bullying – conhecendo, combatendo

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UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES EDUARDO LOPES DA SILVA¹ BULLYING – CONHECENDO, COMBATENDO

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Trabalho sobre bullying

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Page 1: Bullying – Conhecendo, Combatendo

UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

EDUARDO LOPES DA SILVA¹

BULLYING – CONHECENDO, COMBATENDO

PRAIA GRANDE – SP

2014

¹Matrícula:78584 . Licentura em Pedagogia na séries iniciais, Pós graduado em Educação Especial com Ênfase em Defificiência Intelectual, Atendente de Educação e Prof. Adjunto

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UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

EDUARDO LOPES DA SILVA

BULLYING – CONHECENDO, COMBATENDO

Artigo Científico encaminhado à Universidade Candido Mendes –UCAM, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica.

PRAIA GRANDE – SP

2014

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BULLYING – CONHECENDO, COMBATENDO

Eduardo Lopes da Silva

RESUMO

O presente estudo tem por finalidade investigar o Bullying enquanto um fenômeno mundial, partindo do pressuposto de que suas determinações ainda não estão claras, mas que é um fenômeno que independe de classe social, localidade, ciclo escolar e condições financeiras, pois está presente em escolas públicas e privadas, no Ensino Fundamental e Médio, já havendo relatos inclusive, de bullying na pré-escola com crianças de três anos de idade. Por acreditar que a tarefa de todo educador, não apenas do professor, é a de formar seres humanos felizes e equilibrados, seja ela em qual cultura for independente de época, que fui a busca de novas informações, novos conhecimentos a respeito deste tão discutido assunto em nossa realidade. Sabemos que muito já se falou sobre educação, esta temática é bem antiga. Porém, os problemas relacionados a mesma, atingem patamares cada vez mais complexos. Por este motivo através desta pesquisa, estarei em busca de um novo olhar para a educação, pois esta não pode ser vista como um depósito de informação. Um olhar amoroso, de afeto, como forma de transmissão de conhecimento. Frente a estas evidências, levarei uma reflexão com um breve histórico do Bullying no Brasil, pois entendo que o cotidiano de muitos de nós tem sido marcado por um fenômeno, que se caracteriza pelo desrespeito, intolerância, indiferença, exclusão, perseguição aos considerados “diferentes” resultando em prejuízos na aprendizagem e trazendo consequências para a saúde física e mental dos envolvidos. Trata-se de um convite à reflexão e a ação, onde é possível viajar um pouco por esse fascinante universo de construção de seres humanos, que se dá em muitos âmbitos. Embora a escola seja um local privilegiado, a educação se dá na vida e se dá para a vida e para a felicidade. Por isto ao término deste estudo, meu maior objetivo é conseguir uma conscientização mais profunda sobre a educação, onde esta tem que visar sempre maneiras de integrar os alunos para adaptá-los a uma melhor relação social. Por isto vejo que se todos querem esta mudança, é preciso realmente abraçar a causa realizando algo na tentativa de auxiliar a educação de nossos cidadãos.

Palavras chave: Agressão. Afetividade. Direitos. Escola e família.

Introdução

Não apenas tarefa do professor, mas de todo educador é formar seres humanos felizes e

equilibrados .A felicidade é uma busca constante de todos os seres humanos seja ela em qual cultura

for independente de época. Sabemos que muito já se falou sobre educação, esta temática é bem

antiga. Porém, os problemas relacionados a mesma, atingem patamares cada vez mais complexos.

Por este motivo através desta pesquisa, estarei em busca de um novo olhar para a educação, pois

esta não pode ser vista como um depósito de informação. Um olhar amoroso, de afeto, como forma

de transmissão de conhecimento.

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Assim, este estudo será realizado através de investigação bibliográfica quantitativa e

qualitativa. Apesar da escassa bibliografia sobre o assunto, mesmo os estudos a respeito terem

iniciado na década de 1970. Realizarei uma exploração através de alguns materiais já elaborados em

cursos anteriores e pertinentes ao tema selecionado, que virá me auxiliar neste processo, entre eles:

livros, artigos científicos, revistas e internet.

Frente a estas evidências, levarei uma reflexão com um breve histórico do Bullying no

Brasil , pois entendo que o cotidiano de muitos de nós tem sido marcado por um fenômeno, que se

caracteriza pelo desrespeito, intolerância, indiferença, exclusão, perseguição aos considerados

“diferentes” resultando em prejuízos na aprendizagem e trazendo consequências para a saúde física

e mental dos envolvidos.

Trata-se de um convite à reflexão e a ação, onde é possível viajar um pouco por esse

fascinante universo de construção de seres humanos, que se dá em muitos âmbitos. Embora a escola

seja um local privilegiado, a educação se dá na vida e se dá para a vida e para a felicidade. Por isto

ao término deste estudo, meu maio objetivo é conseguir uma conscientização mais profunda sobre

a educação, onde esta tem que visar sempre maneiras de integrar os alunos para adaptá-los a uma

melhor relação social.

Desenvolvimento

O Bullying ainda é algo pouco discutido no nosso país e, por isso, a maioria das pessoas

desconhece o tema e sua importância. Muitas pessoas sofrem o Bullying, mas não o identificam e

nem pedem por ajuda, pela simples falta de informação. Por ainda existir muitas indagações sobre o

assunto que acredito estar levando uma breve reflexão onde todo ser humano é capaz de aprender,

ensinar, porém é preciso estabelecer uma aprendizagem coesa com base no amor e respeito pelo

outro.

Sendo assim, uma das tantas pesquisas as quais me chamaram atenção para esta reflexão,

destaco o artigo na Revista Nova Escola (2009, ed.Abril, p.14) onde o médico pediatra Lauro

Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e

Adolescência (ABRAPIA), que estuda o problema há nove anos, relata que pesquisas indicam que

adultos agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de

controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que um déficit em habilidades sociais e um ponto

de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser fatores de risco em particular.

A enciclopédia livre Wikipédia diz que Bullying é um termo da língua inglesa usado para

caracterizar atitudes agressivas, verbais ou não-verbais, repetitivas e intencionais, sem motivo

aparente, que tenha uma relação desigual de poder e cause sofrimento, dor e angústia. Por atitudes

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agressivas podemos entender: bater, chutar, xingar, humilhar, difamar, chantagear, amedrontar,

ameaçar, etc. Este comportamento é praticado por um sujeito (agressor) ou por um grupo de sujeitos

(agressores), com o objetivo de intimidar ou agredir outro sujeito (vítima) ou grupo de sujeitos

(vítimas). É praticado por crianças ou adolescentes que têm, por qualquer motivo, mais força e

poder que a vítima.

Estudos adicionais têm mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos

para a prática do bullying, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que sugira que os

burleis sofram de qualquer déficit de autoestima. Frente a estas evidências é necessário que se

pesquise, estude e propague o que é, como prevenir e como enfrentar este fenômeno, denominado

Bullying.

O fenômeno Bullying não escolhe classe social ou econômica, escola pública ou privada,

educação infantil, ensino fundamental ou médio, área rural ou urbana. Simplesmente esta entre as

crianças e jovens no âmbito escolar que podem se constituir de forma direta que a identificação

nessa modalidade é os xingamentos, tapas, empurrões, murros, chutes e apelidos ofensivos e

repetitivos, entretanto tem o Bullying indireto que é a forma mais comum entre o sexo feminino e as

crianças menores que é basicamente a fofocas, intrigas, boatos cruéis e rumores degradantes sobre a

vítima e familiares, que como consequência leva as vítimas ao isolamento social.

Contudo, reconhecidamente mundial e nem tão recente, estudos iniciais datam de três

décadas atrás, escolas e professores ainda não estão preparados para lidar com esta problemática.

O Bullying por vezes parece uma epidemia invisível, geralmente os adultos o ignoram ou fazem

pouco caso das agressões, considerando-as naturais. Existem registros de ocorrências de pessoas

que sofriam Bullying, ou seja, pessoas que eram vítimas do fenômeno e que, em atos de

extremismo, para por fim ao seu sofrimento, cometeram homicídio seguido de suicídio e, conforme

demonstrado na literatura, nem sempre as vítimas destes homicídios eram seus

agressores/intimidadores, chamados de autores de Bullying. Constantemente, a mídia aborda

casos de violência extrema envolvendo, cada vez mais, um número maior de jovens infratores

relacionados a fatos que escandalizam a sociedade como um todo e segundo estudos, podem ser

provocados pelo Bullying.

Indicados por algumas pesquisas adultos agressores têm personalidades autoritárias,

combinadas com uma forte necessidade de controlar. Encontrado em toda e qualquer escola e não

estando restrito a nenhum tipo específico de instituição sejam ela primária,secundária, pública ou

privada, rural ou urbana. Porém algumas características físicas (obesidade, magreza, nariz

comprido, cabeça avantajada), comportamentais (timidez, gagueira,etc) ou emocionais podem

tornar este indivíduo mais vulnerável ao Bullying, por dificultar a sua aceitação pelo grupo, que

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tende a conservar padrões de beleza e comportamento.

A rejeição às diferenças é um fator determinante para a ocorrência de Bullying. No entanto,

é provável que os algozes utilizem estas diferenças como desculpa para as agressões, motivos

sempre injustificáveis são os mais banais possíveis.

Os perfis dos agressores possuem traços de desrespeito e pervesidade e suas características

estão relacionados a um perigoso poder de liderança que, em geral, é obtido através da força física

ao psicológico, podem agir sozinho ou em grupo onde seu poder de destruição ganha reforço que

amplia seu território de ação e sua capacidade de produzir mais vítimas.

São comumente, indivíduos que têm pouca empatia. Amiúde pertencem a famílias

desestruturadas, principalmente com um déficit afetivo entre seus membros. São desprovidos de

uma vigilança paterna que oferece como paradigma para solucionar conflitos o comportamento

agressivo ou explosivo.

Estatisticamente, o tipo dominante de violência é emocional e pode ocorrer em qualquer

contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à

primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o

alvo da ofensa sendo comum para os assediados ficarem apavorados com a ideia de participarem da

vida escolar e se demonstram pessoas tristes e solitárias durantes suas vidas cotidianas

Muitos passam a ter fraco rendimento escolar, relutam ou se negam a ir para a escola,

chegando a fingir doenças. Mudam de escola com frequência, ou desistem dos estudos. Em alguns

casos, a complexidade da situação pode levar ao pensamento suicida ou a concretização, em

consequências dos assédios causando estrema depressão. As testemunhas ou cúmplces, são na

maior parte alunos, que convivem com essa violência e se calam pelo temor de se tornarem também

vítimas. Mesmo não sofrerem as agressões diretamente, muitas delas podem se sentir incomodadas

com o que veem e sentem insegurança sobre o que fazer.

Algumas negativamente reagem diante da transgressão de seu direito a aprender em um

ambiente seguro, solidário e sem temores influenciando negativamente sobre sua capacidade de

progredir na área acadêmica e socialmente.

Segundo Aramis (2003, p.76), a única maneira de combater esse tipo de prática é a

cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais. Pois todos

devem estar de acordo com o compromisso de que o bullying não será mais tolerado. As estratégias

utilizadas devem ser definidas em cada escola, observando-se suas características e as de sua

população. O incentivo ao protagonismo dos alunos, permitindo sua participação nas decisões e no

desenvolvimento do projeto, é uma garantia ainda maior de sucesso, a própria comunidade escolar

pode identificar seus problemas e apontar as melhores soluções. A receita é promover um ambiente

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escolar seguro e sadio, onde haja amizade, solidariedade e respeito às características individuais de

cada um de seus alunos. Fundamental que a escola que não se limite a ensinar apenas o conteúdo

programático, mas também onde se eduquem as crianças e adolescentes para a prática de uma justa

cidadania.

Fante, formada em História e Pedagogia, em entrevista a revista Nova Escola (2004, ed.

Abril, p.28), descreve sobre seu Projeto Educação para Paz, Programa Antibullying, desenvolvido e

utilizado por muitas escolas de rede pública. O Programa Educar para a Paz, de acordo com o

expresso em sua obra Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a

paz, é implementado por meio de metodologias simples, trabalhando-se com leituras de diversos

tipos de textos, poemas, redações de alunos da educação básica, fundamentando-se nos valores

humanistas de tolerância e solidariedade, explorando a compreensão, percepção, discussão a fim de

que eles se sensibilizem da existência desse fenômeno e tornem-se propensos a ter respeito mútuo.

A maioria dos estados brasileiros já estão sensibilizados e preocupados com esta causa, e

ações governamentais e sociais estão em andamento. O sancionamento de leis, a mobilização da

mídia e da sociedade e implantação de projetos a favor da paz e do amor na escola, tentam combater

a cada dia a violência no cotidiano escolar, com isso se prevê e se requer uma sociedade mais

tranquila, com líderes mais justos e uma sociedade para se viver melhor. São realizados movimentos

como carreatas, gincanas e eventos divulgados na mídia para o combate a violência na escola. No

entanto se não houver intervenções efetivas contra o BULLYING, o ambiente escolar continuará

totalmente contaminado. Todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a

experimentar sentimentos de ansiedade e medo.

As consequências para as crianças que sofrem BULLYING, dependendo de suas

características individuais e de suas relações com os meios em que vivem, em especial as famílias,

poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com

sentimentos negativos, especialmente com baixa autoestima, tornando-se adultos com sérios

problemas de relacionamento. Poderão assumir, também, um comportamento agressivo.

Há um abuso de poder por parte do agressor , que faz uso dela para intimidar a vítima

sistematicamente. Este poder pode ser real ou percebida , mas é eficaz para conseguir a submissão.

A vítima é exposta, e encurralada, paralisada psicologicamente, emocionalmente e

socialmente ,e é muito difícil para pedir ajuda ( por causa das ameaças ou achar que tem idade

resolver sozinho, ou até mesmo por vergonha e por não ter referências ou orientação de um adulto.

Existem diferentes manifestações deste fenômeno entre os quais podem ser mencionados :

Insultos , agressões verbais e comentários negativos expressos em voz alta na presença de

testemunhas;

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Isolar ou excluir intencionalmente uma pessoa de uma atividade em grupo ou interações

sociais;

Pedir dinheiro e ameaçando assalto ou gerar consequências negativas se não cumprir com o

que é pedido

Espalhar rumores sobre uma pessoa com a intenção óbvia de provocar danos emocional e

social

Uso da web e mídias sociais para insultar , atacar ou prejudicar uma pessoa

Ameaçar a atacar , ferir , ou gerar rumores sobre consequências a uma pessoa

Em geral, o bullying ocorre onde os adultos não conseguem mediar quando o

comportamento agressivo aparece entre eles. Por isso muitas vezes que sofrem tem medo de

denunciar e demoram a pedir ajuda dos adultos. E sem a certeza que a ajuda seja eficaz aumenta o

medo de represarias por causa da denúncia, e que os comportamentos agressivos se tornem mais

frenquentes e intensos.

O Bullying é praticado de diversas maneiras e a gravidade depende também do

comportamento de sua vítima. Como exemplo, sua ação pode ser:

física: empurrar, socar, chutar, beliscar, bater;

verbal: apelidar, xingar, insultar, zoar;

material: destroçar, estragar, furtar, roubar;

moral: difamar, disseminar rumores, caluniar;

psicológica: ignorar, excluir, isolar, perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar,

tiranizar, chantagear, manipular, ameaçar, discriminar, ridicularizar;

sexual: assediar, induzir e/ou abusar; e

virtual: divulgar imagens, criar comunidades, enviar mensagens, invadir a privacidade

(cyberbullying – bullying praticado por meio da internet e de ferramentas tecnológicas :

celulares, filmadoras, internet etc.) geralmente de forma anônima.

Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as meninas. No entanto, por

serem mais agressivos e utilizarem a força física, as atitudes dos meninos são mais visíveis. Já as

meninas costumam praticar bullying mais na base de intrigas, fofocas e isolamento das colegas.

Podem, com isso, passar despercebidas, tanto na escola quanto no ambiente doméstico.

Por isto quando decidi refletir sobre este tema na tentativa de aprender para saber melhor,

que hoje vejo ser necessário que todo educador tenha bastante conhecimento sobre o assunto para

poder ir a luta no combate ao Bullying. Falamos muito sobre o Bullying, mas qual o papel que

devemos de fato ensinar aos nossos alunos? Futuros trabalhadores, integrantes da sociedade. Qual é

o resultado da educação para a formação do homem de hoje? O resultado que todos esperam da

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escola e da família é que o jovem saiba o seu espaço social, ou seja, um cidadão envolvido e

comprometido com o coletivo.

Na nossa atual realidade já se fala em Direitos humanos de quarta geração, neles são

abordado a utilização da informática, o acesso e agilidade da internet e têm por intenção proteger o

patrimônio genético, o patrimônio moral e econômico dos indivíduos. Algumas situações tem sido

responsáveis pela mudança de atitude na sociedade. Nem sempre concordamos com o

comportamento de nossos jovens e adolescentes. Esses são metralhados com informações da TV e

da internet e não sabem, nessa fase, lidar com a situação. A cada dia a infância parece ter o seu

espaço mais reduzido.Perante a lei, o que acontece é que em função da democracia, parou-se de

pensar no indivíduo para a centralização no coletivo, mas os direitos individuais têm que estar

salvaguardados. Se finda a imagem do pai como cabeça do casal, como acontecia na sociedade

patriarcal burguesa, os direitos passam a pertencer também a outros membros da família,

fortalecendo a democracia e a convivência pertencente às relações humanas.

O problema é que nem sempre vemos as crianças como crianças, se estão no semáforo,

sentimos medo e fechamos o carro. O mesmo acontece na sala de aula, quando uma dessas crianças

discriminadas chega para estudar, porque, certamente, apresenta um grau de comportamento um

tanto inadequado, para que o professor possa compreender e os amigos de classe aceitar aquele que

é diferente. Segundo Torres (2003, p. 391) o papel da escola perante a formação e construção da

cidadania seria de possibilitar ao jovem uma leitura do mundo, levando-o a reconhecer o que é

pertencente ao seu ambiente cultural e o que é externo.

As múltiplas possibilidades de participação popular demonstraram a real necessidade de se

investir na educação para que o povo viesse ter a consciência de seus direitos e, portanto condições

de atuar com conhecimento de causa. A Constituição cidadã não poderia deixar de privilegiar a

educação como única alternativa para a construção da dignidade humana. Pois o artigo 5º da

Constituição Federal reza que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à segurança e a propriedade.

Enquanto educadores, cremos que é urgente que haja políticas educacionais que colaborem

com o ensino-aprendizagem, tanto para o aluno como para o professor. Não adianta, por exemplo,

especializar professores, sem dar-lhes voz para agir em sala de aula, não adianta culparmos os pais,

se estes estão perdidos na sua tarefa de educar. Senão repensarmos regras e valores, o que vai ser

dos dias que virão? É o nosso futuro que está em jogo.

Sendo passível de pena constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois

de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, é crime de

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constrangimento ilegal, ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto, ou qualquer outro meio

simbólico, também é crime e o autor deverá responder na justiça. Nenhuma criança ou adolescente

será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,exploração, violência, crueldade e

opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus diretos

fundamentais. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e

moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da

autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

O autor do bullying, uma vez identificado, não pode e nem deve ficar impune, porque a

legislação (ECA) determina que os que praticam atos dessa natureza responderão a procedimentos,

ficando sujeitos a cumprir medida socioeducativa proporcional ao ato praticado.

Algumas medidas socioeducativas poderam ser tomadas como a prestação de serviços à

comunidade, medida que bem aplicada, oportuniza ao adolescente a formação de valores e atitudes

construtivas, através de sua participação solidária no trabalho das instituições. Para crianças, cabe

ao Conselho Tutelar as providências e encaminhamentos, aplicando as medidas de proteção; para

adolescentes, são aplicadas as medidas socioeducativas previstas no artigo 112. Aprestação de

serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não

excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos

congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais e essas tarefas serão

atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de

oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a

frequência à escola ou jornada normal de trabalho.

Trabalhar gratuitamente, coloca o adolescente frente a possibilidade de adquirir valores

sociais positivos, através da vivência de relações de solidariedade e entreajuda, presentes na ética

comunitária., justificativa para a pena socioeducativas.

Convém ressaltar que os pais são responsabilizados pelos atos de bullying de seus filhos

quando estes estiverem sob seus cuidados, em sua residência, por exemplo. No entanto, se as

crianças e adolescentes estiverem sob a vigilância dos professores e demais funcionários da escola,

e estes alunos praticarem o bullying, a escola será responsabilizada por não ter evitado o incidente.

Eis o que prega a Cartilha lançada pelo Conselho Nacional de Justiça (BRASIL, 2010, p.12): A

escola é corresponsável nos casos de bullying, pois é lá onde os comportamentos agressivos e

transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes.

Conclusão

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Falar sobre educação é falar sobre a única alternativa política e social para que este país

encontre a dimensão de sua grandeza e para que o povo brasileiro encontre a dignidade. Por isto a

tarefa de todo educador, não apenas do professor, é a de formar seres humanos felizes e

equilibrados.

Bullying, um problema crescente no mundo inteiro, oriundo da falta de amizade entre as

pessoas, em especial entre as crianças em fase escolar.

Pode-se dizer que embora o Bullying ocorra com mais frequência no ambiente escolar, ele

também está presente no contexto familiar, ambiente acadêmico, profissional e social. Segundo

Fante (2008), tanto no contexto profissional, quanto familiar há uma estreita ligação de dependência

afetiva emocional ou financeira entre os envolvidos. Desta maneira, em geral as vítimas se calam e

carregam consigo uma série de prejuízos psíquicos e acadêmicos quando ocorre no âmbito das

escolas.

Por isto acredito que compete ao educador essa viagem tênue pela dor e pelo amor. Pelo

olhar cúmplice, que é capaz de dar sentido ao que parecia perdido. O educador não desiste diante da

aparente impossibilidade do educando de aprender ou diante da apatia ou de outro elemento

adverso. O educador não desiste porque, acima de tudo, é amigo. É a amizade que impulsiona o

caminhar junto. É possível sim lutar contra os discursos vazios, de métodos que não dão certo e do

fracasso escolar, o professor precisa se comprometer com a educação, mas para isso necessita do

apoio de outros ligados à educação, não só de pessoas da escola, mas da comunidade, dos

profissionais que estão de certa forma envolvidos com a educação e até mesmo de auxílio do

governo. Se todos querem esta mudança, é preciso realmente abraçar a causa realizando algo na

tentativa de auxiliar a educação de nossos cidadãos.

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http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/pelo-bem-proxima-geracoes-448285.shtml, visitado em

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