bolsa famÍlia e desempenho escolar: a visÃo dos pais …

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Trabalho de Conclusão de Curso BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS SOBRE SEUS BENEFICIADOS Reginaldo Dias Lescano 1 Vânia dos Santos Lima 2 Resumo: O presente estudo buscou conhecer a visão dos pais acerca do desempenho escolar dos filhos após a inclusão no Programa Bolsa Família (PBF). Para tanto utilizou a pesquisa qualitativa por meio de dois instrumentos de coleta de dados: o formulário e a entrevista semiestruturada. Foram entrevistadas três famílias residentes no bairro Noroeste, na cidade de Campo Grande (MS). Esse cenário foi escolhido por apresentar uma população com a menor renda per capita por bairro. Verificou-se, a partir da ótica dos entrevistados, que o PBF melhorou a frequência escolar. No entanto, não interferiu no desempenho. Espera-se que os resultados apresentados sirvam de reflexões, para repensar um modelo de escola pública para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Palavras-chave: Programa Bolsa Família. Frequência Escolar. Desempenho Escolar. 1 INTRODUÇÃO A Constituição Federal de 1988 reconheceu a assistência social como direito do cidadão e dever do Estado. Com o passar dos anos, para organizar a dimensão da carta magna sob a ótica da assistência social, foi aprovada a Lei Orgânica da Assistência Social 3 . Uma década mais tarde, para dar concretude aos objetivos e diretrizes dessa lei, aprovou-se a Política Nacional de Assistência Social PNAS (PNAS, 2004). 1 Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Anhanguera - Uniderp (2013). Pós-graduando em Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Email: [email protected] 2 Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Licenciatura Plena na Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Atualmente é Mestre em Educação Social pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/CPAN - 2012/2014). 3 (LOAS, Lei 8.742 de 1993).

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Page 1: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS SOBRE SEUS

BENEFICIADOS

Reginaldo Dias Lescano1

Vânia dos Santos Lima2

Resumo:

O presente estudo buscou conhecer a visão dos pais acerca do desempenho escolar dos filhos

após a inclusão no Programa Bolsa Família (PBF). Para tanto utilizou a pesquisa qualitativa

por meio de dois instrumentos de coleta de dados: o formulário e a entrevista

semiestruturada. Foram entrevistadas três famílias residentes no bairro Noroeste, na cidade de

Campo Grande (MS). Esse cenário foi escolhido por apresentar uma população com a menor

renda per capita por bairro. Verificou-se, a partir da ótica dos entrevistados, que o PBF

melhorou a frequência escolar. No entanto, não interferiu no desempenho. Espera-se que os

resultados apresentados sirvam de reflexões, para repensar um modelo de escola pública para

crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Palavras-chave: Programa Bolsa Família. Frequência Escolar. Desempenho Escolar.

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 reconheceu a assistência social como direito do

cidadão e dever do Estado. Com o passar dos anos, para organizar a dimensão da carta magna

sob a ótica da assistência social, foi aprovada a Lei Orgânica da Assistência Social3.

Uma década mais tarde, para dar concretude aos objetivos e diretrizes dessa lei,

aprovou-se a Política Nacional de Assistência Social – PNAS (PNAS, 2004).

1 Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Anhanguera - Uniderp (2013). Pós-graduando em

Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Email:

[email protected] 2 Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Licenciatura Plena na

Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Atualmente é Mestre em Educação Social pela

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/CPAN - 2012/2014). 3 (LOAS, Lei 8.742 de 1993).

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Trabalho de Conclusão de Curso

A legislação, ora apresentada, respalda o enfrentamento da pobreza e extrema

pobreza. Procurou-se por meio dela, criar mecanismos para promover a proteção social e

garantir atendimento às necessidades básicas dos cidadãos.

De acordo com o Art. 2o da Lei 8.742/93, a assistência social tem por objetivos:

I - A proteção social que visa à garantia da vida, à redução de danos e à

prevenção da incidência de riscos, especialmente:

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

(...)Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social

realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos

sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e

promovendo a universalização dos direitos sociais.

Para atender a esses objetivos, a PNAS estabeleceu ações por meio da rede

socioassistencial4. Uma dessas ações realiza-se por intermédio dos benefícios na modalidade

de transferência de renda, que visa ao repasse direto de recursos financeiros para os

beneficiários, com o cumprimento de condicionalidades (PNAS, 2004).

Entende-se por condicionalidades os compromissos estabelecidos pelo programa que

devem ser cumpridos pelas famílias beneficiárias, mantendo em dia o acompanhamento de

saúde e educação. Esse último ocorre através da frequência escolar de crianças e adolescentes

de 06 a 17 anos (OLIVEIRA, 2015).

A medida provisória 132, de 2003, logo convertida na Lei 10.836, em 2004, criou o

Programa Bolsa Família (PBF), essa iniciativa unificou os procedimentos de gestão dos

programas de transferência de renda, bolsa escola, cartão alimentação, bolsa alimentação e

programa auxílio-gás.

De acordo com as informações do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário5,

podem ingressar no programa todas as famílias com renda per capita de até R$ 85,00 (Oitenta

e cinco reais) e famílias com renda per capita entre R$85,01 (Oitenta e cinco reais e um

centavo) a R$ 170,00(Cento e setenta reais) que tenham na composição familiar crianças ou

adolescentes de 0 a 17 anos.

4 “Um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos” (PNAS, 2004, p. 94). 5 Fonte: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e/como-funciona>. Acesso em: 12 out. 2016.

Page 3: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

As famílias com o perfil mencionado anteriormente devem procurar no município, o

setor do Cadastro Único ou CadUnico6 como é conhecido e solicitar o cadastramento, é

necessário informar toda a composição familiar, ou seja, todos as pessoas que moram na casa.

Porém, esse procedimento não garante a entrada imediata da família no programa, a seleção é

realizada através de um sistema informatizado (MDS, 2015)7.

Na tabela a seguir, os valores recebidos pelas famílias beneficiárias podem melhor ser

compreendidos:

Tabela 1: Benefícios

Tipo do Beneficio Quem recebe? Valor do Beneficio

Benefício Básico Todas as famílias extremamente pobres (renda mensal

por pessoa de até R$ 85,00).

R$ 85,00

Benefícios Variáveis (até

cinco por família):

Famílias com renda mensal de até R$ 170,00 por pessoa

e que tenham em sua composição: crianças ou

adolescentes de 0 a 15 anos de idade; gestantes e/ou

nutrizes

R$ 39,00

Benefício Variável

Vinculado ao

Adolescente, (até dois por

família).

Famílias com renda mensal de até R$ 170,00 por pessoa

e que tenham adolescentes entre 16 e 17 anos em sua

composição.

R$ 46,00

Benefício para Superação

da Extrema Pobreza, em

valor calculado

individualmente para

cada família.

Famílias que continuem com renda mensal por pessoa

inferior a R$ 85,00, mesmo após receberem os outros

tipos de benefícios do Programa.

O valor do benefício é

calculado caso a caso,

para garantir que a

família ultrapasse o

piso de R$ 85,00 de

renda por pessoa.

Fonte: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e/beneficios>.

Para Aguiar (2006, pag. 63), o programa tem dois objetivos:

a) Combater a fome, a pobreza e as desigualdades por meio de transferência

de renda associado à garantia do acesso aos direitos sociais básicos - saúde,

educação, assistência social e segurança alimentar;

b) Promover a inclusão social, contribuindo para emancipação das famílias

beneficiárias, construindo meios e condições para que elas possam sair da

situação de vulnerabilidade em que se encontram.

6 É um instrumento de coleta de dados e informações com o objetivo de identificar todas as famílias de baixa

renda existentes no País. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2010/03/cadunico>.

Acesso em 02 nov. 2016. 7 Fonte: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e/como-funciona>. Acesso em: 12 out. 2016.

Page 4: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

Sendo assim, o programa procura subsidiar o combate à pobreza e à extrema pobreza

e contribui na inclusão social, promovendo acesso a políticas públicas, especialmente da

saúde, educação e assistência social.

Nesse sentido, Curralero et al. (2010, p.153) destacam que:

O aumento da escolarização e o cumprimento de agendas de saúde, ao

promoverem o aumento do capital humano das populações mais pobres,

possibilitariam novas perspectivas de inserção socioeconômica.

Esse compromisso na área da educação estabelece que o responsável familiar

matricule as crianças e adolescentes de 06 a 17 anos na escola, a frequência escolar deve ser

de no mínimo 85% para crianças e adolescentes de 06 a 15 anos, e de 75% para adolescentes

de 16 a 17 anos8.

Nesse sentido, Aguiar e Araujo (2002) apontam que o programa – ao integrar a

complementação de renda com o acesso à educação – combate a evasão escolar e, ao mesmo

tempo, incide nos índices de escolaridade.

Diante do exposto, este estudo buscou conhecer, a partir da visão dos pais ou

responsável, se o Programa Bolsa Família (PBF) interferiu no desempenho escolar de seus

beneficiados. Procurou-se identificar a partir da opinião dos entrevistados como ficou a

frequência e o desempenho na escola, após a inclusão no programa, assim como o

posicionamento dos mesmos sobre a obrigatoriedade da frequência, bem como a incidência

do Programa Bolsa Família no interesse dos filhos pela educação, além das expectativas dos

entrevistados quanto ao futuro educacional dos beneficiados.

2 BOLSA FAMÍLIA VERSUS DESEMPENHO ESCOLAR: o que alguns estudos

apontam

Diversos estudos foram realizados para analisar a importância dos Programas de

Transferência de Renda e alguns deles constataram que o Programa Bolsa Família vem se

8 Disponível em: <http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e/acesso-a-educacao-e-saude/acesso-a-educacao-e-saude>. Acesso em: 12 out. 2016.

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Trabalho de Conclusão de Curso

tornando fundamental para manter milhares de crianças e adolescentes, em situação de

vulnerabilidade social9, nas escolas.

Segundo pesquisa realizada pela Unesco intitulada “Avaliação do Programa Bolsa –

Escola do GDF” e citado por Aguiar e Araujo (2002), consta que houve uma diminuição na

evasão e repetência escolar dos alunos bolsistas:

Parecem ser consenso os efeitos do Programa Bolsa – Escola na evasão

escolar e na repetência. As verificações das pesquisas e avaliações chamam

a atenção para a diminuição substancial da evasão e da repetência escolar

entre crianças e adolescentes bolsistas em todos os locais em que o

Programa foi implantado (AGUIAR; ARAUJO, 2002, pág. 90).

Apesar de a pesquisa referir-se ao Bolsa Escola, antecessor do Programa Bolsa

Família, estudos realizados pelo INEP, em 2011, comprovaram a afirmação de que o

programa tem impacto positivo na frequência escolar, o que resulta no aumento de crianças e

adolescentes frequentando as salas de aula.

Os resultados apresentados neste estudo vão ao encontro de outros

apresentados na literatura. Considerando a média dos resultados

encontrados, observa-se que receber o BF aumenta a frequência escolar para

crianças com idade entre 6 e 16 anos em 3 p. p., o que significa reduzir o

número de crianças fora da escola em 36%, um resultado importante (INEP,

2011 pág. 9).

A semelhança da citação de Aguiar e Araujo (2002) e o resultado do INEP (2011)

respaldam o entendimento de que o programa contribui para manter nas escolas crianças e

adolescentes oriundos do bolsa família.

No entanto, no que se refere ao desempenho escolar, os estudos de Pellegrina (2011),

que teve como objetivo avaliar o impacto do Programa Bolsa Família sobre o abandono e o

desempenho escolar do alunado paulista, não identificou qualquer alteração sobre o

desenvolvimento escolar dos alunos.

Os estudos de Felicetti e Trevisol (2012) apontaram, também, que o Programa Bolsa

Família não teve contribuição positiva no desempenho escolar. As conclusões foram baseadas

9 “Vulnerabilidade social é uma denominação usada para caracterizar famílias expostas a fatores de risco, sejam

de natureza pessoal, social ou ambiental [...]” (PRATI COUTO KOLLER, 2009 apud RAPOPORT SILVA,

2013, p. 2,3).

Page 6: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

em análises realizadas em notas das principais disciplinas da grade curricular, entre os anos

de 2007 a 2009, de 10 (dez) alunos beneficiários.

Já os estudos de Reimers, Silva e Trevino, (2006), citados por Pires (2013), assinalou

que os programas de transferência de renda canalizam seus esforços apenas nas matrículas,

frequência escolar e/ou no aumento da escolaridade, não havendo qualquer evidência com a

qualidade do ensino ofertado no processo de aprendizagem.

Lazani (2011) ainda afirma que é impossível vincular o Programa Bolsa Família ao

desempenho escolar. Indicadores apontam que o desempenho dos beneficiários, são mais

baixos que o dos não beneficiários do programa.

Em face do que foi exposto, nota-se que as variáveis de desempenho do aluno são

apontadas como insuficientes. Todavia, é notável que a condicionalidade da frequência

escolar é decisiva para promover a permanência de crianças e adolescentes nas escolas. Desse

modo não há dúvidas que o Programa Bolsa Família contribua positivamente para que os

beneficiários tenham o acesso à educação.

É nesse sentido que o presente estudo procurou conhecer a realidade de três famílias

beneficiárias, acompanhadas pela condicionalidade da educação, localizadas na cidade de

Campo Grande (MS), residentes no bairro Noroeste.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para atender os objetivos desta pesquisa buscou-se a princípio realizar um estudo

bibliográfico sobre a temática do Programa Bolsa Família e sua relação com a educação,

frequência e desempenho escolar.

3.1 PARTICIPANTES

Os sujeitos desta pesquisa foram 3 (três) moradoras do bairro Noroeste, localizado na

cidade de Campo Grande/MS, beneficiárias do Programa Bolsa Família, que têm crianças

e/ou adolescentes regularmente matriculados e acompanhados pela condicionalidade da

educação exigida pelo programa. Para preservar a identidade das participantes utilizou-se a

denominação fictícia de Ametista, Jade e Rubi.

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Trabalho de Conclusão de Curso

3.2 LOCAL DA PESQUISA

O estudo de campo foi realizado na cidade de Campo Grande/MS, no bairro Noroeste,

o mesmo foi escolhido por apresentar uma população com a menor renda per capita por

bairro10.

3.3 INSTRUMENTOS E COLETA DE DADOS

Utilizou-se como procedimento para obtenção dos dados da pesquisa formulário e

entrevista semiestruturada. O formulário foi elaborado com perguntas fechadas que buscaram

analisar as características, bem como a identificação do perfil socioeconômico e educacional

dos sujeitos; já a entrevista semiestruturada permitiu conhecer a visão dos pais no que tange

ao desempenho escolar dos seus beneficiados, a partir de opiniões expressadas livremente por

eles.

Gil (2002, p.115) salienta que “formulário pode ser definido como a técnica de coleta

de dados em que o pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as

respostas”. Já por entrevista compreende-se “como a técnica que envolve duas pessoas numa

situação “face a face” e em que uma delas formula questões e a outra responde” (GIL, 2002,

p.115).

As entrevistas foram registradas através de gravação em áudio com autorização prévia

dos participantes e duraram aproximadamente 15 (quinze) minutos.

3.4 IDENTIFICANDO OS PARTICIPANTES

A localização dos participantes ocorreu por intermédio do Centro de Referência da

Assistência Social (CRAS) localizado no Jardim Futurista, ao qual o bairro Noroeste está

referenciado. Em carta de apresentação oficialmente formalizada, foi solicitado à

coordenação da instituição que fornecesse a localização de 3 (três) famílias assistidas,

beneficiárias do Programa Bolsa Família e que tivessem filhos em idade escolar. Após a

coordenação tomar conhecimento do teor da pesquisa, a direção disponibilizou o endereço

das famílias com o perfil solicitado.

10 Foi utilizado o sistema oficial da Prefeitura Municipal – SISGRAN – para localização do bairro citado.

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Trabalho de Conclusão de Curso

Em seguida realizou-se uma visita à residência das famílias, onde foram apresentados

aos responsáveis pelo benefício os objetivos da pesquisa, e questionando-os quanto ao

interesse em participar da mesma, por unanimidade todos autorizaram a coleta dos dados.

3.5 REALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS

Após a localização das 3 (três) famílias beneficiárias residentes no bairro Noroeste, as

pesquisas foram agendadas. No ato da entrevista reiterou-se aos participantes sobre os

objetivos do estudo e que seus nomes e endereço seriam mantidos em sigilo.

Antes de iniciar a entrevista todos os participantes receberam o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido11 (TCLE), que prontamente foram assinados em duas

vias, sendo uma via para o pesquisado e a outra para o pesquisador.

A técnica de entrevista mostra-se fundamental para o campo empírico, o que, para Gil

(2002), corresponde ao envolvimento entre o pesquisador e o investigado, permitindo a

interação social entre as duas partes, na busca por dados que interessem ao processo

investigatório.

Para Minayo (2001), a entrevista é a técnica mais habitual nos trabalhos de campo.

Nesse contexto, compreende que:

Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores

sociais. [...] se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores,

enquanto sujeitos-objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada

realidade que está sendo focalizada. Suas formas de realização podem ser de

natureza individual e/ou coletiva (MINAYO, 2001, p. 57).

Para registrar a entrevista optou-se pela gravação, o que permite, segundo Alves e

Silva (1992), uma maior preservação do discurso dos entrevistados.

[...] esse tipo de coleta de dados coloca a necessidade de o pesquisador fazer

o que Mettel (1988) define como sendo o "bom uso da tecnologia" e que

significa nesse caso lançar mão do recurso "gravação" para poder ao mesmo

tempo auferir a vantagem da maior preservação possível do discurso dos

entrevistados, e evitar o seu comprometimento, bem como da própria

interação, pela tarefa de tomar nota das respostas (METEL, 1988 apud

ALVES; SILVA 1992).

11 De acordo coma Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 466, entende-se por Consentimento Livre e Esclarecido todas as etapas a serem necessariamente observadas, para que o convidado a participar de uma pesquisa possa se manifestar, de forma autônoma, consciente, livre e esclarecida. Resolução CNS nº 466/2012.

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Trabalho de Conclusão de Curso

Para Schraiber (1995, p. 71), a gravação “permite captar e reter por maior tempo um

conjunto amplo de elementos de comunicação de extrema importância”, sendo possível uma

análise com maior precisão das reações dos entrevistados transmitidas por meio da fala.

Os diálogos foram sistematizados e transcritos na íntegra e serão apresentadas a

seguir.

4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A discussão e análise dos dados depreendem-se da pesquisa de campo realizada com

três famílias beneficiárias do PBF, que buscou identificar, a partir da visão dos pais, se após o

ingresso no programa houve alteração no desempenho escolar dos beneficiados. O desfecho

dessa análise será apresentado em duas etapas: Caracterização dos Participantes e O

Programa Bolsa Família X Desempenho Escolar: O que pensam os beneficiários?

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

A primeira etapa da análise é resultado do conteúdo extraído do formulário com

perguntas fechadas, que buscou caracterizar quem eram esses sujeitos, bem como descrever

seus perfis socioeconômicos e educacionais.

Tendo em vista que as participantes da pesquisa eram do sexo feminino, optamos por

caracterizá-las pelos nomes fictícios de Ametista, Jade e Rubi.

Weissheimer (2006, p. 92) aponta em sua obra12 que “A imensa maioria dos

entrevistados foi composta por mulheres (93,9%)”. Brito e Costa (2015) ressalta que 94%

dos titulares do Programa Bolsa Família são do gênero feminino.

Essa tendência deve-se à recomendação do Decreto 5.209 de setembro de 2004, que

regulamenta o Programa Bolsa Família e sugere em seu artigo Art. 23-A:

O titular do benefício do Programa Bolsa Família será preferencialmente a

mulher, devendo, quando possível, ser ela previamente indicada como

responsável pela unidade familiar no ato do cadastramento (Decreto 5.209,

Art. 23-A).

12 Bolsa Família: avanços, limites e possibilidades do programa que está transformando a vida de milhões de

famílias no Brasil. Marco Aurélio Weissheimer. – São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006. 160 p.

ISBN 85-7643-029-0.

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Trabalho de Conclusão de Curso

Ao iniciarmos a caracterização das participantes, buscamos identificar a idade, estado

civil e raça/cor, bem como o número de filhos conforme demonstrados abaixo.

Tabela 2: Caracterização dos Entrevistados

Nome Idade Estado civil Raça/cor Nº de filhos

Ametista 31 anos Casada Parda 6

Jade 45 anos Casada Parda 4

Rubi 31 anos Casada Branca 2

Fonte: Dados retirados do formulário e elaborado pelo autor

Ao analisar o quadro, identificamos que as entrevistadas são casadas, têm faixa etária

entre 31(trinta e um) a 45 (quarenta e cinco) anos, com uma média de 4 (quatro) filhos cada.

No que se refere raça/cor, Ametista e Jade se consideram pardas, enquanto Rubi se

autodeclarou branca.

Para Weissheimer (2006):

A representatividade maior de pretos e pardos entre os beneficiários,

levando em conta o peso demográfico destes grupos populacionais, é

apontada como índice do acerto dos critérios escolhidos para candidatos ao

Bolsa Família (WEISSHEIMER 2006, p.101).

No perfil socioeconômico das entrevistadas, apresentamos o tipo de residência em que

vivem os sujeitos, a inserção dos mesmos no mercado de trabalho, bem como o número de

pessoas que moram na família.

Tabela 3: Perfil Socioeconômico

Nome Tipo de residência Inserção no Mercado de

Trabalho

Pessoas na família

Ametista Própria financiada Não trabalha 8

Jade Ocupada Assalariada sem registro 11

Rubi Ocupada Não trabalha 4

Fonte: Dados retirados do formulário e elaborado pelo autor

Observando as informações do quadro acima nota-se que duas entrevistadas não

trabalham, enquanto uma encontra-se no mercado informal. Apenas uma possui casa

financiada, enquanto as demais residem em imóveis ocupados. O número de pessoas por

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Trabalho de Conclusão de Curso

domicilio apresenta-se acima da média nacional. De acordo com censo 201013, cada

residência tinha em média 3 (três) moradores.

O perfil educacional apontou que cada entrevistada possuía escolaridade diferente,

Rubi e Ametista alcançaram o ensino médio, no entanto, somente Rubi conseguiu concluí-lo.

Jade retrata um perfil comum dos beneficiários do PBF, o da baixa escolaridade.

A pesquisa de Weissheimer (2006) retrata essa realidade.

O percentual dos “sem instrução” chegou a 35,1% da amostra, e a soma

destes com os que possuem somente o primário incompleto alcançou quase

70%. No outro extremo, somente 13,1% completaram o segundo grau e

aqueles que concluíram o ensino superior representaram um percentual

ínfimo (WEISSHEIMER 2006, p.92).

Tabela 4: Escolaridade do entrevistado

Entrevistada Escolaridade

Ametista Médio incompleto

Jade Nunca estudou

Rubi Médio completo

Fonte: Dados retirados do formulário e elaborado pelo autor

A análise realizada por Camargo et al (2013) aponta na mesma direção, reforçando

que o perfil do beneficiário do PBF, em sua grande maioria, é formado por pessoas sem

instrução e conclui que “O nível de escolaridade é muito baixo [...], mais de dois terços dos

seus beneficiários (69 por cento) não possuem sequer o ensino fundamental completo”

(CAMARGO et al 2013, p. 1).

4.2 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA X DESEMPENHO ESCOLAR: O QUE PENSAM

OS BENEFICIÁRIOS?

A segunda etapa deste estudo procurou conhecer a opinião das entrevistadas sobre a

exigência da frequência e desempenho escolar dos beneficiados.

A condicionalidade da educação que determina frequência mínima como um dos

quesitos exigido para o recebimento do Bolsa Família tem influenciado os beneficiários a

manterem seus filhos frequentes nas escolas. 13 Disponível em: <http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/familias-e-domicilios.html>. Acesso em: 10 nov. 2016.

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Trabalho de Conclusão de Curso

Sendo assim, questionamos as entrevistadas se houve mudanças em relação à

frequência escolar após a inclusão no programa. Ametista posicionou-se da seguinte forma:

[...] Frequentou bem mais. “Que” antes a gente tinha um “meio sossego”,

“né”?, de não “manda”, não se “preocupa”, aí, pelo benefício, a gente tem

que “manda” [...] (Ametista, em 24/10/2016).

A melhora na frequência escolar também foi reconhecida por Jade, todavia,

ultimamente não vem cumprindo com a frequência mínima de 85% de presença, conforme

relata:

Melhorou! Mas agora como parou, parou de novo (de receber), “né”?

Suspendeu agora (Benefício). [...] meu “caçulinho” (Filho mais novo) que

ele [...] quase não gosta de ir para escola, “né”? Então, tem que “tá” no “pé

dele, né”? Então, ele falhou (Faltou à aula) três dias, aí suspendeu a bolsa

família [...] (Jade, em 24/10/2016).

Jade afirma que o programa melhorou a frequência escolar, mas ainda assim

reconhece que seu filho mais novo não gosta de estudar, em consequência disso, falta às aulas

com o seu consentimento, o que acarretou a suspensão do benefício. Jade relatou que

procurou o Centro de Referência da Assistência Social para regularizar a situação e voltar a

receber o benefício.

O tom do discurso utilizado por Rubi foi enfático e demonstrou espanto quanto à

pergunta formulada.

Bom! ‘Tá’ igual, ‘tá’ igual, continuou igual, ‘tá’ igual (Rubi, em

24/10/2016).

Rubi foi direta ao afirmar que o fato de ser beneficiária do programa não incidiu na

frequência escolar dos filhos, o que ficou claro em suas expressões, que independentemente

de receber o bolsa família, a frequência à escola é algo necessário, o que justificou seu

espanto no ato da pergunta.

A fala da maioria das entrevistadas contempla um dos impactos que o programa Bolsa

Família vem demonstrando ao longo de mais de 10 anos de sua existência: incentivo à

frequência escolar por meio do cumprimento da condicionalidade da educação.

Fernandes et al. (2014) afirma sobre os efeitos que os programas de transferência de

renda vêm exercendo:

Os efeitos das transferências condicionadas de renda sobre a educação são

bastante conhecidos. Especialmente os efeitos sobre taxas de matrícula,

Page 13: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

frequência à escola e abandono, são amplamente reconhecidos na literatura

nacional e internacional (FERNANDES et al., 2014, p.51). Grifo nosso.

Nesse sentido, procuramos conhecer a opinião das entrevistadas sobre a

obrigatoriedade da frequência escolar.

Ametista avalia positivamente a condicionalidade da educação e segundo ela, essa

exigência reafirma o compromisso do responsável sobre a escolarização dos beneficiados.

Ah! Também ensina a gente ter mais responsabilidade e preocupação, “né”?

Foi bom esse aí (condicionalidade) (Ametista, em 24/10/2016).

O discurso de Jade apresenta-se de forma confusa, contudo ficou claro um olhar

positivo sobre a educação:

A ler,”né”? Muitas coisas, “né”? Para ir “pra” faculdade, “né”? Fazer

alguma coisa, “né”? Subi a vida deles, “né”? [...]” (Jade, em 24/10/2016).

No seu relato, expressa os anseios futuros, frutos da dedicação dos seus filhos à

escola, o que nos leva a subentender que considera fundamental a obrigatoriedade da

frequência.

Ao reconhecerem como importante a obrigatoriedade da frequência escolar e que esta,

por sua vez, influenciou-as a terem maior responsabilidade com a presença dos filhos nas

salas de aula, as entrevistadas corroboram com Lofrano et al. (2016)14, os quais nos ajudam a

compreender a influência que o cumprimento das condicionalidades exerce na vida escolar

dos beneficiados.

Para ilustrar, na área da educação, a taxa de abandono dos beneficiários do

PBF é de 2,8% e de 3,2% para os não beneficiários, no ensino fundamental,

ao passo que, para o ensino médio, as taxas de abandono são de 3,8 % para

os alunos integrantes do PBF e de 7,3% para os demais estudantes

(LOFRANO et al 2016, p. 155,156).

Por meio do cumprimento das condicionalidades de educação, os resultados sobre a

taxa de abandono entre os beneficiários são menores que os não beneficiários, o que

demonstra que os não beneficiários estão mais suscetíveis a abandonarem a escola.

Rubi, por sua vez, criticou ao opinar a exigência da condicionalidade e justificou.

Ah! Eu não acho bom não, [...] dá muito problema na escola, “né”? Se sua

criança fica doente você leva um atestado, assim mesmo “eles marca” a falta

para criança e consta lá. Você entendeu? Então, eu não acho bom não, não

deveria ter (Obrigatoriedade) [...] Que nem o caso dela (apontou para a

14 <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/Caderno%20de%20Estudos%2026.pdf>

Page 14: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

filha), ela ficou doente, ficou duas semanas doente, mesmo eu levando o

atestado constou a falta, e eu recebi a notificação do bolsa família[...] (Rubi,

em 24/10/2016).

Ao expor a situação de sua filha, indigna-se por ter que apresentar os atestados como

justificativa, pois, segundo ela, sua filha só falta às aulas por motivos de saúde e, mesmo

assim, o sistema contabiliza as faltas, o que pode acarretar na suspensão do benefício, caso

não justifique.

O procedimento relatado por Rubi condiz com o que preconiza a gestão do Programa

Bolsa Família. Stechi (2015) explica:

Caso a família considere que houve erro na informação do acompanhamento

das condicionalidades, ou que o descumprimento ocorreu por motivo

justificável, o responsável familiar pode apresentar recurso ao gestor

municipal. No recurso, a família poderá explicar o erro da informação ou o

motivo do descumprimento e solicitar que o efeito do descumprimento no

benefício seja revisto (STECHI 2015, p. 43). (Grifo nosso).

Ainda durante as entrevistas, procuramos conhecer se, após a inclusão no programa,

as entrevistadas perceberam algum interesse maior dos beneficiados pelos estudos.

[...] Não teve muita diferença “pra” eles não! Porque assim, eles sempre

“teve, né”? ... interesse nos estudos, independente do bolsa família. [...]

Sentiram mais “obrigado” a frequentar, “né”? [...] eles sempre foram

interessados em “estuda”, em “aprende” (Ametista, em 24/10/2016).

É! Acredito que sim (Jade, em 24/10/2016).

Não! Não... o tanto, também, que eu recebo, também não “é grandes coisa”,

[...] é tudo a mesma coisa (Rubi, em 24/10/2016).

Excetuando Jade, as outras entrevistadas foram categóricas ao afirmar que não

notaram diferença no desempenho escolar. Ametista reforça que o impacto aconteceu na

frequência e ressalta que os filhos sempre foram dedicados nos estudos independentemente

do bolsa família.

Jade confirma que ocorreu uma melhora, enquanto Rubi foi direta ao dizer que não

houve alteração e observou que o valor recebido é mínimo para se cobrar um interesse maior

dos beneficiados.

O fato de a maioria das entrevistadas não evidenciarem uma progressão no interesse

dos filhos pelos estudos, parte da premissa de que os programas de transferência de renda têm

seu foco nas matrículas, frequência escolar e no aumento da escolaridade (PIRES, 2013).

Page 15: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

No entanto, apenas o programa seria incapaz de promover essa transformação.

Em seguida buscamos compreender se ocorreu alguma alteração no desempenho

escolar dos beneficiados após o ingresso no programa.

Ametista permaneceu assegurando a ideia de que os filhos sempre foram interessados,

mesmo antes de receberem o bolsa família; Jade acredita que o programa interferiu no

desempenho, enquanto Rubi nega a interferência do bolsa família no desenvolvimento

escolar.

Ah...! Nunca notei isso! Porque é o que eu “tô” te falando, não tem muita

diferença, eles sempre foram, “né”?... Interessados, não notei que mudou.

Eles começaram a estudar antes “d..o”, de “surgi” o bolsa, aí, depois, não

notei muita diferença, “tá” igual, bem estudioso (Ametista, em 24/10/2016).

Acho [...] (Jade, em 24/10/2016).

Não, não interferiu não (Rubi, em 24/10/2016).

Diante dos relatos, com exceção de Jade, foi possível observar que as entrevistadas

reconheceram que o PBF não interferiu no desempenho escolar, a opinião das mesmas

corresponde com a colocação de Reimers, Silva e Trevino (2006), citados por Pires (2013),

que afirma inexistir um sistema educacional com capacidade de aumentar o aprendizado dos

beneficiados dos programas de transferência de renda condicionada.

Todavia, Castro (2014) esclarece que existem outros fatores externos à escola que se

associam ao desempenho escolar:

Entre os fatores extraescolares, tanto a organização da sociedade, como a da

família e do próprio aluno podem ser o ponto de partida de ações

direcionadas à melhoria dos resultados educacionais, pois, exercem

influência direta sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos e,

consequentemente, sobre seu desempenho (CASTRO 2014, p.63).

Depreende-se da colocação da autora, que não basta apenas o esforço da escola,

outros fatores tornam-se necessários para alcançar uma melhora nos índices educacionais,

dentre eles a participação da família. Para Rapoport e Silva (2013, p. 10) “O incentivo dos

pais e a importância que estes direcionam à escola são influenciadores e determinarão o

comprometimento da criança com a educação”.

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Trabalho de Conclusão de Curso

Em relação às notas após a inclusão no programa, Ametista e Rubi não reconheceram

que o programa bolsa família tenha exercido alguma interferência no boletim de seus filhos,

enquanto Jade acredita que seu filho mais velho obteve notas melhores.

Continua a mesma coisa, permaneceu igual (Ametista, em 24/10/2016).

O mais velho (filho) tirou mais o menos, tirou bem mesmo as notas, ficou

muito bom, “melhorou” as notas deles (Jade, em 24/10/2016).

Bom, “tá” igual, também permaneceu igual, não aumentou nem diminuiu,

sempre na média (Rubi, em 24/10/2016).

A colocação de Ametista e Rubi corrobora no entendimento de que os programas de

transferência de renda não exercem seu impacto no viés do desempenho escolar.

Para Castro (2014), o sucesso na aprendizagem educacional está vinculado a fatores

extraescolares, tais como a situação social e econômica em que esses alunos estão inseridos e

intraescolares, que envolvem o comprometimento da escola no processo de aprendizagem,

ambos devem se relacionar para alcançar melhorias no desempenho escolar. Nesse sentido,

descreve:

Os fatores extraescolares e intraescolares definem limites claros para a

atuação da escola, mas ressalta-se que esses limites não devem ser

entendidos isoladamente, pois eles se inter-relacionam e nenhum é capaz de

garantir, isoladamente, bons resultados escolares. De todo modo, reconhecer

esses fatores associados ao desempenho dos alunos é o primeiro passo para

a melhoria dos resultados escolares (CASTRO 2014, p. 62).

Ao contextualizar o desempenho escolar na ótica dos responsáveis, ficou claro, nos

relatos de Ametista e Rubi, uma visão mais crítica ao afirmarem que o Programa Bolsa

Família não interferiu no desempenho escolar dos seus beneficiados. A posição das

entrevistadas vai ao encontro dos resultados apresentados por Felicetti e Trevisol (2012) e

Pellegrina (2011) nos quais os autores ao concluírem seus estudos, identificaram que o Bolsa

Família não interferiu no desempenho escolar dos alunos pesquisados.

Como bem descrevem Rego e Pinzani (2014), a frequência escolar por si só é

ineficiente para garantir a qualidade da educação:

Sem escola de qualidade, sem boas condições de estudo em casa, sem apoio

de pais e professores, as crianças de famílias pobres muito dificilmente

conseguem obter bons resultados e alcançar um nível de instrução suficiente

para ter mais chances profissionais na vida (REGO; PINZANI 2014, p.25).

Page 17: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

Embora tenha um discurso tímido, Jade segue na contramão das outras entrevistadas e suas

respostas no que tange ao desempenho escolar foi exposta de forma coesa ao atribuir a

melhora no desempenho escolar ao Programa Bolsa Família. No entanto, não ficou claro se

de fato ela compreende que a partir da inclusão no Programa, passaram a ocorrer tais

transformações, pois no ato da entrevista expressou com muita dificuldade seus

entendimentos.

Ainda na entrevista indagamos às entrevistadas sobre o que as mesmas esperam do

futuro educacional dos seus beneficiados.

Espero que eles “consiga” fazer uma faculdade e “profissionaliza” em

alguma coisa, que “vai viver bem”, eles têm, cada um tem um sonho, [...],

então, espero que eles façam um, se “engaja” numa coisa que agrade eles

“né”? ... que eles se “de” bem, [...], espero que eles façam uma faculdade e

se “profissionalizam” naquilo que ... que eles se “dão” bem (Ametista,

24/10/2016).

Ah... Eu espero que eles sejam “um..., um rapaz que vai” dar orgulho, “né”?

... “pas” mãe e pai, “né”? Eu acredito nos meus filhos, que eles “vai”, que

nós “vamo consegui” (Jade, em 24/10/2016).

[...] Espero que eles tenham uma boa formação, “né”? E que eles “fazem” o

que eles querem e gostem, “né”? Eu acho que é o certo [...] (Rubi, em

24/10/2016).

A maioria das entrevistadas expressou suas expectativas voltadas para a formação

profissional dos beneficiados. Ao expressar a palavra “orgulho para os pais”, citado por Jade,

considera-se um desejo subjetivo, o que pode significar uma formação profissional, um bom

emprego ou, até mesmo, uma constituição de família, entre outras realizações.

Para Luchiari (1996), a expectativa dos pais é de suma importância para que os filhos

tenham condições de criar seus próprios projetos de vida, e ressalta a consequência da

ausência desse desejo:

Filhos de pais que não demonstram nenhum desejo apresentam dificuldades

para formular seus próprios, não se sentem importantes nem amados por

ninguém, e podem desenvolver um sentimento de inferioridade e de

abandono (LUCHIARI, 1996 p. 83).

É possível, também, verificar que a maioria dos anseios dos responsáveis é de que os

filhos tenham autonomia na escolha de seus projetos de vida. Nesse sentido, Luchiari (1996,

p. 83) defende que “As expectativas dos pais devem deixar um espaço suficiente para que o

Page 18: BOLSA FAMÍLIA E DESEMPENHO ESCOLAR: A VISÃO DOS PAIS …

Trabalho de Conclusão de Curso

jovem possa seguir sua escolha, formando sua identidade e tomando consciência de seus

próprios desejos, com relativa autonomia”.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se, neste estudo, realizar uma análise sobre o Bolsa família e o desempenho

escolar dos beneficiados na ótica dos pais. As entrevistas realizadas permitiram conhecer a

vivência de três mães beneficiárias, bem como a opinião delas sobre a vida escolar de seus

filhos após o ingresso no programa.

Foi possível visualizar, nesta pesquisa, que o programa bolsa família interfere

diretamente na frequência escolar. Tal situação é decorrente da exigência mínima de 85% de

presença na escola. Nesse sentido, os discursos das entrevistadas, sobre o que pensam da

exigência estabelecida pelo programa, denotaram que a maior parte se preocupa com a

frequência, apenas para cumprir com essa condicionalidade imposta. Embora as expectativas

para seus filhos sejam de um futuro repleto de conquistas inerente à educação, compreende-se

que há muito a ser trabalhado com essas famílias sobre a importância da mesma no pleno

desenvolvimento da criança.

O ponto de vista das entrevistadas quanto à incidência do programa no desempenho

escolar é praticamente nulo, a inexistência desse impacto está relacionada não apenas à

ausência de uma condicionalidade exclusiva que exija bons índices no desempenho escolar,

mas sim pelo fato de o sucesso da aprendizagem estar relacionada a outros fatores que

envolvem tanto o acompanhamento familiar quanto um sistema de ensino público capaz de

fornecer condições que possibilitem um aprendizado de qualidade.

Conclui-se, a partir da visão dos pais, que o PBF está muito distante de interferir no

desenvolvimento da aprendizagem dos seus beneficiados, tendo em vista que o programa por

si só não é capaz de promover tal impacto. Enquanto não reconhecermos que a escola, família

e sociedade dependem umas das outras para fortalecer o campo da aprendizagem do ensino

básico, continuaremos a apresentar as involuções dos indicadores educacionais.

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