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  • 8/7/2019 Caderno Ambiental Ar

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    AR

    mudanasambientaisglobais

    AGIRna escola e na comunidade

    PENSAR

    vamoscuidar

    Brasildo

    Este caderno parte do material didtico:

    Mudanas Ambientais Globais:Pensar + agir na escola e na comunidade

    ar gua terra fogo

    Ministrio do

    Meio Ambiente

    Ministrio

    da Educao

    realizao

    apoio

    1 6/3/2008 5 12 33 PM

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    2008. Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao

    e Diversidade (Secad) Ministrio da Educao

    Coordenao Editorial: Eda Terezinha de Oliveira Tassara,

    Rachel Trajber

    Texto: Silvia Czapski

    Edio de Texto: Ananda Zinni Vicentine, Luciano Chagas Barbosa,

    Ricardo Burg Mlynarz, Silvia Pompia, Vanessa Louise Batista.

    Reviso: Carmen Garcez

    Projeto Gr fi co: Beatriz Serson, Bernardo Schorr

    Ilustraes: Antonio Claudino Batista

    Colaboradores:

    Ana Jlia Lemos Alves Pedreira, Ayrton Camargo e Silva, Beatriz

    Carvalho Penna, Brites Carmo Cabral, Bruno Veiga Gonzaga

    Bagapito, Emlia Wanda Rutkowski, Fabola Zerbini, Fernanda deMello Teixeira, Flvio Bertin Gndara, Franklin Jnior, Gilvan Sampaio,

    Joo Bosco Senra, Jos Augusto Rocha Mendes, Jos Domingos

    Teixeira Vasconcelos, Lara Regitz Montenegro, Larissa Schmidt,

    Luiz Cludio Lima Costa, Mrcia Camargo, Maria Thereza Teixeira,

    Neusa Helena Rocha Barbosa, Patricia Carvalho Nottingham, Paula

    Bennati, Paulo Artaxo, Pedro Portugal Sorrentino, Viviane Vazzi

    Pedro, Xanda de Biase Miranda.

    Tiragem: 106 mil exemplares

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Continuada,

    Alfabetizao e Diversidade - SECAD

    Esplanada dos Ministrios Bloco L

    CEP: 70097-900 Braslia-DF

    Tel: (61) 2104-8432

    Site: www.mec.gov.br/secad

    Ministrio do Meio Ambiente

    Secretaria de Articulao Institucional

    e Cidadania Ambiental - SAIC

    Esplanada dos Ministrios Bloco B

    CEP: 70068-900 Braslia-DF

    Tel: (61) 3317-1000

    Site: www.mma.gov.br

    Ar / Silvia Czapski. Braslia : Ministrio da Educao,Secad : Ministrio do Meio Ambiente, Saic,

    2008.

    20 p. (Mudanas ambientais globais. Pensar +agir na escola e na comunidade)

    ISBN 978-85-60731-46-6

    1. Poluio do ar. 2. Responsabilidade

    ambiental. I. Czapski, Silvia. II. Brasil. Secretaria de

    Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade.III. Brasil. Secretaria de Articulao Institucional e

    Cidadania Ambiental. IV. Srie.

    CDU 37:504

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    so.indd 1 6/3/2008 5 19 14 PM

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    senhora dos ventosNaquela manh a proessora entrou na sala eito um vendaval,azendo os papis voarem. Disse com uma reverncia:

    Vamos alar sobre o aquecimento global.E a turma se aquietou, porque l vinha uma histria. Dessa veza histria comeou l na rica, com a Senhora do Ar e do Ven-to, Dona dos Espritos, Senhora dos Raios e das Tempestades.Oy, conhecida no Brasil como Ians.

    Ians oi uma princesa real na cidade de Ir, na Nigria, em1450 a.C. Segundo o mito aricano, Ians recebeu de Oloruma misso de transormar e renovar a natureza atravs do vento,que ela sabia manipular; do vendaval, que az a limpeza do arque respiramos.

    Na sala de aula, resolveram ento azer uma experincia, quaseuma brincadeira: todos tinham que inspirar bem undo, echar aboca, tampar o nariz e segurar o ar pelo maior tempo possvel.Com um relgio, calculariam quanto tempo a turma conseguiriaf car sem respirar.

    Eu pratico natao, tenho um lego maior comentou umaluno.

    Sempre que tento, comeo a rir reclamou algum outro.

    No f nal da experincia, a surpresa. No se tratava de uma

    competio, mas uma orma de entendimento: a respirao uma das bases de nossa vida. Sem o ar, ns morremos.

    Quanto tempo podemos f car sem respirar? perguntou umaaluna.

    A resposta oi uma nova surpresa: segundo alguns especialis-tas, agentamos cinco ou mais semanas sem alimentos, cincodias sem gua, mas podemos at morrer se f carmos apenascinco minutos sem ar. E mais: em condies normais, um adul-to ingere algo como um quilo e meio de alimentos slidos, doislitros e meio de gua e quinze quilos de ar por dia 24 horas,

    pois no paramos nunca de respirar!

    Aps respirar undo, veio a pergunta:

    Mas o que azemos com tanto ar no nosso corpo?

    Mais uma surpresa: em menos de um minuto, o ar inalado pelonariz ou pela boca passa pelas vias respiratrias, onde f l-trado, umedecido e aquecido. Chega aos pulmes, onde trans-ere parte do seu oxignio para o sangue, que por sua vez lheentrega o excesso de gs carbnico ormado nas clulas denosso corpo. Com isso, ele voltar atmosera dierente do

    que quando entrou, com mais dixido de carbono. Bom paraas plantas, que iro capturar esse carbono do ar no processoda otossntese.

    continua na pg. 4

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    Basta esse exemplo para percebermos que, na natureza, todas as coisas se relacionam.Seres vivos e inanimados dependem uns dos outros. E ns azemos parte dessa nature-za. Compartilhamos o ar ao respirarmos.

    O vento de Ians nem sempre to orte. Normalmente, ela sopra a brisa, que, com sua

    doura, espalha a criao, azendo voar as sementes, que iro germinar na terra e azerbrotar novas vidas. Alm disso, esse vento manso tambm responsvel pelo processode evaporao de todas as guas da terra, que caem sobre os rios, a terra, o mar, asrvores. Sem chuva, plantas no crescem, nem ns teramos como viver.

    Diz a lenda que algumas vezes orma-se uma tormenta, provocando destruio e mu-danas, pois Ians no aceita a submisso ou qualquer tipo de priso. Bem sria, aproessora explicou que, de uns anos para c, percebemos o tal do aquecimentoglobal, provocado pelos sistemas sociais humanos, que nada tem a ver com Ians epode causar degelo dos plos, tormentas, desertif cao. Essas tormentas, Oy noconsegue reciclar mais, pois suas causas so outras.

    TEMPO, TEMPO, TEMPONo comeo, no tnhamos o ar como hoje, em torno da bola de ogoque era nossa Terra, mas s uma mistura de gases eita principalmentepor dois gases, hlio e hidrognio.

    H cerca de 3,5 bilhes de anos, nosso Planeta j esriara o bastan-te para ormar uma crosta endurecida. Vulces liberavam novos gases,

    como vapor dgua, dixido de carbono, amonaco, metano e xido deenxore. Na camada gasosa que passou a recobrir o Planeta, altavaainda o oxignio livre.

    Mais tempo se passou. Formaram-se os oceanos e surgiram organismoscapazes de tirar o oxignio (O

    2) do gs carbnico (CO

    2, ou dixido de

    carbono). A proporo de O2

    na atmosera subiu. Parte do carbono oiabsorvida na composio de seres vivos e inanimados, como rochas.

    A nova constituio do ar garantiu temperatura e umidade estveis.Tambm se ormou uma camada com oznio (O

    3) na estratosera (com

    altitude mdia de 30 km), capaz de f ltrar o excesso de raios ultravioletado Sol, mortais para seres vivos.

    E nosso Planeta se tornou o Planeta Vida.

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    TICASATMOSFERACLIMAMUDANASCLIMTICASATMOSFE

    RACLIMAMUDAN

    o ar que nos protegeVoc j parou para pensar que aquele ar que encheu seu pulmo, quando sai, poderentrar no pulmo de seu vizinho? Que nesse ar que voam as borboletas, as aves, os

    insetos e mesmo os avies? Que ele igualmente necessrio para o desenvolvimentodas plantas, com suas ores e rutos? E que suas molculas circulam no ambiente hmilhes de anos?

    Talvez por no ser visvel, no ter gosto, nem cheiro a no ser quando muito polu-do -, cientistas s buscaram entender algumas propriedades do ar h pouco maisde dois sculos. Sabe-se hoje que ele uma mistura de gases, ormando uma f nacamada em torno da Terra a atmosera , que protege a vida ao manter a tempera-tura estvel contra o rio externo.

    E isso mesmo. Fazem parte do ar alguns dos chamados gases do eeito estua, ougases estufa (GEE) como dixido de carbono (CO

    2), metano (CH

    4) e vapor dgua

    (H2O) , que tm a qualidade de segurar parte do calor do Sol re etido perto da su-percie terrestre. Graas a isso, a temperatura no Planeta permaneceu em 15C (grauscentgrados), em mdia, ao longo dos ltimos milnios. Sem isso, a temperatura mdiaseria bem mais alta, ou mais baixa (-17C, segundo alguns cientistas), o que inviabilizariaa vida como ela .

    do que se compe o ar?Cientistas alam em atmosera seca quando se reerem aos principais gases que cons-tituem o ar, ora o vapor dgua. O campeo o nitrognio (N

    2). Ele preenche mais de

    trs quartos do ar (78%) e unciona como suporte dos demais. essencial para a vida:f xado no solo pela ao de bactrias e outros microrganismos, chamados nitrifi cantes, absorvido pelas plantas e entra na composio das protenas vegetais. Retorna ao arcom a ajuda de outras bactrias, que por isso so apelidadas de denitrifi cantes.

    Na segunda posio, est o oxignio. Ocupa mais de um quinto do ar (21%). H umatroca direta de oxignio (O

    2) entre o ar e seres vivos, seja pela otossntese das plantas

    ou pela respirao. No ltimo 1% da atmosera, a variedade grande: a esto gases no-bres, como argnio, criptnio, hlio, e gases estua (GEEs), como CO

    2, o metano (CH

    4),

    os xidos de nitrognio (NOx) e oznio troposfrico (O

    3).

    Para comparar: em 100 litros de ar seco, teramos 78 litros de nitrognio, 21 de oxignioe um de outros gases. Cada qual, a seu modo, essencial para nossa sobrevivncia.

    Os gases estufa uncionam como se ossem um cobertor que deixa passar luz

    solar, que aqui se transorma parcialmente em radiao inra-vermelha (calor). Essa

    radiao no consegue escapar de volta para o espao, mantendo o calor aqui . O

    aquecimento proporcionado por esse enmeno chamado eeito estua.

    O oznio (O3) comporta-se como gs estua quando na ca-

    mada mais baixa da atmosera, a troposfera (at 12 km dealtitude). Mas protetor da vida na estratosera.

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    vapor dgua e outros gasesO vapor dgua tambm compe o ar, mas de um jeito dierente. que sua propor-o varia conorme a regio ou a estao do ano. Sobre os oceanos, por exemplo, a

    evaporao constante aumenta a umidade relativa do ar. O mesmo ocorre em reas de orestas tropicais como Mata Atlntica e Floresta Amaznica por causa da evapo-transpirao, processo natural das plantas. Em outros ecossistemas, ou/e nas pocassecas, a umidade cai. Abaixo de 20%, equivale ao clima de um deserto.

    Alm dos gases, o ar sempre carrega partculas slidas e lquidos suspensos, tais comopoeira, uligem e umaa. Uma parte visvel quando um raio de sol atravessa a janelade nossas casas.

    poluio do arO que chamamos de poluio atmosfrica reere-se, na verdade, presena desubstncias colocadas no lugar errado. Por exemplo, quando inalamos o oznio, elepode causar problemas respiratrios. um poluente. Na estratosera, o lugar certo, elenos protege, como detalharemos.

    A partir da era industrial, as atividades econmicas aumentaram a descarga de umagrande variedade de poluentes na atmosera. Eles vm dos escapamentos dos auto-mveis (um dos maiores viles da poluio urbana), das chamins de indstrias, soemitidos em queimadas, na incinerao do lixo e de outras maneiras. Podem alterar oequilbrio original da atmosera a ponto de prejudicar a vida no Planeta.

    Invisvel aos nossos olhos, o monxido de carbono em contato com o sangue, porexemplo, pode impedir o transporte do oxignio no organismo. Gera desde dores decabea at a morte. Hidrocarbonetos causam doenas como pneumonites. Partculasem suspenso acilitam molstias cardiovasculares. Metais pesados (como chumbo emercrio), radioativos, dioxinas, benzeno, amianto, entre outros, podem causar doenasmortais. Idosos e crianas so mais aetados. A sade de outros seres vivos, inclusive

    vegetais, tambm pode ser prejudicada.

    Os tcnicos dividem os poluentes em primrios (emitidos diretamente pela onte polui-dora) e secundrios (ormados a partir de reaes qumicas entre o poluente e outroselementos da atmosera). Para controlar a poluio de um local, medem a presena dealguns poluentes, chamados de indicadores da poluio. No Brasil, o Conselho Nacionaldo Meio Ambiente Conama estabeleceu os padres para a qualidade do ar, inspira-do em normas da Organizao Mundial de Sade OMS.

    POLUIO toda modif cao qumica, sica ou biolgica que pode causardanos ao ambiente, inclusive a ns, seres humanos.

    A qualidade do ar no depende s da quantia de poluen-

    tes emitidos, mas tambm das condies para dispers-los. Por exemplo, mais cil a disperso no alto de uma

    montanha, onde venta mais, do que num undo de vale.

    De olho na relaoentre os temas:veja o caderno gua

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    AMUDANASCLIM

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    inverso trmicaResultado da combinao da estiagem com o rio, a inverso trmica ocorre quandoa supercie terrestre sore um resriamento rpido, como numa noite de inverno. O ar

    rio f ca preso perto do solo, e o mais quente (mais leve) f ca acima, ormando umacapa. O problema aumenta nas cidades com muitos veculos e indstrias poluentes,pois a poluio no se dispersar.

    at onde vai a atmosfera?A concentrao de gases na atmosera terrestre tem relao direta com a ora da gra-vidade. Isso explica o ato de cerca de 75% desses gases se concentrarem na tropos-fera, a aixa de cerca de 12 quilmetros mais prxima supercie terrestre. a nica

    camada em que seres vivos conseguem respirar. Tambm s nela ocorrem enmenosmeteorolgicos, como ventos e precipitaes (chuvas).

    Quanto mais alto, temos o ar mais rareeito, portanto densidade e presso atmosricamenores.

    Na aixa entre 12 km e 50 km de altitude,chegamos estratosfera. L, numa altitudede cerca de 30 km, encontramos a camadade oznio (O

    3). Ela unciona como um f ltro

    dos raios ultravioleta. Se eles chegassemem excesso supercie terrestre, causariam

    cncer de pele, danos oculares, mutaesgenticas, destruiriam plantas e animais.

    Mais acima, antes de alcanar o espao side-ral, h mais duas camadas. A mesosfera (dos50 km aos 80 km de altitude) e a termosfera(80 km a 110 km). A transio gradual, semlimites rgidos entre uma e outra aixa.

    VAMOS FAZER UMA EXPERINCIA?Precisamos de uma bexiga e lego para constatar uma proprie-dade do ar. Ao soprar, injetamos cada vez mais ar no interior dabexiga. Ela vai crescendo, ou seja, a presso interna aumenta emrelao externa. Se no pararmos em tempo, o acmulo de arprovocar tal presso que a bexiga se romper.

    Com essa experincia, entendemos como as molculas de ar po-dem f car mais comprimidas num espao (maior densidade) e comoisso aumenta a presso do ar. Fica mais cil compreender como,pela ora da gravidade, presso e densidade do ar so maiores nonvel do mar do que nas altas montanhas.

    exosfera

    termosfera

    mesosfera

    estratosfera

    troposfera

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    os ventosNa baixa atmosera, aixa mais pr-xima supercie da Terra, o ar est

    sempre em movimento.Para entender, s lembrar que ca-lor deixa o ar leve e menos denso:orma centros de baixa presso. J orio gera centros de alta presso, dear mais denso e pesado. O ar quente(leve) tende a subir, enquanto o ar rio(pesado) desce.

    Na natureza, esse sobe-e-desce criacorrentes de ar. Elas alteram a pres-

    so atmosrica e levam para cimapoluentes emitidos na supercie ter-restre.

    Mas o ar tambm se desloca no sen-

    tido horizontal, atravs dos ventos.

    Como a temperatura mdia na linha

    do Equador maior que nos plos,

    vemos o deslocamento de massas

    de ar das regies polares em direo

    ao Equador em ambos os hemisrios

    (Norte e Sul) da Terra.Calor energia: desse jeito, se dis-tribui a energia dos raios solares portodo o Planeta.

    o clima e nsClima o nome que se d s condies atmosricas que costumam ocorrer num lugar.So quatro elementos principais para avali-lo: precipitao (chuva), temperatura, pres-so e umidade.

    O clima tem relao direta com os uxos de energia no Planeta, que so os desloca-mentos de ar horizontal (ventos, massas de ar) e vertical (correntes de ar). Tambm hinterao entre clima e as caractersticas superf ciais da Terra. Num exemplo: na orestatropical, a evapotranspirao das plantas torna o ar mido. Isso gera mais chuvas. Queproporcionam a diversidade da vida.

    Intervenes humanas in uenciam as condies climticas. No mesmo exemplo: o des-matamento reduz a evapotranspirao, gerando o aumento da temperatura. Em geral,no caso dos grandes desmatamentos, a quantidade de chuvas diminui devido menorevaporao. Em outras palavras, o desmatamento muda o clima. O re exo pode serlocal, regional e, mais ainda, ser global. Normalmente, os ventos levam vapor dguaormado na Amaznia para o Sul e o Sudeste do nosso pas. Quando a oresta amaz-nica derrubada, pode-se potencialmente mudar esse transporte de vapor dgua da oresta, e isso pode alterar o regime de chuvas nessas outras regies.

    O CAMPEADOR EO VENTO (abertura)

    Vem o vento,vai silvando.

    O vento quando?

    depois de ter amado.

    Vento cervo,

    puro vento,

    se mistura

    com os cedros,ultrapassa o mirante,

    se mistura

    a outro tempo.

    Vento quando?

    depois de ter lutado.

    Carlos Nejar

    (O Campeador e o Vento | 1966)

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    AMUDANASCLIM

    TICASATMOSFERACLIMAMUDANASCLIMTICASATMOSFE

    RACLIMAMUDAN

    gases estufa e o climaH poucas dcadas, conf rmou-se que aqueles mesmos gases estua que garantiram aestabilidade do clima (base para a vida no Planeta), quando em excesso, podem alte-

    rar esse clima. Cientistas listam quatro gases de eeito estua e duas amlias de gasesprovenientes das atividades humanas como os mais impactantes: dixido de carbono(CO

    2), metano (CH

    4), xido nitroso (N

    2O), hexa uoreto de enxore (SF

    6), os hidro uorcar-

    bonos (HFCs) e os per uorcarbonos (PFCs). Isso sem alar do vapor dgua, que tam-bm contribui para o eeito estua, mas que no in uenciado pela atividade humana.

    Suas emisses aumentaram desmesuradamente a partir da adoo de um modelo devida. O maior problema a utilizao de combustveis sseis. Ao queimar tais combus-tveis, como petrleo maior vilo do aquecimento global , o carbono depositado hmilhes de anos sob o solo volta atmosera.

    O desmatamento tambm gera emisses de CO2, assim como a queima de carvo mi-

    neral ou leo combustvel nas usinas trmicas. A decomposio de biomassa submersaem reservatrios hidreltricos gera metano, que tambm emitido por aterros sanit-rios, entre outros ( veja tambm em ciclo do carbono).

    a descoberta do aquecimento globalAs primeiras constataes cientf cas sobre os gases estua datam de 1827. Mas osalertas sobre as mudanas climticas vieram 130 anos depois, nos anos 1950.

    Em 1988, a Organizao Meteorolgica Mundial OMM e o Programa para o Meio Am-biente da ONU PNUMA criaram o Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas

    IPCC1 para reunir esse conhecimento, em construo.

    Em 1990, o primeiro relatrio do IPCC, que indicou as evidncias da relao da con-centrao de gases de eeito estua na atmosera com as mudanas climticas, oi degrande importncia para a assinatura da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobreMudana do Clima, que entrou em vigor em 1994. O relatrio seguinte inspirou a assina-tura do Protocolo de Quioto, que integra a Conveno, como detalharemos.

    Cerca de 2,5 mil cientistas de 193 pases (inclusive do Brasil) produziram o quarto re-latrio do IPCC, lanado em 2007. Ele demonstrou, com 90% de certeza, que a aohumana causa o aquecimento global. E previu um aumento da temperatura da Terraentre 1,8C e 4C, em mdia, at o f m do sculo XXI. Mas indicou aes que podem seradotadas para evitar os piores problemas.

    1. Em ingls: Intergovernmental Panel on Climate Change. Sem siglas em portugus

    MEGASSOLUESExiste quem deenda megassolues tecnolgicas para combater o aumento do

    eeito estua. Uma delas extrair o carbono do ar e injet-lo no undo dos oceanos. Sopropostas que atuam na conseqncia do problema, em vez de resolver sua causa.

    Nem tudo, nas mudanas climticas, se deve ao humana. O relatrio

    do IPCC tambm menciona in uncias naturais. Por exemplo, as grandes

    exploses dos vulces lanam partculas na atmosera, capazes de produzirum esriamento temporrio (re etem o calor dos raios solares).

    De olho na relaoentre os temas:veja o caderno fogo

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    o que o protocolo de quiotoTratado internacional que recebeu este nome por ter sido proposto em Quioto (Ja-po) em 1997, o Protocolo de Quioto entrou em vigor em 2005. O protocolo estabeleceu

    um perodo de compromissos, entre 2008 e 2012, em que os pases desenvolvidos de-vem reduzir suas emisses totais dos gases de eeito estua em mdia 5% abaixo dosnveis de 1990 ( os EUA no integram o Protocolo).

    Para acilitar o cumprimento das metas de reduo de GEE desses pases, o Protocolode Quioto tambm criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). No MDL, ospases desenvolvidos podem incentivar, por meio de investimentos e/ou tecnologia, aimplementao de projetos que visem a reduo de GEE nos pases em desenvolvi-mento, utilizando a reduo conseguida no cumprimento de suas metas. As naes emdesenvolvimento mais benef ciadas oram China, ndia e Brasil.

    Com base no Protocolo de Quioto, iniciaram-se as discusses de um novo perodo de

    compromisso, para def nir as normas que vigoraro depois de 2012 no que se reere reduo de emisses de gases de eeito estua.

    ao espontneaA neutralizao do carbono uma prtica em geral adotada espontaneamente, sem seapoiar nos benecios previstos no Protocolo de Quioto. Ela comea pelo clculo dasemisses de gases estua geradas por algumas atividades das empresas ou das pessoas,como o uso dos meios de transporte. Em seguida, especialistas calculam quantas rvorestero de ser plantadas para remover o carbono emitido, j que as plantas precisam docarbono para crescer. Essa atividade no tem as exigncias do Protocolo de Quioto e noprev problemas uturos nas plantaes, que podem sorer incndios ou ser cortadas de-pois. uma iniciativa que ajuda, mas no basta para eliminar o aquecimento global.

    PROTEGENDO A CAMADA DE OZNIONo f m dos anos 1970, descobriu-se que a camada de oznio esse f ltro natural de

    raios ultravioleta situado na estratosera f cara mais rala.

    A principal causa do buraco na camada de oznio seria a emisso dos CFCs e HCFCs.

    Esses gases base de cloro, criados pelo ser humano para usos industriais, quando atin-

    gem a estratosera destrem o oznio, transormando-o em monxido de cloro.

    Em 1987 oi assinado o Protocolo de Montreal, tratado internacional que estabeleceu

    o ano 2005 como limite para banir os CFCs, que j comea a ter resultados. Os gases

    controlados pelo Protocolo de Montreal tambm so de eeito estua, embora no se-

    jam controlados pela Conveno do Clima.

    Tratados internacionais tais como convenes e protocolos

    so acordos que os pases assinam para resolver problemas co-

    muns, onde se prevem condutas, obrigaes e compromissos.

    Os pases compartilham responsabilidades, mas suas aes so

    dierentes, respeitando assim suas culturas, capacidades, limites.

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    o carbono e as mudanas na atmosferaAf nal, se o eeito estua garantiu a vida na Terra por retero calor dos raios solares (assim como numa estua), por

    que temer o aumento da proporo desses gases?Para responder, bom lembrar que certos componentesda atmosera so medidos h 150 anos em vrias partesdo mundo. Isso permite acompanhar mudanas na pro-poro de gases estua, bem como o ingresso de novosgases, que persistem por dcadas no ar. Essencial paraa vida, o gs carbnico, ou dixido de carbono, o maisin uente da lista. ormado por um tomo de carbono,ligado a dois tomos de oxignio.C + 2O = CO

    2

    Atravs de reaes qumicas e sicas, os tomos de carbono transitam nos meios slido,

    lquido, gasoso. Como vimos, esto no CO2 do ar. Mas azem igualmente parte do mon-xido de carbono, metano, hidro uorcarbono e per uorcarbono, nocivos nossa sade.O carbono tambm compe seres vivos, como ns, humanos. No subsolo, integra oscombustveis sseis.

    No sculo XIX, o ar continha 280 partes por milho de carbono (ppm). Equivale a apenas2,8 mililitros em um litro (0,028%). Parece ainda pouco, mas a temperatura mdia subiucerca de 0,8C de l para c. E isso pode ser a razo de eventos climticos mais extremos,como uraces mais intensos, inundaes e estiagens mais reqentes. A grande secaque aetou a Amaznia em 2005, por exemplo, oi considerada um alerta dos eventos quepodem ocorrer com o aquecimento global.

    lidando com a complexidadeCientistas renem dados histricos sobre clima, usando programas de computador cha-mados Simuladores de Modelos Climticos, ou simplesmente modelos climticos. Su-percomputadores permitem comparar dezenas de milhares de inormaes e, com isso,desenhar cenrios que antecipam eeitos do aumento da proporo dos gases estua.Uma reerncia o ano 2100.

    H incertezas que precisam ser consideradas. Uma delas que em muitas regies al-tam dados histricos (antigos) sobre mudanas atmosricas, o que dif culta construircenrios regionais uturos. Tambm h um esoro para entender os eeitos das siner-gias. Pois uma coisa conhecer eeitos de cada ator na atmosera, outra juntar doistemas, carbono e gua por exemplo, pois o resultado pode mudar.

    Os cinco cenrios climticos do IPCC permitem ava-

    liar os eeitos, por exemplo, das dierenas na varivel

    emisses de gases estua, da mais otimista (cidados

    e cidads reduzindo as emisses) pessimista (se nada

    or eito para diminuir as emisses de gases estua).

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    O impacto tambm complexo. Devem-se prever, entre outras coisas, mudanas nascirculaes atmosricas e ocenicas, no nvel do mar, na temperatura ambiente, no re-gime de chuvas e ocorrncia de eventos climticos extremos... e como tudo isso aetarnossas vidas. Num exemplo: se a temperatura mdia do Planeta aumentar 2C, diminui-riam as neves de cordilheiras, como o Himalaia (sia), Andes (Amrica Latina) e Alpes

    (Europa). Elas alimentam nascentes de rios, que com menos neve teriam menos gua. Oque aetaria desde a auna aqutica at ns, seres humanos, que usamos gua.

    Conhecer o ciclo do carbono um bom caminho para entender mais.

    o ciclo do carbonoMesmo sem perceber, somos parte de ciclos naturais. A comear pelo da otossntese-respirao.

    Para lembrar: plantas, algas e bactrias que produzem clorof la so as nicas capazesde capturar a energia dos raios solares, atravs da otossntese. Com essa energia, con-vertem molculas simples (CO

    2retirado do ar e H

    2O captada do solo e do ar) em mol-

    culas orgnicas complexas (glicose: C6H

    12O

    6). Com isso, o carbono integrado na glicose

    passa a compor a estrutura do vegetal. A sobra de oxignio liberada no ar.

    Na natureza, no h resduos. Por meio da respirao, outros seres vivos (inclusive ns,humanos) retiram oxignio do ar para queimar alimentos e, assim, obter energia. Des-sa vez, o CO

    2que vai para a atmosera, por meio da expirao. CO

    2que reutilizado

    pela otossntese, num ciclo interminvel.

    Nos oceanos o ciclo quase igual, mas os personagens so os f toplnctons, vegetais

    microscpicos que azem otossntese, e os zooplnctons e zoobentos, que, alm derespirar, constroem conchas com clcio e carbono, que vo para o undo do mar. Almdisso, h milhes de anos, reservas de carvo mineral, petrleo e gs natural oram or-madas pela decomposio de vegetais e restos animais. So os combustveis sseis,que contm carbono. So dois modos pelos quais muito carbono oi extrado do ar earmazenado no subsolo ou undo do mar.

    Enquanto isso, a respirao anaerbia (que no usa oxignio) devolve carbono para a atmos-

    era. Trata-se da decomposio, por bactrias, de restos orgnicos cados no cho. Na terra,

    f ca um adubo natural. Mas a ermentao produz CO2

    e metano (CH4), que se espalham no

    ar. Tambm incndios naturais de orestas transormam o carbono das plantas em CO2, que

    vai para a atmosera. Esse ciclo manteve-se estvel at o incio da Revoluo Industrial.

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    OSFERACLIM

    AMUDANASCLIM

    TICASATMOSFERACLIMAMUDANASCLIMTICASATMOSFE

    RACLIMAMUDAN

    ciclo do carbono nummundo impactadoPor volta de 1750, com a chamada Revoluo Industrial, comeamos a pro-

    duzir e a consumir mais coisas e a produzi-las de modo dierente, substi-tuindo o trabalho humano e animal pelo maior consumo de matrias-primas,gua e energia.

    Grande parte dessa energia vem da queima de combustveis sseis (petrleo,carvo e gs natural) que, quando utilizamos, devolvem atmosera o CO

    2,

    alm de xidos de nitrognio e dixido de enxore, guardados h milhes deanos no subsolo.

    J o desmatamento para abrir reas agrcolas e/ou para usar madeira comolenha (tambm onte de energia) causa duplo prejuzo climtico. Com me-nos vegetao, diminui a otossntese, que captura carbono do ar. Alm dis-

    so, com a queima da madeira, o carbono que a compe vira CO2, que vaipara o ar.

    Consumir mais que o necessrio gera mais lixo. Nos lixes ou aterros sanitrios,o lixo sore a decomposio anaerbia, que, como vimos, emite CO2 e metano.O mesmo ocorre com esgotos e estaes de tratamento de gua. Resultado:mais gases estua no ar.

    Vale saber que o CO2 levemente solvel em gua, o que az dos oceanos

    reservatrios naturais do gs. S que gua ria dissolve mais carbono de quea quente. Com o aquecimento global, as guas marinhas tendem a esquentar.A pode-se criar um crculo vicioso, que cientistas chamam de feedback. Fun-

    ciona assim: na gua mais quente, menos CO2 absorvido. Portanto, sobramais gs estua no ar. O que pode aumentar a temperatura ambiente. Que, porsua vez, pode aquecer mais a gua. Que, ento, captar menos carbono... eassim por diante!

    Isso pode gerar um eeito colateral: as grandes correntes martimas so co-mandadas pelo rio/calor da gua e def nem o caminho das massas de ar. Semuda a temperatura da gua numa regio, essas trajetrias podem mudar e,com isso, o clima regional.

    Caso no sejam revertidos, todos esses processos podem agravar as mu-danas climticas.

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    QUAIS SO OS CENRIOS?Para cada grau adicional da temperatura mdia no Planeta em relao aos nveis pr-indus-

    triais, o relatrio mundial sobre as mudanas climticas apresentado pelo IPCC em 2007

    relacionou possveis cenrios com os eeitos do aquecimento global. Conf ra alguns deles:

    elevao de 1cALGUNS IMPACTOS

    Encolhimento das geleiras em cordilheiras Andes, Himalaia e Alpes , ameaandoo suprimento de gua para 50 milhes de pessoas.

    A agropecuria seria prejudicada na Amrica do Sul, rica, sia. Mas renderia maisem regies temperadas (hoje rias).

    Insetos se reproduzem mais em ambientes quentes. Com sua multiplicao, em al-gumas regies haveria um aumento na incidncia de doenas transmitidas por eles,

    como a malria.

    Morte de 80% dos recies de coral.

    elevao de 2cOCORREM OS IMPACTOS CITADOS ACIMA MAIS ESTES QUE SE SEGUEM

    Mais enchentes nas regies costeiras e derretimento da camada de gelo da Groenlndia.

    Queda da produo agrcola nos pases tropicais e possvel aumento de doenastransmissveis (como a malria).

    Ecossistemas seriam aetados e at 40% das espcies vivas seriam ameaadas de

    extino (estimativa mais pessimista). Entre elas, os ursos-polares do rtico.

    elevao de 3cIMPACTOS ACIMA MAIS ESTES

    As secas e a alta de gua aetariam at 4 bilhes de pessoas.

    Incio do colapso da Floresta Amaznica (no modelo mais pessimista), da camada degelo da Antrtica Ocidental e do sistema do Atlntico de guas quentes (que regulamassas de ar).

    elevao de 4cIMPACTOS ACIMA MAIS ESTESSaras de produtos agrcolas diminuiriam em at 35%, em especial na rica.

    Desaparecimento de cerca de metade da tundra rtica.

    elevao de 5cIMPACTOS ACIMA MAIS ESTES

    Provvel desaparecimento de grandes geleiras no Himalaia (que abastecem comgua parte da China e da ndia).

    Intererncia na vida ocenica, prejudicando ecossistemas marinhos.

    Elevao do nvel dos oceanos (entre 18 cm e 58 cm), aetando desde pequenas ilhasat cidades costeiras. A populao desses locais teriam de ser deslocadas.

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    contribuio brasileira para o aquecimentoglobalAinda que a contribuio brasileira para a concentrao global de gases estua sejamenor que a dos pases industrializados, o Brasil f ca em 4 lugar, como emissor dessesgases, quando colocamos nessa conta as emisses provenientes do desmatamento edas queimadas, isso para o ano de 1994, segundo os dados disponibilizados pelo Inven-trio Brasileiro de Gases de Eeito Estua.

    Queimadas so usadas para desmatar, mesmo que se saiba que o ogo queima tambmos nutrientes do solo, um adubo natural. Por isso, a nossa grande meta diminuir odesmatamento.

    Por outro lado, nosso pas tem a vantagem de usar energia hidreltrica, que apesar deser considerada limpa, ainda assim emite gs metano decorrente da decomposio davegetao alagada, como vimos. S que, com o crescimento econmico, a tendncia que se aumente o uso de ontes de maior impacto climtico, como o petrleo.

    Melhor seria investir na diversidade das ontes de energia, na ef cincia energtica e nareduo do consumo, que evitariam a construo de novas usinas e o uso de ontespoluidoras de energia.

    eeitos na agriculturaAlgumas projees de extremos climticos geradas pelos mode-los do IPCC apostam que, no Brasil, podemos ter invernos e noi-tes mais quentes. Mas tambm ocorreriam picos de rio e calorcom mais reqncia. Outra tendncia poderia ser o aumento, naintensidade e na reqncia, de eventos climticos extremos.

    Se muda o clima, mudaro, por exemplo, as condies de plantio

    nas dierentes regies do pas. J se prev que algumas culturasperenes como a laranja, presente no interior paulista teriamque ser deslocadas para o Sul do pas, que manteria temperatu-ras mais amenas. Por outro lado, a Regio Sul no se prestariamais para o plantio de gros, como o trigo, que precisam de maisrio para se desenvolver.

    Arroz e eijo teriam de ser cultivados na Regio Centro-Oeste,que f caria mais quente. Em estados do Sudeste, como So Pauloe Minas Gerais, f caria mais dicil plantar ca.

    Far parte da adaptao nova condio climtica, a busca de

    tcnicas e equipamentos agrcolas mais adequados.

    Esse apenas um dos aspectos dos re exos da mudana clim-tica na vida do pas.

    Em 2004, j houve grandes enchentes na Europa e o uraco Catarina, em Santa Catarina. Segundo

    cientistas do IPCC, eles podem ter sido sinais das mudanas climticas em curso. Novos problemas

    seriam inevitveis, pois o carbono j lanado na atmosera permanece, normalmente, 100 anos ou

    mais por l. Eles esclarecem que conseqncias maiores podem ser evitadas (reduzindo-se novas

    emisses) ou no (se tudo continuar como est).

    POR ONDEAVANAROs cientistas admitem que, atu-

    almente, as previses so pre-

    cisas quando alam dos eeitos

    da concentrao dos gases es-

    tua sobre os balanos globais

    de energia e gua. E trabalham

    para conseguir detalhar as pre-

    vises regionais, por exemplo,

    da reqncia e intensidade

    de eventos extremos. A idia

    conhecer mais sobre perodos

    secos, chuvas intensas, ciclones

    etc. em cada regio, para acili-

    tar o planejamento do que azer.

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    mapa das mudanas do clima no BrasilCom base em tendncias j observadas no Brasil assim como nas projees climti-cas do uturo derivadas dos modelos climticos do IPCC , cientistas brasileiros f zeram

    vrias previses do que pode acontecer no nosso pas nas prximas dcadas.

    Apesar de ainda haver incertezas quanto a alguns eeitos das mudanas regionais declima, sabe-se, por exemplo, que as maiores taxas de aquecimento acontecero naFloresta Amaznica, enquanto as menores sero nos estados do Sudeste, junto costada Mata Atlntica. O aquecimento tambm no ser to pronunciado em regies comoo Nordeste e a Bacia do Prata. Conf ra algumas previses:

    De olho na relaoentre os temas:veja o caderno terra

    climas controlados por massasde ar equatoriais e tropicais

    climas controlados por massasde ar tropicais e polares

    equatorial mido

    tropicaltropical semi-rido

    litorneo mido

    subtropical mido

    correntes quentes

    correntes rias

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    OSFERACLIM

    AMUDANASCLIM

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    RACLIMAMUDAN

    amaznia. No pior cenrio, o aquecimento mdio pode chegar a8C at 2100. Com isso, diminuiriam as chuvas, acilitando o aumento dos incndios o-restais. O volume dos rios diminuiria, comprometendo a produo de energia hidreltricae a vida aqutica. At 2050, parte da oresta (centro-leste e sul) poderia se transormar

    em cerrado: a chamada savanizao da oresta. O regime de chuvas de outras regiesseria comprometido, com a diminuio da umidade, hoje levada por correntes atmos-ricas da Amaznia para o Sul e Sudeste.

    semi-rido.As temperaturas no Nordeste podem aumentar de 2Ca 5C at o f m do sculo, o que aria as chuvas diminurem, possivelmente, em at 15%no perodo. Com isso, cairia o volume dos rios e audes. A vegetao da Caatinga f cariamais rida (tipo cactcea). Nesse cenrio, o ornecimento de gua nas cidades peque-

    nas seria aetado, assim como a agricultura de subsistncia, aumentando a migrao depessoas para as grandes cidades da regio.

    sudeste e bacia do prata. Previso dedias mais quentes, invernos mais curtos, estao seca mais prolongada. A chuva au-mentaria em volume, mas eventos extremos, como tempestades, seriam mais comuns.Tudo isso aetaria o balano hidrolgico regional, com impactos na agricultura, geraohidreltrica e outras atividades humanas.

    regio centro-oeste. As chuvas, de acordo comas previses, passariam a se concentrar em perodos curtos de tempo, entremeados dedias secos ou veranicos. Haveria mais eroso do solo, prejudicando prticas agrcolas,bem como a prpria biodiversidade do Pantanal Mato-Grossense. Dezenas de espciesdesapareceriam.

    regio sul. Tendncia prevista de aumento da temperatura, secasmais reqentes e chuvas intensas que castigariam cidades e plantaes, bem comoventos intensos de curta durao no litoral. Isso prejudicaria o cultivo de gros e aumen-taria a incidncia de doenas transmissveis por insetos.

    zona costeira. Uma elevao de cerca de 50 centmetrosno nvel do Atlntico, no cenrio mais pessimista, poderia consumir 100 metros depraia, sobretudo nas regies Norte e Nordeste, onde o mar mais raso. Isso aetaria

    as construes beira-mar, portos e sistemas de esgoto, bem como as atividadesdas pessoas que vivem nessas regies. Ecossistemas costeiros, como manguezais,tambm seriam prejudicados.

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    AO PELO CLIMA:

    ALTERNATIVAS PARA CUIDAR

    DE NOSSO AMBIENTEDaqui para a frente, vamos conviver cada vez mais com expresses relacio-nadas s mudanas do clima, que tero muito a ver com a agenda diria decada um e cada uma de ns. Confi ra algumas:

    impactos climticos.A EXPRESSO PODE SERTRADUZIDA COMO O CONJUNTO DE CONSEQNCIAS DAS MUDANAS CLIMTI-CAS NOS SISTEMAS NATURAIS E HUMANOS. EM GRANDE PARTE, OS CIENTISTAS J

    PREVIRAM O QUE PODE ACONTECER. MAS S UMA PARCELA SO CONSEQN-

    CIAS INEVITVEIS DAS MUDANAS J CAUSADAS PELA INDUSTRIALIZAO.

    vulnerabilidade. CAPACIDADE QUE O SISTEMA (NATU-RAL OU HUMANO) TEM PARA RESISTIR (OU NO) MUDANA DE UM OU MAIS FA-

    TORES CLIMTICOS. POR EXEMPLO, MAIOR INCIDNCIA DE TEMPESTADES, OU

    DIMINUIO DE CHUVAS.

    adaptao. O QUE SER PRECISO FAZER (NOVAS PRTICAS,PROCESSOS OU MUDANAS ESTRUTURAIS) PARA QUE NOS AJUSTEMOS S MU-

    DANAS CLIMTICAS INEVITVEIS. POR EXEMPLO, A CONSTRUO DE SISTEMAS

    DE PROTEO CONTRA ENCHENTES OU SECAS.

    mitigao.MEDIDAS QUE PODEM SER TOMADAS PARA DIMINUIRPROBLEMAS EM ANDAMENTO, COMO PROCEDIMENTOS QUE REDUZAM O DESPER-

    DCIO, O CONSUMISMO, OU QUE ECONOMIZEM ENERGIA E, PORTANTO, DIMINUAM O

    USO DO PETRLEO, IMPORTANTE CAUSADOR DO AQUECIMENTO GLOBAL.

    entrando emao

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    RACLIMAMUDAN

    entrando em aoComo vimos, ser preciso desenvolver aes de adaptao para azer rente aos im-pactos das mudanas climticas. Mais importantes sero as aes de mitigao, que

    podem minimizar problemas reais.No entanto, mais undamental ser pensar em aes preventivas, ou seja, metodologias,materiais e atitudes que evitem o aumento do eeito estua. E podemos ir ainda maislonge, com aes transformadoras, aquelas que mudaro atitudes e o atual padro deproduo e consumo, ajudando-nos a edif car um mundo melhor, com o clima estabili-zado atravs do equilbrio ecolgico.

    Apostar nas aes preventivas e transormadoras papel da educao, que nos inspiradeveres, direitos e responsabilidades com a agenda do Planeta, da Humanidade, doBrasil, da nossa regio, cidade e escola.

    O ar no tem ronteiras. O que azemos aqui pode ter re exo no resto do mundo. E vice-versa! Vamos re etir juntos sobre o que acontece na prpria escola, no bairro, na cidade,no pas, e mesmo no Planeta, e tem impacto sobre o clima?

    Como os projetos desenvolvidos na escola podem ajudar a preeitura, a cmara de vereado-

    res, os conselhos de meio ambiente, ou mesmo as empresas e as organizaes no gover-

    namentais a adotarem prticas sustentveis que nos ajudem a ter a Terra que queremos?

    Vamos pensar em quais responsabilidades temos condies de assumir e quais aespodemos propor. Ir alm das aes, idealizando indicadores que nos permitam identif -car variaes no clima local (microclima), ou de todo o Planeta Terra. E, depois, medir oque mudou com nossa ao. Isso ajuda a pensarmos os prximos passos.

    aes mitigadoras globaisEm 2005, entrou em vigor o Protocolo de Quioto, que traz propostas prticas para re-duzir os eeitos do aquecimento global. Entre elas, os Mecanismos de DesenvolvimentoLimpo: empresas do Brasil podem desenvolver projetos que compensem e reduzam aemisso dos gases estua, com patrocnio de empresas dos pases desenvolvidos. Es-ses projetos podem promover o re orestamento para seqestrar o carbono do ar, ou acaptura dos gases estua emitidos por aterros sanitrios, entre outros.

    Em uma COMUNIDADE SUSTENTVEL, as pessoascuidam das relaes que estabelecem umas com as outras, com a natureza e com

    os lugares onde vivem. Essa comunidade aprende, pensa e age para construir o seu

    presente com criatividade, liberdade e respeito diversidade, garantindo as mesmas

    ou melhores oportunidades para as geraes uturas.

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    aes adaptativas nacionaisO Brasil, em conjunto com 191 pases, subscreveu as Metas do Milnio, aprovadas pelaONU em setembro de 2000. um compromisso compartilhado em prol da sustentabi-

    lidade do Planeta, com oito metas que os pases devem atingir at o ano de 2015, pormeio de aes concretas dos governos e da sociedade.

    Entre elas, integrar nas polticas nacionais os princpios da sustentabilidade, uma proposta

    desaf ante que visa unir proteo ambiental, justia social, eqidade econmica, diversidade

    cultural e ao poltica. Que tal discutir o tema e levar propostas para os governantes?

    aes preventivas regionaisDevemos lutar para que a regio, a cidade e o bairro onde vivemos sejam mais susten-

    tveis. Que tenham menos carros nas ruas e mais pessoas saudveis, indstrias lim-pas, mais verde. Na rea rural, sistemas agrcolas que avoream o equilbrio ecolgicoe a conservao de matas nativas.

    Como azer? Por exemplo, observando a situao real, estudando solues ecolgicase tentando in uenciar as decises do Conselho Municipal de Deesa do Meio Ambiente,da cmara de vereadores, da preeitura. Tambm d para criar campanhas de esclareci-mento para a populao e pedir o apoio da imprensa para divulg-la.

    Eis alguns exemplos do que possvel azer. Atravs de pesquisas e do debate, podemsurgir muitas outras idias.

    na regio:Se houver indstrias na regio, tentar conhecer as matrias-primas e o processo deproduo, para indicar a adoo de mtodos e equipamentos que evitem a poluio(em especial, os gases estua).

    Exigir o cumprimento das leis ambientais. Antes de se instalar, uma empresa, porexemplo, deve ter um projeto aprovado pelos rgos ambientais. Quando em uncio-namento, no deve poluir. D para exigir dos rgos of ciais a f scalizao (a mediode quanto e quais substncias saem da chamin de uma indstria ou por seu esgoto)e a punio da poluio, se houver.

    Lutar pela conservao das matas nativas, pelo plantio de rvores, o jeito mais cilde seqestrar o carbono da atmosera.

    na cidade:A Lei de Uso e Ocupao do Solo e o cdigo orestal def nem padres de ocupaodas reas urbanas. Vale conhecer a de sua cidade, discutir os padres de constru-o para propor normas ecologicamente mais corretas. E denunciar prticas ilegais,como a instalao de casas na beira dos rios ou o aterro de nascentes.

    Divulgar e exigir o uso de ontes alternativas de energia, tais como a energia solar, aelica (dos ventos) e mesmo os biocombustveis (lcool) para substituir os combust-veis sseis, que esto entre as principais ontes de emisso de gases estua.

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    RACLIM

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    RACLIMAMUDAN

    aes transormadoras locais

    ao alcance das mos | mudanas de atitudesSe todos agirem em prol do meio ambiente, o mundo f car melhor. Vale a pena listar asaes amigas do ambiente para divulgar e adotar no dia-a-dia. E, sempre que poss-vel, explicar o porqu dessas atitudes, que muitos podero copiar.

    Por exemplo, apostar nos cinco R para diminuir a produo de lixo, smbolo do des-perdcio e gerador do gs metano:

    Refl etir sobre os processos socioambientais de produo e consumo;

    Recusar signif ca evitar o consumo exagerado e desnecessrio e recusar

    produtos que causem danos ao meio ambiente ou a nossa sade ;Reduzir a gerao de lixo. Signif ca desperdiar menos, consumir s onecessrio;

    Reutilizar dar uma nova utilidade a materiais que, na maioria das vezes,consideramos inteis e jogamos ora;

    Reciclar transormar algo usado em algo novo por meio de processosindustriais.

    ao alcance da escola e da vizinhanaQue tal um passeio pelo quarteiro, pelo bairro? Observe o que pode ser melhorado,para levar como sugesto aos vizinhos. Melhor ainda se ormar um grupo para a tarea.

    H veculos poluentes? Lixo nas ruas? Desperdcio de sacos plsticos (eitos de pe-trleo) nas lojas? Aps responder s perguntas, preciso sistematizar as inormaespara criar um plano de ao. As tareas tero de ser distribudas e, periodicamente, oplano poder ser revisado. Pois preciso avaliar os resultados para decidir os prximospassos. o que d para azer ao ormar, ou ortalecer, a Comisso de Meio Ambiente eQualidade de Vida COM-VIDA, e construir a Agenda 21 na Escola.

    Por meio de uma postura SOLIDRIA, os cuidados com o ambiente do qual fazemos parte

    se tornaro prticas do dia-a-dia de cada pessoa. Cada um ganhar a CONSCINCIA de que

    suas aes pessoais afetam os integrantes da comunidade, os demais SERES VIVOS.

    Ao adotar o zelo para com os bens naturais na escola, em casa, no lazer e no trabalho,

    garante-se o uso SUSTENTVEL para a atual e as FUTURAS GERAES.