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Brasília-DF, segunda-feira, 6 de novembro de 2006 www.camara.gov.br [email protected] Fone: (61) 3216-1666 Fax: (61) 3216-1653 Impresso Especial 11204/2002-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS Os desafios do Orçamento para 2007 Congresso tem a tarefa de rever receitas, respeitar despesas obrigatórias e redistribuir os recursos restantes de forma a permitir que o País cresça em níveis elevados. Em meio a tudo isso, os parlamentares estão mudando os trâmites orçamentários e criando formas de fiscalização dos gastos públicos pela sociedade ARTE DE GUILHERME RANGEL BARROS SOBRE FOTOS DE REINALDO FERRIGNO Os números que estão no centro do debate político Página 2 Aumentam as despesas com previdência e funcionalismo Página 3 Verbas para área social crescem; investimentos continuam baixos Páginas 4 e 5 Internet ajuda a fiscalizar gastos Página 8 Comissão aperfeiçoa mecanismos para controlar execução orçamentária Página 7 EDIÇÃO ESPECIAL

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Brasília-DF, segunda-feira, 6 de novembro de 2006 www.camara.gov.br • [email protected] • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653

ImpressoEspecial

11204/2002-DR/BSBCÂMARA DOS

DEPUTADOS

CORREIOS

Os desafios do Orçamento para 2007Congresso tem a tarefa de rever receitas, respeitar despesas obrigatórias e redistribuir os recursos restantes de forma

a permitir que o País cresça em níveis elevados. Em meio a tudo isso, os parlamentares estão mudandoos trâmites orçamentários e criando formas de fiscalização dos gastos públicos pela sociedade

ARTE DE GUILHERME RANGEL BARROS SOBRE FOTOS DE REINALDO FERRIGNO

Os números que estãono centro do debate político

Página 2

Aumentam as despesas comprevidência e funcionalismo

Página 3

Verbas para área social crescem;investimentos continuam baixos

Páginas 4 e 5

Internet ajudaa fiscalizar gastos

Página 8

Comissão aperfeiçoa mecanismospara controlar execução orçamentária

Página 7

EDIÇÃO ESPECIAL

Brasília, 6 de novembro de 200622

Mesa da Câmara dos Deputados - 52a Legislatura

Diretor: William França (61) 3216-1500 - Fax: (61) 3216-1505

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Endereço: Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - CEP: 70160-900 Brasília - DF

Jornal da Câmara

Presidente:Aldo Rebelo (PCdoB-SP)1º Vice-Presidente:José Thomaz Nonô (PFL-AL)2º Vice-Presidente:Ciro Nogueira (PP-PI)1º Secretário:Inocêncio Oliveira (PL-PE)2º Secretário:Nilton Capixaba (PTB-RO)

3º Secretário:Eduardo Gomes (PSDB-TO)4º Secretário:João Caldas (PL-AL)Suplentes:Givaldo Carimbão (PSB-AL),Jorge Alberto (PMDB-SE),Geraldo Resende (PPS-MS)e Mário Heringer (PDT-MG)

Procuradoria Parlamentar:Ney Lopes (PFL-RN)

Ouvidoria Parlamentar:Custódio Mattos (PSDB-MG)

Diretor-Geral:Sérgio Sampaiode Almeida

Secretário-Geral da Mesa:Mozart Vianna de Paiva

Diretora: (61) 3216-1651Amneres Pereira (licenciada)Patricia Roedel (em exercício)Editor-chefe:Marcondes Sampaio

Diagramadores: (61) 3216-1667Guilherme Rangel Barros,José Antonio Filhoe André Cerino

Editores: (61) 3216-1666Francisco Brandão eMarcos Rossi

Plano Plurianual (PPA)O Poder Executivo envia ao Congresso Nacional, até 31 de agosto do primeiro

ano de mandato do Presidente da República, o projeto de lei do PPA. O texto prevêas diretrizes, os objetivos e as metas do governo para os próximos quatro anos, ouseja, sempre vai abranger o primeiro ano do governo seguinte.

TramitaçãoA Comissão Mista de Orçamento realiza audiências públicas

com integrantes do governo para obter informações.

Deputados, senadores, bancadas estaduais e regionais e comissõespermanentes da Câmara e do Senado apresentam emendas ao projeto.

O relator da comissão elabora o parecer sobre o projeto,que é analisado, discutido e votado na comissão.

O Plenário do Congresso Nacional tem até 22 de dezembro para aprovar oprojeto de lei do PPA e devolvê-lo para sanção presidencial.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)A LDO define as metas e prioridades da administração pública federal, incluin-

do as despesas para o exercício subseqüente, orientando a elaboração da LeiOrçamentária Anual (LOA) do ano seguinte. Tem vigência de um ano e representao elo entre o PPA e a LOA. O Poder Executivo envia ao Congresso Nacional oprojeto da LDO até 15 de abril de cada ano.

TramitaçãoA Comissão Mista de Orçamento realiza audiências públicas

com integrantes do governo para obter informações.

Deputados, senadores, bancadas estaduais e regionais e comissõespermanentes da Câmara e do Senado apresentam emendas ao projeto.

O relator da comissão elabora o parecer sobre o projeto,que é analisado, discutido e votado na comissão.

O Plenário do Congresso Nacional tem até o fim do primeiro semestrelegislativo, em 17 de julho, para analisar e votar o projeto da LDO

referente à elaboração e à execução do Orçamento do ano seguinte.

Se o projeto não for votado, o Congresso não pode entrar em recesso.

Lei Orçamentária Anual (LOA)Com base no texto da LDO aprovado pelo Poder Legislativo, o Executivo ela-

bora o projeto da LOA e o envia ao Congresso Nacional até 31 de agosto de cadaano, ou seja, um mês após a aprovação da LDO. A LOA contém a estimativa dareceita e fixação da despesa pública, de forma a evidenciar a política econômicafinanceira e o programa de trabalho do governo.

TramitaçãoA Comissão Mista de Orçamento realiza audiências públicas

com integrantes do governo para obter informações.

O relator-geral da comissão elabora o parecer preliminar sobre o projeto, quepode receber emendas antes de ser votado.

Depois de aprovado o parecer preliminar, os deputados, os senadores,as bancadas estaduais e regionais e as comissões permanentes da Câmara e

do Senado enviam emendas ao projeto da Lei Orçamentária.

Os dez relatores setoriais elaboram seus pareceres,relativos a cada uma das áreas temáticas (saúde, educação,

infra-estrutura, etc.), que são discutidos e votados.

Depois de aprovados os pareceres setoriais, faz-se a análise geraldas emendas e a sistematização para elaboração do parecer final,

a cargo do relator-geral. Em seguida, ele é apresentado, discutido e votado.

O Plenário do Congresso Nacional tem até 22 de dezembropara analisar e votar o projeto da LOA.

A Lei Orçamentária é encaminhada ao Poder Executivopara sanção ou veto presidencial, parcial ou total,

promulgação e publicação no Diário Oficial da União.

Com a retomada das votações noCongresso, após as eleições, o Projetoda Lei Orçamentária Anual (LOA)2007 retorna ao centro do debate polí-tico. A proposta, encaminhada pelo Po-der Executivo no fim de agosto, estásendo analisada na Comissão Mista deOrçamento, primeira etapa da tramita-ção. O relator-geral, senador ValdirRaupp (PMDB-RO), promete entregaro relatório final neste mês.

O texto fixa todas asdespesas que a União –Legislativo, Executivo,Judiciário e MinistérioPúblico – pretende fazerao longo de 2007 e prevêas receitas para custear es-ses gastos. Como é basea-do em estimativas, o Or-çamento costuma sofreralterações no decorrer doano, todas feitas com achancela do Congresso.

O valor total do pro-jeto de lei orçamentáriapara 2007 é de R$ 1,56 tri-lhão. O fracionamentodesse número permite co-nhecer melhor as açõesque o poder público pre-tende implementar. Paraas ações de saúde pública,por exemplo, o valor fixa-do é de R$ 44,2 bilhões.

As despesas obrigató-rias – aquelas que o po-der público é obrigadopor lei a realizar – che-gam a R$ 350,5 bilhões,dos quais R$ 181,4 bi-lhões se referem a gastoscom benefícios da Previ-dência Social, como apo-sentadoria, pensão e auxílio-doença.

No setor de infra-estrutura, que en-globa portos, rodovias e saneamento ur-bano, o governo alocou quase R$ 51 bi-lhões. Já as transferências para estados emunicípios devem alcançar R$ 112,7 bi-lhões, um acréscimo de 11,81% sobre este

Orçamento volta a ocuparcentro do debate político

ano. As universidades federais e escolastécnicas receberão R$ 15,1 bilhões e R$1,5 bilhão, respectivamente.

Para bancar essas e outras despesas,o projeto orçamentário estima que em2007 haverá uma receita tributária deR$ 400,3 bilhões, fora os quase R$ 135bilhões a serem arrecadados pelo Insti-tuto Nacional do Seguro Social (INSS)e por outras fontes menores, como os

dividendos recebi-dos pelo governodas empresas esta-tais (R$ 8 bilhões).

Na fase de dis-cussão na ComissãoMista de Orçamen-to, alguns desses nú-meros poderão so-frer alterações. Deacordo com a Cons-tituição, deputadose senadores podemmudar a propostaenviada pelo Execu-tivo por meio deemenda, exceto aparte sobre dispên-dios com a dívida pú-blica, os servidoresfederais e astransferências paraos estados e os mu-nicípios.

É nesta fase dediscussão da LOAque se concentra oembate político emtorno dos recursospúblicos. Não raro,as reuniões da comis-são, abertas ao públi-co, são acompanha-das por represen-

tantes de diversos setores da sociedade,todos interessados em preservar ou alo-car recursos para sua área de atuação.Esta, aliás, é a principal função do deba-te orçamentário no Congresso: dividirrecursos segundo os anseios sociais.(Janary Júnior)

As ações que o poder público pretende implementar em 2007,as transferências para estados e municípios, as despesas com universidades

federais e escolas técnicas e os investimentos em infra-estrutura serãodefinidos a partir das discussões no Congresso

R$ 535,2 bilhõesArrecadação (tributos e

contribuições ao INSS)

R$ 210,4 bilhõesGastos vinculados ao

salário mínimo

R$ 119,3 bilhõesRemuneração do funcio-

nalismo público (ativos, inati-vos e encargos trabalhistas)

R$ 165,9 bilhõesJuros e dívida pública

R$ 181,4 bilhõesGastos com benefícios

previdenciários do INSS

R$ 50,9 bilhõesInvestimento em obras

de infra-estrutura*

R$ 112,7 bilhõesTransferências legais

para estados e municípios

R$ 5,15 bilhõesFundos constitucionais de

financiamento (FNE,FCO e FNO)

RECEITAS

DESPESAS

* Inclui os investimentos das estatais federaisFonte: PLOA 2007/Consultoria de Orçamento

Brasília, 6 de novembro de 2006 3

Aumento dos gastos públicos pressiona contasA queda na expectativa de crescimento do PIB parao próximo ano dificulta a obtenção de receitas

para cobrir a expansão das despesas com salários dofuncionalismo público e déficit da Previdência

Ao analisar o projeto da LeiOrçamentária Anual (LOA) para2007, o Congresso terá de equa-cionar o crescente gasto públi-co, que já coloca em risco ocumprimento da meta de supe-rávit primário, segundo analisao relator-geral do Orçamento,senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Na proposta orçamentáriapara o ano que vem, o governoaumenta as despesas compessoal da União em R$ 11,2bilhões. Já o pagamento de be-nefícios do Instituto Nacional doSeguro Social (INSS) deve cres-cer em R$ 16,1 bilhões.

O governo espera pagar oaumento de despesas, princi-palmente a previdenciária e como funcionalismo público federal,com um forte crescimento doProduto Interno Bruto (PIB), queelevaria a arrecadação de im-postos. No mês passado, po-rém, o próprio ministro da Fazen-da, Guido Mantega, admitiu quea economia não vai ter fôlegopara atingir nem 4% de expan-são neste ano, o que compro-mete o crescimento para 2007,estimado inicialmente em4,75%. Esse cenário sinalizaque o governo terá de cortar des-pesas ou encontrar outras fon-tes para cobrir o Orçamento.

A proposta de Orçamento2007 projeta despesas de R$117,9 bilhões com servidores,alcançando 5,13% do PIB. Em2006, o gasto com pessoal

deve atingir R$ 106,7 bilhões.Em 2002, último ano do man-dato do ex-presidente Fernan-do Henrique Cardoso, os gas-tos foram de R$ 71,1 bilhões.

Apenas o orçamento de pes-soal do Poder Judiciário e do Mi-nistério Público da União vai con-sumir, em 2007, 15,26% a maisdo que em 2006 e 43,66% aci-ma de 2005. Para o especialis-ta em finanças públicas KiyoshiHarada, a preocupação é saberse esse aumento de despesaimplicou, na mesma medida,na melhoria dos serviços pres-tados pela Justiça. “O certo éque os cidadãos estão custe-ando a prestação jurisdicionalde forma duplicada”, conclui.

Já a assessora do Institutode Estudos Socioeconômicos

(Inesc) e secretária-executiva doFórum Brasil do Orçamento, Eli-ana Magalhães Graça, conside-ra que o aumento de despesascom servidores é justificável,desde que as contratações se-jam por meio de concurso pú-blico, atraindo pessoas maisqualificadas. Em sua opinião, oatendimento à população me-lhora se o servidor for bem re-munerado, e isso é positivo.

Para Eliana, o presidente Lulaacertou ao abrir mais vagas nosetor público e reajustar as re-munerações, que segundo ela,estavam defasadas.

Déficit previdenciárioOutro fator que deve pressio-

nar os gastos públicos, segun-do especialistas, é o aumento dodéficit previdenciário. Pela pro-posta encaminhada pelo Execu-tivo, o déficit vai atingir R$ 46,4bilhões em 2007, enquanto devechegar a R$ 43,4 bilhões em2006. O ministro do Planejamen-to, Paulo Bernardo, disse que orombo só não será maior por-que o INSS começou a aplicar,desde 2005, regras mais rigoro-sas na concessão do auxílio-do-ença, benefício que vem apre-sentando um forte crescimento.

Para Eliana Graça, o déficitda Previdência é uma criação dogoverno, que retira recursos dosetor para formar superávit pri-mário e custear despesas es-tranhas à seguridade social.Além disso, de acordo com ela,a Previdência não deve tornar-se alvo de corte de despesas.

Gastos com benefícios do INSS devem alcançar R$ 16,1 bilhões em 2007

A meta de superávit primário nosetor público de 4,25% do PIB, pra-ticada desde de 2003, será manti-da em 2007, mas apenas em ter-mos nominais. O valor da arreca-dação do setor público que deveser economizado cairá R$ 1,4 bi-lhão, de acordo com a proposta dogoverno para a LOA 2007. Segun-do o relator-geral do Orçamento,senador Valdir Raupp (PMDB-RO),o governo modificou o cálculo dosuperávit primário para acomodaro aumento de despesas públicasnos últimos meses.

A proposta eleva a fatia do PIBdestinada ao Plano Piloto de In-vestimentos (PPI), que financiaobras de infra-estrutura e não en-tra no cálculo das despesas paraapuração do superávit primário.Hoje, em razão do PPI, o governopode desconsiderar 0,14% do PIBna hora de calcular o superávitprimário. De acordo com a LOA2007, esse índice subirá para

Governo reduz superávit para elevar investimento0,2% do PIB, ou R$ 4,6 bilhões.

Só a construção e recupera-ção de rodovias vai consumir R$3,5 bilhões desse dinheiro. Orestante será investido principal-mente em ferrovias (R$ 255,2 mi-lhões), portos (R$ 229,7 milhões)e metrô e transporte coletivo (R$369,1 milhões).

Menos rigorA mudança no cálculo do su-

perávit ameniza o rigor fiscal e dáum pouco mais de folga aos or-çamentos fiscal e da seguridadesocial da União, que respondesozinha por 2,45% do PIB paraformação do superávit primáriono Orçamento para 2007. Con-siderando-se a meta de econo-mia das estatais, de 0,7% do PIB,a União deverá economizar3,15% do PIB para cumprimentoda meta. A parcela de estados emunicípios é de 1,1% do PIB.

Para o relator, porém, aindaassim haverá dificuldades para o

cumprimento da meta neste anoe no ano que vem. Estados emunicípios, ao contrário da União,que sempre supera sua cota nameta, devem economizar apenas0,95% do PIB em 2006, o que fica0,15 ponto percentual aquém desua meta. De qualquer forma, oíndice é 0,05 acima do esperadopelo governo federal para o perío-do. Estados e municípios tiveramsuperávit acima do necessário de1,24% do PIB no primeiro trimes-tre deste ano. A diferença entre ameta e o percentual atingido, emcaso de déficit, tem de ser com-plementada pela União.

No próximo ano, a União seráobrigada a economizar R$ 51,7bilhões nos orçamentos fiscal eda seguridade social. Já as em-presas estatais federais poupa-rão pelo menos R$ 16,1 bilhões.As estatais que mais contribuirãopara essa cifra são a Petrobras ea Eletrobrás. (EF)

O gasto público no Brasil(Em % do PIB)*

2002 17,672003 16,832004 17,382005 18,472006** 19,522007 19,57

O Projeto de Lei Orçamen-tária para 2007 estabeleceuum salário mínimo de R$ 375a partir de abril do ano quevem. Em relação aos R$ 350atuais, o reajuste será da or-dem de 7,12%, sendo 3,95%equivalentes à variação dainflação e 3,05% ao cresci-mento real do Produto Inter-no Bruto (PIB) per capita.

Esse reajuste acarretará,para cada R$ 1 a mais,acréscimo de R$ 178,9 mi-

Salário mínimo subirá para R$ 375

Benefício Aumento de R$ 1Aposentadoria Rural R$ 15,9 milhõesAuxílio-Doença R$ 11,5 milhõesPensões rurais R$ 5,7 milhõesSalário-Maternidade/Rural R$ 42,2 milSalário-Maternidade/Urbano R$ 86,6 milSalário Família R$ 32,7 milAposentadorias R$ 57,5 milhõesAposentadorias especiais R$ 4,2 milhõesPensões R$ 21 milhõesAbono de Permanência em serviço R$ 6,8 milTotal R$ 116,1 milhões

IMPACTO DO MÍNIMO NA PREVIDÊNCIA

lhões nas despesas. Emrelação às receitas, o au-mento de R$ 1 provocarácrescimento de R$ 8,7 mi-lhões na arrecadação dascontribuições previdenciárias.

Considerando-se unica-mente os efeitos sobre odéficit do Regime Geral dePrevidência Social, verifica-se que ele cresce R$ 107,4milhões com o aumento deR$ 1 do salário mínimo.(Rodrigo Bittar)

“É o maior programa de trans-ferência de renda da AméricaLatina e tem um efeito socialmuito importante”, justifica.

Na mesma linha, KiyoshiHarada lembra que a Constitui-ção prevê quatro fontes de cus-teio para financiamento da Se-guridade Social, que inclui, alémda Previdência, a saúde e a as-sistência social. São receitas decontribuições sociais e fiscais,como a Contribuição para Finan-ciamento da Seguridade Social(Cofins). Harada afirma que odéficit da Previdência só existeporque a arrecadação com es-ses tributos acaba sendo desvi-ada para outras áreas.

Na visão de Eliana, o grande“gargalo” do Orçamento são asdespesas com a dívida pública.Ela lembra que esse tipo degasto vai consumir R$ 656 bi-lhões no ano que vem, de acor-do com a proposta do governo,enquanto todas as demais vãototalizar R$ 856 bilhões. “Acada dia estamos gastandomais com a dívida”, lamenta.(Edvaldo Fernandes)

ACS/MPS

*Inclui as despesas obrigatórias e discricionáriasrealizadas pelos órgãos públicos** previsãoFonte: Consultoria de Orçamento e FiscalizaçãoFinanceira da Câmara

4 Brasília, 6 de novembro de 2006

A proposta da nova Lei Or-çamentária Anual (LOA), emtramitação no Congresso, desti-nou R$ 65,5 bilhões para inves-timentos públicos. O número é15,7% superior ao disponívelpara este ano, em termos nomi-nais (sem descontar os efeitos dainflação), e inclui despesas reali-zadas por todos os entes federais.

Do ponto de vista econômi-co, o dado que mais interessa é oinvestimento em infra-estrutu-ra, como portos, rodovias e sis-temas energéticos. Nesse caso,segundo a Consultoria de Or-çamento e Fiscalização Finan-ceira da Câmara, o número é umpouco menor: R$ 50,94 bilhões,sendo que 89,4% são oriundosdas empresas estatais, como Pe-trobras e suas subsidiárias, e ogrupo Eletrobras. O número fi-nal poderá ser um pouco maior,já que tradicionalmente asemendas parlamentares con-centram-se nos investimentos.

Esse dado é estratégico parao País, já que o investimento pú-blico em infra-estrutura criacondições duradouras para o de-senvolvimento. Para economis-

Investimentos públicos ainda são insuficientesApesar de prever mais recursos para investir no País

no próximo ano, governo ainda destina à infra-estruturamenos do que o necessário para que o Brasil atinja um

nível de crescimento superior aos dos últimos anos

Estatais como a Petrobras concentram investimentos da União em infra-estrutura

tas, porém, o valor está abaixodo que o Brasil precisa para cres-cer a taxas superiores ao quevem apresentando. “O déficitatual em infra-estrutura nãopermite que o País cresça acimados 4% ao ano nos próximosquatro anos. A infra-estruturaé o grande gargalo do crescimen-to econômico”, ressalta Adria-no Pires, diretor do Centro Bra-sileiro de Infra-Estrutura (CBIE).

De acordo com ele, dois seto-

O investimento públi-co é uma das formas maiseficazes para reduzir as dis-paridades regionais. Paísescomo Estados Unidos eAustrália, que têm em co-mum com o Brasil a grandeextensão territorial, usa-ram esse recurso para de-senvolver regiões mais po-bres, que passaram a rece-ber mais dinheiro público.No caso brasileiro, a partirde meados dos anos 80, oEstado deixou de olhar oorçamento federal comoum meio de combater asdesigualdades regionais.

“O investimento pú-blico não está mais com-pensando as diferenças re-gionais. Apesar de estarprevisto na Constituição,o combate às desigualda-des deixou de ser priorida-

Especialistas defendem regionalização dos gastosde”, ressalta o pesquisador doInstituto de Pesquisa Econômi-ca Aplicada (Ipea) MansuetoAlmeida, atualmente assesso-rando a Comissão de Desen-volvimento Regional e Turis-mo do Senado. “O Orçamentodeveria ter uma visão mais re-gionalizada”, completa.

Na proposta orçamentáriapara 2007, a regionalização dosinvestimentos das estatais, querepresentam o grosso dos recur-sos nessa área (R$ 49,4 bilhões),revelam que a região Sudesteabocanha 34,09% do montan-te. O Nordeste responde por8,22%; o Sul, por 4,82%; o Nor-te, por 3,87%; e o Centro-Oes-te, por apenas 0,77%. O restan-te é direcionado para o exterior(15,5%) – em sua maioria de res-ponsabilidade da Petrobras, queextrai petróleo e gás em outrospaíses – e para ações que, por

sua natureza, são realizadas emmais de uma região.

Como lembra a Consultoriade Orçamento e Fiscalização Fi-nanceira da Câmara, nada me-nos que 48,23% do investimen-to das estatais não está regiona-lizado. “Nas regiões mais pobres,o gasto público é o mais im-portante da economia. Se osetor público investe pouco,essas localidades ficam maisdebilitadas”, adverte o econo-mista Jorge Jatobá, pesquisa-dor do Instituto de Estudos doTrabalho e Sociedade (IETS),ONG voltada para a análisedas políticas públicas.

A carência de investimen-tos regionalizados pode sercompensada, pelo menos emparte, por outros mecanismosorçamentários, como as trans-ferências federais e as operaçõesoficiais de crédito, que destinam

recursos para atividades econô-micas localizadas em todo o País.No primeiro caso, a proposta or-çamentária prevê o repasse deR$ 112,66 bilhões, um cresci-mento de 11,8% sobre 2006.

Esse número refere-se ape-nas às transferências obrigató-rias, que o governo federal devecumprir por determinação daConstituição ou de lei. É o caso,por exemplo, dos fundos de par-ticipação dos estados (FPE) e

municípios (FPM), con-templados, respectiva-mente, com R$ 36,97 bi-lhões e R$ 38,69 bilhões.Há ainda as compensa-ções devidas pelo uso derecursos minerais e hi-drológicos ou pela extra-ção de petróleo, pagaspelas empresas explora-doras. Nesse caso, a con-ta chega a R$ 14,6 bilhões.(JJ)

Fundo de Participação dos Estados (FPE) R$ 36,97 bilhõesFundo de Participação dos Municípios (FPM) R$ 38,69 bilhõesParcela do IPI, IOF, Cide e ITR R$ 8,7 bilhõesLei Kandir R$ 3,9 bilhõesCompensação pelo uso de recursos hídricos R$ 1,04 bilhãoCompensação pela extração de petróleo e gás R$ 13,1 bilhõesCompensação pela exploração de recursos minerais R$ 487,3 milhõesParte dos estados no salário-educação R$ 4,41 bilhões

Fonte: PLOA 2007

Principais transferências constitucionais

res apresentam maiores proble-mas, o de transportes (rodovias eportos) e o energético. Para com-pensar a carência nessas áreas, elesugere que o governo invista emuma política de atração do capi-tal privado na infra-estrutura.

Segundo o Banco Mundial,em um estudo divulgado há umano, o Brasil precisa investir4,4% do seu Produto InternoBruto (PIB) em projetos de in-fra-estrutura, todos os anos até2025, para chegar à situação atu-

al da Coréia do Sul. “O investi-mento da União em infra-estru-tura vem se situando na ordemde R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões,que preenchem palidamente osvolumes de recursos necessários,que deveriam ser três vezes mai-

ores”, afirma o professor da Uni-camp Claudio Schuller Maciel.

O economista alerta que bai-xos níveis de investimento eminfra-estrutura geram tambémbaixas expectativas nas empre-sas, que acabam cancelando ouadiando investimentos em no-vas unidades de produção.

Em 2005, a taxa de investi-mento da economia, que incluios gastos públicos e privados emtodos os setores, ficou abaixo dos20% do PIB. A parcela públicafederal, segundo o Ministério daFazenda, ficou em 2,33%. Já foide 5% no final dos anos 60.“Desde os anos 80, a infra-es-trutura brasileira amarga, regrageral, uma queda substancial donível de investimentos e perdade qualidade da prestação de ser-viços. Passadas duas gestões deFernando Henrique Cardoso equase ao término da gestão Lula,os serviços infra-estruturaiscontinuam a desafiar o País”, dizo professor da Unicamp.

Nesse cenário, segundo osanalistas, o Congresso tem umduplo desafio: primeiro, aumen-tar o investimento público du-rante a análise das leis orçamen-tárias. Depois, fiscalizar o gover-no para que os recursos sejamefetivamente executados.(Janary Júnior)

Ação Valor reservado (R$)Aumento da oferta de petróleo e gás (Petrobras) 20,4 bilhõesAmpliação das unidades de refino (Petrobras) 5,8 bilhõesAumento da rede de gasodutos do país (Petrobras) 1,6 bilhãoExpansão dos sistemas energéticos das cinco regiões (grupo Eletrobras) 5,6 bilhõesObras rodoviárias (manutenção, recuperação e construção) 4,6 bilhõesInstalação e modernização de postos bancários (bancos oficiais) 1,5 bilhãoConstrução e manutenção dos portos 405 milhõesConstrução ou modernização de aeroportos 1,05 bilhãoAcesso da população rural à energia elétrica (Programa Luz para Todos) 335 milhões

Fonte: PLOA 2007

Confira os números para energia, infra-estrutura e outros projetos

ARQUIVO CNI

Brasília, 6 de novembro de 2006 5

Gastos em áreas sociais aumentarão mais de 14%Saúde terá a maior verba, 6,4% acima do Orçamento

de 2006, mas ainda ficará abaixo do piso constitucional;investimento em Educação será reforçado com a entrada

em vigor do Fundeb, que deverá receber R$ 2 bilhões

Uma comparação da previ-são de gastos do governo paraEducação e Saúde e para asações do Bolsa Família e doPrograma de Erradicação doTrabalho Infantil revela o au-mento de 14,33% dos recur-sos previstos entre o Projeto daLei Orçamentaria Anual(LOA) de 2006 e a LOA de2007. Essa comparação nãoleva em consideração o que foiefetivamente gasto neste ano,mas as previsões de despesasenviadas pelo governo para oexercício seguinte.

Os recursos mais volumo-sos serão destinados ao Minis-tério da Saúde: R$ 46,4 bi-lhões. O valor inclui gastosque não são de serviços na área– como pagamento de dívidase de aposentadorias – e repre-senta um crescimento de 6,4%em relação à LOA do ano pas-sado (R$ 43,6 bilhões).

Levando-se em conta o mon-tante destinado exclusivamenteàs ações em saúde, o valor caipara R$ 42,4 bilhões, o que nãoatende o piso constitucional(Emenda Constitucional 29/00), que determina gastos de R$44,2 bilhões em 2007. Paracumprir a exigência, o governoseparou R$ 1,7 bilhão nas re-servas de contingência para queos parlamentares apresentememendas ao Orçamento.

“A tática de reservar ummontante para as emendas é umaforma de burlar a obrigatorieda-de na destinação de recursospara a saúde”, acusa a assesso-ra de Política Fiscal e Orçamen-tária do Instituto de EstudosSocioeconômicos (Inesc) e se-cretária-executiva do Fórum Bra-sil de Orçamento, Eliana Maga-lhães Graça. “A recomposição doOrçamento da Saúde deveria serfeita sem as emendas parlamen-tares, que são complicadas. As

O programa Saúde da Família vai receber R$ 4,1 bilhões no próximo ano

O Projeto de Lei Orçamen-tária (LOA) para 2007 registrauma redução de 2,4% nos re-cursos do Programa de Erra-dicação do Trabalho Infantil(Peti) em relação à LOA 2006.Para o ano que vem, o gover-no federal prevê destinar R$366,3 milhões ao programa,considerado fundamental porespecialistas para inibir a pre-sença de crianças em locaisde trabalho considerados pe-nosos. No PLOA 2006, paraefeito de comparação, os re-cursos destinados ao Petisomaram R$ 375,4 milhões.

O assessor de PolíticaFiscal e Orçamentária do Ins-tituto de Estudos Socioeconô-micos (Inesc) Francisco Sa-deck considera a redução“preocupante”, uma vez que aúltima Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (Pnad) doIBGE demonstrou que o traba-lho infantil apresentou cresci-mento no ano passado. O núme-ro de crianças de 5 a 14 anos emsituação de trabalho subiu 10,3%entre 2004 e 2005, influenciadopelo aumento no trabalho para opróprio consumo e atividadesnão-remuneradas, ambas tipica-mente agrícolas. “Foi a primeiravez que o índice subiu em 14anos”, afirmou Sadeck.

Em relação às metas de aten-dimento de crianças e adoles-centes em situação de trabalho,foram significativamente reduzi-das em comparação com a pro-posta para 2006, passando de3 milhões de atendimentos para1,5 milhão, o que “indica que ameta estimada para 2006 nãoserá alcançada, como tambémexpõe as limitações financeiras

e operacionais para a expansãodo programa”, segundo nota téc-nica produzida pela ComissãoMista de Orçamento da Câma-ra. “É preocupante o fato de o tra-balho infantil ter aumentado em2005 e o governo federal preveratender um número menor decrianças e adolescentes em2007, com conseqüente corte derecursos”, acrescenta Sadeck.

Já o diretor do Instituto Bra-sileiro de Análises Sociais eEconômicas (Ibase) João Su-cupira defende uma ação co-ordenada da sociedade paraque os recursos do Peti sejamrecompostos por meio deemendas parlamentares. “Aredução dos recursos é umacoisa lamentável, a sociedadedeve fazer um forte lobby, pormeio dos parlamentares, paraaumentar a verba do Peti.”

Bolsa FamíliaEm relação ao Bolsa Fa-

mília, apesar do aumento derecursos previstos, a LOA2007 apresentou, pela pri-meira vez após a criação dobenefício, uma queda em re-lação ao Produto Interno Bru-to (PIB). Para 2007, estima-se um gasto de R$ 8,6 bi-lhões, equivalente a 0,37% doPIB. Para 2006, a previsão degasto estimada (autorizada)é de R$ 8,3 bilhões, equiva-lente a 0,40% do produto. AComissão de Orçamentoacredita, no entanto, que avariação é explicada peloatendimento integral, nesteano, das famílias em situa-ção de pobreza. No ano quevem, o gasto está restrito àmanutenção do pagamentoa essa população. (RB)

Recursos para combater trabalho infantil diminuem em 2007

LUIS OLIVEIRA/MS

EVOLUÇÃO DOS RECURSOS PARA ÁREAS SOCIAIS

Área PLOA 2006 LOA 2006 PLOA 2007 PLOA 06/07

Educação R$ 21,3 bi R$ 22,6 bi R$ 26,4 bi + 23,9%Saúde* R$ 43,6 bi R$ 44,3 bi R$ 46,4 bi + 6,4%Bolsa Família R$ 6,2 bi R$ 8,3 bi R$ 8,6 bi + 38,7%Peti R$ 375,4 mi R$ 373,3 mi R$ 366,3 mi - 2,4%

*Inclui gastos em áreas não específicas da Saúde, como pagamentos de dívidasFonte: Comissão Mista de Orçamento

irregularidades investi-gadas pela CPMI dasSanguessugas mostramisso”, acrescenta.

AtendimentosA meta para o Siste-

ma Único de Saúde(SUS) em 2007 é reali-zar 251,6 milhões deatendimentos, segundo o gover-no federal. Para isso, foram des-tinados R$ 18,7 bilhões a seremgastos desde a atenção básica atéos procedimentos de média e de

alta complexidades, como trans-plantes, terapia renal, quimiote-rapia e cirurgias cardíacas.

Dentro da atenção básica, aLOA 2007 destina R$ 4,1 bi-lhões para manter 30 mil equi-pes do programa Saúde da Fa-mília. Entre 2000 e junho passa-

do, o número de municípiosque faziam parte do que o go-verno chama “Estratégia Saú-de da Família” aumentou de1.753 para 5.081, e a coberturapopulacional nesse período au-mentou de 17,4% para 44,9%.Em junho, estavam em atua-ção nos municípios 25.964equipes de Saúde da Família e215.162 agentes comunitários.

Já as equipes de Atenção àSaúde Bucal, outra ação da

atenção básica, receberão R$124,8 milhões para a coberturade 110 milhões de habitantes.

EducaçãoA proposta orçamentária

para o Ministério da Educaçãoprevê gastos de R$ 26,4 bilhõesem 2007. Esse valor representaum acréscimo de 32% em rela-ção ao orçamento executado em2005 e 17% em relação ao auto-rizado para 2006 até o último dia29 de agosto. A comparação foifeita com base nos valores nomi-nais, ou seja, não foi levada emconta a inflação do período.

Da LOA 2007, R$ 1,5 bilhãoé destinado às escolas técnicas eagrotécnicas; R$ 6,4 bilhões parao Fundo Nacional para o Desen-volvimento da Educação(FNDE); e R$ 15,1 bilhões paraas Instituições Federais de Ensi-no Superior (Ifes).

“O aumento de recursos dis-poníveis para a Educação em2007 é um dado importante, masainda é cedo para concluir que aárea realmente é uma prioridadedo governo. Cabe à sociedadecivil fiscalizar os investimentosao longo do ano que vem”, de-clarou o economista e diretor doInstituto Brasileiro de Análises

Sociais e Econômicas(Ibase) João Sucupira.

FundebA mensagem enviada

pelo Executivo destaca que2006 é o último ano de vi-gência do Fundo de Manu-tenção e Desenvolvimen-to do Ensino Fundamen-tal e de Valorização do

Magistério (Fundef), que seráampliado e substituído pelo Fun-do de Manutenção e Desenvol-vimento da Educação Básica e deValorização dos Profissionais daEducação (Fundeb). O novo fun-do abrangerá o ensino médio e aeducação infantil, além do ensi-no fundamental – que já é aten-dido pelo Fundef.

A Proposta de Emenda àConstituição (PEC) 536/97, queinstitui o Fundeb, determina queno primeiro ano de vigência ovalor que a União destinará aofundo é de R$ 2 bilhões, contraos R$ 450 milhões autorizadospara o Fundef neste ano. Gran-de parte desses recursos para2007 é efetivamente nova, masoutra parcela é resultante datransferência de verba anterior-mente voltada para a educaçãode jovens e adultos e para o en-sino médio. A PEC foi aprova-da em dois turnos na Câmara,mas terá que ser votada nova-mente na Casa por ter sofridoalterações no Senado.(Rodrigo Bittar)

Repasses da Lei Kandir seguem sem consenso

As perdas dos estados coma Lei Kandir são uma das "cai-xas de marimbondo" em que pre-tende mexer o governo aindaneste ano, assegurou o ministrodo Planejamento, Paulo Bernar-do, em audiência pública na Co-missão Mista de Orçamento."Com relação à Lei Kandir, euvisto a carapuça", disse o minis-tro, em meio a críticas de parla-mentares da oposição referentesà distribuição das receitas fede-rais no Projeto da Lei Orçamen-tária Anual (LOA) para 2007.

Na proposta, o governo alo-cou R$ 3,9 bilhões para ressarciros estados exportadores, que, porsua vez, repassam 1/4 desse di-nheiro para seus municípios. Odeputado Julio Semeghini (SP),representante do PSDB na Comis-são Mista de Orçamento, disseque esse valor é inaceitável. Para

ele, as compensações da Lei Kan-dir para 2007 devem superar osR$ 6 bilhões. Os estados expor-tadores têm reivindicado que osrepasses sejam de R$ 5,2 bilhões,como previsto no Orçamento de2005, corrigidos desde então eanualmente pelos índices de in-flação ou do PIB.

Queda de braçoNo Orçamento de 2006, os

estados conseguiram manteresse valor, mas abriram mão dacorreção. As compensações daLei Kandir foram, ainda assim,35% maiores do que o previstona LOA 2007. Os estados expor-tadores – São Paulo à frente – sóaceitaram votar a proposta depoisque o governo federal aumentouo valor original, que era de R$3,4 bilhões. Esses estados, en-tretanto, cederam nos critérios dedistribuição do dinheiro.

Paulo Bernardo tambémavalia que o governo e a oposi-ção devem buscar, imediata-mente, uma solução definitivapara o problema, para evitaratrasos na votação do Orçamen-to, como ocorreu no ano passa-do. O Orçamento de 2006 só foivotado em abril deste ano, comquatro meses de atraso.

O impasse surgiu porque de-putados governistas, como o

6 Brasília, 6 de novembro de 2006

A Lei Kandir (Lei Comple-mentar 87, de 1996) isentou asmercadorias destinadas à expor-tação e os serviços prestadospara pessoas físicas ou jurídi-cas no exterior do Imposto so-bre Circulação de Mercadoriase Serviços (ICMS), arrecadadopelos estados.

Por lei, o contribuinte tem odireito de descontar os valores re-colhidos a título de ICMS nas eta-pas anteriores da cadeia de pro-dução quando for apurar ICMS apagar. Por exemplo, ao vender umautomóvel, a montadora descon-ta do ICMS a pagar o ICMS pago

Estados recebem compensação por perdas do ICMSna aquisição das peças utiliza-das para montar o veículo.

Com a Lei Kandir, o exporta-dor ficou desobrigado de pagarICMS e, conseqüentemente, im-possibilitado de descontar oICMS embutido em seus produ-tos ou serviços. Esses créditoscomeçaram a ser cobrados doestado, que passou da condiçãode credor à de devedor.

Em 2000, criou-se um fundoorçamentário para as compen-sações da Lei Kandir, e passa-ram a vigorar novas regras paraapuração do montante dos re-passes, que passou a ser ba-

Estados exportadores reclamam dos R$ 3,9 bilhões destinadospara 2007 e reivindicam um valor no mínimo igual ao dos

dois últimos anos, de R$ 5,2 bilhões; governo e oposiçãonegociam acordo para evitar atraso na votação do Orçamento

seado em estimativas e não naarrecadação efetiva de ICMS. Es-sas regras foram prorrogadasaté 2003, quando a União ficouobrigada a repassar aos esta-dos até R$ 3,9 bilhões. Entretan-to, para os exercícios de 2004 a2006, o valor desses repassespassou a depender de acordosentre os governadores e o Minis-tério da Fazenda.

Os municípios, que rece-bem 25% da arrecadação es-tadual de ICMS, têm direito a25% do total dos repasses daUnião para compensar as per-das com a Lei Kandir. (EF)

São Paulo e Minas recebem 44% dos recursos para estados exportadores

atual presidente da ComissãoMista de Orçamento, GilmarMachado (PT-MG), e o relator-geral do Orçamento deste ano,Carlito Merss (PT-SC), alegaramque as compensações da LeiKandir deveriam ser reduzidasporque serviam apenas para au-mentar as desigualdades regio-nais, ao retirar dinheiro de esta-dos pobres e canalizá-lo paraestados ricos. Os estados expor-

tadores mobilizaram suas banca-das para impedir a aprovação doOrçamento até que suas reivin-dicações fossem atendidas.

De acordo com Semeghini,o PSDB espera que o Orçamen-to de 2007 mantenha os critéri-os de distribuição dos repassesda Lei Kandir em vigor neste ano."Nós já temos uma forma de dis-tribuir", disse.

Merss não concorda. Paraele, a consolidação dos critériosde repasse deverá promoveruma redistribuição "mais justa"dos recursos. O deputado cata-rinense acusa os estados de SãoPaulo e de Minas Gerais de im-pedirem a solução definitiva parao impasse. "As compensaçõessó não foram regulamentadaspor causa da resistência dos go-vernadores desses dois estados,que levam 44% do dinheiro",afirmou. A discrepância existeporque, de acordo com a lei,estados com maiores perdas têmdireito a maiores compensações.(Edvaldo Fernandes)

A maior fatia da conta pelasegurança está com as políciase penitenciárias, que são de res-ponsabilidade orçamentária es-tadual. O governo federal assu-me outros papéis, mas repas-sa recursos para complemen-tar o funcionamento do sistemaprisional e de segurança, por in-termédio do Fundo Penitenciá-rio Nacional (Funpen). Na pro-posta orçamentária para 2007,os recursos para o fundo sãoexpressivamente inferiores aosde 2006. No entanto, desconta-dos os créditos extras para aconstrução de presídios nesteano, os valores estão dentro damédia dos últimos anos.

Verbas para fundo penitenciário sofrem reduçãoO Departamento Penitenci-

ário Nacional (Depen), que ad-ministra o Funpen, informa umcorte de 46% nos recursos,passando de R$ 375 milhõesem 2006 para R$ 200 milhõesprevistos na LOA 2007. Mas,segundo o Ministério da Justi-ça, a situação de 2006 foi ex-cepcional, já que foram finali-zadas as três primeiras peni-tenciárias federais, em Catan-duvas (PR), Grande (MS) eMossoró (RN). Para isso, foi ne-cessário um crédito suplemen-tar de R$ 200 milhões, conce-dido pela Medida Provisória311/06, editada em agosto.

Em 2004, foram destinados

R$ 146 milhões ao Funpen; em2005, R$ 158 milhões; e a pro-posta original para 2006 era deapenas R$ 175 milhões. Alémdisso, apesar da previsão deR$ 375 milhões para este ano,os dados da execução orça-mentária dão conta de que ape-nas R$ 264 milhões foram em-penhados até o momento, epouco mais de R$ 67 milhõesforam efetivamente gastos.

Ainda está nos planos doministério a construção de duaspenitenciárias em 2007, uma emPorto Velho (RO) e outra em Mi-nas Gerais, mas o Executivo ga-rante que os recursos são sufi-cientes. (Marcello Larcher)

REINALDO FERRIGNO

Brasília, 6 de novembro de 2006 7

AS MUDANÇAS E AS PROPOSTASCOMO ERA - A partir da Constituição de 1988, os parlamentares passaram a apresentar emendas individuais, sem limite de númeroou valor. Em seguida, foram estabelecidas regras para restringir a apresentação para 50 emendas por parlamentar.

REGRAS ATUAIS A CPMI do Orçamento, em 1993, recomendou o fim das emendas individuais, mas elas foram apenas reduzidas a 20 por parlamentar. Após a CPMI, foram criadas as emendas coletivas, definidas como prioritárias. Há dois tipos:

- Emendas de bancada (estados e regiões) — inicialmente, eram 10 por estado; hoje são de 18 a 23. - Emendas de comissões temáticas — são cinco para cada uma, limitadas à área de atuação das comissões. Há cada vez mais exceções para liberar recursos a entidades privadas. Os parlamentares podem apresentar emendas sem definir com precisão onde os recursos serão aplicados.

CPMI DAS SANGUESSUGAS Novamente recomenda o fim das emendas individuais, além de propor limites ao uso de verbas não identificadas nessas emendas. Propõe limitar emendas coletivas a programas de interesse estadual, regional ou nacional, proibindo a alocação de recursos direto aos municípios. Pede que seja proibida a destinação e a liberação de recursos a entidades privadas dirigidas por parlamentares, juízes, ministros e presidente da

República ou seus cônjuges, companheiros e parentes até o terceiro grau. Sugere que as transferências da União para estados e municípios sigam critérios prefixados e não sejam discricionárias. A recomendação é de que

valores sejam alocados, mas as prioridades sejam aferidas por conselhos municipais.

PARECER PRELIMINAR 2007 Mantém as regras para cada parlamentar apresentar até 20 emendas, com limite de R$ 5 milhões por deputado ou senador. Também estabelece um

piso de R$ 150 mil por emenda. O objetivo é evitar que elas sejam executadas por contratos de pequeno valor, sem licitação. Adota a recomendação da CPMI das Sanguessugas, estendendo a proibição de liberação de recursos a entidades privadas dirigidas também por

prefeitos, governadores e seus parentes. O parecer preliminar não adotou as sugestões referentes a emendas coletivas e transferências da União.

PRINCIPAIS PROBLEMAS Emendas individuais diminuíram porque são em geral contingenciadas pelo Executivo. O governo federal também criou sistemas de acompanhamen-

to de votações e relacionou a liberação de verbas à fidelidade do parlamentar ao governo. As emendas estaduais passaram a ser utilizadas para ampliar os limites impostos às emendas individuais. Vários parlamentares do estado começaram

a partilhar a mesma emenda, conhecida como “rachadinha”. O “esquema” de compra de ambulâncias valeu-se principalmente de emendas de bancada. As investigações da CPMI das Sanguessugas identificaram vários parlamentares que apresentaram emendas para quase cem entidades coorde-

nadas por parentes ou assessores de seus gabinetes. As emendas em geral têm localização indefinida, porque assim o parlamentar pode indicar o município beneficiado no momento do gasto.

As discussões sobre o Orça-mento envolvem a investigaçãosobre o uso de emendas de parla-mentares para a compra de ambu-lâncias superfaturadas. A Comis-são Parlamentar Mista de Inquéri-to (CPMI) das Sanguessugas fezsugestões para aperfeiçoar a elabo-ração do Orçamento, mas outrasalterações foram discutidas desdea Constituição de 1988. Tanto aCPMI do esquema PC Farias, em1992, quanto a do Orçamento, em1993, detectaram problemas naalocação e na liberação de gastos.

Como o Orçamento apenasautoriza gastos, é o governo quemdecide se executa ou não os inves-timentos direcionados pelas emen-das. As investigações da CPMI dasSanguessugas concluíram que amaioria dos problemas não está naelaboração do Orçamento, mas nasua execução, envolvendo as ne-gociações que ocorrem após a apro-vação do projeto. (ML)

CPMI sugere novasregras para emenda

Comitê busca critérios para controlar execução

A outra face da atuação daComissão Mista de Orçamen-to (CMO) é a fiscalização daexecução dos gastos públicos.Para cumpri-la, a CMO reati-vou o Comitê de Acompanha-mento Orçamentário, formadopor 15 deputados e 8 senado-res, e atualmente coordenadopelo deputado Paulo RubemSantiago (PT-PE).

O presidente da comissão,deputado Gilmar Machado (PT-MG), que apoiou a instalaçãodo comitê, diz que a intenção éinstitucionalizar esse mecanis-mo de controle, de forma quea fiscalização se torne perma-nente. “Independentementede quem esteja na presidênciada comissão, é preciso fazer otrabalho, e vamos criar as con-dições para isso”, prometeu.

Atualmente, o acompanha-mento é feito pelo Tribunal deContas da União (TCU), órgãoque auxilia o Poder Legislati-vo. Mas esse trabalho é focadona prestação de contas, quan-do, de acordo com os deputa-dos, é muito mais difícil reaveros recursos perdidos para a cor-rupção. Os parlamentares têm

Reativado na atual gestão da Comissão Mistade Orçamento, o Comitê de Acompanhamento

Orçamentário procura estabelecer uma fiscalizaçãosistemática dos gastos federais

a prerrogativa de pedir infor-mações diretamente ao gover-no, mas isso tem sido feito deforma esporádica.

ParceriasOs mecanismos ainda estão

sendo implementados, mas osdeputados pretendem estabele-cer parcerias com a Controlado-ria Geral da União (CGU), a Se-cretaria do Tesouro Nacional(STN) e as áreas de fiscalizaçãodos legislativos estaduais e mu-nicipais. “É preciso aprimorar ascondições de fiscalização, por-que isso não existe, e tambémretomar o controle de verbasfederais distribuídas para estadose municípios”, ressalta o depu-tado Colbert Martins (PPS-BA),autor da proposta de criação docomitê, de que é relator.

Parlamentares já têm aces-so ao Sistema Integrado de Ad-ministração Financeira (Siafi)do governo federal, espécie derepositório de todas as informa-ções orçamentárias, mantidopela STN. No Siafi, eles podemfiscalizar a execução, e a CMOabriu o acesso ao sistema paraentidades que queiram se juntarà fiscalização e para a impren-

Comitê centra a fiscalização em repasses para execução de obras públicas

sa. “Mas isso não é suficiente,porque os estados e municípi-os, por exemplo, não aderem aum sistema tão transparente ecom a possibilidade de cruza-mento de dados como o Siafi”,adverte Martins.

Além disso, segundo o depu-tado, há problemas quanto àprestação de contas. As transfe-rências feitas por fundos fede-rais, como o Fundo Nacional deSaúde (FNS), por exemplo, a fun-dos estaduais e municipais têmprestações de contas feitas nosestados. “Os tribunais estaduaisnão têm ferramentas de integra-ção ou informação, e, além disso,estão muitas vezes submetidos ainteresses e influência políticados estados”, alerta.

O problema já foi detectado,

e os tribunais estão se mobili-zando para solucioná-lo. Segun-do o ex-presidente do TCUAdylson Motta, a intenção écriar uma estrutura e um mode-lo para que, mesmo com liber-dade para organização própria,os tribunais de contas possamfornecer informações compatí-veis. “Essa parceria tem sidomuito fácil, e conta com apoiodo Banco Interamericano deDesenvolvimento (Bid) para oscustos”, afirma Motta.

FraudesNo caso recente das fraudes

na compra de ambulâncias, osrecursos repassados por convê-nio eram gastos sem controlerígido em licitações feitas, ou atémesmo dispensadas, pelas pró-prias prefeituras. “Já na compra

de milhares de ambulâncias parao Serviço de Atendimento Mó-vel de Urgência (Samu) não hou-ve suspeitas, pois foram adqui-ridas em grandes licitações ecom toda condição de fiscaliza-ção”, afirma Colbert Martins

Não se trata de promoveruma nova centralização da exe-cução do Orçamento, mas depropor mais formas de controlee critérios mais claros para osrepasses do governo federal aosdemais entes da federação. “Averdade é que o governo federalgasta pouquíssimo em compras.A maior parte das compras é fei-ta por estatais, que precisam deleis melhores sobre licitações, eprefeituras, que precisam de cri-térios”, observa Santiago.(Marcello Larcher)

Participe de chat naAgência Câmara

As propostas para aumentaro controle de gastos poderão serdiscutidas em bate-papo pelainternet amanhã, às 15 horas,com o deputado Paulo RubemSantiago (PT-PE). Para parti-cipar, basta acessar o sitewww.agencia.camara.gov.br e cli-car no ícone do chat.

EDSOM LEITE

8 Brasília, 6 de novembro de 2006

Informações sobre a exe-cução orçamentária de trans-ferências da União a cada es-tado e município estão dispo-níveis no portal OrçamentoBrasil (www.camara.gov.br/orcamentobrasil), que a Câ-mara lança hoje. O cidadãotambém pode encontrar nosite explicações didáticas so-bre o processo orçamentário,além de todos os dados já dis-poníveis sobre o tema noPortal da Casa.

Segundo o presidente daComissão Mista de Orçamen-to, deputado Gilmar Machado(PT-MG), o objetivo é obtertotal transparência. “Quere-mos que a sociedade participedo processo de elaboração doOrçamento e também fiscali-ze sua execução”, aponta. Ainiciativa se insere no esforçorealizado pela Câmara para seaproximar da sociedade e favo-recer a transparência.

O Portal da Câmara(www.camara.gov.br) mantéminformações sobre o Orça-mento em áreas distintas. Es-tudos e notas técnicas estãona página da Consultoria. Já osite da comissão oferece re-gistros do processo de elabo-ração e votação do Orçamen-to e sua execução. Ainda épossível acessar o material naspáginas dos órgãos de comu-nicação da Casa – Rádio, TV,Jornal e Agência Câmara.

Com o novo portal, todasas informações passam a fi-car reunidas. A medida visafacilitar a consulta por partedo cidadão, técnico ou ges-tor que acessam o site embusca desse material.

Cidadão comumUma das áreas do Orça-

mento Brasil dirige-se ao ci-dadão comum, com informa-ções gerais sobre o Orçamentoe seus grandes números, comoo total de recursos destinadosa Saúde, Educação e Infra-Es-trutura, entre outras áreas. Ostextos também buscam apro-ximar o Orçamento do dia-a-dia da população, explicitan-do a importância das decisõestomadas nesse âmbito.

O usuário pode acessaruma cartilha para conhecer

Portal convida cidadão a fiscalizar despesas

o processo de tramitação dasleis do Plano Plurianual, deDiretrizes Orçamentárias eOrçamentá r i a Anua l . Aárea dirigida ao cidadão trazainda um glossário explican-do o significado de termosut i l i zados nos conteúdosmais técnicos.

‘Contracheque’A área Fiscalize, com in-

formações sobre transferên-cias da União para estados emunicípios, oferece um novoinstrumento de fiscalização eacompanhamento da execu-ção orçamentária desenvol-vido pela área técnica da Câ-mara. Nela, explica GilmarMachado, qualquer cidadãopode extrair um “contrache-que” do estado ou do muni-cípio. Ou seja, estão disponí-veis na forma de um relató-rio único todas as transferên-cias recebidas pela unidadefederativa da União, com arespectiva destinação. As-sim, o cidadão ou a entidadeinteressada podem verificarse o dinheiro recebido é em-pregado adequadamente.

O “contracheque” é ela-borado a partir dos dados re-cebidos pela Câmara a par-tir do Sistema Integrado deAdministração Financeira(Siafi), do governo federal.Antes, e s se s dados eramacessíveis apenas a pessoasligadas à administração pú-blica e a parlamentares quedetêm senhas de acesso. Po-rém, a massa de dados é ta-manha e tão complexa quepoucos técnicos encontramcondições de analisá-la.

Por meio de um sistemadesenvolvidos pelos consul-tores e técnicos da Câmara,esses dados são “desvenda-dos” e colocados à disposiçãodo público em relatórios va-riados, entre eles o “contra-cheque”. O intervalo entre orecebimento dos dados e suadisponibilização será, inicial-mente, de dois dias.

ResultadosEsses primeiros relatórios já

estão sendo extraídos e envia-dos para as câmaras municipais.Os resultados, comenta GilmarMachado, são variados. Nesta

A sistemática de trabalho da ComissãoMista de Orçamento também passou pormodificações para se aproximar do cidadãoe intensificar a fiscalização sobre gastos daUnião. Internamente, foi criado um comitêpara acompanhar a execução orçamentária(ver reportagem na página 6). Nesta sema-na, a comissão realiza cinco seminários re-gionais – em Florianópolis, Belo Horizonte,Brasília, Manaus e Recife – para recolhersugestões ao Orçamento de 2007.

De acordo com o presidente da comis-são, deputado Gilmar Machado, o semi-nário é importante porque qualquer cida-dão pode levar suas idéias para os gas-tos do País. “Estamos criando condiçõespara um orçamento participativo no Bra-sil”, almeja. Para o parlamentar, é impor-tante deixar claro para a população que oOrçamento diz respeito a todos e que cadacentavo deve ser acompanhado.

O parlamentar afirma que, inicialmente,na discussão da Lei de Diretrizes Orçamen-tárias (LDO), houve entre os integrantes da

primeira experiência houve des-de tentativas de políticos da si-tuação de interceptar as informa-ções até situações mostrando queo sistema pode inclusive ajudaros administradores.

Foi o caso da prefeitura de

Gilmar Machado destaca as iniciativas para maior diálogo com as prefeituras

O Orçamento Brasil, que a Câmara lança hoje, tambémvai oferecer estudos técnicos para especialistas

e informações didáticas para aumentar a transparênciae a participação da sociedade no debate sobre o tema

Guarará (MG). O prefeito loca-lizou um valor sobre o qual nãotinha qualquer notícia. Procuroua Comissão Mista de Orçamen-to, que localizou a origem do re-curso – ISS recolhido por umaempresa por meio da União, que

repassou esse valor para o tesou-ro municipal. “Não queremosacusar os gestores, mas estabele-cer um diálogo de ajuda mútua”,propõe Machado.

A área Fiscalize também pos-sui links para sites de orçamen-tos estaduais e municipais. O pú-blico pode acessar no portal áreasespecíficas da Comissão de Or-çamento e da Consultoria.

EspecialistasOs especialistas encontram

em uma página específica to-das as informações técnicas eos dados do Orçamento porcompleto. Para a parte do pú-blico que necessita de mais de-talhes, o portal mantém todas asinformações produzidas desde amensagem presidencial que mar-ca o envio dos projetos de leis or-çamentárias, sua tramitação,emendas, relatórios, estudos epareceres. Também nessa áreaestão o acompanhamento dosorçamentos dos anos anteriorese as prestações de contas, alémde dados sobre obras e serviçoscom indícios de irregularidades.

Outras iniciativas institucio-nais vão juntar-se ao novo portalna busca de aproximação das fi-nanças públicas do cidadão. Ascrianças poderão ganhar intimi-dade com o assunto por meio deum jogo no Portal Plenarinho(www.plenarinho.gov.br). As pro-gramações da TV e da Rádio Câ-mara deverão abrir espaço extra paratratar os temas do Orçamento.(Vania Alves)

Seminários recolhem sugestões para gastos do Paíscomissão uma certa estranheza na realiza-ção de seminários. Hoje, ele avalia que tan-to o governo quanto a oposição aderiram àidéia. “Esse processo cria condições de di-álogo entre os líderes partidários e a socie-dade civil”, explicou.

Essa discussão ampliada também con-ta hoje com a participação de entidadescomo o Fórum Brasil do Orçamento, for-mado por várias organizações não-gover-namentais, a Transparência Brasil e o Ins-tituto Nacional de Estudos Socioeconômi-cos (Inesc). “Queremos mobilizar todomundo em torno da discussão do Orça-mento”, convida. “O cidadão não sabe daforça que pode ter nessa discussão.”

Machado observa que a criação de todosesses mecanismos é acompanhada pelapreocupação de institucionalizar os intru-mentos, tornando-os permanentes. Estabe-lecer institucionalmente esses mecanismosde democracia e transparência, avalia, é umesforço para “tirar o Legislativo das páginasde polícia e devolvê-lo às de política”. (VA)

SÔNIA BAIOCCHI