caderno com programação de todos os poemas

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PROGRAMAÇÃO & RESUMOS XIV CONGRESSO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: TODOS OS POEMAS O POEMA Organização: Programa de Pós-Graduação em Letras Universidade Federal do Espírito Santo Vitória 15 e 16 de outubro de 2012

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Estudos sobre coletânea poética de literatura brasileira.

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PROGRAMAÇÃO & RESUMOS

XIV CONGRESSO DEESTUDOS LITERÁRIOS:

TODOS OS POEMAS O POEMA

Organização:Programa de Pós-Graduação em Letras

Universidade Federal do Espírito Santo

Vitória15 e 16 de outubro de 2012

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Universidade Federal do Espírito Santo

ReitorReinaldo Centoducatte

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-GraduaçãoPró-ReitorNeyval Costa Reis Junior

Centro de Ciências Humanas e NaturaisDiretorRenato Rodrigues Neto

Departamento de Línguas e LetrasChefeJurema José de Oliveira

Programa de Pós-Graduação em LetrasCoordenadoraLeni Ribeiro LeiteCoordenadora AdjuntaFabíola Padilha

Comissão organizadoraAlexandre CurtissRaimundo CarvalhoWilberth Salgueiro

Comissão científicaEster Abreu Vieira de Oliveira (Ufes), Evando Nascimento (UFJF), Fábio Cavalcante de Andrade (UFRPE), Flávio Carneiro (Uerj), Gilvan Ventura da Silva (Ufes), Jaime Ginzburg (USP), Luiz Carlos Simon (UEL), Marília Rothier Cardoso (PUC-Rio), Risonete Batista de Souza (UFBA) e Rosani Umbach (UFSM).

Secretaria geralWander Magnago Alves

Secretaria do eventoYasmin Zandomenico

CapaAnaíse Perrone[Capa elaborada a partir da escultura “O Pensador” (1904), originalmente intitulada “O Poeta”, de Auguste Rodin.]

Projeto gráficoLudmilla Nascimento

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SUMÁRIO

ApresentaçãoProgramação geral das conferências e dos simpósiosProgramação do Simpósio 1. Poemas em língua portuguesa (I) Dias 15 e 16 de outubro Coordenadores: Maria Amélia Dalvi e Alexander NassauProgramação do Simpósio 1. Poemas em língua portuguesa (II) Dias 15 e 16 de outubro Coordenadores: Maria Mirtis Caser e Lucas dos PassosProgramação do Simpósio 2. Poemas em tradução Dia 16 de outubro Coordenadores: Raimundo Carvalho e João Paulo MatediProgramação do Simpósio 3. Poema e(m) canção Dia 15 de outubro Coordenadoras: Mónica Vermes e Luciana UcelliProgramação do Simpósio 4. Poesia experimental, visual, sonora,holográfica, multilíngue Dias 15 e 16 de outubro Coordenadores: Lino Machado e Douglas SalomãoProgramação do Simpósio 5. Teorias do texto poético Dias 15 e 16 de outubro Coordenadores: Wilberth Salgueiro e Ernesto PachitoResumos (das conferências e das comunicações)Participantes do eventoPoetas estudados no eventoInformações relativas a transporte, hospedagem e alimentaçãoInformações relativas a ouvintes, envio do artigo etc.

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APRESENTAÇÃO

Buscando incrementar o debate acerca de temas que envolvem as suas três linhas de pesquisa (a saber: Poéticas da antiguidade e da pós-mo-dernidade, Literatura e expressões da alteridade, e Literatura e outros sistemas de significação), o Programa de Pós-Graduação em Letras da Ufes – com área de concentração em Estudos Literários – organiza, anualmente, um evento de caráter plural em que se procura mobilizar pesquisadores de todo o país. A ideia é realizar um evento em que os trabalhos convirjam para o Poema, isto é, que os trabalhos se dediquem, sobretudo, ao exercício de análise e de interpretação do texto poético. Não há nenhuma orientação prévia específica quanto a correntes críticas, períodos literários, linhas de pesquisa ou perspectivas teóricas, metodológicas e epistemológicas. O Poema, portanto, de qualquer época e em qualquer língua, tendo ou não a palavra como suporte principal, poderá ser lido à luz dos mais diversos horizontes, que não somente o dos estudos literários. Assim como um poema lança mão de técnicas irrepetíveis e surge tantas vezes do imponderável, a expectativa é que os ensaios se façam de forma semelhante: jogando uma luz – inesperada – nas penumbras do verso, ou afim, que estava lá, quieto, só e mudo, no seu canto. Para os estudiosos do assunto, pensar o Poema de cabo a cabo será uma opor-tunidade – cada vez mais rara na universidade – de travar conhecimento com reflexões crítico-teóricas a um tempo múltiplas e singulares; para o público em geral, será uma ocasião para se deleitar com dezenas de obras poéticas e, de quebra, testemunhar que nem sempre um poema é algo tão misterioso, inalcançável e hermético como se imagina.

Congressistas, bem-vindos!

A comissão organizadora.

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PROGRAMAÇÃO GERAL DASCONFERÊNCIAS E DOS SIMPÓSIOS(espaço: serão utilizados o Auditório do CT e as salas do Prédio de Letras e do IC-3)

15 de outubro, segunda-feira

Abertura e conferências, 9h

I. Júlio Diniz (PUC-Rio): A geração 00 e a cena poético-musical contem-porâneaCoordenadora: Leni Ribeiro LeiteLocal: Auditório do CT

II. Paulo Roberto Sodré (UFES): “Proençaes soen mui bem trobar” ou um Dom Dinis irônico e angustiadoCoordenadora: Leni Ribeiro LeiteLocal: Auditório do CT

Simpósios, 14h

1. Poemas em língua portuguesa (I)Coordenadores: Maria Amélia Dalvi e Alexander NassauLocal: Sala Clarice Lispector

1. Poemas em língua portuguesa (II)Coordenadores: Maria Mirtis Caser e Lucas dos PassosLocal: Sala Guimarães Rosa

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3. Poema e(m) cançãoCoordenadoras: Mónica Vermes e Luciana UcelliLocal: Sala 7 do IC-34. Poesia experimental, visual, sonora, holográfica, multilíngueCoordenadores: Lino Machado e Douglas SalomãoLocal: Sala 8 do IC-3

5. Teorias do texto poéticoCoordenadores: Wilberth Salgueiro e Ernesto PachitoLocal: Auditório do CT

Conferências, 19h

III. José Américo Miranda (UFMG): Poesia e vidaCoordenador: Sérgio AmaralLocal: Auditório do CT

IV. Orlando Lopes (UFES): Da Máquina do Mundo como uma epopeia minimal: diálogos com a tradição na poética de Carlos Drummond de AndradeCoordenador: Sérgio AmaralLocal: Auditório do CT

16 de outubro, terça-feira

Conferências, 9h

V. Susana Souto (UFAL): A harmonia caótica de Glauco MattosoCoordenador: Jorge NascimentoLocal: Auditório do CT

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VI. Alexandre Curtiss (UFES): Houve uma vez um cinema-poesia: des-caminhos e dissabores de uma proposta pasoliniana em tempos de realismo sensórioCoordenador: Jorge NascimentoLocal: Auditório do CT

Simpósios, 14h

1. Poemas em língua portuguesa (I)Coordenadores: Maria Amélia Dalvi e Alexander NassauLocal: Sala Clarice Lispector

1. Poemas em língua portuguesa (II)Coordenadores: Maria Mirtis Caser e Lucas dos PassosLocal: Sala Guimarães Rosa

2. Poemas em traduçãoCoordenadores: Raimundo Carvalho e João Paulo MatediLocal: Sala 7 do IC-3

4. Poesia experimental, visual, sonora, holográfica, multilíngueCoordenadores: Lino Machado e Douglas SalomãoLocal: Sala 8 do IC-3

5. Teorias do texto poéticoCoordenadores: Wilberth Salgueiro e Ernesto PachitoLocal: Sala 9 do IC-3

Conferências e encerramento, 19h

VII. Celia Pedrosa (UFF): Poesia, expansividade e resistênciaCoordenador: Alexandre MoraesLocal: Auditório do CT

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VIII. Fabíola Padilha (UFES): Performances subjetivas na poesia brasileira contemporâneaCoordenador: Alexandre MoraesLocal: Auditório do CT

Página do eventohttp://www.ufes.br/ppgl

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PROGRAMAÇÃO DOS SIMPÓSIOS

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Simpósio 1

POEMAS EM LíNGUA PORTUGUESA (I)Coordenadores: Maria Amélia Dalvi e Alexander NassauLocal: Sala Clarice Lispector

Dia 15 de outubro, segunda-feira, 14h

Mesa I: Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Álvaro de Campos,Carlos Drummond de Andrade, Murilo MendesCoordenação: Leni Ribeiro Leite

1. Ariovaldo Vidal (USP) / O chamado do mar

2. Marcos Vinícius Scheffel (UFAM) / “Não sei dançar” – Passagens entre o estético e o ideológico na lírica de Manuel Bandeira

3. Marcos Rocha Matias (UFES); Luís Eustáquio Soares (UFES) / Ode triunfal ou a canção à modernidade

4. Maria Amélia Dalvi (UFES) / Angústica, melancoloa e solidão em cinco poemas eróticos de Carlos Drummond de Andrade

5. Sandra Mara Moraes Lima (PUC-SP – SEDU-ES) / O lutador – A vida sem álibi

6. Karina Bersan Rocha (PUC-Minas – IFES) / Poesia sem fronteiras: O ero-tismo e o sagrado em poemas de Murilo Mendes

7. Paulo Muniz da Silva (UFES/Fapes) / Os muros têm a palavra: Notas sobre o poema “Muros”, de Murilo Mendes

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Dia 16 de outubro, terça-feira, 14h

Mesa II: João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Mário Quintana, Rubem Braga, Ferreira Gullar, Hilda Hilst, Fiama Hasse Pais Brandão, José Paulo PaesCoordenação: Leni Ribeiro Leite

1. Waltencir Alves de Oliveira (UFPR) / Escrever se limita com tourear: A poesia de João Cabral de Melo Neto como “Espelho da Tauromaquia”

2. Isabelly Cristiany Chaves Lima (UEPB/Capes); Julyanna de Sousa Barbosa Germano (UEPB); Eli Brandão (UEPB) / A poética divina e literária em “O operário em construção” de Vinicius de Moraes: Literatura e teologia: Em diálogo

3. Ana Maria Quirino (UFES – IFES) / O lirismo no espelho

4. Alessandra F. Conde da Silva (UFPA) / Marcas poéticas medievais e clás-sicas em ode descontínua para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio da obra “Júbilo, memória, noviciado da paixão” de Hilda Hilst

5. Alexander Jeferson Nassau Borges (UFES) / Grafismos de uma poética: Fiama Hasse Pais Brandão e a escrita do inexprimível

6. Bruna Pimentel Dantas (UFES/Capes); Luciana Fernandes Ucelli Ramos (UFES/Fapes) / Pode ser tudo e ao mesmo tempo? A reinvenção da lingua-gem através da relação poesia-infância

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Simpósio 1

POEMAS EM LíNGUA PORTUGUESA (II)Coordenadores: Maria Mirtis Caser e Lucas dos PassosLocal: Sala Guimarães Rosa

Dia 15 de outubro, segunda-feira, 14h

Mesa III: Alphonsus de Guimaraens, Gonçalves Dias, Ferreira Gullar, Manoel de Barros, Paulo LeminskiCoordenação: Sérgio Amaral

1. Francine Fernandes Weiss Ricieri (UNIFESP) / A catedral e o tempo: análise de um poema de Alphinsus de Guimaraens

2. Isabelly Cristiany Chaves Lima (UEPB/Capes); Julyanna de Sousa Barbo-sa Germano (UEPB); Eli Brandão (UEPB) / Nossa sociedade é marabá. Nós também o somos: uma análise hermenêutica do poema “Marabá”, de Gonçalves Dias

3. Gabriela Fernandes de Carvalho (UFBA/Fapesb); Sandro Santos Ornellas (UFBA) / “Bananas podres 3”: possíveis leituras

4. José Ribamar Neres Costa (FAMA); Susane Martins Ribeiro (FAMA) / Po-ema sujo x cidade limpa: um retrato de São Luís pelo olhar de Ferreira Gullar

5. Ana Remígio (UERN) / Voo panorâmico sobre o nada: as imagens poéti-cas de Manoel de Barros

6. Letícia Queiroz de Carvalho (IFES) / Manoel de Barros e Paulo Leminski: um diálogo poético

7. Lucas dos Passos (IFES) / A dívida eterna: história e chiste na poesia-li-miar de Paulo Leminski

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Dia 16 de outubro, terça-feira, 14h

Mesa IV: Paulo Henriques Britto, Eucanaã Ferraz, Marcelino Freire, Maria Maria, Ana Luísa Amaral, Reinaldo Santos NevesCoordenação: Sérgio Amaral

1. Goiandira de F. Ortiz de Camargo (UFG-CNPq) / A subjetividade lírica em um soneto de Paulo Henriques Britto

2. Juliana Santos de Moura (UNESP); Fabiane Renata Borsato (UNESP) / Uma leitura do poema “Xilo”, de Eucanaã Ferraz

3. Maria Fernanda Garbero de Aragão (UFRRJ) / A palavra dança: a escritura poética de Marcelino Freire

4. Maria Marcela Freire (UFRN); Valdenides Cabral de Araújo Dias (UFRN) / Maria Maria e a poesia lírico-amorosa no beijo de Eros

5. Olliver Robson Mariano Rosa (UFG); Goiandira de F. Ortiz de Camargo (UFG) / O jogo de vozes na construção do poema de Ana Luísa Amaral

6. Nelson Martinelli Filho (UFES) / Autobiografar-se como um outro: Au-to-ficção em muito soneto por nada, de Reinaldo Santos Neves

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Simpósio 2

POEMAS EM TRADUÇÃOCoordenadores: Raimundo Carvalho e João Paulo MatediLocal: Sala 7 do IC-3

Dia 16 de outubro, terça-feira, 14h

Mesa V: W. H. Auden, João Cabral de Melo Neto, Gary Snider, William Carlos Williams, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes, Santiago Montobbio, Pierre de Ronsard, Elizabeth Barrett Browning, Álbio Tibulo, VirgílioCoordenação: Jorge Nascimento

1. Angie Miranda Antunes (UFJF); Fernando Fábio Fiorese Furtado (UFJF) / Sujeito, linguagem e realidade em “Words”, de W. H. Auden

2. Sara Novaes Rodrigues (UFES) / Caminhos das Pedras

3. Pedro Antônio Freire (UFES/Capes) / “Traduções” de Graciliano Ramos em três perspectivas: Vinicius, Cabral, Murilo

4. Ester Abreu Vieira de Oliveira (UFES) / A poética se Santiago Montobbio – um poeta catalão

5. Carlos Roberto Ludwig (UFRGS/CNPq) / A tradução poética e rítmica de Pierre de Ronsard

6. Fernanda Cardoso Nunes (UERN) / Elizabeth Barrett Browning’s ‘Sonnet XLIII’: uma análise comparativa de três traduções para o português

7. João Paulo Matedi (UFES) / Um poema, um tradutor, duas traduções – Tibulo

8. Raimundo Carvalho (UFES) / Um ramo de ouro para VirgílioSimpósio 3

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POEMAS E(M) CANÇÃOCoordenadores: Mónica Vermes e Luciana UcelliLocal: Sala 7 do IC-3

Dia 15 de outubro, segunda-feira, 14h

Mesa VI: Raul Seixas, Paulo Coelho, Bob Dylan, Crosby, Stills & Nash, Cae-tano Veloso, Haroldo de Campos, Irene Lisboa, Olavo Bilac, Racionais MC’s, MC BetoCoordenação: Jorge Nascimento

1. Adriana Pin (IFES) / Raul Seixas e Paulo Coelho: uma parceria alternativa

2. Daise de Souza Pimentel (UFES/Capes) / A poesia do rock, a poesia no rock: dialogismos

3. Yasmin Zandomenico (UFES); Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq) / Total-mente terceiro sexo totalmente terceiro mundo terceiro milênio: análise de “Eu sou neguinha?” de Caetano Veloso

4. Judson Gonçalves de Lima (UFPR) / Circuladê de fulô: a viagem de Cae-tano Veloso na galáxia de Haroldo de Campos

5. Ivani Calvano Gonçalves (PUC-RS) / A musicalidade da melancolia em Irene Lisboa

6. Mónica Vermes (UFES) / Flor amorosa de três raças tristes: a música brasileira segundo Olavo Bilac e a persistência de um mito de origem

7. Jorge Nascimento (UFES) / Nem letra, nem música – Rap

8. Andressa Zoi Nathanailidis (UVV) / Guerreiro Dekassegui: comunicação e hibridismo na cyber-canção

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Simpósio 4

POESIA ExPERIMENTAL, vISUAL, SONORA,hOLOGRÁFICA, MULTILíNGUECoordenadores: Lino Machado e Douglas SalomãoLocal: Sala 8 do IC-3

Dia 15 de outubro, segunda-feira, 14h

Mesa VII: Manuel Bandeira, Arnaldo Antunes, Glauco Mattoso, Johan LobeiraCoordenação: Alexandre Moraes

1. Elisabete Alfeld Rodrigues (PUC-SP) / A poética da visualidade: Rosa tumultuada

2. Douglas Salomão (UFES) / A soma (in)certa do que somos: análise de mais um poema de Arnaldo Antunes

3. Guilherme Horst Duque (UFES/CNPq); Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq) / Ruínas do hino, ruídos do ido: história e testemunho no Jornal do Brabil de Glauco Mattoso

4. Lino Machado (UFES) / A Leonor, O Lobeira, O León

Dia 16 de outubro, terça-feira, 14h

Mesa VIII: Sebastião Nunes, Augusto de Campos, João Cabral de Melo Neto, Fernando Tatagiba, Glauber RochaCoordenação: Alexandre Moraes

1. Andre Araujo de Menezes (CEFET-MG); Wagner Jose Moreira (CEFET-MG)

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/ Processos criativos e a tradução intersemiótica: linguagens hpibridas – a imagem do amor na poesia de Sebastião Nunes

2. Rafaela Scardino (UFES) / O poema e a série: uma leitura de Augusto de Campos

3. Renata Azevedo Requião (UFPel) / A cinestesia dos poemas emparelha-dos, no livro A Educação pela Pedra, de João Cabral de Melo Neto

4. Sarah Vervloet (UFES); Deneval Siqueira de Azevedo Filho (UFES) / O poema e seus disfarces: análise de “O sol no céu da boca”, de Fernando Tatagiba

5. Fabrícia Silva Dantas (UEPB) / A poesia-revolução de Glauber Rocha: um estudo intersemiótico

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Simpósio 5

TEORIAS DO TExTO POéTICOCoordenadores: Wilberth Salgueiro e Ernesto PachitoLocal: Sala 9 do IC-3

Dia 15 de outubro, segunda-feira, 14h

Mesa IX: Waly Salomão, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Rubén Darío, Nietzsche, Álvaro de Campos, Clarice Lispector, Ernesto Cardenal, Nicolas Behr, Alex Polari, Francisco Alvim

1. Raimundo Lopes Matos (UESB) / Waly Salomão: uma leitura do poema “Cân-ticos dos cânticos de Salomão” numa perspectiva de poética, arte e cultura

2. Adolfo Miranda Oleare (IFES) / Cada um ama seu ritmo – bendito seja o mesmo sol

3. Danilo Barcelos Corrêa (UFES/Capes) / Leituras da construção do eu e de suas flutuações em A Passagem das Horas, de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa

4. Leda Mara Ferreira (UFES) / “Amor” – a perda da realidade, na narrativa clariceana

5. Renata Oliveira Bomfim (UFES/CNPq-Fapes) / A reescrita da história colo-nial nicaraguense em O Estreito Duvidoso, de Ernesto Cardenal

6. Leandra Postay (UFES); Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq) / “Direitos, direit-os, humanos à parte”: a vida no andar de baixo em versos de Nicolas Behr

7. Lairane Menezes (UFES/Capes); Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq) / Aurora Maria Nascimento Furtado: o testemunho poético de Alex Polari em “Ré-quiem para uma Aurora de carne e osso” (1978)

8. Fernando Fiorese (UFJF) / História abreviada: sobre um poema de Fran-cisco Alvim

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Dia 16 de outubro, terça-feira, 14h

Mesa X: Gilberto Mendonça Teles, João Cabral de Melo Neto, Joaquim de Sousândrade, Dalcídio Jurandir, Ferreira Gullar, Luis Fernando Verissimo

1. Valdenides Cabral de Araújo Dias (UFRN) / Teologia de bolso: a poesia hier-ofânica de Gilberto Mendonça Teles

2. Alberione da Silva Medeiros (UFRN); Valdenides Cabral de Araújo Dias (UFRN) / A metapoesia de Gilberto Mendonça Teles

3. Ricardo Ramos Costa (UERJ/IFES) / A “Fábula de Anfion” e o silenciar da escrita

4. Ernesto de Souza Pachito (UFES) / Fundamentos semióticos para se pensar o texto literário como visualidade interna – breve leitura de “Tecendo a man-hã” de João Cabral de Melo Neto

5. Pedro Reinato (USP) / O Guesa: um poeta romântico

6. André Luis Valadares de Aquino (UFPA); Gunter Karl Pressler (UFPA) / Que significa a recepção dos textos poéticos? Uma experiência de linguagem ou os possíveis de Dalcídio Jurandir

7. Dean Guilherme Gonçalves Lima (UFES); Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq) / “Azul/Era o galo/Azul/O cavalo/Azul...”: o riso-deboche no poema sujo, de Ferreira Gullar

8. Wilberth Salgueiro (UFES/CNPq) / A graça na desdita: poesia, humor e história a partir de “Nova Canção do Exílio” (1978) de Luis Fernando Veríssimo

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RESUMOS(DAS CONFERÊNCIAS E DAS COMUNICAÇÕES)

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Adolfo Miranda Oleare (Mestre – IFES)[email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.CADA UM AMA SEU RITMO – BENDITO SEJA O MESMO SOLEsta comunicação intenta promover, a partir de poemas de Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Rubén Darío e Zaratustra, um laboratório de criação de sentido teórico para as noções nietzscheanas de virtude, corpo, fisiologia e cosmologia.Palavras-chave: Poesia. Teoria. Interpretação.

Adriana Pin (Doutoranda UFES – IFES)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.RAUL SEIXAS E PAULO COELHO: UMA PARCERIA ALTERNATIVANa condição de “metamorfose ambulante”, Raul Seixas, ao longo da sua carreira, apresenta várias faces e performances. Após a fase inicial, a qual vivenciou no grupo The Panthers, Raul compõe suas canções com base na ideologia da Sociedade Alternativa, filosofia baseada nos escritos do ocultista e esotérico britânico Aleister Crowley. Chamado também de bruxo, Crowley nasceu na Inglaterra em 1875 e é considerado um dos maiores estudiosos no assunto. A obra que mais se destaca é O Livro da Lei, publicado no Brasil em 1976 e misteriosamente retirado de circulação. Considerado destruidor, maligno, perigoso..., Crowley escandalizou sua época, fato que contribuiu para a divulgação da sua obra, a qual traz como tema a “Lei de Thelema”: “Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”. Texto, música e performance transformam-se em amálgama, em Raul Seixas, adquirindo um tom irreverente. São inseparáveis, característi-cos do artista, até o final da sua carreira, mesmo recortada por algumas mudanças. Ocorre, posteriormente uma intensificação dessa ideologia ao conhecer Paulo Coelho, em 1973, o qual era redator da revista “A Pomba”. A parceria consolida-se e Raul lança o LP “Krig-Ha, Bandolo!. Divulgando o LP, nos shows, são distribuídos gibis-manifesto, difundindo a Sociedade Alternativa. Curioso que, ao ser perguntado a respeito da concepção de tal sociedade, Raul demonstrava não ter uma ideia a respeito, pois essa era a

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proposta: liberdade ideológica. Ao lançar o LP Gita (em hindu: “Canção de Deus), em 1974, ocorre uma afirmação da Sociedade Alternativa nos mei-os de comunicação, solidificando-se com os LP’s posteriores: Novo Aeon (1975) e Há dez mil anos atrás (1976). Contendo uma temática esotérica, as canções transmitem a ideologia da Sociedade Alternativa, construída pela parceira de Raul Seixas e Paulo Coelho. Nota-se que os elementos en-contrados na narrativa coelhiana são similares aos das canções, fazendo com que aquela, anos depois, desse continuidade aos ideais destas. Para o trabalho proposto, será analisada a canção “Sociedade Alternativa” (LP GITA), composição de Paulo Coelho e Raul Seixas, evidenciando a ideologia apontada, a fim de estabelecer uma relação com a narrativa produzida por Paulo Coelho, identificando e analisando os elementos temáticos comuns às duas produções, bem como demonstrar como as canções da parceria influenciaram na narrativa deste. Para isso, será tomado como referência o romance O demônio e a senhorita Prym de Paulo Coelho. Algumas dis-cussões a respeito de indústria cultural e estética serão circunscritas.Palavras-chave: Raul Seixas. Sociedade Alternativa. Paulo Coelho.

Alberione da Silva Medeiros (Graduando de IC, Propesq/Reuni – UFRN); Valdenides Cabral de Araújo Dias (Doutor – UFRN)[email protected]; [email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.A METAPOESIA DE GILBERTO MENDONÇA TELESNeste artigo abordamos o processo metalinguístico presente na poesia de Gilberto Mendonça Teles. São diversos tipos de processos metalinguísti-cos, diante disso, explicitamos os seguintes processos: a metalinguagem e a construção da metapoética do autor. Analisamos estes processos através de poemas selecionados do livro Hora aberta (2003), que serviram de base para as análises apresentadas aqui. Para obtenção de dados referentes à fundamentação teórica optou-se pela obra de Haroldo de Campos, Ruptura dos Gêneros na Literatura Latino-America (1977) e a de Samira Chalhub, Funções da Linguagem (1999). A análise mostra como o poeta faz uso da metalinguagem e da construção metapoética em sua poesia.Palavras-chave: Gilberto Mendonça Teles. Processo metalinguístico. Meta-poética.

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Alessandra F. Conde da Silva (Mestre – UFPA)[email protected] II. Simpósio 1 (I). Dia 16/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.MARCAS POÉTICAS MEDIEVAIS E CLÁSSICAS EM “ODE DESCONTÍNUA PARA FLAUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA DIONÍSIO” DA OBRA JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO DE HILDA HILSTEste artigo busca apresentar algumas marcas poéticas medievais e clás-sicas na poesia amorosa “Ode descontínua para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio” da obra Júbilo, memória, noviciado da paixão (2004) de Hilda Hilst. Há nesta poesia um convite para o amor e consequente recu-sa amorosa, bem ao gosto horaciano, mas, ao mesmo tempo, o eu lírico se presta a um eterno serviço amoroso de submissão e total entrega. Questões como o amor adulterino, a inacessibilidade da dama, a relação entre o amar e o poetar (MALEVAL, 2002) são topoi (ACHCAR, 1994) pre-sentes nos textos da poetisa paulista, ainda que sujeitos a desdobramen-tos e variações. Além dos motes clássicos e medievais, a estrutura do poema rica em enjambement reforça uma leitura ambígua que reverbera o estado de contradição que o amar e o poetar exercem no eu lírico femi-nino. O corpo do amado, diz a poetisa, só existe porque o seu próprio corpo produz poesia, ou melhor, porque ela canta e quer encantar com as palavras. Aliada a tal ideia há a perspectiva de que a poesia existe, está presente, somente porque o amado está ausente, o que nos leva a considerar a noção de representação de Carlo Ginzburg (2001). Na “Ode descontínua para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio” há a evocação intertextual do mito clássico de Ariana abandonada e Dionísio inconstante e implacável. O canto de Ariana enfatiza o seu lamento e as suas ardên-cias, expressando imagens não usuais evocadas pela falta do amado. Casa e corpo são na poesia de Hilst uma só estrutura. É para a Casa viva, “so-nora, múltipla, argonauta” (HILST, 2004) que Ariana convida Dionísio. Os artifícios retóricos são abundantes nesta poesia, dos quais se destacam a iteração sintática e/ou semântica (paralelismos semânticos, construções polissindéticas etc.) e as digressões (LAUSBERG, 1993). Para a realização deste estudo, Francisco Achcar, Maria do Amparo Tavares Maleval, Antonio Candido, Salvatore D’Onofrio, Heinrich Lausberg, Carlo Ginzburg entre ou-tros, nos fornecerão amparo teórico.

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Palavras-chave: Marcas poéticas medievais e clássicas. “Ode descontínua para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio”. Hilda Hilst.

Alexander Jeferson Nassau Borges (Doutorando – UFES)[email protected] II. Simpósio 1 (I). Dia 16/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.GRAFISMOS DE UMA POÉTICA: FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO E A ESCRITA DO INEXPRIMÍVELLeitura do poema “Rosa - 10”, do livro Área Branca, de Fiama Hasse Pais Brandão, como jogo que propõe, entre suas faces diversas, o registro de outras dimensões da existência; observação de como esse gesto implica o contato com o inesperado, o inapreensível das significações, o que reflete na busca subjetiva e seus próprios limites e intui, desse modo, uma poéti-ca do inexprimível; de como o sujeito aí inscrito é efeito deste mesmo ato de incompletude. A fala autêntica, o silêncio autêntico: o inalcançável. A poesia de Fiama e tal fala, como ela é forjada e com que finalidade, como aciona significações, desloca e reinscreve representações, tensiona o su-jeito poético no tempo da escrita e da leitura: espera-se reconhecer um dos nomes líricos das vozes poemáticas da autora, com o pensamento na síntese de Blanchot “do poema nasce o poeta”; como essa fala circunda o vazio de um inexprimível poético. Acena-se a possibilidade, assim, de flagrar uma experiência de ruptura, em que se inscrevem outros campos de sentidos provisórios, como embate entre necessidade de tradução, por meio da escrita, das noções de mundo e de sujeito; e a impossibilidade de tal sujeito, pondo-se em jogo na linguagem, de formatar-se completa-mente – o lance paradoxal no surgimento, aí, de uma subjetividade que, ao encontrar a linguagem, e pondo-se nela em jogo sem reservas, “exibe em um gesto a própria irredutibilidade a ela”, como propõe Agamben. O diálogo teórico encontrará principalmente os estudos de Martin Heidegger sobre linguagem, para quem, mesmo nos limites que a linguagem impõe e na grandeza da ultrapassagem de alguns deles, “A poesia de um poeta está sempre impronunciada”; as leituras freudianas de Lacan, além dos pressupostos de Barthes e Blanchot.Palavras-chave: Fiama Hasse. Poema. Linguagem.

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Alexandre Curtiss (Doutor – UFES)[email protected]ência VI. Dia 16/10, 9 horas. Auditório do CT.HOUVE UMA VEZ UM CINEMA-POESIA: DESCAMINHOS E DISSABORES DE UMA PROPOSTA PASOLINIANA EM TEMPOS DE REALISMO SENSÓRIOEstudo crítico sobre o binômio cinema-poesia/cinema-prosa de Pasolini, avaliação da crítica feita à sua utilização heterodoxa da semiologia e ao abandono de suas teorizações em favor de um “realismo sensório”, marca distintiva de determinado cinema contemporâneo. Trata-se de buscar pos-síveis elos pasolinianos na gênese desse cinema contemporâneo.Palavras-chave: Cinema-poesia. Pasolini. Realismo sensório.

Ana Maria Quirino (Doutoranda UFES – IFES)[email protected] II. Simpósio 1 (I). Dia 16/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.O LIRISMO NO ESPELHOO objetivo da comunicação é analisar quatro poemas de autores brasileiros que posicionaram o eu lírico diante da própria imagem ao espelho. Os poemas sob análise são: “Retrato”, de Cecília Meireles; “O velho do espe-lho”, de Mário Quintana; “Ao espelho”, de Rubem Braga; e “O espelho do guarda-roupa”, de Ferreira Gullar. Quais as reações possíveis diante desse objeto considerado tantas vezes mágico? Admiração, nostalgia, melancolia, surpresa, espanto, autocensura, incômodo, encontro do outro, embate com o duplo. O eu lírico de “Retrato” se pergunta: “Em que espelho ficou perdi-da / a minha face?”; em “O velho do espelho”, percebe-se uma descrença bem humorada: “...quem é esse / Que me olha e é tão mais velho do que eu?”; em “Ao espelho”, o eu lírico se depara com um duplo: “Ora te vejo (e tu me vês) com tédio”; em “O espelho do guarda-roupa”, o eu lírico incor-pora o espelho ao próprio corpo com o intuito de refletir em si a imagem do outro. Menciona-se o mito de Narciso como paradigma do ser humano que se mira e reage diante da imagem especular. Apoiam a presente análise os estudos de Salete de Almeida Cara (1985), de Hugo Friedrich (1978) e de Octavio Paz (1990) – sobre a poesia lírica moderna; de Umberto Eco (1989) – sobre a imagem especular; de Sigmund Freud (2006) – sobre o narcisismo;

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e de Clément Rosset (1988) – sobre o duplo.Palavras-chave: Lirismo. Espelho. Outro.

Ana Remígio (Mestre – UERN)[email protected] III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.VOO PANORÂMICO SOBRE O NADA: AS IMAGENS POÉTICAS DE MANOEL DE BARROS“Um excesso de infância é um germe de poema” (BACHELARD, A Poética do Devaneio): no caso de Manoel de Barros, é toda sua obra. O poeta reve-lou, em entrevista, que só sabe escrever sobre a própria infância, também retirando de seu “cofrinho” vivências de outras crianças. Podemos, então, divisar, na poética de Barros, imagens que revelam uma singular óptica do mundo, enaltecedora do nada, que, afinal, mostra-se a mais profusa matéria de poesia. Permitindo-se uma solidão de criança sonhadora, ele “transfaz” (Livro das Ignorãças) o mundo a partir de pedras, plantas, animais, latas e pregos enferrujados, em devaneios que fornecem ima-gens delirantes e primitivas, com uma linguagem “madruguenta, adâmica, edênica, inaugural – / Que os poetas aprenderiam – desde que voltassem às crianças que foram/às rãs que foram/às pedras que foram” (O Guar-dador de Águas). Nosso trabalho propõe uma investigação de imagens na poesia de Manoel de Barros, criadas a partir de sua transleitura de mun-do, observando, também, a carga simbólica presente nelas. A pesquisa abrange desde seu livro inicial, Poemas Concebidos Sem Pecado (1937), até Menino do Mato (2010) (BARROS, Manoel de. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2010), excluindo-se os livros infantis. Propomos esse estudo em interlocução com os textos de Gaston Bachelard, investigando as ima-gens poéticas, observando as muitas pistas que o próprio poeta deixa na obra sobre sua criação, posto que a metalinguagem é uma acentuada recorrência. “Errando” a língua como as crianças, praticando “agramati-calidades”, poetizando a esmo como os vagabundos, apropriando-se da (i)logicidade dos loucos, emanando a essência natural das coisas, ressig-nificando abandono e abandonados, observamos, na poesia de Manoel de Barros, a vastidão imagética da “desimportância”, da infância, das ruínas,

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da natureza ínfima, do escatológico que, providos de inutilidade, são de-sprezados pela (des)vida apressada, civilizada, cartesiana, material.Palavras-chave: Imagem poética. Poética do nada. Simbólico.

Andre Araujo de Menezes (Mestrando – CEFET-MG);Wagner Jose Moreira (Doutor – CEFET-MG)[email protected]; [email protected] VIII. Simpósio 4. Dia 16/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.PROCESSOS CRIATIVOS E A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: LINGUAGENS HÍBRIDAS – A IMAGEM DO AMOR NA POESIA DE SEBASTIÃO NUNESEste trabalho tem como objetivo discutir o processo de tradução e a relação intertextual e de reescrita criativa que se manifesta como opera-dor e provocador do fazer das artes, especificamente da Literatura e da Pintura. Podemos verificar que, apesar de inúmeras diferenças, há um espaço de convergência entre as várias práticas artísticas. A partir desta área dialógica, elas trabalhariam em conjunto em nome de uma expressão da Arte que se direciona para um mesmo sentido. Tal realização deve ser entendida como um reflexo de uma linha de força reveladora de uma tradição. Esta parece ter por finalidade tanto revelar a singularidade de um olhar, quanto a formação de um conjunto capaz de agrupar em si objetos de diferentes linguagens, o que traria à tona o exercício de um su-jeito capaz de reelaborar a vivência contemporânea a partir desse legado poético e pictural com o qual trabalha. Dessa maneira, deve-se lembrar que o procedimento semiótico pode contribuir para revelar as imbricações entre a linguagem poética e a visual. Isto indicia a influência estabelecida pelo conceito de imagem seja ao abordar o caráter verbal, seja ao refletir o caráter visual. Fundamentando-se nessa premissa, com o intuito de se delinear do nosso estudo, analisaremos a reunião poética de Sebastião Nunes – “Antologias Mamalucas”, Edições du Bolso, publicada em dois volumes, em diálogo com uma pintura produzida por Andre Araujo. Tra-ta-se de se verificar a potência da resultante da transposição intersemióti-ca, sob a égide da temática do amor, trabalhada por ambos os artistas. Para fundamentarmos nossa análise, recorreremos aos estudos sobre o poético, o amor e a semiótica desenvolvidos por autores como Barthes (1982), Paz (1993), Baudrillard (1979), Bataille (1987) e Santaella (2001). A

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análise revelará que essa correspondência entre os diferentes fenômenos artísticos - Literatura e Pintura - pode trazer valorosas contribuições para cada exprimir artístico sem que, com isso, haja uma perda da especifici-dade de cada manifestação específica.Palavras-chave: Poético. Pintura. Sebastião Nunes.

André Luis Valadares de Aquino (Mestrando – UFPA);Gunter Karl Pressler (Doutor – UFPA)[email protected]; [email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.QUE SIGNIFICA A RECEPÇÃO DOS TEXTOS POÉTICOS? UMA EXPERIÊNCIA DE LINGUAGEM OU OS POSSÍVEIS DE DALCÍDIO JURANDIRO programa de discussão do simpósio de teoria do texto poético no âmbito do XIV Congresso interfere sobre a reflexão, ora empreendida, a propósito da interação entre os estímulos referenciais da criação literária e seu re-sultado, seguida pela ativação das estruturas de apelo da partitura textu-al, com efeito, pelo ato de recepção possibilitado historicamente. Assim, torna-se eficaz a pergunta pelos pressupostos metodológicos de aborda-gem do fenômeno literário com ênfase naquela operada pelo analista do campo mesmo da linguagem, privilegiado com aparelhos de interpretação estética. A teoria da recepção sugere advertências a um comparatismo interessado em especial na interpretação de textos poéticos. O trabalho que desenvolvo visa iluminar a contribuição dos autores da Escola de Konstanz, H. R. Jauss e W. Iser, e de seu sucessor mais competente, K. Stierle, no que pode assinalar a formulação de uma teoria do texto poético com ênfase na pesquisa da variedade de seus atos receptivos; com isso, interrogo os pressupostos do relacionamento disciplinar que visa um tipo de recepção voltada categoricamente para o mundo de ação, “recepção pragmática” ou “quase-pragmática” (STIERLE, 2002), em defesa do caráter estético como uma premissa hermenêutica. Esclareço esse processo com a investigação sobre o autor investido do modelo recepcional do regionalis-mo documental, o critério para sua desqualificação do quadro canônico na-cional, a despeito de sua complexidade formal: Dalcídio Jurandir. Por isso, a teoria da recepção nos orienta para a formação e transformação do cânone

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estético e para a mudança de horizontes de interpretação.Palavras-chave: Teoria da Recepção. Texto poético. Dalcídio Jurandir.

Andressa Zoi Nathanailidis (Doutoranda UFES – UVV)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.GUERREIRO DEKASSEGUI: COMUNICAÇÃO E HIBRIDISMO NA CYBER-CANÇÃOEsta comunicação pretende apresentar uma análise do rap “Guerreiro Dekassegui”, cuja autoria parte de MC Beto, brasileiro radicado no Japão e líder do grupo Tensais MCS. Busca-se, a partir deste estudo, investigar a ex-istência de uma voz migrante que “fala” através de um “novo fazer canção” e se faz conhecida por meio de sites como o Myspace, rede social voltada à difusão de mídias alternativas. Intenta-se transcrever e analisar os princi-pais elementos poéticos e musicais desta produção, além de associá-la à re-alidade daqueles que migram e encontram na arte um instrumento para ter voz e, na internet, um cenário “multiterritorial”, no qual podem difundi-la e contrapô-la face às vozes de natureza hegemônica. Em Vivendo a Arte, o pensamento pragmatista e a estética popular, Schusterman (1998, p.198) propõe um olhar diferenciado acerca da arte contemporânea, considerando a “estetização da ética” como uma corrente pós-moderna relacionada à cul-tura popular. Schusterman defende a arte em movimento, reflexo dialógico do meio societário, daquilo que se quer viver ou deixar de viver e lembra que vivemos um período desprovido de essencialismos, no qual a moral societária estabelecida não é suficiente para dar conta dos múltiplos pa-péis ocupados por homens e mulheres pós-modernos, das pequenas éticas individuais, recorrentes e necessárias a todo momento; ratificando que a simples escolha relacionada ao modus vivendi é não só uma postura ética, mas também uma seleção formal, estética. Considerando o rap enquanto produção difusora de modus vivendi, pretende-se apresentar reflexões em torno das possibilidades do mesmo, enquanto gênero “porta-voz” dos de-slocados, que propõe novas formas composicionais da canção, diferentes daquelas aprendidas por meio dos planos histórico-culturais incutidos pela visão ocidental acerca da arte. Com o intuito de viabilizar esta proposta, será necessário adotar referenciais teóricos específicos. Além de Schuster-man, far-se-ão presentes neste trabalho obras de outros teóricos, como

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Milton Santos (1993), Rogério Haesbaert (2011) e outros.Palavras-chave: Migração. Rap. Pragmatismo.

Angie Miranda Antunes (Mestranda – UFJF);Fernando Fábio Fiorese Furtado (Doutor – UFJF)[email protected]; [email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.SUJEITO, LINGUAGEM E REALIDADE EM “WORDS”, DE W. H. AUDENPropõe-se a análise do poema “Words”, de W. H. AUDEN (Collected shorter poems – 1927-1957. New York: Random House, 1966, p. 320-321), manten-do em foco duas questões fulcrais da lírica moderna e contemporânea, a saber: 1) a problemática relação entre linguagem e realidade; e 2) as fig-urações do sujeito lírico no quadro da passagem da modernidade artísti-co-literária à pós-modernidade, tendo em vista a posição fronteiriça do texto publicado em 1956. Em ambos os casos, necessário se faz confrontar a concepção do eu lírico em G. W. F. Hegel, que o define como “o sujeito enquanto sujeito”, como a “matéria” que fornece forma e conteúdo à poe-sia, como aquela em que a potência dionisíaca do pensamento de Fried-rich Nietzsche ataca o fundamento iluminista e o fim técnico da subjetivi-dade romântica, exigindo na produção artística “a submissão do subjetivo, a libertação das malhas do ‘eu’ e o emudecimento de toda a apetência e vontade individuais”. A partir de recursos metodológicos da hermenêutica e da estilística, a leitura empregará, além dos ensaios deste poeta-crítico – “Making, knowing ang judging”, “Reading”, “Writing” (1963), “A poet of the actual” e “A consciousness of reality” (1973) –, as obras de estudiosos da sua lírica tais quais Frederick Buell, Rainer Emig, Richard Hoggart e Harold Bloom, bem como os teóricos contemporâneos Alfonso Berardinelli, Dominique Combe, Käte Hamburguer, Michael Hamburguer e Michel Collot. Leitor e escritor caminham lado a lado no trabalho manual de (re)criação da literatura com o intuito de tensionar a tessitura poética, buscando, em meio às diversas possibilidades, a aporia o sujeito lírico. Munido de uma atitude crítica face a civilização contemporânea, Auden permite entrever as figurações de (pre)ocupações cotidianas e suas relações com a lingua-gem. O poeta-crítico relaciona leitura ao prazer e acredita que mesmo em tempo de tamanha falácia, de uma lírica sem fôlego, seja possível

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desvelar algum vigor nas palavras. Desta forma, pretende-se engendrar o deslinde dos artifícios da palavra poética que, em seu ritmo próprio, nos permite a aproximação.Palavras-chave: W. H. Auden. Sujeito lírico. Linguagem.

Ariovaldo Vidal (Doutor – USP)[email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.O CHAMADO DO MARPublicado na primeira coletânea de Manuel Bandeira – A cinza das horas (1917) –, o poema “Oceano” difere claramente do conjunto da obra, mostrando já um poeta depurado no seu verso, de tal maneira que nesse poema o primeiro Bandeira já é Bandeira por inteiro. A partir da tradição criada por Antonio Candido no modo de tratar a forma poética, e que tem em Davi Arrigucci Jr. um continuador exímio, a leitura que se propõe procura dar conta do trabalho preciso e inciso dos versos de Bandeira no pequeno poema, bem como compreendê-lo na totalidade mitopoética do autor, fazendo o poema dialogar com outros, numa unidade que leva em consideração o caminho já trilhado por alguns de seus mais importantes leitores. Quanto ao primeiro aspecto, é notável o trabalho de construção do poema, em que ritmo e sonoridade são categorias orgânicas do verso, formando o todo uma estrutura amarrada de sentido. Quanto ao segundo, a presença obsedante da água (e suas informas) na poesia desse lírico dionisíaco, mas preso à sua condição de classe e de saúde. Quanto ao método/modo de leitura, o trabalho é norteado, como foi dito, pela leitu-ra que faz Antonio Candido, que vem da tradição do new criticism e sua concepção de poesia como estrutura, bem como a leitura dessa estrutura afinada com a teoria da função poética de Roman Jakobson, acrescentan-do aí outro conceito fundamental para o crítico brasileiro, a ideia de que a leitura de um poema é “a pesquisa de suas tensões”. Mas nesse caso, tensões que se desdobram para além dos procedimentos de linguagem e atingem a condição existencial do sujeito. Nesse sentido, é fundamen-tal o trabalho de Davi Arrigucci sobre Manuel Bandeira, pois além de ser um instrumento afinadíssimo de se ler poesia, é também uma leitura

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abrangente de Bandeira e seus dramas, que encontrou na poesia a força capaz de ordenar sua vida.Palavras-chave: Manuel Bandeira. “Oceano”. Poema/poética.

Bruna Pimentel Dantas (Mestranda – UFES/Capes);Luciana Fernandes Ucelli Ramos (Doutoranda – UFES/Fapes)[email protected]; [email protected] II. Simpósio 1 (I). Dia 16/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.PODE SER TUDO E AO MESMO TEMPO? A REINVENÇÃO DALINGUAGEM ATRAVÉS DA RELAÇÃO POESIA-INFÂNCIAA criança, antes de ser inserida no sistema escolar, possui uma relação com o mundo diferente daquela vivenciada pelos adultos. Seu conheci-mento é elaborado através da percepção e sem a interferência dos con-ceitos formulados pela linguagem dominante, o que lhe permite, antes de qualquer coisa, a construção de suas próprias imagens e significações. Na infância, os acontecimentos não seguem uma lógica ou uma linearidade temporal e espacial, mas surgem como um aglomerado de sensações e informações que a criança, através do seu próprio imaginário, tem que dar conta de organizar e, a partir disso, formar seus alicerces para a vida adulta. No entanto, na medida em que a criança é inserida na sociedade, primeiramente pela família, que ainda lhe permite certos devaneios, e de forma mais marcada pela escola, seus momentos lúdicos vão se escasse-ando e sofrendo repressões em benefício de atividades mais utilitárias. Glória Maria Fialho Pondé, em seu artigo “Poesia para crianças: a mágica da eterna infância” (1986), afirma que é durante a alfabetização que se instaura uma leitura mais centralizada e linear dos acontecimentos, opri-mindo “esta visão emocional e simultânea das coisas e da vida, que só a poesia poderá restaurar” (p. 127), já que é, “por excelência, um dos meios de se criar novas linguagens e de se respeitar o mundo da criança, que tem uma lógica particular e característica” (p. 126). Desta forma, o obje-tivo deste trabalho é refletir, utilizando como corpus o livro Poemas para brincar (2000), do escritor José Paulo Paes, sobre a forma como ocorre a relação entre a poesia e a infância no processo de concepção da lin-guagem e como, por meio da palavra poética, podemos, mesmo na vida

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adulta, ampliar o nosso imaginário a tal ponto que sejam permitidas as diversas possibilidades de leituras do mundo que nos cerca. Para tanto, serão utilizados ainda diversos artigos que abordam essa temática da relação entre o processo de criação poético e o universo infantil, como o já citado, “Poesia para crianças: a mágica da eterna infância” (1986), de Glória Maria Fialho Pondé; “A poesia e a escola” (1985), de Ligia Mor-rone Averbuck; “Jogo e iniciação literária” (1987), de Ligia Cadermatori; e “Versos diversos da poesia para crianças” (2008), de Maria Zélia Versiani Machado; sem excluir, entretanto, a possibilidade de que, neste decurso, outros artigos possam agregar-se ao estudo.Palavras-chave: Poesia. Infância. Linguagem.

Carlos Roberto Ludwig (Doutorando – UFRGS/CNPq)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.A TRADUÇÃO POÉTICA E RÍTMICA DE PIERRE DE RONSARDO presente trabalho pretende apresentar a tradução dos sonetos II, III e IV dos Amours de Cassandre do poeta francês Pierre de Ronsard (1993). A obra de Ronsard tem importância singular no contexto Pléiade, considerado o principal representante desse movimento francês. A poesia de Ronsard se caracteriza principalmente pela temática amorosa. Uma poesia em que o poeta expressa seu estado de espírito no instante em que é dominado pelo amor. Trata-se de uma obra com imagens concretas, em geral com figurações míticas da tradição greco-romana. O que o poeta expressa não faz parte apenas do mundo de ficções e fingimentos poéticos, mas carac-teriza-se, sobretudo, pela expressão da condição submissa ao sentimento amoroso. A escolha do ritmo na tradução de Ronsard é um dos primeiros passos. A proposta é traduzir o decassílabo francês, um verso cujo ritmo e acentuação são inexistentes em português. Mesmo que existam dificul-dades linguísticas, é somente algumas semelhanças de sintaxe e léxico entre o francês e o português que nos permitiram o uso desse verso. A insistência numa estrutura rítmica similar à da poesia francesa dos vers co-muns de Ronsard produz em português um efeito de agilidade e movimento típico da poesia ronsardiana. Esse ritmo é assim chamado por Ronsard, em

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sua Arte Poética, de versos perfeitos, por não “emprestarem” o sentido para o hemistíquio seguinte, enquanto os imperfeitos ultrapassam o final do primeiro hemistíquio. A tradução desse verso apresenta também algu-mas dificuldades de ordem linguística. A língua portuguesa possui palavras mais longas que a francesa, o que nos limita a escolha de monossílabos e dissílabos e, consequentemente, dificulta a escolha das rimas. Essa con-cisão do verso nos obriga a cortes e omissões de pronomes e artigos, o que gerou por vezes certa artificialidade na poesia e até mesmo o tom tácito e obscuro à expressão poética. O trabalho será dividido em dois momentos. No primeiro momento, apresenta os traços gerais da poesia de Ronsard, concentrando-se nos elementos do imaginário da poesia amorosa. No se-gundo momento, apresenta a tradução e comentários sobre as escolhas da tradução desses sonetos de Ronsard. Serão utilizadas as obras de Dubois, O imaginário da Renascença (1995), bem como a crítica literária sobre a poesia de Ronsard; quanto à tradução, será utilizado A Tarefa do Tradutor de Ben-jamin (1994), pois considera a tradução não só do sentido, mas também da essência da poesia e do ritmo.Palavras-chave: Poesia de Ronsard. Tradução poética. Tradução rítmica.

Celia Pedrosa (Doutora – UFF)[email protected]ência VII. Dia 16/10, 19 horas. Auditório do CT.POESIA, EXPANSIVIDADE E RESISTÊNCIAEm alguma poesia brasileira produzida a partir dos anos 90 do século XX, identificação de procedimentos referentes ao uso da primeira pessoa e do verso, associados a um reinvestimento na tensão entre o poético e o pro-saico. Avaliação desses aspectos como marca de uma contemporaneidade compreendida como atualização da concepção moderna de arte como re-sistência, focalizada a partir das relações contraditórias entre potência e crise, singularidade e transitividade, autonomia e heteronomia.Palavras-chave: Poesia contemporânea. Resistência. Expansividade.

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Daise de Souza Pimentel (Doutoranda – UFES/Capes)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.A POESIA DO ROCK, A POESIA NO ROCK: DIALOGISMOSCom o surgimento da guitarra elétrica no final dos anos 1930, novos ritmos passaram a marcar a música popular. Após a 2ª. Grande Guerra movimen-tos musicais diversos põem em cheque valores que determinam o que é a música. O rock and roll surge no “3º momento de ‘crise’ e mudança na músi-ca popular”, como estabelece Richard Middleton, na sua história da música ocidental (MIDDLETON, apud NAPOLITANO, 2002, p. 12-14). Considerado como uma evolução natural do blues e do rhythm and blues – acrescido de outros elementos como o gospel, o big band jazz, o folk, o country –, o rock apa-rece como um movimento de jovens rebeldes nos anos 1950 e se estende pelas décadas seguintes. Nos anos 1980, uma grande variedade de estilos de rock dominava o mercado: hard rock, pop-rock, new wave, cool funk, heavy metal. Nos anos 1990, o rap se expande para além de Nova York. Vez por outra, cassandras vaticinam a morte do rock, pelo aparente desinteresse, tanto indie quanto mainstream, por bandas que têm seu fundamento em cordas e distorção. Entretanto, o rock sobrevive e se reinventa: o dance rock, o dance punk, o nu rave e outros híbridos apenas atestam que o rock não morreu, nem se perdeu, segundo Dave Grohl, do Foo Fighters: “o rock and roll não precisa ser salvo. Ele está vivo e vai muito bem, obrigado” (ROLLING STONE BRASIL, 2012, p. 20). Para muitos fãs do rock não importam as le-tras das canções, outrora importantes veículos da insatisfação juvenil com a guerra e as injustiças sociais, importa a música, os riffs das guitarras, a bati-da forte da bateria e a atitude de contestação dos artistas. Entretanto, para os apreciadores de poesia, merecem ser ouvidas com atenção as letras das canções de Bob Dylan, de Crosby, Stills & Nash, de Jim Morrison, entre outros. Ademais, músicos das várias vertentes do rock têm se apropriado de textos literários para compor peças de grande musicalidade. (Não podemos deixar de mencionar os Secos e Molhados (1973-1974) e suas canções baseadas em poemas de Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Cassiano Ricardo, Oswald de Andrade, Fernando Pessoa e Julio Cortázar.) Em Ride the Lightning, por exem-plo, 2º álbum da banda Metallica, temos a canção “For whom the bell tolls”, verso de John Donne (Meditation XVII), poeta metafísico inglês do século XVII.

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Em 1993, os Bee Gees lançaram “Por quem os sinos dobram”, cuja letra traz um sujeito que chora o amor perdido e canta: “Por quem os sinos dobram? Por mim”, modificando a resposta de Donne à mesma pergunta, em seu lamento pelas perdas humanas: “Por quem os sinos dobram?”, indaga Donne: “Por ti”, responde o poeta. (Outros artistas do século XX se inspiraram nessa passagem de Donne, como Ernest Hemingway, que tem um romance com o título: Por quem os sinos dobram, filmado nos anos 40. Thomas Merton, no título do romance Homem Algum é Uma Ilha, usa um outro verso da obra.) Neste trabalho pretendo apresentar algumas dessas peças roqueiras que di-alogam com a poesia, além de identificar nas letras das canções “Guinevere” e “Helplessly hoping”, de Crosby, Stills & Nash (CROSBY, STILLS, NASH, 1977, faixas 3 e 8) e “Thunder on the Mountain”, de Bob Dylan (DYLAN, 2006, f. 1), os elementos da sua poeticidade.Palavras-chave: Rock. Musicalidade. Poeticidade.

Danilo Barcelos Corrêa (Doutorando – UFES/Capes)[email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.LEITURAS DA CONSTRUÇÃO DO EU E DE SUAS FLUTUAÇÕES EM A PASSAGEM DAS HORAS, DE ÁLVARO DE CAMPOS/FERNANDO PESSOAO presente trabalho preocupa-se em aproximar a construção de uma ima-gem poética de “eu”, feita pelo eu lírico na primeira parte do poema “A passagem das horas”, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa (PESSOA, 2002, p. 175-179), à concebida pelos estudos psicanalíti-cos de Jacques Lacan e Sigmund Freud, com o intuito de pensar como a literatura encena e pensa questões que são também pensadas por outras áreas do saber. Entendemos que o poeta, ao escrever um poema, pen-sa uma problemática a partir de pressupostos e de fins diferentes dos utilizados pela psicanálise, ou mesmo por outra área do saber, como a filosofia ou a sociologia. Em nenhum momento acreditamos que o poeta, em especial Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, preocupa-se somente em explorar discursos já proferidos por essas áreas em questão. Ele também filosofa, pensa a sociedade e seus indivíduos, busca entender o sujeito e suas constituições psíquicas a partir do verso. A metáfora é o exercício

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limite do pensamento do poeta, que amplia – diferentemente das outras áreas do saber – o alcance de seu pensamento por permitir ao leitor uma amplitude interpretativa dentro de sua multiplicidade sêmica. Por essa razão, o presente trabalho lançará mão também de outras referências teóricas - tais como as oferecidas pela filosofia de Martin Heidegger sobre a questão do ser e de poiésis, juntamente com o que nos oferece Norbert Elias sobre sua conceituação de indivíduo - auxiliando no pensamento de que o poeta pretende construir um conceito de “eu” diferente do que nos é dado pela psicanálise ou pela sociologia ou filosofia. Com ênfase neste conceito, buscamos perceber como Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa reúne mais de um tipo de concepção e as extrapola, criando juntamente com a imagem poética de um “eu” que cantará nos poemas, uma imagem de poeta ao qual o leitor pode se reconhecer e, com isso, participar da experimentação e experienciação da palavra poética, propiciada a todos os que, como nos diz Adorno, compartilham da carga universalizante da poesia, fazendo com que este “eu”, que se enuncia nos versos, repre-sente em si também o todo.Palavras-chave: Álvaro de Campos. Eu. Poiésis.

Dean Guilherme Gonçalves Lima (Graduando de IC – UFES);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)[email protected]; [email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT. “AZUL / ERA O GALO / AZUL / O CAVALO / AZUL...”: O RISO-DEBOCHE NO POEMA SUJO, DE FERREIRA GULLARO trabalho tem como objetivo analisar o Poema sujo, de Ferreira Gullar, escrito durante os meses de maio a outubro de 1975, período em que o poeta se encontrava exilado em Buenos Aires e quando a ditadura tinha acabado de se instalar na Argentina. No Brasil, ele só é publicado mais tarde, em 1976. Originalmente com 92 páginas, o poema, nas palavras de Gullar, em entrevista dada aos Cadernos de Literatura Brasileira nº 6, do Instituto Moreira Salles, é “essa coisa final, o testemunho final”. A partir dos estudos de Freud sobre o humor em Os chistes e sua relação com o inconsciente (1905) e “O humor” (1927) procuro mostrar que a obra de Gullar possui um humor rebelde, alegre

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ao mesmo tempo em que é trágico e grotesco. As gírias, os palavrões e as obscenidades na linguagem dão lugar ao riso-deboche, e isso é claramente observado com o final inusitado do verso: “azul / era o gato / azul / era o galo / azul / o cavalo / azul / o teu cu”. Diante disso, o trabalho busca mostrar como o testemunho poético – lançando mão de um humor combativo e rebel-de -- torna possível uma maior compreensão do passado, que, no exemplo de Gullar, não foi feliz.Palavras-chave: Poema sujo. Testemunho. Humor

Douglas Salomão (Doutorando – UFES)[email protected] VII. Simpósio 4. Dia 15/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.A SOMA (IN)CERTA DO QUE SOMOS: ANÁLISE DE MAIS UM POEMA DE ARNALDO ANTUNES Pretendemos analisar um texto visual do poeta, artista multimídia e cantor pop Arnaldo Antunes: “Cromossomos”, integrante do conjunto cujo título instigante é Nada de DNA, presente no livro N.D.A., de 2010. Considerando também a versão digital-policromática (de 2004) dessa composição (dis-ponível no site do autor), a nossa interpretação deste poema em formato circular deverá privilegiar os microssignificantes contidos no enunciado: “COMO COSMOS SOMOS CROMOSSOMOS” ou “SOMOS COMO COSMOS SOMOS CROMOS SOMOS” (dependendo de onde o leitor comece a decodificar o trabalho). Entre os mencionados microssignificantes (ou já signos com carga semântica definida, embutidos no conjunto dos demais signos) es-tão: OSSO, OSCO, OSMO, MOSC(A), OCO, (H)OMO, SOM... A nossa principal linha teórica será a Semiótica do filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce. Levaremos em conta, igualmente, o conceito de intertextualidade, de Julia Kristeva, e ainda a noção de aequivocatio (equívoco), extraída da antiga retórica (sempre útil, aliás, na análise de textos que, como os modernos e os pós-modernos, exploram a polissemia da linguagem). A presença do primeiro conceito justifica-se pelo fato de o poema de Arnaldo Antunes (de 2004) parecer dialogar com um antigo poema de Décio Pignatari (de 1975), também visual, mas em formato de estrela, intitulado: “Somos como”: “SOMOS COMO O OUTRO SOMOS COMO SOMOS /

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SEMEION SÊMEN ANTHROPON SIMIL / OMEM / OS SIGNOS ESPIAM (ESPERAM) A HORA DE”. Quanto à noção mencionada em segundo lugar, ela se mostrará apropriada para a multiplicidade de leituras que tanto o poema arnaldia-no quanto o do seu antecessor concretista possibilitam. Nesta linha de análise, será interessante destacar a etimologia do termo “cromossomo”, porque nela temos o detalhe da cor (do gr. khrôma, khrómatos) e do corpo (sóma), tal como a palavra foi cunhada pelo anatomista alemão Wilhelm von Waldeyer, em 1888. Este detalhe envolvendo a semântica da cor não é irrelevante no poema de Arnaldo Antunes, já que nele há o destaque de uma letra (R), em vermelho.Palavras-chave: Arnaldo Antunes. Semiótica. Intertextualidade.

Elisabete Alfeld Rodrigues (Doutora – PUC-SP)[email protected] VII. Simpósio 4. Dia 15/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.A POÉTICA DA VISUALIDADE: “ROSA TUMULTUADA”A criação experimental do poema é um dos traços característicos da produção poética de Manuel Bandeira. Em “Rosa tumultuada”, o poema apresenta uma sintaxe singular: a organização do signo rompe com o verso espacial e tem-poralmente. A disposição gráfica desfaz a linearidade e propõe uma configu-ração imagética construída com os signos linguísticos. Analisar o processo de construção/criação do poema discutindo os seguintes conceitos: linguagem poética, visualidade e imaginário a partir do poema é o objetivo norteador do estudo a ser desenvolvido. Para tanto selecionamos como corpus teórico principal Octavio Paz (O Arco e a lira); Décio Pignatari e Haroldo de Campos (Teoria da Poesia Concreta), Davi Arrigucci Jr (Humildade, paixão e morte. A poesia de Manuel Bandeira e Enigma e comentário) e Giorgio Agamben (O que é o contemporâneo? e outros ensaios).Palavras-chave: Poética. Visualidade. Imaginário.

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Ernesto de Souza Pachito (Doutorando UFES – UFES)[email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.FUNDAMENTOS SEMIÓTICOS PARA SE PENSAR O TEXTO LITERÁRIO COMO VISUAL-IDADE INTERNA – BREVE LEITURA DE “TECENDO A MANHÔ DE JOÃO CABRAL DE MELO NETOA desejável dimensão verbivocovisual da poesia na visão do grupo Noigan-dres: dimensões verbal, fonológica e de visualidade, predominantemente das reminiscências de imagens suscitadas pelo poema, mas, também, a possibilidade de uma visualidade lógico-esquemática. Problematização da literatura meramente referencial. Adensamento, materialidade do signo “poético”. Murilo Mendes e o “Mundo Substantivo”. O signo reificado do “cacto” de Manuel Bandeira, por Davi Arrigucci Jr. A dimensão imagética do poema. Dez classificações de signos em Peirce. As dimensões qualita-tiva e Obsistente (poema enquanto Ob-jeto, ente do mudo “real” que se nos obsta enquanto algo desligado da submissão referencial). Característi-cas visuais da proposição. Questões de sentido implicando questões de imagem e diagramas na estrutura do poema. Análise do esquema lógico de “Tecendo a manhã” de João Cabral de Melo Neto e breve análise da imagística eidética (interna) deste mesmo poema. Esclarecendo, como imagem eidética entendemos as imagens internas que são suscitadas pela leitura do poema a partir da memória de nossa observação visual das coisas do mundo exterior; é uma imagística mais “densa” em termos de consistência da visualização mnemônica. Inferências sobre o sentido do poema de João Cabral a partir da combinação da percepção estrutural diagramática, quase serial, de tal poema e da leitura atenta às imagens eidéticas suscitadas pelo poema. Possíveis paralelos entre “tomadas” (takes) cinematográficas da visualidade eidética do poema e duas obras das artes plásticas das Vanguardas do século XX: a “Homenagem a Ble-riot”, do cubista órfico francês Delaunay e a pintura raionista russa de Mikhail Larionov, “O Galo”. Encaminhamento do poema de João Cabral para a ideia de construção/construtivismo, materialista e antimetafísica, com a ideia de “tenda” inserida em seu poema. A “manhã” de João Cabral estruturada à maneira de construção coletiva, que, desta forma, reúne diversos sujeitos, mas os subsume naquilo que seria uma manhã “geral”,

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senão “cósmica”, no entanto antimetafísica, ou quase, uma “pura ma-nhã” que se torna coincidente a “mundo”. Abordagem peirceana e com a utilização do referencial crítico do grupo Noigandres (teorias da poesia concreta e afim), Pound, conceito de sema em Greimas. Poema “Tecendo a Manhã” in MELO NETO, João Cabral de. A Educação pela pedra. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008.Palavras-chave: semiótica. Imagética. João Cabral.

Ester Abreu Vieira de Oliveira (Doutora – UFES)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.A POETICA DE SANTIAGO MONTOBBIO – UM POETA CATALÃOProponho apresentar o poeta catalão Santiago Montobbio, que possui uma grande força e profundidade poética e tem nove obras publicadas. Sete delas estão em espanhol e duas, em francês. Esse poeta tem, também, obras traduzidas em nove idiomas e tem colaborações em várias revistas. Em sua obra, de versos irregulares, estão questões transitórias de vida, morte, solidão, marginalização, consciência do tempo, reflexões sobre o amor e uma preocupação constante de apresentar o fazer poético. Seu tecer poético, pela temática e forma foi elogiado por escritores de renome e suas poesias já foram apresentadas em salões de sua cidade, Barcelona, e de outras cidades da Espanha e da França. Esse poeta é formado em Direito e professor nesta área. Quanto à aparente não-conciliação entre ser um acadêmico do Direito e ser um produtor de Literatura, o próprio autor nos explica: “Yo antes pensaba que la Poesía y el Derecho no tenían precisamente mucho que ver, pero de vez en cuando ahora creo que quizá no es tan así, ni que sea porque la poesía puede subsumirse en una categoría jurídica, ya que afortunadamente forma parte de las cosas que están fuera de comercio”. Observa-se, em sua obra, um equilíbrio entre tradição e ruptura. Dialoga ele com a poesia contemporânea, prestando, pois, original contribuição para a poética de nossos dias, na apresentação original dos poemas fundamentados na metáfora. Apesar de sua maneira própria de recriar o mundo ao construir seus poemas, encontramos ecos de poetas do século XX, principalmente dos escritores da geração do 27.

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Em Absurdos principios verdaderos no poema “Para vivir no quiero islas palacios torres y qué alegria vivir em lós pronombres” (p. 84) está claro o eco com o poema de Pedro Salinas “Para vivir no quiero...“. Porém o que mais vincula Montobbio a Salinas é a apresentação de um amor distante, fora da realidade cotidiana à margem do tempo e do espaço. A mulher do seu “eu poético”, o Outro, com quem dialoga, se reflete em outras.Palavras-chave: Santiago Montobbio. Poesia catalã. Erotismo.

Fabíola Padilha (Doutora – UFES)[email protected]ência VIII. Dia 16/10, 19 horas. Auditório do CT.PERFORMANCES SUBJETIVAS NA POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEAProponho uma reflexão acerca dos modos de configuração subjetiva em alguns poetas contemporâneos, sob a perspectiva de exercícios per-formáticos, em consonância com o estado atual da crítica do sujeito car-tesiano, buscando discutir, no rastro das estratégias retórico-poéticas de construção da primeira pessoa, as aporias de um eu que, ao tentar fixar uma imagem possível de si, acaba por multiplicar seus espectros.Palavras-chave: Poesia contemporânea. Subjetividade. Performance.

Fabrícia Silva Dantas (Doutoranda – UEPB)[email protected] VIII. Simpósio 4. Dia 16/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.A POESIA-REVOLUÇÃO DE GLAUBER ROCHA: UM ESTUDO INTERSEMIÓTICOEste estudo partiu de uma pesquisa inicial sobre o interesse na poética de Glauber Rocha, notável por ser uma referência do Cinema no Brasil e no mundo e por estreitar as relações entre o filme e as outras linguagens, como a da poesia, por exemplo. Mas, além da poesia que acompanha Glau-ber no cinema, também nos chama atenção a poesia que podemos notar ao longo dos roteiros dos filmes, dos livros etc. Nesse trabalho, é nossa preocupação fazer o estudo da poesia enquanto intersemiose da imagem, do som, da voz, da performance, da palavra - presentes na relação entre a poesia escrita de Glauber e a do seu cinema. Para tanto, selecionamos o

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poema “eu meu povo”, presente na antologia Poemas Eskolhydos de Glau-ber Rocha (1989), organizada por Pedro Maciel, e tentaremos estabelecer um diálogo com a poesia presente no filme A Idade da Terra (1980), tentan-do observar a ideia de uma “poesia-revolução”. Pretendemos fazer uma análise do que está por trás do fazer poético desse sujeito preocupado em refletir e comunicar politicamente sua relação com a sociedade, com o mundo, com o seu tempo, com a imagem, com o cinema, com os outros sujeitos. Nesse caso, acreditamos que a “poesia-revolução” de Glauber pode contribuir para desmontar limites e enfatizar uma linguagem desau-tomatizada e descolonizadora que questiona o sistema dominado pelas injustiças sociais. Para fundamentar nossa reflexão, tomaremos por base a teoria da semiótica peirceana de Bougneaux (1996), Campos (2006), Plaza (2008), Santaella (2002), por exemplo. Além de outras contribuições teóri-cas de Aguilar (2005), Guattari (1992), Maciel (2004), Paz (2006), Santiago (2004), Xavier (2007), Rocha (2003), entre outros.Palavras-chave: Poesia e cinema. Intersemiótica. Glauber Rocha.

Fernanda Cardoso Nunes (Mestre – UERN)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.ELIZABETH BARRETT BROWNING’S ‘SONNET XLIII’: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE TRÊS TRADUÇÕES PARA O PORTUGUÊSO presente trabalho visa analisar três traduções para a língua portuguesa do soneto XLIII (também chamado de “How do I love thee”?), da obra Sonnets from the Portuguese (1850), de autoria da poetisa inglesa Eliza-beth Barrett Browning (1806–1861), utilizando as estratégias gramaticais, pragmáticas e semânticas definidas por William Chesterman (2007), além dos procedimentos técnicos da tradução de acordo com Heloísa Barbosa (2003). Os tradutores são o poeta pernambucano Manuel Bandeira, cujo legado tradutório merece ser revisado e investigado com maior acuidade, o professor e diplomata Sérgio Duarte, que permanece atento às particu-laridades do texto browniano e realiza uma tradução que tenta se aproxi-mar ao máximo do texto fonte e a tradução mais recente do escritor e tradutor Leonardo Fróes, que realizou a primeira tradução brasileira dos 44

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sonetos da obra na íntegra. A do primeiro está presente no volume de po-emas traduzidos de várias línguas, Alguns poemas traduzidos (2007), a do segundo na antologia Três mulheres apaixonadas: Gaspara Stampa, Louise Labé e Elizabeth Barrett Browning de 1999 e a terceira em Sonetos da Portuguesa (2011). A tradução literária, mais especificamente a tradução poética, é vista por muitos tradutores como uma das mais difíceis em termos de realização. Para muitos autores e poetas, a traduzibilidade do texto poético muitas vezes é vista como algo impossível de ser alcançado. É importante observarmos o papel importante que a literatura traduzida vem adquirindo no conjunto da produção literária mundial e seu lugar na formação e renovação das literaturas de cada nação. A obra de Elizabeth Barrett Browning, portanto, torna-se acessível ao público leitor brasileiro através das traduções desses três tradutores que, cada um a sua maneira, contribuem para a divulgação da sua poesia em nosso âmbito literário. Palavras-chave: Tradução literária. Elizabeth Barrett Browning. Poesia.

Fernando Fiorese (Doutor – UFJF)[email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.HISTÓRIA ABREVIADA: SOBRE UM POEMA DE FRANCISCO ALVIMPublicado no livro Passatempo (1974), o poema “Revolução”, de Francisco Alvim (Poemas [1968-1970]. São Paulo: Cosac & Naify; Rio de Janeiro: 7 Le-tras, 2004, p. 289), nos permite pensar as relações entre lírica e sociedade nos termos propostos por Theodor W. Adorno no ensaio homônimo, assim como os modos e manobras do poeta na “representação” da história do Brasil. A poética de Alvim amalgama à tradição da lírica modernista bra-sileira tanto a despretensão estética e estilística quanto a crítica ao for-malismo, ao engajamento político e à ideologia, posturas típicas da poesia dos anos 1970, realizando a rasura do eu lírico por meio do acolhimento das falas de pessoas anônimas e comuns, em geral postas à margem do registro histórico e consideradas, por conta de sua dissonância ou con-traposição, não mais que um banal desvio na sintaxe reta e férrea dos discursos hegemônicos. Neste sentido, cumpre ressaltar que o caráter fragmentário, elíptico e minimalista da poesia de Alvim exige não descon-

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siderar as relações de cada poema com os demais, uma vez que as obras do autor se configuram como um fluxo de discurso (narrativo? teatral?) alimentado pela convergência de múltiplas vozes. Portanto, na medida de suas necessidades, propomos uma leitura imanente que considere o texto no corpo do livro, de modo a favorecer o desvelamento das tensões entre o sujeito e a objetividade na cena social e política do período da ditadura militar implantada em 1964, uma vez que as numerosas dramatis personae que assumem o discurso poético no decorrer de Passatempo objetivam subjetividades que expressam realidades contraditórias e com-plementares. Assim, tendo o poema “Revolução” como paradigmático do procedimento alviniano de supressão do sujeito lírico (nos moldes defini-dos por Hegel) para dar vez e voz ao outro, acolhido na sua diferença pelo “pathos da distância” nietzschiano, pretendemos demonstrar como o texto de Alvim se avizinha das teses de Walter Benjamin acerca do con-ceito de história, na medida em que a heteroglossia e o minimalismo do verso alviniano recolhem do passado e do presente imediato as vozes de personagens menores e os acontecimentos mais comezinhos. Palavras-chave: Francisco Alvim. Theodor W. Adorno. Lírica e sociedade.Francine Fernandes Weiss Ricieri (Doutora – UNIFESP)[email protected]

Mesa III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.A CATEDRAL E O TEMPO: ANÁLISE DE UM POEMA DE ALPHONSUS DE GUIM-ARAENSEsta comunicação pretende refletir sobre alguns aspectos relativos ao modo de constituição das imagens estruturadoras do discurso lírico no poema “A Catedral” (GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa. Organização e prepa-ro do texto por Alphonsus de Guimaraens Filho. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960.), de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921). O poema constitui a quarta seção de um livro dividido em seis partes (Caput I a Caput V e “Epílogo”): Kiriale (1902). A partir do contraponto com outros poemas do escritor presentes no mesmo livro, serão esboçadas algumas considerações sobre imagens e tópi-cas aí observadas e que reaparecem no conjunto da lírica de Guimaraens. Ao longo da produção do escritor, podem-se observar recorrências de imagens e procedimentos técnicos por meio dos quais parece atualizar-se uma insis-

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tente tensão entre a tematização da morte enquanto presença obsessiva, por vezes paralisante, e a exploração das possibilidades ou impossibilidades da arte e da fruição estética diante do problema metafísico assim constituído. Também merece consideração o fato de que “A Catedral” seja estruturado como poema narrativo, valendo-se da construção de alguns “personagens” e do desdobramento temporal de eventos. Em especial, “A Catedral” esta-belece um tempo a-histórico dentro do qual se processa a história modelar da dama que em uma noite de Natal faz, tresloucada, um pedido a Deus e, em retribuição, uma promessa: a promessa de erigir uma Catedral em troca de uma vida “eterna”, ou quase (“Senhor Deus que eu exista enquanto / Existir a Catedral”.). Exatamente por se construir enquanto “lenda”, por or-denar-se em um universo avesso ao da historicidade imediata do leitor ou do sujeito poético, por cercar-se de epígrafes propiciadoras de um tom hieráti-co, distanciado também das referidas historicidades, exatamente por tais fatores, a narrativa parece sofrer um processo de mitificação. Deixa de ser o empenho de uma subjetividade em registrar-se enquanto tal para assumir estatutos de exemplaridade e comprometimento com o modelar, o trans-hu-mano, o arquetípico. Como tais traços constitutivos possam dialogar com a construção de uma perspectiva lírica por meio da qual o poema se constitui é aspecto final a ser analisado, particularmente pelas implicações que em-presta ao modo de atualização de determinadas concepções do poético, no conjunto da obra de Alphonsus de Guimaraens.Palavras-Chave: Alphonsus de Guimaraens. Lirismo. Temporalidade.

Gabriela Fernandes de Carvalho (Mestranda – UFBA/Fapesb);Sandro Santos Ornellas (Doutor – UFBA)[email protected]; [email protected] III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.“BANANAS PODRES 3”: POSSÍVEIS LEITURASSegundo Arrigucci (1990), no seu texto “Ensaio sobre ‘Maçã’”, a repetição de temas pode constituir um tema maior para o artista. Partindo desse mote e tendo como principal referência teórica o texto acima citado, nos propomos analisar como essa prática se dá na escrita do poeta maranhense Ferreira Gullar. Representar a imagem de bananas em cachos apodrecendo numa

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quitanda seria um trabalho corriqueiro se o espaço fosse um quadro e se o assunto fosse pintura ou artes plásticas. Mas como seria se essa imagem aparecesse descrita num poema? Na série de poemas intitulados “Bananas Podres”, Gullar atrela à poesia a experiência de observar/imaginar bananas entrando em estado de putrefação, experiência essa que passa pela lem-brança, pela memória da infância do poeta. O primeiro poema, do que aqui iremos chamar de “série de poemas Bananas Podres”, foi publicado ainda na década de 1980 no livro Na vertigem do dia (1980), em que também encontramos o segundo poema (“Bananas podres 2”). Trinta anos depois no livro Em alguma parte alguma (2010), o poeta publica mais três poemas – “Bananas Podres 3, 4 e 5” –, o que nos faz questionar: por que esse tema retorna de forma tão viva na escrita e, por que não dizer, na memória do poeta? Para pensarmos sobre as possíveis respostas para essa questão, propomos analisar, aqui, o poema “Bananas Podres 3” (GULLAR, Ferreira. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p. 44), buscando nele elementos que vão desde a composição da imagem, a natureza morta, a poesia como pintura, o poeta-pintor, o lugar limite do olhar do poeta, uma dimensão de subjetividade à memória sensorial, e às evocações visuais e olfativas. Estaria, também, nessas “bananas” um possível alimento para o corpo? Seria possível pensá-las como interpretação alegórica e estereotipa-da da sexualidade? O fato de Gullar ser um crítico de artes plásticas que, volta e meia, publica suas próprias criações plásticas faz com que a relação poema/imagem se dê por uma lente mais aproximada? Tais questões serão levantadas ao longo dessa análise e inevitavelmente farão necessário um retorno ao primeiro poema da série onde parece estar o núcleo desse tema recorrente em Gullar e ainda pouco investigado por seus leitores.Palavras-chave: Poesia. Ferreira Gullar. Bananas Podres.

Goiandira de F. Ortiz de Camargo (Doutora / UFG-CNPq)[email protected] IV. Simpósio 1 (II). Dia 16/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.A SUBJETIVIDADE LÍRICA EM UM SONETO DE PAULO HENRIQUES BRITTONa presente comunicação, propomos uma leitura analítica e crítica do soneto “II” da seção “Sete sonetos simétricos”, publicados no livro Macau

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(2003), de Paulo Henriques Britto. O soneto “II” constitui o núcleo dos poemas ali reunidos, dele se extrai o título do livro, que, por sua vez, funciona como uma imagem que delimita o caráter lírico da obra. Nesta perspectiva, entrecruzado ao sentido geográfico, histórico e político da antiga colônia portuguesa, está a cartografia da subjetividade lírica. A lei-tura proposta terá como foco a discussão em torno da autorreflexividade do sujeito lírico dissimulado na impessoalidade da linguagem, que espe-cula a consciência de uma subjetividade voltada para a enunciação de si mesma e cética quanto a possibilidade de deslocar-se das imediações do eu. Serão pontos de articulação teórica do nosso texto, (i) a identidade fundamental estabelecida por Hegel, em “Poesia lírica” (1985), entre o su-jeito empírico e o sujeito lírico e a consequente demarcação de um espaço interior para a experiência lírica; e (ii) a perspectiva desdobrada do sujeito lírico criado no texto com elementos de invenção e de biografia, proposta por Combe em “La referencia desdoblada: el sujeto lírico entre la ficción y la autobiografía” (1999). Tendo em vista os autores citados, pretendemos, face ao soneto de Paulo Henriques Britto, discutir, ainda, como se constitui a subjetividade lírica na poesia contemporânea. No soneto, seu caráter performático, as referências à história do Brasil e de Portugal, imbricadas à visão do eu lírico como espaço de intimidade e sentimento, articulando, assim, a experiência individual à coletiva, possibilitam problematizar esse sujeito inscrito e/ou criado na linguagem. Pretendemos, também, uma análise verso a verso do poema, em que a lição recorrente de Paul Valéry sobre a poesia como hesitação entre som e sentido norteará a leitura dos aspectos da materialidade linguística do soneto, como metro, ritmo e out-ros recursos do sistema do verso, que se ajuntarão de forma indissociável à construção do sentido.Palavras-chave: Subjetividade lírica. Poesia contemporânea. Paulo Hen-riques Britto.

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Guilherme Horst Duque (Graduando de IC – UFES/CNPq);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)[email protected]; [email protected] VII. Simpósio 4. Dia 15/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.RUÍNAS DO HINO, RUÍDOS DO IDO: HISTÓRIA E TESTEMUNHO NO JORNAL DO-BRABIL DE GLAUCO MATTOSOEm suas famosas teses “Sobre o conceito da História”, Walter Benjamin contrapõe duas maneiras de se pensar a história e olhar o passado. O historicismo, por um lado, acredita no progresso e evolução humana. Para o historicista, o presente assume sempre a função de uma transição para o futuro, em que ele projeta sua visão e suas expectativas, tendo-o como uma finalidade. Este olhar, critica Benjamin, tem em sua base uma con-cepção ingênua do passado, segundo a qual descrevê-lo seria contar a verdade sobre os eventos, apresentá-los “tal qual foram”, ignorante das marcas de temporalidade deixadas em cada leitura dos fatos históricos. A história, conforme tal concepção, seria um espaço homogêneo e vazio a ser preenchido continuamente pelos acontecimentos que iriam se acu-mulando e dando passagem a outros que se seguiriam. A historiografia marxista, por outro lado, vê essa história propalada pelo historicismo como uma construção e, sobretudo, uma construção da classe dominante, uma grande e única catástrofe de que só o oprimido pode dar testemunho. Esta ideia é ilustrada com um quadro de Paul Klee, Angelus Novus, em que um anjo, com uma expressão de espanto no rosto, tem as asas abertas e é impelido irresistivelmente para longe de algo que parece contemplar com horror. Seja como for o passado é sempre uma construção, portanto datada e sempre articulada segundo algum interesse. A sua verdadeira e redentora imagem não se mostraria senão em reminiscências – motivo porque é cara ao filósofo alemão a figura da ruína, imagem viva do passado. Partindo dessas ideias, propomos a leitura de dois poemas de Glauco Mattoso con-tidos no Jornal Dobrabil, articulando-os com a história do Brasil: “Ordem de palavras” e “As ruínas do hino”. Estamos cientes de que o engajamento político não é contado entre as pretensões poéticas do paulistano, mas sua ausência nunca impediu Glauco de tecer críticas impiedosas ao governo, a qualquer governo. Desse modo, não deixamos de ver em sua produção – sobretudo no Jornal Dobrabil, produzido entre 1977 e 1981 – saltarem

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relances do problemático período histórico em que o país foi regido pela ditadura militar.Palavras-chave: Glauco Mattoso. História. Poesia.

Isabelly Cristiany Chaves Lima (Mestranda – UEPB/Capes);Julyanna de Sousa Barbosa Germano (Mestranda – UEPB);Eli Brandão (Doutor – UEPB)[email protected]; [email protected]; [email protected] II. Simpósio 1 (I). Dia 16/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.A POÉTICA DIVINA E LITERÁRIA EM “O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO”, DE VINI-CIUS DE MORAES: LITERATURA E TEOLOGIA EM DIÁLOGO O presente trabalho é fruto das leituras realizadas no Componente Curricu-lar Tradição e Modernidade, oferecido pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual da Paraíba (PPGLI/UEPB). A partir das leituras realizadas nesta disciplina, objetivamos, pois, estudar o texto poético de Vinicius de Moraes (2003), “O operário em con-strução”, e a narrativa bíblica e literária “A tentação de Jesus”, presente no Livro de Lucas, capítulo quatro e versículos de um a treze (4:1-13) (ALMEI-DA, 2000), como uma possibilidade hermenêutica capaz de traçar um para-lelo comparativo entre a tradição e a modernidade, que desemboca em um movimento que caminha “de plenamente construído” a “em permanente construção”. Construção de ruptura e transmissão, transmissão e ruptura, em que a linha tênue entre passado e presente se entrecruza, dialoga e inaugura de forma promissora conceitos literários, que apontam para o futuro, desta feita, o futuro amalgamado de uma Tradição Moderna, como já fora citado por Paz em seus estudos (1984). Assim, para ilustrar esse intenso diálogo entre épocas e seu possível entrelaçamento e para concei-tuarmos de forma genérica a tradição e a modernidade é que analisaremos o poema de Vinicius de Moraes, “O operário em construção” e o texto bí-blico “A tentação de Jesus”, já acima mencionados, mostrando que os dois conceitos não estão fechados, assim como a leitura do texto bíblico não se encontra pronta, pois a tradição tem muito a acrescentar à modernidade, assim como a modernidade tem acrescentar à tradição. Exemplificaremos, pois, esta afirmação, a partir da aproximação entre o texto bíblico antigo,

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clássico e tradicional e o poema novo, atual e contemporâneo de Vinicius Moraes, mostrando o diálogo propício estabelecido entre eles. Ambos, po-demos afirmar desde já, modernos. Utilizaremos como suporte teórico Paz (1984), Calvino (2007), Pires (2009), Bauzá (2009), dentre outros. Como leitura literária usaremos Almeida (2000) e Moraes (2003).Palavras-chave: Poesia. Tradição. Modernidade.

Isabelly Cristiany Chaves Lima (Mestranda – UEPB/Capes);Julyanna de Sousa Barbosa Germano (Mestranda – UEPB);Eli Brandão (Doutor – UEPB)[email protected]; [email protected]; [email protected] III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.NOSSA SOCIEDADE É MARABÁ. NÓS TAMBÉM O SOMOS: UMA ANÁLISE HER-MENÊUTICA DO POEMA MARABÁ, DE GONÇALVES DIASO presente artigo surgiu como um dos requisitos do componente curricular Literatura Brasileira do Nordeste, oferecido pelo Programa de Pós-Gradu-ação em Literatura e Interculturalidade, da Universidade Estadual da Paraí-ba (PPGLI/ UEPB). A partir das leituras realizadas durante a disciplina, foi elaborada uma análise interpretativa do poema Marabá, do escritor român-tico Gonçalves Dias, com o objetivo de focalizar a discriminação que sofre a personagem dentro de sua tribo e a rejeição que passa a sentir de si mesma a partir da aversão do outro. Para tanto, nos apoiaremos na teoria sobre identidade, discutida por Stuart Hall (2002), já que a personagem possui uma fusão de “eus” que desencadeia em um conflito interno e ex-terno ao mesmo tempo, conflito este presente desde o seu próprio nome até a configuração social em que ela está inserida. Para isso, trabalharemos também o conceito de cidadania apresentado por Manzini-Covre (2007), refletindo acerca dos direitos do cidadão, se Marabá os possui ou se são usurpados de alguma forma. Toda esta análise teórica mostrará a ideia de sujeito, estudada por Touraine (2004), que está presente tanto neste po-ema escrito no século XIX quanto na sociedade moderna, de identidades múltiplas, híbridas e conflitantes. Na análise do poema priorizaremos, den-tre outros pontos importantes, estudar os conflitos entre a personagem Marabá e o seu próprio eu, mostrando principalmente que, por ser fruto da

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relação entre o branco e o índio e por representar essa mistura, Marabá é desvalorizada e, com isso, passa a negligenciar seus valores e sua origem em função do outro. Assim, Marabá pode representar a nossa condição humana multifacetada; aliás, a nossa sociedade tem tantas facetas quanto as tem Marabá.Palavras-chave: Sociedade. Identidade. Outridade.

Ivani Calvano Gonçalves (Mestre – PUC-RS)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.A MUSICALIDADE DA MELANCOLIA EM IRENE LISBOAA musicalidade tem sido um dos mais importantes recursos de que dispõem os poetas, pois há muito a ser feito com os recursos linguísticos disponíveis, através do manejo adequado, pensado e refletido das pala-vras e seus múltiplos significados, da combinação dos fonemas e do ritmo, dos quais pode o leitor extrair interpretações complementares que nem mesmo o poeta havia imaginado. Da combinação de sons podem surgir sensações auditivas, cinéticas, tácteis, afetivas e emocionais originárias do estado poético do escritor que, mediadas pela linguagem, configuram o “universo poético”, cuja configuração, conforme o entendimento de Paul Valéry (1991, p. 209), não está vinculada às vivências práticas e objetivas mas sim a “uma forma sensível” que, alicerçada na subjetividade do eu lírico, impõe-se frente à realidade para expressar algo novo por meio de uma forma nova, divorciada do plano da comunicação cotidiana. O univer-so poético nasce do desejo de transfigurar a linguagem da vida corrente em linguagem da subjetividade. A poetisa portuguesa Irene Lisboa (1892-1958), em luta constante entre um mundo interior permanentemente de-sassossegado e um mundo exterior do qual ora se aproxima ora repele, revela uma tensão permanente entre esses dois polos. Seus poemas a serem analisados, intitulados Chuva e O belo verso, extraídos da coletânea Um dia outro dia... Outono havias de vir latente triste elaborada por Paula Morão em 1991, evidenciam em sua construção uma musicalidade calcada em um conjunto de recursos fonológicos e linguísticos dos quais a poeti-sa se apropria com o objetivo de conferir ao seu universo poético “uma

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significação objectiva” (LOTMAN, 1978, p. 182). Significação traduzida na repetição de fonemas que descortinam um universo melancólico em que o idealizado, intangível para o eu lírico, transborda em versos que ex-pressam o sentimento de incapacidade de compor versos perfeitos. Dessa forma, o eu lírico conclui dizendo: “com que haveria eu de te ilustrar? com que te encher, meu divino, lúcilo, aéreo, palavroso poema do nada?” (LISBOA, 1991, p. 287). Estabelece-se, assim, uma crise de incomunicabilidade que, deflagrada no nível emotivo do eu lírico, é objetivada no nível do código linguístico, por meio do qual a poetisa revela suas aporias e a musicalidade de sua melancolia.Palavras-chave: Musicalidade. Melancolia. Universo poético.

João Paulo Matedi (Doutorando – UFES)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.UM POEMA, UM TRADUTOR, DUAS TRADUÇÕES – TIBULOÉ sabido que as elegias completas do autor da Roma Antiga Álbio Tibulo só possuem uma tradução integral em versos regulares para o português, de autoria do português António Aires de Gouveia, que as reuniu em um vo-lume, cuja autoria é atribuída a Um Curioso Obscuro, pseudônimo de Aires de Gouveia naquela ocasião. O volume supracitado, intitulado As elegias e os carmes de Tibullo e algumas elegias de Propercio e carmes fugitivos de Catullo, é de 1912, mas as traduções são aproximadamente da metade do século XIX. É sabido ainda que, em comparação com alguns de seus con-temporâneos e conterrâneos – Virgílio, Horácio, Propércio e Ovídio –, Álbio Tibulo possui poucas versões em língua portuguesa. Em relação à décima elegia do seu primeiro livro (elegia I.10), ninguém as traduziu poeticamente em nosso idioma, exceto Aires, que, devido a uma pequena confusão, tor-nou públicas duas traduções desse poema, uma de aproximadamente 1850 (mas publicada pela primeira vez em 1860) e a outra publicada em 1891. Sendo assim, a proposta é analisar essas duas versões de um mesmo poe-ma levadas a cabo por um mesmo tradutor que, a certa altura de uma nota de rodapé, confessa: “e já agora dou-me a liberdade de as reimprimir am-bas, ministrando assim um exemplo das variantes na maneira de traduzir”.

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A análise comparativa entre os dois textos talvez possa exibir as “leituras de todos os poemas do poema”, que, por serem frutos de um único tradutor, revelam a existência de mais de um tradutor em um só homem – ou não. A investigação será feita tendo ao fundo Antoine Berman, para quem traduzir é traduzir a letra, Walter Benjamin, para quem a tradução é uma forma – nesse caso são duas formas de uma única e mesma fôrma – e, principal-mente, o prefácio que Aires escreveu para a edição de 1912, em que tece considerações acerca do que julga ser a boa versão de uma obra poética. Palavras-chave: Álbio Tibulo. Poesia romana antiga. Tradução.

Jorge Nascimento (Doutor – UFES)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.NEM LETRA, NEM MÚSICA – RAPA partir de opiniões e visões críticas de sociólogos, antropólogos, músicos, jornalistas, filósofos, acerca do fenômeno RAP e tomando como corpus um RAP dos Racionais MC’s - Jesus Chorou, pretende-se conjecturar sobre a possibilidade de enquadramento do RAP enquanto um “gênero”, ou pen-sar essa manifestação estético-cultural como forma híbrida por excelência, que dialoga e absorve formulações várias para sua composição. Palavras-chave: Literatura. Cultura. RAP.

José Américo Miranda (Doutor – UFMG)[email protected]ência III. Dia 15/10, 19 horas. Auditório do CT.POESIA E VIDAReflexões sobre a experiência da poesia ao longo da vida, perseguindo resposta à pergunta: O que deve à poesia a vida? A reflexão/depoimento será conduzida pela leitura e comentário de poemas ou trechos de poe-mas que abriram portas à experiência da vida a um professor de literatura já em final de carreira.

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José Ribamar Neres Costa (Mestre – FAMA);Susane Martins Ribeiro (Graduanda – FAMA)[email protected]; [email protected] III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.POEMA SUJO X CIDADE LIMPA: UM RETRATO DE SÃO LUÍS PELO OLHAR DE FERREIRA GULLAREscrito em 1975, durante o período de exílio do autor na Argentina, o livro Poema Sujo já foi objeto de diversas análises ao longo dessas quase qua-tro décadas que separam sua publicação da atualidade. Visto por Assis Brasil como uma espécie de Canção do Exílio moderna, por Antônio Car-los Secchin (2008) como um longo poema-depoimento de um artista que presta contas a si mesmo e a seu tempo, por Paulo Mendes Campos (1976) como uma lição enigmática da cidade, por Alcides Villaça (1979) como um poema crítico e não idílico, por Eleonora Ziller Camenietzki (2006) como o mimetismo poético de um fluxo de memória, e por Otto Maria Carpeaux (1980) como encarnação da saudade, um verdadeiro poema nacional, o Poema Sujo é o tipo de obra que deixa margens para diversas leituras que ora podem se completar ou mesmo divergir entre si. Neste trabalho, que tem como fundamentação teórica as relações topofílicas entre paisagem e literatura, propostas por Tuan Yi-Fu (1980, 1983) e as relações entre paisagem e memória, defendidas por Simon (1993), teorias essas que têm como divulgadores no Brasil os estudos de Ida Ferreira Alves e Marcia Manir Miguel Feitosa (2010), será visto como a cidade de São Luís é filtrada pelo olhar e pela memória de Ferreira Gullar para a composição de seu poema e como esses reflexos da memória aparecem na construção das imagens poéticas elaboradas pelo poeta, bem como a relação existente entre o exílio e a necessidade de recuperar pela memória e pela solidifi-cação das palavras no papel os locais que ficaram fixados nas recordações do autor e que são transformadas em metáforas e imagens poéticas, que podem ou não ser recuperadas de acordo com a nitidez ou com a vagui-dão descritiva usada por Ferreira Gullar na composição de seus versos.Palavras-chave: Poesia brasileira. Paisagem e literatura. Memória.

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Judson Gonçalves de Lima (Doutorando – UFPR)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.CIRCULADÔ DE FULÔ: A VIAGEM DE CAETANO VELOSO NA GALÁXIA DE HAROL-DO DE CAMPOSEste texto é parte de um trabalho mais amplo cujo foco é tentar com-preender de que maneira o canto se projeta sobre a fala, ou: de que maneira a dimensão oral da fala é elaborada (e elabora) a composição de canções. Pela aproximação temática, portanto, vale ressaltar que a abord-agem é distinta daquela implementada pelo professor semioticista Luiz Ta-tit. A estratégia utilizada foi a de contrapor récitas de alguns poemas com suas respectivas musicalizações. Propomos apresentar como exemplo, o poema em prosa “Circuladô de Fulô...”, de Haroldo de Campos – recitado pelo próprio poeta –, e a canção homônima de Caetano Veloso. Utilizamos o software SFS/WASP para visualizar graficamente informações da fala: desenho de onda; análise espectrográfica; curva de frequência fundamen-tal – que, com auxílio de barra lateral que indica a frequência e de barra inferior horizontal que indica duração, aponta com razoável precisão a melodia desenhada pela voz; e redator de texto que permitiu sincronizar o texto falado com tais informações. Assim, confrontando a récita com o áudio e a transcrição da canção para partitura, pudemos observar aspec-tos caros à composição da canção, bem como a maneira pela qual Caetano Veloso revela recorrências rítmico-melódicas dificilmente perceptíveis na récita, embora lá presentes; além de revelar mais claramente significados semânticos do poema.Palavras-chave: Récita. Melodia/ritmo. Composição de canções.

Juliana Santos de Moura (Graduanda de IC – UNESP);Fabiane Renata Borsato (Doutora – UNESP)[email protected]; [email protected] IV. Simpósio 1 (II). Dia 16/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.UMA LEITURA DO POEMA “XILO”, DE EUCANAÃ FERRAZA poética de Eucanaã Ferraz é nitidamente marcada pelo cuidadoso tra-balho com a linguagem, pelo uso de elipses e metáforas, além de outros recursos expressivos que, na maioria dos textos poéticos, propõem novos

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sentidos e ressignificações poéticas. O estudo da poesia de Eucanaã Ferraz pode resultar na identificação de novos elementos compositivos sobre a recente tradição literária do final do século XX e começo do XXI, uma vez que esse projeto de pesquisa é parte integrante da pesquisa sobre a poesia crítica brasileira contemporânea, desenvolvida pela orientadora Fabiane Renata Borsato, sendo importante contribuição para a análise teórico-crítica da poesia brasileira produzida nas duas últimas décadas. A intenção do trabalho é demonstrar a partir da análise do poema “Xilo” (in: FERRAZ, E. Martelo Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 1997. p. 42), quais são os traços metalinguísticos do poema e a sua importância para a produção poética do autor. Eucanaã Ferraz é poeta pouco estudado no ambiente acadêmico, possui um trabalho consistente e de qualidade poética rele-vante, sendo considerado um dos maiores poetas dos anos 1990 pela críti-ca brasileira. Em sua segunda publicação, Martelo (1997), há um número mais expressivo de poemas metalinguísticos, pois a linguagem incide so-bre si mesma, de modo altamente reflexivo. A análise do texto poético ocorrerá de acordo com as seguintes ações, de viés textual e contextual, propostas por Antonio Candido, na obra O Estudo Analítico do Poema (2006): 1. Análise-comentário: estudo dos traços linguísticos, de gênero e biográficos. Identificação do princípio estético e crítico da produção poéti-ca metalinguística do autor. Compreensão da gênese e circunstâncias de concepção do texto e de suas relações com a história e a crítica literária para compreensão do projeto estético do autor. 2. Análise interpretativa: estudo da organização morfo-sintático-fonológico-semântica dos poemas (fundamentos do texto poético, relação entre som e sentido, a rima, o ritmo e suas variações, o metro, o verso, palavras e/ou combinações de palavras, a narratividade). Interpretação das características textuais da poesia ferraziana aplicáveis à poesia contemporânea. Os elementos que serão examinados na análise são os seguintes: a metalinguagem, lirismo e narratividade, relação com as vozes da tradição poética e demais influên-cias na obra do autor, relação entre o sujeito e sua obra artística.Palavras-chave: Eucanaã Ferraz. Metalinguagem. Poesia brasileira contem-porânea.

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Júlio Diniz (Doutor – PUC-Rio)[email protected]ência I. Dia 15/10, 9 horas. Auditório do CT.A GERAÇÃO 00 E A CENA POÉTICO-MUSICAL CONTEMPORÂNEA A conferência abordará a produção de músicos e poetas que marcam a sua presença na cena cultural carioca da primeira década do século XXI, debatendo os seguintes tópicos: as vinculações entre literatura e música popular no espaço de reflexão dos estudos contemporâneos de cultu-ra; a problematização das relações, apropriações e traduções da tradição literária a partir de novas configurações textuais e culturais – palavra es-crita, palavra falada, palavra cantada; e o mapeamento da nova geração de artistas na paisagem literária e sonora dos anos 00.

Karina Bersan Rocha (Doutoranda PUC-Minas – IFES)[email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.POESIA SEM FRONTEIRAS: O EROTISMO E O SAGRADO EM POEMAS DE MURILO MENDESMurilo Mendes é um poeta que questiona a lógica, a “metafísica ociden-tal”, que compartimenta os saberes e o próprio mundo. Marcadamente católico, mas de concepção holista, em que conceitos diversos se mistur-am e se interpenetram na linguagem, apresenta uma visão de mundo que permite a observação, em seus poemas, de convergências entre elemen-tos distintos, o que nos permite falar de dissolução de fronteiras. Poesia, erotismo e religiosidade circulam ao longo de toda a obra, muitas vezes imbricados, como parte do desejo do poeta de ser uno com Deus e com o universo. Na tentativa de desvendar o mundo “visível” e o “invisível” que o fascinam, o poeta cria imagens de grande força pictórica, que se dispõem em contínua metamorfose. As invenções e os processos que transitam em sua poesia são oriundos de sua inquietude diante dos seres, do mundo e das coisas, inquietude que o conduz ao processo onírico de criação, de signos e de imagens, cujos objetivos transpõem os limites da poética tradicional e se mostram como uma tentativa de compreender o universo humano em constante conflito e transição, o todo que reside em

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cada indivíduo, consciente de que a outridade está no próprio homem. Partindo desses pressupostos, e considerando, com Murilo, que é “impos-sível separar o sexual do espiritual, pois mesmo o canto religioso provém de zonas subterrâneas”, propomos uma leitura de alguns de seus poemas notando como o religioso está impregnado do erótico, bem como o ero-tismo se converte em espiritualidade, no intuito de observar como esses elementos são manejados nos movimentos poéticos do autor. Seguimos, para tanto, as observações de Georges Bataille, em O erotismo, e de Octa-vio Paz, em A dupla chama: amor e erotismo e O arco e a lira. Os poemas aqui analisados fazem parte de vários livros, coligidos em MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Vol. Único. Palavras-chave: Murilo Mendes. Religiosidade. Erotismo.

Lairane Menezes (Mestranda – UFES/Capes);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)[email protected]; [email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.AURORA MARIA NASCIMENTO FURTADO: O TESTEMUNHO POÉTICO DE ALEX POLARI EM “RÉQUIEM PARA UMA AURORA DE CARNE E OSSO” (1978)A intenção é analisar o poema “Réquiem para uma Aurora de carne e osso”, de Alex Polari, publicado no final dos anos 1970, em Inventário de cicatrizes. O poema faz referência à Aurora, personagem real da militância da ditadura brasileira de codinome Lola. Nela, o romance Em câmara lenta (1977), de Renato Tapajós, baseia-se para construir a personagem identificada ao longo do romance como Ela. Composto por 24 versos, organizados em duas estro-fes – uma de 16, seguida por outra de 8 – o poema parece também refazer o percurso realizado pela personagem de Tapajós no romance – a caminho de um ponto, Ela e mais dois companheiros são enquadrados, a militante atira num policial e assim se inicia a via crucis da mulher, que termina com o suplício da coroa de cristo. O estudo identificará as interseções do poema com o romance, discutindo a repressão sofrida na época por aqueles que se opunham ao sistema. O testemunho que o poema de Polari nos traz ratifica a dimensão da militância de Aurora, contribuindo para explicar o porquê a figura dessa mulher se fazer presente em diversos textos que

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testemunham a época repressiva brasileira (dentre eles no livro Estação Paraíso, de Alípio Freire, publicado pela primeira vez em 1992 e reeditado em 2007). Para tanto, serão fundamentais nessa análise alguns textos de Márcio Seligmann-Silva, Jeanne Marie Gagnebin, Giorgio Agamben e Han-nah Arendt. A análise buscará, enfim, traçar paralelos entre o romance Em câmara lenta e o poema de Polari, tendo em vista as figuras de Aurora, no poema e na vida real, e de Ela, no romance de Tapajós. Palavras-chave: Aurora Maria Nascimento Furtado. Alex Polari. Testemu-nho.

Leandra Postay (Graduanda de IC – UFES);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)[email protected]; [email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.“DIREITOS, DIREITOS, HUMANOS À PARTE”: A VIDA NO ANDAR DE BAIXO EM VERSOS DE NICOLAS BEHRO poeta Nicolas Behr, tributário da geração marginal, escreveu, seguindo uma tendência da década de 1970, poemas marcados por um teor teste-munhal, que conta a respeito da realidade do Brasil durante o regime militar. A presente proposta pretende, a partir da consideração do que há de testemunho nos versos de Behr, analisar o seguinte poema, publicado originalmente em 1977, no livrinho mimeografado Iogurte com farinha: “tem alguém cutucando o teto / e fazendo muito barulho // não sei se quer falar comigo / através de um código qualquer // vai ver nem sabe / que aqui mora alguém // e talvez esteja apenas / tentando matar as baratas / que correm pelo teto”. Refletindo acerca de outro poema, es-crito alguns anos mais tarde pelo autor (Introdução à dendolatria, 2006), que diz “ano que vem eu me caso / ano que vem eu compro um fusca / ano que vem eu termino a faculdade // ano que vem eu vou mudar de vida / e morar no andar de cima”, assumimos que o poeta se reconhece como “morador do andar de baixo”, sendo essa posição uma represen-tação metonímica da condição em que se encontra a parcela da população prejudicada pelo poder vigente, o que inclui ativistas portadores de uma atitude assumidamente contragovernamental e esquerdista, artistas que

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têm sua criação limitada pela censura, assim como cidadãos atingidos pela extrema pobreza, graças à negligência e às injustiças de um Estado mais empenhado no enriquecimento de grandes empresários do que no suprimento das necessidades básicas de seus governados. Assim, o artigo se prestará à análise por meio da consideração dos fatores tanto literários quanto históricos, mostrando como estes se relacionam, detendo-se, ain-da, em um terceiro texto, de 1978, publicado pela primeira vez em Caroço de goiaba: “se é para o bem de todos / e felicidade geral da nação / diga ao povo / que direitos, direitos, / humanos à parte”. A orientação teórica se dará por meio de textos de Márcio Seligmann-Silva, Hannah Arendt e Primo Levi, que falam a respeito de autoritarismo, memória e literatura.Palavras-chave: Nicolas Behr. Testemunho. Poesia marginal.

Leda Mara Ferreira (Mestre – UFES)[email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.“AMOR” – A PERDA DA REALIDADE, NA NARRATIVA CLARICEANAEste artigo busca demonstrar, através de uma articulação com o discurso psicanalítico, a radicalidade da poesia que encontramos na narrativa cla-riceana. É por falar da existência de uma realidade através de uma outra, que por sua vez sempre se remeterá à outra, que a poesia é parte dessa narrativa. Através de conceitos psicanalíticos e os da crítica literária, o artigo pretende, se possível, dar a ver a metáfora que o texto de Lispector elege como uma linguagem capaz de dizer sobre as mais conturbadas nuances do desejo daquele que a habita, o ser falante, que por isso é subordinado e tenta subordinar essa linguagem em seu movimento pela mesma. Movimento este que escapa à forma na qual a personagem vê-se captada. O conto de Clarice intitulado “Amor”, do livro Legião estrangeira, será o objeto no qual incidirá a aposta deste artigo. A protagonista vive uma experiência em que a realidade é algo da ordem do insustentável, na medida em que a perde através de um ‘simples’ olhar dirigido para um cego, que num ponto de ônibus mascava seu chiclete enquanto ali estava à espera. Tomando como fundamento a concepção de linguagem que Jacques Lacan recortou da releitura do texto freudiano, bem como o

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conceito de sujeito do inconsciente, e também o texto clariceano, naquilo em que este faz referência à literatura enquanto um saber a ser reconheci-do, tentaremos sustentar aquilo a que nos propomos. O texto objeto deste artigo faz parte do trabalho de pesquisa da autora, cujo titulo é: Clarice Lispector - Nos confins do simbólico, a invenção do sujeito.Palavras-chave: Linguagem. Sujeito. Narrativa.

Letícia Queiroz de Carvalho (Doutoranda UFES – IFES)[email protected] III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.MANOEL DE BARROS E PAULO LEMINSKI: UM DIÁLOGO POÉTICO A partir das relações dialógicas e intertextuais que podem ser estabeleci-das entre os poemas “O apanhador de desperdícios” de Manoel de Barros (2003) e “Razão de Ser” de Paulo Leminski (1987), pretende-se aproximar a dicção poética desses autores em função das suas concepções de poesia que também se constitui pela experiência. Nessa interlocução, utilizaremos como textos básicos “Notas sobre a experiência e o saber de Experiência”, de Jorge Larrosa Bondía (2002) e “O narrador”, de Walter Benjamin (1996) e suas possíveis articulações teóricas com alguns apontamentos críticos dos autores em questão.Palavras-chave: Poesia. Experiência. Intertextualidade.

Lino Machado (Doutor – UFES)[email protected] VII. Simpósio 4. Dia 15/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.A LEONOR, O LOBEIRA, O LEÓNAo longo da comunicação que apresentaremos no XIV Congresso de estudos literários, pretendemos estudar uma cantiga do Trovadorismo galego-português, o chamado lai de Leonoreta, de Johan Lobeira, cujos versos iniciais são: “Leonoreta, / fin roseta”. Tal como recomendado na ementa do Congresso, almejamos fazer um “exercício de análise e de interpretação do texto poético”, um mergulho na carnadura do nosso corpus textual, composto, para os nossos propósitos, por uma cantiga

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única, o aludido lai de Lobeira. Obviamente, levaremos em conta todas as composições que nos transmitiram dois dos três grandes Cancioneiros medievais com a produção trovadoresca galego-portuguesa (no caso, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana). Tais composições são em número de sete: cinco de amor, uma d’escarnio e o lai em causa. Por igual, leva-remos em consideração a poética da época, bem como o contexto mais amplo em que viveu o nosso trovador. No verbete relacionado ao assunto que escreveu para o Dicionário da literatura medieval galega e portugue-sa (Lisboa, Caminho, 1993, p. 339-351), a especialista Anna Ferrari desta-ca algumas características da produção lobeiriana: “exibição virtuosística de rimas”, manuseio engenhoso de antíteses, exploração de aliterações, “refinado jogo retórico”, manipulação do equívoco retórico na sintaxe, enjambements, dobres, prática da cantiga dialogada envolvendo o eu lírico e a “sua senhor”, autoria tanto de cantigas de refram quanto de maestria, uso das “ligações especiais entre as estrofes (capfinidas, cap-caudadas) e as rimas técnicas, perfeitamente em linha com o virtuosismo de poeta”. Segundo Anna Ferrari, é, porém, a composição “Leonoreta, / fin roseta” que merece um “discurso à parte” (p. 350-351). Na medida das nossas modestas possibi-lidades, tentaremos contribuir para tal dis-curso, a nosso ver coletivo, ou seja, elaborado pelos que, eruditos ou não, se debruçarem sobre o lais, como coletiva era a poética trovadores-ca, o que não impedia a produção de textos originalíssimos, capazes de espantar os modernos que os vêm recuperando, após o esquecimento em que caíram no mundo pós-medieval. As principais linhas teóricas que orientarão o nosso trabalho serão a filologia, a retórica e a estilística.Palavras-chave: Johan Lobeira. Trovadorismo. Lai.

Lucas dos Passos (Doutorando UFES – IFES)[email protected] III. Simpósio 1 (II). Dia 15/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.A DÍVIDA INTERNA: HISTÓRIA E CHISTE NA POESIA-LIMIAR DE PAULO LEMINSKIA fim de vislumbrar a relação tensa entre a obra de Paulo Leminski e a história do Brasil – mais especificamente, os anos da ditadura militar que se instaurou em 1964 –, pretendo analisar o poema “entre a dívida externa

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/ e a dúvida interna / meu coração / comercial / alterna” (publicado em Caprichos e relaxos, de 1983) procurando chamar à baila um prisma teóri-co com a dinâmica que a poética leminskiana solicita. Assim, a análise partirá da observação dos elementos formais colocados em jogo pelo po-eta para tentar articular a fricção de sons a questões de caráter político. Reconhecendo o papel primordial da poesia na obra de Leminski, Régis Bonvicino intitulou o amigo de “poeta das fronteiras”. Contudo, a possi-bilidade mesma de fazer recair uma visão pluralizada sobre essa poética acena para uma questão teórica nalguma medida distinta da “fronteira” – que se referiria estritamente à linha, ao limite. É no pensamento de Walter Benjamin que se encontra uma espécie de pedra de toque para a discussão acerca do limiar ou, mais propriamente, da perda das sen-sações limiares na modernidade e, por que não, em momentos políticos altamente conturbados (guerras, genocídios, ditaduras). Pensador cioso de um conceito de história capaz de abarcar as singularidades também dos derrotados pela avalanche embrutecedora do Progresso, Benjamin faz suas atenções recaírem sobre figuras bastante emblemáticas que, de variadas formas, encarnam ou impedem as transições sensíveis, limiares. Essa perspectiva fornecida pelo pensador alemão pode se revelar muito profícua se adotada para a leitura da obra de Paulo Leminski, sobretudo no que tange à postura ética de que o poeta não se esquiva nalguns de seus poemas. Desse modo, proponho estabelecer que a experiência de leitura do poema em pauta – e de boa parte da produção (parelha à) leminskiana – prevê um movimento que chama, pelo cuidadoso apelo a recursos estéticos, a atenção para o limiar, revelando, em seu âmago, também uma faceta combativa. Entre os recursos a serem analisados no poema note-se, ainda, o humor promovido pelo mecanismo do chiste – meticulosamente estudado por Freud –, que, quando ganha matizes políti-cos, pode ser, creio, uma das maneiras mais fundamentais de requerer um olhar para a soleira da história.Palavras-chave: Paulo Leminski. Walter Benjamin. Limiar.

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Marcos Rocha Matias (Mestrando – UFES);Luís Eustáquio Soares (Doutor – UFES)[email protected]; [email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.ODE TRIUNFAL OU A CANÇÃO À MODERNIDADEEste texto tem como objetivo fazer uma análise comparativa das poéticas futuristas de Álvaro de Campos, Mário de Andrade e Marinetti. Em primeiro lugar, faz-se necessário uma contextualização histórico-social das poéti-cas dos três autores, pois estas estão inseridas na mesma época, a qual é chamada de modernidade. Esta, para Marshall Berman (1982:15-17), é entendida como conjunto de experiências vividas no espaço e tempo por pessoas do mundo todo durante quatro séculos, indo do século XVI ao XX. O autor, de Tudo que é sólido se desmancha no ar, vê a modernidade como um período de amplas transformações sociais, econômicas, políticas, cul-turais e artísticas. Na verdade, a modernidade, para o autor, possui duas facetas: uma sócio-político-econômica, chamada de modernização, a qual está intimamente relacionada às transformações científicas, tecnológicas, industriais e ambientais; enquanto a outra faceta, chamada de modernis-mo, está relacionada às transformações artístico-culturais. Mas, Berman, em sua pesquisa sobre a modernidade, dá ênfase principalmente para o modernismo do século XIX e XX, os quais têm percepções diferentes sobre a modernidade. Para Berman, na verdade, os pensadores, como Marx e Ni-etzsche e artistas do século XIX têm um ponto de vista contraditório sobre a modernidade, vendo-a simultaneamente com um olhar positivo e nega-tivo. Com efeito, para ele, o olhar ou percepção dos pensadores e artistas do século XX sobre a modernidade tornou-se bastante empobrecido em relação à percepção dos pensadores do século XIX, pois ora é marcado por um otimismo cego no progresso e tecnologia, tal qual ocorreu com arte e os artistas futuristas, ora é marcado por um niilismo e uma descrença na capacidade de transformações sociais e políticas por alguns pensadores como Max Weber.Palavras-chave: Álvaro de Campos. Marinetti. Futurismo.

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Marcos Vinícius Scheffel (Doutor – UFAM)[email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.“NÃO SEI DANÇAR” – PASSAGENS ENTRE O ESTÉTICO E O IDEOLÓGICO NA LÍRICA DE MANUEL BANDEIRAO esforço de síntese nacional, projeto ideológico e estético do primeiro momento do Modernismo Brasileiro, pode ser percebido em alguns po-emas em que se nota a nítida procura de espaços e personagens que representassem a multiplicidade cultural, social e racial do país. “Não sei dançar” – poema de abertura de Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira – explora esse aspecto tão caro ao nosso modernismo, tornando-se uma peça chave dessa discussão. O distanciamento do eu lírico dos diferentes representantes de nossa nacionalidade – preocupação expressa no poema “Descobrimento”, de Mário de Andrade – é diminuído pelo uso de um re-curso comum na prosa: microcosmos. Nesse sentido, é interessante notar como outros escritores próximos à poesia de Manuel Bandeira também se valeram desse recurso. O presente trabalho se propõe, num primeiro momento, a analisar “Não sei dançar”, seguindo-se da comparação com o poema “Cabaré Mineiro” (1930), de Carlos Drummond de Andrade, e de uma cena de Caminhos Cruzados (1935), de Érico Veríssimo que dialogam com o plano ideológico da poesia de Bandeira. Espera-se com essa dis-cussão entender a configuração de uma visão plural de nacionalidade na lírica moderna brasileira que se dilui em vários aspectos de nossa vida cultural e literária. Para tanto, procura-se compreender a maneira como esse poema de Manuel Bandeira, publicado em livro na virada de 1930, articula preocupações estéticas e ideológicas das duas primeiras gerações do Modernismo Brasileiro, valendo-se das discussões de Antonio Candido (2006) e João Luiz Lafetá (2004) em dois textos chave para compreensão dessa passagem do projeto estético ao ideológico.Palavras-chave: Manuel Bandeira. Modernismo brasileiro. Estética e ideo-logia.

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Maria Amélia Dalvi (Doutora – UFES)[email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.ANGÚSTIA, MELANCOLIA E SOLIDÃO EM CINCO POEMAS ERÓTICOS DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADETrata-se de uma leitura comparada de cinco poemas que integram o livro póstumo de Carlos Drummond de Andrade, O amor natural, dado a lume em 1992, buscando ver neles traços de um tempo e uma poética, nos quais haveria afirmação, engenhosidade e humor, e não se subsumiriam angús-tia, melancolia e solidão. Percorrem-se, pois, os poemas “Coxas bundas coxas”, “No mármore de tua bunda”, “A carne é triste depois da felação”, “À meia-noite pelo telefone” e “De arredio motel em colcha de damasco” (Andrade, 2005 [1992]); e, na viabilização da leitura, sob viés histórico de matiz chartieriano, pensa-se como se encena, na prática literária mate-rializada em um objeto cultural de fulcro – um livro de poemas –, uma apropriação específica da frustração não apenas erótica, mas existencial. Escapando tanto à tentação de uma leitura óbvia (como aquela que pode-ria ser viabilizada pela Teoria do Erotismo e pela Psicanálise), quanto à de uma leitura formalista (que privilegiaria recursos de versificação, rima e ritmo, apontamento de intertextualidades e filiação genológica), bus-ca-se inserir os poemas em pauta – e por extensão o livro – numa cena ou num problema histórico (e historiográfico). Nesse sentido, as noções complementares de “práticas” e “representações”, desenhadas por Roger Chartier, são de grande valia, por permitirem ajustar o foco sobre obje-tos culturais, sujeitos de cultura, processos que recobrem o imbricamen-to produção-difusão cultural e sobre sistemas que dão suporte a esses processos e sujeitos, viabilizando – a despeito das previsíveis lacunas e senões – alguma pertinência para uma aproximação que extrapola certo “umbiguismo”, às vezes mais e às vezes menos recorrente, de parte da tradição crítica. Politizando (porque maximizando sua natureza histórica) os poemas eróticos, caberia retomar que a lida com os textos sob o prisma cultural não permite esquecer que as representações que assinalam (da angústia, da melancolia e da solidão – bem como do poeta, do poema e do leitor) inserem-se “em um campo de concorrências e de competições cu-jos desafios se enunciam em termos de poder e de dominação” (Chartier,

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1990): para o que a noção de “apropriação cultural” resgata a dimensão ideológica – sempre múltipla, dispersa e, por isso mesmo, inarredável – inerente a qualquer gesto de linguagem (seja a escrita, seja a publicação, seja a leitura, seja o silêncio, seja a voz ou, mais provavelmente, seja o impasse).Palavras-chave: Carlos Drummond de Andrade. O amor natural. Roger Chartier.

Maria Fernanda Garbero de Aragão (Doutora – UFRRJ)[email protected] IV. Simpósio 1 (II). Dia 16/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.A PALAVRA DANÇA: A ESCRITURA POÉTICA DE MARCELINO FREIREEste estudo é uma proposta de leitura do texto “Amigo do rei”, do autor pernambucano Marcelino Freire (Sertânia, 1967), presente no livro Rasif: mar que arrebenta (Rocco, 2008), em diálogo com as noções de “Anfibo-logias” e “Forjaduras”, de Roland Barthes (Roland Barthes por Roland Bar-thes, Estação Liberdade, 2003). Com base na hipótese acerca da elaboração poética neste texto, pretendemos compreender algumas construções de imagens e figuras que, através da linguagem da poesia, irrompem a cena da narrativa e fazem com que esse “conto” seja lido numa perspectiva de dupla fronteira, a qual, ao contrário de separar ou dividir, coaduna a escritura da prosa à leitura do poema. O conto-poema, além de vários elementos poéticos nele inscritos, é uma referência a Manuel Bandeira. A personagem principal, ao ler “Vou-me embora pra Pasárgada”, decide ser poeta e, com isso, vemos emergir no texto de Marcelino Freire uma dis-cussão a respeito da figura de quem escreve e se dedica ao fazer poético. Assim, notamos o desvelar de fantasias e receios que, pelo viés da ficção, compõem, também, um reencontro heterocrônico entre ambos os autores pernambucanos. Nesse jogo, a poesia de Bandeira se insere no texto at-ravés de palavras que, de acordo com a proposta de Roland Barthes acer-ca das “anfibologias”, conseguem expressar duas ideias diferentes: no enredo do conto, narram os anseios da personagem. Na proposta poética, tecem a cumplicidade de sentidos que traz à cena uma escritura investida de disposições que se reatualizam continuamente na leitura. Com efeito,

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essas disposições entre as palavras também conduzem ao que Barthes considera como “forjaduras”, pois a construção poética no conto se traduz em semelhanças que se diferem. É na leitura de algo que parece não traz-er conflito que o embate se torna presente; na realidade ora desenhada que o sonho de Pasárgada escreve as esperanças e os medos dos que desejam ser “amigos do rei”, a qualquer, por qualquer e se houver tempo.Palavras-chave: Poesia contemporânea. Anfibologia. Forjadura.

Maria Marcela Freire (Graduanda de IC/CNPq – UFRN);Valdenides Cabral de Araújo Dias (Doutora – UFRN)[email protected]; [email protected] IV. Simpósio 1 (II). Dia 16/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.MARIA MARIA E A POESIA LÍRICO-AMOROSA NO BEIJO DE EROSNa literatura potiguar feminina, em específico, na poesia, podemos con-tar com grandes nomes que já representaram seu povo e continuam a representar, por meio de uma escrita madura, forte, local e ao mesmo tempo universal. Alguns desses nomes são os das poetisas Auta de Souza e Zila Mamede. Na contemporaneidade, além das natalenses Diva Cunha e Marise Castro, temos também algumas seridoenses e currainovenses que ensaiam seus primeiros voos rumo ao infinito das letras. Falo de Iara Maria Carvalho, vencedora de vários concursos de poesia e autora de Mila-greira (2011) e de Maria Jose Gomes, conhecida pelo pseudônimo de Maria Maria, autora de três romances, um livro de contos e dois de poesia. Maria Maria e seu segundo livro de poemas O Beijo de Eros (2011) são objetos de estudo deste artigo intitulado: MARIA MARIA E A POESIA LÍRICO-AMORO-SA NO BEIJO DE EROS. Este por sua vez, visou dar visibilidade, analisar e discutir a poesia feminina potiguar na contemporaneidade, sob o prisma do erotismo feminino. Durante a pesquisa e a elaboração deste artigo per-cebemos que uma escrita feminina é uma escrita não masculina ou cópia desta. Mas sim uma poesia genuína, pincelada com uma boa dose da ine-rente essência feminina. Repleta de ternura e desejo. Inteligência, ironia e sutileza. Seu olhar do mundo, sob a perspectiva de uma linguagem sutil, porém forte, atravessa, transpassa o intransponível. A escrita feminina, portanto, refaz a mulher que o homem tanto fragmentou: Mulher-espo-

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sa, Mulher-mãe, Mulher-filha, Mulher-trabalhadora, Mulher-artista, em um único ser: Mulher. Isto e nada mais. De modo que, ser liberta não é querer ser como o outro. É simplesmente poder ser. Transitável. Transitiva. Trans-versal. De acordo com a poetisa em destaque, um autêntico escritor é aquele que leva a poesia ao coração das pessoas, não alguém que a afas-ta. Além disso, é necessário flamejar em seus iguais, o prazer de ler algo que alegra e lhe provoca identificação. Porque, conforme Nísia Floresta, outra escritora potiguar, em Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832), “Certamente Deus criou as mulheres para um melhor fim, que para trabalhar em vão toda sua vida”. Para tanto, nos subsidiamos em obras de SAILI (2009), PAZ (1994), BESSA-LUÍS (2008), trabalhos de PÉREZ-LABORDE, entre outros.Palavras-chave: Poesia. Feminino. Erotismo.

Mónica Vermes (Doutora – UFES)[email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.FLOR AMOROSA DE TRÊS RAÇAS TRISTES: A MÚSICA BRASILEIRA SEGUNDO OLAVO BILAC E A PERSISTÊNCIA DE UM MITO DE ORIGEMO poema que servirá de eixo para nossa discussão é “Música brasileira”, de Olavo Bilac (publicado em Poesias, primeira edição de 1888). O verso final desse soneto, “Flor amorosa de três raças tristes”, sintetiza o pensamento de seu tempo sobre “raça”, identidade, cultura e arte brasileiras, especifi-camente no caso deste poema tratando da música brasileira. É essa mesma “explicação” do Brasil e de sua música que encontraremos em praticamente todos os manuais de história da música brasileira ao longo do século XX. Ta-manha é também sua força, que essa explicação foi absorvida e se transfor-mou num senso comum, reproduzido em canções e análises de canções de diversos registros. Um dos efeitos discutíveis da absorção acrítica desse mito é a desconsideração da música – e da criação, de forma mais geral – como espaço de conflitos: étnicos, políticos, sociais, de gênero. Como aponta a historiadora Marta Abreu, ao discutir o trabalho dos historiadores da música das primeiras décadas do século XX: “[...] não havia espaço para as questões conjunturais ou considerações sobre os conflitos e sub-

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versões que envolviam essas transposições, usurpações e apropriações de estilos realizadas por diferentes sujeitos sociais.” (“Histórias da Música Popular Brasileira”, uma análise da produção sobre o período colonial” In ABREU, Martha; JANCSO, István (Orgs.). Festa, Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa, 2001). A análise do poema “Música brasileira” que propomos neste trabalho se divide em três vertentes: a) a análise das relações entre os elementos do poema e os conceitos e explicações da for-mação da “raça brasileira” em voga na virada do século XIX para o século XX; b) uma análise desse modelo explicativo nos manuais de história da música brasileira produzidos ao longo do século XX; e c) a identificação de exemplos da persistência desse modelo no cancioneiro popular brasileiro ao longo do século XX e a discussão de alguns desses exemplos.Palavras-chave: Música brasileira. Historiografia musical. Cultura brasileira.

Nelson Martinelli Filho (Doutorando – UFES)[email protected] IV. Simpósio 1 (II). Dia 16/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.AUTOBIOGRAFAR-SE COMO UM OUTRO: AUTOFICÇÃO EM MUITO SONETO POR NADA, DE REINALDO SANTOS NEVESSe entre os séculos XIX e XX a noção de sujeito sofreu um abalo por meio de pensadores como Friedrich Nietzsche, a figura do autor continuou domi-nando as obras literárias pelo menos até a década de 1960, quando também passou por um processo de descentralização por conta de trabalhos de estudiosos como Roland Barthes e Michel Foucault. Hoje, porém, o autor volta à ribalta sem a presença opressiva de outrora: após um reposiciona-mento e um redimensionamento diante de sua obra, ele agora participa da elaboração de armadilhas que iludem o leitor com supostas referências à realidade que se misturam à matéria ficcional. Dentro da autoficção, prática nomeada por Serge Doubrovsky em 1970, as hipotéticas fronteiras entre o real e a ficção são apagadas, prevalecendo o impasse e a indecisão mesmo diante de textos que se autoproclamam autobiográficos. Embora a matriz teórica da autoficção seja francesa, avançam cada vez mais os estudos sobre essa prática na obra de autores brasileiros, como se nota no crescente número de publicações, cursos e pesquisadores que se lançam

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a estudar este assunto. Nesse sentido, a proposta deste trabalho é ajustar o foco para a obra Muito soneto por nada, de Reinaldo Santos Neves, com-posta por um conjunto de cinquenta sonetos que, se lidos em sequência, comportam uma breve narrativa ao longo de seus versos. Levando em con-ta esse aspecto narrativo da obra, analisar-se-á como dados biográficos do autor se confundem com elementos ficcionais de modo que esse outro eu criado não consiga fincar raízes num sujeito sólido e estável, mas que per-maneça dentro de uma zona do indecidível, onde as armadilhas impedem que o leitor se apoie em alguma suposta verdade. Para levar a cabo tal leitura, serão basilares os textos de Evando Nascimento (“Matérias-primas: da autobiografia à autoficção – ou vice-versa”) e Leonor Arfuch (O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea).Palavras-chave: Reinaldo Santos Neves. Muito soneto por nada. Autoficção.

Olliver Robson Mariano Rosa (Graduando de IC/CNPq – UFG);Goiandira de F. Ortiz de Camargo (Doutora – UFG)[email protected]; [email protected] IV. Simpósio 1 (II). Dia 16/10, 14 horas. Sala Guimarães Rosa.O JOGO DE VOZES NA CONSTRUÇÃO DO POEMA DE ANA LUÍSA AMARAL Neste trabalho, tomamos para objeto de análise o poema “Diálogo a duas vozes, com os leitores referidos”, de Ana Luísa Amaral, que foi publicado no livro Epopeias (1994). Nossa reflexão recorre à aplicação conceitual do termo voz para demonstrar um modo de compreender e analisar o funcionamento do poema contemporâneo. Com vistas a ampliar o alca-nce analítico do termo, trazemos à cena a relação estabelecida entre voz e poesia sob três diferentes perspectivas: de Paul Zumthor (2007), em Performance, Recepção, Leitura; de Jean Maulpoix (2000), em Du Lyrisme; e de Francis Berry (1962), em Poetry and the physical voice. Uma vez de-limitada a inscrição teórico-metodológica dada por esses autores ao termo, colocamo-la em contraste com o(s) sentido(s) que a palavra assume na escritura do poema e em sua própria tessitura. Para tanto, realizamos em nossa análise a proposta lúdica que o título apresenta aos leitores. De início, consideramos o que é explicitamente anunciado: a presença de duas vozes em diálogo. Partindo dessa evidência nos oferecida por catá-

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fora, buscamos encontrar, no momento inicial de enfrentamento do texto poético, elementos visuais e sonoros que ditem e/ou contraditem-na. Um movimento hesitante entre o aspecto material do poema e seu poten-cial semântico nos possibilita reconhecer aos poucos o que poderíamos denominar a voz do poema. Nesse sentido, a leitura verso a verso, in-strumentalizada pelo referido repertório teórico-reflexivo, mostra-nos que, sob a dualidade declarada, habitam múltiplas vozes, amalgamadas pela voz que as coloca em jogo por meio de um procedimento criativo e con-forme um determinado princípio organizador. Resta-nos indagar como são orquestradas essas muitas vozes de modo a não gerar um efeito cacofôni-co na relação que se estabelece com os leitores, que são aparentemente convidados, no poema em questão, a integrar a própria obra e a dizer-se “mesmo que não se entenda [daquela] voz”.Palavras-chave: Poema contemporâneo. Voz. Ana Luísa Amaral.

Orlando Lopes (Doutor – UFES)[email protected]ência IV. Dia 15/10, 19 horas. Auditório do CT.DA MÁQUINA DO MUNDO COMO UMA EPOPEIA MINIMAL: DIÁLOGOS COM A TRADIÇÃO NA POÉTICA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADEO poema “A Máquina do Mundo”, publicado originalmente em Claro Enig-ma (1951), constitui-se como peça emblemática na poética da maturi-dade de Carlos Drummond de Andrade. O poema concentra referências de uma “fase filosófica” do poeta, constituindo diversas citações e refletindo “pontos de fuga” em relação à tradição poética brasileira e ocidental. Esta conferência pretende abordar alguns aspectos do intrincado diálogo estabelecido entre o poema e certos elementos das convenções de gênero literário, particularmente a epopeia.Palavras-chave: Drummond. “A Máquina do Mundo”. Epopeia.

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Paulo Muniz da Silva (Doutorando – UFES/Fapes)[email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.OS MUROS TÊM A PALAVRA: NOTAS SOBRE O POEMA “MUROS”, DE MURILO MENDESComo se concebem os muros no poema “Muros”, de Murilo Mendes? Para além de serem vistos, noutros textos, como obstáculos aos tran-seuntes, símbolos de confinamento, recintos de proteção ou perímetros de coerção, na poesia de Murilo Mendes os muros são percebidos como superfícies verticais receptoras e difusoras de avisos, protestos políticos, expressões poéticas, artísticas e inscrições gráfico-pictóricas sagradas e profanas. Para a verificação disso, procederemos a uma leitura acerca dos muros como arquitetura e como elemento de composição gráfica a que o poema em apreço se refere em seus versos. À guisa de conclusão, sugeriremos que além de receber variadas inscrições gráfico-pictóricas, os muros também as emitem como possibilidades de escritas flutuantes, propondo imagens cambiantes ao olhar e ampliando o diálogo entre ar-quitetura, poesia e pintura.Palavras-chave: Arquitetura. Muros. Poema.

Paulo Roberto Sodré (Doutor – UFES)[email protected]ência II. Dia 15/10, 9 horas. Auditório do CT.“PROENÇAES SOEN MUI BEM TROBAR” OU UM DOM DINIS IRÔNICO E ANGUS-TIADORetomando as reflexões de Manuel Rodrigues Lapa Pilar Lorenzo Gradin sobre o assunto, observa-se numa famosa cantiga do rei Dom Dinis (1261-1325), “Proençaes soen mui bem trobar”, o estabelecimento de uma dif-erença entre os modos convencional (“os que trobam no tempo da flor”) e sincero (em qualquer outro) de trovar o amor em cortesia. Discute-se, por conseguinte, a tensa relação entre o trovador e a tradição literária que o antecedeu, em especial a legada pelos troubadours do sul da França, os “proençaes”. A leitura da cantiga será mediada, sobretudo, pela análise da tópica trovadoresca, estudada por Segismundo Spina.Palavras-chave: Dom Dinis. Trovadorismo. Cantigas.

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Pedro Antônio Freire (Doutorando – UFES/Capes)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.“TRADUÇÕES” DE GRACILIANO RAMOS EM TRÊS PERSPECTIVAS: VINICIUS, CABRAL, MURILOO trabalho analisará possíveis divergências e convergências entre três poemas feitos em homenagem ao autor de Memórias do cárcere: “Más-cara mortuária de Graciliano Ramos” (1953), de Vinicius de Moraes, “Gra-ciliano Ramos” (1959), de João Cabral de Melo Neto, e “Murilograma a Graciliano Ramos” (1963), de Murilo Mendes. Para tanto, nosso primeiro objetivo será de, ao inserir os tais dentro de uma tradição poética (SPINA. Na madrugada das formas poéticas: 1998), aprofundar simultaneamente suas leituras pelo viés da “tradução intralingual ou reformulação”, algo que “consiste na interpretação dos signos verbais por meio de outros signos da mesma língua” (JAKOBSON. Linguística e comunicação: 1969, p. 64). Dessa maneira, para ainda acrescentar os desafios intercambiáveis da matéria em que cada autor ali envolvido se transpareça ao seu modo, ou seja, assumidamente dentro do caráter “pós-babélico” da linguagem: “a essência da tradução é ser abertura, diálogo, mestiçagem, descentralização. Ela é relação, ou não é nada” (BERMAN. A prova do estrangeiro: 2002, p. 17), a partir dos estudos deste sobre o Romantismo Alemão. Já que de dicção semelhante, para nossa labuta também será muito apropriado o capítulo “Tradução como arte da passagem” que entre outras coisas nos defende a devida noção: “a marca ou estigma da tradução em geral é o fato de ela ser uma passagem: de um texto para outro, de um espaço para outro, de um tempo para outro” (SELIGMANN-SILVA. O local da diferença: 2005, p. 189). Daí, este trabalho levará a cabo a ideia de que toda interpretação de algo ou alguém já se trata de uma tradução, portanto, já é linguagem e esta, também afirma Seligmann-Silva, “não existe enquanto ela é só gramática e dados lexicais, ou seja, apenas um conjunto de elementos estruturais; somente com a apropriação que cada indivíduo faz dessa estrutura é que ela passa a ter vida” (p. 183). Em suma, aqui serão enfatizadas algumas reflexões sobre tradução, ainda que de caráter in-tralingual, como algo que garanta sobrevida à permanência do cânone at-ravés das ramificações de suas leituras, já se aproveitando da conhecida

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austeridade de Graciliano em versões interpostas pelas especificidades poéticas dos seus supracitados pares citados no título deste.Palavras-chave: Graciliano Ramos. Poesia. Tradução.

Pedro Reinato (Doutorando – USP)[email protected] Mesa X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.O GUESA: UM POEMA ROMÂNTICOO presente trabalho aborda o conceito de poesia adotado por Joaquim de Sousândrade na construção de seu poema narrativo “O Guesa” (1888). Para isso, será realizado o cruzamento entre suas considerações sobre o fazer poético, presente em sua terceira Memorabilia (1877) e a teorização sobre o conceito de poesia do filósofo alemão Friedrich Schlegel, tendo como referên-cia teórica o “Fragmento 116” (1798), da revista Athenaeum, e a obra Sobre o estudo da poesia grega (1795). Como exemplos para a análise desse conceito, serão propostos trechos dos cantos V, VII e X de O Guesa.Palavras-chave: Romantismo. Conceito de poesia. Sousândrade.

Rafaela Scardino (Doutoranda – UFES)[email protected] VIII. Simpósio 4. Dia 16/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.O POEMA E A SÉRIE: UMA LEITURA DE AUGUSTO DE CAMPOSEm diversos manifestos de poesia concreta podemos encontrar referên-cias à música moderna — especialmente à série dodecafônica de Webern e Shoenberg e a compositores posteriores, como Cage e Boulez. Também em entrevistas os poetas concretos discorrem sobre a importância da música para sua produção poética. Pretendemos, a partir do amálgama entre visão e audição proposto por Décio Pignatari (o olhouvido ouvê) e da grande importância atribuída à música por Augusto de Campos, dis-cutir a influência da música dita moderna, em especial o serialismo, em sua produção poética, propondo que se “ouvejam” os poemas de Au-gusto a serem analisados, como forma de compreendê-los. A série Po-etamenos (In: CAMPOS, Augusto. VIVA VAIA: Poesia 1949-1979. São Paulo:

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Brasiliense, 1986), que teve origem em correspondência de Augusto à sua então namorada, Lygia Azeredo, pode ser encarada como um epitalâmio, um hino composto como forma de celebração nupcial. Os seis poemas, de temática erótica, encenam a separação dos amantes e a busca do poeta por uma forma de expressá-la. A introdução aos poemas — único texto em preto e branco, como se enfatizando sua característica de manifesto — explicita, como já observamos, a influência da obra de Webern para a composição dos poemas, especialmente no que toca ao uso das cores. Mas cabe determo-nos, novamente, sobre a série schoenbergiana a fim de analisarmos a obra do poeta paulista. Em Poetamenos, podemos propor que o nome Lygia, ademais do tema amoroso, seja o motivo, a série, que serve de fonte e de referência básica — não apenas em “lygia fingers”, po-ema em que aparece explicitado, mas, invertido, transposto e deslocado, como as notas que compõem a série, funcionaria como tema, nem sempre audível, que conferiria coerência à obra. Em nossa análise, dialogaremos, principalmente, com os trabalhos de Gonzalo Aguilar e Paul Griffiths.Palavras-chave: Augusto de Campos. Poetamenos. Serialismo.

Raimundo Carvalho (Doutor – UFES)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.UM RAMO DE OURO PARA VIRGÍLIOLeitura e tradução de trechos do livro VI da Eneida de Virgílio, ressaltando os processos composicionais do original e sua reconfiguração em portu-guês. A seleção do material incidirá no conjunto de versos que antecedem a entrada do herói Eneias no mundo dos mortos. Palavras-chave: Virgílio. Tradução poética. Poética da tradução.

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Raimundo Lopes Matos (Doutor – UESB)[email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.WALY SALOMÃO: UMA LEITURA DO POEMA “CÂNTICOS DOS CÂNTICOS DE SA-LOMÃO” NUMA PERSPECTIVA DE POÉTICA, ARTE E CULTURATrata-se de uma leitura da poética do brasileiro e baiano, de Jequié, Waly Salomão, no que tange ao poema “Cânticos dos cânticos de Sa-lomão” (SALOMÃO, Waly. Tarifa de embarque. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 8-9), dentro de uma visão de poética em si e de poética enquanto ciência, arte e cultura, nos contextos modernista e pós-modernista. A escolha do tema foi motivada pela importância do estudo da poesia e pela relevância de Waly Salomão, nesta contemporaneidade. A leitura tem como referencial teórico, estudos sobre poética, no que tange à con-cepção de poética como arte e como ciência nos termos em que aborda Gilberto Mendonça Teles, Lúcia Helena, Octavio Paz, Haroldo de Campos; conceitos de modernidade e pós-modernidade/contemporaneidade, con-forme abordada por José Tei-xeira Coelho, Maria Lúcia Santaella Braga, Domício Proença Filho, Jair Ferreira dos Santos, Jean François Lyotard; terá, também, o respaldo da antropofagia (metafórica) literária e cultural, segundo o manifesto antropofágico de 1927 (Oswald de Andrade), Ulurich Fleischmann, Zinka Ziebell-Wendt, Vera Maria Chalmers, Maria Augusta Fonseca, Luiza Lobo; recorrer-se-á à intertextualidade, como apresenta-da e aplicada por Graça Paulino e Samir Messerani, além de Dominique Maingueneau, com o seu estudo do “contexto da obra literária”. Esta pesquisa pretende ser um contributo aos estudos ampliados, aprofun-dados e complexos da poética de modo geral e, em especial, da poética desse expoente brasileiro, bem como aos estudos artísticos e culturais, na atualidade.Palavras-chave: Leitura. Poética. Arte.

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Renata Azevedo Requião (Doutora – UFPel)[email protected] VIII. Simpósio 4. Dia 16/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.A CINESTESIA DOS POEMAS EMPARELHADOS, NO LIVRO A EDUCAÇÃO PELA PEDRA, DE JOÃO CABRAL DE MELO NETOEm 1966, trinta anos depois de nosso bardo ter publicado sua Lira dos cinquent’anos, João Cabral de Melo Neto dedica seu novo livro, arreve-sadamente, ao primo Manuel Bandeira: uma antilira aos oitent’anos do poeta. Ao longo de seu livro mais estruturado, A educação pela pedra, João Cabral nos entrega um livro de estranha dicção e de muita imagem cineticamente construída. O livro, estruturado em quarenta e oito po-emas, distribuídos em quatro seções, neutramente intituladas a, b, A, B, apresenta-se com todos os poemas constituídos por duas estrofes, mais ou menos independentes, por conta do símbolo que as separa (*) ou as aproxima (2.). O livro lido como livro-poema proporciona, porém, algumas descobertas. Ao lermos os poemas na sequência apresentada e estabelecida pelo poeta (portanto: se lemos o livro como se lêssemos uma pauta musical), atentos ao número de versos dos blocos-estrofes, extremamente controlados pelo poeta (variando, por estrofe, entre seis e dezesseis versos), tal leitura é capaz de provocar um sutil impacto quanto a certa “mobilidade”. Com o livro assim lido/olhado (adaptando de Franco Moretti certa “leitura a distância”), em sua sequência de poe-mas aos quais melhor se vê quando respeitada a edição original (o poeta no controle do registro visual de sua dicção poética, cada estrofe numa página), a rígida estrutura vai se diluindo, dando lugar a uma espécie de “móbile”. Ou talvez ainda a um objeto cinético. João Cabral é poeta vi-sual, herdeiro de Mallarmé. Sua força poética e a construção sintática do poema, redimensionada pela “pontuação” que o ressemantiza, implicam em que arregimentemos nossa percepção visual. A festa do intelecto aqui se faz entre uma sintaxe pouco familiar, e a construção da imagem sem euforia. No exercício que realiza particularmente com os oito “poemas emparelhados”, sua tonalidade poética se aproxima da de um poeta visu-al (talvez até do poeta digital), aquele que desarticula o bloco da estrofe, liberando os versos para sua própria emanação poética. São os seguintes os “poemas emparelhados”: “O mar e o canavial” e “O canavial e o mar”;

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“Coisas de cabeceira, Recife” e “Coisas de cabeceira, Sevilha”; “Uma mineira em Brasília” e “Mesma mineira em Brasília”; “Nas covas de Baza” e “Nas covas de Guadix”; “The country of Houyhnhnms” e “‘The country of Houyhnhnms’ (outra composição)”; “Bifurcados de ‘Habitar o tempo’” e “Habitar o tempo”; “A urbanização do regaço” e “O regaço urbanizado”; “Comendadores jantando” e “Duas fases do jantar dos comendadores”. Palavras-chave: João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra. Poemas emparelhados.

Renata Oliveira Bomfim (Doutoranda – UFES/CNPq-Fapes)[email protected] IX. Simpósio 5. Dia 15/10, 14 horas. Auditório do CT.A REESCRITA DA HISTÓRIA COLONIAL NICARAGUENSE EM O ESTREITO DUVIDO-SO, DE ERNESTO CARDENALErnesto Cardenal (1925) nasceu em Granada, Nicarágua, e é um dos poetas vivos mais importantes da América Latina. Cardenal foi ordenado padre em 1965, logo, declarou-se “marxista por Cristo e por seu evangelho”, e participou de forma ativa da Frente Sandinista de Libertação Nacion-al (FSLN), lutando pela democratização da Nicarágua. Com o triunfo da revolução nicaraguense, em 1979, ele se tornou Ministro da Cultura. O poeta possui uma vasta obra na qual poética e política se imbricam. O estreito duvidoso foi publicado pela primeira vez em 1966, e é composto por vinte e cinco textos poéticos, ou cantos. O título do livro remete à crença, por parte dos espanhóis, na existência de um estreito pluvial que uniria os Oceanos Atlântico e Pacifico e facilitaria o transporte de especia-rias. Nessa obra Cardenal se apropria de lendas presentes no imaginário popular, como a do estreito inexistente, e de mitos e registros históricos, para contar uma outra história da colonização da América Central. O poeta reescreve episódios da colonização nicaraguense, tomando como início do percurso poético a chegada de Cristóvão Colombo ao Cabo Graças a Deus, na Nicarágua, em 1502. O sistema colonial possui uma lógica maniqueís-ta, e ao colonizador europeu não bastou encerrar o povo nas malhas da dominação, mas, por uma espécie de perversão da lógica, ele buscou esvaziar o colonizado de suas referências, deformando o seu passado,

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apagando a sua história. Ciente do poder legitimador do discurso, os es-panhóis o construíram de acordo com o seu interesse, silenciando as vo-zes dos povos que subjugaram, e suprimindo e apagando os registros de sua resistência. Propomos investigar, tendo como aporte a teoria pós-co-lonial, de que forma a poética cardeliana rompe com o discurso totali-zante do colonizador, com vistas a dar visibilidade à dimensão política da resistência dos povos indígenas. O pós-colonial designa um período que sucedeu a independência das colônias, mas, enquanto linha de pesquisa, ele ganha a acepção de um discurso capaz de desconstruir a narrativa colonial, criando condições para que narrativas escritas do ponto de vista do colonizado sejam escutadas. Além da busca pelos traços de resistência indígena na obra em questão, investigaremos como Cardenal, estrategi-camente, transformou acontecimentos históricos do passado em crítica social e política ao governo nicaraguense ditatorial de Anastácio Somo-za. Contamos nessa pesquisa com as contribuições teóricas dos autores Mikhail Bakhtin, Boaventura de Souza Santos, Edward Said, Octavio Paz, Jorge Eduardo Arellano, Roberto Fernandéz Retamar, Alfredo Bosi, Thomas Bonicci, Henrique Dussel, Frantz Fanon, Stuart Hall e Jacques Rancière.Palavras-chave: Pós-colonialismo. Ernesto Cardenal. Poesia nicaraguense.

Ricardo Ramos Costa (Doutorando UERJ / IFES)[email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.A “FÁBULA DE ANFION” E O SILENCIAR DA ESCRITA Neste trabalho buscamos analisar o poema “Fábula de Anfion” de João Cabral de Melo Neto à luz da problemática da crise da linguagem que se estabelece na modernidade. Para isso, recorreremos a alguns autores que vinculam-se às análises dos problemas estéticos da poesia, da literatura e da arte modernas e seus desdobramentos, tais como Benjamin, Adorno, Lyotard, Agamben, entre outros. Palavras-chave: Poesia. Modernidade. Inefável.

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Sandra Mara Moraes Lima (Doutoranda PUC-SP – SEDU-ES)[email protected] I. Simpósio 1 (I). Dia 15/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.O LUTADOR – A VIDA SEM ÁLIBIA proposta do trabalho é apresentar uma leitura do poema “O lutador” de Carlos Drummond de Andrade, tendo como fundamento teórico a filosofia bakhtiniana, mais especificamente a obra Para uma filosofia do ato, em que Bakhtin faz uma abordagem acerca da linguagem numa perspectiva fenomenológica. Nessa direção, apresentamos alguns conceitos bakhtinia-nos, tais como ser/evento, enunciado concreto, arquitetônica, ato, entre outros, que serão adotados como categorias de análise na leitura em-preendida. Procuramos demonstrar que a luta de que fala o poeta trata-se de uma luta ontológica travada pelo ser, que se constitui em linguagem, na tentativa de organização do caos, organização de si. Importa considerar ainda que em se tratando de uma análise bakhtiniana, o enunciado con-creto é tomado a partir do ato discursivo, em sua arquitetônica, que com-porta necessariamente uma unidade temática, forma composicional, tom emocional-volitivo, autoria, bem como a recepção e esfera de circulação, revelando o caráter sócio-histórico-ideológico em que foi engendrado. Para Bakhtin, é no momento do ato discursivo que se organiza o mundo. É no ato que se dá a experiência do sujeito de se realizar no mundo, na re-alidade, o que só é possível com a linguagem. É a capacidade inexorável, sem álibi, de dar contornos, fronteiras, àquilo que não foi ainda nomeado numa tentativa infinda, pois o caos jamais é totalmente organizado. É nes-sa empreitada de organização que o ser atravessa o mundo e, ao mesmo tempo, é por ele atravessado. É o que dá existência ao ser, é o ser-evento. Essa luta incessante, quase sempre fracassada, é imperiosa, uma vez que é ela que nos permite existir. Por isso, não temos álibi e, ainda que seja em vão lutar com palavras, mesmo que o fim da batalha nunca se faça, lutamos, mal rompe a manhã e nela prosseguimos nas ruas do sono.Palavras-chave: Lutador. Linguagem. Ato discursivo.

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Sara Novaes Rodrigues (Doutoranda – UFES)[email protected] V. Simpósio 2. Dia 16/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.CAMINHOS DE PEDRASEm seu poema “Poetry”, Marianne Moore, poeta modernista norte-ameri-cana, conclui que, “se você exige por um lado, / o material bruto da poesia em toda a sua brutalidade e / aquilo que é por outro lado / genuíno, você se interessa por poesia.” (Tradução livre. Poema disponível no site www.poem-hunter.com). A poeta já expressa, em seus versos, a visão contemporânea, a ser trabalhada neste texto, de que a poesia é possível em qualquer lugar e que o bom poeta deve ser capaz de, através de seu trabalho, “conciliar as pessoas e as pedras” (WILLIAMS). O objetivo desta comunicação é, as-sim, fazer uma leitura do poema “A educação pela pedra”, de João Cabral de Melo Neto (CABRAL, 1994, p. 138) em cotejo com dois outros de língua inglesa, em que os autores também fazem uso do termo pedra para falar do próprio fazer poético. São eles: “Riprap”, de Gary Snider (SNYDER, 2005, p. 28-9), e “A Sort of a Song”, de William Carlos Williams (WILLIAMS, 1976, p. 133).Palavras-chave: Poema. Pedra. Metáfora.

Sarah Vervloet (Mestranda – UFES);Deneval Siqueira de Azevedo Filho (Doutor – UFES)[email protected]; [email protected] VIII. Simpósio 4. Dia 16/10, 14 horas. Sala 8 do IC-3.O POEMA E SEUS DISFARCES: ANÁLISE DE “O SOL NO CÉU DA BOCA”, DE FER-NANDO TATAGIBATendo em vista uma das principais marcas literárias de Fernando Tatagiba – o aproveitamento do espaço gráfico em sua narrativa – e a singularidade do conto que dá nome à primeira obra do autor, O sol no céu da boca, este estudo propõe (a) pôr em relevo os traços poéticos de “O sol no céu da boca”, que foi publicado juntamente com mais 23 contos, em 1980, pela Coleção Letras Capixabas (criada pela Fundação Ceciliano Abel de Almei-da). O objetivo expresso irá se delineando ao longo do texto, de modo que só ao final surgirão as principais coordenadas dessa proposta. Tatagiba

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criou possibilidades para o experimento da forma dentro do conto, atribu-indo sentido à maneira como dispõe frases, evoca traços e imagens, cria rimas, adiciona símbolos e subtítulos, propõe divisões com números e espaços, aproxima a escrita da linguagem falada (narrativa oral), reduz a distância entre autor e leitor e, sobretudo, sugere um novo jeito de escri-ta. Tem-se, pois, uma desestabilização de um possível sistema estável do conto. Portanto, (b) serão questionados os limites do poema e da narra-tiva, usando como fundamentação teórica (c) a discussão em torno dos gêneros, por Luiz Costa Lima; a trajetória da poesia visual, por Philadelpho Menezes; e pontos importantes acerca da poesia concreta, por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos.Palavras-chave: Gêneros. Poema. Fernando Tatagiba.

Susana Souto (Doutora – UFAL)[email protected]ência V. Dia 16/10, 9 horas. Auditório do CT.A HARMONIA CAÓTICA DE GLAUCO MATTOSONa vasta produção de Glauco Mattoso, multiplicam-se e misturam-se de modo vertiginoso textos, autores, temas, tempos, gêneros, artes, línguas, projetos poéticos e políticos, como ele mesmo declara na apresentação do Jornal Dobrabil em livro (2001): “Resumindo e concluindo, ao caos visual soma-se o caos textual, e ambos são multiplicados pelo caos au-toral, numa perfeita harmonia caótica – paradoxo emblemático da própria contradição inerente à minha biografia de poeta apolineobarroco e ar-cadionisíaco”. A proposta deste texto é acompanhar os giros do calei-doscópio Glauco Mattoso que deslocam e problematizam concepções de leitura, escrita e memória, a partir da análise de poemas de sua autoria, em diálogo com seus textos (auto)críticos, já que, em pelo menos três frentes, Glauco interpela as possibilidades de compreensão do ato de lei-tura e suas complexas relações com o processo de escrita: 1. em poemas, contos, romances, em que aciona uma ampla memória de leituras, asso-ciando, de modo direto e indireto, autores, textos, mo(vi)mentos, artes, línguas, culturas, tradições; 2. em textos assinados por seu heterônimo crítico, Pedro Ulisses Campos, nos quais analisa sua própria obra; 3. em

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ensaios, dedicados a temas diversos, e no tratado de versificação O sexo do verso: machismo e feminismo na regra da poesia (2006; 2010), no qual investiga procedimentos de elaboração poética. Como polos de discussão teórica, destacam-se a noção de dialogismo de Bakhtin (1992), associada à antropofagia oswaldiana (ANDRADE, 1928; JÁUREGUI, 2008), à concepção de escrita como citação (COMPAGNON, 1998; DE CERTEAU, 1996), como apro-priação (DANTO, 2005; 2006) e como paródia (HUTCHEON, 1991).Palavras-chave: Glauco Mattoso. Jornal Dobrabil. Poesia brasileira.

Valdenides Cabral de Araújo Dias (Doutora – UFRN)[email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.TEOLOGIA DE BOLSO: A POESIA HIEROFÂNICA DE GILBERTO MENDONÇA TELESA sabedoria poética, para Vico (1725) teve início com os primeiros homens das nações gentílicas pagãs, diz que estes foram chamados de “poetas teólogos”, ou sábios, uma vez que compreendiam a fala dos deuses. A partir de Adão, cujo Criador estabeleceu a “verdadeira religião”, os poetas passaram a ter outra denominação, mystae, mas conservaram a mesma significação. Na tradução horaciana, os poetas seriam os “intérpretes dos deuses” e tinham por missão explicar “os divinos mistérios dos auspícios e dos oráculos”. Um século mais tarde, Shelley (1821) vai escrever sua defesa da poesia, em que liga a mesma ao início da humanidade, quando afirma que “toda linguagem original próxima à sua fonte é em si mesma o caos de um poema cíclico” (p. 113) e à religião, ao culto do divino, quando diz que o poeta “participa do eterno, do infinito e do uno”. Nesse mesmo estudo ele discorre sobre os efeitos que a poesia exerce sobre a sociedade e confirma a necessidade que tem os poetas, mesmo em tem-pos modernos de recorrerem às fontes, às origens para fazerem uma obra consistente e de importância histórica e cultural. Cita, como exemplo, Homero que, pela sua poesia, tornou a sua época memorável. Também coloca como exemplos a obra de Milton e Dante, para realçar as ideias difundidas pelo cristianismo, isto é, a luta do bem contra o mal. Neste per-curso, iremos analisar alguns poemas de Gilberto Mendonça Teles, a partir do conceito de hierofania desenvolvido por Mircea Eliade, em O Sagrado e

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o Profano (1999). Deus, os mitos, estão no princípio e no fim da Literatura Universal. E a obra completa de Teles tem o título de Hora Aberta, isto é, expressão que se origina, conforma Darcy França Denófrio (2005, p. 110), “das religiões pré-históricas e que indica o momento (ativo ou passivo) em que os universos paralelos se tocam e se comunicam, possibilitando o trânsito dos espíritos (bons e maus)”, o que fez com que o cristianis-mo estabelecesse a oração nesses horários, como forma de afugentar os demônios.Palavras-chave: Poesia. Sagrado. Profano.

Waltencir Alves de Oliveira (Doutor – UFPR)[email protected] II. Simpósio 1 (I). Dia 16/10, 14 horas. Sala Clarice Lispector.ESCREVER SE LIMITA COM TOUREAR: A POESIA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO COMO “ESPELHO DA TAUROMAQUIA”A poesia de João Cabral de Melo Neto sempre suscitou o desejo de com-preender a estrutura singular e altamente complexa formulada pelo poeta para se dizer em poesia. Não há dúvidas de que, entre nós, há poucos po-etas que refletiram tanto, e através de tantos canais, sobre o dizer e suas modulações poéticas. Em vários de seus poemas, é comum que a reflexão sobre a poesia se estruture como um símile entre o ato de escrever e um objeto concreto (a mesa, o cão, a pedra, o rio) ou uma atividade com a qual o “escrever” é equiparado (catar feijão, cante flamenco e outros). O símile inicial é desdobrado através de uma complexa lógica compositiva que permite apreender o objeto a partir de múltiplas perspectivas e, ao mesmo tempo, apresentar uma teoria do poema e do poético. Nesta co-municação, eu me proponho a analisar o poema “Juan Belmonte”, do livro Andando Sevilha, de 1989. Um texto dedicado ao toureiro andaluz Juan Belmonte, no qual o poeta e o fazer poético são associados ao toureiro e à tauromaquia. Importante destacar que “Juan Belmonte” integra uma série de poemas que, em vários livros do poeta, tematizam a tauromaquia e o “cante flamenco”, paradigmas de um modo espanhol (sevilhano) de viver “a palo seco”. A análise de um poema específico de João Cabral, ob-viamente, não excluirá a consulta e a referência a outros poemas do autor

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em que a tauromaquia é elemento inscrito na forma do poema e/ou tem-atizado. O conceito de tauromaquia e sua aproximação com o fazer poéti-co remetem ao livro de Michel de Leiris, O espelho da tauromaquia. Nele, Leiris aponta que a poesia, a tauromaquia, o impulso erótico e outros lu-gares, acontecimentos, objetos, e circunstâncias suscitam um movimento de irrupção do abissal sobre a superfície lisa, que se poderia denominar de tangenciamento de opostos ou coincidência de contrários.Palavras-chave: João Cabral de Melo Neto. Tauromaquia. Metalinguagem.

Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)[email protected] X. Simpósio 5. Dia 16/10, 14 horas. Auditório do CT.A GRAÇA NA DESDITA: POESIA, HUMOR E HISTÓRIA A PARTIR DE “NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO” (1978) DE LUIS FERNANDO VERISSIMOA proposta é analisar o poema “Nova canção do exílio”, de Luis Fernando Verissimo, publicado na Revista de Domingo do Jornal do Brasil em 1978, e republicado em Poesia numa hora dessas? em 2002. Composto por dezessete quadras e um dístico, o poema faz um quadro a um tempo hu-morado e sinistro do final da década de 1970, quadro em que aparecem a suspeitíssima Copa da Argentina, “promessas de abertura”, o governo Figueiredo, os exorbitantes juros bancários, a corrupção enraizada nas instituições, a figura do senador biônico, além de referências jocosas a Bruna Lombardi, Frenéticas e Dancing Days, novela de enorme sucesso então: “Minha terra tem palmeiras / onde cantava o sabiá. / Grande questão só há uma: / a Júlia fica com o Cacá?”. Deixando de lado a com-paração entre as múltiplas paródias do poema gonçalvino (feitas por Oswald, Drummond, Murilo, Paes, Gullar, Jô Soares etc.), a análise vai se amparar em reflexões de Georges Minois e de Theodor Adorno: o filósofo alemão diz em Teoria estética (2008, p. 277) que “as obras autênticas são as que se entregam sem reserva ao conteúdo material histórico da sua época e sem a pretensão sobre ela. São a historiografia inconsciente de si mesma da sua época”; o historiador francês afirma em História do riso e do escárnio (2002, p. 614) que, “assim como a liberdade, o riso é frágil. Nunca está longe da tristeza e do sofrimento; ele ‘dança sobre o

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abismo’”, lembrando Nietzsche em Assim falou Zaratustra. Assim, a partir do poema de Verissimo, entendemos que o riso pode ser, sim, uma forma de conhecimento da história. No final de “Nova canção do exílio”, lemos: “(...) Grande questão só há uma: / a Júlia fica com o Cacá? /// Mas não permita Deus que eu morra / sem que eu volte para lá”: esse trecho, por exemplo, ilustra bem o que a historiadora Zilda Iokoi sustenta em “A lon-ga tradição de conciliação ou estigma da cordialidade” em Desarquivando a ditadura (2009, p. 521): “o reencontro do caminho democrático que só começou com a anistia, alcançada em 1979, mostra os impasses, limites e ambiguidades ainda em aberto na democracia brasileira”. Apesar dos pesares e das desditas, a vontade de “voltar para lá”, para o abismo chamado Brasil, se manifesta como um aceno de cordialidade – que se dá, em dança conjunta, em forma de poesia e riso, de verso e graça.Palavras-chave: Luis Fernando Verissimo. Poesia brasileira. Humor e teste-munho.

Yasmin Zandomenico (Graduanda de IC – UFES);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)[email protected]; [email protected] VI. Simpósio 3. Dia 15/10, 14 horas. Sala 7 do IC-3.TOTALMENTE TERCEIRO SEXO TOTALMENTE TERCEIRO MUNDO TERCEIRO MILÊ-NIO: ANÁLISE DE “EU SOU NEGUINHA?” DE CAETANO VELOSOAdorno afirma, em “Palestra sobre lírica e sociedade” (1956), que “só entende aquilo que o poema diz quem escuta, em sua solidão, a voz da humanidade” (ADORNO, Theodor. Notas de literatura, 2003). Essa, ao se projetar da configuração subjetiva de um poema para o alcance resso-nante de uma consciência coletiva, permite considerar – pensando no som como um eficiente propagador de ondas ideológicas – a canção como um espaço em que, articulada com a acessibilidade que a música propõe, a escrita é vista como enunciação posicionada em um campo social mar-cado por conflitos (GINZBURG, Jaime. “Linguagem e trauma na escrita do testemunho”, 2011). Com isso, é possível atentar para canções que pos-suam teor testemunhal em sua formação discursiva e, nesse sentido, um compositor coloca-se em evidência na execução de letras que tocam a

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esfera social de um país marcadamente desigual: Caetano Veloso. O artigo intenta analisar a música “Eu sou neguinha?”, presente no álbum Cae-tano de 1987, de onde podemos salientar os seguintes versos: “eu tava rezando ali completamente / um crente, uma lente, era uma visão / to-talmente terceiro sexo totalmente terceiro mundo terceiro milênio carne nua nua / nua nua nua nua / era tão gozado / era um trio elétrico, uma fantasia / escola de samba na televisão / cruz no fim do túnel, becos sem saída / e eu era a saída, melodia, meio-dia dia dia / era o que eu dizia: eu sou neguinha?”. A canção, uma pergunta, delineia imagens um tanto desconexas e dúbias, que evidenciam um espaço que pode ser muitos (“tava em Madureira, tava na Bahia / no Beaubourg, no Bronx, no Brás”), na fala de alguém cuja identidade é indefinida, para quem ouve e por quem fala (“e que o mesmo signo que eu tento ler e ser / é apenas um possível ou impossível em mim em mim em mil em mil em mil”). Mas à parte a interrogação que circunscreve a música, é possível perceber a marginalidade que se afirma nos fragmentos que tocam questões da negritude e da sexualidade. Tendo isso como escopo, a análise terá como referencial teórico, além de Theodor Adorno e Jaime Ginzburg, o artigo “Verdade tropical: um percurso de nosso tempo”, de Roberto Schwarz, e o livro Caetano Veloso, de Guilherme Wisnik.Palavras-chave: Caetano Veloso. Testemunho. Música.

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PARTICIPANTES DE “TODOSOS POEMAS O POEMA”

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Adolfo Miranda Oleare (Mestre – IFES)

Adriana Pin (Doutoranda UFES – IFES)

Alberione da Silva Medeiros (Graduando de IC, Propesq/Reuni – UFRN);Valdenides Cabral de Araújo Dias (Doutor – UFRN)

Alessandra F. Conde da Silva (Mestre – UFPA)

Alexander Jeferson Nassau Borges (Doutorando – UFES)

Alexandre Curtiss (Doutor – UFES)

Alexandre Moraes (Doutor - UFES)

Ana Maria Quirino (Doutoranda UFES – IFES)

Ana Remígio (Mestre – UERN)

Andre Araujo de Menezes (Mestrando – CEFET-MG);Wagner Jose Moreira (Doutor – CEFET-MG)

André Luis Valadares de Aquino (Mestrando – UFPA);Gunter Karl Pressler (Doutor – UFPA)

Andressa Zoi Nathanailidis (Doutoranda UFES – UVV)

Angie Miranda Antunes (Mestranda – UFJF);Fernando Fábio Fiorese Furtado (Doutor – UFJF)

Ariovaldo Vidal (Doutor – USP)

Bruna Pimentel Dantas (Mestranda – UFES/Capes);Luciana Fernandes Ucelli Ramos (Doutoranda – UFES/Fapes)

Carlos Roberto Ludwig (Doutorando – UFRGS/CNPq)

Celia Pedrosa (Doutora – UFF)

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Daise de Souza Pimentel (Doutoranda – UFES/Capes)

Danilo Barcelos Corrêa (Doutorando – UFES/Capes)

Dean Guilherme Gonçalves Lima (Graduando de IC – UFES);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)

Douglas Salomão (Doutorando – UFES)

Elisabete Alfeld Rodrigues (Doutora – PUC-SP)

Ernesto de Souza Pachito (Doutorando UFES – UFES)

Ester Abreu Vieira de Oliveira (Doutora – UFES)

Fabíola Padilha (Doutora – UFES)

Fabrícia Silva Dantas (Doutoranda – UEPB)

Fernanda Cardoso Nunes (Mestre – UERN)

Fernando Fiorese (Doutor – UFJF)

Francine Fernandes Weiss Ricieri (Doutora – UNIFESP)

Gabriela Fernandes de Carvalho (Mestranda – UFBA/Fapesb);Sandro Santos Ornellas (Doutor – UFBA)

Goiandira de F. Ortiz de Camargo (Doutora / UFG-CNPq)

Guilherme Horst Duque (Graduando de IC – UFES/CNPq);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)

Isabelly Cristiany Chaves Lima (Mestranda – UEPB/Capes);Julyanna de Sousa Barbosa Germano (Mestranda – UEPB);Eli Brandão (Doutor – UEPB)

Isabelly Cristiany Chaves Lima (Mestranda – UEPB/Capes);Julyanna de Sousa Barbosa Germano (Mestranda – UEPB);

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Eli Brandão (Doutor – UEPB)

Ivani Calvano Gonçalves (Mestre – PUC-RS)

João Paulo Matedi (Doutorando – UFES)

Jorge Nascimento (Doutor – UFES)

José Américo Miranda (Doutor – UFMG)

José Ribamar Neres Costa (Mestre – FAMA);Susane Martins Ribeiro (Graduanda – FAMA)

Judson Gonçalves de Lima (Doutorando – UFPR)

Juliana Santos de Moura (Graduanda de IC – UNESP);Fabiane Renata Borsato (Doutora – UNESP)

Júlio Diniz (Doutor – PUC-Rio)

Karina Bersan Rocha (Doutoranda PUC-Minas – IFES)

Lairane Menezes (Mestranda – UFES/Capes);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)

Leandra Postay (Graduanda de IC – UFES);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)

Leda Mara Ferreira (Mestre – UFES)

Leni Ribeiro Leite (Doutora - UFES)

Letícia Queiroz de Carvalho (Doutoranda UFES – IFES)

Lino Machado (Doutor – UFES)

Lucas dos Passos (Doutorando UFES – IFES)

Marcos Rocha Matias (Mestrando – UFES);Luís Eustáquio Soares (Doutor – UFES)

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Marcos Vinícius Scheffel (Doutor – UFAM)

Maria Amélia Dalvi (Doutora – UFES)

Maria Fernanda Garbero de Aragão (Doutora – UFRRJ)

Maria Marcela Freire (Graduanda de IC/CNPq – UFRN);Valdenides Cabral de Araújo Dias (Doutora – UFRN)

Maria Mirtis Caser (Doutora – UFES)

Mónica Vermes (Doutora – UFES)

Nelson Martinelli Filho (Doutorando – UFES)

Olliver Robson Mariano Rosa (Graduando de IC/CNPq – UFG);Goiandira de F. Ortiz de Camargo (Doutora – UFG)

Orlando Lopes Albertino (Doutor – UFES)

Paulo Muniz da Silva (Doutorando – UFES/Fapes)

Paulo Roberto Sodré (Doutor – UFES)

Pedro Antônio Freire (Doutorando – UFES/Capes)

Pedro Reinato (Doutorando – USP)

Rafaela Scardino (Doutoranda – UFES)

Raimundo Carvalho (Doutor – UFES)

Raimundo Lopes Matos (Doutor – UESB)

Renata Azevedo Requião (Doutora – UFPel)

Renata Oliveira Bomfim (Doutoranda – UFES/CNPq-Fapes)

Ricardo Ramos Costa (Doutorando UERJ – IFES)

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Sandra Mara Moraes Lima (Doutoranda PUC-SP – SEDU-ES)

Sara Novaes Rodrigues (Doutoranda – UFES)

Sarah Vervloet (Mestranda – UFES);Deneval Siqueira de Azevedo Filho (Doutor – UFES)

Sérgio Amaral (Doutor - UFES)

Susana Souto (Doutora – UFAL)

Valdenides Cabral de Araújo Dias (Doutora – UFRN)

Waltencir Alves de Oliveira (Doutor – UFPR)

Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)

Yasmin Zandomenico (Graduanda de IC – UFES);Wilberth Salgueiro (Doutor – UFES/CNPq)

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POETAS DE “TODOSOS POEMAS O POEMA”

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Alberto Caeiro: simpósio 5, mesa IX

Álbio Tibulo: simpósio 2, mesa V

Alex Polari: simpósio 5, mesa IX

Alphonsus de Guimaraens: simpósio 1 (II), mesa III

Álvaro de Campos: simpósio 1 (I), mesa I + simpósio 5, mesa IX

Ana Luísa Amaral: simpósio 1 (II), mesa IV

Arnaldo Antunes: simpósio 4, mesa VII

Augusto de Campos: simpósio 4, mesa VIII

Bob Dylan: simpósio 3, mesa VI

Caetano Veloso: simpósio 3, mesa VI

Carlos Drummond de Andrade: simpósio 1 (I), mesa I + conferência IV

Cecília Meireles: simpósio 1 (I), mesa II

Clarice Lispector: simpósio 5, mesa IX

Crosby, Stills & Nash: simpósio 3, mesa VI

Dalcídio Jurandir: simpósio 5, mesa X

Dom Dinis: conferência II

Elizabeth Barrett Browning: simpósio 2, mesa V

Ernesto Cardenal: simpósio 5, mesa IX

Eucanaã Ferraz: simpósio 1 (II), mesa IV

Fernando Tatagiba: simpósio 4, mesa VIII

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Ferreira Gullar: simpósio 1 (I), mesa II + simpósio 1 (II), mesa III + simpósio 5, mesa X

Fiama Hasse Pais Brandão: simpósio 1 (I), mesa II

Francisco Alvim: simpósio 5, mesa IX

Gary Snider: simpósio 2, mesa V

Gilberto Mendonça Teles: simpósio 5, mesa X

Glauber Rocha: simpósio 4, mesa VIII

Glauco Mattoso: conferência V + simpósio 4, mesa VII

Gonçalves Dias: simpósio 1 (II), mesa III

Haroldo de Campos: simpósio 3, mesa VI

Hilda Hilst: simpósio 1 (I), mesa II

Irene Lisboa: simpósio 3, mesa VI

João Cabral de Melo Neto: simpósio 1 (I), mesa II + simpósio 2, mesa V + simpósio 4, mesa VIII + simpósio 5, mesa X

Joaquim de Sousândrade: simpósio 5, mesa X

Johan Lobeira: simpósio 4, mesa VII

José Paulo Paes: simpósio 1 (I), mesa II

Luis Fernando Veríssimo: simpósio 5, mesa X

Manoel de Barros: simpósio 1 (II), mesa III

Manuel Bandeira: simpósio 1 (I), mesa I + simpósio 4, mesa VII

Marcelino Freire: simpósio 1 (II), mesa IV

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Maria Maria: simpósio 1 (II), mesa IV

Mário de Andrade: simpósio 1 (I), mesa I

Mário Quintana: simpósio 1 (I), mesa II

MC Beto: simpósio 3, mesa VI

Murilo Mendes: simpósio 1 (I), mesa I + simpósio 2, mesa V

Nicolas Behr: simpósio 5, mesa IX

Nietzsche: simpósio 5, mesa IX

Olavo Bilac: simpósio 3, mesa VI

Pasolini: conferência VI

Paulo Coelho: simpósio 3, mesa VI

Paulo Henriques Britto: simpósio 1 (II), mesa IV

Paulo Leminksi: simpósio 1 (II), mesa III

Pierre de Ronsard: simpósio 2, mesa V

Poesia (Teorias e Panoramas): conferências I, III, VII e VIII

Racionais MC’s: simpósio 3, mesa VI

Raul Seixas: simpósio 3, mesa VI

Reinaldo Santos Neves: simpósio 1 (II), mesa IV

Ricardo Reis: simpósio 5, mesa IX

Rubem Braga: simpósio 1 (I), mesa II

Rubén Darío: simpósio 5, mesa IX

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Santiago Montobbio: simpósio 2, mesa V

Sebastião Nunes: simpósio 4, mesa VIII

Vinicius de Moraes: simpósio 1 (I), mesa II + simpósio 2, mesa V

Virgílio: simpósio 2, mesa V

W. H. Auden: simpósio 2, mesa V

Waly Salomão: simpósio 5, mesa IX

William Carlos Williams: simpósio 2, mesa V

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INFORMAÇÕES RELATIvASA TRANSPORTE, hOSPEDAGEM

E ALIMENTAÇÃO

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COMO ChEGAR

Para quem vem de ônibus: a Rodoviária de Vitória fica na região do Centro da cidade, no bairro chamado Ilha do Príncipe. Da Rodoviária ao Campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo, onde ocorrerá o evento, o trajeto é de 10km, aproximadamente, e leva em torno de 20 ou 30 minutos de carro, táxi ou ônibus. Para quem vem de avião: o Aeroporto de Vitória fica no bairro Goiabeiras, próximo ao Campus da Universidade Federal do Espírito Santo onde ocorrerá o evento. O trajeto é de 6km, aproximadamente, e leva em torno de 10 ou 20 minutos de carro, táxi ou ônibus. Saindo do Aeroporto ou da Rodoviária em direção à Ufes, pode-se embarcar em qualquer ônibus que passe pela avenida Fernando Ferrari, no bairro Goiabeiras (são muitas opções). Saindo do Aeroporto ou da Ro-doviária em direção à Orla de Camburi (onde ficam os hotéis recomenda-dos pela organização), pode-se embarcar em qualquer ônibus que passe pela avenida Dante Michelini (são também muitas opções).

A UFES E O ENTORNO

O Campus Universitário em que ocorrerá o evento fica na Av. Fernando Ferrari, no Bairro Goiabeiras, Vitória. O bairro mais próximo com melhor infraestrutura chama-se Jardim da Penha. O bairro de Jardim da Penha fica entre a Orla de Camburi (onde ficam os hotéis recomendados pela organi-zação) e a Ufes; também os bairros da Praia do Canto e de Jardim Camburi oferecem boas opções de restaurantes, hotéis e diversões em geral.

Uma vez no Campus Universitário de Goiabeiras, informações podem ser pedidas na secretaria do Programa de Pós-Graduação em Letras, no Prédio Bernadette Lyra, que fica localizado entre os edifícios IC-3 e IC-4. O tele-fone é (27) 3335-2515. Mais informações sobre a Universidade podem ser obtidas em: http://portal.ufes.br/.

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hOTéIS RECOMENDADOS

Recomenda-se, pela proximidade com o Campus e com a Orla de Cambu-ri, os seguintes hotéis, todos localizados na Avenida Dante Michelini (os valores das diárias em apartamentos duplos variam entre R$ 120,00 e R$ 280,00 reais): Best Western Píer: 3434 0000; Bristol Century Plaza: 3335 6500; Camburi Praia: 3334 0303; Canto do Sol: 3395 1700; Comfort Vitória: 3041 9500; Minuano: 2121 7877; Sol da Praia: 2127 1500.

RESTAURANTES

O Restaurante Universitário da Ufes fica próximo à Biblioteca Central, a menos de 5 minutos do local de realização do evento. A alimentação é de boa qualidade, com variado buffet de saladas, duas ou mais opções de carne e opção de arroz integral ou branco, e inclui suco e sobremesa, pelo valor de R$ 4,50 para não cadastrados e R$ 1,50 para cadastrados.

Há vários restaurantes self-service populares muito próximos à Ufes; ficam na Avenida Anísio Fernandes Coelho, conhecida como Rua da Lama – que também congrega os bares mais frequentados pelo público universitário, à noite. Todos em torno de R$ 25,00 o quilo. Esses ficam a 5 minutos a pé, em relação ao portão principal do Campus.

Algumas outras opções, no próprio bairro de Jardim da Penha, são: os restaurantes self-service Corais, Ferreirinha Grill e Sabor e Arte, os três em torno de R$ 35,00 o quilo; o Bacalhauzinho, o Cantina de Bacco, a Churras-caria Minuano, o Divino Botequim, o Partido Alto, o Porto do Bacalhau, o Portomare, a la carte; e o Cio da Terra, com comida vegana. Todos ficam a 5 ou 10 minutos de carro ou táxi em relação ao portão principal do Campus.

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PONTOS DE TÁxI

Em Vitória, os táxis raramente ficam “rodando” pela cidade; é necessário telefonar para um ponto e solicitar um carro. A corrida entre o aeroporto e a Ufes fica em torno de R$ 20,00; entre a rodoviária e a Ufes em torno de R$ 40,00. É importante pedir que o motorista ligue o taxímetro, caso não o faça imediatamente. Pontos mais próximos à Ufes: (27) 3314 1372 / 3314 0003 / 3314 3774 / 3324 0758 / 3325 7925 / 3325 6106.

PONTOS TURíSTICOS DA CIDADE DE vITÓRIA

Informações podem ser obtidas pelo site da Prefeitura de Vitória:http://www.vitoria.es.gov.br/turismo.php.

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INFORMAÇÕES RELATIvAS AOUvINTES, ENvIO DO ARTIGO ETC.

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PARA PARTICIPAR COMO OUvINTE

Os ouvintes interessados em Certificado deverão preencher nome e e-mail em uma Lista de Presença à disposição durante os dias do evento. Não há taxa de inscrição para o evento.

NORMAS PARA ENvIO DO ARTIGO

O texto, a ser enviado até o dia 16 de novembro de 2012 para [email protected], deverá ter entre 10 e 12 páginas, em formato A4 e salvo como arquivo .doc; margens superior e esquerda de 3 cm, margens inferior e direita de 2,5 cm; fonte Times New Roman 12; espaçamento 1,5; citações de menos de três linhas no corpo do parágrafo e com aspas; citações de mais de três linhas em destaque, com recuo apenas à esquerda de 4 cm; sistema de referência (autor, ano, p.); notas de rodapé exclusivamente de caráter explicativo; bibliografia organizada segundo as normas da ABNT.

APOIOS

Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), Centro de Línguas para a Comunidade (CLC), Departamento de Línguas e Letras (DLL), Fundação Ce-ciliano Abel de Almeida (FCAA), Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), Superintendência de Cultura e Comunicação (SUPECC).

COMISSÃO CIENTíFICA

Ester Abreu Vieira de Oliveira (Ufes), Evando Nascimento (UFJF), Fábio Cav-alcante de Andrade (UFRPE), Flávio Carneiro (Uerj), Gilvan Ventura da Sil-va (Ufes), Jaime Ginzburg (USP), Luiz Carlos Simon (UEL), Marília Rothier Cardoso (PUC-Rio), Risonete Batista de Souza (UFBA) e Rosani Umbach (UFSM).

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Alexandre CurtissRaimundo CarvalhoWilberth Salgueiro

SecretáriaYasmin Zandomenico

[email protected]

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

CoordenadoraLeni Ribeiro Leite

Coordenadora adjuntaFabíola Padilha

SecretárioWander Magnago Alves

Páginahttp://www.ufes.br/ppgl

[email protected]

Telefone(27) 3335.2515

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