caderno 1 interpretaÇÃo de texto tetra 2 · no caderno tetra 2, ... rumor suspeito quebra a doce...

53
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO CADERNO TETRA 2

Upload: truongcong

Post on 06-Sep-2018

236 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

11

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOC A D E R N OTETRA 2

2

Caro(a) professor(a),

O Manual do Professor constitui uma importante ferramenta para o uso dos cadernos de sala da

Coleção Pré-vestibular do Sistema de Ensino Poliedro (SEP) pelo corpo docente de nossas Unidades

Parceiras.

O objetivo é fomentar o conhecimento dos recursos contidos nas coleções para maximizar a

utilização dos materiais didáticos e possibilitar maiores resultados pedagógicos.

Neste Manual, descrevemos a estrutura e as seções contidas nos cadernos, fornecendo observações

que podem ajudá-lo(a) em sua dinâmica de ensino. Apresentamos também as resoluções dos exercícios

que serão trabalhados – como norteadoras à prática do professor – e possíveis exercícios opcionais –

como oportunidade de aprofundamento e completude do tempo despendido para as aulas.

Os cadernos possibilitam uma prática efetiva do aprendizado em sala de aula e, quando

utilizados em consonância com a fundamentação teórica contida nos livros de teoria, oferecem ao

aluno um aprendizado ainda mais amplo e completo.

Estimulamos o uso dos temas das aberturas dos capítulos e dos textos da seção “Texto

complementar” como pontos de partida para discussões em sala e como fontes de conhecimento

e curiosidades acerca dos assuntos da teoria.

Indicamos também o acesso aos diversos recursos que o Portal do Sistema Poliedro

(<www.sistemapoliedro.com.br>) oferece ao docente, como a análise de vestibulares, aulas-dica,

características e estrutura da coleção, matrizes de aula sugeridas e utilizadas nas Unidades Sede,

os Planejamentos dos cadernos de sala para as diferentes turmas, as resoluções das questões

presentes nos livros, videoaulas dos autores e também vídeos sobre as disciplinas da coleção.

Além desses recursos, oferecemos materiais que complementam o caderno e ampliam a

formação dos alunos do PV, tais como:

• Minuto de Leitura;

• Leia Agora;

• Balcão de Redação; e

• Banco de Questões.

Destacamos a importância da visualização dos relatórios e devolutivas dos simulados contidos

no EDROS como insumos para análise docente e da coordenação, visando potencializar as aulas

e os resultados acadêmicos.

Todas as iniciativas do SEP em oferecer recursos, ferramentas e materiais voltados à formação

do aluno, garantindo um rigor acadêmico almejado pelas escolas parceiras, buscam apoiar

o docente; mas, vale ressaltar, o professor se mantém como principal protagonista da prática

pedagógica, tendo total autonomia na utilização dos recursos oferecidos.

Esperamos que explore cada uma das ferramentas disponibilizadas e que conte com o SEP para

quaisquer esclarecimentos.

Sistema de Ensino Poliedro

3

SumárioManual do Professor

Estrutura geral dos cadernos .................................. 4Aulas ................................................................... 5Exercícios de Sala ................................................. 6Guia de estudo ..................................................... 7

Orientações específicas .......................................... 7Orientações: Aula 10 .............................................. 8

Resoluções ........................................................... 12Orientações: Aula 11 .............................................. 14

Resoluções ........................................................... 17Orientações: Aula 12 .............................................. 19

Resoluções ........................................................... 22Orientações: Aula 13 .............................................. 24

Resoluções ........................................................... 29Orientações: Aula 14 .............................................. 31

Resoluções ........................................................... 34Orientações: Aula 15 .............................................. 36

Resoluções ........................................................... 39Orientações: Aula 16 .............................................. 41

Resoluções ........................................................... 45Orientações: Aula 17 .............................................. 47

Resoluções ........................................................... 49Orientações: Aula 18 .............................................. 51

Resoluções ........................................................... 53

4

ESTRUTURA GERAL DOS CADERNOSOs cadernos de sala, usados em conjunto com os livros de teoria, sintetizam e facilitam a compreensão

dos assuntos estudados. Todas as aulas apresentam os principais tópicos de cada tema abordado e oferecem exercícios que permitem enriquecer a discussão em sala de aula e contribuir com a fixação do aprendizado.

Assim como nos livros, as disciplinas nos cadernos são divididas em frentes, que devem ser trabalhadas paralelamente. Essa divisão não só facilita a organização dos estudos como permite uma visão ainda mais sistêmica dos tópicos abordados em cada disciplina.

A organização das atividades foi elaborada para aumentar a eficiência do trabalho em sala:

O sumário, ferramenta que deve ser divulgada pelos professores, conta com um controle no qual o aluno pode organizar sua rotina de aulas e estudos, tendo uma visualização rápida de seu avanço pelos tópicos estudados.

> 2013 > PRÉ-VESTIBULAR > CADERNOS > TETRA > TETRA 2 [2013] / LARGURA: 205 / ALTURA: 275 / ESPIRAL / PAGINAS: 592 / FRANCISCO.SILVA / 14-02-2013 (15:39)

O estudo de Interpretação de texto é organizado em frente única. No caderno Tetra 2, as páginas de 59 a 88 contêm as aulas referentes à essa disciplina.

1 Frente da disciplina. 2 Número das aulas. 3 Controle de aulas dadas e tópicos estudados em casa.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOProf.: Aula Estudo Aula 10 ..................... 60

Aula 11 ..................... 64

Aula 12 ..................... 67

Aula 13 ..................... 70

Aula 14 ..................... 75

Aula 15 ..................... 78

Aula 16 ..................... 81

Aula 17 ..................... 85

Aula 18 ..................... 87

U1

32

5

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

64 INT. DE TEXTO

Aula

11 Funções da linguagem I

As funções e a teoria da comunicaçãoAs funções da linguagem foram sistematizadas

de acordo com cada um dos elementos pertencentes à teoria da comunicação. Veja:

Código(função metalinguística)

Referente(função referencial)

Mensagem(função poética)

Emissor(função emotiva)

Receptor(função apelativa)

Canal de comunicação(função fática)

Características de cada funçãoFunção emotiva ou expressiva

Vivo num "clip" sem nexoUm pierrot retrocesso

meio bossa nova e "rock’n roll”Cazuza. “Faz parte do meu show.”

Centrada no emissor, há função emotiva quando se dá vazão à emoção, aos sentimentos, aos juízos de valor explícitos (a condenação, o perdão, a crítica contundente). São consideradas marcas gramaticais o:• uso de primeira pessoa (com a presença da emoção);• uso de interjeições;• uso de exclamações.

Função apelativa ou conativa[...]

A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.

Não te aborreças.[...]

Carlos Drummond de Andrade. “Procura da poesia”.

Centrada no receptor, ocorre a função apelativa quando o emissor dirige-se ao receptor por meio de:• vocativos;• modo imperativo;• pronomes de 2ª e 3ª pessoas;• citação do nome do interlocutor.

Encontramos facilmente exemplos dessa função no cotidiano, quando um membro da família interpela o outro, na publicidade e em manuais, placas e carta-zes em que o interlocutor é citado.

Função poéticaRumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.

Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.

Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A fle-cha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbu-lham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.

José de Alencar. Iracema.

Centrada na mensagem, a função poética está presente no momento em que a mensagem recebe um tratamento estético; portanto, teremos essa função quando houver o emprego de:• rimas;• ritmo;• figuras;• conotação;• subjetividade.

Quando se fala em prosa poética, refere-se ao tex-to em parágrafo no qual está presente a função poéti-ca, como acontece em muitos romances românticos.

AULASRespeitando o Planejamento para o Professor disponibilizado na Área Exclusiva, todas as aulas

apresentam um resumo esquemático do tópico trabalhado no livro, sintetizando os principais conhecimentos estudados.

1 Disciplina, frente e número das aulas. 2 Título das aulas. 3 Resumo do assunto estudado por meio de tópicos, diagramas e ilustrações.

12

3

6

61TETRA II INT. DE TEXTO

10Aula

É preciso evitar, no entanto, o pleonasmo vicioso:• Hemorragia de sangue;• Entrar para dentro;• Monopólio exclusivo;• Breve alocução; • Principal protagonista; • Ganhe outro grátis;• Criar um novo;• Encarei frente a frente.

PolissíndetoTrata-se da repetição de uma conjunção coordenativa.E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver

Gonzaguinha. “Explode coração”.

AssíndetoOcorre assíndeto quando temos uma sucessão de

coordenadas assindéticas.Não nos movemos, as mãos é que se estenderam

pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apartando--se, fundindo-se.

Machado de Assis. Dom Casmurro.

Elipse A elipse ocorre quando se omite uma palavra (ou

expressão). Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias

coloridas.Rubem Braga. A cidade e a roça e três primitivos.

Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias).

No mar, tanta tormenta e tanto dano.Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas.

Elipse do verbo haver (no mar há tanta...).

ZeugmaOcorre zeugma quando um termo já expresso na

frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição. Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários

dos Filipes. (...foram...)Camilo Castelo Branco. O senhor do paço de Ninães.

Ela gosta de história; eu, de física. (...gosto...)

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa de que im-porta? (...ser...)

Gregório de Matos. “Desenganos da vida humana, metaforicamente“.

Obs.: Trata-se de um tipo de elipse.

QuiasmoHá quiasmo quando o que está na primeira po-

sição vai para a segunda, e o que está na segunda posição vai para a primeira.

A voz do silêncio é o silêncio da voz.

ApóstrofeTrata-se de um chamamento do receptor da men-

sagem, real ou não; para obter o apóstrofe, o autor em-prega o vocativo.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!Em fúria fora e dentro de mim,Por todos os meus nervos dissecados fora,

Álvaro de Campos [heterônimo de Fernando Pessoa]. “Ode triunfal”.

Exercícios de Sala

1 Veja o excerto a seguir, do Hino Nacional Brasi-leiro, de Joaquim Osório Duque Estrada.

E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Em ordem direta, teríamos:(a) Em raios fúlgidos, no céu da Pátria nesse instante,

o sol da Liberdade brilhou.(b) O sol da Liberdade brilhou em raios fúlgidos no

céu da Pátria nesse instante.(c) No céu da Pátria, nesse instante, o sol da Liberda-

de brilhou em raios fúlgidos.

(d) Brilhou, no céu da Pátria, em raios fúlgidos, o sol da Liberdade nesse instante.

(e) Da liberdade brilhou o sol no céu da Pátria, nesse instante em raios fúlgidos.

2 No excerto “O relógio da parede eu estou acos-tumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”, do texto Partilha, de Rubem Braga, temos a presença de uma figura de linguagem, denominada:(a) quiasmo. (b) hipérbato. (c) anacoluto.(d) anáfora. (e) epístrofe.

EXERCÍCIOS DE SALAEm cada aula há a proposta de questões, muitas delas retiradas de importantes exames vestibulares de

todo o Brasil, a serem feitas com o professor, com toda a classe e/ou individualmente pelos alunos. Nesse momento, aspectos relevantes da aula são retomados, dando oportunidade ao professor e aos alunos de discutirem possíveis dificuldades. Todos os exercícios têm sua resolução apresentada neste Manual.

1 Além das questões do livro, uma seção de exercícios, específicos sobre o assunto das aulas, é apresentada.

2 Questões possibilitam a fixação dos conteúdos estudados e oferecem preparação adicional aos alunos.

1

2

7

1 Indicação de disciplina, livro, frente e capítulo correspondentes à aula.

2 Localização das páginas do livro com a teoria estudada.

3 Seleção de exercícios.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de textos / Livro Único / Capítulo 4I. Leia as páginas de 80 a 83.II. Faça os exercícios de 9 a 12 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 14 a 17.

21

3

GUIA DE ESTUDOAo final de cada aula, o caderno de sala oferece um guia que orienta o aluno para os estudos que

serão realizados em casa. A seção “Guia de estudo” direciona a leitura, no livro de teoria, dos assuntos que foram tratados em aula. Além disso, indica exercícios pertinentes a serem resolvidos, visando consolidar o conhecimento adquirido em sala.

Considerando que o tempo de estudo em casa deve ser cumprido de forma satisfatória para o aluno, esse Guia de estudos é pensado com bastante cuidado. Ao indicar o número de exercícios a serem feitos, consideram-se o tempo destinado à leitura da teoria e também o tempo que será despendido para a resolução das questões. Assim, o resultado é a satisfação do aluno, que consegue cumprir suas metas diárias de estudo em um tempo possível.

ORIENTAÇÕES ESPECÍFICASDe acordo com a Matriz de Referência de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias proposta pelo Inep

(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), as competências de áreas 5, 6, 7 e 8 referem-se, respectivamente, a:5. Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus

contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.

6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e

integradora da organização do mundo e da própria identidade.A essas competências correspondem diversas habilidades, tais como reconhecer a existência de valores

sociais na produção literária nacional; identificar, em diversos gêneros e tipos de texto, elementos que contribuem para sua organização e progressão temática; a partir da análise dos recursos argumentativos de um texto, identificar o objetivo de seu autor, bem como o público ao qual o texto se destina; reconhecer variedades linguísticas sociais, regionais e de registro em marcas linguísticas presentes em diferentes tipos de texto.

Tendo isso em vista, podemos perceber no ensino corrente da Língua Portuguesa uma maior preocupação em desenvolver em sala de aula uma prática pedagógica que vá além do simples esforço – por vezes desestimulante – em incutir nos alunos regras gramaticais e características das escolas literárias. É cada vez mais importante voltar-se para a formação de alunos críticos, capazes de interagir em situações comunicativas por meio de diferentes tipos de texto e que entendam que “ler” não implica apenas em decodificar, mas também em uma série de outras ações, como identificar, relacionar, abstrair, deduzir, comparar, agrupar, hierarquizar etc. Desse modo, criam-se condições para que eles possam relacionar e trabalhar as competências e habilidades empregadas nas diferentes situações de uso da língua, seja em família, com os amigos, no trabalho, na escola etc.

Cabe ressaltar ainda que a capacidade de compreender textos é importante não somente na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, mas em todas as demais áreas do conhecimento. A percepção da estrutura cronológica em vários textos dos livros de História é fundamental para a correta assimilação das informações, assim como a interpretação exata dos dados fornecidos nos problemas de Matemática.

Nesse sentido, o livro de Interpretação de Texto procura dar ao texto um espaço privilegiado, onde ele passa a ser analisado cientificamente, desde sua estrutura profunda, até a superfície de sua significação. Para tanto, ao longo dos capítulos, são contemplados textos literários, jornalísticos, publicitários, visuais etc., dando ao aluno a possibilidade de se familiarizar com a análise de textos das mais diversas fontes, verbais ou não verbais. Soma-se a isso a seleção cuidadosa de exercícios provenientes de importantes exames vestibulares, possibilitando a professores e alunos um melhor aproveitamento e avaliação dos conteúdos abordados no livro, seja durante a aula, seja durante o estudo em casa.

Boas aulas!

8

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

60 INT. DE TEXTO

Aula

10Figuras de linguagem ligadas

aos aspectos sintáticosFiguras – relações

As figuras sintáticas podem ser assim organiza-das, segundo suas relações lógicas:a) Concordância ideológica: silepse. b) Ruptura: anacoluto. c) Inversão: hipérbato.d) Repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto.e) Omissão: assíndeto, elipse e zeugma.f) Evocação: apóstrofe.

Figuras Silepse

Há silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia que elas passam.a) Silepse de gênero (masculino e feminino) Esse tipo de silepse ocorre quando há discordân-

cia entre os gêneros gramaticais: O animal é tão bacana mas também não é nenhum banana.

Luis Enríquez Bacalov; Sergio Bardotti; Chico Buarque. “Bicharada”.

b) Silepse de número (singular e plural) Ocorre a silepse de número quando há divergên-

cia envolvendo o número gramatical. Esta gente está furiosa e com medo; por conse-quência, capazes de tudo.

Almeida Garrett.

c) Silepse de pessoa (pessoa gramatical: 1ª, 2ª e 3ª) Há silepse de pessoa quando há discordância entre

o sujeito expresso e a pessoa verbal. A gente não sabemos escolher presidente

Roger Rocha Moreira. “Inútil”.

AnacolutoTrata-se da ruptura, quebra sintática; um sujeito

sem predicado, uma oração principal sem subordi-nada, um verbo transitivo direto sem complemento, entre outras possibilidades. Na linguagem oral, é co-mum o falante não concluir a frase em função de algo que ocorreu (alguém interrompendo, arrependimento da construção etc.). Veja os exemplos a seguir:

Umas carabinas que guardava atrás do guarda--roupa, a gente brincava com elas de tão imprestáveis.

José Lins do Rego. Menino de engenho.

Hipérbato Trata-se de inversão sintática dos termos da oração.Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.

Carlos Drummond de Andrade. “Passeiam as belas”.

As belas passeiam na Avenida à tarde.

Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.

Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas.

Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldasde rosas nas cabeças.

Dependendo, ainda, do tipo de inversão sintática, o hipérbato pode ser classificado em:• Sínquise: quando há uma inversão que troca de

posição partes distantes da frase em ordem direta.A grita se alevanta ao Céu, da gente.

Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas.

• Hipálage: quando há inversão da posição do ad-jetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase). ... as lojas loquazes dos barbeiros.

Eça de Queirós. “As catástrofes e as leis de emoção”.

... as lojas dos barbeiros loquazes.

Anáfora Trata-se da reiteração de palavra ou expressão no

início da frase ou do verso (exceto se for conjunção coordenativa, vide polissíndeto).

Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,

já não pode beber,já não pode fumar,

Carlos Drummond de Andrade. “E agora, José?”.

Obs.: Ocorre epístrofe se a repetição for no final do ver-so ou da frase (Não sei nada, não ouvi nada, sou O nada).

PleonasmoHá pleonasmo quando ocorre redundância nas

ideias. É usado para reiterar ou dar ênfase a uma ideia.Iam vinte anos desde aquele dia

Quando com os olhos eu quis ver de pertoQuanto em visão com os da saudade via.

Alberto de Oliveira. “Iam vinte anos...”.

Orientações

Nessa aula, apresente aos alunos as figuras sintáticas de acordo com as relações lógicas por elas estabelecidas: concordância ideológica – silepse (de gênero, número e pessoa); ruptura – anacoluto; inversão – hipérbato (sínquese e hipálage); repetição – anáfora, pleonasmo e polissíndeto; omissão – assíndeto, elipse e zeugma; evocação – apóstrofe; e quiasmo.

9

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

60 INT. DE TEXTO

Aula

10Figuras de linguagem ligadas

aos aspectos sintáticosFiguras – relações

As figuras sintáticas podem ser assim organiza-das, segundo suas relações lógicas:a) Concordância ideológica: silepse. b) Ruptura: anacoluto. c) Inversão: hipérbato.d) Repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto.e) Omissão: assíndeto, elipse e zeugma.f) Evocação: apóstrofe.

Figuras Silepse

Há silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia que elas passam.a) Silepse de gênero (masculino e feminino) Esse tipo de silepse ocorre quando há discordân-

cia entre os gêneros gramaticais: O animal é tão bacana mas também não é nenhum banana.

Luis Enríquez Bacalov; Sergio Bardotti; Chico Buarque. “Bicharada”.

b) Silepse de número (singular e plural) Ocorre a silepse de número quando há divergên-

cia envolvendo o número gramatical. Esta gente está furiosa e com medo; por conse-quência, capazes de tudo.

Almeida Garrett.

c) Silepse de pessoa (pessoa gramatical: 1ª, 2ª e 3ª) Há silepse de pessoa quando há discordância entre

o sujeito expresso e a pessoa verbal. A gente não sabemos escolher presidente

Roger Rocha Moreira. “Inútil”.

AnacolutoTrata-se da ruptura, quebra sintática; um sujeito

sem predicado, uma oração principal sem subordi-nada, um verbo transitivo direto sem complemento, entre outras possibilidades. Na linguagem oral, é co-mum o falante não concluir a frase em função de algo que ocorreu (alguém interrompendo, arrependimento da construção etc.). Veja os exemplos a seguir:

Umas carabinas que guardava atrás do guarda--roupa, a gente brincava com elas de tão imprestáveis.

José Lins do Rego. Menino de engenho.

Hipérbato Trata-se de inversão sintática dos termos da oração.Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.

Carlos Drummond de Andrade. “Passeiam as belas”.

As belas passeiam na Avenida à tarde.

Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.

Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas.

Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldasde rosas nas cabeças.

Dependendo, ainda, do tipo de inversão sintática, o hipérbato pode ser classificado em:• Sínquise: quando há uma inversão que troca de

posição partes distantes da frase em ordem direta.A grita se alevanta ao Céu, da gente.

Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas.

• Hipálage: quando há inversão da posição do ad-jetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase). ... as lojas loquazes dos barbeiros.

Eça de Queirós. “As catástrofes e as leis de emoção”.

... as lojas dos barbeiros loquazes.

Anáfora Trata-se da reiteração de palavra ou expressão no

início da frase ou do verso (exceto se for conjunção coordenativa, vide polissíndeto).

Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,

já não pode beber,já não pode fumar,

Carlos Drummond de Andrade. “E agora, José?”.

Obs.: Ocorre epístrofe se a repetição for no final do ver-so ou da frase (Não sei nada, não ouvi nada, sou O nada).

PleonasmoHá pleonasmo quando ocorre redundância nas

ideias. É usado para reiterar ou dar ênfase a uma ideia.Iam vinte anos desde aquele dia

Quando com os olhos eu quis ver de pertoQuanto em visão com os da saudade via.

Alberto de Oliveira. “Iam vinte anos...”.

61TETRA II INT. DE TEXTO

10Aula

É preciso evitar, no entanto, o pleonasmo vicioso:• Hemorragia de sangue;• Entrar para dentro;• Monopólio exclusivo;• Breve alocução; • Principal protagonista; • Ganhe outro grátis;• Criar um novo;• Encarei frente a frente.

PolissíndetoTrata-se da repetição de uma conjunção coordenativa.E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver

Gonzaguinha. “Explode coração”.

AssíndetoOcorre assíndeto quando temos uma sucessão de

coordenadas assindéticas.Não nos movemos, as mãos é que se estenderam

pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apartando--se, fundindo-se.

Machado de Assis. Dom Casmurro.

Elipse A elipse ocorre quando se omite uma palavra (ou

expressão). Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias

coloridas.Rubem Braga. A cidade e a roça e três primitivos.

Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias).

No mar, tanta tormenta e tanto dano.Luís Vaz de Camões. Os Lusíadas.

Elipse do verbo haver (no mar há tanta...).

ZeugmaOcorre zeugma quando um termo já expresso na

frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição. Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários

dos Filipes. (...foram...)Camilo Castelo Branco. O senhor do paço de Ninães.

Ela gosta de história; eu, de física. (...gosto...)

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa de que im-porta? (...ser...)

Gregório de Matos. “Desenganos da vida humana, metaforicamente“.

Obs.: Trata-se de um tipo de elipse.

QuiasmoHá quiasmo quando o que está na primeira po-

sição vai para a segunda, e o que está na segunda posição vai para a primeira.

A voz do silêncio é o silêncio da voz.

ApóstrofeTrata-se de um chamamento do receptor da men-

sagem, real ou não; para obter o apóstrofe, o autor em-prega o vocativo.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!Em fúria fora e dentro de mim,Por todos os meus nervos dissecados fora,

Álvaro de Campos [heterônimo de Fernando Pessoa]. “Ode triunfal”.

Exercícios de Sala

1 Veja o excerto a seguir, do Hino Nacional Brasi-leiro, de Joaquim Osório Duque Estrada.

E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Em ordem direta, teríamos:(a) Em raios fúlgidos, no céu da Pátria nesse instante,

o sol da Liberdade brilhou.(b) O sol da Liberdade brilhou em raios fúlgidos no

céu da Pátria nesse instante.(c) No céu da Pátria, nesse instante, o sol da Liberda-

de brilhou em raios fúlgidos.

(d) Brilhou, no céu da Pátria, em raios fúlgidos, o sol da Liberdade nesse instante.

(e) Da liberdade brilhou o sol no céu da Pátria, nesse instante em raios fúlgidos.

2 No excerto “O relógio da parede eu estou acos-tumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”, do texto Partilha, de Rubem Braga, temos a presença de uma figura de linguagem, denominada:(a) quiasmo. (b) hipérbato. (c) anacoluto.(d) anáfora. (e) epístrofe.

Anotações

10

62

Aula

INT. DE TEXTO

10

► Texto para a questão 3.

Poesia Matemática1 Às folhas tantas2 do livro matemático3 um Quociente apaixonou-se4 um dia5 doidamente6 por uma Incógnita.7 Olhou-a com seu olhar inumerável8 e viu-a do ápice à base9 uma figura ímpar;10 olhos romboides, boca trapezoide,11 corpo retangular, seios esferoides.12 Fez de sua uma vida13 paralela à dela14 até que se encontraram15 no infinito.16 “Quem és tu?”, indagou ele17 em ânsia radical.18 “Sou a soma do quadrado dos catetos.19 Mas pode me chamar de Hipotenusa.”20 E de falarem descobriram que eram21 (o que em aritmética corresponde22 a almas irmãs)23 primos entre si.24 E assim se amaram25 ao quadrado da velocidade da luz26 numa sexta potenciação27 traçando28 ao sabor do momento29 e da paixão30 retas, curvas, círculos e linhas senoidais31 nos jardins da quarta dimensão.32 Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas33 e os exegetas do Universo Finito.34 Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.35 E enfim resolveram se casar36 constituir um lar,37 mais que um lar,38 um perpendicular.39 Convidaram para padrinhos40 o Poliedro e a Bissetriz.41 E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro42 sonhando com uma felicidade43 integral e diferencial.44 E se casaram e tiveram uma secante e três cones45 muito engraçadinhos.46 E foram felizes47 até aquele dia

48 em que tudo vira afinal49 monotonia.50 Foi então que surgiu51 O Máximo Divisor Comum52 frequentador de círculos concêntricos,53 viciosos.54 Ofereceu-lhe, a ela,55 uma grandeza absoluta56 e reduziu-a a um denominador comum.57 Ele, Quociente, percebeu58 que com ela não formava mais um todo,59 uma unidade.60 Era o triângulo,61 tanto chamado amoroso.62 Desse problema ela era uma fração,63 a mais ordinária.64 Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade65 e tudo que era espúrio passou a ser66 moralidade67 como aliás em qualquer68 sociedade.

Millôr Fernandes. “Poesia matemática”. Disponível em: <www.releituras.com/millor_poesia.asp>. Acesso em: 9 maio 2013.

3 IME 2014 A repetição da conjunção “e” nos versos 41, 44 e 46 do texto revela um traço estilístico que:(a) dá uma ideia de ênfase à sequência de ações do casal.(b) dá uma ideia de monotonia aos acontecimentos.(c) dá uma ideia de confusão à sequência de ações do

casal.(d) ajuda a prever o desfecho da separação anunciada

ao final.(e) deixa perceber a que movimento literário se filia o

autor do texto.

4 Na frase “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, ob-serva-se o emprego de concordância ideológica (si-lepse), que pode ser de número, gênero ou pessoa. Assinale a alternativa em que se nota o mesmo tipo de silepse do exemplo apresentado.(a) Vossa Majestade está abatido. (b) O povo ficou com medo e saíram em disparada.(c) Os paulistas gostamos de trabalhar. (d) E todos seguimos para o salão de estudos. (José

Lins do Rego. Doidinho) (e) Enfim, lá em São Paulo todos éramos felizes gra-

ças ao seu trabalho [...] Rubem Braga. "O crime (de plágio) perfeito".

Anotações

11

62

Aula

INT. DE TEXTO

10

► Texto para a questão 3.

Poesia Matemática1 Às folhas tantas2 do livro matemático3 um Quociente apaixonou-se4 um dia5 doidamente6 por uma Incógnita.7 Olhou-a com seu olhar inumerável8 e viu-a do ápice à base9 uma figura ímpar;10 olhos romboides, boca trapezoide,11 corpo retangular, seios esferoides.12 Fez de sua uma vida13 paralela à dela14 até que se encontraram15 no infinito.16 “Quem és tu?”, indagou ele17 em ânsia radical.18 “Sou a soma do quadrado dos catetos.19 Mas pode me chamar de Hipotenusa.”20 E de falarem descobriram que eram21 (o que em aritmética corresponde22 a almas irmãs)23 primos entre si.24 E assim se amaram25 ao quadrado da velocidade da luz26 numa sexta potenciação27 traçando28 ao sabor do momento29 e da paixão30 retas, curvas, círculos e linhas senoidais31 nos jardins da quarta dimensão.32 Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas33 e os exegetas do Universo Finito.34 Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.35 E enfim resolveram se casar36 constituir um lar,37 mais que um lar,38 um perpendicular.39 Convidaram para padrinhos40 o Poliedro e a Bissetriz.41 E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro42 sonhando com uma felicidade43 integral e diferencial.44 E se casaram e tiveram uma secante e três cones45 muito engraçadinhos.46 E foram felizes47 até aquele dia

48 em que tudo vira afinal49 monotonia.50 Foi então que surgiu51 O Máximo Divisor Comum52 frequentador de círculos concêntricos,53 viciosos.54 Ofereceu-lhe, a ela,55 uma grandeza absoluta56 e reduziu-a a um denominador comum.57 Ele, Quociente, percebeu58 que com ela não formava mais um todo,59 uma unidade.60 Era o triângulo,61 tanto chamado amoroso.62 Desse problema ela era uma fração,63 a mais ordinária.64 Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade65 e tudo que era espúrio passou a ser66 moralidade67 como aliás em qualquer68 sociedade.

Millôr Fernandes. “Poesia matemática”. Disponível em: <www.releituras.com/millor_poesia.asp>. Acesso em: 9 maio 2013.

3 IME 2014 A repetição da conjunção “e” nos versos 41, 44 e 46 do texto revela um traço estilístico que:(a) dá uma ideia de ênfase à sequência de ações do casal.(b) dá uma ideia de monotonia aos acontecimentos.(c) dá uma ideia de confusão à sequência de ações do

casal.(d) ajuda a prever o desfecho da separação anunciada

ao final.(e) deixa perceber a que movimento literário se filia o

autor do texto.

4 Na frase “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, ob-serva-se o emprego de concordância ideológica (si-lepse), que pode ser de número, gênero ou pessoa. Assinale a alternativa em que se nota o mesmo tipo de silepse do exemplo apresentado.(a) Vossa Majestade está abatido. (b) O povo ficou com medo e saíram em disparada.(c) Os paulistas gostamos de trabalhar. (d) E todos seguimos para o salão de estudos. (José

Lins do Rego. Doidinho) (e) Enfim, lá em São Paulo todos éramos felizes gra-

ças ao seu trabalho [...] Rubem Braga. "O crime (de plágio) perfeito".

63TETRA II INT. DE TEXTO

10Aula

5 De certos homens, dizia Sócrates, que não comiam para viver, mas só viviam para comer.Padre Antonio Vieira. “Sermão da quarta dominga depois da Páscoa”. I. Na frase de Padre Antônio Vieira, a inversão dos

termos não altera o sentido, mas a sintaxe.II. O recurso estilístico empregado por Vieira tam-

bém se observa no texto de João Barreira: “Risos que se umedeciam de lágrimas e lágrimas que se esmaltavam de risos.” A rata do Bergantin e ou-tras alegorias, 1947.

III. A figura utilizada por Vieira denomina-se quias-mo, que consiste no cruzamento do tipo ABBA.

Estão corretas:(a) apenas III.(b) apenas I e II.(c) apenas I e III.(d) apenas II e III.(e) todas.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 4I. Leia as páginas de 80 a 83.II. Faça os exercícios de 9 a 12 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 14 a 17.

Anotações

12

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: B. A ação de brilhar está ligada ao “sol da Liberdade”, o sujeito, que em ordem direta inicia a oração. Seu verbo (brilhar) vem

logo em seguida e, após, os adjuntos adverbiais, que apesar de não apresentarem uma ordem direta entre si, devem vir depois do sujeito e do verbo.

2 Alternativa: C. A expressão “O relógio da parede” está sem função sintática, uma vez que falta a ela um predicado.

3 Alternativa: A. A reiteração do conectivo e consiste em uma figura denominada polissíndeto, empregada comumente para enfatizar algum

aspecto do texto. No caso, a progressão temporal dos fatos, ou seja, as ações do casal.

4 Alternativa: A. Em ambos os casos, temos silepse de gênero. Exemplos extraídos de <http://www.infoescola.com/portugues/silepse/>

5 Alternativa: D. Há alteração sintática, em que se invertem os mesmos termos modificando o sentido das expressões, denominada quiasmo. Exemplo extraído de <http://ricardosergiopantaneiro.blogspot.com.br/2011/01/0-quiasmo-figuras-de-linguagem.html>.

Anotações

13

Anotações

14

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

64 INT. DE TEXTO

Aula

11 Funções da linguagem I

As funções e a teoria da comunicaçãoAs funções da linguagem foram sistematizadas

de acordo com cada um dos elementos pertencentes à teoria da comunicação. Veja:

Código(função metalinguística)

Referente(função referencial)

Mensagem(função poética)

Emissor(função emotiva)

Receptor(função apelativa)

Canal de comunicação(função fática)

Características de cada funçãoFunção emotiva ou expressiva

Vivo num "clip" sem nexoUm pierrot retrocesso

meio bossa nova e "rock’n roll”Cazuza. “Faz parte do meu show.”

Centrada no emissor, há função emotiva quando se dá vazão à emoção, aos sentimentos, aos juízos de valor explícitos (a condenação, o perdão, a crítica contundente). São consideradas marcas gramaticais o:• uso de primeira pessoa (com a presença da emoção);• uso de interjeições;• uso de exclamações.

Função apelativa ou conativa[...]

A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.

Não te aborreças.[...]

Carlos Drummond de Andrade. “Procura da poesia”.

Centrada no receptor, ocorre a função apelativa quando o emissor dirige-se ao receptor por meio de:• vocativos;• modo imperativo;• pronomes de 2ª e 3ª pessoas;• citação do nome do interlocutor.

Encontramos facilmente exemplos dessa função no cotidiano, quando um membro da família interpela o outro, na publicidade e em manuais, placas e carta-zes em que o interlocutor é citado.

Função poéticaRumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.

Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.

Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A fle-cha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbu-lham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.

José de Alencar. Iracema.

Centrada na mensagem, a função poética está presente no momento em que a mensagem recebe um tratamento estético; portanto, teremos essa função quando houver o emprego de:• rimas;• ritmo;• figuras;• conotação;• subjetividade.

Quando se fala em prosa poética, refere-se ao tex-to em parágrafo no qual está presente a função poéti-ca, como acontece em muitos romances românticos.

Orientações

Na primeira aula sobre as funções da linguagem, aborde as características das funções emotiva (focada no emissor), apelativa (focada no receptor) e poética (focada na mensagem), reforçando para os alunos as marcas que nos permitem reconhecê-las.

15

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

64 INT. DE TEXTO

Aula

11 Funções da linguagem I

As funções e a teoria da comunicaçãoAs funções da linguagem foram sistematizadas

de acordo com cada um dos elementos pertencentes à teoria da comunicação. Veja:

Código(função metalinguística)

Referente(função referencial)

Mensagem(função poética)

Emissor(função emotiva)

Receptor(função apelativa)

Canal de comunicação(função fática)

Características de cada funçãoFunção emotiva ou expressiva

Vivo num "clip" sem nexoUm pierrot retrocesso

meio bossa nova e "rock’n roll”Cazuza. “Faz parte do meu show.”

Centrada no emissor, há função emotiva quando se dá vazão à emoção, aos sentimentos, aos juízos de valor explícitos (a condenação, o perdão, a crítica contundente). São consideradas marcas gramaticais o:• uso de primeira pessoa (com a presença da emoção);• uso de interjeições;• uso de exclamações.

Função apelativa ou conativa[...]

A poesia (não tires poesia das coisas)elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,não indagues. Não percas tempo em mentir.

Não te aborreças.[...]

Carlos Drummond de Andrade. “Procura da poesia”.

Centrada no receptor, ocorre a função apelativa quando o emissor dirige-se ao receptor por meio de:• vocativos;• modo imperativo;• pronomes de 2ª e 3ª pessoas;• citação do nome do interlocutor.

Encontramos facilmente exemplos dessa função no cotidiano, quando um membro da família interpela o outro, na publicidade e em manuais, placas e carta-zes em que o interlocutor é citado.

Função poéticaRumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.

Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.

Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A fle-cha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbu-lham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.

José de Alencar. Iracema.

Centrada na mensagem, a função poética está presente no momento em que a mensagem recebe um tratamento estético; portanto, teremos essa função quando houver o emprego de:• rimas;• ritmo;• figuras;• conotação;• subjetividade.

Quando se fala em prosa poética, refere-se ao tex-to em parágrafo no qual está presente a função poéti-ca, como acontece em muitos romances românticos.

65TETRA II INT. DE TEXTO

11Aula

Exercícios de Sala

1 Enem 2009 Considere o poema.

Canção do vento e da minha vidaO vento varria as folhas,O vento varria os frutos,

O vento varria as flores…E a minha vida ficavaCada vez mais cheia

De frutos, de flores, de folhas.[…]

O vento varria os sonhosE varria as amizades…

O vento varria as mulheres…E a minha vida ficavaCada vez mais cheia

De afetos e de mulheres.

O vento varria os mesesE varria os teus sorrisos…

O vento varria tudo!E a minha vida ficavaCada vez mais cheia

De tudo.Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa.

Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

Predomina no texto a função da linguagem:(a) fática, porque o autor procura testar o canal de co-

municação.(b) metalinguística, porque há explicação do significa-

do das expressões.(c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a parti-

cipar de uma ação.(d) referencial, já que são apresentadas informações

sobre acontecimentos e fatos reais.(e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração

especial e artística da estrutura do texto.

2 Enem 2011

Pequeno concerto que virou canção

Não, não há por que mentir ou esconderA dor que foi maior do que é capaz meu coração

Não, nem há por que seguir cantando só para explicarNão vai nunca entender de amor quem nunca soube amar

Ah, eu vou voltar pra mimSeguir sozinho assim

Até me consumir ou consumir toda essa dorAté sentir de novo o coração capaz de amor

Geraldo Vandré. Disponível em: <www.letras.terra.com.br>. Acesso em: 29 jun. 2011.

Na canção de Geraldo Vandré tem-se a manifesta-ção da função poética da linguagem, que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor:(a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal,

seus sentimentos.(b) transmite informações objetivas sobre o tema de

que trata a canção.(c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um

certo comportamento.(d) procura explicar a própria linguagem que utiliza

para construir a canção.(e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da men-

sagem veiculada.

3 Enem 2010

MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHORDO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDEESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS.

Campanha publicitária de loja de eletroeletrônicos. Revista Época. no 424, 3 jul. 2006.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo configura-ções específicas, formais e de conteúdo. Consideran-do o contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é:(a) influenciar o comportamento do leitor, por meio

de apelos que visam a adesão ao consumo.(b) definir regras de comportamento social pautadas

no combate ao consumismo exagerado.(c) defender a importância do conhecimento de infor-

mática pela população de baixo poder aquisitivo.(d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas

classes sociais economicamente desfavorecidas.(e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente

que a máquina, mesmo a mais moderna.

Anotações

16

66

Aula

INT. DE TEXTO

11

► Texto para as questões 4 e 5.

Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrá-rio, é comparável a alguém que tivesse vivido por hos-pedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição. Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vesti-ram! Eu não atino com a das que enfiei ontem. Juro só que não eram amarelas porque execro essa cor; mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.

E antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em che-gando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as cousas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então!

Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me apare-cem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dor-miam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.

Machado de Assis. Dom Casmurro.

4 Assinale a alternativa em que se nota o emprego da função poética.(a) “Não, não, a minha memória não é boa.”(b) “A quem passe a vida na mesma casa de família,

com os seus eternos móveis e costumes.”(c) “Os generais sacam das espadas [...] e os clarins

soltam as notas que dormiam no metal.”(d) “Juro só que não eram amarelas porque execro

essa cor.”(e) “Como eu invejo os que não esqueceram.”

5 Na passagem “uma alma imprevista que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo.”, temos:(a) a função poética, cujo efeito de sentido é criar

uma relação de aproximação.(b) a presença da função fática, cujo objetivo no texto

é estabelecer a comunicação com o leitor.(c) a função emotiva, por meio do substantivo leitor e

do adjetivo amigo.(d) a função apelativa, cuja finalidade é estabelecer a

interlocução.(e) a função referencial, que, no texto, estabelece o

diálogo com o receptor.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 5I. Leia as páginas 93 e 94.II. Faça os exercícios de 1 a 3 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 1, 5 e 7.

Anotações

Anotações

17

66

Aula

INT. DE TEXTO

11

► Texto para as questões 4 e 5.

Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrá-rio, é comparável a alguém que tivesse vivido por hos-pedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição. Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vesti-ram! Eu não atino com a das que enfiei ontem. Juro só que não eram amarelas porque execro essa cor; mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.

E antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em che-gando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as cousas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então!

Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me apare-cem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dor-miam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.

Machado de Assis. Dom Casmurro.

4 Assinale a alternativa em que se nota o emprego da função poética.(a) “Não, não, a minha memória não é boa.”(b) “A quem passe a vida na mesma casa de família,

com os seus eternos móveis e costumes.”(c) “Os generais sacam das espadas [...] e os clarins

soltam as notas que dormiam no metal.”(d) “Juro só que não eram amarelas porque execro

essa cor.”(e) “Como eu invejo os que não esqueceram.”

5 Na passagem “uma alma imprevista que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo.”, temos:(a) a função poética, cujo efeito de sentido é criar

uma relação de aproximação.(b) a presença da função fática, cujo objetivo no texto

é estabelecer a comunicação com o leitor.(c) a função emotiva, por meio do substantivo leitor e

do adjetivo amigo.(d) a função apelativa, cuja finalidade é estabelecer a

interlocução.(e) a função referencial, que, no texto, estabelece o

diálogo com o receptor.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 5I. Leia as páginas 93 e 94.II. Faça os exercícios de 1 a 3 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 1, 5 e 7.

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: E. No poema de Manuel Bandeira, há o predomínio da função poética, pois existe elaboração da linguagem, tais como

anáfora, aliteração e seleção vocabular.

2 Alternativa: A. A função emotiva, ou expressiva, da linguagem privilegia o emissor da mensagem. O eu lírico, no texto, expõe a visão

subjetiva acerca dos sentimentos relacionados à decepção amorosa.

3 Alternativa: A. No texto publicitário, predomina a função conativa, ou apelativa, da linguagem, que visa convencer o receptor a consumir

ou não consumir determinado produto. Percebe-se a ênfase no receptor por meio das formas verbais no imperativo e o emprego da 3ª pessoa.

4 Alternativa: C. As expressões foram usadas em sentido metafórico, o que caracteriza o uso da função poética.

5 Alternativa: D. A função apelativa estabelece o diálogo com o leitor (interlocução).

Anotações

18

Anotações

19

67TETRA II INT. DE TEXTO

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Aula

12Funções da linguagem II

Nesta aula, daremos sequência às funções da lin-guagem. O destaque é para a metalinguagem.

Função fática Olá, como vai?Eu vou indo e você, tudo bem?

Paulinho da Viola. “Sinal fechado”.

Centrada no canal de comunicação, essa função serve para estabelecer o contato, testar o canal de co-municação, verificar se a mensagem é captada pelo receptor. Dessa forma, são comuns frases como:– Posso falar?– Bom dia! Como vai?– Posso ajudar?– Testando som... testando som...– Alô?– Quem fala?– Vocês estão me ouvindo?

Função referencial

Centrada no referente, essa função está ligada à informação. Por conseguinte, ela estará presente em:• jornais;• cartazes;• placas;• manuais;• dicionários;• livros didáticos.

Eis algumas marcas gramaticais que estão presen-tes no emprego dessa função:• 3ª pessoa;• impessoalidade;• vocábulo “se” (pronome apassivador ou o índice de

indeterminação do sujeito);• objetividade;• denotação.

Função metalinguísticaOlhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida intei-

ra, em que há outras coisas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o Sol do outro dia, um Sol dos diabos, impenetrável como a vida. Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem [...]

Machado de Assis. “O enfermeiro”.

Haverá função metalinguística quando o código explicar o código; isso ocorre quando temos:• a palavra explicando a palavra, no dicionário.• poesia comentando seu processo de criação (um

poema sobre como fazer poesia).• narrador ou personagem fazendo referência ao

enredo ou a ele mesmo (o romance comenta o ro-mance).

• desenho fazendo referência ao seu processo de composição (o desenho comenta o desenho).

• o quadrinho referindo-se ao quadrinho (a persona-gem pendura-se no balão da fala ou a personagem faz referência ao fato de estar em um quadrinho, por exemplo).

Orientações

Essa aula deve ser dedicada ao estudo das funções fática (focada no canal de comunicação), referencial (focada no referente) e metalinguística (focada no código). Sirva-se de exemplos para treinar a capacidade dos alunos de diferenciar o emprego dessas diferentes funções.

20

68

Aula

INT. DE TEXTO

12

Exercícios de Sala

1 Enem 2013Quadradinho quadrado

C. Xavier. Disponível em: <www.releituras.com>. Acesso em: 24 abr. 2010.

Os objetivos que motivam os seres humanos a estabe-lecer comunicação determinam, em uma situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por:(a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de

se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.

(b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que pro-jeta para sua obra seus sonhos e histórias.

(c) apontar para o estabelecimento de interlocução, de modo superficial e automático, entre o leitor e o livro.

(d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princí-pios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.

(e) retratar as etapas do processo de produção de um li-vro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra.

2 Enem 2011

O Conar existe para coibir os exageros na propaganda.E ele é 100% eficiente nesta missão.

NARCPropaganda boa é

propaganda responsável

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quan-do é o caso, aplica a punição.

Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, nº 27. 8 jul. 2009.

O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário – de destacar a potencial supressão do trecho do texto – reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de: (a) ressaltar a informação no título, em detrimento do

restante do conteúdo associado.(b) incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do

plural no discurso.(c) contar a história da criação do órgão como argu-

mento de autoridade.(d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua me-

talinguagem.(e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.

Anotações

21

68

Aula

INT. DE TEXTO

12

Exercícios de Sala

1 Enem 2013Quadradinho quadrado

C. Xavier. Disponível em: <www.releituras.com>. Acesso em: 24 abr. 2010.

Os objetivos que motivam os seres humanos a estabe-lecer comunicação determinam, em uma situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por:(a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de

se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro.

(b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que pro-jeta para sua obra seus sonhos e histórias.

(c) apontar para o estabelecimento de interlocução, de modo superficial e automático, entre o leitor e o livro.

(d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princí-pios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro.

(e) retratar as etapas do processo de produção de um li-vro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra.

2 Enem 2011

O Conar existe para coibir os exageros na propaganda.E ele é 100% eficiente nesta missão.

NARCPropaganda boa é

propaganda responsável

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos (viu só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quan-do é o caso, aplica a punição.

Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, nº 27. 8 jul. 2009.

O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário – de destacar a potencial supressão do trecho do texto – reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de: (a) ressaltar a informação no título, em detrimento do

restante do conteúdo associado.(b) incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do

plural no discurso.(c) contar a história da criação do órgão como argu-

mento de autoridade.(d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua me-

talinguagem.(e) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.

69TETRA II INT. DE TEXTO

12Aula

3 Enem 2011

É água que não acaba mais

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta. Com volume estimado em 86.000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. "Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer a população mundial durante 500 anos", diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do Aquífero Guarani (com 45.000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva subterrânea do mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Época. nº 623, 26 abr. 2010.

Essa notícia, publicada em uma revista de grande cir-culação, apresenta resultados de uma pesquisa cientí-fica realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunicação, o referencial da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza:(a) as suas opiniões, baseadas em fatos.(b) os aspectos objetivos e precisos.(c) os elementos de persuasão do leitor.(d) os elementos estéticos na construção do texto.(e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 5I. Leia as páginas de 94 a 96.II. Faça os exercícios de 4 a 6 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 8, 9 e 15.

4 Os poemas a seguir são do heterônimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis.

AguardoAguardo, equânime, o que não conheço —Meu futuro e o de tudo.No fim tudo será silêncio, salvoOnde o mar banhar nada.

Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro,Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro,Não 'stá quem eu amei. Olhar nem risoSe escondem nesta leira.Ah, mas olhos e boca aqui se escondem!Mãos apertei, não alma, e aqui jazem.Homem, um corpo choro!Aqui

Sobre os poemas, julgue as afirmativas.I. Por meio de uma seleção lexical que envolve palavras

como silêncio, nada, cova, jazem, choro, o eu poe-mático constrói um quadro disfórico do momento em que vive, momento ligado à morte.

II. No penúltimo verso do segundo poema, por meio de um hipérbato, o eu poemático dá vazão à emo-ção. Ele chora um corpo, um corpo que ele amou (“...não está quem amei...”). A função empregada é a metalinguística.

III. Na passagem “No fim de tudo será silêncio sal-vo”, a função poética aparece na aliteração do fonema consonantal /s/; a reiteração do fonema consonantal entra em relação semântica com a ideia de silêncio.

Está(ão) correta(s):(a) apenas I.(b) apenas II.(c) apenas III.(d) apenas I e II.(e) apenas I e III.

Anotações

22

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: D. Tendo em vista o processo metalinguístico, o quadrinho leva o leitor a refletir sobre como se estruturam a forma e o

conteúdo de um livro.

2 Alternativa: D. A propaganda sugere que o Conar fiscaliza suas próprias ações, pois também é passível de erros. A suposta supressão do trecho seria, portanto, exercício metalinguístico, pois o anúncio explicita seu próprio processo de

criação.

3 Alternativa: B. A função referencial da linguagem visa a transmissão de informações ao leitor de modo objetivo.

4 Alternativa: E. Não há a metalinguagem, pois o poema não está comentando a si mesmo.

Anotações

23

Anotações

24

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

70 INT. DE TEXTO

Aula

13 Categorias de mundo I

Objetividade e subjetividadeEmpregar a objetividade ou a subjetividade

depende do tipo de texto. Um texto científico prima pela objetividade; já uma crônica literária investe na subjetividade para criar efeitos de sentido. São marcas de objetividade:a) 3ª pessoa;b) impessoalidade;c) uso denotativo das palavras;d) uso do vocábulo “se”;e) ausência de juízo de valores;f) ausência de funções como a poética, a emotiva e

a apelativa.

Veja o exemplo a seguir:O texto de Oswald dialoga, em certa medida, com

o texto de Picasso, os signos (visuais no caso de Picas-so e verbais no caso de Oswald) apresentam um traço em comum: a fragmentação do significante. Em Picasso, tem-se a fragmentação da imagem em partes (e a do ser ali retratado), as quais assumem formas geométricas; em Oswald, há a fragmentação da linguagem, dificultando

a coesão, a ligação entre os versos. As frases no poema modernista estão soltas sintaticamente, sem nexos sintáti-cos; contudo, há algo que as une: o tema.

R.G.C.

No texto anterior, há impessoalidade, empregam-sea terceira pessoa e a linguagem denotativa; não se observam juízos de valor, tampouco as funções emo-tiva ou poética.

São marcas de subjetividade:a) 1ª e 2ª pessoas;b) uso conotativo das palavras;c) juízo de valores; d) uso das funções poética, emotiva e apelativa;e) emprego lúdico da linguagem;f) texto literário, por exemplo.

Veja a seguir um exemplo de subjetividade.

Benedito tá morto!

A enunciação, ao empregar a linguagem coloquial “tá” e a exclamação, dá vazão a um sentimento, mos-trando-se parcial e emotivo; portanto, subjetivo.

► Texto para a questão 1.

Alguma onda conservadora, sempre tão pronta na imprensa e nas academias de ginástica, move-se contra a obrigatoriedade dos cursos de filosofia e sociologia no Ensino Médio do Brasil. Digo que são conservadores os responsáveis por essa onda porque aquilo que externam tais pessoas de formação culta vai embasado, admita-mos, numa razão antiga, embora compreensível.

No Brasil, não se ensinam direito, matemática, geografia, lógica ou português, então por que deverí-amos nos preocupar com a transmissão dos modos de exercitar o pensamento no decorrer do tempo? Quem vai transmitir coisas tão complicadas em torno da história das interpretações de mundo se não há no mercado do ensino pré-universitário aqueles mestres capazes de ensi-nar as coisas simples já pensadas?

Da forma como vejo, matemática não é coisa sim-ples. Nem português. Matemática é Pitágoras, Antônio

Exercícios de Sala

Vieira, português. E filosofia, Platão; sociologia, Émile Durkheim. Na minha vida de leitora, talvez tenha percor-rido mais vezes Platão e Durkheim do que aquele Pitágo-ras que, quando bem explicado por alguém, pareceu-me cristalino. Então, matemática não pode ser mais simples que filosofia (isto se não considerarmos a matemática uma pura implicação filosófica).

Matemática tem apenas mais professores especiali-zados a ensiná-la. É preciso que se formem professores novos, não daqui a cem anos, quando parecermos pron-tos, mas já, estimulados por uma lei à primeira vista arro-gante e inadequada. Ou isto acontece agora ou jamais começaremos a preparar quem estuda para a verdadeira vida acadêmica que, esperemos, terá depois.

Seria perda de tempo estender-me aqui sobre as ra-zões pelas quais áreas como filosofia, condenada como grande abstração, e sociologia, por sua concretude, torna-ram-se vitais ao conhecimento de qualquer habitante de um mundo civilizado. O Brasil está atrasado em relação

Orientações

Ao iniciar o estudo das categorias do mundo, explique que o uso da objetividade ou da subjetividade está atrelado ao tipo de texto que se pretende escrever, havendo marcas usuais de composição para textos objetivos e subjetivos. Apresente aos alunos exemplos de textos e reforce com eles a utilização das principais marcas de subjetividade e objetividade.

25

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

70 INT. DE TEXTO

Aula

13 Categorias de mundo I

Objetividade e subjetividadeEmpregar a objetividade ou a subjetividade

depende do tipo de texto. Um texto científico prima pela objetividade; já uma crônica literária investe na subjetividade para criar efeitos de sentido. São marcas de objetividade:a) 3ª pessoa;b) impessoalidade;c) uso denotativo das palavras;d) uso do vocábulo “se”;e) ausência de juízo de valores;f) ausência de funções como a poética, a emotiva e

a apelativa.

Veja o exemplo a seguir:O texto de Oswald dialoga, em certa medida, com

o texto de Picasso, os signos (visuais no caso de Picas-so e verbais no caso de Oswald) apresentam um traço em comum: a fragmentação do significante. Em Picasso, tem-se a fragmentação da imagem em partes (e a do ser ali retratado), as quais assumem formas geométricas; em Oswald, há a fragmentação da linguagem, dificultando

a coesão, a ligação entre os versos. As frases no poema modernista estão soltas sintaticamente, sem nexos sintáti-cos; contudo, há algo que as une: o tema.

R.G.C.

No texto anterior, há impessoalidade, empregam-sea terceira pessoa e a linguagem denotativa; não se observam juízos de valor, tampouco as funções emo-tiva ou poética.

São marcas de subjetividade:a) 1ª e 2ª pessoas;b) uso conotativo das palavras;c) juízo de valores; d) uso das funções poética, emotiva e apelativa;e) emprego lúdico da linguagem;f) texto literário, por exemplo.

Veja a seguir um exemplo de subjetividade.

Benedito tá morto!

A enunciação, ao empregar a linguagem coloquial “tá” e a exclamação, dá vazão a um sentimento, mos-trando-se parcial e emotivo; portanto, subjetivo.

► Texto para a questão 1.

Alguma onda conservadora, sempre tão pronta na imprensa e nas academias de ginástica, move-se contra a obrigatoriedade dos cursos de filosofia e sociologia no Ensino Médio do Brasil. Digo que são conservadores os responsáveis por essa onda porque aquilo que externam tais pessoas de formação culta vai embasado, admita-mos, numa razão antiga, embora compreensível.

No Brasil, não se ensinam direito, matemática, geografia, lógica ou português, então por que deverí-amos nos preocupar com a transmissão dos modos de exercitar o pensamento no decorrer do tempo? Quem vai transmitir coisas tão complicadas em torno da história das interpretações de mundo se não há no mercado do ensino pré-universitário aqueles mestres capazes de ensi-nar as coisas simples já pensadas?

Da forma como vejo, matemática não é coisa sim-ples. Nem português. Matemática é Pitágoras, Antônio

Exercícios de Sala

Vieira, português. E filosofia, Platão; sociologia, Émile Durkheim. Na minha vida de leitora, talvez tenha percor-rido mais vezes Platão e Durkheim do que aquele Pitágo-ras que, quando bem explicado por alguém, pareceu-me cristalino. Então, matemática não pode ser mais simples que filosofia (isto se não considerarmos a matemática uma pura implicação filosófica).

Matemática tem apenas mais professores especiali-zados a ensiná-la. É preciso que se formem professores novos, não daqui a cem anos, quando parecermos pron-tos, mas já, estimulados por uma lei à primeira vista arro-gante e inadequada. Ou isto acontece agora ou jamais começaremos a preparar quem estuda para a verdadeira vida acadêmica que, esperemos, terá depois.

Seria perda de tempo estender-me aqui sobre as ra-zões pelas quais áreas como filosofia, condenada como grande abstração, e sociologia, por sua concretude, torna-ram-se vitais ao conhecimento de qualquer habitante de um mundo civilizado. O Brasil está atrasado em relação

71TETRA II INT. DE TEXTO

13Aula

ao Primeiro Mundo sonhado, a escola vai mal? A filosofia deve entrar na cabeça dos alunos e a sociologia precisa explicar aspectos importantes do país, tão logo isto seja possível. Aos 15 anos de idade, um mortal, mesmo que um brasileirinho, pode começar a aprendê-las [...]

Rosane Pavam. Carta Capital, 3 jul. 2008.

1 ITA 2010 Leia os trechos a seguir:I. “Alguma onda conservadora, sempre tão pronta

na imprensa e nas academias de ginástica, move--se contra a obrigatoriedade dos cursos de filoso-fia e sociologia no Ensino Médio do Brasil.”

II. “Da forma como vejo, matemática não é coisa simples. Nem português.”

III. “A filosofia deve entrar na cabeça dos alunos e a sociologia precisa explicar aspectos importantes do país, tão logo isto seja possível.”

Há depreciação apenas em:(a) I.(b) II.(c) III.(d) I e II.(e) II e III.

► Texto para a questão 2.

Foi tão grande e variado o número de e-mails, telefonemas e abordagens pessoais que recebi de-pois de escrever que família deveria ser careta, que resolvi voltar ao assunto, para alegria dos que gos-taram e náusea dos que não concordaram ou não entenderam (ai da unanimidade, mãe dos medío-cres). Atenção: na minha coluna não usei “careta” como quadrado, estreito, alienado, fiscalizador e moralista, mas humano, aberto, atento, cuidadoso. Obviamente empreguei esse termo de propósito, para enfatizar o que desejava.

Houve quem dissesse que minha posição na-quele artigo é politicamente conservadora demais. Pensei em responder que minha opinião sobre famí-lia nada tem a ver com postura política, eu que me considero um animal apolítico no sentido de parti-do ou de conceitos superados, como “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”. Mas, na verdade, tudo o que fazemos, até a forma como nos vestimos e moramos, é altamente político, no sentido amplo de interesse no justo e no bom, e coerência com isso.

E assim, sem me pensar de direita ou de esquer-da, por ser interessada na minha comunidade, no meu

país, no outro em geral, em tudo o que faço e escrevo (também na ficção), mostro que sou pelos desvalidos.

Não apenas no sentido econômico, mas emo-cional e psíquico: os sem autoestima, sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos.

O que tem isso a ver com minha ideia de fa-mília? Tem a ver, porque é nela que tudo começa, embora não seja restrito a ela. Pois muito se confun-de família frouxa (o que significa sem atenção), des-cuidada (o que significa sem amor), desorganizada (o que significa aflição estéril) com o politicamente correto. Diga-se de passagem que acho o politica-mente correto burro e fascista.

Voltando à família: acredito profundamente que ter filho é ser responsável, que educar filho é obser-var, apoiar, dar colo de mãe e ombro de pai, quan-do preciso. E é também deixar aquele ser humano crescer e desabrochar. Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado com verdade e sensa-tez. Respeitado e cuidado, num equilíbrio amoroso dessas duas coisas. Vão me perguntar o que é esse equilíbrio, e terei de responder que cada um sabe o que é, ou sabe qual é seu equilíbrio possível. Quem não souber que não tenha filhos.

Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de adolescentes. Eventualmente, quando há suspeita séria de perigos como drogas, a relação familiar pode virar um campo de graves conflitos, e muita coisa antes impensável passa a se justificar. Deixar inteiramente à vontade um filho com problema de drogas é trágica omissão.

Assim como não considero bons pais ou mães os cobradores ou policialescos, também não acho que os do tipo “amiguinho” sejam muito bons pais. Repito: pais que não sabem onde estão seus filhos de 12 ou 14 anos, que nunca se interessaram pelo que acontece nas festinhas (mesmo infantis), que não conhecem nomes de amigos ou da família com quem seus filhos passam fins de semana (não me refiro a nomes importantes, mas a seres humanos confiáveis), que nada sabem de sua vida escolar, estão sendo tragicamente irresponsáveis. Pais que não arranjam tempo para estar com os filhos, para saber deles, para conversar com eles... não tenham filhos. Pois, na hora da angústia, não são os amigui-nhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife. O que inclui risco, per-plexidade, medo, consciência de não sermos infalí-veis nem onipotentes. Perdoem-me os pais que se queixam (são tantos!) de que os filhos são um fardo,

123456789101112131415161718192021222324

2526272829303132333435363738394041424344454647484950515253545556575859606162636465666768697071727374

Anotações

26

72

Aula

INT. DE TEXTO

13

de que falta tempo, falta dinheiro, falta paciência e falta entendimento do que se passa – receio que o fardo, o obstáculo e o estorvo a um crescimento saudável dos filhos sejam eles.

Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de frequentar os mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma autoridade amorosa e firme.

O tema é controverso, mas o bom senso, meio fora de moda, é mais importante do que livros e re-vistas com receitas de como criar filho (como agar-rar seu homem, como enlouquecer sua amante...). É no velhíssimo instinto, na observação atenta e na escuta interessada que resta a esperança. Se não podemos evitar desgraças – porque não somos deu-ses –, é possível preparar melhor esses que amamos para enfrentar seus naturais conflitos, fazendo me-lhores escolhas vida afora.

Lya Luft. Veja, 6 jun. 2007.

2 ITA 2010 Pode-se perceber conotação pejorativa em.(a) “Houve quem dissesse que minha posição naque-

le artigo é politicamente conservadora demais.” (linhas 12 e 13)

(b) “Quem não souber que não tenha filhos.” (linhas 47 e 48)

(c) “Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de adolescen-tes.” (linhas 49 e 50)

(d) “Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife.” (linhas 69 a 71)

(e) “O que inclui risco, perplexidade, medo, consciên-cia de não sermos infalíveis nem onipotentes.” (li-nhas 71 a 73)

► Texto para a questão 3.

Moradores de Higienópolis admitiram ao jornal Folha de S. Paulo que a abertura de uma estação de metrô na avenida Angélica traria “gente diferen-ciada” ao bairro. Não é difícil imaginar que alguns vizinhos do Morumbi compartilhem esse medo e prefiram o isolamento garantido com a inexistência de transporte público de massa por ali.

Mas à parte o gosto exacerbado dos paulistanos por levantar muros, erguer fortalezas e se refugiar em ambientes distantes do Brasil real, o poder público não fez a sua parte em desmentir que a chegada do trans-porte de massas não degrade a paisagem urbana.

Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, na Co-lômbia, e grande especialista em transporte coletivo, diz que não basta criar corredores de ônibus bem asfaltados e servidos por diversas linhas. Abrigos confortáveis, boa iluminação, calçamento, limpeza e paisagismo que circundam estações de metrô ou pontos de ônibus precisam mostrar o status que o transporte público tem em uma determinada cidade.

Se no entorno do ponto de ônibus a calçada está esburacada, há sujeira e a escuridão afugenta pessoas à noite, é normal que moradores não quei-ram a chegada do transporte de massa.

A instalação de linhas de monotrilho ou de corredo-res de ônibus precisa vitaminar uma área, não destruí-la.

Quando as grades da Nove de Julho foram reti-radas, a avenida ficou menos tétrica, quase bonita.

Quando o corredor da Rebouças fez pontos mui-to modestos, que acumulam diversos ônibus sem dar vazão a desembarques, a imagem do engarrafamento e da bagunça vira um desastre de relações públicas.

Em Istambul, monotrilhos foram instalados no nível da rua, como os “trams” das cidades alemãs e suíças. Mesmo em uma cidade de 16 milhões de habitantes na Turquia, país emergente como o Brasil, houve cuidado com os abrigos feitos de vidro, com os bancos capri-chados – em formato de livro – e com a iluminação. Restou menos espaço para os carros porque a ideia ali era tentar convencer na marra os motoristas a deixarem mais seus carros em casa e usarem o transporte público.

Se os monotrilhos do Morumbi, de fato, se pa-recem com um Minhocão, o Godzilla do centro de São Paulo, os moradores deveriam protestar, pedin-do melhorias no projeto, detalhamento dos mate-riais, condições e impacto dos trilhos na paisagem urbana. Se forem como os antigos bondes, ótimo.

Mas se os moradores simplesmente recusarem qualquer ampliação do transporte público, que benefi-ciará diretamente os milhares de prestadores de servi-ço que precisam trabalhar na região do Morumbi, vai ser difícil acreditar que o problema deles não seja a gente diferenciada que precisa circular por São Paulo.

Raul Justes Lores. Folha de S.Paulo, 7 out. 2010. (Adapt.).

Minhocão: Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, é uma via expressa que liga o Centro à Zona Oeste da cidade de São Paulo.

75767778798081828384858687888990919293949596

1 234567

89101112131415161718192021222324252627282930313233343536373839404142434445464748495051525354

Anotações

27

72

Aula

INT. DE TEXTO

13

de que falta tempo, falta dinheiro, falta paciência e falta entendimento do que se passa – receio que o fardo, o obstáculo e o estorvo a um crescimento saudável dos filhos sejam eles.

Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de frequentar os mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma autoridade amorosa e firme.

O tema é controverso, mas o bom senso, meio fora de moda, é mais importante do que livros e re-vistas com receitas de como criar filho (como agar-rar seu homem, como enlouquecer sua amante...). É no velhíssimo instinto, na observação atenta e na escuta interessada que resta a esperança. Se não podemos evitar desgraças – porque não somos deu-ses –, é possível preparar melhor esses que amamos para enfrentar seus naturais conflitos, fazendo me-lhores escolhas vida afora.

Lya Luft. Veja, 6 jun. 2007.

2 ITA 2010 Pode-se perceber conotação pejorativa em.(a) “Houve quem dissesse que minha posição naque-

le artigo é politicamente conservadora demais.” (linhas 12 e 13)

(b) “Quem não souber que não tenha filhos.” (linhas 47 e 48)

(c) “Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de adolescen-tes.” (linhas 49 e 50)

(d) “Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife.” (linhas 69 a 71)

(e) “O que inclui risco, perplexidade, medo, consciên-cia de não sermos infalíveis nem onipotentes.” (li-nhas 71 a 73)

► Texto para a questão 3.

Moradores de Higienópolis admitiram ao jornal Folha de S. Paulo que a abertura de uma estação de metrô na avenida Angélica traria “gente diferen-ciada” ao bairro. Não é difícil imaginar que alguns vizinhos do Morumbi compartilhem esse medo e prefiram o isolamento garantido com a inexistência de transporte público de massa por ali.

Mas à parte o gosto exacerbado dos paulistanos por levantar muros, erguer fortalezas e se refugiar em ambientes distantes do Brasil real, o poder público não fez a sua parte em desmentir que a chegada do trans-porte de massas não degrade a paisagem urbana.

Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, na Co-lômbia, e grande especialista em transporte coletivo, diz que não basta criar corredores de ônibus bem asfaltados e servidos por diversas linhas. Abrigos confortáveis, boa iluminação, calçamento, limpeza e paisagismo que circundam estações de metrô ou pontos de ônibus precisam mostrar o status que o transporte público tem em uma determinada cidade.

Se no entorno do ponto de ônibus a calçada está esburacada, há sujeira e a escuridão afugenta pessoas à noite, é normal que moradores não quei-ram a chegada do transporte de massa.

A instalação de linhas de monotrilho ou de corredo-res de ônibus precisa vitaminar uma área, não destruí-la.

Quando as grades da Nove de Julho foram reti-radas, a avenida ficou menos tétrica, quase bonita.

Quando o corredor da Rebouças fez pontos mui-to modestos, que acumulam diversos ônibus sem dar vazão a desembarques, a imagem do engarrafamento e da bagunça vira um desastre de relações públicas.

Em Istambul, monotrilhos foram instalados no nível da rua, como os “trams” das cidades alemãs e suíças. Mesmo em uma cidade de 16 milhões de habitantes na Turquia, país emergente como o Brasil, houve cuidado com os abrigos feitos de vidro, com os bancos capri-chados – em formato de livro – e com a iluminação. Restou menos espaço para os carros porque a ideia ali era tentar convencer na marra os motoristas a deixarem mais seus carros em casa e usarem o transporte público.

Se os monotrilhos do Morumbi, de fato, se pa-recem com um Minhocão, o Godzilla do centro de São Paulo, os moradores deveriam protestar, pedin-do melhorias no projeto, detalhamento dos mate-riais, condições e impacto dos trilhos na paisagem urbana. Se forem como os antigos bondes, ótimo.

Mas se os moradores simplesmente recusarem qualquer ampliação do transporte público, que benefi-ciará diretamente os milhares de prestadores de servi-ço que precisam trabalhar na região do Morumbi, vai ser difícil acreditar que o problema deles não seja a gente diferenciada que precisa circular por São Paulo.

Raul Justes Lores. Folha de S.Paulo, 7 out. 2010. (Adapt.).

Minhocão: Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, é uma via expressa que liga o Centro à Zona Oeste da cidade de São Paulo.

75767778798081828384858687888990919293949596

1 234567

89101112131415161718192021222324252627282930313233343536373839404142434445464748495051525354

73TETRA II INT. DE TEXTO

13Aula

3 ITA 2012 No texto, o segmento que não expressa uma avaliação do autor é:(a) “[...] à parte o gosto exacerbado dos paulistanos

por levantar muros [...]” (linha 8)(b) “[...] a avenida ficou menos tétrica, quase bonita.”

(linha 28)(c) “[...] a imagem do engarrafamento e da bagunça vira

um desastre de relações públicas.” (linhas 31 e 32)(d) “Em Istambul, monotrilhos foram instalados no

nível da rua, como os “trams” das cidades alemãs e suíças.” (linhas 33 e 34)

(e) “Se forem como os antigos bondes, ótimo.” (linha 47)

► Texto para a questão 4.

São Paulo – Não é preciso muito para imaginar o dia em que a moça da rádio nos anunciará, do helicóptero, o colapso final: “A CET1 já não regis-tra a extensão do congestionamento urbano. Pode-mos ver daqui que todos os carros em todas as ruas estão imobilizados. Ninguém anda, para frente ou para trás. A cidade, enfim, parou. As autoridades pedem calma, muita calma”.

“A autoestrada do Sul” é um conto extraordinário de Julio Cortázar2. Está em Todos os fogos o fogo, de 1966 (a Civilização Brasileira traduziu). Narra, com monotonia infernal, um congestionamento en-tre Fontainebleau e Paris. É a história que inspirou Weekend à francesa (1967), de Godard3.

O que no início parece um transtorno corri-queiro vai assumindo contornos absurdos. Os per-sonagens passam horas, mais horas, dias inteiros entalados na estrada.

Quando, sem explicações, o nó desata, os mo-toristas aceleram “sem que já se soubesse para que tanta pressa, por que essa correria na noite entre automóveis desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam para a frente, exclusivamente para a frente”.

Não serve de consolo, mas faz pensar. Segui-mos às cegas em frente há quanto tempo? De Pres-tes Maia aos túneis e viadutos de Maluf, a cidade foi induzida a andar de carro. Nossa urbanização se fez contra o transporte público. O símbolo moderniza-dor da era JK é o pesadelo de agora, mas o fetiche da lata sobre rodas jamais se abalou.

Será ocasional que os carrões dos endinhei-rados – essas peruas high-tech – se pareçam com tanques de guerra? As pessoas saem de casa dentro de bunkers, literalmente armadas.

E, como um dos tipos do conto de Cortázar, veem no engarrafamento uma “afronta pessoal”.

Alguém acredita em soluções sem que haja an-tes um colapso? Ontem era a crise aérea, amanhã será outra qualquer. A classe média necessita reci-clar suas aflições. E sempre haverá algo a lembrá-la – coisa mais chata – de que ainda vivemos no Brasil.

Fernando de Barros Silva. Folha de S.Paulo, 17 mar. 2008.

(1) CET: Companhia de Engenharia de Tráfego.(2) Julio Cortázar (1914-1984): escritor argentino.(3) Jean-Luc Godard: cineasta francês, nascido em 1930.

4 ITA 2011 Assinale a opção em que o autor expres-sa claramente seu julgamento.(a) “Podemos ver daqui que todos os carros em todas

as ruas estão imobilizados.” (linhas 4 e 6)(b) “A cidade, enfim, parou.” (linha 7)(c) “Os personagens passam horas, mais horas, dias

inteiros entalados na estrada.” (linhas 16 a 18)(d) “Ontem era a crise aérea, amanhã será outra qual-

quer.” (linhas 39 e 40)(e) “E sempre haverá algo a lembrá-la – coisa mais

chata – de que ainda vivemos no Brasil.” (linhas 41 e 42)

5 Considere o seguinte excerto de Memórias pós-tumas de Brás Cubas.

Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejava a intenção, e doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu. Creio que chora-va, a princípio: tinha nojo de si mesma. [...] Quando ob-tive a confiança, imaginei uma história patética dos meus amores com Virgília, um caso anterior ao casamento, a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei que ou-tro toques de novela. Dona Plácida não rejeitou uma só página da novela; aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciência. [...]. Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio de cinco contos, – os cinco contos achados em Botafogo,– como um pão para a velhice. Dona Plácida aceitou com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo.

Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.

Assinale a alternativa em que o verbo assume carga subjetiva e sentido conotativo.(a) “Custou-lhe muito a aceitar a casa [...]”(b) “farejava a intenção.”(c) “Foi assim que lhe acabou o nojo.”(d) “Era uma necessidade da consciência [...]”(e) “Creio que chorava, a princípio [...]”

1234567891011121314151617181920212223242526272829303132333435

36373839404142

Anotações

28

74

Aula

INT. DE TEXTO

13

6 Enem 2012

O senhorCarta a uma jovem que, estando em uma roda em

que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:

Senhora:Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito

magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.

Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do ple-beu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter en-contrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi.

Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, er-gueu entre nós um muro frio e triste.

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez pri-meira.

Rubem Braga. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A escolha do tratamento que se queira atribuir a al-guém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:(a) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase er-

gueu entre nós um muro frio e triste.”(b) “A única nobreza do plebeu está em não querer

esconder a sua condição.”(c) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas ru-

gas de minha testa.”(d) “O território onde eu mando é no país do tempo

que foi.”(e) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa triste-

za; mas também não era a vez primeira.”

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia a página 109.II. Faça os exercícios de 1 a 3 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 1, 8 e 9.

Anotações

29

74

Aula

INT. DE TEXTO

13

6 Enem 2012

O senhorCarta a uma jovem que, estando em uma roda em

que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:

Senhora:Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito

magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.

Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do ple-beu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter en-contrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi.

Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, er-gueu entre nós um muro frio e triste.

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez pri-meira.

Rubem Braga. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A escolha do tratamento que se queira atribuir a al-guém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:(a) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase er-

gueu entre nós um muro frio e triste.”(b) “A única nobreza do plebeu está em não querer

esconder a sua condição.”(c) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas ru-

gas de minha testa.”(d) “O território onde eu mando é no país do tempo

que foi.”(e) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa triste-

za; mas também não era a vez primeira.”

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia a página 109.II. Faça os exercícios de 1 a 3 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 1, 8 e 9.

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: A. Somente na afirmação I ocorre depreciação, exemplificada em várias passagens, tais como: “onda conservadora”, “sempre

tão pronta” e “academias de ginástica”.

2 Alternativa: D. A passagem que poderia ser considerada ofensiva está presente na alternativa d: “se tiverem cacife”. Nesse excerto, a

autora questiona a competência dos pais para orientar os filhos nos momentos de angústia.

3 Alternativa: D. O juízo de valor ocorre em todas as alternativas, exceto em d. a) “[...] à parte o gosto exacerbado dos paulistanos [...]” b) “[...] ficou menos tétrica, quase bonita.” c) “[...] a imagem [...] vira um desastre [...]” d) “[...] antigos bondes, ótimo.”

4 Alternativa: E. A expressão “coisa mais chata”, entre travessões, exprime, de forma mais clara, o julgamento do autor a respeito do ponto

de vista defendido.

5 Alternativa: B. O verbo farejar está empregado em sentido metafórico.

6 Alternativa: A. A formalidade dispensada pela receptora da carta ao “senhor” cria um “muro frio e triste” entre eles, já que ela, ao referir-se

a ele, utiliza um tratamento distinto do empregado em relação aos demais integrantes do contexto comunicativo.

Anotações

30

Anotações

31

75TETRA II INT. DE TEXTO

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Aula

14Categorias de mundo II

Trataremos agora do emprego conotativo das três categorias do mundo: pessoa, espaço e tempo.

Na pessoa (troca de pessoas gramaticais)Exemplo:A primeira pessoa do singular no lugar da terceira

pessoa do plural (efeito: aproximação)

Então eu quebro a cadeira, não pago a comida e ainda ofendo o dono do restaurante? O que eles pen-sam que são?(quebraram) (não pagaram) (ofenderam)

Nesse caso, o enunciador, o dono do restaurante, não está falando de si, mas de outras pessoas que rea-lizaram as ações. Ele fala na primeira pessoa porque foi a vítima.

No espaço (troca de pessoas gramaticais)Exemplo:A primeira pessoa do singular no lugar da terceira

pessoa do singular (efeito: aproximação)

Essa moça não sai da minha mente, ela é tudo para mim!

(Aquela moça)

No tempo (troca de tempos verbais) Exemplo:No ano de 1869, Júlio Verne publica Vinte mil lé-

guas submarinas.

Na frase anterior, o presente do indicativo está no lugar do pretérito perfeito do indicativo. Trata-se de presentificação do passado, uma ênfase ao passado. Esse tipo de embreagem será estudado na aula de ver-bos do material de Português.

Marcadores de aspectualidadea) Pontual: de repente, de supetão, subitamente,

repentinamente etc. De supetão, tirou o revólver.

b) Durativo contínuo: gradualmente, paulatina-mente, aos poucos etc.

Gradualmente convenceu o pai.

c) Durativo iterativo (que se repete): habitualmen-te, normalmente, eventualmente, muitas vezes etc.

Eventualmente atendia jovens.

d) Incoativo (início de processo): primeiramente, no início, no começo, para começar etc.

e) Terminativo (encerramento de processo): en-fim, finalmente, no término etc.

Aspectos espaciais das preposições e locuções prepositivasa) Verticalidade De cima do prédio, observava o jardim.

b) Horizontalidade À sua frente, o inimigo.

c) Lateralidade Ao lado do cinema, o vagabundo romântico.

d) Perspectiva No fim da rua, a vítima.

e) Visão de cima para baixo Do alto do prédio, avistava-se o rio.

f) Visão de baixo para cima Abaixo da lâmpada, a mosca louca.

Orientações

Nessa aula serão estudadas as categorias do mundo: pessoa, espaço e tempo. Mostre aos alunos como a troca de pessoas gramaticais e de tempos verbais pode ser usada para se obter certos efeitos de sentido. Apresente ainda os marcadores temporais e espaciais.

32

76

Aula

INT. DE TEXTO

14

Exercícios de Sala

► Texto para a questão 1.

Revelação do subúrbioQuando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

Carlos Drummond de Andrade. Sentimento do mundo, 1940.

1 Fuvest 2014 Considerados no contexto, dentre os mais de dez verbos no presente, empregados no poema, exprimem ideia, respectivamente, de habitua-lidade e continuidade:(a) “gosto” e “repontam”.(b) “condensa” e “esforça”.(c) “vou” e “existe”.(d) “têm” e “devolve”.(e) “reage” e “luta”.

2 Enem 2013

Novas tecnologiasAtualmente, prevalece na mídia um discurso de exal-

tação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tec-nológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.

Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e con-trole, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento.

Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Pla-tão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade,

a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados.A. S. Sampaio. "A microfísica do espetáculo". Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 1 mar. 2013. (Adapt.).

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permi-ta alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva:(a) criar relação de subordinação entre leitor e autor,

já que ambos usam as novas tecnologias.(b) enfatizar a probabilidade de que toda população

brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.(c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje

as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.(d) tornar o leitor copartícipe, do ponto de vista de

que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado.

(e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabili-dade por deixar que as novas tecnologias contro-lem as pessoas.

► Texto para a questão 3.

Não, não vou falar das fábricas que atra-em trabalhadores honestos e os tratam de forma desumana. Cada vez que um produto informa orgulhoso que foi desenhado na Califórnia e fa-bricado na China, sinto um arrepio na espinha. Conheço e amo essas duas partes do mundo.

Também conheço a capacidade de a tecnologia eliminar empregos. Parece o sonho de todo patrão: muita margem de lucro e poucos empregados. Se possível, nenhum! Tudo terceiro!

Conheço ainda como a tecnologia é capaz de criar empregos. Vivo há 15 anos num meio que dis-puta engenheiros e técnicos a tapa, digo, a dólares. O que acontece aí no Brasil, nessa área, acontece igualzinho no Vale do Silício: empresas tentando ar-rancar talentos umas das outras. Aqui, muitos de-cidem tentar a sorte abrindo sua própria start-up, em vez de encher o bolso do patrão. Estou rodea-da também de investidores querendo fazer apostas para... voltar a encher os bolsos ainda mais.

Mas queria falar hoje de outro tipo de escravidão tecnológica. Não dos que dormiram na rua sob chu-va para comprar o novo iPhone 4S... Quero reclamar

0102030405060708091011121314151617181920212223

Anotações

33

76

Aula

INT. DE TEXTO

14

Exercícios de Sala

► Texto para a questão 1.

Revelação do subúrbioQuando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro, vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil.

Carlos Drummond de Andrade. Sentimento do mundo, 1940.

1 Fuvest 2014 Considerados no contexto, dentre os mais de dez verbos no presente, empregados no poema, exprimem ideia, respectivamente, de habitua-lidade e continuidade:(a) “gosto” e “repontam”.(b) “condensa” e “esforça”.(c) “vou” e “existe”.(d) “têm” e “devolve”.(e) “reage” e “luta”.

2 Enem 2013

Novas tecnologiasAtualmente, prevalece na mídia um discurso de exal-

tação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tec-nológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.

Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e con-trole, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento.

Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Pla-tão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade,

a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados.A. S. Sampaio. "A microfísica do espetáculo". Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 1 mar. 2013. (Adapt.).

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permi-ta alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva:(a) criar relação de subordinação entre leitor e autor,

já que ambos usam as novas tecnologias.(b) enfatizar a probabilidade de que toda população

brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.(c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje

as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.(d) tornar o leitor copartícipe, do ponto de vista de

que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado.

(e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabili-dade por deixar que as novas tecnologias contro-lem as pessoas.

► Texto para a questão 3.

Não, não vou falar das fábricas que atra-em trabalhadores honestos e os tratam de forma desumana. Cada vez que um produto informa orgulhoso que foi desenhado na Califórnia e fa-bricado na China, sinto um arrepio na espinha. Conheço e amo essas duas partes do mundo.

Também conheço a capacidade de a tecnologia eliminar empregos. Parece o sonho de todo patrão: muita margem de lucro e poucos empregados. Se possível, nenhum! Tudo terceiro!

Conheço ainda como a tecnologia é capaz de criar empregos. Vivo há 15 anos num meio que dis-puta engenheiros e técnicos a tapa, digo, a dólares. O que acontece aí no Brasil, nessa área, acontece igualzinho no Vale do Silício: empresas tentando ar-rancar talentos umas das outras. Aqui, muitos de-cidem tentar a sorte abrindo sua própria start-up, em vez de encher o bolso do patrão. Estou rodea-da também de investidores querendo fazer apostas para... voltar a encher os bolsos ainda mais.

Mas queria falar hoje de outro tipo de escravidão tecnológica. Não dos que dormiram na rua sob chu-va para comprar o novo iPhone 4S... Quero reclamar

0102030405060708091011121314151617181920212223

77TETRA II INT. DE TEXTO

14Aula

de quanto nós estamos tendo de trabalhar de graça para os sistemas, cada vez que tentamos nos mover na internet. Isso é escravidão – e odeio isso.

Outro dia, fiz aniversário e fui reservar uma mesa num restaurante bacana da cidade. Achei o site do restaurante, lindo, e pareceu fácil de reservar on-line. Call on OpenTable, sistema bastante usado e eficaz por aqui. Escolhi dia, hora, informei número de pes-soas e, claro, tive de dar meu nome, e-mail e telefone.

Dois dias antes da data marcada, precisei mu-dar o número de participantes, pois tive confirma-ção de mais pessoas. Entrei no site, mas aí nem o site nem o OpenTable podiam modificar a reserva on-line, pela proximidade do jantar. A recomen-dação era... telefonar ao restaurante! Humm... Telefonei. Secretária eletrônica. Deixei recado.

No dia seguinte um funcionário do restaurante me ligou, confirmando ter ouvido o recado e tudo certo com o novo tamanho de mesa. Incrível! Que felicidade ouvir um ser humano de verdade me dan-do a resposta que eu queria ouvir! Hoje, tentando dar conta da leitura dos vários e-mails que recebo, tentando arduamente não perder os relevantes, os imprescindíveis, os dos amigos, os da família e os dos leitores, recebi um do OpenTable.

Queriam que avaliasse minha experiência no restaurante. Tudo bem, concordo que ranking de público é coisa legal. Mas posso dizer outra coisa?

Não tenho tempo de ficar entrando em sites e preenchendo questionários de avaliação de cada refeição, produto e serviço que usufruo na vida! Simples assim! Sem falar que é chato! Ainda mais agora que os crescentes intermediários eletrônicos se metem no jogo entre o cliente e o fornecedor.

Quando o garçom ou o maître perguntam se a comida está boa, você fica contente em responder, até porque eles podem substituir o prato se você não esti-ver gostando. Mas quando um terceiro se mete nessa relação sem ser chamado, pode ser excessivo e de-sagradável. Parece que todas as empresas do mundo decidiram que, além de exigir informações cadastrais, logins e senhas, e empurrar goela abaixo seus siste-mas automáticos de atendimento, tenho agora de pre-encher fichas pós-vendas eletronicamente, de modo que as estatísticas saiam prontas e baratinhas para eles do outro lado da tela, à custa do meu precioso tempo!

Por que o OpenTable tem de perguntar de novo o que achei da comida? Eu sei. Porque para o OpenTable essa informação tem um valor diferente. Não contente em fazer reservas, quis invadir a praia

do Yelp, o grande guia que lista e traz avaliações dos clientes para tudo quanto é tipo de serviço, a começar pelos restaurantes.

O Yelp, por sua vez, invadiu a praia do Zagat (recém-comprado pelo Google), tradicionalíssimo guia (em papel) de restaurante que, por décadas, foi alimentado pelas avaliações dos leitores, via correio.

As relações cliente-fornecedor estão mudando. Não faltarão “redutores” de custos e atravessadores on-line.

Marion Strecker. Folha de S.Paulo, 20 out. 2011. (Adapt.).

3 ITA 2013 Assinale a opção em que o trecho não apresenta uma interpretação subjetiva da autora. (a) “Parece o sonho de todo patrão: muita margem de

lucro e poucos empregados.” (linhas 8 e 9)(b) “Isso é escravidão – e odeio isso.” (linha 26)(c) “Dois dias antes da data marcada, precisei mudar

o número de participantes, pois tive a confirma-ção de mais pessoas.” (linhas 33 a 35)

(d) “Tudo bem, concordo que ranking de público é coisa legal.” (linhas 50 e 51)

(e) “Mas quando um terceiro se mete nessa relação sem ser chamado, pode ser excessivo e desagra-dável.” (linhas 61 a 63)

4 Observe o anúncio a seguir:

No anúncio, o pronome de tratamento você pode ser entendido tanto denotativamente, como também em sentido conotativo (embreagem), explique como isso ocorre.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia as páginas de 110 a 113.II. Faça os exercícios de 4 a 6 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 11 a 14.

2425262728293031323334353637383940414243444546474849505152535455565758596061626364656667686970717273

74757677787980818283

Anotações

34

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: C. Dentre os verbos empregados no poema, os que exprimem ideia de habitualidade e de continuidade são, respectivamente,

vou e existe. No primeiro verso, a conjunção temporal quando, que introduz a oração encabeçada pelo verbo ir, revela um hábito do eu lírico. No último verso, o verbo existir contém a ideia de permanência de um estado, no caso, a tristeza do Brasil.

2 Alternativa: D. Ao empregar a 1ª pessoa do plural, o produtor do artigo de opinião inclui o leitor, tornando-o copartícipe de seu ponto de

vista.

3 Alternativa: C. Em todas as alternativas, exceto na c, há marcas de interpretações subjetivas. a) “Parece o sonho de todo patrão”. b) “Isso é escravidão”. d) “Tudo bem, concordo”. e) “pode ser excessivo e desagradável”.

4 O pronome substitui o pronome indefinido todos: o enunciador fala com uma pessoa, mas quer dizer que é uma responsabilidade de todos.

Anotações

35

Anotações

36

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

78 INT. DE TEXTO

Aula

15 Temas e fi guras I

Figurativo e temáticoOs textos podem ser classificados em temáticos

ou figurativos.a) Texto figurativo é aquele em que predominam os

elementos concretos. É o caso das narrativas, qua-dros, provérbios (boa parte), charges etc. O tema nesse tipo de texto costuma estar implícito, o que dificulta a interpretação. O concreto deve virar abstrato, e o particular geral. Por exemplo:

Na política, meus amigos, um asno coça o outro.

A frase anterior emprega um famoso provérbio. O substantivo asno deve ser entendido de forma abs-trata, trata-se da ignorância; o provérbio faz referên-cia ao fato de que a ignorância atrai a ignorância.

b) Texto temático é aquele em que predominam os substantivos abstratos; a filosofia, a psicologia, a sociologia, por exemplo, são predominantemente temáticos. Nesse tipo de texto, o tema costuma es-tar explícito. Veja o exemplo a seguir:

Embora "ta ethé" e "mores" signifiquem o mesmo, ou seja, costumes e modos de agir de uma sociedade, entretanto, no singular "ethos" é o caráter ou tem-peramento individual que deve ser educado para os valores da sociedade, e "ética" é aquela parte da filosofia que se dedica à análise dos próprios valo-res e das condutas humanas, indagando sobre seu sentido, sua origem, seus fundamentos e finalidades.

Marilena Chaui. Uma ideologia perversa. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_1_4.htm>.

Acesso em: 11 dez. 2013.

O tema presente em todo o excerto é ética, e pa-lavras como ethos, caráter, conduta, valores e moral remetem a esse assunto. Para encontrar o tema, por-tanto, é necessário identificar o assunto recorrente ao longo do texto; para isso, é preciso agrupar as palavras e associá-las a um campo de significação (no texto de Marilena Chaui, remete a ética). É importante obser-var, ainda, o título, o tópico frasal e a conclusão, pois nestes o tema pode estar presente. De modo geral, o tema apresenta um caráter abstrato e genérico.

Exercícios de Sala

1 ITA 2010 Qual o dito popular que se aplica à situação mostrada na tira abaixo?

NO LUGAR DERECLAMAÇÃO,AÇÃO!

GRUMP - Orlandeli

COMPREI UMLIVRO COM TUDOSOBRE AREFORMAORTOGRÁFICA.

VOU ESTARLENDODIARIAMENTE.

VOU ESTARAPRENDENDOCADA VEZMAIS.

VOU ESTAR MESUPERANDO ACADA DIA.

BEM QUE PODIAMTER APROVEITADOA REFORMA PARA

ESTAREMLIMANDO

O GERÚNDIO.

ww

w.o

rlan

deli.

com

.br

(a) Quem ao moinho vai enfarinhado sai.(b) Não se faz omelete sem quebrar os ovos.(c) Ri-se o roto do esfarrapado e o sujo do mal lavado.(d) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.(e) Para bom mestre, não há má ferramenta.

Orientações

Essa aula serve para introduzir aos alunos a diferenças entre texto temático e texto figurativo. A respeito de textos temáticos, destaque o predomínio dos substantivos abstratos e a forma como o tema é tratado (explícito). Sobre os textos figurativos, ressalte a ocorrência de elementos concretos e o seu uso para abordar assuntos de forma implícita, exigindo maior esforço de interpretação.

37

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

78 INT. DE TEXTO

Aula

15 Temas e fi guras I

Figurativo e temáticoOs textos podem ser classificados em temáticos

ou figurativos.a) Texto figurativo é aquele em que predominam os

elementos concretos. É o caso das narrativas, qua-dros, provérbios (boa parte), charges etc. O tema nesse tipo de texto costuma estar implícito, o que dificulta a interpretação. O concreto deve virar abstrato, e o particular geral. Por exemplo:

Na política, meus amigos, um asno coça o outro.

A frase anterior emprega um famoso provérbio. O substantivo asno deve ser entendido de forma abs-trata, trata-se da ignorância; o provérbio faz referên-cia ao fato de que a ignorância atrai a ignorância.

b) Texto temático é aquele em que predominam os substantivos abstratos; a filosofia, a psicologia, a sociologia, por exemplo, são predominantemente temáticos. Nesse tipo de texto, o tema costuma es-tar explícito. Veja o exemplo a seguir:

Embora "ta ethé" e "mores" signifiquem o mesmo, ou seja, costumes e modos de agir de uma sociedade, entretanto, no singular "ethos" é o caráter ou tem-peramento individual que deve ser educado para os valores da sociedade, e "ética" é aquela parte da filosofia que se dedica à análise dos próprios valo-res e das condutas humanas, indagando sobre seu sentido, sua origem, seus fundamentos e finalidades.

Marilena Chaui. Uma ideologia perversa. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_1_4.htm>.

Acesso em: 11 dez. 2013.

O tema presente em todo o excerto é ética, e pa-lavras como ethos, caráter, conduta, valores e moral remetem a esse assunto. Para encontrar o tema, por-tanto, é necessário identificar o assunto recorrente ao longo do texto; para isso, é preciso agrupar as palavras e associá-las a um campo de significação (no texto de Marilena Chaui, remete a ética). É importante obser-var, ainda, o título, o tópico frasal e a conclusão, pois nestes o tema pode estar presente. De modo geral, o tema apresenta um caráter abstrato e genérico.

Exercícios de Sala

1 ITA 2010 Qual o dito popular que se aplica à situação mostrada na tira abaixo?

NO LUGAR DERECLAMAÇÃO,AÇÃO!

GRUMP - Orlandeli

COMPREI UMLIVRO COM TUDOSOBRE AREFORMAORTOGRÁFICA.

VOU ESTARLENDODIARIAMENTE.

VOU ESTARAPRENDENDOCADA VEZMAIS.

VOU ESTAR MESUPERANDO ACADA DIA.

BEM QUE PODIAMTER APROVEITADOA REFORMA PARA

ESTAREMLIMANDO

O GERÚNDIO.

ww

w.o

rlan

deli.

com

.br

(a) Quem ao moinho vai enfarinhado sai.(b) Não se faz omelete sem quebrar os ovos.(c) Ri-se o roto do esfarrapado e o sujo do mal lavado.(d) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.(e) Para bom mestre, não há má ferramenta.

79TETRA II INT. DE TEXTO

15Aula

2 Enem 2013

Disponível em: <www.filosofia.com.br>. Acesso em: 30 abr. 2010.

Pelas características da linguagem visual e pelas es-colhas vocabulares, pode-se entender que o texto possibilita a reflexão sobre uma problemática con-temporânea, ao:(a) criticar o transporte rodoviário brasileiro, em razão

da grande quantidade de caminhões nas estradas. (b) ironizar a dificuldade de locomoção no trânsito

urbano, devido ao grande fluxo de veículos. (c) expor a questão do movimento como um proble-

ma existente desde tempos antigos, conforme fra-se citada.

(d) restringir os problemas de tráfego a veículos par-ticulares, defendendo, como solução, o transporte público.

(e) propor a ampliação de vias nas estradas, detalhan-do o espaço exíguo ocupado pelos veículos nas ruas.

► Texto para as questões 3 e 4.

Há tantos diálogosDiálogo com o ser amadoo semelhanteo diferenteo indiferenteo opostoo adversárioo surdo-mudoo possessoo irracionalo vegetalo mineralo inominado

Diálogo consigo mesmocom a noiteos astrosos mortosas ideiaso sonhoo passadoo mais que futuro

Escolhe teu diálogoetua melhor palavra outeu melhor silêncioMesmo no silêncio e com o silênciodialogamos.

Carlos Drummond de Andrade. Discurso de primavera e algumas sombras, 1977.

3 Unifesp 2013 O eu lírico, ao mostrar as varieda-des do diálogo, revela que este:(a) é uma forma que, na verdade, dissimula um mo-

nólogo.(b) é uma realidade inerente à condição humana.(c) implica, necessariamente, um outro, distinto do eu.(d) constrói a ideia de que comunicar exige afinidade.(e) concebe o presente desprovido das marcas do

passado.

4 Unifesp 2013 Na abordagem temática do poema, destaca-se a inserção do discurso:(a) da metafísica, marcando-se com imagens que sus-

citam ideias relacionadas à morte e à fugacidade do tempo.

(b) da ausência, marcando-se pela tensão existencial conflituosa e pela falta de sentimento entre as pessoas.

(c) do desalento, expressando-se uma visão pessimis-ta do mundo e das pessoas, decorrente da frustra-ção com a vida.

(d) da comunicação, estabelecendo-se por meio dela uma reflexão filosófica sobre o fazer poético.

(e) da autobiografia, evidenciando-se com sutileza aspectos relacionados à vida do poeta em Minas Gerais.

Anotações

38

80

Aula

INT. DE TEXTO

15

► Texto para a questão 5.

Edison não conseguia se concentrar de jeito nenhum. Tinha sempre dois ou três empregos e passava o dia indo de um para outro. Adorava trocar mensagens, e se acos-tumou a escrever recados curtos e constantes, às vezes para mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Apesar de ser um cara mais inteligente do que a média, sofria quan-do precisava ler um livro inteiro. Para completar, comia rápido e dormia pouco – e não conseguia se dedicar ao casamento conturbado, por falta de tempo. Se iden-tificou? Claro, quem não tem esses problemas? Passar horas no Twitter ou no celular, correr de um lado para o outro e ter pouco tempo disponível para tantas coisas que você tem que fazer são dramas que todo mundo en-frenta. Mas esse não é um mal do nosso tempo. O rapaz da história aí em cima era ninguém menos que Thomas Edison, o inventor da lâmpada. A década era a de 1870 e o aparelho que ele usava para mandar e receber men-sagens, um telégrafo. O relato, que está em uma edição de 1910 do jornal New York Times, conta que quando Edison finalmente percebeu que seu problema era falta de concentração, parou tudo. Se fechou em seu escritório e se focou em um problema de cada vez. A partir daí, produziu e patenteou mais de 2 mil invenções. [...]

Gisela Blanco. Superinteressante, jul. 2012.

5 ITA 2013 O tema desse texto é:(a) o modo de viver de um cientista durante parte da

sua vida.(b) a dispersão de um cientista.(c) a criatividade de um grande gênio da ciência.(d) a falta de tempo das pessoas.(e) a dificuldade de concentração de pessoas ao longo

dos tempos.

6 Unifesp 2012 Leia a charge:

Disponível em: <www.newtonsilva.com>.

É correto afirmar que a charge visa:(a) apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação

geral da frequência às aulas.(b) enaltecer a escola brasileira e homenagear o traba-

lho docente.(c) indicar a deflagração de uma greve e incentivar a

adesão a ela.(d) recriminar os alunos e declarar apoio à política

educacional.(e) criticar a situação atual do ensino e denunciar a

evasão escolar.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia as páginas 113 e 114.II. Faça os exercícios de 10 a 12 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 16, 17 e 32.

Anotações

39

80

Aula

INT. DE TEXTO

15

► Texto para a questão 5.

Edison não conseguia se concentrar de jeito nenhum. Tinha sempre dois ou três empregos e passava o dia indo de um para outro. Adorava trocar mensagens, e se acos-tumou a escrever recados curtos e constantes, às vezes para mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Apesar de ser um cara mais inteligente do que a média, sofria quan-do precisava ler um livro inteiro. Para completar, comia rápido e dormia pouco – e não conseguia se dedicar ao casamento conturbado, por falta de tempo. Se iden-tificou? Claro, quem não tem esses problemas? Passar horas no Twitter ou no celular, correr de um lado para o outro e ter pouco tempo disponível para tantas coisas que você tem que fazer são dramas que todo mundo en-frenta. Mas esse não é um mal do nosso tempo. O rapaz da história aí em cima era ninguém menos que Thomas Edison, o inventor da lâmpada. A década era a de 1870 e o aparelho que ele usava para mandar e receber men-sagens, um telégrafo. O relato, que está em uma edição de 1910 do jornal New York Times, conta que quando Edison finalmente percebeu que seu problema era falta de concentração, parou tudo. Se fechou em seu escritório e se focou em um problema de cada vez. A partir daí, produziu e patenteou mais de 2 mil invenções. [...]

Gisela Blanco. Superinteressante, jul. 2012.

5 ITA 2013 O tema desse texto é:(a) o modo de viver de um cientista durante parte da

sua vida.(b) a dispersão de um cientista.(c) a criatividade de um grande gênio da ciência.(d) a falta de tempo das pessoas.(e) a dificuldade de concentração de pessoas ao longo

dos tempos.

6 Unifesp 2012 Leia a charge:

Disponível em: <www.newtonsilva.com>.

É correto afirmar que a charge visa:(a) apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação

geral da frequência às aulas.(b) enaltecer a escola brasileira e homenagear o traba-

lho docente.(c) indicar a deflagração de uma greve e incentivar a

adesão a ela.(d) recriminar os alunos e declarar apoio à política

educacional.(e) criticar a situação atual do ensino e denunciar a

evasão escolar.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia as páginas 113 e 114.II. Faça os exercícios de 10 a 12 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 16, 17 e 32.

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: C. Tanto a tirinha quanto o dito popular “Ri-se o roto do esfarrapado e o sujo do mal lavado” configuram-se como texto

figurativo, no qual o tema é subjacente às figuras concretas. Dessa forma, ambos têm em comum o tema da crítica a quem corrige os defeitos alheios ou neles repara, apresentando os mesmos problemas; no caso da tirinha, o gerundismo.

2 Alternativa: B. A personagem ironiza a dificuldade de locomoção ao citar um filósofo grego que teria dito a frase “Não há movimento.”

em outras circunstâncias.

3 Alternativa: B. A voz lírica do poema declina, de maneira exaustiva, várias modalidades de diálogo do “eu” com o “outro” e do “eu”

consigo mesmo, revelando, então, que a (im)possibilidade do diálogo se manifesta como um dado constitutivo da condição humana. A identidade pressupõe sempre a alteridade, seja ela o “outro” ou o próprio “eu”.

4 Alternativa: D. Ao fazer referência ao “diálogo” como realidade inerente à condição humana, o autor faz uma reflexão metalinguística: a

linguagem comenta a linguagem, a poesia comenta a poesia.

5 Alternativa: E. O texto tematiza a dificuldade de concentração de pessoas ao longo do tempo, o que pode ser comprovado pelas passagens

“Edison não conseguia se concentrar de jeito nenhum” e “[...] Edison finalmente percebeu que seu problema era falta de concentração, parou tudo”.

6 Alternativa: E. Ao escrever na lousa “O aluno não veio mais assistir aula...”, o professor deixa implícita a ideia de evasão escolar; o que

reforça essa interpretação é a frase escrita acima do quadro: “Onde está o sujeito?”.

Anotações

40

Anotações

41

81TETRA II INT. DE TEXTO

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Aula

16Percurso temático, percurso figurativo (cam-po semântico)

Temos percurso temático ou figurativo (percurso aqui equivale a campo semântico) quando um conjun-to de palavras abstratas (em texto temático) ou con-cretas (em texto figurativo) aponta para um mesmo tema, assunto. Por exemplo:

Venham, senhores da guerraVocês que constroem as grandes armasVocês que constroem os aviões da morteVocês que constroem todas as bombasVocês que se escondem atrás das paredesVocês que se escondem atrás das mesas

Bob Dylan. Masters of war. (Trad. livre).

Na composição de Dylan, temos dois campos se-mânticos:A) CAMPO SEMÂNTICO DA GUERRA

↓Guerra, armas, aeroplanos da morte, bombas

B) CAMPO SEMÂNTICO DO PODER↓

Senhores da guerra, constroem, escondem, atrás das paredes, atrás das mesas,

O tema é a relação que se estabelece entre os dois campos semânticos, ou seja:

A + B = O PODER E A GUERRA(GUERRA PELO PODER E O PODER QUE A GUERRA TRAZ)

► Texto para a questão 1.

V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se na escuridão um maci-ço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.

[...]É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que

tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.

Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se.

Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. [...]

José de Alencar, Til.

Adumbra-se: delineia-se, esboça-se.

1 Fuvest 2013 Para adequar a linguagem ao assun-to, o autor lança mão também de um léxico popular, como atestam todas as palavras listadas na alter nativa:(a) Saracoteio, brasido, rabanar, senzalas.(b) Esperneiam, senzalas, pincham, delírio.(c) Saracoteio, rabanar, cangote, pincham.(d) Fazenda, rabanar, cinzas, esperneiam.(e) Delírio, cambalhotas, cangote, fazenda.

► Texto para a questão 2.

Foi tão grande e variado o número de e-mails, telefonemas e abordagens pessoais que recebi depois de escrever que família deveria ser careta, que resolvi voltar ao assunto, para alegria dos que gostaram e náusea dos que não concordaram ou não entenderam (ai da unanimidade, mãe dos medíocres). Atenção: na minha coluna não usei “careta” como quadrado, estreito, alienado, fiscalizador e moralista, mas humano, aberto, atento, cuidadoso. Obviamente empreguei esse termo de propósito, para enfatizar o que desejava.

Temas e fi guras II

Exercícios de Sala

Orientações

Nessa aula, devem-se abordar os meios utilizados para identificar os grupos de palavras que em um texto formam campos semânticos que concorrem para a construção do tema.

42

82

Aula

INT. DE TEXTO

16

Houve quem dissesse que minha posição naquele artigo é politicamente conservadora demais. Pensei em responder que minha opinião sobre família nada tem a ver com postura política, eu que me considero um animal apolítico no sentido de partido ou de conceitos superados, como “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”. Mas, na verdade, tudo o que fazemos, até a forma como nos vestimos e moramos, é altamente político, no sentido amplo de interesse no justo e no bom, e coerência com isso.

E assim, sem me pensar de direita ou de esquerda, por ser interessada na minha comunidade, no meu país, no outro em geral, em tudo o que faço e escrevo (também na ficção), mostro que sou pelos desvalidos. Não apenas no sentido econômico, mas emocional e psíquico: os sem autoestima, sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos.

O que tem isso a ver com minha ideia de família? Tem a ver, porque é nela que tudo começa, embora não seja restrito a ela. Pois muito se confunde família frouxa (o que significa sem atenção), descuidada (o quesignifica sem amor), desorganizada (o que significa aflição estéril) com o politicamente correto. Diga-se de passagem que acho o politicamente correto burro e fascista.

Voltando à família: acredito profundamente que ter filho é ser responsável, que educar filho é observar, apoiar, dar colo de mãe e ombro de pai, quando preciso. E é também deixar aquele ser humano crescer e desabrochar. Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado com verdade e sensatez. Respeitado e cuidado, num equilíbrio amoroso dessas duas coisas. Vão me perguntar o que é esse equilíbrio, e terei de responder que cada um sabe o que é, ou sabe qual é seu equilíbrio possível. Quem não souber que não tenha filhos.

Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de adolescentes. Eventualmente, quando há suspeita séria de perigos como drogas, a relação familiar pode virar um campo de graves conflitos, e muita coisa antes impensável passa a se justificar. Deixar inteiramente à vontade um filho com problema de drogas é trágica omissão.

Assim como não considero bons pais ou mães os cobradores ou policialescos, também não acho que os do tipo “amiguinho” sejam muito bons pais. Repito: pais que não sabem onde estão seus filhos de 12 ou 14 anos, que nunca se interessaram pelo que acontece nas

festinhas (mesmo infantis), que não conhecem nomes de amigos ou da família com quem seus filhos passam fins de semana (não me refiro a nomes importantes, mas a seres humanos confiáveis), que nada sabem de sua vida escolar, estão sendo tragicamente irresponsáveis. Pais que não arranjam tempo para estar com os filhos, para saber deles, para conversar com eles... não tenham filhos. Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife. O que inclui risco, perplexidade, medo, consciência de não sermos infalíveis nem onipotentes. Perdoem-me os pais que se queixam (são tantos!) de que os filhos são um fardo, de que falta tempo, falta dinheiro, falta paciência e falta entendimento do que se passa – receio que o fardo, o obstáculo e o estorvo a um crescimento saudável dos filhos sejam eles.

Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de frequentar os mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma autoridade amorosa e firme.

O tema é controverso, mas o bom senso, meio fora de moda, é mais importante do que livros e revistas com receitas de como criar filho (como agarrar seu homem, como enlouquecer sua amante...). É no velhíssimo instinto, na observação atenta e na escuta interessada que resta a esperança. Se não podemos evitar desgraças – porque não somos deuses –, é possível preparar melhor esses que amamos para enfrentar seus naturais conflitos, fazendo melhores escolhas vida afora.

Lya Luft. Veja, 6 jun. 2007.

2 ITA 2010 A ideia central do texto é: (a) mostrar que a família careta, orientadora e obser-

vadora, é a família ideal.(b) estabelecer comparação entre a família careta e a

família não careta.(c) destacar que na família não careta não se encontra

educação responsável e séria.(d) mostrar que a família careta mantém viva suas

características de autoritarismo e amor.(e) destacar que a família não careta está fora de

moda, porque não prepara os filhos para a vida futura.

Anotações

43

82

Aula

INT. DE TEXTO

16

Houve quem dissesse que minha posição naquele artigo é politicamente conservadora demais. Pensei em responder que minha opinião sobre família nada tem a ver com postura política, eu que me considero um animal apolítico no sentido de partido ou de conceitos superados, como “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”. Mas, na verdade, tudo o que fazemos, até a forma como nos vestimos e moramos, é altamente político, no sentido amplo de interesse no justo e no bom, e coerência com isso.

E assim, sem me pensar de direita ou de esquerda, por ser interessada na minha comunidade, no meu país, no outro em geral, em tudo o que faço e escrevo (também na ficção), mostro que sou pelos desvalidos. Não apenas no sentido econômico, mas emocional e psíquico: os sem autoestima, sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos.

O que tem isso a ver com minha ideia de família? Tem a ver, porque é nela que tudo começa, embora não seja restrito a ela. Pois muito se confunde família frouxa (o que significa sem atenção), descuidada (o quesignifica sem amor), desorganizada (o que significa aflição estéril) com o politicamente correto. Diga-se de passagem que acho o politicamente correto burro e fascista.

Voltando à família: acredito profundamente que ter filho é ser responsável, que educar filho é observar, apoiar, dar colo de mãe e ombro de pai, quando preciso. E é também deixar aquele ser humano crescer e desabrochar. Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado com verdade e sensatez. Respeitado e cuidado, num equilíbrio amoroso dessas duas coisas. Vão me perguntar o que é esse equilíbrio, e terei de responder que cada um sabe o que é, ou sabe qual é seu equilíbrio possível. Quem não souber que não tenha filhos.

Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de adolescentes. Eventualmente, quando há suspeita séria de perigos como drogas, a relação familiar pode virar um campo de graves conflitos, e muita coisa antes impensável passa a se justificar. Deixar inteiramente à vontade um filho com problema de drogas é trágica omissão.

Assim como não considero bons pais ou mães os cobradores ou policialescos, também não acho que os do tipo “amiguinho” sejam muito bons pais. Repito: pais que não sabem onde estão seus filhos de 12 ou 14 anos, que nunca se interessaram pelo que acontece nas

festinhas (mesmo infantis), que não conhecem nomes de amigos ou da família com quem seus filhos passam fins de semana (não me refiro a nomes importantes, mas a seres humanos confiáveis), que nada sabem de sua vida escolar, estão sendo tragicamente irresponsáveis. Pais que não arranjam tempo para estar com os filhos, para saber deles, para conversar com eles... não tenham filhos. Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife. O que inclui risco, perplexidade, medo, consciência de não sermos infalíveis nem onipotentes. Perdoem-me os pais que se queixam (são tantos!) de que os filhos são um fardo, de que falta tempo, falta dinheiro, falta paciência e falta entendimento do que se passa – receio que o fardo, o obstáculo e o estorvo a um crescimento saudável dos filhos sejam eles.

Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de frequentar os mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma autoridade amorosa e firme.

O tema é controverso, mas o bom senso, meio fora de moda, é mais importante do que livros e revistas com receitas de como criar filho (como agarrar seu homem, como enlouquecer sua amante...). É no velhíssimo instinto, na observação atenta e na escuta interessada que resta a esperança. Se não podemos evitar desgraças – porque não somos deuses –, é possível preparar melhor esses que amamos para enfrentar seus naturais conflitos, fazendo melhores escolhas vida afora.

Lya Luft. Veja, 6 jun. 2007.

2 ITA 2010 A ideia central do texto é: (a) mostrar que a família careta, orientadora e obser-

vadora, é a família ideal.(b) estabelecer comparação entre a família careta e a

família não careta.(c) destacar que na família não careta não se encontra

educação responsável e séria.(d) mostrar que a família careta mantém viva suas

características de autoritarismo e amor.(e) destacar que a família não careta está fora de

moda, porque não prepara os filhos para a vida futura.

83TETRA II INT. DE TEXTO

16Aula

► Texto para a questão 3.

PaciênciaLenine e Dudu Falcão

1 Mesmo quando tudo pede2 Um pouco mais de calma3 Até quando o corpo pede4 Um pouco mais de alma5 A vida não para...6 Enquanto o tempo7 Acelera e pede pressa8 Eu me recuso, faço hora9 Vou na valsa10 A vida é tão rara...

11 Enquanto todo mundo12 Espera a cura do mal13 E a loucura finge14 Que isso tudo é normal15 Eu finjo ter paciência...

16 O mundo vai girando17 Cada vez mais veloz18 A gente espera do mundo19 E o mundo espera de nós20 Um pouco mais de paciência...

21 Será que é tempo22 Que lhe falta para perceber?23 Será que temos esse tempo24 Para perder?25 E quem quer saber?26 A vida é tão rara27 Tão rara...

28 Mesmo quando tudo pede29 Um pouco mais de calma30 Até quando o corpo pede31 Um pouco mais de alma32 Eu sei, a vida não para33 A vida não para, não...

34 Será que é tempo35 Que lhe falta para perceber?36 Será que temos esse tempo37 Para perder?38 E quem quer saber?39 A vida é tão rara40 Tão rara...

41 Mesmo quando tudo pede42 Um pouco mais de calma43 Até quando o corpo pede44 Um pouco mais de alma45 Eu sei, a vida não para46 A vida não para...

47 A vida não para...Disponível em:<www.vagalume.com.br/lenine/paciencia.html>

Acesso em: 1 jun. 2011.

3 IME 2012 Assinale a opção em que as palavras do texto pertencem ao mesmo campo semântico.(a) Veloz (v. 17), pressa (v. 7), calma (v. 2) e corpo

(v. 3).(b) Paciência (v. 15), calma (v. 2), pressa (v. 7) e cura

(v. 12).(c) Tempo (v. 6), calma (v. 2), veloz (v. 17) e alma

(v. 4).(d) Veloz (v. 17), pressa (v. 7), calma (v. 2) e tempo

(v. 6).(e) Veloz (v. 17), calma (v. 2), loucura (v. 13) e

paciência (v. 15).

► Texto para a questão 4.

Joaquim de Sousa AndradeO poeta e engenheiro Joaquim de Sousa Andrade

nasceu em Alcântara, Maranhão, em 1833. De família abonada, viajou muito desde jovem, percorrendo inúmeros países europeus. Formou-se em Engenharia de Minas e em Letras pela Sorbonne. Em 1884, lançou a versão definitiva de seu O Guesa, obra radical e renovadora. Morreu abandonado e com fama de louco.

Considerado em sua época um escritor extrava-gante, Sousândrade, como preferia ser identificado, acaba reabilitado pela vanguarda paulistana (os con-cretistas) como um caso de "antecipação genial" da livre expressão modernista. Criador de uma lingua-gem dominada pela elipse, por orações reduzidas e fusões vocabulares, foge do discurso derramado dos românticos. Cosmopolita, o escritor deixou quadros curiosos, como a descrição do Inferno de Wall Street, no qual vê o Capitalismo como doença.

Sua obra mais perturbadora é O Guesa, poema em treze cantos, dos quais quatro ficaram inacabados. A base do poema é a lenda indígena do Guesa Errante. O personagem Guesa é uma criança roubada aos pais pelo deus do Sol e educado no templo da divindade até os 10 anos, sendo sacrificado aos 15 anos.

Anotações

44

84

Aula

INT. DE TEXTO

16

Na condição de poeta maldito, Sousândrade iden-tifica seu destino pessoal com o do jovem índio. Po-rém, no plano histórico-social, o poeta vê no drama de Guesa o mesmo dos povos aborígenes da Améri-ca, condenando as formas de opressão dos colonialis-tas e defendendo uma república utópica.

O Guesa (fragmento)O sol ao pôr do sol (triste soslaio!)... o arroioEm pedras estendido, em seus soluçosDesmaia o céu d’estrelas arenosoE o lago anila seus lençóis d’espelho...Era a Ilha do Sol, sempre floridaFerrete-azul, o céu, brando o ar purezaE as vias-lácteas sendas odorantesAlvas, tão alvas!... Sonoros mares, a ondad’esmeraldaPelo areal rolando luminosa...As velas todas-chamas aclaram todo o ar.

S. Gonzaga. Literatura Brasileira. Disponível em: <www.educaterra.terra.com.br>. (Adapt.).

Acesso em: 14 jun. 2010.

4 IME 2011 Em qual das opções abaixo todas as palavras remetem ao mesmo campo semântico?(a) Sol, estrelas, aclaram, luminosa, soslaio.(b) Sol, aclaram, luminosa, alvas, arroio.(c) Sol, céu, todas-chamas, aclaram, brando.(d) Sol, pôr do sol, estrelas, alvas, sendas.(e) Vias-lácteas, todas-chamas, aclaram, alvas, lumi-

nosa.

5 Leia o excerto a seguir, extraído da obra O corti-ço, de Aluísio de Azevedo.

[...]— É esta! disse aos soldados que, com um gesto,

intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha!

A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.

Os policiais, vendo que ela se não despachava, de-sembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.

E depois embarcou para a frente, rugindo e esfoci-nhando moribunda numa lameira de sangue.

João Romão fugira até ao canto mais escuro do ar-mazém, tapando o rosto com as mãos.

[...]

a) Identifique passagens do texto em que a persona-gem é animalizada.

b) Que efeito de sentido isso traz ao texto?

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia a página 114.II. Faça os exercícios de 7 a 9 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 22 a 24.

Anotações

45

84

Aula

INT. DE TEXTO

16

Na condição de poeta maldito, Sousândrade iden-tifica seu destino pessoal com o do jovem índio. Po-rém, no plano histórico-social, o poeta vê no drama de Guesa o mesmo dos povos aborígenes da Améri-ca, condenando as formas de opressão dos colonialis-tas e defendendo uma república utópica.

O Guesa (fragmento)O sol ao pôr do sol (triste soslaio!)... o arroioEm pedras estendido, em seus soluçosDesmaia o céu d’estrelas arenosoE o lago anila seus lençóis d’espelho...Era a Ilha do Sol, sempre floridaFerrete-azul, o céu, brando o ar purezaE as vias-lácteas sendas odorantesAlvas, tão alvas!... Sonoros mares, a ondad’esmeraldaPelo areal rolando luminosa...As velas todas-chamas aclaram todo o ar.

S. Gonzaga. Literatura Brasileira. Disponível em: <www.educaterra.terra.com.br>. (Adapt.).

Acesso em: 14 jun. 2010.

4 IME 2011 Em qual das opções abaixo todas as palavras remetem ao mesmo campo semântico?(a) Sol, estrelas, aclaram, luminosa, soslaio.(b) Sol, aclaram, luminosa, alvas, arroio.(c) Sol, céu, todas-chamas, aclaram, brando.(d) Sol, pôr do sol, estrelas, alvas, sendas.(e) Vias-lácteas, todas-chamas, aclaram, alvas, lumi-

nosa.

5 Leia o excerto a seguir, extraído da obra O corti-ço, de Aluísio de Azevedo.

[...]— É esta! disse aos soldados que, com um gesto,

intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha!

A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.

Os policiais, vendo que ela se não despachava, de-sembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.

E depois embarcou para a frente, rugindo e esfoci-nhando moribunda numa lameira de sangue.

João Romão fugira até ao canto mais escuro do ar-mazém, tapando o rosto com as mãos.

[...]

a) Identifique passagens do texto em que a persona-gem é animalizada.

b) Que efeito de sentido isso traz ao texto?

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 6I. Leia a página 114.II. Faça os exercícios de 7 a 9 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 22 a 24.

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: C. Todos os vocábulos apontados na alternativa c (saracoteio, rabanar, cangote, pincham) têm evidente caráter popular. Nas

demais alternativas, sempre há pelo menos uma palavra sem a marca de coloquialidade: a) senzalas; b) delírio; c) fazenda; d) cambalhotas.

2 Alternativa: A. Na passagem “[...] que depois de escrever que família deveria ser careta [...]”, fica implícita a ideia de que esse tipo de

família seria a ideal para a autora do texto.

3 Alternativa: D. Campo semântico é definido como um conjunto de palavras que apontam para um mesmo assunto. Na alternativa d, todos

os vocábulos remetem à ideia de tempo. Nas demais alternativas, há uma palavra que não pertence ao campo semântico: a) corpo; b) cura; c) alma; e) loucura.

4 Alternativa: E. As palavras remetem ao campo semântico da luminosidade.

5 a) Podem ser relacionadas: “escamas e tripas de peixe”, “ímpeto de anta bravia”, “rugindo”, “esfocinhando”. b) A comparação entre a escrava e o animal. Nesse sentido, há uma depreciação do ser humano em função da sua

condição. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.

Anotações

46

Anotações

47

85TETRA II INT. DE TEXTO

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Aula

17Discurso

Discurso será tratado aqui como sinônimo de vi-são de mundo, ideologia. Todo texto traz uma visão de mundo, e ela, em cada um de nós, por exemplo, é produto de muitos discursos.

DISCURSO↓

PRODUTO DE MUITOS DISCURSOS ↓ ↓ ↓ ↓ ↓

FAMÍLIA ESCOLA AMIGOS MÍDIA RELIGIÃO

Da mesma forma que cada um de nós possui um dis-curso, também a arte, a literatura e a pintura têm uma ideologia, uma visão de mundo. Veja o excerto a seguir:

O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.

Oswald de Andrade. “Manifesto Pau-Brasil”.

O manifesto de Oswald de Andrade apresenta uma visão de mundo: a valorização da cultura nacional,

sobretudo a popular. O discurso pode variar no tempo, no espaço, no grupo social.

InterdiscursividadeA interdiscursividade é o fato de um texto remeter

a uma visão de mundo que já existe. Assim, os textos de Antônio Vieira mantêm uma relação interdiscursiva com o Barroco; a obra de Pablo Picasso, com o Cubis-mo; Olavo Bilac, com o Parnasianismo. O manifesto de Oswald de Andrade, citado anteriormente, mantém uma relação interdiscursiva com o Modernismo.

IntertextualidadeOcorre a intertextualidade com um texto que cita

outro, seja no estilo, seja registrando passagens da obra original. Veja esse exemplo:

Minha terra tem macieiras da CalifórniaMurilo Mendes. “Canção do exílio”.

O texto de Murilo Mendes mantém relação inter-textual com a famosa "Canção do exílio", de Gonçalves Dias. A intertextualidade é recurso expressivo nas ar-tes, mas também ocorre na publicidade e no cotidiano.

► Texto para a questão 1.

“Equilíbrio”. Folha de S.Paulo, 21 maio 2013.

1 Fuvest 2014 No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois recursos de intertextualidade: um, o próprio autor o torna explícito; o outro encontra-se em um dos trechos citados abaixo. Indique-o.(a) “Você é um horror!”(b) “E você, bêbado.”

(c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho e ver o alcoólatra machista de sempre.”

(d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o em-prego, a família e o auto respeito.”

(e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”

Texto, ideologia e argumentação I

Exercícios de Sala

Orientações

Essa aula se inicia com a definição de discurso enquanto sinônimo de “visão de mundo” e produtor de muito outros discursos. Nesse contexto, inserem-se também as noções de interdiscursividade e intertextualidade, que devem ficar bem claras para os alunos.

48

86

Aula

INT. DE TEXTO

17

2 Enem 2013Texto I

É evidente que a vitamina D é importante – mas como obtê-la? Realmente, a vitamina D pode ser produzida naturalmente pela exposição à luz do sol, mas ela também existe em alguns alimentos comuns. Entretanto, como fonte dessa vitamina, certos alimentos são melhores do que outros. Alguns possuem uma quantidade significativa de vitamina D, naturalmente, e são alimentos que talvez você não queira exagerar: manteiga; nata, gema de ovo e fígado.

Disponível em: <http://saude.hsw.uol.com.br>. Acesso em: 31 jul. 2012.

Texto IITodos nós sabemos que a vitamina D (colecalciferol)

é crucial para a saúde. Mas a vitamina D é realmente uma vitamina? Está presente nas comidas que os humanos normalmente consomem? Embora exista em algum percentual na gordura do peixe, a vitamina D não está em nossas dietas, a não ser que os humanos artificialmente incrementem um produto alimentar, como o leite enriquecido com vitamina D. A natureza planejou que você a produzisse em sua pele, e não a colocasse direto em sua boca. Então, seria a vitamina D realmente uma vitamina?

Disponível em: <www.umaoutravisao.com.br>. Acesso em: 31 jul. 2012.

Frequentemente, circulam na mídia textos de divul-gação científica que apresentam informações diver-gentes sobre um mesmo tema. Comparando os dois textos, constata-se que o texto II contrapõe-se ao I quando:(a) comprova cientificamente que a vitamina D

não é uma vitamina. (b) demonstra a verdadeira importância da vitami-

na D para a saúde. (c) enfatiza que a vitamina D é mais comumen-

te produzida pelo corpo do que absorvida por meio de alimentos.

(d) afirma que a vitamina D existe na gordura dos peixes e no leite, não em seus derivados.

(e) levanta a possibilidade de o corpo humano pro-duzir artificialmente a vitamina D.

3 Enem 2013

Kuczynskiego, P. Ilustração. 2008. Disponível em: <http://capu.pl>. Acesso em: 3 ago. 2012.

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilus-trações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para:(a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. (b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. (c) provocar a reflexão sobre essa realidade. (d) propor alternativas para solucionar esse pro blema. (e) retratar como a questão é enfrentada em vários

países do mundo.

4 Leia os textos e assinale a alternativa correta.

Texto IHino Nacional Brasileiro

Joaquim Osório Duque Estrada.

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;“Nossos bosques têm mais vidaNossa vida” no teu seio “mais amores”.Ó Pátria amada [...]

Texto IICanção do exílio

Gonçalves Dias.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

(a) Há interdiscursividade e intertextualidade.(b) Há intertextualidade, mas não há interdiscursi-

vidade.(c) Não há intertextulidade nem interdiscursividade.(d) Ambos os discursos são disfóricos.(e) Ambos os textos são críticos.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 7I. Leia as páginas de 131 a 133.II. Faça os exercícios de 4 a 6 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 1, 2 e 7.

Anotações

49

86

Aula

INT. DE TEXTO

17

2 Enem 2013Texto I

É evidente que a vitamina D é importante – mas como obtê-la? Realmente, a vitamina D pode ser produzida naturalmente pela exposição à luz do sol, mas ela também existe em alguns alimentos comuns. Entretanto, como fonte dessa vitamina, certos alimentos são melhores do que outros. Alguns possuem uma quantidade significativa de vitamina D, naturalmente, e são alimentos que talvez você não queira exagerar: manteiga; nata, gema de ovo e fígado.

Disponível em: <http://saude.hsw.uol.com.br>. Acesso em: 31 jul. 2012.

Texto IITodos nós sabemos que a vitamina D (colecalciferol)

é crucial para a saúde. Mas a vitamina D é realmente uma vitamina? Está presente nas comidas que os humanos normalmente consomem? Embora exista em algum percentual na gordura do peixe, a vitamina D não está em nossas dietas, a não ser que os humanos artificialmente incrementem um produto alimentar, como o leite enriquecido com vitamina D. A natureza planejou que você a produzisse em sua pele, e não a colocasse direto em sua boca. Então, seria a vitamina D realmente uma vitamina?

Disponível em: <www.umaoutravisao.com.br>. Acesso em: 31 jul. 2012.

Frequentemente, circulam na mídia textos de divul-gação científica que apresentam informações diver-gentes sobre um mesmo tema. Comparando os dois textos, constata-se que o texto II contrapõe-se ao I quando:(a) comprova cientificamente que a vitamina D

não é uma vitamina. (b) demonstra a verdadeira importância da vitami-

na D para a saúde. (c) enfatiza que a vitamina D é mais comumen-

te produzida pelo corpo do que absorvida por meio de alimentos.

(d) afirma que a vitamina D existe na gordura dos peixes e no leite, não em seus derivados.

(e) levanta a possibilidade de o corpo humano pro-duzir artificialmente a vitamina D.

3 Enem 2013

Kuczynskiego, P. Ilustração. 2008. Disponível em: <http://capu.pl>. Acesso em: 3 ago. 2012.

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilus-trações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para:(a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. (b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. (c) provocar a reflexão sobre essa realidade. (d) propor alternativas para solucionar esse pro blema. (e) retratar como a questão é enfrentada em vários

países do mundo.

4 Leia os textos e assinale a alternativa correta.

Texto IHino Nacional Brasileiro

Joaquim Osório Duque Estrada.

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;“Nossos bosques têm mais vidaNossa vida” no teu seio “mais amores”.Ó Pátria amada [...]

Texto IICanção do exílio

Gonçalves Dias.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

(a) Há interdiscursividade e intertextualidade.(b) Há intertextualidade, mas não há interdiscursi-

vidade.(c) Não há intertextulidade nem interdiscursividade.(d) Ambos os discursos são disfóricos.(e) Ambos os textos são críticos.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 7I. Leia as páginas de 131 a 133.II. Faça os exercícios de 4 a 6 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos 1, 2 e 7.

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: E. No último quadrinho, a fala da mulher refere-se a uma expressão popular, “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”,

caracterizando o segundo recurso de intertextualidade.

2 Alternativa: C. O texto II contrapõe-se ao texto I porque aquele indica que a vitamina D não está presente em nossa dieta, ao contrário

deste, que cita certos alimentos que contêm determinada quantidade dessa vitamina.

3 Alternativa: C. A obra de Pawla Kuczynskiego, reproduzida na questão, não alude à origem das diferença sociais nem propõe soluções,

apenas provoca uma reflexão sobre o problema.

4 Alternativa: A. Há a mesma visão de mundo e há a citação.

Anotações

50

Anotações

51

87TETRA II INT. DE TEXTO

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Aula

18Propaganda ideológica

A propaganda ideológica, ao contrário [dos demais tipos de propaganda], é mais ampla e mais global. Sua função é a de formar a maior parte das ideias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social. As mensagens apresentam uma versão da realidade a partir da qual se propõe a necessidade de manter a sociedade nas condições em que se encontra ou de transformá-la em sua estrutura econômica, regime político ou sistema cultural.

Nélson Jahr Garcia. Propaganda ideológica e manipulação. Disponível em: <www.ebooksbrasil.org/adobeebook/

manipulacao.pdf>. p. 10-1. Acesso em: 12 dez. 2013.

Veja alguns mecanismos empregados para a pro-paganda a favor do governo.a) Slogans: Brasil: ame-o ou deixe-o. Slogan do governo brasileiro durante o regime

militar.

b) Criação de secretarias para fins de controle do ci-dadão:– Aerp: Assessoria Especial de Relações públi-

cas da Presidência da república (Costa e Silva e Médici)

– Airp: Assessoria de Imprensa e Relações Pú-blicas (Geisel)

– Secom: Secretaria da Comunicação Social.c) Campanha nas ruas.d) Retrato nas salas.e) Nome de avenidas, ruas, praças:

1 Enem 2013

Caulos. Disponível em: <www.caulos.com>. Acesso em: 24 set. 2011.

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a: (a) opressão das minorias sociais. (b) carência de recursos tecnológicos. (c) falta de liberdade de expressão. (d) defesa da qualificação profissional. (e) reação ao controle do pensamento coletivo.

2 Enem 2013

C. Cury. Disponível em: <http://tirasnacionais.blogspot.com>. Acesso em: 13 nov. 2011.

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de intera-ção e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude:(a) crítica, expressa pelas ironias.(b) resignada, expressa pelas enumerações.(c) indignada, expressa pelos discursos diretos.(d) agressiva, expressa pela contra-argumentação.(e) alienada, expressa pela negociação da realidade.

Texto, ideologia e argumentação II

Exercícios de Sala

Orientações

Nessa aula, discute-se o papel da propaganda ideológica na formação de ideias nos indivíduos com vistas a orientar seu comportamento social. Apresente aos alunos os mais diversos exemplos desse tipo de propaganda.

52

88

Aula

INT. DE TEXTO

18

3 Enem 2013

SECRETARIA DE CULTURA

EDITALNOTIFICAÇÃO — Síntese da resolução publicada no

Diário Ofi cial da Cidade, 29/07/2011 — página 41 — 511ª Reunião Ordinária, em 21/06/2011.

Resolução n° 08/2011 — TOMBAMENTO dos imóveis da Rua Augusta, n° 349 e n° 353, esquina com a Rua Marquês de Paranaguá, n° 315, n° 327 e n° 329 (Setor 010, Quadra 026, Lotes 0016-2 e 00170-0), bairro da Consolação, Subprefeitura da Sé, conforme o processo administrativo n° 1991-0.005.365-1.

Folha de S.Paulo, 5 ago. 2011. (Adapt.).

Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para ex-pressar sua concordância é: (a) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo

estado de conservação devem ser derrubados. (b) Até que enfim! Os edifícios localizados nesse

trecho descaracterizam o conjunto arquitetôni-co da Rua Augusta.

(c) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos morado-res locais.

(d) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de mo-radias populares.

(e) Congratulações! O patrimônio histórico da ci-dade merece todo empenho para ser preservado.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 7I. Leia as páginas de 133 a 137.II. Faça os exercícios 1 e 3 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 8 a 10.

Anotações

53

88

Aula

INT. DE TEXTO

18

3 Enem 2013

SECRETARIA DE CULTURA

EDITALNOTIFICAÇÃO — Síntese da resolução publicada no

Diário Ofi cial da Cidade, 29/07/2011 — página 41 — 511ª Reunião Ordinária, em 21/06/2011.

Resolução n° 08/2011 — TOMBAMENTO dos imóveis da Rua Augusta, n° 349 e n° 353, esquina com a Rua Marquês de Paranaguá, n° 315, n° 327 e n° 329 (Setor 010, Quadra 026, Lotes 0016-2 e 00170-0), bairro da Consolação, Subprefeitura da Sé, conforme o processo administrativo n° 1991-0.005.365-1.

Folha de S.Paulo, 5 ago. 2011. (Adapt.).

Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para ex-pressar sua concordância é: (a) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo

estado de conservação devem ser derrubados. (b) Até que enfim! Os edifícios localizados nesse

trecho descaracterizam o conjunto arquitetôni-co da Rua Augusta.

(c) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos morado-res locais.

(d) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de mo-radias populares.

(e) Congratulações! O patrimônio histórico da ci-dade merece todo empenho para ser preservado.

GUIA DE ESTUDOInterpretação de texto / Livro Único / Capítulo 7I. Leia as páginas de 133 a 137.II. Faça os exercícios 1 e 3 da seção “Revisando”.III. Faça os exercícios propostos de 8 a 10.

Resoluções Exercícios de Sala

1 Alternativa: E. A cor e o posicionamento da figura destacada confirmam a reação ao controle, representado pelo dispositivo de corda das

demais figuras.

2 Alternativa: A. A respeito do uso social da tecnologia para fins de interação e de informação, Caetano Cury, produtor da tirinha, assume

uma posição crítica, expressa por meio de ironias. A ironia é um fenômeno linguístico em que a enunciação nega a intenção do enunciador. Na tira, o narrador afirma que,

no mundo virtual, não há preconceitos, não há ignorância e não há covardia, o que é negado empiricamente por meio do discurso direto das personagens: “Sou alto, loiro e sincero” (portanto há preconceito, de qualquer espécie, contra quem não for alto e/ou loiro), “Ler pra quê?” (ignorar a leitura implica, para Cury, ignorância) e “Nova mensagem: ‘Eu não te amo mais’” (se uma pessoa põe fim a uma relação sem ser pessoalmente, ela é covarde).

Pode-se afirmar que o posicionamento de Cury, além de ser expresso por uma atitude crítica, é manifestado por uma atitude indignada, o que validaria a alternativa c. Todavia, a indignação não é expressa pelos discursos diretos; ela deriva justamente da ironia. As outras alternativas são absurdas: não há uma atitude conformada, agressiva, nem alienada por parte de Cury.

3 Alternativa: E. Observa-se o sentido da palavra tombamento, ligado à preservação do patrimônio histórico.

Anotações