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Relção Mãe-Bebê ou Progenitor Principal ( Conceitos de Bowlby )

Bowlby explica a relação de vinculação através da Teoria dos Sistemas de Controle. Ele começou por trabalhar sobre a problemática das perturbações apresentadas pelos lactentes separados da mãe, e só mais tarde se tornou um teórico da vinculação. O seu trabalho apresenta uma síntese entre a psicanálise, no que se refere à perda da ligação maternal, e a etologia, no que se refere ao imprinting. O fenómeno de imprinting demonstra que em algumas espécies podem desenvolver-se e persistir laços entre indivíduos sem que haja necessariamente satisfação das necessidades fisiológicas primárias.

Durante muito tempo pensou-se que os animais nasciam com instintos, respostas omportamentais prontas a utilizar, enquanto que os seres humanos tinham de aprender tudo. Hoje, compreendemos que esta oposição radical entre o instinto e a aprendizagem, entre o animal e o homem, era falsa. Tanto para um como para outro, a aprendizagem, mais ou menos longa, é quase sempre necessária. Tanto para um como para outro, existem sistemas de reacção inatos, mais ou menos numerosos, e pensa-se que, tanto para um como para outro, a activação destes sistemas se realiza em certos períodos. O essencial é a existência destes sistemas, a identificação da vinculação como um destes sistemas, e o facto deste sistema descoberto no animal existir nos seres humanos.

Para Bowlby, há cinco comportamentos, padrões fixos de acção, que estão ao serviço da vinculação. São eles o chupar, agarrar, seguir, chorar e sorrir. No início, estes comportamentos são relativamente independentes uns dos outros, mas no decurso do primeiro ano de vida integram-se num comportamento, cuja função é a de ligar a criança à mãe e contribuem para a dinâmica recíproca desta relação. Enquanto que em relação ao chupar, agarrar e seguir, o bebé é o principal elemento activo, o choro e o sorriso servem para activar o comportamento maternal, actuando como desencadeadores sociais de respostas das mães.

Bowlby frisa que um dos pontos principais da sua tese é que cada uma das cinco respostas que sustentam a ligação à mãe está presente devido ao seu valor de sobrevivência. Afirma ele que a não ser que haja poderosas respostas inatas que assegurem que a criança desperta a atenção maternal e permanece numa proximidade íntima da mãe, durante os anos da infância, a criança morrerá. Desta forma, no decurso da nossa evolução, o processo de selecção natural levou a que o choro e o sorriso, o chupar, o agarrar e o seguir se tornassem respostas específicas da espécie humana.

Bowlby afirma que todas as respostas instintivas parecem atingir um máximo e depois decrescem. “Conforme os anos passam, primeiro a sucção, depois o choro e depois o agarrar e o seguir, todas diminuem. Até o sorridente bebé de dois anos se transforma na criança de escola mais solene. São um quinteto que compreende um repertório bem adaptado à infância, mas que, tendo cumprido a sua função, é relegado para um lugar secundário. Não obstante, nenhuma delas desaparece. Todas permanecem em diferentes graus de actividade ou latência e são utilizadas em novas combinações quando o repertório adulto amadurece. Além disso, algumas, em particular

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chorar e agarrar, voltam a um estado anterior de actividade, em situações de perigo, doença ou incapacidade. Nestes papéis, desempenham uma função natural e saudável que não é necessariamente regressiva.

Conceito de Caregiving na Perspectiva de Bowlby

Bowlby considera o caregiving [tradução literal “dar cuidados”] como o conjunto dos comportamentos parentais que implicam os cuidados físicos e psíquicos/afectivos dados à criança. Estes comportamentos, solicitados pela criança e prestados pelos pais [ou seus substitutos] são sustentados por mecanismos evolutivos e biológicos. Podemos então dizer, como Wallon, um teórico francês importante da psicologia do desenvolvimento que “o social é biológico”. Ou seja, de um modo simplista, o amor pode ser considerado um mecanismo de sobrevivência da espécie.