brics em busca de sintonia com o social

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 INTERNACIONAL  Em busca de sintonia com o social 24 Desenvolvimento • 2013 • Ano 10 • nº 78

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Estudo sobre as políticas sociais nos Brics

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  • INTERNACIONAL

    Em busca de sintonia com o social

    24 Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78

  • Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul tm atuado para deixar as diferenas de lado e organizar suas agendas em torno de novas solues que garantam crescimento e melhorias para todos. Uma delas a criao de um banco de desenvolvimento para financiar projetos de infraestrutura nos pases emergentes. Em julho, os chefes de Estado voltam a se reunir na VI Cpula dos BRICS, em Fortaleza. Em maro, intelectuais dos cinco pases se encontram no Foro Acadmico e no Conselho de Think Tanks, coordenado pelo Ipea. O Brasil vai contribuir com uma agenda ambiental e com as experincias de reduo da desigualdade social

    A d r i a n a N i c c i o

    25Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78

  • A foto dos lderes dos BRICS, lado a lado, d a exata dimenso da diver-sidade desse grupo. Uma mulher, um sikh, um russo de olhos azuis,

    um chins e um negro. Em nada esses pases emergentes se parecem. Se a economia da China cresce acima de 7%, mesmo numa poca de desacelerao, o Brasil precisa se desdobrar para no ficar abaixo dos 2%. Em compensao, enquanto o Brasil protago-nista do mais bem-sucedido programa de incluso social do mundo, a China amarga ndices de crescimento de desigualdade cada vez mais preocupantes. Os cinco pases esto em estgios de desenvolvimento tecnolgico diferentes, tm posies opostas quanto ao uso dos recursos naturais e discordam em pontos-chaves da democracia e do poder militar. Mas sua fora emergente nos fruns internacionais os mantm unidos. O grupo talvez nunca venha a atuar como uma

    orquestra harmnica, ou mesmo um singelo quinteto de cordas. Contudo, cada qual j comea a tocar seu melhor instrumento, juntos. Logo podero estar sintonizados na mesma msica.

    nesse sentido que os BRICS caminham. Brasil, Rssia, ndia, China e frica do Sul decidiram recentemente desenvolver uma base de dados comum para trocar informaes. Ser o primeiro passo em direo ao Banco de Desenvolvimento do grupo, que dever ter capital inicial de US$

    50 bilhes, divididos igualmente entre eles, para financiar projetos de infraestrutura dos pases emergentes. O banco poder ser a pea do quebra-cabea que dar aos BRICS mais entrosamento.

    Quando for efetivamente criado e as expectativas so para o curto prazo , o Banco de Desenvolvimento dos BRICS servir para garantir a liquidez dos pases membros, dar suporte financeiro em tempos de crise, tanto para seus membros quanto para pases menos desenvolvidos, e, at mesmo, financiar projetos de infraestrutura na frica. At pelas diferenas entre eles, o projeto ainda busca o consenso para se tornar operacional. Mas, ao sair da coxia, mostrar ao mundo que os BRICS tm capacidade real de construir e que formam uma unio em busca de harmonia para provocar a reforma necessria na arquitetura econmica mundial.

    No ltimo encontro do grupo, os lderes dos cinco pases debateram parcerias para o desenvolvimento, integrao e industrializao

    Robe

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    Segundo o novo ndice de Progresso Social, criado pela Harvard Business

    School, o Brasil o mais avanado socialmente entre

    as economias dos BRICS

    26 Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78

  • Em maro de 2014, no Rio de Janeiro, intelectuais dos cinco pases se renem no Foro Acadmico e no Conselho de Think Tanks dos BRICS, coordenado pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) no lado brasileiro. Think Tanksso organizaes que produzem e difundem conhecimentos sobre assuntos estratgicos com o objetivo de influenciar transfor-maes sociais, polticas, econmicas e cientficas. Essa reunio ocorrer meses antes do encontro dos chefes de Estado dos BRICS, previsto para o ms de julho, em Fortaleza (Cear).

    Ocorre que os BRICS s vo se beneficiar da fora que representa esse grupo se apren-derem com suas desigualdades. No adianta focar nos desacordos, o importante jogar luz nos interesses em comum e estabelecer horizontes a compartilhar. Eles j perceberam seu desafio.

    Em dezembro, o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratgicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Neri, parti-cipou da II Reunio de Altos Representantes Responsveis pelos Temas de Segurana dos BRICS em Cidade do Cabo, na frica do Sul. Acompanhado por representantes do Gabinete de Segurana Institucional (GSI) da Presidncia da Repblica, da Agncia Brasileira de Inteligncia (Abin) e do Ministrio das Relaes Exteriores (MRE) na comitiva brasileira, Neri discutiu meios de cooperao, inclusive no campo cibern-tico, em que o pas defende um avano da proteo internacional a direitos humanos. O ministro, que morou por dois anos na frica do Sul durante o apartheid, visitou a cela onde Nelson Mandela esteve preso e, poucas horas depois, foi surpreendido com o anncio ao mundo de sua morte. Sua liderana possibilitou a transio surpre-endentemente pacfica dos filhos deste solo. Hoje, a frica do Sul, tal como o Brasil, pode no ser ainda uma superpotncia econmica, mas , sem dvida, uma potncia do poder suave, declarou Neri na ocasio.

    Essa fora no campo das ideias foi destacada pelo ministro tambm ao reunir-se com o vice-ministro do Departamento Internacional do Partido Comunista e diretor-executivo do Centro de Estudos Mundiais Contemporneos da China, Ai Ping, para tratar dos eventos de maro. Afinal, o interesse pelas inova-es brasileiras no campo social fez Neri, como pesquisador da rea, ser convidado a

    apresent-las em cada um dos BRICS desde que o grupo foi criado.

    No meio das conversas, a pergunta que sempre surgiu foi: o que ocorre com o Brasil? Como consegue desenvolver seu mercado interno e reduzir desigualdades? O crescimento da China e da ndia muito maior do que o nosso. Mas a qualidade do crescimento brasileiro melhor, na medida em que temos um crescimento mais equi-tativo, que beneficia mais intensamente a populao mais pobre, diz Neri.

    Na ltima dcada, enquanto o Brasil reduziu seu alto ndice de desigualdade, o indicador piorou nos outros quatro pases do grupo, inclusive na frica do Sul, que tem a pior taxa.

    Estudos internacionais j mostram que o Brasil descolou dos BRICS na reduo da desigualdade e no combate misria. Segundo o novo ndice de Progresso Social, criado pela Harvard Business School, o Brasil o que mais avana socialmente entre as economias dos BRICS. Em vez de analisar indicadores econmicos, entre eles o crescimento do PIB, o ndice avalia resultados sociais e ambientais, usando fontes de dados do Banco Mundial e da Organizao Mundial da Sade. O progresso social ser crucial para a ambiciosa estratgia de desenvolvimento do Brasil, diz o professor

    Brasil j ultrapassou com folga a China ea Rssia nos indicadores de progresso social

    Pases ndice de Progresso Social

    1 Sucia 64,81

    2 Reino Unido 63,41

    3- Sua 63,28

    4 Canad 62,63

    5 Alemanha 62,47

    18 BRASIL 52,27

    32 China 47,92

    33 Rssia 46,89

    39 frica do Sul 44,67

    43 ndia 39,51

    50 Etipia 32,13

    (*) O ndice analisou dados de 52 fontes, agrupadas em trs categorias principais (necessidades humanas bsicas, fundamentos de bem-estar e oportunidades). O ndice de Progresso Social (*), criado pelo professor Michael Porter, da Harvard Business School, e pela instituio Social Progress Imperative, mede o progresso de um pas pelos resultados sociais e ambientais e no por indicadores econmicos. Varia de 0 a 100.

    Ary

    Quint

    ella/

    SAE

    Marcelo Neri e Ai Ping, vice-ministro do Departamento Internacional do PC chins: encontros para preparar oForo Acadmico e o Conselho de Think Tanks dos BRICS, marcados para maro de 2014, no Rio de Janeiro

    27Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78

  • da Harvard Business School, Michael Porter, criador da metodologia. Porter trabalha em colaborao com economistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e importantes organizaes internacionais de empreendedorismo social, de administrao, filantrpicas e acadmicas.

    INCLUSO SOCIAL O Bolsa Famlia, que beneficia 13,8 milhes de famlias e quase 50 milhes de pessoas, completou dez anos em outubro de 2013. Por seus resultados, o Brasil recebeu o indito Prmio por Desempenho Extraordinrio oferecido pela Associao Internacional de Seguridade Social, que rene 157 pases, e foi escolhido para sediar a iniciativa World Without Poverty (ver reportagem na edio nmero 77 de Desafios do Desenvolvimento). Segundo o livro Programa Bolsa Famlia: uma dcada de incluso e cidadania, o mercado de trabalho foi o principal motor das quedas da pobreza e da desigualdade nos ltimos anos, mas, sem o programa de transferncia de renda, a misria no Brasil ainda seria 36% maior em 2012.

    Na vanguarda da incluso social, o Brasil deixa de ser um parceiro desafinado, com crescimento abaixo de suas potencialidades, para se tornar um virtuose com boas lies para dividir. A China, que deve retomar em breve o posto de maior economia do mundo que os Estados Unidos lhe tiraram h um

    sculo e meio (ou j retomou, a depender da estimativa de preos chineses considerada), est revendo seu modelo de crescimento em busca do desenvolvimento sustentvel. O 12 Plano Quinquenal Chins, que guiar a economia do pas at 2015, est mais atento qualidade de vida da populao e reduo das enormes diferenas de desenvolvimento entre as zonas urbana e rural. O consumo domstico e a diminuio da desiguladade de renda ganharam importncia estratgica.

    Da mesma forma, o modelo brasileiro de incluso social til para discusses na ndia e na frica do Sul. Durante o seminrio ndia e Brasil: uma parceria para o sculo XXI, que ocorreu em outubro, organizado pelo MRE-FUNAG, o embaixador da ndia no Brasil, Ashok Tomar, mostrou-se interessado nos resultados importantes para a incluso social e a reduo da pobreza no pas. O Brasil o nosso parceiro mais importante. Em termos

    comerciais, a ndia investe em diversos setores no Brasil, como minerao e siderurgia. Nosso objetivo estender essa parceria a outros nveis, por meio de uma cooperao mais prxima e mais profunda, disse Tomar.

    MEIO AMBIENTE Enquanto na China a poluio cresce e, por incrvel que parea, h meios de comunicao que enumeram os benefcios dessa poluio, no Brasil 94% das pessoas esto preocupadas com o meio ambiente, conforme pesquisa CNI/Ibope. Essa mesma pesquisa mostra que 66% classificam o aquecimento global como um problema imediato, que deve ser combatido urgentemente.

    Numa outra ponta, o governo brasileiro criou o Programa de Apoio Conservao Ambiental, conhecido como Bolsa Verde, para erradicar a extrema pobreza e preservar o meio ambiente em reservas extrativistas, assentamentos de reforma agrria, territrios ocupados por ribeirinhos, quilombolas e outras comunidades tradicionais. Atualmente, 42 mil famlias em unidades de conservao e assentamentos, principalmente nos estados do Norte, recebem R$ 300 trimestralmente para conservar o ecossistema e optar pelo uso sustentvel dos recursos naturais. E a preser-vao acompanhada por monitoramento da cobertura vegetal e amostragem in loco.

    A preocupao e o engajamento da sociedade e do governo brasileiro comeam a ressoar nos BRICS. Os ministros da Agricultura dos cinco pases assinaram, em outubro, declarao conjunta no esforo de minimizar os impactos das alteraes climticas na segurana alimentar. O documento prev iniciativas para estimular a produo de alimentos com menor impacto no clima e pode ser aprofundado na reunio dos BRICS no Brasil. Segundo o Ministrio da Agricultura, alguns exemplos podem ser dados, como mudana na data de semeadura, variao das espcies de semente e uso de tcnicas de irrigao e sombreamento. Sobram bons exemplos do Brasil para seus parceiros quando o assunto meio ambiente.

    O progresso social ser crucial para a ambiciosa estratgia de desenvolvimento do Brasil

    Michael Porter, professor da Harvard Business School

    94% dos brasileirosesto preocupados com o meio ambiente,

    conforme pesquisa CNI/Ibope

    28 Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78

  • A ENTRADA DA FRICA DO SUL O economista-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs, Jim ONeil, em 2001, produziu o estudo Building Better Global Economic BRICs. Assim, com s minsculo apenas para dar a ideia de plural na sigla BRIC, que representava Brasil, Rssia, ndia e China. O acrnimo se tornou uma nova categoria de anlise para os meios de comunicao, econmicos e financeiros, empresariais e acadmicos. Em 2006, na Reunio dos Chanceleres dos quatro pases, durante a 61 Assembleia Geral das Naes Unidas, o quarteto decidiu transformar os BRICs em um agrupamento que permitisse a

    articulao entre si. Em 2011, na III Cpula dos BRICs, o s tornou-se maisculo incluindo a frica do Sul (ou South Africa) no acrnimo. Os BRICs viraram BRICS.

    Segundo o Itamaraty, como agrupamento, os pases BRICS tm carter informal. O grupo no tem um documento constitutivo, no funciona com um secretariado fixo nem tem fundos destinados a financiar qualquer de suas atividades. O que sustenta o mecanismo a vontade poltica de seus membros. Ainda assim, os BRICS tm um grau de institucio-nalizao que se vai definindo medida que os cinco pases intensificam sua interao. No

    momento, os BRICS abrem espao para seus cinco membros aprofundarem o dilogo, a identificao de convergncias e concertao em relao a diversos temas, alm de ampliar contatos e cooperao em setores especficos.

    O estreitamento dos laos dos BRICS benfico para os cinco pases. Juntos, os BRICS possuem 46% da populao mundial e 18,6% do PIB mundial. Segundo dados do Ministrio das Relaes Exteriores, entre 2002 e 2012, o intercmbio comercial dos BRICS com o mundo cresceu 485%, passando de US$ 1,038 trilho para US$ 6,068 trilhes. Naquele perodo, as exportaes globais dos BRICS subiram 463% e as importaes aumentaram 510%. No entanto, h um potencial gigantesco de crescimento nas relaes intrabloco, que embora entre 2002 e 2012 tenham crescido 922%, passando de US$ 27 bilhes para US$ 276 bilhes, limitam-se a menos de 5% do comrcio do bloco.

    ACORDOS COMERCIAIS O estudo do Ipea Os BRICS sob a tica da Teoria dos Acordos Regionais de Comrcio mostra que a formao de uma zona de livre comrcio entre os pases desse bloco teria benefcios claros para o setor agrcola e o agronegcio brasileiro,

    O Brasil o nosso parceiro mais importante. Nosso objetivo estender essa parceria a outros nveis, por meio de uma cooperao mais prxima e mais profunda

    Ashok Tomar, embaixador da ndia no Brasil

    Um bloco de US$ 14,85 trilhes

    PRODUTO INTERNO BRUTO18,6% de

    participaono PIB mundial

    POPULAO46% da

    populao mundial

    EXPORTAES TOTAIS17,6% das

    exportaes mundiais

    IMPORTAES15,8% das

    importaes mundiais

    INTERCMBIO COMERCIAL16,7% do

    intercmbio mundial

    US$ 14,85trilhes US$

    3,19trilhes

    US$ 2,84

    trilhesUS$ 6,03

    trilhes

    2,97bilhes de habitantes

    29Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78

  • com aumento significativo do comrcio intrabloco, mas, naturalmente, puxado pela China. Segundo o autor do estudo, Lucas Pedreira do Couto Ferraz, uma anlise de bem-estar sugere que a economia chinesa a que mais se aproxima da definio de um parceiro natural de comrcio para o Brasil, em comparao aos demais BRICS.

    Apesar do baixo fluxo de comrcio bila-teral existente entre os BRICS exceo da China , a remoo das tarifas de importao intrabloco pode aumentar significativamente as relaes de trocas entre estas economias, escreveu o pesquisador do Ipea. Para ele, os nveis de bem-estar alcanados so comparveis aos de um acordo de livre comrcio entre o Brasil e os Estados Unidos, por exemplo. Este resultado, contudo, fortemente influenciado

    pela presena da China, sinalizando a crescente aproximao do padro de comrcio prati-cado por esta economia daqueles praticados por economias mais desenvolvidas, como os Estados Unidos, conclui Lucas Ferraz.

    SERVIOS A avaliao dos BRICS tambm tem recebido a dedicao do Ipea em todos os setores da economia. No mesmo esforo de entender a insero dos BRICS, do ponto de vista do setor de servios, como se fosse um bloco econmico, o pesquisador Ivan Tiago Oliveira, do Ipea, desenvolveu o trabalho BRICS: Novos competidores no comrcio internacional de servios? Segundo ele, a mdia de crescimento anual das exportaes de servios entre 2003 e 2008 foi de 13,3% nos pases da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) e de 26,1% nos BRICS.

    Os pases desenvolvidos, diz Oliveira, perderam participao no total de exportaes de servios no mundo na ltima dcada de 75,5% em 2000 para 67,7% em 2010, enquanto os pases em desenvolvimento ampliaram sua participao de 22,8% para 26,2% no perodo. Esses nmeros mostram que, apesar da crescente participao dos BRICS no comrcio interna-cional de servios, Estados Unidos e Unio Europeia continuaro a liderar as exportaes e importaes de servios nos prximos anos.

    Ivan Tiago Oliveira afirma que, entre os BRICS, apenas ndia e China parecem ter capacidade de assumir posies de maior destaque no comrcio de servios, particular-mente em setores de computao e informao, no caso da ndia, e de transportes e outros servios empresariais para a China. Brasil e Rssia tendem a encontrar alguma margem de expanso para outros servios empresariais e frica do Sul no setor de viagem.

    Mas se esse posicionamento pode produzir conflitos, tambm pode ser um leque de oportunidades, com os pases atuando de forma complementar em setores especficos, como transporte, viagem, servios financeiros, computao e informao, o que auxilia na criao de uma agenda cooperativa e positiva no campo do comrcio, geralmente em tenso e alerta com a ascenso da China, que ganha mercado por todo o mundo nos mais diversos setores. Com esforo comum, h mais solues do que problemas nessa banda que se prepara para virar orquestra.

    Apesar do baixo fluxo de comrcio bilateral existente

    entre os BRICS exceo da China , a remoo das tarifas de importao intrabloco pode aumentar significativamente

    as relaes de trocas entre estas economias

    Lucas Ferraz, pesquisador do Ipea

    Ano Total

    Intrabloco Extrabloco

    ValorPart.% nas

    exportaes totaisValor

    Part.% nas exportaes totais

    2002 566 27 4,7% 539 95,3%

    2012 3.189 276 8,7% 2.913 91,3%

    Fonte: Elaborado pela Diviso de Inteligncia Comercial do Ministrio das Relaes Exteriores, com base em dados do FMI, World Economic Outlook April 2013 e Unctad/ITC/Trademap(*) Valores em bilhes de dlares.

    Simulando um rea de livre comrcio entre os BRICSA abertura do comrcio entre os cinco emergentes causa impacto na competitividade relativa de seus produtos e tende a redirecionar as exportaes das economias para o grupo. Contudo, contribui para a perda de competitividade com o resto do mundo. O impacto no PIB real quase nulo, mas grande o retorno para os investimentos no agronegcio brasileiro

    Fonte: Os BRICS sob a tica da teoria dos acordos regionais de comrcio. De Lucas Ferraz, do Programa Nacional de Pesquisa em Desenvolvimento (PNPD) do Ipea e professor da Escola de Economia de So Paulo da Fundao Getlio Vargas (EESP/FGV). Observe-se que os resultados so simulados

    Exportaes crescem dentro do bloco*Entre 2002 e 2012, o comrcio entre os BRICS aumentou consideravelmente, enquanto a participao das exportaes para os demais pases caiu

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    Volume de exportaes Volume de importaes PIB real Retorno do capital Retorno do agronegcio

    Variveis macro

    Brasil China Rssia ndia frica do Sul

    30 Desenvolvimento 2013 Ano 10 n 78