c. este texto apresenta uma secção que funciona como ... · este texto apresenta um primeiro...

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GUIA DO PROFESSOR Leitura 1. i. Nota: a proposta de leitura tem por objetivo levar o aluno a conhecer as características específicas do texto expositi- vo. Este trabalho funciona co- mo atividade de preparação para a atividade de expressão escrita que se lhe segue. Os alunos devem ser avisados deste objetivo, sabendo que mais tarde vão escrever. PowerPoint Texto expositivo Quinto filho de D. João I, D. Henrique nasce no Porto, em 1994. Duque de Viseu, senhor da Covilhã e governador da Ordem de Cristo, morre em 1460. Em certa medida, ocupa um lugar ci- meiro na memória histórica portuguesa. É, indu- bitavelmente, o mais conhecido rosto do séc. XV lusitano. O infante D. Henrique protagoniza, ao longo de décadas, acontecimentos decisivos da histó- ria portuguesa do seu tempo: a intensificação das comunicações com o Mediterrâneo, a definição de Granada e de Marrocos como referências geo- gráficas destas comunicações, a ligação à monar- quia (por laços familiares, e pela ordem militar de que é governador), e sobretudo a promoção de uma constante atividade marítima no oceano. Se se considerar que as navegações marí- timas, a ação da monarquia e a cruzada cons- tituem as coordenadas formais presentes na génese da expansão marítima, topónimos com ressonância henriquina, como Lagos, Ceuta, Tânger, Granada, Madeira e Açores, a costa afri- cana até à Guiné, apresentam-se também como a expressão geográfica onde tais coordenadas, durante grande parte do séc. XV, têm lugar. Todas elas são assumidas e protagonizadas pelo Infante como referências materiais da génese do proces- so apelidado de Descobrimentos. São vários os fatores que contribuem para este protagonismo. Entre os mais determinantes, refiram-se as transformações sofridas pelo rei- no a partir da segunda metade do séc. XIV, o caráter relativamente mais uniforme do país, um poder monárquico que assume e controla as forças e os centros de decisão mais significati- vos, a capacidade integradora de alguns centros urbanos (o mais importante dos quais é Lisboa), a dependência crescente dos rendimentos deri- vados das atividades marítimas (o frete, a pesca, o corso). Neste contexto, se a génese dos Descobri- mentos tem indubitavelmente um rosto portu- guês, tal circunstância não é alheia à conjuntura de então, que se traduz fundamentalmente atra- vés de três coordenadas: a experiência de uma navegação comercial, tanto nas rotas do Atlânti- co Norte como nas do Mediterrâneo Ocidental; a capacidade do poder político para compreender as exigências financeiras e sociais destas navega- ções , enquadrando-as numa política claramen- te assumida pela monarquia; a tradição de uma atividade marítima profundamente ligada à luta militar, reforçada ideologicamente pela manu- tenção de um corpo doutrinário cristalizado à volta da ideia de cruzada. Assim, estes três elementos apresentam-se como os contornos formais de um processo his- tórico no seio do qual, desde meados do séc. XIV até finais do séc. XV, se desenvolveram as primei- ras navegações no oceano. - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - - 25 - - - - 30 - - - - 35 - - - - 40 - - - - 45 - - - - 50 - - - - 55 - - - - 60 D. Henrique e a aventura oceânica Memória de Portugal, O milénio português, coordenação geral de Roberto Carneiro e coordenação científica de Artur Teodoro de Matos, Círculo de Leitores, primeira edição, setembro de 2001, Rio de Mouro (Texto adaptado) C. Inês de Castro Leitura 1. Identifica a única afirmação incorreta. a. Este texto apresenta um primeiro parágrafo que serve de introdução ao tema. b. Este texto apresenta um desenvolvimento que vai do início da l. 8 até ao final da l. 55. c. Este texto apresenta uma secção que funciona como conclusão de toda a infor- mação anterior. d. No desenvolvimento, é evidente o correto encadeamento das diferentes partes. Por exemplo, o segundo parágrafo retoma a informação da última frase do primei- ro através da expressão «navegações marítimas», ll. 17-18. e. Igualmente importante para organizar a relação entre o segundo e o terceiro pa- rágrafos do desenvolvimento é a retoma, com a palavra «protagonismo», l. 30 da informação contida na última frase do segundo parágrafo. f. Podemos dizer que neste texto a informação se apresenta bem encadeada. g. Se observarmos com atenção o quarto parágrafo do desenvolvimento, ll. 41 a 55, verificaremos que ele se inicia por uma afirmação que, em seguida, é comprovada com vários factos. h. Este texto é, por isso, um exemplo de apresentação de informação documentada ou comprovada. i. Este texto tem como principal função convencer o leitor de que os portugueses foram grandes navegadores. j. Este texto tem como principal função expor factos relacionados com a expansão portuguesa nos séculos XV e XVI, associados à figura do Infante D. Henrique. k. Verifica-se neste texto o predomínio de frases do tipo declarativo. l. A informação objetiva dos factos predomina neste texto. m. No texto é apresentada, sobretudo, informação factual. Texto expositivo Pág. 285 Escrita Escrever um texto expositivo Trabalho de pares ou grupos de três alunos Escreve um texto com o mínimo de 180 palavras e um máximo de 240 no qual apresentes a biografia de uma das seguintes figuras da nossa História: Oficina de escrita A. Vasco da Gama B. Luís de Camões Texto 2 Texto expositivo 18 1 Textos não literários 19 1

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GUIA DO PROFESSORLeitura1. i.Nota: a proposta de leitura tem por objetivo levar o aluno a conhecer as características específicas do texto expositi-vo. Este trabalho funciona co-mo atividade de preparação para a atividade de expressão escrita que se lhe segue. Os alunos devem ser avisados deste objetivo, sabendo que mais tarde vão escrever.

PowerPointTexto expositivo

Quinto filho de D. João I, D. Henrique nasce no Porto, em 1994. Duque de Viseu, senhor da Covilhã e governador da Ordem de Cristo, morre em 1460. Em certa medida, ocupa um lugar ci-meiro na memória histórica portuguesa. É, indu-bitavelmente, o mais conhecido rosto do séc. XV lusitano.

O infante D. Henrique protagoniza, ao longo de décadas, acontecimentos decisivos da histó-ria portuguesa do seu tempo: a intensificação das comunicações com o Mediterrâneo, a definição de Granada e de Marrocos como referências geo-gráficas destas comunicações, a ligação à monar-quia (por laços familiares, e pela ordem militar de que é governador), e sobretudo a promoção de uma constante atividade marítima no oceano.

Se se considerar que as navegações marí-timas, a ação da monarquia e a cruzada cons-tituem as coordenadas formais presentes na génese da expansão marítima, topónimos com ressonância henriquina, como Lagos, Ceuta, Tânger, Granada, Madeira e Açores, a costa afri-cana até à Guiné, apresentam-se também como a expressão geográfica onde tais coordenadas, durante grande parte do séc. XV, têm lugar. Todas elas são assumidas e protagonizadas pelo Infante como referências materiais da génese do proces-so apelidado de Descobrimentos.

São vários os fatores que contribuem para este protagonismo. Entre os mais determinantes,

refiram-se as transformações sofridas pelo rei-no a partir da segunda metade do séc. XIV, o caráter relativamente mais uniforme do país, um poder monárquico que assume e controla as forças e os centros de decisão mais significati-vos, a capacidade integradora de alguns centros urbanos (o mais importante dos quais é Lisboa), a dependência crescente dos rendimentos deri-vados das atividades marítimas (o frete, a pesca, o corso).

Neste contexto, se a génese dos Descobri-mentos tem indubitavelmente um rosto portu-guês, tal circunstância não é alheia à conjuntura de então, que se traduz fundamentalmente atra-vés de três coordenadas: a experiência de uma navegação comercial, tanto nas rotas do Atlânti-co Norte como nas do Mediterrâneo Ocidental; a capacidade do poder político para compreender as exigências financeiras e sociais destas navega-ções , enquadrando-as numa política claramen-te assumida pela monarquia; a tradição de uma atividade marítima profundamente ligada à luta militar, reforçada ideologicamente pela manu-tenção de um corpo doutrinário cristalizado à volta da ideia de cruzada.

Assim, estes três elementos apresentam-se como os contornos formais de um processo his-tórico no seio do qual, desde meados do séc. XIV até finais do séc. XV, se desenvolveram as primei-ras navegações no oceano.

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D. Henrique e a aventura oceânica

Memória de Portugal, O milénio português, coordenação geral de Roberto Carneiro e coordenação científica de Artur Teodoro de Matos, Círculo de Leitores, primeira edição, setembro de 2001, Rio de Mouro (Texto adaptado)

C. Inês de Castro

Leitura

1. Identifica a única afirmação incorreta.

a. Este texto apresenta um primeiro parágrafo que serve de introdução ao tema.

b. Este texto apresenta um desenvolvimento que vai do início da l. 8 até ao final da l. 55.

c. Este texto apresenta uma secção que funciona como conclusão de toda a infor-mação anterior.

d. No desenvolvimento, é evidente o correto encadeamento das diferentes partes. Por exemplo, o segundo parágrafo retoma a informação da última frase do primei-ro através da expressão «navegações marítimas», ll. 17-18.

e. Igualmente importante para organizar a relação entre o segundo e o terceiro pa-rágrafos do desenvolvimento é a retoma, com a palavra «protagonismo», l. 30 da informação contida na última frase do segundo parágrafo.

f. Podemos dizer que neste texto a informação se apresenta bem encadeada.

g. Se observarmos com atenção o quarto parágrafo do desenvolvimento, ll. 41 a 55, verificaremos que ele se inicia por uma afirmação que, em seguida, é comprovada com vários factos.

h. Este texto é, por isso, um exemplo de apresentação de informação documentada ou comprovada.

i. Este texto tem como principal função convencer o leitor de que os portugueses foram grandes navegadores.

j. Este texto tem como principal função expor factos relacionados com a expansão portuguesa nos séculos XV e XVI, associados à figura do Infante D. Henrique.

k. Verifica-se neste texto o predomínio de frases do tipo declarativo.

l. A informação objetiva dos factos predomina neste texto.

m. No texto é apresentada, sobretudo, informação factual.

Texto expositivoPág. 285

Escrita

Escrever um texto expositivoTrabalho de pares ou grupos de três alunos

Escreve um texto com o mínimo de 180 palavras e um máximo de 240 no qual apresentes a biografia de uma das seguintes figuras da nossa História:

Oficina de escrita

A. Vasco da Gama B. Luís de Camões

Texto 2

Texto expositivo

18

1 Textos não literários

19

1

GUIA DO PROFESSORNota: as Metas Curriculares de Português dão especial re-levo ao texto expositivo – ver secção “Escrita”, E9, 16, p. 66.Oficina de escritaO trabalho de pesquisa po-de ser solicitado como TPC, com tempo suficiente para ser concretizado; supervisio-ne esse trabalho.Neste caso, sugira aos alunos para levarem já para a aula uma primeira versão do texto, completa ou em construção.A textualização e revisão/aperfeiçoamento devem rea-lizar-se na sala de aula, em oficina; se optar por grupos de três alunos que colaboram para escrever o mesmo tex-to, terá cerca de 8 textos para acompanhar, o que é perfeita-mente exequível – a monitori-zação de todos os textos fica, assim, facilitada; varie os tex-tos a verificar dentro do mes-mo grupo.Pode colaborar com os alu-nos indo ao lugar deles, mas pode também recebê-los na secretária: não os deixe es-crever sozinhos…O importante é levá-los a re-fletir sobre os erros mais comuns: ausência de pontua- ção, repetição desnecessá-ria de palavras ou de ideias, informação deslocada, er-ros de ortografia, inexistên-cia de parágrafos, ausência de marcadores textuais co-mo conectores, emprego er-rado de conectores, etc… Estes erros resolvem-se sis-tematicamente acrescentan-do, retirando, substituindo e deslocando. Mais uma sugestão: é mui-to importante didaticamen-te trabalhar com folhas que tenham uma margem para que nela o professor escre-va indicações de reescrita / aperfeiçoamento, simples e objetivas.

GUIA DO PROFESSORGramática 1. Os navegadores portugue-ses chegam à Índia, embora passem por muitas dificul-dades / Embora passem por muitas dificuldades, os nave-gadores portugueses chegam à Índia.2. Exemplo possível:- Ainda que soprasse forte vento no Atlântico, os nave-gadores portugueses conti-nuavam a viagem.

Animação Gramática – Oração subordinada adverbial concessiva

Grelha de autoavaliação, p. 28

LPP

Pesquisa na Internet, em enciclopédias, em biografias acerca da personalidade que esco-lheres. Toma as notas necessárias para poderes organizar o teu texto do seguinte modo:

1. PlanificaçãoTem em atenção o seguinte: fazer uma pesquisa para selecionar informação não é co-

piar informação para reproduzir tal e qual no teu texto: é registar a informação, trabalhá--la reescrevendo-a, para depois a utilizar. Não deves iniciar a textualização sem realizar este trabalho. Se fizeres alguma pequena citação, deves indicar a fonte.

2. Textualização / revisãoDurante a textualização ou no final dela verifica se estás a construir ou se construíste

um texto expositivo. Para isso, consulta a pergunta de compreensão de leitura relativa ao texto «D. Henrique e a aventura oceânica» (nela encontras as características deste tipo de texto), página 19, ou no Anexo Informativo, na página 285.

Alguns exemplos:

• divisão do texto nas três secções habituais;

• frases do tipo declarativo;

• utilização de conectores para organizar a informação no desenvolvimento: depois, mais tarde, dois anos depois, finalmente…;

• afirmações / informações comprovadas com exemplos…

Lembra-te: na revisão do texto só há quatro operações que podes executar: acrescen-tar algo que falte, retirar o que estiver a mais, substituir o que está repetido e deslocar para local apropriado palavras ou informações.

3. EdiçãoPassa o teu texto a limpo, tendo atenção especial à divisão em parágrafos, à ortografia

e à caligrafia.

4. DivulgaçãoLê o teu texto à turma e/ou fala com o teu professor sobre outras formas de divulgação:

jornal da escola, blogue da turma, exposição dos textos, entre outras.

INTrODuçãOUm parágrafo no qual apresentas, de forma su-cinta, a figura que esco-lheste.

DEsENVOLVIMENTOPelo menos três parágrafos:

• ano, local de nascimento, filiação;

• principais acontecimentos bio-gráficos (amores, viagens, ocu-pação, outros aspetos biográficos relevantes):

• morte.

CONCLusãOUm parágrafo com breve referência à importância desta figura (histórica e/ou literária).

Gramática

Conjunções e locuções conjuncionais subordinativas concessivas

V Observa a frase: «D. Henrique protagonizou os Descobrimentos, embora enfren-tasse muitas dificuldades.».

A palavra embora inicia a apresentação de factos contrários à ação principal, sem contudo a impedir.

Podemos reescrever esta frase dos seguintes modos:

• Embora enfrentasse muitas dificuldades, D. Henrique protagonizou os Descobri-mentos.

• D. Henrique protagonizou os Descobrimentos, apesar de enfrentar muitas dificul-dades.

• Apesar de enfrentar muitas dificuldades, D. Henrique protagonizou os Descobri-mentos.

embora, conquanto, malgradoapesar de, ainda que, mesmo que, nem que, mesmo se, por mais que,

não obstante

Da conjunção / locução conjuncional subordinativa concessiva à oração subordinada adverbial concessiva:

Oração subordinante Oração subordinada adverbial concessiva

Conjunções subordinativas concessivas

Locuções conjuncionaissubordinativas concessivas

1. Reescreve a oração subordinada adverbial concessiva presente na frase complexa Os navegadores portugueses chegam à Índia não obstante passarem por muitas dificuldades, substituindo a locução conjuncional destacada pela conjunção embora e fazendo as altera-ções necessárias.

2. Escreve uma frase complexa, de temática relacionada com as navegações portuguesas, que contenha uma oração subordinada adverbial concessiva. Utiliza a locução conjuncional subordinativa concessiva ainda que.

Recorda:

frase complexa é a que

tem dois ou mais verbos

principais ou copulativos

ou duas ou mais orações.

Conjunção Pág. 28

subordinação Pág. 53

CA

Aprende

D. Henrique protagonizou os Descobrimentos apesar de enfrentar muitas dificuldades.

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1 Textos não literários

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