bom viver 2014 sinopse do enredo

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INTRODUÇÃO Exaltar a figura do gaúcho é romper com preconceitos regionais latentes e infundados. É mostrar que nesta Santa Catarina que é como coração de mãe, pois sempre cabe mais um vivem irmanados diversos povos e aqui estão semeadas, brotadas e enraizadas as tradições dos irmãos do meridião. Na Grande Florianópolis, a presença em grande número e tamanho dos centros de tradições gaúchas (CTGs) é dado contundente da importância desses laços culturais. Alvo de estudos acadêmicos, sua visibilidade social e relevância cultural não pode ser ignorada. Em toda Santa Catarina, as tradições gaúchas estão disseminadas, seja de maneira consistente nos CTGs, seja de maneira mais sutil, em hábitos como o trato com os cavalos ou o consumo de chimarrão. Além das tradições propriamente ditas, o Rio Grande do Sul tem enorme importância histórica para o Brasil e, neste aspecto, também suas relações com Santa Catarina se destacam. Muitos gaúchos deixaram sua marca na história e seu legado exerce inegável influência sobre nós. Este enredo tem como narrador o gaúcho. Não escolhemos um personagem específico, mas sim a figura do gaúcho, de maneira genérica, procurando abrigar neste personagem abstrato todas as características típicas que pretendemos ressaltar. Este narrador contará sua história ao longo do dia, culminando numa grande festa típica à noite. Alguns poemas e canções serão citados, por vezes incorporados ao texto, destacados em itálico para fins didáticos. O enredo será dividido em três partes chamadas de atos - para um desenvolvimento artístico que facilite sua leitura. O primei ro ato, chamado “A imagem do gaúcho”, se passa durante o dia de trabalho e traz a descrição física do gaúcho e suas principais práticas no campo. O segundo ato recebeu o nome “O espírito gaúcho”. Esta parte do enredo se passa no início da noite e o gaúcho contará ao redor de uma fogueira algumas façanhas de expoentes do Rio Grande do Sul e mostrará como essas figuras traduzem o “ser gaúcho”. No terceiro e último ato, intitulado “A fraternidade gaúcha”, chega a

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Bom Viver 2014 Sinopse DO ENREDO

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Page 1: Bom Viver 2014 Sinopse DO ENREDO

INTRODUÇÃO

Exaltar a figura do gaúcho é romper com preconceitos regionais latentes e

infundados. É mostrar que nesta Santa Catarina – que é como coração de mãe, pois

sempre cabe mais um – vivem irmanados diversos povos e aqui estão semeadas,

brotadas e enraizadas as tradições dos irmãos do meridião.

Na Grande Florianópolis, a presença em grande número e tamanho dos

centros de tradições gaúchas (CTGs) é dado contundente da importância desses

laços culturais. Alvo de estudos acadêmicos, sua visibilidade social e relevância

cultural não pode ser ignorada. Em toda Santa Catarina, as tradições gaúchas estão

disseminadas, seja de maneira consistente nos CTGs, seja de maneira mais sutil,

em hábitos como o trato com os cavalos ou o consumo de chimarrão.

Além das tradições propriamente ditas, o Rio Grande do Sul tem enorme

importância histórica para o Brasil e, neste aspecto, também suas relações com

Santa Catarina se destacam. Muitos gaúchos deixaram sua marca na história e seu

legado exerce inegável influência sobre nós.

Este enredo tem como narrador o gaúcho. Não escolhemos um personagem

específico, mas sim a figura do gaúcho, de maneira genérica, procurando abrigar

neste personagem abstrato todas as características típicas que pretendemos

ressaltar. Este narrador contará sua história ao longo do dia, culminando numa

grande festa típica à noite. Alguns poemas e canções serão citados, por vezes

incorporados ao texto, destacados em itálico para fins didáticos. O enredo será

dividido em três partes – chamadas de atos - para um desenvolvimento artístico que

facilite sua leitura.

O primeiro ato, chamado “A imagem do gaúcho”, se passa durante o dia de

trabalho e traz a descrição física do gaúcho e suas principais práticas no campo. O

segundo ato recebeu o nome “O espírito gaúcho”. Esta parte do enredo se passa no

início da noite e o gaúcho contará ao redor de uma fogueira algumas façanhas de

expoentes do Rio Grande do Sul e mostrará como essas figuras traduzem o “ser

gaúcho”. No terceiro e último ato, intitulado “A fraternidade gaúcha”, chega a

Page 2: Bom Viver 2014 Sinopse DO ENREDO

Amigos do Bom Viver – Carnaval 2014

Gaita-ponto com cuíca, bombo leguero e pandeiro... só pra ver como é que fica esse canto gauchesco e brasileiro!

madrugada e numa grande festa há o congraçamento de gaúchos e catarinenses

unidos pelas tradições.

Page 3: Bom Viver 2014 Sinopse DO ENREDO

Amigos do Bom Viver – Carnaval 2014

Gaita-ponto com cuíca, bombo leguero e pandeiro... só pra ver como é que fica esse canto gauchesco e brasileiro!

SINOPSE DO ENREDO

PRIMEIRO ATO – A IMAGEM DO GAÚCHO

Vou-me embora, vou-me embora

Prenda minha Tenho muito que fazer

Tenho de ir para o rodeio

Prenda minha No campo do bem-querer...

Acordo cedo. O canto do galo me desperta antes que a luz do sol inunde a

coxilha. É dia de lida no campo, a estância tem uma rotina a ser cumprida.

Desperto ao sabor do chimarrão. A infusão da erva-mate – que nos trouxe

prosperidade lá nos tempos das Missões! – é uma marca cultural.

O dia vai ser difícil. Nem sempre o pastoreio é manso, nem sempre a

colheita é boa. Negrinho do Pastoreio, acendo esta vela pra ti...

No pescoço, trago o lenço vermelho. Além de uma proteção, sua presença

mantém viva a memória das lutas de meu povo. Visto a minha identidade, a vida no

campo, a lida com o gado: a bota, a espora, o gibão.

Se a fartura está na mesa, bom churrasco e chimarrão. Quem quiser pode

chegar, pois sou bom anfitrião. Conto histórias do meu povo... a tarde se esvai e o

minuano sopra melodias em meu ouvido.

Acendo a fogueira. Pego meu acordeon e acompanho o canto do vento.

Ouça a milonga que derramo de meu coração, que pulsa num galope incessante e

faz da vida seu cavalo encilhado...

Page 4: Bom Viver 2014 Sinopse DO ENREDO

Amigos do Bom Viver – Carnaval 2014

Gaita-ponto com cuíca, bombo leguero e pandeiro... só pra ver como é que fica esse canto gauchesco e brasileiro!

SEGUNDO ATO – O ESPÍRITO GAÚCHO

Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha

E nos grandes dou de talho!

Começa a noite de festa na querência amada. Ressoa o bombo leguero,

tambor ancestral que embala meu espírito guerreiro. Ouvido a léguas em plagos

distantes, evoca este canto gauchesco e brasileiro a esta terra que eu amei desde

guri.

Sou filho do Rio Grande. Trago nas veias o sangue quente desta gente que

nunca se curvou às injustiças e fez seu grito ecoar pelo Brasil: verás que um filho teu

não foge à luta! Sou um pouco Bento Gonçalves, um pouco Corte Real. Sou Sepé

Tiaraju, eternizado por Basílio da Gama em “O Uraguay”, o bravo índio resistindo à

invasão: esta terra tem dono!

Minha alma é farroupilha, de um povo irmanado por uma bandeira de três

cores, de um povo unido por três ideais. Queremos a liberdade, que nos permite

buscar a igualdade entre nossos irmãos! A igualdade, pois também somos

brasileiros! A humanidade, equiparando todos os homens aquerenciados no garrão

da pátria. Sou Rio Grande, mas também sou todo o Brasil. E todo o Brasil é Rio

Grande também!

Sou um pouco Mário Quintana, a palavra também é meu canhão. Meu

espírito destemido se traduz em seus versos: Todos estes que aí estão

atravancando o meu caminho... eles passarão. Eu passarinho! Sou também

Veríssimo, autêntico em minhas ideias, perspicaz no pensamento.

Sou líder, busco a justiça social e a igualdade entre os homens. Se, na

Revolução Farroupilha, eu ergui minha voz contra a escravidão, hoje carrego em

minhas veias o mesmo sangue que Getúlio Vargas derramou em defesa do

trabalhador. Se preciso for, me sacrifico por um ideal e saio da vida para entrar pra

história.

Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra!

Page 5: Bom Viver 2014 Sinopse DO ENREDO

Amigos do Bom Viver – Carnaval 2014

Gaita-ponto com cuíca, bombo leguero e pandeiro... só pra ver como é que fica esse canto gauchesco e brasileiro!

TERCEIRO ATO – A FRATERNIDADE GAÚCHA

Noite escura, noite escura

Prenda minha Toda noite me atentou...

Quando foi de madrugada

Prenda minha Foi-se embora e me deixou...

Para ser gaúcho, não precisa nascer nesta terra. Basta carregar na alma seu

espírito de guerra... feito Giuseppe, feito Anita, daquela história de amor tão bonita!

Assim a madrugada adentra e vão chegando meus irmãos de coração, que

carregam no peito o nosso torrão. São os centros de tradições gaúchas (CTGs)

espalhados pelo Brasil e pelo mundo. O laço cultural é elo inquebrável e transpõe as

fronteiras geográficas.

De Santa Catarina, esse estado logo acima, chegam belas prendas e bravos

peões. Somos vizinhos, somos do sul... a nossa terra tem o mesmo céu azul, que

abraça os dois estados e faz ecoar a tradição. A arte nativa ecoa em cada passo,

pois dançar é viver! Toda essa gente diz no pé, ao som do bugio, da rancheira, do

chamamé...

De uma cidade encravada nesta bela terra, chega um som diferente. Vêm de

Biguaçu os Amigos do Bom Viver. Ouço o batuque do samba e a festa está

completa. Fiz um vanerão sambado, este samba vanerado que até hoje ninguém

viu. Só pra ver como é que fica gaita-ponto com cuíca... olha só o que saiu!

Quem eu sou? Apenas mais um gaúcho... da fronteira, da capital, do Rio

Grande ou do Brasil, do Chuí ao Oiapoque. Se quiseres me encontrar, segue o rumo

do teu próprio coração, pois eu seguirei o meu. A prenda minha, onde estará?

Talvez esteja em Jaraguá, Joinville ou Blumenau, lá por Santa Catarina...

Willian Tadeu Autor do enredo