bom humor e seriedade

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Humor das pessoas no ambiente corporativo é um assunto que sempre me chamou a atenção. O meu trabalho como executiva de áreas comerciais me proporcionou, por quase duas décadas, a oportunidade de conhecer inúmeras empresas, dos mais diferentes portes e ramos de atividade. Nos últimos dez anos, atuando como professora e facilitadora de cursos de educação executiva e treinamentos corporativos, pude conviver com outro grande número de culturas empresariais. Sempre notei, durante todo esse tempo, que existem “empresas bem humoradas”, em que as pessoas aparentam estar sempre de bem com a vida. E outras muito diferentes, em que impera a “cara fechada”. Passei a perceber que as primeiras tendem a ter mais sucesso que as segundas. Há alguns anos, quando tentei pesquisar o assunto, não encontrei material suficiente. E agora, para minha grata surpresa, há bastante gente séria falando sobre isso. Recentemente, a Harvard Business Review publicou um estudo que demonstra que pessoas bem humoradas têm melhores chances de promoção e são mais bem remuneradas. Adrian Gostick (especialista em análise organizacional) e Scott Christopher (humorista ligado ao mundo empresarial) são autores de um livro lançado há pouco, “The Levity Effect” (O Efeito Leveza), ainda não publicado no Brasil. Nessa obra, eles também defendem a tese de que o bom humor é importante para o desenvolvimento profissional. Percebo, porém, que há ainda certa confusão entre conceitos. Fala-se, muitas vezes, de seriedade em oposição ao bom humor. E, em minha opinião, essas coisas são muito diferentes. Se há alguma relação entre elas, está longe de ser oposição. Acredito que seriedade se demonstra pelo comprometimento em realizar com excelência as tarefas e atribuições profissionais. Uma pessoa se compromete muito mais facilmente quando trabalha em um ambiente em que se sente bem, com pessoas de que gosta e a quem respeita, e quando acredita na importância do que faz. Nessas condições, uma pessoa muito provavelmente se sente feliz no trabalho. E quem está feliz ri, sorri, encara suas atividades com mais leveza. Portanto, sou levada a concluir que bom humor é um sintoma de seriedade. Arte em Gente e Gestão Marilda Andrade Bom humor e seriedade www.ateliecorporativo.com.br 55 11 5078.8540 [email protected]

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Artigo - importância do bom humor para a produtividade no ambiente corporativo Liderança - produtividade - trabalho em equipe - seriedade - alto desempenho - The Levity Effect - Harvard Business Review - comprometimento - criatividade - aprender com o erro

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Page 1: Bom humor e seriedade

Humor das pessoas no ambiente corporativo é um assunto que sempre me chamou a atenção. O meu trabalho como executiva de áreas comerciais me proporcionou, por quase duas décadas, a oportunidade de conhecer inúmeras empresas, dos mais diferentes portes e ramos de atividade. Nos últimos dez anos, atuando como professora e facilitadora de cursos de educação executiva e treinamentos corporativos, pude conviver com outro grande número de culturas empresariais.

Sempre notei, durante todo esse tempo, que existem “empresas bem humoradas”, em que as pessoas aparentam estar sempre de bem com a vida. E outras muito diferentes, em que impera a “cara fechada”. Passei a perceber que as primeiras tendem a ter mais sucesso que as segundas.

Há alguns anos, quando tentei pesquisar o assunto, não encontrei material suficiente. E agora, para minha grata surpresa, há bastante gente séria falando sobre isso.

Recentemente, a Harvard Business Review publicou um estudo que demonstra que pessoas bem humoradas têm melhores chances de promoção e são mais bem remuneradas.

Adrian Gostick (especialista em análise organizacional) e Scott Christopher (humorista ligado ao mundo empresarial) são autores de um livro lançado há pouco, “The Levity Effect” (O Efeito Leveza), ainda não publicado no Brasil. Nessa obra, eles também defendem a tese de que o bom humor é importante para o desenvolvimento profissional.

Percebo, porém, que há ainda certa confusão entre conceitos. Fala-se, muitas vezes, de seriedade em oposição ao bom humor. E, em minha opinião, essas coisas são muito diferentes. Se há alguma relação entre elas, está longe de ser oposição.

Acredito que seriedade se demonstra pelo comprometimento em realizar com excelência as tarefas e atribuições profissionais. Uma pessoa se compromete muito mais facilmente quando trabalha em um ambiente em que se sente bem, com pessoas de que gosta e a quem respeita, e quando acredita na importância do que faz. Nessas condições, uma pessoa muito provavelmente se sente feliz no trabalho. E quem está feliz ri, sorri, encara suas atividades com mais leveza. Portanto, sou levada a concluir que bom humor é um sintoma de seriedade.

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Marilda Andrade

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Mas, infelizmente, ainda há quem confunda leveza e bom humor com futilidade ou falta de seriedade. E que, para mostrar que é sério, o profissional tem que ter a “cara fechada” e agir com dureza.

Tenho a impressão de que esse comportamento pode, inclusive, demonstrar o oposto: que o profissional não está feliz, por alguma razão; ou não acredita no que faz, ou não se sente bem no ambiente, ou não está confortável convivendo com sua equipe. E nessas condições, tem probabilidade menor de se comprometer e, portanto, de atuar com seriedade.

Claro, não estou levando em conta personalidades, que podem naturalmente ter maior ou menor propensão a demonstrar bom humor. Mas, descontando outros fatores, creio que devemos deixar de lado essa confusão entre ser sério e ser mal humorado.

As pessoas bem humoradas são aquelas capazes de rir com os outros e, principalmente, rir de si mesmas. Essa capacidade demonstra facilidade em ser mais tolerante consigo próprio e com os outros. A tolerância na medida certa evita que a pessoa exija demais de si mesma. E exigir demais de si mesma pode levá-la à incapacidade de reagir adequadamente aos erros, e de aprender com eles; e a se tornar inflexível também no trato com os demais.

Reagir bem aos erros, aprender com eles, ser flexível e disposto a compreender pontos de vista diferentes dos próprios, são todos comportamentos essenciais para um profissional desenvolver sua criatividade; e ser criativo pode ser, muitas vezes, a única maneira de se tornar mais produtivo e elevar o padrão de desempenho. Além de ser a base para a diferenciação, tanto do profissional, quanto da própria empresa.

Não é à toa que os autores do livro citado anteriormente demonstrem que um incremento de 10% na satisfação dos funcionários resulte em um acréscimo de 40% na produtividade. E que conviver com pessoas bem humoradas é fator chave para a satisfação.

Também não surpreende, então, o fato de que líderes vistos pela sua equipe como bem humorados conseguem reter seus talentos com muito mais facilidade que aqueles que são tidos como mal humorados.

Claro que não se deve confundir o bom humor com habilidade para fazer piadas, muito menos com rir dos outros, na hora errada ou, ainda, de agir com leviandade. Apesar de que, obviamente, pessoas bem humoradas têm mais facilidade em se divertir, divertir os outros e até de transformar situações corriqueiras em engraçadas e de fazer brincadeiras – sempre do jeito certo, e na hora certa.

Bom humor tem muito mais relação com a capacidade de enxergar pontos positivos nas situações e nas pessoas, e de reagir com base nessa positividade e não naquilo que é negativo. E isso demanda interesse genuíno, tanto nos seres humanos com os quais convivemos, quanto na resolução efetiva de situações desfavoráveis.

E, para melhorar ainda mais nosso humor, uma boa notícia – que certamente todos já percebemos, mas não custa salientar. O bom humor é contagioso. O mau humor também. Mas, se adotarmos um comportamento mais leve, tolerante e flexível como opção, podemos iniciar uma “contaminação do bem” em nosso ambiente.

O Ateliê Corporativo

Somos uma Escola de Negócios dedicada a ajudar empresas e pessoas a potencializar resultados, capacitando equipes para atuar em ambiente competitivo, marcado por mudanças globais velozes e complexas.

Nossos profissionais têm sólida formação acadêmica, significativa experiência organizacional e reconhecida competência didática. Atuam com foco na facilitação da aprendizagem e na aplicação prática de competências e de conceitos.

Desde 2002, nossa equipe já treinou mais de 10000 pessoas no Brasil, na América Latina e na África. Ao longo dessa trajetória, desenvolvemos nossa metodologia de trabalho, baseada em conceitos consagrados e práticas inovadoras.

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