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1 Região do Grande ABC / SP BOLETIM Ano IV - Março/2019 IndústriABC Apesar do lento ritmo de retomada da atividade econômica no País após a recessão de 2015 e 2016, o PIB da indústria avançou 0,6% em 2018 depois de quatro anos de retração. Entretanto, cabe ressaltar que a indústria de transformação apresentou crescimento um pouco menor em 2018 comparado ao desempenho de 2017. O ano de 2018 registrou aumento de 1,2% na produção física industrial, segundo a Pesquisa Mensal da Indústria - IBGE. No Estado de São Paulo, a produção industrial teve incremento de 0,8% no ano. Setorialmente, os segmentos de máquinas e equipamentos, farmoquímicos e farmacêuticos e de veículos automotores foram os que apresentaram as maiores ampliações na produção física no ano passado. Ao longo destes mesmos 12 meses, segundo a Sondagem Industrial para a amostra do Grande ABC, houve queda da produção em relação ao mês anterior em sete meses, inclusive no último trimestre dezembro de 2018-janeiro-fevereiro de 2019. Nos últimos meses o ABC paulista se deparou com cenário turbulento no setor industrial, em especial pela ameaça da General Motors em interromper as operações em São Caetano e com o efetivo fechamento da Ford Caminhões em São Bernardo. Os últimos 30 anos foram marcados por intensas modificações na dinâmica econômica local, com êxodo de unidades industriais e reorganização produtiva e setorial da economia regional. Entretanto, nesse período nenhuma montadora de grande porte, que caracteriza a trajetória da indústria local, havia interrompido as atividades. Isso reacendeu a discussão sobre o processo de desindustrialização da região, seus efeitos e possíveis caminhos para contorná-lo. Frente a esse contexto, o Índice de Confiança dos Empresários da Indústria (ICEI) diminuiu em fevereiro de 2019 entre empresas do Grande ABC, ante a melhora da confiança para as amostras de indústrias paulistas e brasileiras. A Sondagem Industrial (SI) e o Índice de Confiança (ICEI) são elaborados e divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) no Estado paulista. A Universidade Metodista de São Paulo, por meio do Observatório Econômico, realiza desde março de 2016 um recorte regional trimestral da indústria do Grande ABC em parceria com CNI e FIESP. Esta é a 11ª edição do IndústriABC. O indicador para cada item questionado na pesquisa é formado a partir da ponderação das frequências relativas das respostas, que apresentam escores iguais a 0, 25, 50, 75 e 100. Ao realizar a análise dos resultados, deve-se considerar a seguinte regra, dado o escore X: X = 50 50 ≤ X < 100 0 ≤ X < 50 - avaliação otimista - estoque acima do planejado - UCI acima do usual - avaliação pessimista - estoque abaixo do planejado - UCI abaixo do usual - indiferente - estoque dentro do planejado - UCI dentro do usual

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC Apesar do lento ritmo de retomada da

atividade econômica no País após a recessão de 2015

e 2016, o PIB da indústria avançou 0,6% em 2018

depois de quatro anos de retração. Entretanto, cabe

ressaltar que a indústria de transformação apresentou

crescimento um pouco menor em 2018 comparado ao

desempenho de 2017.

O ano de 2018 registrou aumento de 1,2% na

produção física industrial, segundo a Pesquisa

Mensal da Indústria - IBGE. No Estado de São Paulo,

a produção industrial teve incremento de 0,8% no ano.

Setorialmente, os segmentos de máquinas e

equipamentos, farmoquímicos e farmacêuticos e de

veículos automotores foram os que apresentaram as

maiores ampliações na produção física no ano

passado.

Ao longo destes mesmos 12 meses, segundo

a Sondagem Industrial para a amostra do Grande

ABC, houve queda da produção em relação ao mês

anterior em sete meses, inclusive no último trimestre

dezembro de 2018-janeiro-fevereiro de 2019.

Nos últimos meses o ABC paulista se deparou

com cenário turbulento no setor industrial, em

especial pela ameaça da General Motors em

interromper as operações em São Caetano e com o

efetivo fechamento da Ford Caminhões em São

Bernardo. Os últimos 30 anos foram marcados por

intensas modificações na dinâmica econômica local,

com êxodo de unidades industriais e reorganização

produtiva e setorial da economia regional. Entretanto,

nesse período nenhuma montadora de grande porte,

que caracteriza a trajetória da indústria local, havia

interrompido as atividades. Isso reacendeu a

discussão sobre o processo de desindustrialização da

região, seus efeitos e possíveis caminhos para

contorná-lo.

Frente a esse contexto, o Índice de Confiança

dos Empresários da Indústria (ICEI) diminuiu em

fevereiro de 2019 entre empresas do Grande ABC,

ante a melhora da confiança para as amostras de

indústrias paulistas e brasileiras.

A Sondagem Industrial (SI) e o Índice de

Confiança (ICEI) são elaborados e divulgados pela

Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

(FIESP) no Estado paulista. A Universidade Metodista

de São Paulo, por meio do Observatório Econômico,

realiza desde março de 2016 um recorte regional

trimestral da indústria do Grande ABC em parceria

com CNI e FIESP. Esta é a 11ª edição do IndústriABC.

O indicador para cada item questionado na

pesquisa é formado a partir da ponderação das

frequências relativas das respostas, que apresentam

escores iguais a 0, 25, 50, 75 e 100. Ao realizar a

análise dos resultados, deve-se considerar a seguinte

regra, dado o escore X:

X = 50

50 ≤ X < 100

0 ≤ X < 50

- avaliação otimista - estoque acima do planejado - UCI acima do usual

- avaliação pessimista - estoque abaixo do planejado - UCI abaixo do usual

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC Indústria de transformação brasileira perde participação no PIB

Com crescimento de 1,35% em 2018, a

indústria de transformação perdeu participação no

PIB brasileiro, diminuindo de 10,5% em 2017 para

9,6% em 2018. A indústria como um todo, que inclui

também os segmentos de indústria extrativista, da

construção civil e de eletricidade e gás, água, esgoto,

atividade de gestão de resíduos, apresentou

crescimento de 0,56% em 2018, após retrair 0,5% em

2017. Ao longo desta década, o setor industrial

diminui sua participação no PIB nacional de 23,27%

em 2010 para 18,4% em 2018 - o que fomenta

discussões em torno da desindustrialização da

atividade econômica do Brasil.

No Grande ABC, este debate se acirrou nos

últimos anos em vista, entre outros fatores, da

redução dos empregos no setor industrial. Segundo

dados do CAGED da Secretaria do Trabalho, do

Ministério da Economia, entre 2012 e 2017 os saldos

de geração de emprego no setor foram negativos no

ABC paulista, perfazendo perda de mais de 68 mil

empregos formais no setor. Em especial no período

2014 e 2016, as perdas somaram aproximadamente

55 mil empregos industriais.

Recentes movimentações ocorridas no setor

automotivo regional agitaram o debate sobre as

perspectivas da indústria local. O que necessita estar

claro, contudo, é a necessidade de a região alterar

sua estratégia de competição para atuar no cenário

econômico global.

É imperativo que o Grande ABC crie

mecanismos que ampliem suas vantagens

competitivas. Se não conseguir reunir competências

no campo tecnológico, da capacidade inovativa em

produtos e processo, a ponto de atrair novas

oportunidades de negócios tanto para empresas já

estabelecidas quanto para atração de novas

companhias, a região será pressionada cada vez

mais a competir via preços. Isso representa redução

e flexibilização dos custos da mão-de-obra e

concessão de benefícios tributários.

Não só no ABC, mas para todo o processo

de desenvolvimento da economia é necessário

compreender que a geração e manutenção do

emprego ocorrem a partir do crescimento econômico,

da ampliação da produção e da geração de riqueza,

com reflexos positivos sobre o mercado de trabalho.

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Indústrias extrativas

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Eletricidade e gás, água eafins

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

Sondagem Industrial – Região do Grande ABC

Ao longo de 2018, em cinco meses os

empresários industriais apontaram melhoras no

nível de produção em relação ao mês

imediatamente anterior, frequência um pouco menor

que o observado no ano anterior. Embora o último

biênio 2017-2018 tenha apresentado trajetória mais

favorável em relação ao período 2015/2016, os

resultados corroboram com o cenário de lenta

recuperação da atividade produtiva. A pesquisa PIM

do IBGE apontou quedas no volume de produção

agregada em quatro meses no Brasil e em cinco

meses em São Paulo.

No Grande ABC, contudo, conforme aponta

o gráfico abaixo, em apenas três meses os

empresários declararam ter ocorrido aumento do

volume de produção, o que demonstra

desaceleração no ritmo de retomada do setor

industrial da região. O trimestre entre novembro de

2018 e janeiro de 2019, contudo, apresentou

tendência mais definida de retração da atividade

produtiva do setor.

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Índice de difusão (0 a 100)

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC Os meses de dezembro e janeiro últimos

apontaram grau de utilização de cerca de 66% da

capacidade instalada da indústria. O

índice é timidamente superior aos apontados em

iguais meses nos dois anos anteriores. Esse

indicador revela a lenta retomada na utilização da

estrutura produtiva da indústria brasileira, apesar do

pequeno avanço observado entre o terceiro e quarto

trimestres do ano passado, quando se observou o

melhor nível de utilização da capacidade instalada

após a recessão de 2015-2016.

A capacidade ociosa do setor produtivo é

importante indicador do nível de atividade

econômica, pois permite avaliar a intensidade de

utilização do potencial produtivo dos setores. Esse

indicador também auxilia na avaliação de

expectativas sobre o fluxo futuro de investimento.

Com ociosidade elevada, como no atual momento, a

tendência é de que a demanda por realização de

novos investimentos produtivos na indústria seja

menos intensa.

O relatório FOCUS da última semana de

março divulgado pelo Banco Central aponta

expectativa de crescimento da produção industrial de

2,57% em 2019, o que resultará, se confirmado, na

manutenção de elevada capacidade ociosa.

No Estado de São Paulo e na região

Sudeste, o grau de utilização da capacidade

instalada se mostra abaixo do observado no começo

de 2018. No Grande ABC, a utilização da capacidade

instalada está em 66%, pouco acima do observado

há um ano, aproximando-se da média nacional.

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC Com relação ao número de

empregados, desde meados de 2018 têm se

observado índices próximos à estabilidade (50

pontos), o que é endossado pelos dados do CAGED

da Secretaria do Trabalho, que apresentam pequeno

saldo positivo na geração de empregos industriais.

No Grande ABC, as respostas da Sondagem

Industrial apontaram piora no nível de emprego

industrial a partir do segundo semestre de 2018, após

pequena melhora no semestre anterior. Esse

comportamento também é observado no fluxo de

geração de empregos formais divulgado pelo

CAGED/MTE.

No último semestre de 2018 e janeiro de

2019, na maior parte dos meses observou-se

redução no nível de estoques efetivos, segundo

avaliação de gestores do setor industrial. Ao mesmo

tempo, na maior parte dos meses, o estoque efetivo

ficou acima do planejado, o que aponta um

descasamento entre o ritmo de demanda esperada e

a demanda efetivamente realizada.

Em São Paulo e no Grande ABC, contudo,

nesse mesmo período houve maior frequência de

meses com redução dos estoques efetivos e

tendência à redução em relação ao planejado.

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Evolução dos Estoques Efetivos e sua comparação com o Planejado Brasil

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

No último quadrimestre após o período mais

intenso de especulações em torno do processo

eleitoral majoritário em outubro de 2018, as

intenções de investimento voltaram a

se ampliar. Esse período registrou a maior intenção

de realização de investimentos pelo setor industrial

tanto em nível nacional quanto no Sudeste e no

Estado de São Paulo.

Nesse ponto é importante ressaltar que, a

depender das expectativas de crescimento

econômico do Brasil em 2019, este indicador poderá

se alterar. Diante do atual cenário político, dada as

dificuldades enfrentadas, e por vezes criadas, pelo

Executivo Nacional em realizar reformas econômicas

prometidas, há a tendência de que nos próximos

meses observemos redução nas intenções de

investimentos.

No Grande ABC, a Sondagem Industrial

registrou no último quadrimestre oscilação,

inicialmente positiva em função da definição do

quadro eleitoral em outubro e novembro. Os efeitos

provocados pelo anúncio da GM, que ameaçou

encerrar as operações em São Caetano, e com a

decisão da Ford Caminhões de fechar a planta

instalada em São Bernardo do Campo, deverão ser

captados em fevereiro e março de 2019, na próxima

edição do Boletim IndústriABC.

De forma semelhante, ao longo do primeiro

semestre de 2019, poderemos observar os efeitos

dos programas de incentivo do governo paulista ao

setor automotivo e de ferramentaria, anunciados nas

últimas semanas.

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

As perspectivas de melhora da demanda

interna e para compra de matéria-prima

voltaram se elevar no último quadrimestre no Grande

ABC, após redução entre o primeiro e o terceiro

trimestre de 2018. Esses fatores sugerem que as

expectativas estão apostando na melhora da

atividade econômica. Os indicadores conjunturais do

setor industrial também são sensíveis à capacidade

do governo de executar as reformas programadas.

Ao mesmo tempo, a perspectiva de geração

de empregos permanece estável (próxima a 50

pontos), apontando para lenta retomada da atividade

e de desconfiança em torno de sua robustez. Essa

perspectiva tende a caminhar de forma interligada às

perspectivas de demanda interna e externa por parte

dos gestores do setor industrial.

Com relação às exportações

(demanda externa), o último ano apresentou

diminuição das perspectivas, mesmo diante da

tendência de valorização do dólar. Entre os fatores

explicativos, além da trajetória de crescimento

econômico dos principais parceiros comerciais, é

preciso considerar o custo de importações de

insumos produtivos, que impacta sobre os principais

produtos exportados.

A insuficiência da demanda interna e de

demanda externa está entre os 10 principais

problemas enfrentados pelo setor industrial, segundo

gestores do Grande ABC. Esse cenário só tende a se

alterar com a ampliação dos níveis de crescimento

econômico e o aprimoramento do ambiente de

negócios.

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8

Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

Com relação à condição financeira

das indústrias, os indicadores da Sondagem

Industrial permanecem apontando cenários

desfavoráveis desde 2015, apesar de se observar

avaliação menos pessimista no plano nacional e

estadual, comparativamente ao início de 2018.

As indústrias do Estado de São Paulo são as

que apresentam melhor evolução das condições

financeiras ao longo do ano, em especial com relação

à situação financeira (fluxo de caixa). Isso não

significa que a condição média apesentada ainda não

seja desfavorável

Como ressaltado no Boletim IndústriABC

anterior, é importante observar que o setor industrial

é o que apresenta menor taxa média de retorno na

economia brasileira, comparada ao setor financeiro,

aos serviços e comércio.

Perspectivas do Setor Industrial

ABC

41,1

5659,8

61,965

55

48,3

58,9

25

50

75

jan/16 jun/16 nov/16 abr/17 set/17 fev/18 jul/18 dez/18

Evolução de Demanda

36,2

49,3

53,9 54,7

46,7

48,2

25

50

75

jan/16 jun/16 nov/16 abr/17 set/17 fev/18 jul/18 dez/18

Evolução do número de empregados

42,3

54,1

59,2

54,4

64,560

50

55,4

25

50

75

jan/16 jun/16 nov/16 abr/17 set/17 fev/18 jul/18 dez/18

Evolução das compras de mátéria prima

48,5

70,2

52,5

72,2

65

53,6

4541,7

25

50

75

jan/16 jun/16 nov/16 abr/17 set/17 fev/18 jul/18 dez/18

Evolução da quantidade exportada

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9

Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

As indústrias do ABC paulista, por sua vez,

apresentaram avaliação ainda mais pessimista em

relação à condição financeira. A maior queda ocorreu

no item condições de acesso ao crédito, frente a

baixa observada nos demais itens avaliados (ver

gráfico acima).

Somando este indicador com a observação

de queda na atividade produtiva nos últimos meses,

com a persistência de elevada capacidade ociosa e

com a baixa projeção para crescimento da produção

industrial, a perspectiva é de que a retomada do nível

de investimentos na indústria regional deva ocorrer

de forma lenta, ainda que tenhamos melhora na

demanda.

10

30

50

Brasil SP ABC

Condição Financeira das Empresas - janeiro 2019

Margem de lucro operacional Situação Financeira Acesso ao crédito

De

sfa

vorá

vel

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10

Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

Entretanto, o principal problema enfrentado

pelo setor industrial, segundo os gestores, é a falta

de demanda interna. Entre os principais problemas

também estão questões estruturais relacionadas à

elevada carga tributária e a insegurança jurídica.

Com relação à taxa de câmbio, embora a

posição de desvalorização mantida pelo R$ nos

últimos meses possa tornar mais competitivos os

preços das exportações locais, essa posição

aumenta o custo das importações. Nas últimas

décadas, a estrutura produtiva do Grande ABC se

tornou dependente de importações de insumos, dado

o modelo de política macroeconômica implementada.

Com isso, a atual posição da taxa de câmbio amplia

o custo das importações, e consecutivamente o custo

de produção.

Curiosamente, apesar das condições de

acesso ao crédito terem piorado, segundo avaliação

dos gestores industriais do Grande ABC, eles não

apontaram a taxa de juros como um dos principais

problemas enfrentados. Essa questão foi ressaltada

pelos industriais do Estado de São Paulo e do Brasil.

Entretanto, os mesmos ressaltaram a falta de

financiamento de longo prazo como uma das

questões a influenciar negativamente a atividade

industrial na região.

Diante dos itens apontados ao lado, em

especial no plano nacional, há vários fatores a

interferir na atividade produtiva do setor industrial.

Em que pese a importância do ajuste das contas

públicas para melhoria da capacidade de

investimentos do Estado, à qual inclui a necessidade

de reformar o sistema previdenciário, isso não

significa que esta solução basta para recolocar a

atividade produtiva na rota de crescimento, como por

vezes é colocada. 18,7

8,0

9,7

20,9

18,9

5,5

21,4

12,1

49,1

27,9

11,24

8,88

10,06

15,98

10,65

8,88

21,3

13,02

55,62

41,42

15,38

15,38

23,08

23,08

23,08

23,08

30,77

30,77

53,85

61,54

Inadimplência dos clientes

Falta de financiamento delongo prazo

Demanda externainsuficiente

Competição desleal

Falta ou alto custo deenergia

Insegurança jurídica

Falta de capital de giro

Taxa de câmbio

Elevada carga tributária

Demanda internainsuficiente

Principais problemas enfrentados pelas empresas - dezembro de 2018

ABC

SP

Brasil

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

Indicadores de Confiança da Indústria

O Índice de Confiança da Indústria (ICEI) em

fevereiro de 2019 mostrou-se maior que o ICEI do

início de 2018, tanto no Estado de São Paulo e na

Região Sudeste como no Brasil. O maior crescimento

ocorreu nas Expectativas com Relação à Economia

Brasileira. .

Este comportamento foi observado não só

em nível nacional, mas também para as amostras do

Estado de São Paulo e do Grande ABC.

A principal melhora observada foi no

Indicador de Expectativa, influenciado pela melhora

da Expectativa sobre a Economia Brasileira e sobre

a trajetória da empresa.

Indicador de Confiança da Indústria – fevereiro / 2019

Brasil Sudeste São Paulo GABC

ICEI 64,5 64,3 65,7 61,5

Indicador de Condições 55,6 55,5 58,8 53,6

Indicador de Expectativas 69,0 68,8 69,0 65,5

Condições da Economia 57,1 57,0 60,1 60,7

Condições da Empresa 55,0 55,0 58,1 50,0

Expectativas da Economia Brasileira 68,5 68,3 69,0 67,9

Expectativas da Empresa 69,2 69,0 69,0 64,3

Ao longo do último ano, o ICEI do Grande

ABC apresentou queda, considerando o indicador

referente ao início de 2019 e ao início de 2018. Este

resultado foi composto em especial pela redução do

indicador de confiança relativo às condições da

empresa.

Comparativamente, os industriais do Grande

ABC mostram-se menos confiantes quando

comparados com seus pares no Estado de São Paulo

e no Brasil.

Isso se deve em grande parte ao fato de a região

ter sentido, de forma mais intensa, os impactos da

recessão econômica que se refletiram na atividade

industrial nos últimos anos.

Nos próximos meses, a capacidade do novo

governo de estabelecer diretrizes claras em direção

à proposta que o elegeu, com diminuição dos ruídos

políticos vistos nestes primeiros três meses, refletirá

nas perspectivas de crescimento e

consequentemente no nível de confiança do setor

produtivo.

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

ANEXO

Evolução nº Empregados

40

,7 43

,64

1,2

41

,44

2,2

42

,04

1,5

41

,4 42

,84

3,1

43

,34

3,7

44

,64

5,1

46

,34

6,5

45

,84

5,0

44

,7 46

,04

5,9 47

,54

7,0

48

,14

7,6

48

,24

9,1

49

,04

9,7

49

,04

7,6

48

,0 49

,64

9,6

49

,24

8,3

48

,14

8,5

49

,14

9,2

50

,04

9,1

47

,2 49

,7

30

50

70

jun

-15

ago

-15

ou

t-1

5

de

z-1

5

fev-

16

ab

r-16

jun

-16

ago

-16

ou

t-1

6

de

z-1

6

fev-

17

ab

r-17

jun

-17

ago

-17

ou

t-1

7

de

z-1

7

fev-

18

ab

r-18

jun

-18

ago

-18

ou

t-1

8

de

z-1

8

Evolução nº Empregados - BrasilÍndice de difusão (0 a 100)

46

,94

5,1

47

,24

7,1

47

,94

6,4

46

,64

7,7

49

,54

9,2

49

,44

6,8

47

,05

0,2

49

,84

9,0

48

,54

9,3

47

,95

0,3

48

,65

1,1

50

,24

6,6 49

,4

30

50

70

jan

-17

fev-

17

mar

-17

ab

r-17

mai

-17

jun

-17

jul-

17

ago

-17

set-

17o

ut-

17

no

v-1

7d

ez-

17

jan

-18

fev-

18

mar

-18

ab

r-18

mai

-18

jun

-18

jul-

18

ago

-18

set-

18o

ut-

18

no

v-1

8d

ez-

18

jan

-19

SÃO PAULO

49

,14

3,4

44

,84

4,7

45

,55

0,0

47

,55

1,3 52

,55

0,0

47

,24

7,5

49

,05

4,2

50

,0 55

,44

8,6

50

,04

5,6

50

,04

8,3

48

,54

5,3

44

,24

2,9

30

50

70

jan

-17

fev-

17

mar

-17

ab

r-17

mai

-17

jun

-17

jul-

17

ago

-17

set-

17o

ut-

17

no

v-1

7d

ez-

17

jan

-18

fev-

18

mar

-18

ab

r-18

mai

-18

jun

-18

jul-

18

ago

-18

set-

18o

ut-

18

no

v-1

8d

ez-

18

jan

-19

ABC

45

,74

5,0

46

,44

6,7

47

,14

7,0

46

,74

7,3

47

,34

7,9

48

,64

7,5

47

,94

8,4

48

,64

7,3

48

,04

1,4 4

7,8

48

,54

8,4

49

,64

8,4

48

,04

8,1

30

50

70

jan

-17

fev-

17

mar

-17

ab

r-17

mai

-17

jun

-17

jul-

17

ago

-17

set-

17o

ut-

17

no

v-1

7d

ez-

17

jan

-18

fev-

18

mar

-18

ab

r-18

mai

-18

jun

-18

jul-

18

ago

-18

set-

18o

ut-

18

no

v-1

8d

ez-

18

jan

-19

Índice de difusão (0 a 100)

SUDESTE

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Região do Grande ABC / SP

BOLETIM Ano IV - Março/2019

IndústriABC

Observatório Econômico

Universidade Metodista de São Paulo

Escola de Gestão e Direito

Curso de Ciências Econômicas

Reitor

Dr. Paulo Borges Campos Jr.

Diretor do Campus Rudge Ramos

Prof. Dr. Kleber Nogueira Carrilho

Coord. do Curso de Ciências Econômicas

Ma. Silvia Cristina da Silva Okabayashi

Coordenador de Estudos

Me. Sandro Renato Maskio

Professor Pesquisador

Dr. Moisés Pais dos Santos

URL:http://www.metodista.br/observatorio-economico