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Preço do jornal - Cr$ 15,00

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TÔ NAS BOCAS ! FAVELAO - 2

i Prá quem já me conhece (leu o primeiro número ou $

participou da equipe que fez meu parto) sabe como e /

porque eu nasci.

Já andei de colo em colo, minha mãe me levou em várias favelas. Ainda dependo daquela força e daquele apoio de vocês. Algumas pessoas falaram que eu tinha al- gumas coisas erradas e eu procurei sacar do que é que elas estavam querendo dizer.

Para ficar mais por dentro, todo mês eu estou com o meu pessoal fazendo uma reunião numa favela diferente, aí é muito bacana porque os moradores daquele local passam a colaborar também com a minha gente, princi- palmente a turma que faz jornal em favela.

Assim, já estamos funcionando numa sala em Parada de Lucas, já houve uma reunião de pauta no morro do Galo e outras vão pintar... Tem gente à bessa que gostou de saber que a minha é servir as favelas do Rio.

Bem, minha mãe me ensinou que dois e dois são quatro, por isso, eu vim para somar. Já se foi o tempo em que a gente tinha que ficar calado, não podia nem reclamar do cheiro ruim que tinha naqueles buracos cheios de lama. Agora a coisa mudou, estou vendo muita gente se reunindo e combinando como vão reclamar des- tas coisas e botar a boca no mundo.

A minha turma tem me levado para cada passeio le- gal, nas Pastorais, nas Praças, nos Sindicatos, nas Asso- ciações, nas Bi roscas e outros lugares.

Sou muito levado, mas com a cabeça no lugar, mi- nha mãe me ensinou que não adianta fazer manha, te- nho mais é que aprender com meus tios a fazer a vida melhorar nas favelas e saber porque não temos as coisas iguais àquelas pessoas que moram em casas grandes.

Estou disposto a aprender a trabalhar muito, mas muito mesmo, prá mudar esta situação. Claro, né, con- tando com a colaboração de vocês.

yçiiiiíiíiíiiiisíisiititiís^^ Favelao.

EXPEDIENTE .\

Favelao A voz dos favelados *

NO 2 — dezembro 81

Um jornal feito por favelados para os favelados

Endereço: Favela Parada de Lucas, Rua Democracia, 27

Secretaria Geral: Célia Fernandes Correia Arte: Sérgio Canda

Colaboradores: Edinaldo, Marcao, Bira, Reginaldo, Marcos,

Amnoria Técnica: Gilda Vieira, Hermógenes Filho e Maurício Ruiz.

Impressão: Grafica Editora Jornal do Com- mércio

^^oTctiAíL UM Peeso^AG-ÊM peo AJOSSO noewftL?

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TROCANDO

A redação do Favelao é em Parada de Lucas, à rua da Democracia n9 27 e, não em Mangueira como estava no editorial.

ESQUECENDO

Esquecemos de agradecer a colabora- ção do pessoal de Chapéu Mangueira quel enriqueceu a nossa matéria, "Ervas que| curam". Aí, valeu!

leitor-! "Gostei de ver a matéria publicada

neste jornal sobre as ervas que curam... Gostaria de saber onde adquiri-las e como identificá-las, a fim de não ser enganado".

Cândido Neto

Resposta: As plantas citadas no número anterior, na seção "Ervas que curam" po- dem ser adquiridas nos camelôs que ven- dem ervas nas feiras livres e, duvido que algum favelado desconheça-as! Outro en- dereço certo é o de Dona Dada, no Vidi- gal. E,é claro, o conhecido Cacique Ariné, na rua Amélia em Nova Iguaçu.

E tempo de liberdade! A escravidão do negro é produto de exploração econômica e do racismo.

Nossa luta pela liberdade está ai'. Não é livre aquele que vive explorado; que é tratado como inferior, não é livre aquele que nasce sendo empurrado para a marginalidade.

FAVELÃO - 3

4 A -■

L Em passeata, os negros mostram que lutarão pelos seus direitos.

0 MOVIMEWTO NEGRO Em comemoração à morte de

Zumbi — negro que foi martirizado por lutar pela nossa liberdade — no dia 20 de novembro, várias entidades co- mo IPCN (Instituto de Pesquisa e Cul- tura Negra), MNU (Movimento Negro Unificado), Círculo de Chico Reis, Jornal Sinba, Aqualtune e a cantora Zezé Mota participaram da "Caminha- da contra o Racismo"; indo do Largo de São Francisco até o Campo de San- tana, dali seguiram para o Maracanãzi- nho onde estava sendo realizado um show de Música Popular Brasileira, denominado "Acorda Zumbi".

Durante o show Zezé Mota denun- ciou que a organização foi promovida por parlamentares interessados em votos. Mas a festa não terminou ali, em Santa Tereza, no sábado foi apre- sentado um show de capoeira, filme e comidas típicas.

NO MORROSAOJOÃO

Neste mesmo dia, à noite, no mor- ro de São João, no Engenho Novo, foi passado o filme "Cinco vezes favela" e

uma série de slides sobre a África. O morro inteiro vibrou com o filme, pois alguns pontos foram tocantes, assim como: a insegurança de moradia e a exploração de pessoas poderosas junto à favela. Em seguida a festa foi anima- da por um conjunto de samba forma- do pelos próprios moradores.

Pense bem, meu irmão negro, não espere o próximo ano para mostrar a sociedade que você existe.

— Assuma a sua negritude. — Denuncie toda espécie de explo-

ração e discriminação. — Valorize e preservaasua cultura. — Exalte os heróis negros brasilei-

ros.

MISSA PARA ZUMBI

Dom José Maria Pires, negro, Ar- cebispo de João Pessoa, celebrou a "Missa dos Quilombo", cerca de 6 mil pessoas vindas de vários estados assisti- ram a missa, na Praça do Carmo, no centro de Recife. A parte musical da missa ficou a cargo do cantor Milton Nascimento, que fez de parceria com o bispo dom Pedro Casaldáliga.

MENSAGEM DE NATAL

A cada vinte e cinco de dezembro nasce um "Negrinho" na favela, é mais um cristo que nasce.

Nasce lá sem ter onde se embrulhar, sem ter o que comer, onde morar e dor- mir. Ele não veio para salvar, mas para dar continuidade a essa difícil tarefa de trans- formação social.

Se por acaso nascer no natal uma me- nina, não há problema, pois temos certeza que ela fará o mesmo que ele.

Não é tão difícil imaginar este cristo sem cor, sem sexo e sem egoísmo.

Pensando estar agradando a Cristo, as pessoas se enganam comprando presen- tes, vinhos e roupas novas. Esquecem que o natal é muito mais profundo...

VIOLêNCIA NAS AVELÃS

Recentemente, Francisco Gilmar de Souza foi estúpida mente assassinado por um policial na favela da Rocinha. Este e um caso dramático que vem se Juntar a tantos ou- tros: a menina Mareia foi baleada na saida da escola na favela da Mangueira; Amauri da Conceição foi morto por um tiro de escopeta no V/idigal.

As comunidades reagem, mas os fatos sao arquivados . No caso do Uidigal, o boicote ao corpo do^Amauri no Insti tuto Medico Legal, abrigou a caravana em ônibus com fai- xas e cartazes, retornar a favela. A injustiça social ma- tou recentemente Gilmar. Quantos serão precisos para que o povo tenha direito a Justiça?

IMeste numero trazemos o depoimento de Marcos e Regi- naldo

Se mexer) leva chumboi

VIOLÊNCIA, o nome já diz o que signi fica: é o uso da força contra o pró- ximo, agredindo assim, a sociedade em que vive.

O policial é preparado para estar pronto para dar segurança e tranqui lidade ã população - inclusive aos favelados - o que geralmente não o- corre, devido ã forma violenta com que eles sobem na favela, molestan- do pessoas inocentes. O favelado tem o policial como homem mau, fazedores de leis próprias. Tudo isso e mais alguma coisa. Nós sentimos na pele, dentro da favela, a estupidez poli- cial .

A violência policial já começa quan do os policiais saltam do camburão-

e vêm em direção ã favela, mandando pessoas que encontram no caminho dei tarem no chão. Se mexer, leva chum--

bo'/ Onde está a boca? Tá escondendo ■ vagabundo? Tá sem documento vai em cana! é gíria da favela dizer que quem mata morre e quem trabalha mor re da mesma forma.

A agressão por parte dos policiais ê comum. Faz parte do cenário. Cada instante uma favela sofre a repres- são policial.

Precisamos reagir.

Para que não houvesse abuso dos po- liciais junto aos moradores, no Can tagalo, fizeram uma reunião com õ Comandante do 199 Batalhão, propon- do que quando os policiais fizessem ronda na favela, pedissem apenas os documentos para identificação, sem violência e com educação. Foi acei- to e hoje os moradores estão um pou co mais tranqüilos.

Marcos, do Cantagalo

VOCÊ É SUSPEITO

Estou descendo a favela a fim de ir pro Leblon. O mormaço está esquentando a promessa é de tempo bom. Que vontade de ir a praia mas eu não sou de transação. Tenho família pra bancar e eu mesmo sou patrão. Esqueci os documentos mas não posso voltar não. Está em cima do horário e o lucro é muito bom. Nisso sobe a polícia. Mão na cabeça negão. Tira tudo do bolso e vai jogando no chão. Fale pouco e baixo pra não ganhar um bofetão. Aqui quem fala é a gente e não queremos sugestão. E em primeiro lugar deixe eu ver a sua mão. Mas eu moro na favela estou indo pro Leblon. Pergunte para as pessoas obtenha informação. Deixe um garoto ir buscar minha documentação. Você já falou demais cale a boca negão. Soldado, leve-o daqui tranque-o no camburão. Vamos apresentar serviço pois é nossa obrigação. Subir a favela e descer sem ninguém com a nossa turma não.

Marcão do Vidigal.

Crianças traumatizadas

A imprensa - falada, escrita e tele visada - já há bastante tempo vem noticiando as atrocidades causadas pelas batidas policiais nas fave- las, quando executam as blitz.

O desrespeito é total às pessoas, decorrentes do abuso do poder. Inú- meros sao os danos causados pelos excessivos abusos, desde a morte de crianças como a menina Márcia (Man- gueira) , adolescentes (São Carlos, Pavão) e muitos outros casos que já estamos cansados de ouvir, ou mesmo ver.

Na favela^ de noite ou de dia,os po liciais não pedem licença para en- trar, simplesmente metem os pés na porta e estão dentro, de arma em

punho, pronta para ser disparada, nao se importando se vai em uma cri anca, num trabalhador, ou em qual- quer ura, bastando para isso, que o suspeito corra ou apenas se mexa.

As crianças a tudo assistem paradas, traumatizadas...

Soube de um fato que me deixou bas- tante otimista quanto ao problema, é que fiquei sabendo que era algumas comunidades faveladas, por iniciati va das suas comissões jurídicas, es tão discutindo o problema, com af1

guns bons resultados. ~

Não ê praticando mais violência que se vai acabar cora a miséria e com a pobreza que atinge a milhões de brasileiros.

Reginaldo, Morro Sao João

FAVELAO - 6

DE FAVELA ^ FAVELA O^^Ei£jLÜ21'

Hoje esta pergunta nao a guentaria muito tempo sem re^ posta.

Para onde iremos?- Iremos nos unir a outras

fav/elas e mostrar que o fave- lado em momento algum deixara de lutar.

Nao iremos em momento ai_ gum deixar nossos filhos so- frerem como ja sofreram e fo- ram explorados os nossos pais.i

Lugar de favelado e na a rea de favela. Uma favela ur-f banizada, uma favela limpa,pai ra que todos possam usar o li reito de UIUER DIGNAMENTE ,.con forme o consignado na Declara ção Universal dos Direitos de Homem,

A Pastoral de Favelasfaz o seu papel: ajuda o favelado a se conscientizar de que a luta'e sua e ele deve partici|

PC * Nao queremos favores sim aplicação de leis que nos assegurem o sagrado direito de viver como gente e nos a- firmarmos como homem,para nos mantermos vivos como elemen -| tos de sociedade que somos.

Fica a certeza: FAREMOS MAIS.

UNIDOS

(retirado do jornal AZUL, doj Bairro Azul)

0 FA»rrA%M/\ í)0 BN/ti

Os moradores da área da Ma ré, na sua maioria estão satisfei" tos com o Projeto Eio, já que não se organizam para verificar e docu mentar as informações que recebe - ram apenas de boca do BNH, ENGE - |VIX e FUNDREM.

Existem várias dúvidas pa- 1ra serem esclarecidas, e não pode- mos ficar esperando que os órgãos do governo venham decidir por nós.

De certa maneira, o Proje- to e satisfatório para quem vai fi car^onde está. Já os remanejados T

terão que^enfrentar o fantasma do 1 BNH. Alguém pode dizer... pagarIC^á do salário mínimo não é nada. Mas acontece que este preço será para as casas mais inferiores, ou seja, de menor terreno e menor tamanho . Logo na euforia...passamos a pen- sar ... "apertando e até espremendo um pouquinho, posso pagar uma pre_s tação mais alta e escolher uma ca~ sa maior e morar melhor'.' Tudo beml Você já sabe de quanto subiram as prestações do BNH este ano? 72%... 0 que representa quase o dobro da- mensalidade. Mesmo que se pague so mente os 10% do salário mínimo, te" remos que pagar os impostos, taxa-

[de lixo, água, luz e esgoto,etc... Temos que tomar como exem-

plo os vários conjuntos do BNH,que foram abandonados, porque seus ocu Ipantes não suportaram o aumento Idisparado das prestações.

(retirado do jornal UNIÃO DA MARÉ)

m

chega de samba dpio

Até quando vamos sambar nas■ mSos dos aproveitadores? Ate quando ■ ^^ me ^ ~° saio daqui níQ- vamos morrer à mingua, sem alimenta ■ tira? s6 dep^de d^^;-''^^

çSo, e sambando? |nos colocarmos como dirigentes de , K r,rio 1 agremiações de samba. Até quando vamos sambando , i

sambando? Ziriguidum, lata d'agua na cabeça, lá vai Mariaí Ch^^n , ^1 (^sé Luiz - Presidente do Bloco warizesi Olha este garoto, quando Icarnãvalesco Unidos de l/iía Rioa) samba e osso sol... ■ ■

CURTAS © bO^S

*». rf» 44 favelas entregaram Representante de44^ ^^

"0 dia 29/10 a t^Í» favelas do Estado água e esgoto em todas as tave

A capela do morro de Santa Rosa em Jacare- paguá, na Praça Seca, parou a sua obra por ter aparecido na comunidade, um senhor que se d.z ser dono das terras, onde alguns já mo-:

ram a mais de 45 anos, mas a Pastoral, que foi comumcada, está resolvendo a causa, jun- tamente com os moradores.

^ão jurídis.a;S:^ assembléia geral das ^s trabalhodig- Palácio São Joaqu.m ev.u um t ^ n0 da P^nça ^era d^t^ -^.^ A

t^de ^Trportante. (Comissão

Jurídica)

FAVELAP - 7

FAVEUMARÍÍ^7 Estamos com s^ri™

--água, não ímÍr,^,eniaS- Não *' Pf«.ma. Temosoffóos nf? t e nossa '^ * há mais de 1 ano T " L,9htena CEDAF di^. (Eranc-c

n0

0'srsrda ^ for"« «-

A favela de Marcm* n- Po«o médico do (NAMps ' 9anhou um

será uma vez por Jm! ' 0 atendimento ^atuitamente. ' mana e terS° ^médios

Ob A favela do

ra do Cantagal

ma de mutirão "o, está o seu

0 com a ajuda da

mo**a tem grandes „? Comunitário. A cheia aranoes piano$. Tío . . ,_

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Tffo de bola

Jâ estão sendo feitas as medições do ter- reno para colocação dos postes, que trarão a

luz direta da Light. T c. .ú Wr L -

O Morro da Baiana, com suas fortes reu- niões e comissões constantes, conseguiu da Prefeitura uma verba de Cr$ 3.000.000,00 (três milhões de cruzeiros) para a construção de um Reservatório de Água. (Ruy Pereira Rodrigues)

A Pastoral de Sáude com a arrecadação fda Campanha da Fraternidade, fará um ma- terial audiovisual, à fim de conscientizar a população favelada.

A diretoria da

U

Vou te contar: tem gente que fica espe- rando o final da reunião de Pastoral da zona sul só pensando na boca qunvem depois. E. el« arrumaram um jeito de ter muita gente na reunião, tem sempre lanche no final.

Para melhor entrosamento dos morado- a Pastoral é feita cada vez res da Zona Sul. a Pastoral é feita cada vez

em uma favela. Os moradores preparam a

favela Chapéu Mangueira através da Dra. Olga Sodré, conseguiu da FUNARTE, 5 (cinco) bolsas de estudos no valor de 400 mil cruzeiros. As bolsas são de: Dança Clássica, Judô, Capoeira, Artesanato e Desenho. Os bolsitas receberão aulas no Par- que Lage com todas as despesas pagas. Após a conclusão dos cursos, os mesmos irão ser contratados pela FUNARTE para darem au- las na própria comunidade recebendo os seus

salários.

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# i> NOTAS SOCIAIS í> í> i> í^í? í><í *

Foi comemorado 41 anos de existência da favela do Jacarezinho. Localizada no su- búrbio carioca, é a segunda maior favela do Rio de Janeiro, com mais de 130 mil mora- dores, é totalmente urbanizada. Caminha re- sistindo às investidas de políticos oportunis- tas.

Filhinha, da Comissão Jurídica do ^ Chapéu Mangueira, comemorou mais um X aniversário no dia 8 de dezembro. Para- béns, (da sua amiga Augustinha).

##$ Joaquim Gonçalves e Isabel Cristina

Gonçalves, do Morro da Coroa, comple- tam bodas de prata no dia 26 de dezem- bro.

Jesus Augusto Rodrigues Gomes, da comunidade São Francisco de Assis, co- memora 27 anos no dia 24 de dezembro.

FESTA COMUNITÁRIA

A comunidade do Divino Espírito Santo informa que haverá uma festividade no próximo dia 25 de dezembro, com vá- rias partidas de futebol entre moças, crian- ças, e o tradicional casados x solteiros.

A festa culminará com um churrasco regado a cervejas e refrigerantes.

Informamos, também, que haverá uma reunião para aprovação do Estatuto da Associação de Moradores, na qual será marcada a eleição para a formação da diretoria.

^í? í><^i>-£-{><í<i<í^i><r-<íí>íH;í

Soluções das palavras cruzadas do número anterior:

Horizontais: 1 - lixo, 2 - birosca, 3 - terra, 4 - associação, 5 - pagode, 6 - remoção, 7 - esgoto

Verticais: 1 - CEB, 2 - mutirão, 3 - vala, 4 - FAFERJ, 5 - Favelão, 6 - gato, 7 - creche, 9 - Adão.

TRAIÇÃO// O Favelão está mordido com a trai-

ção que estão sofrendo os moradores do Morro Azul. Quando a Companhia do Me- tropolitano dinamitou uma parte do mor- ro para construir a estação do metrô, pro- meteu e cumpriu, homenageando os mo- radores com o nome da estação.

Mas o Jornal do Brasil, resolveu pro- mover uma campanha para mudar o nome da estação prá Flamengo. E é o Sr. Márcio Braga (provável candidato às eleições de 82) quem pressionou o JB prá promoção da campanha.

Acontece que já houve as eleições e o nome será mudado se a Associação de Moradores do Bairro Azul e a recém cria- da Associação de Moradores do Flamengo não rejeitarem esta manobra.

Porque, geograficamente a estação fi- ca no Morro, à rua Marques de Abrantes e não no Flamengo. E para que a vontade da população do Morro Azul e a promessa da Companhia do Metropolitano sejam respeitadas.

DE OLHO''

*(*u*H.

O que é Comissão Jurídica?

Vou tentar explicar para você ir- mão favelado:

A comissão jurídica foi criada pa- ra auxiliar os favelados na questão da terra. A iniciativa em formar a comissão jurídica foi quando uma favela sentiu a necessidade de lutar pela permanência no local, então os moradores foram procurar um advogado e foram aconselhados a fazerem uma comissão para atua- rem juntos aos advogados. Como sabemos os advogados são poucos e as favelas são muitas, não há possi- bilidades para cada advogado aten- der uma favela; por isso foi.criada uma comissão de moradores de fa-

velas para atuarem, com a orienta- ção de um advogado no que diz res- peito à terra.

É composta de moradores da própria favela e seu trabalho é fazer o levantamento dos moradores, pe- gar todo e qualquer documento que prove que resida no local ocupado, assim como (cartas, certidões, reci- bos, etc.)

A comissão, como já disse, aju- dará os advogados estando com a papelada em dia, assim, quando houver o problema de remoção se- rá muito mais fácil para o advoga- do atuar juridicamente.

Há algumas favelas que não tem comissão jurídica porque os presi- dentes de associações pensam que a comissão irá criar uma rivalidade, mas ela apenas irá colaborar. Aí vai um exemplo de comissão bem es- truturada.

A comissão jurídica se reúne uma vez por mês com um advogado para obter informações sobre leis e leva- rem para a comunidade, informan- do o pessoal sobre os seus direitos e qual a melhor maneira de lutar pe- la posse da terra.

'■'■'. -

Bolo de Fubá ^

■ Ingredientes; 3 ovos i

1 tablete de manteiga ^

-. leite coalhado

- açúcar a gosto

fubá ate engrossar

bicarbonato

)

' Modo de fazer;

Bata o açúcar com os ovos

. e a manteiga, depois coloque"

a massa, „ \

Unte a forma com manteiga e

coloque a massa.

Assar em forno quente, l

BOM APETITE j

(receita tirada do jornal j Uila Santo Amaro) /

MINHA UIDA NA FAV/ELA

26 de novembro tíe 1981

Eu vim para essa favela em 20 de julho de 1937. Passei muita difi- culdade, não tinha água, não tinha luz, nio tinha caminho. Lutei muito e com dificuldade para criar meus filhos.

A água era "pegada" na rua Gustja vo Sampaio, era um bondinho que tra- zia para a gente, não^existia o fo- gão a gas, era fogão a lenha, lenha que se apanhava^na Siqueira Campos numa obra que Ia existia, que eu mes ma ia buscar. Meus filhos todos es- tudaram no colégio "marechal" "Trans posio" (atual "Infante D.Henrique"), estudaram ate ps 1^ anos pois não ha via condições de estudar, o horário era à noite, e foram para oficina, a- prender uma profissão. Hoje graças a DEUS, tenho dois que são Bombeiro Hi draulico, o mais novo trabalha num hotel. Minha filha, com 30 anos, ho- je e casada, trabalhava em salão, a- gora com quatro filhos não exerce mais a profissão. Eu com a idade de 68 anos tenho Ik netos e uma bisne - ta. Renovei a minha vida com esses netos, vivo me dividindo entre eles, netos são piores do que filhos, me acho realizada. Não tenho queixas da favela, Aqui foi onde eu lutei com dificuldade e venci. Meu maior pro - blema e a cegueira de meu marido, es

tpu privada, não tenho liberdade pra nada, mas Deus me dá forças e eu irei até^o fim. Ainda trabalho, te- nho patrões que são muito bons para mim.

Uenci porque tive muito apoio e coragem, meus vizinhos são meus pa rentes, nunca chorei sozinha.Ja par- ticipei da Legião de Maria, fui ca- tequista da Igreja, preparei muitas crianças para a ia comunhão e hoje muitos estão casados

Minha casa sra muito alegre, hei via grande harmonia mas hoje eu sou triste porque perdi varias pessoas queridas: minha nora que deixou 6 ne tos, mas graças a Deus todos estão estudando e a vida continua. Cada presença de um deles e uma recorda - ção, uma saudade. Minha sobrinha de 25 anos e 2 anos de cadada, tem 3 anos que partiu deste mundo, mas para mim parece que foi hoje. A associação do morro também, me deu muito apoio , todos os presidentes do morro, sem- pre me ajudaram e com nenhum deles tive problemas.

Sou agradecida, do meu coração, a^todos daqui da favela onde eu vi- vi, chorei e amei.

Leopoldina Torquato Farias

(Chapéu Mangueira)