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BOLETIM da RDL SETEMBRO/OUTUBRO 2014 - N. 2 ESPECIAL LITERÁRIO - LEV TOLSTÓI Tolstói e o Direito: fragmentos de uma relação conflituosa No domínio da ciência do direito, constituída por raciocí- nios sobre como se pode organizar um Estado e o poder, se é que é mesmo possível organizar tal coisa, tudo isso está muito claro, mas quando aplicado à história essa definição de poder exige esclarecimentos. A ciência do direito encara o Estado e o poder como os antigos encaravam o fogo – como algo que existe de forma absoluta. Já para a história, o Estado e o poder são apenas fenômenos, assim como para a física de nosso tempo o fogo não é um elemento, mas um fenômeno. Dessa diferença básica entre a concepção de história e a da ciência do direito decorre que a ciência do direito pode explicar em pormenores como, no seu modo de ver, é precisa organizar o poder e o que é o poder, o qual existe de modo estático e fora do tempo; mas quanto às pergun- tas históricas sobre o significado do poder que se modifi- ca no correr do tempo, ela nada pode responder. (TOLSTÓI, Lev. São Paulo: Guerra e paz. Cosac Naify, 2011. p. 2438-2439.) O segundo é uma singela reverência a Boletim da RDL Lev Tolstói (1828-1910), escritor, filósofo e pensador político. Por que falar em Tolstói atualmente, qual a relevância em estudar esse profético novelista e de que modo isso poderia colaborar para a nossa compreensão de mundo? Tolstói possui a marca da genialidade. Pode-se afirmar com convicção que suas contribuições literárias e filosóficas são imprescindíveis para entendermos diversos fenômenos contemporâneos, mesmo que a maior parte de sua obra tenha sido escrita ainda no século XIX. Em grande medida, ele encarna a maioria das contradi- ções da vida no Império Russo. Sua personalidade é multifa- cetada: profeta, mujique, aristocrata, soldado, peregrino, san- to. Tal existência angustiada, preocupada com o mundo à sua volta, foi o combustível que o levou a escrever, compulsiva- mente, em diversas áreas do conhecimento humano (muitas vezes à revelia de sua saúde e, mesmo, do bem-estar de sua família). Em obras como (1886) e A morte de Ivan Ilitch Ressu- reição Guerra e paz (1899), até chegarmos no incontestável (1869) encontramos formas inovadoras de pensar a existên- cia humana, tanto do ponto de vista filosófico quanto histórico; e o da investigação jurídica – – não foge à regra. jusliterária As implicações jurídicas presentes na obra do escritor de Iásnaia Poliana são numerosas e diversificadas, e a realidade jurídica, muitas vezes, exerce influência decisiva no enredo de suas obras literárias. Para que seja possível realizar essa leitura do direito na Rússia czarista, é necessário compreen- der, ainda que, em linhas gerais, a história do direito russo. Dito de outro modo, mostra-se imprescindível recorrer ao cenário histórico para se ter condições de vislumbrar ques- tões complexas que atravessam a extensa obra de Tolstói. Historicamente, a Rússia difere da maioria dos países europeus ocidentais, pois a modernização de suas institui- ções e de seu ordenamento jurídico foi bastante tardia. Ape- nas com a subida ao trono de Pedro, o Grande (1689) – o qual inaugurou o quarto período da história do direito russo, cujo térmi- no ocorre com a Revolução Russa (1917) –, a Rússia começa a se desfazer do amplo período de auto- isolamento do resto da Europa e, gradualmente, retoma o contato mais estreito com as nações oci- dentais. São assumidos novos modelos de administração pública, e, pouco a pouco, as instituições são reformuladas, ainda que de forma insuficiente. Somente na segunda metade do século XIX, durante o reinado de Alexandre II, é que se desenvolveu um movimento liberal de reforma. Este processo, marcado pela abolição da servidão (1861) – a qual, efetivamente, dura até a Revolução Russa (1917) – e pela reforma da organização judiciária (1864), dá à Rússia um código penal (1855). A mais grave lacuna do ordenamento jurídico russo oitocentista é represen- tada pela ausência de um código civil nos moldes das mais importantes nações europeias. Esse é o panorama da situa- ção do direito russo durante a longa vida de Tolstói. O historiador do direito René David estabelece a premissa segundo a qual “A unidade do povo russo não tem como base o direito”. Ou seja, enquanto, por exemplo, um cidadão fran- cês ou inglês seria incapaz de imaginar seu país sem tribunais ou sem direito – –, tal pensamento, na Rús- ubi societas ibi jus sia, não causaria estranheza. Citando expressamente Tolstói, René David conclui: “Tolstói preconiza o desaparecimento do direito e o advento de uma sociedade fundada na caridade cristã e no amor. O ideal marxista de uma sociedade comunis- ta fraternal encontra raízes profundas no sentimento moral e religioso do povo russo”. José Calvo González descreve Tolstói como um renegado do direito desde 1848. Ao dezenove anos de idade, o futuro escritor cursava o segundo ano da faculdade de direito na Universidade de Kazan, período atribulado de sua vida, mar- cado pelas dificuldades de se integrar à vida universitária. No começo desse período em Kazan, passa a se interessar pelas matérias de Enciclopédia e Metodologia Jurídicas (algo equi- valente às atuais teoria e filosofia do direito). Ao final do ano de REDE BRASILEIRA DIREITO E LITERATURA

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BOLETIM da RDL

SETEMBRO/OUTUBRO 2014 - N. 2

ESPECIAL LITERÁRIO - LEV TOLSTÓI

Tolstói e o Direito:fragmentos de uma relação conflituosa

No domínio da ciência do direito, constituída por raciocí-nios sobre como se pode organizar um Estado e o poder,se é que é mesmo possível organizar tal coisa, tudo issoestá muito claro, mas quando aplicado à história essadefinição de poder exige esclarecimentos.A ciência do direito encara o Estado e o poder como osantigos encaravam o fogo – como algo que existe deforma absoluta. Já para a história, o Estado e o poder sãoapenas fenômenos, assim como para a física de nossotempo o fogo não é um elemento, mas um fenômeno.Dessa diferença básica entre a concepção de história e ada ciência do direito decorre que a ciência do direito podeexplicar em pormenores como, no seu modo de ver, éprecisa organizar o poder e o que é o poder, o qual existede modo estático e fora do tempo; mas quanto às pergun-tas históricas sobre o significado do poder que se modifi-ca no correr do tempo, ela nada pode responder.

(TOLSTÓI, Lev. São Paulo:Guerra e paz.Cosac Naify, 2011. p. 2438-2439.)

O segundo é uma singela reverência aBoletim da RDLLev Tolstói (1828-1910), escritor, filósofo e pensadorpolítico. Por que falar em Tolstói atualmente, qual a

relevância em estudar esse profético novelista e de que modoisso poderia colaborar para a nossa compreensão de mundo?

Tolstói possui a marca da genialidade. Pode-se afirmarcom convicção que suas contribuições literárias e filosóficassão imprescindíveis para entendermos diversos fenômenoscontemporâneos, mesmo que a maior parte de sua obra tenha

sido escrita ainda no século XIX.Em grande medida, ele encarna a maioria das contradi-

ções da vida no Império Russo. Sua personalidade é multifa-cetada: profeta, mujique, aristocrata, soldado, peregrino, san-to. Tal existência angustiada, preocupada com o mundo à suavolta, foi o combustível que o levou a escrever, compulsiva-mente, em diversas áreas do conhecimento humano (muitasvezes à revelia de sua saúde e, mesmo, do bem-estar de suafamília). Em obras como (1886) eA morte de Ivan Ilitch Ressu-reição Guerra e paz(1899), até chegarmos no incontestável

(1869) encontramos formas inovadoras de pensar a existên-cia humana, tanto do ponto de vista filosófico quanto histórico;e o da investigação jurídica – – não foge à regra.jusliterária

As implicações jurídicas presentes na obra do escritor deIásnaia Poliana são numerosas e diversificadas, e a realidadejurídica, muitas vezes, exerce influência decisiva no enredode suas obras literárias. Para que seja possível realizar essaleitura do direito na Rússia czarista, é necessário compreen-der, ainda que, em linhas gerais, a história do direito russo.Dito de outro modo, mostra-se imprescindível recorrer aocenário histórico para se ter condições de vislumbrar ques-tões complexas que atravessam a extensa obra de Tolstói.

Historicamente, a Rússia difere da maioria dos paíseseuropeus ocidentais, pois a modernização de suas institui-ções e de seu ordenamento jurídico foi bastante tardia. Ape-nas com a subida ao trono dePedro, o Grande (1689) – o qualinaugurou o quarto período dahistória do direito russo, cujo térmi-no ocorre com a Revolução Russa(1917) –, a Rússia começa a sedesfazer do amplo período de auto-isolamento do resto da Europa e,gradualmente, retoma o contatomais estreito com as nações oci-dentais. São assumidos novosmodelos de administração pública,e, pouco a pouco, as instituiçõessão reformuladas, ainda que deforma insuficiente.

Somente na segunda metade do século XIX, durante oreinado de Alexandre II, é que se desenvolveu um movimentoliberal de reforma. Este processo, marcado pela abolição daservidão (1861) – a qual, efetivamente, dura até a RevoluçãoRussa (1917) – e pela reforma da organização judiciária(1864), dá à Rússia um código penal (1855). A mais gravelacuna do ordenamento jurídico russo oitocentista é represen-tada pela ausência de um código civil nos moldes das maisimportantes nações europeias. Esse é o panorama da situa-ção do direito russo durante a longa vida de Tolstói.

O historiador do direito René David estabelece a premissasegundo a qual “A unidade do povo russo não tem como baseo direito”. Ou seja, enquanto, por exemplo, um cidadão fran-cês ou inglês seria incapaz de imaginar seu país sem tribunaisou sem direito – –, tal pensamento, na Rús-ubi societas ibi jussia, não causaria estranheza. Citando expressamente Tolstói,René David conclui: “Tolstói preconiza o desaparecimento dodireito e o advento de uma sociedade fundada na caridadecristã e no amor. O ideal marxista de uma sociedade comunis-ta fraternal encontra raízes profundas no sentimento moral ereligioso do povo russo”.

José Calvo González descreve Tolstói como um renegadodo direito desde 1848. Ao dezenove anos de idade, o futuroescritor cursava o segundo ano da faculdade de direito naUniversidade de Kazan, período atribulado de sua vida, mar-cado pelas dificuldades de se integrar à vida universitária. Nocomeço desse período em Kazan, passa a se interessar pelasmatérias de Enciclopédia e Metodologia Jurídicas (algo equi-valente às atuais teoria e filosofia do direito).Ao final do ano de

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1847, abandona o curso. Apesar da tentativa de retomá-lo,um ano depois, em São Petesburgo, influenciado pelas leitu-ras de Rousseau, renuncia de maneira definitiva à vida jurídi-ca um ano depois.

Menos conhecido, ainda, é o episódio – transcrito emseus Diários, mas não registrado em edições comerciais – dadefesa por ele patrocinada de um soldado que, bêbado, ata-cara um oficial. No evento, conhecido como Caso Sabunin,em que se requereu a aplicação da pena de morte ao réu,Tolstói não combateu a acusação no tribunal militar, mas bus-cou livrar o soldado da pena capital, atenuando sua respon-sabilidade criminal. Todavia, fracassou. É possível que talexperiência, na qual Tolstói se depara com o extraordináriorigor com que atuava a justiça militar da época, tenha contri-buído para o desencanto jurídico que ele já acumulava.

Com o passar dos anos, então, Tolstói defende uma espé-cie de , aliado à teoria da não-resistênciacomunismo místicoao mal e à fé no amor. Seu desgosto para com o direito podeser definido como um tipo de repulsa à ideia da força e dopoder a serviço do direito. Sua descrença é tamanha que eledefende a existência de uma essencial imoralidade do direito– resultando o direito como um sistema incompatível com amoral. Essa desconstrução completa do direito se acentuadurante a vida do escritor: cada vez mais são construídosconceitos baseados na noção de amor ao próximo, definindoo Amor como Direito Supremo, um dos princípios básicos dotolstoísmo, filosofia derivada dos preceitos estabelecidos porTolstói a seus inúmeros discípulos e seguidores.

No final de sua vida,sessenta anos depois de teringressado no Curso de Dire-i to na Univers idade deKazan, Tolstói demonstra omais absoluto ceticismo e,pode-se dizer, desconfiançacom o direito. Em sua respos-ta a Isaac SolomonovichKrutik, antigo discípulo eadepto da doutrina filosóficado tolstoísmo, no texto intitu-lado Carta a um estudante.Sobre o direito, podemosverificar esse posicionamen-to cético que levou o escritora considerar o direito umasemiciência – de caráterfraudulento –, que escraviza-va todos povos europeus.Em 27 de abril de 1909, omestre advertia o pupilo,combatendo o caráter cientí-fico do direito.

É evidente a existênciade uma situação conflituosae tumultuada entre Tolstói e odireito, que se deve, em gran-de medida, à relação ambí-gua do escritor com a estrutu-ra do czarismo russo e com avida aristocrática em geral.Todavia, nem sempre o posi-cionamento dele gravitou emtorno dessa negação absolu-

ta do direito. Foi no convívio com um amigo, Anatóli Fiódoro-vitch Kóni, importante jurista da época, que ele buscou amaior parte dos subsídios jurídicos para embasar suas nove-las, somando-as às noções mínimas que possuía sobre direi-to, acumuladas nos quase dois anos em que estudou a maté-

ria em Kazan e São Petesburgo. Orelacionamento com Kóni, jurista libe-ral de altíssimo nível intelectual, tam-bém vinculado de modo intenso comTchekov e Dostoievski, abriu espaçopara a discussão acerca de ideiaspara novos romances, como foi o casode , história em que seRessureiçãocombinam um caso real relatado porKóni e a própria jornada espiritual deTolstói.

Em , curtíssi-A morte de Ivan Ilitchma novela do escritor, vislumbra-seque inúmeras pesquisas jusliteráriaspodem ser construídas tendo esta narrativa como ponto departida. A novela nos traz uma descrição inicial dos rituais esímbolos judiciais da Rússia do século XIX. A figura de IvanIlitch como juiz é importante para uma análise em Direito eLiteratura – o mesmo se dá com o romance queRessureição,traz um enredo repleto de elementos jurídicos que podem sertema de investigação. Uma das abordagens possíveis, porexemplo, seria analisar o caráter da prestação jurisdicional dojuiz Ivan Ilitch. Quando acometido de grave enfermidade rara,de diagnóstico desconhecido, Ilitch começa a sopesar asações e condutas que tivera, como magistrado, durante todasua vida, até que a doença lhe tolhe a vida.

Outra abordagem promissora é a de que a doença domagistrado seria uma metáfora da enfermidade da própriasociedade russa . Ou seja, o desenrolar da tramafin-de-sièclecomo alegoria de um país que enfrenta graves dificuldades edesigualdade social extrema; onde são realizadas reformasinstitucionais, sem sucesso, em que se sabe que a “morte” daMonarquia Russa é iminente, mas ela continua sendo negada.A queda do Império Russo viria efetivamente a ocorrer déca-das mais tarde, com a Revolução Bolchevique.

Por fim, é importante lembrar o papel de Tolstói como forteelemento político na vida russa. O tolstoísmo foi perseguidocom rigor durante o regime czarista, levando muitos seguido-res da doutrina a serem presos e mortos nas prisões do vastoImpério Russo. Deve-se destacar que suas atitudes – tanto emsua militância política, quanto em seus escritos filosóficos eliterários – foram responsáveis por influenciar decisivamentena tomada de consciência do povo russo de seus profundosproblemas sociais e, ao final, pela ruptura com a dinastia daCasa dos Romanov. Por essa razão, no primeiro momento,Tolstói foi considerado o patriarca dos bolcheviques. Tanto ele,quanto seus discípulos tolstoístas, contudo, repudiaram aviolência levada a cabo antes, durante e depois da RevoluçãoRussa. Os tolstoístas e, consequentemente, o tolstoísmocomo filosofia de vida sofreram, após a Revolução, persegui-ção inclemente por quase um século – levados a perecer,quase em sua totalidade, nos trabalhos forçados dos gulagsda Sibéria e das regiões longínquas do Estado Soviético.

Luis Rosenfield

NOTÍCIAS EM DESTAQUE

III CIDIL - COLÓQUIO INTERNACIONALDE DIREITO E LITERATURA

A RDL vem divulgar o III COLÓQUIO INTERNACIONALDE DIREITO E LITERATURA: CRIME, PROCESSO E(IN)JUSTIÇA, a ser realizado de 12 a 14 de novembro de 2014,no Auditório Central da IMED, em Passo Fundo, RS. Nestaterceira edição, a discussão será dedicada à tríade “crime,

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processo e (in)justiça”. Tal escolha se deve ao fato de quemuitos são os casos jurídicos que trazem os elementos de umromance, o tema de uma tragédia e a sinopse de um filme. Épor isto que frequentemente a literatura, o teatro e o cinemaabordam questões que dizem respeito à esfera mais dura doordenamento jurídico: o direito (processual) penal.

O III CIDIL tem por pretensão propiciar diálogos entre odireito e a literatura, para que se alcance uma compreensãomais humana da esfera penal e daqueles que nela transitam,sejam eles julgadores, acusadores, defensores, réus, vitimasou testemunhas. Durante o evento serão realizadas conferên-cias, painéis, oficinas e apresentação de trabalhos, além deatividades culturais.

O evento contará com a presença de convidados estran-geiros – como os renomados professores Alberto Vespaziani(Itália), Virginia Zambrano (Itália) e José Calvo González(Espanha) –, e de ilustres juristas brasileiros, como LenioStreck, José Garcez Ghirardi, Jacinto Nelson de Miranda Cou-tinho e Alexandre Morais da Rosa, além de pesquisadores detodo o Brasil. Os resumos aprovados serão apresentadosatravés de comunicações orais, cujo cronograma será divul-gado oportunamente.

A Comissão Organizadora do evento oferece alojamen-to/hospedagem aos participantes de outras cidades, que deve-rão entrar em contato com antecedência em razão da disponi-bilidade: [email protected].

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LANÇAMENTO DA – REVISTAANAMORPHOSISINTERNACIONAL DE DIREITO E LITERATURA

A RDL tem a satisfação de noticiar a criação daANAMORPHOSIS – Revista Internacional de Direito e Litera-tura, periódico que tem como objetivo divulgar a produçãocientífica de pesquisadores nacionais e internacionais que sededicam ao tema Direito e Literatura.

O lançamento da ANAMORPHOSIS ocorrerá ainda esteano, e a RDLconvida os interessados a enviarem seus textos.

Acesse em: http://seer.rdl.org.br/index.php/anamps

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NOVOS MEMBROS HONORÁRIOS DARDL

ARDL vem informar que, nesse mês de setembro de 2014,foram incluídos no Quadro Social, na qualidade de MembrosHonorários, os seguintes associados:

Dino del Pino – Doutor em Teoria Literária (UFRGS). Professoruniversitário. Escritor;

J – Pós-Doutorado em Direito (UNICAMP).osé Garcez GhirardiProfessor de Direito (GV/SP);

Kathrin Rosenfield – Pós-Doutorada em Letras (Massachus-setts/EUA). Professora do PPGLetras e do PPGFilosofia daUFRGS;

Lawrence Flores Pereira – Doutor em Letras (PUCRS). Profes-sor do PPGLetras da UFSM;

Melina Girardi Fachin – Doutora em Direito (PUCSP). Professo-ra de Direito (UFPR).Advogada;

Miriam Coutinho Faria Alves – Mestre em Direito (UFBA). Pro-fessora de Direito (FASE e UNIT);

Nelson Camatta Moreira – Doutor em Direito (UNISINOS). Pro-fessor do PPGDireito da FDV/ES;

Ruben Daniel Castiglioni – Pós-Doutorado em Direito (Universi-tat de les Illes Balears/ESP). Professor do PPGLetras da UFRGS.

NOVIDADES EDITORIAIS

A pesquisa de fôlego realiza-da por Bruno Barreto Gomideem sua tese de doutorado mere-ce o devido destaque por parteda RDL. Trata-se de uma obrade referência sobre a literaturarussa no Brasil, no período quecompreende o final do Império eo surgimento da RepúblicaVelha. A compilação da críticaliterária da época nos fornecefontes de grande valia para aná-lises no campo não só da histó-ria e da literatura, mas do direito,da ciência política e da filosofiacontemporâneas.

Um dos destaques para ocampo do Direito e Literatura fica por conta da publicação docurtíssimo conto , publicado originalmente noUm juiz modeloBrasil em 1897, no “Diário Popular”, e agora resgatado nessanova edição. No conto, Tolstói analisa a figura do juiz a partirde uma perspectiva muito mais positiva do que aquela encar-nada em . Aqui, o autor desenvolve oA morte de Ivan Ilitchconceito de juiz virtuoso – situado num momento primitivo daHistória –, preocupado em produzir provas para colaborar para melhor elucidação dos fatos sobre os quais é chamado a seposicionar. Vê-se a imagem do magistrado diligente, capaz depensar e aplicar os métodos probatórios mais refinados, aindaque rudimentares, para buscar a melhor resposta aos difíceiscaso que lhe são apresentados. Talvez se possa afirmar queesse juiz é um contraponto, minuciosamente construído porTolstói, ao juiz burocrata Ivan Ilitch, criado nas repartiçõespúblicas czaristas – ineficientes e corruptas, fruto dos intermi-náveis privilégios da aristocracia russa –, incapaz de enxergarou, mesmo, se envolver com os problemas sociais, jurídicos epolíticos da Rússia e, tampouco, de contribuir para a melhoriadas instituições.

O ciclo de conferências sobre Direito e Literatura, ocorridono Instituto Goethe, de Porto Ale-gre, em novembro de 2013, pos-sibilitou a posterior publicaçãodesse livro impresso, sob a coor-denação de Sonja Arnold eMichael Korfmann. Merece espe-cial destaque o artigo de abertura,de Greta Olson (Universidade deGießen/Alemanha), intituladoLaw and Literature in the UnitedStates, the United Kingdom andGermany: Comparing LegalSystems, Literatures and CulturalPreoccupations. Também partici-param do evento membros daRDL, como Ruben Daniel Casti-glione, Draiton Gonzaga de Sou-za, Lenio Luiz Streck e AndréKaram Trindade.

GOMIDE, Bruno Barretto. : a recepção daDa estepe à caatingaliteratura russa no Brasil (1887-1936). São Paulo: Edusp, 2012.768p.

ARNOLD, Sonja; KORFMANN, Michael. Direito e literatura navirada do milênio. PortoAlegre: Dublinense, 2014.

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REDE BRASILEIRA DIREITO E LITERATURA

Aúltima edição da prestigio-sa revista italiana sobre literatu-ra hispânica, Studi Ispanici,reuniu textos que trabalhamexclusivamente temas relacio-nados ao Direito e Literatura. Aorganização dessa edição ficoua cargo do Membro Honorárioda RDL, Prof. Calvo González.

Dos diversos artigos publi-cados, pode-se sublinhar aanálise, de Jennifer Darrell,sobre a justiça e o poder noclássico da literatura Lazarillode Tormes, de autoria anônima.

AGENDADE EVENTOSDIREITO E LITERATURA

SETEMBRO

- IV Scuola di alta formazione in antropologia della libertà:Seminario sul maleLocal: Le Casermette, Bobbio Pellice, ItáliaData: 01/09/2014 e 02/09/2014Informações: http://www.lawandliterature.org/area/documenti/Summer%20School%20Law%20and%20Humanities.pdf

- Center for Law and Culture Conference: Visualising Lawand GenderLocal: St. Mary's University, Londres, Reino UnidoData: 03/09/14 e 04/09/14Informações: http://www.smuc.ac.uk/news/events/event/centre-for-law-and-culture-conferenceAberta para a submissão de trabalhos científicos.

OUTUBRO

- Intensive Course. Brecht: A Case Study in Law andLiteratureLocal: Faculty of Law, University of Toronto, CanadáData: 20/10/2014 a 30/10/201.Informações: http://www.law.utoronto.ca/course/intensive-course-brecht-case-study-in-law-and-literature

- XXIV Café, Direito e Literatura; O menino do pijamalistrado, de John BoyneLocal: Logos Livraria, Praia do Suá, Vitória, ESData: 24 de outubro, sexta-feira, às 15hCoordenação: Nelson Camatta MoreiraRealização: FDVApoio: Logos Livraria; Escola Lacaniana de Psicanálise deVitória; Rede Brasileira Direito e LiteraturaInscrições: www.fdv.brRequisito: leitura da obra30 vagas

NOVEMBRO

- Seminários El relato policial en latinoamerica enarrativas postidentitarias enAmérica LatinaLocal: Universidad de SanAgustín, Lima, PeruData: 23/06/14 a 27/06/14; 04/08/14 a 08/08/14Informações: http://iurisdictio-lexmalacitana.blogspot.com.br/2014/06/los-nietos-de-e-poe-en-latinoamerica

- III CIDIL – Colóquio Internacional de Direito e LiteraturaCrime, Processo e (in)justiçaLocal: Faculdade Meridional (IMED), Passo Fundo, RSData: 12/11/2014 a 14/11/2014Informações: http://imed.edu.br/Home e http://www.rdl.org.br/

- Seminário Jorge Luis Borges e o Direito: Um passeiopelo jardim de caminhos que se bifurcamLocal: Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federalda Paraíba (UFPB), João Pessoa, PBData: 19/11/2014Horário: das 14 às 17hConferencista: Prof. Dr. José Calvo González (Espanha)Debatedores: Prof. Dr. Marcílio Toscano Franca Filho e Prof.Dr. Eduardo Ramalho RabenhorstCoordenação: Prof. Dr. Marcílio Toscano Franca FilhoRealização: Laboratório Internacional de Investigações emTransjuridicidade (LABIRINT) e Programa de Pós-Graduação

Entre em contato conosco. Envie suas críticas, sugestões e contribuições para: [email protected]

STUDI ISPANICI. Anno XXXIX, 2014. Fabrizio Serra editore, Pisa– Roma. 368pp. DERECHO Y LITERATURA HISPÁNICA –NÚMERO COORDINADO POR JOSÉ CALVO GONZÁLEZ.

O programa , apresentado pelo professor Lenio LuizDireito & LiteraturaStreck e produzido pela Rede Brasileira Direito e Literatura (RDL), emparceria com a TV UNISINOS, vai ao ar, semanalmente, por este canal e pelaTV Justiça, nas quartas-feira, às 19h30min, com reprises nos sábados, às9h; e nos domingos, às 8h30min.Já disponíveis no youtube os últimos programas, confira:

O paradigma da subjetividadeAsubcidadania no BrasilAcultura da vingançaSecularizaçãoMemória e esquecimento https://www.facebook.com/direitoeliteratura