boletim 1ªtr/es 2015.052 - sessÃo dia 24-03-2015

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-72, 8 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-34, 59, 72 ANDRÉ DIAS IRIGON-10, 24, 55, 56, 57, 58, 63 BRUNO MIRANDA COSTA-36, 69, 81 Carolina Augusta da Rocha Rosado-20, 21, 60 ES000226A - EURICO SAD MATHIAS-11 ES000235B - MARQUIVALDO DIAS CUNHA-34 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-19, 74 ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-35, 53 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-54 ES003823E - vanessa ribeiro fogos-73 ES004208E - FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ-19 ES004497 - DICK CASTELO LUCAS-65 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-54 ES004578E - JANETE MARCIA DIAS-19 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-60 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-73 ES004823 - SAMUEL ANHOLETE-9 ES004875E - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO-19 ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-29, 3 ES004952 - JOSE COCO FONTAN-76 ES005098 - SIRO DA COSTA-17 ES005124 - GRACELIA MARIA CONTE-51 ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-68 ES005668 - LIDIEL SILVA SCHERRER-38 ES005768 - LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI-59 ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE-30 ES006876 - CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA-42 ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA-60, 73 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-1, 15, 4, 45, 46, 75 ES007070 - WELITON ROGER ALTOE-57 ES007556 - VALMIR SILVA COUTINHO GOMES-83 ES008207 - ANA MARIA POLITANO SANTANA-47 ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-2 ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA-56 ES008759 - JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR-74 ES008883 - EMERSON ENDLICH ARARIPE MELO-48 ES009540 - LUCIANO PEREIRA CHAGAS-11 ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-25 ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-6, 61 ES010404 - ALEX WERNER ROLKE-32 ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-47 ES010800 - MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO-60 ES010829 - ALEXANDRE BRUNELLI COSTA-47 ES010923 - ROBERTA VIEIRA PINTO-12 ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-26, 29, 3 ES011373 - DIOGO ASSAD BOECHAT-50 ES011390 - Ruberlan Rodrigues Sabino-78 ES011532 - EDER JACOBOSKI VIEGAS-12 ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-54 ES011630 - FRANCISCO CARDOSO DE ALMEIDA NETTO-12 ES012120 - ANA PAULA FERREIRA PEIXOTO-20 ES012304 - JOSE OLIVEIRA DE SOUZA-79

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Page 1: BOLETIM 1ªTR/ES 2015.052 - SESSÃO DIA 24-03-2015

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-72, 8ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-34, 59, 72ANDRÉ DIAS IRIGON-10, 24, 55, 56, 57, 58, 63BRUNO MIRANDA COSTA-36, 69, 81Carolina Augusta da Rocha Rosado-20, 21, 60ES000226A - EURICO SAD MATHIAS-11ES000235B - MARQUIVALDO DIAS CUNHA-34ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-19, 74ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-35, 53ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-54ES003823E - vanessa ribeiro fogos-73ES004208E - FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ-19ES004497 - DICK CASTELO LUCAS-65ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-54ES004578E - JANETE MARCIA DIAS-19ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-60ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-73ES004823 - SAMUEL ANHOLETE-9ES004875E - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO-19ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-29, 3ES004952 - JOSE COCO FONTAN-76ES005098 - SIRO DA COSTA-17ES005124 - GRACELIA MARIA CONTE-51ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-68ES005668 - LIDIEL SILVA SCHERRER-38ES005768 - LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI-59ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE-30ES006876 - CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA-42ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA-60, 73ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-1, 15, 4, 45, 46, 75ES007070 - WELITON ROGER ALTOE-57ES007556 - VALMIR SILVA COUTINHO GOMES-83ES008207 - ANA MARIA POLITANO SANTANA-47ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-2ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA-56ES008759 - JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR-74ES008883 - EMERSON ENDLICH ARARIPE MELO-48ES009540 - LUCIANO PEREIRA CHAGAS-11ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-25ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-6, 61ES010404 - ALEX WERNER ROLKE-32ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-47ES010800 - MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO-60ES010829 - ALEXANDRE BRUNELLI COSTA-47ES010923 - ROBERTA VIEIRA PINTO-12ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-26, 29, 3ES011373 - DIOGO ASSAD BOECHAT-50ES011390 - Ruberlan Rodrigues Sabino-78ES011532 - EDER JACOBOSKI VIEGAS-12ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-54ES011630 - FRANCISCO CARDOSO DE ALMEIDA NETTO-12ES012120 - ANA PAULA FERREIRA PEIXOTO-20ES012304 - JOSE OLIVEIRA DE SOUZA-79

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ES012398 - ERIMAR LUIZ GIURIATO-43ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-60ES012714 - THIAGO ZAMPIROLLI-21ES012756 - LUCIO GIOVANNI SANTOS BIANCHI-44ES012814 - BETHÂNIA FELTZ SCHIMIDT-16ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-33ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-66ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA-68ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI-57ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-54ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA-68ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA-19, 74ES013525 - JEFFERSON R. MOURA-77ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA-28ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI-28ES014092 - THIAGO SOUZA DO NASCIMENTO-11ES014151 - FERNANDO TALHATE DE SOUZA-5ES014183 - MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD-50ES014277 - CARLOS GOMES MAGALHÃES JÚNIOR-41ES014724 - FERNANDA AUGUSTA DA SILVA LEITE-83ES014951 - LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA-50ES015015 - MICHELE LEMOS GONÇALVES-57ES015248 - ADRIANA GOULART DIAS-5ES015319 - Olga Paula Alves-55ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-50ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH-30, 7ES015744 - CATARINE MULINARI NICO-39, 67ES015750 - GILMAR MARTINS NUNES-36ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-37ES016204 - LEONARDO BECKER PASSOS DE OLIVEIRA-20ES016206 - DANIELA BERNABÉ COELHO-12ES016376 - DAIANE TAMBERLINE-12ES016403 - Letícia Severiano Zoboli-9ES016574 - GETULIO JOSE MACHADO JUNIOR-48ES016726 - MARAIZA XAVIER DA SILVA-20ES016750 - Everaldo Martinuzzo de Oliveira-10ES016751 - Valber Cruz Cereza-31, 49, 52, 58ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-15, 4, 45, 46, 75ES016849 - DANIEL ASSAD GALVÊAS-50ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-15, 4, 45, 46, 75ES017197 - ANDERSON MACOHIN-23, 28, 70, 71ES017422 - VITOR FALCÃO DE SOUZA-12ES017733 - THIAGO HUVER DE JESUS-70ES017915 - Lauriane Real Cereza-31, 49, 52ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR-70ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-24ES018049 - ARIELLA DUTRA LIMA-61ES018077 - DANIELLE POLIDORO MARQUETTI CASTILHO-82ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ-69ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ-69ES018257 - MAYKE M. MIERTSCHINK DE JESUS-83ES018378 - ELAINE SANTOS DOS REIS-38ES018399 - DANIELA PACHECO CRUZ-41ES018421 - THYNDALO DIEGO LOUREIRO OLIVEIRA-38ES018476 - LUCAS WENDELL DA SILVA FREIRE-63ES019143 - PAULO ROBERTO ALVES DAMACENO-23

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ES019560 - JORDANA NEGRELLI COMPER-12ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR-61ES020593 - EDILANE DA SILVA BALBINO LORENZON-32ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA-81ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-62ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-22, 27ES021410 - Luciana Possa Machado-62EUGENIO CANTARINO NICOLAU-18, 38, 43, 51, 77Fabrício Caser-11GISELA PAGUNG TOMAZINI-19, 22, 42, 62GUSTAVO CABRAL VIEIRA-41Isabela Boechat B. B. de Oliveira-80JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-12, 25, 35, 40JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-44JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-28, 4, 5, 67, 76, 8JULIANA BARBOSA ANTUNES-15, 31, 9LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA-13LIDIANE DA PENHA SEGAL-40, 80LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-48, 66, 70LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-78MARCELA BRAVIN BASSETTO-37, 50, 61MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-27, 30, 65MARCOS JOSÉ DE JESUS-47, 6, 74, 82MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-17, 49, 52, 68MG095783 - GUILHERME STINGUEL GIORGETTE-64PEDRO GALLO VIEIRA-14PEDRO INOCENCIO BINDA-26, 29RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA-23RJ173475 - FERNANDA SILVEIRA DOS SANTOS-18RODRIGO COSTA BUARQUE-1, 33, 71SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-22, 27SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-16, 3, 39, 53, 54, 7, 73THIAGO COSTA BOLZANI-46THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-2, 75UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-79WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO-83

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES

Nro. Boletim 2015.000052 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

30/03/2015Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000542-16.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000542-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MANOEL RIBEIRO XAVIER (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).PROCESSO: 0000542-16.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000542-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUERECORRIDO: MANOEL RIBEIRO XAVIERADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY

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V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em face dasentença de fls. 45/48, que julgou procedente o pedido do benefício de auxilio doença até a devida reabilitação. Sustenta orecorrente: 1) que o autor foi inserido no mercado de trabalho já com problema físico congênito, e que não há nos autosqualquer comprovação de que tenha havido um agravamento, visto não haver doença e sim deformidade física que o autore portador desde o nascimento; 2) que pela conclusão do perito judicial a deformidade hereditária não gera incapacidadepara o trabalho, encontrando-se incapacitado apenas para trabalhos que necessitem de grandes esforços físicos, dos quaistodos os laudos particulares anexados aos autos não demonstram incapacidade.

2. O autor nasceu em 06.02.1977. Sua última profissão foi “trabalhador braçal”. O pedido administrativo foi realizadoem 19.04.2011 (fl.14) e indeferido por inexistência de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de benefício previdenciário,conforme consulta ao CNIS, entre os períodos: 07.08.1998 à 20.09.1998, 26.07.2002 à 31.08.2002 e 10.11.2012 à07.2014.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação de conhecimento proposta por Manoel Ribeiro Xavier em face do Instituto Nacional do Seguro Social –INSS, objetivando a condenação do réu à concessão de auxílio-doença, a ser convertido em aposentadoria por invalidez,com o pagamento dos atrasados devidamente corrigidos e indenização por danos morais.

Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9099/95), passo a decidir.

A questão controvertida no caso dos autos se restringe à existência de incapacidade e qualidade de segurado queautorizem conceder à parte autora auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.

O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/1991:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 33/35, constatou que o autor é portador de deformidade congênita dosarcos costais esquerdos, acarretando deformidade de coluna vertebral torácica. É doença congênita, detectada aonascimento. Afirma que não há incapacidade para o trabalho, mas sim grande limitação a uma série de atividades quenecessitem de esforços físicos. Caso haja reabilitação efetiva, o periciado poderá exercer atividades laborativas por tempoindeterminado. A limitação existente é definitiva, pois não há perspectiva de tratamento. O periciado não está incapacitadopara o trabalho, mas encontra-se incapacitado para trabalhos que necessitem de grandes esforços físicos pela deformidadeda qual é portador.

Dessa forma, é de se notar que o autor, mesmo portador da doença desde o nascimento, conforme atestado pela períciajudicial, não estava ainda incapacitado, pois conseguiu ter vínculos laborais por vários períodos, conforme demonstrado noCNIS. Além disso, pela comunicação de decisão de fl. 06 se constata que o benefício foi indeferido pelo INSS, na data dorequerimento, ao argumento de que não havia incapacidade.

Ademais, consta no CNIS (fls. 43/44) um vínculo laborativo iniciado em 01.04.2011 que foi cessado em 31.12.2012, ou seja,encerrou-se logo após a data da perícia médica realizada neste Juízo em 10.11.2012, corroborando o entendimento de quesomente nessa ocasião o autor deixou de ter condições para se manter no emprego, fazendo jus à concessão do benefícioa partir do laudo médico pericial.

Nesse contexto, diante do laudo pericial judicial, que constata a existência da enfermidade e da incapacidade paradesempenhar atividades que demandem emprego de esforço físico, bem como dos laudos médicos apresentados nosautos, concluo que o requerente se encontra incapacitado para exercer suas atividades habituais (trabalhador braçal).

Quanto à qualidade de segurado da parte postulante, verifico que a possuía, tendo em vista que manteve vínculoempregatício até 26.11.2010 e depois teve novo vínculo no período de 01.04.2011 a 31.12.2012 (CNIS de fls. 43/44).

Faz o autor, assim, jus ao auxílio-doença pleiteado e, por outro lado, inexistindo incapacidade definitiva para outras funções,e ainda levando-se em consideração que o autor é pessoa relativamente jovem e que pode conseguir se inserir em novaatividade profissional, não há que se falar na concessão de aposentadoria por invalidez, conforme prevista na Lei 8213/91:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de

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atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

É de se destacar que o benefício de auxílio doença deve ser pago até a devida reabilitação do segurado, assim comopreceitua o art. 62 da Lei 8.213/1991:

Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverásubmeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até queseja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando consideradonão-recuperável, for aposentado por invalidez.

Assim sendo, entendo que deve prosperar o pleito autoral com a concessão do auxílio doença.

Quanto ao termo inicial do benefício, entendo que deve ser fixado na data do laudo médico que atestou a incapacidade doautor para desempenhar atividades de esforço físico (10.11.2012 – fl. 33).

Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos desta natureza.

Pelo exposto, julgo procedente com resolução de mérito, o pedido de auxílio-doença, até a devida reabilitação do segurado,nos termos do art. 269, I do CPC, condenando o réu a conceder o benefício a partir de 10.11.2012 (data do laudo médicopericial – fl. 33), bem como a pagar as parcelas vencidas (descontando-se os valores pagos administrativamente e/ou osmeses em que o autor recebeu remuneração), atualizadas na forma do art. 1º F da Lei 9494/97, com a redação que lhe foidada pela Lei 11960/2009, respeitada a prescrição quinquenal. Julgo improcedente com resolução de mérito, nos termos doart. 269, I, do CPC, os pedidos de aposentadoria por invalidez e indenização por danos morais.

Defiro a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional ante o juízo de certeza ora formado e o perigo de dano de difícilreparação (privação de verbas de natureza alimentar) determinando a concessão do benefício a partir da competência domês de JUNHO DE 2013, no prazo de 20 (VINTE) dias a contar da intimação da presente decisão, sob pena deresponsabilidade, restando condicionado o pagamento dos atrasados ao trânsito em julgado da presente decisão....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O laudo evidencia que o autor estava exercendo atividades braçais; e que, em face da deformidade que porta,encontra-se incapaz “...para trabalhos que necessitem de grandes esforços físicos pela deformidade da qual é portador.”(fl.34, n. 8). Ocorre que o autor possuiu vários vínculos em empresas (indicados no CNIS) que efetivamente sugeremexercício de atividade braçal; e ante o teor dessa resposta no laudo, ficou implícita – embora evidente – a conclusão de quehouvera agravamento da incapacidade que está incapacitando o autor para atividades que exijam “grandes esforços”.

5. Dentro de tal contexto, a deformidade congênita, por sua progressão, gerou incapacidade para determinadostipos de atividades (as que exigem esforço físico elevado). Por conseguinte, está correta a diretriz encampada na sentença.

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, queora arbitro em 10% sobre o valor das parcelas vencidas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

2 - 0000996-59.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000996-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JONAS DOS SANTOS(ADVOGADO: ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).PROCESSO: 0000996-59.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000996-2/01)RECORRENTE: JONAS DOS SANTOSADVOGADO (S): EDGARD VALLE DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO DE ALMEIDA RAUPP

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JONAS DOS SANTOS, em face da sentença de fls. 74/75, quejulgou improcedente o pedido, para condenar o INSS a conceder o benefício previdenciário de auxilio doença e posteriorconversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente: 1) que não foram respondidos pelo perito do juízo osquesitos apresentados às fls.61/62, bem como os esclarecimentos; 2) que a sentença ocorreu em violação aos princípiosconstitucionais da ampla defesa e do contraditório, requerendo assim a nulidade da mesma e o retorno dos autos ao Juízode primeiro grau para o regular processamento do feito, com nova perícia médica e respostas dos quesitos da parterecorrente.

2. O autor nasceu em 17/01/1952. Sua última profissão “lavrador” O benefício (NB: 5393826687) concedido em

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02/02/2010, com data de cessação programada 17/10/2010, teve sua prorrogação indeferida conforme recursoadministrativo realizado em 30/06/2010 (fl.43). Em consulta ao CNIS consta que o recorrente já se encontra aposentado poridade (NB:156111151-9).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação de conhecimento proposta por Jonas dos Santos em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,objetivando a condenação do réu à concessão do auxílio-doença, a ser convertido em aposentadoria por invalidez, com opagamento de atrasados devidamente corrigidos.

Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9099/95), passo a decidir.

A questão de mérito controvertida, no caso dos autos, se restringe à existência de incapacidade e qualidade de seguradoque autorizem conceder à parte autora auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/1991:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 63/66 informa que o autor sofreu fratura da patela esquerda e foi operadocom bom resultado. Afirma ainda o perito que o autor tem crepitação patelar secundária a fratura e sofreu trauma na mãoesquerda, mas não tem alteração radiológica ou perda da mobilidade. Durante o exame sentou-se e levantou-se sem apoionos móveis. Apresenta cicatriz na face anterior do joelho esquerdo com crepitação patelar, mas com mobilidade completa esem edema. Conclui o expert que a parte postulante está capacitada para exercer suas atividades laborais, pois tem boamobilidade, sem alterações clínicas que possam causar incapacidade.

De se ressaltar que os questionamentos formulados à fl. 71 já se encontram superados pela firme conclusão pericial, nosentido de que inexiste incapacidade. Todas as patologias alegadas pelo autor em sua inicial e na documentação anexadaaos autos são de cunho ortopédico, cuja incapacidade foi afastada pela perícia judicial.

Verifico, assim, que o autor não comprovou a existência de incapacidade que autorize a concessão do benefício, inexistindonos autos documentos capazes de infirmar a conclusão pericial.

Nesse contexto, a incapacidade, enquanto persistiu, foi tutelada administrativamente.

Desta forma, inexistindo qualquer incapacidade laboral, não faz jus a parte autora ao benefício previdenciário pleiteado nainicial.

Pelo exposto, julgo improcedentes os pedidos, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, na forma do artigo 269, inciso I, do Códigode Processo Civil....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O autor sofreu acidente de moto. Gozou de auxílio-doença entre 16/1/10 até 17/5/10 (DCB). A pretensão inicial éde concessão do auxílio-doença desde a referida data (17/5/10).

5. A pretensão recursal é de anulação da sentença; afirma-se haver nulidade porque foram apresentados quesitosque não foram respondidos (fls.61/62); e porque se requereu que o INSS apresentasse “cópia das perícias...” (fl.79); sendoque não o Juízo a quo não atendeu a tais requerimentos.

6. O autor encontra-se aposentado por idade como segurado especial desde 18/01/2012 (cf. CNIS de fl.87).Portanto, quando a ação foi proposta (novembro de 2012), o autor já se encontrava aposentado.

7. Em primeiro lugar, depreende-se que somente há interesse de agir no que refere às parcelas entre 17/5/10 e17/1/12.

8. O único documento médico é o atestado de fl. 29, lavrado em 9/4/10, no qual o médico afirmou que o autor forasubmetido a cirurgia e necessitava de reabilitação fisioterápica e afastamento do trabalho por 3 meses.

9. A ação somente foi proposta em novembro de 2012. O laudo pericial foi lavrado em 8/3/13. O perito examinouuma radiografia do joelho esquerdo de 23/9/10, consignando o que segue: “fratura da patela esquerda fixada e com bom

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alinhamento.”

10. Dentre as perguntas formuladas pelo autor na fl.62, consta a seguinte: “Após 17-5-2010, o autor foi portador dedoença incapacitante para o trabalho? Por quanto tempo e até quando perdurou o estado de incapacidade? Explique”.

11. Perceba-se que o único documento médico que o perito acessou relativo ao ano em que ocorreu o acidente e acirurgia foi a radiografia de joelho mencionada. E, pelo seu relato, sugeriu consolidação da fratura “com bom alinhamento”;ou seja, o relato não sugere existência de incapacidade na data em que a radiografia foi captada (setembro de 2010).

12. Muito embora os quesitos formulados tenham relevância, não me parece viável, em face do teor do laudo pericial(que, já em 2013, fez menção à radiografia lavrada em 2010, ano do acidente que gerou a fratura), chegar a uma conclusãoconvincente a respeito da incapacidade laborativa pré-existente em 17/5/10. Com efeito, o único atestado médicoapresentado sugere incapacidade persistente em 9/4/10 até 90 dias após essa data (sendo que parte desse período foiacobertado pelo pagamento de auxílio-doença).

13. Somente haveria viabilidade de o perito, em 2013, vislumbrar a situação médica passada do autor (entre 17/5/10e 18/1/12) caso houvesse extenso acervo médico a respeito do mesmo (atestados, radiografias etc.). Tal acervo inexiste nocaso concreto.

14. A dificuldade evidente em gerar prova segura a respeito da persistência do estado incapacitante entre 17/5/10 até18/1/12 (data da aposentadoria) torna inútil, sob o aspecto prático, acolher a pretensão recursal.

15. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

3 - 0101012-90.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101012-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x DOUGLAS CHAVES DA SILVA(ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.).PROCESSO: 0101012-90.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101012-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: DOUGLAS CHAVES DA SILVAADVOGADO (S): HENRIQUE SOARES MACEDO, BRUNO SANTOS ARRIGONI

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PREVISTO NO ARTIGO 20 DA LEI Nº8.742/93 (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS).

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar à parte autora o benefíciode prestação continuada previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS).

2. Alegou o recorrente o que segue: (a) o requisito de ¼ do salário mínimo per capta é legal e objetivo, devendo sernecessariamente observado para a concessão do benefício; (b) não é viável aplicar analogicamente ou extensivamente oartigo 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/03. Quanto ao critério de juros e correção monetária, em torno do julgamentodas ADINs 4357 e 4425 pelo STF, aduziu o seguinte: “(...)O STF expressamente advertiu que oportunamente seria dadamodulação dos efeitos da decisão das ADI´s em epígrafe. Logo, por ora, ainda não foi deliberado se julgamento se operaráex tunc ou se haverá algum outro momento para a eficácia da decisão, como previsto pelo art. 27 da Lei nº 9.868, de 10 deNovembro de 1999. Sendo assim, é possível que o julgamento das ADIs passe por alguma modulação temporal, podendoinclusive não ser aplicado aos precatórios já inscritos, ou mesmo aos processos que já estejam em curso como in casu.(...)”. (fl.131/132); por conseguinte, o INSS concluiu que “deverá continuar a ser utilizando os índices e a metodologia do art.1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação conferida pela Lei nº 11.960, de 2009... ” (fl. 132).

3. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de benefício assistencial de prestação continuada, NB 87/521.585.355-6.

O requerimento administrativo formulado em 16/8/2007 foi indeferido porque a renda per capita do grupo familiar erasuperior a ¼ do salário mínimo (fl. 40).

Condição de pessoa com deficiência

Tem direito ao benefício de prestação continuada, no âmbito da assistência social, a pessoa com deficiência que nãopossui meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família (art. 20, caput, da Lei nº 8.742/93).

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Considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho. Era o que previa aredação original do art. 20, § 2º, da Lei nº 8.742/93, em vigor na época do requerimento administrativo. As modificaçõesnormativas introduzidas pela Lei nº 12.470/11 não são aplicáveis, sob pena de ofensa a eventual direito adquirido.

O perito médico, nomeado pelo juízo, diagnosticou retardo mental moderado e psicose não orgânica não especificada(CID10 F71 e F29), conforme quesito 1, fl. 94. Afirmou que o autor não possui aptidão para trabalhar, pois apresenta gravedesorientação e prejuízo das funções cognitivas e senso-perceptivas, não tendo condições de uma interação segura com oambiente e com as pessoas (quesito 6). Avaliou que ele necessita da ajuda de terceiros para realizar as atividadescotidianas (quesito 8). Afirmou que pode se locomover sozinho, mas não pode sair de casa sozinho (quesito 9). Afirmou quehá indícios de que o quadro existe desde a infância (quesito 12). Atestou que não existe nenhuma atividade profissional quepoderia ser exercida pelo autor (quesito 16).

O perito afirmou que a doença mental provavelmente existe desde a infância. Está comprovado que o autor não temcondições para trabalhar. Também ficou provado que ele depende da supervisão permanente de terceiros para sair de casae para cuidar das próprias necessidades básicas rotineiras. Está comprovada a incapacidade para o trabalho e para a vidaindependente.

A incapacidade é definitiva, porque o perito confirmou que o autor sofre com grave alteração de comportamento, numquadro de difícil recuperação (quesito 14).

Requisito financeiro

Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capitaseja inferior a ¼ do salário mínimo (art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93).

Segundo a legislação vigente na data do requerimento administrativo, entende-se como família o conjunto de pessoaselencadas no art. 16 da Lei nº 8.213/91, desde que vivam sob o mesmo teto (art. 20, § 1º, da Lei nº 8.742/93, com aredação dada pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998). Assim, família, para os efeitos da Lei n° 8.742/93, compreende o cônjuge,companheira ou companheiro, filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido, os pais e oirmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido.

O relatório da assistente social elaborado em 20/4/2013 confirmou que junto com o autor moram as seguintes pessoas (fl.78):

Elquia Chaves da Silva, 55 anos, do lar, mãeEraldo José da Silva, 72 anos, paiAndressa Chaves da Silva, 35 anos, solteira, irmã

O filho maior de 21 anos não podia, segundo a legislação vigente antes da Lei nº 12.435/11, ser considerado para efeito deaferição da renda mensal per capita por falta de previsão legal. Eis julgado da Turma Nacional de Uniformizaçãoconfirmando a uniformização desse entendimento:

“BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. CONCEITO DE FAMÍLIA. FILHO MAIOR DE 21ANOS DE IDADE.Na época do requerimento administrativo formulado pelo requerente, o art. 20, § 1º, da Lei nº 8.742/93 estava em vigor coma redação dada pela Lei nº 9.720/98. Segundo a referida norma, entendia-se como família o conjunto de pessoas elencadasno art. 16 da Lei nº 8.213/91, a saber: o cônjuge; o companheiro; o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de21 anos ou inválido; os pais e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido. O filho maiorde 21 anos não podia ser considerado para efeito de aferição da renda mensal per capita.Com a superveniência da Lei nº 12.435, que entrou em vigor em 7/7/2011, o conceito de família ficou substancialmentealterado. De acordo com a nova redação atribuída ao art. 20, § 1º, da Lei nº 8.742/93, a família é composta pelos filhos,independentemente da idade, desde que sejam solteiros e vivam sob o mesmo teto. Logo, não há mais limite de idade paraos filhos, passando a ser relevante apenas que sejam solteiros. Não obstante, o acórdão recorrido trata de fatos anterioresao início da vigência dessa alteração normativa.Quanto à possibilidade de a lei nova ter aplicação imediata ao caso concreto, trata-se de matéria de direito intertemporalnão discutida nem no curso da lide nem no incidente de uniformização de jurisprudência. Observados os limites cognitivosfixados pelo incidente de uniformização de jurisprudência, compete à TNU apenas uniformizar o entendimentojurisprudencial em torno da interpretação do art. 20, § 1º, da Lei nº 8.742/93 com a redação anterior à Lei nº 12.435/11, semdecidir se a lei nova se aplica imediatamente a partir do início da sua vigência.Incidente parcialmente provido para uniformizar o entendimento de que, antes da Lei nº 12.435/11, o filho maior de 21 anosde idade não pode ser considerado integrante do grupo familiar.” (Processo 0085840-58.2006.4.03.6301, Rel. Juiz FederalRogerio Moreira Alves, DOU 06/07/2012)

Com a superveniência da Lei nº 12.435, que entrou em vigor em 7/7/2011, o conceito de família ficou substancialmentealterado. De acordo com a nova redação atribuída ao art. 20, § 1º, da Lei nº 8.742/93, a família é composta pelos filhos,independentemente da idade, desde que sejam solteiros e vivam sob o mesmo teto. Logo, não há mais limite de idade paraos filhos, passando a ser relevante apenas que sejam solteiros. Ocorre que essa lei nova não pode ser aplicada a fatos

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anteriores ao início da sua vigência, sob pena de ofensa ao direito adquirido. Portanto, a irmã do autor, Andressa, que tematualmente 35 anos de idade e deveria ter 29 anos em 2007, não pode ser considerada integrante do grupo familiar.

O grupo familiar é integrado apenas pelo pai e pela mãe do autor. O pai recebe benefício assistencial à pessoa idosa novalor mensal de um salário mínimo desde 2/9/2006 (fl. 25). A mãe não aufere renda. A renda da família, portanto, écomposta exclusivamente pelos proventos do benefício assistencial auferidos pelo genitor do autor, no valor de um saláriomínimo.

Contudo, o valor do benefício assistencial recebido pelo genitor idoso não deve ser computado para efeito de cálculo darenda familiar per capita. Aplica-se o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (estatuto do idoso), segundo o qual obenefício assistencial já concedido a qualquer membro da família, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. A aplicação dessanorma legal opera-se de forma direta, e não por analogia. O pai do autor é idoso. A norma jurídica não reserva suaaplicação aos casos em que o segundo benefício assistencial também é requerido por idoso. Visa proteger o idoso titular doprimeiro benefício assistencial, liberando-o de ter de responder pela manutenção da subsistência do familiar pretendente aosegundo benefício.

Desconsiderando-se a renda do benefício assistencial auferida pelo genitor idoso, a renda mensal familiar per capita é nula.Logo, a família é incapaz de prover a manutenção do autor, que, por isso, tem direito ao benefício assistencial requerido em16/8/2007. Acolho o parecer do Ministério Público Federal, que opinou pela procedência do pedido (fls. 103/105).

Ressalvo que prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haverprestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social (Art. 103, parágrafo único, daLei nº 8.213/91, com a redação conferida pela Lei nº 9.528/97). A interrupção do prazo de prescrição retroage até a data doajuizamento da ação (Art. 219, § 1º, do CPC). Por isso, estão prescritas as prestações que deveriam ter sido pagas atécinco anos antes do ajuizamento da ação.

Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido para condenar o réu a conceder ao autor o benefício assistencial de prestação continuada, comefeitos retroativos à data do requerimento administrativo, observada a prescrição quinquenal. O somatório das prestaçõesvencidas até a data do ajuizamento da ação fica limitado a 60 salários mínimos.

Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficialaplicável à caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09 (atualmente,0,5% ao mês). A correção monetária deve ser calculada com base no INPC/IBGE, haja vista a declaração deinconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09 pelo STF na ADIn 4.357/DF, bem como a decisão tomada pelaPrimeira Seção do STJ no REsp 1.270.439 em acórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC. Não se aplica o IPCA,porque a Lei nº 11.430/2006 elege o INPC como índice de reajuste dos benefícios previdenciários.

Antecipo os efeitos da tutela, para determinar ao réu que implante o benefício com base nos seguintes parâmetros:

Beneficiário = Douglas Chaves da SilvaBenefício = 87 - amparo social à pessoa com deficiênciaRMI/RMA = salário mínimoDIB = 16/8/2007DIP = data da sentença

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento aser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O autor é deficiente; seu pai, idoso, já recebe benefício assistencial. Em caso similar , a TNU já decidiu a respeitoda viabilidade da concessão do 2º benefício assistencial (ao deficiente), como se afere do julgado abaixo:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 34 DO ESTATUTODO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA A BENEFÍCIO DE DEFICIENTE. BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO RECEBIDO POR IDOSO DO GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DA RENDA DOGRUPO FAMILIAR. 1. Para fins de concessão de benefício assistencial a pessoa deficiente, o disposto no parágrafo únicodo art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) aplica-se por analogia para a exclusão de um benefício previdenciáriode valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo para fins de cálculo darenda familiar per capita. 2. Pedido de uniformização improvido. (TNU - Turma Nacional de Uniformização. PEDILEF

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200870950034436. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Relator Juiz Federal Otávio Henrique MartinsPort. Fonte DJ 13/11/2009).

5. Juros e correção. A sentença fixou: (1) correção monetária pelo INPC; e (2) juros de mora nos termos do art. 1º-Fda Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09, na linha do que decidira a 1ª Seção do STJ quando do julgamento doRecurso Especial nº 1.270.439. Afere-se que o entendimento fixado na sentença se identifica com o desta 1ª TR-ES, demodo que também deve, nesse pormenor, ser mantida.

6. Diverge-se da sentença apenas no que refere ao critério de incidência do disposto no parágrafo único do art. 34do Estatuto do Idoso que, no entender desta 1ª TR-ES, não se aplica de forma direta, mas por analogia, nos termos doprecedente da TNU acima transcrito (o que em não repercute em alteração da conclusão a que chegou o Juízo a quo). Noque refere aos demais pontos versados no recurso, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei n.º 9.099/95).

7. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação, aplicando-se o critério previsto nasúmula 111 do STJ.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

4 - 0000242-20.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000242-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIDENE CARVALHO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTESANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0000242-20.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000242-6/01)RECORRENTE: ELIDENE CARVALHO DOS SANTOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ELIDENE CARVALHO DOS SANTOS, em face da sentença defls.47/48, que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.Sustenta o recorrente: 1) nulidade na sentença, uma vez que requereu fossem respondidos os quesitos apresentados nainicial; contudo, proferiu-se sentença sem que fosse apreciado o referido requerimento, cerceando a ampla defesa, aocontraditório; 2) quanto ao mérito, aduziu que segue: “o Juiz não esta adstrito ao laudo pericial podendo firmar suaconvicção com as demais provas constante dos autos, sendo o Recorrente portador de doenças que o acometem ficaincapacitado de desempenhar seu labor, e diante do quadro geral, fica impossível, disputar e conseguir uma vaga nomercado de trabalho cada vez mais exigente portanto as doenças que a acometem, pugnando pela procedência do pedidoinicial.”

2. A autora nasceu em 17/05/1967. Sua última profissão “auxiliar de serviços gerais”. O pedido administrativo foirealizado em 08/02/2012 (fl.06). Esteve em gozo de benefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos:04/07/2007 à 14/11/2008, 15/12/2008 à 16/01/2009.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação de conhecimento proposta por Edilene Carvalho dos Santos em face do Instituto Nacional do SeguroSocial – INSS, objetivando a condenação do réu à concessão do auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, com opagamento de atrasados devidamente corrigidos, além de danos morais.

Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9099/95), passo a decidir.

A questão de mérito controvertida, no caso dos autos, se restringe à existência de incapacidade que autorize conceder aautora aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, além, da qualidade de segurado.

O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/1991:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:

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Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

O autor recebeu benefício da previdência social no período de 04.07.2007 a 14.11.2008 (fl. 30) e de 15/12/2008 a16/01/2009 (fl. 31).

A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 36/38, informa que a autora apresenta boa mobilidade cervical e dosmembros superiores, sem bloqueios e sem alterações neurológicas, bem como boa mobilidade lombar, sem alteraçõesneurológicas de membros inferiores, razão pela qual conclui o expert pela ausência de incapacidade laboral a despeito deter observado as ressonâncias da coluna cervical trazidas pela autora, que indica discopatia degenerativa comhipohidratação discal e sinais degenerativos com discopatia e abaulamentos discais.

Verifico, assim, que a autora não comprovou a existência de incapacidade que autorize a concessão do benefício,inexistindo nos autos documentos capazes de infirmar a conclusão pericial.

Nesse contexto, a incapacidade, enquanto persistiu, foi tutelada administrativamente.

Desta forma, inexistindo incapacidade laboral, a despeito do reconhecimento da existência da enfermidade (artrose dacoluna cervical, porém sem compressões nervosas nos exames complementares e na avaliação clínica – fl. 37), não faz jusa parte autora ao benefício previdenciário pleiteado na inicial.

Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos desta natureza.

Pelo exposto, julgo improcedentes os pedidos, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, na forma do artigo 269, inciso I, do Códigode Processo Civil....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Não há que se falar em anulação da sentença porque o perito não respondera aos quesitos referidos na inicial.

Há apenas dois quesitos mencionados na inicial (fl.2), e o laudo pericial encontra-se razoavelmente fundamentado; seu teorevidentemente abarcou o conteúdo daqueles dois quesitos (fls.36/38).

Ademais, a inicial somente referiu problemas ortopédicos (fl.1), e a perícia foi conduzida por médico especialista emortopedia e traumatologia.

5. Quanto ao mérito, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

5 - 0002111-87.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002111-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA CRISTINA ANTUNESALVES (ADVOGADO: ES014151 - FERNANDO TALHATE DE SOUZA, ES015248 - ADRIANA GOULART DIAS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0002111-87.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002111-0/01)RECORRENTE: ANA CRISTINA ANTUNES ALVESADVOGADO (S): ADRIANA GOULART DIAS, FERNANDO TALHATE DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ANA CRISTINA ANTUNES ALVES, em face da sentença de fls.98/99, que julgou improcedente o pedido de concessão do beneficio de auxilio doença, com posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente não ter ocorrido a perda da qualidade de segurada, uma vez que opróprio INSS sequer controverteu tal dado na seara administrativa, dado que a autarquia ré realizou perícia médica;argumenta que não teria realizado tal perícia caso houvesse constatado a perda da qualidade de segurada. Defende que taldado, por não ter sido objeto de análise na esfera administrativa, não poderia ser considerado para fins de se julgarimprocedente o pedido (fl. 104). Também argumentou que o laudo pericial se encontra em dissonância com os laudosjuntados aos autos pela recorrente, bem como outros elementos de prova, que demonstram que já foi reconhecida,inclusive, pela administração pública, a incapacidade, no qual deferiu o direito de trafegar em transporte público de formagratuita. Alegou que se mostra imperiosa a reforma da sentença de piso, a fim de que seja reconhecido que e portadora de

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doença incapacitante, seja para o beneficio de auxilio doença, seja para a aposentadoria por invalidez.

2. A autora nasceu em 20.06.1968. Sua última profissão foi “auxiliar de serviços gerais”. Laborou para SERDELSERVICOS E CONSERVACAO LTDA de 01/02/2007 a 01/04/2008; e na DMA DISTRIBUIDORA S/A de 20/03/2014 a28/04/2014, conforme consulta ao CNIS. Recolheu como contribuinte individual o mês de 02/2011.

O pedido administrativo foi realizado em 26/03/2013 (fl.39) e indeferido pela não constatação de incapacidadelaborativa.(fl.39)

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença desde 26/3/2013 com sua conversão em aposentadoriapor invalidez.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em psiquiatria, diagnosticou esquizofrenia paranóide (quesito 1, fl. 90). Afirmouque a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de auxiliar de serviços gerais porque apresenta quadroestabilizado com o uso de medicamentos (quesitos 6/7). Descartou a existência de efeito colateral causado pelosmedicamentos (quesito 11). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 12).

O INSS alegou que a autora perdeu a qualidade de segurado (fl. 46). O último vínculo empregatício da autora cessou em1º/4/2008 (fl. 51). Perdeu a qualidade de segurado em 16/6/2009 (art. 15, § 4º, Lei nº 8.213/91). A autora verteu únicacontribuição para a Previdência Social na competência de fevereiro/2011 (fl. 51). Não conseguiu recuperar a qualidade desegurada nessa ocasião porque o recolhimento foi intempestivo, em 25/2/2011 (fl. 56). Depois, voltou a contribuir comocontribuinte individual na competência de abril/2012 (fl. 57). Recolheu contribuição relativa às competências de maio/2012(fl. 58), junho/2012 (fl. 59), julho/2012 (fl. 60), agosto/2012 (fl. 61), setembro/2012 (fl. 62) e outubro/2012 (fl. 63).

A autora recuperou sua qualidade de segurada na competência de maio/2012. Ocorre que a autora confirmou que suadoença existe desde 2011 (fl. 2). O laudo médico datado de 24/1/2012 (fl. 16) atesta a incapacidade da autora para otrabalho.

Assim, na data alegada do início da incapacidade, no ano de 2011, a autora não era segurada da Previdência Social.Ademais, repita-se, a incapacidade não foi confirmada pela perícia médica judicial.

O art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91 proíbe a concessão de auxílio doença ao segurado que já era portador dadoença ao filiar-se ao RGPS (ou, se anteriormente tiver perdido a qualidade de segurado, ao reingressar no RGPS), salvoquando a incapacidade sobrevém por motivo de progressão ou agravamento da doença. Em outras palavras, oauxílio-doença não pode ser concedido se o estado de incapacidade para o trabalho se consolidar antes da filiação (ou, nocaso do autor, da nova filiação) ao RGPS.

A previdência social tem natureza de seguro coletivo. O fundamento da cobertura securitária é a proteção do seguradocontra riscos futuros predeterminados. O seguro não se presta para compensar evento ocorrido anteriormente aonascimento da relação jurídica securitária.

Assim, considerado que a autora não era segurada da Previdência Social na data do início da incapacidade, indefiro osquesitos complementares formulados à fl. 95.

Falta, portanto, pelo menos dois requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho e da qualidade de segurado.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

4. A autora parou de recolher em 04/2008 e só retornou a recolher em 02/2011, durante apenas um mês.

Perdeu a qualidade de segurada em 16/06/09 (cf. § 4º do art. 15 da Lei 8.213/91). Não a readquiriu em 02/11, visto queseriam necessários 4 meses de contribuição (cf. § único do art. 24 combinado com o artigo 25, I, ambos da Lei 8213/91).

O INSS controverteu a perda da qualidade de segurado em contestação. O fato de a instância administrativa não terchegado a tal conclusão não exime a Autarquia de endossar o equívoco administrativo em Juízo. Com efeito, a concessãode benefício previdenciário é ato vinculado.

5. Agregando as considerações acima, a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo

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46 da Lei nº 9.099/95).

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

6 - 0000697-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000697-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CELSO MARTINS(ADVOGADO: ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0000697-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000697-1/01)RECORRENTE: JOSE CELSO MARTINSADVOGADO (S): OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUS

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JOSE CELSO MARTINS, em face da sentença de fls. 237/239 edecisão à fl.247, que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença eposterior conversão em aposentadoria por invalidez.

O autor sofreu AVC em 4/12/12; recebeu benefício previdenciário de 4/12/12 a 30/6/13. O perito neurologista reconheceu aconfiguração de incapacidade definitiva desde, ao menos, a data em que ocorreu o AVC. A sentença condenou o réu arestabelecer o auxílio-doença desde a cessação e conceder aposentadoria por invalidez com DIB em 22/7/13.

A argumentação recursal é no sentido de que a incapacidade definitiva teve seu início em 2/4/08, de modo que se pleiteou aretroação da DIB à referida data. Argumentou que “... acostados aos autos encontram-se inúmeros outros documentos quecomprovam ser o Autor portador de diversos problemas de saúde.” (fl.253); que “... em momento algum o perito afirma quea sequela do Autor teve origem com o AVC em 04/12/2012, mas que nesta data o Autor sofreu seu último AVC, contudo, daênfase ao fato de que HOUVE ACIDENTES VASCULARES ANTERIORES.” (fl.262); também aduziu o que segue: “quandoo INSS restabeleceu o benefício de auxilio doença do Autor nos períodos de 01/12/2011 a 09/04/2012 e 04/12/2012 a30/06/2013, este já se encontrava com o estado de saúde delimitado e sem condições de trabalhar. Data máxima vênia,como foi comprovado nos autos, em verdade as altas médicas efetuadas pelo INSS foram todas INDEVIDAS, visto que oAutor, em razão de vários problemas de saúde, que com o tempo só se agravaram, nunca esteve em condições de voltar atrabalhar.” Requereu a fixação da DIB em 2/4/2008.

2. O autor nasceu em 12/12/1951. Sua última profissão foi “Assessor Parlamentar”, do qual permaneceu de20/07/2010 à 10/02/2011. Esteve em gozo de beneficio previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos :01/12/2011 à 09/04/2012, 04/12/2012 à 21/07/2013 e 22/07/2013 à 07/2014. Conforme relatório de contribuição do CNIS, oautor contribuiu para a previdência social nos períodos: 07/1986 à 07/1986, 08/1986 à 05/1987, 01/1989 à 06/1989 e04/2008 à 07/2008.

3. A pretensão recursal é no sentido de retroagir a DIB a 2/4/2008, quando, segundo o autor-recorrente, teriaocorrido o início de sua incapacidade definitiva.

Há vários atestados particulares indicativos da presença de patologias em período anterior à concessão administrativa dobenefício que coincidiu com a data em que o autor sofreu um AVC (4/12/12). Contudo, conforme extrato do CNIS, o autor,após ter laborado na Assembléia Legislativa do ES, contribuiu como contribuinte individual de 04/08 a 07/08 e retornou atrabalhar naquela casa legislativa entre 20/7/10 a 10/2/11 (registros 16 e 17 do CNIS). Ou seja: a pretensão recursal abarcaperíodo de 4 anos e 8 meses e, em meio a esse período, o autor exerceu atividade laborativa por cerca de 11 meses.Dentro de tal contexto, não há prova de que a incapacidade laboral omniprofissional já se havia instalado em 2/4/08.

4. RECURSO IMPROVIDO.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistência judiciáriagratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

7 - 0101772-39.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101772-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLI BRAUN (ADVOGADO:ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0101772-39.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101772-2/01)RECORRENTE: MARLI BRAUNADVOGADO (S): CLAUDIA IVONE KURTH

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARLI BRAUN, em face da sentença de fls. 109/110, que julgouimprocedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta a recorrente: 1) que o perito judicial está em desacordo com o laudo médico fornecido por médico particular queatesta que a recorrente estava incapaz na data da consulta 25/02/2013 e com certeza até o fim da convalescênciaresultante da cirurgia a que foi submetida no ano de 2013; 2) que a correção procedida por meio de cirurgia não écompatível com a atividade rural que a autora exerce; sente dificuldade em trabalhar e o uso de óculos escurosrecomendados pelo perito “não resolvem o problema daquele que necessita diuturnamente de trabalhar no sol quente,sujeito a suor nos olhos, poeira etc...” (fl.118); 3) que a sentença não levou em consideração a condição socioeconômica dasegurada que foi um ponto relevante para se emitir o laudo médico particular que aponta pela incapacidade.

2. A autora nasceu em 19/07/1980. Sua última profissão foi “trabalhadora rural” fl.23. Esteve em gozo de beneficioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos: 05/02/2003 à 30/11/2005, 03/02/2006 à 03/02/2008.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação objetivando a concessão do auxílio-doença desde 18/7/2012 com conversão em aposentadoria porinvalidez.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em oftalmologia, relatou pósoperatório tardio de transplante de córnea em ambosos olhos (quesito 1, fl. 62). Avaliou que a autora realizou tratamento cirúrgico para ectasia corneana prévia em ambos osolhos e apresenta alterações biomicroscópicas compatíveis com o pós-operatório de transplante de córnea, com acuidadevisual de 20/150 (baixa visual moderada) no olho direito e de 20/100 (baixa visual moderada) no olho esquerdo (quesito 2).Afirmou que a autora possui aptidão para trabalhar. Descartou a existência de limitações funcionais (quesito 12). Concluiuque não há incapacidade para o trabalho (quesito 15).

Em laudo complementar, o perito respondeu:

“1. Afirmou-se que autor apresenta Pós-operatório tardio de transplante de córnea em ambos os olhos. Deste modo épossível responder sobre o grau de incapacidade da autora?R: Sim. A autora apresenta segundo laudo médico apresentado pela mesma acuidade visual corrigida de 20/40 em olhodireito e 20/40 com trocas em olho esquerdo (correspondente à visão próxima do normal em ambos os olhos). Desta forma,não há incapacidade do ponto de vista oftalmológico.2. Com base no quesito anterior pergunta-se: a autora pode desenvolver atividade que exija força, atividade de impacto emovimentos repetitivos?R: Sim, visto se tratar de pós-operatório tardio (8 anos em olho direito e 1 ano em olho esquerdo).3. E possível precisar se as sequelas podem ocasionar cansaço extremo e dor a ponto de retirar o segurado da atividadeque exerce? Em que grau?R: Não há dor ou cansaço extremo decorrentes da doença ou dosprocedimentos aos quais a pericianda foi submetida.4. E possível precisar se a autora pode ser submetida a trabalho que exija carregar peso? Quantos quilos?R: Do ponto de vista oftalmológico, no momento atual não há impedimento para trabalhos que exijam carregar peso,respeitados os limites físicos da autora (condição cardiovascular e osteomuscular).5. Qual o grau da debilidade hoje? É possível precisar se com a idade ele pode ter maior debilidade em relação aquelas jáapontadas pelo expert?R: Com o uso de lentes corretivas adequadas, a autora apresenta eficiência visual binocular superior a 80%.6. E possível precisar se a incapacidade é total, parcial e permanente?R: Não há incapacidade do ponto de vista oftalmológico”.

A autora não impugnou o laudo pericial.

Está comprovado que a autora possui uma limitação visual moderada (possui eficiência visual binocular superior a 80%com o uso de lentes corretivas adequadas) que não a impede de trabalhar, nem mesmo em atividades pesadas.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro obenefício da assistência judiciária gratuita.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O perito do Juízo informou que a autora fora submetida a cirurgia no olho direito ocorrida há 8 anos. A perícia foirealizada em 9/7/13, o que situa referida cirurgia no ano de 2005. Conforme o CNIS de fl.21, a autora recebeu benefício

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previdenciário entre 5/2/2003 a 30/9/2005, donde se depreende que a incapacidade que precedeu tal cirurgia (e o provávelperíodo de pós-operatório) foi acobertada pelo pagamento de benefício por incapacidade.

5. O laudo encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não vejo como, à luz do teor dos laudo particular que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

8 - 0000979-29.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000979-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MATEUS ANTONIO VIEIRA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0000979-29.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000979-8/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recursos inominados interpostos por MATEUS ANTÔNIO VIEIRA e pelo INSS em face da sentença de fls.100/102, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder auxílio-doença desde 1/6/2010,antecipando, ainda, os efeitos da tutela para determinar a implantação imediata do benefício. Sustenta o autor, em seurecurso, que as doenças que o acometem são de natureza degenerativa e que, pela gravidade da doença, idade dorecorrente e condições sócio-culturais, como a baixa escolaridade e parco nível de instrução, faz jus ao benefício deaposentadoria por invalidez. O INSS, por sua vez, alega em seu recurso ausência de incapacidade laboral, conformeconclusão da perícia judicial. Argumenta que o perito esclarece que as limitações decorrem da faixa etária do autor, nãodevendo ser, portanto, albergadas por benefício de incapacidade, cuja imprevisibilidade é intrínseca a sua natureza. Diz quea perícia administrativa de fl. 75 atesta a capacidade laboral do autor, tal como o laudo admissional de fl. 92, no mesmosentido da perícia judicial. Narra que o autor está exercendo normalmente suas atividades laborais junto à PrefeituraMunicipal de Cariacica, conforme informações do CNIS.

2. O autor tem 52 anos (nasceu em 20/9/62, cf. fl.20). Exerceu a atividade de gari desde 25/1/11 junto à Prefeiturade Cariacica, mas mediante vínculo temporário (fl. 83). Na inicial, afirma ser desempregado. O laudo pericial afirma que oautor seria auxiliar de serviços gerais (fl.41). A sua identidade indica que o mesmo é analfabeto (fl.17).

3. Segue abaixo o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo, em1º/6/2010, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.

O autor recebeu auxílio-doença nos períodos de 19/2/2010 a 1º/4/2010 e de 21/6/2012 a 24/9/2012 (fl. 99). Formulourequerimento administrativo em 1º/6/2010 (fl. 99).

O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou redução do espaço distal degenerativa em L5-S1 (fl.41). Avaliou que ao exame físico o autor estava com dor crônica que irradia para o membro inferior (quesito 2). Afirmou queo autor possui aptidão para exercer a atividade habitual de auxiliar de serviços gerais (quesitos 8/9).

Em laudo complementar (fl. 53), o perito respondeu que a lesão existente não contra indica andar, carregar peso, subir edescer escadas. Esclareceu que o autor não apresenta dor crônica de forma contínua, mas períodos de dor e períodos semdor. Ressaltou que um trabalhador braçal com 50 anos de idade não consegue atingir a médica de rendimento alcançadaem condições normais por outros trabalhadores da mesma categoria. Atestou que o processo degenerativo prejudica acapacidade laborativa principalmente do trabalhador braçal. Concluiu que o serviço de auxiliar de obras não seja a atividadehabitual mais recomendada ao autor.

A prefeitura Municipal de Cariacica informou que o autor exerceu a atividade habitual de gari (fl. 90).

O INSS peticionou afirmando que os documentos às fls. 83/94 foram suficientes para o acolhimento da pretensão do autor.Entretanto, alegou que a atividade de gari demanda esforço físico significativamente inferior ao de auxiliar de obras e odocumento à fl. 92 comprova que o autor possui aptidão para o trabalho. Pugnou pela improcedência do pedido (fl. 97).

Ocorre que a atividade habitual de gari demanda esforço físico tanto quanto a atividade habitual de auxiliar de obras. Aindaque se considerasse que o esforço físico exercido como gari fosse inferior ao exercido pelo auxiliar de obras, o autorcontinuaria com sua produtividade reduzida em relação aos demais profissionais da mesma categoria e a atividade de gari

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continua não sendo a melhor opção profissional recomendada ao autor.

Se a limitação funcional não impedir o segurado de exercer parcela das funções próprias da atividade habitual, mas implicarredução significativa da produtividade, caracteriza-se a incapacidade para o trabalho.

O autor tem direito ao auxílio-doença. Deve receber o benefício até se curar ou ser reabilitada para o exercício de outraatividade, consoante dispõe o art. 62 da Lei nº 8.213/91. Não tem direito a aposentadoria por invalidez, porque não estáprovada a incapacidade definitiva para o trabalho.

O perito examinou o autor em 26/6/2012 (fl. 38) e se eximiu de apontar a data do início da incapacidade (quesito 12). Alacuna pode ser suprida pelos atestados datados de fevereiro/2010 (fl. 30) e 18/5/2010 (fl. 31). O INSS reconheceu aincapacidade do autor para o trabalho no período de 21/6/2012 a 24/9/2012 (fl. 99). São admissíveis como fonte de provacomplementar os atestados de médico assistente que sejam contemporâneos ao momento do cancelamento do benefício eque revelem dados convergentes com o laudo pericial. Presume-se, assim, que na data do requerimento do benefício, em1º/6/2010, o autor estava incapacitado para o trabalho.

Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Dispositivo

Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o auxílio-doença NB 541.167.759-5 desde1º/6/2010. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-seos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).

Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao INSS que implante imediatamente o benefício por incapacidade,observando os seguintes parâmetros:

Nome do segurado: Mateus Antonio Vieira;Benefício concedido: auxílio-doença;Número do benefício: 541.167.759-5;Renda mensal inicial – RMI: “a calcular pelo INSS”;Renda mensal atual: “a calcular pelo INSS”;Data do início do benefício - DIB: 1º/6/2010;Data do início do pagamento – DIP: data da sentença.

No momento da execução da sentença, os proventos de auxílio-doença recebidos pelo autor no período de 21/6/2012 a24/9/2012 deverão ser abatidos do crédito do autor....Vitória, 6 de junho de 2013.

4. Em princípio, o fato de o autor ter permanecido no exercício de suas atividades habituais junto à Prefeitura doMunicípio de Cariacica, durante o curso do processo, não afasta a sua incapacidade, mas apenas indica necessidade desobrevivência ante a negativa do benefício em sede administrativa. Entretanto, em consulta ao CNIS, verifica-se que o autoresteve vinculado ao referido município até novembro de 2013, conquanto tenha sido implementado o benefício, por força daantecipação da tutela, em junho de 2013, conforme fl. 135. Em consulta ao sistema PLENUS, verifica-se que o autorpassou a receber o benefício em 30/08/2013, provavelmente quando teve ciência do pagamento, tendo recebido os valoresreferentes a junho e julho de 2013 em 29/10/2013.

Consultei o programa “consulta valores” do CNIS e aferi que o autor, desde fevereiro de 2011 até janeiro deste ano de2015, recebeu continuamente remuneração do Município de Cariacica. Somente não a recebeu no curto espaço de 3meses entre julho e setembro de 2012, porque recebeu auxílio-doença nesse período (cf. item 17 que consta em seuregistro no CNIS).

5. Depreende-se, portanto, que o autor permaneceu trabalhando mesmo recebendo o benefício previdenciário, oque demonstra ausência de incapacidade para o labor. Note-se que a função exercida pelo autor na Prefeitura do Municípiode Cariacica era de gari, conforme ofício de fls. 83/84, que exige esforço físico.

6. Pelo exposto, conheço de ambos os recursos, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR e DOUPROVIMENTO AO RECURSO DO INSS para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.

REVOGO a antecipação dos efeitos da tutela. Esta 1ª TR-ES aderia ao entendimento consolidado na súmula 51 da TNU,segundo a qual “os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente revogada em demandaprevidenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.” Contudo, o STJ, emjulgamento ocorrido em 12/02/2014, fixou a tese de que é dever do titular de direito patrimonial devolver valores recebidospor força de tutela antecipada posteriormente revogada (Recurso Especial nº 1.401.560/MT, submetido à sistemática doartigo 543-C do CPC). Em vista do exposto, o INSS poderá cobrar os valores que adimpliu em cumprimento à decisão queantecipou os efeitos da tutela.

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7. Sem condenação em custas e honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

9 - 0001155-68.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.001155-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERTA DA SILVA BASILIOE OUTROS (ADVOGADO: ES016403 - Letícia Severiano Zoboli, ES004823 - SAMUEL ANHOLETE.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).PROCESSO: 0001155-68.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.001155-1/01)RECORRENTE: ROBERTA DA SILVA BASILIOADVOGADO (S): SAMUEL ANHOLETE, Letícia Severiano ZoboliRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNES

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelas autoras - esposa e filha de segurado da previdência social -contra a sentença que julgou extinto sem resolução do mérito o processo que tinha por objeto a concessão deauxílio-reclusão, tendo em vista a ausência de pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular doprocesso, qual seja, a comprovação da prisão do segurado. Sustentam os recorrentes que o juízo a quo não apreciou asprovas acostadas aos autos, bem como não apreciou e sequer solicitou ao INSS a documentação que se encontra noprocesso administrativo, do qual consta certidão da secretaria do juízo penal, dando conta do processo onde foi recluso opai e esposo das autoras. Dizem que foi concedida prisão domiciliar em virtude do estado debilitado do segurado, que éportador do vírus HIV e de toxoplasmose, não dispondo das mínimas condições para desempenhar qualquer atividade.

2. Segue abaixo o teor da sentença:

Dispensado o relatório conforme art. 38 da Lei 9.099/95.Trata-se de ação, com pedido de antecipação de tutela, movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,objetivando a parte autora a concessão do benefício auxílio-reclusão.À fl. 66, foi determinada a intimação da parte autora para trazer aos autos declaração de permanência carcerária, para finsde comprovar a prisão do suposto segurado, sob pena de extinção do processo.Devidamente intimada, a parte autora manteve-se inerte, não cumprindo, assim, a diligência ora determinada.Por todo o exposto, JULGO EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 267, IV doCPC, por não se verificar a presença de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo.(...)

3. Considerando o disposto no art. 80, § único da Lei nº 8.213/91 – segundo o qual o requerimento doauxílio-reclusão deverá ser instruído com certidão do efeito recolhimento à prisão, tal certidão constitui documentoindispensável à propositura da ação na qual se pretende a concessão do referido benefício. Incumbe ao autor, conformeartigo 283 do CPC, instruir a inicial com todos os documentos indispensáveis à propositura da ação, pelo que o nãoatendimento ao despacho que determina a sua juntada aos autos enseja a extinção do processo sem resolução do mérito,a teor do artigo 284, § único, do CPC.

4. Posteriormente à sentença, as autoras instruíram os autos com a decisão de fls. 73/74, a qual afirma que osegurado estava preso desde o dia 06/09/2013 e concedeu-lhe prisão domiciliar, conforme alvará de soltura de fl. 75,expedido em 20/09/2013, antes, portanto, da propositura da ação, em 24/10/2013.

5. Esclareça-se, por oportuno, que o benefício pretendido não é devido em caso de prisão domiciliar, mas apenasde prisão em regime fechado ou semi-aberto (art. 116, § 5º do Decreto nº 3.048/99). Por outro lado, a alegadaimpossibilidade de exercício de atividade profissional pelo segurado enseja a concessão de benefício por incapacidade(auxílio-doença e aposentadoria por invalidez), caso cumpridos os requisitos legalmente exigidos.

6. RECURSO IMPROVIDO.

Sem condenação em custas e em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da assistência judiciária gratuita àfl. 93.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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10 - 0000780-43.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.000780-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x MARIA DA PENHA DIAS MEROTO (ADVOGADO:ES016750 - Everaldo Martinuzzo de Oliveira.).PROCESSO: 0000780-43.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.000780-1/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGONRECORRIDO: MARIA DA PENHA DIAS MEROTOADVOGADO (S): Everaldo Martinuzzo de Oliveira

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO ESPECIAL.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentençaque o condenou a pagar o benefício previdenciário de auxílio-reclusão à autora, no período de 10/10/2007 a 16/05/2008.Alega o recorrente que não restou comprovada a qualidade de segurado especial do esposo da autora, uma vez que, porocasião do requerimento administrativo, foram tomados os depoimentos dos vizinhos/confrontantes da parte autora, osquais afirmaram que seu esposo foi preso no Estado de Minas Gerais, onde estava residindo e trabalhando háaproximadamente um ano (fls. 09/11). Requer seja julgado improcedente o pleito autoral e, eventualmente, que seja a datade início do pagamento fixada na data da audiência de instrução e julgamento (06/08/2009), pois somente nessa data é quese possibilitou o reconhecimento do direito da autora com a oitiva de outras testemunhas.

2. Eis o teor da sentença:MARIA DA PENHA DIAS MEROTO, ajuizou a presente ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSS,objetivando a concessão do benefício previdenciário de auxílio-reclusão na condição de dependente (esposa) do recluso,João Batista Meroto, preso nos períodos de 21/10/2003 a 22/04/2005 e 30/03/2006 a 16/05/2008 (fl. 54), alegandopreencher todos os requisitos necessários para tanto.Dispensado o relatório conforme art. 38 da Lei 9.099/95.Decido.São requisitos indispensáveis à concessão da pensão por morte os seguintes: a) comprovar o recolhimento a prisão, semreceber remuneração; b) comprovar a qualidade de segurado na data do recolhimento à prisão; c) comprovar a qualidadede dependente na data da prisão; d) Comprovar ser o último salário-de-contribuição integral inferior ao teto do valor vigentea época do requerimento.O primeiro, o terceiro e o quarto requisitos mostram-se incontroversos, tendo em vista o atestado de permanênciacarcerária de fls. 54, a certidão de casamento acostada à fl. 47 e o relatório social de fls. 69/70.A Autora requereu o benefício em 10/10/2007, tendo sido o mesmo indeferido, sob a alegação de não comprovação daqualidade de segurado.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) Contas de energia elétrica em nome do esposo da autora (fls. 06);b) Termos de depoimento comprovando a atividade rural (fls. 09/11);c) Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brejetuba (fls. 26/27);d) Certidão de Casamento constando como profissão da autora, lavradora (fl. 33);c) Notas fiscais de compra de produtos rurais (fl. 49);Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.Em seu depoimento pessoal, a autora informou que é esposa do Sr. João Batista; que o Sr. João Batista não encontra-sepreso; que não sabe informar quando o autor foi preso; que antes do esposo da autora ser preso, colhiamaproximadamente 30 sacas de café a meia; que não requereu o benefício antes pois não sabia que tinha direito.A primeira testemunha, Sr. Zandonato, informou que o esposo da autora foi preso por matar uma pessoa; que hoje o sr.João está solto e trabalhando no terreno de sua sogra em Vargem Alta; que o Sr. João sempre trabalhou na roça.A segunda testemunha, Sr. Orli, relatou que o Sr. João foi preso no Natal de 2002; que o Sr. João trabalha na roça.Quanto à alegação do INSS de não comprovação da atividade rural como segurado especial, a afasto, uma vez queconforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que o esposo da autora efetivamente laborou ematividade rurícola em regime de economia familiar, comprovando assim a condição de segurado especial. Assim, nãoencontro óbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhador rural do Sr.João Batista Meroto.Considerando que o requerimento administrativo foi formulado mais de trinta dias depois do recolhimento do Sr. João aprisão (10/10/2007), a Autora faz jus ao recebimento do benefício desde a data do requerimento administrativo até16/05/2008, uma vez que esta foi a data em que Sr. João saiu da prisão através de alvará de soltura.DispositivoDiante o exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela pretendida e JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE/PROCEDENTE o pedido, condenando o INSS a:a) Pagar o benefício previdenciário de auxílio-reclusão, em nome de MARIA DA PENHA DIAS MEROTO, do período de10/10/2007 a 16/05/2008, compensando-se os valores devidamente recebidos pela parte autora, a idêntico título.b) Pagar as prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal.c) Condeno, por fim, a autarquia-ré no ressarcimento dos honorários pagos pela Seção Judiciária ao Perito do Juízo, novalor de R$ 176,10 (cento e setenta e seis reais e dez centavos), nos termos da Resolução nº 558, do Conselho da Justiça

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Federal.A fixação das rendas mensal inicial e mensal atual ficarão a cargo do INSS.O benefício deverá ser implantado no prazo de 30 (trinta) dias contados da intimação desta Sentença, devendo sercomprovado no prazo de 10 (dez) dias após a implantação.Sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, segundo osíndices da Tabela de Atualização de Precatórios da Justiça Federal, bem como, juros moratórios, à razão de 1% ao mês,desde a data da citação, até 30/06/2009. A partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, em 01/07/2009, os valoresdeverão ser calculados na forma do art. 5º, que alterou o art. 1ºF, da Lei nº 9.494/1997.Segundo a Súmula nº 56 - TRF-2ª Região é inconstitucional a expressão “haverá a incidência uma única vez”, constante doart. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009.3. Sem razão o recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está emconsonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

4. Acrescente-se apenas que os depoimentos tomados no processo administrativo, referidos no recurso, não seconfirmam, tendo em vista que a prisão do segurado ocorreu em Afonso Cláudio/ES, determinada pelo juízo daquelacomarca (fls. 30/31 e 56), e não em Minas Gerais. O benefício é devido desde o momento da prisão, não modificando odireito dos dependentes do segurado o resultado das diligências efetuadas pela autarquia no âmbito administrativo.

5. RECURSO IMPROVIDO.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% das parcelas vencidas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

11 - 0002211-81.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002211-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MINISTÉRIO PÚBLICOFEDERAL (PROCDOR: Fabrício Caser.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES009540 - LUCIANOPEREIRA CHAGAS.) x EDSON RIBEIRO (ADVOGADO: ES014092 - THIAGO SOUZA DO NASCIMENTO, ES000226A -EURICO SAD MATHIAS.).PROCESSO: 0002211-81.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002211-1/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): Fabrício Caser, LUCIANO PEREIRA CHAGASRECORRIDO: EDSON RIBEIROADVOGADO (S): EURICO SAD MATHIAS, THIAGO SOUZA DO NASCIMENTO

VOTO-EMENTATrata-se de recursos inominados interpostos pelo Ministério Público Federal (fls. 789/793), na condição de custos legis, epela Caixa Econômica Federal (fls. 795/814), em face de sentença que julgou procedente o pedido para ratificar odesbloqueio dos valores de seus proventos de pensão por morte, indevidamente retidos no ano de 2008, bem como paracondenar a CEF a indenizar o autor no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de danos morais. O Ministério PúblicoFederal alega, em seu recurso, a nulidade de sentença, uma vez que, contrariando sentença proferida pelo juízo da 2ª VaraFederal Criminal (processo nº 0000933-27.2011.4.02.5001), concluiu que não houve prática de estelionato e indeferiu aprodução de prova testemunhal, a qual era necessária para o deslinde da causa, caracterizando-se cerceamento de defesaà CEF. Diz que o juízo de piso invadiu competência da esfera criminal, na qual já restara caracterizado o cometimento docrime de estelionato, tendo sido condenada a curadora do autor nas penas do artigo 171, § 3º, do Código Penal. Concluique, uma vez comprovada a conduta delituosa da curadora, a sentença deve ser reformada, devendo o montante daindenização e os valores já sacados ser depositados em juízo, por pertencerem ao curatelado, bem como deve sernomeado curador provisório, com o retorno dos autos à primeira instância, até a retirada da curatela definitiva darepresentante do autor. A Caixa Econômica Federal – CEF, por sua vez, alega em recurso a nulidade da sentença porcerceamento da defesa ao indeferir a produção de prova testemunhal. No mérito, alega inexistência de conduta ilícita porsua parte, pois não ocorreu o bloqueio da conta, não tendo sido impedido o respectivo titular de efetuar saques dos valoresdepositados. Diz que o documento de fl. 133, considerado na sentença como prova cabal do bloqueio, já foi objeto deesclarecimentos às fls. 130/131. Alega que não foram apresentadas quaisquer provas do suposto dano moral, o qual nãopoderá ser hipotético ou conjectural. Pela eventualidade, sustenta a necessidade de redução do valor da indenização, demodo a evitar todo e qualquer enriquecimento ilícito. Por fim, sustenta que a sentença manteve a antecipação dos efeitosda tutela, sendo que a decisão concessória de tal medida determinou, além do desbloqueio da conta, a suspensão daexecução dos contratos de empréstimos vinculados à conta, os quais foram considerados válidos na sentença, pelo quenão há como manter-se a referida decisão.Eis o teor da sentença:Trata-se de demanda cível na qual o autor, representado por sua curadora, pleiteia devolução de valores bloqueados pelaCEF referentes à sua pensão por morte, bem como danos morais em função de tal bloqueio. A questão dos autosrestringe-se ao fato do bloqueio integral do benefício do autor, depositado em conta da CEF, para o pagamento deprestações em atraso de empréstimo contraído por sua curadora perante a instituição financeira.

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Inicialmente, destaco que a causa de pedir deste feito não está relacionada com a pactuação do contrato de empréstimoem si, mas com o bloqueio de numerário do autor para cobrar eventuais prestações atrasadas do contrato em tela. Ocorreque a CEF desenvolveu linha de defesa no sentido de que a curadora do autor teria efetivado tal contrato de formafraudulenta, ao afirmar na agência bancária que o benefício previdenciário era seu (e não de seu tio, seu curatelado),pactuando, então, o mencionado contrato de empréstimo em seu nome (e não em nome de seu tio).Chamou-me especial atenção a forma como a contestação da CEF foi articulada. Isso porque afirmou-se que a curadora doautor efetivou “prática de ato de estelionato” (fls. 26), com “maliciosa velhacaria” (fls. 27) e que “a mesma fingiu, nomomento da assinatura, ser a titular do benefício previdenciário” (fls. 35), tudo com o objetivo de “aplicar um golpe sobreseu curatelado” (fls. 27), ao requerer o empréstimo, e que “usou tais ativos para fins divergentes daqueles a que deveriamter servidos” (fls. 28).Em função de tais acusações efetivadas pela CEF, o MPF, ao tomar conhecimento das mesmas na qualidade de curadordos interesses do autor incapaz, apresentou Ação Penal em face da curadora do autor. Tal ação tramita sob o número2011.50.01.000933-9 (fls. 276), foi prolatada sentença de procedência e a mesma encontra-se em fase recursal.Tentativa de acordo (fls.774) infrutífera.É o relato do necessário.Não há preliminares processuais.Indefiro pedido do MPF no sentido de suspender este feito (fls. 759) até o julgamento da ação penal acima mencionada,uma vez que a mesma não é prejudicial, como restará demonstrado abaixo, associado ao fato de já ter decorrido mais deum ano de trâmite (§5º do inciso IV do art. 265 do CPC).QUANTO À PACTUAÇÃO DO CONTRATO EM NOME DA CURADORAO contrato em tela era um empréstimo no qual as prestações deveriam ser pagas mensalmente, e se encontrava lastreadono fato de que o tomador do empréstimo percebia regularmente benefício previdenciário. Assim, o contrato deveria tercomo titular o autor e não sua curadora legal. Ocorre que tal contrato foi pactuado em nome de sua curadora.Mas porque o contrato foi pactuado em nome da curadora e não em nome do curatelado?Este Juízo tem se deparado com diversos casos em que há confusões quanto ao titular do benefício previdenciário, comono caso em tela. O INSS, por vezes, lança em seu sistema informatizado que o titular do benefício previdenciário é ocurador ou o responsável (mãe ou pai), quando o real titular do benefício é o curatelado ou o menor.Tal fato pode induzir órgãos públicos que acessam o banco de dados do INSS em erro. Como exemplo, menciono osprocessos 2006.50.50.002377-1 e 2004.50.50.004783-3, nos quais proferi sentença. As partes autoras foram impedidas desacar o seguro-desemprego em razão de constarem como titulares de benefícios previdenciários, quando eram, naverdade, responsáveis legais (mães) de menores com benefício previdenciário. Em ambos os casos, efetivei representaçãoao MPF e, pelo que me recordo, recebi resposta no sentido de que o problema foi identificado e a solução equacionadajunto ao INSS.Ocorre que, além de órgãos públicos, os próprios curadores e responsáveis podem ser induzidos em erro. Ao lerem ostermos de documentos expedidos pelo INSS, nos quais constem seus nomes como beneficiários, passam a informar talfato a quem lhes questiona. Sob essa ótica, creio essencial destacar o conteúdo do documento de fls. 44. Trata-se de umextrato do INSS na qual consta como “segurado da previdência” a curadora, e não o curatelado. Vejamos o documento.

Em função desse cenário, efetivei questionamentos ao INSS sobre a forma como os dados de curador e curatelado eramtratados na Autarquia. A resposta demonstrou inconsistência relevante. Senão vejamos.Inicialmente, nos termos do e-mail de fls. 249, há a afirmação abaixo, que nos leva a crer ser possível separar beneficiário(curatelado/filhos) de seus representantes legais (curador/pais). de que:“o sistema está conceituado para que o crédito do benefício seja processado em nome do representante legal, sendodistintas as telas de pesquisa de titular e representante legal”.Não obstante, em outro e-mail, agora às fls. 252, consta informação em sentido oposto, indicando que o representante legalé, na prática, cadastrado fictamente como beneficiário do INSS para evitar bugs no sistema informatizado:“o sistema está configurado para que o curador possa administrar os valores devidos ao curatelado, podendo receber emsua própria conta. Dessa forma, sendo necessário que a titularidade fique registrada em nome do representante legal, paraque não haja conflito no deposito bancário”Assim, creio que o ocorrido se desenvolveu na seguinte sequência: a curadora do autor compareceu ao banco; solicitouempréstimo para utilizar em benefício de seu tio curatelado; o gerente solicitou seus documentos; ela os apresentou (emespecial o de fls. 44); como constava o nome da curadora (e não do curatelado) como titular do benefício previdenciário, oempréstimo foi pactuado em nome da curadora (e não do curatelado).A meu ver, qualquer cidadão, de posse do documento anterior, ao ser questionado em qualquer órgão público e/ouinstituição bancária, se seria ou não segurado do INSS, responderia que sim. Tal situação está explicitada no própriodocumento, no canto superior direto:

Já fiz várias Audiências nas quais mães afirmaram pereptoriamente que elas seriam as titulares das pensões de seusfilhos. Dentro dessa crença, fundada nos termos dos documentos imprecisos do INSS, passam a gerir aqueles valorescomo se seus fossem, sem qualquer má-fé. Na realidade cultural e educacional brasileira é razoável compreender que ospatrimônios de curador/curatelado ou pais/menores se confundam, passando a integrar um único conjunto de bens a gerirpara arcar com os gastos da unidade familiar.Estou plenamente convencido, portanto, que não houve, por parte da curadora do autor nenhuma “prática de ato deestelionato” (fls. 26), com “maliciosa velhacaria” (fls. 27) nem que “a mesma fingiu, no momento da assinatura, ser a titulardo benefício previdenciário” (fls. 35), tudo com o objetivo de “aplicar um golpe sobre seu curatelado” (fls. 27), ao requerer oempréstimo, e que “usou tais ativos para fins divergentes daqueles a que deveriam ter servidos” (fls. 28), como afirmou aCEF. Assim, indefiro a produção de prova testemunhal, visando apurar como a curadora pactuou o contrato de empréstimo,eis que irrelevante para o convencimento deste Juízo, dentro do conjunto probatório documental acima.

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QUANTO AO MÉRITO: O BLOQUEIO DA CONTA DO AUTOR.A conta do autor foi ou não bloqueada? O setor jurídico da CEF afirmou nunca ocorrera qualquer espécie de bloqueio (fls.176- itens 6.4 a 6.7). Entretanto, o setor administrativo da CEF informou que foi efetivado um “bloqueio informal” na contado autor e que após ordem judicial a conta estaria “devidamente liberada” (fls. 133). Abaixo seguem os termos utilizadospelo Gerente:

A conta poupança é um contrato de depósito. Assim, em função dos arts. 629 e 633 do CC é vedado reter o bemdepositado salvo em hipóteses expressamente previstas em lei. Ora, se a conta foi “liberada” é porque, de alguma forma,esteve “não-liberada”. Assim, tal “bloqueio informal”, na prática, impediu que o autor sacasse valores de sua conta salário.Tal artifício institucional não foi utilizado como forma de retenção lícita, eis que efetivado como forma de coerção paracompelir ao pagamento de parcelas em atraso referentes a contrato de empréstimo pactuado. A CEF, portanto, utilizou-sede expediente ilegal e abusivo para exercer seu direito de cobrança, configurando exercício arbitrário das próprias razões.Dessa forma, a retenção foi indevida e flagrantemente abusiva, eis que privou o autor de sua verba alimentar. Enfim, se ocontrato de empréstimo não vinha sendo cumprido, caberia à CEF promover sua regular cobrança, mas isso não autoriza autilização de expedientes excessivamente gravosos como o presente. Trata-se de procedimento similar ao ilícito de“exercício arbitrário das próprias razões” O ato ilícito da CEF está, a meu ver, caracterizado.QUANTO AO DANO MORALPasso a analisar a ocorrência de dano moral. O autor vivenciou restrição financeira em função do bloqueio ilegal de suaaposentadoria, que somente foi liberada por ordem liminar deste Juízo. A restrição financeira correspondeu a parterelevante de sua renda e certamente o impediu de honrar seus compromissos, apesar de não ter ocorrido inscrição emcadastros de restrição ao crédito. Assim, creio que a ofensa causou constrangimentos que superam o mero aborrecimento.A seguir, passo à tarefa de fixar o valor do dano moral. A Doutrina fixou entendimento, no sentido de que tal fixação deveráser balizada por dois critérios básicos: a compensação ao autor e a punição ao réu. Sob essa ótica, verifico que os fatossubmeteram a restrição de uma parcela integral de benefício (fevereiro de 2008 – fl. 6; os demais meses foram pagos emoutros bancos conforme fls. 5 e 7), tendo sido liberada somente por ordem judicial.Creio que ficar sem a remuneração de um mês não possa ser considerado como dano leve. Leve seria a negativação decrédito em função da qual um cidadão se vê impedido de comprar bens de consumo a prazo. Mas se ver impedido deprover o próprio sustento parece-me bem mais danoso. Entretanto, como o problema perdurou por um único mês, acreditoestar diante de um caso de dano médio. Assim, a teor do Enunciado nº 08 da Súmula de Jurisprudência da Turma Recursaldo Rio de Janeiro, entendo razoável fixar o dano moral em até 40 (quarenta) salários mínimos.Analiso, agora, o quantum indenizatório sob a ótica da penalização ao ofensor. A forma de cobrança empreendida foiabusiva, agravada especialmente pelo fato de a CEF ter ciência de que se tratava de benefício previdenciário, portanto,verba alimentar, configurando exercício arbitrário das próprias razões.Assim, fixaria definitivamente a condenação em aproximadamente 40 (quarenta) salários mínimos como forma dedesincentivar que, no futuro, a CEF continue realizando meios abusivos de cobrança. Entretanto, como o autor limitou opedido em R$ 10.000,00 (dez mil reais), esse será o valor da condenação, acrescido da correção monetária a contar dadata em que tal pedido foi feito.DISPOSITIVOIsto posto, mantenho a tutela antecipada e julgo PROCEDENTE O PEDIDO para ratificar o desbloqueio dos valoresindevidamente retidos (mês fevereiro de 2008, valores já levantados pelo autor), comando esse que, ao que todo indica, jáfoi devidamente cumprido.A seguir, JULGO PROCEDENTE o pedido de DANO MORAL e condeno a CEF a indenizar o autor no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). Em face de tal valor deverá incidir correção monetária pelo INPC, a contar da data em que opedido nesse valor foi efetivado (20.03.2009). Após a correção, deverá incidir juros de mora de 1% ao mês, a contar damora, que neste caso não ocorreu com a citação, mas com o ato ilícito (art. 398 do CC), caracterizado pela retençãoindevida (fevereiro de 2008).Expeça-se ofício, com cópia do inteiro teor desta Sentença, ao Desembargador Federal relator do recurso criminal referenteà Ação Penal 2011.50.01.000933-9.Sem custas nem honorários. P.R.I., inclusive o MPF.A sentença penal condenatória da curadora do autor foi mantida pela 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federalda 2ª Região, que, em 23/07/2014, negou provimento ao recurso interposto pela ré. O trânsito em julgado ocorreu em17/09/2014. Havendo coisa julgada penal sobre a prática do estelionato, deve prevalecer na esfera cível.Contudo, a relação jurídica em tela se dá entre o autor desta ação (Edson) e a CEF, não envolvendo o contrato deempréstimo firmado entre sua curadora e a CEF.Tanto é assim que a própria CEF esclarece, à fl. 132, que não consta em nossos sistemas qualquer contrato de empréstimoou financiamento vinculado à conta 0168.013.00003104-2 de titularidade do incapaz EDSON RIBEIRO, CPF796.179.987/20.A autorização para crédito em conta do benefício se deu para a conta 5032-1, de titularidade da curadora do autor,conforme fls. 50 e seguintes.O bloqueio dos proventos, ainda que decorrente de estelionato detectado pelo banco, gera direito à indenização, tendo emvista a relação de consumo estabelecida entre as partes. Irrelevante o fato de a estelionatária ser a curadora do autor.A propósito, confira-se o seguinte acórdão do Superior Tribunal de Justiça:RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JULGAMENTO PELA SISTEMÁTICA DO ART. 543-CDO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS CAUSADOS POR FRAUDES E DELITOSPRATICADOS POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DOEMPREENDIMENTO.1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados porfraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos

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mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do empreendimento,caracterizando-se como fortuito interno.2. Recurso especial provido.(REsp 1199782/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2011, DJe 12/09/2011)

Assim é que não procede a alegação de cerceamento de defesa pela não realização de audiência para produção de provatestemunhal, irrelevante para o deslinde da questão.O aviso informal aos caixas para que, na eventualidade de tentativa de saque, a pessoa não tivesse os valores liberados, eao contrário, fosse encaminhada para tratativas com a respectiva Gerência (fl. 130) constitui verdadeiro bloqueio da conta.Ora, não há diferença prática entre bloqueio formal e bloqueio informal, importando apenas que o valor não estavadisponível para saque pelo autor (representado por sua curadora).A ocorrência do dano moral é inegável diante do caráter alimentar dos valores bloqueados e do período no qualpermaneceram bloqueados. Note-se que o bloqueio ocorreu em 2008 e só houve desbloqueio em fevereiro de 2010 (fl.133), em cumprimento à medida cautelar deferida na decisão de fls. 120/126. A inicial narra que o autor precisou recorrer aterceiros pedindo ajuda para seu sustento e compra de medicamentos, o que lhe causou enorme constrangimento, o que étotalmente crível diante da situação em que vive o autor, interditado em razão de doença neurológica (epilepsia), conformecertidão de fl. 11.O valor fixado na sentença a título de danos morais (R$10.000,00) parece-me exagerado, considerando o valor bloqueado.Ressalte-se que o bloqueio teria ocorrido relativamente aos proventos dos meses de fevereiro2008 e maio/2008, conformenarra a inicial, no valor total de R$ 3.176,53. Contudo, o benefício referente a fevereiro/2008 foi pago em 07/03/2008,conforme histórico de créditos de fl. 56. Apenas o de maio/2008, em 10/06/2008, ainda não havia sido pago, conforme oreferido documento. Em nenhum momento a CEF esclarece em quais meses houve bloqueio, limitando-se a recusar a suaocorrência, o que se afasta em face do disposto no item 7 acima.10) Por fim, registre-se que não faz sentido a suspensão dos contratos de empréstimo firmados pela autora,suspensão essa determinada no item 1 da decisão de fls. 120/126, que restou mantida na sentença, uma vez que taiscontratos não integram o objeto da presente ação, considerando o já disposto no item 4 deste voto-ementa. Ressalte-seque a medida deferida foi para que se suspendesse a execução e mora de todos os contratos de empréstimo vinculados àconta aqui envolvida, uma vez que o juízo cuidava tratar-se de contratos vinculados à conta do autor, quando, na verdade,eram vinculados à conta de sua curadora, conforme item 4.11) Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DO MPF E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSODA CEF apenas para (i) revogar a medida antecipatória da tutela deferida às fls. 120/126 no que diz respeito à suspensãoda execução e mora de todos os contratos de empréstimo que se considerou vinculados à conta do autor; e (ii) reduzir ovalor da condenação a título de dano moral para R$2.000,00 (dois mil reais), considerando o valor do benefício bloqueado,corrigido monetariamente a partir da data do julgamento do recurso (Súmula 362 do STJ), e acrescida de juros de mora,desde o evento danoso (Súmula 54 do STJ), devendo incidir, portanto, juros de 1% ao mês desde junho/2008 (quandoocorreu o bloqueio dos proventos de maio/2008) até a data do julgamento do recurso, a partir de quando deverá incidirapenas a taxa SELIC (que engloba juros e correção monetária).Sem custas. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

12 - 0001118-94.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.001118-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x EZEQUIEL PEREIRA(ADVOGADO: ES011630 - FRANCISCO CARDOSO DE ALMEIDA NETTO, ES017422 - VITOR FALCÃO DE SOUZA,ES011532 - EDER JACOBOSKI VIEGAS, ES019560 - JORDANA NEGRELLI COMPER, ES016376 - DAIANETAMBERLINE, ES016206 - DANIELA BERNABÉ COELHO, ES010923 - ROBERTA VIEIRA PINTO.).PROCESSO: 0001118-94.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.001118-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRARECORRIDO: EZEQUIEL PEREIRAADVOGADO (S): FRANCISCO CARDOSO DE ALMEIDA NETTO, VITOR FALCÃO DE SOUZA, EDER JACOBOSKIVIEGAS, ROBERTA VIEIRA PINTO, DAIANE TAMBERLINE, DANIELA BERNABÉ COELHO, JORDANA NEGRELLICOMPER

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – EMISSÃO DE CERTIDÃO DE AVERBAÇÃO DE PERÍODO RURAL ANTERIOR À LEI 8213/91, PARAFINS DE CÔMPUTO EM REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA – NECESSIDADE DE INDENIZAR O RGPS – RECURSODO INSS PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 88/89, que julgou procedente opedido para condenar o INSS a emitir Certidão de Tempo de Serviço – CTC ao autor, constando o exercício de atividaderural, na qualidade de segurado especial, de 1973 a 1978, sem condicionar qualquer tipo de contraprestação, para que orecorrido possa utilizar tal contagem para a previdência pública do MPU, à qual este se encontra vinculado. Alega orecorrente que ao juízo a quo interpretou equivocadamente o § 2º do artigo 55 da Lei 8.213/1991, já que este dispositivonão pode ser aplicado para fins de contagem de tempo de contribuição para regime próprio de previdência. Afirma, com

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isso, que restaria violado o § 10 do artigo 40 da Constituição Federal de 1988. Aduz o recorrente que de fato o seguradoespecial está isento de contribuir para o Regime Geral da Previdência Social (RGPS) para fins de obtenção dos benefíciosprevidenciários, inclusive para contagem de tempo de serviço. No entanto, afirma que somente quando houver contribuiçãoé que poderá haver contagem recíproca em outro regime. Portanto, conclui que o recorrido não faz jus à emissão doreferido documento sem o recolhimento das contribuições devidas. Requer a reforma da sentença, julgando improcedentesos pedidos iniciais.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Pretende o autor da presente demanda a certidão averbação de tempo rurícola de 1973 a 1978, já reconhecido porsentença com transito em julgado no processo desta seção tombado sob o nº 0000644-85.1997.4.02.5001, bem como acertidão de tempo de contribuição sem qualquer contraprestação, ao argumento de que ao tempo que seu processo de n.0000644-85.1997.4.02.5001 foi julgado não havia tal exigência.

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da lei 9.099/95.

Com acerto o autor, uma vez que o segurado especial não está isento de contribuição, pois, os trabalhadores ruraiscontribuem de forma específica nos termos do art. 25 da lei 8.212/91.

Sobre o tema contribuição assim diz o art. 55 § 2º da Lei 8.213/91:Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compreendendo, além docorrespondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anteriorà perda da qualidade de segurado: (..) § 1º A averbação de tempo de serviço durante o qual o exercício da atividade não determinava filiação obrigatória aoanterior Regime de Previdência Social Urbana só será admitida mediante o recolhimento das contribuiçõescorrespondentes, conforme dispuser o Regulamento, observado o disposto no § 2º.§ 2º O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta Lei, será computadoindependentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conformedispuser o Regulamento.§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial,conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida provaexclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto noRegulamento.

Do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para determinar ao INSS que proceda a emissão de certidão averbação detempo rurícola de 1973 a 1978, já reconhecido por sentença com transito em julgado no processo desta seção tombado sobo nº 0000644-85.1997.4.02.5001, bem como a emissão de certidão de tempo de contribuição sem qualquercontraprestação nos termos da fundamentação acima e, por consequência extingo o feito com resolução de mérito nostermos do art. 269, inciso I do CPC.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).Em sendo apresentado recurso, dê-se vista à parte recorrida, após, remeta-se o feito à E. Turma Recursal desta SeçãoJudiciária.Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.P.R.I.

4. Não merece prosperar o entendimento exposto na sentença de piso. Agiu corretamente a autarquiaprevidenciária ao não fornecer certidão por tempo de contribuição previdenciária relativa ao período de 1973 a 1978.Inequívoco é o entendimento de que não é necessário o recolhimento das contribuições previdenciárias para a averbaçãodo tempo exercido em regime de economia familiar, para fins de requerimento de aposentadoria por tempo de contribuiçãono Regime Geral de Previdência Social. Entretanto, no que tange ao Regime Próprio da Previdência Social, hánecessidade de indenização aos cofres da Previdência. Trata-se de questão pacífica e sedimentada na jurisprudêncai doSuperior Tribunal de Justiça, como se infere dos julgados abaixo transcritos:

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.ATIVIDADE RURAL ANTERIOR À LEI 8.213/91. CÔMPUTO. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. NECESSIDADE.PRECEDENTES DO STJ E DO STF. PEDIDO RESCISÓRIO IMPROCEDENTE.1. Para a contagem recíproca de tempo de contribuição, mediante a junção do período prestado na administração públicacom a atividade rural ou urbana, faz-se necessária a indenização do período rural exercido anteriormente à Lei 8.213/91.2. Ação julgada improcedente.(STJ – 3ª Seção - AR 2510 / SP - AÇÃO RESCISÓRIA 2002/0107096-5. Fonte DJe de 01/02/2010)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CONTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE ATIVIDADE RURAL.INDENIZAÇÃO. NECESSIDADE.1. A jurisprudência da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que ser imperiosa aindenização ao Regime Geral de Previdência Social do período exercido na atividade rural, anterior à filiação obrigatória,

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para cômputo em regime próprio de servidor público.2. Agravo regimental improvido.(STJ – 5ª Turma. AgRg no REsp 958190 / SC. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/0128604-0. FonteDJe de 04/08/2008).

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO. NECESSIDADE DE INDENIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕESPREVIDENCIÁRIAS CORRESPONDENTES AO PERÍODO QUE SE PRETENDE AVERBAR. AGRAVO REGIMENTALDESPROVIDO.1. Para fins de contagem recíproca do tempo de contribuição referente a regimes previdenciários diversos (público eprivado - rural ou urbano), faz-se necessária a indenização das contribuições previdenciárias correspondentes, ainda que operíodo seja anterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência Social. Precedentes desta Corte.2. Agravo Regimental desprovido.(STJ – 5ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1089413/RS - AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃONO RECURSO ESPECIAL 2008/0209319-0. DJe de 25/10/2010).

6. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentençarecorrida e JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DA PARTE AUTORA, conforme fundamentação supra.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

13 - 0002417-56.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002417-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x ELIZAMARA PAIVA CHARPINEL.PROCESSO: 0002417-56.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002417-2/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMARECORRIDO: ELIZAMARA PAIVA CHARPINELADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que a condenou a conceder aprogressão funcional a que a parte autora – servidora pública federal do quadro da Seção Judiciária do Espírito Santo - teriadireito em 19/04/2010 e a revisar todas as progressões funcionais posteriores a fim de que seja movimentada de um padrãoou classe imediatamente superior àquele em que se encontra, bem como a pagar as diferenças daí decorrentes. Alega arecorrente a incompetência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, eis que o “congelamento” daprogressão funcional da autora decorreu de decisão emanada do Conselho da Justiça Federal, por ocasião da apreciaçãodo Processo nº 2006.16.9368, e que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em sede de Reclamação, decidiuacerca da incompetência de juiz federal de primeiro grau para julgar atos editados pelo Conselho da Justiça Federal,deliberando que essa competência é exclusiva daquela Corte de Justiça. De outro giro, prossegue, o pleito autoral excede acompetência dos Juizados Especiais Federais, a teor do art. 3º, III, da Lei nº 10.259/2001. No mérito, alega ausência deofensa ao direito adquirido, eis que pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que, após a EmendaConstitucional nº 19/1998, o prazo do estágio probatório era realmente de três anos. Ressalta que, face ao princípio daautotutela, não se aplica o prazo decadencial, mormente porque a progressão funcional concedido em descompasso compreceito constitucional é ato nulo de pleno direito e, além disso, a determinação para o congelamento das progressõesfuncionais dos servidores do TRF da 2ª Região e das respectivas Seções Judiciárias data de 22/12/2009 e a decisão doCJF é de 29/04/2009, não tendo se operado a decadência. Impugna, ainda, pela eventualidade, a correção monetária peloIPCA, uma vez que não houve posicionamento definitivo do STF quanto à modulação dos efeitos de sua decisão nas ADIs4357 e 4425, razão pela qual se deve continuar aplicando o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação proposta em face da União Federal em que a parte autora pretende a revisão da sua progressãofuncional, na forma do parágrafo primeiro do art. 9º da Lei 11.416/2006, bem como o pagamento das diferenças deremuneração, acrescidos de juros de mora e correção monetária.A autora relata, na inicial, que é servidora pública federal pertencente ao quadro da Seção Judiciário do Espírito Santo,tendo entrado em exercício em 17/04/2000.Afirma que, em 28/06/2002, foi promovido para o padrão NS/A4 (Portaria 1003/TRF2, de 19/12/2003). No entanto, no anode 2010, a autora não foi movimentada em decorrência da decisão do Conselho da Justiça Federal no ProcessoAdministrativo nº 2006.16.9368 (declaração de fls. 32/33).A autora alega que a sua progressão funcional foi feita de acordo com o que dispunha o parágrafo 3º do art. 7º da Lei9.421/1996 com redação dada pela Lei 10.475/2002 e que a ausência da progressão funcional no ano de 2010 fere o seudireito adquirido e o princípio da segurança jurídica. Argumenta ainda que o “congelamento” da sua progressão funcionalem 2010, mais de 5 (cinco) anos após o ato de concedeu a sua progressão, fere o disposto no artigo 54 da Lei 9.784/1999

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que estabelece o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para administração rever os seu atos.A União Federal, além da preliminar de incompetência em razão da matéria e da competência originária do STJ, afirma, emsíntese, que o ato do CJF é legal e válido.Preliminarmente, não merece ser acolhida a arguição de incompetência em razão da matéria. O que se busca no presenteprocesso não é a anulação de qualquer ato administrativo, mas a tutela de um direito já adquirido e a garantia do princípioda legalidade. Naturalmente não se inclui na competência dos Juizados Federais a possibilidade de anulação oucancelamento de um ato administrativo específico em relação a determinado servidor ou cidadão, como o auto de infraçãoque impõe multa contra o cidadão. De outro lado, em se tratando de atos administrativos de abrangência federal e alcancegeral, restrito a destinatários certos e individualizáveis, como determinada categoria profissional, os Juizados Federais sãocompetentes para processar e julgar as ações “envolvendo anulação ou cancelamento de decretos, resoluções, instruçõesnormativas ou regimentos, que constituem atos administrativos de alcance geral, (...) desde que estes efeitos se dêem“apenas de forma reflexa” (COSTA JUNIOR, Sálvio Dino de Castro e. Anulação de ato administrativo no juizado especialfederal. Revista CEJ 21:100, 2003). Isso porque, diante deste tipo de situação, o pedido imediato não será de anulação oucancelamento do ato administrativo, mas, sim, de aumento de vencimentos, extensão de vantagens, etc, medianteaplicação da legislação em conformidade com a Constituição Federal.No caso dos autos, o que a parte autora pretende ver resguardado o seu direito já adquirido de progressão funcional aotempo da decisão do CJF e a garantia da aplicação da Lei 10.475/2002 e da Lei 11.416/2006. O ato administrativo quedeterminou o congelamento da progressão funcional da autora é atingido de forma reflexa, quando se analisa se foi ou nãorespeitado o princípio da legalidade e o direito adquirido da parte autora.Cabe ressaltar, ainda, que a competência para processar e julgar a presente ação ordinária proposta em face da UniãoFederal é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, I da Constituição Federal.A competência originária do Superior Tribunal de Justiça limita-se ao julgamento de mandados de segurança contra atos doCJF (artigo 105, I, b c/c parágrafo único, inciso II da Constituição Federal). Não sendo cabível a propositura de açãoordinária pela autora em face da União Federal diretamente no STJ, por expressa limitação constitucional.No mérito, primeiramente, verifica-se que a autora tinha direito à progressão funcional, no ano de 2010, garantida peloartigo 9º, § § 1º e 2º da Lei 11.416/2006 que assim determina.

Art. 9o O desenvolvimento dos servidores nos cargos de provimento efetivo das Carreiras dos Quadros de Pessoal doPoder Judiciário dar-se-á mediante progressão funcional e promoção.§ 1o A progressão funcional é a movimentação do servidor de um padrão para o seguinte dentro de uma mesma classe,observado o interstício de um ano, sob os critérios fixados em regulamento e de acordo com o resultado de avaliaçãoformal de desempenho.§ 2o A promoção é a movimentação do servidor do último padrão de uma classe para o primeiro padrão da classe seguinte,observado o interstício de um ano em relação à progressão funcional imediatamente anterior, dependendo,cumulativamente, do resultado de avaliação formal de desempenho e da participação em curso de aperfeiçoamentooferecido, preferencialmente, pelo órgão, na forma prevista em regulamento.

Nesses termos, a autora, por expressa previsão legal, tem o direito a progressão/promoção funcional para o padrãoseguinte dentro da mesma classe ou da classe seguinte, observado o interstício de um ano.Esse direito, garantido à autora pelo artigo 9º, § § 1º e 2º da Lei 11.416/2006, não pode ser obstado por decisãoadministrativa, em respeito ao princípio da legalidade. Não pode a Administração, sob qualquer pretexto, sustar os efeitosda Lei 11.416/2006 sob o argumento de corrigir distorção na carreira dos servidores do Poder Judiciário.Ademais, constata-se que a decisão do CJF que determinou o congelamento da progressão funcional tinha por objetivo, deforma transversa, alcançar a primeira progressão funcional deferida ao autor ao final do estágio probatório, como melhorexplico.A parte autora teve, por força de Portaria 1003/TRF 2ª Região, datada de 19/12/2003, direito a progressão funcional nostermos da Lei 10.475/2002 que dispunha no seu artigo 7º, parágrafo 3º, que não haveria progressão funcional durante oestágio probatório, de 24 meses de duração, nos termos do art. 20 da Lei 8.112/1990. Finalizado o prazo do estágioprobatório (2 anos), o servidor aprovado seria progredido para o 4º padrão da classe A, in verbis.

§ 3o São vedadas a promoção e a progressão funcional durante o estágio probatório, findo o qual será concedida aoservidor aprovado a progressão funcional para o 4º (quarto) padrão da classe "A" da respectiva carreira." (NR)

Do que se conclui que a primeira progressão funcional da parte autora, realizada ao fim do seu estágio, trouxe ao seupatrimônio jurídico o direito de receber a sua remuneração no padrão 4 da classe A, a partir de 28/06/2002, restandoconfigurado o seu direito adquirido.O CJF, desconsiderando a disposição literal da Lei 9.421/1996 com redação dada pela Lei 10.475/2002 (parágrafo 3º do art.7º) e da Lei 11.416/2006 (artigo 9º, § § 1º e 2º) e sem apontar qualquer ilegalidade da situação posta, determinou que aparte autora ficasse sem progredir durante um ano a fim de sustar o efeito de um ato administrativo editado em 19/12/2003.Por certo que, mesmo que se desconsiderasse o direito adquirido da parte autora ou a ofensa ao princípio da legalidade doato que determinou o congelamento da progressão funcional em 2010, por desrespeito ao disposto no art. 9º, § § 1º e 2º daLei 11.416/2006, constata-se que se operou a decadência do direito da Administração rever o ato, conforme estabelece oart. 54 da Lei 9.784/1999, in verbis.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para osdestinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

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Desse modo, considerando que a portaria foi expedida em 2003, verifica-se que o prazo decadencial operou-se em 2008.Nesse sentido é a jurisprudência consolidada do STJ, como se depreende da leitura dos acórdãos que seguem.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.MODIFICAÇÃO DO CÁLCULO DE HORAS EXTRAS. REVISÃO. DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA CONFIGURADA. ART.54 DA LEI N. 9.784/99. TERMO A QUO. VIGÊNCIA DA LEI. 1. Consolidou-se nesta Corte o entendimento deque o prazo decadencial previsto no artigo 54 da Lei 9.784/99, quanto aos atos administrativos anteriores à suapromulgação, inicia-se a partir da data de sua entrada em vigor, ou seja, na data de sua publicação, em 1/2/99.Precedentes: AgRg no REsp 1.314.843/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 15/6/12; AgRg no REsp1.257.473/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 23/3/12; AgRg no REsp 1.166.120/SC, Rel. Min.LauritaVaz, DJe16/8/11; AgRg no Ag. 1.116.887/RJ, Rel. Min. Maria Tereza de Assis Moura Sexta Turma, DJe 15/8/11; AgRg no Ag1.342.657/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 18/04/11; AgRg no Ag 1.297.588/DF, Rel. Min. Herman Benjamin,Segunda Turma, DJe 1/7/10. 2. No caso em análise, a Administração já procedia ao pagamento das horas extrasnormalmente corrigidas desde, no mínimo, outubro de 1997, de modo que o prazo decadencial somente teve início em1/2/99 (entrada em vigor da Lei 9.784/99), encerrando-se em 1/2/04. Assim, iniciado o procedimento administrativo eprolatado o Acórdão do TCU em 2005, deve-se reconhecer a ocorrência da decadência. 3. Agravo regimental não provido.(AGRESP 201101847389, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:05/09/2012 ..DTPB:.)

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. HORAS EXTRAS. INCORPORAÇÃO. REVISÃO. DECADÊNCIA. ART. 54 DALEI 9.784/99. OCORRÊNCIA. 1. O STJ firmou o entendimento no sentido de que mesmo os atos administrativos praticadosanteriormente ao advento da Lei Federal n. 9.784, de 1º/2/19999, estão sujeitos ao prazo decadencial quinquenal, contadoda sua entrada em vigor. 2. Em casos análogos ao presente, a Primeira e a Segunda Turmas desta Corte têm decidido quea possibilidade de revisão da base de cálculos das horas extras incorporadas está fulminada pela decadência, de que tratao art. 54 da Lei n. 9.784/99. Precedentes: REsp 1270474/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 5/11/2012; AgRg no AREsp224.699/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 5/11/2012; AgRg no REsp 1321448/RN, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe9/10/2012; AgRg no REsp 1270252/RN, DJe 5/9/2012. Agravo regimental improvido. (AGRESP 201102727334,HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:18/12/2012 ..DTPB:.)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. OBRIGAÇÃO DE TRATOSUCESSIVO. NÃO OCORRÊNCIA. REVISÃO DE PARCELA INCORPORADA POR DECISÃO TRANSITADA EMJULGADO. DECADÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. De acordo com o entendimento firmado pela Corte Especial, casoo ato acoimado de ilegalidade tenha sido praticado antes da promulgação da Lei 9.784/99, a Administração tem o prazo decinco anos para anulá-lo, a contar da vigência dessa lei; se praticado em momento posterior, o prazo quinquenal daAdministração terá início a partir da sua prática, sob pena de decadência, nos termos do art. 54 da Lei 9.784/99. Nessesentido: AgRg nos EREsp 445.100/RS, Rel. Min. FELIX FISCHER, Terceira Seção, DJ 4/6/07. 2. O cálculo das horas extrasincorporadas aos vencimentos da autora com base na aplicação contínua e automática de percentuais parametrizados foiimplantado na época do cumprimento da decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança Coletivo nº 97.0012053-8,o que ocorrera em data anterior à promulgação da Lei 9.784/99. 4. O marco inicial para decadência administrativa inicia-secom a vigência da Lei 9.784/99. Logo, tendo em vista que o processo revisional data de agosto de 2008, quando jáultrapassados mais de 5 (cinco) anos do início da vigência da Lei 9.784/99, é de rigor o reconhecimento da decadênciaadministrativa. 5. Agravo regimental não provido. (AGRESP 201200883435, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRATURMA, DJE DATA:09/10/2012 ..DTPB:.)

Por tudo, em respeito ao princípio da legalidade e ao direito adquirido da parte autora, bem como, ao transcurso do prazodecadencial, impõe-se o reconhecimento do pedido autoral a fim de determinar a sua progressão funcional em 19/04/2010.Dos Juros e Correção MonetáriaNo que se refere à incidência de juros de mora e correção monetária sobre o crédito, destaco que, aos 07/03/2013, oSupremo Tribunal Federal, na ADI 4357/DF, declarou a inconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do artigo 1º-F daLei nº 9.494 (com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/09). Assim, aos 14/03/2013, aquela Corte julgouparcialmente procedente a mencionada Ação Direta de Inconstitucionalidade, que produz efeitos imediatamente, conquantoesteja pendente de publicação1. Portanto, adoto os fundamentos expostos na citada decisão para afastar a aplicação dodispositivo tido por inconstitucional no presente caso, nos termos da decisão ora transcrita:“Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Ministro Luiz Fux rejeitando a alegação de inconstitucionalidade do § 2ºdo artigo 100 da Constituição Federal; declarando inconstitucionais os §§ 9º e 10 do artigo 100; declarando inconstitucionala expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança,” constante do § 12 do artigo 100, bem comodando interpretação conforme ao referido dispositivo para que os mesmos critérios de fixação de juros moratóriosprevaleçam para devedores públicos e privados nos limites da natureza de cada relação jurídica analisada; declarando ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009; e acolhendo as impugnações para declarar a inconstitucionalidade do § 15 do artigo 100 edo artigo 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias introduzidos pela EC 62/2009, o julgamento foi suspenso.Ausente o Senhor Ministro Gilmar Mendes, em viagem oficial para participar da 94ª Sessão Plenária da Comissão Européiapara a Democracia pelo Direito, em Veneza,Itália. Presidência do Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 07.03.2013.” (grifei)DispositivoPosto isso, JULGO PROCEDENTE o pedido autoral para condenar a União a conceder a progressão funcional à que aparte autora teria direito em 19/04/2010, observado o resultado da avaliação formal de desempenho (Lei 11.416/2006, artigo9º), e revisar todas as progressões funcionais posteriores a fim de que seja movimentada de um padrão ou classeimediatamente superior àquele em que se encontra.

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Condeno a ré, ainda, a pagar as diferenças de remuneração decorrentes dos efeitos financeiros a ser gerados e que nãoforam observados em decorrência da não concessão da progressão funcional da parte autora, em 19/04/2010.Tais valores deverão ser corrigidos monetariamente pelo IPCA-E (haja vista a decisão proferida na ADI 4357/DF, em07/03/2013), com aplicação de juros de mora de 0,5% (meio por cento) ao mês, desde a citação até a data da expedição dorequisitório, devendo ser respeitado o teto fixado para este Juizado e a prescrição quinquenal.Sem custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º: 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. A questão já foi apreciada pelo Superior Tribunal de Justiça, que entendeu pela improcedência do pedido emacórdão assim ementado:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.TÉCNICO JUDICIÁRIO DA CARREIRA DO PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO. CONGELAMENTO DE PROGRESSÕESFUNCIONAIS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO CONFIGURADO.1. Trata-se de recurso ordinário em mandado de segurança onde pretende o recorrente a concessão da segurança a fim deafastar a ilegalidade do ato coator que determinara o congelamento das progressões funcionais a que o impetrante teriadireito por força da Resolução 334/2003-CJF.2. O Tribunal de origem denegou a segurança ao entendimento de que inexiste ilegalidade no ato impugnado, na medidaem que a decisão do Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região de congelamento das progressões funcionaisdos servidores que ingressaram no cargo após 05/06/1998 (e que seriam devidas por força da Resolução 334/2003-CJF)tinha o intuito de mantê-los nos mesmos níveis da carreira até que os servidores mais antigos, que ingressaram no cargoantes de 05/06/1998, alcançassem as mesmas posições funcionais, a fim de que o enquadramento de todos servidoresfosse condizente com os respectivos tempos de serviço.3. Não merece reforma o acórdão recorrido, eis que, pertencendo os servidores envolvidos à mesma carreira, não se podepermitir que aqueles que ingressaram posteriormente no serviço público venham a atingir nível funcional superior àquelesque já se encontravam laborando.4. Recurso ordinário não provido.(RMS 36.999/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe11/09/2013)Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Leinº 9.099/95), tendo em vista que está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

4. O referido acórdão não tratou do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/99, uma vez que nele seconsiderou que, segundo o disposto no artigo 7º da Lei nº 10.475/2002, que alterou o § 3º do art. 7º da Lei nº 9.421/96, aprogressão funcional deve observar o interstício mínimo de um ano. Isto significa que a Administração tem o dever derespeitar prazo mínimo para a concessão da progressão, mas não há restrição a que a conceda em prazo superior a umano, respeitada a conveniência e o interesse público, não havendo, assim, qualquer ilegalidade no sobrestamento daconcessão de movimentações ordinárias ou extraordinárias a servidores.

5. Destaque-se, por fim, que o entendimento do STJ acerca de sua competência originária para ações quequestionem atos praticados pelo CJF não se aplica ao presente caso, pois não há aqui risco de subversão do sistema decontrole administrativo, em se tratando de ato que tem como destinatários os servidores e não os magistrados.

6. Posto isso, conheço do recurso e a ele DOU PROVIMENTO para reformar a sentença e julgar improcedente opedido.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

14 - 0000511-25.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000511-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x PATRICIA DE ROSSI.PROCESSO: 0000511-25.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000511-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): PEDRO GALLO VIEIRARECORRIDO: PATRICIA DE ROSSIADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que a condenou a concederprogressão funcional à parte autora em 06/2010, observado o resultado da avaliação formal de desempenho (Lei nº

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11.416/2006, artigo 9º), bem como a revisar todas as progressões funcionais posteriores a fim de que seja movimentadapara o padrão ou classe imediatamente superior àquele em que se encontra, condenando, ainda, a ré a pagar as diferençasdevidas, observada a prescrição qüinqüenal, com atualização dos valores na forma do art. 1º-F da Lei 9.494/97. Alega arecorrente a competência exclusiva do Conselho da Justiça Federal para organizar os entendimentos acerca daspromoções dos servidores. Invoca o princípio da tripartição, independência e harmonia das funções do Estado. Por fim,sustenta a necessidade de manutenção da eficácia da Lei nº 11.960/2009 enquanto pendem de modulação os efeitos dadecisão proferida pelo STF nas ADIs 4357 e 4425.2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação proposta em face da União Federal em que pretende revisão da progressão funcional da parte autora naforma do art. 1º, §9º, da Lei 11.416/2006, bem como o pagamento das diferenças remuneratórias decorrentes, acrescidasde juros de mora e correção monetária.A parte autora alega que é servidor público federal pertencente ao quadro da Seção Judiciária do Espírito Santo, tendoentrado em exercício em 01/06/2000.Afirma que, em 04/06/2002, foi promovida para o padrão NI/A4 (Portaria 1003/TRF2, de 19/12/2003) e, em 2010, não foimovimentada por força de decisão proferida pelo Conselho da Justiça Federal no Processo Administrativo nº 2006.16.9368(declaração de fls. 12/13).Alega ainda que a sua progressão funcional obedeceu ao disposto no parágrafo 3º, do art. 7º, da Lei 9.421/1996, comredação dada pela Lei 10.475/2002, e que a ausência da progressão funcional no ano de 2010 fere seu direito adquirido etambém o princípio da segurança jurídica. Argumenta também que o “congelamento” em questão, ocorrido mais de cincoanos após o ato de concessão de sua progressão, fere o disposto no artigo 54 da Lei 9.784/1999 que estabelece o prazodecadencial de cinco anos para a administração rever seus atos.Em sua contestação, a União alega que o Conselho da Justiça Federal possui a competência exclusiva para organizar osprocedimentos acerca das promoções dos servidores e que é vedado ao Poder Judiciário atuar como legislador positivo.Diante dos autos, verifico que a progressão funcional da parte autora em 2010 era assegurada pelo disposto no art. 9º, §§1º e 2º, da Lei 11.416/2006, nos seguintes termos:Art. 9º. O desenvolvimento dos servidores nos cargos de provimento efetivo das Carreiras dos Quadros de Pessoal doPoder Judiciário dar-se-á mediante progressão funcional e promoção.§ 1º. A progressão funcional é a movimentação do servidor de um padrão para o seguinte dentro de uma mesma classe,observado o interstício de um ano, sob os critérios fixados em regulamento e de acordo com o resultado de avaliaçãoformal de desempenho.§ 2º. A promoção é a movimentação do servidor do último padrão de uma classe para o primeiro padrão da classe seguinte,observado o interstício de um ano em relação à progressão funcional imediatamente anterior, dependendo,cumulativamente, do resultado de avaliação formal de desempenho e da participação em curso de aperfeiçoamentooferecido, preferencialmente, pelo órgão, na forma prevista em regulamento.Trata-se de direito que não pode ser afetado por decisão administrativa, haja vista o princípio da legalidade. Não pode aAdministração, sob qualquer pretexto, sustar os efeitos da Lei 11.416/2006 sob pretexto de corrigir distorção na carreira dosservidores do Poder Judiciário.Além disso, a decisão do CJF que determinou o congelamento da progressão funcional tinha por objetivo, de formatransversa, alcançar a primeira progressão funcional deferida ao servidor ao final do estágio probatório.A parte autora teve, por força de Portaria 932/TRF2, de 05/12/2003, direito a progressão funcional nos termos da Lei10.475/2002, que dispunha em seu artigo 7º, parágrafo 3º, que não haveria progressão funcional durante o estágioprobatório, de 24 meses de duração, nos termos do art. 20 da Lei 8.112/1990.Finalizado o prazo do estágio probatório (dois anos), o servidor aprovado seria progredido para o 4º padrão da classe A:§ 3º. São vedadas a promoção e a progressão funcional durante o estágio probatório, findo o qual será concedida aoservidor aprovado a progressão funcional para o 4º (quarto) padrão da classe "A" da respectiva carreira. (NR)Assim, a primeira progressão funcional da parte autora, realizada ao fim do seu estágio probatório, trouxe ao seu patrimôniojurídico o direito de receber a sua remuneração no padrão 4 da classe A a partir de 19/12/2003, restando configurado o seudireito adquirido.O CJF, desconsiderando a disposição literal da Lei 9.421/1996, com redação dada pela Lei 10.475/2002 (parágrafo 3º doart. 7º), e na Lei 11.416/2006 (artigo 9º, §§ 1º e 2º), determinou que a parte autora ficasse sem progredir durante um ano afim de sustar o efeito de um ato administrativo editado em 19/12/2003.Mesmo que se desconsiderasse o direito adquirido da parte autora ou a ofensa ao princípio da legalidade do ato quedeterminou o congelamento da progressão funcional em 2010, por desrespeito ao disposto no art. 9º, §§ 1º e 2º, da Lei11.416/2006, constata-se que se operou a decadência em virtude do transcurso do prazo previsto no art. 54 da Lei9.784/1999 para a revisão administrativa:Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para osdestinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.Considerando-se que a portaria foi expedida em 2003, verifica-se que o prazo decadencial operou-se em 2008.Nesse sentido é a jurisprudência consolidada pelo STJ:PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO.MODIFICAÇÃO DO CÁLCULO DE HORAS EXTRAS. REVISÃO. DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA CONFIGURADA. ART.54 DA LEI N. 9.784/99. TERMO A QUO. VIGÊNCIA DA LEI. 1. Consolidou-se nesta Corte o entendimento de que o prazodecadencial previsto no artigo 54 da Lei 9.784/99, quanto aos atos administrativos anteriores à sua promulgação, inicia-se apartir da data de sua entrada em vigor, ou seja, na data de sua publicação, em 1/2/99. Precedentes: AgRg no REsp1.314.843/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 15/6/12; AgRg no REsp 1.257.473/RS, Rel. Min.Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 23/3/12; AgRg no REsp 1.166.120/SC, Rel. Min.Laurita Vaz, DJe 16/8/11; AgRg no

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Ag. 1.116.887/RJ, Rel. Min. Maria Tereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 15/8/11; AgRg no Ag 1.342.657/RS, Rel. Min.Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 18/04/11; AgRg no Ag 1.297.588/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe1/7/10. 2. No caso em análise, a Administração já procedia ao pagamento das horas extras normalmente corrigidas desde,no mínimo, outubro de 1997, de modo que o prazo decadencial somente teve início em 1/2/99 (entrada em vigor da Lei9.784/99), encerrando-se em 1/2/04. Assim, iniciado o procedimento administrativo e prolatado o Acórdão do TCU em 2005,deve-se reconhecer a ocorrência da decadência. 3. Agravo regimental não provido. (AGRESP 201101847389, BENEDITOGONÇALVES, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:05/09/2012 ..DTPB:.)ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. HORAS EXTRAS. INCORPORAÇÃO. REVISÃO. DECADÊNCIA. ART. 54 DALEI 9.784/99. OCORRÊNCIA. 1. O STJ firmou o entendimento no sentido de que mesmo os atos administrativos praticadosanteriormente ao advento da Lei Federal n. 9.784, de 1º/2/19999, estão sujeitos ao prazo decadencial quinquenal, contadoda sua entrada em vigor. 2. Em casos análogos ao presente, a Primeira e a Segunda Turmas desta Corte têm decidido quea possibilidade de revisão da base de cálculos das horas extras incorporadas está fulminada pela decadência, de que tratao art. 54 da Lei n. 9.784/99. Precedentes: REsp 1270474/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 5/11/2012; AgRg no AREsp224.699/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 5/11/2012; AgRg no REsp 1321448/RN, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe9/10/2012; AgRg no REsp 1270252/RN, DJe 5/9/2012. Agravo regimental improvido. (AGRESP 201102727334,HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:18/12/2012 ..DTPB:.)ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. OBRIGAÇÃO DE TRATOSUCESSIVO. NÃO OCORRÊNCIA. REVISÃO DE PARCELA INCORPORADA POR DECISÃO TRANSITADA EMJULGADO. DECADÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. De acordo com o entendimento firmado pela Corte Especial, casoo ato acoimado de ilegalidade tenha sido praticado antes da promulgação da Lei 9.784/99, a Administração tem o prazo decinco anos para anulá-lo, a contar da vigência dessa lei; se praticado em momento posterior, o prazo quinquenal daAdministração terá início a partir da sua prática, sob pena de decadência, nos termos do art. 54 da Lei 9.784/99. Nessesentido: AgRg nos EREsp 445.100/RS, Rel. Min. FELIX FISCHER, Terceira Seção, DJ 4/6/07. 2. O cálculo das horas extrasincorporadas aos vencimentos da autora com base na aplicação contínua e automática de percentuais parametrizados foiimplantado na época do cumprimento da decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança Coletivo nº 97.0012053-8,o que ocorrera em data anterior à promulgação da Lei 9.784/99. 4. O marco inicial para decadência administrativa inicia-secom a vigência da Lei 9.784/99. Logo, tendo em vista que o processo revisional data de agosto de 2008, quando jáultrapassados mais de 5 (cinco) anos do início da vigência da Lei 9.784/99, é de rigor o reconhecimento da decadênciaadministrativa. 5. Agravo regimental não provido. (AGRESP 201200883435, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRATURMA, DJE DATA:09/10/2012 ..DTPB:.)Quanto à competência exclusiva do Conselho da Justiça Federal, como bem ressalvado pela União em sua contestação, oórgão judicial de primeira instância “deve conter-se aos limites da apreciação dos aspectos externos da decisão (legalidadee forma”, que é exatamente o que busca a parte autora na presente ação: resguardar seu direito pela observância doprincípio da legalidade estrita, do direito adquirido e da garantia do transcurso do prazo decadencial não observado peloCJF na prolação da decisão que impediu a sua progressão funcional no ano de 2010.Pelo exposto, julgo procedente o pedido para condenar a União a conceder progressão funcional à parte autora em06/2010, observado o resultado da avaliação formal de desempenho (Lei 11.416/2006, artigo 9º), bem como a revisar todasas progressões funcionais posteriores a fim de que seja movimentada para o padrão ou classe imediatamente superioràquele em que se encontra.Condeno a ré a pagar as diferenças devidas, observada a prescrição qüinqüenal, com atualização dos valores na forma doart. 1º-F da Lei 9494/97.Sem custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º: 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001.(...)

3. A questão já foi apreciada pelo Superior Tribunal de Justiça, que entendeu pela improcedência do pedido emacórdão assim ementado:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.TÉCNICO JUDICIÁRIO DA CARREIRA DO PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO. CONGELAMENTO DE PROGRESSÕESFUNCIONAIS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO CONFIGURADO.1. Trata-se de recurso ordinário em mandado de segurança onde pretende o recorrente a concessão da segurança a fim deafastar a ilegalidade do ato coator que determinara o congelamento das progressões funcionais a que o impetrante teriadireito por força da Resolução 334/2003-CJF.2. O Tribunal de origem denegou a segurança ao entendimento de que inexiste ilegalidade no ato impugnado, na medidaem que a decisão do Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região de congelamento das progressões funcionaisdos servidores que ingressaram no cargo após 05/06/1998 (e que seriam devidas por força da Resolução 334/2003-CJF)tinha o intuito de mantê-los nos mesmos níveis da carreira até que os servidores mais antigos, que ingressaram no cargoantes de 05/06/1998, alcançassem as mesmas posições funcionais, a fim de que o enquadramento de todos servidoresfosse condizente com os respectivos tempos de serviço.3. Não merece reforma o acórdão recorrido, eis que, pertencendo os servidores envolvidos à mesma carreira, não se podepermitir que aqueles que ingressaram posteriormente no serviço público venham a atingir nível funcional superior àquelesque já se encontravam laborando.4. Recurso ordinário não provido.(RMS 36.999/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe11/09/2013)Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Leinº 9.099/95), tendo em vista que está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

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4. O referido acórdão não tratou do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/99, uma vez que nele seconsiderou que, segundo o disposto no artigo 7º da Lei nº 10.475/2002, que alterou o § 3º do art. 7º da Lei nº 9.421/96, aprogressão funcional deve observar o interstício mínimo de um ano. Isto significa que a Administração tem o dever derespeitar prazo mínimo para a concessão da progressão, mas não há restrição a que a conceda em prazo superior a umano, respeitada a conveniência e o interesse público, não havendo, assim, qualquer ilegalidade no sobrestamento daconcessão de movimentações ordinárias ou extraordinárias a servidores.

5. Posto isso, conheço do recurso e a ele DOU PROVIMENTO para reformar a sentença e julgar improcedente opedido.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

15 - 0000728-05.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000728-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x ELDA GAZOLLI CAMPOS (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERYLOPES.).PROCESSO: 0000728-05.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000728-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNESRECORRIDO: ELDA GAZOLLI CAMPOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS contra asentença de fls. 47/49, que julgou procedente em parte o pedido, condenando o réu a pagar à parte autora o benefício deauxílio-doença no período de 28/09/2012 (dia da cirurgia para hérnia lombar) até 28/07/2013 (120 dias de recuperaçãoestipulado pelo perito médico do juízo), devidamente acrescidas de correção monetária, conforme tabela do Conselho daJustiça Federal a partir da data do pagamento, ante o reconhecimento de parcial inconstitucionalidade do art. 1º F da Lei nº9.494/97 com redação dada pela Lei nº 11.960/09 (ADI 4.357), e juros de mora a partir da citação, no percentual de 1% aomês até a data da entrada em vigor da Lei 11.960/2009, quando deverá ser aplicado o índice da caderneta de poupança.Sustenta a recorrente que a decisão recorrida não pode prevalecer, visto que o acórdão articulado nas ADIs 4.357/DF e4.425/DF ainda não foi publicado, razão pela qual o exato alcance do julgado ainda não pode ser avaliado com segurança.Requer a reforma da sentença para que as parcelas vencidas a partir de 07/2009 sejam integralmente aplicado o art. 1º-Fda Lei nº. 9.494/97, plenamente vigente até a data atual.2. Depreende-se que o objeto recursal cinge-se aos critérios de fixação dos juros moratórios e da correçãomonetária.3. Conforme entendimento já declinado em vários precedentes, esta 1ª Turma Recursal, rendendo-se à orientaçãoassentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, osjuros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nasquais a SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TRdeterminado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para ascondenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável àscondenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias. Asentença adotou esse entendimento.4. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios arbitrados em 10% sobre o valor das parcelas vencidas.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

16 - 0100848-91.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100848-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x CLEONE PEREIRA DONASCIMENTO (ADVOGADO: ES012814 - BETHÂNIA FELTZ SCHIMIDT.).PROCESSO: 0100848-91.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100848-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: CLEONE PEREIRA DO NASCIMENTOADVOGADO (S): DORISMAR MARTINS MASIERO

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS contra asentença de fls. 133/134, que julgou procedente em parte o pedido inicial, condenando o réu a restabelecer o benefício deauxílio-doença desde a cessação, em 20/6/2013, aplicando-se juros de mora a partir da citação, calculados com base nomesmo índice oficial aplicável à caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei11.960/09 (atualmente, 0,5% ao mês), bem como correção monetária, que deve ser calculada com base no INPC/IBGE.Sustenta a recorrente que a decisão recorrida não pode prevalecer, visto que o acórdão articulado nas ADIs 4.357/DF e4.425/DF ainda não foi publicado, razão pela qual o exato alcance do julgado ainda não pode ser avaliado com segurança.Requer a reforma da sentença para que seja integralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97, plenamente vigente atéa data atual.2. Depreende-se que o objeto recursal cinge-se aos critérios de fixação dos juros moratórios e da correçãomonetária.3. Conforme entendimento já declinado em vários precedentes, esta 1ª Turma Recursal, rendendo-se à orientaçãoassentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, osjuros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nasquais a SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TRdeterminado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para ascondenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável àscondenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias. Asentença adotou o mesmo entendimento.4. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios arbitrados em 10% sobre o valor das parcelas vencidas.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

17 - 0002036-79.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002036-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x ODAIR JOSÉ FAGUNDES (ADVOGADO:ES005098 - SIRO DA COSTA.).PROCESSO: 0002036-79.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002036-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITORECORRIDO: ODAIR JOSÉ FAGUNDESADVOGADO (S): SIRO DA COSTA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS contra asentença de fls. 59/61, que julgou procedente em parte o pedido inicial, condenando o réu a conceder o benefício deauxílio-doença, com DIB em 31/03/2010, bem como a pagar as prestações vencidas, com incidência de correçãomonetária, desde a data de vencimento de cada parcela, cujo indexador deverá ser o INPC, bem como, juros moratórios, nomesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança. Sustenta o recorrente que a decisão recorrida nãopode prevalecer, visto que o acórdão articulado nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DF ainda não foi publicado, razão pela qual oexato alcance do julgado ainda não pode ser avaliado com segurança. Requer a reforma da sentença para que sejaintegralmente aplicado o art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97, plenamente vigente até a data atual.2. Depreende-se que o objeto recursal cinge-se aos critérios de fixação dos juros moratórios e da correçãomonetária.3. Conforme entendimento já declinado em vários precedentes, esta 1ª Turma Recursal, rendendo-se à orientaçãoassentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, osjuros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nasquais a SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TRdeterminado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para ascondenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável àscondenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias. Asentença adotou o mesmo entendimento.4. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios arbitrados em 10% sobre o valor das parcelas vencidas.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página]

18 - 0105789-12.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105789-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA GENI DE JESUSMORAES (ADVOGADO: RJ173475 - FERNANDA SILVEIRA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).PROCESSO: 0105789-12.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105789-8/01)RECORRENTE: MARIA GENI DE JESUS MORAESADVOGADO (S): FERNANDA SILVEIRA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): EUGENIO CANTARINO NICOLAU

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO – LIMITAÇÃO AO TETO – EMENDAS CONSTITUCIONAIS Nº 20/1998 ENº 41/2003 – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS – RECURSOEXTRAORDINÁRIO SUBMETIDO À REPERCUSSÃO GERAL – READEQUAÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS AONOVO TETO – SALÁRIO DE BENEFÍCIO NÃO LIMITADO AO TETO VIGENTE À ÉPOCA DA CONCESSÃO. SENTENÇADE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido derevisão de seu benefício previdenciário, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPSinstituído pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e nº 41/2003. Alega o recorrente que, apesar de o benefícioprevidenciário não ter sofrido limitação na RMI, isso ocorreu quando da revisão do buraco negro, conforme comprova odocumento do INSS. Sustenta a nulidade da sentença em face do indeferimento de produção de prova pericialimprescindível ao julgamento da causa, a fim de aferir a limitação ao teto quando da revisão administrativa.Como se depreende da literalidade do art. 103 da Lei nº 8.213/91, o prazo decadencial atinge apenas a revisão do ato deconcessão do benefício previdenciário. No presente caso, a parte autora pretende a revisão da renda mensal do benefício(RMB) a partir da vigência dos novos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e nº 41/2003, o que nãoconfigura revisão do ato concessório do benefício, que permanecerá inalterado, mesmo se procedente a pretensão autoral.Impõe-se, por outro lado, a observância da prescrição qüinqüenal.O Plenário do Egrégio Supremo Tribunal Federal, em 03/05/2008, reconheceu a existência de repercussão geral da questãoconstitucional (aplicação do teto para aposentadoria, previsto na Emenda Constitucional nº 20/98, ao benefício concedidoantes de sua vigência) contida no RE nº. 564.354/SE. Em 08/09/2010, a Excelsa Corte, por maioria de votos, negouprovimento ao Recurso interposto pelo INSS, contra decisão que permitiu a aplicação dos novos tetos para aposentadoria,previstos nas EC nº 20/98 e Ec nº 41/2003, ao benefício concedido antes de sua vigência.A decisão do STF afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superou qualquer questionamento sobre aconstitucionalidade da aplicação imediata do novo teto aos benefícios concedidos anteriormente à Emenda Constitucional,razão por que reputo como inexistente qualquer violação aos dispositivos constitucionais.No julgamento do citado RE, a relatora Carmem Lúcia deixou claro que a pretensão do autor/recorrido era de manter seusreajustes de acordo com índices oficiais, conforme determinado em lei, sendo possível que, por força desses reajustes,seja ultrapassado o antigo “teto”, respeitando, por óbvio, o novo valor introduzido pelas Emendas. Cita, ainda, para fins deelucidação do caso, trecho do voto condutor do acórdão recorrido, segundo o qual “uma vez alterado o valor limite dosbenefícios da Previdência Social, o novo valor deverá ser aplicado sobre o mesmo salário de benefício calculado quando dasua concessão, com os devidos reajustes legais, a fim de se determinar a nova RMB que passará a perceber o segurado.Trata-se, sim, de manter o mesmo salário-de-benefício calculado quando da concessão do benefício, só que agora lheaplicando o novo limitador dos benefícios do RGPS”.Sendo assim, o direito à revisão do benefício em face das majorações do teto previstas nas Emendas Constitucionais 20/98e 41/03, só assiste àqueles cujos salários de benefício que, atualizados até a entrada em vigor das referidas emendas,ultrapassam os novos tetos.No julgamento do RE 564.354/SE, o voto do Ministro Dias Toffoli concluía pela improcedência do pedido, inclusive em razãodo disposto no art. 26 da Lei nº 8.870/94 e no art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94, não tendo prevalecido, contudo, talentendimento. Assim é que, ainda que tenha sido aplicado o disposto no art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94, não há óbice àrevisão do benefício por força das EC 20/98 e 41/2003, desde que verificado que o salário-de-benefício atualizado é igualou superior aos novos tetos.Em 02/11/1988 – data de início do benefício originário (fl. 21) – o teto correspondia a Cz$ 311.800,00 (Portaria MPAS nº4.359/1998). Não consta do documento de fl. 21 o salário de benefício apurado no momento da concessão do benefíciooriginário, mas apenas a renda mensal inicial de Cz$ 222.376,00. Não obstante, verifica-se às fls. 22 que o benefício foirevisto administrativamente em 09/1992, correspondendo o coeficiente aplicado no salário de benefício a 88%. Portanto, osalário de benefício era, à época da concessão, de Cz$ 252.700,00, inferior ao teto acima referido. A RMI foi revista de159,77 para 222,67. O documento não indica a moeda. Considerando o referido coeficiente, tem-se que o salário debenefício foi revisto para 253,03, que corresponde a Cz$ 253.030,00. Conclui-se, pois, que o salário de benefício não foilimitado ao teto, mesmo considerando a revisão efetuada em 1992.Totalmente desnecessária a prova pericial referida no recurso, como se vê acima, pelo que impertinente a alegação denulidade da sentença.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Sem custas e sem condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício deassistência judiciária, deferido à fl. 28.É como voto.

Page 33: BOLETIM 1ªTR/ES 2015.052 - SESSÃO DIA 24-03-2015

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

19 - 0000394-59.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000394-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DOS SANTOS(ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO, ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA,ES004875E - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO, ES004578E - JANETE MARCIA DIAS, ES004208E - FERNANDAMONTEIRO DA CRUZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNGTOMAZINI.).PROCESSO: 0000394-59.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000394-9/01)RECORRENTE: JOSE DOS SANTOSADVOGADO (S): MARIA DE FATIMA MONTEIRO, BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA, FERNANDA MONTEIRODA CRUZ, JANETE MARCIA DIAS, PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedenteo pedido de revisão do benefício de aposentadoria por idade recebido pela parte autora, pela aplicação do disposto no art.29, I, da Lei nº 8.213/91. Sustenta o recorrente que, para apurar o salário de benefício, o INSS não pode computar todos ossalários de contribuição, devendo desconsiderar os 20% menores, sendo que o recorrente não teve seu direito reconhecido.

2. O autor recebe aposentadoria por idade iniciada em 05/07/2005. A carta de concessão (fls. 14/15) relaciona 34salários de contribuição, referentes ao período de 08/2002 a 06/2005, contudo apura a “média dos 80% maiores salários decontribuição” dividindo a soma por 79.

3. Em se tratando de aposentadoria por idade, o salário de benefício é calculado na forma do art. 29, I, da Lei nº8.213/91, segundo o qual o salário de benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuiçãocorrespondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário.

4. A Lei nº 9.876/99 estabelece, em seu artigo 3º, o seguinte:

Art. 3o Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.§ 1º (omissis)§ 2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I do art. 18, o divisor considerado no cálculo damédia a que se refere o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competênciajulho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.

5. Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados jáfiliados à Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 daLei n.º 8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nuncainferior a 60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data de início do benefício.

Nos termos do §2º, do art. 3º, da Lei nº 9.876/99, deve-se considerar as 80% maiores contribuições efetivadas apósjulho/1994, porém, quando estes 80% maioressalários-de-contribuição representarem menos de 60% do período que decorrer de julho/1994 à data de início do benefício,deve-se ir aumentando este percentual até chegar a uma quantidade de contribuições que corresponda a 60% dos mesesdecorridos desde julho/94, desde que o divisor utilizado fique limitado a 100% do período contributivo.

Considerando que o autor aposentou-se em julho de 2005, passaram-se 132 meses desde julho/94, correspondendo 60%desse tempo a 79 meses, pelo que se conclui correto o cálculo efetuado na concessão do benefício em tela.

Ressalte-se que não se aplica ao caso o entendimento do Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados EspeciaisFederais desta Seção Judiciária, segundo o qual, para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido soba vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação dosegurado e do número de contribuições mensais no período contributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº

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3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

9. Em face de todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Sem custas e sem condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício deassistência judiciária gratuita, deferido à fl. 33.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

20 - 0007816-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007816-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DOMINGOS LEITE DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES012120 - ANA PAULA FERREIRA PEIXOTO, ES016726 - MARAIZA XAVIER DA SILVA,ES016204 - LEONARDO BECKER PASSOS DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0007816-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007816-0/01)RECORRENTE: DOMINGOS LEITE DE OLIVEIRAADVOGADO (S): ANA PAULA FERREIRA PEIXOTO, LEONARDO BECKER PASSOS DE OLIVEIRA, MARAIZA XAVIERDA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha Rosado

VOTO-EMENTA1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente opedido de revisão da renda mensal inicial de seu benefício de aposentadoria por tempo de serviço, com a correção dos 36últimos salários de contribuição pela aplicação do INPC, considerando-se, ainda, 100% do salário de benefício. Alega orecorrente que todos os segurados que tiveram seus benefícios concedidos entre 05/10/1988 e 05/04/1991 fazem jus acorreção da RMI com aplicação do art. 144 da Lei nº 8.213/91. Diz que acostou aos autos cópias dos dois pedidos derevisão, ambos indeferidos em face da prescrição. Argumenta que o art. 57, § 1º, da Lei nº 9.032/95 prevê que o seguradoque tiver trabalhado em condições especiais possui direito a 100% do salário de benefício, entendendo a jurisprudência quetal regra alcança aposentadorias concedidas em datas pretéritas à referida lei, com base no princípio da isonomia.Ademais, prossegue, por tratar-se de benefício de prestação continuada, a contagem do prazo prescricional renova-se acada mês. Em contrarrazões, o INSS alega a decadência do direito postulado.2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 626.489, em 16/10/2013 e em sede de repercussão geral,relator o Ministro Roberto Barroso, aplicou a decadência de 10 (dez) anos para a revisão de benefícios concedidos antes de1997. Decidiu a Corte que se aplica o lapso decadencial de 10 (dez) anos para o pleito revisional, a contar da vigência daMedida Provisória 1.523-9/97, aos benefícios concedidos antes dela. Afastou-se eventual inconstitucionalidade na criação,por lei, de prazo decadencial razoável para o questionamento de benefícios já reconhecidos.3. Considerou o Supremo que o Estado, ao sopesar justiça e segurança jurídica, procurasse impedir que situaçõesgeradoras de instabilidade social e litígios pudessem se eternizar. Asseverou-se que o lapso de 10 (dez) anos seriarazoável, inclusive porque também adotado quanto a eventuais previsões revisionais por parte da Administração.4. Analisou-se que o termo inicial da contagem do prazo decadencial em relação aos benefícios originariamenteconcedidos antes da entrada em vigor da Medida Provisória 1.523/97 seria o momento de vigência da nova lei.Evidenciou-se que, se antes da modificação normativa podia o segurado promover, a qualquer tempo, o pedido revisional, anorma superveniente não poderia incidir sobre tempo passado, de modo a impedir a revisão, mas estaria apta a incidirsobre tempo futuro, a contar de sua vigência.5. In casu, o benefício previdenciário foi iniciado em 01/12/1989 (fl. 13), anteriormente, portanto, à entrada em vigorda MP nº 1.523-9. Como a ação foi ajuizada após 27/06/2007 (em 17/11/2011), operou-se a decadência do direito à revisãodo ato de concessão do benefício previdenciário.6. Pelo exposto, reformo a sentença para pronunciar a decadência do direito postulado, julgando extinto o processocom resolução o mérito, com fulcro no art. 269, IV, do Código de Processo Civil.Em conseqüência, JULGO PREJUDICADO O RECURSO INOMINADO.Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária, deferido àfl. 30.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

21 - 0004955-78.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004955-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EZIR LOURES GRILLO(ADVOGADO: ES012714 - THIAGO ZAMPIROLLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0004955-78.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004955-0/01)RECORRENTE: EZIR LOURES GRILLOADVOGADO (S): THIAGO ZAMPIROLLIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha Rosado

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO – LIMITAÇÃO AO TETO – EMENDAS CONSTITUCIONAIS Nº 20/1998 ENº 41/2003 – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS – RECURSOEXTRAORDINÁRIO SUBMETIDO À REPERCUSSÃO GERAL – READEQUAÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS AONOVO TETO – BENEFÍCIO ORIGINÁRIO CONCEDIDO EM 1970 – SALÁRIO DE BENEFÍCIO NÃO LIMITADO A TETO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido derevisão de benefício previdenciário, apurando nova renda mensal calculada com base no novo teto previdenciário, instituídopela Emenda Constitucional nº 41/2003. Alega o recorrente que, em 2010, recebeu uma carta segundo a qual sua pensãoseria reduzida de R$ 2.898,65 para R$ 2.700,68 e que a quantia recebida a mais (RS 19.809,12) seria descontada em cincoanos. Diz que os pedidos de revisão judicial justificam-se pelas incorreções no benefício de pensão por morte, relativamentea: (i) direito adquirido à aplicação das leis vigentes à época da concessão; (ii) ilegalidade da revisão administrativa feita deofício pelo INSS após ultrapassado o prazo decadencial; e (iii) aplicação da emenda 41/2003, com alteração do teto debenefício.O pedido constante da inicial é de REVISÃO DA RMI, devendo este cálculo ser feito levando em conta o valor corrigido daaposentadoria que lhe deu origem, observando a lei vigente à época da concessão dessa mesma aposentadoria (Direitoadquirido). E se após a revisão, o valor do benefício da autora não alcançar o teto máximo previdenciário da legislaçãoanual, seja aplicada a Emenda 41/2003; porém, prevalecendo o cálculo de maior valor.O Plenário do Egrégio Supremo Tribunal Federal, em 03/05/2008, reconheceu a existência de repercussão geral da questãoconstitucional (aplicação do teto para aposentadoria, previsto na Emenda Constitucional nº 20/98, ao benefício concedidoantes de sua vigência) contida no RE nº. 564.354/SE. Em 08/09/2010, a Excelsa Corte, por maioria de votos, negouprovimento ao Recurso interposto pelo INSS, contra decisão que permitiu a aplicação dos novos tetos para aposentadoria,previstos nas EC nº 20/98 e EC nº 41/2003, ao benefício concedido antes de sua vigência.A decisão do STF afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superou qualquer questionamento sobre aconstitucionalidade da aplicação imediata do novo teto aos benefícios concedidos anteriormente à Emenda Constitucional,razão por que reputo como inexistente qualquer violação aos dispositivos constitucionais.No julgamento do citado RE, a relatora Carmem Lúcia deixou claro que a pretensão do autor/recorrido era de manter seusreajustes de acordo com índices oficiais, conforme determinado em lei, sendo possível que, por força desses reajustes,seja ultrapassado o antigo “teto”, respeitando, por óbvio, o novo valor introduzido pelas Emendas. Cita, ainda, para fins deelucidação do caso, trecho do voto condutor do acórdão recorrido, segundo o qual “uma vez alterado o valor limite dosbenefícios da Previdência Social, o novo valor deverá ser aplicado sobre o mesmo salário de benefício calculado quando dasua concessão, com os devidos reajustes legais, a fim de se determinar a nova RMB que passará a perceber o segurado.Trata-se, sim, de manter o mesmo salário-de-benefício calculado quando da concessão do benefício, só que agora lheaplicando o novo limitador dos benefícios do RGPS”.Sendo assim, o direito à revisão do benefício em face das majorações do teto previstas nas Emendas Constitucionais 20/98e 41/03, só assiste àqueles cujos salários de benefício – limitados ao teto na época da concessão e considerados seusvalores sem a limitação -, atualizados até a entrada em vigor das referidas emendas, ultrapassam os novos tetos.No julgamento do RE 564.354/SE, o voto do Ministro Dias Toffoli concluía pela improcedência do pedido, inclusive em razãodo disposto no art. 26 da Lei nº 8.870/94 e no art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94, não tendo prevalecido, contudo, talentendimento. Assim é que, ainda que tenha sido aplicado o disposto no art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94, não há óbice àrevisão do benefício por força das EC 20/98 e 41/2003, desde que verificado que o salário-de-benefício atualizado é igualou superior aos novos tetos.Ocorre que em 20/04/1970 – data de início da aposentadoria por tempo de contribuição que deu origem à pensão por morterecebida pela parte autora – não havia previsão de teto para benefício previdenciário na legislação então vigente. Apenascom o advento da Lei nº 5.890/1973, foi estabelecido o teto máximo de benefício.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.10. Sem custas e sem condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, tendo em vista obenefício de assistência judiciária gratuita, deferido na sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

22 - 0105058-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105058-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.) x REGINA LUCIA RODRIGUES BEZERRA(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).PROCESSO: 0105058-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105058-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINIRECORRIDO: REGINA LUCIA RODRIGUES BEZERRAADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ

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VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE BENEFÍCIO – LIMITAÇÃO AO TETO – EMENDAS CONSTITUCIONAIS Nº 20/1998 ENº 41/2003 – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS – RECURSOEXTRAORDINÁRIO SUBMETIDO À REPERCUSSÃO GERAL – READEQUAÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS AONOVO TETO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face da sentença que ocondenou a revisar a renda mensal do benefício previdenciário da parte autora, mediante adequação ao novo limite máximopara o valor dos benefícios do RGPS instituído pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e nº 41/2003, bem como a pagaras diferenças decorrentes da revisão, respeitada a prescrição qüinqüenal, no valor apurado pela Contadoria do juízo. Alegao recorrente que o benefício que deu origem à pensão por morte recebida pela parte autora foi concedido em 29/09/1994,antes mesmo da EC 20/98, pelo que a autora não sofreu qualquer prejuízo em relação ao aumento contributivo, nãohavendo razão para pretender beneficiar-se, faltando-lhe interesse de agir. Alega a decadência do direito, pois o benefíciooriginário foi concedido quase 20 anos antes do ajuizamento da ação e a pensão da autora foi concedida quase 14 anosantes do ajuizamento da ação. No mérito, argumenta que o fato de o teto haver sido aumentado não significa que ascontribuições vertidas pelo segurado tenham sido também aumentadas. Diz que o STF não determinou a adoção de outroíndice, nem considerou incorretos os índices adotados pela Previdência Social, tendo mantido a forma de reajuste aplicadaadministrativamente. Por fim, sustenta a aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, em razão de restar pendente amodulação dos efeitos temporais das ADIs 4425 e 4357.A ausência de prejuízo em relação ao aumento contributivo, sustentada para fundamentar a preliminar de falta de interessede agir diz respeito ao próprio mérito da demanda, pelo que afasto a preliminar.Como se depreende da literalidade do art. 103 da Lei nº 8.213/91, o prazo decadencial atinge apenas a revisão do ato deconcessão do benefício previdenciário. No presente caso, a parte autora pretende a revisão da renda mensal do benefício(RMB) a partir da vigência dos novos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e nº 41/2003, o que nãoconfigura revisão do ato concessório do benefício, que permanecerá inalterado, mesmo se procedente a pretensão autoral.A observância da prescrição qüinqüenal, por outro lado, já foi determinada na sentença.O Plenário do Egrégio Supremo Tribunal Federal, em 03/05/2008, reconheceu a existência de repercussão geral da questãoconstitucional (aplicação do teto para aposentadoria, previsto na Emenda Constitucional nº 20/98, ao benefício concedidoantes de sua vigência) contida no RE nº. 564.354/SE. Em 08/09/2010, a Excelsa Corte, por maioria de votos, negouprovimento ao Recurso interposto pelo INSS, contra decisão que permitiu a aplicação dos novos tetos para aposentadoria,previstos nas EC nº 20/98 e Ec nº 41/2003, ao benefício concedido antes de sua vigência.A decisão do STF afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superou qualquer questionamento sobre aconstitucionalidade da aplicação imediata do novo teto aos benefícios concedidos anteriormente à Emenda Constitucional,razão por que reputo como inexistente qualquer violação aos dispositivos constitucionais.No julgamento do citado RE, a relatora Carmem Lúcia deixou claro que a pretensão do autor/recorrido era de manter seusreajustes de acordo com índices oficiais, conforme determinado em lei, sendo possível que, por força desses reajustes,seja ultrapassado o antigo “teto”, respeitando, por óbvio, o novo valor introduzido pelas Emendas. Cita, ainda, para fins deelucidação do caso, trecho do voto condutor do acórdão recorrido, segundo o qual “uma vez alterado o valor limite dosbenefícios da Previdência Social, o novo valor deverá ser aplicado sobre o mesmo salário de benefício calculado quando dasua concessão, com os devidos reajustes legais, a fim de se determinar a nova RMB que passará a perceber o segurado.Trata-se, sim, de manter o mesmo salário-de-benefício calculado quando da concessão do benefício, só que agora lheaplicando o novo limitador dos benefícios do RGPS”.Sendo assim, o direito à revisão do benefício em face das majorações do teto previstas nas Emendas Constitucionais 20/98e 41/03, só assiste àqueles cujos salários de benefício, atualizados até a entrada em vigor das referidas emendas,ultrapassam os novos tetos.No julgamento do RE 564.354/SE, o voto do Ministro Dias Toffoli concluía pela improcedência do pedido, inclusive em razãodo disposto no art. 26 da Lei nº 8.870/94 e no art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94, não tendo prevalecido, contudo, talentendimento. Assim é que, ainda que tenha sido aplicado o disposto no art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94, não há óbice àrevisão do benefício por força das EC 20/98 e 41/2003, desde que verificado que o salário-de-benefício atualizado é igualou superior aos novos tetos.Em 29/09/1994 – data de início do benefício originário – o teto correspondia a 582,86 URV (Portaria MPS nº 929/1994). Osalário de benefício correspondeu a R$ 533,45, conforme se verifica na memória de cálculo de fls. 105/106. Verifica-se nosistema PLENUS que a RMI foi revista (art. 21 da Lei nº 8.880/94) para 582,86 URV, tendo, portanto, passado acorresponder ao teto vigente à data da concessão. Depreende-se que houve limitação ao teto, por ocasião da referidarevisão, considerando que o índice de reajuste teto utilizado foi 1,2783, que resultaria num salário de benefício e rendamensal inicial de 681,90 URV.9. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.10. Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar ao autor honorários advocatícios de 10% (dez porcento) do valor da condenação.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

23 - 0100103-42.2013.4.02.5052/02 (2013.50.52.100103-3/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEX DA SILVA SERRA(ADVOGADO: ES019143 - PAULO ROBERTO ALVES DAMACENO, ES017197 - ANDERSON MACOHIN.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0100103-42.2013.4.02.5052/02 (2013.50.52.100103-3/02)

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RECORRENTE: ALEX DA SILVA SERRAADVOGADO (S): ANDERSON MACOHIN, PAULO ROBERTO ALVES DAMACENO, RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENARECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pela parte autora (fls. 90/99) e pelo Instituto Nacional do SeguroSocial – INSS (fls. 100/111) em face da sentença que julgou extinto o processo sem resolução do mérito quanto ao pedidode revisão do benefício na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, tendo em vista que o réu já procedeu à revisãoadministrativamente, bem como julgou procedente o pedido quanto ao pagamento das parcelas retroativas, respeitada aprescrição qüinqüenal, devidamente acrescidas de correção monetária, conforme tabela do Conselho da Justiça Federal apartir da data do vencimento, e de juros de mora a partir da citação, no percentual de 1% ao mês até a data de entrada emvigor da Lei nº 11.960/2009, quando deverá ser aplicado o índice da caderneta de poupança. Sustenta o autor a interrupçãodo prazo prescricional na data do Memorando-Circular Conjunto nº 21/ DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, razão pela qualteria se operado a prescrição apenas em relação às parcelas vencidas anteriormente a 15/04/2005. O INSS, por sua vez,insurge-se contra a utilização do INPC na correção monetária e os juros de 1% ao mês, haja vista que o acórdão articuladonas ADIs 4357 e 4425 ainda não foi publicado, razão pela qual o exato alcance do julgamento ainda não pode ser avaliadocom segurança, sendo que o STF ainda não decidiu quanto à modulação dos efeitos. Sustenta a validade e aplicabilidadeda Lei nº 11.960/2009.

2. No julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em 14/03/2014),a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) a publicação doMemorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentrodo período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitosfinanceiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido ato de reconhecimento dodireito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil), importando sua renúnciaquando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo (art. 9º do Decreto20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse de saldar a dívida, o quedefinitivamente não ocorreu.

3. No que diz respeito à correção monetária e aos juros, esta Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientaçãoassentada pelo STJ no REsp 1.270.439, já considerava aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questõestributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional oemprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantidoo INPC para as condenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, nãoaplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questõestributárias.

4. Ressalto que a Comissão de Cálculos do Conselho da Justiça Federal, ao efetuar as alterações no Manual deCálculos do CJF, utilizou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que tange à aplicação da correção monetária,posição referendada pela Turma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente de Uniformização deJurisprudência nº 0501880- 08.2009.4.05.8300 em 06/08/2014.

5. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS e DOU PROVIMENTO ao recurso do autor parareformar a sentença, afastando a prescrição nela reconhecida.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor das parcelas vencidas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

24 - 0001621-33.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001621-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x MARIO LIBONATE SOARES (ADVOGADO: ES018035 -MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).PROCESSO: 0001621-33.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001621-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

Page 38: BOLETIM 1ªTR/ES 2015.052 - SESSÃO DIA 24-03-2015

RECORRIDO: MARIO LIBONATE SOARESADVOGADO (S): MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face da sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos autorais, condenando-o a revisar os benefícios previdenciários da parteautora (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez) nos moldes do art. 29, II,da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar asparcelas vencidas, respeitada a prescrição qüinqüenal das parcelas anteriores a 15/04/2005, com incidência de correçãomonetária desde a data de vencimento de cada parcela, com base no INPC, bem como de juros de mora no mesmopercentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança. Alega o recorrente ausência de interesse de agir, tendo emvista o acordo celebrado nos autos da Ação Civil Pública 00023205920124036183. Insurge-se contra a utilização do INPCna correção monetária, haja vista que o acórdão articulado nas ADIs 4357 e 4425 ainda não foi publicado, razão pela qual oexato alcance do julgamento ainda não pode ser avaliado com segurança, sendo que o STF ainda não decidiu quanto àmodulação dos efeitos. Sustenta a validade e aplicabilidade da Lei nº 11.960/2009.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

3. Conquanto a prescrição não tenha sido objeto de recurso por nenhuma das partes, não há óbice à análise daquestão, tendo em vista que se trata de matéria de ordem pública, podendo ser conhecida de ofício em qualquer tempo egrau de jurisdição. Ressalte-se que não há falar em reformatio in pejus quando se trata de matéria de ordem pública, emvista do efeito translativo dos recursos.

4. No julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em 14/03/2014),a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) a publicação doMemorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentrodo período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitosfinanceiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido ato de reconhecimento dodireito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil), importando sua renúnciaquando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo (art. 9º do Decreto20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse de saldar a dívida, o quedefinitivamente não ocorreu.

5. No que diz respeito à correção monetária, esta Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentadapelo STJ no REsp 1.270.439, já considerava aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os jurosde mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quaisa SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TRdeterminado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para ascondenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável àscondenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.

6. Ressalto que a Comissão de Cálculos do Conselho da Justiça Federal, ao efetuar as alterações no Manual deCálculos do CJF, utilizou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que tange à aplicação da correção monetária,posição referendada pela Turma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente de Uniformização deJurisprudência nº 0501880- 08.2009.4.05.8300 em 06/08/2014.

7. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Não obstante, reformo a sentença, de ofício, para afastar aprescrição nela reconhecida.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor das parcelas vencidas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página].

25 - 0000173-63.2011.4.02.5006/02 (2011.50.06.000173-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMAURI SENHORINHA DOSREIS (ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0000173-63.2011.4.02.5006/02 (2011.50.06.000173-7/02)RECORRENTE: AMAURI SENHORINHA DOS REISADVOGADO (S): JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAYRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processosem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC, por ausência de interesse de agir, em relação ao pedido derevisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, tendo em vista que arevisão já foi realizada administrativamente, bem como julgou improcedente o pedido de pagamento dos atrasados, tendoem vista que os critérios e prazos para os pagamentos foram delimitados no acordo judicial firmado nos autos da Ação CivilPública nº 0002320-59.2012.4.03.61836-SP, de acordo com a interlocução do Tesouro Nacional e devem ser respeitados.Sustenta o recorrente que a coisa julgada proferida na ação coletiva não o abrange obrigatoriamente, podendo intentar açãoprópria. Pede a reforma da sentença que os valores decorrentes da revisão dos benefícios de auxílio-doença eaposentadoria por invalidez sejam pagos imediatamente.

2. Esta Turma Recursal já proferiu acórdão (fls. 42/45) reconhecendo o direito de agir do autor, mesmo em face doacordo na Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.61836-SP. Na oportunidade, restou anulada a sentença que julgaraextinto o processo sem resolução do mérito por ausência de interesse de agir. Não há óbice ao julgamento do mérito, umavez presentes os elementos necessários para tanto.

3. Como se vê às fls. 17/18, o parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parteautora contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual, osalário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitentapor cento de todo o período contributivo.

4. A Lei nº 9.876/99 estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários:

Art. 3º - Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir ascondições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo dosalário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado odisposto nos incisos I e II do § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei.

5. Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados jáfiliados à Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 daLei n.º 8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nuncainferior a 60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

6. O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, paraa aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

7. Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. Oart. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vezde apenas 80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não temprevisão na lei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislaçãosupracitada, ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

8. Tendo em vista a utilização de todos os salários (100%), torna-se evidente o prejuízo ocasionado no valor dobenefício da parte autora, merecendo acolhimento sua pretensão.

9. No julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em 14/03/2014),a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) a publicação doMemorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos segurados à revisão

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pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentrodo período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitosfinanceiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido ato de reconhecimento dodireito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil), importando sua renúnciaquando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo (art. 9º do Decreto20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse de saldar a dívida, o quedefinitivamente não ocorreu.

10. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para recorrida e julgar procedente o pedido para condenar o INSSa revisar o cálculo do salário de benefício apurado por ocasião da concessão do auxílio-doença recebido pela parte autora,bem como a renda mensal inicial do benefício, pagando-lhe as diferenças apuradas desde a concessão, com correçãomonetária pelo INPC e juros de mora, incidentes a partir da citação, calculados na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

26 - 0103322-23.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.103322-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIRTES MARIADALMASCHIO VICENTE (ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).PROCESSO: 0103322-23.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.103322-6/01)RECORRENTE: MIRTES MARIA DALMASCHIO VICENTEADVOGADO (S): BRUNO SANTOS ARRIGONIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente opedido de revisão do valor da renda mensal inicial dos benefícios previdenciários, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91.Sustenta o recorrente a nulidade da sentença, diante da ausência de abertura de prazo para que ele se manifestasse sobreos cálculos de fls. 66/71. Impugna os referidos cálculos com base na declaração do INSS, em sua peça contestatória, deque o benefício já foi revisado administrativamente, tendo sido concluído um crédito de R$ 9.865,69, a serem pagos emmaio de 2017. Diz que, considerando que o benefício já foi revisto administrativamente, remanesce o direito ao pagamentodos atrasados. Pede a anulação da sentença, ou, caso não seja esse o entendimento, a sua reforma.

2. Depreende-se do cálculo do salário de benefício (fls. 61/62), que este correspondia a R$ 371,03, tendo sidoapurado pela média de todos os trinta e cinco salários de contribuição – e não pela média dos 80% maiores salários decontribuição -, correspondendo a renda mensal inicial, contudo, a R$ 350,00, valor do salário mínimo vigente na data doinício do benefício (06/02/2007), conforme Medida Provisória nº 288/2006, tendo em vista que o coeficiente de 91%resultava em valor inferior ao salário mínimo.

3. Como se vê à fl. 66, a Contadoria apurou salário de benefício - pela média dos 80% maiores salários decontribuição – de R$ 386,70 e RMI de R$ 351,89. Não foram, contudo, apuradas diferenças devidas em razão de que ovalor devido correspondeu, em todo o período, ao valor do salário mínimo, pois, mesmo considerando o salário de benefíciocalculado na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, a RMI da aposentadoria por invalidez correspondia, na DIB(27/02/2008), a R$ 390,02 (100% do salário de benefício atualizado), valor inferior ao salário mínimo então vigente (R$415,00 – Lei nº 11.709/2008). É o que se constata à fl. 67.

4. Não se confirma, portanto, a afirmação constante da contestação do INSS, no sentido de que Cabe esclarecerque o benefício da Autora já foi revisado administrativamente, tendo sido concluído um crédito de R$ 9.865,69, a serempagos em maio de 2017. Isso porque o INSS leva em conta a idade do segurado, para possibilitar que os mais idososrecebam primeiro. Trata-se de equívoco evidente diante das telas do sistema PLENUS juntadas ao final da mesma peça(fls. 51/52), demonstrando ausência de diferenças apuradas.

5. Também não se confirma a afirmação contida na sentença de que Encaminhado o feito à Contadoria do Juízo, foidemonstrado e informado pelo Contador Judicial que o cálculo do benefício foi realizado considerando os 80% maioressalários de contribuição, não havendo valores a serem adimplidos ao demandante (fls. 66-71). Ora, a ausência dediferenças devidas se deve exclusivamente ao fato de que as rendas mensais iniciais dos benefícios de auxílio-doença e

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aposentadoria por invalidez correspondiam a valores inferiores aos dos salários mínimos vigentes nas datas de início dosbenefícios, conforme explicitado acima.

6. Não há nulidade na sentença, tendo em vista que os cálculos decorreram dos elementos constantes do sistemaPLENUS (salários de contribuição e cálculo do salário de benefício), os quais são de conhecimento da parte autora desde orecebimento da carta de concessão, sendo, a rigor, seu ônus trazer aos autos tais elementos, como prova constitutiva deseu direito, o que não ocorreu no presente caso. Ademais, a impugnação ao cálculo foi feita no recurso inominado,baseando-se exclusivamente na afirmação equivocadamente contida na contestação, e apreciada neste voto.

7. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo a sentença por fundamento diverso.

8. Custas ex lege. Sem condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, tendo em vista o benefícioda assistência judiciária gratuita, deferido à fl. 97.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

27 - 0100222-72.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100222-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x LUIZ CARLOS LUCINDO DE JESUS,(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).PROCESSO: 0100222-72.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100222-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇALRECORRIDO: LUIZ CARLOS LUCINDO DE JESUS,ADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face da sentençaque o condenou a rever o valor da renda mensal inicial dos benefícios previdenciários da parte autora, na forma do art. 29,II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar os atrasados, observada a prescrição qüinqüenal, corrigidos monetariamente peloINPC-IBGE, desde a data em que deveria ter se dado o pagamento, bem como acrescidos de juros de mora, desde acitação, calculados com base no mesmo índice oficial aplicável à caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei nº9.494/97. Alega o recorrente ausência de interesse de agir ante o acordo celebrado nos autos da Ação Civil Pública nº00023205920124036183. Alega, ainda, que deve ser aplicado integralmente o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 àsparcelas vencidas.

2. O Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, que reconheceu o direito pleiteado napresente demanda, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir. No presente caso, o pagamento foi previsto paraa competência 05/2015 (fls. 30 e 31).

3. No que diz respeito à correção monetária, esta Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentadapelo STJ no REsp 1.270.439, já considerava aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os jurosde mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quaisa SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TRdeterminado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para ascondenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável àscondenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.

4. A Comissão de Cálculos do Conselho da Justiça Federal, ao efetuar as alterações no Manual de Cálculos doCJF, utilizou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que tange à aplicação da correção monetária, posiçãoreferendada pela Turma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº0501880- 08.2009.4.05.8300 em 06/08/2014.

5. Conquanto a prescrição não tenha sido objeto de recurso por nenhuma das partes, não há óbice à análise da

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questão, tendo em vista que se trata de matéria de ordem pública, podendo ser conhecida de ofício em qualquer tempo egrau de jurisdição. Ressalte-se que não há falar em reformatio in pejus quando se trata de matéria de ordem pública, emvista do efeito translativo dos recursos.

6. Com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional, por força do disposto no artigo 202, VI, do Código Civil.

7. No julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em 14/03/2014),a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) a publicação doMemorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentrodo período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitosfinanceiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido ato de reconhecimento dodireito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil), importando sua renúnciaquando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo (art. 9º do Decreto20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse de saldar a dívida, o quedefinitivamente não ocorreu.

8. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Não obstante, reformo a sentença, de ofício, para afastar aprescrição nela reconhecida.

9. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

28 - 0003107-56.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003107-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x MARIA DE LOURDES MORAES(ADVOGADO: ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES014023 - RAUL DIASBORTOLINI.).PROCESSO: 0003107-56.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003107-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRARECORRIDO: MARIA DE LOURDES MORAESADVOGADO (S): VINICIUS DINIZ SANTANA, RAUL DIAS BORTOLINI, ANDERSON MACOHIN

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face da sentençaque o condenou a rever o valor da renda mensal inicial do benefício previdenciário da parte autora, na forma do art. 29, II,da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar os atrasados, observada a prescrição qüinqüenal, corrigidos pelos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Alega o recorrente ausência de interesse de agir ante aausência de prévio requerimento administrativo.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, que reconheceu o direito pleiteado na presente demanda, restou ultrapassado pelo teor da sentença quehomologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu umescalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear talrevisão administrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento;ou seja, a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

3. Conquanto a prescrição não tenha sido objeto de recurso por nenhuma das partes, não há óbice à análise daquestão, tendo em vista que se trata de matéria de ordem pública, podendo ser conhecida de ofício em qualquer tempo egrau de jurisdição. Ressalte-se que não há falar em reformatio in pejus quando se trata de matéria de ordem pública, emvista do efeito translativo dos recursos.

4. Com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional, por força do disposto no artigo 202, VI, do Código Civil.

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5. No julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em 14/03/2014),a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) a publicação doMemorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentrodo período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitosfinanceiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido ato de reconhecimento dodireito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil), importando sua renúnciaquando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo (art. 9º do Decreto20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse de saldar a dívida, o quedefinitivamente não ocorreu.

6. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Não obstante, reformo a sentença, de ofício, para afastar aprescrição nela reconhecida, no que diz respeito à revisão pelo art. 29, II, da Lei nº 8.213/91 (item “a” do dispositivo).

7. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

29 - 0000464-21.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000464-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELINA RAASCH(ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).PROCESSO: 0000464-21.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000464-4/01)RECORRENTE: ANGELINA RAASCHADVOGADO (S): HENRIQUE SOARES MACEDO, BRUNO SANTOS ARRIGONIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): PEDRO INOCENCIO BINDA

VOTO-EMENTA

ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO AO ENTENDIMENTO DA TNU (PEDILEF 200783045009515) – PREVIDENCIÁRIO –SEGURADO ESPECIAL - APOSENTADORIA POR IDADE – EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODOIMEDIATAMENTE ANTERIOR AO IMPLEMENTO DA IDADE OU DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO – REGIME DEECONOMIA FAMILIAR - DESCARACTERIZAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO CÔNJUGE –PERÍODO SUPERIOR A OITO ANOS – NÃO CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA APÓS A CESSAÇÃO DOÚLTIMO VÍNCULO URBANO.

1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS interpôs Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal(fls. 223/231) em face do acórdão de fls. 215/217, que deu provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora,reformando a sentença e julgando procedente o pedido de concessão de aposentadoria por idade rural.

2. Pela decisão de fls. 272/273, foi determinado o encaminhamento dos autos ao relator para adequação do julgadoà tese jurídica firmada pela TNU no PEDILEF 00004776020074036304.

3. A jurisprudência dominante da TNU firmou-se no sentido de que, em se tratando de aposentadoria rural poridade, além dos requisitos da idade e da “carência”, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no períodoimediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento administrativo (arts. 39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº8.213/91), de modo a se preservar a especialidade do regime não-contributivo dos rurícolas, o que se constata, a exemplo,no acórdão proferido em julgamento ao PEDILEF 00004776020074036304 (relator Juiz Federal GLÁUCIO FERREIRAMACIEL GONÇALVES – publicação DOU 21/06/2013), a seguir transcrito:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. NECESSIDADE DO PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO DOSREQUISITOS: IDADE E CARÊNCIA. REQUISITOS EXIGIDOS PELA LEI 8.213/91. INAPLICABILIDADE DA LEI 10.666/03AOS RURÍCOLAS. ENTENDIMENTO UNIFORMIZADO PELO STJ (PET 7.476/PR). INCIDENTE PROVIDO. DEMANDAIMPROCEDENTE.1. O INSS, recorrente, pretende a modificação do acórdão que, negando provimento ao seu recurso inominado, deferiu opedido de aposentadoria por idade de segurado especial. Alega o recorrente que o acórdão combatido, além de ter violadoo disposto no art. 143 da Lei 8.213/1991, contrariou a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, bem comodeste Colegiado, que entendem pela inaplicabilidade do art. 3º, § 1º, da Lei 10.666/03 às aposentadorias rurais.2. A sentença reconheceu o direito da autora ao benefício, tendo em vista a comprovação de ter trabalhado na lavoura por30 anos, no período de 1972 a 1992, não obstante tenha completado a idade apenas em 1995.

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3. A divergência foi caracterizada com os acórdãos do Superior Tribunal de Justiça, em sentido oposto ao do arestorecorrido.4. A questão em discussão já foi decidida pelo Superior Tribunal de Justiça, por sua 3ª Seção, ao julgar a Pet 7.476/PR (DJ25- 4-2011), de que foi relator o Sr. Ministro Jorge Mussi. Entendeu a Corte pela inaplicabilidade do art. 3º, § 1º, da Lei10.666/03, que prevê a concessão de aposentadoria por idade, independentemente da perda da qualidade de segurado, aotrabalhador rural. Assim, conclui-se que do trabalhador rural é exigida a qualidade de segurado no período imediatamenteanterior ao requerimento administrativo ou implemento da idade.5. De acordo com esse entendimento, foi editada a Súmula 54 por esta Turma Nacional, segundo a qual: “Para aconcessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deveser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima.”6. Julgamento de acordo com o art. 46 da Lei 9.099/95.7. Incidente provido para, levando-se em conta a premissa jurídica firmada neste julgamento de que é inaplicável o art. 3º, §1º, da Lei 10.666/03 aos segurados especiais, julgar improcedente a demanda. (grifei)

4. O acórdão recorrido considerou, ao contrário desse entendimento, que a perda de qualidade de segurado nãoimpede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº 8.213/1991 não exige a simultaneidade noimplemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício (item 3).

5. O requerimento administrativo do benefício foi feito em 27/10/2004 (fls. 57 e 84) e a autora implementou ascondições para o seu recebimento em 16/10/2004, quando completou a idade mínima, tendo comprovado o exercício deatividade rural por 11 anos e 6 meses (art. 142 da Lei nº 8.213/91) a partir de 1981, como reconhecido no acórdão (item 6 –fl. 216). Assim é que a autora não teria perdido a qualidade de segurada antes do implemento do requisito idade e nemmesmo antes do requerimento.

6. Verifico, contudo, que o recurso em tela não trata apenas da matéria ventilada na decisão de fls. 272/273,sustentando o recorrente em suas razões recursais que a descontinuidade admitida pelo art. 142 da Lei nº 8.213/91 éaquela que não importa em perda da condição de segurado rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbanade forma intercalada não supera o período de três anos, sendo que no presente feito, a descontinuidade das atividadesrurais em regime de economia familiar pelo exercício de atividade urbana pelo marido da autora atingiu o total de quase 8anos (01/11/1979 a 17/12/1979, 01/09/1989 a 30/04/1992 e de 14/02/1996 a 10/07/2001), ou seja, ficou evidente a perda daqualidade de segurado rural em tais períodos. Aduz, ainda, o recorrente que a autora não cumpriu o período de carência emperíodo imediatamente anterior ao requerimento, eis que a partir de 2001, quando seu marido deixou a atividade urbana atéo requerimento administrativo em 2004, atingiu apenas cerca de 03 anos. Note-se que o pedido foi indeferido, em sedeadministrativa, em razão do trabalho urbano do marido da autora em alguns períodos (fls. 57 e 74/84), argumento querestou afastado no acórdão recorrido, o qual considerou, no item 10, que o fato de o marido da recorrente ter desenvolvidoatividade urbana não prejudica a contagem de tempo de atividade rural em outros períodos e que mesmo descontados osperíodos em que o marido da recorrente exerceu atividade urbana e em que ficou descaracterizado o regime de economiafamiliar – percepção de salário no patamar de dois salários mínimos, conforme demonstrado em audiência -, a recorrentelogrou obter tempo de atividade rural equivalente à carência exigida por lei.

7. Assiste razão ao recorrente ao aduzir que o acórdão vai de encontro ao entendimento firmado pela TNU noPEDILEF 200783045009515, em acórdão com a seguinte ementa:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.INTERCALAÇÃO COM ATIVIDADE URBANA. ART. 143 DA LEI Nº 8.213/91.1. Para fins de concessão de aposentadoria por idade rural, a descontinuidade admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 éaquela que não importa em perda da condição de segurado rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbanade forma intercalada não supera o período de 3 (três) anos.2. Caso em que o período de atividade urbana foi exercido por mais de 8 (oito) anos (de 1989 a 1997), não tendo sidocomprovado que, no período imediatamente anterior ao requerimento (1999), a autora tenha desempenhado atividaderurícola pelo período de carência previsto no art. 142 da Lei nº 8.213/91 para o ano em que completou a idade (1999): 108meses ou 9 anos, ou seja, desde 1990.3. Aposentadoria por idade rural indevida. 4. Pedido de uniformização improvido.(PEDILEF 200783045009515, relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva; DJ 13/10/2009)

8. Com efeito, os períodos em que o marido da autora exerceu atividade urbana somam mais de oito anos, tendodecorrido entre o término do último período (10/07/2001) e a data do requerimento (27/10/2004), pouco mais de três anos.

9. Pelo exposto, com base no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, procedo à adequação do acórdãorecorrido para NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, mantendo a sentença que julgou improcedente opedido.

Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita,deferido à fl. 146.

É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

30 - 0007134-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007134-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) THEODOMIROSCHOENROCK (ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH, ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).PROCESSO: 0007134-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007134-7/01)RECORRENTE: THEODOMIRO SCHOENROCKADVOGADO (S): VALTER JOSÉ COVRE, CLAUDIA IVONE KURTHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇAL

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por THEODOMIRO SCHOENROCK, em face da sentença de fls.138/140, que julgou improcedente a concessão do benefício de auxílio-doença rural. Alega o recorrente que restoucomprovada a sua incapacidade para o trabalho rural e que constam nos autos suficiente início de prova material, tais comoo CCIR de 2003 a 2009 além de notas fiscais de fls. 134/136. Aduz que não se sustenta o fundamento da sentença, queargumentou que o recorrente não se enquadra na condição de segurado especial por estar trabalhando em paísestrangeiro, além disso, afirma que a entrevista rural (fls. 35/40) presente aos autos não deve ser levada em conta. Pugnaque, no mínimo, em seu último ano de trabalho antes do requerimento administrativo readquiriu a condição de seguradoespecial após voltar de trabalho no exterior. Requer, por fim, que seja reformada a sentença para conceder o benefício deauxílio doença, além de manter o deferimento da assistência judiciária gratuito, já que não haveria de se falar em custas eemolumentos por se tratar de processo no juizado especial, não devendo subsistir a condenação ao recorrente doshonorários periciais.

2. O autor nasceu em 05/07/1948; alega exercer função de agricultor.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Sem relatório por força do art. 38 da Lei nº 9.099/95

Pretende a parte autora a condenação do INSS a conceder-lhe o benefício de auxílio-doença, ao argumento de que nãopossui condições de trabalhar devido a problemas de saúde.

A incapacidade laboral é um dos riscos sociais cuja proteção a Lei de Benefícios da Previdência Social se compromete agarantir. Tanto o auxílio-doença quanto a aposentadoria por invalidez pressupõem a incapacidade laboral.

O auxílio-doença, benefício de natureza transitória e precária, tratado no artigo 59, da Lei nº 8.213/91, consistente em umarenda mensal correspondente a 91% (noventa e um por cento) do salário de benefício, é devido ao segurado que ficarincapacitado para o trabalho ou para sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos, nos seguintes moldes:

(...)No caso, sustenta a parte autora que requereu o benefício de auxílio-doença em 03/05/2010, tendo sido indeferido seupedido por falta da qualidade de segurado.

Na peça contestatória o réu alega a falta da qualidade de segurado da parte autora, uma vez que está não comprovou aqualidade de segurada especial.

É cediço que os atos administrativos, dentre os quais se inclui, certamente, o indeferimento do pedido de auxílio-doençaformulado pela parte autor junto ao INSS, gozam de presunção de legalidade e veracidade relativa, ou seja, há a presunçãode que estão em conformidade com o direito e de que os fatos constatados são verídicos, cabendo, entretanto, prova emcontrário.

Pela perícia médica realizada durante a instrução processual, cujos laudos se encontra acostado às fls. 72/79 e 103/107, foiconstatado que a parte autora “é portador de hipotrofia muscular com perda de força do ombro esquerdo secundário àpolineuropatia (lesão de vários nervos causado pelo diabetes). Foi operado com lesão no joelho esquerdo e ficou comretração de cápsula que impede a extensão completa. Há incapacidade parcial e definitiva para sua atividade laboral.”

Em que pesem as informações trazidas aos autos pelo perito judicial, cabe-me, contudo, analisar a questão da falta daqualidade de segurada pela parte autora.

Como é sabido, segundo o disposto no art.12, inc. VII da Lei nº 8.212/91e, são segurados especiais os produtores,parceiros, meeiros e arrendatários rurais, pescadores artesanais e assemelhados, que exerçam atividade em regime deeconomia familiar ou individualmente.

Assim, a parte autora, buscando demonstrar o seu direito, trouxe aos autos somente o CCIR 2003 a 2009 como início deprova material.

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Por outro lado, em audiência o seu depoimento pessoal foi incisivo ao demonstrar diante das perguntas formuladas que oautor esteve grande parte de sua vida útil fora do país trabalhando no exterior. Além do mais, restou comprovado, também,que somente recebeu as terras que possui de herança e nunca sobreviveu do cultivo da terra e em regime de economiafamiliar, pois, em tempo anterior deveria haver nos autos notas fiscais em seu nome, contratos de parceris, registro emsindicato e nenhum destes indícios foi demonstrado.

Destarte, entendo que as alegações da parte autora não estão baseadas em início razoável de prova material, que possacomplementado por outros meios de prova.

Por fim, leia-se a entrevista rural de fls. 37-39 que é bem elucidativa e consentânea com a legislação aplicável ao casoconcreto.

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, da parte autora por não vislumbrar a qualidade de seguradoespecial, e extingo o feito com resolução de mérito nos termos do art. 269, inciso I do CPC....P.R.I. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos.

4. Não assiste razão ao recorrente em suas alegações recursais. Não se sustenta a alegação de que a entrevistarural feita administra é imprestável para o processo. O magistrado de piso confirmou suas convicções, cotejando o que jáfora produzido por meio da entrevista rural, em processo administrativo, com as provas produzidas em audiência deinstrução e julgamento. Por mais que a Súmula 14 da TNU garanta que a prova documental não deva abranger todo operíodo de carência necessário, tal documentação deve ser minimamente esparsa durante o período a ser comprovado.Neste sentido, a situação exposta aos autos indica, com muito maior probabilidade, que o recorrente recebeu a terra deherança e que não retirava dela o sustento do campo, não se enquadrando em regime de economia familiar e não secaracterizando na qualidade de segurado especial.

5. Cabe reparo apenas no que se refere à condenação exposta na sentença, deferindo-se o benefício da JustiçaGratuita.

6. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, apenas para se conceder o benefício da assistência judiciária gratuita.No mais, resta integralmente mantida a sentença.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistência judiciáriagratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

31 - 0000877-72.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000877-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SOLANGE VIEIRA MATEUS(ADVOGADO: ES017915 - Lauriane Real Cereza, ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).PROCESSO: 0000877-72.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000877-0/01)RECORRENTE: SOLANGE VIEIRA MATEUSADVOGADO (S): Valber Cruz Cereza, Lauriane Real CerezaRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNES

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por SOLANGE VIEIRA MATEUS, em face da sentença de fls. 100/102,que julgou improcedente a concessão do benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez rural. Alega a recorrenteque a perícia médica realizada atestou doença incapacitante para o exercício da atividade de lavradora. Aduz que à épocado requerimento administrativo (01/09/2006) a autora era proprietária juntamente com o marido de imóvel rural, devendo taldocumentação ser levada em conta a título de início de prova material. Aduz, ainda, que a Súmula 14 da TNU garante que aprova documental não seja equivalente à todo o período de carência do benefício, devendo ser levado em conta também oa declaração do sindicato para fins de início de prova material. Requer, por fim, que seja reformada a sentença paraconceder o benefício de auxílio doença, além da conversão em aposentadoria por invalidez.

2. A autora nasceu em 24/04/1953; alega exercer função de trabalhadora rural.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

SOLANGE VIEIRA MATEUS moveu ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a concessão do benefício de auxílio-doença, com a conversão em

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aposentadoria por invalidez, caso constatada a incapacidade permanente da autora.Dispensado o relatório, conforme o art. 38, da Lei 9.099/95....No depoimento prestado em juízo, a autora afirmou que parou de trabalhar há dois anos, que antes de parar trabalhava naroça, no moitão do norte, que em 2006 enfartou, ficou 21 dias internada, 10 dias na UTI, enfartou em casa; que estavatrabalhando, a vizinha que a socorreu, estava capinando na propriedade, o sol estava muito quente, caiu se machucou eenfartou, foi a vizinha que a ajudou; que essa vizinha trabalha na lavoura do marido dela; que depois voltou a trabalhar, masque agora não agüenta mais; que veio fazer uma perícia médica aqui; que estava fraca da cabeça, esquecida, a roça era doseu marido; que também trabalha na roça, no dia do enfarto o marido estava trabalhando na roça também, e estavaalmoçando; que tinha muito mais de ano que estava nessa roça; que tem dois anos que parou de trabalhar depois que fezuma operação no coração, e o médico proibiu de trabalhar na roça; que na roça plantava milho, café, feijão, que o maridoplantava banana e café para vender; que o café colhia uma vez por ano, de 15 a 20 sacas de café.A primeira testemunha, Sr. Francisco Souza Neves, disse que conhece a dona Solange há cerca de 20 anos, que quandoela enfartou não sabe onde estava, que na época estava trabalhando, na própria propriedade, que ela trabalhava com oesposo, que já tinha muito tempo que ela trabalhava lá, mais de um ano quando enfartou, que diminuiu o ritmo do trabalhoapós o enfarto, era vendido café e banana, tinha mais ou menos 2 mil pés de café.A segunda testemuha, Sr. Joel Gomes Vargas, disse que conhece a autora há 20 anos, não lembra do dia ao certo doenfarto, nem o que estava fazendo, que a autora trabalhava na lavoura quando enfartou, trabalhava com o marido, plantavabanana, café, milho, que tinha 1.500 pés de café, que após o enfarto passou a trabalhar menos, e hoje esta bem devagarpor causo do problema do coração.A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais já editou a Súmula nº 34, deseguinte teor: “Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo àépoca dos fatos a provar”.Compulsando os autos, verifico que não há prova material contemporânea aos fatos.Apesar de a prova testemunhal lhe favorecer, a parte autora não juntou documentos aptos à demonstração de que exerciaatividade rural antes da data do infarto, pelo prazo necessário ao cumprimento da carência do benefício pleiteado.Neste sentido, entendo que a autora não conseguiu comprovar os requisitos à concessão da aposentadoria rural. A parteautora não se desincumbiu de seu ônus processual previsto no art. 333, I do CPC, uma vez que não há elementossuficientes para reconhecer o direito pleiteado.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, nos termos do art. 269, I, do CPC, extinguindo ofeito com resolução do mérito....P.R.I.

4. Não assiste razão a recorrente em suas razões recursais. Com efeito, por mais que a autora resida em zonarural, tal fato não garante, por si só, a comprovação do exercício da atividade rural. A única documentação presente aosautos é a declaração de exercício de atividade rural (fl.14) do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Atílio Vivacqua. Noentanto, tal documento foi produzido extemporaneamente, em 05/08/2008, data contemporânea ao requerimentoadministrativo. Por mais que a Súmula 14 da TNU garanta que a prova documental não deva abranger todo o período decarência necessário, tal documentação deve ser minimamente esparsa durante o período a ser comprovado.

5. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Inscrição Principal: 1.680.355.276-5 Inscrição Informada: 1.680.355.276-5

Nome: SOLANGE VIEIRA MATEUS -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 530.641.995-6 1.680.355.276-5 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

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002 BEN 517.797.805-9 1.680.355.276-5 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 BEN 165.796.609-4 1.680.355.276-5 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

004 BEN 165.373.264-1 1.680.355.276-5 22/10/2013 11/2014

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

32 - 0000512-07.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000512-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ESTER JACOB CORREA(ADVOGADO: ES020593 - EDILANE DA SILVA BALBINO LORENZON.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL(ADVOGADO: ES010404 - ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000512-07.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000512-0/01)RECORRENTE: ESTER JACOB CORREAADVOGADO (S): EDILANE DA SILVA BALBINO LORENZONRECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): ALEX WERNER ROLKE

VOTO-EMENTATrata-se de recurso inominado interposto pela autora em face de sentença que julgou extinto o processo sem resolução domérito nos termos do art. 267, inciso VI, do CPC, em relação ao pedido de pagamento das parcelas de seguro desemprego,bem como julgou improcedente o pedido de danos morais decorrentes do atraso na entrega do cartão cidadão. Alega arecorrente que o motivo de ter buscado a tutela jurisdicional foi a impossibilidade de conseguir receber o benefício mediantea apresentação dos documentos pessoais, pois foi por diversas vezes até a agência bancária nos guichês dos caixas paratentar receber a importância da segunda parcela, tendo sido negada a liberação do pagamento, conforme fl. 20. Sustentaque o atraso na entrega do cartão cidadão não pode gerar para a recorrida o direito de retenção de um benefício social,tendo em vista seu caráter alimentar. Argumenta que a retenção indevida do pagamento do benefício causou-lhe grandeindignação e intranquilidade, configurando dano moral.Eis o teor da sentença:ESTER JACOB CORREA ajuizou a presente ação pelo rito sumaríssimo em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,objetivando os saques das parcelas do seguro desemprego disponível em sua conta, devido o atraso na entrega do CartãoCidadão.Dispensado o relatório, conforme art. 38, da Lei 9.099/95.Decido.FUNDAMENTAÇÃOA Autora alega que deixou de receber a 2ª e 3ª parcelas do seguro desemprego devido o atraso na entrega do CartãoCidadão, instrumento que viabiliza a utilização ao auto-atendimento. Em razão disso, deixou de pagar suas contas,encontrando-se com algumas dívidas. Informou ainda às fls. 29/30, que já recebeu o pagamento das parcelas de segurodesemprego.Em resposta, a Ré alega ainda que os valores a serem recebidos encontravam-se disponíveis, não havendo por parte daempresa qualquer resistência ao pagamento do benefício em questão, bastando a autora dirigir-se a uma agência bancáriaportando seus documentos pessoais, exigência imposta a todos os usuários desse serviço por questão de segurança.A Caixa Econômica Federal alegou que para o segurado receber as parcelas do seguro desemprego não é exigido o CartãoCidadão, pois trata-se de instrumento disponibilizado pela Caixa Econômica Federal para facilitar a agilidade aoatendimento nos serviços oferecidos aos usuários do seguro desemprego e outras operações.O Cartão Cidadão oferece aos usuários a oportunidade de efetuar o saque nas máquinas destinadas ao auto-atendimento,e aos usuários que não dispõe do instrumento, basta dirigir-se aos guichês no interior da agência portando documento deidentificação; comprovante de Inscrição no PIS/PASEP, Carteira de Trabalho e Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho(TRCT) ou Solicitação de Desligamento (SD) para efetuar o saque das parcelas do seguro desemprego.Sendo assim, a autora poderia ter recebido as parcelas, por meio de atendimento bancário, diretamente nos guichês doscaixas, apresentando documentos pessoais.Vê-se, pois, que a demora no pagamento das parcelas do seguro desemprego não se deu por culpa do Banco, ora réu,mas por desconhecimento da autora, que poderia ter recebido os referidos valores mediante procedimento supracitado.Desse modo, não há em que se falar em condenação por danos morais.

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Em relação ao pedido de pagamento das referidas parcelas, há perda superveniente de interesse processual, eis como foiinformado pela parte autora as fls.29/30, os valores já fora por ela recebidos.DISPOSITIVOIsto posto,a) REVOGO a decisão de fls. 15/16 no que se refere à implantação do benefício de Auxílio Doença, haja vista tratar-se deerro material, cujo objeto da decisão é diverso dos presentes autos;b) JULGO O FEITO EXTINTO, sem resolução do mérito nos termos do artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil,em relação ao pedido de pagamento das parcelas de seguro desemprego;c) JULGO IMPROCEDENTE o pedido de danos morais nos termos do Artigo 269, Inciso I do Código de Processo Civil.Sem custas e sem honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95).Após o transito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os presentes autos.P.R.I.

Enquanto a recorrente alega que não foi possível realizar o saque do valor do benefício no caixa da agência bancária,mediante apresentação dos documentos pessoais, a CEF alega – e a sentença acolheu tal alegação – que a autora poderiater efetuado o saque mediante apresentação dos documentos pessoais e não o fez.Conforme documento de fl. 20, o cartão cidadão encontrava-se “em confecção” em 03/06/2013 - conforme anotaçãomanual supostamente do funcionário da CEF não identificado, que gerou o documento no sistema de seguro desemprego -estando disponíveis para pagamento a segunda e a terceira parcelas do benefício, desde 02/05/2013 e 01/06/2013,respectivamente, só tendo sido recebidas em 10/06/2013, já com o cartão cidadão (fl. 30).O documento comprova que a autora esteve na agência bancária, que solicitou consulta da liberação do benefício e quenão efetuou o saque, mas não comprova que este lhe tenha sido negado e nem que tenha apresentado os documentosnecessários para tanto. A produção de tal prova, no caso concreto, dependeria de dilação probatória. Contudo, a autora nãoformulou, em seu recurso, pedido de anulação da sentença.

6) Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita,ora deferido, ante a declaração de fl. 9. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

33 - 0000322-44.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000322-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSMI JOSE DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).PROCESSO: 0000322-44.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000322-5/01)RECORRENTE: OSMI JOSE DE OLIVEIRAADVOGADO (S): JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUE

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por OSMI JOSÉ DE OLIVEIRA, contra a sentença de fls. 65/66, quejulgou improcedente o pedido de concessão do auxílio-doença, e a conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta orecorrente que os quesitos por ele formulados não foram respondidos pelo perito judicial, não tendo o juízo se manifestadosobre o pedido de complementação do laudo e concessão de prazo para manifestação, devendo ser anulada a sentença,por ofensa ao principio do contraditório e da ampla defesa. Requer a anulação da sentença para que os quesitosapresentados na petição inicial sejam respondidos.

2. O autor nasceu em 08/1/1970. Na petição inicial informou ser torneiro mecânico. Esteve em gozo de benefícioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, no período de 17/07/2011 a 08/01/2013. O pedido administrativo foi realizadoem 08/02/2013 (fl. 10) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.

3. O autor sofreu acidente de moto em 30/6/11, que causou trauma no punho esquerdo (cf. declaração de hospitalcontida na fl.23). Com certeza foi esse trauma que determinou a concessão de auxílio-doença duas semanas após, em17/7/11.

4. O autor possui registros em CTPS como torneiro mecânico e como fresador. Suponho que tais funçõesrequeiram habilidade e força preservada em ambas as mãos.

5. O atestado de fl.20 foi lavrado em 4/3/13 e dele consta o seguinte: “... foi operado de fratura de punho esquerdoevoluindo para osteoartrose grave de punho esquerdo, estando impossibilitado de fazer esforço físico.” Tal diagnósticoconverge com a radiografia digital de punho realizada em 3/5/12, que noticia “redução difusa da densidade mineral óssea...

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artropatia rádio carpal caracterizada por redução do espaço articular, esclerosa óssea e remodelação óssea...” (fl.30).

6. O laudo pericial de fls.58/59 afirmou que o autor está apto para sua atividade normal. Contudo, sequer declinouno laudo pericial qual seria sua profissão. Respondeu vários quesitos apenas afirmando “não” ou “paciente capaz”. Afirmouque visualizou exame de radiografia de punho sem especificar data ou qualquer outro dado. O laudo encontra-seexcessivamente sucinto, de modo que, no caso concreto, não é viável saber se o perito levou ou não em consideração qualseria a atividade habitual do autor (torneiro mecânico, a qual suponho exigir esforço físico moderado), visto que sequer amencionou.

7. As razões expostas indicam ter havido, no caso concreto, cerceamento de defesa em razão de deficiência nafundamentação do laudo.

8. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da autora e ANULO A SENTENÇA, a fim de que os autos retornem aoJuízo de origem para realização de nova prova pericial, que deverá levar em conta se o autor encontrava-se capaz na DIB(8/1/13) e se se encontra capaz na data da perícia. O autor deverá levar à perícia todos os exames que anexou à petiçãoinicial.

9. Sem custas; sem condenação em honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

34 - 0003937-51.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003937-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALBERTO COSTASANTOS (ADVOGADO: ES000235B - MARQUIVALDO DIAS CUNHA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0003937-51.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003937-0/01)RECORRENTE: CARLOS ALBERTO COSTA SANTOSADVOGADO (S): MARQUIVALDO DIAS CUNHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por CARLOS ALBERTO COSTA SANTOS contra a sentença de fls.172/174, que julgou improcedentes os pedidos iniciais de restabelecimento de auxílio-doença desde a data da cessação(28/02/2013) e posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que: 1) desde 2008 vem sofrendorestrições parciais e totais na sua capacidade laborativa, sendo que ocorreram quatro internações para tratamento dedependência química, conforme demonstram os laudos particulares juntados aos autos; 2) foi acometido de diversaspatologias com transtornos mentais e comportamentais, chegando à tentativa de suicídio mais de uma vez; 3) asconclusões apresentadas pelos dois peritos não condizem com a realidade vivenciada pelo recorrente, haja vista que asconsultas e exames médicos particulares são realizados rotineiramente podendo diagnosticar com maior facilidade aslimitações sofridas; 4) a omissão nos laudos periciais sobre que tipo de tratamentos e reabilitação deveria o recorrentefazer; 5) foi indeferida a realização de novas perícias na especialidade psiquiatria, neurologia e medicina do trabalho, a fimde dirimir quaisquer dúvidas sobre a incapacidade laboral. Requer a reforma da sentença para restabelecimento doauxílio-doença.

2. O autor nasceu em 17/12/1965. Na petição inicial informou estar desempregado. Pelos documentos de fls. 17/27,depreende-se que o autor foi trabalhador portuário avulso no período de 1982 a 2008. Esteve em gozo de auxílio-doençanos períodos de 10 a 23/07/2008; 28/08/2008 a 15/04/2009; 18/06/2009 a 10/08/2011; 09/05/2012 a 15/11/2012 e 01 a28/02/2013.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a parte autora incapacitada para o trabalho, o que corresponde àsteses antagônicas sustentadas pelas partes.Exerce ou exercia habitualmente a parte autora a função de arrumador/estivador, contando atualmente 48 anos de idade,referindo problemas psiquiátricos (principalmente relacionados à dependência química).Realizada uma primeira perícia médica judicial na área psiquiátrica (fls. 76-77), foi constatada que a parte autoraapresentava capacidade laborativa, não tendo o perito aferido qualquer doença mental em seu exame. Disse também que“do ponto de vista psiquiátrico não foram evidenciadas limitações funcionais”.E em razão dos questionamentos e impugnações lançadas pelo autor, foi designada uma segunda perícia psiquiátrica (fls.122-126), tendo o profissional médico respectivo afirmado que o autor, de igual forma ao ato anterior, não apresentalimitações para sua função habitual. Quanto ao exame afirmou que “Periciando apresenta-se em bom estado geral, lúcido,orientado no tempo e espaço, atenção, concentração, memória preservada, senso de realidade e juízo preservado e humorlevemente deprimido...”.Ora, ao se analisar os dois exames médicos de forma detalhada percebe-se que a limitação do autor está intimamente

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ligada à sua dependência química, visto que do ponto de vista psiquiátrico (eventual depressão), tal se mostrou latente. Equanto ao referido uso de drogas psicotrópicas e álcool, o próprio autor referiu que estaria há, aproximadamente, um anosem utilizá-los (abstêmio), fl. 123.Portanto, sem a constatação de doença mental crônica ou mesmo os efeitos adversos da dependência química não há dese reconhecer seu direito ao benefício.Ressalto que o fato de a parte autora ter percebido tal benefício desde 2008 serviu justamente como forma e tempo paraseu tratamento (internações). Penso ainda que a atividade laboral, quando existente capacidade física para tanto, também éuma forma de ocupação apta à recuperação daqueles em tratamento psiquiátrico, até porque como o dito popular ensina “otrabalho dignifica/engrandece/enobrece o homem”. Assim, tal ocupação visa também aliviar sintomas ou mesmo eventualabstinência, já que, sem o regramento cotidiano, o vício e suas tentações seriam mais evidentes, tornando aquele maissuscetível a tais malefícios.Essa é a razão pela qual indefiro a inspeção judicial pretendida ou mesmo a realização de uma terceira perícia psiquiátrica(fl. 171), até porque a anamnese realizada por profissional médico possui mais técnica que a mera inspeção.Assim, o argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares quea confirma não pode prosperar a fim de invalidar a conclusão apresentada a partir da perícia judicial. Isso porque tal fato –diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deve ser constatada por perícia médica, pois o atestadomédico particular equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deveser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosocio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, nos termos do art. 269, I do CPC.(...)

Os benefícios concedidos administrativamente se justificaram por transtornos mentais e comportamentais e por episódiosdepressivos, como se constata nas perícias administrativas de fls. 136/161, apenas nos períodos de 28/08/2008 a15/04/2009 (fls. 142/145); 19/07/2010 a 10/08/2011 (fls. 152/154); e 09/05/2012 a 19/12/2012 (fls. 158/160). No período de10 a 23/07/2008 a doença era sinovite e tenossinovite (fl. 141) e nos períodos de 18/06/2009 a 14/06/2010 (fls. 146/151) e01 a 28/02/2013 (fl. 161) o benefício se justificou por hipertensão essencial.

5. A petição inicial refere patologias de origem psiquiátrica. O Juízo a quo produziu duas perícias realizadas pormédicos especialistas em psiquiatria (fls.76/77 e fls.123/126). Ambas afirmaram que o autor possuía aptidão laboral. O 2ºlaudo pericial encontra-se adequadamente fundamentado de modo que, no caso concreto, a discrepância existente entre asua conclusão e a que chegou o médico particular do autor resolve-se com base no enunciado nº 8 da Turma Recursal doEspírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular”.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

35 - 0004742-04.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004742-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA JOSÉ DE SOUZAOLIVEIRA (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0004742-04.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004742-1/01)RECORRENTE: MARIA JOSÉ DE SOUZA OLIVEIRAADVOGADO (S): CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVILRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARIA JOSÉ DE SOUZA OLIVEIRA contra a sentença de fls.69/72, que julgou improcedentes os pedidos iniciais de restabelecimento de auxílio-doença e posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que é portadora de insuficiência coronariana e hipertensão arterialsistêmica, discopatia degenerativa L3-L4-L5, com redução dos espaços discais, abaulamento discal, bem como já fez doiscateterismos para tentar se curar, todavia, até a presente data encontra-se enferma e sem condições de laborar. Diz que o

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juízo a quo se baseou apenas no laudo pericial, não levando em consideração a farta documentação médica juntada aosautos que comprovam a veracidade dos fatos. Alega que o perito não levou em consideração a doença portada pelarecorrente com sua profissão e idade, visto que, como pode uma pessoa com tantos problemas na coluna cervical e lombartrabalhar de forma produtiva e eficaz em sua profissão de auxiliar de serviços gerais. Requer realização de nova períciamédica na área de ortopedia e reforma da sentença para conversão da aposentadoria por invalidez ou reintegração aoauxílio-doença.

2. A autora nasceu em 03/06/1954. Na petição inicial afirmou ser “auxiliar de serviços gerais”, o que se comprovapela CTPS (fl. 9). Esteve em gozo de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, no período de 13/12/2011 a 31/05/2012.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A Autora alega ter problemas cardíacos que a incapacitam para exercer sua atividade laborativa habitual. Recebeu obenefício auxílio-doença no período de 13/12/2011 a 31/05/2012 (fl. 60), cessado devido alta médica administrativa e porconsidera ainda incapacitada requer o seu restabelecimento.Conforme é cediço, a incapacidade laboral é um dos riscos sociais cuja proteção a Lei de Benefícios da Previdência Socialse compromete a garantir. Tanto o auxílio-doença quanto a aposentadoria por invalidez pressupõem a incapacidade laboraldo segurado, a fim de que possam ser concedidos.(...)In casu, a perícia realizada em 14/02/2014 (fls. 39/42) constatou que a Autora é portadora de doença coronariana crônicacom angioplastia em fevereiro de 2012 que, no entanto, não a incapacita para exercer sua atividade habitual, como auxiliarde serviços gerais, tendo em vista que a doença está controlada e os exames não evidenciam isquemia. A Autora podeandar, trabalhar sentada, subir escadas e permanecer em pé, devendo apenas evitar carregar peso em excesso e esforçosexaustivos e contínuos.Assim, pelo laudo judicial não restou comprovada a incapacidade laborativa da parte autora e em análise aos laudosmédicos particulares com datas posteriores a maio de 2012 (fl. 14) vejo que não há elementos concretos e seguros quepudessem sobrepor à conclusão apresentada pelo expert.Registra-se ainda, que o perito judicial baseou suas conclusões não só pelo exame físico realizado durante a perícia, mastambém em exames complementares apresentados pela Autora, como cateterismo realizado em fevereiro de 2012 e emsetembro de 2012.Ademais, o fato de a parte autora possuir doença não caracteriza, por si só, o direito ao benefício previdenciário, haja vistaque, como se sabe, o que deve ser demonstrada é a incapacidade que esta doença provoca no trabalho habitual dosegurado, realidade que não foi verificada na demanda sob exame.Desta forma, ausente a comprovação de incapacidade laborativa alegada na peça de ingresso, inviável a concessão dobenefício postulado, nada restando ao Juízo senão afastar a pretensão autoral.Dispositivo:Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos autorais, extinguindo o processo com resolução de mérito, nosmoldes do art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil.(...)

4. A doença narrada na inicial é cardiológica, não havendo menção aos problemas de coluna alegados no recurso.Todos os documentos médicos que instruem a inicial (fls. 15/25) dizem respeito a doença cardíaca e foram emitidos pormédicos cardiologistas. Assim é que não podem ser apreciadas as alegações pertinentes à doença ortopédica, por se tratarde inovação recursal, não havendo, pois, que se falar em nova perícia.

5. A perícia judicial analisou exames recentes (janeiro de 2014) que revelavam controle adequado da patologiacardíaca. O laudo encontra-se razoavelmente fundamentado.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 30).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

36 - 0003250-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003250-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIZABETH MARIA DEFREITAS (ADVOGADO: ES015750 - GILMAR MARTINS NUNES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0003250-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003250-8/01)RECORRENTE: ELIZABETH MARIA DE FREITASADVOGADO (S): GILMAR MARTINS NUNESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

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V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ELIZABETH MARIA DE FREITAS contra a sentença de fls. 83/86,que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrenteque: 1) a perícia realizada constatou a patologia e que a autora não está incapacitada para a atividade laboral desenvolvida,mas deveria ser reabilitada, o que não foi observado pelo juiz a quo; 2) houve cerceamento de direito de produção de provapor conta dos quesitos suplementares não terem sido deferidos pelo magistrado, o que ocasionou um prejuízo para a realconstatação da condição clinica da autora; 3) não esta apta para o labor que desenvolvia devido a suas condições desaúde, conforme demonstram os laudos particulares juntados aos autos. Requer a reforma da sentença para que sejarealizada nova pericia ou que ocorra a reabilitação para outra atividade diferente da que desenvolvia.2. A autora nasceu em 03/03/1963. Na petição inicial afirmou ser “auxiliar de serviços gerais”. A CTPS de fl. 16comprova a atividade de empregada doméstica. O pedido administrativo foi realizado em 21/05/2013 (fl. 18) e indeferidopela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de benefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS,entre os períodos de 11/03/2009 a 15/05/2009 e 12/03/2010 a 14/10/2010.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)In casu, a perícia judicial realizada em 10/12/2013 corroborou o que já havia sido dito na perícia do INSS, ou seja, que nãosubsistia incapacidade ortopédica da parte autora, pois, a periciada se encontra apta a exercer a sua atividade laborativa.Por outro lado, o ilustre perito salientou que a dor presente no ombro do autor pode ser afastada com tratamentofisioterápico e fortalecimento da musculatura, ou seja, com o tempo o organismo vai desenvolvendo degenerações normaisa todos os seres humanos e a ciência afirma categoricamente que devemos fazer alongamento e fortalecimento(musculação) de modo a superar o desgaste natural do corpo.Enfim, pode haver redução da produtividade, mas incapacidade não. Logo, o autor deve se tratar de modo a fortalecer amusculatura e evitar o desemprego por motivo de redução de produtividade por falta de cuidado pessoal.Neste ponto, embora a conclusão acerca da alegada incapacidade seja diversa daquela exposta nos documentos queinstruem a inicial, há de se ter em mente que os laudos e pareceres do médico particular são caracterizados pelaparcialidade, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor da manifestação do expert doJuízo.(...)Sobre este aspecto, aliás, o perito do Juízo esclareceu que a doença da Autora não provoca nenhuma incapacidade nemmesmo limitação para o exercício das atividades habituais. Dessa forma, como não há a incapacidade parcial e temporária,a autora não possui requisitos para a concessão do auxílio-doença, e o mesmo pode-se dizer da aposentadoria porinvalidez já que o caso da autora também não trata de uma incapacidade definitiva insuscetível de recuperação/reabilitação.Não tendo sido constatada a incapacidade laboral alegada na peça de ingresso, inviável a concessão dos benefíciospostulados, nada restando ao Juízo senão afastar a pretensão autoral.Deve-se considerar, ainda que, as perícias administrativa e judicial atestaram a capacidade da parte autora.(...)

4. Quanto ao fato de o magistrado ter entendido suficientes para formar seu convencimento os quesitos do Juízo,não caracteriza hipótese de cerceamento de defesa. Realizada a perícia, abre o juiz oportunidade para as partes semanifestarem, mas este não fica vinculado aos requerimentos destas, devendo julgar conforme ache necessário ou não acomplementação do laudo por meio de quesitos complementares.

5. Ao contrário do que alega a recorrente, o laudo pericial nada aduz acerca da necessidade de reabilitação.

6. A autora contribuiu pela última vez em 03/2010. Recebeu benefício previdenciário entre 12/3/10 a 14/10/10(fls.76/77). Por conseguinte, em atenção à regra do § 4º do artigo 15 da Lei 8.213/91, a autora perdeu a qualidade desegurada em 16/12/2011. Portanto, quando a autora requereu a concessão de novo benefício em 04/06/13 (cf. fl.17), ela jáhavia perdido a qualidade de segurada. Inexiste, portanto, o fato constitutivo do direito alegado.

7. RECURSO IMPROVDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 55).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

37 - 0000551-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000551-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO CARMO STEINERDIAS (ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0000551-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000551-7/01)RECORRENTE: MARIA DO CARMO STEINER DIASADVOGADO (S): JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO

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V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARIA DO CARMO STEINER DIAS em face da sentença de fls.46/48, que julgou improcedente o pedido inicial de concessão do auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoriapor invalidez. Alega a recorrente que laborava como vendedora autônoma e que o labor não se limita a apenas vender suasmercadorias, sendo necessário também pegar peso, limpar objetos em exposição, guardar e arrumar mercadorias. Diz quea moléstia diagnosticada como multifatorial com componente degenerativo tende a piorar e não tem cura, sendo o caráterclínico da moléstia essencial para a conclusão do deferimento do pedido. Sustenta que o fato de a prova oficial determinarum diagnóstico não encerra o acolhimento das demais provas substanciais e até de maior valia, conforme a jurisprudência.Argumenta que tem 45 anos de idade, cursou apenas até a 4ª série do ensino fundamental e que o labor de vendedoraambulante autônoma é exercido sob total funcionamento da região afetada, o que não foi considerado nem no laudo nemna sentença.2. A autora nasceu em 08/11/1967. Na petição inicial afirmou ser “autônoma”. O pedido administrativo foi realizadoem 05/10/2012 (fl. 12) e não foi reconhecido o direito ao beneficio, tendo em vista que não foi constatada a incapacidadelaborativa.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, avaliou que a autora estava com dor na coluna lombar, testeLasègue negativo, sem déficits neurológicos aparentes, sem atrofias musculares, sem parestesias nos membros (fl. 39).Afirmou que a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de “do lar” (quesitos 8/9). Concluiu que não háincapacidade para o trabalho (quesito 14).A autora impugnou o laudo pericial (fls. 43/44). Alegou que para exercer sua atividade habitual a mobilidade e o esforçofísico são exercidos de forma contínua e habitual. Ocorre que o perito avaliou que ao exame físico a autora apresentouteste Lasègue negativo, sem déficits neurológicos aparentes, sem atrofias musculares, sem parestesias nos membros (fl.39) e descartou risco de agravamento e a existência de limitação funcional (quesitos 10/11). Não há motivos para supor quea autora não possa empreender esforço físico em sua atividade habitual.A autora alegou que o perito confirmou que possui dor na coluna lombar. Ocorre que o tratamento da dor nãonecessariamente implica em afastamento da atividade habitual. Muitos tratamentos podem ser realizadosconcomitantemente ao exercício do trabalho.Para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: épreciso ficar comprovado que a doença tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho dasfunções específicas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se adoença diagnosticada inabilita o segurado para o trabalho. O perito examinou a autora e descartou que sua doença fossecausa de incapacidade para o trabalho. Não há motivo para descartar a aplicação da conclusão exposta no laudo pericial.A autora alegou que sua doença tem origem multifatorial com componente degenerativo. A natureza degenerativa nãogarante que a enfermidade já tenha atingido grau incapacitante, mas apenas que a evolução da doença é progressiva. Se,no futuro, o quadro clínico se agravar em razão da progressão da enfermidade, o autor poderá renovar o requerimento deauxílio-doença.A autora alegou que possui 45 anos de idade e tratamento clínico iniciado há um ano, sem sucesso. Ocorre que a análisedas condições pessoais da autora, tal como a idade, só teria relevância na hipótese de a perícia judicial ter constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sidoconfirmada nenhuma limitação funcional, o fator etário isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.A TNU já decidiu que “quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a examinar ascondições pessoais e sociais (Processo nº 0507072-34.2009.4.05.8101, Rel. Juiz Rogério Moreira Alves, DOU 1º/02/2013).“Quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso inadmitir o exame das condições pessoais, já que omesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial” (Processonº 0020741-39.2009.4.03.6301, Rel. Juiz André Carvalho Monteiro, DOU 22/3/2013). A análise das condições pessoais esociais do segurado só é indispensável para efeito de concessão de aposentadoria por invalidez e quando reconhecida aincapacidade parcial para o trabalho (Processo 0506386-42.2009.4.05.8101, Rel. Juíza Simone Lemos Fernandes, DJ25/4/2012; Processo 5010366-27.2011.4.04.7001 , Rel. Juiz Gláucio Maciel, julgado em 17/4/2013).A autora alegou que os atestados médicos comprovam sua incapacidade para o trabalho. O diagnóstico constante deatestado de médico assistente não vincula a perícia judicial. O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistentetécnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordocom o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguara veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo odiagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistentenão é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.O que importa é que o laudo pericial está bem fundamentado, revelando que o perito detém conhecimento técnicopertinente à doença da qual o autor se queixa. Não há necessidade de nova perícia, porque a questão de fato já estáesclarecida.Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.DispositivoJulgo improcedente o pedido.

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Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.A inicial afirma que a autora seria autônoma. O recurso afirma que sua última atividade seria de doméstica; o laudo pericialqualificou-a como “do lar”. Nos laudos SABI, foi qualificada como vendedora autônoma. O CNIS apenas registrarecolhimentos feitos na condição de contribuinte individual, com início em 01/2004.5. O atestado particular de fl.13 relata problemas ortopédicos na coluna vertebral com parestesia e perda de forçamuscular, havendo sinal de lasegue positivo (lavrado em 19/1/13). O laudo da perícia judicial, realizado em 16/5/13, relatousinal de lasegue negativo e ausência de incapacidade, com base na seguinte avaliação: “... dor em coluna lombar.Apresenta RM com discopatia em L4-L5-S1 sem compressões foraminais, com artrose incipiente. Ao exame físico comlasegue negativo, sem déficits neurológicos aparentes, sem atrofias musculares, sem parestesias em membros. Apesar daspatologias não ha elementos que comprovem incapacidade para a função.” (fl.39).6. O laudo encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não vejo como, à luz do teor dos laudos particulares que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.7. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

38 - 0000195-43.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000195-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SONIA MARIA ANACLETO(ADVOGADO: ES018421 - THYNDALO DIEGO LOUREIRO OLIVEIRA, ES018378 - ELAINE SANTOS DOS REIS,ES005668 - LIDIEL SILVA SCHERRER.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIOCANTARINO NICOLAU.).PROCESSO: 0000195-43.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000195-9/01)RECORRENTE: SONIA MARIA ANACLETOADVOGADO (S): THYNDALO DIEGO LOUREIRO OLIVEIRA, LIDIEL SILVA SCHERRER, ELAINE SANTOS DOS REISRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): EUGENIO CANTARINO NICOLAU

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por SÔNIA MARIA ANACLETO em face da sentença de fls. 87/89, quejulgou improcedentes os pedidos iniciais de concessão aposentadoria por invalidez e, subsidiariamente, concessão deauxílio-doença. Alega a recorrente que o laudo pericial de fls. 75/80 destaca que ela apresenta contra-indicação pararealização de serviços que sobrecarreguem a coluna lombar e quadril, eis que sente dores em coluna lombar e no quadrildurante a realização de esforços físicos, de maneira que, consistindo suas atividades habituais em exercer esforço físico ecarregamento de equipamentos que sobrecarregam sua região lombar, deduz-se que está incapacitada para seu serviçohabitual. Diz que o laudo pericial reconhece que a autora só poderá exercer atividade laboral desde que não seja necessáriouso de carga excessiva na coluna lombar e quadril ou realização de esforço físico, o que demonstra divergência com oambiente de trabalho e atividades que devem ser desenvolvidas pela autora na qualidade de zeladora. Ressalta que temmais de 50 anos e possui baixo nível de escolaridade, o que dificulta sua reinserção no mercado de trabalho para odesenvolvimento de funções leves. Pede a concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.

2. A autora nasceu em 15/03/1959. É zeladora. O pedido administrativo foi realizado em 20/12/2010 (fl.47).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de pedido de concessão do auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Dispensado o relatório, conforme art. 38, da Lei 9.099/95.(...)No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado são fatos incontroversos. Acontrovérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a parte autora definitiva ou parcialmente incapacitada para o trabalho, oque corresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.

A perícia médica (fls. 75/80) constatou que a parte autora possui lombalgia crônica e coxoartrose. Ao exame físico,deambulava normalmente, sem auxilio de muletas e com carga total em membros inferiores, ausência de sinal decomprometimento neurológico dos membros inferiores e sem hipotrofia muscular. A médica concluiu que a autora nãoapresenta incapacidade física, havendo apenas uma limitação discreta para o uso de carga.O atestado médico particular equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência deopiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal doEspírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o

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particular”. O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente,mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho.Ausente a incapacidade para o trabalho, a pretensão autoral não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio.DispositivoIsto posto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução, do mérito nos termos do art. 269, I, doCPC....P.R.I.

4. Conquanto o laudo pericial de fls. 75/78 apresente conclusão de que a requerente não demonstrou ao examefísico incapacidade físico, apresentando limitação discreta de uso de carga, o perito afirma à fl. 76 (quesito 3) que a autoraapresenta ao exame físico limitação de mobilidade de coluna lombar e tem exames complementares que corroboram odiagnóstico de artrose em coluna lombar e quadril direito (g.n.) e à fl. 77 (quesito 6) que a autora pode desempenharqualquer atividade que não seja necessário (sic) carga excessiva em coluna lombar e quadril (como por exemplo, nãocarregar muito peso ou atividade física intensa) (g.n.). Vê-se que a conclusão, ao referir-se a limitação discreta de uso decarga, disse menos do que deveria, pois na verdade há limitação de mobilidade da coluna lombar, pelo que a autora nãopode exercer atividade que demande carregar muito peso ou atividade física intensa.

5. Afirma, ainda, o perito à fl. 77 (quesito 7) e à fl. 78 (quesito 13) o seguinte: A questão maior e a ser avaliada é seo autor tem condições de se adaptar às limitações impostas a ele pela sua patologia, e se possui capacidade de sermudada de função ou exercer outro tipo de trabalho. Neste caso seria se possui capacidade de aprendizagem, o autor seapresentou como uma pessoa articulada, lúcida e orientada sem demonstrar uma capacidade mental que impedisse estaadaptação, porém infelizmente tem de se colocar nossa realidade trabalhista onde uma pessoa de mais idade, sem grandesconhecimentos técnicos. Depreende-se, pois, que há necessidade de adaptação às limitações impostas pela patologia, commudança de função ou do tipo de trabalho.

6. Os laudos particulares de fls. 17, 18, 22 e 24/25, datados de 15/12/2010, 16/12/2010, 02/03/2011 e 08/04/2011,respectivamente, atestam ausência de condições para executar atividades que possam sobrecarregar sua coluna lombar(fls. 17, 22 e 24/25) e para o trabalho como zeladora (fl. 18), mencionando expressamente a presença de compressãoforaminal. O laudo de fl. 18 menciona a conclusão de ressonância magnética de coluna lombar, com abaulamentos discaisdifusos em L4-L5 e L5-S1, com leve predomínio dos contornos foraminais direitos, associados a roturas concêntricas. Olaudo de fl. 27, de 06/05/2011, também atesta incapacidade. A ressonância magnética da coluna lombar (fl. 29), realizadaem 15/04/2011, apontou discretos abaulamentos discais difusos, lateralizado a direita em L4-L5 e L5-S1, que determinaindentação sobre a face ventral do saco tecal e leve redução dos forames neurais à direita. A ressonância magnética doquadril direito (30), também realizada em 15/04/2011, apontou tendinopatia incipiente do glúteo mínimo.

7. Considerando que a autora exerce a profissão de zeladora (fl. 13), não há como considerá-la apta para suasatividades habituais, pois a limpeza das dependências da sede do empregador e dos móveis que as guarnecem jádemanda atividade física intensa.

8. Por outro lado, não há incapacidade total e definitiva que justifique a concessão de aposentadoria por invalidez,nem há razões para descartar a possibilidade de readaptação ou de recuperação das condições físicas necessárias para otrabalho habitual.

9. Por fim, ressalte-se que o pedido administrativo foi realizado em 20/12/2010 (fl. 47) e reiterado em 05/04/2011 (fl.44), estando datada de 23/12/2011 a comunicação de decisão que negou provimento ao recurso administrativo (fl. 49). Apresente ação foi proposta em 15/02/2012.

10. Posto isso, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e julgar parcialmente procedente o pedido,condenando o INSS a conceder à parte autora o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA desde a data do requerimento(20/12/2010), bem como a pagar as parcelas vencidas, atualizadas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros demora, desde a citação, calculados na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

O benefício deverá ser pago até que haja conclusão do procedimento administrativo reabilitação, para o qual a autoradeverá comparecer, quando notificada pelo INSS.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95. Écomo voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

39 - 0004712-66.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004712-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RICARDO ROMEIRO(ADVOGADO: ES015744 - CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).

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PROCESSO: 0004712-66.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004712-3/01)RECORRENTE: RICARDO ROMEIROADVOGADO (S): CATARINE MULINARI NICORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por RICARDO ROMEIRO, em face da sentença de fls. 45/46, queextinguiu o processo com resolução de mérito, na forma do art. 269, IV, do CPC, em relação ao pedido de restabelecimentodo auxílio-doença, por ter reconhecido a decadência do direito pelo decurso de mais de dezoito anos desde a cessação dobeneficio, bem como extinguiu o processo sem resolução de mérito, na forma do art. 267, VI, do CPC, em relação aopedido subsidiário de concessão de auxílio-acidente, pela ausência de requerimento administrativo. Alega o recorrente que“...não cabe requerimento administrativo, visto que o sistema de agendamento eletrônico do INSS não apresenta a opçãode marcação das espécies 36 ou 94” (fl.59). Requer a reforma da sentença.2. Eis o teor da sentença:Trata-se de ação visando ao restabelecimento de auxílio-doença ou, subsidiariamente, à concessão de auxílio-acidente.O autor recebeu auxílio-doença previdenciário, NB 079.623.776-0, no período de 17/8/1986 a 31/7/1995 (fl. 12). Ajuizou apresente ação em 12/12/2013 alegando que foi indevido o ato de cessação do benefício, porque permanece, desde aqueladata, incapacitado para o desempenho da atividade habitual de estoquista.O ato de cessação do benefício ocorreu há mais de dezoito anos antes da propositura da ação. Considero que já se operoua decadência do direito do autor de reclamar a revisão do ato de cancelamento do benefício.De acordo com o art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91, é de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ouação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia 1º do mês seguinte aodo recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo. A norma estabelece duas situações distintas:a) se o benefício for concedido pelo INSS (ou seja, se houver ato de concessão do benefício), o prazo de decadência dodireito à revisão do ato de concessão é de dez anos contados a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimentoda primeira prestação;b) se o benefício for indeferido pelo INSS (ou seja, se houver decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo), oprazo de decadência do direito à revisão do ato indeferitório é de dez anos contados a partir do dia em que o segurado fornotificado da decisão administrativa definitiva.A situação tratada nos presentes autos se enquadra na segunda hipótese acima aventada. A expressão “decisãoindeferitória” pode ser interpretada extensivamente para efeito de abranger não só os casos em que o requerimentoadministrativo é indeferido pelo INSS, mas também os casos em que o benefício, embora deferido, é posteriormentecancelado. Em ambas as hipóteses, o INSS profere ato administrativo concreto recusando-se amanter o benefício. Essa é a exegese mais condizente com o princípio da segurança jurídica.Ressalto, ainda, que a decadência se aplica aos atos de indeferimento de benefício anteriores à edição da MP nº 1.523-9,haja vista a decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 626.489.Quanto ao auxílio-acidente, o autor nunca formulou requerimento administrativo referente a essa espécie de benefício. Semo prévio requerimento administrativo, o INSS não é provocado a se manifestar sobre a pretensão do segurado ou dodependente. Nesse caso, o INSS fica sem poder esboçar concordância ou discordância em relação à pretensão dointeressado. Como a pretensão do interessado não é resistida, não há necessidade de intervenção jurisdicional. É por issoque, sem prévio requerimento administrativo, falta interesse de agir (por falta de necessidade de intervenção jurisdicional).Por conseguinte, fica prejudicada a admissibilidade do julgamento do mérito. Aplica-se o art. 267, VI, do CPC.DispositivoExtingo o processo com resolução de mérito, na forma do art. 269, IV, do CPC, em relação ao pedido de restabelecimentodo auxílio-doença, NB 079.623.776-0.Extingo o processo sem resolução de mérito, na forma do art. 267, VI, do CPC, em relação ao pedido subsidiário deconcessão de auxílio-acidente.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.P.R.I.

3. A hipotética impossibilidade de agendamento eletrônico para o benefício de auxílio-acidente – único fundamentodo recurso – não constitui impedimento para que o requerimento administrativo seja efetuado pessoalmente junto ao INSS.

4. Uma vez que a concessão do auxílio-acidente se dá a partir da cessação do auxílio-doença, não sendo possívelrestabelecer este último, em face da decadência acertadamente pronunciada na sentença, e não havendo requerimentoadministrativo oportunamente apresentado, correta a sentença ao extinguir o processo sem resolução do mérito em relaçãoao pedido de concessão de auxílio-acidente.

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 46).É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

40 - 0002218-34.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002218-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EUGÊNIA MARIA SANTOSPIMENTEL (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0002218-34.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002218-7/01)RECORRENTE: EUGÊNIA MARIA SANTOS PIMENTELADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por EUGENIA MARIA SANTOS PIMENTEL em face da sentença de fls.76/78, que julgou improcedentes os pedidos iniciais de concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Alegaque é portadora de osteopenia e escoliose dorso lombar e que apresenta limitação funcional dos membros, sente fortesdores na coluna lombar, não consegue permanecer por muito tempo na mesma posição, não consegue subir e descerescadas, nem realizar atividades que demandem esforço físico. Diz que as limitações a impedem de exercer suasatividades, pois tem dificuldade inclusive de realizar movimentos simples do cotidiano. Narra que, como auxiliar de cozinha,carregava utensílios pesados, fazia movimentos repetitivos, permanecia muito tempo na mesma posição e de pé e que taisatividades podem agravar o seu quadro clínico. Argumenta que os laudos apresentados confirmam as limitações. Sustentaque considerá-la apta para retornar ao trabalho nas condições de saúde em que se encontra é submetê-la a esforço maiordo que pode suportar. Aduz que a perícia judicial fere diversos princípios constitucionais, como o do contraditório e daampla defesa, além de carecer de fundamentação, sendo absolutamente objetiva, pois desconsidera a realidade dasatividades laborativas da autora. Alega, ainda, que a incapacidade não pode ser fixada apenas sob o ponto de vista médico,mas deve ter também alcance social, sendo que a autora possui 57 anos de idade, tem ensino médio incompleto e nãopossui condições de trabalhar com o mesmo rendimento dos demais trabalhadores de sua categoria profissional.

2. A autora nasceu em 15/11/1956. Na petição inicial informou ser “auxiliar de cozinha”. O pedido administrativo foirealizado em 12/01/2012 (fl. 16) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação proposta por EUGENIA MARIA SANTOS PIMENTEL em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL – INSS, através da qual almeja a parte autora a condenação da referida autarquia na concessão de benefício deauxílio-doença, ou aposentadoria por invalidez, desde a data da negativa administrativa em 12/01/2012.(...)Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo do r. perito judicial, com laudo ofertado às fls. 44/47,no qual restou atestado que a parte autora não atende aos requisitos médicos para recebimento de benefício porincapacidade.Entendo ser salutar, a transcrição dos quesitos e respectiva resposta que autorizam a conclusão acima apontada:“Resposta aos quesitos:1. A pessoa submetida ao exame pericial é portadora de alguma doença, lesão, seqüela, deficiência física ou mental?Qual?R: Sofreu faz (sic) fratura do corpo vertebral de L1-L2-L3 sem comprometimento da porção posterior, nem compressõesnervosas. Tem mobilidade de força normal, sem alterações neurológicas dos membros inferiores.(...)2. Quais os principais sintomas que a pessoa examinada apresenta?R: A autora queixa dor na coluna lombar.(...)4. Quais características anátoma-funcionais e fisiopatológicas da doença ou lesão foram identificadas especificamente napessoa submetida ao exame pericial? (...)R: A autora não apresenta alterações clínicas.(...)10. A pessoa examinada tem, no momento do exame pericial, aptidão física e mental para exercer essa atividade habitual?Por quê?R: A autora não tem alterações causadoras de incapacidade.(...)” (grifo nosso)Dessa forma, pelas conclusões apresentadas no r. laudo pericial não resta dúvida quanto à inexistência de incapacidade daautora para o exercício de suas atividades habituais, não tendo sido verificada tanto incapacidade temporária quantopermanente, parcial ou total, requisitos esses que são indispensáveis para a concessão do benefício pleiteado.A respeito da impugnação da autora em relação ao laudo pericial deste juízo, não merece acolhimento tendo em vista apresunção de imparcialidade e veracidade deste meio de prova. Concernente a isso, o Enunciado da Turma Recursal de nº08 do ES, expõe:O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.(DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).Assim sendo, conclui-se que a demandante não preenche os requisitos legais necessários para a concessão do benefício

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auxílio-doença, tampouco para aposentadoria por invalidez.Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS AUTORAIS, extinguindo o processo com resolução de mérito,nos moldes do art. 269, I, do Código de Processo Civil. ...P.R.I.

4. Sem razão a recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95).

5. Ressalte-se apenas que os exames de fls. 21 e 22, datados de 25/10/2012 e 11/08/2011, respectivamente, foramanalisados na perícia e demonstram a ausência de compressão nervosa ou de redução dos forames neurais (cf. fl.45),corroborando a conclusão de ausência de incapacidade.

6. RECURSO IMPROVDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 35). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

41 - 0001564-34.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.001564-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDEVINO JUNGER(ADVOGADO: ES018399 - DANIELA PACHECO CRUZ, ES014277 - CARLOS GOMES MAGALHÃES JÚNIOR.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0001564-34.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.001564-2/01)RECORRENTE: VALDEVINO JUNGERADVOGADO (S): CARLOS GOMES MAGALHÃES JÚNIOR, DANIELA PACHECO CRUZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GUSTAVO CABRAL VIEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por VALDEVINO JUNGER, em face da sentença de fls.71/73, quejulgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença. Sustenta o recorrente: 1) que a sentençabaseou-se apenas no laudo pericial para formação do seu convencimento, desconsiderando os demais documentos queinstruíram a peça de ingresso e que comprovam a sua incapacidade laborativa; 2) que o recorrente sempre trabalhou comopedreiro, sendo impossível desempenhá-la, se acometido de dores crônicas, nas costas e na região lombar, razão pela qualrequer o provimento do recurso.

2. O autor nasceu em 18/12/1961. Sua última profissão foi “pedreiro” O pedido administrativo foi realizado em10/08/2011 (fl.06) e indeferido por não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de benefício previdenciário,conforme consulta ao CNIS, entre o período: 07/08/2010 à 21/09/2010. Efetuou contribuição individual para o INSS nosperíodos: 04/2012 à 12/2013 e 03/2014 à 09/2014 e trabalhou para TRANSA MOTOS EIRELI –ME, no período 06/01/2014à 06/2014 (conforme registros no CNIS).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei nº. 9.099/95.

Passo a decidir.

Na ação em tela, a parte autora busca a concessão de auxílio-doença, sob o argumento de que apresenta doenças nacoluna lombar, as quais o incapacitam totalmente para o trabalho.

Conforme é cediço, a incapacidade laboral é um dos riscos sociais cuja proteção a Lei de Benefícios da Previdência Socialse compromete a garantir. Tanto o auxílio-doença quanto a aposentadoria por invalidez pressupõem a incapacidade laboraldo segurado, a fim de que possam ser concedidos.

(...),

Oportuno salientar que a questão controvertida diz respeito à constatação ou não de incapacidade para o trabalho, eis quenão se questiona acerca da qualidade de segurado ou ao período de carência.

Pois bem.

In casu, a perícia realizada em 11.03.2013 (fls. 45/47) atestou que o Autor é portador de osteoartrose de coluna lombar ecervical, apresentando quadro de lombalgia e cervicalgia com irradiação para membros inferiores e superiores. Contudo, oexpert consignou que a doença não causa incapacidade, visto que, durante o exame, não foi constatado déficit motor nematrofia muscular.

Neste ponto, embora a conclusão acerca da alegada incapacidade seja diversa daquela exposta nos documentos que

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instruem a inicial, há de ser em mente que os laudos e pareceres do médico particular são caracterizados pela parcialidade,de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor da manifestação do expert do Juízo. Nestesentido, o Enunciado nº. 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, ao estabelecer que “o laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo Juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

Outrossim, mister considerar que o entendimento do perito se coaduna com os pareceres dos médicos do INSS, que desdesetembro de 2010 realizaram exames no Autor (fls.61/64), tendo relatado aspectos que demonstram a existência dacapacidade laboral – a saber, ausência de deformidades na coluna, força muscular preservada, reflexos normoativos esimétricos, mobilidade e flexibilidade normais, ausência de atrofias ou contraturas musculares, entre outros –, afastandoainda mais a alegação autora Por fim, é cediço que a existência da patologia não é suficiente para a concessão dobenefício. O que deve ser demonstrada é a incapacidade que esta doença provoca no trabalho habitual do segurado,realidade que não foi verificada na demanda sob exame.

Desta forma, não tendo sido constatada a incapacidade laboral alegada na peça de ingresso, inviável a concessão dobenefício postulado, nada restando ao Juízo senão afastar a pretensão autoral.

Dispositivo:

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido autoral, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos moldesdo art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil.

Sem condenação ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei nº. 9.099/95 c/c o art. 1ºda Lei nº. 10.259/01).

Em sendo apresentado recurso inominado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente sentença, intime-sea parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões, no prazo legal. Vindas estas, ou certificada pela Secretaria asua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.

Se não houver recurso, no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente sentença, certifique-se o trânsito emjulgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. O autor formulou requerimento em 10/8/11. Acostou laudo de médico particular, lavrado em 14/7/11, indicandoespondiloartrose lombar e abaulamento discal difuso de L3-L4 e L5-S1 que geram lombalgia intensa; recomendouafastamento do trabalho por 180 dias (fl.11). Em 13/10/11, o mesmo médico recomendou remanejamento do autor paraoutra função laboral (fl.13).

5. O teor dos laudos lavrados administrativamente que redundaram no indeferimento do benefício, realizados em9/9/11, 18/10/11 e 22/12/11 apresentam-se adequadamente fundamentados, conforme se depreende do teor de fl.62/64.

6. O histórico laboral do autor apresenta vários vínculos laborais. O último foi de 03/2003 a 08/2010; logo após,passou a receber auxílio-doença.

7. Não obstante o teor dos laudos periciais administrativos, depreende-se que o autor foi submetido a váriassessões de fisioterapia em agosto de 2011 (fl.12) e também estava utilizando medicação para controle de dor (fl.15). Vistoque a função habitual era braçal, não posso excluir previamente a verossimilhança do informado no laudo particular de fl.11,subscrito por neurologista em 14/7/11, o qual já narrava o quadro álgico. Tal contexto é suficiente para demonstrar que, nadata da DIB, havia incapacidade para função que exigia esforço físico moderado a elevado.

8. Não obstante, o laudo Sabi lavrado em 22/12/11 encontra percuciente fundamentação, com indicação de váriosdados que levaram a perícia a concluir pela inexistência de incapacidade (fl.64). O benefício deve ser concedido até referidadata.

9. A perícia judicial somente foi realizada em 2013. O laudo encontra-se razoavelmente fundamentado e indica aaptidão funcional do autor.

10. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para CONDENAR o INSS a pagar ao autor auxílio-doença com DIBem 10/8/11 e DCB em 22/12/11.

Correção monetária e juros incidirão na forma prevista no Manual de Cálculos publicado pelo CJF.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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42 - 0004582-42.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004582-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUCIA RATUNNOBRAUN (ADVOGADO: ES006876 - CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0004582-42.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004582-9/01)RECORRENTE: MARIA LUCIA RATUNNO BRAUNADVOGADO (S): CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, a autora alegou que há diversas provas de que exerceu atividade rural; que o Juízo a quo nãoobservou a real atividade de seu marido, que não é trabalhador urbano, mas tem sua CTPS assinada na condição delavrador, conforme fls.375/378. Afirmou a autora que a renda obtida pelo seu esposo desde a assinatura da CTPS (2005)era próxima da que conseguia obter com sua atividade rural; de modo que tal atividade mostrava-se essencial para amanutenção da família; aduziu, ainda, que nos contratos de parceria tanto ela quanto seu esposo trabalhavam de formaigualitária, conjuntamente. Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

MARIA LUCIA RATUNNO BRAUN pediu a condenação do INSS a conceder aposentadoria por idade de trabalhador ruraldesde a data do requerimento administrativo, em 6/5/2010.

O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desde quecomplete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

A autora completou 55 anos de idade em 4/5/2010. Requereu a aposentadoria em 6/5/2010, quando já havia completado aidade mínima, preenchendo o primeiro requisito do benefício.

A autora também comprovou exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício,em número de meses até superior à carência da aposentadoria.

Contudo, a autora não comprovou ter exercido a atividade rural com a qualidade de segurada especial durante todo operíodo. E, sem recolher contribuições para a previdência social, o trabalhador rural só tem direito à aposentadoria secomprovar a qualidade de segurado especial.

Está provado que o marido da autora exerce atividade urbana, com vínculo de emprego, desde 3/1/2005 (fl. 360). E aremuneração que ele recebe é superior ao salário mínimo (fls. 361/364).

Apesar de as testemunhas terem declarado que o trabalho na lavoura é importante e essencial para manutenção da família,a autora confessou no depoimento pessoal que não conseguiria sobreviver só com o trabalho da lavoura, já que recebeaproximadamente R$ 300,00 por mês, e afirmou que o sustento da família da autora provém do salário de mil reais que omarido recebe. Eis o teor dos depoimentos prestados em juízo:

Depoimento PessoalA depoente reside em São Lourenço, Santa Tereza há 14 anos; antes morava em Tabocas na propriedade de Clerio Loss;a depoente sempre trabalhou na zona rural na lavoura de café, milho e feijão desde os nove anos de idade; trabalhou comseus pais até os 21 anos de idade, pois quando se casou foi morar na propriedade de Clerio Loss; ficou lá de 1977 até2000; posteriormente foi morar no atual endereço e trabalha para Maria Enir; a propriedade de Maria Enir fica no Bairro SãoLourenço, a dois quilômetros de sua casa; trabalhava de bicicleta todos os dias; trabalhou até 2010 na propriedade da MariaEnir; havia plantação de café, milho e feijão; o marido da autora é lavrador também; o seu marido trabalha na propriedadedos padres, mas é como lavrador; a depoente alugou por um tempo uma casa, mas já não aluga mais; existe uma casa emSão Lourenço onde a autora reside com o marido, uma casa na qual moram os filhos e a outra casa fica em bairroAlvorada, que pertence aos filhos; não recebe nada de aluguel; só com o trabalho da lavoura não conseguiria sobreviver erecebe com o que planta R$ 300,00 por mês aproximadamente; o salário de mil reais que o marido recebe é que asustenta; o trabalho da lavoura apenas não ajudaria; um filho da autora é balconista de farmácia e o outro também trabalhana farmácia; a filha mora em um sítio em Santa Lucia onde a autora trabalha atualmente, na plantação de verdura ebatatas; essa produção atual é para consumo da família, mas quando sobra é vendida na feira.

1ª Testemunha – Clerio Loss

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A autora e seu marido trabalharam para o depoente; a autora começou trabalhar na propriedade do autor em 1972,permanecendo por 23 anos; tanto a autora como seu marido trabalhavam na lavoura de café; o trabalho da aurora eraimportante para manter a família; trabalhavam como meeiros; depois que saiu da sua propriedade a autora foi trabalharpróximo da cidade na propriedade de Maria Enir, parente do depoente; naquela propriedade a autora e seu maridotrabalharam na plantação de café; o trabalho na lavoura era necessário para o sustento da família.

2ª Testemunha – Maria Enir LossA depoente conhece a autora desde 2000, pois ela trabalhou em sua propriedade como meeira até 2010; tanto a autoraquanto seu marido trabalhavam na lavoura de café; são 2 quilômetros de distância da propriedade da depoente até a casada autora; a autora trabalhava muito em sua propriedade e plantava também milho e feijão; o trabalho na lavoura eraessencial para a manutenção da família.

3ª testemunha – Antonio Ailton StinghelO depoente conhece a autora há mais de trinta anos; nesse período a autora trabalhou para Clerio Loss por 23 anos,posteriormente para Maria Enir; o depoente também trabalhou para Clerio Loss no mesmo período que a autora e seumarido; o trabalho da lavoura era importante para a subsistência da família da autora; na propriedade do Clerio haviaplantação de café.

O trabalhador rural pode ser qualificado como segurado especial mesmo quando outro membro da família exerce atividadediversa da agrícola. Entretanto, o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a subsistência da família. Talentendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiarcomo sendo aquele em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido emcondições de mútua dependência e colaboração.

Assim, o fato de o cônjuge ter exercido atividade urbana não necessariamente impediria a qualificação da autora comosegurada especial, enquanto exercia individualmente a atividade rural, desde que ficasse comprovada a indispensabilidadedo labor rural para a subsistência familiar. Esse é o entendimento consolidado na Súmula nº 41 da Turma Nacional deUniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por sisó, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Ocorre que no presente caso ficou provado que a subsistência da família é garantida pela renda do marido. A própria autoraconfessou em depoimento pessoal que é o marido que sustenta a casa. A renda do marido, superior ao salário mínimo,presume-se suficiente para assegurar a subsistência familiar. Não ficou comprovada a relevância da atividade rural para amanutenção da família. A atividade rural serve apenas como complemento para a renda familiar.

Ressalto que a renda do marido trabalhador urbano é relevante para descaracterizar a qualidade de segurada especial daesposa trabalhadora rural não só quando esta trabalha em regime de economia familiar com o marido, mas tambémquando ela trabalha individualmente. A Turma Nacional de Uniformização, em acórdão de minha relatoria, já decidiu emjulgamento representativo de controvérsia que “não se pode postular o reconhecimento de qualidade de segurado especialindividual com desprezo do rendimento urbano auferido pelos demais membros da família” (Processo nº2008.72.64.000511-6, Relator para acórdão Juiz Rogerio Moreira Alves, DJU 30/11/2012).

Como se não bastasse, ficou provado que o marido da autora já recebeu renda do aluguel de casas. No processoadministrativo, em diligência realizada em 2013, o servidor do INSS relatou que vizinhos da autora informaram que cada umdos dois andares o do prédio onde a autora estava morando já havia sido alugado para duas pessoas diferentes haviacerca de um ano. Também relatou que o marido da autora possuía outras quatro casas alugadas (fl. 345). A autora nãonegou essas informações. No depoimento pessoal, ela admitiu que alugou por um tempo uma casa, mas já não aluga mais.Quanto Às demais casas, disse que pertencem aos filhos. Ainda que a autora não esteja atualmente recebendo renda doaluguel, o que importa é que, no período imediatamente anterior ao requerimento da aposentadoria, ela recebeu a renda doaluguel. Essa renda patrimonial reforça a dispensabilidade do trabalho rural para a subsistência da família.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

4. A autora pleiteou a concessão de aposentadoria por idade. Ingressou com o requerimento em 6/5/10 (DER).

5. Não se questiona que a autora tenha exercido trabalho rural. Tal fato foi admitido inclusive pela servidora do INSSque concluiu a entrevista administrativa (fl.74, item conclusão). A dúvida é se a conjunto probatório demonstram que aautora pode ser qualificada como segurada especial.

6. Em seu depoimento pessoal, colhido em audiência realizada em 9/10/14, a autora afirmou que não possuía mais

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nenhuma casa alugada (“a depoente alugou por um tempo uma casa, mas já não aluga mais; existe uma casa em SãoLourenço onde a autora reside com o marido, uma casa na qual moram os filhos e a outra casa fica em bairro Alvorada,que pertence aos filhos; não recebe nada de aluguel;”). Ocorre que a análise acerca do preenchimento dos requisitosensejadores do benefício deve se ater à data do requerimento administrativo, que ocorreu em 6/5/10, ou seja, mais de 4anos antes da audiência judicial.

7. Na entrevista administrativa (que evidentemente foi realizada em data bem mais próxima da DER do que aaudiência judicial), a autora afirmou que possuía uma casa alugada e recebia um salário mínimo; também afirmou que omarido trabalhava com CTPS assinada como lavrador (fl.73, n. VIII)

8. Tenho por suficientemente comprovado, na fl.375, que o marido da autora labora como empregado em atividaderural. Contudo, analisando, p. ex., os salários que recebeu em 2012, afere-se que o recebeu, em 2 meses, R$880,00, em 9meses o valor de R$924,00 e nos outros 2 meses R$1012,00 e R$1.221,73. Isso projeta um salário mensal médio deR$948. O salário mínimo era R$622,00 em 2012. O valor médio recebido era 52% superior ao salário mínimo.

9. A esse acréscimo deve-se considerar que a autora, ao tempo da entrevista administrativa, recebia renda dealuguel de 1 salário mínimo.

10. Dentro do contexto exposto, tudo está a indicar que a atividade rural desempenhada pela autora em caráterindividual não se mostrava indispensável à subsistência do grupo familiar.

11. Pelo exposto, a sentença deve ser mantida.

12. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

43 - 0001111-43.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001111-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IDALINA JOANA CURBANIDASSIE (ADVOGADO: ES012398 - ERIMAR LUIZ GIURIATO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).PROCESSO: 0001111-43.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.001111-8/01)RECORRENTE: IDALINA JOANA CURBANI DASSIEADVOGADO (S): ERIMAR LUIZ GIURIATORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): EUGENIO CANTARINO NICOLAU

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, a autora alegou ter comprovado documentalmente o exercício de atividade rural, fatoreconhecido na sentença; o fato de ter trabalhado na Prefeitura Municipal não descaracteriza a sua condição detrabalhadora rural; “... em nenhum momento a autora negou que tenha trabalhado naquele período para o Município de RioBananal-ES... o período de atividade no Município descaracteriza a condição de segurada especial, mas tão-somentedurante o período em que exercera a dupla atividade.” (fl.198). Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

Trata-se de pedido de concessão de Aposentadoria por Idade (rural), além do pagamento das prestações vencidas.Dispensado o relatório, conforme o art. 38, da Lei 9.099/95.DECIDO.De acordo com o disposto nos artigos 25, II; 142, e 48, §§ 1° e 2°, da Lei 8.213/91, são os seguintes os requisitos para aconcessão de Aposentadoria por Idade, no valor de um salário mínimo, aos trabalhadores rurais:- cumprimento do período de carência de 180 (cento e oitenta) meses completos de exercício de atividade rural, ainda quedescontínua, independentemente de recolhimento de contribuições previdenciárias (artigos 25, II c/c 142, e 48, § 2°, da Lei8.213/91);- ter o trabalhador rural 60 (sessenta) anos completos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos completos, se mulher(artigo 48, § 1o, da Lei 8.213/91).Quanto à carência, os trabalhadores rurais devem cumpri-la conforme previsto no artigo 143, da Lei 8.213/91, queconsidera preenchido tal requisito desde que o trabalhador comprove exercício da atividade rural em número de mesesidênticos ao previsto para carência do benefício.

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A comprovação da atividade rural através de prova documental mínima foi cumprida com a apresentação dos seguintesdocumentos:a) Contrato de parceria agrícola a contar do ano de 2008 (fls. 10/11);b) Certidão de casamento constando a qualificação do esposo como lavrador (fls. 09);Pela análise do CNIS de fls. 30/42, verifico que a autora trabalhou para a Prefeitura Municipal de Rio Bananal no períodoentre 1999 até 2008, e fez recolhimentos como contribuinte individual no ano de 2009 – mesmo período em que apresentoucontrato de parceria agrícola.Em seu depoimento pessoal, prestado em audiência, a autora confirmou que trabalhou no hospital, e que nesse períodorecebia remuneração superior ao salário mínimo.Em que pese tenha a autora afirmado que trabalhou na roça, juntamente com seu esposo, o que foi confirmado pelastestemunhas, o trabalho urbano, no hospital de Rio Bananal, desempenhado por longo período pela autora, descaracterizasua qualidade de segurado especial, uma vez que o trabalho rural não foi a principal fonte de renda familiar.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 269, I, doCPC.Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.Publique-se, registre-se e intimem-se.

4. A sentença evidencia que a autora trabalhou em Prefeitura Municipal de 1999 a 2008. Tal fato não foicontrovertido no recurso.

5. Só há regime de economia familiar se a atividade especial for indispensável à subsistência do grupo familiar. É oque decorre do disposto no § 1º do inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91: “§ 1º Entende-se como regime de economiafamiliar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimentosocioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes.”

6. Durante cerca de nove anos laborando para o Município, resta evidente que a atividade rural tornou-sedispensável.

7. Logo, é inviável qualificar o autor como segurado especial. Por tal motivo, a sentença deve ser mantida por seuspróprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

8. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

44 - 0001023-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001023-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDEMIRA DAS GRACASSANTOS OLIVEIRA (ADVOGADO: ES012756 - LUCIO GIOVANNI SANTOS BIANCHI.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0001023-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001023-9/01)RECORRENTE: ALDEMIRA DAS GRACAS SANTOS OLIVEIRAADVOGADO (S): LUCIO GIOVANNI SANTOS BIANCHIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ALDEMIRA DAS GRAÇAS SANTOS OLIVEIRA, em face dasentença de fls. 103/104, que julgou parcialmente procedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença.Sustenta a recorrente: 1) que a sentença deixou de considerar que há redução de sua capacidade laborativa na função aoqual desempenhava, em virtude de doenças crônicas, degenerativas e progressivas, observando-se o elemento etário; (64anos), fatores sócio-culturais, nos quais ficou comprovado a inviabilidade prática e concreta de readequação à profissão naqual exerce; que por sua vez depende de esforços físicos, devendo ser reformada a sentença para conceder a conversãoem auxilio doença para aposentadoria por invalidez; 2) que há vários documentos (exames, laudos e receituários), queatestam que a recorrente ficou internada desde 19.01.2012 até 27.12.2012 (fl.27), impossibilitando a de exercer atividadelaborativa; 3) também requereu indenização por danos morais.

2. A autora nasceu em 08/09/1950. Sua última profissão foi de “auxiliar de escritório e faxineira autônoma”. Esteveem gozo de beneficio previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre o período: 03/04/2012 à 06/2014.

Conforme relatório de contribuição do CNIS, a autora contribuiu para a previdência social nos períodos: 03/2006 à 03/2006,04/2010 à 03/2012.

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3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação objetivando o restabelecimento do auxílio-doença NB 550.798.578-9 desde a cessação, em 26/4/2012,com conversão em aposentadoria por invalidez.

A autora recebeu auxílio-doença no período de 2/4/2012 a 26/4/2012 (fl. 85).

Antecipados os efeitos da tutela, foi restabelecido o auxílio-doença NB 550.798.578-9 (fl. 98).

O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou lesão do menisco medial do joelho direito e esquerdo,já submetida à artroscospia cirúrgica deste último, e histórico de IAM (infarto do miocárdio) submetido a revascularização(quesito 1, fl. 59). Ao exame físico relatou que a autora se apresentou andando com auxílio de uma muleta. Relatou testede Lasègue negativo, joelho sem derrame articular com amplitude dos movimentos normais e leve crepitação do joelhoesquerdo (quesito 2). Afirmou que a autora possui aptidão ortopédica para exercer a atividade habitual de faxineira(quesitos 8/9). Sugeriu avaliação com médico cardiologista (quesito 9). Atestou que a autora não pode permaneceragachada por tempo prolongado (quesito 12). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 15).

O perito cardiologista diagnosticou doença coronariana crônica e hipertensão arterial sistêmica (quesito 1, fl. 81). Afirmouque a autora não possui aptidão para exercer a atividade habitual de auxiliar de escritório, auxiliar odontóloga e faxineira(quesitos 8/9). Atestou que a autora deve evitar carregar peso (quesito 12). Concluiu que há incapacidade temporária para otrabalho (quesito 15).

Com base no segundo laudo pericial, a autora tem direito ao auxílio doença. Não tem direito à aposentadoria por invalidezporque não ficou comprovada incapacidade definitiva para o trabalho.

O segundo perito examinou a autora em 16/8/2013 (fl. 75) e se eximiu de apontar a data do início da incapacidade (quesito13). A lacuna do laudo pericial pode ser suprida por documentos que instruem a petição inicial. A autora foi submetida acirurgia cardíaca em janeiro/2012 (fl. 25). O atestado datado de 5/6/2012 relatou recuperação lenta, muita dor no tórax erecomendou dois meses de repouso (fl. 29). São admissíveis como fonte de prova complementar os atestados de médicoassistente que sejam contemporâneos ao momento do cancelamento do benefício e que revelem dados convergentes como laudo pericial. Na data do cancelamento do benefício, em 26/4/2012, a autora continuava incapacitada para o trabalho.

A autora tem direito ao restabelecimento do auxílio-doença NB 550.798.578-9 desde a cessação, em 26/4/2012.

Dispositivo

Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o auxílio-doença NB 550.798.578-9 desde acessação, em 26/4/2012....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Pedido recursal relativo a danos morais.

Não consta da inicial pedido de condenação do INSS em danos morais. Por conseguinte, configura inovação recursal opedido, formulado em recurso, de condenação do INSS a pagar indenização por danos morais.

Nesse pormenor, o recurso não deve ser conhecido.

5. Foi concedido administrativamente o benefício de auxílio-doença em 2/4/12, com data da cessação em 26/4/12,conforme fl.7. Por força da sentença, o benefício continuou a ser pago desde a sua cessação.

6. Dos documentos médicos acostados à inicial (fls.22 a 52), nenhum afirma incapacidade laboral. Um delesafirmam a necessidade de afastamento por 2 meses a contar de 5/6/12 (fls. 29); contudo, tal período foi acobertado pelopagamento do benefício previdenciário. Um dos atestados afirma que a autora esteve internada entre 27/12/11 a 6/1/12(fl.23); outro afirma que foi submetida a cirurgia em 9/1/12 (fl.25).

7. Embora seja evidente que a autora sofreu infarto, foi submetida a cirurgia e esteve internada, não há documentoparticular que afirme a configuração de incapacidade laboral; muito menos de incapacidade omniprofissional.

8. Em face do exposto, não há elementos probatórios a indicar a ocorrência de incapacidade omniprofissional. Porconseguinte, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

9. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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45 - 0000395-53.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000395-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURICIO DOS SANTOS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.PROCESSO: 0000395-53.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000395-9/01)RECORRENTE: MAURICIO DOS SANTOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S):

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto por MAURICIO DOS SANTOS, em face da sentença de fls. 46/47, quejulgou improcedente o pedido, para condenar o INSS a conceder o beneficio de auxilio doença e posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente: 1) que teve o seu direito de defesa cerceado visto não ter o perito dojuízo respondido aos questionamentos formulados à fl.44, do qual o juízo de piso julgou superado pela conclusão pericial,no sentido da inexistência de incapacidade; 2) que contrariando o laudo pericial, consta nos autos farta prova médica dandoconta que é portador de doença incapacitante, principalmente considerando idade, qualificação e profissão exercida; 3) quea sentença incorreu em violação ao direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal, pela qual deve serdeclarada nula, retornando os autos para que lhe sejam respondidos os quesitos ali destacados para que então novasentença venha a ser prolatada.2. O autor nasceu em 07/05/1957. Sua última profissão foi “auxiliar de serviços gerais.” O pedido administrativo foirealizado em 27/02/2012 (fl.06) e indeferido por não constatação de incapacidade laborativa.Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:Trata-se de ação de conhecimento proposta por Mauricio dos Santos em face do Instituto Nacional do Seguro Social –INSS, objetivando a condenação do réu à concessão do auxílio-doença, a ser convertido em aposentadoria por invalidez,com o pagamento de atrasados devidamente corrigidos, bem como indenização por danos morais.

Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9099/95), passo a decidir.

A questão de mérito controvertida, no caso dos autos, se restringe à existência de incapacidade e qualidade de seguradoque autorizem conceder à parte autora auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.

O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/1991:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 21/22 informa que o autor é portador de artrose da coluna cervical e lombarsem compressões nervosas, não havendo incapacidade laboral. Durante o exame sentou-se e levantou-se sem apoio nosmóveis. Boa mobilidade da coluna cervical e lombar sem alterações neurológicas nos membros superiores ou inferiores.Sem perda de força nas pernas e pés e com boa mobilidade das duas mãos, com calosidades. Conclui o expert que não háincapacidade, pois o autor tem boa mobilidade, sem compressões nervosas.

De se ressaltar que os documentos de fls. 11/13 permitem concluir que o autor apresenta ausência de arritmias cardíacas,tem comportamento normal da pressão arterial, resposta cronotrópica normal e o teste ergométrico foi negativo pararesposta isquêmica, até a freqüência atingida, sendo que o exame foi interrompido por dificuldade de deambular na esteira,o que é perfeitamente compreensível diante do fato de o autor apresentar encurtamento no membro inferior direito, quedifere em 1,7 cm do contralateral (fl. 07). Assim, os questionamentos formulados à fl. 44 já se encontram superados pelafirme conclusão pericial, no sentido de que inexiste incapacidade.

Verifico, assim, que o autor não comprovou a existência de incapacidade que autorize a concessão do benefício, inexistindonos autos documentos capazes de infirmar a conclusão pericial.

Desta forma, inexistindo qualquer incapacidade laboral, não faz jus a parte autora ao benefício previdenciário pleiteado nainicial.

Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos desta natureza.

Pelo exposto, julgo improcedentes os pedidos, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, na forma do artigo 269, inciso I, do Código

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de Processo Civil....Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. O autor acostou aos autos laudos e exames que constam nas fls.7/13. Em nenhum deles se afirma haverincapacidade laboral.4. O laudo pericial encontra-se suficientemente motivado. A perícia foi conduzida por médico ortopedista e somentese ateve aos problemas de ordem ortopédica. Contudo, há documentos que relatam problemas de ordem ortopédica etambém há laudo de ecocardiograma e de teste ergométrico; há no laudo de ecocardiograma algumas ressalvas. Não háclareza a respeito se o teste ergométrico foi interrompido apenas por força do problema ortopédico; ou se também o foicausado por força da limitação cardiológica apontada no laudo de ecocardiograma.5. Parece-me indispensável avaliar, sob o ponto de vista cardiológico, se o teor dos dois laudos encartados aosautos gera alguma espécie de incapacidade laborativa.6. DOU PROVIMENTO ao recurso para ANULAR a sentença, a fim de que seja realizada perícia que deverá avaliaros problemas de ordem cardiológica referidos na inicial e no laudo de ecocardiograma que a acompanha. Registro que aperícia poderá ser realizada por médico de qualquer especialidade (preferencialmente por cardiologista ou médico comespecialização em medicina do trabalho).Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

46 - 0000550-22.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000550-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x DOMINGOS DOS SANTOS (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERYLOPES.).PROCESSO: 0000550-22.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000550-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANIRECORRIDO: DOMINGOS DOS SANTOSADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 43/46, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré a conceder obenefício de aposentadoria por invalidez a partir do dia posterior à cessação do beneficio de auxílio-doença (23/03/2013),com o pagamento de atrasados que deverão ser atualizados na forma do art. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei11.960/2009. Sustenta o recorrente que o laudo elaborado pelo perito judicial, o qual analisou os exames juntados aosautos e todo o histórico do segurado, atestou que o autor não possui incapacidade para o trabalho.2. O autor (DOMINGOS DOS SANTOS) nasceu em 19/01/1959. Na petição inicial informou exercer “serviço geral”.Esteve em gozo de benefício previdenciário no período de 06/07/2010 a 22/03/2013 (fl. 7). Requereu novo benefício em05/06/2013 (fl. 06), o qual foi indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)O autor recebeu o benefício auxílio-doença no período de 06.07.2010 a 22.03.2013 (CNIS de fl. 42).A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 30/33, constatou que o autor padece de cervicalgia degenerativa. Noentanto, anotou ter observado movimento normal da coluna e sem perda de força nas pernas e pés nem alteraçõesneurológicas. Por tal razão, concluiu inexistir incapacidade.Nesse contexto, em que pese a mencionada conclusão pericial, é importante sublinhar que foi constatada a enfermidade.Faz-se necessário, assim, analisar todo o conjunto probatório constante nos autos para a formação da necessáriaconvicção.O autor possui 54 anos, sempre trabalhou em atividades braçais, e às fls. 11/20 constam laudos e exames médicos,emitidos em várias datas de 2009 a 2013, no sentido de que o autor é portador de cervicobraquialgia crônica agudizada,hérnica discal, espondilodiscoartrose lombar, enfermidades que provocam dor, paresia e parestesia associada, semmelhora com tratamento clínico. Inclusive estando o autor em uso de colar cervical. Os documentos apresentados tambémrevelam indicação cirúrgica.Notoriamente, trata-se de enfermidades degenerativas. O fato de o autor ter apresentado movimento normal da colunacervical e força motora durante a perícia não permite concluir que – portador das afetações em questão – encontra-se hábilpara o exercício das atividades braçais que lhe são afetas.Assim, diante do laudo pericial, que constata a existência da enfermidade, e dos laudos particulares acostados aos autos,considerando, ainda, a atividade habitual do autor, sua idade, e a natureza degenerativa da enfermidade, entendo que omesmo se encontra incapacitado para atividades que demandem esforço físico.Quanto à possibilidade do exercício de outras atividades, torna-se necessário avaliar as condições pessoais do segurado,como idade, nível social e educacional para verificar a real capacidade para realização de atividades laborais.

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Assim, constato também, na hipótese dos autos, a inexistência de condições razoáveis de reabilitação da parte autora parao exercício de outra atividade, tendo em vista, além da idade avançada e falta de instrução do autor, as considerações queconfirmam a patologia e o próprio tipo da doença, que não tem perspectiva de recuperação, fazendo jus, portanto, aobenefício de aposentadoria por invalidez.Nesse passo, importante ressaltar que o juiz não está adstrito ao que correlaciona a perícia e não há um liame obrigacionalentre laudo e decisão, ou seja, o exame realizado pelo expert é tão somente norteador para que o julgador forme seuconvencimento diante do conjunto probatório e dos fatos alegados pelas partes, mas não vincula o Magistrado.Nestes termos:CONSTITUCIONAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. PRELIMINAR. REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIAMÉDICA. DESNECESSIDADE. REQUISITOS LEGAIS. NÃO ADSTRIÇÃO AO LAUDO PERICIAL. HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. I - A determinação de realização de nova perícia é faculdade domagistrado com vistas à formação do seu livre convencimento motivado, não se revestindo de caráter impositivo. II - Comoa apelada é portadora de deficiência e não tem condições de prover seu próprio sustento, ou tê-lo provido por sua família,impõe-se a concessão do benefício assistencial previsto no artigo 203, V, da Constituição da República, observado odisposto nos artigos 42, 47 e 48 do Decreto 6.214/07. III - O art. 436 do Código de Processo Civil dispõe que o juiz não estáadstrito ao disposto no laudo, podendo, segundo sua livre convicção, decidir de maneira diversa. IV - A base de cálculo doshonorários advocatícios corresponde às prestações vencidas até a data em que foi proferida a r. sentença recorrida, nostermos da Súmula 111 do E. STJ, em sua nova redação, e de acordo com o entendimento da 10ª Turma desta E. Corte,mantendo-se o percentual de 10% (dez por cento). V - O benefício deve ser implantado de imediato, tendo em vista oestabelecido no art. 461, do Código de Processo Civil. VI - Preliminar rejeitada. Apelação do réu parcialmente provida.(AC 200903990134363, JUIZ SERGIO NASCIMENTO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, DJF3 CJ1 DATA: 02/09/2009 PÁGINA:1528.)Quanto à qualidade de segurado da parte postulante, verifico que a possuía, inclusive era beneficiária de auxílio doença até22.03.2013 (CNIS de fl. 42), que foi cessado indevidamente pela Autarquia, sem que o autor se encontrasse capacitadopara desenvolver sua atividade ou fosse reabilitado para o exercício de outra função que lhe assegurasse a subsistência.Por tais razões, faz jus a parte autora à concessão da aposentadoria por invalidez desde o dia posterior à cessação dobenefício de auxílio doença (23.03.2013).Convém ressaltar, por fim, que, na remota hipótese de reabilitação para outra função, o INSS deverá adotar as providênciasadequadas para a cessação da aposentadoria por invalidez, na forma do art. 47 da Lei 8213/91.Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos dessa natureza.Pelo exposto, julgo procedente com resolução de mérito, o pedido de aposentadoria por invalidez, nos termos do art. 269, Ido CPC, condenando o réu em conceder o benefício de aposentadoria por invalidez a partir do dia posterior à cessação dobenefício de auxílio doença (23.03.2013), com o pagamento de atrasados que deverão ser atualizados na forma do art. 1º Fda Lei 9494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei 11960/2009, respeitada a prescrição quinquenal. Jugoimprocedente com resolução de mérito o pedido de indenização por danos morais, nos termos do art. 269, I, do CPC.Defiro a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional ante o juízo de certeza ora formado e o perigo de dano de difícilreparação (privação de verbas de natureza alimentar) determinando a concessão do benefício a partir da competência domês de OUTUBRO DE 2013, no prazo de 20 (VINTE) dias a contar da intimação da presente decisão, sob pena deresponsabilidade, restando condicionado o pagamento dos atrasados ao trânsito em julgado da presente decisão.(...)4. O único documento médico contemporâneo ao requerimento administrativo é o laudo médico de fl. 11, datado de17/06/2013, que menciona exames de ressonância magnética de coluna cervical que mostra discopatia difusa com hérniadiscal C6C7 e C5C6 com indicação de cirurgia devido a compressão medular e tentativa de melhora dos sintomas de dor,sendo que a paciente apresenta hipotrofia de região tenar da mão esquerda e falha na apreensão com as mãos, além delombalgia crônica devido a espondilodiscoartrose lombar, conforme ressonância magnética e tomografia de 2012,constantes às fls. 12 e 14.5. A perícia foi realizada em 6/9/13. O laudo do perito judicial atesta que o autor apresenta processo degenerativoda coluna cervical e lombar sem sinais de compressão nervosa e que o autor apresentou exame de ressonância comartrose tocando a medula, mas no exame após um ano, apresenta regressão do quadro. Os exames apresentados peloautor ao perito estão relacionados no laudo, sendo a primeira ressonância da coluna cervical datada de 09/02/2009(constante à fl. 22) e a segunda, de 22/04/2010 (constante à fl. 18). Além disso, foi apresentada ressonância dosacro-cóccix, de 24/07/2012 (constante de fl. 12).6. Não obstante o laudo pericial judicial tenha concluído haver capacidade laboral, vejo que o laudo de fl.11, lavradomenos de 3 meses antes da perícia, afirmou haver indicação cirúrgica para o autor. Vale registrar que a análise do extratodo CNIS do autor revela vários vínculos com empresas de engenharia, a indicar que sua função preponderante é detrabalhador braçal.7. A patologia ortopédica existente na coluna está comprovada. Quando o autor foi submetido à perícia judicial,encontrava-se afastado do trabalho já há 3 anos, visto que recebeu auxílio-doença entre 6/7/10 e 22/3/13 (após esta data,ingressou na esfera judicial). Dentro de tal contexto, em que o autor conta com 55 anos de idade, tem comprovação depatologia ortopédica em coluna, exerce função braçal e há laudo de neurologista indicando necessidade de tratamentocirúrgico, a experiência comum indica elevado risco de retorno das crises caso o autor tenha de, novamente, exercerelevado esforço físico (e sua atividade habitual requer tal esforço).8. Dentro de tal contexto, reputo correta a diretriz adotada na sentença em determinar o restabelecimento dobenefício por incapacidade.9. Não obstante, reputo ainda não haver elementos bastantes a excluir a hipotética possibilidade de reabilitaçãopara função que não exija esforço (como a de porteiro ou outra), de modo que a aposentadoria por invalidez se me afigura

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medida prematura.10. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença apenas no que refere àcondenação do réu em pagar ao autor aposentadoria por invalidez. Deverá o INSS continuar a pagar ao autorAUXÍLIO-DOENÇA com DIB na data da DCB do benefício anterior (23/03/2013), até que o autor seja reabilitado para outrafunção compatível com a limitação ortopédica de que padece (a reabilitação deverá referir a atividade laboral que não exijaesforço).11. Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

47 - 0005699-89.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.005699-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x CLEMIUDO MORAIS DE LIMA (ADVOGADO:ES010829 - ALEXANDRE BRUNELLI COSTA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES008207 - ANA MARIAPOLITANO SANTANA.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0005699-89.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.005699-1/01)RECORRENTE: CLEMIUDO MORAIS DE LIMAADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUS, ALEXANDRE BRUNELLI COSTA, ANA MARIA POLITANO SANTANA,MARCELO MATEDI ALVESRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recursos inominados interpostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS (fls.162/167) e pelo autor (fls. 181/187) em face da sentença de fls. 155/157 e 175, que julgou parcialmente procedente opedido veiculado na inicial, condenando a autarquia-ré a restabelecer em favor do autor o benefício de auxílio-doençadesde 18/05/2011, data da cessação indevida. Sustenta o INSS que o perito, mesmo diante de todos os laudos médicospresentes nos autos, informou não ser possível concluir pela incapacidade da parte autora no período anterior à data darealização da perícia judicial. Alega que os atestados particulares não possuem valor probatório. Pede a reforma dasentença, para fixar a data de início do benefício em 27/11/2012, data da perícia judicial. O autor, por sua vez, requer acondenação do INSS ao pagamento de indenização por danos morais, uma vez que permaneceu por mais de 24 mesesincapacitado e sem qualquer renda, desde 18/05/2011 até 25/09/2013.2. O autor (CLEMIUDO MORAIS DE LIMA) nasceu em 11/06/1967. Na petição inicial e ao perito informou sermotorista. Esteve em gozo de auxílio-doença no período de 20/05/2010 a 18/05/2011 (fl. 38). Requereu novo benefício em09/06/2011 (fl. 39), em 06/09/2011 (fl. 45) e em 22/12/2011 (fl. 46), o qual foi indeferido sempre pela não constatação deincapacidade laborativa.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Na presente demanda, a incapacidade ficou comprovada através da prova pericial (laudos às folhas 87/92 e 139/146), vistoque o perito foi taxativo ao constatar que a parte autora apresenta incapacidade parcial e definitiva para a atividade habitualde motorista profissional, em virtude de ser portador de “baixa visual moderada em olho esquerdo e hemianopsia temporal(déficit de campo visual esquerdo) em olho esquerdo”. Ressalta, entretanto, que a acuidade visual binocular e o campovisual do autor permitem que seja feita reabilitação para atividades como auxiliar de serviços gerais, auxiliar dealmoxarifado, bombeiro hidráulico, eletricista, auxiliar administrativo, jardinagem e outras.De acordo com os dados extraídos do CNIS – fl. 108 –, a parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença de 20/05/2010a 18/05/2011 (NB 541.012.419-3) sob diagnóstico de “Traumatismo Intracraniano (CID S06)”. Contudo, não há nos autoscomprovação de que tenha participado de programa de reabilitação profissional durante o período em que ficou em gozo debeneficio por incapacidade.Ainda que a razão da concessão do benefício previdenciário não tenha decorrido da lesão que o incapacita atualmente,segundo o laudo pericial do Departamento Médico Legal da Polícia Civil (fl. 28), o autor apresenta “debilidade permanenteda visão, amnésia anterógrada e síndrome vestibular” com enfermidade incurável. No mesmo sentido concluiu o peritojudicial ao verificar que o autor apresenta lesão média, irreversível e, consequentemente, definitiva. Desse modo, o autorfaz jus ao benefício de auxílio-doença desde 18/05/2011, por ter mantido a incapacidade sem, no entanto, passar porreabilitação profissional.Assim, a parte autora deverá ser reabilitada para o desempenho de atividade trabalhista condizente com as suas limitações,proporcionando-lhe a Autarquia-ré um processo de reabilitação profissional, consoante previsão do artigo 62 da Lei8.213/91 que assim dispõe:O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se aprocesso de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado comohabilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável,for aposentado por invalidez.Neste diapasão, pelas conclusões apresentadas no laudo pericial, corroboradas pelos laudos médicos particulares juntadosaos autos, nota-se a presença dos requisitos legais exigidos para o restabelecimento do auxílio-doença desde a data dacessação indevida, em 18/05/2011, devendo o referido benefício se estender até a conclusão do processo de reabilitaçãoprofissional para outra atividade laboral que garanta subsistência à parte autora. De outro lado, não procede pedido deaposentadoria por invalidez, visto que não constatada a existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho.DISPOSITIVOAnte o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos, para condenar o INSS a restabelecer em favor do

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autor o benefício de auxílio-doença (NB 541.012.419-3) desde 18/05/2011 (data da cessação indevida). Deverá aAutarquia-ré proporcionar ao autor um processo de reabilitação profissional para o desempenho de atividade condizentecom as limitações sofridas.Como a tutela antecipada, por se tratar de instrumento de cognição não exauriente, pode ser deferida a qualquer tempo,concedo o provimento de urgência em relação à obrigação de fazer, para que o INSS, no prazo de 15 (quinze) dias,proceda à implantação do benefício ao demandante, sob pena de incidência de multa de R$ 50,00 (cinqüenta reais) por diade atraso.Condeno o INSS, ainda, ao pagamento das parcelas vencidas, com correção monetária pela Tabela de Precatórios daJustiça Federal e juros de mora de 1%, desde a citação, devendo ser respeitado o teto fixado para este Juizado e aprescrição quinquenal.Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art. 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei n.º 10.259/01.P.R.I.Em embargos de declaração, a sentença foi alterada para dela constar, como parte da fundamentação a seguinte redação:“No que tange ao pedido de danos morais, inexiste nos autos comprovação de eventual dano sofrido pela parte autora. Omero indeferimento de benefício pelo INSS não induz, por si só, a responsabilidade de indenizar. Não há qualquer indício deabuso ou ilegalidade no caso em questão. Desde modo, estando a atuação da Autarquia ré de acordo com o ordenamentojurídico, não há falar em dano morais.”4. Sem razão os recorrentes. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está emconsonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.5. Registre-se que o documento de fl. 28 (laudo emitido por medico perito do Departamento Médico Legal da PolíciaCivil), mencionado na sentença, confirma que a doença atestada pelo perito judicial já se encontrava presente em todo operíodo inserido na condenação, suprindo a falta de conclusão do perito sobre o referido período.6. RECURSOS DO INSS E DO AUTOR CONHECIDOS E IMPROVIDOS. Sentença mantida.Sem custas. Sem condenação dos recorrentes vencidos em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbênciarecursal recíproca (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c art. 21 do CPC).É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

48 - 0000432-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000432-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LINDAURA STEIN BERMUDE(ADVOGADO: ES016574 - GETULIO JOSE MACHADO JUNIOR, ES008883 - EMERSON ENDLICH ARARIPE MELO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0000432-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000432-9/01)RECORRENTE: LINDAURA STEIN BERMUDEADVOGADO (S): EMERSON ENDLICH ARARIPE MELO, GETULIO JOSE MACHADO JUNIORRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por LINDAURA STEIN BERMUDE em face da sentença de fls. 67/68,que julgou improcedente o pedido de concessão do beneficio de auxilio doença. Sustenta a recorrente que já tinha a doençaem 2004, porém esta não era grave e incapacitante como se apresentou em 2009, e que somente com a evolução dadoença é que a recorrente iniciou o seu tratamento médico há 03 anos, para combatê-la, conforme atesta o Perito em laudopericial, quesito de nº 13.

2. A autora nasceu em 21/05/1949 e informou ao perito que exerce atividades do lar (segurada facultativa – fl. 13).Iniciou as contribuições para o RGPS, conforme consulta ao Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS, em maio de2007. Requereu a concessão de auxílio-doença em 14/12/2009, tendo sido indeferido em razão da não comprovação daqualidade de segurado (fl. 15).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

(...)Exerce ou exercia o autor, conforme relatado, a função de dona de casa, contando atualmente 63 anos de idade, sofrendode problemas articulares.

Realizada perícia judicial foi constatada sua incapacidade parcial.

Todavia, dispõe o art. 59, parágrafo único, bem como o art. 42, § 2º, da lei 8213/91, que os referidos benefícios não serãodevidos se quando da filiação, o segurado já for portador da doença ou lesão invocada como causa para sua concessão:

“Art. 42. §2º. A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social nãolhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ouagravamento dessa doença ou lesão.

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Art. 59. Parágrafo Único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral da Previdência Socialjá portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier pormotivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão”.

Pelos documentos acostados aos autos, verifico que a parte autora ingressou no RGPS em 2007.

Contudo, pelos documentos juntados aos autos, seus graves problemas de saúde foram detectados, no mínimo, a partir de2004, quando foi, inclusive, diagnosticado o LUPUS, doença degenerativa Assim, seus problemas de saúde vêm desdeantes de sua nova filiação, e anteriores ao requerimento administrativo.

Assim, embora portadora de incapacidade para o trabalho, quando a parte autora se filiou RGPS e atingiu a carêncianecessária ao benefício já era portadora da doença/incapacidade, não fazendo jus, portanto, ao benefício ora pleiteado.

Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.

(...)

4. A perícia judicial, realizada em 13/08/2012, constatou, conforme resposta ao quesito nº 13, que a periciada estáem tratamento com reumatologista a (sic) 3 anos e sua incapacidade pode ser estimada em mais de 12 meses. O peritonão afirma - nem nega - em nenhum momento que a autora estivesse incapaz desde o início do tratamento, mas apenasestima que a incapacidade tenha se iniciado mais de 12 meses antes da perícia. Note-se que o perito menciona, no quesito16, que a deformidade das pernas provavelmente já existia antes e foi piorada pelo processo inflamatório crônico, nãodeixando dúvidas de que a incapacidade decorre da piora do quadro inflamatório, não existindo desde o início da doença.

5. O diagnóstico de lúpus, ao contrário do que se entendeu na sentença, não pode ser considerado como indicativode incapacidade, pois esta só se verifica em decorrência do desenvolvimento de algum sintoma grave da doença, que tempor característica a eventualidade e instabilidade dos sintomas.

6. Os laudos das perícias administrativas de fls. 59, 61 e 62 relatam o histórico da doença, mencionando examesde raio x dos joelhos, realizados em 22/03/2002, 17/04/2004, 25/08/2006 e 08/06/2009, sendo nítido o progresso da doençaverificado no último exame em relação aos anteriores. Enquanto o exame realizado em 2009 evidenciava sinais degonartrose bilateral severa, caracterizada por extensas formações osteofiticas marginais, cistos subcondrais e pinçamentoda fenda e esclerose das superfícies articulares, o exame realizado em 2004 – considerado pela perícia administrativacomo demonstrativo do início da incapacidade – evidenciava acentuada gonartrose notadamente nos compartimentosfemoro-tibial medial e femoro-patelar.

7. O laudo médico particular de fl. 17, emitido em 08/07/2009 por médica reumatologista, atesta osteoartroseavançada em joelhos grau III – IV, já com indicação de correçãocirúrgica. O perito judicial, também reumatologista, concluiuno mesmo sentido de existir indicação de cirurgia para correção da deformidade das pernas, mencionando, como játranscrito no item 4 acima, o processo inflamatório crônico. Note-se que o perito afirma, no quesito 4, a irreversibilidade dadestruição da cartilagem articular pela doença, pelo que improvável que tenha havido melhora dos sintomas no períododecorrido entre 07/2009 e 08/2012.

8. Conquanto o perito não afirme que a incapacidade já havia se iniciado na data do requerimento, também nãonega tal fato, aduzindo apenas que a incapacidade já se iniciara mais de um ano antes da perícia. A falta de indicaçãoexata, pelo perito judicial, da data de início da incapacidade está suprida pelo laudo de fl. 17, com igual diagnóstico eindicação cirúrgica.

9. Não há dúvida quanto à qualidade de segurada da autora na data de início da incapacidade, em 08/07/2009(data do laudo médico de fl. 17), uma vez que ingressou no Regime Geral de Previdência Social em 05/2007, pelo quemerece reforma a sentença.

10. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar procedente o pedido,condenando o INSS a conceder à autora o benefício de auxílio-doença com DIB em 08/07/2009 (DER), bem como a pagaras parcelas vencidas.

ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL, para determinar ao INSS que IMPLEMENTE o benefício no prazode trinta (30) dias, a contar da intimação deste acórdão.

INTIME-SE A APSDJ.

Os valores atrasados deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correçãomonetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conformeentendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014).

Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

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Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

49 - 0002126-24.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002126-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SANTINA CARVALHOMARTINS (ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).PROCESSO: 0002126-24.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002126-2/01)RECORRENTE: SANTINA CARVALHO MARTINSADVOGADO (S): Lauriane Real Cereza, Valber Cruz CerezaRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por SANTINA CARVALHO MARTINS em face da sentença de fls. 56/57, quejulgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença, bem como a conversão em aposentadoria porinvalidez, pois não foi constatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta nulidade da sentença, pois a realização daperícia do juízo por especialista condizente com a patologia do autor é condição de validade do ato. Alega ainda que o laudoé lacônico por responder objetivamente os quesitos, o que dificulta a análise do pleito.

A autora, qualificada como marisqueira na inicial, tem atualmente 57 anos de idade. Requereu o benefício de auxílio-doençaem 28/06/2011, indeferido em 03/09/2011 por ausência de incapacidade para o trabalho (fl. 24).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos:

Laudo médico, em 16/04/2008, relata paciente portadora de câncer de mama, submetida à mastectomia radical, seguida dequimioterapia, com limitação dos movimentos e da força em membro superior direito (fl. 23);Laudo médico, em 21/06/2011, atesta quadro psiquiátrico de depressão ansiosa, preocupações excessivas, crises deangústia, prejuízos cognitivos da coordenação sensorial e motora, agravado com o câncer de mama e mastectomia,pensamentos obsessivos e comportamento compulsivo (conferência e limpeza) e dor crônica; sem melhora com tratamentousual, sem condição mental para desempenho das atividades laborativas por característica própria da doença (fl. 19).

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

SANTINA CARVALHO MARTINS moveu ação, com pedido de tutela antecipada, em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a concessão do benefício de auxílio doença e sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez.(...)Segundo constam nos autos (fls. 24), a Autora não teve concedido administrativamente o benefício pleiteado em28/06/2011, em virtude da ausência de constatação de incapacidade para o trabalho ou atividade habitual.A perícia médica realizada judicialmente (fls. 48 e 49) constatou que a parte autora é portadora de seqüela de neoplasia demama e artrose em coluna cervical e lombar (resposta ao quesito nº 1 do INSS) que, no entanto, não a incapacita paraexercer suas atividades laborais (respostas aos quesitos do INSS).O laudo pericial foi conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa da parte autora, e sendo o mesmo, em princípio,imparcial, há de prevalecer sobre os particulares, apresentados unilateralmente, nos termos do Enunciado nº 08, da TurmaRecursal do Estado do Espírito Santo.Como não foi constatada pelo perito a existência de patologia que impeça o exercício da atividade laborativa da parteautora, sua pretensão não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, impondo-se a improcedência do pedido.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial.(...)P.R.I.

Na análise pericial do Juízo (fls. 48/49), realizada em 30/11/2012 por médico do trabalho, a autora foi examinada ediagnosticada com seqüela de neoplasia de mama e artrose em coluna cervical e lombar, porém concluindo, porém pelaausência de incapacidade para a atividade habitual. Esclareceu o perito que a autora nega ser pescadora, afirmando ser “dolar”. Compareceu ao exame lúcida, orientada, marcha atípica, mastectomia radical em mama direita sem edema emmembro superior direito, ausência de atrofias musculares em membros, ausência de sinais de compressão de raízesnervosas, não faz quimioterapia desde 2006.

O laudo pericial encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não vejo como, à luz do teor dos laudos particulares que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.

No que se refere à exigência de médico especialista para a realização da perícia do juízo, a TNU sufraga o entendimento deque só se faz necessário em casos especiais e de maior gravidade, a exemplo, de doenças raras, o que não se verifica nopresente caso (Precedentes PEDILEF 200872510048413, 200872510018627, 200872510031462).

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Quanto ao mais, mantém-se a sentença por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciáriagratuita (fls. 35/36). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

50 - 0003225-32.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003225-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE LUIZ COSTA(ADVOGADO: ES011373 - DIOGO ASSAD BOECHAT, ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS, ES016849 -DANIEL ASSAD GALVÊAS, ES014183 - MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD, ES014951 - LUIZA MARTINS DE ASSISSILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0003225-32.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003225-1/01)RECORRENTE: JOSE LUIZ COSTAADVOGADO (S): DIOGO ASSAD BOECHAT, RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS, LUIZA MARTINS DE ASSISSILVA, MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD, DANIEL ASSAD GALVÊASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo semresolução do mérito, tendo em vista a ausência de interesse de agir superveniente, decorrente da revisão administrativa dobenefício previdenciário da parte autora, com previsão de pagamento dos atrasados para janeiro de 2013 (sentençaproferida em 21/03/2012). Alega o recorrente que o INSS não efetuou o pagamento dos valores decorrentes da revisão,mas apenas agendou o pagamento para janeiro de 2013, sem nenhuma correção e/ou juros, e que o recorrente sequer foiintimado para dizer se concorda ou não com os valores apresentados pelo INSS e se adere ou não ao acordo proposto naação civil pública. Sustenta que não está disposto a aderir ao acordo, podendo ajuizar ação autônoma e não havendolitispendência entre ação individual e ação civil pública. Requer (i) a reforma da sentença julgando-se procedente o pedido,majorando assim o valor atual do benefício; (ii) a nulidade da sentença por violação aos princípios do contraditório e daampla defesa, oportunizando-se a manifestação sobre os valores apresentados pelo INSS.

2. Em tese, o reconhecimento do pedido principal na esfera administrativa não é suficiente para afastar ointeresse de agir quanto ao pedido de pagamento das diferenças devidas. Ocorre que a previsão de pagamento parajaneiro de 2013 se deu em cronograma estabelecido em acordo judicial nos autos de ação coletiva (Ação Civil Pública nº00049112820114036183), o que garante a realização do pagamento. À época da prolação da sentença (março de 2012) adata prevista para pagamento estava razoavelmente próxima, considerando que o pagamento na via judicial depende dotrânsito em julgado da sentença e da expedição de ofício requisitório, com prazo de sessenta dias.

3. De qualquer forma, decorridos mais de dois anos da data prevista para o pagamento, não faria sentidoa reforma da sentença, eis que consolidada a ausência de interesse de agir superveniente.

4. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

5. Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistênciajudiciária gratuita, ora deferido.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

51 - 0000993-72.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000993-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x JOSE NELSON SCOPEL PERINI(ADVOGADO: ES005124 - GRACELIA MARIA CONTE.).PROCESSO: 0000993-72.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000993-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): EUGENIO CANTARINO NICOLAURECORRIDO: JOSE NELSON SCOPEL PERINIADVOGADO (S): GRACELIA MARIA CONTE

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido para condená-lo

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a revisar o benefício previdenciário da parte autora, apurando nova renda mensal, calculada com base no novo tetoprevidenciário fixado, devendo ser considerados os cálculos primitivos para fins de reajuste, bem como a pagar asdiferenças devidas, respeitada a prescrição quinquenal e o teto fixado para o Juizado. Alega o recorrente a decadência dodireito postulado, eis que a aposentadoria por invalidez recebida pela parte autora é decorrente da conversão deauxílio-doença concedido em 28/04/2000, mais de 10 anos antes do ajuizamento da ação. Diz que, de acordo com aconsulta feita ao sistema da Previdência social foi verificado que a parte autora não tem direito à revisão pelas EmendasConstitucionais nº 20/1998 e 41/2003. Sustenta que o acolhimento da pretensão do autor implica em violação ao art. 5º,XXXVI da Constituição Federal, na medida em que se aplicaria retroativamente as emendas constitucionais aos benefíciosconcedidos antes de sua vigência, ferindo o direito adquirido e o ato jurídico perfeito, além do próprio artigo 14 e 5º,respectivamente, das referidas emendas. Sustenta, ainda, violação ao art. 7º, IV, parte final, da CF/88, na medida em queretrataria a manutenção de paridade com o salário mínimo por via oblíqua, bem como implicaria a majoração do valor deum benefício sem a correspondente indicação da fonte de custeio, ao revés do que exige o art. 195, § 5º da CF/88. Invoca oprincípio da isonomia e ressalta, por fim, que no cálculo dos atrasados deverá ser observado o limite de competência dojuizado especial federal.

Conforme artigo 103 da Lei nº 8.213/91, é de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação dosegurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo. Como se depreende da literalidade do dispositivo, o prazo decadencial atinge apenas arevisão do ato de concessão do benefício.

3. No presente caso, a parte autora pretende a revisão da renda mensal do benefício (RMB) a partir da vigência donovo teto fixado pela Emenda Constitucional nº 41/2003, o que não configura revisão do ato concessório do benefício, quepermanecerá inalterado, mesmo se procedente a pretensão autoral. Não há, portanto, que se aplicar o prazo decadencialprevisto no referido dispositivo legal ao pedido formulado na presente ação. Nesse sentido o Enunciado nº 66 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro:

O pedido de revisão para a adequação do valor do benefício previdenciário aos tetos estabelecidos pelas EC 20/98 e 41/03constitui pretensão de reajuste de Renda Mensal e não de revisão de RMI (Renda Mensal Inicial), pelo que não se aplica oprazo decadencial de 10 anos do artigo 103 da Lei 8213, mas apenas o prazo prescricional das parcelas.

4. O Plenário do Egrégio Supremo Tribunal Federal, em 08/09/2010, após reconhecida a repercussão geral damatéria, negou provimento ao recurso extraordinário interposto pelo INSS, contra decisão que permitiu a aplicação do novoteto para aposentadoria, previsto na EC nº. 20/98, ao benefício concedido antes de sua vigência. Assim entendeu o Plenáriodo STF:

EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOSBENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DAALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICOPERFEITO. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OFENSA AOPRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.1. Há pelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituiçãoda República demanda interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira respeita ao exercício do controle deconstitucionalidade das normas, pois não se declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem antesentendê-la; a segunda, que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção ao ato jurídico perfeito contralei superveniente, pois a solução de controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas emconflito e determinados os seus alcances para se dizer da existência ou ausência da retroatividade constitucionalmentevedada.2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º daEmenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdênciaestabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional.3. Negado provimento ao recurso extraordinário. (RE 564.354/SE).

4. A decisão do STF afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superou qualquer questionamento sobrea constitucionalidade da aplicação imediata do novo teto aos benefícios concedidos anteriormente à EmendaConstitucional, razão por que reputo como inexistente qualquer violação aos dispositivos constitucionais ventilados norecurso.

6. No julgamento do citado RE, a relatora Carmem Lúcia deixou claro que a pretensão do autor/recorrido era demanter seus reajustes de acordo com índices oficiais, conforme determinado em lei, sendo possível que, por força dessesreajustes, seja ultrapassado o antigo “teto”, respeitando, por óbvio, o novo valor introduzido pelas Emendas. Cita, ainda,para fins de elucidação do caso, trecho do voto condutor do acórdão recorrido, que segue:

“Assim, uma vez alterado o valor limite dos benefícios da Previdência Social, o novo valor deverá ser aplicado sobre omesmo salário de benefício calculado quando da sua concessão, com os devidos reajustes legais, a fim de se determinar anova RMB que passará a perceber o segurado. Trata-se, sim, de manter o mesmo salário-de-benefício calculado quandoda concessão do benefício, só que agora lhe aplicando o novo limitador dos benefícios do RGPS”.

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7. Sendo assim, o direito à revisão do benefício em face das majorações do teto previstas nas EmendasConstitucionais 20/98 e 41/03, só assiste àqueles cujos salários de benefício, atualizados até a entrada em vigor dasreferidas emendas, ultrapassam os novos tetos. Pelo entendimento firmado pelo STF, sempre que for fixado novo tetoprevidenciário, o salário de benefício de valor igual ou superior ao teto vigente na data da concessão do benefício deveráser atualizado até a entrada em vigor do novo teto, e caso permaneça igual ou superior a este, haverá direito à revisão dobenefício.

8. No presente caso, o salário de benefício (R$ 1.325,08) calculado à época da concessão do auxílio-doença queprecedeu a aposentadoria por invalidez da parte autora foi limitado ao teto então vigente (R$ 1.255,32), como se verifica àsfls. 11/13, pelo que faz jus ao novo teto fixado na Emenda Constitucional nº 41/2003.

9. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Sem custas. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% sobre o valor das prestaçõesvencidas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

52 - 0001387-17.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001387-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACIR BRAZ (ADVOGADO:ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).PROCESSO: 0001387-17.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.001387-7/01)RECORRENTE: MOACIR BRAZADVOGADO (S): Lauriane Real Cereza, Valber Cruz CerezaRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por MOACIR BRAZ em face da sentença de fls. 50/52, que julgou improcedente opedido de concessão do benefício de auxílio-doença, bem como a conversão em aposentadoria por invalidez, pois não foiconstatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta nulidade da sentença, pois a realização da perícia do juízo porespecialista condizente com a patologia do autor é condição de validade do ato. Alega ainda que o laudo é lacônico porresponder objetivamente os quesitos, o que dificulta a análise do pleito. Preliminarmente, pretende seja acolhido o pedidode desistência formulado no juízo de origem e no mérito pretende a anulação da sentença.

O autor, qualificado como marteleteiro, tem atualmente 57 anos de idade. Percebeu auxílio-doença nos períodos de15/10/2007 a 15/12/2008 e de 26/02/2009 a 23/06/2009 (fls. 71/72). Requereu novamente o benefício de auxílio-doença em24/07/2009, indeferido em 31/08/2009 por ausência de incapacidade para o trabalho (fl. 12).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos: (i) laudo médico, em 16/03/2009, relata paciente com queixas dezumbido, disacusia e tonturas; audiometria demonstra perda neurossensorial bilateral moderada (fl. 13); (ii) laudos médicos,emitidos em 29/9/2011 (fl.14), o qual conclui que, no momento, estava descompensado metabolicamente.

Na análise pericial do Juízo (fls. 40/41), realizada em 21/06/2013 por médico do trabalho, o autor foi examinado ediagnosticado com diabetes mellitus tipo 2 e dislipidemia mista, porém concluindo, porém pela ausência de incapacidadepara a atividade habitual.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

MOACIR BRAZ moveu ação, com pedido de tutela antecipada, em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL– INSS, objetivando a concessão do benefício de auxílio doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Verifico, inicialmente, que a parte autora juntou petição em que requer a extinção do processo por desistência da ação.Requerimentos como os do caso em comento estavam sendo homologados por este juízo, considerando os princípios queregem os juizados especiais federais.Todavia, tenho recebido notícia de partes que estão se valendo disto como manobra (de ética duvidosa) para ajuizamentode nova ação perante outros juízos ou mesmo para renovar a propositura de demanda perante este juizado especial,quando se deparam com um laudo pericial que constata a capacidade da parte para o exercício de suas atividadeslaborativas.Trata-se de artifício com vistas a obter fim não visado pela lei, com o qual o Poder Judiciário não pode coadunar.A “estratégia” utilizada por alguns gera a multiplicação de processos, elevados gastos ao erário com perícias judiciais emdobro, além de horas de trabalho de juízes, servidores, estagiários e procuradores, que ao fim representa altos custos coma tramitação de ações com o mesmo objeto perante juízos diversos. Como se isso não bastasse, ainda traz prejuízos àceleridade das demais ações, já que sobrecarrega o judiciário com novas ações que não deveriam existir.Não se quer dizer que este é o caso da parte autora deste processo. Todavia, o tratamento deve ser o mesmo para todos,

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antes mesmo que a situação ocorra.Ademais, o processo está completamente maduro para a prolação de sentença, inclusive com realização de prova pericial,ao passo que a homologação da desistência neste momento não lhe gera nenhuma utilidade. Sempre que possível,deve-se privilegiar o enfrentamento do mérito, como forma de solução definitiva das lides e pacificação social.As ações de aposentadoria por invalidez e auxílio-doença já se repetem com relação a períodos diversos em razão de suanatureza, e o julgamento do mérito propriamente dito permite o sepultamento de questões que não devem se perpetuar portempo indevido, com inúmeras lides em juízos diversos.Dessa forma, revejo o posicionamento anteriormente adotado e deixo de homologar o pedido de desistência da ação,passando à análise do mérito propriamente dito.(...)A perícia médica realizada judicialmente (fls. 40/41) constatou que a parte autora é portadora de diabetes mellitus edislipidemia (resposta ao quesito nº 1 do INSS) que, no entanto, não a incapacita para o trabalho (respostas aos quesitos doINSS).O laudo pericial foi conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa da parte autora, e sendo o mesmo, em princípio,imparcial, há de prevalecer sobre os particulares, apresentados unilateralmente, nos termos do Enunciado nº 08, da TurmaRecursal do Estado do Espírito Santo.Como não foi constatada pelo perito a existência de patologia que impeça o exercício da atividade laborativa da parteautora, sua pretensão não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, impondo-se a improcedência do pedido.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial....P.R.I.

Pedido de desistência. Nos termos do Enunciado 90 do FONAJE, “a desistência do autor, mesmo sem anuência do réu jácitado, implicará a extinção do processo sem julgamento do mérito, ainda que tal ato se dê em audiência de julgamento”(Fórum Nacional dos Juizados Especiais Cíveis, XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ). Contudo, a sentença declinou a razãopela qual não processou o pedido de desistência; e são razões hábeis a determinar, no caso concreto, a não incidência doreferido enunciado. Uma vez que o entendimento adotado pelo FONAJE, no caso concreto, provocaria provável repetiçãode demandas, deve ser encampada a diretriz adotada pelo Juízo a quo ao indeferir o pedido de desistência.

O laudo SABI de fl. 29, elaborado pelo perito do INSS em 31/08/2009 no ato do indeferimento administrativo do benefícionão menciona elemento que caracterize incapacidade. Segundo o perito, ao exame físico, o autor apresentou-se em bomestado geral, lúcido, orientado, calmo, sem sinais de alterações do humor ou do comportamento, deambulandonormalmente, sem alterações do equilíbrio dinâmico, teste do equilíbrio estático negativo, PA: 140x90, ausência de edemanos membros inferiores, sem alterações tróficas em pele de membros inferiores, pulsos pediosos palpáveis, simétricos.

O laudo do juízo encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não vejo como, à luz do teor dos laudos particulares que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.

No que se refere à exigência de médico especialista para a realização da perícia do juízo, a TNU sufraga o entendimento deque só se faz necessário em casos especiais e de maior gravidade, a exemplo, de doenças raras, o que não se verifica nopresente caso (Precedentes PEDILEF 200872510048413, 200872510018627, 200872510031462).

Quanto ao mais, mantém-se a sentença por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciáriagratuita (fls. 36/37). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

53 - 0002284-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002284-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILMAR COSTA(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0002284-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002284-9/01)RECORRENTE: GILMAR COSTAADVOGADO (S): CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVILRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

V O T O - E M E N T A

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PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. RECURSO PROVIDO PARA ANULAR A SENTENÇA.

Trata-se de recurso inominado interposto por GILMAR COSTA em face da sentença de fls. 78/80, que julgou improcedenteo pedido de concessão do benefício de auxílio-doença, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez, pois nãofoi constatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta que a sentença baseou-se apenas no laudo pericial do juízo,sem, contudo considerar os laudos particulares. Aduz a necessidade de realização de nova perícia com especialista emortopedia.

O autor, qualificado como técnico de manutenção de ônibus rodoviário, tem atualmente 51 anos de idade. Requereuauxílio-doença em 14/06/2012, indeferido por ausência de incapacidade (fl. 11).

A petição inicial referiu-se às seguintes patologias: hérnia discal e cervical, hipertensão arterial grave, osteoartrose lombar,insuficiência miocárdica e cardíaca.

Na análise pericial do Juízo (fls. 58/60), realizada em 12/08/2013 por médico neurologista, o autor foi examinado ediagnosticado com osteoartrose de coluna lombar e cervical, concluindo, porém pela ausência de incapacidade para otrabalho.

A perícia realizada se restringiu ao aspecto neurológico, como se evidencia da resposta aos quesitos. Ou seja, analisou-sese os problemas de coluna vertebral geravam ou não incapacidade laboral.

Em suma, a inicial referiu-se a patologias da coluna vertebral e cardíacas, sendo que a perícia apenas analisou uma delas.

Nada obsta que apenas um perito analise patologias estudadas por especialidade médica distinta da sua. Contudo, no casoconcreto o perito restringiu a sua análise a apenas uma parcela do objeto da lide (as patologias na coluna vertebral), demodo que, não sendo determinada a realização de nova perícia para analisar as demais patologias, houve cerceamento dedefesa.

Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para anular a sentença, a fim de que o Juízo a quo reabra a fase instrutória,com a designação de perícia médica para analisar as patologias indicadas na fl.2, primeiro parágrafo, à exceção daosteoartrose lombar, que já foi objeto de análise pericial.

Registro que não há necessidade de que o médico designado seja especialista em cardiologia.

Sem condenação em honorários e custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

54 - 0105636-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105636-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) Maria Augusta Dal'Col VonDoelinger (ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS,ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0105636-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105636-3/01)RECORRENTE: Maria Augusta Dal'Col Von DoelingerADVOGADO (S): IZAEL DE MELLO REZENDE, ANA MERCEDES MILANEZ, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOSSANTOS, SARITA DO NASCIMENTO FREITASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. RECURSO PROVIDO PARA ANULAR A SENTENÇA.

Trata-se de recurso inominado interposto por MARIA AUGUSTA DAL’COL VON DOELINGER em face da sentença de fls.175/177, que julgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com posterior conversãoem aposentadoria por invalidez, pois não foi constatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta a nulidade dasentença, pois a autora foi examinada somente por médico especialista em neurocirurgia, não obstante existir doençasrespiratórias e psiquiátricas. Pretende a anulação da sentença para que seja realizada nova perícia nas especialidadespsiquiatria e pneumologia.

A autora, qualificada como empregada doméstica, tem atualmente 53 anos de idade. Esteve em gozo de auxílio-doençanos períodos de 30/12/2009 a 22/03/2011 e de 18/05/2011 a 23/12/2011 (fl. 170).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos emitidos após a cessação do benefício:

Tomografia computadorizada da coluna lombo-sacra, em 13/08/2013 (fl. 46) evidencia osteopenia difusa, desvio rotacional

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para a esquerda de L3 sobre L4, determinando discreta escoliose, destacando complexo disco-osteofitário posterior,comprimindo a face ventral do saco dural (fl. 46);Densitometria óssea, em 01/02/2013, que imprime indicativo de osteoporose (fl. 47);Laudos médicos (pós-operatório), em 21/06/2010, 27/06/2013, 25/07/2013 e 03/10/2013 atestam incapacidade paratrabalhar com pesos, esforço físico intenso, levantamento de cargas e pesos, posturas inadequadas, ritmo intenso, jornadasprolongadas, monotonia e repetição de movimentos da coluna lombar (fls. 132/137);Laudo médico, em 25/06/2013 atesta paciente com alergia respiratória e sem condições de trabalhar (fl. 131);Laudo médico, em 25/06/2013, revela quadro depressivo-ansioso e sem condições de retornar ao trabalho (fl. 130).

Na análise pericial do Juízo (fls. 155/157), realizada em 04/11/2013 por médico neurocirurgião, a autora foi examinada ediagnosticada com osteoartrose de coluna lombar, porém concluindo, pela ausência de incapacidade para a atividadehabitual.

A perícia realizada se restringiu ao aspecto neurológico, como se evidencia da resposta aos quesitos. Ou seja, analisou-sese os problemas de coluna vertebral geravam ou não incapacidade laboral.

Contudo, a inicial referiu-se não apenas a problemas de coluna, mas também a problemas de asma e depressão (fl.2,último parágrafo). Anexou atestados médicos alusivos a tais patologias (fls.130/131).

Em suma, a inicial referiu-se a três patologias relativas a especialidades médicas distintas, sendo que a perícia apenasanalisou uma delas.

Nada obsta que apenas um perito analise patologias estudadas por especialidade médica distinta da sua. Contudo, no casoconcreto o perito restringiu a sua análise a apenas uma parcela do objeto da lide (as patologias na coluna vertebral), demodo que, não sendo determinada a realização de nova perícia para analisar as demais patologias, houve cerceamento dedefesa.

Os recolhimentos esporádicos que a autora fez, como contribuinte individual, não são suficientes para, por si sós,demonstrar inexistência de estado incapacitante.

DOU PROVIMENTO ao recurso para anular a sentença, a fim de que o Juízo a quo reabra a fase instrutória, com adesignação de perícia médica para analisar as patologias referidas na fl. 2, último parágrafo.

Registro que poderá ser designado apenas um perito para analisar ambas as patologias (psiquiátrica e alérgica); ou poderáser designada mais de uma, a critério do Juízo a quo.

Sem condenação em honorários e custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

55 - 0001089-59.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001089-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ADMAR LOURENÇO(ADVOGADO: ES015319 - Olga Paula Alves.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0001089-59.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001089-6/01)RECORRENTE: JOSE ADMAR LOURENÇOADVOGADO (S): Olga Paula AlvesRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE.

Trata-se de recurso inominado interposto por JOSÉ ADMAR LOURENÇO em face da sentença de fls. 66/67, que julgouimprocedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, pois não constatada incapacidade pela períciado Juízo. Sustenta que a sentença baseou-se apenas no laudo pericial do juízo, sem, contudo considerar os laudosparticulares. Aduz que na divergência entre laudos do juízo e particulares, estes devem prevalecem, adotando-se a soluçãodo in dubio pro misero.

O autor, qualificado como pedreiro, tem atualmente 53 anos de idade. Percebeu benefício de auxílio-doença no período de05/03/2010 a 01/09/2010 (fls. 18 e 21).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos emitidos à época da cessação do benefício:

Radiografia do ante-pé direito, em 02/10/2009, revela redução difusa da textura óssea; desvio em valgo do primeiro aoquarto dedo; artrose metatarso falangeana do hálux; achatamento da cabeça do segundo metatarso; artrose metatarso

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falangeana do segundo dedo e das articulações interfalangeanas distais; anquilose interfalangeana do segundo dedo (fl.28);Laudo médico, em 05/10/2009, atesta que o paciente portador de seqüelas pós-traumáticas em pé direito e que necessitade afastamento do trabalho (fl. 29);

Na análise pericial do Juízo (fls. 58/60), realizada em 12/08/2013 por médica perita, o autor foi examinado e diagnosticadocom seqüela de acidente ocorrido em 1978, concluindo, porém pela ausência de incapacidade para o trabalho. Esclareceua perita que o autor tem enxerto na sola do pé direito com bom aspecto, presença de hipotrofia moderada em perna direitae amputação do terceiro dedo.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação, com pedido de tutela antecipada, movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,objetivando a parte autora o restabelecimento do benefício de auxílio-doença.(...)Determinada a realização de prova pericial para aferição da incapacidade, o perito do Juízo afirmou em seu laudo (fls.48/50) que o Autor apresenta sequelas de acidente (resposta ao quesito n° 01 do INSS), que, no entanto, não o incapacitapara exercer sua atividade laborativa habitual (resposta ao quesito n° 06 do INSS).Como não foi constatada pelo perito a existência de patologia que impeça o exercício da atividade laborativa da parteautora, sua pretensão não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, devendo, portanto ser julgada improcedente.DispositivoDiante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial.(...)P.R.I.

O laudo encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “olaudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Não vejocomo, à luz do teor dos laudos particulares que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.

7. Além disso, a conclusão da perita do juízo corrobora a perícia do INSS, realizada ao tempo da cessação dobenefício, conforme laudo SABI de fl. 42, que no exame físico constatou bom estado geral, deambulação sem limitação,seqüela antiga em pé direito sem sinais flogísticos, amputação a nível de articulação interfalangeana distal do 3º dedo; nãoapresenta delimitação do tornozelo.

8. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

9. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita (fl. 46). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

56 - 0000788-15.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000788-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROZA CARVALHO DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0000788-15.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000788-5/01)RECORRENTE: ROZA CARVALHO DE OLIVEIRAADVOGADO (S): SALERMO SALES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por ROZA CARVALHO DE OLIVEIRA em face da sentença de fls. 106/107, quejulgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com posterior conversão emaposentadoria por invalidez, pois não constatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta que a sentença baseou-seapenas no laudo pericial do juízo, sem, contudo considerar os laudos particulares. Aduz que na divergência entre o laudo dojuízo e os particulares, estes devem prevalecer, adotando-se a solução do in dubio pro misero.

A autora, qualificada como lavradora no exame pericial, tem atualmente 63 anos de idade, sendo analfabeta funcional.Esteve em gozo de benefício de auxílio-doença no período de 15/09/2009 a 13/11/2009 (fl. 22).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos emitidos após a cessação do benefício:

Laudo médico, em 11/11/2009, relata paciente submetida à mastectomia radical em 12/02/2009 devido a carcinoma de

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mama esquerda; encontra-se em seguimento ambulatorial; em tratamento adjuvante com tamoxifeno previsto para cincoanos; sem evidências de neoplasia, mas com limitações moderadas dos movimentos do membro superior esquerdo (fl. 14);Laudo médico, em 09/02/2011, refere relatos de dor e limitação funcional do membro superior esquerdo (fl. 12);

Na análise pericial do Juízo (fls. 93/96), realizada em 12/04/2012 por médico perito, a autora foi examinada e diagnosticadacom neoplasia maligna da mama e com varicosidades em membro inferior esquerdo, concluindo, porém pela ausência deincapacidade para a atividade habitual. Esclareceu, ainda, o perito não ter constatado limitações de movimento de membrosuperior esquerdo ou a presença de linfoedema.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação, com pedido de tutela antecipada, movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,objetivando a parte autora o restabelecimento do benefício de auxílio-doença.(...)Determinada a realização de prova pericial para aferição da incapacidade, o perito do Juízo afirmou em seu laudo (fl. 93)que a Autora apresenta neoplasia maligna da mama, não especificada – já operado e tratado (resposta ao quesito n° 01 doINSS), que, no entanto, não a incapacita para exercer sua atividade laborativa habitual como lavradora (respostas aosquesitos 06 do INSS).Ademais, indefiro o requerimento para a realização de uma nova pericia judicial, feita pela parte autora às fls. 101/103, umavez que o laudo pericial foi claro e conclusivo quanto a sua capacidade laborativa, possuindo o perito ora nomeadocondições técnicas e científicas para apreciar a patologia apresentada nos autos e constatar que não existe incapacidade.Como não foi constatada pelo perito a existência de patologia que impeça o exercício da atividade laborativa da parteautora, sua pretensão não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, devendo, portanto ser julgada improcedente.Tendo em vista a constatação da capacidade laborativa, entendo desnecessária a realização de audiência paracomprovação da qualidade de segurado e carência necessária.DispositivoDiante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial.(...)P.R.I.

Não obstante a conclusão do perito judicial, o laudo SABI de fl. 89, elaborado por perito do INSS em 13/11/2009, alude levelimitação de abdução de ombro esquerdo, sem edemas ou hipotrofias em membro superior esquerdo, concluindo pelapresença de incapacidade para o trabalho. Entretanto, o benefício foi cessado na mesma data (fl. 22).

Observa-se que a conclusão da perícia administrativa corrobora o laudo médico particular (fl. 14) que atesta a limitação demovimento de membro superior esquerdo, em 11/11/2009.

Por sua vez, o laudo SABI de fl. 90, em 1º/03/2010 não menciona elemento incapacitante. Segundo o perito, ao examefísico, a autora apresentou-se com ausência de linfoedema ou de hipotrofia e com movimentos mantidos em membrosuperior esquerdo.

Considerando que a atividade habitual da autora demanda esforço físico incompatível com as limitações constatadas tantona perícia administrativa quanto em laudo médico particular, entendo pertinente restabelecer o benefício cessado em13/11/2009 e mantê-lo até 1º/03/2010, quando a perícia administrativa (fl. 90) constatou ausência de limitações em membrosuperior esquerdo.

Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da autora para JULGAR PARCIALMENTE O PEDIDO econdenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença com DIB em 14/11/2009 e DCB em 1º/03/2010.

Os valores deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correção monetária ejuros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conforme entendimento sufragadopela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014).

Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

57 - 0000354-26.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000354-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IVALDETE PINHEIROMEDEIROS (ADVOGADO: ES007070 - WELITON ROGER ALTOE, ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI,ES015015 - MICHELE LEMOS GONÇALVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0000354-26.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000354-5/01)RECORRENTE: IVALDETE PINHEIRO MEDEIROSADVOGADO (S): WELITON ROGER ALTOE, MICHELE LEMOS GONÇALVES, ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por IVALDETE PINHEIRO MEDEIROS em face da sentença de fls. 144/145, quejulgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com posterior conversão emaposentadoria por invalidez, pois não constatada incapacidade pela perícia do Juízo. Sustenta o que se segue: (i) o laudopericial do juízo apresenta-se contraditório quando afirma que há incapacidade para trabalhos forçados e, portanto, nãopode mais exercer a atividade habitual de cozinheira, porém, concluiu que não há incapacidade, pois a autora é dona derestaurante; (ii) a autora não é dona de restaurante, mas “cozinha para fora” e o trabalho é feito sem o auxílio defuncionários e de forma “caseira”; (iii) a autora está incapaz para o trabalho e não consegue emprego como cozinheira; (v) aTurma Recursal não está adstrita ao laudo pericial.

A autora, qualificada como cozinheira, tem atualmente 47 anos de idade, e estou até a quarta série primária. Esteve emgozo de benefício de auxílio-doença no período de 09/07/2009 a 1º/07/2010 (fl. 113).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos emitidos após a cessação do benefício:

Ultrassonografia da mão direita, em 12/02/2009, revela lesão semicompleta dos tendões flexores do 4º e 5º dedos na regiãopalmar média (fl. 38);Ultrassonografia de ombro direito, em 03/08/2010, revela lesão parcial de 1 (um) centímetro no feixe posterior do tendãosupra-espinhal e demais tendões do manguito rotador preservados, ausência de derrame articular; ultrassonografia decotovelos revela moderado espessamento do tendão extensor comum esquerdo e alterações eco textuais em ambos osextensores comuns nos cotovelos (fl. 45);Laudo médico, em 04/08/2010, atesta tendinite supra espinhoso de ombro direito e epicondilite lateral do cotovelo direito (fl.31)Laudo médico, em 09/11/2010, relata paciente vítima de lesão corto - contusa na mão direita em dezembro de 2008 queapresentou lesões nervosas e tendinosas no local (fl. 26); encontra-se com limitação dos movimentos e parestesia doterceiro quarto e quinto dedos da mão direita; apresenta ainda dor e limitação funcional no ombro direito; seqüela definitivana mão direita (fl. 26);

Na análise pericial do Juízo (fls. 118/119), realizada em 08/06/2012 por médico perito, a autora foi examinada ediagnosticada com lesão de nervos da mão direita decorrente de acidente doméstico, e com início da incapacidade em05/12/2008, concluindo, porém pela ausência de incapacidade para dona de restaurante. Informou o perito, que ao examefísico, constatou extensas cicatrizes na região palmar direita, com perda dos movimentos no terceiro quarto e quintoquirodáctilos; regiões palmares lisas e membro superior sem limitação de movimentos ou crepitação articular.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação, com pedido de tutela antecipada, movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,objetivando a parte autora o restabelecimento do benefício de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoriapor invalidez.(...)Determinada a realização de prova pericial para aferição da incapacidade, o perito do Juízo afirmou em seu laudo (fls.118/119) que a Autora padece de traumatismo múltiplos nos nervos ao nível do punho e da mão (resposta ao quesito 1 doINSS), que, no entanto, não a incapacita para exercer sua atividade laborativa de dona de casa (respostas aos quesitos 06do INSS).Como não foi constatada pelo perito a existência de patologia que impeça o exercício da atividade laborativa da parteautora, sua pretensão não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, devendo, portanto ser julgada improcedente.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial.(...)P.R.I.

O benefício de auxílio-doença da autora cessou em 1º/07/2010, pois através de revisão analítica, posterior à concessão dobenefício, a perícia médica do INSS verificou a ocorrência de irregularidade na documentação de habilitação e concessãodo benefício. Com essa revisão, a DII foi alterada de 12/02/2009 para 05/12/2008 o que culminou com a constatação de quea incapacidade era pré-existente ao reingresso ao RGPS e, portanto, a autora não tinha direito ao benefício (fls. 67 e 69). Odespacho que declinou os motivos de tal revisão, subscrito por médico perito do INSS, encontra-se devidamentefundamentado; com efeito, alterou-se a DII com base em declaração do hospital onde a autora foi internada em 5/12/2008em razão do acidente de que fora vítima.

E, de fato no laudo SABI de fl. 97, em 05/10/2009, a DII foi fixada em 12/02/2009, com base na ultrassonografiaapresentada pela autora. Todavia, as circunstâncias indicam que o perito tenha lançado a data do acidente que deu origemàs lesões de forma equivocada, pois consta 05/12/2009, quando a data correta do acidente é 05/12/2008, conforme seobserva dos laudos SABI de fls. 98/103.

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Nesse contexto, considerando que a DII é a data do acidente (05/12/2008) e que o último vínculo trabalhista da autora haviacessado em 11/07/2002 e as contribuições previdenciárias somente foram retomadas em 01/2009 (fl. 113) conclui-se queautora não tinha a qualidade de segurada à época do acidente e o benefício realmente não era devido.

Assim sendo, a sentença merece ser mantida, mas por fundamento diverso, tendo em vista a ausência de qualidade desegurada da autora.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso da autora para manter a sentença, mas por fundamento diverso, nostermos da fundamentação supra.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistência judiciáriagratuita (fl. 165). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

58 - 0002935-48.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002935-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DELAIR RIBEIRO DA SILVA(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0002935-48.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002935-9/01)RECORRENTE: DELAIR RIBEIRO DA SILVAADVOGADO (S): Valber Cruz CerezaRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por DELAIR RIBEIRO DA SILVA em face da sentença de fls. 96/99, que julgouparcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença com DIB na data doajuizamento da ação (18/11/2010). Sustenta o recorrente que a incapacidade para o trabalho persiste desde a cessação dobenefício em 09/03/2010, sendo total e definitiva, o que impõe a concessão de aposentadoria por invalidez.

O autor, qualificado na inicial como produtor rural, tem atualmente 57 anos de idade. Percebeu auxílio-doença nos períodosde 05/06/2008 a 09/03/2010 e de 09/08/2010 a 28/10/2010 (fl. 93).

Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos:

Laudo médico, em junho/2008 atesta paciente com lombociatalgia esquerda e solicita afastamento por 90 dias e fisioterapia(fl. 23);Ressonância magnética da coluna lombar (fl. 29), em 23/03/2010, conclui espondilodiscoartrose lombar, anterolistese grau Ide L4 sobre L5, pseudoprotusão discal difusa em L4-L5, pequeno abaulamento discal difuso em L5-S1 (fl. 29);Laudo médico de fl. 15, em 05/08/2010, atesta paciente portador de artrose e retrolistese L4/L5, com dor e limitaçãofuncional e sem condições para o trabalho;Laudo médico, em 01/06/2010, refere dor ciática bilateral pior à esquerda desde 2007, portador de espondiloartrose elistese lombar e solicita afastamento por tempo indeterminado (fl. 16).

Na análise pericial do Juízo (fls. 77/80), realizada em 15/06/2012 por médica perita, o autor foi examinado e diagnosticadocom dor ciática, diabetes e depressão, concluindo haver incapacidade total e temporária. Ao exame físico, relatou que oautor fazia uso de bengala, porém sem contratura muscular paravertebral cervicotoracolombar, sem edemas em membrosinferiores e lasegue negativo bilateral. Não foi possível precisar a data de início de incapacidade. O prazo estimado para arecuperação foi de 4 (quatro) meses.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação, com pedido de tutela antecipada, movida em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,objetivando a parte autora a implantação do benefício de auxílio-doença e, sua posterior conversão em, aposentadoria porinvalidez.

(...)Segundo se verifica no documento de fl. 93, a parte Autora recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 05/06/2008a 09/03/2010 e de 09/08/2010 a 28/10/2010.Determinada a realização de prova pericial, o perito do Juízo afirmou em seu laudo (fls. 77/80) que a parte autora padece dedor ciatica diabetes e depressão (resposta ao quesito nº 01 do INSS), e que se encontra incapacitada de forma total etemporária para o exercício de sua atividade laborativa, por quatro meses (resposta aos quesitos nº 9, 10 e 11 do INSS),não tendo como prever a data de início de sua incapacidade.Analisando detidamente os autos, especialmente a resposta ao item 3 do INSS, constato que embora não tenha sido

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possível ao perito indicar a data do início da incapacidade, verifica-se que em 2007 o Autor vinha apresentando dor ciatica.Os laudos médicos periciais realizados no INSS, por ocasião das perícias administrativas, também relatam a dor ciatica (fls.58/60). Por se tratar de doença degenerativa, tudo leva a crer que se trata de doença progressiva, que veio piorando com opassar do tempo ( resposta ao quesito nº 02 do INSS).Assim, tendo sido declarada pela perita a incapacidade do Autor para o trabalho, de forma total e temporariamente, no atoda perícia (15/06/2012), embora não se possa estender tal incapacidade para a data dos requerimentos administrativos,entendo que é possível fazer tal presunção em relação à data do ajuizamento da ação (18/11/2010). Ora, nesta data o Autorse dizia incapaz, situação que foi confirmada em juízo, não podendo o mesmo ser prejudicado pela demora na tramitaçãodo processo. Diante disto, entendo que, preenchidos os demais requisitos, o Autor faz jus ao benefício, desde a data doajuizamento da ação.Neste sentido:“PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS: QUALIDADE DESEGURADO. CARÊNCIA. INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE PARA O TRABALHO. ATENDIDOS. CORREÇÃOMONETÁRIA. JUROS. HONORÁRIOS PERICIAIS. CUSTAS.1. Sentença ilíquida: remessa oficial conhecida de ofício. 2. Os requisitos indispensáveis para a concessão do benefícioprevidenciário de aposentadoria por invalidez são: a) a qualidade de segurado; b) a carência de 12 (doze) contribuiçõesmensais; c) a incapacidade (total e permanente) para atividade laboral.2. Anterior concessão do auxílio-doença pela autarquia previdenciária até 12/10/2007 (fl.16) comprova a qualidade desegurado do autor, bem como cumprimento do período de carência.3. Apesar de a perícia médica concluir pela incapacidade parcial, analisando as condições individuais da segurada, queatualmente está com 57 anos, encontra-se impedida de exercer a atividade para qual esta habilitada (doméstica), emdecorrência da limitação provocada pelas patologias que impedem a realização de atividades de demandem esforçosfísicos, bem com a baixa escolaridade, é forçoso concluir que dificilmente conseguirá sua recolocação no mercado detrabalho, razão pela qual faz jus à aposentadoria por invalidez.4. A perícia médica não fez referência quanto ao início da incapacidade. Assim, apesar dos requerimentos administrativospara concessão de benefício previdenciário, não é possível concluir que na data destes a segurada já se encontravaincapacitada para o labor, sendo que, por esse motivo, se mostra cabível a aposentadoria a partir da data do ajuizamentoda ação, compatível com a situação fática em que o perito narra exames dando conta da doença crônica e degenerativadesde 2005.5. O valor da perícia médica deve seguir as regras da Resolução do CJF nas causas oriundas da Jurisdição delegada. Valorreduzido para R$ 234,80 (Resolução 558/2007 do CJF).6. Consectários: a) correção monetária e juros de mora pelo MCJF; b) honorários periciais conforme valor máximo fixada naResolução do CJF que regulamenta a matéria.7. Nas causas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal (§3º do art. 109 da CF/88), o INSSestá isento das custas somente quando lei estadual específica prevê a isenção, o que ocorre nos estados de Minas Gerais,Goiás, Rondônia e Mato Grosso. Em se tratando de causas ajuizadas perante a Justiça Federal, o INSS está isento decustas por força do art. 4º, inc. I, da Lei n. 9.289/96, abrangendo, inclusive, as despesas com oficial de justiça.8. A implantação do benefício deve se dar em 30 dias (obrigação de fazer), por aplicação do art. 461 do CPC. 9. Apelaçãodo INSS e remessa oficial parcialmente providas (itens 5 e 6).(GRIFOS DO JUÍZO)(TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO – SEGUNDA TURMA – APELAÇÃO CÍVEL – Relator Juiz FederalConvocado Cleberson José Rocha – Publicada no e-DJF1 de 14/12/2012, pág. 1211)Considerando que a incapacidade verificada é total e temporária, entendo que é devido o benefício de auxílio-doença,desde a data do ajuizamento da ação, tendo em vista que, nesta época, o mesmo mantinha a sua condição de segurado.Considerando que já decorreu o prazo informado pelo perito como sendo o tempo necessário para tratamento da doença erecuperação da parte autora de quatro meses, devido ao grau de sua incapacidade, deverá a mesma ser imediatamentesubmetida à nova perícia médica para verificar se persiste a incapacidade laborativa.DispositivoJULGO PROCEDENTE, em parte, o pedido, condenando o INSS a:a) Implantar o benefício previdenciário de auxílio-doença em favor de DELAIR RIBEIRO DA SILVA, com início em18/11/2010 (data do ajuizamento da ação).(...)P.R.I.

Inicialmente verifico que o autor inova no pedido recursal, incluindo período não contido na petição inicial. Nesta, o autorrequer a concessão do auxílio-doença desde 18/06/2010 – data do requerimento administrativo (fl. 17). Já no recursoinominado o autor pretende o restabelecimento de outro benefício cessado em 09/03/2010. Portanto, delimito a análise dopedido recursal em analisar se seria possível ou não a concessão do benefício desde 18/06/2010.

No laudo SABI de fl. 59, em 07/06/2010, o autor refere poliartralgia generalizada em coluna lombar localizadaprincipalmente em coluna vertebral e membros inferiores; porém no exame físico o médico do INSS não verificou contraturaparavertebral lombar, lasegue negativo, deitou-se e levantou-se da maca sem limitação, abaixou-se para pegar o envelopede exames, concluindo ao final pela ausência de incapacidade laborativa.

Nos autos, há um laudo de 1º/06/2010 (fl. 16) no qual o médico particular atesta que o autor “relata dor ciática bilateral piorà esquerda desde 2007”, e ao final solicita afastamento por tempo indeterminado e outro laudo particular que atestaincapacidade laborativa em 05/08/2010 (fl. 15).

Por sua vez, em 09/08/2010 o autor voltou a perceber auxílio-doença em decorrência de hernioplastia abdominal realizada

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em 26/07/2010, conforme laudo SABI de fl. 61. Este benefício cessou em 28/10/2010 (fls. 62 e 93).

Nesse contexto, é bastante provável que o autor já estivesse incapaz desde 18/06/2010 já que dias depois, ou seja, em26/07/2010 realizou procedimento cirúrgico e percebeu auxílio-doença até 28/10/2010. Assim sendo, o autor tem direito aobenefício por incapacidade desde 18/06/2010 – data do requerimento administrativo.

11. É prematura a concessão de aposentadoria por invalidez, visto que o laudo pericial encontra-se razoavelmentefundamentado, classificou a incapacidade como temporária e estipulou prazo mínimo para recuperação.

12. Pelo exposto:

NÃO CONHEÇO do recurso do autor no que tange ao pedido de restabelecimento do auxílio-doença cessado em09/03/2010;DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do autor para reformar a sentença e CONDENAR O INSS a conceder o benefíciode auxílio-doença, com DIB em 18/06/2010.

Compensação: obviamente, quando da execução, deverá haver compensação dos valores vencidos com aqueles já pagosem decorrência do NB 542.115.942-2, percebido no período de 09/08/2010 a 28/10/2010 (fl. 91).

Os valores deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correção monetáriapelo INPC e juros de mora, nos termos do art. 1º da Lei 9.494/97.

Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

59 - 0000685-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000685-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSIENE MARIANO DASILVA (ADVOGADO: ES005768 - LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0000685-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000685-9/01)RECORRENTE: JOSIENE MARIANO DA SILVAADVOGADO (S): LILIANE SOUZA RODRIGUES LIBARDIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JOSIENE MARIANO DA SILVA em face da sentença de fls. 79/80,que julgou improcedente tanto o pedido inicial de concessão de aposentadoria por invalidez quanto o sucessivo, de auxíliodoença. Sustenta ser portadora de doença psiquiátrica, respaldada por laudo médico particular. Aduz, ainda, que a períciajudicial não condiz com o seu estado de saúde, requerendo, portanto, a realização de nova perícia.

2. A autora, qualificada como técnica de enfermagem, tem atualmente 38 anos de idade. Esteve em gozo deauxílio-doença nos períodos de 02/09/2008 a 05/05/2009 e de 01/10/2009 a 21/03/2011, e o último vínculo de trabalho foirescindido em 15/05/2011 (fl. 99).

3. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos contemporâneos à cessação do benefício: i) laudo médico,em 19/01/2011, atesta paciente em tratamento psiquiátrico apresentando alterações de humor com predominância desintomas depressivos, idéias negativas e suicidas (fl. 13); ii) laudo médico, em 21/05/2011, atesta paciente portadora detranstorno bipolar (CID F31.5) e aneroxia nervosa (CID 10 F50) – fl. 25.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 55/58), realizada em 16/10/2012 por médico psiquiatra, a autora foi examinada e“não foi constatado sinais e/ou sintomas psicopatológicos que caracterize doença mental estruturada”, concluindo pelaausência de incapacidade para o trabalho.

5. Não obstante a conclusão do perito do juízo, os documentos médicos contemporâneos à cessação do benefíciode auxílio-doença revelam quadro de saúde mental incompatível com qualquer atividade laborativa.

6. Afere-se ainda que o contrato de trabalho da autora foi rescindido em 15/05/2011, provavelmente em razão dasua inaptidão para a função de técnica de enfermagem, pois o laudo de fl. 25, em 21/05/2011 retrata quadro deincapacidade laborativa.

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7. Outro ponto indicativo da incapacidade para o trabalho foi o não comparecimento da autora para a realização daperícia do juízo, inicialmente marcada para 10/07/2012 (fl. 49). Conforme informações da patrona da autora, a ausênciadecorreu do agravamento no quadro psicológico com início em junho (fl. 50).

8. Conclui-se, portanto, que o laudo do juízo não expressou o real quadro de saúde da autora à época da cessaçãoadministrativa do benefício, pois o perito limitou-se à análise do quadro clínico no momento do exame.

9. Por outro lado, mostra-se inócua a baixa dos autos neste momento para realização de outra perícia psiquiátrica,considerando que não será possível avaliar a saúde mental pretérita da autora.

10. Neste contexto, verifico que há elementos que comprovam a incapacidade laborativa no momento da cessaçãodo benefício, razão pela qual faz jus a autora ao restabelecimento do benefício NB 537.901.889-7, cessado em 21/03/2011para mantê-lo até 16/10/2012, quando a perícia do juízo constatou aptidão para o trabalho.

11. Ante o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da autora para JULGAR PARCIALMENTE O PEDIDOe condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença com DIB em 22/03/2011 e DCB em 16/10/2012.

Os valores deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correção monetária ejuros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conforme entendimento sufragadopela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014).

Sem condenação em verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

60 - 0008426-05.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008426-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x ELIZIANA DO NASCIMENTO(ADVOGADO: ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN, ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA,ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA, ES010800 - MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO.).PROCESSO: 0008426-05.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008426-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): CAROLINA AUGUSTA DA ROCHA ROSADORECORRIDO: ELIZIANA DO NASCIMENTOADVOGADO (S): MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN, MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO, LUÍSFERNANDO NOGUEIRA MOREIRA, MARCELO CARVALHINHO VIEIRA

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE.

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 75/77, que julgou procedente o pedidoinicial para condenar o réu a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde 18/10/2011 e a convertê-lo em aposentadoriapor invalidez com DIB em 23/05/2012. Alega que o perito judicial não atestou a incapacidade total e permanente para otrabalho habitual, motivo pelo qual não seria devida a aposentadoria por invalidez. Afirma que a concessão daaposentadoria foi indevida, tendo em vista a tenra idade da autora e a ausência de reabilitação profissional. Por fim,sustenta que a autora submeteu-se a procedimento cirúrgico, encontrando-se (no momento da interposição da peçarecursal) em gozo de auxílio-doença. Requer a reforma da sentença para afastar a condenação de concessão deaposentadoria por invalidez, mantendo-se apenas o benefício de auxílio-doença.

A autora nasceu em 26/07/1965. É industriaria (auxiliar de produção). Esteve em gozo de auxílio-doença nos seguintesperíodos: 09/03/2002 a 01/04/2002, 10/03/2003 a 07/07/2003, 13/07/2005 a 03/10/2005, 23/02/2007 a 30/03/2007,28/12/2007 a 11/06/2010, 16/12/2010 a 18/10/2011 e 08/12/2011 a 22/03/2012 (fl. 42/54); e em 10/09/2012 a 10/11/2012 (fl.83). Atualmente em gozo de auxílio-doença, em razão da antecipação de tutela concedida na sentença.

Na análise pericial do Juízo (fl. 39), realizada em 25/06/2012 por médico especialista em ortopedia e traumatologia, a autorafoi examinada e diagnosticada com hérnia de disco lombar recidivada, concluindo haver incapacidade temporária para aatividade habitual, pois há limitação para andar, pegar peso, subir e descer escadas.

Nas respostas aos quesitos complementares (fl. 64), em 22/08/2012, o perito do Juízo afirmou a necessidade de cirurgiapara a melhora dos sintomas, sendo possível o agravamento caso esta não seja realizada. Concluiu que após a cirurgia arecorrente deveria ser novamente avaliada.

Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença desde 18/10/2011 com sua conversão em aposentadoria

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por invalidez.A autora recebeu o auxílio-doença nos períodos de 9/3/2002 a 1º/4/2002, de 10/3/2003 a 7/7/2003, de 13/7/2005 a3/10/2005, de 23/2/2007 a 30/3/2007, de 28/12/2007 a 11/6/2010, de 16/12/2010 a 18/10/2011 e de 8/12/2011 a 22/3/2012(fls. 71/74). Não concordou com a proposta de acordo formulada pelo INSS (fl. 57).O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou hérnia de disco lombar recidivada (fl. 39). Avaliou queao exame físico apresentou dor lombar irradiando para membro inferior direito com parestesia e teste de Lasègue positivo(quesito 2). Afirmou que a autora não tem aptidão para exercer a atividade habitual de auxiliar de produção (quesitos 7/8).Atestou que a autora não pode andar, pegar peso, subir e descer escadas (quesito 11). Concluiu que a autora possuiincapacidade temporária para o trabalho (quesito 14). Atestou que a recuperação depende de tratamento cirúrgico,fisioterapia e repouso (quesito 16).Em laudo complementar (fl. 64), o perito respondeu que a autora tem indicação de nova cirurgia, sob pena de risco deagravamento (quesito 1). Atestou que a autora atualmente não pode trabalhar por longo período sentada ou em pé, nemsem movimentar a coluna em movimento de rotação ou agachamento de tronco, sem implicar em risco de agravamento(quesitos 2/3). Afirmou que a autora deverá ser reavaliada após cirurgia e não houve relato de patologia referente aospunhos (quesitos 4/5).O art. 101 da Lei nº 8.213/91 dispõe que “o segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e opensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo daPrevidência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensadogratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos”. Assim, o segurado não é obrigado a sesubmeter a intervenção cirúrgica. Por conseguinte, nos casos em que ela constituir o único meio conhecido para arecuperação da capacidade para o trabalho, tal como deu a entender o perito, a incapacidade laboral deve ser consideradadefinitiva, ou, pelo menos, de duração indefinida. E, enquanto persistir (visto que a situação pode ser alterada caso a autorasubmeta-se voluntariamente à intervenção cirúrgica, conforme art. 42 in fine, combinado com o art. 101 da lei 8.213/91), aincapacidade é total, descartando-se, assim, qualquer possibilidade de reabilitação profissional. A autora tem direito aaposentadoria por invalidez.Se a incapacidade da autora fosse temporária ou parcial, deveria lhe ser concedido o auxílio-doença. Entretanto, sendo aincapacidade definitiva e total, faz jus à aposentadoria por invalidez. Aplica-se o art. 42 da Lei nº 8.213/91:(...)O perito examinou a autora em 23/5/2012 (fl. 36) e afirmou que a incapacidade existe desde 18/1/2011 (quesito 12). Assim,na data do cancelamento do benefício, em 18/10/2011, a autora ainda estava incapacitada para o trabalho.A autora tem direito o restabelecimento do auxílio-doença NB 544.046.955-5 desde a cessação, em 18/10/2011, com suaconversão em aposentadoria por invalidez desde o exame pericial, em 23/5/2012.Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.DispositivoJulgo procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o auxílio-doença NB 544.046.955-5 desde 18/10/2011 e aconvertê-lo em aposentadoria por invalidez com DIB em 23/5/2012. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeitode correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao INSS que restabeleça imediatamente o benefício por incapacidade,observando os seguintes parâmetros:(...)Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Observa-se que em setembro de 2012 o INSS concedeu novo benefício de auxílio-doença, informado que tal concessãoera em virtude de cirurgia realizada pela autora (fl. 83).

A autora não se manifestou a respeito da realização ou não da cirurgia e não há nos autos qualquer documento quecomprove a sua ocorrência. Todavia, considerando que a perícia do juízo, realizada em junho de 2012 já noticiava a cirurgiajá agendada, conclui-se que este benefício muito provavelmente decorre do procedimento cirúrgico.

Ainda que a autora não tenha se submetido à cirurgia, entendo que a concessão do benefício de aposentadoria porinvalidez mostra-se prematura. Afinal, o fundamento da sua concessão foi o de que a segurada não é obrigada asubmeter-se a procedimento cirúrgico. Como foi indicado que a cirurgia ocorreu em setembro de 2012, e o próprio peritoatestou que nova avaliação deveria ser feita após o procedimento, é devido o auxílio-doença que deve ser mantido até oINSS constatar ausência de incapacidade laborativa ou até que a reabilite para outra atividade que lhe garanta asubsistência.

5. Sendo assim, conheço do recurso do INSS e a ele DOU PROVIMENTO para reformar parcialmente a sentençaimpugnada e JULGAR IMPROCEDENTE o pedido de aposentadoria por invalidez, mantendo-se apenas o benefício deauxílio-doença nos mesmos termos exarados na sentença.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

61 - 0100927-91.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.100927-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x DILZA LUZ TIGRE (ADVOGADO: ES010321 -OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA, ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR, ES018049 - ARIELLA DUTRA LIMA.) xOS MESMOS.PROCESSO: 0100927-91.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.100927-3/01)RECORRENTE: DILZA LUZ TIGREADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO, OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA, ARIELLA DUTRA LIMA, ALEXSANDRO SALAZARRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE.

Trata-se de recursos inominados interpostos por DILZA LUZ TIGRE e pelo INSS em face da sentença de fls. 156/158, quejulgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder auxílio-doença desde 1º/12/2011, antecipando,ainda, os efeitos da tutela para determinar a implantação imediata do benefício. Sustenta a autora que as doenças que aacometem são de natureza degenerativa e que pela gravidade da doença, idade da recorrente e trabalho comoempreendedora individual juntamente com seu marido, sem empregados, faz jus ao benefício de aposentadoria porinvalidez. O INSS, por sua vez, alega em seu recurso ausência de incapacidade laboral, conforme conclusão da períciajudicial. Argumenta que o perito esclarece que as limitações da autora se referem a atividades que demandam esforçofísico, e que a mesma estaria apta para a realização de atividade de empreendedora.

A autora, qualificada como empreendedora, tem atualmente 63 anos de idade. Requereu o benefício em 23/11/2012,indeferido sob o argumento de ausência de incapacidade para o trabalho (fl. 28).

Na análise pericial do Juízo (fls. 126/129), realizada em 13/03/2013 por médico perito, a autora foi examinada ediagnosticada com artrose das patelas e da coluna lombar sem compressões nervosas, porém, concluindo pela ausênciade incapacidade.

No laudo complementar (fl. 146), o perito afirma haver aptidão para a realização de atividade administrativa, e que asfunções inerentes a esta não teriam o condão de agravar o quadro de saúde da autora. Assevera ainda que a autoratrabalha em firma de andaimes e que relatou auxiliar o marido carregando peso, mas não o faz mais.

Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando a concessão auxílio-doença NB 549.100.093-7 desde a data do requerimentoadministrativo com sua conversão em aposentadoria por invalidez.A autora formulou o requerimento administrativo NB 549.100.093-7 em 1º/12/2011 (fl. 154).O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou artrose das patelas e da coluna lombar semcompressões nervosas (fl.128). Avaliou que ao exame físico a autora apresentou crepitação patelar com mobilidade normaldos joelhos e sem alterações relacionadas à coluna (quesito 2). Afirmou que a autora possui aptidão para exercer aatividade habitual de empreendedora e relata trabalhar em firma de andaimes com o marido em atendimento ao público(quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).Em laudo complementar (fl. 146), o perito confirmou que a artrose das patelas e da coluna lombar podem causar doresquando a articulação é submetida a sobrecarga (quesito 1). Atestou que a autora não possui aptidão para carregar ouempurrar objetos pesados (quesito 2). Ressaltou que a autora pode permanecer em pé durante sua jornada de trabalhoporque trabalha na área administrativa da própria empresa fazendo troca de posturas constantemente e não havendopermanência em pé por tempo demasiado (quesito 3). Afirmou que a autora não pode subir em escadas e andaimes, masesse não é o trabalho da autora porque não é operária, mas trabalha na parte administrativa da própria empresa (quesito 4).É verdade que a autora é empreendedora de empresa de andaimes, e para as atividades empresariais ela não estáincapacitada. Ocorre que a autora não cuida apenas da gestão da pequena empresa, também desempenha as atividadesoperacionais. Sem poder executá-las, precisaria, em tese, de contratar alguém para substituí-la, aumentando seus custos.Por isso, a incapacidade parcial para as atividades operacionais justifica a concessão do auxílio-doença.A autora tem direito ao auxílio-doença. Não tem direito a aposentadoria por invalidez porque não ficou comprovada suaincapacidade para o trabalho.O perito examinou a autora em 15/3/2013 (fl.123) e se eximiu de apontar a data do início da incapacidade (quesito 12). Alacuna do laudo pericial pode ser suprida pelo atestado datado de 28/1/2012 (fl. 31). O exame de densitometria óssea dofêmur datado de 29/9/2011 (fl. 35). O exame de radiografia da coluna lombo-sacra datado de 19/9/2011 (fl. 38) concluiu quehá encurtamento de 4 mm do membro inferior direito em relação ao membro inferior esquerdo. São admissíveis como fontede prova complementar os atestados de médico assistente que sejam contemporâneos ao momento do requerimento dobenefício e que revelem dados convergentes com o laudo pericial. Presume-se, assim, que na data do requerimento dobenefício, em 1º/12/2011, a autora estava incapacitada para o trabalho.Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.Indefiro o requerimento de designação de perícia com médico psiquiatra (fl. 153) porque os atestados médicos exibidospela autora não relatam problemas psiquiátricos. A alegação de depressão não foi inserida na causa de pedir exposta na

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petição inicial e documentos anexos. Logo, trata-se de fato estranho à causa de pedirDispositivoJulgo parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder auxílio-doença NB 549.100.093-7 desde a datado requerimento administrativo, em 1º/12/2011. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correçãomonetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao INSS que implante imediatamente o benefício por incapacidade,observando os seguintes parâmetros:(...)Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Não obstante a conclusão do perito do juízo acerca da ausência de incapacidade para o trabalho, o fato é que a autoratrabalha numa empresa de andaimes juntamente com o marido, sem o auxílio de funcionários. O perito do juízo relatou quea autora tanto fazia atendimento quanto pegava andaimes e que atualmente apenas atende os clientes pessoalmente e pelotelefone.

Há, portanto indicativos de que a autora não conseguia mais exercer o trabalho antes exercido à época do requerimentoadministrativo. E que após o agravamento da doença e conseqüente limitação por esta imposta apenas conseguia realizaratividade administrativa na empresa familiar encontrava-se incapacitada temporariamente para a atividade habitual, fazendojus ao recebimento de auxílio-doença.

Por outro lado, a aposentadoria por invalidez se mostra prematura, pois a autora afirmou ter mudado de atividade naempresa, naturalmente diante das limitações impostas pela doença, e, portanto, há capacidade residual para o trabalho.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AOS RECURSOS da parte autora e do INSS.

Sem custas, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita (fl. 121) e a isenção de que goza o INSS. Semhonorários advocatícios, em face da sucumbência recursal recíproca (TNU - Pedilef 200771950227200; DOU 23/3/12). Écomo voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

62 - 0113694-43.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113694-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.) x LUIZ CLAUDIO CORREA DE JESUS(ADVOGADO: ES021410 - Luciana Possa Machado, ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.).PROCESSO: 0113694-43.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.113694-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINIRECORRIDO: LUIZ CLAUDIO CORREA DE JESUSADVOGADO (S): MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA, Luciana Possa Machado

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face da sentençaque julgou procedentes os pedidos autorais, condenando-o a revisar o benefício previdenciário da parte autora nos moldesdo art. 29, II,da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar as parcelas atrasadas a partir da concessão do benefício em06/07/2005. Em seu recurso o INSS alegou: a) ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autosda Ação Civil Pública 00023205920124036183; b) que o acordo entabulado na referida ação civil pública faz coisa julgadaerga omnes.

2. Alegação: ausência de interesse de agir. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-CircularConjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordocelebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordo previu um escalonamento de 10 anospara revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terácomo resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade dosegurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022 Ante esse contexto específico econcreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista deacordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

3. Alegação de coisa julgada. Em regra, a sentença proferida em Ação Civil Pública, seja de procedência, seja deimprocedência, faz coisa julgada erga omnes, exceto se a improcedência decorrer de falta de provas (art. 16 da Lei7.347/1985). Entretanto, em se tratando de direitos individuais homogêneos, a sentença em ação coletiva (mesmo emmatéria não relativa a Direito do Consumidor) apenas fará coisa julgada erga omnes no caso de procedência do pedido (art.103, III, da Lei 8.078/1990 c/c art. 21 da Lei 7.347/1985), excluída, portanto, a sentença homologatória de transação.

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4. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor das parcelas vencidas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal(Assinado eletronicamente)

63 - 0002893-96.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002893-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL ARCANJO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES018476 - LUCAS WENDELL DA SILVA FREIRE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0002893-96.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002893-8/01)RECORRENTE: MIGUEL ARCANJO DOS SANTOSADVOGADO (S): LUCAS WENDELL DA SILVA FREIRERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

Voto-Ementa

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MIGUEL ARCANJO DOS SANTOS contra a sentença de fls. 56/58,que julgou improcedentes os pedidos iniciais de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, desde a data doindeferimento ou suspensão indevida, bem como sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez, a partir do laudomédico pericial em juízo. Sustenta o recorrente que requereu auxílio-doença, tendo reconhecido o seu direito no dia10/11/2008, ficando beneficiário desde então. Diz que desde a concessão do primeiro auxílio não teve condições deretornar ao trabalho e por isso deveria continuar a receber tais benefícios, inclusive aposentadoria por invalidez. Afirma queestá em tratamento de saúde, conforme consta no seu processo e demais laudos que faz juntar. Requer a reforma dasentença.

2. O autor nasceu em 29/12/1949. No laudo pericial afirmou ser “vigia”. Esteve em gozo de auxílio-doença,conforme consulta ao sistema PLENUS e ao CNIS, no período de 25/05/2007 a 09/09/2007.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Segundo consta dos autos, o Autor fez três requerimentos administrativos para a concessão de auxílio-doença, em06/05/2009 e 04/08/2009 (indeferidos sob a alegação de parecer contrário da perícia médica) e em 25/05/2007, quando lhefoi concedido o benefício, no período de 25/05/2007 a 09/09/2007 (fls. 51/52).A perícia médica (fl. 29/31) constatou que a parte autora é portadora de diabetes, psoríase, doenças dos discos da colunavertebral, sequelas de doença ocular pelo diabetes e hipertensão arterial, que a incapacitam de forma total e temporáriapara exercer a atividade laborativa habitual de vigia. O Perito relatou, ainda, que não era possível precisar a data de inícioda incapacidade, indicando, contudo, a data provável do início da doença em 10/05/2003. Finalmente, afirmou que o prazoprevisto para a recuperação da parte autora era de 90 (noventa) dias, a contar da perícia (realizada em 12/08/2011).Como não foi possível ao perito indicar a data de início da incapacidade, incumbe ao Juízo tentar estimar se a incapacidadeestimar desde quando a mesma existe, ou, pelo menos, se persiste desde a cessação do benefício.Embora se verifique nos antecedentes médicos periciais (SABI) de fls. 18/25 que algumas das doenças relacionadas peloperito judicial já acometiam o Autor à época da concessão do auxílio-doença (inclusive cumpre destacar que o CID utilizadopara justificar o benefício se refere a diabetes), tal benefício foi concedido pelo prazo exíguo de pouco mais de três meses(de 25/05 a 09/09/2007). Por sua vez, o perito judicial indicou que o prazo previsto para a sua recuperação era de noventadias, a contar da realização da perícia, histórico que leva a crer que a incapacidade do Autor é cíclica, ou seja, é alternadacom momentos de capacidade para o trabalho.Ressalto que apesar de constarem laudos médicos particulares no processo, dando conta de que o Autor sofre com váriasmoléstias, entre elas a diabetes (fls. 08/12), o primeiro laudo apontando a incapacidade para o trabalho está datado de15/12/2009, o que afasta a possibilidade de restabelecimento do benefício.Neste sentido, analisando o CNIS de fls. 53/55, verifico que a última contribuição do Autor para o INSS foi vertida em 2006,antes da concessão do benefício. Assim, seu período de graça deve ser contado a partir da cessação do auxílio-doença.Diante disto, mesmo que se adote o entendimento acerca da possibilidade de prorrogação da qualidade de segurado pormais doze meses, nos termos do §2º, do art. 15, da Lei nº 8.213/91 (pela ausência de vínculos empregatícios oucontribuições para a Previdência a partir desta data) e se considere a data do início da incapacidade como sendo o laudoparticular que apontou a existência de incapacidade (em 15/12/2009), ainda assim estaria configurada a perda da qualidadede segurado do Autor, razão pela qual ele não faz jus ao auxílio-doença.Indefiro, também, o requerimento de aposentadoria por invalidez, porque além de ter sido evidenciada a perda da qualidadede segurado, não foi indicada a existência de incapacidade definitiva.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, nos termos do

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art. 269, I, do CPC, extinguindo o feito com resolução do mérito.(...)

4. O autor parou de receber auxílio-doença em 9/9/07 (DCB). Logo, a perda da qualidade de segurado ocorreria ouem 15/11/08; ou, talvez, em 15/11/09, na hipótese de prorrogação do período de graça por desemprego involuntário.Contudo, não há nos autos como apurar se o autor faria jus à prorrogação do período de graça, nos termos do disposto no§ 2º do artigo 15 da Lei 8.213/91.

6. O Juízo a quo entendeu que o documento mais antigo a caracterizar a incapacidade laborativa do autor foilavrado em 15/12/09; portanto, concluiu que o autor perdera a qualidade de segurado.

7. Ocorre que a própria perícia administrativa do INSS reconheceu a configuração de incapacidade laboral entre28/04/09 a 30/06/09. É o que se infere do teor dos laudos Sabi de fls. 24 e fl. 25 (item “considerações”).

8. Conclusão: (i) se eventualmente houve prorrogação do período de graça, o termo final seria o dia 15/11/09; (ii)confirmada essa hipótese (qual seja: o autor se encontrava em situação de desemprego involuntário), não houve perda daqualidade de segurado na referida data, visto que o INSS reconheceu estado incapacitante ao menos entre 28/4/09 a30/6/09.

9. Em 12/8/11 o perito judicial reconheceu a incapacidade. Há laudos particulares anteriores a essa data (tal qualanotou o Juízo a quo na sentença) que também indicam a configuração de incapacidade.

10. Não se facultou ao autor demonstrar situação de desemprego involuntário durante os 12 meses posteriores àDCB do auxílio-doença (ou seja: nos 12 meses após o dia 9/9/07). Não posso pré-excluir a possibilidade da ocorrênciadesse fato (situação de desemprego involuntário no período referido). Houve cerceamento de defesa.

11. DOU PROVIMENTO ao recurso para ANULAR A SENTENÇA. Deverá o Juízo a quo facultar dilação probatória arespeito do tema referido no item anterior.

Sem honorários e custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

64 - 0000386-56.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000386-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO LOURENÇO DASILVA (ADVOGADO: MG095783 - GUILHERME STINGUEL GIORGETTE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS.PROCESSO: 0000386-56.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000386-5/01)RECORRENTE: ANTONIO LOURENÇO DA SILVAADVOGADO (S): GUILHERME STINGUEL GIORGETTERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S):

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ANTONIO LOURENÇO DA SILVA em face da sentença de fls.68/69, que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Alega que seencontra incapaz e que a perícia foi realizada por médico não especialista. Além disso, pugna para que sejam consideradassuas condições pessoais.

2. O autor é servente de pedreiro e nasceu em 10/07/1963. Requereu o benefício de auxílio-doença em04/10/2008, inicialmente concedido, mas cessado em 31/03/2010, sob a alegação de erro administrativo na concessão pornão ter o autor cumprido a carência legal exigida (fls. 26/27).

3. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos do período controverso: i) laudo médico (fl. 23 - 06/04/2010)relata paciente submetido a implante de prótese valvar, estando impossibilitado de exercer atividades laborativas querequeiram esforço físico; ii) laudo médico (fl. 24 - 13/04/2010) atesta insuficiência aórtica devendo, de início, evitaratividades laborativas que requeiram esforço físico; iii) ecodopplercardiograma transtorácico (fls. 55/56 - 24/11/2011); iv)laudo médico (fl. 63 - 07/11/2011) atesta paciente submetido à implantação de prótese biológica em 2008 estando em usode medicação e que no momento está incapacitado de exercer atividades profissionais que requeiram esforço físico.

4. A perícia do juízo (fls. 50/56 - 27/12/2011), realizada por médico do trabalho, diagnosticou que o autor é portadorde estenose aórtica corrigida com implante de prótese biológica, concluindo, porém não haver incapacidade para o labor.

5. Por mais que a perícia judicial tenha concluído pela capacidade laborativa, o magistrado pode decidir de maneiracontrária, pois não está vinculado às conclusões do laudo pericial, podendo firmar o seu convencimento com base emoutros elementos dos autos.

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6. No presente caso, os documentos médicos apresentados pelo autor revelam a inaptidão para a realização deatividades laborativas com esforço físico no período de abril de 2010 a novembro de 2011. Assim sendo, conclui-se que oautor esteve incapacitado temporariamente para o exercício da sua atividade habitual nesse período. Com relação aoperíodo pretérito – retroativo à data do requerimento administrativo -, a perícia administrativa do INSS já havia atestado aincapacidade, pois concedeu, ainda que por erroneamente, auxílio-doença no período de 04/10/2008 a 31/10/2010.

7. Verificada a incapacidade, passo a analisar a qualidade de segurado. O autor teve vínculo empregatício de04/02/2008 a 03/03/2010. Antes deste período sua última contribuição previdenciária foi em 06/1997. O requerimentoadministrativo foi realizado em 04/10/2008, indeferido por não ter cumprido a carência legal exigida (fl. 20).

8. Todavia, o motivo alegado para o indeferimento está eivado de vício, uma vez que já tendo o autor contribuídopor mais de 12 meses anteriormente, quando do seu retorno em 2008, só precisaria cumprir um quarto do período exigido,o que efetivamente ocorreu, nos termos do art. 24, § único, da Lei 8.213/1991.

9. As contribuições posteriores ao início da incapacidade podem ser computadas para fins de carência. A lei proíbea concessão de benefício se a DII for fixada antes da filiação ao RGPS. Entretanto, a lei não exige que a carência dobenefício seja completada antes da DII. Se a DII for posterior à filiação, mas o segurado não tiver recolhido contribuiçõesem número suficiente para cumprir a carência, pode complementar as contribuições faltantes, desde que não sejamantecipadas.

“Interessante observar que o art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, nada diz sobre a necessidade de completar umterço do período de carência antes da incapacidade, mas sim da necessidade da incapacidade tomar lugar após a filiação,sob pena de fraude ao sistema previdenciário (art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91 e art. 71, § 1º, RPS). Daí, estandoa data de início da incapacidade (DII) em período posterior à nova filiação do segurado, devera ser lícito a este recolher operíodo faltante, mesmo na qualidade de facultativo, e obter a prestação previdenciária devida, no caso, o auxílio-doença.Somente quando a DII é fixada em data anterior à nova filiação, é que o benefício não poderia ser concedido.”[1]

10. Conforme informações prestadas pelo autor e relatadas pelo perito do juízo, o autor realizou implante de prótesevalvar em 28/08/2008 e requereu o benefício em 04/10/2008. A perícia administrativa do INSS fixou a DII em 11/03/2008(fls. 27/28).

11. Todavia, afiro que essa DII não condiz com a realidade, pois há indicativos de que o autor trabalhava nesseperíodo e só requereu o benefício por incapacidade após a realização do procedimento cirúrgico. Ressalte-se que a DIIfixada pelo INSS, quando da concessão errônea, corresponde à data do diagnóstico da doença pelo médico particular doautor, conforme relatado na perícia do juízo. Assim, o conjunto probatório indica que a DII da incapacidade coincide com acirurgia realizada em 28.08.2008.

12. Considerando que os laudos médicos atestam a incapacidade do autor no período de abril de 2010 a novembrode 2011, conclui-se que o autor tem direito ao benefício nesse período, porquanto sua incapacidade foi posterior à novafiliação.

13. Quanto à data de início do benefício, apesar do motivo viciado do indeferimento de fl. 20, não há nos autosnenhum documento que comprove a incapacidade do autor à época do requerimento administrativo. Mas, considerandoque o autor recebeu, ainda que por erro administrativo, auxílio-doença no período de 25/11/2008 a 31/03/2010, fixo a DIBem 1º/04/2010, com base nos laudos particulares, com cessação na data da perícia do juízo, pois constatava a ausência deincapacidade para o trabalho.

14. No que se refere à exigência de médico especialista para a realização da perícia do juízo, a TNU sufraga oentendimento de que só se faz necessário em casos especiais e de maior gravidade, a exemplo, de doenças raras, o quenão se verifica no presente caso (Precedentes PEDILEF 200872510048413, 200872510018627, 200872510031462).

15. Posto isso, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do autor para reformar a sentença e condenar o INSS aopagamento do benefício de auxílio-doença com DIB em 1º/04/2010 e DCB em 27/12/2011 (data da perícia do juízo).

Os valores deverão ser apurados quando os autos retornarem à primeira instância, e pagos mediante RPV. Correçãomonetária pelo INPC e juros de mora, nos termos do art. 1º da Lei 9.494/97.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº10.259/01. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

65 - 0103222-17.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103222-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO RAMOS FILHO(ADVOGADO: ES004497 - DICK CASTELO LUCAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).

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PROCESSO: 0103222-17.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103222-0/01)RECORRENTE: FRANCISCO RAMOS FILHOADVOGADO (S): DICK CASTELO LUCASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Marcos Figueredo Marçal

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por FRANCISCO RAMOS FILHO contra a sentença de fls. 72/74, quejulgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença, desde o requerimento administrativo (05/09/2012), e/ou asua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que era motorista de coletivo e desde 20/08/2012 seafastou do exercício, quando foi acometido de dores insuportáveis na coluna cervical e lombar e diagnosticada a doençaque o incapacitou para as atividades laborativas. Alega que a autarquia ré laborou com falta de zelo quando o reabilitou nafunção de porteiro, uma vez que sua patrocinadora não dispõe desse cargo, e ainda, o exercício dessa função reduziria emaproximadamente 50% o seu poder econômico, o que é inadmissível. Diz que se encontra em tratamento na área deneurocirurgia, com acompanhamento regular, e o médico especialista que o acompanha é categórico em afirmar que orecorrente “não tem condições de retornar ao trabalho”. Requer a reforma da sentença para concessão, inclusive emantecipação dos efeitos da tutela, do auxílio-doença, desde a data do requerimento, com a transformação emaposentadoria por invalidez e o pagamento das parcelas devidas, legalmente corrigidas.

2. O autor nasceu em 14/04/1967. Na petição inicial informou ser “motorista de ônibus coletivo”. O pedidoadministrativo foi realizado em 05/09/2012 (fl. 09) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. O autoresteve em gozo de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, no período de 08/12/2004 a 21/07/2010.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

(...)Primeiramente, indefiro o requerimento do autor de fls. 68-71, visto que os elementos presentes nos autos são suficientesao convencimento deste juízo.Exerce, ou exercia, a parte autora a função de motorista de coletivo, contando atualmente 46 anos de idade, referindoproblemas ortopédicos, principalmente em sua coluna lombar e cervical.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (05-09-2013, fls. 46-50) foiconstatado que a parte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de também confirmar-se sua doença. O peritoafirma que a doença que acomete o autor possui caráter degenerativo (de evolução lenta e normal a todos os sereshumanos), mas que o demandante não apresenta alterações ou limitações funcionais, visto que sua função habitual(motorista de coletivo) não requer esforço físico, estando apto a exercer suas atividades laborais.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosocio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Considerando ainda o relatado pelo INSS em sua contestação (fls. 57-65), bem como a documentação de fls. 61-65, quecomprovam o alegado, o autor participou do programa de reabilitação profissional, para a atividade de porteiro, função estatambém compatível com o recomendado pelo perito judicial ortopedista, em seu laudo pericial de fls. 46-50, visto que nãorequer esforço físico. Logo, considerando a conclusão da perícia médica realizada nos autos, o fato do autor haverretornado à sua função de motorista de ônibus de maio a setembro de 2013 (fl. 63), e por todo o exposto acima, entendoinviável a concessão de qualquer benefício por incapacidade ao autor.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.(...)

Sem razão o recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendoem vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonânciacom a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

A inaptidão para a função de motorista é evidenciada pelo exame de retorno ao trabalho, subscrito por médico do trabalho,realizado em 29/10/12 (fl.10); também é evidenciada pelo laudo particular de fl.11, que indica a profissão de motorista deônibus e afirma a inaptidão para esta função.

De qualquer forma, o autor foi reabilitado para outra função de porteiro de edifícios desde 24/6/2010 (fl. 64). Evidentemente,o exercício dessa função requer muito menos esforço do que a função de motorista.

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O laudo pericial encontra-se razoavelmente fundamentado. Note-se que o perito, ao confirmar a doença do autor – artroseda coluna cervical e lombar – ressalta que os sinais de compressão nervosa lombar no exame de ressonância nãoapresentam correspondência clínica.

Acrescente-se apenas que a reabilitação independe da existência de vaga na empresa empregadora na nova função ou desimilar remuneração em relação à função anteriormente exercida.

9. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 37). É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].Inscrição Principal: 1.243.808.822-4Inscrição Informada: 1.243.808.822-4

Nome: FRANCISCO RAMOS FILHO -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 553.127.605-9 1.243.808.822-4 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 BEN 542.510.559-9 1.243.808.822-4 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 CNPJ 31.806.623/0001-80 1.243.808.822-4 25/02/1991 31/01/1992 CLT 99999

VIACAO PRAIA SOL LTDA

004 CNPJ 27.057.256/0001-91 1.243.808.822-4 17/09/1992 04/2014 CLT 7824

VIACAO TABUAZEIRO LTDA

005 BEN 137.012.236-2 1.243.808.822-4 08/12/2004

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 21/07/2010

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

66 - 0002308-42.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002308-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JURACI BENFICA(ADVOGADO: ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0002308-42.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002308-8/01)RECORRENTE: JURACI BENFICAADVOGADO (S): RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO

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V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JURACI BENFICA contra a sentença de fls. 67/70, que julgouparcialmente procedente o pedido, condenando o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a conceder auxílio-doençacom DIB em 08/08/2013 (data da realização da perícia médica judicial), devendo-se manter seu pagamento até que hajamelhora no quadro do autor. Sustenta o recorrente que a data de início do pagamento do benefício deve ser a da cessaçãodo benefício anterior, pois constam dos autos (fls. 15/21) provas médicas de que já seria portador da doença que o acometehá muito tempo e de que, no intervalo entre a data de cessação do benefício e a data da realização da perícia, ainda estavaincapacitado para o trabalho. Alega que o tratamento da doença é demorado, sendo praticamente improvável que tenhasido considerado curado e apto ao trabalho em 26/07/2012 e em 08/08/2013 estivesse novamente incapacitado. Requer areforma da sentença para concessão do auxílio-doença e o pagamento das parcelas em atraso desde a data da cessação(26/07/2012).

2. O autor nasceu em 08/02/1962 e exerce a profissão de bombeiro hidráulico. O pedido administrativo foi realizadoem 01/08/2012 (fl. 13) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de auxílio-doença,conforme consulta ao CNIS e ao PLENUS, nos períodos de 12/12/2011 a 02/04/2012 e 05/04/2012 a 26/07/2012; e deauxílio-acidente, no período de 27/07/2012 a 30/11/2013.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Primeiramente, indefiro o requerimento do INSS de fls. 48-55. O fato do autor ter continuado a perceber salários, ou mesmoretomado alguma atividade laborativa junto à empresa em que era vinculado antes de começar a perceber benefícioprevidenciário, por sua vez, não impede que se reconheça a incapacidade laborativa do Autor, haja vista que a realizaçãode algum trabalho durante o curso do processo – em especial pelo tipo de moléstia que autor apresenta no caso – nãosignifica a retomada da capacidade laboral.Com efeito, nada impede que a pessoa doente possa continuar exercendo algum trabalho, mas, ao invés de exercê-lo semimpedimentos, é evidente que este labor lhe trará mais sofrimento, representando mesmo uma espécie de martírio impostoem decorrência da falta de amparo previdenciário.Assim, é lógico – e até esperado – que a pessoa não agraciada pelo benefício da previdência social, tenha que continuartrabalhando, mesmo com todas as dores que a doença lhe impuser, até porque, se não o fizer, não terá condições desobreviver.Desta forma, passando à analise do caso, exerce, ou exercia, a parte autora a função de bombeiro hidráulico, contandoatualmente 51 anos de idade, referindo problemas ortopédicos, principalmente capsulite adesiva em seu ombro direito.Realizada perícia médica judicial (08-08-2013, fls. 39-41), foi constatado que a parte autora apresentava incapacidadelaborativa uniprofissional (que implica a impossibilidade do desempenho apenas da atividade habitual da pessoaexaminada), parcial e temporária, visto que foi constatado, no momento do exame pericial, que o autor apresentavalimitação da rotação externa, abdução e elevação do ombro direito, não podendo realizar esforço físico com o membrosuperior direito.O perito afirmou que o demandante poderá ser recuperado, reabilitado, ou mesmo remanejado para atividadesburocráticas, já que ele pode apresentar melhora com tratamento clínico e fisioterápico, mas afirma também que o tempode recuperação é prolongado. O perito não informa desde quando a incapacidade do autora já existia.Sobre a moléstia que acomete o autor, ou seja, capsulite adesiva, assim encontramos sobre o tema:“Embora as bibliografias disponíveis sobre o assunto relatem que a cura dessa patologia, principalmente nas formasidiopáticas, ocorra gradativamente e espontaneamente, medidas terapêuticas enérgicas e precoces devem ser impostaspara a resolução da forte dor contínua de difícil controle na fase hiperálgica, da urgência em combater a grave impotênciafuncional que se instala rapidamente e dificulta as atividades comuns da vida diária, da necessidade de abreviar a longaevolução da doença e da possibilidade de restarem seqüelas irreversíveis nos casos mais graves (FERREIRA/FILHO, 2005;KISNER; COLBY, 2005; LECH; SUDBRACK; VALENZUELA,1993).(http://fisioreabilitacao.blogspot.com.br/2011/03/capsulite-adesiva.html). (grifei)Os vários métodos disponíveis para o tratamento dessa patologia são controversos, gerando divergência da melhormaneira de tratá-la nas suas fases, entretanto há um consenso de que o alívio da dor e a restauração da mobilidadearticular devem ser o enfoque do tratamento inicial (FERREIRA/FILHO, 2005; KISNER; COLBY, 2005; LECH; SUDBRACK;VALENZUELA, 1993). (http://fisioreabilitacao.blogspot.com.br/2011/03/capsulite-adesiva.html). (grifei)”Assim, presente a incapacidade uniprofissional, parcial e temporária para o trabalho, a pretensão autoral encontra guaridano ordenamento jurídico pátrio, até que haja melhora no quadro do autor, observando-se a necessidade de tratamento paraa efetiva recuperação do mesmo, que neste caso seria por um período longo, citado pelo perito do juízo, e/ou o INSS oreabilite para alguma função compatível com suas limitações.Quanto à DIB do benefício, considerando que o autor trabalhou e percebeu salários até a competência de julho de 2013 (fls.50-52), mesmo que por necessidade, incapaz parcialmente, e/ou em outra função, estabeleço a data de 08-08-2013 (datada realização da perícia médica judicial) como marco para a conceder o benefício de auxílio-doença ao autor.Quanto à sua conversão em aposentadoria por invalidez, não estão preenchidos os requisitos para a sua concessão, eisque, para este caso, a incapacidade deve ser total, definitiva e omniprofissional, e o perito judicial informou que aincapacidade do autor era temporária, com chances de haver uma recuperação e/ou reabilitação profissional.Isso posto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido autoral e extingo o processo com resolução de mérito (art.269, I, CPC), para o fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença ao Autor, com DIB em 08-08-2013(data da realização da perícia médica judicial), devendo-se manter seu pagamento até que haja melhora no quadro doautor, observando-se a necessidade de tratamento para a efetiva recuperação do mesmo, que neste caso seria por umperíodo longo, citado pelo perito do juízo, e/ou o INSS o reabilite para alguma função compatível com suas limitações, ou

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mesmo reconhecimento de incapacidade definitiva, a ser atestada em perícia administrativa realizada posteriormente pelopróprio INSS;

(...)

A pretensão recursal é retroceder a DIB do benefício de auxílio-doença concedido na sentença desde a data da perícia(08/08/13) para o dia 27/08/12, ou seja, um dia após a cessação do auxílio-doença que vinha recebendo por força dedeferimento administrativo.

Conforme antes relatei, a informação oriunda do CNIS indica recebimento de auxílio-acidente, no período de 27/07/2012 a30/11/2013. Ou seja, o INSS reconheceu que houve redução da capacidade laboral, ao menos no período enfocado. Talconclusão administrativa está de acordo com laudo que o próprio autor anexou aos autos; com efeito, em laudo de21/08/12, o médico ortopedista que atendeu o autor afirmou que o mesmo “está apto para retorno ao trabalho, porém deveevitar atividades que envolvam grande amplitude de movimento do ombro direito...” (fl.18). Noutras palavras, em períodopouco posterior à DCB do auxílio-doença, havia indicativo médico de que o autor poderia trabalhar, mas com redução dacapacidade laboral (o que enseja recebimento de auxílio-acidente).

Pelo exposto, nada há a reparar na sentença.

7. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 27). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

67 - 0002396-80.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002396-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RITA DA CONCEIÇÃOMENDES LIMA (ADVOGADO: ES015744 - CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0002396-80.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002396-9/01)RECORRENTE: RITA DA CONCEIÇÃO MENDES LIMAADVOGADO (S): CATARINE MULINARI NICORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por RITA DA CONCEIÇÃO MENDES LIMA contra a sentença de fls.85/88, que julgou improcedentes os pedidos iniciais de concessão de auxílio-doença e, caso se comprove a incapacidade, aconversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que está totalmente incapacitada para o trabalho e que operito não realizou os exames subsidiários do membro acometido para avaliar com exatidão o grau de extensão da lesãopara a conclusão do laudo, configurando cerceamento de defesa. Requer a reforma da sentença para que seja concedido oauxílio-doença e o pagamento dos atrasados desde a DER (06/07/2012), caso haja dúvidas, que sejam realizados examesmédicos necessários para uma perfeita conclusão do laudo pericial.

2. A autora nasceu em 22/05/1951. Na petição inicial afirmou ser “costureira e cozinheira”. O pedido administrativofoi realizado em 06/07/2012 (fl. 07) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo debenefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, no período de 05/11/2010 a 24/02/2011.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

(...)In casu, a primeira perícia realizada com a médica ortopedista (fls. 27/30), não verificou incapacidade laboral para suasatividades habituais. Informou ainda, que a Autora é portadora de espondiloatrose (M51.1. CID10).Especificando o estado de saúde e a capacidade laborativa da Autora, a perita ortopedista do Juízo respondeu que a Autoraencontra-se apta para a atividade habitual de costureira.Apesar da conclusão pericial, a Autora em manifestação ao laudo pericial (fls. 48/51), impugnou o mesmo e requereu arealização do novo exame pericial, em razão das outras moléstias apresentadas.Sendo assim, por ocasião do segundo exame pericial realizado em 17.03.2014, a perita do juízo não verificou incapacidadelaboral. Em relação ao estado de saúde e a capacidade laborativa da Autora, asseverou a expert:“8. A pessoa examinada tem, no momento do exame pericial, aptidão física e mental para exercer essa atividade habitual,atingindo a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma categoria profissional?Por quê? Resposta: Não. A autora relatou no exame pericial, que está em acompanhamento médico com cardiologista eendocrinologista, para ser submetida a cirurgia de na glândula tireioidea ( bócio multinodular atóxico). Porém não apresentadata de cirurgia. Acrescentado a isso, apesar da autora não ter referido no exame pericial que apresenta labirintite crônica,cistos renas, bilaterais, esofagite de refluxo, hérnia hiatal, dores nos punhos, dores no ombro, apresentou exame físiconormal. Havendo a possibilidade de realização de exames subsidiários do membro acometido para avaliar com exatidão ograu de extensão da lesão, assim como sua veracidade. Somado a isso, relatou no exame pericial que está cometida comdores nas costas, tornozelo, joelhos. Porém não apresentou nos autos exame em que comprove o quadro degenerativo. O

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que de fato apresentou exame físico normal, durante a perícia médica, ou seja, não apresentando limitações físicas para afunção de costureira.Em uma leitura superficial do quesito supra, há a falsa compreensão de que a Autora está incapaz. Entretanto,compulsando o laudo pericial infere-se o erro material contido em tal quesito, chegando à conclusão, portanto, que a Autoraencontra-se capaz para exercer as suas atividades habituais.Concluindo, a douta perita do juízo afirmou:“9. Os atestados médicos e/ou laudos de exames apresentados pela pessoa examinada comprovam incapacidade para otrabalho em momento anterior à perícia? É possível afirmar que a incapacidade já existia quando do (a)cessação/requerimento administrativo do benefício, ou seja, em 06/07/2012? Resposta: A autora está apta ao trabalho.Acrescentado a isso, durante a perícia médica, a autora apresentou exame físico normal, ou seja, não apresentandolimitações físicas para a função de costureira.”Neste ponto, embora a conclusão acerca da alegada incapacidade seja diversa daquela exposta nos documentos queinstruem a inicial, há de se ter em mente que os laudos e pareceres do médico particular são caracterizados pelaparcialidade, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor da manifestação do expert doJuízo. Neste sentido, o Enunciado nº. 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, ao estabelecer que “o laudo médico particularé prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo Juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Em razão da ausência de incapacidade, realidade que, a meu ver, não foi verificada nos autos, não subsiste a pretensãopostulada na inicial, qual seja, o restabelecimento do auxílio doença cessado em 06.07.2012 (DER), e posteriormente coma comprovação da incapacidade total e definitiva, a conversão em aposentadoria por invalidez.Desta forma, não tendo sido constatada a incapacidade laboral, inviável a concessão do benefício postulado, nada restandoao Juízo senão afastar a pretensão autoral.Dispositivo:Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido autoral, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos moldesdo art. 269, inciso I, do Código deProcesso Civil.(...)

Sem razão a recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendoem vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonânciacom a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

5. Acrescente-se apenas que a parte autora não se manifestou sobre o laudo quando intimada para tanto (certidãode fl. 84) e que, conforme já exposto na sentença, ambas as conclusões periciais foram enfáticas pela aptidão da autorapara o labor (houve duas perícias; laudos às fls.27/30 e fls.60/73). Registre-se que a médica perita que realizou o segundoexame pericial não condicionou a conclusão à realização de nenhum exame subsidiário, tendo apenas mencionado apossibilidade de sua realização.

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 18).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

68 - 0001983-35.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001983-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS HENRIQUEGREMASCO (ADVOGADO: ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA,ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DAPENHA BARBOSA BRITO.).PROCESSO: 0001983-35.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001983-8/01)RECORRENTE: CARLOS HENRIQUE GREMASCOADVOGADO (S): ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto por CARLOS HENRIQUE GREMASCO contra a sentença de fls.126/128, que julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o INSS a restabelecer ao autor o auxílio-doença novalor de um salário mínimo, desde a data da cessação indevida, em 17/08/2011, mantendo-se o beneficio até que o autorseja efetivamente reabilitado para exercer outra atividade que lhe garanta o sustento, bem como a pagar as prestaçõesvencidas, observada a prescrição quinquenal. Sustenta o recorrente que perito atestou que o autor poderia ser reabilitadoem outras atividades, sem, contudo, exemplificá-las. Sustenta que suas limitações físicas acentuadas, associadas às suascaracterísticas pessoais formam um conjunto de elementos que demonstra quadro de incapacidade total e definitiva, quejustifica a aposentadoria por invalidez. Argumenta que o magistrado deve observar o caráter social dos benefíciosprevidenciários, visando preservar a dignidade humana do segurado. Invoca a Súmula 47 da TNU. Diz que, conforme laudo

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pericial de fls. 106/107, está definitivamente incapaz para sua atividade habitual de lavrador, assim como para outrasatividades que exijam esforço físico. Argumenta que reside em localidade rural, onde poucas são as opções de empregoem atividades que não exijam esforço físico. Destaca os aspectos que dificultam a reabilitação em outra atividade, quaisseja, incapacidade por mais de 05 anos; não poder exercer atividades que exijam esforço físico; experiência profissionallimitar-se a atividades braçais na lavoura; baixo grau de instrução (3ª série primária – analfabeto funcional); idade de 48anos; meio social estritamente rural, carente de opções de trabalho que não exijam esforço físico. Sustenta a aplicação, poranalogia, do artigo 188, § 2º, da Lei nº 8.112/90, que prevê para os servidores públicos a concessão de aposentadoria porinvalidez após dois anos de afastamento do trabalho. Requer a reforma da sentença para condenar o INSS a concederaposentadoria por invalidez, desde a data do ajuizamento da ação, mantendo-se a condenação ao pagamento das parcelaspretéritas do auxílio-doença, desde a indevida cessação ocorrida em (17/08/2011), acrescidas de juros e correçãomonetária.

2. O autor nasceu em 11/06/1965. Na petição inicial afirmou ser “trabalhador rural”, o que se confirma na cópia daCTPS, às fls. 16/19. Esteve em gozo de benefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, no período de 09/06/2008 a17/08/2011 (fl. 125).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Segundo se verifica no documento de fl. 125, o Autor recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 11/06/2008 a17/08/2011.A perícia médica (fs. 106/107) constatou que a parte autora possui transtornos dos discos lombares e de outros discosvertebrais, com radiculopatia (resposta ao quesito nº 1 do INSS), que a incapacitam de forma parcial e definitiva para oexercício de sua atividade laborativa habitual de lavrador (resposta ao quesito 9/10 do INSS), e que sua incapacidade teveinício desde 14/02/2007 (resposta ao quesito 7 do INSS).Deste modo, considerando que sua incapacidade parcial e definitiva persiste desde 14/02/2007 até a presente data, a altadada pelo INSS foi indevida, fazendo a parte autora jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde a data dasua cessação em 17/08/2011. Ressalto que não foi efetuado nenhum requerimento administrativo em data anterior a11/06/2008, portanto o benefício é devido somente a partir de então.O benefício deverá ser mantido até que a parte autora esteja efetivamente reabilitada para outra atividade laborativa que lhegaranta o sustento, dentro de sua realidade funcional e grau de limitação.Quanto ao requerimento de concessão de aposentadoria por invalidez, o indefiro, vez que não verifico a existência de umrequisito necessário à sua concessão, qual seja, a totalidade/definitividade da incapacidade laborativa.Da antecipação da tutelaExaminando os elementos reunidos nos autos, verifico que a parte autora reúne os requisitos para o recebimento dobenefício em tela, nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízo de certeza ora manifestado, está presente o primeirorequisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos da 1ª parte do art. 273, do CPC.O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes da parte autora.Diante o exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela pretendida e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE opedido, condenando o INSS a:a) Restabelecer em favor do Autor, Carlos Henrique Gramasco, o benefício previdenciário de auxílio-doença (NB530.822.719-1), no valor de um salário mínimo, desde a data da cessação indevida, em 17/08/2011. O benefício deverá sermantido até que a parte autora seja efetivamente reabilitada para exercer outra atividade que lhe garanta o sustento.b) Pagar as prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal.(...)

4. A perícia judicial (laudo às fls. 106/107) constatou que a incapacidade do autor para a atividade habitual detrabalhador rural é definitiva (quesito 10 do INSS). A sentença aduz que o benefício deverá ser mantido até que a parteautora esteja efetivamente reabilitada para outra atividade laborativa que lhe garanta o sustento, dentro de sua realidadefuncional e grau de limitação. Ocorre que a reabilitação para outra atividade, a ser desenvolvida no meio rural - onde resideo autor –, que não demande esforço físico é por demais improvável, considerando, ademais, o seu baixo grau de instrução(analfabeto funcional). Assim é que assiste razão ao recorrente ao pretender a concessão de aposentadoria porinvalidez.

5. Consta dos documentos de fls. 69 e 85 (reproduzido à fl. 97) que o autor foi reabilitado em 17/08/2011 para asfunções de jardineiro, porteiro, vigia e auxiliar de serviços gerais com restrição a esforço físico. Ora, não me parece possívelexercer tais funções sem esforço físico, seja em razão da posição física necessária para exercer a função de jardineiro,seja por razão de segurança nas funções de porteiro e vigia, seja pela natureza mesma da função de auxiliar de serviçosgerais.

6. Conquanto a incapacidade tenha se iniciado em 2007, não há elementos nos autos que permitam aferir suadefinitividade anteriormente à perícia judicial. Com efeito, a irreversibilidade da doença só foi detectada no exame pericial.Veja-se que os laudos particular de fls. 38 e 40, datados de 18/11/2010 e 10/07/2009, respectivamente, mencionamindicação cirúrgica, o que induz a conclusão de que a doença seria reversível por cirurgia. Por essa razão, o autor faz jus àconcessão da aposentadoria por invalidez a partir da data da perícia e não da data de ajuizamento da ação, conformerequerido no recurso.

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7. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar, em parte, a sentença e condenar o INSS aconverter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez a partir de 16/08/2012 (data da perícia judicial), pagando asparcelas atrasadas, mantida a sentença quanto ao restabelecimento do auxílio-doença desde a cessação indevida e quantoaos critérios de juros e correção monetária dos atrasados.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

69 - 0001926-49.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001926-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURINDO PEGO DE SOUZA(ADVOGADO: ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ, ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0001926-49.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001926-7/01)RECORRENTE: LAURINDO PEGO DE SOUZAADVOGADO(S): RAUL ANTONIO SCHMITZ, MARÍLIA SCHMITZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto por LAURINDO PEGO DE SOUZA contra a sentença de fls. 48/50, quejulgou parcialmente procedente o pedido, condenando o INSS a conceder o benefício previdenciário de auxílio-doença comDIB na data do requerimento administrativo, bem como a pagar as parcelas atrasadas entre a DIB e a implantação,observando os critérios porventura gerados até a data da efetiva expedição do RPV. Sustenta o recorrente que o peritoconstatou a incapacidade parcial com possibilidade de reabilitação para outros tipos de trabalho, porém a patologia é grave,progressiva e limitante, pelo que, a despeito da possibilidade teórica de reabilitação, esta se mostra extremamenteimprovável, em se tratando de pessoa de pouco instrução, tendo concluído apenas o 5º ano do ensino fundamental. Requera reforma da sentença para que seja concedido o beneficio de aposentadoria por invalidez, com pagamento das diferençasdecorrentes.

2. O autor nasceu em 27/03/1964. No laudo pericial judicial afirmou ser “pedreiro”. O pedido administrativo foirealizado em 26/03/2013 (fl. 11) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de benefícioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos de 30/12/2011 a 08/06/2012.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)O Autor, em 26/03/2013 requereu administrativamente o benefício auxílio-doença, sendo indeferido pelo motivo de que nãofoi constatada pela perícia médica incapacidade para o trabalho (fl. 11).Quanto à qualidade de segurado do Autor e a carência exigida para a concessão do benefício pleiteado, estas sãoincontroversas nos autos.Realizada a perícia médica judicial (fls. 31/33) constatou-se que o requerente apresenta quadro de espondilolistese emcoluna lombar, que o incapacita total e definitivamente para o exercício de sua atividade laborativa habitual como pedreiro.O perito informou que essa incapacidade é multiprofissional e existe possibilidade do Autor ser reabilitado para exerceratividades de menor sobrecarga para a coluna lombar.Constatou ainda, que na data do requerimento administrativo (26/03/2013), a parte autora já estava incapaz para trabalho.O INSS em contestação apresentou proposta de acordo (fls. 40 e 41), porém não foi aceita pelo Autor (fls. 46 e 47)Assim, analisando o documento de fl. 12 e o laudo pericial, verifica-se que existe a incapacidade laborativa do Autor,devendo, assim, ser acolhido o pedido e ser concedido o benefício auxílio-doença.Quanto à aposentadoria por invalidez, não estão preenchidos os requisitos para a sua concessão, uma vez que hápossibilidade de reabilitação da parte autora em outras atividades, de acordo com suas limitações de saúde e não foiconstatada incapacidade omniprofissional.Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS, condenando o Réu a:a) conceder o benefício previdenciário de auxílio-doença da parte autora, com DIB em 26/03/2013 (data do requerimentoadministrativo);b) pagar as parcelas atrasadas entre a DIB e a implantação, observando os créditos porventura gerados até a data daefetiva expedição do RPV.(...)

Sem razão o recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendoem vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonânciacom a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

5. Há possibilidade de reabilitação para outra atividade que não demande tanto esforço na coluna lombar quanto a

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de pedreiro, sendo certo que há outras profissões que não requerem grau de instrução maior do que o que possui oautor/recorrente.

6. RECURSO IMPROVDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 21).É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

70 - 0100647-70.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100647-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x RENATA ROSA (ADVOGADO:ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 - THIAGO HUVER DEJESUS.).PROCESSO: 0100647-70.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100647-1/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: RENATA ROSAADVOGADO (S): ALICE DESTEFANI SALVADOR, THIAGO HUVER DE JESUS, ANDERSON MACOHIN

VOTO-EMENTA

PEDILEF. ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO DESTA TURMA RECURSAL AO ENTENDIMENTO DA TNU.

1. Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal – PEDILEF interposto pela parte autora emface do acórdão que deu provimento ao recurso inominado do INSS para reformar a sentença e limitar a condenação aopagamento das parcelas devidas após 29/11/2007, em face da prescrição das parcelas anteriores, decorrentes da revisãoda RMI do auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez da parte autora, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Peladecisão de fls. 220/222, foi determinado o encaminhamento dos autos a este Relator, tendo em vista que o acórdãorecorrido acha-se em sentido diverso do entendimento sufragado pela Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudênciados Juizados Especiais Federais – TNU, no julgamento do PEDILEF 500000472320134047100, decisão de 07/05/2014, DJde 16/05/2014.

2. Com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional, por força do disposto no artigo 202, VI, do Código Civil.

3. Esta Turma Recursal vinha entendendo aplicável ao caso o Decreto-Lei nº 20.910/1932, considerandointerrompida a prescrição e reiniciada a contagem do prazo pela metade, com fulcro no disposto em seu artigo 9º, em facedo Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

4. Ocorre que no julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em14/03/2014), a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) apublicação do Memorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dossegurados à revisão pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionaisem curso, que voltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciaisformulados dentro do período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição,retroagindo os efeitos financeiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido atode reconhecimento do direito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil),importando sua renúncia quando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade doprazo (art. 9º do Decreto 20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse desaldar a dívida, o que definitivamente não ocorreu.

5. Necessário, portanto, proceder-se à adequação do acórdão recorrido, na forma prevista no art. 15, § 3º, doRegimento Interno da TNU, o que passo a fazer.

6. Conquanto a sentença tenha considerado prescritas as parcelas anteriores a 15/4/2005 – cinco anos antes doMemorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS – e apenas o INSS tenha interposto recurso inominado, não háóbice ao afastamento da prescrição, não se configurando reformatio in pejus, por se tratar de matéria de ordem pública,devolvida em sua totalidade à apreciação da Turma Recursal em face do efeito translativo dos recursos.

7. O autor pede, na inicial, que seja aplicada a prescrição das parcelas vencidas até 23/07/2003 – cinco anos antesdo Parecer CONJUR/MPS nº 248, de 23/07/2008. O benefício de auxílio-doença foi iniciado em 25/09/2004 (fl. 23), pelo queo afastamento da prescrição não configura julgamento ultra petita.

8. Pelo exposto, PROCEDO À ADEQUAÇÃO do acórdão recorrido, na forma prevista no art. 15, § 3º, do RegimentoInterno da TNU, passando o voto/ementa que o integra a ter o seguinte teor:

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RECURSO INOMINADO DO INSS IMPROVIDO. Sentença reformada de ofício apenas para afastar a prescriçãoqüinqüenal. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios fixados em 10% das parcelasdevidas.

9. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

71 - 0100403-98.2013.4.02.5053/02 (2013.50.53.100403-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MARIANNA GAMA PEREIRA RODRIGUES -REPRESENTADA POR SUA GENITORA MARIÂNGELA GAMA PEREIRA (ADVOGADO: ES017197 - ANDERSONMACOHIN.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0100403-98.2013.4.02.5053/02 (2013.50.53.100403-1/02)RECORRENTE: MARIANNA GAMA PEREIRA RODRIGUES - REPRESENTADA POR SUA GENITORA MARIÂNGELAGAMA PEREIRAADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUE, ANDERSON MACOHINRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

PEDILEF – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO DESTA TURMA RECURSAL AO ENTENDIMENTO DA TNU.

1. Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal – PEDILEF interposto pela parte autora emface do acórdão que negou provimento ao recurso inominado por ela interposto, mantendo a sentença que condenou oINSS a revisar o salário de benefício de pensão por morte, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar asdiferenças devidas, observada a prescrição qüinqüenal. Pela decisão de fls. 231/233, foi determinado o encaminhamentodos autos a este Relator, tendo em vista que o acórdão recorrido acha-se em sentido diverso do entendimento sufragadopela Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU, no julgamento doPEDILEF 500000472320134047100, decisão de 07/05/2014, DJ de 16/05/2014.

2. Com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional, por força do disposto no artigo 202, VI, do Código Civil.

3. Esta Turma Recursal vinha entendendo aplicável ao caso o Decreto-Lei nº 20.910/1932, considerandointerrompida a prescrição e reiniciada a contagem do prazo pela metade, com fulcro no disposto em seu artigo 9º, em facedo Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

4. Ocorre que no julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em14/03/2014), a Turma Nacional de Unificação dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) a publicação doMemorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentrodo período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição, retroagindo os efeitosfinanceiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido ato de reconhecimento dodireito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil), importando sua renúnciaquando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade do prazo (art. 9º do Decreto20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse de saldar a dívida, o quedefinitivamente não ocorreu.

5. Necessário, portanto, proceder-se à adequação do acórdão recorrido, na forma prevista no art. 15, § 3º, doRegimento Interno da TNU, o que passo a fazer.

6. O autor pede, na inicial, que seja aplicada a prescrição das parcelas vencidas até 23/07/2003 – cinco anos antesdo Parecer CONJUR/MPS nº 248, de 23/07/2008. O benefício foi iniciado em 02/06/2004 (fls. 16/17), pelo que oafastamento da prescrição não configura julgamento ultra petita.

7. Pelo exposto, PROCEDO À ADEQUAÇÃO do acórdão recorrido (fl.143 e fls.153/154), na forma prevista no art.15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, passando o voto/ementa que o integra a ter o seguinte teor:

“NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. DOU PROVIMENTO ao recurso do autor, reformando a sentença apenas paraafastar a incidência da prescrição qüinqüenal. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vistao disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.”

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8. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

72 - 0000461-73.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000461-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GESSIVALDO AMARAL DESOUZA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0000461-73.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000461-9/01)RECORRENTE: GESSIVALDO AMARAL DE SOUZAADVOGADO (S): ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por GESSILVADO AMARAL DE SOUZA contra a sentença de fls. 90/93,que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença, desde o requerimento administrativo (14/02/2011).Sustenta o recorrente que as duas perícias foram contraditórias ao reconhecerem que o recorrente não poderia trabalharpegando peso e nem fazendo esforço físico e concluírem pela capacidade laborativa, tendo em vista sua profissão deauxiliar de obras. Diz que a recorrida tem questionado firmemente a capacidade laborativa do recorrente, porém o beneficiofoi recentemente restabelecido, pelo que os fatos não condizem com o que vem sendo alegado. Sustenta que, por ser apatologia de caráter definitivo e pelas condições pessoais (idade, grau de instrução e saúde) está impedido de obter umavaga no mercado de trabalho. Requer a reforma da sentença para condenação da autarquia ré ao pagamento das parcelasretroativas do beneficio à data de sua indevida negativa na via administrativa, ou seja, de 14/02/2011 a 23/05/2013.

2. O autor nasceu em 23/07/1971. Na petição inicial informou ser “ajudante de pedreiro”. O pedido administrativo foirealizado em 14/02/2011 (fl. 11) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Esteve em gozo de benefícioprevidenciário, conforme consulta ao CNIS, nos períodos de 01/09/2005 a 20/01/2006, de 05/11/2008 a 12/01/2011 e17/04/2013 a 21/06/2013.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado, considerando a data dorequerimento administrativo, são fatos incontroversos. A controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a parte autoraincapacitada para o trabalho, o que corresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.Exerce o autor a função de ajudante de pedreiro/auxiliar de obras (fls. 1, 29 e 61), contando atualmente 41 anos de idade,referindo possuir diversos problemas ortopédicos.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela primeira perícia médica judicial realizada em 10/10/2011 (fls. 29-31)foi constatado que a parte autora apresentava capacidade laborativa. Ainda na ocasião, informou o perito que, ao exameclínico, não restou evidenciado sinal ou sintoma de lesão ativa e incapacitante.Posteriormente, realizada a segunda perícia judicial, também por médico ortopedista, em 10/01/2013 (fls. 1-64) concluiu-se,de igual forma, pela capacidade laborativa do autor. No laudo apresentado, informa o perito que o demandante nãoapresenta alterações causadoras de incapacidade.Assim, realizada duas perícias judiciais na mesma especialidade médica, ambas concluíram pela capacidade laborativa dorequerente. Nesse ponto, devo frisar que o argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos eexames médicos particulares que a confirma não pode prosperar a fim de invalidar a conclusão apresentada a partir daperícia judicial. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deve serconstatada por perícia médica, pois o atestado médico particular equipara-se a mero parecer de assistente técnico, deforma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosócio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Por fim, quanto à manifestação do autor sobre a presença de incapacidade laborativa decorrente de acidente sofrido emfevereiro de 2013 (fl. 89), ou seja, após a realização da segunda perícia judicial (10/01/2013), devo esclarecer que cabe aele buscar o benefício por incapacidade administrativamente junto ao INSS, de sorte que, em caso de negativa, possaacionar novamente o judiciário em nova demanda.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.(...)

4. Os benefícios recebidos nos períodos de 05/11/2008 a 12/01/2011 e 17/04/2013 a 21/06/2013 são deauxílio-doença por acidente de trabalho (espécie 91). O primeiro indica CID 75 (lesões do ombro) e o segundo, CID 75.5

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(bursite do ombro), conforme histórico de perícia médica constante do sistema PLENUS. Conforme laudo da segundaperícia (fls. 61/63), o autor informou que estava trabalhando e sofreu trauma no ombro direito com catraca de ferro há 4anos. Trata-se, pois, de doença decorrente de acidente de trabalho por equiparação (artigo 20, I, da Lei 8213/91).

5. A petição inicial evidencia que a doença de que o autor padece é doença profissional, que a lei equipara aacidente de trabalho ao referir que o autor sofre de síndrome de impacto no ombro direito; a inicial também refere que oafastamento do trabalho ocorreu já em 2008. Como antes referi, em 5/11/2008 o autor começara a receber auxílio-doençade caráter acidentário.

6. Configura-se a hipótese excepcionada no art. 109, I, da Constituição Federal (causas de acidente de trabalho),sendo a competência para processar e julgar a presente demanda da Justiça Estadual.

7. Nesse sentido veja-se, a exemplo, o seguinte acórdão da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.EXCEÇÃO DO ART. 109 , I, DA CF/1988.1. Em se tratando de benefício de natureza acidentária (auxílio-doença), não há como afastar a regra excepcional do incisoI do art. 109 da Lei Maior, a qual estabeleceu a competência do Juízo Estadual para processar e julgar os feitos relativos aacidente de trabalho. Incidência da Súmula n. 15/STJ.2. Agravo regimental improvido.(AGRCC 201001302092, relator JORGE MUSSI, DJE DATA:05/04/2011)

8. Ante o exposto, ANULO A SENTENÇA em face da incompetência da Justiça Federal e determino a remessa dosautos à Justiça Comum Estadual, comarca da Capital – juízo de Cariacica.

Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

73 - 0006296-86.2004.4.02.5050/02 (2004.50.50.006296-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x FRANCISCO MAGEVESKI(ADVOGADO: ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLOBORTOLINI CHAMOUN, ES003823E - vanessa ribeiro fogos.).PROCESSO: 0006296-86.2004.4.02.5050/02 (2004.50.50.006296-2/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONIRECORRIDO: FRANCISCO MAGEVESKIADVOGADO (S): LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA, vanessa ribeiro fogos, MARIA DA CONCEICAO SARLOBORTOLINI CHAMOUN

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS contra asentença de fls. 349/351, que o condenou a conceder o benefício de auxílio-doença no interregno de 25/02/2003 a31/10/2003. Sustenta o recorrente que o autor pleiteou pagamento do beneficio referente ao período de fevereiro a abril de2004, não havendo requerimento para o período deferido em sentença, sendo forçoso conclui que o juiz proferiu julgamentoextra petita.2. O autor (FRANCISCO MAGEVESKI) nasceu em 12/09/1948. Na petição inicial informou ser “operário”.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Compulsando os autos, verifico que a ação em tela fora julgada por este Juízo em 17.11.2011 (fls. 01/03 e 321/323), sendoque, em sede recursal, a Eg. 1ª Turma Recursal anulou o pronunciamento (fls. 342/344).Naquela oportunidade, a Eg. 1ª TR fez correta análise do histórico de benefícios do Autor e esclareceu que o pedidoformulado se referia à concessão de auxílio-doença previdenciário entre 25.02.2003 e 31.10.2003, período queefetivamente não havia analisado pelo Juízo de piso, razão pela qual anulou a sentença anteriormente proferida.Quanto ao pedido de aposentadoria por invalidez, houve expressa desistência por parte do Autor (fl. 289).Pois bem.Considerando que o Autor desistiu expressamente quanto ao pedido de concessão de aposentadoria por invalidez, o quefalta ser verificado neste processo é a correção (ou não) da cessação do auxílio-doença previdenciário de que o Autorusufruiu entre 12.12.2002 a 24.02.2003 (NB 127.313.427-0 – fl. 89). Segundo foi alegado na inicial, o Autor manteve-seincapaz no período que vai de 25.02.2003 a 31.10.2003 – a partir de 01.11.2003, retornou ao trabalho em outro emprego (fl.10).Sobre o período que nos interessa (25.02.2003 a 31.10.2003), há nos autos laudos expedidos por médico vinculado ao SUSnos dias 11.12.2002 e 28.03.2003 (fls. 28/29), os quais atestam, grosso modo, que o Autor: a) é portador de hipertensãovenosa crônica no membro inferior esquerdo, secundária a trombose venosa profunda diagnosticada e tratada clinicamente

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em setembro de 2001; b) possui quadro clínico constante de dor, acompanhado por edema que atinge perna, tornozelo epé; c) deve evitar exercícios físicos e está indicado a afastamento definitivo do trabalho, porque sua atividade exige esforçofísico intenso e ortostatismo prolongado.Além disso, o laudo pericial fornecido pelo expert do Juízo (fls. 53/57) concluiu que: a) o Autor apresentava sinais clínicosde insuficiência venosa crônica do membro inferior esquerdo, decorrente de trombose venosa profunda ocorrida no ano de2001; b) a doença teve início provável entre julho e setembro de 2001; c) em relação ao quadro de insuficiência venosacrônica no membro inferior esquerdo, seu início se deu após o quadro de trombose venosa profunda ocorrido em 2001; d) aincapacidade é parcial e definitiva, para atividades em ortostase prolongada; e) o Autor poderia ser reabilitado para outrasatividades que não necessitem de esforço físico exagerado ou ortostase prolongada.Em vista destas circunstâncias, parece-me claro que, entre 25.02.2003 e 31.10.2003, o Autor estava incapaz para arealização da atividade de “encarregado de obras” (fl. 10).Com efeito, embora se tratasse de incapacidade parcial, é certo que o pleno exercício da atividade indicada estavadefinitivamente comprometido pelo fato de o Autor não poder realizar esforço físico exagerado, nem permanecer emortostase por períodos prolongados.Desta forma, ao invés de ter cessado seu auxílio-doença, o INSS deveria ter encaminhado o Autor ao serviço dereabilitação, mantendo o pagamento do benefício enquanto uma nova ocupação fosse aprendida (art. 62 da Lei nº.8.213/91).Dispositivo:Ante todo o exposto, decido a questão da seguinte forma:a) quanto ao pedido de aposentadoria por invalidez, HOMOLOGO o pedido de desistência formulado pelo Autor,extinguindo o processo sem resolução de mérito (art. 267, VIII, CPC);b) com relação ao postulado de concessão de auxílio-doença previdenciário, JULGO PROCEDENTE o pedido e extingo oprocesso com resolução de mérito (art. 269, I, CPC), para condenar o INSS a conceder tal benefício no interregno de25.02.2003 a 31.10.2003.(...)4. Na petição inicial, o autor pediu a condenação do INSS a pagar-lhe benefício entre fevereiro a outubro de 2004.Contudo, referiu-se equivocadamente ao ano de 2004; com efeito, pela causa de pedir e pela data do ajuizamento da ação(28/06/2004) é evidente que quis se referir ao período de fevereiro a outubro de 2003.

Tal questão foi devidamente explicitada no acórdão de fls.341/343, que anulou a 1ª sentença; com efeito, confira-se o teordo seguinte trecho daquele acórdão:

“... Afastada qualquer dúvida a respeito da origem da incapacidade do recorrente, verifico que não há no Sistema Plenuspedido administrativo de auxílio-doença no mês de fevereiro de 2004. Presumo, inclusive, que o pedido correto a ser feitona inicial deveria ter sido de fevereiro a outubro de 2003, tendo em vista que o benefício anterior havia sido cessado em24/02/2003 e que a data da peça exordial é 25/06/2004 (protocolo em 28/06/2004), sendo impossível ao autor ter afirmadoque entre os meses de fevereiro e outubro não conseguiu trabalhar em virtude de trombose e outros problemas de saúde(sic), e, logo abaixo, indicar que esse período referia-se ao ano de 2004. Ora, o período afirmado não pode ser 2004, e sim2003. Prova maior é que o autor, em 01/11/2003 foi admitido na empresa na qual, futuramente, iria sofrer o acidente detrabalho, por isso colocou como termo final do seu pedido o mês de “outubro”. (...)” (fl.343).

5. Em conclusão, não houve julgamento extra petita. A segunda sentença (acima transcrita) apenas se ateve ao queo autor realmente pleiteou.6. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencidoem honorários advocatícios, arbitrados em 10% do valor das parcelas vencidas.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

74 - 0004657-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004657-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x NILZA DA SILVA DA VITORIA (ADVOGADO:ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO, ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA, ES008759 -JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR.).PROCESSO: 0004657-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004657-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: NILZA DA SILVA DA VITORIAADVOGADO (S): MARIA DE FATIMA MONTEIRO, JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR, BERNARDO JEFFERSON BROLLODE LIMA

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 156/159, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré a restabelecer obenefício de auxílio-doença desde 17/05/2010, data da cessação indevida, devendo o referido benefício ser convertido emaposentadoria por invalidez, a partir de 12/01/2011, data da perícia médica judicial. Sustenta o recorrente que aposentar orecorrido por invalidez sem provas concretas de que ele realmente não quer se submeter a tratamento cirúrgico é umaprecipitação que vai de encontro aos princípios que norteiam a Previdência Social. Argumenta que a recusa injustificada oupor motivos pessoais para não se submeter a cirurgia não enseja concessão de aposentadoria por invalidez. Além disso,

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prossegue, o médico perito afirmou a possibilidade de reabilitação profissional da autora. Conclui que não restoucomprovada a incapacidade total e definitiva para o trabalho, muito pelo contrário, a perícia foi categórica ao afirmar que aincapacidade é temporária. Diz que a autora exerceu atividade remunerada dentro do período objeto de condenação,conforme documentos extraídos do CNIS, de fls. 66/68, sustentando, ainda, a impossibilidade de pagamento de benefíciopor incapacidade simultaneamente ao exercício de atividade remunerada. Requer a reforma da sentença para desconstituira condenação à concessão da aposentadoria por invalidez e, em qualquer caso, seja possibilitado o abatimento dos mesesem que a autora exerceu atividade remunerada.2. A autora (NILZA DA SILVA DA VITÓRIA) nasceu em 11/06/1959. Na petição inicial informou ser auxiliar deserviços gerais.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Na presente demanda, a incapacidade restou comprovada através da prova pericial (laudo às fls. 50 e complementar às fls.93 e 132) visto que o perito foi taxativo ao constatar que a parte autora apresenta incapacidade total e temporária para otrabalho habitual de auxiliar de serviços gerais, em virtude de “lesão de tendão supra-espinhal em ombro direito e hérniadical C5-C6”. Segundo o perito, a parte autora apresenta diminuição dos movimentos do ombro direito com graveincapacidade funcional e dor (Cervicobraquialgia bilateral). Afirma, ainda, que a incapacidade é temporária porque a autoradeverá ser submetida a tratamento cirúrgico e fisioterapia no pós-operatório, ocasião que haverá a necessidade de repousopor 06 a 18 meses para recuperação, podendo, posteriormente, voltar a exercer sua atividade profissional de costume.Ocorre que, conforme dispõe o Decreto 3.048/99, em seu artigo 77, o demandante não é obrigado a se submeter aintervenção cirúrgica: “O segurado em gozo de auxílio-doença está obrigado, independentemente de sua idade e sob penade suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitaçãoprofissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão desangue, que são facultativos.” Assim, em que pese o posicionamento do perito judicial quanto à existência de incapacidadetemporária, nota-se que a parte autora possui, atualmente, 54 anos de idade (DN em 11/06/1959 - fls. 17), além de terdesempenhado atividades sem qualquer tipo de qualificação técnico-profissional (auxiliar de serviços gerais) durante suavida laborativa, motivos pelos quais se torna improvável seu reingresso no mercado de trabalho. Além disso, há de sereconhecer o caráter definitivo da limitação laboral, diante da falta de tratamento obrigatório que restabeleça a capacidadeda parte autora por completo. Sendo assim, constata-se que a situação fática se enquadra nas regras previstas no artigo 42da Lei 8.213/91, que dispõe sobre a aposentadoria por invalidez.De acordo com os documentos acostados aos autos (fls. 62), a parte autora recebeu o benefício auxílio-doença durante operíodo de 13/04/2010 a 17/05/2010 (NB 540.413.712-2), sob o diagnóstico de “Lesões do ombro (CID10 M752)”.Em contestação (fls.60/62), o INSS alega que a parte autora manteve vínculo empregatício durante o período que informaincapacidade laborativa, o que comprovaria o restabelecimento da capacidade para o trabalho após a alta médicaadministrativa, razão pela qual a ré argúi a incompatibilidade do recebimento de auxílio-doença com o exercício do trabalho.Contudo, o trabalho remunerado em período em que atestada a incapacidade não pressupõe aptidão física, ao contrário,trabalhar doente prejudica a saúde do obreiro e o próprio trabalho. O exercício de atividade laborativa sem condições desaúde não pode prejudicar o segurado a obter o recebimento do beneficio por incapacidade, ainda mais considerando anecessidade de manutenção do próprio sustento. Nesse sentido, segue acórdão da Egrégia Turma Nacional DeUniformização:PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHO EXERCIDO NO PERÍODO EMQUE RECONHECIDO INCAPACIDADE LABORAL PELA PERÍCIA MÉDICA. DIREITO AO BENEFÍCIO DESDE OINCORRETO CANCELAMENTO PELO INSS. 1. O trabalho exercido pelo segurado no período em que estava incapazdecorre da necessidade de sobrevivência, com inegável sacrifício da saúde do obreiro e possibilidade de agravamento doestado mórbido. 2. O benefício por incapacidade deve ser concedido desde o indevido cancelamento, sob pena de oJudiciário recompensar a falta de eficiência do INSS na hipótese dos autos, pois, inegavelmente, o benefício foi negadoerroneamente pela perícia médica da Autarquia. 3. Incidente conhecido e provido. (Pedido De Uniformização deInterpretação de Lei Federal, Processo nº: 2008.72.52.004136-1, Relator ANTONIO FERNANDO SCHENKEL DO AMARALE SILVA, proferida na sessão de 18/03/2011)No que tange a data de início do benefício, pelas conclusões apresentadas no laudo pericial, corroboradas pelos laudosmédicos particulares juntados aos autos, constata-se que se encontram presentes os requisitos para o restabelecimento dobenefício auxílio-doença desde a data da cessação indevida, em 17/05/2010, devendo o referido benefício ser convertidoem aposentadoria por invalidez, a partir de 12/01/2011, data da perícia médica judicial que constatou a existência deincapacidade laborativa total na parte autora.No que se refere à incidência de juros de mora e correção monetária sobre o crédito, destaco que, aos 07/03/2013, oSupremo Tribunal Federal, na ADI 4357/DF, declarou a inconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do artigo 1º-F daLei nº 9.494 (com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/09). Assim, aos 14/03/2013, aquela Corte julgouparcialmente procedente a mencionada Ação Direta de Inconstitucionalidade, que produz efeitos imediatamente, conquantoesteja pendente de publicação.(...)4. Sem razão a recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95). Ademais, todas as alegações suscitadas na peça recursal já foram apreciadas em sentença.5. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencidoem honorários advocatícios arbitrados em 10% do valor das parcelas vencidas.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].Inscrição Principal: 1.280.883.629-7Inscrição Informada: 1.280.883.629-7

Nome: NILZA DA SILVA DA VITORIA -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 541.416.911-6 1.280.883.629-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 BEN 542.658.430-0 1.280.883.629-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 CNPJ 02.188.077/0001-62 1.280.883.629-7 01/03/2000 07/11/2000 CLT 39390

COMERCIAL ACME LTDA

004 CNPJ 06.031.374/0001-50 1.280.883.629-7 15/09/2004 21/10/2005 CLT 4122

EXATA SERVICOS GERAIS LTDA - ME

005 CNPJ 25.760.877/0123-80 1.280.883.629-7 28/11/2005 25/08/2007 CLT 4110

CARLOS SARAIVA IMPORTACAO E COMERCIO LTDA

006 CNPJ 53.678.025/0001-05 1.280.883.629-7 01/12/2007 21/12/2007 CLT 5142

EXIMIA SERVICOS TEMPORARIOS LTDA

007 CNPJ 59.291.534/0815-74 1.280.883.629-7 21/12/2007 03/2011 CLT 5142

CASA BAHIA COMERCIAL LTDA.

008 CNPJ 33.041.260/0994-38 1.280.883.629-7 21/12/2007 CLT 5142

»(EXT-NT) VIA VAREJO S/A

009 CNPJ 10.757.237/0280-02 1.280.883.629-7 21/12/2007 10/2012 CLT 5142

»(EXT-NT) NOVA CASA BAHIA S/A

010 BEN 540.413.712-2 1.280.883.629-7 13/04/2010

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BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 11/01/2011

011 BEN 605.285.976-1 1.280.883.629-7 12/01/2011 03/2014

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

75 - 0000306-93.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000306-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x EVA GOMES DA SILVA (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERYLOPES.).PROCESSO: 0000306-93.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000306-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO DE ALMEIDA RAUPPRECORRIDO: EVA GOMES DA SILVAADVOGADO (S): ADENILSON VIANA NERY, PAULA GHIDETTI NERY LOPES, RODRIGO NUNES LOPES

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 48/50, julgou procedente o pedido veiculado na inicial, condenando a autarquia-ré a conceder o benefíciode aposentadoria por invalidez com DIB em 07/01/2013 (data do requerimento administrativo), bem como o pagamento deatrasados que deverão ser acrescidos de correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação.Sustenta o recorrente que não restou comprovada a incapacidade total para o trabalho e tampouco a insusceptibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que garanta a subsistência. Diz que o laudo pericial estabeleceu que a parteautora, que possui 46 anos de idade, pode ser reabilitada, tendo em vista sua idade e grau de instrução, para trabalhosburocráticos nas quais não haja sobrecarga física (fl. 31, item considerações, e 32, item 7). Alega, ainda, que até ojulgamento final acerca da modulação dos efeitos da decisão proferida na ADI 4357, o índice aplicável ao cálculo dacorreção monetária deve ser o de remuneração básica da caderneta de poupança, bem como que não foi declaradainconstitucionalidade do índice que norteia a aplicação dos juros de mora, previsto na Lei nº 11.960/2009.2. A autora nasceu em 18/02/1967, contando atualmente com 48 anos de idade, e é auxiliar de serviços gerais (fl.8). Requereu o benefício de auxílio-doença em 07/01/2013, o qual foi negado por ausência de incapacidade para o trabalho(fl. 5).3. Eis o teor da sentença:(...)A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 31/33, constatou que a autora foi submetida à tenorrafia do Tendão deAquiles, apresentando quadro de tendinite. Tal cirurgia resgata a capacidade de deambular, porém está contraindicada arealização de atividades que demandem esforços sobre este tendão, por risco de nova ruptura. O local de síntese é pontode fragilidade não sendo recomendados esforços físicos em sua base de apoio. Concluiu o perito que há incapacidade parasuas atividades laborativas e para qualquer outra que exija esforço. Afirma ainda que a incapacidade existe desdedezembro de 2009.Nesse contexto, diante do laudo pericial judicial, que constata a existência da enfermidade e da incapacidade, bem comodos laudos médicos apresentados nos autos, concluo que a requerente se encontra incapacitada para exercer suasatividades habituais.Quanto à possibilidade do exercício de outras atividades, torna-se necessário avaliar as condições pessoais do segurado,como idade, nível social e educacional para verificar a real capacidade para realização de atividades laborais.Assim, constato também, na hipótese dos autos, a inexistência de condições razoáveis de reabilitação da parte autora parao exercício de outra atividade, tendo em vista as considerações do expert do Juízo e do próprio tipo da doença, que não temperspectiva de recuperação, fazendo jus, portanto, ao benefício de aposentadoria por invalidez.Quanto à qualidade de segurado da parte postulante, verifico que a possuía, inclusive teve vínculo empregatício aténovembro de 2012 (CNIS de fl. 43), mantendo sua qualidade de segurado por pelo menos mais 12 meses.O INSS não impugnou o laudo pericial e às fls. 40/42 apresentou proposta de acordo, que não foi aceita pela autora,conforme fl. 47.Por tais razões, faz jus o autor à concessão de aposentadoria por invalidez desde o dia do requerimento administrativo(07.01.2013 – fl. 05).Convém ressaltar, por fim, que, na remota hipótese de reabilitação para outra função, o INSS deverá adotar as providênciasadequadas para a cessação da aposentadoria por invalidez, na forma do art. 47 da Lei 8213/91.Em relação ao pedido de danos morais, não restou configurada qualquer ofensa à personalidade da parte autora, nemdemonstrado nenhum ato ilegal ou arbitrário praticado pela Autarquia Previdenciária que a tivesse exposto a situaçãovexatória, razão pela qual não há que se falar em danos dessa natureza.Pelo exposto, julgo procedente com resolução de mérito o pedido, nos termos do art. 269, I do CPC, e condeno o INSS naobrigação de fazer consistente em conceder à parte autora o benefício de aposentadoria por invalidez, com DIB no dia do

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requerimento administrativo (a partir de 07.01.2013), bem como o pagamento de atrasados que deverão ser acrescidos decorreção monetária pelo INPC, de acordo com a tabela do CJF desde o momento em que foram devidos e juros de 1% aomês a partir da citação, visto que a nova redação conferida ao art. 1º - F da Lei nº 9.494/97 pela Lei nº 11.960/09, foiconsiderada inconstitucional (STF ADI nº 4357), respeitada a prescrição quinquenal. Julgo improcedente com resolução demérito o pedido de indenização por danos morais, nos termos do art. 269, I, do CPC.(...)4. A autora possui segundo grau, conforme informou ao perito, e não tem idade avançada, sendo perfeitamenteviável sua reabilitação para funções que não exijam sobrecarga física, tal como concluiu o perito. Assim é que deve serreformada a sentença em sua conclusão de inexistência de condições razoáveis de reabilitação da parte autora para oexercício de outra atividade.5. Quanto à correção monetária e aos juros de mora, conforme entendimento já declinado em vários precedentes,esta 1ª Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis àscondenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária ede juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, oIPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regimegeral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e aSELIC para as condenações referentes questões tributárias. A sentença adotou entendimento diverso quanto aos jurosde mora.6. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e condenar o INSS a conceder à parteautora o benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento (07/01/2013), bem como a pagar as parcelas vencidasacrescidas de correção monetária pelo INPC, e de juros de mora calculados na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, apartir da citação. Deverão ser descontadas as prestações pagas a título de aposentadoria por invalidez, por força da medidaantecipatória da tutela, deferida na sentença.Sem custas. Sem condenação do recorrente em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

76 - 0001696-07.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001696-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x MARIA KREITLOW SCHMIDT(ADVOGADO: ES004952 - JOSE COCO FONTAN.).PROCESSO: 0001696-07.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001696-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRARECORRIDO: MARIA KREITLOW SCHMIDTADVOGADO (S): JOSE COCO FONTAN

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 71/73, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré a conceder obenefício de auxílio-doença com DIB em 18/02/2013, bem como a pagar as parcelas atrasadas entre a DIB e aimplantação, observando os créditos porventura gerados até a data da efetiva expedição do RPV. Sustenta o recorrente quea autora não comprova a qualidade de segurada na data de entrada do requerimento, que ocorreu em 18/02/2013, pois,ainda que exista início de prova do labor campesino, tal prova é anterior ao exercício do labor urbano prestado pela autoraaté 30/09/2011. Diz que a autora exerceu atividade urbana na Prefeitura Municipal de Domingos Martins entre 01/11/2007 e30/09/2011 (fl. 47), tendo perdido a condição de rurícola, fazendo-se necessária prova do seu retorno ao campo. Ressaltaque o marido da autora também é servidor daquela prefeitura municipal desde 01/01/2006, o que afasta a condição detrabalhadores rurais em regime de economia familiar.2. A autora (MARIA KREITLOW SCHMIDT) nasceu em 11/06/1977. Na petição inicial informou ser “lavradora”. Opedido administrativo foi realizado em 18/02/2013 (fl. 11) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.Esteve em gozo de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, no período de 19/11/2010 a 02/02/2011 (fls. 47 e 50).3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A perícia médica judicial realizada (fls. 31/34) constatou que a requerente apresenta lesão da fibrocartilagem triangular nopunho esquerdo, que a incapacita de forma parcial e temporariamente para o exercício de sua atividade laborativa habitual.O perito informou que essa incapacidade é multiprofissional e teve início em maio do ano de 2012.O INSS em contestação alega a falta de qualidade de segurado da parte autora.Para a comprovação do exercício de atividade rurícola, é exigível, além da prova testemunhal idônea, início de provamaterial dos fatos, conforme art. 55, § 3º c/c o Art. 108 da Lei 8.213/91. Assim, foi realizada audiência a fim de comprovar aqualidade de segurado especial (rural) pelo período de carência do benefício requerido.Em relação ao início de prova material, há documentos juntados aos autos (fls. 04 e 16/20) que retratam a qualidade desegurado da Autora, como certidão de casamento constando a sua profissão e a do seu marido como lavradores e contratode comodato agrícola em seu nome e do seu marido.Apesar do INSS alegar que a Autora trabalhou em atividade urbana por alguns períodos, verifica-se que o seu últimovínculo empregatício deu-se em 30/09/2011, todavia, pelo conjunto probatório apresentado nos autos, entendo que nos

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últimos doze meses, a parte autora esteve trabalhando no meio rural.Com efeito, analisando os documentos, bem como as provas testemunhais, verifica-se presente a qualidade de seguradaespecial da parte autora e a carência mínima exigida em lei.Dessa forma, acolho a pretensão autoral para que seja concedido o benefício previdenciário auxílio-doença, a partir dorequerimento administrativo, em 18/02/2013 (fl. 11), pois nessa data a Autora já estava incapaz para o trabalho, de acordocom a perícia judicial e já obtinha a qualidade de segurada especial.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS, condenando o Réu a:a) conceder o benefício previdenciário de auxílio-doença da parte autora, com DIB em 18/02/2013;b) pagar as parcelas atrasadas entre a DIB e a implantação, observando os créditos porventura gerados até a data daefetiva expedição do RPV.Sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária a contar da data em que deveria ter se dado o pagamento, ejuros de mora de 1%, nos termos do art. 406 do Código Civil de 2002, e § 1º do art. 161 do CTN, a partir da citação, até30/06/2009, quando, então, deverá ser observado o artigo 1º - F da Lei nº 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei11.960/2009.(...)4. O contrato de comodato agrícola de fl. 16 tem prazo de dez anos, estendendo-se até 2014, conforme vencimentodo contrato anterior, celebrado em 2004 (fl. 20). O regime de economia familiar, contudo, não se configura no período emque a autora manteve contrato de trabalho urbano, considerando a (i) continuidade do vínculo por quase quatro anos(01/11/2007 a 30/09/2011 – fl. 47), e que (ii) seu marido também manteve vínculo de trabalho urbano nos períodos de01/01/2006 a 30/09/2011; de 07/11/2011 a 01/10/2012; de 14/02/2013 a 30/04/2013; e de 03/06/2013 a 26/08/2013 (fl. 52 econsulta atualizada ao CNIS). Os valores dos salários de contribuição da autora correspondem a um salário-mínimo (fls.89/91). Os de seu marido são superiores aos salários-mínimos vigentes nos referidos períodos, considerando o adicional deinsalubridade, como se vê às fls. 53/54.5. Ademais, o contrato de fl. 16 está datado de 18/04/2013 – dois meses após o requerimento administrativo emenos de um mês antes do ajuizamento da ação (03/05/2013) - pelo que não constitui prova contemporânea relativamenteao período decorrido desde o término do contrato de trabalho urbano, ocorrido em 30/09/2011 (fl. 47).6. A sentença menciona que pelo conjunto probatório apresentado nos autos, entendo que nos últimos doze meses,a parte autora esteve trabalhando no meio rural, contudo não indica quais elementos do conjunto probatório considerou. Osdocumentos constantes dos autos são apenas os de fls. 16/20, que não constituem início de prova material, conforme item5 acima. A sentença não menciona depoimentos das testemunhas. A oitiva dos depoimentos, contudo, não revela nenhumelemento elucidativo. De qualquer forma, não seria mesmo admitida prova exclusivamente testemunhal.7. Conquanto a autora não fosse segurada especial na data do requerimento, mantinha a qualidade de seguradaem razão do contrato de trabalho urbano cessado em setembro de 2011. Isso porque a incapacidade foi reconhecida peloperito desde maio de 2012 - portanto menos de um ano depois - em face do exame de ressonância magnética realizadoem 16/05/2012, que revelou lesão da fibrocartilagem triangular, confirmada em exame físico. 8. Tem-se, pois, que a autora,na data do requerimento (18/02/2013), já estava incapaz para o trabalho desde maio de 2012, quando ainda não haviadecorrido o prazo previsto no art. 15, II, da Lei nº 8.213/91, pelo que não perdeu a qualidade de segurada urbana.9. A autora não poderia perder a qualidade de segurada a partir do início da incapacidade, mantendo essa condiçãoenquanto permanecer incapaz para o trabalho. Não haveria óbice ao deferimento administrativo do benefício a partir de dataanterior à do requerimento, caso constatada pela perícia incapacidade iniciada antes do término do prazo previsto no art.15, II, da Lei nº 8.213/91.10. Conclusão: por força razões distintas daquelas declinadas na sentença, depreende-se que a autora fazia jus aobenefício; logo, o recurso não deve ser provido.11. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Sem custas. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% sobre o valor das parcelas vencidas.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

77 - 0000527-73.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000527-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x DENISE SERRE PITANGA (ADVOGADO:ES013525 - JEFFERSON R. MOURA.).PROCESSO: 0000527-73.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000527-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): EUGENIO CANTARINO NICOLAURECORRIDO: DENISE SERRE PITANGAADVOGADO (S): JEFFERSON R. MOURA

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em face dasentença de fls. 67/70, que o condenou a conceder do benefício de aposentadoria por invalidez, com DIB em 13/09/2013(data da realização da perícia médica) e DIP em 30/10/2013 (data da prolação da sentença). Sustenta o recorrente que aautora não mantinha a qualidade de segurada na data de início da incapacidade, que deve ser considerada na data daperícia (13/09/2013), eis que verteu contribuição previdenciária somente até 30/06/2011.2. A autora (DENISE SERRE PITANGA) nasceu em 02/01/1953. Na petição inicial informou ser “braçal”. O pedidoadministrativo foi realizado em 18/07/2012 (fl. 13) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)

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No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurada são fatos incontroversos, haja vistaque o ultimo vínculo empregatício da autora findou-se em 30/06/11, cuja qualidade de segurado foi estendida até30/06/2013, nos termos do art. 15, §2º, Lei 8213/91, em razão do desemprego da autora.Sublinhe-se que a ausência de anotação em Carteira de Trabalho já constitui prova de desemprego, cabendo ao réu provaro contrario, eis que cabe a ele o ônus da prova de fatos desconstitutivos do direito do autor.A controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a Autora definitivamente ou parcialmente incapacitada para otrabalho, o que corresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.Em relação à existência ou não da incapacidade, a perícia médica (fls. 45/49) constatou que a autora é portadora deosteoporose, com dor e risco de fraturas, estando incapacitada definitivamente para sua atividade habitual de trabalhadorarural. O perito afirmou ainda, que há elevado risco de fraturas em sua coluna vertebral.Considerando a idade da autora (60 anos), seu grau de instrução (1º grau incompleto), sua profissão habitual detrabalhadora rural, o elevado risco de fraturas em sua coluna, em razão de sua doença, e considerando ainda, a naturaldificuldade de reabilitação de pessoas nessa condição e sua alocação no mercado de trabalho, em atividade compatívelcom suas limitações, hei por bem conceder-lhe o benefício de aposentadoria por invalidez.Quanto à data do início da incapacidade, a perícia não pôde precisá-la. Assim, fixo a DIB na data da realização da períciamédica, em 13/09/2013.DispositivoAnte o exposto, julgo procedente o pedido, para o fim de condenar o INSS a conceder o benefício de aposentadoria porinvalidez, com data de início (DIB) em 13/09/2013(data da realização da perícia médica) e DIP na presente data.(...)4. A Terceira Seção do STJ já firmou o entendimento de que o registro no Ministério do Trabalho não é o único meiode prova da condição de desempregado do segurado, admitindo-se outras provas, inclusive testemunhal. Entretanto, amera ausência de anotação na CTPS não se revela capaz de demonstrar, inequivocamente, a situação de desemprego (Pet7.115-PR, Terceira Seção, DJe 6/4/2010). De qualquer forma, no presente caso, o último contrato de trabalho registrado naCTPS de fl. 14 foi encerrado em maio de 2010, constando, contudo, do Cadastro Nacional de Informações Sociais (fl. 30),contribuições referentes aos períodos de 02/08/2010 a 30/10/2010 e de 18/04/2011 a 30/06/2011, vertidas por outrosempregadores, pelo que a CTPS de fl. 14 não poderia mesmo fazer prova da situação de desemprego da autora.5. Conquanto o perito tenha afirmado não ser possível aferir a data de início da incapacidade, atestou o início dadoença em 14/01/2012 (quesito 1 C de fl. 47 e quesito 3 de fl. 48), data da densitometria óssea apresentada ao perito, querevelou osteoporose em coluna vertebral. A conclusão do laudo, com referência expressa ao referido exame, corrobora olaudo médico particular de fl. 15, datado de 22/06/2012, que atesta impossibilidade de a autora exercer suas atividadeslaborais. Ademais, a incapacidade foi constatada não em razão de limitações objetivas, mas sim do elevado risco defraturas em coluna vertebral (fl. 48). Ora, o risco de fratura da coluna já estava presente no momento da realização dadensitometria óssea mencionada no laudo, que revelou a doença e seu respectivo grau. Assim é que o início daincapacidade está demonstrado nos autos desde 14/01/2012, data da realização da densitometria óssea, ou, no mínimo, apartir de 22/06/2012, data do laudo particular que atesta essa condição, datas em que ainda não havia decorrido o prazoprevisto no art. 15, II, da Lei nº 8.213/91, observado o disposto no respectivo parágrafo 4º.6. Registre-se que não há óbice ao reconhecimento do início da incapacidade em data pretérita àquela reconhecidana sentença, considerando que a matéria foi devolvida a esta Turma pelo efeito devolutivo do recurso, em sua dimensãovertical. Não obstante, deve ser mantida a condenação tal como constante da sentença, não sendo possível modificar adata de início do benefício, sob pena de configurar-se reformatio in pejus.7. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Sentença mantida.Sem custas. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios de 10% do valor das parcelas vencidas.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

78 - 0001328-68.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001328-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x CARLINA DE VARGAS CORREA(ADVOGADO: ES011390 - Ruberlan Rodrigues Sabino.).PROCESSO: 0001328-68.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001328-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTARECORRIDO: CARLINA DE VARGAS CORREAADVOGADO (S): Ruberlan Rodrigues Sabino

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal – PEDILEF interposto pelo InstitutoNacional do Seguro Social – INSS em face do acórdão de fls. 193/194 e 206/207, que negou provimento ao recursoinominado interposto também pelo INSS, mantendo a sentença que o condenou a conceder ao autor o benefício deaposentadoria rural por idade. Alega o recorrente que o acórdão, ao manter os juros de mora fixados em 1% ao mês desdea data da citação (2008) até o advento da Lei nº 11.960/2009, vai de encontro à jurisprudência da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência – TNU e do Superior Tribunal de Justiça – STJ, firmada no sentido da incidência daMedida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, nas condenações da Fazenda Pública no período anterior à alteração do art.1º-F da Lei nº 9.494/97 pela lei nº 11.960/2009, inclusive as que decorrem de benefícios previdenciários. A decisão de fls.

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234/236 determinou o encaminhamento do feito ao relator para adequação do julgado.

2. Toda a jurisprudência mencionada no recurso trata de regime próprio de previdência de servidor público e não doregime geral de previdência social. As condenações da fazenda pública relativas ao RGPS não se confundem com aquelasque versem sobre pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos (art. 1º-F da Lei nº9.494/97, em sua redação original, conforme MP 2.180-35/2001). A expressão incluindo-se os benefícios previdenciários,constantes de alguns acórdãos do STJ, deve ser entendido como incluindo-se aí os benefícios do regime próprio deprevidência dos servidores públicos. Não haveria como dar à norma interpretação ampliativa ao ponto de se entender porequiparados os segurados do RGPS aos servidores e empregados públicos. Note-se que os precedentes mencionados nadecisão da TNU transcrita no recurso (fls. 214/218) dizem respeito à complementação de benefício previdenciário deex-ferroviário da RFFSA, disciplinada pela Lei 8.186/91, complementação essa a cargo da União e não do INSS.

3. Veja-se a respeito o seguinte acórdão:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – RECURSO ESPECIAL – JUROS MORATÓRIOS – APLICAÇÃO DO ART.1º-F DA LEI N. 9.494/97 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 2.180-35/2001 PARA ADVOGADO DATIVO – NORMA QUE SERESTRINGE A SERVIDOR E EMPREGADO PÚBLICO – CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR –APLICAÇÃO DO ART. 406 DO CC, COMBINADO COM O ART. 161, PARÁGRAFO PRIMEIRO DO CTN – JUROSMORATÓRIOS DE 12% AO ANO.1. O advogado dativo enquadra-se como agente particular colaborador, não sendo o caso de servidor público e empregadopúblico.2. A jurisprudência do STJ aplica o art. 1º-F, com redação dada pela MP n. 2.180-35/2001, aos servidores e empregadospúblicos.3. A Lei n. 11.960/2009, não aplicada ao caso por ser posterior, alterou a redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 paraampliar as hipóteses de incidência de juros moratórios à base de 6% ao ano.4. Denota-se que o legislador estendeu a norma. Portanto, antes queria que tivesse aplicação restrita, não cabendo assim,fazer uma interpretação ampliativa que englobe o advogado dativo nos casos que devam ser aplicados a servidores eempregados públicos.5. A regra estabelecida no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 não se aplica ao caso concreto já que o referido dispositivo restringea sua incidência. Deve ser aplicado o art. 406 do Código Civil, c/c o Art. 161, § 1º do CTN, com incidência de juros de 12%ao ano por melhor interpretação do dispositivo e em razão a configuração de divergência jurisprudencial.Recurso especial provido. (g.n.)(REsp 1147519/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/10/2009, DJe 29/10/2009)

4. Ademais, o STJ e a TNU, em acórdãos proferidos na vigência da MP 2.180-35/2001, fixavam os juros de moraem 1% ao mês nas ações previdenciárias, mesmo quando não discutida a aplicabilidade da regra às ações em curso nadata de seu advento. Como exemplo, confira-se o RESP 200600381504 (DJ 26/06/2006), o PEDILEF 200438008057322(data da decisão: 23/11/2004) e o PEDILEF 200433007222114 (data da decisão: 03/08/2004).

5. Pelo exposto, não havendo confronto entre o acórdão recorrido e a jurisprudência da TNU e do STJ, JULGOPREJUDICADO o recurso.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

79 - 0000508-46.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000508-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL CHAVES DACOSTA (ADVOGADO: ES012304 - JOSE OLIVEIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO: 0000508-46.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000508-4/01)RECORRENTE: MANOEL CHAVES DA COSTAADVOGADO (S): JOSE OLIVEIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): UBIRATAN CRUZ RODRIGUES

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal – PEDILEF (fls. 161/173) interposto peloInstituto Nacional do Seguro Social – INSS em face do acórdão de fls. 132/134, que o condenou a conceder ao autor obenefício de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente que o acórdão, ao manter os juros de mora fixados em 1%ao mês desde a data da citação (2008 – fl. 98) até o advento da Lei nº 11.960/2009, vai de encontro à jurisprudência daTurma Nacional de Uniformização de Jurisprudência – TNU e do Superior Tribunal de Justiça – STJ, firmada no sentido daincidência da Medida Provisória nº 2.180-35, de 24/08/2001, nas condenações da Fazenda Pública no período anterior àalteração do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 pela lei nº 11.960/2009, inclusive as que decorrem de benefícios previdenciários. Adecisão de fls. 186/187, integrada pela de fl. 195, determinou o encaminhamento do feito ao relator para adequação dojulgado.

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2. Toda a jurisprudência mencionada no recurso trata de regime próprio de previdência de servidor público e não doregime geral de previdência social. As condenações da fazenda pública relativas ao RGPS não se confundem com aquelasque versem sobre pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos (art. 1º-F da Lei nº9.494/97, em sua redação original, conforme MP 2.180-35/2001). A expressão incluindo-se os benefícios previdenciários,constantes de alguns acórdãos do STJ, deve ser entendido como incluindo-se aí os benefícios do regime próprio deprevidência dos servidores públicos. Não haveria como dar à norma interpretação ampliativa ao ponto de se entender porequiparados os segurados do RGPS aos servidores e empregados públicos. Note-se que os precedentes mencionados nadecisão da TNU transcrita no recurso (fls. 214/218) dizem respeito à complementação de benefício previdenciário deex-ferroviário da RFFSA, disciplinada pela Lei 8.186/91, complementação essa a cargo da União e não do INSS.

3. Veja-se a respeito o seguinte acórdão:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – RECURSO ESPECIAL – JUROS MORATÓRIOS – APLICAÇÃO DO ART.1º-F DA LEI N. 9.494/97 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 2.180-35/2001 PARA ADVOGADO DATIVO – NORMA QUE SERESTRINGE A SERVIDOR E EMPREGADO PÚBLICO – CASO DE AGENTE PARTICULAR COLABORADOR –APLICAÇÃO DO ART. 406 DO CC, COMBINADO COM O ART. 161, PARÁGRAFO PRIMEIRO DO CTN – JUROSMORATÓRIOS DE 12% AO ANO.1. O advogado dativo enquadra-se como agente particular colaborador, não sendo o caso de servidor público e empregadopúblico.2. A jurisprudência do STJ aplica o art. 1º-F, com redação dada pela MP n. 2.180-35/2001, aos servidores e empregadospúblicos.3. A Lei n. 11.960/2009, não aplicada ao caso por ser posterior, alterou a redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 paraampliar as hipóteses de incidência de juros moratórios à base de 6% ao ano.4. Denota-se que o legislador estendeu a norma. Portanto, antes queria que tivesse aplicação restrita, não cabendo assim,fazer uma interpretação ampliativa que englobe o advogado dativo nos casos que devam ser aplicados a servidores eempregados públicos.5. A regra estabelecida no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 não se aplica ao caso concreto já que o referido dispositivo restringea sua incidência. Deve ser aplicado o art. 406 do Código Civil, c/c o Art. 161, § 1º do CTN, com incidência de juros de 12%ao ano por melhor interpretação do dispositivo e em razão a configuração de divergência jurisprudencial.Recurso especial provido. (g.n.)(REsp 1147519/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/10/2009, DJe 29/10/2009)

4. Ademais, o STJ e a TNU, em acórdãos proferidos na vigência da MP 2.180-35/2001, fixavam os juros de moraem 1% ao mês nas ações previdenciárias, mesmo quando não discutida a aplicabilidade da regra às ações em curso nadata de seu advento. Como exemplo, confira-se o RESP 200600381504 (DJ 26/06/2006), o PEDILEF 200438008057322(data da decisão: 23/11/2004) e o PEDILEF 200433007222114 (data da decisão: 03/08/2004).

5. Pelo exposto, não havendo confronto entre o acórdão recorrido e a jurisprudência da TNU e do STJ, JULGOPREJUDICADO o recurso.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

80 - 0006118-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006118-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANDRESSA CARDOSO(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0006118-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006118-4/01)RECORRENTE: ANDRESSA CARDOSOADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de Oliveira

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/58, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão do benefício assistencial de prestação continuada. Alega a recorrente,em suas razões recursais, que o laudo social comprova o estado de miserabilidade familiar. Aduz, ainda, que deve serdesconsiderado no cômputo da renda per capita familiar o benefício de aposentadoria percebido pelo genitor da autora,haja vista que deve ser aplicado analogicamente o art. 34 do Estatuto do Idoso. Requer a reforma da sentença.

2. In casu, o ponto controvertido cinge-se à aferição da renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo.Conforme relatório social (fls. 18/29), datado de 10/10/2011, a autora (35 anos de idade) reside com MARINETE ESPIRITOSANTO CARDOSO (mãe adotiva da autora – menor de 65 anos de idade), JARBAS CARDOSO (pai adotivo da autora –maior de 65 anos de idade), ADRIANA DO ESPÍRITO SANTO CARDOSO (irmã adotiva da autora – menor de 65 anos de

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idade) e PAULO HENRIQUE DO ESPÍRITO SANTO (filho de ADRIANA – menor impúbere). O local de moradia da autora éconstituído, em sua maioria, por famílias de baixa renda, de infra-estrutura urbana básica e ruas pavimentadas. Já suaresidência é abastecida com água, rede elétrica e de esgoto, comércio local, escola, dentre outros serviços públicos. Aresidência é de alvenaria, composta por sete cômodos (quatro quartos, sala, cozinha, dois banheiros, área de serviço evaranda). O imóvel é próprio e o núcleo familiar mora nele há cerca de trinta anos. Apesar da simplicidade, oferece boascondições de habitabilidade. Quanto aos móveis que guarnecem a moradia, observou-se: uma estante, um jogo de sofá,duas televisões, um rádio portátil, três camas (duas de casal e uma de solteiro), um berço, três criados-mudos, trêsarmários de roupas, uma mesa de refeições, uma geladeira, dois fogões de quatro bocas, máquina de lavar roupa. Amobília é simples, de uso comum e apresenta bom estado de uso.Já a fonte de renda familiar é proveniente do Sr. JARBAS CARDOSO, no valor de R$ 679,17 (seiscentos e setenta e novereais e dezessete centavos – fl. 36), e da Sra. MARINETE DO ESPÍRITO SANTO CARDOSO, no valor de R$ 545,00(quinhentos e quarenta e cinco reais). As despesas familiares são de: R$ 418,95 (quatrocentos e dezoito reais e noventa ecinco centavos) com medicamentos; R$ 39,99 (trinta e nove reais e noventa e nove centavos) com água; R$ 109,37 (centoe nove reais e trinta e sete centavos) com energia elétrica; R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) com telefone e R$ 400,00(quatrocentos reais) com alimentação. O somatório perfaz o total de R$ 1.013,31 (um mil e treze reais e trinta e umcentavos).

Para fins de cálculo da renda per capita familiar, serão somente computados o requerente, o cônjuge ou companheiro, ospais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menorestutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. Deste modo, a família é composta por 06 (seis) membros, sendo que arenda per capita familiar é de R$ 204,00 (R$ 679,17 + R$ 545,00 = R$ 1.224,17/6).

O benefício assistencial visa retirar da miserabilidade famílias que não conseguem se auto-sustentar, desguarnecidas domínimo existencial, permitindo, assim, o ínfimo de dignidade. Porém, no caso concreto, a autora é abastecida de: moradia(boas condições de habitabilidade), ruas pavimentadas, rede elétrica e de esgoto, escola e comércio local, bem comomóveis em bom estado de conservação (duas televisões, três armários, uma mesa de refeição, geladeira, fogão e máquinade lavar roupa). Assim, trata-se de família pobre, que passa por problemas financeiros, mas não miserável.

O argumento da parte autora para desconsiderar o benefício previdenciário auferido pelo genitor (Sr. JARBAS CARDOSO)não merece prosperar, pois o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se aplica, poranalogia, para exclusão de benefício previdenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar. Ocorreque, in casu, o genitor aufere renda de R$ 679,17 (seiscentos e setenta e nove reais e dezessete centavos), ou seja R$134,17 (cento e trinta e quatro reais e dezessete centavos) a mais do que o salário mínimo vigente na época ( R$ 545,00).

Ademais, apesar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo serrelativizado em casos excepcionais, cabe ressaltar que, no caso em tela, não foi constatada condição de miserabilidade.Com efeito, da análise das fotografias colacionadas no relatório social na fl. 29, alusivas à residência e respectiva mobília,percebe-se objetivamente a ausência objetiva de sinais de miserabilidade. Com efeito, a cozinha e o banheiro apresentampiso e paredes revestidos de cerâmica e a mobília aparenta possuir bom estado de conservação.

Sendo assim, não restam preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício assistencial.

3. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciáriagratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

81 - 0001286-12.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.001286-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO ALVES DESOUZA (ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0001286-12.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.001286-1/01)RECORRENTE: FRANCISCO ALVES DE SOUZAADVOGADO (S): EFIGENIA CAMILO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que pronunciou a decadência dodireito à revisão do ato concessório de benefício previdenciário iniciado em 01/07/1997 (fl. 18). Alega o recorrente equívocoda sentença no que tange à posição pacificada no Supremo Tribunal Federal através do tema 334. Diz que a PrimeiraSeção do Superior Tribunal de Justiça assentou o entendimento de que a interpretação a ser dada ao instituto da

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decadência, previsto no art. 103 da Lei nº 8.213/91, deve ser restritiva, pois as hipóteses de decadência decorrem de lei oude ato convencional, o que não ocorre no caso da desaposentação e muito menos no do direito ao melhor benefício – tema334, onde se postula a concessão de novo benefício, cujo direito já se havia adquirido em data pretérita ao do exercício(DER/DIB). Argumenta que o pedido não trata de rever a aposentadoria, mas sim de concessão de outra que não aconcedida, tendo natureza jurídica similar à da ação de desaposentação. Alega que no julgamento do RE 626.489, o STFentendeu que não haveria prazo decadencial para ações concessórias e é justamente esse o propósito da presentedemanda, que se conceda outro benefício, com outra data de início, mais vantajoso.

2. A pretensão posta na inicial é de reconhecimento do direito adquirido do autor nos termos do tema 334 do STF,quando da implementação dos requisitos, e no presente caso, declarar o direito adquirido ao benefício em Dezembro de1994, bem como de revisão da renda mensal do benefício, a contar do mês de ajuizamento da ação (fl. 12). No parágrafo05 da petição inicial (fl. 3), afirma-se que não estamos aqui a discutir a revisão do ato de concessão, e sim, forte no direitoao melhor benefício, buscando o recálculo de seu valor mensal com base em data anterior ao exercício do direito(DER/DIB), quando já havia o segurado implementado as condições mínimas necessárias, cuja concessão se dariaeconomicamente mais vantajosa, direito este, protegido e assegurado, pelo manto do direito adquirido. Não se pretende,portanto, a concessão de benefício em data anterior, mas sim a revisão da renda mensal do benefício em vigor, o que sefaz mediante revisão da renda mensal inicial, calculando-a pelos critérios legais vigentes à época em que o autor adquirira odireito a benefício supostamente mais vantajoso.

3. O pedido não é similar ao das ações de desaposentação, pois nestas pugna-se por concessão posterior de novobenefício, computando-se tempo de contribuição posterior à primeira concessão. Na presente demanda, o autor pretende,sim, ao contrário do que afirma, a revisão do ato concessório do benefício, com recálculo da renda mensal inicial, econsequentemente, da renda atual. Ora, não há como rever a renda mensal do benefício sem revisão do ato de concessão.

4. De qualquer forma, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 630.501/RS, atribuindo efeitos derepercussão geral ao acolhimento da tese do direito adquirido ao melhor benefício, assegurou, conforme dispositivo do votovencedor, a possibilidade de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam àmaior renda mensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesmadata caso tivessem requerido o beneficio em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoriaproporcional, com efeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento,respeitadas a decadência do direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas. (destaque nosso).

5. O benefício foi concedido em 01/07/1997 (fl. 18), na vigência da Medida Provisória 1.523-9/97. O SupremoTribunal Federal, no julgamento do RE nº 626.489, em 16/10/2013 e em sede de repercussão geral, relator o MinistroRoberto Barroso, afastou eventual inconstitucionalidade na criação, por lei, de prazo decadencial razoável para oquestionamento de benefícios já reconhecidos. Considerou o Supremo que o Estado, ao sopesar justiça e segurançajurídica, procurasse impedir que situações geradoras de instabilidade social e litígios pudessem se eternizar. Asseverou-seque o lapso de 10 (dez) anos seria razoável, inclusive porque também adotado quanto a eventuais previsões revisionais porparte da Administração.

6. Ademais, cabe registrar que o STF analisa o tema constitucional enfocado nos recursos. Com efeito, no caso doRE nº 630.501/RS, a temática envolvida referia ao direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CRFB); já no caso do RE nº 626.489,a temática girava em torno de que haveria violação ao princípio da igualdade (também previsto no art. 5º da CRFB) casonão houvesse prazo decadencial para benefícios concedidos antes da MP nº 1.523/97. A temática da decadência não foitratada diretamente em nenhum dos dois recursos extraordinários. Nem poderia, por força de disposição constitucional quereserva a análise de temas infraconstitucionais ao STJ. Foi por esta razão que, ao menos em quatro oportunidadesdistintas, o STF não conheceu de recursos versando sobre a temática do prazo decadencial instituído na referida MP nº1.523/97, aduzindo que “... a discussão acerca do prazo decadencial do direito à revisão de benefício previdenciárioconcedido após a edição da MP 1.523-9, de 27.6.1997, restringe-se ao âmbito infraconstitucional, de modo que a ofensa àConstituição, se existente, seria reflexa ou indireta...” (STF – 2ª Turma. Agravo Regimental no RE com Agravo nº782.559-RS, julgado em 20/05/14; no mesmo sentido o STF deliberou nos seguintes processos: ARE 730-395-AgR/RS,DJe 10/9/13; ARE 738.168-AgR/RS, DJe 28/5/13; e AI 853.620-AgR/RS, DJe 27/11/13).

7. Em suma, a temática da decadência, de índole infraconstitucional, não pode ser avaliada pela Suprema Corte emcaráter definitivo, mas somente pelo STJ (artigo 105, III, ‘a’ e ‘c’, da CRFB).

8. Analisando hipótese em que se discutia o mesmo tema aqui tratado – qual seja, o do direito ao melhor benefício–, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a incidência do instituto da decadência, o que evidencia que o fundo dapretensão envolve a revisão do ato de concessão. Trata-se do REsp nº 1257062/RS, cuja ementa transcrevo abaixo:

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO REVISIONAL. DIREITO ADQUIRIDO AO MELHOR BENEFÍCIO. RETROAÇÃO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AO ARTIGO 535 DO CPC.DECADÊNCIA. ARTIGO 103 DA LEI N. 8.213/91, COM A REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.523-9/1997.PRAZO DECENAL.1. Não configura negativa de prestação jurisdicional hipótese em que a matéria tão somente foi decidida de forma diversada pretendida pelo ora recorrente, inexistindo no aresto impugnado omissão, contradição ou obscuridade indicadoras deofensa ao art. 535, II, do CPC.2. A Primeira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial 1.326.114/SC, processado sob

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o rito do artigo 543-C do CPC, firmou entendimento de que o direito à revisão dos benefícios previdenciários concedidosantes da Medida Provisória 1.523-9/1997 decai em 10 (dez anos), contados a partir de 28 de junho de 1997.3. Os elementos existentes nos autos noticiam que o benefício foi concedido em 19 de setembro de 1984 e a açãorevisional ajuizada somente em 24 de outubro de 2007, ou seja, quando já transcorrido o prazo decadencial.4. Recurso especial do INSS parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido, para declarar-se a decadência do direitodo autor.5. Recurso do autor prejudicado.(STJ – 5ª Turma. Recurso Especial nº 1257062/RS, Rel. Min. Jorge Mussi. Julgado em 16/10/2014. Publicado no DJe de29/10/2014).

9. O benefício foi concedido em 01/07/1997 (fl. 18). Como a ação foi ajuizada somente em 19/03/2014, operou-se adecadência do direito à revisão do ato de concessão do benefício previdenciário.

10. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele NEGO PROVIMENTO.

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o benefício da assistência judiciária concedido àfl. 56. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

82 - 0004181-77.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004181-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x SUELY ONÓRIO DE BRITIS MENDONÇA(ADVOGADO: ES018077 - DANIELLE POLIDORO MARQUETTI CASTILHO.).PROCESSO: 0004181-77.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004181-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: SUELY ONÓRIO DE BRITIS MENDONÇAADVOGADO (S): DANIELLE POLIDORO MARQUETTI CASTILHO

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROP SOCIAL - INSS contra asentença de fls.63/65, que julgou procedente o pedido, condenando-o a conceder à autora o benefício de auxílio-reclusão,desde a data do requerimento. Alega o recorrente que a prova de dependência econômica, assim como a prova de tempode serviço, depende de início razoável de prova material (art. 143 do Decreto nº 3.048/99) e os documentos apresentadospela autora não podem ser admitidos como tal. Argumenta que o cônjuge da autora recebia salário médio deaproximadamente R$ 850,00 e que, conforme entendimento do STF, os requisitos para concessão do benefício devem seraferidos por ocasião da ocorrência do fato gerador, pelo que irrelevante o fato de o cônjuge da autora supostamente terparado de trabalhar posteriormente à prisão de seu filho, em razão de depressão. Diz, ainda, que a autora possui outrosdois filhos. Conclui que a autora não dependia de seu filho, mas sim de seu próprio trabalho e de seu cônjuge. Alega que osimples auxílio ou compra de suprimentos para a residência não serve para caracterizar dependência econômica. Pede areforma da sentença.

2. Segue abaixo o teor da sentença:

SUELY ONÓRIO DE BRITIS MENDONÇA pediu a condenação do INSS a conceder auxílio-reclusão em razão da prisão dofilho.O auxílio-reclusão é o benefício previdenciário devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão. Destina-se a suprir,ou pelo menos minimizar, as necessidades econômicas dos dependentes durante a falta do provedor.Os pais podem ser beneficiários do Regime Geral de Previdência Social na condição de dependentes do segurado.Entretanto, precisam comprovar a dependência econômica em relação ao segurado. A dependência econômica não épresumida, precisa ser comprovada (art. 16, § 4º, da Lei nº 8.213/91).A dependência econômica pode ser demonstrada com prova exclusivamente testemunhal. A lei só exige início de provamaterial para comprovação de tempo de serviço (art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91), e não para evidenciar a qualidade dedependente para fins previdenciários.Passo, assim, a analisar a prova oral, baseada no teor dos depoimentos.

Depoimento PessoalSeu filho foi preso no dia 3/5/2013; seu filho trabalhava de ajudante de obras; na casa da família moravam, a autora, seuesposo Afonso e os filhos André, Filipe e Bruno; quando Bruno foi preso, ele recebia um salário mínimo; quando Bruno foipreso, Sr. Afonso trabalhava; depois que Bruno foi preso, o Sr. Afonso entrou em depressão e parou de trabalhar; quandoBruno foi preso Filipe trabalhava; Filipe e André nunca ajudaram nas despesas, pois eles são dependentes químicos; aautora faz bicos; o que ajudou a família a se manter por um tempo foi a ajuda por dois meses de cestas básicas daempresa que o Bruno trabalhava; depois, a autora recebeu o seguro desemprego do Bruno e foi isso que ajudou a família a

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prover as despesas; atualmente a família não consegue pagar as contas de casa; nunca chegou a pedir ajuda na igreja ouna comunidade; Bruno sempre trabalhou, quando não era de carteira assinada, ele fazia bicos; Bruno não tinha namoradanem veículo automotor; Bruno nunca saiu de casa, sempre morou na casa da família; o marido da autora trabalhava depedreiro antes de Bruno ser preso.

1ª testemunha: Maria Christina Assunção de AzevedoConhece a autora; conhece o filho da autora; conhece Bruno desde quando ele era pequeno; é vizinha da autora há 14anos; já presenciou Bruno chegar em casa com sacolas de alimentos e cestas básicas diversas vezes; já presenciou Brunoentregar dinheiro à autora para ela pagar contas de água e luz; quando Bruno foi preso, moravam na casa da família aautora, seu marido e os três filhos do casal; não sabe quantas pessoas da família trabalhavam, mas era apenas Bruno quesaía de casa todos os dias de uniforme para trabalhar; não sabe se o marido da autora trabalhava; o que demonstrava paraa depoente que Bruno trabalhava era o fato de ele sair de casa uniformizado todos os dias; não sabe se André e Filipefazem bicos; Bruno nunca comentou que ajudava a família, ele sempre foi uma pessoa calada; sabe que Bruno ajudava afamília porque presenciava essas cenas; a autora não chegou a pedir ajuda na igreja ou para conhecidos, mas ela semprepede dinheiro emprestado para a depoente; nenhum membro da família da autora trabalha atualmente; a casa onde afamília da autora reside é própria.

2ª testemunha: Sonia Mara Alves CamposConhece a autora e Bruno; é vizinha da autora; é vizinha da autora há sete anos; Bruno sempre morou com a mãe; quandoo Bruno foi preso, moravam na casa da família: a autora, o marido dela e o Bruno; a autora tem mais dois filhos, mas elesnão moram com ela; o André mora na zona rural e é lavrador; o Filipe é casado e mora com a esposa em outra casa; omarido da autora é pedreiro, mas não trabalha mais por problemas na coluna; Bruno sempre contribuía com as despesas;Bruno era o filho que cuidava da mãe; sabe que Bruno ajudava a família por ser amiga íntima da família; Bruno sempre fezquestão de cuidar da mãe; já presenciou a autora e Bruno fazendo as compras do mês; sempre quando encontrava comBruno e a autora no supermercado, era Bruno quem pagava as despesas; sabe que o marido da autora trabalhou por umperíodo de carteira assinada, mas ele deixou de trabalhar justamente por sentir muita dificuldade em trabalhar e por sentirmuita dores na coluna; quando o Bruno foi preso, o marido da autora estava trabalhando; a autora não trabalha; a casaonde a autora mora é própria; o marido da autora faz bicos, mas ele não agüenta trabalhar de carteira assinada; a autorapassa por muita dificuldade financeira, às vezes a autora não tem nem o que comer em casa; a depoente por diversasvezes doou alimentos a autora por saber que ela não tinha o que comer.

O extrato CNIS demonstra que, além do segurado, apenas o pai dele trabalhava e ganhava somente pouco mais de umsalário mínimo (fls. 48/54).De acordo com o depoimento pessoal da autora, na época anterior à prisão de Bruno moravam na casa ela, o maridoAfonso e os três filhos: Bruno, André e Filipe. Portanto, constata-se que a família da autora é composta por 5 membros, oque por si só denota que a renda percebida pelo marido da autora era insuficiente para o sustento dela e dos demaismembros da família.Além disso, a alegação de que o pai do autor entrou em depressão logo após a prisão do segurado e que parou detrabalhar desde então (como comprova o CNIS – fls. 52/54) não pode ser desconsiderada para o deslinde da questão, jáque o referido fato repercutiu imediatamente na renda da família ainda no momento em que o segurado estava trabalhando,maio de 2013, época da prisão.Por fim, considerando ainda que a autora não possui fonte de renda própria, não resta dúvida de que o filho recluso proviagrande parte das despesas do lar. Registro que, segundo a prova testemunhal, a autora passou a necessitar da caridadealheia após a prisão do filho. Deste modo, reputo comprovada a dependência econômica, motivo pelo qual a autora temdireito ao auxílio-reclusão.Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.Ressalvo, porém, com base no parágrafo único do art. 80 da Lei nº 8.213/91, que é obrigatória para a manutenção dobenefício a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário. O art. 117, § 1º, do Decreto nº 3.048,dispõe que o beneficiário deverá apresentar trimestralmente atestado de que o segurado continua detido ou recluso,firmado pela autoridade competente. O mais recente atestado de permanência carcerária apresentado pela autora foiemitido em 14/4/2014 (fl. 62).DispositivoJulgo procedente o pedido para condenar o INSS a conceder auxílio-reclusão à autora desde a data do requerimento.Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficialaplicável à caderneta de poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09 (atualmente,0,5% ao mês). A correção monetária deve ser calculada com base no INPC/IBGE, haja vista a declaração deinconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09 pelo STF na ADIn 4.357/DF, bem como a decisão tomada pelaPrimeira Seção do STJ no REsp 1.270.439 em acórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC. Não se aplica o IPCA,porque a Lei nº 11.430/2006 elege o INPC como índice de reajuste dos benefícios previdenciários.Antecipo os efeitos da tutela para determinar que o INSS implante o benefício, observando os seguintes parâmetros:1) Nome da beneficiária: SUELY ONORIO DE BRITIS MENDONÇA2) Benefício concedido: auxílio-reclusão3) Número do benefício: NB 25/165.110.052-44) Renda mensal inicial: salário mínimo5) Data do início do benefício - DIB: 5/6/20136) Data do início do pagamento – DIP: data da sentençaSem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro à parte

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autora o benefício da assistência judiciária gratuita.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Sem razão o recorrente. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está emconsonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal. Ademais, todas as alegações aduzidas norecurso já foram enfrentadas na sentença.

4. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

83 - 0016379-41.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.016379-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DAVID KUHN (ADVOGADO:ES007556 - VALMIR SILVA COUTINHO GOMES, ES018257 - MAYKE M. MIERTSCHINK DE JESUS, ES014724 -FERNANDA AUGUSTA DA SILVA LEITE.) x DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES- DNIT (PROCDOR: WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO .).PROCESSO: 0016379-41.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.016379-6/01)RECORRENTE: DAVID KUHNADVOGADO (S): VALMIR SILVA COUTINHO GOMES, FERNANDA AUGUSTA DA SILVA LEITE, MAYKE M.MIERTSCHINK DE JESUSRECORRIDO: DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNITADVOGADO (S): WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO

VOTO-EMENTAADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE EMESTRADA. QUEDA DE ÁRVORE PODRE. CONDUTA OMISSIVA CULPOSA DO DNIT.

1) Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido dereparação de danos materiais suportados para recuperação de veículo e lucros cessantes, decorrentes de tombamento doveículo causado por queda de árvore sobre a pista de rolamento, na altura do km 20 da BR 262. Alega o recorrente queresta evidente a possibilidade de responsabilização do recorrido, a uma porque mantém contrato com empresa terceirizadapara manutenção, a duas porque o dano material e os lucros cessantes são claros diante da documentação acostada aosautos. Argumenta que, se a própria sentença admite que a árvore que ocasionou o acidente estava com a base podre, emconcordância com as informações constantes do boletim de ocorrência, também deveria ser admitida a tese deresponsabilização do ente administrativo, uma vez que, conforme consta na exordial, o processo de apodrecimento de umaárvore, até a sua queda, ocorre em etapas muito lentas e que são visíveis, de tal sorte que a simples atuação da requeridaquanto à verificação de potencialidade de risco que a vegetação que se encontra a margem daquela rodovia (faixa dedomínio) e a sua intervenção de poda e corte, bastaria para evitar o acidente.2) Eis o teor da sentença:Relatório dispensado.Preliminarmente, afasto a alegação de incompetência dos Juizados tendo em vista que não se trata de demanda complexa.Afasto, ainda, a alegação de ilegitimidade tendo em vista que o DNIT é o órgão responsável pela manutenção econservação das rodovias.Quanto à denunciação da lide apresentada pelo DNIT, indefiro-a tendo em vista que não cabe intervenção de terceiros norito dos Juizados.Passo ao mérito. O poder público não é segurador universal. Dessa forma, a responsabilização do Estado por omissão édiversa da responsabilidade por ação. Na primeira, prevalece a teoria subjetiva. Na segunda, a objetiva, fundamentada noart. 37, §6º da CR/88. Assim, para se caracterizar a responsabilidade civil autárquica em face dos fatos dos autos,alegando-se omissão do ente, deve restar comprovada a ocorrência de culpa. Ocorre que, como o uso das estradas em telaé gratuito e público, a culpa deve estar revestida de um plus para que caracterize responsabilidade do Estado. A culpa deveser fundamentada em uma “omissão específica”, ou seja, um constante não-fazer que, por ser de conhecimento público enotório, demonstre descaso paraestatal.No caso dos autos não está configurado esse plus. O fato ocorrido foi isolado: uma única árvore situada nas margens darodovia (faixa de domínio) caiu na pista porque estava com a base podre. Não há qualquer informação ou alegação nosautos de que, por exemplo, esta situação seja reiterada ou que existam outras tantas árvores na mesma condição de riscoem proporções que, aí sim, pudessem ensejar uma necessidade de atuação positiva do ente para garantir o tráfego seguro.Tampouco que o DNIT tinha ciência da condição da referida árvore em particular. Com efeito, não é razoável exigir que oréu tenha fiscalização/controle constante acerca da condição de saúde de cada árvore às margens da pista, especialmentenuma rodovia como a BR 262 que corta grande trecho de Mata Atlântica. Portanto, deve ser rejeitada a pretensão autoral.Por todo o exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS. Sem custas nem honorários. P. R. I. com o trânsito emjulgado, dê-se baixa e arquivem-se.

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3) A responsabilidade civil do Estado, em se tratando de conduta omissiva, é subjetiva, devendo restar demonstradaa culpa da Administração. É dizer: Somente quando o Estado se omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência dodano é que será responsável civilmente e obrigado à respectiva reparação.4) Compete ao DNIT, conforme estabelece a Lei nº 10.233/2001, em seu artigo 82, inciso IV, administrar,diretamente ou por meio de convênios de delegação ou cooperação, os programas de operação, manutenção,conservação, restauração e reposição de rodovias, ferrovias, vias navegáveis, terminais e instalações portuárias.5) O Boletim de Acidente de Trânsito – BAT de fls. 57/60 comprova que o tombamento do caminhão ocorreu emrazão de que a árvore de eucalipto estava na área de domínio da União caiu obstruindo totalmente a via, estando a mesmacom sua base totalmente podre.6) A constatação do mau estado de conservação da árvore, que estava com sua base totalmente podre (fl. 57), sedeu no local do acidente, constando ao final do BAT que a conclusão de que o veículo colidiu com a árvore que estavacaída sobre a via, vindo a tombar, decorreu de levantamentos feitos no local do acidente, observados os vestígios e oitivado condutor (fl. 60) Não se trata, pois, de suposição do policial rodoviário federal, tendo sido verificadas in loco as condiçõesdo acidente.7) Constata-se no BAT que a pista estava seca e não havia restrições de visibilidade (fl. 57), não se confirmando asuposta chuva alegada na contestação como co-causa. Por outro lado, não houve derrapagem, nem mesmo marcas defrenagem (fl. 58), o que demonstra não estar o veículo em excesso de velocidade, ao contrário do que se afirma nacontestação. O estado dos pneus era bom. Descarta-se, assim, a culpa da vítima – exclusiva ou concorrente -, bem como ainterferência de outras causas.8) Deve-se ressaltar que a simples queda de árvore não seria suficiente para responsabilização do réu, pois poderiater sido ocasionada por algum caso fortuito apto a afastar a responsabilidade da Administração, como por exemplo,tempestade ou chuva torrencial que tornasse inevitável o acidente independentemente de qualquer atuação daAdministração – sinalização eficiente, por exemplo - em tempo de evitar acidentes. Poderia, ainda, não ter sido identificadoo motivo da queda da árvore, caso em que se tornariam relevantes informações acerca do tempo pelo qual permaneceucaída – se suficiente para a respectiva remoção ou ao menos adequada sinalização preventiva de acidentes.9) A má-conservação da árvore, contudo, configura atuação deficiente da Administração quanto à conservação daestrada de forma a garantir a segurança daqueles que nela trafegam. Resta, assim, comprovado não só o nexo decausalidade entre o dano material e a conduta omissiva do Estado, mas também que se trata de omissão culposa.10) O valor pretendido pela reparação do veiculo corresponde à soma dos valores das notas fiscais de fls. 63/76. Ofato, alegado na contestação, de não ter o autor apresentado três orçamentos, não constitui por si só impedimento para arestituição, a menos que reste evidente a exorbitância dos valores apresentados. O DNIT afirma não ser possívelpresumir-se que as notas fiscais, sem qualquer especificação, necessariamente referem-se às avarias surgidas emdecorrência do infortúnio. Ocorre que não foram apontadas discrepâncias relevantes entre os serviços e peças descritosnas notas fiscais e o conserto de um caminhão tombado. Por outro lado, o que não é mesmo possível presumir-se é que ocaminhão não necessitasse de conserto após o tombamento.11) Ao contrário do que se afirma na contestação, não era exigível do autor a realização de perícia técnica noveículo, através de perito competente, para através de laudo, descrever as avarias sofridas e quais os reparos necessários.Ora, os custos de uma perícia técnica e o tempo para sua realização agravariam consideravelmente a situação em que oautor se encontrava após o acidente, impedido de exercer sua atividade profissional e, portanto, prover sua subsistência.12) O valor total do reparo do veículo (R$ 18.601,89) não se mostra desproporcional em relação ao tombamento deum caminhão carregado, que ocasionou, inclusive, pelo que se depreende das notas fiscais, empenamento do eixodianteiro do veículo. O DNIT não demonstra que tal valor não condiga com a realidade, como afirma.13) A substituição de partes do veículo do lado contrário ao tombamento e a quantidade de tinta excessiva,apontados na contestação como “absurdos”, não se caracterizam como tal, considerando que o tombamento causaempenamentos que requerem a troca de peças de ambos os lados do caminhão e que não há qualquer indicação de que aquantidade de tinta seja desproporcional à necessária para pintura do veículo. Já a compra de volante esportivo e tapetesde luxo (fl. 27) de fato não se justifica, pois tais itens não podem ter sofrido avarias com o acidente, devendo ser excluídosos respectivos valores (R$ 314,22 e R$ 53,87), assim como o valor referente ao jogo de tapete de borracha (R$ 125,70)constante da nota de fl. 26.14) O recibo de fl. 33 não contém descrição das peças a que se refere, não podendo ser considerado no cômputo doprejuízo.15) Tendo ocorrido o acidente em 24/08/2009 e o reparo do veículo sido concluído em 30/09/2009, data da últimanota fiscal de prestação de serviço (fl. 64), referente a mão-de-obra de lanternagem e pintura e serviço de guincho doveículo, resta suficientemente comprovada a alegada paralisação das atividades profissionais do autor pelo prazo de 30dias, fazendo jus aos lucros cessantes. A quantidade de viagens realizadas pelo autor no período de 30 dias (15 viagens) eo valor de cada uma das viagens (R$ 400,00) teriam sido comprovados, conforme alegado na inicial (fls. 49/50), na notafiscal constante do documento 6, que se encontra à fl. 38. Trata-se de nota fiscal emitida em 24/11/2009, da qual consta oautor como transportador e a identificação da placa do veículo utilizado (MPJ 7724), não constando, contudo, o valor dofrete. A despeito disso, o valor pretendido pelo autor se mostra totalmente razoável, considerando o trecho percorrido entrea fábrica e depósito da contratante – que torna plausível a quantidade mensal de viagens – e os custos do transporte(combustível etc). Não seria razoável considerar que um mês inteiro de trabalho de transporte em caminhão própriorendesse ao autor remuneração inferior à alegada. Menos razoável ainda seria desconsiderar qualquer valor indenizatóriopelo fato de não estar cabalmente comprovado nos autos o valor auferido em cada viagem realizada pelo autor.16) A Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, já consideravaaplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária ede juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, oIPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regime

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geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e aSELIC para as condenações referentes questões tributárias. A Comissão de Cálculos do Conselho da Justiça Federal, aoefetuar as alterações no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, utilizou oentendimento do Superior Tribunal de Justiça no que tange à aplicação da correção monetária, posição referendada pelaTurma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº 0501880-08.2009.4.05.8300 em 06/08/2014.17) Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e condenar o réu a pagar ao autor atítulo de indenização por danos materiais, os valores de: (i) R$ 17.478,10 (dezessete mil, quatrocentos e setenta e oito reaise dez centavos), referente à reparação do veículo após exclusão dos valores referidos nos itens 13 e 14; e (ii) R$ 6.006,00(seis mil e seis reais), referente aos lucros cessantes. Ambos os valores deverão ser acrescidos de correção monetária peloIPCA-E e de juros de mora calculados na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, desde o evento danoso (Súmula 54 doSTJ).18) Sem custas. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

Dar parcial provimentoTotal 9 : Dar provimentoTotal 17 : Ementa/AcórdãoTotal 2 : Não conhecer o recursoTotal 1 : Negar provimentoTotal 54 :