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Brasil uma infraestrutura verde no século XXI Os ricos biomas e ecossistemas brasileiros oferecem uma infraestrutura fundamental para o planejamento de um futuro planeta mais susten- tável. A proteção dos seus valores ambientais e culturais estão sendo compatibilizados com a exploração de seus recursos, de forma sustentá- vel, e equilibrada. As tradições indígena, africana, europeia, e até dos povos do pacífico, criaram formas tradicionais e originais de relação com o meio. Essa di- versidade cultural, unida com a diversidade paisagística, coloca o Brasil como protagonista, pioneiro e inovador, dos atores globais do século XXI. Brasil como infraestrutura verde deve ser analisado a diversas escalas, desde seu papel como coração verde do planeta, como motor do sub- continente sul-americano, na escala regional, e como plataforma urba- na, sede das grandes metrópoles do século XXI, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador ou Belo Horizonte, entre outras. A diversidade botânica e faunística contribui a definir o DNA paisagísti- co, social e geográfico, do país. O rico bioma Amazônico atua como um grande corredor e motor climático para toda a américa do sul. O Bioma Caatinga expressa a luta pela sobrevivência num clima e contexto de grandes contrastes e profundas secas. O Bioma Cerrado se apresenta como o berço das águas e por isso armazena uma grande biodiversida- de. Os singelos campos de Altitude, com seus ecossistemas nublosos, também nos trazem elementos singulares e ricos para o debate patri- monial e ecológico, com elementos vegetais até de interesse paleon- tológico. O Bioma Mata Atlântica com suas densas florestas úmidas constrói uma das maiores reservas da biosfera a escala mundial, modelo de reconstrução e recuperação a escala global. O Bioma Pampa com seus campos e matas ciliares tem sido exemplo de exploração agrológi- ca e sustentável. Finalmente, o Bioma Pantanal com seus ecossistemas alagados e pantanosos continua representando a biodiversidade e o nascimento do paraíso. Por trás da análise ecossistêmica ou geográfica, temos o povo brasileiro, que constrói sua cultura a partir de relacionamentos diversos com a terra e com o território. Na cidade, e no campo, a nível urbano, ou rural, essas diferentes relações se constroem a partir de heranças e tradições milenares adaptadas aos diferentes contextos Devemos entender a cultura agrícola e urbana, desde a perspectiva paisagística, como identidade, como reflexo da diversidade social bra- sileira. Dessa forma devemos analisar as tradições no uso do verde das culturas indígenas, de afrodescendentes, das origens dos descobridores (árabes, portugueses, espanhóis...) ou das diferentes influências holan- desas, francesas e posteriormente, durante a consolidação do império, francesas e inglesas. Já no século XX vão ser agregadas as culturas japonesa, chinesa, ou italiana, a essas formas de usufruir e integrar as relações entre o homem e a natureza. Um caso relevante serão os mis- sionarios (jesuítas, franciscanos, carmelitas, beneditinos...) que vão ligar religião e interpretação da natureza. Assim será construído um modelo que pensa que deveriamos colocar a “infraestrutura verde” em foco recuperando a natureza (elementos, processos e ecossistemas) para nossas vidas e para nossos entornos e ambientes imediatos. Muitas definições de Infraestrutura verde já foram desenvolvidas, mas, para os redatores do Projeto da Infraestrutura Verde (IV) no Sul de Austrália, a infraestrutura verde está formada pela: “... rede de espaços verdes e azul (sistemas naturais e artificiais das águas) que proporcionam múltiplos valores e benefícios ambientais, económicos e sociais, chamados de serviços ecológicos. Os benefícios acontecem nos assentamentos urbanos, mas também no âmbito rural. Ela nos ajuda a compreender e usufruir o valor dos benefícios que a natureza fornece para a sociedade humana, e para mobilizar investimentos, para mantê-los e melhora-los” Na exposição queremos apresentar as infraestruturas verdes nas suas diferentes escalas e manifestações no Brasil. Mostrar alguns dos elementos componentes hoje nas principais atuações, ecossistemas e biomas, permite-nos planejar o futuro de nossos territórios desde o paradigma dos serviços ecológicos e das soluções baseadas na natureza. Por isso classificamos os serviços ecológicos em sete categorias: 1. Combate as Mudanças Climáticas; 2. Prevenção e redução de Riscos; 3. Economia sustentável; 4. Fomento da Biodiversidade; 5. Qualidade do ambiente; 6. Cultura, percepção e arte; 7. Saúde e bem-estar. *1: The Green Infrastructure Project is a partnership between Department of Environment, Water and Natural Resources; Department of Planning, Transport and Infrastructure; Botanic Gardens of South Australia; Natural Resources, Adelaide and Mount Lofty Ranges; and Renewal SA.

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Brasil uma infraestrutura verde no século XXIOs ricos biomas e ecossistemas brasileiros oferecem uma infraestrutura fundamental para o planejamento de um futuro planeta mais susten-tável. A proteção dos seus valores ambientais e culturais estão sendo compatibilizados com a exploração de seus recursos, de forma sustentá-vel, e equilibrada.

As tradições indígena, africana, europeia, e até dos povos do pacífico, criaram formas tradicionais e originais de relação com o meio. Essa di-versidade cultural, unida com a diversidade paisagística, coloca o Brasil como protagonista, pioneiro e inovador, dos atores globais do século XXI.

Brasil como infraestrutura verde deve ser analisado a diversas escalas, desde seu papel como coração verde do planeta, como motor do sub-continente sul-americano, na escala regional, e como plataforma urba-na, sede das grandes metrópoles do século XXI, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador ou Belo Horizonte, entre outras.

A diversidade botânica e faunística contribui a definir o DNA paisagísti-co, social e geográfico, do país. O rico bioma Amazônico atua como um grande corredor e motor climático para toda a américa do sul. O Bioma Caatinga expressa a luta pela sobrevivência num clima e contexto de

grandes contrastes e profundas secas. O Bioma Cerrado se apresenta como o berço das águas e por isso armazena uma grande biodiversida-de. Os singelos campos de Altitude, com seus ecossistemas nublosos, também nos trazem elementos singulares e ricos para o debate patri-monial e ecológico, com elementos vegetais até de interesse paleon-tológico. O Bioma Mata Atlântica com suas densas florestas úmidas constrói uma das maiores reservas da biosfera a escala mundial, modelo de reconstrução e recuperação a escala global. O Bioma Pampa com seus campos e matas ciliares tem sido exemplo de exploração agrológi-ca e sustentável. Finalmente, o Bioma Pantanal com seus ecossistemas alagados e pantanosos continua representando a biodiversidade e o nascimento do paraíso.

Por trás da análise ecossistêmica ou geográfica, temos o povo brasileiro, que constrói sua cultura a partir de relacionamentos diversos com a terra e com o território. Na cidade, e no campo, a nível urbano, ou rural, essas diferentes relações se constroem a partir de heranças e tradições milenares adaptadas aos diferentes contextos

Devemos entender a cultura agrícola e urbana, desde a perspectiva paisagística, como identidade, como reflexo da diversidade social bra-sileira. Dessa forma devemos analisar as tradições no uso do verde das

culturas indígenas, de afrodescendentes, das origens dos descobridores (árabes, portugueses, espanhóis...) ou das diferentes influências holan-desas, francesas e posteriormente, durante a consolidação do império, francesas e inglesas. Já no século XX vão ser agregadas as culturas japonesa, chinesa, ou italiana, a essas formas de usufruir e integrar as relações entre o homem e a natureza. Um caso relevante serão os mis-sionarios (jesuítas, franciscanos, carmelitas, beneditinos...) que vão ligar religião e interpretação da natureza.

Assim será construído um modelo que pensa que deveriamos colocar a “infraestrutura verde” em foco recuperando a natureza (elementos, processos e ecossistemas) para nossas vidas e para nossos entornos e ambientes imediatos. Muitas definições de Infraestrutura verde já foram desenvolvidas, mas, para os redatores do Projeto da Infraestrutura Verde (IV) no Sul de Austrália, a infraestrutura verde está formada pela:

““... rede de espaços verdes e azul (sistemas naturais e artificiais das águas) que proporcionam múltiplos valores e benefícios ambientais, económicos e sociais, chamados de serviços ecológicos. Os benefícios acontecem nos assentamentos urbanos, mas também no âmbito rural. Ela nos ajuda a compreender e usufruir o valor dos benefícios que a natureza

fornece para a sociedade humana, e para mobilizar investimentos, para mantê-los e melhora-los” Na exposição queremos apresentar as infraestruturas verdes nas suas diferentes escalas e manifestações no Brasil. Mostrar alguns dos elementos componentes hoje nas principais atuações, ecossistemas e biomas, permite-nos planejar o futuro de nossos territórios desde o paradigma dos serviços ecológicos e das soluções baseadas na natureza. Por isso classificamos os serviços ecológicos em sete categorias:

1. Combate as Mudanças Climáticas;2. Prevenção e redução de Riscos;3. Economia sustentável;4. Fomento da Biodiversidade;5. Qualidade do ambiente;6. Cultura, percepção e arte;7. Saúde e bem-estar.

*1: The Green Infrastructure Project is a partnership between Department of Environment, Water and Natural Resources; Department of Planning, Transport and Infrastructure; Botanic Gardens of South Australia; Natural Resources, Adelaide and Mount Lofty Ranges; and Renewal SA.

Razão e Natureza | uma questão arquitetônica

PAVIMENTO TÉRREO01 Acesso exposição02 Restaurante03 Gerência restaurante04 Sanitários05 Bar06 Cozinha07 Depósito de lixo08 Área técnica - Subestação, quadros elétricos

Razão e Natureza correm o risco de serem termos antagônicos.

A Razão surge quando a espécie humana desenvolve a capacidade cognitiva, que por sua vez a torna capaz de adquirir e exercer o conhecimento intelectual e transmiti-lo.

A Natureza é compreendida como uma entidade que se desenvolve à revelia da intervenção humana. Uma força que se materializa através de um processo com códigos próprios.

Entender a relação entre Razão e Natureza é, para nós, aceitar a tensão existente, na qual a Razão busca exercer de forma heterônoma seu domínio e que, como contrapartida, recebe da Natureza respostas nem sempre positivas. Esse processo, que se iniciou há 7 mil anos A.C. com a revolução agrícola, estende-se aos dias de hoje através de artifícios cada vez mais eficientes.

Parece claro que a cada momento cresce a responsabilidade de se tornar esta relação mais harmônica. Para tanto, movimentos neste sentido vêm sendo tratados como premissas básicas para o desenvolvimento do planeta e de seus habitantes.

O partido arquitetônico do Pavilhão Brasil DUBAI 2020 busca, a partir da semiótica, abordar essa relação e seus desdobramentos.

O Pavilhão se apresenta ao espectador a partir da expressividade imposta por duas caixas prismáticas atirantadas a um sistema de pórticos e envoltos por uma terceira caixa gradeada, cuja proporção monumental se contrapõe à leveza da espessura e dos vazados de sua trama.

Projetados em grande escala - 12 x 35 m e 15 x 25 m - esses blocos suspensos procuram levar o observador a perceber a presença da Razão, através do domínio técnico que os mantêm resistentes ao princípio “natural” da gravidade.

Logo à entrada, jorrando entre as juntas do piso e sob o volume suspenso, uma névoa de micropartículas de água envolve o visitante e enfatiza o aspecto flutuante dos dois grandes volumes. Esse vapor úmido faz ainda uma referência simbólica aos rios voadores da Floresta Amazônica. Do ponto de vista prático, além de refrescar o ambiente, tem a função de proporcionar uma experiência lúdica.

Afinal, deixar-se envolver por uma fumaça refrescante pode ser um bom convite sensorial para adultos e crianças.

No piso, uma corrente de água se ramifica em direção a todo o pavilhão. Fechado por lâmina de vidro azul temperado e iluminado por baixo, este espelho d’água além de uma alusão aos rios brasileiros, orienta o fluxo dos visitantes. Outros dois espelhos d’água abertos localizados no térreo se conectam a estes filamentos compondo a analogia.

Com materiais de fechamento distintos, cada uma das caixas tem sua própria identidade. A primeira, tem uma roupagem opaca. Não permite um contato imediato entre a vida de fora e a de dentro. À vista do observador externo, ela instiga a curiosidade por seu simbolismo: uma caixa de Pandora. Um bloco fechado que remete ao enigmático monolito de 2001, Uma Odisséia no Espaço.

A segunda caixa, com suas fachadas de vidro e tela perfurada, permite certa permeabilidade visual. Neste caso, o volume propõe interação entre o interior e o exterior, ou seja, uma comunhão entre Razão e Natureza.

Enquanto o conceito formal da arquitetura navega entre os desafios propostos por duas forças - Razão e Natureza -, ao entrar no espaço, o visitante encontrará algumas respostas, num acolhimento que o Conhecimento concede. O fluxo assegura um percurso de experiências múltiplas. Já à entrada, o visitante poderá escolher explorar o nível térreo, com seus equipamentos de convívio e lazer, ou uma rampa que o conduzirá aos espaços expositivos.

Nestes espaços uma nova percepção é gerada. A arquitetura se apresenta de forma mais pragmática. A fluidez do percurso entre espaços abertos e fechados junto à própria expografia, busca traçar a esperada condição harmoniosa entre a Razão e a Natureza. O percurso termina no interior do volume opaco, onde a caixa de pandora se abre para a esperança.

O três subtemas propostos para serem representados no Pavilhão, Together for Nature, Together for People, Together for Tomorrow, nos conduziu à ideia de apresentar a Infraestrutura Verde.

01 viga em per�l caixa 20x100cm esp. 25mm02 pilar em per�l caixa 20x60cm esp. 25mm03 tela em aço malha 100x35mm04 piso em lâmina de madeira cruzada esp. 12mm05 per�l I w530 que receberá tirantes 06 veneziana de ar restaurante07 bar restaurante08 espelho d'água aberto09 espelho d'água fechado - águas moventes10 fogscreen11 barrilete12 arquibancada retrátil13 paineis articulados 14 pilares mezanino 15 per�l metálico w530x82 para suporte dos tirantes 16 chapa metálica impermeabilizada 17 lâmina de madeira cruzada 12mm CLT18 luminárias

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01 Acesso exposição02 Passarelas expositivas03 Exposição04 Área de restaurante reservada paraconsumo de bebidas alcoólicas

05 Sanitários06 Lounge07 Acesso ao Segundo Pavimento08 Acesso VIP

PRIMEIRO PAVIMENTO

01 Acesso exposição02 Exposição03 Passarelas 04 Espaço Multiuso05 Depósito06 Sanitários

07 Auditório08 Camarins09 Sala técnica10 Acesso VIP11 Saída

SEGUNDO PAVIMENTO

CORTE PERSPECTIVADO