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Boletim Informativo - AACDN I 1

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Boletim Informativo - AACDN I 1

2 I AACDN - Boletim Informativo

ED

ITO

RIA

LNeste número

3 I Editorial

4 I O Dia da Defesa Nacional Investir num Futuro Melhor

8 I Desafios à PresidênciaPortuguesa da União

a viragem para Sul

11 I A União Europeia e a Democratização dos Balcãs

13 I Ministro da Defesa Nacional Eurico Silva Teixeira de Melo

14 I Ambiente O Planeta em estado de alerta

19 I Associação de Auditores dosCursos de Defesa Nacional

Regulamento Eleitoral

24 I Acontecimentos e Actualidades

26 I UmDeCadaVez

Capa - Planeta em estado de alerta

Nº 26 I Julho-Agosto de 2007

Cidadania e Defesa

Boletim Informativo da AACDNAssociação de Auditores dosCursos de Defesa Nacional

Praça do Príncipe Real, 23 r/c Dto1250-184 Lisboa

Tel : 213 465 888Fax: 213 257 886E-mail:[email protected]

visite o nosso sitewww.aacdn.pt

Ficha Técnica

DirecçãoDr Abílio Ançã Henriques

EdiçãoDr Francisco Marques Fernando

Composição GráficaElisa Pio

ColaboraçãoMiguel Fradique da Silva

Colaboração FotográficaLusa - Agência de Noticiasde Portugal, SA

Execução GráficaGráfica Central de Almeirim, LdaZona Indústrial, Lote 41 - D2080-221 AlmeirimTel : 243 591 555 Fax: 243 597 559E-mail:[email protected]

Tiragem1 000 Exemplares

Depósito Legal nº 260726/07 Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores

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Caros Colegas

Abílio Ançã Henriques

Arecente visita de estudo à China milenar,enquadrada na tradicional Viagem anual daAACDN, ultrapassou seguramente as nossas

melhores expectativas, enquanto instrumento fundamentalpara a compreensão dos reptos que a evolução mais recentedaquele país está a colocar a Portugal, à Europa e ao Mundoocidental em geral.

De facto, a velocidade vertiginosa a que tudo está a acon-tecer, com os indicadores de crescimento e desenvolvimentoeconómico a mostrarem evoluções de difícil entendimento paraos padrões a que estamos habituados, deixam-nos frequen-temente incrédulos e a duvidar de que a realidade vividanaquelas paragens seja tão pujante como aparenta.

Por um lado, a imagem criada no Ocidente pelos produtosMade in China, comercializados nas lojas dos trezentos, refor-ça naturalmente as dúvidas sobre a pujança económica chinesae as suas capacidades para dominar as modernas técnicas deprodução industrial e toda a sofisticação exigida pelas novastecnologias.

Por outro lado, sendo um país que, apesar da aberturaeconómica das décadas mais recentes, vive ainda num regimepolítico assumidamente comunista (?) e por isso distante dospadrões exigidos pelas democracias ocidentais, é legitimo quenos suscite as maiores perplexidades quanto à capacidadepara gerir no futuro as inevitáveis tensões resultantes do acen-tuar das clivagens sociais provocadas pelo desenvolvimentoeconómico e tecnológico.

No domínio politico e social não será fácil antecipar o futuro,pois a especificidade da história e da cultura chinesas, com oseu quadro próprio de valores, não permitem uma transposiçãomecânica das experiências vividas noutras regiões do globo,embora, na visão do pensamento clássico do mundo ocidental,a China só poderá estar a caminhar para uma inevitávelcatástrofe…

Mas, no plano económico, é visível que os níveis de inves-timento que se têm verificado naquele país, acompanhados deum crescente domínio das modernas tecnologias, estão a criaras condições para a afirmação de um gigante económico, comuma capacidade competitiva que a Europa e o mundo ocidentalnão imaginavam possível, num tão curto espaço de tempo.

Da cópia simples e barata de produtos industriais básicos,a China começa a afirmar-se como um produtor em áreas querecorrem a tecnologias de ponta, da moderna produção auto-móvel, passando pela micro-electrónica, até à industriaaeronáutica, de que os contratos com a EMBRAER (fabricantebrasileira de aviões de médio porte) e mais recentemente coma AIRBUS europeia são bons exemplos.

Por isso, os produtos chineses que circulam hoje pelomundo não são só as grosseiras ferramentas manuais ou ostecidos e calçado, de segunda escolha, a que estávamoshabituados, mas integram de forma crescente equipamentoscada vez mais sofisticados, que vão da electrónica de consumoaos mais requintados aparelhos de informática e teleco-municações.

E se num primeiro momento a produção chinesa é feita commarcas e patentes de empresas ocidentais, é já notório oaparecimento e a afirmação de marcas próprias, que,beneficiando da crescente dimensão do mercado interno, estãoa adquirir a massa crítica e o know how que lhes permitirá a

entrada crescente nos mercados mundiais.Em todo este processo, o que sobretudo impressiona um

observador ocidental é o ritmo verdadeiramente alucinante comque a China está a atravessar estas fases de desenvolvimentoeconómico. Mesmo comparando com o processo vivido pelaindustria japonesa nas décadas de 60 e 70 do século passado,ou mais recentemente com a Coreia do Sul, na década de 90, aChina consegue ultrapassar tudo aquilo que seria imaginável,sobretudo se tivermos presente que há escassas décadas asua população estava centrada nos campos, vivia no ambienteda Revolução Cultural e o regime político não dava mostras dequalquer perspectiva de abertura ao exterior.

Se é certo que ainda hoje só uma parcela da populaçãochinesa está a ser atingida por estas transformações do tecidoeconómico, de que o crescimento das cidades é um importantereflexo, contudo, num país com mais de 1,3 mil milhões dehabitantes, estas novas realidades económicas e sociais, aindaque possam envolver somente 20% da sua população, adquiremjá uma expressão quantitativa (mais de 260 milhões dehabitantes) que as tornam num caso sério para a competiçãomundial.

É esta percepção que a recente visita à China permitiuconsolidar de forma inequívoca, não deixando qualquer dúvidasobre a pujança económica chinesa e as capacidades queestá a desenvolver aceleradamente, tornando-a um parceiro/competidor incontornável, no presente e no futuro, neste mundoglobalizado.

Mas para além do plano económico, há também outrosdomínios nos quais a observação da realidade chinesa dosnossos dias não pode deixar de levantar interrogações.Referimo-nos ao discurso que durante a nossa visita e emdiferentes locais tivemos oportunidade de ouvir, a propósito domodo como hoje os chineses olham para a sua história, dosancestrais tempos dos vários impérios e dos seus imperadores,até à época mais recente da revolução cultural e do seu grandetimoneiro.

Também as preocupações actuais com a preservação dopatrimónio histórico e dos seus símbolos, quando confrontadacom o clima de intencional destruição desses elementos aindahá algumas décadas, mostra que o orgulho nacional chinêsestá agora centrado em objectivos porventura diferentesdaqueles que iluminaram a segunda metade do século passado.

É neste contexto que, sem menosprezar aquilo que temconstituído o centro das atenções do Ocidente em relação àrealidade chinesa – a competição económica – gostaríamos dedeixar aqui um plano de reflexão mais vasto e porventura maisprofundo.

Para além do domínio económico, estaremos (ou não) aassistir ao emergir de uma verdadeira nova potência no concertodas nações, movida por um verdadeiro projecto imperial dostempos modernos? E para este desígnio, de afirmação global,que papel vão desempenhar os jogos olímpicos de 2008, emPequim? E a exposição mundial de 2010, em Xangai?

Talvez no Ocidente, na Europa e em Portugal, em particular,valha a pena recentrar a discussão sobre a ameaça chinesa.Enquanto é tempo. E, se calhar, já estamos atrasados...

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O novo xadrez internacional consubstancia novascondições políticas e estratégicas, ao nível dosistema político internacional, e um crescimento

das ameaças globais e consequentes riscos, situações que,no seu conjunto, constituem um novo desafio para osEstados, inclusivamente no que respeita à sua relação comos cidadãos no que concerne à Segurança e Defesa.

Visita de altas entidades às actividades do DDN, no dia 2 de Outubrode 2006, no RAAA1

O Dia da Defesa Nacionalabrange todos os cidadãosmasculinos recenseáveis,numa actividade que visa

sensibilizar os jovens“para a temática da Defesa

Nacional” e “divulgaro papel das Forças Armadas”.

Caso tenham efectuadoo Recenseamento Militar,

as mulheres tambémparticipam no DDN

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Portugal, ao alterar o sistema de conscrição para umnovo regime de prestação de serviço militar, baseado, emtempo de paz, no voluntariado (a partir de Setembro de 2004),alargou ainda mais o espectro dos desafios, em especialno que respeita à “Educação para a Cidadania” e à “Culturade Segurança e Defesa”. Entre as várias acçõesdesenvolvidas, apesar de não existir um Programa ou umPlano Director de Cultura de Segurança e Defesa que viseatingir objectivos sustentáveis a curto e a médio prazo nosvários estratos etários, gostaria de destacar o Dia da DefesaNacional (DDN).

É importante começar por lembrar que o DDN nãonasceu por iniciativa das Forças Armadas ou comocompensação automática da alteração do tipo de serviçomilitar. O DDN decorreu da Lei do Serviço Militar (Lei 174/99, de 21 de Setembro, regulamentada pelo Decreto-Lei289/2000, de 14 de Novembro) tendo sido discutido eaprovado na Assembleia da República. A comparência aoDDN, por parte dos jovens, passou a ser “um dever detodos os cidadãos”, de acordo com o artigo 11º da LSM.Foi claramente uma decisão política, com consequênciaspolíticas, e de que as Forças Armadas constituem umdos braços actuantes, a par do Ministério da DefesaNacional.

Acompanhei de perto este projecto, quer na AcademiaMilitar como professor, quer posteriormente, no Instituto daDefesa Nacional, como assessor de estudos, onde tiveoportunidade de me pronunciar e escrever sobre o mesmo,tendo-me então congratulado com o trabalho desenvolvidopelo Ministério da Defesa Nacional (MDN), nomeadamentepor alguns “sonhadores” que serviam, e servem, na Direcção-Geral de Pessoal e Recrutamento Militar (DGPRM). Se noinício este projecto foi olhado com alguma desconfiança(especialmente em determinados sectores políticos), tornou-se rapidamente num projecto nacional, claramenteidentificado com um futuro melhor para os nossos cidadãose para Portugal.

Actualmente, encontramo-nos numa fase dedesenvolvimento do projecto (felizmente, devidamenteadaptado à realidade nacional), em que os resultados jáobtidos vão servindo de lastro e simultaneamente de incentivopara os necessários reajustamentos. As várias delegaçõesestrangeiras, que têm visitado alguns Centros de Divulgaçãode Defesa Nacional (CDDN), têm manifestado o seu agrado(na perspectiva organizacional, de conteúdos e mesmooperacional) por este tipo de investimento na cidadania.

Desde Julho de 2006, altura em que tive a honra deassumir o comando do Regimento de Artilharia Antiaérea nº1, em Queluz, o qual constitui um dos onze CDDN1

actualmente em funcionamento, que convivo de perto como DDN, tendo passado assim, de mero espectador ecomentador, a actor privilegiado, que recebe por ano doisciclos do DDN na região de Lisboa.

Vejamos então, com mais atenção, este projecto doDDN…

O Dia da Defesa Nacional abrange todos os cidadãosmasculinos recenseáveis, numa actividade que visasensibilizar os jovens “para a temática da Defesa Nacional”e “divulgar o papel das Forças Armadas”. Caso tenhamefectuado o Recenseamento Militar, as mulheres tambémparticipam no DDN. Os cidadãos são convocados para acomparência ao DDN, durante o ano em que completam 18

anos ou enquanto mantiverem esta idade, através de editaisafixados a partir do mês de Maio de cada ano, nas câmarasmunicipais, juntas de freguesia, órgãos de recrutamentodos ramos das Forças Armadas e postos consulares.

O DDN teve uma experiência-piloto em 2003, abarcandoentão um universo de cerca de 1000 jovens e generalizou-se a todos os cidadãos legalmente abrangidos a partir de2004. Todo o planeamento, coordenação e organização têmestado a cargo da DGPRM/MDN, mas com a colaboraçãoestreita e activa dos três ramos das Forças Armadas. Asactividades têm vindo a ser melhoradas e consolidadas,envolvendo actualmente o período de um dia, entre as 09h30e as 17h00. Entre as várias actividades, que se desenvolvemao logo do dia, destacam-se: o Içar da Bandeira Nacional; aexplicação das razões porque existe o DDN; a clarificaçãodo que é ser cidadão; o significado da Defesa Nacional e opapel das Forças Armadas; uma visita à unidade militar e aexposições de equipamento e material ao serviço; aclarificação do actual serviço militar e de como ingressarnas Forças Armadas; o esclarecimento do que é possívelser e fazer nas Forças Armadas; a clarificação dos incentivosdos que ingressam nos regimes de voluntariado e contrato;o preenchimento de um inquérito sociológico; e o Arrear daBandeira Nacional. Os conteúdos têm sido uma das matérias

Início de um DDN, no RAAA1 (em Queluz), com a cerimónia do Içarda Bandeira Nacional.

...necessidadede continuarmos a investirna formação em cidadaniaao longo da vidae muito especialmenteno “ensino superior”,acção em que o IDN(e inclusivamenteos auditoresde Defesa Nacional)pode e deve terum papel de destaque

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em permanente discussão, em que dos dois lados dabalança se encontram a visão mais global da Defesa Nacional(mais correcta na nossa perspectiva) e uma visão maiscentrada no papel das Forças Armadas.

Os inquéritos entretanto realizados em 2004/20052 acerca de 42500 dos jovens participantes, indicamapreciações gerais muito positivas acerca do evento (68,1%manifestaram apreciação positiva e 10,2% uma apreciaçãonegativa). Foi ainda possível detectar a existência de factoresque influenciam essa apreciação, de entre os quais sedestacam o nível de escolaridade dos jovens e a sua situaçãoprofissional. Em termos de sentido dessa influência, verificou-se que, em termos comparativos, os jovens menosescolarizados revelam valores de apreciação do Dia daDefesa Nacional mais positivos do que os jovens maisescolarizados. Do mesmo modo, os que se encontram forado sistema de ensino (em situação de emprego oudesemprego), também tendem a apreciar o evento de formamais positiva do que os jovens estudantes.

Os dados mais recentes apontam para cerca de 162000homens e 1100 mulheres que já passaram pela DDN e osindicadores decorrentes dos inquéritos realizados nos últimostrês anos revelam uma clara consolidação dos resultados,tanto em termos de apreciação do DDN, como no queconcerne aos factores que influenciam a sua variação. Talpermite afirmar que o modelo do DDN funciona, temaceitação por parte dos jovens, sensibiliza para a temáticada Defesa Nacional e dá a conhecer as Forças Armadas.

Como comandante de um dos CDDN, confirmoefectivamente que o DDN constitui uma acçãoparticularmente prestigiante para as Forças Armadas, umcontributo importante para a radiografia da juventude

portuguesa e um claro investimento na cidadania. Sendoum caso de sucesso, constitui também uma acçãoimportante em termos de motivação para os própriosprofissionais do MDN envolvidos no projecto (equipas commilitares dos três Ramos) e muito especialmente para osmilitares que servem nos onze CDDN, militares que seorgulham de transmitir aos mais jovens e à sociedade civilem geral, a sua missão e as suas actividades, tornando-sedeste modo, mais úteis aos olhos dessa mesma sociedade.

Assisto e apoio diariamente todo o esforço desenvolvidopelo MDN, no sentido de formar melhores cidadãosportugueses, e confirmo que os jovens do Arrear da BandeiraNacional são necessariamente diferentes do que aquelesque assistiram, algumas horas antes, ao Içar da BandeiraNacional. Tenho a consciência de que os custos inerentesa este tipo de actividade (política e decorrente da LSM) nãose podem medir em termos meramente contabilísticos enão tenho grandes dúvidas sobre a mais-valia desta acçãopara um futuro melhor dos portugueses e de Portugal.Constitui efectivamente um investimento do EstadoPortuguês nos seus cidadãos, que passam a conhecermelhor o seu País e a compreender que a Defesa Nacionalnão se circunscreve às Forças Armadas, que por sua vezpassam também a conhecer melhor, independentementedas suas opções políticas ou religiosas. Também sou dosque pensam que esta acção se deve estender a todos osjovens sem excepção, pois as portuguesas devem ser tãoconhecedoras da sua Defesa Nacional como osportugueses. Por outro lado, penso que estas actividadesdevem ter um maior acompanhamento dos órgãos decomunicação social e das figuras públicas, no sentido demotivarem mais os jovens e todos aqueles que ao longo

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João Vieira BorgesCoronel de Artilahria

1 Para além do RAAA1 em Queluz, constituem CDDN: Base Navalde Lisboa, Alfeite; Campo Militar de Santa Margarida; Regimento deCavalaria 6, Braga; Regimento de Infantaria 3, Beja; Regimento deGuarnição 3, Funchal; Campo Militar de São Gonçalo, Ponta Delgada;Regimento de Infantaria 13, Vila Real; Regimento de Artilharia 5, VilaNova de Gaia; Aeródromo de Manobra 1, Ovar; Base das Lajes,Terceira.

2 Jovens e Forças Armadas: estudo no âmbito do Dia da DefesaNacional 2004/2005, DGPRM/MDN, 2005

Au to r

dos últimos anos se têm empenhado num projecto de futuroe para o futuro. A visita de jogadores de futebol, de músicose de políticos mais jovens, poderia constituir um incentivopara uma actividade que ainda é desconhecida de muitosportugueses.

O DDN, circunscrito a um universo muito específico dejovens, deve, no entanto, ser devidamente integrado comoutras acções e actividades desenvolvidas pelo Estado emprol dos seus cidadãos. O reforço desta posição decorredas apreciações menos positivas dos jovens universitários(relativamente aos restantes) aquando do DDN, o quepressupõe a necessidade de um investimento cuidado eadequado a um universo muito especial, que fará parte dosfuturos quadros superiores da administração pública e dasociedade civil em geral. Daí a necessidade de continuarmosa investir na formação em cidadania ao longo da vida e muitoespecialmente no “ensino superior”, acção em que o IDN (einclusivamente os auditores de Defesa Nacional) pode edeve ter um papel de destaque. Os seus cursos de defesapara jovens, para jornalistas e para as juventudes partidárias,são acções muito meritórias, mas que se devem estenderao meio universitário e à sociedade civil em geral, comacções concretas no dia de Portugal ou no dia das ForçasArmadas, apoiadas e executadas por auditores de DefesaNacional. Outras acções poderiam ser desenvolvidascomplementarmente nos estabelecimentos de ensinosuperior, com o apoio de militares e civis formados no IDN,e sempre numa perspectiva formativa e construtiva, que fosseao encontro das expectativas dos jovens, futuros quadrossuperiores do País.

Sabemos que, em cidadania, os custos se medem pelasacções e pelos comportamentos dos cidadãos no dia a dia

e nos períodos em que é posta em causa a independêncianacional e a soberania do Estado. Por isso, o investimentoque vem sendo feito ao nível do DDN não pode, nem deve,constituir uma ilha isolada do todo social. Todos temosresponsabilidades na formação em cidadania dos nossosjovens, como pais, como portugueses, ou como auditoresde Defesa Nacional, independentemente de existir, ou não,um “Plano Director de Cultura em Segurança e Defesa”.Entretanto, apoiemos esta acção meritória do DDN, queultrapassa em muito os projectos pessoais ou partidários eque se situa, cada vez mais, ao nível de um forte investimentona cidadania, a bem de um futuro melhor para osportugueses e para Portugal…

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Num novo formato, o sistema de presidênciatripartida inaugurado com a presidência alemã,prosseguido agora com a presidência portugue-

sa e completado na futura presidência eslovena, pretendeincutir um traço de continuidade às políticas identificadascomo prioritárias no quadro da União Europeia (UE). Apesardo input muito claro que cada presidência em exercícioadiciona ao programa conjunto, esta trilogia pretende queáreas identificadas como prioritárias para a acção da Uniãosejam objecto de atenção continuada e, eventualmente,reforçada (face ao contributo específico de cada uma daspresidências referidas). Em matéria de segurança e defesa,são muitos os desafios que se impõem à UE, desde controlosfronteiriços, combate ao terrorismo e criminalidade orga-nizada, até missões no terreno de cariz civil e militar. Oespaço geográfico sob atenção é também alargado, comas atenções voltadas para Leste, Sul e muito particularmentepara o Médio Oriente. O cruzamento dos desafios internosà segurança com o carácter transnacional das ameaças, apar da dimensão externa das relações da UE com a vizi-nhança e outros estados ou instituições, demonstram acomplexidade do sistema internacional e a exigência denovas respostas para problemas nem sempre novos.

O programa conjunto das três presidências,adoptadoem Dezembro de 2006, definia a criação de uma áreaeuropeia de segurança e estabilidade como uma prioridademáxima no âmbito da acção externa da UE nas áreas desegurança, desenvolvimento e relações económicas. Nestafórmula incluem-se, no entanto, um conjunto alargado dedesafios, como o próprio documento identifica: a política devizinhança e o Médio Oriente, parcerias estratégicas compaíses como o Japão, Índia ou China, ligações a gruposregionais como a ASEAN, e mesmo apostas mais alargadas,como as relações UE-África ou UE-América Latina. Maiorrobustez na relação transatlântica é também identificadacomo da maior importância, a par do desenvolvimento daPolítica Externa de Segurança e Defesa (PESD), com a

atribuição à União de maiores capacidades civis e militares,e coordenação mais efectiva entre estas mesmas dimen-sões, bem como da conjugação de esforços e sinergiascom a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).O conjunto de desafios é por isso mesmo amplo, e astemáticas sobre a mesa de grande complexidade.

Mantendo na agenda todos estes assuntos relacionadoscom segurança e defesa, a presidência portuguesa volta aatenção mais para Sul, afastando-se um pouco da tendênciaregistada ao longo da presidência alemã de concentraçãona dimensão leste, no quadro da Política Europeia deVizinhança (PEV), onde Berlim incluía claramente a Rússiacomo actor estratégico de relevância. Uma viragemesperada e consubstanciada já no texto de referência dastrês presidências. O programa português identifica clara-mente, no contexto da PESD, a monitorização de missõesem curso e o planeamento de novas missões, a par doreforço de capacidades civis e militares como objectivos dapresidência, reforçando no entanto neste contexto as áreasgeográficas preferenciais de actuação, nomeadamente acooperação com África e o relacionamento com o Medi-terrâneo. Se este último se encontra já enquadrado emtermos formais nas relações externas da UE, o mesmonão se pode dizer da dimensão africana. Quanto a esta,uma estratégia de acção clara e com objectivos bemdelineados está longe de ser uma realidade, enquanto oconceito de parceria permanece completamente esvaziadono seu conteúdo.

Neste domínio, a presidência portuguesa da UE podefazer a diferença. O envolvimento cada vez mais sentido daChina, Estados Unidos e outros actores, em África, revelade forma ainda mais clara a presença reduzida da Europana área, quando a lógica de continuidade histórica poderiaparecer apontar num sentido diferente. Deste modo, a presi-dência portuguesa da UE está a desenvolver esforços paraque África seja uma prioridade na agenda europeia. Umprimeiro passo é o reforço da atenção a questões de

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segurança, quer no âmbito da segurança dura e conflitua-lidade, quer relativa a questões de migração ou energia, nocontexto africano. O reforço de instrumentos de monito-rização e verificação é, neste contexto, uma prioridade paraa UE.

A presença de um contingente alargado de tropas sob ocomando da UE no Congo (Operação Artemis), com oobjectivo de prevenir uma crise civil e humanitária alargadana região norte do país, é um bom exemplo dos esforçosdesenvolvidos. No terreno, entre Junho e Setembro de 2003,tratou-se de uma missão autónoma da UE (isto é, nãodependente dos recursos da OTAN), sendo a primeira quedecorreu fora de território europeu. Como um passo concretona concretização das linhas definidas na Estratégia deSegurança Europeia, é uma linha de envolvimento que sedeve manter em aberto no quadro das relações UE-África.E, de facto, as missões da UE em África, nomeadamentena República Democrática do Congo e no Sudão (EUPOLRDCongo, EUSEC RDCongo, AMIS II – Sudão), envolvendode forma diferenciada elementos civis, militares e de polícianas três missões em curso, são demonstrativas doenvolvimento da UE na região. Em paralelo a estes desafiosà segurança e estabilidade resultantes da conflitualidade, ereforçando a sua importância enquanto elementosdespoletadores de desconfiança e insegurança, questõesmigratórias e energéticas, para além de políticas dedesenvolvimento sustentável, terão de ser prosseguidas deforma consistente.

As questões relacionadas com movimentos migratóriose a pressão que estes têm representado sobre a Europaestão no topo das agendas. A criminalidade organizada e oterrorismo são temas de primeiro plano nas preocupaçõeseuropeias e partilhadas por muitos dos países africanos.Os recursos energéticos presentes em África e a políticade diversificação dos abastecimentos da UE (face a umMédio Oriente instável e a uma Rússia pouco previsível)são questões paralelas e que se cruzam. O continente

africano está numa fase clara de mudança e reajuste a umnovo contexto internacional e mesmo regional e local. AUE, enquanto actor regional na área, deve assumir o seupapel de agente de mudança e solidificação de estabilidade,através de medidas de consolidação de confiança epromoção da cooperação, bem como de condicionalidade.A retórica deve dar lugar à acção, e a Cimeira de África,prevista para o final da presidência portuguesa da União,pode ser um sinal claro neste sentido.

As críticas recorrentes a uma actuação pouco eficaz epouco coerente da UE na área têm sido entendidas comoresultando de um fraco desempenho europeu em matériaspolíticas, bem como de uma opinião pública alheada emuitas vezes desinformada. O debate “abordagem regional”versus “relações bilaterais” surge neste domínio comimportância acrescida. Demonstra a falta de uma estratégiabem delineada, com critérios objectivos. Falamos em África,face a muitas Áfricas. Falamos em democracia e estabilidadeface a muitas concepções diferenciadas do que é democraciae de como alcançar estabilidade. É fundamental que aEuropa fale a uma só voz, mas que seja capaz de reflectirdinâmicas regionais e locais nas suas propostas derelacionamento com o continente africano. O diálogo comestruturas institucionais como a União Africana representaum bom começo, desde que reflectindo vontade política epartilha de responsabilidades entre as partes. E assim, talvez,o mote da presidência portuguesa – “Uma Europa maisforte para um mundo melhor!” – possa tomar verdadeirosentido no quadro desta viragem a Sul.

Maria Raquel Freire,doutorada em Relações Internacionais

pela Universidade de Kent, no ReinoUnido,

e Professora auxiliar da Licenciaturaem Relações Internacionais da Faculdadede Economia da Universidade de Coimbra

Auto ra

10 I AACDN - Boletim Informativo

Devido à sua posição geográfica, a estabilidadenos países dos Balcãs Ocidentais (Croácia,Bósnia-Herzegovina, Macedónia, Sérvia,

Montenegro e Albânia) constitui umimportante objectivo estratégico daUnião Europeia. Em 2003, nodocumento European SecurityStrategy, Javier Solana refere anecessidade de “criar estabilidade navizinhança” (Solana, 2003: 7). Estecompromisso foi reforçado com aentrada da Eslovénia na União em

Este esforçode transformação tornou-se

mais evidente desde quea União Europeia afirmou

que todos os países destaregião são potenciaiscandidatos à adesão

In ATLAS das relações internacionais, da Plátano Editora

Boletim Informativo - AACDN I 11

Maio de 2004 e o reconhecimento da Croácia e daMacedónia como países candidatos à adesão na UniãoEuropeia.

Com a adopção de medidas de prevenção de conflitose de peace-building, a União Europeia considera que aperspectiva de adesão funciona como uma forte garantiade estabilidade nesta região. De facto, a adesão à Uniãoé uma prioridade para todos estes países. Significabasicamente a integração num novo esquema desegurança regional, um decisivo estímulo à modernizaçãoeconómica e social do país, o fim de um longo períodode marginalização e uma governação de acordo com asregras democráticas.

Como maior dador de ajuda humanitária e financeirae como modelo de soft power a União Europeia exerceuma poderosa influência na agenda política destes países,utilizando a condicionalidade para assegurar a aceitaçãodos princípios e normas europeias. A Europeanização,como conceito, implica, desta forma, o cumprimento doscritérios de adesão que vão aproximando estes governosda União. A Europeanização pode ainda ser entendidacomo o quadro conceptual que estabelece a ligação entrea transição e a integração. Para além de explicar asactividades desenvolvidas pela União Europeia na região,tem como objectivo a gradual integração política eeconómica destes países na organização. Este é umprocesso de transformação sistémica e acomodaçãoestrutural baseado em vários requisitos cujo cumprimentoconduzirá à adesão.

As condições da União Europeia para uma eventualadesão, concretamente os princípios de Helsínquia, oscritérios de Copenhaga e a adopção do acquiscommunautaire são utilizados como princípiosorientadores das reformas políticas e económicas quetêm vindo a ser empreendidas há já algum tempo porestes países. Estes princípios, normas, valores assentesnas normas democráticas, no respeito pelos direitoshumanos e direitos das minorias, na resolução pacíficados conflitos, no estado de direito, e na boa governaçãonecessitam de tempo para serem absorvidos e aplicadosem termos práticos não só pelas instituições, comotambém pela sociedade. Apesar de muitos estarem jána constituição e legislação destes países, a suaimplementação em termos práticos torna-se difícil emsociedades onde os conceitos de democracia liberal oude boa governação são desconhecidos ou mesmo nãoentendidos na sua verdadeira essência.

Dentro da União Europeia, os objectivos de promoçãoe expansão das práticas democráticas (como dimensãofundamental do processo de Europeanização) estãoclaramente referenciados nos documentos fundadores daorganização. Tendo em conta o conceito de democraciae as características fundamentais de um Estadodemocrático, tais como a existência de eleições livres eos princípios de boa governação (a responsabilidadepolítica, a estabilidade governativa e a participação cívica),podemos afirmar que os países dos Balcãs Ocidentaistêm vindo a empreender um gradual esforço dedemocratização. Contudo, este é um processo lento edifícil, com muitas limitações, sobretudo no que respeitaaos princípios de boa governação e aos indicadoreseconómicos.

As principais dificuldades deste grupo de países derivamdas consequências da guerra civil e dos conflitos étnicos,constante ameaça nas sociedades multiétnicas. Tambémas características políticas, económicas e sociais daregião, o legado histórico de autoritarismo, a ausência deestado de direito, de respeito pelos direitos humanos, e apresença da corrupção ao mais alto nível complicam aimplementação e consolidação da democracia. Estespaíses partilham o mesmo conjunto de deficiênciasestruturais. A nível político, a ausência de uma culturapolítica e tradição democrática, a fraca capacidadeorganizacional dos actores sociais e da sociedade civil, afalta de experiência e a prevalência de elites autoritáriassão alguns dos obstáculos. A nível económico, a tradiçãoda intervenção do Estado na economia, a insuficienteinfraestrutura, a dívida externa, a estagnação, a inflação ea inexperiência do funcionamento da economia demercado, o desenvolvimento económico insuficiente, asaltas taxas de desemprego e o deficiente nível tecnológicoconstituem os principais problemas. Finalmente, a nívelsocial, o descontentamento social provocado pelasreformas económicas, a fraca participação da sociedade

... os paísesdos Balcãs Ocidentaistêm vindo a empreenderum gradual esforçode democratização

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desta região. As economias estão a ser reestruturadas,as infraestruturas reconstruídas, as eleições seguem aspráticas democráticas, e verifica-se uma melhoria naprotecção dos direitos das minorias. Este esforço detransformação tornou-se mais evidente desde que a UniãoEuropeia afirmou que todos os países desta região sãopotenciais candidatos à adesão. A perspectiva de adesãofunciona, assim, como fonte de motivação e deencorajamento para que estes países continuem no bomcaminho e a prosseguir as reformas consideradasnecessárias à modernização dos sectores político eeconómico. Contudo, há ainda um longo caminho apercorrer até à consolidação da democracia eimplementação da economia de mercado nesta região.

De acordo com alguns autores (Agh, 1998), o processode democratização dos Balcãs Ocidentais só poderá tersucesso se for orientado por um actor externo que disponhade um forte conjunto de incentivos, tal como acontece coma União Europeia na orientação e apoio do processo detransição empreendido por estes países. Attila Agh sublinhaa integração europeia como o mais importante factorexterno, definindo-o como força condutora de todo oprocesso de democratização na região dos BalcãsOcidentais, uma vez que fornece todo o quadro legalnecessário à transição, assegurando não só o seusucesso, como também a aproximação destes países daEuropa. A União Europeia actua, assim, como actor externode democratização, oferecendo incentivos para a adopçãodas regras de boa governação, mas as verdadeirasmudanças políticas não podem ser apenas orientadas porelementos externos ao país. O envolvimento dos actoresnacionais em todo o processo torna-se essencial para areal mudança desta região. Depende das elites nacionaissaber agarrar a oportunidade para democratizar e permitirque o contágio democrático produza os seus efeitos atodos os níveis (do institucional à sociedade civil).

Desde o fim da Guerra fria, a União Europeia tem vindoa aumentar as suas responsabilidades na construção dapaz e segurança do mundo. Este papel internacionaldesenvolve-se através das relações externas que incluemum grande número de instrumentos/iniciativas a nívelpolítico, económico, comercial, humanitário e diplomático.Todos eles reflectem valores e normas europeiasfundamentais. Através do processo de Europeanização, aUnião Europeia exporta estes valores e normas que ajudama assegurar a estabilidade e a boa governação nos paísesdos Balcãs Ocidentais. A Europeanização é, desta forma,um processo orientado pela União Europeia, dependendodirectamente de mecanismos e condições específicas.Claro que, a curto médio-prazo, pode significar sacrifíciose escolhas/opções difíceis a nível socioeconómico. Mas,a longo prazo, promove a modernização, a estabilidade eo sentimento de segurança, condições fundamentais parao crescimento e desenvolvimento destes Estados.

civil na vida política, uma coesão social inadequada, aausência de novas estruturas sociais e o aumento do crimeorganizado constituem verdadeiros entraves àdemocratização.

A implementação e posterior consolidação dademocracia dependem de um conjunto complexo defactores a nível político, económico e social onde apenasuma parte pode ser ou é da responsabilidade do governo.Uma sociedade civil organizada e participativa é um factorcrucial deste processo.

As condições económicas existentes nestes paísesnão são encorajadoras. As reformas económicasprosseguem lentamente e de forma penosa devido, entreoutras razões, à instabilidade política, corrupção, reformasincompletas e incerteza legal.

No entanto, apesar das dificuldades internas e inerentesa todo o processo, a transição política, económica e socialtem vindo a ser feita a várias velocidades pelos países

Teresa CiercoProfessora Auxiliar

da Universidade Lusíada do Porto

Auto ra

a União Europeiatem vindo a aumentar

as suas responsabilidadesna construção da paz

e segurança do mundo

As reformas económicasprosseguem lentamente

e de forma penosa devido,entre outras razões,

à instabilidade política,corrupção,

reformas incompletase incerteza legal

Boletim Informativo - AACDN I 13

Ministros da Defesa Nacional dos Governos Constitucionais pós-25 de Abril

Eurico Silva Teixeira de Melo(XI Governo Constitucional)

Alferes Ana Dias, do MDN,Licenciada em Comunicação Social

pelo ISCSP

Auto ra

Nome: Eurico Silva Teixeira de MeloData de nascimento: 28 de Setembro de 1925Naturalidade: Santo TirsoNúmero de filhos: 3Estado Civil: Casado com Luísa da Veiga Gil da Fonseca Pinheiro

O engenheiro Eurico de Melo, formado em químicapela Universidade do Porto, é um dos sociais-democratas portugueses mais conhecidos, ainda

que esteja actualmente retirado das lides políticas. O seunome está amplamente ligado à cidade de Santo Tirso, naqual foi deputado em Assembleia Municipal, entre 2001 e2003.

O primeiro cargo político relevante que exerceu foi o deGovernador Civil de Braga, entre 1975 e 1976. Passou, depois,a vogal da Comissão Política Nacional do Partido SocialDemocrata (PSD), até assumir a pasta da AdministraçãoInterna do VI Governo Constitucional (1980), chefiado porFrancisco Sá Carneiro. Em 1983 foi, pela primeira vez, vice-presidente do mesmo partido e, no ano seguinte, vice-presidente da mesa do Congresso.

Integrou o X Governo Constitucional, entre 1985 e 1987,repetindo-se na pasta da Administração Interna e estreando-se no cargo de Ministro de Estado. Regressou à vice-presidência do PSD, entre 1985 e 1989.

Entretanto, desde 1987, fora Ministro da Defesa Nacionale, cumulativamente, vice-primeiro-ministro, até à remodelaçãode 5 de Janeiro de 1990. Em seguida, e até 1992, assumiu aPresidência do Conselho Nacional do PSD. Nos anos 1995 e1999 foi Presidente da mesa do Congresso e, pouco depois,deputado da Assembleia Municipal de Santo Tirso. Entre 1994e 1999, esteve no Parlamento Europeu como deputado doGrupo do Partido Popular, onde fez parte da delegação para asrelações com os países do Magrebe e da União do MagrebeÁrabe, da Subcomissão da Segurança e do Desarmamento eda Comissão dos Assuntos Externos, da Segurança e daPolítica de Defesa. Em 2005, presidiu ao Conselho deAdministração do Grupo Santander Totta.

Foi, recentemente, galardoado com a Medalha de Ouro daCidade de Gaia.

Principais medidas enquanto MDN

As medidas de Eurico de Melo, enquanto Ministro da Defesa,estenderam-se a diversas áreas de acção como sejam:educação, sistema remuneratório e estatuto militar, recursosmateriais e apoio social.

No que se refere à educação é co-responsável, juntamentecom o Ministério da Educação, pelo Decreto-Lei n.º 302/88 de2 de Setembro, que aprovava o Estatuto da Academia Militar eo Despacho Conjunto de 26 de Maio de 1988, que impunhaque os estabelecimentos militares de ensino passassem areger-se pelas normas de orientação pedagógica dos demaisestabelecimentos de ensino, assegurando, assim, “a completaequivalência” entre os cursos.

Em segundo lugar, Eurico de Melo é contemporâneo daLei das Bases Gerais do Estatuto da Condição Militar, decretadana Assembleia da República a 1 de Junho de 1989 e que,entre outros aspectos, previa a entrada em vigor dos estatutosrespeitantes aos oficiais, sargentos e praças. Assinou,também, o Decreto-Lei n.º 57/90, de 14 de Fevereiro, queestabelecia um novo regime remuneratório, aplicável aosmilitares do quadro permanente ou a prestarem serviço emregime de contrato, bem como aos aspirantes-a-oficial,cadetes e alunos das escolas de formação de sargentos epraças destinados aos QP.

Outra medida importante, aprovada em Conselho deMinistros e da qual tomou parte, refere-se à legislação para aalienação do material de guerra e equipamento militar. EsteDecreto-Lei (n.º 48/89, de 22 de Fevereiro) definia que o Ministroda Defesa ficaria “autorizado a proceder à alienação de todo omaterial de guerra (…) não necessário à mobilização dasForças Armadas, nem cativo a obrigações internacionais”, sobpretexto de se obter “uma exploração mais económica econsentânea com as necessidades” e a “receita passível deaplicação na substituição de material alienado por outrotecnicamente mais actualizado e operacionalmentenecessário”. Ainda nesta área homologou, por despachoconjunto com o Ministério da Indústria e da Energia, umprotocolo de cooperação entre o Estado-Maior do Exército, oLaboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial ea empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica.A medida visava a execução de um programa de renovaçãodas tecnologias associadas aos Sistemas de Comando,Controlo, Comunicações e Informação (C3I).

Ao nível do apoio/serviço social destacamos a aprovaçãodo Regulamento de Beneficiários dos Serviços Sociais dasForças Armadas (Portaria n.º 245/88 de 1 de Junho) e a criaçãodo Complexo Social das Forças Armadas em Oeiras (Decreto-Lei n.º 156/89 de 12 de Maio).

Finalmente, tomou parte na criação do Regimento deArtilharia Antiaérea n.º 1 (Queluz), estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 256/88 de 22 de Julho, e na definição das atribuições,da estrutura orgânica e do quadro de pessoal do Ministério(Decreto-Lei n.º 46/88 de 11 de Fevereiro).

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O planeta Terra, este belo globo azul ondehabitamos, no seu perfeito equilíbrio cósmico,vem conhecendo, especialmente desde a

Revolução Industrial do século XIX, sérias ameaças a nívelanbiental, agravadas nas últimas décadas, e que colocamhoje em risco a sua própria existência e, com ela, a daespécie humana e das outras espécies animais e vegetais.As questões relacionadas com o ambiente e com oequilíbrio dos ecossistemas estão actualmente na agendade grandes organizações nacionais e internacionais, bemcomo no dia a dia das populações, que revelam umacrescente sensibilização para com a preservação da

Natureza, apesar da prática continuada de actosatentatórios contra a sua integridade.

As organizações ambientalistas têm tido um papelimportante, quer enquanto agentes dissuasores, junto daspopulações, relativamente a práticas que põem em causao equilíbrio do ambiente, quer enquanto elementos depressão junto dos estados, do poder político, junto do qualtêm igualmente papel importante os órgãos de comunicaçãosocial, enquanto intelocutores entre uns e outros. A nívelgovernamental e intergovernamental tem sido produzidalegislação abundante nesta matéria, a qual não se traduzainda em práticas instituídas e generalizadas, no sentidoda preservação do ambiente.

Os desequilíbrios verificados nas últimas décadasdevem-se maioritariamente à acção humana, nomeadamenteatravés da utilização indiscriminada dos recursos naturais(cujas fontes, em alguns casos, começam a estar exauridas,como é o caso do petróleo) e do consumo excessivo e nãoracionalizado. As consequências são manifestas, afectandorecursos vitais como a água e o ar. A este nível, a destruiçãoda camada do ozono, resultante da emissão declorofluorcarbonetos, é responsável pela degradação daatmosfera, com reflexos sobre a qualidade do ar respirável,pela formação do efeito de estufa, o que se traduz napenetração de radiações ultravioleta em níveis deperigosidade para a saúde. Outra das consequências doefeito de estufa é o aquecimento global do planeta, quearrasta outras alterações climáticas de que hoje o mundose ressente. O aquecimento do planeta, a poluição e odegelo dos pólos (sobretudo do Árctico) são algumas dasfaces notórias da nefasta acção do Homem sobre o seuhabitat.

As consequências catastróficas do efeito de estufaresultante do aquecimento do planeta são hoje bemconhecidas, entre as quais o degelo das calotes polares, e

Será numa concertaçãode vontades, e numa

activação de saberes,tecnologias e procedimentos,

reunindo governos,organizações transnacionais

e, naturalmente, a vontadeindividual de cada cidadão

que será possívelrestabelecer o equilíbrio

do planeta azul e tornar viávelo futuro do ser humano

Boletim Informativo - AACDN I 15

da Gronelândia, com o consequente aumento do nível domar, o aumento da amplitude térmica, a alteração dosregimes das chuvas, etc. Segundo revelam fontes dosoceanógrafos da NASA, divulgadas já este ano, o aumentodo nível do mar é de cerca de três milímetros por ano (trêsvezes superior ao de há dois séculos atrás), com tendênciaa acelerar. Este fenómeno é muito preocupante na Europa.De acordo com informação da Lusa, no nosso continente asubida do nível do mar poderá ser 50% mais elevada do quea média global e cerca de 20% das zonas húmidas corremo risco de desaparecer até 2080. O último relatório do PainelIntergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU,apresentado em Fevereiro, revela a previsão de uma subidado nível do mar até 43 cm em 2100 e um aumento detemperatura do planeta entre 2 e 4,5 graus, acompanhadode secas e de vagas de calor. A pior previsão aponta apossibilidade de degelo completo do Pólo Norte em finaisdeste século.

De todas estas graves alterações resulta, como umadas principais consequências, o desequilíbrio dosecossistemas e a ameaça à biodiversidade. Espéciesanimais como os golfinhos são das mais seriamenteafectadas, devido à poluição nos oceanos e, emconsequência do degelo do Árctico, as populações depinguins estão a reduzir-se, o urso polar está em risco deextinção, assistindo-se a uma alteração dos hábitos de vidadestes animais, obrigados a nadarem durante longasdistâncias para procurarem alimento. Outras espécies cujavida se encontra ameaçada são, por exemplo, a raposa doÁrctico, a coruja-das-neves, a lebre do Árctico, a morsa e afoca. Já no Antárctico, onde o degelo não é tão acentuado,encontram-se em risco o pinguim, o albatroz, o petrel, etc.Verifica-se igualmente que a deslocação das aves migratóriasocorre mais cedo do que era habitual.

As Nações Unidas, através da Convenção sobreEspécies Migratórias de Animais Selvagens, e em conjuntocom entidades empenhadas na defesa dos animais,designaram 2007 como o Ano Internacional do Golfinho.Tendo como preocupação prioritária a diversidade marinha,e especialmente esta espécie, que necessita de águas muitolimpas e que possui grande capacidade de sociabilizaçãocom o Homem, aquela organização arrancou com umacampanha, que tem como patrono o príncipe Alberto doMónaco e que envolve diversas entidades governamentaise não-governamentais, estando vocacionada sobretudo paraacções de sensibilização das populações para a preservaçãode múltiplas espécies.

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O panorama português, no que respeita à ameaça dabiodiversidade, não é distinto do que se verifica no resto doplaneta, uma vez que o aquecimento global tem vindo aacentuar-se nos últimos anos, associando-se-lhe umaumento da escassez dos recursos hídricos. Relembre-sea seca verificada nos últimos verões, sobretudo em Trás-os-Montes e no Sul do País, onde se nota uma tendênciapara a desertificação e uma regressão dos espaçosflorestais. A diminuição da biodiversidade é outro resultadodas alterações ambientais, no nosso País. Inserido noecossistema mediterrânico, Portugal, juntamente comEspanha, verá grande parte das espécies animais anfíbiasameaçadas. É o caso dos répteis que têm o seu habitatem terrenos húmidos, em charcos ou pântanos, e quecorrem risco de extinção devido à seca. Segundo fonte daLusa, “mais de 40% dos vertebrados existentes em Portugalenfrenta algum grau de ameaça, sendo os peixes o grupocom mais espécies em perigo, segundo o Livro Vermelhodos Vertebrados de Portugal publicado em 2006”. A mesmafonte revela um estudo realizado em Portugal continental,Açores e Madeira, envolvendo 512 espécies selvagens devertebrados, das quais 42% se encontram ameaçadas,sendo os peixes de água doce e migradores as categoriasclassificadas em maior grau de ameaça – 69%.

A degradação dos recursos hídricos verifica-se, pois, emquantidade e em qualidade. Assim, 45% dos nossos riosapresentam altos níveis de poluição e 50% das águasresiduais não recebem qualquer tratamento. Por outro lado,o consumo excessivo e não racionalizado de água, querpara uso doméstico, quer agrícola ou industrial, temconduzido à depreciação e à escassez deste precioso bem,com quebras de abastecimento para consumo humano, naordem dos 40%. A par da diminuição dos recursos hídricose da sua deterioração, verifica-se uma degradação daqualidade do ar respirável, o que acarreta consequênciasgraves para a saúde pública, traduzidas nomeadamente naincidência de doenças respiratórias.

Quanto à desertificação dos solos, tem aumentadoem Portugal (como aliás em todo o mundo) devido aosincêndios e à escassez de água, afectando já no nossoPaís cerca de 36% do território, com repercussõesnegativas evidentes sobre a diminuição da biodiversidadee da produtividade dos solos. Mau grado os efeitosdevastadores da seca e dos fogos, que determinaramalterações profundas nas últimas décadas – actualmente,apenas 38% do território continental é preenchido pormancha florestal – a floresta continua a ser uma riquezanatural incalculável para o nosso País, por múltiplosfactores, como sejam a conservação da biodiversidade,a produção de oxigénio e a retenção de gases com efeitode estufa (como o dióxido de carbono), a protecção eenriquecimento dos solos e a manutenção do regime daságuas, para além de outras mais-valias de âmbitoeconómico, como seja a produção de madeira.

Portugal será, segundo a Quercus, um dos paísesmais afectados pelas alterações climáticas no respeitanteà perda da biodiversidade, sobretudo devido aos incêndiosflorestais e à seca, acompanhados da subida da tempera-tura. O ecossistema português encontra-se, assim, entreos mais vulneráveis, pela conjugação daqueles doisfactores, prevendo-se uma subida da temperatura entreos dois e os cinco graus centígrados.

Boletim Informativo - AACDN I 17

É, todavia, necessário e possível mudar de rumo e acomunidade internacional, através de órgãos como o PainelIntergovernamental para as Alterações Climáticas, tem tidouma acção decisiva, nomeadamente na protecção dacamada do ozono. Neste sentido, foi assinado, em 1987, oProtocolo de Montreal, que determina a substituição dosgases destruidores da camada do ozono, o que vempermitindo reduzir drasticamente a sua emissão. Segundoo Presidente da Direcção Nacional da Quercus, HélderSpínola, os resultados deste protocolo começam a servisíveis, prevendo-se que até 2050 tenha havido umarecuperação da camada do ozono para os níveis normais,anteriores à sua destruição. Outra medida importanteconcebida a nível internacional foi a assinatura do Protocolode Quioto, que entrou em vigor em Fevereiro de 2005, oqual estabeleceu como objectivo reduzir em 5%, no períodode 2008-2012, as emissões de gases com efeito de estufa,comparativamente aos valores emitidos em 1990. Estãotodavia ausentes deste protocolo os EUA, um dos principaisemissores de gases com efeito de estufa, e o nosso País étambém apontado, pela Agência Europeia do Ambiente,como um dos países do mundo industrializado que nãoestá a cumprir as metas estabelecidas.

Assim, embora seja possível crer que a Humanidadeconseguirá reverter esta catástrofe global, a não adesãode alguns países aos protocolos celebrados, o aumentoda emissão de gases poluentes e, por outro lado, o factortempo, contra o qual se trava uma contínua batalha, noque a acções preventivas e de actuação eficaz diz respeito,são factores que interferem negativamente nos objectivostraçados. As directivas dimanadas do Protocolo de Quiotoestão ainda longe de ser cabalmente cumpridas, pelo queos efeitos do aquecimento global, nomeadamente ascondições climatéricas extremas, têm vindo a acentuar-se, apesar dos alertas do Painel Intergovernamental paraas Alterações Climáticas.

A energia constitui certamente uma área sensível, norespeitante às questões ambientais, pela ainda fortedependência dos combustíveis fósseis. A utilização dopetróleo e do carvão, cuja combustão provoca elevadosníveis de toxicidade, afectando seriamente o ar respirável,provocou em apenas um século uma degradação daqualidade do ar muito superior à ocorrida em milhões deanos de acção humana sobre a Terra.

A solução para este problema reside no recurso einvestimento em energias alternativas, as chamadas fontesrenováveis, nomeadamente as fontes de energia solar, deenergia eólica, de energia hídrica, etc, que, substituindo-seàs energias tradicionais, permitem preservar o ambiente egarantir o futuro das novas gerações. De salientar quePortugal possui um dos maiores parques eólicos do mundo,tendo a produção desta forma de energia merecido um forteinvestimento governamental nos últimos anos. De facto, emmuitas regiões de Portugal, fazem já parte da paisagem aspás giratórias dos aerogeradores, que imprimem um novoritmo silencioso e saudável à atmosfera.

A redução do consumo de fontes energéticas poluentes,juntamente com uma alteração qualitativa nos comportamen-tos e o investimento tecnológico, com a aposta sustentávelem soluções eficientes, permitirão reduzir os consumosdespiciendos e investir em energias cuja produção, alémde mais económica, traz acrescidos ganhos para o ambiente.

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Tenente Ana Rita CarvalhoRedactora do Jornal do Exército

Mestra em Literatura PortuguesaModerna e Contemporânea

Auto ra

A União Europeia encontra-se na linha da frente daspreocupações ambientais e das medidas legislativas,nesta área, tendo-se comprometido a reduzir, até 2020,as emissões de gases poluentes em cerca de 30%, e apressionar a Comunidade Internacional para o combateàs alterações climáticas. A Comissão Europeia assumiu,por seu turno, o compromisso de satisfazer 20% dassuas necessidades energéticas globais com recursosrenováveis, até à mesma data. Tal compromisso implica

um incremento, para o dobro, das energias renováveis,com consequências na melhoria ambiental. No panoramamundial e, no caso particular português, torna-senecessário e urgente implementar soluções com vista apreservar o futuro do planeta. Assim, como medidasactivas, impõe-se o combate à desertificação, à escassezde água e ao empobrecimento dos solos que passa, porexemplo, por um bom ordenamento territorial, por evitarcomportamentos de risco e por uma boa gestão dosrecursos hídricos. É necessária também uma boautilização dos terrenos agrícolas e de produção pecuária,no sentido de racionalizar os recursos, evitando as acçõeslesivas do meio ambiente, como sejam as descargas deresíduos nas águas dos rios. No respeitante à floresta,para além de uma acção preventiva eficaz (que passapor acções de dissuasão junto das populações), é vitalmelhorar as medidas de combate dos fogos florestais,em tempo útil, intensificar a prática da reflorestação, bemcomo promover medidas legislativas com vista à protecçãode certas espécies de árvores (até agora, só os sobreirose as azinheiras estão protegidos por lei, cobrindo cercade 37% da paisagem florestal portuguesa). Dado quegrande parte dos problemas ambientais deriva do efeitode estufa, é imperioso reduzir a emissão de gasespoluentes, implementando massivamente as energiasrenováveis e não poluentes, reduzindo simultaneamenteo consumo do petróleo, o que trará alterações positivas,até mesmo a nível económico.

As soluções apresentadas para restabelecer oequilíbrio ambiental encontram-se muitas vezesentrecruzadas, numa cadeia de valor que envolveaspectos não só ambientais como económicos, de saúdepública e até mesmo políticos. Problemas e soluçõesparecem muitas vezes intervertidos. Por exemplo, oexcesso de biomassa nas florestas poder-se-á converternuma fonte de energia como o biodiesel, já utilizado emalgumas viaturas; os resíduos orgânicos, muitas vezeslançados ao mar ou aos rios, podem ser sujeitos a umprocesso de degradação por respiração anaeróbia, dandolugar à produção de energia; grande parte dos resíduosnão-orgânicos são recicláveis, como acontece com osplásticos e metais, intervindo aqui, para além da vontadepolítica, uma componente educacional das populaçõesque estão aliás cada vez mais sensibilizadas para osproblemas ecológicos.

Será numa concertação de vontades, e numaactivação de saberes, tecnologias e procedimentos,reunindo governos, organizações transnacionais e,naturalmente, a vontade individual de cada cidadão queserá possível restabelecer o equilíbrio do planeta azul etornar viável o futuro do ser humano, este minúsculomicrocosmos, o único a dar sentido a um mundoinfinito.

Boletim Informativo - AACDN I 19

CAPÍTULO IDO ÂMBITO E CONSIDERAÇÕES GERAIS

Artigo 1.°Objecto

1 – O presente Regulamento Eleitoral (RE) define asnormas a que deve obedecer o Processo Eleitoral paraos Órgãos da Associação de Auditores dos Cursos deDefesa Nacional (AACDN).

2 – O processo eleitoral tem em vista a manifestaçãoda vontade dos sócios da AACDN na escolha dostitulares dos seus Órgãos Sociais, através do seu voto,inicia-se na data da convocatória da Assembleia GeralEleitoral e conclui-se com a proclamação dos resultadosda votação.

Artigo 2.°Duração do mandato e propositura

1 – Os Órgãos Sociais da AACDN são eleitos por umperíodo de dois anos, em escrutínio secreto, por umaAssembleia Geral Eleitoral, através de listas conjuntas,com designação dos cargos definidos nos Estatutos daAACDN.

2 – As listas têm que ser subscritas por um mínimode vinte sócios, no pleno gozo dos seus direitos asso-ciativos, os quais não podem ser simultaneamentecandidatos nem subscrever mais do que uma lista.

CAPITULO IIDOS ELEITORES E ELEGÍVEIS

Artigo 3.°Condições

1 – Apenas podem participar na Assembleia GeralEleitoral, eleger ou ser eleitos os sócios ordinários e extra-ordinários que à data das eleições, se encontrem no plenogozo dos seus direitos.

2 – Só são elegíveis para os Órgãos da AACDN ossócios ordinários e extraordinários que, à data do prazolimite para a apresentação das listas, estejam no plenogozo dos seus direitos associativos, não tenham quotasem dívida por período igual ou superior a seis meses enão se encontrem abrangidos pelo disposto no artigo 15ºdos Estatutos da AACDN.

3 – Nos termos estatutários, encontram-se no plenogozo dos seus direitos associativos, os sócios que,cumprindo os deveres fixados no artigo 7º e observado odisposto no nº 2 do artigo 8º, não se encontrem abrangidospelos artigos 9º e 11º dos Estatutos da AACDN.

4 – Sem prejuízo do disposto do nº 2, os sócioshabilitados com o último Curso de Auditores de DefesaNacional, cuja admissão não tenha sido ainda homolo-gada, podem integrar as listas, ficando, contudo, a suaeleição condicionada a homologação em AssembleiaGeral a realizar obrigatória e previamente ao acto eleitoral.

Artigo 4.°Relação dos sócios eleitores e elegíveis

A Direcção da AACDN elabora, com data de sessentadias de calendário antes do dia das eleições, relaçãoactualizada dos sócios com capacidade para elegereme serem eleitos, a qual no mesmo dia é afixada e podeser consultada pelos sócios interessados, nas sedes daAssociação e das Delegações.

Artigo 5.ºReclamações

1 – As eventuais reclamações dos sócios quanto àrelação a que se refere o artigo anterior, são apresentadaspor escrito à Direcção, no prazo de oito dias úteis após adata da sua afixação.

2 – A Direcção, no prazo de cinco dias úteis contadosa partir da data da entrada da reclamação, deve comunicarao interessado o teor da deliberação que sobre a mesmaproferir.

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CAPÍTULO IIIDA CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL

ELEITORAL

Artigo 6.ºConvocatória

1 – A convocação da Assembleia Geral Eleitoral éfeita pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, coma antecedência mínima de sessenta dias de calendáriorelativamente à data do acto eleitoral.

2 – Da convocatória devem constar:

a) O local, dia e hora da Assembleia Geral Elei-toral;

b) A constituição de Mesas de Voto nas Delega-ções Regionais, caso o Presidente da Mesada Assembleia Geral considere conveniente;

c) O prazo de apresentação de candidaturas;

d) A informação de que é permitido o voto por cor-respondência, por representação e, quando talfor possível, por meios electrónicos;

e) As condições necessárias para o sócio poderparticipar na Assembleia.

CAPÍTULO IVDA COMISSÃO ELEITORALE DAS MESAS DE VOTO

Artigo 7.ºDirecção do processo eleitoral

1 – O processo eleitoral é, em momentos diferentes,da responsabilidade da Mesa da Assembleia Geral, daComissão Eleitoral e das Mesas de Voto.

2 – Compete ao Presidente da Mesa da AssembleiaGeral convocar a Assembleia Geral Eleitoral, dirigir osrespectivos trabalhos, bem como dirigir o processoeleitoral até ao momento da constituição da ComissãoEleitoral.

3 – A direcção do processo eleitoral compete à Comis-são Eleitoral desde o momento da sua constituição atéao da abertura da Assembleia Geral Eleitoral, retomandoas suas funções para apuramento dos resultados,colaborando ainda com o Presidente da Mesa da Assem-bleia Geral no esclarecimento de quaisquer dúvidas queocorram no decurso do acto eleitoral.

4 – Às Mesas de Voto compete a direcção do processode votação desde a abertura até ao encerramento dasurnas.

Artigo 8.ºComissão eleitoral

1 – A Comissão Eleitoral é composta pelo Presidente

da Mesa da Assembleia Geral, que preside, e por umrepresentante de cada uma das listas candidatas.

2 – A Comissão Eleitoral entra em funções no primeirodia útil seguinte ao termo do prazo para apresentação decandidaturas e considera-se automaticamente extintaapós a proclamação dos resultados eleitorais.

3 – A Comissão Eleitoral reúne por convocação doseu Presidente, por sua iniciativa ou a pedido de qualquerdos representantes das listas.

Artigo 9.ºMesas de voto

1 – Na Assembleia Geral Eleitoral funcionam as mesasde voto que a Comissão Eleitoral considerar adequadas.

2 – Cada uma das Mesas de Voto é constituída porum elemento da Mesa da Assembleia Geral que presidee por dois sócios por si designados.

3 – As Mesas de Voto que, por decisão do Presidenteda Mesa da Assembleia Geral, vierem a ser constituídasnas Delegações Regionais são compostas pelo respectivoPresidente do Conselho Directivo, que preside, e por doissócios por si designados.

Artigo 10.ºDelegados das listas

1 – Cada lista pode designar um delegado para cadaMesa de Voto.

2 – Os delegados de lista têm o estatuto de obser-vadores, assistindo-lhes o direito de fiscalizar todas asfases do processo de votação, designadamente:

a) Recepção, abertura e introdução dos votos porcorrespondência nas urnas;

b) Verificação da identidade, assinatura e capa-cidade eleitoral dos eleitores directos, porrepresentação ou por correspondência;

c) Conformidade dos votos e sua contagem.

3 – Os delegados podem, em nome e no interesse dalista que representam, formular requerimentos e apre-sentar protestos por escrito, que ficarão registados emacta.

CAPÍTULO VDA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS

Artigo 11.ºPrazo

A apresentação de candidaturas é feita na sequênciada convocação da Assembleia Geral Eleitoral até quarentadias de calendário anteriores à data fixada para arealização desta.

Boletim Informativo - AACDN I 21

Artigo 12.ºProcesso de candidatura

1 – A apresentação de candidaturas consiste naentrega das listas completas para todos os Órgãos, comIndicação do cargo a exercer por cada candidato e commenção do nome, número de sócio e ano do Curso deDefesa Nacional.

2 – As listas candidatas são compostas pelos seguin-tes candidatos:

a) Para a Mesa da Assembleia Geral um Presi-dente, dois Vice-Presidente e dois Secretários.

b) Para a Direcção um Presidente, dois Vice-Presi-dentes, um Secretário, um Tesoureiro e ummáximo de quatro Vogais.

c) Para o Conselho Fiscal um Presidente e doisVogais.

3 – Para cada órgão poderão ser apresentados atédois suplentes.

4 – As candidaturas são obrigatoriamente acompanha-das dos seguintes documentos:

a) Relação dos subscritores da candidatura, como número de sócio e respectiva assinatura;

b) Programa de candidatura;

c) Termo individual ou colectivo de aceitação decandidatura e compromisso do exercício dasfunções para que for eleito;

d) Breve registo curricular de cada candidato;

e) Nomeação do representante da lista na Comis-são Eleitoral, com indicação dos respectivoscontactos.

5 – As listas candidatas, os programas de candidaturae os registos curriculares não poderão, no conjunto,ultrapassar oito páginas A4 e, além da impressão empapel, devem ser igualmente entregues em suporteinformático.

6 – O programa de candidatura pode, ainda, ser entre-gue nos três dias úteis posteriores à data limite de apre-sentação de candidaturas.

Artigo 13.ºLocal de apresentação das candidaturas

1 – A apresentação da candidatura é feita na sede daAACDN durante o horário normal de expediente.

2 – Da documentação entregue é apresentada cópia,na qual será lavrado termo de recebimento dosrespectivos originais.

3 – Tanto no original como na cópia deve indicar-se odia e hora da apresentação da candidatura.

CAPÍTULO VIDA VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES

DE LEGIBILIDADE

Artigo 14.ºAceitação ou recusa prévias das candidaturas

1 – Recebidas as candidaturas, a Mesa da AssembleiaGeral procede imediatamente à verificação das condiçõesda sua aceitabilidade.

2 – São liminarmente rejeitadas as listas que:

a) Não sejam subscritas pelo número mínimo deproponentes;

b) Não contenham o número de candidatos sufi-ciente ao preenchimento de todos os cargosefectivos.

3 – Da deliberação prevista no número anterior é dadoconhecimento à Comissão Eleitoral logo que constituída.

Artigo 15.ºAceitação definitiva das candidaturas

1 – O Presidente da Mesa da Assembleia Geral, salvonos casos de rejeição liminar, solicita de imediato aosServiços da AACDN que, no prazo máximo de três diasúteis, lhe forneçam os elementos que permitam ajuizarda elegibilidade dos candidatos e da capacidade dosproponentes.

2 – O Presidente da Mesa da Assembleia Geral,obtidos os elementos referidos no número anterior,convoca de imediato a Comissão Eleitoral para decidirsobre as condições de elegibilidade dos candidatos e dacapacidade dos proponentes.

3 – A decisão referida no número anterior deve serdevidamente fundamentada, tomada na primeira reuniãoda Comissão Eleitoral e nessa mesma data comunicadapor escrito, com os respectivos fundamentos, aos repre-sentantes das listas.

4 – No prazo de cinco dias úteis, a contar da notifi-cação prevista no número anterior, as listas, através doseu representante, podem apresentar à Comissão Elei-toral reclamação da deliberação, proceder à substituiçãode candidatos relativamente aos quais se verificou nãoserem elegíveis ou instruir o processo de candidatura comos elementos em falta.

5 – A Comissão Eleitoral, no prazo de três dias úteis,decide, com carácter definitivo, as reclamações e adita-mentos, de cuja deliberação e respectivos fundamentosdá cópia ao representante das listas interessadas.

Artigo 16.ºDenominação das listas

Terminado o processo previsto no artigo anterior aComissão Eleitoral denomina as listas por letras, sendo

22 I AACDN - Boletim Informativo

designada por “Lista A” a apresentada em primeiro lugare as restantes sucessivamente por ordem de apresen-tação.

CAPÍTULO VIIDA PROMOÇÃO ELEITORAL

Artigo 17.ºDivulgação de informação

1 – Com vista à divulgação e promoção eleitoral, osServiços da AACDN facultam ao representante de cadalista relação actualizada dos sócios eleitores.

2 – A divulgação e promoção eleitoral das listas de-corre no período que medeia entre a decisão definitiva deadmissibilidade das listas tomada pela Comissão Eleitorale o dia anterior à Assembleia Geral Eleitoral.

3 – A divulgação de informação sobre listas e seusprogramas tem como únicos destinatários directos ossócios da AACDN e é efectuada pelos Serviços daAACDN no prazo máximo de cinco dias úteis a contar doinício do período referido no número anterior.

4 – Os Serviços da AACDN divulgam por correio electró-nico a informação complementar que as listas, atravésdo seu representante, pretendam prestar aos sócios,limitada a duas mensagens electrónicas por lista, comconteúdo correspondente a duas páginas A4 e enviada àAACDN em formato digital até dois dias úteis antes doacto eleitoral.

5 – A informação divulgada ao sócios no decurso doprocesso eleitoral deve estar sempre conforme com anatureza e os fins da AACDN.

Artigo 18.ºIgualdade de tratamento

Compete à Comissão Eleitoral assegurar igualdadede tratamento, de oportunidades e de direitos a todas aslistas concorrentes.

CAPÍTULO VIIIDOS BOLETINS DE VOTO

Artigo 19.ºRequisitos

1 – O boletim de voto é o meio formal de manifestaçãoda intenção de voto, a qual se realiza pela aposição deuma cruz na quadrícula para tal destinada.

2 – O boletim de voto deve ser organizado por forma aque o eleitor nele possa expressar, de modo fácil e inequí-voco, o voto numa única lista.

3 – Os boletins de voto são feitos em papel liso, decor branca, sem marca ou sinal externo, contendo a

designação de todas as listas concorrentes.

Artigo 20.ºConservação e remessa dos boletins de voto

Os boletins de voto são enviados, por correio, para oseleitores com a antecedência mínima de dez dias úteiscom relação à data das eleições e estão disponíveis juntodas Mesas de Voto, durante o funcionamento daAssembleia Geral Eleitoral.

CAPÍTULO IXDA VOTAÇÃO

Artigo 21.ºFormas de votação

A votação é directa e secreta e pode ser efectuadaatravés de:

a) Voto presencial nas mesas de voto instaladas nolocal da Assembleia Geral Eleitoral se for o caso,na sede das Delegações Regionais;

b) Voto por correspondência;

c) Voto por representação;

d) Voto electrónico.

Artigo 22.ºVoto presencial

1 – O exercício do voto presencial comporta as se-guintes fases;

a) Identificação do eleitor;

b) Verificação da capacidade eleitoral;

c) Introdução do voto na urna.

2 – A identificação é feita mediante a apresentaçãodo cartão de sócio da AACDN ou de outro documento deidentificação.

3 – A capacidade eleitoral é verificada por consultaaos cadernos eleitorais elaborados, por ordem alfabética,pelos Serviços da AACDN, existindo dois exemplares emcada mesa de voto, nos quais se anotará a participaçãodo sócio no acto eleitoral.

4 – Na votação o eleitor entrega o boletim de voto,dobrado em quatro, ao Presidente da Mesa de Voto, queo introduzirá na urna, anunciando o nome do associadovotante.

Artigo 23.ºVoto por correspondência

1 – No voto por correspondência, o eleitor coloca umacruz na quadrícula destinada à manifestação do direitode voto e introduz o boletim dobrado em quatro numenvelope sem identificação exterior.

Boletim Informativo - AACDN I 23

2 – Este envelope, depois de fechado, é introduzidonum outro endereçado ao Presidente da Mesa daAssembleia Geral, acompanhado de fotocópia dedocumento de identificação do sócio, na qual apõe a suaassinatura e número de sócio.

Artigo 24.ºVoto por representação

A votação por representação é feita pelo sóciorepresentante, em nome e representação do sóciorepresentado, apresentando a respectiva declaraçãoacompanhada de fotocópia do bilhete de identidade dorepresentado ou de documento com igual força probatória,sendo o processo de votação semelhante ao da votaçãopresencial.

Artigo 25.ºVoto electrónico

1 – O direito de voto pode ser exercido através do votoelectrónico quando a AACDN dispuser dos meios que opermitam.

2 – Conjuntamente com a demais documentaçãonecessária ao exercício do direito de voto, são enviadasaos sócios as instruções necessárias à execução dovoto em segurança e sua confirmação.

CAPÍTULO XDO ENCERRAMENTO DA VOTAÇÃO

Artigo 26.ºVerificação dos votos

1 – Depois de entrados nas urnas todos os boletinsde voto, bem como os envelopes interiores contendo osvotos por correspondência, o Presidente da Mesa daAssembleia Geral faz o anúncio do encerramento davotação e da abertura das urnas, sendo abertas emsimultâneo tanto as que se encontram no local ondedecorre a Assembleia Geral como nas DelegaçõesRegionais.

2 – Abertas as urnas, procede-se à abertura dosenvelopes de votos por correspondência, e à desdobragemdos boletins de voto, separando-os por votos válidos, votosbrancos e votos nulos. Os votos válidos são separadospor listas.

Artigo 27.ºclassificação dos votos

1 – São considerados votos válidos aqueles cujoboletim contenha tão somente a expressão inequívocada opção eleitoral do sócio.

2 – São considerados votos brancos aqueles cujoboletim não contenha qualquer sinal.

3 – São considerados votos nulos aqueles cujo boletim

não contenha exclusivamente a cruz indicativa da opçãode voto, aposta na respectiva quadrícula.

CAPÍTULO XIDO APURAMENTO E PROCLAMAÇÃO

DOS RESULTADOS

Artigo 28.ºApuramento dos resultados

1 – Cada Mesa de Voto procede à contagem dos votose elabora acta a assinar por todos os seus membros,com indicação precisa dos resultados eleitorais, mençãode eventuais incidentes ocorridos no decurso da votação.

2 – A acta é entregue ao Presidente da Mesa daAssembleia Geral acompanhada dos boletins de voto,cadernos eleitorais e outros eventuais documentosrelativos à mesa de voto.

3 – Nas Delegações Regionais, o Presidente doConselho Directivo comunica, via telefónica, os respectivosresultados eleitorais, enviando no dia seguinte aoPresidente da Mesa da Assembleia Geral a acta elaboradanos termos dos números anteriores.

Artigo 29.ºConfirmação e divulgação dos resultados

1 – O resultado é confirmado por acto da ComissãoEleitoral e deve ficar documentado em acta.

2 – Terminado o apuramento dos resultados oPresidente da Mesa da Assembleia Geral comunica-osà Assembleia Geral Eleitoral, os quais serão tambémafixados na Sede e nas Delegações Regionais.

Artigo 30.ºRepetição do acto eleitoral

Em caso de empate, o Presidente da Mesa da Assemb-leia Geral suspende a sessão e marca a repetição do actoeleitoral, o qual deve realizar-se no prazo máximo de setedias úteis.

Artigo 31.ºRepetição do processo eleitoral

No caso de apenas uma lista se ter apresentado aoacto eleitoral, o número de votos válidos deve ser superiorà soma dos votos brancos e nulos, sem o que terá de seproceder a novas eleições, as quais devem ser marcadasno prazo máximo de cinco dias úteis.

Artigo 32.ºProclamação dos resultados

Findo o processo eleitoral o Presidente da Mesa daAssembleia Geral proclama eleita a lista mais votada.

Lisboa, Maio de 2007

24 I AACDN - Boletim Informativo

Acontecimentos&Actualidades

No passado dia 2 de Junho a AACDN organizou umavisita inserida na iniciativa Sábados Culturais, desta

feita ao Palácio da Pena, em Sintra.Distribuidos por dois grupos, preparámo-nos para, num

dia de Sol radioso e horizonte límpido, conhecer, com novoolhar, um Palácio que a maioria certamente já havia visitado.

Originalmente convento de frades da Ordem de S. Jeró-nimo, construído no reinado de D. João II, coube a D. ManuelI, em cumprimento de uma promessa em louvor de NossaSenhora da Pena, proceder à sua recuperação, após o queo voltou a entregar àquela ordem religiosa.

Com o terramoto de 1755 o convento ficou, de novo, emruína e foi assim que o jovem D. Fernando Saxe Coburgo-Gotha, casado com a Rainha D. Maria II, o adquiriu em1838.

Fascinado com a beleza da serra, o monarca, a quemchamaram o Rei Artista, decide recuperar o convento,transformando-o em residência de Verão da família real enele dar expressão à sua paixão pelas artes e à sua facetade coleccionador.

Logo à chegada, o nosso olhar foi conduzido para apreciar

a singular simbiose entre a Serra e o Palácio, cuja estruturaincorpora enormes rochedos.

De seguida, a notável figura do Tritão, simbolizando aalegoria da Criação do Mundo, com motivos marinhos nabase e crescendo para Terra, com vinhas e ramagens, depoisos pequenos azulejos de inspiração mourisca, paraentrarmos no espaço do Palácio através do pátio, outroralocal de chegada das carruagens, e para o deslumbre davista sobre a serra, naquele dia particularmente rico detonalidades verdes, densa e como sempre misteriosa.

Seguiu-se um percurso pelo lado exterior do Palácio,estreito e sempre debruçado sobre a serra e o parque que,mandado plantar por D. Fernando, com as mais variadas eexóticas espécies arbóreas, com aquele forma um conjuntoincindível.

Ainda no exterior fomos levados a observar a profusãode diferentes estilos arquitectónicos, atitude estética própriado romantismo, com a cópia da janela do Convento de Tomar,a multiplicidade dos azulejos, o conjunto das diversasguaritas, das mais diferentes formas e feitios.

Já no interior do Palácio, começámos pela estrutura maisantiga, a do convento, com o seu pequeno claustro, osten-tando no centro um feto arbóreo, envasado numa vieira decantaria assente em quatro cágados, conjunto com que sepretendia simbolizar a vida e a longevidade.

As pequenas celas monásticas foram convertidas emaposentos íntimos, salas e quartos, profusamente decoradosao gosto romântico, em que o horror ao espaço vazio, tãopróprio daquela época, é bem patente.

É de notar a preocupação pelos pequenos confortos, naintimidade dos quartos, as colecções de objectos vários,como as canecas do Rei D. Fernando, os pratos, asporcelanas. etc.

Da estrutura do antigo convento permanece a capela ea zona do altar-mor, no qual nos detivemos alguns momentospara apreciar o magnífico retábulo remascentista emmármore e alabastro atribuído a Nicolau de Chanterenne.

Subindo ao andar superior, percorremos os aposentosdestinados à Rainha para, de seguida, conhecermos assalas da ala social.

Começámos por observar a excelente pintura muralem trompe l‘oeil, ficando a nossa atenção presa nosmagníficos trabalhos em estuque, nos diversosrevestimentos em azulejo do século XIX, as inúmerascolecções e o bricabraque de peças que oferece umitinerário visual fascinante.

Duas horas depois de darmos inicio a esta viagem pelaHistória e pelas vidas reais, reunimo-nos de novo.

Agora para alimentar o corpo, em animado almoço naPraia Grande!

Dorinda Gomes

Sábados Culturais da AACDN

Boletim Informativo - AACDN I 25

IX Congresso Nacional

No âmbito da preparação do Congresso Nacionala realizar em Évora, no próximo mês de Outubro,

deslocou-se àquela cidade, no passado dia 28 de Maio,uma delegação da AACDN, integrando vários elementosda Direcção e o secretário-geral, para o estabelecimentode contactos com autoridades locais, nomeadamente aGovernadora Civil e o Presidente da Câmara Municipal,tendo em vista a elaboração do programa que se pretendeque seja aliciante para os nossos associados.

Aniversário do IDN

Teve lugar no dia 21 de Junho, a sessãocomemorativa do aniversário do Instituto, que

incluiu a palestra General Câmara Pina.Nesta sessão, para a qual a AACDN foi convidada e se

fez representar pelo Presidente da Direcção e por váriosassociados, foi orador convidado o TenGeneral BelchiorVieira, que fez a evocação do Vice-Almirante LeonelCardoso, antigo Director do IDN, desenvolvendo o tema ODesafio do IDN em 1977/80: Renascimento de uma Visão.

Pagamentos à AACDN

Aos Associados que já efectuaram o pagamento de quotas no corrente ano – utilizando o Multibanco

ou a transferência bancária – e que não tenham aindarecebido o respectivo recibo passado pelo secretariado da

AACDN, solicita-se que contactem a Associação, o maisbrevemente possível.

Reitera-se a necessidade da identificação dos Associa-dos que procedam aos pagamentos por aqueles meios.

Conferência do Primeiro Ministroao CDN-2007

Atradicional conferência do Primeiro Ministro aoCurso de Defesa Nacional foi proferida no IDN, no

passado dia 1 de Junho, para o CDN-2007, tendo o Institutoconvidado a AACDN para estar presente, a qual se fezrepresentar pelo Presidente da Direcção.

Os Desafios de Segurança Internacionale a Cooperação no Âmbito da CPLP

Numa organização conjunta da ComissãoParlamentar de Defesa Nacional e da CPLP, teve

lugar em Lisboa, nas instalações da Assembleia daRepublica, nos passados dias 24 e 25 de Junho, aConferência Internacional Os desafios de segurançainternacional e a cooperação no âmbito da CPLP.

A AACDN fez-se representar por um elemento daDirecção.

Esta conferência contou com um naipe de ilustresconferencistas nacionais e estrangeiros do maior relevo.

IX Congresso Nacional da AACDN

Soberanias e AmeaçasOs Desafios das Novas Fronteiras

AACDN comemora 25º Aniversário19 e 20 e 21 Outubro 2007 em Évora

O tema Soberanias e Ameaças – Os Desafios das Novas Fronteiras é excelenteMotivo para a preparação de comunicações por parte dos Auditores de Defesa Nacional

Contamos consigo

26 I AACDN - Boletim Informativo

Muitos continuama ser os Auditores

dos Cursos de DefesaNacional que,

ao longo de mais de trêsdécadas,

se notabilizaramnas mais diversas

áreas: nas Artesou nas Letras,

nas Ciências ouna Educação, na Política

ou na Guerra.Porque a sua acção

é digna de mérito,vale a pena ficara conhecê-los...

indiscriminadamente...

UmDeCadaVez

26 I AACDN - Boletim Informativo

Maria Fernanda da Silva Teixeira Valente Mestreé natural de Lisboa, é casada e tem dois filhos.

Licenciou-se em Direito, em 1979, na UniversidadeClássica de Lisboa. É Advogada, inscrita na Ordem.

É detentora de diversos cursos, nomeadamentesobre: Administração Pública Portuguesa; DireitoComunitário; Feitura das Leis e Técnica Legislativa;Contratação Pública em Portugal e em Espanha e aIntegração na Comunidade Europeia; ContenciosoComunitário; Código do Procedimento Administrativo;Contratos e Administração Pública na Sociedade deInformação; Gestão de Recursos Humanos naAdministração Pública; Regime de Realização deDespesas Públicas; Gestão dos Serviços Sociais daCâmara Municipal de Lisboa; e ContenciosoAdministrativo.

Actualmente, exerce as funções de AssessoraPrincipal na Consultadoria Jurídica do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

Foi Legal Adviser no CINCIBERLANT, tendo elaboradoo Regulamento das Condições de Trabalho do PessoalCivil Empregado pelo Comando-Chefe da Área Ibero-Atlântica.

Foi Consultora Jurídica da CEIOTAN (ComissãoExecutiva de Infra-estruturas NATO) e da COMIN(Comissão de Manutenção de Infra-Estruturas NATO).

Participou, em Julho de 1995, em Bucareste, nareunião dos Legal Adviser da NATO.

Colaborou na feitura do Regulamento de DisciplinaMilitar das Forças Armadas de Moçambique.

Chefiou, de Junho de 2003 a Novembro de 2005, oGabinete do Vereador da Câmara Municipal de Lisboa,responsável pelos pelouros dos Recursos Humanos,Desporto e Bombeiros.

Auditora do Curso de Defesa Nacional, é a sócia nº210/88 da AACDN.

Foi, na AACDN, Vice-Presidente da Direcção,Presidente da Assembleia-Geral e Vogal do ConselhoFiscal.

É sócia honorária da Associação dos Diplomadosda Escola Superior de Guerra do Brasil, desde 1991.

Boletim Informativo - AACDN I 27

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