brasil vai se tornar um país de idosos já em 2030, diz ibge

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BRASIL Brasil vai se tornar um país de idosos já em 2030, diz IBGE Paula Bianchi Direto do Rio de Janeiro 29 NOV2013 10h04 0 COMENTÁRIOS Na esteira dos países desenvolvimentos, o Brasil caminha para se tornar um País de população majoritariamente idosa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de idosos de 60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos. A tendência de envelhecimento da população já foi observada no Censo de 2002 e ganhou força nos últimos dez anos. Em comparação com o último Censo, verifica-se que a participação do grupo com até 24 anos de idade cai de 47,4% em 2002 para 39,6% em 2012. Essa mudança também fica clara no aumento da idade medida da população, que passou de 29,4 anos em 2002 para 33,1 anos em 2012.

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BRASILBrasil vai se tornar um pas de idosos j em 2030, diz IBGE Paula BianchiDireto do Rio de Janeiro29 NOV201310h04 0 COMENTRIOSNa esteira dos pases desenvolvimentos, o Brasil caminha para se tornar um Pas de populao majoritariamente idosa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o grupo de idosos de 60 anos ou mais ser maior que o grupo de crianas com at 14 anos j em 2030 e, em 2055, a participao de idosos na populao total ser maior que a de crianas e jovens com at 29 anos.A tendncia de envelhecimento da populao j foi observada no Censo de 2002 e ganhou fora nos ltimos dez anos. Em comparao com o ltimo Censo, verifica-se que a participao do grupo com at 24 anos de idade cai de 47,4% em 2002 para 39,6% em 2012. Essa mudana tambm fica clara no aumento da idade medida da populao, que passou de 29,4 anos em 2002 para 33,1 anos em 2012.Um nmero importante para entender o crescimento da populao idosa a razo de dependncia total, que leva em conta o quociente de pessoas economicamente dependentes e o de potencialmente ativas, dividido entre dependncia de jovens e dependncia de idosos. Entre 2002 e 2012 aumentou de 14,9 para 19,6 a razo de pessoas de 60 anos ou mais para cada grupo em idade potencialmente ativa. A expectativa que esse nmero triplique nos prximos 50 anos, chegando a 63,2 pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 em idade potencialmente ativa em 2060.Os idosos, segundo a pesquisa, so em sua maioria mulheres (55,7%) brancas (54,5%) e moradores de reas urbanas (84,3%) e correspondem a 12,6% da populao total do Pas, considerando a participao relativa das pessoas com 60 anos ou mais.Os nmeros do IBGE mostram ainda que a principal fonte de rendimento dos idosos de 60 anos ou mais foi a aposentadoria ou a penso, equivalendo a 66,2%, e chegando a 74,7% no caso do grupo de 65 anos ou mais.A coordenadora da pesquisa, Ana Lcia Saboia, destaca a necessidade de ateno a est mudana na composio da populao. Hoje em dia a populao de idosos que recebe benefcios muito expressiva, grande parte recebe contribuies de transferncia de renda. Os trabalhadores (que iro se aposentar no futuro e em tem carteira assinada) tm mais garantias. O sistema previdencirio tem que estar atento ao envelhecimento, afirma.Terra

http://noticias.terra.com.br/brasil/brasil-vai-se-tornar-um-pais-de-idosos-ja-em-2030-diz-ibge,91eb879aef2a2410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html

ProporoCresce a proporo de idosos na populaoEm vrios pases, as populaes esto envelhecendo. Estudos mostram que o nmero de pessoas idosas cresce em ritmo maior do que o nmero de pessoas que nascem, acarretando um conjunto de situaes que modificam a estrutura de gastos dos pases em uma srie de reas importantes.No Brasil, o ritmo de crescimento da populao idosa tem sido sistemtico e consistente. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios - PNAD 2009, o Pas contava com uma populao de cerca de 21 milhes de pessoas de 60 anos ou mais de idade. (IBGE. Sntese de Indicadores Sociais: Uma Anlise das Condies de Vida da Populao Brasileira: 2010, p. 191)Proporo de idosos de 60 anos ou mais e de 65 anos ou mais de idade - Brasil - 1999/2009Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 1999/2009.Nota:(1) Exclusive a populao rural de Rondnia, Acre, Amazonas, Roraima, Par e Amap.Proporo de idosos de 60 anos ou mais de idade, segundo as Grandes Regies - Brasil - 2009Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.Perfil socioeconmicoH mais mulheres idosas do que homens idososAs mulheres so a maioria (55,8%), assim como os brancos (55,4%), e 64,1% ocupavam a posio de pessoa de referncia no domiclio.Escolaridade dos idosos ainda baixaA escolaridade dos idosos brasileiros ainda considerada baixa: 30,7% tinham menos de um ano de instruo. (IBGE. Sntese de Indicadores Sociais: Uma Anlise das Condies de Vida da Populao Brasileira: 2010, p. 192)Pessoas de 60 anos ou mais de idade, segundo algumas caractersticas - Brasil 2009SexoFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.Cor ou raaFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.Condio no domiclioFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.Anos de estudoFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.Renda domiciliar per capitaFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.PrevidnciaFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2009.SadeA ateno sade dos idosos primordial para preservar a sua autonomia pelo maior tempo possvel. O envelhecimento do organismo por si s j diminui a capacidade funcional do ser humano. Neste captulo, considerou-se como proxy para "incapacidade funcional" a inabilidade de caminhar 100 metros, o que gera dificuldades para realizao de vrias tarefas da vida diria.Entre os idosos, as mulheres tm mais dificuldade de caminhar do que os homensO gnero tambm tem grande influncia nessa questo, uma vez que 15,9% das mulheres tinham dificuldade de caminhar 100 metros, contra 10,9% dos homens. No se pode esquecer que a esperana de vida feminina superior masculina (77 anos e 69 anos, respectivamente), o que torna as mulheres mais vulnerveis a esse tipo de dificuldade.Declarao de incapacidade de caminhar menor entre os idosos de renda mais altaA renda per capita domiciliar de igual importncia, decrescendo a declarao de incapacidade medida que aumenta a renda. Uma possvel explicao para essa diferenciao reside no fato de que maiores nveis de renda permitem aquisio de melhores servios de acompanhamento, equipamentos de apoio e uma insero social mais ativa. (IBGE. Sntese de Indicadores Sociais: Uma Anlise das Condies de Vida da Populao Brasileira: 2010, p. 194)Distribuio percentual das pessoas de 60 anos ou mais de idade, por capacidade de andar 100 metros, segundo algumas caractersticas - Brasil - 2008SexoFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2008.Por idadeFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2008.Renda domiciliar per capitaFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios 2008.http://teen.ibge.gov.br/mao-na-roda/idosos

Idosos no comandoNo Brasil, 27% dos idosos so responsveis por mais de 90% do rendimento familiar. E nos municpios com at 20 mil habitantes essa contribuio significativa. Neles, 35% das pessoas com 60 anos ou mais de idade se responsabilizam por 30 a 50% do rendimento familiar.Essa participao dos idosos pode ser explicada pelo fato de, em 2000, no Brasil, 66,8% das pessoas de 60 anos ou mais de idade estarem aposentadas e 11,2% serem pensionistas.Essas informaes fazem parte dos "Indicadores Sociais Municipais- uma anlise dos resultados da amostra do Censo Demogrfico 2000". A publicao tambm traz anlises sobre aspectos demogrficos, cor, educao, mercado de trabalho e domiclios, desagregadas para os 5.560 municpios brasileiros.A pesquisa demonstrou, ainda, que a proporo de idosos aposentados era maior nos municpios de menor porte, provavelmente em decorrncia da universalizao dos benefcios da seguridade social ocorrida durante a dcada de 1990.Cliqueaquipara saber mais.(11/01/2005)http://teen.ibge.gov.br/noticias-teen/2830-idosos-no-comando

Dia dos Direitos HumanosOn 10.12.2014A promoo e a proteo dos direitos do homem o lema das Organizao das Naes Unidas (ONU) desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em 1950, a Assemblia Geral da ONU convidou todos os pases do mundo a declararem 10 de dezembro como o dia dos Direitos Humanos. Neste ano, os pases fundadores da organizao se comprometeram a impedir que os horrores da guerra (como o extermnio nos campos de concentrao) se reproduzissem. Em conformidade com essa determinao, a Declarao Universal dos Direitos Humanos, de 1948, garante que o respeito aos direitos humanos e dignidade da pessoa humana "so os fundamentos para a liberdade, justia e a paz no mundo".A Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais (Munic), realizada pelo IBGE, contribui com estatsticas sobre condies de vida que dizem respeito diretamente a direitos sociais a partir de questionrios respondidos por 5.565 prefeituras. Quando se demonstra o dficit de saneamento, de renda e de escolaridade do responsvel pelo domiclio, por exemplo, podemos dimensionar a privao desses direitos bsicos.A novidade da Munic 2009 que nela, pela primeira vez, foi investigado o tema dos Direitos Humanos. A pesquisa mostra qual o tratamento a estrutura municipal d a polticas de direitos humanos em seu oramento; analisa a proporo dos municpios com polticas especficas para populao em situao de vulnerabilidade, como idosos e LGBT (lsbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).A Munic tambm traz informaes sobre as condies de acessibilidade das sedes das prefeituras. Aqui vale ressaltar que, embora seja comum associarmos a pessoas com deficincia, na verdade o termo acessibilidade se refere possibilidade de utilizao, com segurana e autonomia, de todos os servios disponibilizados populao, sem distino. A acessibilidade imprescindvel a idosos, gestantes, mulheres com criana de colo ou em carrinhos de beb, ou mesmo queles com mobilidade reduzida temporariamente. E a Munic 2009 mostrou que havia 2.954 municpios (53,1% do total) em que o prdio da sede da prefeitura no possua nenhum dos 16 itens de acessibilidade includos na pesquisa (por exemplo: rampas e piso ttil).Outro tema da pesquisa foram as aes dos municpios no sentido de garantir os direitos humanos sob sua responsabilidade (em alguns casos, a responsabilidade da execuo de medidas no exclusiva do municpio). Dentre os temas investigados, destacam-se, pela representatividade nos municpios: idoso (59,9%); sistema socioeducativo (27,8%); e combate ao sub-registro de nascimento (24,8%).Em 59,9% dos municpios havia aes para os idosos. Em 1.974 municpios (35,5%) h conselhos dos Direitos do Idoso, sendo que, em 340 deles, h mais de dez anos. Mais da metade dos conselhos surgiu aps a promulgao do Estatuto do Idoso, em 2003. Outros conselhos municipais identificados pela Munic 2009 foram os de Juventude (303 municpios), os de Direitos LGBT (4), Direitos da Pessoa com Deficincia (490) e de Igualdade Racial (148).Fontes:http://www.un.org/IBGE: Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais (Munic) - 2009

http://teen.ibge.gov.br/calendario-teen-7a12/event/1859-dia-dos-direitos-humanos

Perfil dos Idosos Responsveis pelos Domiclios

IBGE lana o Perfil dos Idosos Responsveis pelos Domiclios

A populao de idosos representa um contingente de quase 15 milhes de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da populao brasileira). As mulheres so maioria, 8,9 milhes (62,4%) dos idosos so responsveis pelos domiclios e tm, em mdia, 69 anos de idade e 3,4 anos de estudo. Com um rendimento mdio de R$ 657,00, o idoso ocupa, cada vez mais, um papel de destaque na sociedade brasileira. Os resultados esto na nova publicao do IBGE que traz nmeros sobre a situao no Brasil, nas Grandes Regies, nas Unidades da Federao e acompanhado por um CD-ROM com informaes dos 5.507 municpios do Pas.A maioria dos 14.536.029 de idosos vive nas grandes cidadesNos prximos 20 anos, a populao idosa do Brasil poder ultrapassar os 30 milhes de pessoas e dever representar quase 13% da populao ao final deste perodo. Em 2000, segundo o Censo, a populao de 60 anos ou mais de idade era de 14.536.029 de pessoas, contra 10.722.705 em 1991. O peso relativo da populao idosa no incio da dcada representava 7,3%, enquanto, em 2000, essa proporo atingia 8,6%.A proporo de idosos vem crescendo mais rapidamente que a proporo de crianas. Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianas; em 2000, essa relao praticamente dobrou, passando para quase 30 idosos por 100 crianas. A queda da taxa de fecundidade ainda a principal responsvel pela reduo do nmero de crianas, mas a longevidade vem contribuindo progressivamente para o aumento de idosos na populao. Um exemplo o grupo das pessoas de 75 anos ou mais de idade que teve o maior crescimento relativo (49,3%) nos ltimos dez anos, em relao ao total da populao idosa.No Brasil, em mdia, as mulheres vivem oito anos a mais que os homens. As diferenas de expectativa de vida entre os sexos mostram: em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da populao de idosos; em 2000, passaram para 55,1%. Portanto, em 2000, para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens idosos.Outra concluso: residir na cidade pode beneficiar a idosa, especialmente aquela que viva, por causa da proximidade com seus filhos, dos servios especializados de sade e de outros facilitadores do cotidiano. Assim, o grau de urbanizao da populao idosa tambm acompanha a tendncia da populao total, ficando em torno de 81% em 2000. A proporo de idosos residentes nas reas rurais caiu de 23,3%, em 1991, para 18,6%, em 2000.O Rio de Janeiro tem a maior proporo de idososEntre as capitais, Rio de Janeiro e Porto Alegre se destacam com as maiores propores de idosos, representando, respectivamente, 12,8% e 11,8% da populao total nesses municpios. Em contrapartida, as capitais do norte do Pas, Boa Vista e Palmas apresentaram uma proporo de idosos de apenas 3,8% e 2,7%. Em termos absolutos, o Censo 2000 contou quase 1 milho de idosos vivendo na cidade de So Paulo.

No mundo, em 2050, um quinto da populao ser de idososO crescimento da populao de idosos, em nmeros absolutos e relativos, um fenmeno mundial e est ocorrendo a um nvel sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhes de idosos no mundo e, j em 1998, quase cinco dcadas depois, este contingente alcanava 579 milhes de pessoas, um crescimento de quase 8 milhes de pessoas idosas por ano. As projees indicam que, em 2050, a populao idosa ser de 1.900 milhes de pessoas, montante equivalente populao infantil de 0 a 14 anos de idade . Uma das explicaes para esse fenmeno o aumento, verificado desde 1950, de 19 anos na esperana de vida ao nascer em todo o mundo.Os nmeros mostram que, atualmente, uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relao ser de uma para cinco em todo o mundo, e de uma para trs nos pases desenvolvidos.E ainda, segundo as projees, o nmero de pessoas com 100 anos de idade ou mais aumentar 15 vezes, passando de 145.000 pessoas em 1999 para 2,2 milhes em 2050. Os centenrios, no Brasil, somavam 13.865 em 1991, e j em 2000 chegam a 24.576 pessoas, ou seja, um aumento de 77%. So Paulo tem o maior nmero de pessoas com 100 anos ou mais (4.457), seguido pela Bahia (2.808), Minas Gerais (2.765) e Rio de Janeiro (2.029).No Pas, 62,4% dos idosos so responsveis pelos domicliosO Censo 2000 verificou que 62,4% dos idosos eram responsveis pelos domiclios brasileiros, observando-se um aumento em relao a 1991, quando os idosos responsveis representavam 60,4%. importante destacar que no conjunto dos domiclios brasileiros (44.795.101), 8.964.850 tinham idosos como responsveis e representavam 20% do contingente total. Em 1991, essa proporo ficava em torno de 18,4%. A distribuio por sexo revela que, em 2000, 37,6% dos responsveis idosos eram do sexo feminino, correspondendo a 3.370.503 de domiclios, enquanto no incio da dcada passada essa proporo atingia a 31,9%. Destaca-se ainda que a idade mdia do responsvel idoso, em 2000, estava em torno de 69,4 anos (70,2 anos quando o responsvel era do sexo feminino e 68,9 para o idoso responsvel do sexo masculino).Entre os domiclios sob a responsabilidade de idosos, os domiclios unipessoais, isto , aqueles com apenas um morador, totalizavam, em 2000, 1.603.883 unidades, representando 17,9% do total. Em 1991, a proporo era de 15,4%. O estudo chama ateno para a elevada proporo de mulheres idosas que moravam s, em 2000 - cerca de 67%.Sexo do responsvelPessoas de 60 anos ou mais de idade, em nmeros absolutos e relativos, residente em domiclios unipessoais

AbsolutoRelativo

1991200019912000

Total985 6101 603 883100,0100,0

Homem316 751531 29232,133,1

Mulher668 8591 07267,966,9

Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 1991 e 2000.Nota: Domiclios particulares permanentes.Os idosos em domiclios unipessoais so mais freqentes quando residentes nos estados das regies Sul e Sudeste. Entre os municpios das capitais, as maiores propores de pessoas com 60 anos ou mais que moravam sozinhos esto em Porto Alegre (27,1%), Rio de Janeiro (23%), Curitiba (21,3%) e So Paulo (20,2%).Os nmeros mostram, tambm, outra realidade para grande parte dos idosos responsveis pelos domiclios. Em todo o Pas, 64,7% deles moram com ou sem cnjuge, mas com filhos e/ou outros parentes na mesma casa. Nos domiclios onde a idosa responsvel, mais recorrente a forma de organizao familiar sem o cnjuge (93,3%), porque, nestes casos, provavelmente, tais domiclios so ocupadas pelas idosas vivas.Tabela5 - Pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsveis pelos domiclios, em relao ao tipo de arranjo familiar em que encontram-se inseridasBrasil - 2000Sexo do responsvelTotal de responsveis pelos domicliosProporo de pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsveispelo domiclios, em relao ao tipo de arranjo familiar em que encontram-se inseridas (%)

Casal sem filhos(1)Casal com filhos e/ou outros parentes (2)Morando com filhos e/ou outros parentes (3)Morando sozinho (4)

Total8 964 85017.036.028.717.9

Homem5 594 34725.955.58.99.5

Mulher3 370 5032.13.661.531.8

Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000Nota: Domiclios particulares permanentes(1) Responsvel idoso morando com cnjuge, sem filhos e/ou enteados e/ou outro parente.(2) Responsvel idoso morando com cnjuge, com filho e/ou enteado e/ou com outro parente(pai, me, sogro(a), neto(a), bisneto(a), irmo, irm, outro parente, agregado(a))(3) Responsvel idoso morando sem cnjuge, com filho e/ou enteado e/ou com outro parente(pai, me, sogro(a), neto(a), bisneto(a), irmo, irm, outro parente, agregado(a))(4) Responsvel idoso morando sem cnjuge, sem filhos e/ou enteados e/ou outro parente.Os dados do Censo Demogrfico 2000 revelaram que 56,8% dos domiclios com responsveis idosos apresentavam saneamento adequado, isto , com escoadouros ligados rede geral ou fossa sptica, servidos de gua proveniente da rede geral de abastecimento e com lixo coletado direta ou indiretamente pelos servios de limpeza. Esta proporo representou um aumento de aproximadamente 26% em relao a 1991, mas deve-se considerar as disparidades regionais encontradas nesse indicador: enquanto na regio Sudeste cerca de 80% dos domiclios com responsvel idoso possuam saneamento adequado, esta proporo atingia apenas 24% dos domiclios na regio Norte.Educao: Censo 2000 revela crescimento de 16,1% na alfabetizao de idososNa ltima dcada, houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados do Pas. Se em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, em 2000, esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1% no perodo. Os dados fazem parte do Perfil dos Idosos Responsveis pelos Domiclios no Brasil e mostram que, apesar dos avanos, ainda existem 5,1 milhes de idosos analfabetos no Pas.Em relao ao gnero, os homens continuam sendo, proporcionalmente, mais alfabetizados do que as mulheres (67,7% contra 62,6%, respectivamente), j que at os anos 60 tinham mais acesso escola do que as mulheres.No caso dos idosos responsveis pelo domiclio, os ndices tambm melhoraram no perodo de 1991/2000, com aumentos significativos, tanto na proporo de alfabetizados, como no nvel de escolaridade desses idosos.

Quanto ao nmero de anos de estudo dos idosos responsveis pelo domiclio, o resultado do Censo 2000 revela, ainda, uma mdia muito baixa - apenas 3,4 anos (3,5 anos para os homens e 3,1 anos para as mulheres). Na comparao com 1991, houve aumento nesta mdia para ambos os sexos, mas o crescimento relativo na mdia das mulheres foi maior do que o dos homens: 29,2% e 25,0%, respectivamente. Niteri (8,2), no Rio de Janeiro, e guas de So Pedro (7,3), em So Paulo, tm a maior mdia de anos de estudo dos idosos no Pas e Novo Santo Antnio e Barra DAlcntara, ambos no Piau, empataram com a menor mdia (0,2).Entre as Unidades da Federao, a mdia de anos de estudos dos idosos responsveis bastante diferenciada: varia de 6,0 no Distrito Federal a 1,5 anos de estudo no Maranho. J nos municpios das capitais, essa mdia muito superior. Em Florianpolis, por exemplo, os idosos responsveis tm, em mdia, 7,2 anos de estudos, enquanto em Rio Branco a mdia de 2,7. Um dado curioso que nas Unidades da Federao do Nordeste e do Norte, onde a populao rural tem mais expresso, a mdia de anos de estudo nas capitais bastante superior. No estado do Maranho, a escolaridade mdia dos idosos bastante inferior mdia encontrada para a capital, So Lus: 1,5 contra 4,7.

Quanto ao analfabetismo funcional , 59,4% dos idosos responsveis pelo domiclio tinham, no mximo, 3 anos de estudo, resultado este influenciado pela alta proporo de responsveis de 75 anos ou mais de idade analfabetos ou analfabetos funcionais. Enquanto 53,3% dos idosos no grupo de 60 a 64 anos tinham at 3 anos de estudos, 67,4% daqueles com 75 anos ou mais de idade foram considerados analfabetos funcionais. Ainda assim, houve significativa melhora no perodo intercensitrio, provavelmente resultado dos programas federais de alfabetizao de adultos implementados nas ltimas duas dcadas.Entre os estados, o Maranho lidera com a maior proporo de analfabetos funcionais (82,7%), enquanto o Rio de Janeiro tem a menor (38,1%). Nos municpios das capitais verifica-se a mesma tendncia das Unidades da Federao, ou seja, nas reas geogrficas mais desenvolvidas os nveis educacionais dos idosos so melhores.Apesar dos avanos, a proporo de idosos com escolaridade mais alta ainda pequena. Em 1991, 2,4% dos idosos tinham de 5 a 7 anos de estudo, em 2000, essa proporo passa para 4,2%. Para aqueles que concluram pelo menos o ensino mdio, a proporo passou de 7,5% para 10,5%, um aumento de 40% .

De 1991 a 2000, rendimento dos idosos cresce 63% e passa de R$403,00 para R$657,00Embora os dois ltimos Censos tenham revelado que a renda mdia do idoso ainda menor do que a da populao de 10 anos ou mais de idade, seu crescimento foi maior, atingindo 63% entre 1991 e 2000 contra 42% da populao de 10 anos ou mais. Essa tendncia repete-se na desagregao por reas urbanas e rurais, com destaque para essas ltimas que apresentaram um crescimento no rendimento mdio dos idosos de quase 77%.De 1991 para 2000, o rendimento mdio do idoso responsvel pelo domiclio passou de R$403,00 para R$657,00, sendo que no corte por gnero, os homens ganham, em mdia, mais do que as mulheres: R$752,00 contra R$500,00.Tabela8 - Rendimento mdio mensal das pessoas com 60 anos ou mais de idade responsveis pelo domiclio, com rendimento e respectivo crescimento relativo, segundo as Grandes Regies - 1991-2000Brasil e Grandes RegiesRendimento mdio mensal das pessoas com 60 anos ou mais de idade responsveis pelo domiclio, com rendimento (em Reais)Crescimento relativo

19912000

TotalUrbanaRuralTotalUrbanaRuralTotalUrbanaRural

Total403.00477.00168.00657.00739.00297.0063.0054.0076.00

Norte300.00364.00197.00438.00502.00280.0046.0037.942.1

Nordeste224.00298.00115.00386.00474.00198.0072.359.172.2

Sudeste536.00576.00224.00835.00879.00398.0055.852.677.7

Sul382.00438.00221.00661.00730.00399.0073.066.780.5

Centro-Oeste440.00477.00279.00754.00789.00546.0071.465.495.7

Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 1991 e 2000.Nota: Domiclio particulares permanentes(1) Valores deflacionados pelo INPC com base em julho de 2000.Essa diferena no crescimento da rendimento entre reas urbanas e rurais reflete a desigualdade na distribuio dos rendimentos. Segundo os resultados do Censo 2000, a renda dos idosos na rea rural representa cerca de 40% da urbana, proporo similar a encontrada em 1991. Os dados revelam que no houve melhora significativa na ltima dcada. Observa-se que, entre as Unidades da Federao, h uma grande diversidade socioeconmica no Pas.Em geral, os estados cujas reas rurais so mais desenvolvidas, como os do Sul, de So Paulo e da fronteira agrcola dos cerrados (regio Centro-Oeste e Rondnia), tm rendimentos mdio urbano e rural para os idosos bastante prximos. Por outro lado, o rendimento na rea rural nos estados das regies Norte e Nordeste representa, em mdia, menos que a metade do urbano. Esse resultado influenciado pelos altos ndices de pobreza na rea rural encontrados nesses estados.Entre os estados, o Distrito Federal e o Rio de Janeiro tm os maiores rendimentos mdios para os idosos (R$1.796,00 e R$1.018,00, respectivamente), seguidos pelos demais estados da regio Sudeste e Sul. J os estados do Nordeste tm os menores rendimentos, com destaque para o Maranho, onde os idosos recebem, em mdia, R$287,00. No Rio de Janeiro, Niteri o primeiro em rendimento (R$1.785,00) e Carapebus (R$278,00), o ltimo.

Nos municpios das capitais, os idosos de Rio Branco tm o menor rendimento mdio (R$572,00), o que corresponde a, aproximadamente, um tero dos rendimentos mdios de Braslia (R$1.796,00) e Florianpolis (R$1.790,00).Mesmo com a melhora no rendimento dos idosos responsveis pelo domiclio, existem disparidades entre os 5.507 municpios brasileiros pesquisados pelo Censo 2000: enquanto gua Limpa (R$3.305,00), em Gois, e Campos de Jlio (R$3.058,00), no Mato Grosso, tm os maiores rendimentos mdios, Serrano do Maranho (R$135,00) e Cantanhede (R$139,00), ambos no Maranho, tm os menores.Ainda sobre o rendimento na rea rural, a diferena mais significativa da regio Norte, onde o rendimento mdio do idoso nas reas rurais do Amazonas corresponde a aproximadamente 54% do mesmo rendimento de Rondnia. Em seguida, temos a regio Sudeste, com os idosos residentes no meio rural de Minas Gerais recebendo, em mdia, 63,7% do rendimento dos idosos das reas rurais de So Paulo. J as regies Sul e Nordeste apresentam maior homogeneidade entre as Unidades da Federao.Entre as regies, tambm h desigualdade. O menor rendimento mdio dos responsveis idosos em reas rurais do Nordeste (R$198,00), equivalente a apenas 36,3% do mesmo rendimento no Centro-Oeste (R$546,00) ou a 49,7% do rendimento na rea rural das regies Sul e Sudeste.Em geral, o estudo da distribuio dos rendimentos entre os idosos responsveis pelos domiclios indica uma pequena melhora no perodo analisado: enquanto em 1991, mais da metade dos idosos responsveis do Pas (52,1%) recebia at um salrio mnimo, em 2000 esta proporo cai para 44,5%. O Censo 2000 tambm revelou um considervel aumento da populao idosa que recebia em mdia mais de cinco salrios.Analisando-se cada rea isoladamente, observa-se que, se em 1991, 45,8% dos idosos responsveis que viviam na rea urbana recebiam at um salrio mnimo, em 2000 esta proporo passa para 39,8%. No mesmo perodo, a proporo de idosos recebendo mais de cinco salrios aumentou 7 pontos percentuais. J na rea rural, a proporo de idosos responsveis que recebiam at 1 salrio mnimo passou de 72,3% em 1991 para 65,0% em 2000.Embora a renda proveniente do trabalho seja, em geral, responsvel pela maior parte da renda familiar, os dados do grfico 25 mostram que, em relao aos idosos, o mesmo no acontece. No caso dos idosos homens, os dados da PNAD mostram que, em 1999, os rendimentos de aposentadoria representavam o principal componente da renda (54,1%), enquanto o rendimento do trabalho respondia por apenas 36%. J para as idosas, quase 80% da renda era formada pelos rendimentos de penso e aposentadoria.Comunicao Social25 de julho de 2002

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm

Uma anlise das condies de vida da populao brasileiraVoc sabia que estamos vivendo mais? A publicao do IBGE, Sntese de Indicadores Sociais 2012, revelou que, no perodo de 2001 a 2011, o nmero de idosos a partir de 60 anos passou de 15,5 milhes para 22,4 milhes. Os idosos com mais de 80 anos representam 1,7% da populao total em 2011, correspondendo a pouco mais que trs milhes de pessoas. E a maioria da populao idosa de 60 anos ou mais composta por mulheres: 55,7% do total.A Sntese tambm mostra como est a sade da criana. O baixo peso ao nascer, por exemplo, considerado um fator de risco pela Organizao Mundial da Sade (OMS). Do total de 2,8 milhes de nascimentos em 2009, 8,4% (242 mil) bebs nasceram com baixo peso, o que significa com menos que 2.500 gramas.O acesso aos servios de saneamento bsico tambm considerado um fator importante para a sade e desenvolvimento da criana. Se onde ela mora no havia abastecimeno de gua, tratamento de esgoto ou coleta de lixo, sua sade poderia estar em risco. Em 2011, 48,5% das crianas de at 14 anos de idade, ou seja, 21,9 milhes, moravam em domiclios em que pelo menos um desses servios no era adequado, aumentando a exposio a doenas.Em relao educao, o abandono escolar precoce, ou seja, proporo de jovens que no havia completado o ensino mdio ou no estava estudando na poca em que foi realizada a pesquisa, preocupante. Essa taxa de 32,2%, quase quatro vezes mais que outros pases, e sua incidncia maior entre os homens.J o ndice de analfabetismo melhorou. Observa-se queda entre os jovens de 15 a 24 anos, cuja taxa passou de 4,2% em 2001 para 1,5% em 2011. A reduo tambm foi alta no grupo de pessoas com 25 a 29 anos, passando de 11,5% para 7% no mesmo perodo.(Novembro/2012)

http://teen.ibge.gov.br/es/noticias-teen/2821-uma-analise-das-condicoes-de-vida-da-populacao-brasileira

essssseeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Dia Internacional das Pessoas com DeficinciaOn 03.12.2013Ao trmino do perodo de discusses e aes conhecido como Dcada das Naes Unidas das Pessoas Portadoras de Deficincia (1983-1992), a Assemblia Geral das Naes Unidas (ONU) proclamou 3 de dezembro como o Dia Internacional das Pessoas Portadoras de Deficincia.O perodo contribuiu para a tomada de conscincia da populao mundial em relao ao assunto e para a definio de iniciativas com o sentido de melhorar a situao dessas pessoas.A data escolhida coincide com o dia da adoo do Programa de Ao Mundial para as Pessoas com Deficincia pela Assemblia Geral da ONU, em 1982. E ao cri-la, a ONU convocou os estados membros a celebrarem a data com destaque com o objetivo de estimular a integrao das pessoas com necessidades especiais na sociedade.Mas bem antes disso, em 1872, o primeiro levantamento censitrio brasileiro tratou do assunto deficincia. O tema esteve presente tambm nos Censos Demogrficos de 1890, 1900, 1920, 1940. Depois disso, retornou em 1991 e 2000, De um censo para outro, houve mudanas nos conceitos ou formulao das perguntas, o que no permite a comparabilidade direta entre esses levantamentos.Chegando ao Censo 2010, a pesquisa investigou os seguintes tipos de deficincia: visual, auditiva, motora e mental/intelectual e, para as trs primeiras, tambm verificou o grau de severidade. Os resultados revelam que, no Brasil, quase da populao (23,9%) tinha algum tipo de deficincia, o que significa cerca de 45,6 milhes de pessoas.Mulheres e idosos so maioria entre os portadores de deficincia:Na pesquisa por sexo, 26,5% dos portadores de deficincia eram mulheres (25,8 milhes) e 21,2% eram homens (19,8 milhes). J a avaliao por idade traz os idosos no topo da lista, com 67,7% das pessoas com 65 anos ou mais apresentando algum tipo de deficincia (9.537.624).

Populao e tipo de deficincia:Na avaliao por tipo, o Censo mostrou que a deficincia visual atingia 35.774.392 de pessoas; 9.717.318 apresentavam algum grau de deficincia auditiva; 13.265.599 possuam deficincia motora; e 2.611.536 eram portadores de deficincia mental/intelectual.

Escolarizao e Trabalho:Em relao escolarizao, 95,1% das crianas de 6 a 14 anos de idade com deficincia frequentavam a escola.

Em relao aos adultos, os trabalhadores com deficincia representam 23,6% do total de ocupados, sendo que 40,2% desses trabalhadores possuem carteira assinada.Mais informaes sobre as pessoas portadoras de deficincia no Brasil podem ser encontradasaqui.

ESSSSSEEEEEE!!!!!!!Populao brasileira deve chegar ao mximo (228,4 milhes) em 2042A populao brasileira continuar crescendo at 2042, quando dever chegar a 228,4 milhes de pessoas. A partir do ano seguinte, ela diminuir gradualmente e estar em torno de 218,2 milhes em 2060.Esse um dos destaques da publicao Projeo da Populao do Brasil por Sexo e Idade para o Perodo 2000/2060 e Projeo da Populao das Unidades da Federao por Sexo e Idade para o perodo 2000/2030, que o IBGE disponibiliza hoje (29/8/2013) na internet.Alm da projeo da populao para o pas e das unidades da Federao, a publicao traz projees da fecundidade feminina por faixa etria, da mortalidade, da esperana de vida ao nascer para o pas e para as unidades da Federao e do saldo migratrio (imigrantes menos emigrantes) internacional e interno, entre outros indicadores.Observa-se, por exemplo, que a idade mdia em que as mulheres tm filhos, que est em 26,9 anos em 2013, deve chegar a 28 anos em 2020 e 29,3 anos em 2030.A esperana de vida ao nascer deve atingir os 80,0 anos em 2041, chegando a 81,2 anos em 2060. J entre as unidades da Federao, a esperana de vida em Santa Catarina deve alcanar os 80,2 anos j em 2020. Nesse mesmo ano, o Maranho deve ser o estado com esperana de vida mais baixa (71,7 anos), mas deve chegar a 74,0 anos em 2030 e, assim, ultrapassar Rondnia e Piau, que estaro com esperanas de vida em 73,8 e 73,4 anos, respectivamente.Em termos de saldo migratrio interno, em 2020 e 2030 a projeo indica que Bahia, Maranho, Rio Grande do Sul, Cear, Alagoas, Piau e Pernambuco devero ter os maiores saldos negativos (maior nmero de pessoas saindo do estado), todos acima de 10 mil emigrantes, mantendo a tendncia observada nas ltimas dcadas. A projeo aponta que o estado da Bahia continuar a ter as maiores perdas populacionais na comparao com estes estados citados, com -46,6 mil e -39,3 mil, respectivamente. J Santa Catarina, So Paulo, Gois, Distrito Federal e Esprito Santo devem ter os maiores saldos positivos, todos acima de 10 mil imigrantes. Santa Catarina deve se manter com o maior saldo migratrio, 37,1 mil em 2020 e 34,3l em 2030. Essas tendncias so as mesmas observadas nos ltimos anos.O conjunto das projees incorpora as informaes mais recentes sobre as componentes do crescimento demogrfico (mortalidade, fecundidade e migrao), obtidas atravs dos resultados do Censo Demogrfico 2010 e dos registros administrativos de nascimentos e bitos. Os resultados atuais substituem os da Projeo da Populao do Brasil por sexo e idade: 1980-2050 - Reviso 2008. Essas informaes possibilitam uma viso atual da dinmica demogrfica nacional e estadual, considerada na elaborao das hipteses futuras para as projees.A evoluo das componentes demogrficas no perodo 2000/2030 resultam em um significativo envelhecimento da populao em todas as Unidades da Federao. Contudo, espera-se que em 2030 ainda existam importantes diferenciais regionais na estrutura etria da populao. Em 2027 o Rio Grande do Sul j teria um nmero maior de idosos do que de crianas, ao passo que Acre, Amazonas, Roraima e Amap ainda teriam cerca de 30 idosos para cada 100 crianas, valores semelhantes aos observados nas Regies Sul e Sudeste em meados da dcada de 2000.A publicao completa pode ser acessada pelo linkhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2013/default.shtmO IBGE tambm divulga, hoje, as estimativas das populaes residentes nos 5.570 municpios brasileiros com data de referncia em 1 de julho de 2013. As estimativas populacionais so fundamentais para o clculo de indicadores econmicos e sociodemogrficos nos perodos intercensitrios e so, tambm, um dos parmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da Unio na distribuio do Fundo de Participao de Estados e Municpios. Esta divulgao anual obedece lei complementar n 59, de 22 de dezembro de 1988, e ao artigo 102 da lei n 8.443, de 16 de julho de 1992. A tabela com a populao estimada para cada municpio foi publicada no Dirio Oficial da Unio (D.O.U.) de hoje, 29 de agosto de 2013. Est previsto, no artigo 102 da lei n 8.443, acima citado, que, at 20 dias aps a publicao das estimativas, os interessados podero apresentar reclamaes fundamentadas ao IBGE, que decidir conclusivamente. Em seguida, at 31 de outubro, o IBGE encaminhar as estimativas definitivas ao Tribunal de Contas da Unio. Os resultados das Estimativas de Populao 2013, publicados no D.O.U, tambm podem ser acessados na pginahttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2013/default.shtmEm 2060, populao ter voltado a um patamar prximo ao de 2025A populao total projetada para o Brasil em 2013 foi de 201,0 milhes de habitantes, atingindo 212,1 milhes em 2020, at alcanar o mximo de 228,4 milhes em 2042, quando comear a decrescer, atingindo o valor de 218,2 em 2060, nvel equivalente ao projetado para 2025 (218,3 milhes).

Idade mdia em que as mulheres tm filhos deve chegar a 29,3 anos em 2030A reduo esperada no nvel de crescimento da populao decorrente, principalmente, da queda do nmero mdio de filhos por mulher, que vem decrescendo desde a dcada de 1970. A taxa de fecundidade total (nmero mdio de filhos por mulher) projetado para 2013 de 1,77 filho por mulher; a projeo de 1,61 filho em 2020 e 1,50 filho em 2030.

Alm da queda do nvel de fecundidade, projeta-se que o padro etrio de fecundidade por idade da mulher tambm se altere, conforme j vem sendo observado na ltima dcada, em direo a um envelhecimento da fecundidade no Brasil. Segundo a projeo, a idade mdia em que as mulheres tm seus filhos, que est em 26,9 anos em 2013, deve chegar a 28 anos em 2020 e 29,3 anos em 2030.

Acre deve manter a maior taxa de fecundidade em 2030: 1,75 filho por mulherEnquanto, em 2013, algumas unidades da Federao apresentam taxas de fecundidade muito superiores mdia nacional, como o Acre, com 2,59 filhos em mdia por mulher, o Amazonas e Amap, com 2,38 e 2,42 filhos em mdia por mulher, respectivamente, em 2030, os valores mximos da fecundidade sero de 1,75 filho, em mdia, para o Acre e 1,45 filho em Minas Gerais, So Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.Esperana de vida ao nascer para ambos os sexos deve chegar a 80,0 anos em 2041A projeo indica que a esperana de vida ao nascer, que em 2013 chegou a 71,3 anos para homens e 78,5 anos para mulheres, em 2060, deve atingir 78,0 e 84,4 anos, respectivamente, o que representa um ganho de 6,7 anos mdios de vida para os homens e 5,9 anos para as mulheres. Para ambos os sexos, a esperana de vida ao nascer do brasileiro chegar aos 80,0 anos de idade em 2041.Razo de dependncia deve atingir valor mnimo em 2022A queda da fecundidade, acompanhada do aumento na expectativa de vida, vem provocando um envelhecimento acelerado da populao brasileira, representado pela reduo da proporo de crianas e jovens e por um aumento na proporo de idosos na populao.O envelhecimento afeta a razo de dependncia da populao, que representada pela razo entre os segmentos economicamente dependentes (abaixo de 15 e acima de 64 anos de idade) e o segmento etrio potencialmente produtivo (15 a 64 anos de idade), ou seja, a proporo da populao que teoricamente deveria ser sustentada pela parcela economicamente produtiva.As razes de dependncia, que eram de 46,0 em 2013 (ou seja, cada grupo de 100 indivduos em idade ativa teria que sustentar 46 indivduos) atingiro o valor mnimo em 2022 (43,3) quando voltaro a subir, chegando em 2033 no mesmo nvel verificado em 2013, at atingir 66,0 em 2060. O processo de reduo das razes de dependncia, conhecido como bnus demogrfico ou janela de oportunidade, proporciona ao pas oportunidades decorrentes de uma menor parcela da populao a ser sustentada pelo grupo economicamente ativo. Contudo, quando as razes de dependncia voltam a subir, esta janela comea a fechar-se. No caso, a principal parcela da populao a ser sustentada, anteriormente composta majoritariamente por crianas, agora passa a ser de idosos. Em 2060, o percentual da populao com 65 anos ou mais de idade ser de 26,8%, enquanto em 2013 esse percentual era de 7,4%.Santa Catarina dever manter a maior esperana de vida ao nascerNa projeo para as unidades da Federao, Santa Catarina, que hoje j a que tem a maior esperana de vida ao nascer para ambos os sexos, deve se manter nessa posio, com 80,2 anos j em 2020, chegando a 82,3 anos em 2030. No outro extremo, o Maranho ter a menor esperana de vida ao nascer em 2020, 71,7 anos. J em 2030 essa posio deve ser ocupada pelo Piau, com 73,4 anos.Entre os homens, os valores de esperana de vida mais elevados, projetados para 2030, sero observados em Santa Catarina, de 79,1 anos e So Paulo, de 78,1 anos. Os valores mais baixos sero os do Piau, de 68,8 anos e do Par, de 70,4 anos. Entre as mulheres, os valores mais altos tambm sero de Santa Catarina, de 85,4 anos, seguida de Espirito Santo, com 84,7 anos. Rondnia, de 77,2 anos e Roraima, de 77,5 anos experimentaro as mais baixas esperanas de vida feminina.Bahia deve ter maior saldo migratrio negativo e Santa Catarina, o maior saldo positivoA tendncia dos volumes migratrios de reduo, em termos de saldo migratrio (entrada de imigrantes menos a sada de emigrantes), a projeo indica que, em 2020 e 2030, a Bahia deve ter o saldo migratrio com os maiores valores negativos, -46,6 mil e -39,3 mil, respectivamente. Nos mesmos anos, Maranho, Rio Grande do Sul, Cear, Alagoas, Piau e Pernambuco tambm tero saldos migratrios negativos ainda expressivos, acima de 10 mil emigrantes. J as unidades da Federao que devem ter os maiores saldos positivos, acima de 10 mil imigrantes, nos dois anos so Santa Catarina, So Paulo, Gois, Distrito Federal e Esprito Santo. Santa Catarina deve se manter na liderana, com um saldo de 37,1 mil imigrantes s em 2020 e 34,3 mil em 2030.

Comunicao Social29 de agosto de 2013http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?view=noticia&id=1&idnoticia=2455&busca=1&t=populacao-brasileira-deve-chegar-maximo-228-4-milhoes-2042

O pas est envelhecendo em meio a diferentes demandasAlexandre Kalache, mdico geriatra, ex-coordenador do programa de envelhecimento global da Organizao Mundial da Sade e consultor da Academia de Medicina de Nova IorquePublicado em 31/12/2009|ANNA PAULA FRANCO - [email protected] Comentrios (0)O ritmo do envelhecimento da populao brasileira aponta para um cenrio que exige medidas criativas e visionrias. A projeo da inverso do perfil demogrfico do pas, com mais idosos do que jovens em 2030, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), indica mudanas urgentes em polticas pblicas e condutas sociais em relao ao idoso. O Brasil envelhece mais rapidamente do que outros pases e temos o desafio de criar nossos prprios modelos de ateno a essa populao, explica o mdico geriatra carioca Alexandre Kalache.A aposentadoria compulsria como coordenador de projetos de envelhecimento na Organizao Mundial da Sade, h dois anos, inaugurou uma nova etapa na carreira de Kalache. Aos 64 anos, o especialista acumula pelo menos quatro diferentes trabalhos, todos ligados a estudos da longevidade: pesquisador da Academia de Medicina de Nova Iorque, embaixador do HelpAge International, sediada em Londres, consultor sobre o tema no Brasil e no exterior e est coordenando a instalao do Centro Internacional de Envelhecimento, no Rio de Janeiro. Kalache foi o criador do Guia da OMS das cidades amigas dos idosos, em 2007, com base em pesquisas em 35 cidades em todo o mundo. Nesta entrevista, ele comenta sobre a mudana do perfil do idoso brasileiro e como o pas deve se preparar para encarar o envelhecimento como pauta de polticas pblicas.

Com o aumento da populao idosa no pas, quais as medidas mais urgentes que precisam ser adotadas pela sociedade?Divulgao / Cmara Municipal de So PauloAmpliar imagemAos 64 anos, o especialista acumula pelo menos quatro diferentes trabalhos, todos ligados a estudos da longevidadeA questo inegavelmente de desigualdades acumuladas ao longo do curso de vida. Em 1945, a expectativa era de 43 anos. Hoje a esperana de vida do brasileiro est chegando aos 74. Mais ganho em anos que ao longo da histria da humanidade da Antiguidade at o incio do sculo 20, a esperana de vida andava por volta dos 30 anos.Este aumento se deu nas medidas de Sade Pblica saneamento, gua potvel, esgoto h melhoras na nutrio, h um aumento do nvel educacional (sobretudo das mes) fazendo com que a mortalidade infantil e da infncia tenham diminudo. Somente nas ltimas duas ou trs dcadas comeamos a juntar a isso o impacto da tecnologia mdica com relevncia para as doenas crnicas.Mas quando falamos de qualidade de vida do adulto, estamos falando em primeiro lugar do controle das doenas responsveis por incapacidades. Quando h perda da independncia estamos lascados. E a sociedade paga por isso. A produtividade do indivduo cai e, alm do mais, haver necessidade de algum prestar os cuidados. Este algum , via de regra, uma mulher: no remunerada para faz-lo, sem treinamento especfico, tentando adivinhar o que e como melhor fazer. Um nus incrvel.Para os idosos ricos, com acesso a bons planos de sade, morando, comendo e se recreando bem... nunca foi to bom envelhecer.O ritmo do envelhecimento da populao brasileira est mais acelerado do que em outros pases?Em 2000, o total de idosos no mundo era de 600 milhes. No ano 2050, sero 2 bilhes: um aumento de 350%. A populao como um todo ter, no mesmo perodo, aumentado de 6 para 9 bilhes ou seja, 50 % de aumento. E ser nos pases em desenvolvimentos onde este aumento ser maior dos 400 milhes em 2000 para 1,7 bilho em 2050.No Brasil, em 2050 chegaremos a 60 milhes contra os 21 milhes de idosos de hoje. Outros pases envelheceram tambm rapidamente, mas o Brasil ser um dos campees. Ns dobraremos a proporo de idosos, dos 9 % atuais, em menos de 20 anos, com recursos ainda capengas, disputando com outras demandas de educao dos jovens dengue, de construo de estradas gerao de empregos decentes. No ser fcil. At porque os modelos de polticas dos pases j envelhecidos no nos servem. Se as copiarmos, estaremos repetindo a histria velha da desigualdade: privilegiaremos alguns e a massa dos idosos ficar de fora.E quais as consequncias desse novo perfil demogrfico?Conseguimos esta conquista social: envelhecer. O que acelera o envelhecimento populacional do Brasil a diminuio no numero de jovens. H duas ou trs dcadas nossa natalidade caiu de forma vertiginosa. Em praticamente uma gerao, diminumos de seis para dois filhos por casal. Daqui a pouco passaremos a ser uma populao que encolhe como a Rssia, o Japo, a Alemanha de hoje. Para o Brasil, o desafio vai exigir muita criatividade. E devemos aceitar este desafio como uma oportunidade: se formos mesmo to imaginativos como pensamos, o Brasil tem uma excelente oportunidade: ser pioneiro no desenvolvimento de polticas que permitam a pases ainda em desenvolvimento virarem um laboratrio social, exportando polticas sustentveis para uma nova realidade demogrfica.Em 1975, quando fiz minha tese de mestrado em Londres e ousei prever que o Brasil ia envelhecer e rapidamente, me chamaram de maluco. Mas ousei diz-lo porque estava olhando para o processo de modernizao que j experimentvamos e o surgir de mtodos contraceptivos eficazes, confiveis e baratos. No deu outra. Agora, talvez me chamem de novo de maluco, sugerindo que nossa populao venha a encolher. No ser de imediato: nossas altas taxas de fecundidades de 20, 30 anos atrs significam que h muitas mulheres em idade reprodutiva (e muitas s tendo seus filhos tarde, a partir dos 30 anos). Mas quando este bojo populacional passar, a viro as poucas crianas que esto nascendo agora. A diferena que daqui a 30 anos eu provavelmente no esteja por aqui para saber se desta vez terei errado em minha ousadia.As mudanas so urgentes?Quando a gente fala de 2050 tem gente que diz : mas isso ser daqui a muito tempo. No no. Aquilo que nunca havia acontecido na histria da humanidade estar acontecendo em quatro dcadas: ser possvel envelhecer assim, to rapidamente em paralelo a outros grandes desafios para conquistar o pleno desenvolvimento. Por outro lado, h que lembrar que para ter mais de 60 anos daqui a quatro anos, basta ter 20 hoje. Ou seja, estamos falando de uma populao de idosos que j adulta hoje.O aumento dos idosos e a queda de crianas e jovens no fora um novo olhar sobre polticas de ateno?Um dos grandes desafios o despreparo, em geral, dos recursos humanos em relao ao envelhecimento. Nossos mdicos esto sendo treinados para o sculo 20, no para o 21. Aprendem tudo sobre bebs, criancinhas e mulheres grvidas. E vo passar o resto da vida tratando de idosos. H uma necessidade imperiosa de mudar o currculo de nossas escolas mdicas. E no estou falando de formar mais geriatras. Eles so necessrios por deterem o conhecimento e portanto, terem a funo de formadores, de treinar os demais mdicos e estudantes. Seja qual for a especialidade que um jovem escolha endocrinologia, gastroendocrinologia, cardiologia, cirurgia geral, ortopedia, medicina de famlia esses jovens doutores vo se deparar em sua prtica profissional com o grupo da populao que mais cresce e que tem mais enfermidades crnicas. Ou seja, no so pacientes com doenas infecciosas que de regra ou matam ou se curam em pouco tempo. So problemas que, quando se instalam, ficam para o resto da vida. E dai voc ter especialistas que estaro lidando com idosos o tempo todo. Se o mdico quiser escapar dos idosos, vai precisar escolher Pediatria ou Obstetrcia ou deve aprender tudo o que puder sobre envelhecimento, pois isso lhe ser extremamente til.

Qual ser o perfil do idoso em 2030, 2050? A idade de 60 anos no vai ficar defasada diante da longevidade do brasileiro e das suas condies gerais de sade e produtividade?Vamos ter de reinventar o curso de vida medida que as sociedades envelhecem. A forma tradicional de um tero estudando/se preparando, o segundo trabalhando e o terceiro se recreando no vai ser sustentvel, nem satisfatrio. Estou falando para a camada da populao para a qual esta diviso real.Com a velocidade de inovaes tecnolgicas, ser impossvel aprender tudo no incio da vida. Reciclar ser cada vez mais a tnica. E, portanto, teremos de intercalar perodos de produtividade com perodos de aquisio de conhecimento. E a ideia de aposentadoria compulsria por volta dos 60 tambm vai caducar. Quando o Bismark [Otto Von Bismark, chanceler prussiano, 1862-1890] criou a Previdncia Social, fazia sentido aposentadoria aos 65: poucos chegavam l e, quando chegavam, no duravam muito mais e j estavam sem condies fsicas de seguir trabalhando.E o idoso de hoje, como deve encarar o envelhecimento?Envelhecimento requer uma perspectiva de curso de vida. A nica forma de assegurar uma velhice com qualidade de vida, com sade, sem perda da independncia, investindo nas etapas da vida anteriores. Haver progresso tecnolgico sim, mas, na essncia, a forma de envelhecer bem reside no comportamento, nos estilos de vida que adotamos, na nossa atitude em relao ao prprio envelhecimento: sendo positivos, ativos fsica e mentalmente, dando a volta por cima das dificuldades que ele mesmo impe. No esperar aos 80 anos ter a velocidade ou a rapidez que tnhamos aos 20 ou 30, mas aceitar que, desde que mantenhamos nossa capacidade funcional no mais alto nvel possvel, estaremos envelhecendo bem, independentes.Idosos ainda so vtimas de muito preconceito. Isso vem mudando ao longo dos anos?Ainda somos uma sociedade excessivamente orientada para os jovens. Os padres de beleza e eficincia excluem o idoso. No passado havia (por vezes paternalstico e falso) o respeito pelo idoso. Mas eram poucos e refletiam valores de uma sociedade patriarcal, rural, tradicional. Naqueles tempos nem tudo era to maravilhoso. O respeito ao idoso era proporcional ao seu valor econmico. A maioria vivia de favores da famlia, o que sempre representa uma situao vulnervel, de subjeo. Voltar atrs no s impossvel como tampouco de interesse para a maioria dos idosos de hoje, que diro de amanh.Um dos problemas relacionados a tudo isso que olhamos para os idosos como se fosse um grupo homogneo quando, na verdade, estamos nos referindo a um grupo que abrange indivduos desde os 60 at os 100 anos. Um grupo de adolescentes muito mais homogneo, teve pouco tempo para se diferenciar entre si. Os idosos refletem toda uma vida de experincias extremamente diversas, mas acabam na mesma gaveta.O papel fundamental aqui cabe a mdia. Enquanto forem perpetuados os esteretipos do velho gag, passivo, confuso, conservador, a sociedade continuar os considerando como tais.

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Alexandre Kalache23/1/2006Nascido durante a primeira gerao dobaby boom, Kalache fala dos benefcios de um bom envelhecimento e defende polticas pblicas adequadas para atender os idososPaulo Markun:Boa noite. A populao de idosos est aumentando no mundo todo, as pessoas esto vivendo mais.No entanto, nem sempre esto vivendo melhor. Por isso, o aumento da expectativa de vida j comea a exigir de sociedades e governos novas aes para enfrentar o envelhecimento. O entrevistado desta noite acha que envelhecer no um problema, uma conquista. Que ficar mais velho bom, ruim morrer cedo. ORoda Vivaconversa, esta noite, com o mdico carioca Alexandre Kalache, chefe do Programa de Envelhecimento e Sade da Organizao Mundial de Sade [OMS].Doutor em sade pblica pela Universidade de Oxford, da Inglaterra. Alexandre Kalache trabalha h quase 30 anos na Europa sempre ligado s questes da terceira idade. Desde 1995 est no Programa de Envelhecimento da OMS e tem percorrido o mundo com a sua mensagem de envelhecimento ativo e de polticas pblicas para melhorar a vida social e a sade dos idosos. Para entrevistar o mdico Alexandre Kalache, ns convidamos: o doutor Kose Horibe, presidente da Academia Brasileira de Anti-envelhecimento, Danilo Miranda, diretor regional do Sesc do estado de So Paulo, Lena Castelln, sub-editora de medicina e bem-estar da revistaIsto ,Luciene Craveiro, publisher da revistaViver, Mnica Teixeira, editora especial de cincia e tecnologia da TV Cultura, Kaiz Beltro, professor, pesquisador da Escola Nacional de Cincias e Estatsticas do IBGE, Julio Abramczyk, mdico e redator daFolha de S. Paulo. Temos tambm a participao do cartunista Paulo Caruso, registrando em seus desenhos os momentos e os flagrantes do programa. ORoda Viva transmitido em rede nacional pela rede pblica de televiso para todo o Brasil, e como o programa desta noite est sendo gravado (em 05/12/2005 e exibido em 23/01/2006), ele no permite a participao dos telespectadores. Boa noite, professor.Alexandre Kalache:Boa noite, Paulo.Paulo Markun:Envelhecer bom mesmo?Alexandre Kalache: Envelhecer timo. S penso na alternativa e s tem uma: morrer cedo. Agora, para envelhecer bem a gente tem que investir nesse processo de envelhecimento.Paulo Markun:A gente quem?Alexandre Kalache:Todo mundo. E, alis, comea desde muito cedo. A gente j nasce e comea o processo de envelhecimento. Ento, para garantir que a gente possa chegar bem na terceira idade um processo de curso de vida. Eu pediria at que, neste momento, as pessoas que esto nos assistindo fechassem os olhos e imaginassem o que elas estariam fazendo na noite em que completariam 85 anos. Feche o olho e pense, o que voc estaria fazendo naquela noite especial, de 85.Paulo Markun:Dormindo.Alexandre Kalache:Paulo vai estar dormindo [Risos]. Mas eu garanto que a maioria, porque eu j fiz isso muitas vezes com grandes audincias de leigos, com profissionais e etc, e que a maioria pensou como voc. Voc estar ativo, festejando, celebrando com a famlia. E exatamente o que a gente quer. Envelhecer, chegar aos 85 e ir alm, mas numa boa, participando da sociedade, no estando excludo. E para isso, a sade importante, um valor universal. Todo mundo quer envelhecer, envelhecer bem. E a sade vem em primeiro. Japons ou brasileiro, todo mundo quer envelhecer, essa a grande conquista, como voc disse na apresentao, um fato sem precedentes. At hoje, na histria da humanidade, a humanidade buscou essa fonte da...Paulo Markun:Juventude.Alexandre Kalache:Juventude. E agora que a gente est chegando a, que envelhecer j no a norma. J no a exceo, a norma, que j no s para a elite e que a maioria est envelhecendo, chegando aos 85. Como ns chegamos hoje aqui com a nossa esperana de vida no Brasil praticamente em 72 anos. Quando eu nasci, em 1945, acabei de fazer 60 anos, eu nasci em um prdio em Copacabana que era uma maternidade chamada Arnaldo de Moraes, sabe o que hoje? Um hospital geritrico. Ento, no meu tempo de vida o que era uma facilidade de sade, como tinha muito nascimento, muito beb nascendo, era maternidade, hoje essa gerao da minha para trs, que continuou por l, est envelhecendo e o que a gente precisa exatamente um hospital geritrico.Mnica Teixeira:E por que o senhor escolheu essa idade, 85?Alexandre Kalache:Foi abstrata. Poderia ter sido um pouco mais ou um pouco menos. Mas eu acho que para todo mundo, com 85 a gente j envelheceu. O resto meio debatido, por exemplo, as nossas estatsticas so em geral 60 e 65, que meio baixo. Mas, h 100 anos atrs, quandoBismarck[(1815-1898) responsvel pela formao do Estado alemo] inventou o seguro social no era. Porque a esperana de vida, mesmo nos pases mais envelhecidos, no chegavam nem a. Ento, na verdade, 85 para mim uma idia que eu tenho, uma construo mental. Vai ver porque a minha me j passou dos 85. [Risos] Ento, eu acho que ela j est idosa, mas ela no acha.Danilo Miranda:, existe uma discusso na sociedade em torno da imagem do velho. Existe uma negao, no s da morte, como tambm da velhice, uma discusso antiga. A nossa sociedade toda voltada para um imediatismo, para um aproveitamento, digamos, das coisas, um usufruto imediato de tudo. Onde o jovem o que predomina na imagem da mdia, no esforo, digamos, da sociedade toda para valorizar. Ento, com relao a isso, acho importante talvez... eu vejo a sua defesa dessa questo muito bem colocada. O que fazer, de fato, na sociedade, de modo a valorizar o idoso, valorizar a pessoa velha, que tenha, digamos, assumido j uma postura, um caminho. Mas que tem as suas limitaes naturais decorrentes da prpria, do prprio enfraquecimento fsico, enfim, da capacidade, inclusive, de poder realizar as atividades. Ento, a grande questo : como se v isso hoje no mundo? Como a sociedade est enfrentando a situao de ter pessoas idosas, cada vez em maior quantidade, a populao idosa vai crescer cada vez mais, graas ao desenvolvimento cientfico, tecnolgico etc. E, por outro lado, uma certa desvalorizao cultural que aparece diante desse fato?Alexandre Kalache:Danilo, isso vai se corrigir. Eu no digo que vai desaparecertotalmente. O preconceito em relao ao envelhecimento uma batalha, que ns temos que enfrentar daqui para a frente. Mas isso vai se corrigir aos poucos, na medida em que uma gerao muito especial, que a gerao que, nos Estados Unidos e na Europa se chama de obaby boom, que so exatamente aqueles ativistas dos anos 1960, que revolucionaram a forma como a gente v hoje a adolescncia, a juventude, a revoluo sexual, eles esto muito mais, foram sempre, muito mais engajados politicamente e so muito numerosos nos pases que, na verdade, formam a opinio pblica. Daqui a poucas semanas, no dia primeiro de janeiro, [o programa foi gravado no dia 05/12/2005, sendo exibido em 23/01/2006] o primeirobaby boom, a primeira criana que nasceu em 1946, que quando a gente comea a contar essa gerao to especial, completa 60 anos. A partir da, vir essa massa de pessoas que vo, como a gente com freqncia diz, vo envelhecer gritando. Elas no vo estar acomodadas, elas vo exigir direitos, elas vo colocar presso. E por serem numericamente importantes nos pases que foram as mudanas sociais, sobretudo a Europa...Danilo Miranda: a que o ponto. Quer dizer, trata-se de algo que vem dos pases hegemnicos, essa posio?Alexandre Kalache:.Danilo Miranda:Quer dizer, se ns considerarmos o mundo como um todo, onde voc tem grande parte da populao fora desse circuito dosbaby boomers,frica, sia, Amrica Latina e etc, a situao muda um pouquinho, no ?Alexandre Kalache:Muda, mas de qualquer forma, como participei do movimento estudantil em 1968, estava bem consciente que o que aconteceu no Brasil era tambm um reflexo e uma resposta ao que estava acontecendo l fora. Ento, a gente vai se influenciar tambm. No Brasil, o debate muito mais complexo. Por que, qual a garantia de que essa massa de pessoas pobres - as crianas doentes de ontem, os adultos desempregados de hoje - como que essa massa de pessoas poder chegar bem na velhice se, em grande nmero, essas pessoas esto excludas? No esto participando, tm, quando tm, um rendimento, precrio. No tm acesso, quando tm acesso aos servios de sade, so os servios de sade que a gente tanto critica. Ento, a problemtica, evidentemente para a populao nos pases em desenvolvimento, imensamente maior, mas a construo social do envelhecimento vai mudar nos prximos 20 anos em funo, exatamente, desse [gerao]baby boomenvelhecer. O que a gente tem como grande desafio que os pases desenvolvidos, primeiro, enriqueceram e depois envelheceram. Os pases como o nosso esto envelhecendo antes de serem ricos. Isto nunca aconteceu na histria da humanidade. Os pases que at hoje envelheceram, eles envelheceram porque eram ricos e hoje o Brasil, a China, a Tailndia, a Malsia etc, pases em desenvolvimento e pases ainda mais pobres que o nosso, esto envelhecendo muito mais rpido do que uma Frana, os Estados Unidos ou Japo, em uma frao de tempo. Por exemplo, a Frana levou 115 anos para dobrar de sete para 14% a proporo de idosos. Ns vamos ter esse mesmo dobrar em, praticamente, uma gerao. Ou seja, em 20 anos ser a mesma coisa. E como fazer que essas sociedades, que ainda no esto enriquecidas, no tm as condies encontradas no norte da Europa ou nos Estados Unidos, ou no Japo, e de repente, em uma frao de tempo, em uma gerao, envelhece. E envelhece em um contexto social muito diferente. Urbanizao, participao da mulher na fora de trabalho, muitas vezes no por opo, mas porque tem que ajudar financeiramente a famlia. E, evidentemente, que quanto menos mulheres disponveis - a mulher sempre a que est l quebrando o galho e resolvendo os problemas da sociedade - ento, quanto menos mulheres disponveis para tratar dos idosos que esto cada vez mais numerosos, mais complica toda essa situao, que s tem uma soluo: debatermos muito para chegar a um envelhecimento bom para todos, no s para a elite, porque essa se resolve.Julio Abramczyk:O senhor disse que a idade ideal do idoso seria de 85 anos. Mas a definio da ONU [Organizao das Naes Unidas] a partir dos 60 a 65 anos de idade j um idoso. Atualmente, as moas com 30 anos so "crianas" e a antiga balzaquiana[referncia ao livroMulher de 30 anos, de Honor de Balzac (1799-1850), francs, um dos mais extraordinrios e completos escritores de todos os tempos, autor deA comdia humana, entre outras obras de sua vasta e diversa produo literria] a mulher de hoje com 60 anos. A sociedade aceita esse tipo de idoso?Alexandre Kalache:Qual tipo de idoso?Julio Abramczyk:Acima de 60 anos. Porque 60 anos hoje , ele ... O senhor um exemplo de um sexagenrio que trabalha.[Risos]Alexandre Kalache:Eu j nem sei se isso foi um elogio ou ataque. [Risos] Mas eu acho que 60 anos um patamar. um patamar que no cabe muito a mim, porque eu tive acesso s informaes. Eu tenho privilgios que a maioria da populao no tem. Ento, eu estou envelhecendo dentro de um processo que eu acho bom. Mas os 60 anos para a populao universal, estamos falando em termos globais - eu estou falando da mulher que teve oito filhos, subnutrida, eu estou falando do trabalhador que trabalha 11, 12 horas por dia e que enfrenta uma conduo pssima e chega em casa com todas as problemticas sociais. E isso o que caracteriza a imensa maioria da populao idosa do mundo. No a exceo daqueles que esto envelhecendo bem nos pases mais desenvolvidos ou da nossa elite, que est envelhecendo super bem, com acesso a todo o tipo de servio de informao. Ento, os 60 anos, que a definio das Naes Unidas, ele no cabe em uma platia, em um grupo como esse. Mas ele cabe para a frica, para a maioria da sia, para ns na Amrica Latina. Os 60 anos um marco importante. s vezes, as estatsticas so de 65 anos. E quando eu falei dos 85 porque a j no h disputa. A pessoa de 85 anos hoje uma pessoa que, ou no norte ou no sul, nos desenvolvidos ou nos menos desenvolvidos, uma pessoa que j envelheceu.Paulo Markun:Kose.Kose Horibe:Kalache, dentro dessa viso a dosbaby boomers,ns ouvimos sempre essas informaes. Mais ou menos em que eles se basearam para construir uma vida mais saudvel? Inclusive, eles tm sido uma referncia, por exemplo, na Academia Americana de Medicina Anti-envelhecimento. Ento, voc poderia estar discutindo conosco quais so os critrios ou mudana de estilo de vida que eles adotaram. E, conforme a maneira de modo de vida deles, ns podemos estar pensando aqui no Brasil?Alexandre Kalache:A construo, ela parte, em primeiro lugar, da formao das pessoas. Uma massa de indivduos que teve acesso educao, informao. So pessoas bem informadas, so pessoas integradas sociedade. Depois da guerra [Segunda Guerra Mundial] houve uma exploso de oportunidades e isso fez com que essa gerao, por ser muito numrica e por ter acesso informao de uma forma sem precedentes, chegasse a essa revoluo toda que a gente observou e continua observando. Ento, por isso que eu digo que um grupo especial, uma gerao especial. Sobretudo nesses pases que tm um impacto muito grande na formao.Kose Horibe:Ento, basicamente, um problema mais cultural, de difuso cultural de informao?Alexandre Kalache:As coisas se a gente for...Kose Horibe:Ou pessoal?Alexandre Kalache:Se a gente... Bom, ele comea no pessoal e acaba por acumular o pessoal. Mais e mais indivduos, voc tem um coletivo que importante. No h dvida de que os determinantes mais importantes, em uma viso mais global, para um envelhecimento saudvel, e para a sade em geral, so os determinantes sociais. A gente sabe hoje que, por exemplo, as taxas de mortalidade nos pases mais ricos em que essas pesquisas j foram feitas, depois que a gente ajusta os dados para fumo, para exerccio fsico, para dieta, para isso e aquilo, todos os fatores de risco para essas doenas crnicas - e acho que a gente depois vai poder debater mais sobre isso - mesmo depois de ter ajustado os dados para tudo isso, a gente continua com um excesso de mortalidade para as camadas mais pobres. So fatores de estresse, so fatores de excluso, so fatores de cidadania que influenciam a nossa sade. At eu diria do nosso sistema imunolgico, fazendo comparao com essas pessoas desfavorecidas. Mesmo que se comportem super bem com aqueles estilos de vida todos que a gente sabe que so bons, elas acabam ainda com uma mortalidade mais alta do que os nossos advogados, mdicos, polticos e dirigentes. Ento, tem um fator social que muito importante. Voc falou de outra coisa que eu gostaria, at talvez polemizando um pouco, voc falou de anti-envelhecimento. Anti-envelhecimento, eu s tenho uma soluo para no envelhecer. Anti-envelhecimento, contra o envelhecimento pum, matar, morrer cedo. Ns falamos muito em envelhecimento saudvel, envelhecimento ativo. Mas a palavra, ou esse rtulo anti-envelhecimento no nesse [sentido] que a gente escuta.Kose Horibe:Exato, mas s para poder explicar ao amigo, colega Kalache, quando o americano, h 12 anos, escreveu ou instituiu o anti-envelhecimento, a finalidade foi exatamente poder compreender as tecnologias atuais e aplicar no Ato Um da Organizao Mundial de Sade. Ou seja, dar preveno. E agora, na preveno das doenas crnicas. Ento, esse objetivo principal do anti-envelhecimento...talvez o nome, essa coisa afasta ou assusta as pessoas.Julio Abramczyk:Pode mudar para "a favor do envelhecimento".Kose Horibe: Mas foi com o interesse... Como?Julio Abramczyk:Pode mudar para "a favor do envelhecimento".Kose Horibe: foi com esse interesse de chamar realmente a ateno.Alexandre Kalache:Porque um nome, um rtulo.Julio Abramczyk: levado para um lado negativo, no ?Alexandre Kalache:Eu diria infeliz. Porque d essa idia de que anti-envelhecer, no envelhecer. E atrs dessa indstria, do anti-envelhecimento, infelizmente vieram tambm os charlates, vieram umas teorias no cientficas, no baseadas em evidncias cientficas, no baseadas em pesquisas. E as coisas que a gente ouve falar em prol desse anti-envelhecimento - no estou em absoluto colocando que seria a sua posio - mas h muito charlatanismo, com muito lucro por detrs. Porque as pessoas - como j se disse aqui - no querem envelhecer. Ento, fazem aquela revoluo nas suas vidas, pagando caro aos que prestam esses servios do anti-envelhecimento. E acho que chamar de envelhecimento saudvel, ativo, bem sucedido, positivo. O "anti" sempre contrrio, negativo.Paulo Markun:E ns retomamos a entrevista com a pergunta da doutora Shirlei Campos.[VT deShirlei Campos]:Ns somos da Academia Brasileira de Medicina Anti-envelhecimento e como nossa Academia se pauta pelos dois itens principais: o Ato Um e o Ato Dois da Organizao Mundial de Sade, a primeira pergunta : o Ato Um, que coloca todas as disciplinas que podem colaborar para a manuteno da sade, tem sido realizado no Brasil ou qual o trabalho que tem sido realizado pela Organizao Mundial de Sade no Brasil? O Ato nmero dois, que depende estritamente do ato mdico, ns sabemos que h um trabalho bastante grande da sade pblica e dos rgos governamentais, mas como a Organizao Mundial de Sade tem visto esse trabalho governamental? E onde a gente ainda pode colaborar para melhorar a preveno individual de sade?Alexandre Kalache:Ns tivemos um ato indito do novo ministro da Sade, que decretou que o envelhecimento uma prioridade da sua administrao. O ministro Saraiva Felipe decretou, agora em setembro, e desde ento, ns estamos acompanhando e assessorando, fazendo com que essas polticas em relao ao envelhecimento saudvel possam se tornar uma realidade, no para aqueles que tm acesso, de novo eu digo, para a elite voc no precisa do ato governamental, voc precisa do incentivo governamental para facilitar que a opo saudvel seja a opo mais fcil. O que muitas vezes no . No adianta saber que bom comer brcolis se a gente no tem o dinheiro no bolso para comer o tal do brcolis. E importante que as pessoas que possam realmente fazer atividade fsica encontrem no meio ambiente onde moram, no no meio ambiente de So Paulo, em que voc sai para fazer o seu passeio na rua e atropelado, passa toda a poluio que voc vai respirar e acaba sendo contraprodutivo aquilo que voc est fazendo. Ento, para isso preciso que voc necessite de um esforo, que certamente do governo, mas que passa por uma parceria. E eu sempre repito isso: o envelhecer, o sinnimo melhor ou a palavra que melhor combina com o envelhecimento solidariedade. a solidariedade entre o rico e o pobre, a solidariedade entre o privado e o pblico, a solidariedade entre o jovem e o idoso. E enquanto a gente no aceitar esse desafio e esperar que seja o governo que vai decidir, que vai determinar como ns iremos viver, no adianta. A gente que tem que fazer o esforo no final do dia, para que esse desafio de um envelhecimento saudvel seja realmente uma opo pessoal, alicerada, bem sustentada por toda a iniciativa privada pblica, pelo governo, que facilite essas escolhas.Mnica Teixeira:O senhor disse no primeiro bloco, que o envelhecimento, vamos dizer assim, a quantidade de velhos nos pases menos desenvolvidos aumentou muito mais rapidamente do que aconteceu nos pases ricos. O que houve na demografia mundial que fez isso acontecer? Se justamente, o senhor est dizendo que uma condio de vida pior leva a uma morte mais prematura?Alexandre Kalache:Ainda que seja mais prematura, ela no to prematura como foi antes. Por exemplo, quando eu nasci, a esperana de vida era 43 anos, aumentou praticamente 30 anos o meu tempo de vida. Se a gente for um pouco para trs, do incio do sculo passado para o incio do sculo agora XXI, nesses 100 anos ns ganhamos muito mais anos de vida do que toda a histria da humanidade, at ento.Julio Abramczyk: uma seleo natural?Alexandre Kalache:No, no por seleo natural no. O que aconteceu foi que as pessoas passaram a sobreviver das causas de mortalidade infantil. Por exemplo,praticamenteningum morre hoje de poliomielite no Brasil. Voc no morre mais de varola, voc no morre mais...Mnica Teixeira:Quer dizer, so conquistas da sade pblica, vamos dizer?Alexandre Kalache:Por um lado, por outro lado, voc tem armas potentes que no existiam antes. At, em minha gerao, eu sou da primeira gerao de beb que conheceu a penicilina, antibitico no existia antes. Ento, as armas que existiam antes para combater essa mortalidade precoce, antes, digamos, da Segunda Guerra Mundial, no havia praticamente cincia. Era mais a presena do mdico de famlia que chegava e escutava e etc. Mas ele no tinha muito como atuar.Mnica Teixeira: muito interessante, deixa eu fazer uma coisa bem rpida, assistir filmes antigos de 50 anos atrs quando ele se passa em um hospital. Voc olha o quarto de hospital e no tem nada, tem uma cama e a pessoa deitada na cama e um mdico ou uma enfermeira entra e tal. E a, hoje voc v, sei l, nos filmes de medicina tem uma parafernlia.Alexandre Kalache:Alta tecnologia.Mnica Teixeira:Pois .Alexandre Kalache:Mas essa alta tecnologia, ela no tanto para prevenir e para tratar das doenas que matam rpido, que so as doenas infecciosas, sobretudo na infncia do jovem. Essas doenas, elas tm um desfecho assim dramtico: ou mata ou cura em questo de dias. Depois que voc chega idade adulta, que voc vai ter um risco maior de cncer, de doenas cardiovasculares, de diabetes, a obesidade etc, toda essa problemtica que entra forte, depois que voc entra na idade adulta, a que o desafio muito maior. Porque voc no tem as armas mgicas que voc tinha para poder combater a mortalidade infantil. Ento, voc tem necessidade de investimento em doenas crnicas, de cuidados crnicos. o que acontece com a maioria do sistema de sade, no s do Brasil. Ns ainda estamos lidando com a diabetes, com doenas cardiovasculares, hipertenso, como se fosse diarria infantil ou um problema infeccioso respiratrio.Mnica Teixeira:Como se fosse um problema agudo, o senhor quer dizer?Alexandre Kalache:Como se fossem problemas agudos. Ento, esse a grande, o grande salto que a gente ainda no deu. Ns ainda estamos muito precrios com relao ateno primria. Fazer com que todos os mdicos, enfermeiras, assistentes etc, em termos de centros de sade, possam lidar melhor com a problemtica de doenas crnicas, que so as problemticas do adulto, incluindo, entre os adultos, naturalmente, a populao mais idosa.Kose Horibe:A partir de que idade deve-se iniciar esse tipo de profilaxia, levar esse conhecimento da possibilidade de gerenciamento do envelhecimento?Alexandre Kalache:A partir da idade que est a minha neta, que tem dois anos. [Risos] Tem que comear desde cedo.Kose Horibe:No, porque aos dois anos ns temos puericultura [ramo da medicina que trata do desenvolvimento infantil]. E a puericultura vai at o final da adolescncia. Ento, a partir da, o ser humano praticamente jogado a esmo. No tem nada que faa as pessoas acompanharem ou se interessarem por um processo desse tipo de preveno.Alexandre Kalache:Mas eu estou colocando que o envelhecimento ativo, um envelhecimento saudvel, ele comea na infncia. Porque na infncia, ao longo da infncia, da adolescncia, que os hbitos saudveis so adquiridos. a alimentao que essa criana tem aos dois, aos cinco, aos oito anos, vai ser muito importante na determinao ou no de risco de doenas que vo acontecer muito mais tarde, at antes de nascer. H pesquisas hoje, a hiptese de Bartel [Peter R. Bartel, mdico pesquisador sul-africano, do Departamento de Neurologia da Universidade de Pretria, em estudo feito por P. R. Bartel, R.D. Griesel, I. Freiman e J. Geefhuysen sobre desnutrio infantil, que foi publicado noAmerican Journal of Clinical Nutrition, com o ttulo "Long-term effects of kwashiorkor on the electroencephalogram"]que mostra que a criana de baixo peso, quando ainda no desenvolvimento fetal, em funo de uma subnutrio da me... por exemplo, h uma massa grande de indianos, que a me recebeu uma nutrio baixa e que essas crianas, ainda na fase embrionria, tinham um meio ambiente ali dentro do tero no adequado e que nascerem com baixo peso. So essas as crianas que mais tarde, na adolescncia, na idade adulta ou jovem, dos 20 aos 30 anos, quando submetidas a uma nutrio excessiva de calorias, de gorduras, de acar etc, essas crianas tm um risco muito maior de virem a sofrer de hipertenso, de obesidade, de diabetes, do que tem os embries que so bem alimentados desde aquela fase antes de nascerem e que levam a sua vida toda, desde a infncia, com uma nutrio mais equilibrada.Paulo Markun:Lena.Lena Castelln:A gente estava falando aqui, o senhor falando de envelhecimento saudvel, envelhecimento ativo, e eu fico pensando o que as pessoas entendem por isso. O que , de fato, envelhecer de forma ativa, no s ficar sem doena, no ?Alexandre Kalache:No. A definio da Organizao Mundial da Sade em relao ao envelhecimento ativo, ela simples e eu vou pedir mesmo que a gente disseque essa definio. um processo de otimizar as oportunidades de sade, participao e segurana, a medida em que as pessoas envelhecem, para que tenham melhor qualidade de vida. Ento, vamos ver. um processo, no uma coisa que se faz assim em um estalar de dedo, ao longo na vida, todo esse processo.Lena Castelln:Mas as pessoas s percebem na hora, quando [o problema, a doena] est ali batendo na porta.Alexandre Kalache:Sim, quanto mais a gente chega aos famosos 60 anos, mais a gente comea a se interessar. Mas comea realmente, desde a infncia, adolescncia e o adulto jovem, esse processo ao longo do curso de vida, para qu? Para que se tenha sade, porque a sade a chave, e atravs dessa sade, que voc possa participar dessa sociedade, que voc no esteja excludo. O risco de voc estar excludo, se voc tiver baixa sade ou uma incapacidade, muito maior do que aquele que est com um pique bom. Falhando isso, a sade e a participao, a voc tem que ter a segurana de que existe algum sistema que vai te proteger. O conjunto disso para qu? Para que voc tenha um mais alto grau possvel de qualidade de vida, medida em que voc envelhece, medida em que voc envelhece, desde aquele que tem 18, 40 ou 65.Paulo Markun:Kaiz.Kaiz Beltro:Voc est falando, ento, viver bem para estar bem quando estiver idoso?Alexandre Kalache:Viver bem. E viver bem a idade que voc tem, que tambm importante. Porque no s a coisa automatizada, no s "eu vou fazer isso e isso. Tm determinadas receitas, a minha alimentao vai ser essa ou aquela". tambm viver bem, no sentido de voc continuar tendo projetos, voc continuar engajado e voc continuar tendo a iluso daqueles projetos que voc possa realizar e que te estimule. Ento, esse aspecto tambm da sade mental, da sade psicolgica e emocional. isto que vai dar aquele equilbrio. Porque muitas vezes, e voc, com certeza voc conhece, no ? Gente que chega aos 60, 65, faz tudo direitinho, aquela vida limitada cheia de proibies, no posso aquilo, no posso isso, etc, esto deprimidas, no esto participando, no esto em uma boa. E importante tambm isso. Se dar a, inclusive, prazeres. No estou dizendo necessariamente de prazeres que sejam pecaminosos ou que no sejam saudvel, mas prazeres que possam te dar aquela iluso de que viver bom, o ruim morrer.Kaiz Beltro:Voc falou tambm em uma estrutura para, na velhice, para ajudar a...Mnica Teixeira:Um suporte.Kaiz Beltro:Um suporte , no ?Alexandre Kalache:Um suporte.Kaiz Beltro:Isso seria papel da famlia ou seria papel do Estado?Alexandre Kalache:Fundamentalmente, no s da famlia no sentido mais estrito, mas em um sentido mais lato. No sentido de que voc tenha as suas amizades, voc tenha um capital social e voc possa investir nesse capital social. H pouco tempo, eu estava conversando com um grupo de idosas da minha famlia e uma delas disse assim: "eu agora, no fao mais amizade com gente da minha idade, porque eles acabam morrendo e eu acabo fazendo e investindo em gente muito mais jovem". E tem um sentido muito positivo nisso. investir para que voc continue integrado socialmente. E voc tem esse capital social no maior nmero possvel de pessoas que possam, na hora em que voc precisar, ou mesmo que voc no precise, para te fazer companhia, para poder te estimular. O difcil viver em solido, porque uma morte lenta onde voc acaba se isolando. E isso, evidentemente, leva depresso. Ento, ter projetos muito bom.Luciene Craveiro:Alexandre.Alexandre Kalache:Oi.Luciene Craveiro: o seguinte, ns temos muita convivncia com esse pblico com 60 anos ou mais. E esse 60 anos j uma realidade. H praticamente 91% da populao hoje de 15 milhes de brasileiros com 60 anos ou mais. Ento, o que pode ser feito, qual a responsabilidade da mdia, de uma maneira geral, para poder levar esse assunto, no s perante aos que tem 60 ou mais, mas como um processo tambm, a educao dos mais jovens vai ser muito importante. Porque quando eles estiverem em uma determinada idade, eles tambm vo estar convivendo com uma populao muito mais velha. Ento, eu acho que esse processo no pode ser, tanto do governo, quanto da mdia de uma maneira geral, muito lento, porque essa j uma situao.Alexandre Kalache:A gente est aqui diante de uma revoluo demogrfica, no uma transio, revolucionrio. A gente est envelhecendo e envelhecendo muito rpido. E a gente tem que parar para perceber. O papel da mdia fundamental. Infelizmente, a mdia no Brasil ainda caracteriza o idoso como uma pessoa que est devagar, que no tem muito o que contribuir, que cria esteretipos. Na melhor das hipteses paternalista em relao ao idoso, e nada disso devia estar acontecendo. inserir, ter melhor forma de voc combater os preconceitos. E h muitos preconceitos no Brasil, imensos preconceitos. Porque a gente vive negando, mas um deles em relao ao envelhecimento, ao velho "o velho o gag", "o velho o que no tem o que contribuir", "o velho o que est por fora, que no tem muito a dizer e o ltimo na famlia a opinar". E a mdia vive realimentando esses conceitos negativos e esses preconceitos que existem.Luciene Craveiro:Na realidade, no so verdadeiros, no ?Alexandre Kalache:No, claro que no.Luciene Craveiro: Segundo uma pesquisa que foi feitaem 2002, 70% desse pblico, eles tm deciso direta sobre o poder de compra, um percentual altssimo. Ento, eles dependem pouco de terceiros.Alexandre Kalache:E inclusive, um fato muito positivo que aconteceu no Brasil dos ltimos cinco, seis anos para c, que a penso no contributiva que todo o idoso que chega aos 65 anos, e que tem imensa, imenso impacto, nas zonas mais pobres, nos municpios mais pobres, nas zonas mais rurais e que exatamente aquela penso miservel, e que pode ser em torno de 100 dlares. Mas aquele dinheirinho a nica fonte segura e regular que aquela famlia recebe. Com isso, aquela famlia tem acesso ao crdito, tem acesso ao alimento, uniforme para a escola, o remdio para a neta. Tudo isso mobiliza a economia daquele municpio, aquela penso pequena. E voc v como uma forma, inclusive, de redistribuir renda, de voc empoderar, dar mais poder quele idoso. Porque ele que est recebendo aquele dinheirinho e voc passa a integr-lo na vida da famlia, de uma forma em que ele no fique margem. Ento, so reformas sociais, estruturais. E nesse ponto, o Brasil est na vanguarda. S h 2 pases na nossa faixa de pases emergentes em desenvolvimento, ou como seja que a gente possa chamar, que tem essas penses no contributivas. A frica do Sul e o Brasil e nos dois est dando certo.Mnica Teixeira:Benefcio de prestao continuada prevista naquela lei, abreviada, Loas [Lei Orgnica de Assistncia Social].Danilo Miranda:O Alexandre exatamente o que eu queria.Mnica Teixeira:Promovida no governo do Fernando Henrique.Danilo Miranda:Perceber esse desafio novo para a sociedade, na medida em que cresce a populao idosa e h o desenvolvimento tecnolgico, que isso tende a ser maior ainda, a esperana de vida maior ainda. Ns temos uma questo grave do ponto de vista da perspectiva de manter na Previdncia, como bancar isso, os ativos so os inativos. Seria interessante, voc fez a um rpido ensaio dessa discusso, mas seria interessante observar como isso est se dando no mundo inteiro. Como esse movimento, digamos assim, se d, no sentido de discutir e aprofundar. E sei que um impasse para o futuro.Alexandre Kalache:No h dvida que, no bem um impasse, um imenso desafio, porque impasse d idia de que ele no...Danilo Miranda:No tem sada.Alexandre Kalache:No tem sada.Danilo Miranda:, no, tudo bem.Alexandre Kalache: um desafio. Agora, esse desafio ele passa pelo seguinte: ns teremos no ano 2050, que no daqui a muito tempo, 2 bilhes de idosos no mundo. Hoje, so em torno de 650 milhes. Bom, do ano 2000 ns ramos 600 milhes de idosos, para o ano 2050, 2 bilhes. Isto significa um crescimento em torno de 300%. Nos pases em desenvolvimento vai pular de 400 milhes para 1 bilho e 700 milhes, 450% de aumento. A populao, como um todo, do mundo, ter aumentado nesses 50 anos a partir de 2000, de 6 bilhes para 9 bilhes, que 50%. Todo mundo fala desse aumento de 50%, mais gente para alimentar, para educar, para isso e aquilo, como vai ser em relao ao meio ambiente. Mas na realidade, quando a gente compara esse crescimento de 50% para 450%, isso uma revoluo imensa. Ns sustentamos, nas Naes Unidas, no s na Organizao Mundial da Sade, que os pases podem envelhecer desde que as polticas adequadas estejam l. Uma poltica adequada para o Brasil de fornecer essa penso baixa que est tendo um impacto imenso na vida, no s dos idosos, mas da famlia. Porm, em um pas que continua com uma poltica de elitismo, privilegiando aqueles poucos que tm acesso a penses fantsticas, por exemplo, de funcionrios pblicos, que podem se aposentar aos 45 anos. E que, no caso de pessoas de classe mdia diferenciada, tem uma esperana de vida ainda de 40 anos. E 40 anos recebendo aquela penso integral que eqivale ao seu ltimo salrio. Isto uma poltica insustentvel e que voc acaba culpabilizando o envelhecimento, quando, na verdade, o que est acontecendo so polticas inadequadas.Danilo Miranda:Distorcidas.Alexandre Kalache:Inaceitveis, que eu tenho imensa dificuldade de explicarna Europa: olha, no Brasil tem um grupinho, mas pequenininho, hein, que tem a sua penso equivalente ao seu ltimo salrio. E como a esperana de vida, por exemplo, de uma mulher aos 45 anos no Brasil de mais outros 40 anos, se ela vem de uma classe mais diferenciada, ela vai receber 40 anos ou mais com essa penso fantstica. isso que insustentvel, no o envelhecer que o problema, o impasse, a sim, de voc manter esse tipo de poltica inadequada, elitista e que s alimenta e recicla aquilo que a gente sempre teve, que a desigualdade reciclando e reforando a desigualdade.Paulo Markun:Alexandre, h oito anos, quando ainda eu no trabalhava aqui noRoda Viva, eu fui para uma outra emissora de televiso fazer uma reportagem sobre sade em Cuba e o objetivo da reportagem eram determinados medicamentos que Cuba desenvolvia e que boa parte deles no tinham, na verdade, muita base cientfica. Mas o que me surpreendeu e que ficou muito evidente l, era o intenso trabalho de, digamos, desenvolvimento de iniciativas fsicas para a populao mais idosa. Isso eu vi no meio da rua, quer dizer, passa por Havana, no uma coisa programada, e h grupos de idosos, em grande quantidade, fazendo exerccios fsicos. Ento, a pergunta que eu lhe fao o seguinte: em quais pases do mundo esse tipo de iniciativa existe, e em que p esto as coisas no Brasil? Porque eu tenho a impresso que a gente corre o risco aqui de ficar falando uma srie de generalidades que so absolutamente pertinentes, mas que no afetam a questo central, na minha avaliao, que justamente polticas pblicas voltadas para obter condies de envelhecimento saudvel?Alexandre Kalache: O que voc observou em Cuba comeou em 1983 com um grupo de idosos recebendo aquela mensagem todo o dia de mdico e etc. Tem que fazer exerccio e esse grupo chegou e falou assim: olha, a gente j est cansado de ouvir que tem que fazer exerccio e no sabe o que fazer. E a gente tem medo de acabar tendo uma leso, um traumatismo. Em vez de ficar dando esse conselho, nos d um instrutor de educao fsica. E a a gente vai saber o que fazer e eu prometo que a gente vai cumprir.. Esse primeiro grupo foi chamado Crculo de Abuelos [crculo de avs] e esse Crculo de Abuelos inicial em Havana se alastrou pelo pas inteiro. Ento uma medida que parte de onde? Da presso do prprio idoso, ele pedindo e sendo facilitado um instrutor que o leve para a praa, para a praia. Cuba, como a maioria do nosso pas, um pas que voc pode fazer esse tipo de coisa em uma praa pblica, o tempo, o clima etc permite e a voc, a partir do fato de que os idosos esto se congregando toda a manh na praa pblica e etc, eles comeam a ter outra, outras trocas e se socializam e a comeam identificar, eu vi isso em Cuba, pessoas idosas com incapacidade, elas prprias, elas prprias fazendo com que o, com as suas prprias incapacidades, mas podendo exercer aquele direito de ter a atividade fsica.

Paulo Markun:Tem isso em Copacabana, no tem?Alexandre Kalache:Em Copacabana tem. Mas o problema que o Brasil no em Copacabana.Paulo Markun:Pois .Alexandre Kalache:Ento, a que ns temos que buscar um tipo de poltica, de interveno. Por exemplo, em So Paulo, ns temos o Agita So Paulo que consegue mobilizar jovens para a atividade fsica. Mas a gente precisa de um tipo de poltica adequada de interveno para as coisas importantes e no adianta perguntar: mas em que pases isso est funcionando bem?. Porque quando a gente olha para a Dinamarca, Canad e para o Japo e l est indo bem, no adianta. Porque aqueles mo