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Breve relato da Terapia Intensiva Pediátrica no Brasil 1 BREVE RELATO DA EVOLUÇÃO DA MEDICINA INTENSIVA PEDIÁTRICA NO BRASIL Julio Dikstein, Jefferson Piva, Pedro Celiny R Garcia, Arnaldo Prata Barbosa, Norberto Freddi, Paulo Ramos David João Introdução A trajetória da medicina intensiva pediátrica é, essencialmente, a história dos médicos e enfermeiros que fizeram contribuições importantes para o desenvolvimento desta importante área de atuação da pediatria. Quando revemos essas histórias no mundo inteiro, observamos coincidências na engenhosidade, inovação, educação e alguns lideres que introduziram práticas inovadoras dentro de una nova organização. No Brasil, no início dos anos 70 do século passado, ocorriam surtos epidêmicos de doenças com alto potencial mórbido (sarampo, poliomielite, difteria e doença meningocócica, entre outras) que exigiam uma nova estratégia de atenção à saúde: a concentração de tecnologia e recursos em alguns centros; disseminação dos novos conceitos por todo país, de modo a facilitar e otimizar a reanimação inicial, atendimento de emergência e transferência do doente crítico; regionalização da pesquisa e cuidados de saúde; organização do conhecimento em literatura nacional com texto redigido em Português; formação especializada para a próxima geração de médicos; e a formação de uma sociedade de profissionais com interesse especial em intensivismo pediátrico. Os líderes deste movimento no Brasil foram: em São Paulo, Anthony Wong, Mario Telles Jr., Norberto Freddi, Werther Carvalho, José Oliva Proença e Mario Hircheimer; em Curitiba, Ismar Strachman, Izrail Cat e Paulo Ramos David João; em Porto Alegre, Pedro Celiny Garcia, Paulo Carvalho e Jefferson Piva; e, em Belo Horizonte, Waldemar Fernal , José Sabino de Oliveira e Julio Cesar Sena. Detalhes de histórias de vida e experiências são raramente apresentados na literatura, impossibilitando o aprendizado único que se obtém através do compartilhamento de histórias e experiências do passado e do presente. Neste relato pretende-se descrever alguns episódios históricos que influenciaram na marcante trajetória da Medicina Intensiva Pediátrica Brasileira. Entre os fatos marcantes que contribuíram para o atual estágio de desenvolvimento da Medicina Intensiva Brasileira, destacaríamos: - Criação do Comitê (atualmente, departamento) de Terapia Intensiva Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e do Departamento de Pediatria na Associação de Medicina Intensiva Pediátrica (AMIB) no início dos anos 80. - Aproximação dos dois departamentos/ comitês da SBP e AMIB iniciado em 1988 para atuação em conjunto na disseminação do conhecimento e defesa profissional; - O inédito convênio estabelecido entre AMIB e SBP junto a Associação Médica Brasileira (AMB) para concessão de titulação em Medicina Intensiva Pediátrica (antigamente designado de “TETIP”). Este convênio serviu de modelo até os dias atuais para sociedades que pretendem titular em áreas comuns. - Congressos Brasileiros de Terapia Intensiva Pediátrica (SBP), iniciados em 1980 (Florianópolis), 1984 (São Paulo), 1986 (Porto Alegre) e assim sucessivamente até a data atual. - Reconhecimento da residência em cuidados intensivos pediátricos. Inicialmente como 3 o ano opcional do programa de pediatria, vindo a partir de 2003 a ser oficializado como programa independente (inicialmente com um ano de duração e em 2006 ampliado para dois anos); - Redação original das normas reguladoras da ANVISA das Unidades de Terapia Intensiva no Território Brasileiro em 1998, com o

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Breve relato da Terapia Intensiva Pediátrica no Brasil

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BREVE RELATO DA EVOLUÇÃO DA MEDICINA INTENSIVA PEDIÁTRICA NO BRASIL

Julio Dikstein, Jefferson Piva, Pedro Celiny R Garcia, Arnaldo Prata Barbosa, Norberto Freddi, Paulo Ramos David João

Introdução

A trajetória da medicina intensiva pediátrica é, essencialmente, a história dos médicos e enfermeiros que fizeram contribuições importantes para o desenvolvimento desta importante área de atuação da pediatria. Quando revemos essas histórias no mundo inteiro, observamos coincidências na engenhosidade, inovação, educação e alguns lideres que introduziram práticas inovadoras dentro de una nova organização.

No Brasil, no início dos anos 70 do século passado, ocorriam surtos epidêmicos de doenças com alto potencial mórbido (sarampo, poliomielite, difteria e doença meningocócica, entre outras) que exigiam uma nova estratégia de atenção à saúde: a concentração de tecnologia e recursos em alguns centros; disseminação dos novos conceitos por todo país, de modo a facilitar e otimizar a reanimação inicial, atendimento de emergência e transferência do doente crítico; regionalização da pesquisa e cuidados de saúde; organização do conhecimento em literatura nacional com texto redigido em Português; formação especializada para a próxima geração de médicos; e a formação de uma sociedade de profissionais com interesse especial em intensivismo pediátrico. Os líderes deste movimento no Brasil foram: em São Paulo, Anthony Wong, Mario Telles Jr., Norberto Freddi, Werther Carvalho, José Oliva Proença e Mario Hircheimer; em Curitiba, Ismar Strachman, Izrail Cat e Paulo Ramos David João; em Porto Alegre, Pedro Celiny Garcia, Paulo Carvalho e Jefferson Piva; e, em Belo Horizonte, Waldemar Fernal , José Sabino de Oliveira e Julio Cesar Sena.

Detalhes de histórias de vida e experiências são raramente apresentados na literatura, impossibilitando o aprendizado único que se obtém através do compartilhamento de histórias e experiências do passado e do presente.

Neste relato pretende-se descrever alguns episódios históricos que influenciaram na marcante trajetória da Medicina Intensiva Pediátrica Brasileira.

Entre os fatos marcantes que contribuíram para o atual estágio de desenvolvimento da Medicina Intensiva Brasileira, destacaríamos:

- Criação do Comitê (atualmente, departamento) de Terapia Intensiva Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e do Departamento de Pediatria na Associação de Medicina Intensiva Pediátrica (AMIB) no início dos anos 80.

- Aproximação dos dois departamentos/ comitês da SBP e AMIB iniciado em 1988 para atuação em conjunto na disseminação do conhecimento e defesa profissional;

- O inédito convênio estabelecido entre AMIB e SBP junto a Associação Médica Brasileira (AMB) para concessão de titulação em Medicina Intensiva Pediátrica (antigamente designado de “TETIP”). Este convênio serviu de modelo até os dias atuais para sociedades que pretendem titular em áreas comuns.

- Congressos Brasileiros de Terapia Intensiva Pediátrica (SBP), iniciados em 1980 (Florianópolis), 1984 (São Paulo), 1986 (Porto Alegre) e assim sucessivamente até a data atual.

- Reconhecimento da residência em cuidados intensivos pediátricos. Inicialmente como 3o ano opcional do programa de pediatria, vindo a partir de 2003 a ser oficializado como programa independente (inicialmente com um ano de duração e em 2006 ampliado para dois anos);

- Redação original das normas reguladoras da ANVISA das Unidades de Terapia Intensiva no Território Brasileiro em 1998, com o

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patrocínio da AMIB. Nesta portaria foram definidas as normas mínimas de UTIs e valorizado o Título da Especialidade para configurar unidades de maior porte, sendo aprimorada, posteriormente, pela RDC 07/2010 (atualmente, vigente).

- Lançamentos de livros nacionais de Medicina Intensiva Pediátrica nas diversas regiões que se tornaram referências na especialidade, tendo como principais autores: Porto Alegre – José Luiz Pitrez, Eliana Trotta e Paulo Carvalho (1983); São Paulo - Werther Carvalho, Mario Hirsheimer, Toshio Matsumoto; Porto Alegre – Jefferson Piva, Pedro Celiny R Garcia, Paulo Carvalho (1985); Rio de Janeiro – Arnaldo Prata Barbosa; Curitiba – Izrail Cat.

- Integração com colegas da América latina (iniciado em 1985) e formalizado com a fundação da Sociedade latino-americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) em 1995, com atividades que persistem até a data de hoje.

- Integração com colegas intensivistas pediátricos de diversas nações, participando na fundação da World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care Societies (WFPICCS) em 1998, tendo o Brasil através de Jefferson Piva desempenhado entre 1998 e 2010 os cargos de Secretario Geral, Vice Presidente e membro do Comitê diretivo da WFPICCS;

- Realização de congressos latino-americanos de Cuidados Intensivos Pediátricos da SLACIP: 2001 no Rio de janeiro e em 2014 em Porto Alegre;

SÃO PAULO

Norberto Freddi

A partir 1953, o suporte ventilatório foi usado no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Instituto de Ortopedia - IOT) durante epidemia de poliomielite com uso de pressão negativa torácica (pulmão de aço) com iniciativa do Dr. Paulo Affonso Saraiva. Final dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado foi utilizado protótipo de aparelho de suporte ventilatório no IOT.

A primeira Unidade de terapia intensiva Pediátrica (UTIP) organizada passou a existir em São Paulo no ano de 1974 como SAPI (Serviço de Atendimento Pediátrico Intensivo) com estrutura bem definida de equipe médica com diaristas, plantonistas 24 horas, ensino para residentes e alunos do 6º ano médico no HC FMUSP. A equipe foi era chefiada pelo Dr Fabio Lineu Pillegi tendo com diarista Dr Pedro T. Sakane e plantonistas João Fazio Jr., Washington Garbin, Roberto Ribeiro, Paulo R.C. Nogueira, Mario Telles Jr., Anthony Wong, Ruy T. Pereira, Francisco R.C. Candieri, Daniel Katayama e em 1977 Norberto A. Freddi.

Antes desta data havia na retaguarda dos serviços de Pronto Socorro Pediátrico salas de atendimento para paciente grave e instável no HC FMUSP, Unicamp, Hospital do Servidor Público Estatual com Dr Valtencir de Almeida e Dr Antonio S. Petrilli por iniciativa de Dra. Luci Dualibi, com suporte ventilatório, mas ainda sem estrutura de plantão de medicina intensiva nas 24 horas do dia.

Entre 1978 e 1979, surgiram UTIP privadas do Hospital Infantil Sabará com Dr. Anthony Wong e Pedro T. Sakane e no Hospital Matarazzo (SUS) com Dr. Mario R. Hirshheimer. Em 1982, inicia o funcionamento da UTIP no Hospital Infantil Menino Jesus com Dr. Mario R. Hirshheimer.

No ano de 1986, surge em Botucatu na UNESP a UTIP com Dr. Flavio Moreira e, posteriormente, com Dr. José Roberto Fioretto. Em julho de 1986 é inaugurada a UTIP da Escola Paulista de Medicina no Hospital São Paulo com direção de Werther Brunow de Carvalho e participação de Otavio A.G. Branchini e José Gerson Gestler.

Em 1988, passa a funcionar a UTIP da Unicamp e 1990, do Centro Médico de Campinas e neste mesmo ano em Ribeirão Preto a UTIP sob coordenação de José Eduardo C. Goes se inicia sendo hoje sob coordenação de Ana Paula Carlotti na FM Ribeirão Preto da USP.

Em 1992, se inicia no Hospital Municipal do Tatuapé com diarista o Dr. Juang Horng Jyg as atividades de UTIP. Hoje, vários Hospitais privados possuem UTIP com boa estrutura, tais como Hospital Samaritano, Hospital Santa Catarina, Hospital Sírio Libanês e vários outros.

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Na cidade de São Paulo , em 1990, o Hospital Nossa Senhora de Lourdes inicia atividades em UTIP com Dr José O. Proença Filho, Raul Lamellas e Luigi Zucchi.

Nos hospitais públicos temos Hospital Jabaquara com início coordenado pelo Dr. Anthony Wong e como diaristas Werther B. Carvalho, José Oliva Proença Filho e Sergio Daré. A UTIP do Hospital Candido Fontoura hoje está sob a coordenação do Dr. Renato L de Souza

No interior do estado de São Paulo há UTIP em Catanduva, Marilia, São José do Rio Preto, Santos, Bauru e várias outras cidades. No censo de UTIs promovido pela AMIB, que já em 2010, há uma extensa lista de cidades (118) do Estado de São Paulo com UTIP listados no link: http://cnes2.datasus.gov.br/Mod_Ind_Tipo_Leito.asp?VEstado=35

PARANÁ

Paulo Ramos David João

A primeira Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) inaugurada no Paraná, foi em 1976 no Hospital de Crianças César Pernetta, que atualmente integra o complexo hospitalar do Hospital Pequeno Príncipe (HPP). Esta UTIP foi fundada pelo Dr Ismar Strachmam que a coordenou até o ano de 1998. Incialmente era composta por 4 leitos e atendia crianças de todas as especialidades, incluindo Recém nascidos.

A UTIP do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi inaugurada em 1981 sob a coordenação do Prof. Izrail Cat, contando com 6 a 8 leitos e mantendo a mesma estrutura até os dias de hoje (2016).

Em 1982, a UTIP do Hospital césar Pernetta passou para o HPP e aumentando as vagas para 6 leitos, com as mesmas características. Em 1986, esta UTIP foi aumentada para 12 leitos sem mudar a sua característica. Em 1991, foram inauguradas no HPP a UTI Neonatal e a UTI Cardíaca. A partir daí, a UTIP ficou exclusivamente para crianças com mais de 30 dias e que não eram submetidas à cirurgia cardíaca.

A primeira UTIP inaugurada fora de Curitiba foi no Hospital Universitário de Londrina

(coordenada pela Dra. Luiza Moriya) em 1992 e atualmente conta com 7 leitos sem internar RNs.

Em 2001, foi inaugurada a UTI cirúrgica do Hospital Pequeno Príncipe, com novos 10 leitos, tentando separar os pacientes clínicos dos cirúrgicos. Nesta ocasião, a coordenação da UTI já estava com o Dr Paulo Ramos David João, que substituiu o Dr Ismar em 1998. Houve junção das duas UTI na mesma área física em 2009, com previsão de passar para 30 leitos no início de 2017. Nos dias de hoje é a maior UTIP do Paraná e atende interna uma média de 1500 a 1600 crianças por ano, vindas de outros hospitais de Curitiba e outras cidades.

Em 2004 foi inaugurada a UTIP do Hospital Universitário de Maringá (coordenada pelo Dr. Sergio Ricardo Lopes de Oliveira), que tem capacidade para 6 leitos. No ano de 2010, foi inaugurada a UTIP do Hospital Waldemar Monastier com 10 leitos, em Campo Largo, Região metropolitana de Curitiba, que é gerenciado pelo HPP e na coordenação da unidade está a Dra. Renata Silveira.

As primeiras UTIPs a terem residência médica especializada foram a do Hospital de Clínicas da UFPR e do Hospital Universitário de Londrina em 1996, sendo também iniciada no HPP em 1998 e em Maringá em 2009. Estas quatro unidades tem serviço de residência em Medicina Intensiva Pediátrica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica. Atualmente existem ainda em Curitiba a UTIP do Hospital Nossa Senhora das Graças (inaugurada em 2006 e coordenada pela Dra Eliana Branco) com 10 leitos destinados a recém nascidos e crianças. A UTIP do Hospital Vita foi inaugurada em 2007 e coordenada pela Dra. Ligia Petrini, contando com 10 leitos; enquanto a UTIP do Hospital Angelina Caron foi inaugurada em 2000, sendo coordenada pela Dra Sandra Melek e contando com 10 leitos. Esta última fica na região Metropolitana de Curitiba.

Atualmente, várias cidades do interior do Paraná ( p.ex.: Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Pato Branco, Umuarama, Guarapuava) dispõem de UTIP, algumas delas com configuração mista, atendendo crianças e Recém nascidos em uma área comum.

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RIO GRANDE DO SUL

Jefferson Piva, Pedro Celiny R Garcia, Paulo Carvalho

Em função da alta prevalência de doenças infecciosas graves e não controladas (sarampo, difteria, meningococo, salmonela, shigella, entre outras) os hospitais pediátricos de Porto Alegre, privilegiavam áreas de isolamento e cuidados infecciosos. Em função da crescente necessidade de suporte ventilatório e cardiovascular mais agressivo e, também, seguindo uma tendência mundial ocorre o processo de criação de Unidades de Tratamento Intensivo Pediátrico iniciando em Porto Alegre ao final dos anos 70 e propagando-se posteriormente ao interior do estado.

1978 - UTIP do Hospital São Lucas da PUCRS

A história da moderna Terapia Intensiva Pediátrica no Rio Grande do Sul, tem inicio em 1978, com a criação da UTIP do Hospital São Lucas da PUC, seguida em 1979 da UTIP do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e em 1981 pela UTI do Hospital da Criança Santo Antônio. Elas surgiram sentindo o impacto da década de desenvolvimento de reanimação, ventilação e monitorização que haviam alcançado o mundo desenvolvido. Elas se seguiram as duas primeiras UTIP iniciadas em São Paulo e Rio de Janeiro (já desativadas) que se constituíram no outro foco disseminador inicial de ideias para melhorar a atenção a criança criticamente enferma. Hoje a UTIP do Hospital São Lucas da PUCRS é a mais antiga em atividade no país.

A unidade, foi inaugurada em 21 de junho de 1978, dois anos depois de ter iniciado a internação pediátrica no hospital São Lucas da PUCRS por Antônio Spolidoro. Pedro Celiny Ramos Garcia recém chegado da residência no HSE do RJ, assume como Chefe de Clínica, Manoel Luiz Pitrez era o Chefe da UTIP, enquanto José Luiz Pitrez auxiliava na sua implantação como consultor científico. Naquela época os plantonistas da UTIP eram os residentes de segundo ano, que tomavam conta da unidade, com o auxilio eventual de um plantão pediátrico e do staff da UTIP de sobreaviso.

Em 20 de junho de 1979 Celiny assumiu a chefia geral da unidade, que mudou-se para a área que até hoje se encontra em 27 de maio de 1980. Nesta época, iniciou-se o plantão Pediátrico propriamente dito na UTIP permitindo que a unidade desenvolvesse toda suas potencialidade, aumentando seus leitos para atender a demanda crescente. Em 1982/1983 Celiny esteve em Boston como Fellow de Terapia Intensiva no Children's Hospital Medical Center da Harvard Medical School. Nesta época Délio José Kipper, também com treinamento em UTIP no HSE do RJ, ingressou no staff da unidade, assim como Dr. Paulo Roberto Einloft, que realizou R3 em Terapia Intensiva Pediátrica em 1983 no HSL da PUCRS. Em 1996 Jefferson Piva que por duas décadas chefiou a UTIP do Hospital Santo Antônio, torna-se medico chefe associado da UTIP, permanecendo até 2013. Hoje respondem pelo serviço Pedro Celiny Garcia, Paulo Einloft, Francisco Bruno e Cristian Tonial.

Formar quadros de pediatras com área de atuação em medicina intensiva foi a primeira missão da UTIP-HSL. Muitos dos seus ex-residentes permaneceram na unidade como plantonistas e muitos migraram para outras instituições de ensino e prestadoras de serviços de qualidade.

Em 1999 Pedro Celiny Garcia e Jefferson Piva concluíam seus doutorados e passavam a ser professores permanentes do Curso de Pós-Graduação de Pediatria e saúde da Criança abrindo uma nova perspectiva para pesquisa na UTIP. Através do Grupo de Pesquisa e o Laboratório de Pesquisa em Terapia Intensiva em Pediátrica da PUCRS. Vários alunos de mestrado e doutorado utilizam a unidade como campo de trabalho para suas pesquisas. A produção científica da unidade assume outro patamar com inúmeras publicações nacionais e internacionais.

A UTIP do Hospital São Lucas da PUCRS é um polo disseminador permanente de conhecimento que serve de ao atendimento da criança criticamente enferma e fonte de referência para outros hospitais do Rio Grande do Sul e Brasil.

1979 – 2a UTIP do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)

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Em 1979, quando da transferência do Dep. Pediatria e Puericultura (DPP) da UFRGS da Santa Casa de Porto Alegre (Enf. 34) para a o novo Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), inaugura-se também uma nova Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica. No caso, era a segunda de Porto Alegre e do RS. O Chefe do DPP e do novo Serviço de Pediatria era o Prof. Nilo Galvão, e o Prof. José Luiz Pitrez foi o mentor das duas primeiras UTIs do RS. A UTIP do HCPA era chefiada pelo Dr. Paulo Carvalho e possuía 5 leitos, em boxes individualizados, para crianças fora do período neonatal. Dispunha de apenas um respirador Baby-Bird e de respiradores Bird Mark-8, compartilhados com a UTI de adultos. Uma inovação desta UTIP era a possibilidade de permanência continuada dos pais com a criança, e não mais apenas em horário de visitação.

Em 1983, desta UTI nasceu o livro Tratamento Intensivo em Pediatria, de autoria do Prof. José Luiz Pitrez, Eliana Trotta e Paulo Carvalho, pelo Fundo Editorial BYK-Procienx, com inúmeros colaboradores locais. Na época eram raras as publicações e fontes bibliográficas relacionadas à terapia intensiva pediátrica. Em 1986, a UTIP-HCPA ampliou a capacidade para 9 leitos e passou a ter corpo de plantonistas exclusivos da unidade. No ano seguinte, apresentou-se o primeiro residente de 3º ano de Pediatria exclusivamente em UTI, em estágio voluntário. Daí em diante, ela passou a oferecer o 3º ano de residência em terapia intensiva pediátrica de forma sistemática, sendo posteriormente reconhecida como centro formador em terapia intensiva pediátrica pela AMIB. Em 1994, a UTIP passou a ser chefiada pela Profa. Eliana Trotta. Em 1995 a UTIP foi novamente ampliada, para 13 leitos, assim como o corpo de médicos plantonistas. Nesse ano foi implantado no HCPA o Programa de Transplante Hepático Infantil, com importante e decisiva participação da UTIP nos cuidados pós-operatórios das crianças transplantadas. A partir de 1997 foram iniciados rounds semanais de bioética médica na UTIP.

A partir de Julho de 2012 a UTIP e a unidade de Emergência Pediátrica do HCPA passam a constituir o Serviço de Emergência e Medicina Intensiva Pediátrica sob a chefia do Prof. Dr. Jefferson Piva, tendo agora dois programas próprios de residência nas áreas de atuação de

Medicina Intensiva Pediátrica (dois anos) e Emergência Pediátrica. Nesta época houve a incorporação de mais três professores: Dra. Tais Sica da Rocha que assume a chefia da UTIP e Drs. João Carlos Santana e Patrícia Lago, esta coordenando a Emergência Pediátrica.

1982 – 3a UTIP - Hospital da Criança Santo Antônio

O Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) pertencente a Irmandade Santa Casa de Misericórdia, localizava-se na zona norte de Porto Alegre, recebendo inúmeras crianças da periferia e municípios vizinhos. No início dos anos 80 era um hospital de grande tradição no atendimento pediátrico no Estado do RS, com áreas de isolamento para doenças infectocontagiosas (muito prevalentes à época), unidade oncológica, enorme demanda por cirurgias urgentes e eletivas, entre outras. Em função de toda esta demanda, em 1982 é inaugurada a Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico com 12 leitos, atendendo inclusive recém nascidos encaminhados do interior do estado. Sua capacidade foi ampliada para 20 leitos em 1990. Desde a inauguração, a Unidade foi chefiada pelo Dr. Jefferson Piva (até 1996), tendo como chefes adjuntas as Dras. Katia Giugno e Tania Rohde Maia, que mantiveram-se como responsáveis pela unidade até 2003. Nesta data o Hospital é transferido para uma área central de Porto Alegre, dentro do complexo da Irmandade da Santa Casa, sendo a chefia da UTIP assumida pela Dra. Silvana Molossi até 2005 e, posteriormente, Claudia Ricachinewsky até os dias atuais. A UTIP possui hoje 36 leitos, com intenso movimento de cirurgia cardíaca, transplantes renais, fígado e cardíaco, entre outros.

A UTIP do HCSA foi local tradicional de estágio para residentes do programa de pediatria do próprio hospital e de outros serviços. Em função de seu volume de atendimentos, diversidades de patologias e experiência da equipe, recebeu de forma regular estagiários de outros estados e países vizinhos. A partir de 1986 inicia o programa de 3o ano optativo na residência de pediatria exclusivo em medicina intensiva pediátrica, vindo posteriormente, ser transformado em programa de residência em medicina intensiva pediátrica (2003) mantendo-se até a data atual.

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Através de contatos e amizade mantida com os Drs. Murray Pollack e Peter Holbrook da UTI pediátrica do Children’s Hospital de Washington (USA), a UTIP do HCSA foi agraciada (juntamente com a UTIP da PUCRS) em 1986 com equipamentos (monitores e respiradores) que estavam sendo substituídos naquela unidade. Esta doação e a troca de experiências com estes centros internacionais deram um grande impulso no desenvolvimento assistencial e pesquisa da UTIP do HCSA. Este novo patamar, consolidou a produção de conhecimentos com aumento no número de publicações, apresentação de temas livres em congressos internacionais e publicação de livros.

A Medicina Intensiva Pediátrica no RS

Em 1986 foi criada a 1ª UTIP de Caxias do Sul, no Hospital Fátima (hoje Hospital Virvi Ramos), onde funcionava o Serviço de Pediatria e a residência médica da Universidade de Caxias do Sul. Foi chefiada inicialmente pelo Prof. Petrônio Fagundes de Oliveira Filho. Na cidade de Santa Maria a UTIP do HUSM foi inaugurada em 1995 e foi chefiada até recentemente pela Profa. Dra. Tânia Resener. O estado conta com UTIP em quase todas regiões (Pelotas, Rio Grande, Passo Fundo, Bagé, Lajeado, Caxias, Novo Hamburgo, entre outras).

Em 1982, a convite do Prof. José Cândido da Rosa, então presidente da Sociedade Gaúcha de Pediatria, foi formado o Comitê de Terapia Intensiva da SPRS, presidido pelo Dr. Paulo Carvalho, já contando com integrantes de UTIs pediátricas de Porto Alegre (HSLucas, HCPA, Hospital da Criança Santo Antônio, Hospital da

Criança Conceição, Hospital Lazzarotto). Em 1983 é realizada a 1ª Jornada de Terapia Intensiva em Pediatria na Associação Médica do RS. No ano seguinte (1984) após a 2ª Jornada de Terapia Intensiva em Pediatria, o grupo gaúcho do comitê da SPRS organiza-se e resulta a publicação do livro Temas de Terapia Intensiva Pediátrica (1985).

Provavelmente, um dos fatos mais marcantes na história da Medicina Intensiva Pediátrica do RS tenha sido na promoção e organização do II Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva em julho de 1986, quando recebemos renomados e consagrados profissionais da área, tanto no âmbito nacional como internacional da especialidade. Dentre estes havia uma referencia mundial que adotou este grupo de forma muito especial, facilitando o envio de colegas em treinamento aos EUA, doação de equipamentos e material, orientações em pesquisa e, diversas vindas ao Brasil.

Começava ali uma importante etapa da Medicina Intensiva Pediátrica do RS, com ampliação de horizontes, onde diversos colegas acabaram se inserindo em um cenário internacional (Daniel Garros – Canadá), Alexandre Rotta e Silvana Molossi (EUA), Ricardo Branco (UK), Pedro Celiny Garcia (Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos), Jefferson Piva (World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care Societies). Este movimento atinge seu ápice em 2004 com a Organização do VI Congresso Latino-Americano de Terapia Intensiva e IX Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva na cidade de Porto Alegre, sob as Presidências de Jefferson Piva e Pedro Celiny, respectivamente.

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Figura 1: Momentos marcantes na Medicina Intensiva Pediátrica do RS, destacando os escassos recursos materiais nos anos 80, o Livro produzido pelo Comitê de Terapia Intensiva da SPRS em 1985 e alguns eventos regionais, nacionais e internacionais organizados.

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RIO DE JANEIRO

ARNALDO PRATA BARBOSA

1972 – Hospital dos Servidores do Estado (HSE) – CETIP

Na década de 1960, Dr Luiz Torres Barbosa, chefe do Serviço de Pediatria do Hospital dos Servidores do Estado, iniciou a setorização do Serviço por especialidade, foi assim que surgiu o Setor das crianças que exigiam maior atenção em função da precariedade de suas condições físicas. Dr Julio Dickstein foi designado o pediatra responsável . Verificou-se com o passar do tempo que a concentração de atenção influía positivamente na diminuição da mortalidade, mas que o equipamento, comparável com o CTI de adultos, era insuficiente para melhoria da qualidade do atendimento e assim nasceu, em 1972, o Centro de Terapia Intensiva Pediatrica (CETIP) com 8 leitos, num espaço isolado do Serviço e equipado com os recursos que na ocasião, O CTI de adulto dispunha. O nascimento do CETIP veio acompanhado da ampliação da equipe agora contando com a colaboração inestimável do Dr José Carlos Mafra, Residentes e estagiários

O Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico (CETIP) pode ser assim considerada a primeira UTI-Pediátrica do Brasil. Porém, já em 1974, um primeiro paciente foi colocado em CPAP pelo Dr. Jean Ruffier e em 1976 um primeiro paciente foi colocado em ventilação pulmonar mecânica pelo então residente, Dr. Pedro Celiny, que tirou da caixa e montou um BabyBird para dar assistência a uma criança em insuficiência respiratória durante o seu plantão.

Fonte: CETIP – uma história intensiva. DOC Editora: Rio de Janeiro, 2009 e relato pessoal do Prof. Pedro Celiny.

1975 - SOMICOL

A primeira UTI-Pediátrica com área própria definida, equipamentos de monitorização cardíaca (um monitor por leito) e um único respirador pediátrico (BabyBird), foi inaugurada com 7 leitos em setembro de 1975, na Sociedade Médica Imaculada Conceição (SOMICOL), um hospital pediátrico privado na cidade de Duque de

Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro. A convite dos Drs. Edson Bueno e Dulce Bueno, o Dr. Arildo Franco, pediatra, aceitou o convite para montar e dirigir a UTI, contando com a ajuda e supervisão de intensivistas de adulto, em especial os Drs. Valed Perry e Dino Roberto Gomes. Em 1977, com a saída do Dr. Arildo, assumiu a chefia da unidade a Dra. Odete Freitas. Nesta época, a UTI possuía 12 leitos, respiradores BabyBird e IMV Bird e também um aparelho de gasometria. Foi berço de vários intensivistas pediátricos e lideranças na área.

Fonte: Relato pessoal – Drs. Arildo Franco e Odete Freitas.

1976 – CASA DE SAÚDE SANTA CECÍLIA

A segunda UTI-Pediátrica completa, com área própria definida, equipamentos de monitorização cardíaca, respiradores mecânicos, laboratório próprio, equipe médica e de enfermagem exclusiva em regime de plantão, foi inaugurada também no município de Duque de Caxias, na Casa de Saúde Santa Cecília. A convite dos Drs. Elcy Prata e Mansur J Mansur, os intensivistas de adultos, Drs. José Raimundo de Azevedo e Dr. Ricardo Augusto Farias, que estavam habituados a tratar de crianças em suas UTIs na área pública, inauguraram a UTI em 1976. Pouco tempo após a inauguração, o Dr. Ricardo Farias deixou a unidade e foi substituído por um pediatra, o Dr. José Ramos Ariosa, que continuou dividindo a chefia com o Dr. José Raimundo.

A UTIP originalmente tinha 8 leitos distribuídos em 4 boxes com 2 leitos cada. Era equipada com monitores cardíacos da EMAI, 1 respirador Bennet MA1 com circuito pediátrico, 1 BabyBird, 1 IMV Bird, e 1 Bennet PR2 com circuito pediátrico. Possuía ainda 1 ventilômetro digital, circuito de CPAP modelo idealizado do Gregory em seu artigo original do NEJM de 1971, rotinas escritas, laboratório anexo a UTI, com aparelho de gasometria (Radiometer), dosagem de eletrólitos e Htc, com plantonista exclusivo para a UTI 24 horas/dia. Foi um serviço pioneiro no uso de monitorização transcutânea de PO2 e PCO2. Foi também berço de vários intensivistas pediátricos e lideranças na área. Fonte: Relato Pessoal- Drs. Arnaldo Prata e José Luis Cardoso.

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Paciente em ventilação pulmonar mecânica no respirador Baby-Bird (à Esquerda) e Respiradores Bennet PR-2 e Bennet MA-1 - na UTIP da Casa de Saúde Santa Cecília, em 1977, Duque de Caxias, RJ.

1984 – REINAUGURAÇÃO DO CETIP - HSE

Reinauguração do CETIP-HSE, agora com instalações próprias, modernos equipamentos

de monitorização e ventilação mecânica, equipe especializada, dedicada, sob a responsabilidade da Dra. Clea Ruffier.

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Figura 2: Imagens do CTIP/HSE inaugurado em 1984 sob a coordenação da Dra. Clea Ruffier com a presença do Dr. Julio Dikstein (alto a Esquerda); da Dra. Izabel Mendes e Dr. Jean Ruffier (alto à direita), imagem ilustrativa de recursos e equipamentos disponíveis à época (abaixo a esquerda) e alguns colegas da equipe como José Orleans, Claudio Barbosa, Roberto Rezende, Jean Ruffier, Izabel Mendes, Marta Villela, Cléa Ruffier e José Maria Lopes

1985 – HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO

Foi inaugurada a primeira UTI-Pediátrica privada (6 leitos) na cidade do Rio de Janeiro, no Hospital São Vicente de Paulo, sob a responsabilidade dos Drs. Arnaldo Prata Barbosa, José Luiz Cardoso e Flavio Melo Monteiro.

Paciente em ventilação mecânica no respirador Healthdyne, na UTIP do Hospital São Vicente de Paulo, Rio de Janeiro, RJ, 1985.

1985 – URGÊNCIAS PEDIÁTRICAS (URPE)

Neste mesmo ano, pouco tempo depois, foi inaugurada na clínica pediátrica URPE (Urgências Pediátricas), também privada, uma UTI-Pediátrica, sob a responsabilidade dos Drs. Sérgio Augusto Cabral e Arthur Lourenço da Fonseca.

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Paciente em ventilação mecânica no Bear-Cub, na UTIP da URPE, Rio de Janeiro, RJ, 1985.

1985 – HOSPITAL MUNICIPAL JESUS

Ainda em 1985 foi inaugurada a UTI-Pediátrica do Hospital Municipal Jesus, no município do Rio de Janeiro, com 4 leitos. No ano seguinte, foi amplamente reformada e ampliada para 10 leitos, sendo 2 em isolamento, sob a responsabilidade do Dr. José Luiz Cardoso. A UTI contava com respiradores Infant Star 500 e 1 Adult Star 2000, monitores e capnografia. A equipe consistia de 2 plantonistas/dia, além de três médicos da rotina.

Fonte: Relato pessoal – Dr. José Luiz Cardoso.

Paciente em ventilação mecânica no Infant Star, na UTIP do Hospital Municipal Jesus, Rio de Janeiro, RJ, 1987.

1986 – SOPERJ CRIA COMITÊ

A SOPERJ cria o Comitê de Emergência e Tratamento Intensivo, tendo como presidente do comitê a Dra. Cléa Ruffier e presidente da SOPERJ o Dr. João Gonçalves Barbosa Neto.

1987 – INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA (UPG)

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Inaugurada a Unidade de Pacientes Graves (UPG), do Instituto Fernandes Figueira, da FIOCRUZ, com 6 leitos, sob a responsabilidade da Dra. Zina Maria Almeida de Azevedo.

1988 – PRIMEIRO CONGRESSO

Realizado o “I Encontro de Emergência e Tratamento Intensivo em Pediatria” da SOPERJ, no Rio de Janeiro, em março de 1988, sob a presidência da Dra. Cléa Ruffier.

1991 – SOTIERJ CRIA O DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA

Criado o Departamento de Pediatria, da Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro (SOTIERJ), tendo como presidente do departamento o Dr. Arnaldo Prata Barbosa e como presidente da SOTIERJ o Dr. Cid Marcus David.

1993 – HOSPITAL FEDERAL DA LAGOA

Inaugurada a UTI-Pediátrica do Hospital Federal da Lagoa, no município do Rio de Janeiro, com 8 leitos, sob a responsabilidade da Dra. Adriana Proença Oliveira Barros.

Paciente em ventilação mecânica no BP-200A, na UTIP do Hospital da Lagoa, Rio de Janeiro, RJ.

Paciente em ventilação mecânica (Takaoka 920) na UTIP do Hospital da Lagoa, Rio de Janeiro, RJ.

1997

No final da década de 90 já existiam no estado do Rio de Janeiro, 11 UTIs Pediátricas exclusivas (atendendo somente pacientes pediátricos), todas na região metropolitana do Rio de Janeiro, e 31 mistas (atendendo pacientes neonatais e pediátricos), sendo 6 no interior do estado e 25 na região metropolitana. Ver tabela 1.

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Nos 10 anos seguintes houve um crescimento gradual do número de unidades e em 2007 já havia 17 unidades pediátricas exclusivas no estado do Rio de Janeiro, sendo 16 na cidade do Rio de Janeiro e 1 em Angra dos Reis (Baixada Litorânea). O número de unidades mistas aumentou para 33. Ver Tabela 2.

UTI-Pediátrica nas Universidades

1995 - A primeira UTI Pediátrica funcionando em um hospital universitário foi inaugurada em 1995 no Hospital Graffe Guinle, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), sob a responsabilidade da Dra. Maria Marta Regal de Lima Tortori. Tratava-se de uma UTI do tipo mista, com 4 leitos pediátricos e 6 leitos neonatais.

2007 – O Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), inaugurou a sua UTIP, com 6 leitos pediátricos e 4 neonatais cirúrgicos, em novembro de 2007, sob a responsabilidade da Dra. Cleyde Vanzillotta.

2015 – O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) inaugura a sua UTIP, com 8 leitos, sob a responsabilidade da Dra. Raquel Zeitel.

2001 – CONGRESSO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA NO RIO

É realizado no Rio de Janeiro o “VII Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva Pediátrica, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em setembro de 2001, sob a presidência do Dr. Sérgio Augusto Cabral.

WALDEMAR FERNAL E JOSÉ SABINO AINDA NÃO ENVIARAM MATERIAL

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ANEXO1 – Medicina Intensiva Pediátrica no Rio de Janeiro

Tabela 1. Distribuição das Unidades de Tratamento Intensivo neonatais e pediátricas em atividade no Estado do Rio de Janeiro no período de julho/97 a junho/98, de acordo com a região geográfica, população, tipo de atendimento, tipo de hospital, natureza pública ou privada e número de leitos ativos.

MESORREGIÃO GEOGRÁFICA (REGIONAL DE SAÚDE): Baixadas Litorâneas / Microrregião Geográfica: Lagos

Unidade Cidade Tipo de Atendimento Tipo de Hospital Natureza Leitos

UTI (Ativos) UI

Total

(ativos)

Hospital Santa Isabel (CLIPEL) Cabo Frio Pediátrico misto Geral Privado 12 (8) 0 8

MESORREGIÃO GEOGRÁFICA (REGIONAL DE SAÚDE): Metropolitana / Microrregião Geográfica: Rio de Janeiro

Unidade Cidade Tipo de Atendimento Tipo de Hospital Natureza Leitos

UTI (Ativos) UI

Total

(ativos)

Hospital CLINI-Rio Duque de Caxias Pediátrico misto Geral Privado 4 (4) 0 4

Hospital Mario Lioni Duque de Caxias Pediátrico misto Geral Privado 10 (10) 22 32

Pronto Socorro Infantil de Nilópolis (PRONIL) Nilópolis Pediátrico exclusivo Pediátrico geral Privado com SUS 28 (28) 18 46

Clinica Infantil Albert Sabin Niterói Pediátrico misto Emergência Ped Privado 6 (6) 6 12

Hospital de Clínicas de Niterói Niterói Pediátrico misto Geral Privado 7 (6) 0 6

Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho Niterói Pediátrico misto Pediátrico Geral Municipal 12 (12) 6 18

Hospital de Clínicas Infantil (PRONTONIL) - UTIP A Nova Iguaçu Pediátrico exclusivo Pediátrico Geral Privado com SUS 13 (13) 10 23

Hospital de Clínicas Infantil (PRONTONIL) - UTIP B Nova Iguaçu Pediátrico exclusivo Pediátrico Geral Privado com SUS 12 (12) 10 22

AMIU - Botafogo Rio de Janeiro Pediátrico misto Emergênca Ped Privado 9 (9) 0 9

Casa de Saúde e Maternidade Nª Sª do Carmo Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 8 (5) 4 9

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Centro Pediátrico Lagoa Rio de Janeiro Pediátrico misto Emergência Ped Privado 11 (11) 0 11

Hospital Adventista Silvestre Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Filantrópico 13 (13) 2 15

Hospital da Lagoa Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Estadualizado 10 (8) 0 8

Hospital de Cardiologia das Laranjeiras Rio de Janeiro Pediátrico cirúrgico Geral Estadualizado 6 (5) 4 9

Hospital de Clínicas de Bangu Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 12 (10) 2 12

Hospital de Clínicas Dr. Balbino (NEOUNIDAS) Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 10 (10) 5 15

Hospital de Clínicas Rio Mar Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 7 (7) 0 7

Hospital dos Servidores do Estado (CETIP) Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Estadualizado 8 (8) 8 16

Hospital Estadual Rocha Faria Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Geral Estadual 4 (4) 0 4

Hospital Geral de Bonsucesso Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Estadualizado 16 (16) 0 16

Hospital Geral de Jacarepaguá Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Geral Municipalizado 4 (4) 4 8

Hospital Municipal Jesus Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Pediátrico Geral Municipal 10 (8) 10 18

Hospital Municipal Souza Aguiar Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Geral Municipal 6 (6) 0 6

Hospital Naval Marcílio Dias Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Federal 7 (7) 3 10

Hospital Santa Maria Madalena (TIPE-Ilha) Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 10 (10) 2 12

Hospital São Vicente de Paulo Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Filantrópico 8 (8) 0 8

Hospital Universitário Gaffrèe Guinle Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Universitário Púb. 8 (4) 4 8

Instituto de Infectologia São Sebastião Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Geral Estadual 5 (5) 0 5

Instituto Fernandes Figueira (UPG) Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Materno-Infantil Federal 6 (5) 0 5

Pró-Cardiaco Rio de Janeiro Pediátrico exclusivo Geral Privado 4 (4) 0 4

Prontobaby (TIPE) Rio de Janeiro Pediátrico misto Emergência Ped Privado 20 (20) 8 28

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Pró-Saúde Hospital de Clínicas (TIPE-Bangu) Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 15 (13) 6 19

SEMIC - Botafogo Rio de Janeiro Pediátrico misto Geral Privado 3 (3) 3 6

Serv-Baby Hospital Materno Infantil Rio de Janeiro Pediátrico misto Materno-Infantil Privado 14 (14) 0 14

Hospital Municipal Darcy Vargas São Gonçalo Pediátrico misto Materno-Infantil Municipal 8 (8) 0 8

Hospital São José (INFANT) São Gonçalo Pediátrico misto Geral Privado com SUS 9 (6) 3 9

MESORREGIÃO GEOGRÁFICA (REGIONAL DE SAÚDE): Serrana / Microrregião Geográfica: Serrana

Unidade Cidade Tipo de Atendimento Tipo de Hospital Natureza Leitos

UTI (Ativos) UI

Total

(ativos)

Beneficência Portuguesa de Petrópolis Petrópolis Pediátrico misto Geral Filantrópico 6 (4) 2 6

Hospital Municipal Alcides Carneiro Petrópolis Pediátrico misto Geral Municipal 7 (7) 5 12

MESORREGIÃO GEOGRÁFICA (REGIONAL DE SAÚDE): Norte Fluminense / Microrregião Geográfica: Campos dos Goytacazes

Unidade Cidade Tipo de Atendimento Tipo de Hospital Natureza Leitos

UTI (Ativos) UI

Total

(ativos)

Hospital Ferreira Machado Campos Pediátrico misto Geral Municipal 10 (10) 0 10

Instituto de Neonatologia e Pediatria Nicola Albano Campos Pediátrico misto Materno-Infantil Privado 8 (8) 4 12

MESORREGIÃO GEOGRÁFICA (REGIONAL DE SAÚDE): Médio Paraíba / Microrregião Geográfica: Vale do Paraíba

Unidade Cidade Tipo de Atendimento Tipo de Hospital Natureza Leitos

UTI (Ativos) UI

Total

(ativos)

Hosp. Infantil e Maternidade Jardim Amália (NEOVIDA) Volta Redonda Pediátrico misto Materno-Infantil Privado 15 (9) 4 13

Fonte: Barbosa AP, et al. Terapia intensiva neonatal e pediátrica no rio de janeiro: distribuição de leitos e análise de equidade. Rev Assoc Med Bras 2002; 48(4): 303-11.

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Fonte: Barbosa AP, Cunha AJLA. Neonatal and pediatric intensive care in Rio de Janeiro State, Brazil: an analysis of bed distribution, 1997 and 2007. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27 Sup 2:S263-S271, 2011.