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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Letras e Lingüística Programa de Pós-graduação em Lingüística Curso de Mestrado em Lingüística Caderno de Resumos SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LINGÜÍSTICA E LINGÜÍSTICA APLICADA 04 e 05 de dezembro de 2003 Caderno de Resumo.pmd 27/11/2003, 15:51 1

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Universidade Federal de UberlândiaInstituto de Letras e Lingüística

Programa de Pós-graduação em LingüísticaCurso de Mestrado em Lingüística

Caderno de ResumosSEMINÁRIO DE PESQUISA EMLINGÜÍSTICA E LINGÜÍSTICA

APLICADA

04 e 05 de dezembro de 2003

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ReitorProf. Dr. Arquimedes Diógenes CiloniVice-ReitorProf. Dr. Antônio de AlmeidaPró-Reitora de GraduaçãoProfª. Drª. Vera Lúcia Puga de SousaPró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoProf. Dr. Jomar Medeiros CunhaPró-Reitor de Extensão, Cultura e Assuntos EstudantisProf. Dr. Gabriel Humberto Muñoz PalafoxPró-Reitora de Planejamento e AdministraçãoProfª. Drª. Raquel Cristina Radamés de SáPró-Reitora de Recursos HumanosProfª. Ms. Leila Bitar Moukachar RamosDiretor do Instituto de Letras e LingüísticaProf. Dr. Ernesto Sérgio BertoldoCoordenador do Programa de Pós-graduação em LingüísticaProf. Dr. Waldenor Barros Moraes FilhoCoordenadora do Curso de Graduação em LetrasProfª. Ms. Maria Madalena Bernadeli

COMISSÃO ORGANIZADORAProfª Drª. Célia Assunção FigueiredoProf. Dr. Evandro Silva MartinsProf. Dr. Luiz Carlos TravagliaProf. Dr. Waldenor Barros Moraes Filho

AGRADECIMENTOSDireção do Instituto de Letras e LingüísticaSecretaria da Revista Letras & LetrasSecretaria do Programa da Pós-graduação em LingüísticaLaboratório de Informática do Instituto de Letras e Lingüística

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Universidade Federal de UberlândiaInstituto de Letras e Lingüística

Programa de Pós-graduação em LingüísticaCurso de Mestrado em Lingüística

CADERNO DE RESUMOS

SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LINGÜÍSTICA ELINGÜÍSTICA APLICADA

04 e 05 de dezembro de 2003

Realização: Programa de Pós-graduação em Lingüística do Instituto de Letrase Lingüística da Universidade Federal de Uberlândia

Apoio: PROPLAD E PROPP

Os resumos são de responsabilidade dos participantes.

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CORPO DOCENTE

PERMANENTE

Profa. Dra. Alice Cunha de FreitasProfa. Dra. Célia Assunção FigueiredoProf. Dr. Cleudemar Alves FernandesProf. Dr. Ernesto Sérgio BertoldoProf. Dr. Evandro Silva MartinsProfa. Dra. Joana Luiza Muylaert de AraújoProf. Dr. João Bôsco Cabral dos SantosProf. Dr. Luiz Carlos CostaProf. Dr. Luiz Carlos TravagliaProfa. Dra. Maura Alves de Freitas RochaProf. Dr. Osvaldo Freitas de JesusProfa. Dra. Waldenice Moreira CanoProf. Dr. Waldenor Barros Moraes Filho

COLABORADORES

Profa. Dra. Lilia Maria Eloísa Alphonse de FrancisProfa. Dra. Vania Maria Bernardes Arruda Fernandes

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SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LINGÜÍSTICA ELINGÜÍSTICA APLICADA

APRESENTAÇÃO

O Programa de Pós-graduação em Lingüística, do Instituto de Letras eLingüística da Universidade Federal de Uberlândia, realiza este Seminário dePesquisa em Lingüística e Lingüística Aplicada, com o propósito de congregare divulgar trabalhos de professores e alunos em torno das linhas de pesquisavigentes, visando à interação de pesquisadores, discentes e docentes, vinculadosou oriundos do Curso de Mestrado em Lingüística.

Com a instituição de uma política de eventos promovidos pelo Programa,pretende-se fomentar a realização de seminários e encontros desta natureza ecriar outras oportunidades de interação e de intercâmbios acadêmicos, cadavez mais freqüentes e sistematizados, em busca do fortalecimento de um espíritoinvestigativo institucional e coletivo.

Nessa perspectiva, este Caderno de Resumos contempla trabalhos dedocentes, discentes regulares e de alunos egressos do Programa que refletemparte da produção científica da nossa comunidade acadêmica, no âmbito dosEstudos em Lingüística e Lingüística Aplicada. Os trabalhos submetidosapresentam, portanto, um recorte do universo de pesquisas realizadas no interiordo Programa, vinculadas às temáticas das linhas de pesquisa intituladas (i)Teorias e análises lingüísticas: estudos sobre léxico, morfologia e sintaxe, (ii)Estudos sobre texto e discurso e (iii) Estudos sobre o ensino-aprendizagem delínguas e demonstram algumas das inquietações decorrentes das pesquisasdesenvolvidas no seio do Curso de Mestrado em Lingüística.

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SEMINÁRIO DE PESQUISA EM LINGÜÍSTICA ELINGÜÍSTICA APLICADA

SUMÁRIO

1. Programa ..........................................................................................9

2. Resumos

2.1. Linha de Pesquisa: Teorias e análises lingüísticas: estudos sobre léxico, morfologia e sintaxe .................................... 11

2.2. Linha de Pesquisa: Estudos sobre texto e discurso .........................35

2.3. Linha de Pesquisa: Estudos sobre o ensino-aprendizagem de línguas ...................................................75

3. Indice Remissivo ............................................................................105

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PROGRAMA

Dia 04/12/2003

ABERTURA:Prof. Dr. Waldenor Barros Moraes FilhoCoordenador do Programa de Pós-graduação em LingüísticaHorário: 9hLocal: Anfiteatro do Bloco 3Q – Campus Santa Mônica

CONFERÊNCIA DE ABERTURA “Por uma Lingüística socialmente relevante”Prof. Dr. Kanavillil RajagopalanHorário: 9h30min.Local: Anfiteatro do Bloco 3Q – Campus Santa Mônica

LANÇAMENTO DE LIVRO“Por uma lingüística crítica – Linguagem, identidade e a questão ética”Prof. Dr. Kanavillil RajagopalanHorário: 11hLocal: Anfiteatro do Bloco 3Q – Campus Santa Mônica

APRESENTAÇÃO DE TRABALHOSDia: 04/12/2003 – quinta-feiraHorário: 14h às 18hLocal: (vide programação anexa)

Dia 05/12/2003

APRESENTAÇÃO DE TRABALHOSHorário: 8h30min. às 11h30min. e das 14h às 17hLocal: (vide programação anexa)

ENCERRAMENTOHorário: 17h30min.Local: Anfiteatro do Bloco 3Q – Campus Santa Mônica

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RESUMOS

LINHA DE PESQUISA:

Teorias e análises lingüísticas:estudos sobre léxico,morfologia e sintaxe

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A macroestrutura do dicionário brasileiro contemporâneo deFrancisco Fernandes

Ana Maria Alves de Oliveira e PAIVA

O presente trabalho teve como ponto de partida, a observação, o estudo, aanálise dos renomados estudiosos da Lexicografia que nos possibilitaram aidentificação e o reconhecimento dos elementos circunstanciais presentes nostextos que, de uma certa forma caracterizam “a presença da constituição desentido, a ordem de necessidades a que o texto responde tendo a linguagemcomo mecanismo formal de determinações pulsionais e sociais sendo o estudoda discursivização específico” (FIORIN). Francisco Fernandes foi um dosmaiores estudiosos da língua, especializado em pesquisas vocabulares. Autordo Dicionário de Verbos e Regimes, do Dicionário de Sinônimos e Antônimos,do Dicionário Brasileiro Contemporâneo, como um dos mais práticos entre osque se dedicaram ao assunto - a Língua Portuguesa. De acordo com a visão eo estudo por nós desenvolvidos, pudemos perceber através do grandedicionarista mineiro Francisco Fernandes - autor do Dicionário BrasileiroContemporâneo - alvo do nosso trabalho, a inovação, a ideologia e acontemporaneidade dessa obra de repercussão nacional. A língua é o “espelho,reflete a busca frenética da novidade evoluindo rapidamente, introduzindo novostempos, logo aceitos” (CARVALHO). No mundo contemporâneo a ciência ea tecnologia são os fatores principais que atuam na produção maciça de novostermos e, automaticamente, todos os setores do conhecimento humano seinterrelacionam de uma maneira sistematizada oferecendo a todas as pessoasque navegam nesse mar em constante rebuliço, as mágicas e diversas nuancesde se aplicar a língua nos mais diferentes sentidos, não só nos estreitos domíniosdas linguagens especiais, mas também no âmbito da linguagem geral pois “oexercício da linguagem será o lugar de sua automatização, de sua constituiçãocomo sujeito” (BAKHTIN), sendo assim, o porta-voz de toda uma comunidade.Cabe ao emissor de qualquer texto, ao optar por determinados recursos e nãooutros, em certa medida, comprometer-se com as estratégias escolhidas, jáque o emissor, imediatamente situa-se num certo campo de interpretação queo obrigue a seguir determinadas pistas para que a adesão se processe. É o quenormalmente acontece numa situação comunicativa da qual se espera que oleitor saia convencido da necessidade e da compreensão do texto apresentado,através da ideologia presente e que consiga dessa forma, buscar no escopo

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lexicográfico em questão, subsídios que contribuam de uma maneira eficaz paraessa re-aprendência dos vocábulos prestigiados e inseridos nos diversos textos.Escolhemos a letra L (ele) do dicionário para caracterizar a Macroestrutura aser observada baseada na estrutura lexicográfica que dará sustentação ao nossotrabalho confrontando-a com a letra “L” do dicionário Biderman, numa analisee posterior cruzamento das nomenclaturas e na comparação analitico-contrastivacujo objetivo fundamental é mostrar a peculariedade e a originalidade doDicionário Brasileiro Contemporâneo.

Estudo morfossemântico dos lexemas por prefixos dos textosopinativos do Jornal Folha de São Paulo

Camila Gebrim de Paula COSTA

Este projeto de pesquisa tem como objetivo fundamental fazer uma descriçãomorfossemântica dos processos de formação de lexemas prefixais (presentesna derivação prefixal e na derivação parassintética). Utilizaremos como corpus,os textos opinativos considerados elaborados, ou seja, isentos, por exemplo,de gírias, como os editoriais, os textos opinativos assinados referentes aoprimeiro caderno e as colunas opinativas do caderno da Ilustrada. Estes textosserão extraídos de trinta edições do jornal Folha de São Paulo do mês dejunho de 2003. Para fazermos a descrição das estruturas, construiremos ummodelo de ficha que inclui informações voltadas para o contexto, fonte, classegramatical e gênero, formação morfossemântica, campo lexical e lematização.A análise morfossemântica que se propõe fundamenta-se na perspectiva doestruturalismo americano condizente ao campo da Morfologia Derivacional.Desse enfoque, basearemos em Gleason (1978) que destaca a posição dosafixos prefixais como estruturas precedentes ao radical. Além disso, pode-sedizer que o autor releva o valor semântico desses afixos porque os consideracomo morfemas (mínimas unidades significativas). Fundamentar-nos-emos aindaem Bloomfield (1979) e Matthews (1987) no que concerne ao critério derecorrência dos prefixos e, também, em Freitas (1981) no tocante ao ponto devista sincrônico para identificação das estruturas, ou seja, lexemas formadospela associação de um prefixo com o morfema lexical que constitui uma formalivre. Para identificarmos os prefixos e os seus sentidos tomaremos como baseo dicionário de Ferreira (1999) e a gramática de Coutinho (1974). O interessepor este projeto surgiu em virtude de polêmicas teóricas sobre o estudo dos

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prefixos pelos gramáticos e pelos lingüistas. Dentre estes embates teóricos, osprefixos são significativos como ressalta Alves (2000) e Câmara Júnior (1974),ou são quase ausentes de sentido para Bloomfield (1979). Existem, também,distinções em relação ao processo de identificação dos prefixos. Estes sãoformas presas segundo Bloomfield (1979), variantes de preposições ou deadvérbios conforme destaca Câmara Júnior (1974) e Duarte (1995). Este,também, relaciona as estruturas prefixais com formas livres, dependentes oupresas. Outro ponto dessemelhante refere-se ao acréscimo, no sistema prefixal,dos radicais que são nomeados de forma diferente. São prefixos para Alves(2000) e Sandmann (1997); apresentam-se sob a forma de pseudoprefixos ouprefixóides consoante Cunha e Cintra (2001); são denominados de neoprefixospor Laroca (1992). Em um último aspecto, verifica-se que, principalmente, osgramáticos, como Bechara (2003), Cunha e Cintra (2001) e Lima (1980),listam uma extensa série de prefixos, com os seus respectivos significados.Assim, esta pesquisa proporcionará verificar quais os prefixos que realmenteatuam no sistema lingüístico sincrônico dos processos de formação de lexemas.

Critérios para identificação de unidades terminológicas complexas eunidades fraseológicas especializadas na terminologia da cafeicultura

do cerrado

Claudia Almeida Rodrigues MURTA

A Terminologia é uma disciplina lingüística que trata das linguagens especializadas.Os tecnoletos constituem um conjunto de subcódigos da língua geral que mantêmcom esta alguns pontos em comum, como parte do inventário léxico-semântico(morfemas, regras combinatórias), mas ao mesmo tempo, peculiaridades queas distinguem. As unidades denominativas da estrutura conceptual do universotécnico-científico são denominadas termos. Essas unidades não existempotencialmente como termos no sistema, elas adquirirem caráter de unidadesignificativa especializada à medida que são usadas em contextos e situaçõesde transmissão de conhecimento especializado. Os termos podem apresentar-se sob a forma de um único elemento, ser um termo simples, facilmenteidentificado. Mas, muitas vezes, a formação dos termos se realiza através demais de uma unidade, constituindo uma forma sintagmática que se lexicaliza ounão dentro do discurso especializado. A difícil tarefa do estudioso está na

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identificação e diferenciação de unidades sintagmáticas terminológicas, desintagmas discursivos altamente freqüentes que não configuram unidade léxica,nem fraseológica especializada. Abordaremos neste trabalho esse tema: asunidades terminológicas complexas e as unidades fraseológicas especializadasna terminologia da cafeicultura, tema de nossa dissertação. Os critérios dedelimitação das unidades do discurso especializado serão de cunho lingüístico(sintático-semênticos), pragmático e quantitativos. Acreditamos que a utilizaçãode critérios extra-lingüísticos (pragmáticos) e quantitativos, além dos demaiscitados corroboram a delimitação dos termos sintagmáticos, como é posiçãoadotada por Cabré, Estopà e Lorente. Os critérios citados pelas autoras são: -critérios gramaticais: relacionados com as estruturas sintagmáticas implicadasrelacionadas com restrições sobre as categorias gramaticais-critérios semânticos:sobre o significado exocêntrico ou endocêntricos das expressões sobre ametaforização (sentidos interpretáveis) sobre o sentido figurado (opaco nocaso dos idiomatismos muito fixos) - critérios léxico-semânticos (outerminológicos): sobre o grau de lexicalização - critérios léxico-sintáticos: sobreo grau de fixação dos componentes sobre as possibilidades de variação nascombinações sobre os paradigmas léxicos implicados e suas limitações - critériosquantitativos: sobre a freqüência na linguagem de especialidade sobre afreqüência nos textos. As unidades fraseológicas podem ser caracterizadas comofrases prototípicas de determinado discurso especializado. Estas frases possuemestabilidade sintática e semântica; possuem certo grau de fixação (semi-fixadas), já que admitem a possibilidade de comutação de seus elementos; incluem nomínimo uma unidade de significação especializada; é usada em determinadoâmbito e sua freqüência é relevante nos textos de dado âmbito. É importantesalientar que a identificação da terminologia de uma área do conhecimento oude uma tecnologia requer certo conhecimento cognitivo de determinada áreaaliado ao conhecimento da estruturação e funcionamento do léxico da línguaem questão. O glossário com a terminologia da cafeicultura do cerrado mineiroserá composto, portanto, de elementos referenciais monoléxicos e poliléxicose unidades relacionais fraseológicas especializadas pertencentes ao campo daprodução do café.

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O léxico de José Simão: a criação de um glossário

Cristiane de Fátima Mendes NAVES

O léxico de um idioma não permanece sempre o mesmo no decorrer do tempo,ele está em constante renovação e superação. Muitas palavras sofrem alteraçõessemânticas, fonológicas ou caem em desuso, enquanto outros termos vãosurgindo. Assim, torna-se inegável o fato de que a língua se modifica enquantomuda o grupo sociocultural. Desta forma as estruturas lingüísticas sofremmodificações, pois no decorrer do tempo, necessidades de criações lexicaisnovas vão surgindo para os mais diferentes fins, seja de ordem política, científica,social, econômica ou artística. É nessa dinâmica de superação e renovaçãoque surge o neologismo, fenômeno lingüístico definido por Boulanger (1979)como “uma unidade lexical de criação recente, uma nova acepção de umapalavra já existente, ou ainda, uma palavra recentemente emprestada de umsistema lingüístico estrangeiro e aceito na língua francesa.” Objetivamos, então,apresentar um trabalho que envolva a descrição e a análise de palavras neológicascriadas pelo cronista, José Simão, do jornal Folha de São Paulo - cadernoilustrada- no período de julho de 2002 a julho de 2003, registrando-as emforma de um glossário, buscando assim,definir a lexia, determinar a classegramatical,demonstrar a abonação seguida da análise lingüística e informaçãoenciclopédica. Verificaremos também se as criações do autor desafiam as regrasde formação de palavras impostas pelo sistema lingüístico, constituindo assimuma nova norma, a norma de José Simão. Estudar os neologismos de JoséSimão permite-nos perceber o léxico como fotografia de um certo momento.O autor mostra, pela expressão lingüística, os acontecimentos sociais e culturaisde uma época, radiografando a sociedade nacional, e, às vezes, internacional.Ele faz da manipulação e da revitalização das palavras da língua, bem como dacriação de novas palavras, a grande força de sua narrativa. Utiliza-se dacriatividade para se expressar, explorando de maneira irreverente aspotencialidades do sistema lingüístico.

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O vocabulário de José de Alencar: um levantamento inicial

Cristina Vilarinho dos Reis FREITAS

O presente trabalho se prende a uma pesquisa mais ampla – O Observatóriodos Neologismos Literários do Português – desenvolvido pelo professorEvandro Silva Martins, na Universidade Federal de Uberlândia. Assim sendo,esta comunicação tem como objetivo mostrar a elaboração de um glossário, apartir das palavras típicas do romantismo, bem como as possíveis ocorrênciasde neologismos, utilizadas pelo autor José de Alencar, em suas obras urbanas,com o propósito de demonstrar que o léxico romântico alencariano radiografaa sociedade de uma determinada época, consoante as afirmações de Matoré(1968), que ressalta: “o vocabulário é a expressão de uma sociedade”. Oprincípio teórico de Matoré baseia-se no fato de a lexicologia ser um tipo deciência auxiliar da sociologia, pois partindo do estudo do vocabulário pode-seexplicar uma sociedade. Então, o autor define a lexicologia como uma disciplinasociológica que utiliza o material lingüístico que são as palavras. Num primeiromomento, será feito o levantamento das palavras típicas do romantismo demaior incidência, nos primeiros capítulos dos romances urbanos alencarianos.Para tanto, refletiremos sobre o modelo teórico nas abordagens feitas porGuilbert (1975), Barbosa (1981), Biderman (2001), dentre outros. Nessesentido, a importância deste estudo reside no fato de que o léxico é um patrimônioda comunidade lingüística. Os membros da sociedade, sobretudo os artistasda palavra criam e conservam a língua e são os agentes responsáveis peloprocesso de reorganizar o vocabulário. Assim, essa criatividade humana, pormeio da literatura, é a grande responsável pela expansão crescente do léxico,que segundo Biderman (1992) “num vocabulário estão sintetizadas a vida, osvalores e as crenças de uma comunidade social”.

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Uma breve análise da inserção de neologismos oriundos da línguainglesa no Dicionário Aurélio

Daniela de Faria PRADO

Supor que todos os falantes do português entendam todas as palavras de sualíngua é uma errônea premissa. A problemática que nos deparamos atualmenteé se os dicionários realmente recobrem as necessidades do consulente. Nestetrabalho, analisamos brevemente a inserção dos estrangeirismos no dicionáriode língua padrão. Enfocamos duas visões sobre o assunto: a possibilidade deusarmos um correspondente em nossa língua de maneira que a compreensãonão seja comprometida e o fenômeno constante do contato entre comunidadeslingüísticas em uma visão positiva. Uma breve análise entre a segunda e a terceiraedição do dicionário Aurélio nos leva a repensar o processo de empréstimoslingüísticos e que critérios são utilizados para tal.

O léxico de Augusto dos Anjos: criação de um glossário dosneologismos presentes no “Eu e outras poesias”

Elimar Beatriz BORGES

O neologismo na literatura se distingue pela possibilidade de uma não intençãodo autor em criar novas palavras, mas de produzir efeitos inéditos, que toque oleitor no ato da comunicação. E a investigação desta nova criação é possível,pois é através do estudo das virtualidades e pseudo-interdições lexicais,presentes no texto literário, atestar-se a mobilidade da norma, enquanto umconjunto de variantes permitidas pelo sistema como flexibilidade da língua. Aliteratura constitui-se em um emprego próprio da linguagem. O discursoempregado por ela difere em parte do discurso cotidiano, do ordinário, seucódigo norteador é o retórico, possuindo características não resultantes docódigo ordinário da língua. Este código retórico representa um desvio do códigoordinário tendo suas próprias características. No dizer de Lefebve (1980), odiscurso literário obedece a um código que é, em grande parte, o do discurso,mas que deve, contudo, diferenciar-se dele, ou seja, um segundo código quevem acrescentar-se ou sobrepor-se ao da língua ordinária (talvez até contradizê-lo) de código retórico. Os novos sentidos que o discurso literário cria podem

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ser representados por novos significantes, os quais têm a sua gênese nosignificante primeiro, ou seja, no significante que traduz completamente o seusignificado e, por isso, com ele se confunde. O neologismo literário é capitadocomo uma anomalia e utilizado em virtude dessa anomalia, às vezes atéindependente de seu sentido, ele não pode deixar de chamar a atenção porqueé utilizado em contraste com seu contexto, seu emprego e efeito dependem derelações que se situam inteiramente na linguagem. Considerando aspossibilidades significativas do neologismo literário, resolvemos pesquisá-lo,mesmo sabendo que os estudos nesta área são poucos, o que nos motivouainda mais. Só de imaginar que contribuiremos com mais uma fonte de pesquisapara outros pesquisadores, sentimos a necessidade de ver a conclusão o maisrápido possível de nosso trabalho. A obra escolhida foi “Eu e outras poesias”de Augusto dos Anjos. A escolha do autor se deve a uma forte identificaçãocom sua poesia. Considerá-lo extravagante, como muitos fizeram, é não enxergara realidade. Concordamos com Borba (1983) quando diz que Augusto dosAnjos é diferente dos mais pelo credo, pela fortuna e pela grande independênciade pensar e dizer. Com os outros, isto é, com três ou quatro dos nossos grandesjovens poetas, ele se identifica, apenas, pela força da cultura, pela segurança,pelo brilho, pela excepcionalidade de seu estro. Sabemos que a caça aoneologismo literário não será fácil. Mas também temos consciência de que oneologismo literário está longe de ser um corpo estranho na frase, é o significantemais motivado que se pode encontrar no texto. É formado ao mesmo tempopor uma seqüência morfológica e semântica, ou por duas seqüências semânticas,ou por combinações mais complexas, o que é impossível na palavra preexistente.Tem por função reunir ou condensar em si as características dominantes dotexto.

Dicionário da Língua Portuguesa formal do Brasil – um protótipo

Emily Christine Santos PEREIRA

Pretende-se com esse projeto elaborar um protótipo de dicionário da línguaportuguesa formal do Brasil, partindo da definição mattosiana em seu texto –gramática e seu conceito. Para tanto, utilizar-se-á a fundamentação teórico-metodológica de Rey-Debove, Dubois e Haensch. O corpus com o qualtrabalhamos, constitui-se dos editoriais e artigos assinados dos jornais “Folha

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de São Paulo” e “Jornal do Brasil” perfazendo o total de trinta exemplares decada jornal, por serem considerados fiéis no uso cuidadoso da língua portuguesaformal escrita do Brasil. Trabalhar apenas com o léxico formal justifica-se pelofato de não existir, pelo que pesquisamos, um dicionário da língua portuguesaformal de Brasil e mormente por não haver por parte dos dicionários existentes,critérios rigorosos na escolha lexical. O Protótipo, trabalho final dessa pesquisa,é destinado a estudantes e professores do ensino fundamental e médio, bemcomo a centros de informação e bibliotecas. Como toda pesquisa lexicográficaespera-se que o resultado desse trabalho possa contribuir científica e socialmente,tanto para os estudos de língua como para as escolas facilitando o acesso e oentendimento do vocabulário formal de nossa língua a todos que dele façam efizerem uso.

Locativos sub-categorizados pelo verbo 

Gisele ALVES

O presente artigo, trabalho final da disciplina “Sintaxe” ministrada pela Profa.Dra. Maura Alves de Freitas Rocha durante o 1º. semestre de 2003, é fruto devaliosas discussões em sala de aula a respeito das diferentes posturas assumidaspela Gramática Tradicional (GT) e pela Sintaxe Gerativa no tocante à análisedos diversos fenômenos sintáticos. Estabelecendo um confronto entre a análiseabordada pela GT e aquela abordada pela Sintaxe Gerativa, nota-se, em relaçãoà primeira, uma certa insuficiência analítica a ponto de abrir margem a umasérie de lacunas, questionamentos e especulações. Na tentativa de suprir taisdúvidas e questionamentos por meio de discussões melhores fundamentadasteórica e lingüisticamente, a Sintaxe Gerativa desponta-se como um conjuntode teorias analíticas capazes de esclarecer com mais precisão e coerência aslacunas resultantes das análises vagais empreendidas pela GT. Pretende-se aquifocalizar a questão dos locativos sub-categorizados pelo verbo, partindo dasdefinições e conceituações pouco fundamentadas dos gramáticos tradicionalistasCegalla (1985), Rocha Lima (1986), Gama Cury (1985) e Cunha e Cintra(1985). Posteriormente, aprofunda-se a análise de tal fenômeno à luz da SintaxeGerativa, abordando, mais especificamente, a Noção de Constituinte da TeoriaX-Barra e a Teoria dos Papéis Temáticos explicitada na Teoria Temática.

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O uso da estrutura

Jacqueline Sousa Borges de ASSIS

O presente estudo, parte de minha dissertação de Mestrado, analisa um aspectogramatical do Português do Brasil (PB) na área da sintaxe na perspectiva dasociolingüística laboviana, a saber: a estrutura ir+estar+ndo, que se encontraem estado de variação com o futuro do presente / ir+-r, em situações de fala.Paralelamente à estrutura ir+estar+ndo são analisadas ainda as estruturasverbo+estar+-ndo/ estar+-ndo, que também se encontram em variação. Emborasua freqüência seja relativamente baixa, sua presença é importante porqueevidencia um processo gramatical mais amplo: a tendência do PB de substituirformas sintéticas de tempos verbais por formas analíticas. O comportamentodiferenciado do PB em relação ao português europeu será analisado. Dentreas várias sugestões levantadas sobre a origem da estrutura denominadagerundismo, está a possibilidade de “má tradução” do inglês, que teria se iniciadocom os atendentes de telemarketing. Sustento a hipótese de que a estruturanão deve ter surgido por influência do inglês, visto que a perífrase é admitidapela língua portuguesa. Outra hipótese, a ser confirmada pela pesquisa, é a deque parece tratar-se de uma mudança em progresso, uma vez que estas variáveissão freqüentemente empregadas por um grupo socioeconômico intermediárioe, como os estudos têm comprovado, são os grupos intermediários que avançamno processo de mudança lingüística.

Orações infinitivas encaixadas a verbos causativos e perceptivos

Joaquina Aparecida Nobre Silva GOMES

Este estudo propõe-se a analisar as estruturas infinitivas encaixadas a verboscausativos (mandar, fazer e deixar) e perceptivos (ver, ouvir e sentir) na línguafalada do Português do Brasil. Dois aspectos nesse tipo de estrutura são alvodessa pesquisa: o comportamento do argumento externo na forma pronominaldo predicado encaixado; e o uso do infinitivo que ora se apresenta flexionadoe ora sem flexão. Parece-nos que esses dois aspectos são co-relacionados e adescrição de um implica a descrição do outro, até mesmo por constituírem

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juntamente a mesma estrutura. Quando esse argumento externo se apresentana forma pronominal surgem variações quanto ao uso na modalidade oral e naescrita; no registro formal e no informal; no Português de Portugal e no Portuguêsdo Brasil. O mesmo se aplica ao uso do infinitivo nessas construções. É comumtambém encontrarmos, na fala em português do Brasil, o uso do pronomenominativo(ele, eles, ela, elas) e outras diferentes substituições, como argumentoexterno em orações infinitivas encaixadas a verbo causativo e perceptivo, nolugar do pronome acusativo. Estudos sobre o assunto de Duarte (1986), Penna(2002), Nunes (1993), Tarallo (1993) e Galves (2001) dão suporte ao fato deque a língua portuguesa do Brasil está caminhando rumo à perda do clítico deterceira pessoa. Nesse sentido, Galves (2001) afirma ser esse fato um fortediferenciador entre o Português do Brasil e o Português de Portugal. Galves(2001) sugere que: “o desaparecimento do clítico acusativo e a reorganizaçãodo sistema dos pronomes, assim como as outras inovações sintáticas doPortuguês do Brasil, resultam do enfraquecimento do elemento de concordânciade INFL, que, por sua vez, resulta da perda da distinção entre as desinênciasde segunda e terceiras pessoas.” Baseado nessa sugestão, nasce oquestionamento norteador desta pesquisa: em sentenças do tipo Vi eles chegar,o fato do infinitivo ser usado sem flexão é resultado do encaixamento no sistemado português brasileiro que, com o enfraquecimento do elemento deconcordância, está perdendo os clíticos acima citados e sofrendo outrasmudanças; ou é característica da língua portuguesa, em geral, que aceita oinfinitivo com flexão e sem flexão nesse tipo de estrutura? Este trabalho abordaráas variantes sociolingüísticas das orações infinitivas encaixadas a verboscausativos e perceptivos tomando por base a teoria laboviana - Teoria davariação e da mudança lingüística; e estudar essa estrutura sob à luz da GramáticaGerativa. Nesse sentido, o estudo dessa estrutura se desenvolverádiferentemente dos já realizados por abordar o caminho proposto por Taralo eKato (1989): a Harmonia Trans-sistêmica que segundo os autores “resgata acompatibilidade entre as propriedades paramétricas do modelo gerativo e aspossibilidades do modelo variacionista, seja para provar seus espelhamento ereflexo, seja para realinhar um modelo em função do outro”.

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A formação das palavras na NGB: análise crítico-contrastiva daterminologia gramatical

Kelma Gomes Mendonça GHELLI

O objetivo desta pesquisa é a elaboração de um estudo sistemático, reflexivo ecrítico da terminologia consignada pela NGB, quanto aos processos de formaçãode palavras e dentro deste quadro geral de formação sugerir uma atualização eproposta lingüística a respeito dos novos processos criados e ainda nãoconsignados. O nosso estudo terá, assim, como ponto de partida a descrição eanálise dos diferentes enfoques dados à questão terminológica, pois através deum retrospecto histórico pudemos constatar que, mesmo sofrendo influênciasde diferentes correntes teóricas, a Nomenclatura Gramatical, em vigor, ofereceuma abordagem desatualizada que vem minimizar as dificuldades advindasquando da sua aprendizagem. Assim, faz-se necessário analisar criticamente osdiferentes enfoques dados por gramáticos e lingüistas ao estudo da terminologiano tópico: Formação de Palavras. As nossas hipóteses de trabalho partem doproblema de que a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) é o resultadode uma representação que se convencionalizou e formalizou-se a partir doscritérios etimológicos, históricos e culturais. Após anos e anos e, principalmentecom os avanços dos Estudos Lingüísticos podemos perceber que as mudançasocorridas na língua recaem, portanto, de se buscar uma reformulação eatualização mais científica. Partimos pois, das lacunas encontradas na NGB etambém da análise dos processos de formação de palavras. O presente trabalhocaracteriza-se, metodologicamente, como um estudo compilativo, por envolverabordagens de diferentes estudiosos do assunto. Caracteriza-se ainda, comouma pesquisa de caráter descritivo, em que procuraremos descrever e comparartendências e diferenças, identificar incoerências, buscar generalizações teóricase práticas que possam contribuir para o ensino produtivo da terminologiagramatical em questão. Investigaremos a maneira mais específica, a questãoterminológica à luz da Morfologia Estrutural buscando uma possível atualizaçãoda NGB e elaborando uma proposta atualizada cientificamente sobre a formaçãodas palavras em Língua Portuguesa.

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O uso do tópico na língua oral e escrita: uma abordagemsociolingüística

Maria Luísa Aparecida Resende MARTINS

Sabe-se que a Gramática Tradicional registra apenas construções da normaculta (padrão), deixando de observar a riqueza da língua portuguesa coloquialespontânea no uso diário, como por exemplo, as construções de tópico. Mas,desde os estudos de Ross (1967), o fenômeno do SN (sintagma nominal)externo e inicial à sentença vem despertando a curiosidade dos lingüistas e,atualmente, a minha, em particular. Assim, com base na SociolingüísticaLaboviana e na proposta da Harmonia Trans-sistêmica de Tarallo e Kato (1989),pretendo investigar a ocorrência das estruturas TOP SVO em textos orais eescritos, bem como a que elementos os tópicos se referem em sentenças SV(Ø). Utilizando a Sociolingüística Laboviana será possível sistematizar a variaçãoexistente e própria da língua falada, permitindo: um levantamento de dados dalíngua falada e escrita para fins de análise; a descrição detalhada da variável emquestão, acompanhada de um perfil complexo das variantes que a constituem;a análise dos possíveis fatores condicionadores (lingüísticos e não-lingüísticos)que favorecem o uso da variante e a projeção histórica da variável no sistemasociolingüístico da comunidade. E a Harmonia Trans-sistêmica indicará, sobmaneiras várias e variadas, o alcance dos resultados e generalização e poderexplanatório das análises via propriedades e/ou probabilidades, todascompatíveis entre si.

O léxico indianista em José de Alencar: uma análise parcelar

Maria Virginia Dias de ÁVILA

Considerando que o léxico é o nível que melhor registra as marcas sócio-culturais de uma determinada comunidade, é nesse nível que vamos encontrarelementos essenciais para que possamos caracterizar a forma de pensar de umdeterminado grupo. Na literatura, podemos encontrar elementos quecaracterizam uma época e a forma como um determinado grupo concebe omundo. Estudar o léxico indianista em José de Alencar é registrar esse materialsignificativo de nossa romanesca literatura nascente. É estudar também a cultura

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de uma época, já que, segundo Câmara Jr. (1965), “a língua se apresentacomo um microcosmo da cultura. Tudo que esta possui, se expressa através dalíngua”. As experiências são expressas lingüisticamente por meio das palavras.Uma palavra pode sempre evocar tudo quanto seja suscetível de ser-lheassociado. Sendo assim, a manifestação dessas palavras representa uma gamade signos que fluem, revelando de cada época, o saber, o criar, o agir, o fazerde uma determinada comunidade. Esse dinamismo, próprio da língua, éresultante de sua capacidade de expansão e/ou retração provocada pelanecessidade dos grupos de representar e de exteriorizar um signo, ou umasérie de signos. Ao marcar-se por fatores sociológicos e culturais e por estarligada à comunidade que a possui, a língua apresenta-se em constantemovimento. Isso faz com que todo aquele que queira desenvolver um tema aela ligado deve estar atento a essa estreita relação existente entre comportamentolingüístico e o social. Como o léxico está diretamente relacionado com a formade representar o mundo, e, portanto, todo o conhecimento adquirido cristaliza-se no vocabulário, a língua representa um dos mais importantes valores dacultura. As palavras servem ao presente, mas falam do passado, revelando aspeculiaridades da formação de seus usuários. Assim sendo, pesquisar o léxicoindianista em José de Alencar, especificamente nas obras Iracema, O Guaranie Ubirajara, permitirá conhecer e resgatar parte da cultura brasileira por meiodo vocabulário indígena, bem como o efeito de sentido pretendido pelo autorao empregar tão abundantemente esses temos em suas obras. A nossa escolhapara a realização desta pesquisa, o léxico indianista em José de Alencar: umaanálise parcelar, deveu-se ao fato de não existir obras específicas sobre esteassunto, como também pelo fato de haver necessidade de levar aos interessadosna cultura brasileira e na obras alencarianas, informações claras e ordenadas,por meio dos termos pesquisados e definidos pelos dicionários: Dicionáriohistórico das palavras portuguesas de origem Tupi de Antônio Geraldo da Cunha(1998); Vocabulário tupi-guarani português de Francisco Silveira Bueno (1982);Dicionário da língua Tupy de A. Gonçalves Dias; O Tupi na geographia nacionalde Theodoro Sampaio; Dicionário Tupi-português de Luiz Caldas Tibiriçá.Consideramos também importante esta pesquisa, pois apresentaremos os termosindígenas analisados, abordando os aspectos concernentes ao traço sêmicoempregado pelo autor contrastando com os dicionários de exclusão.

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O neologismo “ad hoc” nos textos opinativos do JornalFolha de São Paulo

Marília Cândida RODRIGUES

O léxico de uma língua é um sistema in fieri, estando em permanente renovação.Interessamo-nos pelo estudo desse eterno devir e nos propusemos a analisarum tipo específico de neologismo: O “ad hoc”, ou seja, o item lexical efêmero,ocasional, que não se fixa na língua. Para tanto, nos fundamentamos teoricamentenos postulados da Lexicologia, especificamente em GUILBERT (1975), e daMorfologia Derivacional. Procuraremos, em nossa pesquisa, descrever e analisareste tipo de neologismo presente nos textos opinativos do Jornal Folha de SãoPaulo, considerando que a criação do “ad hoc” possui uma natureza inconsciente:o criador orienta-se por modelos pré-estabelecidos no sistema lingüístico ounas normas da comunidade a que pertence. Para procedermos às nossas ilaçõesem relação a isso, fundamentaremo-nos na teoria da tripartição Sistema-Norma-Fala proposta por EUGÊNIO COSERIU. Também classificaremos oneologismo “ad hoc” de acordo com os Processos de Formação de Palavrasda língua portuguesa, bem como os analisaremos em relação aos efeitos desentido que produzem, a partir da proposta teórica dos Funcionalistas do Círculode Praga. A importância de nosso trabalho reside na necessidade deconhecermos nosso léxico, o qual reflete nossa cultura, nosso modo de organizare reorganizar o mundo biopsicossocial.

Os clíticos reflexivos no português brasileiro: uma abordagemsociolingüística

Neide da Silva Souza MELO

Um aspecto da diferença entre o Português Brasileiro e o Português Europeu éo uso do clítico reflexivo de terceira pessoa nas sentenças produzidas pelosfalantes. Enquanto o clítico reflexivo se é de uso obrigatório em contextos doPortuguês Europeu, no Português Brasileiro, em determinadas situações, elenão é empregado ou tem uma forte tendência a desaparecer. É muito comumem nosso cotidiano frases como: “Ele divertiu muito” ou “João cortou com afaca.” Um outro aspecto que chama a atenção no PB é a substituição do clíticoreflexivo se pelo pronome ele em sentenças, como na seguinte situação: “O

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menino machucou ele com a faca”. Neste exemplo, o pronome ele refere-se aomenino, pois comporta-se como uma anáfora. Essa tendência dodesaparecimento e constante substituição do clítico reflexivo por novas formasnos faz crer que o PB, em relação a outras línguas românicas, apresenta umcomportamento bastante particularizado. O objetivo de nosso estudo é, portanto,investigar até que ponto tais pronomes são ainda empregados no PB e investigaros traços que caracterizam um clítico e um pronome com base naSociolingüística Quantitativa Laboviana que visa, principalmente, sistematizara variação existente na linguagem. E também na perspectiva da HARMONIATRANS-SISTÊMICA, modelo que resgata a compatibilidade entre aspropriedades paramétricas do modelo gerativo e as possibilidades do modelovaricionista. Para dar conta do objetivo proposto, realizaremos a investigaçãosobre o uso do clítico reflexivo de terceira pessoa em textos orais e escritos deinformantes a serem definidos e selecionados, e em revistas e jornais decirculação nacional.

O neologismo no Pasquim: uma análise parcelar

Rosana Fernandes Gonçalves PEREIRA

A palavra é desveladora de valores, ideologias, intenções, origem e estilo deseus usuários. Delas, eles se utilizam e elaboram sistemas conceitual e valorativonum processo contínuo de construção e representação da realidade. Certamentevenha daí o fascínio em trabalhar com o léxico, que é o subsistema mais dinâmicoda língua, capaz de configurar lingüisticamente o que há de novo e de resgataro passado. Objetivando um estudo lingüístico que contemple não só o léxico,mas a relação sujeito e sociedade é que pretendemos desenvolver esta pesquisaque visa a demonstrar a criação lexical registrada no Pasquim dos anos 70,período especialmente difícil em nossa história, época em que a manipulaçãoda palavra teve uma importância muito grande no processo de busca daliberdade de expressão. O tema está ligado à natureza social da linguagem, dapotencialidade criadora dos usuários de uma língua, imbricados numa relaçãode semiose em que concorrem cultura, criatividade e visão de mundo. Aopesquisar o corpus em questão, não estaremos apenas registrando os termospara comprovar o fenômeno da criação lexical ou averiguar os mecanismos deformação dos mesmos, estaremos mais do que isso, fornecendo subsídiosrelacionados à história, ao modo de vida e à maneira como aquele grupo social

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concebia o mundo. A elaboração de um glossário de termos neológicos,respaldado pelos referenciais teóricos da lexicologia, lexicografia e dos estudossobre língua, cultura e sociedade pretende, num recorte temporal que vai dejun. de 1969 a dezembro de 1970, inventariar termos significativos para aleitura da sociedade da época e para a compreensão da mudança e dinamismoda língua. Assim, a pesquisa se justifica e contribui não só para o estudo doprocesso neológico, mas também para a valorização e resgate desse materialsignificativo, que numa época de ‘vazio cultural’ e repressão, renovou a imprensajornalística da época deixando seu legado até hoje.

A aplicação da terminologia na elaboração de um glossário:os termos da surdez

Sandra Maria da COSTA

O estudo realizado tem o objetivo fundamental de elaborar um glossário,contendo 300 termos da língua de especialidade dos surdos. Para isso, utilizamosos fundamentos teórico-metodológicos da Terminologia. O trabalho final dapesquisa, o glossário, destina-se aos usuários da terminologia da surdez, comoaudiologistas, fonoaudiólogos, técnicos em aparelhos de amplificação sonora,indústrias fabricantes de aparelhos para surdez, professores, familiares e opróprio surdo.  Palavras-chave: Terminologia, termo, surdez.

Aquisição do vocabulário e a teoria dos campos lexicais

Sheila de Carvalho PEREIRA

O conhecimento do vocabulário é um dos fatores determinantes que contribuempara a compreensão de textos e não se reduz à questão do número de palavrasdesconhecidas ao aluno e muito menos ao conhecimento e compreensão decertos conceitos. Nenhuma dessas questões leva o aluno à percepção da palavracomo unidade portadora de significado e conseqüentemente uma unidade deapoio para a construção desse significado. Este projeto de pesquisa tem comoobjetivo fundamental o ensino do vocabulário, utilizando a teoria dos camposlexicais, instrumento valioso para a aprendizagem de línguas. Partindo da análise

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de diferentes livros didáticos, principal instrumento de ensino – aprendizagemna escola, verificamos que, na maioria das vezes, o aluno está limitado a consultarum dicionário ou o glossário que se encontra ao final do livro e que geralmenteapresenta uma única acepção. As questões relativas à sinonímia, por exemplo,não permitem que o aluno perceba que não há sinonímia absoluta entre aspalavras, uma vez que nem todos os elementos de significação importantes emuma palavra são transmitidos aos seus sinônimos. O mesmo acontece com asoposições de significado que ocupam também um lugar de destaque no livrodidático. As antonímias limitam-se a palavras onde as relações estão implícitasna própria palavra. Por exemplo: diferente e igual. Precisamos ensinar aspalavras a partir de uma série de relações que elas mantêm com outras palavras.Neste sentido, esse projeto buscará levantar problemas relacionados àpedagogia do léxico e contribuir para o enriquecimento e adequação do ensinodas atividades de linguagem dos alunos do Ensino Fundamental.

A alternância entre o pretérito imperfeito do indicativo e do futuro dopretérito em orações condicionais

Tatiane Alves Maciel BARBOSA

Dentre as várias possibilidades de variação em estruturas da língua portuguesa,temos especial interesse na alternância das formas verbais nas condicionais.Nelas, os tempos verbais utilizados são diversificados em vários contextos defala e escrita. Por esta razão, a autora deste projeto investiga os fatores quecondicionam o uso do pretérito imperfeito do indicativo e/ou o futuro do pretéritoem orações condicionais, como, por exemplo, “Se eu pudesse, trocava desala” e/ou “Se eu pudesse, trocaria de sala.” Tapazdi e Salvi (1998) mostramem pesquisas que o tamanho da sentença ou mesmo a ordem que a oraçãoocupa no período possibilitam um ou outro uso dos tempos verbais em questão:o pretérito imperfeito do indicativo ou o futuro do pretérito. Deve-se investigar,portanto, se a prótase ou apódose levam o indivíduo a usar determinado tempoverbal com as referidas orações. Além do tamanho e ordem das orações, ograu de formalidade presente na oração condicional, parece ser fator relevantepara o emprego de um ou outro tempo verbal. O presente projeto serádesenvolvido seguindo os parâmetros metodológicos da SociolingüísticaLaboviana, que relaciona língua e sociedade e possibilita uma sistematização

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da variação existente. Segundo Tarallo (1990), “o modelo de análise propostopor Labov apresenta-se como uma reação à ausência do componente socialno modelo gerativo”. A autora deste trabalho pretende desenvolver as análisesa partir de textos narrativos orais de crianças, jovens e adultos de uma escolada rede particular desta cidade. Além disso, a proposta de Tarallo eKato(1989), “a Harmonia Trans-sistêmica” servirá de modelo teórico-práticopara o desenvolvimento dessa pesquisa. Os autores consideram que a HarmoniaTrans-sistêmica “resgata a compatibilidade entre as propriedades paramétricasdo modelo gerativo e as possibilidades do modelo variacionista, seja para provarseu espelhamento e reflexo, seja para realinhar um modelo em função do outro.”É interessante ressaltar a importância dos modelos teóricos referidos para odesenvolvimento deste trabalho e declarar, conforme Rocha (1998), que “osdois modelos são complementares e não excludentes.”

O léxico criptológico dos “laranjas”, em Foz do Iguaçu, áreafronteiriça Brasil – Paraguai – Argentina

Vera Lúcia Dias dos Santos AUGUSTO

O trabalho, que ora se desenvolve, constitui-se de uma pesquisa lexical decaráter empírico, tendo por objetivo principal levantar o léxico usado por umgrupo sócio-profissional, localizado no município de Foz do Iguaçu, no estadodo Paraná – Brasil, área fronteiriça com Paraguai e Argentina. O materiallingüístico coletado está sendo analisado segundo as concepções teórico-lingüísticas de Coseriu (1979), Vilela (1979), Barbosa (1989), Biderman (2001),entre outros; e quando se tratar de estudos sobre léxico (lexicologia, lexicografia)e campos lexicais Guilbert (1972), Alves (1994) e outros. A pesquisa constade uma coleta de dados calcada em uma variável sócio-profissional, tendo porcaracterística um léxico constituído de palavras e expressões de uso própriode uma atividade profissional constituída há cerca de vinte anos, época dotérmino de uma das etapas da construção da ITAIPU – BINACIONAL,momento que ficou um grande número de pessoas desempregadas. Não tendooutro recurso constituíram uma “nova” classe de trabalhadores naquela regiãoestendendo-se a diversas regiões do Brasil, que em princípio chamavam de“economista da fronteira” que se propunham a fazer ”turismo compras”, maistarde vindo a constituir-se em grande número e serem identificados por

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“laranjas”. A língua, por ser o elemento que realiza o processo de interaçãoentre o indivíduo e o seu seio social, está permanentemente exposta às contínuasalterações e inovações que ocorrem na sociedade. O reflexo dessasmodificações é sentido, por sua vez, e se amolda para acompanhar o ritmofrenético do progresso nas diversas áreas do conhecimento humano, cumprindoassim o seu papel, expressar a realidade através de signos lingüísticos. Nesteprocesso de adaptação língua e sociedade unem-se de maneira indissociável,sendo uma o reflexo da outra. Podemos facilmente constatar que numacomunidade não existe homogeneidade lingüística, existem variações lingüísticas,quer no plano estrutural da língua (fonético, morfossintático e léxico) quer noplano extralingüístico (contexto geográfico e social). Apesar disso, detectamosna língua um cerne comum, que fica imune a variações, através do qual osfalantes realizam a intercomunicação. Coseriu (1979) já nos afirmava que umalíngua histórica não é um sistema lingüístico, mas um diassistema, de cujaconstituição participam dialetos, níveis e estilo de língua. Partindo então dessecaráter diassistemático da língua, a rede de subsistemas, portanto, comportarávariações de natureza fonético-fonológica, morfossintática, semântica e lexical,de acordo com a sucessão histórico-cronológica dos tempos, através dasvariações diacrônica; em conformidade à especialização geográfica por ondeessa língua encontrar falantes, através das variações diatópicas; segundo aestratificação social, através das variações diastráticas e relativos à situaçãodiscursiva ou de estilos, através das variações diafásicas. O vocabulário emuso desse grupo sócio-profissional investigado – os “laranjas” revela uma feiçãointeressante na medida em que se faz constituir de unidades lexicais pertencentesà língua comum e de unidades lexicais pertencentes a outras línguas(principalmente o inglês e o espanhol), visto que o grupo mantém contato diretona fronteira com diversas culturas e raças, quando do exercício da profissão.Considerando-se quando o sistema de signos e regras de uma língua éempregado com um fim particular e restrito, como nomear objetos, instrumentos,ações, comportamentos, situações ou atividades próprias de grupos sócio-profissionais existentes numa determinada comunidade lingüística ou, quandoempregado por grupos marginais, com a intenção de criar uma barreiracomunicativa entre os demais membros dessa comunidade com o intuito denão serem entendidos gerando uma linguagem de cunho criptográfico,objetivando ocultar atividades ilícitas, estamos diante, portanto, de um tecnoletofreqüentemente denominado linguagem de especialidade, forma decalcada dofrancês langue de spécialité. Por isso, entende-se que uma pesquisa dessa

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natureza, não só traça um perfil delineado da relação língua/cultura/sociedade,como constitui um efetivo campo de estudos sobre os usos do sistema lingüísticoempregado por um determinado agrupamento sócio-profissional. Além disso,acredita-se que pesquisa dessa natureza pode apresentar uma contribuição nocampo dos estudos lexicológicos e lexicográficos, por se tratar do léxicoespecífico de determinada comunidade, em que palavras e expressões que sãocomuns a ela, ainda não têm seu registro em dicionários, ou encontram-sedicionarizadas com outra(s) acepção(ões).

Lingüística de corpus e estudos morfossintáticos e lexicaiscontrastivos: subsídios para o tradutor, para o lexicógrafo

e para o professor

Waldenor Barros MORAES FILHO

O uso da informática e a criação de bases de dados acessíveis via rede tiveramgrande impacto na elaboração de obras lexicográficas e no acesso ao acervo,oral e escrito, de comunidades lingüísticas. Enquanto que os primeiros dicionárioseram resultado de projetos de vida de alguns estudiosos que passavam seusdias coletando dados em fichas impressas, baseadas essencialmente na normaculta estabelecida, atualmente as obras lexicográficas baseiam-se em basesdinâmicas, representativas da língua em uso. As mudanças decorrentes dasnovas tecnologias exigem do pesquisador, portanto, um outro tipo deposicionamento em relação aos seus objetos de estudo e o impulsionam arever seus métodos e procedimentos, especialmente no tocante ao levantamentoe processamento de dados lingüísticos. O computador e as tecnologiasassociadas tornaram-se, assim, fundamentais para o armazenamento erecuperação de grandes volumes de dados quantitativos e qualitativos dificilmenteprocessados manualmente. Este projeto propõe, por meio do acesso a basede dados e do uso de softwares específicos, desenvolver estudos que venhamcontribuir para o fortalecimento da Lingüística de Corpus e de revitalizar estudoscontrastivos e trabalhos que demonstrem a regularidade e sistematicidade dasestruturas lexicais e textuais, buscando identificar aspectos de produtividadelingüística. Pretendemos, portanto: i) criar condições para a sistematização deuma base local de textos, para pesquisas do léxico, com acesso a softwares eoutras bases de dados de textos em língua portuguesa e em inglês; ii) levantar ecompor bibliografia e softwares nas áreas de Lingüística de Corpus e de estudos

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léxico-semânticos-morfossintáticos contrastivos; iii) proceder à análisecontrastiva de campos léxico-semânticos a serem definidos, buscando identificare compreender: a) identidades e diferenças com relação à categorização enomeação nas duas línguas e culturas; b) o uso polissêmico, conotativo e demetáforas conceituais e seu registro lexicográfico; c) as co-ocorrências léxicase sintagmáticas, por meio de levantamentos de concordâncias e colocações; d)neologismos e processos produtivos de formação de sentido, identificando eclassificando processos de criatividade lexical. Acreditamos que estudosdecorrentes de levantamentos em bases de dados lingüísticos poderão contribuirpara análises de estruturas morfossintáticas e lexicais, bem como na identificaçãode um sistema conceitual subjacente às produções lingüísticas de lexiasanalisadas. Pretendemos, assim, identificar aspectos lexicais, morfológicos,gramaticais, culturais e lingüísticos significativos, que nos forneçam subsídiospara a compreensão dos sistemas conceituais presentes no universo cognitivo,estruturados nos campos léxico-semânticos analisados.

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RESUMOS

LINHA DE PESQUISA:

Estudos sobre texto e discurso

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Materialidade discursiva em Ferreira Gullar: a constituição do sujeitoe do sentido pela metapoética

Adriana Naves SILVA

O trabalho em questão refere-se a um projeto de pesquisa cujos objetivosconsistem em: 1) fundamentar teoricamente a interface entre os estudos textuais-discursivos e o discurso poético, segundo propriedades comuns a esses camposdo conhecimento; 2) investigar a constituição do sujeito e do sentido, que se(re)elaboram continuamente na obra referendada; 3) investigar as formaçõesideológicas e discursivas que caracterizam esse mesmo discurso; 4) explicitar,a partir do corpus, a organização dos elementos lingüísticos que permitemcompreender não somente a constituição do sujeito e sua relação com a função-autor como também a materialização do sentido, em consonância com asformações discursivas e ideológicas em que tal discurso se inscreve. A relevânciadesse projeto de pesquisa manifesta-se em sua natureza interdisciplinar. A análisedo discurso de linha francesa, referencial teórico apontado, caracteriza-se comocampo do saber de constituição recente, cuja fundamentação deu-se a partirdas seguintes áreas: a) do materialismo histórico, b) da Lingüística, c) da teoriado discurso. Todo esse referencial é atravessado pela teoria da subjetividadede natureza psicanalítica, explicitadora da ilusão do sujeito que acredita serfonte de todo sentido e responsável pelo que diz, quando na verdade é constituídopelo inconsciente e pela ideologia. Fundamentam essa discussão leituras dePêcheux, Bakhtin, Authier-Revuz, Foucault, Indursky e Orlandi. Para aconsideração do discurso literário (especificamente o poético), subsídios forambuscados em Lefebve, que caracteriza o ato de escrever como um projeto semoutro fim que não ele mesmo; por isso, o discurso literário é gratuito, fala sozinho,não se dirigindo a nenhum interlocutor em especial. Na obra literária, dá-se ainterseção de dois movimentos opostos: o dobrar-se sobre si mesma(materialização) e o abrir-se para o mundo interrogado na sua realidade e nasua presença (presentificação). Assim, através da análise do mecanismo literárioque reside na dialética materialização-presentificação, espera-se compreendera constituição do sujeito e do sentido. Acredita-se que leituras de Borgestambém contribuirão para a compreensão da literatura e da poesia em suasmanifestações discursivas, leituras essas ainda em andamento. A escolha docorpus apontado para esse trabalho justifica-se por ser o seu autor consideradoo maior poeta brasileiro vivo, cuja vasta produção (que compreende poesia

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concreta, cordel, poesia social e ensaios críticos e sociológicos, dentre outrosgêneros) apresenta inúmeros aspectos ainda não investigados. Visto que a obraescolhida compreende mais de quarenta anos de produção, a ênfase recai sobreos poemas de cunho metalingüístico produzidos nos últimos vinte anos, conformeexemplifica o trecho que se segue: “Todo poema é feito de ar/ apenas:/ a mãodo poeta/ não rasga a madeira/ não fere/ o metal/ a pedra/ não tinge de azul/ osdedos/ quando escreve manhã/ ou brisa/ ou blusa/ de mulher./ O poema/ é semmatéria palpável/ tudo/ o que há nele/ é barulho/ quando rumoreja/ ao sopro daleitura.” (poema Barulho)

Práticas identitárias e o ensino do Português e do Inglês no contextoda escola pública no Brasil

Alice Cunha de FREITAS

O presente estudo está ancorado no arcabouço teórico da Lingüística Crítica eda Pragmática, e teve como objetivo principal investigar questões relacionadasàs práticas identitárias no contexto de ensino de línguas no Brasil, maisespecificamente o ensino do Português como língua materna (LP) e do Inglêscomo língua estrangeira (LI), no âmbito da escola pública. Buscamos investigaraté que ponto os padrões da escola pública no Brasil conseguem lidar comquestões relacionadas aos processos de identificação com as duas línguas, deforma consciente e crítica. Um desdobramento obrigatório desta questão estárelacionado às dimensões ética e política ligadas ao ensino das duas línguas.Assim, nosso segundo objetivo foi o de investigar até que ponto alunos eprofessores estão conscientes dos aspectos ideológicos, políticos e éticos queestão atrelados ao ensino das duas línguas, e até que ponto estas dimensõesestão sendo trabalhadas nas escolas.

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O foco, o tópico e o argumento: um estudo sobre produção escrita emlíngua francesa

Ana Rosa LEONEL

O desenvolvimento dessa pesquisa objetivou analisar textos produzidos emLíngua Francesa, por graduandas dos últimos períodos de um curso de Letrasnoturno que optaram pelo francês como Língua Estrangeira. O corpus analisadofoi constituído por 10 textos dissertativos, com característicaspredominantemente argumentativas. Inicialmente, analisei os títulos dos textose realizei sua classificação, objetivando verificar a ação dos mesmos no processode focalização (recorte, delimitação) do tema proposto: Le progrès: un couteauà deux tranchants. Destaquei e analisei os elementos lingüísticos utilizados pararealizar a coesão textual, a fim de verificar se contribuíram para promover oencadeamento entre as partes do texto, colaborando (ou não) para a efetivaçãoda coerência, tanto no nível local – a microestrutura – quanto no nível global –a macroestrutura textual. Finalmente, detive-me na análise da elaboração dosargumentos, objetivando analisar o seu funcionamento na tessitura daargumentação desenvolvida pelas produtoras, para defender o ponto de vistaadotado. Priorizei os seguintes aspectos: a) Objetivo: é perceptível para o leitoro que as autoras desejavam fazer a partir de seu texto, isto é, buscaram conseguira adesão do leitor para convencê-lo e persuadi-lo? b) Tese: há evidências deum posicionamento favorável ou contrário das produtoras relativamente àasserção-tema? Este posicionamento foi apresentado com clareza e estásuficientemente fundamentado, isto é, há fatos, dados e/ou exemplos relevantespara sustentar a tese? c) Focalização (ou recorte): a perspectiva assumida paradiscutir o tema proposto foi mantida? d) Informatividade: as expectativas doreceptor foram satisfeitas, ou seja, o texto apresenta um equilíbrio entre o queé conhecido/previsível e a quantidade de informação nova? Para a realizaçãodessa pesquisa, busquei fundamentação teórica na Lingüística Textual,notadamente nos estudos realizados por Halliday e Hasan (1976,1989);Charolles (1978,1983); Koch (1991,1997); Koch e Travaglia (1991,1995),Marcuschi (1983); Neis (1985); Hasan (1984); Widdowson (1978); Val(1992), Réichler-Béguelin (1990) et Dahlet (1994a,b).

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Hilda Hilst e Bufólicas: uma (des) (re) construção dafábula e do conto de fadas

Ana Silvéria VAZ

O presente trabalho trata-se de um projeto de pesquisa para a elaboração dedissertação de mestrado. Ainda em andamento, tem como corpus de análise,Bufólicas, da autora brasileira, Hilda Hilst. Em Bufólicas, Hilda Hilst usa aestrutura da fábula, parodiando os contos de fada, ao mesmo tempo em que osdesconstrói dando-lhes uma nova e inusitada moral que torna hilária a moralsocial do leitor, levando-o a repensar valores, cobranças e comportamentossociais tidos como politicamente corretos em diferentes situações. Na produçãopoética de HH, encontram-se personagens consagradas dos contos de fadasdestituídas de um discurso moralizante e/ou edificador, ou seja, os valores moraiscomuns aos contos de fadas e às fábulas são recontextualizados nos poemasda autora, adquirindo uma nova “roupagem” discursiva, subvertendo,parodicamente, o sentido moralizante e instaurando um outro discurso. Estetrabalho tendo a obra Bufólicas como corpus, a partir de alguns conceitosadvindos da Análise do Discurso de linha francesa, perpassando por discussõessobre história, memória e ideologia, pretende desvelar situações próprias doimaginário coletivo, ao mesmo tempo em que idéias contraditórias poderão virà tona, porque HH escreve sobre um rei gay, uma rainha frustrada porque nãopossui pêlos nas genitálias, uma maga sádica, Chapéu e sua vovó promíscuaque contracena com um lobão gay, um anão com a genitália superdotada e umafada lésbica; personagens do conto infantil que povoam a memória dos adultose na obra de HH adquirem características inusitadas, remontando ainterdiscurso(s). De acordo com Pêcheux, apud Gregolin, a formaçãodiscursiva determina – a partir de uma formação ideológica (de uma certaconjuntura, determinada pelo estado da luta de classes) –, “o que pode e deveser dito”. Assim, palavras, expressões e proposições obtêm seu(s) sentido(s)de acordo com a formação discursiva na qual são produzidas. Dessa forma, alíngua é a base comum de processos discursivos diferenciados. Nessasconsiderações, o trabalho justifica-se pela análise dos elementos interdiscursivoscom os quais Hilda Hilst constrói a “nova fábula”, ou o “novo conto de fadas”e, ao mesmo tempo, como desconstrói, pela paródia, a fábula ou o contoantigo. Com essa análise, verificar-se-á como o discurso poético de Bufólicasinstaura esse conflito de vozes e quais os efeitos de sentido produzidos nos

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poemas da autora em questão. Tal colocação remonta-nos ao conceito deformação discursiva que, segundo Pêcheux, não corresponde a um espaçoestrutural fechado, pois, nela, há uma série de formulações, de enunciaçõesdispersas que se repetem, parafraseiam-se e transformam-se. Assim, a cadaformação discursiva subjaz outras formações. É esse o espaço do interdiscursoatravés do qual há, sob a materialização da língua, aspectos que lhe são exteriorese anteriores concebidos na existência histórica e material das ideologias.Portanto, a partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linhafrancesa pretende-se explicitar a interdiscursividade dos poemas de Bufólicase os procedimentos de apropriação, subversão e ruptura neles materializados.

Dialogismo e polifonia em Goethe e Freud

Ana Valéria Zelante MENEGASSO

Esta comunicação visa apresentar parte de um projeto de pesquisa que estudaa questão do dialogismo e da polifonia entre duas obras literárias. Uma obraliterária é um elo na cadeia da comunicação verbal, pois, “do mesmo modoque a réplica do diálogo, ela se relaciona com outras obras-enunciados: comaquelas a que ela responde e com aquelas que lhe respondem” (BAKHTIN/VOLOSHINOV,1992, p. 298). É neste diálogo entre obras que se fará orecorte tomado como foco de investigação alguns aspectos de uma obra deSigmund Freud, fazendo uma interface com a obra “Fausto”(1959) de Göethe.

Professor: sujeito leitor?

Anair Valênia Martins DIAS

O objetivo principal deste trabalho é observar como se processa oatravessamento da história de leitura no discurso do professor de leitura doensino fundamental da Rede Municipal de Ensino, e as influências desteatravessamento na constituição do professor como sujeito-leitor. Na abordagemteórica, adotamos os conceitos advindos da Análise do Discurso de linhafrancesa. No desenvolvimento do nosso trabalho, observamos que há umimaginário de professor-leitor-ideal que advém dos PCNs, dos alunos, dasociedade, e até mesmo do próprio profissional. Ocorre que esse professor-

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sujeito-leitor não corresponde necessariamente a essas expectativas que lhessão impostas. Assim, temos que espera-se do professor que este seja um modelode leitor quando, na verdade, pela série de fatores que constituem a sua históriade leitura, ele não se configura nesse modelo esperado. Isso se justifica umavez que esse professor é idealizado não se levando em conta que ser professorconstitui apenas uma das dimensões de sua identidade. Por outro lado,perguntamo-nos: o professor tem consciência da posição ocupada por ele comosujeito-leitor e as implicações dela decorrentes?

O uso de “então” e “por isso” no português falado

Arlete de FALCO

Neste trabalho investigaremos o uso de “então” e “por isso” no portuguêsfalado, fazendo um confronto entre a realidade do Brasil de Portugal no usodesses itens uma oscilação entre as categorias de advérbio e conjunção: comoelementos articuladores do discurso, ambos podem atuar ligando proposiçõesou partes maiores do texto. O que se busca investigar é se está havendo umaespecialização de uma das formas sobre a outra, indicando mudança lingüística.Realizaremos o trabalho utilizando dois corpora distintos: um para o portuguêsbrasileiro, outro para o português Europa compor o corpus brasileiro namodalidade de língua oral, partiremos de um recorte na cidade de Itumbiara,com amostras de linguagem obtidas em entrevistas, com informantes pertencentesà faixa etária e classe social diferenciadas. Entrará também no corpus de línguaoral textos do projeto NURC para o corpus de língua escrita usaremos textosrepresentativos da modalidade formal, extraídos de jornais e revistas decirculação nacional, como folha de São Paulo, veja, isto é e época. Para acomposição do corpus oral do português europeu usaremos textos da amostrade dados da universidade de Lisboa; para a composição do corpus da línguaescrita, usaremos também textos de jornais e revistas de circulação nacionalem Portugal. A nossa hipótese é que ambos os itens em estudo estão perdendoseu valor adverbial, caminhando em direção a um emprego conjuncional. Nossoobjetivo é realizar a análise e identificar fatores que estão condicionando apossível mudança.

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O imaginário acadêmico de profissionais da linguagem

Carmem Lúcia da SILVA

A pesquisa intitulada “O Imaginário Acadêmico de profissionais da Linguagem”,situa-se, basicamente, na corrente histórico-ideológica da Análise do DiscursoFrancesa filiada, epistemologicamente, ao Marxismo, à Lingüística da Enunciaçãoe à Psicanálise Lacaniana. Desse modo, a imagem de docentes de um curso deLetras de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) sobre ciência,intelectual, universidade e profissional da Linguagem dependerá das formaçõessócio-históricas, ideológicas e discursivas nas quais estão situados. Asconcepções desses profissionais da Linguagem, no que tange aos elementossupracitados, possivelmente são refletidas na prática acadêmica destes e namedida em que o imaginário sócio-ideológico e discursivo de um sujeito éconstituído mediante interações verbais, esses profissionais podem influenciarna constituição de imaginários e de práticas sociais de graduandos em Letrasem formação. Estes poderão interferir na constituição e na prática social deoutros sujeitos que poderão propiciar a permanência ou a alteração da ordemestabelecida sócio-econômica e ideologicamente. Nessa perspectiva, a pesquisade natureza qualitativa, analítico-descritiva e interpretativista. No decorrer destapesquisa perseguiremos os seguintes objetivos: a) Descrever as concepçõessobre ciência, intelectual, universidade e profissional da Linguagem, situandoem quais formações sócio-ideológicas e discursivas essas concepções secircunscrevem. b) Identificar as filiações epistemológicas em que secircunscrevem as concepções supracitadas. c) Analisar os sentidos conceituaisem estudo considerando as circunscrições sócio-ideológicas e discursivas dossujeitos em investigação, de acordo com a área teórica na qual atuam.Hipotetizamos que nem sempre as concepções teóricas dos profissionais daLinguagem, em questão, correspondem às suas filiações epistemológicas emsuas áreas de atuação.

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Tipos de textos empregados com função de argumento emdissertações argumentativas

Carolina Santos MELO

Nosso trabalho terá como objetivo analisar como diferentes tipos de textos(narrativos, descritivos e injuntivos) são inseridos em textos dominantementedissertativos e argumentativos stricto sensu com a função de argumentar. Ocorpus da pesquisa será constituído por editoriais de jornais “Folha de SãoPaulo” e “O Globo”. Buscaremos levantar as funções específicas (microfunções)que esses trechos narrativos, descritivos e injuntivos desempenham nadissertação argumentativa stricto sensu em que estão inseridos. Trabalharemoscom algumas microfunções que levantamos em uma observação prévia, pelaqual pudemos identificar que algumas microfunções são desempenhadas pelostrês tipos de trechos (narrativos, descritivos e injuntivos) e que outras sãodesempenhadas exclusivamente por um ou outro tipo. Assim, detectamos asseguintes microfunções: caracterizar (desempenhadas somente por trechosdescritivos), citar (desempenhada somente por trechos narrativos), comprovar(desempenhada somente por trechos narrativos), concluir (desempenhada portrechos narrativos e injuntivos), condicionar (desempenhada somente por trechosnarrativos), apresentar conseqüência (desempenhada somente por trechosnarrativos), contra-argumentar (desempenhada por trechos narrativos edescritivos), definir (desempenhada somente por trechos descritivos),exemplificar (desempenhada por trechos narrativos e descritivos), explicar(desempenhada por trechos narrativos e descritivos), julgar (desempenhadasomente por trechos descritivos), justificar (desempenhada por trechosnarrativos e descritivos). Verificaremos também, se essas inserções de outrostipos de textos no texto dissertativo são introduzidas por marcas lingüísticasexplícitas, quais são, e seu valor funcional.

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Relações anafóricas em perguntas de compreensão emleitura em língua estrangeira

Daisy Rodrigues do VALE

A complexidade do processo de leitura em língua estrangeira tem atraídolingüistas do mundo todo, que visam uma teoria mais precisa que expliquecomo as pessoas transformam textos em unidades significativas. Em minhaexperiência como professora de língua, surgiu uma pergunta: “Como é que osprofessores ou examinadores elaboram os testes de compreensão em leitura equal é a expectativa deles em relação ao desempenho dos alunos em cada tipode pergunta de compreensão?” Para responder essa questão, elaborei algumascategorias de perguntas de compreensão em leitura, sob a perspectiva daLingüística Textual, baseadas nas relações anafóricas estabelecidas entre oselementos das perguntas e os respectivos referentes textuais. Tal categorizaçãovisou verificar como essa anáfora interfere no desempenho de leitura de alunosde inglês-LE do ensino fundamental e como essa categorização poderia subsidiarprofessores de línguas para classificar perguntas de compreensão em leitura,de acordo com o grau de dificuldade gerado por cada pergunta. Alguns testesforam aplicados para essa verificação resultando numa hierarquização dasperguntas, revelando que a anáfora influencia o desempenho dos leitores nacompreensão das perguntas e na busca das respostas a essas perguntas.

Os processos identitários do professor de língua estrangeira:discurso e ideologia

Eulia Rejane SILVA

Tem sido registrada em diferentes pesquisas realizadas na área de ensino-aprendizagem de línguas uma deficiência nos cursos de formação de professores,que tem como conseqüência uma alienação do professor frente à sua práxis.Parece existir um distanciamento, entre concepções teórico-metodológicas e aprática pedagógica, que não permite explicitar as ideologias norteadoras dessefazer profissional. Ao propor uma análise do discurso de professores de línguaestrangeira pretende-se verificar qual é a ideologia (ou ideologias) em que essesprofissionais se circunscrevem. A observação de aulas de língua inglesa e línguafrancesa e a realização de entrevistas com os respectivos professores constituiu

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o corpus para a análise da materialidade discursiva. Pois, verificar como osdiferentes discursos, dos diferentes professores, se articulam permite perceberos referenciais discursivos mantidos por eles, ainda que de forma inconsciente,como verdades, e influências no processo de ensino de uma língua estrangeira.Todo discurso é a materialização de uma ideologia e pressupõe a existência dediferentes lugares discursivos. No ensino de uma língua estrangeira esses lugaresdiscursivos podem ser observados e analisados para justificar as váriasconcepções teórico-ideológicas constitutivas do discurso do professor alémde demonstrar se, e como, tais concepções interferem no processo ensino-aprendizagem.

Análise do processo de ressignificação na poética de Florbela

Fabíola Cristina MELO

O trabalho em questão destina-se a refletir sobre alguns conceitos básico daAnálise do Discurso, em especial, sobre a noção de sujeito, discurso,interdiscurso, polifonia e efeitos de sentido da morte nos poemas de FlorbelaEspanca. Tendo em vista os movimentos dos sentidos e dos sujeitos,particularmente possibilitados pela incompletude da linguagem, objetiva-se fazeruma análise simultânea da constituição desses sujeitos e dos múltiplos sentidosprovocados pelo lexema morte. A recorrência à morte é uma constância,tornando-se um dos recursos utilizados pelo sujeito como garantia de unidadenos poemas em análise. Assim, os sentidos são construídos em um espaçosócio-histórico e ideológico, fazendo, com isso, emergir outros sentidos. Apoética florbeliana trabalha, enfocando uma temática feminina e questionadora.O sujeito, ao enunciar, evidencia em seus dizeres, marcas de formação discursivasque se entrecruzam, produzindo efeitos de sentido criado pelas múltiplascondições de produção desse sujeito.

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Problemas de tipologia textual em Macário, de Álvares de Azevedo

Fabíola Rodrigues da SILVA

Em Macário, Álvares de Azevedo posiciona-se a respeito de sua própria obrano prefácio, exprimindo uma relutância em caracterizar o texto por ele escrito:Quanto ao nome, chamem-no drama, comédia, dialogismo; não importa. Nãoo fiz para o teatro; é um filho pálido dessas fantasias que se apoderam docrânio e inspiram a Tempestade a Shakespeare, Beppo e o IX Canto de D.Juan a Byron; que fazem escrever Annunziata, e o Conto de Antônia a quem éHoffmann, ou Fantasio ao poeta de Namouna. Ao sugerir os termos “drama”,“comédia” e “dialogismo” para designar a obra Macário, Álvares de Azevedoinstitui um problema tipológico. Constitui, pois, objetivo desta apresentação aproposta de uma classificação para o texto azevediano, resultado de um trabalhoapresentado no Curso de Mestrado em Lingüística da Universidade Federalde Uberlândia, como requisito parcial de avaliação final da disciplina Tópicosem Lingüística IV: Tipologia Textual, ministrada pelo professor Dr. Luiz CarlosTravaglia no primeiro semestre de 2003. A fundamentação teórica utilizadapara tal fim é a dos “tipelementos”, de Travaglia, que distingue elementostipológicos pertencentes a três naturezas distintas: o tipo, o gênero e a espécie.Para uma efetiva classificação dos gêneros literários, é imprescindível analisá-los dentro de uma “perspectiva diacrônica”, como sugere Silva na obra Teoriada Literatura, já que as idéias de Aristóteles, Horácio e Boileau, por um lado,e as de Victor Hugo, por outro, representam dois momentos fundamentais nateoria dos gêneros literários: da obediência a regras pretensamente imutáveisaté a inovação através da inserção do hibridismo dos gêneros e a defesa doprincípio da liberdade na arte. Com efeito, a Poética de Aristóteles é reconhecidacomo uma obra fundamental para o estudo dos gêneros literários e suas reflexõesforam julgadas, durante um considerável tempo, como regras fixas que deveriamser rigidamente obedecidas. Houve um momento, contudo, em que sedemonstrou uma ânsia de ruptura com os cânones clássicos, momento esseque atingiu o ápice durante o Romantismo, quando aspectos como a misturade gêneros e a liberdade de criação poética, antes condenados pelos ditamesda antiga dramaturgia, passaram a ser valorizados. Nesse contexto, o prefáciode Cromwell, “Do grotesco e do sublime”, escrito por Victor Hugo, despontoucomo uma teoria essencial sobre a modernidade do drama, defendendo aoposição às regras clássicas. Assim, inicialmente tais idéias serão destacadas,

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enquanto que em um segundo momento, pretende-se distinguir as formas dedramaticidade e investigar se as mesmas são gêneros ou espécies. Finalmente,deseja-se verificar qual destas formas melhor adaptam-se à classificação deMacário. A tentativa de classificação visa contribuir para a reflexão sobretipologias textuais, reafirmando, nesse sentido, a tendência dos estudos textuaise discursivos que consiste na análise e diferenciação dos diversos textosexistentes em nossa cultura.

A polifonia em Ulisses, de James Joyce: uma análise das vozeshoméricas na narrativa Joyceana

Grênissa Bonvino STAFUZZA

Pode-se observar que a constatação internarrativa das obras Odisséia, deHomero e Ulisses, de James Joyce, possibilita o estudo e posterior identificaçãodas vozes homéricas na narrativa joyceana. Para estabelecer tal diálogo entreas obras destacamos na obra literária moderna Ulisses o interdiscurso,observado como um fenômeno constante em tal obra, marcado, principalmente,pelo lugar discursivo em que se insere o sujeito falante, seja narrador oupersonagem. Assim, pode-se acrescentar que o interdiscurso apresenta-se comoconstituinte de marcas polifônicas, uma vez que estas revelam que um discursose constitui a partir de um emaranhado de vozes que ora se asseveram, ora secontradizem, ora se subvertem, destacando, desse modo, a voz do OUTROna consciência do UM.

Um olhar sobre “A mão de Sancha”

Hermes Honório da COSTA

Um texto diz muitas coisas além dos sentidos que estão postos para ele emdado momento sócio-histórico. Essa consciência e realidade estão pautadasem estudos de Análise do Discurso que apontam para o fato de que os sentidossão instaurados a partir de efeitos de sentidos produzidos na relação dos sujeitosinscritos como interlocutores. Ao ler um texto, além dos sujeitos nele inscritospelas condições lingüísticas do próprio texto, o leitor acaba tornando-se um

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sujeito em potencial na sua relação com o escritor e com os próprios sujeitosdo texto. Neste trabalho, pretende-se examinar o texto Dom Casmurro, deMachado de Assis, a partir de um recorte da obra, focalizado no capítulo 118,e sob as luzes da Análise do discurso, com o objetivo de verificar a constituiçãode um triângulo amoroso Bentinho/Capitu/Escobar e a possibilidade e inscrição,na obra, de um outro triângulo amoroso descrito a partir das relações deBentinho/Sancha/Escobar ou Capitu/Bentinho/Sancha. Essa possibilidade que,acredita-se possível, vai apontar outro ou até outros sentidos para esta obra játão polêmica e tão bem estudada no âmbito da Literatura Brasileira e da Teoriada Literatura. Mas que permite, na condição de corpus de pesquisa e análise,uma abordagem em Análise do Discurso e com conseqüências gratificantespara a compreensão dos sentidos ali presentes e de outros que ainda estão napenumbra das palavras e dos dizeres. Pela inscrição dos sujeitos ali presentes,com suas condições de produção, e pelos discursos instaurados no texto e apartir dele, crê-se, firmemente, que há mais sentidos nos silêncios e nosapagamentos que nos próprios dizeres assinados por Dom Casmurro/Bentinho.Chegando-se à conclusão de que a traição de Capitu ou a psicopatia de Bentinhosão silenciamentos, por excesso, praticados pelo sujeito Dom Casmurro que,provavelmente é sujeito e protagonista de uma história que não deve serenunciada.

A distribuição informacional na organização tópica do texto e o uso darepetição como elo coesivo para a progressão textual

Irma Beatriz Araújo KAPPEL

Em nossa Dissertação de Mestrado “Segmentação Textual, Coesão eDistribuição Informacional na Organização Tópica do Texto” fizemos umaverificação acerca da questão da distribuição da informação (principal esecundária) e o uso da repetição como elemento coesivo (coesão referencial)acima do nível intersentencial na língua portuguesa. Como no ensino de produçãode textos e leitura a importância da distribuição das informações não é expostaaos alunos, exceto nos textos literários, optamos por aprofundar esse estudoem um novo enfoque – o lingüístico, analisando o segmento-tópico, asprogressões linear, de tema constante e de rema subdividido em dois corpus:textos de redação julgados por corretores como bons ou ruins e textos

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consagrados como bons por avaliadores e leitores. A pesquisa para verificaçãodas hipóteses foi dividida em dois momentos chamados de Pesquisa I e PesquisaII, com corpus limitado ao texto escrito tendo em vista as exigências sociaisface ao bom desempenho da escrita formal, em especial o texto dissertativoexigido nas provas de vestibular por encerrarem um ciclo onde o aluno deveráser capaz de expor suas idéias fluentemente. Com este estudo, acreditamos tercontribuído para o desenvolvimento dos estudos textuais sobre a constituiçãodos textos e a influência disso na consideração da boa formação de textos e nainteração entre produtor e recebedor (leitor) do texto, à medida queapresentamos evidências sobre a forma e o papel da distribuição da informaçãonos segmentos, e sobre o valor da repetição ou retomada de sub-tópicos comofator coesivo, de grande valor para a progressão textual, o que faz com que otexto seja considerado como melhor pelos leitores.

O uso de diferentes tipologias e linguagens nas propostas de redação

Irma Beatriz Araújo KAPPEL

A produção textual é uma exigência cada vez maior para a inserção do homemno mundo. Por isso, é necessário que sejamos capazes de escrever a leitura demundo que fazemos nas e por trás das diversas tipologias textuais. Sendo assim,as propostas de redação devem buscar cobrir esse leque variado depossibilidades de escrita, não se fixando em um tipo específico de texto, alémde favorecer ao cidadão a locomoção entre textos que, ora cruzam imagem epalavra, ora privilegiam a palavra em seus diversos usos. Partindo dessa idéia,dois fatos importantes foram detectados por nós na avaliação de redação deprocessos seletivos para o ingresso em universidades: a importância de seoferecer três opções de redação de tipologias diferentes – dissertação, narraçãoe carta argumentativa e não apenas a dissertação, como na maioria dosprocessos de seleção; e a importância do uso de recursos variados, de linguagemverbal e não-verbal, nas propostas de redação, tendo em vista a afinidade docandidato com textos de imagens. Oferecer três diferentes propostas para aredação, com tipologias textuais diferentes amplia as possibilidades por permitirque o candidato tenha a liberdade de demonstrar suas habilidades através daproposta para a qual se sinta mais habilitado, seja pelo tema solicitado ou pelotipo de texto, e desmistifica a idéia de que o candidato só consegue expor

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idéias e se posicionar em um texto, especificamente, dissertativo. SegundoTravaglia (1991), o tipo argumentativo stricto sensu ou argumentativo nãostricto sensu enquadra-se em uma tipologia à parte porque se institui por modosde enunciação caracterizados por perspectivas do locutor/enunciador dadaspela antecipação que ele faz em termos da concordância ou discordância, adesãoou não do alocutário ao seu discurso. Dessa forma, a argumentação poderáser feita através de descrições, dissertações, injunções e narrações o que justificaa adoção de diversas tipologias nas provas de redação. Propor essa diversidadetipológica em processos seletivos é acreditar que a reflexão acerca de temasrelacionados ao exercício da cidadania, exigência primordial do mundocontemporâneo, podem ser trabalhados em qualquer tipologia textual, desdeque o candidato vá além do domínio estrutural da língua e saiba reconhecer eusar os mecanismos adequados à tipologia escolhida para a construção desentido e que possibilite o estabelecimento de uma relação crítica. Acreditamosque, se as universidades querem receber um candidato-cidadão, criativo,reflexivo, que ocupe o seu lugar social e seja capaz de propor soluções, entãoo próprio processo de seleção deve propiciar uma avaliação que oportunizeao candidato manifestar suas habilidades e competências em diversas tipologiastextuais. Outro aspecto que julgamos fundamental é a importância do uso derecursos variados (linguagem verbal e não-verbal) nas propostas de redaçãotendo em vista a interação dos jovens com a linguagem das imagens que ajudaa produzir modos diferenciados de construção do imaginário. A imagem, alémde possibilitar ao candidato a oportunidade de não fazer simplesmente cópiaou paráfrases de textos, assegura ao candidato a entrada no “jogo” que lhepermite exercer a sua “função-autor” (CARMAGNANI, 1998, p. 21).Sustentamos a importância de se valorizar, nas propostas de redação, apluralidade de linguagens e tipologias textuais, já que essas estão no cotidiano.

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Tecendo argumentos em busca dos sentidos

Isaneide Dionísio PEREIRA

Esta pesquisa originou-se da motivação de se estudar as várias relaçõeslingüísticas existentes na poética primitivista de Manoel de Barros. Desta forma,constituem-se como nossos objetivos neste trabalho: a) estudar a poética deManoel de Barros, enfocando os índices de metalinguagem e tomando porbase o contrato de comunicação; b) diagnosticar os traços de repetição temáticadas instâncias de comunicação e de enunciação na trajetória que compreendea concepção estética e os efeitos de sentido da poética em estudo; c) analisaros índices de discursividade dos recortes feitos da poesia de Manoel de Barros,a partir dos traços de repetição temática das instâncias de comunicação e deinterpretação; d) interpretar as variações de contrato de comunicação, dentrode três poemas selecionados a partir da identificação feita no item anterior.Nesse sentido, os conceitos que serão apresentados fundamentam o trabalhode natureza qualitativa com caráter interpretativista, analítico descritivo sobre apoética primitivista de Manoel de Barros, cujo propósito é estudar a naturezados sentidos em poemas que compõem a obra deste autor. A escolha do poetaManoel de Barros se deu pelo fato de que a sua obra se destaca pela genuinidadeno que se refere a estruturação da poesia em seus sentidos essenciais. Nessesentido, inferimos que o ficcional e o explícito (aspectos pessoais vistos peloautor, expressões e costumes típicos de região pantaneira, etc.) nos mostraque a linguagem dessa poesia enuncia a concepção de uma presentificaçãodessa poética na realidade estética do mundo primitivista. Esses aspectosexplícitos estão representados na poesia barreana pelo mundo das imagensfascinantes. Já no que tange à natureza da linguagem poética de Manoel deBarros, esta se traduz em seqüências de (re)significações vérsicas, no decorrerdos volumes que compõem a obra. Um mundo em que as palavras, as coisas,os objetos e os animais estão sempre trocando de lugar entre si numa relação,aparentemente harmônica, mas na realidade conflituosa buscando, assim, umarealização originalmente rudimentar. É nessa similitude de relações que o autorcria entre os seres e as coisas, as meta-relações lingüísticas.

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O fenômeno discursivo da polifonia em manifestações acadêmicasuniversitárias

João Bôsco Cabral dos SANTOS

Este projeto está vinculado à linha de pesquisa “Estudos sobre texto e discurso”do Programa de Pós-graduação em Lingüística - Curso de Mestrado emLingüística e tem sido o elemento fomentador das temáticas para orientação dedissertações e planos de estudos em Iniciação Científica. O objetivo principaldo projeto é estudar a constitutividade das vozes que se instauram nasmanifestações acadêmicas universitárias, examinando os diferentes elementosde ordem histórica, social e lingüística que perpassam as enunciações inseridasno discurso acadêmico na universidade. Trata-se de um “continuum”epistemológico que é heterogêneo na alteridade do discurso científico, quandoeste se criva com o discurso institucional, ou ainda, com o discurso acadêmico.Este “continuum” constitui uma diversidade de ações acadêmicas circunscritasem diferentes planos enunciativos. Cabe aqui uma hipotetização sobre prováveisdeslocamentos discursivos, decorrentes dessa oscilação de vozes vinculadasàs práticas acadêmicas na universidade.

Elementos tipológicos básicos e os acordos na argumentação

Jusélia Auxiliadora REZENDE

Um melhor conhecimento dos mecanismos que conseguem maior adesão naarte de persuadir são cada dia mais desejados por todos. E o papel dos acordos,ponto de partida do processo argumentativo, revela-se fundamental para obtereste sucesso. Procuramos contribuir para este conhecimento, identificando emquais tipos de textos os acordos são apresentados com mais freqüência.Fundamentamo-nos nos estudos de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996) acercada argumentação e Travaglia (2002) sobre elementos tipológicos. Para análise,escolhemos os textos da publicidade escrita veiculados na Revista Atrevida,destinados ao público feminino adolescente.

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Da diferenciação das conjunções adversativas emdiferentes textos escritos

Kátia Maria Capucci FABRI

Partindo das teorias apresentadas pela Lingüística Textual e pela Semântica,este estudo investiga as diferenças no emprego das conjunções adversativasmas, porém, contudo, todavia, entretanto e no entanto, em quatro diferentestipos de textos: narrativo, descritivo, dissertativo e injuntivo, de acordo com aproposta tipológica de Travaglia (1991). As diferenças de uso das conjunçõesadversativas em estudo são verificadas nas dimensões sintática, semântica,argumentativa, informacional e pragmática. O presente trabalho apresenta: a)uma visão dos estudos feitos pela Lingüística sobre essas conjunções, sobretudosobre o mas; b) a etimologia delas, observando a relação emprego/origem; c)o que as gramáticas tradicionais dizem a respeito do assunto; d) e ainda aexposição de duas tipologias e concluindo com a adotada. A pesquisadesenvolveu-se a partir da análise de 218 ocorrências, retiradas de 94 textosescritos, sendo 32 dissertativos, 24 narrativos, 19 descritivos e 19 injuntivos.Os resultados apontam para identidades e diferenças no emprego dessasconjunções e os efeitos de sentidos que o autor pretende provocar no percursode leitura do seu interlocutor. Fica configurado nessa dissertação que háimplicações sintáticas, semânticas, argumentativas, informacionais e pragmáticasno emprego dessas conjunções adversativas e também que há um estreitarelação entre o uso delas e o tipo de texto.

As relações de contrajunção na produção textual

Lazuita Goretti de OLIVEIRA

Na presente pesquisa, a produção de texto é considerada como uma formade interação humana e lugar de observação para a compreensão do ensino delíngua. O ensino, portanto, passa a ser pensado na interlocução: lugar deprodução de linguagem e de constituição dos sujeitos. Considerando que todae qualquer produção da linguagem está intimamente relacionada com umadeterminada condição de produção, com um determinado processointerlocutivo, acreditamos também que a produção textual de nossos alunos,

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dentro do contexto escolar, também está marcada por uma determinada situaçãode produção, ou seja, por um determinado processo interlocutivo. Delimitamospara estudo as relações de contrajunção na produção textual, oral e escrita, dealunos de 8ª. série, com vistas a investigar se uma situação específica de relaçãointerlocutiva determina, em termos de escolha de estratégias do dizer, os tiposde marcas contrajuntivas, ou seja, os tipos de operadores argumentativos, queos alunos utilizam. Buscamos verificar a possível influência das condições deprodução sobre a escolha das marcas lingüísticas, de caráter contrajuntivo,observando se, em cada relação interlocutiva, houve a presença / ausência dooperador; e os tipos de operadores usados em cada relação interlocutiva.Verificamos ainda, se os alunos de 8ª. série, ao elaborarem seus textos, jáatentam para a possibilidade de combinações de estratégias específicas dasduas modalidades, conforme seus propósitos de falante/escritor. Essaconscientização a respeito do continuum oralidade / escrita por parte doaprendiz, sem dúvida, implica a formação de sua competência comunicativa.Acreditamos que essa caracterização revela-se bastante pertinente, uma vezque confirma a concepção de que oralidade e escrita se interelacionam em umcontinuum tipológico e social. Dessa forma,o estudo das relações contrajuntivasrepresenta um tópico que nos permite tecer considerações gerais sobre o ensinode língua materna, tendo em vista o processo interacional e o continuum oralidadeescrita. O referencial teórico em que se fundamenta nosso trabalho relaciona-se, principalmente, aos estudos realizados por Vogt; Ducrot (1980), Guimarães(1987), Koch (1996; 2002), Val (1992), Geraldi (1993); Chafe (1985),Chafe;Danielewicz (1987) e Castilho 2000).

Uma análise do discurso de alunos de Letras

Luciana Borges Alves PINTO

Durante a graduação em Letras, nos deparamos com a dificuldade dos alunosem redigir textos científicos. Alguns relacionam essa falta de habilidade àdificuldade em interpretar os textos teóricos, outros acreditam que não se ensinaao aluno a ser autor. Diante disso, buscamos perceber os processos de formaçãodo sujeito aluno-autor do curso de Letras de uma universidade pública dointerior de Goiás. Procuraremos buscar as relações existentes entre a formaque os professores vêem o aluno-autor aos sentidos produzidos por este em

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seus textos. Discussões sobre a utilização do discurso do Outro para a(re)contrução do próprio discurso, pautarão o estudo a partir das teoriasfoucaultianas que elegem o autor como um conjunto de discursos e designificações. Em se tratando de sujeito, adotaremos aqui a noçãolacaniana que o vê enquanto ser incompleto que necessita do outro para que,clivado, possa significar e ressignificar seus discursos. Discutindo, então, comoacontece o rompimento com o símbolo autoritário da instituição pedagógica,poderemos perceber as formas como os professores vêem seus alunos autorese como esses mesmos alunos se vêem como autores do que dizem.

Da possibilidade de organização das categorias de textos correntesem uma sociedade e cultura em uma teoria tipológica geral

Luiz Carlos TRAVAGLIA

Uma sociedade e cultura sempre categoriza os textos que produz. Evidênciadessa atividade classificatória é o fato de que nossa sociedade e cultura fala decoisas como narração, dissertação, descrição, injunção, atestado, certidão,carta, telegrama, romance, conto, crônica, petição, requerimento, artigo, tese,editorial, soneto, poema, conto de fada, novela, piada, fábula, conto, apólogo,epopéia, poema heróico, haicai, ditirambo, horóscopo, receita, manual deinstruções, alvará, anúncio, requisição, ata, charada, contrato, lei, provérbio,circular, notificação, palestra, entrevista, sermão, texto publicitário, etc. Aquestão básica de nosso estudo é verificar se é possível organizar todas estasclassificações em uma teoria tipológica geral de textos. Até o momento parecenão ser possível se pensar em termos de uma grande classificação ou tipologiade textos que inclua todas as categorias de textos correntes em uma cultura,sobretudo porque essas categorias são, intuitivamente ou não, estabelecidascom base em critérios diversos impossíveis de agrupar em uma única tipologia.Todavia parece ser possível a partir do estudo das categorias existentes proporuma organização tipológica geral que seria feita da seguinte forma: a) reuniãodos textos em classes. Haveria duas espécies de classes: o que chamamos deelementos tipológicos (as categorias de textos, vistas comoclasses de textos com caracterização comum) e o que chamamos detipelementos (classes de elementos tipológicos de uma dada natureza,estabelecidas de acordo com parâmetros e critérios específicos); b)

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estabelecimento das relações possíveis entre as classes: entre os elementostipológicos distintos, entre os tipelementos distintos e entre os tipelementos porum lado e os elementos tipológicos por outro lado. Nossa pesquisa se voltaentão: a) para o levantamento das categorias de textos (elementos tipológicos)existentes na sociedade e cultura brasileiras, buscando a caracterização decada uma; b) o levantamento dos tipelementos existentes e sua caracterização;c) o estudo das relações possíveis entre tais elementos tipológicos e tipelementos.Até o momento nossa hipótese tem se confirmado.

O discurso que sustenta a prática pedagógica em um curso deformação de professores em língua estrangeira (Inglês)

Mara Cristina FÍLBIDA

A deficiência dos cursos de formação de professor em LE em váriasuniversidades, tanto particulares quanto pública, é um fator que tem se registradocom grande freqüência em pesquisas na área de ensino/aprendizagem. Taldeficiência, ao nosso ver, concerne a vários aspectos. Entretanto, acreditamosque a escassa inclusão de disciplinas que contribuam para a constituição dosalunos enquanto professores de língua estrangeira, possa ser um elemento quecontribui para a atual realidade que observamos nas salas de aula dos cursosque tem como objetivo formar profissionais na área de ensino de LE. Asdisciplinas reservadas para que os alunos constituam sua identidade de professorde LE parecem não ser suficientes para que esse processo ocorra efetivamente.As disciplinas de língua inglesa que são estudadas nos quatro primeiros períodose que por isso são o espaço em que os alunos podem se identificar e se constituirna referida língua, representam o cenário específico de nossa pesquisa.Justificamos a delimitação de tal cenário, pois acreditamos que os professoresde tais disciplinas limitam sua prática à transmissão de conhecimentos que visamapenas o desenvolvimento da proficiência lingüística de seus alunos na línguaalvo. A hipótese direcionadora de nosso trabalho é, portanto, a de que o discursode professores de língua inglesa em salas de aula de cursos de licenciatura,parece não contribuir com a formação do aluno como futuro professor, umavez que ao enfatizar uma proficiência lingüística idealizada (acirrando por vezesa fragilidade da constituição dos alunos na língua inglesa – via língua inglesa),seu discurso acaba por apagar as dimensões que possivelmente articulariam os

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conhecimentos da língua sobre o ensino da língua. Em outras palavras, há, nanossa opinião, a ausência de um discurso que articule o conhecimento lingüísticocom a prática profissional que é, bem como sabemos, um discurso imprescindívelnos cursos de formação de professor. A investigação que procuraremos realizara partir deste projeto de pesquisa busca, dentre outros fatores, estabeleceruma relação entre os elementos que constituem a formação discursiva deprofessores de língua inglesa em um curso de Letras e sua prática em sala deaula. Devido ao fato de não conseguirmos isolar o língua – meio utilizado pelossujeitos para se constituírem como tal – de fatores sociais, históricos e ideológicos(cf. Pêcheux), acreditamos ser impossível o estabelecimento das relações pornós propostas sem considerarmos noções como as de Discurso e Efeito deSentido, Formação Discursiva, Enunciado e Enunciação, dentre outras, quesão conceitos fundamentais da Análise do Discurso, bem como a noção desubjetividade de natureza psicanalítica. Delimitamos nossa pesquisa, portanto,como um trabalho situado na área de Lingüística Aplicada, com embasamentoteórico em trabalhos de Análise do Discurso de Linha Francesa, abordandonoções da psicanálise relacionadas à constituição da subjetividade.

O discurso universitário institucional (DUI) e o ensino do direito de família

Mara Cristina Piolla HILLESHEIM

Este trabalho tem como objetivo fazer reflexões sobre o Discurso UniversitárioInstitucional (DUI), no que tange à abordagem teórico-acadêmica, em um Cursode Bacharelado em Direito, do signo família, em seus variados sentidos,principalmente aqueles relacionados aos aspectos histórico-jurídicos eideológicos, presentes no recorte tomado como foco de investigação, o qualdiz respeito ao processo ensino / aprendizagem da disciplina de Direito deFamília. A manifestação de DUI, escolhida para a pesquisa, foi o cenário doCurso de Direito de uma Instituição de Ensino Superior Privada, localizada noEstado de Minas Gerais. Apresenta-se, na hipótese, que o modo de estruturaçãodo Curso de Direito não é condição bastante para formar advogados conscientesdos deslocamentos de significado do signo família, os quais devem acompanhara dinâmica social que apresenta demandas diferenciadas a cada época. Issoporque, tal modo de estruturação do curso constitui-se numa relação com a

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teoria de ordem monolítica, cujo conteúdo pode impedir, dentre outros aspectos,que os futuros advogados não instaurem processos de identificação que levema possibilidades outras de abordagem do signo família, sobretudo quando setrata de união entre pessoas do mesmo sexo, já existente em nossa sociedade,como organização familiar. Para verificar se essa hipótese acontece ou não,desenvolver-se-á um estudo qualitativo analítico-descritivo do DUI, a partirde: explicações epistemológicas do plano de ensino da Disciplina de Direito deFamília; verificação do perfil dos profissionais formadores; questionários eentrevistas com os sujeitos graduandos; e diários de aulas, a partir das gravaçõesem áudio. Todos esses instrumentos constituem o corpus desta pesquisa, cujamaterialidade lingüística será indispensável para analisar o sistema de dispersão(quem fala, o lugar de onde fala, as diversas posições que defende), os objetose as escolhas temáticas, que constituem várias formações discursivas, comdeslocamentos de sentidos.

Sentidos que escapam pela memória

Marcelo Marques ARAÚJO

O estudo das heterogeneidades enunciativas mostradas e constitutivas deJaqueline Authier-Revuz (1992) possibilita-nos afirmar a constitutividade múltiplado discurso. Nesta pesquisa, buscamos contrapor a imagem que um professor-pesquisador cria na sincronia do processo de escrita com a imagem que oprofessor-pesquisador cria no discurso oral sobre os processos acadêmicos.Assim, investigamos a alteridade que permeia a referencialidade polifônica depesquisadores em dois momentos sincrônicos distintos: a) o momento deconcepção acadêmica revelado na sua produção de artigos científicos, e b) nomomento em que fala sobre sua área de atuação em entrevistas presenciaisnum dado momento distanciado de sua produção. Sendo assim, propomosfazer uma análise da natureza dos sentidos de determinados enunciados que sedeslocam em significações discursivas que são reflexos da formação acadêmicados pesquisadores. A natureza dos sentidos destes enunciados pode ou nãoestar expressa por meio de formas marcadas que representam o discurso dooutro. Sendo assim, acreditamos que a memória acadêmica é a representaçãode discursos outros que atravessam constitutivamente o discurso do sujeito.Discursos estes, perpassados por sentidos que em alguns momentos escapam

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do controle dos sujeitos e em outros tentam evocar filiações políticas, ideológicase científicas. O discurso acadêmico nutre-se com as relações acadêmicas queproporcionam uma dinâmica constante de resignificação de sentidos.

“O Pasquim” e “As aventuras de Asterix o Gaulês”:um jogo ético-político

Maria Isabel BORGES

Sob o ponto de vista do pós-estruturalismo, este estudo pretende analisar ojogo ético-político presente nas materialidades lingüísticas: o jornal “O Pasquim”— escrito por um grupo de intelectuais brasileiros — e as histórias emquadrinhos “As aventuras de Asterix o gaulês” — escritas por René Goscinnye desenhadas por Albert Uderzo. Esse jogo ético-político re-constitui-se pormeio de re-posicionamentos, em função do processo de identificação dossujeitos atuantes e no âmbito de uma política de representação. As manifestaçõeslingüísticas a serem analisadas emergiram em 1959 (“As aventuras de Asterix ogaulês”) e em 1969 (“O Pasquim”). As histórias em quadrinhos francesasconstituem uma denúncia contra o poder hegemônico dos Estados Unidos nomundo, que é representada pelas políticas de resistência entre os romanos e osgauleses, em um contexto ficcional-lúdico. Simultaneamente a esta manifestação,no Brasil, o jornal “O Pasquim” manifestava-se contra o regime militar, mas, deforma velada, por causa da repressão e da censura aos meios de comunicação.Assim, um jogo ético-político re-constituía-se por meio de escolhas lingüísticasutilizadas para driblar a censura. Apoiados em Rajagopalan (1989; 1990; 1992;1996; 2002; 2003), tentaremos mostrar a fragilidade da clássica distinção entreos atos de nomear e de predicar. E para desvelar esse jogo, vamos problematizaralguns de seus constituintes de forma a comparar as duas manifestaçõeslingüísticas: o cenário social em que se re-configurou, o processo de identificaçãodos sujeitos atuantes e a política de representação em nome das conveniências,dos interesses e das interpelações, implicando escolhas e re-posicionamentospolíticos móveis e instáveis. O estudo será constituído de uma contextualizaçãosócio-histórica das duas materialidades, seguida da discussão a respeito dasnoções de identidade (HALL, 2003), de política de representação(RAJAGOPALAN, 2002; 2003) e sobre a discussão em torno dos atos denomear e de predicar (RAJAGOPALAN, 1989; 1990; 1992; 1996; 2003).

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Outros estudos pertinentes serão abordados e discutidos em função de umaanálise problematizadora de “O Pasquim” e “As aventuras de Asterix o gaulês”,sob os paradigmas da pós-modernidade (PETERS, 2000; SIGNORINI, 1998).

Heterogeneidade discursiva em um sopro de vida (pulsações):quem é que fala?

Marli Silva FRÓES

A nossa pesquisa proposta para o programa de Mestrado do Instituto de Letrase Lingüística - ILEEL (UFU), em sua fase bastante inicial, toma como corpus,o discurso literário clariciano, com enfoque para a obra Um sopro de Vida(pulsações). Objetivamos promover uma interface entre estudos lingüísticos eliterários, associando as teorias da Análise do Discurso de linha francesa comteorias literárias, para verificar como se processam as heterogeneidadesdiscursivas e a articulação de sentidos. A obra “Um sopro de Vida (pulsações)”caracteriza-se pela transgressão de gênero; apresenta-se como inusitada: háaspectos do romance, do diário, do texto teatral e, ao mesmo tempo, a obranão se define em nenhum desses gêneros, a rigor. Não há o conforto de umatrama apreensível, pois a história de “Um sopro de Vida (pulsações)” é sobreo processo da narração, da criação, é, portanto, por excelência, uma obrametadiscursiva. Há os pré (anúncios), por parte do narrador-personagem, sobrea criação da personagem Ângela e da criação do livro. O narrador-personagemtem o artifício de criar para se reconhecer no Outro (Ângela), apresentandoOutros, as vozes sociais, especialmente as vozes do imaginário feminino emasculino. Na primeira parte da obra, uma voz masculina, aos poucos, seconstitui por meio da linguagem, em um movimento metadiscursivo de indagaçãosobre o lugar da escrita, lugar do escritor, do estar no mundo, do ser,evidenciando que esse sujeito discursivo – que enuncia explicitamente – éfragmentado, flexível, oscilante, ambíguo - e tenta se reconhecer, constituir pormeio da escrita. Na segunda parte, aparecem explicitamente duas personagens-narradoras, “Autor” e “Ângela” que são “colocadas em cena”, à maneira deuma teatralização; pois tem suas falas antecipadas pela indicação de seus nomes.Assim, os campos enunciativos se amalgamam, fruindo a alteridade. Os embatesde vozes estão presentes em Um Sopro de Vida (pulsações), conferindo àobra o lugar dos múltiplos sentidos, dos “fios dialógicos” que se entrecruzam.

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A voz da autora, retomando vozes culturais, sociais, por sua vez retomadaspelas vozes dos narradores/personagens, são instâncias perpetuadoras dapolifonia. Portanto são bastante apreensíveis na obra, os desdobramentos desujeitos, por meio das relações Autor/narradores, autor/leitor, autor-personagem,autor/autoria, narrador masculino/narrador feminino. Interessa-nos responderà seguinte pergunta: Essas relações são instâncias da materialização de sentidosna narrativa? A singularidade do corpus, em análise, está no fato dos sujeitosocuparem o espaço da simulação e produzirem dizeres também simulados; oque não inviabiliza uma análise dos processos históricos, sociais, ideológicosque perpassam esse dizer literário. Acreditamos que uma reflexão sobre autoriaserá bastante útil no desenvolvimento deste trabalho, ao lado de uma revisãobibliográfica clariciana e revisão de todo arcabouço teórico da Análise doDiscurso de linha francesa, e/ou teóricos contribuidores tais como Pêcheux,Foucault, Authier-Revuz, Maingueneau.

Os conceitos de realidade e irrealidade nos estudos lingüísticos: uma questão de modalidade

Maurício Viana de ARAÚJO

Por um longo período dos estudos lingüísticos, as etiquetas realidade e irrealidadeforam dadas a fenômenos diretamente relacionados aos usos do modocondicional que, a partir de 1943, a NGB passou a chamar de futuro do pretéritodo modo indicativo. Segundo esse modo de ver, uma oração é irreal quandouma situação indicada depende de uma condição que se julga de ocorrênciaimprovável, como em “Se você economizasse, poderia comprar uma casaprópria”; a interpretação é de que não se economiza. Por outro lado, umaoração é real se uma situação for julgada provável, como em “Se chover, oagricultor plantará a sua lavoura”; neste caso, a interpretação é de que o agricultorfará o seu trabalho, tendo se realizado a condição. Em oposição a essasconcepções de realidade e irrealidade relacionada às orações condicionais, apartir dos anos 60, no entanto, os lingüistas têm dado esses nomes a outrosfatos relativos à enunciação, não apenas aos relacionadas ao condicional, nemmesmo só a formas verbais. De nossa parte, no entanto, entendemos que,qualquer que seja o caso, o que se tem chamado de realidade e irrealidade estánecessariamente vinculado às modalidades lingüísticas deônticas e epistêmicas.

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O sujeito em “O Centauro no Jardim”

Neuza de Fátima Vaz de MELO

O estudo que ora se apresenta destina-se à análise de um fragmento da obra OCentauro no Jardim, de Moacyr Scliar, visando a discussão sobre aconstituição do sujeito discursivo. Para dar sustentação a nossa análise,buscaremos suporte nos postulados teóricos da Análise do Discurso (doravanteAD), de linha francesa. Em especial, focalizaremos as noções de sujeito, discursoe formação discursiva. O sujeito discursivo em análise resulta-se datransformação de centauro em homem, observando que a constituição do sujeitona obra decorre do sentimento de culpa em relação às suas origens judaicas esulinas. Consideraremos que o discurso, no interior da AD, é produzido emdeterminadas condições sociais e históricas, sendo, portanto, o lugar dematerialização no processo enunciativo e de articulação da língua. 

As relações de poder no discurso midiático da Revista Caros Amigos

Núbia Silva dos SANTOS

O objetivo dessa comunicação é apresentar parcialmente os resultados doprojeto de pesquisa que venho desenvolvendo nesse programa de Mestrado.Esse trabalho inscreve-se na linha de pesquisa “Estudos sobre texto e discurso”e está vinculado à área da “Análise do discurso”, de linha francesa. O corpusda pesquisa é uma entrevista realizada pela revista Caros Amigos com um doscoordenadores nacionais do MST - João Pedro Stedile. Meu trabalho consisteem analisar e interpretar os efeitos de sentido que circunscrevem as formaçõesdiscursivas, sociais e ideológicas, caracterizadoras do discurso do MST sobresi mesmo, registrado na entrevista dada a revista Caros Amigos e as formaçõesdiscursivas, sociais e ideológicas da revista Caros Amigos sobre o MST. Naverdade, pretendo evidenciar a tensão instaurada nessa entrevista -evidenciadora, por sua vez, das relações de poder existentes no discursomidiático sobre o MST, em especial, visto ser esse o foco de minha análise.

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Novela: um gênero polêmico

Peterson José de OLIVEIRA

Desde o momento em que a Teoria dos Gêneros Literários, especialmente nosseus aspectos prescritivos, deixou de ser obedecida ou mesmo consultada pelosescritores (isso a partir do Romantismo), pouca atenção tem sido dada pelacrítica nessa área. Afinal, para que estudar/pesquisar os ‘gêneros literários’, secada artista não é mais impelido pela comunidade dos leitores e críticos a seguirseus critérios; se suas obras não serão avaliadas mais pelos velhos conceitosde pureza ou perfeição, dentro da divisão épico-lírico-dramática? Porém, atéhoje nas salas de aula do ensino médio e de graduação em Letras os alunoscontinuam a estudar, de forma pouco aprofundada, a velha divisão dos textosliterários.Neste trabalho pretende-se abordar a narrativa “O Minotauro” inseridano volume O mez da Grippe e outros livros, de Valêncio Xavier. A questão aque me proponho responder é a pertinência da classificação de ‘novela’dadapelo autor ao seu texto; e se a classificação ainda ajuda a entender ou apreciaressa intrigante obra literária. Há poucos estudos sobre a novela, se compararmoscom o romance e o conto. As novelas, quando mencionadas, quase sempresão as novelas de cavalaria. Na contracorrente da crítica encontramos o estudodo crítico Massaud Moisés, cujo estudo sobre a novela foi de suma importânciapara a elaboração desse trabalho. Para o autor, a novela define-se basicamentepela pluralidade de células dramáticas e pela falta de aprofundamento psicológicodos personagens. Em O Minotauro, temos a história de um homem que vaicom uma prostituta até um hotel e, depois de ter relações com ela, decide irembora enquanto ela dorme, para não pagá-la. Sai, então, pelos corredoresdo hotel á procura da saída, o que torna-se um desafio, já que a escuridão écompleta. Depois de muitas tentativas, quedas e encontros misteriosos, eleconsegue sair. Do ponto de vista da pluralidade das células dramáticas, OMinotauro trata-se de uma novela. Podemos perceber pelo menos três núcleosbem definidos: o homem que procura a saída; um misterioso sujeito que entrano hotel e o relato de um crime. Outro ponto no qual esta narrativa se encaixana definição de novela é a falta de aprofundamento psicológico dospersonagens.

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O exemplo na aula de língua estrangeira: simplesmente lingüístico outambém ideológico?

Regina Francalancci QUEIROZ

Este trabalho teve como objetivo principal investigar a formação de professoresem um curso de Letras (licenciatura), de uma Universidade Pública, com atençãovoltada para a questão da veiculação de ideologia hegemônica por meio deexemplos, durante as aulas de inglês como língua estrangeira. As bases teóricasda Análise Crítica do Discurso de Fairclough (1992), o conceito de gênero, talcomo é proposto por Swales (1990) e as “estratégias de legitimação de poder”citadas em Eagleton (1997) formam o arcabouço teórico em que nos apoiamospara realizar a análise dos dados. A pesquisa, de base etnográfica, foidesenvolvida a partir da análise e das transcrições de gravações feitas duranteas aulas teóricas e práticas da disciplina Prática de Ensino de Língua Inglesa,das sessões de orientação com os alunos professores e das entrevistas semi-estruturadas com a professora regente e o aluno-professor da dupla estudada.Os resultados mostram que apesar de haver um meta-discurso crítico, porparte da professora regente, nem ela, nem os alunos-professores têm umcomportamento que traduz este meta-discurso crítico. O gênero aula de inglêscomo língua estrangeira tem como passo prototípico o exemplo, que muitasvezes é utilizado como um mecanismo para veiculação de ideologiashegemônicas mesmo que de forma inconsciente. Enfim, mostramos, por meiodesta pesquisa, que a formação de alunos-professores não é tão crítica equestionadora como se pretende que ela seja. Falta ainda um projeto políticoque possa ser visto como parte integrante e natural da disciplina em questão.

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Eventos de escrita em língua materna: a escola e o processo deconstrução de identidade lingüística

Rosângela Rodrigues BORGES

Esta pesquisa se insere num contexto educacional, em que o aluno de EnsinoMédio (EM), da rede pública estadual, em eventos de escrita, tem se mostradoincapaz de produzir textos pertinentes, usando, para isso, a língua padrão. Énosso objetivo investigar as relações entre a língua da escola e a língua doaluno, no processo de construção da identidade lingüística. A problemática giraem torno do questionamento da noção de identidade lingüística, proposta pelaescola, e a identidade lingüística de alunos do EM de uma escola de Uberaba/MG, das relações de poder entre os sujeitos da pesquisa e do modo como aescola trabalha as diferenças e particularidades no processo de construção deidentidades. Procuraremos, no decorrer do trabalho, investigar pontosfundamentais que possam contribuir para a solução desse problema. Dentreeles, apontamos, inicialmente, uma análise da concepção de língua referendadapela escola, face à concepção que o aluno tem dessa e da própria língua; danoção de identidade lingüística; do uso da linguagem e seu poder ideológico;dos processos que envolvem aulas de Redação e produções de texto dessesalunos. A hipótese que norteia esta pesquisa é a de que dentre os fatores quecontribuem para o fracasso dos alunos, na visão da escola, em eventos deescrita, estão as questões ligadas à identidade lingüística dos alunos, e ao oprocesso de identificação dos mesmos com o código padrão (norma culta).Na pesquisa, os dados serão analisados qualitativa e quantitativamente e serãoutilizadas diversas fontes de coleta de dados, tais como: entrevistas semi-estruturadas, questionários, observação de aulas de Redação, registradas emdiários de campo, vídeo e fita cassete, coleta de depoimentos e redaçõesproduzidas por alunos da 3a série do EM durante dois meses. Para tanto,partiremos de alguns pressupostos básicos, tais como os estudos sobre aaquisição e uso da linguagem, nos últimos anos; trabalhos acerca da questãoda identidade e pesquisas na área da Lingüística Aplicada e da Análise Críticado Discurso.

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Nossa vida: uma questão de metáfora

Sandra Chaves GARDELLARI

Discuto neste trabalho o conceito de metáfora, a razão de sua existência bemcomo suas funções, tendo como subsídio teórico o estudo da teoria de Lakoffe Johnson (1980). Tratando do conceito de metáfora, parece ficar claro queela deixou de ser somente um recurso lingüístico e faz parte da experiênciahumana de modo que não se pode deixar de reconhecer a sua importância nasinter-relações do indivíduo durante seu percurso de vida. A análise de amostrasdo discurso jornalístico demonstra que não há grandes desvios no que se refereà sua concordância com a teoria de Lakoff e Johnson. O que se pode notar éque determinadas realidades são representadas com a escolha de outrosvocábulos, porém, com a mesma essência. Ao entender a metáfora como atransformação dos sentidos de vocábulos ou enunciados que, comparados entresi passam a formar uma totalidade outra, resultante da mudança desses sentidos,pode-se cogitar a possibilidade de se aprender/comunicar/viver em sociedadecom a criação de novas metáforas que se apliquem melhor à nossarealidade. Assim, além de servir à poesia e à prosa – como acreditavam osprimeiros teóricos, a metáfora pode ser um instrumento de argumentação epersuasão, dada a necessidade de competitividade nos vários setores dasociedade. Ela pode ser utilizada no desenvolvimento das relações de poder,estas inseridas nos vários gêneros do discurso, bem como nas situaçõescotidianas do ser humano em que as relações podem ser mais e/ou menosamenas. Ela pode, ainda, ser utilizada em áreas como o ensino/aprendizagemde quaisquer conteúdos, nas mais variadas formas dentre as quais pode-secitar a “transmissão” de cultura, a ideologia, e a imposição de poder.

“Melhor do que arder”

Selma Sueli Santos GUIMARÃES

A intenção deste trabalho é proceder à análise do conto “Melhor do que arder”,inserido no livro A via crucis do corpo, de Clarice Lispector; observando,apontando, desvelando as marcas lingüísticas que evidenciam as relaçõesintertextuais entre o discurso bíblico e o texto literário que será aqui analisado.

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Delimitar o texto literário como corpus de pesquisa para análise de discursorequer uma investigação de qual ou quais discursos estão materializados nessetexto e, conseqüentemente, de que maneira se dá tal materialização. O objetivodeste trabalho é analisar o conto clariceano pensando como o discurso bíblicoagiu na sua criação e gênese, identificando-o como texto precursor, que estariaadormecido ou “esquecido” na memória discursiva da escritora. A análise quese propõe aqui fazer está firmada no caráter heterogêneo do texto, isto é, namaneira como ele é afetado pela discursividade. Portanto, se tentará, atravésdo confronto entre o discurso bíblico e o texto literário, relacionar o que seouve na narrativa bíblica com o que se ouve no conto de Clarice, o que foi ditoem outro lugar, outra época, por outros personagens, com o que se diz nanarrativa literária, identificando o processo de produção de sentidos no contoanalisado. Assim, centrado nas relações intertextuais mantidas entre os textos eno caráter de continuidade do discurso, que sempre se relaciona com um discursoanterior e aponta para um outro; este estudo objetiva evidenciar a produção desentidos através da leitura do conto “Melhor do que arder”, verificando-se asdiferentes vozes históricas, sociais e ideológicas ali presentes.

Onde está a graça: pesquisa de implícitos no ponto da bissociação

Sídnei Cursino Guimarães ROMÃO

Este trabalho teve por objetivo verificar se há implícitos (pressupostos ousubentendidos) no ponto em que se processa o humor em piadas. Seguimos aclassificação de “mecanismos criadores de humor” de Travaglia (1991) esubmetemos os textos à teoria da bissociação, de Koestler (1964), teoria quepropõe o confronto de dois frames, provocando a incongruência. Análise: Umconhecido especulador da bolsa, também banqueiro, caminhava com umamigo pela principal avenida de Viena. .Quando passaram por um café,disse: __ Vamos entrar e tomar alguma coisa? Seu amigo o conteve: __Mas, Herr Hofrat, o lugar está cheio de gente! Há os frames (AX) e (AY),com o elemento A, comum a ambos, e com elementos que os diferenciam: noprimeiro, o elemento X, no outro, o elemento Y, conforme o esquema a seguir:

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A: TOMAR ALGO AX BEBER AXY: BEBER AY FURTAR Circunstância deX: em público

Circunstância de Y: àsocultas

Circunstância de Y:às ocultas

A circunstância éincongruente, seaplicada ao frame AX

O frame (AXY) mostra a presença “forçada” do “questionamento quanto atomar algo na presença de todos”, inadequadamente proposta como circuns-tância para o primeiro frame: (AX). A mistura gerou o frame (AXY), ou seja:“o constrangimento em se tomar (beber) algo na presença de várias pessoas”.Só há bissociação se um frame interferir no outro. Para eliminarmos o humorda piada, poderíamos substituir “tomar” tanto por “beber” quanto por “rou-bar”. Entretanto, cada termo específico leva à seqüência de diálogo considera-da mais previsível, em termos de regras de convívio social. O dado que faz asituação tornar-se incongruente é a inadequação da circunstância (própria doframe 2) aplicada ao frame 1. Este elemento incongruente (disjuntor) normal-mente “fecha” a piada. Nesta piada, o leitor faz a seguinte avaliação: se “tomarbebida em lugar cheio de gente” não causa constrangimento social, é porque o“tomar” não deve ser entendido como “beber” e sim como “roubar”. É o es-panto explícito do amigo que leva ao implícito (pressuposto): Herr Hofrat cos-tuma “tomar” alguma coisa (roubar de alguém), mas quando não há testemu-nhas. Conclui-se que é incongruente, diante das regras de convívio social,alguém não querer tomar uma bebida em público, em local adequado aeste fim. Se essa circunstância for retirada deste texto, o mal-entendido não sesustenta.

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A interação no contexto de ensino a distância: uma análise sob aperspectiva dos alunos

Sílvia Gonzaga Chagas Gomes de OLIVEIRA

Este projeto de pesquisa de mestrado, na área de Lingüística Aplicada, visainvestigar como se configuram as questões relacionadas à interação (profes-sor-aluno e aluno-aluno) num curso de língua inglesa a distância via Internet.Com o surgimento da Internet, houve uma revolução no mundo da informação- as barreiras de tempo e distância foram abolidas, a informação circula numavelocidade espantosa e, conseqüentemente, o modo de vida das pessoas foiconsideravelmente alterado. A Internet, com todas as suas possibilidades deinteração, impulsionou a Educação a Distância. A interação eletrônica tem sido,portanto, alvo de vários estudos. A visão de pesquisadores, professores eorganizadores de cursos a distância via Internet mostra-se extremamente otimistae parece sugerir que a interação “real e natural” é aquela que ocorre principal-mente em ambiente “virtual”. Por outro lado, até o momento, a visão que osalunos têm a respeito da interação eletrônica parece não ter sido muito explo-rada. O questionamento que deu origem a este projeto de pesquisa surgiu dointeresse em saber se os alunos que fazem um curso de inglês a distância viaInternet, que estão separados fisicamente e diante de um computador, julgam-se realmente interagindo com seus colegas e com o professor, sentem-se mo-tivados e estimulados a participar; saber, desse modo, se a Internet veio, defato, suprir a lacuna existente pela falta de interação em cursos a distância.

A crônica: uma tentativa de tipologização

Simone Cristina Salviano FERREIRA

Este trabalho é o recorte de um projeto em desenvolvimento no curso deMestrado em Lingüística, na área de Lingüística Textual, especificamente nosdomínios de Tipologia Textual. Os estudos em tipologia textual e discursiva têmsido amplos. Considerando que é óbvia a distinção entre tipos de textos, cujapertinência é facilmente identificada por leitores que tenham uma mínima expe-riência cultural de leitura, esses estudos buscam identificar critérios em tornodos quais textos se agrupem, por semelhanças. Esses critérios distintivos po-

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dem ser de ordem estrutural, discursiva, pragmática e outras tantas. É impor-tante sobretudo dizer que tais os estudos que buscam uma classificação detextos encontram diversas barreiras ora pela possibilidade de classificações deum mesmo texto sob diversos critérios ora em virtude do próprio processocriativo dos seus autores, muito rico e variado. A crônica parece um exemploevidente dessas barreiras. Este projeto é uma tentativa de tipologizar a crônicapartindo, basicamente, do critério das Superestruturas Textuais propostas porTravaglia (1991) e pela teoria dos Tipelementos (cf. TRAVAGLIA, 2002).Muito resumidamente, nessa abordagem, “a superestrutura” se define comouma estrutura global, formal, abstrata e convencional que caracteriza um tipode texto, distinguindo-o de outros, cujas estruturas sejam diferentes. Travagliachama “tipelementos” os elementos fundamentais para o estabelecimento detipologias textuais, sendo eles: “tipo, gênero e espécie”. As superestruturas sedefinem nos tipos de texto. A função social comunicativa define o gênero e aforma e/ou conteúdo, a espécie. A crônica aparece, na pespectiva de Travaglia,como gênero do tipo narrativo e espécie história, necessariamente. Basta, po-rém, folhear alguns jornais para que nossa experiência cultural de leitura nãoidentifique a estrutura convencional da narrativa, naqueles textos que são alipublicados sob o “título” de crônica. O mesmo acontece com textos publica-dos em coletâneas de crônicas ou em livros didáticos. Aliás, nesses últimos, háuma enorme diversidade de “subclassificações” para a crônica, sem que hajafundamentação teórica ou critérios adotados para tal. A maioria dos estudiososdas áreas de Teoria e Análise Literária, seguindo a mais tradicional classifica-ção de gênero (épico-narrativo, lírico e dramático) situam a crônica no gêneronarrativo, mas ressaltam seu caráter “híbrido”. A maioria, também , partindodo critério da brevidade temporal e espacial da crônica, aproxima-na do con-to, sem que consiga delimitar-lhe uma fronteira, adotando a classificação“crônica-conto” para algumas crônicas com superestrutura narrativa evidente.Além disso, vive no embate de classificar a crônica como gênero literário oujornalístico.

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“Tiras”: um gênero textual-discursivo

Terezinha NEPOMUCENO

A nossa pesquisa propõe analisar textos quadrinizados conhecidos como “ti-ras”, focalizando aspectos da narratividade e do humor, considerando as lin-guagens visual e verbal, sob a perspectiva da enunciação. A abordagem deanálise abarca o texto, o discurso e o gênero como conceitos diferentes, masreconhecendo a interligação e interdependência entre eles. As bases teóricasestão fundamentadas na teoria tipológica de texto, conforme é entendida porTravaglia (1991, 2002, 2003), além da noção de gênero de Bakhtin (2000).Consideramos, pela teoria adotada, três elementos tipológicos caracterizadorese definidores da constituição dos textos: tipo, gênero e espécie (TRAVAGLIA,2003). Com o autor entendemos que para atingir o objetivo comunicativo oenunciador assume perspectivas diferentes, diante do interlocutor e em relaçãoao objeto do dizer, de forma a configurar uma atitude enunciativa, conforme oenunciado. A partir dessa perspectiva, o texto se caracteriza enquanto tipo,tendo em vista suas propriedades essenciais. No caso da narrativa, um dosenfoques principais deste trabalho, o enunciador se posiciona na perspectivado fazer/ acontecer inserido no tempo. A narração enquanto história refere-sea fatos e acontecimentos com a possibilidade de ordenação temporal ereferencial dos fatos enumerados. A narrativa não-história em que a ordenaçãodos fatos não se evidencia e os episódios não são encadeados pode funcionarcomo um comentário de caráter dissertativo ou descritivo. O nosso objetivo édescrever as “tiras”, para categorizá-las tipologicamente enquanto gênero, iden-tificando as particularidades definidoras das “tiras”, tendo em vista a sua fun-ção social: o humor. Partimos da hipótese de que as “tiras” são seqüênciasnarrativas, geralmente, estruturadas com a utilização de dois tipos de signos: olingüístico e os desenhos cujo objetivo sócio-comunicativo é provocar o riso.Como segunda hipótese concebemos que a linguagem não-verbal (elementosgráficos, balões, etc.) atua como fator indispensável para a caracterização dostextos. No estágio preliminar da pesquisa já chegamos a algumas respostas. Apesquisa já demonstrou que nem todos os textos narram uma seqüência deeventos rumo a um fim, conforme a visão de Adam (1993) Por outro lado, oobjetivo comunicativo, provocar o riso, evidencia-se em todos as “tiras”, oque pode assinalar regularidades, definidoras e caracterizadoras dos textosenquanto tipo (lúdico/ humorístico). Neste aspecto nos reportamos a Orlandi

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(1987) Assim, a pesquisa analisa os textos, tendo em vista as estruturas internae externa. No primeiro caso, o texto é entendido como objeto de significaçãoa partir de um todo organizacional ou estrutural; no segundo, o texto é vistocomo objeto de interação entre sujeitos. Por isso a análise focaliza a narraçãoque marca, formalmente, a maioria dos textos e o discurso que desvela osefeitos de sentidos.

Breve análise dos prefácios de “Tutaméia” sob o enfoquede uma teoria tipológica

Wellington Luis Cardoso BESSA

O objeto do presente texto são os quatro prefácios que compõem o livroTUTAMÉIA de João Guimarães Rosa. É através desses prefácios que se ten-tará abordar algumas questões relativas a uma teoria tipológica geral de textos.Guimarães Rosa já é um nome consolidado dentro da literatura brasileira, es-tando, na opinião de muitos, entre os maiores prosadores deste século. A obraem questão, TUTAMÉIA -TERCEIRAS ESTÓRIAS, foi o último dos livrospublicados em vida, sendo composto por quatro prefácios e quarenta contos,estórias curtas ambientadas nesse cenário já típico de suas obras, o sertãomineiro, poeticamente recriado. Os prefácios assim como os contos já haviamsido publicados anteriormente em outros meios (jornais e revistas): “Hipotrélico”foi publicado em 14 de Janeiro de 1961 e “Nós, os tremulentos” em 28 deJaneiro de 1961 no Jornal O Globo; “A escova e a dúvida” em 15 de Maio de1965 na revista Pulso. Tal fato nos revela a condensação nessas estórias depreocupações teóricas a muito presentes. O “hermetismo” da linguagem, adifícil leitura dos contos e a “estranha” presença de quatro prefácios, formamalguns dos motivos que causaram polêmica quando da sua publicação. A cons-trução orgânica de TUTAMÉIA envolve um conjunto heterogêneo de proce-dimentos lingüísticos, narrativas e semânticas. Apesar de escritos em diferentesépocas os mesmos apresentam certa unidade, que nos serve de guia para aleitura do livro. Através dos prefácios o autor leva o narrador a refletir sobreposições teóricas ligadas a questão da palavra e da criação artística. Cadaprefacia serve de abertura para a série de contos que se segue. Em suaconceituação geral, os prefácios são definidos como textos ordinariamente bre-ves, que precedem ou introduzem uma obra, apresentando ao leitor ora os

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motivos de realização da mesma ora suas questões centrais, sua contextualizaçãohistórica, os processos de desenvolvimento nela seguidos, etc. É, portanto,através desse peculiar uso dos prefácios feito por Guimarães Rosa que setentara discutir a possibilidade, ou não, de se estabelecer uma caracterizaçãogeral do gênero “prefacio”.

O desacordo na conversação

Zuleika da Costa PEREIRA

O objetivo deste trabalho é relacionar as expressões de desacordo utilizadaspor falantes nativos da língua francesa em contexto de interação verbal, com osistema de preservação da face.

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RESUMOS

LINHA DE PESQUISA:

Estudos sobre o ensino -aprendizagem de línguas

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Identidades surdas no processo de identificação lingüística:o entremeio de duas línguas

André Luís Batista MARTINS

Como deveria o Português, atravessado ou não pela LIBRAS, ser apresenta-do para alunos com diversos graus de surdez e com diferentes identidadeslingüísticas ? Esse questionamento levou-me a perceber a necessidade de sepensar a questão do ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa para essesalunos, a partir das identidades surdas envolvidas. A forma homogeneizantepela qual os surdos são categorizados em nossa sociedade sempre me inco-modou. Em outras palavras, a visão torpe de que o que é bom para uma pes-soa surda possa ser aplicado a todas, indistintamente, sem levar-se em conta asua história de surdez e a sua subjetividade não poderia trazer bons resultados,porque a tarja da surdez não considera que tipo de relação de representatividadesimbólica o surdo mantém com a língua oral que lhe pretendemos “vestir”.Analiso depoimentos de alunos surdos filhos de pais ouvintes inseridos no sis-tema regular de ensino (ensino fundamental público municipal) tendo em vista ahipótese de que os mesmos têm que se mover no entremeio de duas línguas: aprimeira (Língua Portuguesa) não lhes é acessível devido sua condição de limi-tação sensorial e a segunda, não lhes garante o aprendizado da primeira que éa ferramenta básica para dar-lhes acesso ao domínio dos saberes escolares.Todos os depoimentos filmados tiveram a participação de uma intérprete delíngua de sinais e o acompanhamento de um adulto surdo usuário e instrutor deLIBRAS. Minha hipótese será analisada pela perspectiva teórica da Análisedo Discurso (AD) pecheutiana atravessada pela psicanálise, abrindo espaçopara compreendermos o sentido a partir de um sujeito desejante, conforme aperspectiva psicanalítica de Lacan, cuja língua é constituída pela incompletude,pelo não-todo (MILNER, 1987) e cujo discurso manifesta-se pela dispersão,marcados pelos processos de exclusão ( FOUCAULT, 2000). Tomo comoreferências básicas as noções da AD de interdiscurso e de formação discursiva,tendo em vista que a maioria dos discursos do e sobre o surdo, é necessaria-mente intermediado e sofre, necessariamente, reconfigurações constantes paraadaptar-se ao ambiente lingüístico dominante, evidenciando umaheterogeneidade discursiva marcada pela polifonia. Acredito ser necessáriocogitar teoricamente a consideração da impossibilidade do aluno surdo assimi-lar toda erudição que se deseja, devido a sua condição limitante, para aventar-

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mos a possibilidade de implementação de currículos diferenciados, ao invés desubmetê-lo ao mesmo nível de exigência escolar dos ouvintes. O que significaadotar uma política que tenta vestir a camisa de força da homogeneização nasidentidades surdas diferentes entre si e distantes dos ouvintes.

Ensinando língua estrangeira: um auto-olhar

Andréa Geralda do Couto VALLADARES

Este trabalho, de base etnográfica, objetiva investigar a minha prática comoprofessora em serviço se constituindo no fazer pedagógico. Entender a sala deaula como cenário de paradigmas mutáveis, num percurso dinâmico, pode le-var o professor a tomar decisões que não apenas transforme sua prática, mastambém possibilitar a contribuição de forma mais positiva no processo de apren-dizagem de seus alunos. Para desenvolver tal estudo foram gerados dadosdurante dois semestres em um instituto particular de ensino de Língua Inglesaem turmas de crianças na faixa etária entre 8-10 anos. Enquanto observadorae partícipe desta pesquisa, assumo um recorte teórico pautado nos trabalhosde Almeida Filho (1999, 1997, 1993, 1991), Bertoldo (2003), Celani (2003,1998, 1997), Figueiredo (2002), Freeman e Richards (1996), Santos (1994),Vieira-Abrahão (2001, 1999, 1996), Zeichner (2001), dentre outros. Analisoo meu corpus confrontando a minha prática em sala de aula, considerandominha formação acadêmica, e as ocorrências de deslocamentos da proposiçãoprescrita da aula, do material didático e de atitudes momentâneas da função domomento pedagógico instaurado. Entendendo meu aluno como um legítimooutro inserido em diferentes contextos sócio, histórico e cultural, observo quepor várias vezes não existe espaço institucional para empreender minha per-cepção holística na sala de aula. O processo da construção dessa reflexividadepoderá contribuir para outros profissionais acerca de tal postura em sua trajetóriaprofissional.

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Na tensão entre o dizer e o fazer o sujeito constitui-seem professor de LE

Annelise Fava MORO

Esta pesquisa está inserida na área da Lingüística Aplicada, que pelo seu caráterinterdisciplinar e/ou multidisciplinar permite adotarmos conceitos da Análise doDiscurso de linha francesa, que toma como referência principalmente os traba-lhos de M. Pêcheux, Foucault, Authier-Revuz e alguns conceitos da psicanáliselacaniana. À luz destes pressupostos teóricos, é possível problematizarmoscomo o sujeito, inscrito na disciplina Prática de Ensino de um curso de Letras,se constitui em professor de Língua Estrangeira, levando em consideração queele é descentrado, clivado, cindido, assujeitado aos significantes de seu desejoinconsciente, não origem do seu dizer, perpassado por vários interdiscursoscom os quais estabelece elos de identificação (ou não identificação). Nestaperspectiva, é possível afirmarmos que a transmissão de conhecimento ocorrepor uma vertente que escapa ao saber consciente, não se realizando em pleni-tude tanto para quem fala quanto para quem escuta. No entanto, o que sepercebe muitas vezes, é o curso de formação de professores apostando naformação teórico-metodológica, no caso a formação reflexiva, como garantiade que ela se concretizará em sua plenitude na realidade da sala de aula, nãolevando em consideração que a formação acontece justamente nos espaçosentre o que é esperado do aluno e sua constituição enquanto sujeito, pois esteprocesso encerra identificações que são da ordem do devir. Para esta análiseforam selecionadas seqüências discursivas produzidas por cinco (5) alunos edois (2) professores ) alunos e dois (2) professores de Língua Estrangeira,focalizando, na materialidade lingüística, as expressões de identificação (ounão identificação) que a formação reflexiva, bem como a língua estrangeira,trazem para o professor em formação e sua atuação em sala de aula. O corpusé composto por gravações em áudio e vídeo das aulas da disciplina em ques-tão e das reflexões sobre as mesmas, por entrevistas com os professores emformação e por observações das aulas teóricas da Prática de Ensino. Todo omaterial foi coletado durante um semestre letivo em uma universidade públicafederal.

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A influência das habilidades audio/orais no desenvolvimento da leituraem língua estrangeira

Aparecida Maria Xenofonte Pereira VALLE

O senso comum sustentaria que um aluno, ao aprender uma L2, se for expostopreponderantemente à forma oral, desenvolverá mais as habilidades da com-preensão e da fala. O mesmo vale para a leitura e a escrita, se for mais expostoa essas últimas. O aluno, entretanto, ao aprender uma L2, poderá avançar maisrápido na leitura, se tiver realizado um bom trabalho com a forma oral. Se elese tornar fluente, certamente disporá de um bom acesso lexical, de domíniodas estruturas sintático-semânticas e de esquemas que organizam a interpreta-ção. Portanto, aprender a ler e desenvolver a leitura em L2 ficarão mais fáceis,se ele transferir para as habilidades da leitura, suas conquistas feitas nas formasauditivo-orais. Mesmo havendo diferenças entre a forma oral e a escrita, háentretanto, muito mais compartilhamentos nos processos da escrita e da fala,pois não há língua oral e escrita. Há na verdade a língua nas formas oral eescrita. Cada qual guarda suas idiossincrasias, mas as conquistas de uma for-ma podem ser transferidas para a outra. Para Perfetti (1985), os processos decompreensão são essencialmente frutos da articulação de objetos lingüísticos.As diferentes habilidades de leitura dependem de componentes lingüísticos,que são adquiridos quando o sistema de códigos convencional orienta um sis-tema de escrita em sistema lingüístico. As palavras devem ser associadas comconceitos familiares representados na memória do leitor. Já que a fala é o siste-ma natural de código facilmente dominado por qualquer um, não podemosdesprezar sua influência na ativação desses componentes. Minha pesquisa pro-cura mostrar experimentalmente que os alunos com boa formação áudio/oraltambém lerão melhor e mais rápido que outros alunos com menor preparaçãonas habilidades auditivo-oral.

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O papel da memória de trabalho na análise de textos em Inglês

Beatriz Ribeiro Ferreira PUCCI

Este presente estudo tem como objetivo analisar a memória de trabalho emtextos em inglês lidos por jovens adultos e adultos na terceira idade que cursamLetras Português – Inglês, que foram expostos ao mesmo número de horas/aula de língua inglesa. Devido ao papel central que o processo de leitura de-sempenha hoje nas aulas de língua estrangeira nos ensinos fundamental e mé-dio, os futuros educadores devem tornar-se “facilitadores” deste processo e,para isto, precisam desenvolver habilidades verbais subjacentes aosautomatismos das estratégias cognitivas, modelar estratégias metacognitivas edesenvolver habilidades que auxiliem a leitura e interpretação de diferentestipos de textos. (KLEIMAN, 1993). Pretendo aplicar testes que apontempossíveis semelhanças e diferenças dos participantes ao recordar orientaçõesna execução de atividades que englobam vocabulários já conhecidos e outrosnovos. A memória de trabalho mostra-se a mais adequada a este estudo. Den-tre as várias abordagens de memória de trabalho que li, adotarei o conceito deIván Izquierdo, pois segundo ele é através dela que conseguimos acesso rápi-do às memórias pré-existentes (ativação do pré-conhecimento) e é ela queforma uma nova memória se a informação ainda não tiver registro no resto docérebro. Desempenhando um papel fundamental perante uma situação qual-quer, é ela e suas conexões com os demais sistemas mnemônicos que determi-nam as possibilidades de que ocorra ou não a aprendizagem. Osociointeracionismo de Vygotsky e vários de seus pressupostos teóricos servi-rão de embasamento em todas as etapas das testagens.

Entre o desejo e a realização de aprender uma língua estrangeira

Carla Nunes Vieira TAVARES

Dominar uma língua estrangeira aparece representado no imaginário social comoum projeto desejado, acalentado, uma realização que sempre está relacionadaa vantagens. A globalização constitui uma significativa força motivadora paraeste projeto. Isso porque o anseio de pertença a uma suposta “comunidadeglobal” e o status que a língua estrangeira detém na sociedade muitas vezes

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justifica para os sujeitos-aprendizes a continuação no processo de aprendiza-gem, a despeito das resistências e “dificuldades”. No bojo dos processos deglobalização, o desenvolvimento de metodologias e pesquisas cognitivas queincrementam a aprendizagem de línguas estrangeiras quase nos levam a pensarque é impossível não aprender. Todavia, o desejo pela língua estrangeira per-corre caminhos nem sempre retilíneos que desvendam processos de(des)identificação e revelam os caminhos que os sujeitos-aprendizes percor-rem na aprendizagem. Tais caminhos encontram-se presentes nos discursossobre as histórias de aprendizagem dos sujeitos e são analisados à luz dasteorias do discurso de linha francesa a fim de levantar que identificações sãoestabelecidas com a língua estrangeira e os processos de subjetivação propor-cionados na relação com essa língua.

Leitura crítica e formação de professores de LE

Célia Assunção FIGUEIREDO

O interesse por um conjunto de aspectos voltados para o ensino da leitura emlíngua estrangeira se deve ao fato de que pouco se conhece sobre oposicionamento geral, os parâmetros através dos quais o futuro professor oumesmo o professor mais experiente viabiliza a sua prática nessa área. Comoum ponto de partida para realizar esta investigação, focalizo um aspecto doensino de línguas freqüentemente mais citado do que viabilizado em pesquisassobre e na sala de aula: a conscientização crítica da linguagem voltada para aleitura. Devido a essa lacuna, muitos programas de formação de professoresapresentam dificuldades em operacionalizar uma discussão e/ou ação pedagó-gica transformadora. Assim, essa investigação objetiva: gerar levantamento dequestões e reflexões, bem como conhecimento a cerca da preparação do futu-ro professor/professor em serviço de língua estrangeira; possibilitar a análisede concepções e práticas de leitura crítica por parte de professores em forma-ção e em serviço; propor ações pedagógicas a futuros professores/professo-res em serviço de língua estrangeira informadas por posições teórico-práticasda área. Tendo como meta, então, tanto uma reflexão quanto uma açãodirecionadas a uma melhor preparação do professor de línguas estrangeiras naárea da leitura, essa investigação tem como seu foco principal de pesquisa amaneira pela qual o aluno de Cursos de Letras (ou o professor em serviço)

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arquiteta a sua relação com a leitura em seu processo de formação como pro-fessor. Por essa delimitação do escopo da pesquisa podem perpassar tambémoutros aspectos potencialmente subjacentes às questões acima citadas quepoderão, eventualmente, ser contempladas caso se mostrem salientes e/ou re-correntes durante a coleta de dados: questões de leitura relacionadas à abor-dagem de línguas para fins específicos, ao livro/material didático, à interaçãode sala de aula em aulas de leitura, dentre outras. De cunho qualitativo, essainvestigação propicia uma aliança – ainda pouco freqüente no cenário brasilei-ro - entre estudos sócio-cognitivos na área de leitura e a pesquisa de baseetnográfica. Como procedimentos metodológicos utiliza entrevistas, diários/depoimentos escritos, depoimentos orais dos participantes gravados em áudio,notas de campo e gravação de aulas de Língua Estrangeira em aúdio-vídeo,tendo como participantes alunos de Cursos de Letras e professores de LínguaEstrangeira em serviço. Por considerar essencial que a leitura seja percebida edesenvolvida como parte integrante do contexto social do aluno, acredito queimplicações decorrentes da reflexão e análise pretendidas possam contribuirpara um campo ao mesmo tempo alvo de preocupações e carente de realiza-ção continuada - a formação reflexiva do professor de língua estrangeira.

Professor-pesquisador: uma prática em reconstrução.

Cristiane Tângari DIB

A proposta dessa comunicação é apresentar recortes da minha pesquisa demestrado em andamento, inserida na área da Lingüística Aplicada. O foco dopresente estudo é a auto-observação mais reflexiva na qual problematizo aminha rotina para investigar o conhecimento implícito e explícito das minhasações e interpretá-lo de acordo com o contexto escolar vivido. A pesquisa, decunho etnográfico, realizada na sala de aula e não para a sala de aula (MOITALOPES, 1996), enfatiza a formação do professor-pesquisador, não mais comoconsumidor, mas já como produtor de conhecimento. Abordo a questão daformação de um professor mais reformação de um professor mais refaemancipatória, no sentido de que ele seja capaz de gerenciar as situaçõesimprevistas – zonas indeterminadas da prática (SCHON, 1987). Esse proces-so significa um re-aprender a pensar na busca de re-significações da práticaeducacional, de forma mais sistemática, não mais fundamentada na intuição,

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mas como uma prática de auto-conhecimento, buscando um resgate do diá-logo entre o pensar e o agir e entre a teoria e a prática. Esta pesquisa estásendo orientada por reflexões teóricas sobre concepções do processo ensino-aprendizagem que poderão promover a co-construção da conscientização crí-tica do pesquisador para se tornar mais consciente dos efeitos das suas açõese agir com maior conhecimento de causa.

Leitura em Themen Neu

Edetilde Mendes de PAULA

A leitura, antigamente, era vista como uma rica forma de receber informações,hoje, entretanto, a pesquisa nessa área definiu o ato de ler, em si mesmo, comoum processo mental de vários níveis que contribui bastante para o desenvolvi-mento intelectual. O processo de transferir símbolos gráficos em conceitos in-telectuais requer grande atividade cerebral, põe-se em funcionamento, duranteo processo de armazenamento da leitura, um número infinito de células cere-brais. Um processo de linguagem é constituído, simultaneamente, pela combi-nação de unidades de pensamento em sentenças e estruturas mais amplas delinguagem. A repetição contínua desse processo tem como conseqüência umtreinamento de cognição pessoal. Ler é a elaboração da informação para queela ganhe lugar na memória de longo prazo. A leitura tem por fim formar conhe-cimentos. Perfetti (1985) descreve alguns processos na habilidade de leitura.Essa leitura é definida como uma combinação de velocidade e compreensão,foi examinada por meio de considerações de alguns movimentos básicos dosolhos. Tal pesquisa indica que a maioria das palavras é fixada durante leituraprática que contém mais palavras fixadas que palavras funcionais. A velocida-de dos leitores aumenta, fazendo menos e menores fixações, contudo a com-preensão dos detalhes sobre porque as palavras fixadas promovem informa-ções sobre os significados. A porcentagem de espaço de tempo para a identi-ficação de uma palavra específica é de apenas alguns caracteres, embora algu-mas informações sobre a forma possuam um espaço de tempo longo. Esseestudo denota a importância central do acesso lexical na leitura. Como profes-sora de alemão da Central de Línguas da Universidade Federal de Uberlândia,senti necessidade de fazer um estudo, quanto aos processos de leitura, da sériede livros Themen Neu, nível básico, de língua alemã como língua estrangeira

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que, apesar de focar as quatro habilidades, na parte de leitura, apresenta umalacuna quanto aos procedimentos de leitura. Embora a complexidade dos tex-tos varie bastante de um livro para outro, as instruções quanto ao processo deleitura, no livro do professor, são as mesmas nos dois primeiros volumes e, noúltimo, não há sequer qualquer referência quanto aos processos de leitura.Estimular a leitura para dela nada se auferir é, pois, o que não se deve fazer noBrasil, onde os leitores juvenis têm os piores desempenhos do mundo.

Educação a distância: uma proposta na formação de professores delíngua estrangeira (Inglês)

Edimara Sandra Camarota QUEIROZ

O objetivo desse trabalho é verificar as contribuições que a Educação a dis-tância (EAD) pode proporcionar ao processo de formação de professores delíngua estrangeira (inglês), situando sua importância como elemento neste pro-cesso. Este estudo foi desenvolvido a partir de um curso de formação de pro-fessores em língua estrangeira (inglês) realizado a distância, em uma faculdadeparticular do interior mineiro, durante o primeiro semestre de 2002, ministradopor professores de uma Universidade Federal do estado de Minas Gerais. Osinstrumentos utilizados na coleta de dados foram diários online dos alunos equestionários. Com diários online os alunos relataram como trabalharam equais estratégias de aprendizagem utilizaram neste curso de formação de pro-fessores de língua estrangeira (inglês). Nos questionários os alunos expressa-ram suas opiniões acerca da influência da EAD na realização deste curso. Deacordo com o resultado obtido, foi possível perceber contribuições da Educa-ção a Distância neste curso de formação de professores de língua estrangeira(inglês), considerando que foi o uso de processos de EAD que possibilitou oacesso dos participantes ao curso, difundindo assim o conhecimento e demo-cratizando a informação, além de ter propiciado a estes aprendizes a oportuni-dade de trabalhar cooperativamente visando ao crescimento individual.

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O uso de textos autênticos em aulas de língua inglesa

Eliane Lopes Rosa de OLIVEIRA

O objetivo geral deste trabalho é o de desenvolver uma pesquisa para analisaralguns fatores que envolvem o processo de ensino-aprendizagem de LínguaInglesa no nível médio de escolas públicas de Uberlândia. O ensino de LínguaInglesa nestas Instituições vem sofrendo mudanças ao longo dos anos e algunsprojetos já estão sendo desenvolvidos na tentativa de otimizar a prática emsala de aula. Contudo, ainda há vários profissionais que resistem às mudançase insistem em manter o ensino tradicional de línguas. Por este motivo e tendoem vista o desinteresse e dificuldades apresentadas pelo aluno no processo deensino-aprendizagem de Língua Inglesa, este estudo justifica-se por contribuirpara o uso de uma abordagem mais eficaz em sala de aula. Alguns fatoresnortearam a elaboração deste projeto de pesquisa, a saber: a importância dapriorização da habilidade da leitura em aulas de língua estrangeira em escolaspúblicas e a influência da seleção e do uso de material autêntico na motivaçãoem aulas de Língua Inglesa. Em primeiro lugar, a leitura em inglês como línguaestrangeira exerce um papel de destaque no sistema educacional (MOITALOPES, 2000, p. 30) e tem sido um tópico muito pesquisado por estudiososem Lingüística Aplicada. A ênfase na habilidade de leitura em escolas públicasjustifica-se por várias razões. Cada indivíduo tem um objetivo ao interessar-sepor aprender uma língua estrangeira, ou seja, alguns se interessam em aprenderapenas porque gostam da língua; outros têm necessidades mais específicas,tais como comunicar-se com nativos, fazer leituras acadêmicas e assim pordiante. Às vezes, estas necessidades especiais são ignoradas e conseqüente-mente o ensino passa a não atender aos interesses reais dos alunos. No casodos alunos de escolas públicas, a ênfase na leitura seria mais coerente com arealidade dos mesmos, já que, em geral esses alunos terão poucas oportunida-des de usar outras habilidades em nosso contexto. Não estamos afirmando,entretanto, que as outras habilidades não são importantes, mas apenas refor-çando que elas não vão ao encontro dos objetivos da maior parte dos alunosdo ensino médio que se preparam para o seu ingresso na universidade. Emsegundo lugar, partimos do princípio de que a autenticidade do material didáticoé um fator relevante na aprendizagem de línguas e pode ser utilizado comoexemplo de uso do idioma ensinado e também como estímulo para a aprendi-zagem. Além do uso de material autêntico, pesquisas demonstram que o ensino

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de uma língua estrangeira orientado para o desenvolvimento de habilidadesespecíficas, neste caso, a leitura, tem apresentado resultados diferenciados, ouseja, o desenvolvimento da leitura por meio de textos autênticos em conjuntocom o uso de estratégias conscientes de leitura podem se revelar como fatoresindicativos de melhores resultados nesta área.

A relação teoria/prática e o processo de formação do professor delíngua estrangeira

Flávia Juliana de Sousa AVELAR

O ensino de línguas estrangeiras, a exemplo do que acontece em outras áreasda educação, tem passado por uma situação preocupante, principalmente noque diz respeito a mudanças que têm ocorrido na história do ensino dessaslínguas no país. Com a Lei de Diretrizes e Bases, o ensino de pelo menos umalíngua estrangeira tornou-se obrigatório a partir da 5ª. série do ensino funda-mental. Tal obrigatoriedade não refletiu, necessariamente, em uma orientaçãoacerca dos objetivos do ensino de tais línguas, o que, entre outros aspectos,contribuiu para agravar a carência de orientação de profissionais da área, noque diz respeito a o que e a como ensinar, perpetuando, em alguns casos, oensino mecânico da oralidade, contribuindo para que a escola regular fosse, deforma injusta, reconhecida como um lugar onde as línguas estrangeiras não sãoaprendidas. O mais agravante, contudo, é o fato de vários cursos responsáveispela formação inicial de professores, mais especificamente pela formação deprofissionais de línguas estrangeiras, ainda se preocuparem apenas com o apri-moramento da proficiência na língua alvo e com o “ensino” de técnicas a seremutilizadas pelos futuros professores em suas salas de aula. Tais cursos priorizamdiscussões de postulados teóricos, discussões essas, muitas vezes,desvinculadas da prática, fazendo com que pouca (ou nenhuma) atenção sejadada a disciplinas tais como as “Práticas de Ensino”, as quais poderiam contri-buir para a formação dos alunos, futuros professores, de forma mais efetiva, ouseja, proporcionando momentos de discussão da teoria a partir de suas práti-cas de sala de aula, objetivando a (in)formação do futuro profissional do ensi-no de línguas. Assim, este trabalho intenta propor uma reflexão sobre a dinâmi-ca envolvida nas aulas de língua inglesa de uma professora recém graduada,bem como a abordagem de ensinar que essa professora pretende em sua prá-tica, na tentativa de aliar a teoria adquirida durante o curso de graduação, sua

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própria abordagem de aprender e sua prática propriamente dita. Para tal, fez-se a opção pela pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, dado o escopo dotema e a natureza dos atores envolvidos nesse contexto de ensino-aprendiza-gem de língua inglesa. Os dados foram coletados por meio de filmagens deaulas, realização de entrevista com a professora colaboradora e aplicação dequestionários aos participantes alunos da investigação. Em fase de análise pre-liminar, esses dados sugerem que a construção do ensino dá-se, nesse contex-to em particular, a partir de embate constante entre teoria e prática, o quepossibilita maior reflexão sobre a natureza envolvida nas aulas de língua estran-geira-inglês.

Educação a distância: cd-roms para estudo autônomo delíngua estrangeira

Florisa de Lourdes BRITO

Uma das várias faces do processo de globalização em curso, é a pressão so-bre o mercado de trabalho, provocando praticamente um consenso a propósi-to da necessidade de aprender uma língua estrangeira, sobretudo inglês. Outracaracterística de nossa época é a rápida expansão do uso do computador, nãosó nas empresas, mas também nas residências, com finalidades variadas, paratrabalho, estudo e entretenimento. Conseqüentemente ampliam-se as possibi-lidades de viabilização da EAD, inclusive relativamente ao estudo autônomomediado pelo computador. Spanhol et al. (2001, p. 27 e 49) consideram que“a tecnologia pode contribuir para tornar a aprendizagem mais fácil, eficiente,divertida e prazerosa” e que “o objetivo de multimídia baseada em computa-dor é integrar várias tecnologias” - voz, vídeo e computadores - em uma únicae facilmente acessível interface”. Silva e Marchelli (1998) apontam que ossoftware educativos têm sido cada vez mais produzidos, havendo uma grandedemanda por produtos de boa qualidade, devido às possibilidades de uso dasnovas tecnologias. Nesse contexto, adquirir um software e lançar-se ao estu-do autônomo de inglês, apresenta-se como uma boa alternativa, pelo menosem relação aos custos e à flexibilização do tempo disponível. Entretanto, nota-se uma carência relativamente à avaliação desses produtos, especialmente quantoà sua adequação pedagógica. Avaliar é necessário porque, por um lado, con-tribui para evitar que iniciativas mercantilistas, desprovidas de responsabilida-

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de para com o ensino-aprendizagem, encontrem terreno propício diante dademanda de meios alternativos para se produzir um conhecimento tão exigidoem nosso tempo; e por outro, contribui para uma apropriação mais adequadados meios tecnológicos em favor do ensino-aprendizagem de inglês. Esta pes-quisa insere-se na área da Lingüística Aplicada, localizando-se na interface docampo da Aprendizagem de Línguas Estrangeiras com o campo da Educaçãoa Distância e visa contribuir para um melhor aproveitamento das potencialidadesdo estudo autônomo por meio de software. Pretendemos analisar softwareeducativos constituídos de atividades interativas, destinados ao aprendizadode língua inglesa por iniciantes sem a participação de professor, e propor umamatriz avaliativa que possa ser utilizada em futuras análises de objetos seme-lhantes. Após uma avaliação preliminar de 5 software, selecionaremos um de-les para a realização da pesquisa, caracterizada como analítico-descritiva, comutilização do método indutivo e análises predominantemente qualitativas. In-vestigaremos se o curso, utilizando uma tecnologia atual, está também adequa-do às novas abordagens do ensino de língua estrangeira; se a tecnologia usadaestá sendo ou não convenientemente explorada; se estimula a autonomia doaprendiz; se é adequado aos propósitos da Educação a Distância.

‘O papel desempenhado pela contingência no ensino delíngua estrangeira na terceira idade’

Gerson Batista da SILVA

Trabalhamos nesta dissertação o papel que a conversação desempenha naaprendizagem de língua estrangeira com alunos da terceira idade. Procuramosvislumbrar alternativas pedagógicas tendo em vista peculiaridades desta faixaetária; para tanto, pesquisamos tanto autores da área da Lingüística Aplicada,com os da área da gerontologia, como Castro (1998), Fraiman (1995), Gaiarsa(1995), Haddad (1986), Magalhães (1989). Consideramos a interação sobdois aspectos principais: a interação pedagógica, como troca discursiva relaci-onada aos objetivos contidos no planejamento da aula, e a interação social,onde interferências advindas da construção do sujeito histórico alheias à salade aula se fazem presente na conversação. Na área da Lingüística Aplicadanos apoiamos sobre o trabalho de Van Lier (1997) sobre a contingência pre-sente na interação social e seu papel desempenhado na aprendizagem. Van

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Lier (1997) destaca o papel da contingência no processo pedagógico, favore-cendo principalmente o processo de aprendizagem nos níveis de escolarizaçãomais básicos. Professores e alunos em sala de aula para terceira idade, noentanto, encontram-se em situações diferenciadas daquelas vividas por pro-fessores e alunos mais jovens. O adulto, sujeito social e histórico construídoem base mais ampla, possui conhecimento de mundo mais amplo e diversifica-do. Este conhecimento emerge no ato da conversação que é parte integranteda interação social. O problema a ser enfrentado pelo professor é que a con-versação ainda não encontra aceitação pacífica como apoio a um currículopedagógico dada a sua conotação com a falta de controle e indisciplina em salade aula. (PIZZOLATO, 1995). Alunos atuando como parceiros no processode ensino, seriam mais motivados; para isto Van Lier (1997) propõe a elabora-ção de um currículo de ensino baseado na interação em sala de aula. Paraestender a proposta de Van Lier para a terceira idade, consultamos autores naárea de gerontologia, acima citados, que apontariam vantagens dos adultospara aprendizagem em relação às crianças e púberes, relacionadas principal-mente à maturidade cognitiva. Apesar das limitações que a idade madura im-põe ao aluno, como as referentes ao aspecto biológico, alunos da terceiraidade podem obter sucesso na condução de um programa de ensino de línguaestrangeira, principalmente se puderem extrair da interação social, via conver-sação, elementos motivadores para os alunos. Nossa pesquisa foi realizada emsala de aula de língua inglesa para alunos da terceira idade de um Projeto deExtensão ligado à Central de Línguas do Instituto de Letras e Lingüística daUniversidade Federal de Uberlândia. A analise, em fase conclusão, procuraindícios que apontem o aproveitamento da contingência na conversação comoelemento facilitador da aprendizagem. A metodologia utilizada é de caráterqualitativa e etnográfica. As especificidades do discurso em sala de aula estãosendo analisadas através de uma perspectiva lingüística, psicológica e cultural.Os seguintes instrumentos foram utilizados na coleta de dados: observação daaula através de notas de campo, gravação de aulas em áudio, entrevistas indi-viduais com alunos e professor, diário dos alunos, questionário socioeconômicocultural e entrevista coletiva ao final do semestre letivo.

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Identidade, subjetividade e novas tecnologias no ensino de línguas estrangeiras

Hélida Maria de Oliveira ALVES

Os discursos vigentes sobre ensino-aprendizagem de línguas têm enfatizado,de forma veemente, a necessidade da inserção das novas tecnologias no ambi-ente educacional. Muitos estudiosos acreditam que as novas tecnologias serãocapazes de propiciar a autonomia do educando, influenciando direta e positi-vamente na atitude do aprendiz diante da língua e sua motivação para o seuaprendizado. Acredita-se ainda que essas novas tecnologias tendem a integraro aluno a novos contextos, possibilitando o alargamento das trocas de infor-mações e contribuindo para uma melhor visão de cada povo e nação. O objetivodeste trabalho é, portanto, analisar as representações que os alunos e profes-sores de inglês da escola pública têm a respeito das novas tecnologias, uma vezque nossas representações influenciam (in) conscientemente na produção denossas subjetividades, na medida em que as nossas identidades passam porum amplo processo de (re) construção.

A importância da sintaxe na leitura da proposição

Heliene Rosa da COSTA

A compreensão do processo da leitura enquanto atividade cognitiva e socialrepresenta um salto qualitativo para a superação dos problemas enfrentadosna atualidade pelas instituições e pelos profissionais que lidam diretamente como ensino. Diante disso, pesquisar, debater e difundir conhecimentos relaciona-dos a esse problema tem sido um desafio necessário para pesquisadores, edu-cadores e estudantes de uma forma geral. É nessa perspectiva que desenvol-vemos a investigação que se constitui como objeto da presente comunicação.Na verdade, em função das limitações de tempo e espaço, tentaremos traçarum breve esboço de alguns dos principais aspectos envolvidos na pesquisa.Assim, abordaremos algumas questões de relevância teórica para o trabalho,como por exemplo, sobre a leitura e sobre a sintaxe. A respeito da sintaxe,trataremos especificamente da gramática como sistema computacional, domodelo de princípios e parâmetros, do léxico e da noção de subcategorização,

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das regras de movimento e da teoria temática. Esse recorte justifica-se pelaconstituição do escopo de nossa análise. Como principais objetivos do traba-lho pode-se citar a realização de um estudo da teoria da sintaxe gerativa, deforma a contribuir para a compreensão de relações internas da oração, comopor exemplo, do papel temático. E, conseqüentemente, ampliar o nível deconhecimento da teoria da sintaxe gerativa em sua versão mais moderna, nosmeios acadêmicos e intelectuais. Além disso, buscar uma explicação sistemáti-ca para a complexa e intrincada rede de relações sintático-semânticas que seprocessam no interior da oração, sobretudo no que se refere às noções desujeito e predicado. A metodologia envolveu pesquisa documental, visandodescrever a leitura do ponto de vista sintático. Paralelamente, realizou-se tam-bém aplicação de testes de leitura visando a comprovação/refutação da hipó-tese levantada. Os testes foram aplicados num grupo de leitores jovens, denível médio. A coleta dos dados se deu por amostragem simplificada. A partirdo desenvolvimento dessa investigação, visamos contribuir para a compreen-são de um dos aspectos importantes da leitura, que não tem recebido a devidaatenção por parte dos estudiosos do assunto. Trata-se da sintaxe proposicional,que constitui a nosso ver um ponto chave para a leitura, principalmente no quediz respeito à elaboração do sentido a partir da leitura. Além doas aspectosteóricos, apresentaremos também alguns resultados parciais da análise, queencaminham para a comprovação da hipótese de que a sintaxe é uma impor-tante estruturadora dos sentidos no interior da proposição. E essa estruturaçãoé de suma importância para a elaboração de sentidos no texto e na leitura.

Uma proposta de investigação sobre aspectosdo ensino de leitura em língua inglesa no ensino médio

Luciene Teodoro CASASSANTA

Para muitos professores de Língua Inglesa de escolas públicas em geral, pare-ce já estar cristalizada a crença de que seus alunos devem ser capazes dedesenvolver as quatro habilidades nas aulas dessa disciplina. Por meio de umaanálise preliminar de parte de dados coletados em pesquisa ainda em anda-mento, notamos, entretanto, que a finalidade primeira da aula de Língua Ingle-sa, para muitos alunos do Ensino Médio não parece ser aprender inglês paravisitar países falantes dessa língua ou para conversar com nativos no seu ambi-

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ente profissional, mas para ser um leitor que possa, inclusive, ser aprovado emprocessos seletivos para ingressar na universidade. De acordo com osParâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, somente uma pequena par-cela da população tem a oportunidade de usar línguas estrangeiras como ins-trumento de comunicação oral dentro ou fora do país (Parâmetros CurricularesNacionais para Línguas Estrangeiras, 1998). Enfatizar em nossas aulas o ensi-no e aprendizagem de leitura, por ser essa a habilidade mais voltada para arealidade do aluno, pode se revelar uma alternativa mais relevante, significativae até mesmo menos frustrante, visto que as condições da maioria das escolaspúblicas envolvem material didático reduzido, salas lotadas e carga horária deuma única aula semanal de cinqüenta minutos, entre outras. Nesse contexto,acreditamos que (cf. MOITA LOPES, 1996) o professor, assumindo um pa-pel de pesquisador, esteja em uma posição mais privilegiada por ter uma visãoda sua realidade de sala de aula e por poder refletir sobre sua própria prática,com a possibilidade de diminuir a distância entre estudos teóricos na área deLingüística Aplicada e o ensino de Língua Inglesa no Ensino Médio, principal-mente de escolas públicas. Portanto, pretendemos investigar questões envolvi-das no papel do professor que prepara alunos do Ensino Médio para que elespossam se revelar leitores mais proficientes e para que o ensino de leitura váalém do aspecto utilitário, podendo assumir também os aspectos educacional eformativo.

Leitura e compreensão de textos em Espanhol comolíngua estrangeira

Maria Laura de OLIVEIRA

A leitura e compreensão de textos têm sido, há muito tempo, objeto de estudono ensino da língua, seja ela materna ou estrangeira. Neste aspecto, nosdeparamos com o fato de que a capacidade de compreender um texto é umdos objetivos principais do ensino. Ao considerar a língua como sistema ecomo instrumento de comunicação social, pressupõe-se que as línguas estejamgovernadas por um conjunto de regras complexas que constituem o sistema decada uma. Este sistema, como objeto científico, é formado pelo domínio dagramática, pelo qual se constroem os diversos modelos para explicar a suaaquisição e seu funcionamento. A partir dos conceitos de língua e linguagemcomo o sistema constituído de um conjunto de normas que formalizam o

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processo de comunicação, seja oral ou escrita, nos deparamos com anecessidade da identificação dos participantes deste processo. Desta forma,quando a expressão de idéias ocorre através do texto escrito, torna-se relevanteestabelecer o que vem a ser a leitura e sua compreensão. Nesta perspectiva, épossível definir a atividade de leitura como uma interação entre o leitor e oautor por meio da construção de um significado global do texto. A leitura éportanto, a produção de sentido formalizada pelo autor e para o leitor(ORLANDI, 1998, p. 101). Por outro lado, nos encontramos diante dosaspectos que se referem ao estudo de compreensão da leitura ao referenciar-nos aos processos ocorridos na memória para que possamos encontrar formasde explicar estes procedimentos. Devido aos questionamentos de comofunciona a memória e seus diversos aspectos correlacionados para que ocorraa aprendizagem de uma língua estrangeira e conseqüentemente a compreensãoda leitura é que podemos nos encontrar diante da necessidade de conduzirnossos estudos nesta perspectiva. Desta forma, nos deparamos com a buscade informações para responder a estes questionamentos ocorridos e de comoutilizamos os diversos tipos de memórias; como podemos desenvolver maneirasde trabalhar os conhecimentos adquiridos para desenvolver a aprendizagem e;como podemos elaborar, codificar ou construir o conhecimento. Nestaperspectiva, pretendemos tratar neste estudo os aspectos cognitivos bem comoos estudos sobre a formação e o funcionamento da memória que envolvem aconstrução do conhecimento por meio da leitura e interpretação de um textoem língua estrangeira, especificamente da língua espanhola, que constitui nossoobjeto de estudo.

Aplicações práticas da abordagem instrumental de línguas

Maria Stela Marques OCHIUCCI

Fruto das reflexões desenvolvidas ao longo dos estudos efetivados no Cursode Mestrado em Lingüística, este trabalho visa a analisar determinadas estraté-gias de ensino de leitura e produção escrita que são efetivadas nos chamadoscursos para fins específicos, cujo objetivo são estas aquisições. Consideran-do-se as línguas Inglesa, Francesa e Portuguesa, procurar-se-á comparar osprocedimentos didáticos peculiares a cada situação de ensino na perspectivada abordagem instrumental de línguas, com vistas a se compreender como taisprocedimentos contribuem para a aquisição de leitura e para uma posteriorprodução textual.

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Leitura elaborada

Osvaldo Freitas de JESUS

O projeto de pesquisa, Leitura Elaborada, calendarizado para 2003/4, focali-za o problema da leitura no segundo período do Curso de Letras. Os alunosdesse período demonstram pouca consistência conceitual. Isso ficou muito clarono processo seletivo do PET/LETRAS, realizado em dezembro de 2002.Mesmo aplicados, os candidatos tinham dificuldades, para explicar conceitosbásicos do Cours de Linguistique Générale. Haviam lido fragmentos, emtextos secundários e não tinham idéias claras. Entre tantas outras possibilidadesde explicação hipotética, escolheu-se interpretar esse fenômeno como sendoresultado de leituras não elaboradas. Se a leitura não-elaborada não produzresultados cognitivos satisfatórios, com a leitura elaborada aconteceria ocontrário? Certamente a leitura elaborada faz que engramas claros sejam retidosna memória de longo prazo. A pesquisa é experimental; toma como populaçãoos alunos de um determinado período do Curso de Letras, 2004/1, escolhendo-os através de amostragem aleatória sistemática. Em seguida, farão um examede rendimento em leitura, denominado pré-teste, cujo objetivo será aferir o seudesempenho individual e geral em leitura, antes da realização do experimento.Em seguida, serão distribuídos em dois grupos: o experimental, que serásubmetido à experiência da leitura elaborada; o de controle, que seguirá lendode acordo com os procedimentos comuns ditados pela própria dinâmicapedagógica do curso. A memória será a variável independente, da qual emanarãoduas variáveis dependentes, quais sejam: os níveis de retenção e de correlaçõesdas informações, demonstrados pelos dois grupos de alunos – o experimentale o de controle. A teoria de leitura, em termos da qual a pesquisa procuraráexplicar os resultados obtidos, é a do processamento cognitivo modular. Océrebro processa as informações fonológico/grafemática, conceitual/lexical,proposicional/esquemática e crítico/valorativa de maneira simultânea ou paralela.Essa é uma concepção teórica, cujos fundamentos estão na psicologia cognitivae na biologia molecular. Explicando de outra forma, a retenção de engramas namemória de longo prazo só se realiza, quando sinapses são consolidadas emsua base molecular. Conexões neuronais, no caso, ficarão permanentes, emfunção de produção protéica extra, feita como resposta à enzima cinase nointerior dos neurônios, envolvidos na formação do engrama. A leitura estásubentendida como uma atividade cognitiva que envolve módulos do cérebro,

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especialmente o visual e o auditivo. Para se ter uma idéia da importância dainformação visual na estrutura cognitiva humana, o córtex visual ocupa cercade 50% da massa neuronal do córtex, dada sua importância e função na cogniçãogeral. A mensuração será feita e expressa na forma ordinal, i.e., não serãousadas as mensurações de natureza nominal, intervalar e racionais. O resultadofinal estará expresso em termos ordinais para mais ou para menos. No caso, asnotas obtidas evidenciarão relações hierárquicas. Durante o ano de 2003, oprojeto de pesquisa concentrou-se na sua formulação teórica e metodológica.Cinco alunos do PET/LETRAS estão envolvidos no mesmo. Por fim, essapesquisa faz parte de um projeto integrado, envolvendo LEITURA CRÍTICAe LEITURA ELABORADA.

Teoria da atividade e interação humano computador para o ensino de línguas estrangeiras

Patrícia Vasconcelos ALMEIDA

Devido a emergente necessidade de melhor se informar sobre tecnologias e asformas de utilizá-la dentro de um contexto educacional que atenda as necessi-dades dos professores e alunos, esta pesquisa se propõe a trabalhar comtecnologias no ensino de línguas estrangeiras (LE) com o enfoque na formaçãodo profissional que precisará aprender como utilizar tecnologias - entendatecnologia para esse trabalho como o computador equipado com internet emultimídia – de modo consciente e crítico atendendo as condições sociais ehistórias que esse novo processo de ensino e aprendizagem demandará até asua consolidação na realidade da educação. Para tanto, discutiremos os pres-supostos teóricos da Teoria da Atividade (TA) e da Interação Humano Com-putador (IHC), tentando encontrar viabilidade em seus fundamentos para pro-piciar um suporte adequado que embase as decisões de ensino e aprendiza-gem de LE através do computador e o que está disponibilizado na Internet.Baseada em Vygostky, a TA tem como objeto de estudo uma visão marxistasobre a atividade agregada à visão sócio-histórica de Leont’ve que defende adinâmica das inter-relações que existem no processo de atividade. Desta for-ma podemos afirmar que a TA é uma teoria importante para o ensino e apren-dizagem de LE, pois valoriza não somente os mediadores destas inter-rela-ções, mas também considera as inter-relações entre os seres humanos em um

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contexto comunitário novo ou não. Quando se tem como foco a análise daeducação e/ou a formação de professores através do computador e como estaferramenta nos permite uma possibilidade de explorar a Internet como recursoprimário de ensino, obrigatoriamente tem que se ponderar fatores que são es-tudados dentro da IHC. Segundo Kaptelinin (1996), os estudos da TA com oenfoque na IHC considera os computadores como um tipo especial de ferra-menta que faz a mediação da interação humana com o mundo, através deatividades orientadas com metas específicas que permitem uma troca entreusuários e computador. Essa troca é influenciada e porque não dizer constitu-ída, pela cultura e a necessidade que os sujeitos dessa atividade estão inseri-dos. Por isso a necessidade de se conhecer mais a respeito destas teorias paraque possamos utilizar a tecnologia em benefício da educação.

A abordagem gramatical em cursos preparatórios para exames deproficiência: o discurso da mudança ou a prática da tradição?

Um estudo de caso

Ricardo Madureira RODRIGUES

O presente trabalho consistirá num estudo da concepção de gramática peloprofessor de LE e como esta concepção influencia sua prática. É sabido que, apartir da Abordagem Comunicativa, mudou-se o enfoque no ensino de LE, deuma preocupação com a forma (entenda-se estrutura, gramática) para umaabordagem “grammar free”, centrada no sentido, na comunicação. Entretanto,a sala de aula reproduziria as condições de aquisição da primeira língua, ondeaquela se dá inconscientemente e por exposição à língua? Não seria ametalinguagem gramatical uma forma econômica de falar sobre a língua,otimizando as condições de seu ensino? Muito se discutiu sobre a eliminaçãodo ensino de “gramática” por não haver comprovação de que seu conheci-mento exerça qualquer influência na competência lingüística do falante, inclusi-ve em sua língua materna, mas existe um outro meio realista de ensinar LE,especialmente no contexto do Brasil?

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Itens lexicais e a memória de longo prazo

Rita de Cássia Lopes CAPOBIANCO

A aprendizagem de língua é um processo cognitivo, ou mais precisamente,sócio-cognitivo, através do qual o sujeito da aprendizagem arquiva informa-ções e/ou conhecimento na memória de longo prazo. Para que isso ocorra,entretanto, a estrutura cognitiva determina suas condições. Os engramas, uni-dades de informação memorizadas, para permanecerem, precisam estar confi-gurados em redes neuronais consolidadas e distribuídas. Caso contrário, serãodescartados. São descartados aqueles engramas que, como informação, che-garam aos sentidos, sem intensidade. Experiências fortes ficam registradas namemória de longo prazo; experiências comuns e de pouca importância, geral-mente não. Além disso, quando um engrama é recorrente, isto é, volta diversasvezes à estrutura cognitiva, torna-se elaborado e poderá permanecer na me-mória de longo prazo. Em resumo, a memória de longo prazo é extremamenteseletiva. O organismo funciona segundo um princípio de eficiência e economia.Só aquilo que provou ser importante vale a pena ser arquivado definitivamentena memória de longo prazo. Em minha pesquisa, a elaboração da informaçãodemonstrou ser eficiente para arquivar itens lexicais na memória de longo pra-zo, em contexto de ensino/aprendizagem de língua estrangeira em sala de aula.

O uso do vídeo como mediador no ensino/aprendizagem: um caminhopara o ensino de leitura em inglês a alunos com dificuldade de

leitura em Português

Rita Maria Fonseca Matos CHAGAS

Utilizando os suportes teóricos cognitivistas da leitura, propomos nesse traba-lho, pesquisar o uso do vídeo como mediador no ensino/aprendizagem de lei-tura em Inglês a alunos, do ensino fundamental de uma escola pública, comdificuldade de leitura em Língua Materna. Considerando os pressupostos deque a linguagem audiovisual potencializa trabalhar os mesmos conceitos deformas diversificadas, permite ampliar as possibilidades de conhecimento demundo dos alunos e que filmes podem expor os alunos a materiais autênticosda língua estrangeira (SALABERRY, 2001 p. 41), buscamos identificar, por

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meio de diários e protocolos verbais, o papel que o vídeo pode exercer emuma aula de língua estrangeira, nesse contexto.

A constituição identitária do sujeito-professor: implicações para a salade aula de língua estrangeira

Robson Jaime de MATOS

Talvez todos sejamos negros, pardos, brancos, vazando um no outro [...] comosabores quando se cozinha” (SALMAN RUSHDIE). A idéia deste trabalhosurgiu do meu questionamento pessoal a respeito da minha prática pedagógicaao longo dos anos. Minhas dúvidas e suposições direcionaram minha ação nabusca de informações para entender o que acontece entre alunos e professoresna sala de aula de língua estrangeira(LE)- especificamente o inglês - no que dizrespeito a identificação, interação e sucesso na aprendizagem. Sempre me pre-ocupei em entender as razões pelas quais, dentro de uma mesma sala de aula,alguns alunos interagem com o professor e com a LE, sendo agentes ativos doaprendizado, ao passo que outros ficam alheios e distantes do que acontecenesse espaço tão precioso. Acontecem processos de identificação do alunocom a disciplina, com os assuntos abordados e, no meu entender, o mais im-portante: a identificação com o professor. Este trabalho está amparado nospressupostos teóricos da Análise do Discurso francesa de corrente histórico-ideológica para investigar os processos identitários, interdiscursividade, ideo-logia, identificação, sujeito. Esses conceitos, entre outros, são fundamentais naconstrução da compreensão de como os processos de identificação influenci-am a aprendizagem de uma língua estrangeira.

A interação no contexto de ensino a distância: uma análise sob a perspectiva dos alunos

Sílvia Gonzaga Chagas Gomes de OLIVEIRA

Este projeto de pesquisa de mestrado, na área de Lingüística Aplicada, visainvestigar como se configuram as questões relacionadas à interação (profes-sor-aluno e aluno-aluno) num curso de língua inglesa a distância via Internet.

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Com o surgimento da Internet, houve uma revolução no mundo da informação- as barreiras de tempo e distância foram abolidas, a informação circula numavelocidade espantosa e, conseqüentemente, o modo de vida das pessoas foiconsideravelmente alterado. A Internet, com todas as suas possibilidades deinteração, impulsionou a Educação a Distância. A interação eletrônica tem sido,portanto, alvo de vários estudos. A visão de pesquisadores, professores eorganizadores de cursos a distância via Internet mostra-se extremamente otimistae parece sugerir que a interação “real e natural” é aquela que ocorre principal-mente em ambiente “virtual”. Por outro lado, até o momento, a visão que osalunos têm a respeito da interação eletrônica parece não ter sido muito explo-rada. O questionamento que deu origem a este projeto de pesquisa surgiu dointeresse em saber se os alunos que fazem um curso de inglês a distância viaInternet, que estão separados fisicamente e diante de um computador, julgam-se realmente interagindo com seus colegas e com o professor, sentem-se mo-tivados e estimulados a participar; saber, desse modo, se a Internet veio, defato, suprir a lacuna existente pela falta de interação em cursos a distância.

A produção de sentidos do surdo: entre o silêncio e as múltiplas vozes

Sonia Ferreira de Lima NAVES

Este trabalho tem como objetivo explicitar a formação discursiva de sujeitossurdos para compreender como eles re-significam suas identidades a partir daexperiência de se defrontarem com outras formações discursivas e como, des-se confronto, o processo de produção de sentidos é desencadeado. O materi-al para análise resulta de eventos de leitura em de língua estrangeira (LE) -Inglês. Para a fundamentação teórica da pesquisa, recorreu-se aos conceitosda Análise do Discurso de linha francesa, em que a leitura é concebida comoespaço de produção de sentidos. Os resultados da análise indicam que, dada acontingência do surdo, não podemos idealizar a produção de sentidos em ou-tras bases, senão via LIBRAS. A perspectiva discursiva de leitura coloca-secomo espaço para o surdo se constituir sujeito. É na heterogeneidade do dis-curso que acontece a produção de sentidos.

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Um olhar investigativo sobre a produção de textos escritosem língua inglesa

Terezinha de Assis OLIVEIRA

O interesse na aprendizagem de uma língua estrangeira é tão antigo que permeiapraticamente toda a história da humanidade. Seja com objetivos comerciais,políticos, científicos ou culturais, o homem sempre teve a necessidade de co-nhecer outros idiomas. Inúmeros estudos e pesquisas têm sido realizadosenfocando o ensino de línguas estrangeiras. As duas últimas décadas, particu-larmente, foram prodigiosas na produção de material didático para este fim.Outrossim, um grande número de lingüistas têm se dedicado a pesquisar outrosaspectos pertinentes ao ensino de línguas, como por exemplo a formação doprofessor, a ideologia e a cultura veiculadas ao ensino de L2, novas aborda-gens de ensino aprendizagem entre inúmeros outros. Numa escala nunca vistaantes, a língua inglesa está sendo ensinada cada vez mais cedo entre a popula-ção. A cada dia, mais pessoas falam e escrevem o idioma. Mas se comunicamde que maneira? Acreditamos que um grande número desses aprendizes po-dem ser denominados “falantes ingênuos” que desconhecem os lexemas idio-máticos da língua ou de forma que mostram algum grau de idiomaticidade ao seexpressar. A aprendizagem de uma língua pressupõe o uso de grande varieda-de de unidades lingüísticas convencionais, seja para a comunicação oral ouescrita, tais como fórmulas situacionais, idiomatismos e fraseologismos, porexemplo. O uso de estruturas idiomáticas, segundo Tagnin (1989), confere àcomunicação maior fluidez e eficiência. Sendo a comunicação, oral ou escrita,a meta do aprendiz de uma L2, ele certamente fará uso destas estruturas emmaior ou menor escala e quanto maior o acervo lexical do falante, maior será asua fluência. A partir destas considerações, propomo-nos a desenvolver umapesquisa com o objetivo de identificar padrões de uso de estruturasconvencionalizadas na produção escrita de alunos de língua inglesa, buscandosistematizar, entre outros aspectos, o grau de ocorrência de expressões idio-máticas em função do gênero textual das produções escritas.

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Leitura na web: o leitor na velocidade da rede

Valéria Lopes de Aguiar BACALÁ

O desenvolvimento da Internet estreitou distâncias, promoveu o ensino de lín-guas e proporcionou oportunidades de interação entre a população mundial. AInternet tem disponibilizado ao usuário recursos de comunicação que possibi-litam a socialização entre pessoas de diferentes culturas. Essa socialização é,normalmente, realizada por textos escritos, que exigem a habilidade da leitura.Boa parte dos textos dispostos na rede é em Língua Inglesa, vista ainda comoa língua que domina o mundo globalizado tanto dentro como fora da rede decomputadores. Esse domínio é percebido em publicações científicas e em co-municações informais. Presenciamos, cada dia mais, a procura por cursos deInglês entendido por muitos como uma das formas de acessar essa infinitafonte de recursos que tem facilitado a circulação de informações, idéias e ser-viços. A Internet também é hoje o centro de discussões e pesquisas acadêmi-cas que visam compreender como melhor aproveitá-la na aprendizagem delínguas e quais as implicações proporcionadas por ela tanto na apresentação ecategoria de textos, como nas formas de leitura, uma vez que diversos tipos detextos podem ser lidos na tela do computador. O leitor ao ler na rede realizauma leitura descontínua, não linear, em que prevalece o uso de palavras-chavenão percebendo mais uma obra por inteiro, como pode acontecer no livro. Aleitura, nesse meio, é rápida e realizada por fragmentos descontínuos que po-dem transformar os hábitos dos leitores que passam a conviver com um textoflexível, aberto e incompleto, exposto às interferências do leitor que tem opoder de decidir os caminhos a serem seguidos ao ler. Pretendemos mostrarem nossa pesquisa como o leitor se comporta ao ter à sua frente um texto emlíngua estrangeira online na tela do computador. Buscamos contribuir para acompreensão de aspectos do processo de leitura mediado por computadorpara melhor entendermos como o leitor constrói seu conhecimento ao utilizaressa tecnologia. O ensino mediado por computador pode ser uma nova manei-ra de produção de conhecimento, pois encurta distâncias e acelera a comuni-cação, mas não podemos esquecer que nessa interação há a instância sujeitoque é a engrenagem principal do processo. É importante compreendermos osprocessos de subjetivação que estão emergindo dessa situação e, também,considerarmos as particularidades individuais que são adquiridas de experiên-cias do sujeito que ocupa posições em situações de interação social. Outro

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fato a ser considerado é que o sujeito-leitor-navegador está construindo suaidentidade nesse contexto o qual altera as relações interativas, como também,as posições assumidas, pois o leitor pode tornar-se autor nesse processo. Ofundamental é considerarmos que a aprendizagem de uma língua estrangeira éum processo subjetivo e o insucesso não se dá pela utilização ou não de recur-sos, mas, talvez, pela não consideração das diferenças entre os sujeitos, pelanão identificação com a língua estrangeira e pelo sujeito-professor não consi-derar as identificações do sujeito-aprendiz nesse novo ambiente em que a so-ciedade está funcionando.

Dimensões da identidade nacional no contato/confrontocom uma língua estrangeira

Vilma Aparecida Botelho FREITAS

Esta pesquisa visa a analisar a identidade nacional e as representações do Bra-sil, a partir de produções em língua inglesa que foram decorrentes de um pro-jeto de ensino desenvolvido com alunos de 7ª. série de uma escola pública deEnsino Fundamental. Tal projeto de ensino visava a estabelecer um intercâm-bio cultural, via correspondência, com alunos de outros países que não tinhamo inglês como primeira língua. Neste sentido, compreende o corpus deste tra-balho textos recortados em dois momentos distintos: no primeiro, os alunosfalaram sobre eles mesmos e, no segundo, falaram sobre o Brasil. Destacamosque apesar desta pesquisa situar-se no escopo da Lingüística Aplicada (LA),recorreremos a outros saberes para compor nossa base teórica: a Análise doDiscurso francesa e alguns conceitos advindos da teoria lacaniana. Por termoscomo objetivo analisar a constituição do sujeito-aluno participante da pesquisae a identidade nacional percebida a partir de sua discursividade. Partiremos dapremissa de que o sujeito é constituído na e pela linguagem e, portanto, dividi-do, e que sua identidade acontece no plano imaginário. Assim sendo, faz-senecessário buscarmos as noções de identificação e de subjetividade para quepossamos lidar com a heterogeneidade constitutiva do sujeito e de seu dizer.Discurso/sujeito/identidade/identificação são os elementos que conduzirão nossareflexão sobre nossos mitos fundadores e nossos mitos particulares atravessa-dos pelos discursos outros, como o da globalização, por exemplo.

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O discurso da avaliação de leitura do PROEB: do equívoco doimaginário à contingência do real

Vilma Aparecida GOMES

O objetivo desta comunicação é apresentar um recorte da análise de uma pes-quisa de mestrado que pretende problematizar, na perspectiva da Análise dodiscurso de linha francesa de cunho histórico-ideológico Pecheutiana, as con-cepções teóricas sobre avaliação de leitura que subjazem a proposta de Ava-liação da Rede Pública do Ensino Fundamental e Médio da Rede Oficial deensino do estado de Minas Gerais. Este estudo perpassará por reflexões arespeito do sujeito e suas relações com o discurso, sentido, interdiscurso,heterogeneidades e o silêncio. A partir desta discussão do sujeito e suas rela-ções com esses componentes discursivos, a proposta é analisar enunciadosextraídos do documento oficial com objetivo de verificar quais as estratégiasdiscursivas usadas pela proposta de avaliação de leitura deste programa demodo a legitimar o processo de avaliação proposto.

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ÍNDICE REMISSIVO

ALMEIDA, Patrícia Vasconcelos ..................................................... 96ALVES, Gisele ................................................................................ 21ALVES, Hélida Maria de ................................................................. 91ARAÚJO, Marcelo Marques ........................................................... 59ARAÚJO, Maurício Viana de .......................................................... 62ASSIS, Jacqueline Sousa Borges de ................................................ 22AUGUSTO, Vera Lúcia Dias dos Santos ......................................... 31AVELAR, Flávia Juliana de Sousa ................................................... 87ÁVILA, Maria Virgínia Dias de ........................................................ 25BACALÁ, Valéria Lopes de Aguiar ................................................. 102BARBOSA, Tatiane Alves Maciel .................................................... 30BESSA, Wellington Luis Cardoso .................................................... 73BORGES, Elimar Beatriz ................................................................. 19BORGES, Maria Isabel ................................................................... 60BORGES, Rosângela Rodrigues ...................................................... 66BRITO, Florisa de Lourdes ............................................................. 88CAPOBIANCO, Rita de Cássia Lopes ........................................... 98CASASSANTA, Luciene Teodoro .................................................. 92CHAGAS, Rita Maria Fonseca Matos ............................................. 98COSTA, Camila Gebrim de Paula .................................................... 14COSTA, Heliene Rosa da ................................................................ 91COSTA, Hermes Honório da .......................................................... 48COSTA, Sandra Maria da ............................................................... 29DIAS, Anair Valênia ........................................................................ 41DIB, Cristiane Tângari ..................................................................... 83FABRI, Kátia Maria Capucci .......................................................... 54FALCO, Arlete de ........................................................................... 42FERREIRA, Simone Cristina Salviano ............................................. 70FIGUEIREDO, Célia Assunção ....................................................... 82FÍLBIDA, Mara Cristina ................................................................. 57FREITAS, Alice Cunha de ............................................................... 38FREITAS, Cristina Vilarinho dos Reis .............................................. 18FREITAS, Vilma Aparecida Botelho ................................................ 103

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FRÓES, Marli ................................................................................. 61GARDELLARI, Sandra Chaves ...................................................... 67GHELLI, Kelma Gomes Mendonça ................................................. 24GOMES Joaquina Aparecida Nobre Silva ....................................... 22GOMES, Vilma Aparecida .............................................................. 104GUIMARÃES, Selma Sueli Santos .................................................. 67HILLESHEIM, Mara Cristina Piolla ................................................ 58JESUS, Osvaldo Freitas de ............................................................. 95KAPPEL, Irma Beatriz Araújo ......................................................... 49, 50LEONEL, Ana Rosa ....................................................................... 39MARTINS, André Luís Batista ........................................................ 77MARTINS, Maria Luísa Aparecida Resende ................................... 25MATOS, Robson Jaime de .............................................................. 99MELO, Carolina Santos .................................................................. 44MELO, Fabíola Cristina .................................................................. 46MELO, Neide da Silva Souza .......................................................... 27MELO, Neuza de Fátima Vaz de ..................................................... 63MENEGASSO, Ana Valéria Zelante ................................................ 41MORAES FILHO, Waldenor Barros .............................................. 33MORO, Annelise Fava .................................................................... 79MURTA, Claudia Almeida Rodrigues ............................................... 15NAVES, Cristiane de Fátima Mendes .............................................. 17NAVES, Sônia Ferreira de Lima ...................................................... 100NEPOMUCENO, Terezinha ........................................................... 72OCHIUCCI, Maria Stela Marques .................................................. 94OLIVEIRA, Eliane Lopes Rosa de .................................................. 86OLIVEIRA, Lazuita Goretti de ........................................................ 54OLIVEIRA, Maria Laura de ............................................................ 93OLIVEIRA, Peterson José de ......................................................... 64OLIVEIRA, Sílvia Gonzaga Chagas Gomes de ................................ 70, 99OLIVEIRA, Terezinha de Assis ....................................................... 101PAIVA, Ana Maria Alves de Oliveira e ............................................. 13PAULA, Edetilde Mendes ............................................................... 84PEREIRA, Emily Christine Santos .................................................... 20PEREIRA, Isaneide Dionísio ............................................................ 52PEREIRA, Rosana Fernandes Gonçalves ......................................... 28PEREIRA, Sheila de Carvalho ......................................................... 29

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PEREIRA, Zuleika da Costa ............................................................ 74PINTO, Luciana Borges Alves ......................................................... 55PRADO, Daniela de Faria ............................................................... 19PUCCI, Beatriz Ribeiro Ferreira ...................................................... 81QUEIROZ, Edimara Sandra Camarota ............................................ 85QUEIROZ, Regina Francalancci ...................................................... 65REZENDE, Jusélia Auxiliadora ........................................................ 53RODRIGUES, Marília Cândida ....................................................... 27RODRIGUES, Ricardo Madureira .................................................. 97ROMÃO, Sídnei Cursino Guimarães ............................................... 68SANTOS, João Bôsco Cabral dos .................................................. 53SANTOS, Núbia Silva dos .............................................................. 63SILVA, Adriana Naves .................................................................... 37SILVA, Carmem Lúcia da ................................................................ 43SILVA, Eulia Rejane ........................................................................ 45SILVA, Fabíola Rodrigues da .......................................................... 47SILVA, Gerson Batista da ................................................................ 89STAFUZZA, Grênissa Bonvino ....................................................... 48TAVARES, Carla Nunes Vieira ........................................................ 81TRAVAGLIA, Luiz Carlos ............................................................... 56VALE, Daisy Rodrigues do .............................................................. 45VALLADARES, Andréa Geralda do Couto ..................................... 78VALLE, Aparecida Maria Xenofonte Pereira ................................... 80VAZ, Ana Silvéria ........................................................................... 40

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