humana. Além de ser uma marca de identidade social, é o veículo fundamental utilizado para caracterizar a visão de mundo e a cultura de um povo. Por meio da linguagem é possível identificar as origens do falante, incluindo suas tradições, concepções e modo de falar. A linguagem é por natureza um objeto sujeito a alterações, por ser uma parte constitutiva do ser humano. Ora, se o homem está sempre mudando sua aparência, suas ideias, seus valores, é perfeitamente normal haver variações e mudanças linguísticas, o que implica dizer que todas as línguas variam, isto é, não existe nenhuma comunidade de falantes cujos membros falem da mesma forma. O presente estudo foi realizado com base em pesquisas dialetológicas, partindo do método prático de pesquisa de campo em geolinguística, com entrevistas gravadas em áudio para posteriores transcrições das falas. Os indicadores que serviram como subsídios para a pesquisa foram: caracterização do território, perfil social, levantamento das variáveis linguísticas, além de informações complementares como a história da comunidade, Cardoso (2010), Ferreira e Cardoso (1994), Oliveira (2008) serviram de subsídio teórico-metodológico para o estudo dialetólogico. É de caráter qualitativo, bibliográfica, como instrumentos de pesquisa foram utilizados a observação, entrevistas semiestruturada, transcrição dos dados e análise. Os objetivos que nortearam esta pesquisa dizem respeito a ter conhecimento histórico e linguístico da comunidade remanescente de quilombola Morro de São João, com intuito de conhecer, descrever e analisar tais variantes linguísticas sob a perspectiva da dialetologia e verificação do dicionário de Língua Portuguesa, de uso corrente no Brasil, sendo o Aurélio (2000). ESTUDO DO TEXTO QUATROCENTISTA ANÔNIMO VIDA E FEITOS DE JÚLIO CÉSAR

Renata Morais Mesquita – USP/FFLCH

Adma Fadul Muhana – USP/FFLCH Se para o estudioso tanto da língua como da literatura medieval portuguesa a delimitação do corpus poético é mais acessível do que a do corpus em prosa, faz-se necessário, então, aos pesquisadores da literatura interessados na prosa, considerar as traduções desse período em língua portuguesa objeto de investigação. Podemos citar, como exemplo, a importância dos estudos acerca da Demanda do Santo Graal, traduzida para o português do original francês, o que não só comprova nossa afirmação quanto à pertinência da pesquisa de traduções portuguesas como também encorajanos ao estudo de outra obra, anônima e quatrocentista, traduzida do original francês do século XIII, Li Fet de Romains - basicamente um compêndio de autores latinos, uma das duas obras mais antigas de historiografia latina escritas em francês, com grande difusão na França e na Itália até o século XVI – a qual foi intitulada em português Vida e Feitos de Júlio César. Ademais, para refletirmos sobre a literatura portuguesa em prosa, especialmente a da época de Avis, em que vemos surgir o gosto pela tradução de escritores clássicos, não podemos diminuir a importância das traduções, independente de sua difusão, pois atuam como fatores imprescindíveis na preparação do denominado renascimento português. Nesse sentido, nossa pesquisa iniciou-se em novembro de 2012 com a tarefa de refletir sobre as hipóteses acerca das condições de produção da tradução portuguesa durante o quatrocentos, prosseguindo com a finalidade de traçar a peculiaridade da

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tradução portuguesa frente ao seu original francês. Ou seja, objetivamos, em nossa pesquisa, o estudo aprofundado da composição da tradução, de modo a criar uma base sólida sobre a qual analisaremos, posteriormente, a maneira como o texto se comporta frente às duas concepções do gênero historiográfico concorrentes à época do chamado renascimento: uma que aproxima a história da verdade, outra que remete a história à narrativa retórica.

ESTUDO DOS NOMES DE LUGARES (ACIDENTES HUMANOS) E SUA RELAÇÃO COM O ENSINO DE HISTÓRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENS INO FUNDAMENTAL

Anna Inez Alexandre Reis – UFT/CNPq Karylleila dos Santos Andrade – UFT

O estudo toponímico não poder ser pensado desvinculado de outras ciências: “é uma disciplina que se volta para a História, a Geografia, a Linguística, a Antropologia, a Psicologia Social e, até mesmo, à Zoologia, à Botânica, à Arqueologia, de acordo com a formação intelectual do pesquisador” (DICK, 1992: II). Deve ser pensada como um complexo línguo-cultural: um fato do sistema das línguas humanas. Faz parte de uma ciência maior que se subdivide em toponímia, estudo do nome de lugar, e antroponímia, estudo do nome de pessoas. É fundamental compreender os topônimos a partir dos diferentes significados, olhares e áreas de atuação, pois, por se organizarem de maneira dinâmica, constantemente (re)inventam-se no tempo e no espaço, sobrepondo-se valores socioculturais, econômicos, políticos e religiosos. O estudo toponímico apenas pode ser compreendido e apreendido a partir dos fios tecidos sob os olhares de diversos saberes. A proposta deste trabalho vincula-se ao estudo dos nomes de lugares (acidentes humanos) e sua relação com o ensino de História no Ensino Fundamental a partir dos livros didáticos e documentos oficiais (PCN e Orientações Curriculares do Estado) com foco na interdisciplinaridade. Os objetivos do projeto são: identificar de que forma os nomes de lugares (acidentes humanos) estão dispostos nos livros didáticos de História e descrever o estudo dos nomes de lugares (acidentes humanos) e sua relação com o ensino de História no Ensino Fundamental nos livros didáticos e documentos legais. E ainda discutir, ainda que preliminar, uma proposta pedagógica utilizando os topônimos numa perspectiva interdisciplinar para o ensino fundamental. A proposta deste trabalho vincula-se ao estudo da toponímia no contexto do ensino considerando a teoria da interdisciplinaridade. Para realizar essa discussão, utilizaremos como abordagem teórico-metodológica, no campo da toponímia, os trabalhos de Dick (2004, 1999, 1990), e os estudos de Fazenda (1998), (2003) e (2009) e Morin (1990) no campo da interdisciplinaridade.

ESTUDO DOS PROCESSOS COESIVOS PRESENTES EM REDAÇÕES ESCOLARES

Raphael Pelosi Pellegrini – UNIRIO/ FAPERJ Maria Cristina Rigoni Costa – UNIRIO

Desde a publicação dos PCNs, a educação em língua materna busca se voltar para as práticas de letramento(s), colocando em primeiro plano o trabalho com leitura e produção de textos orais e escritos nos mais diversos gêneros. Dessa forma, o educador deixa de ser aquele que apenas deposita determinados conteúdos descontextualizados de uma prática linguística para o que possibilita ao aluno o contato com as mais diversas situações comunicativas e suas respectivas exigências. Entretanto, ao analisar os resultados dos exercícios de produção de textos realizados em sala de aula, pode-se notar que uma parte significativa dos alunos, mesmo nos anos finais de escolarização, ainda possui muitas dificuldades na sua prática de escrita. Assumindo tal cenário educacional, o presente trabalho busca, por meio do exame de um corpus de redações escolares de nível médio, analisar como se dão os processos de construção dos objetos do discurso e sua

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respectiva progressão referencial. Assim, considerando que as redações escolares analisadas muitas vezes são construídas em alguma região entre a modalidade oral e a escrita da língua, surge a necessidade de analisar o modo de (re)construção dos objetos de discurso tanto na fala oral quanto em textos considerados bem construídos. Para buscar tal posição, foram utilizados como parâmetros, nesse contínuo oralidade-escrita, o corpus de conversações presentes no projeto NURC e as redações consideradas ideais pelo Ministério da Educação divulgadas na Guia do Estudante – Enem 2012.

ESTUDO DOS TRUNCAMENTOS SINTÁTICOS EM REDAÇÕES ESCOLARES

Clara Caraciolo Taveira – UNIRIO/FAPERJ Maria Cristina Rigoni Costa – UNIRIO

Há muito se discute sobre a metodologia empregada nas aulas de Língua Portuguesa no Brasil, em especial no que tange à produção textual. A prática de ensino utilizada por grande parte dos professores, caracterizada principalmente por uma perspectiva reducionista do estudo da palavra e da frase descontextualizadas, não se mostra eficaz para inserir o aluno em práticas textuais que o capacitem a transitar de forma competente pelas diversas situações comunicativas escritas. Um dos resultados desse método de ensino é a dificuldade enfrentada pelo aluno em se adequar às exigências da modalidade escrita, mas ao mesmo tempo sem se apoiar totalmente na modalidade oral, realizando assim muitas transgressões em relação à exigência da situação comunicativa em questão. Como parte de um estudo maior desenvolvido a partir do projeto Procedimentos de Estruturação Textual em Redações Escolares, o presente trabalho visa a construção de uma nova metodologia que busca compreender, por meio da análise de um corpus de redações escolares de nível médio, como se dá a continuidade da modalidade falada para a escrita no processo de produção textual de alunos da rede pública, observando, principalmente, casos de truncamentos sintatico-semânticos. Dentre as dificuldades identificadas no material analisado, ressaltam-se os casos de construção de orações absolutas, de estruturas paratáticas ligadas por vírgulas ou pela conjunção aditiva “e”, com a função de representar operadores de outras categorias, e de truncamentos nos processos de inserção de estruturas hipotáticas.

ESTUDO SEMÂNTICO-PRAGMÁTICO DA CONJUNÇÃO MAS A PARTIR DE ANÁLISES DE TEXTOS MIDIÁTICOS

Luenne Sabino da Silva – UEG

Maria de Lurdes Nazário – UEG Este trabalho investiga os diferentes sentidos que a conjunção mas pode desempenhar a partir da análise de textos midiáticos, partindo de uma perspectiva funcionalista. Ao verificar a classificação de algumas gramáticas normativas vê-se que as mesmas tradicionalmente definem a conjunção basicamente com o sentido de oposição, apesar de a pesquisa linguística, considerando os usos, descrever diferentes sentidos e funções para tal item gramatical. Nesta pesquisa, busca-se uma análise da língua a partir do estudo semântico (sentido) e pragmático (contexto), com o objetivo de identificar e analisar os diferentes sentidos (e também funções) que a conjunção mas adquire dependendo do contexto comunicativo. O estudo inicial foi feito a partir de pesquisa bibliográfica, com análise das posições de gramáticos, como também de linguistas que falam sobre a conjunção mas tendo como base a Semântica e Pragmática, em específico a Semântica Argumentativa, em que o falante ao se comunicar utiliza da união das palavras para que as mesmas adquirem sentido de forma intencional dentro do contexto. Pesquisou-se também teóricos que falam sobre o ensino de Língua Portuguesa, que abordam sobre as diversas estratégias de melhorar o seu ensino. A análise dos textos se constrói numa abordagem qualitativa, com a finalidade de apresentar fatores contextuais que colaboram para a realização de um determinado sentido ou função no texto. O mas

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deve ser visto como uma categoria dentro do contexto de uso que varia quanto aos seus sentidos e funções. Um estudo dessa natureza se justifica pela necessidade de saber como a língua funciona dentro de vários contextos discursivos, proporcionando uma contribuição ao ensino de Língua Portuguesa. O ensino de gramática tem que ser repensado, porque o processo de ensino-aprendizagem trabalha a gramática isoladamente, sem fazer relação com o uso. O estudo gramatical sozinho faz com que o aluno seja privado de compreender a sua língua e sua constante mutação para atender as exigências da comunicação dos usuários.

FRAGMENTOS E INSTANTES DO PASSADO: GRACILIANO RAMOS E A LÓGICA DISCURSIVA METONÍMICA EM INFÂNCIA

Laura Verónica Ruiz Zoia – UNC/UFG Miguel Alberto - Koleff – SECyT/UNC

Este trabalho concentra a sua análise na utilização da metonímia, como traço literário e recurso estilístico, na obra Infância de Graciliano Ramos. Dedica-se especial atenção à possibilidade que este recurso oferece para a reconstrução das lembranças e a recomposição dos fragmentos ; e como isso repercute de uma maneira nova e fecunda ao recriar o passado e em conseqüência reconfigurar o presente. A preferência pelo estilo metonímico na obra de Graciliano Ramos não nasce de um gosto individual, particular ou de uma vontade íntima ou capricho do escritor, mas sim, da necessidade que este tem de informar, expressar, configurar e apreender esteticamente o mundo que tem por alvo. Graciliano Ramos encontra na escrita de Infância a possibilidade de recriar o seu próprio olhar infantil, e nessa busca exaustiva se propõe recuperar um passado que um dia foi seu. Assim, desde seu papel de adulto-narrador tenta reelaborar essas memórias, organizando os cacos dessas vivências e constituindo um novo olhar a partir dos fragmentos e instantes recuperados pelo adulto. Graciliano aborda esta estratégia literária para caracterizar a etapa inicial da sua infância , aquela ligada às vivências dele , um menino que ainda não era capaz de estabelecer relações lógicas. O protagonista é capaz de ver só pedaços daquela realidade, sem uma idéia de conjunto ou integral dos lugares e personagens, mas com a intenção de resgatá-los para reconstruir a sua memória. Ao longo da sua obra, Graciliano Ramos recupera aquelas percepções e sensações que pertencem ao mundo do menino, mas que foram obtidas através dos recursos limitados da criança. Por isso, o adulto-narrador tem a tarefa de se concentrar na reconstrução dessa multiplicidade de situações desconexas, porque só assim conseguirá readquirir o perdido, e recompor o seu próprio passado. A lógica discursiva metonímica proporciona ao escritor a possibilidade de dar um novo sentido simbólico aos acontecimentos conforme à perspectiva de observação. Uma visão em constante mudança que vai se intercalando entre as vivências da criança e a nova interpretação do adulto. É nessa intenção de redimir o passado “...de se reanimar o passado no presente, a partir das ruinas...”1 que Graciliano Ramos, no papel do narrador-adulto traz luz sobre sua infância; e nessa constante construção revaloriza as vivências e as percepções do mundo a partir daquele,seu universo infantil.

GÊNEROS DISCURSIVOS, MEDIAÇÃO E FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Cleiton Reisdorfer Silva – UFFS

Francieli Matzenbacher Pinton – UFFS A reflexão crítica sobre formação de professores encaminha a discussão para o empoderamento deste sujeito que busca autonomia no seu fazer docente. Nesse sentido, a formação visa à construção de uma identidade profissional que se fortalece nos saberes da docência e não em uma

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prática profissional meramente instrumental (NÓVOA, 1995, P. 25). Em razão disso, este trabalho tem por objetivo analisar criticamente o conjunto de gêneros discursivos relativos à esfera profissional, produzidos pelos professores de Língua Portuguesa em formação inicial, bem como, os discursos sobre o ser e o fazer docente a eles subjacente. Para tanto, primeiramente, será realizada uma análise documental do Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Letras – Português/Espanhol com a finalidade de identificar o conjunto de gêneros do discurso que se referem à esfera profissional docente. Logo após, será realizada uma análise dos gêneros do discurso que são solicitados e/ou exigidos dos alunos bolsistas do Programa de Iniciação à docência _PIBID – Letras. Este corpus será analisado à luz da Análise Crítica de Gênero (MOTTA-ROTH, 2005, 2008), entendida como a confluência entre a Análise Crítica de Discurso (FAIRCLOUGH, 2003, 2008) e a Análise de Gênero na perspectiva da Sociorretórica (SWALES, 1990, 1998, 2004; BAZERMAN, 2006, 2009; MILLER, 1984, 1994). Os procedimentos de análise compreenderão os seguintes movimentos: i) identificação do conjunto de gêneros do discurso da esfera profissional docente; ii) análise textual e discursiva dos gêneros; iii) identificação e análise das estratégias metadiscursivas e, por fim, iv) identificação e análise crítica dos discursos sobre o ser e o fazer docente, bem como as concepções e saberes subjacentes. Com esta pesquisa, espera-se apresentar uma descrição crítica do conjunto de gêneros produzidos pelos licenciandos com a finalidade de aprimorar o processo de formação docente, em termos de competência linguístico-discursiva. Além disso, busca explicitar os discursos recorrentes sobre a docência e sobre linguagem a fim de promover a reflexão crítica sobre a formação do professor de Língua Portuguesa.

GRAMÁTICA DISCURSIVA, LEITURA E REESCRITA NA EDUCAÇ ÃO BÁSICA

Alana de Sousa Silva – UFG Esta comunicação apresenta e discute o trabalho de estágio supervisionado desenvolvido com um grupo de três alunos de ensino fundamental que participavam de aulas de atendimento especial, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás, durante o segundo semestre letivo de 2012. A seleção foi feita após a percepção de que esses alunos faziam uma constante transposição da modalidade coloquial (adotada em seus ambientes de convivência social cotidiana) para a escrita, quando eram também solicitados a produzir textos segundo a norma padrão da língua portuguesa. Ao iniciar o projeto de estágio, equivocadamente, tinha-se a convicção de que o aluno só poderia vir a compreender e produzir adequadamente esse tipo de texto escrito se fossem identificados os erros mais comumente cometidos por eles e ensinada a gramática normativa do idioma. Após o estudo teórico de autores que discutem questões relacionadas à transposição da fala para a escrita, como BAGNO (2011), MARCUSCHI (2001), TRAVAGLIA (2009), SILVA (1991), SOUZA e SILVA (1991), entre outros, passou-se a perceber que são os usos que fundamentam a língua e não o contrário; e que falar ou escrever bem não é ser capaz de adequar-se às regras da língua, mas de usá-la adequadamente para produzir um efeito de sentido pretendido em uma dada situação. E, a partir dessa compreensão, de que é a intenção comunicativa que funda o uso da língua e não sua morfologia ou sua gramática, as sequências didáticas planejadas para compor as atividades de leitura e reescrita dos alunos passaram a priorizar a função discursiva dos elementos que estruturam o texto, objetivando, assim, se chegar a um discurso significativo pelo uso adequado às práticas e à situação a que se destina, e não a um texto ideal pelo emprego de normas. Para ilustrar essa prática, nesta comunicação serão apresentadas as atividades de leitura e reescrita de uma canção, uma crônica e uma anedota, que apresentam desvios da norma padrão escrita, simulares aos da língua falada pelos alunos pesquisados.

GRAMATICALIZAÇÃO DE CONSTRUÇÕES EM PORTUGUÊS BRASIL EIRO: UM ESTUDO ACERCA DAS CONSTRUÇÕES PARATÁTICAS PERIFRÁSTICAS.

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Érica Rogéria da Silva – UFU/UC/FAPEMIG

Angélica T. do Carmo Rodrigues – UNESP Este trabalho pretende demonstrar os resultados obtidos com a pesquisa de iniciação científica cujo objetivo foi a realização da descrição e a análise de um tipo particular de construção na modalidade falada do português brasileiro (PB), ampliando os estudos realizados anteriormente em Rodrigues (2006). As construções paratáticas perifrásticas (CPPs) caracterizam-se por uma sequência mínima de dois verbos, V1 e V2, sendo que a posição V1 é preenchida pelos verbos ir, chegar ou pegar e V2 é relativamente livre. V1 e V2 partilham sujeito e flexões de tempo e pessoa, podendo ou não ser interligados pela conjunção e. A pesquisa foi realizada a partir de uma análise quantitativa das ocorrências de CPPs no PB, coletadas do corpus do Projeto Alip (Amostra Linguística do Interior Paulista). A ocorrência (1) é representativa dos casos de CPPs consideradas na pesquisa: (1) Eu fui embora na hora/ na hora da saída peguei e fui embora direto nem:: nem fiquei lá depois eu fiquei saben(d)o... que elas tinha briga::do… As ocorrências encontradas no corpus nos mostraram que além dos verbos ir, chegar e pegar investigados por Rodrigues (2006), os verbos catar e virar também podem ocupar a posição V1 nas CPPs no PB, como em (2) e (3), respectivamente: (2) Ele disse que se a menina não be(i)jasse ele que todas iam descê(r) do carro... que num ia ficá(r)ninguém dentro do carro... nisso... ele catô(u) e pediu po D. de novo a menina num queria be(i)já(r) ele ele pediu pro D. dá(r) a direção pra ele... (3) Ela foi lá conversá(r) com ele... e falô(u) pra ele – “ah (inint.) como que cê é o que cê me mandô(u) (que num sei quê)” –ele virô(u) e falô(u) assim – “ah mas o celular num tava comigo tava c’a minha namora::da” A pesquisa desenvolveu-se no âmbito do projeto “Gramaticalização de construções em línguas românicas: um estudo comparativo”, coordenado pela professora Dra. Angélica Rodrigues e contou com o apoio financeiro da FAPEMIG (projeto SHA-APQ00681-09). A abordagem teórica priorizada nesta pesquisa está associada à Linguística Funcional (vertente americana) e para a análise dos dados nos servimos dos procedimentos metodológicos utilizados nas pesquisas sociolinguísticas de orientação laboviana.

GRAUS DE GRAMATICALIDADE DO VERBO LEVAR: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA

Luís Felipe Leal de Moraes Silva – UFJF

Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda – UFJF/PPG Este trabalho desenvolve um estudo do verbo “levar” no português brasileiro, buscando descrever seus diversos graus de gramaticalidade. Partimos da hipótese de que os novos usos gramaticalizados revelariam um caminho de crescente (inter)subjetivização (FINEGAN, 1995; TRAUGOTT, 1995; TRAUGOTT & DASHER 2005; DAVIDSE, VANDELANOTTE & CUYCKENS, 2010) e representariam a emergência de padrões construcionais (TRAUGOTT, 2003, 2008a, 2008b, 2009, 2012). A fim de validar o objetivo apontado acima e de confirmar as hipóteses levantadas, realizamos uma pesquisa sincrônica, baseada tanto na modalidade oral quanto na modalidade escrita da língua. Os dados orais constituem-se de três corpora distintos: o corpus do projeto “PEUL - Programa de Estudos sobre o Uso da Língua”, o corpus do projeto “NURC/RJ - Projeto da Norma

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Urbana Oral Culta do Rio de Janeiro” e o corpus do “Projeto Mineirês: a construção de um dialeto”. E os dados escritos compõem-se de registros textuais disponíveis na Internet, extraídos de blogs e de revistas de abrangente circulação nacional (“Revista Época”, “Revista Ana Maria”, “Revista Veja”, “Revista Isto é”, “Revista Caras” e “Revista Cláudia”). Considerando-se as proposições de Bybee (2003), Vitral (2006) e Martelotta (2009), analisamos os dados qualitativa e quantitativamente, posto que o levantamento da frequência e a análise detalhada dos diversos usos identificados constituem um forte subsídio para que possamos definir, pontualmente, os graus de gramaticalidade e a emergência de padrões construcionais para os usos identificados.

GRUPO ABRACADABRA: CONTADORES DE HISTÓRIAS – LEITUR A, DIVERSÃO E ARTE EM FORMA DE PROJETO DE EXTENSÃO

Lucas Baracho Sousa – ICHS/CUA/UFMT Simone Silva Santos – ICHS/CUA/UFMT

Maria Claudino da Silva Brito – ICHS/CUA/UFMT O Projeto de Extensão Grupo Abracadabra: contadores de histórias é um projeto do Curso de Letras do Instituto de Ciências Humanas e Sociais/ Campus Universitário do Araguaia/ UFMT, que visa à formação e o fortalecimento do hábito de ler em crianças, jovens e adultos, por meio da contação de histórias. Compreende-se o ato de ler como fortalecedor das competências comunicativas e da cidadania. Assim sendo, compreendemos que a contação de histórias para crianças de 06 a 10 anos pode fortalecer muito a formação do leitor. Esse projeto é uma atividade extensionista, tendo sido criado no ano de 1994, completando, portanto, neste ano de 2012, 18 anos de existência. Esse grupo de contadores de histórias é formado por professores da rede pública e particular de ensino da região do Médio Araguaia e alunos e professores da Universidade. O Grupo Abracadabra: contadores de histórias, em suas atividades práticas semanais, realiza os seguintes trabalhos: reúne-se, semanalmente, às sextas-feiras, no Campus da UFMT, Unidade de Barra do Garças – MT, no horário das 7h30m às 9h30m. Nesses encontros, o grupo estuda teorias relativas à leitura, à formação do leitor, à Literatura em geral e à Literatura Infanto-Juvenil, à contação de histórias. Nessas sextas-feiras em que o Grupo se reúne, os contadores se dirigem para creches, escolas e comunidades da região para realizar sessões de contar histórias, levando leitura, diversão e arte ao público que prestigia a contação de histórias. Em seu eixo teórico, os contadores de histórias privilegiam a Linguagem, conforme pensa Hjelmslev, citado por Chauí (2002: 71): a linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana. A linguagem acompanha o homem, enfim, por toda a sua vida. Possibilita-o comunicar-se, relacionar-se com o mundo e com os que o rodeiam. Pela Linguagem o homem acontece. Este projeto lida com a leitura, entendida, aqui, como grande fortalecedora das competências comunicativas do indivíduo e, ao mesmo tempo, da cidadania.

HIPERTEXTO: UM AVANÇO TECNOLÓGICO APLICADO NO ÂMBIT O ESCOLAR

Bruna dos Santos Correia – UFScar Maria Isabel de Moura Brito – UFScar

O hipertexto vem se mostrando como uma forma de vínculo entre redes, que nos dá uma nova dimensão da leitura por meio da internet, tornando-se uma ferramenta de grande importância no que diz respeito ao trabalho com o texto como gênero. Ele se caracteriza como um gênero textual que contem em sua estrutura, termos destacados ou palavras-chaves chamados hiperlinks, que nos direcionam a outros links e consequentemente a outros hipertextos, apresentando uma forma de

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desvinculação da hierarquia proposta em textos “comuns” e lineares aos quais estamos acostumados. O hipertexto permite que os sentidos do texto se construam de forma tentacular. O conceito de hipertexto ainda é pouco trazido para o âmbito escolar como uma ideia de tecnologia interativa. E que a mesma permite ao professor atuar como mediador dos processos de leituras dos alunos ou de um modo em que estes passam a ter uma relação mais autônoma como leitores na forma como acessam os hiperlinks e os novos significados que estes acarretam. O que em alguns textos teóricos vamos observar sendo chamados esses leitores de co-autores, por conta dessa autonomia na dinâmica de leitura. Para a escola a tecnologia presente no dia a dia do aluno, é vista, muitas vezes atrapalhando o ambiente de ensino, que o distrai das atividades proposta em sala de aula. Porém os veículos tecnológicos podem ser direcionados também para a aprendizagem do conteúdo curricular das disciplinas, utilizando esses meios que são familiares aos estudantes em seu lazer, para o aprendizado escolar. Assim o hipertexto, não apenas pode aproximar as realidades do aluno fora da escola com as do interior da escola, como gera uma ampliação da forma textual, quebrando a ideia fixa de linearidade dos gêneros textuais, mostrando ao aluno que a produção de texto, não necessariamente é um texto ilhado, fechado, tanto que um gênero pode mesclar-se com outros, como as autorias, sendo o aluno parte dela também na sua leitura ou criação.

HISTÓRIA E LITERATURA EM MIA COUTO

Márcia Oliveira de França – UFT/PIBIC Maria Perla Araújo Morais – UFT

Quer seja por motivos políticos, econômicos ou sociais, a África é um espaço que aciona intrigantes pesquisas, dada a sua complexidade cultural. No ambiente escolar brasileiro, ratifica esse interesse a Lei no. 10.639 de 2003, que institui o “(...) estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil” (BRASIL, 2003). A revisão e a inclusão de vozes dissonantes na narrativa da História Oficial são questões próprias do pós-moderno: “O pós-moderno é (...) o campo de forças em que vários tipos bem diferentes de impulso cultural – o que Raymond Williams chamou, certeiramente, de formas ‘residuais’ e ‘emergentes’ de produção cultural – têm que encontrar seu caminho.” (JAMESON, 2004, p.31). Dessa forma, pensamos ser importante estudar obras africanas, não só pela questão revisionista que marca os textos pós-modernos, mas, principalmente, porque, estudando esse continente, também estaremos entendendo um pouco do que fomos e somos. Pretendemos analisar três obras do moçambicano Mia Couto: Terra Sonâmbula; Venenos de Deus, Remédios do Diabo e O outro pé da sereia. Esses romances têm em comum o fato de retomarem momentos específicos da recente história moçambicana. Trabalham com dados históricos, factuais que devem ser analisados para observarmos não apenas o que foi, mas o que poderia ter sido. Há nos textos uma complexa ficção em que a realidade é acionada e, por vezes, superada. O mergulho em vertigem nos pesadelos que marcam a terra, na realidade espectral que permeia as histórias, no nevoeiro imaginário que invade as ficções, na oralidade profícua que se embaralha com a escrita de Mia Couto propicia-nos observar que a invenção que recebe influxos da oralidade, do sonho, do verbo, em um mundo por criar, muitas vezes, é a única realidade possível. Moçambique é uma história a ser escrita e sua identidade aponta para complexas trocas culturais.

HOLOMOVIMENTO NO COSMOS: ALTERAÇÃO EM DESLOCAMENTO DE TODA-QUALQUER ‘NATURALIDADE’

Silvio Sousa – PUCGO

Norival Bottos – PUCGO

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Este artigo pretende enveredar o percurso da tentativa de exprimir e levar-nos à reflexão sobre a pluralisação de sentidos e a construção dos fluxos em fluxos de consciência em um ambiente imagético descomunal na obra Koa’e de Luis Serguilha. Para isto, sua construção, por meio da materialização lingüística escrita e cerceada por um ambiente imagético descomunal, visa um entrelaçamento da poesia com corpos-parte e corpos-todo se movendo em uma esfera dos sentidos ainda que imperceptíveis aos olhos nus. Os trilhos que arriscamos desvendar salientam-se pela intrínseca ligação com o pensamento aristotélico ao propor a teoria da causalidade e engendram-se na estética (in)formal de esfumaçamento polifônico-dialógico do teor semântico, em possibilidades infinitas de pensamentos teóricos extra-textuais, com a morte do autor. Os aportes teóricos são Barthes, Heidegger e Foucault.

IDENTIDADE E LINGUAGENS ESPECIAIS: UMA PERSPECTIVA ECOLINGUÍSTICA

Ludmila Pereira de Almeida – UFG/NELIN/PIVIC-CNPq Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto – UFG/NELIN

Partindo do princípio de que a língua não é um sistema independente e sim parte integrante de um grande ecossistema, teremos como base que a Ecolinguística, que trata da relação entre língua e meio ambiente, estabelece que um ecossistema linguístico funciona de acordo com o tripé da Ecologia fundamental da língua (EFL), em que Língua, Povo e Território são inerentes para a formação de uma comunidade linguística, que por sua vez poderá se tornar uma Ecologia linguística complexa mediante suas interações com outras EFLs. Assim, temos como objetivo principal abordar e contribuir teoricamente sobre como as Ecologias linguísticas complexas se constituem e possibilitam a formação de novas formas de linguagens, como as linguagens especiais, além disso, veremos também como essas formas de linguagens podem formar a identidade do sujeito que a possui. Portanto, teremos como principal fundamentação teórica o Couto (2007), que nos traz uma visão ampla do que venha ser a Ecolinguística e como ela pode ser aplicada a alguns campos de estudos; traremos também a visão de Cabello (2002), que trata das linguagens especiais, definindo e as situando em quais espaços sociais são usadas; e também Hall (2007) nos mostrará uma definição do que venha ser a identidade no contexto pós-moderno em que estamos e qual sua relação com o meio. Com isso, as interações entre EFLs diferentes formaram as Ecologias linguísticas complexas, que possibilitam a constituição de novas linguagens a fim de suprir as necessidades comunicativas. Isso é perceptível, por exemplo, nas grandes metrópoles, onde encontramos diferentes grupos sociais com linguagens próprias, as chamadas linguagens especiais, que se inserem em um espaço específico formando EFLs dentro da EFL da língua oficial. Contudo, esses grupos são formados por sujeitos que trazem consigo uma identidade, uma representação que é formada pela sociedade, pelas praticas discursivas, de maneira a estabelecer relações de poder entre quem faz parte do grupo e quem não faz. Portanto, esse assunto é importante do ponto de vista da ecolinguística, por tratar da questão da diversidade, tanto linguística como de identidades, sendo que essa variedade é fundamental para constituir um ecossistema em equilíbrio e um ecossistema não se estabelece sem os organismos, nesse caso os sujeitos, portadores de representações.

IDIOMATISMO DE CORES NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Luciana Gonçalves Fernandes – UFG Maria Cícera Moraes da Silva – UFG

Leosmar Aparecido da Silva – UFG

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Ao interagir com o interlocutor, o falante utiliza expressões linguísticas. Muitas dessas expressões só possuem significados se um elemento linguístico está associado a outro(s). São as chamadas construções idiomáticas. Este estudo apresenta algumas expressões metafóricas que fazem parte do léxico do Português brasileiro. Foram selecionadas metáforas que envolvem cores, já que nas línguas em geral as expressões metafóricas envolvendo cores são ricas e produtivas. Na medida do possível serão vislumbradas hipóteses que explicariam a motivação do uso metafórico de determinadas cores para expressar, principalmente, emoções e sentimentos do falante.

INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO NA FALTA CULTA EM SALVADO R

Viviane Marcelina da Silva – UNEB O presente trabalho faz uma análise da variação nas formas de indeterminação do sujeito na fala popular e culta de Salvador. Carvalho (2011) investigou as principais estratégias para marcar a indeterminação do sujeito na fala urbana popular e na fala culta de Salvador. A autora chegou à conclusão de que há outras formas de indeterminar o sujeito além das formas que a gramática tradicional prevê: a terceira pessoa do plural e o verbo na terceira pessoa do singular com „‟se‟‟. As estratégias „‟você‟‟ e „‟a gente”, segundo Carvalho (2011), se mostraram mais produtivas por terem sido as mais utilizadas nos corpora estudados. No presente trabalho, utilizando pressupostos da Sociolinguística Variacionista ou Teoria da Variação, segundo Labov (2008 [1972]), observa-se na fala de entrevistados do Programa de Estudos do Português Popular e do Projeto Norma Urbana Culta, década de 90, de Salvador, a variação entre „você‟ e outras variantes na fala de Salvador. Toma-se como hipótese que a terceira pessoal do singular com “se” é uma estratégia muito pouco utilizada,.em fase de desaparecimento da linguagem oral, mesmo das pessoas mais escolarizadas, apesar de ser foco do ensino do português e ser muito explorada nas gramáticas pedagógicas. Consideramse, no estudo, como variáveis explanatórias extralinguísticas o gênero, a faixa etária e a escolaridade. Como ferramenta auxiliar para a quantificação e a análise dos dados, utiliza-se o programa Varbrul CARVALHO, Valter. Formas levam a formas na indeterminação do sujeito em Salvador. Anais. VII Congresso Internacional da Abralin Curitiba: UFPR, 2011. LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 [1972]. INFLUÊNCIAS DO CONTATO ENTRE O PORTUGUÊS DO BRASIL E LÍNGUAS BANTO

Sarah Freitas Rabêlo – UnB/ProIC/CNPq

Heloísa M. L. Salles – UnB Diversos estudos apontam a influência das línguas banto, primeira língua (L1) da maioria dos habitantes de Moçambique e Angola, nas estruturas gramaticais do português (L2) falado nesses países. Em relação ao português do Brasil (PB), sua formação envolveu as línguas faladas pelos escravos advindos do continente africano (Carvalho, 1987; Avelar & Cyrino 2008). No caso de Moçambique e Angola, o contato com o português se dá por via instrucional e pelos meios de comunicação, o que provavelmente impediu a crioulização. Entretanto, o português (L2) apresenta construções que podem ser explicadas pela transferência de propriedades das LBs, como o uso de em nos SNs tema (1), a ocorrência de DOC (double object construction) com verbos bitransitivos (2), e o uso de em nos SNs direcionais com função semântica de origem ou destino (3) (cf. Gonçalves & Chimbutane2008; Brito 2008): (1) em casa dele é aqui em frente. (=“a casa dele é...”); (2) Entregou o emissário as cartas. (=“Entregou ao emissário...”); (3) está a sair no estúdio. (=...sair do estúdio”). Nesses estudos, o uso da preposição ‘em’ é analisado como interferência da marcação dos locativos nas LBs, sendo em reanalisada como um marcador morfológico locativo, comparável ao afixo -eni, como em Changana (cf. G & C idem): (4) Tin-tombhi ti-hum-a kerek-eni 10-rapariga 10-sair de- igreja-loc “As raparigas saem da igreja.” Em relação à DOC, Brito (2008)

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sugere que, no PM, pode ter se originado de estruturas como (5), do Chichewa, em que um morfema aplicativo no verbo dispensa a realização de preposição que indique beneficiário: (5) Chitsiru chi-na-gul-ír -a atsíkána mphâtso. 7Tolo 7S-pass-comprar-APL- 2garotas 9presente “O tolo comprou para as garotas um presente.” Seguindo os pressupostos da linguística gerativa (Chomsky 1995), investiga-se a possível influência de estruturas gramaticais de LBs no PB, com foco em estruturas de locativos e dativos. AVELAR, J. & CYRINO, S. Locativos preposicionados em posição de sujeito.

INQUÉRITOS DA FALA DOS MANAUARAS DA TERCEIRA IDADE: PERFIL SOCIOLINGUÍSTICO E CARACTERÍSTICAS DIALETAIS

Márcia Leite do Nascimento – UEA/FAPEAM

Silvana Andrade Martins – UEA/FAPEAM Esse estudo tematiza as investigações sobre a oralidade, no que se refere à coleta de inquéritos da fala manauara de falantes da faixa etária acima de 54 anos. Trata-se de um trabalho do Núcleo de Estudos e Pesquisas Linguísticas Aplicadas à Educação (NEPLAE), vinculado ao projeto de documentação e análise do português falado em Manaus, iniciado em 2009. Este projeto subsidia pesquisas da fala manauara por meio da formação de um banco de dados digital de corpora dessa variedade linguística, disponibilizado no site conhecido por Fala Manauara (FAMAC). Esse viés em que se propõe registrar corpora específicos de falantes da terceira idade justifica-se, primeiro, pela carência de registros dessa faixa etária no banco de dados do FAMAC e, segundo, pelas características específicas da formação populacional da metrópole manauara, iniciada especialmente na década de 1960, quando houve uma intensificação do fluxo migratório. Logo, essa faixa etária retrata o estágio inicial dessa miscigenação linguística e cultural que surge da convergência de vários dialetos do português e até mesmo da influência de outras línguas. O levantamento de corpora desenvolveu-se na perspectiva teórica da sociolinguística variacionista laboviana. Constituiu-se de 20 inquéritos, em situações enunciativas de entrevistas com o documentador (DID), os quais versam sobre temas como infância, migração, profissão, formação da cidade de Manaus, e estão divididos em 10 inquéritos coletados com manauaras que possuem formação universitária e 10 com os que não têm essa escolaridade. O critério usado para estabelecer a população de referência é ser nascido em Manaus ou ter chegado a esta cidade com até 10 anos. Foi coletado com a anuência dos informantes e consciência de que suas falas estavam sendo gravadas. Esses registros foram transcodificados, preservando ao máximo as características da oralidade. Para isso, utilizou-se um conjunto de notações gráficas adaptadas dos projetos NURCs e também apresentadas em Marcuschi (2010). Portanto, apresentam-se os resultados preliminares obtidos no que se refere ao perfil sociolinguístico dos manauaras da terceira faixa etária e às características fonéticas e morfológicas encontradas nessa variedade do português brasileiro.

INTERCALAÇÕES: A ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DO TEXTO EM FOCO

Gabriela de Oliveira Gonçalves – UFSCar Maria Isabel de Moura Britto – UFSCar

Objetiva-se neste trabalho analisar a importância de tipos específicos de marcações no texto feitas pelo produtor as quais evidenciam seu diálogo no percurso da produção textual com diferentes possibilidades linguísticas e ideológicas que ele considera pertinente para realizar suas intenções enunciativas. Aspectos como o uso de parênteses, rasuras, traços e sobreposições constituem os chamados marcadores de intercalações com função metaenunciativa de correção. Dentre as várias referências teóricas que tem guiado este estudo, assume-se, como base em Franchi (1987), que a

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linguagem é uma atividade, um trabalho, e por isso é constantemente modificada pelo(s) sujeito(s) nela atuante(s). Considera-se que as intercalações são representações de uma forma específica de trabalho que o sujeito realiza com a linguagem. Essas evidências não apenas apontam para os fenômenos gerais da enunciação escrita como também demonstram as idiossincrasias e preocupações do sujeito-produtor no processo de construção dos sentidos. O caráter reflexivo dessas intercalações se relaciona com a reescrita, pois marcam o retorno do sujeito sobre seu texto a partir de uma reflexão, por mais simples que esta seja. Desta forma, as intercalações se constituem como uma atividade metaenunciativa, uma meta escrita, em que o próprio aluno, a partir de seus conhecimentos e experiências, pratica a autocorreção involuntariamente.

INTERTEXTUALIDADE E RITUALÍSTICA NO SINCRETISMO UMB ANDISTA: A DINÂMICA DO PONTO CANTADO

Lohana Kárita Teixeira - UFG Alexandre Costa - UFG/CNPq

A Umbanda surgiu no Brasil, na década de 1930, a partir da inter-relação de religiões como o catolicismo, o espiritismo kardecista, as crenças dos grupos ameríndios, do colonizador e as religiões das várias etnias africanas. É uma religião sincrética que apresenta uma proposta universalista, cuja prática está dentro de uma dinâmica de tradição oral. A música ritualística da Umbanda, comumente denominada de “Pontos Cantados” é uma das práticas que instancia os trabalhos. O presente estudo aborda o surgimento e o contexto histórico dos pontos cantados, sua função e importância como parte do ritual. Além de apresentar as alterações ocorridas ao longo do tempo, na letra e entoação e a influência que exerce na música popular brasileira. A partir do referencial teórico da Análise do Discurso, propomos um estudo dos “Pontos Cantados” em sua emergência ritual como prática dialógica que estabelece diferentes posições de sujeito na dispersão de seus enunciados. O corpus é constituído por três pontos cantados que serão analisados a partir de relações interdiscursivas (FOUCAULT, 1969) e dialógicas (BAKHTIN, 1995) das práticas em questão. O pressuposto é o de que todo conjunto verbal, constitui um sistema de relações caracterizado pela complexidade e pela pluralidade de seus níveis e de suas diferentes vozes.

INVESTIGAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS RESPONSÁVEIS PELA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO ALUNO, DA FAMÍLIA E DA ESC OLA

Juthsney de Oliveira – UFMT

Nádia Beatriz Arruda Campos – UFMT Águeda Aparecida da Cruz Borges – UFMT

Este trabalho tem como objetivo: investigar as representações sociais determinantes da construção discursiva de aluno, família e de escola. Os resultados foram organizados num relatório, em quatro partes: na primeira parte descrevemos as etapas de preparação do laboratório; na segunda apresentamos as análises das respostas advindas do questionário aplicado aos participantes. Na terceira parte, analisamos os dados mais expressivos e materializamos os resultados em gráficos e na quarta parte fazemos as considerações. O questionário foi aplicado a cinco alunos de cada ano escolar, sendo os alunos do 6º e 7º ano de uma determinada escola estadual localizada na periferia e alunos do 8º e 9º ano também de uma escola estadual, mas desta vez na área central, ambas na

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cidade de Barra do Garças, Mato Grosso. A pesquisa mostrou que a construção discursiva se dá por meio da junção de características, aglomeradas pelo indivíduo no decorrer do seu desenvolvimento, influenciando na sua evolução física e intelectual. O indivíduo não é o ser ativo do discurso, pois as especificidades determinantes da sua construção discursiva são sócioideológicas. A pesquisa mostra também que a construção discursiva do estudante é constituída pelo conjunto de aspectos que envolvem a sua vida: o convívio familiar, a escola e a sociedade de modo geral, que interferem no seu desenvolvimento intelectual. A investigação demonstra a relevância da representação social para a construção discursiva, de forma que não há a possibilidade do desenvolvimento intelectual da pessoa sem suas experiências sociais, que mesmo inconsciente, influenciam no caráter. No decorrer do desenvolvimento, o indivíduo torna-se capaz de absorver os conhecimentos empíricos adquiridos através da sua vivência e transferi-los para o seu relacionamento social.

JOGOS DIDÁTICOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O DOMÍNIO D AS REGRAS ORTOGRÁFICAS

Telma Maria Tafarelo Moreno – UFGD

Mariel Costa Ferreira da Motta – UFGD Rute Izabel Simões Conceição – UFGD

Neste trabalho apresentamos os resultados de uma pesquisa-ação desenvolvida em uma escola pública de Dourados-MS, cujo objetivo principal foi investigar as dificuldades ortográficas diagnosticadas na escrita de alunos numa sala de 6º ano do Ensino Fundamental com intuito de contribuir para a recuperação dos problemas, por meio de atividades prioritariamente planejadas e aplicadas em forma de jogos didáticos, durante dois meses. Fundamentados em Wittgenstein (1970), a respeito da analogia entre a noção de linguagem e a noção de jogo, e em Lemle (1990), a respeito dos fundamentos linguísticos para o diagnóstico e a classificação dos problemas ortográficos. As dificuldades diagnosticadas foram agrupadas em três ordens, de acordo com a proposição de Lemle: a) falhas de 1ª ordem (aquelas provenientes da primeira fase de aquisição da escrita, quando a criança troca letras ou deixa de escrevê-las); b) falhas de 2ª ordem (aquelas decorrentes da transcrição da fala, em que ocorre a tendência a escrever conforme se ouve ou se fala) e c) falhas de 3ª ordem (aquelas decorrentes da concorrência que as letras tem entre si pelo valor sonoro). Feita a análise comparativa dos dados obtidos no início e após dois meses de trabalho constatou-se que o nível de aprendizado/compreensão das regras trabalhadas foi positivo, com percentual geral de 70% de aquisição por parte dos sujeitos.

LEITURA DA PALAVRA, LEITURA DA VIDA : O LETRAMENTO LITERÁRIO NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Natália Jordana Vieira Da Silva – UFG

Israel Elias Trindade – UFG O Sujeito da Educação de Jovens e Adultos tem, na maioria das vezes, responsabilidades a cumprir, como trabalho ou mesmo deveres para com a família, possivelmente motivos que o fizeram deixar o ensino regular. Dessa forma, nas salas de aula podem-se encontrar diversos sujeitos com perfis parecidos, mas com histórias de vida, bagagens culturais e valores morais e políticos distintos, assim como ocorre na aprendizagem. Mas e quanto ao letramento literário? Como se dá seu processo nessa modalidade de ensino? Caso o letramento literário não esteja sendo desenvolvido de forma adequada, é possível ressignificá-lo? Essas são as indagações que norteiam a pergunta dessa pesquisa. Assim, esse trabalho mostra como se dá o processo de letramento literário por parte de alunos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos de Ensino Médio do período noturno de

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uma escola pública pertencente à região central do município de Goiânia-GO. A pesquisa, de caráter de pesquisa-ação, é fruto de atividades desenvolvidas durante a disciplina de Estágio do Português da FL/UFG. O trabalho foi desenvolvido em dois momentos: bibliográfico e de campo. Num primeiro instante, realizamos um estudo das publicações sobre o assunto e, a partir deste aparato teórico, construímos propostas pedagógicas de trabalho interventivo que exploram a questão sobre leitura e letramento literários. Portanto, a parte prática corresponde à última etapa da disciplina de estágio, ou seja, a prática, a docência. A partir da regência em sala, realizamos observações e atividades que nos forneceram dados para construirmos uma reflexão sobre práticas de letramento em turmas de EJA, pautadas nos pressupostos da educação popular. A presente pesquisa proporcionou algumas reflexões acerca da realidade do ensino de Língua Portuguesa para tal modalidade: a forma como os professores de Língua Portuguesa podem mediar o letramento literário e, desse modo, podemos refletir a respeito de como essa prática é de extrema importância para que esses alunos tenham a oportunidade de enxergarem a literatura como direito, como forma de emancipação.

LEITURA E ESCRITA COM ALUNOS ADVINDOS DE CULTURAS O RALIZADAS EM ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Stéfane Ferreira de Carvalho – UFG

Esta comunicação apresenta o trabalhado desenvolvido com um grupo composto de três alunos do 6º ano em dificuldades de leitura e escrita, durante o período de Estágio Supervisionado no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, a unidade de Ensino Fundamental e Médio da Universidade Federal de Goiás. A pergunta central foi: que estratégias o professor pode utilizar para colaborar com a melhoria da produção escrita de alunos advindos de um contexto social basicamente assentado em uma cultura oralizada? Segundo Emilia Ferreiro e Ana Teberosky “a escrita não é produto escolar, mas, sim, objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade”. Por isso, a ênfase do projeto foi levar textos narrados oralmente no convívio familiar cotidiano, como anedotas, casos, piadas, memórias de vida etc., como referência para a compreensão do processo de escrita textual formal. Para tanto, foram planejadas sequências didáticas que apresentavam esses textos escritos de acordo com a norma padrão, seguido de um questionário que analisava o seu conteúdo a partir da identificação do como as palavras, as orações, os parágrafos haviam sido estruturados, de modo a garantir o efeito desejado. Nesta comunicação, outros exemplos serão apresentados, como este que se segue, que ilustra uma dessas sequências didáticas desenvolvidas durante a leitura de um texto tradicional, "O Azeiteiro e o Burro", de Adolfo Coelho. Primeiramente foi feita uma leitura silenciosa, para que o aluno pudesse dizer se o texto provocava risos e o porquê disso; depois, foi feita a análise dos passos escolhidos pelo autor, para apresentar a história e, assim, garantir o efeito de surpresa e de estranhamento de sua narrativa. Feita essa exploração, os alunos foram convidados a contar suas próprias anedotas e uma dela foi escolhida para ser redigida no quadro, com a ajuda dos colegas e da professora. Durante a escrita conjunta, foram trabalhadas a coesão e a coerência textual, pela observação da escolha de palavras e de sua escrita, bem como da organização do pensamento do escritor, com vistas a ajudar o interlocutor a seguir seu raciocínio e, assim, perceber o efeito cômico que ele deseja provocar.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS MULTISSEMIÓTICOS: UMA REFLEXÃO

SOBRE O USO DA RETEXTUALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO/APRENDIZAGEM

Danielle Cristine Silva – UFLA/PIBID/CAPES

Mauricéia Silva de Paula Vieira – UFLA

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A retextualização pode ser compreendida como um “processo de transformação de uma modalidade textual em outra, ou seja, trata-se de uma refacção e uma reescrita de um texto para outro” (DELL’ISOLA 2007, p. 10). Este processo de refacção baseia-se no pressuposto de que “retextualizar é produzir um novo texto” e “que toda e qualquer atividade propriamente de retextualização irá implicar, necessariamente, mudança de propósito” (MATENCIO, 2002). Infere-se, portanto, que é preciso um trabalho de compreensão das estratégias textuais e discursivas exploradas no texto-base para, então, projetá-las, tendo em vista um novo propósito comunicativo. A referida pesquisa parte, também, do entendimento de que o ensino de Língua Portuguesa precisa estar ancorado em uma perspectiva que privilegie os gêneros textuais como objetos de ensino e aprendizagem e que esteja alicerçada numa concepção de escrita como prática social. Neste sentido, este trabalho socializa resultados de pesquisa empreendida no âmbito do PIBID/CAPES, cujo tema central foi a leitura e a produção de textos que exploram, em seu processo de composição, a combinação de diferentes sistemas semióticos. Kress (2012) e Kress e Van Leeuwen (1996, 2001) afirmam que palavra e imagem juntos não correspondem à mesma maneira de se dizer a mesma coisa; a palavra significa mais quando acompanhada da imagem. Por sua vez, a imagem também significa mais quando acompanhada do escrito. Com o advento das tecnologias da informação e da comunicação, os textos que circulam socialmente indiciam a mudança do modelo de textos monomodais para o de textos multimodais e a exploração, cada vez mais, de textos que integram palavra e imagem. Assim, esta investigação buscou compreender em que medida a estratégia da retextualização pode contribuir para o desenvolvimento da proficiência de alunos do Ensino Fundamental nas habilidades de leitura e de escrita de textos multimodais e/ou multissemióticos. O corpus da análise foi constituído por dezoito histórias em quadrinhos retextualizadas a partir do gênero crônica. Empregou-se uma abordagem qualitativa na análise dos dados e os resultados indicam que a retextualização, como estratégia de ensino aprendizagem, mostra-se produtiva no ensino da leitura e da produção textual, uma vez deixa à mostra a mobilização de um conjunto de conhecimentos e de habilidades concernentes a estratégias linguísticas, textuais e discursivas que vão além daquelas presentes no texto-base.

LETRAMENTO, LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

Kênia Nonato – UFG/PIBID/CAPES, Alexandre Ferreira da Costa – UFG

Todos nós somos capazes de aprender algo, perceber o mundo que nos cerca e interagir com este antes do conhecimento dos códigos alfabéticos e das regras que regem a nossa gramática normativa, por isso, após diagnosticar as necessidades dos alunos, do Ciclo III, baseada nas teorias de Paulo Freire, "A leitura do mundo precede a leitura da palavra", criei esse projeto afim de que os alunos tivessem consciência que estão apenas estendendo o conhecimento adquirido fora da escola. Falo aqui da “capacidade de produzir diversidade” de cada ser que não pode ser ignorada no processo de aquisição de letramento. O projeto visa levar o aluno a continuidade do processo de letramento, mostrar a ele que a escrita é somente uma extensão da sua “leitura” de mundo, para obter melhor capacidade deste, de realizar produção textual a partir da descrição de seu próprio cotidiano, levando-o, a perceber que criar um texto, é recriar este contexto em que ele esta inserido. Para este fim realizamos oficinas de escrita e leitura utilizando textos que estão inseridos no contexto de vidas dos alunos para maior facilidade de interpretação, contribuindo assim para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Desta forma nos foi possível investigar este processo de aquisição, com o objetivo de encontrar métodos que contribuíssem para o crescimento destes alunos; com a leitura e a escrita de seu cotidiano, associada de forma holística, pudemos conhecer e valorizar a cultura local destes alunos, nos apropriar de sua história e preservar o seu texto, o seu relato. Com esse projeto, alcançamos nosso objetivo, além do excelente desempenho da escrita e da leitura destes

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alunos, outros conteúdos necessários a sua aprendizagem, tais como: pontuação, gramática, caligrafia, também melhoraram e embora o trabalho ainda esteja longe de ser concluído, já conseguimos reduzir o receio da escrita e da leitura.

LÉXICO DIALETAL DA REGIÃO CENTRO-OESTE: UM ESTUDO C OM BASE EM DADOS DE ATLAS LINGUÍSTICOS

Suellen de Souza Becker – UFMS

Aparecida Negri Isquerdo – UFMS/CNPq Para registrar as experiências vivenciadas, o homem apropria-se do léxico, nível linguístico que melhor evidencia os traços culturais de uma comunidade de falantes, pois é por meio dele que registra a realidade vivida. Os itens lexicais que são utilizados com regularidade por um grupo de falantes configuram a norma lexical, conjunto de variantes lexicais que marcam o falar de determinada comunidade. No caso do Brasil, devido à sua grande extensão territorial, as diversas regiões brasileiras possuem características singulares que, por sua vez, motivam o surgimento de normas lexicais regionais, ou seja, um conjunto de traços que evidenciam as peculiaridades vocabulares de cada região. A Geolinguística é uma das áreas da Linguística que documenta e cartografa dados dialetológicos por meio de mapas (cartas linguísticas) que registram a distribuição diatópica de fenômenos linguísticos representativos de uma dada região, daí a importância dos atlas como fonte para estudos sobre a história de uma língua. Este painel discute resultados parciais de estudo de Iniciação Científica em andamento, com Plano de Trabalho vinculado ao Projeto Tesouro do léxico patrimonial galego e português: Brasil. Esse projeto tem sede na Universidade de Santiago de Compostela e tem como objetivo mais amplo construir uma grande base de dados sobre o léxico do galego e do português a ser disponibilizada em linha e que permitirá a distribuição regional desse léxico na Galícia, em Portugal e no Brasil. Este trabalho examina dados registrados em três atlas linguísticos produzidos na região Centro-Oeste e que integram o banco de dados do projeto em questão: ALMS - Atlas Linguístico de Mato Grosso do Sul (OLIVEIRA, 2007); ALiPP - Atlas Linguístico do município de Ponta Porã – MS (REIS, 2006) e ALMESEMT – Atlas Linguísticos da Mesorregião Sudeste de Mato Grosso (CUBA, 2009). O estudo proposto analisa dados relacionados à área semântica da Alimentação e Cozinha e, além de utilizar como fonte de dados esses três atlas linguísticos, os compara a dados contemporâneos documentados pelo Projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil) na região Centro-Oeste. Neste painel, são analisadas as variantes lexicais obtidas como resposta para o conceito da bebida alcoólica feita de cana-de-açúcar e tem como objetivo verificar em que proporção as designações para esse tipo de bebida traduzem “marcas” da formação étnica da população e de influências dos contatos interculturais e linguísticos característicos das áreas geográficas cobertas pelos atlas consultados. O estudo baseia-se em princípios teóricos da Dialetologia, Geolinguística, Lexicologia e Sociolinguística, focalizando as dimensões diatópica e léxico-semântica das unidades lexicais apuradas.

LIBRAS NO ENSINO REGULAR: UMA META POSSÍVEL?

Yuri Rodrigo Andrade Teleginski – UEPG

O estudo presente pretende investigar teses e dissertações que tratem da inserção de surdos em sala de aula regular, observando principalmente os valores atribuídos a esses surdos no contexto de sala de aula. Para este trabalho, que se configura como uma pesquisa bibliográfica, a estratégia proposta consiste no levantamento de teses, dissertações e artigos sobre a educação inclusiva de surdos que focalizem a relação professor-aluno e/ou que focalizem os pontos de vista dos professores sobre a educação do aluno surdo. Esse estudo prioriza os textos acadêmicos produzidos nos últimos três

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anos, identificando o campo de pesquisa em que esses trabalhos foram produzidos. Nessa verificação, pretendemos enxergar os pontos de vista dos diversos integrantes da comunidade escolar – sejam eles dos professores, pais, alunos e também dos próprios alunos surdos – e enxergar como esses pontos de vista são (re)construídos nas pesquisas acadêmicas. Sendo assim, nossa intenção é compreender a educação inclusiva para surdos do ponto de vista docente apresentado/analisado em trabalhos acadêmicos, além de compreender também, como os trabalhos científicos que se ocupam da educação de pessoas surdas tratam a relação docente-discente, e com estas pesquisas, concluir quais as implicações de alunos ouvintes e surdos aprenderem no mesmo espaço do ponto de vista dos professores, presentes nos documentos analisados. Esperamos, com esse trabalho a partir de pesquisas já concluídas, ter uma melhor compreensão da situação da educação inclusiva para surdos e, sobretudo, conhecer e compreender as perspectivas dos professores quanto a essa nova demanda cultural em sala de aula. Esperamos também que este trabalho nos dê subsídios para melhor compreender a relação entre professores, alunos surdos e alunos ouvintes em sala de aula e ainda compreender quais as implicações desse novo contexto e contato para os alunos, uma vez que essa relação afeta a sala de aula em totalidade. LÍNGUA PORTUGUESA: FUNÇÃO DO ADVÉBIO, NOS SÉCULOS X IX E XX, EM UMA

ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA

Wemylla dos Santos de Jesus – UEMA/CESI/NELLCINE Sônia Maria Nogueira – UEMA/CESI/NELLCINE/IP/PUCSP

Essa pesquisa reflete sobre o processo de ensino da Língua Portuguesa, no Brasil, com a descrição e compreensão dos fenômenos linguísticos, da segunda metade dos séculos XIX e XX. Nessa perspectiva, embasamos nosso estudo em Historiografia Linguística em Swiggers (2009) e Köener (1996), especificamente, adotando seus três princípios: o princípio da contextualização trata do espírito de opinião, uma vez que aborda os aspectos intelectuais, socioeconômicos, políticos e culturais. Além disso, o princípio de imanência esforça-se em estabelecer um entendimento total tanto histórico quanto crítico, se necessário filológico, do texto em apreciação e, por fim, o princípio de adequação faz aproximações modernas do vocabulário técnico do trabalho em estudo. Recordamos, desse modo, as condições socioeconômicas particulares, os acontecimentos históricos, as situações políticas e educacionais que têm considerável influência na motivação para se apresentar a história de uma disciplina. Buscamos, com isso, o aprofundamento de conhecimentos nos vários campos, o que demanda uma amplitude de estudos que visam a cumprir a tarefa de descrever, interpretar e explicar o ocorrido sobre a língua. Desse modo, a Historiografia Linguística torna-se fundamental ao esclarecimento da Língua Portuguesa, uma vez que serviu como base às informações gramaticais que temos hoje. Leva-se em consideração todo esse percurso histórico, por isso, não pode ser desprezada pelos pesquisadores da própria língua. Convém ressaltar que, para a análise, abordamos três aspectos, a saber: a Organização das obras, os Prefácios e a Função do Advérbio. Buscamos verificar, em especial, o ensino de sintaxe, suas abordagens e concepções sobre esse assunto, a metodologia aplicada, bem como o interesse dos autores ao produzirem as obras selecionadas nessa pesquisa. Para tanto, enfocando a organização das partes das obras de estudos gramaticais, no que tange ao tema linguístico: função do advérbio, procedemos à seleção, ordenação, reconstrução e à interpretação do corpus: a obra Syntaxe e construcção da Lingua Portugueza, de Thomas da Silva Brandão (1888), e a obra Novas Lições de Análise Sintática, de Adriano da Gama Kury (1984). Constamos que, entre 1888 e 1984, o tratamento dado à função do advérbio apresentou algumas alterações discutidas nesse trabalho.

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LÍNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA: TRABALHANDO A CR ÔNICA DE ACORDO COM O PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE PAULO FREIRE

Rosemara Arival de Souza – UEA

Jéssyca Bruna dos Santos Pereira – UEA Nathalie Anne Conceição de Barros – UEA

O presente trabalho surgiu a partir de uma experiência no PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência) no período de agosto a novembro de 2012. Tendo como principal objetivo: Analisar as influências do pensamento de Paulo Freire no ensino da Língua Portuguesa, especificamente no que se refere ao gênero textual crônica. Primeiramente realizou-se uma pesquisa bibliográfica a respeito das categorias Língua Portuguesa, crônica e o método defendido por Paulo Freire, posteriormente efetivou-se uma pesquisa–ação ocorrida em uma escola pública estadual, na qual foram verificadas as dificuldades apresentadas pelos alunos do ensino médio com relação ao aprendizado dos gêneros textuais. Em função desta problemática, decidiu-se intervir na realidade, buscando novas formas e metodologias para o desenvolvimento do trabalho pedagógico da Língua Portuguesa. Com isso, optou-se pela construção de um trabalho utilizando o pensamento deste renomado e reconhecido teórico Paulo Freire e relacionamos a sua proposta de trabalho que é pautada no estudo da realidade, na politicidade do ato educativo e na dialogicidade deste ato aos principais objetivos do estudo da crônica que visam o desenvolvimento da habilidade reflexiva do aluno, bem como a desenvoltura na produção textual. Percebemos que a partir do diálogo, elemento constantemente presente nas obras de Paulo Freire, o processo ensino aprendizagem da crônica, tornou-se muito mais significativo e eficiente.

LITERATURA: REFLEXO DA SOCIEDADE LUDOVICENSE EM JOS É CHAGAS

Rosenilde Nogueira dos Santos – FAMA José Ribamar Neres Costa – PUC

Este trabalho aborda a temática da crítica sociológica dentro das obras Os Azulejos do Tempo, Os Telhados e Os Canhões do silêncio, do poeta José Chagas, buscando encontrar elementos que comprovem o sentimento do poeta pela cidade de São Luís, deixando claro que este ao mesmo tempo em que exalta a Ilha do amor, não esquece que esta apresenta muitos problemas. Assim, demonstraremos esse sentimento, sua trajetória, e suas obras ao longo das análises feitas nos livros citados acima, e dessa forma, através do seu próprio texto encontraremos os elementos necessários para estas comprovações. Utilizando como teoria o livro organizado pelas escritoras Ida Ferreira Alves e Márcia Manir Miguel Feitosa sobre literatura e paisagem, e assim demonstrando que as obras de Chagas são o reflexo da cidade de São Luís, pois nelas pudemos encontrar diversas características, tais como: O descuido com o patrimônio cultural, o antes e depois do desterro, as zonas de prostituição, além da descrição do tempo, dos telhados e mirantes tão admirados e citados pelo poeta.

MARCHA DAS VADIAS: FEMINISMO, LIBERTAÇÃO OU REBELDI A?

Manoela de Jesus Santos – UESB/PIBID/Capes Antonio Jeferson Barreto Xavier – UESB/PIBID/Capes

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Adriana Maria de Abreu Barbosa – UESB/PIBID/Capes Os últimos cem anos foram marcados por fortes e decisivos embates para a mulher, em especial a brasileira. Divórcio, voto, emancipação política e aborto estão entre as bandeiras de luta e as conquistas das mesmas. Apesar de tantas conquistas a luta não para e a cada dia torna-se mais ferrenha, pois a sua liberdade não é plenamente observada. No entanto, a partir de 2011 a luta recebeu uma ajuda extra com a criação da Marcha das Vadias, movimento que protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro pediram isso devido as suas vestimentas1. E partindo dessas duas frentes de combate – Marcha das Vadias e o Movimento Feminista (MF) – que pretendemos mostrar como as ideias defendidas por autoras clássicas do MF são vistas por aqueles. Ao longo da nossa discussão nos valeremos das respostas do questionário de entrevista que será aplicado com alunos secundaristas e universitários, bem como de algumas matérias acerca dos dois movimentos foram publicadas em revistas de circulação nacional. Nas entrevistas procuraremos realizar uma contraposição entre a teoria feminista e a visão que estes têm da mesma, externando os equívocos que existentes nos discursos dos entrevistados. Temos como objetivo realizar uma comparação entre o feminismo e a marcha das vadias, para que possamos externar o que há de comum nessas duas frentes de batalha dos direitos da mulher e de que maneira essa temática é apresentada na escola de educação básica – é estudada ou não, e porque - e na universidade. E assim fundaremos nosso estudo nos livros A mulher independente (2001), de Simone Beauvoir, Ficções do Feminino (2011), de Adriana Abreu, Elogio da Diferença: o Feminino Emergente (2012), de Rosiska Darcy de Oliveira e Rosie Marie Muraro.

MATERIAL LINGUÍSTICO PARA O ESTUDO DA FALA DE TEFÉ

Tamyres Menezes de Andrade – UEA/FAPEAM

Germano Ferreira Martins – UEA Um dos fatores que dificulta a realização de estudos da língua falada é a falta de banco de dados organizados e representativo das inúmeras comunidades de fala espalhados pelo Brasil. Dessa forma, volvemos a pesquisa para a cidade de Tefé, uma das cinco mais importantes do Amazonas, localizada na região do Médio Solimões. Assim, o principal objetivo deste trabalho é estabelecer um conjunto de dados da língua falada que represente as variações presentes na fala utilizada pelos tefeenses. Com isso, pesquisadores interessados em análise linguística terão acesso a um material significativo para a realização de suas pesquisas. O referido corpus compreende mais de 25 horas de gravação com amostra de fala de tefeenses de diferentes perfis sociais. O corpus produzido é constituído de amostras de fala naturais do município de Tefé – Amazonas, com a participação de 52 informantes, escolhidos aleatoriamente. No entanto, levouse em consideração o seguinte perfil social: sexo (masculino e feminino), escolaridade (Ensino Fundamental – 1 a 5 anos de estudo, Ensino Médio e Nível Superior) e faixa etária (7 – 12 anos, 13 – 19 anos, 20 – 35 anos, 36 – 50 anos e mais de 50 anos). A pesquisa sociolinguística em estudo nos mostra a importância das expressões linguísticas utilizadas pelos seres humanos e abre um leque de informações sobre vários assuntos ligados à sociedade de modo geral. Esse sistêmico conjunto de fala produzida apresenta diferentes situações nas quais é possível identificar o perfil da fala tefeense. O estudo em questão consolida, através de conhecimentos próprios e teóricos, a preponderância de se construir um banco de dados com inúmeras situações da língua falada em uma região. Aqui, percebe-se que delimitamos esta pesquisa a uma cidade que abriga pessoas de vários níveis sociais, seja financeiro, seja intelectual, neste caso estamos falando de conhecimentos científicos. Essa mistura entre os indivíduos faz brotar uma ou várias maneiras de se expressar um mesmo pensamento.

MEMÓRIA TOPONÍMICA DE JUIZ DE FORA: UM ESTUDO DE CA SO

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Juliana Campos Schmitt – UFJF

Marcela Batista Martinhão – UFJF A toponímia tem como um de seus princípios básicos a análise da relação do homem com o meio no que se refere à designação dos topos. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo etnolinguístico e sócio-histórico da toponímia representada pelos bairros da cidade de Juiz de Fora/MG, não se limitando apenas aos aspectos linguísticos e etimológicos. Nosso objetivo, portanto, é investigar a procedência da significação dos nomes dos bairros, levando em consideração não somente aspectos geo-históricos e socioeconômicos, mas também aspectos antropolinguísticos que tenham influenciado em suas nomeações. A nossa análise toma como base as relações de contato linguístico instanciadas em Juiz de Fora/MG durante o século XIX (Cunha Lacerda, 2009), uma vez que a cidade contou, durante o período, principalmente com a presença de imigrantes alemães e italianos, com pessoas que antes habitavam a região mineradora e, ainda, com o maior contingente de escravos de todo o Estado. Para o estudo da toponímia, adotamos o método dialetológico, utilizado por Dauzat (1926) e as categorias taxonômicas e as conceituações propostas por Dick (1990). Nossa pesquisa pauta-se, ainda, na coleta, na análise e na tabulação dos dados, na organização da matéria e na apresentação dos resultados que obtivemos até o momento. Com esta pesquisa, esperamos contribuir para um conhecimento mais efetivo da história social da língua em Juiz de Fora/MG.

MEMÓRIA E INVENÇÃO DA INFÂNCIA EM MANOEL DE BARROS

Fernanda Pires de Paula – UFG/CAC/ PIBIC Antônio Fernandes Júnior – UFG/CAC

Em Manoel de Barros encontra-se uma produção poética muito peculiar e de uma sensibilidade indizível. O uso extremamente criativo da linguagem favorece a discussão de temas profundos, emergidos da simplicidade de uma colocação surreal. Sua poesia encarna a infância sem reforçar a significação pejorativa de ‘infantilização’, sem retirar a importância e o valor que nela se encerram. Como pontuou Bernardina Leal no texto Leituras da infância na poesia de Manoel de Barros (2004), a infância tem sido tomada, por diversas áreas de estudo, como o espaço da falta, da carência, da incompletude, da imperfeição, da necessidade etc.. Portando-se dessa maneira, nos afastamos da infância enquanto potência criadora da linguagem e da subjetividade. Tal aspecto é reiterado por Manoel de Barros em toda a sua obra, pois sua produção poética é, frequentemente, atravessada por uma aproximação com a infância, construindo uma “zona de vizinhança” com o universo infantil. Ao referirmo-nos à expressão “zona de vizinhança”, dialogamos com Deleuze e suas reflexões sobre a literatura e o devir-criança na literatura. O devir-criança na linguagem poética pode ser compreendido como elo com o lúdico, o desejo, o prazer e o espontaneísmo característico da arte como micropolítica. Por tudo isso, faz-se necessário repensar a conceituação de infância, retirá-la de um tempo-lugar específico e de uma faixa etária determinada - e depreciada por muitos, diga-se de passagem – para trazê-la mais próxima de todos, fazendo-a receber assim, o caráter de ser muito mais que certo tempo na vida de um ser humano para se tornar condição de experiência continuada, independente do corpo ou da idade que se possua (KOHAN, 2004). Com este intuito, o estudo da poesia de Manoel de Barros, baseada na teoria do “devir-criança” de Gilles Deleuze e Walter O. Kohan, configura-se como uma possibilidade de problematizar, discutir e, de certa forma, responder às diversas questões supracitadas. Para este estudo, faremos uma reflexão sobre a articulação construída entre a poesia e a infância no livro Memórias Inventadas: a infância. Acreditamos que o devir-criança funciona como uma estratégia discursiva ligada à poética do autor em destaque, capaz de aproximar o brincar da criança e o criar do artista, além de chamar a atenção do leitor para contemplar o mundo de forma desautomatizada e livre.

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MENSAGEM: PORTUGAL EM BANDARRA E PESSOA

Lucca Tartaglia – UFV Gerson Luiz Roani – UFV

Gonçalo Annes Bandarra, durante a primeira metade do século XVI, compôs inúmeras trovas de cunho messiânico ligadas ao retorno de Dom Sebastião, o desejado, e ao milenarismo português que serviriam como base de estudo, três séculos depois, para o “universal-poeta-lusitano” Fernando António Nogueira Pessoa. Estes estudos serviriam de base para a construção do único livro de poemas ortônimos publicado em vida, Mensagem. As referencias ao sebastianismo e o processo de progressão estabelecido no decorrer da obra apontam para o que viria a ser “a hora”, os símbolos se constroem em compunham entre passado, presente e futuro através de apontamento que se apresentam ora pelas marcas históricas, ora pela ausência. Este trabalho tem por objetivo estabelecer uma relação dialógica entre as trovas de Gonçalo Annes Bandarra e os poemas de Mensagem, a fim de propor uma nova leitura pautada nas coordenadas e interpretações postas em evidencia pelo próprio Pessoa em suas anotações referentes às profecias e seus desdobramentos na história do povo lusitano. METALITERATURA EM “SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INV ERNO”, DE ITALO

CALVINO

João Paulo de Souza Araújo – UFRPE/CNPq Nilson Pereira de Carvalho – UFRPE

Este trabalho integra a investigação realizada pelo projeto Metaliteratura e suas metáforas, sob orientação do Prof. Dr. Nilson Pereira de Carvalho (UFRPE), cujo eixo de pesquisa busca a análise e confrontação de obras literárias com o objetivo de compor um aprofundamento teórico e classificatório de fenômenos de autorreferenciação literária. Esta análise, em específico, é assinalada pelo estudo complexo do fenômeno metaliterário no romance Se um viajante numa noite de inverno (1982), de Italo Calvino. O cotejo da obra foi baseado no dinamismo dos aspectos literários passíveis de observação no texto, fortalecido pela incorporação teórica do Romance e do conceito de Literatura. Para este propósito foram utilizados os pressupostos teóricos de Schüler (1989) e Aguiar e Silva (1974) no tocante à estrutura do romance, de Bernardo (1999) quanto ao conceito de Literatura, de Calvino (1993) acerca da competência textual de falar por si sem intermediários, de Cosson (2006) sobre o letramento literário, de Mequior (1974) quanto ao fenômeno Kitsch, e, de Staiger (1975) com referência a conceituação da poética. Objetivou-se, portanto, diante do cotejo da obra, a contribuição para uma antologia composta por trechos que apontam na direção do nosso objeto de estudo, a natureza autorreferencial da Literatura. Conquanto, os resultados encontrados, baseados nas reflexões acerca da obra, foram considerados em verbetes, que correspondem a classificação dada à profundidade ou vazão dos artifícios literários separadas em graus. Vão do grau zero, correspondente à literatura autocentrada ao grau negativo, o qual imerge na manifestação da “língua” por si só em seu caráter metafórico. Verificamos, portanto, que a capacidade autorreferencial da literatura em seus produtos foi evidente no romance, porém, os entremeios travestidos nos artifícios metafóricos e figurativos da linguagem nos levaram a reflexões mais intrigantes e profundas. Ainda assim, realizou-se uma catalogação de fenômenos e aspectos da obra, verificando a reincidência ou não quando confrontada com outras obras também analisados.

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Ao criar parâmetros, identificar aspectos e conduzir uma classificação metodológica instaurou-se, por conseguinte, uma fluência maior do conhecimento a respeito do complexo da Literatura.

MÉTODO PAULO FREIRE, LEITURA DA PALAVRA E LEITURA D O MUNDO: PARA ALÉM DA PALAVRAÇÃO

Kely Margaret Kobayashi – UNISUZ Andréia da Silva Pereira – UNISUZ

Esta comunicação é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso, que teve como problema de pesquisa questionar se o Método Paulo Freire pode ser considerado um método de alfabetização baseado na palavração. A hipótese é a de que o Método Paulo Freire não pode ser considerado um método de palavração, pois parte da realidade do educando, buscando unidades de sentido para a aprendizagem. Para busca de resposta ao problema e da hipótese formulada, a pesquisa realizada tem como objetivo geral analisar, por meio de pesquisa bibliográfica, se o Método Paulo Freire pode ser considerado um método de palavração. Os objetivos específicos são: 1) analisar como se estrutura o Método Paulo Freire, do ponto de vista da língua; 2) pesquisar as relações entre leitura e escrita na alfabetização proposta por Paulo Freire e; 3) analisar como a expressão ‘ a leitura do mundo antecede a leitura da palavra’, utilizada por Paulo Freire, evidencia uma concepção de aprendizagem diferente do método da palavração. Os resultados da pesquisa mostraram que o método freireano não é uma técnica de alfabetização, mas um método coerente com o posicionamento teórico filosófico do seu criador, privilegiando a ação e o diálogo no processo de alfabetização. Nesse sentido, pesquisas sobre o letramento indicam que Paulo Freire pensou uma concepção de linguagem e alfabetização pautada nos usos sociais da escrita e da leitura aos educandos, isso ainda na década de 60 do século passado no Brasil. As discussões sobre letramento surgem, no Brasil a partir de 1980, vinte anos após as primeiras experiências de Paulo Freire com a educação de adultos e com a elaboração do que se denomina de Método Paulo Freire, o que torna o educador brasileiro uma das referências para os estudos sobre o processo alfabetizador. METODOLOGIA DE ENSINO DO PORTUGUÊS POR MEIO DOS GEN EROS CHARGE

E REPORTAGEM

Juliana Dionildo dos Santos – UFG O presente trabalho é uma pesquisa-ação em desenvolvimento, fruto de atividades da disciplina de Estágio do Português da FL/UFG. A partir de observações realizadas nas primeiras etapas do estágio, percebemos uma lacuna na formação dos alunos no que se refere às atividades de leitura e produção de textos. A partir dessa realidade, nos questionamos se essa limitação poderia ser superada por meio de atividades de leitura que fizessem uso dos gêneros charge e reportagem. Elaboramos, então, uma proposta cujo objetivo é investigar, desenvolver e aplicar métodos práticos para o ensino desses dois gêneros textuais, abordando temáticas próximas do cotidiano dos alunos. O embasamento teórico da pesquisa são os PCN’s e OCN, e os pressupostos da Linguística textual, Koch (2009), e da Análise do Discurso, Bakhtin (2003), a fim de mostrar a importância dos estudos dos gêneros textuais, a relação entre mundo e linguagem, o dito e o não-dito e as ideologias. Objetivamos aplicar exemplos práticos através de meios de comunicação para se estudar gêneros, bem como identificar nesses gêneros estratégias de linguagem, tomando por base as condições sócio-históricas e ideológicas de produção, para levar o aluno a desenvolver habilidades de escrita, leitura, fala, escuta e compreensão. Nesse sentido, esta pesquisa tem o propósito de investigar como a linguagem é utilizada em diferentes contextos sociais; entender como se dá a interpretação e a compreensão que se estabelece entre a linguagem escrita e a não escrita; e, através disso, criar um

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caminho para o aluno compreender melhor como se estabelece essa relação. Além disso, ao propor trabalhos didáticos com gêneros textuais charges e reportagens, a presente pesquisa objetiva desenvolver atividades de compreensão e produção textual, na intenção de desenvolver propostas que capacitem o aluno a refletir sobre o uso da linguagem nos textos, a fim de melhorar as possíveis deficiências na escrita, fala e, principalmente na interpretação de textos. Desse modo, nossa proposta procura estudar, propor e aplicar métodos de práticas de ensino com o fito de subsidiar professores e alunos do Ensino Médio da escola-campo CEPAE, onde serão desenvolvidas as práticas de estágio. As habilidades linguísticas que pretendemos explorar em nossa intervenção são relevantes, sobretudo ao público-alvo, estudantes que estão se preparando para o exame de vestibular, uma avaliação que exige dos alunos habilidades de interpretação, análise e produção de textos.

MÉTODOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL

Lucas Alves Costa – UFG Israel Elias Trindade – UFG

A Educação Profissional constitui-se com suas peculiaridades na sociedade brasileira, que vem se configurando no decorrer da história do país. A partir de recentes dispositivos legais e políticas públicas federais, nota-se a fomentação do processo de ampliação e expansão de tal modalidade de ensino. Frente tal realidade, os objetivos da educação são adequados para atender necessidades do mundo do trabalho, logo visa metodologias de ensino que atenda a formação de profissionais competentes em sua área de atuação. Considera-se essa modalidade de ensino pautada em concepções de educação e formação de sujeitos jovens ou adultos que estejam engajados no desenvolvimento de mão de obra do país. Essa modalidade de educação pauta-se no desenvolvimento de habilidades e competências exigidas na atuação profissional. Observa-se que no âmbito da educação profissional o ensino de língua portuguesa tem recebido total atenção das instituições, pois procuram formar profissionais que saibam atuar com e pela linguagem além do conhecimento técnico. O ensino de língua portuguesa na educação profissional ganha variadas denominações, mas todas tem um mesmo foco: “instrumentalizar” o estudante de conhecimentos que possibilitem usar a língua com competência na atuação profissional. Nessa vertente, esse trabalho propõese discutir, arrolar e analisar diferentes métodos de ensino de língua portuguesa no âmbito da educação profissional. Partindo sempre da concepção de língua que emerge de cada método já utilizado em situações reais de ensino-aprendizagem, verifica-se qual método ou métodos mais atende aos objetivos da educação para o mundo do trabalho. Considerando de extrema importância social discutir tal pressuposto, pois se pretende preencher uma lacuna existente sobre a inserção do ensino de língua portuguesa e método de ensino específico para atender os objetivos dessa educação, assim munindo formação docente para esse “novo” patamar e campo de atuação e pesquisas.

MODALIDADE DO VERBO “PODER” EM TEXTOS ESCRITOS DE A LUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE BARRA DO GARÇAS-MT: MULTIFUNC IONALIDADE E

CONTEXTO

Evandro Fonseca Gonçalves – UFMT Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque – UFMT

O objetivo desse trabalho é analisar os vários usos do verbo modal “poder” em produções textuais de estudantes do Ensino Fundamental do terceiro e quarto ciclos. Esse trabalho é de cunho

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funcionalista, fundamentado em autores como Givón (1995), Neves (1996, 2000) e Ilari et. al. (2008). Os dados estão sendo coletados numa escola pública da cidade Barra do Garças-MT. No processo de análise, ressaltam-se os sentidos que o modal “poder” assume no enunciado, considerando: i) os possíveis efeitos de sentido; ii) a multifuncionalidade (relação forma-função) do verbo; iii) o contexto da atividade comunicativa; iv) os participantes do discurso. A classificação do verbo “poder”, proposta neste trabalho, se baseia em Neves (2000), considerando-se, portanto, a noção de possibilidade e de necessidade, ligada aos valores de permissão, obrigação e habilidade, que se refere à modalidade deôntica; e a atitude do falante em relação ao enunciado, a expressão de valores de probabilidade, a possibilidade e necessidade, que se refere à modalidade epistêmica. A atribuição de valores (sentidos) distintos aos modais acontece porque a modalidade está na atitude assumida pelo locutor para atingir metas comunicativas (mesmo que não sejam atingidas, conforme o locutor propusera). A variação do uso dos modais dá um caráter polissêmico a esses verbos, conduzindo a hipótese de que a multifuncionalidade do verbo “poder” será interpretada pelos usuários da língua, funcionando como mecanismo/ferramenta para a apreensão e construção de sentidos, mediante o contexto de seu uso na dinâmica da atividade comunicativa.

NARRATIVIDADE, MITO E IMAGINÁRIO NOS FILMES PUBLICI TÁRIOS DA NISSAN

E DA WOLKS: PERSPECTIVA DA ECOLINGUÍSTICA

Ludmila Pereira de Almeida – NELIN/PIVIC-CNPq/FL-UFG Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto – NELIN/FL-UFG

O filme publicitário está presente no cotidiano, como sendo parte de uma paisagem midiática de linguagem audiovisual, se caracterizando como um discurso sincrético, a fim de naturalizar o real, tendo o sentido de torná-lo verossímil. Portanto, o corpus de nosso trabalho será constituído por dois filmes publicitários das empresas Nissan e Wolkswagem, nas quais denominam-se respectivamente de Nissan LEAF: Polar Bear (2010) e Pensando bem (2005), ambas são propagandas de carros ecologicamente corretos . A hipótese do presente trabalho é a de que o discurso do filme publicitário de empresas estrangeiras utiliza uma linguagem que não busca a nacionalização de seu tema ou de suas figuras, ao contrário, este assume, no nível da expressão, um caráter internacional e, no conteúdo, um caráter universal, pois exploram o mítico com as questões ambientais. Com isso, nosso objetivo geral é estudar como o narrador publicitário utiliza o código verbal, visual e o mito para dar pertinência discursiva e narrativa a seus processos de manipulação persuasiva. Para isso, nos apoiaremos nos conceitos da Ecolinguística, caracterizada por Fill (1996) como necessária devido à falta de adequação ecológica dos sistemas de comunicação humanos, partindo do princípio de que a língua não é um sistema independente e sim parte integrante de um grande; O mito será abordado nesse trabalho segundo Gilbert Durand (2001) que o vê como um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas que tende a se estruturar em narrativa e por isso, quando analisando, o mito expõe uma estrutura ou um grupo de estruturas que serve de estudo de ideologia, visões de mundo e terminologias de uma sociedade. Consideraremos também as reflexões de Algirdas J. Greimas para nos auxiliar a pensar sobre a noção de narratividade, e segundo ele, a narratividade é a forma de estruturar o pensamento, de articular sentido num texto. Portanto, o filme publicitário é constituído de manifestações simbólicas que permeiam todo o sentido do texto, além de possuir um discurso ecológico que tem como finalidade principal o capital do vendedor e não necessariamente a preservação da natureza. Logo, temos o Imaginário de uma sociedade que valoriza mais o ter do que ser, por isso, manipula e articula seu enunciado de maneira apropriada, ideologicamente, para persuadir seu interlocutor.

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NEOLOGISMO: A CRIAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS SOB A INFLU ÊNCIA DOS

ANUNCIOS PUBLICITÁRIOS

Adriana Sousa de Alcântara – UEMA Propõe-se nesse trabalho uma observação a respeito de novas palavras que surgem e são usadas constantemente entre os falantes, lançadas num determinado meio social, onde algumas resistem e são inseridas no nosso vocabulário, enquanto que outras saem de uso com o tempo. Percebemos essa dinâmica de criação em anúncios publicitários por serem campos coletivos da atenção de uma sociedade, que se tornam cada vez mais recorrentes para a construção dos discursos persuasivos, serão analisadas as estruturas das palavras e o impacto que estas promovem ao texto. Para tanto, a preferência dessas palavras é principal na criação da mensagem que compõe um anúncio publicitário, quando utilizadas de forma bem criativa, podem despertar a atenção do consumidor por meio de recursos expressivos que chamem a atenção. Tais criações têm muita importância no processo persuasivo, pois tornam a composição diferenciada e marcante e imprimem uma definição única à mensagem levando a se destacar frente à concorrência. A mídia faz uso frequente desses recursos da língua para atender sua necessidade de atingir o público desejado, para vender um produto, anunciar uma marca, divulgar um serviço ou conquistar a atenção do consumidor. Por meio da propaganda podem ser inseridas novas palavras na sociedade de consumo, seja num momento específico ou permanentemente. Sendo assim, este trabalho visa analisar a introdução dos neologismos nesses anúncios. O interesse é exibir, analisar e interpretar o uso da criação neológica, ou seja, serão meditadas as estruturas das palavras e o impacto que estas promovem, perante a apresentação das mensagens publicitárias.

NEOLOGISMO CONCEITUAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DO FACE BOOK

Daniely Karen Matias Alves – IFGO Rosemeire de Souza Pinheiro T. Silva – IFGO/UFG/CAC

Ao considerar que hoje, a cibercultura além de ser um dos mecanismos de influências e mudanças sociais, linguísticas e culturais, também funciona como um espaço interacional em que as pessoas se representam, se reafirmam e se comunicam de forma espontânea e descontraída, livres da obrigação em “ter que se expressar” ou de “ter que escrever”, todavia, funciona como um entretenimento. Assim, o presente trabalho pretende analisar as mensagens e textos postados na rede social Facebook, utilizado por alunos do Ensino Médio de uma Instituição Federal no interior de Goiás, como por diversos outros jovens e adultos no mundo todo; pois neste espaço, as pessoas interagem, expressão seus sentimentos, vontades, angústias, desejos e valores. E a partir de suas produções textuais, estes se servem conscientemente e/ou inconsciente de um léxico e de uma gramática própria, que tudo é permitido: abreviações, empréstimos, criações de novas palavras e atribuições de novos sentidos as palavras existentes. Na busca por uma maior expressividade e individualidade, muitos jovens optam pela construção de neologismos, seja na invenção de novas palavras ou formulação de novos sentidos de vocábulos já existentes. Com isso, busca-se neste contexto, verificar se os termos usados nas mensagens aportam o sentido denotativo ou se recebem uma nova conotação. Assim, busca-se responder às seguintes perguntas: Os jovens usam palavras que não possuem os sentidos dicionarizados? A inserção dos neologismos no contexto comunicativo revela o sentido desejado pelo emissor? Os falantes envolvidos na comunicação mostram um domínio dos neologismos? Este trabalho buscará responder estas indagações por meio da seleção de

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mensagens e textos da referida rede social a partir de um marco temporal, baseando-se em um estudo bibliográfico de literaturas lexiculturais, a partir de Lyons (1987), Sapir (1969), Coelho (2006 e 2008), Vilela (1995), Biderman (2001), Basílio (2005), Ilari (2005) e Houaiss (2001) entre outros. Aportado na Linguística Lexical, este trabalho busca mostrar que a cada dia, os jovens buscam uma maior expressividade, e por nem sempre encontrarem nas palavras existentes a carga semântica desejada, se servem de palavras já existente ou oriundas de novas construções acrescentando novos sentidos, os quais são aceitos e compreendidos no contexto comunicativo pelos falantes. NO CORAÇÃO DA LINGUAGEM: UM ESTUDO ACERCA DA METÁFO RA SEGUNDO A

VISÃO COGNITIVISTA

Bruna Falcone Zauza – UFV Aparecida de Araújo Oliveira – UFV

Por muito tempo tem-se pensado na metáfora apenas como recurso estilístico, como figura de linguagem geralmente associada à Literatura e à imaginação poética. Essa visão, totalmente tradicionalista, coloca esse recurso, ainda, como elemento distanciado da fala comum, portanto, não próprio do cotidiano de indivíduos ordinários. Porém, à luz dessa gramática tida como Tradicional, como explicar usos tão recorrentes na linguagem falada humana, como em Meu coração está partido ou São Paulo é o coração financeiro do Brasil? Adotando posturas referentes à Linguística Cognitiva, Lakoff e Johnson (2002), na obra intitulada Metáforas da Vida Cotidiana, propõem que as metáforas fazem parte do diaa- dia das pessoas. Segundo os autores, muito mais que recurso natural da língua, essa figura de linguagem transpassa as fronteiras do imaginativo e literário, podendo ser situada como recurso comum da cognição humana e que reflete na linguagem, no pensamento e nas ações de cada indivíduo. Posto isso, este trabalho partiu da discussão acerca da validade da visão Tradicional e procurou, além de tentar mostrar que metáforas estão estreitamente ligadas à percepção, às experiências físicas e culturais dos indivíduos, ratificar a visão cognitivista, através de análises de sentenças. Em virtude dessa proposta, fez-se a coleta de amostras do vocábulo coração empregadas em enunciados do português falado contidas no Corpus Brasileiro©¹, coordenado pelo Professor Tony Berber Sardinha e, como retorno, teve-se um total de 2.365 ocorrências, as quais 212 referiam-se ao uso denotativo e 2.153 ao uso do termo coração usado de forma metafórica. Usos em sentidos literais (coração como órgão de um corpo) não entraram na análise, em função de não se adequarem às propostas do trabalho.

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA: UMA D ISCUSSÃO SOBRE O USO DAS NOVAS REGRAS DE HIFENIZAÇÃO

Gabriela Prado de Oliveira – FACALE/UFGD

Rafael Praciel Costa – FACALE/UFGD Rute Izabel Simões Conceição – FACALE/UFGD

Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir os resultados de uma investigação a respeito do domínio das regras de uso do hífen previstas no Novo Acordo Ortográfico de 1990 (que entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2009), entre os países cuja língua oficial é o português, para a reformulação das regras ortográficas da Língua Portuguesa. Os dados foram gerados a partir da aplicação de um questionário diagnóstico a respeito do uso do hífen, segundo as regras previstas na Nota Explicativa do Novo Acordo, por alunos do terceiro ano do curso de graduação em Letras da Universidade Federal da Grande Dourados. Foram analisadas 475 palavras referentes ao uso do hífen. O critério de escolha das palavras previstas na coleta de dados se formou a partir de

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minicursos sobre a nova ortografia ministrados para três públicos diferentes durante o anos de 2011 e 2012: acadêmicos da graduação, alunos do primeiro ano do ensino médio público e o corpo docente/administrativo de uma escola pública de nível fundamental, respectivamente em três momentos diferentes. Tomamos como referencial teórico a legislação que normatiza as regras previstas no Novo Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa de 1990, bem como materiais explicativos do Acordo em que são apresentados adendos às novas regras, dando ênfase à proposta de reformulação das regras de hifenização. Os resultados da investigação evidenciam que 43% dos sujeitos investigados não têm domínio das novas regras. O ALINHAMENTO INTERPESSOAL-MORFOSSINTÁTICO: FATORES PRAGMÁTICOS

NO ALÇAMENTO DE SUJEITO A SUJEITO NO PORTUGUÊS BRAS ILEIRO

Gustavo da Silva Andrade – PIBIC/IBILCE Sebastião Carlos Leite Gonçalves – CNPq/UNESP

Na descrição sintática, semântica e pragmática da subordinação oracional, Noonan (2007) identifica o fenômeno de alçamento como a ocorrência de constituinte argumental de um predicado encaixado que contrai relações morfossintáticas com um predicado matriz, levando à redução da oração subordinada. Tal fenômeno permite identificar nas línguas, em geral, diferentes tipos de alçamento de constituintes argumentais, dos quais elegemos para estudo os casos de alçamento de sujeito a sujeito, exemplificados por (i) “o namoro é difícil pra andá(r) pra frente né?”, em que o constituinte o namoro ocorre na posição sintática de é difícil, mas é claramente argumento sujeito do predicado andar. Procuramos demonstrar que esses casos de alçamento encontram sua motivação pragmática na topicalidade do constituinte alçado, que, ao ocupar a posição de sujeito de uma oração matriz, típica de informação dada, assume também a função discursiva de tópico dado (PONTES, 1987). Ao lado dessa interpretação, demonstraremos, pelo modelo da Gramática Discursivo Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), o descompasso entre a função semântica (de nível representacional) do constituinte alçado e a função sintática (de nível morfossintático) que ele passa a exercer na construção com alçamento, o que significa que há um alinhamento direto do nível interpessoal para o nível morfossintático, motivado pela função pragmática de tópico (de nível interpessoal) atribuída ao constituinte alçado. Por meio da ocorrência “o namoro é difícil pra andá(r) pra frente né?”, observamos que, no nível morfossintático, o SN (em negrito) é sujeito da oração matriz é difícil, mas, no nível representacional, é paciente do predicado encaixado andar. Esse não alinhamento entre funções do nível representacional e do nível morfossintático deve-se à função pragmática de tópico do SN, atribuída no nível interpessoal da linguagem, por se tratar de informação dada/conhecida no discurso. Utilizamos, como base empírica para o estudo do alçamento, amostras do português falado no interior paulista pertencentes ao banco de dados IBORUNA, o que nos permitirá descrever, analisar e comparar os diferentes padrões de alçamento ocorrentes em português. (Apoio: PIBIC/UNESP-Processo 119767/2012-0).

O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS: UMA ESTRATÉGIA PARA A FO RMAÇÃO DO LEITOR

Rafaela Marques dos Santos – UEFS/PIBEX

Heloísa Barretto Borges – UEFS O presente trabalho tem por principal objetivo relatar as experiências das práticas de leitura e contação de história desenvolvidas por meio dos Círculos de Leitura em uma turma do 4° ano do Ensino Fundamental da Escola Rosa Aparecida em Feira de Santana/BA. As atividades de extensão são desenvolvidas a partir do Plano de Trabalho intitulado “O ato de contar histórias: uma estratégia

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para a formação do leitor”, vinculado ao Projeto: “Leitura Itinerante: Uma alternativa para a mobilização do leitor”, com financiamento do Edital Pibex ligado ao Núcleo de Leitura Multimeios da UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana). O Plano de Trabalho busca envolver os alunos num universo de textos literários variados, por meio do Círculo de Leitura e Contação de Historias, visando à formação de leitores autônomos e criativos. A intenção, assim, é criar possibilidades de dinamizar a produção textual a partir das leituras feitas, ora por meio de desenhos e colagens, ora por meio da compreensão escrita. Nesse sentido, foi importante dialogar com os alunos sobre sua leitura, isto é, sobre o sentido que ele atribui ao texto, representando-o por meio de paisagem, imagens, coisas, idéias, situações reais ou imaginárias. A contação de histórias aconteceu uma vez por semana em sala de aula na referida turma, durando em média 40 a 50 minutos. Na contação foram utilizados textos literários, sendo que a leitura era feita em voz alta por um leitor-guia (Bolsista), oportunizando discussões posteriores. As atividades foram realizadas durante dois semestres consecutivos e, no decorrer desse tempo, notei que a cada encontro o gosto por ouvir e ler histórias se intensificava nos alunos. Percebi a receptividade com a qual era recebida em cada novo encontro, além da ansiedade e curiosidade dos alunos por saber qual seria a nova história. A interação das crianças com as histórias que eu apresentava aumentava a cada oficina realizada. As discussões acerca dos assuntos trazidos se tornaram cada vez mais produtivas, visto que os alunos se sentiam menos intimidados para expor suas opiniões sobre os assuntos, os personagens e suas posturas. Quanto às produções posteriores às leituras, foram feitas majoritariamente atividades de confecção de cartazes, dramatizações e também atividades de produção escrita. Durante a realização do Plano, houve um significativo envolvimento da comunidade escolar, bem como a sensibilização para a leitura literária.

O CAMPO SEMÂNTICO DO VERBO QUEBRAR: UMA PERSPECTIVA DIACRÔNICA BASEADA EM CORPUS

Juliely Veiga Gomes – UFV Vanessa Freitas Silva – UFV

Denise de Souza Assis – UFV Jussara do Nascimento Mauro Batista – UFV

Aparecida de Araújo Oliveira – UFV A partir da teoria de campos semânticos, tornou-se possível conhecer um pouco mais sobre os diferentes contextos e situações em que uma determinada palavra pode ser utilizada pelos falantes. O objetivo geral deste trabalho é proceder a uma análise diacrônica do campo semântico do verbo quebrar, isto é, analisar os diferentes contextos em que ele pode aparecer, tomando como base sua ocorrência em usos atestados no Corpus do Português, organizado por Mark Davies. Diante da enorme quantidade de ocorrências do verbo estudado, optou-se por realizar a análise do verbo quebrar somente nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX e, portanto, trabalhou-se com o total de 3286 ocorrências do lexema quebrar. Em decorrência da análise realizada, percebeu-se que o campo semântico do verbo quebrar sofreu alterações com o passar do tempo, e, como exemplo, pode-se citar o fato de o verbete “cometer infração contra; infringir, violar, transgredir” ter sido utilizado em menor quantidade no século XX, apesar de ter ocorrido com grande frequência no século XVII. Isso mostra que um determinado contexto pode ser muito recorrente em uma época, mas pode passar a ser pouco ou menos utilizado em outro período ou vice-versa. Um campo semântico pode ser representado por um termo que o generalize. Assim, acredita-se que o verbete “reduzir (-se) a pedaços; fragmentar (-se), despedaçar (-se), romper (-se)” é o que melhor exerce essa função, pois ele ocorre em todos os séculos analisados e, além disso, ocorre em maior quantidade nos séculos estudados. Porém os verbetes pôr termo a ou chegar a termo, acabar, interromper, cortar, desfazer(-se), dissipar(-se) e dividir(-se) em partes, partir(-se), romper(-se), fraturar(-se) também merecem destaque. A partir da análise, observou-se que, no século XIX, houve o surgimento de dois novos

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significados, de caráter abstrato, para o verbo quebrar, que permaneceram até o século XX: ajudar e pensar muito. Além disso, encontrou-se, no século XX, um novo contexto, que está relacionado com o fato de uma pessoa se dar mal em alguma coisa, para o verbo quebrar. Contudo, não foi localizado, no dicionário utilizado neste trabalho, nenhum verbete do verbo estudado que apresente relação com este novo sentido adquirido.

O CLINE DE MUDANÇA DO VERBO “CHEGAR” NA PERSPECTIVA DA GRAMATICALIZAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES

Vânia Gomes de Almeida – UFJF

Michele Cristina Ramos Gomes – UFJF Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda – UFJF

O presente trabalho consiste em um recorte de uma ampla pesquisa intitulada “Abordagem construcionista na gramaticalização: emergência de novos padrões construcionais no português brasileiro” – a qual é coordenada pela Profa. Patrícia Fabiane Amaral da Cunha Lacerda na Universidade Federal de Juiz de Fora – e tem como objetivos descrever os níveis de gramaticalidade do verbo “chegar” e mapear os padrões construcionais referentes a esse verbo na língua portuguesa. Buscamos, nesse sentido, evidenciar como a instanciação dos diferentes usos de “chegar” revelam um processo de expansão semântico-pragmático no qual se observa o cline de mudança [- subjetivo] > [+ subjetivo]. Consideramos, além disso, que o verbo “chegar” envolve o cline [+locativo] > [-locativo]. Como aporte teórico, assumimos a perspectiva da gramaticalização de construções (TRAUGOTT, 2003, 2008a, 2008b, 2009, 2012), uma vez que partimos do princípio de que as construções seriam as unidades básicas da língua, instanciadas a partir do pareamento entre forma e sentido, e consideramos que a emergência de novos padrões construcionais se daria através do tempo e dos falantes. Também, neste trabalho, adotamos a perspectiva de gramaticalização como processo de (inter)subjetivização (TRAUGOTT,1995, 2010; TRAUGOTT & DASHER, 2005), que considera que o estabelecimento de novos padrões construcionais está intimamente relacionado à instanciação de construções gramaticalmente identificáveis que sinalizam as crenças e atitudes dos falantes. No caso das construções com o verbo “chegar”, trabalhamos com a hipótese de que os significados caminhariam em uma direção crescente de orientação para os falantes, passando a expressar um sentido cada vez mais abstrato. A fim de cumprir os objetivos estabelecidos neste trabalho, realizamos um extenso levantamento de dados em três corpora sincrônicos, a saber: o corpus do “Projeto Mineirês”, o corpus do projeto “PEUL” e o corpus do projeto “NURC/RJ. Como acreditamos, o levantamento sistemático da frequência de uso (BYBEE, 2003; VITRAL, 2006; MARTELOTTA, 2010) pode atuar como um subsídio importante para verificar os níveis de gramaticalidade de novos padrões construcionais na língua. A partir deste trabalho, esperamos contribuir para um conhecimento mais efetivo acerca da gramaticalização de construções com verbo “chegar” no português brasileiro.

O CORPO DISCIPLINADO PELA MÍDIA: O CORPO QUE VESTE

Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago – UFG Ellen Kelúbia Gonçalves Silva – UFG

O objetivo deste trabalho é investigar as práticas de subjetivação exercidas pela mídia na tentativa de fabricar um determinado tipo de corpo masculino, ou seja, se estudará a construção do sujeito nas malhas da mídia, principalmente no que se refere à relação do corpo masculino com a moda. Baseamo-nos nos pressupostos de Michel Foucault, de que o corpo é dispositivo de poder e

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materialidade discursiva nas construções de subjetividade. Como recorte para este trabalho escolhemos a propaganda da Lupo da revista Men`s Health – pg 35 nº 32, dezembro de 2008. O DESENVOLVIMENTO CONTEMPORÂNEO DA PRODUÇÃO LITERÁR IA AFRICANA

DE LÍNGUA PORTUGUESA

Clecio Marques dos Santos – UFMA A Literatura é parte integrante da cultura de um povo. Por meio dela, consegue-se apreender elementos de suma importância que são constitutivos da história, das artes, da língua do grupo social que a produz. Em síntese, a literatura permite a seu leitor compreender melhor a realidade do sistema social que nela e por ela é refletido. Levando-se em consideração essa realidade, este trabalho, recorte de uma pesquisa mais ampla sobre língua, literatura e cultura, focaliza um importante elo entre a Europa, a América e a África, por meio do qual a literatura se constrói – a língua portuguesa. Objetiva-se, pois, traçar um paralelo entre as literaturas contemporâneas brasileira, portuguesa e africana, a partir de 1960 até atualidade. Além disso, busca-se examinar o que há de semelhante entre essas literaturas e o que singulariza a literatura africana atual, muito embora esta ainda sofra influências das literaturas brasileira e portuguesa. É importante ressaltar que a divulgação dessa literatura abre um importante caminho para que o Brasil retome seus laços com as culturas africanas e também para que se conheça uma literatura que revela a preciosidade expressiva da língua portuguesa.

“O DIÁLOGO CULTURAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE ESPANHO L: UMA PRESENÇA MARCANTE?”

Eulálio Marques Borges – UFV

Neste trabalho, apresentamos resultados iniciais da pesquisa intitulada “O diálogo cultural nos livros didáticos de espanhol: uma presença marcante?”, realizada na Universidade Federal de Viçosa-MG, por um grupo de alunos da graduação coordenados pela professora Joziane Assis. A pesquisa está inserida no âmbito da Linguística Aplicada e se relaciona aos debates sobre o ensino de espanhol no Brasil, que passaram a ter maior visibilidade nos últimos anos, como consequência, principalmente, da promulgação da Lei 11.161, de 5 de agosto de 2005, cujo teor aponta para a obrigatoriedade da oferta do ensino dessa língua nas escolas brasileiras de nível médio. Nosso interesse por essa investigação se justifica pelo protagonismo que vem ganhando o espanhol nos últimos anos. Aproveitar este momento de crescimento do interesse pela língua no Brasil para promovê-la de forma a garantir a qualidade de seu ensino nos parece ser uma tarefa imprescindível. Este trabalho tem como objetivo descobrir se os livros didáticos mais utilizados na 1ª série do ensino médio das escolas de Minas Gerais contemplam a abordagem intercultural, considerada por nós como uma proposta coerente com a formação cidadã a que visa o ensino médio. Assim, o ensino de espanhol na escola não se pautaria somente em assuntos gramaticais, mas principalmente em estabelecer relações culturais entre o mundo hispânico e o Brasil. Para a construção da base teórica de nossa pesquisa, utilizamos os estudos de Mendes (2004, 2010) sobre a abordagem intercultural. A pesquisa é qualitativa, de caráter documental e descritivo. Para sua realização, foram feitos encontros semanais de estudos sobre cultura e interculturalidade. Posteriormente, passamos para a fase de análise dos livros nas duas categorias estudadas até o momento: a concepção das diferenças culturais e a presença ou não de diálogo cultural entre os universos hispânico e brasileiro. Levando-se em conta que este trabalho traz apenas a primeira parte de nossa pesquisa, ainda não há como tirar conclusões quanto à pergunta inicial: “O diálogo cultural nos livros didáticos de espanhol: uma presença marcante?”. Entretanto, de acordo com os primeiros dados analisados,

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verificamos a presença de materiais culturalmente sensíveis e de conteúdo cultural brasileiro. Seguiremos analisando ainda três outras categorias: a concepção de língua, a concepção do (s) sujeito (s) nativo (s) da língua e a concepção do aprendiz brasileiro de espanhol. De posse de todos os estudos, poderemos apresentar nossas conclusões finais da pesquisa e possíveis implicações pedagógicas para o ensino de espanhol nas escolas brasileiras.

O ENSINO DE LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NA ESCOLA

Cleidiane Queiróz da Silva – PIBID/CUA/UFMT Heide Cristina Costa Silva. – PIBID/UFMT/CUA

Gilvone Furtado Miguel – UFMT Este trabalho tem como objetivo analisar o modo como o ensino da literatura afrobrasileira vem sendo desenvolvido na escola. Fundamentamo-nos, sobretudo, na Lei 10639/2003 que determina o ensino da literatura e da história afro-brasileira no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Para analisar essa aplicação, optamos por uma pesquisa de campo na Escola Estadual Antônio Cristino Côrtes, escola onde o PIBID atua. Entrevistamos professores e estudantes acerca do tema e promovemos uma aula, por meio de slides e vídeos sobre o assunto. As perguntas da entrevista foram elaboradas para que docentes e discentes refletissem sobre a proposta e para que pudéssemos levantar algumas considerações sobre esse processo na escola. Fizemos indagações sobre preconceito, racismo, cotas para negros, comidas típicas, vestimentas, religião, entre outros aspectos da cultura africana. Por meio da entrevista e da análise do livro didático adotado, procuramos, também, verificar as medidas adotadas pelo Governo quanto à desvalorização dessa cultura nas escolas. Após coletados e analisados os dados da pesquisa, pudemos chegar à conclusão de que ainda falta muito para que a escola trabalhe, significativamente, o ensino da literatura afro-brasileira, pois, grande parte da comunidade escolar não demonstra interesse pelo assunto e, quando questionados, muitos mostram total desconhecimento sobre o tema. Infelizmente, isso comprova nossa hipótese: a maior parte da comunidade escolar está despreparada para lidar com um assunto de extrema importância e desmotivados a explorar uma cultura que, embora tão rica e importante, é pouco valorizada. Essa pesquisa nos auxiliou no desenvolvimento das atividades que realizamos como bolsistas PIBID, fazendo-nos conhecer melhor o ambiente da escola que atuamos para conduzirmos nossa aplicação didática, considerando as lacunas quanto ao ensino da literatura e da história afrobrasileira, o que nos levou a apresentar propostas que abordam o assunto para despertar o interesse nos discentes e nos docentes.

O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS: DESAFIOS E POTENCIAIS

RELACIONADOS AO ENSINO DE LÍNGUA E CULTURA EM CONTE XTO DE IMERSÃO

Rosângela Pereira de Souza – UFSCar

Nelson Viana – UFSCar Com a crescente demanda pela aprendizagem do português como língua estrangeira, amplia-se também a demanda em relação à formação profissional, à elaboração de materiais (didáticos, paradidáticos, referenciais), e ao desenvolvimento de procedimentos e estratégias de ensino e avaliação, entre outros elementos, o que – consequentemente – amplia a demanda por reflexões

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críticas e investigações que contribuam para um contínuo e necessário processo de consolidação da área. Neste trabalho, focalizamos aspectos relacionados a desafios do processo de formação (em ação) inicial de professores, sob uma perspectiva de auto-reflexão, explorando fatores envolvendo planejamento de aulas, elaboração de materiais/atividades e procedimentos pedagógicos que, em resposta a expectativas e demandas de aprendizes estrangeiros em situação de imersão em contexto acadêmico/universitário no Brasil, explorem a relação intrínseca entre língua e cultura (Kramsch, 1993, 1998; Almeida Filho, 2003, entre outros) e permitam, assim, aliar estudos da língua portuguesa, em suas variáveis escrita e falada, a dimensões culturais dos contextos de uso, ou seja, cursos que explorem a interface língua portuguesa/aspectos da cultura brasileira, referida no singular, mas entendida e focalizada em sua multidimensionalidade, o que inclui aspectos culturais do cotidiano e aspectos relacionados a produtos culturais (literatura, música, cinema). Para ilustrar elementos do processo de formação do professor e da prática pedagógica nesse contexto, serão apresentadas e discutidas amostras de atividades, procedimentos e recursos, com apontamento de alguns resultados verificados no desenvolvimento da competência comunicativa dos aprendizes.

O ESTUDO DO GÊNERO ROMANCE-FOLHETIM: NUANCES LINGUÍ STICAS E PRÁTICAS EM SALA DE AULA

Gabryella Fraga de Oliveira – UFRPE

Rose Mary do Nascimento Fraga – UFRPE Este trabalho tem por objetivo a realização, de forma sucinta, do estudo do gênero romance-folhetim. Visa apresentar a estrutura do gênero e o contexto sócio-histórico no qual a sociedade leitora da época estava inserida, observando as características linguísticas contidas nos textos e suas mudanças no decorrer do tempo, abordando também, experiências tidas em sala de aula com a prática da leitura do Romance-folhetim. O novo gênero era um produto da imprensa da era industrial. Os romances vinham publicados de forma fracionada nas reedições diárias dos jornais, tradicionalmente no rodapé da primeira página. Este espaço fora criado como um “valetudo” para a publicação de receitas, crônicas, contos, histórias de monstros etc. Era, portanto, um espaço reservado para o divertimento. Nas palavras de Meyer (1996, p. 57), o folhetim “tinha uma finalidade precisa: era um espaço vazio destinado ao entretenimento”. O romance-folhetim foi uma febre nacional que impulsionou muitos dos nossos grandes autores a utilizarem esse espaço como forma de publicação das suas obras e projeção de seus nomes entre o público e a crítica, tinha como seu suporte o jornal, esse tratava geralmente de temas, ligados à administração e ao comércio, voltados, portanto, para membros das elites. Com a chegada do folhetim, essa configuração mudou, pois por meio dele a imprensa buscava atingir um público mais amplo, como mulheres, donas de casa e outros leitores comuns, de modo a expandir sua distribuição e aumentar as vendas das folhas. O aparecimento do folhetim estava intimamente ligado à expansão da leitura literária para a chamada pequena burguesia, que não podia comprar livros, mas lia jornais (TINHORÃO, 1994). Baseando-se nesse contexto, o trabalho foi estruturado em torno de três seções. Na primeira, buscou-se mostrar um rápido panorama do surgimento dos romances-folhetins, contemplando sua estrutura e a chegada deles ao Brasil, mostrando o contexto no qual sua sociedade estava inserida e, através disso, os principais temas abordados. Na segunda, averiguouse um romance-folhetim que foi publicado em Pernambuco e os aspectos que ele trazia como reflexo da sociedade. Na terceira e última seção, buscou-se aproximar esse gênero da sala de aula, usando-o de forma empírica para despertar o interesse dos alunos na leitura e até mesmo na produção desses romances-folhetins. Tivemos como base de estudo um corpus de dez exemplares do jornal Pequeno, no qual buscamos o romance “A emparedada da rua nova” de Carneiro Vilela, analisados em sala de aula juntamente com os alunos.

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O FENÔMENO DA ORDEM NAS NOTICIAS RELATIVAS À FAIXA DE GAZA: COMPARANDO OS JORNAIS EL PAÍS E O POPULAR

Alline Couto da Silva – UFG

Kelly Dayane Xavier da Costa – UFG Talles José Dias – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito à pesquisa relativa à ordem narrativa em notícias sobre a guerra na Faixa de Gaza, zona fronteiriça entre a Palestina e Israel, palco de grandes conflitos políticos e religiosos. O objetivo é comparar a versão de um mesmo fato noticioso publicado no jornal El País, da Espanha, com a do jornal O Popular, do Brasil, Goiânia, Goiás. A hipótese é a de que o redator irá eleger um padrão SVOADJ ou VSO, por exemplo. E, considerando-se que as línguas portuguesa e espanhola têm uma origem românica, são descendentes do latim, procura-se saber neste estudo se os textos jornalísticos nessas línguas reproduzem o mesmo padrão de ordem reconhecido como prototípico da fala cotidiana. Sendo assim, objetiva-se distinguir padrões de ordem recorrentes a partir da analise das orações que constituem os textos, verificando se esses usos estão correlacionados a aspectos sócio-discursivos da constituição textual, ou seja, verificar os fatores relativos às condições de produção desses textos, como o momento histórico, público alvo, grau de formalidade, gênero, interculturalidade, ideologias políticas, estilo etc. O FENÔMENO DA ORDEM NAS VERSÕES TRADUZIDAS DA OBRA CHAPEUZINHO

VERMELHO

Alline Silva Rodrigues – UFG Eliethe Santos – UFG

Patrícia Santana dos Santos – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito ao trabalho que pretende investigar o padrão de ordem recorrente na versão traduzida ao português da obra francesa Le Petit Chaperon Rouge, de Charles Perrault (1697). O trabalho também visa à análise da ordem sentencial de duas de suas versões adaptadas, também já traduzidas: a alemã, chamada Rotkäppchen, dos Irmãos Grimm (1812), e a italiana, La Finta Nonna, de Italo Calvino (1954). O pressuposto é o de que a ordem, mais que um fenômeno gramatical, sistêmico, diz respeito às escolhas estruturais feitas pelos usuários da língua portuguesa e, nestes casos, pelos tradutores para a língua portuguesa, para produzirem determinados efeitos de sentido. Logo, considerando-se que o momento histórico é relevante para a determinação dos padrões de ordem nas produções textuais em geral, interessa verificar até que ponto essas traduções refletem uma configuração estrutural relativa à época de sua produção. Para tanto, definimos o que é o fenômeno da ordem, enumeramos e exemplificamos as várias possibilidades de ordenamento das sentenças na língua portuguesa e, finalmente, identificamos os casos mais recorrentes encontrados nas obras-objeto de nossa pesquisa.

O FENÔMENO DA ORDEM NO DESENHO ANIMADO SPONGE BOB

Aida Graça de Fátima Rafael – UFG Jorge Henrique Oliveira Araújo – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

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Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito ao trabalho que pretende investigar o padrão de ordem recorrente em quatro episódios do desenho animado “Sponge Bob”, a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. Em nosso trabalho, serão analisados os episódios Something Smells, Bossy Boots, Your Shoe’s Untied e Squid’s Day Off (história original do inglês) traduzidos para o português como Está cheirando alguma coisa, Nas Botas do Chefe, Sapatos Desamarrados e O Dia de Folga do Lula Molusco, respectivamente. Os objetivos da pesquisa estão voltados para a investigação dos padrões de ordem que são usados para alcançar o seu público alvo, a saber, o público infantil. A hipótese de pesquisa envolve a presunção da ordem direta devido à baixa faixa etária desse público. Faremos um estudo contrastivo para analisar se há variação na ordem correlacionada aos idiomas envolvidos na pesquisa, e os efeitos de sentido que essa possível variação produz no texto. O FENÔMENO DA ORDEM NO PRIMEIRO LIVRO DA SÉRIE THE SONGS OF ICE AND

FIRE – GAME OF THRONES

Herick Rodrigues Araújo – UFG Laryssa Paulino de Queiroz Sousa – UFG

Ronaldo Adriano Linhares de Matos – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Esta proposta de apresentação de pôster está relacionada ao trabalho que pretende investigar o padrão de ordem recorrente no primeiro livro da Série “The Songs of Ice and Fire”, a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. Em nosso trabalho, serão analisados os livros: Game of Thrones (original do inglês); e Jogo dos Tronos (versão do português). Os objetivos da pesquisa estão voltados para a investigação dos padrões de ordem visíveis nos livros mencionados, de modo a comparar em que medida o sentido do texto é alterado em função de sua tradução. Na análise quantitativa, serão computadas as ocorrências dos padrões de ordem possíveis de ser distintos nas línguas e visíveis nos textos analisados, a fim de se perceber os padrões mais recorrentes. Na análise qualitativa, tais padrões serão correlacionados aos fatores sócio-discursivos relativos às condições de produção dos textos e aos efeitos de sentido que a escolha por esses padrões ajuda a produzir. A base bibliográfica está em Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), entre outros.

O FIM DO MUNDO - A ORDEM SENTENCIAL EM NOTÍCIAS DIVULGADAS PELO SITE TERRA NO BRASIL, NA ESPANHA E EM ALGUNS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

Lilian de Oliveira Leite Silva – UFG Michelle Martins de Oliveira – UFG

Naiman Soares dos Santos – UFG Silvia Caroline dos Santos – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Esta proposta de pôster espera investigar os padrões de ordem recorrentes em notícias encontradas em páginas do Site Terra. Pretende-se analisar o espanhol escrito na Espanha, e em países da

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América do Sul, como a Argentina, Chile e Venezuela, além de identificar as diferenças do padrão de ordem do espanhol, em suas variedades latinas e europeia, em relação ao português. Para realizar a análise foram selecionadas notícias sobre “O fim do mundo”, publicadas no período de 01/12/2012 a 07/12/2012. A pesquisa parte de uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. O objetivo é distinguir padrões de ordem recorrentes a partir da análise das orações que constituem os textos. Parte-se do pressuposto de que o padrão de ordem sentencial está correlacionado a aspectos sócio-discursivo da constituição textual, ou seja, está vinculado a fatores relativos às condições de produção desses textos, como interculturalidade, ideologias religiosas, mito, crença, grau de formalidade e estilo.

O FRAME AULA DE PORTUGUÊS SOB A PERSPECTIVA DISCENTE

Davidson dos Santos – UFJF/PIBIC/ CNPq Vanessa Maria Ramos Lopes – UFJF/Provoque

Amanda Cristina Testa Siqueira – UFJF/PPG Luciene Fernandes Loures – UFJF/PPG

Neusa Salim Miranda – UFJF/PPG Este trabalho associa-se ao projeto “Ensino de Língua Portuguesa – da formação docente à sala de aula” (FAPEMIG-APQ-01864-12), cujo objetivo é investigar (i) os indicadores das práticas pedagógicas de sucesso e fracasso no Ensino de Língua Portuguesa, buscando equacionar a relação entre Clima Escolar e Aprendizagem (Subprojetos I – três dissertações de mestrado) e (ii) o processo de profissionalização de docentes em Letras na UFJF e, em especial, em Língua Portuguesa (Subprojeto II – tese de doutorado). Tal pesquisa integra-se ao PPGLinguística da UFJF sob a linha de pesquisa Linguística e Ensino e à FrameNet Brasil (http://www.framenetbr.ufjf.br/), em sua linha de pesquisa Frames e Cidadania. Dois dos projetos dissertativos em andamento (LOURES, 2011-2013; SIQUEIRA, 2011-2013), sob a perspectiva do discurso discente, têm como cenário investigativo 20% das escolas estaduais com educação básica completa da cidade de Juiz de Fora - MG, com diferentes graus de risco social e de desempenho de acordo com as avaliações estaduais. O instrumento investigativo, respondido por 354 alunos (9° ano do Ensino Fundamental e 2° ano de Ensino Médio) foi estruturado em duas partes: a primeira, semiaberta, contempla o perfil sociocultural dos sujeitos pesquisados e a segunda compreende relatos sobre suas vivências mais marcantes (positivas ou negativas) como estudantes de Português. Temse como escopo teórico a Linguística Cognitiva (Lakoff & Johnson, 1999; Lakoff, 1987; Fauconnier & Turner, 2002; Fillmore, 1968, 1977, 1979; Salomão, 1999, 2006; Croft & Cruse, 2004; Miranda & Salomão, 2009), em especial a Semântica de Frames, fornecendo-nos a categoria analítica central – o conceito de frame (Fillmore, 1982; Petruck, 1996; Gawron, 2008; Ruppenhofer et. al., 2010). A proposta metodológica une processos qualificativos e quantitativos. Na presente etapa, constituída a base de dados (transcrição e etiquetação do corpus), ferramentas eletrônicas, como o Word Smith Tools, têm sido usadas para verificação da frequência dos frames que emergem das sequências discursivas. Integrando este macroprojeto, os bolsistas de Iniciação Científica vêm atuando, junto aos mestrandos, na busca de estratégias mais eficientes de identificação, anotação e análise de frames. Três perfis servem como macrocategorias de organização dos frames: o perfil do aluno, o perfil do professor e da disciplina. A respeito do primeiro (LOURES), resultados preliminares começam a apontar, a presença dos frames de Incapacidade, Dificuldade, Sucesso_ou_Fracasso e Tentativa, evidenciando um autorretrato marcado pela baixa autoestima. Para um exercício hermenêutico melhor fundado sobre tais perfis, será evocado um conjunto de fundamentos multidisciplinares (Linguística Aplicada, Sociologia, Psicologia Social, Educação, Antropologia Evolucionista).

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O HOMEM QUE MATOU “DEUS”: CAIM DE JOSÉ SARAMAGO

Kleiton Ribeiro de Araujo – UFT

Maria Perla Araújo Morais – UFT Escreveremos sobre o romance Caim de José Saramago, que reconta as histórias iniciais do Velho Testamento, mudando as características particulares dos personagens e atribuindo-lhes uma mentalidade diferente da tradicional. Caim passa de renegado pela historia a personagem central do romance. O personagem Caim através de suas “inexplicáveis” viagens no tempo percorre as histórias do Velho Testamento como voz da contestação crítica dos fatos. O autor chega a ser irônico em algumas partes, e atribui sentimentos mais profundos dos seres humanos ao “deus” existente na sua história, e faz uma desconstrução das figuras celestes, os anjos são tomados por sentimentos tipicamente dos seres humanos, sentimentos de natureza erótica e de raiva entre outros.e acaba por levantar alguns questionamentos sobre o agir de “deus” durante a narrativa, sobretudo em relação ao episodio de Sodoma e Gomorra,em que “deus” destruir todos os habitantes dessas cidades por causa das suas transgressões. O autor também faz uso de uma linguagem erotizada em algumas partes da narrativa transpassando o limite da ética moral da escrita e se utiliza de humor irônico para reescrever alguns acontecimentos do Velho Testamento, descaracterizando tais acontecimentos é os tornando risível perante as situações em que se desenvolvem ao longo do romance. O JORNAL SUBSIDIANDO O GÊNERO CARTA DE REIVINDICAÇÃ O (SOLICITAÇÃO)

EM UMA SALA DE AULA DA PRIMEIRA FASE DO ENSINO FUND AMENTAL

Henrique Catito de Sá Teles – UFG Telma Maria Santos de Faria Mota – Cepae/UFG

Este trabalho tem por objetivo socializar uma experiência de ensino de língua materna com base no gênero discursivo carta (Bazerman, 2006), sendo subsidiada pelo uso do jornal, principalmente o jornal online. Leva em conta o pensamento de alguns autores, entre eles Soares (1999) que afirma que alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis; que não dá para estancá-las, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita através dos gêneros discursivos e não de forma mecânica, fragmentada e repetitiva (Braggio, 2005) . Este trabalho tem como principal fonte o aporte teórico bakhtiniano de gênero discursivo (1997) e de alguns autores que revisitaram sua teoria. Também apropria-se da sugestão quanto ao uso de enunciados reais em sala de aula Geraldi (1997), porque eles são constituídos de sentido para o aluno. Ainda leva em consideração seus apontamentos quanto à audiência para usar a escrita em sua prática letrada de circulação social, ou seja, em situações reias de aprendizagem, porque o aluno precisa ter o que dizer, para quem dizer e como dizer, estabelecendo a cadeia interlocutiva. Neste sentido, o aluno estará exercendo sua cidadania, como aponta Antunes ( 2009 ), que as atividades de língua necessitam ser comunicativas e funcionais. Portanto defende-se o uso do gênero como atividade social, para que a escola esteja verdadeiramente na vida dos alunos e assim a escrita ser uma realidade autêntica de efeito de sentidos e não apenas como um jogo de faz de conta. Por isso a escolha do gênero carta para que o discurso se concretize como prática social e que as refacções tenham objetivo.

O LIRISMO DE CAMÕES NO EPISÓDIO DE INÊS DE CASTRO

Clarissa Navarro Conceição Lima – UFTM

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Carlos Francisco De Morais – UFTM Em Camões, como nas obras renascentistas, vê-se o uso da razão e da ciência na natureza e na existência humana. A mitologia se torna mais uma vez presente nas referências da arte, em geral; vê-se o amor ideal, platônico, espiritual e o culto da beleza clássica, perfeita e harmônica. A linguagem dos renascentistas, o que se pode notar em Camões, é objetiva e clara, dada a ciência que estava em voga na época. O antropocentrismo também foi característica deste período, conceito que se voltava contra as ideias medievais do teocentrismo. Neste período, então, temos a ciência e o homem em destaque e não tanto a religião e Deus, apesar de que Portugal permanecia extremamente católico. Estas características também vão deixar marcas na literatura camoniana. O presente artigo tem como objetivo discutir e analisar o lirismo no episódio de Inês de Castro, da obra Os Lusíadas, de Camões. O grande poema épico conta a viagem de Vasco da Gama a caminho das Índias. Dentro desta grande história, temos o episódio lírico de Inês de Castro nas estrofes 118 a 135 do canto III. Este lirismo acarreta interiorização, recursos expressivos e conhecimento interior dos homens. Camões trabalha com a palavra e com a linguagem de forma exímia. A parte lírica do poeta português é de grande expressividade, levando, logo, o leitor a se emocionar com a subjetividade de seus versos. O poeta Renascentista traz a presença fundamental da mitologia e do amor platônico. O trabalho pretende revelar o lirismo nas imagens referentes a Inês de Castro e discorrer sobre os recursos da língua que apoiam na expressão deste lirismo. A metodologia utilizada se baseia em António José Saraiva, Óscar Lopes e Carlos Reis, estudiosos da teoria da literatura e da literatura portuguesa.

O NOME DA LÍNGUA DO BRASIL: UMA QUESTÃO POLEMICA

Almir Santos Oliveira – UESB Genival santos Maia – UESB

Izabel Silveira – UESB Baseado em alguns estudiosos e pesquisas, norteado no interior da Bahia surgem algumas dúvidas que já ressaltadas antes por alguns estudiosos em nosso país, “que língua falamos: português ou o brasileiro” nossos estudos defende a língua brasileiro com uma língua originada no país Brasil no início do século XVI com a junção de alguns portugueses com o nativos (indígenas) e posteriormente com os africanos, daí por diante deu-se o português falado no Brasil, acredita-se que os falantes da língua portuguesa criam o neologismo por necessidade de novas palavras no léxico portanto, partido desse pressuposto acredita se que esses neologismo já que é criado no Brasil temos como exemplos essas palavras que é considerando até então como nativa do Brasil, portanto não poderíamos dizer que essa palavra cuja nova tenha origem portuguesa, com base nesse pressuposto justificamos a língua que se fala no Brasil como brasileira, percebe-se também algumas divergência entre a língua do Brasil e a de Portugal, as maiores diferenças entre as língua são encontradas no tocante do léxico, na pronuncia, e principalmente no nível de sintaxe.

O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: UMA PADRONIZAÇÃO NA MODA LIDADE ESCRITA DA LÍNGUA

Glaucileny Lopes – UFPA

Luciana Magno Lopes – UFPA Paloma Medeiros de Farias – UFPA

Este trabalho tem como tema O novo acordo ortográfico: Uma padronização na modalidade escrita da língua. O objetivo principal é explicitar as principais mudanças ocorridas e suas formas de uso

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em relação ao caso do hífen e dos acentos diferenciais, além de outros aspectos, visando com isso perceber quais foram as mudanças instituídas com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa. A pesquisa fundamenta-se nos estudos de BECHARA (2009) HOUAIIS (2009) e MARTINS (1997) sobre o uso em vigor das novas regras ortográficas. O estudo aborda ainda questões sobre a importância da unificação ortográfica dos países lusófonos como forma de intercâmbio de aspectos sociais, linguísticos, históricos e culturais da língua portuguesa, ressaltando que, o intuito de expansão do português como um idioma político, cultural, e científico frente ao mundo contemporâneo promoveria um maior prestígio da língua de Cabral. Pois falar de ortografia é provocar acirradas polêmicas, não só em relação ao modo de falar e escrever determinada língua, mais também na maneira como esse idioma se constitui e transita pelo universo de significados. O ONOMA E SUA RELAÇÃO COM A INTERDISCIPLINARIDADE N OS PARÂMETROS CURRICULARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE GEOGRAFIA: UM ESTUDO COM

FOCO NA TOPONÍMIA

Verônica Ramalho Nunes – UFT Karylleila dos Santos Andrade – UFT

Toponímia é uma disciplina que se dedica ao estudo dos nomes dos lugares (municípios, cidades, vilas, estados), e é norteada pela função onomástica. Em sua formação, um topônimo recebe influências internas e externas que podem ser únicas ou combinadas (simples, composto, híbrido). Essas influências podem vir das condições geográficas, históricas, culturais, sociais, etimológicas, semânticas, linguísticas ou taxionômicas. Não se pode pensar a toponímia desvinculada de outras ciências: “é uma disciplina que se volta para a História, a Geografia, a Linguística, a Antropologia, a Psicologia Social e, até mesmo, à Zoologia, à Botânica, à Arqueologia, de acordo com a formação intelectual do pesquisador” (DICK, 1992, II). A proposta deste trabalho vincula-se ao estudo da toponímia aplicada ao ensino, mais particularmente no contexto do ensino da Geografia, considerando a teoria da interdisciplinaridade, que caracterizase pela colaboração existente entre disciplinas, uma intensa reciprocidade nas trocas, visando um enriquecimento mútuo. A interdisciplinaridade é vista como o ponto de encontro entre o movimento de renovação da atitude frente aos problemas de ensino e pesquisa e aceleração do conhecimento científico. Quando falamos em interdisciplinaridade, estamos de algum modo nos referindo a uma espécie de interação entre as disciplinas ou áreas do saber. Neste estudo, propõe-se uma inter-relação entre os conhecimentos, articulando-os e interagindo as informações que circulam pelas diferentes áreas do saber. Entende-se que o saber toponímico articula saberes geográficos, históricos, biológicos, antropológicos, além, dos saberes linguísticos. Em particular, para este estudo, a Geografia se apropria do estudo da toponímia na tentativa de compreender a nomeação do lugar a partir de uma dimensão ontológica, tendo em vista os aspectos de dominação territorial, o contexto etimológico, o surgimento e a cristalização da identidade e a significação atribuída ao lugar. Para realizar essa discussão, utilizaremos como subsídios teórico-metodológicos, no campo da Toponímia, os trabalhos de Dick (2004, 1999, 1990) e Andrade (2010), e os estudos de Fazenda (1993), (2001) e (2009) e Morin (1990), no campo da interdisciplinaridade.

O PADRÃO DE ORDEM EM QUADRINHOS DA TURMA DA MÔNICA: UM ESTUDO CONTRASTIVO ENVOLVENDO PORTUGUÊS, ESPANHOL E INGLÊS

Cleia Borges Gomes – UFG

Maria de Fátima da Silva – UFG Samanta Lima de Oliveira – UFG

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Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Esta proposta de pôster diz respeito ao projeto de pesquisa relativo ao estudo da ordem da fala dos integrantes da Turma da Mônica, a partir de uma análise contrastiva entre o Português, o Espanhol e o Inglês. O pressuposto é o de que a ordem, mais que um fenômeno gramatical, sistêmico, diz respeito às escolhas dos usuários da língua para produzirem determinados efeitos de sentido. Logo, eleger um padrão como SVOADJ ou VSOADJ, por exemplo, está relacionado ao que se quer dizer. O objetivo geral é, portanto, verificar nos diálogos presentes em dois episódios de cada revista, nas línguas específicas quais os padrões de ordem recorrentes e a sua funcionalidade para a realização dos propósitos comunicativos. Em termos mais específicos, verificar se esses padrões se repetem independentemente da língua, ou se, ao contrário, são alterados, restando saber a que aspectos contextuais estão relacionados. Este trabalho se justifica porque o desenho animado é uma ferramenta ideológica de referência no entretenimento voltado para o público infantil. Logo, para atingir este público, presume-se que predomina estruturas de organizações na ordem direta SVO.

O PADRÃO DE ORDEM NAS TRADUÇÕES PARA O PORTUGUES EUROPEU E BRASILEIRO DO POEMA “O CORVO” DE EDGAR ALLAN POE

Lino Tiago da Cunha Araujo – UFG

Camila de Souza Calaça – UFG Simião Mendes Júnior – UFG

Tales José Dias – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito ao trabalho que pretende investigar o padrão de ordem no poema “O corvo”, de Edgar Allan Poe, marco da literatura ocidental , publicado em janeiro de 1845 no jornal “Evening Mirror”, e suas traduções para o português europeu, feita por Fernando Pessoa, e para o português brasileiro, feita por Machado de Assis, a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem que a concebe como atividade social a serviço dos usos efetivos da língua. Em nosso trabalho analisaremos as respectivas traduções, levando em consideração as possíveis alterações na ordem sintática original e os efeitos de sentido produzidos em cada tradução, demonstrando em que medida as versões européia e brasileira da obra preservam o padrão de origem desse clássico universal. Distinguiremos os padrões de ordem recorrentes a partir da analise das orações que constituem os versos do poema e verificando se esse padrão recorrente está correlacionado a aspectos socio-discursivo da constituição textual, levando em consideração os fatores relativos as condições da produção do poema, o estilo do autor, entre outros.

O PODER DA LINGUAGEM EM “VIDAS SECAS”

Lucas Ribeiro Correia – UFBA/MEC João Pedro Matos – UFBA /MEC

Sandra Carneiro de Oliveira – UFBA Neste artigo busca-se refletir sobre como a língua exerce influência nas relações interpessoais e sociais e sobre o poder da linguagem na vida cotidiana a partir de observações de trechos da obra literária “Vidas Secas”. A metodologia utilizada será a análise da linguagem empregada pelas personagens no contexto da historia, a base teórica que é utilizada provem de artigos e livros dos

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autores Marcos Bagno e Stella Maris Bortoni-Ricardo. Essas observações serão feitas a partir do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, especificamente a partir da análise do capítulo 3, intitulado “A Cadeia”, que apresenta uma passagem narrada na cidade, envolvendo os personagens Fabiano e o Soldado Amarelo. A presente obra literária nasce na segunda fase do Modernismo trazendo uma critica mais realista a problemas comuns do sertão como a seca, a opressão sobre o homem do campo e a miséria tanto física como psicológica. É por meio dos personagens presentes na história que se pode perceber como a linguagem empregada pelos mesmos reflete comportamentos, indica características indenitárias e exerce relações de poder. Com isso, o leitor poderá perceber que a língua não é apenas um meio de garantir uma convivência harmoniosa em sociedade, mas uma ferramenta a serviço dos falantes, carregada de poder e representativa da diversidade cultural.

O ROMANCE DE 1930 EM JUBIABÁ , DE JUBIABÁ

Nayara Carolina Soares Branco - UFV Joelma Siqueira Santana - UFV

No artigo “A revolução de 1930 e a cultura”, o crítico e historiador da literatura brasileira Antonio Candido (2003, p.182) considerou que os anos 1930 “foram de engajamento político, religioso e social no campo da cultura”. Mesmo os artistas que não se definiam explicitamente ou não tinham uma consciência desse fato, “manifestaram na sua obra esse tipo de inserção ideológica, que dá contorno especial à fisionomia do período”. A evidente preocupação social presente na produção cultural do período fez com que, com certa frequência, historiadores do romance brasileiro considerassem a década de 1930 como a década do romance social regionalista. Recentemente, porém, Luís Bueno (2006), autor de Uma história do romance de 30, visando sanar esse equívoco, não só demonstrou a variedade de produção do romance brasileiro daquela década como também discutiu sua importância para a produção ficcional posterior. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise do romance Jubiabá (1935), de Jorge Amado, levando em consideração a discussão dos três tempos do romance de 1930 empreendida por Luís Bueno e discutir a figuração do proletário na narrativa tendo em vista também a proposta do escritor Jorge Amado para a construção do romance social. Para tanto, será necessário empreender um estudo sistemático sobre a narrativa moderna, a fortuna crítica da obra de Jorge Amado, os escritos deste autor sobre literatura e textos importantes a respeito do contexto históricocultural do Brasil de 1930.

O REPERTÓRIO DO BEST- SELLER A MÃO DE FÁTIMA :

IDENTIDADE E SEXUALIDADE

Kelly Cristina Fonseca – UFG Antonio Corbacho Quintela – UFG

O intuito deste pôster é analisar como o romance histórico espanhol A mão de Fátima, que resgata a conflituosa relação entre os cristãos e os muçulmanos na Península Ibérica, se tornou um best-seller. Para entender o sucesso da obra no mercado literário foi necessário analisar o conceito repertório segundo a Teoria dos Polissistemas. Em relação a esse repertório, foram observados os ingredientes temáticos vinculados ao orientalismo. A pesquisa ressalta a identidade híbrida do protagonista do romance e as paixões que o marcam. Neste trabalho é, portanto, estudado, através das ações do protagonista, o tratamento narrativo do amor e da sexualidade a respeito da vida privada da comunidade cristã e da comunidade muçulmana na Espanha do séc. XVI com vistas a compreender um dos motivos que desembocaram na conversão do romance em um best-seller.

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O ROMANCE DE 1930 EM JUBIABÁ , DE JORGE AMADO

Nayara Carolina Soares Branco – UFV Joelma Siqueira Santana – UFV

No artigo “A revolução de 1930 e a cultura”, o crítico e historiador da literatura brasileira Antonio Candido (2003, p.182) considerou que os anos 1930 “foram de engajamento político, religioso e social no campo da cultura”. Mesmo os artistas que não se definiam explicitamente ou não tinham uma consciência desse fato, “manifestaram na sua obra esse tipo de inserção ideológica, que dá contorno especial à fisionomia do período”. A evidente preocupação social presente na produção cultural do período fez com que, com certa frequência, historiadores do romance brasileiro considerassem a década de 1930 como a década do romance social regionalista. Recentemente, porém, Luís Bueno (2006), autor de Uma história do romance de 30, visando sanar esse equívoco, não só demonstrou a variedade de produção do romance brasileiro daquela década como também discutiu sua importância para a produção ficcional posterior. O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise do romance Jubiabá (1935), de Jorge Amado, levando em consideração a discussão dos três tempos do romance de 1930 empreendida por Luís Bueno e discutir a figuração do proletário na narrativa tendo em vista também a proposta do escritor Jorge Amado para a construção do romance social. Para tanto, será necessário empreender um estudo sistemático sobre a narrativa moderna, a fortuna crítica da obra de Jorge Amado, os escritos deste autor sobre literatura e textos importantes a respeito do contexto históricocultural do Brasil de 1930.

O TEATRO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE

Joselene Ribeiro Pereira – UFMT/CUA Eloisa de Oliveira Lima – UFMT/CUA

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma atividade desenvolvida pelo projeto de extensão “A Universidade na Escola” da Universidade Federal de Mato Grosso, desenvolvido na Escola Estadual de 1º grau José Ângelo dos Santos no município de Barra do Garças - MT, no período de março a dezembro de 2012, com 11 (onze) estudantes do 6º ao 9º ano, que apresentam baixo índice de aprendizagem e com alunos enturmados. Esse projeto foi desenvolvido por quatro voluntárias e uma bolsista, que trabalharam oficinas com diversas temáticas no intuito de contribuir para que os alunos alcançassem um melhor índice de aproveitamento escolar. Esse trabalho visa relatar a experiência da oficina de teatro ministrada por uma das bolsistas com o objetivo de aproveitar o teatro como instrumento para se desenvolver a oralidade. As aulas de teatro tiveram início com oito alunos, e a proposta foi trabalhar a comunicação, a leitura, ensaios de expressão corporal, dramatização, dicção, dança, música, entre outras atividades. Essas são atividades pedagógicas, agregam valores éticos e se tornam ferramentas eficazes de abordagem para diversos temas discutidos na escola. Além disso, trata-se de um meio para o incentivo ao hábito e ao prazer da leitura e, ainda, como estimulo ao desenvolvimento criativo do educando. Assim, era esperado que os estudantes tivessem uma melhoria na prática de leitura, na conversação, na socialização, na oralidade de forma geral, contribuindo, para seu desempenho escolar e social. Ao final, pôde-se notar que os objetivos foram alcançados, pois os estudantes apresentaram grandes avanços, não apenas em sua comunicação, mas em sua postura e em seu comportamento na escola.

O TEMPO EM LIMITE BRANCO , DE CAIO FERNANDO ABREU

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Maiara Moreira Andraschko – UFG

Renata Rocha Ribeiro – UFG Limite branco (1971), romance inaugural do escritor Caio Fernando Abreu, é caracterizado como “de formação”, visto que trata da configuração da personagem Maurício. Além disso, Maurício é apontado pela crítica como um possível alterego do autor, já que ambos escrevem aos 19 anos. A trajetória de Maurício parte da infância, passando pela adolescência até a indicação da vida adulta. Percebe-se, tanto na estrutura quanto na configuração da personagem central, um descompasso temporal. Ao fim do primeiro capítulo, intitulado “Tempo de Silêncio”, há um parêntese, um corte temporal, que só será retomado no último capítulo, culminando, portanto, com o desfecho da narrativa. Entremeando esta inicial estrutura parentética, os capítulos que seguem são alternados, ora apresentados em analepses (flashbacks) em terceira pessoa sobre a infância da personagem Maurício, ora escritos em entradas de diário pelo próprio personagem adolescente, correspondendo ao tempo presente da narrativa. A continuidade do tempo da história dá-se pela demarcação cronológica presente na introdução dos diários iniciados no terceiro capítulo no dia 15 de maio, e escritos em sequência havendo uma pausa somente entre os dias 23 e 28 de maio (data do último diário), período no qual a mãe morre. Tem-se, pois, que estruturalmente o tempo da história (enredo em ordem cronológica) e o tempo do discurso (como os acontecimentos são apresentados), como definidos por Benedito Nunes (2008) em O Tempo na Narrativa, caminham alternadamente a partir do primeiro capítulo e tornam a se encontrar no capítulo XVI “A Volta”, volta esta que tem duplo sentido, pois além do reencontro dos tempos passado e presente, há o retorno dos familiares que marcaram a infância de Maurício e moram em cidades diferentes. Assim como há um descompasso do tempo na estrutura vê-se, também na configuração interna da personagem, um desencontro entre os tempos cronológico e o psicológico, causado principalmente pela solidão, angústia, conflitos internos e perdas familiares que acompanham as transições etárias vividas por Maurício. Para além das anacronias, há uma correspondência entre a passagem do tempo e mudanças espaciais: a infância na fazenda na cidade fictícia de Passo da Guanxuma, a adolescência na cidade intermediária de Porto Alegre (indicada apenas pela referência ao Gasômetro), e a vida adulta, trazida pela morte da mãe, no Rio de Janeiro.

O USO DE OPERADORES ARGUMENTATIVOS E DE MARCADORES DE REFORMULAÇÃO PARAFRÁSTICO EM O MANIFESTO DOS PIONEIROS DA

EDUCAÇÃO NOVA

Eliel de Queiroz – UFG Leosmar Aparecido da Silva – UFG

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova é um importante instrumento documental na história dos movimentos políticos paraeducacionais brasileiros. Confeccionado em 1932, o documento faz um aporte panorâmico do cenário educacional brasileiro, cobra mudanças estruturais e políticas e propõe um caminho para a reconstrução das políticas públicas educacionais brasileiras – em pleno regime populista do então presidente Getúlio Vargas. Entender o processo argumentativo e as marcas linguísticas de reformulação parafrástica presentes no manifesto compete carga veritas para se compreender a macrotextualidade do documento e os efeitos de sentido produzidos por tais marcas. A concepção de texto como unidade lógica, dotado de sentidos, processo/produto social, histórico e ideológico justifica a necessidade de se estudar o arranjo dos operadores argumentativos e dos marcadores de reformulação nas sentenças. Assim, pronomes, advérbios, conjunções, locuções adjetivas, adverbiais, conjuncionais e outras funcionam não somente como elementos de coesão textual, mas também como elementos que direcionam a argumentação para determinado viés e não para outro. Além disso, a escolha de certos operadores constrói marcas textuais que

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desempenham um importante papel elocutivo, consequentemente, discursivo. Para o trabalho, conta-se com as teorias francesas dos marcadores de reformulação parafrástico e dos operadores argumentativos– mecanismos de análise linguística e enunciva. Os pressupostos teóricos serão aplicados ao documento de 1932 com a finalidade de se entender, além dos efeitos de sentido, os jogos lógico-argumentativos e a proposta enunciativa como um todo.

O USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS NEOLÓGICOS NA PUBLICIDA DE IMPRESSA

Lilian Souza dos Anjos – UFMG/FAPEMIG Aderlande Pereira Ferraz – UFMG

O fenômeno da dinamicidade na língua permite ao léxico, um movimento contínuo de incorporação de palavras novas e a adaptação de novos significados para palavras já existentes. A neologia é uma espécie de revigorante do léxico, não apenas por promover a expansão ou renovação lexical, mas também por contribuir para que o léxico seja uma forma de registrar as transformações socioeconômicas e culturais de uma comunidade linguística. A dinamicidade do léxico ocorre através de variados processos de formação de palavras. Um dos mecanismos que se apresenta produtivo é o processo de composição por siglas. A sigla caracteriza-se por ser um sintagma lexical reduzido, podendo ser formado pelas iniciais dos elementos componentes do sintagma ou pela união de sílabas iniciais de um conjunto sintagmático, constituindo neste caso um acrônimo. A produtividade de siglas e acrônimos em uma comunidade linguística resulta da economia discursiva e ocorre devido à sua eficácia comunicativa. O objetivo do presente estudo é mostrar a análise de alguns casos de formação de siglas e acrônimos, presentes em textos da publicidade impressa, abrangendo diversas áreas de especialidade. A análise dos textos publicitários foi feita sobre parte do corpus do projeto de pesquisa intitulado Desenvolvimento do Observatório de Neologismos na Publicidade Impressa: Produtividade e Competência Lexical em Português, em andamento na Faculdade de Letras da UFMG. O corpus dessa pesquisa é constituído de textos publicitários veiculados nas revistas VEJA, ISTOÉ e ÉPOCA, referente ao período de 2006 a 2010. Neste trabalho, juntamente com a análise do corpus, serão apresentados aspectos relacionados ao processo de siglagem, como as fases no processo de lexicalização das siglas, além da sua flexão quanto ao gênero e ao número. O estatuto de neologismo conferido as unidades léxicas selecionadas seguiu o critério de registro dicionarizado com a adoção de um corpus de exclusão, constituído, pelos seguintes dicionários: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua Portuguesa (2009), Dicionário Eletrônico Aurélio da Língua Portuguesa (2010) e Aulete Digital: Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa (2012). Esse critério consiste na verificação do registro das siglas selecionadas nos dicionários mencionados, sendo que as unidades que não estão dicionarizadas constituem neologismos lexicais. Nossa fundamentação teórica se apoia em Guilbert (1975) e Alves (1990), na conceituação de neologia e neologismo, e Ferraz (2006), no que diz respeito à análise do corpus.

O USO DE TU, VOCÊ E SENHOR NA RELAÇÃO PAIS E FILHOS EM TEFÉ-AM

Gabrielle Jaques Dantas – UEA/FAPEAM Germano Ferreira Martins – UEA

O projeto intitulado O uso de tu, você e senhor na relação pais e filhos em Tefé-AM apresenta os seguintes objetivos: verificar quais pronomes pessoais de segunda pessoa são usados entre pais e filhos tefeenses e procurar descobrir quais elementos, sejam eles linguísticos ou extralinguísticos, contribuem para a escolha das formas presentes na fala. A metodologia utilizada neste projeto tem como base o modelo variacionista proposto por William Labov (1958), onde se procura obter a fala natural (vernáculo) dos informantes. Foram analisadas amostras do vernáculo do município de Tefé-

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AM, com a participação de informantes, considerando-se os seguintes fatores sociais para análise: Gênero, escolaridade e faixa etária. A coleta de dados foi realizada através de gravações de conversas entre pais e filhos. Em relação à primeira dúvida de pesquisa: se está havendo mudança de senhor para tu em relação à fala dos filhos para com os pais, os dados nos mostram que o senhor é claramente o pronome preferido. Na segunda questão, relacionada à faixa etária, os dados não indicam que seja a faixa etária dos pais o que define a escolha dos pronomes. Neste caso, o que está determinante é a faixa etária dos filhos. Em relação ao gênero dos filhos, tanto o masculino quanto o feminino comportaram-se de forma semelhante preferindo o tratamento senhor, com percentuais acima de 90%. O você e o tu estão presentes, mas na faixa etária menor, em geral, crianças. Nos pais o comportamento foi semelhante também, homens e mulheres preferiram usar o tu como tratamento para os filhos, ambos ficaram com percentual próximo de 80%. A escolaridade dos pais foi um fator interessante, pois os falantes de nível superior usaram 95% de tu no tratamento dos filhos, enquanto que os pais de ensino fundamental comportaram-se de forma muito diferente, pois usaram 52% de tu e 48% de você. Em resumo, temos, portanto, que filhos se dirigem aos pais principalmente com o pronome senhor. Os pais se dirigem aos filhos, principalmente, com o pronome tu. O uso de você e tu por parte dos filhos em relação aos pais tem uma frequência baixa, mas mostra um uso ternário da variável pronominal de segunda pessoa.

O "VERBO" EM OBRAS GRAMATICAIS ATUAIS EM PB: O QUE MUDA EM RELAÇÃO À DOUTRINA TRADICIONAL?

Giovana Picone Mattos Jardim – UFG

O objetivo principal deste trabalho é discorrer sobre o modo pelo qual obras gramaticais relativamente recentes, que pretendem abarcar reflexões diferenciadas sobre classe de palavras e que tenham preferencialmente por público-alvo futuros professores ou professores da educação básica, apresentam e conceituam o “verbo”. A análise efetuada tomou por parâmetro, em primeiro lugar, a natureza das descrições e dos conceitos trazidos por Cunha & Cintra (2008) no que se refere a esta categoria, e isso por ser esta uma obra concebida por diferentes autores como vinculada à doutrina gramatical tradicional à qual as novas gramáticas buscam se contrapor. Estabelecidos critérios e princípios de análise, que se voltaram à natureza morfológica, sintática e semântica pela qual se delimita o verbo, nosso estudo recaiu sobre três gramáticas recém publicadas: “Pequena gramática do português brasileiro”, de Ataliba Castilho e Vanda M. Elias (São Paulo: Contexto, 2012); “Gramática do português brasileiro”, de Mário Perini (São Paulo: Parábola Editorial, 2010); “Gramática pedagógica do português brasileiro”, de Marcos Bagno (São Paulo: Parábola Editorial, 2011). Vale dizer que, no que se refere a critérios de natureza semântica, cujo objetivo é o estudo dos significados das formas linguísticas, enfrenta-se um grande problema: tais formas teriam a priori um significado, ou dependeriam do enunciado ou do contexto situacional para que o mesmo lhes fosse atribuído? De acordo com Perini (2007), tal problemática implica diretamente em distinguir a semântica e a pragmática. Já de acordo com De Vogüé (2010), deve-se repensar em que consiste apreender o verbo como “ação, processo e estado”. O trabalho apresenta os resultados parciais obtidos até a presente etapa da pesquisa, discorrendo sobre a natureza das mudanças observadas em relação ao que se concebe como “verbo” sob a ótica de sua definição usual.

O VOTO NO BIG BROTHER BRASIL: UM GÊNERO ENTRE O JOGO E A CASA

Arthur Ribeiro Costa e Silva – UEPA/CNPq Samuel Pereira Campos – UEPA

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Polemizando com o senso comum acadêmico que rejeita a televisão e os reality shows como objetos de estudo por considerá-los de baixo valor intelectual, esta pesquisa propõe uma análise do Big Brother Brasil enquanto esfera da comunicação discursiva, focalizando o gênero voto. Fez-se necessária primeiramente a busca de referenciais teóricos sobre o reality show. Ele é definido como um gênero televisivo híbrido de diversos outros gêneros televisivos já consagrados e de grande aceitação pelo público, a saber: a telenovela, o jornalismo, os talk shows e programas de auditório, os programas de concurso, entre outros, que faz uso de uma convergência de tecnologias para a interação com o público, acentuando a identificação deste com os eventos do programa. A casa no reality show é responsável pela organização de um núcleo familiar entre os participantes. Na descrição da votação e do gênero voto, encontramos a centralização na figura do apresentador, configurando uma força centrípeta padronizadora dos enunciados. Observa-se essa força quando Bial descreve a situação atual do programa para os espectadores, num movimento de organização do evento, e quando ele, buscando padronização dos enunciados dos participantes no ato da votação, elabora duas formas principais de interpelá-los. Quanto ao endereçamento do enunciado, as condições de interação apontam para um direcionamento para o público do programa. Os participantes enunciam com vistas a mostrar fatos, se explicar, persuadir, etc. O terceiro tópico é a constituição dos votos em uma tensão entre duas formas ideológicas, que são o programa enquanto competição entre os participantes pelos prêmios, materializado linguisticamente no signo jogo, e o programa enquanto constituição de um núcleo familiar de convivência, materializado no signo casa. Essas formas se refletirão no enunciado linguístico de maneira que os participantes remeterão à casa quando falarem de relações de amizade e remeterão ao jogo quando falarem de relações de poder. A última parte é a análise linguística do voto, que dividimos em seis componentes: introdução, declaração de voto, remetência/interpelação, amenização, justificativa e conclusão. Pudemos afirmar, após nosso esforço interpretativo, que o voto se constitui como um gênero singular na esfera do programa, à medida que reflete as condições de interação dispostas nele. O programa invoca signos ideológicos, relacionados à conjuntura sócio-histórica no qual surge, que figurarão no enunciado linguístico em reflexão e refração dessas condições de produção. Observa-se assim a historicidade e dinamicidade dos gêneros do discurso, que não podem ser explicados por uma simples descrição textual. O FENÔMENO DA ORDEM NAS VERSÕES TRADUZIDAS DA OBRA CHAPEUZINHO

VERMELHO

Alline Silva Rodrigues – UFG Eliethe Santos – UFG

Patrícia Santana dos Santos – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Esta proposta de apresentação de pôster diz respeito ao trabalho que pretende investigar o padrão de ordem recorrente na versão traduzida ao português da obra francesa Le Petit Chaperon Rouge, de Charles Perrault (1697). O trabalho também visa à análise da ordem sentencial de duas de suas versões adaptadas, também já traduzidas: a alemã, chamada Rotkäppchen, dos Irmãos Grimm (1812), e a italiana, La Finta Nonna, de Italo Calvino (1954). O pressuposto é o de que a ordem, mais que um fenômeno gramatical, sistêmico, diz respeito às escolhas estruturais feitas pelos usuários da língua portuguesa e, nestes casos, pelos tradutores para a língua portuguesa, para produzirem determinados efeitos de sentido. Logo, considerando-se que o momento histórico é relevante para a determinação dos padrões de ordem nas produções textuais em geral, interessa verificar até que ponto essas traduções refletem uma configuração estrutural relativa à época de sua produção. Para tanto, definimos o que é o fenômeno da ordem, enumeramos e exemplificamos as várias possibilidades de ordenamento das sentenças na língua portuguesa e, finalmente, identificamos os casos mais recorrentes encontrados nas obras-objeto de nossa pesquisa.

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O FILTRO AFETIVO EM ALUNOS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL

Renan Montico de Oliveira Silva – UFV Caroline Caputo Pires – UFV

O presente trabalho visa analisar a Hipótese do Filtro Afetivo, proposta iniciada por Dulay e Burt (1977), em estudantes de Português como Língua Adicional (PLA), e, também, analisar como os métodos e abordagens do professor contribuem para a redução ou aumento deste Filtro. Segundo Krashen (1988), o Filtro Afetivo mostra como fatores afetivos interferem no processo de aprendizagem de uma segunda língua, logo, ele divide-os três em categorias que serão analisadas no trabalho, com a inclusão de mais fatores, pois a bagagem afetiva - os conhecimentos prévios (linguísticos e extralinguísticos) - do aluno varia. Sendo assim, pode-se incluir: a imersão dos alunos em contextos reais de uso da língua; a Interculturalidade; e as Crenças de Ensino e Aprendizagem do Português, como a mais comum O Português é uma Língua Difícil. Os resultados mostram como a Hipótese explica as razões de alunos com mais facilidade ou não em aprender a língua e como o professor torna-se fundamental na percepção e na contribuição para diminuir o Filtro, pois se ele estiver em conexão com seus alunos, perceberá com facilidade como a teoria se aplica. Então, se os alunos não estão apresentando resultados, ele pode criar situações que motivem e dê confiança ao aluno, diminuindo a ansiedade, realizando uma alteração nos seus métodos e meios de abordar o conteúdo em sala. Portanto, as emoções, as perspectivas, o ambiente, o contexto sócio cognitivo, o método e as abordagens vão interferir na afetividade dos alunos, criando uma situação favorável ou não à aquisição da língua portuguesa. ORGANIZAÇÃO SINTÁTICA NA CONSTRUÇÃO DA OPINIÃO EM R EPORTAGENS DA

REVISTA VEJA

Michel Miranda Silva – UFG Leosmar Aparecido da Silva – UFG

O presente pôster, de cunho teórico-analítico tem o objetivo de perceber e compreender a construção da opinião em reportagens da revista Veja. Foram escolhidas três reportagens da Revista Veja, uma do mês de janeiro, outra do mês de junho, outra do mês de dezembro e feita a interpretação e compreensão textual do gênero reportagem, levando em consideração os conceito, as características, a estrutura, o uso das pessoas do discurso e o aspecto argumentativo e fundamentalmente a estrutura sintática que favorem a construção de opinião do leitor pelo produto do texto. Neste trabalho será feito análises de diversas reportagens para relacionar o comportamento e a construção da opinião do leitor da revista. O resultado que se espera obter com essa investigação é uma interpretação acerca do gênero reportagem, avaliar o grau de influência do leitor pelo enunciado da reportagem e reconhecer as características das construções sintáticas da revista Veja. OS NEOLOGISMOS SEMÂNTICOS NA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA : ABORDAGEM

EM SALA DE AULA A PARTIR DO CONTEXTO DE USO

Hellen Felícia de Andrade Brandão – UFMG Aderlande Pereira Ferraz – UFMG

O uso da palavra não só confirma, mas principalmente determina seu significado. Em língua portuguesa, quando ocorre uma transformação no significado de um item lexical sem que este item

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sofra uma mudança formal, tem-se a criação de um novo elemento, o qual denominamos neologismo semântico. Considerando a hipótese de que o contexto de uso de uma unidade lexical, quando diversificado, leva à formação de nova(s) unidade(s), através da implementação de novo(s) significado(s) à forma existente, o objetivo deste trabalho é mostrar que, no estudo do léxico em sala de aula de português, é possível trabalhar com o neologismo semântico, a partir do contexto de uso de um item lexical, identificando pistas para a apreensão de seu significado. Para os procedimentos metodológicos, utilizou-se aqui de uma base de dados, contendo expressivo número de unidades lexicais neológicas, coletadas em um corpus da publicidade impressa, composto de textos publicitários veiculados pelas revistas Veja, IstoÉ e Época, cujas edições abarcam o período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010, pertencente ao projeto de pesquisa em andamento na Faculdade de Letras da UFMG, intitulado Desenvolvimento do observatório de neologismos na publicidade impressa: produtividade e competência lexical em português. O estatuto de neologismo que se confere aqui às unidades léxicas selecionadas seguiu o critério de registro dicionarizado, com a adoção de um corpus de exclusão, constituído por três grandes e representativos dicionários brasileiros. Nossa fundamentação teórica se apoia em Guilbert (1975) e Alves (1990), na conceituação de neologia e neologismo, e Ferraz (2006), no que diz respeito à análise do corpus.

OS NOMES DAS TERRAS INDÍGENAS NO ESTADO DO ACRE

Flávia Leonel Falchi (UFG/CNPq) Maria Suelí de Aguiar (UFG)

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Objetiva-se apresentar um estudo toponímico preliminar a respeito dos nomes oficiais das terras indígenas situadas no estado brasileiro do Acre. Para a descrição dos topônimos dessas terras, realiza-se pesquisa exclusivamente bibliográfica. Segundo Borges (Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour, 2002), no estado do Acre, a primeira terra indígena foi demarcada em 1983. Atualmente, há trinta e sete terras indígenas no Acre: Alto Purus; Alto Tarauacá; Arara do Igarapé Humaitá; Arara do Rio Amônia; Cabeceira do Rio Acre; Cabeceiras dos Rios Muru e Iboiaçu; Campinas/Katukina; Igarapé Taboca do Alto Tarauacá; Jaminawa/Arara do Rio Bagé; Jaminawa do Guajará; Jaminawa do Igarapé Preto; Jaminawa do Rio Caeté; Jaminawa/Envira; Kampa do Igarapé Primavera; Kampa do Rio Amônia; Kampa e Isolados do Rio Envira; Katukina/Kaxinawá; Kaxinawá/Ashaninka do Rio Breu; Kaxinawá da Colônia Vinte e Sete; Kaxinawá da Praia do Carapanã; Kaxinawá do Baixo Rio Jordão; Kaxinawá do Rio Humaitá; Kaxinawá do Rio Jordão; Kaxinawá do Seringal Curralinho; Kaxinawá do Seringal Independência; Kaxinawá Igarapé do Caucho; Kaxinawá Nova Olinda; Kulina do Igarapé do Pau; Kulina do Médio Juruá; Kulina do Rio Envira; Mamoadate; Manchineri do Seringal Guanabara; Nawa; Nukini; Poyanawa; Rio Gregório; e Riozinho do Alto Envira. Tais terras são habitadas por indígenas das famílias etnolinguísticas Páno, Aruák e Arawá (Governo do Estado do Acre, 2008). Os topônimos estudados estão em língua portuguesa, tendo sido identificado um número expressivo de elementos de origem Tupi e Páno. Foram encontrados também elementos originados nas línguas Ashaninka e espanhola. Os topônimos descritos são formados especialmente por nomes de etnias, rios e igarapés. Alguns dos topônimos que apresentam nomes de rios contêm os elementos alto, cabeceira, médio e baixo. Existem ainda topônimos formados por nomes de seringais e, possivelmente, um topônimo formado pelo nome de uma localidade regionalmente denominada colocação, sendo tais nomes de terra indígena registros da exploração do látex na

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região acriana. Ademais, há topônimos formados, provavelmente, pelo nome de uma praia e de uma colônia.

OS PADRÕES DA ORDEM NAS TIRINHAS DA “MAFALDA”: UM E STUDO CONTRASTIVO ESPANHOL/PORTUGUÊS

Helenice de Araújo Chaves – UFG

Ivana Patrícia P. Silva – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Este projeto de pôster trata da pesquisa que pretende investigar o padrão de ordem recorrente nas tiras “Mafalda”, de Quino, escritas originalmente em espanhol, a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem. Essa abordagem teórica concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua, logo, a serviço da produção de sentido no texto, considerado a unidade comunicativa básica. Este trabalho se justifica porque interessa saber até que ponto o padrão recorrente na língua alfa influencia na tradução para o português. A hipótese é a de que a ordem sentencial é alterada em função da diferença cultural entre os públicos-alvo. Os objetivos da pesquisa são: investigar os padrões de ordem recorrentes nos quadrinhos “Mafalda”, comparando o original espanhol à versão portuguesa, perceber se há alteração relevante na tradução e a serviço de quê essa alteração ocorre. Para isso, serão analisadas seis histórias originais publicadas na internet e suas respectivas traduções. A base bibliográfica está em Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), entre outros.

OS PADRÕES DE ORDEM NAS PÁGINAS POLICIAIS NOS JORNAIS ESCRITOS “O POPULAR” E “DAQUI”

Gisele Chaves da Silva – UFG

Lorena Fernandes Corrêa – UFG Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq

Este resumo diz respeito ao pôster que traz os primeiros resultados da investigação do padrão de ordem recorrente nos jornais “O Popular” e “Daqui”, os mais lidos entre os sediados em Goiânia. O suporte teórico envolve uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. A relevância do projeto está no fato de que, apesar de os jornais serem produzidos na mesma empresa de comunicação, são acessíveis a públicos diferenciados. “O popular” é acessível a uma classe social com maior poder aquisitivo que o dos leitores do “Do daqui”, conforme revelam os seus respectivos preços. Os objetivos da pesquisa são: comparar nesses jornais o padrão de ordem nas páginas policiais e a partir disso verificar se há um padrão predominante e qual efeito de sentido esse padrão ajuda a construir. Para isso, serão analisadas notícias polícias publicadas na última semana do mês de novembro e início de dezembro, de 2012. A base bibliográfica está em Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), entre outros.

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OS PADRÕES DE ORDEM NO CONTO “O BÚFALO” E UM ESTUDO DA ORDEM EM CLARICE LISPECTOR.

Fréderic Grieco – UFG Jeane Mesquita – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Este resumo trata da investigação que tem como foco o padrão de ordem recorrente na escrita ficcional de Clarice Lispector, especialmente, nos contos “A imitação da rosa” e “O búfalo”, publicados originalmente no livro “Laços de família” (1960), a partir de uma perspectiva funcionalista da linguagem, que concebe a linguagem como atividade social e a gramática como um sistema a serviço dos usos efetivos da língua. O projeto é relevante porque mostra como a ordem nas sentenças pode refletir características psicológicas das personagens. Os objetivos da pesquisa são a análise da ordem na escrita ficcional de Clarice Lispector, e, a partir dos padrões de ordem do Português brasileiro, analisar os mais recorrentes e quais os efeitos de sentido esses padrões ajudam a construir. Para isso, serão analisados os padrões de ordem nos contos “A imitação da rosa” e “O búfalo” tendo-se em vista o padrão de ordem prototípico em português brasileiro que é SVOAdj, a base bibliográfica está em Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti; Camacho (1997), entre outros.

OS QUILOMBOLAS REMANESCENTES DO TOCANTINS: ESTUDO D OS TOPÔNIMOS

DAS COMUNIDADES COM FOCO NAS PRÁTICAS CULTURAIS E H ISTÓRICAS

Lucília Paula de Azevedo Ferreira – UFT/PIBIC/UFT Karylleila dos Santos Andrade – UFT

O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial.O conceito de quilombo é próprio dos africanos bantus que vem sendo ressignificado ao longo dos séculos. A sua origem parte do significado ‘formação de acampamento guerreiro na floresta’, sendo entendido, ainda, em Angola, como divisão administrativa.Já o termo “remanescente” introduz um diferencial importante com relação ao outro uso do termo “quilombo”, presente na Constituição Brasileira de 1988. Este estudo é um recorte do macro projeto ATT –Atlas Toponímico do Tocantins, vinculado ao Atlas Toponímico do Brasil - ATB. Este subprojeto faz parte da terceira etapa: realizar um estudo dos nomes (topônimos) das comunidades remanescentes de quilombolas do estado do Tocantins, com foco nas práticas culturais e históricas. São 10 (dez) as comunidades remanescentes de quilombolas, a saber: Malhadinha e Córrego Fundo, município de Brejinho de Nazaré; Morro de São João, município de Santa Rosa do Tocantins; Lagoa da Pedra, município de Arraias; Redenção, município de Natividade; Ambrósia, Formiga, Mumbuca e Carrapato, município de Mateiros. Todo grupo tem um saber cumulativo de si proveniente da memória, e a cultura é determinada pelo uso que esse grupo faz de sua própria memória. Conforme Halbwachs (1990), a memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva. Nesse sentido, todas as lembranças, como elemento de uma sociedade, são formadas no interior de um grupo. Quando nomeamos pessoas, coisas, lugares, todos em si carregam as nossas experiências, emoções, guardam e refletem lembranças de um tempo, uma vida, uma cosmovisão de um grupo ou de um indivíduo. Em particular, o nome e o significado de lugares são essenciais para a cristalização da identidade de um grupo, pois “reforçam fortemente as sugestões de identidade ou de estrutura que podem estar latentes na própria forma física” (LYNCH, 1997, p. 120). Nesse sentido, os topônimos podem traduzir o simbolismo, a história, a memória, a identidade e as peculiaridades naturais de uma dada comunidade, região, país, continente. O estudo da toponímia pode traduzir o modus vivendide um grupo ou responder a outros interesses. O percurso metodológico utilizado no estudo, apresentado por Dick (1990), é o plano onomasiológico de

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investigação. Por meio de um conceito genérico se identificam as variáveis possíveis das fontes consultadas. Esta pesquisa consiste em realizar um estudo dos nomes das comunidades remanescentes de quilombolas do estadodo Tocantins com foco nos estudos onomásticos e nas práticas culturais e históricas.Como procedimentos teórico-metodológicos, utilizaremos Dick (2010), Montenegro (2001) e Halbwachs (1990). OS TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO: REFLEXÃO SINTÁTICO- SEMÂNTICA EM

LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE UBERA BA-MG

Henrique Campos Freitas – UFTM Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/CNPq

Ao ensinar gramática, muitos professores ainda exigem de seus alunos somente o domínio das regras da norma gramatical brasileira (NGB), deixando de lado reflexões sobre o uso e o funcionamento real da língua. Essa metodologia, baseada apenas em regras gramaticais, há tempos já se mostrou falha no processo de ensino-aprendizagem da língua materna, formando usuários pouco reflexivos e com dificuldades para manusear a língua em suas diversas situações de comunicação. No que se refere ao ensino da sintaxe, dentro do contexto escolar, vemos que a única atividade que o professor utiliza é o classificatório, ou seja, classificam-se os elementos presentes dentro da oração sem desenvolver nenhuma habilidade linguística, reduzindo o ensino de sintaxe a uma técnica puramente de memorização de nomes (termos acessórios, objeto direto, indireto etc). O professor, em sua maioria, não apresenta atividades que possibilitem ao aluno a desenvolver competências e habilidades linguísticas passíveis de serem empregadas nas várias situações da interação sóciocomunicativas. Nesse cenário, podemos incluir o ensino dos termos acessórios da oração, que, sob o ponto de vista normativo, é um termo considerado “dispensável” na oração, podendo ser suprimido. Dessa forma, partindo das perspectivas teóricas desenvolvidas por Carone (2006), Duarte (2007), Travaglia (2003, 2006), Sautchuk (2004), Neves (2000, 2010, 2012), dentre outros, objetivamos propor um “outro” olhar para os termos acessórios da oração, não baseado somente na gramática tradicional, mas também em estudos sintático-semânticos reflexivos que busquem a aprendizagem em situações reais de uso da língua. Esta investigação além de contribuir para construção de fundamentos teórico-metodológicos sobre o assunto, também pode auxiliar professores de língua materna (no caso, português) no ensino de gramática na escola. Para fomentar as nossas discussões, além da revisão bibliográfica sobre o tema, analisamos como os termos acessórios da oração são apresentados no livro didático do 3º ano do Ensino Médio, de três escolas da rede pública de Uberaba/MG, avaliados e listados no guia do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD).

OS USOS DERIVADOS DO VERBO DIZER NA FALA GOIANA (FA IXA ETÁRIA I EM COMPARAÇÃO COM AS FAIXAS ETÁRIAS II E III)

Lorena de Souza Machado – UFG/PIBIC

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq O projeto “Fala goiana” constitui-se de um conjunto articulado de projetos que envolvem a descrição e a análise de dados de fala da variante do português brasileiro falado em Goiás. Nesse sentido o subprojeto “Os usos derivados do verbo dizer na fala goiana (faixa etária I em comparação com as faixas etárias II e III)” tem como objetivo (і) auxiliar na composição de um conjunto significativo de informações com vistas a caracterizar a variante do português falado em Goiânia a partir de uma descrição e análise pelo viés funcionalista, especialmente, quanto à constituição do paradigma descrito pelos usos derivados do verbo dizer na fala de goianos de três faixas etárias

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distintas; (іі) auxiliar na promoção de generalizações a respeito do atual estágio da língua falada em Goiás, tendo como parâmetro o português do Brasil. Para metodologia de coleta e análise dos dados foram utilizados inquéritos do tipo fala monitorada a partir de entrevista semi-estruturada. Como recorte metodológico tem-se Goiânia como a comunidade de fala e o perfil social dos sujeitos de pesquisa corresponde ao de dois homens e duas mulheres, com escolaridade variando entre zero e nove anos, de três faixas etárias, adultos com menos de trinta anos (I); de trinta a cinquenta anos (II) e acima de cinquenta (III). A transcrição dos dados seguiu regras definidas pelo Grupo de Estudos Funcionalistas (GEF), da Faculdade de Letras-UFG, ao qual o “Fala goiana” está vinculado. Como resultado a pesquisa constatou que nas faixas etárias I e II houve maior utilização de expressões com o verbo falar tendo o mesmo valor funcional de certos tipos de /diski/ operador evidencial. Sendo que somente na faixa etária III, observou-se uma ocorrência do diz que operador evidencial gramatical, de boato. Pode-se concluir que a análise dos dados não permitiu afirmar categoricamente que a faixa etária é um fator determinante para os usos gramaticais derivados de dizer. Um fator relacionado pode ser o fato de que, nos inquéritos, predominaram as narrativas vividas pelos próprios informantes, o que inibe a incidência de usos evidenciais indiretos. Uma hipótese para a ocorrência desses usos evidenciais indiretos envolve a referência a fatos que o sujeito de pesquisa não presenciou.

PERCURSO DIACRÔNICO DAS CONSTRUÇÕES DE TÓPICO EM PORTUGUÊS

Tairane Pinto Araújo – UFBA Edivalda Alves Araújo – UFBA

O objetivo dessa pesquisa é mostrar as mudanças na tipologia das construções de tópico para identificar quais os tipos que foram eliminados ou que se mantiveram na configuração sintática do português, principalmente na variante do Brasil, do século XVII ao XXI. Dentre os tipos citados na literatura, há os seguintes: tópico pendente, tópico pendente com retomada, CLLD, LD (Etop), topicalização V2 e tópico sujeito. A pesquisa baseia-se nos estudos de Ribeiro (1996), Galves (1998, 2001), Brito, Duarte e Matos (2003) e Araújo (2006). Essas autoras trazem os diversos tipos de tópico e através de análises desse material, percebeu-se uma predominância de alguns desses tipos de tópico, a depender do século. Os corpora de análise são do Projeto Tycho Brahe, da Unicamp, coordenado pela profa. Charlotte Galves. Para o presente trabalho, foram definidos somente dois séculos – o XVII e o XVIII. Nos dados analisados, encontramos a predominância dos seguintes tipos de tópico: i) “As artes, dizem seus Autores, que Ø saõ emulações da natureza:" (MC-17). O termo grifado é tópico, do tipo locativo Tópico Pendente com Retomada, e a retomada é feita por um pronome vazio na posição de sujeito tópico pendente com retomada que é caracterizado pela introdução de um tópico e uma retomada interna na oração. Essa retomada, de acordo com Araújo (2006), pode ocorrer de várias formas: por um clítico, por um pronome, dentre outros; ii) Quanto ao caso – Paris, disse-me ontem o Barros Gomes estar decidida a tua nomeação: por isso o participei ao leitores do Reporter.” (EÇ-18). Esse exemplo é um Tópico Pendente que é caracterizado por ser marcado pela presença das expressões quanto a, a respeito de, enquanto a, a propósito de, sobre. Os estudos das construções do tópico são necessários, pois assim podemos perceber que a estrutura da informação e a marcação sintática andam conectadas sendo que não podemos avaliar uma sem a ocorrência da outra. Além disso, o presente estudo traz contribuições para a história do português, evidenciando a evolução das construções de tópico, como mostra Araújo (2006), e a sua provável causa ou consequência nas mudanças sintáticas da língua. A pesquisa está em fase inicial e os dados ainda não são conclusivos.

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PERCURSOS DA MEMÓRIA NA POESIA DE JORGE COOPER

Lys Lins Calisto – UFAL/CNPQ Wanderson Queiroz – UFAL/FAPEAL

Susana Souto Silva – UFAL A pesquisa Percursos da memória na poesia de Jorge Cooper investiga as relações complexas e multifacetadas existentes entre poesia e memória na literatura brasileira. O corpus desta pesquisa é formado pela obra do poeta alagoano Jorge Cooper (1911- 1991), com especial destaque para seus três primeiros livros: Achados, Poesia sem idade e Linha sem traço, que englobam poemas escritos entre 1945 e 1976. O autor selecionado tem significativa obra poética, marcada por traços característica inovadores, no contexto da literatura produzida no século XX no Brasil. No entanto, devido ao fato de, em vida, ter publicado apenas antologias – sua poesia completa veio a público apenas em 2010, quase vinte anos após a sua morte –, ainda existem poucos trabalhos dedicados a sua obra, sobretudo em âmbito acadêmico. Esta pesquisa pretende suprir parte dessa lacuna e colaborar para a compreensão do lugar de Jorge Cooper na história da poesia brasileira, a partir da análise crítica de seus poemas, tendo como recorte temático a memória, muito recorrente em sua produção, e pensada aqui a partir dos textos de Jacques Le Goff (2003) e Paul Ricouer (2007). A fortuna crítica do poeta estudado, apesar de pequena, constitui-se como importante polo de interlocução desta pesquisa. A análise tem como fundamento teórico-metodológico estudos de teoria e crítica da literatura (BAKHTIN, 1998; BERARDINELLI, 2007; FRIEDRICH, 1978; HUTCHEON, 1991; KRISTEVA, 1974; PAZ, 1994; MENEZES, 1994; BOSI, 1997; BRITTO, 2001; CALVINO, 1991), em diálogo com textos da Filosofia (BADIOU, 2002, RICOUER, 2007) e da História (LE GOFF, 2003) que tratam da poesia e da memória.

PERCURSOS MORFOSSINTÁTICOS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO NO CANCIONEIRO POPULAR DE GOIÁS

Felipe Duarte – UnB Heloisa Salles – UnB

A formação do português brasileiro envolve um complexo de variáveis sociais, políticas e linguísticas que, quando estudadas conjuntamente, remetem a um processo marcado por um período grande de bilinguismo/multilinguismo. O presente trabalho pretende investigar aspectos da língua portuguesa falada no Brasil no século XIX, na então província de Goiás. A formação do dialeto goiano tem suas origens na ocupação do território, pela exploração bandeirante e nas campanhas de mineração. Sua história remete à migração de exploradores paulistas, além do contato com línguas e culturas de povo indígenas que ali se estabeleciam, a que se acrescenta a contribuição dos escravos e seu processo particular de aquisição da língua portuguesa, e no século XX, a chegada de mineradores e fazendeiros europeus e brasileiros (Bertran, 1994; Ilari & Basso, 2011). Será objeto de estudo um corpus de canções populares da região de Goiás, editadas e publicadas primeiramente por Antônio Americano do Brasil (1929) e posteriormente em França (1979) no livro Romanceiro e Trovas Populares. O cancioneiro popular representa um gênero composto de características da língua vernácula, com traços arcaizantes e eruditos; assim, esse corpus é válido para responder à demanda de investigação de tais fenômenos na história da língua popular da região central do Brasil. Examinando o sistema pronominal, constatamos o uso de pronomes (nominativos) fortes em posição de objeto (E tu te lembrares de eu (Xácara dos amores, 1929)), descritos como característicos do PB, no contraste com o português europeu (Duarte, 1986; Cyrino, 1997; Oliveira, 2007). Igualmente, é interessante notar o emprego da categoria dativo (Entreguei a carta a ela /de quem constante lhe adora (Xácara do S. Francisco, 1930)), a qual tende a desaparecer no PB atual (cf. Salles (1997)). Partimos desse contraste para demonstrar ser necessário distinguir as funções

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gramaticais na análise dos processos de mudança linguística que afetam o sistema pronominal, entre outros fenômenos.

PERFIL DE PROFESSORES DE PLE EM ESCOLAS DE IDIOMAS DE SÃO PAULO

Rodrigo Lazaresko Madrid – USP Maria Helena da Nóbrega – USP

O objetivo da pesquisa é apresentar os resultados de um levantamento feito sobre o perfil do professor de Português Língua Estrangeira (PLE) em escolas e institutos de idiomas na cidade de São Paulo – SP. Para isso, foi aplicado um questionário a professores que atuam com o ensino de PLE e foram realizadas entrevistas com 11 professores/ coordenadores. A análise referente aos dados obtidos a ser aqui apresentada tem como foco a) a relação do professor com o ensino de PLE e b) o envolvimento desses profissionais em programas de formação continuada. Apesar da dificuldade em conseguir uma participação expressiva de professores na pesquisa (foram 34 questionários respondidos, em 10 escolas), algumas informações são reveladoras. Foi possível constatar, por exemplo, que poucos são os professores que trabalham exclusivamente com o ensino de PLE e que estes profissionais que não exercem outra atividade remunerada mudariam de profissão em caso de alternativa mais vantajosa financeiramente. A partir desse dado, como pensar a participação dos professores em cursos ou atividades de formação continuada? Os questionários e as entrevistas indicam que há interesse em tal formação e que os professores consideram a continuidade da formação um fator importante para a melhoria de suas práticas pedagógicas. Partindo dos dados obtidos e da literatura consultada, a pesquisa busca refletir sobre o perfil do professor de PLE e como os programas de formação de professores podem trabalhar em concordância com as necessidades de seus egressos, atuais e futuros. PERFIL DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA NA CIDADE DE

SÃO PAULO

Paula Crepaldi Campião – USP Maria Helena da Nóbrega – USP

Com a maior projeção do Brasil no cenário econômico e político mundial, há maior procura pelo aprendizado de português por falantes de outras línguas. Este projeto possui como objetivos tanto quantificar os professores de Português Língua Estrangeira (PLE) que atuam em escolas de idiomas na cidade de São Paulo como levantar a situação de sua formação profissional, dando ênfase à formação continuada na área. De acordo com as pesquisas (AMARAL, 2005; FURTOSO, 2009), a formação do futuro professor começa na graduação, na qual há o intuito de levar o então aluno a uma reflexão sobre a prática de ensino. É recomendado também que o aprimoramento seja contínuo (FÉLIX, 2009) sendo necessária a busca por cursos de extensão e pós-graduação. A pesquisa utiliza métodos quantitativos e qualitativos para alcançar seus objetivos. Primeiro, foi verificado o oferecimento de Português para Estrangeiros em escolas de idiomas da cidade de São Paulo, e foi percebido que somente há uma concentração representativa desse curso nas regiões centro-oeste e centro-sul da cidade. Nesse cenário, foi utilizado o critério diatópico para dividir a coleta de dados entre os dois alunos participantes deste projeto de pesquisa. Os professores foram abordados com um questionário com base na proposta do Projeto Teia do Saber (ZENI & FARIA, 2006) e em uma entrevista pessoal, amparada por leituras teóricas complementares feitas durante o período de pesquisa. O resultado parcial mostra que parte considerável dos professores PLE que atuam nas escolas de idiomas das regiões pesquisadas não são efetivos, sendo requisitados de acordo com a procura do curso. A grande maioria dos professores entrevistados também leciona alguma língua

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estrangeira, e são graduados ou graduandos em Letras, entretanto, não possuem cursos de formação continuada. A demanda pelos professores de PLE vem crescendo desproporcionalmente ao número de cursos de extensão e formação continuada na área. Esse fato influi diretamente na renovação de conhecimento e melhora do ensino do profissional.

PERSPECTIVAS DE ENSINO DE LINGUAGEM EM UM CONTEXTO DIALÓGICO

Betania Pereira de Oliveira Soares – UnirG/TO Zionôura Barbosa da Silva – UnirG/TO/CAPES

Esse trabalho contempla uma das ações do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência UnirG/2012, o qual tem como foco principal aperfeiçoar a formação dos licenciandos que assumem a docência na área de Letras, oportunizando-lhes vivências pedagógicas, no âmbito de escolas públicas de educação básica como um incentivo de aprimoramento de suas práticas pedagógicas. Desse modo, o presente trabalho aborda algumas considerações a partir dos estudos realizados por Antunes (2010) em seu livro “Muito Além da Gramática”, no qual se verifica ponderações relevantes sobre o ensino de língua e gramática. As propostas teóricas originam-se pelas reflexões de Bagno e Bortoni-Ricardo, ao focalizar as diferentes possibilidades de se trabalhar aspectos comuns entre essas teorias, visando explicar o objeto de estudo de língua e gramática, pois para analisarmos um texto apenas o conhecimento da gramática não é suficiente, sendo necessário levantar estratégias que envolvem todo um conhecimento de mundo, linguístico, enciclopédico, literário, contextualizações, adequação tipológicas, inferências, além de estabelecer relações dialógicas com elementos extralinguísticos. Nesse sentido, busca-se desenvolver um trabalho docente com práticas de ensino de caráter interdisciplinar, compreendendo uma abordagem relacional, com interconexões entre os conhecimentos adquiridos na graduação e a sua manifestação através de relações de complementaridade, convergência ou divergência, além de promover e colocar em prática atitudes que pautam pela cultura do diálogo, troca de experiências e trabalhos conjuntos. Desse modo, nas atividades do PIBID, busca-se desenvolver estratégias de ensino de linguagem, num contexto mais abrangente que ensinar nomenclaturas gramaticais. Portanto, adota-se uma abordagem enunciativa e sociointeracional, visando analisar as escolhas linguísticas responsáveis pela construção de sentido, ao considerar os elementos da situação de produção, buscando o sentido global do texto, envolvendo o aluno no processo de construção de ensino aprendizagem. Nesse sentido, espera-se ampliar a sua capacidade de refletir, de maneia crítica, sobre o mundo que o cerca e, em especial, sobre a utilização da língua como instrumento de interação social, mediante a compreensão, a análise, a interpretação e a produção de textos, propiciando desenvolver habilidades e competências que fortaleçam a promoção integral de todos os envolvidos no processo, possibilitando a conscientização de seu papel social e de seu direito à cidadania plena, como um exercício constante de aperfeiçoamento e busca de resolução de problemas.

PIBID: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENEM 2012

Luana Nobre Aquino de Lavor – PIBID/CUA/UFMT/CAPES Dayanne da Silva Rocha – PIBID/CUA/UFMT/CAPES

Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque – CUA/UFMT O objetivo desse trabalho é relatar uma atividade desenvolvida por duas bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) do Curso de Letras/ICHS/CUA/UFMT, com estudantes do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Antonio Cristino Côrtes, como contribuição para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A proposta de atividade visou o

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conhecimento do gênero textual dissertativo-argumentativo, as cinco competências cobradas na proposta de redação do ENEM, a produção de textos com base nas exigências do ENEM. Como se trata de uma proposta baseada na Linguística Textual, nos apoiamos nos estudos de gêneros textuais, por meio de estudo dirigido nos encontros do PIBID e na cartilha “A redação no Enem 2012 – Guia do participante”, oferecido pelo Ministério da Educação. O período de realização dessa atividade foi de setembro a novembro de 2012. O trabalho foi desenvolvido com aproximadamente 90 (noventa) alunos, divididos em 4 (quatro) turmas do período matutino. Por meio de uma sequência didática, focalizamos o desenvolvimento da produção escrita do gênero textual, que envolve a exposição de ideias, a argumentação, e a proposta de intervenção. Assim, iniciamos a proposta considerando o conhecimento prévio dos estudantes sobre o que eles já conheciam sobre o gênero dissertativo-argumentativo e, depois, apresentamos a definição e função do gênero estudado, partindo para as cinco competências do ENEM. Ao final, propusemos aos estudantes que produzissem textos conforme a exigência do gênero. O que se esperava ao fim desse trabalho é que os alunos compreendessem as características básicas do gênero apresentado para produzirem textos com originalidade, autoria, coerência e coesão. Ao analisar os textos produzidos, pudemos perceber que os educandos têm muita dificuldade em compreender as propostas de redação e elaborar textos conforme o gênero textual estudado, pois confundiram o gênero dissertativo-argumentativo com o gênero dissertativo-expositivo. Essa atividade foi além do programado, pois, a escola propôs um simulado no qual os bolsistas do PIBID Letras ficaram responsáveis para corrigir e dar nota nas redações dos estudantes, o que permitiu verificar outras dificuldades apresentadas pelos estudantes. Assim, reforçamos as características básicas do gênero trabalhado. E como resultado a escola ficou em 1º lugar no ENEM entre as escolas estaduais do Estado de Mato Grosso. PIBID: UMA REFLEXÃO A CERCA DA PRÁTICA DOCENTE EM B ARRA DO GARÇAS

Vander Simão Menezes – PIBID/CUA/UFMT/CAPES

Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque – UFMT O objetivo deste trabalho é trazer à discussão acadêmica a reflexão feita pelos bolsistas (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/ICHS/CUA/UFMT) a cerca do ensino de língua. O trabalho do PIBID é realizado numa escola estadual, situada no centro da cidade. Os estudantes, em sua maioria, pertencem à classe média. Por meio de observação do ambiente escolar, diagnosticou-se a situação do ensino, na escola supracitada, para conhecer a metodologia e a abordagem dos conteúdos. Parte-se do entendimento da necessidade de se repensar o método de ensino, para alcançar os objetivos postos pelo contexto sócio-histórico atual. Tópicos que privilegiam o reconhecimento e classificação gramatical ou o simples estudo da história da literatura não bastam para que o estudante desenvolva as habilidades relacionadas à língua. Isso porque o uso efetivo da língua é uma ação interindividual, que acontece por meio de textos (orais ou escritos), norteado por fatores diversos, entre eles, a criatividade e a adequação ao contexto. Deve-se levar em consideração também a importância do exercício da leitura, não apenas como decodificação, mas, como compreensão e interpretação. Assim, o grupo realiza discussões, fundamentando-se nos PCN de Língua Portuguesa, no Interacionismo - que transcende o Construtivismo em alguns aspectos -, e na Linguística Funcional, a fim de encontrar um caminho para uma prática escolar eficiente. Além disso, busca-se um diálogo com professores e discentes da escola, considerando a realidade do profissional de língua, o desenvolvimento social e tecnológico atual e a consciência de que o estudante tem de ser o sujeito de sua aprendizagem. Tendo em vista a necessidade de mudança, acredita-se que esse tipo de reflexão pode proporcionar aos bolsistas bases para uma atuação crítica e relevante, como já se pode observar em aulas que são ministradas na escola. A crítica à prática docente deve ser constante, deve-se repensar o ensino de língua sempre

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que necessário para garantir um ensino que responda, efetivamente, aos desafios que constituem a relação ensino-aprendizagem. PIBID-PORTUGUÊS: ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO CENTRO -SUL DO PARANÁ

Carla Michelli Carraro – PIBID/CAPES/UNICENTRO

Loremi Loregian-Penkal – UNICENTRO/CAPES A região centro-sul do Paraná, segundo dados divulgados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES, apresenta sérios problemas socioeconômicos, com os menores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado. Comunidades eslavas, comunidades quilombolas, assentamentos rurais, comunidades indígenas, comunidades situadas em faxinais, latifúndios e agronegócios convivem com pequenas propriedades e agricultura familiar, polos industriais, cidades de pequeno e médio porte, marcam a diversidade socioeconômica e cultural da realidade em que está inserida a Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. Dessa forma, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência: Subprojeto Licenciatura em Letras: Português da UNICENTRO, financiado pela CAPES, busca inserir os alunos de Letras no cotidiano da escola pública de Ensino Fundamental e Médio, estreitando, assim, as relações entre o ensino superior e a educação básica, bem como conhecendo na prática a realidade multicultural e socioeconômica da grande maioria dos alunos que frequenta a escola pública. Tem por objetivos, entre outros: a) promover uma melhor qualidade na formação de professores na área de Letras: Português; b) estimular os licenciandos em Letras a ingressar na carreira docente, após o término da graduação; c) contribuir para a elevação dos processos de aprendizagem da Língua Portuguesa de alunos do Ensino Médio. Assim, o objetivo da presente comunicação é divulgar algumas ações do programa, entre elas: a realização de grupos de estudos para a discussão de pressupostos teóricos e metodológicos da área de ensino de Língua Portuguesa; a elaboração de resumos e artigos sobre o ensino e a aprendizagem da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e Médio; a inserção dos graduandos no dia a dia da escola pública; o planejamento e desenvolvimento de atividades voltadas para alunos do Ensino Fundamental e Médio, contemplando aspectos de interesse e necessidade desse público, como leitura, compreensão e interpretação de textos, produção escrita e reescrita de textos e orientações para o exame vestibular e ENEM; exposição dos trabalhos realizados em sala para a escola e criação do blog "Mundo Pibidiano", para divulgação de atividades realizadas em sala de aula pelos bolsistas do PIBID.

PLURALISMO DE VOZES NO MESMO DISCURSO

Laleska Daniely Silva de Lima – UFG Eliane Marquez da Fonseca Fernandes – UFG

Esta pesquisa de cunho teórico-analítico objetivou mostrar a pluralidade de vozes existentes em um discurso, por meio da análise de uma tirinha, evidenciando assim um caráter plurilingüístico e dialógico da língua. A mesma embasou-se na Teoria da Enunciação, estudada por Bakhtin, dialogando também com outros teóricos, como Foucault e Cleudemar Alves Fernandes, mostrando que a composição do discurso não se limita apenas à língua, texto e fala. Tendo como objeto de análise uma tirinha da personagem Mafalda, constituída por um diálogo entre ela e Miguelito, no qual a garota pauta uma reflexão após o diálogo. A compreensão da composição desse enunciado foi atrelada à história da personagem, criada nos anos 60 e enfrentou a ditadura militar para falar de censura, feminismo, crises econômicas e política militar, dispondo-se de sensibilidade e inquietações que a instigavam. Podendo assim ser percebido que o discurso é constituído de elementos lingüísticos, relacionando-se a aspectos sociais e ideológicos. Sendo esses os aspectos

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que necessitam ser apreendidos no discurso, pois a concepção de mundo é necessária para o entendimento do enunciado, os fatores históricos, condições sociais, mostrando que o sujeito do discurso está imerso em diversas vozes heterogêneas. Sendo que, a metodologia de investigação desse estudo se obteve da análise da intertextualidade formadora da tirinha, atrelada a um contexto sóciocultural de uma determinada época. Portanto, esta pesquisa teve como resultado parcial a percepção de linguagem em um discurso se dá quando o mesmo está atrelado a pontos de vistas de outros discursos, como o da Mafalda, que tem uma voz questionadora e reflexiva, emergida pelo contexto da ditadura militar. PRÁTICAS DE SUBJETIVAÇÃO SOBRE O GÊNERO MASCULINO N A REVISTA MEN’S

HEALTH: UMA PERSPECTIVA FOUCAULTIANA DO CORPO QUE T RANSA

Priscylla Alves Lima – UFG/CNPQ Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago – UFG

O conceito de Identidade é marcante e permeia as sociedades desde antes da instauração da Modernidade (HALL, 2004). A necessidade de pertencer a um determinado grupo faz com que o indivíduo adote comportamentos que se entalhem nos padrões históricos e estéticos de seu tempo. Segundo FOUCAULT (2004), algumas instituições na sociedade contemporânea se utilizam de certas diretrizes do cristianismo para realizarem uma tentativa de subjetivação dos sujeitos, conferindo-lhes identidades que contribuam efetivamente para o processo produtivo, moldando o corpo no panorama da docilidade e da utilidade. HALL (2004) afirma que, na contemporaneidade, os aparatos tecnológicos e midiáticos são fatores preponderantes na tentativa de fortalecimento desse sentimento de “pertença”. É nesse contexto que a mídia se utiliza do poder pastoral e este se revela com suas técnicas e tecnologias, moldando a identidade dos sujeitos. Este trabalho, que toma como embasamento teórico principalmente os estudos de Michel Foucault, analisa a revista Men’s Health, para compreender as estratégias discursivas utilizadas por ela na tentativa de fabricar um determinado tipo de corpo masculino. Nosso recorte analítico compreende discursos relacionados à sexualidade. A pesquisa, desenvolvida no âmbito do Programa de Iniciação Científica UFG/CNPQ, ainda não está concluída, mas já é possível afirmar que a construção de verdades relacionadas à sexualidade é feita principalmente por meio do dispositivo da confissão, inclusive nas seções da revista do tipo “pergunta do leitor-resposta da revista” que levam os leitores a confessarem suas dúvidas de ordem sexual, e outras reportagens de texto em prosa que abordam o sexo e a sexualidade que tentam moldar o indivíduo do gênero masculino de modo que este siga determinados padrões de comportamento reafirmando-o dentro da identidade de homem construída nas entranhas da sociedade patriarcal, descrita por BEAUVOIR (1970) que, segundo a mesma, subordina a mulher e remete o homem a uma condição de domínio através do machismo e da corpolatria e, principalmente, exclui outras identidades masculinas possíveis sob a forma do preconceito velado.

PRIMEIROS ESTUDOS FUNCIONALISTAS DO PREFIXO PRE- NO GRANDE DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Lorenna Oliveira dos Santos – UESB/FAPESB

Jorge Augusto Alves da Silva – UESB A teoria funcionalista, segundo Givón (1979) e Neves (1997), tem como principal objetivo analisar a expressividade de uma determinada língua, observando as suas estruturas linguísticas e o contexto em que as mesmas ocorrem. Através das pressões de uso na língua, é possível reconhecer que elementos específicos utilizados, por vezes, com um único sentido, passam a obter, também, outros

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sentidos. Partindo desse viés, neste trabalho, temos como objeto de estudo o prefixo pre-/pré-. Esse prefixo, originado da forma latina prae, que possui a particularidade de ser usado com acento quando é seguido de hífen e de não ser acentuado quando é aglutinado, tem, como sentido prototípico, o valor de anterioridade e de antecedência. No entanto, outros estudiosos acrescentam a ele novos sentidos, como: em Bechara (1999), o sentido de superioridade; em Houaiss (2001),os sentidos de adiantamento e superioridade comparativa; e, em Soares e Leitão, o sentido de intensidade. A partir desses seis (6) sentidos encontrados, categorizamos os substantivos prefixados em pre- no Grande Dicionário da Língua Portuguesa. Para a realização do presente trabalho, revisitamos dicionários e gramáticas da Língua Portuguesa; realizamos uma discussão a respeito da prefixação, abordando a polêmica da composição e da derivação; e, por fim, analisamos os sentidos mais marcados desse prefixo no Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

PROBLEMAS DE MORFOLOGIA

Maria Eduarda dos Santos Chaibe – UFOPA Leonel Mota – UFOPA

Objetivamos neste trabalho apresentar alguns dos problemas mais discutidos entre gramáticos, linguistas e estudiosos da língua quanto à morfologia. Esta trata do estudo da estrutura interna das palavras, da descrição dos morfemas que ocorrem dentro dessas unidades e da formação de palavras. Para investigar as divergências e discussões sobre processos e classificações morfológicas tomamos como referenciais teóricos obras como de Basílio (1998), Cagliari (2002), Macambira (1978), Rocha (1998), Silva e Koch (2007), a partir dos quais selecionamos alguns processos de formação de palavras, como a parassíntese, a derivação regressiva e a derivação imprópria, para verificarmos quais os problemas relacionados a eles. Assim, podemos constatar os focos de divergências entre os estudiosos, principalmente quanto às classificações desses processos de formação de palavras e classificação de morfemas; e o quanto a língua apresenta mistérios que se tornam motivos de constantes desafios para pesquisas entre os amadores do estudo da língua.

PRODUÇÃO TEXTUAL EM FOCO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Claudiane Pirôpo – UESB

Jamile Santos – UESB Queiciane Araujo – UESB

Adriana Maria de Abreu Barbosa – UESB/ DCHL O subprojeto de letras - Processo formativo do professor de Língua Portuguesa, que integra o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência- PIBID, vinculado a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia campus de Jequié, tem como principal objetivo ressignificar o ensino de Língua Portuguesa. Debruçados neste foco, o PIBID de Letras atuante no Colégio Estadual Luiz Viana Filho - CELF tem como desafio despertar nos pibidistas2 um novo olhar para ensino/aprendizagem da disciplina de Português, buscando trabalhar com novas metodologias de abordagem textual e assim desenvolver habilidades de escrita. À luz das teorias de GERALDI (1997), ANTUNES (2003), TRAVAGLIA (2001) e POSSENTI (1996) os quais refletem em torno do ensino de Língua Portuguesa, e apresentam propostas para o trabalho de escrita em sala de aula. Um dos principais desafios encontrados nas oficinas do PIBID foi o desenvolvimento da produção textual já que os alunos apresentavam dificuldades e falta de interesse no exercício da escrita.

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Portanto, este artigo tem como finalidade refletir acerca do ensino de produção textual nas aulas de português, buscando ressignificá-lo a fim de proporcionar um ensino/aprendizagem mais eficaz. PROJETO PRÁTICAS DE ORALIDADE E CIDADANIA: “O DISCU RSO DISCENTE E A

NORMATIVIDADE ESCOLAR”

Juliana Bitarelli Viana Ponciano – UFJF/PROBIC/FAPEMIG Carolina Alves Fonseca – UFJF/BIC

Andressa Peres Teixeira – UFJF/PPG Mariana Rocha Fontes – UFJF/PPG Neusa Salim Miranda – UFJF/PPG

Este trabalho propõe-se a apresentar os últimos resultados obtidos pelo macroprojeto Práticas de Oralidade e Cidadania (MIRANDA, 2007 – 2012), que está integrado à linha de pesquisa Linguística e ensino de línguas do PPG em Linguística da UFJF e à FrameNet Brasil, em sua linha de pesquisa Frames e cidadania. Ao longo desses anos, o macroprojeto vem delineando, através de muitos estudos de caso, o “mapa da crise” dos padrões interacionais e linguísticos no cenário escolar. O presente estudo baseia-se na investigação do conceito e do funcionamento das regras na perspectiva discente, em uma escola da rede estadual do município de Muriaé/MG realizado por Fontes (2012). Utilizou-se como instrumento investigativo uma entrevista semiaberta escrita, respondida por todos os alunos dos primeiros anos do ensino fundamental (164 sujeitos). Tal instrumento estrutura-se de duas partes, uma voltada para dados acerca do perfil social dos sujeitos e outra constituída por três questões discursivas voltadas para a concepção discente das “regras” e sua prática na escola (Questão 1: Para você, o que é uma regra?; Questão 2: Existem regras na sua escola? ; Questão 3: Que regras você acha que a escola precisa ter e por quê? Cite no mínimo três regras). Os procedimentos analíticos baseiam-se no aporte teórico da Linguística Cognitiva (LAKOFF & JOHNSON, 1987, 1999) e, em especial, da Semântica de Frames como desenvolvida por Fillmore (1977, 1979, 1982) e de seu projeto lexicográfico FrameNet. Para uma hermenêutica dos dados buscou-se a Psicologia Moral (LA TAILLE, 2006, 2009; TOGNETTA e VINHA, 2009), a Linguística Aplicada (RAJAGOPALAN, 2006; FABRÍCIO, 2006; LOPES, 2008) e a Sociologia (BAUMAN, 1998, 2001, 2005; FRIDMAN, 2000 e GIDDENS, 2006). A análise dos dados nos permitiu observar que os alunos conceituam regra a partir da evocação dos frames Norma_Obediência e Norma_Comando. Já na segunda questão, construiu-se uma rede de frames relacionada à Precrição_Escolar, composta por onze frames, sendo que três constituem cerca de 68% de todas as regras evocadas (512) - Encontro_Hostil (25,4%), Movimento_Próprio (25,4,%) e Vestimenta_Escolar (17%). Na terceira questão, na qual os alunos relatavam as regras ideais para a escola, as regras mais citadas na questão dois foram repetidas, sendo os alunos os principais destinatários dessas regras. Diante dos resultados alcançados, nota-se o quanto a escola precisa caminhar em direção a um projeto democrático, ancorado em valores morais e éticos, haja vista as relações de coação e de falta de cooperação emergidas no discurso discente.

RELAÇÃO ENTRE ENSINO DA GRAMÁTICA E PRODUÇÃO TEXTUA L DE QUALIDADE

Anna Paula Scarabotto Cury – USC/PIVIC

Cinthia Maria Ramazzini Remaeh – USC Por conta da ocorrência de casos como os de alunos que tiram ótimas notas em avaliações de gramática, compostas por exercícios repetitivos e de sentenças descontextualizadas e têm péssimo

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desempenho nas redações, também os que gostam muito de literatura, mas não conseguem trabalhar a linguagem em seus textos, ficou clara a urgência de mudanças. Visando colaborar para um ensino que resulte em produções textuais de qualidade e que sejam condizentes com as necessidades comunicativas dos discentes, optou-se pela realização de uma pesquisa bibliográfica a respeito da relação entre conhecimento gramatical e competência linguísticocomunicativa. Também foi elaborada uma coletânea de estratégias de ensino da gramática, eficientes para a produção escrita de qualidade. Incentivando o tema trabalhado pretende-se oferecer tal coletânea à apreciação de docentes do Ensino da Língua Portuguesa, com o propósito de contribuir tanto para as atividades dos mesmos como para a melhoria da produção escrita no idioma pátrio. Os objetivos norteadores deste estudo foram a pesquisa bibliográfica sobre estratégias de ensino da gramática normativa e da produção textual eficaz; a relação entre conhecimento gramatical e competência linguístico-comunicativa; a seleção de estratégias de ensino da gramática normativa que resultem em uma produção textual eficiente e a elaboração de uma coletânea com sugestões de estratégias de trabalho, as quais aproximem gramática e produção de texto de modo a produzi-los com qualidade. Consenso entre os professores do ensino da Língua Portuguesa, cada dia mais gramática e produção textual de qualidade se distanciam. Mesmo sabendo que não é somente a gramática a responsável pela escrita eficiente é fato que o conhecimento dela é um dos pontos essenciais para tal produção. Daí a importância de buscarmos estratégias de ensino que aproximem a gramática da escrita, tornando-a, não só na teoria, mas na prática, parte da mesma.

RELAÇÃO ENTRE FALA E ESCRITA NO CONTEXTO ESCOLAR

Jéssica Pacheco Gomes – UFTM/Capes Lara Lúcia Castro da Silva – UFTM/Capes

Jauranice Cavalcanti – UFTM Este trabalho está vinculado ao Subprojeto de Língua Portuguesa do PIBID 2011 da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Seu principal objetivo é enriquecer a competência textual de alunos do Ensino Médio de escolas públicas localizadas na cidade de Uberaba (MG), tendo por foco o texto dissertativo-argumentativo tal como é solicitado na prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Durante o trabalho realizado na escola onde atuamos, recolhemos um corpus constituído por redações que apresentavam inadequações em relação aos critérios utilizados na avaliação (presentes na matriz de competências), e em especial detectamos a presença de diferentes marcas de oralidade nos textos. Sendo assim, nesta pesquisa procuramos analisar esse corpus tendo por fundamentação teórica os estudos de Corrêa (2006), Koch e Elias (2009) e Marcuschi (2007). De acordo com esses autores, a questão da oralidade e da escrita não deve ser vista de forma dicotômica, mas em relação a um continuum que leve em conta os gêneros textuais em que os textos são produzidos. Marcuschi (2007) afirma que “oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos nem uma dicotomia” (p.17). Já Koch e Elias (2009) ressaltam que “existem muitos textos escritos que se situam mais próximos ao pólo da fala conversacional do que da escrita formal” (pág.15). Resultados parciais apontam a dificuldade de os alunos usarem uma variedade linguística adequada ao gênero solicitado, utilizando uma linguagem em que aparecem palavras, expressões e construções sintáticas típicas da oralidade assim como organizadores textuais continuadores típicos da fala. RODRIGO ESCRITOR NARRADOR PERSONAGEM, MACABÉA DATIL ÓGRAFA, E A

LINGUAGEM COMO MUNDO FAMILIAR

Tiago Ferreira Dos Santos – PUCGO/ PIBIC/CNPq/NEL

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Este estudo pretende desenvolver um diálogo entre os conceitos fenomenológicos da hermenêutica heideggeriana e a obra A hora da estrela, de Clarice Lispector, fazendo um paralelo entre o narrador personagem Rodrigo e a personagem Macabéa. A proposta visa a identificar os modos de ser do dasein, presente em Rodrigo, o que lhe permite a compreensão de si e do outro. A partir disso, far-se-á a analise da construção narrativa que surge de forma (pré) ontológica, pega “pelo ar de relance”, diferenciando o ôntico (ligado aos entes), o ontológico (a investigação teórica do ser) e o (pré) ontológico (que permite ao dasein compreender pré conceitualmente o ser). Através dos conceitos de factiticidade, cura e o nada, verificar-se-á que Rodrigo, ao interpretar o modo de existir da personagem Macabéa vai se mostrando, aos poucos, como uma possibilidade de ser. Para que o dialogo aconteça, o estudo crítico prevê o entendimento de alguns termos básicos da fenomenologia heideggeriana, como: ente, ser, factiticidade, cura e o nada e, ainda, compreender qual é a relação entre dasein e esses termos, e o que torna o dasein um ente especial. O estudo faz a relação entre existência, compreensão existenciária e existencial, revelando os aspectos que diferenciam o dasein dos demais entes, e demonstrando, por meio da obra corpus de Clarice, como dasein compreende sua própria existência e a dos demais entes.

SAMPESCREVE

Aline Aparecida dos Santos – USP/CAPES Lia Ceron – USP/CAPES Emerson de Pietri – USP

A cultura letrada e a cultura jovem raramente são tomadas como planos passiveis de intersecção. A instituição escolar tradicional é a responsável pelo fortalecimento desse antagonismo, inviabilizando a construção de uma nova relação entre essas duas instâncias. Nesse quadro, a música aparece como uma eficiente ferramenta de conjunção, uma vez que reúne, a um só tempo, a dimensão sonora, tão cara aos jovens na atualidade e a escrita, culturalmente prestigiada. A proposta do projeto Sampescreve se insere nesse contexto. Propomos um projeto de ensino interdisciplinar que conjugue história, música e cultura da periferia em paralelo ao ensino de conteúdos específicos referentes às habilidades da escrita. Diagnosticamos através de um questionário que os alunos apreciam música e que desconhecem a cidade de São Paulo, onde vivem. Simultaneamente observamos que tanto a produção escrita quanta a interpretação textual são deficitárias. A finalidade deste projeto é fomentar o ensino e a aprendizagem desses pontos, de maneira contextualizada e dialógica. Logo, visamos à formação de leitores dotados de autoria, ou seja, de alunos que tenham autonomia na leitura e a partir de então sejam capazes de produzir textos que tenham sentido e cuja temática seja São Paulo. O trabalho tem como público jovens de uma comunidade carente da zona norte de São Paulo, alunos da Escola Estadual Dr. Pedro de Moraes Victor. Trata-se de duas turmas do 7° ano compostas por alunos entre 11 e 13 anos. SOBRE A (DES)CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO DE LÍNGUA : E FEITOS E SENTIDOS

DE UM ENSINO (AINDA) PRESCRITIVO

Éderson Luís da Silveira – FURG Joice Rejano Pardo Maurell – FURG

Na atualidade, muito se tem discutido, entre os linguistas, sobre o ensino de Língua Portuguesa nas escolas. Em oposição ao ensino gramatical de normas e “rótulos” de classificação e catalogação que “amordaçam” a língua em estruturas (in)definidas, temos os estudos sobre a língua em uso e sobre a natureza heteroglóssica da língua(gem). Muitos estudiosos da linguagem – entre eles, Marcos

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Bagno, Maria Helena de Moura Neves e Ataliba de Castilho, por exemplo – defendem que o ensino de língua precisa ultrapassar esse normativismo que ainda impera no ensino escolar e adotar também uma abordagem científica da língua que observe o fato linguístico, o descreva e o tente explicar por uma meio de uma teoria linguística, visto que possível e pertencente a ambientes de língua em uso. Portanto, nas universidades, muitas disciplinas de língua materna e de linguística se propõem a problematizar o ensino de língua portuguesa no Brasil, para que os graduandos possam perceber os distanciamentos e silenciamentos sobre a natureza da língua que esta visão hegemônica ainda adotada no ensino básico implica. Este trabalho discute as marcas de subjetividade em discursos de professores/as de língua portuguesa com a finalidade de perceber as relações que se estabelecem entre o eu e o outro. O ponto de partida são os conceitos de subjetividade e sujeito para se compreender como o eu insere o outro ao falar sobre a sua prática. São apresentadas a noção de subjetividade a partir de Coracini e as noções de sujeito em Pêcheux e Orlandi, pela Análise de discurso de linha francesa. Esse caminho ajuda a compreender a relação subjetividade/sujeito/discurso. Nessa perspectiva, pensamos em e com Foucault, quando afirma que “todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo”. Para a constituição do corpus para a análise foram selecionadas sequências discursivas extraídas de entrevistas com professores/as em formação (primeiro e último ano dos cursos de Letras da Universidade Federal do Rio Grande, RS) para percebermos quais os gestos de interpretação produzidos pelos/as docentes em formação em relação à língua que apre(e)nderam na escola (antes do ingresso no ensino superior) e sobre a língua que analisam reflexivamente na universidade, a partir dos estudos linguísticos que problematizam o ensino. Em seguida, procuramos observar como isso contribui para a (des)construção identitária do sujeito-professor, a partir dos ambientes de formação, verificando como se constitui a construção da identidade docente na perspectiva dos Estudos Culturais, a partir de Stuart Hall, Tomás Tadeu da Silva e Luciano dos Santos que a veem a partir de processos de identificação/diferenciação e como ela é (des)construída face aos diferentes discursos sobre a língua. SUJEITOS, SOCIEDADE, CIDADANIA E OS ESTUDOS DE GÊNEROS TEXTUAIS: UMA

PROPOSTA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Marcelo Rodrigues de Lima – UFV/CAPES Joelma Santana Siqueira – UFV

No mundo contemporâneo, marcado por um apelo informativo imediato, a reflexão sobre a linguagem e seus sistemas é mais do que uma necessidade, uma garantia de participação ativa na vida social. Buscando aprimorar as competências comunicativas dos alunos da Escola Estadual Raul de Leoni, situada em Viçosa-MG, e ressaltar a contribuição do estudo dos gêneros discursivos para a formação do aluno leitor, este trabalho, desenvolvido em turmas de ensino médio da escola supramencionada, apresenta os resultados de um projeto inserido nas propostas das atividades do PIBID/CAPES-Português, cujo objetivo é garantir uma aprendizagem significativa, voltada para o desenvolvimento e a reflexão sobre temas que envolvam a cidadania. As temáticas abordadas foram: A Construção Identitária do Sujeito, a Problemática do Bullying e O Papel da Mulher na Sociedade Atual. Na primeira etapa do projeto foram estudados os genêros de relato biografia e autobiografia objetivando-se conhecer os alunos participantes do PIBID/Português e trabalhar a produção escrita a partir da história de vida de cada sujeito. Desta forma, foi possível analisar a escrita dos estudantes, bem como traçar o perfil das salas que receberam as atividades, fazendo os envolvidos refletirem sobre as possibilidades de interação social através dos gêneros textuais. No segundo momento, propomos estudar os gêneros notícia, depoimento e reportagem com a temática Bullying. Os alunos produziram matérias, conheceram o funcionamento de uma TV e Rádio, por meio de visita à TV e Rádio Viçosa e produziram materiais Audiovisuais. Na última etapa, os alunos problematizaram O Papel da Mulher na Sociedade Atual e produziram reflexões dissertativas. As

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atividades desenvolvidas conseguiram não só melhorar as habilidades de produção textual dos alunos, mas também viabilizar uma interação mais amistosa entre os agentes envolvidos no processo de ensino e aprendizagem - professor, alunos e bolsistas PIBID, despertando o interesse dos discentes em buscar mais leituras, explorar criticamente as informações e, deste modo, interagir mais com os textos, tanto na leitura quanto na escrita. Nota-se que é preciso capacitar os alunos para que estes possam atuar em uma sociedade que exige competências específicas em contextos diversos. Assim podemos dizer que os gêneros textuais são instrumentos eminentes para mostrar ao aluno as diversas possibilidades de atuação social. “TER” E “HAVER” COM SENTIDO “EXISTENCIAL” EM NOTÍCI AS JORNALÍSTICAS

DO INÍCIO DO SÉCULO XX PUBLICADAS EM UBERABA-MG

Éricka Fernanda Caixeta Moreira – UFTM Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/CNPq

A língua, como qualquer outra realidade humana ou da natureza em geral, está em contínua variação e mudança. Qualquer língua é, então, um resultado de um longo e contínuo processo histórico. Ao mesmo tempo em que a mudança é contínua, ela é também lenta e gradual, pois há períodos de variação, ou seja, de coexistência das duas formas (a inovadora e a conservadora). Partindo dessa concepção de língua heterogênea e variável, diversas pesquisas linguísticas têm apontado que desde o latim clássico, TER e HAVER sofrem alterações em seus usos, e indicam, principalmente, que o TER, gradualmente, está substituindo o HAVER em estruturas de posse e em construções de tempos compostos. Além disso, recentemente, outras pesquisas também evidenciam que o TER e o HAVER coocorrem em estruturas existenciais. Callou e Avelar (2000), por exemplo, ao analisarem a variação TER e HAVER existenciais na fala culta carioca nas décadas de 70 e 90, mostram que a penetração de TER no campo de HAVER ainda não se completou, apontam uma mudança em progresso. Vitório (2006), ao analisar a variação TER/HAVER na escrita de alunos de 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental da cidade de Maracanaú-CE, com o objetivo de verificar a frequência de emprego desses verbos e de analisar se fatores linguísticos e sociais interferem no uso, não só demonstra que o emprego de TER é maior do que a de HAVER (89% de TER e 11% de HAVER), mas também aponta que esta variação é condicionada por fatores linguísticos. Assim, com base na Teoria Variacionista e partindo da hipótese de que existem diferenças entre o que se prescreve a gramática normativa e os usos reais da língua, investigamos os verbos TER e HAVER existenciais no gênero textual “notícias” extraídas de jornais de Uberaba (e região) publicados no início do século XX. Por meio desta pesquisa, identificamos os empregos que tais verbos possuíam na escrita de Uberaba daquela época, auxiliamos para o levantamento de características do português mineiro da região de Uberaba e contribuímos com discussões sobre o ensino dessas formas verbais nas disciplinas de língua portuguesa.

TERÇA FEIRA GORDA: UM RETRATO DO HOMOEROTISMO E DA REPRESSÃO SOCIAL

Queiciane Araujo – UESB

Jamile Santos – UESB Claudiane Silva Piropo – UESB

Adriana Maria Barbosa de Abreu – UFRJ/ PIBID/UESB Este estudo tem como objetivo apresentar os resultados das oficinas realizadas no Colégio Estadual Luis Viana Filho- CELF no subprojeto de Letras, que integra o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência –PIBID financiado pela CAPES vinculado a Universidade Estadual do

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Sudoeste da Bahia- UESB campus de Jequié-BA, as quais tiveram o intuito de analisar e discutir os temas sociais: drogas, homofobia e erotismo a partir da leitura e reflexão do conto Terça-feira gorda de Caio Fernando de Abreu, presente no livro Morangos Mofados (2005), uma das obras indicadas para o vestibular 2013.1 da UESB. Além disso, atentamos para a necessidade de discutir no ambiente escolar as questões da homofobia, uma vez que, este assunto é gerador de repressão, discriminação e preconceito na sociedade. O artigo tem como embasamento teórico: GERALDI (1997), GERALDI (2006) ANTUNES (2003), LEAHY-DIOS (2004), esses estudiosos da Língua Portuguesa explanam acerca do ensino de leitura e literatura nas aulas de Língua Portuguesa, e CAMARGO (2010) BARCELLOS (2006), que apresenta uma análise do conto diante do tema homofobia. Portanto, este trabalho tem a finalidade de refletir a respeito do ensino de leitura e literatura e, também expor os resultados das oficinas que instigam a reflexão das relações homoafetivas.

TÓPICO COM RETOMADA NA POSIÇÃO DE SUJEITO: UMA COMP ARAÇÃO DE DADOS

Élida Silva Pitangueira de Andrade – PIBIC/UFBA

Edivalda Araújo – UFBA Em trabalho pioneiro desenvolvido no Brasil, Pontes (1987) analisou minuciosamente as construções de tópico, e notou que as mesmas acontecem com bastante recorrência no português brasileiro (PB). Entretanto, ao buscar uma origem para tais construções, encontramos estudos de Galves (1996 e 2001), que evidenciam que o PB apresenta construções que diferem do português europeu (PE), dentre elas, no que se refere ao tópico. Como hipótese, acreditou-se então, que seriam construções provenientes da interferência das línguas africanas. A partir disso, passamos a analisar as comunidades remanescentes de quilombolas, com a finalidade de encontrar dados que corroborassem essa hipótese. Assim sendo, em trabalho anterior, Andrade (2012) constatou que as pessoas mais velhas (acima de 65 anos - faixa 3) pouco apresentam construções SN + pronome. Talvez por apresentarem um paradigma verbal bastante reduzido, com, no máximo, duas pessoas e tendência a fixar a forma da 3ª pessoa do singular para todas as pessoas, conforme encontramos: i) As folha, elas seca tudo. Já os jovens das mesmas comunidades (entre 18 e 25 anos – faixa 1), ao contrário, apresentam menos variação no paradigma flexional do verbo e mais frequência das construções de tópico. Foi possível encontrar, dentre muitos exemplos, construções do tipo: i) Quando eu era criança, minha vó, ela dizia toda hora: estudar faz bem; ii) As frutas do lado de cá, elas são mais docinhas. Por serem massivamente produzidas pelos jovens, pode-se concluir que as construções de tópico com retomada na posição de sujeito são um fenômeno recente na língua, e isso pôde ser atestado em análises antecedentes. Em função disso, consideramos que tais construções foram desenvolvidas depois da fixação do paradigma flexional do verbo e são características da zona urbana. A análise presente neste trabalho vai tomar como ponto de partida o Projeto NURC/ Salvador, da década de 70, para comparar os dados nele presentes com os dados de oralidade do século XXI, em noticiários orais. Depois da década de 70, tivemos acesso aos inquéritos do referido projeto, no qual constavam dados da oralidade, que foram importantes para elaborar uma comparação diacrônica, no que se refere às construções de tópico com retomada na posição de sujeito. Em nosso trabalho atual, procuraremos comparar dados urbanos em diferentes décadas, entre falantes com mesmo nível de escolaridade (superior), principalmente no que se refere ao tópico com retomada na posição de sujeito: construções excessivamente perceptíveis em colocações espontâneas de jornalistas em noticiários televisivos, por exemplo.

TRABALHANDO ARGUMENTAÇÃO NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUE SA

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Queiciane Araujo – UESB

Jamile Santos – UESB Claudiane Silva Piropo – UESB

Adriana Maria Barbosa de Abreu – UFRJ/ PIBID/UESB O presente trabalho é resultado de atividades desenvolvidas no Colégio Estadual Luiz Viana Filho - Jequié/Bahia, a partir da nossa atuação no Subprojeto de Letras: O Processo Formativo do Professor de Língua Portuguesa na Microrrede Ensino- Aprendizagem-Formação – PIBID vinculado à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, que tem como objetivo oferecer aos futuros educadores uma formação fundamentada em práticas educativas, consequentemente, ressignificar o ensino de Língua Portuguesa. A oficina intitulada “ A arte de argumentar” teve como propósito desenvolver nos pibidistas5 competências básicas de argumentação, a fim de, possibilitá-los defender um ponto de vista, e assim, por conseguinte, desenvolvendo a oralidade e a escrita dos alunos. Nessa oficina buscamos trabalhar temas atuais e polêmicos, como: O casamento gay e tatuagens em menores de idade, para tanto, utilizamos recursos como vídeos, imagens e reportagens, com o intuito de instigar os participantes a uma discussão, na qual eles pudessem defender e contra argumentar tais temas. Com base nas teorias de BARBOSA (2011), GERALDI (1997), KOCH (2004) e ABREU (2008), os quais explanam a respeito da argumentação, esse estudo visa refletir a arte da argumentação a partir das aulas de Língua Portuguesa. TRANSPOSIÇÃO DA FALA PARA A ESCRITA: UMA PERSPECTIV A FONOLÓGICA NA

ORTOGRAFIA

Rafael dos Santos Lemos – UFPel Cíntia da Costa Alcântara – UFPel

Este trabalho foi desenvolvido a partir das correções feitas em textos dissertativo-argumentativos e tem como alvo apontar possíveis pistas fonológicas que estariam por trás de casos de falhas na alfabetização de alunos que estão se preparando para ingressar na universidade. Estas redações foram elaboradas durante um curso preparatório para o ENEM, no decorrer de 2012, na cidade de Pelotas – Rio Grande do Sul. O curso Desafio pré-enem trabalha com alunos de perfis diferentes, com o objetivo de preparar os estudantes que não têm condições de pagar um curso preparatório, deixando-os aptos a realizarem a prova do ENEM. Esta análise pretende mostrar a incidência de erros ortográficos, propondo classificá-los como indício de falhas (como propõe Lemle, 2009) na alfabetização desses alunos ao redigirem seus textos. O contexto em que estas redações foram elaboradas será levado em consideração, pois grande parte desses alunos ficou um longo tempo afastado do ensino formal ou, ainda, procede do ensino EJA (Ensino de Jovens e Adultos). Neste trabalho, apresentam-se as maiores incidências de desvios na ortografia sob uma perspectiva fonológica (Lemle, 2009), mostrando casos mais frequentes e, também, incertezas com relação a determinados fonemas que são representados por mais de uma letra. Com base em estudos teóricos, mostraremos o déficit na alfabetização desses alunos, no caso, níveis de falhas no processo de alfabetização, que ficam evidentes nos textos produzidos por eles na sala de aula e que necessitam de um trabalho mais elaborado com a língua culta, a qual esse aluno não está acostumado a utilizar no seu cotidiano. “ UAI” , QUANDO USAMOS “UAI” NO PORTUGUÊS MINEIRO FALADO D E UBERABA?

Renata Cristina Stephanuto – IC/UFTM/Uberaba

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Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/Uberaba/CNPq A língua é a nossa identidade e está indissociável da sociedade. Seguindo esta perspectiva, este trabalho, além de se basear na perspectiva variacionista (LABOV, 1972), de que a língua é heterogênea, varia e pode sofrer mudanças com o passar do tempo, também parte de pesquisas já realizadas sobre o português mineiro e a origem da expressão UAI. Não há uma única história sobre a origem dessa expressão, consequentemente, a origem do UAI fica, ainda, muito vaga para todos nós. Um dos grandes motivos para que esta pesquisa seja realizada é, portanto, a falta de estudos sobre como essa expressão é utilizada no Português Mineiro falado em Uberaba atualmente. Segundo Ramos (2007), por exemplo, UAI é usado com uma interjeição, com sentido de conclusão (É isso aí, uai), de manifestação de surpresa (Uai, você chegou cedo!) ou como argumentação, em situações em que uma pessoa é interrogada sobre algo (opinião), apresenta-se, logo após a resposta e uma pausa. Já Prata (2010) afirma que UAI é uma expressão de difícil classificação, aproximando-se do sentido de exclamação. Porém em que contexto linguístico é empregado? Qual é, no português mineiro falado de Uberaba atual, o seu valor semântico hoje? Assim, buscamos, por meio destes questionamentos, realizar um levantamento de quais são os valores semânticos da expressão UAI no Português Mineiro de Uberaba, MG, na atualidade e quais circunstâncias de uso essa expressão é mais comum entre os falantes da cidade de Uberaba, MG. Para isso, entrevistamos 16 falantes de Uberaba, região central da cidade, de diferentes classes sociais, escolarização e gênero. A escolha dos informantes leva em consideração os seguintes requisitos: (a) ter nascido em Uberaba ou se mudado para a cidade até os cinco anos de idade; (b) não ter se ausentado de Uberaba por mais de dois anos. Após a transcrição das entrevistas, foram selecionadas as ocorrências de UAI e posteriormente analisadas quantitativa e qualitativamente segundo fatores linguísticos e extralinguísticos que norteiam esta pesquisa.

UM ESTUDO DE CASO ACERCA DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS PRODUZIDOS POR UMA ALUNA DA ESCOLA ESPECIAL INTEGRAÇÃO DE PALM AS - APAE

Patrícia Gomes Aguiar – UFT/PIBIC/UNITINS/CNPq

Maristela de Souza Borba – UNITINS Este estudo de caso tem como objeto de estudo os processos fonológicos produzidos por uma aluna com dificuldade cognitiva em relação à produção oral e que estuda na Escola Especial Integração de Palmas – APAE. A investigação responde a seguinte pergunta: quais são os processos fonológicos produzidos por uma aluna da Escola Especial Integração de Palmas – APAE? Os objetivos específicos são: reconhecer e compreender os processos fonológicos e proporcionar a APAE sugestões significativas em relação a maneira de se trabalhar com a informante do ponto de vista fonéticofonológico. A informante possui 24 anos e, segundo o seu registro de diagnóstico, apresenta um retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e oligofrenia moderada disartria. A pesquisa foi realizada entre agosto de 2008 a julho de 2009. Os dados foram coletados por meio de questionários semiabertos respondidos pelos profissionais da Escola, gravações em áudio da fala da informante e transcrições fonéticas de seu discurso oral. A análise dos dados foi quantitativa descritiva interpretativa. Inicialmente, realizamos transcrições fonéticas das falas da informante. Depois, identificamos os processos fonológicos surgidos. Na sequência, agrupamos os dados (processos fonológicos) semelhantes e nomeamos cada um desses grupos, criando categorias, demonstrando os seguintes resultados: assimilação (32%), seguida por perda de traços (31,5%), nasalização (11%), redução vocálica (9%), monotongação (7%), permuta de traços (3%), acréscimo de traços (3%), ditongação (2%), dissimilação (1%), transposição de traços (0.25%) e elisão vocálica (0.25%). Sugere-se aos estudantes de Fonética buscar, por meio de exemplos reais, um melhor conhecimento do sistema fonético-fonológico da língua para entender e explicar a dinamicidade da linguagem oral

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de um falante, ou seja, um segmento influenciando o outro. Além disso, o uso dos exemplos de alterações fônicas, apresentadas nessa pesquisa, pode auxiliar os acadêmicos na interpretação dos problemas de articulação em termos de assimilações, omissões, substituições, acréscimos, nasalizações e dissimilações. Sugere-se, assim, aos acadêmicos a oportunidade de colocar em prática a análise fonética para que haja a compreensão das desordens fônicas na fala de pessoas com algum tipo de distúrbio de linguagem. Por fim, é necessário continuar os estudos dessa informante, analisando somente um processo fonológico sob o olhar da fonética acústica-articulatória.

UM ESTUDO DO PADRÃO DE ORDEM NA FALA GOIANA: CONFRO NTANDO GÊNEROS

Izene Maria de Almeida – UFG

Rafamila Quésia Almeida Sousa – UFG Walkíria Siqueira Pinheiro Castelo Branco – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq Este pôster está vinculado ao projeto de pesquisa que diz respeito ao estudo da ordem na fala goiana, a partir da análise contrastiva dos gêneros masculino e feminino. O pressuposto é o de que o padrão de ordem está correlacionado a aspectos sociais e discursivos da constituição textual. Logo, fatores relativos às condições de produção desses textos, como momentos históricos, grau de formalidade, gênero e interculturalidade podem influenciar na constituição sintática. Portanto, eleger um padrão como SVOADJ ou VSOADJ, por exemplo, está relacionado ao que se quer dizer, mas também a quem diz. O objetivo geral será analisar quatro inquéritos, transcrições de fala cotidiana, de homens e de mulheres, comparando os padrões de ordem. A pergunta de pesquisa é a seguinte: é possível identificar diferenças na fala dos goianos e das goianas e essa diferença pode ser mostrada nos padrões de ordem sentencial mais recorrente nos dados? Para cumprir os objetivos anteriormente descritos, a pesquisa está baseada em uma concepção funcionalista da linguagem, que tem como um de seus princípios o reconhecimento da gramática como instrumento de interação social.

UM ESTUDO LEXICAL DA FALA DO MUNICÍPIO DE OURO PRET O (MG)

Bianca Rodrigues Pereira – GPDS/UFOP/PIBIC/CNPq Clézio Roberto Gonçalves – GPDS/UFOP

Este projeto não trata meramente de uma discussão acadêmica sobre as variações lingüísticas. Tratar da língua é, também, tratar de um tema político, visto que é impossível desvincular a língua do ser humano que, por sua vez, é um animal político. Não se pode negar que existe uma grande influência da língua sobre a visão do mundo daqueles que a falam. Da mesma forma, não se pode negar o contrário, ou seja, a influência do meio físico e do contexto cultural sobre a língua. A partir daí, este estudo tem como objetivo geral: elaborar um estudo lexical de caráter descritivo da fala do município de Ouro Preto (MG). Já se constatou com esta pesquisa que, desde a origem do município de Ouro Preto, alguns itens nos direcionam a uma reflexão sobre quais fatores teriam influenciado na concretização da norma linguística que se apresenta na fala atual dos habitantes. A metodologia deste estudo está fundamentada nos pressupostos da Geolinguística, método da Dialetologia. Esse método permite a reconstituição da história de palavras, de suas vias de difusão, de flexões, de agrupamentos sintáticos e de antigas camadas da língua, segundo a repartição dos tipos geográficos atuais. Esse resgate torna-se possível por meio da aplicação de um questionário previamente elaborado a determinados sujeitos e pela elaboração de cartogramas, onde as respostas são registradas e pelas quais poderemos, então, obter omapeamento das variantes linguísticas,

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segundo as orientações do Projeto do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Além do referencial teórico-metodológico da Geolinguística, a partir das obras de AMARAL (1976), COSERIU (1979, 1982), NASCENTES (1958), complementou-se este estudo com as noções de Dialetologia em AGUILERA (1998, 2005), CARDOSO (1996), CRISTIANINI (2007) e SANTOS (1999).

UM ESTUDO LEXICAL DO LIVRO DE REGISTROS DE BATIZADO S EM CATALÃO (1837-1838): A CONDIÇÃO SOCIAL DOS NEGROS ESCRAVOS E SEUS

DESCENDENTES

Mayara Aparecida Ribeiro de Almeida – UFG/CAC/PIBIC/CNPq Maria Helena de Paula – CAC/UFG/FAPEG

No presente trabalho, divulgaremos resultados parciais de nossa pesquisa “Estudo lexical do Livro de Registros de Batizados da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus (maio de 1837 a setembro de 1838)”, em desenvolvimento no âmbito do PIBIC-CNPq e vinculada ao projeto “Em busca da memória perdida: estudos sobre a escravidão em Goiás” fomentado pela FAPEG, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Helena de Paula. O léxico de uma língua nos oferece uma riqueza de informações a respeito das pessoas que o utilizam, revelando traços de suas histórias, culturas e identidades. Sabendo disso e tendo em vista resgatar um pouco da história catalana, que se encontra arraigada ao sistema econômico de servidão, empreenderemos um estudo de natureza filológica e lexical do Livro de Registros de Batizados da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, Vila do Catalão, o qual é composto por 52 fólios rubricados pelo Presidente da Câmara Paroquial Domingues Silveira de Souza, que trazem em suas linhas registros de batismo de crianças da região, que dizem respeito aos escravos e/ou aos filhos de escravos. Assim, primeiramente realizaremos a leitura do livro em questão, conforme nos ensina Megale e Toledo Neto (2005); em seguida, inventariaremos e estudaremos os signos léxicos referentes à condição social frente ao regime escravista vigente, baseando-nos nas lições da Lexicologia, apresentadas por Biderman (2001), que ressalta ser esta a ciência do léxico que estuda como as unidades léxicas se constituem em seu contexto. Feito isto, consultaremos os dicionários de Silva (1813), Moura (2004), Aurélio (2004) e Houaiss (2009) para o cotejo de definições, observando inicialmente o sentido apontado pelo contexto da escrita. Após o cumprimento destas etapas, teceremos análise estabelecendo relação entre o acervo lexical do livro supracitado e a história e cultura por ele registradas, de modo a investigar, nas lexias do corpus, como a condição social dos negros escravos e seus descendentes.

UM ESTUDO LINGUÍSTICO-HISTÓRICO DO JORNAL DE BALSAS , ANO 1936

Terezinha Mendes de Sousa – UEMA Maria Célia Dias de Castro – UEMA

Este trabalho visa apresentar alguns dados culturais e linguístico-históricos do Jornal de Balsas, desde o ano 1936 até o ano de 1940. Este estudo tem a intenção de mostrar a importância histórica e cultural dos registros antigos para uma sociedade. Buscamos despertar, na sociedade balsense, o interesse pela preservação do Jornal de Balsas, visto que este se encontra em péssimo estado de conservação, na Biblioteca Municipal de Balsas. Trata-se de um documento de identidade de um povo e, por isso, sua tamanha importância. A pesquisa está ocorrendo principalmente com a restauração do documento em meio digital. Ao fazer essa análise, observamos que o Jornal de Balsas dispunha de poucas imagens até o ano de 1937, além de que não apresentava colunas sobre esportes, astrologia, classificados ou piadas, como se vê comumente nos jornais da atualidade. Quanto às matérias jornalísticas, observamos curiosidades como os anúncios sobre viajantes,

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dinheiro perdido, aniversariantes, despesas da Prefeitura Municipal de Balsas, elementos esses que revelam o típico ambiente provinciano da época. Temos ainda informações sobre o comércio, com a divulgação dos preços das mercadorias; e notícias de São Luís, capital do Estado do qual a cidade de Balsas faz parte (Maranhão). No que diz respeito à linguagem, a pesquisa está baseada no levantamento dos dados, por meio de estudos na área da Linguística Histórica e da Filologia. Verificamos, primeiramente, que os textos apresentam-se escritos na norma culta, com raros coloquialismos e sintaticamente organizados. Além disso, percebemos que, na escrita, uma série de palavras são grafadas de forma diferente das atuais regras de ortografia: parabénz, illuzões, contacto, apezar, uzina, creanças, ella, hontem parabénz, illuzões, para o que passamos à identificação dos fenômenos linguísticos ocorridos. Verificamos, também, por meio dos registros contidos no jornal, que há uma relação de referência entre os nomes de pessoas considerados “socialmente importantes”, naquela época, e os nomes de ruas, de praças e escolas existentes hoje na cidade de Balsas: Rua Paulo Ramos, Av. Coronel Fonseca, Rua Edísio Silva, Rua Isaac Martins; Praça Eloy Coelho, Praça Joca Rêgo; Unidade Integrada Didácio Santos, Escola Municipal Alexandre Pires, entre outros nomes.

UMA PANORÂMICA SOBRE OS DESAFIOS E IMPLICAÇÕES NO E NSINO ACADÊMICO

Marcia De Souza Ramos – UFMT

Marly Augusta Lopes De Magalhães – UFMT A necessidade de registrar produções científicas de pesquisas do meio acadêmico e suas realizações motivou o surgimento da Revista Panorâmica, que com ética e num espaço democrático, permite o registro de vários assuntos apresentados em cada um de seus números, abrangendo diversas áreas sociais. Com a nova tendência de utilizarmos o sistema digital, a Revista Panorâmica encontra-se disponível on-line, facilitando seu acesso e interação com a comunidade acadêmica e com os diversos segmentos sociais. Em suas publicações tem como foco principal a diversidade social, linguística e cultural, registrando inovações tecnológicas tanto dos cursos de graduação, quanto de pós-graduação, sempre num processo de construção, acompanhando as mudanças ocorridas nos novos tempos. Os artigos que compõem a revista transmitem informações que objetivam valorizar o leitor e o escritor, registrando e divulgando tanto os fatos científicos como os filosóficos. O texto que apresentamos tem o objetivo de expor uma análise do volume número nove da Revista Panorâmica, que aborda a temática: Ensino Superior, sob a dinâmica de vários aspectos, trazendo a conhecimento as implicações e desafios da Educação Superior no Brasil. Os conteúdos abordados mostram a necessidade de se compartilhar temas que são levados a conhecimento não só da comunidade acadêmica, mas à sociedade como um todo.

UMA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA DO DISCURSO POLÍTICO DE HELOÍSA HELENA

Gabriella Faroni – UFG

Lohana Kárita Teixeira – UFG Marília Costa – UFG

Vânia Cristina Casseb Galvão – UFG/CNPq O discurso político é um texto rico em argumentação e retórica, fortemente persuasivo, alicerçado por pontos de vista do emissor e por informações compartilhadas que traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente produzido dentro do padrão formal da língua portuguesa, o discurso político não acompanha o padrão de língua utilizado pela população, porém

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é destinado a ela. O presente estudo aborda a variação lingüística em dados da língua falada contidos em discursos da vereadora Heloísa Helena, uma pessoa pública, militante de esquerda, a fim de reconhecer se o padrão de ordem ratifica sua orientação ideológica. A pesquisa está baseada em uma concepção funcionalista da linguagem, que tem como um de seus princípios o reconhecimento da gramática, como instrumento de interação social, e que, portanto, só pode ser estudada a partir de dados de uso efetivo da língua. O pressuposto é o de que a ordem, mais que um fenômeno gramatical, sistêmico, diz respeito às escolhas dos usuários da língua para produzirem determinados efeitos de sentido. O corpus é constituído por três discursos com temas diversos, que serão analisados quantitativa e qualitativamente, com base em autores funcionalistas como Neves (1997, 2006, 2010), Pezatti e Camacho (1997), entre outros. Na análise quantitativa serão computadas as ocorrências dos padrões de ordem possíveis, distintos na língua e visíveis nos textos analisados a fim de saber os padrões recorrentes. Na análise qualitativa, os padrões mais recorrentes serão correlacionados aos fatores sóciodiscursivos relativos às condições das produções dos textos e aos efeitos de sentido que a escolha desses padrões ajuda a produzir.

UMA DISCUSSÃO ACERCA DO TRATAMENTO DAS CONSTRUÇÕES PELA FRAMENET ATRAVÉS DA ANÁLISE DOS PADRÕES [(SN) VTER SN PARA

VINFINITIVO] E [SN VDEIXAR PARA/POR VINFINITIVO]

Adrieli Bonjour Laviola da Silva – UFJF/FAPEMIG Tiago Timponi Torrent – UFJF

Este estudo insere-se no projeto Frames e Construções (TORRENT, 2010), subprojeto da FrameNet Brasil (SALOMÃO, 2009), sediada na Universidade Federal de Juiz de Fora. Tal projeto tem por objetivo tanto descrever Unidades Lexicais (ULs) – pareamentos de um lexema a um frame – a partir dos frames que estas evocam, quanto criar um repertório de construções – ou Constructicon – para o Português do Brasil, assim como tem sido feito pela FrameNet Americana - sediada na Universidade da Califórnia, em Berkeley - em relação ao Inglês. Além de apontar para os frames evocados por cada UL, a FrameNet, através da anotação lexicográfica, também se ocupa de levantar os padrões de valência nos quais cada UL ocorre. Dessa forma, pode-se dizer que, na medida em que determinada construção possa ser formalizada em termos de um padrão de valência de uma unidade predicadora, tal construção não figurará no Constructicon. Partindo desse pressuposto, este trabalho objetiva desenvolver uma análise da Construção Habilitativa – [(SN) Vter SN para Vinfinitivo] – e da Construção [SN Vdeixar para/por Vinfinitivo], demonstrando, de forma contrastiva, até que ponto tais padrões construcionais podem ser tratados como valências de ULs verbais. Ambas as construções indicam uma ação codificada pelo verbo no infinitivo – um objetivo a ser alcançado ou realizado – introduzido pela preposição para, o que permite agrupá-las entre os padrões que utilizam elementos evocadores do frame de Finalidade. Na primeira, a existência ou a posse de um dado recurso – representada por verbos no domínio geral de ter – habilita a realização de tal atividade codificada pelo verbo no infinitivo, enquanto que, na segunda, o verbo modal deixar indica uma ação que pode ser postergada. O que se discute acerca dessas construções, portanto, é de que maneira devem ser descritas na base de dados da FrameNet, e não o estatuto construcional delas. Para desenvolver essas pesquisas, tomamos como base conceitos da Semântica de Frames (FILLMORE, 1982) e da Gramática das Construções (GOLDBERG, 2006), sustentando as análises por meio de evidência de corpus. No que tange à metodologia, este trabalho desenvolve-se seguindo os procedimentos de anotação lexicográfica (RUPPENHOFER et al., 2010) e construcional (FILLMORE, LEE-GOLDMAN & RHODES, no prelo) utilizados para o tratamento de construções gramaticais no âmbito da rede semântica FrameNet.

UNIVERSIDADE NA ESCOLA UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSI NO

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Geisiany Pereira Da Silva – ICHS/CUA/UFMT

Eloisa de Oliveira Lima – UFMT/CUA O presente trabalho tem por objetivo apresentar o projeto “A universidade na escola” que é um projeto de extensão pensado a partir das discussões do grupo de pesquisa “Língua e gramática: desafios e possibilidades de ensino” da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus universitário do Araguaia, Instituto de Ciências Humanas e Sociais em que se reúnem professores e discentes do curso de Letras para repensarem uma prática pedagógica diferente dos modelos tradicionais. Ao levar para o grupo de pesquisa, o resultado das observações feitas no estágio realizado na Escola de 1º grau José Ângelo dos Santos, em Barra do Garças, as alunas relataram que haviam detectado problemas graves de leitura e escrita, e que os alunos precisariam de aulas extra curriculares para que pudessem acompanhar a turma. A experiência do estágio então, discutida no grupo de pesquisa, resultou num projeto de extensão. O projeto consiste em aulas de reforços para estudantes com dificuldades em língua portuguesa e principalmente para os alunos enturmados que, segundo a Lei 262/-02, devem estar na série correspondente a sua idade, que nem sempre coincide com o seu nível de conhecimento. O projeto funciona com oficinas de Leitura, produção de texto e atividades de gramática, que são realizadas duas vezes por semana na escola estadual de ensino fundamental José Ângelo, na qual universitários do curso de Letras realizam oficinas com a finalidade de colaborar com os alunos da escola no aprimoramento de sua linguagem e possibilitar que tenham a oportunidade de conhecer e utilizar todas as variantes lingüísticas, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Com apenas alguns meses de projeto os resultados obtidos foram alunos com melhor desempenho na leitura e na escrita.

USO VARIÁVEL DE “TER” E “HAVER” COM SENTIDO DE “EXI STIR” NO PORTUGUÊS ESCRITO DE PORTUGAL

Adriana Afonsina Silva de Oliveira – FAPEMIG/IC/UFTM/Uberaba

Juliana Bertucci Barbosa – UFTM/Uberaba/CNPq Partindo-se da concepção de língua como um objeto social, variável e passível de mudanças (LABOV, 1972), busca-se, nesta pesquisa, analisar se no Português de Portugal (PP) escrito atual, em contexto de menor formalidade, está presente o uso variável dos verbos TER e HAVER com sentido de existir, assim como apontam alguns estudos linguísticos para o Português Brasileiro (PB). Para isso, utilizamos como corpus cartas extraídas da revista Ragazza, publicadas em Portugal desde 2004, ano de fundação da revista. Segundo Marine (2004), as cartas de revista encaixam na modalidade intermediária entre oralidade e escrita, pois se caracterizam por uma escrita menos formal e fortemente marcada por traços típicos da oralidade já que a relação construída entre a leitora e a revista é uma relação de amizade. Esse contexto de menor formalidade é ideal para a análise de questões linguísticas de caráter variacionista (LABOV, 1972). Observa-se nas gramáticas normativas do Português Luso-brasileiro que o uso de TER existencial quase não é mencionado e/ou quando mencionado, seu uso é descartado, principalmente, na língua escrita. Em oposição a essa constatação, pesquisas (sócio)linguísticas (Callou e Avelar, 2000; Dutra, 2000; Silva, 2004; Vitorio, 2006) apontam que desde o Latim Clássico, os verbos TER e HAVER caminham paralelamente. Devido à perda da força expressiva do verbo HAVER, a língua recorreu ao uso de TER, que gradualmente foi substituindo HAVER em estruturas de posse e em construções de tempos compostos, e que, posteriormente, passou a ocorrer com HAVER em estruturas existenciais. Já outros estudiosos afirmam que no PP, TER é empregado apenas como verbo possessivo, não sendo admitido com valor existencial. Assim, nesta pesquisa, realizou-se um levantamento dos usos de TER e HAVER em gramáticas do português, inclusive do PP, e comparou-se com os resultados obtidos a partir da análise dos dados coletados no corpus – cartas da revista Ragazza. Cabe

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mencionar que se levou em consideração fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam os usos de TER e HAVER com valor existencial no Português de Portugal escrito. Assim, por meio deste trabalho, visamos auxiliar na constituição de corpus para estudos de variação linguística no português, contribuir para o levantamento de características do Português e possibilitar futuras pesquisas comparativas entre o Português de Portugal e (PP) e o Português Brasileiro (PB). Palavras-chaves: variação linguística, português europeu, cartas, valores semânticos.

"USOS E FUNÇÕES DO ADJETIVO EM _NTE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO"

Monique Borges Ramos da Fonseca – UFF/Pibic/CNPq Mariangela Rios de Oliveira – UFF

O presente trabalho, desenvolvido junto ao Grupo de Estudos “Discurso & Gramática” – UFF, está vinculado ao projeto “História do Português Brasileiro”, coordenado, em nível nacional, por Ataliba de Castilho. Nossa pesquisa integra a seção que aborda a classe dos adjetivos no português do Brasil, mais especificamente trata do uso de adjetivos deverbais que provêm do particípio presente “_nte”. Nessa tarefa, dedicamo-nos ao levantamento, à quantificação e à classificação dos adjetivos em “_nte” de acordo com as funções semântico-pragmáticas que exerçam quando adjuntos ao nome. Nosso corpus é formado a partir da pesquisa empírica de cartas de leitores e redatores correspondentes aos séculos XIX e XX, conforme contam no corpus PHPB. Considera-se, nos dados coletados, além da condição semântica de modificador exercida pelo adjetivo terminado em “_nte”, a possibilidade de mobilidade posicional na Construção Referencial (CR) para que se estabeleça a adequada classificação dos registros. Do ponto de vista teórico, baseamo-nos na Linguística Funcional Centrada no Uso, tal como postulada por Traugott (2012), Bybee (2010), entre outros. A pesquisa até agora desenvolvida tem apontado os seguintes resultados: a) possibilidade de dupla classificação em casos de adjetivos da subcategoria semirrelativa pertencente à macrocategoria de classificadores; b) ocorrência de aproximadamente 2% de casos de contextos críticos (Diewald, 2002), nos quais constam dados que apresentam ambiguidade e verbos-suporte; c) tendência ao uso mais frequente da macrocategoria dos qualificadores, equivalendo a 44% dos casos contra 18% de determinativos, 11% de classificadores, 16 de adjetivos em função predicativa, 9% de casos de dupla classificação e 2% de contextos críticos, em porcentagens aproximadas até o momento.

USOS GRAMATICALIZADOS DO VERBO FAZER NA FALA GOIANA

Fernanda Carolina Mendes – UFG/PIVIC Leosmar Aparecido da Silva – UFG

Partindo dos pressupostos teóricos funcionalistas e, por conseguinte, da concepção de que a língua se realiza na atividade interativa, são analisados, neste trabalho, alguns aspectos sintáticos e semânticos do verbo fazer no português brasileiro, sobretudo na fala goiana. Ressalta-se que o uso bastante frequente de tal verbo – além de indicar alta produtividade - tem papel fundamental no enfraquecimento de suas forças semânticas (bleaching) e, portanto, no seu processo de gramaticalização. Entre os vários usos do verbo supracitado, enfocaremos – dentro de um continuum – aqueles cujas características apontam para a extremidade com traço [+ gramatical]. O verbo fazer será tratado, portanto, com maior ênfase, em indicações de tempo, em estruturas causativas, em construções com verbo-suporte, em sentenças em que ele funciona como vicário e em construções em que o fazer – na sua forma participial – atua como conjunção. Os corpora analisados se constituem tanto de transcrições de dados de fala do projeto Fala goiana, quanto de

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dados não sistematizados, ou seja, do registro de construções comumente ouvidas, mas que não constaram nas gravações realizadas. Pretende-se, assim, com este trabalho, atestar o fato de que o uso efetivo não preenche supostas categorias estanques, dicotômicas e/ou rigidamente delimitadas; há, na verdade, gradualidades que as transpassam. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E A INFLUÊNCIA NO ENSINO DE LÍ NGUA PORTUGUESA

NO ENSINO MEDIO

Nariene do Nascimento Pereira – UERR Chislene Moreira Cardoso – UERR

“Todas as variedades, do ponto de vista estrutural linguístico, são perfeitas e completas entre si. O que as diferencia são os valores sociais que seus membros têm na sociedade.” (CAGLIARI 1991). O professor de língua portuguesa ainda apresenta algumas dificuldades em relação à didática utilizada no ensino da língua materna. Por este motivo, a pesquisa foi desenvolvida com o objetivo geral de analisar a influência das variedades linguísticas presentes na fala dos alunos no segundo ano do ensino médio de escola pública de Rorainópolis no processo de aquisição da língua materna. Foi utilizada a pesquisa qualitativa que tem o pesquisador como ferramenta fundamental para a análise dos dados coletados por meio de questionário fechado para os discentes e questionamentos abertos para o docente juntamente com as observações que foi feitas em sala de aula. Esta pesquisa fundamentou-se teoricamente em Bagno (1999) e Faraco (1995). Considerando que a região sul do estado tem uma predominância na variação devido a imigração de outros estados, e essa realidade influência no fenômeno da variação linguística. Após análise dos dados foi constatado que a didática utilizada pelo professor também interfere no ensino aprendizagem da língua materna por conta do tradicionalismo que ainda predomina nas escolas, visto que os professores preferem usar uma didática que valorize a gramática normativa em detrimento de uma prática de ensino que envolva as variações linguísticas, do que se adequar as novas didáticas que tem ganhado espaço com essas inovações e as formas de ensino da língua.

VARIAÇÃO NO USO DO IMPERATIVO EM PROFESSORES UNIVER SITÁRIOS EM SALVADOR

Marli Pereira Batista – UNEB

Norma da Silva Lopes – UNEB O presente estudo aborda o uso variável de formas de expressão do Imperativo na linguagem oral de professores universitários de Salvador. Alves (2010), estudando histórias em quadrinhos baianas, concluiu que alguns grupos de fatores influenciam o falante na escolha da variante de uso (forma indicativa ou subjuntiva), quais sejam: 1) polaridade da estrutura: 2) paralelismo linguístico; 3) variação diatópica. O trabalho observou que, em Salvador, o uso do imperativo parte da forma do subjuntivo, e no interior, do indicativo. No presente trabalho, utiliza-se a sociolinguística variacionista como escopo teórico-metodológico e toma-se como corpus de observação a fala de professores do curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia, UNEB, gravada durante a atividade de sala de aula. Como variáveis sociais, são consideradas o gênero (masculino ou feminino) e a faixa etária (25 a 45 anos; 46 a 69 anos) das pessoas observadas e para o estudo, após o levantamento de todos os dados, utiliza-se o VARBRUL, como instrumento de quantificação dos dados previamente codificados com as formas indicativas e de subjuntivo de expressão do Imperativo. Interpretam-se os resultados à luz dos estudos da variação, e os comparam com outros estudos já realizados na Bahia e em outras regiões brasileiras.

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VIÉS SUL-AMERICANO: IMAGINÁRIO SOBRE A LÍNGUA PORTU GUESA SEGUNDO

INTERCAMBISTAS HISPANOFALANTES

Emanuele Bitencourt Neves Camani – UFSM Grazielle da Silva dos Santos – UFSM

Este trabalho busca compreender os sentidos que a língua portuguesa tem para os alunos intercambistas da Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM) que são hispanofalantes, traçando um (alguns) possível(is) perfil(s) discursivo(s) do imaginário de língua estrangeira desses alunos participantes da futura pesquisa e analisando de que forma(s) esse sujeito se relaciona com a aprendizagem da língua do Outro, considerando-se a perspectiva intercultural desse processo. Para tanto, tomou-se como corpus para a análise a ficha de avaliação sobre o curso de Português Língua Estrangeira (PLE) respondida pelos intercambistas e a produção textual elaborada ao final do curso. Dessa forma, considerando que tal experiência vem possibilitando um ensino-aprendizagem pautado na interculturalidade, que, de fato, significa tanto ao professor como ao aluno, chama a atenção o êxito do trabalho desenvolvido. Neste sentido, observa-se que o ensino de Português Língua Estrangeira baseado na ênfase intercultural e, principalmente, com objetivos bem definidos que levam em conta as concretas necessidades do aprendiz, resulta em uma aprendizagem plenamente significativa. Assim, cada vez mais o PLE alcança mais visibilidade e participação no cenário sul-americano como Argentina, Colômbia e Paraguai conforme o corpus analisado. Acredita-se que essa análise possibilitará vislumbrar as implicações do imaginário desse sujeito frente à aprendizagem do PLE, permitindo, inclusive, pensar um ensino que objetive mediar tais implicações.

VOCABULÁRIO DO CAPIM DOURADO – CULTIVO, EXTRAÇÃO E VENDA – UM ESTUDO LÉXICO-SEMÂNTICO

Lucian Rufo Barbosa – UFT/IC

Greize Alves da Silva Poreli – UFT Uma das preocupações da Linguística Moderna é desvendar a complexidade da língua utilizada por diferentes povos e suas variações em três aspectos: fonético-fonológico, semântico-lexical e morfossintático. Dentro desses contextos, o que mais imprimi as características socioculturais na língua é o Léxico, que pode ser definido como o repertório de palavras que existe numa determinada língua e expressa a recorrência de um povo na busca por termos que designem seus referentes; trata-se de um componente da língua que, inicialmente, configura a realidade linguística e conserva o saber linguístico de uma comunidade. Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo descrever a analisar o vocabulário utilizado no cultivo, extração e comercialização do capim dourado. Este projeto – Vocabulário do Capim Dourado – Cultivo, Extração e Venda – Um Estudo Léxico-Semântico - propõe uma análise acerca do vocabulário (o linguajar, variações linguísticas, etc.) do povo da região do Jalapão – TO, em meio à cultura deste artesanato, cientificamente dito Syngonanthusnitens. De fato, a fonte de renda predominante das comunidades da região é a produção do Capim Dourado (composta por 15 municípios, em destaque: Mateiros, São Félix do Tocantins e Ponte Alta), todos eles fluentes na produção do artesanato. Este comércio prevalece até os dias atuais e é importado para o mundo todo. A riqueza do vocabulário do Capim Dourado, entretanto, nunca fora estudada e esse projeto tem essa finalidade, focando neste vocabulário tocantinense, descrever a realidade dialetológica/sociolinguística utilizado no manejo do Capim Dourado, contribuindo para a descrição do caráter multidialetal da realidade tocantinense e, sobretudo, brasileira.

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VOCABULÁRIO DO CORPO HUMANO: UM ESTUDO A PARTIR DE DADOS GEOLINGUÍSTICOS

Juliany Fraide Nunes – UFMS

Aparecida Negri Isquerdo – UFMS/CNPq O léxico utilizado pelos indivíduos para nomear as experiências vividas e, assim, evidenciar costumes e ideologias de uma dada comunidade de falantes, é responsável por favorecer o resgate de traços de identidade social, crenças e ideologias que transpassam os aspectos linguísticos de um idioma. E, nesse sentido, os atlas linguísticos contêm repertórios vocabulares que representam a norma de grupos circunscritos à área geográfica coberta pelo atlas, uma vez que funcionam como uma “imagem fotográfica” da língua em uso em uma dada região linguística em uma determinada época. Este painel analisa resultados parciais de estudo em desenvolvimento como bolsista de Iniciação Científica e focaliza o estudo de itens lexicais que nomeiam o conceito “a pessoa que não tem um olho”, mapeados pelos três atlas selecionados para este estudo: ALMS - Atlas Linguístico de Mato Grosso do Sul (OLIVEIRA, 2007); ALiPP - Atlas Linguístico do município de Ponta Porã – MS (REIS, 2006) e ALMESEMT – Atlas Linguísticos da Mesorregião Sudeste de Mato Grosso (CUBA, 2009), atlas cujos dados integram a base de dados do projeto Tesouro do léxico patrimonial galego e português: Brasil, subprojeto de um projeto mais amplo, sediado na Universidade de Santiago de Compostela, que tem como objetivo a construção de uma grande base de dados a ser disponibilizada em linha sobre o léxico dialetal do galego e do português (Portugal/Brasil). Como procedimentos de estudo, foram seguidas as seguintes etapas: i) levantamento das cartas linguísticas relacionadas ao conceito “pessoa que não tem um olho” nos três atlas selecionados (ALMS, ALMESEMT e ALiPP); ii) levantamento das unidades lexicais contidas nas cartas em estudo; iii) análise diatópica das unidades lexicais que nomeiam o conceito em foco extraídas das fontes geolinguísticas selecionadas para a pesquisa; iv) comparação entre os dados mapeados pelos três atlas (ALMS, ALMESEMT e ALiPP) e os disponíveis no Banco de Dados do Projeto ALiB – Atlas Linguístico do Brasil, relativos “a pessoa que não tem um olho com o objetivo de verificar a questão da mudança e da manutenção do léxico que nomeia referentes associados à área semântica do corpo humano. Para isso, o estudo se baseou em pressupostos da Geolinguística, da Lexicologia e da Semântica, além dos constructos teóricos sobre a relação entre mito e linguagem e, consequentemente, sobre tabus linguísticos.