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bordados e rendas para cama, mesa e banho ESTUDOS DE MERCADO SEBRAE/ESPM 2008 Relatório Completo

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bordados e rendaspara cama, mesa e banho

E S T U D O S D E M E R C A D O S E B R A E / E S P M 2 0 0 8

R e l a t ó r i o C o m p l e t o

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2008, Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Adelmir Santana

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional

Paulo Tarciso Okamotto

Diretor-Presidente

Luiz Carlos Barboza

Diretor Técnico

Carlos Alberto dos Santos

Diretor de Administração e Finanças

Luis Celso de Piratininga Figueiredo

Presidente Escola Superior de Propaganda e Marketing

Francisco Gracioso

Conselheiro Associado ESPM

Raissa Rossiter

Gerente Unidade de Acesso a Mercados

José Ricardo Mendes Guedes

Gerente Unidade de Atendimento Coletivo - Comércio e Serviços

Patrícia Mayana

Coordenadora Técnica

Laura Gallucci

Coordenadora Geral de Estudos ESPM

Durcelice Cândida Mascêne

Coordenadora Carteira de Artesanato

Patrícia Salamoni Bastos

Coordenadora Carteira de Artesanato

Denise Von Poser/Reynaldo Dannecker Cunha

Pesquisadores ESPM

Laura Gallucci

Revisora Técnica ESPM

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bordados e rendaspara cama, mesa e banho

Relatório Completo

E S T U D O S D E M E R C A D O S E B R A E / E S P M

S E T E M B R O D E 2 0 0 8

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Índice

I. Panorama Atual do Mercado . de Artesanato: Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho .......................................................................................................7

1. Introdução .............................................................................................................8

1.1. Metodologia utilizada..............................................................................................9

2. Panorama Histórico: Tecidos, Bordados e Rendas ........................................... 10

2.1. Introdução ao tema: Bordados ............................................................................. 102.2. História dos Tecidos .............................................................................................. 112.3. História dos Bordados .......................................................................................... 122.4. História das Rendas .............................................................................................. 132.4.1. Classificação das Rendas ..................................................................................... 16

3. Histórico do Mercado de Bordados e Rendas .................................................... para Cama, Mesa e Banho no Brasil ................................................................. 18

3.1. Bordados em Ibitinga (SP); ................................................................................... 183.2. Bordados e Rendas na Região Nordeste do Brasil ............................................... 193.3. Características Específicas dos Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho .223.3.1. Definições sobre Artesanato e Tipologias; ...........................................................22

4. Mercado Setorial de Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho ..................26

4.1. Diagnóstico do Mercado Setorial .........................................................................264.1.1. Principais Aspectos do Mercado Externo (setor de tecnologia têxtil) ..................264.1.2. Barreiras Comerciais ............................................................................................294.2. Principais Aspectos do Mercado Interno (Setor de Tecnologia Têxtil) ...................314.2.1. Cama, Mesa e Banho ...........................................................................................314.2.2. Setor de Tecnologia Têxtil .....................................................................................32

5. Mercado de Bordados e Rendas para Cama, ...................................................... Mesa e Banho .....................................................................................................36

5.1. Origem da Produção ..........................................................................................36

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5.2. Volume de Produção ............................................................................................405.3. Balança Comercial ................................................................................................445.3.1. Exportações do Setor Têxtil e Confecções ...........................................................445.3.2. Exportações de Bordados e Rendas ....................................................................465.3.2.1. Dimensão dos Mercados de Destino ...................................................................475.3.2.2. Potencial dos Mercados de Destino para Têxteis .................................................495.4. Importações .........................................................................................................50

6. Cadeia Produtiva ...............................................................................................51

6.1. Cadeia Produtiva da Linha Lar ..............................................................................526.2. Estruturas de Apoio à Produção de Bordados e de Rendas .................................546.3. Projetos do Setor ..................................................................................................566.3.1. Projeto Bordados de Ibitinga-SP ...........................................................................576.3.2. Projeto voltado ao Bordado Artesanal no Paraná ..................................................586.3.3. Programas e Projetos Institucionais direcionados para o Artesanato Nordestino 586.3.4. Projetos SEBRAE .................................................................................................626.4. Casos de Sucesso ................................................................................................626.5. Comparativo de Investimento Inicial e Recuperação de Capital ...........................636.6. Produtores ............................................................................................................646.6.1. Principais Fabricantes ...........................................................................................66

7. Produtos ..............................................................................................................68

7.1. Principais Produtos de Artesanato por Tipologia e por Estado .............................687.1.1. Principais Produtos de Artesanato – SEBRAE Top 100 .........................................69

8. Consumidor ........................................................................................................ 74

9 Concorrência .......................................................................................................75

9.1. Produtos Substitutos ............................................................................................759.2. Consumo .............................................................................................................. 769.3. Consumo per Capita .............................................................................................77

10. Política de Preços ..............................................................................................77

11. Canais de Distribuição .......................................................................................82

11.1. Varejo Especializado de Luxo ...............................................................................83

12. Comunicação: Análise sob a Perspectiva das Arenas da Comunicação ........84

12.1. As Arenas da Comunicação ..................................................................................8512.2. Propaganda Tradicional .........................................................................................8612.3. Varejo....................................................................................................................8712.4. Entretenimento ....................................................................................................8812.5. Moda ....................................................................................................................8912.6. Marketing Esportivo .............................................................................................8912.7. Eventos Promocionais ..........................................................................................89

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12.8. Varejo Digital, Internet etc. ...................................................................................93

II. Diagnóstico do Mercado de Artesanato: Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho .....................................................................................................94

1. Análise PFOA ......................................................................................................95

2. Fatores-chave de Sucesso (FCS) .......................................................................98

2.1. Fatores-chave de Sucesso para Exportação ....................................................... 100

3. Tendências para o Setor de Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho 101

4. Estratégia Competitiva ..................................................................................... 104

5. Conclusão e Recomendações Estratégicas ......................................................... para o Setor ...................................................................................................... 105

5.1. Problemas Relativos à Comunicação .................................................................. 1055.2. Problemas Relativos à Comercialização ............................................................. 1065.3. Problemas Relativos à Competitividade ............................................................. 1065.4. Problemas Relativos à Produção ........................................................................ 106

III. Referências ........................................................................................................ 107

1. Bibliografia ........................................................................................................ 108

2. Associações, Ministérios, Entidades Setoriais etc. ......................................................110

3. Fontes jornalísticas ............................................................................................111

4. Sites ....................................................................................................................111

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I. Panorama Atual do Mercado de Artesanato: Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho

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1. Introdução

É aceito como fato que o sucesso e o futuro de uma empresa dependem do nível de aceita-ção dos seus produtos e serviços pelos consumidores, da sua capacidade de tornar acessí-veis esses produtos nos pontos de venda adequados ao mercado potencial - na quantidade e na qualidade desejadas e com preço competitivo - e do grau de diferenciação entre sua oferta de produtos e serviços frente à concorrência direta e indireta.

A análise mercadológica insere-se nesse contexto como um instrumento fundamental para os empresários das micro e pequenas empresas. A dinâmica dos mercados mo-difica-se continuamente e as exigências dos consumidores alteram-se e se ampliam na mesma velocidade. A falta de um conhecimento abrangente sobre o ambiente de negócios, a cadeia produtiva do setor de atuação, os mercados atuais e potenciais e os avanços tecnológicos que impactam da produção à comercialização de produtos e serviços pode levar o empresário a perder oportunidades significativas de negócios, além de colocar em risco não só seu crescimento e sua lucratividade, como a própria sobrevivência da empresa.

A maior parte dos empresários que gerem micro e pequenas empresas não tem uma com-preensão ampla sobre características, desejos, necessidades e expectativas de seus consu-midores e de seus clientes atuais (por exemplo, os inúmeros intermediários que participam da cadeia produtiva entre o produtor e os consumidores finais). Conseqüentemente, esses empresários tendem a desenvolver produtos, colocar preços e selecionar canais de distri-buição a partir de critérios que atendem à sua própria percepção (às vezes, parcial e viesa-da) sobre como deve ser seu modelo de negócios.

Uma identificação mais precisa do perfil dos clientes e consumidores atuais e potenciais, bem como dos meios e das ferramentas que podem ser utilizadas para atingir (fisicamente) e atender esses mercados ajudam o empresário a concentrar seus investimentos, suas ações e seus esforços de marketing e vendas nos produtos/serviços, mercados, canais e instru-mentais que lhe garantam maior probabilidade de aceitação, compra e, principalmente, fidelização de consumidores. Esta é, indiscutivelmente, uma das principais razões do su-cesso das empresas de qualquer porte.

As tendências e as ações apresentadas neste conjunto de estudos fornecem elementos nor-teadores ao empresário com dois objetivos principais:

no curto prazo, apontar caminhos �quase prontos� para detectar, adaptar-se e atender •às demandas de novos mercados, novos canais de distribuição e novos produtos, sem-pre visando agregar valor à sua oferta atual � valor este definido a partir dos critérios do mercado, e não do empresário.

no médio e longo prazo, pela sua familiarização com o uso dos instrumentos apresen-•tados e com a avaliação dos resultados específicos dos vários tipos possíveis de ação, o

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empresário estará habilitado a aumentar a sua própria capacidade de detecção e análi-se de novos mercados, novos canais de distribuição e novos produtos com maior valor agregado, acompanhando a evolução do ambiente de negócios (inclusive em termos tecnológicos), de forma a melhorar, cada vez mais, a qualidade de suas decisões com foco estratégico de médio e longo prazo.

O empresário, tendo as informações destes estudos como suporte, será capaz de descorti-nar cenários futuros e de antecipar tendências que o auxiliarão a definir suas estratégias de atuação, tanto individuais quanto coletivas.

Além de informações detalhadas sobre consumidores, é fundamental que o empresário tenha levante, sistematicamente, informações sobre os concorrentes e seus produtos, o am-biente econômico regional e nacional e as políticas governamentais que possam afetar o seu negócio. Assim, antes de estabelecer estratégias de marketing ou vendas, é preciso que o empresário busque acesso a informações confiáveis sobre o mercado em que atua, seja em nível nacional, regional e local.

A informação consistente, objetiva e facilmente encontrada é uma necessidade estratégica dos empresários. A competitividade do mercado exige hoje o acesso imediato a informa-ções relevantes que auxiliem a tomada de decisões empresariais. Com esse conjunto de es-tudos, o SEBRAE disponibiliza um relatório abrangente sobre diferentes setores, com forte foco na análise mercadológica e que visa suprir as carências do empreendedor em relação ao conhecimento atualizado do mercado em que atua, seus aspectos críticos, seus nichos não explorados, tendências e potencialidades.

Esta Análise Setorial de Mercado é mais uma das ferramentas que o SEBRAE oferece aos empresários de micro e pequenas empresas para que possam se desenvolver, crescer e lucrar com maior segurança e tranqüilidade, apoiados em informações que possibilitam a melhoria na qualidade da tomada de decisões gerenciais.

As informações contidas no conjunto de relatórios foram obtidas, primordialmente, por meio de dados secundários, em âmbito regional e nacional, com foco no mercado interno. Cada relatório disponibiliza para as MPEs atuantes no segmento estudado:

informações de qualidade sobre oferta, demanda, estrutura de mercados, cená-•rios e tendências;

identificação de pontos fortes e fracos e das principais oportunidades e ameaças que se •delineiam para cada setor;

proposições de ações estratégicas que visam ampliar a visão estratégica do empresário •sobre seu negócio e, sobretudo, apontar caminhos para a agregação de valor aos pro-dutos e serviços atualmente comercializados por essas empresas.

1.1. Metodologia utilizada

De forma sintética, o estudo foi desenvolvido de acordo com o seguinte processo metodológico:

predominância de pesquisas documentais (ou seja, via dados secundários), coletados •junto a diversas fontes públicas, privadas, de caráter nacional, regional ou local, sem-

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pre obtidas de maneira ética e legal;

para complemento, correção e confirmação dos dados obtidos por via secundária, • e na medi-da da disponibilidade para colaborar por parte de acadêmicos, experts e profissionais dos respectivos setores, foram realizadas pesquisas qualitativas (por telefone e/ou e-mail).

Para tornar transparente a origem das informações contidas nos relatórios, todas as fontes pri-márias e secundárias consultadas são adequadamente identificadas no capítulo Referências.

2. Panorama Histórico: Tecidos, Bordados e

Rendas

2.1. Introdução ao tema: Bordados1

O bordadoAutor desconhecido

“Quando era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu sentava perto dela e perguntava o que estava fazendo. Ela respondia que estava bordando.

Eu observava seu trabalho de uma posição mais baixa que ela e sempre perguntava o que estava fazendo, pois de onde eu estava, o que ela fazia parecia muito confuso. Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente dizia:

“Filho, saia um pouco para brincar e quando terminar meu bordado chamo-te e sento-te ao meu colo, então poderás ver o bordado desde a minha posição”.

Perguntava-me porque ela usava alguns fios de cores escuras e porque, de onde eu estava, pareciam tão desordenados. Minutos mais tarde, escutava-a chamando-me:

“Filho, vem, senta-te em meu colo”.

Era o que eu fazia de imediato. Surpreendia-me e emocionava-me ao ver uma linda flor ou um belo entardecer no bordado. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão confuso.

Então minha mãe me dizia:

“Filho, de baixo para cima vias tudo confuso e desordenado, porém, não te ocorria que havia um plano em cima. Havia um desenho, eu só o estava seguindo. Agora, olhando-o da minha posição saberás o que estava fazendo”. Muitas vezes na minha vida olhei para o céu e disse:

1 Fonte: LAZER ARTESANATO. Nova mania: bordado em fita – o bordado. In: USP (Universidade de São Paulo). CDCC (Centro de Divulgação Científica e Cultural). Programa Educ@r (Educação à distância usando a internet). São Carlos: CDCC-USP, 2001. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2001/artesanato/lazer_artesanal2.htm>. Acesso em: 20 maio 2007.

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Pai, o que estais fazendo?

Ele responde:

Estou bordando tua vida.

Mas está tudo tão confuso e em desordem - replico. Os fios parecem tão escuros, porque não são mais brilhantes?

O Pai parece dizer-me: Meu filho, ocupa-te de teu trabalho... e Eu farei o meu. Um dia, trago-te ao céu e então, sentado em meu colo, verás o Plano - desde a minha posição.” (LAZER ARTESANATO, 2001, p.1-2)

2.2. História dos Tecidos

A partir de informações obtidas em artigo disponível no site da Universidade Anhembi Morumbi,2 apresenta-se um breve panorama da história dos tecidos.

Presentes desde que o homem criou sua primeira vestimenta, o algodão e o linho reinaram soberanos até meados do século XIX, quando surgiram as primeiras fibras sintéticas – aceta-to e viscose. O primeiro fio sintético de acetato de celulose foi criado na Alemanha em 1869.

No princípio do século XX os químicos suíços Camille e Henri Dreyfus deram continui-dade ao desenvolvimento da fibra, sendo bruscamente interrompidos com a chegada da Primeira Guerra Mundial, quando o acetato foi usado na fabricação de encerados para revestir os aviões franceses e britânicos. Somente em 1920 o acetato voltou a ser produzido comercialmente, pela British Celanese Ltda, utilizando o método Dreyfus. A viscose, fibra sintética de celulose derivada da polpa de madeira, passou a ser produzida em 1905.

A segunda geração de sintéticos teve início em 1938 com o lançamento do nylon – termo ge-nérico para uma fibra sintética em que a substância formadora é qualquer poliamida sintética de cadeia longa que possua grupos recorrentes de amidas. As primeiras meias finas de nylon foram lançadas em 1940. Alguns anos depois apareceu a fibra sintética acrílica, usada para substituir a lã. Lançada em 1947, só foi produzida em escala comercial na década de 50, quando surgiu no mercado a fibra de poliéster. Utilizada inicialmente na fabricação de tecidos para de-coração, o poliéster foi usado com sucesso na fabricação de todos os tipos de roupa por ter como características o fato de não amarrotar, não deformar e secar rapidamente. Quem não se lembra do slogan lançado anos mais tarde que dizia: “Senta, levanta, senta, levanta e nunca amarrota?”.

Apesar de a tecnologia ser a favor do aperfeiçoamento das fibras sintéticas, os anos 80 foram marcados por períodos de rejeição aos sintéticos. Quase um século após o apareci-mento da primeira fibra sintética, a população mundial descobriu inúmeras desvantagens dos tecidos produzidos dessa forma. Preterida no mercado têxtil, a indústria iniciou uma série de pesquisas para o aprimoramento do tecido, tendo como objetivo principal a elimi-nação das propriedades de desconforto amplamente difundidas nesse período.

2 Fonte: FERRAZ, Paula. História dos tecidos. In: UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. Jornalismo Anhembi Morumbi. Parada obrigatória. São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www2.anhembi.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=38822&sid=2083>. Acesso em: 21 maio 2007.

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2.3. História dos Bordados

Um bordado é uma forma de criar à mão ou à máquina desenhos e figuras ornamentais em um tecido, utilizando para este fim diversos tipos de ferramentas como agulhas, fios de algodão, de seda, de lã, de linho, de metal, de maneira que os fios utilizados formem o desenho desejado.

No que se refere especificamente à atividade artesanal, a maior concentração de tipos de bordados se encontra na região nordeste do Brasil. No Ceará, por exemplo, os bordados são provenientes de artesãos de todo o estado, e ficaram conhecidos por sua beleza e sua arte peculiar. Através dos tipos de bordados denotam-se traços característicos regionais de seus habitantes, aspectos inerentes à cultura e história.

O bordado, executado sobre o tecido com agulha e linha, difere da renda porque esta não é aplicada sobre fundo já existente: ela mesma é um tecido de malhas abertas e com textura delicada, cujos fios se entrelaçam formando um desenho. Já as rendas mais famosas são as de bilros. Tanto com o bordado, quanto com as rendas, são confeccionados artigos de cama e mesa e peças de vestuário.

No estado de São Paulo, a cidade de Ibitinga é conhecida por projetos e atividades comer-ciais baseadas em bordados. Todos os anos nesta cidade realiza-se tradicional Feira do Bordado, o que desperta a curiosidade de turistas vindos de diferentes regiões do país.

De acordo com informações obtidas da revista Ponto Cruz Manequim3 os registros históri-cos do ponto cruz coincidem com a pré-história. No tempo em que os homens moravam em cavernas, o ponto cruz servia para costurar as vestimentas, feitas de pele de animal. Eles usavam agulha de osso e, no lugar de linhas, tripas de animais ou fibras vegetais. Fragmentos de linho datam de 5000 a.C.; retirados de túmulos egípcios em escavações arqueológicas, revelaram que o ponto cruz era usado para cerzir peças de tecido. Na Anti-güidade, os romanos descreviam o bordado como a “pintura de uma agulha”, mas foram os babilônicos que batizaram esta técnica. Existem controvérsias sobre a origem do ponto cruz, da forma como é utilizado hoje. Há quem acredite que ele tenha surgido na China e depois levado para a Europa.

No século XVIII diversas pessoas de diferentes posições sociais faziam o ponto cruz e nes-ta época surgiram os mostruários, a fim de facilitar a escolha dos motivos das cores.

Em termos do que era criado em ponto cruz, são exemplos as letras do alfabeto, borboletas, flores, casas, bordas floridas e as famosas amostras. Nos motivos, aparecia ou a assinatura de quem realizava o trabalho, a data e, às vezes até mesmo, a idade da bordadeira.

Desde a Idade Média até os dias atuais o prestígio do ponto cruz nunca diminuiu. Os moti-vos ganharam novas inspirações e muita vitalidade, levando os trabalhos às possibilidades de enriquecer a decoração, dar ares à criatividade e também valorizar a habilidade manual. A seguir, mencionam-se as principais técnicas de bordado:

• Hardanger: elaborado com pequenos vazados, quadrados e formas geométricas, o har-danger segue a trama do tecido. É trabalhado com quatro fios, tanto na vertical quanto

3 Fonte: REVISTA MANEQUIM PONTO CRUZ, São Paulo, n.58, novembro 1999. Disponível em: <http://www.irenes.com.br/de%20bordados/bordados.htm>. Acesso em: 19 maio 2007.

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na horizontal. Caseado, ponto de cetim, ponto de cabo, ilhós, enchimento com fios cruzados e barras tecidas são alguns dos pontos usados nesta técnica;

• Ajour: a expressão francesa a jour significa “claridade” ou “aquilo que deixa passar a luz”. Por meio de pontos específicos, o bordado introduz aberturas e orifícios no tecido que criarão desenhos de diferentes tipos. Cada país ou região acabou por criar seus próprios desenhos surgindo, assim, o a jour americano, dinamarquês, norueguês e italiano. Alguns desenhos são tão complexos e sofisticados que acabam se aproximando da renda;

• Pedrarias: técnica de bordado que faz uso de miçangas, vidrilhos, canutilhos, paetês, lantejoulas, pérolas e cristais. Registros arqueológicos mostram que as pessoas costu-mavam fazer uso das pedrarias há mais de cinco mil anos;

• Assis: técnica que tem sua origem na cidade italiana de Assis. Muito utilizada na con-fecção de peças sacras, esta técnica é uma variação do ponto cruz. A diferença está no fundo do trabalho, que é preenchido e faz com que o desenho central apareça delinea-do pelos contornos;

• Ponto cruz: conforme já mencionado anteriormente, primeiros trabalhos que mostram pon-tos semelhantes ao ponto cruz foram encontrados por pesquisadores na Ásia Central e da-tam de cerca de 850 a.C. Mas é no Renascimento que o ponto cruz toma a forma pela qual se tornou conhecido atualmente. A mouliné é uma das linhas mais utilizadas nesta técnica;

• Blackwork: arte embasada em formas geométricas. Foi Catarina de Aragão, mulher de Henrique VIII, quem deu a este tipo de arte um caráter popular e não mais sacro como aconteceu até o século XVI. Originalmente, o bordado era feito sobre um linho branco com fios de seda pretos, entremeados com fios de ouro;

• Pattern darning: culturas de todo o mundo costumavam usar esta técnica de bordado para decorar artigos de roupa e linho de família. O ponto é simples e é conhecido entre as bordadeiras por “ponto de correr”, que pode ser feito na horizontal, vertical e diagonal.

2.4. História das Rendas

Historicamente, a renda pode ser muito antiga, caso esta seja considerada exemplo de al-gumas espécies de tramas de fios produzidas ainda no período neolítico.4 Porém, na forma de sua configuração atual, este artesanato têxtil é relativamente recente. É apenas entre os séculos XV e XVI que a história começa a apontar indícios de sua origem, com Flandres e Itália reivindicando sua paternidade. Flandres intitulando-se inventora da renda de bilros e a Itália pedindo a patente da renda de agulhas, da qual nasce a renda renascença.

Mesmo antes do século XV, em meados dos séculos XII e XIII, a história explora a possibilida-de de a renda ter aparecido na Espanha e em Portugal, para onde os mouros a teriam levado. Mas, nesse caso, não se trata da renda como viemos a conhecer por volta dos anos 1500, e sim de alguns tipos especiais de bordados e tramas desenvolvidos com maestria pelos árabes.

4 Fonte: NÓBREGA, Christus. Renda renascença: uma memória de ofício paraibana. João Pessoa: SEBRAE, 2005. 224 p.

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Conforme Nóbrega,5 avaliando os acontecimentos dos séculos XII e XIII, período marcado por grandes confrontos entre cristãos e árabes em decorrência das Invasões Bárbaras e das Cruzadas, pode-se levantar a hipótese de que tais momentos históricos de grandes embates e grandes trocas culturais suscitaram inúmeras conseqüências para ambas as regiões, entre as quais se destacam a influência da arte oriental para manifestações estéticas européias.

Ao se analisar atentamente a arte árabe, encontra-se semelhanças tipológicas entre esta e a renda produzida na Europa a partir do século XV. Seu estilo artístico é fundamentado em princípios religiosos e desaconselha qualquer representação da figura humana. Dentro dessa aparente limitação criativa, seus artistas desenvolveram muito as formas abstratas como linguagem para sua expressão visual, adotando a geometria, a caligrafia e os motivos florais como principais elementos de sua estética. Essa forma de representação imagética ficou conhecida como arabesco e foi largamente usada na decoração de prédios e artefatos de uso cotidiano. Os arabescos árabes configuram tramas visuais complexas e rebuscadas, e essas tramas, quando comparadas morfologicamente com as tramas das rendas do século XV, apresentam vários aspectos semelhantes. Por isso, é provável a hipótese desta arte ter influenciado de algum modo a criação da renda européia.

As pioneiras investigações foram no sentido de produzir bordados com linha branca so-bre fundos claros e em tecidos leves e transparentes, como tule e musselina. Em seguida, criaram a técnica de cortar certos espaços vazios do tecido entre os motivos bordados, vazando-se áreas estratégicas ao redor deste. Os italianos batizaram essa invenção de pun-to tagliato, os franceses de point coupé, ou seja, ponto cortado. Estava, nesse momento, dado o primeiro passo à criação da renda, e nascia também o que tempos depois ficou conhecido como a técnica para a produção do richelieu.

Após o ponto cortado, as experimentações dos artesãos continuaram e criaram o que foi chamado pelos italianos de fili tirani, e pelos franceses de fils tires, ou fios puxados. Esse processo consistia em retirar do tecido alguns fios, conservando apenas os necessários para estruturar e interligar os pontos e os motivos bordados. Esta técnica específica do des-fio deu origem a um tipo especial de renda, conhecida no Brasil como crivo ou labirinto.

A esse bordado cortado e agora feito sobre tecidos propositalmente desfiados, os artesãos acrescentaram pequenas barras serrilhadas ao seu redor, para dar-lhe acabamento lateral e mais sustentação. Sem o fundo de tecido e com a barra ao redor o bordado já poderia ser considerado, praticamente, uma peça de renda.

Para estes novos pontos foram criados inúmeros desenhos de padrões para serem produzi-dos em diferentes modelos. Estes padrões popularizaram-se através dos livros de padrões, desenvolvidos e editados na Itália durante todo o século XVI.

As pesquisas para a feitura de novos pontos continuaram especialmente na Itália. Entre todos os pontos cortados criados, aquele que se apresentava como inteiramente novo ficou conhecido como ponto no ar. O que o divergia dos demais era o fato de ele não precisar de um tecido de base para ser executado, diferentemente do ponto cortado, no qual, embora o tecido praticamente desaparecesse após o desfio, ainda assim, só era possível de ser produ-zido tendo um tecido como base.

5 Fonte: NÓBREGA, 2005, op. cit.

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O ponto no ar era feito de maneira livre do tecido; isso possibilitou uma ruptura completa entre o bordado e a renda, a qual acabava de nascer. Em decorrência desta descoberta, é possível reconhecer a Itália como a grande responsável pelo invento deste novo artesanato têxtil. Mesmo assim, dentro do país passou a existir uma disputa entre as cidades de Ra-gusa e Veneza pela paternidade da criação deste ponto. Porém, Veneza veio a se tornar um centro bem mais famoso e respeitado na produção de rendas de agulhas, exportando tanto seu artesanato como seu conhecimento para outros países europeus.

O ponto no ar, após a fama de Veneza, também ficou conhecido como ponto de Veneza e começou a ser utilizado amplamente na França, juntamente com seus precursores artesa-natos têxteis, como o ponto cortado e os fios tirados.

Mais tarde, na França, entre 1754 e 1793, as artesãs trabalharam para aperfeiçoar o ponto de Veneza e criaram o point de France, ou ponto da França, que logo consolidou a supremacia daquele país na produção de rendas de agulhas em toda a Europa. Este novo ponto era mais fino e trazia em sua composição formas mais rebuscadas de folhagens e arabescos, diferentemente dos padrões mais geométricos das rendas italianas.

A Itália procurou reagir ao crescimento do artesanato têxtil francês e Veneza criou o punto di rosa, ou ponto de rosa. Embora tenha sido descoberto em Veneza, outra cidade italiana, Burano, acabou por se tornar a sua principal produtora, mudando o nome de ponto de rosa para ponto de Burano.

Mesmo com o advento do ponto de Burano, a Itália não conseguiu reconquistar a antiga hegemonia na produção da renda de agulha, pois foi justamente o ponto da França que se propagou por toda a Europa. Com essa ampla disseminação, outros países se sentiram encorajados a também produzirem este novo e original artesanato têxtil, principalmente no espaço de tempo em que a França cessou provisoriamente a sua produção durante a Revolução Francesa.

Porém, além da Itália e da França, é importante verificar que outras nações contribuíram profundamente para a disseminação e consolidação da renda de agulha pelo mundo, e neste contexto pode-se reconhecer Espanha, Inglaterra, Islândia e Portugal, como países funda-mentais no processo de divulgação da renda. Contudo, a França continua sendo decisiva para a implantação da renda renascença no Brasil, especialmente no estado da Paraíba.

Originalmente, a renda de agulha teve seu uso atrelado ao vestuário. Historicamente, a renda foi introduzida nas indumentárias entre os séculos XV e XVI como elemento decora-tivo que pudesse substituir o bordado. A diferença entre o bordado e a renda é bem clara. O primeiro é a aplicação de motivos sobre o tecido de forma que este se torne uno ao pano. O segundo, a renda, constitui-se em uma trama auto-estruturada independente de um su-porte, no caso, o tecido. Assim, o bordado quando aplicado em uma peça de vestuário não pode ser retirado desta, diferentemente da renda. Com essa possibilidade de ser removível, este novo artesanato têxtil tornou-se uma das maneiras encontradas por homens e mulhe-res para diferenciar uma mesma peça de roupa nas diversas ocasiões de seu uso.

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Divergindo dos dias atuais, em que prevalece a aplicação de renda em roupas femininas, inicialmente não foi exclusivamente nas vestimentas de mulheres que ela teve destaque, pois suntuosas peças desse artesanato foram produzidas para os trajes masculinos. Nesses séculos, durante o Renascimento, encontram-se vários personagens nobres usando renda em seus trajes, concedendo a esta um grau de sofisticação que ajudou em muito a difundi-la por toda a Europa.

Com o passar dos anos, a renda ganhou ainda mais destaque nas indumentárias, sendo empregada com magnificência, além de seu predomínio em golas, mas também em pu-nhos e em lingerie feminina e masculina. Além desses usos, também foram usadas na or-namentação dos canos das botas altas, surgindo a moda dos canhões (ornamentos de rendas que se prendiam ao longo das pernas).

O uso das rendas foi de tal proporção que seu valor social em possuí-las era de elevado status, a ponto de a Igreja Católica proibir o uso excessivo desse artefato, embora também a Igreja a usasse em suas vestes eclesiásticas e na decoração dos altares.

2.4.1. Classificação das Rendas

“Sobre a almofada, nos bilros, curtidas mãos exercitam líquida paciência.Os bilros têm sons de infância. As mãos avultam, tranqüilas, no alegre bater dos bilros.Mãos e bilros, mãos e bilros de um fundo a outro do abismo tecendo a renda do tempo.” (Anderson Braga Horta6)

Figura 1

Almofada com bilros

Fonte: HORTA, Anderson Braga. Artesanato. In:

Garatujando. 14 maio 2005.

As rendas, segundo Nóbrega,7 podem ser classificadas em duas categorias distintas, diferenciando-se pela forma como são produzidas, bem como pelas características materiais obtidas em cada processo produtivo, que confere a elas diferente lisura, delicadeza e fluidez.Na primeira classe de rendas encontram-se aquelas produzidas com o auxílio de bilros. O bilro é um pe-queno instrumento constituído de uma curta haste que em uma das pontas apresenta uma terminação esférica. Na ponta oposta enrola-se uma quantida-de de linha que é presa a um padrão que contém o desenho da renda a ser executada. Para se produzir

uma renda desse tipo se faz necessário trabalhar com vários bilros simultaneamente, que vão sendo embaralhados em um dado sentido e com isso vão se cruzando os fios presos a eles, fazendo a renda surgir gradativamente. A quantidade de bilros empregados varia de acordo com a complexidade da renda a ser confeccionada.

6 Fonte: HORTA, Anderson Braga. Artesanato. In: Garatujando. 14 maio 2005. Disponível em: <http://garatujando.blogs.sapo.pt/arquivo/621873.html>. Acesso em: 14 maio 2007.7 Fonte: NÓBREGA, 2005, op. cit., p. 35.

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Com esse instrumento se produz um tipo de renda que leva o mesmo nome da ferramenta; no Brasil conhecida como renda de bilros.

Na segunda classe estão aquelas confeccionadas com o uso de agulhas. As agulhas empre-gadas para a execução de algumas dessas peças artesanais são as mesmas utilizadas para a costura doméstica em geral, e são com elas produzidas a renda renascença, o filé e o labi-rinto. Em outros casos utilizam-se agulhas especiais, como para a produção do tricô e do crochê. Essas últimas são rendas extremamente populares e produzidas por um número muito maior de mulheres quando comparado ao número de artesãs que dominam o ofício de tecer uma renda renascença ou labirinto, por exemplo.

Entre as rendas de agulhas e de bilros existem aquelas que são rendadas em cima de al-mofadas ou grades. Dessas rendas, aquelas feitas em grades são o labirinto e o filé. Tanto a renascença como a renda de bilro são produzidas em cima de almofadas. Para a primeira, a renascença, a almofada é menor e mais leve e fica repousada sobre o colo da artesã durante o trabalho. Para a segunda, o bilro, a almofada é grande e pesada e fica assentada em cima de um cavalete de madeira e a artesã tece geralmente sentada no chão de fronte a esta.

A renda renascença é um tipo de renda de agulha, que mantém o mesmo princípio formal das outras rendas de sua classe, as quais são constituídas basicamente por desenhos con-cêntricos. Porém, dentre todas as de sua família, a renascença é tida como a de qualidade superior, haja vista seu árduo e complexo processo de produção, sua beleza e delicadeza, o que reflete diretamente em seu preço elevado no mercado.

Além de renascença, esta renda de agulha também é conhecida por outros nomes, tais como, inglesa ou irlandesa.

O termo “inglesa”, utilizado para designar este tipo de renda apenas em algumas regiões brasileiras (em especial, na Bahia) deve-se ao fato do estabelecimento de for-tes laços comerciais entre este estado e a Inglaterra durante a colonização do Brasil. Nessa região concentrou-se o comércio de muitas manufaturas advindas deste país. Entre os diversos produtos importados encontrava-se a renda, o que fez com que esse artesanato têxtil fosse associado ao país inglês que a comercializava, recebendo então seu nome como referência.

O nome “irlandesa” está relacionado ao país, que muito colaborou para sua perduração durante a Revolução Industrial. Em meados de 1872, no momento histórico marcado pela acelerada caminhada da máquina para a substituição dos fazeres artesanais, Margarida Sávoa, na Irlanda, estimulou fortemente essa produção artesanal em conventos de todo o território irlandês. Sabe-se que as freiras irlandesas foram algumas das principais respon-sáveis pela educação de vários países colonizados, a exemplo do Brasil. E como em suas es-colas era indispensável o ensino de trabalhos manuais femininos, as mulheres aprenderam com as religiosas a fazer essa renda, o que ajudou a criar uma correlação entre esse país e a renda, daí a sua designação.

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3. Histórico do Mercado de Bordados e Rendas

para Cama, Mesa e Banho no Brasil

Quando se pensa em bordados e rendas no país, duas regiões saltam aos olhos: Su-deste, mais especialmente Ibitinga pela sua tradição histórica, e o Nordeste (pela diversidade de tipos, cidades envolvidas e referência turística).

A apresentação dessas duas regiões presta-se a exemplificar melhor características de um mercado extremamente diverso no país e sua escolha prende-se não apenas à importância no cenário nacional, dentre tantas outras, mas pela disponibilidade de dados organizados sobre o segmento, facilitando o processo de compreensão e aná-lise deste estudo.

3.1. Bordados em Ibitinga (SP)8;9

A indústria e o comércio de bordados têm sido os grandes responsáveis pelo desenvolvi-mento econômico de Ibitinga há várias décadas.

Nos anos 30, o bordado se propagou através das mãos mágicas de mulheres como dona Dioguina Martins Sampaio Pires, dona Maria Gonçalves Amorim Grilo, dona Marieta Ma-cari Pires e dona Maria Braga. Elas ensinavam a arte do bordado em máquinas de costurar, conhecida como “maquininha”, para as moças e jovens senhoras de Ibitinga. O bordado representava um complemento na renda familiar.

Figura 2

Bordado à máquina feito em Ibitinga (SP)

Fonte: FEIRA DO BORDADO DE IBITINGA. Site institucional.

Ibitinga (SP), 2008.

A evolução na forma de produção e nas matérias-primas utilizadas foi rápida e as máquinas elétricas chegaram através da Escola de Bordados Singer, que foi montada por Gottardo Juliani, revendedor da marca, que projetou a máquina elétrica especialmente para atender o mercado de Ibitinga.

8 Fonte: FEIRA DO BORDADO DE IBITINGA. Bordado – história. Site Institucional. Ibitinga (SP), 2006. Disponível em: <http://www.feiradobordadodeibitinga.com.br/?page_id=24>. Acesso em: 20 jan. 2008.9 Fonte: FLORIAN, Fabiana. Arranjos produtivos locais: formação, desenvolvimento evínculos nas indústrias de bordados de Ibitinga – SP. 2005. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Centro Universitário de Araraquara (UNIARA). Araraquara (SP), 2005.

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Neste momento, o bordado passava a se tornar fonte principal de renda. Atualmente, a tecnologia aprimorou as máquinas e os produtos utilizados na fabricação das con-fecções bordadas, mas o grande segredo do sucesso é a mão-de-obra, com acabamen-tos e processos artesanais, que se especializa a cada dia.

3.2. Bordados e Rendas na Região Nordeste do Brasil10

Os principais aspectos envolvendo a produção e comercialização de artigos artesanais, dentre os quais bordados e rendas se incluem, adotam como referência o estudo denominado “Ações para o desenvolvimento do artesanato no Nordeste”,11 realizado com o apoio do Banco do Nordeste.

O Estado de Pernambuco, assim como toda a região Nordeste, apresenta uma grande varieda-de de produtos artesanais. Além do tipo figurativo, composto por peças que são verdadeiras obras de arte, há uma enorme quantidade de produtos utilitários, indispensáveis no dia-a-dia da população. Pelos principais ramos, o artesanato pernambucano está assim dividido: cestaria e trançados; bordados e rendas; cerâmica; couro; tecelagem; madeira; metal; tapeçaria.

Tabela 1 – Principais localidades produtoras de artigos artesanais no Estado

Principais localidades produtoras de artigos artesanais no Estado

Ramos Localidades

Poção, Pesqueira, Tacaimbó, Alagoinha, Bezerros, Caetés, Carpina, Fazenda Nova, Limoeiro, Jataúba, Paudalho, Paulista, Ribeirão, São Lourenço da Mata, Recife.

Bordados e Rendas

Fonte: BNB. Ações para o desenvolvimento do artesanato no Nordeste: relatório. Recife, 2000.12

A grande concentração de municípios com ocorrência em diversos tipos de artesanato está na região nordeste do Brasil, conforme dados ilustrados a seguir.

10 Fonte: ARTE E CULTURA: artesanato, Pernambuco de A/Z, Recife, sd. Disponível em: <http://www.pe-az.com.br/arte_cultura/artesanato.htm>. Acesso em: 20 jun. 2007.11 Fonte: BNB (Banco do Nordeste do Brasil). Ações para o desenvolvimento do artesanato no Nordeste: relatório. Recife, 2000. 356 p. Disponível em: <www.bnb.gov.br/content/aplicacao/cadeias_produtivas/artesanato/docs/caderno%20completo%20v2.doc>. Acesso em: 15 maio 2007.12 Fonte: BNB, 2000, op. cit.

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Tabela 2 – Número de municípios com ocorrência de artesanato por estado do NE

Estados Ocorrências Municípios %

Alagoas 58 101 57,4

Bahia 127 415 30,6

Ceará 140 184 76,1

Maranhão 19 217 8,8

Paraíba 62 223 27,8

Pernambuco 72 185 38,9

Piauí 36 221 16,3

Rio Grande do Norte 35 166 21,1

Sergipe 65 75 86,7

TOTAL 614 1.787 34,4

Fonte: BNB, 2000.

Tabela 3 – Número de municípios com ocorrência de rendas e bordados por estado do NE

Estados Ocorrências %

1. Ceará 104 38,5

2. Sergipe 59 21,8

3. Paraíba 35 13,0

4. Bahia 23 8,5

5. Pernambuco 21 7,8

6. Rio Grande do Norte 9 3,3

7. Alagoas 7 2,6

8. Piauí 7 2,6

9. Maranhão 5 1,9

TOTAL 270 100,0Fonte: BNB, 2000.

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Tabela 4 – Número de municípios com ocorrência de artesanato com tecidos por estado do NE

Estados Ocorrências %

1. Alagoas 1 20,0

2. Bahia 1 20,0

3. Ceará 1 20,0

4. Paraíba 1 20,0

5. Pernambuco 1 20,0

6. Maranhão 0 0

7. Piauí 0 0

8. Rio Grande do Norte 0 0

9. Sergipe 0 0Fonte: BNB, 2000.

Outro exemplo a ser mencionado refere-se a Tobias Barreto, no estado do Sergipe.13 Este município tem sua atividade econômica voltada para o setor de confecção e artesanato que, direta ou indiretamente, movimenta grande parte de sua economia. Trata-se de um local que reúne características únicas em relação a outros municípios sergipanos, no que diz res-peito ao setor de confecção-artesanato, que é a sua experiência e vocação nessa atividade, com possibilidade de impactar outros municípios deste e de outros estados.

A produção artesanal de tecidos bordados para cama, mesa e banho é uma atividade tradi-cional em Tobias Barreto, desenvolvida, sobretudo, nos diversos povoados dos municípios por artesãs em suas próprias residências ou em associações.

Em relação à produção artesanal, o conhecimento predominante para formação dos recur-sos humanos ocorre de forma empírica, através do repasse de experiências de mãe para filha. Nos poucos cursos promovidos por instituições de desenvolvimento, houve uma boa absorção de tecnologia, constituindo-se esses novos conhecimentos em uma nova fonte de renda para a comunidade.

Os desenhos das peças são, em geral, definidos pelas próprias artesãs, ainda que, muitas vezes, elas recebam encomendas em que já ficam estabelecidos o tipo e o formato de bor-dado solicitado.

Em termos de suprimento de insumos e componentes, as empresas médias e pequenas (com mais de 10 empregados) adquirem os principais insumos diretamente do fabricante, enquanto micro empresas, associações produtivas e artesãos que trabalham de forma indi-vidual, fazem-no junto ao comércio atacadista e varejista local.

No que tange aos mercados mais relevantes, grande parte da produção local (90%) é escoada para o estado da Bahia. Os outros 10% restantes são repassados para os demais municípios de Sergipe e para os estados de Pernambuco, Alagoas, Piauí, Maranhão e Minas Gerais.

13 Fonte: MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO. Site institucional. Disponível em: <http://www.tobiasbarreto.arranjoprodutivo.com.br/projetos_diagnostico.htm>. Acesso em: 14 maio 2007.

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Um dos principais estrangulamentos da produção de bordados tem sido a precariedade de capitalização das artesãs. De maneira geral, diante da necessidade de subsistência imedia-ta, elas não dispõem de reservas para o giro da produção. Essa insuficiência faz com que percam diversas oportunidades de mercado, tendo muitas vezes de rejeitar encomendas de produtos por escassez de capital de giro ou vender suas peças a preço abaixo dos custos.

Disseminou-se em Tobias Barreto um grande número de pequenas fábricas de confecção de shorts, bermudas, mosquiteiros e produtos de cama, mesa e banho. A produção, em parte, é feita nessas pequenas fábricas ou são repassadas para a produção doméstica de costureiras das zonas rural e urbana dos municípios.

Outras informações mais detalhadas sobre bordados e rendas em outras localidades brasi-leiras serão apresentadas no decorrer deste relatório.

3.3. Características Específicas dos Bordados e Rendas para Cama,

Mesa, Banho e Casa

3.3.1. Definições sobre Artesanato e Tipologias14;15

Para se chegar a uma definição realista, pragmática e útil a este relatório, recorreu-se a vários estudos disponibilizados no site da ONG Candeeiro Aceso,16 que visa melhorar as condições do artesão no Nordeste brasileiro.

Conforme consta na pesquisa Ações para o desenvolvimento do artesanato do Nordeste,17 a fragili-dade econômica do setor artesanal, causada fundamentalmente pela falta de estrutura deste setor, somada às formas simplificadas de abordagem das manifestações de cunho popular, determinam visões múltiplas do artesanato, evidenciadas nas inúmeras definições existen-tes para o termo. Vale ressaltar que bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho estão dire-tamente relacionados a questões normativas específicas para os artesanatos no Brasil, daí a importância de se avaliar a natureza e a regulamentação da atividade artesanal no país.

14 Fonte: ARAÚJO, A. M. M. et al. Estudos fundamentais: subsídios para uma política de artesanato no estado do Ceará. In: CANDEEIRO ACESO. Artesanato. Site institucional. Arapiraca (AL), sd. Disponível em: <http://www.candeeiroaceso.org.br/artesanato.htm>. Acesso em: 14 abr. 2007.15 Fonte: BNB, 2000, op. cit.16 Fonte: CANDEEIRO ACESO. Site Institucional. Arapiraca, 2007. Disponível em: <http://www.candeeiroaceso.org.br>. Acesso em: 14 abr. 2007.17 Fonte: BNB, 2000, op. cit.

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Figura 3 – Definições de artesanato e artesão

• Artesanato: É a forma de ocupação ou trabalho, geradora de bens materiais, produzidos por meios técnicos, geralmente tradicionais, com a utilização de instrumentos rudimentares.Fonte: ROCHA, José Maria Tenório. Arte/Artesanato de Alagoas, sem paginação, APUD SUDENE.

• Artesanato: (É) o fruto gerado da cultura popular, a feitura de objetos relacionados à temática folclórica dos países, com emprego de técnicas primitivas de fabricação.Fonte: SILVA FILHO, Francisco Pereira. Perfil e Problemática do Artesanato do Litoral Piauiense, p. 16.

• Artesanato: Resultado de uma habilidade bem treinada e de uma sabedoria própria do mitier. Constitui-se expressão espontânea de criatividade de um povo. Fonte: Perfil do Artesanato Cearense: Tipologias Selecionadas, sem paginação.

• Artesanato: Toda e qualquer atividade do tipo industrial predominantemente manufatureira, executada com a finalidade de comercialização imediata, em oficinas de equipamentos rudimentares (domésticos ou não), em que os produtores se encarregam, individualmente ou mediante auxiliares, de todas ou quase todas as fases de produção.Fonte: SILVA FILHO, Francisco Pereira. Perfil e Problemática do Artesanato do Litoral Piauiense, p. 17, apud PEREIRA, Carlos José da Costa In Recursos e Necessidades do Nordeste, BANCO DO NORDESTE, 1964.

• Arte Folclórica: Todo trabalho é feito normalmente, sem auxílio de máquinas industriais; a matéria-prima é a mais simples possível; o trabalho é realizado com técnicas rudimentares, sem auxílio de técnicas eruditas aprendidas em escolas superiores; A temática usada na obra é popular; Porque feita sem o sentido de concepção em mostras de arte, a obra possui liberdade de expressão e espontaneidade; e a ausência de assinaturas nas peças.Fonte: ROCHA, José Maria Tenório. Arte/Artesanato de Alagoas, sem paginação.

• Artesão: Aquele que, por criatividade, habilidade própria ou adquirida, exerce uma atividade predominantemente manual, sem elementos repetidores industriais, transformando determinada matéria-prima na produção de bens artísticos ou de consumo e realiza todas as etapas do processo produtivo.Fonte: ROCHA, José Maria Tenório. Arte/Artesanato de Alagoas, sem paginação, APUD SUDENE

Fontes: BNB 2000; CANDEEIRO ACESO. Artesanato. Site institucional. Arapiraca (AL), sd.18

Cada uma das definições acima apresenta uma visão conceitual diferente, privilegiando determinados aspectos componentes da atividade artesanal ou mesmo excluindo outros tantos. Já a definição abaixo estabelece critérios de identificação para produtos considera-dos artesanais, visando excluir atividades manuais que não sejam artesanais:

“Artesanato é a atividade predominantemente manual de produção de bens, exercida em ambiente doméstico ou em pequenas oficinas, postos de trabalho ou centros associativos, no qual se admite a utilização de máquinas ou ferramentas, desde que não dispensem a criati-vidade ou a habilidade individual e de que o agente produtor participe, diretamente, de todas ou quase todas as etapas da elaboração do produto”.19

Para uso neste relatório, devem ser excluídos do conceito de artesanato trabalhos manuais que não possuam uma dimensão cultural popular, historicamente transmitida por tradi-ção oral e/ou aprendizado direto dos chamados mestres-artesãos.

Quanto ao artesão, “este sequer existe como categoria ocupacional nos registros oficiais do país, o que torna ainda mais difícil situá-lo, conceituá-lo e obter uma visão coerente de sua história presente ou passada, para não mencionar a quase impossibilidade de antever suas perspectivas futuras”.20

O Relatório e a Proposta da Comissão Consultiva de Artesanato sobre Conceituação do Artesanato para efeito do PNDA (Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato e Caracterização do Artesão) apenas inferem que “artesão é aquele que faz artesanato nas condi-

18 Fonte: CANDEEIRO ACESO, sd, op. cit.19 Fonte: CANDEEIRO ACESO, sd, op. cit.20 Fonte: CANDEEIRO ACESO, sd, op. cit.

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ções acima descritas” (ou seja, segundo a definição anteriormente apontada para artesanato). E prosseguem: “os centros credenciados atestarão o exercício da atividade artesanal. Tal atestado, será documento hábil para a identificação trabalhista que se dará inicialmente sob a categoria geral de ‘artesão’. Com o desenvolvimento do PNDA, será aplicada a classificação dos diferentes níveis da qualificação profissional, tais como aprendiz, mestre-artesão e outras, bem como as especificações aplicáveis à atividade artesanal”.21

Para a caracterização profissional do artesão, em alguns estados, a exemplo de Pernam-buco e da Bahia, são exigidos alguns pré-requisitos para que seja reconhecido e cadastra-do como tal. Da mesma forma, no Ceará adotam-se normas para inscrição e emissão de identidade de artesão. Este deverá ter habilidade para exercício da atividade, comprovada através de teste prático de capacitação supervisionado por comissão especializada. O can-didato também deverá ter no mínimo 16 anos de idade, apresentar documento de identi-dade e comprovante de residência. Este procedimento assegura a exclusão de pessoas não qualificadas e garante algumas vantagens como a isenção do ICMS quando da venda dos produtos artesanais no estado.

No Estado do Piauí, aos artesãos mais qualificados, de reconhecido saber e que já tenham repassado este saber a aprendizes, é conferido o status de mestre-artesão, simbolizando uma hierarquia de conhecimento importante e o reconhecimento do valor do artesão e do artesanato de um modo geral.

Outro conceito apresentado considera o artesão como “um produtor tipicamente não assalaria-do (sem vínculo empregatício), que produz em condições de baixa capitalização, dispondo-se e utili-zando-se de sua própria força de trabalho e dos seus meios de produção para produzir artesanato”.22

Assim, propõe-se para este relatório uma classificação tipológica fundamentada a partir da análise das diversas classificações anteriormente apresentadas. Esta classificação, in-dicada no quadro seguinte, tem por finalidade identificar, segundo categorias unificadas, segmentos artesanais diversamente ordenados nos Estados nordestinos.

Vale ressaltar que se trata de uma classificação esquemática, não se detalhando possíveis subclassificações, a exemplo da tipologia rendas e bordados, em que o segmento labirinto ainda é subclassificado segundo a origem (cearense ou alagoano), ou entre as cerâmicas trabalhadas em Cascavel, Ipu ou Viçosa (três municípios do Ceará). Esta classificação exclui alguns segmentos artesanais de pouca relevância no contexto do artesanato nordestino, seja por apresentarem ocorrências não significativas (como a foguetearia), seja por não se enquadrarem na definição estabelecida para artesanato (como marcenaria e funilaria).

Os produtos apresentados estão ordenados de forma genérica, destacando-se a existência de inúmeros produtos para cada uma das segmentações apresentadas.

21 Fonte: CANDEEIRO ACESO, sd, op. cit.22 Fonte: CANDEEIRO ACESO, sd, op. cit.

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Tabela 5 – Tipologias para o artesanato nordestino

Tipologias Segmentação Produtos

Alimentos • Doces• Bebidas

• Doces de frutas regionais típicas• Bebidas de frutas regionais típicas

Cerâmica

• Barro• Argila• Terra cota• Porcelana• Gesso

• Vasos, jarros, panelas e similares• Imagens sacras e populares• Miniaturas diversas• Luminárias e arandelas• Placas decorativas• Utilitários para o lar

Cestarias e Trançados

• Fibra de sisal• Palha de carnaúba• Folha de bananeira• Junco• Taboa• Vime

• Fibra de catolé• Fibra de ouricuri• Fibra de buriti• Folha de piaçava• Palha da costa

• Mobiliário• Tapetes• Acessórios do vestuário• Sacolas diversas• Artigos para copa e cozinha• Painéis divisórios

Couro • Bovino• Caprino

• Acessórios do vestuário• Calçados• Arreios para montarias

Madeira • Ipê• Massaranduba

• Mobiliário• Imagens sacras e populares• Miniaturas diversas• Molduras para espelho• Produtos para copa e cozinha• Brinquedos populares• Instrumentos musicais

Metal

• Aço• Ferro• Bronze• Alumínio• Latão

• Cobre• Níquel• Estanho• Prata

• Peças sacras• Utilitários para o lar• Artigos para copa e cozinha• Instrumentos musicais

Pedras

• Preciosas• Semipreciosas• Granitos• Pedra sabão• Mármore

• Imagens sacras e populares• Utilitários para o lar• Artigos para decoração

Reciclados • Papel• Vidros

• Utilitários para o lar• Brinquedos populares• Sacolas• Mobiliário

Rendas e Bordados

• Labirinto• Vagonite• Frivolite• Richielieu• Rendendê• Ponto de cruz

• Ponto-cheio• Bilro• Crochê• Irlandesa• Renascença• Filé

• Produtos de cama, mesa e banho• Artigos para copa e cozinha• Trajes típicos• Bonecas

Tecelagem

• Fio de algodão cru• Linha• Linho• Lã

• Redes• Mantas• Tapetes• Almofadas• Artigos para copa e cozinha

Tecidos• Algodão• Retalhos diversos• Linho

• Vestuário popular• Artigos de cama, mesa e banho• Artigos de copa e cozinha

Fonte: Elaboração da autora, a partir de fontes diversas utilizadas ao longo deste relatório.

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A existência dessas tipologias é observada em todos estados nordestinos, ainda que não de maneira homogênea, destacando-se rendas e bordados, cerâmica e cestarias e trançados, tanto pelo volume produzido como pela recorrência nos principais pólos e pelo valor his-tórico e comercial dos produtos.

O artesanato, em sua forma mais tradicional (aquele em que o artesão utiliza essa ativi-dade apenas para prover seu sustento e o de seus familiares, não utilizando formas mais elaboradas para otimizar a administração, a produção e a comercialização do produto ar-tesanal), foi considerado neste relatório como artesanato de subsistência. A necessidade de desenvolvimento de uma atividade segundo modelos mais adequados ao mercado, que a torne competitiva, rentável e produtiva, gerenciada por indivíduos profissionalizados, sem perder suas características singulares de expressão da arte popular, será chamada de artesanato de mercado.

Os aspectos demarcatórios entre artesanato de subsistência e o artesanato de mercado são difíceis de serem operacionalizados, implicando em radicais transformações que envolvem não só o artesão e sua atividade laborial, como também visões políticas e sociais arraigadas ao longo da formação histórica e cultural do artesanato no Brasil.

Com relação à forma habitual do artesanato - o regime familiar de produção e comerciali-zação - percebem-se os impasses na organização da atividade, visto que inexistem relações profissionais definidas entre os membros componentes da família e, conseqüentemente, claros direitos e deveres de empregadores e empregados.

A fim de evidenciar alguns destes problemas no âmbito da produção e da comercialização, foi realizada uma pesquisa direta com artesãos durante a Feira Nacional de Negócios do Artesanato de Recife, em julho de 2000. Nessa feira (escolhida como referência para o es-tudo por ser de âmbito nacional e congregar especialistas e artesãos de várias localidades) procurou-se enfocar alguns aspectos administrativos do artesanato.23 Os resultados apon-tam fragilidade dos modos de administração, produção e comercialização do artesanato a partir do levantamento das dificuldades encontradas pelos artesãos em cada uma das etapas do processo.

4. Mercado Setorial de Bordados e Rendas para

Cama, Mesa e Banho

4.1. Diagnóstico do Mercado Setorial

4.1.1. Principais Aspectos do Mercado Externo (setor de tecnologia têxtil)

O setor de tecnologia têxtil é um dos segmentos de maior tradição dentro da indústria mundial; em 2005, o PIB têxtil mundial era de US$350 bilhões, com previsão de expansão

23 Fonte: BNB, 2000, op. cit.

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pelo menos até 2010. Assumem posições de destaque na economia de países desenvolvidos (por exemplo, Estados Unidos da América e Itália) e também constitui o carro-chefe do desenvolvimento de países emergentes como China e Índia. O setor têxtil mundial vem registrando significativa expansão, tanto que no que se refere aos montantes produzidos como ao comércio em geral (em função do aumento de consumidores e aberturas no mer-cado internacional).24

O gráfico seguinte apresenta as maiores cadeias produtoras de setor têxtil no mundo.

Gráfico 1 – Maiores Cadeias Produtivas do Setor Têxtil em 2004 (em ton./mil)

18.000,016.000,014.000,012.000,010.000,08.000,06.000,04.000,02.000,0

China EUA Índia Taiwan Córeiado Sul

Brasil

4.6335.301

8.849

12.63712.63713.265

15.737

Fonte: Reproduzido de Reunião APIMEC, 2005.25

Outro estudo apresenta dados sobre a União Européia, Estados Unidos e China.26 A União Euro-péia (antiga Comunidade Econômica Européia) é constituída por 25 países, dos quais dez foram admitidos em 2004. Com relação aos padrões de consumo dos artigos têxteis para o lar há dife-renças significativas nos países europeus, em virtude da diversidade dos níveis de renda, hábitos culturais e condições climáticas. Assim, por exemplo, verifica-se que o consumo de alguns desses produtos é maior no norte do que no sul da Europa, por causa do clima mais rigoroso.

A produção de têxteis para o lar na Europa tem sido declinante nos últimos anos, a exem-plo do sucedido com o setor têxtil em geral, cujo faturamento sofreu redução de 12,5% entre 2000 e 2003. A razão principal para esta evolução desfavorável é a perda de competi-tividade em face de novos países produtores, que caracterizam por custos muito inferiores aos dos europeus, em particular no que se refere à mão-de-obra. Cabe observar que o custo do trabalho é especialmente importante em indústrias tecnologicamente modernas, como é o caso do setor têxtil.

24 Fonte: Reunião APIMEC. 15 mar. 2005. Disponível em: <http://www.cedro.ind.br/investidores>. Acesso em: 15 jun. 2007. 25 Fonte: Reunião APIMEC, 2005. op. cit.26 Fonte: ROSA, Sergio Eduardo. Silveira da; COSENZA, José Paulo. Linha lar. BNDES Setorial. Rio de Janeiro, n. 24, 2006. Disponível em <bndes.gov.br/conhecimento/bnset/set2407.pdf>. Acesso em: 20 maio 2007.

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No que se refere aos Estados Unidos, a produção de têxteis para o lar atingiu 803.900 t em 2001. Considerando-se que a produção total da indústria têxtil dos EUA foi de 3,8 milhões de toneladas naquele ano, a linha lar foi cerca de 12,3%.

Diferentemente do que ocorre em outros países, quase a metade dos produtos têxteis para o lar norte-americano era fabricada com base em fibras sintéticas e artificiais.

Quanto ao comércio exterior, as exportações são insignificantes; as importações alcança-ram US$ 8,9 bilhões em 2003, o que equivale a 11,5% em valor de bens finais têxteis. Os principais países de origem desses produtos são China, Índia e Paquistão, sendo desprezí-vel – com exceção parcial do Brasil – a participação da América Latina. Isso configura um padrão bastante diverso do que se verifica nas importações de artigos de vestuário, nas quais a América Central tem papel preponderante e se deve, provavelmente, à menor in-tensidade da mão-de-obra da linha lar, se comparada à linha de confecção para vestuário.

Sobre a China, a produção de artigos têxteis para o lar foi, em 2002, equivalente a quatro milhões de toneladas, em termos de consumo industrial de fibras, o que representa um valor de produção da ordem de US$ 36 bilhões. Esse montante correspondeu a 16,2% do valor da produção da cadeia têxtil chinesa e representou um crescimento de 25% compara-tivamente ao ano de 2001. O setor de têxteis para o lar foi o que apresentou o maior cresci-mento industrial na China (algo em torno de 7,8% do PIB chinês de 2002).

Embora a indústria têxtil para o lar chinesa tenha sido tradicionalmente composta por grandes empresas estatais, nos últimos anos tem havido um crescimento no número de empresas coletivas e privadas de pequeno e médio porte que atuam nesse setor. Além disso, houve ainda um processo de entrada de empresas chinesas tradicionais para o ramo de cama, mesa, banho e decoração. Tal fato acabou por expandir o setor e conferiu grande vitalidade ao mercado de artigos têxteis para o lar na China.

A produção chinesa de artigos têxteis para o lar tem sido crescente nos últimos anos, basi-camente em razão do surgimento de um mercado interno novo e fortalecido, com grande potencial para absorver a produção desse país. Atualmente, cerca de 81% do total produ-zido para a linha lar na China é consumido internamente pela população. No entanto, o consumo de têxteis para o lar na China ainda é relativamente baixo, frente aos padrões mundiais. Em parte por causa dos hábitos tradicionais do consumidor chinês que conside-ra esses tipos de produtos (toalhas, lençóis, cortinas etc.) artigos independentes.

No que se refere ao comércio exterior, a China importou em 2002 US$ 1,9 bilhão de produ-tos têxteis para o lar, visando atender suas necessidades internas de consumo, sobretudo aquelas associadas à demanda por artigos de qualidade superior. Isso equivaleu a 30,6% do total de importações de bens finais têxteis, superando a importação de confeccionados têxteis e de produtos têxteis industriais que, respectivamente, foi de 27,2% e 33,2%.

No que concerne às exportações chinesas de artigos da linha lar, observa-se um incremen-to de 14% no ano de 2002, comparado ao ano anterior. No período de 1990 a 2001, houve um crescimento de 40% nas exportações chinesas nesse setor. Todavia, a competitividade internacional dos produtos da linha lar chinesa é ainda inferior, quando comparada com os artigos de confecção para vestuário, exportados por esse país. Em 2002, a exportação chinesa de produtos da linha lar alcançou US$ 7,1 bilhões, equivalentes a 14,2% do total de produtos finais têxteis confeccionados (representou cerca de 82%).

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Os produtos têxteis para o lar da China que têm maior penetração no mercado internacio-nal são as roupas de cama e as toalhas de banho, correspondendo a 39% e 31%, respectiva-mente, do valor exportado em 2001. No entanto, esse país exporta também outras catego-rias de produtos têxteis para o lar como a linha copa e cozinha, cortinas e cobertores, sendo os países asiáticos os principais destinos das exportações chinesas, em especial o Japão, seguidos da União Européia e dos Estados Unidos, conforme consta nos dados abaixo:

Tabela 6 – Dez maiores importadores mundiais de produtos têxteis para o lar da China – 2003

Nº PaísesIMPORTAÇÕES

US$ Bilhões %

1 Estados Unidos 1.779 57,0

2 Japão 1.342 43,0

3 Hong Kong 0,303 0,010

4 Reino Unido 0,236 0,008

5 Alemanha 0,211 0,007

6 Austrália 0,210 0,007

7 Rússia 0,195 0,006

8 Canadá 0,159 0,005

9 Emirados Árabes Unidos 0,134 0,004

10 Coréia do Sul 0,115 0,004

TOTAL 3.123 100,0Fonte: Reproduzido de ROSA, Sergio Eduardo. Silveira da; COSENZA, José Paulo. Linha lar. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 24,

p. 211-240, set. 2006

4.1.2. Barreiras Comerciais

Praticamente em todos os países desenvolvidos a Cadeia Têxtil e de Confecção (CTC) con-tam com maior proteção tarifária do que o conjunto da indústria.27

A proteção à CTC é proporcionalmente maior nos países desenvolvidos onde, curiosa-mente, a participação da CTC na produção e comércio é menor. Também se observa que a proteção ao setor vestuário é geralmente maior do que a proteção ao setor têxtil. Este é um indicador de escalada tarifária. De fato, as tarifas à importação cobradas pelos países desenvolvidos aumentam com o nível de processamento do produto. Isto introduz um viés na estrutura produtiva dos países em desenvolvimento, pois favorece, relativamente mais, a produção de bens menos refinados.

27 Fonte: PROCHNIK, Vitor. A cadeia têxtil/confecções perante os desafios da Alca e do acordo comercial com a União Européia. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <www.ie.ufrj.br/cadeiasprodutivas/pdfs/a_cadeia_textil_confeccoes_frente_aos_desafios_da_alca.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2007.

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Tabela 7 – Tarifas médias de países selecionados, ponderadas pelas importações

PAÍS Manufaturas Têxteis Vestuário

PAÍSES DESENVOLVIDOS 3.1 8.1 12.2

Canadá 3.2 10.0 18.3

União Européia 3.5 8.2 11.7

EUA 3.0 8.1 12.0

AMÉRICA LATINA 14.1 19.0 28.3

Argentina 15.3 20.1 22.8

Brasil 15.9 18.9 22.4

Chile 9.0 9.0 9.0

Colombia 10.5 17.1 19.5

Costa Rica 3.9 7.6 13.9

Republica Dominicana 17.8 21.1 27.1

México 14.8 20.3 34.7Fonte: Reproduzido de PROCHNIK, Vitor. A cadeia têxtil/confecções perante os desafios da Alca e do acordo comercial com a União

Européia. Rio de Janeiro, 2002.

Nota-se, principalmente nos EUA e Canadá, a existência de picos tarifários, que prejudi-cam, sensivelmente, as exportações dos produtos mais intensivos em valor. De fato, nos EUA, 13% das tarifas para têxteis e vestuário estão acima do nível de 15% que as categoriza como altos picos tarifários.

Entre os países e acordos regionais aos quais os EUA concedem preferência tarifária, no comércio da CTC, destacam-se seguintes:

• Países da Área de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), Canadá e México;

• Israel (acordo de livre comércio) e Jordânia (lado oeste do Rio Jordão);

• Países africanos indicados pela AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidades para a África);

• Países andinos da Lei de Preferência Comercial para a Região Andina (ATPA);28

• Países indicados na Lei de Recuperação Econômica da Bacia do Caribe (CBERA);29

4.2. Principais Aspectos do Mercado Interno (Setor de Tecnologia

28 Para maiores informações sobre NAFTA, AGOA, ATPA e demais acordos comerciais dos EUA, acesse o site do Departamento de Estado dos Estados Unidos – Programas Internacionais de Informação: <http://livrecomercio.embaixadaamericana.org.br>.29 Para maiores informações sobre CBERA, consultar: <www.brasilemb.org/trade_investment/Barreiras_2005.pdf>

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No que se refere ao setor têxtil no Brasil, atualmente é formado por mais de 30 mil empre-sas em toda a cadeia produtiva (tecelagens, malharias, estamparias, tinturarias e confec-ções), que geram 1,6 milhões de empregos formais e informais.

Em termos de faturamento, em 2006, resultou no total de US$ 33 bilhões, sendo que as ex-portações do setor foram de 2, 08 bilhões e as importações de US$ 2,14 bilhões.

O Brasil é o sexto maior produtor têxtil mundial, ocupando o segundo lugar na produção de denim. O setor têxtil de confecções é um dos que mais emprega no País, sendo o segun-do maior empregador da indústria de transformação da qual representa 18,6% do produto interno bruto.

O parque têxtil nacional consome, anualmente, mais de 1.400.000 t de diversas matérias-primas, dentre elas: pluma de algodão, lã, fio de seda, juta, poliéster, sisal e outras, sendo liderado pela fibra de algodão, cujo consumo na safra 2005/2006 foi de 890.000 t.

É importante frisar que o Brasil foi, por muito tempo, um tradicional produtor de algodão, produzindo o que necessitava e exportando o excedente. Na década de noventa, com a queda acentuada da área cultivada e da produção, passou à condição de segundo maior importador de algodão do mundo, chegando a importar cerca de 400.000 t/ano de pluma, além de outros subprodutos do algodão, ao custo de US$ 1.2 bilhões.

A partir do ano 2000, o País, voltou a ser auto-suficiente em algodão, abastecendo a in-dústria têxtil interna e exportando o excedente; por exemplo, na safra 2006/2007 foram exportadas 437.000 t de pluma de excelente qualidade. O Estado de Mato Grosso lidera a produção nacional de algodão, tendo produzido 1,5 milhões de toneladas de algodão em caroço no ano agrícola 2005/2006, com produtividade de 3.660 kg/ha, considerada a maior produtividade do planeta em condições de chuvas naturais.

4.2.1. Cama, Mesa e Banho

O segmento para o lar, um dos muitos que compõem o setor nacional de confecções têxteis, também é representado por vestuário, artigos de decoração e artigos não-tecidos, entre ou-tros. Contudo, os produtos mais comumente classificados dentro da linha lar são os artigos têxteis para cama, mesa, banho e decoração.

Cada empresa procura criar uma marca própria para seus produtos, para com isso obter maior participação no mercado. Em geral, as empresas atuam sob um regime de concor-rência em que a principal característica é a criação de produtos diferenciados, com dese-nhos e padrões sempre renovados, acompanhando ou ditando a moda. Dessa forma, por meio da diferenciação de produtos, procuram conquistar uma vantagem competitiva que lhes permita manter a participação de mercado e a rentabilidade das vendas.

30 Fontes: ABIT (Associação da Indústria Têxtil e de Confecção). São Paulo, 2007; CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), 2006; EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), 2000.

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O Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade de suas confecções – e o setor de cama, mesa e banho, nos últimos anos, tem ganhado merecido destaque (por conta, princi-palmente, dos investimentos feitos em sofisticação – como será visto posteriormente).

Para se ter uma idéia da representatividade expressiva desse segmento no setor de confec-ções, os artigos de cama, mesa e banho encerraram o ano de 2006 com cerca de US$ 4,54 bi-lhões em faturamento – o que representa um crescimento de 10% nos negócios em relação a 2004 e algo em torno de 8,5% do total previsto como receita da indústria têxtil para 2005.31

Historicamente, os produtos para banho têm tido a maior participação de mercado dentro da linha lar no Brasil. No entanto, de acordo com o IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial), no período compreendido entre 1990 e 2004, observou-se um aumento signifi-cativo na participação de produtos têxteis para decoração, que apresentaram uma variação de cerca de 136% no volume em peças e 112% no valor em dólares.

Por outro lado, existe a expectativa de que os artigos de cama venham a ter maior perspec-tiva de crescimento, já que além desse segmento ser visto como potencialmente superior, apresenta melhor rentabilidade em razão da facilidade para a criação de produtos mais so-fisticados e de preços mais altos e também por não enfrentar tão fortemente a concorrência, como nos demais segmentos. O segmento de produtos de banho, que tradicionalmente tem sido o mais importante dentro da linha lar, tem sofrido grande pressão no mercado interno nos últimos anos, por conta da importação de produtos asiáticos já prontos.

4.2.2. Setor de Tecnologia Têxtil32

Com base em estudos realizados pelo IEMI, foi possível identificar as principais mudanças ocorridas ao longo dos anos no setor têxtil brasileiro. A partir das estatísticas, análises e comentários, foram destacados alguns resultados relevantes ilustrar essa evolução.

Unidades Fabris

Tabela 8 – Unidades fabris

Segmento 1995 2005 2006Evolução % 1990/2006

Fiação 661 370 383 -42,1%

Tecelagem 984 493 593 -39,7%

Malharia 3.019 2.582 2.421 -19,8%

Confecção 17.066 20.853 21.808 -28,3%Fonte: IEMI. Brasil Têxtil 2007: relatório setorial da indústria têxtil brasileira.

31 Fontes: IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial). Brasil Têxtil 2007: relatório setorial da indústria têxtil brasileira.32 Fonte: IEMI, Brasil Têxtil 2007, op. cit.

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“Comentários: na produção de fios e tecidos o setor registrou uma grande redução no número de unidades fabris, entre 1995 e 2006, resultado de fusões e aquisições, especialização (menos verticali-zação) e ganhos de escala, combinado com o fechamento de unidades pouco eficientes. Na produção de confeccionados, a terceirização de partes do processo produtivo, criou espaço para entrada de um grande número de novos pequenos produtores.”

Empregos Diretos na Indústria

Tabela 9 – Empregos diretos gerados pela indústria

Segmento 1995 2005 2006Evolução % 1990/2005

Fiação 132.497 80.132 79.422 -40,1%

Tecelagem 162.269 100.507 102.216 -37,0%

Malharia 114.973 116.349 118.292 +2,9%

Confecção 1.468.127 1.196.311 1.193.918 -18,7%Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

“Comentários: a modernização dos processos de produção e do parque de máquinas, e a busca in-cessante por ganhos de eficiência e competitividade, tiveram efeitos significativos na redução dos empregos gerados pelo segmento na década de 90.”

Produção (em toneladas)

Tabela 10 – Produção por segmento (em toneladas)

Segmento 1995 2005 2006Evolução % 1990/2005

Fiação 1.066.914 1.294.159 1.345.408 +26,1%

Tecelagem 875.153 1.314.312 1.369.382 +56,5%

Malharia 350.760 554.229 609.485 +73,8%

Confecção 1.325.738 1.662.029 1.732.451 +30,7%

Geral(1) 1.325.738 1.662.029 1.732.451 +30,7%Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Nota: (1) produção de fios + filamentos.

“Comentários: o traumático processo de modernização do setor, ao contrário do que se imagina, não resultou em perda de produção, que ao todo cresceu 30,7%, com destaque para os produtos mais elaborados, como os tecidos e os confeccionados.”

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Produtividade

Tabela 11 – Produtividade do setor

Ano Prod./funcionário/ano

1995 691,4 kg

2005 1.091,3 Kg

2006 1.136,8Kg

Crescimento 1995/2006 +64,4%Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

“Comentários: a utilização de tecnologia mais moderna, pode ser medido pelo crescimento da produ-tividade média do segmento, que aumentou 64,4% no período.”

Produção e Consumo per capita

Tabela 12 – Produção e consumo per capita

Ano Prod./habitante/ano Consumo/habitante/ano

1995 8,3 kg 8,7 kg

2005 9,2 kg 9,8 Kg

2006 9,3 Kg 10,7 kg

Crescimento 1990/2005 +12,0% +23,0%Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

“Comentários: os esforços consumidos na modernização do parque fabril, nos ganhos de escala e nos movimentos de fusão e aquisição de empresas, não permitiram que o crescimento dos volumes de produção, acompanhassem o crescimento do mercado, que ampliou em 28 milhões o número de pessoas residentes. Parte desta demanda, então, foi suprida pelas importações.”

Investimentos em Máquinas

Tabela 13 – Investimentos em máquinas (em US$ milhões)

Ano Nacionais Importadas Total

1990 316 737 1.053

1995 185 453 638

2001 200 410 610

2002 214 297 511

2003 208 211 419

2004 266 293 559

2005 230 320 550

2006 202 461 663

Total 1990 a 2006 4.050 7.020 11.070Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

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‘Comentários: De 1990 a 2006 a cadeia têxtil investiu mais de 10 bilhões de dólares na modernização do seu parque de máquinas. As máquinas nacionais representaram 37% desse montante, ficando as estrangeiras com 63%.”

Importância na Economia Nacional

Tabela 14 – Importância econômica do setor têxtil

Receita Bruta 2006 (US$ bi) Pessoal Ocupado 2006 (mi func.)

Têxteis básicos 21,8 Têxteis básicos 330,0

Confeccionados 30,2 Confeccionados 1.193,0

Total da cadeia (1) 33,0 Total da cadeia 1.523,9

PIB Ind. Transformação(2) 196,3 Emprego Ind. Transformação (2) 8.833,4

Participação % 16,8 Participação % 17,3

PIB Geral 1.066,9 População Econ. Ativa 93.831,3

Participação % 3,1 Participação % 1,6Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Nota: (1) Valor consolidado da produção nacional; (2) Não inclui indústria extrativa mineral e construção civil.

“Comentários: Participando com 3,1% do PIB total brasileiro e 16,8% no PIB da Indústria de Trans-formação, bem como empregando 1,6% da PEA – População Economicamente Ativa, ou 17,3% dos empregos ofertados pela Indústria de Transformação, este é um setor de grande importância econô-mica e forte impacto social.”

Comércio Exterior

Tabela 15 – Balança comercial (em US$/milhões)

Ano Exportações Importações Saldos

1995 1.441.490 2.291.857 -850.367

2000 1.222.071 1.606.081 -384.010

2005 2.201.854 1.517.966 683.888

2006 2.081.846 2.142.059 -60.213

Crescimento 1995/2006 +44,4% -6,5% -Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Tabela 16 – Balança comercial (em toneladas)

Ano Exportações Importações Saldos

1995 364.172 661.042 -296.870

2000 338.758 739.902 -401.144

2005 832.032 560.592 271.440

2006 735.732 748.578 -12.846

Crescimento 1995/2006 +102,0% +13,2% -Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

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“Comentários: as exportações que haviam sofrido um duro golpe com o Plano Real (e o fortalecimen-to exagerado da moeda brasileira), voltaram a se recuperar no final da década, atingindo o seu recorde histórico em 2005, mas voltaram a cair em 2006. As importações, embora estejam crescendo, ainda não atingiram os valores de 1995.”

5. Mercado de Bordados e Rendas para Cama,

Mesa, Banho e Casa

5.1. Origem da Produção

Com o objetivo de suprir informações que apresentem o volume de produção nacional e regional de bordados e rendas para cama, mesa e banho, serão utilizados dados de uma pesquisa do IBGE33 que levantou ações, projetos e atividades que ocorrem nos municípios brasileiros, dentre elas, as que contaram com manutenção, patrocínio ou financiamento do poder público local.

O bordado é a atividade artesanal mais presente nos municípios brasileiros (75,4% deles), seguida pelas atividades com madeira (39,7%), artesanato com barro (21,5%) e artesanato com material reciclável (19,5%). O artesanato de material reciclável teve o maior crescimen-to entre os dois anos (17,0%), seguido pelo artesanato com fibras vegetais (13,0%), enquanto o bordado manteve estabilidade no período. A maioria das atividades sofreu decréscimo entre 2005 e 2006; as principais quedas ocorreram no artesanato de renda (-29%), metal (-16,4%), pedras preciosas (-14,9%), tapeçaria (-14,5%) e pedras (-13,7%).

Em relação aos bordados detectou-se que, dos 4.198 municípios que indicaram atividades em bordado, 32% são do NE, 31,7% do SE e 22,2% da região Sul. No que se refere às UF, 709 mu-nicípios de MG realizam essa atividade, seguido por SP (493), RS (373), PR (311) e BA (305).

33 Fonte: IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Suplemento de cultura da pesquisa de informações básicas municipais – Munic 2006. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/?p=7111>; e também em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/cultura2006/default.shtm>. Acesso em: 20 jun. 2007.

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Tabela 17 – Municípios, total, por tipo e número de meios de comunicação existentes, segundo Grandes Regiões e classes de tamanho da população dos municípios – 2006

Grandes Regiões e Unidades Federação

Municípios

TotalCom atividades artesanais desenvolvidas no próprio município, por tipo de atividade

Bordado Barro CouroFios e Fibras

Fibras vegetais

Frutas e sementes

MadeiraMaterial reciclável

Brasil 5.564 4.198 1.195 523 800 918 545 2208 1087

Norte 449 239 104 28 64 125 165 239 85

Rondônia 52 40 8 - 1 8 26 33 10

Acre 22 8 1 1 3 8 14 11 4

Amazonas 62 21 8 1 6 17 28 40 17

Roraima 15 4 5 1 4 6 5 8 4

Pará 143 62 56 14 20 31 46 95 27

Amapá 16 6 3 1 4 6 7 12 3

Tocantins 139 98 23 10 28 48 39 40 20

Nordeste 1739 1345 611 248 210 368 105 547 245

Maranhão 217 153 59 28 18 49 19 56 24

Píaui 223 193 81 49 18 50 9 33 13

Ceará 184 152 63 40 27 35 9 57 15

Rio Grande do Norte

167 111 56 7 35 48 13 41 33

Paraíba 223 158 78 27 52 38 16 53 36

Pernambuco 185 125 58 28 13 31 7 83 36

Alagoas 102 78 41 9 9 24 3 30 21

Sergipe 75 70 15 10 2 4 5 18 9

Bahia 417 305 160 50 38 89 24 178 58

Sudeste 1668 1330 294 138 225 247 135 721 318

Minas Gerais 853 709 165 80 127 131 61 358 130

Espírito Santo 78 59 15 7 5 17 8 39 13

Rio de Janeiro 92 69 21 6 9 29 6 45 30

São Paulo 645 493 93 45 84 70 60 279 145

Sul 1188 931 68 77 260 130 54 495 368

Paraná 399 311 28 18 62 45 23 155 127

Santa Catarina 293 247 20 17 76 43 13 140 74

Rio Grande do Sul 498 373 20 42 122 42 18 200 167

Centro - Oeste 466 353 118 32 41 48 86 206 71

Mato Grossodo Sul

78 52 32 15 9 12 8 30 18

Mato Grosso 141 112 29 5 19 14 57 90 29

Goiás 246 183 57 12 13 21 20 86 28

Distrito Federal 1 - - - - 1 1 - -

Fonte: Reproduzido de IBGE. Suplemento de cultura da pesquisa de informações básicas municipais – Munic 2006. Rio de

Janeiro, 2006.

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Quanto às rendas, apenas 7,5% dos municípios apontaram realização de atividades arte-sanais ligadas a esse produto; destes, 53,7% encontram-se na região NE, seguida pela SE (21,9%) e S (16,6%). Já a maior concentração de municípios ligados à atividade foi MG (46), seguida por SP (37), CE (35) e PI (33).

Vale destacar que, apesar da referência em termos de indicação da origem da produção, esses dados não necessariamente refletem a participação de mercado em termos de produção e/ou vendas. Além disso, nem a pesquisa nem as demais fontes de dados secundários identifica-das (metodologia de levantamento de informações escolhida para este relatório) contempla-vam a divisão dos produtos quanto à sua utilização final (cama, mesa, banho e lar).

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Tabela 18 – Municípios, total, por tipo e número de meios de comunicação existentes, segundo Grandes Regiões e classes de tamanho da população dos municípios - 2006

Grandes Regiões e Unidades Federação

Municípios

Com atividades artesanais desenvolvidas no próprio município, por tipo de atividade

Metal PedrasPedras Preciosas

Tecelagem Tapeçaria Renda Vidro ConchasCulinária típica

Outros

Brasil 93 221 71 527 704 415 66 100 1005 425

Norte 2 16 4 33 57 12 3 5 67 23

Rondônia - - 1 1 5 2 - - 3 4

Acre - 1 - 3 1 - - - 7 -

Amazonas - 1 - 11 1 1 - - 16 5

Roraima 1 2 1 - 2 - - - 1 1

Pará 1 6 1 7 11 3 - 5 9 4

Amapá - - - - - - - - 2 4

Tocantis - 6 1 11 37 6 3 - 29 5

Nodeste 26 86 22 122 165 223 14 49 337 160

Maranhão 3 3 1 17 32 22 2 7 36 23

Piauí 1 4 2 16 22 33 1 1 36 23

Ceará 5 9 3 17 9 35 2 4 34 17

Rio Grande do Norte 2 17 3 12 24 18 2 10 29 11

Paraíba 2 11 4 17 28 26 3 2 33 25

Pernambuco 6 10 - 13 20 25 2 4 40 16

Alagoas 1 3 - 3 3 21 1 6 15 10

Sergipe - 2 1 5 4 15 - 1 27 11

Bahia 6 27 8 22 23 28 1 14 87 30

Sudeste 38 77 18 174 235 91 15 16 324 98

Minas Gerais 14 50 12 120 134 46 6 1 188 24

Espírito Santo 1 4 1 4 8 7 2 5 28 3

Rio de Janeiro 6 3 3 9 10 1 - 7 12 5

São Paulo 17 20 2 41 83 37 7 3 96 66

Sul 20 28 18 135 156 69 27 29 219 120

Paraná 9 11 - 51 52 17 6 4 35 37

Santa Catarina 2 3 - 51 52 17 6 4 35 37

Rio Grande do Sul 9 14 9 63 91 20 7 1 58 24

Centro-Oeste 7 14 9 63 91 20 7 1 58 24

Mato Grosso do Sul 1 - 1 5 6 1 2 - 7 5

Mato Grosso 1 2 2 9 13 2 1 - 22 2

Goiás 5 12 5 49 72 17 3 1 29 17

Distrito Federal - - 1 - - - - - - -Fonte: Reproduzido de IBGE. Munic 2006, op. cit.

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5.2. Volume de Produção

Não foram encontrados, em fontes secundárias, dados específicos sobre a produção de artefatos artesanais de bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho. Dessa forma, para que se possa construir um raciocínio sobre materiais inerentes à atividade e ao setor, serão apresentados outros dados relevantes sobre produção de algodão, do setor têxtil e de con-fecções no Brasil.

Algodão

Conforme dados identificados sobre o desempenho entre 2001 e 2007, o algodão, uma das mais importantes matérias-primas utilizadas na produção de tecidos e linhas para Cama, Mesa e Banho, apresentou maior representatividade no Centro Oeste brasileiro.34

34 Fonte: ALGODÃO BRASILEIRO. Site Institucional, 2007. Disponível em: <http://www.algodao.agr.br>. Acesso em: dez. 2007.

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Tabela 19 – Produção de Algodão em Pluma no Brasil x região e estado: 2001 a 2008 (em 1.000 toneladas)

REGIÃO/UF 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/062006/07 (1)

Previsão2007/08 (2)

Previsão

NORTE 0,3 2,0 4,4 1,8 - 1,0 -

RR - - - - - - -

RO - - - - - - -

AC - - - - - - -

AM - - - - - - -

AP - - - - - - -

PA - - - - - - -

TO 0,3 2,0 4,4 1,8 - 1,0 -

NORDESTE 88,8 135,2 295,0 340,8 335,0 478,6 528,8

MA 3,1 4,3 8,3 8,1 7,8 10,5 17,7

PI 1,0 1,5 3,2 3,3 14,0 9,0 22,1

CE 5,4 4,0 4,4 2,1 2,8 1,3 1,8

RN 3,9 4,0 4,3 3,4 3,4 3,0 2,3

PB 2,9 4,1 7,3 5,1 2,4 0,7 1,1

PE 1,4 1,0 0,8 0,6 0,7 0,5 0,6

AL 3,0 2,4 1,3 1,0 1,4 1,5 1,4

SE - - - - - - -

BA 68,1 113,9 265,4 317,1 302,5 452,1 482,0

CENTRO-OESTE 557,3 592,2 860,2 816,3 620,4 960,2 974,6

MT 391,3 412,6 613,3 582,3 503,3 783,2 799,5

MS 62,4 62,4 74,0 68,8 41,0 69,0 71,2

GO 101,4 114,2 169,2 159,7 72,7 105,9 103,9

DF 2,2 3,0 3,7 5,5 3,3 2,1 -

SUDESTE 88,8 93,6 117,3 112,1 71,9 73,9 48,6

MG 30,7 32,1 47,8 53,0 32,5 37,8 28,1

ES - - - - - - -

RJ - - - - - - -

SP 58,1 61,5 69,5 59,1 39,4 36,1 20,5

SUL 31,0 24,5 32,5 27,7 10,6 10,3 6,3

PR 31,0 24,5 32,5 27,7 10,6 10,3 6,3

SC - - - - - - -

RS - - - - - - -

NORTE/NORDESTE 89,1 137,2 299,4 342,5 335,0 479,6 528,8

CENTRO-SUL 677,1 710,3 1.010,0 956,1 702,8 1.044,4 1.029,5

BRASIL 766,2 847,5 1.309,4 1.298,7 1.037,9 1.524,0 1.558,3 Fonte: ALGODÃO BRASILEIRO. Estatísticas: tabela 7. Site Institucional, 2007.35

Nota: (1) Dados preliminares: sujeitos a mudanças; (2) Dados estimados: referentes à média dos limites inferior e superior; sujeitos a

mudanças

O Mato Grosso, que sustenta a posição de maior produtor nacional de algodão desde a década passada, tem produção esperada para a safra 2006/07 de 1,9 milhões de toneladas de algodão em caroço, o que significa um aumento de 31,3% em relação à safra anterior. A área plantada e a produtividade tiveram um incremento de 28,9% e 1,8%, respectivamente.

35 Fonte: ALGODÃO BRASILEIRO. Estatísticas: tabela 7. Site Institucional, 2007. Disponível em: <http://www.algodao.agr.br/zip/estatisticas/tabela07n.htm>. Acesso em: dez. 2007

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Em pluma, o volume esperado é de 810 mil toneladas.

A Bahia, atualmente o segundo maior produtor, prevê uma produção de 939,1 mil tonela-das de algodão em caroço na safra atual, 20,1% superior à safra 2005/06, que totalizou uma produção de 781,7 mil toneladas (em plumas, o volume é de 511 mil toneladas).36

Produção de Têxteis

Quando avaliada a produção regional de têxteis por tipo de produto (fios, tecidos, malhas e confecções), identificou-se que, em 2006, o setor de fiação nacional produziu mais de 1,3 milhões de toneladas, obtendo faturamento de US$ 5,5 bilhões. As tecelagens contribuíram com quase 1,4 milhões de toneladas, e faturaram US$ 10,8 bilhões. As malharias produ-ziram pouco mais de 609 mil toneladas, com retorno de US$ 5,5 bilhões. Já as confecções atingiram mais de 8,7 bilhões de peças, com um faturamento de US$ 30 bilhões.37

Tabela 20 – Evolução da participação das regiões na produção de têxteis em % (1995/2006)

Setores/elos da cadeia produtiva

Região NorteRegião

NordesteRegião Sudeste Região Sul

Região Centro Oeste Total

1995 2006 1995 2006 1995 2006 1995 2006 1995 2006

Fios 1,5 1,2 30.4 33,4 48,7 38,6 19,2 26,1 0,2 0,7 100,0

Tecidos 3,7 2,2 16,8 18,1 67,6 63,6 11,3 15,2 0,6 0,9 100,0

Malhas 0,2 0,2 4,7 7,3 38,1 34,9 55,9 56,4 1,1 1,2 100,0

Confecções 5,8 2,4 8,2 18,2 65,1 45,1 18,5 30,1 2,4 4,2 100,0

Média 2,8 1,5 15,0 19,3 54,9 45,5 26,2 32,0 1,1 1,7 100,0Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Produtividade do Setor Têxtil

Em relação à produtividade, em 2007 o setor têxtil, embora em recuperação, ainda mostra-va índices muito inferiores aos setores de transformação e vestuário, sendo que, em 2004, apresentava o maior índice entre os três setores.38

Tabela 21 – Variação da produtividade – setores selecionados (2004 a 2007)

PRODUTIVIDADE(Var % da Produção Física - Var % Horas Pagas por Trabalhador)

Divisões 2004 2005 2006 2007*

Ind. Transformação 8,27 2,94 2,19 6,23

Ind. Têxtil 10,84 -2,48 1,8 3,43

Ind. Vestuário 2,02 -5,55 -4,65 5,79Fonte: Reproduzido de ABIT. Boletim ABIT, São Paulo, a.II, n.7, dez. 2007.39

36 Fonte: ALGODÃO BRASILEIRO. Estatísticas: tabela 6. Site Institucional, 2007. Disponível em: <http://www.algodao.agr.br/zip/estatisticas/tabela06n.htm>. Acesso em: 10 dez. 2007.37 Fonte: IEMI, 2007, op. cit.38 Fonte: ABIT. Boletim ABIT, São Paulo, a.II, n.7, dez. 2007. Disponível em: <http://www.abit.org.br/site/navegacao.asp?id_menu=19&IDIOMA=PT>. Acesso em: 12 dez. 2007.39 Fonte: ABIT, 2007, op. cit.

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Nota: (*) acumulado até out. 2007

Tabela 22 – Indicadores quantitativos da cadeia produtiva têxtil brasileira – 2005/2006

Fiação 2005 2006

Unidades Fabris 376 383

Empregos 80.132 79.422

Produção 1.294.159 toneladas 1.345.408 toneladas

Faturamento US$ 4,6 bi US$ 5,55 bi

Tecelagem 2005 2006

Unidades Fabris 493 593

Empregos 100.507 102.216

Produção 1.314.312 toneladas 1.369.382 toneladas

Faturamento US$ 9,7 bi US$ 10,8 bi

Malharias 2005 2006

Unidades Fabris 2.582 2421

Empregos 116.349 118.292

Produção 554229 609485

Faturamento US$ 4,6 bi US$ 5,5 bi

Confecções 2005 2006

Unidades Fabris 20853 21898

Empregos 1.196.311 1.193.918

Produção 8.612.63.3 mil peças 8.761.780 mil peças

Faturamento US$ 25 bi US$ 30 bi

Produção Vestuário (em mil peças 2005 2006

Roupas de tecidos de malhas 2960208 3042841

Roupa de tecidos planos 1.530.549 1.513.731

Roupa de outras matérias 62319 60676

Roupa profissional 183797 188943

Roupa de Segurança 232.477 244.439

Total 4.969.350 5.050.630

Meias e acessórios 629.478 643.327

Linha Lar 973.732 1.017.550

Artigos Técnicos 2.040.073 2.050.273

Total 8.612.633 8.761.780Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Gráfico 2 – Participação dos produtos por segmento – 2004 (em mil peças)

16%5%

34% 18%

27%Cama

Mesa

Banho

Cozinha

Decoração

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Fonte: Reproduzido de ROSA, COSENZA, 2006.

Gráfico 3 – Participação dos artigos por segmento – 2004 (em US$ mil)

43%

1%

12%

26%Cama

Mesa

Banho

Cozinha

Decoração18%Fonte: Reproduzido de ROSA, COSENZA, 2006.

5.3. Balança Comercial

Após um período de crescimento entre 1995 e 2005, o saldo da balança comercial do setor têxtil como um todo voltou a apresentar resultados negativos em 2006. O fato marcante é que, independentemente desse saldo, a rentabilidade das exportações tem sido reduzida, por um lado, pela política cambial, com a tendência decrescente da moeda norte-americana e, por outro, pelo aumento das matérias-primas básicas e insumos em geral - como energia elétrica e combustíveis. Estes e outros custos estão sendo, em sua maior parte, absorvidos pelas próprias empresas, devido à impossibilidade de repassá-los aos preços finais, sob pena de perda de competitividade e, conseqüentemente, de acesso ao mercado externo.

Tabela 23 – Importação, exportação e saldo da balança comercial do setor têxtil brasileiro – 1995/2006 (em mil toneladas e milhões US$)

Setor Têxtil

1995 2000 2004 2005 2006

Mil Ton.Milhões

US$Mil Ton.

Milhões US$

Mil Ton.Milhões

US$Mil Ton.

Milhões US$

Mil Ton.Milhões

US$

Total exportação

364,1 1.441,5 338,8 1.222,1 786,7 2.079,4 832,0 2.201,9 735,7 2.081,8

Total importação

661,0 2.291,9 739,9 1.606,1 641,9 1.422,2 560,6 1.518,0 748,6 2.142,0

Saldo da Balança Comercial

(296,9) (850,4) (401,1) (384,0) 144,8 657,2 271,4 683,9 (12,0) (60,2)

Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

5.3.1. Exportações do Setor Têxtil e Confecções

As empresas da linha lar vêm seguindo, como estratégia, o estímulo às vendas para o mer-cado externo. Portanto, têm sofrido a mesma perda de rentabilidade apontada acima para o setor têxtil como um todo.

A evolução dos preços médios reflete essa realidade: entre 1995 e 2006 houve uma queda de 33%, acima da queda média de 28,5% do setor como um todo. Contudo, uma análise dos últimos três anos disponíveis (2004 a 2006) mostra uma tendência de recuperação do nível de preços. O preço médio praticado nas exportações de produtos têxteis para o lar em 2006

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foi de US$ 5,73 por kg, correspondendo a acréscimo de 7% em relação a 2005 e de 5% em relação a 2004.

O movimento geral da balança comercial da linha lar está fortemente relacionado ao com-portamento das exportações dos têxteis em geral, embora apresente resultados mais posi-tivos. No período 2004-2006, o comércio exterior de produtos têxteis para o lar apresentou superávit acumulado de mais de US$ 985 milhões. Os últimos anos mostram um saldo da balança comercial com tendência ascendente entre 1995 e 2005, alcançando um patamar de US$ 370 milhões em 2005 (o equivalente a um crescimento 73% comparativamente ao ano de 2000); em 2006 a curva de crescimento foi interrompida, com um recuo de 22% em relação ao ano anterior.

Em volume, as exportações do segmento atingiram, em 2006, um volume físico de 57,8 mil t o que corresponde à mesma redução de 22% ocorrida no faturamento; isso indica uma estabilidade nos preços praticados no período.

Tabela 24 – Importação, exportação e saldo da balança comercial da linha lar – 1995/2006 (em mil US$)

Setor Têxtil1995 2000 2004 2005 2006

Mil US$ Mil US$ Mil US$ Mil US$ Mil US$

Total exportação 227.447 247.376 348.276 395.962 331.492

Total importação 53.797 33.400 18.962 26.558 44.349

Saldo da Balança Comercial da Linha Lar 173.650 213.976 329.314 369.404 287.143

Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Uma das características marcantes das exportações brasileiras de produtos têxteis para o lar é o alto grau de concentração em relação a países de destino, estados exportadores, número de empresas exportadoras e linhas de produtos.

Como exemplo, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, respon-deram em conjunto, em 2004, 2005 e 2006, respectivamente, por 64,7%, 72,3% e 73,3% do total de exportações brasileiras de produtos têxteis para o lar, mostrando um aumento da tendência de concentração.

Historicamente, os produtos com maior participação neste saldo positivo têm sido os ar-tigos da categoria cama e mesa. Em 2005, esses produtos apresentaram saldos de US$ 90.1 milhões e US$ 270.7 milhões. Observa-se que, no referido ano, houve um déficit comercial nos artigos de banho e decoração, que apresentaram respectivamente, saldos negativos de US$ 17.8 milhões e US$ 1.3 milhões.

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Gráfico 4 – Exportação brasileira da linha lar têxtil – 1998-2005 (US$ mil)

50.0000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Cama Banho MesaDecoração

100.000150.000200.000250.000

300.000

Fonte: Reproduzido de ROSA, COSENZA, 2006.

Tabela 25 – Principais destaques nas exportações de têxteis – segmentos com maior crescimento e maior queda (jan-set/2005 x jan-set/2006)

SegmentoJan-Set / 2005 Jan-Set / 2006 Variação % 2006/2005

US$ milhões 1000 ton US$ milhões 1000 ton US$ milhões Kgs Líq

TOTAL 1.539,8 514,7 1.483,6 492,6 (3,65) (4,29)

Fibras de Algodão 223,2 191,5 194,1 176,0 (13,0) (8,1)

Outras Fibras exceto Algodão

88,4 69,3 86,6 66,3 (2,0) (4,3)

Fios e Filamentos 165,4 49,4 167,0 45,7 1,0 (7,5)

Tecidos Artificiais e Sintéticos

68,6 12,0 73,9 12,7 7,7 5,8

Tecidos de Algodão 210,7 48,0 219,3 46,4 4,1 (3,3)

Vestuário 258,2 13,7 206,3 9,4 (20,1) (31,2)

Roupas de cama, mesa e banho

283,4 50,0 237,3 39,7 (16,3) (20,7)

Pastas, feltros, falsos tecidos, etc

93,2 50,5 129,7 63,0 39,1 24,8

Tecidos especiais, rendas, bordados, fitas, etc.

23,4 3,6 40,5 7,5 72,8 107,3

Fonte: Reproduzido de ABIT. Boletim ABIT, São Paulo, a.I, n.4, 2006.40

5.3.2. Exportações de Bordados e Rendas

A representatividade da exportação de bordados e rendas manuais foi praticamente nula frente às exportações totais do país e ao potencial do mercado.

Em 2005 não houve movimento de exportação registrado para “rendas de fabricação ma-nual”; as exportações de “outros bordados de algodão, em peça, em tiras ou em motivos� foram de US$ 123 mil (FOB) e as de �bordados de outras matérias têxteis, em peça, em tiras ou em motivos�, US$ 28 mil (FOB).

40 Fonte: ABIT. Boletim ABIT, ano I, número 4, 2006.

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Contudo, há indicadores que apontam o crescimento anual das exportações. Por exemplo, a Feira Nacional de Artesanato, maior evento do setor artesanal (onde se enquadram os produtos-alvo deste relatório) registrou vendas para o mercado externo no valor de US$500 mil em sua edição de 2005, US$ 800 mil em 2006 e US$ 1 milhão em 2007.41

Tabela 26 – Exportação efetiva e expectativa de exportação das edições XVI, XVII e XVIII da Feira Nacional de Artesanato

ExportaçãoUS$ 500 mil durante a Feira. Expectativa de vendas futuras de US$ 1,5 milhão

US$ 800 mil durante a Feira. Expectativa de vendas futuras de US$ 2,4 milhões

US$ 1 milhão durante o evento e previsão de 3 milhões nos meses seguintes

Fonte: Reproduzido de FEIRA DO ARTESANATO. Site Institucional42.

5.3.2.1. Dimensão dos Mercados de Destino

Não foi possível identificar o mercado de destino de bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho, nem para o artesanato em geral. Dessa forma, serão utilizados dados do final da década de noventa, especificamente do mercado nordestino.

Os Estados Unidos foram os principais receptores formais do artesanato nordestino com mais de 50% do valor exportado, seguido do Reino Unido, Argentina, Bélgica, França, Ale-manha e outros. Para os países desenvolvidos se destinam principalmente os produtos ornamentais de cerâmica e madeira, enquanto as redes e tapetes de fibras vegetais vão para países latino-americanos.

Como as exportações de artesanato foram pouco expressivas e esporádicas, tornar-se-ia arriscado prever o destino das vendas externas, visto que a venda isolada para determina-do país, sem perspectiva de continuidade, poderia distorcer completamente os resultados. Entretanto, no cômputo geral, foi possível afirmar que havia uma concentração de vendas nos países mais desenvolvidos, notadamente, Estados Unidos e países europeus, além do destaque para a Argentina, a maior parceira do Brasil no MERCOSUL.

41 Fonte: FEIRA DO ARTESANATO. Histórico. Site Institucional. Disponível em: <http://www.feiranacionaldeartesanato.com.br/historico.aspx>. Acesso em: 20 jan. 2008

42 Fonte: FEIRA DO ARTESANATO. Histórico. Site Institucional. Disponível em: <http://www.feiranacionaldeartesanato.com.br/historico.aspx>. Acesso em: 20 jan. 2008

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Tabela 27 – Destino das exportações de artesanato da região Nordeste – produtos selecionados em

US$ FOB

PRODUTOS1997 1998 1999

Valor % Valor % Valor %

EUA 59.515 54,0 164.263 51,2 157.711 54,0

REINO UNIDO - - 2.772 0,9 35.714 12,2

ARGENTINA 39.049 35,4 44.529 13,9 33.511 11,5

BÉLGICA 140 0,1 49.159 15,3 32.369 11,1

FRANÇA 3.243 3,0 7.673 2,4 13.412 4,6

ALEMANHA 2.038 1,8 4.864 1,5 8.266 2,8

CHILE - - - - 2.995 1,0

GUIANA FRANCESA - - 3.275 1,0 2.800 1,0

EQUADOR - - - - 1.997 0,7

PORTUGAL 2.906 2,6 2.308 0,7 1.704 0,6

JAPÃO - - - - 632 0,2

ESPANHA - - 28.445 8,9 512 0,2

ISRAEL 2.970 2,7 402 0,1 511 0,1

SUÍÇA - 5.436 1,7 - -

AUSTRÁLIA 440 0,4 4.000 1,2 - -

MARTINICA - - 3.500 1,1 - -

GUADALUPE - - 135 0,1 - -

TOTAL 110.301 100,0 320.761 100,0 292.134 100,0Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Os países da Comunidade Econômica Européia - CEE absorveram mais de 30% do total das exportações de artesanato da Região.

Tabela 28 – Destino das exportações de artesanato por blocos econômicos – produtos selecionados em US$ FOB – 1999

Blocos Nordeste % Brasil %

NAFTA 157.711 54,0 558.834 56,5

CEE 91.977 31,5 187.999 19,0

MERCOSUL 33.511 11,5 159.480 16,1

OUTROS 8.935 3,0 82.867 8,4

TOTAL 292.134 100 989.180 100Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

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5.3.2.2. Potencial dos Mercados de Destino para Têxteis

Considerando todos os produtos da cadeia têxtil em 2004, especialmente aqueles de in-teresse do consumidor final, verifica-se a relação existente entre o PIB per capita e o consumo de têxteis.

O consumo mostra-se mais freqüente em torno de 20 kg per capita ano. A partir de US$ 5.000 de PIB per capita/ano o consumo aproxima-se 15 kg, atinge a faixa entre 15 e 20 kg para valores entre US$ 10 mil e US$ 25 mil, mudando o patamar para faixa de 20 a 30 kg a partir de cerca de US$ 27,5 mil.

Os países que apresentaram maior potencial de consumo foram EUA, seguido por Singa-pura, Canadá e Coréia, e por um grupo formado por Suíça, Reino Unido e Austrália.

Gráfico 5 – Correlação entre PIB per capita e consumo de têxteis35

30

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20

15

10

5

Coréia

0 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000 45,000

PIB corrente em US$ per capita

Singapura CanadáCanadá

Austrália Reino Unido Suíça

JapãoAlemanhaFrança

FinlândiaItália

HolandaPortugual

Espanha

HungriaTurquia

Paquistão

Rep. Tcheca

Eslovênia

Bélgica

Hong Kong

Suécia

México

Brasil

RússiaChinaÍndia

TailândiaEgitoBangladesh

Con

sum

oem

Kgpe

r cap

ita

Fonte: CERVONE, Rafael. A CADEIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO: Brasil – Índia, 2007. Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/

derex/promocao_comercial/pdf/rafael%20cervone.pdf>.

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Tabela 29 – Importação de mundial de têxteis por país

PaísJan-Abr/2005 Jan-Abr/2006 Variação % 2006/2005

US$ milhões

1000 tonUS$

milhões1000 ton

US$ milhões

Kgs Liq

Total 1.539,8 514,7 1.483,6 492,6 (3,65) (4,29)

ARGENTINA 326,0 92,5 361,6 101,3 10,9 9,5

ESTADOS UNIDOS 381,9 90,2 330,2 87,9 (13,6) (2,5)

UNIÃO EUROPÉIA 217,8 61,7 167,6 40,9 (23,0) (33,8)

CHILE 55,8 14,2 55,4 13,0 27,1 (8,5)

MÉXICO 38,9 13,7 49,4 13,0 27,1 (5,06)

COLÔMBIA 40,9 8,5 47,4 10,9 15,9 28,6

VENEZUELA 32,4 7,3 44,4 10,0 37,2 35,7

CHINA 43,3 42,9 41,0 42,0 (5,2) (2,1)

JAPÃO 39,0 18,4 40,6 14,2 4,2 (23,0)

URUGUAI 35,6 8,3 37,1 9,2 4,2 10,9

PAQUISTÃO 45,0 39,2 36,3 32,9 (19,3) (16,0)Fonte: Reproduzido de ABIT. Boletim ABIT, a.I, n.4, 2006.

5.4. Importações

A análise das importações brasileiras de produtos têxteis para o lar mostra quedas suces-sivas e expressivas desde 1999, passando a haver uma reversão a partir de 2004. Em 2005, foram importados US$ 46,7 milhões, equivalentes a um volume de 15,5 mil t.43

De acordo com o IEMI, o preço médio das importações de produtos têxteis para o lar em 2004 foi de US$ 3.6 por kg, correspondendo a um aumento de 13,7% em relação ao ano de 2000.

A valorização do real em relação ao dólar tem contribuído para esta tendência de incremen-to das importações, uma vez que as empresas, além de não estarem conseguindo manter os preços praticados nas exportações, passaram a sofrer a concorrência daqueles originários da China. O ano de 2005 se encerrou com forte valorização do real em relação ao dólar e, de acordo com todos os indicadores, uma perda significativa para os exportadores e um aumento na participação dos importados.

Gráfico 6 – Importação brasileira da linha têxtil (US$ mil)

40.000

30.000

20.000

10.000

0

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Cama Banho Mesa DecoraçãoFonte: Reproduzido de ROSA, COSENZA, 2006.

43 Fonte: Reunião APIMEC, 2005. op. cit.

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Dados mais recentes, publicados pela ABIT, indicam que, de janeiro a agosto de 2007, o maior valor de importação foi para Vestuário, seguido por Fios Artificiais e Sintéticos e por Tecidos de Malha.

O segmento de Roupas de Cama, Mesa e Banho representou pouco mais de US$ 25.7 mi-lhões, ou quase 5 mil toneladas, apresentando crescimento acima de 127%, tanto em valor como em volume.

Tabela 30 – Principais destaques nas importações de têxteis pelo Brasil – segmentos com maior crescimento e maior queda (jan-ago/2006 x jan-ago/2007)

SegmentoJan-Ago/2006 Jan-Ago/2007 %Variação 2007/2006

US$ milhões

1000 tonUS$

milhões1000 ton 1000 FOB Ton

Total geral 1.381,22 507,91 1.906,41 624,99 38,02 23,05

Fibra de Viscose 11,59 6,56 23,19 11,83 99,95 80,35

Fibra de Algodão 83,65 68,45 121,52 96,66 45,27 41,15

Fios Artificiais e Sintéticos 133,13 58,07 236,91 91,29 77,95 57,21

Filamento de Poliamida 57,28 11,44 80,80 15,84 41,06 38,52

Tecido de Malha 41,58 11,49 141,65 33,77 240,66 193,88

Vestuário 206,31 23,63 306,94 27,68 48,77 17,12

Roupas de cama, mesa e banho 11,29 2,17 25,74 4,95 127,86 127,51Fonte: Reproduzido de ABIT. Boletim ABIT, a.II, n. 6, set. 2006.

O segmento de Roupas de cama, mesa e banho não apareceram como destaques no período anterior (2005/2006).

6. Cadeia Produtiva

A cadeia produtiva da indústria têxtil é formada pelos seguintes elos ou etapas de produ-ção: fiação, tecelagem (plana ou de malha), acabamento e confecção. O setor corresponden-te ao elo de confecção, que elabora os bens de consumo final, divide-se em dois segmentos principais: o de vestuário, que compreende roupas de uso pessoal, e a chamada linha lar, que engloba os demais artigos têxteis.

Os produtos que constituem a linha lar podem ser classificados, de acordo com sua utili-zação, como artigos de cama (lençóis, fronhas, cobertores e edredons), mesa (toalhas, guar-danapos etc.), banho (toalhas de diversos tipos) e decoração (cortinas, tapetes e artigos de copa). Além das famílias de produtos referidos, devem ser mencionados os têxteis destina-dos a estofamentos e usos similares, que são às vezes incluídos na linha lar.

Para melhor compreender a cadeia de têxtil (confecções), será apresentado a seguir o es-quema proposto pelo IEMI.

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Figura 4 – Processo produtivo na cadeia têxtil (confecções)

Matéria Prima

FIAÇÃO

TECELAGEM

MALHARIA

BENEFICIAMENTO

CONFECÇÃO

algodãolinhoramí

sedalã

raiomviscoseraiom acetatomodalliocel

poliesterpoliamidaacrilicopoliuretanaQuímica

Sintética

Formulação

Artificial

Extração

Dissolução

Extrusão

Natural

Animal

ColetaTosquia

Vegetal

Colheita

Extração

Fio Filamento

Penteado Cardado

Abertura

Cardagem

Penteagem

Fiação Extração

Enrolamento

Tecelagem Malharia

Preparação àTecelagem

Tecido Crú

Preparação à Tinturaria

Tituraria/Estamparia

Acabamento

Recebimento deMateriais

Corte

Costura

Acabamento

Roupa Pronta

Fonte: Reproduzido de IEMI, 2006, op. cit.

6.1. Cadeia Produtiva da Linha Lar

A cadeia produtiva da linha lar no Brasil é competitiva e apresenta vantagens comparati-vas quanto à estratégia empresarial.

As matérias-primas usadas na elaboração dos produtos da linha lar são as fibras naturais e as fibras sintéticas. Geralmente, é feita uma composição de ambas na produção. O algodão tem sido a fibra natural tradicionalmente utilizada na fabricação dos produtos. Entretanto, novas fibras naturais estão sendo empregadas como substitutas parciais, como é o caso do bambu, do milho, da soja e da mamona. Essas fibras estão sendo utilizadas por técni-cos das indústrias brasileiras, ainda de forma experimental, como matéria-prima comple-mentar ao algodão. Fibras naturais desse tipo permitem um aperfeiçoamento no processo de produção com a obtenção de melhor desempenho e conformação dos produtos, como por exemplo, o aspecto da absorção da água nos felpudos. O uso da fibra de bambu, por

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exemplo, representa um custo de produção por causa de sua menor resistência. Contudo, dependendo do tipo de artigo, é possível que os produtos acabados com bambu alcancem preços internacionais superiores aos dos produtos elaborados com algodão.

Apesar de serem os locais de origem da matéria-prima, os países asiáticos ainda não partici-pam plenamente do mercado. Em parte porque a incorporação da fibra de bambu resulta em custos de produção mais elevados, comparativamente ao algodão. Como a maioria dos fabri-cantes asiáticos produz em larga escala, competem por preço, sendo o custo um componente fundamental para o processo dessa estratégia. Nesse sentido, essa inovação (introdução de fibras naturais na composição do produto) contribui para minimizar a concorrência contra os fabricantes cuja produção está mais direcionada no algodão como matéria-prima, como é o caso do Paquistão, permitindo às empresas exportarem este tipo de fibra.

Outra vantagem do bambu é que ele está menos sujeito às intempéries climáticas, além de não apresentar ciclicamente momentos bons e ruins, como é o caso do algodão. Atual-mente, o fio de bambu é importado da Ásia, continente que tem tradição de fazer artigos de bambu em geral. Mesmo assim, esse tipo de fibra ainda apresenta preços competitivos, se comparados com os do algodão. Uma opção para não ficar refém da importação e de possíveis oscilações de câmbio seria a possibilidade de uma produção nacional de fios de bambu. No entanto, essa hipótese precisa ser amadurecida, dado que as empresas se sen-tem desconfortáveis para investir em um mercado ainda incipiente e que poderia apenas estar sujeito à moda.

A composição dos custos industriais das empresas fabricantes de produtos têxteis para o lar é dependente de uma série de variáveis, sendo as mais relevantes o grau de automa-ção, o custo das matérias-primas e o tipo de produto a ser fabricado. De modo geral, não existem diferenciações significativas quanto aos principais produtores, a não ser no que se refere aos equipamentos utilizados. Como forma de proteger-se dos efeitos da política cambial, as empresas passaram a referenciar seus custos de produção ao dólar. Os contra-tos de fornecimento de insumos relativos aos custos, quando não resultantes de compras externas, são firmados em correspondência com a variação cambial. Além disso, há um movimento localizado para obter certo grau de diferenciação de produto.

A consolidação de marcas próprias e a instalação de redes próprias de comercialização são as principais estratégias neste sentido.

A valorização do algodão no mercado internacional – associada ao aumento de preços das fibras sintéticas e à elevação do custo da tarifa de energia elétrica, além dos naturais efeitos colaterais da política cambial – refletiu-se na queda da margem de lucro das indústrias deste segmento. Há uma tendência para que os custos de produção ainda permaneçam pressionados, principalmente os relativos às fibras sintéticas, que refletem o aumento dos insumos petroquímicos (alta do petróleo). Com relação ao custo do algodão, ainda que pas-sível de suprimento pela produção brasileira, estão previstos aumentos de preço, principal-mente por causa do aumento da demanda mundial, alavancada pelos países asiáticos.

Uma característica marcante das indústrias de linha lar é a concentração de fornecedores na-cionais de algodão e fios, o que dificulta a negociação quanto ao tipo e à qualidade do produ-to. No entanto, a indústria da linha lar não apresenta barreiras significativas à entrada quan-to aos métodos e processos de produção, uma vez que a tecnologia empregada é de domínio universal, ainda que haja a necessidade de importação de boa parte dos equipamentos.

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O comércio de confeccionados têxteis tem revelado maior dinamismo internacional do que o de tecidos. Isso se deve, principalmente, ao deslocamento da produção para países nos quais o baixo custo de mão-de-obra assegura a competitividade na atividade de confecção. Dado que o setor é tecnologicamente maduro e não apresenta barreiras significativas à entrada de concorrentes, a estratégia competitiva dessas empresas, especialmente aquelas localizadas em países mais desenvolvidos, tem sido adequar sua produção para atender mercados de produtos mais sofisticados. Para o sucesso desse ajuste, nota-se uma tendên-cia mundial de migração de indústrias tradicionais dos países desenvolvidos para a área de varejo, seja por meio da parceria entre fabricantes ou da integração vertical com o varejo.

Além da modernização do processo produtivo a concorrência se dá, cada vez mais, por meio da diferenciação, para aqueles que não têm volume, e por meio de preço, para aqueles que apre-sentam escala industrial adequada. Com isso, adquirem importantes aspectos como conheci-mento em design de produtos, capacitação nas etapas de acabamento, marketing e distribuição, além do domínio do fluxo de produção em termos de flexibilidade e produtividade.

Pela baixa necessidade de importações, existe disponibilidade interna de recursos (insu-mos e mão-de-obra), o que confere certa vantagem comparativa à indústria nacional. Esse aspecto positivo da indústria nacional, no entanto, não se reproduz no mercado mundial, quando exposta à concorrência com outros países em busca de novos mercados. O real apreciado dificulta a manutenção de preços competitivos no setor.

A fim de compensar a perda do mercado externo, as empresas tentam redirecionar essas vendas para o mercado brasileiro. Todavia, considerando-se que o crescimento do merca-do interno é condicionado pelo baixo nível de consumo, pela instabilidade da demanda e pelas oscilações da economia nacional, o mercado nacional é relativamente pequeno para absorver a capacidade de produção total dessa indústria. Este fato está dificultando, inter-namente, a compensação do recuo das vendas no exterior.

6.2. Estruturas de Apoio à Produção de Bordados e de Rendas

Serão apresentados alguns exemplos de estruturas de apoio à produção de bordados e ren-das e ao próprio setor têxtil, devido ao grande número de instituições existentes em todo o Brasil. Algumas, com foco regional, permitem que a referência possa remeter à realidade de cada produtor, buscando entidades na respectiva localidade.

Entre as estruturas de apoio estão:

• Instituições de pesquisa:

CTV-SENAI/Blumenau;•

Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Blumenau•

Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil•

ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção •

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• Instituições de ensino:

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial;•

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;•

SESI – Serviço Social da Indústria;•

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Produção; •

Grupo de Estudos em Economia Industrial (GEEIN) da Universidade Estadual de São Paulo;•

Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; •

• Associações, Confederações, Federações e Sindicatos:

ACIB – Associação Comercial e Industrial de Blumenau;•

CNI – Confederação Nacional das Indústrias; •

FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina;•

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; •

SEBRAE/SC – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Santa Catarina;•

SINDITÊXTIL• – Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em geral; de tin-turaria, estamparia e beneficiamento; de linhas; de artigos de cama, mesa e banho; de não-tecidos e de fibras artificiais e sintéticas do estado de São Paulo.

• Entidades de Fomento ao Setor:

Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (AD-DIPER);•

Banco do Nordeste;•

ICCAPE;•

Instituto de Desenvolvimento do Artesanato/IDAM;•

Instituto Mauá (BA);•

Fundação Nacional de Arte (Funarte);•

Núcleo de Desenvolvimento da Produção Artesanal (CE);•

SEBRAE (Nacional e Regionais);•

Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)•

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6.3. Projetos do Setor

O Programa do Artesanato Brasileiro,44 criado no final da década de 1960, desenvolveu ações que visavam à valorização do artesanato, do artesão brasileiro e, por conseguinte, de sua realidade cultural e a promoção do artesanato no País e no exterior.

Esse Programa deu ensejo à criação do Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesa-nato, instituído pelo Decreto no 80.098, de 8 de agosto de 1977. O Decreto no 83.290, de 13 de março de 1979, regulou a classificação de produtos artesanais e a identificação profissional do artesão. É importante citar que esse programa estava veiculado, desde 1995, ao então Ministério da Indústria e Comércio e do Turismo que foi sucedido pelo Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fato que deu maior incremento à venda de artesanato, principalmente no exterior.

Nesse período, estruturam-se, para o segmento artesanal, algumas políticas voltadas para a organização e o fortalecimento de núcleos de produção (associações e cooperativas de ar-tesãos), e para a promoção e o incentivo à comercialização dos produtos artesanais. Assim, definiram-se algumas diretrizes para o aumento da produção, tais como:

a) geração de emprego, ocupação e renda;

b) estímulo à exportação;

c) desenvolvimento e aproveitamento das vocações regionais e locais;

d) fortalecimento dos arranjos produtivos locais;

e) integração regional, nacional e internacional desses arranjos;

f) implementação de diretrizes que estabeleceriam parcerias entre todos os órgãos dos governos e entidades privadas envolvidas com o artesanato.

Com isso, alguns Estados estabeleceram seus arranjos produtivos e criaram programas de incentivo ao artesanato, abrindo espaços para produção, armazenamento e comercialização.

No governo do professor Fernando Henrique Cardoso, com a criação da Comunidade So-lidária, o estudo e a divulgação do artesanato tomou outra dimensão. Juntamente com ou-tras instituições – como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a Fundação Nacional de Arte (Funarte), mediadas pela Coordenação de Folclore e Cultura Popular (CFCP) do Museu do Folclore Edison Carneiro e de algumas ONGs, desenvolveu-se o Projeto de Apoio às Co-munidades Artesanais para Geração de Renda. Nesse projeto, a preocupação primordial foi desenvolver ações nas comunidades tradicionais que produziam e produzem artesana-to em que o fazer artesanal é quotidiano, a fim de resgatar o profundo conhecimento das técnicas artesanais, recuperando as mais variadas identidades culturais e, assim, conhecer ou reconhecer as mais diferentes vertentes do patrimônio cultural brasileiro.

44 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior. Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). Disponível em: < http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=2&menu=1027>. Acesso em: nov. 2007

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6.3.1. Projeto Bordados de Ibitinga-SP45

A partir de dados obtidos por diferentes artigos pesquisados, em Ibitinga, no ano de 2005, realizou-se a segunda etapa do Arranjo Produtivo Local (APL) na cidade. Ao longo da pri-meira fase do projeto os empresários do Arranjo obtiveram uma série de conquistas, dentre as quais, o resgate do principal produto do pólo, os Bordados de Ibitinga.

Graças ao retorno à produção de bordados, com maior valor percebido pelo consumi-dor, houve um ganho de produtividade de 30,6%, medido em Valor Adicionado por Pessoal Ocupado.

Além disso, foi a primeira vez que o setor teve contato com profissionais da área de criação de moda, inclusive participantes da SP Fashion Week, que puderam expor o processo de planejamento de coleções.

Por algum tempo, a marca “Bordados de Ibitinga” deixou de representar os artigos de cama, mesa, banho e enxovais para bebês fabricados na cidade. Embora vendessem para todo o Brasil, os produtores locais não haviam registrado a marca em cartório e ela acabou sendo usada por um empresário de outra cidade, que se aproveitou da tradição em peças bordadas que aquele nome carregava para finalmente registrá-lo.

Quando o programa de Arranjos Produtivos Locais da FIESP instalou-se no pólo, técnicos e consultores alertaram as empresas para a necessidade de agregar a seus produtos a forte marca que elas próprias construíram. Por meio da representação do Sindicato das Indús-trias e Comércio do Bordado de Ibitinga, no fim de 2003 os produtores conseguiram resga-tar na justiça a patente Bordados de Ibitinga.

A recuperação da marca era apenas um dos desafios a ser enfrentado para o desenvol-vimento do Arranjo. Também era necessário aplicar ferramentas de gestão melhores e mais eficazes, direcionar para um mercado específico e definir metas de produção. Foi o que detectou um estudo de campo feito pelos técnicos da FIESP antes do lançamento oficial do programa.

Das 586 empresas do pólo, 19 integram o APL. Como o programa tem efeito multiplicador, a idéia é que os avanços obtidos pelas participantes sejam disseminados entre as demais indústrias do pólo.

As integrantes do Arranjo receberam treinamentos e assessorias, atividades que fazem parte do plano de ação estratégico traçado. Consultores do SENAI e do SEBRAE aprovei-tam o bom nível educacional dos profissionais da região para melhorar a gestão da produ-tividade e aumentá-la em 15% nas empresas.

O resultado dessas ações veio rápido e os empresários comemoraram o aumento da demanda de seus produtos. Desde que o projeto começou, eles resgataram clientes que estavam inativos, me-lhoraram a qualidade de suas mercadorias, conquistando, assim, um público mais exigente (das classes C, B e A) e intensificaram a participação nas feiras nacionais e internacionais do setor.

45 Fonte: FLORIAN, Fabiana. Arranjos produtivos locais: formação, desenvolvimento e vínculos nas indústrias de bordados de Ibitinga – SP. 2005. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Centro Universitário de Araraquara (UNIARA). Araraquara (SP), 2005.

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6.3.2. Projeto voltado ao Bordado Artesanal no Paraná46

A Revista Crescer informa a existência, em Jundiaí do Sul/PR, o Projeto de Bordados - inicia-tiva do Fórum de Desenvolvimento, cujas atividades tiveram início em 2000, com apoio do SEBRAE-PR. A partir da parceria entre o Fórum de Desenvolvimento/SEBRAE-PR e as bordadeiras, houve a transformação do município em pólo de bordado artesanal.

O SEBRAE-PR disponibilizou um consultor para dar assessoria ao grupo que logo se trans-formou em uma associação, junto com a Agência de Desenvolvimento passaram a elaborar um projeto, definindo metas e ações. Entre as primeiras ações do grupo estava a criação da Escola de Bordados (parceria bordadeiras/Município/APMI), criação de uma Logomarca identificando o Município como Capital do Bordado Artesanal e criação de Feira Anual de Bordados, realizada sempre nos meses de dezembro.

6.3.3. Programas e Projetos Institucionais direcionados para o Artesanato

Nordestino

As informações a seguir foram obtidas de uma pesquisa detalhada sobre Ações para o de-senvolvimento do artesanato do Nordeste,47 que contou com o apoio do Banco do Nordeste, realizada entre os anos de 2000 e 2001.

Os programas e projetos institucionais que visam fomentar o artesanato nordestino, se-gundo levantamento realizado entre as instituições, são levados a efeito, em sua maioria, pelo Banco do Nordeste, com projetos diversos de desenvolvimento sustentado, alguns em parceria com o SEBRAE, através do Programa SEBRAE de Artesanato, de âmbito nacional. Também vale citar o Conselho da Comunidade Solidária, com projetos de apoio ao artesa-nato para geração de renda, todos em nível regional.

Destacam-se ainda pelo porte de suas ações, em nível estadual, o Instituto Mauá (BA), a Agên-cia de Desenvolvimento de Pernambuco (AD-DIPER), o Programa de Desenvolvimento do Ar-tesanato Piauiense (Prodart) e o Núcleo de Desenvolvimento da Produção Artesanal (CE).

As informações obtidas sobre projetos e programas desenvolvidos nos estados nordesti-nos, em linhas gerais são:

• Alagoas: a Prefeitura Municipal de Maceió promove no município, através do Projeto Cidadão para geração de emprego e renda, o Projeto Cidadão Expoart, visando promo-ver a produção coletiva e a comercialização do artesanato local. Participam deste Proje-to onze grupos do município de Maceió, envolvendo aproximadamente 150 artesãos.48

• Bahia: Na Bahia, as ações de fomento do artesanato estão concentradas quase que ex-clusivamente no Instituto de Artesanato Visconde de Mauá, autarquia vinculada à Se-cretaria do Trabalho e Ação Social que desenvolve a maioria dos projetos e programas para o setor no Estado. Destacam-se o Programa de Organização e Apoio a Núcleos

46 Fonte: Revista Crescer. Editora Globo. Site Institucional. Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com>. Acesso em nov. 200747 Fonte: BNB, 2000, op. cit. 48 Fonte: Portal da Cidade de Maceió. Portal Institucional. Disponível em: <http://www.maceio.al.gov.br>. Acesso em: fev. 2008.

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de Produção, cujo objetivo é apoiar organizações informais de artesãos na compra de matéria-prima a baixo custo, obter assistência técnica do Instituto Mauá nas áreas de qualificação profissional e comercializar o produto artesanal; o Programa Oficina/Em-presa, com objetivo de reciclar instrutores e de criar infra-estrutura para produção em larga escala; o Programa Oficinas Artesanais em Salvador; o Programa de Apoio à Comercialização e à Divulgação do Artesanato.49

Além do Instituto Mauá, a Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia desen-volve o Programa Estadual de Desenvolvimento Local – Faz Cidadão, que atuando em diversas áreas, apóia a atividade artesanal nos municípios de Banzaê, Bom Jesus da Serra, Buritirama, Caetanos, Cordeiros, Jussiape, Lagoa Real, Lamarão, Maetinga, Matina, Marcionílio Souza, Presidente Jânio Quadros, São Félix do Coribe, São José do Jacuípe, Souto Soares, Tremendal e Umburanas.

O SEBRAE/BA tem um programa próprio, atuando nos municípios de Saubara, Barra do Rio Grande, Jequié, Rio de Contas, Nova Viçosa, Porto Seguro, Malhada Grande, Ipirá, Aratuípe e Juazeiro através da capacitação técnica e empresarial de artesãos, de-senvolvendo a comercialização e preparando aprendizes na atividade artesanal.

• Ceará: O principal fomentador do artesanato local é a Central do Artesanato do Ceará – CEART, que desenvolve o Programa Estadual de Artesanato do Ceará, cobrindo as 23 regiões produtoras: Sertão do Cariri, Cariri, Chapada do Araripe, Serrana de Cariaru-çu, Serra do Salgado, Iguatu, Sertão dos Inhamuns, Serra do Pereiro, Médio Juguaribe, Sertões de Senador Pompeu, Baixo Jaguaribe, Sertões de Crateús, Sertões de Quixera-mobim, Serra de Buturité, Sertões de Canindé, Ibiapaba Meridional, Ibiapaba, Sobral, Uruburetema, Litoral de Camocim e Acaraú, Baixo-médio Acaraú, Fortaleza e Litoral de Pacajús. O Núcleo de Desenvolvimento da Produção Artesanal desenvolve o Projeto de Capacitação do Artesão, através de cursos e consultorias para aperfeiçoamento de produtos e gerenciamento de atividades afins.50

O SEBRAE/CE desenvolveu, em parceria com a Ceart, no período de 1998/99, o Projeto Apoio à Produtividade e Comercialização do Artesanato, com objetivo de capacitar o artesão cearense.

A Secretaria de Cultura do Estado, através do Centro de Design do Ceará,51 implantou o Projeto Cariri, com o objetivo de melhorar e renovar os produtos artesanais, e o Programa Básico de Produção Artesanal, criando o Centro de Aperfeiçoamento para o Artesanato.

O Banco do Nordeste desenvolve, no estado, o Programa de Melhoria da Qualidade do Produto Artesanal do Estado do Ceará, com objetivo de promover a competitividade do artesanato através da qualificação, organização, promoção, informação, canais de comercialização, estudos de tendências de mercado e crédito.

49 Fonte: Instituto de Artesanato Visconde de Mauá. Site Institucional. Disponível em: <http://www.maua.ba.gov.br/main/default.jsp>. Acesso em: 14 fev. 2008

50 Fonte: Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo. CEART – Central de Artesanato do Ceará. Site Institucional. Disponível em: <http://www.ceart.ce.gov.br>. Acesso em: 14 fev. 2008.51 Fonte: Rede Design Brasil. Site Institucional. <http://www.designbrasil.org.br/portal/via/nucleos_exibir.jhtml?id=109>. Acesso em: 14 fev. 2008.

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Banco do Nordeste• – De acordo com o Banco, a diretriz básica do Programa de Desen-volvimento do Artesanato do Nordeste - CrediArtesão é “suprir o setor artesanal do Nordes-te de capacitação e recursos financeiros, através de financiamentos rápidos e de fácil acesso, com linhas de crédito compatíveis com a atividade e garantias adequadas”. São parceiros do Banco do Nordeste, os governos estaduais (região Nordeste, Norte de Minas e Norte do Espírito Santo), através de seus órgãos afins (Secretarias Estaduais), as prefeituras municipais dos pólos de produção, instituições de fomento, a exemplo do SEBRAE, Ce-art (CE), Instituto Mauá (BA), Prodart (PI), Ad-Diper (PE), artesãos e suas associações. Estruturado de forma bastante simplificada, são exigidos apenas como documentação a carteira de identidade, CPF e comprovante de residência – para o setor informal - e CGC, documentos de constituição da empresa e informações de balanço para o setor formal, associações e cooperativas.52

• Maranhão: O que se conhece sobre o número de artesãos e associações existentes, e sobre vo-lume de produção artesanal, deve-se às pesquisas apresentadas na bibliografia secundária.

Um problema indicado pelo Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (Ceprama), instituição governamental responsável pelo fomento ao artesa-nato local, foi a entrada, em larga escala, de produtos de outros estados, principalmente do Piauí e do Ceará, comercializados como se fossem do Maranhão, competindo com os produtos genuinamente locais.53

Atuando em parceria, o Governo do Estado e SEBRAE criaram o Projeto Arte nas Mãos com o objetivo de organizar o setor. O principal resultado deste projeto foi a formação do Instituto de Desenvolvimento do Artesanato/IDAM, organização não-governamen-tal vinculada ao SEBRAE, constituída por uma sociedade de microcrédito – o Banco do Empreendedor – um centro de treinamento e capacitação gerencial, uma central de exportação e uma loja para comercialização, com central de compras de matéria-prima para o artesão.54

• Paraíba: A Secretaria da Indústria, Comércio, Turismo, Ciência e Tecnologia, através do Programa Paraibano de Tecnologias Apropriadas, realiza no Estado da Paraíba ações de desenvolvimento do artesanato local, principalmente nos municípios de Za-belê e São João do Tigre. São trabalhos de assessoria técnica para criação, legalização e acompanhamento de atividades em associações de artesãos nos município citados, bem como assessoria técnica às assembléias gerais da Federação das Associações e Cooperativas de Artesãos da Paraíba (Fasart), atualmente com 423 associados. 55

A Fundação Casa de José Américo,56 instituição de pesquisa, ensino e extensão, visando a di-vulgar a cultura paraibana, por sua vez, realizou o mapeamento cultural do Estado, identifi-cando centros produtores de artesanato e as tipologias dominantes, dentre outras questões.

52 Nota do revisor técnico: as últimas informações sobre o CrediArtesão datam de 2002, o que não desqualifica sua contribuição ao fomento do artesanato até então.53 Fonte: Cidades Históricas Brasileiras. Site Institucional. Disponível em: <http://www.cidadeshistoricas.art.br/saoluis/sl_art_p.php>. Acesso em: 14 fev. 2008.54 Fonte: Banco do Nordeste. Site Institucional. Disponível em: <www.bnb.gov.br/content/aplicacao/cadeias_produtivas/artesanato/docs/caderno%>. Acesso: em fev. 200855 Fonte: Companhia de Processamento de Dados da Paraíba. Site Institucional. Disponível em: <http://www.codata.pb.gov.br/apps/aparaibaemsuasmaos/programa.htm>. Acesso: em fev. 200856 Fonte: Fundação Casa de José Américo. Site Institucional. Disponível em: http://www.fcja.pb.gov.br>. Acesso: em fev. 2008

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• Pernambuco: No Estado de Pernambuco foi observada a predominância de atuação por parte da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco (Ad-DI-PER) no que diz respeito ao fomento do artesanato. Outra característica interessante dos programas desenvolvidos por essa instituição está no tratamento específico que oferece a cada município, tendo como base a segmentação desses por tipologia e pólos de produção. Como exemplo dessa abordagem que faz parte da linha de atuação da AD-DIPER, tem-se: o Projeto de Desenvolvimento do Pólo de Produção de Cerâmica de Caruaru, o Projeto de Desenvolvimento do Pólo de Produção de Tapeçaria de Lagoa do Carro, o Projeto de Desenvolvimento do Pólo de Produção de Bordados de Passira, e um programa de abran-gência estadual, o Programa de Valorização do Artesanato Pernambucano.57

O SEBRAE, com o Projeto Artesão e Artesanato, faz o levantamento do artesanato em 19 municípios pernambucanos. São eles: Bezerros, Cabo de Santo Agostinho, Cachoeirinha, Camaragibe, Caruaru, Goiana, Gravatá, Ibimirim, Lagoa do Carro, Orobó, Passira, Pesquei-ra, Petrolina, Poção, Riacho das Almas, Salgadinho, Tacaratu, Timbaúba e Tracunhaém.

• Piauí: O artesanato no Piauí é apoiado principalmente pelo Programa Estadual de Apoio aos Artesãos (Prodart), vinculado à Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia. Da mesma forma, o SEBRAE/PI desenvolve o Programa SEBRAE de Ar-tesanato, implantando a Central de Informações, Divulgação e Promoção Comercial, além de realizar trabalho de capacitação e aperfeiçoamento do artesão.58

O SEBRAE também desenvolveu, em parceria com o Prodart, o cadastramento dos ar-tesãos da Região Sul do Estado, englobando os municípios de Água Branca, Amarante, Bom Jesus, Canto do Buriti, Elesbão Veloso, Floriano, Ipiranga, Oeiras, Picos, São João do Piauí, São Raimundo Nonato e Simplício Mendes.

• Rio Grande do Norte: O Programa de Artesanato (Proart), vinculado à Secretaria de Estado do Trabalho, da Justiça e Cidadania tem como objetivos coordenar, formular e implementar a Política Estadual de Desenvolvimento do Artesanato.59

O Programa SEBRAE de Artesanato atua no Rio Grande do Norte nas Regiões do Se-ridó, Oeste e Litoral de Touros, desenvolvendo trabalhos diversos para melhoria da qualidade dos produtos artesanais na tipologia rendas e bordados.

• Sergipe: No Estado de Sergipe, os programas de fomento ao artesanato são desenvolvi-dos, em sua maioria, pela Secretaria Estadual de Ação Social e do Trabalho - SEAST. Os programas dessa instituição têm como característica tratar de subáreas específicas do mercado de artesanato no Estado, a exemplo do Projeto de Organização das Unidades Produtivas, e do Projeto de Implantação de Canais de Divulgação do artesanato, além do Programa de Artesanato para Geração de Renda. Mesmo com a iniciativa positiva dessa instituição, esses projetos e programas são do período de março a dezembro de 1999 e ainda não foram implantados no Estado.

57 Fonte: Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco (ADDIPER). Site Institucional. Disponível em: <http://www.addiper.pe.gov.br/quemsomos/index.php>. Acesso: em fev. 200858 Fonte: Governo do Estado do Piauí. Site institucional. Disponível em: <http://www.seaab.pi.gov.br/materia.php?id=27589&pes=prodart>. Acesso em: 14 fev. 200859 Fonte: Assecom – Assessoria de Comunicação do Governo do Rio Grande do Norte. Site institucional. Disponível em: <http://www.assecom.rn.gov.br/pg_projetos.asp?PRJ_ID=24>. Acesso em: fev. 2008.

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O Núcleo de Trabalho Comunitário de Sergipe – NUTRAC, desenvolve atualmente o Programa Pró-Sertão, de apoio às famílias de baixa renda em 17 municípios da região do semi-árido sergipano – Frei Paulo, Simão Dias, Tobias Barreto, Carira, Itabi, Aqui-dabã, Ribeirópolis, Nossa Senhora Aparecida, São Miguel do Aleixo, Nossa Senhora de Lourdes, Pinhão, Graccho Cardoso, Feira Nova, Cumbe, Canhoba, Poço Verde e Pedra Mole. Esses municípios, além de fornecerem matéria-prima, capacitam o artesão e co-mercializam o produto através de sistema de consignação.60

6.3.4. Projetos SEBRAE

Os principais projetos relacionados ao tema desse estudo identificados no SEBRAE podem ser obtidos diretamente no site <http://www.sigeor.sebrae.com.br>.

6.4. Casos de Sucesso

A seguir, reproduzem-se dois casos de sucesso de diferentes estados.

• Mãos de Minas61

O Projeto Mãos de Minas iniciou suas atividades em 1983, no Conselho Estadual da Mu-lher, como um projeto do governo que visava apoiar o artesão e produtor informal mineiro em relação à comercialização e à legalização das vendas.

Em 1988, por sugestão do próprio governo de Minas Gerais, transformou-se em uma associa-ção sem fins lucrativos. A partir de então, seus associados foram assumindo gradativamente todas as responsabilidades administrativas e financeiras, transformando-a em uma entidade auto-suficiente. Para atender aos dispositivos da Lei Micro Gerais (1998), com o apoio do IC-CAPE - Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor, passou a atuar também como órgão operacional de sustentação e apoio das seguintes cooperativas e associações:

Centro Cape: O Instituto Centro CAPE utiliza, em todos os projetos, a metodologia CEFE Competência Econômica baseada na Formação de Empreendedores e tornou-se o Cen-tro de Referência desta metodologia, no Brasil e nos países de língua portuguesa.62

OBRART: Em 2007 foi criada a OBRART - ORGANIZAÇÃO BRASILEIRA DE ARTESA-NATO. O objetivo da instituição é a criação de um grupo de artesãos que têm interesse em trabalhar em comum, visando o fortalecimento de todos.

Criar uma instituição com força nacional num país do tamanho do Brasil é um grande desa-fio. As realidades são muito diferentes, assim, as expectativas seguem pelo mesmo caminho. Cada um enxerga a instituição de uma forma, com um interesse, com uma necessidade.

É oportuno frisar que este conjunto dos projetos e programas minimiza as inúmeras difi-

60 Fonte: RECICLOTECA (Centro de Informações Sobre Reciclagem e Meio Ambiente). Cultivando idéias: projeto tudo encaixa. Aracaju (SE), sd. Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/cultivando.asp>. Acesso em: 14 fev. 2008.

61 Para maiores detalhes, acessar <http://www.maosdeminas.org.br>.62 Para maiores detalhes, acessar <http://www.centrocape.org.br>.

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culdades que fragilizam o artesanato nordestino em termos de produção, comercialização e qualificação de mão-de-obra, dentre outros. Por sua vez, uma avaliação mais apurada das propostas de projetos e programas implementados e principalmente dos resultados obtidos, mostra que o setor artesanal ainda necessita de intervenções de longo prazo em maior número, com vistas a uma profissionalização da atividade.63

• Mão Gaúcha

Sua história começou em 1996, quando a COOPARIGS buscou capacitação em gestão e co-mercialização de produtos e estendeu-se, em 1997, com o início em todo país do Programa SEBRAE do Artesanato; nascia o Programa SEBRAE/RS do Artesanato, desenvolvendo ações nos segmentos do couro, da cerâmica, da fibra e têxtil.

Em setembro de 1998, foi criada a marca Mão Gaúcha para valorizar e dar visibilidade ao artesanato rio-grandense.64

6.5. Comparativo de Investimento Inicial e Recuperação de Capital65

Inexiste, de modo geral, um planejamento financeiro por parte dos artesãos, principal-mente quando atuam sem vínculos com associações ou cooperativas. Estas, por sua vez, realizam demonstrativos de contas, não significando, contudo, que tenha havido um pla-nejamento financeiro ao longo do ano fiscal em questão.

Este quadro determina entraves no planejamento do setor nos aspectos da produção e da comercialização, visto que não são determinados parâmetros para avaliação do desem-penho financeiro no período. Conseqüentemente, o planejamento estratégico de médio e longo prazo torna-se problemático e a atividade permanece incapaz de operar mudanças significativas. A falta de controles administrativos e financeiros articulados demonstra que a necessidade de financiamento para a produção e comercialização do artesanato não está atrelada a nenhum tipo de planejamento financeiro.

A pesquisa realizada confirmou que, dos artesãos sondados, foi relevante o percentual da-queles que mencionaram o financiamento como solução para os problemas encontrados na produção, sem base em controles que referendassem tal necessidade. Apenas 19,9% já recor-reram a empréstimos. A maioria dos entrevistados, 80,1%, nunca recorreu a financiamentos.

O elevado número de respostas negativas quanto à busca de empréstimos e financiamentos deve-se possivelmente à falta de informação e ao aspecto de informalidade que caracteriza o artesanato em geral. A visão não-profissional da atividade influencia na sua pequena produtividade e, conseqüentemente, na possibilidade de expansão das atividades.

Desta forma, percebe-se que a exigência de empréstimos é mais mera praxe do que uma necessidade planejada estrategicamente. A necessidade de recursos é sempre vista como uma alternativa para resolver problemas administrativos, produtivos e comerciais, sem, no entanto, se avaliar como tais recursos serão geridos.

63 Para maiores detalhes, acessar <http://www.obrart.org.br>.

64 Para maiores detalhes, acessar <http://www.maogaucha.com.br>.65 Fonte: BNB, 2000, op. cit.

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A redução de custos operacionais dentro de qualquer organização está intimamente ligada ao planejamento e ao controle orçamentário. O setor artesanal exclui de sua rotina diária a elabora-ção e o desenvolvimento de controles orçamentários. Estratégias de ampliar o investimento de uma instituição associada, cooperativada ou societária passam pela política gerencial de rein-vestimento, ou seja, pela capitalização do empreendimento com seus próprios recursos. Dessa forma, torna-se fundamental a implantação de controles que possam previamente antecipar as necessidades de recursos e os desembolsos financeiros, a curto, médio e longo prazos.

Considerando a necessidade de ampliar ou mesmo implantar novos empreendimentos de pro-dução artesanal, a partir de recursos obtidos de instituições financeiras, 75,9% dos artesãos, segundo a pesquisa direta, demonstraram interesse em obter tal recurso. Em contrapartida, 24,1% não demonstraram interesse.

As linhas de crédito atendem a finalidades diversas, tais como capital de giro, máquinas/equi-pamentos e imóveis (investimento misto – 42,6%), somente para capital de giro (39,6%) e aquisi-ção de máquinas e equipamentos (17,8%)

As necessidades de investimentos aqui apresentadas não apontam quais são as finalidades destes recursos, se para investimento fixo, se para capital de giro ou se para investimento misto. Tais inves-timentos representam necessidades de organizações coletivas formais, a exemplo de associações e/ou cooperativas, com escalas de produção que já atendem aos mercados locais e regionais.

6.6. Produtores

De modo geral, o mercado brasileiro de produtos têxteis para o lar pode ser classificado em três tipos de estratégias competitivas dominantes.

No primeiro grupo, formado pelas companhias que atuam no mercado nacional e inter-nacional mediante a produção em larga escala, encontram-se empresas como a Cotemi-nas e a Teka, que produzem em grandes volumes e têm um esquema de distribuição e de propaganda já consolidado. Seus produtos são voltados basicamente para o público das classes C e D, que é motivado principalmente pelo aspecto preço. Cabe salientar que a Coteminas, principal empresa da linha lar, também comercializa linha de produtos que atendem às demais camadas sociais.

O segundo grupo é formado por empresas que atuam em âmbito nacional e internacio-nal mediante a diferenciação do produto. Neste grupo encontram-se empresas como a Karsten, Buddemeyer, Buettner e Tecelagem São Carlos, que reforçam o processo de di-ferenciação para tentar alcançar margens melhores. O público-alvo dos produtos destas companhias são as classes A e B, motivadas principalmente pelo aspecto da inovação, da fixação da marca e da agregação de valor ao produto.

Por último, tem-se o grupo de empresas com atuação concentrada no mercado nacional e que visam a produção e a distribuição de produtos em âmbito regional. Em sua maioria, corresponde a empresas de pequeno porte, tanto integradas quanto não-integradas, e que atuam basicamente na confecção. Essas companhias têm dificuldade para competir com os principais clientes. Como atuam em um mercado super abastecido, enfrentam uma con-corrência mais acirrada e normalmente competem por meio de preços. Algumas apre-sentam também um grau maior de informalidade na gestão.

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Apesar de existir competição entre esses três grupos, ela é mais intensa dentro de cada segmento. Hoje, a maioria dos fabricantes está trabalhando com capacidade ociosa, princi-palmente as companhias que têm perfil exportador.

Os dados mais recentemente publicados sobre a distribuição das empresas atuantes na linha lar (2004), revelaram que a grande maioria dessas empresas (mais de 77%) é de pe-queno porte, ficando as médias em segundo lugar (quase 21%).

Tabela 31 – Distribuição de empresas da linha lar por porte (2004)

Distribuição das Empresas da Linha Lar por Porte: 2004

TAMANHO DAS EMPRESAS% DE CRESCIMENTO NO PERÍODO DE 1990-2004

% QUANTO AO PORTE

% DA CAPACIDADE PRODUTIVA

Pequenas Empresas 25 77,6 12,0

Médias Empresas 2,2 20,6 46,6

Grandes Empresas -33,9 1,7 41,4Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

É importante ressaltar que os atributos dos produtos da linha lar, com grande freqüência, estão associados às tendências da moda, constituindo-se numa expressão relativa aos há-bitos de decoração doméstica.

Apesar de o mercado nacional apresentar uma demanda relativamente pequena, quando comparada ao consumo das nações mais desenvolvidas, a intenção do setor é que os pro-dutos da linha lar sejam identificados dentro de um contexto da decoração da casa como um todo. Em função disto, as principais empresas que constituem esta indústria costu-mam atuar em quase todos os segmentos que compõem a linha lar (cama, mesa, banho e decoração), de maneira a ofertar aos clientes um pacote de produtos completo e harmoni-camente integrado, em termos de qualidade, design e acabamento.66

66 Fonte: ROSA, COSENZA, 2006, op. cit.

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6.6.1. Principais Fabricantes

Em estudo67 realizado em 2006 foram apresentadas as principais empresas do setor têxtil, com produção de produtos para o Lar, como se pode observar na figura a seguir.

Figura 5 – Composição da linha lar, por empresas selecionadas (2004)

EmpresaMarca

FantasiaLocalização

NºUnidades

Nº Empregados

Segmentosde Atuação

Alfitex Ind. Com. e Representação Ltda.

Alfitex Joinville-SC 01 139 C,M,B

Alterburg Ind. Têxtil Ltda. Alterburg Blumenau-SC 02 700 C,B

Aris Razuk Ind. Com. Ltda.* Zêlo São Paulo-SP 01 650 C,M,B

Indústria Appel Ltda. Appel Brusque-SC 01 200 C,M,B

Buddemeyer S.A. Buddemeyer São Bento do Sul-SC 02 914 C,B

Buettner S.A. Ind. e Com. Buettner Brusque - SC 01 1.721 C,M,B

Camesa Ind. Têxtil Ltda. Carmesa Guarulhos-SP 03 185 C,M,B

Cia. Tecidos Norte de Minas - Coteminas

Santista, Artex, Calfat

e Garoia

Montes Claros/MG, Blumenau/SC, João

Pessoa/PB, Maoaiba/RN04 4.000 C,M,B

Döhler S.A. Döhler Joinville-SC 01 2.000 C,M,B

Estamparia S.A. Encanto Contagem-MG 03 1.000 C,M,D

Etruria Ind. Fibras e Fios Sintéticos Ltda.

Etruria Mairinque-SP 02 505 C,D

Fademso Fademso Jacareí-SP 01 258 D

Cia. Fiação Tecelagem Guaratinguetá

Guaratinguetá Guaratinguetá-SP 05 1.050 C,M,B

Goiatêxtil Ind. Com. Ltda. Goiatêxtil Itumbiara-GO 01 259 B

Inylbra Tapetes e Veludos Inylbra Diadema-SP 03 700 D

Indústria e Comércio Jolitex Ltda. Jolitex São Bernardo-SP 04 975 C,D

Jovitextil Ind. e Com. Ltda. Jovitextil Brusque-SC 01 350 C,B,D

Karsten S.A. Karsten Blumenau-SC 01 2.790 C,M,B,D

Cia Fabril Lepper Lepper Joinville-SC 01 630 C,M,B

Ciber S.A. Indústria e Comércio Ltda.

Ciber Nova Odessa-SP 02 1.700 C,M,D

Romana Empreendimentos Ltda* Trussardi São Paulo-SP 01 207 C,M,B

Sergipe Industrial S.A.* Sisa Aracaju-SE 02 870 C,M,B

Sultan Ind. e Com. Artefatos Têxteis

Sultan Itaquaquecetuba - SP 02 500 C,M,B

Tecelagem São Carlos S.A. São Carlos São Carlos-SP 01 814 B

Teka - Tecelagem Kuehnrich S.A. Teka Blumenau - SC 04 4.700 C,M,B

Têxtil Tabacow Tabacow Americana - SP 01 380 DFonte: Reproduzido de: ROSA, COSENZA, 2006, op. cit.

Legenda: C = cama; M = mesa, B = banho; D = decoração

67 Fonte: ROSA, COSENZA, 2006, op. cit.

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Para complementar essas informações, foi consultado o anuário Maiores e Melhores de 2006, publicado pela Revista Exame;68 baseando-se nas vendas realizadas observou-se que a principal empresa do setor em 2005 foi a São Paulo Alpargatas, com US$ 734 milhões.

No que tange àquelas atuantes diretamente na linha Lar, como apontado na figura anterior, a melhor participação foi da Santista (347,7 milhões), seguida pela Teka (US$ 164 milhões) e pela Karsten (US$ 137,7 milhões).

Figura 6 – As maiores empresas têxteis e confecções – vendas (US$ milhões)

Empresa/SetorVendas

(US$ milhões)

Lucro líquido

(US$ milhões)

Patrimônio

líquido

(US$ milhões)

Exportações

(US$ milhões)

Posição

no rankingFuncionários Segmentos

Alpargatas 734,0 59,2 354,3 43,2 211 12.850

Vestuários

esportivos e têxteis

industriais

Vicunha Têxtil 723,6 -187,3 261,5 150,8 216 11.784

Tecidos (mistos e

tecnológicos)

Malhas (sintéticas e

naturais), Fibras e

filamentos

Santista Brasil 147,7 -10,8 180,4 80,9 420 3.435 Linha Lar

Guararapes 236,6 - - - 333 10.296Confeccionados/

Vestuário

Vulcabrás 228,7 - - 32,1 579 8.507 Vestuário Esportivo

Hering 193,3 17,1 39,4 33,7 658 4.224 Vestuário

Teka 164,0 - - 33,8 746 4.974 Linha Lar

Pettenati 153,7 - - 8,3 789 1.491 Tecidos

Paramount

Têxteis151,0 2,3 95,8 44,7 804 2.895 Malharia

Santanese 140,3 - - - 840 -Vestuários e tecidos

téoricos

Lupo 131,1 - - 4,3 881 2.433Confeccionados e

vestuário

M. Officer 121,8 - - 1,2 933 1.842 Vestuário

Aunde 113,3 - - - 975 918

Tecidos

(automotivos e

industriais) e

confeccionados

Capricórnio 112,7 - - - 978 -Tecidos e

confeccionados

Drastosa 110.1 - - 1,4 991 - Tecido esportivo

Fonte: Reproduzido de REVISTA EXAME. Anuário melhores e maiores: as maiores empresas têxteis e de confecções. São Paulo,

2006.

68 Fonte: REVISTA EXAME. Anuário melhores e maiores: as maiores empresas têxteis e de confecções. São Paulo, 2006.

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7. Produtos

Para identificação dos produtos-chave é importante, inicialmente, considerar os itens inclu-ídos no segmento Lar. Os produtos-chave classificados dentro desse segmento incluem:

• Edredons;

• Colchas de cama;

• Colchas de cobertura;

• Fronhas e lençóis;

• Centros e toalhas de mesa;

• Guardanapos e jogos americanos;

• Tapetes;

• Toalhas de banho e de rosto.

As principais marcas desse segmento podem ser identificadas na figura 6, oportunamente apresentada. Por outro lado, é importante cruzar essa categoria com a de produtos oriundos do artesanato e que juntos compõem o foco principal desse estudo. Em função de não exis-tirem marcas notórias representativas desse segmento, serão apresentadas empresas que, a partir de um de seus produtos, foram ganhadoras de premiação do SEBRAE (Top 100).

7.1. Principais Produtos de Artesanato por Tipologia e por Estado

Com base no Programa SEBRAE de Artesanato,69 serão apresentadas as tipologias ali in-dicadas como referência, bem como os produtos caracterizados como produtos-chave do artesanato por estado, com foco em renda e bordados para cama, mesa, banho e lar.

• Tipologia: Bordado de Labirinto

Produtos-chave: Toalha de Lavabo (CE); Toalha de Mesa (PI); Toalha de Bandeja (CE); Caminho-de-mesa (CE) e Jogo Americano (CE).

• Tipologia: Bordado de Ponto-Cheio

Produtos-chave: Colcha Cerrado Vivo (DF); Almofada Flor do Cerrado (DF); Tolha Re-donda Caicó (RN); Toalha Caicó (RN); Conjunto de Lençol (RN); Conjunto Americano (PB) e Jogo Americano Arroz (RS).

69 Fonte: SEBRAE. Programa Sebrae de artesanato. Brasília, sd. Disponível em: <www.artesanatobrasil.com.br>. Acesso em: 12 fev. 2008.

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• Tipologia: Bordado Ponto Cruz

Produtos-chave: Toalha de Mão (PB); Caminho-de-mesa (PI); Caminho-de-mesa (PI); Toalha para Banquete (SE); Caminho-de-mesa (SE); Caminho-de-mesa (SE) e Toalha para Lavabo (SE).

• Tipologia: Bordado Ponto Arjours

Produtos-chave: Toalha de Bandeja com Poá (CE) e Toalha de Bandeja (CE)

• Tipologia: Bordado Redendê

Produtos-chave: Toalha de Lavabo (AL); Pano de Bandeja (AL); Caminho-de-mesa (SE); Caminho-de-mesa (SE); Pano de Bandeja (SE); Estola de Mesa (BA) e Pano de Pão (BA).

• Tipologia: Bordado Richilieu

Produtos-chave: Toalha de Bandeja (CE) e Porta-talher Leque (RN)

• Tipologia: Renda de Bilro

Produtos-chave: Toalha de Lavabo (CE); Toalha de Bandeja (CE); Toalha de Lavabo (BA); Jogo Americano (BA) e Toalha de Bandeja (SE).

• Tipologia: Renda de Filé

Produtos-chave: Toalha Tradicional Bege (AL); Manta para Sofá (AL); Xale Colorido (AL) e Barras para Toalhas de Banho e Rosto (AL)

• Tipologia: Renda Irlandesa

Produto-chave: Espelho para Almofada (SE).

• Tipologia: Renda Nhanduti

Produto-chave: Toalha de Bandeja (SP).

7.1.1. Principais Produtos de Artesanato – SEBRAE Top 100

Antes da apresentação das empresas/produtos, vale caracterizar o prêmio SEBRAE Top 100, bem como sua importância. A partir daí serão apresentados produtores/peças premia-das que são pertencentes à linha voltada ao lar e à de bordados e rendas:

“O Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato é uma ação inédita no Brasil. Tem como objetivo identificar e selecionar as 100 unidades produtivas mais competitivas do País, avaliando seus processos de trabalho com foco em mercado.

A metodologia do TOP 100 é diferente da maioria dos prêmios, que valorizam ape-nas a estética, a arte ou a cultura. Sua proposta visa implementar um mecanismo inovador de estruturação e segmentação mercadológicas do artesanato.

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As 100 unidades produtivas mais competitivas do Brasil foram selecionadas de acordo com 10 critérios: o grau de inovação e diferenciação mercadológica dos pro-dutos; adequação econômica dos produtos ao seu público-alvo; adequação ergonô-mica e funcional nas unidades de produção; adequação ao meio ambiente; capaci-dade produtiva; adequação cultural; adequação logística; qualidade percebida nos produtos/valor agregado; práticas comerciais justas; e responsabilidade social.

Estar entre as 100 selecionadas é um grande privilégio. Todas ganham exposição na mídia e maior promoção comercial.” (SEBRAE)

• Almofada

Matéria-prima principal: Fio de algodão

Técnica: Tear manual – tingimento natural com plantas da região

Dimensão: 40 cm x 40 cm

Produção mensal: 150 peças

Flor do Ipê

Cidade: Taguatinga – DF

• Almofada de renda de Bilro

Matéria-prima principal: Fios de algodão

Técnica: Tear manual – sem tingimento

Dimensão: 42 cm x 30 cm

Produção mensal: 20 peças

Associação de Artesãs de Saubara

Cidade: Saubara – BA

• Almofada Neide

Matéria-prima principal: Linha de algodão mercerizada

Técnica: Crochê

Dimensão: 45 cm x 45 cm

Produção mensal: 100 peças

Associação das Crocheteiras de Areial

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Cidade: Areial – PB

• Bico de renda renascença

Matéria-prima principal: Linha e lacê

Técnica: Tear manual

Dimensão: 4 m x 0,6 m

Produção mensal: 500 metros

Associação Comunitária das Mulheres Produtoras de Camalaú

Cidade: Camalaú – PB

• Guardanapo de bandeja

Matéria-prima principal: Linho cru e linha de algodão

Técnica: Bordado em ponto cruz

Dimensão: 48 cm x 35 cm

Produção mensal: 400 peças

Lili Escórcio

Cidade: Buriti dos Lopes – PI

• Jogo americano – Coleção Rota da Natureza

Matéria-prima principal: Tecido brim

Técnica: Bordado feito à mão – costura em máquina semi-industrial

Dimensão: 45 cm x 35 cm

Produção mensal: 500 peças

Grupo Libertar

Cidade: Redenção – CE

• Jogo americano de bambu

Matéria-prima principal: Fibra de algodão e bambu

Técnica: Tear manual – tingimento industrial

Dimensão: 48 cm x 36 cm

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Produção mensal: 150 peças

Assota – Associação Ouro Têxtil Artesanal

Cidade: Córrego do Ouro – GO

• Jogo americano de tear manual

Matéria-prima principal: Algodão natural colorido

Técnica: Feito manualmente de resíduos sólidos de malha de algodão colorido

Dimensão: 48 cm x 35 cm

Produção mensal: 5.000 peças

Natural Fashion

Cidade: Campina Grande – PB

• Jogo americano porta e janela

Matéria-prima principal: Fio de algodão

Técnica: Tear manual – tingimento natural com plantas da região

Dimensão: 45 cm x 35 cm

Produção mensal: 220 peças

Grupo de Bordado Ponto e Nó

Cidade: Tauá – CE

• Manta casal

Matéria-prima principal: Fibra de algodão cru ou tingido

Técnica: Tear manual

Dimensão: 2,3 m x 1,8 m

Produção mensal: 300 peças

Associação Comunitária de Artesanato de Malhada Grande

Cidade: Paulo Afonso – BA

• Passadeira colorida

Matéria-prima principal: Linho (linhão)

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Técnica: Labirinto

Dimensão: 2,2 m x 45 cm

Produção mensal: 60 peças

Desfiar

Cidade: Ingá – PB

• Passadeira em renda irlandesa

Matéria-prima principal: Tecido (cambraia de linho), linha e lacê

Técnica: Bordado – renda irlandesa

Dimensão: 1,9 m x 43 cm

Produção mensal: 10 peças

ASDEREN – Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora

Cidade: Divina Pastora – SE

• Tapete

Matéria-prima principal: Resíduos de indústrias de sacaria e cordão de algodão

Técnica: Tecelagem com tingimento

Dimensão: 80 cm x 50 cm

Produção mensal: 300 peças

Associação Cultural Artística de Anápolis

Cidade: Anápolis – GO

• Toalha de bandeja

Matéria-prima principal: Linha e tecido de algodão

Técnica: Bordado (desfiando o tecido e compondo nas tramas as formas de flor típica da região)

Dimensão: 50 cm x 40 cm

Produção mensal: 100 peças

Art Ilha

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Cidade: Pão de Açúcar – AL

• Toalha de banquete

Matéria-prima principal: Tecido de algodão

Técnica: Bordado Rechilieu

Dimensão: 3 m x 1,8 m

Produção mensal: 10 peças

Bordados do Seridó

Cidade: Caicó – RN

8. Consumidor

Antes da apresentação do perfil dos consumidores mais freqüentes da linha lar, é preciso caracterizar traços do comportamento médio de compra.

Em geral, a renovação dos produtos é lenta, em função da durabilidade média dos itens, que é de um a três anos (artigos de mesa, em geral, apresentam maior durabilidade - em torno de 3 a 4 anos; os de banho têm entre 7 a 12 meses e os de cama entre 1 a 2 anos). A recompra se dá em função de fatores como desgaste, manchas, perda de maciez e rasgos.

Em relação aos consumidores, um estudo de mercado, realizado pela área de Marketing da Rede Bahia de Televisão (2006) identificou grande concentração das compras pelo público feminino. Localizadas na faixa-etária entre 23 e 55 anos, as consumidoras do segmento eram, em grande parte, provenientes das classes A, B e C (a partir de 5 SM) – sendo esta última mais presente desde a estabilização inflacionária.70

Outra pesquisa realizada pelo IEMI junto a 2.600 consumidores brasileiros, denominada “Comportamento de Compra do Consumidor de Roupas para Cama, Mesa e Banho”, identificou que as mulheres com mais de 40 anos investiram 24% a mais que a média – R$ 500,00 por ano - com a compra de enxovais e a preferência pelos produtos de fibras natu-rais. O levantamento revelou também uma alta fidelização com determinadas marcas, pelo público comprador feminino que representa 96% do universo de clientes.71

70 Fonte: TV Bahia. Site institucional. Disponível em: <http://ibahia.globo.com/tvbahia/comercial/pdf/intercambio_cultural.pdf>. Acesso em jan. 2008.71 Fonte: IEMI. Site Institucional. Disponível em: <http://www.iemi.com.br/novo/boletin-jan-07.htm>. Acesso em jan. 2008.

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9. Concorrência

A concorrência aos produtos de bordados e rendas para cama, mesa, banho e decoração leva em consideração fatores intrínsecos (material utilizado, acabamento, durabilidade e qualidade percebida, entre outros) e extrínsecos (marca, preço, embalagem e até mesmo os conceitos de moda associados aos produtos).

Dessa forma, com o objetivo de identificar a concorrência existente serão levados em consi-deração alguns dos principais fatores que podem direcionar a escolha do consumidor.

Para tanto, a tabela a seguir considera orientação de compra pelo processo produtivo, pela necessidade atendida e pelos atributos (aplicações ao tecido). A partir daí, pode-se identifi-car os tipos de produtos que se comportam como concorrentes.

Tabela 32 – Fatores de direcionamento de consumo x concorrência

Orientação Fatores

Por processo produtivo

Artesanal Industrial

Todos os produtores, independentemente do porte ou

forma de organização, desde que a produção seja artesanal

Produtores industriais que desenvolvem produtos para linha lar, com escala produtiva e preço

mais competitivo.

Por necessidade atendida

Fatores racionais Fatores emocionais

A definição dos itens que comporão o enxoval passa por análise de

preço, qualidade, acabamento e adequação à decoração (ou estilo do

consumidor).

Quando a escolha é baseada em fatores como status, marca e associados ao benefício final

gerado (presente, auto-indulgência, sofisticação) os itens são escolhidos de forma alternativa, onde o preço

tem menor peso na decisão

Por atributos (aplicações aos tecidos)

Rendas e bordados Outras aplicações

Quando a escolha de um produto passa pela necessária presença de

bordados e, ou rendas, o consumidor tende a valorizar o aspecto final, sem

necessariamente pesar exclusivamente se a renda e/ou bordado são oriundos

de produção artesanal.

Quando se trata de aplicação de algum detalhe a um item da linha

lar, há múltiplas opções, desde barrados até monogramas

aplicados à máquina ou à mão.

Fonte: Elaboração do revisor técnico.

9.1. Produtos Substitutos

• Cama

Não foram identificados potenciais produtos substitutos para itens de cama, como edre-dons, colchas, lençóis e fronhas;

• Mesa

Para a linha mesa, vários itens de moda, principalmente no que se refere a jogos america-

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nos, podem ser encontrados nos mais diferentes materiais, desde vidro, passando por acrí-lico, plástico etc. O próprio estilo da mesa e o material de elaboração podem determinar o uso de itens substitutos, como no caso de CDs antigos utilizados como descanso de copo.

Em relação a guardanapos, os de papel têm presença constante no mercado brasileiro (do-méstico e institucional) pela praticidade, diferentes faixas de preço e adequação à decora-ção em função de temas variados, facilmente substituíveis a cada data, evento ou refeição.

• Banho

Ainda é muito forte a presença de toalhas de banho, mas os roupões têm sido substituídos pelos consumidores que preferem se secar naturalmente. Para o rosto, toalhas de não teci-do e lenços de papel fazem às vezes de toalhas de rosto.

Decoração•

Tapetes, centros de mesa e toalhas de mesa de canto têm muitos produtos substitutos, quando se trata de decoração. O próprio material utilizado no chão (madeira, piso frio etc.) pode ser visto como substituto ao tapete, pelo fato de, em si ou pela composição utilizada, minimizar a necessidade de uso do mesmo.

Por sua vez, jogos de centro podem ser substituídos por vasos, pratos ou até mesmo por iluminação que cria o efeito desejado de compor o ambiente.

9.2. Consumo

Em 2005, como citado anteriormente, o mercado interno para a linha lar, estimado com base no consumo aparente, representou cerca de 8,5% do mercado têxtil e equivaleu a apro-ximadamente R$3,5 bilhões por ano.

Em termos de produtos consumidos, se for adotada a mesma relação disponível em 2004, a maior parte do consumo se deu na forma de peças para Banho (34%), seguido por itens de Cama (27%) e por peças para Mesa (18%).

Gráfico 7 – Participação dos produtos por segmento – 2004 (Em mil peças)

16%5%

34% 18%

27%Cama

Mesa

Banho

Cozinha

Decoração

Fonte: Reproduzido de IEMI, 2006, op. cit.

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9.3. Consumo per Capita

O consumo per capita de peças por habitante (2006), de todo o setor têxtil foi de 10,7kg, na forma de consumo aparente, já que a produção interna indicou 9,3kg.

Tabela 33 – Produção e consumo per capita

Ano Produção/habitante/ano Consumo/habitante/ano

1995 8,3 kg 8,7 kg

2005 9,2 kg 9,8 kg

2006 9,3 kg 10,7 kg

Crescimento 1990/2005 +12,0% +23,0%Fonte: Reproduzido de IEMI, 2007, op. cit.

Em relação ao consumo per capita da linha Lar, não há dados divulgados. Entretanto, se for considerado que o faturamento em 2005 representou R$3,5 bilhões, pode-se concluir que o consumo per capita foi de aproximadamente R$19,00.72

10. Política de Preços

Não foi possível identificar uma política de preços clara para o segmento de bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho. Entretanto, deve-se levar em consideração que os preços médios são estabelecidos inicialmente pelos grandes produtores industriais, em função de sua escala produtiva.

O segundo fator de regulação dos preços no mercado nacional é o próprio mercado exter-no, especialmente produtos oriundos da China, que ofertam produtos bastante competiti-vos no mercado brasileiro.

Também deve ser levada em consideração a atuação das redes varejistas que, em função de seu poder de barganha, lutam por preços competitivos junto aos fabricantes e por melho-res margens junto ao consumidor final.

Com o objetivo de oferecer alguns exemplos de preços praticados no mercado, será utiliza-da como fonte uma importante Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OS-CIP) conhecida como Artesanato Solidário ou ArteSol,73 presidida pela ex-primeira dama Dra. Ruth Cardoso.

Vale destacar que os preços apresentados referem-se aos da categoria de produtos-chave estabelecida pelo SEBRAE, conforme apresentado no capítulo 7, mas que podem ou não ser elaborados com rendas e bordados (cruzamento não disponível como dado secundário).

72 Baseado em estimativas para população em 2005 de 184.184.264 habitantes (IBGE) – POP-2005-DOU.73 Para maiores informações, acesse: <http://www.artesol.org.br>.

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Sendo assim, pode-se perceber uma gama de preço bastante ampla, conforme o produto:

almofada: de R$ 19,00 a R$ 174,00;•

caminho-de-mesa: de R$ 4,00 a R$ 377,00;•

colcha: de R$ 86,00 a R$ 236,00;•

jogo americano: R$ 8,00 a R$168,00;•

lençol: R$ 174,00 a R$ 436,00;•

manta de sofá: de R$ 32,00 a R$ 75,00;•

toalha de lavabo: de R$ 6,00 a R$ 131,00;•

toalha de mesa: de R$ 5,00 a R$ 596,00•

Tabela 34 – Tabela de Preços Artesol

Núcleo UF Produto Preço Final de Venda

Alagoa Nova PB Almofada 47,00

Delmiro Golveia AL Almofada 100,00

São Sebastião AL Almofada 174,00

Entre Rios BA Almofada 50 cm 20,00

Entre Rios BA Almofada 80 cm 37,00

Alagoa Nova PB Almofada c/ Zíper 70,00

Pólo Veredas MG Almofada Cochonilo 63,00

Poço Verde SE Almofada crua 0,50 x 0,50 19,00

Alcaçuz-Nísia Floresta RN Almofada de renda 50 x 50 48,00

Alcaçuz-Nísia Floresta RN Almofada de renda 50 x 75 62,00

Berilo MG Almofada G 39,00

Berilo MG Almofada G 43,00

Berilo MG Almofada M 30,00

Berilo MG Almofada M 60 x 60 39,00

Berilo MG Almofada P 26,00

Berilo MG Almofada P 40 x 40 22,00

Santana do Araçuaí PE Almofada quadrada 46,00

Santana do Araçuaí PE Almofada retangular 46,00

Alagoa Nova PB Almofada rococó 59,00

Alagoa Nova PB Almofada s/miçanga - 47,00

Entre Rios BA Caminho-de-mesa 4,00

Pedro II PI Caminho-de-mesa 34,00

Pólo Veredas MG Caminho-de-mesa 42,00

Pedro II PI Caminho-de-mesa 56,00

Pedro II PI Caminho-de-mesa 56,00

Berilo MG Caminho-de-mesa 59,00

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Pólo Veredas MG Caminho-de-mesa 63,00

Entremontes AL Caminho-de-mesa 70,00

Pólo Veredas MG Caminho-de-mesa 72,00

Pólo Veredas MG Caminho-de-mesa 91,00

Alagoa Nova PB Caminho-de-mesa 101,00

Pão de Açúcar AL Caminho-de-mesa 174,00

Entremontes AL Caminho-de-mesa 296,00

Jataúba PE Caminho-de-mesa 377,00

Jataúba PE Caminho-de-mesa vazado 377,00

Delmiro Golveia AL Colcha de casal 86,00

Poço Verde SE Colcha de casal 94,00

Poço Verde SE Colcha de casal 113,00

Berilo MG Colcha de casal 236,00

Delmiro Golveia AL Colcha de solteiro 96,00

Berilo MG Colcha de solteiro 177,00

Porto da Folha SE Jogo Americano 20,00

Urucuia MG Jogo Americano 11,00

Porto da Folha SE Jogo Americano 40,00

Porto da Folha SE Jogo Americano 55,00

São Raimundo Nonato PI Jogo Americano oval 31,00

Santana do Araçuaí PE Jogo Americano 14,00

Entremontes AL Jogo Americano 33,00

Divina Pastora SE Jogo Americano 8,00

Entremontes AL Jogo Americano 8,00

Pedro II PI Jogo Americano 10,00

Massaranduba RN Jogo Americano 14,00

Marechal Deodoro AL Jogo Americano 15,00

Massaranduba RN Jogo Americano 15,00

Buriti dos Lopes PI Jogo Americano 17,00

Buriti dos Lopes PI Jogo Americano 17,00

Poço Redondo SE Jogo Americano 19,00

Poço Redondo SE Jogo Americano 19,00

Buriti dos Lopes PI Jogo Americano 20,00

Buriti dos Lopes PI Jogo Americano 20,00

Poço Redondo SE Jogo americano 21,00

Marechal Deodoro AL Jogo americano 22,00

Goianinha RN Jogo americano 23,00

Santo Antonio RN Jogo americano 23,00

Santo Antonio RN Jogo americano 25,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Jogo americano 27,00

Marechal Deodoro AL Jogo americano 27,00

Entremontes AL Jogo americano 28,00

Santo Antonio RN Jogo americano 28,00

Entremontes AL Jogo americano 31,00

Santo Antonio RN Jogo americano 32,00

Entremontes AL Jogo americano 35,00

Núcleo UF Produto Preço Final de Venda

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Entremontes AL Jogo americano 35,00

Pão de Açúcar AL Jogo americano 40,00

Pão de Açúcar AL Jogo americano 40,00

Entre Rios BA Jogo americano 41,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Jogo americano 45,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Jogo americano 45,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Jogo americano 45,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Jogo americano 45,00

Pão de Açúcar AL Jogo americano 45,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Jogo americano 49,00

Pedro II PI Jogo americano 56,00

Pedro II PI Jogo americano 56,00

Entremontes AL Jogo americano 65,00

Delmiro Golveia AL Jogo americano 128,00

Jataúba PE Jogo americano 168,00

Alagoa Nova PB Jogo americano - organdi 25,00

Alagoa Nova PB Jogo Americano (Frutas) 70,00

Luis Correia PI Jogo americano 35x45cm 16,00

Pão de Açúcar AL Jogo americano 45x35 28,00

Araci/Valente BA Jogo americano 4x6 rodas 21,00

Araci/Valente BA Jogo americano 5x7 rodas 25,00

Pedro II PI Jogo americano antigo 7,00

Buriti dos Lopes PI Jogo americano ave 17,00

Alagoa Nova PB Jogo americano bordado 44,00

Alagoa Nova PB Jogo americano c/guardanapo 28,00

Pão de Açúcar AL Jogo americano c/guardanapo 40,00

Alagoa Nova PB Jogo americano c/matames 23,00

Pão de Açúcar AL Jogo americano cambraia - bg. 28,00

Pedro II PI Jogo americano crú 10,00

São Vicente de Paula PI Jogo americano de rodas 24,00

Salgado de São Felix PB Jogo americano filé 15,00

Jataúba PE Jogo americano JJA01 103,00

Jataúba PE Jogo americano JJA18 133,00

Jataúba PE Jogo americano JJA26 74,00

Salgado de São Felix PB Jogo americano labirinto 22,00

Poço Redondo SE Jogo americano linha 31,00

Alagoa Nova PB Jogo americano linho 27,00

Marechal Deodoro AL Jogo americano linho 27,00

Araci/Valente BA Jogo americano oval 17,00

Itaobim MG Jogo americano retangular 11,00

Porto da Folha SE Jogo americano torre 15,00

Porto da Folha SE Jogo americano torre 31,00

Jataúba PE Jogo americano vasado 72,00

Ribeira do Amparo BA Jogo americanom 16,00

Pão de Açúcar AL Lençol casal 4 peças 436,00

Pão de Açúcar AL Lençol para berço 4 174,00

Núcleo UF Produto Preço Final de Venda

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Delmiro Golveia AL Manta de sofa 32,00

Poço Verde SE Manta de sofá 1,50m x 1,60m 75,00

Entremontes AL Pano de pão 23,00

Entremontes AL Pano de pão 26,00

Jataúba PE Pano de pão 64,00

Jataúba PE Pano de pão 64,00

Pão de Açúcar AL Pano de pão 50x50 21,00

Pedro II PI Toalha de lavabo 6,00

Campo Santana - Nísia Floresta RN Toalha de lavabo 12,00

Buriti dos Lopes PI Toalha de lavabo 20,00

Porto da Folha SE Toalha de Lavabo 20,00

Buriti dos Lopes PI Toalha de lavabo 23,00

Buriti dos Lopes PI Toalha de lavabo 30,00

Buriti dos Lopes PI Toalha de lavabo 32,00

Buriti dos Lopes PI Toalha de lavabo 39,00

Entremontes AL Toalha de lavabo 41,00

Pão de Açúcar AL Toalha de lavabo 42,00

Delmiro Golveia AL Toalha de lavabo 60,00

Entremontes AL Toalha de lavabo 131,00

Pão de Açúcar AL Toalha de lavabo 70x45 42,00

Marechal Deodoro AL Toalha de lavabo bainha 22,00

Marechal Deodoro AL Toalha de lavabo linho 26,00

Marechal Deodoro AL Toalha de lavabo ponto 18,00

Entremontes AL Toalha de mesa 30,00

Pão de Açúcar ALToalha de mesa 2,50m x 1,50m

linho 471,00

Pão de Açúcar AL Toalha de mesa 3m x 1,50m 523,00

Poço Redondo SE Toalha de mesa bordado 153,00

Pão de Açúcar AL Toalha de mesa c/8 guardanapos 596,00

Pão de Açúcar AL Toalha de mesa quadrada 262,00

Poço Redondo SE Toalha de mesa teia de aranha 128,00 Fonte: Adaptado pelo Revisor de Projeto de Graduação ESPM - D’AMICO, Lia Manhaes et al. ArteSol: artesanato solidário. São Paulo,

2007. 191 p.

Do ponto de vista da ArteSol, os preços estabelecidos visam cobrir os seguintes itens:

• Custos de compra dos produtos;

• Custos de logística das mercadorias;

• Custos de manutenção do braço comercial, que não é incluído no investimento feito pelos financiadores do projeto.

Outro fator importante na composição do preço liga-se ao conceito de economia de esca-la: “Ao contrário do que acontece com a maioria das indústrias, com o artesanato não é possível diminuir os custos de acordo com o aumento de escala, isso porque para se produzir um artesanato é usada a mesma quantidade de matéria-prima e mão de obra do que o usado para produzir cada um dos outros 50 que serão produzidos para uma venda. Por isso, caso a ArteSol compre 10 arte-

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sanatos de um mesmo modelo ou compre 50 dos mesmos, o valor pago à comunidade por cada um deles será o mesmo.”

11. Canais de Distribuição

Quanto à distribuição de bordados e rendas, além de outros produtos artesanais comercia-lizados, em 44,5% a ocorrência da venda acontece em feiras, em 12,7% a venda é diretamen-te a intermediários e em 11,4% a venda ocorre em ponto próprio. O restante das vendas é feito por canais fragmentados.

Gráfico 8 – Vendas por canal

Fonte: Reproduzido de: ROSA, COSENZA, 2006.

Figura 7- Principais Canais de Distribuição da Linha Lar Têxtil, 2004

30

25

20

15

10

5

0

Hipermercado e Lojasde Departamento

Canais de Distribuição

Atacado

Lojas Especializadas

Cadeia de Varejo

Varejo Independente

Cooperativas e Governo

Industrial

Outros

Fonte: Reproduzido de: ROSA, COSENZA, 2006.

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No que se refere à comercialização da linha Lar, entre 1990 e 2004, observou-se uma ten-dência de aumento das vendas por meio de lojas especializadas (com incremento de 126,4% no período) e do varejo independente, com aumento de 16,8%. Sobressaíram também ou-tras formas de comercialização, como vendas por internet e telemarketing (evolução de 214,3% no período citado). 74

Quanto aos itens especificamente de cama, os artigos de mesa e banho se destacam pelo crescimento das vendas no auto-serviço. Esse é um segmento que está se mostrando tão importante para o varejo que já existem supermercados que não apenas criam seções espe-cíficas para esses artigos como, também, incentivam a presença de promotores da indústria em seus estabelecimentos para melhor exposição do produto e atendimento ao cliente.

Entretanto, o pequeno varejo ainda representa participação relevante nas vendas do setor (cerca de 34%); na seqüência estão lojas de departamento, com 24%, hiper e supermercados (18%), lojas especializadas (10%) e o atacado (9%).75

11.1. Varejo Especializado de Luxo

O mercado de produtos de luxo, em 2006, movimentou cerca de US$2,2 bilhões no Brasil (e cerca de US$200 bilhões/ano no mundo). Com taxa de crescimento da ordem de 35% ao ano, mostra-se um segmento que oferece ótimas oportunidades de atuação.

Nesse cenário, onde o Brasil desponta como grande emergente deve-se considerar as possi-bilidades de associação das marcas à imagem do país, em função de sua diversidade social, cultural e natural.

São exatamente essas características que favorecem a venda de produtos desenvolvidos de forma customizada, como bordados com linhas especiais e rendas típicas. Associada aos atributos nacionais e principalmente regionais, esse produto tem destaque principalmente no comércio para turistas que reconhecem o valor do “artesanal”.

Além disso, o varejo especializado já dispõe de diversos itens posicionados como de maior valor agregado, em função do material de qualidade utilizado (tecidos e linhas), bem como do acabamento e apresentação final (embalagem).

74 Fonte: IEMI, 2006, op. cit.75 Fonte: ABIT, 2006, op. cit.

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• Trussardi76

Linha Premiata Plus

“Esta coleção foi criada resgatando um século de história da famí-lia no setor têxtil e acrescentando um estilo atualizado e absoluta-mente moderno. O resultado é uma roupa de cama sofisticada em 100% algodão, que combina harmoniosamente bordados suíços de última geração com artesanato brasileiro. Cama feita, o cenário de beleza e aconchego está montado para escrever outras histórias e criar a sua própria tradição”

• Trousseau77

Figura 9

Linha para casa

Fonte: TROUSSEAU.

“A Trousseau desenvolve uma parte de suas coleções na Itália, onde os bordados feitos a mão e as estampas nascem da tradição dos artesãos e da tecnologia com que o mundo se move. As técnicas milenares de bordar a mão são trazidas em diversas combinações de cores e aplicações. As estamparias tradicionais da Itália combinam cores, desenhos e a precisão da arte de deixar gravado em tecidos nobres toda sua história.”

12. Comunicação: Análise sob a Perspectiva das

Arenas da Comunicação

O artesanato caracteriza-se, em relação ao produto final, pela sua unicidade. O tratamento personalizado, existente na relação produto versus cliente é, geralmente, observado nesse tipo de produção, sendo minimizado apenas quando sofre processos de produção em sé-rie, a partir da divisão do trabalho.

76 Fonte: Trussardi. Site Institucional. Disponível em: <http://www.trussardi.com.br>. Acesso em fev. 2008.

77 Fonte: Trousseau. Site Institucional. Disponível em: <http://www.trousseau.com.br>. Acesso em fev. 2008.

Figura 8

Linha Premiata Plus

Fonte: TRUSSARDI, 2008, op. cit.

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Os conceitos relacionados às atividades de promoção e propaganda, tais como marca, em-balagem e instrumentos de comunicação dirigida (folders, eventos, vídeos institucionais), são pouco utilizados nesse segmento pela própria característica do produto final, apesar de algumas instituições de fomento ao artesanato já utilizarem alguns instrumentos de promoção, como vídeos institucionais. Isso não significa, porém, que ações desse tipo não possam ser desenvolvidas e adequadas às características do produto artesanal.

Para o artesanato, conforme foi observado anteriormente, as estratégias de promoção de-vem ser repensadas em função das próprias características do produto artesanal. Por sua vez, a necessidade de implantação de um certificado de origem seria pertinente como for-ma de resguardar a identidade cultural de cada estado. Explicitar nas vendas a origem dos produtos vendidos, ao mesmo tempo em que viabilizará uma propaganda interestadual da produção artesanal da região, diminuirá a possibilidade de engano do consumidor quan-do este adquirir o artesanato comercializado como local, sendo o produto, na verdade, produzido em outros Estados e regiões.

12.1. As Arenas da Comunicação

Há muito se percebe a angústia dos clientes de agências de propaganda em obter destas uma nova opção de mídia ou de comunicação inovadora.

O que se verifica é uma busca de alternativas capazes de oferecer eficiência e eficácia em termos de acesso ao consumidor e de retorno sobre o investimento.

Baseado nessa e em outras constatações foi cunhado recentemente o conceito de arenas de comunicação, conforme Prof. Francisco Gracioso:78

(...) gostaríamos de introduzir um novo conceito: da mesma forma que no passado os homens de mídia montavam as suas estratégias em combinações de veículos, deverão agora – e com a mesma desenvoltura – montar estas estratégias com base naquilo que chamamos de arenas da comunicação com o mercado. (GRACIOSO. 2005, p. 30)

De certa forma, todas as arenas têm na mídia seu canal de expressão popular, o que sugere sua participação em todos os conglomerados que vierem a surgir para coordenar a utiliza-ção dessas formas de comunicação tão diversas.

Conforme o conceito apresentado considera-se a existência de pelo menos sete arenas:

propaganda tradicional;•

grandes cadeias varejistas;•

mundo do entretenimento;•

mundo da moda;•

78 Fonte: GRACIOSO, Francisco (coord.). Desculpe-nos, mas estamos colocando três pulgas na sua camisola. Marketing, fev. 2005, p.29-32. (Estudos ESPM)

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marketing esportivo;•

grandes eventos promocionais;•

varejo digital, internet etc.•

Com o objetivo de avaliar práticas de players do mercado da linha Lar (Cama, Mesa e Ba-nho), atrelados à renda e bordados, serão apresentados exemplos de ações desenvolvidas à luz dos conceitos das arenas da comunicação com o mercado.

12.2. Propaganda Tradicional

Reconhecida pelos benefícios que essa ferramenta pode trazer, ora criando atenção a res-peito de uma idéia, conceito ou mesmo produto, ora gerando interesse por uma oferta, criando desejo de consumo e estimulando o processo de aquisição, um dos grandes entra-ves para sua adoção reside nos investimentos.

Vale lembrar que a propaganda pode assumir os mais diferentes formatos, tais como: anún-cios impressos e eletrônicos (rádio e televisão – aqui não será tratada comunicação online pelo destaque que será dado em tópico que se segue), embalagens, encartes, anúncios em projeções cinematográficas, catálogos, folhetos, anuários, audiovisuais, logotipos, outdoors, entre outros amplamente difundidos e mesmo aqueles que ainda estão por ser descobertos.

A seguir, serão apresentados exemplos de ações realizadas no mercado:79

• Karsten terá filmes para TV pela primeira vez em sua comunicação: Marca de cama, mesa e banho tem sua primeira campanha criada pela Gas Multiagência

“Em sua primeira campanha para Kars-ten, marca catarinense de cama, mesa e ba-nho, a Gas Multiagência optou por grandes mudanças na comunicação.

Sem usar celebridade alguma e sem focar em características de moda de seus produ-tos, como a Karsten havia feito em sua úl-tima ação protagonizada pela atriz Maria Fernanda Cândido, a marca optou por uma ação forte na mídia. Prova disto é que farão parte do plano de mídia quatro filmes para televisão, artifício usado pela empresa pela primeira vez.

“Com a forte entrada de produtos importados no Brasil, o setor têxtil tem sofrido muito, por isso concluímos que agora é a hora de reforçar a marca da empresa”, pontua Luciana Fonzar Andrade, gerente de marketing da Karsten.

79 Fonte. Meio&Mensagem. Site Institucional. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br>. Acesso em fev. 2008.

Figura 10

Comercial Karsten

Fonte: MEIO&MENSAGEM.

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Para esta virada na comunicação, foi criada uma campanha institucional que en-fatiza a marca e a aproxima de seu público ao utilizar imagens pessoas comuns ao lado de produtos da Karsten. O resultado, que está na mídia a partir desta segunda-feira, dia 14, inclui quatro filmes para televisão, peças de mídia impressa, outdoors e patrocínio a programas de televisão, que serão veiculados até o final de junho.”

• 'Mais vida para seu bordado' em ação da Döhler: Anúncio da linha de tecidos para bordar tem criação da D/AraújoLoducca

“A Döhler lança campanha por sua linha de tecidos para bordar. O anúncio, criado pela D/Araújo-Loducca, mostra uma cena de ação, feita em bordado. A imagem da peça traz um pára-quedista que acaba de saltar de um avião e, à sua espera, uma dupla faminta de jacarés. A assinatura: “Mais vida para seu bordado”, complementa a idéia. A peça integra a campanha anual da linha de bordados que divulga toalhas de banho, roupões, toalhas de mesa, panos de copa, roupas de cama e almofadas. A criação é de Luiz Dias, Ricardo Pisani e Jaisson Pepes, com direção de Marco Togo.”

12.3. Varejo

O varejo oferece grandes oportunidades não apenas em relação à oferta de produto ao mercado final, mas pela potencialização da divulgação e exposição de marca.

Essa realidade pode ser verificada nas grandes cadeias de varejo que, se por um lado há vários anos gerenciam a categoria de produtos em setores/corredores com gôndolas dedi-cadas, por outro encontram disposição de vários fabricantes na elaboração de material de exposição em PDV, promotores para cuidar da adequada disposição de produtos.

Entretanto, a atuação dos fabricantes não se restringe a esse tipo de varejo, nem às ações promocionais tradicionais, como se pode verificar nos exemplos a seguir:80

• Cooper: Free prepara campanhas de Natal

“A agência Free, de Blumenau, cria campanha de Natal para a rede Cooper e para a rede de lojas de cama, mesa e banho, Flamingo.

A Turminha da Cooper ganhou asas e auréolas, deixando a mensagem de que os anjos existem desde que acreditemos neles. O plano de mídia engloba comer-cial para TV, outdoor e material para ponto-de-venda. A criação é de Fernan-do Pasa, Jaqueline Kormann, Maria Fernanda Vieira e Sandro Wosniach,

que também assina a direção de criação. A produtora é a Lince Vídeo.

80 Fonte. Meio&Mensagem. Site Institucional. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br>. Acesso em fev. 2008

Figura 11

Campanha Cooper

Fonte: MEIO&MENSAGEM.

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Já para a Flamingo, o tema da comunicação é “presentes para todos os que estão presentes”. A estratégia envolve VT, jingle, panfletos e mala direta. A criação é de Maria Fernanda Vieira e Fernando Pasa, com direção de criação de Allyson Correia e Cyntia Wehmuth Hugo. A produtora é a Lince Vídeo”.

Carrefour inaugura sua mais moderna loja em Brasília •

“Um dos líderes no segmento de supermercados e hipermercados no país, o Carrefour investiu cerca R$ 600 milhões neste ano na sua rede de lojas. Entre os novos empreendimentos está a mais moderna loja do grupo, inaugurada nesta quinta-feira, dia 6, em Brasília. Segundo informou a assessoria do Carrefour, esse hipermercado será diferenciado dos demais, com largos corredores e mais de 60 mil itens em uma área de vendas de 10 mil metros quadrados.

Para a nova loja, o Carrefour diz ter adotado uma comunicação visual moderna que reúne qualidade no atendimento e nos serviços. A idéia é oferecer produtos diferenciados, como carnes selecionadas de grupos como Wessel, Montana, Maturatta, Garantia de Origem, etc. Além disso, segundo a em-presa, o consumidor de Brasília terá acesso a produtos de cama, mesa e banho e eletrodomésticos e eletrônicos de alto padrão a preços competitivos.”

12.4. Entretenimento

As atividades ligadas à indústria do entretenimento têm atraído cada vez mais interessa-dos, seja na forma de audiência, seja na forma de patrocinadores que vislumbram oportu-nidades de exposição de sua marca e de seus produtos.

Nos últimos anos têm sido freqüentes os megashows, feiras/eventos temáticos (Rodeios) e festas populares (Carnaval, Micaretas, Festival de Parintins), entre outros que atraem milhares de jovens, potenciais consumidores dos mais diferentes produtos.

Além disso, as próprias celebridades ou produtores de programas utilizam-se de extensão de marca para criar produtos com a marca dos atores consagrados pela mídia.

• Chiquititas

“A criançada vai vibrar, os pais talvez não. Na segunda quinzena de março chega ao merca-do brasileiro o segundo volume do CD das Chiquititas. Certamente vai bater recorde, já que o primeiro vendeu, nada mais nada menos, do que um milhão de cópias. O novo produto vai ser divulgado tanto na novela, onde as crianças vão mostrar coreografias diferentes, como nos programas de televisão. Elas já estão agendando uma vinda para o programa do Gugu, mas ainda sem data definida.

E não para por aí. Em meados de junho, uma extensa linha de produtos com a marca da novelinha infantil vai rechear as prateleiras das lojas. Tem de tudo: artigos de higiene, perfu-maria, roupas de cama, mesa e banho, doces, alimentos, bebidas, material didático e até eletrodomésticos. O rostinho das pequenas meninas do SBT vai servir até para uma linha de bonecas. São 12 bonequinhas diferentes, uma para cada gosto. O chato é se a garotada resolver fazer a coleção. Haja bolso.”81

81 Fonte: Jornal O Povo. Site Institucional. Disponível em: <http://www.opovo.com.br>.

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12.5. Moda

O mercado da moda movimentou em 2006 mais de US$16 bilhões, na forma de consumo aparente. Esse volume demonstra a importância dessa atividade no país, acompanhando tendências mundiais.

A seguir pode-se verificar um exemplo de uma ação realizada em importante templo da moda premium no Brasil, na loja Daslu de São Paulo/SP:

• 12ª Craft Design será realizado no Terraço Daslu82

“Daniela Cecchini e Elaine Landulfo levam a 12ª edição da Craft Design para o Terraço Daslu, em São Paulo. A feira de decoração e design que lança, semestralmente, criações de designers de todo o Brasil, apresentará as últimas tendências em mobiliário, objetos de decoração, presentes, artesanato contemporâneo, luminárias, design têxtil, papelaria especial, joalheria e acessórios de moda e para a casa - de 130 expositores.

Nesta edição, o “Craft Design Apóia” - projeto de longo alcance social apoiado pela feira - será o Projeto Café Igaraí, que conta com trabalhos, em porcelana e tecido, de artesãs rurais da cidade de Mococa - subdistrito de Igaraí - no interior do Estado de São Paulo.”

12.6. Marketing Esportivo

Nos últimos anos o Brasil e o mundo têm acompa-nhado o crescimento dos investimentos no marketing esportivo. O licenciamento de marcas (clubes), a ven-da de artigos, a utilização da imagem de atletas e os vários eventos, desde regionais até mundiais, movi-mentam cifras bilionárias.

É bastante comum a existência de itens de cama e banho com motivos ligados a esporte, com destaque para futebol.

Por mais que os itens sejam marcadamente de produ-ção industrial, nada impede que sejam desenvolvidas linhas de lençóis bordados com o “time do coração”.

12.7. Eventos Promocionais

Há vários eventos que anualmente acontecem nas mais diversas regiões do país. Com o objetivo de apresentar alguns deles, será utilizado o calendário do Ministério do Desenvol-vimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), disponível no respectivo portal.83

82 Fonte: CraftDesign. Site Institucional. Disponível em: <http://www.craftdesign.com.br>. Acesso em: jan. 200883 Fonte: MDIC. Portal Institucional. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/sistema/expofeira/calFeirasExposicoes/feiExposicoes_P.php>. Acesso em: jan. 2008.

Figura 12

Toalha Buettner São Paulo Futebol Clube

Fonte: TRADEPAR SHOPPING. Site

Institucional. <http://www.tradepar.com.br>.

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Vale destacar que, para o empresário/produtor de micro e pequeno porte, deve-se levar em consideração a agenda regional de cada estado, a fim de identificar as melhores oportuni-dades de participação em relação ao investimento disponível e aos resultados esperados.

• MERCOSUPER 2008

27ª Feira Paranaense de Supermercados

XXVII Convenção Paranaense de Supermercados

30 de março a 1 de abril de 2008

Feira Setorial / Nacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: perecíveis, mercearia, laticínios, padaria, açougue, higiene, saúde, beleza, utilidades, multiuso, bebidas em geral, limpeza, resfriados, ser-viços financeiros e automotivos, pet shop, candies, etc. Com cerca de 160 expositores será aberto (a) a empresários das 14h às 22h.

Promoção: Associação Paranaense de Supermercados - APRAS

Local: Expotrade - Pinhais - PR

Site do Evento: www.apras.org.br

• FENATEC

56ª Feira Internacional de Tecelagem

11 a 14 de março de 2008

Feira Setorial / Internacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: aviamentos, fiação, cama, mesa e banho, tecelagem, malharia, beneficiamento, estamparia, tecidos importados, tecidos para decoração, pu-blicações técnicas e

serviços. Com cerca de 120 expositores, será aberto (a) a empresários das 10h às 19h.

Promoção: Alcântara Machado Feiras de Negócios Ltda. Reed Exhibitions Brasil Ltda.

Local: Pavilhão de Exposições do Parque do Anhembi - São Paulo - SP

Site do Evento: www.fenatec.com.br

• FINNAR

2ª Feira Internacional de Negócios do Artesanato

I Fórum Nacional do Negócio do Artesanato

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18 a 27 de abril de 2008

Feira Setorial / Internacional / Quadrienal

Linhas de Produtos e/ou Serviços: reciclagem, cerâmica, sementes, barro, resina, ma-deira, gastronomia, arte, cultura e turismo e mostra do artesanato produzido no mun-do. Com cerca de 350 expositores, será aberto (a) ao público, com bilheteria, das 16h às 22h nos dias úteis e das 11h às 22h no sábado, domingo e feriado.

Promoção: Charph Promoções e Eventos Ltda.

Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães - Brasília - DF

Site do Evento: www.finnar.com.br

• TEXFAIR DO BRASIL

9ª Feira Internacional da Indústria Têxtil e da Confecção

TEXFASHION - III Desfile Oficial da Texfair do Brasil

27 a 30 de maio de 2008

Feira Setorial / Internacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: cama, mesa, banho, malharia, decoração e vestuá-rio. Com cerca de 250 expositores será aberto (a) a empresários das 10h às 19h.

Promoção: Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau - SINTEX

Local: Parque Vila Germânica - Blumenau - SC

Site do Evento: www.texfair.com.br

• BRASIL MOSTRA BRASIL

14ª Feira Multisetorial Brasil Mostra Brasil

4 a 13 de julho de 2008

Feira Geral / Nacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: confecção, calçados, acessórios, cosméticos, decora-ção, móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, utilidades domésticas, informática, automó-veis, brinquedos, artesanato, serviços, etc. Com cerca de 300 expositores será aberto(a) ao público, com bilheteria, das 16h às 23h.

Promoção: Rocha & Martinez Ltda.

Local: Espaço Cultural José Lins do Rego - João Pessoa - PB

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Site do Evento: www.brasilmostrabrasil.com.br

• FENEARTE

9ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato

4 a 13 de julho de 2008

Feira Setorial / Internacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: artesanato, rodada de negócios, shows culturais, gastronomia, etc. Com cerca de 3000 expositores será aberto (a) ao público, com bilhe-teria, das 14h às 22h nos dias 4 a 10 e das 10h às 22h nos dias 11 a 13.

Promoção: Instituto 12 de Março Convention e Visitors Bureau Agência de Desenvolvi-mento Econômico de Pernambuco - ADDIPER

Local: Centro de Convenções de Pernambuco - Olinda - PE

Site do Evento: www.fenearte.pe.gov.br

• 12ª Feira de Pedras Semi-Preciosas e Artesanato

Regional

5 a 7 de setembro de 2008

Feira Setorial / Nacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: artigos com pedras semipreciosas, esculturas e brinquedos em madeira, tear mineiro, tapetes arraiolos, bordados da região, cacha-ça artesanal, licores artesanais, doces e comidas típicas, plantas e flores ornamentais. Com cerca de 50 expositores será aberto (a) ao público, sem bilheteria, das 10h às 20h nos dias 5 e 6 e das 10h às 17h no dia 7.

Promoção: Associação dos Fabricantes de Artigos com Pedras Semi-Preciosas de Mi-nas Gerais - AFAPE

Local: Salão Social do SESC, Laces e Pousada Bom Despacho - Bom Despacho - MG

E-mail do Evento: [email protected]

• NOVA EQUIPOTEL 2008

46ª Feira Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços para Hotéis, Motéis, Res-taurantes, Bares e Similares

15 a 18 de setembro de 2008

Feira Setorial / Internacional / Anual

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Linhas de Produtos e/ou Serviços: alimentos e bebidas, cama, mesa e banho, tecidos para revestimentos e forração, decoração, equipamentos e produtos para higiene e lim-peza, equipamentos leves e utensílios para copa e cozinha, equipamentos pesados e máquinas para cozinha industrial, refrigeração, aquecimento, etc. Com cerca de 1200 expositores será aberto(a) a empresários das 13h às 21h.

Promoção: Equipotel Feiras, Edições e Promoções Ltda.

Local: Pavilhão de Exposições do Anhembi - São Paulo - SP

Site do Evento: www.novaequipotel.com.br

• 19ª Feira Nacional de Artesanato

25 a 30 de novembro de 2008

Feira Setorial / Nacional / Anual

Linhas de Produtos e/ou Serviços: artesanato em geral. Com cerca de 800 expositores será aberto(a) ao público, com bilheteria, das 12h às 22h dia 25, das 14h às 22h nos dias 26, 27 e 28 e das 10h às 22h nos dias 29 e 30.

Promoção: Instituto Centro Cape

Local: Expominas - Belo Horizonte - MG

Site do Evento: www.feiranacionaldeartesanato.com.br

12.8. Varejo Digital, Internet etc.

Em 2006, as vendas via marketing direto representaram R$4 bilhões, utilizando como ca-nais de vendas e-mail, fax, tele mensagens a celulares etc. Nesse mesmo ritmo, o e-commerce foi responsável, em 2006, por cerca de R$4,4 bilhões em vendas.

• Catálogo e loja virtual abrem novos mercados para artesãos por Cláudia Moreira

“Em Brasília (DF), terça-feira, 20/11, aconteceu a cerimônia de lançamento do catálogo ‘Artesanato, Design e Mercado’, obra que reúne peças desenvolvidas por 100 cooperativas de artesãos brasileiros. O catálogo, voltado para decoradores, arquitetos e designers, apresenta a criação de artesãos que foram identificados pelo Prêmio Top 100 do SEBRAE de Artesanato de 2006. No processo criativo, esses criadores consideram fatores culturais, sociais e ambientais para realizar suas obras. Durante o evento de lançamento do catálogo foram lançadas, também, na página dos Correios Net Shopping, lojas virtuais para a divulgação e comercialização dos produtos. Cerca de mil produtores participam diretamente desta iniciativa, que objetiva o fortalecimento do segmento do artesanato no país. A ação é fruto da parceria entre Fundação Banco do Brasil, SEBRAE, Caixa Econômica Federal, Confede-ração Nacional da Indústria, Correios e Instituto Libenter de Integração Social, Educação, Cultura e Desenvolvimento Humano”. 84

84 Fonte: Portal da Propaganda. Site Institucional. Disponível em: <http://www.portaldapropaganda.com>. Acesso em: fev. 2008

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II. Diagnóstico do Mercado de Artesanato: Bordados e Rendas para Cama, Mesa e Banho

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1. Análise PFOA

De acordo com informações obtidas em artigos pesquisados sobre artesanato em geral, dentre os quais, conforme já mencionado anteriormente, se incluem bordados e rendas, nos últimos anos começaram a surgir intervenções cada vez mais freqüentes e sistemáticas na produção artesanal. Tais intervenções foram geralmente promovidas por instituições da esfera pública e privada, em quase todos os países da América Latina; sua principal moti-vação e justificativa tem sido a necessidade de integrar à vida econômica destes países uma atividade que durante muito tempo foi marginalizada e tratada apenas dentro da ótica da assistência social. Diante deste contexto, analisam-se as potencialidades, fragilidades, oportunidades e ameaças para bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho.

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Figura 13 – Matriz PFOA

POTENCIALIDADES FRAGILIDADES

Na região Nordeste •há muitos artesãos que produzem ar-tigos de bordados e rendas em estilos variados;

Bordados e rendas •encantam emocional-mente por sua elabo-ração, requinte e de-dicação artística;

Prática de certificação •por origem com suces-so, como em Bordados de Ibitinga;

Rápida adaptação a •novas tendências e matérias-primas;

Mudança de posicio-•namento de artesa-nato de subsistência para de mercado;

Casos de sucesso em •RS e MG;

Importância do setor •têxtil (linha lar) na economia nacional.

Imagem dos produtos latinos não é ainda suficientemente posi-•tiva no exterior para que os produtos possam ter um aumento em seu valor no mercado;

Escala de produção;•

Não há ainda uma ação sistêmica que envolva toda a cadeia de •produção de bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho a ponto de atribuir características competitivas dos produtos ar-tesanais no mercado internacional;

Produtos artesanais, grosso modo, não são identificados facil-•mente por sua região de origem;

Baixa qualificação em gestão;•

Falta de recurso financeiro para capital de giro, gerando vendas abai-•xo do preço de custo e recusa de encomendas de grande volume;

Infra-estrutura nem sempre adequada;•

Comunicação não organizada/liderada por setor ou associa-•ção/cooperativa;

Embalagens não favorecem imagem do produto;•

Custo do produto artesanal x industrializado;•

Falta de acesso ao mercado externo;•

Dependência de atravessadores;•

Resistência à mudança no processo produtivo para melhorar •qualidade, sem perda do caráter artístico;

Foco no artesanato como atividade principal leva a irregu-•laridade na produção;

Falta de posicionamento baseado nos atributos inerentes à pro-•dução artesanal;

Pouco uso de ferramenta de e-commerce;•

Comercialização ainda muito dependente de feiras de artesana-•to, regionalizadas.

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OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Aumento da consciência no Brasil de que assim •como outros países da América Latina é preci-so que seus produtos alcancem melhor padrão competitivo;

Artesanato de um modo geral constitui uma •opção estratégica para reduzir a pressão social causada pelo desemprego;

Trabalhos manuais tendem a ser muito aprecia-•dos em países desenvolvidos;

O incremento à comercialização de bordados •e rendas de Cama, Mesa e Banho no exterior auxilia na divulgação da identidade cultural brasileira, reforçando uma melhor imagem do país globalmente;

A divulgação de rendas e bordados é uma •maneira de atrair novos consumidores, prin-cipalmente do mercado externo, pelo aspecto cultural e emocional sugerido pela delicadeza, criatividade e beleza desses produtos;

Os esforços para promover o artesanato, empre-•endidos por um extenso elenco de instituições e até mesmo com a criação de Programas Gover-namentais com o envolvimento de Ministérios e organismos internacionais, têm se intensifica-do consideravelmente nos últimos tempos;

Mercado mundial em expansão;•

Uso de novas matérias-primas (fibras alterna-•tivas);

Correios como canal de exportação de produtos;•

Imagem do país ligada à natureza, biodiversi-•dade potencializando produto de matéria-pri-ma com exploração sustentável;

Associação à moda gerando maior consumo, •principalmente por parte de consumidores com maior poder aquisitivo.

Remuneração totalmente inadequada dos •artesãos alegando política de redução de custos;

Concentração do lucro da comercialização •de produtos artesanais nas mãos de interme-diários;

Acirramento de disputas comerciais no •mercado global;

Intermediários optam por produtor que •ofereça mais escala e melhores preços

Produtos asiáticos têm qualidade aceitável e •são comercializados em preços muito mais baixos;

Sugestões em práticas de design ou ou-•tras visando agregar valor aos bordados e rendas de Cama, Mesa e Banho podem desvirtuar a essência do trabalho origi-nal, fabricado artesanalmente, deforman-do valores e tradições e deturpando a per-cepção da cultura;

Consumidor não avalia produto de forma •adequada (em função da origem, matéria-prima e técnica) por desconhecimento e preconceito;

Consumidor não valoriza o produto arte-•sanal em função de seus atributos específi-cos, mas em comparação com o industrial;

Poder de compra do consumidor;•

Baixa taxa de recompra em função da du-•rabilidade e dos fatores que estimulam a reposição;

Burocracia no processo de exportação;•

Mercado externo exige maior qualidade e •fluxo constante de produto.

Fonte: Autores.

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2. Fatores-chave de Sucesso (FCS)

É fato que o artesanato está atualmente configurado como atividade econômica alternativa para uma massa significativa de trabalhadores do mercado de trabalho formal. A produ-ção artesanal é geralmente ligada a temáticas populares, tornando-se, assim, importante patrimônio cultural do País. Esta característica pode implicar tanto a inserção do artesana-to no mercado, enquanto produto utilitário ou cultural personalizado, quanto o seu desa-parecimento, por ser um produto fora dos padrões consumidos pelo mercado.

A prevalência de um ou outro aspecto depende das feições mercadológicas que se consiga dar ao artesanato, isto é, a possibilidade de sanar os obstáculos de produção e comerciali-zação, tornando-o competitivo; bem como das estratégias de marketing a serem adotadas. Para tal, alguns aspectos relacionados à competitividade devem ser analisados no âmbito do setor artesanal, incluindo-se também o marketing e a propaganda:

• Índice de comercialização do bem final produzido por artesão ocupado: indica a produtivida-de de cada trabalhador exercendo a atividade artesanal, individualmente ou em gru-pos produtivos, frente à quantidade vendida. Em relação ao produto de elaboração industrial, com uma produção muito superior ao artesanato, por trabalhar em escala, esta taxa é pequena. Entretanto, por se constituir uma atividade predominantemente manual, deve-se evitar uma comparação puramente quantitativa com modelos indus-triais, recomendando-se parâmetros mais flexíveis, compatíveis com práticas artesa-nais. A produtividade é variável para cada tipologia, sendo relativamente baixa para a tecelagem – principalmente na produção de redes de dormir – por exigir alto grau de especialização em cada etapa de sua manufatura, se comparada a outras tipologias, como as de alimentos ou de cerâmica. Da mesma forma, algumas tipologias com pos-sibilidade de alto índice de produtividade, podem tornar-se um atrativo na escolha de investimentos para o setor.

Este índice, por sua vez, aponta a necessidade de maior ou menor intervenção na cadeia produtiva, visto que a baixa produtividade vai influenciar na formação de preços e na comercialização do bem final produzido.

• Qualificação e requalificação da mão-de-obra: a formação do artesão dá-se fundamental-mente no ambiente familiar, sendo necessários, em algumas tipologias, vários anos de aprendizado empírico e aprimoramento por experiência adquirida. Desta maneira, a formação de novos artesãos, através de cursos formais ministrados por consultores ou designers, é problemático, como já analisado anteriormente, quando não inseridos no contexto tradicional de aprendizado do ofício. Por outro lado, o aprimoramento técni-co, imprescindível na profissionalização do trabalhador, pode ser realizado a qualquer momento pelo artesão menos experiente, através de mestres-artesãos ou mesmo con-sultores e designers, mas sempre de acordo com uma pedagogia e uma didática adequa-da à formação intelectual do artesão. O repasse do saber, através da relação consultor/designer e o mestre-artesão, e deste para o artesão-aprendiz, mostra-se mais apropriado do que a relação direta consultor/designer e o artesão aprendiz, como vem sendo reali-zado. Nesta última, o aprendizado torna-se menos eficiente em virtude das linguagens utilizadas não serem compatíveis entre si, isto é, o artesão-aprendiz normalmente não compreende o que o consultor pretende com sua proposta pedagógica. A bibliografia

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secundária e a pesquisa direta indicaram a necessidade de intervenção na qualificação da mão-de-obra em todas as tipologias, especialmente no item design, por atingir es-pecificamente a questão do gosto e tendências do mercado, determinando, assim, sua maior ou menor comercialização.

• Potencial de comercialização: feitas diretamente ao consumidor ou por meio de inter-mediários – atravessadores, comerciantes, empresas e instituições de fomento ao ar-tesanato – a venda do produto artesanal está condicionada à existência de mercado consumidor, sendo que, com relação ao turismo, este ainda está por ser estudado. Um dos principais problemas enfrentados pelo artesão para realizar a venda de seus pro-dutos é a distância dos mercados consumidores. Em vários estados nordestinos, algu-mas instituições viabilizaram mecanismos de comercialização de artesanato criando centros de produção e vendas, mas que só atingem um universo limitado de artesãos e entidades associativas. A situação mais comum é a venda a intermediários ou a venda direta ao consumidor pelo próprio artesão, em sua residência ou oficina.

• Relação Artesão x Consumidor: a informalidade dos serviços e do atendimento ao cliente prevalece no setor artesanal, como conseqüência do perfil do próprio artesão e de sua atividade. Este aspecto da informalidade no atendimento ao cliente, se obedecidos os limites das relações socialmente aceitáveis, pode ser um fator diferencial positivo para o setor, visto que propicia a formação de uma atmosfera amigável, diferente das regras de condutas impessoais estabelecidas e praticadas pelo comércio e serviços da econo-mia formal.

• Marketing e propaganda: muitas vezes, estratégias de marketing que envolvem “um com-promisso em ‘assumir’ e desencadear processos administrativos que assegurem a ima-gem e o posicionamento da empresa e de seus produtos e/ou serviços, em meio à con-corrência pela efetiva e crescente satisfação do consumidor para atingir os resultados almejados”85, são confundidas com a simples propaganda, isto é, com a necessidade de catálogos e folders de produtos. O estabelecimento de estratégias de marketing apro-priadas para cada tipologia, segundo as características de cada pólo produtor, além da confecção de catálogos e folders, é a postura mais adequada para o setor.

Fornecedores de matéria-prima• : a figura do intermediário ou atravessador é vista com res-salvas pelas instituições de apoio e desenvolvimento do artesanato. Segundo estas, o intermediário explora a mão-de-obra artesanal, tornando-se um impeditivo para o cres-cimento do setor. Contudo, somente parte desta afirmação é correta, visto que, exercendo também o papel de fornecedor, o intermediário – ou atravessador – representa o princi-pal elemento de sustentação da atividade artesanal, pois, além de aprovisionar o artesão com matéria-prima, exerce controle de volume, preços e design, favorecendo o artesanato como atividade de subsistência. Contudo, sob outra perspectiva, é ele que garante a ma-nutenção da atividade artesanal na maioria das localidades nordestinas, particularmente naquelas não atendidas por algum tipo de projeto ou programa institucional.

Controles gerenciais• : de um modo geral, e ainda que de forma incipiente, o item é mais observado nas entidades associativas, grupos de produção e cooperativas de artesãos. O artesão indivi-dual, predominante em todas as tipologias estudadas, normalmente desconhece a existência desses mecanismos e instrumentos de gerenciamento de produção e comercialização.

85 Fonte: PEREIRA, Heitor José. Criando seu próprio negócio: como desenvolver o potencial empreendedor. Brasília: SEBRAE, 1995, p. 121.

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Por fim, um aspecto a ser abordado é a • visão do artesão com relação ao seu próprio produto. No artesanato de subsistência a competitividade é pesquisada no contexto do artesana-to versus produto industrializado, não se levando em conta a competitividade entre os próprios artesãos, característica própria do artesanato de mercado. Desta forma, é de se esperar conflitos, comuns nas disputas de mercados por empresas competitivas, também para o artesanato de mercado. As conseqüências mais imediatas, além da provável redu-ção do mercado para o artesanato de subsistência, são a exclusão de muitos artesãos do mercado competitivo, por força das características da própria competitividade.

Estes aspectos, responsáveis por um possível agravamento dos problemas sociais verifi-cados, devem ser analisados e avaliados pelos projetos e programas de transformação do artesanato de subsistência em artesanato de mercado.

2.1. Fatores-chave de Sucesso para Exportação

Limitada capacidade de produção• : é comum o comprometimento de artesãos com importa-dores contatados em rodas de negócios ou exposições de que participam, com encomen-das além de sua capacidade de produção, para depois recuarem ante a impossibilidade de cumprir a negociação feita. Apesar de mais precária na exportação, situações como essas também ocorrem em negociações no mercado interno. Essa constatação é citada com relevância por representantes de cooperativas, presentes em feiras, exposições e ro-das de negócios que envolvem potenciais compradores estrangeiros. Mais uma vez, as analogias feitas com as dificuldades enfrentadas pelas pequenas empresas se confirmam aqui. Como a confecção de peças artesanais, na maioria das vezes, não é a atividade econômica principal do artesão, não há condições de atender a grandes demandas. Além disso, a associação com outros artesãos para atender a um pedido único, ainda não é uma prática comum. As associações têm sido bastante úteis para somar esforços e ratear custos nas atividades comerciais como participação em feiras ou rodadas, mas ainda não funcionam em vendas e negociações conjuntas. Isso foi observado em quase todas as en-trevistas. Por exemplo, é comum uma pessoa representar outros artesãos de uma mesma associação nessas feiras, mas a negociação é feita individualmente, mesmo que através de outro. O que se configura aqui é que os esforços e recursos envolvidos para trazer com-pradores estrangeiros para essas feiras e rodas se tornaram infrutíferos, uma vez que não houve preparação adequada dos artesãos participantes. Essas experiências negativas geram descrédito junto aos potenciais compradores e podem dificultar esforços futuros. Além disso, há de se considerar que se os Estados Unidos são o principal mercado para a maioria desses produtos, o volume de produção toma nova dimensão, dada as propor-ções daquele mercado e as grandes quantidades de suas encomendas.

• Qualidade do produto: a exigência de um padrão de qualidade bem mais elevado do que aquele aceito pelo mercado interno dificulta e, muitas vezes, inviabiliza as exportações. Como essa particularidade já é do conhecimento de muitos artesãos, alguns deles não se arriscam no mercado internacional por temer prejuízos com a devolução de merca-dorias. Essa experiência já ocorreu com alguns artesãos e essa informação está relati-vamente bem disseminada entre eles. A padronização de produtos, em geral, tem sido uma exigência do mercado comprador. Alguns artesãos se recusam a padronizá-los por considerá-los artísticos. Outros não conseguem padronizar por falta de orientação. Além da padronização, outro aspecto importante demonstrado na pesquisa é a quali-dade da matéria-prima. Bordados bem elaborados em tecidos de má qualidade perdem oportunidade de negócio e são desvalorizadas no produto final.

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• Custo e burocratização da exportação: o elevado custo da exportação e os trâmites burocrá-ticos envolvidos são outros entraves apontados, mas esse tipo de dificuldade pode ser contornado pela utilização de serviços de despachantes ou por meio de venda indireta através de comercial-exportadora ou trading companies. A exportação simplificada via Correio é uma alternativa, que poderá amenizar essa situação.

• Falta de contatos comerciais no exterior: Esse aspecto ocorre particularmente com os arte-sãos que só exportaram esporadicamente ou nunca realizaram uma venda externa. Os artesãos que já estão exportando e, por conseguinte, já evoluíram na gestão empresa-rial, e obtiveram substancial melhoria em seus produtos, sabem, por experiência, que os produtos de qualidade têm mercado garantido e que a dificuldade maior é atender às encomendas. A dificuldade de contatos no exterior, na verdade, pode ser amenizada através de feiras internacionais no país ou de apoio de instituições nacionais ou estran-geiras que facilitam esses contatos, como é o caso dos setores comerciais das embaixa-das brasileiras no exterior e outros organismos internacionais.

3. Tendências para o Setor de Bordados e

Rendas para Cama, Mesa e Banho

Além de todas as perspectivas para o setor de bordados e rendas para Cama, Mesa e Banho, apresentadas anteriormente, é importante ressaltar que essa produção artesanal depende também de questões envolvendo o setor têxtil e de confecção. Sendo assim, as tendências a serem discutidas englobam aspectos inerentes ao setor têxtil; os elementos referentes a bor-dados e rendas enquanto tipologias de artesanato estão descritos nos anexos deste relatório.

Uma grande parte da literatura em mudança tecnológica ignorou ou continua ignorando os ativos imateriais (intangíveis) como fundamentais para a competitividade da indústria têxtil-vestuário. Esta literatura preferiu ou ainda prefere enfatizar as características tec-nológicas incorporadas, especialmente aquelas associadas às mudanças no processo de produção ou na função de produção. Neste item parte-se dos ativos materiais fundamen-tais para a competitividade e no decorrer do item tenta-se mostrar a crescente importância adquirida pelos ativos imateriais.

Um aspecto central e que merece ser frisado é que a indústria têxtil-vestuário depende de outros setores em termos de avanços tecnológicos, como do setor de bens de capital (má-quinas e equipamentos) e o setor químico (fibras, corantes, tintas). Graças aos expressivos avanços nas máquinas e equipamentos (com controle microeletrônico) e às novas fibras o segmento têxtil conseguiu significativos avanços tecnológicos. O aumento da velocidade das máquinas e equipamentos foi possível diante da utilização crescente de fibras quí-micas e das melhorias das fibras naturais (cada vez mais os tecidos são constituídos pela mistura de fibras químicas com naturais).

Ainda que estes ativos materiais permaneçam relevantes, cada vez mais se mostra insufi-ciente apenas a modernização da indústria têxtil-vestuário via ativos materiais, fortemente representados por aquisição de máquinas e equipamentos têxteis e melhoria das matérias-primas (fibras, por exemplo). Os ativos materiais são apenas uma dimensão para ganhos

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efetivos e sustentáveis de competitividade da indústria têxtil-vestuário. Essa insuficiên-cia agrava-se quando se busca maior competitividade da cadeia têxtil-vestuário como um todo, e não apenas em algumas empresas ou elos da cadeia. A indústria têxtil-vestuário tem cada vez mais como elemento importante não só a concorrência, a competitividade isolada da empresa, mas também a eficiência de todas as empresas e os elos pertencentes à cadeia produtiva têxtil-vestuário.

Os ativos imateriais (intangíveis) são cada vez mais essenciais na competitividade da in-dústria têxtil-vestuário. Nesta indústria os ativos intangíveis, em grande medida, incluem ativos anteriores e posteriores à produção, como:

• design;

• desenvolvimento de produto;

• engenharia;

• marketing;

• canais de comercialização;

• marcas (preferivelmente globais);

• logística;

• manutenção e assistência aos fornecedores;

• capacidade de administração e coordenação da cadeia.

Frente ao acirramento da concorrência já há muito tempo, as empresas do setor têxtil/ves-tuário têm buscado deslocar as partes mais intensivas em mão-de-obra (no caso, a confec-ção), que continuam sendo responsáveis por parcela significativa nos custos dos produtos, para regiões/países de menor custo mão de obra. Essas empresas também vêm buscando incorporar, ao máximo, máquinas e equipamentos (que contêm componentes de base mi-croeletrônica) aos segmentos mais intensivos em capital (quais sejam, os elos têxteis). Dian-te deste quadro, mostra-se imperativo para a competitividade da indústria têxtil-vestuário que as empresas tenham capacidade de coordenação e integração com seus fornecedores dispersos regionalmente e/ou globalmente, já que nos segmentos mais voltados à moda (segmento este com crescente participação na cadeia têxtil-vestuário) por sua natureza ver-sátil, são exigidas cada vez mais respostas rápidas dos fornecedores; ao mesmo tempo as empresas focam seus esforços em fortalecer suas marcas (por meio de ativos programas de marketing), no desenvolvimento de design e de canais de comercialização que são as funções de maior valor na cadeia.

Ademais, pelo fato da concorrência cada vez mais se dar em termos de produtos diferencia-dos e de maior qualidade, ou seja, produtos que incorporam os conceitos de moda e estilo, em detrimento do padrão de concorrência pretérita que estava ancorado em produtos de baixo preço, massificados e padronizados, a competitividade da indústria têxtil-vestuário depende crescentemente das melhorias, ainda que incrementais, das matérias-primas e das máquinas e equipamentos, assim como da integração e coordenação dos vários elos cadeia têxtil-vestuário, dos segmentos mais a montante aos mais a jusante.

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O Brasil possui praticamente todos os elos da indústria têxtil-vestuário, fato raro entre os países em desenvolvimento. A cadeia integra atividades desde a produção de fibras/filamentos até o segmento de confecção, assim como os diversos tipos de produtos. É pos-sível ampliar este campo para incluir a produção de fibras naturais e a pesquisa agrícola que a sustenta. A indústria têxtil foi a mais importante do setor de transformação no Brasil até o ano de 1939. Esta indústria (constituída de produtos de algodão, juta, lã, seda e linho) empregava, em 1907, 34,2% dos trabalhadores na indústria de transformação, continha 40,2% do total da força motriz instalada e 40,4% do total do capital investido. A parti-cipação da indústria têxtil no total do valor adicionado na indústria de transformação foi, em 1919 e 1939, respectivamente, de 25,2 e 20,6%, colocando-se logo após a indústria de processamento de alimentos.

Atualmente, a indústria têxtil-vestuário apresenta participação bem mais modesta, mas ainda permanece como grande geradora de emprego e renda no país. Em 2001 representou apenas 1% do valor adicionado (a preços básicos) da indústria de transformação (em 1991 representava 2%), mas era responsável por 22,98% dos ocupados na indústria de transfor-mação (15,12% do total da indústria).

A indústria têxtil-vestuário brasileira teve significativas transformações desde a década de 90, sendo que o cenário macroeconômico – marcado pela abertura combinada com a valorização cambial do Plano Real – foi muito relevante para estas mudanças.

Na dimensão da indústria têxtil-vestuário, as alíquotas de importação dos produtos deste setor foram significativamente reduzidas e sem qualquer plano de reestruturação industrial. Isso castigou o setor, especialmente em suas vendas no Brasil e em sua competição no ex-terior. Dois elementos são constitutivos deste quadro: a taxa de câmbio sobrevalorizada e baixos preços aos quais são vendidos os produtos chineses e asiáticos de uma forma geral.

Observou-se um forte crescimento das importações de fibras de algodão em meados dos 1990 em função da praga do bicudo que atingiu a produção nacional de algodão, assim como um notório crescimento das importações de tecidos de fios artificiais e sintéticos, em que os países do sudeste asiático são muito competitivos, sendo que o segmento de tecidos planos sintéticos foi o mais afetado, especialmente a região de Americana, onde ocorreu uma redução drástica do número de empresas e de postos de trabalho.

Destaca-se que perante a crise do algodão, num primeiro momento, as empresas de fiação e tecelagem se beneficiaram pela importação de algodão a baixos preços (decorrentes da expressiva oferta mundial), juntamente com a queda nas alíquotas brasileiras do produto. No entanto, num segundo momento, com a redução acentuada da safra do Paquistão (em 1995), entre os maiores produtores de algodão, os preços internacionais subiram rapida-mente, prejudicando a cadeia têxtil diante da impossibilidade de suprir o fornecimento de algodão domesticamente. Neste contexto, de forte crescimento das importações, a indús-tria têxtil-vestuário a partir de 1995 apresenta déficits comerciais.

Nos anos mais recentes, de uma forma sintética, apesar do complexo têxtil ter sido uns dos mais afetados pela abertura comercial, houve uma modernização na indústria têxtil-ves-tuário brasileira, evidenciada tanto pela melhora nas máquinas e equipamentos (quan-tidade de máquinas instaladas e suas idades médias), em grande medida decorrente das significativas importações feitas, como pelo seu recente desempenho comercial.

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4. Estratégia Competitiva

Em mercados altamente competitivos, como se revela o da linha Lar, a capacidade de agre-gar atributos de diferenciação é fundamental para obter um posicionamento competitivo vantajoso, desde que essa diferenciação seja perceptível e valorizada pelo consumidor.

À luz do modelo de Xavier Gilbert,86 identifica-se que as empresas que atuam sem diferen-ciação de produto nem vantagem de preço final ao consumidor encontram-se em uma si-tuação de “vala comum”. Nesse quadro, uma empresa é incapaz de conquistar participação de mercado de forma consistente, pois está freqüentemente exposta às ações da concorrên-cia. Nesse sentido, sugere-se que as mesmas busquem posições mais favoráveis, tanto pela inovação como pela produtividade.

Desse modo, a situação de uma empresa percebida como de “Baixo Custo” pode ser ade-quada tanto na abordagem de consumidores de baixa renda, como fornecedora para varejo que tem no público C, D e E seu alvo.

Se por um lado os produtores artesanais devem buscar associação de atributos para que sejam mais valorizados, tais como referencial de origem e uso de materiais típicos da fauna brasileira, de outro oferece ao mercado industrial a oportunidade de desenvolver linhas premium em seu portfólio, a partir de materiais artesanais, como bordados e rendas.

Outra forma de atuar com diferenciação pode ser identificada junto ao mercado de luxo. Nesse, várias lojas especializadas apresentam produtos diferenciados e cujo apelo de ven-da está na produção artesanal.

A atuação focada em nichos de mercado também pode ser bastante favorável, como no caso de rendas do NE, bordados de Ibitinga etc. que, com posicionamento apoiado à iden-tificação com a origem atingem públicos que valorizam essas características.

86 Fonte: GRACIOSO, Francisco. Planejamento estratégico orientado para o mercado: como planejar o crescimento da empresa conciliando recursos e “cultura” com as oportunidades do ambiente externo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

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Figura 14 – Quadro de Xavier Gilbert

“nicho”

Diferenciação Diferenciação evantagem de custo

Valor comum

(situação indesejada)

Baixo custo

INOVAÇÃO

Vantagens demercado

PRODUTIVIDADE

Vantagens de produçãoFonte: Elaboração do revisor, adaptado de figura original de Xavier Gilbert.

5. Conclusão e Recomendações Estratégicas

para o Setor

O setor de bordados e rendas para Cama, Mesa, Banho e Decoração enfrenta forte com-petição do setor externo. Aliado a isso, a forte correlação com a renda disponível leva a um consumo principalmente dirigido pelo preço, a exceção das classes com maior poder aquisitivo.

No mercado, a concorrência dos grandes players e o poder de barganha junto a grandes for-necedores ou intermediários dificultam a trajetória e conquista dos resultados desejados, o que sugere que a competição seja um caminho indicado para produtores que, por meio de cooperativas ou associações, podem ter seu poder de barganha aumentado.

Dessa forma, considerando-se os principais entraves existentes, são sugeridos caminhos para minimizar essa situação de mercado.

5.1. Problemas Relativos à Comunicação

• Utilizar meios criativos e alternativos de comunicação, com destaque ao uso da internet como meio mais rápido e amplo de acesso;

• Desenvolver ações cooperadas, em conjunto com prefeituras e entidades que visam o desenvol-vimento local;

• Criar ação para fortalecer a certificação por origem, permitindo atrelar valores da cultura local e matérias-primas e técnicas de produção ao produto final.

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5.2. Problemas Relativos à Comercialização

• Buscar relacionamento direto com compradores, principalmente junto ao pequeno varejo e lojas especializadas, minimizando o número de intermediários;

• Utilizar-se de feiras de produtos regionais, não apenas em seu estado de origem, para fortalecer posicionamento regional;

• Implantar canal de e-commerce, em ação conjunta e coordenada, para melhorar poder de bar-ganha e minimizar investimentos.

5.3. Problemas Relativos à Competitividade

• Identificar um nicho de mercado para atuação apoiada em diferenciais perceptíveis;

• Desenvolver produtos que possam atender às diferenças de cultura, clima, raça e gru-pos etários, bem como suas necessidades intrínsecas;

• Buscar atuação com linhas de produtos que não tenham forte competição de produtos importados da China;

• Adotar o conceito de moda e sazonalidade para oferta de produtos diferentes e adequados a cada tema da atualidade.

5.4. Problemas Relativos à Produção

• Buscar apoio de entidades, cooperativas e associações no sentido de aumentar poder de barga-nha junto a fornecedores, aumentar capacidade produtiva e incrementar economia de escala;

Perseguir constantemente uma maior capacitação para compreensão e uso de novas tec-• nologias disponíveis;

Implantar um controle constante de qualidade sobre peças, acabamento e apresentação (embalagens).•

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III. Referências

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1. Bibliografia

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________. Estatísticas: tabela 6. Site Institucional, 2007. Disponível em: <http://www.algo-dao.agr.br/zip/estatisticas/tabela06n.htm>. Acesso em: 10 dez. 2007.

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GORINI, A. P. Panorama do setor têxtil no Brasil e no mundo: reestruturação e perspecti-vas. Rio de Janeiro: BNDES Setorial, n. 12, 2000.

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ABRAFAS (Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas)

ABRAVEST (Associação Brasileira do Vestuário)

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EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

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MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior)

SINDITÊXTIL (Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em geral; de tinturaria, estam-paria e beneficiamento; de linhas; de artigos de cama, mesa e banho; de não-tecidos e de fibras artificiais e sintéticas do Estado de São Paulo)

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ABRAFAS (Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas): <http://www.abrafas.org.br>

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AFMA (American Fiber Manufacturers Association): <http://www.fibersource.com/afma>

AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS: <http://asn.interjornal.com.br>

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ANUARIO DE COMERCIO JUSTO 1998-2000: <http://www.eurosur.org/EFTA/2000>

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ARTESANATO BRASIL: <http://www.artesanatobrasil.com.br>

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BORDADOS IBITINGA ENXOVAIS: <http://www.ibitinga.ind.br>

BNB (Banco do Nordeste do Brasil): <www.bnb.gov.br>

BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): <http:// www.bndes.gov.br>

CANDEEIRO ACESO: <http://www.candeeiroaceso.org.br>

COMISSÃO EUROPÉIA: <http://europa.eu.int>

CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento): <http:// www.conab.gov.br>

COSTURA PERFEITA: <http://www.costuraperfeita.com.br>

CORREIO POPULAR <http://www.cpopular.com.br>

EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária): <http://www.embrapa.br>

ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing): <http://espm.br>

EURATEX (The European Apparel and Textile Organisation): <http://www.euratex.org>

FEIRA DO ARTESANATO: <http://www.feiranacionaldeartesanato.com.br>

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PONTO CRUZ NET: <http://www.pontocruz.net>

PROGRAMA EDUC@R (Educação à distância usando a internet): <http://educar.sc.usp.br>

RECICLOTECA (Centro de Informações Sobre Reciclagem e Meio Ambiente): <http://www.recicloteca.org.br>

REVISTA TÊXTIL: <http://www.revistatextil.com.br>

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TOBIAS BARRETO: <http://www.tobiasbarreto.arranjoprodutivo.com.br/projetos_diag-nostico.htm>

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI: <http://www2.anhembi.br>

WIKIPEDIA (Bordado): <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bordado>

WIKIPEDIA (Bordado de Castelo Branco): <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bordado_de_Castelo_Branco>

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Supernova Design

Projeto gráfico Ribamar Fonseca

Foto de capaClausem Bonifácio

março de 2008

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