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2ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO Nro. Boletim 2014.000112 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 17/10/2014 Expediente do dia FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS 91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL 1 - 0000955-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000955-0/01) JOCENALDO SILVA MOREIRA (ADVOGADO: ES010939 - EGISTO SILVA NICOLETTI, ES011950 - MARILIA PAULA MACEDO NICOLETTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.). RECURSO Nº 0000955-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000955-0/01) RECORRENTE: JOCENALDO SILVA MOREIRA RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA EMENTA BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. PESSOA CAPACITADA PARA O TRABALHO. PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA. 1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um salário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por sua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz “para a vida independente e para o trabalho”. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família. 2. O conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vida independente e para o trabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critério temporal para avaliação da condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazo mínimo de dois anos, impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversas barreiras” poderiam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I e II, da Lei n. 8.742/93). Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que o estado incapacitante deva permanecer por “longo prazo”. 3. Autor portador de epilepsia pós-traumática. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho. 4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e ao pagamento de honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50). RELATÓRIO JOCENALDO SILVA MOREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 72/76, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus (fls. 68/70), que julgou improcedente seu pedido para concessão benefício assistencial a contar da data de apresentação do requerimento administrativo. Em suas razões, alega que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que o requisito da miserabilidade também restou comprovado nos autos. 02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 79/81, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões já apresentadas pelo médico perito do INSS. 03. É o relatório. VOTO 04. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

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Page 1: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2014.000112 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

17/10/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000955-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000955-0/01) JOCENALDO SILVA MOREIRA (ADVOGADO: ES010939 -EGISTO SILVA NICOLETTI, ES011950 - MARILIA PAULA MACEDO NICOLETTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000955-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000955-0/01)RECORRENTE: JOCENALDO SILVA MOREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTABENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. PESSOA CAPACITADA PARA O TRABALHO. PEDIDO IMPROCEDENTE.SENTENÇA MANTIDA.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz “para a vidaindependente e para o trabalho”. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição depessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição demiserabilidade da família.2. O conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vida independente e para otrabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critério temporal para avaliaçãoda condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazo mínimo de dois anos,impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversas barreiras” poderiam obstruirsua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I e II, da Lei n. 8.742/93).Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que o estado incapacitante devapermanecer por “longo prazo”.3. Autor portador de epilepsia pós-traumática. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e ao pagamento de honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

RELATÓRIO

JOCENALDO SILVA MOREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 72/76, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus (fls. 68/70), que julgou improcedente seu pedido para concessão benefícioassistencial a contar da data de apresentação do requerimento administrativo. Em suas razões, alega que é portador dedoença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjuntodas provas carreadas aos autos. Aduz que o requisito da miserabilidade também restou comprovado nos autos.

02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 79/81, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

Page 2: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

05. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz para avida independente e para o trabalho. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição depessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição demiserabilidade da família.

06. Cumpre destacar que o conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critériotemporal para avaliação da condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazomínimo de dois anos, impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversasbarreiras” poderiam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I eII, da Lei n. 8.742/93). Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que oestado incapacitante deva permanecer por “longo prazo”.

07. No presente recurso, restou comprovado o requisito da miserabilidade da família. Em relação ao requisito daincapacidade para o trabalho, o recorrente afirma ser portador de epilepsia pós-traumática, com perda da função cerebralem torno de 30% (trinta por cento). Para o deslinde da questão, o Juízo a quo nomeou perito que atestou, às fls. 62/63, queo demandante é portador de epilepsia pós traumática (resposta ao quesito n. 2) e não apreseta incapacidade para asatividades laborativas (resposta ao item 5). Ao exame físico, informou que o paciente apresentou-se lúcido, bem orientadono tempo e no espaço, assim como respondeu bem às perguntas feitas.

08. O laudo firmado pelo perito judicial deve ser avaliado em conjunto com as demais provas carreadas aos autos(art. 436, do Código de Processo Civil). Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito pormédico do Programa de Saúde da Família do SUS em 21/05/2008, no qual se afirma que o demandante é portador deatrofia cerebelar e dilatação ventricular, com dificuldade de equilíbrio físico e de distúrbio convulsivo pós traumático. Solicitaafastamento definitivo de suas funções laborais.

09. Entretanto, o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior ao atestado juntadopelo recorrente em sua petição inicial. Logo, reputo correta a sentença que adotou as conclusões do especialista nomeadopelo Juízo.10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar o recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça que ora defiro.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

2 - 0008802-41.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.008802-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:MARINA RIBEIRO FLEURY.) x SÉRGIO LUIZ BICHARA (ADVOGADO: ES005715 - VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA.).RECURSO Nº 0008802-41.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.008802-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: SÉRGIO LUIZ BICHARARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 113/118, contra acórdão proferido às fls. 102/110 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não se manifestou acerca da nãoincidência da taxa SELIC na atualização das parcelas relativas às contribuições vertidas ao fundo de previdênciacomplementar. Aduz que a apuração de eventual indébito deve seguir parâmetro definido a partir da jurisprudência do TFRda 4ª Região (Apelação Cível n. 2006.72.00.008608-0/SC)

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Para tanto, destaco que os critérios para atualização monetária e incidência de juros de mora

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foram declinados nos itens 13 e 14 do acórdão, ao passo que, nos itens 15 e 16, foi especificada a forma de liquidação dojulgado, de acordo com precedentes da Turma Nacional de Uniformização. Aos Embargos de Declaração, não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

3 - 0000454-46.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000454-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x CLEONICE DA SILVA (ADVOGADO: ES012904 - GEORGIA ROCHAGUIMARAES SOUZA, ES010095 - DEUCIANE LAQUINI DE ATAIDE.).RECURSO Nº 0000454-46.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000454-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLEONICE DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. RENDA MÍNIMA MENSAL PER CAPITA. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO, DE ATÉ UM SALÁRIO-MÍNIMO, DO CÔMPUTO DA RENDA DO NÚCLEO FAMILIAR.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa opatamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, comoparâmetro para aferição de miserabilidade da família.2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 14.11.2013), emregime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação com resultado extensivo do critério de ½ dosalário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição de privação econômica exigida para aconcessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, a Corte decidiu que o art. 34, parágrafoúnico, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão, porquanto não haveria critério legítimo dedistinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até um salário mínimo, não fossem excluídos docômputo da renda do núcleo familiar3. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 141/150, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde São Mateus, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a conceder benefício assistencial de prestaçãocontinuada à parte autora a contar do dia seguinte à data da suspensão indevida (01/07/2008). Em suas razões, alega que:i) a regra do parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso deve ser aplicada restritivamente; ii) a filha da autora possuicapacidade laborativa; e iii) na data do requerimento administrativo, a autora residia apenas com seu esposo que recebeaposentadoria no valor da um salário mínimo.

02. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 157/158, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob ofundamento de que a concessão do benefício é corolário da dignidade da pessoa humana.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93,também fixa o patamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigenteper capita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família.

06. No presente recurso, a incapacidade laborativa da parte autora é incontroversa (fls. 49/50). Contudo, o INSSsustenta que a renda mensal per capita do núcleo familiar seria superior ao limite legal.07. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. GilmarMendes, DJE 14.11.2013), em regime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação comresultado extensivo do critério de ½ do salário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição deprivação econômica exigida para a concessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, aCorte decidiu que o art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão,porquanto não haveria critério legítimo de distinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até umsalário mínimo, não fossem excluídos do cômputo da renda do núcleo familiar. A propósito, transcrevo a ementa doacórdão referido:Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-sea ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas esociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessãode outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34,parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial jáconcedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que serefere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até umsalário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiênciaem relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de

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benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração deinconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recursoextraordinário a que se nega provimento.

08. O INSS alega, ainda, que a filha da autora possui capacidade laborativa. Para tanto, junta consulta realizada noCNIS que demonstra vínculo empregatício no período de 01/03/2013 a 19/04/2013 (fls. 151/152). Ocorre que tal documentofoi colacionado aos autos após o encerramento da dilação processual e a sua análise, em sede recursal, constituiriaindevida abertura de nova instrução processual. Ademais, ainda que assim não seja, o curto período de trabalho da filha daparte autora não descaracterizaria o quadro de miserabilidade demonstrado nos autos (fls. 17/18 e 116/131).

09. Portanto, preenchido o requisito da incapacidade (fls. 49/50) e verificado que a renda mensal de umsalário-mínimo recebido por seu cônjuge, em razão de aposentadoria, não deve ser computada no orçamento do núcleofamiliar, a parte autora faz jus ao benefício de prestação continuada a contar da data de sua suspensão.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

4 - 0004239-22.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004239-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x ARNALDO BORTULUCI (ADVOGADO: ES005715 - VLADIMIRCAPUA DALLAPICULA.).RECURSO Nº 0004239-22.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004239-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ARNALDO BORTULUCIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 155/158, contra acórdão proferido às fls. 148/153 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o recurso por ela interposto fundou-se apenas no fato de quea taxa SELIC não poderia ser utilizada para atualizar os valores vertidos ao fundo previdenciário pelos beneficiários dosPlanos de Previdência Privada. No entanto, embora a parte autora não tenha recorrido da sentença, os critérios a seremempregados na liquidação ali definidos teriam sido modificados pelo acórdão embargado.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

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04. Insta salientar que no acórdão recorrido os critérios a serem empregados na liquidação, definidos na sentença,não foram modificados. Ao recurso inominado interposto pela União foi negado provimento, mantendo-se, portanto, asentença, em sua integralidade.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

5 - 0000522-53.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000522-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BERNADETE DELOURDESROSI TOSE (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINARIBEIRO FLEURY.).RECURSO Nº 0000522-53.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000522-9/01)RECORRENTE: BERNADETE DELOURDES ROSI TOSERECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 187/192, contra acórdão proferido às fls. 177/185 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não se manifestou acerca da nãoincidência da taxa SELIC na atualização das parcelas relativas às contribuições vertidas ao fundo de previdênciacomplementar. Aduz que a apuração de eventual indébito deve seguir parâmetro definido a partir da jurisprudência do TFRda 4ª Região (Apelação Cível n. 2006.72.00.008608-0/SC)

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Para tanto, destaco que os critérios para atualização monetária e incidência de juros de moraforam declinados nos itens 12 e 13 do acórdão, ao passo que, nos itens 14 e 15, foi especificada a forma de liquidação dojulgado, de acordo com precedentes da Turma Nacional de Uniformização. Aos Embargos de Declaração, não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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06. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

6 - 0004167-35.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004167-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x LUCIANO ANDRE LUDOVICO LACERDA.RECURSO Nº 0004167-35.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004167-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: LUCIANO ANDRE LUDOVICO LACERDARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 110/112, contra acórdão proferido às fls. 105/107 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não se manifestou acerca dos artigos37, caput, 61, § 1º, II “a” e 169, parágrafo único, I, da Constituição da República de 1988.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

7 - 0000465-35.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000465-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALMERINDA QUEMELLIFREITAS (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVOHENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0000465-35.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000465-1/01)RECORRENTE: ALMERINDA QUEMELLI FREITASRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 115/117, contra acórdão proferido às fls. 105/112 aoargumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não se manifestou acerca da nãoincidência da taxa SELIC na atualização das parcelas relativas às contribuições vertidas ao fundo de previdênciacomplementar.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. . Para tanto, destaco que os critérios para atualização monetária e incidência de juros de moraforam declinados nos itens 12 e 13 do acórdão, ao passo que, nos itens 14 e 15, foi especificada a forma de liquidação dojulgado, de acordo com precedentes da Turma Nacional de Uniformização. Aos Embargos de Declaração, não é cabível oempréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP,Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

8 - 0004693-65.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004693-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROGERIO PEREIRA CALMON(ADVOGADO: ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN.) x INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO Nº 0004693-65.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004693-2/01)RECORRENTE: ROGERIO PEREIRA CALMONRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 86/97, contra acórdão proferido às fls. 82/83 que o condenou aimplantar o benefício de auxílio-doença em favor da parte autora, com o pagamento das parcelas vencidas corrigidasmonetariamente e acrescidas de juros de mora, na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal, ao argumento deexistência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que a referência ao Manual de Cálculos da Justiça Federal écontrária à forma de atualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto oSupremo Tribunal Federal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados emjulgamento das ADIs 4357 e 4425. De igual modo, o embargante alega que a decisão atacada é omissa, pois não foramdeclinados os fundamentos pelos quais foram afastadas as conclusões adotadas pelo perito judicial e endossadas aquelasexpostas em atestados médicos juntados aos autos pelo autor.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

Em análise da contradição alegada entre o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido e a orientação esposada peloSupremo Tribunal Federal sobre a forma de atualização monetária das parcelas vencidas, destaco que a contradição é vícioa ser corrigido pelos embargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José CarlosBarbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Logo,eventual contraste entre o acórdão atacado e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não é contradição a ser sanadaem julgamento de Embargos de Declaração, não devendo o recurso ser provido quanto a essa questão.

04. No que tange à omissão relacionada às razões empregadas para que a atualização monetária seja feita emobediência aos parâmetros fixados pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal, os quais incluem o INPC em substituição àTR, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

05. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013), motivo por que não existe omissão a ser suprida.

06. Outrossim, o INSS também interpôs os presentes Embargos para ver corrigida omissão referente àfundamentação empregada pelo julgado para acolher as conclusões expostas em atestados médicos juntados pelo autor,em detrimento do parecer do perito judicial. Contudo, da leitura do acórdão prolatado, verifico que a questão foiexpressamente examinada no item “3” do voto proferido pela MMa. Juíza Federal Relatora (fl. 82), inexistindo a omissãoaventada. Acresça-se que, tendo sido feita análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dosrequerimentos formulados, não é admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo

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julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. AosEmbargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisãoatacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Fls. 99/100: Não vislumbrada a possibilidade de postergação indevida no cumprimento do julgado assim queultimada a análise recursal, indefiro o requerimento para concessão de tutela cautelar.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

9 - 0001935-81.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001935-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ELIZA PEPE PEREIRA (ADVOGADO: ES004525 -ADELIA DE SOUZA FERNANDES.).RECURSO Nº 0001935-81.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001935-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIZA PEPE PEREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 148/153, contra acórdão prolatado às fls. 144/145 ao argumentode existência de omissão, uma vez que a parte autora nos períodos de 03.03.1975 a 30.11.1978, e de 01.02.1979 a01.10.1980, não verteu contribuição para regime próprio de previdência social, mas teve-os considerados para a concessãode aposentadoria como servidora pública. Afirma que a manutenção do entendimento adotado no acórdão recorridoimplicaria a contagem dúplice de períodos de trabalho em que a segurada manteve vínculo apenas no Regime Geral daPrevidência Social. De igual modo, alega, para fim de prequestionamento, que o acórdão negou aplicação ao art. 201, §9º,da Constituição da República de 1988, e aos arts. 96, II, III, e 98, da Lei n. 8.213/91.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifico que a autarquia previdenciária, no seu recurso inominado, afirmouque o entendimento adotado na sentença era contrário ao disposto pelo art. 96, II e III, da Lei n. 8.213/91, o que não foiexaminado na decisão ora recorrida com base na análise integral do acervo probatório. Com efeito, a certidão, juntada à fl.21, informa que a parte autora somente ingressou em regime próprio de previdência a partir de 01.12.1994, nos termos daLei Complementar Estadual n. 46/94. A certidão, de fl. 81, retificou parcialmente tal informação, para fazer constar que nosperíodos de 02.03.1970 a 31.12.2970, 01.03.1971 a 31.12.1971 e de 29.02.1972 a 28.02.1974, a demandante integrou oregime próprio de previdência então existente, mas que foi empregada do Estado do Espírito Santo, com contrato obedienteàs regras da Consolidação das Leis do Trabalho, entre 19.02.1975 e 30.11.1994. Nesse intervalo, as contribuições por elavertidas, como professora integrante da Secretaria Estadual de Educação, eram destinadas ao Regime Geral da

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Previdência Social, motivo por que, ainda que ela tivesse dois vínculos com a Seguridade Social, não poderia haver acontagem deles de forma concomitante. Nesse sentido, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça em julgamento doRESP 687.479/RS (Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 30.05.2005, p. 410):PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SEGURADO JÁ APOSENTADO NO SERVIÇO PÚBLICO COM UTILIZAÇÃODA CONTAGEM RECÍPROCA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA JUNTO AO RGPS. TEMPO NÃO UTILIZADO NOINSTITUTO DA CONTAGEM RECÍPROCA. FRACIONAMENTO DE PERÍODO. POSSIBILIDADE. ART. 98 DA LEI N.º8.213/91. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA.1. A norma previdenciária não cria óbice a percepção de duas aposentadorias em regimes distintos, quando os tempos deserviços realizados em atividades concomitantes sejam computados em cada sistema de previdência, havendo a respectivacontribuição para cada um deles.2. O art. 98 da Lei n.º 8.213/91 deve ser interpretado restritivamente, dentro da sua objetividade jurídica. A vedação contidaem referido dispositivo surge com vistas à reafirmar a revogação da norma inserida na Lei n.º 5.890/73, que permitia oacréscimo de percentual a quem ultrapassasse o tempo de serviço máximo, bem como para impedir a utilização do tempoexcedente para qualquer efeito no âmbito da aposentadoria concedida.3. É permitido ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado, possibilitando ao segurado daPrevidência Social levar para o regime de previdência próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo deserviço que lhe seja necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime. Tal período, uma vez considerado nooutro regime, não será mais contado para qualquer efeito no RGPS. O tempo não utilizado, entretanto, valerá para efeitosprevidenciários junto à Previdência Social.4. Recurso especial a que se nega provimento.

04. Compulsando-se os autos, noto que a duplicidade de vínculos junto ao Regime Geral da Previdência Socialexistiu entre 03.03.1975 e 30.11.1978; 01.02.1979 e 01.10.1980, porém não em relação ao interstício entre 10.03.1994 e01.02.1998. O somatório dos dois primeiros intervalos perfaz 5 anos, 4 meses e 29 dias, cuja exclusão do tempo decontribuição impede que a autora tenha completado os 25 anos exigidos para aposentadoria como professora em tempointegral (art. 56, da Lei n. 8.213/91, art. 201, §8º, da Constituição da República de 1988).

05. No que atine ao prequestionamento requerido, ressalto que o julgador não está obrigado a analisarexplicitamente cada um dos argumentos, teses e teorias aduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamentea lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão derecurso extraordinário não está condicionada à referência explícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdãorecorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese – que a interpretação da norma constitucional discutida tenhalastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI (Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p.36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os embargos e dou-lhes parcial provimento para acrescer a fundamentação acima declinadano acórdão de fls. 144/145, passando a constar no dispositivo que o recurso inominado do INSS foi parcialmente providopara excluir os intervalos entre 03.03.1975 e 30.11.1978; e 01.02.1979 e 01.10.1980 do tempo a ser considerado para aconcessão de aposentadoria por tempo de contribuição à parte autora e, por conseguinte, julgar improcedente o pedidopara implantar o referido benefício, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, porquanto não somado tempoigual ou superior a 25 anos.

07. Ante a sucumbência em menor fração, a condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios nãomais subsiste, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

10 - 0104028-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104028-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO HENRIQUEGONÇALEZ CARVALHO (ADVOGADO: ES019660 - APARECIDA KETTLEN COSTA DALFIOR.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.).RECURSO Nº 0104028-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104028-8/01)RECORRENTE: PAULO HENRIQUE GONÇALEZ CARVALHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

PAULO HENRIQUE GONÇALEZ CARVALHO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 92/98, contra acórdãoproferido às fls. 88/89 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não semanifestou acerca da repercussão geral sobre a presente matéria reconhecida nos autos do RE 710.293/SC. Requer,ainda, manifestação acerca da suspensão dos prazos processuais para a interposição de outros recursos, se necessários.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Acrescento que a repercussão geral é questão preliminar cuja análise deve ser feita no bojo dojuízo de admissibilidade do recurso extraordinário (art. 543-A, §2º, do Código de Processo Civil), não estando a TurmaRecursal obrigada a suspender o julgamento de recursos inominados ou a mencionar a existência de questão, comrepercussão geral reconhecida, no corpo de seus julgados. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo deefeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel.Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Insta salientar que não há que se falar em suspensão de prazo processual para interposição de outros recursos.O que se suspende, nos termos do artigo 543-B, § 1º do Código de Processo Civil, é a tramitação do recurso extraordinárioeventualmente interposto.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Page 13: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

11 - 0000590-70.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000590-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMELIA REGINA MANZANOCOELHO (ADVOGADO: ES015776 - Dermeval César Ribeiro Júnior, ES009734 - DERMEVAL CESAR RIBEIRO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO Nº 0000590-70.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000590-7/01)RECORRENTE: AMELIA REGINA MANZANO COELHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

AMELIA REGINA MANZANO COELHO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 68/75, contra acórdãoproferido às fls. 64/65 ao argumento de existência de contradição e omissão. Para tanto, sustenta que o acórdãoembargado é contraditório ao afirmar que o auxílio-alimentação tem natureza indenizatória e aplicar o enunciado n. 339 dasúmula do STF que trata de verba salarial. Prequestiona os artigos 5º e 7º da Constituição da República de 1988.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Insta salientar que, no acórdão recorrido, destacou-se que “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal écontrária à possibilidade de decisão judicial equiparar o valor do auxílio-alimentação pago aos servidores de diferentesPoderes (enunciado n. 339, da súmula da jurisprudência do STF; AgRg no RE 804.768-BA, Segunda Turma, Rel. Min.Cármen Lúcia, j. 03.06.2014)”. Diferentemente do alegado pela embargante, a existência do enunciado n. 339, da súmulada jurisprudência do STF, não foi fundamento exclusivo do julgamento, tampouco ela foi adotada com conteúdo vinculante,motivo por que a sua referência – para embasar a impossibilidade de haver aumento do valor pago a título deauxílio-alimentação sem amparo legal específico – não caracteriza omissão ou contradição a ser sanada pela interposiçãode embargos de declaração.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucional

Page 14: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

pertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

12 - 0002187-21.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002187-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x PEDRO BESTETI(ADVOGADO: ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA.).RECURSO Nº 0002187-21.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002187-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PEDRO BESTETIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 154/161, contra acórdão proferido às fls. 149/151 ao argumentode existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado é omisso e contraditório em relaçãoà obrigatoriedade de laudo técnico que tenha medido a intensidade do ruído no local de trabalho, bem como sobre osrequisitos exigidos pela legislação previdenciária para a validade e idoneidade de PPP. Alega, ainda, que o acórdão deixoude se pronunciar sobre as questões constitucionais que envolvem a utilização eficaz do EPI.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Assinalo que o conteúdo do laudo técnico de fls. 93/99 foi objeto de análise no item “2” do acórdão recorrido (fl.149), tendo a MMa. Juíza Federal Relatora consignado que as conclusões constantes naquele documento nãoprevaleceriam diante das informações veiculadas no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), o que afasta a omissãoaventada. De igual modo, a argumentação relacionada à alegação de que a utilização de Equipamento de ProteçãoIndividual não extinguiu a nocividade a que estava exposto o trabalhador foi considerada no item “9” da decisão atacada (fl.151), o que infirma a suposta omissão do acórdão.

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05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Publique-se. Intimem-se.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

13 - 0004783-83.2004.4.02.5050/04 (2004.50.50.004783-3/04) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE FÁTIMA SOUZA(ADVOGADO: ES001055 - CLEBER AFONSO BARROS SILVEIRA, ES012558 - BRENO BONELLA SCARAMUSSA,ES010550 - ISAAC PANDOLFI, ES009173 - ITALO SCARAMUSSA LUZ, ES016758 - GABRIEL FREIRE DE OLIVEIRA.) xJuiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNOMIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0004783-83.2004.4.02.5050/04 (2004.50.50.004783-3/04)RECORRENTE: MARIA DE FÁTIMA SOUZARECORRIDO: Juiz Federal do 2º Juizado Especial FederalRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

1. A impetrante interpôs Embargos de Declaração contra decisão monocrática que indeferiu a inicial do mandado desegurança, com fulcro nos artigos 10 e 23 da Lei n. 12.016/2009 c/c artigo 267, I do Código de Processo Civil. Alega que adecisão é omissa porque teria deixado de se manifestar quanto à existência de contradição na decisão do Juízo a quo; éobscura porque não especifica os fundamentos pelos quais considerou a pretensão executiva superada pela decisão de fl.404 dos autos principais e, contraditória, ao declarar que a análise do pedido alternativo de execução da multa de R$200,00 restou superada pelo despacho que ordenou a intimação pessoal do Gerente Executivo do INSS para cumprimentointegral da sentença, já que a pretensão da referida multa só veio a ser manifestada em fevereiro/2014.2. Embora tenha entendimento pessoal de que os embargos de declaração podem ser interpostos contra qualquermanifestação judicial com conteúdo decisório, observo que a jurisprudência majoritária é favorável à admissão dosembargos de declaração, interpostos com o intuito de substituir a decisão monocrática do relator impugnada, como agravoregimental (cf. STJ, EDcl na Rcl 19.350/MT, Segunda Seção, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJE 26.09.2014; EDcl no ARESP519.224/SC, Terceira Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE 09.10.2014), sendo essa a regra veiculada pelo art.6º, §5º do Regimento Interno das Turmas Recusais do Espírito Santo.3. Com base nos princípios da economia processual e da fungibilidade e, por não considerar erro grosseiro, tendo sidoobservado o prazo recursal, os presentes embargos de declaração são admitidos como agravo regimental.4. É o relatório do necessário. Passo a decidir.5. O objeto do presente mandado de segurança é a execução de multa diária de R$ 1.000,00, fixada na sentença proferidanos autos do processo n. 0004783-83.2004.4.02.5050. Alternativamente, a impetrante pretende a execução da multa de R$200,00, fixada na decisão de fl. 414 dos autos n. 0004783-83.2004.4.02.5050 (fl. 420 dos presentes).6. Ressalto, inicialmente, que eventual contradição na decisão do Juízo a quo não é questão a ser analisada em sede demandado de segurança.7. O pedido de prosseguimento da execução da multa diária fixada na sentença proferida nos autos n.0004783-83.2004.4.02.5050 foi indeferido pela autoridade coatora, tendo o impetrante tomado ciência da negativa em19/11/2013, conforme se infere do sistema eletrônico de acompanhamento processual mantido pela Seção Judiciária doEspírito Santo. Não obstante isso, o presente mandado de segurança foi impetrado somente em 17/07/2014, o que levou ailustre magistrada prolatora da decisão recorrida a julgar extinto o mandado de segurança, sem resolução do mérito.8. Observo que, diferentemente do alegado pelo ora agravante, não se afirmou que a pretensão executória restariasuperada pela decisão de fl. 404 dos autos originais. A decisão, proferida à fl. 505 dos autos n. 0004783-83.2004.4.02.5050em 24/10/2013, publicada do diário eletrônico em 19/11/2013 é que indeferiu o pedido, sob o fundamento de que a multaprevista no artigo 475-J, do Código de Processo Civil, teria sido revogada por meio da decisão de fl. 404 daqueles autos. A

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pretensão da execução da multa fixada na sentença não foi analisada pela decisão monocrática, ora agravada, em razão daintempestividade do presente mandado de segurança. Sendo assim, não há qualquer esclarecimento a ser feito acerca dotema.9. No que tange ao pedido alternativo, observando-se os desdobramentos do processo 0004783-83.2004.4.02.5050, tem-seque o pedido de arbitramento de multa por descumprimento de ordem judicial (fls. 307/310 dos autos originais) foi indeferidonos termos da referida decisão de fl. 404. Inconformada, a parte autora apresentou o requerimento, ora reproduzido às fls411/412, que ensejou o despacho de fl. 420, o qual determinou a intimação do INSS para cumprimento da sentença, sobpena de multa diária de R$ 200,00. Em cumprimento ao despacho de fl. 420, o INSS juntou os documentos de fls. 421/425.Ademais, em decorrência da manifestação da parte autora, após o desarquivamento dos autos, foi proferido o despacho defl. 431, no qual se determinou a intimação pessoal do Gerente Executivo do INSS para cumprir integralmente a sentença,sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, que, por conseguinte, substituiu o despacho de fls. 420.10. Posto isso, conheço o recurso, mas nego-lhe provimento.11. Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos.12. Publique-se.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

14 - 0000225-55.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000225-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA DAS GRAÇAS BRAGANASCIMENTO (ADVOGADO: ES004924 - ALFREDO ERVATI.).RECURSO Nº 0000225-55.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000225-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DAS GRAÇAS BRAGA NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 195/202, contra acórdão prolatado às fls. 190/192 aoargumento de existência de contradição e omissão. Para tanto, sustenta que, embora o acórdão embargado tenha decididoque a existência de vínculos urbanos não afastaria a qualidade de segurado especial, a consulta ao banco de dados CNISdemonstra que a parte autora era servente, o que infirmaria a alegação de que ela se dedicava ao trabalho rural. Outrossim,afirma que o julgado conteria omissão, pois a renda obtida por fontes diversas da atividade rurícola seria superior à quantiaobtida com esse trabalho, aplicando-se a parte final do enunciado n. 41, da súmula da TNU, na hipótese vertente.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando os alegados vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, saliento que - no quetange à contradição alegada - ela configura vício a ser corrigido, mediante interposição de embargos de declaração, se nojulgado “se incluem proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de ProcessoCivil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Contudo, na presente hipótese, verifico que o acórdão nãocontém divergência interna, não sendo possível rever a valoração dada à prova por meio dos Embargos de Declaração.Ademais, no item 6, do acórdão recorrido, é mencionado que a qualificação da autora como “merendeira” foi obtida emaudiência de instrução e julgamento, tendo sido considerado pelo julgador que tal informação se sobreporia ao dadolançado no CNIS.

04. Em relação à omissão aventada, a MMa. Juíza Federal Relatora examinou expressamente a aplicação doenunciado n. 41, da súmula da jurisprudência da TNU, no item 11 do acórdão (fl. 191), tendo aduzido que a obtenção derenda, excedente daquela auferida no trabalho rural, era necessária para sustento da família da demandante, composta por14 filhos (item 7 do acórdão). Portanto, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada eescorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante ainterposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes emface do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitosinfringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min.Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIO

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JURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

15 - 0004800-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004800-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO VINICIUS SANTOSCOUTINHO E OUTRO (ADVOGADO: ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO, ES016559 - IGOR STEFANOMMELGAÇO, ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO, ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTAO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0004800-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004800-3/01)RECORRENTE: PAULO VINICIUS SANTOS COUTINHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INTEMPESTIVOS. NÃO CONHECIMENTO. ERRO MATERIAL INEXISTENTE.

PAULO VINÍCIUS SANTOS COUTINHO e OUTROS interpõem recurso de Embargos de Declaração, às fls. 118/120, contraacórdão proferido às fls. 77/78 ao argumento de existência de erro material. Sustentam, para tanto, que o julgado contémvício por não ter condenado a parte vencida no pagamento de honorários advocatícios.

02. O acórdão embargado foi publicado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 2ª Região em 12/11/2013 (fl. 79).O INSS interpôs embargos de declaração (fls. 82/106), alegando omissão e contradição acerca da interpretação dada aoart. 201, IV, da Constituição da República de 1988, e da EC 20/98, quanto à renda mensal do segurado no momento daprisão e quanto aos juros de mora. Os embargos de declaração interpostos pela autarquia foram parcialmente providos,apenas para alterar o acórdão quanto aos juros de mora. Sendo assim, não se abriu novo prazo para a parte autoraapresentar embargos de declaração, objetivando a modificação do julgado no que tange aos honorários advocatícios.Verificada a intempestividade do recurso, ele não deve ser conhecido.

03. Contudo, considerando que o erro material pode ser sanado a qualquer tempo, observo que, na hipótese,inexiste vício a ser corrigido. O artigo 55 da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária.Não há previsão legal, na disciplina especial dos Juizados Especiais, capaz de amparar a condenação do recorrido, que seabsteve de interpor recurso próprio, ao pagamento da verba honorária em favor do patrono da parte contrária. Presente talregramento específico, sequer se pode falar em lacuna legislativa, de modo a atrair a aplicação, por analogia, das regrasgerais do Código de Processo Civil. Nesse contexto, a questão se resolve pelo princípio da especialidade. Cabe aointérprete da lei prestigiar a regra especial, circunscrita ao seu âmbito de incidência, sempre que verificado conflito em faceda regra geral.

04. Posto isso, não conheço os Embargos de Declaração, por serem intempestivos, observando que não háqualquer erro material a ser sanado no acórdão embargado.

05. Prossiga-se com o processamento dos recursos de fls. 123/138 e 139/161.

06. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

16 - 0003136-45.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.003136-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x THEA MARIA BAPTISTA (ADVOGADO:ES010220 - MICHELLE RODRIGUES SANTANA.).RECURSO Nº 0003136-45.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.003136-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: THEA MARIA BAPTISTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO PROVIDO. PEDIDO JULGADOIMPROCEDENTE.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 165/169, contra acórdão prolatado às fls. 161/162, que mantevesentença que julgara procedente pedido para determinar que a autarquia previdenciária fornecesse declaração de tempo decontribuição no período de 19.07.1982 a 17.09.1992 (trabalhado junto à Secretaria Estadual de Educação) e procedesse àsua respectiva averbação em certidão de tempo de contribuição da parte autora. Sustenta que haveria omissão no acórdão,uma vez que a demandante não verteu contribuição para regime próprio de previdência social no período de 19.07.1982 a16.02.1992, sendo ele concomitante ao interstício de 20.03.1980 a 20.03.2005, já utilizado para concessão deaposentadoria no Regime Geral da Previdência Social. Afirma que a manutenção do entendimento adotado no acórdãorecorrido implicaria a contagem dúplice de períodos de trabalho em que a segurada manteve vínculo apenas no RegimeGeral da Previdência Social. De igual modo, alega, para fim de prequestionamento, que o acórdão negou aplicação ao art.201, §9º, da Constituição da República de 1988, e aos arts. 96, II, III, e 98, da Lei n. 8.213/91.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifico que o INSS, no seu recurso inominado, afirmou que o entendimentoadotado na sentença era contrário ao disposto pelo art. 96, II e III, da Lei n. 8.213/91, o que não foi examinado na decisãoora recorrida com base na análise integral do acervo probatório. Com efeito, a parte autora somente ingressou em regimepróprio de previdência em 18.02.1992 (fl. 95), tendo sido empregada do Estado do Espírito Santo, com contrato obedienteàs regras da Consolidação das Leis do Trabalho, entre 19.07.1982 e 17.02.1992. Nesse intervalo, as contribuições por elavertidas, como professora integrante da Secretaria Estadual de Educação, eram destinadas ao Regime Geral daPrevidência Social, motivo por que, ainda que ela tivesse dois vínculos com a Seguridade Social (o segundo com oMunicípio de Cachoeiro de Itapemirim, fl. 42), não poderia haver a contagem deles de forma concomitante. Desse modo, operíodo de coincidência (19.07.1982 a 17.09.1992) não poderia ser averbado em certidão de tempo de contribuição a serexpedida para embasar requerimento de aposentadoria no regime próprio da previdência de servidores. Nesse sentido,posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 687.479/RS (Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ30.05.2005, p. 410):PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SEGURADO JÁ APOSENTADO NO SERVIÇO PÚBLICO COM UTILIZAÇÃODA CONTAGEM RECÍPROCA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA JUNTO AO RGPS. TEMPO NÃO UTILIZADO NOINSTITUTO DA CONTAGEM RECÍPROCA. FRACIONAMENTO DE PERÍODO. POSSIBILIDADE. ART. 98 DA LEI N.º8.213/91. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA.1. A norma previdenciária não cria óbice a percepção de duas aposentadorias em regimes distintos, quando os tempos deserviços realizados em atividades concomitantes sejam computados em cada sistema de previdência, havendo a respectivacontribuição para cada um deles.2. O art. 98 da Lei n.º 8.213/91 deve ser interpretado restritivamente, dentro da sua objetividade jurídica. A vedação contidaem referido dispositivo surge com vistas a reafirmar a revogação da norma inserida na Lei n.º 5.890/73, que permitia oacréscimo de percentual a quem ultrapassasse o tempo de serviço máximo, bem como para impedir a utilização do tempoexcedente para qualquer efeito no âmbito da aposentadoria concedida.3. É permitido ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado, possibilitando ao segurado daPrevidência Social levar para o regime de previdência próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo deserviço que lhe seja necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime. Tal período, uma vez considerado nooutro regime, não será mais contado para qualquer efeito no RGPS. O tempo não utilizado, entretanto, valerá para efeitosprevidenciários junto à Previdência Social.4. Recurso especial a que se nega provimento.

04. No que atine ao prequestionamento requerido, ressalto que o julgador não está obrigado a analisarexplicitamente cada um dos argumentos, teses e teorias aduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamentea lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel. Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão derecurso extraordinário não está condicionada à referência explícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdãorecorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese – que a interpretação da norma constitucional discutida tenhalastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo SupremoTribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI (Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p.

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36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os embargos, e lhes dou provimento para conhecer o recurso inominado interposto peloINSS às fls. 146/153, ao qual dou provimento a fim de julgar improcedente o pedido formulado pela parte autora, nostermos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, deacordo com o disposto pelo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

17 - 0006384-46.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006384-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIÃO MATIASSOBRINHO (DEF.PUB: VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES010550- ISAAC PANDOLFI, ES003712 - WAGNER DE FREITAS RAMOS, ES012558 - BRENO BONELLA SCARAMUSSA,ES009173 - ITALO SCARAMUSSA LUZ.).RECURSO Nº 0006384-46.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006384-7/01)RECORRENTE: SEBASTIÃO MATIAS SOBRINHORECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.CAIXA ECONÔMICA FEDERAL interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 190/191, contra acórdão proferido àsfl. 186 ao argumento de existência de obscuridade. Sustenta, para tanto, que o julgado é obscuro, porque teria deixado deanalisar a necessidade de condenação da parte vencida no pagamento dos honorários advocatícios, sob o estritoentendimento do artigo 12 da Lei n. 1060/50.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dospedidos formulados. No acórdão recorrido, foi sufragado entendimento no sentido de que a disposição do art. 12, da Lei n.1.060/50, dispensa a referência à expressão pecuniária da verba de sucumbência devida pela parte beneficiária dagratuidade de justiça, não sendo os Embargos de Declaração o recurso cabível para substituir a decisão atacada.

03. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

04. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

05. É como voto(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

18 - 0001364-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001364-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO BERNARDINOXAVIER (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0001364-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001364-5/01)RECORRENTE: ANTONIO BERNARDINO XAVIERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. SENTENÇA REFORMADA NO JULGAMENTO DE EMBARGOS DEDECLARAÇÃO. NULIDADE NÃO CARACTERIZADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO APENASPARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS.

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ANTONIO BERNARDINO XAVIER interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 126/129, contra acórdão prolatadoàs fls. 121/122 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, que o acórdão embargado não se manifestouacerca da alegação de nulidade absoluta da sentença por violação do devido processo legal. Afirma que o juízo de origem,ao julgar embargos de declaração interpostos pelo INSS, reformou a sentença que havia julgado procedente o pedido.Alega que houve violação da preclusão pro judicato e inobservância da exceção reconhecida pelos tribunais, acerca doreconhecimento dos efeitos infringentes nos embargos de declaração. Requer o provimento do recurso para sanar aomissão, a fim de declarar a nulidade da decisão proferida em sede de embargos de declaração.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, verifico que a alegadaomissão não acarreta a nulidade do acórdão embargado, cabendo apenas acrescer fundamentação a fim de tornar aquestão indene de dúvidas.

04. Compulsando os autos, observo que a sentença de fls. 79/80 julgou procedente o pedido do autor para condenaro INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença, bem como a convertê-lo em aposentadoria por invalidez. No entanto,ao julgar os embargos de declaração interpostos pela autarquia (fls. 82/84), o juízo de origem reconheceu a existência decontradição na sentença e deu provimento ao recurso, modificando a fundamentação e o dispositivo do julgado, para julgarimprocedente o pedido (fl. 96), do que decorreu inclusive a revogação, sem efeitos retroativos, da decisão que antecipou osefeitos da tutela (fl. 29).

05. Em que pese à argumentação do embargante, não há que se falar em nulidade, uma vez que a reforma dasentença decorreu do reconhecimento, pelo magistrado, da existência de contradição no primeiro julgado. Portanto, foramdevidamente observados os limites da cognição e dos efeitos inerentes aos embargos de declaração. Embora se trate derecurso de integração e não de revisão, o qual não se presta à rediscussão da lide e das questões já decididas, é certo que,uma vez constatado algum dos vícios previstos nos artigos 535 do Código de Processo Civil e 48 da Lei nº 9.099/95, cabeao julgador sanar a falha identificada, do que pode decorrer inclusive a excepcional atribuição de efeitos infringentes.Pretender o contrário significaria tornar inócuo o recurso, impedindo que o mesmo juízo prolator da decisão possaaperfeiçoar a prestação jurisdicional, sempre que verificada contradição, omissão ou obscuridade capaz de prejudicar aconclusão do julgamento ou a compreensão do que restou decidido.

06. Na espécie vertente, observo que a falha constatada pelo juízo de origem caracteriza autêntica contradição, oque acarretou o provimento do recurso, com inevitável eficácia modificativa. Trago à colação, por oportuno, o teor dadecisão de fl. 96:“O INSS interpôs embargos de declaração argüindo vício na sentença recorrida. Alegou que o perito afirmou que o autorpossui aptidão para exercer a atividade habitual de assistente administrativo.Razão assiste ao embargante.O perito concluiu que o autor não possui aptidão para exercer a atividade habitual de agricultor (fl. 25). Em laudocomplementar, porém, afirmou que o autor possui aptidão para exercer a atividade de assistente administrativo (fl. 53).A sentença recorrida concluiu que a atividade habitual a ser considerada é a de assistente administrativo, mas julgou opedido procedente (fl. 79/80).Tendo o perito concluído pela aptidão do autor para exercer a atividade habitual de assistente administrativo, não há que sefalar em incapacidade para o trabalho. Sem incapacidade para o trabalho, o pedido é improcedente.A sentença incorreu em vício de contradição. Trata-se de vício que merece reparo mediante a via eleita.Posto isso, conheço dos embargos de declaração e lhes dou provimento para que a sentença recorrida seja integrada coma presente fundamentação e a parte dispositiva da sentença recorrida passe a contar com a seguinte redação:‘Isto posto, julgo improcedente o pedido. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/01).Revogo a decisão à fl. 29, sem efeitos retroativos. Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela,posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seurecebimento (Súmula nº 51 TNU). Intime-se a EADJ para cessar o NB 31/548.432.883-3.Após o trânsito em julgado, arquivem-se’.Intimem-se”.

07. Nesse contexto, não vislumbro a alegada preclusão pro judicato, sobretudo diante do disposto no art. 463, II, doCódigo de Processo Civil. Ainda assim, tendo em vista que houve arguição da suposta nulidade no recurso inominado (fls.100/104), viabiliza-se o provimento dos declaratórios apenas para esclarecimento do julgado, nos termos da fundamentaçãoora expendida.

08. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento parcial apenas para acrescera fundamentação acima expendida, sem modificação do resultado expresso no acórdão embargado.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

19 - 0000793-62.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000793-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DANIELA DOMINICINI EOUTRO (ADVOGADO: ES009597 - ZILMAR JOSE DA SILVA JUNIOR.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL(ADVOGADO: ES012071 - FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA, ES003609 - AMANTINO PEREIRA PAIVA.).RECURSO Nº 0000793-62.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000793-7/01)RECORRENTE: DANIELA DOMINICINIRECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALEGAÇÕES DO RECORRENTE NÃO APRECIADAS. OMISSÃO NO JULGADO.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO PARA ACRESCER FUNDAMENTAÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO, SEMMODIFICAÇÃO DO RESULTADO NELE EXPRESSO.

DANIELA DOMINICI BRANDIÃO e ANDRÉ FARIAS BRANDIÃO interpõem recurso de Embargos de Declaração, às fls.132/135, contra acórdão proferido às fls. 128/129, ao argumento de existência de omissão, uma vez que não houvepronúncia sobre o alegado cerceamento de defesa oriundo de indeferimento do requerimento para oitiva de testemunha. Oacórdão também seria omisso, ante a ausência de análise de provas que demonstravam que, à data em que a CaixaEconômica Federal incluiu o nome da autora Daniela Dominici Brandião em cadastro de devedores inadimplentes, inexistiaoutra inserção de igual teor, bem como por não ter sido examinada a alegação de que o valor da indenização por danomoral (R$ 1.500,00) foi definida em patamar irrisório.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno queo acórdão atacado incorreu em efetiva omissão por não ter sido nele analisada a alegação de que a sentença seria nula,por cerceamento indevido do direito da parte autora em produzir prova dos fatos constitutivos do direito por ela afirmado.04. Nesse sentido, assinalo que os recorrentes aduzem que a Caixa Econômica Federal praticou ato ilícito aoincluírem seus nomes em cadastro de devedores inadimplentes, não obstante eles tenham pago pontualmente as parcelasdefinidas em contrato de mútuo feneratício celebrado com a instituição financeira. Afirmam que a inscrição aludidacausou-lhes excepcional transtorno psicológico, uma vez que ficaram impedidos de obter crédito. Da análise das provascarreadas aos autos, verifico que a magistrada sentenciante (fls. 58/59) acertadamente observou que os autores nãodeixaram de pagar as prestações acordadas, razão por que entendeu que a empresa pública federal praticou ato ilícitosuscetível de reparação mediante indenização dos danos morais suportados.

05. Desse modo, constato que a produção de prova testemunhal não seria necessária, pois o acervo probatóriocoligido nos autos já era suficiente para demonstração dos fatos constitutivos do direito alegado pelos demandantes. Logo,ante a regra veiculada pelo art. 400, I, do Código de Processo Civil, o seu indeferimento teve suporte legal, razão por que asentença não deve ser declarada nula.

06. De igual forma, assiste razão aos Embargantes no que concerne à alegação de omissão na análise de prova quedemonstraria a inexistência de registros pretéritos em cadastro de devedores inadimplentes. Contudo, o exame dosdocumentos juntados não leva à modificação do entendimento contrário ao julgamento de procedência do pedido. Nessesentido, assinalo que a inscrição indevida – ora discutida - seria originária de débito oriundo do contrato n. 5071800006891(fl. 58). Na relação de fls. 63/64, observa-se que a inscrição referente a tal dívida deu-se em 13.02.2011; porém, a autoraDaniela Dominicini Brandião já havia tido o seu nome inserido no cadastro restritivo em 16.08.2010 (Banco Santander S/A),13.09.2010 (BANESTES S/A), 03.10.2010 (CITIBANK S/A), 21.10.2010 (Caixa Econômica Federal, contrato n.000000000000717803), 07.01.2011 (Banco do Brasil S/A), 08.01.2011 (Caixa Econômica Federal, contrato n.5187670623844572) e 09.01.2011 (Banco do Brasil S/A). Portanto, não identifico fundamento idôneo para modificar asconclusões adotadas no acórdão recorrido.

07. Ademais, no que tange ao valor da indenização por danos morais a ser paga a André Farias Brandião, ressaltoque a MMa. Juíza Federal Relatora entendeu que a quantia definida pelo Juízo a quo era proporcional à reparação do danoconstatado, razão por que não a modificou. Nessa hipótese, não resta caracterizada omissão a ser sanada pelo recurso oraanalisado, pois não é admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão sobejamente analisada peladecisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.

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1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

08. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para incluir afundamentação acima expendida no acórdão embargado, sem modificação do resultado nele expresso.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

20 - 0000449-18.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000449-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURIETA VIEIRA ARAUJO(ADVOGADO: ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT, ES010835 - ALMIR MELQUIADES DA SILVA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).RECURSO Nº 0000449-18.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000449-1/01)RECORRENTE: LAURIETA VIEIRA ARAUJORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADA ESPECIAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.PROVIMENTO DO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA. CONDENAÇÃO DA PARTE RECORRIDA AOPAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95. VERBA HONORÁRIAINDEVIDA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 151/159, contra acórdão prolatado à fl. 148 ao argumento deexistência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, que o acórdão embargado não se manifestou acerca daprescrição quinquenal, a contar do ajuizamento da ação, embora tal matéria tenha sido suscitada na contestação. Alega,também, que o acórdão embargado determinou a aplicação de correção monetária na forma do Manual de Cálculos doCJF, o qual prevê o INPC como índice a ser utilizada nas lides previdenciárias. Contudo, segundo argumenta, talentendimento contraria a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento das ADIs 4357 e 4425, uma vezque houve manifestação expressa no sentido de que o índice de correção monetária seria fixado pelo Supremo TribunalFederal em momento superveniente quando da análise da modulação dos efeitos. Afirma, com base em decisão proferidapelo Exmo. Min. Teori Zavascki no bojo da Reclamação nº 16.745, que adotar posicionamento sobre a matéria que seencontra pendente de julgamento no STF implicaria violação ao disposto no art. 102, §2º, da Constituição da República de1988. Alega, ainda, que, conquanto o recurso inominado tenha sido interposto pela parte autora, o ora embargante foicondenado ao pagamento de honorários advocatícios. Aduz, com base no art. 55 da Lei nº 9.099/95 e no enunciado nº 57do FONAJEF, que somente o recorrente vencido deve arcar com os honorários, razão pela qual não deve havercondenação para o recorrido. Requer o provimento do recurso para sanar os vícios apontados.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando os alegados vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, verifico que, embora oora embargante não tenha suscitado a suposta prescrição quinquenal nas contrarrazões ao recurso inominado (fls.139/141), a questão deve ser apreciada, ante o disposto no art. 219, §5º, do Código de Processo Civil, que permite oconhecimento da matéria inclusive de ofício. Ademais, tal alegação constou da contestação apresentada perante o juízo deorigem (fl. 59).

04. Compulsando os autos, observo que o primeiro requerimento administrativo de aposentadoria por idade foiformulado pela autora em 17/12/2002, o qual restou indeferido pela autarquia em 08/01/2003 (fls. 11 e 40). Ressalto que a

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prescrição, na espécie, não atinge o fundo de direito reclamado, mas fulmina apenas a pretensão de recebimento dasprestações vencidas mais de 05 (cinco) anos antes do ajuizamento da demanda, consoante prevê o art. 103, parágrafoúnico, da Lei nº 8.213/91 (cf. STF, RE 626.489/SE, Pleno, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJE 22.09.2014). Assim, tendo aação sido proposta em 26/06/2009 (data da apresentação da petição inicial – fl. 01), impõe-se reconhecer que asprestações vencidas antes de 26/06/2004 foram atingidas pela prescrição (art. 219, §1º, do Código de Processo Civil).

05. Destaco, também, que não se operou a decadência, no que tange à revisão do ato administrativo que indeferiu obenefício, porquanto o art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91, prevê o prazo decenal, contado do dia da ciência, pelo segurado,da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. Mesmo em face da redação antiga do mencionado dispositivolegal (anterior à Lei nº 10.839/04), a conclusão não seria diversa, uma vez que a Lei nº 9.528/97, que alterou a redaçãooriginal do referido artigo, já previa a decadência decenal. Embora não haja comprovação inequívoca nos autos acerca dadata na qual a autora tomou ciência da decisão indeferitória, vejo que a carta de comunicação de decisão foi emitida peloINSS em 08/01/2003 (fl. 40), de modo que, proposta a ação em 26/06/2009, não se consumou o prazo decadencial.

06. Em relação à omissão aventada no acórdão, por ter adotado os critérios de atualização monetária previstos noManual de Cálculos do CJF, o qual prevê o INPC/IBGE como índice a ser aplicado para tal intento em demandasprevidenciárias, ressalto que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

07. O Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputoprevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice de atualização dosbenefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça(cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

08. Examinando o alegado vício de contradição na condenação ao pagamento de honorários advocatícios, comfundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, saliento que o artigo 55, da Lei 9.099/95, estabelece que o recorrentevencido pagará tal verba. Não há previsão legal, na disciplina especial dos Juizados Especiais, capaz de amparar acondenação do recorrido, que se absteve de interpor recurso próprio, ao pagamento da verba honorária em favor dopatrono da parte contrária. Presente tal regramento específico, sequer se pode falar em lacuna legislativa, de modo a atraira aplicação, por analogia, das regras gerais do Código de Processo Civil. Nesse contexto, a questão se resolve peloprincípio da especialidade. Cabe ao intérprete da lei prestigiar a regra especial, circunscrita ao seu âmbito de incidência,sempre que verificado conflito em face da regra geral. Logo, assiste razão ao Embargante, uma vez que a condenação aopagamento de honorários advocatícios ao recorrido vencido não tem amparo legal.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para excluir dacondenação as prestações vencidas antes de 26/06/2004, em razão da prescrição quinquenal, bem como para suprimir acondenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado. Mantenho, incólume, quanto aomais, o acórdão embargado.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

21 - 0000256-12.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000256-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x HELENIR MULINARI ZANDOMENEGHE(ADVOGADO: ES005098 - SIRO DA COSTA.).RECURSO Nº 0000256-12.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000256-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: HELENIR MULINARI ZANDOMENEGHERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERROS MATERIAIS NA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZOPARA A CONCLUSÃO DO JULGAMENTO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 138/140, contra acórdão prolatado à fl. 135 ao argumento deexistência de contradição e omissão. Sustenta, para tanto, a existência de erros na indicação das provas constantes dosautos e divergência de documentos com a paginação apontada. Alega que não houve o exame concreto das provas, o querevelaria omissão. Requer o provimento do recurso para sanar os vícios apontados, inclusive com efeitos infringentes.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando os alegados vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, saliento que, no quetange à contradição alegada, ela configura vício a ser corrigido, mediante interposição de embargos de declaração, se nojulgado “se incluem proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de ProcessoCivil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Na presente hipótese, contudo, verifico que as falhas indicadaspelo recorrente configuram erros materiais, que podem ser corrigidos inclusive de ofício, na forma do art. 463, I, do Códigode Processo Civil. As inexatidões relatadas dizem respeito ao rol de documentos expresso no item 2 do voto/ementa (fl.135), cujo teor segue transcrito:“2. De fato, a Súmula 149 do STJ coíbe a prova exclusivamente testemunhal. Porém, compulsando os autos, verifico que aparte autora apresentou em sua peça inicial documentos que são amplamente reconhecidos pela Jurisprudência comoinício de prova material: Carteira de sindicato (fls. 17); Registro de casamento (fls. 18); Declaração de particular (fls.27);Contrato de parceria agrícola (fls. 28) e Declaração de sindicato (fls. 30). A conjugação das provas materiais citadas com aprova testemunhal colhida em audiência levaram o Juízo de 1º Grau ao convencimento de que a parte autora faz jus àaposentadoria por idade”.

04. Compulsando os autos, vejo que não há carteira de sindicato à fl. 17, declaração particular à fl. 27, tampoucocontrato de parceria agrícola à fl. 28. Além disso, a certidão de casamento da autora foi juntada à fl. 50, e a declaração desindicato se vê às fls. 15/16. Contudo, tais equívocos não prejudicam o resultado do julgamento, porquanto restoudevidamente comprovado o exercício da atividade rural. A propósito, destaco os seguintes documentos: i) declaraçãoemitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iconha, reconhecendo que a autora trabalhava como rurícola desdedezembro de 1989 (fls. 15/16); ii) contrato de comodato, que menciona ser a parte autora comodatária em propriedade ruraldesde dezembro de 1989 (fl. 17); iii) fichas de cadastro em nome da autora, qualificando-a como trabalhadora rural (fls. 30,31, 100 e 101). Ressalto que foi considerada a paginação eletrônica dos autos.

05. Com relação à indicação, na certidão de casamento (fl. 50), de que a autora prestava serviços domésticos e queseu marido era guarda noturno, tal circunstância também não prejudica a conclusão do acórdão, que não se baseouexclusivamente no referido documento, mas se amparou em diversos elementos de prova (documentais e testemunhais)constantes dos autos. Ademais, o contrato de comodato de fl. 17 menciona que “existia contrato verbal desde 10 dedezembro de 1989”, data posterior à celebração do casamento (18/11/1989 – fl. 50). Logo, as atividades eventualmenteexercidas em período anterior não impedem o reconhecimento do tempo de serviço rural da autora, que satisfez a carêncialegalmente exigida para o benefício de aposentadoria por idade (art. 142 da Lei nº 8.213/91), conforme reconhecido nasentença e no acórdão ora embargado.

06. Quanto ao mais, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dosfatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recursode Embargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontado

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como omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento, apenas para retificar oserros materiais identificados no item 2 do voto/ementa (fl. 135). Assim, onde consta:“2. De fato, a Súmula 149 do STJ coíbe a prova exclusivamente testemunhal. Porém, compulsando os autos, verifico que aparte autora apresentou em sua peça inicial documentos que são amplamente reconhecidos pela Jurisprudência comoinício de prova material: Carteira de sindicato (fls. 17); Registro de casamento (fls. 18); Declaração de particular (fls.27);Contrato de parceria agrícola (fls. 28) e Declaração de sindicato (fls. 30). A conjugação das provas materiais citadas com aprova testemunhal colhida em audiência levaram o Juízo de 1º Grau ao convencimento de que a parte autora faz jus àaposentadoria por idade”.Leia-se:“2. De fato, a Súmula 149 do STJ coíbe a prova exclusivamente testemunhal. Porém, compulsando os autos, verifico que aparte autora apresentou em sua peça inicial documentos que são amplamente reconhecidos pela Jurisprudência comoinício de prova material: i) declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iconha, reconhecendo que desdedezembro de 1989 a autora trabalhava como rurícola (fls. 15/16); ii) contrato de comodato, que menciona ser a parte autoracomodatária em propriedade rural desde dezembro de 1989 (fl. 17); iii) fichas de cadastro em nome da autora,qualificando-a como trabalhadora rural (fls. 30, 31, 100 e 101). A conjugação das provas materiais citadas com a provatestemunhal colhida em audiência levaram o Juízo de 1º Grau ao convencimento de que a parte autora faz jus àaposentadoria por idade”.

08. Mantenho inalterado, quanto ao mais, o acórdão confrontado.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

22 - 0012598-40.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.012598-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x CLOVIS LISBOA DOS SANTOS JUNIOR(ADVOGADO: ES006866 - VERA LUCIA ANDRADE BERTOCCHI.).RECURSO Nº 0012598-40.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.012598-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLOVIS LISBOA DOS SANTOS JUNIORRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSODESPROVIDO.

O INSS, às fls. 502/509, interpõe Embargos de Declaração, contra o acórdão prolatado às fls. 498/499, ao argumento deque a decisão incorreu em omissão e contradição, por não ter se pronunciado sobre a obrigatoriedade de laudo técnico quetenha medido a intensidade do ruído no local de trabalho da parte autora, bem como sobre os requisitos exigidos pelalegislação previdenciária para a validade e idoneidade do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP. Ademais, afirma queo entendimento acolhido no acórdão implicaria incremento no cômputo do tempo de trabalho sem que houvesse arespectiva fonte de custeio, porquanto as contribuições previdenciárias recolhidas foram apuradas a partir da presunção deque o uso de tecnologia de proteção coletiva ou individual do trabalhador mitigaria as condições de nocividade da atividadelaborativa do segurado (art. 57, §6º, da Lei n. 8.213/91; arts. 195, §5º, e 201, §1º, da Constituição da República de 1988).

02. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de admissibilidade deles, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do mérito.

03. Em exame dos embargos de declaração interpostos pela parte autora, sublinho que o item 3, do acórdãorecorrido, contém fundamentação explícita sobre a admissibilidade do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP comoprova das condições em que o trabalho do segurado era realizado, ainda que nem todo o período por ele descrito encontresubsídio em informações constantes de laudo técnico de condições ambientais de trabalho. De igual modo, entendeu-se

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que o uso de equipamento de proteção não seria suficiente para eliminar as condições de nocividade do trabalho prestadosob ruído acima do tolerado pela legislação. Portanto, inexiste a omissão ou a contradição aduzida a ser sanada mediante ojulgamento dos Embargos de Declaração ora examinados.

04. Adicionalmente, inexiste omissão quanto ao exame da tese de que o incremento do cômputo do tempo deserviço prestado implicaria despesa sem a respectiva fonte de custeio, o que supostamente infringiria o art. 57, §6º, da Lein. 8.213/91, e os arts. 195, §5º, e 201, §1º, da Constituição da República de 1988. Além de o julgamento de procedência dopedido ter se baseado na interpretação dada pela Turma Recursal à disciplina legal aplicável, cabe ao legislador e aoadministrador a análise das condições atuariais para que o regime contributivo da Previdência Social mantenha-se hígido.Logo, consigno que, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

23 - 0000334-69.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000334-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEURI DE SOUSA MOREIRA(ADVOGADO: MG088808 - EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).RECURSO Nº 0000334-69.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000334-6/01)RECORRENTE: NEURI DE SOUSA MOREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. DISCORDÂNCIA DA ANÁLISE DE PROVA.ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PARCALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 126/136, contra acórdão proferido às fls. 122/123, ao argumentode existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora para julgar procedente pedido para concessão de aposentadoria rural por idade, semque fosse apresentada fundamentação pertinente à inexistência de documentos contemporâneos aos fatos a seremprovados, o que contrariaria o conteúdo do enunciado n. 34, da súmula da jurisprudência da TNU, tampouco sobre apercepção de remuneração decorrente de vínculo empregatício urbano apto a descaracterizar o alegado regime deeconomia familiar. Ademais, afirma que há omissão no acórdão relacionada à utilização do INPC, a despeito damanutenção da aplicação da TR enquanto não concluído julgamento sobre a modulação da eficácia temporal dos acórdãosprolatados pelo STF em julgamento das ADIs 4.357 e 4.425. Aduz, igualmente, que a decisão recorrida é contraditória, poiscondenou o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, embora o art. 55, da Lei n. 9.099/95, e o enunciado n. 57, doFONAJEF, disponham que tal verba somente deve ser arcada pelo recorrente vencido.

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02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno que,da leitura do acórdão ora guerreado, inexiste a alegada omissão quanto à análise das provas. Nesse sentido, sublinho que,no acórdão recorrido, foram relacionados todos os documentos considerados no julgamento do pedido (item 1, fl. 122),tendo sido observado que a existência de vínculo empregatício urbano não descaracterizaria o trabalho rural em regime deeconomia familiar, consoante a orientação veiculada pelo enunciado n. 41, da súmula da jurisprudência da TNU. Ainexistência de documentos contemporâneos aos fatos a serem provados foi resolvida a partir do exame integral do acervoprobatório, não se caracterizando omissão, a ser sanada pelos Embargos de Declaração, a inexistência de referênciaexpressa ao conteúdo do enunciado n. 34, da súmula da jurisprudência da TNU, a qual não tem eficácia vinculante. Assim,da leitura do acórdão guerreado, verifico que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos edos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novojulgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado.Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão sobejamenteanalisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Em relação à omissão aventada no acórdão, por ter adotado os critérios de atualização monetária previstos noManual de Cálculos do CJF, o qual prevê o INPC/IBGE como índice a ser aplicado para tal intento em demandasprevidenciárias, ressalto que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

05. O Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputoprevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice de atualização dosbenefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça(cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

06. Examinando o alegado vício de contradição na condenação ao pagamento de honorários advocatícios, comfundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, saliento que o artigo 55, da Lei 9.099/95, estabelece que o recorrentevencido pagará tal verba. Não há previsão legal, na disciplina especial dos Juizados Especiais, capaz de amparar acondenação do recorrido, que se absteve de interpor recurso próprio, ao pagamento da verba honorária em favor do

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patrono da parte contrária. Presente tal regramento específico, sequer se pode falar em lacuna legislativa, de modo a atraira aplicação, por analogia, das regras gerais do Código de Processo Civil. Nesse contexto, a questão se resolve peloprincípio da especialidade. Cabe ao intérprete da lei prestigiar a regra especial, circunscrita ao seu âmbito de incidência,sempre que verificado conflito em face da regra geral. Logo, assiste razão ao Embargante, uma vez que a condenação aopagamento de honorários advocatícios ao recorrido vencido não tem amparo legal.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para excluir acondenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

24 - 0003775-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003775-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x JOSE CARLOS LAINA DOS REIS (ADVOGADO: ES009588 - ANTONIOAUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO, ES004367 - JOÃO BATISTA DALLAPÍCCOLA SAMPAIO.) x ADEMIR DA SILVARAYMUNDO (ADVOGADO: ES009588 - ANTONIO AUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO, ES004367 - JOÃO BATISTADALLAPÍCCOLA SAMPAIO.) x OGMO - ORGAO DE GESTAO DE MAO DE OBRA DO TRABALHO PORTUARIO AVULSODO PORTO ORGANIZADO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ADVOGADO: ES005205 - LUCIANO KELLY DONASCIMENTO.).RECURSO Nº 0003775-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003775-3/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ADEMIR DA SILVA RAYMUNDORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. TRABALHADORES AVULSOS. FÉRIAS NÃOGOZADAS. NATUREZA INDENIZATÓRIA EXCEPCIONAL. APARENTE CONTRADIÇÃO ENTRE A FUNDAMENTAÇÃODO ACÓRDÃO E A SUA COCNCLUSÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO APENAS PARA PRESTARESCLARECIMENTOS, SEM MODIFICAÇÃO DO RESULTADO EXPRESSO DO ACÓRDÃO EMBARGADO.

A UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 387/388, contra acórdão prolatado às fls. 383/384, aoargumento de existência de contradição. Sustenta, para tanto, que, embora o recurso inominado tenha sido desprovido,com a condenação da ora embargante ao pagamento de honorários advocatícios, consta do acórdão embargado que anatureza remuneratória das férias não se converte automaticamente em indenizatória pelo fato de o trabalhador avulsoresolver laborar durante esse período, postergando o descanso para momento posterior. Por outro lado, a sentença de fls.307/311, objeto do recurso inominado da União, firmou o entendimento de que o reconhecimento da natureza indenizatóriada verba não está condicionado à efetiva comprovação pelo autor de que deixou de gozar suas férias na forma da lei.Portanto, firma que foram acolhidos parcialmente os argumentos deduzidos no recurso, contudo, restou consignado noacórdão o seu desprovimento. Requer, com base nisso, o provimento dos embargos de declaração, mediante a supressãoda condenação da União em honorários advocatícios, reconhecendo-se o parcial provimento do seu recurso inominado.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, verifico que a contradiçãoapontada é apenas aparente. O cotejo entre o dispositivo da sentença (fl. 311) e o teor do voto/ementa (fls. 383/384) revelaque, embora por fundamentos diversos, o resultado do julgamento foi mantido, o que justifica o desprovimento do recursoinominado. A propósito, trago a colação o primeiro item do voto/ementa (fl. 383): “1. A União Federal recorreu da sentençaque julgou parcialmente procedente a pretensão autoral, declarando a inexigibilidade do imposto de renda sobre as parcelasrecebidas pelos autores a título de férias indenizadas, porém negando o seu direito à restituição dos valores retidos a títulode imposto de renda sob o mesmo título, ante a não comprovação dos fatos”.

04. Observo que, embora a fundamentação do acórdão tenha trilhado caminho diverso daquele adotado pelo ilustremagistrado prolator da sentença, a natureza indenizatória da importância recebida a título de férias pelo trabalhador avulsonão foi afastada de forma peremptória, no julgamento do recurso inominado. Nesse sentido, assinalo que constou do item7 do voto/ementa (fls. 383/384), que “a natureza remuneratória do pagamento das férias não se converte em indenizaçãoapenas porque o trabalhador avulso resolveu trabalhar durante o período em que deveria descansar, postergando paramomento posterior”. Logo em seguida (item 8 – fl. 384), há menção a recente orientação da TNU, no sentido de que opagamento de férias ao trabalhador avulso só assumirá caráter indenizatório na excepcional hipótese de ele se desincumbir

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do ônus de comprovar que, ao longo de um ano, por falha do OGMO ou do respectivo Sindicato, trabalhou todos os meses,sem conseguir usufruir de 30 dias de descanso. No mesmo item, transcreveu-se a seguinte ementa:

TRIBUTÁRIO – É EXCEPCIONAL A NATUREZA INDENIZATÓRIA DAS FÉRIAS DE TRABALHADOR AVULSO, QUE SEPRESUME AS GOZE ANUALMENTE – A ESPECIFICIDADE DA LIBERDADE DE ATUAÇÃO DO TRABALHADORAVULSO, QUE SE COLOCA PARA TRABALHAR, NÃO DESCARACTERIZA, POR SI SÓ, A NATUREZA INDENIZATÓRIADO PAGAMENTO DE FÉRIAS, SE COMPROVADO QUE NÃO HOUVE O GOZO EM PERÍODO DE UM ANO – ÔNUS DAPROVA DO TRABALHADOR AVULSO – PROVA NÃO PRODUZIDA – PEDILEF CONHECIDO E IMPROVIDO(TNU, PEDILEF 00315794320104013300, Relator p/ acórdão Juiz Luiz Cláudio Flores da Cunha, DOU de 12/04/2013)

05. Esse, portanto, o entendimento que prevaleceu, por maioria de votos, por ocasião da sessão de julgamento,conforme revela a certidão de fl. 382. Com efeito, não há incoerência entre o resultado do julgamento e a fundamentaçãodo acórdão, uma vez que foi reconhecida a natureza indenizatória do pagamento de férias, somente na hipótese em quecomprovada a não fruição das férias ao longo de um ano, na linha do precedente da TNU, acima colacionado.

06. No feito sob análise, não foi produzida prova da situação excepcional cogitada pela TNU, a qual poderia afastar aincidência do imposto de renda. Sendo assim, permaneceu inalterada a conclusão da sentença, que apenas declarou ainexigibilidade do imposto de renda sobre as parcelas recebidas pelos autores a título de férias indenizadas (fl. 311).Rejeitou-se, no entanto, o pedido de repetição do indébito, uma vez que “os autores não se desincumbiram do ônus deprovar que os valores sobre os quais foi retido na fonte o imposto de renda de fato correspondem à indenização das fériasnão gozadas” (fl. 311). O exame detido da sentença e do acórdão revela que o pedido foi julgado parcialmente procedente,com a confirmação do provimento jurisdicional declaratório da inexigibilidade do imposto de renda sobre as parcelasrecebidas a título de férias indenizadas. Significa dizer que, quando genuinamente indenizatória a verba, não incide aexação. Portanto, para que a parte autora possa se eximir da tributação, ela deverá comprovar a hipótese excepcionaldelineada no acórdão, isto é, que ao longo de um ano, por falha do OGMO ou do respectivo Sindicato, trabalharam todos osmeses, sem conseguir usufruir 30 dias de descanso.

07. Nesse contexto, caracterizada a compatibilidade entre a conclusão do acórdão e o dispositivo da sentença, ahipótese é de desprovimento do recurso, do que decorre inclusive a condenação da União ao pagamento de honoráriosadvocatícios, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95. Portanto, não há contradição a ser sanada. Ressalto que a existênciade fundamentos diversos entre a sentença e o acórdão não induz parcial provimento do recurso inominado, porque mantidaincólume a parte dispositiva da sentença, devendo ser observado que as razões de decidir não fazem coisa julgada (art.469, I, do Código de Processo civil). Ainda assim, viabiliza-se o provimento dos declaratórios apenas para esclarecimentodo julgado, nos termos da fundamentação ora expendida, de modo a afastar possíveis dúvidas na sua compreensão (art.48, da Lei nº 9.099/95).

08. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento apenas para acrescer afundamentação acima expendida, sem modificação do resultado expresso no acórdão embargado.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

25 - 0000857-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000857-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA NEUZA DE OLIVEIRANUNES (ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0000857-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000857-1/01)RECORRENTE: MARIA NEUZA DE OLIVEIRA NUNESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

MARIA NEUZA DE OLIVEIRA NUNES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 259/264, contra acórdãoproferido às fls. 252/526, ao argumento de existência de omissão e obscuridade. Sustenta, para tanto, que o julgado éomisso, porquanto teria deixado de se manifestar sobre a alegada violação do artigo 5º, LIV e LV da Constituição daRepública de 1988. Alega que o acórdão é obscuro porque o artigo 420, III, do Código de Processo Civil autoriza oindeferimento de pedido de realização de perícia se a verificação do fato for impraticável, mas, no caso, tal verificação seriapossível, uma vez que a parte poderia complementar as provas, pois estava aguardando resposta dos setores dedocumentação e prontuários dos Hospitais e Clínicas onde o falecido marido da autora fazia tratamento.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno

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que, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

03. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007).

04. Insta salientar que a embargante inova ao alegar que a verificação do fato, na hipótese, seria possívelmediante complementação das provas por ela juntadas, pois estaria aguardando resposta dos setores de documentação eprontuários dos Hospitais e Clínicas onde o seu falecido marido fazia tratamento. Contudo, tal alegação é extemporânea epouco precisa, uma vez que a petição inicial foi instruída com todos os documentos que a parte autora tinha à disposiçãopara a comprovação dos fatos constitutivos do seu direito, valendo destacar que, às fls. 65/85, já consta o prontuário doautor junto ao Hospital Evangélico. Ainda que assim não fosse, caberia à demandante explicitar as razões por que nãoprocedeu à juntada de tais documentos à data do ajuizamento da ação, tendo-se em vista o disposto pelos arts. 396 e 397,do Código de Processo Civil, o que não foi feito perante o Juízo a quo ou em fase recursal. Logo, observada a legislaçãoprocessual de regência, inexistiu qualquer infração às normas veiculadas pelo art. 5º, LIV e LV, da Constituição daRepública de 1988.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

26 - 0004913-16.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.004913-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AGNALDO BATISTA(ADVOGADO: ES009056 - EDWARD BARBOSA FELIX, ES010569 - LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA PINTO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).RECURSO Nº 0004913-16.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.004913-8/01)RECORRENTE: AGNALDO BATISTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

AGNALDO BATISTA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 127/128, contra acórdão proferido às fls.123/124, ao argumento de existência de obscuridade. Sustenta, para tanto, que há dúvida entre o que restou consignado noacórdão prolatado quanto ao conteúdo do julgamento do RE n. 626.489 e o efetivo conteúdo da repercussão geral julgadano mencionado RE. Alega que, ao se afirmar a repercussão geral nos autos do RE 626.489, sustentou-se que a aplicaçãodo prazo decadencial aos benefícios previdenciários concedidos anteriormente à sua previsão legal passaria pelainterpretação de temas constitucionais sensíveis, como o direito adquirido, a segurança jurídica e a manutenção das

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relações constituídas. Afirma que o acórdão embargado deve ser aclarado a fim de que conste em seu bojo quaispercentuais de reajuste deverão ser aplicados “a cada reclamante, ressaltando que as reclamadas não impugnaram” ospercentuais indicados na petição inicial.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

03. Insta salientar que o objeto da presente ação é a revisão do benefício previdenciário a que faz jus o autor, nostermos do artigo 58, do ADCT e o acórdão recorrido manteve a sentença que pronunciou a decadência do direito à revisãopleiteada, com base no entendimento consolidado no julgamento do RE n. 626.489. Em análise da dúvida alegada entre oposicionamento adotado pelo acórdão recorrido e o conteúdo do julgamento da repercussão geral nos autos do RE n.626.489, destaco que a obscuridade a ser aclarada por meio dos embargos é aquela objetiva, existente no próprio julgado,capaz de torná-lo incompreensível, o que não se verifica na hipótese vertente.04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.06. É como voto

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

27 - 0000166-27.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000166-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRANDI PEREIRA DEOLIVEIRA SOUZA (ADVOGADO: RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000166-27.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000166-9/01)RECORRENTE: IRANDI PEREIRA DE OLIVEIRA SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. NÃOCONHECIMENTO.

IRANDI PEREIRA DE OLIVEIRA SOUZA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 76/78, contra acórdãoproferido às fls. 73/74, nos quais pugna que se proceda a uma retratação da decisão atacada, uma vez que o INSS nãoteria recursos orçamentários para revisar a renda mensal inicial do benefício previdenciário recebido pelo demandante e,por conseguinte, efetuar o pagamento das parcelas vencidas.

02. À fl. 91, foi determinada a intimação do INSS para oferecer contrarrazões aos Embargos de Declaraçãointerpostos, o que foi feito às fls. 93/95, tendo sido aduzido pelo Embargado que o recurso não deve ser conhecido e que hárecursos orçamentários suficientes para proceder à revisão da renda mensal inicial e ao pagamento das prestaçõesvencidas.

03. Verificada a tempestividade do recurso, consigno que ele não deve ser conhecido, uma vez que a recorrente não

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aduz a existência de qualquer das hipóteses de cabimento previstas no art. 535, do Código de Processo Civil, para embasara sua irresignação. Com efeito, a mera alegação de que o acórdão recorrido deveria ser substituído, porque o INSS nãoteria as provisões orçamentárias suficientes para efetuar administrativamente o pagamento das parcelas vencidasdecorrente da revisão da renda mensal inicial benefício previdenciário, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, talcomo comunicado no Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, não caracteriza vício deomissão, contradição ou obscuridade a ser sanado pelos Embargos oferecidos.04. Da leitura do acórdão guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Posto isso, não conheço os Embargos de Declaração.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

28 - 0013224-93.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.013224-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOEL DOS SANTOS(ADVOGADO: ES007453 - RENATO DEL SILVA AUGUSTO, ES010871 - JOSE ANTONIO NEFFA JUNIOR, ES011370 -RAPHAEL MADEIRA ABAD.).RECURSO Nº 0013224-93.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.013224-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOEL DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

JOEL DOS SANTOS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 312/316, contra acórdão proferido às fls. 307/309ao argumento de existência de contradição entre os documentos juntados aos autos e a conclusão sufragada pela TurmaRecursal. Nesse sentido, alega que trabalhou exposto ao ruído, em condições nocivas à sua saúde, entre 29.04.1995 e17.06.1997, o que acrescentaria 12 anos ao seu período contributivo e, por conseguinte, permitiria que ele obtivesse otempo necessário para aposentar-se.

02. O INSS, às fls. 318/340, também interpõe Embargos de Declaração ao argumento de que o acórdão incorreu emomissão, por não ter enfrentado tese acatada pela jurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça, segundo aqual “as atividades exercidas sob o agente ‘ruído’ somente podem ser reconhecidas como especiais, durante o período devigência do Decreto n. 2.171/1997, se ultrapassarem o limite de exposição ao ruído de 90dB”. Ademais, afirma que oentendimento acolhido no acórdão implicaria incremento no cômputo do tempo de trabalho sem que houvesse a respectivafonte de custeio, porquanto as contribuições previdenciárias recolhidas foram apuradas a partir da presunção de que o usode tecnologia de proteção coletiva ou individual do trabalhador mitigaria as condições de nocividade da atividade laborativado segurado (art. 57, §6º, da Lei n. 8.213/91; arts. 195, §5º, e 201, §1º, da Constituição da República de 1988).

03. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de admissibilidade deles, conheço

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os Embargos de Declaração e passo à análise do mérito.

04. Em exame dos embargos de declaração interpostos pela parte autora, sublinho que o INSS não reconheceuadministrativamente o período entre 29.04.1995 e 17.06.1997, como trabalhado em condições especiais, para fins deaposentadoria, valendo destacar que as informações constantes no documento de fl. 170 foram parcialmente contestadaspela autarquia previdenciária à fl. 179, tendo sido rejeitadas às fls. 215/216 quanto à inclusão do aludido intervalo. De igualmodo, o documento juntado à fl. 307 não inclui o período de 29.04.1995 a 17.06.1997 no cômputo do tempo de contribuiçãodo autor. Diante da divergência de provas e dos limites do efeito devolutivo do recurso inominado, entendeu-se, no acórdãoembargado, que o interstício mencionado não deveria ser adicionado ao cálculo do tempo de trabalho prestado sobcondição especial, não sendo a convicção adotada suscetível de substituição por via dos Embargos de Declaração. Dessemodo, ao não identificar vício de omissão ou contradição a ser sanado pelo recurso interposto pela parte autora, ele deveter seu provimento negado.

05. No que concerne aos Embargos de Declaração interpostos pelo INSS, assinalo que a contradição évício a ser corrigido pelos embargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (JoséCarlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548).Logo, eventual contraste entre o acórdão atacado e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não é contradição a sersanada em julgamento de Embargos de Declaração, não devendo o recurso ser provido quanto a essa questão. Ademais,no acórdão recorrido, foi expressamente consignado que, a despeito da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçaposicionar-se em sentido diverso, acolhia-se a orientação veiculada no revogado enunciado n. 32, da súmula dajurisprudência da TNU, pois a nocividade do trabalho deveria ser constada a partir da superação de parâmetros científicospretéritos (item 3, fls. 307/308). De igual modo, houve manifestação explícita de adesão ao enunciado n. 9, da súmula dajurisprudência da TNU, conforme o qual “ainda que o EPI elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado” (item 4, fl. 308).

06. Adicionalmente, inexiste omissão quanto ao exame da tese de que o incremento do cômputo do tempode serviço prestado implicaria despesa sem a respectiva fonte de custeio, o que supostamente infringiria o art. 57, §6º, daLei n. 8.213/91, e os arts. 195, §5º, e 201, §1º, da Constituição da República de 1988. Além de o julgamento de procedênciado pedido ter se baseado na interpretação dada pela Turma Recursal à disciplina legal aplicável, cabe ao legislador e aoadministrador a análise das condições atuariais para que o regime contributivo da Previdência Social mantenha-se hígido.Logo, consigno que, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

29 - 0001731-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001731-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE LOURDES PINTODOS SANTOS (ADVOGADO: ES013583 - MARCELA DE AZEVEDO BUSSINGUER, ES007514 - ORONDINO JOSEMARTINS NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOESALEGRO OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0001731-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001731-2/01)

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RECORRENTE: MARIA DE LOURDES PINTO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA.CONDENAÇÃO DA PARTE RECORRIDA AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ART.55 DA LEI Nº 9.099/95. VERBA HONORÁRIA INDEVIDA. RECURSO PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 70/73, contra acórdão prolatado às fls. 64/67 ao argumento deexistência de contradição. Sustenta, para tanto, que, embora o recurso inominado tenha sido interposto pela parte autora, oacórdão embargado condenou o ora embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Alega, com base no art. 55, daLei nº 9.099/95, e no enunciado nº 57 do FONAJEF, que somente o recorrente vencido deve arcar com os honorários, razãopela qual não deve haver condenação a ser arcada pelo recorrido. Requer a manifestação acerca da tese recursalsuscitada, inclusive para fins de prequestionamento. Sustenta, ainda, que o julgamento do recurso deveria ficar suspensoaté que o STF profira julgamento final nas ADIs 4357 e 4425.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno que o artigo 55da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. Não há previsão legal, na disciplina especialdos Juizados Especiais, capaz de amparar a condenação do recorrido, que se absteve de interpor recurso próprio, aopagamento da verba honorária em favor do patrono da parte contrária. Presente tal regramento específico, sequer se podefalar em lacuna legislativa, de modo a atrair a aplicação, por analogia, das regras gerais do Código de Processo Civil. Nessecontexto, a questão se resolve pelo princípio da especialidade. Cabe ao intérprete da lei prestigiar a regra especial,circunscrita ao seu âmbito de incidência, sempre que verificado conflito em face da regra geral.

04. Por outro lado, não há que se falar em suspensão do julgamento dos embargos de declaração até que oSupremo Tribunal Federal profira julgamento final nas ADIs 4357 e 4425. A pendência do julgamento de ações diretas deinconstitucionalidade (processos objetivos) não obsta o regular prosseguimento de ações individuais, ainda que estaspossam envolver juízo acerca da conformidade de determinadas normas em face da Constituição da República, a ensejarcontrole difuso de constitucionalidade. Somente se poderia cogitar da obrigatoriedade de tal sobrestamento mediantedeterminação do Supremo Tribunal Federal, a exemplo do que pode ocorrer em sede de ação direta deinconstitucionalidade por omissão, ação declaratória de constitucionalidade e arguição de descumprimento de preceitofundamental (ADPF), consoante previsto nos artigos 12-F, §1º, e 21, ambos da Lei nº 9.868/99, bem como art. 5º, §3º, daLei nº 9.882/99. Ademais, a matéria tratada nestes autos não envolve as normas impugnadas nas referidas ADIs. Naespécie vertente, não se pode falar sequer de possível controvérsia acerca de juros e correção monetária, à luz do art. 1º-Fda Lei nº 9.494/97, haja vista que o INSS não foi condenado a pagar quantia alguma em favor da autora (à exceção doshonorários advocatícios, ora suprmidos), tendo sido imposta, no acórdão confrontado, apenas obrigação de fazer, a fim deque a autarquia não deixe de autorizar a obtenção de empréstimo, com desconto no benefício da ora embargada, porconstar que o código do seu benefício é “PA” (“pensão alimentícia”).

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação doINSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

30 - 0011801-53.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011801-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x VALCI NASCIMENTO DAROCHA (ADVOGADO: ES013938 - JONAS NOGUEIRA DIAS JÚNIOR, ES012449 - ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ, ES009277- RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO.).RECURSO Nº 0011801-53.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011801-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALCI NASCIMENTO DA ROCHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

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VALCI NASCIMENTO DA ROCHA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 112/121, contra acórdão proferidoàs fls. 106/109 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, que o julgado é omisso, porquanto teriadeixado de observar que a DIB da pensão por morte é de 11/03/2003.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dospedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novojulgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado.Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão sobejamenteanalisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

03. Insta salientar que no acórdão recorrido destacou-se que “a aquisição do direito ao recebimento da pensão pormorte não renovou o prazo decadencial do direito à revisão da renda mensal inicial da aposentadoria originária, pois, talcomo dispõe o art. 207, do Código Civil uma vez começado o seu cômputo – quando ainda era vivo o instituidor dobenefício – ‘ele não pode ser interrompido nem se suspende depois de iniciado, nem deixa de começar, qualquer que seja acausa impeditiva’” (fl. 108).

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

31 - 0000716-65.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.000716-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIA DE OLIVEIRADAMASCENO (ADVOGADO: ES018176 - DAVID AUGUSTO DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0000716-65.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.000716-1/02)RECORRENTE: ANTONIA DE OLIVEIRA DAMASCENORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. LOAS. OMISSÃO SANADA. MISERABILIDADE NÃO COMPROVADA.

ANTÔNIA DE OLIVEIRA DAMASCENO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 214/218, contra acórdãoprolatado às fls. 210/211 ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não semanifestou acerca do segundo argumento apresentado no recurso inominado (fls. 140/152), no sentido de que, ainda quese considerasse a renda auferida pela filha da parte autora, a miserabilidade restaria comprovada nos autos.

02. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando ao exame de possíveis vícios apontados nos Embargos de Declaração interpostos por ANTONIA DEOLIVEIRA DAMASCENO, com fundamento no art. 535, do Código de Processo Civil, consigno que, da leitura do acórdãoora guerreado, existe efetiva omissão no que se refere ao argumento apresentado no recurso inominado acerca daexistência de miserabilidade da parte autora, ainda que se considerasse a renda auferida por sua filha. Nesse sentido,assinalo que a miserabilidade da demandante foi reconhecida por ter sido desprezada a renda auferida por sua filha, noperíodo que antecedera o advento da Lei 12.435/11, o que tornou nula a renda per capita do núcleo familiar.

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04. Com o advento da Lei 12.435/11, a renda da filha da parte autora passou a ser computada no orçamento do núcleofamiliar (R$ 648,00), composto pela autora e por duas filhas. Sendo assim, o limite de ¼ do salário-mínimo vigente percapita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família foi ultrapassado. No estudo das condiçõessócio-econômicas da parte autora (fls. 48/55), apontou-se que a família reside em bairro de periferia que apresentainfra-estrutura urbana básica. A casa é de alvenaria, constituída por três cômodos, um banheiro e apresenta boascondições de habitação. A residência é guarnecida por um jogo de sofá, um DVD, um rack, um computador, um aparelhode som, um rádio, duas camas de solteiro, uma cômoda, um guarda roupa, um armário de cozinha, uma mesa de refeição,uma geladeira e um fogão, todos em bom estado de uso. Quanto às despesas domésticas habituais, afirmou-se que sãogastos em média, R$ 300,00 com aluguel do imóvel residencial, R$ 80,00 com conta de energia e R$ 370,00 com osmedicamentos da autora. Em relação ao valor destinado à alimentação, a autora não soube mensurar, pois compraalimento de forma parcelada, “do jeito que dá”.05. O exame das provas juntadas aos autos demonstra que a família da autora tem limitadas condições econômicasde vida. Entretanto, não restou comprovada situação peculiar que permita que se desconsidere o coeficiente legal da rendamensal per capita de ¼ de salário-mínimo para a concessão do benefício assistencial, tendo sido o pedido julgadoprocedente, em sede recursal, apenas por que foi excluído o salário recebido pela filha da parte autora da composição darenda mensal da família.06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para incluir a fundamentaçãoacima no acórdão recorrido, sem, no entanto, alterar o seu dispositivo.07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.08. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

32 - 0000139-44.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000139-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDIR CAETANO DADALTO(ADVOGADO: ES012709 - LEANDRO FREITAS DE SOUZA, ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000139-44.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000139-6/01)RECORRENTE: VALDIR CAETANO DADALTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. A área do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar).4. Provas que indicam a presença de capacidade contributiva, contrária ao intuito de amparo ao trabalhador rural queembasa a concessão de aposentadoria por idade ao segurado especial.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

VALDIR CAETANO DADALTO interpõe recurso inominado, às fls. 102/106, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 96/97), que julgou improcedente seu pedido para concessão de aposentadoriarural a contar da data do seu requerimento administrativo. Sustenta que a qualidade de segurado especial restou provadapelos documentos e depoimentos prestados em Juízo, não devendo o tamanho de suas propriedades rurais ser critério

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suficiente para infirmar tal qualidade e, por conseguinte, impedir que lhe seja concedido o benefício de aposentadoria poridade.

02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 109/119, nas quais afirma que o recurso deve ser desprovido, porque aparte autora é proprietária de bem imóvel, em zona rural, com área superior a quatro módulos fiscais (art. 11, VII, e §1º, daLei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 11.718/08), o que infirmaria a alegada condição de segurado especial.

03. É o relatório.VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).06. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

07. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

08. No presente recurso, a parte autora não se opõe à aplicação da regra veiculada pelo art. 11, VII, alínea ‘a’, item1, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 11.718/2008, segundo a qual a condição de segurado especialrestaria descaracterizada se a pessoa for proprietária ou tiver a posse de imóvel com área superior a quatro módulos fiscaispara a exploração de atividade agropecuária. Contudo, afirma que tal norma não poderia ser aplicada de forma isolada, semque fossem cotejadas outras provas que demonstrassem a qualidade de segurado especial do trabalhador rural.

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar. Nesse sentido, ressalto que aárea do imóvel deve ser um indício a ser avaliado em conjunto com as demais provas produzidas para a concessão dobenefício de aposentadoria ao segurado especial (Enunciado n. 30, da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária, ofato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como seguradoespecial, desde que comprovado, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar), o que de fato foi feito nasentença recorrida.

10. Compulsando-se os autos, observo que a recorrente nasceu em 25/08/1949 (fl. 8) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural desde março de 1969. Para tanto, juntou: i) certidão de casamento, em 07.10.1974, na qual eleé qualificado como “lavrador” (fl. 09), ii) declaração de exercício de atividade rural firmada em 25.03.2010 perante oSindicato Rural de Rio Bananal (fls. 11/13); iii) escritura de compra de imóvel rural, com área de 956.000 metros quadrados,feita pelo pai do demandante em favor de seus filhos Valdir Caetano Dadalto e Anacleto Dadalto, em 31 de março de 1969,em que eles são qualificados como “agricultores” (fls. 15/18); iv) certificados de cadastro rural, nos anos de 2000 a 2009, detitularidade de propriedade rural com 4,78 módulos fiscais (fls. 19/21); e v) notas fiscais de compra de insumos agrícolasexpedidas em 03.12.2007 (fl. 31), 10.09.2007 (fl. 33), estando ilegível o documento de fl. 32. O depoimento pessoal e astestemunhas ouvidas são no sentido de que o autor desempenhava trabalho em regime de economia familiar.

11. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento da parte autora, com fundamento no art. 11, VII, §1º,da Lei n. 8.213/91, tendo em vista que o seu cadastro no INCRA/ITR/CCIR havia sido feito em categoria que não secaracterizaria como segurado especial (fl. 48). Os documentos de fls. 19/21 atestam que o autor seria titular de uma “médiapropriedade produtiva”, inexistindo indício de que haveria a contratação de empregados. Contudo, o magistradosentenciante observou que o recorrente era proprietário de um automóvel Gol, ano 2004, e um pequeno caminhãoFord/F400G, ano 1999 (fls. 91/92), os quais constituiriam prova da capacidade contributiva do demandante. Ademais, foiregistrado, sem oposição do recorrente, que sua esposa residiria na área urbana do Município de Rio Bananal (fl. 91).

12. Embora entenda que a qualidade de segurado especial, em regime de economia familiar, não seja infirmada se aprodução rural excede o necessário à subsistência da família, quando tal parcela é colocada à venda para ajudar em

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orçamento familiar modesto, sublinho que o acervo probatório não permite que o recorrente seja incluído em tal exceção.Com efeito, além de ele ser proprietário de imóvel superior a quatro módulos fiscais, o seu patrimônio – especialmente aexistência de dois automóveis – demonstra a obtenção de renda da atividade rural que não é congruente com a ausênciade capacidade contributiva pressuposta para a concessão do benefício por ele pleiteado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 51).

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

33 - 0005057-76.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.005057-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUMA MARIA DA GRACALEITE GONCALVES (ADVOGADO: ES011377 - CLAUDIO PENEDO MADUREIRA, ES010629 - ELISA BONESI JARDIM,ES011376 - BRUNO COLODETTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.) x NELZA FROSI RANGEL (ADVOGADO: ES009301 - MICHELLE GOTTARDI VENTURA, ES010465- RENATA RECHDEN GOMIDE, ES009093 - PHELIPE DE MONCLAYR P. CALAZANA SALIM.).RECURSO Nº 0005057-76.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.005057-9/02)EMBARGANTES: NEUMA MARIA DA GRACA LEITE GONCALVES, NELZA FROSI RANGEL e INSSEMBARGADOS: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REPARTIÇÃO DO ÔNUS ENTRE OS RECORRENTESVENCIDOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95. BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO Nº 111DA SÚMULA DO STJ. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA JURISPRUDÊNCIA. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA.AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO.RECURSO DA CORRÉ CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA AUTORA CONHECIDO PARCIALMENTE, E,NESSA EXTENSÃO, PROVIDO APENAS PARA CORRIGIR ERRO DE DIGITAÇÃO.

NELZA FROSI RANGEL interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 1371/1374, contra acórdão proferido às fls.1360/1368, ao argumento da existência de omissão e contradição. Afirma que foi mencionado de forma equivocada o nomeda recorrida Neuma Maria Morais da Graça Leite, no subitem “ii” do item 10 do voto por mim proferido. Alega, também,supostos erros na enumeração de alguns itens do relatório e do voto condutor do julgado. Requer o provimento do recursopara sanar as falhas apontadas.

02. NEUMA MARIA MORAIS GRAÇA LEITE, que figura como litisconsorte do INSS nestes autos, interpõe embargosde declaração contra o mesmo acórdão, às fls. 1375/1381, sob o fundamento da existência de obscuridade quanto àcondenação ao pagamento de honorários advocatícios. Sustenta que o referido encargo sucumbencial caberiaexclusivamente ao INSS, diante do princípio da causalidade, uma vez que a conduta da embargante não contribuiu para darcausa ao ajuizamento da demanda. Além disso, suscita dúvida quanto ao percentual incidente sobre o valor dacondenação, no que tange ao cálculo da mencionada verba, diante da repartição do ônus entre os réus.

03. O INSS, às fls. 1383/1385, interpõe embargos de declaração, ao argumento de existência de omissão econtradição. Sustenta, para tanto, que não houve manifestação quanto à base de cálculo dos honorários advocatícios, eisque o acórdão embargado condenou a autarquia ao pagamento de 5% do valor da condenação, sem observar os ditamesdo enunciado nº 111, da súmula do STJ.

04. Verificada a tempestividade dos recursos e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheçoos Embargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

05. As supostas contradições relatadas pela autora (Nelza Frosi Rangel), ora embargante, não se subsumem aodisposto nos artigos 535, I, do Código de Processo Civil, e 48 da Lei nº 9.099/95, porquanto não se trata de incoerênciaentre os fundamentos do acórdão e as suas conclusões, mas de meros erros de digitação, que em nada prejudicam oresultado do julgamento. A propósito, conforme entendimento pacífico na jurisprudência, “a contradição apta a abrir a viados embargos declaratórios é aquela interna ao decisum, existente entre a fundamentação e a conclusão do julgado ouentre premissas do próprio julgado” (STJ, EDcl no REsp 1193789/SP, Quarta Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJE30/10/2013). No entanto, revela-se viável o acolhimento do recurso, apenas para sanar o erro de digitação identificado,providência que poderia ser adotada inclusive de ofício, nos termos do art. 463, I, do Código de Processo Civil. Ademais, asemelhança entre os nomes da autora Nelza e da ré Neuma recomenda que se promova a correção da falha, de modo aafastar eventuais dúvidas na compreensão de um trecho específico da fundamentação do voto condutor do julgado. Sendoassim, impõe-se a retificação do equívoco na digitação do nome “Neusa Maria da Graça Leite Gonçalves” (subitem ii doitem 10 – fl. 1365), no trecho em que há menção ao termo de audiência de homologação de divórcio consensual de fl. 112,para que passe a constar “Neuma Maria da Graça Leite Gonçalves”.

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06. Em relação às alegadas falhas na enumeração de itens e subitens do referido voto, o recurso não merece serconhecido, por ausência de interesse processual, pois a possível repetição de números no rol de subitens de fl. 1365 nãoprejudica de maneira alguma a compreensão do que restou decidido, nem afeta a coerência entre a fundamentação e aconclusão do julgado. Ademais, a ausência do número “01” no começo do relatório (fl. 1362) não configura omissãoalguma, tampouco erro material, mas apenas revela aplicação correta das técnicas de redação.

07. O exame do recurso interposto pela ré Neuma Maria Morais Graça Leite revela que a embargante pretende obtermanifestação sobre a sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios, à luz do princípio da causalidade e,subsidiariamente, esclarecimentos acerca do percentual devido por cada recorrente a esse título. Em que pese à suaargumentação, observo que a distribuição dos ônus da sucumbência restou devidamente elucidada no acórdão. Poroportuno, transcrevo o seguinte trecho do voto vencedor (fl. 1368): “Ante o exposto, conheço os recursos e nego-lhesprovimento. Condeno a recorrente NEUMA MARIA MORAIS DA GRAÇA LEITE ao pagamento de 50% das custasprocessuais e de honorários advocatícios, os quais fixo em 5% (cinco por cento) do valor da condenação, diante da igualrepartição a ser feita entre os litisconsortes, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95. Deixo de condenar o INSS aopagamento de custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Honorários advocatícios devidos pelo INSS no valorcorrespondente a 5% (cinco por cento) do valor da condenação, com fulcro no art. 55, da Lei n. 9.099/95”. Diante de taldesfecho, bem assim em face do que restou consignado na certidão de julgamento (fl. 1360), cada um dos recorrentesvencidos (Neuma e INSS) deverá pagar, a título de honorários advocatícios, a quantia correspondente a 5% (cinco porcento) do valor da condenação, totalizando, assim, o crédito em favor do patrono da parte vencedora no montante de 10%(dez por cento) sobre a mencionada base de cálculo. Ressalto que incide, na espécie, o disposto nos artigos 55 da Lei nº9.099/95 e 23 do Código de Processo Civil. Assim, a invocação genérica do princípio da causalidade não afasta aresponsabilidade da embargante pelo rateio dos ônus sucumbenciais, sobretudo em face de norma específica veiculada naLei nº 9.099/95 (art. 55), que comina tais encargos ao recorrente vencido.

08. Insta salientar que a inclusão da ré como litisconsorte necessária não foi condição suficiente à sua condenaçãoao pagamento das verbas de sucumbência. Embora a sua convocação para integrar o polo passivo tenha sidoimprescindível, tendo-se em vista a repercussão da sentença em sua esfera de interesses jurídicos, NEUMA MARIAMORAIS DA GRAÇA LEITE poderia ter reconhecido o pedido ou permanecido inerte. Contudo, apresentada resistência aopedido formulado mediante oferecimento de contestação, a qual foi reiterada em sede recursal, as verbas de sucumbênciatambém são por ela devidas. Portanto, não há omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada, o que conduz aodesprovimento do recurso.

09. Passando à análise do recurso do INSS, vejo que os embargos estão fundamentados na ausência demanifestação quanto à base de cálculo dos honorários advocatícios. Afirma a autarquia que deveria haver pronunciamentosobre a incidência, ou não, do enunciado nº 111, da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nasações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).

10. O referido enunciado reflete entendimento consolidado na jurisprudência (cf. inter plures, TNU, PEDILEF200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. JuizFederal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), motivo por que desnecessária a menção expressa no corpo doacórdão. Não há, assim, dúvida quanto à inviabilidade da inclusão de prestações vencidas após a sentença no cálculo doshonorários. Ausente disposição expressa em sentido contrário no julgado, que acolheu como base de cálculo o valor dacondenação, a orientação sedimentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça também é aplicada na sentença.Desse modo, apenas para que a fase de liquidação não se postergue de forma indevida, dou provimento aos embargos dedeclaração interpostos pelo INSS a fim de que conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honoráriosadvocatícios, a serem pagos pela autarquia federal e NEUMA MARIA MORAIS DA GRAÇA LEITE, deverá ser formadapelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

11. Posto isso, conheço, em parte, os Embargos de Declaração interpostos pela autora (Nelza Frosi Rangel) e,nessa extensão, dou-lhes provimento, apenas para retificar o equívoco identificado na digitação do nome “Neusa Maria daGraça Leite Gonçalves” (subitem ii do item 10 – fl. 1365). Assim, onde se lê: “ii) cópia da ata de audiência realizada na 2ªVara de Família da Comarca de Vitória, na qual se homologou o divórcio consensual entre Neusa Maria da Graça LeiteGonçalves e João Gonçalves dos Santos Júnior em 05 de junho de 2000 (fl. 112)”; leia-se: “ii) cópia da ata de audiênciarealizada na 2ª Vara de Família da Comarca de Vitória, na qual se homologou o divórcio consensual entre Neuma Maria daGraça Leite Gonçalves e João Gonçalves dos Santos Júnior em 05 de junho de 2000 (fl. 112)”. Mantenho inalterado, quantoao mais, o acórdão confrontado.

12. Conheço os Embargos de Declaração interpostos pela ré Neuma Maria Morais Graça Leite e, no mérito,nego-lhes provimento.

13. Outrossim, conheço os Embargos de Declaração interpostos pelo INSS e, no mérito, dou-lhes provimento paraque conste, no acórdão recorrido, que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquia federale Neuma Maria Morais da Graça Leite, deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentençaproferida pelo Juízo a quo

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

15. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

34 - 0004883-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004883-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ANTONIA DOESPIRITO SANTO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0004883-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004883-7/01)RECORRENTE: MARIA ANTONIA DO ESPIRITO SANTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVIMENTO DO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA. CONDENAÇÃO DAPARTE RECORRIDA AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ART. 55 DA LEI Nº9.099/95. RECORRENTE REPRESENTADA NOS AUTOS PELA DEFENSORIA PÚBLICA. ENUNCIADO Nº 421 DASÚMULA DO STJ. PRECEDENTE FIRMADO NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. VERBA HONORÁRIAINDEVIDA. RECURSO PROVIDO.

O INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 94/97, contra acórdão prolatado às fls. 88/90 ao argumento deexistência de contradição. Sustenta, para tanto, que, embora o recurso inominado tenha sido interposto pela parte autora, oacórdão embargado condenou a ora embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Alega, com base no art. 55 daLei nº 9.099/95 e no enunciado nº 57 do FONAJEF, que somente o recorrente vencido deve arcar com os honorários, razãopela qual não deve haver condenação para o recorrido. Requer a manifestação acerca da tese recursal suscitada, inclusivepara fins de prequestionamento.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Examinando o alegado vício, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno que o artigo 55da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. Não há previsão legal, na disciplina especialdos Juizados Especiais, capaz de amparar a condenação do recorrido, que se absteve de interpor recurso próprio, aopagamento da verba honorária em favor do patrono da parte contrária. Presente tal regramento específico, sequer se podefalar em lacuna legislativa, de modo a atrair a aplicação, por analogia, das regras gerais do Código de Processo Civil. Nessecontexto, a questão se resolve pelo princípio da especialidade. Cabe ao intérprete da lei prestigiar a regra especial,circunscrita ao seu âmbito de incidência, sempre que verificado conflito em face da regra geral.

04. Não bastasse isso, observo que a parte autora, cujo recurso inominado restou provido pelo acórdão oraconfrontado, foi representada nos autos pela Defensoria Pública da União, inclusive na fase recursal, o que, por si só, bastapara afastar a condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios. Com efeito, de acordo entendimento firmadopelo Superior Tribunal de Justiça sob a sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, não são devidos honorários àDefensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direito público integrante da mesma Fazenda Pública.Transcrevo, por oportuno, a ementa do julgado:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios.(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

05. Ampliou-se, assim, o alcance do enunciado nº 421 da súmula do STJ, cujo teor consta da ementa acimacolacionada. Desta feita, o INSS, por ser autarquia federal, não deve sofrer condenação ao pagamento de honoráriosadvocatícios em favor da DPU.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação doINSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

35 - 0105986-64.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105986-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JAILSON SALLES MONFARDINI(ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN.).RECURSO Nº 0105986-64.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105986-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JAILSON SALLES MONFARDINIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, observada a prescriçãoquinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. Prequestiona os artigos 5º, XXXV, da Constituição Federal, 3º e 267, VI, do Código deProcesso Civil. Contrarrazões às fls. 102/108.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 19/07/2008 e cessado em 30/03/2012

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(NB 531.462.705-8 – fl. 28). A presente demanda foi ajuizada em 18/10/2013 (fl. 30), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu aprescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação (18/10/2008) e somente o INSSinterpôs recurso. Sendo assim, estão prescritas as parcelas anteriores a 18/10/2008, não sendo possível a piora dasituação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio da vedação à reformatio in pejus.9. Corrijo erro material do dispositivo da sentença ao determinar o pagamento das diferenças devidas no percentual de 50%do total devido, por se tratar de benefício de auxílio-doença de titularidade da parte autora, cabendo, portanto o pagamentointegral das parcelas atrasadas.10. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento dehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

36 - 0005698-93.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005698-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x DALILA CAVALCANTI (ADVOGADO: ES012916 - MARIADE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0005698-93.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005698-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: DALILA CAVALCANTIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. ERROMATERIAL. PROVIMENTO PARCIAL.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 341/342, contra acórdão proferido à fl. 339 ao argumento deexistência de contradição decorrente da análise equivocada dos documentos juntados nos autos, o que teria acarretadoequívoco no julgamento da alegação de prescrição da pretensão da parte autora. Nesse sentido, alega que o benefício deaposentadoria e sua complementação por entidade de previdência privada tiveram início em janeiro de 1997, não obstanteo acórdão tenha indicado que tal data seria janeiro de 2007. O erro teve repercussão no julgamento do recurso, pois,considerando-se as premissas do acórdão, o recurso deveria ter sido provido.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, em julgamento de recurso inominado interposto pela União, a Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santodecidiu, às fls. 311/312, que:“Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, entre os quais se situa o imposto de renda, o prazoprescricional que assiste ao contribuinte para repetir o indébito ou proceder à compensação perfaz o total de dez anos apartir da ocorrência do fato gerador (cinco anos a contar da homologação tácita, que ocorre cinco anos após a ocorrênciado fato gerador). Assim, o termo inicial do prazo para postular a repetição do indébito é a data em que foi feito cadadesconto do IR sobre as prestações do benefício complementar. Como a parte autora passou a receber a complementaçãode aposentadoria em 18/06/2007 (fl. 57) e a presente ação foi ajuizada em 20 de agosto de 2008 (fl. 01), não está prescritaa pretensão de obter o ressarcimento das retenções do imposto de renda sobre o benefício.”

03. Às fls. 315/318, a União interpôs embargos de declaração, nos quais aduziu que a aposentadoria da parte autora teriaocorrido em 06.01.1997 e que a ação foi proposta em 18.09.2008, mais de dez anos após a concessão do benefício.Adicionalmente, afirmou que o prazo prescricional deveria ser de 5 anos, por força do disposto pelo art. 3º, da LeiComplementar n. 118/2005. O recurso foi então julgado por esta Turma Recursal, a qual negou-lhe provimento, aoargumento de que o acórdão embargado expressamente analisou a data de início da aposentadoria e que o transcurso doprazo prescricional inicia-se no mês em que é paga a complementação da aposentadoria, não tendo ocorrido a prescriçãoda exigibilidade do direito na presente hipótese.

04. Ao proceder à análise do segundo recurso de Embargos de Declaração interposto pela União, assinalo que asrazões para a reforma pretendida já foram declinadas no julgamento anterior. Logo, inexiste vício a ser sanado no últimojulgado que pudesse configurar a contradição apontada. Contudo, da leitura dos documentos carreados aos autos, verifico aexistência de erro material no acórdão prolatado em julgamento do recurso inominado, uma vez que a parte autoraaposentou-se no mês de janeiro de 1997 (fl. 305), sendo equivocada a referência à data de 18.06.2007.

05. Entretanto, a correção do erro material mencionado não conduz ao julgamento de improcedência do pedido, nostermos das razões deduzidas pela União. Para tanto, registro que o acórdão prolatado, no julgamento do recursoinominado, expressamente definiu que “o termo inicial do prazo para postular a repetição do indébito é a data em que foifeito cada desconto do IR sobre as prestações do benefício complementar”. Sendo certo que esses descontos tornaram-seindevidos a partir do pagamento da complementação da aposentadoria, por força da Lei n. 9.250/95, ante a alegadaexistência de dúplice incidência de imposto de renda sobre valor que já havia sido objeto de tal exação, o prazo, definido na

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sentença e no acórdão primeiramente embargado, atinge somente as parcelas que foram indevidamente tributadas antesdos dez anos que antecederam a propositura da demanda em 18.09.2008.

06. Adicionalmente, saliento que os acórdãos anteriores contêm fundamentação expressa para acolhimento da tesede que o prazo prescricional, na presente hipótese, deveria observar o interstício de dez anos, não havendo omissão,obscuridade ou contradição a respeito. Logo, caso persista a irresignação da União quanto ao julgamento dessa questão,caber-lhe-á a avaliação do recurso pertinente a ser interposto, não se prestando os embargos de declaração para talintento.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para corrigir erromaterial no recurso inominado de fls. 311/312, a fim de que nele conste que a parte autora aposentou-se em janeiro de1997 e, por conseguinte, estão prescritas as parcelas anteriores a 18.09.1998, tendo-se em vista a data do ajuizamento dademanda em 18.09.1998 (fl. 01)

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

37 - 0100641-63.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100641-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARMEM DA SILVASANTANA (ADVOGADO: ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 -THIAGO HUVER DE JESUS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNGTOMAZINI.).RECURSO Nº 0100641-63.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100641-0/02)RECORRENTE: CARMEM DA SILVA SANTANARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.1. CARMEM DA SILVA SANTANA interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido depagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, com fulcro do artigo 269, IV do Código deProcesso Civil.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS constituiumarco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n. 8.213/91, porqueteria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão; e ii) a primeira Seção do STJ, no RESP 1270439/PR,decidiu que, uma vez reconhecido o direito pela administração, o curso do prazo prescricional interrompido somente sereinicia após a negativa do ente público em cumprir a respectiva obrigação. Contrarrazões (fls. 123/125).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A questão relativa ao interesse processual da parte autora está superada em razão do julgamento de fls. 69/70.5. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).7. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 19/01/2004 e sem data de cessação(NB 132.361.263-4 – fls. 24 e 86). A presente demanda foi ajuizada em 18/11/2012 (fl. 27), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.8. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.

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100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.9. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).10. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(132.361.263-4), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadasmonetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com asalterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

38 - 0002031-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002031-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x SEBASTIAO GOMES DA COSTA(ADVOGADO: ES015691 - RODRIGO LOPES BRANDÃO.).RECURSO Nº 0002031-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002031-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEBASTIAO GOMES DA COSTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 94/97, contra acórdão proferido às fls. 88/91 ao argumento deexistência de omissão quanto à situação fática relacionada ao pedido formulado nos autos. Para tanto, sustenta que, aoverificar as condições para cumprimento do acórdão, constatou que o benefício concedido à parte autora foi cessado hámais de cinco anos, o que inviabilizaria o pagamento das parcelas vencidas tal como determinado pelo título judicial. Deigual modo, afirma que essa informação veicularia fato novo superveniente, o qual daria causa ao julgamento deimprocedência do pedido.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSO

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INTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

03. Insta salientar que o acórdão recorrido confirmou o conteúdo condenatório da sentença proferida pelo Juizado deorigem (fls. 59/60), ao qual caberá aferir, em fase de execução, se os cálculos formulados pelo INSS são corretos,cotejando-se as datas de início e término do benefício previdenciário concedido à parte autora com a forma de cômputo doprazo prescricional definida no título judicial.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

39 - 0100754-17.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100754-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x VALDECY MACHADO DA SILVA(ADVOGADO: ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL, ES017733 -THIAGO HUVER DE JESUS.).RECURSO Nº 0100754-17.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100754-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALDECY MACHADO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, deacordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art.1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelasanteriores a 15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu aprescrição quinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil). Prequestiona os artigos 5º, XXXV, da ConstituiçãoFederal, 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 126/138.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossem

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considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 21/01/2002 ecessado em 22/07/2004 (NB 123.030.172-8 – fl. 03) e, o segundo, concedido em 23/07/2004, sem data de cessação (NB136.569.706-9 – fl. 03). A presente demanda foi ajuizada em 05/12/2012 (fl. 24), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu a prescrição dasparcelas anteriores a 15/04/2005 e, somente o INSS interpôs recurso inominado. Sendo assim, quanto ao benefício nº123.030.172-8, a pretensão autoral encontra-se prescrita e, quanto ao benefício nº 136.569.706-9, estão prescritas asparcelas anteriores a 15/04/2005, não sendo possível a piora da situação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio davedação à reformatio in pejus.9.Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento dehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

40 - 0000595-28.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000595-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURITA DE OLIVEIRA LIRA(ADVOGADO: ES006985 - JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000595-28.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000595-6/01)RECORRENTE: LAURITA DE OLIVEIRA LIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROSMORATÓRIOS. PROVIMENTO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 83/84, contra acórdão proferido às fls. 78/79 ao argumento deexistência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado deu provimento ao recurso inominado interposto

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pela parte autora para julgar procedente pedido para concessão de aposentadoria por invalidez, porém não fixou a data deinício do benefício. O embargante sustenta que a omissão impossibilita o cumprimento integral da sentença, pois ademandante formulou requerimentos administrativos para concessão do benefício de incapacidade em 23.09.2009,03.12.2009, 15.04.2010 e 15.10.2010.

02. Declaração de impedimento do Exmo. Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes à fl. 89.

03. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

04. Passando ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno que,da leitura do acórdão ora guerreado, existe efetiva omissão na definição da data de início do benefício, a qual afeta ocálculo das parcelas vencidas. Nesse sentido, assinalo que os requerimentos administrativos formulados pela parte autorapara a concessão de benefício por incapacidade foram indeferidos (fl. 41). De igual modo, o perito judicial, em seu laudo,afirmou que a demandante era portadora de artrose em coluna lombar, doença de evolução lenta e progressiva, cujo inícionão teria como precisar, não estando ela incapacitada para o trabalho (fls. 52/53).

05. A ausência de definição da data de início da inaptidão para o trabalho, somada à evolução lenta e progressiva dadoença, impedem que a data de início do benefício seja coincidente com aquela em que houve a apresentação do primeirorequerimento administrativo (art. 43, II, da Lei n. 8.213/91). Desse modo, à míngua de elementos concretos mais precisos, adata de início do benefício deve ser aquela em que houve a apresentação do último requerimento administrativo indeferido,o que se deu em 15.10.2010 (fl. 86).

06. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas pelo INPC/IBGE a contar da data de seus respectivos pagamentose os juros moratórios deverão incidir à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês a contar da citação.

07. A propósito, ressalto que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina aatualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública.O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da suanatureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09,para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentessobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. Nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

08. O Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputoprevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice de atualização dosbenefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça(cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para incluir a fundamentaçãoacima no acórdão recorrido e alterar o seu dispositivo, a fim de que passe a contar que o recurso inominado teveprovimento para condenar o INSS a conceder o benefício de aposentadoria por invalidez à parte autora, com DIB em15.10.2010, devendo as parcelas vencidas serem atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de jurosmoratórios à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês a contar da citação.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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41 - 0003702-55.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.003702-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x PAULO ROBERTO DA SILVA (ADVOGADO:ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0003702-55.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.003702-9/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PAULO ROBERTO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com asdiretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelas anteriores a15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu a prescriçãoquinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) o artigo 103, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91, estabelece o prazo de 5anos para a propositura de ação que busque prestações vencidas, restituições ou diferenças devidas pela PrevidênciaSocial, contados a partir da data em que deveriam ter sido pagas; ii) a prescrição foi interrompida pela citação válida, apartir da data da propositura da ação; e ii) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil). Prequestiona os artigos 103, parágrafo único, daLei 8.213/91 e 269, IV do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 105/107.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).5. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).6. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 28/08/2002 e sem data de cessação(NB 100.309.173-0 – fl. 18). A presente demanda foi ajuizada em 09/05/2011 (fl. 19), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu aprescrição das parcelas anteriores a 15/04/2005 e, somente o INSS interpôs recurso inominado. Sendo assim, estãoprescritas as parcelas anteriores a 15/04/2005, não sendo possível a piora da situação da autarquia, sob pena de ofensa aoprincípio da vedação à reformatio in pejus.7. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.8. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade

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de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).9. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

42 - 0000545-42.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000545-6/01) LUSEIR SEVERO GOMES (ADVOGADO: ES010889 -EDUARDO CAVALCANTE GONÇALVES, ES006786 - FERNANDO ANTONIO POLONINI.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).RECURSO Nº 0000545-42.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000545-6/01)RECORRENTE: LUSEIR SEVERO GOMESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. LAUDO PERICIAL LACÔNICO. REGRAS DE EXPERIÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA.PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA. CONDENAÇÃO DA PARTE RECORRIDA AOPAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95. VERBA HONORÁRIAINDEVIDA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 96/101, contra acórdão proferido às fls. 93/94 que deu parcialprovimento ao recurso interposto por LUSEIR SEVERO GOMES para condenar a autarquia a implantar o benefício deauxílio-doença NB 530.751.940-7, desde 13/06/2008 até a reabilitação da parte autora, como pagamento das parcelasatrasadas corrigidas monetariamente na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal, ao argumento de existência deomissão e contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão, embora tenha reputado a perícia médica realizada nos autoscomo lacônica, não determinou a realização de nova perícia e fiou-se apenas em laudos médicos particulares para concluirpela incapacidade laboral da recorrida. Aduz, ainda, que a referência ao Manual de Cálculos da Justiça Federal é contráriaà forma de atualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, que permanece vigente enquanto o SupremoTribunal Federal não se pronunciar sobre a modulação temporal dos efeitos dos acórdãos prolatados em julgamento dasADIs 4357 e 4425. Alega, com base no art. 55 da Lei nº 9.099/95 e no enunciado nº 57 do FONAJEF, que somente orecorrente vencido deve arcar com os honorários, razão pela qual não deve haver condenação para o recorrido. Sustenta,ainda, ausência de manifestação acerca da incidência do enunciado n. 111 da súmula do STJ.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, quanto àalegação de existência de contradição por não ter sido declarado nulo o laudo pericial, tido como lacônico, consigno que, daleitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos pedidosformulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento dacausa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargosde Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão sobejamente analisada peladecisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.

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2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Insta salientar que no acórdão recorrido foram considerados os laudos médicos particulares para concluir pelaincapacidade laboral da recorrida, aplicando-se o disposto no artigo 5º, da Lei 9.099/95 que prevê o uso das regras deexperiência na apreciação das provas.

05. Em análise da contradição alegada entre o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido e a orientaçãoesposada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a forma de atualização monetária das parcelas vencidas, destaco que acontradição é vício a ser corrigido pelos embargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre siinconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro:Forense, 2001, p. 548). Logo, eventual contraste entre o acórdão atacado e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federalnão é contradição a ser sanada em julgamento de Embargos de Declaração, não devendo o recurso ser provido quanto aessa questão.

06. No que tange à omissão relacionada às razões empregadas para que a atualização monetária seja feita emobediência aos parâmetros fixados pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal, os quais incluem o INPC em substituição àTR, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

07. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013), motivo por que não existe omissão a ser suprida.

08. Examinando o alegado vício de contradição no que tange à condenação do recorrido vencido ao pagamento dehonorários advocaticios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno que o artigo 55 da Lei 9.099/95estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. Não há previsão legal, na disciplina especial dos JuizadosEspeciais, capaz de amparar a condenação do recorrido, que se absteve de interpor recurso próprio, ao pagamento daverba honorária em favor do patrono da parte contrária. Presente tal regramento específico, sequer se pode falar em lacunalegislativa, de modo a atrair a aplicação, por analogia, das regras gerais do Código de Processo Civil. Nesse contexto, aquestão se resolve pelo princípio da especialidade. Cabe ao intérprete da lei prestigiar a regra especial, circunscrita ao seuâmbito de incidência, sempre que verificado conflito em face da regra geral. Diante de tal conclusão, resta prejudicada aanálise da aplicação do enunciado n. 111 da súmula do STJ.

09. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes parcial provimento para excluir a

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condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

43 - 0100646-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100646-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLENEILDA SANT ANNA DEJESUS (ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 - THIAGO HUVER DE JESUS, ES018033 - ALICEDESTEFANI SALVADOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDOMARÇAL.).RECURSO Nº 0100646-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100646-0/01)RECORRENTE: CLENEILDA SANT ANNA DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.1. CLENEILDA SANT ANNA DE JESUS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte opedido de pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefícioprevidenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, reconhecendo aprescrição das parcelas vencidas no período de 16/04/2005 a 28/11/2007.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS constituiumarco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n. 8.213/91, porqueteria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão; e ii) a primeira Seção do STJ, no RESP 1270439/PR,decidiu que, uma vez reconhecido o direito pela administração, o curso do prazo prescricional interrompido somente sereinicia após a negativa do ente público em cumprir a respectiva obrigação. Contrarrazões (fls. 115/120).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).5. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).6. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 29/10/2002 e sem data de cessação(NB 100.311.308-4 – fl. 50). A presente demanda foi ajuizada em 29/11/2012 (fl. 27), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.7. Recurso da parte autora conhecido e provido para afastar a prescrição das parcelas vencidas, reconhecida na sentença.Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei9.099/95).8. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.9. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

44 - 0000618-11.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000618-4/01) FLORINDA PEREIRA PINTO (ADVOGADO: ES008522 -EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000618-11.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000618-4/01)

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RECORRENTE: FLORINDA PEREIRA PINTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

FLORINDA PEREIRA PINTO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 201/202, contra acórdão proferido às fls.191/197 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para tanto, que o julgado é omisso, porquanto teria deixado demencionar se havia contratação de empregados ou assalariados permanentes para o enquadramento de seu ex-maridocomo empregador rural. Alega, ainda, que o julgado não examinou a aplicação dos artigos 5º, XXXVI e 201, I, § 7º e II, daConstituição da República de 1988, bem como as provas documentais de atividade rural em nome da autora. Aduz que nãoconsta análise do trabalho rural da parte autora sem empregados, a partir de 1994 até a data do Decreto n. 4845/03, quealterou a redação do artigo 9º, do Decreto n. 3048/99, ou, após a separação.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dospedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração, novojulgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelo colegiado.Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questão sobejamenteanalisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

03. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007).

04. Insta salientar que no acórdão recorrido destacou-se que “A despeito de tais depoimentos, as provasdocumentais juntadas aos autos não corroboram a alegação de que a recorrente era trabalhadora rural, em regime deeconomia familiar, no período de carência à época em que completara 55 anos (1994), ou quando apresentou seurequerimento administrativamente, em 2009, quando contava com 70 anos (fl. 07). Para tanto, assinalo que os documentoscarreados aos autos referem-se principalmente às obrigações tributárias oriundas da condição de proprietária de imóvel emzona rural, inexistindo prova relacionada às atividades ao pequeno cultivo próprio ao regime de economia familiar. Da leituradas cláusulas do acordo de separação consensual subscrito pela recorrente e seu ex-cônjuge, constata-se que além dagrande extensão dos imóveis repartidos, ajustou-se também o uso compartilhado de um trator agrícola, de uma máquina ede um secador de café (fl. 18). A prova da propriedade total de 115,9 hectares (fl. 141) e de que seu ex-marido eraempregador rural enquanto estiveram casados (fl. 104) se somam nessa avaliação desfavorável ao pleito, uma vez queindicam a presença de capacidade contributiva, contrária ao intuito de amparo ao trabalhador rural que embasa aconcessão de aposentadoria por idade ao segurado especial” (fl. 195).

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Page 53: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

45 - 0106033-13.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.106033-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x JOSE ALVES BATISTA (ADVOGADO:ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ES011598 - MARIANAPIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ.).RECURSO Nº 0106033-13.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.106033-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE ALVES BATISTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, com base na TR até14/03/2013 e com base no INPC a partir de 14/03/2013, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil); e v) caso entenda-se que o Memorando-CircularConjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS tenha interrompido a prescrição, ela teria voltada a correr pela metade, de acordo com odisposto pelo art. 9º, do Decreto n. 20.910/32. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiuacerca da modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo serreconhecida a plena aplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona osartigos 5º, XXXV e 250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código deProcesso Civil, artigo 127, da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e,ainda, os artigos 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 74/78.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir

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integralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 26/07/2007 ecessado em 30/11/2007 (NB 521.346.650-4 – fl. 19) e, o segundo, concedido em 10/03/2009 e cessado em 24/07/2009 (NB533.921.959-0 – fl. 18). A presente demanda foi ajuizada em 26/06/2014 (fl. 26), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. A sentença determinou o pagamento das parcelasreconhecidas administrativamente, embora os cálculos de fls. 18/19 não esclareçam a data de início de apuração dasparcelas vencidas. Contudo, a cogitação de parcelas prescritas não tem influência, porque os benefícios da parte autorativeram inícios em 26/07/2007 e 30/03/2009.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013). Observo que a sentença determinou a incidência do INPC somente a partir de14/03/2013, não sendo possível a substituição desse capítulo se o recurso foi apenas manejado pelo INSS.

11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

46 - 0002869-03.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.002869-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x CORIOLANDO COIMBRA NEVES(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0002869-03.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.002869-0/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CORIOLANDO COIMBRA NEVESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVIL

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PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, com base na TR até14/03/2013 e com base no INPC a partir de 14/03/2013, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelas anteriores a15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu a prescriçãoquinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) impossibilidade de discussão acerca da ausência de interesse processual,porque a matéria já foi objeto de apreciação desta Turma; e ii) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSnão constituiu marco interruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências doINSS e pelas procuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiuato inequívoco de reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil); No que tange à atualizaçãomonetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca da modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento dasADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plena aplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alteraçõespromovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e 250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 daLei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127, da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 eartigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil. Sem contrarrazões (fl.103).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A questão relativa ao interesse processual da parte autora está superada em razão do julgamento de fls. 53/54.5. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .7. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 21/06/2004 ecessado em 12/01/2005 (NB 100.319.272-3 – fl. 15) e, o segundo, concedido em 13/01/2005, sem data de cessação (NB100.322.323-8 – fl. 18). A presente demanda foi ajuizada em 12/06/2012 (fl. 23), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu a prescrição dasparcelas anteriores a 15/04/2005 e, somente o INSS interpôs recurso inominado. Sendo assim, quanto ao benefício nº100.319.272-3, a pretensão autoral encontra-se prescrita e, quanto ao benefício nº 100.322.323-8, estão prescritas asparcelas anteriores a 15/04/2005, não sendo possível a piora da situação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio davedação à reformatio in pejus.8. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.9. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza

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quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013). Observo que a sentença determinou a incidência do INPC somente a partir de14/03/2013, não sendo possível a substituição desse capítulo se o recurso foi apenas manejado pelo INSS.10. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

47 - 0000660-52.2012.4.02.5053/02 (2012.50.53.000660-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO CHAGAS DONASCIMENTO (ADVOGADO: ES014651 - MARIZA GIACOMIN LOZER.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000660-52.2012.4.02.5053/02 (2012.50.53.000660-0/02)RECORRENTE: JOAO CHAGAS DO NASCIMENTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.1. JOÃO CHAGAS NASCIMENTO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido depagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário,observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) ocorrência de erro material na sentença ao determinar o pagamentodas diferenças devidas no percentual de 50% do total devido; e ii) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Sem contrarrazões (fl. 98).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).5. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).6. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 22/07/2002 ecessado em 06/02/2003 (NB 123.215.365-3 – fl. 71) e, o segundo, concedido em 07/02/2003, sem data de cessação (NB125.780.479-8 – fl. 72). A presente demanda foi ajuizada em 15/06/2012 (fl. 22), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelasvencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.7. Corrijo erro material do dispositivo da sentença ao determinar o pagamento das diferenças devidas no percentual de 50%do total devido, por se tratar de benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez de titularidade da parteautora, cabendo, portanto o pagamento integral das parcelas atrasadas.8. Recurso da parte autora conhecido e provido para afastar a prescrição das parcelas vencidas, reconhecida na sentença.Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei9.099/95).9. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

48 - 0000399-27.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000399-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURINA PEREIRA TIAGO(ADVOGADO: RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000399-27.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000399-2/01)RECORRENTE: MAURINA PEREIRA TIAGORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. MAURINA PEREIRA TIAGO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou extinto o processo, sem resoluçãodo mérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil, sob o fundamento de ausência de interesse de agir. Oobjeto da presente ação é o pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial debenefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS e oMemorando-Circular n. 28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010, não afastam o interesse de agir; ii) o Supremo Tribunal Federal,no julgamento do RE n. 549239, pautou-se no sentido de afastar a exigibilidade de prévio requerimento administrativo comocondição de acesso ao Judiciário; a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, nos autos doprocesso n. 200672950205329, assevera que a contestação do mérito da demanda caracteriza a resistência à pretensão e,consequentemente, o interesse de agir; iii) o procedimento de revisão administrativa é caracterizado por excesso deburocracia; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS prevê a revisão judicial; e v) o artigo 5º, XXXV, daConstituição Federal consagra o princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário e o Direito de Ação. Prequestiona amatéria. Contrarrazões às fls. 90/93.3. Inicialmente, ao proceder à análise do cabimento do recurso, entendo que a admissibilidade de recurso inominado contrasentença terminativa deve ocorrer se a causa apontada para a extinção do processo, sem resolução do mérito, possaimplicar efetiva negativa da prestação jurisdicional, tal como se dá caso a sentença atacada tiver como fundamento questãoque não possa ser corrigida ou superada pelo ajuizamento de nova demanda (art. 5º, da Lei n. 10.259/01; enunciado n. 18,das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro). Na presente hipótese, a extinção do feito esteve embasadano entendimento de que transação homologada judicialmente em ação coletiva é fato idôneo para caracterizar a ausênciade interesse processual. Contudo, persistente a irresignação da parte autora contra a forma de pagamento das parcelasvencidas decorrente da revisão da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, reputo que a não admissibilidade dorecurso inominado caracterizaria recusa definitiva do Poder Judiciário em ver apreciado o pedido formulado, razão por queo recurso inominado é cabível na presente hipótese.4. Ademais, tendo o INSS oferecido resposta ao recurso inominado, considero que a causa está em condições de imediatojulgamento, podendo esta Turma adentrar na análise do mérito da lide, nos termos do art. 515, § 3º, do Código de ProcessoCivil.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.7. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.

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8. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).9. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).10. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 02/06/2004 e sem data de cessação(NB 132.658.896-3 – fl. 20). A presente demanda foi ajuizada em 21/03/2011 (fl. 24), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.11. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.12. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).13. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(132.658.896-3), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadasmonetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com asalterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

49 - 0002845-69.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002845-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEACI MARIA BISSAPAULINO (ADVOGADO: ES017274 - GEDSON BARRETO DE VICTA RODRIGUES, ES012929 - PRISCILA PERIMGAVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002845-69.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002845-5/01)RECORRENTE: LEACI MARIA BISSA PAULINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. LEACI MARIA BISSA PAULINO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou extinto o processo, semresolução do mérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil, sob o fundamento de ausência de interessede agir. O objeto da presente ação é o pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensalinicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) a propositura de ação coletiva não obsta que o segurado busqueindividualmente seu direito na Justiça; ii) o segurado não deve ser obrigado a se sujeitar a cronogramas, calendários eparcelamentos impostos pelo INSS; iii) o acordo firmado nos autos da ação civil pública n. 0004911-28.2011.4.03.6183interrompeu a prescrição, a partir da citação; iv) estariam prescritas somente as parcelas vencidas há mais de cinco anosda elaboração do parecer CONJUR/MPS nº 248/2008; v) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão; vi) o INSS reconheceu o direito dossegurados por meio do Decreto n. 6.939/09, o que importaria interrupção da decadência e renúncia à prescrição por parteda autarquia; e vii) deve ser aplicado o disposto no art. 202 do Código Civil. Sem contrarrazões (fl. 59).3. Inicialmente, ao proceder à análise do cabimento do recurso, entendo que a admissibilidade de recurso inominado contrasentença terminativa deve ocorrer se a causa apontada para a extinção do processo, sem resolução do mérito, possaimplicar efetiva negativa da prestação jurisdicional, tal como se dá caso a sentença atacada tiver como fundamento questãoque não possa ser corrigida ou superada pelo ajuizamento de nova demanda (art. 5º, da Lei n. 10.259/01; enunciado n. 18,das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro). Na presente hipótese, a extinção do feito esteve embasadano entendimento de que transação homologada judicialmente em ação coletiva é fato idôneo para caracterizar a ausênciade interesse processual. Contudo, persistente a irresignação da parte autora contra a forma de pagamento das parcelasvencidas decorrente da revisão da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, reputo que a não admissibilidade dorecurso inominado caracterizaria recusa definitiva do Poder Judiciário em ver apreciado o pedido formulado, razão por queo recurso inominado é cabível na presente hipótese.4. Ademais, tendo o INSS oferecido contestação ao pedido, considero que a causa está em condições de imediatojulgamento, podendo esta Turma adentrar na análise do mérito da lide, nos termos do art. 515, § 3º, do Código de ProcessoCivil.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.7. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.8. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).9. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possível

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requerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).10. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 10/04/2003 e sem data de cessação(NB 129.619.553-5 – fl. 15). A presente demanda foi ajuizada em 28/06/2012 (fl. 20), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.11. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.12. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).13. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(129.619.553-5), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadasmonetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com asalterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

50 - 0000869-15.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000869-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOEL DE JESUS ALVES(ADVOGADO: ES012643 - THIAGO AARÃO DE MORAES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0000869-15.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000869-8/01)RECORRENTE: JOEL DE JESUS ALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. JOEL DE JESUS ALVES interpõe recurso inominado contra sentença que, em relação ao pedido de revisão de RMI, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, julgou extinto o processo, sem resoluçãodo mérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil, sob o fundamento de ausência de interesse de agir. Opedido de pagamento das diferenças devidas em decorrência da mencionada revisão foi julgado improcedente, com baseno artigo 269, I, do Código de Processo Civil, sob o fundamento de que não caberia ao Juízo preterir ou antecipar acordojudicial nos autos da Ação Civil Pública 0002320-59.2012.4.03.61836.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) o § 20, do artigo 32, do Decreto n. 3.048/99 é ilegal frente ao artigo

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29, II, da Lei n. 8.213/91; e ii) ainda que tivesse feito o requerimento administrativo para revisão do seu benefício, nãoobteria êxito ou somente receberia o pagamento das parcelas vencidas em 2020. Contrarrazões (fls. 60/67).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. Conforme se infere do documento de fl. 36, a renda mensal inicial do benefício da parte autora já foi revisada, nos termosdo artigo 29, II da Lei 8.213/91. O pagamento das diferenças devidas em decorrência da mencionada revisão, no entanto,encontra-se pendente.5. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.6. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.7. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).8. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).9. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 28/05/2009 e cessado em 27/01/2011(NB 535.792.348-1 – fl. 36). A presente demanda foi ajuizada em 16/08/2012 (fl. 24), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.10. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.11. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade

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de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).12. Recurso da parte autora conhecido e provido em parte para reformar a sentença e julgar procedente o pedido paracondenar o INSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefícioprevidenciário (535.792.348-1), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

51 - 0001696-38.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001696-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDETE BIANCARDI(ADVOGADO: ES012929 - PRISCILA PERIM GAVA, ES017274 - GEDSON BARRETO DE VICTA RODRIGUES.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0001696-38.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001696-9/01)RECORRENTE: VALDETE BIANCARDIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. VALDETE BIANCARDI interpõe recurso inominado contra sentença que julgou extinto o processo, sem resolução domérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil, sob o fundamento de ausência de interesse de agir. Oobjeto da presente ação é o pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial debenefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta: i) a propositura de ação coletiva não obsta que o segurado busqueindividualmente seu direito na Justiça; ii) o segurado não deve ser obrigado a se sujeitar a cronogramas, calendários eparcelamentos impostos pelo INSS; iii) o acordo firmado nos autos da ação civil pública n. 0004911-28.2011.4.03.6183interrompeu a prescrição, a partir da citação; iv) estariam prescritas somente as parcelas vencidas há mais de cinco anosda elaboração do parecer CONJUR/MPS nº 248/2008; v) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão; vi) o INSS reconheceu o direito dossegurados por meio do Decreto n. 6.939/09, o que importaria interrupção da decadência e renúncia à prescrição por parteda autarquia; e vii) deve ser aplicado o disposto no art. 202 do Código Civil. Sem contrarrazões (fl. 59).3. Inicialmente, ao proceder à análise do cabimento do recurso, entendo que a admissibilidade de recurso inominado contrasentença terminativa deve ocorrer se a causa apontada para a extinção do processo, sem resolução do mérito, possaimplicar efetiva negativa da prestação jurisdicional, tal como se dá caso a sentença atacada tiver como fundamento questãoque não possa ser corrigida ou superada pelo ajuizamento de nova demanda (art. 5º, da Lei n. 10.259/01; enunciado n. 18,das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro). Na presente hipótese, a extinção do feito esteve embasadano entendimento de que transação homologada judicialmente em ação coletiva é fato idôneo para caracterizar a ausênciade interesse processual. Contudo, persistente a irresignação da parte autora contra a forma de pagamento das parcelasvencidas decorrente da revisão da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, reputo que a não admissibilidade dorecurso inominado caracterizaria recusa definitiva do Poder Judiciário em ver apreciado o pedido formulado, razão por queo recurso inominado é cabível na presente hipótese.4. Ademais, tendo o INSS oferecido contestação, considero que a causa está em condições de imediato julgamento,podendo esta Turma adentrar na análise do mérito da lide, nos termos do art. 515, § 3º, do Código de Processo Civil.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossem

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considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.7. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.8. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).9. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).10. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 29/10/2003 e cessado em27/12/2003 (NB 512.008.023-1 – fl. 12 e Plenus). A presente demanda foi ajuizada em 24/04/2012 (fl. 15), antes dodecurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há quese falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão dobenefício.11. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.12. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.

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8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).13. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(512.008.023-1), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadasmonetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com asalterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

52 - 0100101-78.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100101-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x LAFANIA BIANCA DOS ANJOSCOUTO (ADVOGADO: SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL, MG098151 - JOSÉ MARIO PIMENTEL, MG097976 -MAURÍCIO XAVIER SOARES JUNIOR.).RECURSO Nº 0100101-78.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100101-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LAFANIA BIANCA DOS ANJOS COUTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com asdiretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelas anteriores a15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu a prescriçãoquinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil); e v) caso entenda-se que o Memorando-CircularConjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS tenha interrompido a prescrição, ela teria voltada a correr pela metade, de acordo com odisposto pelo art. 9º, do Decreto n. 20.910/32. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e 250, da Constituição Federal, os artigos103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127, da Constituição Federal c/c artigo 21, daLei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil.Contrarrazões às fls. 91/105.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. A

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propósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a três benefícios. O primeiro, concedido em 12/03/2004 ecessado em 30/04/2006 (NB 132.827.510-5 – fl. 46), o segundo, concedido em 04/06/2007 e cessado em 04/12/2011 (NB520.795.743-7 - fl. 47) e o terceiro, concedido em 04/12/2011 e cessado em 24/03/2014 (NB 153.569.763-3 – fl. 23 e CNIS).A presente demanda foi ajuizada em 15/01/2013 (fl. 35), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados dapublicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu a prescrição das parcelas anteriores a15/04/2005 e, somente o INSS interpôs recurso inominado. Sendo assim, quanto ao benefício nº 132.827.510-5, estãoprescritas as parcelas anteriores a 15/04/2005, não sendo possível a piora da situação da autarquia, sob pena de ofensa aoprincípio da vedação à reformatio in pejus. Ademais, observo que, na data do óbito do instituidor da pensão, a autora jácontava com 18 anos de idade (fls. 27/28).9. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

53 - 0102036-53.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102036-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x UDISLEI FERNANDES SOARES(ADVOGADO: ES020441 - Sueli Ribeiro Santos Corrêa, ES009223 - IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.).RECURSO Nº 0102036-53.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102036-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: UDISLEI FERNANDES SOARESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário,observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas dejuros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrio

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orçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 52/55.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 11/11/2007 ecessado em 30/04/2008 (NB 522.710.728-5 – fl. 12) e, o segundo, concedido em 19/02/2009, sem data de cessação (NB534.393.422-2 – fl. 13). A presente demanda foi ajuizada em 16/05/2013 (fl. 15), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação (16/05/2008) e somente o INSS interpôs recurso.Sendo assim, quanto ao benefício nº 522.710.728-5, a pretensão autoral encontra-se prescrita, não sendo possível a piorada situação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio da vedação à reformatio in pejus.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da

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Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

54 - 0003748-73.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003748-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSE ABEL DE ALMEIDA(ADVOGADO: ES018489 - MARIA ELIANA SOUZA.).RECURSO Nº 0003748-73.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003748-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE ABEL DE ALMEIDARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, deacordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art.1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelasanteriores a 15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu aprescrição quinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e 250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127, da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls.71/72, apresentadas fora do prazo (fl. 73).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil pública

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n. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 30/06/2006 e sem data de cessação(NB 140.429.224-9 – fl. 13). A presente demanda foi ajuizada em 23.09.2013 (fl. 14), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. A sentença reconheceu a prescrição dasparcelas anteriores a 15/04/2005, o que, na prática, não influenciaria nos cálculos das parcelas atrasadas, já que obenefício da parte autora teve início em 30/06/2006. Contudo, corrijo erro material do dispositivo da sentença ao se reportarao cálculo de fl. 41, uma vez que a referida apuração considerou prescritas as parcelas anteriores ao quinquênio queprecede o ajuizamento da ação (23/09/2008), cabendo ao INSS o fornecimento de elementos necessários para que sejamefetuados novos cálculos nos efetivos termos da sentença.9. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

55 - 0100334-91.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.100334-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x ROSE MARY PAGANOTTI DE SOUZA(ADVOGADO: ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA.).RECURSO Nº 0100334-91.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.100334-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ROSE MARY PAGANOTTI DE SOUZARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com asdiretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento das

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parcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 48/51.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.7.Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).8.Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento de

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honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.9. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

56 - 0103312-63.2013.4.02.5005/01 (2013.50.05.103312-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CILANE HELENA ARAUJODA CUNHA (ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0103312-63.2013.4.02.5005/01 (2013.50.05.103312-6/01)RECORRENTE: CILANE HELENA ARAUJO DA CUNHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.1. CILANE HELENA ARAUJO DA CUNHA interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido depagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, com fulcro do artigo 269, IV do Código deProcesso Civil.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Contrarrazões (fls. 71/72).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contar

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da data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 14/08/2004 e cessado em 30/04/2005(NB 506.266.343-8 – fl. 30). A presente demanda foi ajuizada em 08/07/2013 (fl. 24), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(506.266.343-8), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadasmonetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com asalterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

57 - 0102204-55.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102204-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALBERTO DEBARROS (ADVOGADO: ES012929 - PRISCILA PERIM GAVA, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017274 - GEDSONBARRETO DE VICTA RODRIGUES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DAPENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0102204-55.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102204-0/01)RECORRENTE: CARLOS ALBERTO DE BARROSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.1. CARLOS ALBERTO DE BARROS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido depagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, com fulcro do artigo 269, IV do Código deProcesso Civil.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS

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constituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Sem contrarrazões (fl. 96).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 03/08/2000 ecessado em 06/01/2001 (NB 118.644.380-1 – fl. 36) e, o segundo, concedido em 01/10/2001 e cessado em 15/05/2002 (NB123.029.532-9 – fl. 35). A presente demanda foi ajuizada em 22/05/2013 (fl. 37), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelasvencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE

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693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(118.644.380-1 e 123.029.532-9), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

58 - 0100135-03.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.100135-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x LAZARO GABRIEL ADAMI (ADVOGADO:ES012929 - PRISCILA PERIM GAVA, ES017274 - GEDSON BARRETO DE VICTA RODRIGUES.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0100135-03.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.100135-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e LAZARO GRABRIEL ADAMIRECORRIDOS: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA PARTE AUTORAPROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.1. O INSS e LAZARO GRABRIEL ADAMI interpõem recursos inominados contra sentença que julgou procedente em parteo pedido para condenar a autarquia ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensalinicial de benefício previdenciário, observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com aredação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual deCálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alteraçõespromovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões da parte autora às fls. 87/95.3. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Prequestiona a matéria. Semcontrarrazões do INSS (fl. 101).4. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisão

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imediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.6. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.7. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).8. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).9. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 13/03/2007 e cessado em 10/06/2007(NB 519.852.630-0 – fl. 12). A presente demanda foi ajuizada em 16.01.2013 (fl. 20), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.10. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.11. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).12. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Recurso da parte autora conhecido e provido para afastar a prescrição

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das parcelas vencidas, reconhecida na sentença. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamentode honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

59 - 0001604-94.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001604-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ELIANA COSTA PAULA GARCIA EOUTROS (ADVOGADO: ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0001604-94.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001604-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIANA COSTA PAULA GARCIARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, observada a prescriçãoquinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadasmonetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios,nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; e iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 103/111.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.

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6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 21/08/2003 e sem data de cessação(NB 130.157.635-0 – fl. 23). A presente demanda foi ajuizada em 29/07/2011 (fl. 25), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu aprescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação (29/07/2006) e somente o INSSinterpôs recurso. Sendo assim, quanto à autora Eliana Costa Paula Garcia, estão prescritas as parcelas anteriores a29/07/2006, não sendo possível a piora da situação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio da vedação à reformatioin pejus. Observo que os autores Guilherme Paula Garcia, Rafael Paula Garcia e Gustavo Paula Garcia eram menores deidade na data da concessão do benefício (fls. 13, 16 e 19). Sendo assim, quanto a eles não corre a prescrição, nos termosdo artigo 198, I, do Código Civil c/c artigo 103, parágrafo único da Lei n. 8.213/91, devendo a ser sentença ser substituídanesse capítulo, por tratar-se de nulidade suscetível de reconhecimento de ofício.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). De ofício, declaro a nulidadedo capítulo da sentença que declarou prescritas as parcelas devidas aos autores Guilherme Paula Garcia, Rafael PaulaGarcia e Gustavo Paula Garcia, uma vez que, em face deles, não corria a prescrição à data do ajuizamento da demanda,nos termos do artigo 198, I, do Código Civil c/c artigo 103, parágrafo único da Lei n. 8.213/91. Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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60 - 0107698-98.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.107698-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x ANDRESSA ALCAMIN PEREIRA SANTOS EOUTRO (ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).RECURSO Nº 0107698-98.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.107698-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANDRESSA ALCAMIN PEREIRA SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente e acrescidas de jurosmoratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Na sentença foiobservado que os juros de mora serão devidos a partir da citação. A sentença declarou, ainda, a prescrição das parcelasanteriores a 15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu aprescrição quinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil); e v) caso entenda-se que o Memorando-CircularConjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS tenha interrompido a prescrição, ela teria voltada a correr pela metade, de acordo com odisposto pelo art. 9º, do Decreto n. 20.910/32. No que tange aos juros de mora, aduz que somente são devidos a contar dacitação. Quanto à atualização monetária, sustenta que deve obedecer ao disposto no artigo art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, comas alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Contrarrazões às fls. 68/74.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a

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Administração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 11/11/2006, sem data de cessação(NB 100.328.183-1 – fls. 25 e 40). A presente demanda foi ajuizada em 04/12/2013 (fl. 29), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. A sentença reconheceu a prescrição dasparcelas anteriores a 15/04/2005, em que pese fazer parte do polo ativo autora que, à época da concessão do benefício,era menor de idade (fl. 28). Considerando que, na prática, o reconhecimento da prescrição não influenciará nos cálculosdas parcelas atrasadas, uma vez que o benefício da parte autora teve início em 11/11/2006, não há qualquer alteração a serfeita na sentença.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que a sentença determinou a aplicação do art.1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09 para fins de correção monetária e juros demora, estes devidos partir da citação.10. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

61 - 0100951-69.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100951-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x AUGUSTO SARDELA DOMINGUES(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.).RECURSO Nº 0100951-69.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100951-4/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: AUGUSTO SARDELA DOMINGUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário,observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas dejuros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil); e v) caso entenda-se que o Memorando-CircularConjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS tenha interrompido a prescrição, ela teria voltada a correr pela metade, de acordo com odisposto pelo art. 9º, do Decreto n. 20.910/32. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiuacerca da modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo serreconhecida a plena aplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona osartigos 5º, XXXV e 250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código deProcesso Civil, artigo 127, da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e,ainda, os artigos 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 124/129.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. A questão relativa ao interesse processual da parte autora está superada em razão do julgamento de fls. 73/74.5. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,

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inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).7. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 08/05/2005 e sem data de cessação(NB 100.324.161-9 – fl. 97). A presente demanda foi ajuizada em 17/12/2012 (fl. 40), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu aprescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação (17/12/2007) e somente o INSSinterpôs recurso. Sendo assim, estão prescritas as parcelas anteriores a 17/12/2007, não sendo possível a piora dasituação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio da vedação à reformatio in pejus.8. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.9. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).10. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

62 - 0001627-40.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001627-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x VANDERSON NEVES ANGELO (ADVOGADO:ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0001627-40.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001627-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VANDERSON NEVES ANGELORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVIL

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PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário,observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas dejuros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 63/64.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 27/09/2006 ecessado em 22/03/2009 (NB 518.050.573-5 – fl. 12) e, o segundo, concedido em 23/03/2009, sem data de cessação (NB535.719.835-3 – fl. 11). A presente demanda foi ajuizada em 29/07/2011 (fl. 14), antes do decurso do prazo prescricionalde 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. A sentença reconheceu a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação (29/07/2006), o que, na prática, não influenciaria noscálculos das parcelas atrasadas, já que o primeiro benefício da parte autora teve início em 27/09/2006.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento

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das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

63 - 0100835-04.2012.4.02.5005/01 (2012.50.05.100835-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ZELINDA STOCCOANGELI (ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0100835-04.2012.4.02.5005/01 (2012.50.05.100835-8/01)RECORRENTE: MARIA ZELINDA STOCCO ANGELIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.1. MARIA ZELINDA STOCCO ANGELI interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido depagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, com fulcro do artigo 269, IV do Código deProcesso Civil.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Sem contrarrazões (fl. 69).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sido

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somente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 11/08/2003 (NB512.004.748-0 – fl. 16) e, o segundo, concedido em 21/02/5005 (NB 506.747.770-5 – fl. 17). A presente demanda foiajuizada em 08/12/2012 (fl. 24), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados da publicação do referidoMemorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisãoretroagem à data de concessão do benefício.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário

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(512.004.748-0 e 506.747.770-5), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

64 - 0102025-24.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102025-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x SILVIA REGINA CORRÊA (ADVOGADO:ES020441 - Sueli Ribeiro Santos Corrêa, ES009223 - IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.).RECURSO Nº 0102025-24.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.102025-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SILVIA REGINA CORRÊARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, deacordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art.1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelasanteriores a 15/04/2005, sob o fundamento de que o reconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu aprescrição quinquenal (Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil). No que tange à atualização monetária, aduz que oSTF ainda não decidiu acerca da modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF,devendo ser reconhecida a plena aplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009.Prequestiona os artigos 103, parágrafo único da Lei 8.213/91, 3º, 267, VI e 269, IV, do Código de Processo Civil, 1º-F daLei 9.494/97 e artigos 5º, XXXV, 100, § 12, 102, I, alínea “l”e §2º da Constituição Federal.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada Pellegrini

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Grinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 30/08/2006 e cessado em 30/09/2009(NB 517.778.924-8). A presente demanda foi ajuizada em 15/05/2013 (fl. 19), antes do decurso do prazo prescricional de 5(anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. A sentença reconheceu a prescrição das parcelasanteriores a 15/04/2005, o que, na prática, não influenciaria nos cálculos das parcelas atrasadas, já que o benefício da parteautora teve início em 30/08/2006.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento dehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

65 - 0001617-93.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001617-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x DILCEA ZOZINO DOS SANTOS (ADVOGADO:ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0001617-93.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001617-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RECORRIDO: DILCEA ZOZINO DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente em parte o pedido para condená-lo aopagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário,observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas dejuros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 52/55.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 24/05/2003 e sem data de cessação(NB 129.524.030-8). A presente demanda foi ajuizada em 29/01/2011 (fl. 14), antes do decurso do prazo prescricional de 5

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(anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. No entanto, a sentença reconheceu a prescrição dasparcelas anteriores a 29/01/2006 e somente o INSS interpôs recurso inominado. Sendo assim, estão prescritas as parcelasanteriores a 29/01/2006, não sendo possível a piora da situação da autarquia, sob pena de ofensa ao princípio da vedaçãoà reformatio in pejus.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS aopagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

66 - 0100220-26.2012.4.02.5001/02 (2012.50.01.100220-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DESEGURO SOCIAL (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x RITA DE CASSIA COSTA MACHADO(ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES017733 - THIAGOHUVER DE JESUS.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0100220-26.2012.4.02.5001/02 (2012.50.01.100220-5/02)RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL e RITA DE CÁSSIA COSTA MACHADORECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS e RITA DE CÁSSIA COSTA MACHADO interpõem recursos inominados contra sentença que julgou procedenteem parte o pedido para condenar a autarquia ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da rendamensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n.9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, com base na TR até 14/03/2013 e com base no INPC a partir de14/03/2013, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pelaLei n. 11.960/09. Na sentença atacada, a discussão sobre as parcelas vencidas foi considerada prejudicada, ao argumentode que a autora teria concordado em receber o valor apurado pelo INSS.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento das

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parcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Contrarrazões da parte autora às fls. 125/133.3. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Prequestiona a matéria. Contrarrazõesdo INSS às fls. 138/140.4. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. A questão relativa ao interesse processual da parte autora está superada em razão do julgamento de fls. 69/70.6. No que se refere à prescrição, observo que a autora não concordou expressamente em receber o valor apurado em sedeadministrativa, com base na ação civil pública n. 0002320-59.2012.403.6183. Com efeito, a demandante foi intimada parase manifestar sobre a revisão administrativa da RMI do benefício, de R$ 663,65 para R$ 734,55 (fl. 85), mas requereu oprosseguimento do feito, pois discordava dos critérios propostos para que houvesse o pagamento no âmbito extrajudicial.Logo, inexiste manifestação expressa que denote anuência com os parâmetros do acordo apresentado pelo INSS, razãopor que não se pode reputar prejudicada a controvérsia referente à prescrição das parcelas vencidas.7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).8. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).9. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 02/05/2004, sem data de cessação(NB 100.318.847-5 – fl. 20). A presente demanda foi ajuizada em 22/10/2012 (fl. 24), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.10. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.11. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda

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Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).12. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Recurso da parte autora conhecido e provido para afastar a prescriçãodas parcelas vencidas, reconhecida na sentença. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamentode honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

67 - 0003472-42.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003472-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x DALVA DE OLIVEIRA NUNES.RECURSO Nº 0003472-42.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003472-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DALVA DE OLIVEIRA NUNESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com asdiretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parte autora játeve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos da transaçãohomologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento das parcelasvencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civil pública,forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lei n.8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores em atrasopretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrio orçamentário daSeguridade Social; iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marco interruptivo do prazoprescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelas procuradorias na revisão dosbenefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívoco de reconhecimento de direitopelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil); e v) caso entenda-se que o Memorando-Circular Conjunto n.21/DIRBEN/PFEINSS tenha interrompido a prescrição, ela teria voltada a correr pela metade, de acordo com o dispostopelo art. 9º, do Decreto n. 20.910/32. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Sem contrarrazões (fls. 208).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo, tenham sido considerados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito Processual

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Coletivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165). .8. No presente recurso, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 08/08/2010 e sem data de cessação(NB 100.364.837-9 – fl. 7). A presente demanda foi ajuizada em 10/09/2013 (fl. 135), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação aopagamento de honorários advocatícios, porque não houve a constituição de advogado.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

68 - 0002898-50.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002898-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA LEONARDA MUNIZ(ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES018046 - BRUNA APARECIDA DE MELLO COSTA, ES015314 -ANA MARIA FERNANDES ALBUQUERQUE, ES013181 - ALESSANDRA PATRICIA DE SOUZA ALBUQUERQUE.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0002898-50.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002898-4/01)

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RECORRENTE: ANA LEONARDA MUNIZRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. RECURSO DO INSSINTEMPESTIVO. NÃO CONHECIDO. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.1. O INSS e ANA LEONARDA MUNIZ interpõem recursos inominados contra sentença que julgou procedente em parte opedido para condenar a autarquia ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicialde benefício previdenciário, observada a prescrição quinquenal, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redaçãodada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos daJustiça Federal, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidaspela Lei n. 11.960/09.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Prequestiona a matéria. Semcontrarrazões do INSS (fl. 69).3. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social. No que tange à atualização monetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca damodulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plenaaplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 da Lei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127,da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 e artigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI,do Código de Processo Civil. Certificada a intempestividade do recurso apresentado pela autarquia (fl. 69), a parte autoranão foi intimada para contrarrazoar.4. Em juízo preliminar dos requisitos de admissibilidade, verifico que a Procuradoria Federal foi intimada da sentença em06/06/2014 (fl. 42), sendo que o recurso inominado somente foi apresentado em 29/07/2014 (fls. 54/68), ou seja, após odecurso dos 10 (dez) dias fixados pelo art. 42 da Lei n.º 9.099/95 c/c art. 9º da Lei nº 10.259/01.5. Em relação ao recurso interposto pela parte autora, presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço-o e passo àanálise do seu mérito.6. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 19/08/2003 e cessado em 31/05/2007(NB 129.358.782-3 – fl. 37). A presente demanda foi ajuizada em 04/07/2012 (fl. 21), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.9. Recurso do INSS não conhecido. Recurso da parte autora conhecido e provido para afastar a prescrição das parcelasvencidas, reconhecida na sentença. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

69 - 0001229-59.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001229-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CONSUELO AZEVEDO

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RAMOS (ADVOGADO: ES012929 - PRISCILA PERIM GAVA, ES017274 - GEDSON BARRETO DE VICTA RODRIGUES.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x OSMESMOS.RECURSO Nº 0001229-59.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001229-0/01)RECORRENTE: CONSUELO AZEVEDO RAMOSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA PARTE AUTORAPROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.1. O INSS e CONSUELO AZEVEDO RAMOS interpõem recursos inominados contra sentença que julgou procedente emparte o pedido para condenar a autarquia ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da rendamensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n.9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, de acordo com as diretrizes do Manual de Cálculos da Justiça Federal, eacrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n.11.960/09. A sentença declarou a prescrição das parcelas anteriores a 15/04/2005, sob o fundamento de que oreconhecimento administrativo do direito da parte autora interrompeu a prescrição quinquenal (Memorando-CircularConjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de 17/09/2010).2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; ii) o calendário de pagamento dasparcelas vencidas deverá ser observado pela parte autora, uma vez que a sentença transitada em julgado, na ação civilpública, forma coisa julgada erga omnes, nos termos do art. 16, da Lei n. 7347/85, não sendo aplicável o art. 103, III, da Lein. 8.078/90, por não se tratar de relação de consumo; iii) o cronograma para pagamento administrativo dos valores ematraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade de preservação do equilíbrioorçamentário da Seguridade Social; e iv) o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS não constituiu marcointerruptivo do prazo prescricional, pois apenas definiu regras a serem seguidas pelas agências do INSS e pelasprocuradorias na revisão dos benefícios, de acordo com o art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, o que não constituiu ato inequívocode reconhecimento de direito pelo devedor (art. 202, VI, do Código Civil). No que tange à atualização monetária, aduz que oSTF ainda não decidiu acerca da modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF,devendo ser reconhecida a plena aplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/2009.Prequestiona os artigos 103, parágrafo único da Lei n. 8.213/91, 3º, 267, VI e 269 IV, do Código de Processo Civil, 1º-F daLei n. 9.494/97, 5º, XXXV, 100, § 12, 102, I, alínea l e §2º da Constituição Federal. Contrarrazões da parte autora às fls.112/126.3. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSSconstituiu marco interruptivo do prazo prescricional para a revisão dos benefícios com base no artigo 29, II, da Lei n.8.213/91, porque teria reconhecido o direito dos segurados à mencionada revisão. Prequestiona a matéria. Semcontrarrazões do INSS (fl. 127).4. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.6. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.

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7. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).8. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).9. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 05/10/2006 ecessado em 02/03/2007 (NB 518.146.076-0 – fl. 54) e, o segundo, concedido em 03/03/2007 e cessado em 22/10/2009 (NB531.080.810-4 – fl. 52). A presente demanda foi ajuizada em 14/03/2012 (fl. 16), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelasvencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.10. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.11. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).12. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Recurso da parte autora conhecido e provido para afastar a prescriçãodas parcelas vencidas, reconhecida na sentença. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamentode honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

70 - 0001605-79.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001605-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDIR MARCELINO DIAS(ADVOGADO: ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0001605-79.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001605-9/01)RECORRENTE: VALDIR MARCELINO DIASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. VALDIR MARCELINO DIAS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou extinto o processo, sem resolução domérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil, sob o fundamento de ausência de interesse de agir.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que não há provas nos autos do efetivo pagamento das diferençasdevidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei n.8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99.3. Inicialmente, ao proceder à análise do cabimento do recurso, entendo que a admissibilidade de recurso inominado contrasentença terminativa deve ocorrer se a causa apontada para a extinção do processo, sem resolução do mérito, possaimplicar efetiva negativa da prestação jurisdicional, tal como se dá caso a sentença atacada tiver como fundamento questãoque não possa ser corrigida ou superada pelo ajuizamento de nova demanda (art. 5º, da Lei n. 10.259/01; enunciado n. 18,das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro). Na presente hipótese, a extinção do feito esteve embasadano entendimento de a revisão administrativa da renda mensal inicial é fato idôneo para caracterizar a ausência de interesseprocessual. Contudo, persistente a irresignação da parte autora contra a forma de pagamento das parcelas vencidasdecorrente da revisão da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, reputo que a não admissibilidade do recursocaracterizaria recusa definitiva do Poder Judiciário em ver apreciado o pedido formulado, razão por que o recursoinominado é cabível na presente hipótese.4. Ademais, tendo o INSS oferecido contestação ao pedido, considero que a causa está em condições de imediatojulgamento, podendo esta Turma adentrar na análise do mérito da lide, nos termos do art. 515, § 3º, do Código de ProcessoCivil.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.7. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.8. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).9. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).10. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios. O primeiro, concedido em 10/03/2006 ecessado em 25/08/2006 (NB 506.799.462-9 – fl. 32) e, o segundo, concedido em 26/08/2006, sem data de cessação (NB517.765.947-6 – fl. 38). A presente demanda foi ajuizada em 29/07/2011 (fl. 14), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelas

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vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício.11. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.12. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).13. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(506.799.462-9 e 517.765.947-6), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, aserem atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE, e acrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei.9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

71 - 0106442-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.106442-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZAURA LENKE(ADVOGADO: ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0106442-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.106442-6/01)RECORRENTE: IZAURA LENKERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. PRAZO PRESCRICIONAL.MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.1. IZAURA LENKE interpõe recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido de pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, com fulcro do artigo 269, I do Código de Processo Civil.2. Em suas razões recursais, a parte autora sustenta que a revisão pleiteada é cabível e não deve levar em conta o valormínimo. Ademais, não há nos autos demonstração de cálculo, tampouco extrato de todas as contribuições realizadas pelaparte autora. Contrarrazões às fls. 51/53.3. Observo, inicialmente, que a autora ajuizou a presente ação para que a parte ré fosse condenada ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial dos benefícios previdenciários nrs. 124.547.352-0,138.699.695-2, 139.807.921-6 e 531.423.763-2 (fl. 24), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com a redação dadapela Lei n. 9.876/99. Ao contestar o pedido, o INSS afirmou que não existiriam diferenças a serem pagas em relação ao

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benefício n. 531.423.763-2, que teria média de cálculo inferior ao mínimo, razão pela qual, após a revisão, permanecera emvalor mínimo. Quanto aos demais benefícios, o INSS alegou que estavam prescritos.4. A sentença, baseada nos documentos de fls. 33/39, julgou improcedente o pedido, sob o fundamento de que o objeto daação já teria sido obtido. No entanto, a sentença deixou de se manifestar sobre a prescrição aplicada em sedeadministrativa, cuja incidência culminou com a ausência de diferenças em relação aos benefícios nrs. 124.547.352-0,138.699.695-2 e 139.807.921-6. Trata-se, portanto, de sentença citra petita, o que justificaria o reconhecimento da suanulidade. Porém, tendo o INSS oferecido contestação ao pedido, considero que a causa está em condições de imediatojulgamento, podendo esta Turma adentrar na análise do mérito da lide, aplicando a regra do art. 515, § 3º, do Código deProcesso Civil.5. Assim, presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.7. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a sersatisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.8. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazo prescricional do exercício dodireito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91,tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o atoadministrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou emrenúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir dapublicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois a Administração Pública nãopraticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF 00129588520084036315, Rel. Juiz FederalGláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP 1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min.Castro Meira, DJE 02.08.2013).9. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).10. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a quatro benefícios. O primeiro, concedido em 22/05/2002,cessado em 09/12/2002 (NB 124.547.352-0 – fl. 33), o segundo, concedido em 24/05/2005, cessado em 30/07/2005 (NB138.699.695-2 – fl. 34), o terceiro, concedido em 31/10/2005, cessado em 18/12/2005 (NB 139.807.921-6 – fl. 35) e, oquarto, concedido em 09/08/2008 e cessado em 22/09/2010 (NB 531.423.763-2 – fl. 36). A presente demanda foi ajuizadaem 01/11/2013 (fl. 26), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados da publicação do referidoMemorando-Circular. Portanto, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisãoretroagem à data de concessão dos benefícios. Quanto ao benefício n. 531.423.763-2, o INSS deverá comprovar suasalegações no momento da execução.11. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.

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5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.12. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dos acórdãosprolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).13. Recurso da parte autora conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido, condenando oINSS ao pagamento das diferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário(124.547.352-0, 138.699.695-2, 139.807.921-6 e 531.423.763-2), nos termos do art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com aredação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente, com base no INPC/IBGE, e acrescidas de jurosmoratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n. 11.960/09. Sem custas (art.4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

72 - 0000268-67.2009.4.02.5005/01 (2009.50.05.000268-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEPARTAMENTO NACIONALDE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT (PROCDOR: WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO.) x IVANHOFFMANN RAASCH (ADVOGADO: ES014684 - EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0000268-67.2009.4.02.5005/01 (2009.50.05.000268-4/01)RECORRENTE: DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNITRECORRIDO: IVAN HOFFMANN RAASCHRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. COLISÃO COM ANIMAL EM RODOVIA FEDERAL.LEGITIMIDADE PASSIVA DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE-DNIT. OMISSÃOINJUSTIFICADA DA AUTARQUIA FEDERAL. DEVER DE RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO.1. Causa de pedir relacionada ao descumprimento do dever legal atribuído ao DNIT de promover a adequada conservaçãode rodovias, o recolhimento de animais soltos e a construção de barreiras que pudessem tornar mais segura a locomoçãodos usuários. A correlação entre os fundamentos fáticos e jurídicos expostos e as atribuições do DNIT, especialmente aadministração de programas de operação, manutenção, conservação e restauração de rodovias (art. 82, VI, da Lei n.10.233/01), demonstra sua legitimidade passiva. Precedentes das Cortes Regionais Federais.2. A responsabilidade civil do Estado, a teor do art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988, é informada pela teoriado risco administrativo, ensejando-se o dever de reparação ao lesado se configurados os seguintes pressupostos: aexistência de ato lesivo praticado por agente público em decorrência de suas atribuições; dano material ou moral suportado;nexo de causalidade entre o eventus damni e o comportamento positivo do agente público e a ausência de causaexcludente da responsabilidade estatal (cf. RTJ 55/503, RTJ 71/99, RTJ 91/377, RTJ 99/1155, RTJ 131/417). Contudo,omitindo-se o Estado, a sua responsabilização civil deverá estar fundada em ato ilícito, consubstanciado em negligência,imprudência ou imperícia, que estão associadas a uma conduta culposa que não requer a individualização do responsávelpelo não-agir pertinente, bastando que a atuação estatal reclamada fosse exigível a ponto de ter-se por injustificada aomissão.3. O cumprimento das obrigações de conservação e manutenção das condições de segurança para tráfego rodoviário peloDNIT deve ser avaliado dentro dos limites possíveis para que a Administração pública assegure o transporte em territórionacional de forma suficiente e adequada. Embora a observância dos padrões idôneos de segurança não possa ser ignoradaem prol da ampliação da malha viária, é imprescindível que a injustificada omissão do ente público – quando observadanegligência, imprudência ou imperícia – seja contrastada com as condições fáticas da situação analisada, a qual pode exigirdiferentes medidas de segurança de acordo com as peculiaridades da região por onde passa a rodovia, a população dasáreas lindeiras e o volume do seu tráfego.4. Colisão com animal ocorreu em curva que, a despeito de ter o asfalto em boas condições, estava em área semsinalização luminosa, o que caracteriza infração ao dever de promover a construção das instalações próprias à locomoção

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segura na rodovia. O fato de o acidente ter ocorrido em plena noite indica a relevância da omissão para o sinistro e, porconseguinte, demonstra o nexo causal entre o dano e a conduta do DNIT.5. Cabe, à parte ré, a prova de que o autor obteve indenização do seguro DPVAT (art. 333, II, do Código de Processo Civil),o que infirma o alegado desrespeito ao enunciado n. 246, da súmula da jurisprudência do STJ. Desconto do valor recebidoa título de auxílio-doença da quantia fixada pelos lucros cessantes.6. O valor da indenização pelos danos extrapatrimonais em R$ 15.000,00 (quinze mil reais) é adequado e razoável parareparar o transtorno psicológico excepcional causado ao demandante, agravados pelo seu período de internação, pelafratura em seu antebraço e pelas cicatrizes decorrentes da cirurgia e do acidente sofrido.7. Recurso conhecido e parcialmente provido para que o valor dos lucros cessantes seja definido em R$ 472,00(quatrocentos e setenta e dois reais), a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nos termos dafundamentação da sentença recorrida. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95).Sucumbente em maior fração, condeno o DNIT ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação.

RELATÓRIO

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE-DNIT interpõe recurso inominado, às fls.142/162, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Colatina (fls. 130/139), que julgouprocedente pedido para condená-lo ao pagamento de R$ 1.940,30 (um mil, novecentos e quarenta reais, e trinta centavos)para ressarcimentos dos danos emergentes suportados pela parte autora; R$ 1.090,00 (um mil e noventa reais) a título delucros cessantes; e R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para indenização dos danos extrapatrimoniais decorrentes de colisãocom animal sofrido na rodovia federal BR 259, sentido Baixo Guandu, em 26 de março de 2009. Em razões recursais,sustenta sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da causa, uma vez que a atribuição de patrulhar ostensivamente asrodovias federais cabe à Polícia Rodoviária Federal (art. 144, §2º, da Constituição da República de 1988; art. 20, I, II e VI,do Código de Trânsito Brasileiro; art. 1º, I, II e IV, do Decreto n. 1.655/95), sendo restritas ao DNIT as atribuições deinstalação e conservação da infraestrutura rodoviária (arts. 80, 81 e 82, da Lei n. 10.233/01). De igual modo, afirma que nãotem legitimidade para integrar o feito, porque o acidente que lesionou a parte autora foi causado por colisão com animalsolto, cabendo ao seu proprietário ou detentor a responsabilidade pela reparação dos danos causados, nos termos do art.936, do Código Civil.

02. Ademais, alega que: i) o art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988, não prevê hipótese deresponsabilidade civil objetiva caso o dano seja provocado por conduta omissiva do agente estatal; ii) a responsabilidadecivil subjetiva do DNIT não restaria configurada, pois ele não tem o dever de construir proteção para limitar o acesso àsrodovias (art. 82, da Lei n. 10.233/01), especialmente porque a guarda de animais, nas áreas lindeiras, cabe aos seusproprietários ou detentores; iii) não foi produzida prova que demonstre o nexo de causalidade entre a suposta falha deserviço e o sinistro, valendo destacar que o Boletim de Acidente de Trânsito informa que a rodovia tinha “bom estado deconservação, pavimentada, sinalizada, vertical e horizontalmente”; iv) a parte autora não adotou as cautelas necessáriaspara a direção de motocicleta à noite, pois a conduzia em alta velocidade, o que impediu que ele se desviasse do animal(arts. 28 e 43, do Código de Trânsito Brasileiro), ressaltando que é infração administrativa grave não reduzir a velocidade doveículo ao observar a aproximação de animais na pista (art. 220, XI, do Código de Trânsito Brasileiro); v) os valores doslucros cessantes foram fixados sem que houvesse prova do decréscimo dos ganhos do recorrido, o qual recebeu obenefício de auxílio-doença no período de 26.03.2006 a 25.09.2009; vi) o prejuízo material deveria ser calculado mediante adedução da quantia recebida do DPVAT (enunciado n. 246, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça); evii) a indenização pelos danos extrapatrimoniais é excessiva, devendo ser reduzida em obediência ao princípio darazoabilidade (art. 5º, LIV, da Constituição da República de 1988).

03. IVAN HOFFMAN RAASCH ofereceu contrarrazões, às fls. 170/179, nas quais argúi que o recurso não deve serconhecido, pois fora interposto perante a Vara Federal de Colatina, não obstante o feito tenha tramitado no Juizado EspecialFederal daquela Subseção; bem como porque o DNIT não apresentou fundamentos específicos para superação doentendimento vertido na sentença atacada, o que infringiria o princípio da dialeticidade. Ademais, requer a retirada dos

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documentos juntados às fls. 145/148, por terem sido colacionados aos autos depois da prolação da sentença.

04. No mérito, afirma que: i) o DNIT é parte legítima por ter sucedido o DNER em todos os seus direitos eobrigações; ii) a responsabilidade administrativa é objetiva, ainda que o dano tenha sido causado por conduta omissiva; iii) orecorrente não colocou barreiras protetivas na estrada ou placas indicativas de animas nas propriedades contíguas, o quecomprova o nexo de causalidade entre a omissão da autarquia e o acidente; iv) inexiste prova de que a parte autora tenhaconcorrido para o acidente; v) o ressarcimento dos lucros cessantes é devido, porque o demandante deixou de trabalhar nalavoura em época de colheita de café, em razão da internação e do repouso necessários para recuperar-se do acidente; vi)o desconto dos valores relacionados ao seguro DPVAT não pode basear-se na suposição de que o autor poderárequerê-los, motivo por que devem ser desconsiderados pelo Juízo em obediência ao disposto pelo art. 949, do CódigoCivil; e vii) o valor da indenização pelos danos extrapatrimonais mostrou-se adequado, não devendo ser reduzido.

05. É o relatório.

VOTO

06. Ao proceder à análise das preliminares suscitadas, assinalo que o Juizado Especial Federal de Colatina funcionade forma adjunta à Vara Federal daquela Subseção Judiciária (art. 18, parágrafo único, da Lei n. 10.259/01), cabendo, aosmagistrados lá lotados, a atuação comum nos feitos que tramitam em quaisquer dos ritos. Assim, o equívoco no cabeçalhoda peça recursal apresentada pelo DNIT não prejudica o seu juízo de admissibilidade, especialmente porque foicorretamente indicado o órgão judicial responsável pelo julgamento do recurso inominado (fl. 143), inexistindo prejuízooriundo de mero erro material na interposição (art. 154, do Código de Processo Civil).

07. De igual modo, não observo incongruência entre as razões declinadas no recurso inominado para substituição dasentença recorrida e aquelas enunciadas pelo magistrado a quo para o embasamento de sua convicção. A reprodução dosargumentos já apresentados em contestação não é por si suficiente para demonstrar a dissociação entre o recurso e adecisão judicial impugnada, tendo-se em vista que o recorrente pretende ver acolhida sua argumentação, a qual foirejeitada pelo Juízo a quo em julgamento de procedência do pedido. Portanto, não vislumbro violação ao princípio dadialeticidade, tal como sustentado pelo recorrido.

08. Desse modo, presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

09. O DNIT arguiu sua ilegitimidade passiva no feito, porque a atribuição de patrulhar ostensivamente as rodoviasfederais cabe à Polícia Rodoviária Federal (art. 144, §2º, da Constituição da República de 1988; art. 20, I, II e VI, do Códigode Trânsito Brasileiro; art. 1º, I, II e IV, do Decreto n. 1.655/95), sendo apenas responsável pela instalação e conservaçãoda infraestrutura rodoviária (arts. 80, 81 e 82, da Lei n. 10.233/01). Ademais, a ausência de legitimidade decorreria daconstatação de que o acidente que lesionou a parte autora foi causado por colisão com animal solto, cabendo ao seuproprietário ou detentor a responsabilidade pela reparação dos danos causados, nos termos do art. 936, do Código Civil.

10. A verificação das condições para o exercício legítimo do direito de ação deve estar pautada pelas afirmaçõesfeitas pelo demandante em sua petição inicial (cf. José Carlos Barbosa Moreira. Legitimação para Agir. Indeferimento daPetição Inicial. In: Temas de Direito Processual Civil. Primeira Série. 2a edição São Paulo: Saraiva, 1988, p. 200. KazuoWatanabe. Da Cognição no Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 58. Apud in Alexandre FreitasCâmara. Lições de Direito Processual Civil. 10a edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 129), sob o risco de subvertero juízo de admissibilidade da pretensão processual em cognição antecipada do mérito da causa. Nesse sentido, assinaloque causa de pedir está relacionada ao descumprimento do dever legal reservado ao DNIT de promover a adequadaconservação de rodovias, mediante o recolhimento de animais soltos e a construção de barreiras que pudessem tornarmais segura a locomoção dos usuários. A correlação entre os fundamentos fáticos e jurídicos expostos e as atribuições doDNIT, especialmente a administração de programas de operação, manutenção, conservação e restauração de rodovias(art. 82, VI, da Lei n. 10.233/01), demonstra a pertinência subjetiva necessária para que haja a sua legitimidade para figurarno polo passivo da causa, conforme orientação perfilhada pelas Cortes Regionais Federais (cf. TRF da 1ª Região, AC200641010032522, Sexta Turma, Rel. Des. Fed. Daniel Paes Ribeiro, DJF1 13.10.2009, p. 241; TRF da 2ª Região, AC200550010010007, Oitava Turma, Rel. Des. Fed. Poul Erik Dyrlund, DJF2R 24.08.2011, p. 360/361, APELRE200651020052674, Sétima Turma, Rel. Des. Fed. José Antonio Lisbôa Neiva, DJF2R 26.11.2010, p. 282/283; TRF da 3ªRegião, AC 00009784320054036123, Sexta Turma, Rel. Des. Fed. Mairan Maia, DJF3 12.04.2012; TRF da 5ª Região, AC00189001920114058100, Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Francisco Wildo, DJE 07.03.2013, p. 208).

11. Adicionalmente, sublinho que a Polícia Rodoviária Federal é órgão que integra a administração pública diretafederal (art. 144, §2º, da Constituição da República de 1988), com o propósito de garantir a segurança do transporte e dodeslocamento na malha viária federal, não lhe incumbindo a construção e a manutenção das instalações das rodovias,razão por seria incorreta a inclusão da União como ré sob esse fundamento. De igual modo, a narrativa dos fatos e aapresentação do suporte jurídico do pedido deduzido pela parte autora não estão associados ao descumprimento do deverde guarda conferido ao dono ou a quem detinha a posse do animal que provocou a colisão (art. 936, do Código Civil),sendo, porém, reservado ao réu o direito de regressivamente pleitear o ressarcimento dos valores a que seja condenado apagar à parte autora (art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).

12. Para análise do dever de ressarcimento e indenização imposto ao DNIT na presente hipótese, cumpre destacarque a responsabilidade civil do Estado, a teor do art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988, é informada pela teoria

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do risco administrativo, ensejando-se o dever de reparação ao lesado se configurados os seguintes pressupostos: aexistência de ato lesivo praticado por agente público em decorrência de suas atribuições; dano material ou moral suportado;nexo de causalidade entre o eventus damni e o comportamento positivo do agente público e a ausência de causaexcludente da responsabilidade estatal (cf. RTJ 55/503, RTJ 71/99, RTJ 91/377, RTJ 99/1155, RTJ 131/417). Contudo,omitindo-se o Estado, a sua responsabilização civil deverá estar fundada em ato ilícito, consubstanciado em negligência,imprudência ou imperícia, que estão associadas a uma conduta culposa que não requer a individualização do responsávelpelo não-agir pertinente, bastando que a atuação estatal reclamada fosse exigível a ponto de ter-se por injustificada aomissão. Neste sentido, posicionou-se o Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 369.820-RS (Segunda Turma,Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 27.02.2004):CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS PÚBLICAS. ATO OMISSIVODO PODER PÚBLICO: LATROCÍNIO PRATICADO POR APENADO FUGITIVO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º. I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, aresponsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência,a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviçopúblico, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do serviço - faute du service dos franceses - não dispensa orequisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o danocausado a terceiro. III. - Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão temposantes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio. Precedentes do STF: RE172.025/RJ, Ministro Ilmar Galvão, "D.J." de 19.12.96; RE 130.764/PR, Relator Ministro Moreira Alves, RTJ 143/270. IV. -RE conhecido e provido.

13. Em apoio a este entendimento, trago à colação passagem da lição de Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso deDireito Administrativo, 17a edição, São Paulo: Malheiros, 2004, pp. 95/896):“Quando o dano foi possível em decorrência de uma omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou tardia ouineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade subjetiva. Com efeito, se o Estado não agiu, não pode,logicamente, ser ele o autor do dano. E, se não foi o autor, só cabe responsabilizá-lo caso esteja obrigado a impedir o dano.Isto é: só faz sentido responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento lesivo.Deveras, caso o Poder Público não estivesse obrigado a impedir o acontecimento danoso, faltaria razão para impor-lhe oencargo de suportar patrimonialmente as consequências da lesão. Logo, a responsabilidade estatal por ato omissivo ésempre responsabilidade por comportamento ilícito. E, sendo responsabilidade por ilícito, é necessariamenteresponsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do Estado (embora do particular possa haver) que não sejaproveniente de negligência, imprudência, imperícia (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar a norma que oconstituía em dada obrigação (dolo). Culpa e dolo são justamente as modalidades de responsabilidade subjetiva.”

14. A propósito, anoto que o Supremo Tribunal Federal posicionou-se favoravelmente à responsabilidade civilsubjetiva do Estado em julgados subsequentes ao acima transcrito (cf. RE 602.223 AgR, Segunda Turma, Rel. Min. ErosGrau, DJE 13.03.2010; RE 409.203, Segunda Turma, Rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa, DJ 20.04.2007; RE 395.942AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 27.02.2009), tendo também adotado orientação divergente em outrosacórdãos (cf. ARE 754.778 AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJE 18.12.2013; RE 677.283 AgR, SegundaTurma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 07.05.2012; ARE 705.643 AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJE12.11.2012). A ausência de precedente específico sobre o tema, oriundo da composição plenária daquela Corte, permite amanutenção de minha convicção, segundo a qual o ente estatal somente é civilmente responsável em casos de omissão sedemonstrada a sua inação injustificada, mediante comprovação de dolo ou culpa na inobservância de comando legal queimpelia a sua atuação.

15. No recurso sob exame, o policial subscritor do Boletim de Acidente de Trânsito narrou que o autor sofreuacidente no dia 26.03.2009, na rodovia BR 259, Km 56,9, Município de Colatina, em boa condição meteorológica, em viapavimentada, com acostamento, bom estado de conservação, nivelada, mas sem sinalização luminosa (fl. 24). O referidoacidente ocorreu mediante colisão com animal (cavalo) em curva, quando o autor seguia em ritmo fixo (fl. 25), tendo sidoele levado ao Hospital Maternidade Sílvio Ávidos para atendimento de urgência para tratamento de escoriações e fratura noantebraço direito (fls. 29, 31 e 36), permanecendo internado entre 26.03.2009 e 01.04.2009 (fl. 31). Embora o DNIT afirmeque o autor concorreu para o acidente, por não dirigir com o cuidado e a atenção indispensáveis à segurança do trânsito(arts. 28 e 43, do Código de Trânsito Brasileiro), o Boletim de Acidente de Trânsito aponta que os pneus da motocicleta dodemandante estavam em bom estado de conservação, ele usava capacete, não tinha vestígios de ingestão de álcool,tampouco havia marca de frenagem na pista (fls. 25/26), razão por que não identifico indícios de que o autor estaria emvelocidade superior à permitida para o trecho (art. 220, XI, do Código de Trânsito Brasileiro). Outrossim, o policial rodoviáriofederal, que lavrou o boletim de acidente, ao ser ouvido pelo Juízo, não se recordou dos fatos relacionados ao sinistro,tendo afirmado que são frequentes os acidentes com animais na área onde trabalha (mídia eletrônica anexa aos autos).

16. Portanto, reputo provados o dano e a ausência de culpa exclusiva da vítima, ante a inexistência de provas de queela não teria adotado as cautelas necessárias para a condução de seu veículo na rodovia. No que tange à omissão daautarquia federal, é certo que lhe cabe a conservação e a manutenção das condições seguras para tráfego rodoviário.Contudo, o cumprimento dessas obrigações deve ser avaliado dentro dos limites possíveis para que a Administraçãopública assegure o transporte em território nacional de forma suficiente e adequada. Embora a observância dos padrõesidôneos de segurança não possa ser ignorada em prol da ampliação da malha viária, é imprescindível que a injustificadaomissão do ente público – quando observada negligência, imprudência ou imperícia – seja contrastada com as condiçõesfáticas da situação analisada, a qual pode exigir diferentes medidas de segurança de acordo com as peculiaridades daregião por onde passa a rodovia, a população das áreas lindeiras e o volume do seu tráfego.

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17. Da análise do acervo probatório, observo que a colisão ocorreu em curva que, a despeito de ter o asfalto emboas condições, estava em área sem sinalização luminosa, o que caracteriza infração ao dever de promover a construçãodos equipamentos adequados para a locomoção segura na rodovia. O fato de o acidente ter ocorrido às 20hs:10min, emplena noite (fl. 24), indica a relevância da omissão para o sinistro e, por conseguinte, demonstra o nexo causal entre o danoe a conduta do DNIT.

18. Comprovada a responsabilidade civil do DNIT, sublinho que a autarquia federal também recorre da sentença aoargumento de que os valores dos lucros cessantes foram fixados sem que houvesse prova do decréscimo dos ganhos dorecorrido, o qual recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 26.03.2006 a 25.09.2009, bem como o prejuízomaterial deveria ser calculado mediante a dedução da quantia recebida do DPVAT (enunciado n. 246, da súmula dajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça). Nesse sentido, destaco que não há prova de que a parte autora tenhaobtido indenização do seguro DPVAT, sendo ônus da parte ré a juntada de documento nesse sentido (art. 333, II, do Códigode Processo Civil), o que infirma o alegado desrespeito ao enunciado n. 246, da súmula da jurisprudência do STJ. Emrelação ao benefício de auxílio-doença, constato que o demandante o percebeu no valor mensal de R$ 465,00(quatrocentos e sessenta e cinco reais) entre 26.03.2009 e 25.09.2014 (fl. 166). Logo, para que os lucros cessantes sejamdefinidos de acordo com o seu intuito (art. 949, do Código Civil), deles deve ser abatida a quantia percebida a título deauxílio-doença nos dois meses em que o autor deixou de receber seu salário (TRF da 1ª Região, AC 200001000511890,Quinta Turma, Rel. Juiz Federal Marcelo Albernaz, DJ 01.06.2006, p. 49), cabendo apenas o pagamento de R$ 160,00 paracompensação da remuneração que deixou de ser auferida no intervalo aludido.

19. Anoto que os documentos de fls. 163/166 relatam dados que constam na base CNIS, os quais são passíveis deconsulta pelo julgador, valendo destacar que as informações neles veiculadas não tiveram sua veracidade refutada pelaparte autora. Logo, tendo sido dada oportunidade para o demandante manifestar-se em contrarrazões (art. 398, do Códigode Processo Civil), não identifico violação ao contraditório ou ao devido processo legal que imponha a exclusão dosdocumentos dos autos (art. 5º, LIV e LV, da Constituição da República de 1988).

20. Ademais, no que tange ao valor da indenização pelos danos extrapatrimonais, entendo que o valor de R$15.000,00 (quinze mil reais) é adequado e razoável ao transtorno psicológico excepcional causado ao demandante,agravados pelo seu período de internação, pela fratura em seu antebraço e pelas cicatrizes decorrentes da cirurgia e doacidente sofrido.

21. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento apenas para que o valor dos lucros cessantesseja definido em R$ 160,00 (cento e sessenta reais), a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nostermos da fundamentação da sentença recorrida. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95).Sucumbente em maior fração, condeno o DNIT ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação.

22. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

23. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

73 - 0000360-61.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000360-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEIDE HONORATO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES006766 - RODRIGO SOUZA GRILLO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINSBARBOSA.) x HSBC BAMERINDUS S/A (ADVOGADO: ES014263 - MARIO CESAR GOULART DA MOTTA, ES016995 -FILIPE RODRIGUES PAIVA.).RECURSO Nº 0000360-61.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000360-1/01)RECORRENTE: NEIDE HONORATO DOS SANTOSRECORRIDO: HSBC BAMERINDUS S/ARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO NA CONFECÇÃO DE DOCUMENTO DE INSCRIÇÃONO CPF/MF. NULIDADE DA SENTENÇA. CAUSA MADURA. RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.1. Ação ajuizada em face de UNIÃO e instituição financeira privada para que elas fossem condenadas a proceder à novaemissão de número de inscrição no CPF/MF e ao pagamento de danos morais decorrentes dos transtornos subsequentes àatribuição de número de inscrição no CPF/MF em duplicidade. Embora contestado o pedido pelos réus, o Juízo a quo nãoextinguiu o feito, sem resolução do mérito, em relação ao segundo demandado, tampouco julgou improcedente o pedido emface dele deduzido. Configurada nulidade, por ser a sentença citra petita (arts. 128 e 460, do Código de Processo Civil), acausa já se encontra madura para julgamento, sendo possível o julgamento dos recursos interpostos, nos termos do art.515, §3º, do Código de Processo Civil.2. Rejeição da alegação de ilegitimidade passiva da UNIÃO e do HSBC BANK BRASIL S/A para figurar no polo passivo.

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Pertinência subjetiva existente, pois a petição inicial contém fundamentação jurídica idônea para os pedidos que foramdeduzidos em face deles.3. Ausência de interesse processual da parte autora em ver condenada a UNIÃO a fornecer novo número de inscrição juntoao CPF/MF, uma vez que não houve resistência extrajudicial a essa pretensão.4. Da leitura dos documentos carreados aos autos, observo que a UNIÃO, por meio da Secretaria da Receita Federal, nãoteria praticado ato ou agido com negligência ao gerar o número de inscrição da parte autora no cadastro de pessoas físicas,pois foram atribuídos números distintos em seu banco de dados. A prática do ato lesivo coube ao Banco Bamerindus S/Aque, ao confeccionar o documento de comprovação de inscrição no CPF/MF, teria cometido erro na aposição da respectivanumeração. A correlação entre o ato lesivo e o conjunto de responsabilidades assumidas pela instituição financeira faz comque o dever de indenizar seja-lhe diretamente imputado. A responsabilidade da União, na presente hipótese, somente seriaadmitida de forma subsidiária, sob o risco de impor-lhe dever de indenização a despeito de ausência de nexo decausalidade que associe o ato lesivo à conduta praticada por um de seus agentes. Contudo, ausente fundamento para quese presuma a incapacidade econômica do HSBC Bank Brasil S/A para arcar com a reparação, o pedido de condenação daUnião ao pagamento de indenização por danos morais deve ser julgado improcedente.5. Indenização por danos morais majorada para R$ 5.000,00 (cinco mil reais) de acordo com a jurisprudência da SegundaTurma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo. Esse valor deverá ser atualizado monetariamente a partir dapublicação do acórdão (enunciado n. 362, da súmula da jurisprudência do STJ) pelo IPCA/IBGE e acrescido de jurosmoratórios à razão de 1% (um por cento) ao mês a contar da data de inclusão do número do CPF/MF atribuído à autora emcadastro de devedores inadimplentes (enunciado n. 54, da súmula da jurisprudência do STJ).6. Recurso da parte autora conhecido e parcialmente provido para condenar o HSBC Bank Brasil S/A ao pagamento deindenização por danos morais no valor R$ 5.000,00 (cinco mil reais), atualizada monetariamente e acrescida de jurosmoratórios nos termos da fundamentação. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordocom o art. 55, da Lei n. 9.099/95.7. Recurso da UNIÃO conhecido e parcialmente provido para julgar improcedente o pedido de condenação ao pagamentode indenização por danos morais em face dela formulado (art. 269, I, do Código de Processo Civil). Sem condenação aopagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

NEIDE HONORATO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 71/72, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 65/69), que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, quanto ao pedidopara que a União fornecesse novo número de inscrição da parte autora junto ao cadastro de pessoas físicas (CPF), mantidopelo Ministério da Fazenda, e julgou procedente o pedido para condenar a União ao pagamento de indenização no valor detrês salários-mínimos pelo dano moral suportado. Em suas razões recursais, a parte autora requer o provimento do recursopara que lhe seja fornecido novo número de inscrição no CPF/MF, bem como que a indenização por danos morais sejamajorada para R$ 17.500,00 (dezessete mil e quinhentos reais).

02. A UNIÃO interpôs recurso inominado, às fls. 76/79, em que pugna pela substituição da sentença, porque oresponsável pela falha do serviço prestado foi o banco BAMERINDUS. Alega, de igual modo, que os juros moratóriosdevem ser calculados de acordo com o disposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/2009, bem como que o cômputo deles deve ser iniciado a partir da data de arbitragem da quantia a ser paga paraindenização, consoante o enunciado n. 362, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

03. A UNIÃO ofereceu contrarrazões, às fls. 80/87, ao recurso inominado apresentado pela demandante, nas quaisafirmou que o Juizado Especial Federal seria incompetente para processar e julgar a causa, com fulcro no art. 3º, §1º, I, daLei n. 10.259/01, pois nela se pediu a anulação de ato administrativo (cancelamento de inscrição anterior no CPF/MF), quenão tem natureza previdenciária e tampouco veicula lançamento fiscal. Adicionalmente, alega que não foi responsável pelaprática do ato ilícito e que o valor da indenização não deve ser majorado.

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04. Regularmente intimada, a parte autora deixou de apresentar resposta ao recurso inominado interposto pelaUnião (fl. 91).

05. É o relatório.VOTO

06. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

07. Antes de iniciar a análise das questões suscitadas pela demandante e pela União em seus respectivos recursos,saliento que a parte autora ajuizou ação em face de UNIÃO e “HSBC BAMERINDUS S/A” para que ambos fossemcondenados a proceder à nova emissão de número de inscrição no CPF/MF e ao pagamento de danos morais decorrentesdos transtornos subsequentes à atribuição de número de inscrição no CPF/MF em duplicidade. Em relação ao segundo réu,“HSBC BAMERINDUS S/A”, a parte autora especificamente aduziu que “a sua inclusão no polo passivo decorreu do fato deser a instituição bancária que expediu o CPF da autora, nos termos da cópia anexa – cujo carimbo de expedição foi datadode 19.07.1991” (fl. 03).

08. Citado, o HSBC BANK BRASIL S/A, arguiu sua ilegitimidade passiva, porque a inclusão do nome da demandanteem cadastro de devedores inadimplentes ocorreu por provocação do BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A. No mérito,aduziu que: não manteve relação obrigacional com a autora, o que infirmaria o nexo de causalidade exigido para aconfiguração da responsabilidade civil; a responsabilidade exclusiva para emissão de número de inscrição no CPF/MF é daUnião; e o ato narrado não causou danos morais.

09. Compulsando-se os autos, verifico que o Juízo a quo não se manifestou sobre a ilegitimidade passiva do HSBCBANK BRASIL S/A nas audiências realizadas (fls. 58 e 62) ou na sentença proferida às fls. 65/69. De igual sorte, ointegérrimo magistrado sentenciante não analisou as alegações expendidas pelo HSBC BANK BRASIL S/A e tampoucoexplicitou se julgava procedente, ou não, o pedido em face dele formulado. Configurada nulidade, por ser a sentença citrapetita (arts. 128 e 460, do Código de Processo Civil), entendo, porém, que a causa já se encontra madura para julgamento,sendo possível a análise dos recursos interpostos, nos termos do art. 515, §3º, do Código de Processo Civil.

10. Outrossim, o julgamento da pressente demanda perante Juizado Especial Federal não infringe a regra veiculadapelo art. 3º, §1º, da Lei n. 10.259/01, pois o pedido principal relaciona-se à responsabilidade civil da parte ré pelos danosmorais decorrentes do erro no documento de inscrição no CPF/MF, tendo sido pedida a atribuição de novo número deregistro como consectário do dano sofrido.

11. Ao proceder à análise da ilegitimidade passiva da UNIÃO e do HSBC BANK BRASIL S/A, destaco que averificação das condições para o exercício legítimo do direito de ação deve estar pautada pelas afirmações feitas pelodemandante em sua petição inicial (cf. José Carlos Barbosa Moreira. Legitimação para Agir. Indeferimento da PetiçãoInicial. In: Temas de Direito Processual Civil. Primeira Série. 2a edição São Paulo: Saraiva, 1988, p. 200. Kazuo Watanabe.Da Cognição no Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 58. Apud in Alexandre Freitas Câmara. Liçõesde Direito Processual Civil. 10a edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 129), sob o risco de subverter o juízo deadmissibilidade da pretensão processual em cognição antecipada do mérito da causa.

12. Adotada a teoria da asserção, os requisitos do provimento final devem ser aferidos a partir dos fatos efundamentos jurídicos apontados na peça vestibular. No presente feito, a parte autora indica que a União é responsávelpela emissão de novo número de inscrição no CPF/MF e pela regularidade dos dados inseridos no referido cadastro. Emrelação ao HSBC BANK BRASIL S/A, a demandante afirma que os seus empregados foram diretamente responsáveis peloerro na expedição do seu documento de inscrição no CPF/MF, o que tornaria a instituição obrigada a reparar o danocausado. Logo, constato a pertinência subjetiva necessária à inclusão dos réus no polo passivo do feito, pois a petiçãoinicial contém fundamentação jurídica idônea para os pedidos que foram propostos em face deles.

13. Para melhor análise dos recursos, assinalo que a parte autora recebeu documento de inscrição no CPF/MF,confeccionado pelo Banco Bamerindus S/A (sucedido pelo HSBC BANK BRASIL S/A) em 19.07.1991, em que se indicavaque o seu número de inscrição seria 658.897.205-97 (fl. 10). Contudo, após ter a abertura de crediário negada emestabelecimento comercial, constatou que o referido número de inscrição pertencia a Luiz Honorato dos Santos (fls. 11/12).Citada, a União reconheceu o equívoco cometido e apontou que o correto número de inscrição da autora no CPF/MF é658.897.545-72, tendo informado, à fl. 49, que:

“Verificando nossos sistemas, constatamos que de fato a contribuinte NEIDE HONORATO DOS SANTOS está inscrita noCadastro de Pessoas Físicas-CPF, sob o número 658.897.545-72 e que o CPF n. 658.897.205-97, pertence a seu irmãoLUIZ HONORATO DOS SANTOS.Considerando que as inscrições foram atribuídas na mesma data e na mesma Agência Bancária (Banco Bamerindus doBrasil), e que na época as inscrições eram feitas através do formulário “Modelo de Inscrição e Alteração – MIA”,acompanhado do “Cartão de Identificação do Contribuinte – CIC”. Provavelmente o funcionário do Banco inverteu aafixação de etiqueta, no CIC ou no MIA, que era encaminhado para digitação, gerando assim a inversão de atribuição donúmero de inscrição no CPF.Verificamos ainda, que a inscrição 658.897.545-72, pertencente a NEIDE HONORATO DOS SANTOS, encontra-se nasituação “suspensa” e que a regularização deverá ser providenciada em uma das conveniadas (Banco do Brasil, Caixa

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Econômica Federal ou Correios), munido da identidade e título de eleitor.” (sic)

14. Ante tais informações, entendo que o recurso da parte autora deve ser desprovido, no que tange ao requerimentopara que seja reformada a sentença no capítulo em que o pedido foi julgado extinto, sem resolução do mérito, por ausênciade interesse processual. Com efeito, inexistente resistência da União à satisfação extrajudicial do pedido de nova emissãode número de inscrição no CPF/MF, a atuação substitutiva do Judiciário não é necessária e, por conseguinte, o interesseprocessual não resta configurado quanto a esse pleito.

15. Em análise da responsabilidade civil da União e do HSBC BANK BRASIL S/A, cumpre sublinhar que a inclusãodo nome da contribuinte no cadastro nacional de pessoas físicas, mantido pelo Ministério da Fazenda, bem como aconfecção e a entrega de documento comprobatório dessa inscrição estão inseridas na prestação de serviço públicoreservada ao Estado relacionada à manutenção da higidez das condições para recolhimento e controle de pagamento detributos. Nesse sentido, a relação jurídica existente entre a pessoa inscrita no CPF/MF e a União é de natureza pública, aqual se estende à disciplina daquela mantida entre o contribuinte e o HSBC BANK BRASIL S/A – sucessor do BancoBamerindus S/A -, que, à data dos fatos, prestava serviço público ao ser responsável pela confecção e entrega dedocumento de inscrição no CPF/MF. Logo, o exame da responsabilidade civil deve estar pautado pela norma veiculada peloart. 37, §6o, da Constituição da República de 1988.

16. A responsabilidade civil do Estado, de acordo com o art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988, éinformada pela teoria do risco administrativo, ensejando-se o dever de reparação ao lesado se configurados os seguintespressupostos: a existência de ato lesivo praticado por agente público em decorrência de suas atribuições; dano material oumoral suportado; nexo de causalidade entre o eventus damni e o comportamento positivo do agente público e a ausência decausa excludente da responsabilidade estatal (cf. RTJ 55/503, RTJ 71/99, RTJ 91/377, RTJ 99/1155, RTJ 131/417).

17. Da leitura dos documentos carreados aos autos, observo que a União, por meio da Secretaria da ReceitaFederal, não teria praticado ato ou agido com negligência ao gerar o número de inscrição da parte autora no cadastro depessoas físicas, uma vez que foram atribuídos números distintos para Luiz Honorato dos Santos e Neide Honorato dosSantos em seu banco de dados (fl. 47). Com efeito, a prática do ato lesivo coube ao Banco Bamerindus S/A que, aoconfeccionar o documento de comprovação de inscrição no CPF/MF, teria cometido erro na aposição da respectivanumeração (fl. 10), o que foi corroborado pelo documento de fl. 49. A correlação entre o ato lesivo e o conjunto deresponsabilidades assumidas pela instituição financeira faz com que o dever de indenizar seja-lhe diretamente imputado. Aresponsabilidade da União, na presente hipótese, somente seria admitida de forma subsidiária, sob o risco de impor-lhedever de indenização a despeito de ausência de nexo de causalidade que associe o ato lesivo à conduta praticada por umde seus agentes. Contudo, ausente fundamento para que se presuma a incapacidade econômica do HSBC BANK BRASILS/A para arcar com a condenação, o pedido de condenação da União ao pagamento de indenização por danos morais deveser julgado improcedente.

18. No que tange ao dano sofrido pela demandante, observo que existe prova de que o seu suposto número deinscrição no CPF/MF foi usado para incluir o nome de Luiz Honorato dos Santos em cadastro de devedores com títulosprotestados em 29.12.2009 (fl. 11). Todavia, a prova do dano sofrido pelo constrangimento na negativa de obtenção decrediário limitou-se às alegações feitas pela autora em seu depoimento pessoal e às contidas no testemunho de seu genro(fl. 67). Assim, embora considere que tais provas são muito frágeis para comprovar a negativa de crédito em 30.03.2010 naloja “Móveis Linhares” (fl. 02), ressalto que a demandante também alega que a inclusão do seu suposto número deinscrição do CPF impede a abertura de conta corrente e outros atos comerciais. Desse modo, com base em taisfundamentos, dado o uso frequente desses dados fiscais para as atividades de comércio e consumo cotidianos, entendo terocorrido desrespeito à integridade moral do correntista, o que é suficiente para a caracterização do dano, valendo, apropósito, a transcrição da lição de Maria Celina Bodin de Moraes (Danos à Pessoa Humana. Uma LeituraCivil-Constitucional dos Danos Morais, Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 327):

“1. Constitui dano moral a lesão a qualquer dos aspectos componentes da dignidade humana- dignidade esta que seencontra fundada em quatro substratos e, portanto, corporificada no conjunto dos princípios da igualdade, da integridadepsicofísica, da liberdade e da solidariedade.2. Circunstância que atinjam a pessoa em sua condição humana, que neguem esta sua qualidade, serão automaticamenteconsideradas violadoras de sua personalidade e, se concretizadas, causadoras de dano moral a ser reparado.3. Não será, portanto, o sofrimento humano ou a situação de tristeza, constrangimento, perturbação, angústia ou transtorno,que ensejará a reparação, mas apenas aquelas situações graves o suficiente para afetarem a dignidade humana pelaviolação de um ou mais, dentre os substratos referidos.4. Para que exista dano moral, não é preciso que se configure lesão a algum direito subjetivo da pessoa da vítima, ou averificação de prejuízo por ela sofrido. A violação de qualquer situação jurídica subjetiva extrapatrimonial em que estejaenvolvida a vítima, desde que merecedora da tutela jurídica, será suficiente para gerar a reparação.5. A lesão á situação jurídica subjetiva protegida poderá decorrer da ação ou de omissão, por culpa ou por risco. A tutela dadignidade humana da vítima tem que significar a mais ampla proteção da pessoa. No entanto, com relação á culpalevíssima, será permitido ao juiz ponderar: a exigência de cuidados excepcionais e diligência incomum ofereceriam um forteincentivo à chamada “indústria do dano moral”, além de, do ponto de vista da consciência coletiva, contribuíremsignificativamente para o incremento do processo de vitimização social.”

19. Em análise do recurso da parte autora, na parte em que impugna o valor fixado pelo Juízo a quo para reparaçãopor danos morais, sublinho que a indenização deve corresponder à extensão do dano sofrido (art. 944, do Código Civil),

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considerando-se a gravidade do ato e a desídia do Banco Bamerindus em não adotar as cautelas necessárias nofornecimento de documento de extrema importância para a autora. Assim, atento aos precedentes desta Turma Recursal,fixo o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para indenização dos danos morais. Essa quantia deverá ser atualizadamonetariamente a contar da publicação do acórdão (enunciado n. 362, da súmula da jurisprudência do STJ) peloIPCA/IBGE e acrescida de juros moratórios à razão de 1% (um por cento) ao mês a contar de 29.12.2009, data da inclusãodo número do CPF/MF atribuído à autora em cadastro de devedores inadimplentes (enunciado n. 54, da súmula dajurisprudência do STJ).

20. Ante o exposto, conheço o recurso interposto por NEIDE HONORATO DOS SANTOS e dou-lhe parcialprovimento para majorar o valor da indenização por danos morais para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), atualizadamonetariamente e acrescida de juros moratórios nos termos da fundamentação, a ser arcada por HSBC BANK BRASILS/A. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

21. Ademais, conheço o recurso interposto pela UNIÃO e dou-lhe parcial provimento para julgar improcedente opedido de condenação ao pagamento de indenização por danos morais em face dela formulado, com espeque no art. 269,I, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art.55, da Lei n. 9.099/95.

22. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

23. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

74 - 0000893-57.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000893-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x MARIA PEREIRADOS SANTOS (ADVOGADO: ES005433 - DASIO IZAIAS PANSINI.).RECURSO Nº 0000893-57.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000893-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA PEREIRA DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO DO INSTITUIDOR DOBENEFÍCIO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A concessão do benefício de pensão por morte exige prova da qualidade de segurado do extinto contribuinte e ademonstração da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual é presumida na hipótese emque este era cônjuge do instituidor da pensão.2. Controvérsia sobre a qualidade de segurado do ex-cônjuge da parte autora. Provas documentais e testemunhais dedesempenho de emprego rural devem ser avaliadas dentro do contexto próprio de precariedade do trabalho em áreaagrícola.3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas. Honorários advocatícios fixados em 10%(dez por cento) do valor da condenação.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 184/191, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde São Mateus (fls. 176/182), que julgou procedente o pedido para concessão do benefício de pensão por morte instituídapelo ex-cônjuge da parte autora com data de início em 06.10.2008, quando formulado o requerimento administrativo.

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Sustenta que o instituidor do benefício havia perdido a qualidade de segurado em 16.05.2008 (art. 15, §4º, da Lei n.8.213/91), o que impede a concessão da pensão em decorrência de sua morte em 02.09.2008. Alega que: i) em inspeçãoadministrativa, os servidores da autarquia previdenciária verificaram que as provas do vínculo de emprego com “ArivalNunes Lima”, entre 11.08.2008 e 02.09.2008, eram frágeis e, portanto, o alegado trabalho não poderia ter sido consideradocomo tempo de contribuição; ii) o ex-cônjuge da parte autora não tinha idade ou tempo de contribuição suficiente paraaposentar-se, o que afasta a hipótese prevista pelo art. 102, §2º, da Lei n. 8.213/91; e iii) o instituidor do benefício não erasegurado especial, porquanto manteve vínculos de emprego, conforme verifica-se em sua CTPS.

02. Em contrarrazões às fls. 198/201, a parte autora afirma que o vínculo empregatício do Sr. José Geraldo dosSantos com “Anival Nunes Lima” foi comprovado pelas provas documentais e pelas testemunhas ouvidas em Juízo, razãopor que deve ser negado provimento ao recurso.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A recorrida pediu a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, na condição deex-cônjuge do instituidor, nos termos do art. 16, I, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteadoindepende de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de seguradodo extinto contribuinte e a comprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual épresumida na presente hipótese.

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração da condição de segurado do instituidor dobenefício, Sr. José Geraldo dos Santos, na data de seu óbito em 02.09.2008 (fl. 22), uma vez que os dados do CadastroNacional de Informações Sociais – CNIS indicam que o seu último vínculo empregatício foi com o Município de São Mateusentre 01.01.2007 e 30.03.2007 (fl. 59). Entretanto, a parte autora afirma que o instituidor do benefício teria trabalhado paraAnival Nunes Lima e, para tanto, juntou cópia de CTPS, na qual foi anotado que José Geraldo dos Santos fora admitido,como trabalhador rural, por Anival Nunes Lima em 11.08.2008, tendo sido o contrato extinto na data do óbito (fl. 49),constando o registro de que período de experiência foi encerrado em 24.09.2008 (fl. 55), tendo também sido carreada aosautos cópia do respectivo termo de rescisão de contrato de trabalho (fl. 62). Para aferir a veracidade dessas informações, oINSS fez visita ao escritório de contabilidade do ex-empregador, onde constatou que não havia prova de que José Geraldodos Santos havia sido submetido a exame admissional, bem como que seu “registro de empregado” não continha suaassinatura (fl. 69), o que levou a autarquia previdenciária a não homologar o requerimento para que o período de trabalhoprestado a Anival Nunes Lima fosse considerado como tempo de contribuição para fins previdenciários.

07. As testemunhas Maria Luiza do Nascimento Alves e Chamer Claudino Pereira afirmaram que José Geraldo dosSantos era trabalhador rural, tendo ambos confirmado o seu último vínculo laboral (fl. 179) em audiência de instrução ejulgamento. Diante das provas documentais e testemunhais, o magistrado sentenciante entendeu restar provado o trabalhorural entre 11.08.2008 e 14.09.2008, assinalando que a precariedade das condições do trabalho agrícola torna rara arealização de exame médico admissional antes da contratação de empregados, bem como a ausência de assinatura doempregado em sua ficha é característica observada em outros registros feitos pelo mesmo empregador, conforme severifica mediante a leitura das folhas sequenciais do livro de empregados encontrado em escritório de contabilidade (fls.67/72).

08. Da leitura dos autos, reputo correta tal avaliação, valendo destacar, adicionalmente, que José Geraldo dosSantos foi qualificado como trabalhador rural em sua certidão de óbito (fl. 85), o que se mostra consistente com os seusvínculos empregatícios pretéritos (fl. 93). O fato de a família de José Geraldo dos Santos viver em condições econômicaslimitadas e o seu óbito ter ocorrido aos 55 anos de idade, por ocasião de sinistro, corroboram a veracidade das alegaçõesde que ele se manteve trabalhando até a data de sua morte, razão por que entendo provado seu vínculo empregatício comAnival Nunes Lima no intervalo aludido e, por conseguinte, a manutenção de sua qualidade de segurado, na condição deempregado (art. 11, I, alínea ‘a’, da Lei n. 8.213/91). Provada a qualidade de dependente da parte autora, cônjuge dofalecido segurado (fl. 84), ela faz jus ao benefício de pensão por morte.

09. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobreo valor da condenação, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

75 - 0006189-03.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006189-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) THIAGO SALES FERREIRA EOUTRO (ADVOGADO: ES014006 - NICOLLY PAIVA DA SILVA, ES011601 - ADRIANE MARY DA SILVA VIEIRA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).

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RECURSO Nº 0006189-03.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006189-6/01)RECORRENTES: THIAGO SALES FERREIRA E PEDRO HENRIQUE SALES FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO DO INSTITUIDOR DOBENEFÍCIO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A concessão do benefício de pensão por morte exige prova da qualidade de segurado do extinto contribuinte e ademonstração da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual é presumida na hipótese emque este era cônjuge do instituidor da pensão.2. Controvérsia sobre a qualidade de segurado do pai dos recorrentes. A não exigência de carência para a pensão pormorte significa que a sua concessão não está atrelada a um número mínimo de contribuições recolhidas à SeguridadeSocial. Contudo, o afastamento da carência não implica o abandono da necessária demonstração do vínculo mantido entreo suposto instituidor do benefício e o Regime Geral da Previdência Social.3. A possibilidade de a pensão por morte ser concedida aos dependentes de ex-segurado, que já havia preenchidos osrequisitos para gozo de aposentadoria (art. 102, da Lei n. 8.213/91), é consequência lógica da admissão de que ocumprimento das condições para a aposentadoria faz com que o sujeito incorpore esse direito ao seu patrimônio jurídico,tornando-o imune de alteração advinda da mudança das condições fático-jurídicas relacionadas à sua fruição (art. 5º,XXXVI, da Constituição da República de 1988). Entretanto, não tendo o pai dos recorrentes preenchido os critérios paraobtenção de aposentadoria em vida, eles não têm direito à obtenção de pensão por morte.4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça concedido.

RELATÓRIO

THIAGO SALES FERREIRA e PEDRO HENRIQUE SALES FERREIRA, representados por sua mãe MÁRCIA SALESBEZERRA, interpõem recurso inominado, às fls. 73/79, contra sentença proferida pela MMa. Juíza do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 69/70) que julgou improcedentes os pedidos para concessão de pensãopor morte do genitor e a condenação do INSS ao pagamento das parcelas vencidas. Em suas razões recusais, sustentamque o art. 26, I, da Lei n. 8.213/91, dispensa a carência para a concessão da pensão por morte o que, por conseguinte,tornaria desnecessário que o instituidor do benefício mantivesse a qualidade de segurado à data de seu óbito, como poderiase inferir da regra veiculada pelo art. 102, da Lei n. 8.213/91.

02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 82/84, nas quais alega que o argumento dos recorrentes é totalmenteequivocado, em face do teor expresso do art. 74, da Lei n. 8.213/91.

03. Intimado, o Ministério Público Federal manifestou ciência da sentença recorrida à fl. 94.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Os recorrentes pediram a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, na condiçãode filhos do instituidor, nos termos do art. 16, I, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteadoindepende de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de seguradodo extinto contribuinte e a comprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual épresumida na presente hipótese.

07. No presente recurso, a parte autora não refuta o fato de que o instituidor do benefício, Marcelo Ferreira, não maisostentava a qualidade de segurado quando faleceu em 12.01.2007 (fl. 19), uma vez que o seu último vínculo empregatíciose encerrou em 26.07.2004 (fl. 31) e, tendo gozado de seguro-desemprego (fl. 34), o seu período de graça estendeu-se por

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24 meses (art. 15, §2º, da Lei n. 8.213/91). Com efeito, os recorrentes alegam que a qualidade de segurado não seriarequisito para a concessão de pensão por morte, uma vez que o art. 26, I, da Lei n. 8.213/91, dispensa a exigência decarência e o art. 102, da Lei n. 8.213/91, conteria hipótese na qual esse benefício poderia ser fruído a despeito da perda daqualidade de segurado do instituidor.

08. Para análise de tais argumentos, observo que o conceito de carência relaciona-se ao número mínimo decontribuições para que o interessado faça jus a um determinado benefício (art. 24, caput, da Lei n. 8.213/91), o que não seconfunde com a qualidade de segurado, assim considerada como o atributo das pessoas naturais que tenham vínculo como Regime Geral da Previdência Social (art. 11, da Lei n. 8.213/91). Portanto, é possível que um segurado não tenha direito adeterminado benefício, porque não houve o recolhimento das contribuições necessárias para a sua fruição, isto é, porquenão cumpriu a carência exigida. A não exigência de carência para a pensão por morte significa que a sua concessão nãoestá atrelada a um número mínimo de contribuições recolhidas à Seguridade Social. Contudo, o afastamento da carêncianão implica o abandono da necessária demonstração do vínculo mantido entre o suposto instituidor do benefício e oRegime Geral da Previdência Social, motivo por que a qualidade de segurado é exigida.

09. De igual modo, a possibilidade de a pensão por morte ser concedida aos dependentes de ex-segurado, que jáhavia preenchidos os requisitos para gozo de aposentadoria (art. 102, da Lei n. 8.213/91), é consequência lógica daadmissão de que o cumprimento das condições para a aposentadoria faz com que o sujeito incorpore esse direito ao seupatrimônio jurídico, tornando-o imune de alteração advinda da mudança das condições fático-jurídicas relacionadas à suafruição (art. 5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988). Entretanto, não tendo o pai dos recorrentes preenchido oscritérios para obtenção de aposentadoria em vida, eles não têm direito à obtenção de pensão por morte.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50.11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

76 - 0000533-25.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000533-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EVA MARCONDES DA SILVA(ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO Nº 0000533-25.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000533-7/01)RECORRENTE: EVA MARCONDES DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTABENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. PESSOA CAPACITADA PARA O TRABALHO. PEDIDO IMPROCEDENTE.SENTENÇA MANTIDA.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz “para a vidaindependente e para o trabalho”. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição depessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição demiserabilidade da família.2. O conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vida independente e para otrabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critério temporal para avaliaçãoda condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazo mínimo de dois anos,impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversas barreiras” poderiam obstruirsua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I e II, da Lei n. 8.742/93).Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que o estado incapacitante devapermanecer por “longo prazo”.3. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.4. Autora portadora de diabetes mellitus e hipertensão arterial. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

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RELATÓRIO

EVA MARCONDES DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 49/51, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus (fls. 43/45), que julgou improcedente seu pedido para concessão de benefícioassistencial a contar da data de apresentação do requerimento administrativo. Em suas razões, alega que a sentença énula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do perito judicial, com o intuito de apresentar resposta aquesitos do Juízo, do INSS e a quesito complementar, comprometeu seu direito de defesa, o qual também fora afetado pelaomissão da autarquia previdenciária em proceder à juntada dos documentos que dispunha para esclarecimento da causa.No que tange ao requisito da miserabilidade, afirma que passou a receber pensão por morte de seu marido, mas nãopossuía renda à época do requerimento administrativo, motivo por que faria jus ao recebimento do benefício assistencial.

02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 55/56, nas quais sustenta que o pleito anulatório é manifestamenteinfundado, uma vez que a sentença se baseou em conjunto probatório suficiente. Aduz que o benefício assistencialpressupõe a existência de deficiência que impeça a pessoa de exercer qualquer atividade que lhe garanta a subsistência,hipótese que não resta configurada nos autos, uma vez que o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plenacapacidade laboral da recorrente. Aduz que a miserabilidade também não restou comprovada, uma vez que a autorapercebe o benefício de pensão por morte.

03. Despacho, às fls. 63/68, no qual se determina a intimação do INSS para que proceda à nova análise da situaçãofática e se manifeste eventual interesse em propor acordo.

04. O INSS, à fl. 71, afirma a inexistência de interesse na obtenção de acordo.

05. É o relatório.

VOTO

06. Presentes os requisitos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

07. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos nº 10 do Juízo, nº 4 do INSS e para complementar olaudo. O quesito nº 10 do Juízo solicitava que o perito comentasse os laudos e exames anexados aos autos. O quesito nº 4do INSS solicitava que fossem informadas as características da doença que acomete a parte autora. O requerimento decomplementação do laudo pretendia que fossem respondidas quais atividades laborais a parte autora poderia exercer,levando-se em conta sua idade, a doença e a sua qualificação profissional. Solicitava, ainda, que fossem descritos ossintomas da doença de que a autora é portadora. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas na petição inicial, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialistatenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. Ressalto que o únicodocumento anexado aos autos pela parte autora, para comprovar a alegada incapacidade, é o exame deecodopplercardiograma de fl. 10, realizado em 17/11/2003, no qual consta CIV perimembranosa com repercussão leve,hipertrofia ventricular esquerda moderada e função do ventrículo esquerdo normal.

08. Ademais, a omissão do INSS em juntar cópia do processo aberto para análise do requerimento administrativoformulado pela recorrente não comprometeu a formação da convicção do sentenciante, o qual se valeu do conhecimento doperito judicial para conhecer os elementos técnicos relacionados à descrição das condições de saúde da recorrente.

09. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz para avida independente e para o trabalho. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição depessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição demiserabilidade da família.

10. Cumpre destacar que o conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critériotemporal para avaliação da condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazomínimo de dois anos, impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversasbarreiras” poderiam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I eII, da Lei n. 8.742/93). Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que oestado incapacitante deva permanecer por “longo prazo”.

11. No presente recurso, a recorrente afirma ser incapaz para trabalhar devido à pressão alta, diabetes e “sopro” nocoração. O laudo pericial, de fls. 38/40, elaborado pelo especialista nomeado pelo Juízo a quo, atestou que a parte autora é

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portadora de diabetes mellitus e hipertensão arterial (resposta ao quesito n. 1). Ao exame físico constatou aparelhocardiovascular normal, ausência de edemas, ausência de sopro cardíaco, aparelho respiratório normal e ausência deviceromegalia (resposta ao quesito n. 4 do INSS), concluindo que não há incapacidade laborativa.

12. O laudo firmado pelo perito judicial deve ser avaliado em conjunto com as demais provas carreadas aos autos(art. 436, do Código de Processo Civil). Na hipótese, a autora não anexou qualquer documento atestando a suaincapacidade laborativa. Logo, reputo correta a sentença que adotou as conclusões do especialista nomeado pelo Juízo,por estarem idoneamente fundamentadas.

13. Ausente o requisito da incapacidade laborativa, não se mostra necessária a verificação do requisito demiserabilidade da família no período compreendido entre o requerimento administrativo do benefício de assistência social(27/04/2009 – fl. 08) e a concessão do benefício de pensão por morte instituída pelo marido da autora (04/07/2009 - fl. 24).14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.1.060/50 (fl. 12).15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

77 - 0003467-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003467-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUBERTO DE JESUSARAUJO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0003467-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003467-0/01)RECORRENTE: JUBERTO DE JESUS ARAUJORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTABENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. PESSOA CAPACITADA PARA O TRABALHO. ANÁLISE DAS CONDIÇÕESPARTICULARES DO REQUERENTE PARA O DESEMPENHO DE ATIVIDADE QUE LHE ASSEGURE A SUBSISTÊNCIA.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz “para a vidaindependente e para o trabalho”. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição depessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição demiserabilidade da família.2. O conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vida independente e para otrabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critério temporal para avaliaçãoda condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazo mínimo de dois anos,impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversas barreiras” poderiam obstruirsua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I e II, da Lei n. 8.742/93).Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que o estado incapacitante devapermanecer por “longo prazo”.3. O controle da doença que acomete a autor impede que reste configurada a condição de deficiência. O uso de medicaçãopermite que a pessoa conquiste as condições de higidez mental necessárias ao desempenho de trabalho capaz de mantera sua subsistência.4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e ao pagamento de honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

RELATÓRIO

JUBERTO DE JESUS ARAÚJO interpõe recurso inominado, às fls. 65/70, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fl. 62), que julgou improcedente seu pedido para concessãode benefício assistencial a contar da data da cessação. Em suas razões, alega que é portador de transtornos mentais, osquais o incapacitam temporariamente para o exercício de suas funções. Sustenta que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos e que o laudo pericial deve ser desconsiderado, porque seriaobjetivo e carente de embasamento.

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02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 74/77, nas quais sustenta que o benefício assistencial pressupõe aexistência de deficiência que impeça a pessoa de exercer qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, hipótese quenão resta configurada nos autos. De igual modo, afirmou que a renda mensal per capita do núcleo familiar do recorrente ésuperior a ¼ do salário-mínimo vigente, o que, adicionalmente, impediria a concessão do benefício assistencial.

03. Despacho, às fls. 89/94, no qual se determina a intimação do INSS para que proceda à nova análise da situaçãofática e manifeste eventual interesse em propor acordo.

04. O INSS, à fl. 97, afirma a inexistência de interesse na obtenção de acordo.

05. O Ministério Público Federal manifestou-se, às fls. 103/106, pelo desprovimento do recurso.

06. É o relatório.

VOTO

07. Presentes os requisitos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

08. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º), considerada aquela incapaz para avida independente e para o trabalho. O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa o patamar etário mínimo para descrição depessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, como parâmetro para aferição demiserabilidade da família.

09. Cumpre destacar que o conceito de pessoa portadora de deficiência limitava-se àquela “incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho”, na redação original do art. 20, 2º, da Lei n. 8.743/93. A Lei n. 12.435/11 incluiu um critériotemporal para avaliação da condição de deficiência, ao dispor que ela estaria presente se a pessoa tivesse, pelo prazomínimo de dois anos, impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, “os quais, em interação com diversasbarreiras” poderiam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20, §2º, incisos I eII, da Lei n. 8.742/93). Contudo, a Lei n. 12.470/11 suprimiu a exigência de dois anos, mantendo a referência de que oestado incapacitante deva permanecer por “longo prazo”.

10. No presente recurso, o recorrente afirma ser incapaz para trabalhar, por ser portador de transtornos mentais (fl.02). Para provar tal estado clínico, a parte autora instruiu a sua petição inicial com o atestado médico subscrito em22/09/2009 (fl. 23), o qual afirma que o autor é portador de transtorno mental que o “incapacita de responder pelos seusatos no exame clínico psiquiátrico realizado neste dia”.

11. Para melhor exame da questão, o Juízo a quo nomeou perito que, em 26/11/2010, informou, às fls. 47/49, que orecorrente é portador de retardo mental leve (resposta ao quesito n. 1), doença de origem congênita (resposta ao quesito n.7), e tem capacidade para o exercício de suas atividades habituais (resposta ao quesito n. 9), tendo concluído que o autorestá “orientado, coerente, cooperativo e sua doença está controlada com tratamento médico”. Consignou que não hálimitações funcionais para a atividade habitual e o autor pode andar, subir escadas, carregar peso, ficar em pé e trabalharsentado (resposta ao quesito n. 11).

12. Embora o laudo firmado pelo perito judicial deva ser avaliado em conjunto com as demais provas carreadas aosautos (art. 436, do Código de Processo Civil), reputo correta a sentença que adotou as conclusões do especialista nomeadopelo Juízo, por estarem idoneamente fundamentadas e serem mais modernas do que a declinada no atestado médico queinstruiu a petição inicial.

13. Acrescento que o uso de medicação para controle de doença psíquica permite que a pessoa conquiste ascondições de higidez mental necessárias ao desempenho de trabalho capaz de manter a sua subsistência.14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar o recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.10.060/50 (fl. 40).15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

78 - 0002450-14.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002450-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANALIA MAINETI BRITO(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002450-14.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002450-0/01)RECORRENTE: ANALIA MAINETI BRITORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. RENDA MÍNIMA MENSAL PER CAPITA. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO, DE ATÉ UM SALÁRIO-MÍNIMO, DO CÔMPUTO DA RENDA DO NÚCLEO FAMILIAR.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa opatamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, comoparâmetro para aferição de miserabilidade da família.2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 14.11.2013), emregime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação com resultado extensivo do critério de ½ dosalário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição de privação econômica exigida para aconcessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, a Corte decidiu que o art. 34, parágrafoúnico, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão, porquanto não haveria critério legítimo dedistinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até um salário mínimo, não fossem excluídos docômputo da renda do núcleo familiar3. Recurso conhecido e provido. Sem custas. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação.

RELATÓRIO

ANALIA MAINTERI BRITO interpõe recurso inominado, às fls. 54/58, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedente o pedido para conceder benefício assistencial deprestação continuada à parte autora a contar de seu requerimento administrativo. Em suas razões, alega que: i) a famíliavive em situação de miserabilidade; e ii) deve ser aplicado à hipótese, por analogia, o disposto no artigo 34 do Estatuto doIdoso.

02. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de regularmente intimado (fl. 60).

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os requisitos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93,também fixa o patamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigenteper capita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família.

06. No presente recurso, o requisito etário resta demonstrado, uma vez que a demandante nasceu em 04.04.1946 (fl.18). Entretanto, o pedido para concessão do benefício assistencial de prestação continuada foi julgado improcedente,porque não restou comprovada a miserabilidade do núcleo familiar. Para tanto, o magistrado sentenciante consignou,baseado nas conclusões apresentadas em laudo socioeconômico (fls. 17/22), que, a despeito de a renda familiar serformada exclusivamente pelos proventos recebidos pelo cônjuge da autora no valor de um salário-mínimo, ela não viveriaem condições de miserabilidade. Nesse sentido, destacou-se que a residência é de alvenaria, composta por dois quartos,sala, cozinha, banheiro e uma garagem, com piso de cerâmica e cobertura de laje. É equipada com móveis simples e embom estado de conservação. Possui energia elétrica, água encanada e rede de esgoto. Foi afirmado que a autora não

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participa de nenhum programa social.07. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. GilmarMendes, DJE 14.11.2013), em regime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação comresultado extensivo do critério de ½ do salário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição deprivação econômica exigida para a concessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, aCorte decidiu que o art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão,porquanto não haveria critério legítimo de distinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até umsalário mínimo, não fossem excluídos do cômputo da renda do núcleo familiar. A propósito, transcrevo a ementa doacórdão referido:Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-sea ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas esociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessãode outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34,parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial jáconcedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que serefere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até umsalário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiênciaem relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares debenefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração deinconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recursoextraordinário a que se nega provimento.

08. Portanto, preenchido o requisito etário (fl. 13) e verificado que a renda mensal de um salário-mínimo recebido porseu cônjuge, em razão de aposentadoria por invalidez, não deve ser computada no orçamento do núcleo familiar, a parteautora faz jus ao benefício de prestação continuada a contar da data de seu requerimento administrativo em 12.07.2011 (fl.14).

09. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

10. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na

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presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar procedente o pedido, na forma do art. 269, I,do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a implantar o benefício de prestação continuada com início em12.07.2011, e a pagar as parcelas vencidas desde tal data. A atualização monetária deverá ser feita pelo INPC/IBGE e osjuros moratórios deverão ser computados à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês, a contar da citação. Sem condenaçãoao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, os quaisfixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

79 - 0002715-53.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002715-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) YOLANDA BORGESMACHADO (ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0002715-53.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002715-9/01)RECORRENTE: YOLANDA BORGES MACHADORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DESNECESSIDADE DE LAUDO PERICIALJUDICAL. LAUDO MÉDICO PARTICULAR ATESTA DOENÇA INCAPACITANTE ANTERIOR AO REINGRESSO NORGPS. DOENÇA PREEXISTENTE. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Ausência de produção de prova pericial. Inexistência de nulidade se por outros meios de prova restou comprovado que aparte autora é portadora de doença preexistente à sua nova filiação no Regime Geral da Previdência Social.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

YOLANDA BORGES MACHADO interpõe recurso inominado, às fls. 47/51, contra sentença (fls. 4244), proferida pela MMª.Juíza do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente alega que foi violado o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, pois não foradeterminada a realização de perícia pelo Juízo a quo, sob o fundamento de doença preexistente. Requer que a sentençaseja anulada ou reformada para conceder-lhe o benefício de auxílio-doença.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, embora tenha sido regularmente intimado (fls. 55 e 56).

04. É o Relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não teria determinado arealização de perícia, o que teria cerceado a defesa de seus direitos judicialmente. Contudo, ressalto que o pedido derealização de perícia poderá ser dispensado pelo juiz, caso as partes, na inicial e na contestação, apresentarem parecerestécnicos ou documentos elucidativos que o magistrado considerar suficientes para a resolução da causa (art. 427, doCódigo de Processo Civil). No recurso sob exame, não observo a existência de cerceamento de defesa, porque osdocumentos, que instruíram a peça vestibular e a contestação, atestaram a preexistência de doença incapacitante.

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados pela recorrente aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 18, expedido em11/03/2010, é parcialmente legível, e nele se atestam a existência de patologia ortopédica e a incapacidade para o trabalho.O laudo de fl. 19, expedido em 28/04/2010, descreve paciente “portadora de mielopatia espondilóica grave com sequelamotora manifestada clinicamente por dificuldade para deambular. Em 2004 foi submetido [sic] a artrodese cervical comintuito de evitar progressão do déficit. Permaneceu com importante limitação motora. [...] Não se encontra em condições deexercer funções laborativa [sic] justificando-se aposentadoria.”. Entretanto, da leitura dos documentos juntados pelorecorrido aos autos, verifico que os laudos médicos administrativos de fls. 39/40 relatam incapacidade total desde o ano de2004. A conclusão da autarquia previdenciária baseou-se no exame clínico e nos documentos apresentados pela parteautora, destacando-se que, a despeito de realização de cirurgia em 2004, a demandante já possui severa restrição motoraque a impedia de exercer sua atividade laboartiva antes de retomar o pagamento de contribuições – como seguradaindividual – em agosto de 2008.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 35).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

80 - 0000717-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000717-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDEIR LOPES DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0000717-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000717-3/01)RECORRENTE: VALDEIR LOPES DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. ATRASADOS. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA NÃOCOMPROVADA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente caso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado no período de 1/6/2009 a 23/9/2009.3. Afasta-se a preliminar de nulidade da sentença por cerceamento de defesa. O artigo 420, parágrafo único, II, do CPC,

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prevê a possibilidade de indeferimento da perícia quando o juiz considerá-la desnecessária em vista de outras provasproduzidas.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

VALDEIR LOPES DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 116/126, contra sentença (fls. 112/113), proferida pelo MM.Juiz do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenaro INSS a pagar o benefício de auxílio-doença nº 535.832.294-5, desde a data do requerimento administrativo (01/06/2009)até 23/09/2009, por ter sido concedido em 24/09/2009 o benefício de auxílio-doença nº 537.496.118-3.

02. O recorrente sustenta que a sentença é nula por cerceamento de defesa, uma vez que não foi realizada períciajudicial. No mérito, afirma que há prova nos autos acerca da existência da incapacidade laborativa anterior à data daconcessão administrativa do benefício de auxílio-doença. Assevera que o período controverso é extremamente curto e,ainda que não haja laudos datados no mencionado intervalo, não se deve tomar por base apenas datas, na medida em quenosso ordenamento não adota o sistema tarifado de provas.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 131/132, nas quais requer o desprovimento do recurso, devendo asentença ser mantida por seus próprios fundamentos.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. Afasto a preliminar de nulidade da sentença por cerceamento de defesa. O artigo 420, parágrafo único, II, do Códigode Processo Civil, prevê a possibilidade de indeferimento da perícia quando o juiz considerá-la desnecessária em vista deoutras provas produzidas. No caso, por não ter o autor juntado qualquer documento relativo ao período em que pretende terreconhecido o direito à percepção do auxílio-doença, o magistrado não determinou a realização de perícia, considerandoque tal exame se limitaria à verificação das condições clínicas contemporâneas à consulta com o especialista nomeado.Sendo assim, o indeferimento de prova, por si só, não configura o cerceamento de defesa, levando-se em conta, ainda, quea prova se destina a formar o convencimento do juiz para julgamento da causa, incumbindo-lhe, portanto, avaliar a suautilidade.

08. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que no período controverso, de 01/06/2009 a23/09/2009, estava incapacitado para o trabalho em razão da mesma doença que deu ensejo ao deferimento do benefíciodo auxílio-doença antes e depois do mencionado período.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado – sem data - de fl. 6, subscrito por médicoortopedista do trabalho da Clinica dos Acidentados de Vitória, informa que o primeiro atendimento ao autor se deu emnovembro de 2009, afirma que o paciente é portador de espondilodiscoartrose lombar degenerativa multissegmentar e que,em 2004, segundo relatos do paciente, o quadro álgico na coluna lombar piorou. Às fls. 37/39, foi juntado atestado médicoda Clínica dos Acidentados de Vitória, com igual descrição das patologias que acometem o recorrente, datado de21.01.2011. Esses documentos não indicam a data de início da incapacidade e, por conseguinte, a partir do teor deles nãoé possível afirmar que havia inaptidão laborativa na data do requerimento do benefício nº 535.832.294-5, em 01/06/2009.Sendo certo que a avaliação retrospectiva da data de início da incapacidade demandaria análise de documentospertinentes, verifico que a designação de perícia não obteria resultado satisfatório, especialmente porque eventual

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conclusão favorável ao pedido do demandante estaria baseada em suposições não amparadas por provas materiaiscontundentes. Ademais, em consulta ao sistema CNIS, sublinho que, além do indeferimento do benefício nº 535.832.294-5,outros quatro pedidos de benefícios de auxílio-doença foram negados por parecer contrário da pericia médica, o quecorrobora a ausência de comprovação de incapacidade laborativa em período anterior à data do deferimento do benefício nº537.496.118-3.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 13).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

ASSINADO ELETRONICAMENTEFÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

81 - 0000713-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000713-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARLENE PAULINO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES016607 - JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE.).RECURSO Nº 0000713-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000713-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE PAULINO DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELAINCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO, EM PARTE, E DESPROVIDO.SENTENÇA REFORMADA, EM PARTE, PARA ADEQUAR O CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA.INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL. LEI Nº 11.960/09.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a incapacidade total e definitiva da autora para as atividades laborativas, a qual já existiana data em que o benefício foi cessado administrativamente.4. Possibilidade, atestada pelo perito judicial, de reversão da incapacidade, que passaria a ser parcial, com a colocação deprótese de joelho. Circunstância que não impede a concessão da aposentadoria por invalidez, por não ser obrigatória asubmissão à intervenção cirúrgica (art. 101 da Lei nº 8.213/91 e art. 77 do Decreto nº 3.048/99). Entendimentoconsubstanciado no enunciado nº 51 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo.5. Fixação da data de início do auxílio-doença a partir da cessação indevida do benefício anterior. Existência de vínculoempregatício, à época, que não afasta o direito à percepção do benefício, uma vez que foi comprovado que a recorridaestava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou. Inteligência da enunciado nº 72 da TNU.6. Juros de mora incidentes a partir da citação, em consonância com o enunciado nº 204 da súmula do STJ. Entendimentoalinhado com a tese do recorrente. Ausência de interesse processual, nesse ponto.7. Atualização monetária fixada pelo INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Precedentes do STJ.8. Recurso do INSS parcialmente conhecido e, nessa extensão, desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir,de ofício, o cálculo da correção monetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF.Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) dovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 89/96, contra sentença (fls. 80/85), proferida pelo MM. Juiz do 2º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedentes os pedidos para condenar a autarquia aconceder os benefícios de auxílio-doença (DIB em 07/05/2011 até 17/05/2012) e aposentadoria por invalidez em favor daparte autora (DIB em 18/05/2012).

02. O recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, pois a autora continuou laborando normalmentedesde a cessação do auxílio-doença. Diante disso, alega que a data de início do benefício por incapacidade foi fixadaincorretamente. Pretende obter, também, a reforma do julgado no que tange à delimitação dos juros de mora e da correçãomonetária.

03. A recorrida ofereceu contrarrazões, às fls. 105/110, nas quais requer o desprovimento do recurso, ante a suaincapacidade definitiva e total para as atividades laborativas. Afirma que não estava trabalhando, devido à sua moléstia, aocontrário do que alega o recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

06. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91), de modo total epermanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que, desde a cessação do auxílio-doença, a autora continuoutrabalhando normalmente, razão pela qual a DIB deveria ter sido fixada na data da realização do exame médico pericial.

07. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de raio-x do joelho direito (fl. 28) apontasinais de gonoartrose, caracterizado por redução da interlinha articular fêmuro-tibial, com formações osteofitárias nassuperfícies apostas, bem como osteófitos superior e inferior da patela. O relatório de ultra-sonografia do joelho direito (fl.29), emitido em 02/12/2010, descreve tendões da para anserina hipoecóicos, com líquido em torno, sugestivo comtendinopatia, presença de derrame articular na face externa e de formação cística, anecóica em região poplitea e bolsasinovial com textura habitual. Os laudos médicos de fls. 33 e 35/40, embora não estejam inteiramente legíveis, relatamgonartrose e indicam a necessidade de realização de fisioterapia, bem como o afastamento das atividades laborativas. Olaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 53/54) afirma que a recorrida é portadora de gonartrose em joelho,doença de origem degenerativa, que se iniciou em 2010. Atesta que havia incapacidade em 07/05/2011. Descreveincapacidade total e definitiva, pois a artrose no joelho esquerdo encontra-se em estágio avançado, de acordo comradiografia de 2010, passível de melhora somente com uma prótese de joelho.

08. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e revela-se consentâneo com os demaiselementos de prova constantes dos autos. A manutenção do benefício previdenciário deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual revela incapacidade total e permanente.

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09. A possibilidade de reversão parcial da incapacidade com a colocação de prótese de joelho não impede aconcessão da aposentadoria por invalidez, por não ser obrigatória a submissão à intervenção cirúrgica (arts. 101 da Lei nº8.213/91 e 77 do Decreto nº 3.048/99), sendo esse entendimento consubstanciado no enunciado nº 51 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Espírito Santo (“A intervenção cirúrgica não pode ser condição obrigatória para arecuperação da capacidade laborativa”).

10. Anoto que o benefício de auxílio-doença, antes concedido à autora, fora cessado em 06/05/2011 (fl. 75) e o laudopericial foi elaborado em 17/04/2012, tendo sido afirmado pelo especialista que havia incapacidade em 07/05/2011,conforme radiografia de joelho realizada em 29/09/2010 (respostas aos quesitos 7 e 8 – fl. 53). Dessa forma, correta asentença ao fixar a DIB a partir da cessação indevida do benefício anterior.

11. A suposta existência de vínculo empregatício, durante o período contemplado na sentença, não afasta, por si só,o direito ao benefício por incapacidade, sobretudo diante da orientação contida no enunciado nº 72 da TNU, nos seguintestermos: “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividaderemunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou”.

12. Colhe-se, do dispositivo da sentença, que os juros moratórios foram fixados a partir da citação, na esteira doentendimento firmado pelo STJ (enunciado nº 204, da súmula da sua jurisprudência). Nesse ponto, o julgado alinhou-secom a tese sustentada pelo INSS em seu recurso (fls. 94/95), embora o magistrado prolator da sentença tenha ressalvado oseu posicionamento pessoal. Portanto, a irresignação não merece ser conhecida, nesse particular, ante a ausência deinteresse recursal.

13. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

14. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013). Desta feita, nãoprospera a pretensão do recorrente, no sentido de fazer incidir a correção monetária pela TR, no período compreendidoentre a data em que o benefício deveria ter sido pago e a citação.

15. A incidência do INPC restou limitada, na sentença, até a data da citação. A partir de então e até a data doscálculos finais (antes da expedição do requisitório), determinou-se que a atualização monetária e os juros de moraobservassem o disposto pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dada pelo art. 5º, da Lei nº 11.960/09. Contudo, ademarcação temporal contida na sentença recorrida não encontra amparo constitucional e legal, razão por que a admissãodo INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática integral decálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas açõesdiretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questãosuscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula dajurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou aconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio aesse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTO

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DECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

16. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo sermantida a aplicação da taxa mensal à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês, utilizada para remuneração dos depósitosem cadernetas de poupança, tal como previsto na nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a contar da citação.

17. Ante o exposto, conheço, em parte, o recurso e, nessa extensão, nego-lhe provimento. Reformo a sentença,parcialmente, para substituir, de ofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento daADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento dasparcelas até a apuração do cálculo final que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento, afastada alimitação da sua aplicação até a data da citação. Mantenho incólume, quanto ao mais, a sentença confrontada. Semcondenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, osquais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

18. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

82 - 0000599-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000599-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ GONZAGA VENTURINE(ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0000599-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000599-4/01)RECORRENTE: LUIZ GONZAGA VENTURINERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autor portador de espondiloartrose cervical. Laudo pericial que atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

LUIZ GONZAGA VENTURINE interpõe recurso inominado, às fls. 66/67, contra sentença de fls. 59/60 (integrada peladecisão de fl. 62), proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes ospedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danosmorais.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a suacondição incapacitante. Afirma que o Juiz não está adstrito ao laudo pericial, quanto mais ao se considerar a idade, grau deescolaridade e profissão do recorrente. Pugna pelo provimento do recurso para anular a sentença, com o deferimento dorequerimento de fl. 48, para que seja designado novo profissional para realizar perícia, determinando ao INSS que junte aosautos atestados médicos em seu poder ou, alternativamente, a reforma da sentença, para julgar procedente o pedido.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 70).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente alega que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a sua incapacidade. Sustenta, também,suposto cerceamento de defesa, por ter sido indeferido o requerimento de designação de nova perícia.

08. Ressalto que o requerimento de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea ademonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido emsede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de ressonância magnética da coluna cervical(fl. 9), subscrito por médicos radiologistas em 22/01/2009, afirma que o autor apresenta discreta inversão da curvaturacervical fisiológica e espondilodiscouncartrose. O laudo médico de fls. 10/12, acompanhado de receituário de controleespecial (fl. 11), datado de 13/05/09, firmado por médico neurocirurgião, indica queixas de dores difusas, lombalgia,cervicalgia, dor em membro superior direito, associado a quadro depressivo. Afirma que o autor não apresentava condiçõesde retorno ao trabalho naquele momento. O laudo juntado à fl. 26, subscrito por médico ortopedista em 20/04/10, apontaquadro clínico de cervicobraquialgia crônica à direita, bem como espondilodiscoartrose cervical de C3-C4 a C6-C7 denatureza degenerativa/inflamatória e radiculopatia cervical. O laudo do exame de eletroneuromiografia (fls. 41/45), datado

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de 15/01/2009 e firmado por médico neurologista, aponta radiculopatia cervical em raízes C6 e/ou C7 e/ou C8, sem sinaisde lesão aguda. O laudo redigido pela perita nomeada judicialmente (fls. 46/48), indica que o recorrente é portador deespondiloartrose cervical, de origem degenerativa. Contudo, afirma que não há atrofia muscular nem limitação demovimentos na coluna cervical, tampouco incapacidade para as atividades laborativas.

10. Ante o requerimento do ora recorrente, para que a perita completasse a resposta aos quesitos identificados à fl.52, sobreveio laudo complementar à fl. 54, no qual a médica nomeada pelo Juízo de origem se reportou aos resultados deexames constantes dos autos, destacando a normalidade da força motora e do exame neurológico, bem como reiterou aausência de incapacidade para as atividades laborativas.

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fl. 18).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

83 - 0001130-23.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001130-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SANDRA MARIA AFONSO DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES015172 - IZABELA CRISTINA PADILHA, RJ038924 - MARIA MIRTES DAS NEVES ARNEL,RJ060292 - MARIA MADALENA ALMEIDA TURRINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0001130-23.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001130-7/01)RECORRENTE: SANDRA MARIA AFONSO DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO CONHECIDO E PREJUDICADO. SENTENÇA ANULADA.1. Controvérsia sobre a incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).2. Autora portadora de sequela de poliomielite, submetida à cirurgia dos ombros. Laudo pericial no qual se atesta acapacidade para o trabalho.3. Laudo pericial firmado sem que o perito descrevesse o histórico das doenças da parte autora e das suas respectivassequelas. Ausência de justificativa para a conclusão favorável à capacidade da segurada para o trabalho. Nulidade daperícia.4. Reconhecimento da nulidade apontada baseado no poder de instrução conferido ao julgador (arts. 130 e 437, do Códigode Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervo probatório nãopermita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.5. Sentença declarada nula e determinada a baixa dos autos, a fim de que seja realizada nova perícia médica.6. Recurso da parte autora conhecido e prejudicado. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não teremas partes dado causa à nulidade identificada.

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RELATÓRIO

SANDRA MARIA AFONSO DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 113/127, contra sentença (fls. 101/102),proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que o indeferimento de requerimento para intimação do perito judicial, com o intuito deapresentar esclarecimentos acerca das lacunas e conclusões equivocadas no laudo, comprometeu seu direito de defesa.Sustenta que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissionalnão é possível devido às suas condições de saúde.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 131/134, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que o indeferimento de requerimento para intimação do perito judicial, com o intuito deapresentar esclarecimentos acerca das lacunas e conclusões equivocadas no laudo, comprometeu seu direito de defesa. Oquestionamento aludido solicitava a complementação do laudo, sob o fundamento de que a perícia teria apreciado assequelas da poliomielite, que não são objeto da presente ação.

07. Ao proceder à leitura do laudo redigido pelo perito nomeado pelo Juízo (fl. 84), verifico que o especialistalimitou-se aos quesitos formulados pelo magistrado, oferecendo-lhes respostas que não indicaram - a partir dos laudos dosexames e dos resultados das operações a que a demandante se submeteu - as razões para que ele concluíssefavoravelmente à capacidade da demandante para o trabalho. Nesse sentido, sublinho que, na resposta ao quesito n. 2,relacionado às enfermidades, lesões e sequelas que a autora possuía, o perito limitou-se a descrevê-la como portadora de“sequela de poliomelite em membros inferiores, usa muletas porém plenamente adaptada. Operou os dois ombros 2003 e2008, assintomáticos atualmente”; não se conhecendo, com base nessa resposta, a causa para a operação dos ombros.Adicionalmente, o perito afirma que a segurada “possui os membros superiores com boa musculatura e sem déficit demovimento” (fl. 84).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 35/39, 41/42 e 46 sãocontemporâneos ao período em que a autora fez jus à percepção do auxílio-doença nº 519.670.123-7 (28/02/2007 a01/05/2009). O atestado de fls. 45, sem data legível, subscrito por médico ortopedista da Unimed, afirma que a autora foisubmetida a tratamento cirúrgico, apresenta complicação e incapacidade funcional; e, caso continue trabalhando, hápossibilidade de agravamento e irreversibilidade do quadro. O atestado de fl. 47, subscrito por médico ortopedista, em18/12/2009, afirma que a autora foi submetida a tratamento cirúrgico dos ombros para reconstrução de tendões domanguito rotador. O atestado de fl. 47, subscrito por médico ortopedista da Unimed em 03/02/2010, afirma que a autoraapresentou patologia dos ombros, por sobrecarga, com rompimento de manguito rotador e, mesmo após a cirurgia,apresenta dor e limitação do ombro, principalmente com o uso de muletas. O atestado de fl. 49, redigido em 16/06/2010,pelo mesmo profissional que subscrevera o atestado de fl. 48, afirma que a autora está em pós-operatório de lesão domanguito rotador dos ombros, usa muletas por causa de patologia incapacitante do joelho, perna e pé esquerdos, o quedificulta sua plena recuperação, especialmente do ombro direito. O atestado de fl. 50, firmado em 18/06/2010, por médicoortopedista, encaminha a paciente à pericia médica para avaliação da sua capacidade laborativa. O atestado de fl. 51,subscrito por médico ortopedista em 21/06/2010, afirma que a autora é portadora de ruptura do manguito rotador dosombros, com déficit funcional bilateral, apresenta sequela de poliomielite do membro inferior esquerdo e anda com auxíliode muletas e de tutor.

09. A ausência de justificativas idôneas para as conclusões do perito judicial torna nulo o laudo por ele firmado o que,por conseguinte, impõe o retorno dos autos ao Juizado de origem para que seja retomada a instrução processual, a fim deque seja proferida nova sentença, com base nas conclusões obtidas por assistente do Juízo que possa responderadequadamente aos quesitos que sejam levados ao seu conhecimento. Ressalto que o reconhecimento da nulidade

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apontada baseia-se no poder de instrução conferido ao julgador (arts. 130 e 437, do Código de Processo Civil), que podedeterminar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervo probatório não permita que ele formeconclusão segura sobre o pedido deduzido. Nesse sentido, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça nos seguintesjulgados:PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃODO ART. 130 DO CPC. PRECLUSÃO QUE NÃO SE APLICA, NA HIPÓTESE. ART. 183 DO CPC. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211/STJ EADEMAIS, DA SÚMULA N. 83/STJ.I - A matéria inserta no dispositivo infraconstitucional suscitado (art. 183 do CPC) não foi objeto do julgamento a quo, sequerimplicitamente, carecendo o recurso especial do pressuposto específico do prequestionamento (Incidência da Súmula n.211/STJ).II - Demais disso, esta Corte tem entendimento pacífico no sentido de que a livre iniciativa do magistrado, na busca pelaverdade real, torna-o imune aos efeitos da preclusão, sendo lícita a determinação de produção de prova pericial, queindevidamente não foi deferida em primeira instância, mesmo de ofício (art. 130 do CPC).III - Noutras palavras, ainda que tenha havido o anterior indeferimento da produção de prova pericial, pelo juízo de primeirograu, ainda assim pode o Tribunal de apelação, de ofício, determinar tal produção, se entender pela sua indispensabilidade.IV - Precedentes citados: AgRg no REsp nº 738.576/DF, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 12/09/2005; Edcl no Ag nº646.486/MT, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 29/08/2005; AgRg no AG nº 655.888/MG, Rel. Min. ARNALDOESTEVES DE LIMA, DJ de 22/08/2005; REsp nº 406.862/MG, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de07/04/2003.V - Aplicação, de qualquer modo, da Súmula n. 83/STJ.VI - Recurso especial não conhecido. Manutenção do acórdão que determinou a realização de nova perícia judicial.(RESP 896.072/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJE 05.05.2008)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ. PERÍCIA DETERMINADADE OFÍCIO. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEMANDA. PRECEDENTES.- Os juízos de primeiro e segundo graus de jurisdição, sem violação ao princípio da demanda, podem determinar as provasque lhes aprouverem, a fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art. 130 do CPC.- A iniciativa probatória do magistrado, em busca da verdade real, com realização de provas de ofício, é amplíssima, porqueé feita no interesse público de efetividade da Justiça.Agravo no recurso especial improvido.(AgRg no RESP 738.576/DF, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 12.09.2005)

10. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que sejarealizada nova perícia médica, devendo o especialista nomeado apresentar suas conclusões de forma detalhada ejustificada. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não terem as partes dado causa à nulidadeidentificada.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

ASSINADO ELETRONICAMENTEFÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

84 - 0001310-39.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001310-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOEL FONTES DOS SANTOS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDARAUPP.).RECURSO Nº 0001310-39.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001310-9/01)RECORRENTE: JOEL FONTES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAEMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista

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o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

JOEL FONTES DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 42/43, contra sentença (fls. 38/39), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder-lhe o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e a pagar-lhe indenização por danosmorais.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 48/51, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito da auatarquia.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 9, subscrito por médiconeurocirurgião do SUS em 07/06/2011, afirma que, em razão da agressão sofrida em abril de 2010, o autor apresentadiscreta alteração de fala, baixa da cognição e não possui condições de retornar ao trabalho. Contudo, o laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido indicado que o recorrente não apresentaqualquer tipo de sequela, possui marcha normal, bem como membros superiores e inferiores e reflexos neurológicosnormais. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 26/28).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior ao atestado juntadopelo recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Acrescento que, a despeito da ausência de manifestação do magistrado sentenciante sobre aqualidade de segurado da parte autora, tal como suscitado pelo INSS à fl. 25, assiste razão à autarquia previdenciárianesse ponto, conforme se infere da leitura do documento de fl. 20, o que constitui fundamento adicional ao julgamento deimprocedência do pedido formulado.

10. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários

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advocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 12).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

85 - 0001369-18.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001369-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAIR ALVES VIEIRA(ADVOGADO: ES011954 - EUGENIA GONÇALVES SILVA, ES013406 - VALERIA GAURINK DIAS FUNDÃO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0001369-18.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001369-0/01)RECORRENTE: JAIR ALVES VIEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JAIR ALVES VIEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 88/92, contra sentença (fls. 80/84), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Serra, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, pois é portador de doença incapacitante para otrabalho, comprovada por meio dos documentos juntados na inicial. Alega que o laudo pericial é nulo, porque, não obstanteseja inapto para o trabalho, a médica perita afirmou sua capacidade. Pede a procedência do pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 96/100, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que o laudo pericial é nulo, porque teria concluído que ele é capaz para o trabalho, emborasua atividade profissional seja excessivamente desgastante, motivo pelo qual faz jus à concessão de aposentadoria porinvalidez. Contudo, a divergência entre as conclusões do perito nomeado judicialmente e as provas produzidas pela parteautora não é causa para a declaração de nulidade da prova técnica, especialmente se não demonstrado que o especialistacarece de conhecimento técnico-científico ou deixou de cumprir escrupulosamente o seu encargo (art. 424, do Código de

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Processo Civil).

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 14, expedido em 25/07/2011,descreve paciente com fratura do fêmur proximal à direita, informa perda parcial e definitiva da capacidade laboral paraesforços e que não há previsão de melhora. Os laudos médicos de fls. 17/19 são contemporâneos à concessão dobenefício nº 532.752.963-7. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente“sofreu fratura do fêmur direito e cotovelo direito.”. Complementa informando que ele operou o fêmur com recuperaçãocompleta da mobilidade, entretanto ficou com sequela no cotovelo direito, com perda de poucos graus da mobilidade emextensão e pronossupinação. Contudo, afirma que não é uma sequela incapacitante para sua atividade laboral. Concluiuque não há incapacidade laborativa (fls. 67/71).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, valendo observar que a parteautora gozou do benefício de auxílio-doença entre 09.10.2008, época em que foi operado por fratura de fêmur, e31.12.2010 (fl. 54).

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o benefício da gratuidade de justiça deferido na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fl. 32).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

86 - 0000697-85.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000697-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ECIO DOS SANTOS(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0000697-85.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000697-6/01)RECORRENTE: ECIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

ECIO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 55/60, contra sentença (fls. 52/53), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria cerceado a sua defesa, por não ter realizado a períciacom médico especialista nas patologias que lhe acometem. Sucessivamente, pede que seu pedido seja julgado procedente,pois é portador de doença incapacitante para o trabalho, comprovada por meio dos documentos juntados com inicial.

03. Embora regularmente intimado, o INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 62)

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentode nova perícia médica com especialistas em neurologia e ortopedista. Contudo, ressalto que o pedido de realização denova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceusuficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de ProcessoCivil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Com efeito, aTurma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais entende que a perícia médica porespecialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadro médicocomplexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do r. perito judicial (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 13, expedido em 18/04/2007,narra paciente com sequela permanente de mobilidade de tornozelo direito devido a acidente automobilístico em 1992. Olaudo médico de fl. 12, expedido em 29/12/2009, descreve paciente com dor intensa em tornozelo devido à fratura ocorridaem 1992, informa ainda limitação funcional importante que o incapacita definitivamente a retornar à sua função de técnicoem eletrônica. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de“sequela de traumatismo envolvendo múltiplas regiões do corpo e as não especificadas (Cid 10: T 94) – decorrente detraumatismo.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa para a função de técnico em eletrônica (fls. 42/44).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados. Ademais, conforme se deflui da fl. 36 – consulta ao Sistema CNIS –, orecorrente possui diversos vínculos empregatícios após o ano de 1992 (ano em que sofreu a fratura no tornozelo direito), oque infirma a alegada incapacidade laboral para a função de técnico em eletrônica.

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11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fls. 24/25).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

87 - 0001337-22.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001337-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDVALDO TAVARES DASILVA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHOCIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0001337-22.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001337-7/01)RECORRENTE: EDVALDO TAVARES DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de processo degenerativo da coluna lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

EDVALDO TAVARES DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 64/65, contra sentença (fls. 59/60), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e a pagar-lhe indenização por danosmorais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação doperito judicial, com o intuito de responder a quesitos apresentados na inicial, comprometeu seu direito de defesa. Sustenta,também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possuicondições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que seja respondido o quesito destacado na impugnação de fl. 58 ou que o pedido seja julgadoprocedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 68/70, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vezque o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito complementar formulado à fl. 58. O questionamentoaludido solicitava a complementação do laudo para que o especialista se manifestasse sobre os motivos que ensejaram aconcessão do benefício cessado, se ainda persistem, e quais doenças acometem o requerente e os seus respectivossintomas. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmentepor não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínicodo recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91) de modo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 12, subscrito por médiconeurocirurgião da Multi Clínica em 08/06/2011, afirma que o autor foi operado de hérnia discal L4-L5 em 12/12/2008, masmanteve dor lombar. Por isso foi submetido à laminectomia L3-L4 em 26/11/2010, com boa resolução inicial dos sintomas.Porém, não conseguiu retornar ao trabalho. Sendo assim, indica o afastamento do autor de suas atividades laborais deforma definitiva. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sidoafirmado que o recorrente é portador de processo degenerativo da coluna lombar; foi operado duas vezes de hérnia discalcom bons resultados; no momento da perícia, estava sem dor, com mobilidade normal e sem alterações neurológicas.Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 39/42).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior ao atestado juntadopelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se noquadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nosautos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 14).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

88 - 0000013-91.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000013-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA GOMES MARDONES(ADVOGADO: ES004798 - HELENO ARMANDO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000013-91.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000013-6/01)RECORRENTE: MARIA GOMES MARDONESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose e discopatia em coluna lombar e cervical. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade parao trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

MARIA GOMES MARDONES interpõe recurso inominado, às fls. 62/65, contra sentença (fls. 58/60), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o seu trabalho comocostureira.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 68).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 20, subscrito por médico ortopedistada ORTOCENTER em 19/11/2009, indica que a autora é portadora de lombociatalgia e de cervicobraquialgia, bem comoestá impossibilitada de fazer esforço físico. O atestado de fl. 19, firmado em 12/03/2010 pelo mesmo profissional quesubscrevera o atestado de fl. 20, indica que a demandante está impossibilitada de exercer suas atividades laborativas e defazer esforço físico, em razão das doenças que a acometem. O atestado de fl. 17, subscrito por médico do SUS em05/08/2010, indica que a autora é portadora de lombociatalgia, com lesões degenerativas e compressivas da colunadorso/lombar e não possui condições de trabalhar. O atestado de fl. 16, redigido por médico ortopedista do SUS em14/09/2010, aponta que a autora é portadora de abaulamento discal em L4-L5 e artrose interapofisária em L5-S1, evoluicom lombociatalgia à direita, necessita de afastamento do trabalho e tratamento fisioterápico contínuo, e deve evitar

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trabalhos que requeiram flexão e rotação da coluna vertebral lombar. Contudo, o laudo subscrito pelo perito nomeadojudicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de artrose e discopatia emcoluna lombar e cervical, bem como deve evitar atividades com sobrecarga de peso e esforço intenso em região lombar.Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 47/50).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

89 - 0001282-71.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001282-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSALBA DOS SANTOSGRAÇA (ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES007025 -ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDARAUPP.).RECURSO Nº 0001282-71.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001282-8/01)RECORRENTE: ROSALBA DOS SANTOS GRAÇARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autora portadora de artrose da coluna lombar, sem compressões nervosas graves. Laudo pericial no qual se atesta acapacidade para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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ROSALBA DOS SANTOS GRAÇA interpõe recurso inominado, às fls. 61/63, contra sentença (fls. 56/57), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder-lhe o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e a pagar-lhe indenização por danosmorais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de responder a quesitos apresentados na inicial, comprometeu seu direito de defesa. Sustenta,também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possuicondições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 53 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. Embora regularmente intimado, o INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 65).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito complementar formulado à fl. 53. O questionamentoaludido solicitava a complementação do laudo para que o especialista se manifestasse sobre os motivos que ensejaram aconcessão do benefício cessado, se ainda persistem, e quais doenças acometem a requerente e os seus respectivossintomas. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmentepor não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínicodo recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 12 é contemporâneo ao período emque a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 518.735.463-5 (24/11/2006 a 05/09/2008). O atestadode fl. 18, subscrito por médico do SUS em 12/12/2008, afirma que a autora é portadora de hipertensão arterial, osteoartrosede coluna lombar, nódulos de schmorl em D12 e L1-L2, abaulamentos discais difusos em L2-L3, L3-L4 e L4-L5, hérniadiscal póstero-lateral direita em L4, hérnia discal póstero-mediana em L5-S1, lombociatalgia crônica e síndrome de dorneuropática. Aduz que a autora apresenta dificuldades de deambulação e incapacidade para realizar suas atividadescotidianas e laborais. O atestado de fl. 19, firmado por médico neurocirurgião do SUS em 17/12/2008, indica que a autora éportadora de hérnia discal, sente muita dor. Indica a realização de cirurgia. O atestado de fl. 22, subscrito por médicoortopedista do SUS em 18/06/2011, afirma que a autora é portadora de artrose lombo sacra e hérnia discal e relata dorconstante. O atestado de fl. 24, firmado por médico neurocirurgião da Clinica Aliança em 18/08/2011, indica que a autoranão possui condições de exercer atividades laborativas em razão de grave doença degenerativa da coluna L5. No laudo defl. 26, o médico neurocirurgião recomenda, em 20/08/2011, o afastamento da autora de suas atividades profissionais por 90dias. O atestado de fl. 27, subscrito por médico neurocirurgião da Clinica Aliança em 29/08/2011, afirma que a autoradeverá se submeter a tratamento cirúrgico, o que limitará o exercício de suas atividades laborativas. Contudo, o laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente éportadora de artrose da coluna lombar, sem compressões nervosas graves, com boa mobilidade dos membros, sem sinalde lasegue bilateral, sem perda de força nas pernas e nos pés, sem hipotrofias musculares. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 43/46).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a

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concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

90 - 0000310-67.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000310-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALUIZIO MAIA SILVA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDARAUPP.).RECURSO Nº 0000310-67.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000310-8/01)RECORRENTE: ALUIZIO MAIA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autora para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ALUIZIO MAIA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 119/122, contra sentença (fls. 115/117), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 50 e 68. Pede o retorno dosautos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 50 e 68 ou que opedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 89/92, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados às fl. 50 e 68. O questionamento de fl.50 solicitava que o especialista respondesse ao quesito formulado na inicial, acerca dos motivos que ensejaram aconcessão dos benefícios e se ainda persistem. O questionamento de fl. 68 reiterava os anteriores e solicitava que oespecialista se pronunciasse sobre a incapacidade, tendo-se em vista as doenças do demandante e suas condiçõespessoais. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmentepor não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínicodo recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 09 é contemporâneo à concessão dobenefício nº 551.761.453-8. Os laudos médicos de fl. 14, expedido em 14/12/2011, e de fl. 11, elaborado em 29/02/2009,narram paciente com quadro de lombociática esquerda, com dor incapacitante que piora aos mínimos esforços, informaainda limitação para trabalho com pesos, sobrecargas ou esforço repetitivo. O atestado de fl. 15, expedido em 06/12/2011,declara paciente em tratamento fisioterapêutico, não respondendo positivamente ao tratamento. O atestado de fl. 10, datadode 05/03/2012, descreve paciente em tratamento com fisioterapia, interrompido por grande limitação. O exame realizado nacoluna lombossacra, em 02/11/2011, aponta retificação lombar, redução do sinal em T2 dos discos intersomáticos de L4 aS1, compatível com desidratação, os corpos vertebrais possuem alinhamento posterior e altura preservadas, intensidade desinal da medula óssea habitual, rotura radial do anel fibroso lateroforaminal esquerda em L4-L5, discreto abaulamentodiscal difuso em L3-L4, abaulamento discal difuso em L4-L5, protusão discal posteromediana de base ampla em L5-S1,elementos do arco posterior estão íntegros, sinais de sinovite nas articulações interfacetárias de L3 a L5, distribuiçãoanatômica das raízes da cauda equina no interior do saco dural, planos musculares com espessura e intensidade de sinaismantidos. O laudo médico de fl. 20, expedido em 09/10/2011, evidencia paciente portador de discopatia degenerativa,abaulamento discal difuso. O atestado médico de fl. 18, firmado em 27/10/2011, descreve diversas patologias queacometem a parte autora. O exame de fl. 21, realizado em 01/08/2011, evidencia discopatias degenerativas incipientes nosníveis L3-L4 a L5-S1 e alterações degenerativas incipientes nas articulações sacro-ilíacas. Por sua vez, no laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente “foi operado com hérnia discal lombar apresentando melhorado quadro pela avaliação clínica e pelo resultado da ressonância. Tem cálculo renal que, segundo o autor, está emprograma de cirurgia.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 42/45 e fl. 66).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

11. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fl. 31/32).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Page 135: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

91 - 0001339-89.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001339-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDENYR SOARESRODRIGUES (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTESANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0001339-89.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001339-0/01)RECORRENTE: ALDENYR SOARES RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ALDENYR SOARES RODRIGUES interpõe recurso inominado, às fls. 53/57, contra sentença (fls. 50/51), proferida pelaMMa. Juíza do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de apresentar resposta a quesitos apresentados na inicial, comprometeu seu direito de defesa.Sustenta, também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho, em razão dassuas condições de saúde e pessoais. Alega que o laudo pericial informa período de incapacidade em que o INSS nãopagou o benefício de auxílio-doença. Pede que seja julgado procedente o pedido, ou, o retorno dos autos ao Juizado deorigem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 46 ou, ainda, que seja concedido obenefício desde a data do requerimento administrativo até a data da perícia médica.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 61).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial. O questionamento aludidosolicitava a complementação do laudo para que o especialista se manifestasse sobre quais os motivos que ensejaram aconcessão do benefício cessado, se ainda persistem, e quais doenças acometem a requerente e quais os sintomas.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou naparte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento dopleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haverprova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por

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incapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 11, subscrito por médico neurologistada Neuroclin em 08/08/2011, indica que a autora é portadora de cervicalgia com braquialgia esquerda, em razão de hérniade discal. Solicita o afastamento da autora das atividades laborativas por tempo indeterminado para processo dereabilitação. O atestado de fl. 10, subscrito por médico psiquiatra da Clínica Menino Jesus em 23/09/2011, indica que aautora tem quadro comórbido, em razão da situação clínica neurocirúrgica, apresentando quadro ansioso, com sintomasdepressivos. O atestado de fl. 8, subscrito em 06/10/2011, pelo mesmo profissional que redigiu o de fl. 11, afirma que aautora é portadora de cervicobraquialgia esquerda, devido à hérnia de disco cervical póstero-lateral direita C5-C6 eforaminal esquerda no mesmo nível, sem resposta ao tratamento conservador. Encaminha a autora para avaliação depossível intervenção cirúrgica e informa que não há condições laborativas, no momento. O atestado de fl. 24, subscrito pormédico neurocirurgião da MultiClínica em 05/12/2011, indica que a paciente é portadora de cervicobraquialgia comirradiação para membros superiores, causada por hérnia discal cervical em C5-C6 e C6-C7, com compressão de forameslocais. Aduz que a possibilidade de intervenção cirúrgica está sendo avaliada e que a autora não possui condições detrabalho por tempo indeterminado. O atestado de fl. 30, subscrito em 06/09/2012, pelo mesmo profissional que subscreverao atestado de fl. 24, afirma que a autora tentou fazer tratamento conservador e, em razão da piora progressiva, temindicação de cirurgia para correção das hérnias e não possui condições laborativas desde a data da confecção do primeirolaudo. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a autora apresentou quadro dehérnias discais, foi operada com bom resultado e melhora da dor; tem boa mobilidade, sem compressões nervosas.Afirma-se, ainda, que a autora apresentou quadro de incapacidade temporária a partir de maio a dezembro de 2012,período compreendido entre o diagnóstico da lesão, a realização da cirurgia e a liberação pelo INSS. Conclui que não háincapacidade laborativa (fls. 36/38).

10. Embora o laudo pericial afirme que a autora esteve incapacitada desde a data da constatação da lesão, em maiode 2012, até dezembro de 2012, quando teria se recuperado da cirurgia a que fora submetida, observo, em consulta aosistema CNIS, que a autora possuía, no mencionado período, dois empregos junto à Secretaria de Educação do Estado doEspírito Santo (fls. 66/68), na qualidade de agente estatal ocupante de cargo em comissão, o que infirma a alegação de quea existência desses vínculos não seriam indícios da capacidade laborativa da recorrente. Sendo assim, o pedido alternativode concessão do benefício até a data da perícia ou no intervalo aludido, não merece respaldo, eis que a capacidadelaborativa da parte autora restou comprovada nos autos.

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

14. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 16).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

92 - 0000282-33.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000282-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARILDO VIEIRA IZABEL(ADVOGADO: ES004798 - HELENO ARMANDO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000282-33.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000282-0/01)RECORRENTE: ARILDO VIEIRA IZABELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de epilepsia. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ARILDO VIEIRA IZABEL interpõe recurso inominado, às fls. 64/70, contra sentença (fls. 60/62), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da atividade devendedor.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 73/75, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seu

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requerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 15, subscrito por médiconeurologista da clínica Neurotecno em 25/01/2011, afirma que o autor é portador de epilepsia convulsiva generalizada,complicada por lesão recente da mão direita e necessita se afastar do trabalho por 90 dias. O atestado de fl. 17, firmado pormédico neurocirurgião em 01/02/2011, indica, com base em exame de EEG, com mapeamento cerebral, que o autor estáem vigília, com boa colaboração, evidenciando ritmo de base instável e irregular com presença de ondas lentas tetas edeltas com predomínio da atividade delta durante o traçado. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o autor é portador de epilepsia secundária, com crises parciais, evoluindo para complexas egeneralização secundária. Registra-se, ainda, que as epilepsias são controláveis e tratáveis; que o SUS realiza os examesnecessários à identificação do tipo de epilepsia e fornece os medicamentos para o controle das crises. Conclui que não háincapacidade laborativa (fls. 49/50).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 31).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

93 - 0000358-91.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000358-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ DECA ALVES PINTOFERREIRA (ADVOGADO: ES016565 - LUCIENE TREVIZANI GONÇALVES, ES005055 - PEDRO EPICHIN NETTO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000358-91.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000358-3/01)RECORRENTE: JOSÉ DECA ALVES PINTO FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo do perito judicial nos qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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JOSÉ DECA ALVES PINTO FERREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 80/88, contra sentença (fl. 78), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a concedero benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar do seu indeferimento.

02. O recorrente afirma que é portador de doenças incapacitantes para o exercício de sua atividade laboral. Alegaque o perito nomeado pelo juízo a quo não é especialista em suas doenças incapacitantes, por isso há a necessidade deser submetido a uma nova perícia com médico especialista em suas patologias para que possa provar sua incapacidadelaborativa.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 91).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta a necessidade de realização de nova perícia commédico especialista em suas patologias.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, verifico que a patologia informada pelo autor em seu recurso é decunho ortopédico. Em análise dos autos, constatei que o perito nomeado judicialmente possui especialidade em ortopedia –conforme se deflui das fls.63/66 –, portanto é plenamente apto para afirmar se há capacidade ou não para as atividadeslaborais do recorrente.

09. Da leitura dos documentos juntados, verifico que o laudo de fl. 22, de 19.10.2009, é parcialmente legível e nelese descreve paciente com quadro clínico de patologia devido à osteoartrose vertebral severa, bem como é afirmado haverincapacidade para o trabalho. O laudo médico de fl. 24, é contemporâneo ao benefício nº 535.332.983-6. Contudo, o laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente éportador de “artrose e discopatia em coluna lombar”. Aduz que a doença é de “evolução lenta e progressiva”. Conclui quenão há incapacidade (fls. 63/66).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aoslaudos juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fls. 32/33).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

94 - 0002871-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002871-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO ROSA MARTINS(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002871-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002871-6/01)RECORRENTE: ROMILDO ROSA MARTINS

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. SENTENÇA NULA.1. A ausência de realização da perícia por médico ortopedista/ traumatologista ou por médico do trabalho impede que sejaaferida a capacidade laborativa da parte autora, especialmente porque os atestados redigidos por especialista emortopedia/traumatologia informam que ele está inapto para o trabalho em virtude da limitação imposta pelas doençasapresentadas.2. O reconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Precedentes do Superior Tribunal deJustiça.3. Sentença declarada nula e determinada a baixa dos autos, a fim de que seja realizada perícia por médico ortopedista/traumatologista ou por médico especialista em medicina do trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e prejudicado. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não teremas partes dado causa à nulidade identificada.

RELATÓRIO

ROMILDO ROSA MARTINS interpõe recurso inominado, às fls. 59/66, contra sentença (fls. 55/57), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, pois o laudo pericial do juízo foi redigido por médico não especialistana patologia que lhe acomete (ortopedia e traumatologia), o que teria cerceado o seu direito a defesa. Pede o retorno dosautos ao Juizado de origem para que seja realizada nova perícia ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 69).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o laudo pericial deve ser realizado por médicoespecialista em ortopedia/ traumatologia.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os laudos médicos de fl. 12, expedido em 28/10/2011e o de fl. 13, expedido em 05/09/2011, evidenciam paciente com dor crônica na coluna vertebral principalmente na região

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lombar com irradiação para membros inferiores e dor na região cervical com irradiação para membros superiores, informamainda a necessidade de afastamento do trabalho em virtude da limitação impostas pelas doenças e da sintomatologia quelhe acomete. Contudo, no laudo redigido pela perita nomeada judicialmente de especialidade “obstetrícia/ ginecologia” e“perícia médica” (fl. 35/36), apesar de se afirmar que o recorrente é portador de lombalgia, concluiu-se pela capacidadelaborativa (fls. 38/41).

09. Embora a parte autora não tenha impugnado o laudo no prazo assinado para manifestação (fls. 51/52), observoque há divergência entre as conclusões do perito judicial e as dos médicos subscritores dos atestados juntados aos autos, aqual não é resolvida mediante o mero cotejo entre tais documentos. Além de os médicos que assistem o autor teremafirmado sua incapacidade para o trabalho, observo que o INSS concedeu benefício de auxílio-doença entre 08.10.2009 e04.04.2011 (fl. 17), em razão das patologias ósseas de que o demandante é portador (fls. 27/30). Conquanto a provapericial tenha valia para esclarecimento de questões técnico-científicas, assinalo que a ausência de realização da períciapor médico ortopedista/ traumatologista ou por médico especialista em medicina do trabalho impede que seja aferida acapacidade laborativa da parte autora, especialmente porque os atestados de fls. 12 e 13 informam que ele está inapto parao trabalho.

10. O contraste entre os laudos periciais, os atestados médicos e avaliação feita por perito do INSS não é resolvidode forma óbvia e exige que haja pronúncia específica e fundamentada sobre as divergências. Ressalto que oreconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Nesse sentido, posicionou-se o SuperiorTribunal de Justiça nos seguintes julgados:PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃODO ART. 130 DO CPC. PRECLUSÃO QUE NÃO SE APLICA, NA HIPÓTESE. ART. 183 DO CPC. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211/STJ EADEMAIS, DA SÚMULA N. 83/STJ.I - A matéria inserta no dispositivo infraconstitucional suscitado (art. 183 do CPC) não foi objeto do julgamento a quo, sequerimplicitamente, carecendo o recurso especial do pressuposto específico do prequestionamento (Incidência da Súmula n.211/STJ).II - Demais disso, esta Corte tem entendimento pacífico no sentido de que a livre iniciativa do magistrado, na busca pelaverdade real, torna-o imune aos efeitos da preclusão, sendo lícita a determinação de produção de prova pericial, queindevidamente não foi deferida em primeira instância, mesmo de ofício (art. 130 do CPC).III - Noutras palavras, ainda que tenha havido o anterior indeferimento da produção de prova pericial, pelo juízo de primeirograu, ainda assim pode o Tribunal de apelação, de ofício, determinar tal produção, se entender pela sua indispensabilidade.IV - Precedentes citados: AgRg no REsp nº 738.576/DF, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 12/09/2005; Edcl no Ag nº646.486/MT, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 29/08/2005; AgRg no AG nº 655.888/MG, Rel. Min. ARNALDOESTEVES DE LIMA, DJ de 22/08/2005; REsp nº 406.862/MG, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de07/04/2003.V - Aplicação, de qualquer modo, da Súmula n. 83/STJ.VI - Recurso especial não conhecido. Manutenção do acórdão que determinou a realização de nova perícia judicial.(RESP 896.072/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJE 05.05.2008)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ. PERÍCIA DETERMINADADE OFÍCIO. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEMANDA. PRECEDENTES.- Os juízos de primeiro e segundo graus de jurisdição, sem violação ao princípio da demanda, podem determinar as provasque lhes aprouverem, a fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art. 130 do CPC.- A iniciativa probatória do magistrado, em busca da verdade real, com realização de provas de ofício, é amplíssima, porqueé feita no interesse público de efetividade da Justiça.Agravo no recurso especial improvido.(AgRg no RESP 738.576/DF, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 12.09.2005)

11. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que sejarealizada perícia por médico ortopedista/ traumatologista ou por médico com especialidade em medicina do trabalho. Semcondenação em custas e honorários advocatícios, por não terem as partes dado causa à nulidade identificada.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

95 - 0000475-20.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000475-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADAIR DIAS FERNANDES(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0000475-20.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000475-0/01)

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RECORRENTE: ADAIR DIAS FERNANDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento de realização de nova perícia com médico especialista em ortopedia e traumatologia. Inexistência denulidade se a perícia impugnada fora realizada por médico especialista em medica no trabalho na presente hipótese.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ADAIR DIAS FERNANDES interpõe recurso inominado, às fls. 75/81, contra sentença (fls. 72/73), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria cerceado o seu direito à ampla defesa, eis que nãorealizou perícia médica na especialidade de ortopedia e traumatologia. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem paraque seja realizada nova perícia ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 83)

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria nomeado médico peritocom especialidade diversa da patologia que lhe acomete. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado,especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação doquadro clínico do recorrente. Ademais, a especialidade do perito nomeado judicialmente é Medicina do Trabalho (fl. 39/40),portanto, plenamente capaz de aferir a capacidade laboral da parte autora.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico de fl. 23, expedido em 09/10/2008,descreve paciente com quadro de lombociatalgia há 3 semanas, refratária a tratamento conservador, interferindo na

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execução de atividade laborativa e habituais, a dor está associada a rigidez importante, havendo utilização demedicamentos para controle sintomático. O exame médico da coluna lombar, de fl. 18, realizado em 02/12/2008, evidenciahérnia discal extrusa em L5-S1, abaulamento discal difuso em L4-L5 associado à protrusão póstero-mediana eparamediana à direita subligamentar, mínimo abaulamento difuso em L3-L4 e espondiloartrose lombar discreta. O atestadode fl. 17, expedido em 18/12/2008, narra que a paciente é portadora de “síndrome de lombociatalgia em tratamento desdesetembro de 2008, permanecendo com dor refratária a TTO medicamentoso e fisioterapia”, descreve ainda, discopatialombar componente de extrusão em L5-S1 e que o quadro clínico interfere na vida diária e laborativa. O laudo médico de fl.25, expedido em 26/11/2009, informa paciente com quadro de lobociatalgia bilateral, maior à esquerda, crônica e semmelhora com tratamento clínico, descreve ainda, espondiloartrose com discopatia de L4-L5, volumosa hérnia de discoL5-S1 esquerda com componente extruso e compressão radicular, informa que fora internada e submetida à discectomialombar L5-S1 com microscopia. Os atestados de fl. 16, expedido em 26/04/2010, e de fl. 22, redigido em 15/10/2010,narram paciente já periciada por discopatia lombar degenerativa compressiva entre L5 e S1, submetida à discectomia,apresenta ainda quadro de dor acompanhada de parestesia em membro superior esquerdo sendo ainda hipertensa queestá sob controle medicamentoso, informa incapacidade por tempo indeterminado ou até permanente. O atestado médicode fl. 26, datado de 23/06/2010, evidencia paciente com quadro de artrose generalizada primária, quadro de lombociatalgiaesquerda intensa, discopatia degenerativa de L3-L4, L4-L5 e L5-S1 com hérnia extrusa em L5-S1, internada e operada emL5-S1 com discectomia, apresenta ainda quadro de cervicobraquialgia associada, dor lombar, claudicação neurológicaimportante com limitação da capacidade funcional, sinais de radiculopatia crônica como sequela da hérnia, sem condiçõesde exercer atividade laboral. O atestado médico de fl. 24, expedido em 14/01/2011, descreve paciente internada e operadano ano de 2009 com volumosa hérnia de disco extrusa em L5-S1 à direita e espondilodiscoartrose generalizada comdiscopatia de múltiplos níveis, descreve ainda, impossibilidade de trabalhar com pesos ou cargas sob risco de agravar ossintomas e a patologia base. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente éportadora de “artrose da coluna cervical, lombar e joelhos.”. Informa que “a artrose é irreversível. Seus sintomas sãotratados ambulatorialmente sem riscos.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 64/65).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 39/40).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

96 - 0000445-47.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000445-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ILMA ALVES DOS SANTOS(ADVOGADO: ES000390 - ERCIO DE MIRANDA MURTA, ES010856 - BRUNO BORNACKI SALIM MURTA, ES011011 -WILER COELHO DIAS, ES015006 - ISABELA ALMEIDA CHAVES, ES015868 - LAURA MELO CHEHAYEB, ES011016 -GETULIO GUSMÃO ROCHA, ES016941 - NAIARA GUIMARÃES CAMPOS, ES014568 - ANDRESSA MEIRA, ES006332 -ANA PAULA TAUCEDA BRANCO, ES010554 - ANA LUIZA PEREIRA ALIPRANDI FAVORETTI, ES011583 - PAULO REISFINAMORE SIMONI, ES014899 - AUGUSTO CÉSAR MOREIRA MARTINS, ES013069 - RODOLFO FERNANDES DOCARMO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS ANTONIO BORGESBARBOSA.).RECURSO Nº 0000445-47.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000445-9/01)RECORRENTE: ILMA ALVES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

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2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de lesão de menisco no joelho direito. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ILMA ALVES DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 270/273, contra sentença (fls. 267/268), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade deauxiliar de serviços gerais em área metalúrgica.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 276)

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 44 e 81/161 são anteriores à datado início do benefício que se pretende restabelecer e se referem a períodos em que a autora fez jus à percepção de outrosbenefícios de auxílio-doença. (fls. 55/57 e 69/76). O atestado de fl. 179, repetido às fl. 195, é contemporâneo ao períodoem que a autora recebeu o benefício de auxílio-doença 537.345.081-9 (16/09/2009 a 26/05/2010 – fls. 6 e 18), assim comoos atestados de fls. 196/197, 208, 211, 213, 214/215, 219 e 221. O atestado de fl. 199 (fl. 17), subscrito por médiconeurocirurgião do SUS em 05/05/2010, alguns dias antes da cessação do benefício nº. 537.345.081-9, indica que a autoraestá em tratamento neurológico, possui sequela nos movimentos do joelho direito (artrose) e não está em condições detrabalho. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmadoque a recorrente é portadora de lesão de menisco no joelho direito, operado há mais ou menos dois anos. Concluiu que nãohá incapacidade laborativa (fl. 256).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.Acrescento que a maior dificuldade para realizar suas atividades habituais não impede que a parte autora possadesempenhar outro trabalho que assegure a sua subsistência.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a

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concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 224).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

97 - 0005398-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005398-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA HELENA RODRIGUES(ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0005398-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005398-5/01)RECORRENTE: MARIA HELENA RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo judicial nos qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho, observadas determinadas precauções.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARIA HELENA RODRIGUES interpõe recurso inominado, às fls. 51/53, contra sentença (fls. 46/48), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de sua atividade laboral. Aduz serportadora de doença incapacitante e ter a idade avançada, o que prejudica sua inserção no mercado de trabalho. Alega quefoi violado o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, pois teve seu requerimento de nova perícia commédico especialista em cardiologia negado pelo magistrado a quo. Pleiteia que seja submetida a uma nova perícia commédico cardiologista sem anular a sentença, sucessivamente requer que seja anulada a sentença para que possa provarsua incapacidade laborativa.

03. O INSS ofereceu contrarrazões (fl. 58/62), nas quais aduziu que inexiste comprovação da incapacidade laboralda parte autora. Sustenta que o fato de existir doença não significa haver incapacidade. Requer o desprovimento dorecurso.

04. É o Relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Para corroborar essa conclusão, anoto que não foi colacionado laudopericial, assinado por médico cardiologista, que ateste a incapacidade laboral da parte autora.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de fl. 14 não possui ano de emissão legível edescreve paciente com quadro de fibromialgia, diabetes e hipertensão arterial, entretanto não atesta a incapacidade laboral.O atestado de fl. 15 possui data de emissão de 31/08/2010, é parcialmente ilegível, mas nele foram descritas patologia emombro e joelho, diabetes e hipertensão, tendo sido apontada impossibilidade de retorno ao trabalho. Contudo, o laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente éportadora de “inflamação tendinea em ombro direito”. Aduz que a autora “deve evitar carga de peso, e esforço físicoextremo”. Conclui que não há incapacidade (fls. 28/30).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho. Acrescento que eventuais dificuldades no exercício dotrabalho habitual da segurada não constituem causa para a concessão do benefício por incapacidade, uma vez que hápossibilidade de desempenho de outras atividades que assegurem a sua subsistência.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fls. 20/21).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

98 - 0000086-63.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000086-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZINHA PIOL BARBOSA(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000086-63.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000086-0/01)RECORRENTE: TEREZINHA PIOL BARBOSARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.

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42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose em coluna lombar e joelhos. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

TEREZINHA PIOL BARBOSA interpõe recurso inominado, às fls. 82/87, contra sentença (fls. 78/80), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais dificultam seu trabalho rural. Pugnapela procedência do pedido ou pela conversão do feito em diligência para que seja realizada nova perícia, sob ofundamento de que há contrariedade entre a perícia realizada, os exames apresentados e os laudos de outrosespecialistas.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 90).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, a divergência entre os atestados médicos, carreados aos autospela autora, e o laudo do especialista judicial não é por suficiente para que seja considerada necessária a realização denova perícia, especialmente se não há discrepância entre as doenças diagnosticadas.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 12/14 e 17/19 sãocontemporâneos aos períodos em que a autora fez jus à percepção dos benefícios nrs. 532.396.805-9 (30/09/2008 a15/03/2009) e 537.089.288-8 (16/03/2009 a 06/05/2010). Os atestados de fls. 15/16 se referem a período anterior àconcessão do benefício que se pretende restabelecer. O atestado de fl. 11, subscrito por médico ortopedista da Unimed em18/06/2010, indica que a autora é portadora de osteoartrose em joelho esquerdo e está impossibilitada de fazer esforçofísico. O atestado de fl. 21, firmado por médico da Unimed em 07/09/2010, descreve que a autora é portadora de lesão emjoelhos e está impossibilitada de fazer esforço físico. O atestado de fl. 20, subscrito por médico da Unimed em 29/12/2010,também indica que a autora é portadora de lesão em joelhos e está impossibilitada de fazer esforço físico. O exame deressonância magnética da coluna lombar, realizado em 15/06/2009, revela espondioloartrose associada à discopatiadegenerativa lombar incipiente. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentidodiverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de artrose em coluna lombar e joelhos. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 59/62).

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10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual da segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

11. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, observo que eles não sereferem a fato novo, não sendo cabível nova abertura de instrução em fase recursal, conforme orientação adotada pelasTurmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 40).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

99 - 0000493-69.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000493-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMAURI GOMES DA ROCHA(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000493-69.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000493-2/01)RECORRENTE: AMAURI GOMES DA ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de dor ao realizar flexão da coluna com carga. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

AMAURI GOMES DA ROCHA interpõe recurso inominado, às fls. 61/65, contra sentença (fls. 57/59), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o desempenho de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o trabalho de pescador. Pugna pelaprocedência do pedido ou, alternativamente, pela anulação da sentença porque foi proferida com base em laudo, cujasrespostas teriam sido monossilábicas e contraditórias.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 68).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 11, subscrito por médico neurologistado SUS em 01/12/2010, afirma que o autor sofreu uma queda em novembro de 2010 e fraturou a L1 da coluna lombar.Observo que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 543.904.995-5 no período de 26/11/2010 a20/05/2011 (fl. 40) e não há nos autos qualquer documento que indique a incapacidade laborativa do autor após a cessaçãodo benefício. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o autor é portador de dor aorealizar flexão da coluna com carga, em razão da fratura do corpo vertebral, resultado de uma queda. Afirma-se que areferida fratura não compromete os elementos nervosos e que o autor está apto para exercer atividades que não dependamda realização de esforço com flexão e carga da coluna lombar Conclui que não há incapacidade laborativa para a função depescador (fl. 47). Ressalto que, embora o autor alegue ser pescador, verifico que os seus últimos vínculos empregatícios sederam no cargo de agente fiscal ambiental do Município de Linhares (fls. 23/28 e 40).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 35).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

100 - 0002324-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002324-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARLETE LUIZA BIANCARDI(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0002324-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002324-9/01)RECORRENTE: ARLETE LUIZA BIANCARDIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Autora portadora de doença degenerativa dacoluna lombar vertebral, manifestando-se com dorsalgia. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ARLETE LUIZA BIANCARDI interpõe recurso inominado, às fls. 91/107, contra sentença (fls. 87/88), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santos, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o desempenho de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o trabalho de merendeira. Aduz queo laudo pericial é impreciso e contraditório, porque não teria fundamentado o motivo da existência da capacidade, mas teriaafirmado ser possível a piora do quadro clínico em caso de submissão a atividades que exijam intenso esforço físico.Pugna, por fim, pela procedência do pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 112/116, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

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07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa. Alega que o laudo pericial é impreciso e contraditório, porque não teria fundamentado o motivo daexistência da capacidade, mas teria afirmado ser possível a piora do quadro clínico em caso de submissão a atividades queexijam intenso esforço físico.

08. A referida alegação de nulidade teria como lastro as supostas imprecisão e contradição presentes no laudopericial. Em exame da questão, ressalto que a oposição às conclusões apresentadas pelo especialista está reservada aoâmbito da crítica às provas produzidas no curso da dilação processual. A contrariedade ao posicionamento expresso nolaudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriuescrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e423, do Código de Processo Civil). No laudo pericial, afirmou-se que não existe nexo de causalidade entre a doença e otrabalho desenvolvido pela autora, ainda que atividades que sobrecarreguem a coluna vertebral possam implicar a piora dadoença, o que não caracteriza contradição no parecer do perito. No que tange à alegação de ausência de fundamentaçãoacerca do motivo da existência da capacidade laboral da demandante, ressalto que a perícia se baseou no exame clínico daautora, na análise dos exames laboratoriais e dos laudos médicos apresentados, o que infirma o argumento da recorrente.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 24/26 são contemporâneos aoperíodo em que a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 540.722.885-4 (03/05/2010 a 26/08/2010). Oatestado de fl. 27, subscrito por médico do Hospital e Maternidade São Francisco de Assis Ltda em 24/11/2010, afirma quea autora é portadora de lombociatalgia bilateral de caráter progressivo há cinco anos, com dor incapacitante, sem melhorascom repouso ou analgésico regular. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentidodiverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de doença degenerativa da coluna lombar vertebral,manifestando-se com dorsalgia. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 49/59).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Acrescento que o caráter degenerativo da doença não implica a imediata incapacidade da autorapara o trabalho, sendo certo que a evolução negativa de seu quadro clínico poderá motivar novo requerimentoadministrativo para implantação de benefício por incapacidade. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doençadeve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram asprovas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. O fato de existir recomendação médica para que arecorrente não desempenhe atividades que envolvam intenso esforço físico não implica a sua inaptidão laborativa, podendoreabilitar-se profissionalmente para outros trabalhos de igual complexidade. Contudo, não atendidos os requisitos legaispara a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 38).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

101 - 0000328-19.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000328-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENITH MARIA DA CUNHAMARTINS (ADVOGADO: ES016825 - JOAQUIM PEREIRA VENTURA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).RECURSO Nº 0000328-19.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000328-6/01)RECORRENTE: ZENITH MARIA DA CUNHA MARTINSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

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SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ZENITH MARIA DA CUNHA MARTINS interpõe recurso inominado, às fls. 65/69, contra sentença (fls. 61/62), proferida pelaMMª. Juiza do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, porque possui diversas patologias incapacitantes parao exercício de qualquer atividade laboral. Pleiteia que o pedido seja julgado procedente ou, alternativamente, seja realizadanova perícia.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 74/77, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). Ademais, a recorrente requer realização de nova perícia judicial para comprovação da suainaptidão para o trabalho. A propósito, constato que a parte autora não indicou qualquer vício no laudo do especialistanomeado pelo Juízo a quo, não sendo suficiente a mera discordância com o posicionamento externado pelo perito para queseja designada nova perícia (art. 437, do Código de Processo Civil).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame de fl. 12 da coluna lombar, realizado em03/09/2009, descreve osteófitos marginais nos corpos vertebrais, desmineralização óssea, espaços intervertebraisconservados, arcos posteriores sem alterações, artrose interapofisária em L5-S1, pedículos preservados. O exame de fl. 11da coluna lombar, realizado em 27/01/2011, narra redução na densidade óssea, corpos vertebrais de dimensões normais,redução dos espaços intervertebrais de T12 à L2 e L4 à S1, arcos posteriores sem alterações, artrose interapofisáia L5-S1,pedículos preservados, osteófitos incipientes de T12 à L1. Não há qualquer atestado ou laudo afirmando a incapacidadelaborativa da parte autora. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente éportadora de “hipertensão arterial, obesidade acentuada (Grau III, IMC 52,2), osteoartrose, diabetes mellitus. Compensadase controladas com a medicação prescrita.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 43/47).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo

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necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.10. Por fim, acrescento que a idade avançada e o nível educacional da demandante foram considerados nojulgamento ora feito. Contudo, os benefícios por incapacidade laborativa não podem ser uma via transversa para que ossegurados obtenham pretensão não satisfeita em razão do não preenchimento dos requisitos para aposentadoria por idade.De fato, a recorrente somente recolheu contribuições, na qualidade de segurada individual, entre 01/2005 e 08/2006 (fl. 26),não cumprindo a carência para a aposentadoria por idade. Logo, não é lícito valer-se das dificuldades próprias à idade paracaracterizar a incapacidade laborativa exigida para a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, que nãopressupõem as dificuldades inerentes ao processo de envelhecimento.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30/31).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

102 - 0000664-29.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000664-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZEZITO RODRIGUES DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, ES015618 - MARIA DE LOURDESCOIMBRA DE MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO Nº 0000664-29.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000664-6/01)RECORRENTE: ZEZITO RODRIGUES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ZEZITO RODRIGUES DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 53/65, contra sentença (fls. 48/49), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o trabalho de soldador.

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03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fls. 68/69).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 11, subscrito por médico ortopedistanão possui data e afirma que o autor possui dificuldade para o trabalho, em razão das enfermidades de que é portador. Oexame de raio x, realizado em 10/04/2010, indica uncoartrose em coluna cervical (fl. 13). O atestado de fl. 12, subscrito pormédico ortopedista do SUS em 11/05/2011, afirma que o autor é portador de artrose em coluna cervical e lombar e estácom dificuldade para deambular. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentidodiverso, tendo sido afirmado que o recorrente não possui patologia ortopédica. Concluiu que não há incapacidade laborativa(fl. 43).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente, inclusive em relação ao documento de fls. 56/62. Acrescento que a menção à inexistência depatologia ortopédica, à fl. 43, relaciona-se à inocorrência de doença incapacitante para toda e qualquer atividade que possagarantir a subsistência do autor. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 25).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

103 - 0000414-93.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000414-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSINALVA RODRIGUESDA PAIXÃO DE SOUZA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000414-93.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000414-5/01)RECORRENTE: ROSINALVA RODRIGUES DA PAIXÃO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de

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12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ROSINALVA RODRIGUES DA PAIXÃO DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 66/69, contra sentença (fls. 62/63),proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento deindenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de apresentar resposta a quesitos apresentados na inicial e a quesito complementar, comprometeuseu direito de defesa, o qual também fora afetado pela omissão da autarquia previdenciária em proceder à juntada dosdocumentos que dispunha para esclarecimento da causa. Sustenta, também, que os documentos juntados aos autosdemonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possui condições de disputar e conseguir uma vaga no mercadode trabalho cada vez mais exigente. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos osquesitos destacados na impugnação de fls. 60/61 ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 73/76, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo.O questionamento aludido solicitava que fossem indicados os motivos que ensejaram a concessão do benefício cessado ese ainda persistem. Solicitava, ainda, a complementação das respostas aos quesitos 2/3, 5/6 e 8 apresentados pelo Juízo.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou naparte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento dopleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenhadesconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

07. Ademais, a omissão do INSS em juntar cópia do processo aberto para análise do requerimento administrativoformulado pela recorrente não comprometeu a formação da convicção do sentenciante, o qual se valeu do conhecimento doperito judicial para conhecer os elementos técnicos relacionados à descrição das condições de saúde da segurada.

08. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

09. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, aocontraditório e ao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fls. 60/61.

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Sustenta, também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possuicondições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente.

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 9 é contemporâneo ao período emque a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 522.867.729-8 (13/11/2007 a 31/12/2007) e afirma que aautora fora submetida à cirurgia para correção de hérnia umbilical. O atestado de fl. 10 é contemporâneo ao período emque a demandante fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 543.292.407-9 (19/10/2010 a 19/12/2010) e afirmaque ela fora submetida à nova cirurgia para correção de hérnia umbilical. Por sua vez, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, afirma-se que a autora apresentou quadro de hérnia umbilical já tratada e que, ao exame clínico,não apresenta alterações na parede abdominal. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 50/53).

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, registro que eles se referem afato estranho à causa de pedir apresentada, uma vez que a aferição do quadro clínico da autora em 2013 difere da análisedas razões que motivaram a sua alegada inaptidão para o trabalho quando a ação foi proposta. Nesse sentido,posicionam-se as Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84).

14. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 17).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

104 - 0000402-79.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000402-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO ROSÁRIO(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000402-79.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000402-9/01)RECORRENTE: MARIA DO ROSÁRIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).4. Autora portadora de hipertensão arterial e de diabetes tipo 2, compensadas em razão do uso de medicamentos. Laudospericiais nos quais se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

Page 157: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

RELATÓRIO

MARIA DO ROSÁRIO interpõe recurso inominado, às fls. 94/96, contra sentença (fls. 91/92), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de apresentar resposta a quesitos apresentados na inicial e a quesito complementar, comprometeuseu direito de defesa, o qual também fora afetado pela omissão da autarquia previdenciária em proceder à juntada dosdocumentos que dispunha para esclarecimento da causa. Sustenta, também, que os documentos juntados aos autosdemonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possui condições de disputar e conseguir uma vaga no mercadode trabalho cada vez mais exigente. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos osquesitos destacados na impugnação de fls. 60/61 ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 73/76, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para complementar o laudo. O questionamento aludido solicitava que fosse informado qualo período em que a autora esteve incapacitada. Pretendia, ainda, a complementação das respostas aos quesitos 2 e 8apresentados pelo Juízo. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doençasque ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão porque o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil),especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação doquadro clínico da recorrente. Ademais, considerando os documentos anexados à inicial e a conclusão da primeira períciarealizada, que concluiu pela capacidade laborativa, sob o ponto de vista ortopédico, foi determinada a realização de novaperícia, na qual se constatou que a autora é portadora de hipertensão arterial e diabetes mellitus, sem, no entanto,apresentar incapacidade laborativa.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 14 (49), subscrito por médico defamília do SUS em 10/01/2011, afirma que a autora é portadora de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmicaestágio 2 e dislipidemia. O exame de raio x da coluna lombar, realizado em 03/03/2011, indica bom alinhamento; altura,forma e densidade dos corpos vertebrais normais; espaços intervertebrais mantidos; pedículos e apófises articularesintegros; ausência de sinais de espondilolise ou espondilolistese; osteófitos marginais incipientes. O atestado de fl. 12,firmado por médico do SUS em 17/03/2011, descreve que a autora está com dificuldade para locomoção devido àlombociatalgia. O exame de ressonância magnética do crânio, realizado em 16/04/2011, indica proeminência dos sulcosentre os giros corticais, das fissuras sylvianas e das folias cerebelares; alteração do sinal na substância brancaperiventricular e na coroa radiada, provavelmente devido à microangiopatia (fl. 56). Os atestados de fls. 57/58 não sereferem à autora. O atestado de fl. 81, subscrito por médico neurocirurgião do SUS em 18/08/2012, afirma que a autora éportadora de déficit de memória anterógrada e possui atrofia cerebral. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, médico ortopedista, afirma-se que a autora não possui patologia ortopédica digna de nota que a incapacite

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para o trabalho (fl. 62). No segundo laudo redigido pelo perito clínico geral nomeado judicialmente, afirma-se que a autora éportadora de hipertensão arterial e de diabetes tipo 2, compensadas em razão do uso de medicamentos. Concluiu que nãohá incapacidade laborativa (fls. 82/83).

10. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 17).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

105 - 0000337-84.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000337-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DALVINA QUIRINO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES013747 - BRUNA NASCIMENTO HONÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000337-84.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000337-2/01)RECORRENTE: DALVINA QUIRINO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

DALVINA QUIRINO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 63/66, contra sentença (fls. 50/51), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício

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profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o trabalho de auxiliar de serviçosgerais.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fls. 69/70).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame de cintilografia óssea, realizado em12/03/2010, indica alterações articulares de natureza provavelmente degenerativa (espondiloartrose/osteoartrite - fl. 18). Osatestados de fls. 19 e 22 são contemporâneos ao período em que a autora fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença nº 534.631.750-0 (09/03/2009 a 31/03/2010). O atestado de fl. 24, subscrito por médico do SUS em11/08/2010, afirma que a autora é portadora de hipertensão arterial. O atestado de fl. 23, firmado por médico cirurgião geralem 24/08/2010, indica que a autora é portadora de artrite reumatóide e está impossibilitada de exercer atividadeslaborativas por sentir dor nas articulações. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se emsentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente não é portadora de patologia ortopédica incapacitante. Concluiu quenão há incapacidade laborativa (fl. 43).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 26).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

106 - 0002073-43.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002073-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDILETE FRICKS PORTO(ADVOGADO: ES013351 - KENIA PACIFICO DE ARRUDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002073-43.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002073-7/01)RECORRENTE: EDILETE FRICKS PORTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA

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CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de espondilodiscoartrose em coluna cervical e lombar, tendinopatia em ombro esquerdo, artrose emquadril e pés. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

EDILETE FRICKS PORTO interpõe recurso inominado, às fls. 68/77, contra sentença (fls. 65/66), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedente pedido para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a prova pericial é nula por não ter sido realizada por médico ortopedista, por serdivergente das provas dos autos, não possuir conclusão fundamentada e tampouco ter narrado o quadro clínico da autora.Alega que a sentença é nula, uma vez que o indeferimento do pedido de realização de nova perícia judicial comprometeuseu direito de defesa. Sustenta que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 79).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que fosse realizada nova perícia, com médico especialista na doença que a acomete. Alega, ainda, que o laudopericial é completamente divergente das provas dos autos, não possui conclusão fundamentada e tampouco narrou oquadro clínico da autora. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doençasque ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razãopor que o indeferimento do pleito para a realização de nova perícia mostra-se acertado, especialmente por não haver provade que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.Ademais, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais entende que a períciamédica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadromédico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do r. perito judicial (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu a concessão do benefício de

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auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para qualquer atividade laborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 12, subscrito por médico ortopedistade Unimed em 25/10/2010, afirma que a autora é portadora de dor e diminuição de força nos ombros, lesão irreparável domanguito rotador, sem condições de grandes esforços com os ombros. O atestado de fl. 13, firmado por médico ortopedistaem 22/02/2010 da Clínica de Acidentados de Cachoeiro Ltda, indica que a autora é portadora de dor cervico-lombar crônica,espondiloartrose e deve permanecer afastada do trabalho. O atestado de fl. 14, subscrito por médico ortopedista da ClínicaSoeiro em 08/12/2010, afirma que a autora é portadora de dor em coluna cervical, lombar, ombros direito e esquerdo, estáem tratamento de artrose cervical e complexo disco osteofitário C5-C6, determinando irradiação radicular, artrose lombar,protusão discal L4-L5, determinando síndrome de compressão radicular lombar e acentuada estenose degenerativa emL3-L4, artrose ombro esquerdo, rotura maciça do tendão do supra espinhoso, tendinite do infra espinhal e bursite. Aduz,ainda, que a autora está inapta para desempenhar sua atividade laboral de costureira e sugere o seu afastamento definitivo,devido à gravidade das lesões. Contudo, o laudo redigido pelo perito, médico do trabalho, nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a autora é portadora de espondilodiscoartrose em coluna cervicale lombar, tendinopatia em ombro esquerdo, artrose em quadril e pés, doenças de origem degenerativa e inerente à faixaetária, sem sinais de atrofias musculares, limitações para movimentos ou compressões radiculares. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 51/52).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior ao atestado juntadopelo recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

12. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença. Acrescento que, a despeito de o Juízo a quo não ter enfrentado tal questão na sentença recorrida, arecorrente não tem a qualidade de segurada (fl. 42) e tampouco o seu trabalho impõe a sua filiação obrigatória, razão porque, mesmo que considerada a sua idade avançada, o benefício pleiteado não poderia ser deferido.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

107 - 0002633-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002633-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE MARIA DA SILVA(ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ES004538 -ANA MERCEDES MILANEZ, ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0002633-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002633-5/01)RECORRENTE: JOSE MARIA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

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3. Autor portador de síndrome de apneia obstrutiva do sono. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOSÉ MARIA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 108/121, contra sentença (fls. 104/106), proferida pelo MM Juizdo 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente pedido para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a data da sua cessação.

02. O recorrente sustenta que a sentença é nula porque se baseou em laudos periciais elaborados por médicosneurologista e do trabalho. Sob o fundamento de que as perícias realizadas não se mostram adequadas para a análise daenfermidade que o acomete, pugna pela realização de nova perícia, com médicos pneumologista e otorrinolaringologista.Afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 126/128, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, para que seja realizada nova perícia, com médicospneumologista e otorrinolaringologista, sob o fundamento de que as perícias efetuadas não se mostram adequadas para aanálise da enfermidade que o acomete. Contudo, da leitura das conclusões dos peritos judiciais, não observo discrepânciaentre as doenças que eles diagnosticaram na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam apeça vestibular. Ademais, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais entendeque a perícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ouquadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do r. perito judicial (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010). Acrescento que osatestados médicos, colacionados aos autos pelo recorrente, não contêm conclusão no sentido de sua incapacidadelaborativa permanente para qualquer atividade, inexistindo discrepância a ser solucionada apenas por especialista napatologia que acomete o autor.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu a concessão do benefício deauxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para qualquer atividade laborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 13, subscrito por médico da Clínicado Aparelho Respiratório em setembro/08, afirma que o autor é portador de síndrome de apneia obstrutiva do sono, masnão atesta incapacidade laborativa. O atestado de fl. 48, subscrito em 18/12/2008, apenas relata que o autor foi internadono Hospital e Maternidade São Luiz, em 17/12/2008, para realizar cirurgia e recebeu alta em 18/12/2008. O atestado de fl.51, firmado por médico ortopedista do Hospital e Maternidade Praia da Costa em 12/01/2009, informa que o autor necessita

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de 90 dias de afastamento, por se encontrar em pós-operatório de lesão do manguito rotador do ombro. O atestado de fl.54, subscrito por médico neurologista da Unimed em 26/01/2009, indica que o autor é portador de quadro depressivoansioso e iniciou tratamento com antidepressivo ansiolítico, todavia não afirma incapacidade laborativa em razão da referidaenfermidade. O atestado de fl. 47, subscrito por médico do Hospital e Maternidade São Luiz em 04/09/2009, indica que oautor se submeteu à cirurgia de diástase do reto abdominal em 07/07/2009. O atestado de fl. 52, de 08/01/2010, informaque o autor não apresenta condições de retornar às suas atividades, por se encontrar em pós-operatório de lesão domanguito rotador do ombro com rotura do bíceps. O atestado de fl. 53, subscrito em 29/04/2010 é do mesmo teor daquelejuntado à fl. 52. O atestado de fl. 50, elaborado por médico ortopedista em 29/07/2010, afirma que o autor se submeteu àartroscopia cirúrgica de joelho direito em 22/06/2010. O atestado de fl. 46, subscrito por médico neurologista do HospitalMeridional em 19/08/2010, afirma que o autor se submeteu à cirurgia de artrodese lombar em 2005 e refere não tercondições de exercer suas atividades laborativas de maneira definitiva. O atestado de fl. 76, firmado por médico da Clínicado Aparelho Respiratório em 12/08/2011, narra que o autor é portador de síndrome de apneia obstrutiva do sono em graugrave, a qual incapacita e contra indica a operação de máquinas e a condução de veículos automotivos. Aduz que o CPAPé o melhor tratamento para a doença, disponível no momento, mas nem todos os pacientes respondem plenamente aotratamento. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito, neurologista, nomeado judicialmente, afirma-se que, sob o ponto devista neurológico, não há doença, uma vez que somente a apneia central é patologia neurológica. Aduz que, por se tratar deapneia obstrutiva, a análise do paciente, bem como o respectivo tratamento, que é eficaz, devem ser realizados pormédicos otorrinolaringologista e pneumologista (fls. 23/24 e 60). No laudo de fls. 87/89, redigido pelo perito, clínico geral,nomeado judicialmente, afirma-se que o autor é portador de síndrome de apneia obstrutiva do sono e que, atualmente, nãoexiste incapacidade, pois a doença foi atenuada com o uso do CPAP.

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso damedicação adequada, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 38).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

108 - 0001279-19.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001279-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DAMIAN LIBERATO(ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES007025 -ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0001279-19.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001279-8/01)RECORRENTE: DAMIAN LIBERATORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de

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quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de dorsalgia. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

DAMIAN LIBERATO interpõe recurso inominado, às fls. 50/52, contra sentença (fls. 45/46), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder-lhe obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e a pagar-lhe indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de responder a quesito apresentado na inicial, comprometeu seu direito de defesa. Sustenta, também,que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possui condições dedisputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente. Pede o retorno dos autos ao Juizado deorigem para que seja respondido o quesito destacado na impugnação de fl. 42 ou que o pedido seja julgado procedente.

03. Embora regularmente intimado, o INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 56).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito complementar formulado à fl. 42. O questionamentoaludido solicitava a complementação do laudo para que o especialista se manifestasse sobre as características dasdoenças que acometem o autor. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre asdoenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular,razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil),especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação doquadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91), de modo total e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 8, subscrito por médico do SUS em28/06/2011, afirma que o autor sofreu queda de caminhão, teve trauma na região torácica, na cabeça e é portador deneurite periférica que o impede de trabalhar pegando peso. O mesmo profissional atesta, em 10/08/2011, às fl. 10, que oautor apresenta dor lombar, varizes intensas de membros inferiores, hérnia umbilical e necessita se afastar de suasatividades laborais para se submeter a tratamento cirúrgico de varizes, de hérnia e de dorsalgia. O atestado de fl. 12,subscrito por médico do SUS em 29/08/2011, afirma que o autor é portador de hérnia umbilical e necessita de tratamentocirúrgico. O atestado de fl. 14, firmado em 10/10/2011 pelo mesmo profissional que subscrevera os atestados de fls. 8 e 10,descreve o histórico do autor e afirma que as dores o impedem de trabalhar normalmente. Contudo, o laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido aduzido que o recorrente é portador de dorsalgiae queixa de dores nas pernas devido a varizes. Ao exame clínico, apresenta marcha, membros inferiores e aparelhocardiovascular normais, sem qualquer limitação na coluna. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 35/37).

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10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 16).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

109 - 0000072-45.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000072-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELA DOS SANTOS(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000072-45.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000072-4/01)RECORRENTE: MARCELA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo do perito judicial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARCELA DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 72/76, contra sentença (fls. 69/70), proferida pela MMª Juízado Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedente pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefíciode auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde. Sustenta que está aguardando marcação de data pararealizar cirurgia em unidade do SUS, devido ao agravamento da doença e atrofiamento do punho esquerdo. Alega que olaudo pericial é contraditório. Pugna pela procedência do pedido ou anulação da sentença para realização de nova perícia,

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com médico ortopedista, especializado em cirurgia de punho e mão.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 79).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, para que seja realizada nova perícia, com médicoortopedista, especializado em cirurgia de punho e mão, porque o laudo pericial seria contraditório, uma vez que informa quenão há doença ativa e a autora teria comprovado a necessidade de realização de cirurgia em razão do agravamento dadoença. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora (dor no punho esquerdo) e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peçavestibular. Ademais, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais entende que aperícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ouquadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do r. perito judicial (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu a concessão do benefício deauxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para qualquer atividade laborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 15 é contemporâneo ao período emque a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 517.445.707-4 (28/07/2006 a 25/02/2011). O exame deressonância magnética do punho esquerdo, realizado em 24/01/2011 (fl. 14), indica diminuto foto hipertenso em STIRlocalizado na porção central da fibrocartilagem triangular, associado à pequena quantidade de líquido ao nível da articulaçãorádio-ulnar distal e que deve ser considerada a possibilidade de perfuração da fibrocartilagem triangular. O exame deressonância magnética do punho esquerdo, realizado em 03/08/2011 (fl. 13), indica sinais de rotura antiga na inserção ulnardo triângulo fibrocartilaginoso e variação ulnar negativa. O atestado de fl. 18, subscrito por médico ortopedista da ClínicaORTOCENTER em 21/04/2011, afirma que a autora é portadora de lesão da fibrocartilagem triangular em punho esquerdo,está aguardando cirurgia pelo SUS e está impossibilitada de fazer esforço físico. O atestado de fl. 23 não possui data eidentificação do subscritor legíveis. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentidodiverso, tendo sido afirmado que a recorrente não é portadora de doença ativa; apresenta boa mobilidade de membrossuperiores ao pegar os exames e documentos, boa rotação para movimentos de abrir e fechar a mão, flexão e extensão.Aduz que a doença pode ser controlada através de tratamento medicamentoso e fisioterápico; que, apesar dos relatos daautora e do comprometimento doloroso, não foram observadas limitações significativas ao exame físico; que a autoraexecuta os movimentos básicos do punho com habilidade. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 57/61).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conforme demonstram asprovas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 38).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

110 - 0002566-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002566-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AILTON DOS SANTOSCARDOSO (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0002566-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002566-7/01)RECORRENTE: AILTON DOS SANTOS CARDOSORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

AILTON DOS SANTOS CARDOSO interpõe recurso inominado, às fls. 79/86, contra sentença (fls. 75/77), proferida pelaMMª. Juiza do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidospara condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, porque é portador de doenças degenerativasincapacitantes. Aduz que as patologias impedem a sua atividade laboral, pois exerce a função de ajudante de entrega.Requer a reforma da sentença

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fls. 91/92).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os documentos de fls. 12, 13, 14, 17, 18, 19, 20, 22são contemporâneos ao benefício nº 129.325.698-3. O laudo médico de fl. 11, expedido em 11/05/2006, narra paciente com

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quadro de hérnia discal cervical, submetido a tratamento cirúrgico de hérnia discal cervical com fixação. O exame de fl. 15,realizado em 20/03/2007, na coluna lombar descreve “canal lombar de dimensões normais, protrusão discal difusa emL4-L5 e em L5-S1 tocando a fase ventral do saco dural em correspondência, corpos vertebrais e elementos do arcoposterior de aspecto anatômico, articulações interapofisárias sem alterações, forames neurais e recessos laterais deamplitude mantida.”. O laudo médico de fl. 21, em 23/04/2008, solicita fisioterapia. O laudo médico de fl. 24 é ilegível. Nãohá qualquer atestado, ressalvados os referentes ao período de concessão do benefício nº 129.325.698-3, em que seindique a incapacidade laborativa da parte autora. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que o recorrente é portador “de doença degenerativa da coluna cervical.”. Complementa informando que osexames de avaliação da função muscular e de estesiometria estão dentro dos limites da normalidade. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 50/56).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 35).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

111 - 0001865-59.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001865-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDNEIA XAVIER DECASTRO (ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0001865-59.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001865-2/01)RECORRENTE: EDNEIA XAVIER DE CASTRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAEMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de epilepsia, controlada por medicamentos. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

ENEIA XAVIER DE CASTRO interpõe recurso inominado, às fls. 58/60, contra sentença (fls. 55/56), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o trabalho rural.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 62/63, nas quais reitera os termos da contestação.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 15, subscrito por médiconeurologista da Clínica Cachoeiro de Neurologia em 04/04/2011, afirma que a autora possui história de neurocisticercose econvulsões tipo psicomotora com evolução de dez anos. Reafirma a necessidade de usar a medicação nas dosagensprescritas, sob pena de haver descontrole das convulsões. Recomenda que a autora evite atividades em que haja risco, nocaso de convulsões e aduz que a autora não pode ficar sem a medicação prescrita. Por sua vez, no laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de epilepsia, adquirida por infestação de cisticerco, nomomento, assintomática; que a patologia é irreversível e seus sintomas são controlados por medicamentos. Conclui quenão há incapacidade laborativa (fls. 51/52).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 32).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

112 - 0000742-23.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000742-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GRACILIANO MENON

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NETO (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000742-23.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000742-0/01)RECORRENTE: GRACILIANO MENON NETORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

GRACILIANO MENON NETO interpõe recurso inominado, às fls. 63/66, contra sentença (fls. 60/61), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de apresentar resposta a quesitos apresentados na inicial e complementar o laudo, comprometeu seudireito de defesa. Sustenta, também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalhoe que não possui condições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente, em razãodas suas condições de saúde e pessoais. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos osquesitos destacados na impugnação de fl. 52 ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 70).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e complementar o laudo. Oquestionamento aludido solicitava que fossem apontados os motivos que ensejaram a concessão do benefício cessado e seeles ainda persistem. Solicitava, ainda, a complementação do laudo para informar sobre as doenças descritas nos laudos eexames acostados aos autos. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre asdoenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial,razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil),especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação doquadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de

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segurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, aocontraditório e ao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 52. Sustenta,também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possuicondições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente, em razão das suas condiçõesde saúde e pessoais.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fls. 5, subscrito por médico ortopedistado SUS em 11/05/2011, afirma que o autor é portador de espondiloartrose avançada, escoliose, sequela de fratura de baciae não possui condições laborativas. O atestado de fl. 14 (15) é contemporâneo ao período em que o autor fez jus àpercepção do benefício de auxílio-doença nº 542.209.216-0 (02/08/2010 a 24/01/2011). O atestado de fl. 23, subscrito pormédico psiquiatra do SUS em 16/06/2011, afirma que o autor é portador de distúrbio emocional e está temporariamenteincapacitado para o trabalho, sem perspectiva de reversão do quadro nos próximos 90 dias. O atestado de fl. 24, firmadopor médico ortopedista do SUS em 15/06/2011, indica que o autor é portador de lombociatalgia. O atestado de fl. 30,elaborado por médico ortopedista do SUS em 24/10/2011, afirma que o autor relata dor intensa e contínua em regiãolombar. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, relata-se que o autor sofreu fratura de bacia há25 anos e fratura de costelas em 2011; queixa-se de dor com incapacidade motora, mas apresenta exames de ressonânciacom processo degenerativo, sem compressões nervosas. Conclui que não há incapacidade laborativa (fls. 45/48).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente em sua petição inicial. Acrescento que o perito relatou as principais doenças que acometem odemandante, ressaltando aquelas mais salientes para o julgamento do pedido formulado, motivo por que não restacaracterizada omissão que deprecie o laudo elaborado. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provasproduzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Em relação aos documentos de fls. 56/57 e 59, observo que eles não contêm elementos que possam sesobrepor às conclusões do perito judicial, valendo destacar o entendimento veiculado pelo enunciado n. 84, dajurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, no sentido de que “O momento processual daaferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial,constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentosou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84).

14. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 25).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

113 - 0001021-09.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001021-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIRTIS DE JESUSMARTINS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA.).RECURSO Nº 0001021-09.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001021-2/01)

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RECORRENTE: MIRTIS DE JESUS MARTINSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MIRTES DE JESUS MARTINS interpõe recurso inominado, às fls. 61/64, contra sentença (fls. 57/59), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de apresentar resposta a quesitos apresentados na inicial e a quesito complementar, comprometeuseu direito de defesa. Sustenta, também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para otrabalho e que não possui condições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente, emrazão das suas condições de saúde e pessoais. Alega que a existência do vínculo empregatício no período compreendidoentre 18/12/2012 e 19/03/2013 não comprova a sua capacidade laborativa. Pede que seja julgado procedente o pedido, ou,o retorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 49 ou,ainda, que seja concedido o benefício desde a data do requerimento administrativo até a data da perícia médica.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 68).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo.O questionamento aludido solicitava que fossem respondidos quais os motivos que ensejaram a concessão do benefíciocessado e se ainda persistem. Solicitava, ainda, a complementação das respostas aos quesitos apresentados pelo Juízo.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou naparte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento dopleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haverprova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

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08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, aocontraditório e ao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 49. Sustenta,também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para o trabalho e que não possuicondições de disputar e conseguir uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente, em razão das suas condiçõesde saúde e pessoais.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há qualquer documento atestando aincapacidade laborativa da parte autora. O atestado de fl. 13, subscrito por médico ortopedista do SUS em 25/10/2010,afirma que a autora é portadora de lombociatalgia à esquerda. O atestado de fl. 12, firmado por médico ortopedista do SUSem 13/04/2011, descreve que a autora é portadora de dor crônica em coluna lombar. O atestado de fl. 10, elaborado pormédico ortopedista do SIND–EMPRESAS em 20/04/2011, afirma que a autora é portadora de dor lombar. O atestado de fl.8, subscrito por médico ortopedista do SIND–EMPRESAS em 02/08/2011, indica que a autora é portadora de escoliose,fusão completa em L2 e L3 e incompleta em L1 e L2, discopatia degenerativa e abaulamento discal difuso. O atestado de fl.11, firmado por médico ortopedista do SUS em 17/09/2011, descreve que a autora é portadora de lombalgia crônica e deveevitar peso. O atestado de fl. 27, subscrito por médico ortopedista do SIND–EMPRESAS em 19/10/2011, afirma que aautora necessita de 15 dias de afastamento das suas atividades. O atestado de fl. 26, subscrito por médico ortopedista em07/11/2011, aponta que a autora é portadora de escoliose, fusão completa em L2- L3 e incompleta em L1-L2, hemivértebra,discopatia degenerativa e abaulamento discal difuso, com dor constante. O atestado de fl. 39, elaborado por médicoortopedista da Clínica Neuroclin em 07/05/2012, afirma que a autora é portadora de patologia congênita da coluna vertebrale de lombalgia crônica e a encaminha à pericia do INSS para analisar a sua capacidade laborativa. O atestado de fl. 41,subscrito por médico ortopedista do SIND–EMPRESAS em 09/10/2012, afirma que a autora é portadora escoliose, fusãocompleta em L2- L3 e incompleta em L1-L2, hemivértebra, discopatia degenerativa e abaulamento discal difuso, com dorlombar e irradiação. A declaração de fl. 32, subscrita por fisioterapeuta em 09/12/2012, aponta que a recorrente apresentaqueixas de dor lombar com irradiação à MI esquerda. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que a autora é portadora de má-formação congênita da coluna com fusão de três vértebras lombares, L1, L2 eL3, onde não há disco intervertebral, nem hérnias. Afirma-se que a autora é portadora de artrose discreta da coluna lombar,sem compressões nervosas e possui boa mobilidade. Conclui que não há incapacidade laborativa (fls. 45/47). Sendo assim,a alegação de que a existência do vínculo empregatício no período compreendido entre 18/12/2012 e 19/03/2013 nãocomprova a capacidade laborativa da autora e o pedido alternativo de concessão do benefício até a data da perícia, nãomerecem respaldo, eis que a capacidade laborativa da parte autora restou comprovada nos autos.

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 16).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

114 - 0001052-29.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001052-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADAILDA DE JESUSPEREIRA (ADVOGADO: ES015171 - BEATRICEE KARLA LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -

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INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0001052-29.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001052-2/01)RECORRENTE: ADAILDA DE JESUS PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ADAILDA DE JESUS PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 54/57, contra sentença (fls. 44/45), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e, por se tratarde pessoa pobre, na acepção do termo legal, não teve condições de pagar um médico particular para debater a períciajudicial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 61/62, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez a parteautora não preencheu os requisitos necessários à procedência do pedido.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 10, subscrito por médico ortopedistada Clinica Neuroclin em 13/01/2011, afirma que a autora é portadora de deformidade congênita do pé direito (pé torto). O

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atestado de fl. 9, firmado por médico ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Esporte em 10/06/2011,aponta que a autora é portadora de dor intensa em tornozelo direito, com piora ao caminhar. Por sua vez, no laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente não possui nenhuma patologia digna de nota. Conclui quenão há incapacidade laborativa (fl. 34).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior àquela em queforam elaborados os atestados juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 19).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

115 - 0002032-13.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002032-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALERIA PEREIRA DESOUZA (ADVOGADO: ES017915 - Lauriane Real Cereza, ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0002032-13.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002032-0/01)RECORRENTE: VALERIA PEREIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo judicial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

VALERIA PEREIRA DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 128/131, contra sentença (fls. 119/120), proferida pelaMMª. Juíza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de sua atividade laboral. Alega que,por ser portadora de doença incapacitante e ter idade avançada, tem dificuldades para encontrar trabalho. Requer anulaçãoda sentença para que seja submetida a uma nova perícia ou, sucessivamente, que os pedidos sejam julgados procedentes.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 133).

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04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que determinou a cessaçãodo benefício de auxílio-doença que lhe fora concedido, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, a divergência entre o laudo do perito nomeado pelo Juízo e osatestados médicos, carreados aos autos pela recorrente, não é causa de nulidade da prova pericial, sendo certo que orelato, de fls. 103/114, contém a descrição do quadro clínica da autora no momento do exame e aponta a existência dedoenças já detectadas pelos médicos consultados por ela.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 18, expedido em 12/01/2010, relatapaciente em tratamento clínico em uso de medicação. O atestado médico de fl. 19, subscrito em 12/01/2010, narra pacienteem tratamento psiquiátrico em uso de medicação ansiolíticos e antidepressivos, relata, ainda, episódios depressivos nosúltimos 06 (seis) anos, com tentativas de suicídio. Os laudos médicos de fls. 20 e 23 são contemporâneos à concessão dobenefício nº 521.538.076-3. O laudo médico de fl. 21 é ilegível. O laudo médico de fl. 22, em 06/11/2010, descreve arealização de dois procedimentos médicos em paciente, nos anos de 2007 e 2009, informa ainda a realização de tratamentoclínico no momento da expedição do laudo. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-seque a recorrente é portadora de “doença degenerativa da coluna lombar e joelho esquerdo, hipertensão arterial, calculoserenal e depressão. Coluna lombar, joelho e sistema nervoso central.”. Informa que a “doença da coluna lombar e do joelhoesquerdo são degenerativas; levando o periciando a apresentar períodos de incapacidade e períodos de aptidão para otrabalho. O tratamento baseia-se no controle da evolução da doença; com medicamentos antiinflamtórios, analgésicos,fisioterapia e cirurgia quando necessário.”. Conclui que não há incapacidade (fls. 80/93).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fls. 61/62).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

116 - 0002361-88.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002361-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PALMIRA ANDRADE DACUNHA (ADVOGADO: ES012046 - CICERO MOULIN BATISTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002361-88.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002361-1/01)RECORRENTE: PALMIRA ANDRADE DA CUNHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

PALMIRA ANDRADE DA CUNHA interpõe recurso inominado, às fls. 68/70, contra sentença (fls. 65/66), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSSa conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, pois é portadora de doença incapacitante para otrabalho, comprovada por meio dos documentos juntados na inicial que divergem do laudo pericial. Sustenta que o juiz nãoestá adstrito ao laudo pericial. Pede que o pedido seja julgado procedente.

03. Embora regularmente intimado, o INSS não ofereceu contrarrazões (fls. 72).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 14, 18, 20 são contemporâneos aconcessão do benefício nº 537.819.289-3. Os laudos médicos de fl. 17, 21, 30, descrevem paciente com dor em “colunacervical e dorsal, em tratamento de anterolistese de C4 sobre C5, discopatia degenerativa, uncoartrose adirita [sic] deC5-C6 e hérnia de disco póstero mediana em C3-C4”, sendo neles afirmada a incapacidade labora. O exame médico de fl.35, realizado em 01/10/2009, evidencia discreta anterolistese de C4 sobre C5, discopatia degenerativa cervical, uncoartrosea direita de C5-C6, hérnia de disco póstero-mediana em C3-C4. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de “osteoartrose cervical importante, incipiente lombar e dorsal.”.Complementa informando que possui incapacidade para atividades que exijam esforço físico, entretanto descreve que aatividade econômica desenvolvida pela recorrente – comerciante –, de forma geral, não é uma atividade considerada braçal,que exija esforço físico. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 50/52).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi elaborado a partir de exame clínico

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realizado em 15.03.2013 (fl. 49), data posterior aos atestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação daSeguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidadepara o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção dasubsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o PoderJudiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fls. 47/48).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

117 - 0007054-89.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007054-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANALICE VIEIRA DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0007054-89.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007054-3/01)RECORRENTE: ANALICE VIEIRA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de hipertensão arterial sistêmica e doença pulmonar obstrutiva crônica. Laudo pericial no qual se atestaa capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ANALICE VIEIRA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 107/112, contra sentença (fls. 103/104), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 117).

04. É o Relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 20, subscrito por médicocardiologista de Unidade de Saúde de Vila Velha em 11/09/2009, afirma que a autora é portadora de hipertensão arterial,miocardiopatia hipertensiva, insuficiência cardíaca classe II/III, patologia de coluna e deve se afastar definitivamente deatividades que exijam esforços físicos. O atestado de fl. 21, firmado em 22/09/2009 pelo mesmo profissional subscritor doatestado de fl. 20, recomenda o afastamento definitivo de qualquer atividade laborativa. O atestado de fl. 22, elaborado pormédico do trabalho em 27/10/2009, afirma que a autora não apresenta condições de trabalho devido ao quadro deinsuficiência cardíaca, hipertensão e angina. O atestado de fl. 23, firmado por médico ortopedista da Clínica Ortopédica deVitória Ltda em 07/07/2009, afirma que a autora sente dor intensa e é portadora de abaulamento anterior dos corposvertebrais de C10, D 11 e D13. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentidodiverso, tendo sido destacado que a recorrente é portadora de hipertensão arterial sistêmica e doença pulmonar obstrutivacrônica. Informa que a autora realizou teste funcional e apresentou capacidade cardíaca funcional moderada; fezcateterismo cardíaco que não evidenciou doença arterial coronariana significativa. Concluiu que não há incapacidadelaborativa (fls. 63/68).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 43).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

118 - 0004486-03.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004486-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAIR ELLER (ADVOGADO:ES003602 - JADIR CID SIMOES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELIFEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0004486-03.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004486-6/01)RECORRENTE: ALAIR ELLERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).

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3. Autor portador de doença isquêmica crônica do coração e polineuropatia periférica. Laudos periciais trasladados de açãoconexa (autos nº 2009.50.50.000942-8), emitidos por cardiologista e neurologista, que atestam a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

ALAIR ELLER interpõe recurso inominado, às fls. 181/182, contra sentença de fls. 174/175, proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença.

02. O recorrente afirma que é portador de doenças incapacitantes para o exercício de atividade laboral. Pugna peloprovimento do recurso, com a reforma da sentença, para permitir o restabelecimento do auxílio-doença, ou a concessão deaposentadoria por invalidez. Subsidiariamente, requer o retorno dos autos ao Juízo de origem, a fim de permitir a realizaçãode novos exames.

03. O INSS não apresentou contrarrazões, apesar de intimado (fls. 187/189).

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).

08. Ressalto que o pedido de retorno dos autos ao Juízo de origem, para permitir a realização de novos exames, não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que as perícias realizadas não esclareceram suficientemente amatéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 18, firmado por cardiologista em16/04/2009, afirma que o autor fora submetido a angioplastia, porém tinha síndrome do pânico e não era candidatorecomendado para revascularização miocárdica. Atesta que o ora recorrente tinha angina aos menores esforços e suafunção profissional implicava risco para terceiros, razão pela qual o profissional subscritor solicitou prorrogação do seubenefício. À fl. 26, consta laudo emitido por cardiologista da rede pública do Município de Vila Velha/ES em 09/07/2008, oqual destaca que o autor não era candidato à revascularização miocárdica e sugere afastamento da atividade laboral.

10. Constatada hipótese de conexão entre a presente ação e duas outras ajuizadas pelo mesmo autor (processos nº2009.50.50.000942-8 e 2009.50.50.000943-0), foi proferido despacho que determinou a reunião dos feitos, mediantedistribuição por dependência, na forma do art. 253, I, do Código de Processo Civil (fl. 67). Por conseguinte, foramtrasladadas cópias dos laudos periciais produzidos nos autos nº 2009.50.50.000942-8, conforme determinado em despachode fl. 70. O laudo redigido por médico cardiologista (fls. 72/80) atesta que o autor é portador de doença isquêmica docoração e de polineuropatia periférica. Contudo, afirma que não há incapacidade do ponto de vista cardiológico para o tipode atividade do ora recorrente. Por sua vez, o laudo firmado por perito neurologista (fls. 95/102) aponta coronariopatia,diabetes melitus, hipertensão arterial e dislipidemia. Porém, conclui que o autor não apresenta qualquer sintoma ou doençaneurológica que o impeça de exercer seu trabalho.

11. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e suas conclusões não foram infirmadaspelos documentos apresentados pelo autor. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se noquadro clínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

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12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

14. Ademais, a consulta aos autos da ação conexa, da qual emanaram os laudos periciais (processo nº2009.50.50.000942-8), revela que a sentença de improcedência dos pedidos, proferida naqueles autos, já transitou emjulgado, não tendo sido contrastada por qualquer recurso.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fl. 70).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

119 - 0000042-47.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000042-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCIA BENACHIO VIEIRA(ADVOGADO: ES005532 - JOSE MIRANDOLA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000042-47.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000042-5/01)RECORRENTE: MARCIA BENACHIO VIEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MÁRCIA BENACHIO VIEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 55/64, contra sentença (fls. 50/51), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar da data do requerimento administrativo.

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02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que a perícia judicial não foirealizada de acordo com as normas e que o perito faltou com a verdade. Pugna pela procedência do pedido ou, em caso dedúvida, pela realização de nova perícia nas especialidades de ortopedia e neurologia.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 68, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 9/10 não possuem assinatura,data, tampouco afirmam a existência de incapacidade laborativa. O exame de ressonância magnética da colunalombo-sacra, realizado em 15/07/2010 (fl. 11), descreve discreta atitude escoliótica de convexidade para a direita; discopatiadegenerativa em D10-D11, D11-D12, L1-L2, L3-L-4 e L4-L5; abaulamento discal difuso em L4-L5 que indenta a face ventraldo saco e está associado à rotura concêntrica de fibras do anel fibroso em seu contorno póstero-mediano; abaulamentodiscal difuso em L5-S1 que oblitera parcialmente a gordura epidural anterior ao saco dural, sem determinar repercussõessignificativas sobre as raízes nervosas descendentes; alterações degenerativas não-hipertróficas nas facetas articulares emL3-L4 e L4-L5. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente não possuinenhuma patologia ortopédica que a incapacite para o trabalho (fl. 37).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. Cabe ressaltar que a criação da SeguridadeSocial pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para otrabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistênciado trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 17).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

120 - 0005649-18.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005649-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO SERGIO JACINTO(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0005649-18.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005649-2/01)RECORRENTE: PAULO SERGIO JACINTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de dor na coluna lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

PAULO SÉRGIO JACINTO interpõe recurso inominado, às fls. 100/111, contra sentença (fls. 96/97), proferida pelo MM. Juizdo 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenaro INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da sua profissão, queexige esforço físico.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 115/118, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que é portador de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 15 e 20, subscritos por médiconeurocirurgião do Instituto Neurológico do Espírito Santo em 05/05/2009 e 03/03/2009, afirmam que o paciente encontra-seem tratamento de espondiloartrose degenerativa e apresenta sintomatologia álgica que piora com o esforço físico. Osatestados de fls. 19 e 29 são contemporâneos ao período no qual o autor fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença nº 531.631.671-8. Os demais documentos anexados são exames e fichas médicas que afirmam odiagnóstico de espondilodiscoartrose lombar, espondilose e periartrite de ombros, lombociatalgia. Por sua vez, no laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, é descrito que o autor é portador de dor lombar, de origem degenerativa,inerente à idade, que piora quando o demandante segura ou carrega peso; que a dor pode ser tratada em regimeambulatorial. Baseado em exame neurológico, conclui que não há incapacidade laborativa (fls. 59/60 e 86).

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09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o tratamento adequado, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 36).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

121 - 0000366-08.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000366-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSIAS FRANCISCO VIANA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000366-08.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000366-3/01)RECORRENTE: OSIAS FRANCISCO VIANARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autor portador de espondiloartrose cervical. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

OSIAS FRANCISCO VIANA interpõe recurso inominado, às fls. 75/76, contra sentença de fls. 72/73, proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS à concessão dobenefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a suacondição incapacitante. Afirma que o Juiz não está adstrito ao laudo pericial, quanto mais ao se considerar a idade, grau deescolaridade e profissão do recorrente. Pugna pelo provimento do recurso para anular a sentença, com o deferimento dopedido de fl. 58, para que seja designado novo profissional para realizar perícia, ou, alternativamente, a reforma da

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sentença, para julgar procedente o pedido.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 79).

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente alega que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a sua incapacidade. Sustenta, também,suposto cerceamento de defesa, por ter sido indeferido o requerimento de designação de nova perícia.

08. Ressalto que o requerimento de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea ademonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido emsede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de ressonância magnética da colunalombo-sacra (fl. 17), subscrito por médico radiologista, datado de 25/04/2008, afirma que o autor apresentava discopatiadegenerativa, bem como abaulamento discal difuso associado à pequena hérnia discal paramediana direita. O laudo de fl.27, firmado por médico neurocirurgião em 12/02/2008, aponta hérnia discal cervical, com colocação de cage intervertebralno dia 01/02/2008, devendo o autor ficar afastado do trabalho por no mínimo 60 dias iniciais. O laudo de fl. 29, emitido pelomesmo profissional neurocirurgião, descreve relato de dor em membros superiores após cirurgia de hérnia discal. Afirmaque, realizada consulta médica em 26/05/2008, não foi indicado trabalho com peso, escadas e posição viciosa até arecuperação da dor cervical. À fl. 30, consta novo laudo, firmado pelo mesmo neurocirurgião, o qual atesta que o autormantinha dor cervical, perda parcial de força muscular, pior em membro superior direito, sem condições de exercer suaatividade de pedreiro, com lombalgia importante por processo degenerativo de coluna lombar-sacral. Afirma que, apesar deexames de controle não mostrarem complicações, o paciente não tinha condições de trabalho. No mesmo sentido, o laudomédico de fl. 31, emitido pelo mencionado profissional em 21/10/2008, segundo o qual não havia possibilidade de melhoradepois de todas as tentativas de tratamento cirúrgico e clínico. À fl. 32 consta laudo de ressonância magnética da colunacervical, datado de 10/01/2005, que indica hérnia discal protrusa de base larga póstero-mediana, pequena hérnia discalsubligamentar póstero-mediana e espondilodiscouncoartrose cervical com estreitamento foraminal bilateral. Após a citaçãoe a apresentação de contestação pelo INSS, o autor apresentou novos laudos emitidos pelo referido neurocirurgião em03/11/2009 e 11/08/2010 (fls. 51 e 58), os quais reiteram que o segurado não tinha condições de exercer sua atividade depedreiro. O laudo emitido pela perita nomeada judicialmente (fls. 59/61) indica que o recorrente é portador deespondiloartrose cervical, de origem degenerativa. Contudo, afirma que não há incapacidade para as atividades laborativas.

10. Ante o requerimento do ora recorrente, para que a perita complementasse o laudo pericial (fl. 65), sobreveiolaudo complementar à fl. 67, no qual a médica nomeada pelo Juízo de origem se reportou à cirurgia feita em 01/02/2008,com colocação de cage intervertebral, como fundamento para concessão anterior de benefício de auxílio-doença, bemcomo ao exame clínico de flexão e extensão da coluna cervical, de modo a reiterar a inexistência de incapacidade para asatividades laborativas.

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosapresentados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquia

Page 186: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

previdenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 34).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

122 - 0000981-95.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000981-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO ALVES DOSSANTOS (ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0000981-95.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000981-1/01)RECORRENTE: FRANCISCO ALVES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autor portador de hérnia inguinal. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

FRANCISCO ALVES DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 79/81, contra sentença de fls. 75/76, proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral, conformedemonstram os laudos médicos acostados aos autos. Alega que o perito não respondeu integralmente aos quesitosformulados, razão pela qual foi requerido que o expert complementasse as respostas. Afirma que o Juiz não está adstrito aolaudo pericial, quanto mais ao se considerar a idade, grau de escolaridade e profissão do recorrente. Pugna peloprovimento do recurso para anular a sentença, com o deferimento do requerimento de fls. 70/71, para que o peritocomplemente as respostas aos quesitos apresentados à fl. 59, com opção de designação de novo profissional para realizarperícia, ou, alternativamente, a reforma da sentença, para julgar procedente o pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões à fl. 85, nas quais reitera os termos da contestação apresentada e requer amanutenção da sentença por seus próprios fundamentos.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

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06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente alega que os laudos acostados aos autos refletem a sua incapacidade. Sustenta, também, que alguns quesitosnão foram respondidos integralmente pelo perito, razão pela qual requer a anulação da sentença para que o expertcomplemente as respostas, com opção de ser designado novo profissional para realizar perícia.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 9, emitido em 23/08/2007,informa que o autor havia sido operado de hérnia e necessitava de afastamento do trabalho por 120 (cento e vinte) dias. Olaudo juntado à fl. 19, datado de 12/10/2009, aponta quadro clínico de lombociatalgia, com uso de vários medicamentos, eafirma que o ora recorrente não conseguia trabalhar. À fl. 25, consta atestado médico firmado por profissional da redepública em 05/11/2009, que descreve relato de dor na coluna (lombociatalgia) e afirma que o autor não estava emcondições de realizar nenhuma atividade, motivo pelo qual foi solicitado o afastamento por tempo indeterminado até quefosse solucionado o problema. O referido relatório aponta, ainda, que o recorrente fora encaminhado ao neurologista eaguardava consulta. O INSS, por sua vez, trouxe aos autos o laudo médico pericial de fl. 48, emitido por profissionalintegrante dos seus quadros, o qual ressalta que não havia elementos que corroborassem a incapacidade alegada pelosegurado. O laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 65/67) aponta que o autor se queixou de dor na colunalombar, mas apresentou exame clínico sem alterações. Afirma que não foram verificadas alterações causadoras deincapacidade.

10. Após a apresentação de requerimento pelo recorrente (fls. 72/73), para que o perito complementasse asrespostas aos quesitos do Juízo, foi proferida sentença que revogou a antecipação dos efeitos da tutela e julgouimprocedentes os pedidos (fls. 75/76). Colhe-se da fundamentação do julgado que os questionamentos formulados peloautor já se encontravam superados pela firme conclusão pericial, no sentido de que inexistia limitação.

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas. Em relação ao laudo médico apresentadoapós a interposição do recurso (fls. 90/93), impõe-se observar a orientação contida no enunciado nº 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, cujo teor segue transcrito: “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra”.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 20).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

123 - 0000915-18.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000915-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA SOUZADE JESUS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0000915-18.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000915-0/01)RECORRENTE: MARIA DA PENHA SOUZA DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autora portadora de epicondilite e lombalgia. Laudo pericial que atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

MARIA DA PENHA SOUZA DE JESUS interpõe recurso inominado, às fls. 65/66, contra sentença de fls. 62/63, proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que é portadora de doenças incapacitantes para o exercício de atividade laboral. Aduz que osfundamentos para a improcedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos são convincentes erefletem a sua condição incapacitante. Alega que o indeferimento do requerimento de informações complementares violou odevido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. Pugna pelo provimento do recurso para anular a sentença, com odeferimento do requerimento de fl. 43, para que a perita preste esclarecimentos e responda aos quesitos complementaresou, alternativamente, a reforma da sentença, para julgar procedente o pedido.

03. Intimado para apresentar contrarrazões, o INSS requereu a manutenção da sentença, por seus próprios ejurídicos fundamentos (fl. 70).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Arecorrente alega que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a sua incapacidade. Sustenta, também,

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suposto cerceamento de defesa, por ter sido indeferido o requerimento para que a perita complementasse as respostas aosquesitos.

08. Ressalto que o pedido de anulação da sentença, com o retorno dos autos ao Juízo de origem, para que a perita presteesclarecimentos e responda a quesitos complementares, não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de ultra-sonografia dos cotovelos (fl. 9),datado de 24/07/2009, aponta epicondilite lateral à direita. O atestado médico de fl. 12, emitido por ortopedista em16/03/2009 afirma que a autora estava impossibilitada de trabalhar por 15 (quinze) dias, por motivo de doença. O laudomédico de fl. 20, subscrito por ortopedista em 16/10/2009, indica que a ora recorrente, portadora de espondiloartrose,estava sem condições de exercer sua função. O laudo de fl. 21, datado de 28/09/2009, firmado por ortopedista, encaminhaa segurada à perícia médica do INSS e atesta lombalgia aguda e espondiloartrose. À fl. 41, consta declaração que apontahipertensão arterial e depressão, bem como descreve a medicação da qual a autora fazia uso. O laudo redigido pela peritanomeada judicialmente, em 15/12/2010 (fls. 43/45), indica que a recorrente é portadora de epicondilite direita e lombalgia,de origem degenerativa. Contudo, afirma que não há incapacidade para as atividades laborativas. Às fls. 49/51, constamnovos laudos médicos trazidos aos autos pela recorrente. O laudo de fl. 50, firmado por ortopedista, em 21/07/2011, atestaque a autora é portadora de lombalgia crônica e que refere incapacidade funcional. O outro laudo juntado na mesmaoportunidade, também firmado por ortopedista, em agosto de 2011, afirma que a autora, portadora de espondiloartrosecervical e lombar, apresentava dificuldade de exercer suas funções. O laudo acostado à fl. 59, datado de 27/09/2011,aponta crise de lombalgia aguda.

10. Após a apresentação de requerimento pela recorrente (fl. 47), para que o INSS juntasse atestados médicosexistentes em seu poder, e a perita complementasse as respostas aos quesitos, foi proferida sentença que julgouimprocedentes os pedidos (fls. 62/63). Colhe-se da fundamentação do julgado que os questionamentos formulados pelaautora já se encontravam superados pela firme conclusão pericial, no sentido de que inexistia limitação.

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e sua conclusão não foi infirmada pelosdocumentos apresentados pela autora, conforme bem salientado na sentença confrontada. A manutenção do benefícioprevidenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade paraas atividades laborativas. Em relação aos laudos médicos apresentados após a interposição do recurso (fls. 78/79),impõe-se observar a orientação contida no enunciado nº 84 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro,cujo teor segue transcrito: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ouassistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa ajuntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmadaincapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 22).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

124 - 0000670-07.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000670-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOS ANTONIO DASILVA OLIVEIRA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

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- INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0000670-07.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000670-6/01)RECORRENTE: MARCOS ANTONIO DA SILVA OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autor que apresenta sequela de fratura no braço direito. Laudo pericial em que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

MARCOS ANTONIO DA SILVA OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 56/57, contra sentença de fls. 53/54, proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a suacondição incapacitante. Afirma que o Juiz não está adstrito ao laudo pericial, quanto mais ao se considerar a idade, grau deescolaridade e profissão do recorrente. Pugna pelo provimento do recurso para anular a sentença, com o deferimento dopedido de fl. 42, para que seja designado novo profissional para realizar perícia, ou, alternativamente, a reforma dasentença, para julgar procedente o pedido.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 60).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente alega que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a sua incapacidade. Sustenta, também,suposto cerceamento de defesa, por ter sido indeferido o requerimento de designação de nova perícia.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da análise dos documentos juntados aos autos, verifico que os laudos médicos de fls. 12 e 13, firmados por

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ortopedistas, embora não estejam inteiramente legíveis, aludem ao diagnóstico de artrodese e indicam a necessidade deafastamento do autor de suas atividades laborativas. O laudo de fl. 14, também subscrito por ortopedista, datado de28/05/2009, afirma que o autor estava em tratamento médico, após ter sido operado por artrodese do carpo em 17/03/2009.Narra que o ora recorrente refere incapacidade para o trabalho, e solicita prorrogação do afastamento por 30 (trinta) dias. Olaudo redigido pela perita nomeada judicialmente (fls. 41/43) indica que o recorrente apresenta sequela de fratura no braçodireito. Contudo, afirma que não há incapacidade para as atividades laborativas, tampouco para os atos da vidaindependente. Relata ausência de edema no braço direito, bem como extensão e flexão normais.

10. Ante o requerimento do recorrente, para que a perita completasse a resposta aos quesitos identificados à fl. 46,sobreveio laudo complementar à fl. 48, no qual a médica nomeada pelo Juízo destacou que não havia hipotrofia muscularno braço nem diminuição da força motora, conforme exame clínico feito no dia da perícia. Embora o autor tenha reiterado orequerimento de esclarecimentos complementares e solicitado a designação de novo profissional para realizar perícia (fl.50), o ilustre magistrado prolator da sentença considerou tais impugnações procrastinatórias (fl. 53), diante do contido nolaudo pericial. Constatada a suficiência do acervo probatório existente nos autos, revela-se correta a sentença, ante adesnecessidade de realização da diligência complementar requerida pelo recorrente (art. 426, I, do Código de ProcessoCivil).

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 16).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

125 - 0103998-08.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.103998-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERALDO MARQUES(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0103998-08.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.103998-7/01)RECORRENTE: GERALDO MARQUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total

Page 192: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de espondiloartrose e tendinite nos ombros. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

GERALDO MARQUES interpõe recurso inominado, às fls. 88/95, contra sentença (fl. 85), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que a perícia judicial é omissa porque teria deixado de responder aos quesitos apresentadosna inicial e não teria mencionado os problemas ortopédicos em cotovelo e tríceps que comprometem a sua capacidadelaborativa, na qualidade de trabalhador braçal. Sustenta que é portador de doença incapacitante para o exercício deatividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alegaque o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais. Pugna pelaprocedência do pedido.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de regularmente intimado (fl.101).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. O recorrente alega que o laudo pericial é omisso, porque teria deixado de responder aos quesitos apresentadosna inicial e não teria mencionado os problemas ortopédicos em cotovelo e tríceps que comprometem a sua capacidadelaborativa. A omissão estaria relacionada ao questionamento acerca dos problemas ortopédicos em cotovelo e tríceps quecomprometeriam a capacidade laborativa do autor; das características da doença do recorrente; se seria possível oexercício de atividades que demandem esforço físico, sobrecarga em ombros, cotovelos e coluna; se sentiria dores àpalpação e sobre os fundamentos da cessação do benefício e se as suas condições pessoais foram consideradas.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou naparte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que a alegação deomissão não merece respaldo, especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado oselementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

08. No presente recurso, é controvertida a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seu requerimento para a concessãode auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para sua atividade laborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 45, subscrito por médico doHospital Santa Rita em 28.06.2006, declara que o autor foi submetido a procedimento cirúrgico com boa evolução doquadro pós-operatório, necessitando de 60 dias de repouso físico. O atestado médico de fl. 40, subscrito por médico doHospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória em 14.05.2009, atesta que o autor necessita de 15 dias de afastamento dotrabalho. O laudo médico de fl. 46, firmado por médico do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória em 29.05.2009,informa que o autor foi operado em 21.05.2009 e precisa de 60 dias de afastamento de suas atividades laborais. O atestadode fl. 41, subscrito por médico do SUS de Aracruz em 15.12.2011, novamente atesta que o autor necessita de 15 dias deafastamento do trabalho. O atestado de fls. 38/39, subscrito em 02.02.2012 pelo mesmo médico que subscrevera os

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atestados de fls. 41/42, afirma que o autor é portador de cervicalgia, lombalgia e dorvalgia crônica em evolução, bem comoespondiloartrose acentuada e espondelólise com dor aguda à palpação da coluna cervical, dorsal e lombar. O examerealizado em aparelho multifrequencial de alta resolução bidimensional em tempo real de fl. 37, emitido pelo laboratórioBiomed Pró-Saude em 18.02.2013, concluiu que o autor possui tendinite do tendão do tríceps braquial em cotovelo direito.Os laudos médicos de fls. 33/34 e 35/36, subscritos pelo mesmo médico do SUS situado em Aracruz em 05.03.2012,atestam que o autor é portador do quadro de artralgia e impotência funcional acentuado em ombro e cotovelo direito,associado à lombalgia e cervicalgia crônicas, bem como orteoartrose, tendinopatia do supra espinhoso e tendinopatia dotríceps braquial na inserção do cotovelo. O laudo médico de fl. 32, subscrito por médico do Hospital Evangélico de VilaVelha em 11.06.2013, afirma que o autor apresenta doença codificada pelo CIDM159, que se encontra com dor poliarticularcrônica afetando articulações do ombro esquerdo e cotovelo esquerdo, e CID adicionais M658, M545, M478. Contudo, olaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, datado de 23.10.2013, posiciona-se em sentido diverso, tendo sidoafirmado que o recorrente é portador de espondiloartrose e tendinite em ombros, ambos em grau inicial. Alega que, aoexame físico, o autor demonstrou boa mobilidade dos membros inferiores e superiores, sem sinal de hipotrofia; semalteração neurológica e lasegue ausente. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 73/76).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença, visto que os laudos particulares não afirmam que o recorrente encontra-se incapaz.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 59).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

126 - 0005400-67.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005400-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ORLANDO MOREIRA DOSSANTOS (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.).RECURSO Nº 0005400-67.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005400-8/01)RECORRENTE: ORLANDO MOREIRA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de hipertensão arterial sistêmica essencial e cardiopatia hipertensiva. Laudo pericial em que se atesta acapacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

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RELATÓRIO

ORLANDO MOREIRA DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 73/79, contra sentença de fls. 68/70, proferida peloMM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido paracondenar o INSS a implantar o benefício de aposentadoria por invalidez, ou restabelecer o auxílio-doença.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos são conclusivos a respeito da necessidadede afastamento de suas atividades laborativas. Afirma que a incapacidade não pode ser fixada apenas sob o ponto de vistamédico, mas deve também ter alcance social, haja vista que a jurisprudência dominante tem atenuado a exigência deimpossibilidade de realização de todo e qualquer trabalho, diante, sobretudo, das condições socioeconômicas e culturais,além de outras circunstâncias reveladoras da impossibilidade de o segurado desempenhar outra função que lhe permita asubsistência. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja reconhecido o direito dorecorrente à concessão do benefício de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 83).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente alega que os laudos acostados aos autos são conclusivos arespeito da necessidade de afastamento de suas atividades laborativas.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 19, firmado por cardiologista em10/08/2009, afirma que o autor é portador de hipertensão arterial, descreve diversos sintomas constatados e recomenda oafastamento de suas atividades laborativas. O laudo de fl. 21, subscrito pelo mesmo profissional em 17/07/2009, apontahipertensão arterial de difícil controle e também recomenda o afastamento de suas atividades laborativas. O laudo deecocardiograma, de fls. 23/24, indica, em sua conclusão, aspecto de cardiopatia dilatada, função sistólica do ventrículoesquerdo levemente reduzida, alteração do relaxamento ventricular esquerdo e leve espessamento aórtico cominsuficiência aórtica leve. O laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 38/42) aponta que o recorrente éportador de hipertensão arterial sistêmica essencial e cardiopatia hipertensiva. Contudo, afirma que não há incapacidadepara o tipo de atividade habitual do segurado (vendedor autônomo). Destaca que a doença em questão não comprometefuncionalmente a vida civil independente, embora mereça tratamento adequado, sob risco de complicações futuras.

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,

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descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

127 - 0001067-92.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001067-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE SOUZA SCHUNK(ADVOGADO: ES004798 - HELENO ARMANDO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0001067-92.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001067-1/01)RECORRENTE: MARIA DE SOUZA SCHUNKRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de queixa de poliartralgia com maior intensidade de dor na coluna cervical e lombar e no joelho direito,com condromalacia patelar e espondiloartrose lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARIA DE SOUZA SCHUNK interpõe recurso inominado, às fls. 58/61, contra sentença (fls. 54/55), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e que seria submetida a cirurgia para tratamento.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 70)

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a

Page 196: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

possibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para o restabelecimento de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que o incapacita parasua atividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 10, subscrito por médico ortopedistada Clinica ORTOCENTER em 25/08/2011, afirma que a autora é portadora de uncoartrose com compressão de raiz emcoluna cervical e coluna lombar, apresentando artrose e está impossibilitada de fazer esforço. O atestado de fl. 11, subscritopelo mesmo profissional que subscrevera o atestado de fl. 10, desta vez em unidade de saúde do SUS, em 04/10/2011,afirma que a autora é portadora de asteoartrose cervical e lombar com compressão de raiz e está impossibilitada de fazeresforço. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmadoque a recorrente é portadora de poliartralgia com maior intensidade de dor na coluna cervical e lombar e no joelho direito,com condromalacia patelar e espondiloartrose lombar portadora de diabetes, dependente do uso de insulina. Concluiu quenão há incapacidade laborativa (fls. 42/45).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente antes da prolação da sentença. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provasproduzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Assinalo que os documentos juntados após a prolação da sentença não são considerados em julgamento dopresente recurso, uma vez que já encerrada a dilação processual, sendo este entendimento veiculado no enunciado n. 84,das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade parafins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” .

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 23).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

128 - 0005314-62.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005314-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIMAR NEVES ZANETTI(ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ES004538 -ANA MERCEDES MILANEZ, ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0005314-62.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005314-6/01)RECORRENTE: EDIMAR NEVES ZANETTIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. INOVAÇÃO RECURSAL. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de

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12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.4. O pedido para concessão de auxílio-acidente, formulado sucessivamente em recurso inominado, não pode ser apreciado,pois, além de consubstanciar uma ampliação intempestiva do pleito inicial (arts. 264, parágrafo único, e 515, §1º, do Códigode Processo Civil), o seu conteúdo foge à competência da Justiça Federal (art. 109, I, da Constituição da República de1988; STF, RE 478.472 AgR/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJE 31.05.2007).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

EDIMAR NEVEZ ZANETTI interpõe recurso inominado, às fls. 53/71, contra sentença (fls. 49/50), proferida pela MMª. Juízado 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenaro INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez com data retroativa àcessação.

02. O recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, porque ele apresenta limitação de movimentos,conforme destacado pelo perito nomeado judicialmente, o que impede que tenha a produtividade aceitável no trabalho.Aduz que, antes da limitação, recebia salário superior ao que recebe atualmente e que a incapacidade já se configura portal motivo. Sustenta que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, e que há a necessidade de uma análise das demaisprovas e suas condições pessoais. Requer, em sede recursal, que seja concedido o benefício de auxílio-acidenteprevidenciário, caso não seja concedido o benefício de auxílio-doença.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fls. 75 e 76).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente pede, sucessivamente, que o INSS seja condenado a conceder o benefício deauxílio-acidente, caso não seja restabelecido o benefício de auxílio.

08. Ressalto que o pedido para concessão de auxílio-acidente, formulado sucessivamente em recurso inominado,não pode ser apreciado, pois, além de consubstanciar uma ampliação intempestiva do pleito inicial (arts. 264, parágrafoúnico, e 515, §1º, do Código de Processo Civil), o seu conteúdo foge à competência da Justiça Federal (art. 109, I, daConstituição da República de 1988; STF, RE 478.472 AgR/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJE 31.05.2007).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de fl. 17, sem data de expedição, narrapaciente submetido a tratamento cirúrgico em 10/01/2005 do ombro esquerdo por fratura avulsão de grande tuberosidadeda cabeça do úmero junto com os músculos do manguito rotador (CID S42.2), decorrente de acidente automobilístico em09/2004, bem como informa que não foi possível reparação completa da lesão. A avaliação do potencial laborativo, à fl. 18,descreve restrição moderada na abdução do membro superior esquerdo, porém com flexão normal dos dedos associada àperda de força muscular, informa a presença de sequela. Não há qualquer atestado em que se tenha concluído que existe aincapacidade laborativa da parte autora. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que orecorrente é portador de trauma decorrente de acidente automobilístico, submetido a tratamento cirúrgico em 10/01/2005.Apresenta, ao exame físico, limitação da abdução do ombro esquerdo em 90 graus, porém com força muscular e reflexosnormais em membro superior esquerdo. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 34/35).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem o Juízo.

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A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qualpermite o seu retorno ao trabalho, eis que sua limitação não causa incapacidade para a sua atividade de vendedor.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fls. 23/24).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

129 - 0003345-46.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003345-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDEMIRO AUGUSTOVAZ DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0003345-46.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003345-5/01)RECORRENTE: VALDEMIRO AUGUSTO VAZ DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Aposentadoria por idade obtida durante o curso da demanda. Pedido de restabelecimento do auxílio-doença prejudicado.4. Autor que apresenta ruptura do tendão da porção longa do bíceps braquial direito. Laudo pericial em que se atesta acapacidade para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

VALDEMIRO AUGUSTO VAZ DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 131/139, contra sentença de fls. 126/128,proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes ospedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de patologia incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o exercício de suaprofissão não é possível devido à sua idade e condições de saúde, as quais impossibilitam o trabalho de armador deconstrução civil. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que sejam acolhidos os pedidoscontidos na inicial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 144/149, nas quais requer o desprovimento do recurso, com amanutenção da sentença por seus próprios fundamentos, uma vez que o laudo pericial atestou a inexistência deincapacidade laborativa definitiva.

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04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. No entanto, para adequado julgamento do recurso, sublinho que o autor foi aposentado por idade em 08/03/2012,conforme salientado na sentença (fl. 127), o que torna prejudicado o pedido de restabelecimento do auxílio-doença (art.124, I, da Lei nº 8.213/91). Ademais, o pedido para que o benefício de auxílio-doença seja concedido em data anterior àaposentadoria não foi julgado procedente, devido à ausência de comprovação suficiente da incapacidade laborativa àquelaépoca.

09. Com efeito, da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 19, firmado porortopedista em 20/03/2009, aponta ruptura do tendão da cabeça longa do bíceps braquial, bem como ruptura total domanguito rotador. Revela, ainda, hipertensão arterial grave, miocardiopatia hipertensiva, patologia de coluna vertebral,insuficiência cardíaca classe II e déficit visual. Afirma que o autor não apresentava condições de retorno ao seu trabalhonaquele momento, razão pela qual o profissional subscritor do laudo sugeriu afastamento por período indeterminado parafins de repouso articular, fisioterapia e reabilitação funcional, sob risco de piora importante do quadro clínico. À fl. 22 constalaudo emitido por cardiologista, que recomendou afastamento definitivo de atividades que exigissem esforços físicos. Olaudo, referente à primeira perícia judicial (fls. 33/35), aponta que o autor não apresenta patologia ortopédica incapacitantepara o trabalho. No entanto, diante da manifestação do autor às fls. 47/49, o Juízo de origem designou outro profissionalpara realizar perícia (fl. 50). Conforme resulta do laudo do segundo exame pericial, realizado em 27/06/2012, o orarecorrente apresenta lesão do tendão do bíceps que não causa incapacidade laboral. Segundo constatou o expert, háapenas perda parcial da força da flexão do cotovelo (fls. 91/93).

10. Observo que o laudo judicial (fls. 91/93) está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente, inexistindo prova consistente da alegada incapacidade antes da data em que o autor seaposentou.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão da aposentadoria por invalidez. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 26).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

130 - 0006159-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006159-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DENIZE FERREIRA(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0006159-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006159-0/01)RECORRENTE: DENIZE FERREIRA

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDOS PERICIAIS CONCLUÍRAM PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de síndrome de túnel do carpo. Laudos periciais em que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

DENIZE FERREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 79/83, contra sentença de fls. 75/76, proferida pela MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que não foram levadas emconsideração sua doença e a profissão exercida. Pugna pelo provimento do recurso, com a designação de nova perícia, afim de comprovar sua verdadeira condição incapacitante, ou a reforma da sentença, para que seja concedido o benefício deaposentadoria por invalidez ou restabelecido o auxílio-doença.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 88/91, nas quais se reporta aos argumentos lançados na contestação erequer o desprovimento do recurso.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque as perícias realizadas não esclareceram suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 20, emitido por ortopedista em28/02/2012, referente ao pré-operatório de cirurgia na mão direita, atesta que a autora não tinha condições de retorno aotrabalho e solicita afastamento por seis meses. À fl. 19, consta laudo firmado pelo mesmo profissional em 12/06/12, o qualrelata que foi realizada cirurgia na mão direita da autora para cura de síndrome do túnel do carpo. Afirma que foi indicada

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fisioterapia e solicita afastamento do trabalho por dois meses. O laudo de fl. 21, subscrito pelo mesmo médico em03/01/2012, alude ao pós-operatório de cirurgia na mão esquerda para cura da referida enfermidade e aponta anecessidade de afastamento do trabalho por quatro meses. O laudo redigido pelo primeiro perito nomeado judicialmente(fls. 33/34), indica que a recorrente é portadora de síndrome de túnel do carpo e foi submetida a tratamento cirúrgico emabril de 2012 na mão direita e, em agosto de 2011, na mão esquerda. Contudo, afirma que não há incapacidade para aatividade exercida. Às fls. 37/38, a autora aduziu que o perito, ao analisar a alegada incapacidade, não considerou a suaprofissão (faxineira), pois a classificou indevidamente como agricultora. Apresentou, na ocasião, novo laudo médico, emitidopor ortopedista em 02/04/2013, que solicita afastamento do trabalho por seis meses (fl. 39). Diante disso, o expert foiintimado para prestar esclarecimentos, oportunidade em que afirmou que a profissão de faxineira não alteraria o resultadoda perícia (fl. 42). Ainda assim, e em face de nova impugnação da parte autora (fl. 44), o Juízo de origem designou novaperícia na mesma especialidade médica, a fim de obter esclarecimento mais aprofundado acerca da enfermidade eeventual incapacidade (fl. 57). O laudo da segunda perícia (fls. 67/69), realizada em 11/12/2013, subscrito por outroortopedista, descreve síndrome do túnel do carpo bilateral, patologia degenerativa não causadora de incapacidade. Relataque a autora foi operada, com bom resultado, sem sinais de complicações cirúrgicas e com articulações dos dedos livres.Conclui que não há incapacidade para o trabalho.

10. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em datas posteriores aosatestados juntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

131 - 0004462-33.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004462-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ISABEL REGINA GALDINODA SILVA (ADVOGADO: ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA, ES019887 - LUIZA HELENA RIBEIRO GOMES,ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNOMIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0004462-33.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004462-6/01)RECORRENTE: ISABEL REGINA GALDINO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora que apresenta processo degenerativo dos dois ombros. Laudo pericial em que se atesta a capacidade para otrabalho.4. A alegação de que as doenças cardiológicas, que acometem a parte autora, foram agravadas depois da realização da

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perícia e da prolação da sentença, a ponto de comprometer seu trabalho, não pode ser examinada em fase recursal, umavez que a regra expressa do art. 264, parágrafo único, do Código de Processo Civil, proíbe a ampliação da causa de pedirdepois do saneamento do feito. Inviável, portanto, a arguição originária em sede recursal, inclusive sob risco de indevidasupressão de instância. Cabe à recorrente, se for o caso, formular novo requerimento administrativo perante a autarquia,cujo eventual indeferimento poderá dar ensejo a uma nova lide.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

ISABEL REGINA GALDINO DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 58/64, contra sentença de fls. 52/55, proferidapela MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidospara condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, a partir da data do requerimento administrativo, econvertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral. Alega tersofrido agravamento em seu quadro clínico após a realização da perícia judicial, conforme laudos médicos apresentadospor ocasião da interposição do recurso (fls. 65/73). Aduz que não se manifestou acerca do laudo pericial no prazo próprio,pois estava internada à época. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja concedido obenefício de auxílio-doença e convertido em aposentadoria por invalidez.

03. O INSS ofereceu contrarrazões à fl. 78, nas quais requer a manutenção da sentença, uma vez que o conjuntoprobatório carreado aos autos reflete a inexistência de incapacidade laborativa da recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente alega que é hipertensa, diabética e portadora de DAC (doençaarterial coronariana), com histórico recente de infarto agudo do miocárdio, conforme laudo médico emitido em 08/05/2014,data posterior à realização da perícia judicial e da prolação da sentença.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico pericial oriundo do SABI (Sistema deAdministração de Benefícios por Incapacidade), redigido por profissional dos quadros do INSS, aponta a inexistência deincapacidade laborativa (fl. 16). O laudo de ressonância magnética do ombro esquerdo (fl. 22), subscrito por médicoradiologista em 23/09/2013, indica artrose acrômio-clavicular de caráter hipertrófico, bursite subacromial/subdeltoideana,tendinopatia calcária em fase mecânica sub-bursal no supraespinhal, tendinopatias leves no infraespinhal e nosubescapular, bem como alterações degenerativas incipientes no lábio glenóideo ântero-inferior. O laudo de ressonânciamagnética do ombro direito (fl. 23), emitido na mesma data, descreve artrose acrômio-clavicular de caráter hipertrófico,esporão plano subacromial e espessamento do ligamento córaco-acromial, bursite subacromial/subdeltoideana, alteraçõesdegenerativas no lábio glenoideo ântero-inferior, tendinopatia calcária em fase mecânica sob/intrabursal no supraespinhal,com finas roturas intrassubstanciais e pequena fissura bursal, tendinopatia moderada do subescapular, com pequena roturaintrassubstancial e tendinopatia leve na porção intra-articular da cabeça longa do bíceps. O laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente (fls. 37/39), datado de 13/03/2014, relata que a autora é portadora de processo degenerativo dosdois ombros, sem lesões de tratamento cirúrgico e com musculatura preservada. Aponta boa mobilidade nos dois ombros econclui que não há incapacidade para a atividade laboral.

09. Por ocasião da interposição do recurso foram apresentados novos documentos (fls. 65/73). O laudo de fl. 66,firmado por cardiologista em 06/05/2014, afirma que a autora é portadora de HSA (hipertensão arterial sistêmica), diabetesmelitus, hipotireodismo e doença coronariana com história de infarto do miocárdio em abril de 2014. Narra que a orarecorrente fora submetida à angioplastia da lesão culpada (coronária direita), mas apresentava ainda lesões residuais, comproposta de tratamento percutâneo. Atesta que a autora deveria permanecer afastada de sua atividade laborativa até arealização das angioplastias pendentes. O laudo médico de fl. 70, subscrito pelo mesmo profissional em 25/04/2014,contém resumo de internação, nos seguintes termos: “Paciente de 53 anos, hipertensa, diabética, hipotireoidéia e

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ex-tabagista. Internada em 08 de abril com IAM com supra de ST inferior. Delta T alargado. CAT 10-abr com lesão de70/80% em DA proximal e Mg e suboclusão da CD, com trombos no 1/3 médio. ECO 10-abr AE 38 VE 38/54 FE 58%.Acinesia médio-basal inferior e hipocinesia septo-inferior. IM discreta. Definido pelo serviço de hemodinâmica portratamento percutâneo. Em 23 de abril foi submetida a ATC de CD com stent M-guard. Recebe alta medicada e orientada amanter acompanhamento com cardiologista e endocrinologista. Será reavaliado ambulatorialmente abordagem da DACresidual”.

10. Observo que o laudo judicial, lavrado por médico ortopedista, está idoneamente fundamentado e guardapertinência com o quadro fático narrado na petição inicial, cuja causa de pedir reporta-se à síndrome do manguito rotador.Da leitura da inicial, anoto também que a autora requereu a produção da prova pericial médica na especialidadeortopedia/traumatologia, para a constatação da alegada incapacidade.

11. Com efeito, a perícia realizada em Juízo e a sentença recorrida estiveram delimitadas pela causa de pedirdeclinada na petição inicial, na qual a parte autora afirmou que a sua inaptidão para o trabalho tinha origem na patologiaortopédica que a acometia (síndrome do Manguito rotador, dgeneração da cartilagem da coluna vertebral). Assim, aalegação de que as doenças cardiológicas, que a acometem, foram agravadas depois da realização da perícia e daprolação da sentença, a ponto de comprometer seu trabalho, não pode ser examinada em fase recursal, uma vez que aregra expressa do art. 264, parágrafo único, do Código de Processo Civil, proíbe a ampliação da causa de pedir depois dosaneamento do feito. Inviável, portanto, a arguição originária em sede recursal, inclusive sob risco de indevida supressão deinstância. Cabe à recorrente, se for o caso, formular novo requerimento administrativo perante a autarquia, cujo eventualindeferimento poderá dar ensejo a uma nova lide. Nesse sentido, impõe-se observar a orientação contida no enunciado nº84 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, cujo teor segue transcrito: “O momento processual daaferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial,constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentosou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra”.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 28).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

132 - 0108688-86.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.108688-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RONALDO JOSÉHENRIQUE (ADVOGADO: ES012692 - LUIZ FELIPE MANTOVANELI FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO Nº 0108688-86.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.108688-1/01)RECORRENTE: RONALDO JOSÉ HENRIQUERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade

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habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrose em coluna lombar. Laudo pericial em que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

RONALDO JOSÉ HENRIQUE interpõe recurso inominado, às fls. 43/47, contra sentença de fls. 39/41, proferida pela MMª.Juíza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os laudos acostadosaos autos atestam que o segurado não pode pegar qualquer tipo de peso, carga ou realizar esforços repetitivos, o que oimpossibilita de exercer a profissão de pedreiro. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para queseja concedido o benefício de auxílio-doença e posteriormente ele seja convertido em aposentadoria por invalidez.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 53).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente alega que os laudos acostados aos autos são conclusivos arespeito da necessidade de afastamento de suas atividades laborativas.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico pós-operatório de fl. 14, firmado porneurocirurgião em 05/05/2013, descreve lombociática esquerda por hérnia de disco lombar extrusa L4-5, pequena hérniaL5-S1, estenose de canal central L4-5. Relata que o autor foi internado em janeiro de 2013 e submetido à discectomialombar via posterior com microscopia L4-5 esquerda e hemilaminectomia L5-S1 esquerda. Afirma que ele estava evoluindosem ciática no pós-operatório e recebeu alta para tratamento ambulatorial, fisioterapia e reabilitação neuromuscular portempo prolongado, tendo retornado para controles, referindo melhora da ciática, persistência da lombociatalgia leve,principalmente matinal, indicando edema inflamatório local persistente. Pontua que foi orientado a evitar sentar, bem comoa levantar cargas e pesos. Aponta incapacidade para trabalhar com pesos, cargas ou esforços repetitivos, destacandosevera espondilodiscoartrose com compressão radicular e estenose de canal. Atesta que o autor estava sem condiçõeslaborativas por tempo indeterminado. À fl. 21, consta novo laudo pós-operatório, emitido pelo mesmo profissional em20/12/2013, o qual reitera a incapacidade para trabalhar com pesos, cargas, esforços repetitivos, jornadas prolongadas eritmo intenso. Descreve dor lombar persistente, com bloqueio de flexão, extensão, rotação e inclinação lateral emdecorrência de espondilodiscoartrose associada, patologia de caráter degenerativo crônico de tratamento eminentementeclínico e reabilitação osteomuscular da coluna contínuo e prolongado sem definição de alta definitiva. Às fls. 23/30, o INSSapresentou laudos de perícias administrativas constantes do Sistema de Administração de Benefícios por Incapacidade(SABI). Os laudos emitidos em 16/10/2012 e 18/02/2013 atestam que havia incapacidade laborativa. Porém, os demaislaudos, datados de 29/05/2013, 10/06/2013, 04/07/2013, 26/12/2013 e 23/01/2014, apontam a ausência de incapacidade, oque acarretou a cessação do benefício de auxílio-doença em 31/05/2013, conforme resulta da narrativa contida na petiçãoinicial (fl. 02) e do relatório lavrado por membro da 24ª Junta de Recursos do CRPS no julgamento de recurso administrativointerposto pelo autor (fl. 08), que restou desprovido. O laudo, redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 35/36), indica

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que o recorrente é portador de artrose em coluna lombar, de origem degenerativa. Contudo, o expert atestou que, naquelemomento, não foi constatada incapacidade total ou parcial para as funções habituais (perícia realizada em 14/03/2014).Apontou discreto abaulamento discal difuso em L4-L5. Relatou que não havia sinais clínicos de compressão de raízesnervosas, tampouco contraturas ou atrofias musculares.

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 52).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

133 - 0103654-36.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103654-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ WILSON DAS NEVES(ADVOGADO: ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0103654-36.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103654-6/01)RECORRENTE: JOSÉ WILSON DAS NEVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor que apresenta sequela de acidente vascular cerebral isquêmico e osteoartrose de coluna lombar. Laudo pericialem que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

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JOSÉ WILSON DAS NEVES interpõe recurso inominado, às fls. 64/67, contra sentença de fls. 59/61, proferida com base noart. 285-A do CPC, pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgouimprocedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo emaposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doenças incapacitantes para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Pugna pelo provimento dorecurso, com a reforma da sentença, para que sejam acolhidos os pedidos contidos na inicial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 71/75, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já emitidaspelo médico perito da autarquia.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da análise dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de saúde ocupacional (ASO) de fl. 22,emitido pelo Serviço Social da Indústria da Construção Civil do Estado do Espírito Santo (SECONCI-ES), firmado pormédico do trabalho em 10/05/2013, afirma que, com base no exame clínico realizado, o autor estava inapto. O mencionadoASO veio instruído com o parecer de fl. 23, elaborado pelo mesmo profissional, o qual descreve sequela de AVC ocorridoem outubro de 2012, associada a quadro de osteoartrose de coluna vertebral. Atesta que o autor apresentava-se com levedesvio da comissura labial para esquerda, dislalia e disartria, bem como hemiparesia esquerda, com diminuição importanteda força muscular em membro superior esquerdo. Relata marcha arrastada, diminuição da força muscular e reflexos emmembro inferior esquerdo. Observa que o ora recorrente laborava na construção civil, fabricando e instalando painéismetálicos (janelas), necessitando do uso de jaú em suspensão na parte externa da construção. Conclui que o autor aindanão reunia condições clínicas para retorno ao trabalho. À fl. 24, consta outro atestado de saúde ocupacional oriundo doSECONCI-ES, redigido por outro médico do trabalho em 20/02/2013, que também concluiu pela inaptidão do autor. Oprofissional subscritor do atestado relatou sequela de AVC, dores no braço esquerdo e na perna esquerda, bem comoqueixa de lombalgia. O laudo médico de fl. 30, emitido por neurologista em 08/03/2012, afirma que o autor encontrava-sesob acompanhamento neurológico, em uso de medicações específicas. Narra que foi recomendada terapia minimamenteinvasiva com bloqueios epidurais e lombares, para alívio da sintomatologia. Atesta que, naquele momento, o recorrente nãoapresentava condições de retornar para suas funções profissionais. O laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls.40/42) afirma que o autor apresentava sequela de acidente vascular cerebral isquêmico e osteoartrose de coluna lombar.Contudo, relata que, naquele momento (perícia realizada em 09/09/2013), o recorrente estava apto a exercer sua atividadelaborativa. Descreve que o periciado encontrava-se lúcido, orientado, sem déficit motor e sem atrofia muscular.

09. Intimado para manifestação sobre o laudo pericial, o ora recorrente requereu esclarecimentos às fls. 45/47. À fl.48, consta despacho que determinou a intimação do perito para que respondesse aos quesitos complementaresapresentados pelo autor. Acerca disso, o expert apresentou as respostas de fl. 50, nas quais reiterou as conclusõesmencionadas, destacando que, naquele momento, pela neurocirugia, o periciado se encontrava apto a exercer suaatividade laborativa. Ressaltou, também, a desnecessidade de avaliação por outra especialidade médica. Às fls. 53/54,houve nova manifestação do autor, na qual impugna o laudo pericial e requer a designação de outro profissional pararealizar perícia. Na sequência, o Juízo de origem formulou novos quesitos à fl.56, os quais foram respondidos pelo perito (fl.58), que manteve as constatações anteriormente relatadas. Informou que o autor não apresentou hemiparesia à esquerda,nem diminuição da força muscular e dos reflexos, tampouco marcha arrastada.

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

11. Destaco que o pedido de realização de nova perícia, formulado perante o Juízo de origem, não veio acompanhado defundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria (art. 437, do Códigode Processo Civil). Nesse contexto, não há motivo para realizar segunda perícia, inclusive porque não foi comprovada

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nenhuma nulidade que contaminasse a produção da prova, conforme salientou o ilustre magistrado prolator da sentença (fl.61).

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Sublinho que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 35).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

134 - 0000879-34.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000879-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALZIRA WERNECHFLORIANO DOMINGOS (ADVOGADO: ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000879-34.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000879-2/01)RECORRENTE: ALZIRA WERNECH FLORIANO DOMINGOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADA ESPECIAL. LAUDO PERICIALCONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora que apresenta seqüela de poliomielite na perna esquerda e artrose da coluna lombar sem compressões nervosas.Laudo pericial em que se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

ALZIRA WERNECH FLORIANO DOMINGOS interpõe recurso inominado, às fls. 64/66, contra sentença de fls. 58/59,proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de lesões incapacitantes para o exercício de atividade laboral e que o

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julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que não tem condições deexercer atividade rural, por apresentar dores e limitações para tarefas que exijam esforço físico. Sustenta a nulidade dasentença, pois o pedido foi julgado improcedente sem que o perito do Juízo houvesse respondido aos quesitos formuladospela parte autora, tampouco prestado os esclarecimentos solicitados. Pugna pelo provimento do recurso para declarar anulidade da sentença, de modo a determinar o retorno dos autos ao Juízo de origem para o regular processamento do feito,com nova perícia médica e respostas aos quesitos formulados e, ainda, condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 70/72, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões já emitidaspelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente alega que o laudo de fl. 08, subscrito por médico do SUS,confirma a sua incapacidade temporária. Afirma não ter condições de exercer atividade que exija esforço físico, conformedemonstram os atestados médicos, razão pela qual a cessação do auxílio-doença foi indevida. Sustenta, também, supostanulidade por cerceamento de defesa, pois a sentença de improcedência do pedido foi proferida sem que houvesserespostas aos quesitos formulados.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Ademais, não se pronuncia nulidade sem demonstração de prejuízo (art. 13, §1º, da Lei nº 9.099/95 c/c art. 250,parágrafo único, do Código de Processo Civil). Embora o laudo emitido pelo perito do Juízo (fls. 46/48) não contenha, deforma discriminada, as respostas aos quesitos da parte autora (fl. 44/45), não foi demonstrada pela recorrente a existênciade questões relevantes que não tenham sido esclarecidas pelo expert. Observo, também, que os mencionados quesitos(fls. 44/45), em sua maioria, apresentam-se essencialmente semelhantes àqueles formulados pelo Juízo (fls. 41/42), osquais foram satisfatoriamente respondidos. Outros tantos questionamentos apresentados pela autora restariaminevitavelmente prejudicados, ante a constatação da ausência de incapacidade para as suas atividades laborativas. Nessecontexto, não foi demonstrado pela recorrente em que medida a omissão do perito prejudicou o adequado julgamento dademanda, o que infirma a alegada nulidade da sentença.

10. Da análise dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 06, emitido por profissional darede pública do Município de Nova Venécia em 14/12/2012, atesta dor em ombro direito e coluna lombar, bem como sugereafastamento temporário. O laudo de fl. 8, firmado por médico da rede pública estadual em 05/07/2013, descreve quadro dedor lombar intensa e limitante aos esforços, sem condições de labor, bem como doença degenerativa incipiente. O laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 46/48) afirma que a recorrente tem sequela de poliomielite na pernaesquerda e artrose da coluna lombar sem compressões nervosas. Contudo, atesta que não há incapacidade para aatividade laboral.

11. Intimadas as partes para manifestação acerca do laudo pericial, a autora requereu que os seus quesitos(anteriormente apresentados) fossem respondidos. Pugnou, ainda, pela produção de prova testemunhal e pela intimação doINSS para que fornecesse os laudos médicos das perícias administrativas (fl. 55). Entretanto, o ilustre magistrado prolatorda sentença considerou que tais requerimentos já se encontravam superados pela firme conclusão pericial, no sentido deque inexiste incapacidade, não podendo a prova técnica ser desconsiderada em razão de eventual prova testemunhal (fl.59). Constatada a suficiência do acervo probatório existente nos autos, revela-se correta a sentença, ante adesnecessidade de realização das diligências complementares requeridas pela recorrente (art. 426, I, do Código deProcesso Civil).

12. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

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13. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

14. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 41).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

135 - 0004731-14.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004731-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ECY GOMES (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTESANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0004731-14.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004731-4/01)RECORRENTE: ECY GOMESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDOS PERICIAIS CONCLUÍRAM PELA CAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de doença isquêmica crônica do coração e tendinopatia do ombro direito. Laudos periciais em que seatestam a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

ECY GOMES interpõe recurso inominado, às fls. 310/318, contra sentença de fls. 304/307, proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS aconceder-lhe o benefício de aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doenças incapacitantes para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que a análise do laudo pericial deveria ter sido feita mediante adequação comas atividades efetivamente exercidas pelo segurado (vendedor técnico), que não se equiparam às de um vendedor comum.

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Afirma que o Juiz não está adstrito ao laudo pericial, quanto mais ao se considerar a idade, grau de escolaridade eprofissão do recorrente. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma da sentença, para que seja reconhecido o seudireito ao benefício de auxílio-doença, com sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 322/324, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez queinexiste a alegada incapacidade laboral do autor, conforme atestado pelos laudos periciais produzidos nos autos, quecorroboram a conclusão das perícias administrativas.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente alega que os laudos acostados aos autos são convincentes e refletem a sua incapacidade. Afirma que, por serum vendedor técnico, suas atividades não se limitam à venda de maquinários e equipamentos industriais, mas abrangemtambém a verificação, testes e transporte deles, dirigindo-se a empresas-clientes. Logo, não se trata de atividade leve, masde funções que dependem de sua força de trabalho e aptidão cardíaca. Sustenta que as condições aferidas no examemédico não reproduzem a natureza e as exigências do seu ambiente de trabalho.

08. A parte autora também argumenta que a incapacidade não pode ser fixada apenas sob o ponto de vista médico,mas deve também ter alcance social, razão pela qual o magistrado deveria observar as condições pessoais e a realidadesocial em que o autor se encontra. Alega que a gravidade da doença, sua idade e condições sócio-culturais, como baixaescolaridade e parco nível de instrução, inviabilizariam qualquer chance de reabilitação profissional ou reinserção nomercado de trabalho.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor foi submetido a procedimentos cirúrgicos em15/04/2009, inclusive artroscopia do ombro, bursoscopia, acromioplastia e ressecção da clavícula (fls. 14/15 e 18/23). À fl.24, consta laudo de endoscopia digestiva alta, datado de 11/07/2008, que descreve cordão varicoso de fino calibre emesôfago médio, gastropatia congestiva discreta do corpo e gastrite erosiva plana discreta do antro. Os documentos de fls.28/29 e 83/84 revelam que foi realizado, em 15/09/2008, procedimento cirúrgico de revascularização do miocárdio. Nomesmo sentido, o laudo médico de fl. 81 afirma que o autor, portador de doença arterial coronária, fora submetido à cirurgiade revascularização do miocárdio e estava em recuperação, impossibilitado de trabalhar temporariamente. Adicionalmente,observo que o laudo de ressonância magnética do ombro direito (fl. 45), datado de 07/07/2008, aponta tendinopatia discretado supra-espinhal na região da zona crítica, discreto edema na bolsa subacromial/subdeltoidéa e discreta redução naamplitude do espaço subacrominal. O laudo de ressonância magnética da coluna lombar (fl. 46), de mesma data, atestaespondiloartrose lombar com espondilose inflamatória do tipo MODIC I nos platôs opostos de L1 com L2, caracterizado poredema ósseo, abaulamento discal difuso em L1-L2 e L4-L5, tocando o saco dural e insinuando-se discretamente nosrecessos inferiores dos forames neurais, bem como protrusão discal póstero-mediana de base larga em L5-S1,comprimindo o saco dural. À fl. 47, consta laudo de ressonância magnética da coluna cervical, emitido em 07/07/2008, quedescreve espondilodiscouncoartrose cervical e complexo disco-osteofitário posterior de base larga de C2-C3 a C6-C7,comprimindo o saco dural e reduzindo as dimensões dos forames neurais, notadamente em C5-C6 e C6-C7. O laudo deradiografia dos ombros e escápulas (fl. 48), expedido em 27/06/2008, aponta densidade óssea normal, superfíciesarticulares íntegras, com espaços conservados, partes moles sem alterações visíveis ao método, bem como ausência desinais de fratura.

10. Por determinação do Juízo de origem, foram realizados dois exames médicos periciais, a fim de averiguar asalegadas enfermidades incapacitantes. O laudo redigido pelo perito cardiologista, em 29/11/2010 (fls. 105/109), atesta que oautor é portador de doença isquêmica crônica do coração. Contudo, afirma que não há incapacidade para o tipo deatividade do periciado do ponto de vista cardiovascular. Aponta que não há indícios clínicos de descompensação ou decardiopatia grave. O perito ortopedista, por sua vez, em exame realizado em 21/12/2012 (fls. 169/171), anotou que o orarecorrente apresenta quadro de tendinopatia do ombro direito, já submetido a tratamento cirúrgico via artroscópica. Relatoucicatriz cirúrgica em ombro direito, com lesão do tendão do bíceps sem perda motora, com bom trofismo muscular, bemcomo tremores de extremidades. Aduziu que o autor não deve carregar peso em excesso, mas pode andar, trabalhar em pée subir e descer escadas, bem como trabalhar sentado. Entretanto, afirmou não foram identificadas limitações para aatividade habitual, tampouco foi verificada incapacidade ortopédica no momento da perícia.

11. Após a realização dos exames periciais, o recorrente trouxe aos autos diversos laudos e exames médicosparticulares (fls. 201/303), que não infirmaram as conclusões obtidas pelos peritos judiciais. Ademais, cumpre observar aorientação contida no enunciado nº 84 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, cujo teor segue

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transcrito: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é oda confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra”.

12. Além disso, conforme bem observado pelo ilustre magistrado prolator da sentença (fl. 306): “(...) o autorapresenta laudos e exames médicos particulares que, no entanto, são contemporâneos aos períodos em que ele esteve emgozo do benefício de auxílio-doença. Por outro laudo, os que estão datados a partir de 2012, não indicam conclusõescontrárias as dos peritos do juízo”.

13. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e suas constatações não foram elididaspelos demais elementos de convicção existentes nos autos. A concessão do benefício previdenciário de aposentadoria porinvalidez deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividadeslaborativas.

14. No que concerne às atividades efetivamente exercidas pelo recorrente, vejo que os peritos judiciais não oenquadraram como vendedor comum. O médico cardiologista caracterizou a atividade profissional habitual do autor nosseguintes termos: “vendedor técnico – vende serviços – guindastes, manutenção hidráulica” (fl. 106). Por seu turno, o peritoortopedista assim respondeu ao quesito relativo à atividade habitual do examinado: “o paciente trabalhava como vendedor,porém citou o cargo de auxiliar de manutenção industrial” (fl. 169).

15. Ressalto que o pedido inicial diz respeito à aposentadoria por invalidez, cuja concessão pressupõe incapacidadetotal e permanente para qualquer atividade que garanta a subsistência do segurado. Ainda que haja limitação parcial aodesempenho de uma das atribuições de vendedor técnico (o carregamento de peso excessivo), tal circunstância nãosatisfaz as exigências contidas no art. 42, da Lei nº 8.213/91. Mesmo em relação ao benefício de auxílio-doença, aincapacidade deve ser tal que impossibilite o exercício do trabalho ou atividade habitual do segurado, por período superior aquinze dias consecutivos, o que não ocorre na hipotese vertente, uma vez que a possível limitação (mencionada acima)restringe-se a uma das tarefas que o recorrente afirma executar. Afinal, conforme constatou o perito ortopedista, o autorpode andar, subir e descer escadas, bem como trabalhar em pé e sentado, de modo que o expert não identificou limitaçõespara a atividade habitual do examinado. Nesse contexto, não há que se falar sequer em reabilitação, porquanto o recorrentejá possui aptidão para a função de vendedor, que, como regra, não demanda esforço físico excessivo.

16. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

17. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido constatada a necessidade de reabilitação, tampouco confirmada limitação funcionalcapaz de impedir o exercício da atividade habitual, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar aconcessão do benefício por incapacidade. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “O julgador não éobrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a suaatividade habitual”.

18. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 97).

19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

136 - 0006715-33.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006715-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DERLI DIAS DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0006715-33.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006715-5/01)RECORRENTE: DERLI DIAS DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

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SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de carcinoma ductal infiltrante de mama. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

DERLI DIAS DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 62/69, contra sentença de fl. 60, proferida pelo MM. Juiz do 2ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos não deixam dúvidas quanto à suaincapacidade definitiva. Afirma que muitos dos laudos foram emitidos por médicos da rede pública, o que lhes atribuipresunção de veracidade e legitimidade, tal como o laudo pericial judicial. Sustenta que o próprio INSS já lhe concedeu obenefício, porém o cessou por concluir pela capacidade para a atividade habitual, o que seria incompatível com a naturezadegenerativa da enfermidade em questão, cujos sintomas teriam se mantido. Pugna pelo provimento do recurso, com areforma integral da sentença.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fls. 74/75).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de exame histopatológico de fl. 24, datado de11/04/2008, revela carcinoma ductal infiltrante grau II de MBR com focos de componente intraductal cribriforme. O laudomédico de fl. 25, firmado por oncologista em 02/09/2009, aponta neoplasia maligna de mama, estadiamento clínico III.Atesta, ainda, que a autora apresentava limitação motora parcial do membro superior esquerdo, não podendo exerceratividades físicas vigorosas com o mesmo. Considerando que a ora recorrente trabalhava com exercício braçal intenso, oprofissional subscritor do laudo apontou a necessidade de aposentadoria. O laudo redigido em 23/02/2010 pelo peritonomeado judicialmente (fls. 41/42) indica carcinoma ductal infiltrante de mama esquerda operada, enfermidade enquadradacomo doença crônico-degenerativa, de característica maligna. Contudo, afirma que não há incapacidade laborativa. Relataque foi realizado tratamento, com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Destaca que o referido tratamento induz umaincapacidade laborativa temporária até a cessação dos seus efeitos secundários, o que teria ocorrido provavelmente em01/09/2009, mês anterior ao que foi paga a última parcela do auxílio-doença (NB 529.925.924-3). Atesta que a autoraencontrava-se livre de doença até a data da perícia, portanto não apresentava incapacidade.

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09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A suposta presunção de veracidade dos laudos emitidos por profissionais da rede pública desaúde não basta para infirmar as conclusões obtidas pelo perito judicial. Cumpre observar o sistema do livre convencimentomotivado, encampado pelo ordenamento jurídico (art. 131, do Código de Processo Civil), que repudia a prova tarifada, razãopela qual não se pode atribuir, de antemão, eficácia preponderante a tais elementos de prova. A análise do acervoprobatório constante dos autos revela a pertinência das conclusões obtidas pelo perito, cujas considerações apresentam-secoesas, coerentes e não conflitam com os resultados de exames médicos apresentados pela recorrente, que convalesceuda enfermidade que a acometia, segundo constatou o expert. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doençadeve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor da enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50 (fls. 29 e 60).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

137 - 0001076-20.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.001076-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ENEAS GONÇALVES DESOUZA (ADVOGADO: ES013069 - RODOLFO FERNANDES DO CARMO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0001076-20.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.001076-6/01)RECORRENTE: ENEAS GONÇALVES DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de neoplasia de próstata. Laudo pericial em que satesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

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ENEAS GONÇALVES DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 77/78, contra sentença de fls. 73/75, proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a restabelecero benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que os fundamentos para aimprocedência do pedido são incorretos, eis que os laudos acostados aos autos comprovam a sua incapacidade. Sustentaque o perito do Juízo não considerou o agravamento do seu estado mental, a função exercida e o meio ambiente detrabalho a que fora exposto durante toda a sua vida. Pugna pelo provimento do recurso, para reformar a sentença, com ojulgamento de procedência dos pedidos.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 82).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de ecocardiograma bidimensional comDoppler e mapeamento de fluxo de cores (fls. 12/13), emitido por cardiologista em 17/05/2012, relata incompetência aórticadiscreta e disfunção diastólica do Ventrículo Esquerdo grau I tipo alteração do relaxamento. O laudo médico de fl. 29,datado de 05/07/2012, atesta que o autor era portador de neoplasia maligna de próstata, estádio clínico I, e encontrava-seem tratamento oncológico. O laudo de exame histopatológico de fl. 34 aponta adenocarcinoma de próstata, com grau dediferenciação histológica Gleason 6. O laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, em 08/03/2013 (fls. 61/66), atestaque o autor é portador de neoplasia de próstata (estádio clínico I). Contudo, afirma que não foi constatada incapacidade.Relata que o ora recorrente apresentou-se em bom estado geral, lúcido, orientado, deambulando normalmente, recuperado,apto e livre de doença.

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 43).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

138 - 0000085-78.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000085-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOELMA SARDINHAAMORIM (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000085-78.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000085-9/01)RECORRENTE: JOELMA SARDINHA AMORIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de sequela de poliomielite, com quadro de deformidade em pé direito. Laudo pericial no qual se atesta acapacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOELMA SARDINHA AMORIM interpõe recurso inominado, às fls. 73/79, contra sentença (fls. 65/67), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o exercício da atividadede merendeira. Pugna pela procedência do pedido ou, alternativamente, pela conversão do feito em diligência para que arecorrente seja submetida à nova perícia, em razão de “omissão impugnada a respeito dos problemas ortopédicos noombro que são limitadores para o exercício da atividade de cozinheira.”

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 82).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que o incapacita para sua

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atividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 12, subscrito por médico do HospitalRio Doce em 09/08/2010, afirma que a autora apresenta sequela de poliomielite, com deformidade nos membros inferiorese artrose em todos os ossos tornozelo e pé, com dificuldade progressiva para deambular. Aduz que a autora não possuicondições para exercer sua função profissional. Os atestados de fls. 14 e 21 são contemporâneos ao período em que aautora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 534.448.825-0 (22/02/2009 a 12/07/2010 – fl. 47). O atestadode fl. 15, firmado por médico ortopedista do Centro Ortopédico de Linhares em 29/06/2010, indica que a autora está semcondições de exercer sua função profissional em caráter definitivo, em razão da sequela que apresenta. O atestado de fl.16, subscrito em 06/12/2010 pelo mesmo profissional que elaborara o atestado de fl. 15, afirma que a autora apresentasequela de poliomielite nos membros inferiores com deformidade em equino, evoluindo com artrose em médio pé e retropécom dor e edema, sem possibilidade de cirurgia. Aduz que a sequela é definitiva e incapacitante. O atestado de fl. 17, de19/04/2010, afirma que a demandante não possui condições de exercer sua atividade profissional em caráter definitivo, porser portadora de sequela de pé torto congênito inveterado evoluindo para osteoartrose dos ossos do pé e sinovite crônica.Os atestados de fls. 18/20 e 22 possuem mesmo teor dos demais subscritos pelo médico ortopedista do Centro Ortopédicode Linhares (fl. 15/16). Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso,tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de sequela de poliomielite, apresenta quadro de deformidade em pédireito e já possuía tal lesão ao ser contratada. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 56/59).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos. Acrescento que as sequelas da poliomelite podem comprometer a deambulação em diferentes graus, conformea evolução da doença e as consequências dela oriundas. Não obstante tais complexidades sejam conhecidas, anoto que arecorrente é merendeira e nasceu em 20.09.1971 (fl. 05), razão por que reputo válidas as conclusões do perito judicial, oque não impede que o agravamento da doença possa ensejar nova avaliação a ser feita administrativamente pela autarquiaprevidenciária em momento futuro.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Assinalo que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, observo que a análise delesimplicaria nova abertura de instrução processual em fase recursal, o que não seria possível confirme orientação adotadapelas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade parafins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 31).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

139 - 0000621-26.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000621-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA DOMINGOSGALDÊNCIO (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000621-26.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000621-3/01)RECORRENTE: LUZIA DOMINGOS GALDÊNCIO

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de pressão arterial sistêmica. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

LUZIA DOMINGOS GAUDÊNCIO interpõe recurso inominado, às fls. 56/64, contra sentença (fls. 50/53), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o exercício da atividadede cozinheira. Alega que além de ser portadora de hipertensão arterial, possui insuficiência coronária, dispineia, labirintite eé diabética. Pugna pela procedência do pedido ou, alternativamente, pela conversão do feito em diligência para que arecorrente seja submetida à nova perícia, para buscar informação técnica a respeito do seu problema cardíaco.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 67).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 5, subscrito por médico cardiologistado SUS em 17/05/2010, afirma que a autora é hipertensa, dislipidêmica, em uso de medicamento, sem controle adequado

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da PA; em tratamento de diabetes mellitus e sem condições de manter qualquer atividade profissional. O atestado de fl. 44,firmado em 30/09/2011 pelo mesmo médico cardiologista que elaborara o atestado de fl. 5, afirma que a autora é portadorade hipertensão estágio III, diabética, apresenta vários episódios de elevação da pressão arterial apesar da obediência aotratamento farmacológico (segundo informação colhida) “o que torna difícil realização de atividades laborativas”. Contudo, olaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente éportadora de hipertensão arterial sistêmica, doença multifatorial, inerente à idade, hereditária e comportamental. Afirma anecessidade de reavaliação do tratamento em vigência para o controle adequado da pressão. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 36/40).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, observo que a análise delesimplicaria nova abertura de instrução processual em fase recursal, o que não seria possível confirme orientação adotadapelas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade parafins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 13).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

140 - 0000503-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000503-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITO ANTONIOCALDEIRA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0000503-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000503-0/01)RECORRENTE: BENEDITO ANTONIO CALDEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrose leve no joelho esquerdo. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

BENEDITO ANTONIO CALDEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 65/70, contra sentença (fl. 62), proferida pelo MM.Juiz do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenaro INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o exercício da atividadede pintor. Sustenta que a sentença é nula, porque teria se baseado em laudo pericial inválido, o qual teria sidoconfeccionado em discordância com a jurisprudência da TNU, sem ponderar corretamente o tipo de atividade exercida pelaparte autora e sem analisar os laudos categóricos e mais fundamentados anexados aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 77/82, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente. Sustenta que o autor estátrabalhado.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Sustenta que a sentença é nula, porque teria sebaseado em laudo pericial inválido, o qual teria sido confeccionado em discordância com a jurisprudência da TNU, semponderar corretamente o tipo de atividade exercida pela parte autora e sem analisar os laudos categóricos e maisfundamentados juntados aos autos.

08. A referida alegação de nulidade teria como lastro a suposta ausência de análise da atividade exercida pelorecorrente e dos laudos médicos anexados aos autos. Em exame da questão, ressalto que a oposição às conclusõesapresentadas pelo especialista está reservada ao âmbito da crítica às provas produzidas no curso da dilação processual. Acontrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indíciode que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Com efeito, em resposta ao quesito nº 8, operito judicial afirma que a sua conclusão se baseou nos laudos e nos exames complementares apresentados pelo autor,bem como no exame físico realizado na perícia. Tendo sido verificada artrose leve de joelho esquerdo, com mobilidadenormal, sem incapacidade, eventual análise da função exercida pelo autor não seria suficiente para mudar o quadro.Inexiste, portanto, nulidade a ser declarada, porque observados os requisitos legais para a produção da prova técnica.

09. Acrescento que, da leitura dos documentos juntados à inicial, não há qualquer atestado afirmando aincapacidade laborativa do autor após a cessação do benefício nº 541.381.092-6 (16/06/2010 a 18/01/2011 – fl. 46). Oatestado de fl. 9, subscrito por médico da Clínica Ortopédica de Vitória Ltda que afirma que no momento o paciente nãopossui condições de retornar ao trabalho, foi elaborado em 07/10/2009, ou seja, oito meses antes da data do início dobenefício que se pretende restabelecer (541.381.092-6). Há outro atestado na fl. 9, mas não faz referência à incapacidadelaborativa. Os atestados de fl. 10 são contemporâneos ao período em que autor fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença nº 541.381.092-6. O atestado de fl. 11, sem data de confecção, subscrito por médico ortopedista do CentroVitória Otorrinolaringológico Ltda, afirma que o autor relata dor de forte intensidade e de evolução crônica no joelhoesquerdo, com limitação importante da flexo-extensão, mas não há sinais de infecção e exame de RX sugere gonartrose

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leve. Aduz que o paciente deve evitar pegar peso, subir e descer escada, deve repousar e se submeter à fisioterapia. Osencaminhamentos de fls. 13/15 também são contemporâneos ao período em que autor fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença nº 541.381.092-6. O exame do joelho esquerdo, realizado em 01/06/2010, indica formação osteofitariamarginal no bordo postero-superior da patela, espaços articulares conservados e ausência de sinais de fratura ou luxação(fl. 17). Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma que o autor é portador de artrose leve dojoelho esquerdo e ao exame físico apresenta mobilidade normal do joelho. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fl.37).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. O fato de o autor encontrar dificuldades para desempenhara sua atividade anterior de pintor não é causa para a concessão do benefício, eis que, a concessão do auxílio-doença ou daaposentadoria por invalidez está atrelada à inaptidão para o exercício de trabalho que possa assegurar a subsistência dosegurado. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

12. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, observo que a análise delesimplicaria nova abertura de instrução processual em fase recursal, o que não seria possível confirme orientação adotadapelas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade parafins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 21).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

141 - 0000619-59.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000619-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL LOPES COSME(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000619-59.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000619-8/01)RECORRENTE: MANOEL LOPES COSMERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de hérnia de disco lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.

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5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MANOEL LOPES COSME interpõe recurso inominado, às fl. 78/81, contra sentença (fl. 73/74), proferida pela MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fls. 70/72. Pede o retorno dosautos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fls. 70/72, que sejadeclinada a competência para a Justiça Estadual ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 85/87, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O pedido de remessa dos autos para a Justiça Estadual não merece prosperar. O objeto da presente ação é orestabelecimento do benefício de auxílio-doença nº 132.360.209-4 (fl. 01) e a menção feita na sentença ao benefícioacidentário não altera a competência do Juízo federal, tendo-se em vista a causa de pedir e o pleito deduzido na peçavestibular.

07. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo.O questionamento aludido solicitava que fossem apontados quais os motivos que ensejaram a concessão do benefíciocessado e se ainda persistem. Solicitava, ainda, a complementação das respostas aos quesitos 2/7 apresentados peloJuízo. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialistatenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

08. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

09. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, aocontraditório e ao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fls. 70/72. Pede oretorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fls. 70/72ou que o pedido seja julgado procedente.

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 14/20 são contemporâneos aoperíodo em que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 132.360.209-4 (08/01/2004 a 08/05/2005). Oatestado de fls. 11/13, subscrito por médico ortopedista da Clínica dos Acidentados de Vitória Ltda em 02/02/2010, afirmaque o autor é portador de espondilodiscoartrose degenerativa lombar multissegmentar, bulding em L2-L3 e L4-L5, protusãodiscal póstero-lateral-foraminal à esquerda em L5-S1 determinando compressão sobre a face anterior do saco dural e sobrea raiz neural intraforaminal de L5 e raiz descendente E de S1 e hipertensão arterial sistêmica; sugere o seu afastamento dotrabalho por 90 dias. O atestado de fls. 21/25, firmado em 09/07/2010 pelo mesmo profissional que elaborara o atestado defls. 11/13, descreve as enfermidades de que o autor é portador e sugere o seu afastamento do trabalho por períodoindeterminado. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sidoafirmado que o recorrente é portador de hérnia de disco lombar, com exame físico normal e assintomático. Concluiu que

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não há incapacidade laborativa (fl. 62).

11. O laudo, juntado às fl. 62, contém imprecisões em algumas respostas, observadas quando contrastadas aosquesitos ns. 3/7. Entretanto, essas falhas não indicam contradição, porque o perito é coerente ao revelar sua avaliaçãocontrária à incapacidade do demandante para o trabalho. Além disso, o acervo probatório, formado pelos documentosoriundos do INSS (fls. 42/48), leva à convicção contrária ao pleito do autor, uma vez que não há divergência quanto à suaaptidão física para o trabalho, o que não é afetado pelo modo lacônico de algumas respostas dadas pelo especialista. Amanutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qualpermite o seu retorno ao trabalho.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

142 - 0000701-53.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000701-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELIETE BERNARDOBARBOZA (ADVOGADO: ES015017 - CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000701-53.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000701-5/01)RECORRENTE: NELIETE BERNARDO BARBOZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de dor no tornozelo esquerdo, submetida a tratamento cirúrgico para correção de síndrome do tibialposterior do tornozelo esquerdo. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

NELIETE BERNARDO BARBOZA interpõe recurso inominado, às fls. 46/54, contra sentença (fls. 43/44), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde. Pugna pela reforma da sentença para que seja concedido obenefício de auxílio-doença com a sua conversão em aposentadoria por invalidez, ou que seja deferido o benefício deauxílio-doença desde a data do requerimento administrativo (28/04/2010) até seis meses após a realização da cirurgia aque fora submetida em 07/06/2011.

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03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 57).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Embora a parte autora tenha ajuizado a presente ação após a realização da cirurgia ocorrida em 07/06/2011, ofundamento do pedido de percepção do benefício de auxílio-doença é a lesão de que a autora era portadora antes damencionada cirurgia. A incapacidade resultante do procedimento cirúrgico não foi analisada nos presentes autos, tendo operito do Juízo apenas informado que houve incapacidade “por algum tempo” a partir de 07/06/2011. Da leitura dosdocumentos juntados aos autos, verifico que todos são anteriores à realização da cirurgia ocorrida em 07/06/2011 paracorreção da síndrome do tibial posterior do tornozelo esquerdo. O exame de ressonância magnética do tornozelo esquerdode fl. 11 indica tenossinovite da tibial posterior e foi realizado em 18/01/2010. O atestado de fl. 12, subscrito por médicoortopedista da ORTOCENTER em 11/02/2010, afirma que a autora encontra-se em tratamento de lesão de tendão tibialposterior, está impossibilitada de fazer esforço físico e necessita de tratamento cirúrgico (fl. 13). À fl. 15, consta pedido deautorização para realização de tratamento cirúrgico da lesão de tendão tibial posterior do tornozelo esquerdo, subscrito em08/10/2010. O exame de ressonância magnética do tornozelo esquerdo de fl. 10 indica lesão do tibial posterior e foirealizado em 07/01/2011. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente éportadora de dor no tornozelo esquerdo, submetida a tratamento cirúrgico para correção de síndrome do tibial posterior dotornozelo esquerdo em 07/06/2011; apresentou exame físico com marcha normal e sem auxílio, com cicatriz medial eedema residual sem limitação da flexão plantar do tornozelo. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 33/36).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 18).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

143 - 0000326-49.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000326-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DAS GRAÇAS DOCARMO FERREIRA (ADVOGADO: ES016825 - JOAQUIM PEREIRA VENTURA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).RECURSO Nº 0000326-49.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000326-2/01)RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS DO CARMO FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

Page 224: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de osteoartrose compensada. Laudo judicial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho,observadas as recomendações médicas.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARIA DAS GRAÇAS DO CARMO FERREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 92/97, contra sentença (fls. 89/90),proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Pugna pela reforma da sentençaou que seja deferido o pedido de produção de nova prova pericial.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 101/102, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termosdas petições anteriormente ofertadas, em especial a contestação.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que determinou a cessaçãodo benefício de auxílio-doença que lhe fora concedido, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 11/12 são contemporâneos aoperíodo em que a autora fez jus à percepção do auxílio-doença nº 535.838.072-4 (11/05/2009 a 07/10/2009). O atestado defl. 13, subscrito por médico ortopedista do SUS em 15/10/2010, afirma que a autora é portadora de dor de forte intensidadena coluna lombar e joelhos, causada por artrose, sem previsão de alta por três meses. Contudo, o laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de osteoartrose.Ao exame físico apresentou marcha normal; tônus e força musculares dos membros inferiores normais e simétricos;reflexos tendinosos simétricos e normais; sensibilidade tátil e proprioceptiva simétricas normais; movimentos ativos epassivos das articulações dos membros superiores e inferiores normais; movimentos ativos e passivos da coluna vertebral(flexão, extensão, rotação e laterização direita/esquerda) de amplitudes normais para faixa etária; varizes de membrosinferiores; normotensa (pressão arterial normal); osteoartrose compensada. Conclui que não há incapacidade (fls. 72/75).

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10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conformedemonstram as provas produzidas nos autos. Ademais, a consulta ao CNIS (fl. 40) demonstrou que a recorrida tevevínculos empregatícios em estabelecimentos comerciais, o que infirma a alegação de que ela somente teria habilidadespara o desempenho de atividades agrícolas.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 56).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

144 - 0000132-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000132-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GLORIA MARIA RENOCHI(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBÓIA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO Nº 0000132-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000132-3/01)RECORRENTE: GLORIA MARIA RENOCHIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose da coluna lombar e cervical. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

GLÓRIA MARIA RENOCHI interpõe recurso inominado, às fls. 50/56, contra sentença (fls. 45/47), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

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03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 59).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que determinou a cessaçãodo benefício de auxílio-doença que lhe fora concedido, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 11, subscrito por médico da ClínicaPró-Saúde em 12/07/2010, afirma que a recorrente é portadora de artrose crônica cervical e lombar, artrite reumática efibromialgia e está impossibilitada de realizar esforços físicos exagerados. O atestado de fl. 12, firmado por médicocardiologista da Clínica Pró-Saúde em 17/11/2010, informa que a recorrente está impossibilitada de realizar atividadelaboral, em razão da doença crônica que a acomete. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de artrose da coluna lombar e cervical edeve evitar atividades com sobrecarga de peso e esforço intenso em região lombar e cervical. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 30/33).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual da requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 14).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

145 - 0000846-15.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000846-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIENE DE SOUZACARDOSO (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS.RECURSO Nº 0000846-15.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000846-1/01)RECORRENTE: LUCIENE DE SOUZA CARDOSORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDOS PERICIAIS CONCLUÍRAM PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

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SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudos periciais em que se atestaram a ausência de enfermidades e a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

LUCIENE DE SOUZA CARDOSO interpõe recurso inominado, às fls. 70/71, contra sentença de fls. 65/66, proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez, bem como a pagar indenização pordanos morais.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Afirma que o Juiz não estáadstrito ao laudo pericial, especialmente ao se considerar a idade, grau de escolaridade e qualificação da autora. Pugnapelo provimento do recurso para reformar a sentença, com o julgamento de procedência do pedido, e, sucessivamente,caso acolhido o laudo pericial, seja concedido o benefício entre o requerimento administrativo até a data da perícia médica.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fls. 73/75).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 13, emitido em maio de 2009,afirma que a autora sofrera traumatismo craniano há 20 (vinte) dias e, desde então, apresentava cefaleia intensa edistúrbios cognitivos. O laudo de fl. 14, firmado por neurologista em 09/07/2009, aponta que a ora recorrente apresentavatranstorno de ansiedade, depressão, medo e fobias, bem como queixas de cefaleia intensa. O boletim de atendimento deurgência expedido em 27/04/2009 (fl. 15), embora não esteja inteiramente legível, relata uma queda de moto, bem comodescreve cefaleia, tontura e dor, dentre outros sintomas. O laudo de fl. 17, subscrito por cirurgião plástico em 14/06/2011,atesta que a ora recorrente foi submetida à cirurgia para correção de cicatriz em região infraumbilical, cujo procedimentoocorreu sem intercorrências. Afirma que a autora deveria permanecer durante 21 (vinte e um) dias sem realizar esforçofísico de grande intensidade. O laudo da primeira perícia judicial, realizada em 06/06/2012 (fls. 40/41), indica ausência dequalquer alteração clínica no dia do exame e atesta que a autora não estava incapacitada para as suas atividadeslaborativas. Afirma que o exame físico revelou-se normal. Relata que a recorrente apresentava cicatriz cirúrgica abdominalnormal, ausência de infecção secundária, aparelho cardiovascular normal, bem como ausência de sibilos, estertose ouroncos no aparelho respiratório.

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09. Ainda assim, diante da menção a enfermidades de ordem psíquica no laudo de fl. 14, o Juízo de origem designounova perícia, com profissional especializado em psiquiatria, a fim de esclarecer se havia ou não a alegada incapacidadepara o trabalho (fl. 50). O laudo da segunda perícia, realizada em 10/05/2013, atesta a remissão dos sintomas e a ausênciade enfermidade, de modo que não havia limitação laboral no momento do exame (fls. 57/58).

10. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em datas posteriores aosatestados juntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

11. No que concerne ao pagamento das prestações vencidas do benefício de auxílio-doença referentes ao períodocompreendido entre a data do requerimento administrativo e realização das perícias judiciais, a irresignação também nãoprospera. Compulsando os autos, observo que a autora comprovou ter formulado requerimentos perante o INSS em26/10/2009 (fls. 06/07) e 21/05/2011 (fl. 08). Acerca disso, no laudo da segunda perícia judicial relatou-se, na resposta aoquesito nº 06, que a “data provável de início dos sintomas incapacitantes foi final de abril de 2009 com prejuízo funcionalprovavelmente até final de 2009, mas não há prejuízo no momento” (fl. 58). Da leitura da resposta, considero que o peritonão foi conclusivo quanto à existência da incapacidade laborativa no mencionado período, mas indicou mera probabilidade.Ademais, o primeiro requerimento administrativo (comprovado nos autos) remonta a 26/10/2009, época em que a períciamédica do INSS concluiu pela ausência de incapacidade da segurada. Ocorre que, para infirmar tal constatação, não bastaa mera cogitação da perita judicial no sentido de que haveria prejuízo funcional “provavelmente até final de 2009”. Aausência de elementos que possam atestar a inaptidão para o trabalho no intervalo aludido denota que os fatosconstitutivos do direito da demandante não restaram demonstrados, o que impede a concessão do benefício porincapacidade ainda que de forma limitada temporalmente.

12. Cabe sublinhar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamenteconsiderado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 daTNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade dorequerente para a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 19).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

146 - 0004469-25.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004469-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAMEDIO JOSE DACONCEIÇÃO FREITAS (ADVOGADO: ES012632 - CÉLIO RIBEIRO BARROS, ES016513 - MARIANA SPERANDIOZORTÉA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0004469-25.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: MAMEDIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO FREITASRECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

Page 229: BOLETIM TR/ES 2014.112 - SESSÃO DIA 15-10-2014 (Dje 21-10 … · Na hipótese, o autor juntou apenas o atestado médico de fls. 23/24, subscrito por médico do Programa de Saúde

2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de sequela de aneurisma cerebral. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

MAMEDIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO FREITAS interpõe recurso inominado, às fls. 71/77, contra sentença (fls. 68/69),proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes ospedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez acontar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais. Pugna pela procedência do pedido.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 93/97, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos de fls. 19/21 e 23, sãocontemporâneos ao período em que o autor fez jus à percepção do auxílio-doença n. 531.681.691-5 (14/08/2008 a28/07/2009). Os atestados de fl. 25, 27 e 31, subscritos por médico neurologista nos dias 27/07/2009, 14/09/2009 e03/03/2011, indicam que o autor foi operado de aneurisma cerebral em 29/08/2008, encontra-se sem déficits (fl. 25), devemanter controle da hipertensão arterial (fl. 25) e que a tomografia do crânio, realizada em 22/04/2009, demonstra presençade clip metálico, pequena isquemia temporal direita e restante do parênquima cerebral normal (fl. 31). O atestado de fl. 33,firmado por médico neurocirurgião em 14/11/2012, aponta que o autor foi operado de aneurisma cerebral; é portador de dorlombar crônica, com limitação de movimentos que dificulta a marcha e piora com esforço físico; é portador de hérnia discale protusão discal e necessita afastamento do trabalho. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente é portador de sequela de aneurisma cerebral, comdiminuição de acuidade visual à direita. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 60/62).

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09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

12. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, observo que a análise delesimplicaria indevida abertura da instrução processual em fase recursal, tal como registrado no enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 54).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

147 - 0106905-56.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.106905-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO CARMO SOUZAPAIM (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DEJESUS.).RECURSO Nº 0106905-56.2013.4.02.5052/01RECORRENTE: MARIA DO CARMO SOUZA PAIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autora portadora de artrose da coluna lombar sem sinais de compressão nervosa. Laudo pericial no qual se atesta acapacidade da autora para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIOMARIA DO CARMO SOUZA PAIM interpõe recurso inominado, às fls. 59/62, contra sentença (fls. 55/57), proferida pelo

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MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento deindenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 43. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 43; que o pedido seja julgadoprocedente ou que o benefício seja concedido até a data da perícia médica, sob o fundamento de que há provas nos autosde que a incapacidade persistiu após a cessação do benefício.

03. O INSS apresentou contrarrazões às fls. 66/70, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo.O questionamento aludido solicitava que fossem respondidas quais as características das doenças que ensejaram aconcessão do benefício cessado e se ainda persistem; se houve incapacidade e por qual período; se o trabalho é fatoragravante. Solicitava, ainda, a complementação das respostas aos quesitos apresentados pelo Juízo. Contudo, da leituradas conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora eaquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a petição inicial, razão por que o indeferimento do pleito paraesclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que oespecialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seu requerimento para a concessãode auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para sua atividade laborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 16 e 27, bem como o exame deultrassonografia de fls. 29/30, são contemporâneos ao período em que a autora fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença nº 530.854.784-6 (06/03/2007 a 02/08/2013). O laudo médico de fl. 21, subscrito por médico ortopedista daClínica Neuroclin em 16/08/2013, atesta que a autora é portadora de lombalgia crônica, limitação funcional e dor. Oatestado de fl. 18, firmado por médico ortopedista da Clínica Neuroclin em 20/08/2013, atesta que a autora é portadorapatologia degenerativa lombar incipiente, lombalgia crônica e limitação funcional. O laudo de fl. 20, redigido em 24/10/2013,pelo mesmo médico supracitado, reafirma o laudo anterior. O laudo médico de fl. 25, firmado por médico do trabalho em04/11/2013, atesta que a autora é portadora de poliartralgia e lombociatalgia, com déficit motor, e relata dificuldade para otrabalho. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sidoafirmado que a recorrente é portadora de artrose da coluna lombar sem compressão nervosa. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 39/42).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 34).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

148 - 0001081-14.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.001081-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VITALINO JOSE(ADVOGADO: ES019930 - Aleksandro Honrado Vieira.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO Nº 0001081-14.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.001081-9/01)RECORRENTE: VITALINO JOSERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de cegueira à esquerda. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

VITALINO JOSÉ interpõe recurso inominado, às fls. 97/100, contra sentença (fls. 94/96), proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santos, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula por ofensa ao contraditório e à ampla defesa. Pede, paraevitar a anulação da sentença, que os autos sejam baixados em diligência para que o perito esclareça o laudo e a sejadeferida a produção de prova testemunhal. Aduz que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividadelaboral, e que o bom senso e a razoabilidade indicariam ser impossível a realização de atividades laborativas por pessoaportadora de lesão em qualquer parte do corpo.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 109/114, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente requer que os autos sejam baixados em diligência para que o perito informe sobre a possibilidade de oportador de cegueira monocular trabalhar em atividade rural, bem como que seja deferida a produção de provatestemunhal. Contudo, da leitura das conclusões do laudo pericial, não identifico vício que imponha o retorno dos autos aoJuízo a quo, tampouco ausência de análise da aptidão do recorrente para o trabalho em cotejo com a atividade rural, pois oespecialista nomeado judicialmente manifestou-se expressamente sobre tal correlação na resposta ao quesito n. 8 (fl. 75).Ademais, inexistiu cerceamento do direito ao devido processo legal em função da não produção de prova testemunhal, poisa questão controversa – relacionada à capacidade laborativa por doença, patologia ou sequela – não é solucionada a partir

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das respostas que as testemunhas possam dar a questionamento que não tenham natureza técnica (art. 400, II, do Códigode Processo Civil).

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seu requerimento para a concessãode auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para sua atividade laborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 28/30, 32/33, 35, 42 e 45 foramsubscritos em data anterior à cessação do benefício de auxílio-doença nº 539.571.409-6 (03/03/2010 a 30/06/2010),portanto, não retratam eventual estado de incapacidade atual do autor. O atestado de fl. 44 não possui data de subscriçãolegível e apenas solicita o afastamento do autor de suas atividades por três dias. O atestado de fl. 27 (fl. 40), firmado pormédico oftalmologista da Clínica de Olhos da Praia em 21/10/2011, aponta que o autor possui prótese ocular do olhoesquerdo, cuja acuidade visual é zero. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que orecorrente é portador de cegueira em olho esquerdo e usa prótese ocular à esquerda, em decorrência de cirurgia deevisceração após trauma ocular, ocorrido há aproximadamente 15 anos. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls.74/78).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 65).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

149 - 0106309-72.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.106309-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIENE LOPES DOSSANTOS E SILVA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES,ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0106309-72.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.106309-9/01)RECORRENTE: ELIENE LOPES DOS SANTOS E SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

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3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

ELIENE LOPES DOS SANTOS E SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 35/37, contra sentença (fls. 32/33), proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, pois é portadora de doença incapacitante para otrabalho, comprovada por meio dos documentos juntados na inicial. Requer que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 41/43, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os laudos médicos de fl. 10, expedidos em18.07.2013 e de fl. 11/12, em 10.10.2013, descrevem paciente portadora de hérnia discal lombar, com queixa de dor lombarcrônica. O laudo médico de fls. 13/14 e fl. 15, são contemporâneos à percepção do benefício nº 602.761.451-3. Por suavez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente “é portador de artrose da colunalombar sem compressões nervosas.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 23/26).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 18).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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150 - 0000804-92.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000804-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAIDE RIBEIRO DEMATOS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DEALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000804-92.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000804-4/01)RECORRENTE: ALAIDE RIBEIRO DE MATOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autora para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ALAIDE RIBEIRO DE MATOS interpõe recurso inominado, às fls. 33/36, contra sentença (fls. 30/31), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial à fl. 29. Requer o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 29 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 40/43, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado à fl. 29. O questionamento aludidosolicitava que o especialista respondesse ao quesito redigido na petição inicial, acerca das características das doenças queacometem o autor. Solicitava, ainda, complementação do laudo para que o perito informasse a data do início das doenças;se houve incapacidade e por qual período; se o trabalho rural é contra-indicado, bem como esclarecesse as divergênciasentre os laudos e exames médicos do laudo pericial. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art.426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado oselementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a

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possibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame de fl. 10, realizado na coluna cervical e nacoluna lombar, em 05/08/2013, narra redução dos espaços intervertebrais entre C4-C5, C5-C6, C6-C7 e C7-T1 na colunacervical. Não há qualquer atestado em que se indique a incapacidade laborativa da parte autora. Por sua vez, no laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente “é portadora de artrose da coluna cervical e lombarsem sinais de compressão nervosa nos membros.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 19/22).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o benefício da gratuidade de justiça que ora defiro, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl.33/34 e 04).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

151 - 0000921-25.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000921-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x MARIA LUZIA POLES DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES014693 - EUCI SANTOS OSS, ES014667 - MARIA NEUZA BARBOSA DE ARAUJO.).RECURSO Nº 0000921-25.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000921-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA LUZIA POLES DE OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DIB. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à data de início do benefício de auxílio-doença.3. Tratando-se de incapacidade já existente à época do requerimento administrativo, este deverá ser considerado o marcoinicial do auxílio-doença, sobretudo quando ausente comprovação de que a condição incapacitante tenha deixado de existirno lapso temporal compreendido entre a data do requerimento e a juntada aos autos do laudo pericial.4. Aplica-se, aos benefícios previdenciários por incapacidade, o entendimento consolidado no enunciado nº 22 da TNU: “Sea prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta éo termo inicial do benefício assistencial”. Precedentes da TNU.5. A sentença combatida fixou a DIB na data do requerimento administrativo (13/05/2009), a qual deve ser mantida.6. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 131/136, contra sentença (fls. 128/129), proferida pelo MM. Juiz do EspecialFederal de São Mateus, que julgou procedente o pedido de auxílio-doença para condenar o réu a conceder o benefício apartir de 13/05/2009 (data do requerimento administrativo), com o pagamento de atrasados devidamente corrigidos naforma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960/09.

02. A autarquia se insurge quanto à data do início do benefício de auxílio-doença, fixada na sentença. Aduz que olaudo pericial não apontou a data de início da incapacidade. Alega ter requerido a intimação do perito para que respondesseaos quesitos complementares, o que foi indeferido pelo juízo. Sustenta que as provas carreadas aos autos não permitemafirmar que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, de modo que o benefício deveria ter iníciosomente a partir da apresentação do laudo pericial em Juízo (24/08/2011). Requer a reforma da sentença, com vistas amodificar a data de início do benefício, cuja implantação foi determinada pelo Juízo a quo, de forma que o pagamento dosatrasados se restrinja ao período compreendido entre a data do laudo pericial (24/08/2011) e a DIP do benefício(01/03/2012).

03. A parte autora ofereceu contrarrazões às fls. 140/143, nas quais requer o desprovimento do recurso, aoargumento de que a sentença atacada se baseou na farta documentação juntada aos autos. Afirma não ter ocorrido fatonovo no quadro de saúde da recorrida desde a data do requerimento administrativo.

04. É o Relatório.VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à data do início do benefício de auxílio-doença. A recorrentepretende que a DIB seja fixada somente a partir da data da apresentação do laudo pericial em juízo (24/08/2011).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que, diferentemente do alegado pelo INSS, o laudopericial de fls. 117 (datado de 04/08/2011) aponta que a doença da recorrida teve início há 6 (seis) anos, com fratura há 4(quatro) anos. Ademais, ao responder ao quesito referente à data provável do início das limitações, o perito atestou aexistência de dor há mais ou menos 07 (sete) anos segundo informação da paciente, reportando-se ainda a examecintilográfico, evidenciando osteoatrite (doença de caráter degenerativo). A conclusão do expert foi no sentido de que adoença acarreta limitações, não podendo a recorrida desempenhar atividade que demande intenso esforço físico. Portanto,restou comprovada a incapacidade para o exercício da atividade habitual da recorrida (empregada doméstica), já existenteà época do requerimento administrativo, formulado em 13/05/2009 (fl. 22). Laudo pericial consentâneo com os demaisexames e laudos médicos apresentados pela autora (fls. 16/21 e 23). Destaco que o laudo de cintilografia óssea, datado de03/04/2009, já apontava espondiloartrose/osteoatrite (fl. 16).

09. Logo, correta a fixação da DIB do auxílio-doença na data do requerimento administrativo, inclusive diante dodisposto no art. 60, §1º, da Lei nº 8.213/91. Aplica-se ao caso o entendimento consolidado no enunciado nº 22 da TNU: “Sea prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta éo termo inicial do benefício assistencial”. Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado da TNU:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. RESTABELECIMENTO DEAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIALMENTE REFORMADA PELA TURMARECURSAL DO PIAUÍ. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNALDE JUSTIÇA. INCAPACIDADE DECORRENTE DA MESMA DOENÇA QUE JUSTIFICOU A CESSAÇÃO. DATA DE INÍCIODO BENEFÍCIO (DIB) NA DATA DO CANCELAMENTO. SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA ENTRE OS ACÓRDÃOSRECORRIDO E PARADIGMAS. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO INCIDENTE.-Comprovada a similitude fático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e os paradigmas do STJ (AgRg no AI n.º446168, 6.ª T., Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 29 nov. 2005; Resp n.º 409678, 6.ª T., Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 23abr. 2002), tem cabimento o Incidente de Uniformização.- Tratando-se de restabelecimento de benefício por incapacidade esendo a incapacidade decorrente da mesma doença que justificou a concessão do benefício cancelado, há presunção decontinuidade do estado incapacitante a ensejar a fixação da data do início do benefício (DIB) ou o termo inicial dacondenação desde a data do indevido cancelamento.- Hipótese na qual o recorrente alega que o acórdão da TurmaRecursal de origem, ao reformar parcialmente sentença de procedência para alterar a DIB -substituindo a data da cessação

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do benefício pela data da realização da perícia médica - divergiu da jurisprudência dominante do STJ, no sentido de que otermo inicial do benefício de aposentadoria por invalidez é a data da juntada do laudo médico pericial em juízo somentequando não existir concessão de auxílio doença prévio ou não houver requerimento administrativo por parte do segurado,bem como que, em tendo sido cancelado indevidamente a aposentadoria por invalidez, o termo inicial do benefício deve sero da data em que foi suspenso o seu pagamento.- A TNU já firmou o entendimento de que “Se a prova pericial realizada emjuízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefícioassistencial” (Súmula n.º 22). Decidiu também que “O enunciado da Súmula n.º 22 da Turma Nacional se aplica aos casosem que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindo de parâmetro inclusive emrelação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiu especificar a data de início daincapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, descortinam-se duas possibilidades emrelação à fixação do termo inicial da condenação ou data de início do benefício (DIB). 3. Quando não houve retorno aotrabalho após a data do cancelamento do benefício (DCB) e em sendo a incapacidade atual decorrente da mesma doençaou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretende restabelecer, presume-se a continuidade do estadoincapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputado indevido, corresponde ao termo inicial da condenação oudata de (re)início do benefício” (PEDILEF n.º 200772570036836, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun.2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008). Prescreve ajurisprudência da TNU, ainda, que “Conquanto não se possa, em termos genéricos, fixar como devido o benefício deauxílio-doença desde a data do cancelamento administrativo do auxílio recebido anteriormente, há de se reconhecer que,nas situações em que inexistente melhora no quadro de saúde do segurado, não há motivo para se deferir benefício apenasa partir da citação. 2. O auxílio-doença cancelado deve ser restabelecido desde a cessação sempre que se constatar quedito cancelamento se operou indevidamente” (PEDILEF n.º 200763060020453, Rel. Juíza Joana Carolina Lins Pereira, DJU10 out. 2008). No caso, o acórdão recorrido, ao alterar a DIB da data do cancelamento do benefício para a data darealização da perícia médica, não considerou o fato de tratar-se da mesma doença incapacitante, conforme fixado nasentença: “(...) Ademais, e nada obstante não ter sido possível precisar a data de início da referida incapacidade, deve elaser fixada naquela em que principiou o benefício, vez que presumida a continuidade dos males incapacitantes até estadata”.- Incidente de Uniformização conhecido e provido para restabelecer a sentença de procedência.- Condeno o INSS emhonorários advocatícios arbitrados em dez por cento do valor da condenação, respeitada a Súmula n.º 111 do STJ, nos

�termos da Questão de Ordem nº 2 da TNU. (PEDILEF 200840007122940, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DESIQUEIRA, TNU, DOU 16/08/2013.) (sem grifos no original).

10. Embora o INSS tenha requerido a intimação do perito para que respondesse a quesitos complementares (fls.119/121), o ilustre magistrado prolator da sentença considerou que tais questionamentos já se encontravam “superadospela firme conclusão pericial, no sentido de que existe limitação para as atividades habituais” (fl. 129). Constatada asuficiência do acervo probatório existente nos autos, revela-se correta a sentença, ante a desnecessidade de realização dadiligência complementar requerida pela autarquia (art. 426, I, do Código de Processo Civil).

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

152 - 0000710-84.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000710-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURÍCIO BATISTA(ADVOGADO: ES013078 - MARCO HENRIQUE KAMHAJI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0000710-84.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000710-5/01)RECORRENTE: MAURÍCIO BATISTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.

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42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da parte autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MAURICIO BATISTA interpõe recurso inominado, às fls. 90/98, contra sentença (fls. 87/88), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, pois é portador de doença incapacitante para otrabalho, comprovada por meio dos documentos juntados na inicial. Pleiteia que os pedidos sejam julgados procedentes.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 100).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Compulsando detidamente os autos, verifico que a petição inicial não foi instruída por qualquer atestado, no qualse indique que o demandante está incapacitado para o trabalho, tendo a parte autora se limitado a juntar cópia do processoadministrativo instaurado perante o INSS para análise de requerimento para concessão de benefício previdenciário. Por suavez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de “dor lombar baixa (Cid10: M 5f4.5)”. Concluiu que não há incapacidade laborativa para a função de pescador (fls. 57/58).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

10. Em relação aos documentos juntados após o encerramento da dilação processual, observo que eles nãocomprovam fato novo, sendo inapropriada nova abertura da instrução após a prolação da sentença, conforme orientaçãoadotada pelas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84).

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 54/55).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

153 - 0001535-65.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001535-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CORREA DA SILVA(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0001535-65.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001535-6/01)RECORRENTE: MARIA CORREA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA PARCIAL DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. O recurso interposto contra o capítulo da sentença que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, em relação aopedido para concessão de auxílio-doença não deve ser conhecido, porque, ressalvada a hipótese do art. 4º, da Lei n.10.259/01, a sua admissibilidade é restrita às sentenças que resolverem o mérito da causa, de acordo com o art. 5º, domesmo diploma legal4. Autora portadora de lesão em ombro direito, em recuperação, após cirurgia. Laudo pericial no qual se atesta aincapacidade temporária para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido em parte e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARIA CORREA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 69/80, contra sentença (fls. 65/66), proferida pelo MM. Juizdo 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou extinto o processo, sem julgamento domérito, em relação ao pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, sob o fundamento deausência de interesse de agir, e julgou improcedente o pedido de conversão do benefício de auxílio-doença emaposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a extinção do feito, em relação ao pedido de concessão do benefício de auxílio-doença,causou-lhe dano de difícil reparação, já que o INSS cessou o benefício após perícia médica administrativa. Aduz que éportadora de doença incapacitante para o exercício de qualquer atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 84/90. Sustenta, com base no artigo 5º da Lei 10.259/01, que deve sernegado seguimento ao recurso na parte em que a autora pretende a reforma da sentença que julgou extinto o processosem resolução do mérito. Alega, ainda, que qualquer alteração nos fatos, posterior à sentença, não pode ser debatida, eisque a demanda já foi devidamente estabilizada, conforme os fatos comprovados nos autos. Aduz que a pericia judicialconcluiu que a autora apresenta apenas incapacidade temporária para o trabalho. Ademais, após a realização da períciajudicial, foi realizada análise médica administrativa, na qual se concluiu pela capacidade laborativa da parte autora.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Ressalto, inicialmente, que o recurso interposto contra o capítulo da sentença que extinguiu o processo, semresolução do mérito, em relação ao pedido para concessão de auxílio-doença não deve ser conhecido, porque, ressalvadaa hipótese do art. 4º, da Lei n. 10.259/01, a sua admissibilidade é restrita às sentenças que resolverem o mérito da causa,de acordo com o art. 5º, do mesmo diploma legal. Enunciado n. 18, das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio deJaneiro: “Não cabe recurso de sentença que não aprecia o mérito em sede de Juizado Especial Federal (art. 5º da Lei

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10.259/2001), salvo quando o seu não conhecimento acarretar negativa de jurisdição”.

06. Em relação ao pedido de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, preenchidosos requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado nessa parte e passo ao exame do seu mérito.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há laudo que indique a incapacidade total epermanente da parte autora. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, em 09/05/2011, afirma-seque a autora é portadora de lesão em ombro direito, em recuperação, após cirurgia realizada em dezembro de 2010; estavaincapacitada temporariamente e deverá ficar afastada de suas atividades laborativas até 07/2011.

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expedidas convencem oJuízo. Ademais, as eventuais dificuldades enfrentadas para o trabalho de cozinheira não impedem que a demandanteexerça outra atividade que lhe assegure a subsistência, podendo reabilitar-se profissionalmente, tendo-se em vista a suaidade (fl. 06) e o desempenho anterior de trabalho como auxiliar de serviços gerais (fl. 09).

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, nego seguimento ao recurso, na parte em que se insurge contra o capítulo da sentença queextinguiu o processo, sem julgamento do mérito. Em relação ao pedido de conversão do benefício de auxílio-doença emaposentadoria por invalidez, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 38).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

154 - 0003525-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003525-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NATALINO PITANGUI(ADVOGADO: ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI, ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0003525-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003525-7/01)RECORRENTE: NATALINO PITANGUIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrose da coluna lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.

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4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

NATALINO PITANGUI interpõe recurso inominado, às fls. 90/93, contra sentença (fl. 86), proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS aconverter o benefício de auxílio-doença nº 530.050.857-4 em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante e que não possui condições de voltar a exercer suaatividade laboral.

3. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 97/98, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o benefício de auxílio-doença nº 530.050.857-4, queo autor pretende converter em aposentadoria por invalidez, cessou em 30/06/2009. Nos meses de julho a novembro de2009, o autor verteu contribuições ao INSS, em razão de vínculo empregatício com a empresa CENTRALPAN. De03/12/2009 a 22/08/2011, o autor fez jus à percepção do auxílio-doença nº 538.558.701-6. A partir de 23/08/2011, o autorpassou a receber aposentadoria por invalidez nº 548.349.105-6. (fls. 107/109). Não foram carreados aos autos atestadosnos quais se afirme a existência de incapacidade total e permanente do autor antes da concessão administrativa dobenefício de aposentadoria por invalidez. Além disso, no período em que o benefício de auxílio-doença não foi pago aoautor, restou comprovado que ele estava em atividade (07/2009 a 11/2009). Acresça-se que, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente de 23/10/2009, afirma-se que o autor é portador de artrose de coluna lombar com sinais discretosde irritação radicular em membro inferior direito; abaulamentos discais que podem causar compressão em membrosinferiores, sem, contudo, causar incapacidade para o trabalho; boa mobilidade da coluna, sem hérnias discais, com canalmedular livre, com aptidão para carregar peso. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 47/53 e 73/74).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permitia o seu retorno ao trabalho, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 31).

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12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

155 - 0005222-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005222-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARINETE VIEIRABARRETO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0005222-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005222-0/01)RECORRENTES: MARINETE VIEIRA BARRETO e INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. DESFIADEIRA DE SIRI. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de obesidade mórbida em tratamento, diabetes mellitus e hipertensão arterial. Laudos periciais nosquais se atesta a capacidade para o exercício do trabalho de desfiadeira de siri.4. Recurso do INSS conhecido e provido. Sentença reformada para julgar improcedente o pedido. Recurso da parte autoraconhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento dagratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARINETE VIEIRA BARRETO e INSS interpõem recurso inominado, às fls. 108/114 e fls. 120/125, contra sentença (fls.98/100, integrada pela sentença de fl. 118), proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária doEspírito Santo, que julgou procedente em parte o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença, e improcedente o pedido de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

02. Em seu recurso, a parte autora afirma que é portadora de uma série de patologias que a incapacitamdefinitivamente para o exercício da atividade de desfiadeira de siri, dentre as quais, hipertensão arterial, diabetes mellitustipo 2, obesidade mórbida, artrose em joelhos associado a edemas duros e dolorosos em extremidades mais evidentes àdireita. Pede a conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

03. Em razões recursais, o INSS sustenta que a autora foi avaliada por três peritos de diferentes especialidades(endocrinologista, ortopedista e cardiologista), os quais afirmaram a inexistência de incapacidade laborativa para o exercíciodo trabalho de desfiadeira de siri. Aduz que a sentença considerou que a autora seria catadora de siri, atividadeconsiderada braçal e que pressupõe vigor físico para o seu desempenho. No entanto, a autora declarou, nas três perícias,ser desfiadeira de siri, profissão que não pressupõe atividade física extenuante.

04. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 131/134, nas quais requer o desprovimento do recurso da parte autora,sob o fundamento de que as perícias judiciais comprovaram que ela está capaz para o seu trabalho habitual.

05. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 138/143, nas quais requer o desprovimento do recurso doINSS, sob o fundamento de que continua incapacitada para exercer suas funções laborativas e seu quadro se agravou.Aduz que, quando se trata de restabelecimento de benefício previdenciário, cabe ao INSS provar que houve a recuperaçãodo segurado em tão curto lapso temporal.

06. Pedido de habilitação às fls. 146/150. Manifestação do INSS (fl. 160).

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07. É o Relatório.

VOTO

08. O pedido de habilitação está devidamente instruído com documentos que comprovam o óbito da autora e acondição de sucessor do requerente (fls. 146/150). Intimado a se manifestar, o INSS não se opôs ao requerimento (fl. 160).Sendo assim, HOMOLOGO a habilitação para que produza os seus efeitos legais. Retifique-se a autuação para fazerconstar o nome de Irisvaldo Barreto, na condição de sucessor.

09. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço os recursos inominados e passo ao exame do seu mérito.

10. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

11. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A parte autora sustenta que é portadora de uma série de patologias que aincapacitam definitivamente para o exercício da atividade de desfiadeira de siri. O INSS sustenta que três peritos dediferentes especialidades (endocrinologista, ortopedista e cardiologista) afirmaram a inexistência de incapacidade laborativapara o exercício do trabalho de desfiadeira de siri. Aduz que a sentença considerou que a autora seria catadora de siri, oque não é o caso.

12. Da leitura dos documentos juntados à inicial, verifico que o atestado de fl. 26, subscrito por médicoendocrinologista em 09/06/2009, quando a autora fazia jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 534.680.513-0(12/03/2009 a 23/03/2012, restabelecido por ordem judicial a partir de 30/06/2009), afirma que a paciente é portadora dediabetes mellitus tipo 2, obesidade mórbida, hipertensão arterial e necessita de repouso e pouca atividade física. Por suavez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 40/42), especialista em endocrinologia, afirma-se que a autoraé portadora de obesidade mórbida, em tratamento, com perda significativa de peso, diabetes mellitus e hipertensão arterial,compensados, e artropatias em membros superiores e inferiores, cujas características são: edema importante em membrosinferiores e dermatite ocre com parestesias em mãos e pés. Considerando que a diabetes está compensada e que houveperda significativa de peso, afirma-se que não há incapacidade para a atividade de desfiadeira de siri e solicita-se avaliaçãopor médico ortopedista (fls. 40/42). No laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, especialista em ortopedia etraumatologia, indica-se que a autora não é portadora de patologia digna de nota; que é desfiadeira de siri em atividade;pesa 109 kg e relata não sentir “nada”, está ótima. Conclui que não há incapacidade laborativa (fls. 50/53). No laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, especialista em cardiologia, afirma-se que a autora é portadora de hipertensãoarterial sistêmica I/B e, sob o ponto de vista cardiovascular, encontra-se apta para a realização da atividade de desfiadeirade siri (fls. 77/81).

13. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados com base na informaçãoprestada pela própria autora de que seria desfiadeira de siri. A sentença, por sua vez, considerou que haveria incapacidadelaborativa para o exercício da atividade de catadora de siri, atividade braçal, que pressupõe vigor físico. Considerando que aatividade exercida pela parte autora é de desfiadeira de siri, para a qual não restou demonstrada a incapacidade laborativa,o recurso interposto pelo INSS deve ser provido e o recurso interposto pela parte autora deve ser declarado prejudicado.

14. Ante o exposto, conheço o recurso do INSS e dou-lhe provimento, para julgar improcedente o pedido, nos termosdo art. 269, I, do Código de Processo Civil. Ademais, conheço o recurso interposto pela parte autora, mas nego-lheprovimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça,na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 32).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

156 - 0003783-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003783-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x SELMA PEREIRABASTOS DA SILVA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).RECURSO Nº 0003783-38.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003783-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RECORRIDO: SELMA PEREIRA BASTOS DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADE LABORATIVATEMPORÁRIA DA PARTE AUTORA. ALEGAÇÃO DE INCAPACIDADE PRÉ-EXISTENTE. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autora portadora de isquemia miocárdica, ponte miocárdica, lesão coronariana leve e cardiomiopatia hipertróficaobstrutiva. Laudo pericial no qual se atesta a incapacidade temporária para o trabalho.4. O benefício por incapacidade pode ser concedido ainda que a doença, que torne o segurado inapto para o trabalho,tenha se iniciado durante o período de carência. Hipótese que não equivale à doença pré-existente à filiação ao RegimeGeral da Previdência Social.5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 58/62, contra sentença (fls. 54/55), proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSSa conceder benefício de auxílio-doença com DIB em 18/01/2010, data em que a autora completou a carência necessária àconcessão do benefício.

02. A autarquia sustenta que a parte autora ingressou no RGPS em 08/2008 e já estava incapacitada para o trabalhoem função de lumbago com ciática desde 24/07/2008. Aduz que, na perícia realizada em 18/05/2009, constatou-se que aautora ainda permanecia incapacitada pela mesma patologia ortopédica (fl. 43). Sustenta que o laudo pericial judicialdemonstra que a autora também apresenta incapacidade, em função de doença cardíaca, ao menos desde 23/04/2009.

03. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 66/69, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que o INSS indeferiu o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença em 21/07/2010, alegando inexistência deincapacidade laborativa, o que demonstraria sua postura contraditória ao afirmar, em sede recursal, que a autora éportadora de incapacidade pré-existente à filiação ao RGPS. Aduz que a incapacidade laborativa, que consforma a causade pedir da demanda, não está embasada em problema ortopédico, mas em enfermidade cardíaca.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). OINSS sustenta que o benefício de auxílio-doença não é devido à parte autora, porque ela possui incapacidade pré-existenteà filiação ao regime da previdência social.

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08. O objeto da presente ação é a concessão do benefício de auxílio-doença nº 540.598.141-5, requerido em26/04/2010, indeferido pelo INSS em 31/05/2010 e 21/07/2010 (fls. 5/6). Observo que, ao indeferir o mencionado pedido,sob o fundamento de ausência de incapacidade laborativa, a autarquia analisou a profissão da autora (costureira), e, dentreoutros documentos, o exame de ressonância magnética da coluna lombar, realizado em 24/07/2008 (fl. 45), mencionado norecurso como comprovante de incapacidade pré-existente. Baseado no exame de ressonância magnética da coluna lombarrealizado em 24/07/2008, o INSS constatou a incapacidade laborativa da parte autora em 2009, por lumbago com ciática,(fls. 42/43), mas indeferiu o pedido do benefício de auxílio-doença, por ausência de qualidade de segurada (fl. 36), uma vezque a incapacidade teria ocorrido desde 24/07/2008 e a autora se filiou ao sistema em 08/2008 (fl. 34).

09. O INSS, em perícias administrativas no ano de 2010 (fls. 45/47), não constatou que a parte autora seriaportadora de incapacidade para o trabalho em função das doenças ósseas que lhe acometem. Nesses termos, assinalo quea demandante, na qualidade de segurada individual, verteu contribuições nos períodos de 08/2008 a 12/2008, 01/2009,05/2009, 07/2009 a 12/2009, e 01/2010 a 08/2010 (fl. 14). Assim, de acordo com o art. 15, II, da Lei n. 8.213/91, a autoramanteve sua qualidade de segurada e completou a carência de 12 meses, para gozo de auxílio-doença ou aposentadoriapor invalidez, em janeiro de 2010 (art. 25, I).

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico de fl. 07, subscrito por médicocardiologista da clínica Cardiomed em 20/05/2010, indica que a autora é portadora de doença cardiológica grave e deverápermanecer afastada de suas atividades por período indeterminado. O laudo firmado pelo perito nomeado judicialmenteconsigna, às fls. 21/23, que a demandante é portadora de isquemia miocárdica, ponte miocárdica, evidenciada nocateterismo lesão miocárdica leve de tratamento em artéria descendente anterior, lesão coronariana leve e cardiomiopatiahipertrófica obstrutiva. Afirma que a autora está incapacitada para sua atividade habitual, pois apresenta dor precordial derepouso, tem lesão coronariana de tratamento clínico e deverá otimizar a terapêutica para sua doença; apresenta limitaçõespara carregar peso, caminhar, ficar muito tempo em pé, subir escadas, até mesmo trabalhar sentada. Informa que aincapacidade é temporária, tendo sido estimada a sua data de início em 13/04/2009 (fl. 22).

11. Provada a incapacidade temporária para o trabalho em 13/04/2009, observo que essa inaptidão teve inícioenquanto a parte autora não havia completado o período de carência de 12 meses. Embora o INSS afirme que tal fatoconstituiria fundamento idôneo ao julgamento de improcedência do pedido, registro que o douto magistrado sentenciantebem salientou que a concessão do benefício pleiteado somente seria negada licitamente se a doença pré-existisse à filiaçãoao Regime Geral da Previdência Social (art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91), o que não ocorre na hipótese em quea inaptidão sobrevém durante o prazo de carência. Para tanto, sublinho que o propósito de proibir a subversão daSeguridade Social não foi infirmado, pois a segurada não pretendeu proteger-se de um quadro de incapacidade jáconhecido, uma vez que suas doenças ortopédicas não impediam o exercício de atividade laborativa, tal como reconhecidopelo INSS em perícias administrativas. Logo, não merece reforma a sentença, que fixou a data de início do benefício apartir de 18/01/2010, quando a autora completou a carência necessária à concessão do auxílio-doença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

157 - 0000316-11.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000316-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DILSSANDRO VIEIRA DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000316-11.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000316-5/01)RECORRENTE: DILSSANDRO VIEIRA DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTEPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade

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habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para atividade laborativa, ressalvados o trabalho em altura, locaisconfinados e a condução de equipamentos móveis (veículos, guindastes, pontes rolantes, etc). Constatação deincapacidade durante o período em que o autor esteve internado.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido em parte, para julgar o pedido parcialmente procedente, nos termos doart. 269, I, do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença entre13.09.2010 e 26.10.2010 e a pagar tais parcelas acrescidas de juros moratórios, à razão de 0,5% (meio por cento) ao mêsa contar da citação (de acordo com a parte ainda válida do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/2009), e atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista a sucumbência da parte autora, beneficiária da gratuidade de justiça (fl. 41/42), em maior proporção.

RELATÓRIO

DILSSANDRO VIEIRA DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 89/91, contra sentença (fls. 86/87), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença merece ser reformada, pois é portador de doença incapacitante para otrabalho, comprovada por meio dos documentos juntados na inicial. Pede que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 95/98, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91), de modo total epermanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame de fl. 13, realizado em 18/07/2008, descreveparênquima encefálico com valores e atenuação dentro da normalidade. Os documentos de fls. 14/16 são contemporâneosà concessão do benefício nº 532.146.821-0. O exame médico de fl. 17, realizado em 20/02/2009, evidencia aumentoespontâneo da densidade nos seixos venosos, moderado alargamento do espaço liquórico extra-axial, predominantementefronto-parietal, com densidade moderadamente elevada, tronco cerebral e cerebelo sem alterações significativas aométodo. Os atestados médicos de fl. 18 descrevem paciente portador de hidrocefalia. O atestado de fl. 19 informa pacienteportador de hidrocefalia, com DVP. O relatório médico de fl. 38, expedido em 15/12/2010, evidencia paciente internado noHRAS de 13/09/2010 até o dia 26/10/2010, “para tratamento de hidrocefalia com trocas de válvula de derivaçãoventículo-peritoneal”, aponta ainda “dificuldade motora, perda grave de visão e sem qualquer possibilidade de trabalho deforma definitiva por perda de mais de 90% da função motora cognitiva.”. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o recorrente “é portador de hidrocefalia, quadro que pode ocasionar crises de cefaléiaocasional e tonturas ocasionais. Com o tratamento realizado espera-se a remissão destas crises.”. Concluiu que não háincapacidade laborativa, apenas limitação para trabalhos em altura e condução de veículos (fls. 32/34).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

10. Anoto que o benefício de auxílio-doença, antes concedido ao autor, fora cessado em 10.10.2009 (fl. 48) e o laudopericial foi elaborado em 06.07.2013, tendo sido afirmado pelo especialista, na resposta ao quesito n. 9, que “houve períodode incapacidade durante a fase inicial de tratamento e durante o período de internação devido à meningite. Fora destas

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fases, não há incapacidade para o trabalho” (fl. 76). Da análise das provas juntadas, constato que o autor não recebeuauxílio-doença entre 13.09.2010 e 16.12.2010, período em que esteve internado (fl. 38), a despeito de sua incapacidadepara o trabalho. Dessa forma, o recurso merece ser parcialmente provido para que o auxílio-doença abarque o referidointervalo.

11. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

12. Embora o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, destaco que a Corte em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, quedeclara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata dasessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel.Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída pordecisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento napresente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o SupremoTribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamentoacatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos,reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

13. Por fim, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, que tenha infringido direito da personalidade do recorrente, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988), motivo por que o julgamento de improcedênciadesse pedido não merece ser retificado.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento em parte para julgar o pedido parcialmente procedente,nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doençaentre 13.09.2010 e 26.10.2010 e a pagar tais parcelas acrescidas de juros moratórios, à razão de 0,5% (meio por cento) aomês a contar da citação (de acordo com a parte ainda válida do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/2009), e atualizadas monetariamente, de acordo com a fundamentação. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista a sucumbência da parte autora, beneficiária da gratuidade de justiça (fl. 41/42), em maiorproporção.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

158 - 0103461-62.2013.4.02.5004/01 (2013.50.04.103461-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ADELAIDE MELODOS SANTOS (ADVOGADO: ES016561 - JOÃO ROBERT CUZZUOL PEREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0103461-62.2013.4.02.5004/01 (2013.50.04.103461-4/01)RECORRENTE: MARIA ADELAIDE MELO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

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SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de lombalgia e osteoporose. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

MARIA ADELAIDE MELO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 67/74, contra sentença (fls. 63/65), proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente alega que o laudo pericial é inconclusivo e dúbio. Afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde e pessoais, as quais impossibilitam o exercício da atividade de dona do lar.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de regularmente intimado (fl. 80).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 18/19 são contemporâneos aoperíodo em que a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença n. 549.125.626-5 (02/12/2011 a 27/02/2012).O atestado de fl. 20, subscrito por médico ortopedista da Clínica Ortocenter em 08/03/2012, indica que a autora é portadorade hérnia discal lombar, espondiloartrose com compressão de raiz, osteoartrite, lesão de menisco do joelho direito(operado) e está impossibilitada de fazer esforço físico. O laudo médico de fl. 22, firmado por médico neurocirurgião doInstituto de Neurologia do Espírito Santo em 09/04/2013, aponta que a autora possui quadro lombalgia incapacitante,espondiloartrose, espondilolistese, protusões discais, com alterações degenerativas facetarias de L3 a S1 e deve evitarpegar peso, fazer esforço físico, ficar muito tempo sentada, em pé ou posição viciosa. Os atestados de fls. 23/24 foramsubscritos pelo mesmo médico que redigira o atestado de fl. 22 e possuem o mesmo teor daquele. O atestado de fl. 30,redigido por médico ortopedista da clínica Ortocenter em 01/03/2013, afirma que a autora é portadora de espondilolistese,abaulamento, hérnia discal lombar, com compressão e está impossibilitada de fazer esforço físico em caráter definitivo.Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que arecorrente é portadora de lombalgia e osteoporose, de origem degenerativa com início insidioso. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fl. 47).

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09. Embora a recorrente tenha alegado que o laudo, juntado às fl. 47, contém imprecisões em algumas respostas,constato que a única contradição aparente seria entre as conclusões que indicam que a demandante está capaz para otrabalho e aquela na qual se aponta a existência de restrição para a sua atividade habitual. Após examinar o acervoprobatório, observo que a autora afirma que desempenha trabalho doméstico em sua própria residência (“atividades dolar”), não encontrando documentos ou registros que apontem que o seu trabalho habitual envolva prática árdua oufisicamente extenuante. Os trabalhos domésticos compreendem um conjunto de atividades diversificadas, razão por que,baseado no conheço comum, não entendo que as doenças ortopédicas que acometem a demandante possamcomprometer a realização de todas elas, motivo por que não há a incapacidade afirmada pela parte autora.

10. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado,o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ressalto que as condições pessoais da autora só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 36).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

159 - 0000603-03.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000603-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO AMARO LANDIM(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHOCIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000603-03.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000603-5/01)RECORRENTE: ANTONIO AMARO LANDIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrose da coluna lombar. Laudo pericial que atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

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RELATÓRIO

ANTONIO AMARO LANDIM interpõe recurso inominado, às fls. 29/32, contra sentença de fls. 26/27, proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez, bem como pagar indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Afirma que o Juiz não estáadstrito ao laudo pericial, quanto mais ao se considerar os demais laudos médicos apresentados. Aduz, ainda, supostanulidade da sentença, por violação aos princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, pois ela foiprolatada sem que o perito judicial houvesse respondido de forma completa aos quesitos. Pugna pelo provimento dorecurso, com a reforma da sentença, para julgar procedentes os pedidos, ou a anulação do julgado confrontado, com oretorno dos autos ao Juízo de origem para que sejam respondidos os quesitos apresentados às fls. 21/22. Na hipótese deacolhimento do laudo pericial, requer a concessão do benefício no período compreendido entre o requerimentoadministrativo e a data da perícia médica.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 36/38, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que amanifestação do perito judicial vai ao encontro das conclusões emitidas pelo médico perito da autarquia. Afirma, ainda, quenão houve qualquer cerceamento à defesa da parte autora, pois as provas constantes dos autos são suficientes para aapuração da verdade dos fatos.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Ressalto que o pedido de anulação da sentença, com o retorno dos autos ao Juízo de origem, para que o perito presteesclarecimentos e responda a quesitos complementares, não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 426, I, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de ressonância magnética da coluna lombosacra, emitido em 12/07/2012, descreve importante desvio escoliótico de convexidade à esquerda, com redução da alturados corpos vertebrais de L2 e L3; espondilodiscoartropatia lombar degenerativa multisegmentar; abaulamentos discaisdifusos de L1 a S1, comprimindo a face ventral do saco dural e reduzindo a amplitude dos respectivos forames neurais, queassociado à hipertrofia dos ligamentos amarelos e artropatia interapofisária, reduzem a amplitude do canal vertebral emL2-L3, L3-L4 e L4-L5; bem como sinais de estenose congênita do canal vertebral. O laudo médico de fl. 09, firmado porortopedista em 13/06/2013, embora não esteja inteiramente legível, afirma que o autor é portador de uma escolioseestrutural complexa em nível lombar e uma discopatia degenerativa multisegmentar, artropatia interapofisária e quadroclínico de lombalgia com acentuada limitação funcional do segmento lombo-sacro. Atesta que o ora recorrenteencontrava-se impossibilitado clinicamente de exercer sua atividade profissional. O laudo do exame pericial judicial,realizado em 06/09/2013, afirma que o autor é portador de artrose da coluna lombar, sem hérnias discais e sem sinais decompressões nervosas. Relata boa mobilidade e indica que não há incapacidade para a atividade laboral.

10. Intimadas as partes para manifestação acerca do laudo pericial, o autor requereu que os seus quesitos(apresentados no bojo da petição inicial) fossem respondidos. Pugnou, ainda, pela complementação das respostas aosquesitos do Juízo (fl. 22). Entretanto, o magistrado prolator da sentença considerou que tais questionamentos já seencontravam superados pela firme conclusão pericial, no sentido de que inexiste incapacidade. Ressaltou, também, quetodas as patologias alegadas pelo autor são de cunho ortopédico, cuja incapacidade foi afastada pela perícia judicial (fl. 26).Constatada a suficiência do acervo probatório existente nos autos, revela-se correta a sentença, ante a desnecessidade derealização das diligências complementares requeridas pelo recorrente.

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11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual não revela incapacidade para as atividades laborativas.

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Sublinho que as condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente consideradonão basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor do enunciado nº 77 da TNU: “Ojulgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerentepara a sua atividade habitual”.

14. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), razão por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 13).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

160 - 0000093-59.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000093-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RICARDO LAUDINO(ADVOGADO: ES009985 - PATRÍCIA DE ARAÚJO SONEGHETE, ES014733 - JOSÉ ROGERIO PETRI, ES019519 -ODÍLIO GONÇALVES DIAS NETO, ES016886 - POLIANA FIRME DE OLIVEIRA, ES013891 - VICTOR FRIQUES DEMAGALHÃES, ES018277 - ARTHUR DE SOUZA MOREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0000093-59.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000093-7/01)RECORRENTE: RICARDO LAUDINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrose leve de joelho esquerdo. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12, da Lei nº 1.060/50.

RELATÓRIO

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RICARDO LAUDINO interpõe recurso inominado, às fls. 54/56, contra sentença (fls. 50/51), proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da atividade de gari.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 61/65, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não foi juntado qualquer documento que afirma aincapacidade laborativa da parte autora. O exame de raio x do joelho esquerdo, realizado em 23/08/2010 (fl. 17), indicasinovite crônica, redução discreta do compartimento articular femorotibial medial e femoropatelar e aparente centro deossificação não fundido no tubérculo tibial. O de atestado de fl. 16, subscrito por médico ortopedista da Clínica deAcidentados de Vitória em 28/06/2012, afirma que o autor é portador de gonartrose incipiente. O histórico médico de fls.11/13 da Clínica SAMES informa a existência de queixas de dores lombar, cervical, periorbitária bilaterial, fotofobia intensae artrite. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o autor é portador de artrose leveem joelho esquerdo, apresenta quadro de dor e atrofia em coxa esquerda e refere dificuldade para andar e correr. Concluiuque não há incapacidade laborativa (fls. 31/33).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. Cabe ressaltar que a criação da SeguridadeSocial pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para otrabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistênciado trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 22).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator