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Ministério da Saúde

Parceria: Realização:

SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR

E NUTRICIONAL

Orientações para implementação nos municípios

Ministério da Saúde

O UNICEF foi criado pela ONU em 1946 como um fundo emergencial parasocorrer as crianças das nações devastadas pela II Guerra Mundial. Hoje está

presente em 191 países e territórios, ajudando na sobrevivência e no desenvolvimento de meninas e meninos. Presente no Brasil desde 1950, o UNICEF

atua ao lado dos governos federal, estaduais e municipais, sociedade civil, setor privado, mídia e organizações internacionais, tendo como prioridade a defesa,promoção e proteção dos direitos de cada criança e adolescente a sobreviver e se desenvolver; aprender; ser protegido e se proteger do HIV/aids; crescer

sem violência; e estar em primeiro lugar nas políticas públicas.

Representante do UNICEF no Brasil

Marie-Pierre Poirier

Equipe Técnica do UNICEF

Coordenação

Cristina Albuquerque

Colaboração

Ana Maria Azevedo, Arineide Guerra,

Lúcio Gonçalves, Letícia Sobreira.

Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF

Escritório da Representante do UNICEF no Brasil

SEPN 510, Bloco A, Ed. Ministério da Saúde

Unidade II - 2º andar - Brasília, DF - 70750-521

Telefone: (61) 3035 1900

Fax: (61) 3349 0606

[email protected]

www.unicef.org.br

Parceria

Ministério da Saúde - Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN)

Procter and Gamble - P&G Brasil

Ficha técnica

Coordenação – Karla Moreira

Ilustração e diagramação – Nilberto Bahia

Redação e revisão – Regina Trindade

© 2010 UNICEF

Todos os direitos reservados

SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR

E NUTRICIONAL

Orientações para implementação nos municípios

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reconhece a relevância do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e entende que ele deve ser incorporado às rotinas de atendimento da atenção básica à saúde, devido à importância das ações de vigilância alimentar e nutricional voltadas especialmente para o público infantil.

O SISVAN é uma ferramenta capaz de produzir informações de grande importância para a qualidade de vida das crianças e famílias brasileiras, como disponibilidade de alimentos; aspectos qualitativos e quantitativos da dieta consumida; práticas de amamentação e perfil da dieta complementar pós-desmame; e identificação da prevalência da desnutrição energético-proteica, entre outros fatores relacionados às enfermidades crônicas não transmissíveis.

O acompanhamento do estado nutricional de cada criança é fundamental para detectar uma situação de risco, apontando para o desenvolvimento de ações que possibilitem a prevenção de seus efeitos e a garantia da re-versão ao quadro de normalidade. Portanto, é com muita alegria que nós, do UNICEF, apresentamos esta publicação, em parceria com a Coordena-ção Geral da Política de Alimentação e Nutrição – CGPAN, do Ministério da Saúde, destacando a necessidade de orientar gestores e profissionais de saúde dos municípios quanto à implementação do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.

O UNICEF reconhece o potencial dessa iniciativa e acredita que as infor-mações apresentadas ao longo desta publicação auxiliarão os gestores públicos na gestão das políticas de alimentação e nutrição e na garantia dos direitos de cada criança a sobreviver e se desenvolver plenamente.

Marie-Pierre PoirierRepresentante do UNICEF no Brasil

A importância da vigilânciaalimentar e nutricional

Índice

Selo UNICEF Município Aprovado..........................................................................

O que é e como funciona o SISVAN?.......................................................................

Por que o Selo UNICEF elegeu o SISVAN como um dos indicadores de gestão?..

Do que seu município precisa para implementar o SISVAN?...................................

Qual é a importância de inserir o SISVAN na atenção básica?................................

Como avaliar o SISVAN em seu município?.............................................................

O que fazer para implementar o SISVAN no seu município?...................................

Contatos importantes................................................................................................

Marcos legais............................................................................................................

Publicações e outros materiais importantes.............................................................

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Selo UNICEF Município Aprovado

Assegurar às crianças e aos adolescentes um espaço de cidadania em municípios solidários e estruturados. Esse é o objetivo do Selo UNICEF

Município Aprovado, um reconhecimento internacional que qualquer município do Semiárido e da Amazônia Legal pode alcançar.

Para isso, basta atender aos indicadores do UNICEF, entre eles, a efetiva implantação do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN).

Saiba mais e inclua o seu município nesse desafio!

É muito importante participar!

O Selo UNICEF Município Aprovado é um reconhecimento internacional concedido a municípios brasileiros do Semiárido e da Amazônia Legal que alcançam importantes melhorias na qualidade de vida de crianças e adolescentes.

O Selo nasceu e se desenvolveu inicialmente no Ceará, em 1999. Nesse Estado, foram realizadas três edições que testaram e comprovaram sua eficiência na mobilização pelos direitos das crianças e dos adolescentes. O modelo também foi testado e aprovado em uma edição na Paraíba, em 2002.

Na primeira edição do Selo para o Semiárido, em 2005-2006, 1.179 municípios aceitaram o desafio de alcançar resultados concretos para as crianças e os adolescentes nas áreas de saúde, educação e proteção, e ainda de desenvolver e adotar, na gestão municipal, políticas públicas e programas sociais mais efetivos. Tudo isso com a participação das crianças, dos adolescentes e das comunidades.

Em abril de 2007, a segunda edição do Selo no Semiárido foi lançada, convocando nova-mente os municípios para que participassem desse grande esforço que acelera as melho-rias e impacta rapidamente e de forma positiva a vida de milhões de meninas e meninos brasileiros.

Na edição 2007-2008 do Selo, foram 1.820 municípios que aderiram ao desafio de melhorar a qualidade de vida das comunidades.

Após duas edições voltadas para os 11 Estados que integram a região do Semiárido brasileiro, o UNICEF expande a iniciativa para a Amazônia, fortalecendo a mobilização de governos e da sociedade brasileira para que o País conquiste suas metas prioritárias para reduzir as desigualdades regionais, relacionadas à proteção e à garantia dos direitos da infância e ado-lescência, e também alcance os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Na edição de 2009-2011, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) será um dos mais importantes indicadores do Selo UNICEF Município Aprovado (objetivo 1 - indica-dores). Portanto, você que é o gestor, fique atento!

10 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Com a participação de todos, a comunidade sai sempre ganhando!

Todos os municípios das regiões escolhidas podem participar do Selo. Aqueles que conseguem os melhores indicadores recebem o Selo UNICEF Município Aprovado e um troféu. Os ganhadores mostram que têm um compromisso com a construção da cidadania, mas todos os que participam ganham com as melhorias alcançadas.

Qualquer município, grande ou pequeno, pode conquistar o reconhecimento por seus esfor-ços. E a conquista pode ser divulgada. As informações estão no site www.selounicef.org.br.

Com o Selo UNICEF Município Aprovado, a busca por melhorias na vida das crianças e dos adolescentes no município ganha força, fazendo com que todo mundo participe: os prefei-tos e suas equipes, gestores públicos, professores, ONGs, famílias, empresas de diversos portes e as próprias crianças e os adolescentes! Todos os envolvidos passam a se sentir mais responsáveis pela melhoria do seu município.

Os municípios são avaliados por meio de indicadores relacionados aos objetivos de Impacto Social, Gestão de Políticas Públicas e Participação Social, envolvendo os Fóruns Comuni-tários e atividades temáticas.

Participar faz toda a diferença! E o seu município pode participar. Entenda, a seguir, como a população será beneficiada e o que cada município tem a ganhar.

Alimentação e nutrição são direitos humanos fundamentais.

O tema Direito à Alimentação é objeto de debates extensos e profundos com a participação do governo, de entidades internacionais, da sociedade civil, dos movimentos sociais.

Os avanços na área de segurança alimentar e nutricional, no Brasil, nos últimos anos, são visíveis. A garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável está expressa em vários tratados internacionais, ratificados pelo governo brasileiro por meio, inclusive, da aprovação da Emenda Constitucional 64/2010 que inclui a alimentação no art. 6º da Consti-tuição Federal e que foi de fundamental importância para o País, pois, a alimentação, sendo um dever do Estado, vai traduzir-se em outras políticas públicas na área de segurança ali-mentar e nutricional.

Constituição Federal de 1988, art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência

social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação da EC 64/10)

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Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)

Desde a primeira edição do Selo para o Semiárido, em 2005, foram incorporados os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que são o compromisso dos Estados Membros da Organização das Nações Unidas para a melhoria da qualidade de vida, saúde e educação em todo o mundo, em uma tentativa de reduzir as desigualdades entre as nações.

Conheça quais são os ODM:

1. Erradicar a extrema pobreza e a fome.

2. Atingir o ensino básico universal.

3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.

4. Reduzir a mortalidade infantil.

5. Melhorar a saúde materna.

6. Combater o HIV/aids, a malária e outras doenças.

7. Garantir a sustentabilidade ambiental.

8. Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.

Ao mobilizar gestores e população, a metodologia do Selo tem contribuído para que os municípios conquistem importantes melhorias na vida de crianças e adolescentes do Semi-árido. Entre os resultados alcançados nos últimos anos, está a redução da mortalidade de crianças menores de 1 ano. De 2004 a 2006, esse indicador caiu 15,2% nos municípios que foram certificados pelo UNICEF. A média nacional de queda do indicador, nesse mesmo período, foi de 3,1%. Da mesma forma, o crescimento do acesso ao exame pré-natal no Semiárido foi muito acima da média nacional. O número de mulheres com sete ou mais consultas de pré-natal aumentou 30,2% nos municípios que receberam a certificação, enquanto o crescimento médio do País ficou em 7%.

12 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

O que é e como funciona o SISVAN?

O monitoramento da situação alimentar e nutricional é uma das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN, instituída em 1999 no Brasil, e essa ação é centrada no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. O SISVAN corresponde a um sistema de informações que tem como objetivo principal promover conhecimento contínuo sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam. As informações sobre o estado nutricional e da alimentação da população sustentam a tomada de decisões, a médio e longo prazo, que visem às melhorias necessárias para que as crianças cresçam adequa-damente e adotem uma alimentação saudável desde cedo, contribuindo para a qualidade de vida de todo o município.

Uma das bases principais do SISVAN corresponde ao sistema informatizado, o SISVAN Web, que é acessado via internet pela Atenção Básica à Saúde no nível municipal, para o registro dos dados de alimentação e nutrição. Os dados de peso, altura e indicadores do consumo alimentar em diferentes fases da vida são provenientes dos atendimentos realiza-dos nos Estabelecimentos de Saúde ou pela Estratégia Saúde da Família e pelo Programa Agentes Comunitários de Saúde.

O SISVAN apresenta ainda a possibilidade de acompanhamento da situação nutricional dos beneficiários do Bolsa Família. Semestralmente, são registradas as informações das condi-cionalidades do setor saúde no sistema de gestão do Programa Bolsa Família, incluindo o acompanhamento do crescimento das crianças e a realização do pré-natal entre as gestantes. Os dados antropométricos (peso e altura) dessas crianças e das mulheres em idade fértil são registrados no sistema de gestão e são exportados para o SISVAN Web, permitindo análises sobre o perfil nutricional desses grupos.

Saiba como acessar o SISVAN Web:

Deverá ser acessado pelo coordenador municipal do SISVAN por meio do Acesso Restrito disponível na página

eletrônica da Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde – CGPAN

(www.saude.gov.br/nutricao), utilizando CPF e senha.

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 13

Para os povos indígenas, o SISVAN foi instituído em 2006, por meio da Portaria Nº 984 da Funda-ção Nacional de Saúde (FUNASA), gestora da Saúde Indígena no Subsistema do SUS naquele período. Essa estratégia tem como objetivo des-crever e acompanhar as tendências nutricionais e alimentares e seus fatores determinantes, con-tribuindo com o pla-nejamento, execução e avali-ação de políticas, programas e ações voltados para a promoção e adequação da situação alimen-tar e nutricional dos povos indígenas.

São informações obtidas pelo SISVAN:

• Estado nutricional por meio da antropometria (peso e altura)

• Prática de aleitamento materno (objetivo 1 dos indicadores do Selo Unicef Município Aprovado)

• Introdução da alimentação complementar

• Indicadores de consumo alimentar em diferentes fases da vida

Saiba mais sobre a antropometria:

É o conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes. É aplicável em todas as fases da vida e

permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional. Considerando as vantagens como baixo custo, simplicidade de realização,

facilidade de aplicação e padronização, amplitude dos aspectos analisados, além de não ser invasiva, é a técnica mais adequada e viável para ser

adotada em serviços de saúde.

Existem outras ações da área de alimentação e nutrição que merecem atenção do gestor, por interferir diretamente no estado nutricional das crianças:

• Suplementação preventiva de vitamina A entre crianças de 6 a 59 meses nas regiões endêmicas e

• Suplementação preventiva de ferro para todas as crianças de 6 a 18 meses.

Além disso, diversos inquéritos populacionais realizados periodicamente contribuem para as ações do SISVAN, trazendo dados relativos ao estado nutricional e ao consumo alimentar da população brasileira. Entre eles, destacam-se as Pesquisas de Orçamentos Familiares e as Chamadas Nutricionais. Também são estratégias adotadas para compor o SISVAN o acesso à produção científica, o financiamento de estudos e o cruzamento de dados provenientes de outros sistemas de saúde, que podem contribuir com dados do tema.

14 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Por que o Selo UNICEF elegeu o SISVAN como um dos indicadores de gestão?

O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN foi concebido no Brasil sobre três eixos:

• para auxiliar na formulação de políticas públicas; • para planejar, acompanhar e avaliar programas sociais relacionados à alimentação e

nutrição e • para avaliar a eficácia das ações governamentais.

Dessa forma, o SISVAN cumpre o seu papel em auxiliar os gestores públicos na gestão de políticas de alimentação e nutrição.

Do que seu município precisa para implementar o SISVAN?

Equipamentos e insumos

Os equipamentos e insumos necessários para a implantação do SISVAN são:

• Computador disponível, com acesso à inter- net, para o uso do SISVAN Web;

• Equipamentos antropométricos em perfeitas condições de uso:

* balança pediátrica e de plataforma;* estadiômetro horizontal (para crianças menores de 2 anos, medidas deitadas) e vertical (para crianças a partir dos 2 anos, medidas em pé);

• Calculadora, planilha ou disco para a iden- tificação do Índice de Massa Corporal (IMC);

• Gráficos ou tabelas de crescimento infantil;

• Formulários de cadastro individual e mapas de acompanhamento do SISVAN para a criança;

• Formulários de marcadores do consumo ali- mentar do SISVAN.

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 15

Seu município possui todos os itens necessários para a avaliação antropométrica e de consumo alimentar da população? Os equipamentos antropométricos estão funcionando adequadamente? Há computador disponível para registro dos dados do SISVAN?

É de extrema importância que os equipamentos necessários estejam funcionando adequa-damente ou, do contrário, os mesmos devem ser adquiridos para garantir a qualidade na coleta de dados e o devido registro das informações do SISVAN no sistema informatizado.

A atenção para os cuidados com a manutenção dos equipamentos deve ser criteriosa para não prejudicar a coleta e qualidade dos dados. Recomenda-se que também estejam disponíveis equipamentos portáteis para o uso em busca ativa pelas Equipes de Saúde da Família ou pelos Agentes Comunitários de Saúde que estejam capacitados para a aferição de medidas antropométricas. Os equipamentos portáteis favorecem não só as avaliações no posto de saúde como nas residências, principalmente nos locais de difícil acesso.

Recursos Humanos

De acordo com a Portaria 2246/GM de 2004, é de responsabilidade das Secre-tarias de Saúde, nos âmbitos estadual e municipal, a implantação e a supervisão das ações do SISVAN, sendo recomen-dada para essas atividades, preferencial-mente, a coordenação do nutricionista. As ações podem ser executadas pelas equi-pes de Saúde da Família, nos domicílios ou nas unidades básicas de saúde.

Seu município comporta a equipe neces-sária para coleta dos dados?

Os recursos humanos indispensáveis para a coleta e registro das informações do SISVAN são:

1. Profissionais da área de Saúde das uni- dades básicas de saúde, das equipes de Saúde da Família ou dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família.

2. Digitador.

16 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Capacitações

As capacitações sobre o uso do SISVAN Web, avaliação de medidas antropométricas e utilização dos marcadores de consumo alimentar são essenciais para que a equipe envolvida no processo desempenhe seu papel com a qualidade necessária. A recomendação é que a frequência da capacitação obedeça à demanda de atualização e ocorra de acordo com a rotatividade dos profissionais.

Portanto, gestor, fique atento: sempre que houver mudança da equipe de profissionais que atuam no SISVAN municipal,

será preciso fazer uma nova capacitação.

É importante que seja contatada a Coordenação Estadual de Alimentação e Nutrição ou os Centros Colaboradores de Alimentação e Nutrição da sua região, que podem fornecer infor-mações sobre o agendamento das capacitações para representantes municipais e regionais de saúde e apoiar as capacitações em seu município.

A partir da geração dos relatórios, é importante interpretar os indicadores de nutrição, com especial atenção para aqueles que estão disponíveis para o público infantil.

São exemplos de importantes avaliações que devem ser investigadas a partir dos relatórios do SISVAN Web:

• Quantas crianças tiveram acompanhamento do estado nutricional e do consumo alimentar no município? O que essa informação representa

em relação ao total de crianças do município?

• Qual o percentual de crianças com:- baixo peso e com baixa estatura para a idade

- excesso de peso para a idade?

• Quais são as principais tendências observadas ao longo do tempo: redução da desnutrição e aumento da obesidade, por exemplo?

• Quantas crianças estão sob aleitamento materno no seu município?

• Qual é a duração da prática exclusiva de aleitamento materno?

• Como é a introdução da alimentação complementar entre as crianças?

• Quais são as práticas alimentares de destaque associadas a uma alimentação saudável ou que representam risco à saúde da criança?

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 17

O passo seguinte é a adoção de uma atitude de vigilância perante os dados. É necessário ter uma visão crítica da situação nutricional encontrada no município e traçar as devidas ações para o enfrentamento dos principais problemas que afetam o público infantil. Avalie quais são os programas e parcerias mais convenientes para contribuir para a melhoria do estado nutricional e do consumo alimentar das crianças em seu município.

Divulgação das informações

Uma informação deve ter como desfecho sua divulgação, fechando um ciclo de comuni-cação. No SISVAN, o uso das informações resultantes da análise orienta as ações a ser desencadeadas. As equipes de saúde também podem ser responsáveis pela divulgação, devendo ter habilidade para traduzir os resultados obtidos e divulgá-los com clareza. Exemplos de divulgação das informações: informes, boletins, relatórios, folders, cartazes e outros.

Você, que é o gestor, precisa contribuir para que as informações de saúde sejam multiplicadas e atinjam a comunidade e todos aqueles que participam da estratégia Saúde da Família. Os médicos, nutricionistas, dentistas, enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde precisam conhecer e valorizar a importância dos dados do SISVAN. Professores, educadores e diretores de escola também podem participar das ações. Convoque e reúna os seus funcionários.

Faça o seu município ser reconhecido e ajude a disseminar boas práticas!

Além de promover a melhoria da qualidade de vida da população, a implantação do SISVAN nos municípios pode gerar uma experiência de sucesso e levar

o nome do município a ser reconhecido nacionalmente, a partir da divulgação no Boletim Eletrônico do SISVAN. Esse material é organizado pela CGPAN desde 2005 e tem por objetivo fornecer informações sobre a implementação do SISVAN no Brasil e atualização científica entre

os profissionais da atenção básica envolvidos.

Saiba mais: O Boletim SISVAN inclui experiências de sucesso nos municípios brasileiros,

comentários de especialistas em alimentação e nutrição, divulgação de materiais educativos elaborados pelo Ministério da Saúde, entre outros pontos

de destaque. A divulgação é realizada na página eletrônica da CGPAN (www.saude.gov.br/nutricao). Caso seu município tenha uma

boa experiência com as ações relacionadas ao SISVAN, descreva a situação e envie para o e-mail: [email protected]

18 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Qual é a importância de inserir o SISVAN na atenção básica?

A responsabilidade sobre a vigilância deve ser uma preocupação de todos os profissionais das equipes de Saúde da Família. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) devem atuar de forma intensa nesse processo – eles também são responsáveis pela ampliação da cobertura de acompanhamento do SISVAN no município e por salvar vidas.

Na Política Nacional de Atenção Básica, instituída pela Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006, o SISVAN é citado como um dos sistemas que têm que ser alimentados regularmente. Caso contrário, há a possibilidade de suspensão do repasse de recursos do Piso da Atenção Básica aos municípios. Fique atento!

Além disso, leve em consideração o Pacto em Defesa da Vida e pela Saúde, que define como prioridade a redução da mortalidade infantil e materna. No Pacto, o SISVAN é a fonte de informação para o estabelecimento de um dos indicadores propostos.

Saiba mais sobre o Pacto em Defesa da Vida e pela Saúde: www.saude.gov.br.

Equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde:Todos precisam participar!

A Vigilância Nutricional é um dever de todos!

Ações práticas de Vigilância Alimentar e Nutricional

As ações práticas de vigilância alimentar e nutricional têm como enfoque prioritário resgatar hábitos e práticas alimentares regionais/tradicionais que valorizem a produção e o consumo de alimentos locais de baixo custo e elevado valor nutritivo, bem como estimular padrões alimentares mais variados, desde os primeiros anos de vida até a idade adulta.

A promoção de práticas alimentares saudáveis deve ter início com o incentivo ao aleitamento materno – exclusivo até o sexto mês e complementado até, pelo menos, o segundo ano de vida. Além disso, precisa estar inserida no contexto da adoção de modos de vida saudáveis, sendo, portanto, componente importante da promoção da saúde e da qualidade de vida.

A partir dos dados coletados no SISVAN, percebe-se a precoce introdução de alimentos para crianças com até 6 meses de idade, como o consumo de papas salgadas, bebidas ou preparações adoçadas, incluindo nesse grupo os refrigerantes. Esses dados devem servir de alerta para as equipes orientarem as famílias com relação à introdução de alimentos.

Nota-se também o crescente aumento do consumo de alimentos ricos em gordura e industria-lizados para as crianças entre 5 e 10 anos de idade, o que não é considerado uma prática ideal para esse grupo.

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 19

Imaginemos duas situações práticas que mostram a utilização adequada do SISVAN que vai além do diagnóstico e intervenção em situações distintas:

1. A partir das medidas de peso e altura de uma criança de 8 meses de idade, o SISVAN classifica seu estado nutricional e mostra que ela está com déficit de peso para idade (desnutrição energético-proteica). Os marcadores de consumo alimentar mostram que a criança alimenta-se somente de leite materno e em mamadeira. Com base nessas informações, o profissional de saúde já tem subsídios para definir a estratégia para reverter esse quadro de desnutrição e de risco de anemia, enfatizando a introdução da alimentação complementar mais variada e nutritiva e a manutenção do aleitamento materno até os 2 anos de idade.

2. A partir das medidas antropométricas do público infantil do município, tem sido obser-vado um percentual crescente de crianças entre 5 e 10 anos de idade com sobrepeso, de acordo com a avaliação do Índice de Massa Corporal. Ao mesmo tempo, os indicadores de consumo alimentar mostram um consumo frequente de refrigerantes e alimentos ricos em açúcares e gorduras e insuficiente de frutas e verduras. Um percentual relativamente alto dessas crianças se alimenta enquanto assiste à televisão. A partir dessas informações, o profissional de saúde pode orientar os responsáveis pelas crianças com relação a uma alimentação saudável, diversificada e rica em nutrientes e à adoção de práticas adequadas para reduzir o risco de obesidade. Essas ações de promoção podem ser realizadas por meio da formação de grupos de pais, parcerias com escolas, distribuição de materiais educativos, etc.

Como avaliar o SISVAN

em seu município?

Como você já deve ter percebido, o pleno funcionamento do SISVAN ajudará muito no desenvolvimento de seu município. Não fique aí espe-rando, vamos checar se realmente está tudo dentro dos padrões e se as pessoas que participam do processo estão cientes da importância de seus papéis.

Reflita sobre as perguntas a seguir. Elas vão ajudá-lo a entender se o seu

município está preparado para a avaliação do Selo UNICEF Município Aprovado.

• O seu município tem profissional responsável pelo SISVAN?

20 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

• Todas as unidades básicas de saúde do seu município realizam a vigilância alimentar e nutricional com os devidos registros e acompanhamentos no SISVAN Web?

• Com que frequência o seu município alimenta o SISVAN Web?

• Quantas crianças são acompanhadas pelo SISVAN Web, de acordo com a periodicidade recomendada?

• Qual é o percentual de crianças com baixo peso ou obesidade no seu município?

• O município está utilizando as informações sobre o estado nutricional e o consumo alimentar das crianças para desenvolver alguma ação? Quais ações têm sido adotadas?

• Há disponibilidade de equipamentos de antropometria suficientes (balanças e estadiômetros)? • O coordenador do SISVAN foi capacitado?

• Os profissionais das Equipes de Saúde da Família e os ACS foram capacitados em SISVAN?

• Houve ainda a capacitação para o digitador municipal?

Caro gestor, caso tenha conhecimento das respostas a essas questões e sua avaliação seja positiva, saiba que seu município está apto

a pontuar para o Selo UNICEF.

Caso tenha dúvidas sobre as perguntas acima, reúna-se com o Secretário Municipal de Saúde.

O que fazer para implementar o SISVAN no seu município?

Estes são os passos necessários para a correta implantação do SISVAN.

1º passo: Definir o coordenador municipal para o SISVAN, sendo recomendado, preferen-cialmente, o nutricionista.

2º passo: Fazer o levantamento de quais e quantos são e onde estão os equipamentos refe-rentes à medição antropométrica (balanças e antropômetros) do seu município.

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 21

3º passo: Fazer o levantamento de outros insumos necessários, como computador, formulários impressos, gráficos de crescimento, etc.

4º passo: Identificar a necessidade ou não de recursos humanos para a rotina do desenvolvi-mento das atividades de Vigilância Alimentar e Nutricional.

5º passo: Definir o fluxo para as ações do SISVAN, desde a recepção da criança na UBS - Unidade Básica de Saúde (ou busca ativa) até o registro do acompanhamento no SISVAN Web pelo digitador.

6º passo: Acompanhar a evolução do número de crianças com acompanhamento do estado nutricional e do consumo alimentar registrados no SISVAN Web.

7º Passo: Avaliar periodicamente os indicadores de alimentação e nutrição a partir dos relatórios do SISVAN e interpretar os resultados encontrados no município.

8º passo: Identificar a necessidade da realização de capacitação ou atualização dos profis-sionais em SISVAN.

Bem, agora que você já sabe o que fazer, não perca tempo, faça o levantamento do que precisa,

estabeleça parcerias, entre em contato com a Coordenação Estadual de Alimentação e Nutrição

e perceberá que, com a atitude de vigilância, é possível mudar a realidade do seu município.

22 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Contatos importantes

Coordenações Estaduais de Alimentação e NutriçãoPara obter o contato em seu Estado, acesse: www.saude.gov.br/nutricao e clique em Parcerias.

Centros Colaboradores de Alimentação e Nutrição – CecanPara obter o contato do Cecan de sua região, acesse: www.saude.gov.br/nutricao e clique em Parcerias.

Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição – CGPANDepartamento de Atenção Básica/Secretaria de Atenção à Saúde/Ministério da SaúdeSAF Sul Quadra 2 Lote 5/6 Bloco 2, Sala 8. Auditório. Ed. PremiumBrasília/DF. CEP: 70070-600.Telefone: (61) 3306-8022 Fax: (61) 3306-8033.

E-mails: [email protected] [email protected]

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 23

Marcos legais

Diversas leis e portarias dão sustentação às ações de vigilância alimentar e nutricional.

Leis:• Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1999

• Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006

Portarias:• Portaria nº 1.156, de 31 de agosto de 1990

• Portaria nº 080-P, de 16 de outubro de 1990

• Portaria nº 710, de 10 de junho de 1999

• Portaria nº 2.246, de 18 de outubro de 2004

• Portaria Interministerial nº 2.509, de 18 de novembro de 2004

• Portaria nº 2.608/GM, de 28 de dezembro de 2005

• Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006

• Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006

• Portaria nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006

• Portaria Interministerial nº 1.010, de 8 de maio de 2006

• Portaria nº 1.097, de 22 de maio de 2006

• Portaria nº 984/Funasa, de 6 de julho de 2006

• Portaria nº 325/GM, de 21 de fevereiro de 2008

Decreto• Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007

24 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios

Publicações e outros materiais importantes

Orientações básicas para coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde.

Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN.

Cartazes de orientação sobre a aferição de medidas antropométricas.

Boletim Eletrônico do SISVAN.

Álbum seriado do SISVAN.

Guia metodológico do Selo UNICEF Município Aprovado Edição 2009-2012.

O município e a criança de até 6 anos: direitos cumpridos, respeitados e protegidos Brasília, DF: UNICEF, 2005.

Almanaque da Família Brasileira - UNICEF, 2010.

Essas e outras publicações e materiais você encontra nos sites: www.unicef.org.br

www.saude.gov.br/nutricao

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – Orientações para implementação nos municípios 25