boletim tr/es 2013-221-sessao dia 30-10-2013

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADENILSON VIANA NERY-68, 77, 78, 79, 8, 80, 81 ADILSON BANDEIRA DIAS-60 ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-69 ADRIANA ALVES DA COSTA-111 ADRIANA ZANDONADE-24 ALAN ROVETTA DA SILVA-69 ALAN SAMPAIO CAMPOS-47 ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-47 ALEX WERNER ROLKE-136, 137, 138, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 160, 90, 91, 92 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-100, 133, 139, 142, 166, 62 ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE-69, 94 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-33, 60, 61 ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-141, 19 ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-35 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-113, 125, 164, 31, 75, 9 ANA SCARPELLI DE ANDRADE-47 ANDERSON MACOHIN-44 ANDERSON MACOHIN SIEGEL-22 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-117, 2, 4, 68, 78, 8, 85 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-10 ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-167, 74 ARI FONTES DE OLIVEIRA-27 ARIELLA DUTRA LIMA-102 ARNALDO EUSTAQUIO CUNHA PRATTI-137 Bernard Pereira Almeida-119 BRUNO ALPOIM SABBAGH-39 BRUNO BITTENCOURT BITTENCOURT-109 BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-59 BRUNO MIRANDA COSTA-101, 110, 132, 139, 142, 172, 22, 44, 87 BRUNO SANTOS ARRIGONI-11, 114, 115, 118 CARLOS BERKENBROCK-43 CARLOS DORSCH-35 Carolina Augusta da Rocha Rosado-114, 128, 58, 71 CATARINE MULINARI NICO-16 CHARLES BONELI GONÇALVES-76 CICERO QUEDEVEZ GROBERIO-20 CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-110, 113, 49, 75 CLÁUDIO HENRIQUE LARANJA NETO-83 CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS-116 CLEBSON DA SILVEIRA-100, 102, 170, 173, 57 CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-10 CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT-18 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-98 DARIO PEREIRA DE CARVALHO-62 DAVID BUNGENSTAB-117 DAYANA DA SILVA BARROSO-85 DEBORA COSTA SANTUCHI-143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 156, 158, 159, 160 DICK CASTELO LUCAS-167, 45, 74 DIEGO MOURA FADINI-137 DIMAS PINTO VIEIRA-3 DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-103 EDGARD VALLE DE SOUZA-104, 64, 96, 99 EDSON DA SILVA JANOARIO-90, 91, 92

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADENILSON VIANA NERY-68, 77, 78, 79, 8, 80, 81ADILSON BANDEIRA DIAS-60ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-69ADRIANA ALVES DA COSTA-111ADRIANA ZANDONADE-24ALAN ROVETTA DA SILVA-69ALAN SAMPAIO CAMPOS-47ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-47ALEX WERNER ROLKE-136, 137, 138, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 160, 90, 91, 92ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-100, 133, 139, 142, 166, 62ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE-69, 94ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-33, 60, 61ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-141, 19ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-35ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-113, 125, 164, 31, 75, 9ANA SCARPELLI DE ANDRADE-47ANDERSON MACOHIN-44ANDERSON MACOHIN SIEGEL-22ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-117, 2, 4, 68, 78, 8, 85ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-10ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-167, 74ARI FONTES DE OLIVEIRA-27ARIELLA DUTRA LIMA-102ARNALDO EUSTAQUIO CUNHA PRATTI-137Bernard Pereira Almeida-119BRUNO ALPOIM SABBAGH-39BRUNO BITTENCOURT BITTENCOURT-109BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-59BRUNO MIRANDA COSTA-101, 110, 132, 139, 142, 172, 22, 44, 87BRUNO SANTOS ARRIGONI-11, 114, 115, 118CARLOS BERKENBROCK-43CARLOS DORSCH-35Carolina Augusta da Rocha Rosado-114, 128, 58, 71CATARINE MULINARI NICO-16CHARLES BONELI GONÇALVES-76CICERO QUEDEVEZ GROBERIO-20CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-110, 113, 49, 75CLÁUDIO HENRIQUE LARANJA NETO-83CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS-116CLEBSON DA SILVEIRA-100, 102, 170, 173, 57CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-10CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT-18DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-98DARIO PEREIRA DE CARVALHO-62DAVID BUNGENSTAB-117DAYANA DA SILVA BARROSO-85DEBORA COSTA SANTUCHI-143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 156, 158, 159, 160DICK CASTELO LUCAS-167, 45, 74DIEGO MOURA FADINI-137DIMAS PINTO VIEIRA-3DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-103EDGARD VALLE DE SOUZA-104, 64, 96, 99EDSON DA SILVA JANOARIO-90, 91, 92

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EDUARDO BELLIDO BARRETO-123ELIANE OLIVEIRA DE CARVALHO PUTTIM-25ELIAS ASSAD NETO-121ELIAS MELOTTI JUNIOR-29ELVIMARA LOPES GONCALVES-4ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-34, 83EMILENE ROVETTA DA SILVA-69ERIKA SEIBEL PINTO-134, 135ERILDO PINTO-28, 33ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-17ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-163EUGENIO CANTARINO NICOLAU-108, 13, 41, 73Fábio José Nunes-29FELIPE GUEDES STREIT-47FELIPE SILVA LOUREIRO-44FLAVIA SCALZI PIVATO-141, 19FLAVIO NARCISO CAMPOS-122FREDERICO D. A. IABLONOWSKY-55GEORGIA ROCHA GUIMARAES SOUZA-5GERALDO ANTONIO TRIVILIN-73GERALDO BENICIO-72GERALDO LUIZ BUSSULAR-137GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-2GILMAR MARTINS NUNES-70, 95GILVANIA BINOW-161Glauciane Menário Fernandes Ribeiro-130GOTARDO GOMES FRIÇO-128GUSTAVO CABRAL VIEIRA-123, 161, 163, 23GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-32GUSTAVO LUIZ BUSSULAR-136, 137GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-13, 17, 9HELTON TEIXEIRA RAMOS-138HENRIQUE SOARES MACEDO-11, 114, 115, 118HERMINIO CARLOS DOS SANTOS-164ISAAC PANDOLFI-45, 46, 49ISAAC PAVEZI PUTON-14Isabela Boechat B. B. de Oliveira-1, 103, 111, 169, 95ITALO SCARAMUSSA LUZ-45, 49IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-63, 7JADER NOGUEIRA-31JAILTON AUGUSTO FERNANDES-64, 81, 99JALINE IGLEZIAS VIANA-112JAMILSON SERRANO PORFIRIO-37JEFFERSON PEREIRA-90, 91, 92JOANA D'ARC BASTOS LEITE-71JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-52, 57JOCIANI PEREIRA NEVES-141, 19JONES ALVARENGA PINTO-28, 33JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-126, 43, 52, 53JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-124, 165, 54JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-108JOSE NILSO DE LIRIO-23JOSÉ RENATO ALTOÉ-150, 151, 152, 153, 154, 155, 157JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-126, 131, 165JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-12, 122, 15, 21, 55, 56, 59, 72, 76JOSIANI GOBBI MARCHESI FREIRE-38

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KARIME SILVA SIVIERO-141KÉZIA NICOLINI-86Kleison Ferreira-26LARA CHAGAS VAN DER PUT-141, 19Lauriane Real Cereza-105LIDIANE DA PENHA SEGAL-120, 127, 129, 162, 173, 23, 6LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-103LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-98LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-129, 131, 133, 141, 35LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-7LUCIANO ANTONIO FIOROT-48LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-61LUCIANO PEREIRA CHAGAS-156, 158, 159LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA-53Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-105, 119LUIZ CARLOS BASTIANELLO-42LUIZ CARLOS DA SILVA JUNIOR-90, 91, 92LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN-166LUIZ MARIA BORGES DOS REIS-97MARCELA BRAVIN BASSETTO-16, 29, 51, 74MARCELO ALVARENGA PINTO-28, 33MARCELO NUNES DA SILVEIRA-131, 165MARCELO ROSA VASCONCELLOS BARROS-106MARCELOS FERNANDES TEIXEIRA MELLO-124MARCIA RIBEIRO PAIVA-115MARCIO SANTOLIN BORGES-97Marco Aurélio Rangel Gobette-122MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-56, 58Marcos Figueredo Marçal-120, 14, 19, 25, 6MARCOS JOSÉ DE JESUS-106, 140, 67, 77MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-30, 82, 88MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-53MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-10MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-24, 26, 30, 38, 82MARIA DE FATIMA MONTEIRO-107MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-2MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO-93MARIA REGINA COUTO ULIANA-85MARILENA MIGNONE RIOS-94MARIZA GIACOMIN LOZER-50MAURA RUBERTH GOBBI-141, 19MEIRYELLE RIBEIRO LEITE-65MICHELA JACOMELI MARTINS-63MIRIAN TEREZA SILVEIRA DE CARVALHO MARQUES-119NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-39OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-102OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-121, 63PARAGUASSÚ PENHA MONJARDIM-29Paulo Henrique Vaz Fidalgo-42, 86PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-116Pedro Dias Lesqueves-143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 156, 158, 159, 160PEDRO HENRIQUE S MENEZES-142PEDRO INOCENCIO BINDA-11, 84PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA-28PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-12, 72RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA-76

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RAFAEL LUIZ BUSSULAR-136RAFAEL ZORZANELI-84RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-170RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS SANTOS-67RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA-72RAUL DIAS BORTOLINI-22RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-168RENATO JUNQUEIRA CARVALHO-12RICARDO CARLOS DA ROCHA CARVALHO-53RICARDO FIGUEIREDO GIORI-1, 125, 132, 140, 15, 169, 171, 21, 87RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-172RISONETE MARIA OLIVEIRA MACEDO-4ROBERTA LESSA ROSSI-128RODRIGO BARBOSA DE BARROS-40RODRIGO CAMPANA FIOROT-66RODRIGO COSTA BUARQUE-50RODRIGO LOPES BRANDÃO-54RODRIGO PIRES CARVALHO-134RODRIGO SALES DOS SANTOS-150, 151, 152, 153, 154, 155, 157RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-116, 5, 79, 80ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ-172ROGERIO SIMOES ALVES-138Rômulo Quedevez Grobério-20RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-141, 19Ruberlan Rodrigues Sabino-168SAYLES RODRIGO SCHUTZ-43SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-20SEBASTIAO TRISTAO STHEL-47SHEILA CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA ALBERGARIA-65SILVANIA APARECIDA DA SILVA ABILIO-122SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-109, 118, 130, 162, 167, 171, 27, 3, 70STEPHANY TORRES DE OLIVEIRA-101SUELLEM RIBEIRO BOTON-48TATIANA MARQUES FRANÇA-141, 19TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-65, 89THIAGO AARÃO DE MORAES-34THIAGO COSTA BOLZANI-112, 127, 166, 93THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-104Thor Lincoln Nunes Grünewald-36, 41UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-107, 18, 36, 37, 66UDNO ZANDONADE-48Valber Cruz Cereza-105VERA LÚCIA FÁVARES-141, 19Victor Hugo Freitas de Oliveira-47VICTOR TEIXEIRA NEPOMUCENO-101VINICIUS DINIZ SANTANA-22VINICIUS COBUCCI SAMPAIO-61VINICIUS DOMINGUES FERREIRA-97VINICIUS PERIM DE MORAES-142VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA-135WAGNER DE FREITAS RAMOS-47Wallace Rocha de Abreu-143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 156, 158, 159, 160WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-89

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

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Nro. Boletim 2013.000221

07/11/2013Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0002102-33.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002102-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALMITA MARIA DA SILVA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).Processo n.º 0002102-33.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: ALMITA MARIA DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. MISERABILIDADE. REALIZAÇÃO DENOVA AVALIAÇÃO E RELATÓRIO SOCIAL. ENDEREÇO DIVERSO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇAANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 69-77, em razão da sentença (fl. 66)que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art. 20da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), ao argumento de que, quando do requerimentoadministrativo e da propositura da ação, a ora recorrente residia com seu esposo, o qual recebe benefício previdenciário(aposentadoria) em valor superior a 01 (um) salário-mínimo, de modo que tal valor deveria ser computado no cálculo darenda mensal per capita, frente à regra do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso.

Sustenta, em suas razões, que independentemente de o benefício recebido por pessoa idosa integrante do grupo familiarser um pouco maior do que 01 (um) salário-mínimo, em casos como o presente há que se levar em consideração apenas ovalor que excede 01 (um) salário-mínimo, in casu, aproximadamente R$ 50,00, para se aferir o preenchimento ou não dasituação de vulnerabilidade socioeconômica exigida pela lei. Assevera, outrossim, que o laudo socioeconômico lhe foiamplamente favorável, ao constatar que se encontra desempregada, totalmente incapaz, sobrevivendo de favores e sem omínimo existencial. Informa a ocorrência de alteração fática do grupo familiar no curso da demanda, porquanto se separoude seu esposo, vindo a residir com uma amiga, também idosa, o que deu ensejo à superveniente ausência de rendafamiliar. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Subsidiariamente, requer seja-lhe concedido o benefício ao menos a partir da data em que confeccionado o laudo social(20.10.2010), que confirmou a situação acima descrita.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 81-92.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem. Feitas essas considerações, passo à análise do caso concreto.

Às fls. 19-25 verifica-se mandado de constatação, cuja certidão, datada de 08.06.2010, consigna diligência positivarealizada no endereço Avenida Professor Hermínio Blackman, nº 962, Bonfim, Vitória/ES – fornecido na petição inicial. Naoportunidade, apurou-se que a recorrente residia há 04 (quatro) meses na casa de uma amiga, Sra. Luiza Xavier da Silva,de 88 anos, juntamente com o neto desta e a companheira dele, em caráter provisório e por mero favor. Consta, ainda, dareferida certidão a informação de que a recorrente encontrava-se naquela situação desde que o cômodo que lhe havia sidocedido nos fundos daquela residência se tornou inabitável, e diante da superveniente falta de rendimentos para manutençãoda sua sobrevivência.

Por seu turno, em sede de contestação, sustentou o INSS que a recorrente, em realidade, residiria em endereço e

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circunstâncias diversos daquelas apuradas pelo oficial de justiça, e que teria simulado fatos, almejando a indevida obtençãode benefício previdenciário. A fim de comprovar tais alegações, juntou às fls. 45-48 diligência/pesquisa realizada porservidor de seu quadro, em 20.07.2010, no endereço Rua Manoel Nascimento, nº 174, Bairro Ataíde, Vila Velha/ES –endereço este extraído a partir do banco de dados da autarquia previdenciária -, em que constam informações obtidasatravés de relatos de vizinhos de que a recorrente, de fato, reside naquele logradouro, em imóvel próprio com seu esposo edois filhos. Informou o servidor do INSS que se dirigiu até o imóvel, onde foi recebido pela própria recorrente que “informouser o seu esposo Sr. José Soares da Silva o proprietário do imóvel, nessa residência mora ela, o esposo e o casal de filhosFrancieli Maria da Silva, 19 anos, e Wagner Souza Matos, 29 anos” (fl. 48).

Nessa contextura, o MM. Juiz de primeiro grau determinou à fl. 49 a realização de perícia socioeconômica no endereçoindicado pelo INSS, a dizer, Rua Manoel Nascimento, nº 174, Bairro Ataíde, Vila Velha/ES. Ocorre que, conforme consta àsfls. 50-57, em 20.10.2010, a perita Erika Cristina Cesconetti Cezatte, assistente social, CRESS/ES 1778, dirigiu-se aoendereço informado na petição inicial e não àquele apontado pelo INSS. Na oportunidade, constatou que a recorrente (67anos) reside de favor na casa de sua amiga, Sra. Luiza Xavier da Silva, 89 anos; idades à época da feitura do relatório(20.10.2010). Consignou relato da recorrente de que estava separada de fato do seu marido há 03 (três) meses, estandodesempregada e sem renda.

Tal o contexto, relativamente ao requisito da “miserabilidade”, o relatório de avaliação socioeconômica de fls. 50-57 nãoelucida questão que se me afigura basilar, eis que não demonstra a realidade socioeconômica específica da recorrente noendereço apontado pelo INSS à fl. 45 como sendo o de sua real moradia, nem tampouco a composição do núcleo familiar,de per si, para assim se aferir acerca do enquadramento ou não à regra do § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, na linhados parâmetros, frise-se, do julgado do Supremo Tribunal Federal, no que for aplicável, ao ensejo dos RecursosExtraordinários nºs 567.985 e 580.963.

Nessas condições, tem-se por razoável e adequado encaminhar, excepcionalmente, o feito ao Juízo de origem, edeterminar, se possível à assistente social Erika Cristina Cesconetti Cezatte, CRESS/ES 1778, não obstante o tempodecorrido, efetuar nova avaliação e relatório no endereço indicado pelo INSS à fl. 45, a fim de apurar as informaçõesindispensáveis à compreensão da realidade fática na qual a recorrente se acha inserida, além de outros aspectosconsiderados úteis à demonstração do quadro socioeconômico. Por exemplo, não se tem informação quanto ao perfilcontributivo ou não dos filhos referidos na fl. 48 para o “núcleo” familiar e o que isso representa concretamente para arecorrente.

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, para, excepcionalmente, tornar insubsistente a sentença,determinando o retorno dos autos ao Juízo de origem para realização de nova avaliação e relatório social no endereçoindicado pelo INSS à fl. 45, ou seja, Rua Manoel Nascimento, nº 174, Bairro Ataíde, Vila Velha/ES.

Descabe condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei nº. 9.099/1995 e art. 1° da Lei n°. 10.259/2001),conjugada com a parcial reciprocidade sucumbencial.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

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2 - 0000038-78.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000038-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ADAO COSTAPRATES (ADVOGADO: MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO, GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS.).Processo n.º 0000038-78.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:ADÃO COSTA PRATESRelato: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 48-55, em razão da sentença (fls.41-46) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com DIB – Data de Início do Benefício na data dacessação indevida, a dizer, 15.10.2008, condenando a autarquia previdenciária, outrossim, ao pagamento dos valoresatrasados, respeitada a prescrição quinquenal.

Sustenta, em suas razões, que a renda per capita familiar é superior a ¼ do salário-mínimo. Isso porque a composiçãofamiliar se faz, em realidade, por 2 (duas) pessoas, a dizer, pelo recorrido e sua esposa, sendo que esta recebe benefícioprevidenciário (aposentadoria) no valor de 01 (um) salário-mínimo. Assevera que o parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso é claro ao estabelecer que não será computado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefícioassistencial concedido a qualquer de seus membros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valorreferente a quaisquer outros benefícios, a exemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa.Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 68-72.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 20-22. No que tange àcomposição familiar, consta da resposta ao quesito nº 3.1 (fl. 20) que o recorrido (74 anos) reside com sua companheira,Sra. Petronilia Pereira dos Santos, 72 anos, idades à época da feitura do relatório (01.03.2009). Por sua vez, de acordo coma resposta ao mesmo quesito nº 3.1 (fl. 20), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria por idade rural auferidapela companheira do recorrido, no importe de R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco reais).

No que toca aos gastos, as despesas – fora vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$ 400,00 (quatrocentos reais),distribuídos entre alimentação, medicamentos, água, luz, gás de cozinha e transporte (quesito nº 3.3 - fl. 21), cabendo,desde logo, a ressalva de que tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição da miserabilidade, eis

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que provêm das necessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, abastecida com energia elétrica padrão, águaencanada e fossa; sendo constituída por 5 (cinco) cômodos (quesito nº 02 – fl. 20).

No caso em apreço, a companheira do recorrido de fato recebe benefício previdenciário no valor mínimo (aposentadoria poridade rural - fl. 32) e conta com idade superior a 65 anos (72 anos à época do relatório social – 01.03.2009),enquadrando-se, portanto, no mínimo etário exigido pelo Estatuto do Idoso, não podendo, assim, tal valor ser consideradopara fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima esposado, com a exclusão dos valores atinentes aos proventosrecebidos pela companheira do recorrido a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefícioassistencial ora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

3 - 0004596-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004596-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x CLAUDINO MARCHIORO(ADVOGADO: DIMAS PINTO VIEIRA.).Processo n.º 0004596-02.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:CLAUDINO MARCHIORORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

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ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 138-145, em razão da sentença (fls.130-133) que julgou procedente o pedido de restabelecimento do benefício assistencial de prestação continuada (NB124.267.340-4), com DIB- Data de início do Benefício em 01.07.2008.

Sustenta, em suas razões, que, no caso em tela, a renda per capita não é inferior a ¼ do salário-mínimo, na medida em queo núcleo familiar é composto por duas pessoas, a dizer, pelo recorrido e sua esposa, sendo que esta aufere renda mensalde um salário-mínimo advinda de sua aposentadoria. Assevera que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso éclaro ao estabelecer que não será computado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencialconcedido a qualquer de seus membros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente aquaisquer outros benefícios, a exemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 157-164.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 97-109. No que tange àcomposição familiar, consta da resposta ao quesito nº 01 (fl. 101) que o recorrido (74 anos) reside com sua esposa, Sra.Glória Pedruzzi Machioro, 74 anos e seu filho, Sr. João Carlos Marchioro, 38 anos, idades à época da feitura do relatório(19.07.2009). Por sua vez, de acordo com a resposta ao quesito nº 04 (fls. 101-102), tem-se que a renda familiar advém daaposentadoria por idade rural auferida pela esposa do recorrido, no importe de R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cincoreais) e do labor do seu filho enquanto auxiliar de serviços gerais, no valor de R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cincoreais).

No que toca aos gastos e despesas – fora gás, vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$ 632,00 (seiscentos e trintae dois reais), distribuídos entre alimentação, água, energia e medicamentos (fls. 98-99), cabendo, desde logo, a ressalva deque tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição da miserabilidade, eis que provêm dasnecessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, piso de cerâmica, telhado de amianto (Eternit), éhumilde e encontra-se em razoáveis condições de moradia (telhado com frestas e paredes com infiltrações), abastecidacom energia elétrica padrão, água encanada e rede de esgoto; é constituída por 5 (cinco) cômodos. Segundo relato,quando o índice de chuva é elevado entra água no interior da moradia (fl. 98 - último parágrafo).

No caso em apreço, a esposa do recorrido de fato recebe benefício previdenciário (aposentadoria por idade) no valormínimo (fl. 115) e conta com idade superior a 65 anos (74 anos à época do relatório social – 19.07.2009), enquadrando-se,portanto, no mínimo etário exigido pelo Estatuto do Idoso, não podendo, assim, tal valor ser considerado para fins decálculo da renda familiar per capita no âmbito da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

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Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima exposto, com a exclusão dos valores atinentes aos proventosrecebidos pela esposa do recorrido a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencial orapleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

4 - 0000062-72.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000062-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ZAIR MARRANERODRIGUES (ADVOGADO: ELVIMARA LOPES GONCALVES, RISONETE MARIA OLIVEIRA MACEDO.).Processo n.º 0000062-72.2010.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:ZAIR MARRANE RODRIGUESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 126-134, em razão da sentença (fls.120-124) que julgou procedente o pedido, concedendo o Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), a partir do requerimento administrativo, a dizer,25.08.2006.

Sustenta, em suas razões, que embora a recorrida seja pessoa idosa, o requisito socioeconômico não se encontrapreenchido, conforme se extrai do relatório social. Assevera que o núcleo familiar é composto por duas pessoas, a dizer,pela recorrida e seu esposo, sendo que este percebe benefício previdenciário (aposentadoria), no valor de umsalário-mínimo mensal. Argumenta que tal valor não pode ser excluído do cômputo da renda familiar, porquanto há que serconferida interpretação restritiva ao parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. Aduz que referido dispositivo é claro ao

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estabelecer que não será computado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido aqualquer de seus membros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outrosbenefícios, a exemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Pretende, assim, seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 140-143.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 94-97. No que tange àcomposição familiar, consta da resposta ao quesito nº 02 (fl. 94) que a recorrida (81 anos) reside com seu esposo, Sr.Benedito Rodrigues, 83 anos sua filha, Sra. Lenita, 46 anos, idades à época da feitura do relatório (24.06.2010). Por suavez, de acordo com a resposta ao quesito nº 04 (fl. 95), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria auferida pelocônjuge da recorrida, no importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais).

No que toca aos gastos e as despesas – fora vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$ 554,00 (quinhentos ecinquenta e quatro reais), distribuídos entre alimentação, medicamentos, fralda geriátrica, água, gás, e energia (fl. 94),cabendo, desde logo, ressalvar que tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição da miserabilidade,eis que provêm das necessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, piso de cerâmica, teto de telha de barro,humilde e encontra-se em boas condições de moradia, após reforma realizada pela nora da recorrida depois do óbito deseu esposo (filho da recorrida); instalações elétricas e hidráulicas; mobília simples; constituída por 6 (seis) cômodos (fl. 94).

No caso em apreço, o cônjuge da recorrida de fato recebe benefício previdenciário no valor mínimo (fl. 114) e conta comidade superior a 65 anos (83 anos à época do relatório social – 24.06.2010), enquadrando-se, portanto, no mínimo etárioexigido pelo Estatuto do Idoso, não podendo, assim, tal valor ser considerado para fins de cálculo da renda familiar percapita no âmbito da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima esposado, com a exclusão dos valores atinentes aos proventosrecebidos pelo cônjuge da recorrida a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencialora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

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ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

5 - 0001036-46.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001036-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x SEBASTIAO FERREIRA DA SILVA(ADVOGADO: GEORGIA ROCHA GUIMARAES SOUZA.).Processo n.º 0001036-46.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:SEBASTIÃO FERREIRA DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 83-86, em razão da sentença (fls.77-81) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Invoca, dentre outros, o art. 195, § 5º daConstituição da República, onde se encontra gravada a “regra da contrapartida”, e seus arts. 2º e 44, esquadros do princípioda separação dos poderes. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial.

Não foram apresentadas contrarrazões.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor do

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benefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 47-53. No que tange àcomposição familiar, consta da resposta ao quesito nº 01 (fl. 47) que o recorrido (76 anos) reside com sua esposa, Sra.Maria do Nascimento Ferreira, com 76 anos, idades à época da feitura do relatório (30.05.2010). Por sua vez, segundo aresposta ao quesito nº 04 (fl. 49), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria auferida pela esposa do recorrido,no importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais).

No que toca aos gastos, as despesas – à exceção de gás de cozinha, vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$807,00 (oitocentos e sete reais), distribuídos entre alimentação, medicamentos, energia, gás, empréstimo, água e telefone(fls. 49-50), cabendo, desde logo, a ressalva de que tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferiçãoda miserabilidade, eis que provêm das necessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de madeira, assoalho, teto de telhas de cimento, encontra-seem condições prejudicadas de moradia, abastecida com energia elétrica padrão, água encanada. No fundo da casa foi feitoum anexo de alvenaria e piso em cerâmica, onde foram construídos uma cozinha, um banheiro e uma área de serviço.

No caso em apreço, a esposa do recorrido efetivamente recebe benefício previdenciário no valor de um salário mínimo (fl.32) e conforme entendimento acima esposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita noâmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos de aposentadoria por idade, percebidos pelo marido darecorrente, a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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xdse/gabd

6 - 0001286-17.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001286-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x MARCOS ANTONIO FAGUNDES DA SILVA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo n.º 0001286-17.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:MARCOS ANTONIO FAGUNDES DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PESSOA COM DEFICIÊNCIA. APLICAÇÃODO ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 51-57, em razão da sentença (fls.46-48) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa comdeficiência,previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Invoca, dentre outros, o art. 195, § 5º daConstituição da República, onde se encontra gravada a “regra da contrapartida”, e seus arts. 2º e 44, esquadros do princípioda separação dos poderes. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 63-71.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

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Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, propriamente dita, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 27-34. No quetange à composição familiar, consta da resposta ao quesito “A” (fl. 31) que o recorrido (40 anos) reside com sua irmã, Sra.Solange Maria Teixeira, 44 anos, seus sobrinhos Ariane Teixeira 15 anos e Jean Willian Teixeira, 22 anos e sua mãe, Sra.Carmita Fagundes Teixeira, com 70 anos de idade à época da feitura do relatório (26.06.2011). Por sua vez, segundo aresposta ao quesito “C” (fl. 31), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria auferida pela genitora do recorrido, noimporte de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais).

No que toca aos gastos, as despesas – à exceção de gás de cozinha, vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$580,00 (quinhentos e oitenta reais), distribuídos entre alimentação, medicamentos, fralda geriátrica e telefone (fl. 28),cabendo, desde logo, a ressalva de que tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição damiserabilidade, eis que provêm das necessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, piso misto (cimento liso, grosso e cerâmica),telhado de amianto (“eternit”); é humilde e encontra-se em razoáveis condições de moradia (paredes com infiltração, fios deenergia expostos, frestas no telhado, etc), abastecida com energia elétrica padrão, água encanada e rede de esgoto; éconstituída por 5 (cinco) cômodos. O recorrido, conforme parecer social é pessoa totalmente debilitada, não podendo selocomover nem mesmo com cadeira de rodas (fls. 27-34).

No caso em apreço, a genitora do recorrido efetivamente recebe benefício previdenciário no valor de um salário mínimo (fl.31) e conta com idade superior a 65 anos (70 anos à época do relatório social – 26.06.2011), enquadrando-se, portanto, nomínimo etário exigido pelo Estatuto do Idoso, não podendo, assim, ser considerado para fins de cálculo da renda familiarper capita no âmbito da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima esposado, com a exclusão dos valores atinentes aos proventosrecebidos pela mãe do recorrido a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencial orapleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Xdse/gabd

7 - 0000638-39.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000638-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x HYASMIN DE MATOS LUPES(ADVOGADO: IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.).Processo n.º 0000638-39.2008.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: HYASMIN DE MATOS LUPESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PESSOA COM DEFICIÊNCIA.REQUISITOS PREENCHIDOS. FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO OBJETIVO. MISERABILIDADE AFERIDA EMCONCRETO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 125-132, em razão da sentença (fls.121-123) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao deficiente previstono art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que a recorrida não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vistaa renda per capita ser superior a ¼ do salário mínimo. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 135-138.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, com a redação conferida pela Lei nº 12.435, emvigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), o benefício assistencial de prestaçãocontinuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta ecinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida porsua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família será composta pelo requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteadossolteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS estavacondicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependentes do segurado: (i) o cônjuge, acompanheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

�Por sua vez, na esteira do novel § 2º, introduzido pela Lei nº 12.470/2011 e extraído mutatis mutandis da Convenção sobre�Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas - ONU , considera-se pessoa com deficiência

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interaçãocom diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com asdemais pessoas; e, na forma do §3º, incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.

Interessante registrar, nessa linha, a supressão da expressão “para a vida independente e para o trabalho”, ínsita no extinto�inciso II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do parágrafo 2º,

acima epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), restando, à evidência,revogado o requisito da dupla incapacidade.

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encontro da jurisprudência sumulada da Turma Nacional deUniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vida

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independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita deprover ao próprio sustento” (verbete nº 29), subtraindo da ordem jurídica a tênue linha que extremava aquela primeira daincapacidade para o trabalho.

Importa realçar, arrematando a parte introdutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõestrazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à suaentrada em vigor, desde que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, osefeitos financeiros da condenação para a data da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,conforme se tenham por implementados os requisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em umaou outra.

A controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, no período de 05.11.2007 a 18.06.2008, especificamente se épossível ou não a flexibilização do critério objetivo de aferição.

Pois bem. Em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso.

Vale transcrever a ementa do julgado. Verbis:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

�pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)

Passo, portanto, à análise do caso concreto. Consoante a análise pericial de fls. 98-99, em 06.08.2008, a recorrida foidiagnosticada com história de sofrimento durante o parto (anoxia) com atraso relativo para andar e falar; apresentou duascrises convulsivas, sendo a última há mais ou menos um mês. Apresenta-se incapaz para o exercício de atividadelaborativa. Registre-se, ademais, que atualmente a recorrida possui apenas 2 (dois) anos de idade.

De par com isso, foram feitos dois relatórios sociais. Cabe sumariar o teor do primeiro relatório social de fl. 47, realizado em23.10.2007. No que tange à composição familiar, consta que a recorrida reside com sua mãe e seu pai. Por sua vez, tem-seque a renda familiar advém do trabalho de seu genitor como auxiliar de serviços gerais, no importe de R$ 300 (trezentosreais). As despesas, a época da feitura do relatório, somavam R$ 284,00 (duzentos e oitenta e quatro reais) divididos entrealuguel, energia elétrica, água, alimentação e medicamentos quando não são adquiridos no posto de saúde.

De outra parte, o segundo relatório social, feito em 08.10.2008, às fls. 76-81, informa que a família é composta pelarecorrida e seus genitores; demonstra, ainda, que a única renda da família é o montante de R$ 415,00 (quatrocentos equinze reais) recebidos pela recorrida a título do benefício de assistencial de amparo ao deficiente; seus genitoresencontram-se desempregados. As despesas totalizam R$ 227,82 (duzentos e vinte e sete reais e oitenta e dois centavos),distribuídos entre conta de água, conta de energia, gás, alimentação e medicamentos (fl. 79).

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é cedida por familiares, de alvenaria, o piso é de cimento liso e o teto de

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eternit; observou-se que a moradia apresenta péssimas condições para habitação, com energia elétrica padrão e águacanalizada; trata-se de habitação familiar coletiva, tipo cortiço, em que residem 7 (sete) famílias no mesmo terreno (fls.76-78).

Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar a época do primeiro relatório social (R$ 300,00) e a composiçãolegal da família (recorrida e seus genitores) resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per

� �capita inferior a ¼ do salário mínimo (renda per capita = R$ 100,00 ; ¼ do salário mínimo em 2007 = R$ 95,00 ).

Descortina-se no horizonte da recorrida, entretanto, a possibilidade de aferição da miserabilidade à conta de outroselementos referentes à situação econômico-financeira do beneficiário, à exceção de gastos (i) com aquisição demedicamentos ou consultas médicas, porquanto fornecidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS, importante mecanismo de

�promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população e (ii) que provenham das necessidadesbásicas do dia-a-dia, como energia elétrica, gás de cozinha e alimentos, dentre outros, pois que carecem da necessáriauniformidade.

Assim, ainda que a renda per capita familiar mensal seja superior a ¼ do salário mínimo, apresenta-se possível a aferiçãoda condição de hipossuficiência econômica por outros meios.

Com efeito, no caso em apreço, verifica-se que a renda per capita da recorrida ficou acima do limite legal por apenas cincoreais, quantia irrelevante, logo, entendo estar caracterizada a miserabilidade da autora, fazendo jus ao recebimento dobenefício assistencial no período de 05.11.2007 a 18.06.2008.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/gabd

8 - 0000131-07.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000131-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x MARIA FIRMINAGOMES RIBEIRO LEONCIO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo n.º 0000131-07.2010.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:MARIA FIRMINA GOMES RIBEIRO LEONCIORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 48-55, em razão de sentença (fls.

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42-46) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 60-61.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 14-21. No que tange àcomposição familiar, consta à fl. 18 que a recorrida (74 anos) reside com seu marido, Sr. Antonio Leoncio, 78 anos; seufilho, Sr. Antonio Carlos Leoncio, 49 anos; sua nora, Sra. Vânia Litig Leoncio; e seus netos, Ronni Litig Leôncio, 23 anos,Rodrigo Litig Leoncio, 21 anos, Rafael Litig Leoncio, 19 anos e Rogério Litig Leoncio, 17 anos; idades à época da feitura dorelatório (21.07.2010). Por sua vez, de acordo com a resposta dada ao quesito nº 04 - fl. 15, tem-se que a renda familiaradvém da aposentadoria auferida pelo esposo da recorrida, no importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), do laborcomo taxista do seu filho - no valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), e do trabalho de sua como cozinheira no importede R$ 510,00 (quinhentos e dez reais).

No que toca as despesas tem-se que a recorrida gasta R$ 300,00 (trezentos reais) com aluguel - fl. 14.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é alugada, de alvenaria, possui piso, portas, instalações elétricas ehidráulicas normais, é dividida em 5 (cinco) cômodos pequenos: sala, cozinha, banheiro e dois quartos (fl. 14, últimoparágrafo).

Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 510,00 – resultante da aposentadoria por idade do esposo darecorrida - fl. 35) e a composição legal da família (recorrida e o seu esposo – exclusão do filho casado, da nora e de seusnetos), resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo(renda per capita = R$ 255,00; ¼ do salário mínimo = R$ 127,50).

Todavia, há de se considerar que o marido da recorrida recebe benefício previdenciário no valor mínimo e conta com idadesuperior a 65 anos (78 anos à época do relatório social – 21.07.2010), enquadrando-se, portanto, no mínimo etário exigidopelo Estatuto do Idoso, não podendo, assim, ser considerado tal valor para fins de cálculo da renda familiar per capita noâmbito da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima esposado, com a exclusão dos valores atinentes aos proventosrecebidos pelo cônjuge da recorrida, a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencialora pleiteado.

Page 20: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

9 - 0001014-48.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001014-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x JOSÉ PEREIRA DOS SANTOS(ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.).Processo n.º 0001014-48.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JOSÉ PEREIRA DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 98-103, em razão da sentença (fls.93-96) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que a renda per capita familiar é superior ao limite exigido por lei. Isso porque a composiçãofamiliar se faz, em realidade, por 4 (quatro) pessoas, a dizer, pelo recorrido e seus três filhos, porquanto separado de fatode sua ex-esposa, sendo que seus 03 filhos possuem renda. Trata-se, pois, de grupo familiar com renda maior do que 03salários-mínimos. Argumenta que a responsabilidade do Estado em auxiliar na manutenção do necessitado é sempresubsidiária e somente se confirma em caso de esgotamento dos esforços familiares, o que não é o caso. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 109-113.

Page 21: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 69-72. No que tange àcomposição familiar, consta à fl. 69 - quesito nº 01, que o recorrido (66 anos de idade à época da feitura do relatório -21.03.2011) reside sozinho. Por sua vez, foi afirmado à fl. 69 - quesito nº 02, que o recorrido não possui renda, tendo suasdespesas custeadas pelos filhos.

Averbe-se, outrossim, que, em resposta ao quesito nº 04 - fl. 69, restou consignado que o recorrido reside em um cômodocedido pela ex-esposa, de estrutura de alvenaria, piso de cimento grosso, teto de eternit, é humilde e encontra-se empéssimas condições de higiene e moradia, abastecida com energia elétrica padrão; não possui banheiro (o recorridoutiliza-se do banheiro da casa da ex-cônjuge)

Diante de tais fatos, considerando que em sua petição inicial o recorrido asseverou que reside com sua esposa e filhas,bem como que faz todas as refeições na casa de sua (ex)cônjuge já que reside em cômodo no mesmo quintal, entendo queseus filhos (três) e sua (ex)esposa integram a composição familiar a ser estabelecida no caso concreto.

De outra parte, verifica-se que, de fato as filhas do recorrido recebem benefício de caráter assistencial (fls. 81-82). Noentanto, referida renda não pode ser considerada para fins de cálculo da renda familiar per capita no âmbito da LeiOrgânica da Assistência Social – LOAS.

Destarte, do cotejo entre o montante da renda familiar (R$ 658,00) e a composição legal da família (recorrido, seus trêsfilhos e sua (ex)esposa – exclusão da renda obtida por suas filhas) resulta que objetivamente foi preenchido o requisitoatinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (renda per capita = R$ 131,60; ¼ do salário mínimo = R$ 136,25).

Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima esposado, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos derecebidos pelas filhas do recorrido, a renda familiar passa a ser apenas o valor recebido por seu filho, o que atrai odeferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do

Page 22: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

10 - 0001320-91.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001320-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x MANOEL DIOLINDO DO CARMO(ADVOGADO: CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.).Processo n.º 0001320-91.2008.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:MANOEL DIOLINDO DO CARMORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. APLICAÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO.REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 139-145, em razão da sentença (fls.134-137) que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo o Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idosoprevisto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), a contar da data de prolação dasentença.

Sustenta, em suas razões, que a renda da esposa do recorrido, somada à renda da filha que trabalha como doméstica,computado, ainda, o valor percebido do Programa “Bolsa Família”, faz com que a renda mensal per capita seja superior a ¼do salário-mínimo, não restando, pois, preenchido o requisito previsto no art. 20, §3º, da Lei 8.742/1993. Ademais, asseveraque o relatório social de fls. 46-47 apresentou outros elementos aptos a afastar a caracterização do estado demiserabilidade legalmente exigido, na medida em que informa que o recorrido reside em casa própria, de alvenaria, na áreaurbana, possuindo luz, água encanada e tratada, esgoto, sendo composta de eletrodomésticos. Pretende, assim, sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 150-159.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Importa realçar, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovações trazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº

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12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à sua entrada em vigor, desde que mais benéficasà parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os efeitos financeiros da condenação para adata da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem, conforme se tenham por implementados osrequisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em uma ou outra.

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 46-47. No que tange àcomposição familiar, consta à fl. 46 que o recorrido (74 anos) reside com sua esposa, Sra. Maria Aparecida do Carmo, 69anos (dado extraído da fl. 80); seu filho Sr. Antonio Diolindo do Carmo, 34 anos; sua filha, Sra. Maria Aparecida do Carmo,39 anos e seus netos, Fábio Junior Rodrigues do Carmo, 14 anos, Fabiano do Carmo Moreira 11 anos, e Rafael do Carmo,05 anos, idades à época da feitura do relatório (31.10.2008). Por sua vez, foi informado que a renda familiar advém daaposentadoria auferida pela esposa do recorrido, no importe de R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais) e do labor de suafilha como doméstica - R$ 300,00 (trezentos reais), a qual recebe ainda o valor de R$ 112,00 (cento e doze reais) doPrograma “Bolsa Família” do Governo Federal– fl. 46.

No que toca aos gastos as despesas – fora vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$ 472,00 (quinhentos e setenta edois reais), distribuídos entre alimentação, água, energia elétrica e gás de cozinha (fl. 46), cabendo, desde logo, a ressalvade que tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição da miserabilidade, eis que provêm dasnecessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, em estado regular, com piso de cimento etelhado de amianto (Eternit), energia elétrica padrão, água encanada e rede de esgoto, além de equipada com móveissimples e desgastados (fl. 46).

No caso em apreço, a esposa do recorrido de fato recebe benefício previdenciário no valor mínimo (aposentadoria poridade - fl. 80) e conta com idade superior a 65 anos (69 anos à época do relatório social – 31.10.2008), enquadrando-se,portanto, no mínimo etário exigido pelo Estatuto do Idoso, não podendo ser considerado tal valor para fins de cálculo darenda familiar per capita no âmbito da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.

Assim, conforme entendimento jurisprudencial acima esposado, com a exclusão dos valores atinentes aos proventosrecebidos pela esposa do recorrido, resulta que objetivamente foi preenchido o requisito atinente à renda per capita.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Xdse/jesgecs

11 - 0000483-56.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000483-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDINALDO LUIZ FERREIRA(ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo n.º 0000483-56.2010.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: Vara Federal de ColatinaRecorrente: EDINALDO LUIZ FERREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. DEFICIENTE. INCAPACIDADE PARCIAL EDEFINITIVA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 138-149, em razão da sentença (fls.132-137) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previstono art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente (43 anos de idade), emresumo, que a renda familiar provém exclusivamente do benefício de pensão por morte no valor de um salário mínimopercebida por sua mãe que possui 65 anos de idade e, ainda, que segundo entendimento jurisprudencial, esse benefíciodeve ser excluído do computo da renda per capita.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 142-143.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. De fato, na sessão de 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº�580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 34 do Estatuto

do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda per capita noâmbito da denominada LOAS.

Entretanto, analisando a situação em apreço, verifico que a deficiência do recorrente o incapacita parcial e definitivamente,porém com possibilidade de reabilitação (quesito nº 12 do laudo médico pericial – fls. 113-117). Portanto, com capacidaderesidual.

Assim, na perspectiva do amparo assegurado a partir da convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 13de dezembro de 2006, e seu Protocolo Facultativo assinado em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, aprovado peloDecreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 e promulgado pelo Decreto nº 6949, de 25 de agosto de 2009, se extraibasicamente, que: (i) pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental,intelectual ou sensorial, as quais, em interação com diversas barreiras podem obter sua participação plena e efetiva nasociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (artigo 1º); e (ii) incapacidade é um fenômenomultidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução, efetiva eacentuada da capacidade de inclusão social em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seuambiente físico e social (artigo 4º, inciso III).

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Dessa forma, a subsunção do quadro de funcionalidades que se extrai do relatório social – o qual não faz referência a todoambiente familiar do recorrente - e do laudo médico produzido por perito especializado (fl. 117) não se harmoniza com asdiretivas antes realçadas.

Portanto, voto no sentido de confirmar, por fundamento diverso, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 61, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

12 - 0005204-92.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005204-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x REGINA HARCKBART (ADVOGADO:RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.).Processo n.º 0005204-92.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:REGINA HARCKBARTRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ESTATUTO DO IDOSO. REQUISITOSLEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 59-65, em razão da sentença (fls.55-57) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao idoso previsto no art.20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta, em suas razões, que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao estabelecer que não serácomputado para os fins do cálculo da renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seusmembros. Aduz que se o legislador tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer outros benefícios, aexemplo dos previdenciários, teria assentado a diretriz de forma expressa. Invoca, dentre outros, o art. 195, § 5º daConstituição da República, onde se encontra gravada a “regra da contrapartida”, e seus arts. 2º e 44, esquadros do princípioda separação dos poderes. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 72-79.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, com a redação conferida pela Lei nº 12.435, emvigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), o benefício assistencial de prestaçãocontinuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta ecinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por suafamília. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família será composta pelo requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteadossolteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem, a controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não aaplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de modo que o valor dobenefício previdenciário auferido por qualquer membro idoso da família, no patamar mínimo, também seja excluído docômputo da renda familiar.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013, julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Page 26: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Perfilhou-se o entendimento, segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise de mérito, propriamente dita, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 33-40. No quetange à composição familiar, consta da resposta ao quesito “B” (fl. 36) que a recorrida (71 anos) reside com seu cônjuge,Sr. Henrique Harckbart, com 73 anos de idade à época da feitura do relatório (14.09.2012). Por sua vez, segundo aresposta ao quesito “D” (fl. 36), tem-se que a renda familiar advém da aposentadoria por idade auferida pelo marido darecorrida, no importe de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais), o que correspondia, à época, a um salário mínimo.

No que toca aos gastos com alimentação não soube a recorrida informar os valores, pois quem os adquire é o seu esposo;as demais despesas – à exceção de gás de cozinha, vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$ 154,00 (cento ecinquenta e quatro reais), distribuídos entre energia elétrica, água e telefone (fl. 34), cabendo, desde logo, a ressalva de quetais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição da miserabilidade, eis que provêm das necessidadesdo dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é própria, de alvenaria, piso de cerâmica, teto de laje, é simples eencontra-se em boas condições de moradia, abastecida com energia elétrica padrão, água encanada e rede de esgoto; éconstituída por 5 (cinco) cômodos.

No caso em apreço, o esposo da recorrida efetivamente recebe benefício previdenciário no valor de um salário mínimo (fl.53) e conforme entendimento acima esposado, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capita noâmbito da denominada LOAS.

Assim, com a exclusão dos valores atinentes aos proventos de aposentadoria por idade, percebidos pelo marido darecorrente, a renda familiar passa a ser nula, o que atrai o deferimento do benefício assistencial ora pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

13 - 0000595-57.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000595-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DELCIETES MACHADOSANTOS (ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).Processo n.º 0000595-57.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: Vara Federal de LinharesRecorrente: DELCIETES MACHADO SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 68-74, em razão da sentença (fls.63-66) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previsto noart. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta a recorrente, em resumo, que a situaçãode miserabilidade de seu grupo familiar restou comprovada. Além disso, alega que a renda percebida por seu filho não pode

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ser considerada para o computo da renda per capita familiar, já que este não consegue vinculo longo de emprego por terque prestar assistência à requerente e seu esposo que possuem doenças incapacitantes e são idosos.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 80-82.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita familiar, especialmente se a rendaauferida pelo filho da recorrente compõe ou não a renda familiar.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 48-50. No quetange à composição familiar, consta do relatório social que a recorrente (67 anos) reside com o esposo Sr. Ailton da SilvaSantos, 73 anos e seu filho Sr. Deylton Santos, 40 anos. Segundo a resposta ao quesito “2”, tem-se que a renda familiar éproveniente da aposentadoria recebida pelo esposo da recorrente no valor de um salário mínimo. Foi informado quando dafeitura do relatório social em setembro de 2012 que o filho da recorrente estava desempregado, embora às fls. 54-59 consteinformação de que no mesmo mês ele estava empregado e auferiu renda de R$ 700,00 (setecentos reais).

Com relação às despesas habituais esclarece o relatório social que são assim distribuídas: R$133,95 (cento e trinta e trêsreais e noventa e cinco centavos) com conta de energia; R$38,52 (trinta e oito reais e cinquenta e dois centavos) com contade água; R$38,00 (trinta e oito reais) com gás de cozinha; R$350,00 (trezentos e cinqüenta reais) com alimentação;R$14,02 (catorze reais e dois centavos) com medicação.

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, coberta com telha de amianto e piso de cimento queimado. Estádividida em 05 (cinco) cômodos: dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Apresenta boas condições de habitabilidade ehigiene. Possui energia elétrica padrão, água potável encanada, esgoto depositado em fossa séptica e o lixo doméstico écoletado.

Conforme exposto no item “3”, a renda auferida pelo filho da recorrente deve ser considerada para o computo da renda percapita familiar porquanto o mesmo mora junto com seus pais.

Nesse diapasão o quadro fático não denota situação de miserabilidade do recorrente que justifique a concessão dobenefício assistencial.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 55/56, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

14 - 0001049-46.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001049-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAIDE BERTULANIFERREIRA (ADVOGADO: ISAAC PAVEZI PUTON.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Marcos Figueredo Marçal.).Processo n.º 0001049-46.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: ALAÍDE BERTULANI FERREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 47-54, em razão da sentença (fls.42-44) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previsto noart. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta a recorrente, em resumo, que em sendoconsiderado os gastos que possui com medicamentos, a renda per capita de seu grupo familiar é inferior a ¼ do saláriomínimo, restando assim caracterizado o requisito da miserabilidade.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 58-64.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

A controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, uma vez que não foi reconhecida a condição dehipossuficiência da recorrente.

Pois bem. Em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso e mediante acurácia no atendimento aos requisitos constantes do art. 20, §6º, daLOAS.

Oportuno transcrever a ementa do julgado do STF:

“Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

��pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)”

Assim, o referido critério objetivo encontra-se superado para caracterizar a situação de miserabilidade.

No caso sob exame, no que tange à composição familiar, consta do relatório social (fls. 29-36) que a recorrente (63 anos)reside com o esposo, Sr. Aíde Jorge Ferreira, 76 anos de idade, a filha Alessandra Ferreira, 36 anos e a neta LudmilaFerreira do Amaral, 3 anos de idade. Segundo a resposta ao quesito “C” (fl. 33), a renda familiar advém da aposentadoriaauferida pelo marido da recorrente, no importe de R$1.000,00 (mil reais). Conforme se depreende da resposta ao quesito

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“E” (fl. 34), a recorrente enfrenta despesas com remédio de uso contínuo no valor de R$210,00 (duzentos e dez reais).

As despesas mensais (fl. 30) são assim distribuídas: contas de água (R$ 60,00 – sessenta reais), de energia (R$ 70,00 –setenta reais), medicamentos da recorrente (R$100,00 – cem reais), medicamentos do cônjuge da recorrente (R$65,00 –sessenta e cinco reais), medicamentos da filha Alessandra (R$45,00 – quarenta e cinco reais), leite em pó da neta(R$110,00 – cento e dez reais) e alimentação (R$ 500,00 – quinhentos reais).

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, e composta por 03 (três) cômodos (dois quartos e uma cozinha) e umbanheiro. O piso é de cerâmica e o teto de laje. Situa-se no primeiro pavimento de uma casa composta por dois andares,sendo que no segundo andar, habita um dos filhos da recorrente. Ainda segundo parecer social, a casa é humilde, porémcom boas condições de moradia.

Nesse diapasão o quadro fático não denota situação de miserabilidade da recorrente.

Tenha-se presente que a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza e “miserabilidade” são situações distintas.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 28, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

15 - 0005633-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005633-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IPHRAIM ANTONIO DA SILVA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo n.º 0005633-64.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: IPHRAIM ANTONIO DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 64-74, em razão da sentença (fls.58-61) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previsto noart. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta a recorrente, em resumo, que a rendaproveniente da aposentadoria de sua esposa deve ser excluída do computo da renda per capita familiar. Assim sendo feito,argumenta que a renda per capita de seu núcleo familiar fica em torno de ½ salário mínimo o que, segundo seuentendimento, caracteriza a condição de hipossuficiência de sua família.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 80-82.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita familiar, uma vez que não foi reconhecidona sentença o estado de miserabilidade que justificasse a percepção do benefício assistencial.

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Calha pertinenete evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013 julgou o mérito do recurso�extraordinário 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 34

do Estatuto do Idoso, porquanto considerou-se violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 23-29. No quetange à composição familiar, consta do relatório social (fls. 24-35) que o recorrente (76 anos) reside somente com a esposaSra. Idelina Rosa de Jesus, também com 76 anos. Segundo a resposta ao quesito “5” (fl. 26), tem-se que a renda familiaradvém da aposentadoria auferida pela esposa do recorrente no valor de um salário mínimo.

Com relação às despesas habituais (fl. 24) esclarece o relatório social que são assim distribuídas: R$45,00 (quarenta ecinco reais) com conta de energia e R$29,00 (vinte e nove reais) com conta de água. No momento do relatório social nãoforam informados os gastos com alimentação, pois a compra dos alimentos é feita de forma esporádica.

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, e composta por 05 (cinco) cômodos: sala, copa, cozinha, dois quartose um banheiro. O piso é de cerâmica e o teto de laje. Apresenta boas condições de moradia (fl. 23).

Em que pese o entendimento jurisprudencial esposado nos itens 5 e 6, no presente caso tem-se que a esposa do autorrecebe, além de sua aposentadoria, o benefício de pensão (fls. 47-48). Assim, verifico que não há aspecto devulnerabilidade social para a concessão do benefício assistencial.

Tenha-se presente que a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza e “miserabilidade” são situações distintas.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 20, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

16 - 0002848-61.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002848-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) APARECIDA CANDIDAFACUNDS DA SILVA (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo n.º 0002848-61.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: APARECIDA CANDIDA FACUNDS DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 97-107, em razão da sentença (fls.81-82) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previsto noart. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS) em virtude de a renda per capita da famíliaextrapolar o limite de ¼ de salário mínimo.

Sustenta a recorrente, em resumo, que (i) o fato de o cônjuge da recorrente contribuir para a previdência não configura

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salário percebido por mês e que (ii) todo e qualquer valor correspondente a benefício assistencial pago para familiares doidoso não deve ser computado para fins de cálculo da renda familiar.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 112-119.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita especificamente se é possível ou não aexclusão dos valores auferidos pelo esposo da requerente para o cômputo da renda per capita familiar, em interpretaçãoanalógica ao §3º, artigo 20, da LOAS.

No ponto, calha pertinente evidenciar que o Supremo Tribunal Federal, na sessão de 18.04.2013 julgou o mérito do�Recurso Extraordinário nº 580.963/PR , em sede de repercussão geral, e declarou a inconstitucionalidade do parágrafo

único do art. 34 do Estatuto do Idoso, porquanto considerou violado o princípio da isonomia.

Perfilhou-se o entendimento segundo o qual qualquer benefício assistencial ou previdenciário não excedente a um saláriomínimo concedido a qualquer membro da família, não será considerado para os fins de cálculo da renda familiar per capitano âmbito da denominada LOAS.

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dita, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 33-40. No quetange à composição familiar, consta do relatório social (fls. 40-46) que a recorrente (65 anos) reside com o esposo, Sr.Sebastião Leonel da Silva, 59 anos e o filho Washington Fernando Cândido da Silva, 34 anos. Conforme se verifica emresposta ao quesito “4” (fl. 45), a renda familiar no importe de R$350,00 (trezentos e cinqüenta reais) advém de “biscate”que o filho da autora realiza como ajudante de pedreiro, sendo, portanto, incerta. A requerente e o esposo utilizam remédiosde uso contínuo (quesito “5”, fl. 45), cuja despesa gira em torno de R$125,00 (cento e vinte e cinco reais).

As despesas mensais (fl. 41) são assim distribuídas: Conta de água: R$12,00 – doze reais; Energia: R$32,00 – trinta e doisreais; Telefone: R$ 31,00 – trinta e um reais; INSS do Sr. João: 59,40 – cinqüenta e nove reais e quarenta centavos emedicamentos: R$125,00 (cento e vinte e cinco reais). Não souberam informar os gastos referentes à alimentação, poiscompram alimentos de forma esporádica.

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, constituída por dois andares. No primeiro andar há um quarto, umasala, uma cozinha e um banheiro. No segundo andar há dois quartos. O piso é misto (cerâmica e cimento) e o teto é de lajee telha de amianto (“eternit”).

No caso em apreço, constata-se que o esposo da requerida contribui para a previdência social como contribuinte individual(fls. 62-69) desde 1990 até os dias atuais no valor correspondente a R$545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais. Assim,em não se tratando referida renda de benefício assistencial ou previdenciário, conforme entendimento acima esposado, ovalor não deve ser excluído para fins de averiguação da renda per capita da família.

Nesse diapasão o quadro fático não denota situação de miserabilidade da recorrente.

Tenha-se presente que, a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza e “miserabilidade” são situações distintas.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 82, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do

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recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

17 - 0001011-93.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001011-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NIVALDO DIAS PINHEIRO(ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).Processo n.º 0001011-93.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: VF de LinharesRecorrente: NIVALDO DIAS PINHEIRORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 108-113, em razão da sentença (fls.102-106) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previstono art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS) em virtude de a renda per capita da famíliaextrapolar o limite de ¼ de salário mínimo.

Sustenta o recorrente, em resumo, que restou configurada a condição de miserabilidade e que a renda de suas filhas nãodeve ser computada para o cálculo da renda per capita familiar.

Embora intimado (fl. 118), o INSS deixou de apresentar contrarrazões.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS estavacondicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependentes do segurado: (i) o cônjuge, acompanheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

Pois bem. A controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita, especificamente se a renda auferidapelas filhas do recorrente compõe ou não a renda per capita familiar.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dita, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 68-71. No quetange à composição familiar, consta da resposta ao quesito “1” que o recorrente reside com a esposa Maria Aguiar Pinheiro,duas filhas: Janete e Matilde Aguiar Pinheiro e o neto Thiago Aguiar Pinheiro Lacerda. Conforme se verifica em resposta aoquesito “2” (fl. 68), a renda familiar é de R$ 545 (quinhentos e quarenta e cinco reais), que à época do relatório socialcorrespondia a um salário mínimo, proveniente da aposentadoria de sua esposa. O recorrente não soube informar a rendade suas filhas, mas afirmou que elas contribuem para o pagamento das despesas (quesito “6”, fl. 70).

As despesas mensais (fls. 68-69) são assim distribuídas: Conta de água - R$41,42 (quarenta e um reais e quarenta e doiscentavos); Energia - R$144,53 (cento e quarenta e quatro reais e cinqüenta e três centavos); Telefone - R$ 60,69 (sessentareais e sessenta e nove centavos); gás de cozinha - R$38,00 (trinta e oito reais); Alimentação - R$400,00 (quatrocentosreais); medicamentos do recorrente - R$26,39 (vinte e seis reais e trinta e nove centavos); medicamentos da esposa dorecorrente - R$57,69 (cinquenta e sete reais e sessenta e nove centavos).

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, com laje e coberta com telha tipo “eternit” e piso cerâmico. Estádividida em oito cômodos: três quartos, sala, copa, cozinha, banheiro e área de serviço. Possui energia elétrica padrão,água potável encanada, esgoto interligado a rede de tratamento e o lixo doméstico é coletado.

No caso em apreço, as filhas do recorrente que com ele residem fazem parte de seu grupo familiar, devendo aremuneração, de fato, ser incluída no cálculo da renda per capita, conforme já esposado no item “3”.

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Nesse diapasão o quadro fático não denota situação de miserabilidade do recorrente que justifique a concessão dobenefício assistencial.

Tenha-se presente que, a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza” e “miserabilidade” são situações distintas.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaàs fls. 55-56, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

18 - 0000796-83.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000796-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) KILDARE MARCIO SEIDELPORTO (ADVOGADO: CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000796-83.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: Vara Federal de LinharesRecorrente: KILDARE MARCIO SEIDEL PORTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 138-149, em razão da sentença (fls.133-136) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previstono art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em resumo, que emsendo considerado os elevados gastos que possui com medicamentos a renda per capita de sua família é inferior a ¼ desalário mínimo. Assim, argumenta que a analise da miserabilidade deve levar em consideração outros critérios que nãoapenas o previsto no §3º do artigo 20 da LOAS.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 106-111.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS estavacondicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependentes do segurado: (i) o cônjuge, acompanheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.

�Por sua vez, na esteira do novel § 2º, introduzido pela Lei nº 12.470/2011 e extraído mutatis mutandis da Convenção sobre�Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas - ONU , considera-se pessoa com deficiência

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interaçãocom diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com asdemais pessoas.

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Interessante registrar, nessa linha, a supressão da expressão “para a vida independente e para o trabalho”, ínsita no extinto�inciso II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do parágrafo 2º,

acima epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), restando, à evidência,revogado o requisito da dupla incapacidade.

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encontro da jurisprudência sumulada da Turma Nacional deUniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vidaindependente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita deprover ao próprio sustento” (verbete nº 29), subtraindo da ordem jurídica a tênue linha que extremava aquela primeira daincapacidade para o trabalho.

Importa realçar, arrematando a parte introdutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõestrazidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento administrativo é anterior à suaentrada em vigor, desde que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, osefeitos financeiros da condenação para a data da publicação das respectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,conforme se tenham por implementados os requisitos para a concessão do benefício assistencial com supedâneo em umaou outra.

A controvérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita uma vez que, embora tenha sido constatada aalienação mental do autor (fls. 101), não foi reconhecido o estado de miserabilidade de sua família que justificasse apercepção do benefício assistencial.

Pois bem. Em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada, caso a caso e mediante acurácia no atendimento aos requisitos constantes do art. 20 caput e §6º, da LOAS.

Oportuno transcrever a ementa do julgado do STF:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

��pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)

Assim, o referido critério objetivo encontra-se superado para caracterizar ou não a situação de miserabilidade.

No caso sob exame, no que tange à composição familiar, consta do relatório social (fls. 114-117) que o recorrente residecom seus genitores, Sra. Maria Seidel Porto e Sr. Demóstenes Seidel Porto. Segundo a resposta ao quesito “2” (fl.114-115), tem-se que a renda familiar é equivalente a R$1.244,00 (Um mil, duzentos e quarenta e quatro reais) mensais,proveniente das aposentadorias recebidas pelos genitores do recorrente que nunca trabalhou e não possui renda.

As despesas (quesito “3”, fl. 114-115) totalizam R$ 836,99 (oitocentos e trinta e seis reais e noventa e nove centavos),distribuídos entre contas de água (R$ 28,61 – vinte e oito reais e sessenta e um centavos), de energia (R$ 62,00 – sessenta

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e dois reais), alimentação (R$ 500,00 – quinhentos reais), água mineral (R$12,00 – doze reais), gás de cozinha (R$40,00 –quarenta reais) e medicamentos (R$ 194,38 – cento e noventa e quatro reais e trinta e oito centavos).

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, coberta com telha de amianto, possuindo reboco interno e externo, pisode cerâmica e possui energia elétrica padrão, água potável encanada, esgoto depositado em fossa séptica e o lixodoméstico é coletado pela municipalidade. Está dividida em cinco cômodos: dois quartos, sala, cozinha e banheiro.Segundo o parecer social (quesito “4”, fl. 115), a residência encontra-se em boas condições de conservação, porém compouca acessibilidade, considerando-se que ali residem dois idosos e uma pessoa com deficiência mental.

Nesse diapasão o quadro fático não denota situação de miserabilidade.

Tenha-se presente que, a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza e “miserabilidade” são situações distintas.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 84, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

19 - 0004622-29.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004622-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ALVES FERREIRA(ADVOGADO: VERA LÚCIA FÁVARES, ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, FLAVIA SCALZI PIVATO,TATIANA MARQUES FRANÇA, LARA CHAGAS VAN DER PUT, MAURA RUBERTH GOBBI, RONILCE ALESSANDRAAGUIEIRAS, JOCIANI PEREIRA NEVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MarcosFigueredo Marçal.).Processo n.º 0004622-29.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: MARIA ALVES FERREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 89-101, em razão da sentença (fls.75-77) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previsto noart. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta a recorrente, em resumo, que amiserabilidade não pode ser considerado sob o aspecto exclusivamente objetivo da renda per capita, sendo imprescindívelconsiderar os demais quesitos que podem conferir à uma família a condição de miserabilidade.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 106-111.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

A controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível a flexibilização do critério

Page 36: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

objetivo de aferição (§3º, art. 20, da LOAS)

Pois bem. Em 18.04.2013 o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso e mediante acurácia no atendimento aos requisitos constantes do art. 20 caput e §6º, da LOAS.

Oportuno transcrever a ementa do julgado do STF:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

��pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)

Assim, o referido critério objetivo encontra-se superado para caracterizar a situação de miserabilidade.

No caso sob exame, no que tange à composição familiar, consta do relatório social (fls. 24-35) que a recorrente (68 anos)reside com o esposo, Sr. Ailtom Ferreira Filho, 64 anos de idade à época da feitura do relatório (21.08.2011), a filha JaquelirAlves Ferreira, 25 anos e a neta Miqueli Alves Ferreira, 06 anos de idade. Segundo a resposta ao quesito “4” (fl. 31), tem-seque a renda familiar advém da aposentadoria por invalidez auferida pelo marido da recorrente, no importe de um saláriomínimo e do salário de sua filha, com a profissão de faxineira, também no valor de um salário mínimo. Conforme sedepreende da resposta ao quesito “5” (fl. 31), a parte não enfrenta despesas com remédio de uso contínuo.

As despesas (fl. 27) totalizam R$ 769,00 (setecentos e sessenta e nove reais), distribuídos entre contas de água (R$ 102,00– cento e dois reais), de energia (R$ 130,00 – cento e trinta reais), de telefone (R$ 87,00 – oitenta e sete reais), alimentação(R$ 350,00 – trezentos e cinqüenta reais) e medicamentos (R$ 100,00 – cem reais).

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, e composta por 03 (três) quartos, sala, copa, cozinha, banheiro, áreade serviço e varanda. O piso é de cerâmica e o teto de laje; observou-se que a moradia apresenta boas condições dehabitação (resposta ao quesito “3” às fls. 30-31).

Ainda segundo o parecer social, (item IV do Relatório Social, à fl. 29), a situação sócio-econômica da parte não deixoutransparecer aspectos de vulnerabilidade social.

Nesse diapasão o quadro fático não denota situação de miserabilidade da recorrente.

Tenha-se presente que, a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza” e “miserabilidade” são situações distintas.

Merece reparo a sentença recorrida apenas na fundamentação no tocante à aplicação do critério objetivo previsto no §3º,art. 20 da LOAS.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento por fundamento parcialmente diverso.

Page 37: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 18, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

20 - 0000842-11.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000842-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.) x JACI ECAR DE MATOS (ADVOGADO: RômuloQuedevez Grobério, CICERO QUEDEVEZ GROBERIO.).Processo nº 0000842-11.2007.4.02.5054/01– Juízo de Origem: 1ª VF de ColatinaEmbargante: JACI ECAR DE MATOSEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CÔMPUTO DE PERÍODOLABORADO. BIS IN IDEM. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 388-394, em razão doacórdão de fls. 385-386, que deu provimento ao recurso da autarquia previdenciária, julgando improcedente o pedidoautoral, porquanto o período reconhecido na sentença já havia sido computado administrativamente. Alega, em síntese,inocorrência de bis in idem; preclusão quanto à alegação autárquica, vez que não aduzida na contestação. Pretende sejamsanados os apontados vícios, dando-se efeitos infringentes aos presentes embargos para modificar o acórdão e confirmar asentença na sua integralidade.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamente analisados na decisão colegiada.

A constatação do cômputo em duplicidade do período já reconhecido administrativamente encontra-se devidamentefundamentado, conforme se observa do trecho elucidativo do julgado, in verbis:

(...) 3. Em suas razões recursais, alega o recorrente que a sentença deixou de apreciar a questão apresentada pelaautarquia previdenciária às fls. 131/132, no sentido de que todo o período pleiteado nesta demanda já foi averbado pelaautarquia após decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social (fl. 110).4. A contagem de tempo de serviço de fls. 110/111, referida na sentença, demonstra que o autor contava com 30 anos, 03meses e 06 dias de tempo de serviço até a data de entrada do requerimento administrativa, nela podendo ser observadaque já se encontra incluído o período de 01/01/1969 a 31/12/1977 como de atividade rural em regime de economia familiar.Sendo assim, tem razão o recorrente quando afirma que a sentença somou o período total reconhecido pelo INSS (30 anos,3 meses e 6 dias) ao período de atividade rural reconhecido na sentença (06/1969 a 02/1974 e 07/1974 a 05/1977),computando duas vezes um mesmo período de atividade rural e acrescentando indevidamente 06 anos e 06 meses nocômputo de tempo de serviço do autor.5. Ressalte-se que, na petição protocolizada após a interposição do recurso (fls. 330/333), informa a autarquiaprevidenciária que foi concedida administrativamente ao autor a aposentadoria por idade (NB 147.438.037-6), com DIB eDIP em 21/01/2009, já tendo o autor efetuado os saques dos respectivos proventos.6. Diante do que foi exposto e analisado, dou provimento ao recurso para julgar improcedente a ação.

In casu, o reconhecimento do tempo de serviço referente ao período laborado entre 01.01.1969 a 31.12.1977 foi computadoadministrativamente, de forma que a aposentadoria do embargante foi concedida antes da prolação da sentença einformada pelo INSS nos autos, conforme se afere do item “3” do acórdão impugnado.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, a

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contradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

gabd

21 - 0003733-46.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003733-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x MARIA DA GLORAIA (DEF.PUB:RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).Processo nº. 0003733-46.2009.4.02.5050/01– Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA DA GLORAIARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. JULGAMENTO DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EXCEPCIONALPRESCINDIBILIDADE DE PUBLICAÇÃO. EFEITO VINCULANTE. RECURSO IMPROVIDO. ACORDÃO MANTIDO.Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 103-110, em razãodo acórdão (fls. 98-100), para fins de prequestionamento. Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foiomisso e contraditório quanto à eficácia da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas Ações Diretas deInconstitucionalidade nºs ADI 4357/DF e ADI 4425/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgadasem 13 e 14.03.2013, conforme Informativo nº 698 do STF, sob a alegativa de que o entendimento não é definitivo, uma vezque o acórdão daquele julgamento ainda não foi publicado.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento exige a presençade um ou mais dos motivos previstos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, ou seja: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida,esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, este aponta a existênciade omissão e contradição no julgado.Consigne-se, a pendência de publicação do julgado no bojo de Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI não impede aprodução de seus efeitos, tendo em vista o efeito vinculante da decisão proferida pelo STF em sede de controleconcentrado de constitucionalidade; de par com o imperativo da busca permanente de tornar efetiva a garantia do temporazoável de duração do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição da República), dentre outros aspectos ligados àefetividade jurisdicional. Nesse sentido, mutatis mutandis, é o entendimento do próprio STF ao ensejo das Reclamações15.926, relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 28/06/2013, DJe-148 DIVULG 31/07/2013 PUBLIC 01/08/2013;16.031 relatoria do Ministro Roberto Barroso, julgamento em 21/08/2013, DJe-167 DIVULG 27/08/2013 PUBLIC 27/08/2013;e 16.033 relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 26/08/2013, DJe-172 DIVULG 02/09/2013 PUBLIC 03/09/2013.Noutro ângulo, oportuno realçar Decisão ainda no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF, ao ensejo do Agravo deInstrumento nº 758.396 Espírito Santo, relatoria do Ministro CELSO DE MELLO, aplicável à matéria sob exame, in verbis:

“(...) A configuração jurídica do prequestionamento decorre de sua oportuna formulação em momento procedimentalmenteadequado. Não basta, no entanto, só arguir, previamente, o tema de direito federal para legitimar o uso da via do recursoextraordinário. Mais do que a satisfação dessa exigência, impõe-se que a matéria constitucional questionada tenha sidoefetivamente apreciada na decisão recorrida (RTJ 98/754 – RTJ 116/451).”

Assim colocado, nenhuma das hipóteses constantes do art. 48 da Lei nº 9.099/1995, conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001 identifica-se na matéria em foco; porquanto a causa de pedir destes embargos, cuida, isto sim, é de aspecto

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secundário e superveniente ao mérito objeto do acórdão objurgado.

Nessas condições, os desprovejo. É o voto.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, àunanimidade, no sentido de conhecer e negar provimento aos embargos de declaração, na forma da ementa integrante dojulgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

gabd

22 - 0005702-28.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005702-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELINO DA CUNHA(ADVOGADO: RAUL DIAS BORTOLINI, ANDERSON MACOHIN SIEGEL, VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº. 0005702-28.2011.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: MARCELINO DA CUNHARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. JULGAMENTO DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EXCEPCIONALPRESCINDIBILIDADE DE PUBLICAÇÃO. EFEITO VINCULANTE. RECURSO IMPROVIDO. ACORDÃO MANTIDO.

Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 116-123, em razãodo acórdão (fls. 110-113), para fins de prequestionamento. Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foiomisso e contraditório quanto à eficácia da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas Ações Diretas deInconstitucionalidade nºs ADI 4357/DF e ADI 4425/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgadasem 13 e 14.03.2013, conforme Informativo nº 698 do STF, sob a alegativa de que o entendimento não é definitivo, uma vezque o acórdão daquele julgamento ainda não foi publicado.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento exige a presençade um ou mais dos motivos previstos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, ou seja: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida,esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, este aponta a existênciade omissão e contradição no julgado.Consigne-se, a pendência de publicação do julgado no bojo de Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI não impede aprodução de seus efeitos, tendo em vista o efeito vinculante da decisão proferida pelo STF em sede de controleconcentrado de constitucionalidade; de par com o imperativo da busca permanente de tornar efetiva a garantia do temporazoável de duração do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição da República), dentre outros aspectos ligados àefetividade jurisdicional. Nesse sentido, mutatis mutandis, é o entendimento do próprio STF ao ensejo das Reclamações15.926, relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 28/06/2013, DJe-148 DIVULG 31/07/2013 PUBLIC 01/08/2013;16.031 relatoria do Ministro Roberto Barroso, julgamento em 21/08/2013, DJe-167 DIVULG 27/08/2013 PUBLIC 27/08/2013;e 16.033 relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 26/08/2013, DJe-172 DIVULG 02/09/2013 PUBLIC 03/09/2013.Noutro ângulo, oportuno realçar Decisão ainda no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF, ao ensejo do Agravo deInstrumento nº 758.396/Espírito Santo, relatoria do Ministro CELSO DE MELLO, aplicável à matéria sob exame, in verbis:“(...) A configuração jurídica do prequestionamento decorre de sua oportuna formulação em momento procedimentalmenteadequado. Não basta, no entanto, só arguir, previamente, o tema de direito federal para legitimar o uso da via do recursoextraordinário. Mais do que a satisfação dessa exigência, impõe-se que a matéria constitucional questionada tenha sidoefetivamente apreciada na decisão recorrida (RTJ 98/754 – RTJ 116/451).”

Assim colocado, nenhuma das hipóteses constantes do art. 48 da Lei nº 9.099/1995, conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001 identifica-se na matéria em foco; porquanto a causa de pedir destes embargos, cuida, isto sim, é de aspectosecundário e superveniente ao mérito objeto do acórdão objurgado.Nessas condições, os desprovejo. É o voto.

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A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, conhecer enegar provimento aos embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

23 - 0005281-09.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005281-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCDOR:JOSE NILSO DE LIRIO.) x BRENDON FELIPE MENDES CABRAL (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo nº 0005281-09.2009.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: BRENDON FELIPE MENDES CABRALRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 156-165, em razão doacórdão de fls. 147-149. Alega, em síntese, que o acórdão guerreado foi omisso e contraditório quanto ao meio de provaconsiderado para extensão do período de graça, quando da aplicação da Súmula nº 27 da Turma Nacional deUniformização - TNU. Aduz ainda que a tese invocada no julgado contraria o disposto no art. 15, § 2º da Lei nº 8.213/1991,dando-lhe interpretação diversa da recentemente adotada pelo Superior Tribunal de Justiça. Pretende sejam sanados osapontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.

A constatação da condição de desempregado do segurado, neste caso, consta da sentença proferida em audiência às fls.67-68. Confira-se trecho elucidativo do julgado, in verbis:

(..) Segundo as testemunhas, o falecido praticava aquilo que é comumente denominado de “bico”. A meu ver o “bico” podecaracterizar atividade profissional que qualifique seu executor como contribuinte individual. Quando isso ocorrer, seráexigível do mesmo que contribua para a previdência como tal. Entretanto, acredito que tal qualificação exige um mínimo deregularidade fática a lhe sustentar como atividade profissional. Pelo que pude concluir da análise das testemunhas, ofalecido não detinha tal regularidade fática. A atividade de “bico” era esporádica e incerta. O que a qualifica muito maiscomo meio de sobrevivência tipificável na seara trabalhista do que como atividade profissional. Assim considero que ofalecido estava efetivamente desempregado após o término dos 12 meses da primeira prorrogação do período de graça.Faz jus, portanto, à segunda prorrogação prevista. Com ambas as prorrogações, o falecido encontrava-se segurado porocasião de seu óbito.

Assim, repita-se, não se verifica omissão ou contradição, porquanto o acórdão manteve a sentença de primeiro grau porseus próprios fundamentos.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, o que implica a verificação do encadeamento racional entre as proposições internas do texto.Nada disso foi demonstrado pelo embargante.

Outrossim, a hipótese de o acórdão não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alega incidirna espécie, neste caso, não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de ProcessoCivil, pois o órgão julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas asalegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos

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levantados, senão guiar-se pelo princípio da congruência, de tal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa nãooportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que se achem presentes os elementos constitutivos definidos pelaLei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

mms/gabd

24 - 0002076-69.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.002076-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALFREDO KILIAN(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).Processo nº 0002076-69.2009.4.02.5050/02 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: CARLOS ALFREDO KILIANEmbargado: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CONDENAÇÃO. BENEFICIÁRIO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA.CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. ERRO MATERIAL VERIFICADO. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO RETIFICADOEM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau à fls. 112-113, em razão de acórdão(fls. 108-109). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado é contraditório, porquanto lhe impôs condenaçãoem honorários de sucumbência, a despeito de ser beneficiário de Gratuidade de Justiça. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de contrariedade no julgado.

Não obstante, em realidade, cuida-se de mero erro material.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995 preceitua que apenas o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus desucumbência relativos a custas e honorários advocatícios. Todavia, considerando que a parte recorrente é beneficiária deGratuidade de Justiça, conforme fl. 41, não se lhe impõe a condenação em honorários de sucumbência, nos termos doEnunciado nº 27 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro, que assim orienta: “Não é cabível a condenação em honoráriosadvocatícios quando o recorrente vencido for beneficiário da assistência judiciária”.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu “item 10” (fl. 109)passe a constar a seguinte redação:

“10) Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl.41, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.”

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A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

25 - 0009936-40.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.009936-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x DIRCELY OLIVEIRA DE CARVALHO E CARVALHO(ADVOGADO: ELIANE OLIVEIRA DE CARVALHO PUTTIM.).Processo nº 0009936-40.2010.4.02.5001/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: DIRCELY OLIVEIRA DE CARVALHO E CARVALHORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DANO MORAL MANTIDO.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOSDESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 208-214, em razão de acórdãoproferido pela 1ª Turma Recursal (fls. 202-204). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso econtraditório, porquanto condenou-o ao pagamento de indenização por dano moral, a despeito de não ter havido ilegalidadena cessação do benefício do embargado(a), e nem mesmo comprovado o dano eventualmente sofrido. Dessa forma,requer sejam sanados o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à condenação por dano moral.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“11) Quanto à correção da condenação em danos morais pela cessação da aposentadoria por invalidez, tenho que nãoassiste razão ao recorrente, tendo em vista a forma abrupta de seu cancelamento sem ao menos ter sido realizadacomunicação a recorrente, e ainda, por estar comprovadamente, por laudo pericial, a recorrida incapacitada de formadefinitiva à época de sua cessação.”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

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Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

26 - 0007029-76.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.007029-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA MARIA DA SILVA(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Kleison Ferreira.).Processo nº 0007029-76.2009.4.02.5050/02 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: ANA MARIA DA SILVAEmbargado: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. BENEFÍCIO DA GRATUIDADEDE JUSTIÇA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CONDENAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. ERROMATERIAL VERIFICADO. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO RETIFICADO EM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora da demanda em primeiro grau à fls. 105-109, em razão deacórdão (fls. 100-101). Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso, porquanto lhe impôscondenação em honorários de sucumbência, a despeito de beneficiária de Gratuidade de Justiça. Dessa forma, requer sejasanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

Não obstante, em realidade, cuida-se de mero erro material.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995, aplicável aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº10.259/2011, preceitua que apenas o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus de sucumbência relativos a custas ehonorários advocatícios. Todavia, considerando que a parte recorrente, ora embargante, é beneficiária de Gratuidade deJustiça, conforme fl. 81, não se lhe impõe a condenação em honorários, nos termos do Enunciado nº 27 das TurmasRecursais do Rio de Janeiro, que assim orienta: “Não é cabível a condenação em honorários advocatícios quando orecorrente vencido for beneficiário da assistência judiciária”.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

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Embargos de declaração conhecidos e providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu “item 10” (fl. 101)passe a constar a seguinte redação:

“10) Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade dajustiça à fl. 81, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001”.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

27 - 0006751-12.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006751-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSEFA MARIA DE MORAESBARROSO (ADVOGADO: ARI FONTES DE OLIVEIRA.).Processo nº 0006751-12.2008.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: JOSEFA MARIA DE MORAES BARROSORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO CONFIGURADA. DIREITO ÀAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ À ÉPOCA DO ÓBITO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NOJULGADO. PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 110-117, em razão deacórdão proferido pela 1ª Turma Recursal (fls. 106-107). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foiomisso no que tange à aplicação da Súmula 27 da Turma Nacional de Uniformização, quanto à existência de prova dacondição de desempregado do autor; e, ainda, contraditório, uma vez que a Súmula supracitada deve ser interpretada emconformidade com o que restou decidido pela 3ª seção do STJ na PET 7115/PR, pois a simples ausência de anotação emcarteira de trabalho não pressupõe situação de desemprego, não sendo suficiente para prorrogação do período de graça.Dessa forma, requer seja sanado os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à admissibilidade da anotação na carteira detrabalho como prova suficiente para a prorrogação do período de graça.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“6. No concernente à condição de segurado, verifica-se que seu último vínculo empregatício foi em 25.07.1995 (fls. 35-64),

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portanto, nos termos do art. 15, inciso II da Lei nº 8.213/1991 o período de graça perdurou até 25.07.1996.

7. Cumpre lembrar que o §2º do referido artigo assegura que o período de graça possa ser prorrogado por mais 12 meses,em caso de desemprego devidamente registrado no Ministério do Trabalho. Ocorre que a exigência de registro no Ministériodo Trabalho é meramente exemplificativa, uma vez que se trata de meio de prova para o desemprego. Nesse sentido,corrobora tal entendimento, o Enunciado nº 27 da Turma Nacional de Uniformização – TNU, que assim dispõe: “A ausênciade registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação de desemprego por outros meios admitidos emDireito.

8. Verifica-se que em 08.01.1997 o segurado requereu administrativamente o Amparo Social a Pessoa portadora dedeficiência – LOAS (fl. 67). Todavia, na ocasião, o falecido já preenchia todos os requisitos legais para concessão daaposentadoria por invalidez, fato este atestado pelo próprio INSS, ou seja, possuía a qualidade de segurado, bem comotinha cumprido a carência exigida para concessão do benefício. Isso porque, o penúltimo vínculo de emprego do seguradocessou em 03.05.1993 (fl. 35), sendo certo que a qualidade de segurado manteve-se até 15.07.1995”.

Ressalte-se que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada e que a contradição passível de correção deve pressupor antagonismo lógico entre duaspremissas necessariamente intrínsecas ao próprio julgado, pois os embargos de declaração limitam-se à verificação doencadeamento racional entre as proposições internas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

28 - 0005721-97.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005721-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA.) x MARCIA MARIA FERNANDES PIRES (ADVOGADO: MARCELOALVARENGA PINTO, JONES ALVARENGA PINTO, ERILDO PINTO.).Processo nº 0005721-97.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaEmbargante: MARCIA MARIA FERNANDES PIRESEmbargada: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 144-145, em razão doacórdão de fls. 130-141. Alega, em resumo, que o julgado foi omisso, porquanto não se manifestou expressamente acercada violação do artigo 5º, caput, da Constituição da República, no que toca à fixação diferenciada de valores a título deauxílio-alimentação e o respeito ao princípio da isonomia. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

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Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange ao princípio da isonomia.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“ [...] a eficácia do princípio da isonomia irradia seus efeitos somente diante de situações desiguais e arbitrárias, vale dizer,fundadas em motivo não razoável e desproporcional, e não sobre toda e qualquer desigualdade factual e de conveniência eoportunidade regrada.

Vejamos. O pressuposto lógico ou motivo que embasa a concessão do auxílioalimentação é a cobertura das despesasrealizadas com a alimentação do servidor, cujas cifras encontram fundamento não apenas em estudos sobre variaçãoacumulada de índices oficiais, como também em valores adotados em outros órgãos públicos federais, respeitados ospreços de refeição no mercado local, de par, necessariamente, com a disponibilidade orçamentária.

Assim, podem coexistir validamente, no âmbito do mesmo Poder, diferenciações regionalizadas quanto aos patamares doauxílio-alimentação desde que bem delineados cada um dos critérios de desigualação, de modo que se possa extrair, desua correlação lógica com o valor nominal atribuído ao benefício, um mínimo de razoabilidade e proporcionalidade,notadamente quando tais valores são paradigmaticamente confrontados.

[...]

Por tudo isso, conclui-se que a desigualdade verificada na quantificação dos valores a título de auxílio-alimentação, dentreos órgãos do Poder Judiciário da União no período pretérito reclamado, por não ser arbitrária não contrasta com a garantiaconstitucional da isonomia à espécie”.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir na espécie, não leva à conclusão de ofensa ao art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou ao art. 535 do Código de ProcessoCivil, porquanto desde que suficientemente fundamentado o julgado. Por outro lado, é desnecessária a resposta a todas asalegações das partes, na medida em que o mérito encontra-se adequadamente analisado, e fundamentada a decisãoguerreada. Assim, em realidade, cuida-se de típica insatisfação quanto ao deslinde da causa, enquanto que os embargosde declaração visam a proteger quadro processual específico e diverso.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

29 - 0004222-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004222-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x NELY VASCONCELOS MONJARDIM RIBEIRO(ADVOGADO: ELIAS MELOTTI JUNIOR, Fábio José Nunes, PARAGUASSÚ PENHA MONJARDIM.).Processo nº 0004222-49.2010.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEF VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: NELY VASCONCELOS MONJARDIM RIBEIRORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RENDA FAMILIAR.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. EMBARGOSDESPROVIDOS.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 197-210, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 192-194). Alega o embargante, em resumo, que o julgado foi omisso econtraditório, porquanto concedeu aposentadoria por idade rural à autora sem relevar os documentos de fls. 85-95, os quaisatestam o exercício de atividade urbana remunerada por seu esposo. Assevera que os valores percebidos pelo esposo daembargada em valor superior a 01 (um) salário mínimo são bastantes à descaracterização do regime de economia familiar.Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“11.Por fim, no que tange à alegação de que o marido da recorrida desempenhou atividade urbana, cumpre ressaltar que talfato, por si só, não conduz ao afastamento da qualidade de segurado especial a teor da orientação vertida na súmula 41 daTNU: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”,somado a circunstância de que não verificado o afastamento da lida rural, conforme se depreende dos depoimentostestemunhais.

12. Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola sejaindispensável à subsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem autilização de empregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei n°. 8.213/1991), circunstâncias que ve rifico presentes nocaso concreto.”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1ºRelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

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30 - 0003631-24.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.003631-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDESIO CARLOS FONSECADE MATTOS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUSCHAGAS SARAIVA.).Processo nº 0003631-24.2009.4.02.5050/02 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: EDÉSIO CARLOS FONSECA DE MATTOSEmbargada: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DEJUSTIÇA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO.EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 128-132, em razão deacórdão de fls. 123-125. Alega, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso, porquanto lhe impôs condenação emhonorários de sucumbência. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange aos honorários sucumbenciais.

“10. Custas pelo recorrente. Honorários devidos, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa, (art. 55,da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001)”.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995, aplicável aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº10.259/2011, preceitua que o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus de sucumbência relativos a custas ehonorários advocatícios.

Em sendo assim, considerando que à parte recorrente, ora embargante, foi indeferido o benefício da gratuidade de justiça,conforme se verifica 71, é devida a condenação em custas e honorários de sucumbência, ante o improvimento de seurecurso.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

31 - 0003353-23.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003353-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO CARLOS MILANEZI(ADVOGADO: JADER NOGUEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA

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BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).Processo nº 0003353-23.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JOÃO CARLOS MILANEZIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORALPARCIAL E DEFINITIVA VERIFICADA. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. VÍCIO SANADO. EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 121-124, em razão deacórdão proferido pela 1ª Turma Recursal (fls. 115-118). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foiomisso, porquanto reformou a r. sentença restabelecendo o benefício de auxílio-doença a partir de 12.04.2008, sendo que oembargado percebeu auxílio-doença de 19.03.2010 a 11.05.20010, omitindo-se portanto, quando à compensação dosvalores já recebidos neste período. Ademais, assevera que há contradição, visto que no acórdão concluiu-se ser impossívela realização da atividade de cobrador de ônibus pelo embargado, contrariamente à conclusão do laudo pericial, que atestoua existência de incapacidade parcial caso de o embargado se submeta a ruídos superiores a 85 dB em seu labor. Por fim,aduz a inexistência de prova de que o trabalho do embargado o expõe a ruídos superiores a 85 dB. Dessa forma, requersejam sanados os apontados vícios.

Inicialmente, convém realçar que inexiste contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários acerca destetema foram devidamente analisados na decisão colegiada.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“11) Nesse ponto é válido rememorar que o perito otorrinolaringologista afirmou a capacidade do recorrente para o labor,condicionando-a, todavia, a não submissão a nível de pressão sonora não superior a 85 dB. Ocorre que essasrecomendações não são compatíveis com as atividades diárias de um cobrador de ônibus, que passa a maior parte dotempo na presença de altos índices de ruídos. Destarte, se conseguir exercer suas atividades laborais, estará abaixo damédia de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma categoria profissional, impondo-lheum risco à saúde desmesurado.

12) Desse modo, em que pesem os respeitáveis argumentos declinados, considerando notadamente, o quadro clínicoapresentado e as características das afecções, as quais não retratam higidez física compatível com a atividade de cobradorde ônibus, cuja dinâmica não permite que o autor trabalhe na ausência de ruídos, como concluiu o peritootorrinolaringologista, de par com entendo que se trata de incapacidade parcial e definitiva. Assim colocado, faz jus osegurado ao recebimento de auxílio-doença, até que seja reabilitado para o desempenho de outra função.”

Vê-se, pois que no acórdão guerreado ponderou-se que o embargado, em sua atividade de cobrador de ônibus, passa amaior parte do tempo na presença de altos índices de ruídos, o que torna impossível o regular exercício de seu labor sobpressão sonora não superior a 85 dB. Ademais, não restou demonstrado pelo INSS que o segurado não se submete a esseíndice de pressão sonora. Trata-se, pois, de matéria já enfrentada, não sendo devida sua reapreciação.

Em relação à compensação dos valores já recebidos, merece reparo o acórdão objurgado, uma vez que, de fato, osegurado percebeu auxílio-doença no período de 19.03.2010 a 11.05.2010.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu “item15” (fl. 118) passe a constar a seguinte redação:

“15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, para condenar o Instituo Nacional do Seguro Social –INSS ao pagamento do benefício previdenciário de auxílio-doença, em favor do recorrente, com DIB em 12.04.2008,consoante a fundamentação supra, com o devido desconto relativo ao período de 09.03.2010 a 11.05.2010, uma vez quepercebido o auxílio-doença pelo segurado neste período”.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover parcialmente os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João Andrade

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Juiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

32 - 0002718-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002718-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x SUELY ALVES PEREIRA x MARIA LUCIA CARDOSO.Processo nº 0002718-08.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: UNIÃOEmbargada: SUELY ALVES PEREIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE ADVOGADO CONSTITUÍDO. CONTRADIÇÃO.VÍCIO SANADO. EMBARGOS PROVIDOS.

Estes embargos de declaração foram opostos pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 91-92, em razão de acórdão (fls.85-88) que negou provimento ao recurso inominado interposto, mantendo a sentença que julgou procedente o pedido denão incidência de contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, bem como de repetição de indébito dosvalores indevidamente tributados. Alega, em resumo, que o julgado foi contraditório, pois condenou-a ao pagamento dehonorários advocatícios de sucumbência fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995), não obstante a ausência de apresentação de contrarrazões. Dessa forma, requer seja sanado o apontadovício e excluída a condenação em verba honorária sucumbencial.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do(a) embargante, verifica-seque esta aponta a existência de contradição no julgado.

De fato, cuida-se de contradição, no ponto, uma vez que, embora reconhecida a não apresentação de contrarrazões,concluiu-se pela imposição de honorários de sucumbência em desatendimento ao princípio da causalidade, visto que nãoobservada a não constituição de advogado.

Registre-se: na seara recursal dos Juizados Especiais, a simples ausência de contrarrazões não obsta a condenação dorecorrente vencido em honorários, porquanto a teleologia da norma inserta no art. 55, caput, 2ª parte, da Lei nº 9.099/1995consiste em “desestimular recursos improcedentes e não remunerar o trabalho desenvolvido para a elaboração de

�contrarrazões” .Nessa toada, esta Turma Recursal, inclusive, editou o Enunciado nº 55, o qual prevê, verbis: “a omissão do advogado daparte recorrida em apresentar contrarrazões ao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios”(Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73).A situação em comento, no entanto, escapa ao referido regramento, na medida em que a ausência de apresentação decontrarrazões justifica-se pela não contratação de advogado para patrocínio da causa, do que se infere a inexistência desubstrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial.Embargos de declaração conhecidos e providos para afastar a condenação da União em honorários advocatícios.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesxjun/jesgecs

33 - 0002277-22.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002277-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x LANDER FONTES DE PAULA (ADVOGADO: MARCELO ALVARENGAPINTO, JONES ALVARENGA PINTO, ERILDO PINTO.).Processo nº 0002277-22.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: LANDER FONTES DE PAULAEmbargada: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 160-161, em razão doacórdão de fls. 146-157. Alega, em resumo, que o julgado foi omisso, porquanto não se manifestou expressamente acercada violação do artigo 5º, caput, da Constituição da República, no que toca à fixação diferenciada de valores a título deauxílio-alimentação e o respeito ao princípio da isonomia. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange ao princípio da isonomia.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“ [...] a eficácia do princípio da isonomia irradia seus efeitos somente diante de situações desiguais e arbitrárias, vale dizer,fundadas em motivo não razoável e desproporcional, e não sobre toda e qualquer desigualdade factual e de conveniência eoportunidade regrada.

Vejamos. O pressuposto lógico ou motivo que embasa a concessão do auxílioalimentação é a cobertura das despesasrealizadas com a alimentação do servidor, cujas cifras encontram fundamento não apenas em estudos sobre variaçãoacumulada de índices oficiais, como também em valores adotados em outros órgãos públicos federais, respeitados ospreços de refeição no mercado local, de par, necessariamente, com a disponibilidade orçamentária.

Assim, podem coexistir validamente, no âmbito do mesmo Poder, diferenciações regionalizadas quanto aos patamares doauxílio-alimentação desde que bem delineados cada um dos critérios de desigualação, de modo que se possa extrair, desua correlação lógica com o valor nominal atribuído ao benefício, um mínimo de razoabilidade e proporcionalidade,notadamente quando tais valores são paradigmaticamente confrontados.

[...]

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Por tudo isso, conclui-se que a desigualdade verificada na quantificação dos valores a título de auxílio-alimentação, dentreos órgãos do Poder Judiciário da União no período pretérito reclamado, por não ser arbitrária não contrasta com a garantiaconstitucional da isonomia à espécie.”

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir na espécie, não leva à conclusão de ofensa ao art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou ao art. 535 do Código de ProcessoCivil, porquanto desde que suficientemente fundamentado o julgado. Por outro lado, é desnecessária a resposta a todas asalegações das partes, na medida em que o mérito encontra-se adequadamente analisado, e fundamentada a decisãoguerreada. Assim, em realidade, cuida-se de típica insatisfação quanto ao deslinde da causa, enquanto que os embargosde declaração visam a proteger quadro processual específico e diverso.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

34 - 0001363-94.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001363-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x ARLINDA JOSE MARIA DOSSANTOS COUTINHO (ADVOGADO: THIAGO AARÃO DE MORAES.).Processo nº 0001363-94.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: ARLINDA JOSE MARIA DOS SANTOS COUTINHORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE DERIVADA DE APOSENTADORIA. REVISÃO DO ATO DECONCESSÃO. DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 86-90, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 81-83). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foi omisso,porquanto não se manifestou a respeito da incidência do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição da República no caso emtela, ao confirmar a sentença que julgou procedente a revisão do benefício previdenciário, quando deveria ter extinguido ofeito dada a configuração de decadência. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício e prequestionada a teseautárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à decadência do pedido de revisão do benefício.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

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“9) Destarte, a beneficiária da pensão por morte não poderá ser prejudicada pela falta de revisão do benefício de origemdentro do prazo legalmente previsto, eis que o prazo decadencial para revisão de seu benefício é autônomo e começa a fluira partir da concessão da pensão por morte e não a partir da data de concessão do benefício originário.

10) In casu, o benefício de pensão por morte da recorrida foi concedido em 09.12.2002 (fl. 19), enquanto a ação revisionalfoi ajuizada em 02.02.2009 – fl. 01, não tendo, portanto, transcorrido o prazo decenal previsto no art. 103 da Lei nº8.213/1991, de modo que não há que se falar em decadência do direito de revisão”.

Ressalte-se que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

35 - 0001032-10.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001032-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x MARILENE COLOMBINO(ADVOGADO: CARLOS DORSCH, ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).Processo nº 0001032-10.2012.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: MARILENE COLOMBINOEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CONDENAÇÃOEM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONTRADIÇÃO. VÍCIO SANADO. EMBARGOS PROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora às fls. 221-227, em razão de acórdão proferido pela TurmaRecursal (fls. 218-219). Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi contraditório, porquanto, a despeitode ter julgado improvido o recurso da Autarquia Previdenciária, deixou de condená-la em honorários advocatícios desucumbência ante o deferimento do benefício da gratuidade de justiça. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de contradição no julgado.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995, aplicável aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº10.259/2011, preceitua que apenas o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus de sucumbência relativos a custas e

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honorários advocatícios. Nesse ponto, a despeito de a parte recorrida, ora embargante, ser beneficiária de Gratuidade deJustiça, conforme fl. 186, faz jus aos honorários advocatícios de sucumbência, ante o improvimento do recurso inominadointerposto pela autarquia previdenciária.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu “item 9” (fl. 219)passe a constar a seguinte redação:

“9) Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Honorários advocatícios devidos pelo INSS - recorrentevencido, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995)”.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

36 - 0000997-75.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000997-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CONCEIÇÃO DIAS(ADVOGADO: Thor Lincoln Nunes Grünewald.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x OS MESMOS.Processo nº 0000997-75.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesEmbargante: MARIA CONCEIÇÃO DIASEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. OMISSÃO. OBSCURIDADE. CONTRADIÇÃO.PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 92-102, em razão doacórdão de fls. 85-88. Alega, em resumo, que o julgado foi omisso, obscuro e contraditório, que tange à fixação doshonorários advocatícios decorrentes da atuação de seu patrono enquanto advogado voluntário, bem como em relação àarguida inconstitucionalidade da Resolução nº 558/2007. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão, obscuridade e contradição no julgado.

Inexistem omissão, obscuridade e contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento dacausa foram devidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à fixação dos honorários advocatícios.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmentos elucidativos do julgado, in verbis:

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“15) Sem custas ou condenação em honorários advocatícios pela autora ante o disposto no art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995. Quanto ao INSS, sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatíciosdevidos, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).”

É certo que a embargante pretende seja reconhecida a existência de mácula no julgado, na medida em que este nada falousobre verba honorária devida a título de contraprestação pela atuação de seu patrono enquanto advogado voluntário.Ocorre a ausência de arbitramento de verba dessa espécie é consequência da impossibilidade de seu recebimento porparte do advogado voluntário, conforme dispõe o §6º do art. 1º da Resolução nº 558/2007.

Nesse diapasão, insta salientar que o §6º do art. 1º da Resolução nº 558/2007, respalda a ausência de arbitramento, nosseguintes termos:

Art. 1º No âmbito da Justiça Federal, a assistência judiciária aos beneficiários da gratuidade de justiça será realizada pelaDefensoria Pública da União.

[...]

§ 6º Os advogados voluntários não farão jus a nenhuma contraprestação da Justiça Federal, percebendo somente, e se foro caso, os eventuais honorários de sucumbência, na forma do art. 23 da Lei nº 8.906/94.

Assim sendo, depreende-se do referido dispositivo legal que, apesar do exercício de advocacia não poder constituir, deforma gratuita, obrigação do advogado, ao trabalho voluntário não há óbice. Dessa forma, consoante guia de fl. 71, oadvogado se apresenta como voluntário, por livre e espontânea vontade, não devendo, portanto, prosperar sua alegação.

A respeito, válido trazer à colação decisão do STJ, nos seguintes termos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.203.119 - RS (2009/0112876-4) RELATOR : MINISTRO HAROLDO RODRIGUES(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE) AGRAVANTE : IVONE DE LIMA CZAJKOWSKI ADVOGADO : DEMIANSEGATTO DA COSTA AGRAVADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : MILTONDRUMOND CARVALHO E OUTRO (S) DECISÃO Cuida-se de agravo de instrumento desafiando decisão que não admitiurecurso especial, este calcado nas alíneas a e c do permissivo constitucional, interposto contra acórdão do Tribunal Federalda 4ª Região assim ementado:"AGRAVO DE INSTRUMENTO. NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO INDICADO PELOAUTOR. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS À COMPREENSÃO DA CONTROVÉRSIA.[...] A decisão agravada assim fundamentou e decidiu pelo indeferimento do pedido de fixação da pleiteada remuneração:'Indefiro o pedido de fixação de honorários a título de remuneração pela atuação com (fl. 56) o defensor dativo, uma vez orequerente foi nomeado como assistente judiciário, não se lhe aplicando a regulamentação pertinente aos defensoresdativos. Nos termos do art. 1º, §§ 1º e 2º, da Resolução nº 558, de 22.5.2007, do Conselho da Justiça Federal, talnomeação somente é admitida diante da possibilidade da atuação da Defensoria Pública ou da inexistência de advogadosvoluntários aptos para o desempenho desse munus. Também nos termos do parágrafo 6º do mesmo artigo, não háprevisão de fixação de honorários para o advogado voluntário que atua em processo de beneficiários da gratuidade dejustiça, senão na hipótese de sucumbência da parte contrária, que então suportará os encargos respectivos. [...] (STJ - Ag:1203119, Relator: Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), Data de Publicação:DJe 03/12/2009, undefined) (grifo nosso)

Pelo exposto, deve ser mantida a decisão embargada.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Page 56: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Jesxjun/jesgecs

37 - 0000837-84.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000837-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOSE BARBOSA LIMA (ADVOGADO:JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).Processo nº 0000837-84.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JOSE BARBOSA LIMARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE DERIVADA DE APOSENTADORIA. REVISÃO DO ATO DECONCESSÃO. DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. VÍCIO SANADO.PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOS PARCIALMENTE PROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 140-145, em razão deacórdão proferido por esta Turma Recursal (fls. 136-137). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foiomisso, porquanto adotou o entendimento de que não devem ser aplicadas ao caso as normas do Decreto nº 83.080/79, aoargumento de que a Lei nº 8.213/1991 é mais benéfica ao segurado, contrariando assim, jurisprudência pacífica do STF, doSTJ e da TNU quanto ao tema; e, ainda, contraditório em relação à data do óbito - se anterior ou posterior à Lei nº8.213/1991. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Em relação à aplicação da Lei 8.213/1991, mais benéfica ao segurado, inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos ospontos necessários acerca deste tema foram devidamente analisados na decisão colegiada.

Calha pertinente rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:“5) [...] Ocorre que a Lei nº 8.213/1991 é mais benéfica frente ao Decreto nº 83.080/1979, sendo devida sua aplicação,como bem aduziu a r. sentença, in verbis:

[...] com relação ao caso concreto, a nova sistemática introduzida pela Lei 8.213/91 é mais benéfica do que a anterior(Decreto nº 83.80/79).

A sistemática protetiva da segurança jurídica existe para evitar que o cidadão tenha o seu estado jurídico prejudicando poruma lei nova mais gravosa.Isso não é aplicável se alei nova for mais favorável.

Uma vez que a Constituição da República determinou a isonomia entre marido e mulher, a sistemática da pensão por morteinstituída em favor dos dependentes do do [sic] trabalhador rural chefe ou arrimo da unidade familiar (artigo 298 do Decreto83.080/ 79) restou não recepcionada”.

Em relação à data do óbito, merece reparo o acórdão guerreado, uma vez que, de fato, a data do falecimento da instituidorada pensão (19.01.1991) é anterior ao advento da Lei nº 8.213, de 25.07.1991.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu “item5” (fl. 136) passe a constar a seguinte redação:

“5. In casu, a instituidora da pensão por morte faleceu em 19.01.1991 (fl. 44), tendo o recorrido, marido da segurada,requerido em 29.03.2006 a concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, indeferido pela falta de qualidadede segurado (fl. 88). Insta aclarar que a data de falecimento é anterior ao advento da Lei nº 8.213/1991, argumentosustentado pelo INSS para não conceder o benefício ao recorrido. Ocorre que a Lei nº 8.213/1991 é mais benéfica frente aoDecreto nº 83.080/1979, sendo devida sua aplicação, como bem aduziu a r. sentença combatida.”

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer edar parcial provimento aos embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante dojulgado.

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Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

38 - 0000451-94.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000451-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SULANY RAFAEL DEOLIVEIRA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.).Processo nº 0000451-94.2009.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF de CachoeiroEmbargante: SULANY RAFAEL DE OLIVEIRAEmbargado: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. BENEFÍCIO DA GRATUIDADEDE JUSTIÇA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CONDENAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. ERRO MATERIALVERIFICADO. EMBARGOS PROVIDOS. ACÓRDÃO RETIFICADO EM MÍNIMA PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora da demanda em primeiro grau à fls. 81-82, em razão de acórdão(fls. 77-78). Alega a embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi contraditório, porquanto lhe impôs condenaçãoem honorários de sucumbência, a despeito de beneficiária de Gratuidade de Justiça. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de contradição no julgado.

Não obstante, em realidade, cuida-se de mero erro material.

Com efeito, o art. 55 da Lei nº 9.099/1995, aplicável aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº10.259/2011, preceitua que apenas o recorrente, quando vencido, arcará com os ônus de sucumbência relativos a custas ehonorários advocatícios. Todavia, considerando que a parte recorrente, ora embargante, conquanto tenha sido vencida ébeneficiária de Gratuidade de Justiça, conforme fl. 19, não se lhe impõe a condenação em honorários, nos termos doEnunciado nº 27 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro, que assim orienta: “Não é cabível a condenação em honoráriosadvocatícios quando o recorrente vencido for beneficiário da assistência judiciária”.

Em sendo assim, mister proceder-se à retificação do julgado apenas e tão somente nesse ponto, mantendo-o em seusdemais termos.

Embargos de declaração conhecidos e providos para sanear o julgado embargado, de modo que em seu “item 09” (fl. 78)passe a constar a seguinte redação:

“9) Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade dajustiça à fl. 19, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001”.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

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Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

39 - 0000263-65.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000263-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WALTER MARCHINI(ADVOGADO: BRUNO ALPOIM SABBAGH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCIAPARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).Processo nº 0000263-65.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaEmbargante: WALTER MARCHINIEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. OMISSÃO.CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 47-56, em razão de acórdãoproferido pela 1ª Turma Recursal (fls. 41-44). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso econtraditório, na medida em que não observou o sobrestamento do feito até o julgamento do RE 626.489, em relação aoqual foi reconhecia a existência de repercussão geral. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.

Com efeito, embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matéria no bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº626.489, no Supremo Tribunal Federal, não há óbice processual para o conhecimento e julgamento do recurso inominadopor esta Turma Recursal.

Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, à unanimidade, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante dojulgado.

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Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

40 - 0000247-33.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000247-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x MIELE PICOLI HAASE.Processo nº 0000247-33.2012.4.02.5055/01 – Juízo de origem: 1ª VF da SerraEmbargante: UNIÃOEmbargado: MIELI PICOLI HAASERelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-CRECHE E AUXÍLIO PRÉ-ESCOLAR. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE ADVOGADO CONSTITUÍDO. MULTA DE 1% FIXADA PELO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU.ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. VÍCIO SANADO.EMBARGOS PROVIDOS.

Estes embargos de declaração foram opostos pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 103-104, em razão de acórdãoproferido pela Turma Recursal (fls. 98-100), que negou provimento ao recurso inominado interposto, mantendo a sentençaque julgou procedentes os pedidos de declaração de inexigibilidade do Imposto de Renda sobre verbas denominadas“auxílio-creche” e “auxílio pré-escolar”, bem como de repetição de indébito dos valores indevidamente tributados. Alega aembargante, em resumo, que o julgado foi contraditório, pois condenou-a ao pagamento de honorários advocatícios desucumbência fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995), não obstante a ausênciade apresentação de contrarrazões, bem como foi omisso pois deixou de julgar o pedido de reforma da multa de 1% sobre ovalor da causa imposta na sentença. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios e excluída a condenação emverba honorária sucumbencial.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do(a) embargante, verifica-seque esta aponta a existência de contraditório e omissão no julgado.

No que tange aos honorários, cuida-se, em realidade, de contradição, no ponto, uma vez que, embora reconhecida a nãoapresentação de contrarrazões, concluiu-se pela imposição de honorários de sucumbência em desatendimento ao princípioda causalidade, visto que não observada a não constituição de advogado.

Registre-se: na seara recursal dos Juizados Especiais, a simples ausência de contrarrazões não obsta a condenação dorecorrente vencido em honorários, porquanto a teleologia da norma inserta no art. 55, caput, 2ª parte, da Lei nº 9.099/1995consiste em “desestimular recursos improcedentes e não remunerar o trabalho desenvolvido para a elaboração de

�contrarrazões” .Nessa toada, esta Turma Recursal, inclusive, editou o Enunciado nº 55, o qual prevê, verbis: “a omissão do advogado daparte recorrida em apresentar contrarrazões ao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios”(Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73).A situação em comento, no entanto, escapa ao referido regramento, na medida em que a ausência de apresentação decontrarrazões justifica-se pela não contratação de advogado para patrocínio da causa, do que se infere a inexistência desubstrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial.Por sua vez, no que concerne à multa de 1% fixada com base no art. 538, parágrafo único, do Código de Processo Civil aoserem apreciados embargos de declaração opostos em face da sentença, há que se mantida, ante o intuito meramenteprotelatório dos referidos embargos, visto que consubstanciam repetição das mesmas alegações deduzidas nacontestação.

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Embargos de declaração conhecidos e providos tão somente para afastar a condenação da União em honoráriosadvocatícios.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer edar provimento aos embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

41 - 0000143-81.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000143-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x IRACENILDA MARIA DIAS (ADVOGADO:Thor Lincoln Nunes Grünewald.).Processo nº 0000143-81.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesEmbargante: IRACENILDA MARIA DIASEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS CONTRA ACÓRDÃO PROFERIDO EM ANTERIOR RECURSO DEEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OMISSÃO. OBSCURIDADE.CONTRADIÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 132-134, em razão doacórdão de fls. 129-130. Alega a embargante, em resumo, que o julgado foi omisso, obscuro e contraditório, no que tange àfixação dos honorários advocatícios decorrentes de sua atuação enquanto advogado voluntário, bem como em relação àarguida inconstitucionalidade da Resolução nº 558/2007. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão, obscuridade e contradição no julgado.

Inexiste omissão, obscuridade e contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causaforam devidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à fixação dos honorários advocatícios.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“3. Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à condenação em honorários advocatícios.

[...]

5. Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a partealega incidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de ProcessoCivil, pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas asalegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentoslevantados.”

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É certo que a embargante pretende seja reconhecida a existência de mácula no julgado, na medida em que este nada falousobre verba honorária devida a título de contraprestação pela atuação de seu patrono enquanto advogado voluntário.Ocorre a ausência de arbitramento de verba dessa espécie é consequência da impossibilidade de seu recebimento porparte do advogado voluntário, conforme dispõe o §6º do art. 1º da Resolução nº 558/2007.

Nesse diapasão, insta salientar que o §6º do art. 1º da Resolução nº 558/2007, respalda a ausência de arbitramento, nosseguintes termos:

Art. 1º No âmbito da Justiça Federal, a assistência judiciária aos beneficiários da gratuidade de justiça será realizada pelaDefensoria Pública da União.

[...]

§ 6º Os advogados voluntários não farão jus a nenhuma contraprestação da Justiça Federal, percebendo somente, e se foro caso, os eventuais honorários de sucumbência, na forma do art. 23 da Lei nº 8.906/94.

Assim sendo, depreende-se do referido dispositivo legal que, apesar do exercício de advocacia não poder constituir, deforma gratuita, obrigação do advogado, ao trabalho voluntário não há óbice. Dessa forma, consoante guia de fl. 106, oadvogado se apresenta como voluntário, por livre e espontânea vontade, não devendo, portanto, que prosperar suaalegação.

A respeito, válido trazer à colação decisão do STJ, nos seguintes termos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.203.119 - RS (2009/0112876-4) RELATOR : MINISTRO HAROLDO RODRIGUES(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE) AGRAVANTE : IVONE DE LIMA CZAJKOWSKI ADVOGADO : DEMIANSEGATTO DA COSTA AGRAVADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : MILTONDRUMOND CARVALHO E OUTRO (S) DECISÃO Cuida-se de agravo de instrumento desafiando decisão que não admitiurecurso especial, este calcado nas alíneas a e c do permissivo constitucional, interposto contra acórdão do Tribunal Federalda 4ª Região assim ementado:"AGRAVO DE INSTRUMENTO. NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO INDICADO PELOAUTOR. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS À COMPREENSÃO DA CONTROVÉRSIA.[...] A decisão agravada assim fundamentou e decidiu pelo indeferimento do pedido de fixação da pleiteada remuneração:'Indefiro o pedido de fixação de honorários a título de remuneração pela atuação com (fl. 56) o defensor dativo, uma vez orequerente foi nomeado como assistente judiciário, não se lhe aplicando a regulamentação pertinente aos defensoresdativos. Nos termos do art. 1º, §§ 1º e 2º, da Resolução nº 558, de 22.5.2007, do Conselho da Justiça Federal, talnomeação somente é admitida diante da possibilidade da atuação da Defensoria Pública ou da inexistência de advogadosvoluntários aptos para o desempenho desse munus. Também nos termos do parágrafo 6º do mesmo artigo, não háprevisão de fixação de honorários para o advogado voluntário que atua em processo de beneficiários da gratuidade dejustiça, senão na hipótese de sucumbência da parte contrária, que então suportará os encargos respectivos. [...] (STJ - Ag:1203119, Relator: Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), Data de Publicação:DJe 03/12/2009, undefined) (grifo nosso)

Pelo exposto, deve ser mantida a decisão embargada.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

42 - 0000079-10.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000079-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA IDE COLOMBILORENÇÃO (ADVOGADO: LUIZ CARLOS BASTIANELLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).

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Processo nº 000079-10.2007.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA IDE COLOMBI LORENÇÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIADE VÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 400-404, em razão de acórdãoproferido pela 1ª Turma Recursal (fls. 393-397). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso econtraditório, porquanto não apreciou os argumentos trazidos nas contrarrazões, em relação à contratação de empregados.Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à área da sua propriedade rural e sua qualidade desegurada especial.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“7. No caso, pelos depoimentos prestados, percebe-se que a propriedade era explorada pelo casal, com a ajuda do filho,sem a colaboração de assalariados, havendo, somente um meeiro no cultivo do café.8. Assim, somente pela extensão da propriedade, não pode ser a autora penalizada com a descaracterização da condiçãode segurado especial do seu falecido marido, instituidor da pensão requerida, eis que os elementos probatórios constantesdos autos comprovam que o mesmo, quando do seu óbito, exercia atividade rural em regime de economia familiar.”

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

43 - 0103190-12.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103190-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUDARIO ALBERTOCARDOSO (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº. 0103190-12.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: LUDARIO ALBERTO CARDOSORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 53-69, em razão da sentença (fls.48-50) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta, em resumo, que o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito. Assevera que o entendimentojurisprudencial dominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso paraafastar a decadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 135-137.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, recentemente, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR,realizado no dia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES.n º. 8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição do

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prazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Não discrepa desse raciocínio o entendimento consagrado na Súmula nº 64 da Turma Nacional de Uniformização – TNU,verbis: o direito à revisão do ato de indeferimento de benefício previdenciário ou assistencial sujeita-se ao prazodecadencial de dez anos. (DOU de 23.08.2012, p. 00070)Citem-se, por fim, os seguintes precedentes desta Turma Recursal do Espírito Santo: 2007.50.50.004060-8/01, de relatoriado MM. Juiz Federal Alexandre Miguel; e 2008.50.50.001913-2/01, de relatoria do MM. Juiz Federal José EduardoNascimento.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 02.04.1991 – fl. 19). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 28.06.2013 (fl. 29), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 30, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesxjun/jesgecs

44 - 0100102-63.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100102-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILDA PEREIRA DUARTE DASILVA (ADVOGADO: FELIPE SILVA LOUREIRO, ANDERSON MACOHIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº. 0100102-63.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: GILDA PEREIRA DUARTE DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº. 1.523-9/1997, POSTERIORMENTECONVERTIDA NA LEI Nº. 9.528/1997. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADAEM VIGOR DA NORMA QUE FIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 43-52, em razão da sentença (fls.38-40) que julgou improcedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do seu benefício previdenciário deaposentadoria por tempo de contribuição, em razão da decadência. Sustenta, em síntese, não restar decaído o seu direito.Pretende a reforma total do julgado.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 57-63.Antes, porém de analisar o presente caso, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convémsumariar o histórico da legislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997 foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.In casu, o benefício foi concedido em 17.10.2001 (fl. 20), ou seja, quando já vigia o novo prazo decadencial, introduzido pelaaludida Medida Provisória. E a demanda somente foi ajuizada em 15.01.2013, tendo transcorrido o prazo decenallegalmente previsto. Portanto incidiu a decadência.No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização - TNU, p. ex., no aresto a seguir transcrito:PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. REVISÃO DE ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DIREITO INTERTEMPORAL.CONFLITO DE LEIS NO TEMPO. SUCESSÃO DE NORMAS REDUZINDO E AUMENTANDO O PRAZO. BENEFÍCIOCONCEDIDO APÓS 28/6/1997. 1. A partir de 28/06/1997, começou a correr o prazo decadencial de dez anos para arevisão dos benefícios previdenciários. O prazo decadencial foi reduzido para cinco anos a partir de 21/11/1998 e tornou aser aumentado para dez anos a partir de 20/11/2003. Quando sobreveio norma jurídica reduzindo para cinco anos o prazodecadencial em curso, prevaleceu a solução clássica de direito intertemporal concernente à retroatividade das leis sobreprazos prescricionais: se, para terminar o prazo antigo, falta tempo igual ou maior que o estabelecido pela lei nova,aplica-se esta, contando-se da data da sua vigência o novo prazo. Quando a lei tornou a aumentar o prazo de decadênciapara dez anos, a nova lei aplicou-se imediatamente, mas computando-se o lapso temporal já decorrido na vigência danorma revogada. 2. Para os benefícios concedidos até 27/06/1997, aplica-se o prazo de decadência de dez anos, contado apartir de 27/6/1997; para os benefícios concedidos a partir de 28/06/1997, ao final, sempre se aplica o prazo de decadênciade dez anos, contado a partir a partir do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. 3. OPresidente da TNU poderá determinar que todos os processos que versarem sobre esta mesma questão de direito materialsejam automaticamente devolvidos para as respectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo da distribuição doincidente de uniformização, para que confirmem ou adequem o acórdão recorrido. Aplicação do art. 7º, VII, “a”, doregimento interno da TNU, com a alteração aprovada pelo Conselho da Justiça Federal em 24/10/2011. 4. Incidenteparcialmente provido. (PEDIDO 201071560008762, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, DOU 31/08/2012.)Esse entendimento acha-se consolidado no âmbito da TNU conforme se encontra na Súmula nº 64 daquele colegiado

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nacional. E mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626489, com repercussãogeral, e foi além, assentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios do INSS até mesmo anteriores à MedidaProvisória nº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso.Julgamento: Sessão de 16/10/2013.Portanto, não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 23, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamenteJesxjun/gabd

45 - 0002425-67.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002425-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ISAAC PANDOLFI, ITALO SCARAMUSSA LUZ.) x SILVIA TAVARES SANTOS (ADVOGADO:DICK CASTELO LUCAS.).Processo nº. 0002425-67.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRecorrida: SILVIA TAVARES SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL OU MUNICIPAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSOPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 35-42, em razão da sentença (fls. 30-31)que julgou procedente o pedido de indenização a título de dano moral, supostamente sofrido em decorrência de demora naprestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sustenta, em suas razões, preliminarmente, cerceamento do direito de defesa, uma vez que houve o julgamento antecipadoda lide, sem a devida instrução processual, devendo ser reconhecida a nulidade da sentença. No mérito, alega a ausênciada conduta ilícita, porquanto a recorrida não esperou uma hora e quarenta e cinco minutos na fila. Em verdade, este foi otempo de duração do seu atendimento, desde a regularização de seu cadastro, com a emissão de cartão e cadastro desenha do cartão do cidadão, pois constavam no sistema três nomes diferentes, até a realização do saque de seu FGTS novalor de R$ 26,00 (vinte e seis reais). Ademais, aduz ausência de razoabilidade e proporcionalidade no quantum arbitrado, adizer R$ 20.000,00 (vinte mil reais), o que enseja enriquecimento sem causa, visto que o fato não ocasionou, efetivamente,danos à integridade psíquica da recorrida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, a fim de acolher apreliminar de cerceamento de defesa, reconhecendo a nulidade da sentença. Não sendo acolhida a preliminar, requer sejajulgado improcedente o pedido indenizatório e, subsidiariamente, reduzido o valor da condenação imposta.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 48-53.Arguiu a instituição financeira recorrente a preliminar de cerceamento de defesa, sob a alegativa de que o julgamentoantecipado da lide não lhe permitiu produção de provas. Ocorre que o julgador procedeu ao julgamento antecipado da lidepor considerar suficientemente demonstrados os fatos alegados na inicial, formando sua convicção sem necessidade deprodução de outras provas, inexistindo qualquer nulidade na sentença vergastada. Por essas razões, afasto a preliminarsuscitada.Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.

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Contudo, o tempo máximo de atendimento estabelecido nas leis municipais ou estaduais não indica razoabilidade. Em suamaioria, são bastante exíguos e não expressam adequação frente aos usos e costumes da população usuária e dosfornecedores dos serviços bancários, de modo a configurar conduta danosa e indenizável, tal como se encontra na norma.A experiência e a convivência diária denotam a dificuldade, quando não impossibilidade de atendimento do limite de tempoprescrito, com potencial de não só gerar desencontros, atritos e lides evitáveis, mas também de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dosAdvogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, o (a) recorrente afirma ter ficado por aproximadamente 1 (uma) hora aguardandoatendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir aexistência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do(a) recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.No caso específico deste processo, trata-se de aborrecimento. Senão vejamos: a necessidade de comparecimento aosbancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Não obstante, os bancos disponibilizam meios alternativosaos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet. Sabe-se que na prática, nem sempre atendemplenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede que os clientes, em tese, mudem de banco. Naverdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação de mercado.Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pelo(a) recorrente. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se,mas não aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso,necessariamente como dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuiçõespreferencialmente proativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveiscomo esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação do

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constrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da recorrente ao pagamento deindenização por dano moral.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxjun /jesgcs

46 - 0002395-32.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002395-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ISAAC PANDOLFI.) x JOSILENE BISPO DOS SANTOS.Processo nº. 0002395-32.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRecorrida: JOSILENE BISPO DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

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RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL OU MUNICIPAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSOPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 42-49, em razão da sentença (fls. 37-38)que julgou procedente o pedido de indenização a título de dano moral, supostamente sofrido em decorrência de demora naprestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sustenta, em suas razões, preliminarmente, cerceamento do direito de defesa, uma vez que houve o julgamento antecipadoda lide, sem a devida instrução processual, devendo ser reconhecida a nulidade da sentença. No mérito, alega ausência daconduta ilícita, porquanto a recorrida solicitou atendimento para regularização de cadastro de PIS, o qual, via de regra, érealizado mediante horário previamente agendado. Ocorre que a recorrida não agendou horário, dispondo-se a esperar umencaixe entre os horários já reservados; daí a razão da demora no seu atendimento. Ademais, aduz ausência derazoabilidade e proporcionalidade no quantum arbitrado, a dizer R$ 20.000,00 (vinte mil reais), o que enseja enriquecimentosem causa, visto que o fato não ocasionou, efetivamente, danos à integridade psíquica da recorrida. Pretende, assim, sejaconhecido e provido o recurso, a fim de acolher a preliminar de cerceamento de defesa, reconhecendo a nulidade dasentença. Não sendo acolhida a preliminar, requer seja julgado improcedente o pedido indenizatório e, subsidiariamente,reduzido o valor da condenação imposta.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 59-64.Arguiu a instituição financeira recorrente a preliminar de cerceamento de defesa, sob a alegativa de que o julgamentoantecipado da lide não lhe permitiu produção de provas. Ocorre que o julgador procedeu ao julgamento antecipado da lidepor considerar suficientemente demonstrados os fatos alegados na inicial, formando sua convicção sem necessidade deprodução de outras provas, inexistindo qualquer nulidade na sentença vergastada. Por essas razões, afasto a preliminarsuscitada.Passo ao mérito. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entesfederados legislar sobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípiossuplementar essa normatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito.A União editou o Código de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000,

�recentemente alterada pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do BancoCentral do Brasil – a BACEN (art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Municípiode Vitória a Lei nº 5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislaçãomunicipal que positive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.Contudo, o tempo máximo de atendimento estabelecido nas leis municipais ou estaduais não indica razoabilidade. Em suamaioria, são bastante exíguos e não expressam adequação frente aos usos e costumes da população usuária e dosfornecedores dos serviços bancários, de modo a configurar conduta danosa e indenizável, tal como se encontra na norma.A experiência e a convivência diária denotam a dificuldade, quando não impossibilidade de atendimento do limite de tempoprescrito, com potencial de não só gerar desencontros, atritos e lides evitáveis, mas também de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dosAdvogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, o (a) recorrente afirma ter ficado por aproximadamente 1 (uma) hora aguardandoatendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir aexistência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do(a) recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.No caso específico deste processo, trata-se de aborrecimento, somado a uma desatenção da parte recorrida, a qual teve otempo de espera exorbitante, tendo em vista que não agendou horário, procedimento padrão para o serviço requerido.Senão vejamos: a necessidade de comparecimento aos bancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Nãoobstante, os bancos disponibilizam meios alternativos aos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento einternet. Sabe-se que na prática, nem sempre atendem plenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nadaimpede que os clientes, em tese, mudem de banco. Na verdade, a liberdade de escolha é uma expressão daauto-regulação de mercado.

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Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pelo(a) recorrente. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se,mas não aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso,necessariamente como dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuiçõespreferencialmente proativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveiscomo esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da recorrente ao pagamento deindenização por dano moral.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

esxjun/jesgecs

47 - 0003607-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003607-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JALUZZA GAZOLI PRANDODE ARAUJO (ADVOGADO: ANA SCARPELLI DE ANDRADE, FELIPE GUEDES STREIT.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ALAN SAMPAIO CAMPOS, Victor Hugo Freitas de Oliveira, WAGNER DE FREITAS RAMOS,ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, SEBASTIAO TRISTAO STHEL.).Processo nº. 0003607-59.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: JALUZZA GAZOLI PRANDO DE ARAUJORecorrida: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 55-66, em razão da sentença (fls.48-49) que julgou improcedente o pedido de indenização a título de dano moral, supostamente sofrido em decorrência dedemora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sustenta, em suas razões, ter aguardado por aproximadamente 40 (quarenta) minutos na fila para ser atendida em umadas agências da recorrida (Agência 2042 – Praia do Canto). Alega que a Lei nº 6.226/2000 c/c a Lei nº 9.857/2012, ambasdo Estado do Espírito Santo, estabelecem o prazo de 10 (dez) minutos como sendo tempo máximo de espera para que ocliente seja atendido na fila de qualquer agência bancária instalada no estado, sob pena de indenização por danos morais.Argumenta que, por certo, as referidas leis deixam clara a obrigação de indenizar o dano causado por ação ou omissãovoluntária, negligência ou imprudência, o que tipifica o ato culposo, praticado pela prestadora de serviço bancário. Aduz,outrossim, que a indenização deve ser fixada tendo em conta sua função didática, a fim de evitar e coibir futuras práticasdanosas. Assevera que não se tratou de um mero dissabor, mas sim de um dano que atingiu seu patrimônio pessoal,causando grave desconforto emocional. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, a fim de reformar a sentençade piso, para julgar procedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 71-83.Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).

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Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.Contudo, a previsão de 10 (dez) minutos estabelecida como tempo máximo para atendimento constante da Lei Estadual nº

�6.226/2000 não indica razoabilidade. É bastante exíguo e não expressa adequação frente aos usos e costumes dapopulação usuária e dos fornecedores dos serviços bancários, de modo a configurar conduta danosa e indenizável, talcomo se encontra na norma. A experiência e a convivência diária denotam a dificuldade, quando não impossibilidade deatendimento do limite de tempo prescrito, com potencial de não só gerar desencontros, atritos e lides evitáveis, mastambém de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dosAdvogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, o (a) recorrente afirma ter ficado por aproximadamente 1 (uma) hora aguardandoatendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir aexistência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do(a) recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.No caso específico deste processo, trata-se de aborrecimento. Senão vejamos: a necessidade de comparecimento aosbancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Não obstante, os bancos disponibilizam meios alternativosaos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet. Sabe-se que na prática, nem sempre atendemplenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede que os clientes, em tese, mudem de banco. Naverdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação de mercado.Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pelo(a) recorrente. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se,mas não aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso,necessariamente como dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuiçõespreferencialmente proativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveiscomo esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta de

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eficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 68,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxjun/jesgecs

48 - 0006377-54.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006377-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSAIR ALVES SANT ANNA(DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: SUELLEM RIBEIRO BOTON,UDNO ZANDONADE.).Processo nº. 0006377-54.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: JOSAIR ALVES SANT’ANNARecorrida: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 55-59, em razão da sentença (fls.46-50) que julgou improcedente o pedido de indenização a título de dano moral, supostamente sofrido em decorrência dedemora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sustenta, em suas razões, ter aguardado por aproximadamente 01 (uma) hora na fila para ser atendido em uma dasagências da recorrida (Agência 1034 – Goiabeiras). Alega que a Lei do Município de Vitória/ES nº 5.590/2002 estabelece oprazo de 15 (quinze) minutos como sendo tempo máximo de espera para que o cliente seja atendido na fila de qualqueragência bancária instalada no município. Argumenta que, por certo, a espera por tempo superior a quatro vezes o períodofixado em lei denota inequívoco defeito na prestação de serviço, tendo o condão de expor o cliente a angústias, aflições edesequilíbrio em seu bem estar. Conclui no sentido de que o descaso da instituição financeira em atender à legislação deregência é suficiente para transcender a esfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral.Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, a fim de reformar a sentença de piso, para julgar procedente o pedidodeduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 64-73.Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.Contudo, a previsão de 15 (quinze) minutos estabelecida como tempo máximo para atendimento constante da Lei Municipal

�de Vitória/ES nº 5.590/2002 não indica razoabilidade. É bastante exíguo e não expressa adequação frente aos usos ecostumes da população usuária e dos fornecedores dos serviços bancários, de modo a configurar conduta danosa eindenizável, tal como se encontra na norma. A experiência e a convivência diária denotam a dificuldade, quando nãoimpossibilidade de atendimento do limite de tempo prescrito, com potencial de não só gerar desencontros, atritos e lidesevitáveis, mas também de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dosAdvogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, o (a) recorrente afirma ter ficado por aproximadamente 1 (uma) hora aguardandoatendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir aexistência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do(a) recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.

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No caso específico deste processo, trata-se de aborrecimento. Senão vejamos: a necessidade de comparecimento aosbancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Não obstante, os bancos disponibilizam meios alternativosaos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet. Sabe-se que na prática, nem sempre atendemplenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede que os clientes, em tese, mudem de banco. Naverdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação de mercado.Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pelo(a) recorrente. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se,mas não aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso,necessariamente como dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuiçõespreferencialmente proativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveiscomo esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Condeno o(a) recorrente vencido ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valorcorrigido da causa (art. 55, caput, parte final, da Lei 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

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Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

49 - 0000406-10.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000406-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAISA ROSA AMARO DOSANJOS (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ISAACPANDOLFI, ITALO SCARAMUSSA LUZ.).Processo nº. 0000406-10.2011.4.02.5055/01 – Juízo de Origem: 1ª VF da SerraRecorrente: MAISA ROSA AMARO DOS ANJOSRecorrida: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSO IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 36-46, em razão da sentença (fls.30-31) que julgou improcedente o pedido de indenização a título de dano moral supostamente sofrido em decorrência dedemora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sustenta, em suas razões, ter aguardado por mais de 01 (uma) hora na fila para ser atendida em uma das agências darecorrida (Agência 3098 – Casa do cidadão). Alega que a legislação estadual estabelece o tempo máximo de espera paraque o cliente seja atendido na fila de qualquer agência bancária instalada no Estado. Argumenta que, por certo, o númerode caixas em uma agência bancária depende da conjunção de diversos fatores; entretanto, devem adequar-se à demanda,querida e provocada pela própria empresa. Aduz que, sobretudo no horário de almoço, é disponibilizado número ínfimo decaixas, sendo que é neste o horário em que a maioria da clientela se dispõe para ir à agência bancária. Conclui que ainstituição financeira desrespeitou o princípio constitucional da dignidade humana e os direitos básicos do consumidor,ensejando a reparação por dano moral. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, a fim de reformar a sentençade piso, para julgar procedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 50-61.Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal quepositive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.Contudo, a previsão de 10 (dez) minutos estabelecida como tempo máximo para atendimento constante da Lei Estadual nº

�6.226/2000 não indica razoabilidade. É bastante exíguo e não expressa adequação frente aos usos e costumes dapopulação usuária e dos fornecedores dos serviços bancários, de modo a configurar conduta danosa e indenizável, talcomo se encontra na norma. A experiência e a convivência diária denotam a dificuldade, quando não impossibilidade deatendimento do limite de tempo prescrito, com potencial de não só gerar desencontros, atritos e lides evitáveis, mastambém de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dos

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Advogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, o (a) recorrente afirma ter ficado por aproximadamente 1 (uma) hora aguardandoatendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir aexistência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do(a) recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.No caso específico deste processo, trata-se de aborrecimento. Senão vejamos: a necessidade de comparecimento aosbancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Não obstante, os bancos disponibilizam meios alternativosaos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet. Sabe-se que na prática, nem sempre atendemplenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede que os clientes, em tese, mudem de banco. Naverdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação de mercado.Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pelo(a) recorrente. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se,mas não aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso,necessariamente como dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuiçõespreferencialmente proativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveiscomo esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEI

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Nº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 48,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

50 - 0000777-09.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000777-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MARIA DA PENHA RODRIGUES CARVALHO(ADVOGADO: MARIZA GIACOMIN LOZER.).Processo nº 0000777-09.2013.4.02.5053/01 – Juízo de origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: MARIA DA PENHA RODRIGUES CARVALHORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 54-60 em razão da sentença (fls. 48-52)que julgou procedente o pedido de revisão do salário-de-benefício do benefício previdenciário de auxílio-doença, com basena média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, ao pagamento dos valores atrasados devidamentecorrigidos, respeitada a prescrição quinquenal.

Sustenta o recorrente, em síntese, a ausência do interesse de agir por não haver necessidade de tutela judicial, tendo emvista transação judicial homologada nos autos da Ação Civil pública nº 00023205920124036138, que propiciará a revisão detodos os benefícios elegíveis em janeiro de 2013. Pretende, portanto, seja conhecido e provido o recurso.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 64-76.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento desta

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Turma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte resta demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Pois bem. A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI dobenefício da parte recorrente contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991,com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

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Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício do(a) recorrido(a).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

51 - 0001075-10.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001075-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x MONIK LUNS.Processo nº 0001075-10.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: MONIK LUNSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 48-66 em razão da sentença (fls. 44-45)que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário (auxílio-doença e/ouaposentadoria por invalidez), nos termos do art. 29, inciso II da Lei nº 8.213/1991, no valor de R$ 3.486,48 (três mil,quatrocentos e oitenta e seis reais e quarenta e oito centavos), atualizado até janeiro de 2013.

Sustenta, em suas razões, a ausência do interesse de agir por não haver necessidade de tutela judicial, tendo em vistatransação judicial homologada nos autos da Ação Civil pública nº 00023205920124036138, que propiciará a revisão detodos os benefícios elegíveis em janeiro de 2013. Pretende, portanto, a reforma da r. sentença, para que seja o processoextinto sem resolução do mérito, e, subsidiariamente, a total improcedência dos pedidos expressos na exordial.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 70).

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Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte resta demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Pois bem. A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI dobenefício da parte recorrente contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991,com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº

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3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício da recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

52 - 0004217-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004217-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ROSINEI MARIA PAULINO EOUTRO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).Processo nº 0004217-27.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorridos: ROSINEI MARIA PAULINO E LUCAS PAULINO DE AMORIMRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 87-93 em razão de sentença (fls. 83-84)que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário do(a) recorrido(a), apurandonovo salário-de-benefício calculado, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%(oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29,inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, aopagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, respeitada a prescrição quinquenal.

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Sustenta, em suas razões, a ausência do interesse de agir por não haver necessidade de tutela judicial, tendo em vistatransação judicial homologada nos autos da Ação Civil pública nº 00023205920124036138, que propiciará a revisão detodos os benefícios elegíveis em janeiro de 2013. Pretende, portanto, a reforma da r. sentença, para que seja o processoextinto sem resolução do mérito.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 98).

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte resta demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Pois bem. A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI dobenefício da parte recorrente contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991,com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,

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segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício da recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

53 - 0006854-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006854-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x RENATO SANTOS FAUSTINO(ADVOGADO: LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA, RICARDO CARLOS DA ROCHA CARVALHO, MARIA DACONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN.).Processo nº 0006854-14.2011.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: RENATO SANTOS FAUSTINORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 69-75 em razão da sentença (fls. 63-66)

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que julgou procedente o pedido de revisão do salário-de-benefício do benefício previdenciário de auxílio-doença, com basena média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta o recorrente, em síntese, a ausência do interesse de agir por não haver necessidade de tutela judicial, tendo emvista transação judicial homologada nos autos da Ação Civil pública nº 00023205920124036138, que propiciará a revisão detodos os benefícios elegíveis em janeiro de 2013. Pretende, portanto, seja conhecido e provido o recurso.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 80-87.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte resta demonstrado o interesse de agir da recorrida. Isso por que o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Pois bem. A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI dobenefício da parte recorrente contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991,com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

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Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício da recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/gabd

54 - 0001000-68.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001000-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x FABIOLA COSTALONGABARBOSA (ADVOGADO: RODRIGO LOPES BRANDÃO.).Processo nº 0001000-68.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: FABIOLA COSTALONGA BARBOSARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

Page 87: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. ACORDO EM AÇÃO CIVILPÚBLICA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 50-64 em razão de sentença (fls. 46-48)que julgou procedente o pedido de revisão do salário-de-benefício do auxílio-doença, com base na média dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20%(vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, ao pagamento das diferenças decorrentes da revisão, incidentes sobre asprestações mensais devidas após 15.04.2005.

Sustenta, em suas razões, a ausência do interesse de agir por não haver necessidade de tutela judicial, tendo em vistatransação judicial homologada nos autos da Ação Civil pública nº 00023205920124036138, que propiciará a revisão detodos os benefícios elegíveis em janeiro de 2013. Pretende, portanto, seja conhecido e provido o recurso, extinguindo-se oprocesso sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 68-78.

Considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de abrilde 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar a sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Dessarte resta demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisões econsequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Pois bem. A norma regulamentar utilizada pela autarquia previdenciária, para a apuração da renda mensal inicial - RMI dobenefício da parte recorrente contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991,com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999, segundo a qual o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

Com efeito, cabe registrar que a Lei nº 9.876/1999 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º- Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

Na verdade, o art. 3º da Lei n.º 9.876/1999 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29da Lei n.º 8.213/1991. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual,nunca inferior a 80%, sobre o número de meses compreendidos entre julho/1994 e a data do requerimento.

Não obstante, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, com a redação conferida pelo Decreto nº 5.545/2005, dispõe que“nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com menos de cento e quarenta equatro contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-benefício corresponderá à soma dossalários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado".

Page 88: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Nesse passo, percebe-se que o regulamento criou uma exceção à regra instituída pela lei, pois, nos casos em que osegurado contar com menos de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições no período contributivo, prevê que todos ossalários-de-contribuição e não apenas os 80% maiores, sejam considerados para efeito de cálculo do salário-de-benefício.Nesse ponto, o decreto, a pretexto de regulamentar o texto legal, estabeleceu exceção nele não prevista, vez que a leiprevê, independentemente do número de contribuições computadas no período contributivo ou de qualquer outra condição,que o salário-de-benefício deve sempre se basear apenas na média dos 80% maiores salários-de-contribuição.

Sabe-se que o ato normativo regulamentar não pode inovar a ordem jurídica, possuindo apenas a finalidade de propiciar-lheo fiel cumprimento. Portanto, o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/1999, afigura-se inconstitucional (art. 84, inciso IV,segunda parte da Constituição da República), no ponto.

Nesse sentido, o Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta SJ/ES consolidou oentendimento que, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº9.876/1999, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº3.048/1999, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

No mesmo sentido, é o entendimento expresso na Súmula nº 57 da Turma Nacional de Uniformização – TNU.

Tendo em vista que o critério utilizado pelo INSS foi diverso do previsto no inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 com aredação dada pela Lei nº 9.876/1999, torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor do benefício da recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

55 - 0002707-08.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002707-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x OSVALDO FELIX DA SILVA(ADVOGADO: FREDERICO D. A. IABLONOWSKY.).Processo nº 0002707-08.2012.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF Vitória

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Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: OSVALDO FELIX DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DEREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 36-39 em razão da sentença (fls. 32-33)que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário do(a) recorrido(a), apurandonovo salário-de-benefício calculado, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%(oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29,inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, aopagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, respeitada a prescrição quinquenal.

Sustenta, em suas razões, a falta de interesse de agir do(a) recorrido(a), uma vez que o INSS determinara a realizaçãoadministrativa das revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de15.04.2010. Aduz, por fim, ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 43-57.

Inicialmente, cumpre ressaltar que para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

Assim, considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.Esse cronograma consta da Resolução INSS/PRES Nº 268, de 24 de janeiro de 2013.

Dessarte, acha-se demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisõese consequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Quadra registrar, que no caso concreto, a falta de requerimento administrativo não traduz ausência de interesse de agir. Arazão é simples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Não merece reparo, portanto, a sentença de primeiro grau, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

Page 90: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

56 - 0003599-48.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003599-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x GILDO MANSK LAURETT(ADVOGADO: MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).Processo nº 0003599-48.2011.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: GILDO MANSK LAURETTRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DEREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 42-45 em razão da sentença (fls. 38-39)que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário do(a) recorrido(a), apurandonovo salário-de-benefício calculado, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%(oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29,inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, aopagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, respeitada a prescrição quinquenal.

Sustenta, em suas razões, a falta de interesse de agir do recorrido, uma vez que o INSS determinara a realizaçãoadministrativa das revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de15.04.2010. Aduz, por fim, ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 49-58.

Inicialmente, cumpre ressaltar que para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

Assim, considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.Esse cronograma consta da Resolução INSS/PRES Nº 268, de 24 de janeiro de 2013.

Dessarte, acha-se demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisõese consequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Quadra registrar, que no caso concreto, a falta de requerimento administrativo não traduz ausência de interesse de agir. Arazão é simples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Page 92: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Não merece reparo, portanto, a sentença de primeiro grau, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

Oportunamente, proceda a Coordenadoria à exclusão das contrarrazões de fls. 59-68, eis que idênticas às anteriormenteapresentadas às fls. 49-58, ficando dispensada a devolução ao seu subscritor, porquanto se trata de autos eletrônicos emque o original da referida peça permanece com o peticionante.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

57 - 0003709-81.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003709-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x GERALDO BARBOSA (ADVOGADO: JOAO FELIPEDE MELO CALMON HOLLIDAY.).Processo nº 0003709-81.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: GERALDO BARBOSARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

Page 93: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DEREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 38-47 em razão da sentença (fls. 34-35)que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário do(a) recorrido(a), apurandonovo salário-de-benefício calculado, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%(oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29,inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, aopagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, respeitada a prescrição quinquenal.

Sustenta, em suas razões, a falta de interesse de agir do(a) recorrido(a), uma vez que o INSS determinara a realizaçãoadministrativa das revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de15.04.2010. Aduz, por fim, ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 51-52.

Inicialmente, cumpre ressaltar que para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

Assim, considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.Esse cronograma consta da Resolução INSS/PRES Nº 268, de 24 de janeiro de 2013.

Dessarte, acha-se demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisõese consequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Quadra registrar, que no caso concreto, a falta de requerimento administrativo não traduz ausência de interesse de agir. Arazão é simples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Não merece reparo, portanto, a sentença de primeiro grau, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

Page 94: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

58 - 0007903-90.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007903-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x JOSE LUCAS FILHO (ADVOGADO:MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).Processo nº 0007903-90.2011.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: JOSE LUCAS FILHORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T APREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991

Page 95: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DEREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 32-37 em razão da sentença (fls. 27-28)que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário do(a) recorrido(a), apurandonovo salário-de-benefício calculado, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%(oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29,inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, aopagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, respeitada a prescrição quinquenal

Sustenta, em suas razões, a falta de interesse de agir do(a) recorrido(a), uma vez que o INSS determinara a realizaçãoadministrativa das revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de15.04.2010. Aduz, por fim, ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 41-50.

Inicialmente, cumpre ressaltar que para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

Assim, considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.Esse cronograma consta da Resolução INSS/PRES Nº 268, de 24 de janeiro de 2013.

Dessarte, acha-se demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisõese consequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Quadra registrar, que no caso concreto, a falta de requerimento administrativo não traduz ausência de interesse de agir. Arazão é simples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Não merece reparo, portanto, a sentença de primeiro grau, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Page 96: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

59 - 0005469-65.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005469-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x DAVID MARCIO FRECHIANI(ADVOGADO: BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).Processo nº 0005469-65.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: DAVID MARCIO FRECHIANIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

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PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI Nº 8.213/1991COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.876/1999. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR POR FALTA DEREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 98-101 em razão da sentença (fls.93-96) que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário do(a) recorrido(a),apurando novo salário-de-benefício calculado, com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos doart. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999; condenando o recorrente, outrossim, aopagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, respeitada a prescrição quinquenal.

Sustenta, em suas razões, falta de interesse de agir do(a) recorrido(a), uma vez que o INSS determinara a realizaçãoadministrativa das revisões, o que se deu através do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/ PFEINSS, de15.04.2010. Aduz, por fim, ausência de interesse de agir em vista da inexistência de requerimento administrativo. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se extinto o processo sem resolução de mérito.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 107-114.

Inicialmente, cumpre ressaltar que para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

Assim, considerando o conteúdo do ato normativo interno (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010 e Memorando-Circular Conjunto nº28/DIRBEN/PFEINSS de 17 de setembro de 2010), o entendimento destaTurma Recursal acerca da matéria deste recurso era no sentido de confirmar sentença extintiva de primeiro grau, pelosseus próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na inexistência de interesse de agir na modalidadenecessidade/utilidade, porquanto a revisão pleiteada dar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Sem embargo do entendimento, sufragado, v.g., STJ AgRg no AREsp 119.366/RS Relator Ministro BENEDITO�GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA e no MS nº 0005937-97.2008.4.02.5050/01, Relator Juiz Federal Osair Victor de Oliveira

Junior, desta Turma Recursal, fatos novos concorrem para a modificação do entendimento antes adotado, especialmente, aexistência da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de SãoPaulo, ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é a revisão dosbenefícios por incapacidade concedidos após 29.11.1999 em que, no período básico de cálculo foram considerados 100%(cem por cento) dos salários-de-contribuição, pretendendo sejam considerados apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Por sua vez, o INSS, naqueles autos, apresentou proposta de acordo às partes para revisão do cálculo de benefícios pagose originados entre os anos de 1999 e 2009. Vê-se, então, que o acordo proposto englobou todos os segurados prejudicadospela aplicação das mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 e que culminaram na redução da renda mensal dobenefício.

Pois bem. O acordo homologado em 05.09.2012 pelo juízo respectivo prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.Esse cronograma consta da Resolução INSS/PRES Nº 268, de 24 de janeiro de 2013.

Dessarte, acha-se demonstrado o interesse de agir do(a) recorrido(a). Isso porque o prazo de implementação das revisõese consequentemente do pagamento dos atrasados é bem extenso, equivalente a 10 (dez) anos. O requerimentoadministrativo dessa revisão, certamente observará o dilatado escalonamento antes mencionado.

Quadra registrar, que no caso concreto, a falta de requerimento administrativo não traduz ausência de interesse de agir. Arazão é simples: uma vez que houve acordo na ação civil pública nº 2320-59.2012..403.6183 e que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2023.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado paraefetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir, nãoobstante a ausência de requerimento administrativo.

Não merece reparo, portanto, a sentença de primeiro grau, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo recorrente, fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

Page 98: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

60 - 0000097-06.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.000097-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x CARLOS HENRIQUE DE ASSIS MATTOS REP POR GUARACI DESOUZA MATTOS (ADVOGADO: ADILSON BANDEIRA DIAS.).Processo nº. 0000097-06.2008.4.02.5051/02 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: UNIÃORecorrido: CARLOS HENRIQUE DA ASSIS MATTOS representado por GUARACI DE SOUZA MATTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO. LEGITIMIDADEPASSIVA. UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 212-223, em razão da sentença (fls.201-205) que julgou procedente o pedido de fornecimento do medicamento Acetato de Leuprolida 3,75 mg.Sustenta, em suas razões, preliminarmente: a) ilegitimidade passiva e consequente incompetência da Justiça Federal. Nomérito, afirma que a União encontra-se atrelada, em todas as suas ações administrativas, às limitações orçamentárias eaos regramentos legais para compras diversas, especialmente os contidos na Lei 8.666/93, incluída a aquisição demedicamentos específicos para o atendimento de doenças raras ou que impõem tratamentos caros. Pretende, assim, areforma do julgado.Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 227).Preliminares rejeitadas. A impossibilidade jurídica do pedido condiz com algo que seja vedado no ordenamento jurídico. Aocontrário, o pedido autoral guarda relação com o direito fundamental à saúde, resguardado pela Constituição da República.O interesse de agir mantém-se, in casu, porquanto o medicamento somente foi fornecido pela Secretaria Estadual deSaúde, ante a concessão de tutela antecipada. Há legitimidade passiva dos entes demandados, porquanto o deverfundamental de prestação de saúde é solidário aos entes da federação.No que diz ao mérito, é sabido que o preceito do art. 196 da Constituição da República consagra o direito à saúde, impondoa todos os entes federativos o dever de assegurá-lo, mediante políticas públicas e econômicas que visem à redução dorisco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção erecuperação. O E. STF, no julgamento do RE 27186/RS, em hipótese semelhante à presente, ressaltou quanto à referidanorma constitucional que “o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada àgeneralidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmentetutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - eimplementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores dovírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar.”Por sua vez, a Lei nº 8.080/1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, aorganização e o funcionamento dos serviços correspondentes, determina que o Estado deve garantir a saúde a todos pormeio do Sistema Único de Saúde (SUS) que possui, dentre suas diversas atribuições, a competência de formular política demedicamentos, a fim de proporcionar tal assistência de forma integral e adequada. Merece, ainda, ser destacado o princípioda integralidade, previsto no artigo 7º, II, da Lei aludida, estabelece que a assistência à saúde deve ser proporcionada porum conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cadacaso em todos os níveis de complexidade.Assim colocado, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001, merece ser mantida a sentença pelos próprios fundamentos.

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Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pela União, fixados em10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

61 - 0005888-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005888-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DONASCIMENTO.) x PAULO SERGIO FELICIO (DEF.PUB: VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.) x MUNICÍPIO DE CARIACICA(ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO.).Processo nº. 0005888-51.2011.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: UNIÃO e MUNICÍPIO DE CARIACICARecorridos: PAULO SERGIO FELICIO, representado por MARIA NATALINA FELICIO, e MUNICÍPIO DE CARIACICARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO. LEGITIMIDADEPASSIVA. UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO. RECURSOS IMPROVIDOS. SENTENÇA MANTIDA.Estes recursos inominados foram interpostos pelo Município de Cariacica e pela União, réus da demanda em primeiro grau,às fls. 112-118 e 119-132, respectivamente, em razão da sentença (fls. 93-97) que julgou procedente o pedido defornecimento de fraudas geriátricas, de acordo com as necessidades do recorrido, devidamente comprovadas porreceituário médico.Aduz o Município de Cariacica, em suas razões, preliminarmente, ilegitimidade passiva ad causam, ao argumento de que oinsumo pleiteado (fraudas geriátricas) não faz parte da relação de atenção básica, conforme Portaria nº 2084/2006 doMinistério da Saúde, bem como da Resolução nº 523/2004 da SIB/SESA-ES. No mérito, assevera que as fraldas geriátricasnão são medicamentos básicos, portanto, não pode ser compelido a fornecê-las. Invoca, outrossim, ausência de dotaçãoorçamentária. Pretendem, assim, a reforma do julgado.Por sua vez, sustenta a União, em suas razões, preliminarmente: a) impossibilidade jurídica do pedido em razão daindisponibilidade do medicamento no Sistema Único de Saúde – SUS; b) falta de interesse de agir superveniente, posto queo fármaco foi fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde; c) ilegitimidade passiva e consequente incompetência da JustiçaFederal. No mérito, afirma que a União encontra-se atrelada, em todas as suas ações administrativas, às limitaçõesorçamentárias e aos regramentos legais para compras diversas, especialmente os contidos na Lei 8.666/93, incluída aaquisição de medicamentos específicos para o atendimento de doenças raras ou que impõem tratamentos caros. Aduz que,na hipótese em comento, há verdadeira colisão entre o direito à saúde individual e à vida, de um lado, e o direito dacoletividade, compreendendo as corretas e úteis ações de saúde coletiva. Conclui, alegando que nesta inevitável colisão dedireitos deve prevalecer a saúde coletivamente considerada e a garantia de implementação de políticas públicas mínimas.Pretende assim a reforma do julgado.As contrarrazões foram apresentadas pelo autor às fls. 153-162 e pelo Município de Cariacica às fls. 167-169.Preliminares rejeitadas. A impossibilidade jurídica do pedido condiz com algo que seja vedado no ordenamento jurídico. Aocontrário, o pedido autoral guarda relação com o direito fundamental à saúde, resguardado pela Constituição da República.O interesse de agir mantém-se, in casu, porquanto o medicamento somente foi fornecido pela Secretaria Estadual deSaúde, ante a concessão de tutela antecipada. Há legitimidade passiva dos entes demandados, porquanto o deverfundamental de prestação de saúde é solidário aos entes da federação.No que diz ao mérito, é sabido que o preceito do art. 196 da Constituição da República consagra o direito à saúde, impondoa todos os entes federativos o dever de assegurá-lo, mediante políticas públicas e econômicas que visem à redução dorisco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção erecuperação. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 27186/RS, em hipótese semelhante à presente, ressaltouquanto à referida norma constitucional que “o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponívelassegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídicoconstitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbeformular - e implementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles

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portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar.”Por sua vez, a Lei nº 8.080/1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, aorganização e o funcionamento dos serviços correspondentes, determina que o Estado deve garantir a saúde a todos pormeio do Sistema Único de Saúde (SUS) que possui, dentre suas diversas atribuições, a competência de formular política demedicamentos, a fim de proporcionar tal assistência de forma integral e adequada. Merece, ainda, ser destacado o princípioda integralidade, previsto no artigo 7º, inciso II, da Lei aludida, estabelece que a assistência à saúde deve ser proporcionadapor um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos paracada caso em todos os níveis de complexidade.Assim colocado, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001, merece ser mantida a sentença pelos próprios fundamentos.Portanto, conheço ambos os recursos e a eles nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, incisos I e III, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pelo Município de Cariacica,fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com oart. 1º da Lei nº 10.259/2001. Deixo de condenar a União em honorários, nos termos da Súmula nº 421, do SuperiorTribunal de Justiça: “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoajurídica de direito público à qual pertença”.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecerdos recursos e a eles negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

62 - 0002400-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002400-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: DARIO PEREIRA DE CARVALHO.) x SAMUEL GONÇALVES CARDOSO (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.).Processo nº. 0002400-25.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: UNIÃORecorrido: SAMUEL GONÇALVES CARDOSO representado por REINALDO DE OLIVEIRA CARDOSORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. CONCESSÃO DE MEDICAMENTO. LEGITIMIDADEPASSIVA. UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 174-189, em razão de sentença (fls.149-151) que julgou procedente o pedido de fornecimento de medicamento MUVINLAX, conforme prescrição médicaatualizada.Sustenta, em suas razões, preliminarmente: a) impossibilidade jurídica do pedido em razão da indisponibilidade domedicamento no Sistema Único de Saúde – SUS; b) ilegitimidade passiva e consequente incompetência da Justiça Federal.No mérito, afirma que a União encontra-se atrelada, em todas as suas ações administrativas, às limitações orçamentárias eaos regramentos legais para compras diversas, especialmente os contidos na Lei 8.666/1993, incluída a aquisição demedicamentos específicos para o atendimento de doenças raras ou que impõem tratamentos caros. Aduz que, no caso emcomento, há verdadeira colisão entre o direito à saúde individual e à vida, de um lado, e o direito da coletividade,compreendendo as corretas e úteis ações de saúde coletiva. Conclui, alegando que nesta inevitável colisão de direitos deveprevalecer a saúde coletivamente considerada e a garantia de implementação de políticas públicas mínimas. Pretendeassim a reforma do julgado.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 216-224.Preliminares rejeitadas. A impossibilidade jurídica do pedido condiz com algo que seja vedado no ordenamento jurídico. Aocontrário, o pedido autoral guarda relação com o direito fundamental à saúde, resguardado pela Constituição da República.O interesse de agir mantém-se, in casu, porquanto o medicamento somente foi fornecido pela Secretaria Estadual deSaúde, ante a concessão de tutela antecipada. Há legitimidade passiva dos entes demandados, porquanto o deverfundamental de prestação de saúde é solidário aos entes da federação.No que diz ao mérito, é sabido que o preceito do art. 196 da Constituição da República consagra o direito à saúde, impondoa todos os entes federativos o dever de assegurá-lo, mediante políticas públicas e econômicas que visem à redução dorisco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção erecuperação. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 27186/RS, em hipótese semelhante à presente, ressaltouquanto à referida norma constitucional que “o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponívelassegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídicoconstitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe

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formular - e implementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àquelesportadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar.”Por sua vez, a Lei nº 8.080/1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, aorganização e o funcionamento dos serviços correspondentes, determina que o Estado deve garantir a saúde a todos pormeio do Sistema Único de Saúde (SUS) que possui, dentre suas diversas atribuições, a competência de formular política demedicamentos, a fim de proporcionar tal assistência de forma integral e adequada. Merece, ainda, ser destacado o princípioda integralidade, previsto no artigo 7º, inciso II, da Lei aludida, estabelece que a assistência à saúde deve ser proporcionadapor um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos paracada caso em todos os níveis de complexidade.Assim colocado, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001, merece ser mantida a sentença pelos próprios fundamentos.Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, incisos I e III, da Lei nº 9.289/1996. Deixo de condenar a União em honorários, nos termosda Súmula nº 421, do Superior Tribunal de Justiça: “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Públicaquando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

63 - 0001579-52.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001579-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA THOME DA SILVA (ADVOGADO:MICHELA JACOMELI MARTINS, IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.).Processo nº. 0001579-52.2009.4.02.5051/01– Juízo de origem: 1ª VF de CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: MARIA THOME DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. GENITORA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICAVERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto, às fls. 73-78, pelo réu da demanda em primeiro grau, em razão da sentença (fls.67-71) que julgou procedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, desde a data dorequerimento administrativo.Sustenta, em resumo, que a dependência econômica, assim como a prova de tempo de serviço, depende de início razoávelde prova material. Afirma que os documentos apresentados pela parte não podem ser considerados prova material, poissão inidôneos. Ainda, que a dependência econômica não pode ser aferida exclusivamente com base em prova testemunhal,conforme disposto no art. 143, do Decreto nº 3.048/1999. Ademais, pontua que a recorrida e o falecido moravam emcidades distintas, e a época do óbito a mesma trabalhava. Pretende a reforma total do julgado.Foram apresentadas contrarrazões às fls. 86-89.A controvérsia implica analisar a alegada dependência econômica da recorrida. In casu, o instituidor da pensão por morte,filho da recorrida, faleceu em 22.07.2004 (fl. 15). O requerimento administrativo do benefício deu-se em 29.07.2004. Foiindeferido por falta da qualidade de dependente (fl. 24).Registre-se, a comprovação da dependência econômica da mãe para com o filho prescinde, em regra, da formação deinício de prova material (Precedente da 3ª Seção do STJ: AGREsp 200602014106), desde que fique demonstrada aindispensabilidade do auxílio do segurado para a manutenção das necessidades vitais da pleiteante, ainda que, caso acaso, mediante prova exclusivamente testemunhal. Considera-se, outrossim, a natureza fática e a dinâmica desserelacionamento no seio da família, de par com o dever de ajuda mútua (art. 229 da Constituição da República).Verifica-se que o falecido era solteiro e sem filhos. As testemunhas informaram desconhecer qualquer compromisso maritaldo de cujus. Apurou-se que, ao tempo em que morou com a mãe, sempre a ajudou nas despesas domésticas e que,apesar de morarem em lugares distintos, continuou prestando auxílio financeiro necessário ao sustento da genitora.Como bem lançado na sentença pelo magistrado de primeiro grau, o fato de não residirem sob o mesmo teto não significaruptura do laço familiar e muito menos a ausência de dependência econômica. Ficou bem realçado, do conjunto probatório,que o filho falecido morava em Vitória apenas em razão do trabalho e que visitava a mãe nos finais de semana, e levavaalimentos e dinheiro.Assim colocado, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentença merece ser mantida tal como proferida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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Sem custas, com base no art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Leinº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

xmms/gabd

64 - 0000027-15.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000027-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIAS BUTSKE (ADVOGADO:EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTOFERNANDES.).Processo nº. 0000027-15.2010.4.02.5052/01– Juízo de origem: 1ª VF São MateusRecorrente: ELIAS BUTSKERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL NÃO CONFIGURADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto às fls. 101-106, pelo autor da demanda em primeiro grau, em razão da sentença(fls. 95-99) que julgou procedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, em favor dosfilhos menores Lucas Martins Butske, Elisfran Gonçalves Martins Butske e Luana Martins Butske desde a data do óbito(03.02.2009) e improcedente o pedido em favor do recorrente.Sustenta, em resumo, ter vivido em regime de união estável com a falecida, razão pela qual faz jus ao benefício. Argumentaque o fato de ter tido três filhos com a segurada falecida comprova que mantinham uma relação duradoura, pública econtínua estabelecida com o objetivo de constituir família. Afirma que não há prova nos autos de que houve abandono ouseparação. Ademais, pontua que não houve separação de fato, pois a companheira foi morar com a mãe por motivo dedoença e sempre a visitava. Postula, assim, o provimento do recurso de modo a lhe assegurar a pensão por morte.Manifestação do Ministério Público Federal às fls. 80-85 e 94.As contrarrazões não foram apresentadas.A controvérsia implica analisar a condição de dependente do recorrente.Pois bem. Verifico pelos depoimentos colhidos em audiência, que o recorrente encontrava-se “separado de fato” da falecidasegurada. Assim é, segundo consta da sentença, tendo em vista que após a segurada ser acometida por enfermidade, foimorar com seus pais, juntamente com os filhos, em cidade diversa.Tal o contexto fático, o recorrente não logrou comprovar a permanência da convivência marital estável com a entãosegurada; notadamente ao tempo do óbito. Não trouxe substrato probatório apto a infirmar a conclusão lançada nasentença, enquanto que as testemunhas, como bem lançado pelo magistrado sentenciante, denotam a separação de fatodo casal.Assim colocado, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentença merece ser mantida pelos próprios fundamentos.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade da Justiça à fl. 52, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Page 103: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

xmms/gabd

65 - 0004887-31.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004887-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE FÁTIMA OLIVEIRAMARES GUIA NOVAES (ADVOGADO: SHEILA CRISTINA DE SOUZA OLIVEIRA ALBERGARIA, MEIRYELLE RIBEIROLEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).Processo nº. 0004887-31.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 3º JEF de Vitória Recorrente: MARIA DE FÁTIMAOLIVEIRA MARES GUIA NOVAESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONDIÇÃO DE SEGURADO NÃO VERIFICADA.ÓBITO APÓS CESSAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.Trata-se de recurso inominado interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 92-100, em razão da sentença(fls. 87-89) que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte.Sustenta que o não recolhimento das contribuições previdenciárias não pode ser óbice para a concessão do benefício, umavez que tal débito poderá ser quitado posteriormente quando a dependente, ora recorrente, iniciar o recebimento da pensão.Pretende-se, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 104-109.A controvérsia implica analisar a condição de segurado do de cujus. Assim, verifico que o marido da recorrente faleceu em29.12.2001 (fl. 22). O benefício foi requerido administrativamente em 09.01.2003 e indeferido, sob o argumento de que aúltima contribuição foi recolhida em dezembro de 1996, mantida a qualidade de segurado até 15.05.1997; portanto, o óbitoocorreu após a perda da qualidade de segurado (fl. 32).Nesse contexto, cumpre realçar o teor da súmula nº 52 da Turma Nacional de Uniformização, in verbs:Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do recolhimento de contribuições de seguradocontribuinte individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser encarregadas por empresatomadora de serviços.Verifica-se que nada há nos autos que possa infirmar a sentença de primeiro grau. A última contribuição ocorreu emdezembro de 1996 (fl. 86), portanto, não mantinha a qualidade de segurado ao tempo do óbito.Como bem lançado pelo magistrado de primeiro grau, para a manutenção da qualidade de segurado como contribuinteindividual: não basta o mero exercício de atividade remunerada para instaurar o vínculo de filiação previdenciária, sendoigualmente necessário o recolhimento das contribuições previdenciárias.Percebe-se, da análise dos preceptivos acima e dos fatos e documentos pertinentes, na forma do art. 46 da Lei nº9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, que a sentença merece sermantida pelos próprios fundamentos.Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade da Justiça à fl. 89, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Vitória, de 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

xmms

66 - 0000700-68.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000700-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARINGÁ FÊU BRANDÃO(ADVOGADO: RODRIGO CAMPANA FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº. 0000700-68.2011.4.02.5053/01– Juízo de origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: MARINGÁ FÊU BRANDÃORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONDIÇÃO DE SEGURADO NÃO VERIFICADA.ÓBITO APÓS CESSAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.Trata-se de recurso inominado interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 70-80, em razão da sentença(fls. 66-68) que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de pensão pela morte do marido.Sustenta que o falecido manteve o vínculo empregatício contínuo até dezembro de 2003 com a Construtora FANNY Ltda.ME, apesar da baixa na carteira de trabalho em 24.08.2000. Argumenta que o benefício não exige carência, razão pela qualnão há que se falar em perda da qualidade de segurado. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-seprocedente o pedido.Não foram apresentadas contrarrazões.A controvérsia cinge-se à condição de segurado do de cujus. Verifica-se que o marido da recorrente faleceu em 08.06.2004(fl. 19). O benefício foi requerido administrativamente em 08.08.2008 e indeferido, sob o argumento de que o óbito ocorreuapós a perda da qualidade de segurado (fl. 20).Pois bem. O último vínculo empregatício do então segurado cessou em 24.08.2000 (fl. 25) com a Construtora FANNY Ltda.O aditivo contratual às fls. 62-64 denota que, após o encerramento daquele vínculo, o falecido passou à condição de sócioda construtora. De fato, como sócio, o falecido enquadrar-se-ia na categoria de segurado obrigatório contribuinte individual.Todavia, as contribuições previdenciárias não foram recolhidas. Perdeu, portanto, a qualidade de segurado.Repise-se, ainda que se considere o período de graça de doze meses após o encerramento das atividades no ano de 2000,o tempo decorrido desde a cessação das contribuições, não deixa dúvida de que o falecido manifestamente já nãomantinha a qualidade de segurado ao tempo do óbito (art. 15, II, Lei nº 8.213/1991).Percebe-se, da análise dos preceptivos acima e dos fatos e documentos pertinentes, na forma do art. 46 da Lei nº9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais (art. 1º da Lei nº 10.259/2001), que a sentença há de ser mantidapelos próprios fundamentos.Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistência judiciáriagratuita à fl. 27, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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67 - 0005941-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005941-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AILTON GONÇALVES PINTO(ADVOGADO: RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).Processo nº. 0005941-66.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF VitóriaRecorrente: AILTON GONÇALVES PINTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 49-52, em razão de sentença (fls.44-46) que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença previdenciário e/ou sua conversãoem aposentadoria por invalidez.Sustenta, em suas razões, que o laudo pericial do Juízo padece de veracidade, eis que não reconheceu a gravidade doestado de saúde do recorrente, mesmo este apresentando os dedos das mãos entrevados, em decorrência da enfermidadeque acomete seus membros superiores. Aduz que, dado o agravamento de seu estado de saúde, caso não seja amparadopela Previdência Social, terá que socorrer-se da caridade alheia para sua manutenção e sobrevivência. Ademais, asseveraque a confirmação da sentença nos moldes em que se encontra consubstanciará precedente que coloca em xeque direitose garantias constitucionalmente assegurados. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-seprocedentes os pedidos deduzidos na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 57-61.A controvérsia diz com a verificação da existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos osdemais requisitos (fls. 65-66).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 14.05.1992 a 08.08.1994 e de 04.06.2010 a 03.08.2010 (fls.65-66).Histórico clínico:

Laudo médico particular à fl. 20, refere diagnóstico de epicondiolite lateral positivo;

(ii) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 60 anos (fl. 14).Profissão/ocupação: Servente de obra (fl. 17).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Conforme a análise pericial do Juízo (fls. 30-32), realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia em23.05.2011, o recorrente foi examinado, não sendo constatada patologia alguma (quesito nº 01 – fl. 30). Questionado sepessoa examinada tinha, no momento do exame pericial, aptidão física e mental para exercer a atividade habitual, informouo expert que o periciado apresentou queixa de dor no cotovelo direito sem apresentar sinais ou sintomas de lesãoosteomuscular que o incapacite para o exercício de sua atividade habitual (quesito nº 09 – fl. 30). Informou que não épossível aferir se existia estado de incapacidade há pelo menos seis ou doze meses, pois não se sabe sobre o quadroclinico apresentado pelo periciado naquelas datas (quesito nº 11, “c” – fl. 31). Concluiu pela ausência de incapacidade

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laborativa, eis que o segurado encontra-se trabalhando normalmente segundo seu próprio relato (quesito nº 14 – fl. 31).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo(a) recorrente, vale dizer, diante de prova material robustae harmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Calha pertinente registrar, nesse diapasão, que o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabeaveriguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendoo diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico nãoencarregado da perícia não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho. (Recurso nº0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de 14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz FederalRogério Moreira Alves).Por derradeiro, oportuno realçar que a dor não pode ser cientificamente comprovada, motivo pelo qual, em casos como opresente, a incapacidade pode, em tese, ser avaliada com base em regra de presunção. Entretanto, inexistem elementosde prova nos autos dos quais se possa inferir a severidade do quadro clínico do recorrente.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 22,nos termos do art. 55 da Lei nº 9009/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

68 - 0000951-26.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000951-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CERCITONIO MACIEL(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRECOUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).Processo nº. 000951-26.2010.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: CERCITONIO MACIELRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 53-54, em razão de sentença (fls.49-50) que julgou improcedente o pedido de concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário,com o pagamento dos valores atrasados devidamente corrigidos, bem como de indenização por danos morais

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Sustenta, em suas razões, que não obstante o perito do juízo tenha concluído pela capacidade laborativa, há de ser levadaem consideração a totalidade do conjunto probatório, sopesando-se os demais documentos carreados, tais como os laudosmédicos particulares. Assevera, outrossim, que houve cerceamento de defesa ante o indeferimento do pedido decomplementação dos quesitos apresentados às fls. 47-48. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, para anulara sentença, retornando os autos ao Juízo de origem para que respondidos os quesitos complementares. Eventualmente,pugna pela procedência do pedido deduzido na Inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.A controvérsia diz com a verificação da incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fls.24-25).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Não houve percepção de auxílio-doença previdenciário.Histórico clínico:(i)Laudo médico particular à fl. 07, em 20.07.2010, refere diagnóstico de lombocialtagia;

(ii)Exame de RX de coluna lombar, joelho direito e bacia à fl. 08, em 08.07.2010, revela alinhamento vertebral satisfatóriocom manutenção da lordose fisiológica; osteofitos anteriores; redução do espaço articular fêmur-tibial; redução do espaçoarticular coxo-femural esquerdo; sem identificação de típicas lesões blásticas ou líticas; os espaços discais estãopreservados e partes moles adjacentes ao segmento analisado, sem típicas alterações.

(iv) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) nãoHistórico laboral:Idade: 46 anos (fl. 05).Profissão/ocupação: Vaqueiro, mas informa que já trabalhou como ajudante geral, vigia, auxiliar de obras e também emextração florestal (fl. 36).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Conforme a análise pericial do Juízo (fls. 36-39), realizada em 12.01.2012, o recorrente foi diagnosticado com artrose decoluna lombar sem sinais de compressão nervosa (quesitos nºs 01 e 02 – fl. 37). Consignou o médico perito que, ao examefísico, o periciado apresentou-se “lúcido e orientado no tempo e espaço, respondendo bem às solicitações, com boamobilidade dos membros, andando bem, sem muleta ou auxílio de terceiros. Durante o exame sentou-se e levantou-se semapoio nos móveis. Hipotrofia discreta da coxa direita. Feridas cicatrizadas em perna direita e recentes em perna esquerda(alega ferir no mato ao pescar por lazer). Sem alterações neurológicas de membros inferiores e sem edema. Mão comcalosidades exuberantes” (sic) (fl. 37). Não soube precisar a data de início da enfermidade, tendo em vista o seu caráterdegenerativo (quesito nº 03 – fl. 37). Asseverou que não há nexo de causalidade entre a doença apresentada e a funçãodesenvolvida pelo periciado (quesito nº 04 – fl. 37). Concluiu pela ausência de incapacidade laborativa, visto que o seguradoencontra-se trabalhando e não possui sinais de compressão nervosa (quesito nº 05 – fl. 37).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo(a) recorrente, vale dizer, diante de prova material robustae harmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Calha pertinente registrar, nesse diapasão, que o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabeaveriguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendoo diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico nãoencarregado da perícia não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho. (Recurso nº0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de 14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz FederalRogério Moreira Alves).Descabido o pleito de anulação da sentença sob o argumento de não apreciação dos quesitos complementares. Nessaseara, imperioso ter em mente que o direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por sisó, não implicaria cerceamento de defesa, sobretudo quando a prova requerida é prescindível à elucidação do quadroclínico, como neste caso. Nesse sentido, orientação contida na parte final do Enunciado n° 09 desta Tu rma Recursal,verbis:“A não-nomeação de defensor público ou advogado dativo para formular quesitos para a perícia não acarretacerceamento de defesa, eis que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, a parte pode exercer o jus postulandi (art.10da Lei n°10.259/01). Ademais, sendo os quesitos do juízo suficientes para aferir a existência ou não de capacidadelaborativa, afastada está o cerceamento. (DIO – Boletim da Justiça Federal, 18.03.2004, pág. 59)”. (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 14,

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nos termos do art. 55 da Lei nº 9009/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

69 - 0002495-23.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.002495-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCO ANTONIO SALLES EOUTROS (ADVOGADO: ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE.) x OSMESMOS.Processo nº. 0002495-23.2008.4.02.5051/02 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrentes: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, MARCO ANTONIO SALLES, BRUNOMARQUES SALLES, BRENO MARQUES SALLES e CAIQUE MARQUES SALLESRecorridos: OS MESMOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORALDEFINITIVA VERIFICADA. CONVERSÃO EM PENSÃO POR MORTE. RECURSO DOS AUTORES DA DEMANDA DEPRIMEIRO GRAU PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

Estes recursos inominados foram interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 199-204 e por MarcoAntonio Salles, Bruno Marques Salles, Breno Marques Salles e Caique Marques Salles às fls. 215-222, em razão dasentença (fls. 194-197) que julgou procedente o pedido de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, desde adata do requerimento administrativo (24.10.2008) até a data do óbito (04.12.2009) e improcedente pedido de conversão daaposentadoria por invalidez em pensão por morte.O INSS sustenta que a perícia judicial concluiu pela incapacidade parcial. Aduz inexistência de prova materialcontemporânea do exercício de atividade rural pelo período de carência, razão pela qual não entende que faz jus aobenefício de aposentadoria por invalidez. Assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pleito. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 206-214.Por sua vez, a parte autora da demanda em primeiro grau sustenta a possibilidade de conversão do benefício previdenciáriode aposentadoria por invalidez em pensão por morte. Em homenagem ao princípio da instrumentalidade processual e nostermos do art. 462 do Código de Processo Civil. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, reformando-separcialmente a r. sentença no sentido de ser determinada a conversão da aposentadoria por invalidez, concedida em favorda falecida autora, em pensão por morte em favor dos sucessores habilitados, com início a partir da data do óbito(04.12.2009). As contrarrazões encontram-se nas fls. 224-226.A controvérsia tem seu núcleo assentado: (i) da condição de segurada da falecida autora; (ii) na (in)capacidade laboral; e(iii) na possibilidade de conversão de aposentadoria por invalidez post mortem, em pensão.Para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a autora juntou: 1) certidão decasamento contraído em 02.09.1992, onde consta a profissão do marido como agricultor (fl. 28); 2) contrato de parceriaagrícola ajustado em 25.05.1998, referente ao período de 10.04.1992 e 30.03.2007 pelo marido da falecida autora, sendo aparceria em regime de economia familiar (fls. 40-41); 3) contrato de parceria agrícola, tendo como outorgados a autora e oseu sogro, respectivamente em 25.05.2003 e 26.08.2008 (fls. 42-45); 4) Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Ruraisde Vargem Alta em 22.10.2008 (fl. 46); 5) prontuário de atendimento médico ambulatorial (fl. 38); 6) Entrevista ruralrealizada pelo INSS com conclusão favorável à segurada (fls. 47-48); dentre outros.

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A certidão de casamento em que consta o marido da autora como agricultor no ano de 1992 constitui início de prova�material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma

Nacional de Uniformização - TNU.

Ademais, na interpretação do conceito de documento novo quando se trata de comprovação de atividade rurícola, emfunção das peculiaridades e do caráter social e alimentar, é necessário um pouco mais de acuidade ao se analisar provasnesse contexto, cujas práticas contratuais são, em regra, verbais e não contam com a efetiva fiscalização do cumprimentodas obrigações trabalhistas e previdenciárias. Se a prova acostada é contemporânea à data do requerimento administrativo– DER e se refere ao período exigido pela lei, deve ser considerada válida como início de prova material, sendo mister,entretanto, que seja corroborada pela prova oral.

Sabe-se que a recorrente nasceu em 24.01.1974 (fl. 24) e veio a requerer o benefício de auxílio-doença em 24.10.2008 (fl.38), indeferido ao fundamento de que a data de inicio da incapacidade é anterior ao ingresso no RGPS.

Por sua vez, as provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrente pelotempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 162 meses, consoante a tabela constante do art. 142 da Lei nº8.213/1991. O depoimento lançado na sentença de primeiro grau tem o seguinte teor:

A testemunha ouvida, Sr. Pedro Zucolotto, informou que conheceu a Sra. Maria Galdina, mas não sabe informar quando elamorreu. Lembrou que a falecida morou em sua propriedade e trabalhou com seu pai antes de se casar, háaproximadamente 16 anos. Relatou que a autora trabalhava no regime de meia, plantando café. Lembrou ainda que depoisque se casou, a autora continuou trabalhando para o depoente por algum tempo. Informa que quando construiu sua própriacasa, o Sr. Marcos e a falecida saíram da propriedade do depoente.Sustentou ainda a testemunha que a autora continuou a trabalhar na lavoura depois que seu esposo passou adesempenhar atividade na marmoraria. Lembrou que a Sra. Maria trabalhava tanto para o depoente como para outrosproprietários da região, dentre eles seu primo Laerte, na companhia de conhecidas do local. Afirmou que para trabalhar, afalecida deixava os filhos com a sogra. Relatou que com a ida do esposo para outra atividade, a falecida passou a exercer aatividade rural na companhia do sogro na propriedade do depoente.

Considerando a verificação de tempo superior ao mínimo estabelecido no art. 143 da Lei nº 8.213/1991, relativamente àcarência, tenho, neste caso, como satisfatório (itens “5” e “9” supra.

Consigne-se, para a configuração do regime de economia familiar o trabalho rurícola há de ser indispensável à subsistênciado trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregadospermanentes (art. 11, inc. VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstância que verifico neste caso, ante o conjunto fático edocumental.

Passo à análise dos aspectos relacionados com a incapacidade da autora falecida.Nesse passo, oportuno realçar o então quadro e o histórico clínico a seguir:Histórico previdenciário:Concessão de auxílio-doença no período de 18.02.2009 a 18.02.2009. Em virtude do óbito em data anterior (fl. 157).Histórico clínico:Laudos médicos às fls. 29-32 em 13.10.2008, 03.12.2008, 03.09.2008 evidenciam neoplasia maligna no colo do útero.

Laudo de perícia médica administrativa: (X) sim – fl. 71- () não

Laudo médico da perícia administrativo (31.10.2008) evidencia neoplasia maligna no colo do útero, fixando o início dadoença em 23.08.2008.

Observações: a segurada faleceu em 04.12.2009 em decorrência do câncer.Histórico laboral:Idade: faleceu aos 35 anosProfissão/ocupação: lavradora.Reabilitação profissional:() sim (X) nãoObservações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico em 24.07.2009 (fls. 105-106), a segurada (35 anos) foi diagnosticadacom sequela de neoplasia maligna de colo de útero e leiomioma uterino (quesito nº 01 – fl. 106), patologias de ordemadquirida que não a incapacitam para suas atividades habituais (quesitos nº 02 e 07 – fl. 106). Sobre as características dadoença, afirmou que a autora “foi submetida à cirurgia histerectomia em 23/08/2008, sendo submetida à quimioterapia de13/09/2008 a 17/11/2008 e radioterapia de 15/10/2008 a 12/11/2008” (quesito nº 4 – fl. 106). Indagado se a periciada estavaincapaz à época do indeferimento do benefício de auxílio-doença (24.10.2008), respondeu que sim (quesito nº 11 – fl. 105).Questionado sobre as limitações funcionais da periciada, o perito deixa claro que a periciada encontrava-se em bom estadogeral, não se encontrava em tratamento de quimioterapia e nem radioterapia, e sem restrições ou limitações de movimentos(quesito n° 12 – fl. 105). Concluiu pela ausência d e incapacidade para o trabalho (quesito nº 10 – fl. 106).

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O juiz não está adstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar sua convicção com outroselementos ou fatos provados (Código de Processo Civil, arts. 131 e 436).No caso em apreço, a conclusão do exame médico pericial (item “14”) o quadro da enfermidade não revelou, para o peritodo juízo, nas circunstancias, incapacidade. No entanto, certo é que após se submeter à perícia judicial, a então seguradaveio a apresentar piora em seu quadro clínico, o que a levou ao óbito em 04.12.2009.Com efeito, isso denota, tendo em vista todo o quadro mórbido, sua etiologia e evolução peculiar ao câncer cervix uterinaCid-10 C-53.9 (neoplasia do colo do útero, não especificado), com segurança, que, havia incapacidade sim, anterior àperícia – apenas, por razões relacionadas com a desinformação e, principalmente, com a necessidade de sobrevivência(súmula 72 da Turma Nacional de Uniformização – TNU) – a segurada não foi submetida a avaliação amiúde por médicoassistente e da especialidade. É o que o quadro permite inferir, sem se adentrar terreno especulativo. Tudo considerado,alinha-se com a resposta dada pelo médico perito, in verbis: “Indagado se a periciada estava incapaz à época doindeferimento do benefício de auxílio-doença (24.10.2008), respondeu que sim (quesito nº 11 – fl. 105).”Assim colocado, a sentença proferida nas fls. 194-197 foi no sentido de reconhecer a incapacidade total e definitivaominiprofissional da falecida. E, consequentemente, assegurou-lhe o benefício de aposentadoria por invalidez, desde a datado requerimento administrativo (24.10.2008) até a data do óbito (04.12.2009).Quanto ao pleito de conversão em pensão por morte, todavia, entendo pela sua possibilidade, como bem colocado peloProcurador da República oficiante às fls. 184-192.20)Nesse rumo, o pleito da convolação em pensão por morte, decorreu da superveniência do óbito da segurada. Foiassegurado o contraditório e a ampla defesa, não há que se falar em alteração substancial do pedido a justificar a oposiçãodo óbice constante do art. 264, parágrafo único, do Código de Processo Civil, porquanto a pensão por morte é corolário etem como substrato jurígeno exatamente o reconhecimento dos requisitos da aposentadoria; conforme assente najurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

Súmula nº 416. É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade,preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.

Ressalte-se, ademais, a habilitação dos filhos e do marido da falecida, bem como o pedido de conversão em pensão pormorte foram processados regularmente em primeiro grau (fls. 143, 165-166, 170-172 e 173).Nas fls. 170-172 o INSS ao concordar com a aludida habilitação dos dependentes, manifestou, sua discordância pontualquanto ao pedido de conversão em pensão por morte, apresentando como óbice a regra do art. 264 do CPC.Esse argumento foi acolhido na sentença (fls. 194-197), pontualmente, item “b” do Dispositivo, por considerar o pleitoextemporâneo, vez que já estabilizada a a lide.Com efeito, esse respeitável entendimento não se harmoniza com os critérios da simplicidade, economia processual eceleridade (arts. 2º e 6º da Lei nº 9.099.1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001) que informam os Juizados Especiais Federais.Portanto, cabível, in casu, a conversão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez em pensão por morte afavor dos dependentes habilitados, com data de inicio do beneficio (DIB) na data do óbito da segurada (art. 74, inciso I, daLei nº 8.213/1991).Merece parcial reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, voto para conhecer dos recursos, de modo a dar provimento ao recurso dos autores da demanda emprimeiro grau; e negar provimento ao recurso do INSS.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecerambos os recursos e dar provimento ao recurso dos autores da demanda de primeiro grau e negar provimento ao recursodo INSS, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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70 - 0007413-68.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007413-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CLARICE DOSSANTOS SOUZA (ADVOGADO: GILMAR MARTINS NUNES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).

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Processo nº. 0007413-68.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: MARIA CLARICE DOS SANTOS SOUZARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PERCEPÇÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DO TRABALHO.SUPERVENIÊNCIA DE ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO.TENTATIVA DE SANEAMENTO SEM RESULTADO CLARO. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 55-58, em razão da sentença (fl. 44)que julgou extinto o processo sem resolução de mérito, com base no art. 51, inciso III, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Leinº 10.259/2001.Sustenta, em resumo, que recebeu auxílio-doença por acidente de trabalho por longo período, sendo tal benefício cessadoante a constatação de sua recuperação clínica. Esclarece, todavia, que durante o período em que percebia o referidobenefício, sofreu acidente automobilístico que lhe ocasionou graves lesões e sequelas. Requereu, então novo benefícioprevidenciário, negado administrativamente pela autarquia previdenciária.

Isso ensejou a propositura da presente demanda. Informa que, instada a esclarecer a natureza de seu pedido em juízo,reafirmou o interesse no prosseguimento deste feito. Diante disso, por entender configurada a incompetência do Juízo, o

�magistrado sentenciante extinguiu o processo sem resolução de mérito, na linha do Enunciado nº 24 do FONAJEF . Aduzque a extinção tal combatida decorreu de decisão equivocada, porquanto o evento deflagrador de seu pleito assenta-se naocorrência de acidente automobilístico (atropelamento) que sofrera durante o período em que recebia auxílio-doença poracidente de trabalho. Pugna pelo conhecimento e provimento do recurso, para, anulando-se a sentença, o Juízo de origemconheça o mérito da causa, e a submeta a exame médico pericial, de modo a subsidiar a concessão de auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 63-66.Inicialmente, oportuno realçar aspectos relevantes e o histórico clínico relacionados com a causa de pedir recursal,conforme o quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 05.01.2007 a 31.03.2007 e de auxílio-doença por acidentedo trabalho no período 17.11.2007 a 28.02.2011 (fl. 42).Histórico clínico:Laudo emitido por médico do Serviço Social da Indústria-SESI à fl. 17, em 13.06.2011, atesta que a paciente deve evitartrabalhos e ortostase e deambulação constante, econtrando-se, no momento, incapacitada para exercer a função depromotora de vendas. Sugere mudança de função;

Receituário médico à fl. 19, em 19.07.2010, refere paciente com lesão condral bilateral nos joelhos e tendinite; lesãomeniscal no joelho esquerdo, aguardando cirurgia pelo SUS. Afirma necessidade de afastamento definitivo do trabalhodevido a dores e limitações;

Laudo médico particular à fl. 23, em 22.05.2009, evidencia paciente com lesão meniscal e condral e tendinite bilateral nosjoelhos. Afirma necessidade de tratamento cirúrgico para melhora e afastamento do trabalho devido à incapacidade;

Laudo médico particular à fl. 30, em 25.08.2008, informa que a recorrente foi removida pelo SAMU por ter sido vítima deatropelamento, dando entrada no Hospital São Lucas em 12.08.2008, lá permanecendo até 14.08.2008. Consigna vítimalúcida, orientada, com escoriações em membro superior direito e joelho direito, tendo sido feitas suturas e examesradiológicos. Informa fratura do platô tibial direito, avaliação ortopédica, tala, bota, neurologista TCE, medicada e examescomplementares; recomenda tratamento ambulatorial, após alta;

Laudo médico particular à fl. 25, em 30.06.2008, refere paciente com lesão condral e meniscal no joelho esquerdo, com dore limitação funcional. Atesta ter iniciado fisioterapia em 27.06.2008. Consigna necessidade de manutenção do afastamentodo trabalho para reabilitação;

Laudo médico particular à fl. 21, em 12.05.2008, referencia paciente com tendinite no joelho esquerdo, apresentando dor elimitação funcional. Assegura necessidade de manter afastamento do trabalho.

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) nãoHistórico laboral:Idade: 57 anos (fl. 42)Profissão/ocupação: promotora de vendas (fl.01)

-Observações: Último vínculo empregatício – Agrosabor Industrial Ltda. (fl. 72)Reabilitação profissional:( ) sim (x) não-Observações:

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Pois bem. A recorrente ajuizou a demanda almejando “auxílio-doença, bem como, se for o caso, que lhe seja concedidoaposentadoria por invalidez” (fl. 11). Todavia, atribuiu-lhe o nomen iuris de “ação para restabelecimento de benefícioprevidenciário com pedido de tutela antecipada” (fl. 01).

Decerto, a nomenclatura atribuída à ação não determina sua real natureza jurídica, de sorte que esta é apreendida a partirda análise do pedido e da causa de pedir. No caso sob exame a aludida dissonância de termos acabou por gerar dúvidaquanto àqueles dois componentes da demanda. Assim, oportunizou-se à segurada esclarecer se, de fato, postulou“restabelecimento do auxílio-doença acidentário (fl. 32) ou a concessão de auxílio-doença previdenciário” (fl. 33). Emresposta, seu advogado limitou-se a afirmar: “interesse em prosseguir com a Ação de Restabelecimento de Auxílio-doençaPrevidenciário” (fl. 35).

Veio a r. sentença extinguindo o feito sem resolução de mérito, na linha do Enunciado nº 24 do FONAJEF, porquantoreconhecida a incompetência absoluta do Juízo para apreciar e julgar a matéria, conforme dicção do art. 109, inciso I, daConstituição da República.

Ocorre que, do contexto fático-recursal dessume-se a ocorrência, em verdade, de imprecisão e incompletude de linguagemna descrição do pedido e da causa de pedir, tanto em primeiro grau, quanto na esfera recursal. Explico: anteriormente aoajuizamento (de 17.11.2007 a 28.02.2011), a recorrente percebeu auxílio-doença por acidente do trabalho, conforme fl. 42.E, em 12.08.2008, a dizer, quando ainda em gozo do referido benefício, sofreu acidente automobilístico (atropelamento) quelhe ocasionou sérias lesões (fl. 30). Cessado o benefício acidentário, requereu administrativamente novo benefícioprevidenciário (auxílio-doença), o qual foi indeferido, consoante fl. 15. Daí o ajuizamento da presente demanda, optando aautora, contudo, por nominá-la de “ação para restabelecimento de benefício previdenciário com pedido de tutelaantecipada”, o que fez pairar a dúvida se o pedido era de restabelecimento do benefício acidentário ou de concessão denovo benefício de auxílio-doença previdenciário, com base no superveniente acidente automobilístico sofrido.

Nessa moldura fática, extrai-se que, em realidade, cuida-se de pleito de auxílio-doença, independentemente da atribuiçãode errônea natureza acidentária; de modo que, na perspectiva da garantia constitucional do acesso qualificado à justiça eseus corolários, tenho por razoável e prudente oportunizar dirimir a questão de mérito, mediante a realização de examemédico pericial e pertinente apreciação e julgamento pelo MM. Juízo de primeiro grau.

Assim se me afigura, tendo em conta, ainda, as condições pessoais e sociais da recorrente, bem como seu histórico clínico(item “4”), no qual consta repetidas vezes, a necessidade de afastamento do trabalho dadas as limitações funcionaisvivenciadas, mesmo após a cessação do auxílio-doença acidentário (fl. 17).

Merece reparo, portanto, a r. sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para, tornando insubsistente a sentença, determinar oencaminhamento do feito ao Juízo de origem para o conhecimento e julgamento do mérito, mediante a realização de examemédico pericial.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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71 - 0001029-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001029-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIANA JESUS TEIXEIRA(ADVOGADO: JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).Processo nº. 0001029-60.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: ELIANA JESUS TEIXEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOSLEGAIS NÃO PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 203-208, em razão da sentença (fl.201) que julgou improcedente o pedido de concessão de benefício de auxílio-doença previdenciário e, subsidiariamente, deaposentadoria por invalidez.Sustenta, em suas razões, ser portadora de aneurisma cerebral que demandou intervenção cirúrgica e desencadeouproblemas de ordem psicológica e psiquiátrica, impossibilitando-a de realizar esforço físico, o que é inerente aodesempenho de sua atividade habitual de doméstica. Assevera que o laudo pericial do Juízo não retratou sua real condiçãode saúde, porquanto o perito do Juízo concluiu pela capacidade laborativa com base em simples exame de anamnese,desprezando os laudos e exames particulares apresentados. Pugna, então, seja levada em consideração a totalidade doconjunto probatório, sopesando-se os demais documentos carreados, tais como resultados de exames e demais laudosmédicos que comprovam sua alegação. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, reformando-se a sentença,para ser concedido benefício de auxílio-doença previdenciário e/ou aposentadoria por invalidez. Subsidiariamente, requerseja anulada a sentença e realizada nova perícia.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 212-216.A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Não houve percepção de auxílio-doença previdenciário.Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 26, em 24.03.2008, evidencia cefaléia, síndrome vertiginosa aguda e neurocisticercose,necessitando de afastamento do trabalho por oito dias;

Laudo médico particular à fl. 25, em 01.04.2008, informa paciente internada com diagnóstico de hemorragia subaracnóide,aguardando cirurgia cerebral;

Declaração à fl. 27, em 16.04.2008, de internação na Unidade Hospitalar (SUS – Hospital Dr. Dório Silva), desde01.04.2008, sob o registro de número 217993;

Receituário médico particular à fl. 28, em 17.04.2008, refere hemorragia intracerebral (subaracnóidea), devido a aneurismacerebral. Já submetida a tratamento cirúrgico, sendo necessária uma segunda intervenção neurocirúrgica para aneurisma àesquerda;

Laudo médico particular à fl. 71, em 15.12.2008, refere paciente operada com sucesso para capagem de aneurisma deartéria cerebral média bilateral. Referencia problemas de neuro desde à infância, além de ter feito acompanhamentopsiquiátrico e psicológico. Sem condições de trabalhar como doméstica e com outras funções pesadas;

Laudo médico partícula à fl. 87, em 07.07.2009, informa que a paciente teve hemorragia cerebral, com aneurisma, foioperada, apresentando sequelas e complicações, como alteração de reflexos. Há quadro de neurocisticercose associado,foi afastada do trabalho, devido a lesões e complicações, sendo este quadro definitivo para seu afastamento do trabalho;

Laudo médico particular à fl. 85, em 08.10.2010, afirma que a paciente deu entrada no Pronto Socorro do Hospital DórioSilva com história de desmaio há cerca de 15 dias (data de entrada em 30.03.2008), sendo atendida no Pronto Atendimentoda Serra e reencaminhada ao Hospital Dório Silva e avaliada pelo neurocirurgião com rigidez de nuca e realizado punçãolombar com liquor xantocromico, sem défict focal. Solicitou angiografia cerebral com suspeita de HSA. Angiografiaevidenciou aneurisma em bifurcação da ACM esquerda e também à direita (roto). Foi submetida à clipagem de aneurismaem ACM à direita em 07.04.2008 sem intercorrências. Recebeu alta e foi orientada para acompanhamento ambulatorial;

(iv) laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:Histórico laboral:Idade: 38 anos (fl. 19)Profissão/ocupação: Empregada doméstica (fl. 22)Reabilitação profissional:

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( ) sim (x) não- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em neurologia e neurocirurgia em 02.12.2009 (fl. 51), não foiverificada patologia, “porque inexistem exames comprobatórios da existência dos aneurismas bilaterais da artéria cerebralmédia, assim como exames de controle do pós operatório da cirurgia relatada na folha nº 25 e datadas de 01/04/2008 e02/05/2008. O documento da folha 26, fala de cefaléia, síndrome vertiginosa aguda e neurocisticercose, datado de24/03/2008, e que também carece de exames complementares comprobatórios. O documento da folha 27 mencionainternação desde 10/04/2008 até 1604/2008, não mencionando o motivo. O documento de folha 28 datado de 17/04/2008informa ter sido operada do aneurisma da artéria cerebral média direita e que ficou internada para a 2ª intervençãoneurocirúrgica para tratamento do aneurisma a esquerda. Não existem exames do pré ou do pós operatório ou mesmo docontrole dos pós-operatórios. Os únicos laudos apresentados pela periciada e que não fazem parte dos anexados nos autossão: T.C de crânio de 19/03/2008 onde são relatados: granulomas residuais e que podem ser oriundos de infestação pelataenia solitarium forma encefálica, e um laudo de Angiorresonancia Nuclear Magnética datado de 04042008, onde érelatado a existência de um aneurisma na bifurcação da artéria cerebral média e não dois aneurismas. O exameneurológico atual esta inteiramente normal, assim e desta forma, todos os demais quesitos (b, c, d, e, f, g, h e i, os denúmero 2 a 13 folha nº 40 – da advogada e do INSS respectivamente), ficam prejudicados.” (quesitos “A” e nº 1 – fl. 51).Consignou, por fim o expert: “penso que a periciada tenha sido realmente operada, no entanto o controle do pós-operatóriofoi omitido nos autos e o procedimento foi coroado...de sucesso, visto não existirem sequelas de nenhum teor orgânico, quepossa ser detectado pelo exame neurológico, permitindo afirmar que a periciada está apta para exercer as funções deempregada doméstica” (quesitos “J” e nº 14 – fl. 51).Em resposta a quesitos complementares (fl. 194), afirmou o perito, em 09.06.2011, que no laudo pericial de fl. 51, justificoutudo o que foi encontrado para realização e conclusão da perícia. Asseverou, outrossim, que, sob o ponto de vistaneurológico, persistem as conclusões apresentadas quanto à aptidão para o exercício das funções de empregadadoméstica (quesito nº 2, “a” – fl. 194). Questionado sobre qual foi o provável período de incapacidade em razão dascirurgias, procedimentos e tratamentos realizados, mesmo encontrando a periciada atualmente apta, respondeu que nãotem como avaliar, conforme afirmou no laudo (quesito nº 2, “b” – fl. 194).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pelaLei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Nesse diapasão, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesegura da existência da incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).De outra parte, não se pode descurar que, além de não comprovada a incapacidade laborativa, também não se encontrampreenchidos os demais requisitos autorizadores da concessão do pretendido benefício previdenciário, tais sejam, acondição de segurado e cumprimento do período de carência (12 meses, na forma do art. 25, inciso I, da LBPS, observado

�o disposto no parágrafo único do art. 24 ), não havendo que se falar em gozo de período de graça (art. 15 da Lei nº8.213/1991), conforme se verifica às fls. 222-224.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 40, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxjun/jesgecs

72 - 0005871-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005871-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x SEBASTIÃO LUIZ VICENTE(ADVOGADO: GERALDO BENICIO, RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA, PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.).Processo nº. 0005871-15.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO ESPÍRITO SANTO - INSSRecorrido: SEBASTIÃO LUIZ VICENTERelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.RECONHECIMENTO DE INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 90-94, em razão da sentença (fls.85-87) que julgou procedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário, desde a data dorequerimento administrativo, a dizer, 30.04.2011, bem como de sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta, em suas razões, que não restou comprovada a existência da incapacidade laboral total e definitiva, tendo o peritodo Juízo concluído pela incapacidade apenas para o exercício da atividade de soldador, consignando, inclusive, que osegurado já foi remanejado na mesma empresa para área diversa daquela outrora exercida. Aduz que o recorridoencontra-se em pleno exercício de suas atividades profissionais, conforme se verifica às fls. 79-83, o que se mostrasuficiente para afasta a premissa em que se baseou a r. sentença quanto à inaptidão para o labor. Ademais, ressalta que operito do Juízo também confirmou a realização de tratamento cirúrgico bem sucedido, atestando que o recorridoencontra-se curado e apto para o trabalho, razão pela qual incabível a concessão de aposentadoria por invalidez. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedentes os pedidos deduzidos na inicial. Sucessivamente,pugna sejam excluídos da condenação o comando de conversão do auxílio-doença previdenciário em aposentadoria porinvalidez, bem como os períodos em que o segurado esteve exercendo laborando, porquanto incompatível com orecebimento de benefício por incapacidade.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 100-109.A controvérsia diz com a verificação da natureza e extensão da incapacidade laboral, encontrando-se preenchidos osdemais requisitos (fls. 81-83).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguirHistórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 03.03.2011 a 15.06.2011 (fl. 81).Histórico clínico:Laudos médicos particulares às fls. 25 e 26, em 07.10.2008 e 28.06.2011, informam paciente portador de neoplasia depulmão (CID C 34). Submetido à lobectomia inferior direito em 25.01.2011 devido a neoplasia maligna de pulmão(adenocarcinoma). Portador também de doença obstrutiva crônica por tabagismo e doença ocupacional. Encontrava-se emexame de quantificação da capacidade respiratória e de remissão de doença;

Microscopia à fl. 21, em 26.01.2011, evidencia cortes histológicos de pulmão exibindo hiperemia, edema, focoshemorrágicos e outros de padrão enfisematoso, além de depósito de pigmento antracótico e inflamação crônica intersticial;

Biópsia de linfonodo à fl. 22, em 26.01.2011, conclui arquitetura geral preservada; hiperplasia de folículos infonóides comatividade mitótica em centros germinativos; histiocitose sinusal moderada; permeação leucocitária sinusal e fagocitose emcentros germinativos; congestão sinusal; estado reativo simples do linfonodo; sem identificação de alterações histológicassugestivas de malignidade, em cortes de rotina;

Declaração do médico do trabalho à fl. 31, em 29.06.2011, de que paciente, na função de mecânico de manutenção,encontra-se exposto a riscos ocupacionais, quais sejam, ruído, poeira (carvão/sílica), hidrocarboneto aromático (destilaçãoda hulha) e a óleo mineral, encontrando-se inapto para o trabalho;

Broncofibroscopia e espitometria à fl. 27, em 07.07.2011, apresenta insuficiência ventilatória obstrutiva modera semresposta ao broncodilatador;

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Laudo médico particular à fl. 28, em 25.07.2011, referencia paciente portador de neoplasia de pulmão, com intervençãocirúrgica realizada em 25.01.2011. Portador também de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), hipercolesterolemia,diabetes e função pulmonar diminuída, limitando suas atividades cotidianas;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

Histórico laboral:Idade: 60 anos (fl. 12)Profissão/ocupação: Mecânico soldador – Empresa Magnesita Refratários Ltda. (fls. 12-14)Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em oncologia em 11.11.2011 (fls. 43-45), foi constatadaneoplasia de pulmão direito (quesito nº 1 – fl. 43). Quanto às características da enfermidade, consignou o expert “neoplasiade pulmão direito operado em 23.12.2010, margens de ressecção cirúrgicas livres e linfonodo livre de malignidade” (quesitonº 2 - fl. 43). Afirmou que o periciado não apresenta capacidade para cuidar sozinho de atividades cotidianas, comoalimentação, vestuário e higiene pessoal. No entanto, asseverou que “a pessoa examinada foi remanejada e encontra-seexercendo outras atividades em área livre de contaminação, não mais exercer a função de soldador.” (quesito nº 9 – fl. 44).Em relação ao risco de agravamento da doença se continuar trabalhando, aquilatou que o periciado “não apresentoulimitações funcionais, mas foi remanejada para área livre de contaminações por gazes, etc.” (sic) (quesito nº 11 – fl. 44).Questionado sobre as limitações funcionais que impediriam o desempenho da atividade habitual, informou que por “ocasiãodo exame pericial apresentou-se recuperado e apto. Relata ter ficado em benefício por aproximadamente 6 meses.Portanto não apresentou incapacidade a ocasião do exame pericial” (quesito nº 12 – fl. 44).Em resposta aos quesitos complementares (fls. 64-65), afirmou o expert que, na ocasião do exame, o segurado nãoapresentou sintomatologia da doença (quesito nº 1 – fl. 64). Sobre possível cura, ponderou que “é considerado bomprognóstico 5 anos, livre de doença, após tratamento e hoje em dia muitas neoplasias podem ser consideradas curadas.”(quesito nº 5 – fl. 64). Em relação à finalidade da utilização dos medicamentos, assegurou que servem para “a doença emquestão e a neoplasia de pulmão direito, o qual foi submetido a tratamento com sucesso e a ocasião do exame pericialapresentou-se recuperado e apto, inclusive trabalhando em outro setor.” (quesito nº 13 – fl. 65). Concluiu que “paraatividade de soldador não se encontra apto” (quesito nº 15 – fl. 65).Pois bem. Extrai-se dos autos que o recorrido sofre de neoplasia de pulmão direito. Por seu turno, os laudos periciais de fls.43-45 e 64-65 concluíram pela existência de incapacidade parcial e definitiva, por considerar que o recorrido encontra-seinapto apenas para o exercício da profissão de soldador, tendo sido, todavia, remanejado na mesma empresa para árealivre de contaminação.Com base nisso, pretende o recorrente a reforma da sentença para afastar a condenação à conversão do benefício deauxílio-doença previdenciário em aposentadoria por invalidez, ao argumento de que o recorrido já foi remanejado paraatividade diversa na empresa em que trabalha, encontrando-se adaptado e em pleno exercício de suas atividadesprofissionais.Ocorre, a declaração emitida pelo médico da empresa empregadora em 29.06.2011 (fl. 31), a dizer, 05 (cinco) meses antesda realização da perícia do Juízo, atesta que recorrido, então no exercício da função de mecânico de manutenção – do quese dessume que houve, de fato, seu remanejamento-, encontra-se exposto a riscos ocupacionais, tais sejam, ruído, poeira(carvão/sílica), hidrocarboneto aromático (destilação da hulha) e a óleo mineral, encontrando-se inapto para o trabalho.Vê-se, pois, que a despeito do remanejamento, continuou exposto a riscos à saúde e agravamento da doença.Ademais, calha realçar que o laudo médico particular de fl. 28 corrobora a observação do próprio perito do Juízo de que orecorrido apresenta limitação para simples atividades cotidianas, como alimentação, vestuário e higiene pessoal (quesito nº9 – fl. 44). Nesse passo, não há como se conceber que uma pessoa com as referidas limitações é detentora de capacidadelaboral.Consigne-se, isoladamente consideradas decerto tais patologias não consubstanciam fator impediente do exercício laboral.No entanto, analisadas dentro de uma perspectiva holística e transdisciplinar, vale dizer, conglobadamente e à vista dacondição socioeconômica, profissional e cultural do segurado denotam a existência de incapacidade não apenas para aatividade habitual de soldador, mas para toda e qualquer atividade que lhe garante a subsistência, sem olvidar que orecorrido possui 60 anos (fl. 12) e realiza a citada função há mais de 15 anos.Noutro ponto, no que concerne à alegação de que houve exercício de atividade laborativa pelo segurado em período sob opalio de benefício, releva frisar, que, caso a caso, a sobrevivência impõe em certas circunstâncias, o retorno ao trabalhomesmo doente com o aumento de riscos e agravamento do quadro mórbido etc. Assim, não se pode inferir daí – frente aoque revela a perícia – irregularidade; na linha, diga-se, do enunciado da Súmula nº 72 da Turma Nacional de Uniformização– TNU, in verbis:É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividade remuneradaquando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%

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sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgecs

73 - 0000041-25.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000041-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA MARIA SCHIMITHBERGE WILL (ADVOGADO: GERALDO ANTONIO TRIVILIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).Processo nº. 0000041-25.2012.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: ANGELA MARIA SCHIMITH BERGE WILLRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PORTADOR DO VÍRUS HIV.INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 119-123, em razão da sentença (fls.116-117) que julgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário, desde adata do requerimento, a dizer, 05.05.2011.Sustenta, em suas razões, ser portadora do vírus HIV (em inglês, Human Immunodeficiency Virus), desde 2006,encontrando-se debilitada psicológica e emocionalmente em razão da doença. Argumenta que, na idade em que seencontra, não possui condições físicas para o desempenho de qualquer atividade laboral, até mesmo em razão dopreconceito enfrentando em virtude da enfermidade. Assevera que o juiz sentenciante baseou-se exclusivamente nasconclusões apostas pelo perito do Juízo para formar seu convencimento, desconsiderando os laudos médicos particularescoligidos. Pugna, então, seja levada em consideração a totalidade do conjunto probatório, sopesando-se os demaisdocumentos carreados, tais como resultados de exames e demais laudos médicos. Pretende, assim, seja conhecido eprovido o recurso, reformando-se a sentença para conceder-lhe aposentadoria por invalidez, a contar da data dorequerimento administrativo.

Não foram apresentadas contrarrazões.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos (fl. 89).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 18.04.2008 a 31.07.2009; 29.09.2009 a 30.04.2010 e24.11.2010 a 31.01.2011 (fls. 95-97)Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 78, em abril de 2011, atesta paciente portadora do vírus da AIDS; em tratamento neurológico;com quadro de depressão e hipertensão arterial e distúrbio visual. Informa queda frequente do estado geral, concluindo pelaincapacidade laborativa;

Laudo médico à fl. 49, em 18.10.2010, evidencia quadro de lombalgia crônica; queda de CD-4; início de tratamento com

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SIDA; Atesta paciente não apta para o trabalho;

Relatório médico à fl. 48, em 18.10.2010, evidencia paciente em acompanhamento médico no SAG/ETA e em uso deterapia antiretro viral; afirma inexistir condições para o trabalho;

Relatório médico à fl. 44, em 14.07.2010, refere acompanhamento médico ambulatorial e ausência de condições físicaspara exercer suas atividades profissionais (CID: B24).

laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

Histórico laboral:Idade: 52 anos (fl. 16)Profissão/ocupação: gerente de pessoal - desempregada (fl. 105)

- Observações: Relata que foi demitida em 2008 por problemas emocionais decorrentes da patologia (fl. 105)Reabilitação profissional:( ) sim (x) não- Observações:

Conforme a perícia do Juízo, realizada por médico especialista em 23.03.2012 (fls. 103-107), foi constatada seguradaportadora do vírus HIV desde 2006, (quesito nº 01– fl. 105), doença de origem infecciosa (quesito nº 02– fl. 105), que, nosentir do perito, não a incapacita, no momento, para o exercício de suas atividades laborais (quesito nº 06 – fl. 106).Informou o expert que a periciada faz uso de medicações padronizadas pelo Ministério da Saúde para tratamento depacientes HIV positivos (quesito nº 01– fl. 107). Atestou que não há possibilidade de a doença ser cessada ou controladaatravés de uso de medicação, sendo o tratamento custeado pela rede pública (quesito nº 02– fl. 107). Consignou que “deacordo com o exame clínico pericial, analisando individualmente os fatos sequenciais, concluímos que a periciada é soropositivo para HIV, apresentando sintomas depressivos decorrentes da própria patologia, no entanto, não há incapacidadepara o exercício das suas funções habituais” (sic) (fl. 107).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo segurado, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Calha pertinente registrar, nesse diapasão, que o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabeaveriguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendoo diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico nãoencarregado da perícia não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho. (Recurso nº0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de 14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz FederalRogério Moreira Alves).Por derradeiro, oportuno pontuar que o fato de ser portador do vírus HIV não confere, de per si, direito a benefício porincapacidade, devendo ser avaliado o estágio e a evolução da doença no momento da perícia judicial. Nessa linha, oentendimento esposado pela TNU- Turma Nacional de Uniformização:PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA FORMULADO PELO AUTOR. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AODEFICIENTE. PORTADOR DO VÍRUS HIV. CAPACIDADE LABORAL ATESTADA PELA PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL. AESTIGMATIZAÇÃO DA DOENÇA RELACIONADA AO VÍRUS HIV POR SI SÓ NÃO PRESUME A INCAPACIDADELABORAL. NECESSIDADE DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS. INCIDENTE CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO. 1. Sentença de improcedência do pedido de concessão de benefício assistencial aodeficiente, ao argumento de ausência de incapacidade laboral atestada pela perícia médica judicial, mantida pelos própriose jurídicos fundamentos pela 1ª Turma Recursal de São Paulo. 2. Incidente de Uniformização de Jurisprudência interpostopela parte autora, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. 3. Alegação de que o acórdão recorrido édivergente do entendimento da Turma Regional de Uniformização da 1ª Região, bem como da 1ª Turma Recursal de Goiás.Sustenta o Autor que, não obstante a ausência de incapacidade do portador do vírus HIV atestada pela perícia médica, aestigmatização da doença por si só presume a incapacidade laborativa. 4. Incidente não admitido pela ExcelentíssimaCoordenadora das Turmas Recursais de São Paulo, sendo o recurso, após requerimento, submetido ao ExcelentíssimoPresidente desta Turma Nacional, o qual determinou a distribuição do feito. 5. O Incidente de Uniformização tem cabimentoquando fundado em divergência entre decisões de Turmas Recursais de diferentes Regiões ou quando o acórdão recorridofor proferido em contrariedade à súmula ou jurisprudência dominante desta Turma Nacional de Uniformização ou doSuperior Tribunal de Justiça. 6. No caso em apreço, do cotejo entre o acórdão recorrido e os paradigmas apresentadosverifica-se a existência de similitude fático-jurídica e divergência, razão pela qual o recurso há de ser conhecido. 7. Quantoao mérito, ainda que a questão do preconceito sofrido pelo portador de HIV seja praticamente notória, entendo que asegregação pura e simples do portador da moléstia, em todos os casos, alijando-o do mercado de trabalho, não contribui

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para a solução desse grave problema. Ao contrário, a segregação do portador da moléstia assintomático ou com levesseqüelas do meio social acabaria por agravar o preconceito, uma vez que chancelaria estado de isolamento que em nadacontribui, em primeira análise, para a diminuição desse preconceito. 8. Importante ressaltar que os argumentos dadificuldade de reinserção no mercado de trabalho e da imprevisibilidade da manifestação de doenças oportunistas emvirtude da baixa imunidade, poderiam fazem concluir que todo e qualquer portador de HIV é incapaz para o trabalho,independentemente de sua condição clínica no momento da realização do laudo pericial. Com efeito, essas questõescertamente não podem ser ignoradas, mas tampouco constituem uma presunção absoluta de que todo o portador domencionado vírus é incapaz, mesmo que não apresente quaisquer doenças oportunistas. Tais conclusões, todavia, podemser alteradas em caso de piora no estado clínico da parte autora, o que certamente autorizará a propositura de novademanda visando à concessão do mesmo benefício, vez que estamos, induvidosamente, diante de uma relação jurídicacontinuativa. Sobrevindo mudança ulterior no estado de fato, poderá a parte, por intermédio de uma nova ação judicial, casoocorra novo indeferimento administrativo, reiterar a concessão do benefício em questão, com fundamento na alteração dasituação fática, não se podendo objetar a existência de coisa julgada material, pois estaria a parte, nesse caso, amparadapela disposição contida no artigo 471, I, do CPC. 9. Por outro lado, o acórdão recorrido não efetuou nenhuma análise dascondições pessoais e sociais do Autor, em sentido contrário à jurisprudência fixada nesta TNU - da necessidade dessaanálise para a aferição da incapacidade quando a parte autora é possuidora do vírus do HIV. Nesse sentido PEDILEF200972500009464, JUIZ FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF, DOU 08/03/2013; PEDILEF 50108579720124047001,JUIZ FEDERAL ADEL AMÉRICO DE OLIVEIRA, DJ 26/10/2012; PEDILEF 200563011070666, JUIZ FEDERAL ANTÔNIOFERNANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA, DOU 01/06/2012. 10. Incidente de Uniformização de Jurisprudênciaconhecido e parcialmente provido, para (i) firmar a tese de que a estigmatização da doença relacionada ao vírus HIV por sisó não presume incapacidade laborativa; (ii) reafirmar a tese consolidada por esta TNU, de que as condições pessoais esociais devem ser analisadas para a aferição da incapacidade nos casos de portadores do vírus HIV; (iii) determinar oretorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do julgado a partir das premissas de direito orauniformizada.Acordam os membros da TNU - Turma Nacional de Uniformização CONHECER E DAR PARCIALPROVIMENTO ao incidente de uniformização interposto, nos termos do voto-ementa da Juíza Federal Relatora. (PEDILEF00212758020094036301, JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, DOU 21/06/2013 pág. 105/162) (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 82, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesxmms/jesgecs

74 - 0005173-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005173-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ANTONIO NUNES DOS SANTOS(ADVOGADO: ANTONIO SERGIO BROSEGUINI, DICK CASTELO LUCAS.).Processo nº. 0005173-09.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ANTONIO NUNES DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADETOTAL E DEFINITIVA NÃO VERIFICADA. CAPACIDADE RESIDUAL. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADAEM PARTE.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 68-72, em razão de sentença (fls.65-66) que julgou procedente o pedido de restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença (NB533.199.908-1), com DIB em 31.08.2010, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez desde 26.08.2011.Sustenta, em suas razões, ser prematura a conversão do auxílio-doença previdenciário em aposentadoria por invalidez,uma vez que o perito do Juízo concluiu pela incapacidade parcial e definitiva, bem como pela possibilidade de reabilitaçãopara o exercício de atividades que não aumentem o stress e não exijam capacidade cardiopulmonar otimizada. Alega,outrossim, que, consideradas a idade do recorrido (51 anos), bem como as limitações verificadas, é perfeitamente possívelsua reinserção no mercado de trabalho em atividades compatíveis com seu atual quadro de saúde. Pretende, assim, sejaconhecido e provido o recurso, reformando-se a sentença no que tange à conversão do benefício de auxílio-doençaprevidenciário em aposentadoria por invalidez.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 78-80.A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos. (fl. 40)Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário: 21.11.2008 a 31.08.2010 (fl. 40).Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 24, em 06.01.2010, apresenta paciente portador de hipertensão arterial severa, refratária aosanti-hipertensivos. Evidencia, outrossim, insuficiência renal crônica;

Laudo médico particular à fl. 25, em 12.02.2010, refere paciente portador de hipertensão arterial severa, rebelde atratamento clínico. Consigna, ainda, sinais de insuficiência renal crônica. Passado de acidente vascular cerebral, semcondições de exercer a sua profissão;

Laudo médico particular à fl. 26, em 06.10.2010, atesta paciente portador de obesidade mórbida, passado de AVC, diabetesmellitus e insuficiência renal crônica, em uso de vários medicamentos, sem condições de retorno ao trabalho;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:Histórico laboral:Idade: 53 anos (fl. 40)Profissão/ocupação: Motorista carreteiro (fl. 37)Reabilitação profissional:( ) sim (x) não- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em cardiologia, na data de 26.08.2011 (fls. 36-39), foiverificado quadro de hipertensão arterial sistêmica severa, diabetes mellitus, ataque isquêmico transitório e insuficiênciarenal não dialítica (quesito nº 01 – fl. 36). Quanto às características da doença, afirmou ser “hipertensão arterial-síndromecaracterizada por elevação dos níveis de pressão arterial. Doença multifatorial, com componente hereditário ecomportamental importante, pode se não tratada adequadamente aumentar o risco de acidente vascular cerebral, infarto domiocárdio, doenças renais. Diabetes mellitus – doença metabólica caracterizada pela diminuição total ou parcial daprodução de insulina pelo pâncreas e/ou pelo aumento da resistência a insulina. O acidente vascular cerebral é uma doençacaracterizada pelo início agudo de um déficit neurológico (diminuição da função) [...]” (quesito nº 02 – fl. 36). Em relação àorigem, asseverou tratar-se de doença de origem multifatorial, com componentes hereditários e comportamentais, comosedentarismo, alimentação inadequada e stress (quesito nº 07 – fl. 37). Asseverou, ainda, que o periciado não possuiaptidão física e mental para exercer sua atividade habitual de motorista carreteiro, uma vez que “há lesões em órgãos alvoscom insuficiência renal não dialítica e ataque isquêmico transitório tendo como conseqüência acidente rodoviário comcarreta” (quesito nº 09 – fl. 37). Aquilatou que há risco de morte ou agravamento da doença se o segurado continuarexercendo sua atividade habitual, pois “o controle inadequado da pressão arterial pode aumentar o risco de lesões emórgãos alvo. (maior risco de acidente vascular encefálico e infarto do miocárdio, etc).” (quesito nº 10 – fl. 37). Questionadosobre as limitações funcionais que impediriam o desempenho da atividade habitual, informou que “pode andar, subirescadas curtas, trabalhar sentado. Deve evitar carregar peso e exercer atividades que elevem o nível de stress” (quesito nº11 – fl. 37), sendo que não é possível estimar a data de início da incapacidade (quesito nº 12 – fl. 37). Concluiu que háincapacidade parcial e definitiva (quesito nº 14 – fl. 38). Ademais, em resposta ao quesito de nº 17 - fl. 38 assegurou que opericiado pode ser reabilitado para o desempenho de outras atividades “que não aumentem o stress e exijam capacidadecardiopulmonar”.

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Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, no

caso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pelaLei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que: ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Nesse diapasão, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesegura da existência da incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Destarte, considerando, notadamente, a constatada possibilidade de reabilitação profissional, somada à idade, em tese,produtiva do recorrido (53 anos), infere-se a existência de capacidade laborativa residual, não se mostrando razoáveldescartar a priori a possibilidade de recolocação profissional, respeitadas as limitações diagnosticadas pelo perito e ocontexto social do segurado, sendo mesmo prematura a concessão de aposentadoria por invalidez. Mais adequada ao casoé a concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário até que reabilitado o recorrido, devendo,pois, ser excluído da condenação o comando de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.Merece parcial reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para excluir da condenação o comando de conversão dobenefício de auxílio-doença previdenciário em aposentadoria por invalidez, permanecendo incólume a sentença em seusdemais termos.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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75 - 0002827-85.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002827-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RODRIGO MOURA BORGES(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).Processo nº. 0002827-85.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: RODRIGO MOURA BORGESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL TOTAL E TEMPORÁRIA VERIFICADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 93-108, em razão da sentença (fls.89-90) que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença (NB 520.796.267-8),desde a cessação em 03.05.2010, bem como de sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta, em suas razões, ser portador de transtorno afetivo bipolar, depressão, síndrome do pânico e dependênciaquímica. Assevera que o perito do Juízo, conquanto tenha reconhecido a existência das referidas enfermidades, concluiupela capacidade laborativa. Ressalta que compareceu ao exame pericial acompanhado de funcionário da clínica em que seencontrava internado à época (Centro Integrado de Terapia), fato que simplesmente foi desconsiderado pelo perito doJuízo. Aduz ser notória a precária situação em que se encontra, na medida em que, conforme comprovam os laudosmédicos coligidos, esteve internado por 04 (quatro) vezes em menos de 02 (dois) anos. Informa que o próprio médico daempresa onde trabalha o considerou inapto para retorno Às atividades laborativas até aquele momento. Nesse contexto,afirma estar impossibilitado para o exercício de sua profissão de forma eficaz, encontrando-se total e definitivamenteincapacitado para o labor, devendo ser descartada a possibilidade de reabilitação. Pretende, assim, seja reformada asentença, restabelecendo o benefício de auxílio-doença outrora percebido, com o pagamento dos retroativos.Alternativamente, requer a concessão da aposentadoria por invalidez.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 134-137.A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos. (fl. 88)Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário: 06.06.2007 a 03.05.2010 (fl. 88).Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 34, em 24.04.2007, informa que o paciente encontra-se em tratamento, porém sem resultadossatisfatórios, uma vez que não houve adesão ao tratamento. Solicitou internação urgente, pois há vários suicidas na família;

Laudo médico particular psiquiátrico à fl. 32, em 26.06.2007, revela paciente internado, com quadro depressivo grave queculminou com tentativa de suicídio. Sem condições de alta, uma vez que a idealização de suicídio persiste, com fortedepressão através de retraimento e isolamento;

Declaração à fl. 30, em 23.09.2007, atesta que o paciente permaneceu internado no Centro Integrado de Terapia paratratamento psiquiátrico, no período de 07.05.2007 a 04.08.2007;

Declaração à fl. 77, em 18.11.2008, informa que o paciente encontra-se internado no Centro Integrado de Terapia desde odia 28.08.2008, com quadro de CID F31.6 – Transtorno Bipolar do Humor Misto, com agitação psicomotora, logorreico ecom impulsos predatórios, com crise de irritabilidade exacerbada, megalomaníaco, crises depressivas intercaladas comapatia, prostração e ideação de suicídio persistente e fixa (sendo que já tentou no passado e por pouco não veio a falecer).A ideação de suicídio é persistente e obsessiva. No momento sem condições de alta, inclusive porque apresenta surtospsicóticos associados com hetero-agressividade e idéias delirantes de perseguição (auto-referenciais). Portanto, aindaprecisa ficar internado por tempo indeterminado;

Declaração à fl. 29, em 29.09.2009, informa que o paciente permaneceu internado no Centro Integrado de Terapia para

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tratamentos médicos no período de 28.08.2008 a 11.05.2009;

Declaração à fl. 28, em 27.01.2010, informa que o paciente foi internado no Centro Integrado de Terapia em 26.01.2010;

Laudo médico particular à fl. 26, em 05.08.2010, evidencia paciente com sono irregular, insatisfação com tudo e todos,inversão do padrão do sono; solicita internação;

Laudo médico particular à fl. 25, em 16.09.2010, refere paciente fazendo uso de vários medicamentos, tendo sido internadopor duas vezes em clínicas especializadas. À época, além do tratamento medicamentoso, fazia psicoterapia; atestaausência de condições laborativas;

Declaração à fl. 23, em 29.09.2010, informa que o paciente encontrava-se internado para o tratamento de dependênciaquímica no Centro de Recuperação para Dependentes Químicos desde o dia 14.10.2010, em regime fechado, monitorado,com o acompanhamento médico, não se ausentando das dependências da instituição, somente acompanhado por umeducador social, sendo o período estimado de tratamento de 06 a 09 meses, sem condições de realizar qualquer atividadelaborativa no momento;

Laudo médico particular à fl. 19, em 18.03.2011, referencia paciente em tratamento sob a orientação da Dra. Fátima deSouza Silva desde Janeiro de 2007, encontrando-se sem nenhum medicamento psiquiátrico, uma vez que suspendeu porcontra própria em janeiro de 2007. Queixa-se de muita depressão, falta total de perspectiva, insônia, sentimento dedesesperança, ansiedade e angústia. Já esteve por duas vezes internado em clínicas especializas. Atesta que o pacienteainda não apresenta condições laborativas, sugerindo nova internação;

Laudo médico particular à fl. 18, em 22.03.2011, revela paciente em tratamento psiquiátrico, com quadro de transtornobipolar, com tentativas de suicídio, sem condições de retornar ao trabalho por tempo indeterminado, sendo que já foiinternado na clínica Centro Integrado de Vitória 3 vezes;

Laudo médico particular à fl. 17, em 23.03.2011, encaminha paciente para internação por período de 45 dias como medidaauxiliar no tratamento de dependência química. Informa utilização de drogas alucinógenas e apresenta quadro debipolaridade;

Declaração à fl. 15, em 29.03.2011, assevera paciente internado no Centro Integrado de Terapia, desde o dia 27.03.2011,com quadro bipolar característico, inclusive com histórico de tentativas de suicídio, forte ansiedade, com humor fortementedepressivo e sérias dificuldades para o tratamento ambulatorial, sem previsão de alta;

Avaliação psiquiátrica à fl. 60, em 16.05.2011, retrata paciente internado, ainda em quadro depressivo exacerbado, comidéias de suicídio (com tentativas anteriores), além de estresse, irritabilidade, humor disfórico, com alterações docomportamento, ora eufórico e agressivo, ora ensimesmado, fissurando-se em si mesmo; vem, fazendo uso de múltiplasdrogas, com síndrome de abstinência. Conclui não possuir condições de alta, estando, portanto, impossibilitado de realizarqualquer trabalho por tempo indeterminado;

Laudo médico particular à fl. 59, em 27.06.2011, explicita paciente em tratamento, sendo que esteve internado em clínicapsiquiátrica por dois meses, sem melhora em seu quadro clínico, apresentando isolamento social, desesperança pela vida,pensamentos de auto-extermínio e de ruína, sugerindo, assim, nova internação psiquiátrica;

Declaração à fl. 63, em 27.06.2011, atesta paciente internado no Centro Integrado de Terapia, desde 27.03.2011 até30.05.2011, sendo acompanhado pela Equipe Multidisciplinar da Instituição;

Declarações às fls. 123 e 124, em 09.07.2011 e 30.07.2011, informam paciente internado na instituição ComunidadeTerapêutica Salutare desde 09.07.2011, sob os cuidados de equipe multiprofissional, com quadro clínico compatível com osseguintes diagnósticos pela Classificação Internacional de Doenças em sua Décima Edição (CID-10):

F19.2 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltimas drogas e ao uso de outras substanciaspsicoativas – síndrome de dependência;F33.9 – Transtorno depressivo recorrente sem especificação;F31 – Transtorno afetivo bipolar;F10.2 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool – síndrome de dependência;F12.2 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de canabinóides – síndrome de dependência;F14.2 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de cocaína;F17.2 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo;F41.1 – Ansiedade generalizada;F90.0 – Distúrbios da atividade e da atenção;F18.2 – Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de solventes voláteis – síndrome de dependência;F60.3 – Transtorno de personalidade com instabilidade emocional;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:

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Histórico laboral:Idade: 27 anos (fl. 09)Profissão/ocupação: Servente – Setor de zeladoria (EMESCAM) (fl. 11)Reabilitação profissional:( ) sim (x) nãoObservações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em psiquiatria, na data de 18.05.2011 (fls. 44-45), foiverificado quadro de transtorno afetivo bipolar, CID 10-F31, e transtornos mentais e comportamentais decorrentes do usode múltiplas drogas, atualmente abstinente - CID 10-F19.20, (quesito nº 01 – fl. 44). Quanto às características da doença,não as identificou (quesito nº 2 – fl. 44). Em relação à origem, asseverou tratar-se de enfermidades de origem adquirida(quesito nº 07 – fl. 44). Concluiu pela existência de aptidão física e mental do segurado “porque esta lúcido, orientado notempo e no espaço, coerente, calmo, cooperativo e sem distúrbios do comportamento ou alterações da senso-percepçãodignas de nota. Sua percepção da realidade não esta prejudicada. Ausência de sinais e/ou sintomas psicóticos comodelírios ou alucinações. Ausência de sonolência. Não foi constatado no exame mental pericial sinais e/ou sintomas desíndrome de abstinência de drogas. Humor estabilizado. Quadro psiquiátrico estabilizado” (quesito nº 09 – fls. 44).Aquilatou que o periciado não corre risco de morte ou agravamento da doença se continuar exercendo sua atividadehabitual de servente, “porque seu humor esta estabilizado, juízo crítico e consciência preservados. Está abstinente do usode drogas, lúcido, orientado e coerente. Sem sinais e/ou sintomas de síndrome de abstinência de drogas” (quesito nº 10 –fl. 44). Sobre as limitações funcionais que impediriam o desempenho da atividade habitual, informou que “no exame pericialnão foi constatado limitações funcionais. O autor pode andar, subir escadas, carregar peso, ficar em pé e trabalhar sentado(respeitando as limitações de sua faixa etária” (quesito nº 11 – fl. 45), sendo que “não foi constatado no exame pericialincapacidade para o trabalho” (quesito nº 12 – fl. 45). Ademais, em resposta ao quesito de nº 17 - fl. 45 consignou que “nãofoi constatado no exame mental pericial incapacidade para a sua atividade habitual e portanto, não há necessidade dereabilitação profissional.”Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ).Extrai-se dos autos que o segurado sofre de transtornos psiquiátricos desde 2007, com crises recorrente e sem sinais demelhora, inclusive com ideação suicida. Por sua vez, no laudo pericial do Juízo (fls. 44-45) constatou-se a capacidade parao trabalho, embora reconhecidas as patologias.Ocorre que os inúmeros laudos e exames médicos particulares coligidos atestam com veemência a acentuada gravidadedas doenças e a severidade das limitações experimentadas. Ademais, a avaliação psiquiátrica de fl. 60, procedida pormédico especialista em psiquiatria, bem como a declaração de fl. 63 corroboram a alegativa do recorrente de que, à épocado exame pericial do Juízo, encontrava-se internado para tratamento psiquiátrico, de modo que impossível concluir que osegurado, naquelas condições, era detentor de capacidade laborativa. Desse modo, no caso em comento, os elementos deprova material robusta carreados pelo recorrente afiguram-se aptos a afastar a conclusão do laudo oficial.Destarte, considerando notadamente, o quadro clínico apresentado e as características das afecções, as quais nãoretratam higidez física compatível com qualquer atividade, no momento, entendo que se trata de incapacidade total etemporária. Assim colocado, faz jus ao recebimento de auxílio-doença, até que esteja apto para retornar ao trabalho.Merece parcial reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social –INSS ao pagamento do benefício de auxílio-doença previdenciário, com DIB em 18.05.2011 – data do exame pericial doJuízo, tendo em vista que há nos autos elementos (fls. 60 e 63) que comprovam que, naquela data, o recorrenteencontrava-se, de fato, incapaz para o trabalho.Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbência recíproca (CPC,art. 21).

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso ea ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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76 - 0004471-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004471-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IARLES STEIN GOMES(ADVOGADO: CHARLES BONELI GONÇALVES, RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo nº. 004471-97.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: IARLES STEIN GOMESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 60-62, em razão da sentença (fls.55-57) que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença previdenciário e/ou sua conversãoem aposentadoria por invalidez.Sustenta, em suas razões, ser portador de doença crônica, diagnosticada como espondilodiscoartrose degnerativa lombarmultissegmentar, protrusão discal póstero-mediana em L3-L4, protusão discal posterior em L4-L5 com ruptura do anelfibroso, megapófise transversa bilateral de L5, CID10: M54, M51, M19, consoante comprovam os laudos médicosparticulares carreados. Assevera que a sentença objurgada não está em consonância com o contexto fático/probatório dosautos, na medida em que foram levados em consideração os laudos médicos particulares coligidos, utilizando-se omagistrado sentenciante apenas do laudo pericial do Juízo para formar seu convencimento. Argumenta que faz jus aopleiteado benefício, visto que até a presente data não apresentou melhoras em seu quadro clínico, estando impossibilitadode exercer seu labor, dependendo da ajuda de familiares e amigos para sobreviver. Pretende, assim, seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 67-70.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Não houve percepção de auxílio-doença previdenciário.Histórico clínico:Laudos médicos particulares às fls. 16-17, em 23.04.2010 e 09.07.2010, respectivamente, revelam diagnósticos deespondilodiscoartrose degenerativa lombar multissegmentar, protusão discal póstero-mediana em L3-L4, protrusão discalposterior em L4-L5 com ruptura do anel fibroso, megapófise transversa bilateral de L5.

(ii) Ressonância magnética da coluna lombar à fl. 19, realizada em 06.04.2010, evidencia discopatia em L3-L4 e L4-L5,protrusão discal póstero-mediana de base larga em L3-L4 tocando o saco dural e protusão discal posterior de base largaem L4-L5, com diminuta ruptura anelar concêntrica parasagital esquerda, tocando o saco dural;

(iii) Tomografia computadorizada da coluna lombar à fl. 18, realizada em 02.12.2009, informa alterações degenerativasdiscretas das articulações interapofisárias de L4-L5 e L5-S1 e leve abaulamento discal difuso em L3-L4 tocando a faceventral do saco dural;

(iv) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 31 anos (fl. 11).Profissão/ocupação: Auxiliar de serviços técnicos (fl. 13).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

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Conforme a análise pericial do Juízo (fls. 41-43), realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia em27.06.2011, o recorrente foi diagnosticado com artrose e discopatia na coluna lombar – CID M54 (quesitos nºs 01 e 02 – fl.41), patologias de origem degenerativa, comum a todos os seres humanos (quesito nº 06 – fl. 41). Questionado sobre ascaracterísticas da doença, informou que a artrose é uma afecção de caráter degenerativo das articulações do corpohumano, de evolução lenta e normal a todos os seres humanos (quesito nº 03 – fl. 41). Aquilatou não haver nexo decausalidade entre a doença/lesão, sequela ou deficiência apresentada, o local de trabalho e o trabalho desenvolvido pelopericiado (quesito nº 08 – fl. 41). Concluiu pela ausência de incapacidade laborativa (quesitos nºs 09 e 10 – fl. 41).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 4 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.De outra parte, além de não constata a incapacidade para o labor, verifica-se o não cumprimento do período de carência,consoante se infere dos documentos de fls. 74-75. Por essas razões, não faz jus o recorrente ao pleiteado benefício.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 22,nos termos do art. 55 da Lei nº 9009/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

77 - 0000137-77.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000137-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MALVINO RIGONI(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS JOSÉ DE JESUS.).Processo nº. 0000137-77.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: MALVINO RIGONIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 53-54, em razão da sentença (fls.49-50) que julgou improcedentes os pedidos de concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário,com o pagamento de atrasados devidamente corrigidos, bem como de indenização por dano moral.Sustenta, em suas razões, que não obstante o perito do juízo tenha concluído pela capacidade na realização das atividadeslaborais, há de ser levada em consideração a totalidade do conjunto probatório, sopesando-se os demais documentos

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carreados, tais como os laudos médicos. Alega, ainda, que houve cerceamento de defesa ante o indeferimento do pedidode complementação dos quesitos, apresentado à fl. 48. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, para que,anulando-se a sentença, retornem os autos ao Juízo de origem para serem respondidos os quesitos complementares.Eventualmente, pugna pela procedência dos pedidos deduzidos na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.A controvérsia diz com a verificação da incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fl.07).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 04.04.1997 a 31.08.1997 e de 19.11.2009 a 03.01.2011 (fls.07-08).Histórico clínico:

Laudos médicos particulares às fls. 11-12, em 14.12.2010 e 03.11.2009, respectivamente, informam dor lombar, lesãodiscal mista de L2 a S1;

(ii)Ressonância magnética de coluna lombo sacra à fl. 13, em 19.11.2009 revela corpos vertebrais de altura preservada,apresentando osteófitos marginais difusos; alteração de sinal de aspecto degenerativo nos platôs vertebrais de L1-2 e L2-3;nódulos de schmorl nos platôs vertebrais inferiores de D12 e L3; redução da altura e do sinal em T2 dos discosintervertebrais lombares difusos, inferindo discopatia degenerativa; complexo disco-osteofitário posterior em L1-2,assimétrico à esquerda, tocando a face ventral do saco tecal e reduzindo a amplitude dos recessos inferiores dos foramesneurais, em proximidade da raiz emergente L1 à esquerda; abaulamentos discais difusos em L2-3 e L3-4, se insinuandopara os recessos inferiores dos forames neurais, em proximidade das raízes emergentes, associado à protusãopóstero-mediana neste último nível; abaulamento discal difuso em L4-5, tocando a face ventral do saco tecal e reduzindo aamplitude dos recessos inferiores dos forames neurais, associado à protusão foraminal/látero-foraminal direita, em conflitocom a raiz emergente correspondente; abaulamento discal difuso em L5-S1, tocando a face ventral do saco tecal ereduzindo a amplitude dos recessos inferiores dos forames neurais, em proximidade das raízes emergentes; alteraçõesdegenerativas difusas nas articulações interapofisárias; sinais de lipossubstituição dos planos musculares.

(ii) Laudo de perícia médica administrativa: (X) sim - fls. 22-24 ( ) não

-Observações: Em 19.02.2010 a perícia médica administrativa concluiu tratar-se de segurado incapacitado para o trabalho,apresentando sinais de radiculopatia em membro inferior direito, sendo fixada a DID – Data de Início da Doença em19.02.1985, com base no histórico clínico, e a DII – Data de Início da Incapacidade na data do exame de ressonânciamagnética, a dizer, 19.11.2009;

Em 18.08.2010 a perícia médica administrativa concluiu que segurado apresentava sinais de radiculopatia em territorio deL4 e L5 e com hipotrofia muscular importante em membro inferior direito incapacitante para o trabalho total etemporariamente.

Em 03.01.2011 a perícia médica administrativa concluiu que segurado não apresentava incapacidade laboral, tendo emvista apresentar quadro de lombociatalgia sem repercussão clínica das alterações apresentadas em exame de imagemantigo, com clínica suspeita de hipotrofia de membro inferior direito em regressão (quando comparado a perícias anteriores)e de aspecto antigo - anterior ao início das queixas. Consignou que o periciado apresentava mãos intensamente calejadascom unhas sujas de terra compatível com trabalho no campo recente. Afirmou não haver incapacidade laboral.

Histórico laboral:Idade: 58 anos (fl. 05).Profissão/ocupação: Lavrador (fl. 41).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Conforme a análise pericial do Juízo (fl. 41), realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia na data de15.12.2011, não foi diagnosticada patologia ortopédica digna de nota, atestando periciado assintomático (quesitos nºs 02 e03 – fl. 41). Em reposta ao quesito nº 08 – fl. 41, asseverou o expert que o segurado encontra-se apto para realizar suasatividades habituais sem restrições.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.

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Descabido o pleito de anulação da sentença ante o indeferimento de complementação dos quesitos. Nessa seara,imperioso ter em mente que o direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, nãoimplicaria cerceamento de defesa, sobretudo quando a prova requerida é prescindível à elucidação do quadro clínico, comoneste caso. Nesse sentido, orientação contida na parte final do Enunciado n° 09 desta Turma Recursal, verbis:“Anão-nomeação de defensor público ou advogado dativo para formular quesitos para a perícia não acarreta cerceamento dedefesa, eis que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, a parte pode exercer o jus postulandi (art.10 da Lein°10.259/01). Ademais, sendo os quesitos do juízo s uficientes para aferir a existência ou não de capacidade laborativa,afastada está o cerceamento. (DIO – Boletim da Justiça Federal, 18.03.2004, pág. 59)”. (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 18,nos termos do art. 55 da Lei nº 9009/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

78 - 0000052-91.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000052-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIÃO CONCEIÇÃOCOTIA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).VOTO-EMENTA

A petição inicial não menciona qualquer doença incapacitante. Apenas afirma que o autor pleiteara auxílio-doença e o INSSindeferiu o benefício por duas vezes por “não constatação de incapacidade laborativa”. Depois faz um arrazoado a respeitodo que consta na lei e de suposta ocorrência de dano moral.

A rigor, a inicial é inepta, porque não declina causa de pedir relativa ao benefício por incapacidade que se pleiteia.

Ocorre que os documentos carreados à inicial, conforme indica o detalhado relatório elaborado por V. Exa., indicam apresença de hipertensão arterial, espondilodiscouncoartrose da coluna cervical e nefropatia crônica.

Não obstante, a perícia realizada somente referiu à moléstia de ordem ortopédica. Com efeito, o Perito afirmou que “o autoré portador de artrose da coluna lombar e foi operado com hérnia discal L4-L5.”

Nada há nos autos a respeito dessa operação; que, em princípio, geraria uma incapacidade ao menos temporária (duranteo período de convalescença).

Considerando a elevada idade do autor, as várias moléstias relatadas nos documentos e tendo em vista os princípios queregem os Juizados Especiais, abro divergência para DAR PROVIMENTO ao recurso, a fim de ANULAR a sentença e oprocessamento até o despacho que recebeu a inicial, inclusive.

O autor deverá ser intimado a declinar adequadamente a causa de pedir.

Não obstante, em face do princípio da economia processual, reputo válida a perícia já realizada.

Uma vez que o autor decline adequadamente a causa de pedir, deverá o Juízo a quo realizar perícia a fim de apurareventual incapacidade no que refere às moléstias que não foram objeto da perícia já realizada (ou seja: perícia a respeitoda hipertensão arterial e da nefropatia crônica).

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

79 - 0000886-31.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000886-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CINTIA DOS SANTOSNASCIMENTO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).Processo nº. 0000886-31.2010.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: CINTIA DOS SANTOS NASCIMENTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 43-44, em razão de sentença (fls.39-40) que julgou improcedentes os pedidos de concessão do benefício de auxílio-doença previdenciário, com o pagamentodos atrasados, bem como de indenização por dano moral.Sustenta, em suas razões, que não obstante o perito do juízo tenha concluído pela existência de capacidade pararealização das atividades laborais, há de ser levada em consideração a totalidade do conjunto probatório, sopesando-se osdemais documentos carreados, tais como os laudos médicos. Assevera, outrossim, cerceamento de defesa ante oindeferimento do pedido de complementação dos quesitos. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, para,anulando-se a sentença, sejam os autos encaminhados ao Juízo de origem a fim de que respondidos os quesitoscomplementares. Eventualmente, pugna pela reforma da sentença, julgando-se procedente a pretensão autoral.Não foram apresentadas contrarrazões.A controvérsia diz com a verificação da existência ou não de incapacidade para o trabalho.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 29.03.2010 a 30.09.2010 (fl. 24).Histórico clínico:

Laudos médicos particulares às fls. 08-09, em 09.09.2010 e 13.03.2010, respectivamente, revelam que a recorrenteencontrava-se em tratamento fisioterápico após fratura em antebraço;

(ii) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 35 anos (fl. 05).Profissão/ocupação: Auxiliar de serviços gerais (fl. 29).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Conforme a análise pericial do Juízo (fls. 29-32), realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia na data de21.10.2011, a recorrente foi diagnosticada com sequela de fratura do antebraço direito e acetábulo direito (quesito nº 02 – fl.31). Consignou que, ao exame pericial a recorrente apresentou-se lúcida e orientada no tempo e no espaço, respondendobem às solicitações, com boa mobilidade dos membros, andando bem sem muleta ou auxílio de terceiro; durante o examesentou-se e levantou-se sem apoio nos móveis; foi constatada a presença de cicatriz radial no antebraço direito compronação e supinação livres; movimentos de cotovelo e punho direito normais sem limitações e sem edema do antebraço;coxa direita com boa mobilidade sem hipotrofia muscular; movimento de joelho e quadril normais. Referiu a relato dapericiada de que sofreu acidente pessoal com fratura do antebraço direito e do acetábulo (articulação do quadril) direito,tendo sido operada com colocação de placa e parafusos com boa redução (correção da deformidade) das fraturas e boarecuperação da mobilidade. Atestou o perito que as fraturas estão consolidadas (fl. 30). Fez constar nos quesitos nº 03 e 04– fl. 31 relato da periciada de que o acidente ocorreu em 03.03.2010, não sendo acidente de trabalho. Aquilatou o expert ainexistência de incapacidade para o trabalho, porquanto as fraturas estão consolidadas e não há seqüelas motoras,podendo a paciente realizar todas as atividades sem restrições (quesitos nºs 05 e 08 – fl. 31.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 7 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Descabido o pleito de anulação da sentença ante o indeferimento dos quesitos complementares. Nessa seara, imperioso terem mente que o direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não implicariacerceamento de defesa, sobretudo quando a prova requerida é prescindível à elucidação do quadro clínico, como nestecaso. Nesse sentido, orientação contida na parte final do Enunciado n° 09 desta Turma Recursal, verbis :“A não-nomeaçãode defensor público ou advogado dativo para formular quesitos para a perícia não acarreta cerceamento de defesa, eis que,no âmbito dos Juizados Especiais Federais, a parte pode exercer o jus postulandi (art.10 da Lei n°10.2 59/01). Ademais,sendo os quesitos do juízo suficientes para aferir a existência ou não de capacidade laborativa, afastada está ocerceamento. (DIO – Boletim da Justiça Federal, 18.03.2004, pág. 59)”. (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 12,nos termos do art. 55 da Lei nº 9009/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Xdse/jesgecs

80 - 0001048-60.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001048-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EURICO DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).Processo nº. 0001048-60.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: EURICO DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 56-58, em razão da sentença (fls.53-54) que julgou improcedentes os pedidos de concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário,com pagamento de atrasados devidamente corrigidos, bem como de indenização por dano moral.Sustenta, em suas razões, que o entendimento esposado na sentença vergastada é contrário à prova existente nos autos,em especial ao laudo de fl. 52, donde se infere que os laudos particulares carreados sequer foram analisados. Asseveraque, assim procedente, o magistrado sentenciante violou o direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processolegal. Pugna seja levada em consideração a totalidade do conjunto probatório, sopesando-se todos documentos acostados.Aduz, outrossim, também restar configurado cerceamento de defesa ante o indeferimento do pedido de complementaçãodos quesitos apresentados à fls. 42-43. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, anulando-se a sentença, comretorno dos autos ao Juízo de origem para que sejam respondidos os quesitos complementares. Eventualmente, pugnapela reforma da sentença, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.As contrarrazões foram apresentadas à fl. 62.A controvérsia diz com a verificação da incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fl.25).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 16.112005 a 27.12.2005 (fl. 26).

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Histórico clínico:Laudos médicos às fls. 08-09 e 30, em 17.09.2009, 05.11.2009, e 16.04.2010, respectivamente, referenciam diagnósticosde deformidade em cotovelo esquerdo;

(ii) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 49 anos (fl. 06).Profissão/ocupação: Trabalhador rural (fls. 01 e 25).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Conforme a análise pericial do Juízo (fls. 36-38), realizada por médico clínico geral em 15.09.2010, o recorrente foidiagnosticado com sequela de fratura no cotovelo esquerdo, (quesito nº 01 – fl. 36), patologia de origem adquirida (quesitonº 03 – fl. 36), que, no sentir do perito, não o incapacita para o exercício da atividade habitual de trabalhador rural (quesitonº 04 – fl. 36). Consignou que, ao exame físico o periciado apresentou flexão e extensão de braço esquerdo normal,musculatura próxima ao cotovelo normal e força motora normal (quesito nº 04 - fl. 37).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: o evento deflagrador é aincapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo (a) requerente, vale dizer, diante de prova materialrobusta e harmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Calha pertinente registrar, nesse diapasão, que “o médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar averacidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo odiagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistentenão é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado nasessão de 14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogerio Moreira Alves).Descabido o pleito de anulação da sentença em razão da não apreciação dos quesitos complementares. Nesse seara,imperioso ter em mente que o direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, nãoimplica cerceamento de defesa, sobretudo quando o quesito proposto é prescindível à elucidação do quadro clínico, comoneste caso. Nesse sentido, orientação contida na parte final do Enunciado nº 09 desta Turma Recursal, verbis: “Anão-nomeação de defensor público ou advogado dativo para formular quesitos para a perícia não acarreta cerceamento dedefesa, eis que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, a parte pode exercer o jus postulandi (art. 10 da Lei nº10.259/01). Ademais, sendo os quesitos do juízo suficientes para aferir a existência ou não de capacidade laborativa,afastada está o cerceamento. (DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59)”. (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 14, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Xdse/jesgecs

81 - 0000021-42.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000021-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x BENEDITO DOMINGAS (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.).Processo nº. 0000021-42.2009.4.02.5052/01– Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:BENEDITO DOMINGASRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DIBMODIFICADA. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 134-153, em razão de sentença (fls.130-132) que julgou procedente o pedido para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença (NB 1211173752)a partir de 14.11.2002 e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez, com DIB – Data de Início do Benefício nadata do ajuizamento da ação (08.01.2009).Sustenta, em suas razões, a nulidade da sentença, por ter extrapolado os limites da pretensão autoral, na medida em quedeterminou o restabelecimento de benefício, fixando a DIB em 14.11.2002, ao passo que a pretensão autoral adstringia-seao restabelecimento de benefício de auxílio-doença cessado em 17.10.2008. Invoca violação ao art. 5º, inciso LV daConstituição da República, bem como aos arts. 128 e 460 do Código de Processo Civil. Esclarece que não se insurgecontra a concessão de aposentadoria por invalidez quando requerido apenas o auxílio-doença, mas sim apenas em relaçãoà retroação da DIB. Argumenta que esta deve ser fixada 17.10.2008, data em que teve início a doença incapacitante.Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para anular a sentença por ser extra petita. Alternativamente requerseja reformada a sentença, fixando-se a DIB do benefício de auxílio-doença em 17.10.2008.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 155-156.Lançadas as premissas, registre-se, a controvérsia diz com a DIB – Data de Início do Benefício.Antes de ingressar na análise de fundo, necessário explicitar aspectos relevantes da situação fática ensejadora da causa depedir recursal, consoante quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 13.08.2001 a 30.09.2001, 01.10.2001 a 13.11.2002 e17.07.2007 e 17.10.2008 (fls. 123-125).Histórico clínico:

(i) Laudo radiológico à fl. 06, em 24.12.2008 concluiu por artrose de joelho esquerdo;

(ii) Laudos médicos particulares às fls. 07-11, em 02.10.2008, 12.11.2008, 03.11.2008, 26.07.2002, 09.04.2007 e23.10.2001, referenciam diagnóstico de limitação de movimentos e dor em ombro esquerdo e artrose de joelho esquerdo;

(iii) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) não

-Observações:Histórico laboral:Idade: 68 anos (fl. 13).Profissão/ocupação: Trabalhador braçal – Prefeitura de São Mateus/ES (fl. 15).Reabilitação profissional:( ) sim (X) não

Conforme a perícia do Juízo realizada em 04.08.2011 por médico especialista em ortopedia e traumatologia (fl. 115), orecorrido foi diagnosticado com dor e deformidade em joelho esquerdo (quesito nº 02 – fl. 115), patologias de origemdegenerativa que pode se agravar com o desempenho de atividades que exijam esforço físico intenso (quesito nº 03 – fl.115). Apontou como data de início da doença o ano de 2001 (quesito nº 04 – fl. 115). Questionado sobre as característicasda enfermidade, informou que a patologia provoca dor com bloqueios principalmente da flexão e atrofia da coxa (quesito nº05 – fl. 115). Concluiu tratar-se de doença degenerativa com limitação permanente e progressiva (quesito nº 06 – fl. 115).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com

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outros elementos ou fatos provados nos autos (Código de Processo Civil, art. 436).Com efeito, em análise aos autos, percebe-se que a causa de pedir da presente demanda consiste na subsistência deincapacidade em 17.10.2008, a dizer, quando da cessação do benefício de auxílio-doença previdenciário NB 1211173752,de modo que indevida a retroação da DIB a momento anterior a este, mesmo porque tal retroação implicaria pagamento debenefício em duplicidade, tendo em vista que já houve a percepção de auxílio-doença previdenciário por vários períodosdesde o ano de 2001, consoante ressai do histórico previdenciário exposto no item “5”.Calha gizar que, ainda que assim não fosse, o fato de o perito ter apontado como data de início da doença o ano de 2001não implica reconhecimento de incapacidade desde aquela data. Nesse ponto, importa não confundir os conceitos de datade início da doença com data de início da incapacidade, cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só,não garante o benefício: o evento deflagrador é a incapacidade.Fixo então a DIB do benefício de auxílio-doença previdenciário NB 1211173752 em 17.10.2008 – data da cessaçãoindevida, seja porque a incapacidade laborativa não sofreu solução de continuidade, seja porque os elementos constitutivosdefinidos pela Lei nº 8.213/1991 como causa eficiente de incidência do art. 59 já se faziam presentes quando então.Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para fixar a DIB do benefício de auxílio-doença previdenciário nadata de 17.10.2008 – data da cessação indevida.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 30 de outubro de 2013.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jexdse/jesgecs

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

82 - 0004122-31.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004122-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL LUIZ DE LARANETO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUSCHAGAS SARAIVA.).PROCESSO: 0004122-31.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004122-1/02)

VOTO-EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – EFEITOS INFRINGENTES – PETIÇÃOTEMPESTIVAMENTE PROTOCOLIZADA E NÃO JUNTADA AOS AUTOS – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTODE RENDA – LEIS 7.713/88 E 9.250/95.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que negou provimento ao recursoinominado por ela interposto contra a sentença que julgou extinto o processo sem julgamento do mérito, por entender que amatéria é complexa, não se enquadrando no conceito constitucional de menor complexidade. O acórdão manteve aextinção do processo sem resolução do mérito, reformando-a, contudo, quanto ao fundamento legal, para o art. 267, III, doCPC, eis que foi solicitada a apresentação de documentos por parte do autor, o qual se manteve inerte. Alega oembargante que juntou petição com os documentos solicitados pelo relator, tempestivamente, tendo ocorrido falha nosistema eletrônico, pois não é possível visualizar a petição.

Conforme certidões de fls. 135 e 136, o autor peticionou em 12/07/2012 (petição anexa à certidão de fl. 136), portanto

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dentro do prazo (de 15 dias) que lhe foi conferido pela decisão de fl. 114, eis que publicada em 12/07/2012 (fl. 117). Emface disso, impõe-se a atribuição de efeitos infringentes aos presentes embargos, uma vez afastada a premissa do acórdãoembargado, não podendo subsistir a extinção do processo com fulcro no art. 267, III, do CPC.

Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO para, atribuindo-lhes efeitos infringentes, alterar oacórdão embargado e proceder a nova análise do recurso inominado, à luz das informações constantes da petição edocumento anexos à certidão de fl. 136, o que passo a fazer.

Matéria pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais no sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir dejaneiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes daspatrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início daaposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline MichelsBilhalva, DJ de 09.02.2009.Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parte autora noperíodo de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos, os documentoscolacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995 e aposentadoria em 21/10/2004, conforme informado e confirmado em consulta aosistema PLENUS (Aposentadoria por Tempo de Contribuição NB 100.329.870-0, DIB: 18/05/2007).No julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, tendo como relatora a MinistraEllen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas ações de repetição de indébito ou compensação de indébito tributárioajuizadas após 09/06/2005, o prazo prescricional é de 05 (cinco) anos. Segue informativo nº 634 do Supremo TribunalFederal:

“É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art.150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicaçãode penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,desproveu, por maioria, recurso extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípioda segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito eexpresso nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente àsações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Ministros Celso de Mello eLuiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aospróprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Ministros Marco

�Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso. RE 566621/RS, rel. Min. EllenGracie, 4.8.2011. (RE-566621)”

O termo inicial da prescrição é a data de início do benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempreposterior a 1995, eis que a Lei nº 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996.A data de início da aposentadoria do beneficiário é 18/05/2007. A presente ação foi ajuizada em 26/06/2009. Assim, nãoestá prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do imposto de renda sobre o benefício.A apuração do indébito observará o seguinte:As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995,deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, referenteàs ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”

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Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.Em face do exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, para reformar a sentença e reconhecer a nãoincidência do imposto de renda sobre o benefício de previdência privada até o limite do que foi recolhido exclusivamentepela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, e CONDENO A UNIÃOFEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecida nesta ementa e asinstruções que se seguem.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma estabelecida nesta ementa, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição a serrequisitado.Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E DAR-LHES PROVIMENTO para,atribuindo-lhes efeitos infringentes, alterar o acórdão embargado e DAR PROVIMENTO RECURSO AO RECURSOINOMINADO, na forma do voto-ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

83 - 0005901-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005901-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDILSON BANDEIRA(ADVOGADO: CLÁUDIO HENRIQUE LARANJA NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).PROCESSO: 0005901-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005901-8/01)

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO – ARTIGO 29, § 5º, DA LEI Nº 8.213/91 - APOSENTADORIA POR INVALIDEZPRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA - PERÍODO NÃO INTERCALADO COM ATIVIDADE LABORATIVA -ENTENDIMENTO DO STF PROFERIDO COM REPERCUSSÃO GERAL.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou extinto o processo sem resolução domérito, com base no art. 267, VI, do CPC, em relação ao pedido de revisão do benefício na forma do art. 29, II, da Lei nº8.213/91, bem como julgou improcedente o pedido de revisão da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez, combase no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91. O recorrente requer a reforma da sentença, impugnando-a apenas no que dizrespeito à revisão da RMI na forma do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91.Não assiste razão ao recorrente, tendo em vista o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, com repercussãogeral, no sentido de que apenas é aplicável nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo defuturo benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, de maneira que o seguradonão esteja no gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez. Emconsonância com essa exegese, o art. 55, II, da Lei nº 8.213/91 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como tempode serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a conversão emaposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo de salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:“CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que não

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foi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

Em face de todo o exposto, CONHEÇO do recurso, mas NEGO-LHE PROVIMENTO.Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que o autor é beneficiário da assistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

84 - 0000166-24.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000166-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ GONZAGA XAVIER(ADVOGADO: RAFAEL ZORZANELI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDROINOCENCIO BINDA.).PROCESSO: 0000166-24.2011.4.02.5054/01

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora (EVANILDA KLOSE XAVIER) em face da sentença de fls.99/102, que julgou improcedente o pedido de concessão do beneficio de amparo social ao portador de deficiência. Alega arecorrente que todos os requisitos para concessão do benefício de prestação continuada foram preenchidos. Aduz que pelofato de realizar altos gastos com medicamentos e alimentação, cumulado com os graves problemas de saúde, faria jus aobenefício previdenciário.

2. Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiência ouidoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. In casu, o ponto controvertido cinge-se à aferição da renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

4. A autora requereu o benefício de prestação continuada em 08/05/2009, porém, não foi reconhecido o direito ao benefício,tendo em vista que a perícia médica concluiu que não existe incapacidade para os atos da vida independente e para otrabalho, conforme exigência da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS (fl. 32).

5. Conforme relatório social (fls. 80/88), datado de 23/07/2011, a família é composta pela parte autora (constando 53 anos)e por LUIZ GONZAGA XAVIER (cônjuge, atualmente com 61 anos de idade). A renda mensal familiar é de R$ 943,00(novecentos e quarenta e três reais) proveniente do trabalho de LUIZ GONZAGA XAVIER (marido da autora). O imóvel demoradia é cedido, de alvenaria, com 8 (oito cômodos), provido de energia elétrica, água, coleta de lixo irregular, sem redede esgoto, condições físicas estruturais inadequadas externas e internas, com pequenas anormalidades construtivas,estando localizado em área de regular acesso , sem barreias no entorno, infra-estrutura regular. O imóvel tem regularhabitabilidade, é simples bem como seu mobiliário. As despesas são de: R$ 300,00 (trezentos reais) com alimentação, R$100,00 (cem reais) com conta de água, luz e gás e R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) de medicamentos. Conclui que ocônjuge está desde 01/03/2011 realizando atividades laborativas como pedreiro, com seus direitos trabalhistas garantidos, eque a família se encontra em situação de vulnerabilidade social e econômica.

6. Gastos com aquisição de medicamentos, mesmo que altos, não podem ser deduzidos no valor da renda mensalfamiliar para aferição da miserabilidade. A Seguridade Social, consoante norma constitucional, é tripartida na PrevidênciaSocial, Assistência Social e Saúde. Tratamento com remédios não são cobertos pela proteção propiciada pela AssistênciaSocial, mas sim, pelo outro braço da Seguridade Social, a Saúde. O Estatuto do Idoso prevê, no artigo 15, § 2º, o dever doPoder Público de fornecer ao idoso, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, além de próteses,órteses e outros recursos necessários ao tratamento, habilitação ou reabilitação. A necessidade de medicamentos autorizaa pessoa carente a exigir que o Estado o entregue in natura - obrigação de dar coisa certa -, mas não justifica a concessãode benefício assistencial - obrigação de pagar quantia certa.

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7. Sendo assim, verifico que a renda per capita da família é superior ao mínimo exigido para a concessão do benefíciopleiteado. O objetivo do legislador foi amparar aqueles que se encontram em situação de considerável miserabilidade, e nãopodem contar com nenhuma ajuda familiar, o que não é o caso da autora.

8. Apesar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado emcasos excepcionais, cabe ressaltar que, no caso em tela, não foi constatada condição de miserabilidade. Sendo assim, nãorestam preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício assistencial.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

85 - 0000181-33.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000181-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x GILDENYCARVALHO DE ALMEIDA (ADVOGADO: DAYANA DA SILVA BARROSO, MARIA REGINA COUTO ULIANA.).PROCESSO: 0000181-33.2010.4.02.5052/01

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 87/90, que julgou procedente o pedidoinicial para condenar a autarquia previdenciária no pagamento à parte autora do benefício de prestação continuada, no valorde um salário mínimo mensal, desde a data do requerimento administrativo (20/01/2009 – 23). Alega o recorrente, em suasrazões recursais, que a incapacidade da parte autora é temporária, passível de tratamento e recuperação, o que nãoautoriza a concessão do benefício postulado. Aduz, ainda, caso mantida a sentença, que seja fixado a data de início dobenefício na época do laudo médico-pericial do juízo (05/04/2011).

2. Nos moldes do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiência ouidoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. Conforme a perícia do juízo (fls. 76/77), datada de 05/04/2011, a periciada (atualmente com 54 anos de idade) foidiagnosticada com depressão grave. O perito assevera que a incapacidade é total e temporária, enquanto durar otratamento, para o exercício de qualquer atividade laborativa. Acrescenta que a incapacidade teve início háaproximadamente 20 meses. Portanto, não está comprovada a incapacidade à época do primeiro requerimentoadministrativo (20/01/2009), ao contrário do que considerou a sentença. Há, contudo, um segundo requerimento, formuladoem 27/05/2009 (fl. 36), contemporâneo ao início da incapacidade, quando o autor, portanto, já fazia jus ao benefício.

4. Aduz o INSS que a incapacidade temporária desconstitui o direito à concessão do benefício postulado. Ocorre que ainaptidão detectada, total e temporária, não constitui empecilho à concessão do benefício, tendo em vista a exigênciacontida no art. 21 da Lei nº 8.742/93 que impõe revisão a cada dois anos das condições ensejadoras da concessão doamparo, o que permite a eventual revogação do benefício, caso readquirida a capacidade laboral e/ou a auto-suficiênciaeconômica,.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentença apenas quanto à datade início do benefício, que fixo em 27/05/2009 (fl. 36).

Registre-se que o INSS possui o poder-dever de rever periodicamente o benefício, nos termos do artigo 21 da Lei nº8213/91.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

86 - 0000292-11.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000292-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERICA LORENCINI(ADVOGADO: KÉZIA NICOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo HenriqueVaz Fidalgo.).PROCESSO: 0000292-11.2010.4.02.5054/01

VOTO/E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 87/88, que julgou improcedente opedido inicial de concessão do benefício de prestação continuada. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que assuas despesas são altas, totalizando R$ 710,00 (setecentos e dez reais), e ultrapassam o valor da pensão por morte querecebe no valor de um salário mínimo. Aduz, ainda, que deve ser desconsiderado no cálculo da renda per capita familiar,para fins de concessão do benefício assistencial, o valor de um salário mínimo.

2. Nos moldes do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiência ouidoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. De acordo com o relatório social (fls. 67/73), datado de 30/04/2011, a família é formada por 2 pessoas, sendo a parteautora e sua mãe. A única fonte de renda mensal da família é obtida através do recebimento da pensão por morte do paida autora, no valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais). O imóvel é alugado, de alvenaria, com 6 cômodos,provido de energia elétrica, água de poço artesiano, coleta de lixo irregular, sem rede de esgoto, condições físicasestruturais adequadas internas e externas e, ainda, sem anormalidade construtivas, está localizado em área de regularacesso (zona rural) e sem barreiras no entorno. O imóvel tem regular habitabilidade e é modesto, assim como seumobiliário. As despesas mensais são de: R$ 120,00 (cento e vinte reais) com aluguel; R$ 300,00 (trezentos reais) comalimentação; R$ 140,00 (cento e quarenta reais) com conta de luz e gás e R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) commedicamentos.

4. O grupo familiar é composto de duas pessoas (mãe – 50 anos e autora – 20 anos). In casu, não é devido o benefício deprestação continuada, pois a renda per capita disponível para a família é bastante superior a ¼ do salário mínimo, ou seja,a renda familiar por pessoa é de R$ 272,50 (duzentos e setenta e dois reais e cinquenta centavos).

5. Apesar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado emcasos excepcionais, cabe ressaltar que, no caso em tela, não foi constatada condição de miserabilidade. Sendo assim, nãorestam preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício assistencial.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciáriagratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

87 - 0001702-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001702-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALTAIR FERNANDES DASILVA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0001702-82.2011.4.02.5050/01

VOTO-E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor ALTAIR FERNANDES DA SILVA em face da sentença de fls. 74/75,que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a conceder o benefício assistencial de prestaçãocontinuada a partir de 13/02/2011, dia posterior à morte da mãe do autor, considerando que esta recebia pensão por morte

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com renda mensal de um salário mínimo. Alega o autor, em suas razões recursais, que o juízo a quo ocorreu em erro aofixar a DIB (Data de Início do Benefício), pois a renda mínima auferida por sua genitora deveria ter sido excluída pelo juízono momento da apuração da renda familiar, haja vista que nessa época tinha mais de 65 anos de idade, conformeaplicação analógica do art. 34 do Estatuto do Idoso.

2. Os requisitos do benefício pleiteado encontram-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício seráconcedido à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento.

3. O juiz a quo, ao prolatar a Sentença, fundamentou a DIB (Data de Início do Benefício) no seguinte sentido:

O autor requereu o benefício assistencial em 5/6/2006 (fl. 22). Segundo informação colhida pela assistente social designadapelo juízo, naquela época, o autor residia com a mãe e um sobrinho. O irmão e a cunhada somente passaram a residir como autor após o falecimento da mãe, em fevereiro/2011 (fl. 56, 3º parágrafo). Ocorre que a mãe do autor era beneficiária depensão por morte, com renda mensal no valor de um salário mínimo (fl. 50). Assim, até 12/2/2011 (data de cessação dapensão por morte), a renda mensal per capita equivalia a ½ salário mínimo, extrapolando o limite imposto no art. 20, § 3º,da Lei nº 8.742/93. Por isso, fixo a data de início do benefício assistencial em 13/2/2011.

4. Ocorre que o art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido aqualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idosopossibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos poroutros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita.

6. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A rendamensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade nãodeve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica daAssistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar. 4. Em respeito aos princípios da igualdade eda razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido pormaior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto noparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Processo 00161457720074036302 –02/03/2012)”

7. A genitora do recorrente, na época do requerimento administrativo, contava mais de 65 anos de idade (fl. 51); logo, o art.34 do Estatuto do Idoso deve ser aplicado analogicamente. Com isso, deve ser desconsiderada a pensão por morte da mãedo autor no cálculo da renda per capita. Deste modo, na época (data de entrada do requerimento administrativo –05/06/2006), ficou preenchido o requisito objetivo para a concessão do benefício de amparo assistencial.

8. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO E DOU-LHE PROVIMENTO para reformar em parte a sentença recorrida,fixando a data de início do benefício na data do requerimento administrativo (05/06/2006).

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

88 - 0000867-26.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000867-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x MARIA APARECIDA DE OLIVIERA.PROCESSO: 0000867-26.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000867-1/01)

RELATÓRIO

1. Cuida-se de ação movida por servidor público federal contra a UNIÃO, tendo por objeto a contribuição sindicalprevista nos artigos 578 e 579 da Consolidação das Leis do Trabalho e que passou a ser exigida dos servidores públicospor força da Instrução Normativa nº 01/2008 do Ministério do Trabalho. A sentença recorrida julgou procedente o pedido ereconheceu a inexistência de relação jurídico-tributária entre as partes, no que diz respeito à cobrança da contribuiçãosindical, condenando a União a se abster de efetuar descontos sobre os vencimentos da autora relativos à exação em

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comento, bem como a restituir-lhe o montante descontado a esse título, corrigido pelo INPC, até o início da vigência da Leinº 11.960/09, a partir de quando deverá ser aplicada a TR, considerando a data do evento danoso, incidindo juros de moraa partir da citação, nos termos do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

A UNIÃO interpôs RECURSO INOMINADO, alegando, em síntese, que: (a) a sentença é extra petita e, portanto, nula, umavez que o autor pediu repetição de indébito e a sentença lhe deferiu indenização; (b) há litisconsórcio passivo necessáriounitário entre a UNIÃO e as entidades destinatárias do produto da arrecadação; (c) se recebido o pedido formulado peloautor como pedido de condenação da União ao pagamento de indenização e não como repetição de indébito, arepresentação judicial da União é de competência da Procuradoria da União e não da Procuradoria da Fazenda Nacional;(d) a regularidade da incidência da contribuição sindical em face dos servidores públicos, conforme jurisprudênciaconsolidada do STJ; (e) na esteira do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na redação conferida pela Lei nº11.960/2009, sobre os valores deverão incidir apenas e uma única vez, até o efetivo pagamento, os índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, e não aqueles indicados na sentença.

É o relatório.

VOTO

2. Uma vez que não há decisão com eficácia vinculante proferida a respeito do tema, e considerando ainda que oprecedente que me parece o principal oriundo do STF foi julgado naquela Corte no distante ano de 1994 (refiro-me aoRecurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 21.758-1), parece-me necessário, até para o amadurecimento dajurisprudência – que em breve fatalmente se consolidará, ou no sentido da legalidade da exação, ou no sentido da suailegalidade – explicitar aqui a convicção por mim formada sobre o tema.

É o que passo a expor.

3. Alegação: a sentença seria extra petita, porque o autor pedira repetição de indébito e a sentença lhe deferiuindenização por dano.

Se o autor requer a restituição de uma determinada quantia e o juiz condena o réu a restituir-lhe tal quantia, não há, nasentença, condenação de natureza diversa da que foi pedida.

A ação tinha por objeto uma obrigação positiva e líquida. O fato de o juiz ter aplicado, como razão de decidir,fundamentação jurídica diversa da que fora declinada pela parte não faz a sentença ser extra petita.

Nesse sentido decidiu o STJ ao julgar o Recurso Especial nº 63.004, cuja ementa transcrevo abaixo:

PROCESSUAL E CIVIL - APELAÇÃO - AÇÃO RENOVATORIA DE CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMOVEL PARA FINSDE COMERCIO - RETOMADA DO IMOVEL - RECURSO ESPECIAL - INDEMONSTRADA A VIOLAÇÃO AOS ARTS. 128,459, 460 E 515 DO CPC. I - INOCORRE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 128, 459 E 460 DO CPC QUANDO A SENTENÇA DAPELA PROCEDENCIA DO PEDIDO DE UMA DAS PARTES, POR FUNDAMENTO DIVERSO DOS CONSTANTES NASALEGAÇÕES. II - A DECISÃO DEVE SE ATER AOS PEDIDOS E NÃO AOS SEUS FUNDAMENTOS. III - A DISPOSIÇÃODO ART. 515 DO CPC RESTA INCOLUME QUANDO O TRIBUNAL RECORRIDO, APOS TER REEXAMINADO TODA AMATERIA, CUJO CONHECIMENTO LHE FOI DEVOLVIDO PELA APELAÇÃO, MANTEM O ENTENDIMENTO DASENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. IV - RECURSO NÃO CONHECIDO.(STJ - RESP 199500149613 - RESP - RECURSO ESPECIAL – 63004. Rel. Min. Anselmo Santiago. Fonte DJ de12/05/1997)Em conclusão: rejeito a preliminar.

4. Alegação: haveria litisconsórcio passivo necessário unitário entre a UNIÃO e as entidades destinatárias doproduto da arrecadação (sindicato, federação, central sindical e confederação correspondente).

Improcede a alegação de que haveria litisconsórcio necessário.

Afirmo-o em função do que dispõe o artigo 119 do CTN, verbis: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direitopúblico, titular da competência para exigir o seu cumprimento.”

A relação jurídica tributária (que é a res in iudicium deducta) desenvolve-se entre a União e o servidor público federal autorda ação, de cuja remuneração foi descontado valor relativo à contribuição sindical. As pessoas jurídicas de direito privadopara as quais 90% do produto da arrecadação é distribuído (confederação, central sindical, federação e sindicato) nãofazem parte da relação jurídica originária. Seu direito é derivado, acessório, do direito da União; vale dizer: elas integramuma relação jurídica com a União, mas não com o servidor público federal autor desta ação e que suportou, como sujeitopassivo, a incidência do tributo aqui discutido.

Ora: as partes que devem integrar a relação processual são aquelas, e somente aquelas, que integram a relação jurídicaobjeto de questionamento judicial.

Desse modo, as mencionadas pessoas jurídicas poderiam até figurar como assistentes no feito, visto que tem interesse

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jurídico que decorre da relação jurídica que possuem com a União (poderiam, se a assistência fosse admitida nos JuizadosEspeciais). Mas o litisconsórcio necessário-unitário supõe uma mesma e incindível relação jurídica entre todas as pessoas.O que não ocorre, no caso concreto, em que há duas relações jurídicas, e não uma.

Elucidativo para a compreensão da matéria aqui discutida é a ementa da Apelação Cível 9604244914, oriunda da execuçãonº91.00.02644-1, julgada pela 1ª Turma do TRF da 4ª Região. Na referida execução figurava como exeqüente oSINDISERF (Sindicato dos Servidores Federais do Rio Grande do Sul) e executada a União. Naquele ensejo, o TRF da 4ªRegião afirmou, com base no artigo 119 do CTN, a ilegitimidade ativa do referido Sindicato para executar valores alusivos àcontribuição sindical. Eis a ementa:

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. LEGITIMIDADE ATIVA. - A contribuição sindical instituída pelos arts. 578/580da CLT tem natureza tributária, constituinte contribuição do interesse das categorias profissionais, com suporte no art. 149da CF. Precedente do STF. - Como tributo, sujeita-se às normas gerais de direito tributário. - Sujeito ativo da contribuição éa União (Ministério do Trabalho), o que está de acordo com o art. 119 do CTN ao determinar que só pessoa jurídica dedireito público pode ser colocada em tal situação. - O Sindicato, pessoa jurídica de direito privado, é mero destinatário doproduto da arrecadação em atenção à importância da sua atividade. - A cobrança de contribuição pelo Sindicato só podeser admitida na condição de substituto processual do sujeito ativo em ação executiva, pressupondo a prévia constituição docrédito através de lançamento pela União (Ministério do Trabalho). Inteligência do art. 606 da CLT. - Ilegitimidade ativareconhecida.(TRF da 4ª Região. Apelação Cível 9604244914. Relator Leandro Paulsen. Fonte DJ 25/09/2002, p. 587).

Se o Sindicato não possuía legitimidade ativa para propor a ação de execução, evidentemente que não possui legitimidadepassiva ad causam na demanda cognitiva em que se questiona a legalidade da exação e se pede a repetição de valores jápagos.

Em conclusão, não procede o pedido recursal de anulação da sentença em face do pretenso error in procedendo oraanalisado.

5. Mérito.

5.1. Há manifestação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no sentido de se considerar indevida a imposiçãoda contribuição sindical aos servidores públicos estatutários, sem suporte em lei em sentido estrito. Trata-se do ParecerPGFN/CAT/n.º 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional.

Concordo com o teor do referido parecer. Se a contribuição sindical é tributo e, portanto, está sujeita ao princípio dalegalidade, não há como considerar-se que a própria CLT, em seus artigos 578 e seguintes, pode servir de substrato legalpara exigir tal tributo de servidores públicos. Afirmo-o porque a própria CLT, ao estipular seu espectro de aplicação, excluiudo mesmo os servidores públicos, como se depreende do teor de seu artigo 7º, c, verbis:

Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso, expressamente determinado emcontrário, não se aplicam :...c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos extranumerários em serviço naspróprias repartições;

Logo, uma vez que a CLT, como regra geral, não se aplica aos servidores públicos, um tributo nela previsto não pode serexigido de servidores públicos. Até poderia, se houvesse lei formal que estendesse a incidência daquela contribuiçãosindical (a prevista nos artigos 578 a 591 da CLT) aos servidores públicos. Mas essa lei não há, e a Instrução Normativa nº01/2008 do Ministério do Trabalho não se presta a essa função.

Se houve reconhecimento do pedido, eu nem precisaria explicitar esse raciocínio. Ocorre que é interessante expor aquiessas razões, uma vez que o entendimento sufragado no Parecer PGFN/CAT/n.º 1069/2009 vai de encontro ao que decidiua Suprema Corte em 1994, quando julgou o Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 21.758-1; naquele ensejo oSTF afirmou que tal contribuição seria exigível dos servidores públicos nos termos do disposto nos artigos 578 e seguintesda CLT.

Com efeito, se o próprio órgão responsável pela arrecadação de tributos entende que a exação é inconstitucional visto que– com relação a sua incidência sobre a remuneração de servidores públicos – inexiste lei em sentido estrito que dê suporteà cobrança, parece-me possível, embora não provável, que a jurisprudência sobre o tema venha a se alterar.

5.2. A partir da existência da IN nº 01/2008 do Ministério do Trabalho, a União passou a arrecadar o valor dacontribuição sindical dos seus servidores públicos; mas esse valor era repassado para pessoas jurídicas diversas, nostermos do que dispõe a CLT (5% para a confederação; 10%para a central sindical; 15% para a federação; 60% para osindicato respectivo; e 10% para a Conta Especial Emprego e Salário).

Como apenas 10% de todo o valor retido é destinado para uma conta gerida por órgão da União (a Conta EspecialEmprego e Salário), a União entende que somente lhe poderia ser imputada a restituição de 10% do total dos valoresretidos.

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A tese é equivocada.

Volto aqui ao já mencionado artigo 119 do CTN: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular dacompetência para exigir o seu cumprimento.”

A relação jurídica deduzida em Juízo (res in iudicium deducta), que é de natureza tributária, visto que se estava a descontarvalores que tem natureza de tributo, se desenvolveu apenas entre o servidor público federal autor desta ação e a União, orarecorrente.

As pessoas jurídicas de direito privado para as quais 90% do produto da arrecadação era distribuído (confederação, centralsindical, federação e sindicato) não faziam parte da relação jurídica originária.

Vale dizer: seu direito era derivado do direito da União.

Havia duas relações jurídicas: a primeira mantida entre instituidor da contribuição sindical e responsável pela sua retenção(União) e servidor público; a segunda relação jurídica, derivada daquela, mantida entre União e demais entidades para asquais a mesma era obrigada (pela CLT) a redistribuir 90% do montante arrecadado a título do referido tributo.

Neste contexto, não há relação jurídica incindível entre o sujeito passivo e o sujeito ativo da relação jurídico-tributária de asdemais pessoas jurídicas para as quais 90% do montante do tributo seria repassado. Há duas relações jurídicas, umaprincipal (entre União e servidor público) e outra, derivada daquela e, portanto, acessória (entre União e demais pessoasjurídicas para as quais caberia repassar 90% do produto da arrecadação).

Como a relação jurídica não é incindível (mesmo porque não é uma, mas são duas), não há litisconsórcio necessário.

O que há é interesse jurídico das pessoas jurídicas favorecidas pela redistribuição de 90% do produto da arrecadação dotributo. Esse interesse jurídico tornaria em tese possível que as mesmas figurassem como assistentes da ré (União) nademanda. Mas a assistência, além de ser forma de intervenção voluntária, não é cabível no âmbito dos Juizados Especiais(artigo 10 da Lei n.º 9.099/95).

Por todo o exposto, o fundamento jurídico pelo qual a repetição pode ser pleiteada, em seu valor integral, contra a União, éo disposto no artigo 119 do CTN.

A União não pode alegar que fica prejudicada por ter de restituir valores que não ficam consigo. Com efeito, tal restituição éefeito decorrente do sistema tributário e seu reflexo processual, que não impõe a presença na ação em que se objetiva arepetição daquelas pessoas jurídicas favorecidas pela redistribuição do montante descontado a título de contribuiçãosindical.

Evidentemente, a União pode, em ação autônoma, cobrar dessas pessoas jurídicas (confederação, central sindical,federação e sindicato) os valores que indevidamente lhes repassara.

Correção monetária e juros de mora.

6.1. A sentença determinou a correção monetária pelo INPC, até o início da vigência da Lei nº 11.960/09, a partir dequando deverá ser aplicada a TR, considerando a data do evento danoso, incidindo juros de mora a partir da citação, nostermos do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. Considerando que o pedido limita-se aos valores descontados nos exercícios 2010 a2013, não há que se falar em outros índices determinados na sentença que não aqueles previstos no art. 1º-F da Lei nº9.494/97, exatamente como pretendido no recurso.

Conquanto tenha o STF no julgamento das ADI 4425 e 4357 (concluído em 14/03/2013) declarado a inconstitucionalidade,por arrastamento, do referido dispositivo legal - conforme se verifica na certidão de resultado de julgamento dos processose no informativo de jurisprudência nº 698 -, a reforma da sentença quanto aos juros de mora e a correção monetáriaresultaria em reformatio in pejus, considerando que seria aplicável a taxa SELIC, como se verifica, por exemplo, na seguinteementa:“... 4. Nos casos de repetição de indébito tributário, a orientação prevalente no âmbito da 1ª Seção quanto aos juros podeser sintetizada da seguinte forma: (a) antes do advento da Lei 9.250/95, incidia a correção monetária desde o pagamentoindevido até a restituição ou compensação (Súmula 162/STJ), acrescida de juros de mora a partir do trânsito em julgado(Súmula 188/STJ), nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN; (b) após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxaSELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, comqualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice deinflação do período e a taxa de juros real." (AgRg no AG 601.246/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1.ª Turma, DJ21.03.2005)...”(STJ – 1ª Seção. AGA 200600822585. Rel. Min. José Delgado. DJ de 02/04/2007)

Ressalte-se que o fato de a contribuição sindical não ser tributo administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil(SRFB) não obstaria a aplicação da SELIC. Isso porque o § 4º do artigo 39 da Lei 9.250/95 não faz qualquer menção atributos administrados pela SRFB, mas apenas a “títulos federais”, ou seja, precatórios (ou requisitórios de pequeno valor)

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expedidos contra a União. O caput do mesmo artigo 39 também não faz tal restrição; apenas remete à compensaçãoprevista no artigo 66 da Lei nº 8.383/91, o qual, por sua vez, alude genericamente à possibilidade de compensarem-sevalores a pagar com valores pagos indevidamente ou a maior a título de “tributos, contribuições federais, inclusiveprevidenciárias, e receitas patrimoniais”.

Deve-se registrar também, que, ainda em 2009 (bem antes, portanto, do julgamento das ADIN’s nº 4.357 e nº 4.425 peloSTF) a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional aprovou o Parecer PGFN/CAT/Nº 1.929/2009. No referido parecer,analisou-se “... a interpretação que deve ser dada pelas projeções da PGFN acerca da recente alteração do art. 1ºF da Leinº 9.494, de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009.” (item 1 do parecer). Reconheceu-se a existência de “... conflito entre a norma acima citada e a Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que determina a aplicação da Taxa Selicpara os valores devidos pela fazenda Pública em matéria tributária...” (item 6 do parecer). Fixou-se a incidência do critérioda especialidade para dirimir o conflito aparente de normas, concluindo-se que “...a nova redação do art. 1ºF da Lei nº9.494, de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa SELIC para as repetiçõesde indébito tributário.” (item 13 do parecer).

7. Não obstante ter o STF, recentemente, reconhecido a inconstitucionalidade da nova redação do artigo 1º-F da Lei9.494/97, em razão do princípio que veda a reformatio in peius, tal critério, que foi estatuído na sentença, deve ser mantidono caso dos autos.

7. Recurso conhecido e IMPROVIDO.

Sem custas. Sem honorários, uma vez que o autor não constituiu advogado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91004 - RECURSO CIVEL / OUTROS

89 - 0001101-42.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.001101-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ CARLOS SILVA(ADVOGADO: WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).PROCESSO: 0001101-42.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.001101-0/02)

VOTO/EMENTA

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pela parte autora em face de decisão que determinou o arquivamento doprocesso, por não ter sido apurado nenhum resíduo em favor do autor, o que tornou prejudicada a revisão determinada noacórdão transitado em julgado.

Inicialmente, o recurso foi interposto perante o juízo de origem, nos autos do processo originário. O autor requer orestabelecimento do prazo processual e o recebimento do recurso, ante a sua boa-fé e o fato de não se caracterizar errogrosseiro.

Independentemente dos aspectos pertinentes à tempestividade do recurso, trata-se de recurso incabível, tendo em vista odisposto no art. 5º da Lei nº 10.259/2001, do qual se depreende que somente se admite recurso de sentença definitiva oude decisão sobre medida cautelar no curso do processo.

Inadmissível, portanto, agravo contra decisão proferida em fase de cumprimento de sentença.

Admite-se apenas a impetração de mandado de segurança como sucedâneo recursal, quando se tratar de decisãoteratológica.

Em face do exposto, NEGO SEGUIMENTO AO AGRAVO.

Sem custas e sem honorários.

É como voto.

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91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

90 - 0000653-66.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000653-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VICENTE DE PAULABITTENCOURT - ESPÓLIO (ADVOGADO: LUIZ CARLOS DA SILVA JUNIOR, EDSON DA SILVA JANOARIO,JEFFERSON PEREIRA.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000653-66.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000653-8/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – ÍNDICES DE JANEIRO/1989 E ABRIL/1990 - COISA JULGADA EM AÇÃOCOLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁ RESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DEAGIR – DEMAIS ÍNDICES EXPURGADOS POR PLANOS ECONÔMICOS – SÚMULA 252 DO STJ – IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários (referentes aos meses de janeiro de 1989 e abril 1990) calculadas sobre ascontas de FGTS podem ser obtidas administrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente deadesão ao termo referido na LC 110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a60 dias e sem nenhum deságio. A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleitoadministrativo seja indeferido ou ultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Ressalte-se que, em juízo rescisório (Ação Rescisória nº 2001.02.01.031234-1), restou excluída da condenação da referidaação civil pública a aplicação dos índices de junho/87, março/90, maio/90 e fevereiro/91, não havendo que se falar emausência de interesse de agir quanto a tais índices.O Supremo Tribunal Federal, pelo seu tribunal pleno, fixou o entendimento de que não há direito adquirido aos índicesexpurgados pelos planos econômicos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio/1990) e Collor II na atualização dos saldosdo FGTS (RE 226.855, rel. Min. Moreira Alves, DJ 13-10-2000, p. 00020). Quanto à atualização dos saldos do FGTSrelativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), entendeu o STF não haver questãode direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. Em facedisso, o Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, editou a Súmula 252, verbis: "Os saldos das contas do FGTS, pelalegislação infraconstitucional, são corrigidos em 42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quantoàs de abril de 1990, acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC) quanto às perdas de junho de 1987, 5,38% (BTN) paramaio de 1990 e 7,00% (TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE 226.855-7/RS)."Pelo exposto:Com relação aos índices de janeiro de 1989 e abril de 1990, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo a sentença queextinguiu o feito por ausência de interesse de agir;

No que refere aos três outros índices, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO; contudo, com fundamento no disposto nosartigos art. 285-A e art. 515, § 3º do CPC, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, uma vez que a parte autora requereu aincidência do IPC nos três casos, ao passo que a jurisprudência consolidada no STJ definiu a incidência, respectivamente,do LBC, da BTN e da TR.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

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91 - 0002890-10.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002890-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RUBENILSON ARAUJO DASILVA (ADVOGADO: JEFFERSON PEREIRA, LUIZ CARLOS DA SILVA JUNIOR, EDSON DA SILVA JANOARIO.) x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0002890-10.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002890-6/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – ÍNDICES DE JANEIRO/1989 E ABRIL/1990 - COISA JULGADA EM AÇÃOCOLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁ RESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DEAGIR – DEMAIS ÍNDICES EXPURGADOS POR PLANOS ECONÔMICOS – SÚMULA 252 DO STJ – IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO.

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Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários (referentes aos meses de janeiro de 1989 e abril 1990) calculadas sobre ascontas de FGTS podem ser obtidas administrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente deadesão ao termo referido na LC 110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a60 dias e sem nenhum deságio. A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleitoadministrativo seja indeferido ou ultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Ressalte-se que, em juízo rescisório (Ação Rescisória nº 2001.02.01.031234-1), restou excluída da condenação da referidaação civil pública a aplicação dos índices de junho/87, março/90, maio/90 e fevereiro/91, não havendo que se falar emausência de interesse de agir quanto a tais índices.O Supremo Tribunal Federal, pelo seu tribunal pleno, fixou o entendimento de que não há direito adquirido aos índicesexpurgados pelos planos econômicos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio/1990) e Collor II na atualização dos saldosdo FGTS (RE 226.855, rel. Min. Moreira Alves, DJ 13-10-2000, p. 00020). Quanto à atualização dos saldos do FGTSrelativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), entendeu o STF não haver questãode direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. Em facedisso, o Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, editou a Súmula 252, verbis: "Os saldos das contas do FGTS, pelalegislação infraconstitucional, são corrigidos em 42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quantoàs de abril de 1990, acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC) quanto às perdas de junho de 1987, 5,38% (BTN) paramaio de 1990 e 7,00% (TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE 226.855-7/RS)."Pelo exposto:Com relação aos índices de janeiro de 1989 e abril de 1990, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo a sentença queextinguiu o feito por ausência de interesse de agir;

No que refere aos três outros índices, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO; contudo, com fundamento no disposto nosartigos art. 285-A e art. 515, § 3º do CPC, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, uma vez que a parte autora requereu aincidência do IPC nos três casos, ao passo que a jurisprudência consolidada no STJ definiu a incidência, respectivamente,do LBC, da BTN e da TR.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

92 - 0003283-32.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.003283-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NICEIA MUCHELIN ACHA(ADVOGADO: JEFFERSON PEREIRA, LUIZ CARLOS DA SILVA JUNIOR, EDSON DA SILVA JANOARIO.) x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0003283-32.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.003283-1/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – ÍNDICES DE JANEIRO/1989 E ABRIL/1990 - COISA JULGADA EM AÇÃOCOLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁ RESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DEAGIR – DEMAIS ÍNDICES EXPURGADOS POR PLANOS ECONÔMICOS – SÚMULA 252 DO STJ – IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários (referentes aos meses de janeiro de 1989 e abril 1990) calculadas sobre ascontas de FGTS podem ser obtidas administrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente deadesão ao termo referido na LC 110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a60 dias e sem nenhum deságio. A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleitoadministrativo seja indeferido ou ultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Ressalte-se que, em juízo rescisório (Ação Rescisória nº 2001.02.01.031234-1), restou excluída da condenação da referidaação civil pública a aplicação dos índices de junho/87, março/90, maio/90 e fevereiro/91, não havendo que se falar emausência de interesse de agir quanto a tais índices.

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O Supremo Tribunal Federal, pelo seu tribunal pleno, fixou o entendimento de que não há direito adquirido aos índicesexpurgados pelos planos econômicos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio/1990) e Collor II na atualização dos saldosdo FGTS (RE 226.855, rel. Min. Moreira Alves, DJ 13-10-2000, p. 00020). Quanto à atualização dos saldos do FGTSrelativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), entendeu o STF não haver questãode direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. Em facedisso, o Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, editou a Súmula 252, verbis: "Os saldos das contas do FGTS, pelalegislação infraconstitucional, são corrigidos em 42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quantoàs de abril de 1990, acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC) quanto às perdas de junho de 1987, 5,38% (BTN) paramaio de 1990 e 7,00% (TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE 226.855-7/RS)."Pelo exposto:Com relação aos índices de janeiro de 1989 e abril de 1990, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo a sentença queextinguiu o feito por ausência de interesse de agir;

No que refere aos três outros índices, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO; contudo, com fundamento no disposto nosartigos art. 285-A e art. 515, § 3º do CPC, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, uma vez que a parte autora requereu aincidência do IPC nos três casos, ao passo que a jurisprudência consolidada no STJ definiu a incidência, respectivamente,do LBC, da BTN e da TR.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

93 - 0012588-64.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.012588-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x JOHNNY SILVA SOUZA (ADVOGADO: MARIAMARGARIDA MELO MAGNAGO.).PROCESSO: 0012588-64.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.012588-6/01)

VOTO - EMENTA

1 Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 155/156, que julgouparcialmente procedente o pedido inicial para condenar a autarquia ré a pagar ao autor os proventos do auxílio-doençadevidos de 01/07/2007 (data de cessação indevida) a 10/02/2009 (data do falecimento da segurada Edmara Silva Caetano,mãe do autor), bem como a pagar os proventos de pensão por morte devidos no período de 18/03/2010 a 20/10/2011 (dataque o recorrido completou 21 anos). No recurso o INSS explicitou as seguintes razões:

“Para conceder o benefício, a sentença reconheceu que quando da cessação administrativa do beneficio em 30/6/2007 amãe do requerente ainda estava incapaz.A sentença adotou como fundamento para reconhecer a incapacidade os documentos de fls. 29/31. Tais documentosconsistem em exames de saúde ocupacional, em que houve constatação de incapacidade para retorno ao trabalho nosmeses de maio, julho e outubro de 2007.Todavia, a parte autora não retornou ao trabalho e veio a óbito em 10/2/2009 por causa totalmente diversa da que antes lhedeu direito ao auxílio doença.Então, o laudo mais recente usado pela sentença para reconhecer a incapacidade da instituidora foi datado de 16/10/2007.O laudo mais recente, portanto, data de mais de 1 ano antes do falecimento da instituidora.Depois dessa data, a sentença não faz menção a nenhum outro documento, fato ou fundamento que pudesse ensejar acomprovação da manutenção da incapacidade laboral da instituidora.Existe um vácuo de fundamentação entre o último laudo e o óbito no que concerne a prova da manutenção daincapacidade.(...)Não é por que havia incapacidade em 16/10/2007 que essa condição permaneceu até o óbito, ou mesmo permaneceu até aperda da qualidade de segurado da instituidora.”

2. A falecida segurada Edmara Silva Caetano recebeu benefício de auxílio-doença de 06/06/2007 a 30/06/2007.Teve vínculo empregatício de 01/12/1998 a 09/11/1999 e 02/10/2006 a 30/06/2007. O pedido inicial é o de restabelecimentodo auxílio-doença cessado em 30/06/2007, com sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez e a concessão depensão por morte. O autor, filho da falecida Sra. Edmara, trouxe aos autos três laudos de médico do trabalho atestandoincapacidade (fls. 29/31) datados de 02/07/2007, 16/10/2007 e 18/11/2007.

A argumentação recursal é de que o óbito se deu em 02/2009 por razão distinta da que determinara a concessão doauxílio-doença em 06/2007; afirma-se que houve vácuo de fundamentação, e implicitamente se sugere a ocorrência deperda da qualidade de segurado.

3. A sentença está suficientemente fundamentada. Com efeito, o último parágrafo de fl. 155 demonstra as razões

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pelas quais o Juízo a quo reputou que a falecida Sra. Edmara não perdera a qualidade de segurada do INSS entre acessação do auxílio-doença (06/2007) e seu óbito (02/2009). Eis o que afirma a sentença: “Em pesquisa efetivada porservidor do INSS junto à empresa empregadora da mãe do autor, foi confirmada a informação de que Edmara tentouretornar ao trabalho após a cessação do auxílio-doença, mas não conseguiu, e que, apesar de não continuar trabalhandopor problemas de saúde, a rescisão do vínculo empregatício somente se efetivou em 10/2/2009 (fl. 118). Logo, a cessaçãodo auxílio-doença foi indevida. (...)” (fls. 155/156).

Não havia necessidade de se lastrear fundamentação de forma mais exaustiva. Com efeito, o Juízo a quo pautou-se nasconclusões a que chegara o servidor do INSS que havia realizado uma pesquisa in loco na empresa onde a Sra. Edmaratrabalhava. O relato feito pelo servidor do INSS consta na fl. 118, eis a sua parte final:

“... Considerando a documentação, o que ocorreu foi que a segurada requereu o benefício o médico perito concedeusomente 25 dias, quanto tentou novamente foi negado e então entrou com recurso, contudo a doença foi se agravandoficando a segurada sem benefício e sem salário, pois estava afastada do serviço por conta da doença até vir a óbito. Diantedo exposto, concluo a presente pesquisa positiva, tendo em vista a ratificaçao do vínculo empregatício, embora estandocom o benefício negado pela perícia médica e afastada da empresa, só se desligou literalmente da empresa por óbito em10/02/2009. (...)”

4. Segundo consta na contestação, o auxílio-doença se deu por força de uma colite ulcerativa. Consta o relatório dosistema SABI na fl. 76 o seguinte histórico: “Relata que há 2 anos sofreu CA de colo de útero. Há 4 meses iniciou diarréiasanguinolenta e dor abdominal”. E o perito classificou a patologia como colite ulcerativa.

No relatório de fl. 78, consta que Edmara relatara o seguinte: “... vem apresentando dor lombar e nas coxas, evacuaçãocom sangue quase diariamente. Radioterapia com neo de colo de útero há 02 anos. Colonoscopia: retite enentematosamoderada, ectasia vascular a nível de reto – Histopatológico: retite inespecfícia edematosa.” O perito qualificou a patologiacomo “hemorragia gastrointestinal” mas considerou Edmara apta para o trabalho; essa perícia foi realizada em 15/10/07.

5. Perceba-se que o câncer de colo de útero, detectado em 2005, foi mencionado nos dois relatórios do sistemaSABI, embora em nenhum deles tenha sido causa para o deferimento de benefício. Não obstante, a certidão de óbitomenciona como causa mortis “AVC isquêmico, edema cerebral, neoplasia” (fl. 14). Ou seja: o câncer que acometeu Edmaraem 2005 recidivou e foi uma concausa de sua morte.

6. Seja à luz do que detectou o servidor do INSS ao realizar pesquisa in loco na empresa onde a Sra. Edmaratrabalhava, seja a teor do que consta nos próprios relatórios do sistema SABI, seja por causa da neoplasia ter sidoconcausa do óbito, tudo está a indicar que a incapacidade laborativa se instalou e perdurou até o óbito. Logo, não houveperda da qualidade de segurada

7. Recurso do INSS IMPROVIDO.

Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios, no montanet de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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94 - 0001530-11.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001530-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE.) x TEREZA CICILIOTE(ADVOGADO: MARILENA MIGNONE RIOS.).PROCESSO: 0001530-11.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001530-9/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 76/78, que julgou parcialmenteprocedente o pedido inicial para condenar o INSS a pagar aposentadoria por invalidez à autora desde a data da perícia,qual seja, 12/03/2010. Alega a autarquia que a patologia é preexistente ao reingresso da requerida no RGPS. Requer areforma da sentença.

2. A autora atualmente encontra-se recebendo benefício de aposentadoria por invalidez, por determinação judicial,desde 12/03/2010. Recolheu contribuições como “contribuinte individual” de 01/05/2007 a 31/08/2009, 01/10/2009 a31/08/2011, 01/10/2011 a 31/10/2011, 01/12/2011 a 31/03/2012. Anteriormente, teve diversos outros recolhimentosinterruptos, seja como contribuinte individual, seja devido a vínculo empregatício, que vão de 22/06/1977 a 31/03/2007. Seupedido inicial é o de concessão de auxílio-doença desde o requerimento administrativo em 06/03/2009 e sua posteriorconversão em aposentadoria por invalidez.

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3. A perícia médica judicial (fl. 35 - 12/03/2010) atestou que autora possui gonartrose severa de ambos os joelhos eobesidade mórbida. Informou que a recorrida encontra-se total e definitivamente incapaz e indicou como data de início daincapacidade dia 30/06/2009.

4. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o pedidoadministrativo foi realizado em 06/03/2009; o laudo pericial determinou como data de início da incapacidade dia 30/06/2009,data na qual a requerida já havia recolhido mais de 20 contribuições como contribuinte individual.

Sendo assim, entendo que a autora faz jus ao restabelecimento do benefício desde 12/03/2010, conforme a sentença oraimpugnada. Se o perito atestou que a incapacidade existe desde 30/06/2009, não há porque se falar em incapacidadeanterior ao reingresso no RGPS. A teor do disposto no parágrafo único do artigo 59 da Lei nº 8213/91, não importa a datade início da doença, mas a data do início da incapacidade.

Em conclusão, embora haja prova evidente de que a doença existia ao tempo da filiação ao RGPS, não há prova de que aautora já se encontrava incapaz por ocasião de sua filiação. Tudo está a indicar que a incapacidade sobreveio por motivo deagravamento. Não há como prover o recurso.

5. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

95 - 0004857-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004857-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x CLOVIS DIAS DA FONSECA (ADVOGADO:GILMAR MARTINS NUNES.).PROCESSO: 0004857-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004857-0/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 87/88, que julgou procedente opedido de restabelecimento de auxílio-doença desde 27/01/2011. Recorre o INSS, em síntese, para reformar a sentençaalegando que o recorrido trabalhou após a cessação do referido benefício e por este motivo a DIB deveria iniciar-se em01/12/2011, dia seguinte ao afastamento do trabalho pelo recorrido. Subsidiariamente, pugna que seja descontado docálculo dos atrasados os meses em que a parte autora recebeu remuneração pelo seu trabalho.

2. O autor (nascido em 15/07/1958) indica, na petição inicial, ser “pedreiro”. Recebeu benefício de auxílio-doençade 01/09/2010 a 27/01/2011. Houve antecipação de tutela, motivo pelo qual atualmente o segurado está recebendo aprestação previdenciária. Foi segurado empregado de 01/08/1977 a 11/03/1978, 19/09/1985 a 14/01/1986, 23/02/1988 a27/04/1989, 15/08/1994 a 10/10/1994, 06/06/1995 a 24/08/1995, 02/03/1998 a 01/06/1999, 23/10/1999 a 21/12/1999,01/11/2000 a 31/08/2001, 17/09/2002 a 31/12/2002, 15/01/2007 a 31/11/2011. Recolheu contribuições como “contribuinteindividual” na seguinte competência: 11/1996.

3. A parte autora trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessaçãodo auxílio-doença): Declaração de médico do trabalho (fl. 27 - 25/05/2011) atestando que o paciente está incapacitado deretornar ao trabalho, pois possui abaulamento discal difuso em L2-L3, L4-L5, L5-S1 e espondiloartrose lombar; Laudo demédico do trabalho (fl. 28 - 21/01/2011) informando que o paciente encontra-se inapto para o labor, sugeriu afastamento de180 dias para fins de repouso articular, tratamento ortopédico e fisioterápico para sua reabilitação, sob o risco de piora casonão seguido ás prescrições; Laudo médico (fl. 32 - 18/03/2011) atestando que o autor está inapto ao trabalho e sugerindoafastamento de 180 dias para tratamento; Laudo médico (fl. 44 - 10/03/2011) declarando que o recorrido estáimpossibilitado de trabalhar, pois, pode haver travamento da coluna. Ressalto que os demais laudos e exames constantesdos autos referem-se a período anterior à cessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fl. 55) foi realizada em 03/10/2011. O perito diagnosticou que o autor possui hérnia dedisco lombar extrusa, que classificou como uma “patologia altamente incapacitante” (n. 9, fl. 55). Informou ser umaincapacidade temporária com duração aproximada de 01 ano.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o autor é portadorde hérnia de disco lombar, doença altamente incapacitante; os laudos particulares juntados aos autos convergem com oresultado da perícia; a conclusão dos laudos particulares dão a entender que houve uma relação de continuidade daincapacidade do recorrido; o fato de o segurado ter exercido atividade remunerada após a cessação do benefício, por si só,

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não basta para caracterizar sua capacidade, podendo o mesmo tê-lo feito na tentativa de garantir o seu sustento uma vezque o benefício não estava lhe sendo pago; embora não se possa receber, concomitantemente, salário e benefício, ojudiciário também não pode recompensar a falta de eficiência do INSS, pois, comprovadamente, o benefício foi cessado deforma indevida pela autarquia.

6. Sendo assim, entendo que o autor faz jus ao restabelecimento do benefício desde 27/01/2011, data na qual foicessado indevidamente o benefício em questão. Ora, se houve uma relação de continuidade da incapacidade do recorridonão há porque recompensar a ineficiência do INSS privando a parte autora de seus direitos. Entendimento diversorepresentaria outra punição á parte autora, que já foi privada de receber o benefício sendo obrigada a trabalhar mesmoincapacitada.

Recurso do INSS conhecido e improvido. Sentença mantida.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

96 - 0000050-24.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000050-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALCIR DOS SANTOS(ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.PROCESSO: 0000050-24.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000050-4/01)

VOTO – EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 41/42 que declarou aincompetência absoluta da justiça federal para processar e julgar ações de benefícios previdenciários decorrentes deacidente de trabalho. Em suas razões recursais o autor alega que não ficou comprovado que a doença que o acomete éoriunda do acidente de trabalho sofrido e, além disso, que o INSS concedeu auxílio-doença comum sem reconhecer oacidente de trabalho.

2. A competência para processar e julgar ações relativas a benefícios previdenciários decorrentes de acidente de trabalhonão é da justiça federal (art. 109, I da CF).

No caso dos autos, o próprio autor, na petição inicial, afirmou o que segue: “em 22-10-2008 sofreu acidente de trabalho.Sem condições de exercer a profissão de motorista de caminhão pesado, o segurado foi impedido de trabalhar emcaminhão e perdeu a habilitação para esse tipo de veículo... Por causa do acidente de trabalho, requereu auxílio-doença...”.Repare-se que o próprio autor afirma que a origem do requerimento de auxílio-doença foi uma incapacidade que derivou deum acidente de trabalho.

Ora: ante a afirmada origem da moléstia que o autor diz ser incapacitante, não há outra conclusão senão a de que acompetência é mesmo da Justiça Estadual, tal qual definiu o Juízo a quo na sentença. Não vejo sentido em aguardar arealização de uma prova pericial para definir a origem da moléstia, ou seja, para definir se ela decorreu de acidente detrabalho ou não. Com efeito, ante a própria afirmação do autor no sentido de que a incapacidade teve origem em acidentede trabalho, a competência é da Justiça Estadual, por força do disposto no artigo 109, I, da Constituição.

3. NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento do benefício da assistênciajudiciária gratuita (fl. 27).

É como voto.Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

97 - 0000819-40.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000819-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: VINICIUS DOMINGUES FERREIRA.) x DIVA ROCHA FERREIRA (ADVOGADO:MARCIO SANTOLIN BORGES, LUIZ MARIA BORGES DOS REIS.).Processo nº 0000819-40.2008.4.02.5051/01

VOTO (Vencedor)

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1. Consoante o voto do eminente relator. “Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls.211/214, que condenou a autarquia ré a implantar o benefício de aposentadoria por invalidez desde 16/01/2012 e arestabelecer o auxílio-doença desde a cessação indevida em 30/11/2007, bem como a pagar as prestações vencidas. Alegao recorrente que a incapacidade é PARCIAL, portanto não gera direito ao auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.Subsidiariamente, pugna para que o benefício de aposentadoria por invalidez seja convertido em auxílio-doença, pois aautora não está incapacitada para toda e qualquer atividade, podendo ser reabilitada.

2. A perícia judicial atestou que a incapacidade da autora (50 anos de idade) é parcial e definitiva para a função delavradora, pois esta não poderá sofrer sobrecarga física.

Entendeu o perito que seria possível reabilitar a autora para “atividades ortifrutigranjeiras, como cuidar de granjas, produçãode hortaliças,... e outros como recepcionista, telefonista, atendente,...”.

3. O juiz de primeiro grau considerando as condições pessoais e sociais da autora, concedeu-lhe aposentadoria porinvalidez.”

4. A despeito da análise e da conclusão do judicioso voto condutor; ouso discordar, parcialmente, de sua diretiva final.

Assim entendo, porquanto as condições pessoais, sociais e clínicas reveladas pela perícia judicial, indicam capacidaderesidual compatível, mesmo tendo em conta as peculiaridades e limitações que a cercam, com a tentativa de reabilitação oureadaptação no meio rural ou mesmo urbano, conforme assentou o perito do Juízo.

5. Portanto, voto no sentido de assegurar, em menor extensão, o amparo previdenciário buscado, isto é, o benefício deauxílio-doença.

Vitória, 30 de outubro de 2013

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – redator do voto

98 - 0001831-55.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001831-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO SERGIO DE AMORIM(ADVOGADO: LILIAN BELISARIO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.).Processo nº 0001831-55.2009.4.02.5051/01

VOTO (Vencedor)

1. Consoante o voto do eminente relator. “Trata-se de recurso inominado, interposto pelo autor PAULO SÉRGIO DEAMORIM (41 anos de idade, lavrador), em face da sentença de fls. 167/169, que condenou a autarquia ré a restabelecer obenefício de auxílio-doença desde a cessação indevida (03/04/2007), bem como a pagar as prestações vencidas. Alega orecorrente que devem ser consideradas suas condições pessoais para se averiguar a totalidade da incapacidade que oacomete. Punga pela reforma da sentença para conceder o benefício de aposentadoria por invalidez.

A perícia judicial atestou que o autor é portador de sequelas de poliomielite o que o deixou incapacitado parcial edefinitivamente para a função de lavrador. Considerando as condições pessoais e sociais do autor infere-se quepossível reabilitação para outra atividade laboral do meio rural (reside na zonarural de Venda Nova do Imigrante-ES) seria inviável.

O perito afirmou que o autor poderia exercer as atividades de vigia, porteiro, vendedor de picolé ou pipoca (fl. 139).

Contudo, parece-me equivocado o laudo nesse ponto, tendo em vista as condições pessoais do autor e o local ondesempre residiu (zona rural). Uma reabilitação para funções tais exigiria que o autor e toda sua família deixassem o meiorural e viessem a fixar domicílio no meio urbano. Isso não importaria somente em uma reabilitação profissional, mas sim emuma mudança em todos os aspectos. Nessa linha, afere-se a impossibilidade de reinserção da parte autora ao mercado detrabalho em face das limitações impostas pelo baixo grau de escolaridade, pelo meio em que vive, pela falta de experiênciaprofissional noutras áreas; com efeito, o autor aparentemente sempre foi lavrador, conforme se infere do documento de fl.18 (carteira do sindicato de lavradores) e da profissão informada na certidão de casamento (fl. 21) e certidões denascimento dos filhos (fls. 22/23). Sendo assim, afiro ser na prática inviável defender a inserção do segurado no concorridomercado de trabalho, para iniciar uma nova atividade profissional, motivo pelo qual entendo que este faz jus à concessão deaposentadoria por invalidez desde a data da perícia que reconheceu a incapacidade, qual seja, 26/03/2010.”

4. A despeito da análise e da conclusão do judicioso voto condutor; ouso discordar, parcialmente, de sua diretiva final.

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Assim entendo, porquanto as condições pessoais (38 anos de idade e desenvoltura no meio onde vive, inferida do conjuntodos documentos acostados), sociais e clínicas do recorrente, estas reveladas pela perícia judicial e levadas em conta peloJuiz Federal sentenciante, indicam capacidade residual compatível, mesmo tendo em conta as peculiaridades e limitaçõesque o cercam, com a tentativa de reabilitação ou readaptação no meio rural ou mesmo urbano, conforme resposta aosquesitos 6, 10 e 12 pelo perito do Juízo (fls. 127-139).

5. Portanto, voto no sentido de assegurar, em menor extensão, o amparo previdenciário buscado, isto é, o benefício deauxílio-doença.

Vitória, 30 de outubro de 2013

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – redator do voto

99 - 0000030-67.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000030-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL PEREIRA DOSSANTOS (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).PROCESSO: 0000030-67.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000030-5/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, MIGUEL PEREIRA DOS SANTOS, em face dasentença de fls. 79/80, que julgou improcedente o pedido inicial de concessão auxílio-doença por não ter ficado provada aincapacidade do autor. Alega o recorrente, preliminarmente, que houve cerceamento de defesa, pois não foi intimado dolaudo pericial. No mérito, diz que se encontra incapacitado para o labor, fato reconhecido pelo próprio INSS quando dorequerimento do benefício em questão, que foi negado sob argumento de que a incapacidade é anterior á filiação. Requer areforma da sentença.

2. Verifico que a sentença está dissociada da causa de pedir. Na causa de pedir o autor afirma que o INSSreconheceu a sua incapacidade, mas indeferiu o benefício porque considerou que a incapacidade teve início antes de seureingresso no RGPS.

Registro aqui que a incapacidade laborativa é evidenciada pelo fato de que o INSS, posteriormente, concedeu ao autor obenefício de amparo social previsto na Lei nº 8.742/93.

Voltando ao caso dos autos, infiro que a causa de pedir foi corretamente lançada. Com efeito, o documento de fl. 63 indicaque o benefício foi indeferido pelo seguinte motivo:

“DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE – DII – ANTERIOR AO INGRESSO OU REINGRESSO AO RGPS”

Não obstante o teor da causa de pedir, o questionário de perguntas foi remetido ao Perito como se a causa versasse sobreincapacidade. E não obstante o INSS ter por duas vezes reconhecido a incapacidade laborativa, o perito do Juízo concluiuhaver capacidade laborativa.

A sentença afirma que “a questão de mérito controvertida,... se restringe à existência de incapacidade que autorizeconceder à parte autora auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez” (fl. 86).

Repare-se que em momento algum a sentença referiu ao teor da causa de pedir, qual seja: (i) houvera reconhecimentoadministrativo da incapacidade; (ii) não obstante, não se concedeu o benefício porque se concluiu que a incapacidade jáestava instalada quando da refiliação.

Em que pese a conclusão lançada no laudo pericial, à luz dos eventos ocorridos na esfera administrativa (duploreconhecimento da incapacidade laborativa) e considerando que a causa de pedir não foi mencionada na sentença, deliberode ofício ANULAR a sentença.

3. Conheço do recurso da parte autora e a ele dou parcial provimento para ANULAR a sentença.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Page 152: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

100 - 0003874-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003874-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA LUZ DE MELO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:CLEBSON DA SILVEIRA.).PROCESSO: 0003874-31.2010.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 31, que julgou improcedente opedido de condenação do INSS à concessão do benefício de prestação continuada. Afirma a recorrente que os laudosmédicos, bem como o relatório social, colacionados aos autos, comprovam sua incapacidade para o labor e que omagistrado não está adstrito ao laudo pericial. Ademais, relata que se deve levar em conta sua qualificação profissional,idade avançada e suas condições sócio-culturais. O INSS apresentou contrrazões, pugnando pela manutenção dasentença.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

2. Os requisitos do benefício pleiteado encontram-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício seráconcedido à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-loprovido por sua família.

3. A partir da análise dos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar as moléstias queacometem a autora. O laudo médico judicial (fls. 19/21) concluiu que a recorrente – do lar e atualmente com 65 anos deidade -,, apesar de ser portadora de carcinoma epidermoide de colo uterino, não está incapacitada definitivamente nem deforma temporária, para suas atividades habituais, por se encontrar em bom estado geral e não apresentando sintomatologiade doença em atividade. A autora foi submetida a tratamento de radioterapia com término em 11/11/2009 (um ano antes daperícia).

A recorrente juntou aos autos (i) laudo de exame histopatológico do colo do útero, de fevereiro de 2009, o qual detectou apresença de carcinoma epidemóide invasor, em grau III (fl. 09); (ii) laudos médicos de fls. 10 e 11, sendo o último datado de23/03/2010, atestando ser a autora portadora de CID10 C53, neoplasia no colo do útero, encontrando-se em tratamentooncológico protegido pela Lei nº 8922/94. Tais laudos não afirmam a incapacidade para o labor, mas apenas atestam adoença da autora.

4. Não há dúvidas acerca da existência da doença cancerígena que aflige a autora. Entretanto, o que se discute é o fato deque não se trata de doença incapacitante (que leve à incapacidade laboral da recorrente). Ora, um indivíduo pode estaracometido de algum tipo de doença e, ainda assim, não estar incapacitado para o exercício de uma atividade específica, é ocaso da autora. Apesar de ser portadora de carcinoma epidemóide de colo uterino, a recorrente possui aptidão física emental para exercer a atividade do lar, atingindo a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelostrabalhadores da mesma categoria profissional.

Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual civil não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o demérito da pleiteante ao pretendido benefício.

Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada.

Desta forma, não é devido o benefício pleiteado por não estarem preenchidos os requisitos necessários à sua concessão.

5. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciáriagratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

101 - 0006852-41.2004.4.02.5001/02 (2004.50.01.006852-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMERO MARTINS FARIAS(ADVOGADO: VICTOR TEIXEIRA NEPOMUCENO, STEPHANY TORRES DE OLIVEIRA.) x Juizo Federal do 1º JuizadoEspecial Federal Do E.S. x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.).PROCESSO: 0006852-41.2004.4.02.5001/02 (2004.50.01.006852-2/02)

VOTO-EMENTA

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por ROMERO MARTINS FARIAS contra ato do JUÍZO FEDERAL DO 1ºJUIZADO ESPECIAL FEDERAL DO ES, tendo como litisconsorte passivo o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL,objetivando seja determinado à autoridade coatora que considere os cálculos apresentados pelo Contador Judicial às fls.580/581, ordenando-se a sua atualização e consequente expedição de precatório e pagamento do benefício, considerandoa RMI no valor de R$ 920,27.

Alega o impetrante que, em abril de 2003, teve seu benefício de aposentadoria integral por tempo de contribuiçãosuspenso, sob o argumento de irregularidade na sua concessão. Por tal motivo, ingressou com ação judicial objetivando oreconhecimento de tempo de contribuição, a fim de voltar a receber o benefício suspenso. Nesse sentido, obteve, em graurecursal, decisão parcialmente favorável ao seu pedido, a qual determinava ao INSS conceder ao impetrante AposentadoriaProporcional por Tempo de Contribuição, a contar da data do requerimento administrativo (02/07/1998), correspondente aotempo de 33 anos, 5 meses e 10 dias.

O acórdão ainda determinava que o pagamento das parcelas atrasadas deveria observar a compensação com o que haviasido recebido em excesso (como aposentadoria integral e não proporcional) até 05/05/2003, data do cancelamento dobenefício.

Sustenta o impetrante que apresentou planilha de cálculo em fase de liquidação, informando os valores que deveriam serpagos pela Autarquia previdenciária. A seguir, os cálculos foram examinados pela Contadoria do Juízo que concluiu que aRMI era de R$ 920,27, conforme havia sido alegado pelo impetrante, e que deveria ser paga ao segurado a diferençaequivalente a R$ 185.471,83. Tais cálculos foram homologados pelo Juízo à fl. 611.

Ocorre que, quando intimado a realizar o pagamento, o INSS juntou petição aos autos (fls. 624/625), informando aexistência de erro nos cálculos e impugnando a expedição do precatório, sob a alegação de que a RMI do impetrante nãoera de R$ 920,27, mas sim de R$ 164,81. Além disso, a Autarquia ainda concluiu que não haveria valores a serem pagosem relação às parcelas atrasadas, uma vez que os valores recebidos pelo segurado de forma irregular, a título deaposentadoria integral, já superavam as parcelas atrasadas. Nesse sentido, o impetrado remeteu os autos novamente paraa Contadoria do Juízo a fim de refazer os cálculos, tomando como base os salários-de-contribuição indicados pelo INSS(fls. 668). Do novo cálculo, restou concluído que a RMI do impetrante era, de fato, aquela indicada pela Autarquiaprevidenciária e que não havia valores a serem pagos a ele a título de parcelas atrasadas.

Desse modo, o Juiz acolheu os novos cálculos, determinando o cancelamento do pagamento de R$ 185.471,83 a favor doimpetrante, conforme se verifica à fl. 678 dos autos.

Inconformado com tal decisão, o impetrante ajuizou este mandamus, como sucedâneo recursal, alegando, em síntese, que:i) o Juiz não poderia acolher a petição do INSS de fls. 624/625, uma vez que já havia homologado o primeiro cálculo daContadoria do Juízo, ocorrendo a preclusão e ii) os primeiros cálculos realizados pela Contadoria do Juízo é que estavamcorretos e não os valores apresentados pelo INSS.

As informações foram prestadas à fl. 701.

A União, à fl. 704, informa não ter interesse em integrar a lide.

O Ministério Público Federal, às fls. 709/713, opina pela extinção do processo sem resolução do mérito, considerando anecessidade de dilação probatória, incompatível como rito do mandado de segurança.

É o relatório.

Registro, inicialmente, que não há necessidade de dilação probatória, ao contrário do que sustenta o MPF, estandoacostados aos autos todos os elementos necessários à análise do direito alegado pelo impetrante, como adiante se verá.

O primeiro cálculo do INSS, de fls. 563/566, demonstrava que a parte autora teria recebido, a título de aposentadoriaintegral, no período de abril/1999 a fevereiro/2003, R$ 28.976,10 a mais do que o que lhe seria devido no período deabril/1999 até dezembro/2008, a título de aposentadoria proporcional. O referido valor atualizado até a data daquele cálculoperfazia o montante de R$ 99.634,54.

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O cálculo da Contadoria, de fls. 601/607, por sua vez, demonstrava que a parte faria jus ao crédito de R$ 196.126,50.

Depreende-se dos autos que a razão da divergência entre os valores apurados em ambos os cálculos é que estes partemde diversos valores de salário de benefício e de renda mensal inicial, eis que utilizados diferentes salários de contribuição.

Os salários de contribuição utilizados no cálculo do INSS são os constantes de fls. 648/649, enquanto os utilizados nocálculo da Contadoria foram aqueles constantes de fl. 601. Em razão disso, o INSS apurou salário de benefício de R$187,29 e RMI de R$ 164,81 e a Contadoria, salário de benefício de R$ 1.045,77 e RMI de R$ 920,27.

Os salários de contribuição de fls. 648/649 foram extraídos do sistema PLENUS.

O despacho constante à fl. 668 reconheceu que os salários de contribuição utilizados pela Contadoria não foram aqueles defato recebidos pelo autor, e sim os elencados às fls. 617/618 dos autos originários, conforme documentos de fls. 156,279/283, 313, 353 e 356/358 dos mesmos autos.

A Contadoria, então, concordou com a petição do INSS e confirmou não haver diferenças a serem percebidas pelo autor (fl.669).

Por um lado, pode-se considerar que a questão controvertida no processo de origem, conforme constou expressamente dasentença, era “verificar a possibilidade de computar, no cálculo do tempo de serviço necessário à concessão daaposentadoria, os períodos desconsiderados pelo INSS – inclusive quanto à conversão do tempo especial em comum – e,em decorrência, aferir a legalidade da suspensão do benefício”.

Não se tratou de nenhum aspecto do cálculo da renda mensal inicial, pelo que se poderia concluir indevida a revisão docálculo do salário de benefício pelo INSS por ocasião da concessão da aposentadoria proporcional. Isso porque o salário debenefício apurado na concessão do benefício integral foi de R$ 1.045,75 (que foi cancelado em 2003), conforme fls. 42 e256, exatamente o mesmo considerado pela Contadoria.

Por outro lado, não havendo coisa julgada a respeito da renda mensal inicial, a revisão do salário de benefício não constituiafronta a tal instituto. Ademais, tem-se como incontroversos os salários de contribuição de fls. 648/649, eis que nãoimpugnados pela parte autora.

Depreende-se ter havido erro também na apuração do valor do salário de benefício realizada por ocasião da concessão dobenefício de aposentadoria integral, cancelado desde 2003 por não confirmação de parte do tempo de contribuiçãoconsiderado.

Tratando-se de concessão de novo benefício (aposentadoria proporcional por tempo de contribuição) e não dorestabelecimento do benefício anterior (aposentadoria integral por tempo de contribuição) e considerando que este foicancelado, não havia qualquer óbice ao novo cálculo do salário de benefício, independentemente de procedimentoadministrativo específico ou de ordem judicial.

Registre-se mais uma vez que não se produziu no processo judicial coisa julgada a respeito do salário de benefício ou darenda mensal inicial.

Não pode prevalecer o argumento do impetrante no sentido de que ocorrera a preclusão por já ter sido homologado oprimeiro cálculo da Contadoria do Juízo. Isso porque a decisão que homologa o cálculo não impede que o juiz reconheçaerros posteriormente demonstrados. Ora, tal decisão não poderia ter o condão de tornar corretos cálculos baseados emdados completamente dissociados da realidade, como no presente caso, em que utilizados salários de contribuição irreais.

Note-se que, a teor do art. 463 do CPC, até mesmo a sentença pode ser alterada após a respectiva publicação, pararetificar erros de cálculo.

Pelo exposto, DENEGO A SEGURANÇA.

Sem condenação em honorários advocatícios.

Sem custas, em face do benefício de assistência judiciária, que ora defiro, tendo em vista a declaração de fl. 17.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

102 - 0003254-82.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.003254-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALVARO JOSE DOSSANTOS SILVA (ADVOGADO: ARIELLA DUTRA LIMA, OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x Juiz Federal do 3º

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Juizado Especial Federal x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).PROCESSO: 0003254-82.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.003254-8/02)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de mandado de segurança impetrado por ALVARO JOSÉ DOS SANTOS SILVA contra ato do JUIZ FEDERALDO 3º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL desta Seção Judiciária, que, por ocasião da execução da sentença favorável àpretensão do impetrante, entendeu que o autor não tem direito ao pagamento de diferenças e que a sentença é ineficaz,pois, embora tenha condenado o réu a revisar a renda mensal do benefício, não justifica a majoração dos proventos.

O impetrante alega que, quando do cálculo de seu benefício proporcional, o INSS fixou o limite de sua supostaaposentadoria integral (algo em torno de R$ 1.626,00) no teto então vigente (R$ 1.561,65) e depois aplicou o fator redutorde 0,75 para fixação de sua aposentadoria proporcional. Argumenta que a lei jamais autorizou a aplicação do limite nocálculo, mas apenas no pagamento do benefício propriamente dito. Ou seja, o coeficiente de 0,75 foi aplicado sobre o valordo teto (R$1.561,65); quanto a isso, alega que “... o impetrante aposentou-se com um benefício de R$1.171,71 (75% x R$1.561,65), quando efetivamente tinha direito a um benefício no valor de R$ 1.219,38 (75% x R$ 1.625,84), conformememória de cálculo apresentada...”. Além disso, o benefício foi requerido em abril de 2003 e deferido apenas em agosto de2003, quando se encontrava vigente novo teto, o que desautoriza por si só o limite imposto.

Informações da autoridade impetrada, às fls. 160/164.

O INSS requer seu ingresso na lide, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009.

O Ministério Público Federal, à fl. 169, manifestou ausência de interesse em intervir no feito.

É o relatório. Passo a votar.

2. A sentença (fls. 90/91) julgou procedente o pedido para condenar o INSS a revisar a renda mensal do benefícioprevidenciário da parte autora a partir de 1º/1/2004, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefíciosdo RGPS instituído pela Emenda Constitucional nº 41/2003, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisãoincidentes sobre as prestações pagas a partir de 1º/1/2004, respeitada a prescrição qüinqüenal. A sentença foi mantida pelaTurma Recursal (acórdão às fls. 138/139), tendo sido negado provimento ao recurso inominado interposto pelo INSS.

A sentença e o acórdão basearam-se no entendimento do Supremo Tribunal Federal, que, no julgamento do RE nº.564.354/SE, afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superou qualquer questionamento sobre aconstitucionalidade da aplicação imediata do novo teto aos benefícios concedidos anteriormente à Emenda Constitucional,tendo constado do voto da ministra relatora o seguinte:

“Assim, uma vez alterado o valor limite dos benefícios da Previdência Social, o novo valor deverá ser aplicado sobre omesmo salário de benefício calculado quando da sua concessão, com os devidos reajustes legais, a fim de se determinar anova RMB que passará a perceber o segurado. Trata-se, sim, de manter o mesmo salário-de-benefício calculado quandoda concessão do benefício, só que agora lhe aplicando o novo limitador dos benefícios do RGPS”.

Resta claro que o direito à revisão do benefício em face das majorações do teto previstas nas Emendas Constitucionais20/98 e 41/03, assiste àqueles cujos salários de benefício, atualizados até a entrada em vigor das referidas emendas,ultrapassam os novos tetos.

No caso de benefício proporcional, em que a renda mensal inicial não corresponde ao salário de benefício, deve serconsiderado o valor deste último para efeito de revisão.

Não procede, portanto, o argumento do impetrante no sentido de que a lei jamais autorizou a aplicação do limite no cálculo,mas apenas no pagamento do benefício propriamente dito.

3. Conforme carta de concessão do benefício (fls. 37 e 38/41), o salário de benefício foi limitado ao teto então vigente (R$1.561,56, em abril de 2003), correspondendo a renda mensal inicial (RMI) a 75% daquele valor, por se tratar de benefício deaposentadoria proporcional. Ou seja, a RMI foi fixada em R$ 1.171,17.

O valor do salário de benefício calculado à época da concessão seria R$1.625,65, mas restou fixado em R$ 1.561,56, ouseja, ficou limitado ao teto de então. Quanto a tal pormenor, argumentou o impetrante que o coeficiente relativo àaposentadoria proporcional (75%) deveria ter incidido não sobre o valor do salário-de-benefício limitado ao teto (ou seja,sobre R$ 1.561,56), mas sim sobre o valor de R$1.625,65.

Equivocou-se o autor.

O coeficiente relativo à aposentadoria proporcional há de ser aplicado sobre o salário-de-benefício. No caso, osalário-de-benefício do autor, que seria de R$1.625,65, foi limitado ao teto do salário-de-contribuição da época, sendo

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fixado em R$1.561,56; isso se deu por incidência do disposto no § 2º do artigo 29 da Lei nº 8213/91 (“§ 2º O valor dosalário-de-benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuiçãona data de início do benefício.”).

Por outro lado, a aposentadoria proporcional, a teor do disposto no artigo 53 da Lei nº 8213/91, consiste numa rendamensal determinada pela incidência de um coeficiente (de 70% a 100%) do salário-de-benefício.

Como o salário-de-benefício foi fixado em R$1.561,56 (porque esse era o teto de então, e ele não poderia ser superior aoteto), e não em R$ 1.625,65, resta evidente que o coeficiente incidente no caso (75%) somente poderia incidir sobre aquelevalor (R$1.561,56) e não sobre este último.

A partir dessa constatação, depreende-se que a RMI do autor foi corretamente fixada em R$ 1.171,17 (ou seja, 75% de R$R$1.561,56). E, por conseguinte, é equivocada a afirmação do autor no sentido de que a RMI deveria ter sido fixada em R$1.219,38 (75% de R$ 1.625,84).

4. Há outro ponto a analisar.

O teto, na época da concessão (23/04/2003) estava no patamar de R$1.561,56; e foi por essa razão que osalário-de-benefício, que foi limitado ao teto, ficou nesse patamar.

Se não houvesse “teto” (rectius: “limite máximo do salário-de-contribuição, na dicção do § 2º do artigo 29), osalário-de-benefício do autor seria, na DIB (23/04/03) de R$ 1.625,65.

Esse valor (R$ 1.625,65), atualizado desde a DIB até a data da promulgação da EC nº 41/2003 (ou seja, até dezembro de2003) não atingiria o limite do teto fixado na referida emenda (R$1.800,00). Com efeito, para que aquele montante,mediante, correção monetária, no curso espaço de oito meses (abril a dezembro), atingisse o novo teto, teria de havermajoração da ordem de 10,72%. Contudo, nos 12 meses de 2003, a inflação foi da ordem de 9,3%.

Logo, resta evidente que a atualização monetária de R$ 1.625,65 no período da DIB até a data da promulgação da EC nº41/03 (oito meses) redundaria em valor inferior ao teto fixado na referida emenda.

Depreende-se estar correta a decisão impugnada, ao concluir que a sentença é ineficaz.

5. Pelo exposto, DENEGO A SEGURANÇA.

Sem custas, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita, que ora defiro. Sem condenação em honoráriosadvocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

103 - 0000681-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000681-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x EDSON GOMES DA COSTA (ADVOGADO:LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x OS MESMOS.Autos n.º 0000681-71.2011.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO DA INVIABILIDADEDE REABILITAÇÃO – PERDA DE OBJETO PARCIAL – RECURSO DO AUTOR PROVIDO EM PARTE – RECURSO DORÉU IMPROVIDO.

1. A parte autora e o INSS interpuseram recursos inominados contra a sentença que julgou improcedente o pedidode aposentadoria por invalidez; e julgou procedente o pedido de concessão de auxílio-doença, fixando data de início (DIB)em 17/06/2011.

Razões recursais do INSS: os extratos do CNIS revelam que o recorrido, após a cessação do benefício outrora recebido ecessado em 16/06/2011, voltou a trabalhar; logo, não é devida a condenação de restabelecimento de benefício desde

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17/06/2011, com o pagamento dos atrasados mesmo no período em que comprovadamente o recorrido auferiuremuneração decorrente de seu trabalho. Requereu seja o pedido julgado improcedente. Subsidiariamente, requereu oINSS seja excluído da condenação o período de concessão do benefício referente aos meses em que a parte autora estevetrabalhando, sob pena de flagrante enriquecimento ilícito por parte do segurado.

Razões recursais do AUTOR: os documentos que há nos autos comprovam que não possui condições de trabalho,devendo ser convertido o auxílio-doença concedido na sentença em aposentado por invalidez.

2. PERDA DE OBJETO PARCIAL.

O INSS anexou ofício encaminhado pela APS de Vila Velha-ES, em 03/09/2013, informando que a parte autora foiconsiderada insusceptível de reabilitação, e que lhe foi concedida aposentadoria por invalidez (fl. 195).

Na fl. 191, o autor informa que a concessão teve DIB fixada em 15/08/2013.

Conclusão: ambos os recursos perderam o objeto do que refere ao período posterior a 15/08/13, visto que, desde então, háreconhecimento administrativo de que o autor faz jus à aposentadoria por invalidez.

3. ANÁLISE DOS RECURSOS.

A perícia judicial reconheceu que o autor possui transtorno afetivo bipolar(CID-10-F31); sobre a possibilidade de o autorexercer sua função habitual, o Perito afirmou o seguinte:

“Por precaução,não é recomendável que o autor exerça a função de Caldeireiro em metalúrgica(que é a sua funçãohabitual).É recomendável que o mesmo exerça suas atividades profissionais não trabalhando em lugares altos,operandomáquinas perigosas ou conduzindo veículos automotores,devido a leve sonolência de que é acometido pelo uso dasmedicações relatadas na resposta do quesito de VI.” (fl. 35)

A perícia foi realizada em 30/09/11.

Em 27/04/12, foi prolatada a sentença, condenando-se o INSS a pagar auxílio-doença com DIB em 17/06/2011 (porque oautor estava recebendo tal benefício até 17/06/11, cf. fl. 130).

Nas petições de fls. 121/128 e de fls. 188/189 o autor relata piora de seu quadro clínico.

O laudo de fl. 127, lavrado em 15/09/11 e subscrito pelo Dr. Fabrício Pereira e Sales (aparentemente é o médico dotrabalho que presta atendimento à empresa onde o autor trabalhava) informou o seguinte:

“... Ele vinha trabalhando bem, mas me informou no dia 01/09/11 ao final da tarde, que diminuiu as medicações por contaprópria para a metade da dose que deveria usar ou não conseguir ficar acordado. Naquela ocasião estava ansioso, afoito,com histórico de agressividade doméstica e com tremor leve de extremidade.

Havia a possibilidade iminente de entrar em crise e optei por afastá-lo do trabalho por 15 dias a partir de 02/09/2011.

A consulta com o psiquiatra se daria em 27/09/2011, porém em 12/09/2011 foi hospitalizado sem previsão de alta. Com asmedicações está equilibrado e estável, mas deve permanecer afastao até que o esquema terapêutico possa ser revisto peloespecialista...”

4. Perceba-se que o autor fora hospitalizado 18 dias antes de ser examinado pelo Perito judicial (em 30/09/11);perito este que reconheceu a configuração da moléstia e o estado de restrição laborativa que ela causava no que refere àatividade habitual do autor.

O elemento de prova apontado indica que o estado incapacitante já preexistia à perícia judicial. Seja pela patologiapsiquiátrica que estava de difícil controle já em setembro de 2011, seja pela idade do autor e sua restrita experiênciaprofissional, denoto que desde então já deveria estar aposentado por invalidez.

O recurso do autor deve ser provido para converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez desde 12/09/11, dia emque o autor veio a ser internado.

5. Conclusão.

NÃO CONHEÇO dos recursos no que refere ao período posterior a 15/08/13, visto que, desde então, há reconhecimentoadministrativo de que o autor faz jus à aposentadoria por invalidez.

No que refere ao período anterior a 15/08/13: (a) NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS; e (b) DOU PARCIALPROVIMENTO ao recurso do autor, para determinar que o auxílio-doença concedido pela sentença (DIB em 17/06/11) sejaconvertido em aposentadoria por invalidez a partir de 12/09/11.

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Deverão ser descontados da condenação os valores já pagos para o autor a título de auxílio-doença.

Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS a pagar honorários advocatícios que arbitro em10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

104 - 0000710-52.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000710-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x JURANDI SILVERIO (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.).Autos n.º 0000710-52.2010.4.02.5052/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar APOSENTADORIA PORINVALIDEZ à parte autora, com DIB fixada em 20/05/2008 (data da entrada do requerimento).

2. Alegou o recorrente que o laudo pericial elaborado por perito do juízo estabeleceu que a parte autora não estáinválida para toda e qualquer atividade laboral, somente não sendo possível a realização de trabalhos que exijam grandesesforços físicos; que concluiu a perícia que o recorrido pode exercer,regularmente, a atividade de Gerente de Fazenda,última profissão a qual de dedicou, conforme consta de sua carteira de trabalho e das informações fornecidas durante arealização do exame pericial. Requereu seja o pedido do autor julgado improcedente.

3. A sentença tem a seguinte fundamentação:

“A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 115/121, constatou que o autor é portador de Doença Pulmonar ObstrutivaCrônica, que se caracteriza por uma diminuição da capacidade para respiração. É uma doença crônica dos pulmões quelimita atividades que demandem esfor ço físico intenso ou situações que possam aumentar o grau de disfunçãopré-existente. Afirma a perita que o autor está capacitado para suas atividades laborativas, pois concluiu que o paciente égerente de fazenda e tal atividade não requer intenso esforço físico.

Porém, conforme documentos juntados pelo autor às fls. 128/138, entende-se que este sempre trabalhou em áreas ruraisque se exige grande esforço físico, e mesmo que fosse para a função de gerente de fazenda, o autor estaria incapacitadodevido às suas restrições.

Nesse contexto, diante do laudo pericial judicial, que constata a existência da enfermidade, bem como dos laudos médicosapresentados nos autos, que dão conta da patologia e de sua gravidade, concluo que a requerente se encontradefinitivamente incapacitada para exercer suas atividades habituais (trabalhador rural). (...)”

A análise da perícia a respeito da última atividade desenvolvida – gerente de fazenda – foi feita abstratamente. Ou seja, aPerita levou em conta o esforço físico de alguém que exerça a função de gerente de fazenda; concluiu que tal esforço não éintenso; e, por conseguinte, inexistiria incapacidade definitiva.

A sentença lastreou-se não numa análise abstrata, mas fez menção a documentos do processo e à situação pessoal doautor.

Tais documentos são os de fls. 128/138. Na fl. 130 o autor declarou, de próprio punho, que estava desempregado desde14/02/2008 e que a última função que exerceu foi a de administrador especial agropecuário. A afirmação do autor de queestava desde então desempregado é verossímil, à luz do que consta no extrato do CNIS de fl. 37; e sua CTPS indica que oúltimo vínculo se findou em 14/02/08 (fl. 138).

Com certeza o desemprego noticiado pelo autor ocorre por força, principalmente, da razão da evidente limitação físicadetectada pela perícia; como também de sua idade já relativamente avançada para trabalhos no campo (58 anos); e do fatode que se trata de pessoa com parca escolaridade e que usualmente laborava no campo. Nesse sentido, assim concluiu oJuízo a quo:

“...a inexistência de condições razoáveis de reabilitação da parte autora para o exercício de outra atividade, tendo em vistasua idade avançada (57 anos), o seu grau de instrução (1ª série), bem como o próprio tipo da doença (degenerativa – quevai se agravando com o tempo), que impede esforço físico intenso, fazendo jus, portanto, ao benefício de auxílio doença e àconversão em aposentadoria por invalidez.” (fl.140).

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Restou demonstrado, concretamente, a inviabilidade prática de reinserção do autor no mercado de trabalho, em razão dalimitação física detectada e demais condições pessoais.

Nada há a reparar na sentença.

4. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

105 - 0002310-14.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002310-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x LOURDES BACHIETTE (ADVOGADO:Lauriane Real Cereza, Valber Cruz Cereza.).Autos n.º 0002310-14.2010.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar AUXÍLIO-DOENÇA à parteautora, com DIB fixada em 01/05/2009.

2. Alegou o recorrente que não se pode dizer que a incapacidade se encontra presente, pois a parte autorarecolheu contribuições após a cessação do auxílio-doença entre os anos de 2010 a 2012. Requereu seja julgadoimprocedente o pedido formulado pela autora.

3. A ação foi proposta em 12/08/2010; a perícia foi realizada em 04/02/2011; a ação foi sentenciada em 28/09/2012.

A autora é costureira. Conforme demonstrou o INSS em seu recurso, a autora efetivou recolhimentos, como contribuinteindividual, no período de 05/2010 a 09/2012 (fls. 80/81). Há, é claro, outros recolhimentos anteriores.

Se a autora parasse de trabalhar – e de efetivar recolhimentos – fatalmente não possuiria a qualidade de segurado porocasião da prolação da sentença. Nesse caso, o argumento do INSS seria de que a autora não deveria receber benefíciopor incapacidade porque perdera a qualidade de segurado.

Não posso presumir má-fé da autora, tal qual supõe, ainda que de forma implícita, o INSS em seu recurso (fl. 77, terceiroparágrafo). Mesmo porque o laudo pericial é incisivo ao asseverar a incapacidade (fl. 45).

Logo, o que posso depreender é que a autora continuou a exercer seu ofício por motivo de subsistência e em detrimento daprópria saúde, visto que deveria estar afastada de sua atividade a fim de se recuperar da moléstia que a acomete.

À luz do exposto, a sentença deve ser mantida.

4. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

106 - 0000521-12.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000521-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x SILVANA FLORENCIO DOS SANTOS(ADVOGADO: MARCELO ROSA VASCONCELLOS BARROS.).Autos n.º 0000521-12.2012.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar AUXÍLIO-DOENÇA à parteautora no período entre 30/09/2011 e 22/05/2013.

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2. Alegou o recorrente que não há que se falar em pagamento das parcelas vencidas no período em que obenefício ficou suspenso, pois os peritos nomeados, mesmo diante de todos os laudos médicos presentes nos autos,informaram não ser possível concluir pela incapacidade da parte autora no período objeto de condenação. Também aduziuque laudos particulares não poderiam suprir a lacuna, porque os laudos médicos unilateralmente apresentados pela partenão amparam a pretensão de concessão do benefício, uma vez que não são aptos a afastar a presunção de legitimidade doato administrativo praticado pelo INSS

Eis os pedidos recursais: “... julgar improcedente a pretensão da condenação do INSS no pagamento de auxílio doençaentre 30/09/2011 e 22/05/2013. Subsidiariamente, que a data de início da concessão do benefício seja fixada a partir dadata da cirurgia para tratamento da síndrome do túnel do carpo à direita em 08/06/2012.”

3. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos.

O primeiro pedido recursal é evidentemente improcedente, já que a autora se submeteu a tratamento cirúrgico em08/06/2012 e, ao menos a partir dessa data e por um período adiante, é evidente a incapacidade laborativa. Ocorre quemesmo antes da cirurgia estava instalada a incapacidade, como suficientemente demonstrou a sentença, cujafundamentação transcrevo abaixo:

“... O primeiro perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou síndrome do túnel do carpo bilateral comcirurgia marcada para o dia 8/6/2012 (fl. 91). Afirmou que a autora não possui aptidão para exercer a atividade habitual deoperadora de telemarketing (quesitos 8/9). Atestou que a autora não pode pegar peso e exercitar com os membrossuperiores (quesito 11). Concluiu que há incapacidade temporária para o trabalho (quesito 14).

A autora realizou cirurgia para tratamento da síndrome do túnel do carpo à direita em 8/6/2012 (fl. 124). O atestado domédico assistente datado de 26/10/2012 (fl. 123) indicando novo tratamento cirúrgico para tratamento da mão esquerda.

O segundo perito ortopedista avaliou que a autora foi operada com síndrome do túnel do carpo leve a apresentou boarecuperação clínica com função preservada da mão e diagnosticou artrose discreta da coluna sem alterações neurológicasdos membros inferiores (fl. 137). Afirmou que a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de fiscal desegurança (quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

O INSS alegou que não teve a oportunidade de se manifestar administrativamente (fl. 128). Ocorre que o último benefíciorecebido pela autora foi em razão da CID G 56, síndrome do túnel do carpo. Trata-se da mesma patologia em razão da qualo INSS cancelou o benefício. O exame administrativo realizado em 10/11/2011 (fl. 30) avaliou que o exame datado de20/1/2011 sugeriu diagnóstico de neuropatia sensitiva focal do nervo mediano do punho no trajeto correspondente ao carpo,mas considerou que as queixas da autora não corresponderam ao exame clínico e descartou a incapacidade para otrabalho. Ou seja, o INSS teve a oportunidade de se manifestar sobre a patologia ora diagnosticada pelo perito nomeadopelo juízo. Rejeito a alegação do INSS.

A prova de que o estado de incapacidade da autora para o trabalho não teve solução de continuidade ocorreu justamentepelo fato de que a autora submeteu-se a tratamento cirúrgico logo depois da perícia administrativa.

O perito examinou a autora em 22/5/2012 (fl. 59) e confirmou a incapacidade para o trabalho a partir da data da cirurgia, em8/6/2012 (quesito 12). Ocorre que o perito avaliou que a autora estava com dor nos membros superiores com parestesiaque piora a noite e teste de Tinel positivo (quesito 2).

A lacuna do laudo pericial pode ser suprida pelos atestados datados de 6/9/2011 (fl. 24), 17/10/2011 (fl. 25), 19/10/2011 (fl.26), 20/10/2011 (fl. 27) e 9/11/2011 (fl. 28). São admissíveis como fonte de prova complementar os atestados de médicoassistente que sejam contemporâneos ao momento do cancelamento do benefício e que revelem dados convergentes como laudo pericial. Presume-se, assim, que na data do cancelamento do benefício, em 30/9/2011, a autora continuavaincapacitada para o trabalho.

A autora tem direito auxílio-doença desde 30/9/2011. O segundo perito examinou a autora em 23/5/2013 (fl. 132) edescartou a incapacidade para o trabalho.

Concluo que a incapacidade da autora para o trabalho, em razão da síndrome do túnel do carpo, ficou comprovada noperíodo de 30/9/2011 a 22/5/2013....”

Depreende-se que a argumentação contida na sentença é, por si só, suficiente para afastar a causa de pedir recursal.

Por conseguinte, adoto, como razões de decidir, as razões declinadas na sentença.

4. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

107 - 0000361-46.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000361-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE LOURDES MOTA(ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0000361-46.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000361-3/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos por MARIA DE LOURDES MOTA e pelo Instituto Nacional doSeguro Social, em face da sentença de fls. 57/60, que julgou parcialmente procedente o pleito autoral, condenando o INSSa restabelecer o benefício de auxílio-doença da autora a partir de 14/03/2011, pagando-lhe o valor das prestações vencidas,não atingidas pela prescrição quinquenal.

Alega o INSS, em suas razões recursais, que o benefício de auxílio-doença somente é devido aos que ficam incapacitadosapós o cumprimento do período de carência. Afirma que a parte autora fez recolhimentos retroativos a partir de 26/03/2007,referentes às competências “01/2006” a “03/2007”, e que havia se afastado do labor desde 21/09/1990. Destaca, ainda, queo recolhimento em atraso, mesmo no caso de empregada doméstica, não serve para cômputo de carência; e que oequívoco da entidade autárquica ao conceder o benefício em momento anterior não é motivo para se perpetuar ailegalidade. Por fim, pleiteou a diminuição dos juros aplicados, nos moldes do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97. Requer oprovimento do recurso, reformando-se a sentença de piso e julgando-se improcedente o pedido inicial.

Já a parte autora, requer a modificação da data de início do benefício de auxílio-doença, para que este seja devido desde adata em que foi cessado equivocadamente (24/06/2007), tendo em vista que o perito não soube precisar o início daincapacidade e que está aguardando cirurgia em seu joelho desde 27/04/2007, conforme laudos médicos em anexo. Porfim, defende a necessidade de aposentadoria por invalidez, uma vez que, apesar da possibilidade de reabilitação para outraatividade, esta depende de intervenção cirúrgica, a qual, por força de lei, não está obrigada. Destaca, ainda, que posteriorrecuperação não constitui óbice à concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, já que tal benefício pode sercancelado. Requer, assim, cumulativamente, a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, a partir daperícia judicial (14/03/2011).

2. Recurso do INSS.

2.1. O INSS afirma que a parte autora fez recolhimentos retroativos a partir de 26/03/2007, referentes às competências“01/2006” a “03/2007”, que havia se afastado do labor desde 21/09/1990, e que o recolhimento em atraso, mesmo no casode empregada doméstica, não serve para cômputo de carência.

A jurisprudência vem mitigando o disposto no art. 27, II, da Lei 8213/91 com relação aos empregados domésticos, visto quea responsabilidade pelo recolhimento é do empregador. Assim entendeu o STJ por ocasião dos julgamentos cujas ementastranscrevo abaixo:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO URBANO. SEGURADO-EMPREGADO. RECOLHIMENTO DASCONTRIBUIÇÕES. OBRIGAÇÃO DO EMPREGADOR. 1. Nos termos do art. 142 do Decreto n.º 77.077/76, do art. 139 doDecreto n.º 89.312/84 e do art. 30 da Lei n.º 8.212/91, o recolhimento das contribuições previdenciárias dosegurado-empregado cabe ao empregador, não podendo aquele ser penalizado pela desídia deste, que não cumpriu asobrigações que lhe eram imputadas. 2. Recurso especial não conhecido (RESP. 566.405, Rel. Min. LAURITA VAZ).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. EMPREGADADOMÉSTICA. CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO. I - A legislação atribuiu exclusivamente ao empregador doméstico, e não aoempregado, a responsabilidade quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias (ex vi do art. 30, inciso V, da Leinº 8.212/91). II - A alegada falta de comprovação do efetivo recolhimento não permite, como conseqüência lógica, ainferência de não cumprimento da carência exigida. Agravo regimental desprovido (Ag.Rg.RESP. 331.748, Rel. Min. FELIXFISCHER).

Uma vez que se restou comprovado que a autora possuía vínculo empregatício como doméstica, datado de 02/01/2005 a30/04/2007, registrado na CTPS (fl. 13); e uma vez que houve o recolhimento, ainda que com atraso, das respectivascontribuições; concluo que a autora mantinha a qualidade de segurada.

2.2. Juros.

Incabível a aplicação do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960/09, tal qualpretende a ECT. Com efeito, em julgamento recente, o STF afirmou ser inconstitucional o referido dispositivo, como sedepreende do teor da notícia lançada no Informativo nº 697 daquela Corte, verbis:

Precatório: regime especial e EC 62/2009 - 19

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Por outro lado, registrou que os critérios de fixação de juros moratórios deveriam ser idênticos para a Fazenda e para osparticulares e, existente divergência entre os índices previstos para uma mesma situação, dever-se-ia prestigiar o critérioalbergado por dispositivo de maior magnitude hierárquica. No caso, os juros moratórios incidentes sobre condenaçõesjudiciais teriam sido fixados, para o devedor público, de forma genérica no plano constitucional. Deveriam ser, assim,aplicados de forma igualmente genérica aos devedores particulares da Fazenda. Dessa maneira, existente índiceconstitucional bem definido para todas as condenações judiciais da Fazenda, este deveria ser aplicado ao devedorparticular na mesma extensão em que o seria ao Poder Público. No ponto, divergiu do relator para rejeitar a alegação deinconstitucionalidade do art. 100, § 12, da CF, na parte em que fixado o índice de juros moratórios devidos pela Fazendaem valor equivalente à remuneração básica da caderneta de poupança, critério que deveria ser aplicado de imediato aosdevedores privados da Fazenda, cujos débitos decorressem de decisão judicial transitada em julgado. Além disso, reputouprocedente em parte a inconstitucionalidade por arrastamento da nova redação dada ao art. 1º-F da Lei 9.494/97 (“Nascondenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”). Assinalou que a invalidade da sistemáticaconstitucional de juros e de atualização monetária nos precatórios retiraria o amparo do aludido dispositivo, já que fulminadoseu fundamento constitucional (CF, art. 100, § 12). Declarou inconstitucional a referência à “atualização monetária” contidano texto de lei, mas rejeitou a inconstitucionalidade quanto ao regime de juros moratórios, desde que incidente de formarecíproca para o Estado e o cidadão. Após sinalizar, a respeito do regime especial de pagamento (CF, art. 100, § 15; eADCT, art. 97), que acompanharia o relator para declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos, ao considerar ainvalidade da moratória, sob fundamento de violação ao Estado de Direito; ao devido processo legal; ao livre e eficazacesso ao Judiciário; e à duração razoável dos processos, o julgamento foi suspenso.ADI 4357/DF, rel. Min. Ayres Britto, 6 e 7.3.2013. (ADI-4357)ADI 4425/DF, rel. Min. Ayres Britto, 6 e 7.3.2013. (ADI-4425)

Conclusão: persiste a sistemática de juros de mora e de atualização monetária fixadas na sentença.

3. Recurso da autora.

3.1. 1º pedido: concessão do auxílio doença desde a cessação administrativa (24/06/2007).

Com o intuito de comprovar a sua incapacidade laboral para exercer as atividades habituais como doméstica,demonstrando a ocorrência da indevida cessação do benefício previdenciário em 24/06/2007, bem como a definitividade doquadro clínico incapacitante, a recorrente juntou aos autos alguns laudos e exames médicos particulares (fls. 14/18),datados desde o ano de 2007 até 2010. São eles:

FolhaTipoDataConclusão

14Laudo Médico17/03/2010Médico relata que a paciente tem dor e limitações em joelho esquerdo (...) sem melhora com fisioterapia. Necessita deafastamento do trabalho e reabilitação.

15Laudo Médico16/04/2007Declara que a paciente encontra-se com lesão meniscal no joelho esquerdo, estando impossibilitada de fazer esforço físico(...).

16Laudo Médico27/04/2007Paciente aguarda cirurgia para tratamento de lesão meniscal em joelho esquerdo. Necessita repouso de atividadeslaborativas.

17Laudo Médico (Exame)03/04/2009Verifica joelho esquerdo com sinais de desmineralização óssea, redução da interlinha articular fêmuro-tibial nocompartimento medial, com osteófitos no platô tibial em correspondência.

18Laudo Médico (Exame)17/03/2010

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Joelhos com sinais de gonoartrose caracterizados por redução das interlinhas articulares fêmuro-tibiais com predomínio àesquerda, associado a pequenos osteófitos nas superfícies apostas. Ossículos acessórios nas fossas poplíteas (fabelas).

Embora tenha anexado dois documentos de 2007 e um de abril de 2009, a autora somente ajuizou a ação em maio de2010. Em razão disso, não vejo como fazer retroceder a DIB, tal qual pretende a autora.

Logo, correta a diretriz adotada pelo Juízo a quo, de fixar a DIB na data da perícia.

3.2. O 2º pedido recursal foi de converter o auxílio doença em aposentadoria por invalidez com DIB a partir da períciajudicial (14/03/2011).

De acordo com a perícia médica judicial (fls. 42/45), verifica-se que a autora apresenta lesão meniscal em joelho esquerdo,havendo dor e limitação para esforço em joelhos (respostas aos quesitos nº 01 e 04 do INSS). Declara o perito que háincapacidade para atividades com esforço físico intenso em joelhos e necessidade de procedimento cirúrgico para cura,devendo haver nova avaliação após recuperação da cirurgia (quesito nº 07).

A autora afirma que não está obrigada a realizar cirurgia. Argumenta que “o fato da recorrente, porventura, vir a realizarcirurgia e, em conseqüência desta, recuperar-se para outra atividade, não constitui óbice à concessão do benefício deaposentadoria por invalidez,...”. (fl. 69).

Com efeito, a autora não é obrigada a submeter-se a cirurgia, a teor do disposto no artigo 101 da Lei nº 8213/91. Ocorreque em nenhum momento há, nos autos, indicação de que a mesma se recusaria a esse procedimento. O que há é umaafirmação, também contida no recurso da autora, de que ela estaria aguardando a cirurgia; é o que se depreende de fl. 63,verbis: “... a doença... persiste desde a cessação do auxílio doença administrativo, conforme os laudos e examesacostados nos autos, pois desde 27/04/2007 a recorrente aguarda cirurgia para tratamento de lesão no joelho(fl 16 dos autos).” (fl. 63).

À luz do laudo pericial, em tese, a reabilitação para outra atividade é possível. E ainda que haja certeza de que a autoraprecisar submeter-se a uma cirurgia para retornar à atividade laborativa, há dúvida sobre se a mesma se recusaria asubmeter-se a tal tratamento (o cirúrgico).

Dentro desse contexto, entendo inviável a concessão da aposentadoria por invalidez.

4. Conclusão.

NEGO PROVIMENTO a ambos os recursos.

Sem custas e sem honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

108 - 0000407-64.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000407-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x CREUZA ROSA BARRETO SANTIAGO(ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).Autos n.º 0000407-64.2012.4.02.5053/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar AUXÍLIO-DOENÇA à parteautora.

2. Alegou o recorrente que: o autor é segurado facultativo; O laudo médico judicial afirmou que a parte autora temincapacidade laborativa desde a data da propositura da ação judicial, ou seja, em 13/04/2012; o fato de não haverdocumentos probantes impede a fixação da data de início da incapacidade em momento anterior. Logo, a data de início daincapacidade (DII) deve ser fixada, portanto, na data da propositura da ação judicial, ou seja, em 13/04/2012; logo, o autornão possuía qualidade de segurado quando do início da incapacidade. Alegou também que a DIB deve ser fixada em13/04/12, ou seja, na data de início da incapacidade (DII).

3. A sentença assim fixou a DIB: “Quanto à data do início da incapacidade, a perícia não pôde precisá-la, mas queatravés de análise a laudos médicos, afirma ser anterior a propositura da ação. Assim, fixo a DIB na data do primeirorequerimento administrativo, em 19/10/2011.” (fl. 109).

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O laudo de fl. 21, emitido em 26/04/2011, atesta existência de artrose e tendinite no joelho esquerdo “em tratamento commedicamentos e fisioterapia”. O laudo de fl. 26, emitido em 21/11/2011 atesta a necessidade de continuação do tratamentofisioterápico. O laudo de fl. 27, emitido em 24/01/2012, atesta que a autora estava “impossibilitada de realizar atividadescom a cintura escapular esquerda”. Uma vez que a autora é doméstica. A perícia foi realizada em 17/08/12 e o perito,embora não tenha conseguido estabelecer uma data, afirmou que a incapacidade já estava instalada quando doajuizamento da ação (n. 5, b, fl. 98). A ação foi proposta em 13/04/12.

À luz dos laudos antes apontados, (abril e novembro de 2011; janeiro de 2012), não vejo como excluir a conclusão do Juízoa quo no sentido de que a incapacidade estava instalada em outubro de 2011. Logo, a autora não perdeu a qualidade desegurada. Em conclusão, não há razão hábil para reformar a sentença.

4. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

109 - 0006513-22.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006513-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x LEILA OLIVEIRA NASCIMENTO(ADVOGADO: BRUNO BITTENCOURT BITTENCOURT.).PROCESSO: 0006513-22.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006513-6/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 82/84, que julgou procedente opedido inicial para condenar o réu a averbar o tempo de serviço referente ao período de 01/04/1978 a 31/12/1978;reconhecer o tempo de serviço especial no período de 02/01/1979 a 28/04/1995, convertendo-o em tempo comum; e julgouprocedente o pedido de condenação do réu a conceder a aposentadoria por tempo de contribuição, com proventos integraise efeitos retroativos à data do requerimento administrativo.

Alega o recorrente que, em relação ao período de 01/04/1978 a 31/12/1978, o vínculo não deve ser reconhecido, tendo emvista que apenas foi objeto de anotação nas folhas de anotações gerais, e não na CTPS. Afirma que não há início de provamaterial para o reconhecimento do período pretendido, como exige o § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91. Quanto ao períodoespecial (02/01/1979 a 28/04/1995), sustenta que não há laudo técnico que comprove o exercício de atividades emcondições especiais. Requer, por fim, a reforma integral da sentença. Subsidiariamente, requer a reforma parcial para que aDIB do benefício concedido seja fixada na data da prolação da sentença (08/02/2012).

É o relatório do necessário. Passo a votar.

2. Período de 01/04/1978 a 31/12/1978.

O INSS afirmou inexistir início de prova material.

A alegação improcede. Confira-se a fundamentação da sentença a respeito desse ponto:

“A autora alegou que o réu deixou de considerar o período 1º/4/1978 a 31/12/1978, em que trabalhou na Fundação Culturaldo Espírito Santo. A anotação na CTPS do contrato de trabalho correspondente ao período controverso indica data deadmissão em 1º/1/1979 (fl. 11). Não obstante, no campo “Anotações Gerais” consta informação subscrita pelo diretoradministrativo da instituição nos seguintes termos: “O portador da presente teve seu vínculo empregatício reconhecido pordecisão da Diretoria Executiva no Processo de nº 642/79, referente ao período anterior de 01 de abril de 1978 a 31 dedezembro de 1978” (fl. 12).

O INSS se recusa a reconhecer o tempo de serviço sob a alegação de que não há elementos que confirmem o trabalhodesempenhado pela autora. Além disso, o registro correspondente no CNIS foi lançado extemporaneamente. Não assisterazão ao réu. A prova documental carreada aos autos é suficiente para comprovar a existência do vínculo empregatício. Osdados foram lançados no CNIS em 1981 e, ainda assim, o réu considerou o período a partir de 1º/1/1979 (fl. 27). Aanotação inserida na CTPS corroborada pelo registro lançado no CNIS em 1981 basta para comprovar o desempenho daatividade profissional desde 1º/4/1978....”

Como se depreende de fl. 27, tal período foi inserido no CNIS extemporaneamente, tal qual alegou o INSS. Contudo, ainserção ocorreu no antigo ano de 1981, ou seja, há mais de 20 anos.

Em vista desse fato, não vejo como imputar alguma tentativa de fraude.

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A sentença deve ser mantida, nesse ponto, por seus próprios fundamentos.

3. Período reconhecido na sentença como tempo especial em razão de exercício de atividade de jornalista(02/01/1979 a 28/04/1995).

Quanto a tal período, o INSS sustenta que não há laudo técnico que comprove o exercício de atividades em condiçõesespeciais.

Também nesse ponto, a sentença há de ser mantida por seus próprios fundamentos. Eis seu teor:

“...A autora também pediu a condenação do réu a reconhecer o tempo de serviço especial exercido no período de 2/1/1979 a30/7/1997, convertendo-o em comum. Nesse período, a autora desempenhou a profissão de jornalista (fl. 11). O INSS nãocontroverte essa informação. Não obstante, o réu defende que a aposentadoria de jornalista era reputada especial por estarprevista em legislação especial, mas não há, no exercício dessa função, a exposição a agentes nocivos que posamprejudicar a saúde do trabalhador. Por isso, não seria possível a conversão do tempo especial em comum.Com efeito, a profissão de jornalista não está prevista em nenhum nos anexos dos Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79. Poroutro lado, a Lei nº 3.529/59 criou a aposentadoria especial de jornalista, concedendo aos jornalistas profissionais quetrabalhavam em empresas jornalísticas o direito à aposentadoria aos 30 anos de serviço.Ocorre que, ao contrário do que arguiu o réu, a conversão de tempo especial em comum não pressupõe impreterivelmentea exposição a agentes nocivos à saúde. Prova disso é a possibilidade do enquadramento por categoria profissional até29/4/1995, quando entrou em vigor a Lei nº 9.032/95. Até a vigência dessa lei, o enquadramento era admitido em razão domero exercício de determinada profissão, sendo desnecessária comprovação de exposição a agente nocivo.O enquadramento da atividade de jornalista também não pressupunha a exposição a fator de risco, bastando a simplescomprovação do exercício da função. Por isso, considero que o tempo de serviço na função de jornalista desempenhadoaté 28/4/1995 pode ser convertido em tempo comum....”

Em conclusão, não há que falar em necessidade de laudo técnico relativamente ao período anterior à Lei nº 9.032/95, vistoque até então a classificação de uma atividade como sendo exercida em condições especiais era feito por meroenquadramento, à luz da legislação de regência.

4. Conclusão: NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.

Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios no montante de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

110 - 0002828-70.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002828-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FLORINDA HEIDEMANNHIFNER (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0002828-70.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002828-4/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, FLORINDA HEIDEMANN HIFNER (faxineira,nascida em 05/10/1956), em face da sentença de fls. 86/88, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimentode auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, em síntese, que continuaincapacitada de maneira irreversível e insuscetível de reabilitação. Requer a reforma da sentença.

2. A autora recebeu benefício de auxílio-doença de 23/01/2008 a 23/03/2008, 11/05/2012 a 21/06/2012 e08/08/2013 a 08/09/2013. Recolheu contribuições como “contribuinte individual” de 01/2002 a 08/2013. Seu pedido inicial éo de concessão do auxílio-doença desde a data do pedido administrativo (nº 544.233.614-5), qual seja, 04/01/2011 (cf.comunicação de decisão de fl. 15), com sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez.

3. Trouxe aos autos somente laudos de período muito anterior à data do pedido administrativo mencionado nainicial (qual seja: o NB 544.233.614-5); o documento mais próximo à data da entrada do requerimento é datado de17/07/2010 e expedido por médico ortopedista (fl. 31). Este informa que o problema da autora piora com esforço físico,estando as demais informações ilegíveis. Ressalto que, tanto os laudos particulares, quanto as duas perícias judiciais,atestam a impossibilidade de a recorrente realizar esforço físico intenso.

4. Foram realizadas duas perícias judiciais. A primeira (fls. 43/44 - 22/07/2011), feita por médico ortopedista, atestou

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que a paciente é portadora de espondiloartrose incipiente. Concluiu pela capacidade da recorrente, mas ressalvou que estadeve evitar carregar peso em excesso.

A segunda (fls. 76/79 - 21/10/2011), realizada por médico cardiologista, atestou que a paciente possui hipertensão arterialsistêmica, osteoporose e doenças ósseas degenerativas difusas. Concluiu pela capacidade da parte autora do ponto devista cardiológico, mas ressalvou que a mesma deve evitar esforço físico intenso.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: a autora éportadora de diversas doenças, entretanto, nenhum médico atestou sua incapacidade; tanto os laudos particulares, quantoas perícias judiciais, convergem para a conclusão de que a recorrente deve evitar esforço físico intenso; a profissão defaxineira requer esforço físico, mas não intenso.

Sendo assim, entendo que a autora não faz jus à concessão do benefício desde 04/11/2011, pois não logrou êxito emdemonstrar que estava incapacitada para a atividade de faxineira. Afinal, um indivíduo pode estar acometido de algum tipode doença e, ainda assim, não estar incapacitado para o exercício de uma atividade específica. Por derradeiro, na hipótesevertente, as condições pessoais da recorrente, em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condãode alterar a conclusão jurisdicional adotada pelo magistrado.

6. Quanto à petição e documentos de fls. 111/116, tratam de fato novo, qual seja, cirurgia (varicectomia bilateral)realizada em agosto de 2013, que ensejou a concessão de auxílio-doença, o que, contudo, não comprova incapacidade emperíodo anterior, mas apenas no período de recuperação pós-cirúrgica, pelo que em nada altera a análise do conjuntoprobatório.

7. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 35).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

111 - 0002665-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002665-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JACK ANDERSON DEAVELINO (ADVOGADO: ADRIANA ALVES DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0002665-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002665-9/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, JACK ANDERSON AVELINO (auxiliar administrativo,nascido em 13/10/1974), em face da sentença de fls. 106/107, que julgou parcialmente procedente o pedido inicialrestabelecendo o benefício de auxílio-doença desde 18/10/2010. Alega o recorrente que houve cerceamento de defesa,pois os quesitos suplementares apresentados às fls. 92/98 não foram respondidos. Pugna pela anulação da sentença eremessa dos autos ao juízo de origem para complementação da prova pericial. Subsidiariamente, requer a conversão doauxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

2. O autor recebeu benefício de auxílio-doença de 06/08/2005 a 30/10/2005 e 02/11/2006 a 18/10/2010. Houveantecipação de tutela, motivo pelo qual atualmente o segurado está recebendo a prestação previdenciária. Foi seguradoempregado de 11/09/1997 a 13/11/2003, 22/03/2004 a 21/05/2004, 09/06/2004 a 30/06/2004, 22/11/2004 a 31/03/2011. Seupedido inicial é o de restabelecimento do auxílio-doença desde a cessação indevida em 18/02/2010 (fl. 30).

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): Ressonância magnética da coluna lombossacra (fl. 22 - 06/04/2010); Laudo médico de ortopedista (fls.25/26 - 24/05/2010) informando todos os procedimentos cirúrgicos aos quais o autor já foi submetido e que conclui pelaimpossibilidade de realização de trabalho com carga, além disso, indica o afastamento permanente do trabalho; Laudomédico de ortopedista (fl. 41 - 06/10/2010), informando que o autor necessita afastar-se das atividades que exijam esforçoda coluna lombar e MMII. Ressalto que os demais laudos e exames constantes dos autos referem-se a período anterior àcessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. Foram realizadas duas perícias judiciais. A primeira (fls. 36/37 - 20/08/2010), feita por médico ortopedista, atestouque o autor possui quadro de hérnia discal lombar, tratado com artrodese da coluna lombar. Concluiu que não háincapacidade, somente restrições (carregar ou levantar peso e realizar esforço físico intenso para a região lombar).

A segunda perícia (fls. 69/77 - 31/03/2011), realizada por médico neurocirurgião, atestou que o paciente possui doença

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degenerativa da coluna lombar. Informou o perito que, no momento do exame, o autor não possuía capacidade laboral, poisapresentava quadro álgico ainda sem controle com os tratamentos estabelecidos. Ressaltou que o recorrente não podiasofrer sobrecarga na coluna. Além disso, informou que a incapacidade é parcial e temporária, pois, apesar de a doença serincurável, sua manifestação incapacitante pode ser controlada com métodos terapêuticos.

5. Quanto à preliminar de cerceamento de defesa entendo que não merece respaldo. Na produção da provapericial, o indeferimento de quesitos não caracteriza violação ao princípio constitucional da ampla defesa, pois o juiz é odestinatário natural das provas produzidas no curso do processo, tendo a liberdade de vetar os questionamentos queentender impertinentes Além do mais, compulsando os autos verifico que os quesitos apresentados não são capazes deacrescentar informações complementares à conclusão da perícia e tampouco de alterá-la. Sendo assim, indefiro aapresentação de quesitos suplementares e, consequentemente, rechaço o pedido de anulação da sentença porcerceamento de defesa.

6. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o autor é portadorde doença incurável, degenerativa da coluna lombar e o tratamento terapêutico adequado pode afastar sua manifestaçãoincapacitante; os laudos particulares acostados aos autos atestam que a incapacidade do recorrente é para atividades queexijam esforço físico ou acarretem algum peso sobre a região lombar; o laudo pericial de fls. 69/77 (neurocirurgião) informaque a incapacidade é parcial e temporária; doença incurável não significa incapacidade definitiva, a primeira pode existirsem que acarrete a existência da segunda; o autor é auxiliar administrativo.

Sendo assim, entendo que o autor não faz jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.A segunda perícia foi clara ao atestar a incapacidade temporária do recorrente, e a primeira sequer detectou incapacidade,apenas informou restrições para atividades que exijam esforço físico, o que não é o caso do recorrente já que exercefunção administrativa. Além do mais, os próprios laudos particulares indicam que a incapacidade é para realização detrabalho com carga.

7. Quanto à petição e documentos de fls. 149/156 (reproduzidos às fls. 157/164), tratam de doença até então nãoaventada nos autos e que, por isso, deve ser objeto de novo requerimento administrativo.

8. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 31).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

112 - 0006433-79.2008.4.02.5001/01 (2008.50.01.006433-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALÉRIA VALENTIMLOURO (ADVOGADO: JALINE IGLEZIAS VIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0006433-79.2008.4.02.5001/01

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VALÉRIA VALENTIM LOURO, em face da sentença de fls. 248/250, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de benefício por incapacidade. Alega o recorrente, em suas razõesrecursais, que há nulidade da sentença por cerceamento de defesa, haja vista que o indeferimento de nova prova pericialmédica, oitiva do perito e de eventuais testemunhas viola o direito à ampla defesa. Aduz que os laudos médicos particularescomprovam sua incapacidade para o trabalho e que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicçãocom outros elementos ou fatos provados nos autos. Assim, requer a baixa do processo ao juizado de origem, paraprodução de nova prova pericial médica, bem como produção de prova oral, ou que no mérito, lhe seja dado provimentointegral.

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Nos autos, há os seguintes laudos particulares:

FolhaTipoData

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Conclusão

33Laudo ocupacional10/04/2008Paciente temporariamente incapacitada para o trabalho.

34Laudo médico25/04/2008O paciente apresenta transtorno codificado como F 41.2 no CID – 10, com sintomas que interferem no seu funcionamentocotidiano e no desempenho de suas atividades profissionais.

35Laudo médico24/04/2008Paciente com impossibilidade de exercer atividades laborativas.

36Laudo médico26/03/2008O paciente apresenta transtorno codificado como F 41.2 no CID – 10 com sintomas que interferem no seu funcionamentocotidiano e no desempenho de suas atividades profissionais.

37Laudo médico26/03/2008Paciente impossibilitada de exercer atividade laborativa.

38Laudo médico19/03/2008O paciente apresenta transtorno codificado como F 41.2 no CID – 10, com sintomas que interferem no seu funcionamentocotidiano e no desempenho de suas atividades profissionais.

39Laudo médico10/03/2008O paciente apresenta transtorno codificado como F 41.2 no CID – 10 com sintomas que interferem no seu funcionamentocotidiano e na capacidade laborativa.

40Receita médica10/03/2008Médico prescreve remédios.

41Laudo médico29/06/2007O paciente apresenta transtorno codificado como F 41.2 no CID – 10, com sintomas que interferem no seu funcionamentocotidiano e na capacidade laborativa

42Laudo médico28/09/2008O paciente apresenta transtorno codificado como F 41.2 no CID – 10 com sintomas que interferem no seu funcionamentocotidiano e na capacidade laborativa.

43Laudo médico25/04/2008Ilegível

44Laudo médico11/03/2008Ilegível

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45Laudo médico28/03/2008Paciente relata dor

46Receita médica21/02/2008Médico prescreve remédios.

47Laudo médico24/03/2008Paciente portadora de diabetes mellitus tipo 2, em tratamento medicamentoso e, ainda, em acompanhamento cardiológico.

48Laudo médico28/03/2008Paciente portadora de diabetes mellitus tipo 2, em tratamento clínico de hipoglicemiantes orais e, ainda, emacompanhamento cardiológico.

4. Submetida à perícia médica judicial na área de psiquiatria (fls. 134/139), em 01/10/2008, a autora não apresentou sinaisde alterações psicopatológicas dignas de nota. Concluiu o perito que não há incapacidade para o trabalho.

5. Em laudo pericial mais recente (fls. 212/215), na área de ortopedia, datado de 24/06/2010, o perito assevera que,provavelmente, a autora seja portadora de artrose de coluna lombar, causadora de sua dor. Ao ser indagado se a doençainduz incapacidade para o trabalho, assegura o perito que não há qualquer limitação laboral. Já em esclarecimentosprestados às fl. 236/238, o perito informou que a autora não apresentou nenhum exame que comprovasse a tendinopatia oua diabetes, e nem exames de sangue com testes reumáticos negativos. Declarou que a diabetes é doença controlável commedicamentos, não sendo causadora de incapacidade. Acrescentou, ainda, que a autora apresentou boa mobilidade dacoluna e membros sem alterações neurológicas ou limitações articulares causadoras de incapacidade.

6. Em que pese os laudos e exames médicos juntados pela autora (fls. 33/48), nos quais consta a existência de problemasortopédicos e psiquiátricos, ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante as períciasmédicas de fls. 134/139 e 212/215, que foram feitos os exames e as análises necessárias à verificação da capacidadelaboral da autora. Não há que se falar em erro ou discrepância no laudo médico do perito judicial. A recorrente não está,nem de forma definitiva nem de forma temporária, incapacitada para suas atividades habituais ou para quaisquer outrasatividades que lhe garantam a subsistência.

7. Com relação ao requerimento da recorrente, a fim de que a sentença seja anulada por cerceamento de defesa, talalegação não merece prosperar. Os laudos periciais em questão foram realizados por profissionais especialistas,competentes e imparciais para efetuar os exames e emitir os diagnósticos, não havendo qualquer insuficiência nosmesmos. O requerimento de prova testemunhal também não merece prosperar, pois a incapacidade para o trabalho équestão técnica, que depende de conhecimento especializado em medicina.

8. Não havendo incapacidade laborativa neste momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõesrecursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.

9. Recurso da autora conhecido e improvido.

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento dos benefícios da justiçagratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página

113 - 0005327-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005327-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ENICIO ANTONIO DE MORAES(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).PROCESSO: 0005327-61.2010.4.02.5050/01

VOTO - EMENTA

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Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social, em face da sentença de fls. 92/93, quejulgou parcialmente procedente o pedido inicial para condenar o réu a conceder o auxílio-doença desde a cessação dopagamento. Alega o INSS, em suas razões recursais, que o benefício previdenciário visa tão-somente substituir aremuneração daqueles segurados que não podem voltar ao trabalho em virtude de incapacidade de desenvolver asmesmas atividades, ou impossibilitados de reabilitação. Logo, a decisão do juízo a quo, ao conceder auxílio-doença,extrapola o fim destinado pela norma interpretada, haja vista sua feição nitidamente assistencial.

Este é o breve relatório. Passo a votar.

Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos.

O autor (53 anos), motorista, teve seu benefício previdenciário de auxílio-doença cessado em 31/10/2009. De acordo com aperícia médica judicial realizada em 26/03/2011 (fls. 45/49), o recorrido apresenta lesão degenerativa do globo ocular direitoe no momento do exame pericial, não possui aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual. A incapacidade étemporária enquanto não passível de tratamento por transplante de córnea. Porém, em resposta de esclarecimento (fl. 66),a perita responde que o requerente tem capacidade para exercer a atividade de operador de microcomputador, atividadepara a qual foi reabilitado, conforme certificado de fl. 61.

Nos autos, há os seguintes laudos e exames médicos particulares:

FolhaTipoDataConclusão

17Topografia corneana computadorizada.11/08/2005Exame realizado no olho direito atesta estigmatismo irregular e dificuldade de boa imagem para topografia.

20Ceratoscopia computadorizada09/08/04Exame realizado no olho direito atesta astigmatismo irregular.

23Laudo oftalmológico17/02/2006Médico relata paciente com baixa acuidade visual grave em seus olhos devido a ceratocone; Acuidade do olho direito nãomelhora com óculos; Paciente com impossibilidade de exercer a profissão, devido a dificuldade para enxergar (motorista decoletivo)

24Laudo oftalmológico24/10/2006Médico relata paciente com baixa acuidade visual em olho direito devido a ceratocone.

25Laudo oftalmológico12/08/2005Médico atesta paciente com baixa acuidade visual no olho direito. Não melhora com correção de óculos. Apresentaastigmatismo irregular na córnea de olho direito e com impossibilidade para a profissão devido a dificuldade para enxergar.

26Atestado médico11/08/2005Médico atesta 2 horas de afastamento de suas atividades diárias.

28Serviço médico – encaminhamento21/02/2006Médico em diagnóstico assevera ceratocone bilateral.

29Laudo médico

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11/02/09Ilegível

30Laudo oftalmológico22/09/2009Médico relata paciente com baixa acuidade visual grave em olho direito

31Laudo oftalmológico21/09/2009Médico relata paciente com baixa acuidade visual em olho direito devido a ceratoocone, inclusive com impossibilidade paraexercer a profissão, devido a dificuldade de enxergar.

32Laudo médico22/09/09Médico solicita exame médico.

Apesar de o perito atestar a capacidade para exercer a atividade de operador de microcomputador, a manutenção doauxílio-doença é acertada, tendo em vista que a reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob oponto de vista clínico e físico. Assim, entendo que a reabilitação profissional é infrutífera, haja vista sua idade (atualmente53 anos), baixa escolaridade e o fato de ter exercido a profissão de motorista por 28 anos (fls. 10/11).

Parece improvável que o autor consiga se reinserir no mercado de trabalho na (suposta) profissão de “operador demicrocomputador”, para a qual foi reabilitado em curso realizado num período de dezessete dias, como bem ressaltado nasentença.

A perícia médica judicial testifica estar o autor incapacitado para o labor habitual (motorista) até ser operado, contudo nãohá lei obrigando o segurado a se submeter a processo cirúrgico para reversão de quadro clínico incapacitante. Nessesentido, aduz o Enunciado nº 51 desta Turma Recursal, verbis: “A intervenção cirúrgica não pode ser condição obrigatóriapara a recuperação da capacidade laborativa”. Logo, não obstante a incapacidade não ser definitiva (recuperação pendentede cirurgia), o autor tem direito ao benefício de auxílio-doença.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

114 - 0000429-05.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000429-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x DARCI COBELARI BROZEGUINI(ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.).PROCESSO: 0000429-05.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000429-9/01)

V O T O - E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 103/107 que julgou procedente o pedidode aposentadoria por idade rural. Alega, em síntese, que faltam documentos aptos a comprovar o cumprimento de todo operíodo de carência necessário à concessão do benefício. Requer, destarte, a reforma da sentença, julgando-seimprocedente o pedido do autor. A parte recorrida apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

A aposentadoria rural por idade será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60anos para homens e 55 anos para mulheres) e exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo períodoexigido em lei, conforme disposições da Lei nº 8.213/91.

Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei nº 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo.

A parte autora apresentou, como início de prova material, os seguintes documentos: Título de eleitor emitido em

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27/05/1970, no qual consta a profissão do autor como lavrador (fl. 15); Certidão de Dispensa de Incorporação, emitida peloMinistério do Exército, datada de 01/07/1970, na qual se declara a profissão do autor como lavrador (fl. 17); Certidão deCasamento do autor, em que consta a profissão do mesmo como lavrador em 23/10/1971 (fls. 16); Certidão de Casamentode filho do requerente, datada de 10/04/1998, em que se menciona a ocupação do autor como lavrador (fl. 22); Ficha decadastro do autor junto à Secretaria Municipal de Saúde de Itaguaçu, datada de 21/07/2009, na qual a ocupação informadaé a de lavrador (fl. 24); Ficha de Internação Hospitalar de 1998, em que se menciona a profissão do autor como lavrador (fl.25); Prontuário hospitalar de 19/07/2002, no qual se menciona a profissão do autor como lavrador (fl. 27); Contrato deParceria Agrícola, firmado em 27/10/2003, com vigência de 03 (três) anos. Em tal documento, também se ratifica o Contratoverbal de Parceria Agrícola existente entre o outorgante e o outorgado desde janeiro de 1990 (fls. 33/34); Contrato deParceria Agrícola, firmado em 28/11/2006, com vigência de 03 (três) anos. Na ocasião, também se ratificou o Contratoverbal de Parceria Agrícola existente entre o outorgante e o outorgado desde 28/10/2006 (fls. 38/39); Termo deHomologação, datado de 17/11/2009, no qual o INSS homologa o exercício de atividade rural pelo autor nos períodos de01/07/1996 a 27/10/2006 e de 28/10/2006 a 13/10/2009 (fl. 72). Destarte, diante de farta documentação trazida pelorecorrente, considera-se preenchido início de prova material.

Alegou o INSS que o próprio autor informou na entrevista rural (fls. 64/65) que só voltou a trabalhar no campo em 1996.Alegou, ainda, que não há, nos autos, documento algum que efetivamente comprove o labor rural no período controverso,entre 1990 (ano de início do contrato verbal de parceria agrícola, ratificado em 2003 – fls. 33/34) e 1996 (período a partir doqual teria o autor afirmado o retorno ao labor no meio rural).

Constatou-se, no entanto, que o recorrido não desenvolveu o labor rural apenas no período homologado pelo INSS, qualseja, entre 1996 e 2009, tendo exercido atividade rurícola, ao menos, entre maio de 1970 e outubro de 1971, conformedocumentação juntada às fls. 15/17. Com efeito. Convém destacar que a lei não exige prova documental com relação atodo o período alegado, isto é, comprovação do labor rural ano a ano. Portanto, ainda que desconsiderado o períodocontroverso retromencionado, não há dúvidas quanto ao exercício da atividade rurícola do autor, antes mesmo queexercesse a atividade urbana e que retornasse ao labor no campo em momento posterior, seja em 1990 ou em 1996. Há,dessa forma, comprovação do cumprimento do período de carência exigido em lei.

Nesse sentido, a prova testemunhal, produzida em audiência, corrobora a prova documental. As testemunhas ouvidasforam coesas e harmônicas ao afirmar que sempre conheceram o recorrido (há cerca de 20 anos) como lavrador, tendo ovisto sempre trabalhando nos locais e pelos períodos constantes nos Contratos de Parceria Agrícola acostados às fls. 33/34e 38/39. Considerando-se a prova documental satisfatoriamente complementada pela prova testemunhal, forçoso éreconhecer-se o direito da parte autora à aposentadoria por idade rural.

Quanto à impossibilidade de extensão da eficácia probatória dos documentos de período muito posterior, suscitada pelaentidade autárquica, ora recorrente, verifica-se que não é o caso. Da análise de todo o conjunto probatório, tem-se, deforma contundente, comprovado que o recorrido laborou no meio rural por período suficiente a preencher a carência de 168(cento e sessenta e oito) meses, conforme o exige o art. 25, II c/c o art. 142, da Lei 8.213/91. Para tanto, basta considerar operíodo entre maio de 1970 e outubro de 1971, bem como o período de julho de 1996 a outubro de 2009, período de tempoefetivamente comprovado, que, por si só, soma mais de 14 anos de labor rural. Assim sendo, impõe-se a manutenção dasentença.

Para além da mera contagem do período, o conjunto dos documentos acostados evidencia a condição de seguradoespecial do autor e o preenchimento da carência. Com efeito, há documentos materiais vários, que não poderiam serproduzidos só com o fito de fraudar a concessão de um benefício, que indicam que o autor foi e é trabalhador rural; reitero oteor da certidão de casamento do filho do autor, emitida em 1998; e dos prontuários de internação do autor, emitidos em1998 e 2002; todos afirmando que o autor é lavrador.

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

115 - 0005439-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005439-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARMENZINDA MARTINS DOCARMO (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).PROCESSO: 0005439-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005439-2/01)

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PREVIDENCIÁRIO – SEGURADO ESPECIAL TRABALHADOR RURAL – INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO– PROVA TESTEMUNHAL SUFICIENTE – RECURSO PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ARMEZINDA MARTINS DO CARMO, em face da sentença de fls. 57/58que julgou improcedente o seu pedido de aposentadoria por idade rural. Alega a recorrente que a não admissão da certidãode casamento como início de prova material, pelo fato de seu esposo ter laborado no meio urbano, vai de encontro àjurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça. Aduz que, para a descaracterização da referida certidão como iníciode prova material, seria necessário comprovar que a atividade urbana exercida pelo cônjuge era suficiente para amanutenção da família, o que não ficou comprovado nos autos. Nesse sentido, revela que o esposo percebe somente umsalário mínimo e destaca que o legislador, a partir da Lei Complementar nº 11/1971, não mais exigiu a exclusividade daatividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. Sustenta que há, nos autos, início de provamaterial suficiente a atestar o exercício da atividade rural pelo período de carência necessário. Alega, por fim, que não sedeve aplicar rigor excessivo na comprovação da atividade rurícola, sob pena de tornar-se infactível, em face daspeculiaridades que envolvem o trabalhador do campo. Requer, destarte, o provimento do recurso, anulando-se a sentença,para determinar a concessão imediata da aposentadoria por idade rural. O INSS não apresentou contrarrazões.

2. A aposentadoria por idade rural será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60anos para homens e 55 anos para mulheres) e comprovação do efetivo exercício de atividade rural, individualmente ou emregime de economia familiar, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondentes à carência do benefício pretendido (art.39, I e art. 48, ambos da Lei nº 8.213/91).

3. Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável àprópria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização de empregado (art.11, § 1º, da Lei 8.213/91).

4. A autora nasceu em 29/08/1949. Atingiu o requisito “idade” no ano de 2004. Apresentou o requerimento administrativoem 25/09/2008 (fl. 46) e este foi indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural,ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício imediatamente anterior aorequerimento ou a data em que implementou a idade exigida necessária.

5. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de Casamento, em que consta a profissão do cônjugecomo lavrador, datada de 23/11/1971 (fl. 13); Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaguaçu, com data deadmissão em 22/09/2008 (fl. 14); Declaração particular, assinada por agricultor, confirmando que a autora laborou em suasterras – Fazenda Zanotti – na condição de meeira, produzindo café e lavouras brancas, de 1987 até fevereiro de 2007;Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR –, referente ao exercício dos anos de 2003 até 2005, relativo à FazendaZanotti, local em que alegadamente teria exercido o labor na condição de meeira (fl. 23); Declaração expedida peloSindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaguaçu, atestando o labor rurícola de 1987 até fevereiro de 2007, como meeira nasterras do Sr. Anízio João Zanotti (fls. 31/32).

6. Ab initio, ressalto que, nos termos da Súmula nº 06 da Turma Nacional de Uniformização - “A certidão de casamento ououtro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova materialda atividade rurícola” – e conforme o disposto no artigo 106, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, entendo perfeitamenteaceitável a documentação erigida e plenamente preenchido o início de prova material.

7. In casu, o juízo a quo, num primeiro momento e de forma acertada, afastou alguns documentos, como a carteira defiliação à entidade de classe e a declaração do sindicato dos trabalhadores rurais, fundando suas razões naextemporaneidade de tal carga documental e, ainda, na ausência de algumas exigências legais que poderiam, secumpridas, configurá-los como início de prova material.

Ocorre, todavia, que o órgão julgador, em ato contínuo à apreciação das provas documentais, afastou também a Certidãode Casamento de fl. 13, em que consta a profissão do esposo da recorrente como lavrador, tomando por fundamento o fatoincontroverso do exercício de labor urbano do cônjuge a partir de 1992, o que prejudicaria, conforme termos exarados pelojuízo de piso, o indício de que a autora tenha exercido atividade rural após o mencionado ano.

8. Por certo, temos, conforme retro explicitado, que o início de prova material foi preenchido. Assim, acertadamente, foipromovido o despacho de fl. 75, convertendo o feito em diligência, no sentido de que o juízo de origem oportunizasse aprodução de prova oral, particularmente testemunhal. Tomado o depoimento pessoal da autora, esta afirmou quetrabalhava como meeira na Fazenda Zanotti, junto com o marido e os filhos, mas não se recorda sobre data alguma;confirmou também que o esposo já trabalhou com carteira assinada em Itaguaçu, tendo citado, inclusive, a Viação MutumPreto como um dos empregadores.

Inquirida a primeira testemunha, o Sr. Geraldo, este afirmou conhecer a autora como meeira há 20 anos, isto é, durantetodo o período em que a mesma laborou nas terras de Anízio Zanotti; disse, ainda, que a recorrente posteriormentetrabalhou no Camuzi e que não se recorda quando esta deixou o meio rural. A testemunha Sr. Jair, informou conhecer aparte autora há 25 anos; que a mesma exerceu labor na Fazenda Zanotti por cerca de 20 anos; que trabalhou durante 03ou 04 anos no Camuzi; que o marido trabalhou com carteira assinada e que os filhos a ajudavam na roça; esclarece,entretanto, que a recorrente agora mora fora da roça, pois adoeceu, mas que há cerca de 10 anos ainda se encontrava em

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atividade no meio rural. Por fim, a terceira testemunha, Sr. Antônio, afirmou que conhece a autora há 20 anos, desdequando a mesma iniciou suas atividades nas terras de Zanotti, capinando e colhendo café, na condição de meeira;informou, também, que o cônjuge a ajudou na roça por um tempo e depois foi trabalhar como vigia, sendo que a autora,mesmo assim, continuou exercendo o labor na roça, inclusive, trabalhando nas terras de Camuzi; relatou que a recorrentemora em Baixo Guandu, que não suportou mais trabalhar no meio rural, pois ficou doente, não sabendo informar quando amesma saiu da roça; destacou que a autora já trabalhava na Fazenda Zanotti com os pais.

9. Quanto ao fato incontroverso relativo aos vínculos trabalhistas mantidos pelo cônjuge da recorrente, desde 1992, no meiourbano (fls. 50/51), destaco o disposto na Súmula 41 da TNU, no sentido de que: “A circunstância de um dos integrantes donúcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Da análise do caso, verifico que o labor urbanoexercido pelo esposo da parte autora não é suficiente para afastar a caracterização do regime de economia familiar e,tampouco, se constitui em fato prejudicial que possa colocar em dúvida o indício de que a autora tenha exercido atividaderural após o mencionado ano. Conforme consulta realizada no CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais – em08/08/2013, foi possível averiguar o valor histórico das remunerações auferidas pelo cônjuge da parte autora quando doexercício de atividade no meio urbano, e as remunerações registradas demonstraram parca oscilação da renda auferida,com variação constante entre um salário até um salário mínimo e meio, fato este que não permite concluir que o trabalhorural da autora seria dispensável à subsistência do grupo familiar.

Nesse sentido, a prova testemunhal, produzida em audiência, corrobora e complementa o início razoável de prova material.As testemunhas ouvidas foram coesas e harmônicas ao afirmar que sempre conheceram a recorrente (há cerca de 20anos) como meeira nas terras do Sr. Anízio Zanotti e também no Camuzi. Relataram que a autora sempre estavacapinando e colhendo café, com a ajuda dos filhos e, temporariamente, com o auxílio do marido. Encontrava-se ainda ematividade no meio rural há cerca de 10 (dez) anos, sendo causa determinante para o seu êxodo rural os problemas desaúde supervenientemente adquiridos. Considero a prova documental satisfatoriamente complementada pela provatestemunhal, de forma a comprovar o efetivo exercício de labor rural por parte da recorrente durante o período de carêncianecessário e exigido em lei.

10. O fato constitutivo do direito restou comprovado. Eventual ausência da autora do meio rural se deu por doença, comorestou evidenciado pelo teor da prova oral; e, portando, não afasta o direito à aposentação.

11. Recurso PROVIDO, para julgar procedente o pedido e CONDENAR o INSS a conceder à autora APOSENTADORIAPOR IDADE como segurada especial, com DIB fixada em 25/09/2008 (data da entrada do requerimento) e renda mensal deum salário mínimo.

ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA jurisdicional, para determinar ao INSS que implante o benefício no prazo de 30(trinta) dias.

CONDENO a entidade ré a pagar à autora o valor das prestações vencidas, respeitada a prescrição quinquenal,devidamente corrigidas e acrescidas de correção monetária, desde o momento em que deveriam ter sido pagas, com baseno INPC (artigo 41-A da Lei nº 8.213/91); e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês desde a citação. Afasto a incidênciado art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 (com a nova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009), tendo em vista o entendimentofirmado pelo STF por ocasião do julgamento da ADI 4357 (registro que a TNU cancelou a súmula 61 na sessão de09/10/2013).

12. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

116 - 0000307-70.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000307-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZABEL OLIVEIRA DEJESUS (ADVOGADO: CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS, PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).PROCESSO: 0000307-70.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000307-5/01)

V O T O - E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto por IZABEL OLIVEIRA DE JESUS, em face da sentença de fls. 61/65, que julgouimprocedente o pedido inicial de aposentadoria por idade rural. Sustenta a recorrente que os documentos juntados sãoprovas idôneas que comprovam o exercício do labor rural no regime de economia familiar, conforme entendimentojurisprudencial pátrio. Destaca que, por meio da certidão de casamento juntada aos autos, comprovou de forma clara, 33anos de trabalho rural. Alega, ainda, que, além da certidão, os documentos recentes, aliados ao excelente conjunto

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probatório material e testemunhal, comprovam que trabalhou durante toda sua vida com atividade rural, nuncadesempenhando outro tipo de atividade. Requer, destarte, a reforma da sentença, julgando-se totalmente procedente opedido inicial.

Inicialmente, importa observar que, em sede de Juizados Especiais Federais, o recurso cabível para impugnar a sentençaprolatada pelo juízo a quo é o recurso inominado. Ainda que, no presente caso, verifique-se que a autora interpôs recursode apelação, é possível considerá-lo, por via do princípio da fungibilidade, como recurso inominado. Verifico, também, atempestividade da peça recursal, haja vista sua interposição no mesmo prazo do recurso inominado, que é de 10 (dez) dias.

Para a concessão do benefício de aposentadoria por idade, na condição de trabalhador rural, é necessário o implemento dorequisito etário bem como comprovação do efetivo exercício de atividade rural, individualmente ou em regime de economiafamiliar, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igualao número de meses de contribuição correspondentes à carência do benefício pretendido (art. 39, I e art. 48, ambos da Leinº 8.213/91). Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família éindispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização deempregado (art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91).

A recorrente nasceu em 06/05/1946 (fl. 17) e veio a requerer o benefício de Aposentadoria por Idade Rural em 02/09/2009(fls. 37/38), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos tão-somente aCertidão de Casamento, celebrado em 16/09/1972, em que consta a profissão do cônjuge como lavrador (fl. 18). Os demaisdocumentos, quais sejam, a certidão de nascimento de uma filha (fl. 19); a certidão de casamento de outra filha (fl. 20); e acertidão de nascimento de um filho - varão - (fl. 21), não contêm informação que possa levar ao convencimento da realcondição de trabalhadora rural da autora.

Quanto à certidão de casamento juntada à fl. 18, na qual consta a profissão do cônjuge como lavrador, verifico que incide aSúmula nº 06 da Turma Nacional de Uniformização, que dispõe: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo queevidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola”.Assim, entendo haver nos autos evidente início de prova, ainda que parco e frágil.

Todavia, em que pese o exercício de atividade rural na ocasião do casamento (no ano de 1972), há que se levar emconsideração que, nos anos posteriores, o cônjuge da recorrente passou a exercer diversas atividades laboraisincompatíveis com a qualidade de segurado especial. Conforme se depreende das informações contidas no CNIS –Cadastro Nacional de Informações Sociais – em fl. 46, a partir de 12/04/1978, o esposo da autora manteve vínculosurbanos em empresas como “Cone Construtora Engenho Ltda” e “Soterra Máquinas e Serviços Ltda”, exercendo diversosvínculos de trabalho longe do meio rural. Tais dados descaracterizam o marido da recorrente como segurado especial, mastão-somente este. Nesse sentido é a Súmula 41, da TNU: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,condição que deve ser analisada no caso concreto”. Assim, há plena possibilidade de que o frágil início de prova materialseja corroborado pela prova testemunhal a fim de comprovar a tese de que a autora esteve, desde o seu casamento (em1972), laborando no meio rural.

Da análise do depoimento pessoal e oitiva das testemunhas, verifico que: a autora afirmou morar em Pedro Canário há 03anos e que antes morava em Pinheiros, onde laborou por cerca de 10 anos nas terras de Badu, como diarista, plantandomandioca e capinando. Trabalhou também na propriedade de Vavá como diarista por muito tempo. A autora pontuou estarseparada há uns 20 anos e atestou veementemente que não está afastada da roça há 30 anos, que não é vendedora, tendosempre trabalhado em atividade rural.

A primeira testemunha, o Sr. Genilson, disse conhecer a autora há uns 20 anos, sempre trabalhando na roça para Vavá eBadu, como diarista; afirmou que, quando a conheceu, a mesma estava casada e logo depois se separou; por fim, afirmouque a autora parou de trabalhar há 01 ano devido às suas doenças e por não suportar o labor rural. Da mesma forma, asegunda testemunha, Sr. José Wilson, informou ter conhecido a recorrente há uns 20 anos em Pinheiros, quando estatrabalhava com roça e mandioca nas terras de Badu e Vavá; atestou que a mesma laborou nessas terras por uns 10 anos,findos os quais, mudou-se para Pedro Canário, onde vive há cerca de 10 anos. Por fim, informou que, após a referidamudança da parte autora, tornou a vê-la diversas vezes em Braço do Rio, quando esta ia mexer com fachos (de eucalipto).

Registro que a autora é analfabeta (cf. cédula de identidade, fl. 17), situação muito comum entre os rurícolas de sua idade(nascida em 1946) residentes no interior deste Estado. Esse mesmo fato – ser analfabeta –, de certa forma, explica a frágilprova documental existente.

Assim sendo, apesar do parco e frágil início de prova coligido aos autos, entendo que a prova testemunhal produzida emaudiência corrobora a prova documental, sendo firme e coesa em atestar o efetivo exercício de labor rural por parte darecorrente após a data do seu casamento e continuamente nos anos posteriores, inclusive após a separação, não havendoque se falar em abandono do meio rural.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO, para reformar a sentença,condenando o INSS ao pagamento do benefício previdenciário de Aposentadoria por Idade Rural, com DIB (data do iníciodo benefício) fixada em 02/09/2009, data do requerimento administrativo.

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ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA jurisdicional, para determinar ao INSS que implante o benefício no prazo de 30(trinta) dias.

CONDENO a entidade ré a pagar à autora o valor das prestações vencidas, respeitada a prescrição quinquenal,devidamente corrigidas e acrescidas de correção monetária, desde o momento em que deveriam ter sido pagas, com baseno INPC (artigo 41-A da Lei nº 8.213/91); e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês desde a citação. Afasto a incidênciado art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 (com a nova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009), tendo em vista o entendimentofirmado pelo STF por ocasião do julgamento da ADI 4357 (registro que a TNU cancelou a súmula 61 na sessão de09/10/2013).

Deverá o INSS informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

117 - 0000044-51.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000044-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA JOSEFA CHAGASPERES (ADVOGADO: DAVID BUNGENSTAB.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).PROCESSO: 0000044-51.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000044-5/01)

V O T O - E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA JOSEFA CHAGAS PERES, em face da sentença de fls. 116/121, quejulgou improcedente o pedido inicial de aposentadoria por idade rural. Sustenta a recorrente que os documentos juntadossão provas idôneas que comprovam o exercício do labor rural no regime de economia familiar, conforme entendimentojurisprudencial pátrio. Requer, destarte, a reforma da sentença, determinando nova audiência de instrução e julgamentopara oitiva de testemunhas, julgando-se totalmente procedente o pedido inicial.

Para a concessão do benefício de aposentadoria por idade, na condição de trabalhador rural, é necessário o implemento dorequisito etário, bem como comprovação do efetivo exercício de atividade rural, individualmente ou em regime de economiafamiliar, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igualao número de meses de contribuição correspondentes à carência do benefício pretendido (art. 39, I e art. 48, ambos da Leinº 8.213/91). Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família éindispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização deempregado (art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91).

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício. Nesse mesmosentido, o enunciado nº 14 desta Turma Recursal.

A recorrente nasceu em 17/10/1944 (fl. 09) e veio a requerer o benefício de Aposentadoria por Idade Rural por idade em04/05/2009 (fls. 72/73 e 77), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural,ainda que de forma descontínua, no período correspondente à carência do benefício imediatamente anterior aorequerimento ou a data em que implementou a idade exigida necessária.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: Declaração doSindicato dos Trabalhadores Rurais de São Mateus/ES, em que consta a sua profissão como lavradora e a informação deque exerceu, na qualidade de segurada especial, as atividades de capina, poda, entre outras, bem como o cultivo de café,milho e mandioca (fls. 15/16); Declaração testemunhal dos irmãos, confirmando o exercício de labor rural (fls. 21/22);Escritura Pública de Compra e Venda de propriedade rural, em que consta o nome do genitor como comprador - outorgado- (fls. 23/27); Escritura Pública de Compra e Venda e Matrícula de Imóvel, datada de 29/05/2001, em que consta arecorrente e seus irmãos como outorgados compradores da propriedade rural anteriormente pertencente ao genitor (fls.28/30); Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR – em nome do genitor (fl. 35); Certificados de Cadastro deImóvel Rural – CCIR – referentes aos exercícios dos anos de 2003, 2004 e 2005, em nome do irmão e outros (fl. 36); eFicha Médica, em que consta a sua profissão como lavradora (fl. 41).

Da Certidão de Casamento de fl. 17, verifico que não consta a profissão da autora e nem a do seu cônjuge. Quanto àCertidão de Casamento dos pais, juntada à fl. 38, em que consta a profissão do genitor como lavrador, não há que se falar

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em enquadramento nas disposições da Súmula nº 06 da Turma Nacional de Uniformização - “A certidão de casamento ououtro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova materialda atividade rurícola”. A referida certidão não pode, assim, ser estendida à parte autora, para fim de caracterizá-la tambémcomo lavradora, uma vez que a condição de trabalhador rural ali explicitada faz referência ao pai, e não ao cônjuge.

No caso dos autos, nenhum documento atesta o labor rural da autora; quando muito, os documentos de fls. 28/30, 35 e 36atestam que, a partir do ano de 2001, a autora realizou compra de imóvel rural anteriormente pertencente ao seu genitor eassumiu, no ano de 2006, juntamente com os irmãos, o encargo relativo ao pagamento do CCIR, o que nãonecessariamente faz presumir seu labor. Ainda que a Súmula 14 da TNU afirme que não é necessário que o documentocubra todo o período da carência, ele precisa atestar o seu início (Súmula 34 da TNU). Não havendo tal prova, somente osdepoimentos afirmando o trabalho não serão suficientes para a concessão do benefício rural.

Ademais, conforme registrou o Juízo a quo, a prova testemunhal produzida revelou-se verdadeiramente frágil e imprecisa;e, ainda que não fosse, é cediço que a prova exclusivamente testemunhal é inadmissível, nos termos da Súmula 149 doSuperior Tribunal de Justiça.

Quanto ao mais, os vínculos urbanos detectados na entrevista administrativa (fl. 66) e comprovados pelos extratos de CNISde fls. 61/62 demonstram que o marido da autora laborou por 3 distintas ocasiões com vínculos urbanos; e na última delas(entre 2008 e 2009) recebia salário superior a mil reais. Tudo isso lança séria dúvida a respeito sobre se o trabalho ruralque a autora (afirma) exercer era de fato indispensável à subsistência.

Registre-se que a autora também manteve vínculo urbano por cerca de dois anos e meio, entre 01/2004 a 05/2006 (fl. 100).

Conclusão: não houve comprovação de que a autora possa ser enquadrada como segurada especial.

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de a recorrente ser beneficiária daAssistência Judiciária Gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

118 - 0001636-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001636-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSEFA DE SOUZAMARQUES (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0001636-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001636-8/01)

V O T O - E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto por JOSEFA DE SOUZA MARQUES, em face da sentença de fl. 84, que julgouimprocedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Alega a recorrente que a atividade urbana exercida por seu filhosomente teria o condão de descaracterizar a qualidade de trabalhadora rural em regime de economia familiar, caso a rendaadvinda do labor urbano fosse suficiente para a manutenção de sua família. Aduz que a renda percebida no meio rural erade suma importância para a manutenção de sua entidade familiar, pois o valor recebido a título de pensão por morte chegaapenas ao montante aproximado de R$ 811,59 (oitocentos e onze reais e cinquenta e nove centavos). Assim, ressalta quetal quantia não supre as necessidades básicas de qualquer família brasileira, de modo que exercia o labor rural em regimede economia familiar com o objetivo de auxiliar na subsistência de sua família. Requer, destarte, o total provimento aorecurso, anulando-se a sentença, para que seja determinada a concessão imediata da aposentadoria por idade rural. Aparte recorrida apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável àprópria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização de empregado (art.11, § 1º, da Lei 8.213/91).

A recorrente nasceu em 10/12/1951 (fl. 12) e veio a requerer o benefício de Aposentadoria por Idade Rural em 13/01/2010(fls. 51/52), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de formadescontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento ou à data em que implementou a idade mínima exigida.

O fato de a autora perceber pensão por morte desde 04/02/1994 (fls. 59/60), decorrente de atividade urbanadesempenhada pelo falecido filho, não necessariamente impediria a qualificação da mesma como segurada especial, desdeque ficasse comprovada a indispensabilidade do labor rural para a subsistência familiar. Não é este o caso. Além dereceber a renda decorrente da pensão acima referida, constato, após análise detida do CNIS – Cadastro Nacional de

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Informações Sociais (realizada no sistema eletrônico em 02/08/2013) – relativo ao cônjuge da recorrente, que este exerceutambém atividade urbana, em cargo comissionado, de 2005 até o ano de 2008, vinculado ao Município de Baixo Guandu.

A Súmula 41, da TNU, é no sentido de que: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenharatividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição quedeve ser analisada no caso concreto”. Ora, da análise do caso, restou comprovado, todavia, quanto ao período que sepretende provar como sendo de efetivo exercício de atividade rural em regime de economia familiar, que houve exercício deatividade urbana, desempenhada pelo cônjuge da autora (além da pensão recebida por causa da morte de seu filho) -conforme as análises dos extratos do CNIS -, constituindo-se a renda obtida no meio urbano, conjuntamente com a rendaobtida da pensão por morte, como o principal meio de sustento do núcleo familiar. Nesse sentido, destaco, inclusive, que arecorrente e seu esposo percebem atualmente, a título de pensão por morte, o valor global de R$ 973,45 (novecentos esetenta e três reais e quarenta e cinco centavos), muito superior ao valor do salário mínimo. Logo, é inviável qualificar aautora como segurada especial.

A jurisprudência dominante do STJ e da TNU é no sentido de que o exercício da atividade rural deve ser indispensável paraa subsistência do trabalhador. Não restando configurada tal situação, impõe-se a improcedência do pedido.

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de a recorrente ser beneficiária daAssistência Judiciária Gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

119 - 0001450-52.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001450-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ZELI MARIA DE OLIVEIRA ROCHA(ADVOGADO: Bernard Pereira Almeida, MIRIAN TEREZA SILVEIRA DE CARVALHO MARQUES.).PROCESSO: 0001450-52.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001450-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 119/121, que julgouparcialmente procedente o pedido inicial e condenou a autarquia previdenciária a restabelecer o benefício previdenciário deauxílio-doença, desde a data do requerimento administrativo, em 28/06/2005, e a converter tal benefício em aposentadoriapor invalidez a partir da data da prolação da sentença. Informa o recorrente que o Juízo a quo não analisou o requisito“carência”, motivo pelo qual o deferimento do benefício foi indevido. Apontou que a autora não é segurada especial, nãohavendo qualquer documentação que indique exercício de atividade rural.

É o breve relatório. Passo a votar.

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quandofor o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, por sua vez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, serádevida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitaçãopara o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A autora recolheu contribuições como “contribuinte individual” entre abril de 1991 e junho de 1993 e entre agostode 1993 a março de 1994. Teve vínculo empregatício entre 01/07/2004 e 01/02/2005, como faxineira.

O pedido administrativo de auxílio-doença foi apresentado em 28/06/2005 (fl. 09). O indeferimento deu-se em virtude de nãoter sido comprovada a carência de 12 contribuições mensais. A autarquia deixou claro, no comunicado de indeferimento,que foi comprovada a incapacidade para o trabalho pela perícia médica. Sendo assim, reputo como controversa apenas acarência, motivo pelo qual passo a analisá-la.

Como contribuinte individual, a autora recolheu contribuições por um período de 02 anos e 11 meses. Perdeu a qualidadede segurada em 16/05/1995. Quando reingressou no sistema, em 01/07/2004, precisaria realizar o pagamento de, pelomenos, 1/3 da carência do benefício postulado para reaproveitar as contribuições passadas já pagas. No momento dopedido administrativo (28/06/2005), a segurada havia recolhido mais de 1/3 da carência do benefício pleiteado. Entretanto,sustenta o INSS que a data de início da incapacidade foi fixada em 07/07/2004, logo no primeiro mês em que a autoraretornou ao trabalho, motivo pelo qual os 04 (quatro) meses de contribuição (1/3 de 12 meses) não foram recolhidos atempo.

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4. O INSS sustenta que a data de início da doença foi 01/07/2004 e que a data de início da incapacidade foi07/07/2004. A perícia administrativa ocorreu em 28/06/2005. O diagnóstico principal foi de “bursite do ombro” e odiagnóstico secundário, “tendinite calcificada”. Entretanto, a autarquia previdenciária não juntou aos autos os documentosque demonstram que a incapacidade já existia em 2004 e sequer explica o porquê de o perito ter fixado a data de início dadoença em 01/07/2004 e, apenas 06 dias depois (07/07/2004), a data de início da incapacidade.

Tais datas constam do documento de fl. 16 (ou 15, na numeração antiga).

Ora, as referidas datas não podem ser fixadas arbitrariamente e o fato de a autora ter iniciado vínculo empregatício em01/07/2004, como faxineira, faz presumir que ainda tinha capacidade laboral. Ressalte-se que o perito judicial fixou a datade início da doença em 24/06/2005, com base no atestado do médico particular da autora (ortopedista), cuja declaração é aseguinte: paciente apresenta lesão tendinosa de gravidades variadas do manguito rotador do ombro direito com indicaçãocirúrgica. Não tem condições de exercer suas atividades laborativas.

Sendo assim, não há documento capaz de comprovar que a parte autora estava incapaz em julho de 2004, mas apenas apartir de junho de 2005, o que torna possível a concessão do benefício por incapacidade, preenchendo o requisito discutidopelo recorrente, qual seja, carência.

Registro que o INSS fora intimado a apresentar os registros existentes em seu sistema SABI (cf. despacho de fl. 54, ou fl.48 na numeração antiga). Não obstante intimado, o INSS não anexou aos autos tais informações. À luz do exposto, nãodispondo das razões pelas quais o INSS deliberou fixar o início da incapacidade em 07/07/04, só posso depreender queessa foi arbitrária. E, por conseguinte, devo adotar a conclusão da perícia judicial a respeito desse ponto, tal qual fez oJuízo a quo.

5. Por fim, deixe-se claro que a concessão do benefício foi analisada considerando-se que a recorrida é seguradaempregada, e não segurada especial. Tanto o extrato do CNIS quanto as cópias da CTPS levam a tal conclusão, nãohavendo que se falar em início de prova material que comprove exercício de atividade rural.

6. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento. Sentença mantida.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

120 - 0006098-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006098-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LILIAN CHRISTINALEPPAUS FERREIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO: 0006098-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006098-9/01)VOTO – EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por LILIAN CHRISTINA LEPPAUS FERREIRA, em face da sentençade fls.59/60, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença NB 541.211.289-3desde a cessação, em 05/08/10, e o recebimento dos valores atrasados referentes ao período de 09/03/10 a 03/06/10.Afirma a recorrente, em suas razões recursais, que o cargo que exerce (auxiliar de serviços gerais) requer um ótimocondicionamento físico e integridade nas articulações, o que não ocorre no seu caso por haver limitações em seu cotovelodireito. Argumenta que a documentação médica existente nos autos comprova sua incapacidade em momento anterior aodeferimento do benefício na via administrativa. Salienta, por fim, que é portadora de doenças crônicas e progressivas como:Síndrome do Manguito Rotador; Bursite Subacromal/Subdeltoidea Bilateral; Epicondilite Lateral do Cotovelo Direito;Síndrome do Túnel do Carpo (fls.76/77).

2. A controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade laboral.

A recorrente, auxiliar de serviços gerais, atualmente com 35 anos de idade, recebeu auxílio-doença previdenciário noperíodo de 03/06/10 a 05/08/10, auxílio-doença por acidente do trabalho no período de 08/12/10 a 15/07/11 (fl.58) e novoauxílio-doença no período de 11/05/2012 a 02/10/2012, conforme verificado em consulta ao sistema PLENUS, realizada em09/09/2013.

Conforme perícia médica judicial, realizada em 23/05/2011 (fls. 39/40), foi confirmado a autora ser portadora de EpicondiliteLateral do Cotovelo Direito (quesito n° 1). O perit o concluiu, porém, não haver incapacidade laborativa (quesito n° 9),apresentando a autora exame físico sem alteração funcional (quesito n° 2). Baseou sua conclusão em dad os obtidos emexame clínico, além de exame de ultrassonografia do cotovelo direito e de raio x da coluna cervical (quesito n° 3). Por fim,afirmou não haver risco de morte ou de agravamento da doença se a autora continuar a exercer sua atividade laboral(quesito n° 10), devendo realizar mudanças periódic as de atividades (quesito n° 15).

A recorrente trouxe aos autos os seguintes documentos probatórios:

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Folha

TipoDataConclusão

14Laudo Médico29/11/10Médico relata oxofitose cervical discreta + tendinopatia comum dos extensores junto ao epicôndilo lateral.

15Laudo Médico21/10/10Médico relata epicondilite lateral de cotovelo direito + oxofitose lombar incipiente.

16 e 18Laudo Médico21/09/10 e 03/08/10Médico relata oxofitose cervical/incipiente + tendinopatia comum dos extensores junto ao epicôndilo lateral.

17 e 19

Laudos Médicos24/09/10 e 08/07/10Médico relata tratamento fisioterápico de epicondilite lateral do cotovelo direito.

20 e 22Laudos Médicos22/06/10 e 08/03/10Médico relata epicondilite medial de cotovelo direito.

21Laudo Médico06/05/10Médico relata epicondilite lateral de cotovelo direito e dificuldade de a paciente retornar ao trabalho.

23Laudo radiológico de Coluna Cervical AP e Perfil13/10/10Médica Radiologista atesta corpos vertebrais de altura e alinhamento posterior mantidos com osteófitos anteriores; espaçosdiscais conservados; processos unciformes preservados; e retificação do eixo cervical.

24/29Ultrassonografia do Cotovelo Direito16/06/10Tendão comum dos extensores junto ao epicôndilo lateral de calibre aumentado, contornos regulares e com redução daecogenicidade, compatível com tendinopatia e sem sinais de discontinuidades.

25 ( e 28)

Ultrassonografia do Cotovelo Direito03/03/10Tendão comum dos extensores junto ao epicôndilo lateral de calibre aumentado, contornos regulares e com discretaredução da ecogenicidade, compatível com tendinopatia e epicondilite.

26Laudo radiológico de Coluna Cervical AP/ Perfil/ Oblíquas21/07/10Corpos vertebrais de altura e alinhamento posterior mantidos com osteófito anterior em C6 e C7, espaços discaisconservados, processos unciformes preservados e forames de conjugação de boa amplitude.

27Ultrassonografia do Cotovelo Direito20/10/10Tendinopatia do comum dos extensores junto ao epicôndilo lateral, com espessura aumentada e hipoecogênico, em sinaisde descontinuidades, envolto por halo de endema.

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46Ultrassonografia do Braço Esquerdo25/05/11Líquido no tendão do cabo longo do bíceps compatível com tenossinovite. Líquido no plano da bursa subacromialsibdeltoidea compatível com bursite discreta.

47Ultrassonografia do Cotovelo Direito16/02/11Tendinopatia do comum dos extensores com espessamento, hipoecogenicidade e envolto por tênue endema.

48, 49 e 50Laudos Médicos17/05/11, 11/03/11 e 25/02/11Médico relata tendinopatia comum dos extensores + estiramento e edema do ligamento colateral externo do cotovelodireito.

51Laudo Médico

23/11/10Médico relata oxofitose cervical discreta + tendinopatia comum dos extensores junto ao epicôndilo lateral.

52Laudo Médico21/10/10Médico relata epicondilite lateral de cotovelo direito + oxofitose lombar incipiente.

78Laudo Médico01/10/12Médico relata quadro álgico mantido o nível de ombro Esquerdo após 22 sessões de fisioterapia. Dor aos pequenosesforços. Orientada a consultar especialista em ombro para definição de nova conduta. Sem condições físico-laborais.

8. Os laudos particulares de fls. 18, 19, 20, 24, 26 e 29 retratam período em que a autora recebia o benefício deauxílio-doença. Os laudos de fls. 46 a 50 retratam período em que a autora recebia auxílio-doença por acidente do trabalho.O laudo de fl. 17 não identificou seu subscritor, tendo o seu valor probatório prejudicado.

9. Laudo de fl. 78: fato superveniente dissociado da causa de pedir.

Esse documento foi anexado já na via recursal.

O laudo de fl. 78, trazido aos autos após a sentença, aduz a autora não possuir condições físico-laborais, contudo relatapatologia no ombro esquerdo, sendo que os demais laudos, inclusive da perícia médica judicial, concluíram haver patologiano cotovelo direito. Por fim, os demais laudos não afirmam que a autora estivesse incapaz para o labor.

Esse documento – de fl. 78 – NÃO deve ser conhecido por esse Juízo por ocasião do julgamento do presente recurso.Afirmo-o porque o mesmo refere a uma moléstia que NÃO foi mencionada na causa de pedir da petição inicial. Portanto,configura fato superveniente dissociado da causa de pedir, cujo conhecimento importaria em afronta ao contraditório.

Por conseguinte, a análise judicial de eventual incapacidade com base na moléstia ali mencionada (patologia no ombroesquerdo) somente pode ser efetivada por meio de nova ação judicial.

10. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia judicial de fls. 39/40, que aautora possuía, ao tempo da perícia, aptidão para suas atividades laborativas habituais. No que tange à incompatibilidadedo laudo particular e da perícia médica judicial, assim dispõe o Enunciado nº 08 desta Turma Recursal, “O laudo médicoparticular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudopericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

11. Não há dúvida acerca da existência da doença que aflige a autora. Entretanto, o que se discute é o fato de que não setrata de doença incapacitante. Ora, um indivíduo pode estar acometido de algum tipo de doença e, ainda assim, não estarincapacitado para o exercício de uma atividade específica, como se mostra o presente caso. Apesar de ser portadora depatologia já relatada, a recorrente possui aptidão física e mental para exercer a atividade de auxiliar de serviços gerais,atingindo a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma categoria profissional.

12. Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (auxiliar de serviços gerais; 35 anos), em

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cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão adotada na sentença.

12. Recurso conhecido parcialmente (não conhecido no que refere à moléstia mencionada no documento de fls.78,anexado já em fase recursal) e IMPROVIDO. Sentença mantida.

13. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

121 - 0000006-42.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000006-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DALVINA MORAESREZENDE (ADVOGADO: ELIAS ASSAD NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).PROCESSO: 0000006-42.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000006-0/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por DALVINA MORAES REZENDE, em face da sentença de fls.79/80, quejulgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez.Afirma a recorrente, em suas razões recursais, que possui acuidade visual zero no olho direito, tendo crises de doresconstantes, sem qualquer projeção luminosa, em decorrência de catarata total e pressão ocular. Aduz que foicontraindicada cirurgia na lesão monocular, necessitando de analgésicos, e que foi indicada injeção retro bulbar parasupressão de dor decorrente da pressão ocular. Alega, também, ter o perito concluído por sua incapacidade parcial edefinitiva, sugerindo auxílio-doença para poder eviscerar olho direito. O juízo a quo julgou haver capacidade laboral, por setratar de atividade (empregada doméstica) que pode ser exercida normalmente com visão monocular.

É o breve relatório. Passo a votar.

2. O auxílio-doença, conforme art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso,o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. Inicialmente, verifica-se que não há discussão acerca do cumprimento do período de carência da autora nem de suaqualidade de segurada. A controvérsia cinge-se, portanto, quanto à existência ou não de incapacidade laboral.

4. A recorrente, atualmente com 46 anos de idade, recebeu benefício previdenciário de auxílio-doença no período de20/09/1999 a 03/08/2009.

5. O INSS, em suas contrarrazões (fls.89/92), alegou que a recorrente não está incapaz para sua atividade laborativa, poisesta pode ser normalmente exercida com visão monocular. Requer, portanto, seja dado improvimento ao recurso.

6. Conforme perícia médica judicial, realizada em 14/04/2010 (fls. 55/57), foi confirmado a autora ser deficiente visual doolho direito, decorrente de seqüela de infecção, sentindo dores constantes. O perito ressaltou não haver condições derecuperação, concluindo haver incapacidade parcial definitiva. Indicou cirurgia e injeção retro bulbar para alívio da dor,sugerindo auxílio-doença para poder haver evisceração no olho direito e prótese. Ressaltou, por fim, ter a autora visãomonocular, apresentando em seu olho esquerdo acuidade visual normal, estando acometida, também, de doençapsiquiátrica.

7. A recorrente trouxe aos autos os seguintes documentos probatórios:

Folha

TipoDataConclusão

20, 21

Laudos Médicos

28/02/08 e 28/08/08

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Médico relata catarata secundária no olho direito pós uveite posterior de longa data. Quadros de dor devido a aumento dapressão intraocular. Acuidade visual: OD= Amaurose; OE=20/20. Não existe indicação de cirurgia.

22

Laudo Médico

13/03/07Médico relata catarata total no olho direito e aumento da pressão ocular. Acuidade visual zero. Foi avaliada em 1998 eapresentava lesão macular cicatrizada com início de catarata sendo contraindicado cirurgia. Refere dor ocular, fazendo usode analgésico. Indicações: Evisceração. Poderá fazer injeção retro bulbar para tentativa de supressão da dor. OlhoEsquerdo Normal.

23Prescrição de Óculos10/07/09Perto; OD= +1,50; OE = +1,50.

24 a 36Receituários2005 a 2009Sem conclusão

37Laudo MédicoSem data“Ao Fisioterapeuta, Túnel do Carpo?”

38

Laudo Médico

17/03/06Médico relata quadro depressivo reativo e uso de medicamentos, bem como reencaminhamento para acompanhamentocom psiquiatra.

39

Laudo Médico

20/03/06Médico indica continuação de acompanhamento psiquiátrico.

41/42

Laudo Oftalmológico

26/05/06

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Médico relata acuidade visual/cegueira total sem chance de recuperação com cirurgia de catarata, e queixa de dor no olhodireito ao constante esforço visual.

8. Ora, nota-se que todos os documentos juntados pela autora retratam data em que estava recebendo o benefícioprevidenciário, bem como relatam deficiência no olho direito ou prescrevem medicamentos, mas não relatam haverincapacidade laborativa. Não há nenhum documento particular com data posterior à cessação do benefício (03/08/2009)que ateste a incapacidade da recorrente.

9. Não há dúvidas acerca da existência da deficiência visual que aflige a autora. Entretanto, o que se discute é o fato de quenão se trata de doença incapacitante ao labor. A autora, apesar de possuir visão monocular, tem capacidade para exercer otrabalho de doméstica, tendo em vista que esta atividade não necessita de visão perfeita ou a uma curta distância dos olhoscomo requer a de um médico cirurgião, por exemplo. A recorrente, portanto, possui aptidão física e mental para exercer suaatividade laborativa, atingindo a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores de suamesma categoria profissional.

10. Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (46 anos; empregada doméstica) em cotejocom os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão adotada na sentença.

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

12. Custas ex lege. Sem honorários, tendo em vista que a recorrente é beneficiária da assistência judiciária gratuita (fl. 52).É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

122 - 0001927-55.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.001927-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NATANAEL CAMARGO DESOUZA (ADVOGADO: SILVANIA APARECIDA DA SILVA ABILIO, Marco Aurélio Rangel Gobette, FLAVIO NARCISOCAMPOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGOJUNQUEIRA.).PROCESSO: 0001927-55.2011.4.02.5001/01

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgouimprocedente a pretensão de concessão do benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que o magistrado utilizou, como forma de convencimento, apenas o laudopericial, deixando de observar os demais laudos médicos acostados aos autos que atestam sua incapacidade. Alega,ademais, que houve cerceamento de defesa, ante o indeferimento do pedido de realização de nova perícia eesclarecimento dos quesitos. Dessa forma, requer seja anulada a sentença e julgados procedentes os pedidos deduzidosna inicial. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. Descabido o pleito de anulação em razão do indeferimento dos quesitos complementares e da realização denova perícia. O direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não implicacerceamento de defesa, sobretudo quando o quesito proposto é prescindível à elucidação do quadro clínico, como nahipótese vertente. Como bem lançado pelo magistrado, os quesitos formulados já se encontram superados pela firmeconclusão pericial.

3. No recurso o autor aduziu que “... embora conste em sua CTPS a atividade de TRATORISTA, como trabalhadorrural, o ora Recorrente exercia várias funções, que ia desde a função de tratorista, bem como o trato com os animais dafazenda, e o trabalho na lavoura de cana, com o corte, carregamento, armazenamento e moenda da cana, ou seja,atividades que implicam em constante esforço físico, bem como no constante carregamento de peso, situação que deve serevitada, de acordo com o próprio LAUDO PERICIAL.” (fl. 102).

Ocorre que na inicial, por mais de uma vez, o autor afirmou ser tratorista; e não fez menção a alguma outra função queexercesse de forma concomitante e que reclamasse o emprego de força física.

Uma vez que o próprio autor afirmou ser tratorista e não acrescentou nenhuma outra função, naturalmente o Juízo a quoanalisou o teor do laudo pericial à luz da função de tratorista, como se depreende do primeiro parágrafo de fl. 98. Nãopoderia agir de outro modo, à luz do que alegou o autor em seu recurso.

Dentro desse contexto, as várias atividades que o autor, apenas agora, em sede recursal, afirma exercer, configuramevidente inovação recursal, que não pode ser aqui aceita sob pena de comprometer-se a garantia do contraditório.

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3. O autor, tratorista, recebeu auxílio-doença por acidente do trabalho de 30/08/2009 a 14/12/2009. Posteriormente,de 08/11/2010 a 03/12/2010, recebeu auxílio-doença previdenciário. No pedido de prorrogação, teve seu benefícioindeferido sob o argumento de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, incapacidade parao trabalho ou para a atividade habitual.

Na análise pericial do Juízo (fls. 80/81), elaborado em 04/07/2011, o recorrente (atualmente com 51 anos de idade) foiexaminado e diagnosticado com artrose na coluna lombar, patologia de ordem degenerativa que, no entanto, não oincapacita para o desempenho de sua atividade habitual de tratorista (quesito n° 9 - 80). Ao ser quest ionado sobre ascaracterísticas da doença, o perito respondeu que “a artrose é uma afecção de caráter degenerativo das articulações docorpo humano de evolução lenta e normal a todos os seres humanos. Durante o exame pericial não se evidenciou sinais ousintomas que o incapacite para trabalho” (quesito n° 2 – fl. 80).

Como a lide limita-se à não-prorrogação do benefício de auxílio-doença previdenciário após 03/12/2010, relaciono abaixo osdocumentos colacionados pelo autor e que se referem a tal período (documentos ilegíveis ou sem data serãodesconsiderados).

FolhaTipoDataConclusão

42Laudo médico (cirurgião de ombro)17/12/2010Médico relata dor e limitação funcional do ombro esquerdo por síndrome do impacto grau I + artrose acromioclavicular.Necessita de tratamento cirúrgico artroscópico. Sem condições de trabalho.

44Laudo médico05/11/2010Laudo parcialmente ilegível. Paciente com lombalgia.

45Atestado médico24/10/2010Paciente necessita de 15 (quinze) dias de afastamento do trabalho.

49Cintilografia óssea23/11/2010Reações osteogênicas em locais citados por prováveis processos osteoarticulares degenerativos e/ou inflamatórios.

52Exame médico19/11/2010Osteófitos marginais nas vértebras lombares; espaços discais preservados; pulmões com transparência normal; hilos semalterações apreciáveis; seios costofrênicos livres; área cardíaca normal; cabeças femorais esféricas com superfíciesregulares; esclerose do bordo acetabular superior; articulações sacro-ilíacas de aspecto anatômica e ausência decalcificação patológicas.

O único laudo que descreve a incapacidade para o trabalho em data posterior à cessação do benefício é o de fl. 42 (datadode 17/12/2010). Em tal laudo, o médico particular descreve que o paciente relata dor e limitação funcional do ombroesquerdo por síndrome do impacto grau I, mais artrose acromioclavicular. No entanto, em 04/07/2011, o perito judicial(ortopedista) apenas diagnosticou artrose na coluna lombar, indicando que o autor estava apto ao trabalho e que deveriaevitar carga de peso extremo em coluna lombar. A necessidade de cirurgia sequer foi cogitada pelo perito judicial. Quanto àartrose, o perito deixou claro que se trata de afecção de caráter degenerativo das articulações do corpo, de evolução lenta enormal a todos os seres humanos.

Resta evidente que não há dúvidas acerca da existência de doenças ortopédicas que afligem o autor. Entretanto, o que sediscute é o fato de que estas não se tratam de doenças incapacitantes (que levem à incapacidade laboral do recorrente).Ora, um indivíduo pode estar acometido de algum tipo de doença e, ainda assim, não estar incapacitado para o exercício deuma atividade específica. É o caso do autor. Apesar de ser portador de algumas patologias ortopédicas já relatadas (artrosena coluna lombar), o recorrente possui aptidão física e mental para exercer a atividade de tratorista.

Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais do recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.

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Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

4. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Registro que este julgamento tem conteúdo declaratório negativo. O julgamento reporta-se à data do último elemento deprova que há nos autos (laudo pericial). Logo, a eventual propositura de nova demanda com causa de pedir relativa aperíodo posterior ao referido elemento de prova não importará em identidade entre esta ação e a hipotética ação futura.

Sem custas, nos termos da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

123 - 0003809-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003809-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x MOISES CASTORINO BRANDÃO (ADVOGADO:EDUARDO BELLIDO BARRETO.).PROCESSO: 0003809-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003809-1/01)

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 225/227 (complementada pelasentença de fl. 261), que julgou procedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria por invalidez com DIB em30/07/2010. Alega o recorrente, em síntese, que o primeiro perito (pneumologista) atestou que a incapacidade do autor étemporária e que seria prematuro atestar incapacidade definitiva; enquanto o segundo perito (psiquiatra) não diagnosticouqualquer incapacidade. Sustenta que não há provas de que a incapacidade do autor é total e definitiva. Requer, assim, areforma da sentença. Pela eventualidade, pugna pela realização de nova perícia médica ou que a DIB seja fixada na datado exame pericial.

2. O autor (nascido em 03/11/1965) recebeu benefício de auxílio-doença entre 29/10/2009 e 29/07/2010 (extratoCNIS). Na peça inicial, indicou ser “pastor”. Teve diversos vínculos empregatícios, com início em 22/04/1986. Apresentatambém recolhimentos como “contribuinte individual”. Ressalto que o autor obteve antecipação dos efeitos da tutela em25/10/2010.

3. Trouxe aos autos diversos laudos e exames médicos, emitidos entre 2009 e 2010, que indicam a diminuição desua capacidade respiratória, derrame pleural esquerdo com espessamento e inflamação crônicos, além de asma crônica.

4. A perícia médica judicial (fls. 89/93) foi realizada em 05/10/2010. A perita atestou que o periciado apresenta duasafecções pulmonares: lesão sequelar no pulmão esquerdo de um provável empiema (pus na cavidade torácica) ocasionadapor uma infecção bacteriana ou tuberculosa, e asma que se agravou após a doença citada anteriormente; informa que, emabril de 2009, a doença já era bastante avançada com sinais e sintomas que restringiam a capacidade laborativa; afirmaque, no momento da perícia, a incapacidade é total para qualquer atividade laborativa; indica que a lesão fibrocicatricial édefinitiva, mas, por si só, não traria a incapacidade laboral; informa que a asma que acomete o aparelho respiratório causacrises de broncoespasmo que pioram a condição funcional do pulmão esquerdo; declarou que o caso em questão trazdúvidas entre a incapacidade temporária e a definitiva, porém, revela que, certamente, há perda funcional de 60 % dacapacidade respiratória e baixa capacidade cardiopulmonar; indicou perícia com médico psiquiatra para avaliar o nível deansiedade e stress do autor.

O médico perito psiquiatra afirmou que o autor é portador de transtorno de ansiedade desde o início de 2009, entretanto,encontrava-se sem sinais ou sintomas da doença no momento da perícia. Informou que não constatou qualquerincapacidade para o trabalho do ponto de vista psiquiátrico. A perícia foi realizada em 06/05/2011.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: os laudosparticulares são claros ao atestar a incapacidade funcional que acomete o autor em virtude de suas doenças respiratórias; aperita médica (pneumologista) declarou que a incapacidade, no momento da perícia, era total; quando à definitividade daincapacidade, a própria perita ficou em dúvida, porém, entendo que a dúvida suscitada surgiu em virtude de haver nosautos laudo particular indicando que o autor estava em estágio terminal (prognóstico que a pneumologista não quis proferir);a capacidade atestada pelo médico psiquiatra não guarda qualquer relação fática com a peça inicial (a uma, porque o autornão indicou sofrer problemas psiquiátricos e, a duas, porque tal perícia foi marcada apenas para esclarecer se a ansiedadeque agrava a asma seria de origem psiquiátrica).

Sendo assim, entendo que o autor faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez desde o momento da cessação do

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benefício de auxílio-doença (29/07/2010), tendo em vista que todos os indícios apontam que seu quadro pneumológico nãopoderia ter melhorado em julho de 2010 (na época da cessação do benefício), mas sim se agravado, em virtude da própriaevolução da doença da qual é portador. Concluo, portanto, que a cessação do benefício por parte do INSS foi indevida.Quanto à alegação recursal de que o benefício de aposentadoria por invalidez não seria devido, entendo que talposicionamento não merece prosperar. Atualmente, o autor não pode sequer ser reabilitado devido às crises de broncoespasmo que pioram a condição do pulmão esquerdo que, por sua vez, apresenta lesão fibrocicatricial definitiva. Ademais,o cirurgião torácico afastou a possibilidade de cirurgia por risco de morte superior a 70%. Desta forma, a aposentadoria porinvalidez é devida, mas nada impede que o INSS, no futuro, entendendo que houve mudança nas condições físicas doaposentado, venha a rever o benefício concedido, nos moldes do art. 42 da Lei nº 8.213/91.

6. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10 %sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

124 - 0002570-94.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002570-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CREUZA PEREIRA SALES(ADVOGADO: MARCELOS FERNANDES TEIXEIRA MELLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0002570-94.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002570-9/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por CREUZA PEREIRA SALES, em face da sentença de fls. 145/147,que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde a data da cessação, em28/05/2009. A recorrente alega, preliminarmente, o cerceamento de defesa, uma vez que protocolizou quesitossuplementares e o juízo de piso os indeferiu, impossibilitando que houvesse maiores esclarecimentos acerca dos conflitos ea inconsistência do laudo judicial. Requer o retorno dos autos ao juízo de origem para que sejam respondidos pelo perito osquesitos supramencionados. No mérito, alega que o próprio perito afirmou em seu laudo que a doença é degenerativa eevolutiva, o que demonstraria a perpetuação do seu estado patológico incapacitante. Requer a reforma da sentença,concedendo-se o restabelecimento do benefício suspenso.

2. A parte autora, costureira, 2º Grau Completo, nascida em 01/07/1971, recebeu benefício de auxílio-doença entre15/06/2005 e 20/05/2006; 29/06/2006 e 28/02/2007; 24/08/2007 e 28/05/2009. Manteve vínculo empregatício entre02/10/1995 e 20/01/1999 e 09/09/2003 e 14/06/2005 (Monna Indústria do Vestuário Ltda).

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): solicitação médica de ressonância magnética da coluna cervical, devido à discopatia degenerativa (fl. 30 –05/05/2010); e um atestado de frequência regular nas aulas de hidroginástica na academia (fl. 33 – 05/05/2010). Ressaltoque os demais laudos e exames constantes dos autos referem-se a período anterior à cessação do benefício, quando aincapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fls. 108/115) foi realizada em 18/08/2010. O perito diagnosticou artrose em colunacervical, havendo, porém, mobilidade normal de coluna cervical, sem sinais de comprometimento nervoso. Asseverou, oexpert, que a referida alteração da coluna é degenerativa, não sendo possível estabelecer a data de início da doença/lesãoe não havendo que se falar em incapacidade da autora para sua atividade laboral. Por fim, o perito do juízo destacou quealguns exames de imagem de 2006 e 2010 apresentam resultados semelhantes demonstrando apenas artrose semcompressão nervosa e evolução discretíssima em quatro anos. Em esclarecimentos posteriores, o médico reafirmou oconteúdo do laudo anteriormente expedido e concluiu, enfaticamente, que não cabe à perícia judicial avaliar o motivo quelevou o perito do INSS a reconhecer incapacidade numa periciada com artrose sem compressão. Afirma, assim, que osexames apresentados não evidenciam incapacidade laboral no momento da avaliação.

5. Quanto à preliminar arguida, entendo não haver razão para o seu acolhimento. A matéria foi suficientementeesclarecida pelo médico perito, que é especialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial.Além disso, não há conflito algum entre o laudo judicial e os demais laudos. Com efeito, nos benefícios relativos àincapacidade laborativa é obrigação do INSS realizar perícias periódicas para aferir se o estado de incapacidade persiste e,caso não persista, revogar o benefício. Ademais, os documentos particulares coligidos aos autos nada comprovam acercado quadro de saúde da recorrente à época da cessação (maio de 2009).

6. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou a

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existência de artrose em coluna cervical e fez a ressalva de que a patologia não gera incapacidade para o trabalho, nãohavendo sinais de comprometimento nervoso; em seus esclarecimentos, o expert reafirmou a capacidade laboral darecorrente e destacou não haver motivos para reconhecer a incapacidade da periciada com artrose sem compressão; arecorrente não logrou êxito em comprovar os fatos constitutivos de seu direito; atualmente, a autora tem 42 anos de idade,cursou o ensino médio e sua última atividade foi a de costureira.

Sendo assim, entendo que a autora não faz jus ao restabelecimento do benefício desde 28/05/2009. Não houve contradiçãoalguma entre a perícia judicial e a perícia médica do INSS. O fato de a patologia ser degenerativa e evolutiva não significaque a incapacidade seja definitiva, não estando a conclusão do perito limitada por este fator. Ademais, o usomedicamentoso e a realização de tratamentos fisioterapêuticos tornam possível a regressão, ou mesmo, a discretíssimaevolução do quadro patológico.

7. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 145).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

125 - 0000514-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000514-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x JAIME FRAGA BORGES(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0000514-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000514-4/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 29/30, que julgou parcialmenteprocedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença desde a cessação, em 20/01/2011. Alega o recorrente,em síntese, que o magistrado fundamentou sua decisão em afirmação não evidenciada nos autos, qual seja, a de que oautor teve sua produtividade reduzida. Sustenta que ilações feitas sem respaldo nos autos não podem ser amparadas peloprincípio do livre convencimento motivado. Requer, por fim, a reforma do julgado.

2. O autor (nascido em 11/05/1965) recebeu o benefício de auxílio-doença entre 26/06/2010 e 31/01/2011. O vínculoempregatício anterior ao benefício iniciou-se em 11/09/2008. Após o recebimento do auxílio-doença, retornou ao trabalhoapenas em novembro de 2011, exercendo suas atividades até janeiro de 2013. Na petição inicial alega ser motorista eajudante de caminhão.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): laudo de médico do trabalho (fl. 08 – 05/02/2011) declarando que o autor sofreu queda de altura de 03metros, o que ocasionou fratura do fêmur e que, de acordo com laudo do especialista que acompanha o caso, encontra-seincapacitado para exercer sua função (o referido laudo não foi juntado aos autos); laudo médico (fl. 10 – 25/02/2011)indicando que o paciente internou-se em 11/06/2010 com fratura no fêmur direito (sugeriu período de 120 dias pararepouso).

4. A perícia médica judicial (fls. 18/19) foi realizada em 12/08/2011. O perito declarou que o paciente apresentaquadro de fratura transtrocantérica do quadril direito, já submetido à fixação cirúrgica; apresentou exame físico ortopédicocom boa amplitude de movimentos do quadril com flexão superior a 90º e marcha inalterada; realizou radiografia simples dequadril; informou que o autor ainda não deve carregar e levantar peso em excesso ou deambular em demasia, podendotrabalhar sentado; pode realizar tratamento fisioterápico e fortalecimento muscular com hidroginástica; concluiu que opaciente não apresenta incapacidade ortopédica, no momento da perícia, para a atividade habitual.

5. O perito judicial foi claro ao afirmar que o paciente não apresenta incapacidade ortopédica; contudo, também foiclaro ao afirmar que “O paciente ainda não deve carregar e levantar peso em excesso ou deambular em demasia.Podetrabalhar sentado.” (n. 11, fl. 19). Daí se percebe que a inferência realizada na sentença foi válida: se o autor trabalhava nãosomente como motorista, mas também como ajudante de caminhão, tal atividade compromete a capacidade laborativa doautor. A sentença foi clara a respeito desse ponto: “...Ocorre que o autor qualificou-se na petição inicial também comoajudante de caminhão. Essa afirmação presume-se verdadeira, porque não foi impugnada. A atividade de ajudante decaminhão depende do pleno vigor físico do autor. Demanda levar e carregar a mercadoria transportada pelo caminhão. Alimitação atestada pelo perito compromete o pleno exercício da atividade profissional do autor.” (fl. 29).

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6. Conclui-se que a inferência realizada na sentença não foi dissociada dos elementos de prova contidos nos autos,como quis fazer crer o INSS. O Juízo deve sempre analisar criticamente o laud pericial, e o teor da sentença demonstra quefoi exatamente isso que se fez.

6. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Sem honorários (causa patrocinada pela Defensoria Pública). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

126 - 0004732-62.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004732-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x WILSON SANTANA(ADVOGADO: JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.).PROCESSO: 0004732-62.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004732-8/01)

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1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 52/54, que julgou procedente opedido inicial, condenando o INSS a pagar os proventos de auxílio-doença desde 22/03/2010 e a converter o benefício emaposentadoria por invalidez desde 16/11/2010. Alega o recorrente, em síntese, que o laudo pericial não fundamenta aconcessão do benefício de auxílio-doença e muito menos o de aposentadoria por invalidez. Destaca, ainda, não haver provada incapacidade desde a cessação administrativa do benefício e salienta que a capacidade do autor é corroborada peloretorno às suas funções logo após a cessação do benefício.

2. O autor recebeu o benefício de auxílio-doença entre 05/11/2009 e 22/03/2010. Teve o último vínculo empregatíciona empresa Lavrita Engenharia Consultoria e Eq. Industriais Ltda, entre 02/05/2006 e 01/03/2011, ressalvado o referidoperíodo em que esteve afastado para recebimento de auxílio-doença. Atualmente vem recebendo a prestaçãoprevidenciária por força da antecipação dos efeitos da tutela determinada pela sentença a quo, que fixou a DIB em22/03/2010. Na peça inicial indicou ser “auxiliar de serviços gerais”. Nasceu em 14/09/1950.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): laudos otorrinolaringológicos (fl. 13 – 29/03/2010 e fl. 14 – 07/06/2010) atestando perda auditivaneurosensorial moderada, bem como inaptidão e necessidade de afastamento definitivo da atividade habitual devido aolocal de trabalho ruidoso – CID H90.0. Trouxe, também, aos autos os seguintes documentos: perfil profissiográficoprevidenciário (fls. 46/48 – emitido em 13/04/2011), em que se comprova a exposição ao ruído de 92,6 dB(A) no local detrabalho, entre 02/05/2006 e 08/03/2011; e declaração (fl. 50 – 09/05/2011) emitida por antigo empregador, atestando apercepção de adicional de insalubridade em períodos intermitentes, de 1986 até 1988.

4. A perícia médica judicial (fls. 25/27) foi realizada em 16/11/2010. O perito diagnosticou disacusia sensorioneuralmoderada a severa bilateral, atestando que a perda auditiva é irreversível e que pode ser amenizada com o uso de aparelhode amplificação sonora individual. Destacou que não é indicada a exposição a ruídos elevados para não haver piora doquadro. Por fim, concluiu que o periciado possui capacidade para desenvolver a atividade normalmente, devendo, todavia,evitar a exposição a níveis de pressão sonora elevada (acima de 80 dB) sem proteção, pois há risco de agravar a lesão.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou acapacidade laboral do autor, porém fez a ressalva de que este deve evitar a exposição a níveis de pressão sonora elevada(acima de 80 dB), sob o risco de agravamento da lesão; o expert destacou que a perda auditiva é irreversível; o autortrabalhava desde 2006 em empresa que presta serviço no Porto de Tubarão, laborando na esteira colocando minério, emambiente ruidoso (92,6 dB); atualmente, o autor tem 63 anos de idade; com experiência profissional de auxiliar de serviçogeral e condição de saúde grave.

Sendo assim, entendo que o autor faz jus ao restabelecimento do auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoriapor invalidez. Conforme o PPP coligido aos autos, o autor desempenhava suas atividades rotineiras, desde 2006, sob ruídode 92,6 dB, e mesmo utilizando equipamentos de proteção, houve perda auditiva irreversível, o que o tornou incapaz para oexercício da sua atividade habitual. Além disso, quanto ao labor exercido após a cessação do benefício, deve ser levado emconsideração que a pessoa, mesmo incapacitada, se sacrifica para assegurar seu próprio sustento e o de sua família.Ademais, ao serem considerados os aspectos sociais nos quais está inserido (idade, saúde precária, experiênciaprofissional), será muito difícil, talvez até impossível, uma nova recolocação no mercado de trabalho. Afinal, existem fatoresindividuais que podem autorizar a concessão da aposentadoria por invalidez, como bem demonstra o caso concreto oraanalisado. Nesse sentido, foi elaborada a súmula 47 da TNU.

6. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor da

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condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

127 - 0000412-32.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000412-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEVAIR PEREIRA VITOR(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGOCOSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0000412-32.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000412-7/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo autor, em face da sentença que julgou improcedente a pretensãode restabelecimento de auxílio-doença, bem como sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta orecorrente, em suas razões recursais, que apresenta quadro de hipertensão severa, o que o impede de retornar ao trabalho.Alega que sua atividade habitual (ajudante de obras) não se compactua com as limitações de sua doença, sendo exigidocondicionamento físico para carregar e levantar pesos, utilizar maquinários pesados e subir em escadas e andaimes.Requer, por fim, a reforma da sentença.

2. O autor, ajudante de obras, nascido em 09/06/1958, recebeu o benefício de auxílio-doença nos seguintesperíodos: 25/03/2004 a 30/06/2004 e 23/11/2006 a 20/10/2010. Teve vínculos empregatícios, como segurado empregado,desde 26/07/1977 (em períodos descontínuos). Pretende o restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde20/10/2010.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos próximos ao período controverso: laudo cardiológico (fl.11 – 18/11/2010) indicando que o autor é portador de hipertensão arterial severa com resposta hipertensiva diante deesforço físico e que vem apresentando dor precordial aos médios esforços. Informou que o teste ergométrico realizado em17/05/2010 evidenciou-se anormal diante do esforço físico, com elevação da pressão arterial em 240/120 mmHg. Salientouque o autor deve manter-se afastado do trabalho. Laudo médico (fl. 12 – 22/09/2010) declarando que o paciente foisubmetido a cateterismo (irregularidades) e ecocardiograma sem alterações significativas.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 35/48), o recorrente foi examinado e diagnosticado com hipertensão arterialsistêmica, sem déficit motor inerente à doença. A perícia médica foi realizada em 14/06/2011. Informou o perito que ahipertensão arterial sistêmica é uma doença de tratamento contínuo com medicamentos, dieta e atividade física. Declarouque o autor realizou exames de imagem para investigação de doença coronária (cateterismo cardíaco – 21/03/2007), quemostrou coronárias sem lesões. Ademais, realizou Doppler de artérias renais em 12/12/2008 que mostrou ausência deestenoses significativas e ecocardiografia em 27/05/2009 que teve como resultado “fração de ejeção normal”. Concluiu queo autor não está incapacitado para o trabalho.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito judicialatestou que o autor não está incapacitado para o trabalho; tanto o perito judicial quanto os médicos particulares do autordeclararam que o ecocardiograma teve resultado normal; conforme o perito judicial, o Doppler de artérias renaisdemonstrou “fração de ejeção normal”.

Sendo assim, concluo que o autor não faz jus ao recebimento do auxílio-doença. As conclusões do perito judicial foramclaras a respeito da capacidade do autor e os exames realizados (ecocardiograma, cateterismo e Doppler de artériasrenais) afastaram a presença de possíveis complicações. Ademais, a hipertensão arterial é doença que pode ser controladacom o uso de medicamentos, orientações de dieta e atividades físicas.

6. Posto isso, conheço do recurso da parte autora e a ele nego provimento.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 23).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Page 191: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

128 - 0001467-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001467-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO CESAR CORDEIRO(ADVOGADO: ROBERTA LESSA ROSSI, GOTARDO GOMES FRIÇO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0001467-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001467-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 107/108, que julgouimprocedente o pedido autoral. Ressalto que a sentença julgou unicamente o direito ao recebimento de parcelas atrasadas,tendo em vista a concessão administrativa de auxílio-doença em 14/05/2010, com sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez a partir de 22/06/2010. Em suas razões recursais, o autor alega que, em virtude doreconhecimento administrativo de benefício por incapacidade, o autor faz jus às parcelas retroativas desde 13/01/2009(01/05/2009 a 31/05/2009 e 13/02/2010 a 13/05/2010).

2. O autor (nascido em 23/02/1958) recebeu benefício de auxílio-doença nos seguintes períodos: 07/11/2007 a30/04/2009, 01/06/2009 a 12/02/2010, 14/05/2010 a 21/06/2010. Atualmente recebe aposentadoria por invalidez (desde22/06/2010). Na peça inicial, o autor indicou ser “operador de empilhadeira”. Seu último vínculo empregatício foi com aempresa “Cotia Armazéns Gerais S/A”.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso: laudo médico ortopédico (fl. 21– 25/05/2009) indicando que o paciente deve manter afastamento das atividades laborais para continuidade de reabilitação;laudo médico de ortopedista (fl. 23 – 01/03/2010) indicando que o paciente necessita afastar-se de atividades laborativasque exijam esforço da coluna lombar e membros inferiores devido à hérnia discal lombar, espondiloartrose e degeneraçãodiscal. Informou ainda o médico assistente que o autor foi submetido a tratamento cirúrgico através de descompressãomedular e artrodese com parafusos e hastes. Laudo médico (médico do trabalho – fl. 24 – 08/03/2010) indicando que oautor não tem condições de exercer atividades físicas e profissionais devido à algias de forte intensidade. Laudo médicoortopédico (fl. 25 – 12/03/2010) com as mesmas informações do laudo de fl. 23. Ressonância magnética da coluna lombar(fl. 30 – 19/03/2010). Ressalto que os demais laudos e exames constantes dos autos referem-se a período anterior àcessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fls. 67/74) foi realizada em 15/07/2010. O perito judicial informou que o autor fez cirurgiaem 23/09/2009 para colocação de placa com parafusos. Diagnosticou artrose de coluna lombar e cervical. Declarou que opericiado apresenta boa mobilidade, sem sinais de compressão nervosa e sem alterações neurológicas de membrosinferiores ou superiores. No quesito de nº 09 afirmou que o autor não apresenta incapacidade para o trabalho, podendooperar máquinas desde que não pegue peso. No quesito de nº 14 indicou que há incapacidade parcial, tendo em vista que oautor não pode levantar peso. No quesito de nº 15 informou que a incapacidade é definitiva, pois a artrose é um processodegenerativo e evolutivo. Concluiu afirmando que a incapacidade para esforço físico é definitiva, não havendo recuperaçãopara a lesão apresentada. Ademais, afirmou que o autor poderá continuar operando máquinas, uma vez que essa operaçãonão requer esforço (n.19, fl.72).

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito judicial, emquesitos diferentes, informou que o autor não apresentava incapacidade, que apresentava incapacidade parcial e que elaera definitiva, sendo, de certa forma, contraditório; os laudos particulares foram claros ao afirmar a incapacidade do autornos períodos compreendidos entre 01/05/2009 e 31/05/2009 e entre 13/02/2010 e 13/05/2010; a própria autarquiaprevidenciária concedeu o benefício de auxílio-doença em 14/05/2010, convertendo-o em aposentadoria por invalidez apartir de 22/06/2010.

Sendo assim, entendo que o autor faz jus ao recebimento das parcelas compreendidas entre 01/05/2009 e 31/05/2009 eentre 13/02/2010 a 13/05/2010.6. Recurso conhecido e provido, para CONDENAR o INSS a pagar as parcelas do benefício de auxílio-doençacompreendidas nos períodos mencionados no item anterior. Os juros de mora seguem a taxa de 1% a.m a partir da citaçãoe a correção monetária deve ser calculada pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal. Afasto a incidência do art. 1º-F daLei nº 9.494/97, com a nova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo em vista o entendimento firmado nojulgamento da ADI 4357 pelo Supremo Tribunal Federal, assim como a decisão da Turma Nacional de Uniformização quecancelou a Súmula nº 61 (Processo nº 0003060-22.2006.4.03.6314, julgado em 09/10/2013).Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

129 - 0000960-62.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.000960-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEVI ALVES DE MELO(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIANBERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).

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PROCESSO: 0000960-62.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.000960-6/02)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por LEVI ALVES DE MELO, em face da sentença de fls. 140/142, quejulgou parcialmente procedente o pedido inicial, restabelecendo o benefício de auxílio-doença desde novembro de 2007. Orecorrente alega que está afastado do mercado de trabalho desde 2004 em decorrência da enfermidade sofrida e que,inclusive, já recebeu o benefício por três anos. Argui, ainda, as diversas limitações fisiológicas para o exercício da atividadelaboral, bem como as condições pessoais, que impossibilitam a sua reabilitação e recolocação profissional, motivo pelo qualfaria jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Requer a reforma parcial da sentença.

2. O autor (nascido em 15/11/1962) recebeu benefício de auxílio-doença entre 20/04/2007 e 30/07/2007 (CNIS - fl.120). Atualmente vem recebendo a prestação previdenciária por força da antecipação dos efeitos da tutela determinadapela sentença a quo, que fixou a DIB em novembro/2007. Foi segurado empregado entre 05/12/1985 e 31/03/1990(intermitentemente, em empresas diferentes). Posteriormente, recolheu contribuições como “contribuinte individual” nasseguintes competências: 12/2004 a 07/2008 e 09/2008 a 02/2012. Na peça inicial, o autor indica que é ajudante de pedreiro.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): laudo médico (fls. 12/13 – 14/08/2007) indicando epilepsia focal com crises complexas de difícil controle,associado à esquizofrenia paranoide; laudo médico (fl. 14 – 26/10/2007) indicando transtorno neuropsiquiátrico, quadro deepilepsia focal e depressão com transtornos psicóticos, sem condições de trabalho (CID G40.4, F32.3 e F29).

4. A perícia médica judicial (fls. 89/97) foi realizada em 03/03/2011. O perito diagnosticou crises convulsivas derepetição (epilepsia) e fez a ressalva de que não existe incapacidade para o trabalho, do ponto de vista neurológico. Emesclarecimentos posteriores, o médico destacou que, apesar de haver controle medicamentoso das crises, existe risco denovos episódios convulsivos, com risco de queda, de altura ou não, devendo-se evitar atividades em altura, operação demáquinas e direção de veículos.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou aexistência de crises convulsivas de repetição e fez a ressalva de que a patologia não gera incapacidade para o trabalho; emseus esclarecimentos, o expert destacou o controle das crises pelo uso de medicação, mas asseverou o iminente risco denovos episódios convulsivos, devendo-se evitar atividades em altura, operação de máquinas e direção de veículos; orecorrente não logrou êxito em comprovar os fatos constitutivos da incapacidade total e definitiva; atualmente, o autor tem50 anos de idade, experiência profissional limitada e sua última atividade, constante da CTPS, foi a de ajudante de pedreiro(em 1990).

6. Sendo assim, entendo que o autor não faz jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria porinvalidez. Em que pese sua experiência profissional limitada, o recorrente possui condições de ser reabilitado. Ademais,destaco que, atualmente, o autor percebe auxílio-doença previdenciário e, portanto, já se encontra afastado das atividadeshabituais que poderiam colocá-lo sob iminente risco de queda e, até mesmo, risco de perecimento da própria vida. Assim,não há que se falar na impossibilidade de reabilitação ou recolocação no mercado de trabalho e, tampouco, na existênciade incapacidade definitiva multiprofissional.

7. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

130 - 0003761-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003761-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CELSO DOS SANTOS(ADVOGADO: Glauciane Menário Fernandes Ribeiro.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0003761-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003761-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensãode restabelecimento de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que há nos autos laudosparticulares que atestam a incapacidade para o desempenho de suas atividades habituais como operador de maquináriopesado. Alega, ainda, que o médico-perito atestou a sua incapacidade baseando-se em lesão no joelho direito, quando, naverdade, trata-se de problema no joelho esquerdo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso,

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julgando-se procedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença no período entre 22/06/2010 (data dacessação) a 10/02/2011 (momento no qual voltou a trabalhar).

2. O autor, operador de maquinário pesado, nascido em 06/06/1957, recebeu o benefício de auxílio-doença nosseguintes períodos: 01/03/2007 a 15/02/2008, 02/10/2009 a 22/06/2010 (auxílio-doença previdenciário), 07/10/2011 a20/01/2012 (auxílio-doença por acidente de trabalho). Desde 20/02/2013 recebe aposentadoria por tempo de contribuição.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos médicos emitidos em datas próximas ao período controverso (22/06/2010a 10/02/2011): laudo de ortopedista (fls. 16/17 – datado de 08/06/2010) indicando que, antes de 01 ano, o paciente nãopoderia ser liberado para atividades braçais, sob risco de refratura; em 22/06/2010, o ortopedista voltou a reafirmar anecessidade de afastamento por 01 ano da atividade (após a cirurgia), para que não ocorresse impacto na tíbia; laudomédico de ortopedista (fls. 23/24 – 06/07/2010) indicou que o paciente estava sem condições para exercer suas atividadespor mais 02 (dois) meses. Ressalto que na peça inicial, o autor indica que está afastado do trabalho desde setembro de2009 (não há a data precisa da cirurgia). Radiografia digital do joelho esquerdo, realizada em 23/10/2009, já indicaosteossíntese metálica.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 37/38), o recorrente foi examinado e diagnosticado com osteoartrose incipientedo côndilo medial do joelho direito, tratado com osteotomia valgizante da tíbia (quesito n. 01). Malgrado o perito tenharelatado problema no joelho direito ao diagnosticar a lesão, resta evidente, através das respostas aos quesitossubsequentes, que houve, em verdade, simples equívoco, ocasionado por lapso de escrita. Nas respostas aos quesitos 02e 03, é clara a menção ao real objeto da perícia, qual seja, o joelho esquerdo. Já nas respostas aos quesitos 08, 09, 13, 15e 16, asseverou o perito que não há, do ponto de vista ortopédico, incapacidade para o exercício do ofício habitual deoperador de máquinas. A perícia médica foi realizada em 10/12/2010.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o médico particulardo autor atestou que havia necessidade de afastamento do trabalho por 01 ano após a cirurgia; pelas informaçõesconstantes da petição inicial, o autor realizou a cirurgia em setembro de 2009; a perícia judicial, realizada em dezembro de2010, atestou que o joelho esquerdo já estava recuperado; o autor retornou ao trabalho em fevereiro de 2011.

Sendo assim, concluo que o autor faz jus ao recebimento do auxílio-doença até o mês de setembro de 2010, momento noqual completaria 01 (um) ano de cirurgia e que, conforme os próprios laudos particulares colacionados, estaria apto aexercer novamente suas funções. Como a profissão do autor é de “operador de máquina pesada”, entendo que a cessaçãodo benefício antes do período recomendado pelo ortopedista que acompanhava o caso, foi prematura.

6. Posto isso, conheço do recurso da parte autora e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentençade fl. 49 e condenar o INSS a restabelecer o benefício desde a sua cessação (22/06/2010) e mantê-lo até 30/09/2010. Osjuros de mora seguem a taxa de 1% a.m a partir da citação e a correção monetária deve ser calculada pelo Manual deCálculos da Justiça Federal. Afasto a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a nova redação dada pelo art. 5º da Leinº 11.960/2009, tendo em vista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357 pelo Supremo Tribunal Federal.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

131 - 0002160-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002160-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GESIMAR DOS SANTOSAMORIM (ADVOGADO: MARCELO NUNES DA SILVEIRA, JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0002160-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002160-1/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 57/58, que julgouimprocedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença. Alega o recorrente, em síntese, que a decisão domagistrado não deve prevalecer, tendo em vista que deixou laudos particulares indispensáveis sem a devida apreciação.Afirma que o perito judicial, ao firmar suas conclusões, não considerou o efetivo exercício profissional do recorrente. Porfim, alega que há incapacidade social, sendo impossível ao recorrente suprir suas necessidades diárias e as de sua família.Requer a reforma da sentença.

2. O autor (nascido em 19/12/1980) recebeu benefício de auxílio-doença entre 11/04/2009 e 31/12/2009. Tevevínculo empregatício entre 22/03/2004 e 12/04/2009. A empresa declarou que, até 23/02/2010, não havia retornado aotrabalho. Na peça inicial, o autor indica que é auxiliar de serviços gerais (limpeza de área industrial).

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação do

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auxílio-doença): laudo médico psiquiátrico (fl. 08 – 23/04/2010) indicando que está em tratamento de quadro esquizofrênico;laudo médico psiquiátrico (fl. 09 – 05/02/2010) indicando que apresenta embotamento afetivo e distúrbios docomportamento, não tendo condições de trabalhar.

4. A perícia médica judicial (fls. 20/21) foi realizada em 25/09/2010. A perita médica diagnosticou que o recorrenteapresenta transtorno explosivo intermitente (outros transtornos dos hábitos e dos impulsos). Relatou que a doençacaracteriza-se por episódios de explosões de heteroagressividade e que são menos frequentes quando o pacientesubmete-se a acompanhamento multidisciplinar com psiquiatra e psicoterapeuta. Informou que o paciente relatou sofrercrises epilépticas, mas estas não foram comprovadas. O paciente relatou, ainda, que teve meningite ao nascimento, masteve desenvolvimento psicomotor normal, concluiu o ensino fundamental sempre com facilidade para aprender. Concluiu aperita que não há incapacidade do ponto de vista psíquico. Posteriormente, a perita foi intimada para prestaresclarecimentos complementares, tendo em vista que diagnosticou doença diferente daquela alegada na inicial (em suapeça exordial o autor atestou ser portador de esquizofrenia). Em sua resposta, a perita afirmou que, de acordo com adeclaração do médico assistente (laudo de 05/02/2010), o embotamento afetivo e os distúrbios do comportamento estãopresentes em diversos transtornos psiquiátricos, não sendo sintoma específico da esquizofrenia. Manteve o diagnóstico e aconclusão firmados no laudo de fls. 20/21.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: a perita judicial foiclara ao afirmar que o autor não apresenta incapacidade do ponto de vista psíquico; em laudo complementar, a peritamédica declarou que os sintomas informados pelo médico assistente são comuns a diversos transtornos psiquiátricos;apenas o laudo particular de fl. 09 atesta que o autor não tem condições de trabalhar, mas é extremamente conciso; oslaudos particulares e o laudo judicial foram elaborados em período bem próximo (entre fevereiro e setembro de 2010), oque torna possível a aplicação do Enunciado nº 08 da TR/ES, prevalecendo o laudo do perito do Juízo.

Sendo assim, o autor não faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença. O laudo elaborado pelo perito judicialfoi completo e capaz de afastar qualquer dúvida a respeito da capacidade do recorrente. Resta evidente que não há dúvidasacerca da existência de doenças que afligem o autor. Entretanto, o que se discute é o fato de que estas não se tratam dedoenças incapacitantes. Um indivíduo pode estar acometido de algum tipo de doença e, ainda assim, não estarincapacitado para o exercício de uma atividade específica.

6. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 12).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

132 - 0004085-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004085-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA KAROLINA TAGARROPIMENTA x ANA KETLYN TAGARRO PIMENTA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0004085-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004085-1/01)

V O T O / E M E N T A

PENSÃO POR MORTE - REALIZAÇÃO DE BICOS – PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA POR 12 MESES –SITUAÇÃO DE DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO PODE SER COMPROVADA POR QUALQUER MEIO – CERTIDÃO DEÓBITO QUE EVIDENCIA EXISTÊNCIA DE OUTROS DEPENDENTES – RECURSO PROVIDO EM PARTE.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ANA KAROLINA TAGARRO PIMENTA e ANA KETLYN TAGARROPIMENTA, em face da sentença de fls. 28/29, que julgou improcedente o pedido de pensão por morte, tendo comosegurado instituidor “José Carlos Menezio Pimenta”. O magistrado a quo fundamentou sua sentença afirmando que o paidas autoras já não mais detinha a qualidade de segurado da Previdência Social quando de seu falecimento.

As recorrentes alegam que houve cerceamento de defesa, tendo em vista que se faz necessária a produção de provatestemunhal para comprovar a situação de desemprego de seu genitor. Afirmam que é necessário prorrogar o período degraça, uma vez que o genitor passava por desemprego involuntário, comprovado pela ausência de registro na CTPS e peladeclaração da mãe da autora. Requerem a anulação da sentença; ou sua reforma.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

2. A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado à

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Previdência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

No caso específico da pensão por morte, deve-se considerar que os dependentes não possuem um direito próprio oupessoal em face da Previdência Social, já que a concessão do benefício está adstrita ao reconhecimento do direito dorespectivo titular, razão pela qual é indispensável a qualidade de segurado no momento do óbito, requisito cuja análise é ocerne da presente demanda.

O segurado que deixa de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social mantém essa qualidade até 12meses depois da cessação das contribuições. A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do término doprazo fixado para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo estipuladopelo inciso II, do art. 15, da Lei nº 8.213/91.

Além disso, conforme o § 1º, do art. 15, da Lei nº 8.213/91, o período de graça pode ser prorrogado por mais 12 meses, seo segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda daqualidade de segurado. Ademais, há a possibilidade de acrescer mais 12 (doze) meses para o segurado desempregado,desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (§ 2º,do art. 15, da Lei nº 8.213/91).

3. In casu, a morte do de cujus deu-se em 21/11/2008 (fl. 08), quando este contava com 31 anos de idade. A últimacontribuição previdenciária foi feita em março de 2007.

Houve interregno de 18 meses entre a última contribuição e o falecimento.

Contudo, há nos autos elemento de prova indicativo de que o período de graça deve ser aumentado de 12 para 24 meses,em razão de situação de desemprego involuntário.

Trata-se da declaração de fl. 22, prestada de próprio punho pela mãe das duas autoras (ambas menores impúberes); aliconsta o seguinte:

“trabalho numa empresa de mamão durante 6 meses mais não assino carteira foi tipo autônomo depois que saiu destaempresa começo a faze bicos com seu irmão joaldo costa menezil pois não estava consiguindo trabalho com carteiraassinada.” [sic]

A TNU já fixou entendimento de que se a pessoa está realizando trabalhos informais (bicos), configura-se a situação dedesemprego; nesse sentido, transcrevo trecho da ementa lavrada no PEDILEF nº200550500070720:

“... Pelo fato dos chamados “bicos” não corresponderem a vínculo empregatício com as devidas contribuições para oRGPS, entende-se, para fins previdenciários, que elas são equivalentes à condição de desempregado. Desta feita, ofalecido apresentava direito ao período de graça previsto no § 2º do artigo 15 da lei 8.213/91, apresentando, na data de seuóbito, qualidade de segurado no RGPS. (...)”(TNU, Pedilef nº 200550500070720; DJ de 29/09/2009)

Por fim, seja a teor da súmula 27 da TNU, seja a teor da recente jurisprudência do STJ, a prorrogação do período de graçapor situação de desemprego involuntário independe de registro no Ministério do Trabalho, podendo ser comprovada poroutros meios. Nesse sentido decidiu recentemente o STJ, verbis:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO. PERÍODO DE GRAÇA. ART. 15, § 2º, DA LEIN. 8.213/1991. SEGURADO DESEMPREGADO. SITUAÇÃO QUE PODE SER DEMONSTRADA NÃO SÓ POR MEIO DOREGISTRO PERANTE O ÓRGÃO PRÓPRIO DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, MAS TAMBÉM POR OUTRAS PROVASEXISTENTES NOS AUTOS. COMPROVAÇÃO. SÚMULA N. 7/STJ. 1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiçafirmou orientação no sentido de que a ausência de registro no Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá sersuprida quando for comprovada a situação de desemprego por outras provas constantes dos autos. 2. Modificar acórdãoque afirmou a situação de desemprego do de cujus por outras provas constantes dos autos demandaria o reexame damatéria probatória, vedado nesta instância especial, nos termos da Súmula n. 7/STJ. 3. Verifica-se que o Tribunal a quodecidiu de acordo com jurisprudência desta Corte, de modo que se aplica à espécie o enunciado da Súmula 83/STJ. Agravoregimental improvido.(STJ – 2ª turma. AGARESP 201301581642. AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL– 347091. DJE de 26/08/2013)

No caso dos autos é inequívoco que não há registro de vínculo empregatício no CNIS.

Por outro lado, no que refere à declaração prestada de próprio punho pela mãe das autoras, registro que a mesma ajuizou aação sem o patrocínio de advogado. Pelos erros de gramática contidos na declaração, depreende-se ser pessoa de poucainstrução.

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Não vejo qualquer motivo hábil a indicar que tal declaração seja falsa ou proferida de má-fé. Pela mesma razão, não vejomotivo suficiente para anular a sentença de determinar dilação probatória.

4. Número de dependentes.

Consta da certidão de óbito que o falecido Sr. José Carlos Menezio Pimenta, ao falecer, deixou 7 (sete) filhos.

O mesmo nasceu em 1977. Depreende-se que, muito provavelmente, todos os filhos são, ainda hoje, menores de 21 anos.Com efeito, para que haja filho maior de 21 anos, o autor teria que ter sido pai com idade inferior a 16 anos.

Uma vez que a prescrição não corre contra menores e incapazes (artigo 79 e parágrafo único do artigo 103 da Lei nº8213/91); considerando a evidência de que há outros dependentes; considerando, ainda, a jurisprudência consolidada naTNU no sentido de que o artigo 74, II, da Lei nº 8.213/91 é inaplicável a menores absolutamente incapazes (PEDILEF200770510061755, DOU 25/03/2011); delibero que o valor do benefício não deverá ser integralmente pago às autoras.

Com efeito, apenas a fração de 2/7 deverá ser paga às autoras (visto que são duas descendentes, mas há ao todo sete,conforme afirma a certidão de óbito).

Caso essa solução não seja adotada, o INSS poderá ver-se compelido a pagar várias vezes o mesmo valor a outrosdependentes menores; quando a medida lícita, à luz do ordenamento jurídico, é o pagamento da respectiva cota-parte acada um.

5. A data do início do benefício (DIB) deve ser fixada na data do óbito uma vez que, sendo as autoras menoresabsolutamente incapazes, não se lhes aplica o artigo 74, II, da Lei nº 8213/91. Precedente da TNU: PEDILEF200770510061755, DOU 25/03/2011.

6. Conclusão: (i) o falecido pai das autoras faz jus à dilação do período de graça por causa de situação dedesemprego involuntário; (ii) e uma vez que decorreu período inferior a 24 meses entre a última contribuição e seufalecimento, o mesmo ostentava a qualidade de segurado na data em que faleceu.

7. Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso das autoras, para CONDENAR o INSS a pagar-lhes obenefício de PENSÃO POR MORTE (NB nº149.570.140-6) tendo como instituidor JOSÉ CARLOS MENEZIO PIMENTA,com DIB fixada na data do óbito do instituidor (21/11/2008, cf. fl. 8), fixando o valor da cota-parte de cada autora nomontante de 1/7 (um sétimo) do valor do benefício apurado.

Caberá ao INSS apurar a RMI (obrigação de fazer) e o montante dos valores atrasados (sempre observada aproporcionalidade de 1/7 para cada autora).

Juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação e atualização monetária pelo INPC (registro que a TNU cancelou asúmula 61 na sessão de 09/10/2013).

Caberá às autoras demonstrar, administrativamente ou em ação futura, que lhes sobreveio direito à reversão de cota-partepor outro(s) dependente(s) que tenha atingido a maioridade (é evidente que deverá o INSS efetivar tal reversão de ofício, nahipótese de habilitação de outros dependentes).

Sem custas. Condeno o INSS em honorários que arbitro em 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

133 - 0000420-38.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000420-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x JOSE DOS REIS (DEF.PUB: ALINEFELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO: 0000420-38.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000420-3/01)

VOTO-EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO - REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-DOENÇA - ART. 29,II, DA LEI Nº 8.213/91 – ACORDO HOMOLOGADO EM ACP – PREVISÃO DE PAGAMENTO PARA MAIO DE 2020 –INTERESSE DE AGIR QUE SE CONFIGURA, NO CASO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedentes os pedidospara condená-lo a pagar à parte autora as diferenças devidas referentes à revisão da renda mensal inicial de benefícioprevidenciário, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91, no valor de R$ 7.487,00, até janeiro de 2013 (fl. 05).

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Alega o recorrente ausência de interesse de agir, em face do acordo celebrado nos autos da Ação Civil Pública nº00023205920124036183, pelo que requer a extinção do feito, sem resolução do m´reito, nos termos do art. 267, VI, doCPC.2. Pelo acordo homologado nos autos da Ação Civil Pública nº 2320-59.2012.403.6183 - na qual o MPF e outroautor pleitearam a revisão dos benefícios por incapacidade concedidos após 29/11/1999 em que, no período básico decálculo, foram considerados 100% dos salários-de-contribuição, com o intuito de que sejam considerados apenas os 80%maiores salários-de-contribuição – o pagamento dos valores atrasados obedece a cronograma que se estende de fevereirode 2013 até abril de 2022 tendo por base, precipuamente, o critério da idade do segurado.3. No caso dos autos, o pagamento da diferença está prevista para maio de 2020, conforme se vê à fl. 5,mostrando-se evidente o interesse de agir do autor.4. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

134 - 0001227-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001227-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x PAULINO PEDRO KROLHING (DEF.PUB: RODRIGO PIRESCARVALHO.).PROCESSO: 0001227-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001227-2/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATO COM INDICAÇÃO EQUIVOCADA DA TAXA DE JUROS APLICADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido relativo a aplicação dos juros progressivos, condenando a CEF a depositar a diferença entre os percentuais ditadospelo artigo 2º da Lei nº 5.705/71, e aqueles efetivamente depositados na conta do FGTS, devendo incidir sobre tais valoresos juros de mora de 1% ao mês. A sentença determinou a exclusão, dos cálculos, do extrato de fl. 11, eis que naquele ano(1980) houve aplicação de juros no patamar máximo (6%). Alega a recorrente incorreções no cálculo da Contadoria, eisque, apesar dos extratos de fl. 12 constar a taxa de 3%, os cálculos dos JAMS dos meses de janeiro/81, abril/81 e julho/81foram calculados sob taxa de 6%. Pede a reforma da sentença para que sejam homologados os cálculos por elaapresentados anteriormente ou, assim não se entendendo, que seja determinada elaboração de novos cálculos pelaContadoria.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 6, o autor começou a trabalhar em 01/03/1958 e permaneceu no emprego até

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10/05/1982. Optou pelo FGTS em 13/12/1971 (fl. 9), tendo feito retroagir a opção a 01/01/1967, com base na Lei nº5.958/73 (fls. 7 e 10). Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros, por força da referidalei.O extrato de fl. 11 demonstra a aplicação da taxa de juros de 6% no ano de 1980, enquanto os extratos de fls. 12/14demonstram a aplicação da taxa de 3% nos anos de 1981 e 1982 (até maio).A prescrição trintenária (Súmula 210 do STJ), no caso de prestação continuada, de trato sucessivo, atinge apenas osvalores relativos ao período anterior aos trinta anos que antecederam o ajuizamento da ação (07/04/2010), tendo em vistaque o prejuízo do empregado renova-se mês a mês. Precedentes do STJ (REsp 910.420/PE, Rel. Min. José Delgado, DJ14.05.2007; REsp 1256089/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 03/08/2011). Assim é que, uma vezexcluído da condenação, na própria sentença, o valor referente a 1980, em razão do extrato de fl. 11, restam nacondenação apenas os valores referentes a 1981 e 1982 (até maio).A CEF aduz que a taxa de juros aplicada em janeiro, abril e julho de 1981 foi de 6%, não obstante constar dos extratos ataxa de 3%. Do cotejo entre o cálculo apresentado pela CEF (fl. 69) e o elaborado pela Contadoria (fl. 47), depreende-seque os valores creditados nos meses de janeiro, abril e julho de 1981 correspondem, na verdade, à aplicação do coeficientede JAM 6%, constantes dos cálculos da CEF, e não do coeficiente de JAM 3%, constantes dos cálculos da Contadoria. Talse verifica em razão da base de cálculo corretamente indicada nos cálculos da CEF como sendo o saldo da conta vinculadanos meses de outubro de 1980, janeiro de 1981 e abril de 1981, respectivamente.Apenas a partir de outubro de 1981 é que a taxa de juros efetivamente aplicada corresponde a 3%, como indicado noextrato de fl. 12.Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO da CEF para reformar parcialmente a sentença para limitar acondenação às diferenças referentes ao período de outubro de 1981 a maio de 1982.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

135 - 0003337-69.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003337-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x NORBERTO PAULO SIMOM (ADVOGADO: VLADIMIR CAPUADALLAPICULA.).PROCESSO: 0003337-69.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003337-6/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – CÁLCULOS HOMOLOGADOS NA SENTENÇA – INCORREÇÕES AFASTADAS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido relativo a aplicação dos juros progressivos, condenando a CEF a depositar a diferença do valor apurado pelocontador do juízo às fls. 120/126, acrescido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a data do efetivopagamento, deduzidas eventuais parcelas já pagas administrativamente sob o mesmo título. Alega a recorrente incorreçõesno cálculo da Contadoria, eis que (i) incluiu indevidamente o JAM de abril de 1984, pois, apesar de constar no extrato ocoeficiente de 3%, o JAM foi calculado a 6%; e (ii) não incluiu o JAM de 01/12/1986 calculado a partir do saldo base de01/09/1986. Além disso, alega que o autor aderiu ao acordo previsto na Lei Complementar 110/2001, pela internet, quantoaos expurgos inflacionários dos planos Collor e Verão, pelo que cabe a aplicação de tais índices nos cálculos de taxaprogressiva.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.

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Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, o autor foi admitido em 01/02/1966 e optou pelo FGTS em 10/12/1970, antes, portanto, do advento daLei nº 5.705/71, tendo feito, ainda, a opção retroativa a 01/01/1967, na forma da Lei nº 5.958/73, conforme se vê à fl. 15. Oautor faz jus, portanto, à progressividade da taxa de juros em sua conta vinculada.Os extratos de fls. 20/26 demonstram a aplicação da taxa de juros de 5% no ano de 1979 e de 6% nos anos de 1980 a1983, enquanto os extratos de fls. 27/33 e 36/49 demonstram a aplicação da taxa de 3% nos anos de 1984 a 1992.Depreende-se do teor do documento de fl. 15, bem como dos próprios extratos de fls. 27/33 que não se trata de novovínculo empregatício – o que importaria no retorno à taxa fixa de 3% -, uma vez que a data de admissão mencionada nosúltimos extratos é a de 01/02/1966, constando a opção em 02/05/1984, retroativa a 01/01/1967. Ora, ainda que o autor nãohouvesse optado pelo regime do FGTS em 10/12/1970, a opção retroativa em 1984, na forma da Lei nº 5.958/73 lhegarantiria, de qualquer forma, o direito à taxa progressiva de juros, o que importa na aplicação da taxa de 6% a partir de01/02/1977.A prescrição trintenária (Súmula 210 do STJ), no caso de prestação continuada, de trato sucessivo, atinge apenas osvalores relativos ao período anterior aos trinta anos que antecederam o ajuizamento da ação (29/04/2009), tendo em vistaque o prejuízo do empregado renova-se mês a mês. Precedentes do STJ (REsp 910.420/PE, Rel. Min. José Delgado, DJ14.05.2007; REsp 1256089/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 03/08/2011). Assim é que restamprescritas as prestações referentes ao período anterior a 29/04/1979.A CEF aduz que a taxa de juros aplicada em abril de 1984 foi de 6%, não obstante constar do extrato respectivo a taxa de3% (fl. 27). Verifica-se, contudo, que o coeficiente de 0,366534, especificado no referido extrato, corresponde à taxa JAM de3%, conforme tabela de coeficientes de JAM juntada pela própria CEF (fl. 152), pelo que não procede a alegação.O cálculo homologado na sentença não incluiu valores referentes a dezembro de 1986. Nem o que teria sido creditado naconta vinculada (3%), nem o que seria devido (6%), provavelmente ante a ausência nos autos de extrato referente a essemês. Assiste, pois, razão à CEF nesse ponto. A diferença, contudo, se verificaria em favor do autor, pelo que não sejustifica considerar corretos os cálculos da CEF em detrimento daquele homologado na sentença, como pretende arecorrente, sob esse fundamento.Quanto aos expurgos inflacionários dos planos Collor e Verão, vê-se que a sentença não tratou da questão, mesmo porqueo autor aduz na inicial que os valores relativos as diferenças dos juros progressivos sobre os expurgos dos planoseconômicos estão sendo excluídos, face acordo realizado junto a CEF, nos termos da Lei Complementar 110/2001.Contudo, os cálculos da contadoria, que restaram homologados na sentença contém a seguinte descrição: “Cálculos dasDiferenças dos Juros Progressivos no FGTS com reflexo dos expurgos do IPC de janeiro de 1989 e abril de 1990”. Nãoobstante, pode-se verificar que tais cálculos utilizaram, nos meses de março de 1989 (primeira correção após janeiro/89) ede abril de 1990, exatamente os coeficientes constantes da tabela juntada pela CEF em seu recurso (fl. 151).Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

136 - 0000023-35.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000023-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ABIDON DE SOUSA DIAS(ADVOGADO: RAFAEL LUIZ BUSSULAR, GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO:ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000023-35.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000023-6/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DE APLICAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE 6%.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fundamento no art. 267, VI, do CPC, ante a ausência de interesse de agir do autor, porquantointegralmente aplicados à sua conta vinculada de FGTS a taxa de juros de 6%. Alega a recorrente que a sentençaassentou-se na premissa de que os documentos anexados às fls. 59/60 teriam o condão de demonstrar a correta aplicaçãodos juros progressivos de 6% inclusive em relação ao período postulado na inicial, sendo que tais extratos não condizemcom o lapso da progressividade gradual de que trata o art. 4º da Lei nº 5.107/66, mas referem-se apenas ao período de01/12/1988 a 01/06/1990. Pede seja anulada a sentença e determinada a juntada aos autos dos extratos quanto ao períodopostulado na inicial (05/05/1971 a 05/05/1982).

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A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, em princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigênciada Lei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê às fls. 10, o autor começou a trabalhar em 07/04/1965 e permaneceu no emprego até29/07/1970. Iniciou novo vínculo em 05/05/1971, que perdurou até 19/11/1998 (fl. 19). Optou pelo regime do FGTS em05/05/1971 (fls. 14, 19 e 23), portanto, antes da entrada em vigor da Lei nº 5.704/71. Desta forma, constata-se que o autorfaz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 59/60, referentes ao período de 12/1988 a 06/1990 demonstram a aplicação de taxa de juros de 6%.A aplicação da taxa de 6% nesse período demonstra que o direito foi reconhecido ao autor pelo próprio órgão gestor, eaplicado na forma do artigo 4º da Lei nº 5.107/66. Desnecessária a juntada dos extratos referentes ao período de05/05/1971 a 05/05/1982, no qual eram devidos juros à taxa de 3%, 4% e 5%, progressivamente.Conquanto a sentença tenha julgado extinto o processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual,baseou-se em análise do mérito propriamente dito, eis que verificada, após análise dos documentos juntados aos autospela ré, a efetiva aplicação da pretendida taxa progressiva de juros à conta vinculada do autor.Uma vez verificado que o autor já obteve aquilo que pede na inicial, a sentença que reconhece tal fato deve rejeitar opedido, produzindo coisa julgada material, razão pela qual deve ser proferida sentença de mérito, na forma do art. 269, I, doCPC.Pelo exposto:NEGO PROVIMENTO ao recurso;ANULO a sentença; eJULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, na forma do art. 269, I, do CPC.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a parte autora é beneficiária dagratuidade de justiça (fl. 31).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

137 - 0000148-03.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000148-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMIR VALTER PIANA(ADVOGADO: GUSTAVO LUIZ BUSSULAR, ARNALDO EUSTAQUIO CUNHA PRATTI, GERALDO LUIZ BUSSULAR,DIEGO MOURA FADINI.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000148-03.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000148-4/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DE APLICAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE 6%.

Page 201: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fundamento no art. 267, VI, do CPC, ante a ausência de interesse de agir do autor, porquantointegralmente aplicados à sua conta vinculada de FGTS a taxa de juros de 6%. Alega a recorrente que a sentençaassentou-se na premissa de que os documentos anexados às fls. 32/34 teriam o condão de demonstrar a correta aplicaçãodos juros progressivos de 6% inclusive em relação ao período postulado na inicial, sendo que tais extratos não condizemcom o lapso da progressividade gradual de que trata o art. 4º da Lei nº 5.107/66, mas referem-se apenas ao período de01/12/1988 a 01/06/1990. Pede seja anulada a sentença e determinada a juntada aos autos dos extratos quanto ao períodopostulado na inicial (16/08/1971 a 16/08/1982).A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, em princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigênciada Lei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 11, o autor começou a trabalhar em 16/08/1971 e permaneceu no emprego até30/11/1998. Optou pelo regime do FGTS em 16/08/1971 (fls. 15), portanto, antes da entrada em vigor da Lei nº 5.704/71.Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 33/34, referentes ao período de 12/1988 a 06/1990 demonstram a aplicação de taxa de juros de 6%.A aplicação da taxa de 6% nesse período demonstra que o direito foi reconhecido ao autor pelo próprio órgão gestor, eaplicado na forma do artigo 4º da Lei nº 5.107/66. Desnecessária a juntada dos extratos referentes ao período de16/08/1971 a 16/08/1982, no qual eram devidos juros à taxa de 3%, 4% e 5%, progressivamente.Conquanto a sentença tenha julgado extinto o processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual,baseou-se em análise do mérito propriamente dito, eis que verificada, após análise dos documentos juntados aos autospela ré, a efetiva aplicação da pretendida taxa progressiva de juros à conta vinculada do autor.Uma vez verificado que o autor já obteve aquilo que pede na inicial, a sentença que reconhece tal fato deve rejeitar opedido, produzindo coisa julgada material, razão pela qual deve ser proferida sentença de mérito, na forma do art. 269, I, doCPC.Pelo exposto:NEGO PROVIMENTO ao recurso;ANULO a sentença; eJULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, na forma do art. 269, I, do CPC.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a parte autora é beneficiária dagratuidade de justiça (fl. 20).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

138 - 0008177-93.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008177-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.) x NEWTON ROCHA GOTELIP (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES

Page 202: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

ALVES, HELTON TEIXEIRA RAMOS.).PROCESSO: 0008177-93.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008177-5/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA NÃO APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVADE JUROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença de fls. 152/154, quehomologou os cálculos de fls. 128 e julgou procedente o pedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTSda parte autora, no que tange ao período de novembro/1979 a setembro/1994, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a nulidade da sentença, antea ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e463 do CPC. No mérito, alega que não detém os extratos analíticos das contas vinculadas de FGTS anteriores a maio de1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e que os extratos por ela apresentados são suficientes para demonstrara aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustenta que não é possível a utilização dos parâmetros fixados nasentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 13, o autor começou a trabalhar em 27/12/1969 e permaneceu no emprego até16/09/1994, quando se aposentou (fls. 14 e 15). Optou pelo regime do FGTS em 27/12/1969 (fl. 14), portanto, antes daentrada em vigor da Lei 5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3% ao ano. Desta forma, constata-se queo autor faz jus à progressividade da taxa de juros.

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Os extratos de fls. 65/67 (reproduzidos às fls. 120/125), referentes ao período de abril de 1977 a outubro de 1979,demonstram a aplicação de taxa de juros de 3%. Contudo, o extrato de fl. 83, referente a 2010, demonstra aplicação dataxa de 6%.O documento de fl. 83 não pode prevalecer sobre os extratos de fls. 65/67, tendo em vista que foi emitido em 14/07/2010 -por ocasião do crédito efetuado em cumprimento a determinação judicial transitada em julgado, como se depreende darubrica: AC JUR MORA DET JUD TRANS JULGADO -, sendo que o autor encontra-se aposentado desde 16/09/1994. Taiscréditos seriam relativos a taxa progressiva de juros, como se depreende da rubrica: AC JAM DET JUD – PROGR TXJUROS. O documento, portanto, comprova que até então não fora aplicada a taxa progressiva de juros na conta vinculadada parte autora.Não consta dos autos notícia acerca da determinação judicial mencionada na referida rubrica. Consta apenas informaçãosobre processo em que pretendia o autor a incidência de índices de expurgos inflacionários na atualização do saldo daconta vinculada, como se vê às fls. 17/21.Pelo exposto:conheço do recurso e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para ANULAR a sentença;JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, condenando a CEF a pagar à parte autora a diferença resultante da aplicação da taxaprogressiva de juros em sua conta vinculada de FGTS, incidindo correção monetária e juros até o efetivo pagamento,descontado o valor eventualmente pago a esse título e observada a prescrição trintenária (Súmula 210 do STJ); registroque o termo final da incidência dos juros progressivos é o dia 16/09/1994, quando houve desligamento do emprego.Sem custas e sem honorários.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

139 - 0000145-45.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000145-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x JEFFERSON VIEIRA DA PENHA (DEF.PUB: ALINEFELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO: 0000145-45.2011.4.02.5055/01

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 50/60, que julgou procedente o pedidopara condenar o INSS à obrigação de conceder o benefício de amparo social ao autor desde a data do requerimentoadministrativo. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que a sentença padece de nulidade insanável, pois não houveintimação do Ministério Público Federal para atuar no presente feito. Argumenta, ainda, que a parte autora não preenche osrequisitos legais para a concessão do benefício, tendo em vista que a renda familiar per capita não é inferior a ¼ do saláriomínimo, não sendo permitida a utilização de qualquer outro critério, que não o legal, para a comprovação da miserabilidade.

2. Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ouidoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. In casu, o ponto controvertido cinge-se à aferição da renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

4. Argüiu o INSS a nulidade do feito pela ausência de intimação do Ministério Público. Ocorre que a intervenção doMinistério Público se dá em favor do autor, ora recorrido, e se não houve prejuízo na sua inobservância, não há que se falarem nulidade do processo, sob pena de contribuição para a morosidade da prestação jurisdicional, e, reflexamente, ofensaaos princípios da informalidade, celeridade, simplicidade e economia processual.

5. Conforme parecer social de fls. 13/15, a família é composta por 04 (quatro) membros: o assistido (18 anos), Evaldo Silvada Penha (genitor do assistido, 38 anos), Cláudia Vieira Costa Reis da Penha (35 anos, genitora do assistido) e GabrielVieira da Penha (13 anos, irmão do assistido). O recorrido é autista e possui síndrome do X Frágil, que provoca alteraçõesde atenção, hiperatividade, agressividade e déficit cognitivo. Possui, ainda, problemas de expressão, comunicação edificuldade de interação com outras pessoas. Segundo o genitor, ele se mutila, expele secreção salivar e depende demedicamentos para dormir e ter vida social. É agitado, possui dificuldade de concentração e aprendizagem. Precisa deorientação para higienização, auto-cuidado e tem dificuldade de locomoção. A renda familiar é de R$ 510,00, provenienteda aposentadoria por invalidez do genitor do assistido.

6. Além disso, a assistente social assevera que a habitação do autor é própria, de alvenaria, cobertura de laje, com 02(dois) quartos, sala, cozinha e banheiro. Possui acesso aos serviços básicos de energia elétrica, água encanada e coleta delixo. Possui equipamentos básicos como televisão, rádio, geladeira e fogão. Os gastos extraordinários são em torno de R$

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250,00 (duzentos e cinquenta reais), isto é, R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) com medicamentos, como: Risperidona 02mg, Fenergan, Neleptil 4% e R$ 100,00 (cem reais) com consultas médicas com neurologista.

7. A hipótese dos autos revela que o recorrido atende ao requisito de miserabilidade para o recebimento do benefícioassistencial. Isto porque as condições sócio-econômicas demonstradas, no presente caso, pelo laudo de visita domiciliar defls. 13/15, comprovam que, apesar de a renda per capita da família não ser inferior ao quantum legal de ¼ dosalário-mínimo, os altos gastos realizados mensalmente com medicamentos, bem como alimentação faz com que a rendafamiliar não seja suficiente para a subsistência de seus membros com dignidade. Registre-se, ainda que, no caso concreto,a renda mensal per capita não é superior a ¼ do salário-mínimo, mas é exatamente ¼ do salário-mínimo: o pai do autorrecebe aposentadoria por invalidez e o grupo familiar é composto por 4 pessoas (o autor, um irmão e seus pais).

8. Nesse sentido, o E. STF, no julgamento do RE 567.985/MT, de relatoria do Ministro Marco Aurélio, que versa sobre apossibilidade de flexibilização do limite objetivo instituído pelo legislador, apontou que os juízes deveriam apreciar, deboa-fé, conforme a prova produzida, o estado de miséria. Sublinhou o relator Marco Aurélio que, ante razões excepcionaisdevidamente comprovadas, seria dado ao intérprete constatar que a aplicação objetiva da lei à situação concreta conduziriaà inconstitucionalidade, presente o parâmetro material da Constituição (miserabilidade).

9. Assim sendo, o art. 20, § 3º da Lei 8.742/93 não é critério absoluto para fins de comprovação da miserabilidade referidano art. 203, V da Constituição Federal, mas é apenas um limite mínimo abaixo do qual a incapacidade de prover asubsistência é patente.

10. O termo inicial do benefício há de ser mantido na data requerimento administrativo, tal qual fixou a sentença, enão na data da citação, tal qual requereu o INSS. O fato de o INSS estar vinculado ao princípio da legalidade estrita nãosignifica que o ato de indeferimento, embora formalmente legítimo seja materialmente lícito. Há ilicitude material que, dadaa peculiaridade do caso, somente pode ser corrigida por meio de ação judicial.

11. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida.

Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

140 - 0003943-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003943-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x ALAIDE RESENDE DE ARAUJO (DEF.PUB:RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0003943-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003943-5/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 72/74, que julgou procedente opedido de restabelecimento de auxílio-doença desde 09/09/2010. Recorre o INSS, em síntese, para anular a sentençaalegando que a autora não tratou sua doença e o próprio perito afirmou que 30 dias de tratamento já seriam suficientes paraa melhora. Sustenta que o próprio laudo pericial afirmou que não há incapacidade e sim limitação. Subsidiariamente, pugnaque a DIB seja fixada na data de juntada do laudo de fls. 59/60, qual seja, 03/11/2011.

2. A autora (nascida em 25/03/1968) indica, na petição inicial, ser “auxiliar de cozinha”. Foi segurado empregado de15/06/2007 a 01/02/2008 e 01/04/2010 a 02/02/2011. Anteriormente, recolheu contribuições como “contribuinte individual”nas seguintes competências: 02/1989 a 10/1989, 01/1990 a 02/1990, 04/1990 a 09/1991, 11/1991 a 12/1991, 11/1994 a11/1994, 03/1995 a 10/1995, 03/1996 a 05/1996, 10/1996 a 03/1997, 05/1997 a 06/1997, 06/1998 a 12/1999, 09/2001 a02/2003, 04/2004 a 11/2004, 06/2008 a 10/2008. Em via administrativa, o benefício pleiteado foi indeferido (DER:18/08/2010).

3. A parte autora trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso: Laudo médicode angiologista (fl. 11 - 09/09/2010) informando que a paciente foi submetida a procedimento cirúrgico e necessita de 60dias de afastamento; Laudo médico de angiologista (fl. 12 - 30/06/2010) declarando que a paciente apresenta dificuldadepara deambulação e relata dores tipo queimação, além de solicitar afastamento do trabalho por 90 dias.

4. Foram realizadas duas perícias judiciais. A primeira (fls. 45/48 – 20/06/2011), realizada por médico especialistaem cirurgia vascular e angiologia, atestou que a autora possui insuficiência venosa crônica e obesidade. Concluiu que nãohá incapacidade quanto ao problema das varizes. No entanto, sugeriu que a autora fosse examinada por endocrinologista,pois possui outras morbidades associadas ao quadro de obesidade. A segunda perícia (fls. 59/60 - 03/11/2011), realizadapor endocrinologista, atestou que a paciente apresenta obesidade mórbida o que gera limitações a certas atividades devidoao volume abdominal. Citou como exemplos: pegar peso, subir escadas, pegar objetos do chão, manter-se por muito tempo

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na mesma posição. Concluiu que, no momento, a autora não possui incapacidade e sim limitações para sua função.Ressalva que, se não realizado o tratamento adequado, poderá haver complicações devido ao quadro de obesidade.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: a recorrida éportadora de obesidade mórbida, fato que originou o quadro de varizes e culminou na cirurgia (fl. 11); o peritoendocrinologista atestou que a autora estaria abaixo da média de rendimento dos trabalhadores da mesma categoria(auxiliar de cozinha), pois possui certas limitações; foi atestada a capacidade da autora na primeira perícia com a ressalvade que sejam seguidas as recomendações médicas de maneira rigorosa; foi declarado na mesma perícia que a obesidadeera importante fator de risco para recidiva do quadro de varizes e para o surgimento de várias outras complicações; o peritoendocrinologista sugeriu uma dieta a ser orientada por nutricionista a qual se tornaria difícil devido á profissão da recorrida;as limitações atestadas pelo endocrinologista permitem concluir que há incapacidade parcial, visto que esta também ocorrequando o segurado está inapto para algumas funções de sua atividade habitual, mas não para todas.

6. Sendo assim, entendo que a autora faz jus a concessão do benefício desde 09/09/2010, data na qual foisubmetida a procedimento cirúrgico (fl. 11). Ora, se a mesma encontra-se abaixo do rendimento normal da categoria(inclusive tendo de ser submetida á cirurgia de varizes) e com limitações em virtude de sua obesidade, necessário se fazque o benefício de auxílio-doença seja mantido até sua cura ou reabilitação para outra atividade profissional.

7. RECURSO DO INSS CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

141 - 0004172-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004172-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x JULIO CESAR RIBEIRO LIBARDI(ADVOGADO: VERA LÚCIA FÁVARES, ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, FLAVIA SCALZI PIVATO,JOCIANI PEREIRA NEVES, TATIANA MARQUES FRANÇA, LARA CHAGAS VAN DER PUT, MAURA RUBERTH GOBBI,RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, KARIME SILVA SIVIERO.).PROCESSO: 0004172-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004172-0/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 105/106, que julgou procedenteo pedido inicial para condenar a autarquia-ré a pagar os proventos do auxílio-doença com efeitos retroativos a data dacessação do pagamento administrativo (30/06/2009 – fl. 79), assim como a converter o auxílio-doença em aposentadoriapor invalidez com DIB em 05/10/2011 (data da perícia que atestou incapacidade definitiva), acrescido de 25%. Requer aautarquia, a reforma da sentença sob o argumento de que a perícia na qual se baseou o juiz para prolatá-la foi produzidacom base em laudos pretéritos, período no qual era incontroversa a incapacidade, não avaliando o atual estado de saúdedo autor. Caso não acolhida tal tese, pugna, subsidiariamente, que a aposentadoria por invalidez seja convertida emauxílio-doença, pois o perito disse que o recorrido não pode realizar nenhuma atividade “no momento”, o que não é omesmo que “nunca mais”.

2. O autor (nascido em 19/04/1973) indica, na petição inicial, ser “pintor”. Recebeu benefício de auxílio-doençaentre 13/02/2008 e 30/06/2009. Teve vínculo empregatício de 13/01/1997 a 04/1997, 10/03/1998 a 30/09/1998, 01/10/1999a 31/05/2000, 03/02/2005 a 30/09/2005, 01/08/2007 a 02/2008.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): laudo de médico neurologista (fl. 28 – 06/10/2009), informando que o paciente foi vítima de traumatismocrânioencefálico por projétil de arma de fogo na região frontal, que ficou localizado entre as artérias cerebrais, causando,assim, um déficit de memória acentuado e distúrbio de comportamento, além disso, o paciente necessita de acompanhantepara qualquer atividade, estando sem condições de trabalhar; laudo de médico neurologista (fl. 29 – 08/11/2010), atestandoque o paciente ficou com sequela grave de comportamento e amnésia para fatos recentes, devido ao traumatismo causadopelo projétil, estando incapacitado para o trabalho; juntou vários exames. Ressalto que os demais laudos e examesconstantes dos autos referem-se a período anterior à cessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida peloINSS.

4. Foram realizadas duas perícias judiciais. A primeira (fls. 59/60 - 22/07/2011), realizada por médico psiquiatra,atestou que o autor é portador de transtorno orgânico de ansiedade, doença que não gera incapacidade.

A segunda (fls. 76/78 – 05/12/2011), realizada por médico neurologista, atestou que o autor teve traumatismo

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crânioencefálico decorrente de projétil de arma de fogo e, por este motivo, está com sua capacidade de memorização eatenção deficitária, com déficit visual em ambos os olhos, quadro de ansiedade e perda de autonomia, necessitando deconstante apoio da família. Além disso, não possui capacidade de maneira definitiva, necessitando da ajuda de terceirospara tocar sua vida pessoal e profissional.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o autor é portadorde várias anomalias derivadas do traumatismo crânioencefálico causado por projétil de arma de fogo; tanto os laudosparticulares acostados aos autos, quanto o laudo pericial do juízo, atestam a incapacidade definitiva do recorrido; o laudopericial de fls. 76/78 (neurologista) foi produzido com base em anamnese clínica realizada no paciente, juntamente comanálise criteriosa dos exames e laudos entregues á perícia médica e não exclusivamente com base em documentosantigos; o perito é especialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial.

Sendo assim, entendo que o autor faz jus ao restabelecimento do auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoriapor invalidez nos termos da sentença ora impugnada. O recorrido juntou aos autos elementos probatórios suficientes paracomprovar os fatos constitutivos de seu direito. Além disso, os laudos particulares juntados convergem para a mesmaconclusão do perito judicial.

6. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

142 - 0000851-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000851-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA URBANO CRUZ (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.) x MARIA DAS GRAÇAS KENUP (ADVOGADO: PEDRO HENRIQUE S MENEZES, VINICIUSPERIM DE MORAES.).PROCESSO: 0000851-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000851-7/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 118/120, que julgou parcialmenteprocedente o pedido para condenar o réu a restituir à autora todos os descontos referentes ao desdobramento do benefíciode pensão por morte retroativos ao período de 29/10/2009 a 14/12/2009. Além disso, condenou o recorrente a restituir àrecorrida os descontos na sua parcela da cota de pensão por morte, a partir de 15/12/2009, que tenham extrapolado o limitede 40 % do auxílio-acidente que o segurado instituidor da pensão recebia enquanto viveu.

O INSS insurge-se contra a determinação judicial de ratear a pensão (entre esposa e ex-esposa que recebia pensãoalimentícia) de forma diversa àquela estipulada no art. 77 da lei nº 8.213/91, ou seja, em partes iguais (50% e 50%, in casu).Tal inconformismo surgiu em razão da decisão do magistrado que entendeu ser injusta a divisão em partes iguais de umapensão por morte, tendo em vista que, quando o segurado instituidor era vivo, a ex-esposa recebia apenas 40% dobenefício de auxílio-acidente que este auferia, o que correspondia, aproximadamente, a R$ 75,00 (junho de 2009) e, depoisde sua morte, passou a receber meio salário mínimo.

Houve antecipação dos efeitos da tutela para que o INSS reduzisse o benefício da corré (ex-esposa) para o percentual de40% do benefício de auxílio-acidente (benefício que foi cessado quando do óbito do segurado) e adequasse, em virtudedisso, o benefício da autora (esposa). O INSS informou a impossibilidade de cumprir a decisão, em virtude da inexistênciaatual do benefício de auxílio-acidente. Afirmou que a decisão judicial seria materialmente impossível de ser cumprida pornão haver como incidir percentual sobre benefício inexistente. Entretanto, não opôs embargos de declaração.

Em decisão posterior (fl. 149), o magistrado sentenciante reconheceu a inviabilidade material de o INSS ajustar a redivisaodo valor das cotas de pensão por morte, entendendo como razoáveis as razões articuladas no recurso do INSS. Em razãodisso, adequou o comando judicial para que a cota da autora (esposa) passasse a corresponder a 60% da pensão pormorte e a cota da corré (ex-esposa) passasse a ser de 40% do benefício de pensão.

Ressalte-se que a autarquia previdenciária apenas insurgiu-se em face da condenação da redivisão da pensão (e dosefeitos pretéritos que tal divisão proporcionaria), não se opondo à alteração da DIB do benefício da corré.

É o relatório. Passo a votar.

A questão de fundo cinge-se à proporcionalidade que deve ser observada no rateio do benefício da pensão por morte entre

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dois dependentes. A dicção legal do art. 77 da lei nº 8.213/91 é clara: a pensão por morte, havendo mais de um pensionista,será rateada entre todos em partes iguais. O fato de a norma ser clara não impede que seja interpretada, visto que ainterpretação é sempre necessária, sejam obscuras ou cristalinas as suas palavras. Será sempre preciso determinar seualcance e sentido. Surge, assim, a questão que ora se indaga? É possível a determinação de divisão desproporcional debenefício de pensão por morte de acordo com o caso concreto? Caso seja possível, estaria o INSS autorizado a fazer adivisão de forma desproporcional desde o requerimento administrativo ou estaria vinculado ao princípio da legalidade?

O sentido ou finalidade da norma analisada é, justamente, dividir o benefício de pensão de tal forma que não hajadiscrepâncias na sua distribuição, ou seja, que ninguém seja mais favorecido que outro pelo fato de ser cônjuge,companheiro, filho, irmão, mãe ou pai. Ou seja, a lei pretende tratar a todos de forma igual – igualdade entendida em seuaspecto formal – visto que distribui o benefício de forma equânime. É evidente que, em cada caso concreto, sempre haverádiferenças. Um filho pode ter uma doença grave e precisar de medicamentos de alto custo, enquanto o outro pode sersaudável e não necessitar de grandes gastos. Entretanto, a cota-parte de cada um deles será a mesma, à luz da clareza dadicção do caput do artigo 77 da Lei nº 8.213/91.

Na mesma linha é a lição da doutrina: “... pouco importa o valor da pensão recebida pelo ex-cônjuge ou ex-companheiro emcaso de separação judicial, divórcio ou cessação do convívio. Falecido o segurado, a pensão será dividida em partes iguais,ao contrário do que ocorria no regime anterior, quando o cônjuge sobrevivente, separado ou divorciado tinha direito ao valorequivalente ao da pensão alimentícia (CLPS/84, art. 49, § 2º)”. (ROCHA, Daniel Machado da & BALTAZAR JÚNIOR, JoséPaulo. Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social. 10ª edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora,2011, p. 279).

Sendo assim, não vejo motivos para desprezar o comando literal da lei ora analisada a fim de ratear o benefício de pensãopor morte em partes desiguais.

Ressalte-se, ainda, que o comando judicial foi revisto em decisão posterior e alterou novamente o rateio, passando de 40%sobre o auxílio-acidente para 40% sobre o benefício de pensão por morte, o que esvaziou a motivação firmada pelo Juízo aquo na sentença, tendo em vista que este utilizou a possibilidade de o juiz adotar a decisão que reputar mais justa e atenderàs exigências do bem comum para manter o percentual como era antes do óbito, mas, no momento em que refez suadecisão, praticamente equiparou as duas cotas.

Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele DOU PROVIMENTO para reformar parcialmente a sentença (recursoparcial), excluindo a condenação do INSS no tocante ao item “b” do dispositivo.Quanto às verbas pagas a título de antecipação de tutela, aplico o Enunciado n° 52 da Turma Recursal d o Espírito Santoque dispõe: É inexigível a restituição de benefício previdenciário ou assistencial recebido em razão de tutela antecipadaposteriormente revogada.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

143 - 0000840-74.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000840-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALMIR CARIAS(ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Pedro Dias Lesqueves, Wallace Rocha de Abreu.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000840-74.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000840-7/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

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Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

144 - 0001153-35.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001153-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO DE SOUZA ALTINO(ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Pedro Dias Lesqueves, Wallace Rocha de Abreu.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0001153-35.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001153-4/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

145 - 0000321-02.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000321-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GESSI MORAISGONÇALVES (ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000321-02.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000321-5/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

146 - 0000543-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000543-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLITA OLIVEIRA DEMORAES AGUSTINHO (ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) xCAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000543-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000543-1/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

147 - 0000545-37.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000545-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIA GUIMARÃESSILVA (ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000545-37.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000545-5/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

148 - 0000549-74.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000549-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOS RAMON SABRADINIZ (ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).

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PROCESSO: 0000549-74.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000549-2/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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149 - 0000551-44.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000551-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSMAR PEREIRA DEAGUIAR (ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000551-44.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000551-0/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

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150 - 0000264-47.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000264-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZILMAR DE SOUZAANDRADE (ADVOGADO: JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALESDOS SANTOS.).PROCESSO: 0000264-47.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000264-1/01)

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Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

151 - 0000266-17.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000266-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ARTENIO POLETO(ADVOGADO: JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOSSANTOS.).PROCESSO: 0000266-17.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000266-5/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

152 - 0000267-02.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000267-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA DELLACLODEMARTINS (ADVOGADO: JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALESDOS SANTOS.).PROCESSO: 0000267-02.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000267-7/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.

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A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

153 - 0000269-69.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000269-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE MANOEL CARVALHOSIMOES GERALDO (ADVOGADO: JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGOSALES DOS SANTOS.).PROCESSO: 0000269-69.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000269-0/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

154 - 0000272-24.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000272-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ACISIO NALLI (ADVOGADO:JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOS SANTOS.).PROCESSO: 0000272-24.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000272-0/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

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Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

155 - 0000304-29.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000304-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE RENATO HENRIQUEOZORIO (ADVOGADO: JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALESDOS SANTOS.).PROCESSO: 0000304-29.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000304-9/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

156 - 0000311-55.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000311-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SELEDIR RIBEIRO AVELAR(ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Pedro Dias Lesqueves, Wallace Rocha de Abreu.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).PROCESSO: 0000311-55.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000311-2/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

157 - 0000346-78.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000346-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALCIMAR RIBEIRO LESSA(ADVOGADO: JOSÉ RENATO ALTOÉ.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOSSANTOS.).PROCESSO: 0000346-78.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000346-3/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

158 - 0001162-94.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001162-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RODOLFO JOSE SOARES(ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).PROCESSO: 0001162-94.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001162-5/01)

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FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

159 - 0001165-49.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001165-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DULCINEIA SARRIA IDA(ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Wallace Rocha de Abreu, Pedro Dias Lesqueves.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).

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PROCESSO: 0001165-49.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001165-0/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

160 - 0000757-58.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000757-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZILENE BREDA PICOLI(ADVOGADO: DEBORA COSTA SANTUCHI, Pedro Dias Lesqueves, Wallace Rocha de Abreu.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000757-58.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000757-9/01)

E M E N T A

FGTS – EXPURGOS INFLACIONÁRIOS – COISA JULGADA EM AÇÃO COLETIVA A CUJO CUMPRIMENTO NÃO HÁRESISTÊNCIA POR PARTE DA CEF - AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse processual, tendo em vista que asdiferenças oriundas dos expurgos inflacionários calculadas sobre as contas de FGTS podem ser obtidasadministrativamente, mediante requerimento à própria CEF - independentemente de adesão ao termo referido na LC110/2001 ou de habilitação nos autos da ACP nº 95.0001119-0 – em prazo não superior a 60 dias e sem nenhum deságio.A sentença resguardou à parte autora o direito de acesso ao Judiciário caso o pleito administrativo seja indeferido ouultrapasse prazo razoável sem atendimento.Não se configura, no caso, lesão ou ameaça a direito, ante a existência de coisa julgada em ação coletiva, a cujocumprimento não há resistência por parte da CEF, muito ao contrário, tem sido viabilizado administrativamente talcumprimento de forma célere e eficiente, sem qualquer prejuízo aos fundistas. Não se justifica, pois, a prestaçãojurisdicional, estando correta a sentença ao considerar ausente o interesse de agir.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a parte autora ser beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

161 - 0004171-04.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004171-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LIVIA SAMARA CUNHAOLIVEIRA DA SILVA (ADVOGADO: GILVANIA BINOW.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0004171-04.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004171-9/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 58/59, que julgou

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improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Alega a recorrente, em síntese, que está incapacitada para o trabalho pelo fato de ser portadora de esquizofrenia. Sustentaque é totalmente dependente de terceiros e que apresenta dificuldades de socialização. Argui que, ao ser exposta aocontato de pessoas não íntimas, desenvolve idéias de percepção delirante, criando situações insustentáveis nas relaçõescom os colegas de trabalho. Requer a realização de nova perícia médica caso a Turma tenha dúvidas a respeito de suaincapacidade. Por fim, requer a reforma da sentença.

2. A autora (nascida em 19/09/1973) recebeu benefício de auxílio-doença nos seguintes períodos: 13/10/1997 a15/09/1998, 03/07/1999 a 12/07/1999, 16/02/2004 a 30/09/2005, 10/03/2006 a 31/08/2009 e 06/10/2009 a 29/05/2010. Tevevários vínculos empregatícios, iniciando em 17/01/1991 e totalizando mais de 09 anos de tempo de contribuição. Seu últimoemprego findou-se em outubro de 2005. Na peça inicial indica que está desempregada. Seu pedido inicial é o derestabelecimento do auxílio-doença cessado em 29/05/2010, com sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez.

3. Trouxe aos autos laudo médico psiquiátrico (13/07/2010 – fl. 12) indicando que faz tratamento desde 1992 eapresenta incapacidade para o trabalho.

4. A perícia médica judicial (fls. 35/36) foi realizada em 03/08/2011. O perito diagnosticou transtornos persistentesdo humor. Informou que a autora apresentou-se lúcida, orientada, cooperativa e sem alterações da realidade. Indicou quenão observou distúrbios do comportamento e/ou alterações da senso-percepção que incapacite a recorrente de exerceratividade profissional. Informou que não estão presentes efeitos colaterais das medicações de que a autora faz uso.Concluiu que a doença evoluiu positivamente com estabilização do quadro psiquiátrico, estando a autora apta ao trabalho.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou aplena capacidade da autora para realizar atividade profissional; a recorrente colacionou apenas um laudo médico (julho de2010) atestando incapacidade para o trabalho; o laudo particular não traz fundamentação a respeito da alegadaincapacidade; o laudo pericial do Juízo foi plenamente satisfatório e descreveu pormenorizadamente o quadro clínico daautora.

Sendo assim, entendo que a autora não faz jus ao restabelecimento do benefício. O laudo elaborado pelo perito judicial foicompleto e capaz de afastar qualquer dúvida a respeito da capacidade da recorrente. Verifico, in casu, que a autora não sedesincumbiu de provar os fatos alegados na inicial, restando clara a sua aptidão atual para o trabalho.

6. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 59).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

162 - 0001491-46.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001491-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x VERA LUCIA SILVA VIEIRA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).PROCESSO: 0001491-46.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001491-1/01)

VOTO – EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 136/138, que julgouparcialmente procedente o pedido inicial para condenar a autarquia previdenciária a conceder o benefício de auxílio-doençadesde 15/03/2011. Afirma o recorrente que a autora reingressou no RGPS já incapaz, sendo certo que a data de início desua incapacidade deve ser fixada em 15/09/2010. Requer, assim, a reforma da sentença. Foram apresentadascontrarrazões pela recorrida. Em 30/09/2013, o INSS informou nos autos que realizou perícia médica na autora, na qual foiconstatada a existência de capacidade laborativa. Na oportunidade, requereu a revogação da tutela antecipada, com aintimação da parte autora para tomar ciência do novo laudo administrativo.

2. O ponto da sentença impugnado pelo recorrente limita-se à alegação de que a incapacidade da autora é anteriorao reingresso no RGPS. Não se discute, neste momento, a incapacidade, motivo pelo qual deixo de analisar os laudosparticulares e o laudo judicial juntados aos autos.

Pois bem, o INSS fixou como DII (data de início da incapacidade) o dia 15/09/2010 (fl. 143). O requerimento administrativofoi realizado em 15/03/2011 (fl. 06). O motivo do indeferimento foi a falta da qualidade de segurado. O Conselho deRecursos da Previdência Social manteve o entendimento administrativo.

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O extrato do CNIS informa que a recorrida teve os seguintes vínculos empregatícios: 01/08/1972 a 10/10/1978 (Silvério &Coser Ltda) e, a partir de 01/10/2010 iniciou vínculo com a empresa “Topoline Topografia e Engenharia Ltda”, comrecolhimentos de contribuições previdenciárias apenas nos meses de outubro de 2010 e janeiro de 2011. Como a autorajuntou aos autos cópia de sua CTPS, com o devido vínculo anotado, entendo que a falta de recolhimento por parte daempresa não pode ser utilizada em seu desfavor. Ademais, recolheu contribuições como “contribuinte individual” nasseguintes competências: 05/2006 a 09/2006, 11/2006, 04/2009 e 06/2009 a 06/2010.

A autora perdeu a qualidade de segurada em 1979. Nesse caso, para readquirir seus direitos aos benefícios precisariarecolher, pelo menos, 1/3 da carência do benefício ora postulado. Como o benefício de auxílio-doença demanda carênciade 12 (doze) meses, a autora precisaria recolher 04 (quatro) contribuições para readquirir a qualidade de segurada. Apesarde algumas competências (como contribuinte individual) terem sido recolhidas fora do prazo, não servindo como cômputopara a carência, verifico que a maioria delas foi regularmente recolhida, preenchendo, assim, a exigência legal para areaquisição da qualidade de segurada. Dessa forma, o indeferimento da autarquia previdenciária, em 15/03/2011, não sejustifica, tendo em vista que a autora possuía, realmente, a qualidade de segurada nessa data.

Se a negativa do INSS, em 15/03/2011, deveu-se ao fato de ter analisado a qualidade de segurada no momento da DIIfixada administrativamente (15/09/2010), entendo que o indeferimento também não poderia ter ocorrido. Fixada a data de15/09/2010 como parâmetro, entendo que também resta preenchido o requisito “qualidade de segurada”. Afinal, a autoraprecisaria recolher apenas 1/3 (um terço) da carência estabelecida para o benefício pretendido, o que corresponde a 04(quatro) contribuições em dia, tendo suprido tal condição com o recolhimento das competências 12/2009, 03/2010, 05/2010,06/2010.

Sendo assim, como o próprio INSS fixou a data de início da incapacidade em 15/09/2010 e considerando que a autora, nadata do requerimento administrativo, apresentava os 03 (três) requisitos necessários ao deferimento do benefício deauxílio-doença, quais sejam, incapacidade temporária por mais de 15 dias, qualidade de segurada e carência, o recurso oraanalisado carece de fundamento válido que dê suporte a qualquer tipo de alteração da decisão impugnada.

3. Fato superveniente: cessação administrativa do benefício.

Quanto à petição de fls. 163/164, na qual a autarquia previdenciária requer a revogação da tutela antecipada, entendo que opedido sequer deve ser conhecido. O ato administrativo que determinou a cessação do benefício em 16/09/2013 nãodesrespeitou a sentença, uma vez que, em se tratando de benefício por incapacidade, o ato decisório do Juízo a quosubmete-se à cláusula rebus sic stantibus, devendo, realmente, o ato ser revisto pela autarquia caso as condições quepropiciaram a concessão do benefício em sentença não se mantenham.

Ademais, não vejo necessidade de a autora ser intimada dos documentos colacionados pelo INSS às fls. 163/164, uma vezque compareceu à perícia administrativa e de seu resultado teve ciência. Em síntese, caso a autora queira impugnarjudicialmente o referido ato administrativo que determinou a cessação do benefício (ocorrido em setembro de 2013), deveráfazê-lo por meio de nova ação judicial.

Em suma: à luz dos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os da simplicidade e celeridade (artigo 2º,Lei nº 9.099/95), parece-me inviável – ao menos como regra geral – designar nova instrução probatória em segundainstância para fins de continuar, no mesmo processo, a exercer controle jurisdicional incidente sobre um ato administrativoaperfeiçoado após a prolação da sentença.

4. Conclusão.

Em face do exposto: (i) NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS; (ii) este acórdão, de efeito declaratório, é relativo à datada prolação da sentença, razão pela qual não abarca o ato administrativo proferido em setembro de 2013, que determinou acessação do benefício previdenciário; (iii) caso a autora queira questionar esse ato administrativo, deverá fazê-lo por via denova ação judicial.

Custas ex lege. Condeno o INSS a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

163 - 0000530-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000530-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x DIOGO SILVA DOS SANTOS (ADVOGADO:ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES.).PROCESSO: 0000530-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000530-9/01)

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V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 181/182, que julgouparcialmente procedente o pedido inicial para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde acessação, em 30/11/2009.

Alega o recorrente que, após a cessação do benefício, todos os requerimentos formulados pelo autor foram indeferidos pelomesmo motivo, constatando-se a existência de capacidade para o trabalho, sendo 04 (quatro) requerimentos ao longo doano de 2010 e mais 01 (um) em 2011, nos quais não foi diagnosticado, por parte da perícia médica do INSS, o quadro deincapacidade alegado. Sustenta que o ato administrativo do INSS goza de presunção de veracidade e legalidade, nãopodendo ser afastado por laudo particular. Ademais, ressalta que, na primeira perícia realizada em juízo (abril de 2010), oresultado obtido foi o mesmo, corroborando as conclusões das perícias administrativas. Aduz que a capacidade laborativaestá plenamente comprovada entre a cessação do benefício (novembro de 2009) e a data da primeira perícia judicial (abrilde 2010) e que, se numa segunda perícia houve a alteração do diagnóstico, não há como se afirmar que o estado deincapacidade existia anteriormente, mas apenas naquele momento. Dessa forma, requer a reforma da sentença para que aDIB seja fixada na data em que houve prova do retorno da incapacidade temporária (10/06/2011 – data da segunda períciamédica).

Em 30/09/2013, o INSS peticionou nos autos informando que o recorrido foi submetido à perícia administrativa que concluiupela sua capacidade, motivo pelo qual o benefício teria sido cancelado a partir de 10/09/2013.

É o breve relatório. Passo a votar.

2. A primeira perícia judicial foi elaborada em 26/08/2010 por médico ortopedista. Conforme o perito, o autor (43anos de idade) possui hérnia de disco lombar, estando assintomático no momento. Afirma que subsidiou suas conclusõesem exame clínico, ressonância nuclear magnética lombar e cervical e eletroneuromiografia de membros inferiores. Concluiuo perito que o recorrido apresentava-se capaz para o exercício de sua atividade de soldador.

Após impugnação do laudo pericial pelo recorrido, o Juízo a quo determinou a realização de segunda perícia com médicoespecialista em ortopedia. Entendeu o magistrado que a matéria fática não ficou suficientemente esclarecida, uma vez queo perito nomeado pelo Juízo não analisou todas as queixas de doença do autor.

A segunda perícia judicial foi realizada em 10/06/2011 (fls. 137/138). O perito concluiu que o autor apresenta quadro deespondiloartrose incipiente da coluna lombar e tendinopatia do ombro direito. Afirmou que o recorrido apresenta limitaçãoda abdução e flexão do ombro direito, não podendo carregar e levantar peso e realizar esforço com o membro superiordireito. Concluiu pela incapacidade temporária para a atividade de soldador, informando que o paciente deveria sersubmetido à artroscopia cirúrgica do ombro direito e posterior reabilitação fisioterápica. Por fim, indicou não ser possívelfixar a data de início da incapacidade por inexistir dados clínicos para esta resposta.

Entre a data de cessação do benefício (30/11/2009) e a realização da perícia judicial que atestou a incapacidade temporáriado autor (10/06/2011) existem diversos laudos e exames médicos:

FolhaTipoDataConclusão

08Laudo médico emitido por neurologista08/01/2010Paciente queixa-se de cervicobraquialgia à direita, parestesia de mão direita e lombalgia incapacitante aos médios esforços.Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

100 (idem 132)Laudo médico emitido por neurologista16/07/2010Em acompanhamento médico devido à cervicobraquialgia direita, parestesia de mão direita e lombalgia aos médiosesforços. Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

101 (idem 134)Laudo médico emitido por neurologista28/05/2010Em acompanhamento médico devido à cervicobraquialgia direita, parestesia de mão direita e lombalgia aos médiosesforços. Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

102Tomografia computadorizada de coluna lombar02/07/2010

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ID: discreta degeneração discal em L4-L5 com diminuta protrusão focal posteromediana em L5-S1, aparentemente semcompressão radicular significativa.

105Laudo médico emitido por reumatologista03/08/2010Paciente apresenta exames compatíveis com tendinite crônica no ombro direito e hérnia de disco lombar. Apresentaincapacidade para o trabalho.

123Ressonância magnética do ombro direito07/04/2011ID: leve tendinopatia do supraespinhal, discreta tendinopatia na porção intra-articular do tendão do cabo longo do bíceps,pequena alteração degenerativa da porção superior do lábio glenoidal, sem destacamento, discreta bursitesubacromial-subdeltoidea.

128Laudo médico emitido por ortopedista23/05/2011Paciente com síndrome do impacto em ombro direito, queixando-se de dor no ombro com limitação funcional dosmovimentos, assim como diminuição da força muscular da cintura escapular. Será submetido à cirurgia no dia 06/07/2011.Sugestão de afastamento do trabalho por 06 meses para tratamento médico.

130Laudo médico emitido por neurologista12/05/2011Em acompanhamento médico devido a queixas de cervicobraquialgia direita, parestesia em mão direita e lombalgia aosmédios esforços. Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

131Laudo médico emitido por neurologista27/01/2011Em acompanhamento médico devido a queixas de cervicobraquialgia direita, parestesia em mão direita e lombalgia aosmédios esforços. Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

133Laudo médico emitido por neurologista16/09/2010Em acompanhamento médico devido a queixas de cervicobraquialgia direita, parestesia em mão direita e lombalgia aosmédios esforços. Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

135Laudo médico emitido por neurologista03/12/2010Em acompanhamento médico devido a queixas de cervicobraquialgia direita, parestesia em mão direita e lombalgia aosmédios esforços. Incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado.

O ponto de impugnação do INSS restringe-se à data de início do benefício. Suas alegações recursais apontam o seguintequestionamento: se os laudos médicos elaborados por peritos da própria autarquia gozam de presunção de veracidadepoderia o juiz desconsiderar tais laudos para acatar laudos médicos particulares? E, ainda, se a primeira perícia judicial foino sentido de considerar o autor apto ao trabalho, não seria apenas na segunda perícia que deveria ser concedido obenefício?

As alegações do INSS não merecem prosperar. Por mais que as perícias administrativas tenham presunção de veracidadee legitimidade, há de se considerar que são parciais. Da mesma forma que o são os laudos particulares colacionados peloautor. Entretanto, entendo que todo o contexto probatório deve ser analisado, e não apenas uma ou outra perícia. O INSS,desde 2005, vem concedendo auxílio-doença para o autor. O primeiro benefício tem data de início em 28/01/2005 e foiconcedido até 30/11/2009 (com sucessivas prorrogações). Ademais, a primeira perícia judicial não analisou todas asdoenças das quais o autor era portador, limitando-se a indicar que era portador de hérnia de disco, enquanto a principalqueixa era a dor em ombro direito. Foi esse o motivo que levou o Juízo a quo a marcar nova perícia médica. Assim,entendo que a primeira perícia deve ser desconsiderada tendo em vista ter omitido informações relevantes a respeito dasdoenças que acometiam o recorrido. Por fim, os laudos particulares acima citados, emitidos por médico ortopedista,neurologista e reumatologista, são claros em afirmar a incapacidade temporária do autor. Há descrição completa dasdoenças que o afligem e referem-se ao período compreendido entre a cessação do benefício e a segunda perícia judicial.

Posto isso, entendo haver elementos suficientes para retroagir a data de início do benefício a 30/11/2009, não tendo razão aautarquia ao sustentar que o autor não estava incapacitado entre tal data e 10/06/2011.

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3. Fato superveniente: cessação administrativa do benefício.

Quanto à petição de fls. 230/231, na qual a autarquia previdenciária requer a intimação do recorrido para tomar ciência danova perícia administrativa realizada, entendo que o requerimento sequer deve ser conhecido. O ato administrativo quedeterminou a cessação do benefício em 10/09/2013 não desrespeitou a sentença, uma vez que, em se tratando debenefício por incapacidade, o ato decisório do Juízo a quo submete-se à cláusula rebus sic stantibus, devendo, realmente, oato ser revisto pela autarquia caso as condições que propiciaram a concessão do benefício em sentença não semantenham.

Ademais, não vejo necessidade de o autor ser intimado dos documentos colacionados pelo INSS às fls. 230/231, uma vezque compareceu à perícia administrativa e de seu resultado teve ciência. Em síntese, caso o autor queira impugnarjudicialmente o referido ato administrativo que determinou a cessação do benefício (ocorrido em setembro de 2013), deveráfazê-lo por meio de nova ação judicial.

Em suma: à luz dos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os da simplicidade e celeridade (artigo 2º,Lei nº 9.099/95), parece-me inviável – ao menos como regra geral – designar nova instrução probatória em segundainstância para fins de continuar, no mesmo processo, a exercer controle jurisdicional incidente sobre um ato administrativoaperfeiçoado após a prolação da sentença.

4. Conclusão.

Em face do exposto: (i) NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS; (ii) este acórdão, de efeito declaratório, é relativo à datada prolação da sentença, razão pela qual não abarca o ato administrativo proferido em setembro de 2013, que determinou acessação do benefício previdenciário; (iii) caso o autor queira questionar esse ato administrativo, deverá fazê-lo por via denova ação judicial.

Custas ex lege. Condeno o INSS a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

164 - 0004655-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004655-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x DONIVAL MATAVELLI(ADVOGADO: HERMINIO CARLOS DOS SANTOS.).PROCESSO: 0004655-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004655-9/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 76/77, que julgou parcialmenteprocedente o pedido inicial para condenar o INSS a conceder auxílio-doença com DIB em 16/08/2011 (data da realizaçãoda perícia médica). Alega o recorrente, em síntese, que o fundamento utilizado na sentença, qual seja, o de que o seguradoteve redução significativa de produtividade e, portanto, estaria incapacitado para o trabalho, não está embasado emqualquer evidência dos autos. Sustenta que o Juízo a quo conferiu caráter nitidamente assistencial ao caso concreto.Requer, por fim, a reforma da sentença.

2. O autor recebeu benefício de auxílio-doença entre 05/11/2009 e 20/02/2010 e entre 09/07/2010 a 15/02/2011. Foisegurado empregado entre 02/01/1979 e 31/01/1985. Posteriormente, recolheu contribuições como “contribuinte individual”nas seguintes competências: 09/1985 a 05/1988, 07/1988 a 12/1989, 02/1990 a 03/1991, 09/1996 a 07/2004, 09/2004 a09/2005, 11/2005 a 03/2010, 04/2010 a 10/2010, 02/2011 a 02/2012 e 04/2012. Na peça inicial indicou ser “comerciante”.Para o perito, informou ser “salgadeiro”. Nasceu em 16/07/1958.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): relatório médico (fl. 17 – 09/06/2011) com o diagnóstico de espondiloartrose lombar, com agravamento nosúltimos 05 anos, tendo sido submetido a vários procedimentos, incluindo uma artrodese com parafusos e hastes; laudomédico (fl. 18 – 06/05/2011) que informa que o paciente foi submetido a tratamento cirúrgico através de descompressãomedular e artrodese com parafusos e hastes, porém mantendo incapacidade funcional; laudo médico (fl. 19 – 28/02/2011)informando correção cirúrgica através de descompressão medular e artrodese e informando que o paciente não consegueficar mais de 30 minutos continuamente sentado ou de pé, assim como pegar pesos maiores que 3 Kg; ressonânciamagnética de coluna lombar (fl. 32 – 06/06/2011). Ressalto que os demais laudos e exames constantes dos autosreferem-se a período anterior à cessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fl. 43) foi realizada em 16/08/2011. O perito informou que o autor foi submetido aartrodese na coluna lombar com colocação de hastes e parafusos. Relatou que o paciente queixa-se de dores na colunalombar com limitação de movimentos e atrofia muscular paravertebral. Concluiu que não há incapacidade para a atividade

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habitual de salgadeiro, apenas que o autor deve evitar movimentos bruscos e pegar peso.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o autor, atualmentecom 55 anos de idade, passou por procedimento cirúrgico de artrodese para colocação de parafusos e hastes; os laudosposteriores à cessação do benefício atestam que a incapacidade funcional se mantém; o laudo particular é claro ao afirmarque o paciente não consegue ficar em uma mesma posição (sentado ou em pé) por mais de 30 minutos e que não podepegar pesos superiores a 3 Kg; o próprio perito judicial informou que o autor deve evitar movimentos bruscos e pegar peso,corroborando a informação do médico assistente.

Sendo assim, entendo que o autor faz jus à concessão do benefício de auxílio-doença desde a perícia médica, conformefixado pelo Juízo a quo, mesmo que o perito judicial tenha entendido pela capacidade do autor. Isto porque, apesar de terrelatado que o paciente não apresenta incapacidade, indicou as mesmas limitações que o médico assistente havia indicado.Ademais, quanto ao argumento do INSS de que o juiz está imprimindo caráter assistencial ao benefício, entendo que nãomerece prosperar. Ora, a incapacidade que demanda a concessão do auxílio-doença não é apenas aquela que afastatotalmente o segurado de sua atividade habitual. Se ocorrerem limitações, que façam com que o trabalhador sofra umdesgaste além do suportável para a realização de sua atividade, o benefício será devido. Sendo assim, entendo que aslimitações expressamente indicadas pelo perito (evitar movimentos bruscos e pegar peso) não se coadunam com umaatividade braçal realizado por trabalhador que foi submetido a artrodese de coluna lombar com colocação de haste eparafusos.

6. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

165 - 0005982-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005982-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSANA FRANCISCAALVES DA VITORIA (ADVOGADO: MARCELO NUNES DA SILVEIRA, JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0005982-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005982-7/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 82/83, que julgouimprocedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Alega a recorrente, em síntese, que está incapacitada para sua atividade de auxiliar administrativo e que, já possuindo 47anos de idade, deve ser observado seu quadro social. Pugna pela observância dos laudos particulares, tendo em vista quea prova oficial (perícia judicial) não encerra o acolhimento das demais provas substanciais. Requer a reforma da sentença.

2. A autora recebeu benefício de auxílio-doença entre 31/01/2002 e 30/05/2002 e 29/09/2009 e 13/10/2010. Tevevínculo empregatício entre 20/06/1990 e 01/08/1993 (Soge Indústria e Comércio Ltda) e entre 01/09/1993 e 18/02/2011(OAB-ES), sendo este último como auxiliar administrativo (com exclusão dos meses em que recebeu benefício porincapacidade). Seu pedido inicial é o de restabelecimento do auxílio-doença cessado em 13/10/2010, com sua posteriorconversão em aposentadoria por invalidez.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): cintilografia óssea (29/03/2011 – fl. 13); ressonância magnética da coluna lombar (07/04/2011 – fls. 15/16);laudo médico de ortopedista (06/01/2011 – fl. 17), orientando a paciente a não retornar a suas atividades (trabalho braçal) emanter o uso da medicação e fisioterapia, assim como solicitou afastamento por tempo indeterminado; laudo médico deortopedista (04/11/2010 – fls. 21/22) relatando que a paciente tem lombociatalgia crônica, está em pós operatório de cirurgiade hérnia lombar e que não deve retornar a suas atividades devido a não consolidação do enxerto; laudo médico deortopedista (18/04/2011 – fl. 53), em que o médico relata que a paciente não deve realizar trabalho braçal. Ressalto que osdemais laudos e exames constantes dos autos referem-se a período anterior à cessação do benefício, quando aincapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fl. 65) foi realizada em 23/11/2011 (aproximadamente um ano após a cessação dobenefício). O perito diagnosticou artrodese lombar entre L 4 – S 1, operada em janeiro de 2010. Informou que a autorapossui cicatriz longitudinal na região lombar, porém com exame físico normal. Atestou que não há incapacidade para aatividade habitual da autora (auxiliar administrativo – máquina de Xerox).

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5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou aplena capacidade da autora para realizar a atividade de auxiliar administrativo; o diagnóstico firmado pelo perito foi o deartrodese da coluna lombar (na verdade, a artrodese é um procedimento cirúrgico e não uma doença); o médico particularda autora (ortopedista) foi claro ao afirmar que esta não pode realizar atividades braçais, o que não corresponde ao tipo deatividade habitual que desenvolvia antes do afastamento; o procedimento cirúrgico foi realizado em janeiro de 2010 e arecorrente recebeu benefício por incapacidade até outubro do mesmo ano, quando foi considerada apta ao trabalho pelaperícia administrativa do INSS; as tarefas realizadas por um auxiliar que manuseia fotocopiadora não podem serconsideradas como atividade de alto impacto.

Sendo assim, entendo que a autora não faz jus ao restabelecimento do benefício desde 13/10/2010. Por mais que a períciajudicial tenha sido realizada em período bem posterior à cessação do auxílio-doença, a autora não logrou êxito emdemonstrar que estava incapacitada para a atividade de auxiliar administrativo após outubro de 2010. Inclusive, deve serressaltado que trabalhou nos meses de janeiro e fevereiro de 2011, tendo seu contrato de emprego rescindido em18/02/2011.

6. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 60).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

166 - 0000376-87.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000376-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANITA KRAUSE PEREIRA(DEF.PUB: LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN, ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0000376-87.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000376-7/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 68/70, que julgouimprocedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença. Alega a recorrente, em síntese, que está incapacitadapara sua atividade de faxineira e que, já possuindo 67 anos de idade, deve ser observado seu quadro social. Pugna pelaobservância dos laudos particulares, tendo em vista que a prova oficial (perícia judicial) encontra-se abstrata e omissa.Requer a reforma da sentença.

2. A autora recebeu benefício de auxílio-doença entre 26/10/2010 e 01/12/2010. Seu pedido inicial é concessão deauxílio doença desde a data do indeferimento administrativo, qual seja, 27/12/2010. Recolheu contribuições como“contribuinte individual” nas seguintes competências: 05/1996 a 07/1996 e 01/2010 a 11/2010.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): Laudo de médico neurologista (fl. 07 - 03/01/2011) informando que a paciente está em tratamentomedicamentoso e fisioterápico, devendo evitar esforço físico excessivo e longos períodos na posição “sentada” ou “de pé”;Ressonância magnética lombar (fl. 8 - 10/01/2011); Laudo médico (fl. 46 – 31/08/2011) informando que a autora realizoucirurgia para retirada de excesso de pele de pálpebras superiores que estavam atrapalhando o campo visual (doençadiversa da inicial); Laudo de médico neurologista (fl. 49 – 07/07/2011) dizendo que a autora possui lombalgia crônica deforte intensidade com dor referida para coxa esquerda, em tratamento medicamentoso e com discreta melhora, além disso,não consegue fazer fisioterapia devida à dor intensa, devendo evitar esforço físico excessivo e longos períodos na posição“sentada” ou “de pé”. Ressalto que os demais laudos e exames constantes dos autos referem-se a período anterior àcessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. Foram produzidas duas perícias judiciais. A primeira (fl. 35 – 17/08/2011) diagnosticou que a autora possuiespondiloartrose lombar moderada, queixando-se de dor lombar, porém, sem atrofia muscular e sem déficit de movimentos.Concluiu pela ausência de incapacidade. A segunda (fls. 57/60 – 21/11/2011) informa que a autora possui lombociatalgia àesquerda e espondiloartrose lombar moderada, lesão de ordem degenerativa decorrente de sua faixa etária. Concluiu pelacapacidade para o labor.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: ambas as períciasjudiciais concluíram pela capacidade da recorrente; os laudos particulares juntados não atestam incapacidade, apenasrecomendam evitar longos períodos na posição “sentada” ou “de pé” e excessivo esforço físico.

Sendo assim, entendo que a autora não faz jus ao restabelecimento do benefício. Resta evidente que não há dúvidasacerca da existência de doenças que afligem a recorrente. Entretanto, o que se discute é o fato de que estas não se tratam

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de doenças incapacitantes (que levem à incapacidade laboral da recorrente). Ora, um indivíduo pode estar acometido dealgum tipo de doença e, ainda assim, não estar incapacitado para o exercício de uma atividade específica. Ademais, aautora não logrou êxito em comprovar os fatos narrados na peça recursal, de que estaria incapacitada para o trabalho.

6. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 30).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

167 - 0003413-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003413-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIEZER DE JEHOVAHSIZENANDO COUTINHO (ADVOGADO: ANTONIO SERGIO BROSEGUINI, DICK CASTELO LUCAS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0003413-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003413-2/01)

VOTO - EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 53/54, que julgouprocedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença (desde 24/03/2011), mas julgou improcedente o pedidode conversão em aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em síntese, que está incapacitado definitivamente para otrabalho por ser portador de doença irreversível. Sustenta que as dores musculares que apresenta não têm prazo definidode melhora. Por fim, requer a reforma da sentença, para que o benefício de auxílio-doença seja convertido emaposentadoria por invalidez.

2. O autor (nascido em 21/05/1957) recebeu benefício de auxílio-doença entre 14/07/2002 e 22/04/2003. Requereuadministrativamente o benefício em 24/03/2011, mas teve o benefício indeferido em virtude de não estar mais incapaz parao trabalho (o INSS entendeu que o autor esteve incapaz no momento da angioplastia, mas esta foi realizada em 07/12/2010e o autor não postulou o benefício à época do evento). O recorrente informou, na peça exordial, ser “operador de sistema”.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos médicos: laudo médico de cardiologista (fl. 12 – 24/03/2011) que indicaque o autor foi submetido a angioplastia com stent convencional, após sentir dor muscular difusa com uso do medicamento“Sinvastatina” (informou o médico que é comum que os paciente sintam dor por até 01 ano após a interrupção do citadomedicamento, não havendo tratamento paliativo, a não ser o repouso e o uso ocasional de antiinflamatórios); laudo médicode cardiologista (fls. 13/14 – 04/04/2011) indicando que o autor mantém tratamento clínico otimizado,estando clinicamentecompensado e sem novos episódios de angina; laudo médico de cardiologista (fl. 63 – 09/02/2012) no qual o médicoinforma que o autor, apesar de manter-se sem a Sinvastatina, persiste com dor muscular importante, aliviada apenas comingestão de grandes quantidades de antiinflamatórios, o que ocasionou gastrite erosiva.

4. A perícia médica judicial (fls. 33/36) foi realizada em 29/07/2011. O perito diagnosticou dislipidemia e doençacoronariana crônica. Informou que as estatinas (medicamentos para diminuir os níveis lipídicos) ocasionam, como efeitoscolaterais, mialgia e limitação à deambulação. Realizou eletrocardiograma com resultado normal. Indicou que o autor deverealizar o mínimo de atividades possíveis. Incapacidade temporária presente desde agosto de 2010. Informou que dados daliteratura indicam que os efeitos colaterais desaparecem em até 01 ano após a interrupção do uso da Sinvastatina.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestouapenas a incapacidade temporária do autor; tanto o perito judicial quanto o médico particular afirmaram que os efeitoscolaterais da Sinvastatina duram em torno de 01 ano após a interrupção do uso do medicamento; nenhum laudo particularafirma que a incapacidade do autor é definitiva e total; a angioplastia pela qual passou o autor foi realizada com sucesso eeste segue com tratamento clínico compensado (informações do próprio médico assistente).

Sendo assim, entendo que o autor não faz jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.O laudo elaborado pelo perito judicial foi completo e capaz de afastar qualquer dúvida a respeito da incapacidade dorecorrente, que é apenas temporária. Ademais, o autor não logrou êxito em comprovar os fatos narrados na peça recursal,de que estaria total e definitivamente incapacitado para o trabalho.

6. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10 %sobre o valor da condenação.

Page 224: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

168 - 0000071-37.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000071-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x MARIA DE LOURDESZAGOTO CALLOT (ADVOGADO: Ruberlan Rodrigues Sabino.).PROCESSO: 0000071-37.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000071-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 72/74, que julgou procedente opedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença desde 18/04/2008 e sua conversão em aposentadoria por invalidez apartir de 10/02/2011. Alega o recorrente, em síntese, que a parte autora não está incapacitada para todas as atividadeslaborativas, sendo sua capacidade meramente parcial. Sustenta que a aposentadoria por invalidez somente deve serconcedida se verificada incapacidade laborativa total, definitiva e absoluta. Requer a reforma da sentença. Frise-se que orecurso da autarquia impugna apenas o capítulo da sentença que concedeu a aposentadoria por invalidez.

2. A autora recebeu benefício de auxílio-doença entre 17/10/2003 a 17/01/2004 e 10/10/2007 a 18/04/2008.Recolheu contribuições como “contribuinte individual” nas seguintes competências: 06/1997 a 10/2003, 01/2004 a 09/2007,05/2008 a 04/2011. Na peça inicial indicou ser “lavadeira”. Nasceu em 03/05/1946.

3. A autora trouxe aos autos exame de ressonância magnética da coluna cervical (fl. 32 – 09/09/2009), comimpressão diagnóstica de osteoartrose cervical. O INSS juntou laudos médicos periciais (fls. 44/45), realizados em15/01/2008 e 11/03/2008, nos quais a autora foi considerada incapaz para o trabalho em virtude de lesões no ombro.Ressalto que os demais laudos e exames constantes dos autos referem-se a período anterior à cessação do benefício,quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fls. 54/55) foi realizada em 29/04/2010. O perito informou que foi encontrada hipertoniamuscular paravertebral lombar e cervical moderada, assim como limitação de movimentos para estas regiões e membrossuperiores e inferiores. Alegou o perito que a doença induz incapacidade para o trabalho e que existe desde 10/10/2007,sendo parcial e definitiva. Concluiu que a periciada apresenta doenças próprias da idade e está incapaz totalmente paraatividades com esforço físico.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou aincapacidade parcial da autora e fez a ressalva de que a incapacidade é total para atividades com esforço físico, atestandoque a recorrida marcha com lentidão e apresenta tremores nas extremidades; atualmente a autora tem 67 anos de idade;cursou apenas até a 5ª série do ensino fundamental; sua última atividade foi a de lavadeira; apresenta 13 anos e 02 mesesde contribuições previdenciárias; recebeu benefício de auxílio-doença por 09 meses e 10 dias; totaliza quase 14 anos desalário-de-contribuição.

Sendo assim, entendo que a autora faz jus à conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Apesar de operito judicial ter indicado que a autora apresenta incapacidade total apenas para atividades que demandem esforço físico,entendo que, ao serem considerados os aspectos sociais nos quais está inserida (idade, escolaridade, última atividadeexercida), será muito difícil, talvez até impossível, uma nova recolocação no mercado de trabalho. Afinal, existem fatoresextralegais que podem autorizar a concessão da aposentadoria por invalidez, como bem demonstra o caso concreto oraanalisado. Nesse sentido, foi elaborada a súmula 47 da TNU.

6. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

169 - 0003318-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003318-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SELMA MAIRINK TONIATODOS SANTOS (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0003318-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003318-8/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, SELMA MAIRINK TONIATO DOS SANTOS (data denascimento: 29/02/1960), em face da sentença de fls. 83/84, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimentode auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, em síntese, que está incapacitadapara sua atividade de auxiliar de serviços gerais. Requer a reforma da sentença.

2. A autora recebeu benefício de auxílio-doença de 16/03/2007 a 06/07/2010 e 25/03/2011 a 17/05/2011. Seupedido inicial é o de restabelecimento do benefício cessado em 06/07/2010.

3. Trouxe aos autos os seguintes laudos e exames médicos do período controverso (após a cessação doauxílio-doença): laudo médico de ortopedista (fl. 17 - 02/03/2011) concluindo que a autora possui tendinite degenerativa dosfibrilares do tornozelo e degeneração articular do talonovicular, estando incapacitada por tempo indeterminado para otrabalho; exame ocupacional para retorno ao trabalho (fl. 18 - 02/03/2011) informando que a autora está incapacitada parasuas atividades laborativas; laudo de médico do trabalho (fl. 19 - 02/03/2011) informando que a autora possui tendinite dotornozelo D e degeneração articular, estando incapacitada por tempo indeterminado; laudo médico de ortopedista (fl. 21 -04/11/2010) afirmando que a paciente foi submetida a cirurgia em 13/08/2008, com nova intervenção em 14/09/2009,entretanto, a paciente ainda sente dores e continua incapacitada para o trabalho; Ressonância magnética do pé esquerdo(fl. 108 - 25/02/2013); Ressonância magnética do tornozelo direito (fl. 109 - 21/02/2013); Tomografia computadorizada dotornozelo direito (fl. 110 - 26/09/2012). Ressalto que os demais laudos e exames constantes dos autos referem-se a períodoanterior à cessação do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fls. 58/59) foi realizada em 21/10/2011 (aproximadamente 05 meses após a cessaçãodo segundo benefício, que foi concedido administrativamente). O perito diagnosticou quadro de tendinopatia dos fibularesdo tornozelo e informou que a autora foi submetida à tenoplastia. Declarou, ainda, que a autora apresentou marcha normale deambula sem auxílio, possuindo apenas uma cicatriz lateral. Atestou que não há incapacidade ortopédica para aatividade habitual da autora (auxiliar de serviços gerais), dizendo que apenas necessita utilizar sapatos ortopédicos.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou aplena capacidade da autora para realizar suas atividades laborais em outubro de 2011; o laudo médico de fl. 21 é posteriorà cessação do primeiro benefício e informa a incapacidade da recorrente; a autora recebeu o benefício de auxílio doençapor mais de 03 anos consecutivos e, cerca de oito meses após sua cessação, este foi concedido novamente na viaadministrativa.

Sendo assim, entendo que a autora faz jus ao restabelecimento do benefício no período entre 06/07/2010 (DCB do 1ºbenefício) a 25/03/2011 (DIB do 2º benefício), pois há grande probabilidade de que neste lapso temporal não tenha sidocessada sua incapacidade, isto porque, se trata de doença degenerativa. No entanto, não faz jus ao restabelecimento após17/05/2011 (DCB do 2º benefício), pois a perícia judicial , realizada em outubro de 2001, atestou sua capacidade, bemcomo não há nos autos documentos particulares que atestem incapacidade em tal período.

6. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele dou parcial provimento, para condenar o INSS a concederauxílio-doença no período de 07/07/2010 (dia posterior à DCB do 1º benefício) a 24/03/2011 (dia anterior à DIB do 2ºbenefício),

As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente. Afasto a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com anova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo em vista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357pelo Supremo Tribunal Federal. Os juros de mora seguem a taxa de 1% a.m a partir da citação e a correção monetáriadeve ser calculada pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal.

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à não liquidezdesta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, eque tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Desta feita,após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

170 - 0000834-41.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000834-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x ANTONIO ANSELMO DE AMORIM (ADVOGADO:

Page 226: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).PROCESSO: 0000834-41.2010.4.02.5050/01

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 64/65, que julgou parcialmenteprocedente o pedido do autor para condenar o réu a restabelecer o auxílio-doença com efeitos retroativos a 15/04/2009.Alega o recorrente que o perito apenas reconhece a incapacidade parcial para as atividades que demandam grandesesforços físicos, além de não especificar o início da incapacidade. Argumenta que o autor, após a cessação do benefício,foi admitido em novo emprego, oportunidade esta em que por certo passou por exames admissionais que nãodiagnosticaram incapacidade laborativa nele.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

2. Da sentença é pertinente transcrever o que segue:

“O perito nomeado pelo juízo diagnosticou doença reumática com acometimento das valvas aórtica e mitral (cardiopatiareumática). Afirmou que o autor não possui aptidão para exercer a atividade habitual de montador de andaimes devido aocomprometimento reumático da valva mitral, sendo necessária sua correção com o provável implante de prótese mitral, sobpena de agravamento da doença (quesitos 8/10).Concluiu que há incapacidade para o trabalho, mas julgou precipitadodefinir se a incapacidade é temporária ou definitiva, alegando que tal conclusão só será possível após a correção da valvamitral (quesitos 11 e 14)....O autor gozou o auxílio-doença NB 526.977.843-9 no período de 22/1/2008 (fl. 62) a 15/4/2009 (fl. 63), reativado por forçade decisão judicial em 14/10/2010. O perito examinou o autor em 23/4/2010 (fl. 17) e afirmou que a data de início daincapacidade ocorreu em dezembro/2007 (quesito 12, fl. 25). Assim, quando o benefício cessou, em 15/4/2009, o autorainda estava incapacitado para o trabalho.”

O INSS argumentou que, logo após a cessação do benefício (logo após 15/4/09), o autor “... foi admitido em novoemprego, oportunidade esta em que por certo passou por exames admissionais que também não diagnosticaramincapacidade laborativa nele, do contrário, não seria admitido no emprego.”

A alegação é equivocada. O autor não foi admitido em novo emprego. Ele retornou ao antigo emprego após a cessação doauxílio-doença, sendo dele demitido cerca de três meses depois, em julho de 2009. É o que se infere da própria dicção dapetição do INSS, precisamente, na fl. 46, verbis: “Após a cessação do benefício, o autor voltou a desempenhar suaatividade (vínculo que mantinha com a empresa Techint Engenharia e Construção S/A) até o mês 07/2009.”

Tudo está a indicar que seu antigo empregador o dispensou, pouco depois da cessação do auxílio-doença e retorno aotrabalho, simplesmente porque o mesmo não tinha condição de trabalhar; ou era capaz de fazê-lo de forma bastanteprecária, a configurar genuína incapacidade. Na mesma linha, o fato de o autor ter trabalhado noutra empresa entre05/04/10 e 08/2010 também é indicativo de que trabalhou por simples necessidade de sobreviver. A alegação veiculada emcontrarrazões, nesse sentido, é verossímil.

Não há razão para alterar a sentença. Embora a mesma não mencionado o fato de que o autor trabalhara, por dois curtosperíodos, após a cessação do benefício, há evidências bastantes no sentido de que havia incapacidade laborativa – porqueo mesmo não lograria êxito em alcançar a média de rendimento exigida – mesmo nos dois referidos períodos.

3.. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

4. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

171 - 0002191-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002191-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MILCA TEIXEIRA SILVA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0002191-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002191-9/01)

V O T O / E M E N T A

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1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 56/61, que julgou parcialmenteprocedente o pedido inicial, a fim de condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a data dacessação administrativa, em 09/01/2012. Afirma o recorrente que a perícia judicial atestou a capacidade para o trabalho darecorrida, motivo pelo qual não cabia ao Juízo a quo afastar o laudo pericial. Sustenta que o magistrado deveria terformulado mais quesitos ou nomeado outro profissional, mas não afastado o laudo pericial da forma que fez. Requer,assim, a reforma da sentença.

É o relatório. Passo a votar.

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quandofor o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de15 (quinze) dias consecutivos.

3. A autora alegou em sua petição inicial ser auxiliar de cozinha. Informou que apresentava distrofia pós-traumáticaem dedo em martelo por estiramento do tendão extensor do dedo médio da mão direita. Juntou aos autos os seguinteslaudos:

FolhaTipoDataConclusão

16Laudo médico27/03/2012Paciente portadora de entorse de 3º quirodáctilo direito. Em tratamento desde o dia 14/10/2011, apresentando dor comlimitação funcional. Incapacidade temporária.

17Laudo médico10/01/2012Paciente portadora de dor + edema residual de 3º quirodáctilo direito.

17Laudo médico09/03/2012Paciente portadora de entorse de 3º quirodáctilo direito há mais ou menos 05 meses.

17Laudo médicoSem dataPaciente portadora de contusão do 3º quirodáctilo direito. Deverá ficar afastada do trabalho por 60 dias.

17Encaminhamento10/01 (sem ano)Encaminhamento ao cirurgião de mão

18Laudo médico do cirurgião de mão11/04/2012Paciente apresentando quadro de distrofia pós-traumática em dedo em martelo, por estiramento do tendão extensor dodedo médio da mão direita não cirúrgica. Feita medicação adequada e indicado tratamento fisioterápico por 10 sessões,que deverá ser o suficiente para a sua melhora. Por enquanto, existem limitação e déficit funcional. Sugiro repouso eafastamento por tempo estimado em um mês.

19Laudo médico01/12/2011Paciente portadora de lesão do tendão extensor – 3º quirodáctilo direito. Deverá ficar afastada do trabalho por 40 dias.

O laudo médico pericial (fls. 33/34) foi elaborado em 11/07/2012. O médico perito – ortopedista – relatou que a autoraapresenta dor e limitação funcional em mão direita por fratura-avulsão no 3º quirodáctilo. Asseverou que o exame deraios-X, de 11/04/2012, não apresentava alterações. Fez referência ao laudo particular de 11/04/2012 que sugeriu 10sessões de fisioterapia e afastamento por 01 mês. O perito foi enfático ao afirmar que houve incapacidade após a fratura,no ano de 2011, mas que, no momento do laudo pericial, a autora estava apta para exercer suas atividades.

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A autora recebeu auxílio-doença de 14/10/2011 a 09/01/2012 e de 20/07/2012 a 20/09/2012. Teve o benefício indeferido em31/01/2012 e 11/04/2012.

O ponto principal levantado pelo Juízo a quo, ao fundamentar a sentença recorrida e afastar o laudo do perito judicial, foi ofato de que, apenas 09 (nove) dias depois da elaboração da perícia judicial, houve concessão administrativa do benefício.Se o próprio perito da autarquia reconheceu a incapacidade em 20/07/2012, o laudo pericial judicial deveria ser afastado.

A conclusão do magistrado merece acolhida. Realmente, não há como manter o laudo do perito judicial em claracontradição com o laudo da autarquia previdenciária. Da mesma forma, se a autora estava impossibilitada de exercer suaatividade em julho de 2012, por causa da fratura do dedo médio, pior estaria sua situação em janeiro de 2012, quando obenefício foi cessado pela primeira vez.

Entendo, em razão do exposto, que a cessação do benefício em 09/01/2012 foi precipitada, estando a autora ainda inaptaao trabalho.

4. Por outro lado, os laudos médicos particulares colacionados pela parte autora referem-se apenas ao período de01/12/2011 a 11/04/2012. O laudo de 11 de abril foi elaborado por cirurgião de mão (especialista indicado pelo ortopedistaque acompanhava a autora) e deixou claro que o estiramento do dedo era não-cirúrgico, que o tratamento com 10 sessõesde fisioterapia era suficiente para a melhora e que o afastamento do trabalho deveria ser pelo prazo de 30 (trinta) dias. Apóstal data, não há laudos particulares que demonstrem a continuidade da limitação funcional. Mas houve demonstração deque o benefício era devido também entre 09/01/2012 e 19/07/2012, dia anterior à segunda concessão administrativa.

Após essa data (19/07/12), houve perda de interesse de agir, visto que o INSS concedeu o benefício administrativamente.

5. Após a subida dos autos para esta Turma Recursal, novos fatos foram noticiados. Passo a decidir sobre eles.

Na sentença recorrida, o magistrado a quo antecipou os efeitos da tutela, determinando que o INSS implementasse obenefício no prazo máximo de 30 (trinta) dias. A sentença foi proferida em 04/12/2012, o INSS intimado em 14/12/2012 e aparte autora, em 18/01/2013. Em 08/02/2013, a Agência de Demandas Judiciais do INSS comunicou nos autos orestabelecimento do benefício de auxílio-doença, a partir de 14/12/2012, em conformidade com a decisão judicial.

Em 20/08/2013, o INSS peticionou nos autos requerendo a revogação da tutela antecipada, a fim de que fosse cessadoimediatamente o pagamento do benefício de auxílio-doença. Para tanto, alegou que a autora estava exercendo atividadelaborativa desde 23/11/2012.

No extrato do CNIS, constam 03 vínculos empregatícios: 23/11/2012 a 10/01/2013 (Restaurante G. V. Ltda - ME),21/01/2013 a 13/03/2013 (Drift Comércio de Alimentos S.A.) e 23/05/2013 aos dias atuais (PH Serviços e AdministraçãoLtda). Vale ser ressaltado que nenhuma parcela de benefício foi recebida pela parte autora.

Em 30/08/2013, a DPU peticionou requerendo o cumprimento da decisão antecipatória de tutela, alegando que a parteautora compareceu ao núcleo de atendimento aduzindo que não teria recebido o benefício.

Sem qualquer razão a DPU. O INSS peticionou nos autos informando o cumprimento da tutela antecipada. Caberia àquelainstituição informar a autora de que seu benefício estaria disponível no próximo mês. Pelo que tudo indica, a autora sequerficou sabendo que os valores estavam disponíveis para saque. Tanto é assim que não recebeu os valores, procurouemprego e foi admitida por 03 empresas desde então. Quanto a tal ponto, entendo que não pode ser aplicada a tese de quea recorrida procurou emprego porque precisava manter sua subsistência, realizando seu trabalho com sacrifício em virtudede não auferir benefício. Tanto que, em sua declaração de fl. 104, afirma que não foi informada dos valores disponíveispara saque e que tem direito à liberação dos valores em atraso por tratar-se de decisão judicial ganha (sic), mas não fala desua incapacidade para o trabalho.

A antecipação dos efeitos da tutela tem caráter precário e não enseja a presunção de que os valores recebidos integraramem definitivo o patrimônio do segurado. O entendimento atual de que os valores recebidos em virtude de antecipação detutela não devem ser restituídos deve-se ao caráter alimentar da prestação, ou seja, os valores foram revertidos emalimentação, remédios, enfim, incorporados à própria subsistência do segurado. Por esse motivo, exigir a restituição seriaum tanto quanto injusto, pois retiraria da pessoa valores indispensáveis à sua vida digna. Não vislumbro essa hipótese nocaso em comento. Primeiro, porque a autora sequer sacou os valores disponibilizados apesar de ter sido regularmenteintimada da sentença. Segundo, porque voltou a trabalhar antes mesmo da sentença ser proferida. Terceiro, porque não hános autos documentos que comprovem sua incapacidade após setembro de 2012 (termo final do segundo benefício) equarto, porque seu próprio médico particular afirmou que o prazo de 30 dias (contados de 11/04/2012) seria suficiente parasua recuperação.

6. Posto isso, dou parcial provimento ao recurso do INSS, a fim de:

Reformar parcialmente a sentença de fls. 56/61, para condenar a autarquia previdenciária a restabelecer o benefício deauxílio-doença cessado em 09/01/2012, mantendo-o até um dia antes da próxima concessão administrativa, 19/07/2012;Revogar a antecipação de tutela deferida em sentença, para que nenhum efeito possa gerar tal decisão.

Page 229: BOLETIM TR/ES 2013-221-SESSAO DIA 30-10-2013

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

172 - 0007315-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007315-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARINA ALVES PEREIRA (ADVOGADO:RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO, ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ.).PROCESSO: 0007315-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007315-1/01)

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. PENSÃO POR MORTE PRECEDIDA DEAPOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL CONTADO DA CONCESSÃO DAPENSÃO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando oréu a revisar a renda mensal inicial do benefício da parte autora, mediante a correção dos 24 primeirossalários-de-contribuição, anteriores aos 12 últimos, pela variação da OTN/ORTN, bem como a pagar o valor calculado àsfls. 54/61. Alega o recorrente a decadência do direito à revisão do benefício, em face do art. 103 da Lei nº 8.213/91, eis queconcedido há mais de dez anos. Aduz que a pensão por morte concedida à autora é mera derivação de um benefíciooriginário, concedido em 1983, pelo que a decadência do direito à revisão do benefício originário fulmina também o direito àrevisão da pensão por morte. Sem contrarrazões.2. Ressalto, de início, que não há óbice ao julgamento do recurso inominado pelo fato de o Supremo Tribunal Federal terreconhecido a repercussão geral da questão constitucional alusiva à possibilidade de aplicação do prazo decadencialestabelecido pela Medida Provisória 1.523/1997 aos benefícios previdenciários concedidos antes da respectiva vigência(RE 626.489/SE). Isso porque, a teor do art. 543-B e respectivos parágrafos, do CPC, o sobrestamento que se impõe éapenas dos recursos extraordinários interpostos com fundamento em idêntica controvérsia.3. Em 28/06/1997, com a edição da MP nº 1.523-9, convertida na Lei nº 9.528/97, foi introduzido no direito brasileiro oinstituto da decadência do direito potestativo à revisão. Posteriormente, com a publicação da MP nº 1.663-15, de20/11/1998, convertida na Lei nº 9.711/98, houve a redução do prazo decadencial para cinco anos. Por fim, com a ediçãoda MP nº 138, de 19/11/2003, convertida na Lei nº 10.839/2004, o prazo decadencial de dez anos foi restabelecido, ficandoo art. 103 da Lei nº 8.213/91 com a seguinte redação: É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ouação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mêsseguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisãoindeferitória definitiva no âmbito administrativo.4. A tese segundo a qual os benefícios previdenciários concedidos antes da MP nº 1.523-9/97 poderiam ter a sua rendamensal inicial revisada a qualquer tempo, não se coaduna com o princípio da segurança jurídica, norteador de todo oordenamento legal, que aponta sempre no sentido de que as relações jurídicas, em determinado momento, sejamconsolidadas pelo decurso do tempo, a fim de evitar que os litígios se eternizem.5. O prazo decadencial para a revisão da RMI há de incidir, mesmo para os benefícios previdenciários anteriores à ediçãoda MP nº 1.523-9, de 27/06/1997, a partir de sua entrada em vigor, não havendo que se falar em suposto ato jurídicoperfeito no sentido de que tais benefícios (anteriores a 27/06/1997) estariam imunes ao mencionado prazo decadencial.6. A Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, interpretando o artigo 103 da Lei n.º8.213/91, concluiu nesse sentido. Eis a ementa do julgado:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. REVISÃO DE ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DIREITOINTERTEMPORAL. CONFLITO DE LEIS NO TEMPO. SUCESSÃO DE NORMAS REDUZINDO E AUMENTANDO OPRAZO. BENEFÍCIO CONCEDIDO APÓS 28/6/1997. 1. A partir de 28/06/1997, começou a correr o prazo decadencial dedez anos para a revisão dos benefícios previdenciários. O prazo decadencial foi reduzido para cinco anos a partir de21/11/1998 e tornou a ser aumentado para dez anos a partir de 20/11/2003. Quando sobreveio norma jurídica reduzindopara cinco anos o prazo decadencial em curso, prevaleceu a solução clássica de direito intertemporal concernente àretroatividade das leis sobre prazos prescricionais: se, para terminar o prazo antigo, falta tempo igual ou maior que oestabelecido pela lei nova, aplica-se esta, contando-se da data da sua vigência o novo prazo. Quando a lei tornou aaumentar o prazo de decadência para dez anos, a nova lei aplicou-se imediatamente, mas computando-se o lapso temporaljá decorrido na vigência da norma revogada. 2. Para os benefícios concedidos até 27/06/1997, aplica-se o prazo dedecadência de dez anos, contado a partir de 27/6/1997; para os benefícios concedidos a partir de 28/06/1997, ao final,sempre se aplica o prazo de decadência de dez anos, contado a partir do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimentoda primeira prestação. 3. Incidente parcialmente provido. 4. O Presidente da TNU poderá determinar que todos osprocessos que versarem sobre esta mesma questão de direito material sejam automaticamente devolvidos para asrespectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo da distribuição do incidente de uniformização, para que confirmemou adequem o acórdão recorrido. Aplicação do art. 7º, VII, “a”, do regimento interno da TNU, com a alteração aprovada pelo

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Conselho da Justiça Federal em 24/10/2011.(TNU. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL n.º 200871610029645. Relator JUIZFEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES. Fonte DJ de 20/02/2013)

7. A posição do Superior Tribunal de Justiça é no mesmo sentido, tendo sido recentemente consolidada por ocasião dojulgamento dos Recursos Especiais nº 1.309.529 e nº 1.326.114, ambos submetidos à sistemática prevista no artigo 543-Cdo CPC. Por maioria de cinco votos a três, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o prazo dedez anos para decadência do direito à revisão de benefícios previdenciários, criado pela Medida Provisória nº 1.523-9/97,que entrou em vigor em 28 de junho de 1997, também se aplica aos benefícios concedidos antes dessa data. Seguindo ovoto do relator, ministro Herman Benjamin, a Seção definiu ainda que, nesses casos, o prazo decadencial deve ser contadoa partir da edição da MP, e não a partir da concessão do benefício.8. In casu, o benefício previdenciário de pensão por morte foi concedido em 03/08/2002 (fl. 18) e a ação, ajuizada em26/11/2008. Verifica-se às fls. 18 e 48 que o benefício anterior (aposentadoria por tempo de contribuição), sucedido porpensão por morte, fora concedido a partir de 30/09/1983, anteriormente, portanto, à entrada em vigor da MP nº 1.523-9/97.9. Como a ação foi ajuizada mais de dez anos depois da referida medida provisória, poder-se-ia entender que operou-se adecadência do direito à revisão do ato de concessão do benefício previdenciário, tendo em vista que a revisão determinadana sentença diz respeito ao ato de concessão do benefício de aposentadoria do instituidor da pensão, quando foi calculadoo salário de benefício.10. Contudo, não pode prevalecer o argumento de que a concessão de benefícios posteriores ao mesmo titular ou ao seudependente não faz nascer novo direito ou pretensão, por não ter sido renovado o cálculo do salário de benefício. Aconcessão da pensão por morte, mesmo que precedida de aposentadoria, constitui novo ato administrativo, o qual pode terincidido na mesma eventual ilegalidade que o anterior, exatamente porque o INSS não reviu o cálculo do salário debenefício e não havia óbice a tal revisão.11. Em se tratando de benefícios resultantes de conversão, não há novo cálculo do salário de benefício, mas apenas darenda mensal inicial do novo benefício, se for o caso. Contudo, com o reconhecimento da eventual ilegalidade da forma deapuração do salário de benefício e da renda mensal inicial, impõe-se a revisão de ambos.12. Assim é que não reconheço a decadência do direito.13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.14. Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

173 - 0004654-05.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004654-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x ELIAS ANTONIO DA SILVA E OUTROS (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.).PROCESSO: 0004654-05.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004654-1/01)

V O T O / E M E N T A

LOAS – PERITO QUE AFIRMA INCAPACIDADE POR DETERMINADO PRAZO, MAS RESSALVA NÃO SER POSSÍVELPRECISAR O TEMPO DE TRATAMENTO – A INCAPACIDADE PARA O TRABALHO NÃO PRECISA SER DEFINITIVA,BASTA QUE SUA DURAÇÃO SEJA INDETERMINADA – CORRETO O ENTENDIMENTO ESPOSADO PELO JUÍZO AQUO NA SENTENÇA – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 147/149 (complementada pelasentença de fl. 159), que julgou procedente o pedido para condenar o réu a conceder à autora o benefício assistencial deprestação continuada desde 17/07/2008, com início de pagamento em 29/04/2011 (data da intimação da sentença).Entretanto, a autora faleceu em 25/04/2011 (fl. 182) e não chegou a receber qualquer parcela do benefício. Foramhabilitados nos autos os 06 (seis) irmãos da autora. O INSS alega, em suas razões recursais, que a falecida autora nãocomprovou sua incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Afirma que a autora era portadora de doençasque geravam apenas incapacidade parcial e temporária para o trabalho. Ademais, ressalta que o benefício assistencial deamparo ao deficiente não é substitutivo do auxílio-doença, nem tampouco versão de benefício por incapacidade voltadoàqueles que não contribuíram para a Previdência Social. Requer, por fim, a reforma da sentença.

2. Os requisitos do benefício pleiteado encontram-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefícioserá concedido à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nemde tê-lo provido por sua família.

3. A falecida autora passou por perícia médica judicial em 18/03/2010 (fls. 81/89). Declarou ao perito não estartrabalhando há vários anos, tendo realizado, no passado, a função de empregada doméstica. Relatou o perito que a autoraera portadora de hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e doença psiquiátrica, e que não tinha, no momento do examepericial, condições de atingir a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma

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categoria profissional. Afirmou que a incapacidade para o trabalho era temporária e que a paciente deveria realizartratamento psiquiátrico e psicoterápico, além de acompanhamento clínico. Ou seja, a incapacidade temporária declaradapelo perito deveu-se ao quadro psiquiátrico pelo qual a autora passava. Em esclarecimentos complementares (fls. 106/109),o perito afirmou que não havia como precisar o tempo de recuperação da paciente, mas que o período de 06 (seis) mesesseria um tempo adequado para controle do quadro, considerando condições ideais de tratamento. Em mandado deconstatação (fl. 129), restou verificado que a autora morava juntamente com um sobrinho de 18 anos (Luan Antonio daSilva). A renda da autora provinha do benefício de bolsa família (R$ 68,00). O sobrinho fazia biscates como ajudante depedreiro, mas não tinha remuneração certa. Conforme extrato do CNIS, o sobrinho passou a laborar apenas em maio de2011, um mês após o falecimento da tia. A moradia da falecida era cedida, de alvenaria, teto de laje, piso de cimento liso,com 01 sala, 01 quarto (mais um colchão) e 01 banheiro. A casa estava em péssimo estado de conservação, necessitandode pintura e reparos na estrutura física, com precárias condições de higiene e limpeza, pouco ventilada e com umidade einfiltrações. Afirmou o oficial avaliador que nem mesmo os móveis essenciais existiam na moradia (os que existiamestavam em precárias condições de conservação), tendo apenas fogão e geladeira. Conforme aferido em mandado deconstatação, ficou aferido que a renda per capita da autora encaixava-se no requisito objetivo exigido pela LOAS. Acontrovérsia cinge-se à incapacidade da autora para exercer atividades que lhe garantissem a sobrevivência.

4. O perito judicial entendeu pela incapacidade temporária da autora tendo em vista o seu quadro psiquiátrico efixou o prazo mínimo de 06 (seis) meses para a sua recuperação. Verifico, assim, que o requisito “incapacidade” restoupreenchido. O que resta ser averiguado é se a temporariedade da incapacidade representa óbice para a concessão dobenefício.

5. Segundo entendimento da TNU – Turma Nacional de Uniformização, a transitoriedade da incapacidade não éóbice à concessão do benefício assistencial. A Turma entende que a incapacidade para fins de benefício assistencial nãodeve ser entendida como aquela que impeça a parte autora de exercer quaisquer atividades laborais de forma total epermanente, até porque a própria redação original do art. 20 da LOAS não fazia essa restrição. Tanto é assim que obenefício deve ser revisto a cada 02 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.

6. Dessa forma, entendo acertada a decisão judicial que concedeu o benefício ora discutido, tendo em vista que operito estabeleceu um prazo mínimo para a recuperação da autora (06 meses), mas deixou claro que esse tempo poderianão ser suficiente, dependendo das condições de tratamento.

7. Recurso do INSS conhecido e improvido. Custas ex lege. Condenação do recorrente-vencido ao pagamento dehonorários advocatícios, que ora arbitro em 10 % sobre o valor da condenação. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Acolher os embargosTotal 6 : Dar parcial provimentoTotal 12 : Dar provimentoTotal 13 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Denegar o mandado de segurançaTotal 2 : Não conhecer o recursoTotal 1 : Negar provimentoTotal 123 : Rejeitar os embargosTotal 15 :