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Boletim Regional do Banco Central do Brasil

Julho 2010

Volume 4 | Número 3

Boletim Regional do Banco Central do Brasil Brasília v. 4 n. 3 jul. 2010 p. 1-110

CGC 00.038.166/0001-05

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Boletim Regional do Banco Central do BrasilPublicação trimestral do Banco Central do Brasil/Departamento Econômico.

Os textos, as tabelas e os gráficos são de responsabilidade dos seguintes componentes do Departamento Econômico (Depec) (e-mail: [email protected]):

Região Norte – Núcleo Regional do Departamento Econômico em Belém (e-mail: [email protected]);

Região Nordeste – Núcleo Regional do Departamento Econômico em Fortaleza (e-mail: [email protected]), Núcleo Regional do Departamento Econômico em Recife (e-mail: [email protected]), Núcleo Regional do Departamento Econômico em Salvador (e-mail: [email protected]);

Região Centro-Oeste – Núcleo Regional do Departamento Econômico em Belo Horizonte (e-mail: [email protected]);

Região Sudeste – Núcleo Regional do Departamento Econômico em Belo Horizonte (e-mail: [email protected]), Núcleo Regional do Departamento Econômico no Rio de Janeiro (e-mail: [email protected]), Gerência Técnica de Estudos Econômicos em São Paulo (e-mail: [email protected]);

Região Sul – Núcleo Regional do Departamento Econômico em Curitiba (e-mail: [email protected]), Núcleo Regional do Departamento Econômico em Porto Alegre (e-mail: [email protected]).

Informações sobre o BoletimTelefone: (61) 3414-1009;Fax: (61) 3414-2036.

É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Boletim Regional do Banco Central do Brasil, volume 4, n. 3.

Controle Geral de Publicações

Banco Central do BrasilSecre/SurelSBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – 1º andarCaixa Postal 8.67070074-900 Brasília – DFTelefones: (61) 3414-3710 e 3414-3567Fax: (61) 3414-3626E-mail: [email protected]

Tiragem: 630 exemplares

Convenções estatísticas

... dados desconhecidos. - dados nulos ou indicação de que a rubrica assinalada é inexistente. 0 ou 0,0 menor que a metade do último algarismo, à direita, assinalado. * dados preliminares.

O hífen (-) entre anos (2004-2006) indica o total de anos, incluindo o primeiro e o último.A barra (/) utilizada entre anos (2004/2006) indica a média anual dos anos assinalados, incluindo o primeiro e o último, ou, se especificado no texto, ano-safra, ou ano-convênio.

Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.

Não são citadas as fontes dos quadros e gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.

Central de Atendimento ao Público

Banco Central do BrasilSecre/Surel/DiateSBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – 2º subsolo70074-900 Brasília – DFDDG: 0800 9792345Fax: (61) 3414-2553Internet: http://www.bcb.gov.br

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Índice

Apresentação 5

Sumário executivo 7

1 Região Norte 9

2 Região Nordeste 15

Bahia __________________________________________________________________21 Ceará __________________________________________________________________27 Pernambuco ____________________________________________________________33

3 Região Centro-Oeste 39

4 Região Sudeste 45

Minas Gerais ____________________________________________________________51 Rio de Janeiro ___________________________________________________________57 São Paulo_______________________________________________________________63

5 Região Sul 69

Paraná _________________________________________________________________75 Rio Grande do Sul _______________________________________________________81

6 Inferências nacionais a partir dos indicadores regionais 87

Boxes

Expansão do Crédito Habitacional__________________________________________91 Mudanças nos Preços Relativos ____________________________________________96 Evolução das Finanças dos Governos Regionais ______________________________101

Apêndice 105

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Apresentação

O “Boletim Regional” é uma publicação trimestral do Banco Central do Brasil que apresenta as condições da economia por regiões e alguns estados do País. Sob o enfoque regional, enfatiza-se a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária – produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros. Nesse contexto, a publicação contribui para a avaliação do impacto das políticas da Autoridade Monetária sobre os diferentes entes da federação, à luz das características econômicas locais e das gestões políticas regionais.

As análises e informações do "Boletim Regional" buscam oferecer à sociedade – em particular, gestores de política econômica nas esferas sub-nacionais, pesquisadores e integrantes do meio acadêmico, empresários, investidores, e profissionais de imprensa – elementos que contribuam para identificar a forma e, especialmente, a magnitude de repercussão, no âmbito regional, das políticas implementadas. Ao mesmo tempo, a publicação contribui para dar à sociedade conhecimento dos critérios analíticos da Instituição.

O "Boletim Regional" analisa as economias das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul e os estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A disponibilidade de estatísticas econômicas, bem como a distribuição geográfica das representações do Banco Central, influenciou a escolha dos estados. Assim, para as regiões que possuem apenas uma representação institucional – Norte e Centro-Oeste – optou-se pela análise agregada regionalmente. Para as regiões onde existem mais de uma representação, são apresentadas, além da análise regional, as análises para os estados nos quais se encontram as representações.

Homogeneidade, abrangência e regularidade foram os principais critérios de escolha das estatísticas e das fontes. Dessa forma, em sua maior parte, os dados têm como origem os órgãos e os institutos de âmbito nacional, destacadamente

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o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os entes da administração direta. Em alguns casos foram utilizadas, complementarmente, informações de entidades regionais. Dados sem tratamento das fontes foram dessazonalizados pelo Departamento Econômico do Banco Central.

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Sumário executivo

A consolidação do novo ciclo de crescimento da economia brasileira, evidenciada, em âmbito nacional, tanto pela variação de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, em relação a igual período do ano anterior, quanto pela trajetória dos principais indicadores econômicos, nos meses seguintes, é observada, de forma generalizada, nas regiões do país.

A recuperação da atividade econômica na região Norte persistiu no primeiro semestre deste ano, impulsionada, em especial, pelo desempenho da indústria, que cresceu acima de 20% nos cinco primeiro meses deste ano, em relação a igual período de 2009. Essa evolução, que segue traduzindo o fortalecimento da demanda interna – as vendas varejistas na região cresceram 4,7% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro –, encontra-se expressa na trajetória do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-N). Nesse sentido, esse indicador cresceu 1,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia se elevado 4,3%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados. Vale enfatizar o impacto favorável das melhoras registradas, na região, nos mercados de crédito – as operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas elevaram-se 5,7% no trimestre –, e de trabalho – o nível de emprego formal aumentou 1,8%, no mesmo período.

A economia do Nordeste, em linha com o movimento assinalado em nível nacional, apresentou expansão vigorosa no primeiro trimestre de 2010, em relação a igual período do ano anterior. Nesse sentido, os PIBs das três principais economias da região experimentaram aumento expressivo, atingindo 9,5%, na Bahia, 8,9% no Ceará e 7,8% em Pernambuco. A evolução dos principais indicadores da atividade econômica sinalizou a continuidade desse desempenho no trimestre encerrado em maio-, com ênfase nas expansões registradas na indústria, 5,5%; nas vendas varejistas, 4,3%; e no nível de emprego formal, 2,3% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro. O

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IBCR-NE apresentou expansão de 3,3%, na mesma base de comparação, considerados dados dessazonalizados, acumulando, de acordo com dados observados, aumento de 5,7% nos últimos 12 meses.

O ritmo de crescimento da economia da região Centro-Oeste registrou arrefecimento no segundo trimestre deste ano, conforme evidenciado pelo desempenho do IBCR-CO, que registrou alta de 1,4% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia crescido 3,2%, considerando dados dessazonalizados. Ressalte-se, nesse período, o relativo dinamismo da indústria e da pecuária bovina, e a ampliação na geração de empregos, que deverá assegurar o desempenho do comércio varejista da região, que cresceu 2,1% no trimestre encerrado em maio.

A atividade econômica da região Sudeste registrou, igualmente, redução do ritmo de expansão em relação ao observado no período recente. O dinamismo da produção industrial, que aumentou 2,4% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, seguiu sustentando a economia regional e exerceu contribuição importante para a criação de 570 mil empregos formais observada no trimestre, comparativamente a 249,4 mil em igual período do ano anterior. Nesse cenário, o IBCR-SE, considerados dados dessazonalizados, cresceu 1,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, resultado 1,7 p.p. inferior ao assinalado, no mesmo tipo de comparação, no período dezembro de 2009 a fevereiro de 2010.

A evolução favorável, mas em ritmo mais reduzido, dos principais indicadores econômicos da região Sul no decorrer do segundo trimestre do ano ratificou a superação dos impactos negativos provocados pelo acirramento da crise financeira mundial, na segunda metade de 2008. Nesse cenário, em que o dinamismo do consumo interno vem originando algum descompasso entre a oferta e a demanda agregadas, suscitando a atuação do Banco Central para assegurar a manutenção da estabilidade dos preços, o IBCR-S cresceu 1,8% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia aumentado 3,9% no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados. Ressalte-se, no período, o recuo no ritmo de expansão do comércio varejista, que cresceu 0,9%, ante 3,6% no trimestre finalizado em fevereiro, e a retomada expressiva da indústria, que registrou crescimentos respectivos de 6% e 2,9%, nos períodos mencionados.

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1Região Norte

A trajetória de recuperação da atividade econômica na região Norte se manteve ao longo do primeiro semestre deste ano, impulsionada, em especial, pelo desempenho da indústria – o setor cresceu acima de 20% nos cinco primeiro meses deste ano, em relação a igual período de 2009. Essa evolução segue vinculada ao fortalecimento da demanda interna, em ambiente de melhoras nos mercados de crédito e trabalho. Nesse cenário, o IBCR-N cresceu 1,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando o indicador havia crescido 4,3%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

As vendas varejistas na região Norte, favorecidas pela continuidade das políticas de transferência de renda e expansão do crédito às famílias, cresceram 4,7% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando aumentara 4,5%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE. Registraram-se aumentos nas vendas em todos os estados da região, ressaltando-se os relativos ao Tocantins, 27,4%; Rondônia, 9,5%; Pará, 4,4%; e Amazonas, 2,2%. O comércio ampliado, agregando as vendas de material de construção e de veículos, motos, partes e peças, cresceu 5,9% no trimestre.

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista da região cresceu 10,2% em maio, em relação a igual período de 2009, liderando a expansão do setor entre as regiões do País. Por estados, observou-se crescimento de 18,6% em Rondônia; 11,3% no Amapá; 10,3% no Pará; e 7% no Amazonas. O comércio ampliado registrou crescimento de 9,7% no período, situando-se abaixo da média nacional, 11,2%.

A produção industrial na região norte registrou expansão de 1,9% no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, quando aumentara 6,8%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção

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Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 1.1 – Índice de Atividade Econômica Regional – Norte (IBCR-N)Dados dessazonalizados2002 = 100

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Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliado

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados.

Gráfico 1.2 – Comércio varejista – NorteDados dessazonalizados2003 = 100

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Mai2008

Jul Set Nov Jan2009

Mar Mai Jul Set Nov Jan2010

Mar Mai

Norte ParáAmazonas Brasil

Gráfico 1.3 – Índice de volume de vendas no varejoDados dessazonalizados2006 = 100

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Física (PIM-PF) do IBGE. O resultado positivo refletiu expansões nas atividades da indústria de transformação, 6,5%, e extrativa mineral, 2,7%, com destaque para o desempenho industrial amazonense nos segmentos relativos a outros equipamentos de transportes, 9,3%; material eletrônico, 6,9%; e alimentos e bebidas, 5,5%. No Pará, destacaram-se os aumentos nas atividades extrativa, 3,5%, responsável por cerca de 50% da produção industrial no estado, e no segmento de metalurgia básica, 8,9%.

A análise da produção industrial acumulada em doze meses revelou crescimento de 5,6% em maio, em relação ao intervalo correspondente de 2009, refletindo aumentos de 0,5% na indústria extrativa e de 7,3% na transformação. A recuperação do setor na região Norte, considerada essa base de comparação, concentra-se, sobretudo, no estado do Amazonas, que registrou expansão de 9,1%, influenciada por aumentos de produção nos segmentos de alimentos e bebidas, 25,5%, material eletrônico, 6,1%, e refino de petróleo e álcool, 7,2%. O Pará, estado que responde pela segunda maior participação na produção industrial, registrou recuo de 0,2%, refletindo, principalmente, a estabilidade na indústria extrativa, que detém maior peso na estrutura local, e as retrações no segmento madeireiro, 20,8% e de celulose e papel, 2,3%.

A evolução dos indicadores da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) ratificou a recuperação da produção industrial na região. Nesse sentido, o faturamento nominal das vendas da indústria amazonense aumentou 12,7% nos últimos doze meses encerrados em maio, relativamente a igual período anterior, enquanto o Nuci da indústria de transformação atingiu 79,9% no mesmo mês, ante 79,4% em fevereiro e 79,5% em maio de 2009.

As operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas na região Norte atingiram R$48,4 bilhões em maio, elevando-se 5,7% no trimestre e 21,4% em doze meses. O estoque das operações pactuadas no segmento de pessoas físicas totalizou R$25,4 bilhões, elevando-se 6,3% no trimestre, com destaque para os desempenhos nas modalidades microcrédito e financiamentos imobiliários-empreendimentos, exceto habitacional. O total dos empréstimos relativos ao segmento de pessoas jurídicas somou 23 bilhões, aumentando 5% no trimestre, com ênfase na expansão das operações contratadas pela atividade comércio e reparação de veículos automotores e indústrias de materiais elétricos. Os empréstimos relativos aos segmentos mencionados elevaram-se, na ordem, 24,4% e 18,4%, no período de doze meses finalizado em maio.

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Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Norte Pará AmazonasFonte: IBGE

Gráfico 1.4 – Índice de produção industrialDados dessazonalizados.2002 = 100

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Mai 2008

Ago Nov Fev Mai 2009

Ago Nov Fev Mai 2010

PF PJ Total

Gráfico 1.5 – Evolução do saldo das operações de crédito – Norte1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$ 5 mil.

Tabela 1.1 – Produção industrial – Amazonas

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 6,3 5,3 9,1

Indústria extrativa 2,9 1,3 3,1 6,0

Indústria de transformação 97,1 6,4 7,7 9,2

Material eletrônico 24,6 2,5 6,9 6,1

Alimentos e bebidas 22,9 3,0 5,5 25,5

Equipamentos transporte 13,6 -3,2 9,3 -10,0

Refino petróleo e álcool 5,7 5,5 12,1 7,2

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

Tabela 1.2 – Produção industrial – Pará

Geral e setores selecionadosVariação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 5,1 3,3 -0,2

Indústria extrativa 43,1 10,5 4,5 0,0

Indústria de transformação 57,1 0,8 2,7 -0,3

Metalurgia básica 34,3 -3,3 8,9 0,5

Alimentos e bebidas 9,1 12,2 -8,9 6,4

Celulose e papel 5,4 -0,6 3,7 -2,3

Madeira 4,4 -9,7 -6,6 -20,8

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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A inadimplência relativa ao crédito concedido pelo sistema financeiro na região situou-se em 4,8% em maio deste ano, ante 5,2% em fevereiro e 4,8% em maio de 2009. A evolução trimestral decorreu dos decréscimos assinalados nos segmentos de pessoas físicas, 0,2 p.p., e de pessoas jurídicas, 0,6 p.p., nos quais a inadimplência atingiu 6% e 3,6%, respectivamente.

A produção de grãos da região deverá crescer 2% em 2010, atingindo 3,9 milhões de toneladas, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de junho, do IBGE. Essa projeção incorpora estimativas de expansões para as colheitas de soja, 7,8%; e de arroz em casca, 1,2%, que deverão totalizar, na ordem, 1,5 e 1 milhão de toneladas. O impacto desses aumentos para o crescimento da safra total de grãos será, em parte, atenuado pelos recuos respectivos de 23,2% e 1,5% previstos para as colheitas de feijão e milho. Em relação às demais culturas, ressaltem-se as estimativas de aumentos para as produções de banana, 8,7%; abacaxi, 4,3%; e cana de açúcar, 3,4%, e de retração para a cultura de mandioca, 9%.

Os abates bovinos da região, representando, aproximadamente, 20% dos realizados no país, registraram expansão de 13,7% nos cinco primeiros meses de 2010, em relação a igual período de 2009, quando registrara redução de 15,9%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com estatísticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que abrangem estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF). O crescimento de 12,4% nas exportações de carnes bovinas, que ocupam o quinto lugar na pauta da região, no mesmo período, contribuiu para a expansão na atividade produtiva do setor.

A balança comercial da região Norte registrou déficit de US$303 milhões no primeiro semestre de 2010, ante superávit de US$1,3 bilhão, em igual período de 2009, evolução decorrente das expansões de 63,4% nas importações e de 11,3% nas exportações, que atingiram, na ordem, US$5,7 bilhões e US$5,4 bilhões.

O desempenho das exportações, traduzindo o recuo de 10,2% no quantum e o aumento de 22,9% nos preços, foi sustentado, em especial, pelo aumento de 30,1% nas receitas com produtos manufaturados, impulsionado, sobretudo, pelo dinamismo das vendas de alumina calcinada, 29,5%. No mesmo sentido, as exportações de produtos semimanufaturados cresceram 25%, no período, destacando-se o aumento nas referentes a alumínio não ligado em forma

Tabela 1.3 – Produção agrícola – Norte

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Produção Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos 3 788 3 864 2,0

Arroz (em casca) 959 970 1,2

Feijão 119 91 -23,2

Milho 1 280 1 261 -1,5

Soja 1 430 1 542 7,8

Outras lavouras

Mandioca 7 790 7 088 -9,0

Banana 771 838 8,7

Abacaxi 293 306 4,3

Cana-de-açúcar 1 729 1 788 3,4

Fonte: IBGE

1/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

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Mai Ago Nov Fev Mai Ago Nov Fev Mai

Gráfico 1.6 – Abate de bovinos – NorteMédia móvel trimestralÍndice 2005 = 100

Fonte: Mapa

Tabela 1.4 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Norte Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 4 814 5 359 11,3 27,5

Básicos 3 053 3 104 1,7 31,5

Industrializados 1 761 2 255 28,0 23,9

Semimanufaturados 708 885 25,0 40,0

Manufaturados1/ 1 054 1 370 30,1 19,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

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bruta, 20,9%, enquanto as vendas de produtos básicos cresceram 1,7%, ressaltando-se o recuo observado nas relacionadas a minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados, 25%. Os produtos destinados à China, Japão, EUA e Venezuela representaram, em conjunto, 40% das vendas externas da região no primeiro semestre do ano, ressaltando-se, no período, o recuo de 42,4% nas vendas à China.

O aumento das importações, compreendendo os crescimentos de 57,4% no quantum e de 3,7% nos preços, deu-se de forma generalizada, com ênfase na expansão de 132,6% nas relativas a bens de consumo duráveis, destacando-se o aumento nas aquisições de outras partes para aparelhos receptores, radio difusores e televisão. As importações de bens de capital aumentaram 55,2%, influenciadas pelas compras de dispositivos de cristais líquidos (LCD), enquanto as de bens intermediários elevaram-se 36,4%, destacando-se os aumentos nas relativas a outros circuitos integrados monolíticos e microprocessadores (SMD). As aquisições de bens de consumo não duráveis aumentaram 35,7% no período. Os principais mercados de origem foram China, Coreia do Sul, EUA e Japão, com participação conjunta de 68,3% nas compras da região.

A evolução dos indicadores do mercado de trabalho mantém-se consistente com o processo de recuperação da economia na região, observada desde o início de 2010. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged/MTE) foram criados 30 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio deste ano, ante 0,1 mil em igual período do ano anterior, comportamento que traduziu, em especial, as contratações líquidas nas atividades de construção civil, serviços, e comércio, responsáveis, em conjunto, por 86,7% das vagas criadas. Ressalte-se adicionalmente, a recuperação gradual do emprego na indústria de transformação, com a criação de 3,3 mil novos postos de trabalho, quando havia eliminado 8,4 mil em igual trimestre do ano anterior. Do total de empregos formais criados na região, 9,7 mil foram registrados em Rondônia, 7,9 mil no Pará e 7,4 mil no Amazonas. O nível de emprego formal na região aumentou 1,8% no trimestre encerrado em maio, relativamente ao encerrado em fevereiro, considerados dados dessazonalizados.

A inflação da região Norte, considerada a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belém (RMB), atingiu 0,92% no trimestre encerrado em junho, ante 2,90% no

Tabela 1.5 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Norte Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 3 465 5 663 63,4 45,1

Bens de consumo 707 1 562 120,9 45,0

Duráveis 622 1 447 132,6 65,7

Não duráveis 85 115 35,7 32,5

Bens intermediários 1 567 2 137 36,4 41,8

Bens de capital 1 174 1 822 55,2 35,1

Combustíveis e lubrificantes 17 141 743,7 77,1

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 1.6 – Evolução do emprego formal – Norte

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 0,1 35,2 37,3 -1,4 30,0

Extrativa mineral 0,4 -0,1 0,3 0,9 0,9

Ind. de transformação -8,4 7,3 7,1 -0,3 3,3

Comércio 0,8 4,1 11,3 -1,0 3,7

Serviços 5,0 8,0 9,0 -0,4 10,8

Construção civil 2,6 13,0 9,4 -0,6 11,5

Agropecuária -0,9 1,8 0,0 -0,4 -0,6

Outros2/ 0,00 0,00 0,0 0,0 0,3

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui serviços industriais, administração pública e outras.

Tabela 1.7 – Evolução do emprego formal – Norte

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

UF 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Região Norte 0,1 35,2 37,3 -1,4 30,0

Acre 0,9 1,7 0,5 -0,9 1,0

Amapá 0,4 0,2 0,5 0,7 0,2

Amazonas -2,5 10,3 11,4 -4,3 7,4

Pará -8,5 12,7 14,1 0,9 7,9

Rondônia 8,7 9,1 7,7 1,6 9,7

Roraima 0,2 0,1 1,0 0,5 0,2

Tocantins 0,8 1,2 1,9 0,0 3,4

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 13

trimestre anterior, movimento decorrente dos arrefecimentos observados nas variações dos preços livres, de 2,98% para 0,89%, e dos monitorados, de 2,67% para 1,00%. Em relação aos preços livres, ocorreram desacelerações na evolução dos preços no segmento de itens comercializáveis, de 2,18% para 0,61%, exercendo contribuição de 0,24 p.p. para a variação do índice geral, e dos não comercializáveis, de 3,98% para 1,24%, com contribuição de 0,41 p.p. Ressaltem-se, no primeiro grupo, as elevações nos preços dos itens bebidas e infusões, 5,42%, e leites e derivados, 6,21%, e, no segundo, os aumentos relativos a feijão carioca rajado, 45,75%; tubérculos, raízes e legumes, 6,41%; e farinha de mandioca, 5,56%.

Considerados períodos de doze meses, a variação do IPCA atingiu 5,50% em junho, ante 5,71% em março, trajetória decorrente do impacto mais intenso da redução, de 5,77% para 5,40%, na variação dos preços livres, comparativamente ao proporcionado pela aceleração, de 5,52% para 5,76%, nos preços monitorados. Destacaram-se, no período, as variações de preços nos grupos transportes, de 6,16% para 6,55%, e habitação de 5,18% para 6,33%.

As perspectivas para a evolução da atividade econômica na região Norte permanecem favoráveis, sustentadas pela recuperação do emprego, expansão do crédito e continuidade da recuperação da indústria. É relevante enfatizar o anúncio de novos investimentos públicos para a região, em especial, aos relativos à política do governo federal em obras de infraestrutura e aos investimentos privados, no setor de mineração. Adicionalmente, ressalte-se que, embora o cenário para o setor externo ainda apresente incertezas associadas ao ritmo de recuperação da demanda global, a elevação recente no preço do minério de ferro no mercado internacional deverá estimular a recuperação do setor extrativista mineral da região.

Tabela 1.8 – IPCA – BelémVariação %

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

Ano I Tri II Tri Ano

IPCA 100,0 4,46 2,90 0,92 3,85

Livres 74,0 4,54 2,98 0,89 3,90

Comercializáveis 40,3 3,45 2,18 0,61 2,79

Não comercializáveis 33,8 5,94 3,98 1,24 5,27

Monitorados 26,0 4,24 2,67 1,00 3,70

Principais itens

Alimentação 32,8 3,20 4,75 1,08 5,88

Habitação 9,4 1,84 2,38 1,35 3,76

Artigos de residência 4,6 2,94 -0,64 0,46 -0,18

Vestuário 8,8 8,13 1,76 0,52 2,29

Transportes 13,3 5,01 4,04 0,22 4,27

Saúde 12,4 6,37 0,78 2,01 2,81

Despesas pessoais 9,6 7,12 1,46 1,66 3,14

Educação 5,1 5,63 5,10 0,02 5,12

Comunicação 4,1 0,35 -0,09 0,69 0,60

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

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2Região Nordeste

A economia do Nordeste seguiu a tendência observada em nível nacional, no primeiro trimestre de 2010, apresentando expansão vigorosa, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, conforme evidenciado pelos crescimentos do PIB nas três principais economias da região: 9,5% na Bahia; 8,9% no Ceará; e 7,8% em Pernambuco. A evolução dos principais indicadores de atividade econômica sinalizou a continuidade desse desempenho no trimestre encerrado em maio favorecida, sobretudo, pela expansão da indústria, pela ampliação nas vendas varejistas e pela criação de empregos. O IBCR-NE apresentou expansão de 3,3%, no trimestre considerado, em relação ao encerrado em fevereiro, após o ajuste sazonal da série, e de 5,7% nos últimos 12 meses, segundo dados observados.

As vendas varejistas no Nordeste1 cresceram 4,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando aumentaram 3,3% no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC, do IBGE, ressaltando-se os aumentos assinalados nos segmentos equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 6,1%, e móveis e eletrodomésticos, 5,7%. O comércio ampliado, evidenciando expansões registradas nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 7,5%, e material de construção, 7,7%, cresceu 6,5% no trimestre.

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista da região cresceu 10,1% em maio, em relação a igual período de 2009, ante 8,1% em fevereiro. Observa-se, desde setembro de 2009, retomada de crescimento desse indicador, depois de movimento descendente a partir de agosto de 2007. Considerados os segmentos selecionados na pesquisa, registraram-se aumentos generalizados nas vendas, ressaltando-se os desempenhos em móveis e eletrodomésticos, 14,9%, e equipamentos e materiais para

1/ Os dados relativos à região foram obtidos a partir da agregação do índice do volume de vendas de cada unidade da Federação, ponderados pela participação regional da variável receita bruta de revenda de cada unidade da Federação na receita bruta total da região, constante da Pesquisa Anual de Comércio do IBGE.

115

120

125

130

135

140

Mai2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 2.1 – Índice de Atividade Econômica Regional – Nordeste (IBCR-NE)Dados dessazonalizados2002 = 100

135

155

175

195

215

235

Mai2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Fonte: IBGE

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 2.2 – Comércio varejista – NordesteDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 2.1 – Comércio varejista – Nordeste

Geral e setores selecionadosVariação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 6,8 3,3 4,3 10,1

Comb. e lubrificantes 5,8 2,1 3,3 5,5

Hiper e supermercados 9,5 3,8 0,8 11,9

Móveis e eletrodomésticos 5,1 5,9 5,7 14,9

Tecidos, vestuário e calçados 1,8 2,2 2,9 6,6

Comércio ampliado 8,3 1,9 6,5 12,6

Automóveis e motocicletas 12,4 0,2 7,5 19,3

Material de construção -3,4 4,9 7,7 6,4

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados.

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16 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

escritório, informática e comunicação, 14,1%. Incorporadas as elevações de 19,3% nas vendas de veículos, motos, partes e peças e de 6,4% nas relativas a materiais de construção, o comércio ampliado da região cresceu 12,6% no período.

A produção industrial do Nordeste, segundo dados da PIM-PF do IBGE, finalizou os doze meses encerrados em maio com expansão de 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado refletiu o aumento de 6% na indústria de transformação, com destaque para os crescimentos assinalados em calçados e artigos de couro, 13%, e química, 11%%. A produção da indústria extrativa registrou queda de 2,7% no período, em virtude da redução na extração de óleos brutos de petróleo. Na margem, considerados dados dessazonalizados, a indústria nordestina expandiu 3% no trimestre finalizado em maio, comparativamente ao encerrado em fevereiro, quando havia registrado crescimento de 3,5%, no mesmo tipo de comparação. O desempenho esteve associado a variações de 3,2% na indústria extrativa e de 5% na de transformação, destacando-se a expansão de 13,1% em alimentos e bebidas, setor de maior peso na estrutura industrial nordestina, influenciada pelo maior dinamismo na indústria sucroalcooleira. A evolução recente da produção fabril evidencia a consolidação da recuperação da indústria regional, concentrada em bens de menor valor agregado e, portanto, com desempenho associado mais estreitamente ao comportamento da demanda interna.

De acordo com estatísticas da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, a evolução do emprego industrial ainda não traduziu a retomada do dinamismo da indústria regional, registrando retração de 0,1% nos doze meses encerrados em maio. Verificaram-se resultados negativos em doze dos dezoito segmentos pesquisados, com destaque para metalurgia básica, -7,4%, e papel e gráfica, -6,5%.

O estoque das operações de crédito superiores a R$5 mil, realizadas na região, atingiu R$158,2 bilhões em maio, expandindo-se 7,2% no trimestre e 36,7% em doze meses, destacando-se, nos dois períodos, os acréscimos nos saldos dos repasses realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e nas modalidades de empréstimos consignados, financiamentos de veículos e crédito habitacional. O estoque das operações pactuadas no segmento de pessoas físicas atingiu R$71,5 bilhões, com elevações de 7,2% no trimestre e de 29,3% em doze meses, enquanto o relativo a pessoas jurídicas totalizou R$86,7 bilhões, com acréscimos de 7,1% e de 43,6% nas mesmas bases de comparação.

105

110

115

120

125

130

135

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Brasil Nordeste

Gráfico 2.3 – Produção industrialDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 2.2 – Produção industrial – Nordeste

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 3,5 3,0 5,5

Indústria extrativa 6,8 -0,4 3,2 -2,7

Indústria de transformação 93,2 3,3 5,0 6,0

Alimentação e bebidas 28,6 0,6 13,1 3,0

Química 19,7 2,6 -5,0 11,0

Refino de petróleo e álcool 11,8 2,3 5,2 8,5

Têxtil 7,9 0,1 5,7 6,3

Metalurgia básica 6,4 8,6 -4,4 4,8

Minerais não metálicos 6,3 1,2 7,2 9,0

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

0

10

20

30

40

50

Mai 2008

Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.4 – Evolução do saldo das operações de crédito – Nordeste1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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A inadimplência do crédito concedido pelo sistema financeiro na região situou-se em 3,8% em maio, ante 4,1% em fevereiro e 4,8% em maio do ano anterior. A evolução decorreu de declínios assinalados no segmento de pessoas físicas, 0,36 p.p., e no de pessoas jurídicas, 0,24 p.p., cujas taxas de inadimplência foram de 5,7% e 2,4%, respectivamente.

A safra de grãos do Nordeste deverá alcançar 11,9 milhões de toneladas em 2010, de acordo com o LSPA de junho do IBGE, representando 8,2% da produção nacional. A projeção contempla aumento anual de 1,5% na safra e reflete as estimativas de incrementos na produção de caroço de algodão, 4,7%, e de soja, 25,3%, esta influenciada pela ampliação na área plantada, principalmente na região de cerrado que foi menos afetada pela escassez de chuvas. Em sentido inverso, estimam-se recuos respectivos de 15,5% e de 9,4% para as lavouras de milho e de feijão, decorrentes, notadamente, dos efeitos climáticos. Em relação às demais lavouras, estimam-se elevações respectivas de 3,6% e de 5,3% na produção de mandioca e banana.

Em relação às transações externas, o déficit da balança comercial da região atingiu US$66,7 milhões nos seis primeiros meses do ano, de acordo com estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), traduzindo expansões de 51,4% nas exportações e de 78% nas importações, que totalizaram no período, US$7,7 bilhões e US$7,8 bilhões, na ordem.

O valor das exportações nordestinas refletiu aumentos respectivos de 27,3% e de 18,9% nos preços e no quantum exportado. Registrou-se maior crescimento das vendas de produtos básicos, 89,6%, impulsionadas, notadamente, pelos embarques de minérios de ferro e seus concentrados, sem registro no mesmo período de 2009. As vendas relativas a bens manufaturados elevaram-se 53%, em especial, óleos combustíveis e hidrocarbonetos e derivados halogenados, enquanto os embarques de produtos semimanufaturados cresceram 26,3%, influenciados pelo crescimento nos itens pastas químicas de madeira e açúcar de cana em bruto. Os principais países de destino das exportações da região Nordeste, no primeiro semestre de 2010, foram EUA, China, Argentina, Holanda e Rússia que, em conjunto, representaram 48,1% das vendas ao mercado externo, ressaltando-se os incrementos dos embarques à China, 65,2%, e à Rússia, 80%, em relação ao mesmo período de 2009.

O crescimento das importações da região Nordeste nos primeiros seis meses de 2010, em relação ao mesmo

Tabela 2.3 – Produção agrícola – Nordeste

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Var. %

(%) 2009 2010 2010/2009

Produção de grãos 11 748 11 919 1,5

Soja 15,1 4 183 5 240 25,3

Milho 8,1 4 777 4 039 -15,5

Feijão 7,3 847 767 -9,4

Algodão herbáceo (em caroço) 5,8 633 662 4,7

Outras lavouras selecionadas

Cana-de-açúcar 15,1 71 379 71 344 0,0

Mandioca 7,3 9 158 9 486 3,6

Banana 6,0 2 948 3 103 5,3

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 2.4 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Nordeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 5 091 7 707 51,4 27,5

Básicos 1 089 2 064 89,6 31,6

Industrializados1/ 4 002 5 643 41,0 24,5

Semimanufaturados 1 801 2 276 26,3 40,0

Manufaturados1/ 2 201 3 367 53,0 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

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período de 2009, resultou das variações de 14% nos preços e de 56,1% no quantum. Todas as categorias de uso final cresceram. As aquisições de combustíveis subiram 249,2%, com destaque para o aumento nas compras de óleo diesel, enquanto as de matérias-primas cresceram 60,4%, com expansões nas relativas a naftas e a sulfetos de minérios de cobre. As importações de bens de capital aumentaram 51,5%, impulsionadas pelo crescimento nas compras de veículos para carga, enquanto que as referentes a bens de consumo duráveis cresceram 40%, com ênfase no acréscimo nas aquisições de automóveis. As aquisições de bens de consumo não-duráveis elevaram-se em 14,6%. Os principais mercados de origem foram EUA, Argentina, China, Argélia e Chile, responsáveis por 49,2% das compras externas da região.

De acordo com estatísticas do Caged/MTE, foram gerados 55,3 mil postos de trabalho no Nordeste, no trimestre finalizado em maio, ante a eliminação de 51,1 mil empregos formais em igual período do ano anterior. Esse movimento, refletindo a recuperação do nível de atividade, foi influenciado em grande parte pela geração de vagas na construção civil, 34,5 mil, e no setor de serviços, 37,2 mil, que haviam sido responsáveis, em conjunto, pela criação de apenas 19,9 mil vagas no trimestre encerrado em maio de 2009. Destaque-se, ainda, a influência da atividade na indústria de transformação, segmento responsável por 34,4 mil desligamentos no trimestre encerrado em maio deste ano, seguindo o padrão sazonal decorrente, sobretudo, do ciclo da atividade sucroalcooleira, comparativamente à eliminação de 63,2 mil postos de trabalho no trimestre finalizado em igual período de 2009. O nível de emprego formal, considerados dados dessazonalizados, cresceu 2,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, refletindo resultados positivos do emprego em sete das oito atividades pesquisadas, com ênfase no crescimento de 6,9% assinalado na construção civil.

A variação registrada pelo IPCA2 na região Nordeste atingiu 1,37% no trimestre encerrado em junho, ante 1,88% no finalizado em março, movimento decorrente do impacto mais expressivo da aceleração dos preços monitorados – cuja variação passou de 0,67% para 1,36% -, relativamente ao arrefecimento assinalado pelos preços livres – com taxas respectivas de 2,40% e 1,37% para os mesmos períodos. A evolução dos preços monitorados, contribuindo com 0,13 p.p. para o resultado do IPCA na região, traduziu, sobretudo, o reajuste assinalado nas tarifas de táxi, os aumentos nos preços dos produtos farmacêuticos e da gasolina, e os

2/ Consideram-se as variações e os respectivos pesos das três regiões metropolitanas abrangidas pelo IPCA: Fortaleza, Recife e Salvador.

Tabela 2.5 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Nordeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 4 368 7 774 78,0 45,1

Bens de consumo 518 684 31,9 50,6

Duráveis 352 493 40,0 70,9

Não duráveis 166 190 14,6 29,9

Bens intermediários 2 406 3 860 60,4 47,0

Bens de capital 915 1 387 51,5 27,1

Combustíveis e lubrificantes 528 1 843 249,2 66,3

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 2.6 – Evolução do emprego formal – Nordeste

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total -51,1 130,1 204,9 5,0 55,3

Extrativa -0,7 0,5 1,1 0,5 0,7

Ind. de transformação -63,2 39,9 93,8 -19,5 -34,4

Serv. ind. de util. pública 0,5 2,5 -1,7 0,2 0,1

Construção civil 5,2 22,1 31,8 18,6 34,5

Comércio 2,6 15,4 42,2 8,7 13,9

Serviços 14,7 24,5 38,5 17,2 37,2

Agropecuária -10,5 24,5 -0,9 -20,5 3,3

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

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incrementos nas taxas de água e esgoto e de energia elétrica residencial.

Entre os preços livres, a redução de 3,98% para 3,68% na variação dos preços no grupo de não comercializáveis, teve impacto mais acentuado, 0,18 p.p., relativamente à aceleração dos preços dos itens comercializáveis, de 0,96% para 1,15%, com contribuição de 0,14 p.p. na taxa de inflação do segundo trimestre do ano. O comportamento dos preços dos itens não comercializáveis foi influenciado, principalmente, pela queda registrada nos preços dos pescados. A inflação registrada nos itens comercializáveis repercutiu, sobretudo, os aumentos verificados nos preços do leite e derivados, vestuário, e automóvel novo, responsáveis, em conjunto, por 014 p.p. da variação nos preços livres. O índice de difusão, evidenciando maior disseminação dos reajustes dos preços na região, aumentou 0,1 p.p. no trimestre, ao atingir 43,49%.

O expressivo dinamismo da economia nordestina, evidenciado pelos indicadores desde o segundo semestre do ano passado, baseia-se na expansão da massa salarial, sobretudo em virtude do crescimento do emprego, e na ampliação do crédito, aspectos presentes também em outras regiões do país. Adicionalmente, têm favorecido o maior crescimento regional, os impactos das rendas oriundas dos programas sociais e os investimentos públicos na região – bem como seus efeitos multiplicadores – relativamente mais concentrados no nordeste. Esses fatores seguirão presentes na conjuntura local nos próximos meses, delineando perspectivas favoráveis para a continuidade do crescimento econômico. A despeito disso, é natural que se observe acomodação do ritmo de expansão, comparativamente ao observado no último trimestre de 2009 e no primeiro deste ano, haja vista que esses períodos caracterizaram-se, ainda, pelo processo de recuperação do nível de atividade após os efeitos da crise financeira internacional.

Tabela 2.7 – IPCA – NordesteVariação %

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

Ano I Tri II Tri Ano

IPCA 100,0 4,26 1,88 1,37 5,05

Livres 70,7 3,74 2,40 1,37 5,64

Comercializáveis 37,0 2,53 0,96 1,15 3,83

Não comercializáveis 33,7 5,13 3,98 3,68 9,83

Monitorados 29,3 5,57 0,67 1,36 3,68

Principais itens

Alimentação 25,1 2,56 2,96 1,34 5,53

Habitação 12,1 6,23 0,56 1,58 4,93

Artigos de residência 3,9 2,70 0,91 0,29 3,05

Vestuário 7,9 6,35 1,29 2,72 8,10

Transportes 17,1 3,18 1,22 0,87 3,59

Saúde 12,5 5,34 0,60 2,25 4,71

Despesas pessoais 9,1 7,63 2,14 1,72 5,78

Educação 6,7 5,83 6,92 0,39 8,26

Comunicação 5,5 0,52 -0,03 -0,03 0,67

Fonte: IBGE

1/ Referentes a setembro de 2009.

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Set2007

Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 2.5 – Índice de Atividade Econômica Regional – Bahia (IBCR-BA)Dados dessazonalizados2002 = 100

Bahia

O desempenho do PIB na Bahia no primeiro trimestre deste ano – altas de 9,5% em relação a igual período de 2009, segundo a estimativa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), e de 2,6% em relação ao trimestre anterior, após a dessazonalização dos dados – ratificou o processo de recuperação econômica do estado, delineada a partir do segundo semestre do ano passado. A expansão do produto, em base interanual, refletiu o aumento na atividade em todos os setores, em especial na agropecuária, que registrou crescimento de 14,6% refletindo, sobretudo, a maior produção de grãos. A indústria, que se recupera de retrações apresentadas nos três primeiros trimestres de 2009, cresceu 13,4%, destacando-se a elevação da atividade da construção civil, 15%, consistente com o bom desempenho imobiliário da região metropolitana de Salvador e com a realização de obras de infraestrutura no estado. O setor de serviços cresceu 7,7%, impulsionado pelo comportamento das atividades de transporte e armazenagem, 15,8%, e de comércio, 15%. A continuidade desse dinamismo é confirmada pela evolução do IBCR-BA, que aumentou 6,9% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, após o ajuste sazonal da série.

As vendas varejistas na Bahia aumentaram 1,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam avançado 2,2%, no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da PMC do IBGE. O resultado está em parte associado ao bom desempenho, neste ano, das vendas relacionadas ao Dia das mães, segunda melhor data para o comércio, e à proximidade da Copa do Mundo. Ressaltem-se, no trimestre, os aumentos assinalados nas vendas dos segmentos de móveis e eletrodomésticos, 5,5%, e de combustíveis e lubrificantes, 3,5%, contrastando com o recuo de 0,5% registrado nas relativas a hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, e de 18,4% em livros, jornais, revistas e papelaria. As vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, elevaram-se 4,2% e 11%, na ordem, contribuindo para que o comércio ampliado crescesse 2,8% no período.

Considerados períodos de doze meses, as vendas varejistas do estado elevaram-se 10,2% em maio, comparativamente a igual período de 2009, com ênfase nas expansões assinaladas nos segmentos móveis e eletrodomésticos, 17,9%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, 16,4%. Incorporados os aumentos das vendas de veículos, motos, partes e peças, 15,3%, e de material de

130

140

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160

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180

190

200

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Fonte: IBGE

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 2.6 – Comércio varejista – BahiaDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 2.8 – Comércio varejista – Bahia

Geral e setores selecionadosVariação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 7,0 2,2 1,2 10,2

Combustíveis e lubrificantes 1,2 0,9 3,5 2,9

Hiper e supermercados 8,5 2,9 -0,5 9,8

Tecidos, vestuário e calçados 2,2 1,4 -0,3 7,0

Móveis e eletrodomésticos 5,6 3,9 5,5 17,9

Livros, jornais, revistas e papelaria 15,8 11,9 -18,4 9,7

Comércio ampliado 7,3 2,7 2,8 11,5

Automóveis e motocicletas 10,0 0,7 4,2 15,3

Material de construção -3,2 5,0 11,0 8,2

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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22 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

construção, 8,2%, o comércio varejista ampliado cresceu 11,5% no período.

O Índice de Confiança do Consumidor de Salvador, divulgado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado da Bahia, alcançou 132,5 pontos em maio, 4,4 p.p. superior ao registrado em fevereiro, sinalizando perspectivas positivas para a evolução da atividade varejista.

A produção da indústria baiana cresceu 0,7% no trimestre finalizado em maio, relativamente ao encerrado em fevereiro, quando aumentara 2,4%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE, refletindo a expansão de 7,1% na indústria extrativa e 0,7% na indústria de transformação. Contribuíram para o desempenho do setor, os aumentos nas atividades relativas a celulose e papel, alimentos e bebidas, e refino de petróleo e álcool, segmentos que conjuntamente participam com cerca de 50% da produção industrial, além do incremento na produção de veículos, no período, com peso menor na estrutura fabril do estado, 1,8%.

Considerados períodos de doze meses, a produção da indústria baiana cresceu 6,7% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, evidenciando a recuperação da atividade após o período crítico da crise financeira internacional. Foram observadas contribuições positivas em seis dos oito segmentos pesquisados, com ênfase nos segmentos refino de petróleo e produção de álcool, 13%, e minerais não metálicos 12,3%.

O Indicador de Confiança do Empresariado Baiano (Iceb), divulgado pela SEI, alcançou 288 pontos em maio, ante 252,5 pontos em abril, indicando a ampliação da percepção positiva relacionada à evolução da economia do estado. Esse comportamento refletiu o aumento do indicador associado às expectativas no setor industrial e de serviços, enquanto o indicador de confiança para a agropecuária recuou 36,4%, continuando, contudo, na zona de otimismo.

O saldo das operações de crédito realizadas no estado, com valor superior a R$5 mil, totalizou R$45,3 bilhões em maio, registrando crescimento de 7,9% no trimestre. Os empréstimos pactuados no segmento de pessoas físicas somaram R$19,6 bilhões, elevando-se 6,7% no trimestre, enquanto os contratados por pessoas jurídicas alcançaram R$25,7 bilhões, aumentando 8,9% no trimestre. A taxa de inadimplência dos empréstimos do sistema financeiro atingiu 3,8% em maio, com recuo de 0,48 p.p., em relação a fevereiro. A evolução do indicador, no período,

5

10

15

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45

50

Fev 2008

Mai Ago 2008

Nov Fev 2009

Mai Ago 2009

Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.8 – Evolução do saldo das operações de crédito – Bahia1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 2.9 – Produção industrial – Bahia

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010 Acumulado

Fev2/ Mai2/ em 12 meses

Indústria geral 100,0 2,4 0,7 6,7

Indústria extrativa 5,3 1,1 7,1 1,4

Indústria de transformação 95,1 2,6 0,7 7,0

Produtos químicos 32,6 3,6 -9,1 10,3

Ref. petróleo e prod. álcool 19,4 2,5 6,0 13,0

Alimentos e bebidas 15,2 3,9 7,6 2,4

Celulose e papel 12,5 -6,4 9,3 -0,9

Metalurgia básica 7,8 8,1 -8,8 0,5

Borracha e plástico 3,1 9,7 -1,9 -3,1

Minerais não metálicos 2,8 3,1 1,8 12,3

Veículos automotores 1,8 -11,3 28,0 8,2

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na Indústria Geral, conforme a PIM-PF/IBGE

referente ao último mês disponível.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

130,59106,76

105

110

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130

135

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Brasil Bahia

Gráfico 2.7 – Produção industrialDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2002 = 100

Fonte: IBGE

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 23

traduziu a retração, de 6,7% para 6,1%, nos atrasos relativos ao segmento de pessoas físicas e o recuo, de 2,4% para 2%, nos associados às operações com pessoas jurídicas.

A safra de grãos no estado deverá totalizar 6,7 milhões de toneladas em 2010, segundo o LSPA do IBGE de junho, ampliando-se 8,7% em relação a 2009 e correspondendo a 54% da produção da região. A estimativa para a produção de soja alcança 3,1 milhões de toneladas e para a de algodão herbáceo, 1 milhão de toneladas, crescimentos de 28,2% e 5,5%, respectivamente, enquanto as relativas a milho e feijão deverão registrar recuos, de 10,3% e 1,2%, na ordem.

A balança comercial da Bahia assinalou superávit de US$902 milhões nos seis primeiros meses do ano, 1,5% superior ao registrado em igual período de 2009, com expansão de 55,2% na corrente de comércio. As exportações totalizaram US$4,1 bilhões e as importações, US$3,2 bilhões, correspondendo, na ordem, a aumentos de 46,8% e 67,5%.

A evolução das vendas externas traduziu os aumentos de 30,2% nos preços, e de 12,8% no quantum exportado. Os embarques de produtos industrializados, que representaram 83,9% da pauta exportadora, aumentaram 53,5%, refletindo as elevações nas exportações de manufaturados, 81,3%, especialmente, óleos combustíveis e produtos químicos/petroquímicos; e de semimanufaturados, 19,7%, com ênfase nas elevações de pasta química de madeira e derivados do cacau. As exportações de produtos básicos cresceram 19,4%, com destaque para as expansões nas vendas de frutas e fumo. Os Estados Unidos, principal parceiro comercial no período, absorveram 17,4% das exportações do estado aumentando sua participação em 3,8 p.p., enquanto a China recuou 2,1p.p. Esses dois países e a Argentina absorveram, em conjunto, 43% das exportações da Bahia.

A elevação das importações traduziu altas de 19,3% nos preços e de 40,4% no quantum, e refletiu maiores compras em todas as categorias de uso, com ênfase em combustíveis e lubrificantes, 171,3%, e bens de capital, 73,8%, impulsionadas, especialmente, pelo aumento nos desembarques de máquinas para a indústria de alimentos e bebidas e veículos de carga. As aquisições de bens intermediários, que responderam por 62,1% das importações no período, elevaram-se 68,4%, refletindo os aumentos nas compras de nafta e minério de cobre. As importações de bens de consumo cresceram 36,6%, impactadas, sobretudo, pela elevação nas compras de aparelhos de vídeo, reprodução e gravação de som e nas de automóveis

Tabela 2.11 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Bahia Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 2 823 4 144 46,8 27,5

Básicos 560 668 19,4 31,6

Industrializados 2 264 3 475 53,5 23,9

Semimanufaturados 1 021 1 223 19,7 40,0

Manufaturados1/ 1 243 2 253 81,3 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 2.12 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Bahia Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 1 935 3 242 67,5 45,1

Bens de capital 365 635 73,8 27,2

Bens intermediários 1 195 2 012 68,4 46,9

Bens de consumo 313 428 36,6 50,4

Duráveis 285 394 38,1 70,6

Não duráveis 28 33 20,7 29,9

Combustíveis 62 167 171,3 34,7

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 2.10 – Produção agrícola – Bahia

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos 43,3 6 123 6 655 8,7

Soja 18,5 2 426 3 111 28,2

Algodão herbáceo 11,6 962 1015 5,5

Milho 7,1 2 158 1 936 -10,3

Feijão 6,1 342 338 -1,2

Outras lavouras

Banana 6,9 1 426 1 426 -0,0

Café 5,7 177 179 1,5

Mandioca 5,6 1 426 1 426 -0,0 Cacau 5,3 143 138 -3,6

Cana-de-açúcar 4,5 5 263 5 860 11,3

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

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de passageiros. A Argélia, Argentina e Chile constituíram-se nos principais mercados de origem das importações do estado, representando, em conjunto, 46,8% do total.

De acordo com o Caged/MTE, foram criados 37,1 mil empregos formais na Bahia, no trimestre finalizado em maio, ante 16,3 mil naquele encerrado em fevereiro. A agropecuária e a construção civil responderam pela geração líquida de 52,8% dos postos de trabalho no período. Adicionalmente, a indústria de transformação contratou 8,2 mil novos empregados, destacando-se o sub-setor de produtos alimentícios e bebidas, 3,1 mil. O nível do emprego formal aumentou 1,9% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando crescera 2,4%, no mesmo tipo de comparação, ressaltando-se a elevação de 4,5% observada na construção civil, considerados dados dessazonalizados.

A taxa média de desemprego da Região Metropolitana de Salvador (RMS) atingiu 11,5% no trimestre finalizado em maio – a maior taxa entre as regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa -, ante 12,1% em igual período de 2009, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. A redução do desemprego refletiu a elevação de 5,5% na população ocupada ante a alta de 4,8% na População Economicamente Ativa (PEA). O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores aumentou 2,8% no período. Considerados dados dessazonalizados, a taxa de desemprego da RMS decresceu 0,5 p.p. em relação à registrada no trimestre encerrado em fevereiro.

A inflação da RMS, medida pelo IPCA, atingiu 1,43% no trimestre encerrado em junho, ante 2,49% naquele finalizado em março, refletindo tanto a redução na variação dos preços livres, de 2,49% para 1,53%, como dos preços monitorados, de 2,48% para 1,17%. O arrefecimento nesse grupo decorreu dos recuos nos preços do álcool combustível e da gasolina, cujo efeito sobrepôs-se ao da alta nas tarifas de energia elétrica residencial e da taxa de água e esgoto.

A evolução dos preços livres traduziu a desaceleração, de 4,32% para 1,47%, assinalada na variação dos preços dos bens não comercializáveis, influenciados, particularmente, pelas reduções nos preços do tomate, da batata-inglesa e do camarão. Os preços dos itens comercializáveis avançaram de 0,90%, para 1,59%, com ênfase nos aumentos relacionados aos itens leite pasteurizado, camisa/camiseta masculina e antibiótico.

Considerado o período de doze meses, o IPCA aumentou de 5,09% em março para 5,22% em junho,

Tabela 2.13 – Evolução do emprego formal – Bahia

Novos postos de trabalho

Discriminação 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 17,5 27,0 31,4 16,3 37,1

Indústria de transformação 1,5 3,8 4,5 2,7 8,2

Comércio 1,5 4,0 10,0 3,9 1,5

Serviços 5,6 8,4 12,3 6,3 7,3

Construção civil 5,0 8,6 10,0 5,3 9,6

Agropecuária 3,7 1,8 -6,3 -2,1 10,0

Serviço industrial de utililidade pública 0,4 0,0 0,0 -0,0 0,1

Outros2/ -0,2 0,3 0,7 0,3 0,5

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

10

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13

14

15

16

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: IBGE

2006 2007 2008

2009 2010

Gráfico 2.9 – Taxa de desemprego aberto – RMS%

Tabela 2.14 – IPCA – SalvadorVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,58 0,63 2,49 1,43

Livres 73,6 0,53 0,73 2,49 1,53

Comercializáveis 38,8 0,34 0,89 0,90 1,59

Não comercializáveis 34,8 0,75 0,56 4,32 1,47

Monitorados 26,4 0,73 0,36 2,48 1,17

Principais itens

Alimentação 25,0 -0,33 1,31 3,11 1,36

Habitação 10,7 2,00 0,23 0,59 3,05

Artigos de residência 3,8 1,20 0,19 0,99 0,05

Vestuário 8,3 1,98 1,44 1,74 3,14

Transportes 18,2 0,45 0,09 3,33 -0,17

Saúde 12,6 0,34 1,27 0,80 2,51

Despesas pessoais 9,4 1,55 -1,09 2,60 2,36

Educação 6,9 -0,13 0,06 8,03 0,21

Comunicação 5,2 -0,39 1,70 -0,30 0,04

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

2009 2010

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comportamento decorrente da aceleração dos preços livres, de 4,96% para 5,37%, cujo impacto sobrepôs-se ao da menor variação nos itens monitorados, de 5,45% para 4,81%.

A evolução dos principais indicadores econômicos do estado sugere a continuidade do crescimento da atividade econômica, cenário sustentado pelo dinamismo da demanda interna, associado à expansão do crédito e ao aumento do emprego. As estimativas da produção agrícola indicam a obtenção de safra recorde de grãos em 2010. Além disso, mantêm-se os impactos positivos do Programa Minha Casa Minha Vida sobre a construção civil e os efeitos dos programas assistenciais do governo federal. Ressalte-se, entretanto, que a plena consolidação da recuperação da indústria está condicionada ao desempenho da atividade econômica mundial, na medida em que parcela significativa dos bens produzidos pelo estado destina-se ao mercado externo.

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Ceará

A economia cearense registrou expansão de 3,7% no primeiro trimestre do ano, relativamente ao trimestre anterior, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), dessazonalizados, confirmando a consolidação da recuperação econômica sinalizada pelo IBCR-CE. O desempenho prosseguiu favorável, considerado o trimestre encerrado em maio deste ano, conforme evidenciado pela expansão, na margem, dos indicadores da produção industrial, das vendas do comércio, do emprego formal e do volume de crédito. Nesse cenário, o IBCR-CE, após ajuste sazonal, aumentou 3,6% no período, em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, quando crescera 4,6%, na mesma base de comparação. A evolução da inflação em Fortaleza diferiu da observada para a média do País, não evidenciando o arrefecimento da elevação dos preços no segundo trimestre do ano, comportamento explicado, em parte, pela evolução dos preços dos bens comercializáveis e pela concentração de reajustes de preços monitorados no período.

A atividade varejista do estado cresceu 4,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando se elevara 5,6% no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Registraram-se, no período, aumentos em todos os segmentos considerados na pesquisa, com destaque para os referentes a livros, jornais, revistas e papelaria, 17,5%, e móveis e eletrodomésticos, 6,2%. Incorporados o crescimento de 11,2% assinalado nas vendas de veículos, motos, partes e peças e o recuo de 1,2% em materiais de construção, o comércio ampliado cearense apresentou elevação trimestral de 7,6%.

Considerados períodos de doze meses, as vendas varejistas do estado cresceram 12,3% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, com ênfase no aumento observado nos segmentos hipermercados e supermercados, 18%, e móveis e eletrodomésticos, 16,4%. A expansão no comércio ampliado, refletindo as variações observadas nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 24,4%, e de materiais de construção, 2,9%, atingiu 15,5% no período.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), decresceu 2,6% no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, quando havia aumentado 1,1% no mesmo tipo de comparação. O movimento trimestral

115

120

125

130

135

140

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Gráfico 2.10 – Índice de Atividade Econômica Regional – Ceará (IBCR-CE)Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

140

160

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200

220

240

260

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliadoFonte: IBGE

Gráfico 2.11 – Comércio varejista – CearáDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 2.15 – Comércio varejista – Ceará

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 9,5 5,6 4,5 12,3

Combustíveis e lubrificantes 10,0 3,0 4,2 5,1

Hiper e supermercados 14,4 5,0 3,8 18,0

Móveis e eletrodomésticos 9,8 9,0 6,2 16,4

Tecidos, vestuário e calçados -0,3 3,9 2,6 2,9

Comércio ampliado 10,2 3,3 7,6 15,5

Automóveis e motocicletas 14,7 1,6 11,2 24,4

Material de construção -4,6 9,7 -1,2 2,9

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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28 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

refletiu as quedas assinaladas nos componentes relativos à situação presente, 0,8%, e às expectativas futuras para os próximos doze meses, 3,7%, atribuído, em parte, ao maior comprometimento da renda do consumidor com compras efetuadas no primeiro trimestre do ano, impulsionadas pelos estímulos decorrentes da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Apesar do recuo no período, o índice ainda permanece em patamar relativamente elevado, situando-se 5,2% acima do observado no segundo trimestre de 2009.

A produção industrial cearense cresceu 4,8% no período de doze meses finalizado em maio, em comparação ao correspondente de 2009, de acordo com dados da PIM-PF do IBGE. Registraram-se expansões em oito dos dez segmentos abrangidos pela pesquisa, com destaque para os crescimentos na produção de calçados, 17%, e têxtil, 11,2%, setores de maior peso na estrutura industrial local, além de produtos químicos, 18,9%, e de metal, 29,6%. Na margem, a produção industrial do estado aumentou 1,9% no trimestre encerrado em maio, desempenho associado à expansão da atividade de refino de petróleo e álcool, 14,6%, e de produtos de metal, 19%.

O maior dinamismo do setor industrial do estado também se refletiu nos dados do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que apontam elevação de 20% no faturamento real da indústria de transformação nos doze meses encerrados em maio, em relação ao mesmo período do ano anterior. Na mesma base de comparação, a remuneração real cresceu 15%, seguindo-se os aumentos registrados em horas trabalhadas, 11,7%, e pessoal empregado, 11,4%. O nível médio de utilização da capacidade instalada atingiu 87,8% no período de doze meses finalizado em maio, ante 86% em fevereiro e 83,4% em igual período do ano anterior.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil totalizou R$22,4 bilhões em maio, elevando-se 6,9% no trimestre e 28,6% nos últimos doze meses. Esses resultados refletiram expansões respectivas de 6% e 26,7% nos financiamentos para pessoas jurídicas, e de 8% e 31,1% nos relativos às pessoas físicas, nos períodos considerados. As variações no trimestre decorreram, principalmente, dos crescimentos nos empréstimos nas modalidades de capital de giro, outros financiamentos e financiamento de veículos, responsáveis por 78,6% do volume de empréstimos a pessoas jurídicas; e das ampliações no crédito consignado e financiamento para aquisição de veículo para o segmento

105

110

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135

Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Brasil Ceará

Gráfico 2.12 – Produção industrialDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 2.16 – Produção industrial – Ceará

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 7,5 1,9 4,8

Alimentação e bebidas 32,3 11,7 6,6 -7,7

Têxtil 21,9 -4,1 -5,9 11,2

Calçados e art. de couro 15,9 11,3 -7,7 17,0

Química 8,2 7,2 7,5 21,0

Refino de petróleo e álcool 5,8 1,2 14,6 -9,5

Vestuário e acessórios 5,5 6,4 2,7 -3,7

Minerais não metálicos 4,4 0,0 8,4 11,7

Produtos de metal 1,6 13,5 19,0 30,0

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

5

15

25

35

45

55

Mai 2008

Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.13 – Evolução do saldo das operações de crédito – Ceará1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 29

de pessoas físicas. A taxa de inadimplência atingiu 3,6% em maio, mantendo-se estável em relação ao observado em fevereiro.

A safra de grãos do Ceará deverá totalizar 391 milhões de toneladas em 2010, de acordo com o LSPA de junho do IBGE, recuando 49,6% em relação à safra anterior. Esse resultado reflete, fundamentalmente, o efeito da estiagem, provocando quedas significativas na produção das três principais culturas do estado: milho, 61,2%, que responde por 53% da produção de grãos do Ceará neste primeiro semestre; arroz, 27,8%; e feijão, 23,1%. Em relação às outras lavouras, estimam-se expansões de 47,4% para a colheita de castanha-de-caju, que liderou em valores nominais a lista das exportações cearenses nos primeiros seis meses do ano, e de 43% para a produção de mandioca.

De acordo com estatísticas do MDIC, a balança comercial do Ceará apresentou déficit de US$176 milhões nos seis primeiros meses do ano, ante US$108 milhões em igual período de 2009, registrando-se expansões de 28% nas importações e de 20,5% nas exportações, que totalizaram, na ordem, US$771,3 milhões e US$595,3 milhões.

O desempenho das exportações refletiu elevações de 11,4% nos preços, e de 8,1% no quantum exportado. Os embarques de produtos básicos cresceram 12,5% no semestre, com ênfase nos aumentos relativos à castanha-de-caju e a melões frescos. As exportações de bens semimanufaturados aumentaram 55,3%, estimuladas pelas expansões nas vendas de couros e peles e de ceras vegetais, enquanto as relativas a manufaturados cresceram 15,7%, com destaque para os acréscimos nos embarques de calçados e componentes e de tecidos de algodão. Considerados os principais países de destino, as vendas direcionadas aos EUA, ao Reino Unido, à Argentina, à Itália e à Holanda representaram, em conjunto, 57% dos embarques do estado.

A evolução das importações traduziu o aumento de 32,4% nas quantidades importadas, significativamente superior ao declínio de 3,3% nos preços. Consideradas por categorias de uso final, as aquisições de combustíveis cresceram 95,5% no semestre, impulsionadas pelas compras de gás natural liquefeito, que têm crescido desde o início das operações do terminal de regaseificação do porto de Pecém, em 2009, e as relativas a bens intermediários, 72,8%, influenciadas pelos aumentos nas compras de trigo. Em direção contrária, os desembarques de bens de capital, impactados pelas reduções nas compras de maquinaria industrial e de outros equipamentos fixos, decresceram

Tabela 2.17 – Produção agrícola – Ceará

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Var. %

2009 2010 2010/2009

Produção de grãos 776 391 -49,6

Feijão 0,19 130 100 -23,1

Milho 0,18 534 207 -61,2

Arroz (em casca) 0,03 93 67 -27,8

Outras lavouras selecionadas

Banana 0,09 430 414 -3,6

Mandioca 0,07 686 981 43,0

Abacaxi (mil frutos) 0,06 18 9 -50,0

Castanha de caju 0,05 104 154 47,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 2.18 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Ceará Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 494 595 20,5 27,5

Básicos 140 157 12,5 31,6

Industrializados1/ 354 438 23,6 24,5

Semimanufaturados 71 111 55,3 40,0

Manufaturados1/ 283 327 15,7 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 2.19 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Ceará Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 603 771 28,0 45,1

Bens de consumo 53 42 -19,3 50,6

Duráveis 23 20 -10,2 70,9

Não duráveis 30 22 -26,3 29,9

Bens intermediários 345 597 72,8 47,0

Bens de capital 196 115 -41,4 27,1

Combustíveis e lubrificantes 9 18 95,5 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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30 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

41,4% no período. As compras referentes a bens de consumo duráveis registraram declínio de 10,2%, evidenciando decréscimos nas importações de objetos de uso pessoal e de máquinas e aparelhos de uso doméstico. As compras de bens de consumo não duráveis recuaram 26,3%, com ênfase na redução nas aquisições de vestuário e outras confecções têxteis. As importações provenientes da China, EUA, Argentina, Alemanha e Rússia responderam por 56,5% do total das compras do estado no semestre.

A economia cearense registrou 20,3 mil novos postos de trabalho, no trimestre finalizado em maio, ante 6,8 mil em igual período do ano anterior, de acordo com dados do Caged/MTE. O aumento na geração de empregos refletiu, em especial, as contratações assinaladas nas atividades construção civil, 5 mil, e serviços, 9,4 mil, responsáveis, em conjunto, pela geração de 4 mil vagas no trimestre encerrado em maio de 2009. Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego formal no Ceará cresceu 2,7% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, resultado de aumento no emprego em seis das oito atividades pesquisadas, ressaltando-se o crescimento de 9% verificado na construção civil.

O IPCA na região metropolitana de Fortaleza aumentou 1,82% no trimestre encerrado em junho, ante 1,10% no finalizado em março, refletindo a desaceleração dos preços livres, de 1,94% para 1,65%, e aceleração dos monitorados, -0,95% para 2,25%. O comportamento desse grupo repercutiu os impactos dos reajustes nos itens gasolina, energia elétrica residencial e produtos farmacêuticos, parcialmente atenuados pela retração nos preços das passagens aéreas.

A aceleração dos preços livres no período, diferindo do comportamento do índice em âmbito nacional, refletiu o maior crescimento dos preços dos itens comercializáveis, de 0,67% para 1,40%, influenciado pelas elevações nos preços de leite e derivados, eletrodomésticos e equipamentos, carnes e vestuário. A desaceleração observada nos preços dos itens não comercializáveis foi favorecida pela redução em alimentos in natura e pela menor disseminação de reajustes de preços nos seus componentes. A despeito do comportamento desse grupo, o índice de difusão do IPCA na região cresceu 3,13 p.p. no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março.

A evolução recente dos indicadores de atividade e as perspectivas em relação ao desempenho da economia cearense sugerem que o estado deverá seguir apresentando resultados

Tabela 2.20 – Evolução do emprego formal – Ceará

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 6,8 29,1 36,3 3,1 20,3

Extrativa 0,0 0,0 0,2 0,0 0,1

Ind. de transformação 4,5 10,9 11,4 -0,5 3,8

Serv. ind. de util. pública -0,1 0,1 0,0 0,0 -0,1

Construção civil -0,3 5,5 5,2 4,0 5,0

Comércio 0,7 3,1 7,8 2,9 2,9

Serviços 4,2 5,3 9,1 1,2 9,4

Agropecuária -2,0 3,2 2,6 -4,5 -0,7

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

Tabela 2.21 – IPCA – FortalezaVariação %

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

Ano I Tri II Tri 12 meses

IPCA 100,0 4,43 1,10 1,82 5,22

Livres 71,2 4,04 1,94 1,65 6,07

Comercializáveis 38,1 2,30 0,67 1,40 3,85

Não comercializáveis 33,1 6,10 3,43 1,92 8,66

Monitorados 28,8 5,44 -0,95 2,25 3,16

Principais itens

Alimentação 25,1 2,82 2,45 1,20 5,28

Habitação 14,0 6,04 1,09 2,38 5,40

Artigos de residência 3,6 3,09 1,08 1,53 3,50

Vestuário 7,7 9,84 0,68 3,06 11,51

Transportes 16,5 2,67 -1,85 2,45 3,12

Saúde 12,2 4,08 0,14 2,21 3,36

Despesas pessoais 8,7 9,24 1,25 1,76 6,23

Educação 6,7 5,88 6,10 1,04 10,11

Comunicação 5,5 -0,82 0,30 0,09 0,24

Fonte: IBGE

1/ Referentes a setembro de 2009.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 31

positivos em 2010. O mercado interno, impulsionado pelo setor serviços – com ênfase nos segmentos relacionados ao turismo e ao comércio varejista-, a manutenção dos programas sociais e a expansão dos investimentos públicos e privados, sobretudo de infraestrutura, permanece desempenhando papel essencial no crescimento da economia do estado. Ressalte-se que esse dinamismo favorece, ainda, a distribuição de renda, por meio da absorção e qualificação de mão-de-obra. Não obstante esse cenário, as estimativas para a atividade agropecuária, setor com menor participação na composição do PIB do estado, apontam redução da safra em decorrência de adversidades meteorológicas.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 33

Pernambuco

O PIB de Pernambuco cresceu 1,6% no primeiro trimestre de 2010, relativamente ao último trimestre do ano anterior, segundo dados dessazonalizados da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem), evidenciando para a economia estadual desempenho inferior ao registrado para o PIB em âmbito nacional, no mesmo período, 2,7%. Cabe observar que os níveis de atividade no estado, sob os efeitos da crise financeira mundial, se retraíram com menor intensidade que os observados para a média do País, induzindo expansões menores na fase de recuperação. Dentre os setores, a agropecuária pernambucana apresentou retração de 4,7% no primeiro trimestre do ano, principalmente em função da redução da produção de grãos; a indústria avançou 4,1%, impulsionada, em especial, pela construção civil e pela indústria química; e os serviços cresceram 1,3%, sobretudo devido às atividades de comércio e de transportes. O maior dinamismo da economia estadual manteve-se nos meses posteriores, conforme evidenciou a expansão de 3,4% no IBCR-PE no trimestre encerrado em maio, relativamente àquele findo em fevereiro, após ajuste sazonal dos dados.

De acordo com a PMC do IBGE, as vendas do comércio varejista acumuladas em doze meses até maio evoluíram 9,4%, superando a alta de 7% observada em fevereiro, na mesma base de comparação. O incremento reflete aumento nas vendas de todos os segmentos pesquisados, em particular de 9,6% em hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; 9,6% em combustíveis e lubrificantes; e 8,7% em tecidos, vestuário e calçados. No conceito ampliado, a expansão nas vendas mostrou-se ainda mais elevada, 12,1%, em função dos crescimentos de 18,7% e 6,9% nos segmentos de veículos e motocicletas e de material de construção.

A evolução das vendas varejistas na margem evidenciou, após ajuste sazonal dos dados, crescimento de 2,8% no trimestre encerrado em maio em relação ao trimestre encerrado em fevereiro – quando a expansão alcançara 3,9% -, com ênfase na expansão dos segmentos tecidos, vestuário e calçados, 4,9%, e de combustíveis e lubrificantes, 5%. O comércio ampliado mostrou alta de 3,4% no mesmo período, com elevações de 9,1% nas vendas de material de construção e de 2,7% nas de veículos e motocicletas.

A produção industrial pernambucana cresceu 9,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao anterior, quando aumentara 2,1%, considerados dados

Tabela 2.22 – Comércio varejista – Pernambuco

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Nov1/ Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 3,1 3,9 2,8 9,4

Combustíveis e lubrificantes 4,0 -0,1 5,0 9,6

Hiper e supermercados 2,8 3,8 0,8 9,6

Tecidos, vestuário e calçados 4,3 3,5 4,9 8,7

Móveis e eletrodomésticos 1,3 9,8 3,6 5,5

Comércio ampliado 3,9 2,6 3,4 12,1

Automóveis e motocicletas 6,3 -0,7 2,7 18,7

Material de construção 5,7 0,6 9,1 6,9

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

105

110

115

120

125

130

135

140

145

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Gráfico 2.14 – Índice de Atividade Econômica Regional – Pernambuco (IBCR-PE)Dados dessazonalizados2002 = 100

100

106

112

118

124

130

136

1

Brasil

Sul

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados

Comércio Varejista – Sul

130

140

150

160

170

180

190

200

210

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliado

Fonte: IBGE

Gráfico 2.15 – Comércio varejista – PernambucoDados dessazonalizados2003 = 100

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34 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

dessazonalizados da PIM-PF do IBGE. A evolução do indicador traduziu, principalmente, a expansão na produção de alimentos e bebidas, 14,8%, impulsionada, em parte, pela valorização, em cerca de 50%, no preço do açúcar no mercado internacional. O maior dinamismo na fabricação de alimentos e bebidas é evidenciado, ainda, pelo aumento de 11,2% nas horas trabalhadas do setor, de acordo com os dados da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). Dentre as demais atividades industriais com expansão no período, destacaram-se as de produção de minerais não-metálicos e borracha e plástico, com aumentos de 10,4% e 14,8%, respectivamente.

Considerados períodos de 12 meses, a produção industrial cresceu 7,8% em maio, superando os 4,5% observados nacionalmente. Os segmentos de metalurgia básica, químico e de borracha e plástico avançaram 16,8%, 14,4% e 11,6%, respectivamente, com impactos parcialmente atenuados pelo recuo de 1,4% na produção de produtos de metal.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil reais realizadas em Pernambuco atingiu R$38,6 bilhões em maio, elevando-se 6,1% no trimestre e 81,8% em doze meses. A expansão trimestral foi determinada pelos aumentos de 7,1% no segmento de pessoas físicas, condicionada pelo crescimento das operações de crédito pessoal e financiamentos imobiliários, e de 5,7% no segmento de pessoas jurídicas, como decorrência dos aumentos nos saldos das operações direcionadas aos serviços públicos (exceto saúde e educação) e à indústria de máquinas e equipamentos.

A inadimplência nessas operações atingiu 2,9% em maio, retraindo-se 0,4 p.p. no trimestre, com identicos níveis de retração, os segmentos de pessoa física e pessoa jurídica alcançaram taxas de 5,7% e 1,6%.

As perspectivas para o desempenho agrícola no estado, neste ano, mostram-se favoráveis, segundo o LSPA de junho, que estima expansão de 7,9% para a produção de cana-de-açúcar – principal produto agrícola do estado-,em função da elevação de 7,6% na área plantada, impulsionada pelo aumento de 68% no preço pago aos produtores, entre as duas últimas safras, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). As produções de banana e de uva tiveram crescimento projetado de 6,1% e 24,1%, também em decorrência de expansão da área plantada, de 21,1% e 29,7%. Para a produção anual de grãos o levantamento prevê redução de 29% na produção anual de grãos, relativamente à safra

Tabela 2.23 – Produção industrial – Pernambuco

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Acum.

12 meses

Indústria geral 100,0 2,1 9,1 7,8

Alimentação e bebidas 41,7 -5,3 14,8 6,3

Metalurgia básica 13,9 5,9 2,5 16,8

Química 13,1 14,5 1,8 14,4

Minerais não metálicos 7,2 2,0 10,4 11,3

Produtos de metal 6,5 0,5 0,0 -1,4

Borracha e plástico 4,5 5,1 14,8 11,6

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

Jan 2004Fev 2004Mar 2004Abr 2004MaiJunJul 2004AgoSet

100

105

110

115

120

125

130

135

140

145

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Brasil PernambucoFonte: IBGE

Gráfico 2.16 – Produção industrial Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

10

30

50

70

90

110

130

Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 2.17 – Evolução do saldo das operações de crédito – Pernambuco1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 35

anterior, como consequência das quedas de 16,3% e 38% nas produções de feijão e milho, respectivamente, que refletem reduções na área plantada e colhida estimadas, na ordem, em 9% e 27,5% para o feijão, e 7,4% e 25,7% para o milho. Os preços pagos aos agricultores desses dois produtos recuaram, respectivamente, 11% e 17%, no primeiro trimestre de 2010, em relação ao mesmo trimestre de 2009.

A balança comercial do estado apresentou déficit de US$799,7 milhões no primeiro semestre do ano, ante US$401,3 milhões no mesmo período do ano anterior, de acordo com as estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, refletindo elevações de 72,2% e de 42,3% nas importações e nas exportações, que totalizaram US$1.317,7 milhões e US$518 milhões, na ordem. Assinale-se que essas cifras, recordes para o estado, elevaram a corrente de comércio em 62,6%, relativamente à observada nos doze meses anteriores.

O crescimento no valor exportado no período, refletiu aumentos de 38,7% nos preços e de 2,6% no quantum, com elevações nos embarques em todas as categorias de fator agregado. Os semimanufaturados cresceram 131,9%, destacando-se as altas em açúcar de cana em bruto e em borracha sintética. Os produtos básicos aumentaram 35,5%, com ênfase nos embarques de frutas. Os manufaturados avançaram 15,2%, ressaltando-se os aumentos em resina politereftalato de etileno (PET), parcialmente compensados pela retração no álcool. Os principais destinos dos produtos pernambucanos ao exterior foram Rússia, com participação de 17%, Argentina, 11,3%, Venezuela, 7,8%, e Estados Unidos, 6,5%.

A alta no valor importado nos últimos doze meses correspondeu a aumentos de 5,2% nos preços e de 63,7% no quantum. Todas as categorias de uso registraram expansão, em especial combustíveis e lubrificantes, com alta de 159,7%. As compras de motocicletas e automóveis contribuíram para que o segmento de bens duráveis se expandisse 107,7%. Os bens de capital aumentaram 74,9%, condicionados, sobretudo, pela expansão em maquinaria industrial. Os bens intermediários cresceram 60,4%, refletindo o comportamento dos insumos químicos destinados à produção de resina PET. Os principais países de origem, consideradas as participações na pauta, foram os EUA, 16,3%; Argentina, 15,5%; México, 11,8% e China, 11,7%.

O mercado de trabalho pernambucano registrou a eliminação de 3,8 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio, de acordo com dados do Caged/MTE,

Tabela 2.24 – Produção agrícola – Pernambuco

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2009/2008

Grãos

Feijão 8,0 130 109 -16,3

Milho 3,0 193 120 -38,0

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 34,3 19445 20980 7,9

Uva 10,9 159 168 6,1

Banana 6,2 437 542 24,1

Tomate 4,9 157 157 -0,3

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 2.25 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Pernambuco Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 364 518 42,3 27,5

Básicos 17 24 35,5 31,6

Industrializados 347 494 42,7 23,9

Semimanufaturados 82 189 131,9 40,0

Manufaturados1/ 265 305 15,2 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 2.26 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Pernambuco Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 765 1318 72,2 45,1

Bens de consumo 95 148 55,8 50,4

Duráveis 28 58 107,7 70,6

Não duráveis 67 90 33,9 29,9

Bens intermediários 467 749 60,4 46,9

Bens de capital 126 221 74,9 27,2

Comb. e lubrificantes 77 200 159,7 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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36 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

desempenho associado ao padrão sazonal observado na agropecuária e na indústria, refletindo o ciclo produtivo do setor sucroalcooleiro. Ainda assim, o saldo de desligamentos no período situou-se abaixo dos 27,9 mil postos eliminados em igual trimestre do ano anterior. A melhora observada entre os dois períodos resultou tanto do maior número de contratações nos setores de comércio, serviços e construção civil, 16,3 mil, conjuntamente, em relação aos 5,2 mil em 2009, quanto à menor eliminação de empregos na indústria e na agricultura, 20,7 mil, comparativamente aos 33,4 mil no ano passado. O índice de emprego formal registrou aumento de 2% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, quando avançara 1% no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

A taxa de desemprego da Região Metropolitana do Recife (RMR) situou-se em 9,7% em maio, recuando 0,8 p.p. em relação a igual mês de 2009, segundo a PME do IBGE. O rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas aumentou 11,3%, na mesma base de comparação. Considerados dados dessazonalizados, o desemprego avançou 0,7 p.p. em maio em relação a fevereiro, traduzindo expansões de 3,2% na PEA e de 2,7% na população ocupada.

A variação do IPCA relativo à RMR atingiu 0,83% no trimestre encerrado em junho, ante 1,60% no finalizado em março. A trajetória descendente refletiu, em especial, a desaceleração, de 2,44% para 1,06%, na variação dos preços livres, decorrente de quedas de 0,54 p.p. e 2,36 p.p. nas variações dos preços comercializáveis e não-comercializáveis, respectivamente, na mesma base de comparação. A desaceleração nos preços do grupo educação no período, foi o principal determinante do arrefecimento da variação nos preços dos itens não comercializáveis. A desaceleração nos preços dos itens comercializáveis refletiu, sobretudo, o arrefecimento na alta dos custos da alimentação no domicílio, influenciada especialmente pelas quedas nos preços de açúcares e derivados, carnes, e óleos e gorduras. A variação dos preços monitorados passou de -0,49% para 0,22%, com aumentos na gasolina e nos produtos farmacêuticos, parcialmente atenuados pela redução da tarifa de energia elétrica. O índice de difusão do IPCA alcançou 60,2% no trimestre encerrado em junho, ligeiramente acima dos 58,7% naquele encerrado em março.

A inflação acumulada em doze meses na RMR atingiu 4,60%, ante 5,19% em março. A desaceleração traduziu, em especial, o comportamento dos preços monitorados, que variaram 2,31% até junho ante 3,64% até

Tabela 2.27 – Evolução do emprego formal – Pernambuco

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total -27,9 36,3 48,4 0,1 -3,8

Ind. de transformação -32,2 13,8 28,7 -4,1 -20,4

Comércio 0,9 3,2 9,5 0,1 3,0

Serviços 3,4 5,5 8,4 5,5 9,1

Construção civil 0,9 2,9 7,4 3,6 4,2

Agropecuária -1,2 9,0 -3,7 -5,3 -0,3

Serv. ind. de util. pública 0,3 1,8 -1,9 0,3 0,7

Outros2/ 0,0 0,0 0,1 0,1 -0,1

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

Tabela 2.28 – IPCA – RecifeVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,51 1,59 1,60 0,83

Livres 72,2 0,27 1,64 2,44 1,06

Comercializáveis 38,6 0,71 1,22 1,22 0,68

Não comercializáveis 33,6 -0,25 2,15 3,89 1,53

Monitorados 27,8 1,11 1,46 -0,49 0,22

Principais itens

Alimentação 26,8 -1,14 2,16 3,21 1,44

Habitação 12,6 2,19 2,03 -0,05 -1,20

Artigos de residência 4,2 2,63 0,66 0,67 -0,32

Vestuário 7,6 0,15 1,30 1,09 1,65

Transportes 15,2 0,49 1,68 0,16 1,43

Saúde 12,5 1,34 1,48 0,68 1,83

Despesas pessoais 9,2 1,53 1,42 2,12 0,61

Educação 6,2 0,50 0,15 5,70 0,05

Comunicação 5,7 -0,08 0,67 0,07 -0,24

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

7

8

9

10

11

12

13

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009 2010

Gráfico 2.18 – Taxa de desemprego aberto – Recife%

Fonte: IBGE

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 37

março. Destaque-se a redução na tarifa de energia elétrica residencial, compensando, em parte, as altas nos preços de planos de saúde, produtos farmacêuticos e gás de botijão. Os preços livres cresceram 5,50% no período, ante 5,80% nos doze meses encerrados em março, com ênfase nos aumentos nos grupos alimentação e bebidas, destacando-se tubérculos, raízes e legumes e açúcares e derivados. Ressalte-se ainda, a elevação dos gastos com despesas pessoas, impulsionados pelos aumentos nos itens empregado doméstico e recreação.

Os indicadores conjunturais da economia pernambucana revelam crescimento acelerado tanto das atividades mais tradicionais, lideradas pelo setor sucroalcooleiro – estimulado pela restrição de oferta de açúcar no mercado internacional-, quanto da introdução de novas atividades, sobretudo investimentos, atraídos pelo próprio nível de atividade e pela logística favorável do estado. Esse ritmo de crescimento, associado a medidas governamentais como transferências no âmbito dos programas sociais e incrementos do salário mínimo, vêm promovendo benefícios significativos, evidenciados pelos aumentos nas vendas varejistas, na população ocupada e no rendimento médio.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 39

Tabela 3.1 – Índice de vendas no varejo – Agregação

para GO e DF1/

Geral e setores selecionadosVariação % no período

Setores 2009 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Comércio varejista 3,7 4,2 1,2 8,4

Combustíveis e lubrificantes -1,8 1,3 1,4 -1,0

Hiper e supermercados 5,8 4,3 -1,0 9,3

Tecidos, vestuário e calçados 2,0 4,4 1,0 6,7

Móveis e eletrodomésticos 0,2 7,7 4,4 12,2

Comércio varejista ampliado 5,4 2,0 4,2 10,7

Veículos e motos, partes e peças 10,6 -6,9 9,0 15,0

Material de construção -8,1 9,5 3,6 5,1

Fonte: IBGE

1/ Goiás e DF são os únicos entes federados da região com dados

estratificados pelo IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

3Região Centro-Oeste

A economia da região Centro-Oeste continuou apresentando resultados positivos no segundo trimestre deste ano, embora em intensidade menor que os observados nos trimestres anteriores. Destacou-se no período março a maio o maior dinamismo da indústria e da pecuária bovina, bem como a ampliação na geração de empregos, o que deve contribuir para manter o crescimento expressivo das vendas do comércio. O IBCR-CO registrou alta de 1,4% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia crescido 3,2%, considerando dados dessazonalizados.

As vendas do comércio varejista da região cresceram 2,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam se elevado 5,5%, na mesma base de comparação, considerados dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Os aumentos mais intensos ocorreram no Mato Grosso do Sul, 4,6%, e no Mato Grosso, 3,4%, enquanto os mais modestos, no Distrito Federal, 1,4%, e em Goiás, 1,3%. Incorporadas as vendas de veículos e de material de construção, o comércio ampliado da região registrou elevação trimestral de 4,3% em maio, ante 3,1% em fevereiro.

Estatísticas agregadas de Goiás e do Distrito Federal, únicos entes federados da região com dados estratificados por ramo de atividade, registraram acréscimos acentuados nas vendas de veículos, 9%; móveis e eletrodomésticos, 4,4%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, 4,1%; enquanto as relativas a equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação recuaram 18,1%.

Considerados períodos de doze meses, o crescimento das vendas da região atingiu 9,3% em maio, ante 5,8% em fevereiro, no conceito restrito, e 11,7%, ante 7,6%, respectivamente, no conceito ampliado. Goiás e Distrito Federal assinalaram, em conjunto, elevações de 12,2% nas vendas de móveis e eletrodomésticos; 9,3% nas de hipermercados e supermercados; e 15% nas relativas a

115

120

125

130

135

140

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Gráfico 3.1 – Índice de Atividade Econômica Regional –Centro-Oeste (IBCR-CO)Dados dessazonalizados2002 = 100

110

130

150

170

190

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 3.2 – Comércio varejista – Centro-OesteDados dessazonalizados2004 = 100

Fonte: IBGE

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40 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

veículos, evolução associada, em parte, aos impactos da redução na alíquota do IPI.

A produção industrial de Goiás, único estado da região incluído na PIM-PF do IBGE, cresceu 3,4% no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, quando se elevara 11%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados. Essa desaceleração refletiu, em especial, a retração, de 12,2% para 4%, no crescimento da indústria de transformação, com ênfase na desaceleração, de 65,4% para 7,8%, no crescimento da indústria de produtos químicos. A expansão da indústria extrativa atingiu 0,4%, ante 3,7% no trimestre encerrado em fevereiro.

Considerados períodos de doze meses, a produção industrial do estado aumentou 12,3% em maio, em relação a igual período de 2009, ante 5,5% em fevereiro. A indústria de transformação cresceu 13,3% em maio, com ênfase na expansão de 96,8% registrada no segmento de produtos químicos, enquanto a indústria extrativa mineral cresceu 2% no mesmo período.

O faturamento real da indústria, considerado o Índice de Preços por Atacado – Oferta Global (IPA-OG) da FGV como deflator, aumentou 6,6% no trimestre finalizado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, quando havia se elevado 2,8%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). As horas trabalhadas na produção e o emprego industrial aumentaram 7,8% e 1,9% no trimestre, ante expansões de 3,1% e 1,2%, respectivamente, no trimestre finalizado em fevereiro. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) atingiu 80,6%, em maio, recuando 3,4 p.p. no trimestre, segundo dados dessazonalizados, e 1,6 p.p. em relação a maio de 2009.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial de Goiás (Icei/GO), divulgado pela Fieg, atingiu 68,6 pontos em junho, 0,3 ponto superior ao nível de março, indicando a manutenção da confiança dos industriais goianos em patamar elevado. Os componentes do Icei/GO moveram-se em direções opostas no período – o Índice de Condições Atuais cresceu 2,6 pontos, para 64 pontos, enquanto o Índice de Expectativas para os próximos seis meses recuou 0,9 ponto, para 70,9 pontos.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas na região atingiu R$122,8 bilhões em maio, com crescimento de 3,3% no trimestre e de 13,8% em doze meses. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas

100

110

120

130

140

150

160

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Brasil Goiás

Gráfico 3.3 – Produção industrial – Centro-OesteDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 3.2 – Produção industrial – Centro-Oeste

Geral e setores selecionados

Variação % trimestral

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 11,0 3,4 12,3

Indústria extrativa 9,2 3,7 0,4 2,0

Indústria de transformação 90,8 12,2 4,0 13,3

Alimentos e bebidas 68,0 4,4 6,5 0,5

Produtos químicos 9,5 65,4 7,8 96,8

Metalurgia básica 7,1 -11,2 -8,6 6,2

Minerais não metálicos 6,2 2,8 3,7 11,0

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Mai 2008

Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 3.4 – Evolução do saldo das operações de crédito – Centro-Oeste1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 41

físicas totalizaram R$69,6 bilhões, elevando-se 4,3% no trimestre – com destaque para as modalidades financiamento habitacional e crédito consignado – e 17,2% em doze meses. O saldo das operações de crédito às empresas somou R$53,2 bilhões, aumentando 1,9% e 9,7%, nas bases de comparação mencionadas. A taxa de inadimplência, considerados atrasos superiores a noventa dias, atingiu 3,9% em maio, queda de 0,6 p.p. no trimestre. As taxas relativas aos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas situaram-se, na ordem, em 5,1% e 2,5%, assinalando recuos trimestrais respectivos de 0,9 p.p. e 0,4 p.p.

A produção de grãos do Centro-Oeste para 2010 está estimada em 51,2 milhões de toneladas, com aumento anual de 4,8%, de acordo com o LSPA de junho, do IBGE. Essa previsão traduz, em grande parte, o acréscimo de 8,8% projetado para a safra de soja, decorrente da expansão na área plantada e na produtividade, que aumentará em decorrência da quebra da safra anterior no Mato Grosso do Sul, devido a fatores meteorológicos. As produções de milho e de cana-de-açúcar, esta ocupando área 8,8% maior do que em 2009, deverão aumentar 2,3% e 10,3%, respectivamente, no ano.

Os abates de bovinos em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF, equivalentes a aproximadamente 96% dos realizados na região, aumentaram 7,5% nos cinco primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2009. Ressalte-se a contribuição do Mato Grosso para esse desempenho, considerando que a expansão no estado – responsável por cerca de 60% dos abates da região – atingiu 12%. Apesar da recuperação recente dos preços do boi gordo, conforme observado no gráfico 3.6, permanece a restrição na oferta de animais para abate. No mesmo período, registraram-se aumentos respectivos de 13% e 20,4% nos abates de aves e de suínos.

O superávit da balança comercial do Centro-Oeste somou US$3,2 bilhões nos seis primeiros meses do ano, recuando 17,6% em relação a igual intervalo de 2009. As exportações totalizaram US$7,9 bilhões e as importações, US$4,7 bilhões, aumentando 7,9% e 36,1%, respectivamente, no período.

A expansão das exportações decorreu de elevações de 5,9% nos preços e de 1,9% no quantum, com ênfase nos crescimentos nos embarques do Mato Grosso do Sul e de Goiás. As vendas de produtos básicos, responsáveis por 87% da pauta da região, cresceram 4,4% no primeiro semestre de 2010, ressaltando-se os aumentos nas relativas a carnes de frango, 42,2%; carne bovina, 33,3%; e farelo

Jan 2005

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

70

85

100

115

130

145

160

175

190

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Bovinos Aves Suínos

Gráfico 3.5 – Abates de animais – Centro-OesteMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

70

75

80

85

90

95

2.12008

10.3 16.5 23.7 25.9 28.11 6.22009

16.4 24.6 28.8 5.11 15.12010

24.3 31.5

Gráfico 3.6 – Indicador boi gordo ESALQ/BM&FBovespaR$/arroba – Valor à vista

Fonte: Cepea/ESALQ

Tabela 3.3 – Produção agrícola – Centro-Oeste

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos 86,9 48 852 51 196 4,8

Algodão (caroço) 8,1 1 091 1 129 3,5

Milho 17,4 15 536 15 900 2,3

Soja 55,0 28 973 31 526 8,8

Sorgo 1,1 1 254 867 -30,9

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 7,6 89 544 98 724 10,3

Mandioca 1,7 1 351 1 383 2,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 3.4 – Balança comercial – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Centro-Oeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Exportação 7 326 7 644 4,3 23,3

Importação 3 482 4 658 33,8 40,7

Saldo 3 844 2986 -22,3 -46,7

Corrente de comércio 10 808 12 302 13,8 31,0

Fonte: MDIC/Secex

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42 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

de soja, 14,3%, em oposição às contrações nas referentes a soja, 8,5%, item de maior relevância nas exportações da região. Os embarques de produtos semimanufaturados cresceram 41,9%, destacando-se as vendas de celulose, 611%, iniciadas em maio de 2009. As exportações de manufaturados aumentaram 25,5% no primeiro semestre. Vale salientar que as exportações provenientes do agronegócio, correspondendo a 91% das vendas da região, ampliaram-se 5,3%, inferior ao ritmo de crescimento das exportações totais da região. China, Holanda, Rússia, Espanha, Irã e Tailândia absorveram, conjuntamente, 59% dos embarques da região, no semestre.

O desempenho das importações no primeiro semestre evidenciou as variações assinaladas no quantum, 49,4%, e nos preços, -8,9%, ressaltando que Goiás e Distrito Federal foram as unidades que mais contribuíram para o aumento das importações no período. As aquisições de bens de consumo elevaram-se 60,8%, sensibilizadas pelos acréscimos nas referentes a automóveis, 102%, e a produtos farmacêuticos, 38%, enquanto as compras de bens intermediários aumentaram 91,9%, impactadas pelos acréscimos registrados nas relativas a produtos químicos e farmacêuticos, 202%; produtos minerais, 148%; e adubos e fertilizantes, 43%. Em sentido oposto, as aquisições de bens de capital recuaram 40%, reflexo da conclusão da maior parte dos investimentos realizados em indústria de papel da região. As compras originárias da Bolívia, Coreia do Sul, EUA, Canadá, Japão e China responderam por 63% das importações da região, no semestre.

O mercado de trabalho no Centro-Oeste gerou 68,4 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio, ante 41,7 mil em igual período de 2009, de acordo com o Caged/MTE, dos quais 23,3 mil na indústria de transformação, 22,1 mil no setor de serviços, e 9,6 mil na construção civil. Goiás registrou a criação de 41,2 mil vagas no trimestre, 60% do total da região, com ênfase nas contratações sazonais das indústrias de álcool, 9,6 mil postos, e de açúcar em bruto, 2,8 mil, que registram demissões líquidas no último trimestre do ano. O Distrito Federal registrou a criação de 12 mil empregos formais no trimestre, seguindo-se Mato Grosso do Sul, 11,8 mil, e Mato Grosso, 3,4 mil. O nível de emprego formal na região assinalou crescimento de 1,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando crescera 1,4%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados, com ênfase nas expansões registradas na indústria extrativa mineral, 2%, e na indústria de transformação, 1,8%.

Tabela 3.5 – Exportação por fator agregado

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Centro-Oeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 7 326 7 644 4,3 23,3

Básicos 6 552 6 635 1,3 25,6

Industrializados 773 1 009 30,5 22,0

Semimanufaturados 573 767 34,0 33,1

Manufaturados1/ 201 242 20,6 18,7

Fontes: MDIC/Secex e BCB/Depec-MG

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 3.6 – Importação por categoria de uso

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Centro-Oeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 3 482 4 658 33,8 40,7

Bens de consumo 960 1518 58,1 45,8

Duráveis 427 780 82,8 63,5

Não duráveis 534 739 38,4 27,7

Bens intermediários 966 1 918 98,5 43,6

Bens de capital 674 349 -48,2 22,5

Combustíveis e lubrificantes 882 873 -1,0 58,9

Fontes: MDIC/Secex e BCB/Depec-MG

Tabela 3.7 – Evolução do emprego formal – Centro-Oeste

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 41,7 36,5 20,2 -4,1 68,4

Indústria de transformação 15,0 7,1 0,9 -5,3 23,3

Comércio 0,1 7,7 14,5 2,8 6,3

Serviços 14,3 3,1 11,8 6,3 22,1

Construção civil 6,1 9,2 -0,5 -3,6 9,6

Agropecuária 5,5 9,0 -6,0 -4,1 5,9

Serviços ind. de utilidade pública 0,1 0,0 -0,2 -0,2 0,4

Outros2/ 0,6 0,4 -0,3 0,0 0,8

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 43

A inflação da região Centro-Oeste3, medida pelo IPCA, atingiu 1,03% no trimestre finalizado em junho, ante 0,92% naquele encerrado em março. Essa aceleração refletiu o impacto mais intenso da reversão, de -1,45% para 0,53%, na variação dos preços monitorados, sensibilizada pelos aumentos nos preços dos itens água e esgoto e produtos farmacêuticos, em relação ao proporcionado pela desaceleração, de 1,98% para 1,24%, na variação dos preços livres. Neste segmento, a variação dos preços dos itens não comercializáveis registrou desaceleração, de 2,68% para 1,57%, e a relativa aos comercializáveis, de 1,12% para 0,83%. O índice de difusão, evidenciando maior disseminação da inflação na região, atingiu, em média, 59,2% no trimestre encerrado em junho, ante 55,2% naquele finalizado em março.

Considerando períodos de doze meses, o IPCA da região cresceu 3,91% em junho, ante 4,35% em março, resultado da desaceleração, de 3,40% para 1,78%, na variação dos preços monitorados, impactada pelo atraso no reajuste de ônibus urbano, que normalmente ocorre no mês de abril. Contribuiu, ainda, o aumento moderado de gás de cozinha e a queda nos preços da gasolina. Os preços livres aceleraram, de 4,76% para 4,84%. Os preços não comercializáveis acumularam aumento de 6,89% em junho, ante 6,23% em março, com destaque para alimentos in natura, principalmente feijão carioca, enquanto os preços dos produtos comercializáveis assinalaram variações respectivas de 2,38% e 2,97%.

A economia da região Centro-Oeste vem apresentando resultados consistentes nos últimos trimestres, alicerçados no crescimento do emprego e do crédito, com impactos sobre as vendas do comércio e da indústria. O comércio externo, sustentado pelo agronegócio, tem contribuído positivamente para o dinamismo da economia da região, mesmo no cenário de depreciação nas cotações dos produtos agrícolas, que, impactando a renda agrícola, poderá se constituir em restrição, nos próximos meses, à manutenção do ritmo de expansão da atividade varejista.

3/ Referente às cidades de Goiânia e Brasília.

Tabela 3.8 – IPCA – Centro-OesteVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,54 1,36 0,92 1,03

Livres 70,1 0,51 1,03 1,98 1,24

Comercializáveis 31,1 -0,13 0,54 1,12 0,83

Não comercializáveis 39,0 1,04 1,44 2,68 1,57

Monitorados 29,9 0,63 2,09 -1,45 0,53

Principais itens

Alim. e bebidas 19,6 0,10 0,15 3,51 0,55

Habitação 14,5 1,09 0,49 1,87 1,73

Artigos de residência 3,6 0,86 0,85 1,14 0,93

Vestuário 7,2 -0,36 2,86 -1,03 3,89

Transportes 20,8 0,26 3,26 -2,34 -0,57

Saúde 10,8 0,67 1,11 0,78 2,32

Despesas pessoais 9,9 1,16 1,50 1,42 2,23

Educação 8,2 1,47 0,14 3,79 0,07

Comunicação 5,5 0,01 0,76 0,12 0,12

Fonte: IBGE

1/ Referentes a março de 2010.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 45

4Região Sudeste

A atividade econômica no Sudeste manteve tendência de crescimento, no segundo trimestre do ano, registrando, entretanto, arrefecimento no ritmo de expansão comparativamente ao observado nos dois trimestres anteriores. O dinamismo do setor industrial seguiu se destacando no desempenho da economia regional, contribuindo de modo determinante para a ampliação de postos de trabalho no período. Nesse cenário, o IBCR-SE cresceu 1,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando se elevara 3%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

As vendas varejistas na região Sudeste cresceram 2,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam aumentado 3%, nessa base de comparação, considerados dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Esse desempenho, favorecido pela continuidade da expansão da massa salarial e das operações de crédito às famílias, refletiu, em grande parte, os aumentos registrados nas vendas de tecidos, vestuário e calçados, 6,4%, e de combustíveis e lubrificantes, 2,5%. O comércio ampliado registrou crescimentos respectivos de 3,3% e 2,7% nos trimestres mencionados, aceleração decorrente das expansões observadas nas vendas de material de construção, 6,4%, e de veículos, 6,5%.

Considerados períodos de doze meses, as vendas no varejo aumentaram 8,8% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, ante 6,9% em fevereiro, com ênfase nas expansões respectivas de 11,7% e 9,8% assinaladas nos segmentos móveis e eletrodomésticos, e supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. O comércio ampliado, incorporando os impactos das variações nas vendas de veículos, 19,7%, e de material de construção, 4,1%, cresceu 11,6% no período.

A produção industrial da região aumentou 2,4% no trimestre encerrado em maio, ante 2,5% naquele finalizado em fevereiro. A indústria de transformação cresceu 1,7%,

110

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Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 4.1 – Índice de Atividade Econômica Regional – Sudeste (IBCR-SE) Dados dessazonalizados2002 = 100

Tabela 4.1 – Comércio varejista – SudesteGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 6,1 3,0 2,2 8,8

Combustíveis e lubrificantes 1,0 2,6 2,5 2,2

Hiper e supermercados 8,8 2,6 1,2 9,8

Tecidos, vestuário e calçados -4,3 2,6 6,4 3,1

Móveis e eletrodomésticos 1,9 5,8 0,9 11,7

Comércio ampliado 7,2 2,7 3,3 11,6

Automóveis e motocicletas 11,7 -0,9 6,5 19,7

Material de construção -4,9 5,2 6,4 4,1

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Fonte: IBGE

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 4.2 – Comércio varejista – SudesteDados dessazonalizados2004 = 100

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46 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

enquanto a extrativa, 2,3%, ressaltando-se que dezessete das vinte e três atividades pesquisadas registraram expansão no período, com ênfase no dinamismo das indústrias de veículos automotores, 8,3%; metalúrgica, 4,3%; e alimentos, 3%. O segmento refino de petróleo e produção de álcool registrou recuo de 7,6%, no período.

Considerados períodos de doze meses, a indústria do Sudeste cresceu 3,9% em maio. Os segmentos industriais relativos a veículos automotores e outros produtos químicos experimentaram aumentos respectivos de 11,9% e 8,8%, no período, contrastando com os recuos observados nas produções de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações, 33,1%, e refino de petróleo e álcool, 2,7%.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas na região totalizou R$760,7 bilhões em maio, aumentando 3,7% no trimestre e 19,3% em doze meses, com ênfase nos acréscimos assinalados nas modalidades capital de giro para pessoas jurídicas; e empréstimos consignados, financiamentos de veículos e crédito habitacional, para pessoas físicas. O saldo dos empréstimos a pessoas físicas somou R$270,5 bilhões, expandindo-se 5,5% no trimestre e 22,4% em doze meses, enquanto o relativo ao segmento de pessoas jurídicas atingiu R$490,2 bilhões, elevando-se 2,7% e 17,7%, respectivamente.

A inadimplência dos empréstimos concedidos pelo sistema financeiro na região situou-se em 2,9% em maio, atingindo 4,7% no segmento de pessoas físicas e 2% no relativo a pessoas jurídicas, ante 3,2%, 5% e 2,3%, respectivamente, em fevereiro.

Os desembolsos do BNDES destinados a financiar investimentos na região, responsáveis por 53,8% das operações correspondentes contratadas no país, cresceram 64,7% no período de doze meses finalizado em maio, em relação a igual período do ano anterior.

A safra de grãos do Sudeste deverá recuar 4,1% em 2010, ao totalizar 16,5 milhões de toneladas, passando a representar 11,3% da produção nacional, de acordo com o LSPA de junho do IBGE. Essa projeção incorpora estimativas de retrações nas colheitas de feijão, 2,1%; arroz, 10,2%; e milho, 7,6%, decorrentes de reduções na área plantada e na produtividade. Com preços favoráveis e ampla liquidez no mercado, a produção de soja deverá expandir 4% no ano, alcançando 4,2 milhões de toneladas, com ênfase no crescimento de 6,2% na área plantada, que passou a ocupar

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Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Fonte: IBGE

Gráfico 4.3 – Produção industrial – Sudeste Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

0

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20

30

40

50

Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 4.4 – Evolução do saldo das operações de crédito1/ – Sudeste Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 4.2 – Produção industrial – Sudeste

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 2,5 2,4 3,9

Indústria extrativa 6,8 3,9 2,3 5,2

Indústria da transformação 93,2 3,1 1,7 3,9

Veículos automotores 11,2 -1,4 8,3 11,9

Alimentos 9,6 3,0 3,0 2,6

Refino de petróleo e álcool 8,0 2,0 -7,6 -2,7

Outros produtos químicos 6,9 6,1 -0,5 8,8

Metalurgia básica 6,7 5,5 4,3 8,8

Fonte: IBGE

1/ Ponderação das atividades na indústria conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

Discriminação

2006 2007 2008 2009 R$ milhões Part.( %)

Sudeste 16,8 39,9 10,4 49,8 81 089 53,8

Brasil 14,9 37,4 28,8 49,3 150 767 100

Fonte: BNDES

1/ Valores acumulados em doze meses até maio.

20101/Var. % acum. 12 meses

Tabela 4.3 – Desembolsos do BNDES – Sudeste

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 47

áreas utilizadas anteriormente pelas culturas de milho e, em menor escala, de algodão e arroz.

A safra de café deverá aumentar 10,9%, para 2,2 milhões de toneladas, favorecida pelo ciclo bianual de alta, contrastando com o recuo anual de 0,8% projetado para a produção de cana de açúcar, impactada pela retração de 1,3% na produtividade.

Os abates de bovinos, aves e suínos registraram variações de -8,2%, 4,7% e 6,8%, respectivamente, nos cinco primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2009, conforme estatísticas do Mapa, que abrangem estabelecimentos inspecionados pelo SIF. O aumento dos abates de aves e suínos reflete, em parte, o crescimento da demanda interna, enquanto o menor dinamismo no segmento de bovinos traduz a retração da oferta de boi gordo. As exportações de carnes bovinas, de aves e de suíno registraram variações respectivas de 10,6%, -9,4% e -20%, no período.

A balança comercial do Sudeste registrou superávit de US$3,2 bilhões no primeiro semestre de 2010, ante US$2,1 bilhões em igual período do ano anterior, reflexo de aumentos de 36,4% nas exportações e de 35,1% nas importações, que somaram US$49 bilhões e US$45,8 bilhões, respectivamente.

A evolução das exportações, traduzindo as variações registradas no quantum, 13,7%, e nos preços, 20,2%, decorreu de aumentos das vendas em todas as categorias de fator agregado, destacando-se a elevação de 69,2% nos embarques de produtos básicos, influenciada, sobretudo, pelos aumentos nos relativos a petróleo bruto e minério de ferro. As exportações de produtos semimanufaturados cresceram 52,3%, com ênfase nas expansões dos embarques de ferro-ligas e açúcar em bruto, enquanto as relativas a produtos manufaturados elevaram-se 15,5%, impulsionadas pelos aumentos nas vendas externas de veículos de carga e automóveis. China, EUA, Argentina, Holanda e Alemanha adquiriram, em conjunto, 43,4% das vendas externas da região no período.

A elevação das importações, resultante de variações de 34,2% no quantum e de 0,7% nos preços, refletiu o crescimento das aquisições em todas as categorias de uso, com destaque para a expansão de 62,2% nas aquisições de bens de consumo duráveis, influenciada pelos aumentos nas relativas a lâmpadas e automóveis. As compras de bens intermediários cresceram 36,3%, impactadas pelos

Jan 2005

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

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Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Bovinos Aves Suínos

Gráfico 4.5 – Abates de animais – SudesteMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

Tabela 4.5 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Sudeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 35 941 49 029 36,4 27,5

Básicos 10 794 18 263 69,2 31,6

Industrializados 25 146 30 766 22,3 24,5

Semimanufaturados 4 667 7 107 52,3 40,0

Manufaturados1/ 20 480 23 660 15,5 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 4.4 – Produção agrícola – Sudeste

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Var. %

2009 2010 2010/2009

Grãos 17 174 16 467 -4,1

Feijão 4,8 952 932 -2,1

Milho 9,8 10 934 10 107 -7,6

Soja 6,4 4 058 4 219 4,0

Outras lavouras

Café 20,2 2 025 2 245 10,9

Cana-de-açúcar 30,1 470 617 466 958 -0,8

Laranja 9,9 15 211 14 898 -2,1

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 4.6 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Sudeste Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 33 889 45 790 35,1 45,1

Bens de consumo 5 240 7 375 40,7 50,6

Duráveis 2 218 3 598 62,2 70,9

Não duráveis 3 022 3 777 25,0 29,9

Bens intermediários 15 542 21 179 36,3 47,0

Bens de capital 8 893 11 021 23,9 27,1

Combustíveis e lubrificantes 4 214 6 215 47,5 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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48 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

aumentos nas referentes a vacinas e naftas, enquanto as relativas a combustíveis e lubrificantes elevaram-se 47,5%, distinguindo-se os aumentos nas aquisições de óleo diesel e hulha betuminosa. As importações de bens de capital cresceram 23,9%, com ênfase nas compras de litorinas automotoras, sem correspondência no mesmo período de 2009, e nos aumentos das importações de partes de máquinas de terraplanagem. As importações de bens de consumo não duráveis aumentaram 25% no período, ressaltando-se os aumentos nas relativas a alho e a medicamentos com compostos heterocíclicos. As importações provenientes dos EUA, China, Alemanha, Argentina e Japão representaram, em conjunto, 50,8% do total.

A evolução dos indicadores do mercado de trabalho segue refletindo o maior dinamismo da atividade econômica. Nesse sentido, considerados dados do Caged/MTE, foram criados 570 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio, ante 249,4 mil em igual período do ano anterior, com ênfase nas contratações registradas nas atividades serviços, 179,1 mil; indústria de transformação, 153,1 mil; e agropecuária, 116,1 mil. Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego formal cresceu 1,9% no trimestre terminado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, maior expansão trimestral desde junho de 2008.

A taxa média de desemprego das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte situou-se, de acordo com a PME do IBGE, em 7,1% no trimestre encerrado em maio, ante 8,6% em igual período de 2009, refletindo os aumentos registrados no pessoal ocupado, 3,8%, e na PEA, 1,9%. O rendimento médio e a massa salarial apresentaram aumentos reais respectivos de 1,4% e 5,2%, e de 0,1% e 2,5%, nos trimestres mencionados. Considerados dados dessazonalizados, a taxa média de desemprego atingiu 6,6% no trimestre encerrado em maio, ante 7,1% naquele finalizado em fevereiro.

A inflação na região Sudeste, considerada a média ponderada das variações do IPCA nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, atingiu 0,98% no segundo trimestre de 2010, ante 2,21% no trimestre anterior. Esse comportamento refletiu desacelerações respectivas de 1,27 p.p. e 1,19 p.p. na evolução dos preços livres e monitorados, cujas variações alcançaram 1,19% e 0,52%, na ordem. No primeiro segmento, os preços dos bens não comercializáveis elevaram-se 1,51% no período, ante 3,36% no trimestre anterior, com ênfase no arrefecimento nas taxas de serviços, alimentos in natura e alimentação fora do domicílio. A variação de preços relativa aos produtos

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan 2005

Fev

6

7

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9

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11

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009 2010

Gráfico 4.6 – Taxa de desemprego aberto – Sudeste%

Fonte: IBGE

Tabela 4.7 – Evolução do emprego formal – Sudeste

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 249,4 243,4 318,3 -53,2 570,0

Ind. de transformação 19,3 22,2 90,2 -20,0 153,1

Comércio 0,2 58,4 120,6 4,1 62,6

Serviços 91,3 78,3 126,4 37,6 179,1

Construção civil 27,5 38,0 26,5 17,7 43,7

Agropecuária 101,4 42,2 -51,0 -84,3 116,1

Serv. ind. de util. pública 0,3 0,6 0,7 2,5 2,8

Outros2/ 9,4 3,8 4,9 -10,8 12,5

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 49

comercializáveis também foi menor no segundo trimestre, 0,81% ante 1,51% assinalados nos primeiros três meses do ano, repercutindo principalmente os recuos nos preços do álcool combustível e de açúcares e a desaceleração nos preços de itens da alimentação no domicílio. O arrefecimento na evolução dos preços monitorados decorreu, sobretudo, da influência da queda nos preços da gasolina. O segmento exerceu impacto de 0,16 p.p. para o crescimento do IPCA da região no trimestre, assinalando-se maiores contribuições como efeitos dos reajustes nos preços dos produtos farmacêuticos, planos de saúde e nas tarifas de energia elétrica.

Considerados períodos de doze meses, a variação do IPCA atingiu 5,07% em junho, ante 4,4% em dezembro de 2009, aumento decorrente das acelerações observadas tanto no comportamento dos preços livres, de 4,38% para 5,08%, como dos monitorados, de 4,46% para 5,11%. O desempenho dos preços livres refletiu a aceleração da variação dos preços dos bens não comercializáveis, de 5,63% para 6,98%, superando o impacto do arrefecimento, de 2,94% para 2,87%, relativo ao grupo dos bens comercializáveis. Destacaram-se, no período, as acelerações das variações dos preços dos grupos transportes e alimentação e bebidas.

As perspectivas em relação à evolução da atividade econômica na região Sudeste permanecem favoráveis, sustentadas pelas melhoras apresentadas no mercado de trabalho e pela expansão das operações de crédito. A adequação da oferta ao dinamismo exacerbado da demanda interna deverá ocorrer por intermédio de três canais complementares: o esgotamento dos efeitos das medidas de isenção fiscal, o efeito defasado da expansão dos investimentos sobre a capacidade produtiva, e o cenário mais restritivo no âmbito da política monetária.

Tabela 4.8 – IPCA – SudesteVariação % no período

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

I Tri II Tri 12 meses

IPCA 100,0 4,40 2,21 0,98 5,07

Livres 69,9 4,38 2,46 1,19 5,08

Comercializáveis 31,4 2,94 1,51 0,81 2,87

Não comercializáveis 38,5 5,63 3,26 1,51 6,98

Monitorados 30,1 4,46 1,71 0,52 5,11

Principais itens

Alimentação 22,24 3,74 3,57 0,88 5,27

Habitação 13,36 5,69 0,77 1,34 5,58

Artigos de residência 4,20 3,93 2,23 5,10 5,38

Vestuário 6,13 6,67 0,38 2,83 5,67

Transportes 19,72 2,05 2,65 -0,37 4,48

Saúde 10,39 5,47 0,93 2,20 4,69

Despesas pessoais 10,41 7,89 1,81 2,38 6,46

Educação 7,56 5,99 5,31 0,15 6,83

Comunicação 6,00 1,04 0,16 -0,11 0,90

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

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Minas Gerais

A trajetória, ao longo do ano, dos indicadores relacionados à indústria, construção civil, comércio, bem como ao mercado de trabalho, evidencia a recuperação da economia mineira, processo que, sustentado inicialmente pelo mercado interno, vem sendo beneficiado nos últimos meses pela retomada das exportações. Nesse cenário, o IBCR-MG registrou aumento de 2% no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, se constituindo no quinto aumento consecutivo do indicador nesse tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados.

As vendas varejistas em Minas Gerais cresceram 2,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, período em que aumentaram 3,8%, nesse tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Destacaram-se no desempenho, os aumentos observados nos segmentos de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 16,1%, e combustíveis e lubrificantes, 4,2%. O comércio ampliado, refletindo as expansões assinaladas nas vendas de veículos, 7,3%, e de material de construção, 7,1%, registrou crescimento de 4,4%, ante 2,7% no trimestre finalizado em fevereiro.

Considerando períodos de doze meses, as vendas varejistas, em aceleração desde novembro de 2009, elevaram-se 8% em maio, ante 6% em fevereiro, impulsionadas pelos aumentos observados em móveis e eletrodomésticos, 9,9%, e em hipermercados e supermercados, 7,9%. O comércio ampliado, evidenciando os crescimentos respectivos de 20,9% e 13,4% assinalados nas vendas de veículos e de material de construção, cresceu 12,1% no período de doze meses finalizado em maio.

O faturamento real do comércio varejista na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) registrou expansão de 2,9% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia recuado 1,5%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas). Destacaram-se, no período, as elevações registradas em móveis e decorações, 17,6%; farmácias, drogarias e perfumarias, 9,2%; lojas de departamento, 6,8%; e material de construção, 2,2%.

O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICCBH), divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis

115

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Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 4.7 – Índice de Atividade Econômica Regional – Minas Gerais (IBCR-MG)Dados dessazonalizados2002 = 100

Tabela 4.9 – Índice de vendas no varejo – Minas Gerais

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 4,8 3,8 2,1 8,0

Combustíveis e lubrificantes 2,2 4,9 4,2 4,6

Hiper e supermercados 6,2 2,4 -0,1 7,9

Tecidos, vestuário e calçados 0,3 2,7 4,0 5,9

Móveis e eletrodomésticos -2,0 12,2 3,4 9,9

Comércio ampliado 6,8 2,7 4,4 12,1

Veículos e motos, partes e peças 11,6 0,3 7,3 20,9

Material de construção 3,4 5,1 7,1 13,4

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

2004 = 100Jan 2006

Fev

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Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 4.8 – Comércio varejista – MGDados dessazonalizados2004 = 100

Fonte: IBGE

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52 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

de Minas Gerais (Ipead) e Fecomércio Minas, atingiu 52 pontos em junho, 1,7 p.p. superior ao registrado em março. A evolução do indicador refletiu os acréscimos registrados nos componentes associados à expectativa econômica, 1,9 p.p., com destaque para os quesitos emprego e inflação, e à expectativa financeira, 1,6 p.p., evidenciando a melhora nos itens pretensão de compras e disponibilidade de recursos.

A produção industrial de Minas Gerais aumentou 5,8% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia crescido 3,4%, no mesmo tipo de comparação, conforme dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE. A evolução trimestral refletiu os crescimentos das indústrias extrativa, 6,4%, impulsionado pela extração de minério de ferro, e de transformação, 5,2%, essa favorecida pelo desempenho dos segmentos relativos a veículos automotores, 7%, e a metalurgia básica, 5,7%. A indústria do estado registrou crescimento mensal de 1,1% em maio, sexto resultado positivo neste tipo de comparação.

Considerados períodos de doze meses, a produção da indústria mineira aumentou 4,6% em maio, ante recuo de 5,8% em fevereiro, traduzindo acréscimos de 4,2% na indústria extrativa e de 4,7% na indústria de transformação, esse evidenciando, em especial, os aumentos registrados nos segmentos veículos automotores, 10,7%, e alimentos, 6,7%.

O faturamento real da indústria, considerado o IPA-OG da FGV como deflator, aumentou 3,6% no trimestre finalizado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, quando havia crescido 1,1%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). As horas trabalhadas na produção e o emprego industrial aumentaram, igualmente, 3,9% no trimestre, ante expansão de 4,6% para ambos no trimestre finalizado em fevereiro. O Nuci atingiu 86,4%, em maio, aumentando 1,5 p.p. no trimestre e 4,4 p.p. em relação a maio de 2009.

O Icei/MG, divulgado pela Fiemg, atingiu 65,7 pontos em junho, recuando 2,7 pontos em relação ao nível de março, mas mantendo-se acima de sua média histórica. O resultado evidencia a confiança elevada dos industriais mineiros, ao mesmo tempo em que sinaliza o arrefecimento no ritmo de expansão industrial nos próximos meses. Os componentes do Icei/MG registraram retração no período, com o Índice de Condições Atuais, que reflete a conjuntura dos últimos seis meses, recuando 1,6 ponto, para 59,6 pontos, e o Índice de Expectativas para os próximos seis meses passando de 71,8 pontos para 68,8 pontos.

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Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Brasil Minas Gerais

Gráfico 4.10 – Produção industrial – MGDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Jan 2006

Fev

Mar

Abr

Mai 2006

Jun

Jul

Ago 2006

Set

Out

Nov 2006

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Jun 2008

Set Dez Mar2009

Jun Set Dez Mar2010

Jun

ICC geral Expectativa financeira

Expectativa econômica

Gráfico 4.9 – Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICCBH)

Fonte: Fecomércio Minas e Ipead/UFMG

Tabela 4.10 – Produção industrial – Minas Gerais

Geral e setores selecionados

Variação % trimestral

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 3,4 5,8 4,6

Indústria extrativa 12,4 11,5 6,4 4,2

Indústria de transformação 87,6 2,4 5,2 4,7

Metalurgia básica 14,5 5,7 5,7 4,7

Veículos automotores 18,0 -10,5 7,0 10,7

Alimentos 17,3 0,8 3,7 6,7

Minerais não metálicos 7,5 6,6 7,4 2,6

Refino de petróleo e álcool 6,7 3,0 8,6 2,8

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE

referente ao último mês disponível.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 53

O saldo das operações de crédito com valor superior a R$5 mil reais realizadas no estado atingiu R$120 bilhões em maio, elevando-se 9,4% no trimestre e 23,9% nos últimos doze meses. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas físicas totalizaram R$51 bilhões, aumentando 5,9% no trimestre, com destaque para as operações relativas a financiamentos habitacionais, crédito consignado e crédito pessoal; e 24% em doze meses. No âmbito das pessoas jurídicas, os empréstimos somaram R$69 bilhões, aumentando 12,1% no trimestre, com ênfase para os créditos destinados aos setores de mineração, siderurgia, construção e energia elétrica; e 23,8% em doze meses. A inadimplência do crédito concedido pelo sistema financeiro no estado atingiu 3,1% em maio, recuando 0,4 p.p. no trimestre, tanto no segmento de pessoas físicas como no de pessoas jurídicas.

A safra de grãos do estado para 2010 está estimada em 10,1 milhões de toneladas, resultado 3,2% inferior ao registrado no ano anterior, de acordo com o LSPA de junho, do IBGE. A estimativa reflete projeções de retração de 6,8% para a safra de milho, principal grão da região, decorrente da diminuição na área de plantio, e de aumento de 3,9% para a cultura de soja, que ocupou parte da área destinada anteriormente à plantação de milho. Em relação às demais culturas, destacam-se os aumentos estimados para as safras de café, 18,8%, em ciclo bianual de alta produtividade, e de cana-de-açúcar, 3,2%.

O Valor Bruto da Produção (VBP) do estado, divulgado pelo Mapa em junho, a partir das projeções do LSPA e das estimativas da FGV sobre os preços recebidos pelo produtor, deverá registrar aumento anual de 10,4% em 2010, ressaltando-se as expansões relativas às culturas de café, 25,5%, e cana-de-açúcar, 12,9%. Em oposição, o VBP da lavoura de milho deverá recuar 19,4% no ano, reflexo de retrações na produção física e nas cotações do produto.

Os abates de bovinos em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF, que compreendem cerca de 70% dos abates no estado, recuaram 8,5% nos cinco primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2009, enquanto os relativos a aves e a suínos apresentaram variações respectivas de 2,2% e 5,2%. O aumento na oferta de boi gordo está limitado pelas condições adversas no mercado de reposição, notadamente bezerro e boi magro, decorrente da evolução desfavorável dos preços ao longo de 2009. A recuperação das cotações do boi gordo em meses recentes, evidenciada pelo indicador para boi gordo da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ)/ BM&FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa),

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Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 4.11 – Evolução do saldo das operações de crédito – Minas Gerais1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 4.11 – Produção agrícola – Minas Gerais

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos 37,3 10 446 10 112 -3,2

Arroz (em casca) 0,6 128 116 -9,9

Feijão 8,5 602 604 0,3

Milho 15,8 6 537 6 095 -6,8

Soja 10,9 2 751 2 858 3,9

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 9,6 58 384 60 260 3,2

Café 35,3 1 195 1 420 18,8

Banana 2,3 621 655 5,5

Batata inglesa 4,2 1 134 1 150 1,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

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Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Bovinos Aves Suínos

Gráfico 4.12 – Abates de animais – Minas GeraisMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

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54 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

deve estimular a cadeia produtiva do setor, revertendo as perspectivas negativas.

O superávit comercial de Minas Gerais atingiu U$7,2 bilhões no primeiro semestre de 2010, conforme estatísticas da Secex/MDIC, elevando-se 22,2% em relação a igual período de 2009. As exportações totalizaram US$11,6 bilhões e as importações, US$4,4 bilhões, aumentando, na ordem, 28,6% e 40,6%, no período. Assinale-se que estes fluxos ultrapassaram os registrados em igual período de 2008, confirmando a recuperação do comércio exterior do estado, após a desaceleração provocada pela crise financeira mundial.

O crescimento das exportações traduziu as variações registradas nos preços, 17,6%, e no quantum, 9,4%. Os embarques de produtos básicos, representando 53% das vendas externas, ante 59% no primeiro semestre de 2009, aumentaram 14,7%, com ênfase nos acréscimos relativos a café em grão e minérios de ferro. As exportações de produtos semimanufaturados cresceram 72,9%, sensibilizadas pelos aumentos nas relacionadas a produtos semimanufaturados de ferro ou aço e celulose. As vendas de produtos manufaturados elevaram-se 29,3%, com destaque para veículos de carga, silício e automóveis. China, Alemanha, EUA, Argentina, Japão e Holanda adquiriram, em conjunto, 60% das exportações do estado no período.

A expansão das importações, generalizada em todas as categorias de uso, refletiu as variações registradas no quantum, 54%, e nos preços, -8,7%. As aquisições de bens de consumo cresceram 57,4%, sensibilizadas pelo aumento nas relativas a automóveis, enquanto as compras de bens intermediários elevaram-se 50,8%, com ênfase nos crescimentos referentes a produtos intermediários – partes e peças e acessórios de equipamentos de transporte. As importações de bens de capital elevaram-se 19,2%, impulsionadas pelos aumentos nas compras de partes e peças para bens de capital para indústria e acessórios de maquinaria industrial, enquanto as aquisições de combustíveis e lubrificantes aumentaram 36,9%. As compras de produtos originários da Argentina, EUA, China, Alemanha, Itália e Austrália representaram, em conjunto, 66% das aquisições do estado no semestre.

Segundo o Caged/MTE, foram criados 145,7 mil novos empregos no estado no trimestre encerrado em maio, ante 62,5 mil no mesmo período de 2009, recorde para o período desde o início da série, em 1996. A agropecuária foi responsável pela geração de 48,7 mil postos de trabalho, dos

Tabela 4.12 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Minas Gerais Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 9 003 11 582 28,6 27,5

Básicos 5 326 6 111 14,7 31,6

Industrializados 3 678 5 472 48,8 24,0

Semimanufaturados 1 641 2 837 72,9 40,0

Manufaturados1/ 2 037 2 635 29,3 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 4.13 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Minas Gerais Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 3 138 4 412 40,6 45,1

Bens de consumo 457 720 57,4 50,4

Duráveis 384 619 61,2 70,6

Não duráveis 73 101 37,0 29,9

Bens intermediários 1 354 2 042 50,8 47,0

Bens de capital 931 1 110 19,2 27,2

Combustíveis e lubrificantes 395 540 36,9 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 55

quais 37,2 mil associados à demanda sazonal da cultura do café, seguindo-se a indústria de transformação, 35,3 mil, o setor de serviços, 33,9 mil, a construção civil, 15,2 mil, e o comércio, 10,5 mil. Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego aumentou 2,1% no trimestre encerrado em maio, ante 2,4% no trimestre anterior, com ênfase nas expansões assinaladas na indústria de transformação, 3,4%; na construção civil, 2,8%; e na indústria extrativa mineral, 2,1%.

A taxa média de desemprego na RMBH atingiu, de acordo com a PME do IBGE, 6% no trimestre encerrado em maio, 0,1 p.p. acima da registrada no trimestre finalizado em fevereiro, e 0,7 p.p. inferior à observada em igual período de 2009. A massa de rendimento real habitual média registrou elevação de 1,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, resultado das variações -0,1% no rendimento real médio habitualmente recebido e de 2% na ocupação.

O IPCA da RMBH cresceu 1,09% no trimestre finalizado em junho, ante 2,12% naquele encerrado em março, movimento decorrente da desaceleração, de 2,76% para 1,24%, assinalada na variação dos preços livres, em relação à estabilidade na taxa dos preços monitorados, 0,77%. O comportamento dos preços livres resultou das desacelerações registradas nas variações dos preços nos segmentos dos itens não comercializáveis, de 3,66% para 2,32%, influenciada pela queda nos preços de alimentos in natura; e dos comercializáveis, de 1,78% para 0,05%, com destaque para a queda nos preços do açúcar cristal. As principais contribuições individuais para a evolução trimestral da inflação foram exercidas pelos grupos saúde, 1,12 p.p.; e vestuário, 1,03 p.p., enquanto os grupos alimentação e bebidas e educação influenciaram negativamente, com -3,44 p.p. e -5,04 p.p., respectivamente. O índice de difusão atingiu 46,7%, ante 49% no trimestre finalizado em março.

Considerados períodos de doze meses, a variação do IPCA da RMBH atingiu 4,97% em junho, ante 4,86% em março. Os preços livres registraram variações respectivas 5,74% e 5,58% nos períodos considerados, resultado da aceleração, de 6,93% para 9,09%, na variação dos preços dos itens não comercializáveis, e da desaceleração, de 4,13% para 2,19%, na relativa aos comercializáveis. A variação em doze meses dos preços dos itens monitorados situou-se em 3,30% em junho, ante 3,31% em março.

Os principais indicadores econômicos do estado seguiram registrando evolução favorável no decorrer do

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009 2010

Gráfico 4.13 – Taxa de desemprego aberto –Belo Horizonte%

Fonte: IBGE

Tabela 4.14 – Evolução do emprego formal – Minas Gerais

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 62,5 57,2 48,3 -1,8 145,7

Indústria de transformação 0,0 10,5 24,6 1,6 35,3

Comércio 1,6 8,6 28,8 2,4 10,5

Serviços 16,6 14,1 23,9 5,0 33,9

Construção civil 5,9 12,4 8,9 -0,4 15,2

Agropecuária 37,6 11,1 -39,5 -10,2 48,7

Serv. ind. de util. pública 0,1 -0,2 0,2 0,2 -0,3

Outros2/ 0,8 0,7 1,5 -0,3 2,4

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

Tabela 4.15 – IPCA – Belo HorizonteVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,45 1,21 2,12 1,09

Livres 68,9 0,55 1,08 2,76 1,24

Comercializáveis 32,4 0,12 0,23 1,78 0,05

Não comercializáveis 36,5 0,96 1,88 3,66 2,32

Monitorados 31,1 0,23 1,50 0,77 0,77

Principais itens

Alimentos e bebidas 23,2 -0,20 0,96 4,04 0,60

Habitação 13,3 0,77 1,24 0,67 1,07

Artigos de residência 4,0 0,34 1,14 0,79 0,73

Vestuário 6,7 1,21 1,44 1,96 2,99

Transportes 19,0 -0,04 2,17 0,82 0,21

Saúde 10,2 1,43 0,83 1,14 2,26

Despesas pessoais 10,7 1,29 1,48 2,90 2,77

Educação 7,1 0,43 0,01 5,19 0,15

Comunicação 5,8 -0,10 0,56 0,10 0,17

Fonte: IBGE

1/ Referentes a março de 2010.

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primeiro semestre do ano, registrando-se recuperação dos fluxos comerciais externos, criação de postos de trabalho em ritmo intenso e crescimento robusto da indústria. O aumento na demanda interna e externa reflete-se em significativa expansão das operações de crédito para as áreas de siderurgia e mineração. Nesse cenário, os indicadores de confiança mantêm-se em patamar elevado, configurando perspectivas favoráveis à consolidação do crescimento econômico no estado.

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Rio de Janeiro

Os principais indicadores econômicos do estado seguiram apresentando evolução positiva ao longo do segundo trimestre de 2010, embora em ritmo menos intenso que o observado nos dois trimestres anteriores, ressaltando-se o impacto exercido pelo dinamismo da demanda interna sobre as vendas varejistas e sobre a expansão industrial. O IBCR-RJ registrou variação de 0,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, após haver assinalado quatro expansões consecutivas, no mesmo tipo de análise, de acordo com dados dessazonalizados. A variação do IPCA da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), embora registrasse desaceleração no segundo trimestre deste ano, permaneceu em patamar superior à média nacional.

As vendas do comércio varejista aumentaram 1,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam crescido 2,4%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Ressaltem-se, no período, os desempenhos dos segmentos tecidos, vestuário e calçados, 9,1%, impulsionado pelos aumentos da oferta de crédito e do emprego; móveis e eletrodomésticos, 1%, estimulado, em grande parte, pelo impacto da proximidade da Copa do Mundo sobre a demanda por aparelhos de TV; e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 1,5%. Incorporadas as elevações nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 1,7%, e de material de construção, 5,3%, segmento beneficiado pela redução do IPI e por programas governamentais de incentivo à habitação, o comércio ampliado registrou expansão de 2,4% no trimestre encerrado em maio.

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista do estado cresceu 7,7% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, ante 6% em fevereiro, com ênfase no crescimento das vendas de móveis e eletrodomésticos, 14,1%; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 9,7%; e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 9,6%. O comércio ampliado, evidenciando os aumentos observados nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 15,1%, e de material de construção, 4,7%, assinalou expansão de 9,3% no período de doze meses finalizado em maio,

A produção industrial fluminense aumentou 1,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia crescido 1,8%, na mesma base de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da

Tabela 4.16 – Índice de vendas no varejo – Rio de Janeiro

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 5,7 2,4 1,1 7,7

Combustíveis e lubrificantes -1,8 5,4 -4,8 -2,5

Hiper e supermercados 6,8 2,8 1,5 9,6

Tecidos, vestuário e calçados -11,8 3,4 9,1 -4,0

Móveis e eletrodomésticos 6,8 6,0 1,0 14,1

Comércio ampliado 6,1 1,7 2,4 9,3

Veículos e motos, partes e peças 8,1 -0,9 1,7 15,1

Material de construção 0,4 0,6 5,3 4,7

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 4.14 – Índice de Atividade Econômica Regional – Rio de Janeiro (IBCR-RJ)Dados dessazonalizados2002 = 100

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Mai 2007

Set Jan2008

Mai Set Jan2009

Mai Set Jan2010

Mai

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 4.15 – Comércio varejista – Rio de Janeiro Dados dessazonalizados2003 = 100

Fonte: IBGE

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PIM-PF do IBGE. Essa desaceleração refletiu os recuos de 0,5% na indústria extrativa e de 2,1% na indústria de transformação, decorrente de retrações em sete das doze atividades pesquisadas, com destaque para as registradas nas indústrias farmacêutica, 8,3%, e de refino de petróleo e álcool, 12,4%, esta evidenciando a redução da atividade em uma refinaria do estado, após incêndio ocorrido no final de fevereiro. Em sentido oposto, ressaltem-se as variações positivas nos segmento veículos automotores, 9,5%, e metalurgia básica, 6,7%.

Considerados períodos de doze meses, a produção aumentou 4,1% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, após crescer 0,3% em fevereiro, no mesmo tipo de comparação. A indústria extrativa elevou-se 4,7% e a de transformação, 4%, assinalando recuperação após retração de 1,8% observada em fevereiro. O desempenho positivo deste segmento refletiu, em especial, os aumentos nas atividades metalurgia básica, 17,6%, e veículos automotores, 13,9%, contrastando com os recuos respectivos de 15,2% e 5,2% registrados em minerais não metálicos e outros produtos químicos.

Não obstante o recuo de 10,5% nas vendas industriais reais no trimestre finalizado em maio, ante o mesmo período terminado em fevereiro, os demais indicadores industriais pesquisados pela Firjan apresentaram elevação no período, de acordo com dados dessazonalizados. Nesse sentido, o Nuci alcançou 82,5% em maio, nível máximo da série, aumentando 0,8 p.p. no trimestre; e o pessoal ocupado, a massa salarial e as horas trabalhadas assinalaram expansões respectivas de 2,2%, 2,9% e 5,8%.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas no estado totalizou R$174,6 bilhões em maio, dos quais R$48,5 bilhões no segmento de pessoas físicas e R$126,1 bilhões no de pessoas jurídicas, registrando recuo de 0,9% no trimestre e crescimento de 27% em doze meses. A evolução trimestral refletiu as variações assinaladas nos segmentos de pessoas físicas, 6,4%, e de pessoas jurídicas, -3,4%, enquanto a variação em doze meses traduziu aumentos respectivos de 25,4% e 27,6%. A inadimplência relativa a estas operações de crédito atingiu 2,2% em maio, ressaltando-se que o recuo trimestral de 0,16 p.p. refletiu os decréscimos observados nos segmentos de pessoas físicas, 0,27 p.p., e de pessoas jurídicas, 0,24 p.p.

A produção de cana-de-açúcar, cultura mais representativa no estado, deverá registrar recuo anual de 0,9% em 2010, de acordo com o LSPA de junho, do

95

100

105

110

115

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125

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Mai 2007

Set Jan 2008

Mai Set Jan 2009

Mai Set Jan 2010

Mai

Brasil Rio de Janeiro

Fonte: IBGE

Gráfico 4.16 – Produção industrial – TotalDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

90

100

110

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130

140

Mai 2007

Set Jan 2008

Mai Set Jan 2009

Mai Set Jan 2010

Mai

Indústria geral Indústria extrativa

Indústria de transformação

Gráfico 4.17 – Produção industrial – Rio de Janeiro

Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 4.17– Produção industrial – Rio de Janeiro

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Ac. 12 meses

Indústria geral 100,0 1,8 1,1 4,1

Indústria extrativa 23,6 -3,2 -0,5 4,7

Indústria de transformação 76,4 5,1 -2,1 4,0

Refino de petróleo e álcool 14,3 5,9 -12,4 -2,2

Metalurgia básica 9,2 9,6 6,7 17,6

Edição, imp. e rep. gravações 8,6 4,0 -3,0 -4,5

Alimentos 7,6 -1,5 -4,4 -4,2

Bebidas 7,0 0,9 1,0 15,3

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

10

20

30

40

50

60

Mai 2008

Ago Nov Fev Mai 2009

Ago Nov Fev Mai 2010

PF PJ Total

Gráfico 4.18 – Evolução do saldo das operações de crédito – Rio de Janeiro1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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IBGE, projetando-se redução de mesma magnitude na área colhida. Adicionalmente, estão estimados recuos para as lavouras de tomate, 5,6%, e banana, 1,5%, contrastando com a perspectiva de elevação de 3,4% na produção de mandioca.

A balança comercial do estado acumulou superávit de US$2,4 bilhões nos seis primeiros meses do ano, ante déficit de US$479,1 milhões em igual período de 2009, de acordo com dados da Secex/MDIC. As exportações totalizaram US$9,4 bilhões e as importações, US$6,9 bilhões, registrando crescimentos respectivos de 95,8% e 31,9%. As vendas e as compras externas de óleos brutos de petróleo, representando, na ordem, 76,4% e 17,7% dos respectivos fluxos totais, cresceram 167,3% e 25,8% no período e proporcionaram superávit semestral de US$5,9 bilhões, contrastando com o déficit de US$3,5 bilhões resultante das demais transações comerciais do estado.

A elevação das exportações, em patamar superior à assinalada no país, traduziu os crescimentos respectivos de 13,8% e 72,3% assinalados no quantum exportado e nos preços. Por fator agregado, as vendas de produtos básicos, dos quais 99,8% relativos a óleos brutos de petróleo, cresceram 167,1% no semestre, se constituindo no principal determinante do aumento das exportações no período. Os embarques de produtos manufaturados aumentaram 4,8% em relação ao primeiro semestre e 2009, com ênfase no crescimento nos referentes a fuel-oil, enquanto as exportações de produtos semimanufaturados recuaram 6,7%. China, EUA e Santa Lúcia mantiveram-se como os principais destinos das exportações fluminenses, com participações respectivas de 23,1%, 17,3% e 16,4%, enquanto a Índia se tornou o quarto mercado mais importante do estado.

A expansão das importações, refletindo aumentos de 7,6% nos preços e de 22,4% no quantum, decorreu de aumentos nas aquisições em todas as categorias de uso. As compras de bens de consumo duráveis, impulsionadas pelo acréscimo nas relativas a veículos, cresceram 93%, enquanto as referentes a bens de consumo não duráveis elevaram-se 41,1%, com destaque para o crescimento nas associadas a alhos frescos ou refrigerados. As importações de combustíveis e lubrificantes aumentaram 38,8% e as de bens de capital, 17,1%, ressaltando-se a expansão nas relativas a outras máquinas e aparelhos de impressão. As importações do estado originaram-se, em especial, dos EUA, Arábia Saudita, Argentina e China, responsáveis, em conjunto, por 58,8% do total.

Tabela 4.18 – Produção agrícola – Rio de Janeiro

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos

Arroz (em casca) 0,8 8 8 2,0

Feijão 1,3 5 5 -5,9

Milho 1,4 20 18 -10,3

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 19,3 6 482 6 422 -0,9

Mandioca 8,1 131 135 3,4

Tomate 30,1 216 204 -5,6

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Tabela 4.19 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Rio de Janeiro Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 4 784 9 365 95,8 27,5

Básicos 2 685 7 172 167,1 31,6

Industrializados 2 098 2 193 4,5 24,5

Semimanufaturados 52 49 -6,7 40,0

Manufaturados1/ 2 046 2 145 4,8 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 4.20– Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Rio de Janeiro Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 5 263 6 941 31,9 45,1

Bens de consumo 804 1 311 63,1 50,6

Duráveis 342 659 93,0 70,9

Não duráveis 462 652 41,1 29,9

Bens intermediários 2 073 2 526 21,9 47,0

Bens de capital 961 1 125 17,1 27,1

Combustíveis e lubrificantes 1 425 1 978 38,8 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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60 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

O mercado de trabalho segue registrando evolução favorável no estado. De acordo com o Caged/MTE, foram gerados 59,5 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em maio, ante 20,8 mil em igual período de 2009, dos quais 29,7 mil no setor de serviços, 10,8 mil na indústria de transformação e 10,7 mil no comércio. No ano, foram criados 72,3 mil empregos formais no estado, melhor resultado para o período desde o início da série. Considerando dados dessazonalizados, o nível de emprego formal do estado cresceu 0,3% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, ante expansão de 0,6% em âmbito nacional.

A taxa média de desemprego na RMRJ atingiu 6,2% no trimestre encerrado em maio, ante 6,8% em igual período de 2009, de acordo com a PME do IBGE, resultado de aumentos de 3,6% na população ocupada e de 2,9% na PEA. Ressalte-se que a taxa de desemprego atingiu 6,3% em maio, melhor resultado da série histórica para o mês. O rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas na RMRJ aumentou 3,8% no trimestre encerrado em maio, em relação a igual período de 2009 e a massa de rendimento, 7,5%. A análise na margem, considerados dados dessazonalizados, revelou que a taxa de desemprego cresceu 0,1 p.p. no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro de 2010.

O IPCA da RMRJ registrou variação de 1,37% no trimestre encerrado em junho, ante 2,62% naquele finalizado em março. Esse movimento refletiu as desacelerações assinaladas nas variações dos preços monitorados, de 1,66% para 0,91%, evidenciando o impacto mais acentuado do esgotamento do efeito do aumento das tarifas de ônibus, em relação ao inerente aos reajustes nos itens medicamentos e energia elétrica, e dos preços livres, de 3,11% para 1,61%. Neste segmento, a variação dos preços dos itens não comercializáveis registrou desaceleração de 4,25% para 1,48%, em razão, em larga medida, da inversão de preços de produtos in natura, enquanto a relativa aos bens comercializáveis passou de 1,81% para 1,77%, diante das menores variações de produtos como açúcar refinado, leite pasteurizado e álcool.

Não obstante a desaceleração na margem, a análise de períodos mais longos evidencia a permanência da inflação em patamar elevado. Nesse sentido, considerados períodos de doze meses, o IPCA da RMRJ cresceu 5,05% em junho, ante 5,08% em março, refletindo os aumentos observados nos preços monitorados, de 4,14% para 4,73%, e nos livres, de 5,56% para 5,23%.

5

6

7

8

9

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2006 2007 20082009 2010

%

Gráfico 4.19 – Taxa de desemprego aberto –Rio de Janeiro

Fonte: IBGE

Tabela 4.22 – IPCA – Rio de JaneiroVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,05 0,92 2,62 1,37

Livres 66,9 -0,20 0,63 3,11 1,61

Comercializáveis 30,8 -0,49 0,52 1,81 1,77

Não comercializáveis 36,1 0,05 0,73 4,25 1,48

Monitorados 33,1 0,56 1,52 1,66 0,91

Principais itens

Alimentação 23,1 -1,32 0,95 4,17 1,00

Habitação 14,4 1,17 0,69 1,73 2,15

Artigos de residência 4,1 1,16 2,11 2,29 2,87

Vestuário 5,4 -0,37 2,47 -0,29 2,85

Transportes 19,9 0,00 1,33 3,38 0,12

Saúde 10,9 1,04 0,72 0,80 2,47

Despesas pessoais 8,7 0,12 0,05 1,02 3,12

Educação 7,1 0,22 0,26 7,04 0,11

Comunicação 6,3 0,34 0,43 0,26 0,02

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

Tabela 4.21 – Evolução do emprego formal –

Rio de Janeiro

Novos postos

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 20,8 30,9 56,0 5,0 59,5

Indústria de transformação 0,4 4,5 9,0 -0,6 10,8

Comércio -1,9 9,5 21,4 -1,2 10,7

Serviços 12,7 13,9 25,4 9,2 29,7

Construção civil 7,9 1,4 0,6 2,3 5,0

Agropecuária 0,9 1,5 -1,1 -1,8 2,2

Serv. ind. de util. pública 0,3 0,0 -0,0 2,1 0,8

Outros2/ 0,5 0,1 0,1 -4,9 0,2

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

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As perspectivas em relação à economia fluminense continuam favoráveis, sustentadas pela evolução positiva dos indicadores do mercado de trabalho e do comércio. Vale mencionar que a desaceleração da indústria e o recuo do crédito à pessoa jurídica, registrados na margem, bem como o término dos incentivos fiscais em setores específicos da economia podem se traduzir em relativa acomodação da atividade nos próximos meses, processo que, em ambiente de maior restritividade da política monetária, deve contribuir para a desaceleração dos preços.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 63

São Paulo

A atividade econômica do estado manteve-se em trajetória crescente no início de 2010, evolução sustentada, em grande parte, pelo dinamismo da demanda interna, favorecido pelos aumentos da massa salarial e das operações de crédito. Nesse ambiente, o IBCR-SP aumentou 1,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, quando crescera 3,1%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados, ressaltando-se o impacto das decisões de investimento dos empresários sobre o crescimento generalizado registrado na indústria do estado.

As vendas do comércio varejista de São Paulo aumentaram 2,8% no trimestre encerrado em maio, ante 2,6% naquele finalizado em fevereiro, de acordo com dados dessazonalizadas da PMC do IBGE, com ênfase nas elevações observadas nos setores tecidos, vestuário e calçados, 6%, e supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 3,4%. O comércio ampliado registrou crescimentos respectivos de 3% e 2,4% nos trimestres considerados, aceleração decorrente de movimentos similares nas vendas de veículos, motos, partes e peças, de 0,6% para 2,2%, e de materiais de construção, de 5% para 7,3%.

Considerados períodos de doze meses, o comércio varejista do estado aumentou 9,6% em maio, em relação a igual período de 2009, ante 7,9% em fevereiro, com ênfase nos aumentos assinalados nos segmentos móveis e eletrodomésticos, 11,5%, e supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 11%. Incorporadas as variações observadas nos segmentos veículos, 17,1%, e material de construção, 1,1%, o comércio ampliado cresceu 11,6%, no período.

A indústria paulista registrou expansão de 1,7% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro, quando crescera 3,3%, neste tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE. Ocorreram aumentos em dezesseis dos vinte setores considerados na pesquisa, ressaltando-se os relativos a alimentos, 6,6%, e a máquinas e equipamentos, 4,9%, indústrias que haviam registrado expansões respectivas de 3,7% e 10% no trimestre encerrado em fevereiro. A indústria automobilística, que detém maior participação na estrutura industrial do estado, registrou aumentos respectivos de 7,9% e 2% nos trimestres mencionados. A indústria de refino de petróleo e produção de álcool recuou 16%, no período.

Tabela 4.23 – Comércio varejista – São PauloGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 7,2 2,6 2,8 9,6

Combustíveis e lubrificantes 1,6 0,8 2,7 3,3

Hiper e supermercados 11,3 1,5 3,4 11,0

Tecidos, vestuário e calçados -3,3 1,7 6,0 4,6

Móveis e eletrodomésticos 1,7 4,6 0,5 11,5

Comércio ampliado 7,7 2,4 3,0 11,6

Automóveis e motocicletas 11,9 0,6 2,2 17,1

Material de construção -8,3 5,0 7,3 1,1

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

110

115

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125

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150

Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 4.20– Índice Regional de Atividade Econômica – São Paulo (IBCR-SP) Dados dessazonalizados2002 = 100

100

115

130

145

160

175

Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Fonte: IBGE

Comércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 4.21 – Comércio varejista – São PauloDados dessazonalizados2004 = 100

105

110

115

120

125

130

135

140

Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Fonte: IBGE

Gráfico 4.22 – Produção industrial – São Paulo Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

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A análise em doze meses revela que a indústria do estado cresceu 3,3% em maio, em relação a igual intervalo do ano anterior. Ressaltem-se os aumentos assinalados nas produções de outros produtos químicos, 12,7%, e veículos automotores, 12%, contrastando com os recuos observados nos segmentos material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações, 33,1%, e refino de petróleo e álcool, 4,6%.

A continuidade da recuperação da atividade industrial no estado foi confirmada pelo desempenho dos indicadores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Nesse sentido, considerados dados dessazonalizados, as vendas reais do setor cresceram 5% no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, enquanto as horas trabalhadas na produção aumentaram 2,4%. O Nuci passou de 78,4%, em fevereiro, para 81,9%, em maio.

O ICC, medido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), recuou 3,4% no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, reflexo das retrações assinaladas nos componentes associados às condições econômicas atuais, 5,4%, e às expectativas, 2,1%. O ICC cresceu 18,7% em relação a igual trimestre de 2009, resultado de aumentos respectivos de 22,8% e 13,9% nos componentes mencionados.

O estoque das operações de crédito acima de R$5 mil realizadas no estado somou R$443,9 bilhões em maio, crescendo 4% no trimestre e 15,7% em doze meses. O saldo das operações realizadas com pessoas físicas totalizou R$161 bilhões, com acréscimos de 5,1% no trimestre e de 20,8% em doze meses. Esse desempenho reflete os estímulos à aquisição da casa própria e a elevação dos financiamentos para aquisição de veículos. A carteira de crédito concedido para pessoas jurídicas atingiu R$282,8 bilhões, com aumentos respectivos de 3,4% e 13,1%, nos períodos considerados.

A inadimplência nas carteiras de crédito em São Paulo alcançou 3,1% em maio. O recuo trimestral de 0,3 p.p. traduziu as reduções assinaladas nas carteiras das pessoas físicas, 0,3 p.p., e jurídicas, 0,4 p.p., que atingiram 4,6% e 2,3%, respectivamente.

A safra de grãos do estado deverá registrar recuo anual de 5,3% em 2010, de acordo com o LSPA de junho, do IBGE. Esse resultado reflete as reduções estimadas para as produções de arroz, 11,9%; feijão, 6,1%; e milho, 8,5%, e a projeção de crescimento de 4,2% para a colheita de soja,

Tabela 4.24 – Produção industrial – São Paulo

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 3,3 1,7 3,3

Veículos automotores 11,8 2,0 7,9 12,0

Alimentos 9,2 3,7 6,6 1,3

Máquinas e equipamentos 7,8 10,0 4,9 -1,0

Refino de petróleo e álcool 7,8 1,4 -16,0 -4,6

Outros produtos químicos 7,5 5,5 1,2 12,7

Farmacêutica 7,5 -3,1 -1,5 6,3

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

0

10

20

30

40

Mai 2007

Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 4.23 – Evolução do saldo das operações de crédito – São Paulo1/

Variação em 12 meses – %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 4.25 – Produção agrícola – São Paulo

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Var. %

2009 2010 2010/2009

Produção de grãos 6 575 6 228 -5,3

Arroz (em casca) 0,2 75 66 -11,9

Feijão 2,7 326 306 -6,1

Milho 7,0 4 281 3 919 -8,5

Soja 4,3 1 306 1 362 4,2

Outras lavouras selecionadas

Café 3,8 194 219 13,0

Cana-de-açúcar 48,5 400 539 395 729 -1,2

Laranja 17,2 14 385 14 898 3,6

Tomate 2,5 672 643 -4,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho 2010.

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favorecida pela ocorrência de condições meteorológicas adequadas. Em relação às demais lavouras, ressalte-se a estimativa de aumento de 13% para a safra de café, em ciclo bianual de alta.

Os abates de bovinos, aves e suínos em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF, que representam 95% dos abates no estado no primeiro segmento e 90% nos dois últimos, registraram, segundo o Mapa, variações respectivas de -6,7%, 4,2% e 9,9% nos primeiros cinco meses de 2010, em comparação a igual período do ano anterior. O aumento dos abates de aves e suínos evidencia, em parte, o recuo nos preços internos, propiciado pela redução no custo da ração, enquanto a retração registrada no segmento de bovinos reflete o prolongamento do tempo de permanência do rebanho no pasto.

A balança comercial de São Paulo registrou déficit de US$7,8 bilhões no primeiro semestre de 2010. O aumento de 131,8% em relação a igual período de 2009 refletiu os crescimentos observados nas exportações, 20,4%, e nas importações, 36,9%, que atingiram US$23,3 bilhões e US$31,1 bilhões, respectivamente.

A trajetória das exportações traduziu as elevações registradas no quantum, 5,9%, e nos preços, 13,5%, ressaltando-se que o crescimento das vendas externas do estado, inferior aos observados no Sudeste, 36,4%, e no país, 27,5%, decorreu, em parte, do aumento de 15,3% registrado nas exportações de manufaturados, que detém maior participação na pauta do estado. Em relação às exportações dessa categoria, ressaltem-se as elevações nas referentes a veículos de carga e automóveis. As vendas externas de semimanufaturados cresceram 47,3% no primeiro semestre de 2010, com ênfase nos aumentos assinalados nas relativas a couros e peles e açúcar em bruto. Os embarques de produtos básicos elevaram-se 34%, estimulados, principalmente, pelos crescimentos nas vendas de petróleo bruto, carne bovina e café cru. Argentina, Estados Unidos da América (EUA), Chile, México e Holanda, adquiriram, em conjunto, 36,3% das exportações do estado no semestre.

A evolução semestral das importações paulistas, resultante de variações de 36,3% no quantum e de 0,6% nos preços, traduziu, em especial, o impacto da retomada da atividade econômica sobre a demanda por bens intermediários e matérias-primas e por bens de capital, que representaram conjuntamente 75,2% das aquisições externas no período. As compras de bens intermediários aumentaram 38,6%, com destaque para os crescimentos nas referentes a vacinas e

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Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Bovinos Suínos Aves

Gráfico 4.25 – Abates de animais – São PauloMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

Tabela 4.26 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação São Paulo Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 19 332 23 267 20,4 27,5

Básicos 1 526 2 045 34,0 31,6

Industrializados 17 806 21 222 19,2 24,5

Semimanufaturados 2 148 3 164 47,3 40,0

Manufaturados1/ 15 658 18 058 15,3 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 4.27 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação São Paulo Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 22 714 31 104 36,9 45,1

Bens de consumo 3 423 4 471 30,6 50,6

Duráveis 1 222 1 723 41,0 70,9

Não duráveis 2 201 2 748 24,8 29,9

Bens intermediários 11 184 15 505 38,6 47,0

Bens de capital 6 074 7 881 29,7 27,1

Combustíveis e lubrificantes 2 033 3 248 59,7 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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66 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

naftas, enquanto as aquisições de bens de capital elevaram-se 29,7%, impactadas, sobretudo, pelas importações de litorinas automotoras elétricas, sem contrapartida no mesmo período do ano anterior, e pelas expansões nas relacionadas a partes de máquinas de terraplanagem. As importações de bens de consumo duráveis cresceram 41% e as de bens de consumo não duráveis, 24,8%. As importações de combustíveis e lubrificantes cresceram 59,7% no semestre, destacando-se as expansões nas relativas a óleo diesel e querosene de aviação. As aquisições provenientes dos EUA, China, Alemanha, Japão e Argentina representaram, em conjunto, 52% das importações do estado no período.

O mercado de trabalho de São Paulo registrou a criação de 343,7 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio, segundo o Caged/MTE, ante 150,8 mil em igual período em 2009, ressaltando-se os postos gerados em serviços, 109,6 mil, e na indústria de transformação, 104,9 mil. Considerados dados dessazonalizados, o nível de emprego formal cresceu 1,7% no trimestre terminado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando se elevara 1,9%, neste tipo de comparação.

A taxa de desemprego da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) situou-se em 7,9% no trimestre encerrado em maio, ante 10,3% em igual período de 2009, segundo a PME do IBGE, refletindo aumentos de 3,3% no pessoal ocupado e de 0,5% na PEA. O rendimento médio real habitualmente recebido recuou 0,3% e a massa salarial cresceu 3% no período. A análise na margem, evidenciando o processo de retomada da atividade econômica, registrou recuo de 0,9 p.p. na taxa de desemprego no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, considerados dados dessazonalizados.

A variação do IPCA relativo à RMSP atingiu 0,79% no segundo trimestre de 2010, ante 2,08% no trimestre anterior, refletindo as desacelerações observadas no âmbito dos preços livres, de 2,09% para 1%, e dos monitorados, de 2,1% para 0,25%. Em relação aos preços livres, a contribuição de 0,51 p.p. associada ao segmento de bens não comercializáveis refletiu, em especial, o impacto associado ao subgrupo serviços, enquanto a contribuição de 0,21 p.p. inerente ao desempenho dos preços dos bens comercializáveis evidenciou os impactos das variações dos preços dos itens vestuário e leite e derivados, parcialmente compensados pelas contribuições negativas do álcool combustível e dos açúcares e derivados. A variação dos preços monitorados exerceu impacto de 0,07 p.p. no índice geral, ressaltando-se as contribuições associadas aos itens

Jan

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Jun

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009 2010

Gráfico 4.25 – Taxa de desemprego aberto –São Paulo%

Fonte: IBGE

Tabela 4.28 – Evolução do emprego formal – São Paulo

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 150,8 158,4 198,4 -59,4 343,7

Indústria de transformação 19,5 6,6 52,7 -22,5 104,9

Comércio 1,8 39,3 64,3 3,4 40,8

Serviços 58,2 47,2 72,9 21,1 109,6

Construção civil 12,7 21,9 15,0 16,0 20,8

Agropecuária 50,4 39,7 -9,4 -71,9 56,0

Serv. ind. de util. pública -0,2 0,7 0,3 0,1 2,1

Outros2/ 8,3 3,0 2,7 -5,5 9,4

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 67

produtos farmacêuticos, planos de saúde e gasolina. O índice de difusão do IPCA, evidenciando menor disseminação dos reajustes de preços na RMSP, recuou 5,8 p.p. no trimestre, para 50,9%.

Considerados períodos de doze meses, a variação do IPCA atingiu 5,11% em junho, ante 4,53% em dezembro de 2009, aumento decorrente das acelerações observadas nas variações dos preços livres, de 4,43% para 4,80%, e dos monitorados, de 4,81% para 5,95%. O desempenho dos preços livres refletiu a aceleração da variação dos preços não comercializáveis, de 5,57% para 6,44%, com impacto superior ao arrefecimento na alta de preços dos bens comercializáveis, de 3,04% para 2,76%. Entre os principais grupos, destacaram-se os crescimento nas variações dos preços de transportes, educação e alimentação e bebidas.

As perspectivas em relação à economia paulista continuam favoráveis, fundamentadas no dinamismo do mercado de trabalho e na expansão das operações de crédito. Ressalte-se que o esgotamento dos efeitos das medidas de estímulo fiscal à atividade produtiva deve acomodar o ritmo de crescimento em setores específicos, perspectiva que, associada ao impacto do aumento dos investimentos sobre a capacidade instalada, tende a contribuir para a adequação dos níveis da oferta e da demanda agregadas.

Tabela 4.29 – IPCA – São PauloVariação % no período

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

Ano I Tri II Tri 12 meses

IPCA 100,0 4,53 2,08 0,79 5,11

Livres 71,5 4,43 2,09 1,00 4,80

Comercializáveis 31,4 3,04 1,29 0,67 2,76

Não comercializáveis 40,1 5,57 2,72 1,26 6,44

Monitorados 28,5 4,81 2,10 0,25 5,95

Principais itens

Alimentação 21,6 4,60 3,17 0,92 5,38

Habitação 12,9 5,95 0,40 1,09 6,02

Artigos residência 4,3 3,97 2,67 0,21 4,28

Vestuário 6,3 6,32 0,15 2,77 5,38

Transportes 19,9 1,57 2,94 -0,76 4,73

Saúde 10,2 5,69 0,91 2,07 4,16

Despesas pessoais 11,0 8,13 1,78 1,94 6,59

Educação 7,9 5,50 4,64 0,16 6,80

Comunicação 5,9 0,80 0,14 -0,25 0,89

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 69

A evolução favorável dos principais indicadores econômicos da região Sul no decorrer do segundo trimestre do ano ratificou a superação dos impactos negativos provocados pelo acirramento da crise financeira mundial, na segunda metade de 2008. Nesse cenário, em que o dinamismo do consumo interno vem originando algum descompasso entre a oferta e a demanda agregadas, suscitando a atuação do Banco Central para assegurar a manutenção da estabilidade dos preços, o IBCR-S cresceu 1,8% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia aumentado 3,9% no mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados. Considerados períodos de doze meses, o indicador registrou variação de 4,5% em maio, em relação a igual intervalo do ano anterior, ante 1,5% em fevereiro.

As vendas do comércio varejista elevaram-se 0,9% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam aumentado 3,6%, de acordo com dados agregados e dessazonalizados da PMC do IBGE. Esse resultado refletiu os aumentos registrados em sete dos nove segmentos considerados na pesquisa, com ênfase nos relativos a equipamentos e materiais para escritório e informática, 18,7%; e tecidos, vestuário e calçados, 5%, contrastando com o recuo de 1,3% observado no segmento hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. O comércio ampliado, agregando as variações registradas na comercialização de automóveis e motocicletas, 4,3%, e de materiais de construção, 3,6%, cresceu 2,9% no trimestre.

Considerados intervalos de doze meses, o comércio varejista da região cresceu 7,5% em maio, em relação ao período correspondente de 2009, refletindo, em grande parte, as expansões observadas nos segmentos material de escritório e informática, 37,5%; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 18,7%; e livros, jornais, revistas e papelaria, 12%, enquanto as vendas de combustíveis e lubrificantes decresceram 2%. O

5Região Sul

115

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125

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135

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

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Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 5.1 – Índice de Atividade Econômica Regional – Sul (IBCR-S)Dados dessazonalizados2002 = 100

120

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180

Mai2007

Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Restrito Ampliado

Gráfico 5.2 – Comércio varejista – SulDados dessazonalizados2003 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 5.1 – Comércio varejista – SulGeral e setores selecionados

Variação % no período

Discriminação 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 4,8 3,6 0,9 7,5

Combustíveis e lubrificantes -1,6 2,5 0,6 -2,0

Hiper e supermercados 4,3 3,6 -1,2 6,4

Tecidos, vestuário e calçados 0,9 3,4 5,0 8,1

Móveis e eletrodomésticos 3,1 5,5 0,5 10,2

Comércio varejista ampliado 5,5 2,3 2,9 10,0

Automóveis e motocicletas 10,3 -0,7 4,3 16,1

Material de construção -11,0 8,3 3,6 2,7

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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70 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

comércio ampliado, incorporadas as variações registradas nas vendas de automóveis e motocicletas, 16,1%, e materiais de construção, 2,7%, cresceu 10% no período, ressaltando-se a recuperação das vendas de materiais de construção, que haviam decrescido 6%, na mesma base de comparação, em fevereiro.

O Índice Nacional de Confiança (INC) da região Sul, divulgado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), atingiu 130 pontos em maio, ante 101 pontos em igual período do ano anterior. O desempenho do indicador refletiu, em especial, a melhora nos itens referentes às perspectivas em relação à situação econômica da região e à avaliação e perspectivas da situação financeira pessoal.

A produção da indústria da região Sul registrou expansão de 6% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando se elevara 2,9%, na mesma base de comparação, de acordo com dados da PIM-PF Regional do IBGE, agregados e dessazonalizados pelo Banco Central. Das dezenove atividades consideradas na pesquisa, treze registraram resultados positivos, com ênfase nos relativos aos segmentos madeira, 11,1%; produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos, 8,8%; e máquinas e equipamentos, 6,2%. As maiores retrações ocorreram nas indústrias de mobiliário, 11%; e fumo, 9%.

A análise em doze meses revela que a indústria da região cresceu 4,3% em maio, em relação a igual intervalo de 2009, ante retração de 1,8% em fevereiro, nesse tipo de comparação. Treze das dezenove atividades incluídas na pesquisa apresentaram resultados positivos, com destaque para máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 32,3%; mobiliário, 20,7%; e outros produtos químicos, 14,8%, contrastando com os recuos registrados nos segmentos madeira, 10,4%; e calçados e artigos de couro, 6%.

Os indicadores do mercado de trabalho da indústria da região seguem em trajetória favorável. Considerados dados dessazonalizados da Pimes, do IBGE, a folha real de pagamentos, as horas trabalhadas e o pessoal ocupado registraram, na ordem, crescimentos de 4,1%, 2,1% e 1,8% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam aumentado 2,5%, 1,7% e 1,3%, respectivamente, no mesmo tipo de comparação.

As vendas de cimento na região Sul elevaram-se 14,8% nos primeiros cinco meses de 2010, em relação a igual período do ano anterior, ante o crescimento de 18% assinalado em âmbito nacional, conforme o Sindicato

110

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Mai2007

Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

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INC (esquerda) PMC (direita)

Gráfico 5.3 – Índice Nacional de Confiança e comércio varejista – Sul

Fonte: ACSP e IBGE

Pontos 2003=100

95

105

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Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Brasil Sul Fonte: IBGE

Gráfico 5.4 – Produção industrial – Sul Dados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Tabela 5.2 – Produção industrial – Sul

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Discriminação Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ Acum.

12 meses

Indústria geral 100,0 2,9 6,0 4,3

Alimentos 20,8 0,8 3,2 -1,6

Veículos automotores 9,9 17,5 2,4 1,3

Máquinas e equipamentos 9,5 8,2 6,2 6,4

Refino de petróleo e álcool 9,3 -1,2 -2,0 13,2

Edição, imp. e rep. gravações 7,4 -3,1 47,0 16,6

Celulose, papel e prod. de papel 7,0 2,0 3,2 7,2

Fonte: IBGE

1/ Ponderação das atividades na indústria conforme a PIM-PF/IBGE de maio.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 71

Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). A expansão da construção civil ao longo do ano é referendada pela elevação da taxa de velocidade das vendas na região, que corresponde à relação entre o lançamento de imóveis novos e suas vendas, a qual passou de 10,5% em fevereiro, para 11,5% em maio.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas na região Sul atingiu R$245,7 bilhões em maio, elevando-se 4,6% no trimestre e 15,7% em doze meses, ante variações respectivas de 3,5% e 11,9% em fevereiro. A carteira de pessoas físicas aumentou 4,8% no trimestre, totalizando R$113,2 bilhões, com destaque para os desempenhos das modalidades financiamentos de veículos automotores, imobiliários, rurais e agroindustriais e empréstimos consignados. O total dos empréstimos relativos ao segmento de pessoas jurídicas somou R$132,5 bilhões, aumento de 4,5% no trimestre, com ênfase na expansão das operações contratadas pelo comércio atacadista, indústrias extrativas de petróleo e gás e empresas de transporte rodoviário de carga. No período de doze meses, os saldos dos empréstimos contratados nos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas elevaram-se, na ordem, 21% e 11,6%.

A taxa de inadimplência no sistema financeiro da região atingiu 3% em maio, ante 3,4% em fevereiro. As taxas relativas aos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas atingiram, na ordem, 4% e 2,3%, registrando-se recuos de 0,3 p.p em ambos os segmentos, no período.

A safra de grãos da região Sul para 2010 está estimada em 62,5 milhões de toneladas, representando crescimento anual de 19,2%, de acordo com o LSPA de junho, do IBGE. Estão projetados aumentos para as safras de soja, 39,2%; milho, 18,6%; e trigo, 6,5%, e recuo de 10,8% para a colheita de arroz. Dentre as demais culturas, ressaltam-se as retrações estimadas para as produções de fumo, 11,3%, e uva, 8%.

As cotações médias das principais culturas da região recuaram no primeiro semestre de 2010, em relação a igual período do ano anterior, de acordo com estatísticas da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) e da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Os preços médios da soja, traduzindo o recorde de produção registrado na atual safra e a recomposição dos estoques mundiais, decresceram 29,4%, seguindo-se os recuos relativos aos preços do milho, 17,5%; e trigo, 15,5%. Em sentido oposto, as cotações do feijão, para cuja safra é estimada queda de 2,1%, elevaram-se 5,9%, no período.

0

10

20

30

40

Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 5.5 – Evolução do saldo das operações de crédito – Sul1/

Variação em 12 meses - %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 5.3 – Produção agrícola – Sul

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2009 2010 2010/2009

Grãos 78,6 52 420 62 504 19,2

Soja 34,7 18 316 25 486 39,2

Milho 20,7 18 705 22 190 18,6

Arroz (em casca) 11,3 9 114 8 132 -10,8

Trigo 5,8 4 564 4 860 6,5

Outras lavouras

Fumo 9,7 843 748 -11,3

Cana-de-açúcar 3,9 56 586 58 270 3,0

Mandioca 3,1 5 505 5 846 6,2

Maçã 1,9 1 219 1 315 7,9

Uva 1,5 907 835 -8,0

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

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72 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

Os abates de bovinos e aves realizados na região registraram aumentos respectivos de 23,5% e de 8,2% nos cinco primeiros meses de 2010, em relação a igual período do ano anterior, enquanto o de suínos caiu 4,6% no período, de acordo com estatísticas do Mapa. Os preços desses segmentos variaram, respectivamente, -5,6%, -2,9%, e 9,5% no período, conforme a Emater/RS e a Seab, e suas exportações recuaram 20,3%, 2,2% e 8,7%, de acordo com o MDIC.

O déficit da balança comercial da região Sul totalizou US$134 milhões no primeiro semestre do ano, comparativamente ao superávit de US$4,8 bilhões em igual período de 2009, de acordo com estatísticas do MDIC. As exportações atingiram US$17,2 bilhões e as importações, US$17,3 bilhões, ressaltando-se que o avanço de 9,7% observado nas vendas externas decorreu de aumento de 11,8% nos preços e de redução de 1,9% no quantum exportado, enquanto o acréscimo de 60,1% registrado nas compras externas traduziu elevações respectivas de 10,6% e 44%.

O desempenho das exportações refletiu os aumentos assinalados nos embarques de produtos manufaturados, 22,5%, com destaque para os relativos a automóveis, 64%; de semimanufaturados, 20,2%, em especial de couros e peles, 66,8%. As vendas de produtos básicos decresceram 2,6% no primeiro semestre do ano, em relação a igual intervalo de 2009, devido, especialmente, aos recuos nas referentes a soja, 8,7%, e a fumo em folhas, 15,5%, parcialmente neutralizados pelo avanço de 20,7% nas exportações de carnes. China, que adquiriu 81,1% das vendas de soja da região, Argentina e EUA, absorveram, em conjunto, 32% das vendas externas do Sul.

As importações da região concentraram-se em produtos intermediários, 52,1% do total, que se elevaram 67% no semestre, ressaltando-se o aumento de 235,1% nas compras de naftas, procedentes, em especial, da Argentina. As importações de combustíveis aumentaram 83,6%, a maior parte originária da Nigéria; e as relativas a bens de capital, 36%, com ênfase no crescimento de 44,2% nas compras de veículos de carga. As aquisições de bens de consumo duráveis e de não-duráveis assinalaram acréscimos respectivos de 53,4% e 47,1%, ressaltando-se, no primeiro segmento, a elevação de 35,6% nas relativas a automóveis. Os principais mercados de origem foram Argentina, China e Nigéria, com participação conjunta de 38,4% nas compras da região.

Tabela 5.4 – Indicadores da pecuária – Sul

Maio de 2010

Variação % no ano

Discriminação Abates Exportações Preços

(nº de animais) (kg) (R$)

Bovinos 23,5 -20,3 -5,6

Suínos -4,6 -8,7 9,5

Aves 8,2 -2,2 -2,9

Fonte: Mapa, Emater/RS, Iepe, Seab/PR e MDIC

Jan 2005FevMarAbrMaiJunJulAgoSet

40

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Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Bovinos Aves Suínos

Gráfico 5.6 – Abates de animais – SulMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

Tabela 5.5 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Sul Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 15 643 17 164 9,7 27,5

Básicos 7 850 7 645 -2,6 31,6

Industrializados 7 793 9 519 22,1 23,9

Semimanufaturados 1 075 1 292 20,2 40,0

Manufaturados1/ 6 718 8 227 22,5 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 5.6 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Sul Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 10 807 17 298 60,1 45,1

Bens de capital 2 253 3 063 36,0 27,2

Matérias-primas 5 398 9 014 67,0 16,9

Bens de consumo 1 741 2 623 50,7 50,4

Duráveis 1 010 1 548 53,4 70,6

Não duráveis 731 1 075 47,1 29,9

Combustíveis 1 415 2 598 83,6 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 73

A economia da região Sul gerou 145,9 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em maio, ante 32,5 mil em igual período do ano anterior, de acordo com o Caged/MTE, dos quais 72,3 mil na indústria de transformação, com destaque para os segmentos alimentos e bebidas, 11,5 mil, e borracha, fumo e couro, 10,9 mil; no setor de serviços, 39,9 mil; e no comércio, 27,1 mil. A agropecuária respondeu pela eliminação de 13,2 mil empregos formais no trimestre, resultado consistente com o final da safra de lavouras permanentes.

Ressalte-se que nos cinco primeiros meses de 2010 foram gerados 247,5 mil postos de trabalho, ante 52,2 mil em igual período do ano anterior, reflexo, em especial, da recuperação do emprego na indústria de transformação, que gerou 116,6 mil vagas no período, ante eliminação de 8 mil nos cinco primeiros meses de 2009.

O nível de emprego cresceu 2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando aumentara 1,8%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados, trajetória associada, principalmente, aos aumentos assinalados na construção civil, 3,9%; na indústria de transformação, 2,7%; no comércio, 1,8%; e no setor de serviços, 1,6%.

O IPCA da região Sul4 variou 0,74% no trimestre encerrado em junho, ante 1,95% no finalizado em março, reflexo das desacelerações nas variações dos preços livres, de 2,64% para 1,03%, e dos monitorados, de 0,17% para -0,02%, esta evidenciando o recuo de 2,61% no preço da gasolina.

O comportamento dos preços livres traduziu as desacelerações nas variações dos preços dos itens comercializáveis, de 1,89% para 1,32%, e dos não comercializáveis, de 3,32% para 0,76%, esta associada, em especial, à evolução dos preços de itens do grupo alimentação, principalmente produtos in natura. A variação dos preços no segmento de itens comercializáveis refletiu o impacto das retrações nos preços de açúcares e derivados, álcool e leites e derivados, em relação às elevações nos preços dos itens automóvel novo, vestuário e móveis e utensílios. Refletindo a menor disseminação dos reajustes de preços, o índice de difusão atingiu média de 56,2% no trimestre finalizado em junho, ante 62,2% no encerrado em março.

4/ Calculado com base nos pesos e variações dos subitens que compõem o IPCA das regiões metropolitanas de Porto Alegre e de Curitiba, ponderados pelos pesos destas regiões na composição do IPCA nacional.

Tabela 5.7 – Evolução do emprego formal – Sul

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 32,5 54,7 149,6 29,4 145,9

Indústria de transformação 2,3 9,4 45,4 11,0 72,3

Comércio 6,8 16,1 46,8 -0,2 27,1

Serviços 27,3 22,2 33,8 14,8 39,9

Construção civil 5,5 8,2 9,5 6,0 16,9

Agropecuária -12,6 -2,1 12,7 0,2 -13,2

Serv. ind. de util. pública 0,2 0,1 0,6 0,8 0,8

Outros2/ 3,0 0,9 0,9 -3,2 2,2

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

Tabela 5.8 – IPCA – SulVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,46 0,89 1,95 0,74

Livres 72,9 0,36 0,75 2,64 1,03

Comercializáveis 34,5 -0,81 0,38 1,89 1,32

Não comercializáveis 38,4 1,46 1,08 3,32 0,76

Monitorados 27,1 0,69 1,26 0,17 -0,02

Principais itens

Alimentação 22,5 -0,47 -0,06 4,50 0,20

Habitação 13,9 1,30 0,73 0,89 0,48

Artigos de residência 4,5 -1,01 0,41 1,86 1,52

Vestuário 6,9 0,49 1,75 -0,07 3,11

Transportes 19,5 0,37 2,03 0,46 -0,35

Saúde 10,3 1,02 0,48 0,97 1,92

Despesas pessoais 11,0 1,43 1,25 2,61 2,02

Educação 6,6 0,65 0,04 5,25 0,17

Comunicação 4,8 0,54 1,04 0,10 0,21

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

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74 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

Considerados períodos de doze meses, a inflação da região Sul atingiu 4,10% em junho, ante 5,14% em março, traduzindo as desacelerações assinaladas nas variações dos preços livres, de 5,74% para 4,86%, e dos monitorados, de 3,57% para 2,11%.

As projeções em relação ao crescimento da economia da região Sul em 2010 seguem ancoradas na robustez do mercado interno e nas perspectivas favoráveis para as safras de grãos. Nesse cenário, em que as incertezas sobre a recuperação econômica da Área do Euro poderão afetar a demanda externa, as trajetórias do mercado de trabalho e das operações de crédito se constituem em determinantes importantes para o dinamismo da demanda interna e para o desempenho dos índices de preços.

40

45

50

55

60

65

70

Mar 2007

Jun Set Dez Mar 2008

Jun Set Dez Mar 2009

Jun Set Dez Mar 2010

Jun

%

64,4%

Gráfico 5.7 – IPCA – Índice de difusão – SulMédia móvel trimestral

Fonte: IBGE

62,2%61,4%

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 75

Paraná

A economia paranaense, impulsionada pela recuperação do setor agrícola, segue refletindo o dinamismo da produção industrial, das operações de crédito, do mercado de trabalho e das vendas varejistas. Nesse cenário, o ICBR-PR cresceu 3,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando registrara expansão de 6%, na mesma base de comparação, considerados dados dessazonalizados. O indicador assinalou crescimento de 5,1% no período de doze meses encerrado em maio, em relação a igual intervalo de 2009.

As vendas do comércio varejista paranaense aumentaram 1,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam crescido 3,6%, no mesmo tipo de comparação, de acordo com dados dessazonalizados da PMC do IBGE. Registraram-se, no trimestre, elevações nas vendas relativas a equipamentos e materiais para escritório informática e comunicação, 30,4%; e livros jornais revistas e papelaria, 5,9%; e diminuições nos segmentos combustíveis e lubrificantes, 2,9%; e hipermercados e supermercados, 2,2%. Incorporados os aumentos observados nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 7,9%, e de material de construção, 5%, o comércio ampliado cresceu 5,1%, no período.

Considerados períodos de doze meses, as vendas no varejo elevaram-se 8% em maio, em relação a igual período de 2009, ante 6,4% em fevereiro, com ênfase nos crescimentos relativos a equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação, 46,4%, e artigos farmacêuticos, médicos e perfumaria, 23,1%, e na retração de 4,6% observada nas vendas de combustíveis e lubrificantes, único resultado negativo no período. As vendas de veículos, motos, partes e peças elevaram-se 17,9% e as de material de construção se mantiveram estáveis, resultando em crescimento de 11,1% do comércio ampliado no período.

As vendas de veículos aumentaram 11,4% no trimestre encerrado em maio, em relação a igual período de 2009, de acordo com estatísticas da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-PR) e do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Paraná (Sincodiv-PR). Considerado o mesmo tipo de comparação, estas vendas haviam crescido 16,7% no trimestre terminado em fevereiro.

A indústria do estado, confirmando o processo de recuperação acentuado registrado a partir de setembro

115

120

125

130

135

140

145

150

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 5.8 – Índice de Atividade Econômica Regional– Paraná (IBCR-PR)Dados dessazonalizados2002 = 100

110

120

130

140

150

160

170

180

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Fonte: IBGEComércio varejista Comércio ampliado

Gráfico 5.9 – Comércio varejista – ParanáDados dessazonalizados2003 = 100

Tabela 5.9 – Índice de vendas no varejo – ParanáGeral e setores selecionados

Variação % no período

Setores 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 5,2 3,6 1,5 8,0

Combustíveis e lubrificantes -1,1 3,0 -2,9 -4,6

Hiper e supermercados 4,5 3,8 -2,2 6,7

Tecidos, vestuário e calçados -0,6 1,5 3,5 5,7

Móveis e eletrodomésticos 0,4 5,5 2,1 10,4

Comércio ampliado 6,0 1,2 5,1 11,1

Automóveis e motocicletas 11,1 -2,8 7,9 17,9

Material de construção -14,0 3,6 5,0 0,2

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

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76 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

de 2009, cresceu 9,8% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando registrara expansão de 7,4% no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados da PIM-PF do IBGE. Dentre as catorze atividades pesquisadas, doze registraram resultados positivos, com destaque para edição e impressão, 41,3%; veículos automotores, 5,8%; madeira, 14%; e celulose e papel, 5,6%, enquanto o recuo mais representativo ocorreu na indústria de outros produtos químicos, 21,8%.

Considerados períodos de doze meses, a produção da indústria do estado cresceu 5,6% em maio de 2010, em relação a igual intervalo do ano anterior, com ênfase nas expansões observadas nos setores edição e impressão, 26,1%; máquinas e equipamentos, 15,4%; celulose e papel, 7,3%; e veículos automotores, 3,9%. Vale ressaltar que o aumento mencionado se constituiu no terceiro resultado positivo em sequência, após oito recuos consecutivos, nessa base de comparação.

As vendas reais da indústria paranaense, considerado o IPA-OG da FGV como deflator, aumentaram 1,2% no trimestre encerrado em maio de 2010, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam crescido 6,3% no mesmo tipo de análise, atingindo o patamar mais elevado desde março de 2008, consideradas estatísticas dessazonalizadas da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). No mesmo sentido, o Nuci da indústria do estado expandiu 1,2 p.p., no trimestre. Considerados períodos de doze meses, as vendas reais decresceram 1,7% em maio, em relação ao período corresponde do ano anterior, ante recuos respectivos, no mesmo tipo de comparação, de 4,2% em fevereiro de 2010 e de 5,9% em novembro de 2009.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas no Paraná totalizou R$88,7 bilhões em maio, elevando-se 3,5% em relação a fevereiro e 15,9% em doze meses. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas físicas somaram R$41,2 bilhões, elevando-se 4% no trimestre e 18,2% em doze meses, com ênfase no dinamismo das modalidades financiamento imobiliário e crédito consignado. A carteira de pessoas jurídicas atingiu R$47,5 bilhões, registrando variações respectivas de 3,1% e 13,9% nos períodos mencionados, ressaltando-se o desempenho dos empréstimos para capital de giro.

A taxa de inadimplência no estado atingiu 3,35% em maio, recuando 0,33 p.p. no trimestre e 0,08 p.p. em doze meses. A evolução trimestral traduziu as retrações respectivas de 0,42 p.p. e 0,26 p.p. assinaladas nos segmentos

Jan 2007Fev2007Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

100

110

120

130

140

150

160

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Brasil Paraná

Gráfico 5.10 – Produção industrial – ParanáDados dessazonalizados – Média móvel trimestral2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 5.10 – Produção industrial – Paraná

Geral e setores selecionados

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2009 2010 Acum.

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 7,4 9,8 5,6

Produtos alimentícios 19,9 8,5 -0,4 -4,1

Edição e impressão 17,4 -12,2 41,3 26,1

Veículos automotores 13,8 19,4 5,8 3,9

Refino de petróleo e álcool 9,5 3,0 1,4 1,4

Máquinas e equipamentos 8,0 10,1 3,5 15,4

Celulose e papel 7,9 1,2 5,6 7,3

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade na indústria geral, conforme a PIM-PF/IBGE.

2/ Variação relativa aos trimestres. encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

0

10

20

30

40

50

Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 5.11 – Evolução do saldo das operações de crédito – Paraná1/

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 77

de pessoas físicas e de pessoas jurídicas, nos quais a taxa atingiu, na ordem, 4,30% e 2,54%.

A safra de grãos do Paraná deverá totalizar 31,5 milhões de toneladas em 2010, de acordo com o LSPA de junho do IBGE, registrando crescimento anual de 29,1% e retomando a posição de principal produtor nacional de grãos, com participação de 21,5% na safra do país. O desempenho favorável projetado para o setor reflete, fundamentalmente, o aumento estimado para a produtividade média das principais lavouras, motivado pela distinção entre as condições climáticas atuais e as registradas na época do plantio e do desenvolvimento da safra anterior. O prognóstico de aumento anual de 50,8% para a safra de soja está condicionado aos estímulos proporcionados à cultura pelo patamar de suas cotações à época do plantio, pela maior liquidez na comercialização do grão, pela melhor estrutura de escoamento da produção, em relação a outras lavouras, e pela base de comparação deprimida. Nesse cenário, incorporando terras antes destinadas ao plantio do milho e, em menor escala, ao feijão, a produção de soja deverá totalizar 14,2 milhões de toneladas em 2010, patamar recorde para o estado.

O valor bruto da produção agrícola relativo a 2010, consideradas as estimativas do LSPA de junho para a produção física e os preços médios recebidos pelos produtores do Paraná no primeiro semestre do ano, deverá registrar aumento anual de 12,1%. O resultado modesto, em relação à intensidade da recuperação da safra agrícola do estado, traduz a trajetória desfavorável das cotações dos principais grãos. De acordo com a Seab/Departamento de Economia Rural (Deral), os preços médios da soja, milho, trigo e feijão, produtos que representam, em conjunto, 98% da produção de grãos prevista para o estado neste ano, recuaram 27,3%, 17,9%, 16,9% e 4,2%, respectivamente, em relação ao primeiro semestre de 2009. Vale mencionar que esse comportamento foi condicionado tanto pelo aumento dos estoques internacionais e pelas estimativas de crescimentos para as safras de milho e soja no Brasil, Argentina e Paraguai, quanto pelas dificuldades de armazenagem da safra atual, devido ao comprometimento da capacidade armazenadora do estado com produtos das safras anteriores. Neste sentido a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) programou leilões de vendas na modalidade Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para transferir parte do milho a outras regiões.

Os abates de suínos, frangos e bovinos, realizados em estabelecimentos fiscalizados pelo SIF, registraram

Tabela 5.11 – Produção agrícola – Paraná

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Peso1/ Produção2/ Variação %

2009 20101/ 2010/2009

Grãos 81,4 24 430 31 545 29,1

Feijão 7,8 787 779 -1,0

Milho 23,8 11 191 12 832 14,7

Soja 39,2 9 409 14 192 50,8

Trigo 6,6 2 483 3 063 23,4

Outras lavouras

Cana-de-açúcar 6,9 55 332 56 750 2,6

Fumo 3,3 152 160 5,8

Mandioca 2,4 3 655 4 022 10,1

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

Jan 2005

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

40

60

80

100

120

140

160

180

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Bovinos Aves Suínos

Gráfico 5.12 – Abates de animais – ParanáMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

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78 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

variações respectivas de 1,3%, 6% e 13,7% nos cinco primeiros meses de 2010, em relação a igual período do ano anterior. A participação do Paraná no total dos abates realizados no país atingiu, na ordem, 17,6%, 27,3% e 3,9%, enquanto os preços médios recebidos pelos produtores no estado registraram, de acordo com a Seab, recuos respectivos de 1,2% e 9,5% nos segmentos de bovinos e de aves, e aumento de 15,4% no relativo a suínos.

A balança comercial do estado registrou, de acordo com estatísticas do MDIC, superávit de US$642 milhões no primeiro semestre de 2010, ante US$1.924 milhões em igual período de 2009, refletindo os aumentos respectivos de 12,3% e 51,8% registrados nas exportações e nas importações, que totalizaram, na ordem, US$6.475 milhões e US$5.832 milhões.

A variação observada nas exportações paranaenses refletiu o impacto dos aumentos respectivos de 8,8% e 3,2% registrados nos preços e no quantum exportado. As vendas externas de produtos manufaturados aumentaram 36,1% nos seis primeiros meses do ano, em relação a igual período de 2009, com ênfase nos aumentos relativos a automóveis de passageiros, 64%, e madeira compensada, 26,9%, enquanto as exportações de produtos semimanufaturados aumentaram 10,9%, impactadas pelas expansões nas relativas a couros e peles, 84,5%, e açúcar de cana, 14,2%, e pelas retrações nas associadas a madeira serrada, 6,4%, e óleo de soja, 3,8%. Os embarques de produtos básicos diminuíram 4,7%, ressaltando-se as quedas observadas nas vendas de soja, 4,2%; e farelo de soja, 29%. As vendas direcionadas à China, concentradas em soja em grãos, Argentina, Alemanha, Holanda e EUA representaram, em conjunto, 46,7% das exportações do estado.

A evolução das importações traduziu as variações respectivas de 6,1% e 43,1% nos preços e no quantum importado. As compras externas de bens de consumo duráveis elevaram-se 28,5%, impulsionadas pelo aumento de 5,9% nas relativas a veículos, enquanto as relacionadas a bens de consumo não duráveis cresceram 87%, ressaltando-se o acréscimo de 9,6% nas aquisições de medicamentos. As importações de bens de capital elevaram-se 55,8%, com ênfase nos aumentos nas compras de bombas e compressores, 93,4%, e máquinas automáticas para processamento de dados, 12,7%, enquanto as relativas a bens intermediários aumentaram 44,8%, destacando as expansões nas aquisições de partes e peças de veículos automotores e tratores, 87%; e circuitos integrados eletrônicos, 26,7%. Adicionalmente, as compras de combustíveis e lubrificantes assinalaram

Tabela 5.12 – Balança comercial – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Paraná Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Exportação 5 765 6 475 12,3 27,5

Importação 3 841 5 832 51,8 45,1

Saldo 1.924 642 -66,6 -43,4

Corrente de comércio 9 606 12 307 28,1 35,3

Fonte: MDIC/Secex

Tabela 5.13 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Paraná Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 5 765 6 475 12,3 27,5

Básicos 3 011 2 869 -4,7 31,6

Industrializados 2 755 3 606 30,9 24,5

Semimanufaturados 569 632 10,9 40,0

Manufaturados1/ 2 185 2 974 36,1 20,2

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

Tabela 5.14 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Paraná Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 3 841 5 832 51,8 45,1

Bens de consumo 612 895 46,1 50,2

Duráveis 428 550 28,5 70,6

Não duráveis 184 345 87,0 29,4

Bens intermediários 1 937 2 805 44,8 47,0

Bens de capital 773 1 203 55,8 27,2

Combustíveis e lubrificantes 519 929 79,0 66,3

Fonte: MDIC/Secex

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 79

crescimento de 79%. As importações provenientes da China, Nigéria, Argentina, Alemanha e EUA, representaram, em conjunto, 50,4% das aquisições externas do estado.

A economia paranaense gerou, de acordo com o Caged do MTE, 62,9 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em maio, ante 30,5 mil em igual período de 2009, dos quais 22,2 mil na indústria de transformação, 17,7 mil no setor de serviços, 9,7 mil no comércio e 9 mil na construção civil. O nível do emprego formal aumentou 1,6% no trimestre encerrado em maio, ante 1,8% naquele finalizado em fevereiro. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foram gerados 24,3 mil postos de trabalho no trimestre finalizado em maio, ante 7,1 mil em igual período do ano anterior, dos quais 9,6 mil no setor de serviços, 5,1 mil na construção civil, 5 mil na indústria de transformação e 4,2 mil no comércio.

A taxa de desemprego da RMC atingiu, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, elaborada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) em convênio com o IBGE, 5,2% em maio, ante 5,6% em fevereiro, reflexo do aumento de 0,3% na população ocupada e do decréscimo de 0,2% na PEA. Os rendimentos médios habituais reais reduziram-se 1,3% no trimestre, porém elevaram-se 6,7% em doze meses, enquanto a taxa de desemprego, considerados dados dessazonalizados, atingiu 4,7% em maio, recuando 0,4 p.p. no trimestre.

O IPCA da RMC cresceu 1,07% no trimestre encerrado em junho, ante 1,78% naquele finalizado em março, resultado da desaceleração observada na variação dos preços livres, de 2,96% para 1,46%, com impacto de 1,05 p.p. para o resultado trimestral, e do crescimento, de -1,14% para 0,08%, na variação dos monitorados. No âmbito dos principais grupos, destacaram-se o arrefecimento dos preços de alimentação e a alta sazonal dos relativos a vestuário.

A variação nos preços livres refletiu, em especial, o impacto da desaceleração, de 3,72% para 1,49%, na variação dos preços dos itens não comercializáveis, influenciada pelos recuos nos preços de frutas, hortaliças e verduras. A variação nos preços dos itens comercializáveis recuou 0,67 p.p., para 1,43%, influenciada pelas retrações nos preços dos itens álcool, óleos e gorduras, e bebidas e infusões. A reversão observada nos preços monitorados resultou de crescimentos nos preços dos itens passagem aérea, produtos farmacêuticos, e plano de saúde, que exerceram impacto conjunto de 0,16 p.p. para a variação total do indicador. O índice de difusão atingiu 54,3%, em média, no trimestre encerrado em junho,

2003

3

4

5

6

7

8

9

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2006 2007 20082009 2010

%

Gráfico 5.13 – Taxa de desemprego aberto – Curitiba

Fonte: Ipardes/IBGE

Tabela 5.15 – Evolução do emprego formal – Paraná

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 30,5 27,3 43,2 -8,4 62,9

Indústria de transformação 7,9 6,4 15,2 -4,7 22,2

Comércio 3,2 7,3 15,1 -0,7 9,7

Serviços 10,5 8,9 9,3 3,2 17,7

Construção civil 3,3 3,3 3,6 1,5 9,0

Agropecuária 5,0 0,8 -0,1 -7,7 3,9

Serv. ind. de util. pública -0,2 0,2 0,2 0,1 0,2

Outros2/ 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

Tabela 5.16 – IPCA – RMCVariação %

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri II Tri

IPCA 100,0 0,51 1,03 1,78 1,07

Livres 71,9 0,52 0,68 2,96 1,46

Comercializáveis 33,3 -0,53 0,64 2,10 1,43

Não comercializáveis 38,6 1,46 0,72 3,72 1,49

Monitorados 28,1 0,48 1,90 -1,14 0,08

Principais itens

Alimentação 21,5 -0,12 -0,90 5,32 1,10

Habitação 13,5 1,08 1,24 0,57 0,86

Artigos de residência 4,3 -1,76 1,47 1,52 1,42

Vestuário 6,4 1,56 1,04 0,57 4,03

Transportes 21,8 0,21 2,77 -1,67 -0,54

Saúde 9,9 1,50 0,74 1,14 2,30

Despesas pessoais 10,9 0,75 1,07 3,10 2,58

Educação 6,7 0,73 -0,02 6,28 0,10

Comunicação 5,0 0,80 2,18 0,39 0,25

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

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80 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

ante 59,7% naquele finalizado em março, revelando menor dispersão dos aumentos de preços.

Considerados períodos de doze meses, o IPCA da RMC registrou expansão de 4,45% em junho, ante 5,22% em março, trajetória decorrente da desaceleração observada na variação dos preços monitorados, de 3,21% para 1,31%, e na relativa aos preços livres, de 6,03% para 5,73%.

As perspectivas em relação à evolução da economia paranaense seguem favoráveis, sustentadas pela recuperação da produtividade agrícola, pela maior utilização da capacidade instalada na indústria, pelo aumento dos investimentos e, especialmente, pelo desempenho robusto do mercado de trabalho no estado. Nesse ambiente, em que persiste o dinamismo da demanda interna, a redução das pressões inflacionárias observada no período recente não representa o esgotamento de riscos para a evolução dos preços nos próximos meses.

54,5

60,4

54,7

45

50

55

60

65

Mar2009

Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan2010

Fev Mar Abr Mai Jun

Gráfico 5.14 – Índice de difusão IPCA – Curitiba Média móvel trimestral

Fonte: IBGE

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 81

Rio Grande do Sul

A evolução da atividade econômica no Rio Grande do Sul na primeira metade de 2010 se evidenciou na trajetória positiva do IBCR-RS, sejam consideradas comparações anuais ou na margem. O indicador se elevou em 0,4% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando havia aumentado 1,9%, neste tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados, e cresceu 4% no período de doze meses encerrado em maio, em relação a igual intervalo de 2009. O dinamismo nas vendas varejistas e do comércio exterior, associado ao desempenho favorável da safra de grãos deste ano têm sido determinantes para o comportamento benigno da economia estadual no período.

As vendas varejistas do estado aumentaram 1,5% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando cresceram 2,9% nesse tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados da PMC do IBGE, com ênfase nos aumentos observados nos segmentos equipamentos e materiais para escritório e informática, 8,9%; e tecidos, vestuário e calçados, 5,3%; e na queda das vendas de livros, jornais, revistas e papelaria, 2,1%. O comércio ampliado, incorporadas as variações de 5,9% nas vendas de materiais de construção e de 3,3% nas relativas a veículos, motos, partes e peças, cresceu 3,3% no período, ante a elevação de 2,8% no trimestre encerrado em fevereiro.

Considerados períodos de doze meses, as vendas varejistas elevaram-se 6,9% em maio, em relação a igual período do ano anterior, registrando-se resultados positivos em oito dos nove segmentos incluídos na pesquisa, com destaque para equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 22,9%; livros, jornais, revistas e papelaria, 16,2%; e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 12,3%. Em sentido inverso, assinale-se a redução de 1,9% observada nas vendas de combustíveis e lubrificantes. O comércio ampliado, refletindo as variações assinaladas nas vendas de veículos, motos, partes e peças, 17,1%, e nas relativas a materiais de construção, 2,7%, cresceu 9,6% no período.

A indústria gaúcha apresentou queda de 0,6% no trimestre encerrado em maio, ante elevação de 3% naquele finalizado em fevereiro, considerados dados dessazonalizados da PIM-PF Regional do IBGE. Dez das catorze atividades pesquisadas apresentaram resultados positivos, com destaque para os assinalados nos segmentos metalurgia básica, 16,6%; máquinas e equipamentos, 9,9%; e alimentos, 7,8%, segmento com a maior representatividade

Tabela 5.17 – Comércio varejista – RSGeral e setores selecionados

Variação % no período

Discriminação 2009 2010

Fev1/ Mai1/ 12 meses

Comércio varejista 3,0 2,9 1,5 6,9

Combustíveis e lubrificantes -6,3 3,3 2,0 -1,9

Hiper e supermercados 2,4 1,5 2,0 5,1

Tecidos, vestuário e calçados -0,5 4,4 5,3 9,4

Móveis e eletrodomésticos 4,6 3,7 1,9 11,0

Comércio varejista ampliado 4,6 2,8 3,3 9,6

Automóveis e motocicletas 12,8 -1,8 3,3 17,1

Material de construção -13,5 12,8 5,9 2,7

Fonte: IBGE

1/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

105

110

115

120

125

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Gráfico 5.15 – Índice de Atividade Econômica Regional – Rio Grande do Sul (IBCR-RS)Dados dessazonalizados2002 = 100

110

120

130

140

150

160

Mai 2007

Ago Nov Fev Mai 2008

Ago Nov Fev Mai 2009

Ago Nov Fev Mai 2010

Restrito Ampliado

Gráfico 5.16 – Comércio varejista – RSDados dessazonalizados2003 = 100

Fonte: IBGE

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82 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

na composição da produção física da indústria, 18,5 p.p. As retrações mais intensas ocorreram nas atividades de mobiliário, 21,9%; e fumo, 9,4%, além de refino de petróleo e álcool, 4,1%, que detêm a segunda maior participação na estrutura fabril do estado.

No período de doze meses encerrado em maio, em relação ao intervalo correspondente do ano anterior, a indústria gaúcha registrou crescimento de 3,6%, ante contração de 2% assinalada em fevereiro, na mesma base de comparação. Essa reversão decorreu, principalmente, da evolução favorável assinalada nas atividades mobiliário, 24,7%; metalurgia básica, 21,1%; outros produtos químicos, 15,5%; e refino de petróleo e álcool, 13,2%. Em sentido oposto, os recuos mais acentuados ocorreram nas atividades de edição, impressão e reprodução de gravações, 9,8%; e fumo, 8,2%.

O Índice de Desempenho Industrial (IDI) da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) cresceu 1,7% no trimestre encerrado em maio, desacelerando em relação ao finalizado em fevereiro, quando se expandira 4,3%, considerados dados dessazonalizados. Os resultados de maio decorreram de expansões nas vendas industriais, 6%; no pessoal ocupado, 2,7%; no Nuci, 1,3 p.p.; e nas horas trabalhadas, 2,8%. Considerados períodos de doze meses, o IDI recuou 3% em maio, em relação a igual período de 2009, ante retração de 9,1% em fevereiro, refletindo, nesta base de comparação, os decréscimos assinalados nas horas trabalhadas, 4,9%; e no pessoal ocupado, 4,1%, e as elevações observadas no Nuci, 1,4 p.p., e nas vendas industriais, 1%.

Os resultados da Sondagem industrial realizada pela Fiergs em abril evidenciam que os empresários gaúchos permanecem otimistas quanto à recuperação da atividade industrial. O indicador da produção atingiu 54 pontos e o da demanda, 63 pontos, mantendo-se em patamar superior aos assinalados nos meses correspondentes de 2009 (47,3 pontos) e de 2008 (62 pontos).

O comportamento do Icei da Fiergs, relativo a junho, sinaliza arrefecimento da tendência atual de crescimento da indústria gaúcha nos próximos meses. O indicador, que atingira 68 pontos em março, registrou 63,1 pontos em junho, nível mais baixo do ano, mas acima da média histórica (57 pontos). Comparativamente a março, o componente que avalia as condições atuais passou de 63,5 pontos para 59,2 pontos e o relativo às expectativas para os próximos seis meses, de 70,2 pontos para 65 pontos.

90

100

110

120

130

140

Fev 2007

Mai Ago Nov Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

Brasil RS

Gráfico 5.17 – Produção industrial – RSDados dessazonalizados – Média móvel trimestral 2002 = 100

Fonte: IBGE

Tabela 5.18 – Produção industrial – RS

Geral e atividades selecionadas

Variação % no período

Setores Pesos1/ 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

Indústria geral 100,0 3,0 -0,6 3,6

Alimentos 18,5 -3,2 7,8 -0,6

Refino de petróleo e álcool 14,1 -4,5 -4,1 13,2

Outros produtos químicos 10,2 -3,6 2,0 15,5

Veículos automotores 8,7 6,4 5,9 7,6

Máquinas e equipamentos 8,4 6,4 9,9 -7,2

Calçados e artigos de couro 7,9 0,1 5,6 -6,0

Fumo 7,1 -13,7 -9,4 -8,2

Mobiliário 2,7 25,7 -21,9 24,7

Fonte: IBGE

1/ Ponderação da atividade conforme a PIM-PF/IBGE de maio.

2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados

dessazonalizados.

Tabela 5.19 – Indicadores da produção industrial – RSVariação %

Discriminação 2010

Fev2/ Mai2/ 12 meses

IDI 4,3 1,7 -3,0

Compras industriais 11,3 -3,4 -5,2

Vendas industriais 1,6 6,0 1,0

Pessoal ocupado 1,5 2,7 -4,1

Horas trabalhadas 1,4 2,8 -4,9

Nuci1/ 82,6 83,9 81,5

Fonte: Fiergs

1/ Percentual médio de utilização.2/ Variação relativa aos trimestres encerrados nos períodos t e t-3. Dados dessazonalizados pelo Banco Central.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 83

A taxa de velocidade de vendas de imóveis novos no mercado imobiliário de Porto Alegre atingiu 13% em maio de 2010, ante 12,8% em abril e 15,4% em maio de 2009, conforme Pesquisa do Mercado Imobiliário de Porto Alegre, realizada mensalmente pelo Sinduscon-RS. Em doze meses, foram registradas taxas respectivas de 14,1% e de 10,6% nos períodos encerrados em maio de 2010 e 2009, confirmando tendência de elevação da atividade do setor. Em termos absolutos, em maio de 2010 foram comercializadas 405 novas unidades e, nos últimos doze meses, 5.819 unidades, representando aumento, nesta base de comparação, de 24,1% em relação a igual período do ano anterior.

O saldo das operações de crédito superiores a R$5 mil realizadas no estado totalizou R$92,2 bilhões em maio, elevando-se 5,3% em relação a fevereiro e 17,4% em doze meses. Os empréstimos contratados no segmento de pessoas físicas atingiram R$45,6 bilhões, aumentando 5,3% no trimestre e 20,5% em doze meses, com destaque para o desempenho dos financiamentos imobiliários, para aquisição de veículos, rurais e agroindustriais, e empréstimos consignados. A carteira das pessoas jurídicas totalizou R$46,6 bilhões, registrando variações de 5,3% no trimestre e de 14,5% em doze meses, com ênfase no aumento das operações contratadas pelas indústrias extrativas de petróleo e gás, e serviços correlatos, comércio atacadista, transporte rodoviário de carga e setor da construção.

A inadimplência do sistema financeiro atingiu 3% em maio, ante 3,4% em fevereiro, resultado dos recuos respectivos de 0,4 p.p. nos atrasos relativos aos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas, que alcançaram 3,7% e 2,4%, respectivamente.

A safra de grãos do estado deverá totalizar 24,4 milhões de toneladas em 2010, registrando aumento anual de 9,2% e passando a representar 16,9% da produção nacional, de acordo com o LSPA realizado pelo IBGE em junho. Essa projeção reflete, em especial, as estimativas de aumentos para as colheitas de soja, 25,1%, e de milho, 31,5%, contrastando com os recuos estimados para as safras de trigo, principal cultura de inverno, 17,4%; e arroz, 12,5%. Segundo a Emater/RS, os preços médios dos principais grãos nos cinco primeiros meses do ano registraram decréscimos em relação a igual período de 2009, com ênfase nas retrações assinaladas nas cotações da soja, 27,5%; milho, 14,3%; feijão, 4,2%; e trigo, 10,4%.

Os abates de bovinos e de aves apresentaram crescimentos respectivos de 39,5% e 12,6% nos cinco

0

5

10

15

20

25

30

35

Fev 2008

Mai Ago Nov Fev 2009

Mai Ago Nov Fev 2010

Mai

PF PJ Total

Gráfico 5.18 – Evolução do saldo das operações de crédito – RS 1/

Variação em 12 meses - %

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

20

60

100

140

10

20

30

40

50

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Arroz Soja Trigo Feijão

Arroz, soja e trigo Feijão

Gráfico 5.19 – Preços médios mensais pagos ao produtor – RS (R$/saca)

Fonte: Emater

Tabela 5.20 – Produção agrícola – RS

Itens selecionados

Em mil toneladas

Discriminação Pesos1/ Produção2/ Variação %

2009 2010 2010/2009

Grãos 70,9 22 328 24 384 9,2

Soja 30,3 7913 9901 25,1

Arroz (em casca) 22,8 7913 6920 -12,5

Milho 11,2 4249 5586 31,5

Trigo 4,9 1806 1492 -17,4

Outras lavouras

Fumo 11,7 444 343 -22,8

Mandioca 4,0 1282 1273 -0,7

Uva 2,8 737 689 -6,6

Maçã 2,1 557 538 -3,4

Fonte: IBGE

1/ Por valor da produção – PAM 2008.

2/ Estimativa segundo o LSPA de junho de 2010.

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84 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

primeiros meses do ano, comparativamente à queda de 3,1% para suínos, em relação a igual período de 2009, de acordo com estatísticas do Mapa. Esse desempenho reflete, em especial, o dinamismo da demanda interna, tendo em vista que as exportações destes itens registraram recuos respectivos de 31,9%, 1,5% e 14,8% no período, conforme o MDIC. Considerada a mesma base de comparação, os preços de bovinos e aves recuaram 3,8% e 2,5%, respectivamente, enquanto o de suínos aumentou 11,8%, de acordo com a Emater/RS e o Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A Emater/RS prevê tendência de elevação das cotações para a bovinocultura de corte, tendo em vista a redução da área de campo nativo. Por outro lado, a ausência de geadas tem possibilitado a manutenção do rebanho, graças à boa disponibilidade de forragem.

Em relação à bovinocultura de leite, os preços médios nos cinco primeiros meses do ano registraram elevação de 7,2%, em relação a igual período de 2009. No curto prazo, no entanto, segundo a Emater/RS, a expectativa é de que o aumento da oferta, decorrente do bom desenvolvimento das pastagens hibernais e da ausência de geadas mais severas, impacte negativamente essas cotações.

O superávit comercial no estado totalizou US$936,6 milhões no primeiro semestre de 2010, ante US$2,8 bilhões em igual período de 2009, de acordo com o MDIC. As exportações somaram US$7,1 bilhões e as importações, US$6,2 bilhões, registrando aumentos respectivos de 6,5% e 60% no período.

A evolução das exportações, decorrente de elevação de 13,3% nos preços e de redução de 6,5% no quantum exportado, refletiu, em especial, o acréscimo de 17,9% nos embarques de produtos industrializados, resultante de elevações nas vendas de semimanufaturados, 32,9%, e de manufaturados, 15,6%. Os embarques de produtos básicos recuaram 4,9% no semestre. As exportações direcionadas à China, Argentina e EUA representaram, em conjunto, 34,7% das vendas externas do estado no período, ressaltando-se que as direcionadas à China concentraram-se em soja, 76,3% do total.

O desempenho semestral das importações gaúchas refletiu os aumentos assinalados na quantidade, 36,7%, e nos preços, 16,4%. As aquisições de combustíveis cresceram 87,7%, impactadas pela expansão de 55,3% nas compras de petróleo em bruto da Nigéria, enquanto as relativas a produtos intermediários elevaram-se 80,8%, impulsionadas

Jan 2005FevMarAbrMaiJunJulAgoSet

30

55

80

105

130

155

180

Fev2007

Mai Ago Nov Fev2008

Mai Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Bovinos Aves Suínos

Gráfico 5.20 – Abates de animais – RSMédia móvel trimestral2005 = 100

Fonte: Mapa

Tabela 5.21 – Indicadores da pecuária – RS

Maio de 2010

Variação % no ano

Discriminação Produção Exportações Preços

(kg) (R$)

Abates1/

Bovinos 39,5 -31,9 -3,8

Suínos -3,1 -14,8 11,8

Aves2/ 12,6 -1,5 -2,5

Leite3/ -2,3 - 7,2

Fonte: AGL, Emater/RS, IBGE, Iepe, Mapa e MDIC

1/ Número de animais.

2/ Os preços correspondem aos praticados no varejo.

3/ Litros. Até março.

Tabela 5.22 – Exportação por fator agregado – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Rio Grande do Sul Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 6 704 7 140 6,5 27,5

Básicos 3 351 3 186 -4,9 31,6

Industrializados 3 353 3 954 17,9 23,9

Semimanufaturados 453 602 32,9 40,0

Manufaturados1/ 2 900 3 352 15,6 19,3

Fonte: MDIC/Secex

1/ Inclui operações especiais.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 85

pelo aumento de 246,8% nas aquisições de naftas, originárias em especial da Argélia e Argentina. As importações de bens de consumo duráveis e de bens de consumo não duráveis assinalaram elevações respectivas de 59% e 24,7%, com ênfase nas contribuições das compras de veículos de passageiro, na primeira categoria, e de fumo e cebola, na segunda, enquanto as aquisições de bens de capital cresceram 4,1%, impulsionadas pelas importações de veículos de carga. As compras provenientes da Argentina, Nigéria e Argélia representaram, em conjunto, 48,4% das importações do estado no primeiro semestre de 2010.

O estado registrou a geração de 58,2 mil empregos formais no trimestre encerrado em maio de 2010, ante 3,6 mil no período correspondente do ano anterior, de acordo com o Caged/MTE. Essa melhora acentuada refletiu, em especial, a criação de vagas na indústria de transformação, 30,1 mil, das quais 8,9 mil nas indústrias de borracha, fumo e couro, e 4,4 mil na indústria calçadista, enquanto o comércio e o setor de serviços, responderam, em conjunto, pela geração de 27,3 mil postos. Em sentido contrário, a agropecuária eliminou 7,5 mil postos de trabalho no trimestre, resultado associado ao término da colheita de lavouras permanentes.

Vale ressaltar que foram criados 96,8 mil empregos formais no estado nos cinco primeiros meses do ano, ante 7,1 mil em igual intervalo do ano anterior, dos quais 50,1 mil na indústria de transformação, que havia sido responsável pela extinção de 7,2 mil vagas de janeiro a maio de 2009.

O nível de emprego formal elevou-se 2,4% no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, quando crescera 1,9%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados. O resultado observado em maio refletiu, especialmente, os crescimentos assinalados na construção civil, 5,2%; na indústria de transformação, 3,2%; no comércio, 2,3%; e no setor de serviços, 1,7%.

A taxa de desemprego aberto na região metropolitana de Porto Alegre (RMPA) atingiu 5% em maio, ante 5,1% em fevereiro e 6,1% em maio de 2009, de acordo com a PME do IBGE, ressaltando-se que o decréscimo anual de 1,1 p.p. refletiu o efeito dos aumentos observados na população ocupada, 3,6%, e na PEA, 2,4%. Considerados dados isentos de influências sazonais, a taxa de desemprego atingiu 4,9% em maio de 2010, ante 5% em fevereiro, evidenciando as variações de 0,1% na população ocupada e de -0,1% na PEA. No trimestre, o rendimento médio real habitualmente recebido e a massa salarial real registraram, na ordem,

Tabela 5.23 – Importação por categoria de uso – FOB

Janeiro-junho

US$ milhões

Discriminação Rio Grande do Sul Brasil

2009 2010 Var. % Var. %

Total 3 878 6 204 60,0 45,1

Bens de capital 896 933 4,1 27,2

Matérias-primas 1 545 2 793 80,8 16,9

Bens de consumo 554 821 48,2 50,4

Duráveis 380 604 59,0 70,6

Não duráveis 174 217 24,7 29,9

Combustíveis 883 1 657 87,7 66,3

Fonte: MDIC/Secex

4

5

6

7

8

9

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 2008 2009 2010

%

Fonte: IBGE

Gráfico 5.21 – Taxa de desemprego aberto –Porto Alegre

Tabela 5.24 – Evolução do emprego formal – RS

Novos postos de trabalho

Acumulado no trimestre (em mil)1/

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Total 3,6 9,1 59,7 26,9 58,2

Indústria de transformação -3,1 -3,9 17,8 11,5 30,1

Comércio 2,8 4,1 17,3 0,6 11,6

Serviços 11,5 7,2 12,4 7,6 15,6

Construção civil 1,0 3,4 5,1 3,3 7,2

Agropecuária -8,7 -1,9 6,6 3,9 -7,5

Serv. ind. de util. pública 0,4 -0,1 0,2 0,5 0,7

Outros2/ -0,3 0,4 0,2 -0,5 0,5

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês assinalado.

2/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

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86 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

elevações de 2,8% e 2,1%, acumulando, no período de doze meses, aumentos respectivos de 5,5% e 6,7%.

O IPCA da RMPA registrou variação de 0,47% no trimestre finalizado em junho, ante 2,10% naquele encerrado em março, desaceleração decorrente das reduções nas variações dos preços livres, de 2,47% para 0,68%, e dos monitorados, de 1,09% para -0,10%, esta evidenciado, em especial, a redução de 3,36% no preço da gasolina.

A trajetória dos preços livres refletiu as desacelerações assinaladas nos segmentos de itens comercializáveis, de 1,55% para 1,28%, e de itens não comercializáveis, de 3,34% para 0,12%. A variação dos itens comercializáveis traduziu, em especial, o efeito dos recuos nos preços dos itens álcool e açúcares e derivados, neutralizado, em parte, pelas elevações nos preços dos itens automóvel novo, móveis e utensílios e vestuário, que exerceram impacto conjunto de 0,32 p.p. no IPCA. Indicando menor dispersão dos reajustes de preços, a média do índice de difusão atingiu 53,4% no trimestre finalizado em junho, ante 56,8% naquele encerrado em março.

A inflação da RMPA acumulada em doze meses atingiu 3,80% em junho, ante 5,07% em março de 2010, refletindo as desacelerações registradas nos preços livres, de 5,40% para 4,20%, e nos monitorados, de 4,14% para 2,68%, decorrentes, em especial, dos menores impactos dos preços de alimentação e habitação, cujas elevações decresceram 3,10 p.p. e 3,27 p.p. nesta base de comparação.

A demanda interna, cuja expansão tem sido balizada por crescimentos da renda e do emprego, deve persistir impulsionando a atividade econômica no médio prazo. Essa perspectiva poderá ser sensibilizada pela eventual retração da demanda de países da Área do Euro e pelas medidas de política monetária adotadas com vistas a adequar os níveis da demanda e da oferta agregadas.

Tabela 5.25 – IPCA – RMPAVariação % trimestral

Discriminação Pesos1/ 2009 2010

III Tri IV Tri I Tri IITri

IPCA 100,0 0,41 0,77 2,10 0,47

Livres 73,7 0,28 0,72 2,47 0,68

Comercializáveis 35,5 -1,18 0,23 1,55 1,28

Não comercializáveis 38,2 1,71 1,19 3,34 0,12

Monitorados 26,3 0,76 0,90 1,09 -0,10

Principais itens

Alimentação 23,1 -0,76 0,63 3,81 -0,55

Habitação 14,2 1,48 0,31 1,16 0,15

Artigos de residência 4,8 -0,38 -0,47 2,14 1,60

Vestuário 7,3 -0,38 2,34 -0,60 2,35

Transportes 18,0 0,51 1,41 2,25 -0,20

Saúde 10,7 0,63 0,26 0,83 1,61

Despesas pessoais 10,6 2,00 1,40 2,21 1,57

Educação 6,4 0,58 0,09 4,37 0,23

Comunicação 4,9 0,32 0,10 -0,14 0,19

Fonte: IBGE

1/ Referentes a junho de 2010.

600

700

800

900

1 000

1 100

1 200

1 300

1 400

Mai Ago Nov Fev2008

Mai2008

Ago Nov Fev2009

Mai

TotalCom carteiraConta própria

Fonte: IBGE1/ Média móvel trimestral, a preços de mai/09 corrigidos pelo INPC.

Gráfico 5.20 – Rendimento habitual médio real1/ –Porto Alegre

R$ R$

600

700

800

900

1 000

1 100

1 000

1 100

1 200

1 300

1 400

1 500

Mai2008

Ago Nov Fev2009

Mai Ago Nov Fev2010

Mai

Total Com carteira

Conta própria Sem carteira (eixo dir.)

R$Sem carteira

R$

Fonte: IBGE1/ Média móvel trimestral, a preços de mai/2010 corrigidos pelo INPC.

Gráfico 5.22– Rendimento habitual médio real1/ – Porto Alegre

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 87

6Inferências nacionais a partir dos indicadores regionais

Os indicadores da economia brasileira relativos ao segundo trimestre deste ano registraram a continuidade, em ritmo menor do que nos dois trimestres anteriores, do processo de expansão da atividade. As trajetórias de crescimento – evidenciando as especificidades inerentes às estruturas produtivas de cada região – apresentaram evolução distinta, na margem, em termos regionais, refletindo implicações diferenciadas em relação à evolução das demandas interna e externa.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br) aumentou 2,2% no trimestre finalizado maio, em relação ao encerrado em fevereiro, quando crescera 2,5%, no mesmo tipo de comparação, considerados dados dessazonalizados, conforme a Tabela 6.1. A desaceleração refletiu o arrefecimento observado nas variações dos indicadores relativos a quatro das cinco regiões do país, com ênfase nos recuos respectivos de 2,6 p.p. e 2,1 p.p. assinalados nos índices das regiões Norte e Sul.

O Nordeste se constituiu na única região a registrar variação do IBC-Br mais acentuada no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro. Esse dinamismo se traduziu no crescimento de 12,7% assinalado pelo IBCR-NE nos últimos doze meses encerrados em maio, em relação a igual período anterior, resultado favorecido, como reiterado nas edições anteriores deste Boletim Regional, pela influência da produção de alimentos e bebidas na estrutura industrial e das participações da administração pública e dos programas sociais na região. Na margem, a evolução do IBCR-NE refletiu, em especial, o aumento de 4,1% registrado na produção industrial.

O consumo doméstico segue exercendo papel determinante no ciclo de crescimento econômico do país, conforme evidenciado, na Tabela 6.2, pela trajetória das vendas varejistas. Nesse sentido, estas vendas cresceram, no país, 2,4% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, quando haviam se elevado 2,9%, no

Tabela 6.2 – Índice de volume de vendas

Brasil e regiões1/

Variação percentual

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Comércio ampliado

Brasil 4,5 4,1 2,1 2,4 4,4

Norte 3,1 4,0 2,6 2,5 5,9

Nordeste 4,9 3,9 2,7 1,9 6,5

Sudeste 4,5 3,4 3,1 2,4 3,0

Sul 3,7 2,0 4,7 2,3 2,9

Centro-Oeste 3,8 3,8 4,2 3,1 4,3

Comércio varejista

Brasil 1,7 2,8 2,9 2,9 2,4

Norte 1,5 2,9 4,1 4,5 4,7

Nordeste 3,9 2,7 2,5 3,3 4,3

Sudeste 1,1 2,9 2,8 3,0 2,2

Sul 2,0 2,1 2,2 3,6 0,9

Centro-Oeste 0,8 2,5 4,2 5,5 2,1

Fonte: IBGE e BCB

1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal.

Tabela 6.1 – Índice de Atividade Banco Central – IBC

Brasil e regiões1/

%

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Brasil 2,0 2,3 3,0 2,5 2,2

Norte -1,3 3,0 2,9 4,2 1,6

Nordeste 0,4 1,8 2,3 3,2 3,3

Sudeste 2,1 2,2 2,8 3,0 1,3

Sul 0,8 1,6 2,4 3,9 1,8

Centro-Oeste 0,5 2,3 0,9 3,2 1,4

Fonte: BCB

1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal.

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88 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

mesmo tipo de comparação, segundo dados dessazonalizados. Assinale-se que o arrefecimento observado no período refletiu movimentos semelhantes ocorridos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, contrastando com o aumento do dinamismo assinalado no Norte e Nordeste, regiões que registram também as maiores expansões, de 10,2% e 10,1%, respectivamente, da atividade varejista nos últimos doze meses. Ressalte-se que este comportamento reflete tanto os impactos dos programas sociais quanto o efeito da expansão do crédito, registrados nestas regiões.

A evolução das operações de crédito no trimestre encerrado em maio, observada na Tabela 6.3, esteve impulsionada, em especial, pelo aumento de 5,5% assinalado no segmento de pessoas físicas. Em doze meses, o crescimento do crédito destinado às famílias atingiu 22,3%, enquanto o saldo das operações destinadas às empresas cresceu 18,4%.

A expansão do crédito no país seguiu liderada pelos aumentos das contratações no Nordeste, que atingiram 7,2% no trimestre e 36,7% em doze meses, destacando-se, nos dois períodos, os acréscimos nos saldos dos repasses realizados pelo BNDES e nas modalidades de empréstimos consignados, financiamentos de veículos e crédito habitacional. A região Norte apresentou a segunda maior variação do crédito no trimestre, 5,5%, com ênfase para os desempenhos das modalidades microcrédito e financiamentos imobiliários-empreendimentos, exceto habitacional, e nas operações contratadas pela atividade do comércio. No Sudeste, responsável por 57% do total de crédito no país, o aumento trimestral atingiu 3,7%, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste registraram crescimentos respectivos de 4,6% e 3,3%, o último evidenciando a relativa retração na renda agrícola.

Ressalte-se que a expansão moderada, porém sustentada, dos estoques de crédito vem ocorrendo em contexto de redução da inadimplência, que se situou em 3,2% em maio, decrescendo 0,3 p.p. no trimestre, conforme assinalado na Tabela 6.4. Registraram-se, no período, recuos mais expressivos no segmento do crédito às famílias, em especial no Centro-Oeste e no Nordeste.

Refletindo o crescimento robusto da demanda doméstica, a produção da indústria geral aumentou 4,3% no trimestre finalizado em maio, em relação ao encerrado em fevereiro, representando o quinto resultado positivo em sequência nesse tipo de comparação, conforme observado na Tabela 6.5. Os desempenhos mais expressivos ocorreram

Tabela 6.3 – Operações de crédito do SFN1/

Maio de 2010

R$ bilhões

Discriminação Saldo Variação percentual (%)

PJ PF Total Trimestre 12 meses

PJ PF Total PJ PF Total

Brasil 786 550 1.336 3,4 5,5 4,3 18,4 22,3 20,0

Norte 23 25 48 5,0 5,9 5,5 18,4 24,4 21,4

Nordeste 87 72 158 7,1 7,2 7,2 43,6 29,3 36,7

Sudeste 490 270 761 2,6 5,5 3,7 17,7 22,4 19,3

Sul 132 113 246 4,5 4,8 4,6 11,6 21,0 15,7

Centro-Oeste 53 70 123 1,9 4,3 3,3 9,7 17,2 13,8

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil.

Tabela 6.4 – Inadimplência do crédito do SFN1/

Maio de 2010

Discriminação Inadimplência Variação em p.p.

PJ PF Total Trimestre 12 meses

PJ PF Total PJ PF Total

Brasil 2,1 4,8 3,2 -0,3 -0,4 -0,3 -0,3 -0,7 -0,5

Norte 3,6 6,0 4,8 -0,6 -0,2 -0,4 0,4 -0,6 0,0

Nordeste 2,4 5,7 3,8 -0,2 -0,4 -0,3 -0,6 -1,2 -1,0

Sudeste 2,0 4,7 2,9 -0,3 -0,3 -0,3 -0,4 -1,1 -0,6

Sul 2,3 4,0 3,0 -0,3 -0,3 -0,3 0,0 -0,2 0,0

Centro-Oeste 2,5 5,1 3,9 -0,4 -0,9 -0,6 -0,5 0,2 -0,1

1/ Operações com saldo superior a R$5 mil com pelo menos uma parcela em

atraso superior a 90 dias.

Tabela 6.5 – Produção física da indústria

Brasil e regiões1/

%

Discriminação Peso2/ 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Brasil 100,0 4,9 4,3 5,2 2,0 4,3

Norte 5,9 -3,4 6,9 5,0 7,6 1,9

Nordeste 9,5 0,0 2,7 5,1 3,5 4,1

Sudeste 62,7 5,4 4,8 5,3 2,5 2,4

Sul 18,5 4,4 0,9 5,2 2,9 6,0

Centro-Oeste 3,5 0,2 11,1 -3,1 11,0 3,4

Fonte: IBGE e BCB

1/ Variação do trimestre em relação ao anterior; séries com ajuste sazonal.

2/ Participação no Valor da Transformação Industrial (VTI) em 2007.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 89

nas regiões Sul, 6%, impulsionado principalmente pelo aumento na demanda de livros e impressos didáticos, e no Nordeste, 4,1%, refletindo o maior dinamismo do setor sucroalcooleiro.

Os indicadores do mercado de trabalho formal revelaram aumento expressivo na geração de postos no trimestre encerrado em maio, evidenciado na Tabela 6.6, consistente com a retomada da atividade assinalada na economia brasileira. De acordo com o Caged/MTE, foram contratados 869,5 mil trabalhadores no país, no período, ante 272,6 mil em igual período do ano anterior, dos quais 301,4 mil no setor de serviços e 226,8 mil na indústria, com ênfase na participação da região Sudeste, responsável por 66% das contratações nesses segmentos, no período.

Refletindo a ampliação da demanda por mão-de-obra, a taxa média de desemprego do país, divulgada pela PME do IBGE e expressa na Tabela 6.7, recuou 1,5 p.p., para 7,4%, no período de doze meses encerrado em maio. Esse resultado refletiu os recuos assinalados nas regiões Sudeste, 1,7 p.p.; Nordeste, 1 p.p.; e Sul, 0,9 p.p.

O crescimento expressivo da economia brasileira segue impactando os resultados da balança comercial, que traduziram o ritmo mais acentuado de expansão das importações em relação ao experimentado pelas exportações. Nesse cenário, o superávit comercial recuou 43,8% no primeiro semestre de 2010, em relação a igual período de 2009, conforme se observa na Tabela 6.8. Excetuando-se o crescimento de 92,9% assinalado no saldo comercial do Sudeste, favorecido pelos aumentos representativos observados nas exportações de produtos básicos, 69,2%, em especial de petróleo em bruto, e de semimanufaturados, 52,3%, com ênfase nos embarques de ferro-ligas, registraram-se recuos generalizados nos resultados comerciais das demais regiões. Nesse sentido, assinalem-se as contribuições acentuadas das elevações respectivas de 76,5% e 62,2% nas importações do Nordeste e do Norte para a reversão dos saldos comerciais destas regiões, que vêem registrando as elevações recentes de IBCR mais intensas.

A inflação registrou desaceleração no trimestre encerrado em junho, em relação ao finalizado em março, movimento que refletiu, principalmente, os efeitos de fatores sazonais relacionados ao grupo alimentação (Tabela 6.9). Excetuada a aceleração de 0,10 p.p. registrada no Centro-Oeste, o arrefecimento da inflação foi observado em todas as regiões do país, e de modo mais intenso no Norte, comportamento que refletiu, em parte, a maior participação

Tabela 6.8 – Balança comercial regional FOB

Média diária – Janeiro-junho

US$ milhões

Região Exportações Importações Saldo

2009 2010 2009 2010 2009 2010

Total 573,4 725,1 459,4 661,1 114,0 64,0

Norte 39,5 43,6 28,4 46,0 11,1 -2,5

Nordeste 41,7 62,7 35,8 63,2 5,9 -0,5

Sudeste 294,6 404,7 277,8 372,3 16,8 32,4

Sul 128,2 139,5 88,6 140,6 39,6 -1,1

Centro-Oeste 60,2 64,3 28,5 38,5 31,6 25,7

Outros1/ 9,2 10,3 0,3 0,4 8,9 10,0

Fonte: MDIC/Secex

1/ Referem-se a operações não classificadas regionalmente.

Tabela 6.6 – Geração de postos de trabalho1/

Mil

Discriminação 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Brasil 272,6 500,0 730,3 -24,3 869,5

Norte 0,1 35,2 37,3 -1,4 30,0

Nordeste -51,1 130,1 204,9 5,0 55,3

Sudeste 249,4 243,4 318,3 -53,2 570,0

Sul 32,5 54,7 149,6 29,4 145,9

Centro-Oeste 41,7 36,5 20,2 -4,1 68,4

Fonte: MTE

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês indicado.

Tabela 6.7 – Taxa de desemprego%

Discriminação1/ 2009 2010

Mai Ago Nov Fev Mai

Brasil 7,9 8,7 7,5 7,1 7,4

Nordeste 7,9 8,7 7,5 7,1 7,4

Sudeste 10,1 11,3 10,4 10,0 10,4

Sul 7,9 8,5 7,3 6,9 7,1

Fonte: IBGE

1/ Média do trimestre encerrado no mês.

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90 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

do grupo alimentação na composição do índice local e o esgotamento de impactos sobre os preços monitorados. A aceleração trimestral dos preços no Centro-Oeste refletiu, fundamentalmente, o impacto do crescimento de 0,53% nos preços monitorados, que haviam recuado 1,44% no trimestre encerrado em março, sensibilizado pelos aumentos nos itens taxa de água e esgoto e produtos farmacêuticos.

Tabela 6.9 – IPCA

Variação trimestral1/

%

Discriminação Peso 2009 2010

Mar Jun Dez Mar Jun

IPCA

Brasil 100,0 1,24 1,32 1,06 2,06 1,00

Norte 4,2 1,69 1,12 1,25 2,90 0,92

Nordeste 14,8 1,01 1,48 1,01 1,88 1,38

Sudeste 57,6 1,39 1,16 1,09 2,23 0,98

Sul 16,3 1,00 1,75 0,89 1,95 0,74

Centro-Oeste 7,1 0,74 1,46 1,35 0,93 1,03

Livres

Brasil 1,26 1,43 0,95 2,47 1,18

Norte 1,78 1,25 1,54 2,98 0,90

Nordeste 0,77 1,15 1,10 2,40 1,38

Sudeste 1,51 1,46 0,95 2,46 1,19

Sul 0,90 1,88 0,75 2,64 1,03

Centro-Oeste 0,90 1,16 1,03 1,98 1,24

Monitorados

Brasil 1,17 1,04 1,34 1,11 0,58

Norte 1,44 0,77 0,43 2,68 1,00

Nordeste 1,63 2,25 0,80 0,67 1,37

Sudeste 1,13 0,47 1,43 1,71 0,52

Sul 1,25 1,41 1,27 0,16 -0,02

Centro-Oeste 0,39 2,13 2,09 -1,44 0,53

Fonte: IBGE e BCB

1/ Refere-se ao trimestre encerrado no mês indicado.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 91

Expansão do Crédito Habitacional

O cenár io de maior es tab i l idade macroeconômica observado na economia brasileira nos últimos anos tem favorecido a intensificação das operações de crédito com prazos mais longos, a exemplo dos financiamentos habitacionais. A demanda nesse segmento apresentou expansão expressiva a partir de 2006, consistente com o crescimento da renda pessoal e com os recuos experimentados pelas taxas de inflação e de juros, contribuindo para a aceleração da construção civil1 e para a redução do déficit habitacional brasileiro. Nesse contexto, este boxe analisa a evolução recente do crédito habitacional, com ênfase em seus aspectos regionais.

A evolução da construção habitacional nos últimos anos refletiu, em grande parte, as mudanças institucionais implementadas em 20042, com o intuito de reverter a estagnação do setor. Resumidamente, adotaram-se medidas alterando o arcabouço jurídico, com destaque para: i) a criação do patrimônio de afetação para as incorporações imobiliárias, resguardando os mutuários em casos de insolvência e falência das incorporadoras; ii) a introdução da alienação fiduciária, instrumento que reduz o prazo de recuperação do imóvel inadimplente; e iii) a desoneração tributária do setor.

Essas medidas, associadas ao ciclo de expansão econômica, contribuíram para a retomada dos financiamentos habitacionais e impulsionaram novamente a atividade no setor. As concessões no âmbito do Sistema Brasileiro de Poupança e

1/ A construção residencial é responsável por cerca de 20% da atividade no setor, segundo dados da Pesquisa Anual da Construção (PAC).2/ Para maiores detalhes, ver boxe Operações de Financiamento Habitacional – Evolução Recente, publicado no Relatório de Inflação de dezembro

de 2006.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

Jan 2004

Jul Jan 2005

Jul Jan 2006

Jul Jan 2007

Jul Jan 2008

Jul Jan 2009

Jul Jan 2010

Gráfico 1 – Evolução das concessões de crédito no âmbito do SBPE1/

R$ bilhões

1/ Em R$ de abril de 2010. Dados deflacionados pelo IPCA.

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Empréstimo (SBPE)3 cresceram, principalmente a partir de 2006, acompanhando o maior dinamismo da economia. O volume dessas operações, após recuar no segundo semestre de 2008, em resposta ao agravamento da crise financeira internacional, registrou recuperação a partir do segundo trimestre de 2009, conforme evidenciado no Gráfico 1, assinalando, neste ano, aumento real anual de 8,2%. Considerando períodos de 12 meses, o volume contratado em abril de 2010 atingiu R$41,2 bilhões, registrando aumento real de 931% em relação a 2004.

Refletindo o crescimento das concessões, o estoque total de crédito habitacional4, expresso no Gráfico 2, aumentou 318% de dezembro de 2004 a maio de 2010, quando atingiu R$107,7 bilhões. Ressalte-se que estas operações, em contraste ao observado no mercado de crédito em geral, não foram impactadas de forma intensa pelos desdobramentos da crise internacional, conforme observado no Gráfico 3.

O comportamento da inadimplência se constituiu em aspecto determinante para a expansão do crédito habitacional, no período. As alterações de ordem jurídicas mencionadas, conferindo proteção aos credores e restabelecendo a confiança das instituições nessa modalidade de crédito, e o aumento do fluxo de operações favoreceram a redução da inadimplência nos financiamentos habitacionais, de 6,2%, em dezembro de 2004, para 1,8% em maio de 2010.

Nesse cenário, a relação entre o volume do crédito habitacional e o Produto Interno Bruto (PIB) passou de 1,3%, em dezembro de 2004, para 3,3% em maio de 2010, mas mantendo-se, considerados dados de 2008, em patamar significativamente inferior ao registrado em economias maduras, a exemplo de Holanda, 99%; EUA, 73%; Espanha, 62%; França, 36%; e Itália, 20%, conforme

3/ Inclui os financiamentos com recursos da caderneta de poupança para construção e aquisição, contratados por pessoas físicas ou jurídicas. O SBPE, criado em 1964 no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), consiste na estrutura normativa que orienta o direcionamento dos recursos captados pelas instituições financeiras em depósitos de caderneta de poupança para financiamento da habitação. As regras são definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

4/ Inclui as operações de financiamento habitacional pactuadas com pessoas físicas ou com cooperativas habitacionais, lastreadas em recursos livres e direcionados, compreendendo, nesse segmento, operações com recursos da caderneta de poupança (SBPE) e com recursos do FGTS. Não inclui as operações de financiamento a pessoas jurídicas (construtoras) com recursos da caderneta de poupança e as operações do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV).

25,8 29,135,7

45,9

63,3

91,9

107,7

0

20

40

60

80

100

120

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010** Saldo em maio.

Gráfico 2 – Saldo de crédito habitacionalR$ bilhões

0

15

30

45

60

Mai2004

Nov Mai2005

Nov Mai2006

Nov Mai2007

Nov Mai2008

Nov Mai2009

Nov Mai2010

Habitacional Total do setor privado

Gráfico 3 – Crédito ao setor privado e à habitaçãoVariação % do saldo em 12 meses

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assinalado no Gráfico 4. Mesmo considerando países em desenvolvimento, a relação entre os financiamentos habitacionais e o PIB no Brasil situa-se, adicionalmente, em nível inferior aos observados na África do Sul, 42%; Malásia, 32%; Colômbia, 20%; e Chile, 19%.

Em termos regionais, conforme assinalado na Tabela 1, a expansão registrada pelo crédito habitacional de dezembro de 2004 a abril de 2010 foi mais intensa no Norte, onde a variação média anual atingiu 42,6% no período, seguindo-se os desempenhos das regiões Centro-Oeste, 38,2%, e Nordeste, 34,2%. A participação conjunta dessas regiões no total das concessões efetivadas no âmbito do SBPE, evidenciando o processo de desconcentração regional do crédito, passou de 9,2%, em 2004, para 24,7%, no período de doze meses encerrado em abril de 2010. Ressalte-se que a ampliação dos financiamentos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, registrada no Gráfico 5, mostra-se essencial para a redução da carência habitacional regional. Segundo dados do Ministério das Cidades5, aproximadamente 63% do déficit habitacional do País, estimado em 5,9 milhões de residências em 2008, localizavam-se nessas três regiões, que abrigam 43,1% da população nacional.

A redução na inadimplência das carteiras de crédito habitacional vem sendo observada em todas as regiões do país. Conforme ilustrado no Gráfico 6, os percentuais de atrasos superiores a noventa dias relativos às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste recuaram de 12,7%, 11,9% e 8,1%, respectivamente, em dezembro de 2004, para 3,5%, 2,6% e 2,1%, em maio de 2010. As taxas de inadimplência referentes às regiões Sul e Sudeste mantiveram-se no patamar mais reduzido, alcançando 1,8% e 1,6%, respectivamente, em maio de 2010.

Em termos de unidades habitacionais, 328 mil residências foram financiadas com recursos da poupança6 no período de doze meses encerrado em abril de 2010, equivalendo a 5,6% do déficit

5/ Ministério das Cidades. Estimativa de déficit habitacional no Brasil em 2008: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/secretaria-de-habitacao/biblioteca/publicacoes-e-artigos/deficit-estimativa.

6/ Os dados referem-se apenas aos financiamentos para aquisição de residências com recursos da poupança, uma vez que não existe esse tipo de estatística para as demais opções de financiamentos

RússiaBrasilArgentinaTurquiaMéxicoChileItáliaFrançaAlemanhaEspanhaIrlanda

1,6 2,1 2,4 616 19 20 20

32 3642 46

58 6273

95 99

0

20

40

60

80

100

120

Argentina

Brasil

Rússia

Índia

Polônia

Chile

Itália

Colôm

bia

Malásia

França

África do S

ul

Alem

anha

Canadá

Espanha

EU

A

Dinam

arca

Holanda

Gráfico 4 - Crédito habitacional / PIB - 2008%

Fonte: Abecip

Tabela 1 – Crédito habitacional por regiões1/

Discriminação N NE CO SE S

Saldo – R$ bilhões

2004 0,3 2,3 1,6 15,9 4,5

20102/ 2,2 11,2 9,1 57,2 19,6

Variação anual – %

Média no período3/ 42,6 34,2 38,2 26,7 31,3

20102/ 71,7 59,0 61,3 46,7 50,8

Distribuição do crédito nas regiões – %

2005 1,3 9,3 6,4 64,7 18,3

20102/ 2,2 11,3 9,2 57,6 19,7

Inadimplência4/

2004 12,7 11,9 8,1 5,3 5,2

20102/ 3,5 2,6 2,1 1,6 1,8

Crédito habitacional / PIB da região

2004 0,3 0,9 0,9 1,5 1,3

20075/ 0,5 1,2 1,4 1,7 1,8

1/ Operações com pessoas físicas com valor igual ou superior a R$5 mil.

2/ Saldo e inadimplência de maio de 2010. Var. anual em relação a maio de 2009.

3/ Taxa média de crescimento anual do período de 2005 a 2010.

4/ Percentual da carteira com atraso superior a 90 dias.

5/ Último dado disponível de PIB Regional.

0

5

10

15

20

25

30

0

1

2

3

4

5

6

7

Jan2006

Jul Jan2007

Jul Jan2008

Jul Jan2009

Jul Jan2010

Abr

N NE CO S SE

Gráfico 5 – Evolução das concessões de crédito habitacional no âmbito do SBPE1/

R$ bilhões SE - R$ bilhões

1/ Em reais de abril /2010, deflacionados pelo IPCA e acumulados em 12 meses.

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habitacional do país registrado em 2008, último dado disponível, e segmentado por região no Gráfico 7. Regionalmente, os financiamentos contratados nos últimos doze meses no Norte e Nordeste atenderam, na ordem, a 1,4% e 1,8% das necessidades locais, enquanto os registrados no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste representaram 11,1%, 11% e 7,8% dos respectivos déficits habitacionais. Considerando os últimos 5 anos, foram financiadas mais de 1 milhão de residências com recursos do SBPE, equivalente a 17,8% do déficit de 2008.

As operações imobiliárias do Sistema Financeiro Nacional (SFN) realizadas com recursos livres, isto é, fora do âmbito do SBPE, embora representem parcela reduzida do crédito ao setor, registraram crescimento de 392% de dezembro de 2004 a maio de 2010, conforme expresso no Gráfico 8. O volume das novas concessões aumentou, em termos reais, 967% no período, refletindo o interesse das instituições financeiras em ampliar a participação desses empréstimos nas respectivas carteiras de crédito, tendo em vista que o caráter de longa maturação destas operações facilita a fidelização do cliente.

Ressalte-se ainda, no conjunto de fatores responsáveis pelo maior dinamismo da construção residencial, o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), lançado em 2009, para estimular o setor e diminuir o déficit habitacional. Esse programa prevê investimentos do governo federal e do FGTS de até R$36 bilhões para financiamentos de empreendimentos imobiliários, visando atender às necessidades de habitação da população de baixa renda (Tabela 2). Vale mencionar que embora o programa PMCMV seja gerido pela Caixa Econômica Federal (CEF), os empréstimos contratados em seu âmbito não fazem parte da carteira de crédito da Caixa, não imputando risco de inadimplência à instituição financeira.

Em termos regionais, considerando informações divulgadas pela CEF, o PMCMV objetiva a construção de 1 milhão de unidades residenciais, das quais 51,6% nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Ressalte-se que, considerados dados até 30 de junho, o programa havia atingido 52,1% da meta, registrando-se o maior percentual

0

2

4

6

8

10

12

14

Dez 2004

Jun 2005

Dez Jun 2006

Dez Jun 2007

Dez Jun 2008

Dez Jun 2009

Dez Mai 2010

N NE CO SE S

Gráfico 6 – Inadimplência no crédito habitacional % da carteira com atraso superior a 90 dias

BrasilNNECOSES

0,8

2,5

0,4

1,7

0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

N NE CO SE S

Gráfico 7 – Défict habitacionalMilhões de unidades – 2008

Fonte: Ministério das Cidades

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Jan 2005

Jul Jan 2006

Jul Jan 2007

Jul Jan 2008

Jul Jan 2009

Jul Jan 2010

Saldo Concessões

Gráfico 8 – Financiamento habitacional com recursos livres1/

R$ bilhões

1/ Concessões deflacionadas pelo IPCA e acumuladas em 12 meses.

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na região Sul, 80,8%, e o mais reduzido no Norte, 29,6%. Nas demais regiões, os percentuais de cumprimento da meta atingiram 44,2% no Nordeste, 53,3% no Sudeste, e 68,1% no Centro-Oeste. As unidades financiadas no PMCMV correspondem a 8,8% do déficit de moradias registrado no país em 2008.

Em síntese, o crescimento do setor da construção habitacional reflete as condições de financiamento mais adequadas, tanto do ponto de vista do credor, como do tomador de crédito, aliadas à significativa carência de habitações no país. Os desdobramentos do aumento da renda e da estabilidade macroeconômica sobre os níveis de confiança dos consumidores exerceram função relevante para o desenvolvimento desse tipo de empreendimento, tendo em vista que habilitam maior número de tomadores e elevam a parcela de renda que o mutuário está disposto a comprometer. Adicionalmente, o PMCMV objetiva atender as demandas da população de menor renda, através de subsídios e taxas reduzidas, contribuindo para a redução do déficit habitacional em todas as regiões.

Tabela 2 – Programa Minha Casa, Minha Vida

Fontes de financiamento

Programa União FGTS Total

Subsídio para moradia 16,0 - 16,0

Subsídio em financiamentos do FGTS 2,5 7,5 10,0

Fundo Garantidor em financ. do FGTS 2,0 - 2,0

Refinanciamento de prestações 1,0 - 1,0

Seguro em financiamentos do FGTS 1,0 - 1,0

Financiamento à infraestrutura 5,0 - 5,0

Financiamento à cadeia produtiva - 1,0 1,0

Total 27,5 8,5 36,0

Fonte: CEF

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Mudanças nos Preços Relativos

Identificar a natureza da evolução dos preços se constitui em ferramenta relevante para a condução da política monetária. Nesse contexto, o objetivo deste boxe consiste em avaliar o comportamento recente1 dos preços relativos por segmentos de consumo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerando o indicador nacional, os índices agregados para as regiões Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, e o relativo à Região Metropolitana de Belém2. Os subitens que compõe o IPCA foram agrupados em bens não-duráveis, semiduráveis, duráveis, monitorados e serviços.

A evolução acumulada da variação dos preços por segmento de consumo encontra-se na Tabela 1. As pressões altistas mais acentuadas ocorreram, de forma generalizada, nos segmentos de bens não-duráveis e de serviços, contrastando com a contribuição do comportamento dos preços dos bens duráveis, que registraram redução nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e variação significativamente inferior à assinalada pelo índice geral no Nordeste e na Região Metropolitana de Belém.

A distinção entre o desempenho dos preços nos diversos segmentos resultou em alterações, no âmbito do indicador nacional, das respectivas ponderações, conforme observado no Gráfico 1. Considerando o primeiro quadrimestre de 2010, relativamente a igual período de 2008, ocorreram reduções nas representatividades dos bens duráveis e dos bens e serviços monitorados, e aumentos nas

1/ Foi considerado o período de janeiro de 2008 a junho de 2010.2/ Os consolidados das grandes regiões foram calculados a partir das informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o

IPCA das principais regiões metropolitanas, além das cidades de Brasília e Goiânia para o consolidado da Região Centro-oeste. No que se refere ao Norte, a região metropolitana de Belém é a única que faz parte da pesquisa do IBGE.

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1p.p.

CO S NE Belém SE BrFonte: IBGE

Serviços

Monitorados

Duráveis

Semi-duráveis

Não-duráveis

Gráfico 1 - Alteração no peso do IPCA por segmento de consumo: Jan/2010 - Jan/2008

Tabela 1 – Variação acumulada do IPCA:

Janeiro/2008 – junho/2010

%

Brasil Belém1/ Nordeste Sudeste Sul Centro-

Oeste

IPCA 13,88 17,08 14,10 13,95 13,45 11,91

Bens não duráveis 18,92 21,03 17,50 19,27 19,96 15,64

Bens semiduráveis 15,39 15,49 14,81 14,91 12,61 11,54

Bens duráveis -0,47 3,37 1,15 -0,10 -1,38 -2,86

Monitorados 10,00 14,41 10,55 11,02 7,45 7,95

Serviços 18,54 19,23 20,01 17,24 20,87 19,51

Fonte: IBGE e Banco Central

1/ Refere-se à Região Metropolitana de Belém.

Discriminação

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 97

relativas aos demais segmentos, em especial itens não-duráveis e serviços. As alterações mencionadas repetiram-se na análise regional, ressaltando-se que as mais acentuadas ocorreram na região Sul, onde a ponderação no IPCA dos bens duráveis recuou 1,5 p.p. e a referente aos não-duráveis aumentou 1,2 p.p., na mesma base de comparação.

A evolução dos preços relativos – definidos como a razão entre o índice de preços do segmento em questão e o IPCA reponderado, para excluir o respectivo segmento – para os índices geral e de cada região é apresentada nos Gráficos 2 a 7. Analiticamente, o preço relativo pode ser escrito como:

PRelst = IPCAst / IPCA(-st), onde:

- PRelst = preço relativo do segmento s no período t;

- IPCAst = índice de preços do segmento s no período t; e

- IPCA(-st) = índice de preços no período t, exclusive o segmento s.

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

Jan2008

Jun Jan2009

Jun Jan2010

Jun

Não-duráveis Semi-duráveisDuráveis MonitoradosServiçosFonte: IBGE

Gráfico 2 – Preços relativos – IPCA Brasil

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

Jan2008

Jun Jan2009

Jun Jan2010

Jun

Não-duráveis Semi-duráveis

Duráveis Monitorados

ServiçosFonte: IBGE

Gráfico 3 – Preços relativos – IPCA Sudeste

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

Jan2008

Jun Jan2009

Jun Jan2010

Jun

Não-duráveis Semi-duráveis

Duráveis Monitorados

ServiçosFonte: IBGE

Gráfico 4 – Preços relativos – IPCA Belém

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

Jan2008

Jun Jan2009

Jun Jan2010

Jun

Não duráveis Semiduráveis

Duráveis Monitorados

ServiçosFonte: IBGE

Gráfico 5 – Preços relativos – IPCA Nordeste

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O comportamento dos preços relativos de bens não duráveis apresentou tendência de alta generalizada no primeiro semestre de 2008, evidenciando o impacto do aumento dos preços internacionais das principais commodities agrícolas e de seu repasse para os preços dos alimentos. No período de agravamento da crise financeira internacional, esses preços relativos mantiveram-se praticamente constantes, e registram nova tendência crescente no início de 2010, em especial, na Região Centro-Oeste. Nesse cenário, os preços desse segmento exerceram pressão mais acentuada no IPCA relativo ao país, ao Sudeste, ao Sul e à Região Metropolitana de Belém.

Em relação aos preços relativos dos bens duráveis, a principal modificação ocorreu no período de aprofundamento dos efeitos da crise no país, no último trimestre de 2008. O impacto da redução da demanda mundial por bens duráveis se traduziu na redução desses preços em nível mais acentuado do que nos demais setores, em especial no Sul e no Centro-Oeste, enquanto na Região Metropolitana de Belém essa trajetória mostrou-se mais branda. Esse comportamento refletiu, em parte, a distinção entre a representatividade do item automóveis nessas regiões, atingindo 4,48% no Sul e 4,02% no Centro-Oeste, ante 1,03% em Belém3.

A variação média dos preços relativos no segmento de semiduráveis registrou relativa estabilidade de janeiro de 2008 a junho de 2010, apresentando ligeiro recuo na Região Metropolitana de Belém e no Sul, em contraste com expansões

3/ Os preços finais dos automóveis foram reduzidos a partir da implementação das medidas localizadas de desoneração tributária. Entre dezembro de 2008 e março de 2010, os preços de veículos novos e usados acumularam recuos respectivos de 6,07% e 13,88%, tendo em conjunto contribuído com -0,38 p.p. para o IPCA.

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

Jan2008

Jun Jan2009

Jun Jan2010

Jun

Não duráveis Semiduráveis

Duráveis Monitorados

ServiçosFonte: IBGE

Gráfico 6 – Preços relativos – IPCA Sul

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

Jan2008

Jun Jan2009

Jun Jan2010

Jun

Não duráveis Semiduráveis

Duráveis Monitorados

ServiçosFonte: IBGE

Gráfico 7 – Preços relativos – IPCA Centro-Oeste

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 99

marginais assinaladas nos indicadores relativos às demais regiões – em especial do Nordeste – e ao país.

Os preços relativos dos bens e serviços monitorados registraram trajetória decrescente generalizada, com ênfase nos recuos observados no Sul, Centro-Oeste e Nordeste, associados, em especial, à evolução – mais favorável do que as assinaladas no país – dos preços dos grupos habitação e transportes. Ressalte-se que a redução menos intensa observada no indicador relativo à Região Metropolitana de Belém evidenciou o comportamento do preço do item energia elétrica que, ao contrário das demais regiões, não passou pelo processo de revisão tarifária que, em geral, promoveu reduções nas tarifas.

A evolução dos preços relativos no segmento de serviços apresentou tendência crescente no período considerado, ressaltando-se as expansões registradas no Nordeste e no Centro-Oeste, como reflexo das elevações assinaladas nos itens cursos e empregado doméstico, que exerceram impacto mais acentuado nos indicadores dessas regiões em relação aos demais. Destaca-se, ainda, que nesse segmento ocorreu a menor dispersão entre os indicadores das regiões.

A evolução dos preços relativos na margem, considerados os trimestres encerrados em junho e em março deste ano, evidenciou a manutenção generalizada da alta dos preços nos segmentos de bens não-duráveis e de serviços. Em sentido oposto, em todas as regiões registraram-se recuos dos preços relativos nos segmentos de bens duráveis, com ênfase nas desacelerações das variações dos preços dos itens mobiliário e automóvel novo. Os monitorados evoluíram nesse mesmo sentido refletindo, sobretudo, o esgotamento de impactos de reajustes das tarifas de ônibus e de planos de saúde.

Em síntese, a trajetória dos preços dos bens duráveis exerceu a contribuição mais significativa para a desaceleração da inflação no país, no período considerado, ressaltando-se que essa tendência persiste na margem. O comportamento dos preços relativos estará condicionado, nos próximos meses,

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ao impacto do desempenho da economia global sobre os preços das commodities, e, internamente, ao efeito do esgotamento das políticas de desoneração fiscal e à trajetória da demanda e da oferta agregadas.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 101

Os acordos de refinanciamento entre os governos regionais e a União, no final da década de 1990; a publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2000; e as resoluções do Senado Federal que estabeleceram, em 2001, novos limites e condições para a dívida pública regional e para contratação de operações de crédito1, criaram as condições para a consolidação do ajuste fiscal nessa esfera do governo. Nesse cenário, em que a redução no nível de endividamento regional se fez acompanhar de alterações em sua composição, ressaltando-se o aumento dos financiamentos concedidos por instituições financeiras, o objetivo deste boxe consiste em avaliar o processo de ajuste dos governos regionais, com ênfase em suas perspectivas a médio e longo prazos e na evolução recente dos créditos mencionados.

Os governos regionais vêm registrando superávit primário acumulado em doze meses desde meados de 1998, conforme observado no Gráfico 1, atingindo 0,74% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril de 2010. Essa trajetória refletiu o impacto dos acordos de refinanciamento com a União, que previam a destinação de percentual da receita líquida dos governos regionais para o pagamento de encargos, favorecendo a sustentabilidade das finanças subnacionais.

A relação entre a dívida líquida dos governos regionais (DLR) e o PIB, expressa no Gráfico 2, registra tendência declinante desde o início de 2003, ressaltando-se que esse movimento vem ocorrendo de maneira semelhante nas esferas estadual e municipal.

1/ O Senado Federal é o Órgão responsável, segundo a Constituição Federal, por estabelecer limites e condições para o endividamento dos entes subnacionais, competência também prevista na LRF. As atuais Resoluções do Senado Federal nº 40 e 43, de 2001, disciplinam o assunto.

Evolução das Finanças dos Governos Regionais

0

0,1

0,2

0,3

-0,50

-0,20

0,10

0,40

0,70

1,00

1,30

Dez

199

8

Dez

199

9

Dez

200

0

Dez

200

1

Dez

200

2

Dez

200

3

Dez

200

4

Dez

200

5

Dez

200

6

Dez

200

7

Dez

200

8

Dez

200

9

Governos regionais Governos estaduais

Governos municipais

Gráfico 1 – Governos regionais: superávit primário1/

Acumulado em doze meses% PIB

Gov

erno

s re

gion

ais

e es

tadu

ais

Gov

erno

s m

unic

ipai

s

1/ (+) Superávit; (-) Déficit

Abr

201

0

1,5

1,7

1,9

2,1

2,3

2,5

10

12

14

16

18

20

22

24

Dez

200

1

Dez

200

2

Dez

200

3

Dez

200

4

Dez

200

5

Dez

200

6

Dez

200

7

Dez

200

8

Dez

200

9

Governos regionais Governos estaduais

Governos municipais

Gráfico 2 – Governos regionais: dívida líquida% PIB

Gov

erno

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Gov

erno

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unic

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Abr

201

0

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102 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

A relação entre a dívida consolidada líquida (DCL) e a receita corrente líquida (RCL)2 dos estados, apresentou, igualmente, retração contínua a partir de 2003, conforme assinalado no Gráfico 3, atingindo 1,12 em 2009. É relevante mencionar as diferenças acentuadas existentes entre o nível de endividamento dos estados, evidenciadas no Gráfico 4, registrando-se o mais reduzido em Roraima, 0,07, e o mais elevado no Rio Grande do Sul, 2,22, único resultado superior a 2, limite estipulado pelo Senado3.

O ajuste fiscal implantado nos estados vem-se refletindo nos indicadores de gastos com pessoal. Nesse sentido, a relação entre as despesas com pessoal do poder executivo estadual e a RCL, expressa no Gráfico 5, não se encontrava em patamar inferior ao limite máximo de 49% previsto na LRF apenas no Rio Grande do Norte e Alagoas, ao final de 2009.

2/ Este indicador foi estabelecido pelo Senado Federal para aferição dos limites do endividamento regional, e define que a dívida consolidada líquida não poderá ser superior ao dobro da receita corrente líquida. Os conceitos de dívida e receita considerados no indicador são definidos na LRF e na Resolução nº 43/2001, do Senado Federal, e apresentam diferenças em relação aos conceitos do Banco Central.

3/ A Resolução nº 43/2001, do Senado Federal, estabeleceu prazo de quinze anos, a partir de sua publicação, para a adequação dos estados ao limite de endividamento, devendo o excesso ser reduzido à razão de 1/15 a cada ano.

20

25

30

35

40

45

50

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Gráfico 5 – Poder executivo dos governos estaduais: relação entre despesas com pessoal e receita corrente líquida em 2009

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional

Gráfico 3 – Governos estaduais: relação entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente líquidaDCL/RCL

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Ror

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Pau

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e Ja

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Min

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Ala

goas

R. G

. Sul

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional

DCL/RCL

Gráfico 4 – Governos estaduais: relação entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida em 2009

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 103

O desempenho favorável experimentado pelas contas fiscais regionais a partir de 2003, expressa nas trajetórias das relações DLR/PIB e DCL/RCL, favoreceu a ampliação da capacidade de contratação de novos financiamentos pelos governos subnacionais, movimento evidenciado, na Tabela 1, pela evolução da composição das dívidas regionais.

Nesse sentido, a participação da dívida bancária, que concentra a maior parte dos financiamentos realizados após os acordos assinados com a União, passou de 2,6%, ao final de 2001, para 4,8% em abril de 2010, com ênfase na liberação líquida de R$5,3 bilhões em empréstimos bancários, de janeiro de 2008 a abril de 2010 (Tabela 2). No mesmo período, as contratações de dívida externa somaram R$1,8 bilhão e as amortizações renegociadas com a União, R$72 bilhões.

A análise segmentada por regiões4 revela que a dívida bancária do Norte registrou aumento de 218% no biênio encerrado em 2009, seguindo-se os crescimentos observados no Centro-Oeste, 155%, e no Nordeste, 144%. O crescimento da dívida bancária acentuou-se em todas as regiões, em 2009, ressaltando-se a expansão anual de 147,1% registrada no Norte.

O exame da relação entre a DCL e a RCL dos estados ao final de 2009 revela – considerados o valor da relação e o limite máximo estipulado pelo Senado – possibilidade de ampliação de R$275 bilhões em novas contratações de crédito, valor correspondente a 67% da dívida líquida dos governos regionais em abril de 2010.

4/ Considerados os estados e uma amostra de 396 municípios, distribuídos entre todos os estados.

Tabela 1 – Governos regionais: composição da

dívida líquida

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20101/

Composição da dívida líquida (R$ bilhões)

Reneg. 238 291 315 351 355 367 385 425 414 422

Banc. 6 7 7 9 10 10 11 12 19 20

Ext. 13 21 19 19 15 14 12 19 16 17

Créd. -27 -26 -25 -27 -29 -28 -35 -41 -43 -47

Total 230 293 317 351 350 364 373 415 406 411

Composição da dívida líquida (Participação percentual - %)

Reneg. 103,6 99,3 99,6 99,9 101,3 101,0 103,1 102,4 101,8 102,7

Banc. 2,6 2,3 2,3 2,6 2,8 2,8 2,9 3,0 4,7 4,8

Ext. 5,7 7,3 6,0 5,3 4,3 4,0 3,3 4,5 4,0 4,0

Créd. -11,8 -8,9 -7,9 -7,8 -8,4 -7,8 -9,3 -9,9 -10,5 -11,5

1/ Posição de abril.

Tabela 2 – Evolução da dívida regional

R$ bilhões

Tipo 2007 2008 2009 2010

de Saldo Fluxos Saldo Fluxos Saldo Fluxos Saldo

dívida Prim. Juros Ajustes Prim. Juros Ajustes Prim. Juros Ajustes

Renegociadas 385,0 -29,8 68,5 1,3 425,0 -31,3 20,1 0,0 413,8 -10,9 19,4 0,0 422,3

Bancária 10,8 0,6 1,1 0,0 12,5 4,5 1,2 0,8 19,0 0,3 0,5 0,0 19,8

Externa 12,3 0,6 0,5 5,2 18,6 1,4 0,6 -4,1 16,4 -0,1 0,1 0,1 16,6

Créditos -34,9 -1,8 -4,3 0,0 -41,0 4,3 -2,9 -3,2 -42,9 -2,0 -1,1 -1,4 -47,3

Total 373,3 -30,6 65,8 6,4 415,0 -21,0 18,9 -6,5 406,4 -12,8 19,0 -1,2 411,4

Tabela 3 – Dívida bancária dos governos regionais

por região1/

R$ milhões

2007 (A)

2008 (B)

2009 (C)

(B/A) %

(C/B) %

(C/A) %

Região Norte 1 044 1 344 3 320 28,8 147,1 218,2

Região Nordeste 2 206 2 641 5 383 19,7 103,8 144,0

Região Centro-Oeste 312 440 796 41,0 80,7 154,8

Região Sudeste 3 744 4 581 6 647 22,4 45,1 77,6

Região Sul 1 571 1 721 2 347 9,6 36,4 49,4

1/ Inclui os governos estaduais e seus principais municípios.

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104 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

Existem, no entanto, outras restrições às contratações de operações de crédito pelos governos regionais, a exemplo do limite de comprometimento de suas receitas com o pagamento de dívidas, fixado em 11,5%5. Esse limite, considerando as posições de final de 2009, possibilitava que os pagamentos anuais da dívida dos estados6 aumentassem R$4 bilhões em 2010, representando expansão de 13% em relação aos pagamentos efetuados no ano anterior. Considerando-se, a título de exemplo, prazo médio de 10 anos para novas contratações, a margem disponível para endividamento dos governos estaduais atingiria R$40 bilhões.

Vale ressaltar que o crescimento registrado pela dívida bancária regional após a publicação da LRF – que impede que a União assuma e refinancie dívida regional – vem ocorrendo em ambiente de maior seletividade nas concessões por parte dos agentes financeiros. Nesse cenário, a adequação das contas fiscais dos estados e municípios aos níveis de endividamento vem consolidando as condições para a ampliação de sua dívida bancária, tornando-se importante instrumento para a ampliação dos financiamentos e dos investimentos públicos. Deve-se ponderar, entretanto, o risco da concentração desses novos financiamentos no âmbito de instituições financeiras oficiais.

5/ Conforme art. 7º da Resolução 43/2001.6/ Adotou-se, como referência, os pagamentos das dívidas renegociadas em 2009.

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 105

Banco Central do Brasil

Representações Regionais do Departamento Econômico do Banco Central do Brasil

Apêndice

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 107

Banco Central do Brasil

PresidenteHenrique de Campos Meirelles

Diretor de Política EconômicaCarlos Hamilton Vasconcelos Araujo

Chefe do Departamento EconômicoAltamir Lopes

Representações Regionais do Departamento Econômico

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em São Paulo

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Belém

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Fortaleza

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Recife

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Salvador

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Belo Horizonte

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica no Rio de Janeiro

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Curitiba

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Porto Alegre

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108 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

Representações Regionais do Departamento Econômico do Banco Central do Brasil

Gerência Técnica de Estudos Econômicos em São Paulo Av. Paulista, 1804 – Bela VistaChefe: José Benedito de Zarzuela Maia Caixa Postal 8.984 01310-922 – São Paulo (SP) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Belém Boulevard Castilhos França, 708 – CentroChefe de Equipe: Irene Guedes Paiva Caixa Postal 651 66010-020 – Belém (PA) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Fortaleza Av. Heráclito Graça, 273 – CentroChefe de Equipe: Henrique Jorge Medeiros Marinho Caixa Postal 891 60140-061 – Fortaleza (CE) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Recife Rua da Aurora, 1259 – Santo AmaroChefe de Equipe: Fernando de Aquino Fonseca Neto Caixa Postal 1.445 50040-090 – Recife (PE) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Salvador Av. Anita Garibaldi, 1.211 – OndinaChefe de Equipe: Itamar Marins da Silva Caixa Postal 44 40210-901 – Salvador (BA) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Belo Horizonte Av. Álvares Cabral, 1.605 – Santo AgostinhoChefe de Equipe: Rodrigo Lage de Araújo Caixa Postal 887 30170-001 – Belo Horizonte (MG) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica no Rio de Janeiro Av. Presidente Vargas, 730 – CentroChefe de Equipe: Maurício Botelho Ribeiro Caixa Postal 495 20071-900 – Rio de Janeiro (RJ) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Curitiba Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro CívicoChefe de Equipe: Vanderléia Centenaro Caixa Postal 1.408 80530-914 – Curitiba (PR) E-mail: [email protected]

Núcleo Regional de Pesquisa Econômica em Porto Alegre Rua 7 de setembro, 586 – CentroChefe de Equipe: Vera Maria Schneider Caixa Postal 919 90010-190 – Porto Alegre (RS) E-mail: [email protected]

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Julho 2010 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | 109

Siglas

ACSP Associação Comercial de São PauloBM&FBOVESPA BM&FBOVESPA S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e FuturosBNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialCaged Cadastro Geral de Empregados e DesempregadosCEF Caixa Econômica FederalCMN Conselho Monetário NacionalConab Companhia Nacional de AbastecimentoCondepe/Fidem Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de PernambucoDCL Dívida consolidada líquidaDeral Departamento de Economia RuralDLR Dívida líquida dos governos regionaisEmater/RS Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão RuralESALQ Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"EUA Estados Unidos da AméricaFecomércio Minas Federação do Comércio do Estado de Minas GeraisFecomercio SP Federação do Comércio do Estado de São PauloFecomércio-CE Federação do Comércio do Estado do CearáFenabrave Federação Nacional da Distribuição de Veículos AutomotoresFGV Fundação Getulio VargasFieam Federação das Indústrias do Estado do AmazonasFiec Federação das Indústrias do Estado do CearáFieg Federação das Indústrias do Estado de GoiásFiemg Federação das Indústrias do Estado de Minas GeraisFiep Federação das Indústrias do Estado do ParanáFiepe Federação das Indústrias do Estado de PernambucoFiergs Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do SulFiesp Federação das Indústrias do Estado de São PauloIBC-Br Índice de Atividade Econômica do Banco Central – BrasilIBCR Índice de Atividade Econômica Regional IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaICC Índice de Confiança do ConsumidorICCBH Índice de Confiança do Consumidor de Belo HorizonteIceb Indicador de Confiança do Empresariado BaianoIcei Índice de Confiança do Empresário Industrial IDI Índice de Desempenho IndustrialIepe Centro de Estudos e Pesquisas EconômicasINC Índice Nacional de ConfiançaIndi Instituto de Desenvolvimento Industrial do CearáIPA-OG Índice de Preços por Atacado – Oferta Global

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110 | Boletim Regional do Banco Central do Brasil | Julho 2010

Ipardes Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e SocialIPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor AmploIpead Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas GeraisIpece Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do CearáIPI Imposto sobre Produtos IndustrializadosLCD Dispositivos de cristais líquidosLRF Lei de Responsabilidade FiscalLSPA Levantamento Sistemático da Produção AgrícolaMapa Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoMDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorMTE Ministério do Trabalho e EmpregoNuci Nível de Utilização da Capacidade Instaladap.p. Pontos percentuaisPAC Pesquisa Anual da ConstruçãoPEA População Economicamente AtivaPEP Prêmio de Escoamento de ProdutoPET Politereftalato de etilenoPIB Produto Interno BrutoPimes Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e SalárioPIM-PF Pesquisa Industrial Mensal – Produção FísicaPMC Pesquisa Mensal do Comércio PMCMV Programa Minha Casa, Minha VidaPME Pesquisa Mensal de EmpregoRCL Receita corrente líquidaRMB Região Metropolitana de BelémRMBH Região Metropolitana de Belo HorizonteRMC Região Metropolitana de CuritibaRMPA Região Metropolitana de Porto AlegreRMR Região Metropolitana do RecifeRMRJ Região Metropolitana do Rio de JaneiroRMS Região Metropolitana de SalvadorRMSP Região Metropolitana de São PauloSBPE Sistema Brasileiro de Poupança e EmpréstimoSeab Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do ParanáSecex Secretaria de Comércio ExteriorSEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da BahiaSFH Sistema Financeiro da HabitaçãoSFN Sistema Financeiro NacionalSIF Serviço de Inspeção FederalSincodiv Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do ParanáSMD Circuitos integrados monolíticos e microprocessadoresSNIC Sindicato Nacional da Indústria do CimentoVBP Valor bruto da produçãoVTI Valor da Transformação Industrial