boca
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Anatomia Aula 31 Data
Boca
A boca possui, grosso modo, a forma de um paralelepípedo, com seis faces: anterior, posterior,
superior, inferior e laterais (bochechas).
É dividida numa região periférica, mais externa, localizada entre os lábios e os dentes e as
gengivas (arcadas alveolares), anteriormente (e entre estruturas correspondentes lateralmente) –
o vestíbulo, que possui uma função idêntica à da cavidade oral propriamente dita, embora
permita alguma mobilidade das estruturas superficiais em relação à estrutura rígida que se lhe
localiza internamente (arcadas alveolares). Possui um músculo associado que é o bucinador.
A cavidade oral propriamente dita é portanto mais pequena quer no diâmetro anteroposterior
quer no diâmetro lateral.
Vestíbulo
O limite interno do vestíbulo é formado pelas arcadas alveolares das maxilas e da mandíbula e
respectivos dentes. Lateralmente, fica a bochecha e, anteriormente, os dois lábios. Estes são
revestidos externamente por pele, possuem na sua espessura músculos, vasos e nervos e são
recobertos internamente por uma mucosa de revestimento (epitélio pavimentoso estratificado),
que possui um aspecto rosado e brilhante.
A mucosa que reveste internamente quer os lábios quer as bochechas reflecte-se sobre a
estrutura que forma a parede interna do vestíbulo (em forma de ferradura de convexidade
anterior). Essa zona de reflexão é apenas uma linha – o sulco ou fórnix do vestíbulo. A zona de
reflexão possui, em alguns pontos, umas pregas de tecido conjuntivo (com alguns vasos), que se
projectam para o interior do fórnix, sendo mais numerosas no lábio inferior. São constantes na
linha média, onde se designam por freios dos lábios inferior e superior, os quais limitam o
movimento de extrusão dos lábios, pois inserem-se na estrutura óssea que lhes fica
internamente.
A parede lateral do vestíbulo é semelhante, salientando-se a papila que corresponde à abertura
do canal excretor da glândula parótida e está ao nível da coroa do segundo molar superior,
embora o ducto penetre na parede um bocadinho mais atrás, descrevendo um trajecto oblíquo
nessa mesma parede.
As paredes, entre a pele e a mucosa, são formadas pelos músculos da face (zigomáticos maior e
menor, elevador comum do lábio superior e da asa do nariz…) e, profundamente, pelo
bucinador. Esse é um músculo da mímica, pois ajuda a formar o orbicular dos lábios (converge
para o modíolo), mas é mais profundo, sendo revestido por fáscia profunda própria. Tem a
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particularidade de se fixar posteriormente no rafe pterigomandibular, onde também se insere o
constrictor superior da faringe. Além de participar na mímica, na abertura dos lábios e da boca,
ao contrair-se, junta as bochechas à face externa da arcada alveolar e dos dentes, sendo o
principal músculo que controla a dimensão do vestíbulo e permite que, quando nos
alimentamos, mantenhamos os alimentos em contacto com os dentes e no interior da cavidade
oral propriamente dita, impedindo que esses se acumulem no vestíbulo. Anteriormente, localiza-
se o orbicular dos lábios, com todos os músculos que para ele contribuem e que fazem tracção
directa dos lábios inferior e superior.
A parede interna do vestíbulo é formada pelas arcadas alveolares e respectivos dentes. A
mucosa de revestimento é vermelhinha, mas a dada altura, essa cor torna-se rosada – é a zona de
transição entre a mucosa de revestimento típica e a mucosa gengival (gengiva propriamente
dita) – transição mucogengival. Inferiormente, existe mucosa típica, com epitélio, lâmina
própria e submucosa, onde estão acumuladas glândulas salivares. Superiormente à transição, a
mucosa torna-se rosada, pois está muito mais perto da estrutura óssea, devido à falta de
submucosa nessa região. Essa especialização da mucosa torna-a profundamente aderente à
estrutura óssea subjacente, ou seja, ao periósseo da região. Essa mucosa da gengiva, que
também existe no palato ósseo, designa-se, por isso, mucoperiósseo. O facto de estar
intimamente aderente ao osso é importante para a funcionalidade da gengiva, sendo as regiões
adjacentes revestidas por mucosa típica, com vasos, glândulas e mobilidade.
A parte mais inferior do mucoperiósseo é “martelada”, isto é, possui regiões mais profundas e
outras mais superficiais, pois a lâmina própria está firmemente agarrada ao periósseo – porção
fixa da gengiva. Ao invés, na parte superior a mucosa é mais lisa – porção livre da gengiva.
Essa ascende, terminando num bordo livre, e depois volta a descer para se unir, em regra, ao
esmalte do dente, formando o sulco gengival em torno do dente.
Dentes
A dentição definitiva possui 32 dentes, 8 em cada quadrante, enquanto a dentição de leite possui
apenas 20.
Tantos os dentes superiores como os inferiores são classificados em:
Incisivos – mais próximos da linha média
Canino (cúspide)
Pré-molares (bicúspides)
Molares.
Os dentes podem ser numerados a partir do quadrante superior direito até ao canto inferior
direito.
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O bordo do dente mais próximo da linha média chama-se mesial e o mais afastado chama-se
distal. Nos pré-molares e molares, esses bordos tornam-se faces. As faces chamam-se labial
(mais externa) e lingual (mais interna). A face labial pode designar-se por bocal (nos dentes
pós-caninos) e a face lingual por palatal (nos dentes superiores).
O bordo superior ou inferior, no caso dos incisivos, é cortante e designa-se bordo incisal. O
canino possui uma cúspide (estrutura pontiaguda) e os pré-molares e molares, cuja função é
triturar, possuem uma face oclusal.
Os dentes possuem uma estrutura superficial – a coroa – e uma porção completamente contida
no interior dos alvéolos – a raiz. A zona de transição designa-se colo e, em regra, não é visível
pois está recoberto pelo bordo livre da gengiva. A coroa é revestida por esmalte e a raiz por
cimento. O corpo do dente é formado pela dentina, no interior da qual existe a cavidade pulpar
(polpa do dente), com uma câmara pulpar, ao nível da coroa, e um canal pulpar, que ocupa a
raiz.
As raízes possuem na sua extremidade (inferior ou superior), o orifício apical, através do qual
entram os vasos e nervos, que continuam pelos canais pulpares até à câmara pulpar, para serem
responsáveis pela irrigação e enervação dos dentes.
Na região da bochecha, que constitui a parede lateral do vestíbulo e, portanto, da cavidade oral,
temos a artéria facial, com os seus ramos labiais; a artéria temporal superficial, com os seus
ramos faciais transversos; e a artéria maxilar, que entre os seus muitos ramos, dá a artéria bocal
da sua segunda porção, a qual é a principal responsável pela irrigação dos tecidos profundos da
bochecha, já que a região mais superficial é irrigada, basicamente, pela artéria facial
(anteriormente) e pelos ramos faciais transversos da temporal superficial (na região do risório).
Além disso, a artéria alveolar inferior, através do seu ramo mentoniano, irriga a região
mentoniana e a artéria infra-orbital dá também alguns ramos para a face quando emerge no
buraco infra-orbital.
A artéria alveolar inferior dá ainda um ramo incisivo, que irriga os dentes incisivos e canino
inferiores. Os dentes superiores são irrigados pelas artérias alveolares superiores posteriores,
ramos da maxilar (pré-molares e molares) e pelas artérias alveolares superiores anteriores,
ramos da infra-orbital, que é ramo da maxilar (incisivos e canino).
Cavidade oral
A parede interna do vestíbulo coincide com a parede anterior e lateral da cavidade oral
propriamente dita.
O tecto é formado pelo palato ósseo (coincide com pavimento das cavidades nasais), constituído
pelas apófises palatinas das maxilas e pelas lâminas horizontais dos palatinos, e pelo palato
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mole. A estrutura óssea é revestida internamente por uma mucosa, que junto da linha média é
muito fininha, estando fixa às suturas intermaxilar e interpalatina e não possuindo submucosa –
mucoperiósseo. Lateralmente, essa mucosa torna-se progressivamente mais espessa, adquirindo
submucosa e encontrando-se menos aderente à estrutura óssea, o que permite que na submucosa
se acumulem glândulas salivares palatinas. Na parte mais posterior, entre os músculos que
formam o palato mole e a estrutura óssea, localiza-se a aponevrose palatina. Essa é uma
estrutura de natureza aponevrótica, cuja função é a de conferir rigidez ao palato mole, que tendo
de ser mole para se poder mover, tem de possuir alguma consistência para se mobilizar como
um todo e não constituir uma massa informe gelatinosa.
O limite posterior da cavidade oral, que marca a transição para a orofaringe, é feito ao nível de
um espaço delimitado superiormente pelo palato mole epela prega palatoglóssica (formada pelo
músculo palatoglosso profundamente). O conjunto forma o arco palatoglosso (entre o palato
mole e a língua), cujo pavimento é constituído por parte do dorso da língua. Esse espaço
arredondando designa-se istmo orofaríngeo. Posteriormente, existe um outro arco, formado pela
prega palatofaríngea, o qual separa a fossa ou seio amigdalino.
Antigamente, existia o istmo das fauces, que era um espaço delimitado anteriormente pelo arco
palatoglosso e posteriormente pelo palatofarínfeo, juntamente com as estruturas que formavam
o pavimento e tecto da região. Não havia, portanto, um plano mas sim uma região de transição
que não era mais do que o átrio da orofaringe. O pilar anterior das fauces é formado pela prega
palatoglóssica e o pilar posterior pela prega palatofaríngea, localizando-se entre eles a amígdala
palatina. A transição é marcada pelo pilar anterior ou arco palatoglosso.
O palato ósseo é mais esbranquiçado do que o palato mole, dada a proximidade ao osso. A
porção central é ainda mais esbranquiçada, por ser o local de fixação da mucosa às suturas,
sendo formada por mucoperiósseo. A região lateral é, pelo contrário, formada por mucosa
típica, a qual, na parte mais anterior, logo atrás dos dentes caninos e incisivos, é rugosa e possui
umas rugas transversas que irradiam do rafe mediano – rugas do palato ósseo. A sua função é a
de criar atrito entre a língua e o palato, facilitando a mobilização do conteúdo alimentar durante
a mastigação.
A irrigação do palato é feita por pelo menos duas artérias: a palatina maior e as palatinas
menores, ramos da artéria maxilar ao nível da fossa pterigopalatina. A artéria desce no canal
palatino maior, emergindo a artéria principal no buraco palatino maior (na transição entre a
lamina horizontal do palatino e a maxila), enquanto as menores saem pelos buracos palatinos
menores localizados na face inferior da apófise piramidal do palatino. A artéria palatina maior
dirige-se para diante no sulco nas maxilas e entram nos canais incisivos para se anastomosarem
no septo nasal. Já as palatinas menores dirigem-se posteriormente, para irrigarem o palato mole
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e se anastomosarem com a artéria palatina ascendente, ramo da parte cervical da facial, e um
ramo da artéria faríngea ascendente.
O palato mole, na parte anterior, é formado pela aponevrose palatina e, posterior e lateralmente,
por músculo.
A aponevrose palatina não é mais do que uma expansão do tendão de inserção do tensor do véu
do paladar.
O tensor do véu do paladar fica aderente, lateral e anterior ao elevador do véu do paladar. É
mais ou menos triangular e as suas fibras convergem para um tendão que perfura a inserção do
bucinador, logo anteriormente ao rafe pterigomandibular, curvando-se em torno do hamulus da
lâmina pterigoideia medial. Desce e as suas fibras dirigem-se medialmente, cruzando-se com as
contra-laterais na linha média. A estrutura que se curva é um tendão, o qual se expande numa
aponevrose, que anteriormente se vai fixar no bordo posterior do palato ósseo (até à espinha
nasal posterior), estendendo-se algumas fibras para a superfície inferior do palato ósseo, onde se
inserem na face inferior da lâmina horizontal do palatino, ao nível da crista palatina. Quando o
tensor do véu do paladar se contrai, as fibras encurtam verticalmente, mas o tendão puxa
lateralmente a aponevrose, deixando-a tensa, de modo a que os músculos que nela se inserem a
possam mobilizar superior ou inferiormente, consoante a fase de deglutição ou respiração. O
tensor do véu do paladar tem origem na fossa escafoide, no lado medial da espinha do esfenoide
e na face anterior da porção cartilagínea da trompa auditiva. A sua relação lateral é o
pterigoideu medial.
Medialmente localiza-se o elevador do véu do paladar, que tem uma origem ligeiramente
posterior, na face inferior do rochedo do temporal, anteriormente à abertura inferior do canal
carotídeo (junto do vértice), na fáscia que reveste a bainha carotídea e se fixa na apófise vaginal
da porção timpânica do temporal e na face inferior da porção cartilagínea da trompa auditiva. As
suas fibras dirigem-se inferior e medialmente para terminarem na face superior da aponevrose
palatina. Quando contrai, puxa-a para cima, elevando o véu do paladar.
A aponevrose palatina, sendo formada pelo tendão de inserção do tensor do véu do paladar, é
uma estrutura que dá fixação a músculos:
Na face superior, insere-se o elevador do véu do paladar e tem origem o palatofaríngeo,
por meio de umas fibras anteriores e outras posteriores em relação ao elevador do véu do
paladar. As suas fibras dispõem-se verticalmente ao longo da faringe para terminarem no
bordo posterior da traqueia.
Os músculos da úvula têm origem na espinha nasal posterior e as suas fibras dirigem-se
num plano sagital posteriormente, para preencherem a espessura da úvula, uma projecção
cónica inferior do bordo posterior do palato mole. São relativamente espessos e
caminham na espessura da aponevrose palatina, já que essa se divide ao chegar à linha
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média para os envolver. Quando se contraem puxam a úvula em direcção ao palato (à
espinha nasal posterior) e, simultaneamente, aumentam a rigidez da aponevrose palatina,
pois aumentam a sua espessura. Desse modo, ajudando o tensor do véu do paladar.
Na face inferior da aponevrose palatina fixa-se um único músculo – o palatoglosso. As
suas fibras dirigem-se inferior e lateralmente para a língua e, quando chegam à sua base,
dispersam-se em direcção à linha mediana, confundindo-se com fibras do transverso da
língua. Quando se contrai aproxima o palato mole e essa região da língua, o que tem
como consequência a diminuição do istmo orofaríngeo (diminui a dimensão do arco
palatoglosso).
O pavimento da língua é formado pelo diafragma da boca – o músculo milo-hioideu, cujas
fibras se dirigem medialmente, formando uma convexidade inferior. Apesar de pertencer à boca,
é também um músculo cervical, que mobiliza o osso hioide. Superiormente, localiza-se o genio-
hioideu, que só faz elevação do osso hioide, encontrando-se todavia no pavimento da boca.
Superficialmente, localizam-se os ventres anteriores do digástrico, a fáscia profunda, a fáscia
superficial, o platisma e a pele.
O pavimento da boca fica profundamente à língua, sendo visível apenas a porção anterior.
A língua possui uma porção livre, de fácil mobilização, e uma porção fixa – a base ou raiz.
Possui uma superfície superior e posterior chamada dorso da língua e uma superfície inferior. A
língua é mais espessa no plano mediano do que nas extremidades, designando-se o limite que
separa o dorso da face inferior por bordo da língua. A ponta da língua, oposta à base, chama-se
vértice.
Na face dorsal, possui um septo lingual de tecido fibroso, que a divide em duas metades,
enervadas pelos nervos hipoglosso esquerdo e direito separadamente. Esse vai desde o vértice
até ao osso hioide, onde se fixa.
A mucosa, na face anterior tem um aspecto aveludado, separando-se pelo sulco terminal da
região posterior, que pertencendo à língua, não se parece com ela, pois possui numerosas
elevações, muitas delas com orifícios para saída de secreções mucosas e serosas produzidas na
região. Esse sulco terminal marca a delimitação da região anterior, oral ou pré-sulcal e a região
posterior, faríngea ou pós-sulcal da língua. A parte oral, que conhecemos como a língua
propriamente dita, faz parte do pavimento da boca, enquanto a região posterior, cujas projecções
são formadas por tecido linfoide, que no seu conjunto formam a amígdala lingual – funciona
como um sistema de defesa colocado à entrada do aparelho respiratório e digestivo. Pela sua
localização posterior às pregas palatoglóssicas, é uma estrutura da faringe, representando parte
da parede anterior da orofaringe.
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![Page 7: Boca](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022082711/55cf9d18550346d033ac358f/html5/thumbnails/7.jpg)
A face inferior da língua é revestida por mucosa com aspecto semelhante ao da que recobre a
restante cavidade oral – mucosa de revestimento. Uma prega de mucosa prende a língua ao
pavimento da boca – é o freio lingual, que impede os movimentos amplos da língua. Essa
mucosa de revestimento é contínua com a que reveste a parte anterior visível do pavimento da
boca, no qual se observam, além do freio na linha média, a papila sublingual, que corresponde à
abertura do canal excretor da glândula salivar submandibular, e, projectando-se lateral e
posteriormente do meio da papila, observam-se duas pregas sublinguais que correspondem à
glândula que aí se localiza profundamente.
O dorso da língua é revestido por uma mucosa especializada, com epitélio escamoso
estratificado e uma submucosa muito reduzida, intimamente aderente às estruturas subjacentes.
Possui um aspecto aveludado, com numerosas projecções superiores, que se chamam papilas
linguais, visíveis macroscopicamente. Existem milhões de projecções cónicas, chamadas papilas
filiformes e, misturadas com essas, principalmente ao nível dos lados e da ponta, existem
papilas fungiformes, que não possuem um vértice mas uma extremidade mais convexa e saliente
e são mais avermelhadas. Mais posteriormente, anteriormente ao sulco terminal existe uma
fileira de papilas circunvaladas e no bordo da língua encontram-se as papilas foliadas.
A função das papilas linguais é a de aumentar a superfície da mucosa da língua e, portanto, da
área que está em contacto com a saliva, a qual contém dissolvido tudo o que ingerimos e
mastigamos, colocando em contacto esses constituintes químicos com as papilas gustativas.
Essas papilas gustativas são estruturas histológicas que nos conferem o sentido do gosto.
Possuem células de suporte e uma célula sensitiva que percebe o sabor, enviando os estímulos
nervosos. Estão dispostos na espessura do epitélio das papilas linguais: as papilas filiformes não
possuem papilas gustativas, as fungiformes possuem algumas e as circunvaladas e foliadas
possuem muitas – as papilas gustativas encontram-se, portanto, dispostas numa região mais
posterior. Há zonas que não possuem papilas linguais mas possuem papilas gustativas, como é o
caso do palato mole e da epiglote.
As papilas gustativas são todas iguais, diferindo apenas os receptores secundários que são
activados pelos receptores existentes nas células sensitivas, consoante o estímulo que recebem.
A musculatura da língua é de dois tipos: intrínseca e extrínseca.
A musculatura intrínseca consiste:
Músculo longitudinal superior, que se estende ao longo de todo o dorso da língua,
profundamente à mucosa;
Músculo longitudinal inferior vai desde o osso hioide, praticamente, até ao vértice da
língua. É formado por dois feixes que correm em direcção anteroposterior, em ambos os
lados do septo;
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Músculo transverso vai do septo para os lados da língua;
Músculo vertical vai do dorso da língua para as estruturas que lhe ficam profundamente.
Estes músculos mudam a forma da língua, sem alterar a sua posição.
Misturado neste conjunto, existe um outro grupo de músculos extrínsecos, que se fixam
exteriormente à língua e, quando se contraem, a mobilizam (mudam a sua posição).
O genioglosso começa imediatamente superior ao genio-hioideu, nas espinhas genianas
superiores, e dirige-se em leque posteriormente, num plano sagital, logo lateral ao septo da
língua, para se fixar no interior da língua. As mais inferiores chegam até ao osso hioide, as
médias dirigem-se posteriormente e as superiores ascendem para a espessura da língua.
O hioglosso é um músculo que se dirige posteroanteriormente, com origem no grande corno e
porção adjacente do corpo do osso hioide. As fibras ascendem para terminarem na musculatura
intrínseca da língua, lateralmente ao genioglosso e ao longitudinal inferior.
Dispondo-se externamente ao hioglosso e dirigindo-se inferiormente, existe o músculo
estiloglosso. Surge da apófise estiloide, desce e na sua parte inferior se curva medialmente para
perfurar o hioglosso e se confundir com a musculatura transversa da língua. Algumas das suas
fibras vão ao longo da face inferior quase até ao vértice.
O condroglosso vem do pequeno corno do osso hioide, passa profundamente ao hioglosso, dele
separado por fibras do genioglosso.
O estiloglosso puxa para cima e para trás a base da língua; o hioglosso e o condroglosso puxam
para baixo e para trás a base da língua e o genioglosso puxa para diante o vértice da língua
(protrusão da língua).
A artéria lingual (ramo da carótida externa ao nível do grande corno do osso hioide) caminha
medialmente ao hioglosso e dirige-se para a superfície inferior da porção livre da língua, onde
vai terminar, não sem antes dar ramos linguais dorsais para a porção faríngea da língua e a
artéria sublingual, que vai para a glândula sublingual. Dá ainda um ramo milo-hioideu.
A drenagem venosa da língua é feita pelas veias linguais que acompanham a artéria lingual
(artéria profunda da língua na parte terminal). Descem e, na porção em que ficam profundas ao
hioglosso, juntam-se às veias dorsais da língua (que acompanham as artérias do mesmo nome),
formando a veia lingual, que em regra termina na jugular interna.
Em paralelo com este sistema, existe uma veia que é visível na face inferior da língua, pois
caminha logo profundamente à mucosa, e que vai juntar-se à veia sublingual, caminhando num
plano muscular entre o hioglosso e o milo-hioideu – é a veia comitante do nervo hipoglosso ou
veia ranina.
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![Page 9: Boca](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022082711/55cf9d18550346d033ac358f/html5/thumbnails/9.jpg)
Glândulas salivares
As glândulas salivares são todas as glândulas exócrinas que produzem um produto de secreção
lançado na boca.
Possuímos milhares de glândulas salivares menores (“minor”) no palato, na língua, nas
bochechas e nos lábios (produzimos cerca de 0,5 L de saliva por dia!).
As glândulas salivares visíveis macroscopicamente (“major”) são três pares: parótidas,
submaxilares e sublinguais.
A parótida localiza-se inferiormente ao meato acústico externo e à articulação
temporomandibular. É uma estrutura mole, que se adapta às estruturas que a rodeiam – dispõe-
se posteriormente ao ramo da mandíbula, ao masseter e ao pterigoideu medial; posteriormente
adapta-se à apófise mastóide do temporal, ao esternocleidomastoideu, ao ventre posterior do
digástrico, à apófise estiloide e a todos os músculos que nela se inserem. A sua base é superior e
o vértice é inferior, colocando-se lateralmente ao feixe vasculonervoso do pescoço, aí
representado pela carótida interna e jugular interna. É perfurada por estruturas vasculares e
nervosas importantes: a estrutura mais profunda é a artéria carótida externa, que se divide nos
ramos terminais na espessura da glândula, encontrando-se na parte superior já a artéria temporal
superficial (trajecto vertical) e a artéria maxilar (trajecto transverso).
Superficialmente encontra-se a veia temporal superficial, que se junta à maxilar para formar a
veia retromandibular. Esta divide-se, em regra, já fora da glândula, podendo contudo dividir-se
ainda no seu interior.
Ainda mais superficialmente, encontra-se o nervo facial.
A carótida interna e a jugular interna encontram-se muito profundas, medialmente à apófise
estiloide.
A glândula sublingual relaciona-se com o canal excretor da submandibular que lhe é medial,
além de possuir importantes relações musculares.
A glândula submandibular possui uma porção superficial, visível no triângulo submandibular, e
uma profunda, que se curva em relação com o bordo posterior do milo-hioideu. A parte
profunda relaciona-se lateralmente com o milo-hioideu, medialmente com o hioglosso e, às
vezes, superiormente com o estiloglosso. Já o genioglosso é relação medial da sublingual.
A glândula submandibular, na sua porção superficial, que se encaixa e se relaciona lateralmente
com a fossa submandibular e medialmente com o milo-hioideu e inferiormente com a fáscia e o
platisma. Possui, portanto, três faces: superficial (inferior), lateral e medial, que possuem
importantes relações vasculares. A face inferior é cruzada pela veia facial, que se dirige
superficialmente da face para a jugular interna. A face lateral, entre a própria glândula e a fossa
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submandibular, tem relação, no sentido postero-anterior, com a artéria facial. A face medial tem
relação com a veia comitante do nervo hipoglosso e com esse mesmo nervo.
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