boletim informativo | fevereiro 2015

4
Fevereiro | 2015 1 Boletim Informativo Redes Sociais 2 Como sinal dos novos tempos, Redes Socias viram meio de prova no Judiciário. Continuação… 3 As Redes Sociais como comprovação de patrimônio. Análise 4 São Paulo regulamenta programa de parcelamento Empresas e pessoas físicas com dívidas relativas ao ISS e IPTU do município de São Paulo terão nova oportunidade para parcelar os débitos em até 10 anos, ou seja, em 120 parcelas mensais e ainda obterdescontos. A Prefeitura de São Paulo regulamentou o novo Programade Parcelamento Incentivado (PPI) de tributos municipais. O últimoparcelamento foi aberto em 2011. O contribuinte que optar por uma única parcela terá redução de 85% dos juros de mora e 75% da multa e dos honorários advocatícios. No caso de pagamento em várias vezes, a redução cai para 60% dos juros de mora e 50% da multa e honorários. As parcelas serão corrigidas pela Selic. O prazo para adesão vai até 30 de abril e podem ser incluídos no programa débitos tributários e não tributários vencidos até 31 de dezembro de 2013. O programa foi instituído pela Lei 16.097, de 29 de dezembro e regulamentado pelo Decreto 55.828, publicado no Diário Oficial. O programa não abrange as multas por infrações de trânsito, obrigações de natureza contratual, indenizações devidas ao município por dano causado ao patrimônio público e valores do Simples Nacional. O ISS e o IPTU representam 95% dos débitos. A adesão podeserfeita por meio do site da prefeitura. Para advogados, o parcelamento pode ser uma boa oportunidade, principalmente para empresas comdívidas resultantes de casos já pacificados pelo Judiciário e situações nas quais o contribuinte não tem provas para anular autos de infração. Nascer em um bairro pobre pode prejudicar a ascensão social por décadas. Aqueles que ainda mantêm ações judiciais que debatem a constitucionalidade de leis do IPTU progressivo após o ano 2000, por exemplo, têm a chance de desistir dos processos. A Súmula 668, do STF já pacificou o entendimento de que essas leis que instituem o IPTU progressivo após a Emenda Constitucional 29, de 2000 são constitucionais. Apesar dos benefícios, o último PPI paulistano, aberto em 2011, ofereceu uma redução maior para o pagamento à vista de juros de mora. O benefício era de 100% para juros de mora e agora é de 85%. Por outro lado, a parcela mínima era de R$ 50 para pessoas físicas e R$ 500 para jurídicas. Agora é de R$ 40 para pessoas físicas e R$ 200 paraas empresas. Os depósitos judiciais efetuados para garantir processos podem ser usados para pagar débitos. Se o contribuinte ficar em atraso por maisde90dias, nocasodefalência ou cisão ou de descumprimento do decreto, será excluído do PPI. O PPI 2014 possibilita, ainda, a inclusão de saldos de parcelamento em andamento, com exceção do Refis Municipal (Lei 3.092, de 2000) e do PPI disciplinado pela Lei 14.129, de 2006. No último PPI oferecido em 2011 mais de 200 mil contribuintes aderiram. Cerca de 1 milhão de contribuintes participaram dos últimos seis programas de parcelamento oferecidos pelo município. O decreto também aumentou o valor mínimo para que a Procuradoria Geral do Município (PGM) deixe de ajuizar execuções fiscais. Até então, o montante da dívida correspondia a R$ 610. Agora, o teto subiu para R$ 1,5 mil.

Upload: priscila-novacek

Post on 20-Jul-2015

93 views

Category:

Law


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Boletim informativo | Fevereiro 2015

Fevereiro | 2015

1

Bole

tim In

form

ativ

o

Redes Sociais 2

Como sinal dos novos tempos, Redes Socias viram meio de prova no Judiciário.

Continuação… 3

As Redes Sociais como comprovação de patrimônio.

Análise 4

São Paulo regulamenta programa de parcelamento

Empresas e pessoas físicas com dívidas relativas ao ISS e IPTU do município de São Paulo terão nova oportunidade para parcelar os dé bitos em até 10 anos, ou seja, em 120 parcelas mensais e ainda obter descontos. A Prefeitura de São Paulo regulamentou o novo Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) de tributos municipais. O último parcelamento foi aberto em 2011. O contribuinte que optar por uma única parcela terá redução de 85% dos juros de mora e 75% da multa e dos honorários advocatícios. No caso de pagamento em várias vezes, a redução cai para 60% dos juros de mora e 50% da multa e honorários. As parcelas serão corrigidas pela Selic. O prazo para adesão vai até 30 de abril e podem ser incluídos no programa débitos tributários e não tributários vencidos até 31 de dezembro de 2013. O programa foi instituído pela Lei 16.097, de 29 de dezembro e regulamentado pelo Decreto 55.828, publicado no Diário Oficial.

O programa não abrange as multas por infrações de trânsito, obrigações de natureza contratual, indenizações devidas ao município por dano causado ao patrimônio público e valores do Simples Nacional. O ISS e o IPTU representam 95% dos débitos. A adesão pode ser feita por meio do site da prefeitura.

Para advogados, o parcelamento pode ser uma boa oportunidade, principalmente para empresas com dívidas resultantes de casos já pacificados pelo Judiciário e situações nas quais o contribuinte não tem provas para anular autos de infração.

Nascer em um bairro pobre pode prejudicar a ascensão social por décadas.

Aqueles que ainda mantêm ações judiciais que debatem a constitucionalidade de leis do IPTU progressivo após o ano 2000, por exemplo, têm a chance de desistir dos processos. A Súmula 668, do STF já pacificou o entendimento de que essas leis que instituem o IPTU progressivo após a Emenda Constitucional 29, de 2000 são constitucionais.

Apesar dos benefícios, o último PPI paulistano, aberto em 2011, ofereceu uma redução maior para o pagamento à vista de juros de mora. O benefício era de 100% para juros de mora e agora é de 85%. Por outro lado, a parcela mínima era de R$ 50 para pessoas físicas e R$ 500 para jurídicas. Agora é de R$ 40 para pessoas físicas e R$ 200 para as empresas.

Os depósitos judiciais efetuados para garantir processos podem ser usados para pagar débitos. Se o contribuinte ficar em atraso por mais de 90 dias, no caso de falência ou cisão ou de descumprimento do decreto, será excluído do PPI. O PPI 2014 possibilita, ainda, a inclusão de saldos de parcelamento em andamento, com exceção do Refis Municipal (Lei 3.092, de 2000) e do PPI disciplinado pela Lei 14.129, de 2006. No último PPI oferecido em 2011 mais de 200 mil contribuintes aderiram. Cerca de 1 milhão de contribuintes participaram dos últimos seis programas de parcelamento oferecidos pelo município. O decreto também aumentou o valor mínimo para que a Procuradoria Geral do Município (PGM) deixe de ajuizar execuções fiscais. Até então, o montante da dívida correspondia a R$ 610. Agora, o teto subiu para R$ 1,5 mil.

Page 2: Boletim informativo | Fevereiro 2015

Fevereiro | 2015

2

As redes sociais deixaram de ser apenas uma forma de entretenimento e comunicação entre amigos para ser tornar também um meio de prova em processos judiciais. Atualmente, pesquisas nesses sites têm propiciado desde a identificação de fraudes até mesmo a descoberta de bens, posteriormente penhorados para o pagamento de dívidas. De acordo com especialistas, pelo menos 30% das provas apresentadas em ações judiciais hoje são obtidas por meio dessas redes.

Postagens no Facebook foram usadas por uma administradora de cartões como defesa contra uma ação de indenização por uma suposta fraude em cartão de crédito. No processo, a titular do cartão alegou ter sido surpreendida com a cobrança de compras indevidas e não autorizadas, efetuadas fora do Brasil com seu cartão. Na Justiça, pediu danos morais sob o argumento de que a empresa poderia ter facilmente checado que o cartão foi usado por outra pessoa, pois as compras foram realizadas em seu horário de trabalho. A consumidora perdeu na primeira instância e, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ- SP), a 37a Câmara de Direito Privado negou o pedido e a condenou ao pagamento de multa por litigância de má-fé.

A administradora de cartões na defesa oral perante o tribunal exibiu fotos e citou comentários na rede social para mostrar que a mulher e o portador do cartão adicional estavam juntos em Paris nas datas das compras. Uma das fotos exibia oito cartões, além de um aparelho celular e um relógio adquiridos com o cartão que deu origem ao processo e a legenda “meu kit de viagem”.

A partir da decisão do TJ-SP, foi firmado um acordo entre a consumidora e a administradora: ela efetuaria o pagamento das compras e a empresa não levaria a discussão à esfera criminal.

Atenção! Hoje, as ferramentas de busca possibilitam descobrir coisas que antigamente você nunca saberia. Nesse caso, por exemplo, seria a palavra da autora contra a da administradora.

No caso do processo, a busca na internet foi realizada pela administradora, mas a estratégia há algum tempo já é adotada também pelos escritórios de advocacia.

Muitas bancas já adotaram a prática a partir de um processos ganhos por um clientes que não conseguiam receber do devedor.

Com uma pesquisa nas redes sociais, foi possível verificar, por exemplo, que um daqueles que devia passava férias de fim de ano em uma casa de alto padrão, na região dos lagos, no Rio de Janeiro. Com essa informação, foi feita uma pesquisa nos cartórios de imóveis da região e localizado o imóvel, que poderia ser penhorado para garantir a dívida.

Geralmente as bancas buscam indicações de patrimônio em redes sociais, nos casos de recuperação de crédito. Brasileiro tem mania de ostentar em rede social e os comentários/fotos nas redes sociais são usados como provas, os posts são apresentados no processo.

Em outro caso, a parte contrária não compareceu à audiência sob o argumento de problemas de saúde. Mas pelas redes sociais e fotos divulgadas, foi possível constatar que naquela semana ela estava viajando a passeio e a informação foi usada como prova no processo.

Atualmente, provas como essas não enfrentam muita resistência na Justiça.

Para o juiz substituto em 2o grau na 24a

Câmara do TJ-SP, João Batista Amorim Vilhena Nunes, o processo e os julgadores adaptam-se às novas formas de prova.

Novos tempos…

Redes Sociais viram meio de prova no

Judiciário.

Page 3: Boletim informativo | Fevereiro 2015

Fevereiro | 2015

3

Continuação…. Redes Sociais como prova.

“Havendo mais essa maneira de se fazer prova, ela não pode ser dispensada”, diz. O magistrado afirma que quando o artigo 396 do Código de Processo Civil (CPC) fala genericamente de documentos, deixa aberto para incluir os obtidos por meio eletrônico. O dispositivo prevê que “compete à parte instruir a petição inicial, ou a resposta, com os documentos destinados a provar-lhe as alegações”.

O juiz explica que é comum até a certificação da prova obtida em meio eletrônico, transformando- a em documento impresso. “Algumas pessoas vão ao cartório e pedem para o tabelião entrar no site e atestar por certidão o conteúdo acessado. Nesse caso, você transforma o digital em prova convencional. E atesta”, afirma.

Segundo dados, entre 60% e 70% das provas são obtidas por ordem judicial ou quebra de sigilo, o resto está aberto na internet. Em quase todos os casos há uma verificação na internet para levanter, se houver, alguma evidência. Os casos mais comuns referem-se à fraude bancária e violação de segredo profissional — algumas vezes, com a postagem de um produto novo em rede social.

É isso aí… Novos tempos, novas provas.

Saiba…

Tudo o que você disser no Facebook poderá ser e será usado contra você em um tribunal. Essa é uma advertência que os advogados americanos passaram a transmitir com maior insistência a seus clientes.

O Facebook e os demais sites genericamente denominados "redes sociais" parecem inofensivos. Mas vêm se tornando uma fonte considerável para investigações de todos os tipos e um espaço digital, em que muitos usuários produzem provas contra si mesmos, pelo que escrevem e pelas imagens que postam em suas páginas.

O Facebook se tornou uma armadilha para pegar vítimas da própria inocência. Em Michigan, um homem foi processado por poligamia depois de postar fotos no Facebook de seu segundo casamento...

Page 4: Boletim informativo | Fevereiro 2015

Fevereiro | 2015

4

Na hora de determinar nosso destino econômico, poucas coisas importam tanto como o bairro em que nascemos e crescemos.

Todos sabemos que viver em uma região mais pobre reduz as possibilidades materiais de seus habitantes. Por isso, muitos sonham ir para uma parte mais afluente da cidade onde vivem.

Mas um estudo recente dos pesquisadores americanos Douglas Massey, da Universidade de Princeton, e Jonathan Rothwell, do Instituto Brookings, vai além: traz novas evidências de que simplesmente se mudar de um bairro precário para um melhor não é suficiente.

De acordo com a pesquisa, o local específico da cidade onde uma pessoa passa os primeiros 16 anos de sua vida é determinante na renda que ela terá muitas décadas depois, mesmo que mude seu local de residência diversas vezes.

A conclusão é uma má notícia para os que acreditam na possibilidade de ascensão e mobilidade social. E pode fornecer mais argumentos às discussões sobre propostas polêmicas de vários países, incluindo alguns latino-americanos, de levar habitantes de bairros pobres para viver em regiões mais ricas das cidades.

A vida nos bairros mais carentes implica frequentar escolas de má qualidade, ficar mais longe das oportunidades de trabalho e mais perto dos focos de violência de nossas cidades.

A pesquisa sugere construir moradias públicas subsidiadas em bairros mais ricos para que os pobres possam sair dos bairros marginalizados das cidades.

Oferecer aos jovens de classes sociais mais baixas a oportunidade de começar suas vidas em regiões mais ricas, pode ter um grande impacto positivo em suas trajetórias de vida.

Esse é um dos argumentos usados em capitais europeias como Londres, onde, após a Segunda Guerra Mundial, foram construídos conjuntos habitacionais estatais subsidiados em meio aos bairros mais ricos da cidade – que ainda existem.

O estudo de Massey e Rothwell se baseou em informações sobre bairros nos Estados Unidos, mas Massey insiste que os resultados encontrados na pesquisa se aplicam a qualquer outro país onde há altos níveis de segregação por causa de classe social. "É um fenômeno que se observa frequentemente na América Latina", afirma.

Análise: Nascer em um bairro pobre pode prejudicar a ascensão social