bruna teixeira silveira estimativa de pressão de …...eu o louvo e agradeço por todos os dons...
TRANSCRIPT
Bruna Teixeira Silveira
Estimativa de Pressão de Poros em 3 Dimensões
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: Sérgio Augusto Barreto da Fontoura
Rio de Janeiro, abril de 2009
Bruna Teixeira Silveira
Estimativa de Pressão de Poros em 3 Dimensões
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Sérgio Augusto Barreto da Fontoura Orientador
PUC-Rio
Franklin dos Santos Antunes PUC-Rio
Luiz Alberto dos Santos Rocha Petrobras
José Eugênio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio
Rio de janeiro, 02 de abril de 2009
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e do orientador.
Bruna Teixeira Silveira
Graduou-se em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 2006. Em 2005 foi aluna de Intercâmbio Internacional na Universidade do Texas em Austin e atualmente trabalha no Grupo de Tecnologia em Engenharia de Petróleo da PUC-Rio como Especialista em Geopressões na companhia Petrobras. Principais áreas de interesse: Geomecânica do Petróleo, Mecânica de Rochas e Engenharia de Petróleo.
Ficha Catalográfica
Silveira, Bruna Teixeira
Estimativa de pressão de poros em 3 dimensões/
Bruna Teixeira Silveira ; orientador: Sérgio Augusto Barreto
da Fontoura. – 2009.
96 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)–
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2009.
Inclui bibliografia
1. Engenharia civil – Teses. 2. Pressão de poros.
3. Geoestatística. 4. Modelagem geomecânica 5. Método
de Bowers. 6. Método de Eaton. I. Fontoura, Sérgio
Augusto Barreto da. II. Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. III.
Título.
CDD: 624
À Deus, aos meus pais e a minha família que tanto me incentivam e apóiam.
Agradecimentos
Em primeiro lugar à Deus. Eu o louvo e agradeço por todos os dons concedidos, o
dom da paciência com a dissertação e tudo que a envolveu, o dom da sabedoria
concedido também com os estudos para a realização da mesma, o dom do
discernimento de como conduzir essa atividade, todos os milhares de outros dons
concedidos e principalmente o dom da fé de que Ele sempre esteve do meu lado
em todos os dias dessa luta.
Agradeço o sim à Deus das pessoas que estiverem ao meu lado. A minha família
como principal incentivadora desse mestrado. Minha mãe que praticamente fez de
tudo pra eu tomasse a decisão de hoje estar aqui e meu pai que sempre
demonstrou a importância dos estudos em minha vida. À eles por aceitarem não
ter a minha presença constante dentro de casa em favor da minha formação. E por
todo o apoio financeiro e amizade que sempre tiveram por mim. Por todo o
conhecimento que eles me passaram, pelo exemplo que sempre me deram e
através desse exemplo me despetaram a vontade de seguir a mesma carreira de
geotécnica.
Agradeço também a toda minha familia. À minha querida vozinha Egle que eu
tanto sinto não poder ir mais ve-la todos os dias em sua casa. Por todas as ligações
sempre preocupada comigo. A minha querida madrinha Kathia e minha prima
Ana Carolina. E claro, aos meus grandes irmãos, o Renan que sempre foi meu
grande companheiro e esteve comigo durante esses duros anos de estudo e a
minha irmã Paula, agradeço por existir e peço desculpa por não te-la visto crescer.
O agradecimento aos meus amigos que ao longo desses anos de estudo se
tornaram minha familia. Às amigas Alice, Vivian, Bianca e Natacha, que foram as
primeiras grandes amizades conquistadas aqui nessa cidade. À amiga Vivian
Malta que sempre me ajudou muito. Aos amigos da pós Felipe, Raffaello e
Arthur. Ao grande companheiro Saré por toda amizade e experiência dividida. Ao
grande professor e amigo Claudio Amaral que sempre esteve ao meu lado e me
apoiou muito em todas às minhas decisões, por todos os ensinamentos, longas
conversas, caronas, chopps e oportunidades concedidas. Não poderia deixar de
agradecer ao meu grande e amado mestre Franklin, nunca vou esquecer de sua
felicidade ao me ver entrando nesse mestrado, seu abraço muito feliz e suas
congratulações pela bolsa conquistada. A esses dois por me ensinarem a ser
apaixonada pela Geologia como hoje sou.
Aos amigos da comunidade Gaudium Dei que me deram a oportunidade de voltar
aos braços de Deus e porque através dessa amizade hoje eu conquistei a familia
Chama de Amor. Por todas as crianças que ajudamos, pela Gaudium e os Irmãos
de Fé que me mostrarem a importância de ajudar uma pessoa que não tem as
mesmas chances que nós temos. Ao Chama querido, Guido e Thiago que o
criaram, Marianna, Andrea, Simone, Nana, Dona Aurélia, Carlinha, Fernando,
Fábio e Doug pela essa imensa amizade e por nunca me deixarem desistir. Aos
meus sulistas preferidos, tia Cris e sua familia e a amiga Aline pelos nossos papos
pelo telefone e internet. Aos amigos da Petrobras, João Paulo, Renata, Raquel,
Rômulo e Gabriel, por todos os risos no momento de labuta, aos amigos do Gtep,
em especial a Nelly e a Vivian, e aos amigos de Capítulo Estudantil da SPE. À
todos os outros amigos por todo o apoio, amizade e compania.
Ao meu querido orientador Sérgio Fontoura, pelo seu exemplo, incentivo,
amizade, conhecimento e compreensão. Por ser o orientador e chefe que é.
À Petrobras pelos dados concedidos para a realização dos estudos e a todos os
engenheiros da Engenharia de Poço do ENGP, por todo o conhecimento dividido
e seu incentivo. Em especial ao gerente Luiz Felipe, pelo amizade e incentivo e a
Coordenadora Helena.
Ao Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, ao GTEP, à SPE. Ao CNPQ,
à CAPES e a PUC-Rio pelo apoio financeiro e tecnológico.
Resumo Silveira, Bruna Teixeira; Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da. Estimativa de Pressão de Poros em 3 dimensões. PUC - Rio, 2009. 96p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Nos projetos de engenharia de poço, o conhecimento das pressões é
fundamental para o planejamento do poço e otimização do processo construtivo.
Em geral, as estimativas de pressão de poros são feitas baseadas em análises
unidimensionais de poços de correlação e dependem da experiência do analista
responsável. Tais estimativas não contemplam todos os dados de uma região e
muitas vezes dados não são bem aproveitados. Neste trabalho, é apresentada
uma metodologia para estimativa de pressão de poros tridimensional, onde as
propriedades dos poços da mesma região foram extrapoladas para toda área
através da ferramenta geoestatística. A partir desta extrapolação, foi possível
obter-se perfis sintéticos em qualquer locação dentro da região delimitada com
maior confiabilidade, enriquecer a compreensão global da região modelada e
finalmente construir um cubo tridimensional de pressão de poros utilizando os
modelos de Eaton e Bowers, baseando-se no critério que a região apresenta a
mesma tendência de compactação.
Palavras-chave Pressão de Poros, Geoestatística, Modelagem Geomecânica, Método de
Bowers, Método de Eaton.
Abstract Silveira, Bruna Silveira; Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da (Advisor). 3D Pore Pressure estimation. PUC - Rio, 2009. 96p. Msc. Dissertation - Civil Engineering Department, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
The knowledge of pore pressures of rocks is critical to several aspects of
petroleum the well design and planning. Usually, in the petroleum industry,
estimations are based on 1D analyses of the analogues wells and depend on the
professional experience. Moreover, estimations do not consider the whole base
data of the field. In this dissertation, is presented a methodology for 3D pore
pressure estimation, where well data is calculated for the whole area applying a
geostatistical tool to build the 3D properties model. From that, it was possible to
make more credible synthetics well logs at any location, enrich the whole area
comprehension, and also, to build the pore pressure cube based on Eaton and
Bowers pore pressure estimations models.
Key-words Pore Pressure, Geostatistic, Mechanical Earth Model, Bowers Method,
Eaton Method.
Sumário
1 Introdução 17
1.1. Motivação 17
1.2. Objetivo 19
1.3. Estrutura da dissertação 19
2 Revisão Bibliográfica 21
2.1. Conceitos Básicos 21
2.1.1. Conceito de Sobrecarga 21
2.1.2. Conceito de Poro Pressão 23
2.2. Classificação de Pressão de Poros 25
2.2.1. Subpressão 25
2.2.2. Sobrepressão 26
2.3. Origem das sobrepressões 27
2.4. Mecanismos geradores de sobrepressões 27
2.4.1. Mecanismos de tensões 27
2.4.2. Mecanismos de variação de volume nos fluidos 29
2.4.3. Mecanismos de movimentos de fluidos 29
2.4.4. Transferência Lateral e efeito centróide 31
2.4.5. Métodos de estimativa de poro pressão 31
2.5. Modelagem Tridimensional Geológica e Geomecânica (Earth
Modeling) 38
2.5.1. Definição de Modelagem Geomecânica 40
2.5.2. Modelagem geomecânica (Cubo de pressão de poros) 41
3 Analise de dados 42
3.1. Descrição dos poços 44
3.1.1. Poços utilizados no modelo unidimensional (Poços de calibração) 44
3.1.2. Poços utilizados no modelo tridimensional 49
3.1.3. Dados de entrada 50
3.1.4. Modelagem geométrica 51
3.1.5. Modelagem de propriedades 58
3.1.6. Geostatística 62
4 Analise de Pressão de Poros 75
4.1. Gradiente de sobrecarga 77
4.2. Estimativa de pressão de poros utilizando o modelo de Eaton 80
4.3. Estimativa de pressão de poros utilizando o método de Bowers 83
5 Conclusões e sugestões 87
Lista de figuras
Figura 2.1 – Carregamento em material poroso. (Fonte: Teixeira et al. 2000) 23
Figura 2.2 – Blowout na Argélia (Fonte: Google acesso em 17/02/2009). 24
Figura 2.3 – Pressão em função da profundidade. 26
Figura 2.4 – Modelo de argilas saturadas (Fonte: Eaton, 1972) 26
Figura 2.5 – Subcompactação e expansão de fluidos (Modificado de Bowers,
2002) 28
Figura 2.6 – Efeito de tectonismo. (Modificada de Hudec M. R., Jackson P. A.,
2007) 29
Figura 2.7 – Efeito Buoyancy. 30
Figura 2.8 – Transferência lateral de pressão. Dois poços perfurados atravessando
o mesmo arenito. 31
Figra 2.9 – Traçado da tendência de compactação NTL em pontos de folhelho de
acordo com o método de Eaton. 34
Figura 2.10 – Comportamento de compactação e expansão de fluidos.
(Modificada de Bowers, 1995) 36
Figura 2.11 – Aplicação do método de Bowers. (Bowers, 1995) 38
Figura 2.12 – Cubo de Pressão de Poros estimado por (Modificado de Torres e
Frydman ,2005) 40
Figura 3.1 – Padrões de litologia Petrobras©. 44
Figura 3.2 – Dados de poço DB-3. 46
Figura 3.3 – Dados do poço BD-4. 47
Figura 3.4 – Dados do poço DB-5. 48
Figura 3.5 – Dados do poço DB-11. 49
Figura 3.6 – Mapa de localização dos poços. 50
Figura 3.7 – Poços carregados no modelo e suas trajetórias. 51
Figura 3.8 - Construção de horizontes. 53
Figura 3.9 - Vista dos horizontes gerados. 54
Figura 3.10 - Divisão de camadas. 56
Figura 3.11 - Grid gerado. 56
Figura 3.12 – Seção geológica construída. 57
Figura 3.13 – Corte transversal da seção apresentada na figura 3.12. 57
Figura 3.14 – Histograma de distribuição dos dados de perfis sônicos 59
Figura 3.15 – Processo de carregamento de dados na malha (upscaling). 60
Figura 3.16 – Histograma de dados sônicos carregados no modelo comparado aos
dados de perfis 60
Figura 3.17 - Dados de densidade carregados nas células do modelo. 61
Figura 3.18 – Exemplo de semivariograma. 63
Figura 3.19 – Parâmetros de cálculo de semivariograma a partir de amostras
irrergularmente espaçadas. (spud Camargo, 1997). 65
Figura 3.20 - Mapa Variograma de Raios Gamma. (Raio de busca = 3000m,
número de lags 10). 66
Figura 3.21 - Mapa de variograma de Densidade (Raio de busca = 3500 m e
número de lags = 30). 67
Figura 3.22 - Mapa de variograma de Sônico (Raio de Busca = 11000 m e número
de lags = 40). 67
Figura 3.23 – Semi-variogramas experimentais das amostras de dados sônicos e
semi-variogramas com o modelo teórico exponencial. 68
Figura 3.24 - Analise de dados – Transformação de tendência unidimensional e de
escala. 69
Figura 3.25 - Variograma da propriedade sônico na zona 3 na menor direção. 70
Figura 3.26 – Análise estrutural de DT na zona 3. 71
Figura 3.27 - Histograma comparativo das etapas da modelagem de DT. 71
Figura 3.28 - Cubo de propriedade sônica. 72
Figura 3.29 - Cubo de propriedade de densidade. 73
Figura 3.30 - Cubo de propriedade Gamma Ray. 73
Figura 3.31- Validação dos resultados. 74
Figura 4.1 - Gráfico de tensão efetiva em função do sônico. 76
Figura 4.2 - Dados de MDT em função da profundidade. 78
Figura 4.3 - Perfil Densidade e gradiente de sobrecarga. 79
Figura 4.4 – Cubo de gradiente de sobrecarga. 79
Figura 4.5 - Perfil sônico de folhelhos e tendência de compactação normal. 81
Figura 4.6 - Gradientes de pressão de poros e sobrecarga. 82
Figura 4.7 - Gradiente de pressão de poros Eaton. 83
Figura 4.8 – Variação de tensão efetiva versus porosidade de acordo com o
fenômeno de geração de pressão anormais (Yassir e Bell, 1996). 84
Figura 4.7- Estimativa de pressão de poros método de Bowers. 85
Figura 4.8 - Gradiente de pressão de poros Bowers. 86
Lista de tabelas
Tabela 3.1 – Dados de topos estratigráficos. 52
Lista de símbolos e abreviaturas
S Sobrecarga g Aceleração da gravidade
bwρ Densidade dos sedimentos saturados D Profundidade ρ Densidade dos sedimentos
ρ matrix Densidade da matriz
aφ Fração de porosidade dos sedimentos
ρw Densidade da água
φb Porosidade dos sedimentos K Parâmetro empírico depth Profundidade ppg Libras por galão σ' Tensão efetiva σt Tensão total Pp Pressão de poros t Tempo de trânsito R Perfil resistividade PpN Pressão de poros normal C Perfil condutividade V Velocidade (ft/s) Vo Velocidade no fluido A Parâmetro de calibração B Parâmetro de calibração
σmax Tensão efetiva no inicio do descarregamento
Vmax Velocidade no inicio do descarregamento U Parâmetro de calibração de descarregamento
σvc Tensão onde a velocidade concorre com a curva virgem Caliper Perfis caliper GR Perfis gamma ray DT Perfis sônico RHOB Perfis densidade TFC Dados de pressão medidos DB Dom bosco M Coeficiente angular da reta
t∆ Intervalo de tempo Z Profundidade vertical
Gov Gradiente de sobrecarga
∆t0 Valor sônico no mudline
NTL Tendência de compactação normal
1 Introdução
1.1. Motivação
Este trabalho teve como principal motivação aplicar uma nova metologia de
estimativas de pressão de poros. Pois, um dos principais fatores que ocasionam o
aumento de tempo e de custo da perfuração está relacionado a problemas de
estabilidade de poços. Conhecer o estado de tensões, os condicionantes geológicos
e as pressões atuantes nos poros é essencial para a verificação da estabilidade de
poços de petróleo e otimização da perfuração.
A estimativa correta das pressões de poros da formação pode conduzir a
uma redução de tempo não produtivo de perfuração, aumento da segurança do
poço, dimensionamento correto dos revestimentos, assentamento de sapatas bem
definido, melhor trajetória do poço, redução na produção de cascalhos (passivo
ambiental), completação apropriada, canhoneio com poucos danos na formação e
economias no custo final do poço.
A quantificação de pressões é um desafio devido à grande dificuldade da
medição no local dos valores de pressão, da dificuldade em obter-se amostras para
ensaios geomecânicos que auxiliam no conhecimento do comportamento de
tensões das rochas, e da definição do real mecanismo de geração de pressões altas.
Segundo Bourgoyne et al (1986) para perfuração confiável de um poço
profundo de exploração de hidrocarbonetos, é importante manter a pressão do
poço entre a pressão de formação e a máxima que a formação pode suportar sem
fraturar.
E m geral, nas estimativas de pressão de poros são utilizados modelos
empíricos, analíticos ou numéricos baseados em parâmetros de porosidade
estimados através de perfis elétricos ou através da sísmica. As incertezas
aumentam devido a erros nas medições das propriedades físicas das rochas. Além
disso, os modelos matemáticos são aplicaveis somente em rochas argilosas, que
devido ao mecanismo de subcompactação difinido no Capítulo 2 desta
dissertação.
18
Outro problema encontrado na previsão de pressão de poros é a dificuldade
de identificação do mecanismo de geração de pressão de poros. No entanto,
atualmente são desenvolvidos modelos tridimensionais geológicos e
geomecânicos (Shared Earth Models) que podem auxiliar na visualização do
problema e identificação do mesmo.
Nos modelos tridimensionais, são utilizadas técnincas geostatísticas de
krigagem que serão definidas no Capítulo 3 desta dissertação para a estimativa de
distribuição espacial das propriedades utilizadas para o cálculo de pressão de
poros ao longo do modelo (população do modelo).
Devido à quantidade de aproximações feitas nas estimativas de pressão de
poros é ideal trabalhar com uma faixa de valores prováveis. Segundo Matthews
(2004), são utilizados elementos probabilísticos que melhoram a confiabilidade
dos resultados em relação a um resultado determinístico.
A evolução dos métodos de estimativas de pressão de poros caminha na
direção de estudos tridimensionais. São utilizadas as informações dos modelos
unidimensionais, dos conhecimentos geológicos como estratigrafia, da geometria
de camadas, da ocorrência de falhas, das idades das formações, da temperatura, da
hidrogeologia, da ocorrência de tectonismos, enfim, todas as informações
referentes à história geológica. O resultado obtido é um modelo de previsão de
pressão de poros para qualquer ponto da área modelada.
Segundo Doyen (2007) os modelos geomecânicos numéricos
tridimensionais atualmente participam de uma função importante na indústria de
exploração e produção. São usados freqüentemente para planejar novos poços,
cálculo de reservas de hidrocarbonetos e, quando integrado a um simulador de
fluxo, pode prever perfis de produção. Devido à escassa cobertura dos poços, os
modelos geomecânicos são geralmente pobremente relacionados longe da região
dos poços. O grande desafio é quantificar a integração de dados sísmicos para
obter representações mais apuradas das propriedades entre poços.
A geostatística participa de um papel importante na construção dos modelos
geomecânicos. Inicialmente, desenvolvidos na indústria de mineração por
Matheron, as técnicas geostatísticas estão sendo vastamente adotadas na indústria
do petróleo. Técnicas como krigagem e simulação condicional são baseados em
dados dos poços para interpolar propriedades entre eles e criam modelos
tridimensionais heterogêneos realistas.
19
1.2. Objetivo
O objetivo deste trabalho é construir um cubo tridimensional de pressão de
poros. Para isso foram desenvolvidas análises unidimensionais de pressão de
poros com a finalidade de obter uma tendência única de compactação nos poços
da região e utilizá-las na construção do modelo tridimensional de pressão de
poros. Como ferramentas de trabalho foram utilizadas os softwares Predict® da
empresa Drillworks e Petrel® da empresa Schlumberger.
Para esta análise, foram utilizados os dados fornecidos pela empresa
Petrobras para finalidade de pesquisa.
A motivação deste trabalho veio da necessidade de visualização
tridimensional do problema de poro pressões, para a melhor escolha do
mecanismo de geração e do modelo para estimativa a ser empregado.
O problema análisado foi a verificação de como a modelagem
tridimensional geológica e geomecânica pode contribuir para a previsão de
pressão de poros, assim como agregar novos recursos aos métodos adotados
atualmente.
A hipótese básica utilizada no presente problema é de que a modelagem
tridimensional pode fornecer como dado de saída um perfil sintético que pode ser
utilizado para a previsão de pressão de poros com métodos convencionais.
Como hipóteses secundárias: a modelagem tridimensional pode auxiliar na
escolha do mecanismo gerador, auxiliando na visualização do problema e; que
podem ser geradas funções de densidade (PDF) para cada ponto do problema,
criando-se assim um faixa de prováveis valores de poro pressão.
Pretende-se desenvolver uma metodologia que permita interpretar, estimar,
analisar e visualizar geopressões em três dimensões através de uma perspectiva de
engenharia de poço.
1.3. Estrutura da dissertação
Esta dissertação segmenta-se em seis capítulos, o presente Capítulo 1 e os
posteriores, as referências bibliográficas e seus apêndices.
O Capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica realizada para a realização do
trabalho. Consistem na descrição dos fundamentos básicos de pressão de poros,
20
descrição dos mecanismos de geração de pressão de poros anormal e descrição
dos métodos de estimativa de pressão de poros em poços e é incluído breve
histórico de modelagem tridimensional.
O Capítulo 3 consiste na descrição das metodologias utilizadas para a
resolução do problema. Apresenta inicialmente a metodologia de levantamento de
dados relevantes para o trabalho, um mapa da disposição espacial dos poços, a
seção geológica interpretada e descrição do tipo de rocha encontrado na região.
Posteriormente, os dados são apresentados, analisados e tratados tanto para a
geração de uma tendência de compactação para a região quanto para o
carregamento destes dados no modelo geológico gerado.
No Capítulo 4 são apresentados os casos, suas aplicações e os resultados.
Nestes, são apresentados os resultados da modelagem unidimensional de pressão
de poros e os resultados do modelo tridimensional. Do modelo tridimensional é
gerado um cubo de pressão de poros.
No Capítulo 5 e ultimo capítulo são apresentadas as conclusões e sugestões
para os próximos trabalhos.
Ao final do volume são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas
para a elaboração do trabalho e a geração de idéias para o mesmo.
2 Revisão Bibliográfica
2.1. Conceitos Básicos
Nos métodos utilizados para estimativa de pressão de poros a etapa inicial
consiste na construção da curva de sobrecarga. Como primeira etapa é
apresentado neste trabalho o conceito de sobrecarga, posteriormente o conceito de
pressão de poros, sua classificação e os fenômenos geradores de pressões
anormais e conceitos de modelagem tridimensional.
2.1.1. Conceito de Sobrecarga
A tensão de sobrecarga é a tensão exercida por todo material, tanto fluido
como sólido, devido peso próprio das rochas.
A curva de tensão de sobrecarga é calculada pela integral do perfil de
densidade geralmente obtido na perfuração de poços, em geral, o perfil de
densidade não é obtido nas profundidades mais rasas, sendo calculado através da
correlações matemáticas.
Neste trabalho, para a construção do perfil sintético densidade nas
profundidades mais rasas (sedimentações superficiais) foi utilizada a correlação de
Miller. O perfil de densidade sintético de Miller é gerado de correlações de
medições de porosidades de sedimentos em amostras em função da profundidade
do sedimento. Segundo Rocha (2004) essa correlação só é confiável em
profundidades entre 500 m a 1500 m abaixo do fundo do mar.
Quando não houver dados pode ser utilizado a correlação de Gardner em
toda a profundidade a partir do perfil sônico.
As equações utilizadas para obtenção do perfil sintético de Miller são as
equações 2.1 e 2.2.
( )
−
∗+=ndepth
ba e
1κ
φφφ (equação 2.1)
22
( ) φρφρρ wmatrix +−= 1 (equação 2.2)
Onde: φ é a porosidade; aφ fração de porosidade dos sedimentos em
grandes profundidades; φb porosidade dos sedimentos adequando o parâmetro
igual à porosidade fundo do mar menosaφ ; K parâmetro empírico (padrão =
0,0035 para águas profundas no golfo do México), depth é igual à profundidade e
n parâmetro empírico (padrão= 1,09 para águas profundas no golfo do México);
ρ é a densidade dos sedimentos, ρ matrix é a densidade da matriz (tipicamente 2,68
g/cm3 para argilas; ρw densidade da água.
Mathews (2005) em seu trabalho, demonstra que há influência no gradiente
de sobrecarga através da superposição de sedimentações superficiais, variando o
tipo de sedimento superficial entre valores de densidade de argila e densidade de
areias, logo o valor de sobrecarga varia de acordo com o tipo de sedimento. E no
mesmo trabalho, varia os perfis de densidade através de dez perfis diversos e
chega à conclusão que o comportamento do gradiente de sobrecarga não é muito
afetado e a maior diferença obtida em seu estudo foi de 0,1 ppg.
O modelo utilizado para o cálculo da sobrecarga é dado pela equação 2.3.
∫=z
bw dzzgS0
)(ρ (equação 2.3)
Onde S é a sobrecarga, bwρ a densidade dos sedimentos saturados, g a
aceleração da gravidade e z a profundidade.
No trabalho de Sayers et al (2006) foi realizada uma estimativa numérica da
incerteza na estimativa da sobrecarga e através de integração de múltiplas
simulações estocásticas de densidade, assumindo uma variação da densidade com
constante erro de ± 3%. A incerteza foi na ordem de ±1%. Segundo Doyen et al
(2004) essa incerteza comparada com as incertezas em velocidades sísmicas
intervalares representa uma proporção pequena na correspondência com a
incerteza na estimativa final de pressão de poros.
23
2.1.2. Conceito de Poro Pressão
O conceito de poro pressão, denominada também como pressão da formação
ou pressão de poros, é a pressão que o fluido exerce no interior dos poros dos
elementos porosos como os solos e as rochas.
Um fluido quando submetido a um carregamento reage igualmente em todas
as direções, desenvolvendo tensões normais anisotrópicas e cisalhantes nulas.
Figura 2.1 – Carregamento em material poroso. (Fonte: Teixeira et al. 2000)
Terzaghi em seu principio das tensões efetivas, chegou à conclusão que um
material poroso (rocha ou solo) quando submetido a uma força, a tensão aplicada
à matriz desta é igual à tensão total menos a poro pressão, demonstrada na clássica
equação 2.4:
pt P−= σσ , (equação 2.4)
O conhecimento dos valores de pressão de poros é importante nos projetos
de poço para a determinação do peso de fluido que será utilizado na perfuração, o
qual é responsável pela pressão dentro do poço na etapa de perfuração.
Diante das formações permeáveis, caso a pressão de poros se torne maior
que a pressão dentro do poço, poderá ocorrer um influxo do fluido da formação
para o poço, denominado de kick ocasionando perdas de tempo de perfuração,
pois será necessária uma interrupção da perfuração para o controle deste tipo de
tσ
,σpP
24
fluxo. Em casos mais problemáticos e de total descontrole esse influxo pode
chegar à superfície, resultando em um blowout, dependendo do tipo de fluido que
chega a superfície, se ele for inflamável, pode levar a um desastre com danos ao
meio ambiente, a destruição da plataforma e até a perda de vidas. Na Figura 2.2 é
apresentada a foto de um blowout de gás ocorrido na Argélia, esta incendiou toda
a plataforma e observar-se nesta figura a proporção deste tipo de acidente.
Figura 2.2 – Blowout na Argélia (Fonte: Google acesso em 17/02/2009).
Em formações de baixa permeabilidade como os folhelhos a pressão de
poros maior que a pressão dentro do poço pode levar também ao desmoronamento
de cascalhos dentro do poço, ocasionando prisão de coluna como consequência.
No entanto, se o peso de fluido for muito maior que a pressão de poros e
chegar ao gradiente de fratura pode ocasionar na fratura da formação e perdas de
fluido de perfuração para o poço.
Em meios permeáveis como as rochas reservatórios a pressão pode ser
medida por métodos diretos e estimadas por métodos indiretos, mas em formações
impermeáveis, ou rochas selantes, como os folhelhos, não é possível medi-las.
Assim foram estudados alguns métodos indiretos através de interpretações de
parâmetros de perfuração, como por exemplo, perfis sísmicos ou perfis elétricos.
25
2.2. Classificação de Pressão de Poros
As pressões de poros são classificadas em três categorias segundo Mouchet
e Mitchell (1989): normais, subpressões e sobrepressões.
A pressão de poros é dita normal quando é igual à pressão hidrostática
gerada pelos fluidos presentes no meio poroso, que é igual, ao peso da coluna de
fluidos. E tem o gradiente de 8,0 a 9,1 ppg.
Subpressões ou pressões anormalmente baixas são pressões exercidas pelos
fluidos que apresentam pressões menores que a pressão hidrostática, gradientes
menos que 8,0 ppg. Geralmente, ocorrem com menor freqüência em campos
exploratórios. Porém ao longo da produção de um poço podem ser encontradas.
Neste caso, o campo é denominado campo depletado.
Sobrepressões ou pressões anormalmente altas são as pressões maiores que
as pressões hidrostáticas, com gradientes maiores que 9,1 ppg e ocorre com
grande freqüência devido a diversos mecanismos que serão descritos nos
próximos itens.
A Figura 2.3 apresenta os valores de pressão em função da profundidade.
São apresentados o gradiente de sobrecarga ou litoestático é o gradiente de
pressão da rocha, o gradiente de fratura valores de pressão onde a rocha se rompe,
e o gradiente hidroestático que é o valor da pressão da coluna de água. Para
gradientes maiores que o hidroestático temos as sobrepressões em amarelo e para
gradientes menores as subpressões em azul.
2.2.1.Subpressão
Segundo Fertl (1977) as subpressões podem surgir artificialmente pela
produção de óleo, gás e/ou água abaixo da superfície de formações permeáveis. A
produção de grande quantidade de fluido de reservatório pode reduzir
drasticamente a pressão de formação se não houver força de injeção de água
suficiente para compensar a redução de pressão.
Ocasionalmente, indicações de redução de pressão in-situ nos reservatórios
de óleo são manifestadas na superfície como subsidências.
26
Figura 2.3 – Pressão em função da profundidade.
2.2.2.Sobrepressão
Para uma melhor compreensão do conceito de sobrepressão em rochas, foi
feito uma analogia com o modelo de argilas saturadas definido em trabalhos de
mecânica dos solos demonstrado na Figura 2.4, segundo Eaton (1972):
Figura 2.4 – Modelo de argilas saturadas (Fonte: Eaton, 1972)
Pressão x Profundidade
Gradiente de Pressão No rm
al
Gradiente de Fratura
Gradiente Sobrecarga
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0
Pressão (psi)
Pro
fund
idad
e (m
)
27
Na Figura 2.4 o primeiro estágio mostra uma situação em que o sistema já
se encontra pressurizado. Já o segundo estágio mostra a situação em que há
liberação de água. E finalmente, o terceiro estágio uma situação de equilíbrio em
que toda a pressão excedente nos fluidos é liberada.
Segundo Fertl (1997) pressões anormalmente altas são mais comuns em
formações da era Cenozóica (Idade Pleistoceno) até a era Paleozóica (Idade
Cambriana), devido ao rápido processo de deposição das rocha. Estatisticamente
nota-se que podem estar presentes em seqüências de folhelhos/argila ou massivas
sessões de carbonatos e evaporitos. Também é observado que são mais freqüentes
na era Cenozóica, no entanto na era Mesozóica têm ocorrido as sobrepressões
mais severas.
2.3. Origem das sobrepressões
As sobrepressões podem ser geradas por um único mecanismos ou pela
combinação destes. A condição necessária para que ocorram é a existência de um
ambiente selado ou semi-selado. Segundo Swarbrick e Osborne (1998) as
sobrepressões podem depender da combinação de fatores como, mecanismos
geradores de poro-pressão, tipo de fluido presente na formação, permeabilidade da
rocha e seu tempo geológico.
2.4.Mecanismos geradores de sobrepressões
Segundo Swarbrick e Osborne (1997) se agrupam em três categorias:
tensões, expansão de fluidos e movimento de fluidos. São descritos nos itens
seguintes.
2.4.1.Mecanismos de tensões
Os mecanismos provenientes da categoria de tensões in-situ são os
mecanismos de desequilíbrio na compactação, conhecido como subcompactação,
sendo este o mecanismo mais comum de geração de sobrepressões. Segundo
Eaton (1972), este ocorre quando durante o período de compactação rápida
quando não houve tempo suficiente para que as pressões fossem dissipadas e
rapidamente a camada foi sobreposta. Este mecanismo é incidente em rochas com
28
baixas permeabilidades, pois estas impedem que o fluido possa ser liberado. O
processo que ocorre em folhelhos é análogo ao processo de dissipação de poro
pressões em argilas.
A subcompactação congela a tensão efetiva no tempo. Ou seja, ela
permanece constante e a velocidade permanece fixa na curva virgem. Pode-se
observar em um gráfico de velocidades ocorre um platô de velocidade. Na Figura
2.5 pode-se observar que, no local onde ocorre o fenômeno de subcompactação, a
tensão efetiva se mantém constante.
Figura 2.5 – Subcompactação e expansão de fluidos (Modificado de Bowers, 2002)
O segundo mecanismo proveniente do efeito de tensões é o mecanismo
tectônico, ou tectonismo. Segundo Hudec e Jackson (2007) o efeito imediato do
tectonismo é modificar a força e a direção do campo de tensões. Podendo gerar
forças compressionais maiores que as aplicadas sobre o processo de deposição. Da
mesma forma que a subcompactação há um acréscimo de tensão e o fluido não é
capaz de escapar devido às rochas selantes.
O mecanismo tectônico é muito comum devido ao movimento de evaporitos
como mostrado na Figura 2.6. Este movimento além de gerar rotação de tensões,
pode gerar pressões anormalmente altas nas regiões comprimidas e nas regiões
tracionadas pode ocasionar perdas de fluido de perfuração, quando da existência
de fraturamento, nas denominadas rubble zones.
Tensão
Efetiva
29
Figura 2.6 – Efeito de tectonismo. (Modificada de Hudec M. R., Jackson P. A., 2007)
2.4.2. Mecanismos de variação de volume nos fluidos
A expansão de fluidos pode ser ocasionada por aquecimento, maturação dos
hidrocarbonetos ou pela expulsão /expansão de água durante a diagênese de
argila. A expansão de fluidos pode fazer com que a taxa de crescimento de
pressão de poros seja maior taxa de crescimento da sobrecarga.
Conseqüentemente, as tensões efetivas diminuem mesmo com a continuação do
soterramento, onde a tendência normal seria aumentar. Segundo Bowers (1995)
este efeito produz uma reversão de velocidade intervalar que apresentam vestígios
de uma curva de descarregamento de tensão.
Deve-se ressaltar que a pressão de poros não alcança a tensão de sobrecarga,
pois em geral quando a pressão de poros se aproxima da sobrecarga umas das
tensões principais, pelo menos a menor é alcançada, então a rocha rompe por
fraturamento e liberam fluidos e pressões.
2.4.3. Mecanismos de movimentos de fluidos
Podem ser vistos como uma distribuição de pressão. Não é um mecanismo
primário de geração, mas essa transferência pode ser o principal controle da
pressão em excesso. O movimento do fluido é guiado pelo diferencial de pressão e
controlado por um canal conectante como, por exemplo, uma falha, ou pela
permeabilidade de uma formação inclinada.
Superficie Neutra
30
As pressões impostas aos fluidos de um reservatório se transmitem em
todas as partes do reservatório. Essa transmissão depende: da densidade dos
fluidos, da altura da coluna de fluido, da pressão do fluido da formação na base da
coluna. A transmissão hidráulica poderá gerar sobrepressão na vizinhança do topo
da zona permeável quando, acima do aqüífero, o reservatório contiver um fluido
menos denso que a água, tal como o gás ou o óleo. Esse efeito é conhecido como
efeito buoyancy.
Na Figura 2.7 é demonstrado um mesmo arenito (em amarelo) com três
fluidos de densidades diferentes. O fluido em azul escuro, fluido água, tem
gradiente de pressão no topo de 9 ppg,. Para se obter o gradiente de pressão no
ponto p2 é descontado a coluna no fluido em preto, óleo, na indústria o valor de
densidade estimado para o óleo é de 6 g/cm3, essa coluna é descontada e obtida o
gradiente de 9,1 no ponto p2 e posteriormente no ponto p3 é descontado a coluna
de gás, na indústria é utilizado o valor de densidade de 2 g/cm3. Os valores em p1
e p4 são valores obtidos nos métodos de estimativa descritos neste capítulo.
Figura 2.7 – Efeito Buoyancy.
31
2.4.4.Transferência Lateral e efeito centróide
Traugott (1996) demonstrou a teoria de transferência lateral de pressões e o
efeito centróide. A pressão de poros em corpos de areias permeáveis possui
pressões distribuídas uniformemente, em contraste com as argilas que possuem
permeabilidade baixa, logo baixa capacidade de dissipação de pressão. Um arenito
inclinado cercado de folhelhos possuirá poro pressões idêntico aos folhelhos
vizinhos somente em uma profundidade chamada de centróide. Acima do
centróide as areias terão pressão nos fluidos maiores que argilas adjacentes.
Abaixo do centróide as areias terão pressões menores que as argilas adjacentes.
A qualidade do selo e alívio estrutural controla as sobrepressões dos corpos
de areia. Na crista de uma estrutura a pressão de poros em areias pode se
aproximar da tensão de fratura. Isso pode resultar em situações críticas de
perfuração, com um abrupto salto das pressões no fluido na crista ou próximo a
ela.
Figura 2.8 – Transferência lateral de pressão. Dois poços perfurados atravessando o
mesmo arenito.
2.4.5. Métodos de estimativa de poro pressão
Diversos métodos de estimativas de poro pressões têm sido desenvolvidos e
essa lista continua a crescer. Bowers (1995) comenta que muitos são métodos
empíricos, mas na sua maioria segue as mesmas idéias dos métodos pioneiros
como Foster e Whalen, Ham e Eaton.
32
Os métodos de estimativa de poro pressão em folhelhos são baseados em
relações proporcionais entre porosidade e pressão de poros e inversamente
proporcionais entre porosidade e tensão efetiva. Na sua maioria baseiam-se no
mecanismo de subcompactação. Utilizam perfis elétricos, dados de velocidades
sísmicas e parâmetros representativos de porosidade.
Segundo Sayers et al (2006) desde que qualquer aumento de pressão de
poros acima do gradiente hidrostático reduz a quantidade de compactação que
pode ocorrer, as ondas de velocidades elásticas podem ser usadas para previsão de
pressão de poros. Esta afirmação foi inicialmente demonstrada por Hottman e
Johnson (1965) usando velocidades sônicas e por Pennebaker (1970) utilizando
velocidades sísmicas.
Bowers (1995) comenta que, a maioria dos métodos falha no fato de não
levar em consideração outros mecanismos de geração de pressão de poros além da
subcompactação. Essa falha pode acarretar em erros significativos nas estimativas.
“A evolução dos métodos de estimativas de pressão de poros tem se sofisticado
indo na direção de modelos comumente denominados de estudos de bacias. As
modelagens envolvem, além das informações geralmente usadas em modelos 1D,
outros conhecimentos geológicos tais como: estratigrafia, geometria das camadas,
ocorrência de falhas, idades das formações, temperatura e condições hidrodinâmica
existentes no subsolo. Com estas informações e utilizando-se o controle de
parâmetros como porosidade, permeabilidade, potencial de geração de
hidrocarbonetos e condutividade lateral para cada formação, consegue-se
reconstruir o processo de deposição da bacia ao longo de milhões de anos. O
resultado obtido é um modelo de previsão de pressão de poros para qualquer ponto
da área modelada (Bowers ,1995).”
Na literatura encontram-se diversos métodos de estimativa de poro
pressão. Nesta dissertação serão tratados apenas métodos de Eaton e de Bowers,
que são os mais utilizados pela indústria de petróleo. Portanto, os métodos
utilizados nas análises realizadas.
33
2.4.5.1.Método de Eaton
O método de Eaton é o mais usado na indústria do petróleo. Neste, a pressão
de poros a certa profundidade é função da sobrecarga, da pressão de poros
hidrostática, da razão entre o parâmetro observado (sônico, resistividade ou
expoente dxc) e o valor da linha de tendência de compactação normal e do
expoente escolhido. O expoente é função da área de estudo e do parâmetro que
está sendo analisado. No golfo do México o expoente foi definido como 1,2 para o
parâmetro de resistividade e 3,0 para o perfil sônico (Eaton, 1975).
O primeiro passo então para o método é identificar a posição da curva de
tendência de compactação normal (NTL). Rochas argilosas com mesma
composição mineralógica devem apresentar uma única tendência dentro da zona
de compactação normal.
A Figura 2.9 apresenta o traçado da linha de tendência de compactação
normal (NTL), para isso, são analisados somente os pontos de folhelhos. Métodos
geológicos baseados são utilizados através de filtros nos dados de Gamma Ray,
ou baseados nas interpretações dos geólogos do poço. Na Figura 2.9 o traçado do
NTL encontra-se em vermelho e os pontos de folhelho em verde. O traçado
depende da visão de cada analista e é calibrado pelos valores de pressões medidas
nos arenitos.
O traçado da NTL deve ser feito em perfis afetados pela porosidade, tais
como perfis sônicos, de resistividade ou de condutividade. O traçado da NTL é
calibrado em formações mais rasas, que têm maior probabilidade de estar
normalmente compactadas por serem mais jovens.
A teoria de Eaton considera o principio de tensões efetivas de Terzaghi e é
baseado somente no fenômeno de subcompactação.
A tensão de sobrecarga é calculada com a equação 2.1, e a pressão de
poros estimadas pelas equações 2.5, 2.6 e 2.7. É necessário ressaltar que a
qualidade dos resultados depende do analista que traça a linha de tendência e da
qualidade dos dados.
20,1
))((
−−=
N
oN R
RPpSSPp (equação 2.5)
34
20,1
))((
−−=
o
NN C
CPpSSPp (equação 2.6)
0,3
))((
−−=
o
NN t
tPpSSPp (equação 2.7)
Onde: Pp é pressão de poros, S é a sobrecarga, índice N é o valor observado
no NTL, e o índice 0 é o valor observado no perfil. R perfil resistividade, C perfil
condutividade, t tempo de trânsito.
Figra 2.9 – Traçado da tendência de compactação NTL em pontos de folhelho de acordo
com o método de Eaton.
35
2.4.5.2. Método de Bowers
Bowers (1995) sugere um método que considera não somente o mecanismo
de subcompactação, mas também o mecanismo de expansão de fluidos como
geradores de pressão de poros anormais.
Trata-se de um método de aproximação de tensão efetiva. As tensões
efetivas são relacionadas como velocidades e como resultados são deduzidas das
tensões de sobrecarga para obtenção de pressão de poros.
O método de Bowers leva em consideração os dois mecanismos de geração
de poro pressão, tanto o de subcompactação quanto o de expansão de fluidos
(expansão aquatermal, maturação de hidrocarbonetos, diagêneses de argilas).
As tensões efetivas são obtidas dos valores de velocidade e as poro pressões
são resultantes da subtração das tensões efetivas no gradiente de sobrecarga.
Quando usados dados sônicos é desejável que se utilize somente dados de
argila para minimizar os efeitos das mudanças de litologia. No entanto o método
também é aplicável para previsões de perfurações a partir de velocidades
intervalares sísmicas.
Bowers (1995) faz uma discussão de alguns comportamento de
compactação antes de apresentar seu método, apresentados a seguir.
Estado de não decréscimo de tensão efetiva: Ocorre quando há acréscimo
de tensão total e a pressão de poros cresce na mesma velocidade mantendo a
tensão efetiva constante em diferentes profundidades. As porosidades se
aproximam de zero e as velocidades sônicas então atingem os valores de
velocidade na matriz (nos grãos). A relação entre velocidade e tensão efetiva para
o não decréscimo de tensão efetiva provêm da mecânica dos solos e é denominada
curva virgem. Observam-se na Figura 2.10 (d) que os pontos da curva virgem são
os pontos onde não ha decréscimo da curva de velocidade (Figura 2.10 (b)).
Redução de tensão efetiva: A maioria, mas não toda redução de
porosidade/ganho de velocidade que ocorre na compactação é permanente. Como
resultado, a velocidade sônica não irá cair na curva virgem quando o efeito da
tensão efetiva é reduzido (descarregamento). A velocidade irá fazer parte de uma
nova relação entre tensão efetiva e velocidade chamada curva de descarregamento
(Figura 2.10 (b)).
36
Figura 2.10 – Comportamento de compactação e expansão de fluidos. (Modificada de
Bowers, 1995)
Nem todas as ocorrências de velocidade reversas são indicativos do
mecanismo de expansão de fluidos. O excesso de poro pressão gerados por
subcompactação depende também da compressibilidade da rocha e do fluido nos
poros. Se a rocha matriz é mais compressível que o fluido a tensão será resistida
pelo fluido e se a rocha matriz é menos compressível, a tensão será suportada pela
rocha. Então a subcompactação se tornará o mecanismo gerador de sobrepressão
nas formações mais rasas, onde as formações são mais macias.
Por outro lado, a atividade de expansão de fluidos está relacionada com o
aumento de temperatura e, conseqüentemente, com a profundidade. Logo o
mecanismo de expansão de fluidos é mais usual em rochas profundas.
A cimentação também é um fator que pode gerar velocidades reversas. Há
grandes dificuldades em decidir se o efeito é de descarregamento ou de
cimentação. O que pode ser dito é que a cimentação é condutiva para a expansão
de fluidos, porque aumenta a restrição entre a rocha matriz e o fluido.
O método é uma aproximação das tensões efetivas que se empregam nas
curvas virgens e de descarregamento. As tensões efetivas fora das zonas de
velocidades reversas são computadas na curva virgem. Nas regiões de velocidades
reversas é levado em consideração um fator de descarregamento.
A curva virgem segue a equação 2.8.
37
BAVV '0 σ+= (equação 2.8)
Onde V é velocidade (ft/s), Vo velocidade no fluido que pode variar de
4500 (ft/s) a 5500 (ft/s), σ’ tensão efetiva (psi) e A e B são parâmetros calibrados
com os dados.
A curva de descarregamento é dada pela equação 2.9:
B
U
AVV
+=
1
maxmax0 σ
σσ (equação 2.9)
Com U como terceiro parâmetro de calibração, tem-se:
B
mas A
VV1
0max
−=σ (equação 2.10)
Onde σmax e Vmax são estimativas de tensão efetiva e velocidade no inicio
do descarregamento.
Na ausência de troca de litologias, Vmax é usualmente escolhido como a
velocidade onde começa a velocidade reversa. Essa escolha assume que toda
formação a partir de reverso de velocidade está abaixo do estado de carregamento
máximo.
Onde: Pp é pressão de poros, S é a sobrecarga, índice N é o valor observado
no NTL, e o índice 0 é o valor observado no perfil. R perfil resistividade, C perfil
condutividade, t tempo de trânsito.
O valor do parâmetro de descarregamento U mede o quanto plástico o
sedimento pode ser. U = 1 implica em não haver deformação permanente, pois a
curva de descarregamento se reduz a curva virgem. U = ∞ corresponde a uma
deformação irreversível. Na prática o valor usado para U varia de 3 a 8.
38
Figura 2.11 – Aplicação do método de Bowers. (Bowers, 1995)
Para a resolução de U: Através da substituição das equações 2.10 na 2.9 a
curva de descarregamento pode ser utilizada em uma forma que normaliza os
dados de descarregamento de poço em uma só curva:
U
vc
=
maxmax σσ
σσ
(equação 2.11)
Onde:
B
vc A
vv1
0
−=σ (equação 2.12)
E σvc é a tensão onde a velocidade corrente intercepta a curva virgem.
2.4.6.
2.5. Modelagem Tridimensional Geológica e Geomecâni ca (Earth Modeling)
Historicamente, a modelagem tridimensional geológica surgiu das
necessidades da geologia projetar o cenário encontrado para definição de
propriedades geológicas e identificação do reservatório e seu volume. Através do
39
conhecimento da história deposicional de uma bacia é possível também prever
cenários de pressão de reservatório, portanto identificar a capacidade de produção
e aproveitamento do reservatório.
A modelagem tridimensional geomecânica surgiu da necessidade da
utilização de minimizar o tempo não produtivo associado à instabilidade do poço
e regimes de poro pressão não esperados. Para isso é necessário identificar os
riscos geológicos e os riscos de perfuração. Logo, a modelagem tridimensional
geológica e geomecânica tem sido extremamente valiosa para a otimização do
processo de construção do poço.
Segundo Doyen (2007) os modelos geomecânicos numéricos
tridimensionais atualmente participam de uma função central na indústria de
exploração e produção. São usados rotineiramente para o planejamento de novos
poços, no cálculo de reservas de hidrocarbonetos e quando integrado a um
simulador de fluxo, na previsão perfis de produção. Devido à escassa cobertura
dos poços, os modelos geomecânicos são em geral pobremente relacionados longe
da região dos poços. O grande desafio é quantificar a integração de dados
sísmicos para obter representações mais apuradas das propriedades entre poços.
Além disso, é possível incorporar na modelagem tridimensional a indicação
de riscos de perfuração e indicações de ocorrências de problemas na construção
do poço (Petrel®, 2007). As visualizações desses riscos e dessas ocorrências
assumem uma tendência no mercado de petróleo, uma vez que aumentam a
confiabilidade em projeto de poços de petróleo.
Inicialmente, a modelagem geológica é feita através da interpretação do
cubo sísmico tridimensional. É então, prevista uma estrutura geológica através da
estratigrafia comprovada com poços exploratórios. Também são realizadas
calibrações de dados sísmicos com dados de velocidades intervalares e dados de
poços. O modelo pode ser atualizado com a obtenção de novos dados de poços e
posteriormente com a sísmica 4D. O presente trabalho não consiste na etapa de
interpretação sísmica. Porém muito pode ser encontrado na literatura sobre
construção do modelo geológico através da interpretação de dados sísmicos como
em Doyen (2007), Torres e Frydman (2005).
A modelagem geológica do presente trabalho pôde ser construída
utilizando dados de interpretação geológica, como os dados de topos
estratigráficos e interpretação das litologias e fácies geológicas. Foram utilizadas
40
algumas interpretações de geólogos da sísmica apenas para efeito de consistência
do modelo construído.
Figura 2.12 – Cubo de Pressão de Poros estimado por (Modificado de Torres e Frydman
,2005)
2.5.1.Definição de Modelagem Geomecânica
A modelagem geomecânica é a representação numérica do estado de tensão
e das propriedades mecânicas da rocha para uma sessão estratigráfica específica
em um campo ou em uma bacia.
As representações geomecânicas geralmente incluem: Coeficiente de
Poisson, Módulo de Young, Resistência a compressão não confinada, ângulo de
cisalhamento, pressão de poros, tensão horizontal mínima, tensão horizontal
máxima, tensão vertical e direção dos eixos principais.
O modelo geomecânico representa todas as informações disponíveis no
campo. São utilizados para análise de estabilidade ao longo da trajetória do poço
escolhido. Em geral, auxiliam na construção da trajetória ou verificação da
viabilidade do projeto.
Nesta fase está inserida a geostatística, para a população do modelo
tridimensional com as propriedades de interesse a partir de dados de poços ou da
41
integração de dados de perfis, ensaios de laboratório e sísmica 3D. Detalhes sobre
a aplicação destes métodos geostatísticos podem ser encontrados em Doyen
(2007), Isaaks & Srivastava (1989), Chiles & Delfiner (1999) e Armstrong (1998).
Atualmente, os maiores desafios da construção de um modelo geomecânico
são: a compilação de dados de larga escala de disciplinas (engenharia de
perfuração, geologia, geofísica, perfilagem, engenharia de reservatório, etc.); a
administração e organização de dados em sistemas computacionais; o tempo de
processamento (edição, cálculos, combinações de dados); e de interpretação de
dados em termos de parâmetros geomecânicos.
2.5.2.Modelagem geomecânica (Cubo de pressão de por os)
Segundo Kan e Kilsdonk (1998) em bacias sedimentares as geopressões são
controladas pela história diagenética e deposicional e também pela estrutura
geométrica. As formas e tamanhos dos compartimentos dependem da estrutura
tridimensional e da distribuição das litologias e falhas.
Os benefícios da construção do cubo incluem (1) Previsão de pressão de
poros pré-perfuração (projeto de poços) mais refinada. (2) Definição dos
compartimentos de pressão 3-D. (3) Interpretação aprimorada de falhas selantes
ou permeáveis (condutivas) da distribuição da pressão de poros. (4) Interpretação
aprimorada da trajetória de migração de fluidos.
No presente trabalho foi verificado o benefício de se obter uma previsão de
pressão de poros mais refinada. Os demais benefícios são estudados nas áreas de
reservatório de poço por geólogos e engenheiros de reservatórios.
3 Analise de dados
Este capítulo tem por finalidade descrever a área de estudo, analisar os
dados de perfuração e de perfis, avaliar as escolhas dos parâmetros na calibração
dos modelos de obtenção de pressão de poros e verificar a utilização dos mesmos
parâmetros e tendências para uma determinada área. Apresentar ainda um modelo
tridimensional gerado a pertir de propriedades utilizadas para construção de cubo
de pressão de poros.
Como ferramenta de cálculo e estudo das pressões de poros o software da
companhia Knowledge Systems©, Predict® foi utilizado. A base de dados
utilizada foi fornecida pela companhia Petrobras. Todos os poços apresentam
lâminas d´água profundas de aproximadamente 1800 m de profundidade.
Como ferramenta de modelagem e visualização tridimensional de
propriedades o software da companhia Schlumberger©, Petrel® foi utilizado.
O estudo tem como finalidade a realização de retro-análises de poços de
correlação já perfurados para a obtenção de uma tendência de compactação
normal comum a todos os poços de um mesmo campo e a construção de cubos de
propriedades utilizando modelos geostatísticos que serão definidos neste Capítulo.
A curva de pressão de poros é calibrada através dos dados de pressão
medidos nos reservatórios, dos dados de peso de fluido de perfuração, verificação
dos arrombamentos do perfil caliper possivelmente ocasionado por uma pressão
maior que o peso de fluido utilizado, a leitura dos boletins diários de perfuração
para a verificação de problemas nos poços.
Para a obtenção dos dados, como primeira etapa do desenvolvimento desta
dissertação, foi feito um extensivo trabalho de busca de dados necessário para as
análises. Após aquisição, a qualidade dos mesmos foi verificada.
As buscas foram feitas nos bancos de dados da Petrobras de onde foram
utilizadas diversas fontes de buscas. O processo de verificação de qualidade
também inclui a verificação de coerência dos dados de um banco de dado para
outro. O trabalho também incluiu contato com os profissionais envolvidos na
43
perfuração dos poços e com geólogos da região.
Os dados adquiridos contemplam dados de perfis, dados de perfuração,
localização e trajetória dos poços, dados dos projetos, dados de execução de
projeto, topos de horizontes geológicos, dados de pressão de formação, testes de
absorção, boletins de perfuração (para verificação de indícios de pressões
anormais), relatórios ANP (Agência Nacional de Petróleo), interpretações
sísmicas e geológicas entre outros.
O trabalho de leitura dos boletins de perfuração também consiste na busca
de indícios de prisão de coluna, torque e drags elevados, kicks, perdas de
circulação, ganho de pressão, testes de absorção, além de problemas ocorridos
durante a perfuração. Nos boletins diários também são obtidos os pesos de fluido
de perfuração utilizado para auxiliar na calibração das curvas tendência normal de
compactação.
A etapa de leitura dos dados de poços consiste em obter as profundidades de
lâmina d´água, profundidade final dos poços, objetivos, dados localização, datas
das perfurações, profundidades das formações, profundidades dos topos e bases
dos horizontes, idades geológicas das formações e suas profundidades, litologias
constatadas, existência ou não de amostras de rochas, temperatura do poço e
principalmente onde são encontrados os dados de testes de pressão, quando
realizados, nos poços.
Foram escolhidos quatro poços do campo analisado para a realização a
calibração de uma curva única de compactação para o mesmo campo. Após
análise foi incluído no modelo tridimensional construído para a construção do
cubo de pressão de poros.
O modelo foi construído baseado somente em dados de poços. Foram
utilizados os resultados das interpretações fornecidas em formato de figura pelos
geólogos apenas para fins de verificação do modelo criado. Devido a políticas de
confidencialidade de dados da companhia Petrobras© não foi possível inserir no
modelo dados de sísmicas de poços, interpretações de falhas geológicas e dos
topos dos reservatórios.
44
3.1. Descrição dos poços
3.1.1.Poços utilizados no modelo unidimensional (Po ços de calibração)
Os poços contemplam dados de litologia interpretada, apresentados na
primeira coluna. O modelo utilizado para apresentar as diversas litologias segue
os padrões Petrobras©. A Figura 3.1 apresenta uma legenda dos padrões de
litologias apresentados nos poços estudados.
Figura 3.1 – Padrões de litologia Petrobras©.
Os poços apresentam registros de caliper que são utilizados para a
verificação dos diâmetros dos poços perfurados e análise do arrombamento do
poço, portanto, auxiliam na verificação de ocorrência ou não de pressões anormais
nos poços. Os perfis de caliper são denominados “Caliper”, são apresentados nas
cores pretas e tem como unidade polegadas (in). São apresentados no primeiro
gráfico de cada poço.
Os poços apresentam registros de Raios Gama, para identificação das
litologias e principalmente a identificação das camadas de folhelho. Os perfis de
Raios γ (Gamma) foram denominados de “GR” sua unidade é o GAPI (unidade de
radioatividade) e são apresentados pela cor azul na primeira janela de
visualização. São apresentados no segundo gráfico de cada poço.
Os poços apresentam registros de densidade, porém, em geral, os registros
de densidade não são obtidos na profundidade inteira do poço, e são essenciais
para a obtenção do gradiente de sobrecarga. Então é aplicado o método de Miller
para os primeiros metros de poço e posteriormente composto com a curva
registrada para a obtenção de um perfil de densidade completo. O registro
estimado para todo o poço recebe o nome de “RHOB”, é apresentado na cor rosa e
tem como unidade g/cm3. Estes são apresentados no terceiro gráfico de cada poço.
Os poços também possuem registros sônicos, os perfis usados para estimar
porosidade, que são utilizados para a aplicação dos métodos de Bowers e Eaton.
Neles são verificadas as tendências de compactação. No método são utilizados
45
dados sônicos somente dos folhelhos. Os dados são filtrados conforme a
interpretação faciológica da geologia e nos poços onde não há essa informação, o
critério utilizado é baseado em dados de Raios Gamma. Os registros sônicos
recebem o nome de “DT”, são apresentados nas cores azuis e tem como unidade o
ms/ft (unidade de tempo intervalar: milissegundos por pé).
Os dados de pré testes e testes de formação são utilizados para calibração
das curvas de pressão de poros. Os dados de medida recebem o nome de “TFC”
são apresentados com símbolos na cor verde e unidade ppg (unidade de gradiente
de pressão: libras por galão).
Foram utilizados os poços DB-3, DB-4 e DB-5 e DB-11 para a calibração
das curvas do modelo. Estes poços foram perfurados na fase de exploração do
campo. Portanto, os dados de medida de pressão no reservatório correspondem à
pressão original da formação. Os poços possuem boa correlação entre si por
apresentarem as mesmas formações e estarem em uma mesma bacia. Estes poços
ainda apresentaram melhores qualidades dos dados de poços. Em análises
unidimensionais geralmente são utilizados um ou dois poços de correlação para
estudos, então a escolha de quatro poços de correlação para calibração de uma
curva é possível para o entendimento do comportamento de compactação da
bacia, principalmente uma bacia relaxada e não apresentar nenhum
compartimento de pressão.
Em todos os poços utilizados neste trabalho para calibração de curva de
compactação existiam dados de litologia interpretados. Eles são apresentados na
primeira coluna. A esquerda dos perfis.
A base de dados utilizada para as retro-análises esta mostrada nas Figuras
3.2, 3.3, 3.4 e 3.5.
O poço DB-3 apresentado na Figura 3.2 é um poço vertical e possui lâmina
d água de aproximadamente 1800 m e profundidade final de 4270 m. Na leitura do
boletim de perfuração não foram constatados ocorrências de problemas de
estabilidade ou de alta pressão de poros.
Observam-se na Figura 3.1 que o poço apresenta no perfil caliper pequenos
arrombamentos nos arenitos. E pequenas espessuras de arenito, o poço possui uma
quantidade significativa de rochas do tipo folhelho que são as rochas utilizadas
nos modelos de estimativa de pressão de poros.
46
Figura 3.2 – Dados de poço DB-3.
O poço DB-4 apresentado na Figura 3.3 é um poço vertical possui lâmina
d água de aproximadamente 1880m e profundidade final de 2900m. Na leitura do
boletim de perfuração não foram constatados problemas de estabilidade ou de
pressões anormais.
O poço DB-5 apresentado na Figura 3.4 é vertical com lâmina d água de
aproximadamente 1880m e profundidade final de 3020m.
47
Figura 3.3 – Dados do poço BD-4.
Observam-se na Figura 3.4 que o poço apresenta espessuras de rocha tipo
arenito maiores que o os poços apresentados nas figuras anteriores. O perfil
caliper apresenta arrombamentos nestas localidades, podendo interferir nos
valores de densidade e sônico. Porém nos boletins diários não foi encontrado o
relato de nenhum evento de problemas de instabilidade.
48
Figura 3.4 – Dados do poço DB-5.
O poço DB-11 apresentado na figura 3.5 é vertical possui lâmina d água de
aproximadamente 1880m e profundidade final de 2960m.
49
Figura 3.5 – Dados do poço DB-11.
3.1.2.Poços utilizados no modelo tridimensional
No modelo tridimensional foram carregados dados de cinqüenta e seis poços
na região. Os dados contemplam em perfis de caliper, Raios Gamma, densidade,
sônico, litologia, sobrecarga e dados de interpretação geológicas das litologias,
estratigrafias e cronoestratigrafia realizadas pelos geólogos da Petrobras©.
50
Os poços se encontram com a seguinte disposição apresentada na Figura
3.6:
Figura 3.6 – Mapa de localização dos poços.
3.1.3.Dados de entrada
A primeira etapa da construção do modelo foi carregá-lo com os poços da
região e seus dados. Foram inseridos: dados de lâmina d água, localização
51
geográfica, mesa rotativa, trajetória, topos estratigráficos. Com esses dados foi
possível construir as superfícies do modelo e posteriormente os horizontes.
Os horizontes têm por finalidade limitar zonas (ou formações, ou pacotes
estratigráficos) onde a teoria das variáveis regionalizadas, de Matheron, seja
aplicável, ou seja, zonas onde exista correlação espacial entre as variáveis
estudadas.
A Figura 3.7 apresenta os poços carregados no modelo dispostos
espacialmente. Pode se visualizar a disposição dos poços e suas trajetórias.
Figura 3.7 – Poços carregados no modelo e suas trajetórias.
3.1.4.Modelagem geométrica
3.1.4.1. Geração de horizontes e construção da Malh a (Grid)
Os dados de entrada utilizados para a geração dos horizontes geológicos e
superfícies foram os dados de topo de formação obtidos no banco de dados nos
dados de poços. A escolha da utilização dos dados de topos para a construção de
horizontes se deve ao fato de serem dados constatados pela equipe de geologia,
portanto, referem-se à profundidade real das formações.
Os dados de entrada de topo dos horizontes estratigráficos seguiram as
seguinte características apresentada na Tabela 3.1.
52
Tabela 3.1 – Dados de topos estratigráficos.
Para a construção de horizontes foi utilizado o algoritmo de curvatura
mínima para interpolação entre marcos estratigráfico. Os horizontes ao serem
modelados, são automaticamente inseridos na malha. A etapa de geração de
horizontes é a primeira etapa de construção da malha que será utilizado para a
população de propriedades no modelo.
Este algoritmo está dividido em dois passos: interpolação local e
extrapolação global. Na interpolação local foi inserido o raio de influência local
dos dados de pontos e algoritmos de interpolação local utilizados.
O raio de influência escolhido foi de uma célula, como sugestão do software
Petrel® como melhor opção para baixa densidade de pontos. O algoritmo de
interpolação local utilizado foi o de média móvel. O algoritmo calcula a média de
Poço Superficie MD Poço Superficie MD3 Mioceno 1929 397 Peleoceno 29073 Oligoceno Inferior 2814 445 Mioceno 24213 Eoceno Superior 2937 445 Oligoceno Inferior 28173 Eoceno Medio 2947 445 Oligoceno Superior 28173 Peleoceno 2991 445 Eoceno Medio 28893 Maastriciano 3171 445 Peleoceno 29974 Mioceno 1908 447 Oligoceno Inferior 29434 Oligoceno Superior 2691 447 Eoceno Superior 29884 Eoceno Superior 2790 615 Oligoceno Superior 25974 Eoceno Medio 2799 15D Oligoceno Superior 29804 Peleoceno 2808 15D Oligoceno Inferior 29995 Mioceno 2478 19D Mioceno 25805 Oligoceno Superior 2757 1DA Mioceno 234911 Mioceno 2504 1DA Oligoceno Superior 285911 Oligoceno Superior 2784 1DA Oligoceno Inferior 288911 Oligoceno Inferior 2856 1DA Eoceno Superior 300011 Eoceno Superior 2955 1DA Eoceno Medio 303612 Oligoceno Superior 2795 1DA Peleoceno 311712 Oligoceno Inferior 2843 1DA Maastriciano 322512 Eoceno Superior 2885 1DA Coniaciano 338713 Oligoceno Inferior 2781 26DP Oligoceno Inferior 299425 Mioceno 2455 2D Mioceno 234925 Oligoceno Superior 2760 2D Oligoceno Superior 295225 Oligoceno Inferior 2800 2D Oligoceno Inferior 2961
359 Mioceno 1998 2D Eoceno Superior 3033359 Oligoceno Superior 2775 2D Eoceno Medio 3069359 Eoceno Superior 2829 2D Peleoceno 3123359 Eoceno Medio 2850 33D Oligoceno Superior 2952397 Mioceno 2007 7D Oligoceno Superior 2985397 Mioceno 2007 9DA Mioceno 2601397 Oligoceno Superior 2727 9DA Oligoceno Superior 2889397 Eoceno Medio 2835
53
pontos próximos ao nó da malha e trabalha melhor com poucos dados ou dados de
baixa qualidade.
O algoritmo de extrapolação global utilizado foi o de curvatura mínima
(Método de Euler, seguindo uma tendência) que consiste em extrapolar valores
que não podem ser avaliados na interpolação local. Esse método utiliza um
operador de aplainamento que permite que a superfície se mantenha plana
(amaciada).
A Figura 3.8 apresenta o processo de geração de horizontes.
Figura 3.8 - Construção de horizontes.
54
Os seguintes horizontes apresentados na Figura 3.9 foram gerados.
Figura 3.9 - Vista dos horizontes gerados.
A escolha das formações erosionais foi possível através da percepção que
certos horizontes não se apresentavam em todos os poços e por possuírem
características erosionais.
Os horizontes criados foram o topo do Mioceno (fundo do mar), topo do
Oligoceno, topo do Eoceno, topo do Paleoceno, topo do Maastriciano e topo do
Coniaciano.
Durante a criação dos horizontes, nas regiões entre os mesmos são geradas
as zonas. A primeira zona, limitada pelo horizonte Mioceno e Oligoceno
corresponde à formação abaixo do fundo do mar, composta basicamente por
siltitos e arenitos. O siltito nesta formação caracteriza-se por coloração castanha
avermelhado. E o arenito observado são hialitos, de granulometria fina a grossa,
composição quartzosa, subangulares, com seleção regular e desagregada.
Apresentam coloração cinza claro, com cimento calcífero e compacto.
A segunda formação que está limitada pelos horizontes Oligoceno e
Eoceno e é composta por arenitos, siltitos e folhelhos. Os arenitos observados são
hialitos, de granulometria fina também variando de médio a grosso, composição
quartzosa, subangulares, seleção regular e desagregada. Alguns grãos apresentam
55
coloração cinza claro, com cimento calcifero, semifriável e porosidade fechada. O
siltito é castanho avermelhado, localmente cinza claro de coesão semidura. Os
folhelhos variam de coloração cinza escuro a claro, localmente cinza esverdeado,
micáceo, piritoso, siltoso e levemente carbonático, com coesão semi-dura.
A formação, de idade Eoceno, entre os horizontes Paleoceno e Eoceno é
composta basicamente por folhelhos, com coloração variando de cinza escuro a
cinza claro, localmente cinza acastanhado, micáceo, siltoso e levemente
carbonático. A partir do horizonte Paleoceno é possível encontrar a mesma
formação, porém com membros distintos, de idade Maastriciano, constituídos por
folhelhos e arenitos. O arenito encontrado neste membro é hialino, com
granulometria variando de muito fina a fina, subanguloso a subangular, seleção
boa, quartzoso e desagregado. Localmente ocorrem arenitos de coloração cinza
esbranquiçado, muito fino, com cimento calcífero e com coesão semi-friável. No
horizonte abaixo do Coniaciano encontra-se uma nova formação caracterizada
pela presença de folhelhos, margas, arenitos e calcissiltitos. Os folhelhos
apresentam-se com uma coloração que varia de cinza escuro a cinza claro,
localmente cinza acastanhado, micáceo, siltoso, localmente piritoso e levemente
carbonático. A coesão é semi-dura.
As zonas são posteriormente dividas em camadas. Essa divisão consiste na
discretização dos elementos que formam a malha. Quanto mais discretizado
melhor será a modelagem. O critério de divisão escolhido foi de dividir em
camadas proporcionais, com tamanhos de células definidos. Foi então escolhido a
altura de 5 m por cada célula.
A Figura 3.10 apresenta a janela de divisão de camadas e o critério
adotado para a divisão dos horizontes de camadas.
O critério de escolha da altura é baseado na quantidade de dados. Os perfis
obtidos foram exportados com resolução de 0,5 m e utilizando uma célula de 5 m
é possível fazer a média de 10 valores para preencher a célula. O que é
considerável razoável para os métodos estatísticos. O grid (malha) gerado é
apresentado na Figura 3.11.
Após definidos os horizontes foi possível gerar sessões geológicas onde é
possível visualizar a sessão onde os poços se encontram. O cenário geológico da
região pode então ser exemplificado com o aspecto apresentado na Figura 3.12.
56
Figura 3.10 - Divisão de camadas.
Figura 3.11 - Grid gerado.
57
Figura 3.12 – Seção geológica construída.
Figura 3.13 – Corte transversal da seção apresentada na figura 3.12.
58
O corte representado na figura tridimensional é o mesmo corte
demonstrado na Figura 3.12. Na mesma figura foram representadas as litologias
dos poços DB-4 e DB-11, para demonstração. Os topos das formações Oligoceno
e Paleoceno obtidas nos poços também estão demonstradas nas figuras.
A zona Mioceno é a zona azul da figura. A zona Oligoceno é a zona em
verde, a zona representada em amarelo é a zona Paleoceno e posteriormente às
Maastriciano em laranja e Coniaciano em rosa.
A formação Mioceno pertence ao período Neogene e compreende as
idades entre 5,3 a 23 milhões de anos. Compreende um a período de processo
deposicional considerado como rápidos onde cada estágio apresenta durações com
cerca de 2 a 4 milhões de anos. As formações Oligoceno, Eoceno e Paleoceno
compreendem o período Paleogene, as formações possuem compreendem as
idades de 23 a 34 ma, 24 a 56 ma e 56 a 66 ma, respectivamente. As formações
Maastriciano e Coniaciano compreendem ao período geológico Cretáceo da época
Cretáceo Superior. Suas idades compreendem de 66 ma a 70 ma e 85 ma a 90 ma
respectivamente. Nos poços dessa região não foram constatados topos das
formações Campaniano e Santoniano, que compreendem a esse intervalo de
tempo. As informações referentes às formações e suas respectivas idades são
encontradas na comissão Internacional de estratigrafia.
3.1.5.Modelagem de propriedades
Após a construção do esqueleto do modelo, inserção dos horizontes e
definição do tamanho do grid, é possível carregar o modelo com os respectivos
dados de perfis e construir assim os cubos de propriedades.
A primeira etapa consiste em uma análise estatística inicial da distribuição
dos dados. Esta análise em conjunto com a visualização espacial das variáveis é
denominada análise exploratória.
Na análise exploratória (Exploratory data analysis – EDA) são observadas
informações como amplitude de, medidas de variabilidade (variância e desvio
padrão) e medidas de forma. Desta análise é possível adquirir um conhecimento
prévio do comportamento de cada variável, bem como a existência de outliers nos
dados.
59
A verificação é feita de cada perfil carregado no modelo. Como exemplo é
possível observar o histograma da Figura 3.14 de dados de perfis sônicos.
Observa-se que os dados apresentam um comportamento de curva de distribuição
normal.
Figura 3.14 – Histograma de distribuição dos dados de perfis sônicos
Em seguida os dados são inseridos no modelo através da técnica de
escalonamento (upscaling). A Figura 3.15 apresenta o processo de escalonamento.
Onde a célula recebe um valor médio (considerado representativo) dos valores da
propriedade no trecho abrangido pela célula. No exemplo do perfil sônico cada
célula onde o trajeto do poço percorre é carregado um valor referente à mediana
dos valores no intervalo, que nos células do trabalho correspondem a 5 m.
Este primeiro passo de transferência dos valores dos dados para as
respectivas células, para que possa fazer parte do modelo é denominado com o
termo inglês de upscaling.
Após cada procedimento de carregamento de dados deve ser feita a
verificação da distribuição dos mesmos no grid. Para isso é obtido um histograma
que mostra os valores de perfis comparados aos valores escalonados como na
Figura 3.16.
60
Figura 3.15 – Processo de carregamento de dados na malha (upscaling).
Figura 3.16 – Histograma de dados sônicos carregados no modelo comparado aos
dados de perfis
61
O programa também permite verificar a cada zona como o processo de
escalonamento foi distribuído. Portanto pode-se verificar se os dados estão
coerentes com os valores de perfis. No caso da Figura 3.16, nota-se que o
comportamento geral da distribuição é mantido após o upscaling.
O mesmo procedimento é realizado para todas as propriedades que são
inseridas no modelo. Neste trabalho os dados utilizados foram os perfis de Raios
Gama, Densidade e Sônico.
Na Figura 3.17 a escala de cores representa os valores de densidade em
cada célula da malha. Pode-se também visualizar o tamanho das células escolhido
para o problema. Devido ao fato dos dados possuírem maior variabilidade na
dimensão vertical a malha foi ajustada para pequenas alturas de células.
Atentando-se para a possibilidade de ocorrência do efeito de conhecido como
support effect o tamanho de malha foi considerado em função da grande distância
dos poços. A área transversal da célula é considerada grande de dimensões
quadradas de 300 x 300 m, porém não se constatou o support effect nos
resultados. Este efeito é apresentado em Amstrong (1998).
Figura 3.17 - Dados de densidade carregados nas células do modelo.
62
3.1.6.Geostatística
3.1.6.1.Conceitos Básicos de Geostatística
A variabilidade espacial de propriedades geomecânicas são preocupações
antigas de diversos pesquisadores. Desde o século 20 estudos vem sendo
realizados por diversos pesquisadores sobre a variabilidade do solo. Inicialmente,
buscavam-se somente correlações estatísticas que não indicavam a dependência
espacial. Essa presença requer o uso da Geostatística, que surgiu quando Krige
(1951) trabalhando com dados de concentração de ouro, concluiu que não
conseguia encontrar sentido nas variâncias se não levasse em conta as distâncias
ente amostras. Matheron (1963, 1971) baseado nestas observações desenvolveu a
teoria das variáveis regionalizadas. Matheron (1963) define a variável
regionalizada como uma função espacial numérica que varia de um local para
outro, que pode ser estimada através do semivariograma.
O semivriograma pode ser estimado pela equação 3.1.
( ) ( )[ ]∑=
+−=)(
1
2^
)(2
1)(
hN
iii hxZxZ
hNhγ (equação
3.1)
Onde N(h) é o número de pares de valores medidos, Z(xi), Z (xi+h),
separados por um vetor h.
O gráfico do semivariograma em função de h, quando é idêntico para
qualquer direção de h é chamado de isotrópico e representa uma situação mais
simples do que quando é anisotrópico. A Figura 3.18 apresenta o exemplo de um
semivariograma, onde Co é o efeito pepita, que revela a descontinuidade do
semivariograma para distâncias menores do que a distância entre amostras, a
medida que h aumenta γ(h) também aumenta, até atingir o seu Patamar (C) que é
o valor máximo onde o semivariograma se estabiliza. E a distancia onde γ(h)
atinge esse patamar é chamado Alcance (a).
Com a definição dos semivariogramas é possível estimar valores onde não
há dados amostrados, o método de interporlação utilizado neste caso é a krigagem
ordinária.
63
Figura 3.18 – Exemplo de semivariograma.
A krigagem ordinária é um estimador linear não tendencioso, pois busca
obter uma média de residuos de erros igual a zero, ou seja, ele minimiza a
variância dos erros das estimativas.
A estimativa do valor Z em um ponto x0 é dada pela equação 3.2 nos n
valores amostrados, adicionado ao parâmetro λ0.
( )∑=
+=n
iiix xZZ
10
*0 λλ (equação 3.2)
Para que não exista tendência nas estimativas a seguinte restrição (equação
3.3) deve ser atendida.
[ ] 0*00 =− XX ZZE (equação 3.3)
Substituindo a equação 3.2 na equação 3.3 obtem-se a equação 3.4.
∑=
+=n
ii mm
10 λλ (equação 3.4)
64
Para a equação ser atendida os seguintes critérios (equação 3.5) são
adotados na krigagem ordinária.
00 =λ e 11
=∑=
n
iiλ (equação 3.5)
Finalmente, as hipóteses de não tendenciosidade local é atendida e a soma
dos pesos local é igual a 1.
Os variogramas obtidos e as krigagens realizadas são apresentadas nos
itens a seguir.
3.1.6.2.Modelagem Geostatística
Com os dados carregados no grid inicia-se o processo da análise
Geostatística dos dados, por meio da análise estrutural, onde a correlação espacial
é estudada por meio de semivariogramas ou de covariogramas.
Como primeira etapa de análise é possível gerar um mapa do variograma
dessa distribuição. São construídos mapas de variogramas para cada propriedade,
de forma a estudar a correlação espacial entre os dados (amostras), ou seja, dar
início à análise estrutural. Detalhes nas referências Isaacks, Armstrong, Chiles. A
busca de pares é realizada em etapas iterativas, para cada incremento do vetor h,
os lags, obedecendo as tolerâncias angulares e de comprimento. A Figura 3.19
apresenta os parâmetros de cálculo de semivariograma a partir de amostras
irrergularmente espaçadas.
Segundo Faria (1997) a criação de mapas de contorno (isolinhas), e o
delinhamento de espaçamento e disposição ótima de amostras do campo são
aplicações imediatas.
Os processos de obtenção do melhor mapa são iterativos. São testados
diversos valores de raios de busca e tamanho de lag. São obtidos diversos mapas
com características semelhantes. Porém as variâncias podem ser maiores ou
menores devido à segregação das amostras. Após longo processo foram
escolhidos os mapas com as características apresentadas nas figuras 3.20, 3.21 e
3.22.
65
Figura 3.19 – Parâmetros de cálculo de semivariograma a partir de amostras
irrergularmente espaçadas. (spud Camargo, 1997).
Os processos de obtenção do melhor mapa são iterativos. São testados
diversos valores de raios de busca e tamanho de lag. São obtidos diversos mapas
com características semelhantes. Porém as variâncias podem ser maiores ou
menores devido à segregação das amostras. Após longo processo foram
escolhidos os mapas com as características apresentadas nas figuras 3.20, 3.21 e
3.22.
A Figura 3.20 apresenta o mapa de variograma da propriedade de Raios
Gamma, após diversas tentativas o raio de busca de 3000 m dividido em 10 lags
foi considerado com melhores características para o auxilio da obtenção do
variograma final. O mapa de variograma auxilia na escolha das direções principais
dos variogramas feitos para cada zona. Pode-se observar na Figura 3.20 alcances
de aproximadamente 1200 m onde a variância atinge seu patamar.
A Figura 3.21 apresenta o mapa de variograma da propriedade de
densidade com raio de busca de 3500 m e número de lags igual a 30. É possível
observar um alcance de aproximadamente 1800 m e é possível visualizar as
direções principais. Auxiliando na construção do variograma final.
66
Figura 3.20 - Mapa Variograma de Raios Gamma. (Raio de busca = 3000m, número de
lags 10).
A Figura 3.22 apresenta finalmente o mapa de variograma da propriedade
sônica onde é possível visualizar as direções principais dos variogramas. O raio de
busca encontrado foi de 11000 m e número de lag igual a 40.
Como segunda etapa são construídos variogramas isotrópicos, para
auxiliar na construção do variograma final. Da mesma maneira que os mapas são
construídos, a construção dos variogramas isotrópicos são processos iterativos.
São testados diferentes alcances e diferentes tamanhos de “lag” para auxiliar no
processo final.
Na Figura 3.23 são apresentados os semi-variogramas experimentais para
a propriedade sônica. Apresentam-se três semi-variogramas. Em rosa, com raio de
busca 11200 m, em verde com raio de busca 20000 m e em laranja com raio de
busca de 19000 m. Do diagrama laranja obteve-se o melhor variograma para a
propriedade, caso fosse considerada isotrópica. Na cor vermelha o semi-
variograma teórico obtido dos processos obtidos. Este variograma vermelho
possui um Efeito Pepita (Variância de duas observações) de nulo e alcance de
13125 m e patamar de 1. Neste se baseia a construção dos variogramas para cada
zona.
67
Figura 3.21 - Mapa de variograma de Densidade (Raio de busca = 3500 m e número de
lags = 30).
Figura 3.22 - Mapa de variograma de Sônico (Raio de Busca = 11000 m e número de
lags = 40).
68
Figura 3.23 – Semi-variogramas experimentais das amostras de dados sônicos e semi-
variogramas com o modelo teórico exponencial.
Na terceira etapa do processo de modelagem se inicia então o tratamento
dos dados. Os dados passam a ser analisados limitados a zona da malha onde se
encontram. Isso ocorre porque cada formação de idades geológicas diferentes
pode apresentar características diferentes nas suas propriedades. Como etapas
iniciais deste tratamento de dados são analisadas os histogramas de distribuição de
dados e posteriormente aplicadas transformações nos dados, eliminando
tendências e vieses das amostras. A função principal é transformar os dados de
0 4000 8000 12000 16000 20000
0 4000 8000 12000 16000 20000Distancia de Separacao
00.
20.
40.
60.
81
1.2
1.4
1.6
00.2
0.40.6
0.81
1.21.4
1.6
Sem
ivar
ianci
a
Legenda
Semivariograma DT (Isotropico) - Raio de Busca 1900 0 mSemivariograma Experimental DT (Isotropico)Semivariograma DT (Isotropico) - Raio de Busca 1120 0 mSemivariogramda DT (Isotropico) - Raio de Busca 200 00 m
69
maneira que se comportem de forma estacionária. A estacionaridade é uma
hipótese necessária para aplicação dos métodos geostatísticos. O objetivo final
dessas transformações é fazer com que o diagrama apresente uma distribuição
normal de média 0 e desvio padrão de 1. Estas transformações posteriormente são
reaplicadas aos dados após a interpolação geostatística, logo estão presentes na
estimativa final.
Neste trabalho foram modeladas três diferentes propriedades para
obtenção do cubo de pressão de poros. Raios Gamma, Densidade e Sônico.
Nos perfis sônicos e de densidade foi possível remover uma tendência
unidimensional das propriedades e, posteriormente, aplicar uma transformação de
escala e localização conforme a Figura 3.24.
Figura 3.24 - Analise de dados – Transformação de tendência unidimensional e de
escala.
70
Na quinta etapa do processo de análise de dados são construídos os
variogramas finais que serão utilizados para a estimativa final das propriedades. O
algoritmo de krigagem utilizado no software Petrel® foi a Krigagem Ordinária.
Na Figura 3.25 é apresentado um exemplo dos variogramas gerados para a
modelagem das propriedades. Foram gerados variogramas para as direções
vertical e de maior e menor alcance para cada, propriedade e para cada zona
definida. Totalizando 45 –semi-variogramas utilizados neste problema (3
direções, 5 zonas e 3 propriedades). A utilização dos mapas variogramas e dos
variogramas isotrópicos foram fundamentais para a construção destes.
Figura 3.25 - Variograma da propriedade sônico na zona 3 na menor direção.
Finalmente é apresentado na Figura 3.26 a janela do software Petrel®
onde é possível escolhar o raio de busca e o tamanho do lag das propriedades. Na
Figura 3.26 é apresentado o resultado da análise geostatítisca da propriedade
sônica na terceira zona.
Como resultados finais foram obtidos os cubos das propriedades de Raios
Gamma, Densidade e Sônico. E estes são apresentados nas Figuras 3.29, 3.30 e
3.31.
O software Petrel® apresenta ferramentas onde é possível comparar os
dados modelados com os dados inicialmente carregados no modelo. É possível
observar que os dados são bastante coerentes com os dados inseridos.
71
Na figura 3.27 é apresentado o histograma final do perfil sônico e dos
resultados das krigagem realizada. Em azul visualiza-se o histograma da
propriedade sônica, em verde das propriedades escalonadas e em vermelho o
histograma dos perfis. Observa-se que apesar da suavização da estimativa,
característica da técnica de krigagem, o comportamento global da distribuição é
mantido.
Figura 3.26 – Análise estrutural de DT na zona 3.
Figura 3.27 - Histograma comparativo das etapas da modelagem de DT.
72
Na Figura 3.28 é finalmente apresentado um dos cubos gerados pela
geostatística das propriedades sônicas.
A verificação das propriedades foi realizada para cada zona e cada
propriedade modelada.
Figura 3.28 - Cubo de propriedade sônica.
Nas figuras 3.29 e 3.30 são apresentadas as propriedades de densidade e de
Gamma Ray interpoladas.
Como alternativa para validação do modelo, os resultados da modelagem
foram comparados com os dados de um poço não incluído no modelo. Na Figura
3.31 é apresentado o perfil densidade do poço DB-34HPA, o qual não teve seus
perfis carregados no upscale. Para este poço foi feita um novo upscale com os
mesmos critérios adotados anteriormente e comparado com os dados de perfil e o
resultado final. O perfil RHOB apresentado com linha rosa, o dado upscaled
(RHOB upscaled) apresentado em rosa tracejado e o perfil RHOB obtido da
krigagem (RHOB Krigagem) apresentado em linha grossa rosa. Nota-se na figura
que o resultado da krigagem apresenta valores muito próximos dos valores reais
do perfil.
As propriedades modeladas serão utilizadas finalmente para a construção
do cubo de pressão de poros que será apresentado no capítulo 4.
73
Figura 3.29 - Cubo de propriedade de densidade.
Figura 3.30 - Cubo de propriedade Gamma Ray.
74
Figura 3.31- Validação dos resultados.
4 Analise de Pressão de Poros
Este capítulo visa apresentar a análise de pressão de poros dos poços DB-3,
DB-4, DB-5 e DB-11. Os poços foram escolhidos para a determinação da
tendência de compactação normal da região devido ao fato de representarem as
características da região à qual pertencem, da sua localização e principalmente sua
litologia, que se apresenta com as mesmas características dos poços da mesma
região.
Além disso, os poços escolhidos são poços que apresentam dados de melhor
qualidade para calibração das curvas e mais informações do processo de
perfuração, boletins, pesos de fluidos e dados geológicos. Os dados de pressão de
reservatório da região são dados originais, anteriores à início da produção do
reservatório, portanto, correspondem aos dados de pressão de formação da região.
Um fato que deve ser levado em consideração é que, segundo a
interpretação da geologia, não são encontradas ocorrências de reservatórios
inclinados. Portanto, não foi realizado neste trabalho o estudo de transferência
lateral.
Como primeira etapa, deve ser feita uma verificação do fenômeno de
geração de pressão, para isso deve-se verificar a da curva de tensão vertical em
função da porosidade. Através da curva de compactação é possível verificar em
qual estado de tensão se encontra a rocha.
Segundo conceitos de mecânica dos solos, se houver uma relação linear
entre porosidade e tensão vertical pode-se estimar que o solo encontra-se no
estado normalmente adensado (não foi previamente adensado). Para isso os
valores de pressão de poros serão correspondentes à curva de compactação
normal, possui relação direta com a curva virgem. E os métodos de Eaton e de
Bowers para estimativa de pressão de poros em folhelhos podem ser aplicados,
uma vez que estes métodos são baseados em teorias de subcompactação.
76
Para isso foi construído um gráfico de tensão efetiva em função dos dados
sônicos na profundidade. Considerando que o perfil sônico é utilizado como perfil
de porosidade na indústria de petróleo.
Pode-se observar através do gráfico da Figura 4.1 uma relação linear entre
os valores de tensão efetivas e sônicos. Essa relação é denominada de curva
virgem e corresponde ao primeiro carregamento nos sedimentos argilosos.
Quando o solo encontra-se nesse estado ele é considerado como um solo
normalmente adensado.
A curva virgem apresentada na Figura 4.1 pode ser comparada aos
resultados obtidos por Bowers em 1995 apresentados na Figura 2.10 (b) no
Capítulo 2 deste trabalho.
Figura 4.1 - Gráfico de tensão efetiva em função do sônico.
800 1600 2400 3200 4000
800 1600 2400 3200 4000Tensao Efetival (psi)
-20
020
4060
8010
012
014
016
018
020
0
-200
2040
6080
100120
140160
180200
Sonic
ol (
us/
ft)
77
A técnica de obtenção da curva virgem pode ser utilizada como um método
direto de estimativa de pressão de poros em uma região quando se possui muitos
dados. Além disso, a curva virgem pode ser obtida através dos dados de peso de
fluido de perfuração subtraido da sobrecarga em função dos dados sônicos, porém
esse processo não corresponde ao comportamento real de pressão de poros em
uma região uma vez que algumas vezes o peso de fluido de perfuração não
corresponde efetivamento ao valor de pressão de poros.
Os modelos de Eaton e de Bowers para estimativa de pressão de poros foi
utilizado após assumido que houve o fenômeno de subcompactação como gerador
de pressão de poros anormais, ou a rocha encontra-se normalmente adensada.
Lembrando que o fenômeno de subcompactação ocorre quando a rocha mantém a
porosidade constante ao longo da profundidade, a tensão efetiva se mantém
constante e como a tensão total aumenta com a sobrecarga logo a pressão de poros
também aumenta.
Como análise preliminar de pressão de poros também são verificados o tipo
de fluido encontrado no poço e a profundidade do contato. A Figura 4.2 é
utilizada para esse tipo de verificação e observa-se através da inclinação da reta e
de cálculos de densidade, a densidade do fluido de onde foi obtida a medida e se a
conexão destes fluidos ou não. Através da Figura 4.2 estima-se que o reservatório
está conectado, pois os dados de pressão são coerentes com uma tendência linear.
Um desvio dessa tendência poderia indicar um possível contato entre dois
fluidos de densidades diferentes. Se houvesse esse desvio o efeito buyonce
deveria ser considerado para as análises de pressão de poros.
4.1.Gradiente de sobrecarga
Para os poços analisados foram obtidos os gradientes de sobrecarga
demonstrados na Figura 4.3. O gradiente de sobrecarga é obtido através dos dados
do perfil de densidade, o perfil é composto pelo perfil obtido das ferramentas de
perfilagem com a correlação de Miller para as profundidades mais rasas. Os perfis
de densidade, em rosa, são apresentados no primeiro gráfico de cada poço e os
gradientes de sobrecarga também são apresentados em rosa nos segundos gráficos
de cada poço da Figura 4.3.
78
Figura 4.2 - Dados de MDT em função da profundidade.
Observa-se que o gradiente de sobrecarga apresentado possui um
comportamento constante de crescimento de aproximadamente 1 psi/ft.
Através da equação 2.1 apresentada no capítulo 2 foi criado um cubo de
sobrecarga através da propriedade de densidade modelada no capítulo 3. O
programa Petrel® não possui recursos de análises de pressão de poros. Portanto,
foi programado em sua calculadora com a equação 2.1 para que o cubo de pressão
de sobrecarga fosse gerado. O cubo de gradiente de sobrecarga é apresentado na
Figura 4.4.
Pode ser observado na figura o comportamento de crescimento constante do
cubo de sobrecarga com a profundidade, o que é coerente com as expectativas. Na
bacia estudada este gradiente varia de 8,0 ppg que é o gradiente no mudline até
13,5 ppg horizonte onde representa a base dos poços escolhidos para a análise.
Pressão vs Profundidade
2000,00
2200,00
2400,00
2600,00
2800,00
3000,00
3200,00
3400,00
3600,00
2000,00 2500,00 3000,00 3500,00 4000,00 4500,00 5000,00 5500,00 6000,00
Pressão (mdt)
Pro
fund
idad
e
79
Figura 4.3 - Perfil Densidade e gradiente de sobrecarga.
Figura 4.4 – Cubo de gradiente de sobrecarga.
80
4.2.Estimativa de pressão de poros utilizando o mod elo de Eaton
A primeira etapa de estimativas de pressão de poros utilizando os métodos
de Eaton é traçar a tendência de compactação normal. A tendência de
compactação normal é obtida através da observação de uma tendência dos dados
sônicos unidimensional na direção vertical.
Para isso foram filtrados os dados somente de folhelhos. Nesta fase de
trabalho os dados de folhelhos utilizados foram os dados interpretados pela
geologia. Porém, quando não houve um perfil de interpretação de fácies foi
utilizado um filtro dos dados de Raios Gamma, para se obter os pontos de
folhelhos. Em geral, os folhelhos apresentam altos valores de Raios Gamma
devido à alta presença de material orgânico.
No trabalho presente, a escolha do filtro utilizando Raios Gamma, foi
baseado na litologia interpreatada dos poços. Para isso foram utilizados os dados
sônicos referentes ao valores de Raios Gamma, maiores que a linha base que os
divide.
Após concluído esse filtro, obtidos os dados de folhelho, finalmente foi
traçada a tendência de compactação normal. Esta tendência foi traçada em um
gráfico semi-logarítmico e se comporta como uma reta com a equação 4.1:
( ) ( )1
1loglog
DD
ttm
−∆−∆
= (equação 4.1)
Onde m é o coeficiente angular da reta em um gráfico semi-logarítmico,
t∆ são os valores observados no parâmetro indicador de sônico em que a
compactação ocorrida foi normal e D são os valores de profundidade nos pontos
onde foram obtidos os parâmetros indicadores de sônico.
A Figura 4.5 apresenta o processo de obtenção da tendência de compactação
normal dos poços utilizados para calibração do modelo. A tendência foi obtida
iterativamente, após longo processo de tentativas, utilizando a estimativa de
pressão de poros de Eaton os dados de pressão (MDT) obtidos em ensaios no
reservatório.
81
Figura 4.5 - Perfil sônico de folhelhos e tendência de compactação normal.
Logo a tendência de compactação normal assumirá a forma da equação 4.2.
( )110. DDmn tt −∆=∆ (equação 4.2)
Através dos dados dos poços da Figura 4.5, foi obtido o valor de m que será
posteriormente utilizado para a modelagem tridimensional do modelo de Eaton.
Na figura 4.6 são apresentados o gradiente de sobrecarga obtido através dos
dados de densidade em rosa, o gradiente de pressão de poros obtido pelo método
de Eaton em vermelho e os dados de pressão em pontos verdes.
As curvas apresentadas foram obtidas do modelo tridimensional de pressão
de poros e comparadas com os dados de pressão (MDT). Nota-se que, nos 4
poços, foi possível gerar resultados do cubo de pressão de poros iguais aos valores
de pressão medidos e usados para a calibração do modelo. O mesmo foi realizado
82
para todos os poços com dados de pressão da bacia escolhida para criação do cubo
e observou-se que as curvas de pressão obtidas apresentavem valores esperados de
acordo com a aplicação da metodologia de Eaton e os dados de pressão dos
respectivos poços.
Figura 4.6 - Gradientes de pressão de poros e sobrecarga.
Na figura 4.7 é apresentado o cubo tridimensional de pressão de poros
obtido através da metodologia de Eaton.
Observa-se que os gradientes variam de 8 pgg a 10 ppg. As regiões onde
não há valores de pressão de poros, são as regiões de formações arenosas e
permeáveis e não podem ser representadas pela metodologia de Eaton aplicada em
folhelhos. Porém estes dados podem ser obtidos através de medições diretas.
83
Figura 4.7 - Gradiente de pressão de poros Eaton.
4.3. Estimativa de pressão de poros utilizando o mé todo de Bowers
A estimativa de pressão de poros através da metodologia de Bowers foi
proposta em 1995 e ainda não é muito difundida na indústria de petróleo. Porém,
esta estimativa representa muito bem o fenômeno de subcompactação e adiciona
também o fenomeno de descarregamento.
Estudos de Yassir e Bell (1996) demonstram que estimativas que somente
consideram o efeito de subcompactação subestimam valores de pressão de poros
quando há ocorrência de fenômenos de expansão de fluidos e casos de
cisalhamento tectônico, para fluidos gerados no local a partir de fase sólida esses
métodos estão superestimando pressão de poros. A Figura 4.8 ilustra esta situação.
Na utilização da metodologia de Bowers também pode ser gerado uma
tendência de compactação normal. A tendência é uma tendência curva
representada pela equação 4.3.
( )( )BOV
Bowers
GZA
t
7,822,14200
10
106
6
−⋅⋅+=∆ (equação 4.3)
84
10101
66
Z
A
tt
ZZ
Pp
B
o
v
∆−
∆
−=σ
Figura 4.8 – Variação de tensão efetiva versus porosidade de acordo com o fenômeno
de geração de pressão anormais (Yassir e Bell, 1996).
Onde A e B são parâmetros de calibração, Z é a profundidade vertical em
metros e Gov é o gradiente de sobregarca em ppg.
Esta tendência pode ser usada tanto no método de estimativas de pressão de
poros de Eaton quanto no de Bowers.
No presente trabalho, a estimativa de pressão de poros de Bowers foi
modelada no software Petrel® inserindo todos os parâmetros utilizados para tal
estimativa. Os parâmetros foram calibrados utilizando o software da Drillworks,
Predict® e os dados de pressão medidos na região. O resultado de tal modelagem
para os poços utilizados na calibração são apresentados na figura 4.9, a seguinte
equação 4.4:
(equação 4.4)
85
Onde Pp é o valor de pressão de poros em psi, Z profundidade em metros, σv
é o valor da pressão de sobrecarga em psi, A e B parâmetros da metologia de
Bowers e ∆t0 o valor sônico no mudline e ∆t o valor sônico de perfilagem.
Na figura 4.7 estão apresentadas os resultados do modelo de Bowers para os
poços utilizados na calibração do modelo. Os dados de gradientes de pressão de
poros em laranja no gráfico estão calibrados com os dados de pressão medidos
(MDT) apresentados em pontos verde no gráfico. A curva de sobrecarga também
é apresentada em rosa na figura.
Figura 4.7- Estimativa de pressão de poros método de Bowers.
Na figura 4.8 é apresentado o cubo tridimensional de pressão de poros para
a região obtido através da metologia de Bowers. Mais uma vez o software Petrel®
não possui recursos para a estimativa de pressão de poros. E o modelo de
estimativa foi inserido através da ferramenta calculadora de propriedades do
software.
86
Figura 4.8 - Gradiente de pressão de poros Bowers.
Na figura 4.8 pode-se observar que este gradiente varia de 8 a 10 ppg em
algumas profundidades. O resultado se comparado com os dados de pressão e com
o cubo de pressão de poros através de metodologia de Eaton está de acordo com o
esperado.
A região não apresenta outro mecanismo de geração de pressão anormal,
como por exemplo a transferência lateral de pressão em um arenito. As formações
permeáveis nessa região encontram-se acamadas. Portanto, a hipótese de que os
arenitos possuem as mesmas pressões que os folhelhos e logo os dados de pressão
medidos nestes arenitos são usados para calibrar as pressões nos folhelhos é
válida. A região também não apresenta fluidos gasosos que poderiam alterar o
gradiente de pressão de poros bruscamente através do efeito buyonce. Além disso
a região também não apresenta altas temperaturas que poderiam estar relacionadas
a pressões altas por expansão de fluidos. No comportamento dos perfis elétricos
não foi observado nenhuma reversão de tendência, podendo indicar um fenômeno
de descarregamento.
5 Conclusões e sugestões
Neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia para estimativa de pressão
de poros em três dimensões através das modelagens geostatísticas e da
retroanálise de poços de correlação para calibração das tendências de
compactação da região modelada.
O estudo foi dividido em quatro fases: a primeira fase consistiu na análise
de dados dos poços; a segunda na modelagem geostatísticas das propriedades de
perfis; a terceira na investigação do mecanismo gerador de pressão anormalmente
alta e a última na aplicação dos métodos de Eaton e Bowers no cubo de
propriedades.
A análise dos dados consistiu na verificação do comportamento estatístico
dos dados de perfis, a construção de horizontes através dos topos das formações
identificadas, e a construção do grid para interpolação das propriedades.
Conclui-se que os dados apresentaram um comportamento normal,
possibilitando a análise geostatística dos dados. Além disso, a construção dos
horizontes foi comparada com algumas sessões apresentadas pela geologia e os
horizontes apresentaram-se coerentes. A construção do grid baseou-se no fato das
propriedades se apresentarem com boas resoluções na vertical, logo o grid
apresentou dimensões horizontais maiores que a dimensão vertical. Além disso, as
rochas sedimentares apresentam em geral um comportamento transversalmente
isotrópico, justificando as dimensões do grid utilizadas.
A modelagem geostatísticas constitui na análise dos semivariogramas das
propriedades distribuídas espacialmente. Foram construídos mapas de
variogramas, semivariogramas experimentais e finalmente o semivariograma
utilizado na krigagem.
Os mapas de semivariogramas e os semivariogramas experimentais
construídos foram utilizados para a construção do semivariograma final, que
tornou o trabalho de busca de semivariogramas mais eficiente, a construção destes
semivariogramas finais demanda muito tempo de trabalho e neste trabalho foi
88
possível concluir que a construção de semivariogramas experimentais têm
um papel fundamental.
Finalmente, na etapa de análise geostatística foi utilizado os perfis de um
poço não incluído no modelo, para comparação dos resultados. Conclui-se que no
modelo geostatístico utilizado foi possível obter perfis sintéticos confiáveis para a
análise de pressão de poros.
Os mecanismos de descarregamento, efeito bouyance e da transferência
lateral de pressão também foram investigados. O efeito bouyance foi verificado
utilizando os valores de pressão medidas dos fluidos e o tipo de fluido, e a
transferência lateral de pressão ou o efeito centróide foi verificado através das
sessões geológicas fornecidas pela geologia. O campo analisado neste trabalho,
não apresentou estes efeitos. Na análise de pressões medidas foi possível verificar
que a região apresenta um comportamento de curva virgem, portanto, indicando
somente a presença de subcompactação como mecanismo gerador de pressão.
O mecanismo de descarregamento pode ocorrer devido a diversos fatores
como expansão de fluidos devido a altas temperaturas, diagênese de folhelhos,
processos erosionais, migrações de hidrocarbonetos etc. A região estudada não
apresentou nenhum indicativo de ocorrência, as pressões medidas não
apresentaram comportamento fora da curva virgem e não foi identificada a
existência de reversão de velocidades, que levaram a conclusão de não existência
deste mecanismo.
Os modelos de Eaton e Bowers utilizados abrangeram apenas os
mecanismos de compactação normal e subcompactação em folhelhos. Estes
correlacionaram velocidade sônica normal, que representam as velocidades das
formações se eles estivessem normalmente compactadas, com as velocidades
sônicas de perfilagem extrapoladas para toda região.
Como o mecanismo de geração de pressão de poros anormais identificado
foi somente o de subcompactação, foi possível aplicar as metodologias de Eaton e
de Bowers para toda a região. Foram verificadas as estimativas de pressão através
do traçado de uma mesma tendência em todos os poços, concluindo que é possível
aplicar a mesma tendência de compactação na região.
Como sugestão para próximos trabalhos sobre o assunto de modelagem
tridimensional de pressão de poros, é sugerido a modelagem de dados de poços
correlacionados com atributos sísmicos, por exemplo, velocidade intervalar por
89
profundidade utilizando a ko-krigagem com a propriedade sônica, na ko-krigagem
entre estas duas propriedades (sônico e velocidade intervalar) correlacionadas, é
possível obter resultados mais acurados que na krigagem ordinária. Além disso o
cubo de pressão de poros também pode ser montado através de um cubo de
velocidades intervalares, construindo assim, uma previsão de pressão de poros
tridimensional. Porém a resolução dos dados de sísmica é muito baixa para
estimativas acuradas. Os dados de poços, como os dados de perfilagem são dados
com melhores resoluções e são diretamente usados para calibragem dos dados de
sísmica.
Sugere-se também a análise em casos onde há mecanismos de geração de
pressão anormal diversos. A maioria dos trabalhos referentes à pressão de poros
só leva em consideração o fenômeno de subcompactação, logo, a maioria dos
modelos matemáticos utilizados somente leva em consideraçao esse fenômeno,
com exceção do modelo de Bowers, que leva em consideração o efeito de
descarregamento. E para regiões onde o efeito de transferência lateral de pressões
é maior que o efeito de subcompactação e de descarregamento, os modelos
matemáticos apresentados, não podem ser calibrados com dados de pressão
medida nestes reservatórios.
Para esse efeito, deve ser buscada a posição do centróide do reservatório, a
conecção entre eles, a saturação, razões gás/óleo, óleo/água, gás/água. As
profundidades dos contatos, o tipo de fluido presente. Para isto o modelo do
reservatório (pressões, fluxo, contatos) são essenciais para a estimativa de pressão
no reservatório. E uma condição perfeita de calibragem do modelo do overburden
ao se determinar a posição do centróide e a pressão no local.
Este trabalho, portanto, pode ser utilizado como base em várias vertentes
de engenharia de poço. Os cubos gerados de propriedades e de gradientes podem
ser utilizados em estudos de estabilidade de poços além de análises geomecânicas
para diversas finalidades.
6 Referência Bibliográficas
ABGE. Geologia de engenharia. Oliveira, A. M. S,;BRITO, S.N.A.(editores).
São Paulo: ABGE, 1998, 576p.
Albertão G.A. et al 3D Geological Modeling in a Turbidite System With
Complex Stratigraphic-Structural Framework - A example from Campos
Basin, Brazil SPE 95612 2005 SPE Annual Technical Conference and Exhibition,
Dallas, Texas October 2005 p. 1-10
Borge H. Modelling generation and dissipation of overpressure in
sedimentary basin: an example from Halten Terrace, offshore Norway.
Marine and Geology 19, 2002 p. 377-388
Bourgeois F. e Koutsabeloulis N. Geomechanical Modeling of a Full Reservois
of the North Sea SPE 111273 2007 SPE/EAGE Reservoir Characterization and
Simulation Conference in Abu Dhabi, October, 2007
Bowers G. L. Pore pressure estimation from velocity data: Accounting for
Overpressure Mechanics Besides Undercompaction SPE Drilling and
Completion June 1995
Bruce B. Bowers G. Pore Pressure Terminology. The leadind Egde Febuary 2002
p. 170-173
Carcione J. et al Rock Physics of Geopressure and Prediction of Abnormal
Pore Fluid Pressure Using Seismic Data. CSEG Recorder September 2002 p. 8-
32
Chopra S.: Huffman A. Velocity determination for pore pressure prediction.
CSEG April - 2006.
91
Damasceno, C. S. R. Modelagem geológica e geomecânica 3D e análises de
estabilidade 2D da cava da mina de Morro da Mina, Conselheiro Lafaiete,
MG, Brasil. Dissertaçao de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008, 165p.
Doyen P. M. et al Seismic pore pressure prediction with uncertainty using a
probabilistic mechanical earth model 2004 CSEG National Convention, 2004 p.
1-4
Doyen P.M. Seismic Reservoir Characterization an Earth Modelling
Perspective 2007 EAGE Publications
Dutta N. C Geopressure Detection Using Refletion Seismic Data and Rock
Physics Principles: Methodology and Case Histories from Deepwater
Tertiary Clastics Basins SPE77820 SPE Asia Pacific Oil and Gas Conference
and Exhibition Australia, October, 2002 p. 1-7
Eaton B. A. Fracture Gradient Prediction and Its Application in Oilfiel
Operation. JPT October, 1969 p.1353-1360
Eaton B. A. The effect of Overburden Stress on Geopressure Prediction from
well logs. JPT August, 1972 p. 929-934
Eaton B. A. The equation for Geopressure Prediction from well logs. SPE
5544. 50th Annual Fall Meeting of SPE. Dallas, Texas, 1975 p 1-5
Falcão J. L. Uncertainties in the Pore Pressure Evaluation in Deepwater: a
Statistical Approach SPE/ISRM 78247 SPE/ISRM Rock Mechanics Conference
Irving, Texas October 2002 p. 1-8
Fertl W.H. et al Importance of Abnormal Formation Pressures. JPT April 1977
p 347-354
92
Fertl, W. H., Abnomal Formation Pressures. Elsevier Scientific Publishing Co.,
New York, pp. 210, 1976
Foster J.B. - Estimation of Formation Pressures from Electrical Surveys-
Offshore Louisiana. JPT Febuary 1966 p. 165-171
Frydman M. et al Reducing Drilling Risks in Highly Overpressurized
Formation: A Case History in Nororiente Basin, Argentina SPE 108174 2007
SPE Latin America and Caribbean Petroleum Engineering Conference, Buenos
Aires, Argentina, April, 2007 p. 1-5
Gardner, G. H. F., Gardner, L.W., Gregory, A.R., Formations Velocity and
Density - The diagnostic basis for stratigraphic traps. Geophysics, Volume 39,
Number 6, pp. 2085 - 2095.
Gonzaga, G. G. Análise da variabilidade espacial de propriedades mecânicas
de um maciço gnáissico através de uma abordagem geostatística. Dissertaçao
de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996, 165p.
Goodman, R. E. Introduction to rock mechanics. 2 ed. New York: John Wiley
& Sons, 1989. 562p.
GTEP Curso Pratico Predict UN-RNCE Projeto de pressão de poros e
estabilidade de poços Março 2004
GTEP Manual de Procedimentos e Melhores Praticas para Previsão de
Geopressões em Bacias Sedimentares
Hack B. et al Three and more dimensional modelling in geo-engineering Bull
Eng Geol Env (2006) 65 p.143-153
Holzberg B. B. Previsão probabilística de pressão de poros em rochas-
reservatórios através de velocidades compressionais e cisalhantes. Tese de
93
doutorado. Departamento de Engenharia Civil. Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, 2005. 107p.
Holzberg B. B. Quantificação e Tratamentos das Incertezas em Análises de
Estabilidade de Poços de Petróleo. Dissertação de Mestrado. Departamento de
Engenharia Civil. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2001. 130p.
Hooyman P. et al Calibrated Predrill Pore Pressure Prediction from 3D
seismic for the Cocuite Field. OTC 15292 2003 Offshore Technology
Conference, Houston, Texas May,2003 p. 1-6
Hottmann C.E et al. Estimation of Formation Pressures from Log-Derived
Shale Properties. JPT June 1965 p. 717-722
Isaaks, E. H.; SRIVASTAVA, M. R. Aplied geostatistics. Oxford University
Press, Oxford, New York, 1989, 560p.
Kan T. K. e Kilsdonk B. 3-D Geopressure Analysis. SPE 48871. 1998
Kan T. K. e Swan H. W. Geopressure prediction from automatically derived
seismic velocities. Geophycis. v. 66 n. 6. p. 1937-1946. 2001.
Knowledge Systems - Drillworks Predict Tutorial 2006
Knowledge Systems - Drillworks Software Family. Modulos: Predict,
Evaluating Uncertainty. Drillworks 3D, Safe Seal Analysis. Knowledge
System. 2006
Knowledge Systems. Best Practice Procedures for Predicting Pre-Drill
Geopressures for Wells in the Deep Water Gulf of Mexico - DEA Project 119.
Knowledge Systems. 2001.
Liang Q. J. Application of Quantitative Risk Analysis to Pore Pressure and
Fracture Gradient Prediction SPE 77358 SPE Annual Technical Conference
and Exhibition San Antonio, Texas September, 2002 p. 1-9
94
Marchesi, V. R. Modelagem Geomecânica Tridimensional de Maciços
Rochosos para Análise Bidimensional da Estabilidade dos Taludes de
Escavação da Casa de Força do AHE-Simplício/ Dissertaçao de Mestrado.
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2008, 129p.
Matheron, G. Principles of geostatistics. Econ. Geology, 58, 1963p. 1246-1266.
Matheron, G. The theory of regionalized variables and its applications. Les
Cahiers du centre de Morphology Mathematique, Fas. 5, C. G. Fontainebleau,
1971.
Matthews M. & Standfird W. Sand Effects Correction Provides Better
Geopressure Prediction. Drilling. September, 2003.
Matthews M. D. Uncertainty - Shale Pore Pressure from Borehole
Measurements Calgary AAPG 2005 p. 1-23
Matthews M. D. Uncertainty - Shale Pore Pressure from Borehole Resistivity
ARMA/NARMS 04-551 Gulf Rocks 2004, Houston, Texas, 2004 p. 1-8
Mouchet J. P. e Mitchell A. Abnormal Pressures While Drilling. Elf Aquitaine
Edition. Boussens. 1989.
Mukerji T. et al Seismic Detection and Estimation of Overpressures Part I: the
Rock Physics Basis CSEG Recorder, September, 2002 p. 34-57
Pereira, B. C. M. Proposta de uma Metodologia para Estimativa de
Geopressões. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
Reyna, J. C. L. Investigação sobre métodos de previsão de pressão de poros
em folhelhos e uma aplicação de uma abordagem probabilística. Dissertação
de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil. Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007. 146p.
95
Richard Plumb et al The Mechanical Earth Model Concept and Its
Application to High- Risk Well Construction Projects IADC/SPE 59128
IADC/SPE Drilling Conference New Orleans, Lousiana, Febuary 2000 p. 1-13
Rocha L.A. et al. Buscando o estado da arte nas estimativas de geopressões.
Boletim técnico de produçao da Petrobras, Rio de Janeiro
Sayers C. M et al Well-constrained seismic estimation of pore pressure with
uncertainty SEG/New Orleans 2006 Annual Meeting, 2006 p. 1530-1534
Sayers C.M et al Predrill pore-pressure prediction using seismic data.
Geophysics Vol. 67 No 4 August, 2002 p. 1286-1292
Traugott, M. The porepressure centroid concept: Reducing drilling risks. Abs
in Compaction and Overpressure Current Research, Schneider, F.; Moretti, I.;
e
Standifird W. and Matthews Real-Time Basin Modeling: Improving
Geopressure and Earth-Stress Predictions SPE 96464 Offshore Europe 2005,
Aberdeen, Scotland, September 2005 p. 1-6
Swarbick, R. E. et al - Pressure regimes in sedimentary basis and their
prediction - Summary of AADE forum, 1999. p. 511-513
Swarbrick R. e Osborne M. Mechanisms that Generate Abnormal Pressures:
An Overview. Abnormal Pressure in Hydrocarbon Environments: chapter 2.
AAPG Memoir 70. p. 13-34. 1998
Swarbrick Challenges of Porosity-Based Pore Pressure Prediction. CSEG
Recorder September, 2002 p. 75-77
Torres M.E. and Frydman 3D Analysis for Welbore Stability: Reducing
Drilling Risks in Oriente Basin, Ecuador. SPE 94758 SPE Latin American and
Caribbean Petroleum Engineering Conference, Rio de Janeiro June 2005. p. 17
96
Turner A. K. Challenges and trends for geological modelling and visualization
Bull Eng Geol Env (2006) 65 p. 109-127
Wang J. et al Visualization for pore pressure prediction. First Break Volume
22, March 2004 p. 1-8
White A. et al Updating the Geomechanical Model and Calibrating Pore
Pressure From 3D Seismic Using Data From the Gnu-1 Well, Dampier Sub-
Basin, Australia SPE 110926 2007 Asia Pacific Oil & Gas Conference and
Exhibition Jakarta, Indonesia, November 2007 p. 1- 16
Yassir N. A. e Bell J. S. Abnormally High Fluid Pressures and Associated
Porosities and Stress Regimes in Sedimentary Basins. SPE Formation
Evaluatin. Março - 1996.
Zinchenko I and Moiseev Y. et al Enhanced Prediction of Welbore Stability
Using Seismic-Based Geomechanical Modeling SPE101777 SPE Russian Oil
and Gas Technical Conference and Exhibition, Russia, October 2006 p. 1-7