bruna pinotti garcia, guilherme cardoso, mariela cardoso ......Área de atividade: saúde –...

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Bruna Pinotti Garcia, Guilherme Cardoso, Mariela Cardoso, Ricardo Razaboni, Silvana Guimarães e Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco. Ministério Público da União MPU Comum aos Cargos de Analista do MPU: Área de Atividade: Apoio Técnico - Administrativo – Especialidades: Arquivologia, Biblioteconomia, Comunicação Social, Educação e Estatística. Área de Atividade: Apoio Técnico - Especializado – Especialidades: Finanças e Controle, Gestão Pública e Planejamento e Orçamento. Área de Atividade: Medicina – Especialidades: Clínica Médica e Psiquiatria. Área de Atividade: Perícia – Especialidade: Antropologia, arquitetura, Contabilidade, Economia, Engenharia Agronômica, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal, Engenharia Mecânica, Engenharia Sanitária, Geografia, Medicina, Medicina do Trabalho e Oceanografia Área de Atividade: Saúde – Especialidades: Enfermagem, Odontologia, Psicologia, Serviço Social Área de Atividade: Tecnologia da Informação e Comunicação – Especialidades: Desenvolvimento de Sistemas, Suporte e Infraestrutura. A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

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Page 1: Bruna Pinotti Garcia, Guilherme Cardoso, Mariela Cardoso ......Área de Atividade: Saúde – Especialidades: Enfermagem, Odontologia, Psicologia, Serviço Social Área de Atividade:

Bruna Pinotti Garcia, Guilherme Cardoso, Mariela Cardoso, Ricardo Razaboni,

Silvana Guimarães e Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco.

Ministério Público da União

MPUComum aos Cargos de Analista do MPU:Área de Atividade: Apoio Técnico - Administrativo – Especialidades: Arquivologia, Biblioteconomia,

Comunicação Social, Educação e Estatística.

Área de Atividade: Apoio Técnico - Especializado – Especialidades: Finanças e Controle, Gestão Pública e

Planejamento e Orçamento.

Área de Atividade: Medicina – Especialidades: Clínica Médica e Psiquiatria.

Área de Atividade: Perícia – Especialidade: Antropologia, arquitetura, Contabilidade, Economia,

Engenharia Agronômica, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Segurança do Trabalho,

Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal, Engenharia Mecânica, Engenharia Sanitária, Geografi a,

Medicina, Medicina do Trabalho e Oceanografi a

Área de Atividade: Saúde – Especialidades: Enfermagem, Odontologia, Psicologia, Serviço Social

Área de Atividade: Tecnologia da Informação e Comunicação – Especialidades: Desenvolvimento de

Sistemas, Suporte e Infraestrutura.

A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Ofi cial com base no

Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS.

1. Interpretação Textual

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-nadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma informação que se liga com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a es-truturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto ori-ginal e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.

Intertexto - comumente, os textos apresentam referên-cias diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.

Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamentações), as argumentações (ou explicações), que levam ao esclareci-mento das questões apresentadas na prova.

Normalmente, em uma prova, o candidato deve:

Identificar os elementos fundamentais de uma ar-gumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).

Comparar as relações de semelhança ou de diferen-ças entre as situações do texto.

Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade.

Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.

Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-vras.

Condições básicas para interpretar

Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá-rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese; capacidade de raciocínio.

Interpretar/Compreender

Interpretar significa:

Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.

Através do texto, infere-se que...

É possível deduzir que...

O autor permite concluir que...

Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa:

Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.

O texto diz que...

É sugerido pelo autor que...

De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...

O narrador afirma...

Erros de interpretação

Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no tex-to, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.

Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o entendimento do tema desenvolvido.

Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errar a questão.

Observação:

Muitos pensam que existem dois modos de se ver um texto: um por meio da ótica do escritor e outro, por meio da ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais.

Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que re-laciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.

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São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os pro-nomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente.

Os pronomes relativos são muito importantes na inter-pretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:

que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas depende das condições da frase.

qual (neutro) idem ao anterior.

quem (pessoa)

cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o objeto possuído.

como (modo)

onde (lugar)

quando (tempo)

quanto (montante)

Exemplo:

Falou tudo QUANTO queria (correto)

Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o demonstrativo O).

Dicas para melhorar a interpretação de textos

Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candida-tos na disputa, portanto, quanto mais informação você absor-ver com a leitura, mais chances terá de resolver as questões.

Se encontrar palavras desconhecidas, não inter-rompa a leitura.

Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias.

Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma conclusão).

Volte ao texto quantas vezes precisar.

Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as do autor.

Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor compreensão.

Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão.

O autor defende ideias e você deve percebê-las.

Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo geralmente mantém com outro uma relação de conti-nuação, conclusão ou falsa oposição. Identifique mui-to bem essas relações.

Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, a ideia mais importante.

Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da resposta – o que vale não somente para Interpreta-ção de Texto, mas para todas as demais questões!

Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia principal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.

Olhe com especial atenção os pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., chamados vocábulos relatores, porque remetem a ou-tros vocábulos do texto.

SITES

http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-gues/como-interpretar-textos

http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-melho-rar-a-interpretacao-de-textos-em-provas

http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-para--voce-interpretar-melhor-um.html

http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-tao-117-portugues.htm

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EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PCJ-MT - Delegado Substituto – Superior- Ces-pe-2017)

Texto CG1A1AAA

A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro em sua di-mensão plural e faz-se único em sua condição social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza--se em sua individualidade. O direito é o instrumento da fraternização racional e rigorosa.

O direito à vida é a substância em torno da qual todos os di-reitos se conjugam, se desdobram, se somam para que o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizável de justiça social.

Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a revelação da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na vida mais digna para que a convivência política seja mais fecunda e hu-mana.

Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com adap-tações).

Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano tem direito

A. de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobrevivên-cia das espécies.

B. de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário para defender seus interesses.

C. de demandar ao sistema judicial a concretização de seus direitos.

D. à institucionalização do seu direito em detrimento dos di-reitos de outros.

E. a uma vida plena e adequada, direito esse que está na es-sência de todos os direitos.

O ser humano tem direito a uma vida digna, adequada, para que consiga gozar de seus direitos – saúde, educação, seguran-ça – e exercer seus deveres plenamente, como prescrevem todos os direitos: (...) O direito à vida é a substância em torno da qual todos os direitos se conjugam (...).

GABARITO OFICIAL: E

2. (PCJ-MT - Delegado Substituto – Superior- Ces-pe-2017)

Texto CG1A1BBB

Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição da Re-pública Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-mente, nos termos desta Constituição.” Em virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de sua investidura é legi-timada pela compatibilidade com as regras do Estado de di-reito e eles são, assim, autênticos agentes do poder popular, que o Estado polariza e exerce. Na Itália, isso é constante-mente lembrado, porque toda sentença é dedicada (intesta-ta) ao povo italiano, em nome do qual é pronunciada.

Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do pro-cesso. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com adaptações).

Conforme as ideias do texto CG1A1BBB,

A. o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel com fundamento no princípio da soberania popular.

B. os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo voto popular, como ocorre com os representantes dos demais poderes.

C. os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, exercem o poder que lhes é conferido em nome de seus nacionais.

D. há incompatibilidade entre o autogoverno da magistratu-ra e o sistema democrático.

E. os magistrados brasileiros exercem o poder constitucional que lhes é atribuído em nome do governo federal.

A questão deve ser respondida segundo o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representan-tes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes ema-na do povo e em seu nome é exercido (...).

GABARITO OFICIAL: A

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3. (PCJ-MT - Delegado Substituto – Superior- Ces-pe-2017 - adaptada) No texto CG1A1BBB, o vocábulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de

A. trata.

B. provém.

C. manifesta.

D. pertence.

E. cabe.

Dentro do contexto, “emana” tem o sentido de “provém”.

GABARITO OFICIAL: B

1. Tipologia e Gênero Textual

A todo o momento nos deparamos com vários textos, se-jam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um texto escrito.

É de fundamental importância sabermos classificar os textos com os quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais e gêneros textuais.

Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião so-bre determinado assunto, descrevemos algum lugar que visita-mos, fazemos um retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas situações corriquei-ras que classificamos os nossos textos naquela tradicional ti-pologia: Narração, Descrição e Dissertação.

As tipologias textuais se caracterizam pelos aspectos de ordem linguística

Os tipos textuais designam uma sequência definida pela natureza linguística de sua composição. São observados as-pectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argumentativo/disser-tativo, injuntivo e expositivo.

A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação demarcados no tempo do universo narrado, como tam-bém de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu carro quando ele apare-ceu. Depois de muita conversa, resolveram...

B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, descrevem características tanto físicas quanto psicoló-gicas acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os cabelos mais ne-gros como a asa da graúna...”

C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um assunto ou uma determinada situação que se almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela acontecer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.

D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma modalidade na qual as ações são prescritas de forma sequencial, utilizando-se de verbos expressos no im-perativo, infinitivo ou futuro do presente: Misture to-dos os ingredientes e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.

E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar-cam-se pelo predomínio de operadores argumenta-tivos, revelados por uma carga ideológica constituída de argumentos e contra-argumentos que justificam a posição assumida acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros estão em complementação, não em disputa.

Gêneros Textuais

São os textos materializados que encontramos em nosso cotidiano; tais textos apresentam características sócio-co-municativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada, de-bate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc.

A escolha de um determinado gênero discursivo depende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, a finalida-de do texto a ser produzido, quem são os locutores e os interlo-cutores, o meio disponível para veicular o texto, etc.

Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais, entre-vistas e outros; na esfera de divulgação científica são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: Sa-raiva, 2010.

Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.

SITE

http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual.htm

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NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Estado: conceito, elementos e natureza

“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corporação terri-torial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 14, I). Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar no campo do Direito Público como no do Direito Privado, mantendo sempre sua única personali-dade de Direito Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada. O Estado é cons-tituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Povo é o componente huma-no do Estado; Território, a sua base física; Governo soberano, o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, indivisível e incon-trastável de organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas decisões inclu-sive pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organização do Estado é matéria constitucional no que con-cerne à divisão política do território nacional, a estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos direitos e garantias dos governados. Após as disposições constitucionais que moldam a organização polí-tica do Estado soberano, surgem, através da legislação com-plementar e ordinária, e organização administrativa das en-tidades estatais, de suas autarquias e entidades paraestatais instituídas para a execução desconcentrada e descentralizada de serviços públicos e outras atividades de interesse coletivo, objeto do Direito Administrativo e das modernas técnicas de administração”1.

Conceito de Estado

Conceito sociológico: corporação territorial que possui um poder de mando originário.

Conceito político: comunidade de homens si-tuada num território, com poder superior de ação, de mando e de coerção.

Conceito constitucional: pessoa jurídica territo-rial soberana.

Conceito civil: pessoa jurídica de Direito Públi-co Interno.

#FicaDica

1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

Em termos históricos, o Estado Moderno passou por fases que implicaram na definição de três modelos estatais.

Inicialmente, o Estado se erige na forma de um Estado Ab-soluto, no qual o poder é exercido por um soberano de forma ilimitada. No decorrer das Revoluções que despontaram na Europa – Gloriosa e Francesa – e na própria América – Inde-pendência Norte-americana, surgem demandas por um mo-delo de Estado que interferisse menos na vida do indivíduo, permitindo o exercício de liberdades individuais e do direito de propriedade, além de outros direitos civis, bem como a participação popular na tomada de decisões, na forma de di-reitos políticos: nasce o modelo do Estado Liberal.

Num momento posterior, quando se experimentaram os reflexos da revolução industrial e do pós-guerra, bem como da própria reestruturação dos modelos econômicos capitalista e socialista, surgem demandas classistas na busca da retomada da intervenção do Estado na economia e nas relações traba-lhistas, assegurando equilíbrio na exploração econômica por parte daqueles que detinham o poder econômico: surge então o Estado Social.

Adiante, especialmente após a crise de 1929 e o fim da 2a Guerra Mundial, surge a necessidade de coadunar tais ideais, focando não apenas no indivíduo, mas também nas deman-das coletivas da sociedade: surge o Estado Democrático de Direito, uma resposta concomitante à frieza liberal quanto ao indivíduo e ao déficit democrático do Estado Social, intensifi-cando-se a participação popular no poder.

Modelos de Estado

Estado Liberal – não intervencionista, liberda-des negativas, direitos individuais.

Estado Social – intervencionista, bem-estar so-cial, liberdades positivas, direitos sociais.

Estado Democrático de Direito – intervencio-nista moderado, participação popular intensi-ficada, abertura e transparência da Administra-ção.

#FicaDica

Com efeito, o Estado é uma organização dotada de per-sonalidade jurídica que é composta por povo, território e soberania. Logo, possui homens situados em determinada localização e sobre eles e em nome deles exerce poder. É dota-do de personalidade jurídica, isto é, possui a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Nestes moldes, o Es-tado tem natureza de pessoa jurídica de direito público.

Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias;

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V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito público interno. Mas há características peculiares distintivas que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica de direito público interno seja correto, mas não suficiente. Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para si o exercício das atividades de administração pública.

A expressão pessoa administrativa também pode ser colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pessoas admi-nistrativas aquelas pessoas jurídicas que integram a administração pública sem dispor de autonomia política (capacidade de auto-organização). Em contraponto, pessoas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Elementos do Estado: povo + território + soberania

Natureza: pessoa jurídica de direito público / pessoa administrativa

Fim: proteção do interesse coletivo

#FicaDica

Estado, governo e administração: conceitos, aspectos organizacionais

Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Estado não é uma pessoa natural determinada, mas uma estrutura orga-nizada e administrada por pessoas que ocupam cargos, empregos e funções em seu quadro.

Logo, pode-se dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em si, mas sim como uma estrutura organizada pelos próprios homens.

É de direito público porque administra interesses que pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito administrativo.

Em face da organização do Estado, e pelo fato deste assumir funções primordiais à coletividade, no interesse desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de tais funções, buscando atingir da melhor maneira possível o interesse público visado.

Tal papel é atribuído à Administração, que no âmbito executivo tem sua função máxima exercida pelo Governo.

A execução de funções exclusivamente administrativas constitui, assim, o objeto do Direito Administrativo, ramo do Direito Público. A função administrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração (Estado) representando os interesses de terceiros, ou seja, os interesses da coletividade.

Devido à natureza desses interesses, são conferidos à Administração direitos e obrigações que não se estendem aos particu-lares. Logo, a Administração encontra-se numa posição de superioridade em relação a estes.

Importante, neste ponto, frisar a diferença entre as formas de gestão quando se está diante da execução do interesse pú-blico – situação do Estado e da Administração – e quando se está diante de interesse privado. A gestão pública sempre deve assumir a feição de permitir ao cidadão exercer seus direitos e deveres em sociedade, enquanto que na gestão privada caberá a priorização de atendimento ao cliente.

Não obstante, se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessária a divisão de funções das atividades estatais de maneira equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal.

A função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função típica de julgar. Em situações específicas, será possível que no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário exerçam administração.

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Estado – Público – Zela pelo coletivo

Gestão pública deve ser diferente da gestão privada devido ao interesse especial protegido – a cole-tividade.

#FicaDica

Administração pública: sentidos amplo e estrito

Conceito Sentido amplo Sentido estrito

Subjetivo, orgânico ou for-mal

Órgãos governamentais e administrativos Apenas órgãos administrativos

Objetivo, material ou fun-cional

Funções políticas e administrativas Apenas funções administrativas

Por sua vez, conceituando-se administração pública, “em sentido objetivo, material ou funcional, a administração pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos”; ao passo que “em sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado”2. Logo, o sentido objetivo volta-se à atividade administrativa em si, ao passo que o sentido subjetivo se concentra nos órgãos que a exercem.

Em ambos casos, a distinção do sentido amplo para o restrito está nas espécies de atividades e órgãos que são abrangidos. No sentido amplo, inserem-se as atividades desempenhadas pelos órgãos de alto escalão no âmbito governamental, no exer-cício de funções essencialmente políticas; além das atividades tipicamente administrativas desempenhadas pelos diversos órgãos que compõem a administração executando seus fins de interesse público. No sentido estrito, excluem-se as atividades políticas, abrangendo-se apenas atividades administrativas.

EXERCÍCIO COMENTADO

1) (STJ - Analista Judiciário - Administrativa – CESPE/2018). Tendo em vista as convergências e divergências entre a gestão pública e a gestão privada, julgue o item que se segue.

Tanto na gestão pública quanto na gestão privada é lícito fazer tudo que a lei não proíbe.

( )CERTO ( )ERRADO

Resposta: Errado - Na gestão privada vigora o princípio da legalidade amplo, o que significa que o particular pode fazer tudo que a lei não proíba. Já na gestão pública, devido aos interesses perseguidos pelo Estado, vigora o princípio da legalidade estrito, o que implica que o Administrador apenas pode fazer aquilo que a lei expressamente permite.

2) (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargo 2 - CESPE/2017) Acerca de administração pública, organização do Estado e agentes públicos, julgue o item a seguir.

Não há exclusividade no exercício de suas funções típicas pelos poderes de Estado.

( )CERTO ( )ERRADO

Resposta: Certo - Dentro dos três Poderes típicos do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário, existem funções típicas, isto é, o Executivo administra, o Legislativo legisla, o Judiciário julga. Em casos excepcionais é possível observar o exercício de funções atípicas dentro de cada um dos Poderes.

3) (AGU - Advogado da União - CESPE/2004). Acerca do conceito de administração pública, da teoria do órgão da pessoa jurídica aplicada ao direito administrativo, da concentração e da desconcentração de competências e dos atos e fatos da admi-nistração pública, julgue os itens a seguir.

2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

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lação de hierarquia cada uma destas essencialidades dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, desconcen-trar significa delegar com hierarquia, pois há uma relação de subordinação dentro de uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União respondem diretamente ao Presi-dente da República e, por isso, não possuem plena discricio-nariedade na prática dos atos administrativos que lhe foram delegados.

Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições pri-vativas da Administração pública direta no âmbito mais cen-tral possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder Execu-tivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja porque se optou por não delegar.

Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a dire-ção superior da administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel exe-cução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI - dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração fe-deral, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acredi-tar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, ex-pondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;

A administração pública, em seu sentido formal, é o con-junto de órgãos instituídos com a finalidade de realizar as opções políticas e os objetivos do governo e, em seu sentido material, é o conjunto de funções necessárias ao serviço pú-blico em geral.

( )CERTO ( )ERRADO

Resposta: Certo - O sentido formal abrange apenas os órgãos administrativos, ou ainda, os órgãos governamentais e admi-nistrativos; o sentido material abrange as funções administra-tivas e num sentido amplo mesmo as funções políticas.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA, CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA

Centralização, descentralização, concentração e des-concentração

Em linhas gerais, descentralização significa transferir a execução de um serviço público para terceiros que não se confundem com a Administração direta; centralização signi-fica situar na Administração direta atividades que, em tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela; descon-centração significa transferir a execução de um serviço pú-blico de um órgão para o outro dentro da própria Adminis-tração; concentração significa manter a execução central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra autoridade da Administração direta.

Passemos a esmiuçar estes conceitos:

Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do Exe-cutivo, do poder de delegar certas atribuições que são de sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na CF:

Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procu-rador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

Neste sentido:

Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração fe-deral, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é delegável, não a extinção)

Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op-ções de delegar parte de suas atribuições privativas para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar com re-

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CONSTITUIÇÃO. CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES, PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.

A disciplina de direito constitucional é talvez a mais im-portante de todo o ordenamento jurídico, em especial do brasileiro, posto que todas as demais normas devem estar de acordo com a Constituição Federal.

Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional é um dos ramos do Direito Público, a matriz que fundamenta e orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu com os ideais li-berais atentando-se, a princípio, para a organização estrutural do Estado, o exercício e transmissão do poder e a enumeração de direitos e garantias fundamentais dos indivíduos. Atual-mente, preocupa-se não somente com a limitação do poder estatal na esfera particular, mas também com a finalidade das ações estatais e a ordem social, democrática e política”.

A constituição, por sua vez, é o documento que alicerça os fundamentos do Estado para a qual ela foi delineada. Tam-bém é possível utilizar outros sinônimos como constituir, de-limitar, organizar; enfim, a Constituição tem essa finalidade: organizar e estruturar o Estado.

Portanto, podemos definir constituição como um conglo-merado de normas de caráter fundamental e supremo, escri-tas ou alicerçadas nos costumes, responsáveis pela criação, estruturação e organização do Estado – uma espécie de esta-tuto do poder.

O estudo da disciplina de direito constitucional pode ser feito tomando por base três perspectivas: a primeira, direito constitucional geral, fica adstrita as normas gerais para o di-reito constitucional; a segunda perspectiva, direito constitu-cional específico, estuda o direito constitucional específico de um estado e, por fim, a terceira perspectiva, direito cons-titucional comparado, analisa a influência das constituições de outros estados e sua participação no tempo e espaço no decorrer da história.

Perspectiva sociológica

Ferdinand Lassale foi o idealizador desta teoria. Para ele “a constituição nada mais é do que a soma dos fatores reais de poder que regem a sociedade”, ou seja, para Lassale a consti-tuição é o reflexo da sociedade.

Perspectiva política

Esta concepção foi idealizada por Carl Schmitt que sinteti-zava a constituição como um documento que sintetizava uni-camente as decisões políticas do Estado. Para o Autor, neces-sário a constituição conter decisões políticas fundamentais, posto que do contrário estaríamos diante de um lei formal/comum qualquer.

Perspectiva Jurídica

Idealizada por Hans Kelsen, a constituição seria fruto da vontade racional de um povo e não a realidade social; é uma

norma pura, positivada e suprema. Para Kelsen, a constituição seria o ápice da pirâmide, e todas as demais leis, devem estar em consonância com ela.

Fontes formais

O direito constitucional se instrui em diversas fontes. Po-dem ser consideradas fontes formais do direito constitucional a própria Constituição do estado, as emendas constitucionais e os tratados internacionais de direitos humanos.

Nossa constituição segue a perspectiva de Hans Kelsen, chamada de jurídica.

#FicaDica

A Constituição sob o prisma sociológico está diretamente ligada à teoria elaborada por Ferdinand Lassale. Segundo o autor, a constituição seria o reflexo das relações de poder vi-gentes em determinada comunidade política, ou seja, a cons-tituição deveria exprimir as relações vigentes no estado e não se furtar de regras ultrapassadas ou mesmo caídas no desuso, posto que se assim fosse, não passaria de um simples pedaço de papel.

Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a constituição deve ser o produto de uma decisão da vontade que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma decisão fundamental oriunda de poder originário, apto a criar aquele texto.

Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica, a constituição é a lei maior, nada acima dela; todas as demais leis devem obediência obrigatória ao texto constitucional. Trata-se da chamada Teoria Pura do Direito, por onde Kelsen coloca a Constituição no topo de uma pirâmide, e na sequên-cia as demais normas possíveis.

As constituições podem ser classificadas por diversos ân-gulos. Quanto ao conteúdo, uma constituição pode ser clas-sificada como material ou formal. Será considerada formal, nas palavras de Nathália Masson, “assuntos imprescindíveis à organização política do Estado. Em outros termos, são cons-titucionais os preceitos que compõem o documento consti-tucional, ainda que o conteúdo de alguns desses preceitos não possa ser considerado materialmente constitucional”. Nas constituições classificadas como materiais, considera-se constitucional toda norma de cunho constitucional, ainda que não esteja inserida na constituição.

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Material: não importa se a norma está inseri-da no texto da constituição. Será considerada constitucional se o seu conteúdo for de nature-za constitucional. Formal: para ser considerada constitucional deverá a norma compor o texto da constituição.

#FicaDica

Também é possível classificar uma constituição quanto a sua finalidade. Poderá ser classificada como constituição ga-rantia que tem por característica a restrição do poder estatal, ou seja, núcleos de direitos que não poderão sofrer interfe-rência do Estado. Uma constituição com essa característica é aquela que se preocupa com a manutenção de direitos já conquistados, ou seja, protege-se aquilo que se conquistou impedindo a ingerência do Estado. Ainda quanto a finali-dade, poderá uma constituição ser chamada de constitui-ção dirigente que, ao contrário da garantia, ocupa-se de um plano futuro para a conquista de direitos. Na realidade essas constituições estabelecem uma meta a ser alcançada pelos Estados.

A Constituição Federal de 1988, em vigência, é classificada quanto ao conteúdo como formal e quanto a finalidade como dirigente.

#FicaDica

Normas Constitucionais

Classificação quanto a aplicabilidade

- Normas de eficácia plena: tem aplicabilidade imedia-ta. Desde sua entrada em vigor já começa a produzir efeitos. Não precisa de outra norma para regulamen-ta-la. Poderá até tê-la, mas desnecessária do ponto de vista de sua aplicabilidade.

- Normas de eficácia contida: possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral, posto que sujeito a restrições que limitem sua eficácia e aplicabilidade. Segundo José Afonso da Silva, Para José Afonso da Sil-va, “as normas de eficácia contida são as que possuem atributos imperativos, positivos ou negativos que limi-tam o Poder Público. Geralmente estabelecem direitos subjetivos de indivíduos e entidades privadas ou pú-blicas”.

- Normas de eficácia limitada: são normas constitucio-nais que dependem de uma norma, infraconstitucio-nal, para que dê aplicabilidade a norma.

Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder constituinte é a força política que se funda em si mesma, a expressão su-blime da vontade de um povo em estabelecer e disciplinar as bases organizacionais da comunidade política”.

O poder constituinte é, portanto, aquele poder responsá-vel por dar origem ao regramento do Estado. É graças a esse poder que serão definidas a estrutura de jurídicas e políticas

do novo ordenamento que está surgindo. Esse poder normal-mente nasce junto com o próprio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as regras que regerão aquela nova uni-dade.

O poder constituinte é aquele que também cria os demais poderes, que apresenta o regramento, seus limites e suas atribuições. Tem enorme importância no processo de forma-ção do novo estado, pois, graças a ele será possível dar vida ao novo ordenamento.

Existem duas correntes que definem a natureza do poder constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e corrente jus-positivista. A primeira, considerada que o poder constituinte é uma espécie de poder de direito, pois para autores como Sieyés o direito natural precede ao novo Estado em surgimen-to, uma espécie de poder de direito nascido antes do Esta-do com a tarefa de organizar essa nova sociedade. A segun-da corrente defende que não há como existir regramentos (direitos) precedentes ao Estado, posto que estes surgem a partir do momento que o povo decide se organizar em socie-dade; estar-se-ia, portanto, diante de um poder de fato, um poder político fruto das forças sociais que o criam.

Jusnaturalista – poder de fato: o poder consti-tuinte é anterior ao estado. Tem natureza jurídi-ca, por isso apto a organizar uma constituição.

Juspositivista – poder de direito: é um poder político, fruto da vontade do povo que legitima a construção de um novo documento formal.

#FicaDica

- Classificação

1. Quanto ao momento de manifestação (surgimento):

- Fundacional: é o poder que produz a primeira consti-tuição do Estado.

- Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vi-gente, necessário elaborar novo texto.

2. Quanto às dimensões

- Material: marca os “valores” que serão prestigiados pela constituição.

- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a ideia de direito convencionada.

- Características

- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada an-tes dele. O poder constituinte elabora um documento que inaugura um novo Estado.

- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro re-gramento.

- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a condições previamente estipuladas.

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- Autônomo: possibilidade do poder definir o conteúdo da nova constituição.

- Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vigente, apto a elaborar nova constituição.

#FicaDica

- Poderes Constituídos

Os poderes constituídos são aqueles criados pelo poder constituinte originário. Os poderes constituídos são, portanto, de-rivados do poder constituinte originário e podem ser divididos nas seguintes espécies:

- Poder Constituído Derivado reformador: tem por escopo alterar a constituição de modo a adequá-la às transformações decorrentes de novas dinâmicas sociais. No Brasil esse poder é exprimido pelas Emendas Constitucionais.

O poder derivado reformador tem enorme importância para o direito constitucional, posto que é por ele que a Constituição se adequa às transformações proporcionadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de um novo texto constitucional sempre que for necessária sua adequação aos novos contornos da sociedade, utiliza-se do poder reformador.

Vale ressaltar que nossa CF/88 é classificada como uma constituição rígida, não podendo ser mudada a qualquer tempo e por qualquer modo. Apesar da possibilidade de sua modificação, para que isso ocorra necessário respeitar um procedimento rigoroso, também previsto pela própria Constituição.

Um dos enfrentamentos que se coloca à frente do legislador é a percepção correta daquilo que, de fato, precisa ser mudado e do tempo em que aquilo deve ser mudado. Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto constitucional já que in-tenções controvertidas podem prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso, a própria CF/88 trouxe em seu texto alguns limites à possibilidade de reforma; essas limitações se dividem em implícitas e expressas. As expressas, por sua vez, podem ser divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e formais. Iniciaremos com o estudo das limitações expressas.

Limitações expressas

A - Temporais: referidas limitações não constam no texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa legislação qualquer restrição temporal para sua mudança. Salvo nas hipóteses vedadas pela própria CF/88, poderá sofrer mudanças a qualquer tempo.

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B – Materiais: como o próprio nome já explica, são ma-térias previstas na CF/88 que não podem sofrer al-teração, não podem ser reformadas. Segundo o art. 60 §4º (cláusulas pétreas), não poderá ser objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional tendente a abolir a:

- forma federativa de Estado,

- o voto direto, secreto, universal e periódico,

- a separação dos Poderes e

- os direitos e as garantias individuais.

C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88 não poderá ser alterada. Nos termos do art. 60 §1º, a CF/88 não poderá ser alterada na vigência do es-tado de sítio, do estado de defesa e da intervenção federal. Importante lembrar que essas 03 situações trazidas pelo artigo da Constituição são momentos de crise no país e, por conta disso, a impossibilidade de reforma do texto.

D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma constituição considerada rígida, qualquer mudança em seu texto deverá passar por rigoroso procedi-mento. Em primeiro, não é qualquer “pessoa” que pode requerer a mudança do texto constitucional; em segundo, essa mudança deve obedecer a um procedimento específico, também rigoroso e com-plexo para evitar que a constituição seja alterada a qualquer momento.

- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a pro-porem projetos de emenda à constituição (art. 60)

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma de-las, pela maioria relativa de seus membros.

- Limitação formal objetiva: procedimento que deve ser adotado para alteração do texto constitucional (art. 60 §2º). A proposta será:

I - discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacio-nal,

II - em dois turnos,

III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

Portanto, a proposta de emenda constitucional deverá ser discutida e votada nas duas casas do Congresso Nacional (executivo e legislativo). Essa votação deverá ser aprovada por no mínimo 3/5 dos integrantes da respectiva casa.

Assim, certos de que na Câmara dos Deputados temos 513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 Senadores, para aprovação de uma emenda, necessário a anuência de 308 deputados e 49 Senadores.

Por fim, importante lembrar que essa votação deverá ser realizada duas vezes e, nestas duas situações deverá alcançar o mesmo número de votantes.

Limites a possibilidade de reforma do texto constitucional:

- matérias, circunstâncias e procedimentos.

#FicaDica

Limitações Implícitas

São aquelas limitações que não se encontram grafadas no texto da constituição, mas que orientam a reforma constitu-cional, como por exemplo:

- Impossibilidade de mudança do art. 60.

- Poder reformador não pode mudar a titularidade.

- Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Repú-blica, insculpidos no art. 1º.

- Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder re-cebido pelos estados-membros do poder constituinte originário para que estes possam elaborar sua própria constituição. No Brasil, referida possibilidade vem ex-pressa no art. 25 da CF/88.

Limites ao Poder Decorrente

Não obstante, pelo princípio da simetria, terem recebido do poder constituinte originário a possibilidade de criarem suas próprias constituições, os estados-membros encontram algumas limitações ao exercício desta liberalidade. A justifi-cativa reside no fato de que, sendo a constituição federal a lei maior, nada poderá dela destoar.

Assim, apesar da permissão constitucional de elabora-rem seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os estados--membros devem guardar observância a algumas restrições impostas pela lei maior. As limitações são as seguintes:

1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os funda-mentos da organização constitucional do país. No caso, estão dispostos no art. 34 VII da CF/88. Ao elaborarem suas próprias constituições os estados--membros devem observar:

- forma republicana,

- sistema representativo e ao regime democrático,

- direitos da pessoa humana,

- autonomia municipal,

- prestação de contas da administração pública, direta e indireta,

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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO. LEI ORGÂNICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (LEI COMPLEMENTAR Nº 75/1993). PERFIL CONSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO E SUAS FUNÇÕES INSTITUCIONAIS. CONCEITO. 1.4 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS. A AUTONOMIA FUNCIONAL E ADMINISTRATIVA. A INICIATIVA LEGISLATIVA. A ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA. OS VÁRIOS MINISTÉRIOS PÚBLICOS. O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA: REQUISITOS PARA A INVESTIDURA E PROCEDIMENTO DE DESTITUIÇÃO. OS DEMAIS PROCURADORES-GERAIS. FUNÇÕES EXCLUSIVAS E CONCORRENTES. MEMBROS: INGRESSO NA CARREIRA, PROMOÇÃO, APOSENTADORIA, GARANTIAS, PRERROGATIVAS E VEDAÇÃO.

Na apostila faremos uma breve explicação dos principais pontos da Lei Complementar n. 75, de 20 de maio de 1993, é possível encontrar o seu conteúdo na integra no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp75.htm.

LEI COMPLEMENTAR Nº 75, DE 20 DE MAIO DE 1993

Dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei comple-mentar:

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

TÍTULO I

Das Disposições Gerais

CAPÍTULO I

Da Defi nição, dos Princípios e das Funções Institucionais

Art. 1º O Ministério Público da União, organizado por esta lei Complementar, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses so-ciais e dos interesses individuais indisponíveis.

Art. 2º Incumbem ao Ministério Público as medidas necessárias para garantir o respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados pela Constituição Federal.

Art. 3º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade policial tendo em vista:

a) o respeito aos fundamentos do Estado Democrático de Direito, aos objetivos fundamentais da República Fede-rativa do Brasil, aos princípios informadores das relações internacionais, bem como aos direitos assegurados na Constituição Federal e na lei;

b) a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio público;

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c) a prevenção e a correção de ilegalidade ou de abuso de poder;

d) a indisponibilidade da persecução penal;

e) a competência dos órgãos incumbidos da seguran-ça pública.

Art. 4º São princípios institucionais do Ministério Pú-blico da União a unidade, a indivisibilidade e a indepen-dência funcional.

Art. 5º São funções institucionais do Ministério Públi-co da União:

I - a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos interesses individuais indisponíveis, considerados, dentre outros, os se-guintes fundamentos e princípios:

a) a soberania e a representatividade popular;

b) os direitos políticos;

c) os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil;

d) a indissolubilidade da União;

e) a independência e a harmonia dos Poderes da União;

f ) a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

g) as vedações impostas à União, aos Estados, ao Dis-trito Federal e aos Municípios;

h) a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a pu-blicidade, relativas à administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União;

II - zelar pela observância dos princípios constitucio-nais relativos:

a) ao sistema tributário, às limitações do poder de tri-butar, à repartição do poder impositivo e das recei-tas tributárias e aos direitos do contribuinte;

b) às finanças públicas;

c) à atividade econômica, à política urbana, agrícola, fundiária e de reforma agrária e ao sistema finan-ceiro nacional;

d) à seguridade social, à educação, à cultura e ao des-porto, à ciência e à tecnologia, à comunicação so-cial e ao meio ambiente;

e) à segurança pública;

III - a defesa dos seguintes bens e interesses:

a) o patrimônio nacional;

b) o patrimônio público e social;

c) o patrimônio cultural brasileiro;

d) o meio ambiente;

e) os direitos e interesses coletivos, especialmente das comunidades indígenas, da família, da criança, do adolescente e do idoso;

IV - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União, dos serviços de relevância pública e dos meios de comunicação social aos princípios, garan-tias, condições, direitos, deveres e vedações previs-tos na Constituição Federal e na lei, relativos à co-municação social;

V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União e dos serviços de relevância pública quanto:

a) aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos às ações e aos serviços de saúde e à edu-cação;

b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade;

VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e na lei.

§ 1º Os órgãos do Ministério Público da União devem zelar pela observância dos princípios e competências da Instituição, bem como pelo livre exercício de suas funções.

§ 2º Somente a lei poderá especificar as funções atri-buídas pela Constituição Federal e por esta Lei Comple-mentar ao Ministério Público da União, observados os princípios e normas nelas estabelecidos.

CAPÍTULO II

Dos Instrumentos de Atuação

Art. 6º Compete ao Ministério Público da União:

I - promover a ação direta de inconstitucionalidade e o respectivo pedido de medida cautelar;

II - promover a ação direta de inconstitucionalidade por omissão;

III - promover a arguição de descumprimento de precei-to fundamental decorrente da Constituição Federal;

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IV - promover a representação para intervenção fede-ral nos Estados e no Distrito Federal;

V - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

VI - impetrar habeas corpus e mandado de segurança;

VII - promover o inquérito civil e a ação civil pública para:

a) a proteção dos direitos constitucionais;

b) a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente, dos bens e direitos de valor artístico, es-tético, histórico, turístico e paisagístico;

c) a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos, relativos às comunidades indí-genas, à família, à criança, ao adolescente, ao idoso, às minorias étnicas e ao consumidor;

d) outros interesses individuais indisponíveis, homo-gêneos, sociais, difusos e coletivos;

VIII - promover outras ações, nelas incluído o manda-do de injunção sempre que a falta de norma regula-mentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas ine-rentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, quando difusos os interesses a serem protegidos;

IX - promover ação visando ao cancelamento de na-turalização, em virtude de atividade nociva ao inte-resse nacional;

X - promover a responsabilidade dos executores ou agentes do estado de defesa ou do estado de sítio, pelos ilícitos cometidos no período de sua duração;

XI - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas, incluídos os relativos às ter-ras por elas tradicionalmente habitadas, propondo as ações cabíveis;

XII - propor ação civil coletiva para defesa de interes-ses individuais homogêneos;

XIII - propor ações de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços;

XIV - promover outras ações necessárias ao exercício de suas funções institucionais, em defesa da ordem jurí-dica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, especialmente quanto:

a) ao Estado de Direito e às instituições democráticas;

b) à ordem econômica e financeira;

c) à ordem social;

d) ao patrimônio cultural brasileiro;

e) à manifestação de pensamento, de criação, de ex-pressão ou de informação;

f) à probidade administrativa;

g) ao meio ambiente;

XV - manifestar-se em qualquer fase dos processos, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse em causa que justifique a intervenção;

XVI - (Vetado);

XVII - propor as ações cabíveis para:

a) perda ou suspensão de direitos políticos, nos casos previstos na Constituição Federal;

b) declaração de nulidade de atos ou contratos gera-dores do endividamento externo da União, de suas autarquias, fundações e demais entidades contro-ladas pelo Poder Público Federal, ou com repercus-são direta ou indireta em suas finanças;

c) dissolução compulsória de associações, inclusive de partidos políticos, nos casos previstos na Constitui-ção Federal;

d) cancelamento de concessão ou de permissão, nos casos previstos na Constituição Federal;

e) declaração de nulidade de cláusula contratual que contrarie direito do consumidor;

XVIII - representar;

a) ao órgão judicial competente para quebra de sigilo da correspondência e das comunicações telegráfi-cas, de dados e das comunicações telefônicas, para fins de investigação criminal ou instrução proces-sual penal, bem como manifestar-se sobre repre-sentação a ele dirigida para os mesmos fins;

b) ao Congresso Nacional, visando ao exercício das competências deste ou de qualquer de suas Casas ou comissões;

c) ao Tribunal de Contas da União, visando ao exercí-cio das competências deste;

d) ao órgão judicial competente, visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;

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XIX - promover a responsabilidade:

a) da autoridade competente, pelo não exercício das incumbências, constitucional e legalmente impos-tas ao Poder Público da União, em defesa do meio ambiente, de sua preservação e de sua recuperação;

b) de pessoas físicas ou jurídicas, em razão da prática de atividade lesiva ao meio ambiente, tendo em vis-ta a aplicação de sanções penais e a reparação dos danos causados;

XX - expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoá-vel para a adoção das providências cabíveis.

§ 1º Será assegurada a participação do Ministério Pú-blico da União, como instituição observadora, na forma e nas condições estabelecidas em ato do Procurador-Geral da República, em qualquer órgão da administração pú-blica direta, indireta ou fundacional da União, que tenha atribuições correlatas às funções da Instituição.

§ 2º A lei assegurará a participação do Ministério Pú-blico da União nos órgãos colegiados estatais, federais ou do Distrito Federal, constituídos para defesa de direitos e interesses relacionados com as funções da Instituição.

Art. 7º Incumbe ao Ministério Público da União, sem-pre que necessário ao exercício de suas funções institu-cionais:

I - instaurar inquérito civil e outros procedimentos ad-ministrativos correlatos;

II - requisitar diligências investigatórias e a instaura-ção de inquérito policial e de inquérito policial mi-litar, podendo acompanhá-los e apresentar provas;

III - requisitar à autoridade competente a instauração de procedimentos administrativos, ressalvados os de natureza disciplinar, podendo acompanhá-los e produzir provas.

Art. 8º Para o exercício de suas atribuições, o Ministé-rio Público da União poderá, nos procedimentos de sua competência:

I - notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso de ausência injustificada;

II - requisitar informações, exames, perícias e docu-mentos de autoridades da Administração Pública direta ou indireta;

III - requisitar da Administração Pública serviços temporários de seus servidores e meios materiais necessários para a realização de atividades especí-ficas;

IV - requisitar informações e documentos a entidades privadas;

V - realizar inspeções e diligências investigatórias;

VI - ter livre acesso a qualquer local público ou pri-vado, respeitadas as normas constitucionais perti-nentes à inviolabilidade do domicílio;

VII - expedir notificações e intimações necessárias aos procedimentos e inquéritos que instaurar;

VIII - ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de re-levância pública;

IX - requisitar o auxílio de força policial.

§ 1º O membro do Ministério Público será civil e cri-minalmente responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar; a ação penal, na hipótese, poderá ser proposta também pelo ofendido, subsidiariamente, na forma da lei processual penal.

§ 2º Nenhuma autoridade poderá opor ao Ministé-rio Público, sob qualquer pretexto, a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter si-giloso da informação, do registro, do dado ou do documento que lhe seja fornecido.

§ 3º A falta injustificada e o retardamento indevido do cumprimento das requisições do Ministério Público implicarão a responsabilidade de quem lhe der causa.

§ 4º As correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério Público quando tive-rem como destinatário o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membro do Con-gresso Nacional, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro de Estado, Ministro de Tribu-nal Superior, Ministro do Tribunal de Contas da União ou chefe de missão diplomática de caráter permanente serão encaminhadas e levadas a efei-to pelo Procurador-Geral da República ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribui-ção seja delegada, cabendo às autoridades men-cionadas fixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, se for o caso.

§ 5º As requisições do Ministério Público serão fei-tas fixando-se prazo razoável de até dez dias úteis para atendimento, prorrogável mediante solicita-ção justificada.

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CONCEITO E APLICAÇÕES DE PERÍCIAS

As pericias são consideradas meios de provas judiciais baseadas em um parecer técnico, realizado por pessoa habi-litada que tenha conhecimento científico sobre a matéria em tela.

A perícia se desenvolve por meio do processo e é desig-nada principalmente para melhor solução da questão, sendo que o perito apenas apresenta o laudo pericial, não decidindo nenhuma questão.

O meio de prova pericial serve para provar fatos de percep-ção técnica, que dependem de conhecimento técnico especi-fico. Ele verifica e certifica.

Quem irá nomear o perito técnico será o juiz. As partes poderão realizar perguntas/quesitos para que o perito as res-ponda de forma técnica sem transpor o seu “achismo”.

Por fim, a perícia pode ser obrigatória ou facultativa. A pe-ricia é obrigatória quando a questão em tela necessita de um parecer técnico. Já a facultativa, ocorre quando ela não é de extrema importância, porém ela ajudaria a solucionar empas-ses.

A partir do laudo pericial apresentado no processo para o juiz, o magistrado terá provas para que tome uma decisão cor-reta, baseada em fundamentos legais e técnicos apresentados no corpo do processo.

APLICAÇÃO DA PERÍCIA NAS FASES PROCESSUAIS E PRÉ-PROCESSUAIS

A perícia, na fase processual, é realizada por perito expert no assunto, o qual deve ter ensino superior e registro profis-sional da classe, a qual tem por finalidade esclarecer o fato, bem como levar o conhecimento técnico científico para o juiz.

O perito levará ao processo toda a documentação necessá-ria, como: fotos, laudos, gráficos, que possibilitem a formação do convencimento e a fundamentação do juiz na hora de for-mular a sentença.

O documento pericial na fase judicial é, em suma, uma declaração de ciência sobre fatos relevantes, com o objetivo de elucidar aspectos técnicos e científicos inerente ao caso concreto.

Neste diapasão, vale ressaltar que o documento compe-tente realizado pelo perito judicial é chamado de “laudo pe-ricial”, o qual objetiva a reconstrução da verdade dos fatos, para que o magistrado tenha embasamento para prolatar sua decisão (sentença).

Quanto à perícia na fase pré-processual, seria aquela reali-zada em um momento anterior ao processo, em que as partes se utilizam de documentos e laudos periciais realizados an-tecedentemente ao inicio da demanda, para que possam ter documentos suficientes no momento do ingresso da ação, ou, até mesmo, para que possam realizar um acordo extrajudicial.

A perícia pré-processual é denominada de “perícia extra-judicial”, isto é, são perícias realizadas fora do âmbito judicial, sendo elas voluntárias, sem formalidades processuais ou judi-ciais, porém com capacidade de produzir os mesmos efeitos jurídicos de quando há uma demanda judicial.

A perícia extrajudicial ocorre normalmente quando existe um ajuste entre as duas partes, as quais se comprometem a aceitar o resultado apresentado pelo perito, sendo dispensada a contratação de assistente técnico. As partes se comprome-tem a aceitar os resultados apresentados em laudo pericial apresentado em momento extrajudicial.

Além das perícias poderem ser de comum acordo entre ambas as partes, podem servir também como base de início de demanda judi-cial, para que possa ser discutido o direito das partes em juízo. Ex: ações de revisão de contra-to bancário.

#FicaDica

FUNÇÃO DA PERÍCIA NO PROCESSO JUDICIAL E NAS INVESTIGAÇÕES CÍVEIS E CRIMINAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A função da perícia no processo judicial nas investigações cíveis e criminais do Ministério Público também é de reali-zação de prova pericial, conforme tutela o art. 464 do CPC, como: vistoria, exame ou avaliação dos fatos alegados.

A vistoria e a diligência consiste na constatação da situa-ção, coisa ou do fato circunstancial. Já o exame seria a análi-se de livros, documentos, teste e etc, que objetiva a busca de informação sobre o objeto ou o fato. Por último, a avaliação seria o ato de estabelecer preço/valores a coisas e bens.

Destaca-se que, a realização de perícias nas investigações cíveis e criminais, em concordância com o Código de Proces-so Civil e o Código de Processo Penal, é a realização de diligên-cias para dirimir eventuais dúvidas sobre pontos relevantes, controvertidos ou até mesmo apuração de fatos.

Neste diapasão, conforme tutela a lei, provas realizadas mediante perícia, podem ser requisitadas pelas partes, Minis-tério Público, ou até mesmo de ofício pelo juiz.

O MP poderá requerer a realização de perícia de algum ato, fato ou objeto para que possa solucionar suas dúvidas, ou até mesmo, esclarecer as circunstâncias alegadas no litígio.

No âmbito civil, o Ministério Público tem total direito e de-ver de requisitar perícia técnica quanto à situação das quais não é expert e precise de um laudo informativo e sanador. Como exemplo, temos um caso em que o MP pede a realiza-ção de perícia acerca de trabalhos fornecidos por empresas telefônicas de aparelhos móveis. Nesta vertente, a perícia téc-nica tinha o objetivo de apurar as áreas de cobertura do tele-fone móvel.

Já na esfera criminal, é comum a requisição de realização

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de perícia por parte do MP, em casos de crimes como assas-sinato. O perito irá estudar o caso, o corpo, mecanismo do crime, o local e etc, com o objetivo de realizar exames e sanar as dúvidas que permeiam o caso.

MEIOS DE PROVAS ACEITOS NO PROCESSO CÍVEL E NO PROCESSO PENAL

Conforme o art. 332 do CPC apresenta, as partes tem o direito tutelado de empregar todos os meios legais, moral-mente legítimos (ainda que não especificados na lei) de apre-sentar provas que atestam a verdade dos fatos.

É através das provas que se demonstra a verdade nas ale-gações sobre a matéria fática controvertida, bem como é por meio delas que o juiz poderá fundamentar sua decisão.

Os meios legais de prova são definidos em lei, são os meios de prova típicos. O Código de Processo Civil enumera como meios de prova: depoimento pessoal (art. 385 a 388), exibição de documentos ou coisa (art. 396 a 404), prova do-cumental (art. 405 a 438), confissão (art. 389 a 395), prova testemunhal (art. 442 a 463), inspeção judicial (art. 481 a 484) e a prova pericial (Art. 464 a 480).

No que tange ao Processo Penal, o art. 155 tutela: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produ-zida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos co-lhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”.

Importante lembrar que, conforme a Constituição Fede-ral aborda, é proibido provas ilegais no processo.

Ainda assim, o art. 156 apresenta:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a pro-dução antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e pro-porcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II - determinar, no curso da instrução, ou antes de profe-rir sentença, a realização de diligências para dirimir dú-vida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a pro-dução antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e pro-porcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II - determinar, no curso da instrução, ou antes de profe-rir sentença, a realização de diligências para dirimir dú-vida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

PERITO OFICIAL E ASSISTENTES TÉCNICOS

Conceito: O perito oficial é um profissional qualificado, que tem grande domínio sobre um assunto ou uma discipli-na. O perito oficial é nomeado através do magistrado, para que ele realize os atos necessários a produzir laudos para solucionar dúvidas, questões ou esclarecimentos acerca dos fatos narrados no processo.

Os assistentes técnicos também são profissionais qualifi-cados que possuem domínio sobre um assunto ou uma disci-plina. No entanto, esses especialistas são nomeados por cada parte do processo, para que os represente na perícia.

Diferenças: A distinção consiste em que o perito do juízo trabalha somente para a causa, não se importando a qual das partes assiste a razão e sempre se reportando ao juiz. No que tange ao perito assistente, o mesmo reporta-se fora dos autos à parte que o contratou e dentro dos autos ao juiz, contestan-do ou concordando com a posição do perito do juízo.

PERITO OFICIALASSISTENTE

TÉCNICOMagistrado quem

nomeiaA parte indica

Confi ança do juíz Confi ança da partePode ser impedido ou

suspeitoNão pode ser impedido

nem suspeitoCompromisso com a

causa (imparcialidade)Compromisso com a

causa (parcial)

REQUISITOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS PARA O CARGO DE PERITO

A princípio, para exercer a profissão de perito, seja ele do juízo ou das partes, é imprescindível que o “expert” tenha en-sino superior, bem como, o devido registro no órgão de classe competente.

No tocante às qualidades e as responsabilidades pessoais que o perito deve ter para exercer a profissão, estão discrimi-nadas nos códigos de éticas das diferentes profissões.

Dentre todos os requisitos elencados nos códigos de éti-ca, destacamos a moral, os valores, bem como a ética, como alicerce fundamental para que a perícia seja realizada de for-ma honesta e válida.

Os requisitos fundamentais pessoais do perito são: ho-nestidade, ética e moral, tolerante, respeitoso, responsável, justa, dentre outros.

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No tocante a características essenciais profissionais, o perito precisa ser bacharel (diploma de ensino superior), im-parcial quanto ao caso e as partes, competente para realizar a função designada pelo juiz ou pelas partes, dentre outros.

PRAZOS PROCESSUAIS NOS DIVERSOS DOCUMENTOS PERICIAIS

Conforme dispõe art. 157 do CPC, sendo o perito nomea-do, o mesmo deve cumprir o prazo estabelecido pelo magis-trado, ou seja, deverá ele apresentar os documentos neces-sários a conclusão da perícia, no prazo em que o juiz lhe der para cumprir.

Caso o profissional não puder realizar o trabalho (por ser suspeito, impedido, dentre outros) pode escusar-se do labor no prazo de 15 dias, caso tenha motivo legítimo.

Neste diapasão, o art. 465 do CPC, estabelece o prazo de 15 dias também, para as partes arguir impedimento ou sus-peição (se for o caso), indicar assistente técnico e apresentar os quesitos para o perito responder.

Estando o perito ciente da nomeação, ele terá o prazo de 5 dias para apresentar sua proposta de honorários, currículo e comprovação de sua especialização e informar os seus con-tatos profissionais.

As partes terão ainda o prazo de 5 dias para se manifestar quanto aos honorários periciais.

Caso o perito precisar ser substituído por outro (como por exemplo: falta de conhecimento técnico) deverá restituir os valores pagos no prazo de 15 dias, sob pena de ficar sem atuar como perito oficial durante 5 anos.

Se por motivo justificado, o perito não consiga entregar o laudo no prazo estabelecido pelo magistrado, poderá conce-der-lhe uma prorrogação pela metade do prazo originalmen-te fixado (art. 476 do CPC).

Após finalizar o laudo, o perito deverá protocola-lo em ju-ízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos com 20 dias antes da audiência de instrução e julgamento.

As partes poderão manifestar-se no prazo de 15 dias so-bre o laudo apresentado pelo perito oficial, bem como, o as-sistente técnico poderá também juntar seu laudo.

Após estes atos, terá o perito oficial o prazo de 15 dias para esclarecer pontos divergentes e de dúvidas em que o juiz ou o MP solicitar.

Por fim, o perito ou o assistente técnico será intimado no prazo de 10 dias antecedentes da audiência.

PERÍCIA E OS CAMPOS DE CONHECIMENTOS

A matéria pericial possui diversas áreas do conhecimento humano, as quais poderão ser: Contabilidade, Medicina, Ad-ministração, Finanças, Engenharia, Informática e etc.

a) Contábil e Finanças: essa modalidade de perícia es-tuda os exames financeiros, analisam extratos, docu-mentos (advindos de quebra de sigilo bancário) bus-cando uma incompatibilidade entre as movimenta-ções financeiras e as declarações de imposto de renda. Ou seja, perícia realizada para averiguar crime finan-ceiro.

b) Medicina: essa modalidade visa o estudo dos corpos de pessoas vivas ou mortas, com o foco de averiguar a materialidade dos delitos.

c) Engenharia: essa modalidade abrange grandes áreas, porém as mais comuns são as averiguações de desvio de dinheiro em obras públicas, avaliações de imóveis, acidentes aéreos e etc.

d) Informática: já esta perícia é fundamental, principal-mente para a solução de crimes na internet como: ex-ploração sexual de menores, fraude contra instituições financeiras, difamação, e etc.

Ainda assim, importante lembrar-se das perícias em equipamentos eletrônicos de audiovisual (filmagens), balís-tica (identificação da arma de fogo utilizada), perícias em lo-cais de crime (assassinatos), em veículos, dentre outras.

CARACTERÍSTICAS DA PROVA JUDICIAL

As provas apresentadas no processo tem o objetivo de demonstrar a veracidade dos fatos controversos e ajudar no convencimento e formação da convicção do juiz ao prolatar sua decisão.

Apenas as provas que estão dentro do processo poderão servir de base para o juiz proferir sua decisão, sendo que, elas precisam ser legais, morais e de acordo com a legislação.

São provas judiciais: testemunhas, perícias, confissão, documentos, inspeção judicial e depoimento pessoal das partes.

Ainda assim, importante lembrar que as partes devem ser tratadas de formas iguais, garantindo a elas a ampla defe-sa e o contraditório, devendo sempre, o juiz, ser totalmente imparcial quanto ao julgamento das provas e, consequente-mente, a elaboração de sua sentença.

Em hipótese alguma, o magistrado poderá se valer de meios e de provas ilegais para fundamentar e julgar a lide, bem como, prejudicar por meios ardilosos, qualquer uma das partes.

Através das provas o juiz deve buscar a verdade dos fatos a fim de promover a justiça.

CONCEITOS E DIFERENÇAS ENTRE EXAME, VISTORIA E AVALIAÇÃO

Em concordância com o art. 464 do CPC, a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

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ser seguida, como: na quantificação do tempo necessário à realização de cada etapa da perícia, valor dos honorários de forma organizada com as reflexões necessárias e as medidas que devem ser tomadas em cada quesito ou questão.

Para realizar o planejamento com eficiência, é necessário seguir etapas, como: conhecimento do processo judicial, sa-ber os fatos que motivam a realização da pericia, estimativa de recursos a serem utilizados, acesso a dados, realização de diligências, e etc.

CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO PERICIAL

Ao final do trabalho do perito, o mesmo deverá elaborar o documento pertinente ao serviço realizado. Quando a pe-ricia é realizada pelo perito oficial, o documento que ele irá fornecer é o laudo pericial. Caso o perito seja o assistente téc-nico das partes, o documento que ele irá fornecer é o parecer pericial.

A perícia é o exame realizado pelo “expert” que possui técnica e conhecimento acerca da matéria, para realizar as devidas conclusões sobre o fato em questão. Exemplo: valo-res de coisas, verificação de funcionamento, formas dos cri-mes, meios utilizados, e etc. Ou seja, a perícia é um meio de prova idôneo realizado por um profissional especializado na matéria em tela.

A perícia é requerida pelas partes, MP ou juiz, para que se esclareça os fatos, sanem eventuais dúvidas e apresente os fatos verdadeiros controversos.

Os documentos realizados pelos peritos, têm como con-sequência virar prova dentro do processo. Ou seja, o juiz per-mite que haja o trabalho pericial, para que ele possa decidir sobre o caso e sanar o processo de forma imparcial e mais justa.

Salienta-se dizer que quem da valor às provas produzidas são os juízes. Deste modo, é importante lembrar que mes-mo a perícia tendo valor probatório, o juiz poderá não con-sidere-la apresentando a devida fundamentação em sede de sentença.

REQUISIÇÃO DE PERÍCIA

A prova pericial poderá ser requisitada pelas partes do processo, pelo Ministério Público, ou até mesmo de ofício pelo juiz.

Caso seja requisitado a perícia pelas partes ou pelo MP, o juiz irá avaliar a sua necessidade, e deferirá ou não a requi-sição.

O juiz irá indeferir a requisição de perícia, em casos em que as provas não dependerão de conhecimento técnico de um “expert” ou, for desnecessária a prova pericial em virtude de outras provas já anexadas no processo ou, em virtude da prova ser impraticável.

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender de conhecimento espe-cial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzi-das;

III - a verificação for impraticável.

§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz pode-rá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto con-trovertido for de menor complexidade.

§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na in-quirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto con-trovertido da causa que demande especial conheci-mento científico ou técnico.

§ 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer re-curso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa.

Neste diapasão, temos:

a) exame: seria a análise pormenorizada acerca do ob-jeto periciado, podendo consistir no estudo de livros, registros de transações e documentos correlatos.

b) vistoria: consiste em ser diligências que tem por obje-tivo a verificação e a constatação da situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.

c) avaliação: seria o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas.

QUESITOS IMPERTINENTES E IMPUGNAÇÃO

Os quesitos são as questões formuladas pelas partes do processo, juiz e pelo MP, com o fim de instruir a prova pericial realizada pelo perito.

Conforme o Código de Processo Civil dispõe, é compe-tência do juiz impugnar todos quesitos/questões que não fo-rem pertinentes ao processo. Ou seja, questões que não tem relação com o fato e com o caso.

No que tange a impugnação, é de competência das partes impugnar os quesitos, sendo que o magistrado irá julgar se o quesito é pertinente ou não.

PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA EM PERÍCIA

O planejamento é uma organização realizada meticulo-samente pelo expert em que esta realizando a perícia, sen-do que, o planejamento consiste em formular uma guia a

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COMPORTAMENTO PROFISSIONAL. ATITUDES NO SERVIÇO. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. PRIORIDADES EM SERVIÇO.

A ética tem sido um dos temas mais trabalhados nos úl-timos tempos, pois a corrupção, o descaso social e os cons-tantes escândalos políticos e sociais expostos na mídia dia-riamente suscitam que a sociedade exija o resgate de valores morais em todas as suas instâncias, sejam elas políticas, cien-tíficas ou econômicas. Desse conflito de interesses pelo bem comum ergue-se a ética, tão discutida pelos filósofos de toda a história mundial.

Ética é uma palavra com duas origens possíveis. A primeira advém do grego éthos, literalmente “com e curto”, que pode ser traduzida por “costume”; a segunda também se escreve éthos, porém se traduz por “com e longo”, que significa “pro-priedade do caráter”.

Conceitua-se Ética como sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. É um conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano.

A Ética é a parte da filosofia que aborda o comportamen-to humano, seus anseios, desejos e vontades. É a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes e de uma forma específica de comportamento humano, envolvendo es-tudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens. É a consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas. Ela ilumina a consciência humana, sustenta e dirige as ações do homem, norteando a conduta individual e social.

Como um produto histórico-cultural, define em cada cul-tura e sociedade o que é virtude, o que é bom ou mal, certo ou errado, permitido ou proibido.

Segundo Reale (1999, p. 29), “ética é a ciência normativa dos comportamentos humanos”.

Já Maximiano (1974, p. 28) a define como “a disciplina ou campo do conhecimento que trata da definição e avaliação de pessoas e organizações, é a disciplina que dispõe sobre o comportamento adequado e os meios de implementá-lo, le-vando-se em consideração os entendimentos presentes na sociedade ou em agrupamentos sociais particulares”.

Ética e cidadania

As instituições sociais e políticas têm uma história. É im-possível não reconhecer o seu desenvolvimento e o seu pro-gresso em muitos aspectos, pelo menos do ponto de vista for-mal.

A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. As mu-lheres brasileiras conquistaram o direito de votar apenas há 60 anos e os analfabetos apenas há alguns anos.

Chamamos isso de ampliação da cidadania.

Existem direitos formais (civis, políticos e sociais) que nem sempre se realizam como direitos reais. A cidadania nem sempre é uma realidade efetiva e nem sempre é para todos. A efetivação da cidadania e a consciência coletiva dessa condi-ção são indicadores do desenvolvimento moral e ético de uma sociedade.

Para a ética, não basta que exista um elenco de princípios fundamentais e direitos definidos nas Constituições. O desa-fio ético para uma nação é o de universalizar os direitos reais, permitido a todos cidadania plena, cotidiana e ativa. É preciso fundar a responsabilidade individual numa ética construída e instituída tendo em mira o bem comum, visando à formação do sujeito ético. Desse modo, será possível a síntese entre éti-ca e cidadania, na qual possa prevalecer muito mais uma ética de princípios do que uma ética do dever. A responsabilidade individual deverá ser portadora de princípios e não de interes-ses particulares.

Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos

Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descri-tos na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam no pa-radigma do atendimento e do relacionamento que tem como foco principal o usuário.

São eles:

a) “atender com presteza ao público em geral, prestando as informações requeridas” e

b) “tratar com urbanidade as pessoas”.

Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como demonstram as situações descritas a seguir.

• Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, po-dem não corresponder às reais necessidades dos usuá-rios quanto ao prazo.

• Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuá-rio aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes interpretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização do bom senso:

• Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a entrega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os externos pode ajudar a resolver algumas questões.

• Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua tal valor entre aqueles que devem ser potenciali-zados nos setores em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram sobre a importância des-se dever.

Uma parcela expressiva da humanidade tem demonstra-do que não é mais aceitável tolerar condutas inadequadas na prestação de serviços e nas relações interpessoais, essa parce-la acredita que o século XXI exigirá mudanças de postura do ser humano.

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Aos poucos, nasce a consciência de que precisamos abandonar velhas crenças, como “errar é humano”, “santo de casa não faz milagres”, “em time que está ganhando não se mexe”, “gosto não se discute”, entre outras, substituindo-as por:

a) “acertar é humano” – o ser humano tem demonstrado capacidade de eliminar desperdícios, erros, falhas, quando é co-brado por suas ações;

b) “santo de casa faz milagres” – organizações e pessoas, quando valorizadas, têm apresentado soluções criativas na iden-tificação e resolução de problemas;

c) “em time que está ganhando se mexe sim” – em todas as atividades da vida profissional ou pessoal, o sucesso pode ser conseguido por meio da melhoria contínua dos processos, das atitudes, do comportamento; a avaliação daqueles que lidam diretamente com o usuário pode apontar os que têm perfil adequado para o desempenho de atividades de aten-dimento ao público;

d) “gosto se discute” – profissões antes não aceitas ou pensadas, além de aquecerem o mercado de trabalho, contribuem para que os processos de determinada atividade ou serviço sejam reformulados em busca da qualidade total.

e) Além dessas mudanças, há necessidade da adoção de outros paradigmas em consonância com as transformações que a globalização e as novas tecnologias vêm trazendo para a humanidade. O desenvolvimento pessoal é um deles e está entre os temas debatidos na atualidade, por se tratar de um valor indispensável à cidadania.

Autores de diversas áreas do conhecimento defendem que a humanidade deve conscientizar-se de que cada indivíduo é responsável pelo seu próprio desenvolvimento e que, para isso, cada cidadão necessita planejar e cuidar do seu destino, con-tribuindo, de forma responsável, para o progresso da comunidade onde vive. O novo século exige a harmonia e a solidariedade como valores permanentes, em resposta aos desafios impostos pela velocidade das transformações da atualidade.

Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas habilidades incluem:

• atualização constante;

• soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças;

• decisões criativas, diferenciadas e rápidas;

• flexibilidade para mudar hábitos de trabalho;

• liderança e aptidão para manter relações pessoais e profissionais;

• habilidade para lidar com os usuários internos e externos.

Ética do exercício profi ssional

Diferença entre Ética E Moral

É de extrema importancia saber diferenciar a Ética da Moral. São duas ciências de conhecimento se diferenciam, no entanto, tem muitas interligações entre elas.

A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previsão sobre os atos humanos. A moral estabelece regras que devem ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu bem viver. A moral garante uma identidade entre pessoas que podem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de Moral entre elas.

A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal. O objetivo da ética é buscar justificativas para o cumprimento das regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabelece regras. A reflexão sobre os atos humanos é que ca-racterizam o ser humano ético.

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ÉTICA MORALTrata da refl exão fi losófi ca sobre a moral. Tem caráter de força normativa.É permanente. É temporáriaÉ princípio Representa aspecto de conduta específi caCiência que estuda a moral. Relacionada com hábitos e costumes de alguns

grupos sociais.

#FicaDica

Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo.

Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como correto.

A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários princípios básicos e transversais que são:

Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos diariamente:

1. Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, existem escolhas, que embora, não estando especificamente refe-ridas, na lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas.

2. Todos os outros fazem isso – Ao longo da história da humanidade, o homem esforçou-se sempre, para legitimar o seu comportamento, mesmo quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis.

Page 25: Bruna Pinotti Garcia, Guilherme Cardoso, Mariela Cardoso ......Área de Atividade: Saúde – Especialidades: Enfermagem, Odontologia, Psicologia, Serviço Social Área de Atividade:

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digo de Ética que estamos estudando, “constitui uma ofensa (...) a todos os homens de boa vontade que de-dicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los”;

também são considerados danos morais aos usuários dos serviços públicos: deixar o cidadão esperando em longas filas; maus tratos ao cidadão; e atraso na prestação do serviço.

Atitudes comportamentais

O sucesso profissional e pessoal pode fazer grande dife-rença quando se une competência técnica e competência comportamental. De acordo com especialistas no assunto, se essas competências forem desenvolvidas, a organização ga-nha em qualidade e rapidez, e o servidor conquista o respeito dos usuários internos e externos.

A competência técnica tem como base o conhecimento adquirido na formação profissional. É própria daqueles cuja formação profissional é adequada à função que exercem. De modo geral, são profissionais que revelam a preocupação em se manterem atualizados.

A competência comportamental é adquirida na expe-riência. Faz parte das habilidades sociais que exigem atitudes adequadas das pessoas para lidar com situações do dia-a--dia. De modo geral, o desenvolvimento dessa competência é estimulado pela curiosidade, paixão, intuição, razão, caute-la, audácia, ousadia.

Sabe-se que não é fácil alcançar o equilíbrio entre esses dois tipos de competência. É comum se encontrar pessoas capacitadas realizando diferentes atividades com maestria, porém, com dificuldade em manterem relacionamentos in-terpessoais de qualidade. Tratam de forma grosseira tanto os usuários internos como os externos. Lutam para que suas ideias sempre prevaleçam. Não conversam, gritam. Falam alto ao telefone. Fingem que não veem as pessoas.

As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais ter em seus quadros servidores com sólida formação técnica que, capazes de cultivar valores éticos, como justiça, respei-to, tolerância e solidariedade, demonstrem atitudes positivas e adequadas ao atendimento de qualidade. Para compor esse perfil, o profissional necessita saber ouvir, conduzir uma ne-gociação, participar de reuniões, vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tratar bem os usuários internos e externos.

As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais ter em seus quadros servidores com sólida formação técnica que, capazes de cultivar valores éticos, como justiça, respei-to, tolerância e solidariedade, demonstrem atitudes positivas e adequadas ao atendimento de qualidade.

Para compor esse perfil, o profissional necessita saber ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões, ves-tir-se adequadamente, conversar educadamente, tratar bem os usuários internos e externos.

Comportamento Profi ssional

A postura ética e profissional é um componente impor-tante para imprimir qualidade ao atendimento, qualquer que seja a modalidade: presencial, por telefone, por carta ou por Internet.

A postura ética também é fator que agrega valor à organi-zação e que está diretamente relacionado às representações positivas que os usuários venham a construir a respeito da organização.

Ética e Serviço Público

O princípio básico da atuação do servidor público é servir o cidadão.

Esta é sem dúvida uma vocação cujo exercício ético e transparente é pressuposto básico para todo aquele que é aprovado em concurso público.

Em mais alto nível, por meio de políticas públicas ou no dia-a-dia de seu trabalho em níveis mais baixos na hierar-quia, cabe ao servidor dedicar-se com zelo e moralidade na busca pelo bem comum.

Em 1994 foi aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

Algumas das orientações deste código indicam que:

o trabalho do servidor público deve ser norteado pela dignidade, decoro, zelo, eficácia e consciência dos princípios morais;

sua conduta deve conter o elemento ético, a verdade, o sigilo, o zelo, a disciplina, a moralidade, a cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo necessário para o cumprimento de seus deveres;

apenas a distinção entre o bem e o mal não são sufi-cientes para a moralidade na Administração Pública, mas deve ser acrescida da consciência de que a razão da atuação do servidor público é a busca pelo bem co-mum;

o servidor deve ter sempre em mente que sua remune-ração é proveniente dos tributos pagos pelos cidadãos brasileiros, inclusive ele mesmo e que a contrapartida que a sociedade brasileira exige dele está voltada para a moralidade administrativa integrada ao que prevê as normas jurídicas;

o sucesso do trabalho do servidor público reflete-se também nele próprio, como cidadão integrante da so-ciedade brasileira;

os atos e fatos da vida privada do servidor público têm influência em sua vida profissional, assim sendo sua conduta fora do órgão público deve ser tão ética quanto durante o exercício de seu trabalho diário;

danos ao patrimônio público pelo servidor são con-siderados seja por permitir sua deterioração ou por descuidar de sua manutenção porque, segundo o Có-