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PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, QUESTÕES AMBIENTAIS E REGULAMENTAÇÕES CADERNO

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PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA,

QUESTÕES AMBIENTAIS E REGULAMENTAÇÕES

CADERNO

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FICHA TÉCNICAQualificação: CADERNO TEMÁTICO 1 Versão: 01

Data da Revisão (dia, mês e ano): 21.12.2018

Nº do volume: 01 Nº da parte: 01 Nº de páginas: 20

Título: CADERNO TEMÁTICO 1 Matriz Energética e Aprimoramento da Sistemática de Inserção Ambiental no Planejamento da Expansão do Setor Elétrico – PROJETO SINAPSE.

Subtítulo: Caderno 1 – Planejamento da Expansão de Energia Elétrica, Questões Ambientais e Regulamentações.

Entidades Executoras:MRTS Consultoria e Engenharia Ltda.

NTJ TEC Consultoria em Engenharia Ltda.DIVERSA Consultoria e Planejamento em Sustentabilidade Ltda.

Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos – COPPETEC

SINERCONSULT – Consultoria, Treinamento e Participações Ltda.

Responsáveis Técnicos:Dorel Soares Ramos

Marciano Morozowski FilhoRicardo Cavalcanti Furtado

Amaro Olímpio Pereira Jr.Ana Lúcia Rodrigues da Silva

Entidades Patrocinadoras:Companhia Energética

Candeias S.A.Companhia Energética Potiguar

Companhia Energética ManauaraCEMIG Geração e Transmissão S.A.

Companhia Energética Rio das Antas

Itiquira Energética S.A. Foz do Chapecó Energia S.A.

ENERCAN – Campos Novos Energia S.A.

Comitê Técnico das Entidades Patrocinadoras:Cesar Araújo – Grupo Global (Candeias / Potiguar / Manauara)

Marcus Vinícius Ferreira de Santana – Grupo CPFL (CERAN / ENERCAN / Foz do Chapecó)Gustavo Fisher Sbrissia – BrookfieldGabriel Mallab Alkmin – CEMIG GT

Esmeraldo Macedo Santos – Grupo Global (Candeias / Potiguar/ Manauara)

PROJETO DE P&D denominado “Matriz Energética e Aprimoramento da Sistemática de Inserção Ambiental no Planejamento da Expansão do Setor Elétrico (PROJETO SINAPSE)” (PD-06961-0006/2017), observadas as disposições dos Procedimentos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (PROP&D), aprovado pela Resolução Normativa n° 754, de 13 de dezembro de 2016 (ANEEL, 2016), disponível em sua integra no site da Aneel (http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2016754.pdf) e respectivas atualizações.

© Copyright Gráfica e Editora Copiart. Todos os direitos reservados.Revisão ortográfica: Paula TrivellaCapa, projeto gráfico e diagramação: Rumo DesignImpressão: Gráfica e Editora Copiart

C122 Caderno temático 1: matriz energética e aprimoramento da sistema- tica de inserção ambiental no planejamento da expansão do setor elétrico – Projeto Sinapse / Ana Lúcia Rodrigues da Silva, organizadora. –1. ed. – Tubarão (SC) : Copiart, 2019. 20 p. , figs., grafs., tabs., fots.; 27 cm

ISBN: 978-85-8388-138-4 Inclui referências

1. Energia elétrica – Brasil – Indicadores. 2. Recursos energéticos. 3. Desenvolvimento sustentável. 4. Política energética. 5. Meio ambiente. I. Silva, Ana Lúcia Rodrigues da. CDU: 621.311(81)

INTRODUÇÃO

O Projeto SINAPSE e seus cadernos temáticos

Este é o primeiro caderno de uma sequência que aborda as pesquisas e os resultados obtidos a partir do Projeto MATRIZ ENERGÉTICA E APRIMORAMEN-TO DA SISTEMÁTICA DE INSERÇÃO AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO DO SISTEMA ELÉ-TRICO – PROJETO SINAPSE, que tem como princi-pal objetivo aprimorar a sistemática de inserção da variável ambiental no planejamento da expansão da geração elétrica no Brasil.

Como mostram as experiências internacionais e levando-se em conta as discussões sobre o desen-volvimento sustentável, é fundamental adotar, no processo de planejamento energético, novos méto-dos de análise que considerem os aspectos e as variáveis relacionados à sustentabilidade: técnico--econômica, socioambiental e institucional.

A identificação, a valoração e a internalização de custos socioambientais na expansão do siste-ma elétrico permitirão uma competição mais jus-ta entre as fontes de energia elétrica, assegurando, assim, a expansão sustentável da oferta de energia.

Um dos métodos mais utilizados com esta finali-dade é o sistema de indicadores, que busca refletir, para cada fonte de geração, a disponibilidade de recursos em médio e longo prazos, seus impactos ambientais, aspectos socioeconômicos, além das vulnerabilidades frente às mudanças climáticas e as restrições quanto ao uso do solo.

Neste Caderno 1, são apresentados os conceitos gerais associados ao planejamento da expansão de energia elétrica, as principais questões ambientais associadas, além do levantamento de suas princi-pais regulamentações por tipo de fonte primária utilizada para geração de energia elétrica.

Sejam todos muito bem-vindos!

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica2

CADERNO 1

O Setor de

Energia Elétrica

Na história da humanidade, a energia elétrica sempre ocupou um lugar de des-taque, proporcionando aos seus usuários produtividade, desenvolvimento, bem-es-tar, conforto, praticidade e comodidade. Em vista disso, a sociedade moderna está cada vez mais dependente do fornecimento regular deste tipo de energia, o que a torna suscetível às suas falhas. Assim, é necessá-rio construir e manter uma infraestrutura confiável para o fornecimento energético e a preços razoáveis, com baixos impactos ambientais.

Em se tratando de produção e consumo, vale mencionar que, diferentemente de outros sistemas, como as redes de sanea-mento e gás, a energia elétrica não pode ser armazenada de uma forma economica-mente viável. Isso implica a obrigatorieda-de de equilíbrio constante entre a oferta e a demanda, ou seja, o dimensionamento do sistema elétrico acaba sendo determinado pelo nível máximo de energia requerida, o que pode resultar em ociosidade das insta-lações em períodos de menores demandas.

No Brasil, a necessidade de equilí-brio entre a produção e o consumo, o

dimensionamento de instalações para atender à demanda máxima requerida e a longa distância entre os centros gerado-res e consumidores demandam sistemas de transmissão e de distribuição vastos, complexos, com estruturas de instalações e equipamentos que exigem investimen-tos e permanentes ações de planejamento, operação e manutenção.

“Todo o sistema é eletricamente

conectado, exigindo o balanço

constante e instantâneo entre tudo

o que é produzido e consumido.”ABRADEE, 2018.

A oferta de energia elétrica aos consumi-dores é feita por meio da prestação de serviço público concedida para a explora-ção por parte de instituição governamen-tal ou privada. As empresas que prestam serviço público de energia elétrica o reali-zam por meio da concessão ou permissão concedidas pelo poder público.

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O Setor Elétrico Brasileiro

Em meados da década de 1990, o setor elétrico em todo o mundo pas-sou por mudanças estruturais, o que resultou na separação (desvertica-lização) dos segmentos de geração, transmissão, distribuição e comer-cialização de energia, que passaram a ser administrados e operados por diferentes agentes. O Brasil não este-ve fora disso.

As mudanças realizadas foram baseadas na ideia de livre concor-rência, cabendo ao Estado o papel de regulação. Dessa forma, a geração e a comercialização são consideradas segmentos competitivos, enquanto que a transmissão e a distribuição são monopólios naturais, ficando sob o predomínio do modelo de regu-lação de preços ou regulação por incentivos.

O modelo de regulação de preços ou regulação por incentivos admite a cobrança de tarifas acima do custo do serviço por um prazo predeterminado. Estes ganhos acabam incentivando a empresa a investir em inovações que possam resultar na redução do custo do serviço. Apesar de permitir a prática de tarifas acima do custo do serviço, o modelo beneficia o consumidor, na medida em que os lucros adicionais obtidos pelas empresas sur-gem de ganhos de eficiência. E estes dificilmente seriam obtidos caso não houvesse um modelo de incentivo pra-ticado pelo regime de regulação de preços.

Em se tratando do Brasil, a Medida Provisória nº 579, de setembro de 2012 (depois Lei nº 12.783/2013), veio para mudar um pouco esse cenário. A partir desta MP, empresas de geração e transmissão tiveram a oportu-nidade de renovar antecipadamente seus contratos de concessão, desde que seus preços passassem a ser regu-lados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), agência reguladora do setor.

O setor de energia elétrica está dividido em quatro áreas:

1. GERAÇÃO: responsável pela transformação da ener-gia primária (água dos reservatórios, gás natural, energia dos ventos, do sol, entre outras) em energia elétrica. No Brasil, há a predominância de geração hidráulica, devido ao grande potencial hidroenergé-tico dos rios nacionais.

2. TRANSMISSÃO: responsável pelo transporte da energia gerada até os centros consumidores. No Bra-sil, os grandes centros consumidores estão distan-tes dos grandes centros geradores de energia. Dessa forma, no país, há uma extensa malha de linhas de transmissão.

3. DISTRIBUIÇÃO: responsável por receber a energia das empresas de transmissão e distribuí-la para os centros consumidores residenciais, industriais, co-merciais e outros.

4. COMERCIALIZAÇÃO: transporte de energia dos cen-tros distribuidores ou transmissores aos consumi-dores finais – residenciais, industriais, comerciais e outros. A comercialização de energia é realizada de duas formas: aos consumidores cativos e aos consu-midores livres, sendo apenas a comercialização aos

consumidores livres uma modalidade relativamente nova, estabelecida pela Lei nº 9.648/1998.

Os consumidores livres são divididos em dois grupos:• Aqueles com unidades consumidoras com carga maior

ou igual a 3.000 kW atendidos em tensão maior ou igual a 69 kV, e também as novas unidades consumidoras instaladas após 7 de julho de 1995 com demanda maior ou igual a 3.000 kW e atendidas em qualquer tensão;

• Aqueles com unidades consumidoras com demanda maior ou igual a 500 kW atendidos em qualquer ten-são, desde que a energia seja oriunda das chamadas fontes incentivadas: Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Usinas de Biomassa, Usinas Eólicas e Sistemas de Cogeração Qualificada.

Fonte: ABRADEE, 2018.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica4

Matriz EnergéticaAs fontes não renováveis de energia,

como petróleo, gás natural e carvão mine-ral, compõem boa parte da matriz energé-tica mundial. Já as fontes renováveis, como eólica, solar e geotérmica, somam 1,8% da matriz. Esse valor, com a adição da energia hidráulica, vai para 4,3%. No Brasil, isso é um pouco diferente: somando-se energia hidráulica, biomassa, eólica e solar, o total de participação é de 43,12%, ou seja, quase metade da matriz energética nacional.

Matriz energética mundial 2017

Petróleo e derivados32,0%

Gás natural22,4%

Carvão mineral26,5%

Urânio (U308)e derivados

5,0%

Outras não renováveis0,3%

Biomassa sólida8,9%

Hidráulica2,5%

Biomassa líquida0,6%

Eólica0,7%

Solar0,5%

Geotérmica0,6%

Matriz energética brasileira 2017

Petróleo e derivados36,2%

Gás natural12,9%

Carvão mineral5,6%

Urânio1,4%

Outras não renováveis0,6%

Biomassa sólida23,9%

Hidráulica11,9%

Biomassa líquida6,1%

Solar 0,02% Eólica1,2%

Fonte: Resenha Energética, 2018.

Matriz Energética ≠ Matriz Elétrica

A MATRIZ ENERGÉTICA é formada pelo conjunto de fontes de energia disponíveis para o transporte, a cocção de alimentos, a geração de energia elétrica, entre outros.

A MATRIZ ELÉTRICA é formada pelo conjunto de fontes utilizadas apenas para a geração de energia elétrica.

NO BRASIL, a matriz energética e, por conseguinte, a elétrica são publicadas anualmente por meio do Balanço Energético Nacional (BEN) e são de respon-sabilidade da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO NOS DIAS DE HOJE

• Desverticalização da indústria de energia elé-trica, com separação das atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização.

• Coexistência de empresas públicas e privadas.• Planejamento e operação centralizados.• Regulação das atividades de transmissão e dis-

tribuição pelo regime de incentivos.• Regulação da atividade de geração para em-

preendimentos antigos.• Concorrência na atividade de geração para em-

preendimentos novos.• Coexistência de consumidores cativos e livres.

• Livres negociações entre geradores, comercia-lizadores e consumidores livres.

• Leilões regulados para contratação de energia para as distribuidoras, que fornecem energia aos consumidores cativos.

• Preços da energia elétrica (commodity) separa-dos dos preços do seu transporte (uso do fio).

• Preços distintos para cada área de concessão, em substituição à equalização tarifária de antes.

• Mecanismos de regulação contratuais para compartilhamento de ganhos de produtivi-dade nos setores de transmissão e distribuição.

Fonte: ABRADEE, 2018.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 5

Matriz Elétrica BrasileiraEm 2017, o parque gerador brasileiro

contava com uma capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN) de pouco mais de 155 GW.

Em termos da trajetória da partici-pação relativa na oferta final de energia elétrica, a presença das hidrelétricas tem diminuído de maneira significativa nos últimos anos. Dados das edições do Balan-ço Energético Nacional de 2007 (ano-base

SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN) SISTEMAS ISOLADOS (SIS)

Subsistemas Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e

Norte.

A maior parte localizada nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará, representando menos

que 1% da demanda nacional.

CAPACIDADE INSTALADA NO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN) – 2017

HIDRELÉTRICA 105.406 MW (67,8%) TERM. GÁS + GNL 12.597 MW (8,1%)

EÓLICA 12.309 MW (7,9%) BIOMASSA 13.623 MW (8,8%)

TERM. ÓLEO + DIESEL 4.732 MW (3,0%) TERM. CARVÃO 3.138 MW (2,0%)

NUCLEAR 1.990 MW (1,3%) OUTRAS 779 MW (0,5%)

SOLAR 952 MW (0,6%) TOTAL 155.526 MW

Fonte: ONS, 2018.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica6

2006) e 2018 (ano-base 2017) indicam que, nesses dez anos, ocorreu uma redução na participação de hidrelé-tricas: de 84,70% em 2006 para 65,20% em 2017.

Na mesma base de comparação, o uso de energia eólica cresceu mui-to: de uma participação desprezível na metade da década passada para 6,80% em 2017. Além disso, o uso de térmicas – movidas a derivados de petróleo, gás natural, carvão mineral e biomassa – aumentou para aproxi-madamente 25,30% da oferta interna total.

Vale enfatizar que houve cres-cimento expressivo da contratação de energia eólica desde 2009. Esse aumento pode ser atribuído à criação dos leilões de fontes alternativas, aos leilões de energia de reserva especí-ficos para a contratação de eólica e à participação da fonte nos leilões de energia nova a partir de 2011.

Evolução da Geração Eólica – 2007/2017

em GWh

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 17/16∆663 1.183 1.238 2.177 2.705 5.050 6.578 12.210 21.625 33.489 42.373 26,5%

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

20172016201520142013201220112010200920082007

Fonte: BEN, 2018.

PARTICIPAÇÃO DAS FONTES NA OFERTA INTERNA DE ELETRICIDADE NO BRASIL EM 2006 E 2017

FONTE PARTICIPAÇÃO EM 2006

PARTICIPAÇÃO EM 2017

Hidráulica 74,10%

65,20%PCH 1,70%

Importação 8,90%

Nuclear 3% 2,50%

Derivados de petróleoGás naturalBiomassaCarvão e derivados

12,30% 25,30%

Solar 0% 0,13%

Eólica 0% 6,80%

Fonte: BEN, 2007 e 2018.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 7

Sistema de Transmissão

Segundo dados do Balanço Energético Nacional de 2017, em relação ao sistema de transmissão, em dezembro de 2016, a Rede Básica contava com um total de 134.956 km de linhas de transmissão, com potência superior ou igual a 230 kV.

Planejamento da Expansão do Setor Elétrico no Brasil

O planejamento do sistema elétrico é fun-damental para garantir a continuidade do suprimento de energia ao menor custo, com o menor risco e com os menores impactos socioe-conômicos e ambientais para a sociedade.

A incorporação das questões ambientais no processo de planejamento do setor elétri-co foi mais marcante nas usinas hidrelétricas, fato este que se justifica pelo grande potencial hidrelétrico do Brasil e pelas críticas crescen-tes a esse tipo de expansão, devido aos impac-tos ambientais causados pelos grandes reser-vatórios. Apesar disso, as usinas hidrelétricas continuam atraentes por se constituírem em uma fonte renovável, de baixo custo e com tec-nologia nacional.

Aliada a isso, a importância do planeja-mento foi reforçada com o surgimento e o for-talecimento do conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, o planejamento se tornou ferramenta indispensável para auxiliar não apenas nas tomadas de decisão, mas também na elaboração de políticas energéticas susten-táveis. Hoje, no Brasil, o planejamento energé-tico e, por conseguinte, o do setor elétrico são de responsabilidade da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

PLANEJAMENTO INDICATIVO E DETERMINATIVO

Planejamento Indicativo: sinaliza ao agente os empreendimentos de interesse para a expansão dos sistemas elétricos.

Planejamento Determinativo: o governo, havendo ou não interesse dos agentes pri-vados, pratica ações para a implementação de empreendimentos prioritários.

No Brasil:

Planejamento da Geração

Indicativo

Planejamento da Transmissão

Determinativo

Além do atendimento ao mercado, a Rede Básica de transmissão tem o papel de interligar os sub-mercados de energia elétrica, viabilizando um ambiente propício para a competição na geração e na comercialização de energia elétrica, com a equalização dos preços da energia realizada pelo despacho otimizado do parque gerador.

EMPRESA pública fede-ral, criada em 2004.

RESPONSÁVEL pelo pla-nejamento energético brasileiro (energia elétrica, petróleo, gás na-tural, seus derivados e biocombustíveis).

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica8

Atualmente, o planejamento da expansão do sistema elétrico brasileiro é consolidado em dois planos: o Plano Decenal de Expansão (PDE) e o Plano Nacional de Energia (PNE). O PNE, com suas orientações e políticas para a energia, é fundamental para a adequada ela-boração do PDE.

Para auxiliar na elaboração desses planos, diversos estudos são realizados, sendo as ques-tões ambientais abordadas de diferentes for-mas, dependendo do nível do processo de pla-nejamento em que esses estudos se realizam.

As orientações e indicações do PDE repre-sentam um instrumento estratégico para a garantia de atendimento ao mercado de ener-gia elétrica com qualidade e confiabilidade.

PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO DO SETOR ELÉTRICO EM TRÊS TEMPOS

A expansão do sistema elétrico precisa ser muito bem planejada, pois envolve uma quantidade elevada de recursos financeiros, além de obras complexas e com elevados prazos para sua realização. O planejamento da expansão é realizado com estudos de curto (dez anos), médio (15 anos) e longo prazos (até 30 anos).

ESTUDOS DE CURTO PRAZO ESTUDOS DE MÉDIO PRAZO ESTUDOS DE LONGO PRAZO

Horizonte de dez anos.

Realizados anualmente.

PRODUTO: Plano Decenal de Expansão.

OBJETIVO: definir a oferta necessária de energia, quais os empreendimentos que atenderão tal oferta e quando entrarão em operação.

FERRAMENTAS: estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental.

FONTES ENVOLVIDAS: petróleo e derivados, combustíveis líquidos, gás natural, fontes alternativas renováveis e carvão mineral.

DESAFIO: reduzir custos e prazos, considerando os aspectos de meio ambiente e engenharia.

Horizonte de 15 anos.

Realizados em um período que varia de dois a três anos.

PRODUTO: seus resultados estão no Plano Decenal de Expansão (Plano Indicativo).

OBJETIVO: analisar as alternativas de expansão da geração e da transmissão, incluindo questões complexas, como: as interligações elétricas entre regiões do país, a utilização da hidroeletricidade da Amazônia e a definição de custos marginais.

Horizonte de até 30 anos.

Realizados em um período que varia de quatro a cinco anos.

PRODUTO: Plano Nacional de Energia (Plano Estratégico).

OBJETIVO: por ser um estudo mais amplo, determina estratégias e prioridades no que se refere a: como será a oferta do sistema energético brasileiro, quais as prioridades para o desenvolvimento tecnológico e industrial, define também a viabilidade técnica, econômica e socioambiental de várias opções de empreendimentos, incluindo ainda a análise de opções para a importação de energia.

BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL (BEN)

Estudo elaborado anualmente e que contabiliza a oferta e o consumo de energia no Brasil nos últimos dez anos, além da importação e exportação, a distribuição e o uso final da energia, entre outros.

PDEDez anos

Critério de Garantia de SuprimentoRisco de insuficiência da oferta de energia: < 5%

Obras mais econômicas, projetos socioambientalmente viáveis

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 9

Esse esforço aconteceu pela tentativa de se evi-tar um novo racionamento de energia, tal como o ocorrido em 2001 e 2002.

Assim, o critério de garantia de suprimen-to acabou sendo incluído nos estudos de pla-nejamento da expansão do sistema elétrico. Dessa forma, o risco de insuficiência da ofer-ta de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) não poderia ultrapassar 5% em cada um dos subsistemas que o integram. A partir

daí, dentro do horizonte de dez anos do PDE, os estudos de planejamento buscaram indi-car obras mais econômicas, no que diz res-peito aos custos de geração e à ampliação da comunicação entre os subsistemas do SIN, projetos socioambientalmente viáveis e com início de operação compatível com os prazos para o desenvolvimento de todas as etapas do empreendimento, de licenciamento ambiental e de construção.

OS LEILÕES

Um dos papéis do Plano Decenal de Energia é defi-nir quais serão as licitações de usinas e linhas de transmissão, realizadas por intermédio de ações que garantam a menor tarifa e o suprimento de energia. A partir dos empreendimentos sugeridos no PDE, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promovem a realização de leilões, com o objetivo de atender à demanda das distribuidoras. Nos leilões, aqueles que oferecerem os maiores descontos sobre o preço-teto estipulado são declarados os vencedores.

PLANEJAMENTO DA EXPANSÃO DA TRANSMISSÃO

Diferentemente do planejamento da geração, que possui caráter indicativo, o plane-jamento da transmissão é determinativo. O caráter indicativo da expansão da geração confere à transmissão a função de acomodar diversos tipos de fontes de geração a serem contratadas nos leilões de energia.

Nesse sentido, o processo de planejamento da expansão da transmissão possui, de for-ma geral, as seguintes etapas:

• Identificação da necessidade de expansão da rede;

• Elaboração dos Estudos de Viabilidade Técnico-Econômica e Socioambiental;

• Detalhamento da alternativa de referência do ponto de vista da engenharia;

• Análise dos aspectos socioambientais do corredor ou da área selecionada para a insta-lação da Alternativa de Referência;

• Análise da integração entre o novo empreendimento e a rede existente;

• Custos fundiários.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica10

Indicadores de Sustentabilidade Energética no Planejamento da Expansão do Setor Elétrico no Brasil

Com o objetivo de orien-tar as estratégias na definição de políticas de investimento no setor elétrico, os planeja-dores utilizam os indicado-res de sustentabilidade como uma das ferramentas.

Como cada setor da econo-mia é diferente um do outro, com distintas demandas por energia elétrica, necessida-des de investimentos e potencial de geração de empregos, os indicadores são ferramentas úteis para compreender o cenário de cresci-mento de cada um desses setores. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),

os indicadores energéticos são instrumentos de comunicação, entre os tomadores de deci-são e a sociedade, de dados quantitativos rela-cionados à sustentabilidade de sistemas ener-géticos.

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ENERGÉTICA DA ANEEL

Desenvolvidos a partir de diretrizes da Organização Latino-Americana de Energia (Olade), os indicadores da Aneel estão divididos nas dimensões: política, econômica, social, ecológica e tecnológica.

DIMENSÃO INDICADORES

Política Segurança no abastecimento.Desconcentração de poder.

EconômicaEquilíbrio no balanço de pagamentos.Apropriação de renda e geração de receitas físicas.

SocialGeração de empregos.Redução de desigualdades regionais.

Ecológica Minimização de impactos sobre o meio físico e biótico.

Tecnológica Qualidade e confiabilidade adequadas.

Os indicadores de sustentabilidade variam por fonte de geração de energia elétrica e permitem o acompanhamento de diferentes

parâmetros, como: qualidade do ar, eficiência energética, uso dos recursos naturais, qualida-de ambiental e qualidade da água.

ATIVIDADE SUSTENTÁVEL

&

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

Proteção ao meio ambiente.

Necessidades sociais.

Minimização de custos econômicos.

Simplificar, quantificar e analisar informações técnicas sobre

determinado fato.

Ferramentas na tomada de decisões buscando direcionar a ação no caminho da sustentabilidade.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 11

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

INDICADORES FATORES OU PARÂMETROS TIPO DE FONTE

Qualidade do ar

Emissões de CO2.Emissões de SO2.Emissões de NOX.

Termelétrica

Emissões de CO2 evitadas.Emissões de SO2 evitadas.Emissões de NOX evitadas.

HidrelétricaTermelétrica

Eólica

Redução de gases efeito estufa. Termelétrica

Eficiência energética

Área ocupada (afetada diretamente pelo empreendimento).HidrelétricaTermelétrica

Eficiência energética de equipamentos – economia.Redução do pico de demanda.

Genérica

Uso de recursos naturaisResíduos e efluentes tratados, reciclados ou utilizados.Resíduos perigosos recuperados ou devidamente destinados.Utilização de subprodutos da combustão do carvão. Termelétrica

Qualidade ambientalProdução de resíduo perigoso.

Melhoramento de encostas prejudicadas – investimento. HidrelétricaTermelétrica

Qualidade da águaSaúde ecológica dos rios.

Saúde ecológica dos reservatórios. Hidrelétrica

Ainda há outros fatores que influenciam o planejamento da expansão do setor elétrico brasileiro e que são relevantes na escolha de indicadores técnicos ou variáveis ambientais na análise de alternativas de expansão. Mere-cem destaque a CONFIABILIDADE E QUALIDA-DE DA ENERGIA e o ATENDIMENTO À DEMAN-DA DE POTÊNCIA.

O indicador de confiabilidade, que informa a qualidade de suprimento de energia por meio do monitoramento das interrupções na rede, é um importante fator a ser a ser levado em conta no planejamento do setor elétrico. Dessa forma, a expansão da capacidade do sistema elétrico deve estar associada ao aumento da carga res-peitando índices prévios de confiabilidade, defi-nidos por meio de indicadores de continuidade.

Há duas famílias básicas desses indicado-res: a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) e a Duração

Equivalente de Interrupção por Unidade Con-sumidora (DEC).

FECIndica quantas vezes, em média, houve interrupção de energia na unidade consumidora (residência, comércio, indústria) em um intervalo de tempo.

DECMede o número de horas que o consumidor ficou sem energia elétrica durante um determinado período.

A avaliação das condições de atendimen-to à demanda máxima do sistema também é uma das ações que compõem o planejamento da expansão do setor elétrico. Assim, os Planos Decenais de Expansão de Energia (PDE) apre-sentam um balanço entre a capacidade máxima de potência disponível e a demanda máxima instantânea, com o objetivo de verificar se o sis-tema é capaz de atender à sua demanda máxi-ma, no horizonte definido no planejamento.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica12

EPE

AAI EIA / RIMA

Estudos deInventário

Estudos deViabilidade

LPLicençaPrévia

MME EMPREENDEDORANEEL

ProcessoLicitatório

Leilão

LILicença deInstalação

RLORenovaçõesde Licença

de Operação

LOLicença deOperação

ProjetoBásico

Construção Operação

Fonte: Elaboração própria, com base em informações da EPE.

Observa-se um prazo médio de 5 anos e meio antes de envolver os responsáveis pelos empreendimen-tos. Depois desse prazo, os empreendedores têm a responsabilidade pelas etapas de projeto básico e construção, com um prazo de cerca de 5 anos, e continuam durante toda a vigência de operação do empreendimento, o que não raramente pode ser um prazo de 25 anos (solar e eólica), 30 anos (térmica) e 30 anos (hidrelétrica).

Indicadores Socioambientais no Planejamento da Expansão da Geração

Os indicadores socioambientais buscam identificar o nível de degradação que o uso de energia pode causar ao meio ambiente e à sociedade. A energia elétrica é utilizada em vários setores (residencial, industrial, comer-cial e outros) e é gerada de diversas formas (hídrica, térmica, eólica, solar, biomassa).

INDICADORES AMBIENTAIS são dados estatísticos que representam ou resumem aspectos do meio ambiente, dos recursos naturais e das atividades humanas.Fonte: MMA, 2018.

O Meio Ambiente e o Planejamento da Expansão do Setor Elétrico no Brasil

A geração de energia elétrica pode ser gerada a partir de diferentes fontes: Usinas Hidrelétri-cas (UHEs), Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Usinas Eólicas, Usinas Fotovoltaicas, Usinas Termelétricas (que podem ter diferen-tes combustíveis: gás natural, carvão mineral, biomassa e termonuclear).

O cuidado com o meio ambiente está pre-sente em todas as fases de estudo da expansão do sistema elétrico. Inicia-se nos Estudos de Inventário e de Viabilidade (em que a EPE é responsável), percorre o processo de licitação

e leilão (sob responsabilidade do MME e Aneel) e continua nas fases de projeto básico, cons-trução e operação do empreendimento, sendo essas últimas fases de responsabilidade dos empreendedores envolvidos.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 13

FONTES PRIMÁRIAS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E INDICADORES DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

FONTES PRIMÁRIAS DESCRIÇÃOINDICADORES DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

AMBIENTAL SOCIOECONÔMICO

USINAS HIDRELÉTRICAS (UHEs)

Fonte renovável, de baixo custo e com tecnologia nacional. O Brasil detém um grande potencial hidrelétrico, porém essa fonte possui críticas crescentes devido aos impactos ambientais causados pelos grandes reservatórios.

• Perda de vegetação.

• Transformação de ambiente.

• Interferência em áreas de conservação.

• População afetada.• Interferência em terra indígena.• Interferência na infraestrutura. • Empregos diretos durante as

obras.• Empregos indiretos durante as

obras.• Empregos diretos durante o pico

das obras.

PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCHs)

Potência instalada entre 3 e 30 MW e área de reservatório inferior a 13 km², que representa menor área alagada. Cuidado necessário com a biodiversidade aquática e estratégias para a reprodução de peixes.

• Área alagada.• Área alagada

por potência instalada.

• Empregos diretos durante as obras.

• Empregos indiretos durante as obras.

• Empregos diretos durante o pico das obras.

USINAS TERMELÉTRICASDevido às suas características técnicas, como flexibilidade operacional e independência de variações climáticas, as usinas termelétricas trazem ganhos de confiabilidade ao sistema, aumentando a segurança energética do país.

Gás naturalCombustível fóssil de menor emissão de gases de efeito estufa (GEEs).Possui maior segurança de manuseio e estocagem.

Emissões de GEEs no SIN.

• Empregos diretos durante as obras.

• Empregos indiretos durante as obras.

• Empregos diretos durante o pico das obras.

Carvão mineral

As usinas produzem energia pela queima do carvão em um gerador de vapor que transforma água em vapor de alta pressão e alta temperatura. Entre as vantagens estão o baixo custo na extração, o alto rendimento no aquecimento de caldeiras, a facilidade na conversão em energia elétrica e em usos industriais. Entre os principais impactos ambientais estão a emissão de GEEs e poluentes atmosféricos, com consequentes impactos na saúde humana, assim como o uso e a possibilidade de contaminação de recursos hídricos.

Biomassa

Composta de resíduos: bagaço de cana-de-açúcar, da indústria de papel e celulose, de madeira, agrícolas (casca de arroz, entre outros).Apresenta vantagens para o sistema elétrico, tanto em termos socioambientais quanto em termos técnico-operacionais.Fonte de energia renovável, não agrava as mudanças climáticas.Como é implantada relativamente próxima dos centros de carga, minimiza investimentos e impactos em linhas de transmissão, além de ser facilmente despachável.

Termo nuclear

Não emite diretamente gases poluentes, como óxidos de enxofre, nem GEEs.Grande disponibilidade de combustível no Brasil, porém o principal desafio é a disposição final dos rejeitos radioativos, além da percepção de risco de acidente pela sociedade.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica14

FONTES PRIMÁRIAS DESCRIÇÃO

INDICADORES DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

AMBIENTAL SOCIOECONÔMICO

USINAS EÓLICAS

Energia contida nas massas de ar – vento, que tem condições de ser utilizada na geração de energia elétrica.

• Área total dos parques eólicos por potência instalada.

• Área total dos parques eólicos.• Nº de parques eólicos com

interferência em Unidade de Conservação de uso sustentável.

• Nº de parques eólicos com interferência direta em terra indígena.

• Empregos diretos durante as obras.• Empregos indiretos durante as obras. • Empregos diretos durante o pico das

obras.

USINAS FOTOVOLTAICAS

Energia proveniente da luz e do calor do sol, aproveitada através das chamadas células fotovoltaicas.As células fotovoltaicas são feitas de materiais capazes de transformar a radiação solar diretamente em energia elétrica por meio do chamado “efeito fotovoltaico”.Hoje, o material mais difundido para este uso é o silício.

• Área total das plantas fotovoltaicas.• Área das plantas fotovoltaicas por

potência instalada.

• Empregos diretos durante as obras.• Empregos indiretos durante as obras. • Empregos diretos durante o pico das

obras.

Inventário Hidrelétrico de Bacia Hidrográfica

Como o Brasil utiliza muito as unidades hidrelétricas (tanto de grande quanto de pequeno porte), é importante conhecer como é feito o inventário hidrelétrico de uma bacia hidrográfica (área onde o conjunto de suas águas superficiais converge em direção a um determinado local).

ETAPAS DE ESTUDOS E PROJETOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO

1 Potencial Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica

É a capacidade de produção de energia elétrica.

3 Avaliação Ambiental Integrada

Instrumento que avalia as fragilidades am-bientais e as potencialidades socioeconô-micas de uma bacia hidrográfica, conside-rando os empreendimentos hidrelétricos implantados e os potenciais barramentos, com base nos efeitos cumulativos e sinér-gicos desse conjunto de aproveitamentos sobre o meio físico e os ecossistemas ter-restres, os recursos hídricos e os ecossis-temas aquáticos e a socioeconomia, nos horizontes atual e futuro de planejamento.

2 Inventário Hidrelétrico

É a divisão de queda por bacia, incluindo o es-tudo de vários projetos para otimizar a sua uti-lização, considerando a melhor relação entre os custos de implantação, benefícios energéticos e impactos socioambientais.

4 Estudos de Viabilidade

Estudos mais detalhados para a análise da via-bilidade técnica, econômica e socioambiental que leva à definição do aproveitamento ótimo que irá ao leilão de energia. Com base nesses es-tudos, são elaborados o Estudo de Impacto Am-biental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambien-tal (RIMA) de um empreendimento específico, tendo em vista a obtenção da Licença Prévia (LP), junto aos órgãos ambientais.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 15

Avaliação Ambiental Integrada (AAI)

A Avaliação Ambiental Integrada (AAI) se constitui de estudos que visam identificar e avaliar os efeitos dos impactos ambientais cau-sados por uma série de processos envolvidos na geração de energia hidrelétrica.

A AAI é considerada inovadora porque

abrange toda a bacia hidrográfica onde se loca-liza um empreendimento, estabelecendo as fra-gilidades e potencialidades da bacia como um todo, além de permitir a participação dos dife-rentes agentes envolvidos para garantir acor-dos que contribuam para a sustentabilidade.

ESTRUTURA DA AAI

Caracterização SocioambientalIdentificação das principais características ambientais, econômicas e sociais da bacia

por componente síntese.

Avaliação Ambiental Distribuída – AADSubdivisão da bacia por compartimentos.Identificação de indicadores ambientais.Identificação das potencialidades e fragilidades no cenário atual.Definição do cenário referencial.Identificação das potencialidades e fragilidades no cenário sem empreendimentos.Identificação e avaliação dos impactos ambientais decorrentes da implantação dos empreendimentos hidrelétricos previstos.Caracterização dos efeitos sinérgicos cumulativos.Identificação das potencialidades e fragilidades no cenário com empreendimentos.

Análise de ConflitosIdentificação dos principais conflitos.Identificação dos conflitos potenciais que podem ocorrer devido a mais de um empreendimento.

Identificação de efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes dos impactos ambientais ocasionados pelo conjunto dos aproveitamentos hidrelétricos.Identificação das fragilidades potenciais na bacia no cenário futuro.Proposição de diretrizes e recomendações para futuros empreendimentos.

Realização de reunião teórica e seminários.

Avaliação Ambiental Integrada – AAI e Diretrizes

Participaçãopública

Fonte: Elaborado com base no Termo de Referência da AAI da Bacia do Rio Uruguai, 2005.

Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA), Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (PNMA), estabelecida por meio da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: o licenciamento ambiental objetiva a preservação, a melhoria e a recu-peração da qualidade ambiental propícia à vida, assegurando, ao mesmo tempo, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica16

CADERNO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE: foi concebido um processo de avaliação preventiva no qual todos os aspectos ambientais, das dife-rentes fases do empreendimento – concepção, planejamento, instalação e operação – devem ser examinados e avaliados.

RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA), em especial, a Resolução nº 237/97: institui o processo de licenciamento ambiental, que deve ser uma ati-vidade contínua, antes e posterior à tomada de decisões. Possui revisão e atualização periódicas, inclusive após o pleno funcionamento do empreendimento e/ou da atividade. Esse processo de licenciamento ambiental é composto por três etapas:

PRÉVIAEtapa fundamen-

tal, pois atesta a viabilidade ambiental do

empreendimento.

INSTALAÇÃOAprova o detalhamento do projeto executivo e todas as medidas de controle

ambiental e de mitigação a serem conduzidas ao longo da instalação. Concede a

permissão para o início das obras do empreendimento.

OPERAÇÃOConcede a permissão de ope-

ração do empreendimento mediante verificação do

cumprimento de todo o plano de controle ambiental da ins-talação, bem como aprova

os controles a serem condu-zidos ao longo da operação.

Empreendimentos e atividades consideradas impactantes para o meio ambiente e para a população: requerem estudos prévios de viabilidade e impacto ambiental, sendo o Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) e o Estudo de Impacto Ambiental e seu Relatório (EIA/RIMA). Em alguns casos, como no do licenciamento de sistemas de produção e distribuição de gás natural, são demandados também estudos de Avaliação de Risco Ambiental (ARA), cujos resultados se tornam fundamentais para a decisão locacional do empreendimento.

EIA/RIMA: Está entre os mais utilizados instrumentos de avaliação de impacto ambiental, possuindo status constitucional, sendo previsto no art. 225, § 1º, IV da Constituição Federal de 1988. Apresenta um diagnóstico ambiental detalhado dos aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos das áreas de influência direta e indireta, bem como uma análise prévia de todos os possíveis impactos ambien-tais, com suas magnitudes, e das alterações passíveis de ocorrência com a implantação e operação do empreendimento e/ou da atividade. Deve conter, também, os programas ambientais de controle, os programas mitigatórios e compensatórios, o acompanhamento e o monitoramento dos impactos positivos e negativos ora apontados. O RIMA é a sua síntese, apresentando, de forma resumida, o diagnóstico, os impactos e os programas, devendo refletir as conclusões de maneira clara, objetiva e compreensível à população em geral.

As Resoluções CONAMA nº 279/2001 e nº 462/2014 estabelecem procedimentos simplificados para empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 17

Principais Críticas ao Processo de Licenciamento Ambiental

• Demora na emissão das licenças, passando por exigências burocráticas.• Licenciamento individual do empreendimento, com ausência de base do planejamento

territorial.• Ausência de uma avaliação ambiental estratégica de uma bacia hidrográfica e dos conjuntos

de empreendimentos lá inseridos.

O licenciamento ambiental possui diferentes leis, resoluções, decretos e instruções normativas que variam conforme o tipo de licença e de fonte primária de geração de energia elétrica. A tabela a seguir permite um guia rápido de toda essa regulamentação.

Legislação Associada ao Licenciamento Ambiental

FONTES PRIMÁRIAS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

LICENÇA PRÉVIA LICENÇA DE INSTALAÇÃO LICENÇA DE OPERAÇÃO

USINAS HIDRELÉTRICAS (UHES)

Resolução n° 001/86; Resolução CONAMA nº 06/87;Resolução CONAMA nº 09/87;Decreto nº 99.274/90;Lei nº 9.074/95 artigo 5º, I e II;Lei nº 9.427/96, artigo 26, § 6º,Resolução CONAMA nº 237/97;Instrução Normativa IBAMA nº 184/08;Lei Complementar nº 140/11;Decreto nº 8.437/15;Lei nº 12.651/12.

Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Instrução Normativa IBAMA nº 184/08;Lei nº 12.651/12.

Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Instrução Normativa IBAMA nº 184/08;Lei nº 12.651/12.

PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCHS)

Resolução CONAMA nº 01/86;Resolução Aneel nº 673/15, artigo 2º c/c Lei nº 9.427/96, artigo 26, I;Resolução CONAMA nº 237/97;Resolução CONAMA nº 279/01;Lei Complementar nº 140/11;Decreto nº 8.437/15 (artigo 2º, XXX, b);IBAMA nº 184/2008.

Resolução CONAMA nº 237/97;Resolução CONAMA nº 279/01;IBAMA nº 184/2008;Lei nº 12.651/2012.

Resolução CONAMA nº 237/97;Resolução CONAMA nº 279/01;IBAMA nº 184/2008.

CENTRAIS GERADORAS HIDRELÉTRICAS (CGHS)

Lei nº 9.074/95 artigo 8º;Resolução CONAMA nº 279/01;Instrução Normativa IBAMA nº 184/08;Lei Complementar nº 140/11.

Resolução CONAMA nº 279/01;Instrução Normativa IBAMA nº 184/08.

Resolução CONAMA nº 279/01;Instrução Normativa IBAMA nº 184/08.

USINAS EÓLICAS

Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resoluções CONAMA nº 279/01;Lei Complementar nº 140/11;Resolução CONAMA nº 462/14;Decreto nº 8.437/15.

Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resoluções CONAMA nº 279/01;Lei nº 10.438/2002;Resolução CONAMA nº 462/14.

Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resoluções CONAMA nº 279/01;Resolução CONAMA nº 462/14.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica18

FONTES PRIMÁRIAS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

LICENÇA PRÉVIA LICENÇA DE INSTALAÇÃO LICENÇA DE OPERAÇÃO

USINAS FOTOVOLTAICAS

Resolução n° 001/86;Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resoluções CONAMA nº 279/01;Lei Complementar nº 140/11.

Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resoluções CONAMA nº 279/01.

Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resoluções CONAMA nº 279/01.

USINAS TERMELÉTRICAS (gás natural, carvão mineral, biomassa, termonuclear*)

Lei nº 4.118/62*;Resolução CNEN nº 11/1984*;Resolução CONAMA nº 06/87;Resolução Conama nº 05/89;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resolução CONAMA nº 279/01;Resolução CONAMA nº 382/06;IN IBAMA nº 184/08;Resolução Aneel nº 390/09;Instrução Normativa IBAMA nº 12/10;Resolução CONAMA nº 436/11;Lei Complementar nº 140/11;Resolução CNEN nº 166/2014*;Resolução CNEN nº 170/2014*;Decreto nº 8.437/15 (artigo 2º, XXX, c);Decreto nº 8.437/15 (artigo 3º, inciso VII, alínea “b”).

Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resolução CONAMA nº 279/01;IN IBAMA nº 184/08.

Resolução CONAMA nº 06/87;Decreto nº 99.274/90;Resolução CONAMA nº 237/97;Resolução CONAMA nº 279/01;IN IBAMA nº 184/08.

Fatores de Risco e Custos Associados aos Requisitos Socioambientais na Geração de Energia Elétrica

O setor elétrico precisa conhecer e tratar os custos associados à prevenção, à mitigação, à compensação, ao controle e ao monitoramento

dos impactos causados pela geração de ener-gia, bem como suas externalidades, positivas ou negativas.

Os principais impactos da geração de energia são:

• Impactos sobre o meio ambiente: são aque-les causados pela liberação no meio ambiente (solo, ar e água) de substâncias, como partí-culas finas, ou energia, como radiação, ruído ou calor, ou pela ocupação de áreas, causando impactos socioeconômicos. Esses impactos podem estar associados: à saúde humana; à biodiversidade; às funções e aos serviços ecos-sistêmicos; ao uso do solo; às atividades eco-nômicas (irrigação, pesca, produção agrícola

etc.); ao ambiente construído (bens materiais e equipamentos); ao patrimônio cultural, his-tórico e arqueológico.

• Impactos sobre o clima global: são os impac-tos decorrentes das emissões de gases de efeito estufa, que incidem sobre o meio ambiente na-tural, afetando o clima global.

• Acidentes: embora raros, são eventos indese-jáveis com repercussões sobre o público, como por exemplo: rompimento de barragens, aci-dentes em centrais nucleares, derramamento de óleo, entre outros.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica 19

Os principais impactos positivos da geração de energia elétrica nas áreas de implantação dos empreendimentos estão associados majo-ritariamente:

a) Ao desenvolvimento econômico local, decorrente da inversão de capital na região, levando à geração de renda e de empregos, dinamizando a economia local. Evidentemente, essa dinamização econô-mica irá variar, dependendo do tamanho do empreendimento, da fonte energética e da tecnologia utilizada, assim como da dinâmica econômica pré-existente no local. Mas a implantação de empreendimentos de geração sempre acarreta benefícios para o desenvolvimento econômico local.

b) À melhoria na qualidade de vida das comunidades locais, que decorre do aumento da renda e do emprego, mas tam-bém de melhorias no território introduzi-das pelo empreendimento, seja na articula-ção viária, nos casos de pequenas unidades, seja toda uma remodelação da infraestrutu-ra física e social dos municípios, como ocor-re no caso de grandes usinas hidrelétricas.

c) À melhoria das receitas públicas munici-pais, decorrente da maior arrecadação de tributos, fruto da dinamização econômica e do pagamento de compensação financeira e de outros tributos, por exemplo: Imposto sobre Serviços (ISS) e Imposto sobre Circu-lação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Internalização dos Custos Ambientais de Energia

Os custos associados aos danos, potenciais ou efetivos, associados às atividades de gera-ção de energia elétrica, quando não contabili-zados, são considerados externalidades econô-micas (custos externos).

A devida contabilização dos custos socioam-bientais (custos externos) das diversas fontes energéticas presentes na matriz brasileira levaria a menores distorções no mercado de energia elétrica, pelo aumento da competiti-vidade de fontes mais limpas (menos impac-tantes) e pelo aumento dos custos das fontes mais impactantes. Isso significaria melhorias importantes nos resultados dos modelos de planejamento de longo prazo do setor elétrico brasileiro.

Existem duas técnicas de internalização desses custos: estimativa dos custos de con-trole e estimativa dos custos de degrada-ção. Na maioria dos orçamentos da rubrica

socioambiental de empreendimentos de gera-ção de energia elétrica no Brasil, a estimati-va de custos de controle é utilizada. No caso de grandes empreendimentos estratégicos, o custo de degradação tem sido usado como um balizamento dos custos ambientais de usinas hidrelétricas.

ESTIMATIVA DOS CUSTOS DE CONTROLE

ESTIMATIVA DOS CUSTOS DE DEGRADAÇÃO

Representam os valores monetários da proteção ambiental, ou seja, aquilo que a sociedade pagará para evitar os danos ao meio ambiente.

Refere-se à estimativa dos valores monetários dos custos de degradação. Avaliando o efeito dos impactos sobre o meio ambiente como uma perda econômica, os custos de degradação representam o benefício monetário da proteção ambiental.

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CADERNO 1 | O Setor de Energia Elétrica20

Riscos Associados à Volatilidade no Setor Elétrico Brasileiro

O risco associado aos aspectos socioeconô-micos da região de implantação dos empreen-dimentos não dispõe de critérios e de uma base legal amplamente estabelecida.

Às vezes, pode ocorrer a imposição de medi-das que não estão diretamente associadas aos impactos identificados nos estudos elaborados durante o processo de licenciamento, mas se trata, muitas vezes, de problemas pré-exis-tentes, históricos na região de implantação e que demandariam investimentos em infraes-trutura inerentes ao poder público para sanar carências e deficiências das políticas públicas dos governos locais.

Adicionalmente, como a definição dessas ações pode ocorrer em qualquer fase das ati-vidades, dada a obrigatoriedade da renova-ção das licenças de operação, sob a ótica dos empreendedores, a componente socioam-biental do licenciamento, além dos seus altos custos, mina a previsibilidade dos investi-mentos, o que eleva os riscos econômicos e financeiros dos empreendimentos. Em ape-nas poucas usinas hidrelétricas isso é consi-derado na definição do preço-teto de energia nos leilões, peça central do modelo atual do setor elétrico brasileiro.

PARA SABER MAIS

ABCDEnergia – Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – www.epe.gov.br

Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE) – www.abradee.com.br

Balanço Energético Nacional (BEN) – Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – https://ben.epe.gov.br

Ministério do Meio Ambiente (MMA) – www.mma.gov.br

Plano da Operação Energética (PEN) – Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – www.ons.org.br

Resenha Energética Brasileira 2018 – Ministério de Minas e Energia – www.mme.gov.br

Sistema em Números – Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – www.ons.org.br

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