bullying em contexto escolar português: importância das medidas de intervenção

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Pós-graduação em Educação Especial - Domínio Emocional e da Personalidade Avaliação e Intervenção em Problemas Emocionais e do Comportamento Bullying em Contexto Escolar Português: Importância das Medidas de Intervenção Carla S. N. Pinto Isabel M. B. Fernandes Patrícia F. S. Gonçalves Susana C. P. Fernandes Orientador Professor Paulo Jorge Ramos Duarte Forte Resende Instituto Politécnico de Bragança Escola Superior de Educação Bragança, 2013

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este trabalho pretende esclarecer acerca do fenómeno do Bullying em contexto escolar português, enfatizando as suas principais consequências e medidas de intervenção. Considerou-se pertinente dar a conhecer alguns modelos de intervenção propostos em território português, refletir acerca da importância das medidas de intervenção, procurando, desta forma, contribuir para a sensibilizar todos aqueles que lidam com este fenómeno.

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Pós-graduação em Educação Especial - Domínio Emocional e da Personalidade

Avaliação e Intervenção em Problemas Emocionais e do Comportamento

Bullying em Contexto Escolar Português: Importância

das Medidas de Intervenção

Carla S. N. Pinto

Isabel M. B. Fernandes

Patrícia F. S. Gonçalves

Susana C. P. Fernandes

Orientador

Professor Paulo Jorge Ramos Duarte Forte Resende

Instituto Politécnico de Bragança – Escola Superior de Educação

Bragança, 2013

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Bullying em Contexto Escolar Português: Importância

das Medidas de Intervenção

Carla S. N. Pinto

Isabel M. B. Fernandes

Patrícia F. S. Gonçalves

Susana C. P. Fernandes

Paulo Jorge Ramos Duarte Forte Resende

Instituto Politécnico de Bragança – Escola Superior de Educação

Bragança, 2013

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Resumo

A violência escolar tem sido um problema cada vez mais frequente nos últimos tempos.

Este tipo de violência denominada por Bullying tem vindo a inquietar a sociedade em geral

e o crescente interesse sobre esta problemática fez surgir vários estudos a nível

internacional e a nível nacional. Preocupadas com a violência escolar nas nossas escolas,

este trabalho pretende esclarecer acerca do fenómeno do Bullying em contexto escolar

português, enfatizando as suas principais consequências e medidas de intervenção.

Considerou-se pertinente dar a conhecer alguns modelos de intervenção propostos em

território português, refletir acerca da importância das medidas de intervenção, procurando,

desta forma, contribuir para a sensibilizar todos aqueles que lidam com este fenómeno.

Palavras-chave: bullying, consequências, medidas de intervenção

Abstract

School violence has been a more and more frequently occurring problem in recent times.

This type of violence called Bullying has become a concern to society in general and the

growing interest in this problem has caused the appearance of several studies at

international and national level. Uneasy about the violence in our schools, this work

intends to focus on the phenomenon of Bullying in the Portuguese school context,

emphasizing its principal consequences and measures of intervention. It was considered

pertinent to outline some of the models of intervention proposed in the Portuguese territory

and reflect on the importance of intervention measures, seeking thereby to contribute to the

raising of awareness of all those who deal with this phenomenon.

Keywords: bullying, consequences, measures of intervention

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Bullying em Contexto Escolar Português: Importância das Medidas de

Intervenção

A violência escolar tem sido um problema cada vez mais frequente nos últimos

tempos e tem vindo a inquietar a sociedade em geral. Este tipo de violência denominada

por Bullying despertou várias investigações quer a nível internacional quer a nível

nacional. Ao contrário dos estudos feitos a nível internacional, em Portugal existe menos

investigação acerca do Bullying e os estudos realizados são mais recentes, embora o

fenómeno não seja novo em Portugal. Contudo, quer a nível internacional, quer a nível

nacional, a investigação sobre esta temática aponta para a necessidade de se investigar

mais acerca deste fenómeno, para que se possa compreender melhor e ter uma visão mais

holística, fundamentada e crítica sobre o mesmo.

Preocupadas com a violência escolar nas nossas escolas, este trabalho pretende

esclarecer acerca do fenómeno do Bullying em contexto escolar português e, portanto,

iremos centrar-nos apenas nos estudos realizados em contexto português.

A literatura sobre o fenómeno Bullying em contexto escolar português tem revelado

que se trata de um problema cada vez mais assustador e com uma prevalência elevada. Este

tipo de violência escolar compromete a aprendizagem e o sucesso escolar dos alunos, pois

conduz ao abandono escolar precoce, influencia as relações interpessoais, causa graves

consequências sócio-emocionais e reduz o clima de segurança e proteção que os alunos

sentem na escola (Carvalhosa, Moleiro & Sales, 2009a citadas em Carvalhosa, Moleiro &

Sales, 2009).

Segundo Carvalhosa (2009a, citada em Carvalhosa et al., 2009), as consequências

do Bullying são nefastas para todos os envolvidos: i) vítimas, ao nível do desempenho

escolar, desconforto físico e sofrimento psicológico; ii) bullies ou agressores, que têm

revelado problemas escolares, maiores taxas de consumo de substâncias e comportamento

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violentos; e iii) bystanders, testemunhas ou observadores, que direta ou indiretamente não

estão isentos ao impacto do Bullying.

Entendemos, portanto, que é extremamente importante refletir acerca das principais

consequências que derivam do Bullying e acerca da importância de medidas de intervenção

que possam prevenir e combater esta problemática de violência em contexto escolar, e em

particular no contexto escolar português. Assim, consideramos pertinente rever alguns

estudos realizados em território português acerca da prevalência e contexto em que ocorre

este fenómeno, bem como, estudos nos quais foram sugeridos alguns modelos, estratégias

e propostas de intervenção. Pretendemos, desta forma, contribuir para sensibilizar todos

aqueles que lidam com este fenómeno, sugerindo possíveis formas de intervenção aos mais

diversos níveis, sejam eles político, comunitário, escolar, familiar e individual. Decorrente

desta problemática, pretende-se dar cumprimento aos seguintes objetivos: 1) Conhecer

alguns estudos efetuados em contexto escolar português (prevalência e contexto em que

ocorre o Bullying); 2) Identificar as principais consequências do Bullying; 3) Conhecer

alguns modelos e propostas de intervenção sugeridos em contexto escolar português; e 4)

Refletir sobre a importância das medidas de intervenção aos mais diversos níveis de modo

a sensibilizar todos aqueles que lidam com este fenómeno e propor algumas formas de

atuação.

De acordo com a finalidade e objetivos definidos, o presente trabalho encontra-se

estruturado em três secções. Na primeira secção procuramos fazer um levantamento do

marco teórico que sustenta a investigação. Na segunda secção considerou-se importante

abordar algumas medidas de intervenção propostas por outros investigadores. Por fim, na

última secção refletimos acerca da importância destas medidas e propomos algumas

formas de atuação face ao fenómeno Bullying.

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Bullying

Conceito e Tipos de Bullying

Para entendermos o conceito de Bullying, destacamos a ideia de Leão (2010), o

qual refere que o termo Bullying é derivado de uma palavra inglesa – bully, que traduzida

significa valentão, tirano. Esse termo, normalmente, ocorre nas relações interpessoais, em

que há uma relação desigual de poder, uma vez que, um lado da relação será caracterizado

por alguém que está em condições de exercer o seu poder, através da intimidação,

humilhação, atitudes agressivas sobre outra pessoa ou até mesmo um grupo mais fraco.

Esse desequilíbrio de poder que há entre os protagonistas do Bullying se dá pelo facto do

agressor possuir certas características, como por exemplo a idade superior à vítima, a sua

estrutura física e emocional mais equilibrada, ter maior apoio a nível social. Estes atributos

fazem com que a vítima se sinta inferior, não tendo condições de se defender diante das

ofensas, sejam elas verbais ou físicas (Leão, 2010).

Neste sentido, concordamos com Machado (2011) que o Bullying se define como

um comportamento agressivo que ocorre entre colegas dentro do contexto escolar e com

Beane (2006) que acrescenta que Bullying acontece quando uma pessoa mais forte e mais

poderosa magoa ou assusta uma pessoa mais pequena e mais fraca, deliberadamente e de

forma repetida.

Para além de ser um comportamento agressivo, o Bullying é um problema

chocante, na medida em que: inicialmente há um choque para todos quando descobrem

como as crianças podem ser cruéis umas com as outras; depois há um choque para os pais

quando, de repente, têm que lidar com uma criança a viver sob extremo stresse e

finalmente, há um choque para todos, em geral, quando a criança está a ser abusada pelos

pares, os pais também se transformam em vítimas (Alexander, 2006).

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Com isto, podemos definir Bullying, como atos de violência física ou psicológica,

intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo, sendo este ato de violência

praticado, geralmente, contra alguém que muitas vezes não consegue se defender e não

entende os motivos daquela agressão.

Em relação aos tipos de Bullying, Alexander (2006), destaca que existem dois tipos

principais de Bullying – o físico e o não físico. Quanto ao físico, inclui dar pontapés, bater,

cuspir, destruir propriedades e roubar. Os piores casos parecem estar a ficar cada vez mais

violentos, por vezes envolvendo armas e, embora não sejam tão frequentes, felizmente, o

facto de haver notícias de jovens que foram esfaqueados ou violados na escola leva a que a

ameaça de Bullying físico seja mais assustadora e temida pelos pais e crianças. O Bullying

não físico, também conhecido como Bullying verbal, segundo a perspetiva da mesma

autora, inclui gozar, chamar nomes, que correspondem a 80% dos casos de Bullying.

Também inclui ofender e deitar abaixo, de forma maldosa, como o caso de fazer ameaças,

começar e alastrar rumores, isolar e excluir do grupo e um conjunto de outras atividades

envolvendo novas tecnologias tais como: i) mensagens de texto abusadoras e telefonemas

silenciosos; ii) mensagens de texto falsas, enviadas no nome da pessoa vitimizada; iii)

mensagens anónimas, enviadas para telemóveis com Bluetooth (blue-jacking); iv) Bullying

em blog – comentários abusivos incluídos num weblog do agressor ou e-mails abusivos

enviados par os weblogs das vítimas; v) fóruns na Internet ou grupos de discussão

eletrónica, discriminatórios, humilhantes ou intimidadores. Este tipo de Bullying que

envolve os meios eletrónicos é definido como cyber-bullying e é caraterizado, na

perspetiva de Alexander (2006) como sendo igualmente desagradável e alarmante, no

entanto é “mais fácil de parar do que as atividades mais tradicionais envolvidas com o

Bullying, como agredir alguém e ameaçá-lo de retaliações se ele denunciar a situação ou

humilhar alguém e dizer que é só uma brincadeira” (p. 53), uma vez que este tipo de

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Bullying como recorre ao uso das novas tecnologias, estas, por si só, constituem uma prova

do ato de violência.

O mesmo acontece com o Bullying físico, pois segundo a ideia de Alexander

(2006) é mais fácil de identificar e de ser provado do que as formas não físicas de Bullying.

Para identificar situações de Bullying, algumas escolas usam circuitos internos de televisão

ou adultos a supervisionar as atividades no recreio. Outros procedimentos incluem a

existência de caixas de relatos de episódios e outras formas discretas de infirmação.

No entanto Olweus (1993, citado em Barbosa & Santos, 2010) e Chalita (2008,

citado em Leão, 2010), caraterizam também dois tipos de Bullying, mas com outra

designação, direto e indireto. O direto é mais frequente no sexo masculino e as atitudes

mais usadas pelos bullies são os insultos, apelidos ofensivos por um período prolongado,

comentários racistas, agressões físicas como por exemplo empurrões, roubo, extorsão de

dinheiro, estragar objetos dos colegas e obrigar a realização de atividades servis. O

indireto, por sua vez, é mais comum entre o sexo feminino, tendo como características

atitudes que levam a vítima ao isolamento social, podendo acarretar maiores prejuízos,

visto que pode gerar traumas irreversíveis ao agredido. O bullying indireto compreende

atitudes de difamações, realização de boatos cruéis, intrigas, rumores degradantes sobre a

vítima e seus familiares e atitudes de indiferença.

Caraterização dos Intervenientes

Nesta conduta de violência, normalmente estão presentes três indivíduos, o

agressor, as vítimas e as testemunhas. Segundo Vila e Diogo (2009), os agressores por

norma são antipáticos ou arrogantes e, de um modo geral, vêm de famílias pouco

estruturadas e com um pobre relacionamento afetivo com os seus membros familiares. A

inexistência de supervisão pelos pais ou uso de um modelo agressivo e violento para a

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resolução de problemas do quotidiano pode incutir um comportamento idêntico à vítima.

Estes autores, também referem que existem dois tipos de agressores: o agressor mais

impulsivo, com dificuldades em compreender as emoções dos outros e por isso com uma

tendência agressiva maior e os agressores dissimulados, ou seja, os que planeiam mais as

situações. Estes últimos possuem uma excelente cognição social, utilizando-a para

manipular e controlar as outras crianças, de tal forma que evitam ser descobertos e fazem

as sofrer de uma maneira muito subtil. Vila e Diogo (2006) também salientam que as

crianças ou jovens que praticam o Bulliyng podem, no futuro, adotar comportamentos

antissociais, psicopáticos e/ou violentos.

Quanto às vítimas Rebelo (2007) carateriza-as como pessoas mais frágeis, que têm

um traço desviante do “modelo” culturalmente imposto pelos seus pares, sendo que este

traço pode ser físico (uso de óculos, obesidade, alguma deficiência), emocional (timidez,

introversão) ou relacionada a outros aspetos culturais, étnicos ou religiosos. Ainda segundo

o autor, as vítimas são crianças ou jovens não tem esperanças para se integrarem no grupo

e revelam grandes dificuldades em fazer novas amizades, pois algumas delas creem ser

merecedores do que lhes é imposto. As vítimas costumam ser pessoas que não dispõem de

habilidades físicas e emocionais para reagir, tem um forte sentimento de insegurança e um

retraimento social suficiente para impedi-lo de procurar ajuda. A barreira do silêncio ajuda

a perpetuar o Bullying, pois muitas das vítimas evitam contar o que se passa, por terem

medo de vinganças e porque pensam que suas experiências podem não ser levadas a sério.

Em termos gerais, são normalmente rejeitadas pelos pares, ficam isoladas, sem amigos e

sem proteção pessoal, sendo mais expostas à rejeição e à agressão social (Rebelo, 2007).

No entanto, Eiras (2009), baseada em estudos de Fante (2005) define dois tipos de

vítimas: as vítimas agressoras e provocadoras. A autora refere que as vítimas agressoras,

são habitualmente alunos que passaram/passam por situações de sofrimento na escola e,

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por isso, como vítimas, tendem a procurar indivíduos mais vulneráveis que eles para

transferirem as agressões por elas sofridas. Estas diferenciam-se dos agressores, por serem

impopulares e pelo alto índice de rejeição que recebem por parte dos seus colegas e por

vezes, pela turma toda. Relativamente às vítimas provocadoras, são crianças que provocam

os outros e, desta forma, atraem reações agressivas com as quais não sabem lidar

eficazmente. Estas vítimas normalmente respondem quando são atacadas ou insultadas.

Habitualmente são crianças hiperativas, inquietas, agressoras, imaturas, provocadoras e

responsáveis por causarem tensões e mal-estar no ambiente em que se encontram (Eiras,

2009).

Por fim, as testemunhas, na esteira de Ballone (2005, citado em Barbosa & Santos,

2010), são crianças ou jovens que ficam chocadas com a situação, mas não conseguem agir

e, por vezes, sentem-se mesmo culpadas por não terem feito nada. São geralmente colegas

de escola ou de turma que acabam por ficar elas próprias com medo de serem as próximas

vítimas.

Principais Consequências e Sinais de Alerta

A revisão de literatura permitiu perceber que o Bullying apresenta taxas de

prevalência bastante elevadas nas escolas portuguesas, sendo, por isso, um fenómeno

bastante alarmante que constitui um grave problema, dadas as inúmeras consequências que

pode trazer para os seus intervenientes. Estas consequências podem ser muito negativas,

nefastas, por vezes, até mesmo irreparáveis, e afetam vítimas, agressores e testemunhas

(Fante, 2005; Neto, 2005; Nascimento & Neto, 2006; Rodriguez, 2007, citados em Eiras,

2009 e Carvalhosa, 2009a, citada em Carvalhosa, Moleiro & Sales, 2009).

De acordo com Eiras (2009) e Picado (2009), agressores, vítimas e testemunhas

podem enfrentar consequências físicas e emocionais a curto e longo prazo, que podem

afetar a vida adulta.

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Relativamente às crianças que sofrem Bullying, correm sérios riscos de não superar

totalmente os traumas sofridos e, portanto, podem crescer com sentimentos negativos, de

baixa autoestima, depressão, tornando-se indivíduos adultos com graves problemas de

relacionamento interpessoal ou possíveis agressores e até mesmo cometerem suicídio

(Rodriguez, 2007 e Silva, 2006 citados em Eiras, 2009; Picado, 2009).

As vitimas de Bullying podem sofrer graves consequências, entre as quais,

desinteresse pela escola, dificuldades de concentração e aprendizagem, falta de motivação,

baixo rendimento escolar e absentismo, rejeição dos pares levando ao isolamento e ficando

mais sujeitos à rejeição e à agressão social (Nascimento & Neto, 2006, citados em Eiras,

2009). No que respeita à saúde física e emocional, podem apresentar depressão e

ansiedade, bem como abuso de substâncias (Botelho & Souza, 2007, citados em Eiras,

2009), sintomas de irritabilidade, hiperatividade, impulsividade, agressividade, pânico,

insónias e, ainda, manifestar uma grande tensão nervosa, com sintomas de natureza

psicossomática (cefaleias, pesadelos, fobias, etc.) (Damke & Santos, s.d. citados em Eiras,

2009), entre outros.

Ainda relativamente às consequências que o Bullying pode trazer para as vitimas,

Lima (2008) expressa igual opinião que os autores anteriormente referidos e acrescenta

ainda que estas crianças podem manifestar: Sentimento de desproteção e humilhação;

Fobia à escola e a tudo que está relacionado com esta, de onde resulta um decréscimo do

rendimento escolar ou até mesmo o abandono; Atitude de isolamento e fracos ajustamentos

sociais e emocionais; Elevados estados de ansiedade; Quadros depressores facilitadores de

quebras do rendimento escolar que conduzem a desmotivação; Aparecimento de neuroses e

histerias; Imagens negativas de si mesmos; Culpabilização, ansiedade, tensão e medo;

Dores de cabeça, dores de estômago e enurese; Reações agressivas contra si contra si

mesmo, contra os outros ou objetos, podendo resultar em tentativas de suicídio;

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Dificuldade em fazer novos amigos, fraca qualidade de interação social e sentimento de

solidão; Comprometimentos na resolução de problemas e falta de interesse em atividades

em grupo.

Além das inúmeras consequências que as vitimas podem sofrer, as várias agressões

e acontecimentos traumáticos podem ser fortemente revividos e recordados através de

pesadelos o que faz com que possam desenvolver o Síndrome de Stress pós-traumático

(Rodriguez, 2007 citado em Eiras, 2009), sendo mais difícil a sua recuperação.

Mas, não são apenas as vítimas que sofrem consequências do Bullying. Vários

estudos têm revelado que os muitos agressores acabam por se sentir sozinhos, rejeitados e

desajustados face ao meio escolar (abandono e insucesso escolar) e às relações socio-

emocionais (Lima, 2008), correm sérios riscos de virem a desenvolver comportamentos

agressivos e antissociais tais como a criminalidade, o abuso de substâncias aditivas, o

comportamento agressivo no seio familiar e no ambiente de trabalho (Ferreira, Freire &

Simão, 2006, citados em Eiras, 2009; Picado, 2009) o que faz com que, ao longo dos

tempos, estes comportamentos se agravem e perdurem, e se tornem adultos com

relacionamentos afetivos pouco duradouros (Nascimento & Neto, 2006 e Neto, 2005,

citados em Eiras, 2009).

Quanto às testemunhas, estas também acabam por ser afetadas pelo bullying,

apresentando ansiosas, impotentes, inseguras e com medo de serem as próximas vítimas

(Rodriguez, 2007, citado em Eiras 2009 e Nogueira, 2005, citado em Picado, 2009). Lima

(2008) acrescenta, ainda, que as testemunhas não estão preparadas para denunciar e

enfrentar a situação; algumas ficam abaladas e aterrorizadas; apresentam frustração e

culpabilização pela incapacidade de agir; podem reproduzir comportamentos inadequados

e apresentar posturas individualistas e egoístas; e perder sensibilidade perante situações de

violência devido à sua normalização.

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Do exposto e dado que todos os envolvidos no Bullying são alvo de consequências,

é necessário que pais, professores e outros profissionais da educação estejam atentos aos

sinais de alerta manifestados pelas crianças (vítimas, agressores e testemunhas) quer em

contexto escolar, quer no meio familiar, para que se possa minimizar ou evitar esta

problemática. Deste modo, segundo Lima (2008) e Tânia Paias, diretora do Portal do

Bullying (acedido em 23 de abril de 2013), é imprescindível uma atenção reforçada aos

seguintes sinais de alerta/sintomas manifestados pelas crianças: Ira intensa e agressividade;

Irritabilidade extrema; Ataques de fúria; Frustrar-se com frequência; Impulsividade;

Ansiedade; Depressão; Insónias ou enurese; Autoagressão; Isolamento e/ou poucos

amigos; Inquietude física; Marcas físicas, roupas ou outros objetos rasgados; Objetos

roubados ou percas constantes de dinheiro e/outros bens; Doenças psicossomáticas;

Procura de desculpas constantes para não ir à escola; Dificuldade para prestar atenção;

Descida dos resultados escolares.

Estudos Efetuados em Contexto Escolar Português

O bullying é uma problemática cada vez mais preocupante nos dias de hoje que tem

aumentado a um ritmo alarmante, e, por isso, em Portugal, nas várias regiões do país, têm

sido feitos diversos estudos acerca desta problemática de violência escolar, cujo objetivo

comum é tentar compreender melhor este fenómeno e contribuir para a sua prevenção.

Estes estudos envolvem aspetos relacionados com a prevalência do Bullying,

caracterização dos envolvidos, causas e locais onde ocorre o Bullying, entre outros.

Na região de Aveiro, Sá (2007) desenvolveu um estudo com alunos do 3º Ciclo

(dos 12 aos 16 anos), no qual constatou que os rapazes exercem com mais frequências a

agressão física e que as raparigas recorrem à agressão verbal. As várias agressões vão

desde “chamar nomes feios, gozar, insultar, espalhar falsos rumores” até “empurrar, bater,

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 13

puxar o cabelo” entre outras. O autor verificou que as reações dos bystanders

(observadores/testemunhas) variavam consoante o género, sendo que os do sexo masculino

procuravam socorrer a vítima e os do sexo feminino procuravam ajuda junto de um adulto.

Relativamente às razões de agressão, o autor destacou várias como por exemplo tentativas

falhadas de furto de dinheiro, resistência das vítimas, ciúmes, entre outros.

Em 2008, Carvalhosa desenvolveu um estudo acerca do Bullying nas escolas

portuguesas, no qual confrontou os resultados obtidos nos trabalhos desenvolvidos por

Carvalhosa, Lima e Matos (2001) e Carvalhosa e Matos (2004). A comparação destes

resultados permitiu à autora concluir que a frequência de situações de Bullying tem

aumentado, nos últimos anos, nas escolas portuguesas. Além disso, foi também possível

concluir que: i) dos alunos portugueses (dos 10 aos 18 anos), 23,5% estão envolvidos em

comportamentos de Bullying; ii) os rapazes são aqueles que mais se envolvem em

situações de Bullying, quer como agressores, quer como vítimas, quer como vitimas-

agressoras; iii) os 13 anos de idade parecem ser o pico de envolvimento em situações de

Bullying; iv) os alunos mais novos envolvem-se mais, enquanto vítimas; e v) nos últimos

anos, assistimos a um aumento da frequência de situações de Bullying (Carvalhosa, 2008).

Em 2009, Carvalhosa, Moleiro e Sales realizaram uma investigação acerca da

situação do Bullying nas escolas portuguesas no qual sistematizaram alguns estudos sobre

Bullying em contexto escolar português e concluíram que o número de crianças e jovens

envolvidos em situações de Bullying nas escolas portuguesas é muito elevado. Vejam-se

alguns desses estudos:

Carvalhosa, Lima e Matos (2001, citados em Carvalhosa, Moleiro & Sales, 2009)

num estudo realizado com uma amostra nacional representativa (alunos dos 11 aos 15

anos) concluiu que o tipo mais frequente de Bullying era verbal, os bullies foram

caracterizados como distantes em relação à família e à escola, por mais consumo de

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 14

substâncias como o álcool e droga, por mais queixas físicas e psicológicas e depressão. Por

sua vez, as vítimas apresentavam distância em relação à escola, problemas no

relacionamento com os pares, sintomas físicos e psicológicos e depressão e as vítimas-

agressoras apresentavam distância em relação à família e à escola, problemas no

relacionamento com os pares, sintomas físicos e psicológicos de saúde e depressão.

Carvalhosa (2005 citada em Carvalhosa et al., 2009) também realizou um estudo

com uma amostra nacional representativa de alunos (11 aos 15 anos) no qual verificou que

a tendência do Bullying, uma vez por semana ou mais, desde 1998 a 2002 tem aumentado,

sendo os rapazes os que se envolvem mais nestas situações.

Martins (2005), no Alentejo, num estudo que envolveu alunos do 7º ao 9º e 11º ano

de escolaridade no qual verificou que 63% eram vítimas, 61% agressores e 67%

testemunhas, e que o tipo de Bullying mais frequente é espalhar rumores.

Formosinho, Taborda e Fonseca (2008 citados em Carvalhosa et al., 2009) fizeram

um estudo em Coimbra com alunos com a idade de 14/15 e 17/18, e apuraram que existe

um declínio de Bullying no final da adolescência, os rapazes envolvem-se mais em

situações de Bullyting do que as raparigas em ambos os momentos, e aos 14/15 anos as

ameaças são mais verbais, sendo a agressão física apenas nos rapazes.

No norte de Portugal (distritos de Braga e Guimarães) foram feitos vários estudos

(Almeida, 1999; Almeida, Pereira & Valente, 1995; Pereira, Almeida, Valente &

Mendonça, 1996; Pereira & Pinto, 1999) acerca da prevalência de bullying nas escolas.

Alunos do 1º ao 6º ano de escolaridade relataram que, no último período letivo, 22%

tinham sido vítimas de Bullying, três ou mais vezes. No que diz respeito à idade, 20% (1º

ao 4º ano) e 15% (5º ao 6º ano) tinha exercido Bullying sobre outros, três ou mais vezes, e

os agressores são, geralmente, alunos mais velhos. O tipo de Bullying mais frequente em

escolas do 1º Ciclo foi o físico (bater, empurrar) e em escolas do 2º Ciclo foi verbal

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(insultos, chamar nomes). Os rapazes estavam mais envolvidos do que as raparigas em

situações de Bullying e a frequência de Bullying diminuiu com a idade. O Bullying ocorreu

principalmente em áreas de recreio.

Na região de Lisboa (Pereira et al., 2004; Seixas, 2008 citados em Carvalhosa et al.,

2009) verificaram que os alunos do 2ºciclo do ensino básico relataram que 20% tinham

sido vítimas e 16% tinham sido bullies, três ou mais vezes no último período letivo.

Quanto ao tipo de Bullying, o mais comum era o verbal e ocorria principalmente no

recreio. No 3º ciclo, as vítimas apresentavam níveis inferiores de saúde e bem-estar

comparativamente com os agressores e as vítimas-agressoras apresentavam um perfil de

saúde misto (semelhanças com vítimas e agressores, dependendo dos domínios). Também

na região de Lisboa, relativamente aos alunos do 1º Ciclo, existe uma prevalência

preocupante de 30,42% de vítimas, 18,75% de agressores e 9,58% de vítimas-agressores,

sendo os agressores, geralmente rapazes da mesma sala ou mais velhos (Raimundo &

Seixas, 2009). Todos estes estudos permitiram concluir que não foram encontradas grandes

diferenças na prevalência entre as escolas de Lisboa e de Braga.

Almeida et al. (2008 citado em Carregosa et al., 2009) desenvolveram um estudo

acerca do cyberbullying e constataram que, através do telefone, 6% das raparigas e 3% dos

rapazes relataram estar envolvidos como vítimas, e 3% e 5%, respetivamente, como

bullies. Através da internet, 6% das raparigas e 4% dos rapazes relataram estar envolvidos

como vítimas, e 2% e 4%, respetivamente, como bullies.

Em Bragança foram desenvolvidos dois estudos (Pereira, Silva & Nunes, 2009 e

Vaz, 2011 citada em Vaz, 2012). Estes estudos permitiram concluir que no 2º Ciclo do

Ensino Básico, cerca de uma em cada quatro crianças já foi vítima de agressão (três ou

mais vezes), sendo a forma verbal, o tipo de Bullying, mais frequente, seguido da agressão

física. Foram referidos os alunos mais velhos como sendo os principais agressores e foi

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 16

apontado como local mais frequente de situações de Bullying o recreio, seguido pelos

corredores, as escadas e a sala de aula. No 3º Ciclo do Ensino Básico, o género feminino

era o que mais agredia, os envolvidos eram simultaneamente agressores, vítimas e

observadores e que as características físicas foram apontadas como a principal razão para

agressão.

Finalmente, partilhamos da opinião de Carregosa et al. (2009) e, por isso,

consideramos importante referir que, em Portugal, o Bullying de crianças e jovens de

grupos minoritários tem sido pouco investigado. Tal como as autoras, incluímos neste

grupo aspetos relacionados com a nacionalidade, etnia, meio sócio-económico e

educacional, orientação sexual, religião, estudantes com incapacidades ou portadores de

deficiências, entre outros. Deste modo, como os estudos efetuados em Portugal não fazem

particular referência à percentagem de crianças portadores de deficiências que foi vítima

ou vítima-agressor, e uma vez que estas crianças são mais vulneráveis ao Bullying pois

dadas as suas diferenças, muitas vezes, são consideradas alvos fáceis para os bullies

(Carregosa et al., 2009), consideramos de máxima importância, para que se continuem a

realizar estudos acerca deste fenómeno que envolve crianças com necessidades educativas

especiais.

Medidas de Intervenção

Tipos de Intervenção

Todos os estudos mencionados anteriormente nos levam a crer que este flagelo

denominado Bullying está cada vez mais presente nas escolas do nosso país, pelo que se

torna importante que todos os que direta ou indiretamente lidam com este problema,

saibam como agir e intervir perante este fenómeno.

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 17

Dada a pertinência desta problemática que é o Bullying torna-se cada vez mais

necessário que todos aqueles que direta e indiretamente lidam com este problema se

consciencializem que é necessário intervir para ajudar e fazer frente a este flagelo.

Segundo esta linha de pensamento, Vaz (2012) baseada em estudos de outros

autores (Amado & Freire, 2002; Stuart & Laraia, 2001/1998) identifica três tipos de

prevenção de violência e indisciplina escolar: prevenção primária; prevenção secundária

(intervenção precoce) e prevenção terciária (intervenção face aos casos persistentes).

Assim, de acordo com a autora, a prevenção primária é dirigida para o público em

geral, corresponde a um conjunto de ações que atuam por antecipação face a um fenómeno

e tem como objetivo desenvolver e promover competências e comportamentos gerais

recorrendo a ações de sensibilização, consciencialização, promoção e informação do

problema. No que concerne à prevenção secundária, ocorre durante o período em que o

problema já está instalado. Este tipo de prevenção é direcionado para grupos de risco,

consiste na implementação de programas e atividades cujo objetivo é prevenir a evolução

do problema, reduzir a sua duração ou efeito e combater o mais precocemente possível.

Relativamente à prevenção terciária, consiste em remediar o problema já existente,

permitindo a reabilitação do individuo (Vaz, 2012).

A mesma opinião manifesta Freire (2008) numa comunicação apresentada no

Seminário “Violência, Bullying e Agressividade em Contextos de Formação”, na qual

refere que perante a evolução do fenómeno Bullying, os profissionais educativos têm um

papel decisivo na antecipação e na intervenção deste fenómeno. A autora considera,

também, que são três os tipos de prevenção do Bullying: i) prevenção primária

(intervenção anterior ao problema de forma a evitar o seu aparecimento); ii) prevenção

secundária (intervenção para tratar o problema o mais cedo possível); e iii) prevenção

terciária (intervenção junto dos casos persistentes para deter a evolução do problema).

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 18

A este respeito, Freire (2008) clarifica que a prevenção primária deve ser feita ao

nível da organização educativa no seu todo e na sala de aula. Deste modo, relativamente ao

nível da organização educativa, Freire (2008) considera pertinentes os seguintes aspetos: 1)

Criar um ambiente de aprendizagem e de ensino seguro para todos, facilitador das relações

interpessoais positivas e de bem-estar; 2) Contrariar a perspetiva de que a violência, em

particular o Bullying, é algo de inevitável; 3) Elaboração de regulamentos adequados e

funcionais, ou seja, um conjunto de procedimentos consistentes para serem seguidos

quando qualquer profissional da organização deteta um caso de violência; 4) Quebrar

códigos de secretismo; 5) Planificação coletiva do currículo (não desprezando aspetos

como a educação para os valores, o desenvolvimento de competências de comunicação

interpessoal, o trabalho cooperativo, …); 6) Intervenção nos tempos e espaços de recreio

(supervisão e vigilância distanciada); 7) Estruturas de apoio aos alunos com necessidades

especiais/promoção da amizade e da entreajuda; 8) Participação e envolvimento dos pais/

ligação à comunidade; e 9) Liderança, participação, colaboração e entreajuda. Por sua vez,

na sala de aula, a autora refere que é necessário valorar o ensino de qualidade e as

expectativas positivas; a participação do aluno e o trabalho cooperativo; as regras claras e

funcionais que promovam o respeito pelos outros e a solidariedade; e o apoio aos alunos

com dificuldades especiais (Freire, 2008).

Quanto à prevenção secundária (intervenção precoce), devem ser tidos em conta

aspetos como: i) possibilitar uma intervenção corretiva adequada, atempada e construtiva

que vise o comportamento e não a pessoa; ii) levar as situações de violência muito a sério,

atuando de modo a desencorajar o comportamento agressor, evitando humilhações e

exposições da vítima; iii) criar uma abordagem multidisciplinar ligando a família e à

comunidade; e iv) estabelecer mediação de conflitos entre pares, em função dos contextos

e das problemáticas (Freire, 2008).

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 19

Por fim, no que concerne à prevenção terciaria, Freire (2008) realça que é

imprescindível uma intervenção face aos casos persistentes, explorando os fatores

protetores, promover a autonomia e o altruísmo dos alunos e uma forte ligação à família

e/ou à comunidade.

Alguns Modelos/Propostas e Estratégias de Intervenção em Território Português

Em 1992, em Portugal, foi criado o Programa Escola Segura (PES), coordenado

pelo Gabinete de Segurança do Ministério da Educação. Este programa, baseado na

prevenção policial, surgiu na sequência de uma série de atos violentos ocorridos em

escolas situadas em bairros problemáticos (Sebastião et al., 2001 citado em Velez, 2010).

O programa começou por abranger apenas as escolas consideradas prioritárias e atualmente

envolve todas as escolas públicas sob a tutela do Ministério da Educação (Velez, 2010). O

PES, assegurado por agentes policiais, foi criado para garantir as condições de segurança

da população escolar através da vigilância das escolas e das áreas envolventes, do

policiamento dos percursos habituais de acesso às escolas e de ações de sensibilização

junto dos alunos (Velez, 2010).

Mais tarde, em 2006, o Ministério da Educação criou a Equipa de Missão para a

Segurança Escolar, que em articulação com o Observatório de Segurança na Escola são

responsáveis pela elaboração de um plano de ação nacional para combater as situações de

insegurança e violência escolar, adaptado a cada escola, o qual inclui realizar visitas e

reuniões de trabalho nas escolas, criar um fórum de discussão na Internet e organizar ações

de formação sobre segurança escolar (Velez, 2010).

Para além destas iniciativas implementadas pelo Ministério da Educação, vários

investigadores (Pereira, 2002 citada em Velez, 2010; Barbosa, 2010; Machado, 2011; Vaz,

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 20

2012) também se preocuparam em desenvolver programas e propostas de medidas de

intervenção que pudessem combater o Bullying.

A este respeito, Pereira (2002 citada em Velvez, 2010) desenvolveu um programa

de intervenção centrado nos recreios. Este programa, definido pela própria instituição e

descrito no Projeto Educativo, foi aplicado em duas escolas (1º e 2º ciclos). O programa

centrava-se no melhoramento das zonas de recreio, no envolvimento dos docentes e na

supervisão dos espaços e tempos livres da escola. Os resultados obtidos foram bastante

positivos, pelo que a autora considerou de extrema importância a necessidade de se dar

mais atenção aos tempos livres das crianças, uma vez que é nos recreios que o fenómeno

bullying ocorre com mais frequência (Velez, 2010).

De acordo com Rodriguez (2007 citado em Eiras, 2009), em Portugal, alguns

programas de intervenção estão a ser desenvolvidos nas nossas escolas por meio do

programa europeu Training and Mobility for Research (2001) que tem em conta várias

campanhas anti-bullying, levadas a cabo em vários países, e nomeadamente em Portugal.

Deste modo, em Braga, os próprios alunos criaram um programa chamado a Liga dos

Alunos Amigos (LAA) que pretende evitar as agressões entre colegas e combater conflitos.

O programa engloba três vertentes: formação de diretores de turma relativamente às formas

de prevenir situações de agressão; criação de um grupo de alunos com o objetivo de mediar

os conflitos; e criação de uma rede sócio emocional formada pelos próprios alunos. São os

próprios alunos que escolhem os elementos que constituem a LAA, sendo considerados

para critérios de seleção: ser um bom amigo, saber guardar segredos e saber ouvir e

respeitar as opiniões de todos os colegas (Fante, 2005, citado em Eiras, 2009). Os alunos

que constituem a LAA recebem formação prática no sentido de melhorarem as

competências de comunicação bem como de ajuda aos seus próprios colegas (Rodriguez,

2007, citado em Eiras, 2009). A implementação deste projeto tem dado resultados

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 21

positivos e toda a comunidade escolar tem reagido bem à atuação da LAA, sendo que 75%

dos alunos afirma que se trata de um bom exemplo para a escola e 65% dos alunos admite

que a LAA tem diminuído as agressões entre os colegas (Rodrigues, 2007 citado em Eiras,

2009).

Mais recentemente, Barbosa (2010) desenvolveu um estudo no qual propôs um

modelo de intervenção. Inicialmente, procurou saber o que seria necessário para poder

implementar a possível proposta de intervenção, cujo objetivo seria sensibilizar toda a

comunidade escolar sobre este fenómeno. Deste modo, constatou que são quatro as

principais necessidades para poder atuar face ao fenómeno Bullying: 1) Falta de

informação de alunos, pais e professores; 2) Mais supervisão por parte de professores e

funcionários; 3) Denunciar; e 4) Segurança na escola. Dadas estas necessidades, o autor

realizou 3 sessões dirigidas aos pais e professores nas quais procurou esclarecer acerca do

Bullying e desenvolveu um plano de intervenção composto por 10 sessões dirigidas aos

alunos, contando com a presença de um psicólogo em algumas sessões. Para a realização

deste plano de intervenção, Barbosa (2010) baseou-se em Martins (2008) e sugeriu três

tipos de intervenção: 1) O treino de competências (utilizado na 1º sessão, na qual foi

solicitado aos alunos que fizessem uma pesquisa sobre o tema) - permite desenvolver

aptidões, perceber problemas, reconhecer sentimentos, criar soluções alternativas,

antecipar consequências e usar pensamentos de meios para fins; 2) A discussão de dilemas

morais (utilizado na 6ª sessão, na qual foi solicitada aos alunos a realização da atividade “o

que farias se…?”) - permite fomentar o raciocínio moral e interpessoal mostrando ao

individuo outra maneira de agir/pensar numa determinada situação/comportamento; e 3) A

educação psicológica deliberada (utilizado principalmente na 3, quando foi pedido que os

alunos vigiassem o recreio, e também nas sessões 1 e 6, uma vez que este tipo de

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 22

intervenção engloba as anteriores) - resume-se essencialmente ao princípio dos 3 Rs - reais

condições, reflexão e responsabilidade.

Nas várias sessões foram utilizados dois tipos de estratégias: a estratégia

informativa-instrutiva (visualização de documentários, informação, debates e

esclarecimento de dúvidas acerca do Bullying) e a estratégia de exploração reconstrutiva

(exploração das pesquisas realizadas pelos alunos, levantamento da informação recolhida

pelos alunos, discussão de ideias e registo de informações/conclusões).

Também Machado (2011) procurou elaborar um plano de intervenção para prevenir

a violência em contexto escolar, cujo objetivo foi incluir todos os atores do contexto

escolar, enfatizando, assim, a participação e estreita colaboração entre os diferentes

intervenientes (funcionários, professores, psicólogo, membros da direção e encarregados

de educação). Num primeiro momento, no início do ano letivo, a autora propõe três ações

de sensibilização, dirigidas, respetivamente, a três públicos-alvo: i) professores e

funcionários; ii) apenas professores; e iii) encarregados de educação. Na primeira ação de

sensibilização, os professores e os funcionários devem ser convocados para uma ação de

sensibilização acerca do tema, das suas consequências e das formas de prevenção, devem

ser solicitados para sugerir formas de combater a violência escolar, bem como, sugerir o

recrutamento de alguns elementos para auxiliar na criação de grupos de apoio à

implementação de um programa contra a violência. Na segunda ação de sensibilização,

dirigida apenas aos professores, pretende-se que os professores possam desenvolver ou

aperfeiçoar algumas das suas estratégias de ensino e gestão da sala de aula com vista a

melhorar o seu relacionamento com os alunos. Na terceira ação, pretende-se sensibilizar

para o tema os encarregados de educação, podendo alguns deles ser recrutados com vista à

participação em determinadas atividades escolares, possibilitando, assim, o

estabelecimento de relações de maior proximidade entre o contexto escola-família. Num

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 23

outro momento, a autora sugere, também, a criação de clube de alunos, orientado por um

professor ou psicólogo escolar, atribuindo a este grupo funções como: ações de

sensibilização para a prevenção de violência; elaboração de diretrizes e sanções para os

alunos violentos; criação de um espaço de apoio aos alunos agressores e agredidos; criação

de atividades lúdicas que permitam e possibilitem a interação entre alunos de diferentes

anos escolares; elaboração do jornal escolar ou revista escolar; elaboração de panfletos

ilustrativos das situações de violência. Relativamente à ação do psicólogo escolar, este

deve contribuir para a formação de professores, encarregados de educação e funcionários,

bem como, criar um espaço aberto de apoio aos alunos (vítimas, agressores e testemunhas),

tendo o cuidado de não confrontar, de imediato, o aluno agressor e o aluno vítima, mas

sim, possibilitar, a seu tempo, a junção destes dois elementos para que possam resolver

conflitos existentes. Por fim, o psicólogo escolar poderia recorrer a técnicas de

relaxamento, resolução de conflitos e competências sociais, que seriam vistas como

benéficas e positivas para a diminuição da problemática associada à violência escolar

(Machado, 2011).

Já em 20012, Vaz desenvolveu um projeto no qual propôs uma medida de

intervenção e prevenção do Bullying. Consiste num jogo educativo-pedagógico intitulado

"A Brincar e a Rir o Bullying Vamos Prevenir" que permite aliar a educação ao jogo e às

novas tecnologias. Este jogo, pioneiro em Portugal, destina-se a crianças do 1.º e 2.º ciclos

do Ensino Básico e permite aos mais novos, quer tenham ou não conhecimentos sobre

Bullying, a participação e a perceção de matérias relacionadas com o assunto. Segundo a

autora, este jogo permite a envolvência direta dos professores na ajuda e orientação durante

o jogo, bem como sensibilizar e educar os jovens contra esta violência escolar através de

uma atividade lúdica, como é o jogo (Vaz, 2012).

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 24

Conclusões

Como temos vindo a dizer, o Bullying é uma problemática que não deve ser

ignorada e dada a sua eminência torna-se urgente a aplicação de medidas de intervenção,

bem como, do desenvolvimento de novos estudos sobre a temática que permitam fazer face

a este flagelo.

Deste modo, a revisão de literatura neste trabalho permitiu dar a conhecer alguns

programas de intervenção que foram aplicados no nosso país, nomeadamente, as iniciativas

implementadas pelo Ministério da Educação e as de vários investigadores (Pereira, 2002

citada em Velez, 2010; Barbosa, 2010; Machado, 2011; Vaz, 2012) que desenvolveram

programas bem-sucedidos no combate ao bullying. Estas medidas de intervenção que têm

vindo a ser dinamizadas no nosso país visam a segurança nas escolas, promovendo a

vigilância das mesmas e das áreas envolventes, bem como, a consciencialização por parte

de todos os membros da comunidade escolar (alunos, professores, encarregados de

educação e funcionários) para o fenómeno em questão.

Um dos objetivos dos programas de intervenção é que todos os membros que

compõem o contexto escolar, incluindo os pais dos alunos, tenham a noção que este

fenómeno, em maior ou menor incidência, ocorre em todas as escolas, e que acaba por ser

gerador de outras formas de violência ocorridas na nossa sociedade (ex. criminalidade

violenta e abuso de substâncias aditivas) (Almeida, 2007 citado em Eiras, 2009). Por este

facto, os programas de intervenção, são bastante relevantes, pois tentam demonstrar que a

violência pode e deve ser evitada e que em sua substituição deve prevalecer o

desenvolvimento de atitudes que valorizem a prática de tolerância e de solidariedade entre

os alunos. Desta forma, o diálogo, o respeito, e as relações de cooperação devem ser

valorizados e assumidos por todos os envolvidos no ambiente escolar (Rodriguez, 2007

citado em Eiras, 2009).

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 25

A implementação de medidas de combate ao Bullying torna necessária a

colaboração de todos os intervenientes, sendo esta uma tarefa permanente de educadores,

pais e sociedade em geral, conscientes de que se trata de um processo moroso e difícil, pois

trata-se de um fenómeno complexo. Ora, sendo a escola o local onde os sinais de Bullying

mais se manifestam, é também o local mais adequado para se poder combater este

fenómeno. Assim, para combater é fundamental que, em primeiro lugar, a escola reconheça

e admita a existência do problema, o que nem sempre é fácil. O ignorar a existência de um

problema desta índole poderá traduzir-se em dificuldades acrescidas na sua resolução.

Deste modo, avaliar e investigar o contexto escolar, em termos de agressividade, afigura-se

como um elemento central antes de todo o processo de intervenção, sendo, por isso, a

escola responsável por criar as condições que permitam aos diferentes intervenientes do

contexto educativo combater a violência escolar (Machado, 2011).

Nesta linha de pensamento, consideramos que a promoção de orientações,

consciencialização e conhecimento deste problema que é o Bullying, é fundamental para

poupar vítimas e evitar que o fenómeno seja reproduzido e que tenha repercussões na vida

adulta.

Neste sentido, concordamos com Carvalhosa et al. (2009) uma vez este

conhecimento é essencial para o desenvolvimento de políticas, apoios, programas e

medidas de intervenção aos mais diversos níveis, sejam eles político, comunitário, escolar,

familiar e individual. Assim, ao nível politico, o conhecimento acerca do Bullying pode

ajudar a criar políticas educativas e a organizar serviços e a distribuição de recursos

humanos capazes de responder a esta problemática; ao nível comunitário, pode facilitar o

estabelecimento de parcerias entre vários sectores e promover a interação entre

professores, técnicos e profissionais especializados, pais e entidades da comunidade; ao

nível escolar, pode ajudar a comunidade educativa a não negar que o problema existe, a

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 26

desenvolver regras de intolerância ao Bullying, especificadas no Regulamento Interno, a

promover programas de prevenção para toda a comunidade escolar e a desenvolver

estratégias adequadas e especificas para cada escola; ao nível familiar, pode sensibilizar os

pais e os encarregados de educação para saberem lidar, evitar e/ou incitar os seus

educandos ao Bullying; e por fim, ao nível individual, pode ajudar os alunos a criarem um

ambiente escolar seguro, acolhedor e agradável e a terem consciência da necessidade de

criar laços de afeto e respeito pelos outros (Carvalhosa et al., 2009).

Do exposto, consideramos que as intervenções mais eficazes em contexto escolar

são aquelas que envolvem e implicam, desde o primeiro momento, toda a comunidade

educativa e que têm em conta as especificidades de cada estabelecimento e contexto

educativo. Assim, a nossa proposta de intervenção contra o Bullying teria em conta as

seguintes medidas: i) Num primeiro momento, seria importante criar uma sessão de

esclarecimento sobre o Bullying na escola, envolvendo toda a comunidade, para

sensibilizar para esta temática; ii) De seguida implementar três ações de formação acerca

do Bullying, uma para professores, outra para funcionários e outra para os pais; iii) Definir

políticas educativas e programas internos na escola (Regulamento Interno) com regras

específicas de intolerância e combate à violência escolar; iv) Criar uma equipa

especializada de intervenção e prevenção contra o Bullying e uma equipa de vigilância dos

recreios escolares; Criar uma página online que garanta a confidencialidade e onde os

alunos possam colocar dúvidas e expor denuncias; v) aproveitar algumas aulas das várias

disciplinas ou criar algumas sessões próprias para os alunos onde se pudessem desenvolver

pessoal e socialmente, nas quais fossem apresentados vídeos acerca desta problemática;

análise de histórias e estudo de casos; dramatizações ou role play; brainstorming de

estratégias para prevenir e lidar com o Bullying; jogos pedagógico-didáticos; dinâmicas de

apoio de grupo; debate entre alunos, professores e outros elementos convidados, entre

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BULLYING: IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DE INTERVEÇÃO 27

outras formas de ajudar os alunos a integrarem-se no meio escolar, a aceitarem as

diferenças dos colegas e saberem dizer não à violência escolar.

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