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Boas Prcticas em
Para uma construo
de Sistemas Financeiros
Inclusivos
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Boas Prcticas emMicrofinanas:
Para uma construo de
Sistemas Financeiros Inclusivos
Este trabalho representa apenas o ponto de vista dos seus autores
e no pode, em qualquer circunstncia, ser considerado a posio ocial
ou um compromisso formal por parte da Comisso Europia.
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ndice
1. Introduo
1.1 Perfil e Tendncia da Microfinana
1.1 .1 Uma breve histria da Microfinana1.1.2 A Microfinana na Actualidade
2. Enquadramento do Sistema Financeiro Inclusivo
2.1 . Clientes Pobres com Baixos Rendimentos2.1 .1 Caractersticas dos Clientes da Microfinana2.1 .2 Como que as Pessoas Pobres Utilizam os Servios Financeiros
2.2 . Fornecedores de Servios Financeiros: O Nvel Micro2.2.1 A Paisagem dos Fornecedores de Servios Financeiros
2.3 Infra-estrutura Financeira: Boas Prcticas ao Nvel Meso2.3 .1. Sistemas de Pagamento2.3.2 Transparncia e Infra-estrutura de Informao2.3.3 Formao2.3 .4 Redes e Associaes
2.4 Governo: O Nvel Macro
3. Financiadores
3.1 Agncias e Fundaes Internacionais de Doadores
3.2 Investidores Internacionais3.3 Mercados Nacionais de Financiamento
4. Concluso
4.1 pro cura de um sistema financeiro inclusivo4.2 Boas Prticas para doadores que apoiem a microfinana
4.2 .1 O papel dos doadores na construo de sistemas financeiros inclusivos4.2 .2 Assegurar a Eficincia dos doadores
Lista de Quadros:
Quadro 1: Prs e Contras dos Diferentes Fornecedores de Servios Financeiros
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1. INTRODUO
Mais de 3 mil milhes de pessoas pobres que vivem com menos de 2 dlares por dia, procuram aceder a
servios financeiros bsicos que podem ser um elemento fundamental para o alvio da pobreza. A maioria
das pessoas no mundo em desenvolvimento, isto , a maioria da populao mundial, no tem acesso a
servios financeiros formais. Muito poucas beneficiam de contas de poupana, emprstimos ou formas
prticas de transferir dinheiro. Os que conseguem abrir uma conta bancria so muitas vezes confrontados
com servios de pouca qualidade.
A microfinana tornou-se progressivamente mais popular como uma resposta concreta s necessidades
destas pessoas. Mostrou que as pessoas pobres so clientes viveis, criou um conjunto de instituies fortes
que passaram a concentrar os seus interesses sobre as economias destas pessoas e comeou a atrair o
interesse de investidores privados. Esta publicao no tem como objectivo mostrar novos resultados ou
descobertas sobre a microfinana. O seu principal objectivo o de disseminar os fundamentos chave para a
construo de sistemas econmicos inclusivos, bem como o estado da arte e as boas prticas relacionadas
com os instrumentos financeiros disponveis para aqueles cidados que desejam colocar as suas poupanas
e investime ntos na indstria da microfinana.
Estas poupanas ticas e investimentos ainda se encontram numa fase inicial. Contudo, podem contribuir
para alguns dos principais desafios enfrentados pelos servios financeiros destinados aos mais
desfavorecidos:
1. Multiplicao dos servios financeiros de qualidade para chegarem a um maior nmero de
pessoas (escala);
2. Chegar a pessoas mais desfavorecidas e mais distantes (profu ndidade); e
3. Baixar os custos tanto para os clientes como para os fornecedores dos servios financeiros
(custo).
A publicao apresenta os elem entos chave para um sis tema financeiro inclusivo.
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1.1 Perfil e Tendncias da Microfinana
Mais de 3 bilies de pessoas pobres que vivem com menos de 2 dlares por dia, procuram aceder a servios
bsicos que podem ser um eleme nto fundamental para o alvio da pobreza. A maioria das pessoas no m undo
em dese nvolvimento isto, a maioria da populao mundial no tem acesso a servios financeiros formais.Muito poucas beneficiam de contas de poupana, emprstimos ou formas convenientes de transferir
dinheiro. Os que cons eguem abrir uma conta bancria so muitas vezes confrontados com servios de pouca
qualidade.
A falta de acesso a servios financeiros impede as pessoas pobres e com baixos rendimentos de tomarem
certas decises quotidianas que a maioria das pessoas tm como garantidas. Com base numa publicao
recente1 do CGAP Consultative Group to Assist the Poor2, iremos resumir o perfil e as tendncias actuais
da indstria da microfinana.
1.1.1 Uma breve histria da MicrofinanaAo longo da ltima dcada, a microfinana evoluiu e expandiu-se rapidamente do campo relativamente
restrito do microcrdito para o conceito mais lato de microfinanas (que inclui um conjunto de servios
financeiros para as pessoas pobres, incluindo poupanas, tranferncias de dinheiro e seguros) para o enorme
desafio da construo de siste mas financeiros inclusivos.
As ideias e as aspiraes por detrs da microfinana no so novas. Durante sculos existiram poupanas
informais e grupos de crdito em todo o mundo, desde o Gana ao Mxico, ndia e um pouco por todo o
mundo. Na Europa, desde o sculo XV, a Igreja Catlica fundou as casas de penhores como um sistema
alternativo aos usurrios. Ao longo do sculo XV estas lojas de penhores espalharam-se por todas as reas
urbanas da Europa. As instituies formais de crdito e de poupanas para os pobres tambm existiram
durante sculos, oferecendo servios financeiros a clientes a quem tradicionalmente eram negados pelos
bancos comerciais.
O sistema irlands Loan Fund que comeou no incio de 1700, um dos primeiros exemplos. Em torno de
1840, este sistema tinha cerca de 300 fundos em toda a Irlanda. Em 1800, a Europa assistiu emergncia de
um maior nmero de poupanas e de instituies de crdito formais que trabalhavam, sobretudo, com os
agricultores mais des favorecidos e com os pobres das cidades.
As cooperativas financeiras desenvolveram-se na Alemanha. Tinham como objectivo ajudar a populao rural
a libertar-se da dependncia dos usurrios e a melhorarem o seu bem-e star. O movimento surgiu em Frana
em 1865 e no Quebec em 1900. Muitas das actuais cooperativas financeiras em frica, Amrica Latina e sia
encontram as suas razes neste movimento Europeu. Outro dos exemplos mais antigos do Indonesian
Peoples Credit Banks (BPRs) que comeou em 1895 e se tornou no maior sistema de microfinana na
Indonsia com quase 9.000 filiais.
No incio do sculo XX, comearam a surgir variantes sobre o tema das poupanas e do crdito na Amrica
Latina e em outros locais. Estas intervenes financeiras no mundo rural tinham como objectivo modernizar
o sector agrcola, mobilizarem poupanas que estavam paradas, aumentarem o investimento atravs do
1
CGAP (2006), Access for All. Building Inclusive Financial Systems.2 CGAP um consrcio de multidoadores dedicado ao avano da microfinana. A sua pgina web pode ser
encontrada em http://www.cgap.org
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muitos pases onde muitas IMF conseguiram responder s necessidades de micro-empresrios e dos
agregados familiares mais pobres. Contudo, est es ganhos tenderam a concentrar-se em zonas urbanas e e m
reas rurais densamen te povoadas.
No incio dos anos 90, o termo microfinana comeou a substituir o termo microcrdito, referindo-se a
um conjunto de servios financeiros para os pobres, incluindo o crdito, poupanas, seguros e transferncias
monetrias. Para conseguirem chegar a um maior nmero de clientes pobres, as IMF e as suas redes
comearam a perseguir uma estratgia de comercializao, transformando-se em empresas com fins
lucrativos que conseguiam atrair mais capital e tornarem-se em actores permanentes do sistema financeiro.
O elemento central na histria recente da microfinana a nfase colocada na criao e no crescimento de
instituies fortes (contrariando a tendncia para a canalizao de crdito para grupos especficos).
1.1.2 A Microfinana na actualidadeA microfinana conseguiu feitos extraordinrios nos ltimos 30 anos. Mostrou que as pessoas pobres so
clientes viveis, criou um conjunto forte de instituies que concentram os seus servios sobre as
economias das pessoas pobres e comeou a atrair o interesse de investidores privados. Mas apesar do que
foi conseguido, ainda existe um longo caminho a percorrer para alargar o acesso a este sistema de
financiamento a todos os que precisam dele. So trs os principais desafios que definem a fronteira dos
servios financeiros destinados aos pobres:
1. Multiplicar os Scalling up os servios financeiros de qualidade para chegarem a um maior nmero
de pssoas (escala);
2. Chegar a pessoas mais desfavorecidas e mais distantes (profu ndidade); e3. Baixar os custos tanto para os clientes como para os fornecedores dos servios financeiros
(custo).
A questo : Como superamos estes desafios? A resposta: Fazendo com que os servios financeiros para os
pobres faam parte do sistema financeiro dominante de cada pas.
Com o intuito de conhecer a dimenso do mercado, a CGAP analisou recentemente um vasto grupo de
instituies financeiras com o objectivo de chegar a clientes fora do mbito de actuao dos bancos
comerciais tradicionais. Estas instituies estatais para o desenvolvimento, agrcolas e caixas econmicas
postais; mutualidades; outros bancos de poupana; bancos comunitrios de baixo capital e/ou bancos
agrcolas; e especializadas em IMF de todos os tipos partilham a caracterstica comum da double bottom
line. Tm como objectivo servir os mercados mais pobres, mas tambm cobrir os seus custos e torn-los em
lucro. O estudo conduzido pela CGAP mostrou um nmero surpreendente de 750 milhes de contas de
poupana e de emprstimos n o total.
Este grande nmero de contas no sinnimo de que o trabalho est concludo e de que os sistemas
financeiros j so eficazes com os pobres. Pelo contrrio, ajustados ao nmero de contas inactivas e ao
nmero de pessoas com mltiplas contas, os 750 milhes de contas podem ser traduzidos em, no mximo,
cerca de 50 0 milhes de clientes activos que constituem apenas uma fraco do mercado potencial de 3 mil
milhes de pessoas pobres.
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Para alm disso, a qualidade dos servios em algumas destas instituies no o melhor, sobretudo quando
toca a chegar s necessidades dos clientes pobres e de baixos rendimentos. Quando falamos de acesso no
se trata apenas de ter uma conta no banco. Trata-se tambm das vantagens e da segurana da conta e se
estes servios so taxados de forma justa, respondem s necessidades dos clientes e so oferecidos por
uma instituio slida que continuar a acompanhar os seus clientes e a ajud-los a gerirem as suas vidasfinanceiras. Muitas destas instituies no conseguem prestar servios financeiros de qualidade a todos, mas
representam uma oportunidade potencial para chegarem a um grande nmero de clientes pobres. Um
grande nmero de contas
Um grande nmero de contas esto muito concentradas, tanto geograficamente como no tipo de
instituies que as oferece. Os bancos da propriedade do Estado, incluindo os bancos postais, so
responsveis por quase trs quartos de todas as contas. Entretanto, 84 por cento de todas as contas esto
concentradas na sia e mais de m etade destas contas esto em dois pases a China e a ndia.
No geral, as IMF, as cooperativas financeiras, os bancos agrcolas so as instituies que se tm dedicado a
servir os clientes mais pobres e de baixos rendimentos com servios financeiros de elevada qualidade e
acessveis.
2 Enquadramento dos Sistemas Financeiros InclusivosPara a coligao da CGAP, o grande nmero de pessoas excludas apenas conseguir ter acesso a servios
financeiros apenas se estes servios destinados aos pobres se integrarem nos trs nveis do sistema
financeiro: micro, meso e macro. Em ltima anlise, a integrao no sistema financeiro poderia abrir
mercados financeiros para a maioria das pessoas a viver em pases em desenvolvimento, incluindo os
clientes pobres e geograficamente mais distantes.
Clientes. Pobres e clientes com baixos rendimentos esto no centro do sistema financeiro. A sua procura de
servios financeiros orienta as aces dos que se encontram em todos os outros nveis.
Micro. A espinha dorsal dos sistemas financeiros continua a ser os fornecedores de servios financeiros a
retalho que oferecem servios directamente aos pobres e aos clientes com baixos rendimentos. Estes
fornecedores de servios que se encontram no nvel micro do sistema vo desde os emprestadores de
dinheiro informais ou clubes de poupanas aos bancos comerciais e incluem todas as entidades que se
encontram neste sistema.
Meso. Este nvel inclui a infra-estrutura e o conjunto de servios necessrios para reduzirem os custos de
transaces, aumentar o seu alcance, construir competncias e promover a transparncia entre os
fornecedores de servios financeiros. Inclui um vasto conjunto de actores e de actividades, como os
auditores, agncias de rating, redes de profissionais, sindicatos, agncias de crdito, sistemas de
transferncias e de pagamentos, fornecedores de servios tcnicos e formadores. Estas entidades podem
transcender as fronteiras nacionais e incluem organizaes regionais ou globais.
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Macro. necessrio um enquadramento legislativo e poltico apropriado para permitir o florescimento de
um sistema de microfinana sustentvel. Os bancos centrais, os ministrios, as finanas e outras entidades
governamentais nacionais, so os principais participantes neste nvel macro.
Apesar de, at ao momento, a microfinana depender muito dos fundos internacionais de doao, o nfase
dos siste mas financeiros que trabalham para os pobres o de construrem m ercados nacionais, onde muitos
fornecedores de servios financeiros (fortes e viveis) competem pelo negcio dos clientes pobres e de
baixos rendimentos. Estes fornecedores de servios financeiros obteriam idealmente financiamento de
fontes de financiamento nacionais, como a partir de depsitos pblicos ou de investimentos atravs do
mercado de capitais. Enquanto muitos foram bem sucedidos em conseguirem recursos nacionais, existiu e
continuar a existir um papel para os fundos internacionais para alargarem o acesso aos servios financeiros.
De facto, os fundos internacionais podem ajudar ao arranque e ao acelerar do processo de construo dos
sistemas financeiros nacionais em todos os nveis do sistema financeiro micro, meso e macro .
2.1 Clientes Pobres e com Baixos RendimentosPara que um sistema financeiro seja efectivamente inclusivo dever responder a todas as necessidades de
quem utiliza os servios financeiros de forma frutfera, incluindo os pobres. As pessoas pobres nos pases
em desenvolvimento, como qualquer pessoa, precisam de ter acesso a um conjunto de servios financeiros
que sejam prticos, flexveis e com preos razoveis. Esta simples constatao transformou o pensamento e
a prtica da microfinana nos ltimos dez anos. Um m elhor conhecimento das necessidades do cliente ( e do
cliente potencial) originou a mudana do microcrdito para a microfinana e, mais recentemente, para os
sistemas financeiros inclusivos.
No passado, eram duas as caractersticas da microfinana: (1) um enfoque no crdito s micro empre sas
(pequenos emprstimos que iam de encontro s necessidades de capital dos empresrios); e (2) uma
abordagem que se concentrava mais na atribuio de crdito que era, em muito, dirigida aos fornecedores.
Assim, um reduzido leque de servios, atraa um reduzido nmero de clientes. Hoje, existe um crescente
reconhecimento de que nem todas as pessoas pobres so necessariamente empreendedores, mas todas as
pessoas pobres necessitam e utilizam um conjunto de servios financeiros. O desafio o de conhecer e
chegar a esta procura entre as populaes mais pobres e distantes.
Reconhecer a diversidade de pessoas que so excludas dos servios financeiros (no apenas os micro
empresrios) tem grandes implicaes na construo de um sistema financeiro inclusivo. Os agricultores
podem precisar de um crdito para investir nas suas plantaes, mas tambm precisam de um local seguro
onde possam depositar as suas poupanas resultantes das colheitas para utilizarem quando chegam os
tempos mais difceis. Os reformados precisam de um sistema de confiana para receberem as suas penses.
Os operrios precisam de ajuda para gerirem os seus salrios todos os meses. Em resumo, a diferentes
clientes exigem diferentes servios financeiros. Estes servios vo desde emprstimos para responder a
uma emergncia ou hipoteca de uma casa, ao crdito pessoal, aos servios de depsito de todos os tipos,
mtodos de transferncia de dinheiro e seguros.
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2.1.1 Caractersticas dos clie ntes da MicrofinanaOs potenciais clientes dos produtos da microfinana vo muito para alm dos micro-empreendedores,
incluindo qualquer pessoa que esteja excluda do acesso aos servios financeiros formais por vezes
mencionados como estando fora do sistema bancrio e financeiro. Estes clientes potenciais incluem, por
exemplo, agricultores, operrios fabris e reformados, entre outros. Esto entre as pessoas muito pobres e as
que so vulnerveis e menos pobres. Apesar de pouco se conhecer sobre este potencial universo de
clientes, o nmero de agregados familiares excludos , seguramente, enorme, mesmo nos pases
desenvolvidos.
Apesar de tudo, existe mais informao sobre os actuais clientes da microfinana. Os clientes tpicos da
microfinana so trabalhadores independentes, muitas vezes com empresas prprias. Nas zonas rurais, so
pequenos agricultores e outras pessoas envolvidas em actividades de pequena produo, como na
transformao de alimentos e pequeno comrcio. Em reas urbanas, a populao alcanada , muitas vezes,
diferente e inclui no apenas vendedores de rua, como empregados de lojas, fornecedores de servios,
artesos, etc. Em alguns casos, existem diferenas regionais entre os clientes. Na Amrica Latina e na frica
de Leste, o enfoque da microfinana tradicional est em primeiro lugar, nos empresrios (empreendedores)
urbanos e prximos das cidades, na sua maioria comerciantes. No Sul da sia, muitos programas
concentram-se sobre as mulheres nas zonas rurais, que comeam a trabalhar na criao dos seus prprios
meios de subsistncia.
Em anos recentes, tem existido muito debate sobre o nvel de pobreza dos clientes da microfinana,
nomeadamente sobre as medidas padro relativas pobreza, como a linha de pobreza ou sobre quem vive
com menos de um a dois dlares por dia. Este debate tomou vrias formas.
Em primeiro lugar, existe a questo moral sobre como chegar aos mais pobres no deveria a microfinana
ser vista como uma actividade vocacionada para o alvio da pobreza, cujo pblico alvo seriam os mais pobres?
Muitos dos activistas e organizaes no governamentais (ONG) no Sul da sia tm esta abordagem. A
segunda dimenso a questo das polticas pblicas. Uma vez que os subsdios dos doadores t m u m papel
importante no financiamento da microfinana, no deveriam as autoridades exigir que os fundos pblicos se
destinassem a quem mais deles necessita? A maioria dos clientes da microfinana parece estar entre as
pessoas que vivem abaixo da linha do limiar da pobreza. Os clientes do microcrdito no so as pessoas que
tm poucos recursos ou os agregados familiares, que constituem os 10 por cento dos agregados mais
pobres, mas tambm no so os que esto em melhor situao financeira. A maioria dos clientes encontra-
se na categoria dos moderadamente pobres (os que se esto entre os 50 por cento dos agregados
familiares abaixo da linha da pobreza). Contudo, alguns agregados familiares extremamente pobres, bem
como os vulnerveis, que no so considerados pobres (os que se encontram apenas um pouco acima da
linha do limiar da pobreza, correndo o risco de a passarem). Os extremamente pobres so definidos como
sendo os agregados familiares que se encontram entre os 10 e os 50 por cento dos agregados abaixo da
linha do limiar da pobreza e os vulnerveis, mas no pobres, so os que esto acima da linha da pobreza mas
em risco de se tornarem pobres.
Fazer chegar os servios financeiros a um maior nmero de pessoas pobres e que vivem em zonas remotas
do planeta, do que as que j so actualmente abrangidas, repres enta um de safio para a comunidade da
microfinana. Chegar aos muito pobres nem sempre fcil e particularmente difcil de o fazer de modo
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susten tvel. A c oncentrao dos actuais clientes em torno da linha do limiar da pobreza, sugere que
necessrio introduzir inovaes para que os servios financeiros respondam melhor s necessidades de uma
leque mais vasto de potenciais clientes, que vo dos mais pobres aos considerados vulnerveis no pobres.
2.1.2 Como que as Pessoas Pobres Utilizam os Servios FinanceirosAs pessoas pobres precisam de um conjunto de servios financeiros, muitos dos quais conseguem atravs
de fontes informais. Precisam de muitos tipos de servios para conseguirem resolver um vasto conjunto de
problemas econmicos em diferentes momentos. A publicao da CGAP cita o livro de Stuart Rutherford,
The Poor and Their Money, que aponta trs principais categorias de acontecimentos que exigem uma maior
quantidade de dinheiro do que o disponvel em casa ou no bolso: eventos de ciclos de vida, necessidades de
emergncia e oportunidades de investimento.
Eventos de ciclo de vida incluem aqueles que ocorrem normalmente uma vez na vida (nascimento,
casamento, morte) ou acidentes recorrentes (mensalidades da escola, frias como o Natal, tempos de
colheitas) que todos os agregados enfrentam.
Emergncias incluem crises pessoais como a doena ou danos, a morte de um chefe de famlia ou a perda
de emprego e o roubo. Muitas emergncias esto completamente fora do controle do agregado familiar,
como a guerra, as cheias, os fogos, os ciclones e, no caso dos habitantes de bairros clandestinos, a destruio
das suas casas por parte das autoridades. Todas estas emergncias criam uma necessidade sbita de
dinheiro.
Oportunidades de investir em negcios, terras ou esplio do agregado familiar tambm surgem
ocasionalmente. Os investimentos em negcios so apenas um dos muitos investimentos das pessoas
pobres. Tambm querem investir em artigos dispendiosos que tornam a sua vida mais confortvel
melhores telhados, melhor moblia, um ventilador, uma televiso. Claro que estes investimentos envolvem
dinheiro.
Os clientes pobres precisam mais do que crdito. Hoje, o crdito da microfinana (o crdito necessrio para
dar resposta aos custos correntes de um pequeno negcio) o principal produto oferecido pelas IMF mais
especializadas. Para conseguirem dar resposta s suas vrias necessidades, os clientes adaptam o micro-
crdito a muitas utilizaes. Na maioria das vezes esta adaptao est longe de ser perfeita. Assim, para
responder s necessidades financeiras exigidas pelos eventos dos ciclos de vida, emergncias e
oportunidades, necessrio mais do que o micro-crdito. As pessoas pobres precisam de um conjunto de
opes, do crdito (para alm do financiamento s empresas), s poupanas, a servios de transferncias
monetrias e a seguros sob vrias formas.
2.2 Fornecedores de Servios Financeiros: O Nvel MicroNum sistema financeiro inclusivo, so necessrios vrios fornecedores de servios financeiros para irem ao
encontro das diferentes necessidades dos clientes pobres. Nenhum tipo de fornecedor de servios
financeiros consegue faz-lo individualmente; necessrio um conjunto de fornecedores. Infelizmente, a
ausncia de instituies retalhistas fortes e competentes continua a representar o maior entrave para alargar
os servios financeiros a um maior nmero de pessoas pobres.
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Os potenciais fornecedores de servios esto entre os informais e os formais. O seu grau de formalidade
depende da sofisticao da sua estrutura organizacional e da sua governana, bem como do grau de
superviso por parte dos governos. Por exemplo, os fornecedores muito informais tm organizaes mais
simples (se que as tm) e no so supervisionados por uma entidade do governo e as instituies formais
so a imagem espelhada. No fim do nvel informal do spectrum, existem agiotas, clubes comunitrios depoupanas, colectores de depsitos, comerciantes entre outros. Os bancos privados e pblicos so os mais
formais. O nvel intermdio habitado pelas instituies mutualistas, organizaes no governamentais
(ONG) e instituies no-bancrias. De notar que nem todas as instituies alinham perfeitamente ao longo
do continuum. Algumas cooperativas maiores em frica e noutros locais funcionam como instituies
financeiras regulamentadas, ONG gigantes no Bangladesh servem milhes de clientes e so relativamente
formais e alguns bancos agrcolas em pases como o Gana ou as Filipinas so pequenos e de alguma maneira
informais, apesar de poderem ser regulamentados na teoria (se no na prtica)
Nos ltimos 25 anos, a microfinana envolveu um enorme movimento, de fornecedores informais a formais.
IMF especializadas conseguiram mostrar que os pobres podem fazer parte do sistema bancrio. Hoje, as
instituies formais esto a absorver rapidamente as lies sobre como fazerem pequenas transaces
bancrias. Muitos dos novos agentes da microfinana, como os bancos comerciais, tm grandes redes de
filiais, distribuio de servios atravs de mquinas de multibanco e a capacidade de fazerem investimentos
significativos em tecnologias que poderiam aproximar os servios financeiros dos clientes pobres. Cada vez
mais, esto a surgir ligaes entre os diferentes tipos de fornecedores de servios, oferecendo um conjunto
considervel de oportunidades para alargar o acesso aos servios financeiros.
2.2.1 A Paisagem dos Fornecedores de Servios Financeiros3No seu estudo sobre o fornecimento de servios financeiros formais s pessoas pobres, a CGAP identificou
os seguintes tipos de instituies financeiras que trabalhavam com clientes de baixos rendimentos: Estas
instituies estatais, de desenvolvimento e agrcolas, e caixas econmicas postais; mutualidades; outros
bancos de poupana; bancos comunitrios de baixo capital e/ou bancos agrcolas; e especializadas em IMF de
todos os tipos partilham a caracterstica comum da double bottom line.
IMF especializadas incluindo ONG, instituties no-bancrias, bancos comerciais especializados em
microfinana e programas de microfinana de bancos comerciais so responsveis por cerca de 18 por
cento dos 750 milhes de contas de poupana e emprstimo. As cooperativas financeiras so responsveis
por 5 por cento. Instituies financeiras estatais, incluindo caixas econmicas postais de poupana, dominam
o cenrio, com cerca de trs quartos das contas. Observando apenas o crdito, as IMF so responsveis por
33 por cento dos emprstimos (57 por cento se excluirmos a China e a ndia).
Os fornecedores de servios tambm variam consoante a regio ou o pas. Por exemplo, os bancos e as
instituies financeiras no-bancrias tm maior alcance na Amrica Latina do que em outras regies; as
cooperativas de crdito e de poupana dominam a frica Ocidental e Central; e os bancos comunitrios (em
particular os bancos agrcolas) so dominantes em alguns pases como o Gana, a Indonsia e as Filipinas.
3Esta seco foi retirada do captulo da autoria de Christen, Rosenberg e Jayadeva, Financial Institutions with a
Double Bottom Line: Implications for the Future of Microfinance. A informao foi recolhida na publicao do CGAPAccess for All. Building Inclusive Financial Systems, j citada.
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Segundo a investigao da CGAP, o tipo de instituies financeiras (como as ONG, os bancos agrcolas ou as
cooperativas financeiras) menos importante para chegar aos clientes mais pobres e distantes do que
outros factores, como a localizao geogrfica das filiais e a sua misso institucional.
Nenhum fornecedor de servios financeiros consegue responder individualmente a todas as necessidades
de todos aqueles que se encontram excludos do sistema de financiamento tradicional. O quadro 2 mostra
que cada tipo de fornecedor de servios tem pontos fortes e fracos quando pensamos em construir um
sistema financeiro inclusivo.
Os servios financeiros ao nvel do retalho so os blocos sobre os quais poder ser construdo o resto do
sistema financeiro. Trabalhando individualmente e em parceria, possvel que c ontinuem a inovar ao mesmo
tempo que oferecem s pessoas pobres servios financeiros que so cada vez mais econmicos, prticos e
seguros.
Quadro 1 Prs e Contras dos Diferentes Fornecedores de Servios Financeiros
Fornecedor de Servios Exemplos Pontos Fortes Pontos Fracos
Informal Emprestadores
ROSCAs
ASCAs
Prtico e rpido
Prximo dos clientes
Operaes de baixo custo
(ROSCAs e ASCAs)
Acessvel aos pobres e s
pessoas mais distantes
Alguns so inseguros e instveis
Alcance limitado das operaes
Rgidos (clubes)
Caros (emprestadores)
Member-owned SHGs
FSAs
CVECAsCooperativas
Financeiras
Locais
Operaes de baixo custo
Acessvel aos pobres e s
pessoas mais distantes
Os lucros so utilizados
para o benefcio dos
prprios membros
Desafios da governana (risco de
captura pelas redes de
emprestadores, dominao pelosgestores)
Em muitos pases, falta de
superviso financeira efectiva
Operaes limitadas aos membros
Oferta limitada de produtos
ONG Redes de Filiaes
Internationais
ONG nacionais
Conhecimento dos
clientes pobres
Direccionados para as
misses sociais
Mais disponveis e
capazes para tomaremriscos e para trabalharem
na fronteira
Muito dependente dos doadores
Alcance limitado dos servios:
limitado ou poupanas no-
voluntrias
Pequena escala ( excepo do Sul
da sia) Operaes de elevado custo em
muitos casos (com importantes
excepes)
Instituies Financeiras
Formais
Vasto conjunto de
servios
Grande infra-estrutura de
infraestruturas de filiais e
pontos de venda
Capital prprio
Recursos para investirem
em tecnologia e inovao
A motivao do lucro pode diluir a
misso social
Dificuldade em chegar a clientes
muito pobres e remotos
Muitas vezes os produtos no vo ao
encontro das necessidades dos
pobres
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Nota: ROSCAs = Poupanas rotativas e associaes de crdito(rotating savings and credit associations); ASCAs = Associaes
de acumulao de poupanas e associaes de crdito (accumulating savings and credit associations);
CVECAs = Caixas de Poupanas e de Crdito Auto-geridas; FSAs = Associaes de Servios Financeiros; SHGs = grupos de
auto-ajuda; ONG = organizaes no-governamentais; NBFIs = instituies financeiras no-bancrias
Fonte: CGAP (2006), Access for All.
2.3 Infra-estrutura Financeira: Boas Prticas ao Nvel MesoOs sistemas financeiros inclusivos incluem mais do que apenas os clientes e os que os servem
directamente. As instituies financeiras no conseguem operar num vacuum. Assentam numa infra-
estrutura financeira bem oleada, ou arquitectura, e numa rede de outros fornecedores de servios. Este
chamado o nvel meso e , talvez, a componente menos entendida do sistema financeiro no seio da
comunidade da microfinana. Vai desde os sistemas de infra-estruturas financeiras aos sistemas que
promovem a transparncia sobre o desempenho das instituies financeiras, fornecedores de servios
tcnicos que oferecem servios de formao e consultoria e associaes de profissionais e redes. Para o
funcionamento do sistema financeiro como um todo e em particular para o alargamento do acesso aos
servios financeiros s pessoas pobres decisiva a existncia de um nvel me so ef ectivo.
A infra-estrutura financeira diz respeito aos pagamentos e sistemas de verificao e monitorizao
que permitem aos fundos flurem entre as instituies financeiras e que facilitam processos de
transaco rpidos, precisos e seguros. As instituies que trabalham com clientes pobres
precisam de chegar a estes sistemas para que os seus clientes possam movimentar o seu dinheiro
no pas e/ou fora do pas.
Os sistemas de informao para a transparncia servem vrios propsitos. A informao detalhada
sobre o seu desempenho permite aos gestores tomarem decises sobre como melhorarem as
suas operaes. Esta informao tambm ajuda os investidores a pesarem os riscos e os retornos
nas suas decises de financiamento. Por fi m, a informao sobre os clientes re duz o risco e baixa os
custos.
Os servios tcnicos de apoio, quando disponveis atravs de consultores internacionais ou locais e
centros de formao, oferecem consultoria, formao e sistemas de apoio que complementam e
melhoram os conhecimentos das instituies de financiamento sobre problemas tcnicos
especficos e constriem conhecimento ao nvel do pas, regio ou globo. Estes fornecedores de
servios tambm do credibilidade aos servios financeiros direccionados para as pessoas pobres
ao aumentarem o profissionalismo no campo de interveno.
Associaes de negcios e redes permitem s instituies defenderem colectivamente mudanas
polticas e partilhar custos da estrutura financeira e dos servios.
2.3.1 Sistemas de PagamentoSistemas de pagamento seguros, eficientes e de confiana so decisivos para um funcionamento efectivo do
sistema financeiro. Os sistemas de pagamentos permitem a transferncia de dinheiro entre as instituies
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financeiras que participam neste processo, normalmente os bancos. Os instrumentos de pagamento
incluem dinheiro, cheques, traveler checks, vales postais, cartes de dbito e de crdito, transferncias on-
line e caixas de multibanco em resumo, a maioria do tipo de instrumentos que quem vive nos pases
industrializados tem como garantidos.
Em muitos pases, o sistema de pagamentos pertence aos bancos de topo, restringindo o acesso a bancos
mais pequenos e outros actores. De facto, as instituies financeiras que esto prximas dos pobres (como
os bancos comunitrios e agrcolas, cooperativas de crdito e de poupana) e organizaes no
governamentais (ONG), nem sempre tm acesso aos sistemas de pagamento dos seus pases. Mas as
famlias pobres so, muitas vezes, mveis. Um professor que recebe o seu cheque numa zona rural pode
querer levantar as suas poupanas quando viaja para a capital. Um micro empresrio pode preferir fazer o
pagamento de um emprstimo numa localidade diferente da de onde fez originalmente o emprstimo. As
instituies que apenas podem ofer ecer transaces num local fixo esto em desvantagem.
Porque as instituies financeiras que servem os pobres tm muitas vezes falta de acesso a sistemas de
pagamento directos, precisam de operar atravs de bancos pblicos e privados. Cada vez mais as IMF esto a
encontrar novas formas de alianas para levarem os servios financeiros mais perto dos agregados familiares
pobres.
2.3.2 Transparncia e Infra-estrutura de InformaoQuando falamos de transparncia financeira, falamos da produo, teste, disseminao e utilizao da
informao relacionada com a performance financeira das IMF. Comeando pela recolha e transmisso de
informao por parte das IMF, a sequncia estende-se verificao da informao, sua anlise, comparao
e avaliao da performance descrita por aquela informao e finalmente superviso da IMF para assegurarque est de acordo com os padres aplicveis. Os primeiros passos: gesto dos sistemas de informao (GSI)
e controle interno so da responsabilidade da prpria IMF; os restantes esto a cargo de entidades externas.
Os auditores externos apenas verificam a informao apresentada pelos relatrios financeiros produzidos
pelas IMF. Os servios de avaliao analisam e avaliam ou medem aquele desempenho utilizando, por vezes,
as bases de dados da indstria para comparar as IMF com instituies semelhantes. Os supervisores so as
autoridades, normalmente governamentais, responsveis pelo assegurar de um dese mpenho aceitvel.
Sistemas de informao (por vezes referidos como sistemas de gesto de informao ou SGI)
ajudam as instituies financeiras a reunirem e a transmitirem, de tempos a tempos, informao
precisa e til. O SGI est na base do spectrum da transparncia e a qualidade de informao, nesta
fase (nvel), afecta todos os outros nveis.
Controle interno e auditorias externas ajudam a verificar a qualidade, integridade e preciso da
informao transmitida pelas instituies financeiras.
Medio da Performance possibilita aos gestores e aos actores externos, como os supervisores
dos bancos, investidores ou clientes, monitorizar a performance das instituies financeiras atravs
do tempo.
Benchmarking compara os resultados da performance com os de instituies semelhantes, porexemplo, comparando a performance entre as instituies em diferentes regies ou em
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diferentes nveis de desenvolvimento, de maneira a que os gestores e outros possam saber qual o
nvel de uma instituio em relao aos se us pares.
Standards de desempenho so normas absolutas a que as instituies financeiras procuram
chegar. Estes standards podem evoluir do benchmarking, mas so diferentes do benchmarking
porque se referem a um alvo absoluto.
Ratings representa a classificao de uma instituio de acordo com o risco. Esta classificao
baseia-se numa metodologia estandartizada, incluindo uma anlise quantitativa e qualitativa. Estas
classificaes so normalmente utilizadas por investidores relativamente pouco informados em
decises sobre se f inanciarem ou no uma instituio financeira.
Os corpos supervisores e os investidores utilizam toda a informao incluida no spectrum, para
determinar o grau de risco que uma instituio financeira apresenta aos aforradores e ao sistema
financeiro como um todo.
Fornecedores relacionados aos servios de transparncia. A transparncia e os seus benefcios
dependem da disponibilidade de um conjunto de servios e ferramentas relacionadas, que vo do
software de in formao de confiana aos auditores de grande qualidade e s agncias de rating, aos
gabinetes de crdito, que recolhem o histrico do crdito dos clientes. Infelizmente, estes servios
no esto uniformemente disponveis para muitas instituies financeiras nos pases em
desenvolvimento.
Metodologias de Avaliao da Transparncia Financeira e da Microfinana4
A transparncia fundamental para construir sistemas financeiros integrados que atinjam uma escala
significativa. Pode m elhorar o desempenho das instituies f inanceiras. A informao certa ajuda os gestores
a identificar as reas que deve m ser m elhoradas e a tomarem decises para melhorarem as s uas instituies.
A informao disponibilizada gratuitamente tambm ajuda os gestores a compararem-se com os seus pares,
dando-lhes fortes incen tivos para encorajar o seu de sempenho.
A transparncia tambm atrai os financiadores. Informao precisa e padronizada permite aos investidores
privados e aos doadores pblicos tomarem decises informadas sobre os fundos. Por sua vez, a maior
participao de investidores d os recursos para financiar um crescimento mais rpido dos servios
financeiros para as camadas populacionais mais pobres.
Neste sentido, a avaliao do desempenho das instituies que trabalham em microfinana, antes da tomada
de deciso de um investimento, considerada uma boa prtica, tanto no caso dos doadores pblicos como
no caso dos investidores privados.
As avaliaes so avaliaes holsticas do desempenho financeiro e global das IMF. As redes de microfinana
oferecem as avaliaes como uma ferramenta de gesto para os seus filiados. Da mesma maneira, os
doadores e os investidores utilizam estas avaliaes para tomarem as suas decises sobre se financiarem
uma IMF. Por vezes, as avaliaes incluem benchmarking comparaes do desempenho das instituies
4Esta seco inspira-se na nota do relatrio do CGAP sobre Focus on Financial Transparency. Disponvel em:
http://www.cgap.org/docs/FocusNote_22.html
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com as suas pares, definidas pela sua dimenso, idade, metodologia, clientela ou regio de interveno e
podem emitir uma classificao quantitativa.
Os servios de rating que cobrem o crditos pblicos de risco, como a Standard and Poor's ou a Moody's
Investor Services, avaliam e publicam a probabilidade da quantidade de tempo necessria para a amortizao
ou seja, a capacidade e a vontade de um emprestador pagar o seu emprstimo. As suas metodologias tm
em conta o risco de crdito, evidenciando a adequabilidade do capital, a estrutura do passivo, a liquidez, a
qualidade da carteira de ttulos e outros factores externos que afectam a capacidade de endividamento. Estas
agncias de rating concedem ratings de risco em termos de crdito no aos que pedem emprstimos mas
sim a instrumentos de dvida pblica ou privada e definem ratings diferentes consoante se trate de dvida a
curto ou a longo prazo.
As agncias de rating da microfinana no funcionam necessariamente deste modo. Podem determinar
uma escala de avaliao ou de gradao para indicarem a qualidade financeira ou geral de uma instituio.
Contudo, os avaliadores da microfinana no do avaliaes do risco de crdito que vo para alm de uma
avaliao geral sobre a capacidade de amortizao de uma IMF e nem sempre tornam pblicas as suas
avaliaes, com ou se m consentimento das IMF, para sere m utilizados pelos investidores.
O panorama do rating e da avaliao da microfinana est a mudar muito rapidamente. Um conjunto de
agncias de avaliao de IMF esto a formar alianas com agncias comerciais de rating com o objectivo de
oferecerem produtos de avaliao do risco de crdito. A PlaNet Finance est actualmente a criar um produto
de avaliao do risco de crdito para as IMF com a ajuda da Fitch, uma agncia de rating internacional. A
MicroRate est criar uma joint venture com a GRC, uma agncia de rating sul- africana, que poder ter como
resultado um novo produto nesta rea.
As agncias de rating comerciais tradicionais tambm se esto a lanar neste mercado. A Pacific Credit
Rating, no Panam, desenvolveu uma escala de rating para as MFI. A Apoyo Associados disponibiliza uma
classificao do risco de crdito das IMF que actuam no Peru. A CRISIL, a primeira agncia de rating na ndia, j
classificou vrias IMF.
Comparao das Metodologias de Av aliao da Microfinana
Algumas das mais conhecidas metodologias de avaliao da microfinana foram desenvolvidas por
instituies privadas para avaliarem qualquer tipo de IMF em nome de um qualquer tipo de cliente. Outras
metodologias foram desenvolvidas com propsitos internos, para serem utilizadas na prpria instituio ou
na sua rede. Esta seco descreve cinco das mais conhecidas metodologias: CAMEL (ACCION), PEARLS(WOCCU), GIRAFE (Planet Rating) e as metodologias da Micro-Rate e M-CRIL.
ACCION CAMEL. Fundada em 1961, a ACCION International tem como objectivo reduzir a pobreza na
Amrica do Norte e do Sul atribuindo pequenos emprstimos atravs das suas filiais em 15 pases da
Amrica Latina, 4 pases africanos e em 29 cidades dos EUA. A ACCION aconselha as suas filiais em reas
como a metodologia do crdito, planeamento de negcios, gesto financeira e marketing. A sua sede situa-
se no Massachusetts.
Os reguladores bancrios da Amrica do Norte adoptaram a metodologia CAMEL original para avaliarem as
instituies comerciais de emprstimo norte-americanas. Com base nessa metodologia, a ACCION
desenvolveu o s eu prprio instrumento em 1993 para avaliar o desempenho da IMF. A ACCION utilizou a sua
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verso do CAMEL com IMF que so, ou planeiam ser, parte da sua rede. Mais recentemente, a ACCION
ensinou a sua verso do CAMEL aos supervisores bancrios e banca de desenvolvimento. At agora, a
ACCION utilizou a CAMEL sobretudo como uma ferramenta de avaliao e gesto interna. A CAMEL
considerada como um mapa para as IMF que pretendem obter uma licena como intermedirios financeiros
formais. A ACCION utilizou o seu CAMEL aproximadamente durante 50 anos em toda a Amrica Latina excepo de exerccios isolados em frica e na ndia.
A ACCION CAMEL disponibiliza um guia tcnico em (http://www.accion.org/pubs/main.asp ) e apartir do
Projecto sobre as Boas Prticas em Microempresas, no site da USAID
(http://www.mip.org/pubs/mbp/camel.htm).
WOCCU PEARLS. The World Council of Credit Unions (WOCCU), com sede em Madison, no Wisconsin, uma
organizao sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento de cooperativas financeiras. Tem mais de
36,000 cooperativas de crdito (ou unies de crdito) que servem 108 milhes de membros em 91 pases.
Apesar de a WOCCU no lidar exclusivamente com a microfinana, trs quintos das suas unies de crdito
encontram-se em pases em desenvolvimento e muitas destas esto servio de nmeros considerveis de
clientes pobres.
A WOCCU disponibiliza um guia tcnico na sua pgina web, http://www.wocc.org.
GIRAFE da PlaNet Rating. PlaNet Rating uma filial da PlaNet Finance, uma organizao sem fins lucrativos
internacional com sede em Paris cujo objectivo o de utilizar o potencial da Internet para promover a
microfinana. A PlaNet Finance utiliza a Internet tanto como plataforma para oferecer os seus servios s IMF,
ONG e outros accionistas, como uma ferramenta que permite sua rede de especialistas trabalharem em
conjunto em todo o mundo.
A PlaNet Rating oferece quatro servios de base: ratings (atravs da metodologia de avaliao e de
classificao da GIRAFE), disseminao de ratings na Internet (caso a IMF e o doador estiverem de acordo),
formao na metodologia e benchmarks da GIRAFE e consultadoria para as instituies APEX (grosso).
Apesar do seu nome, a PlaNet Rating no avalia, actualmente, o risco de crdito das IMF, mas apenas
disponibiliza esta informao aos investidores. Recentemente iniciou, contudo, um projecto piloto para
alinhar a sua metodologia com a da Fitch, uma das principais agncias internacionais de rating.
At data a PlaNet Rating realizou mais 30 ratings em 10 pases. Os seus principais clientes so doadores (a
agncia estatal para o desenvolvimento francesa, o Banco Nacional para o Desenvolvimento do Brasil),
investidores privados (Blue Orchard, Financial Bank), ONG internacionais (sobretudo a CARE e a VITA) e as
prprias IMF.
A PlaNet Ratins disponibiliza no seu site um resumo da metodologia GIRAFE :
http://www.planetfinance.org/fr/rating/index.htm .
MicroRate. A MicroRate, uma sociedade annima de responsabilidade limitada, a organizao mais antiga
que foi formada com o objectivo especfico de avaliar o desempenho das IMF. Sediada em Washington D.C.,
foi formada em 1996 com fundos da Swiss International Development Agency. Os seus principais clientes
so as agncias de doadores, as IMF e os investidores privados. A maioria das suas avaliaes foram
requisitadas por agncias de doadores como parte das duas decises de financiamento, apesar do nmero
crescente de IMF que tm demonstrado interesse em pagar, elas prprias, por uma avaliao um forte sinal
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de que acreditam que a avaliao um instrumento til para melhorar as suas intervenes ou para
fortalecer a sua atractividade aos financiadores externos. A MicroRate fez mais de 70 avaliaes at ao
momento, a maioria delas na Amrica Latina.
Apesar do seu nome a MicroRate no oferece ratings reais, mas disponibiliza os argumentos para uma
opinio sobre a credibilidade das IMF. A MicroRate tambm oferece comparaes entre os pares industriais
com base em dados de benchmark reunidos para 30 das principais IMF da Amrica Latina. Estes dados
reportam aos ltimos cinco anos e so semestrais. Como procura o reconhecimento legal nas regies onde
actua, a MicroRate colabora com a agncia internacional de rating, a GCR, no desenvolvimento de um sistema
de classificao para as IMF.
A descrio das suas reas de interveno est disponvel na sua pgina web e m http://www.microrate.com.
M-CRIL. A Micro-Credit Ratings and Guarantees India Ltd (M-CRIL) uma sociedade annima de
responsabilidade limitada e uma filial da EDA Rural Systems, uma consultora em desenvolvimento sediada
em Gurgaon, ndia. Estabelecida em 1998, M-CRIL desenvolve IMF ratings, bem como estudos analticosespecializados no sector da microfinana e a nica agncia de rating em microfinana que existe na sia. Os
seus principais clientes so IMF, empresas de investimento privado e doadores.
A Fundao Ford apoiou o desenvolvimento inicial e a testagem da metodologia M-CRIL. Para alm dos 14
estudos em IMF para desenvolverem a sua metodologia, a M-CRIL avaliou cerca de 90 IMF at data,
sobretudo a Sul da sia. Estas IMF incluem ONG, instituies financeiras no-bancrias, cooperativas bancrias
urbanas e sociedades cooperativas. A M-CRIL reuniu a informao sobre estas avaliaes numa base de dados
que utilizada para analisar o desempenho da microfinana a Sul da sia no Relatrio M-CRIL, 2000.
A descrio dos smbolos de rating e uma amostra dos relatrios de rating das IMF est disponvel na pgina
web da M-CRIL http://www.edarural.com/m-cril.html.
Desafios Chave Enfrentados pelas Avaliaes em Microfinana
As avaliaes em microfinana podem contribuir para aumentar a transparncia na microfinana. Contudo,
vrios so os desafios que merecem ateno: melhorar a informao, padronizar os indicadores e as
definies, aumentar a frequncia das avaliaes e reduzir os seus custos.
Melhorar a informao. As avaliaes em microfinana comeam com a informao fornecida pelas IMF
nos seus relatrios financeiros e registos operativos. Contudo, esta informao nem sempre correcta
ou completa. A indstria tem muito trabalho pela frente no desenvolvimento de sistemas de
informao apropriados e de confiana, bem como no reforo do controlo e das auditorias internas. As
auditorias externas das IMF necessitam de melhorias drsticas: so poucas as auditorias de IMF que
incluem test es s uficientes para assegurarem que a informao publicada nos relatrios e st correcta.
Padronizao dos indicadores e das suas definies. Actualmente oito organizaes de avaliao
utilizam mais de 170 indicadores para avaliarem as IMF. Entre 32 indicadores com definies que so
partilhadas por mais de uma agncia de avaliao, apenas cinco so definidos da mesma forma por mais
do que uma agncia de avaliao, apenas cinco so definidos da mesma maneira por mais do que dois
avaliadores. Apenas existem definies uniformizadas para o balano mdio dos emprstimos,
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eficincia operativa, receitas ajustadas sobre os activos, receitas ajustadas sobre o patrimnio lquido e
receitas sobre os activos mdios.
Aumentar a frequncia dos relatrios. Os activos das IMF tendem a ser de curto prazo, com
emprstimos a trs meses. Porque os micro emprstimos no so, tipicamente, segurados, os
pagamentos destes emprstimos podem ser muito mais volteis nas IMF do que nos bancos
comerciais. Assim, a posio financeira das IMF pode deteriorar-se seriamente no espao de um ou dois
meses. luz destes factos, os intervalos de tempo em que so apresentados os relatrios das IMF
trimestrais, semestrais ou mesmo num espao de um ano, no so suficientes. Esta caracterstica
dificulta a monitorizao efectiva das IMF. Contudo, esta situao est a mudar lentamente. A Cyrano-
LACIF, um fundo de investimentos privado para as IMF da Amrica Latina e a Dexia Asset Management
(Dexiam), uma empresa europeia de gesto, fazem da produo de relatrios mensais sobre
indicadores financeiros chave uma das condies fundamentais para a atribuio de fundos. Ao mesmo
tempo, algumas redes como a ACCION e a Small Enterprise Education Promotion (SEEP) introduziram
sistemas de produo de relatrios de baixo custo para complementarem as avaliaes peridicas.
Reduo dos custos de avaliao. As avaliaes das IMF so muito dispendiosas. O custo de avaliar o
risco de uma IMF de acordo com os melhores padres, estimado, pela ACCION, MicroRate e PlaNet
Finance, entre os 5,000 e os 25,0 00 dlares americanos (o valor mais baixo represe nta o custo praticada
para uma re-avaliao do risco da empresa e o valor mais elevado o praticado numa primeira avaliao
em frica). O custo cobre a equipa de avaliao, incluindo os salrios, as despesas de viagens, a gesto,
apoio administrativo, etc. O desafio para as agncias o de repensar os seus sistemas de avaliao,
reduzindo os custos sem que tal seja equivalente a reduzir os padres de qualidade. Algumas das novas
ferramentas disponveis para este processo podero reduzir os seus custos: as plataformas da Internet
podem reduzir os custos permitindo s IMF apresentarem os seus relatrios e aos analistas
comunicarem mais frequente e mais facilmente. Actualmente, os sites de classificao do risco em
microfinana funcionam mais como plataformas promocionais do que como ferramentas operativas. As
alianas estratgicas poderiam reduzir os custos de avaliao na medida em que as agncias colaborem
entre si ou se fundam com outras. A colaborao com as empresas de auditoria locais tambm podem
baixar os custos, desde que a qualidade da avaliao possa ser protegida. A construo da capacitao
regional uma outra opo importante.
2.3.3 FormaoA formao tcnica e capacitao continuam a ser os s ervios mais nece ssrios no nvel me so na maioria dos
mercados da microfinana. As instituies financeiras assentam num conjunto de fornecedores de servios
tcnicos que oferecem formao especializada informao e consultadorias no local s equipas, em reas
como o planeamento estratgico e como a implementao de sistemas de incentivo para os empregados.
As instituies financeiras que precisam deste apoio podem ser divididas em duas categorias, cada uma das
quais com as suas necessidades tcnicas: IMF especializadas, muitas vezes ONG, que podem precisar de
encorajar a sua gesto financeira e outras competncias operativas; e bancos existentes (comerciais, caixas
econmicas postais, etc.) que tipicamente tm que ajustar os seus sistemas, procedimentos e
competncias das equipas para introduzirem produtos para clientes pobres.
Os servios tcnicos de apoio envolvem u m conjunto de tpicos, incluindo o seguinte:
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Gesto Financeira
Planeamento Estratgico de Negcios
Formao de Pessoal de Terreno e
Projeco
Microfinana Especializada
Pesquisa de Mercado
Tecnologia de Crdito
Desenvolvimento de Novos Produtos
Transformao das ONG
Gesto do Risco
Instituies Regulamentadas
Mapeamento do Processo de Negcios
Solues de Tecnologias de Informao
Branding/Marketing
Formao/Gesto de Recursos
Humanos
Custos e Preos
Sistemas de Incentivo ao Emprego
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2.3.4 Redes e AssociaesNas ltimas dcadas surgiu um conjunto de conjunto de redes e associaes internacionais, regionais e nacionais
especializadas no mundo da microfinana. Estas redes e associaes representam um contributo importante para
o nvel meso, ao fornecerem servios directamente aos seus membros ou facilitarem-lhes o acesso a estes
servios. Tambm do uma voz colectiva aos fornecedores de servios financeiros que servem os pobres. Na
generalidade, as redes ou organizaes de servios em rede dizem respeito a organizaes globais ou
regionais voluntrias de instituies financeiras afiliadas.
O termo associao sinnimo de uma organizao membro de base, a maioria das vezes a nvel nacional, mas
tambm existem associaes regionais e globais. Estas redes e associaes oferecem muitos benefcios aos
seus filiados e/ou membros: desde o oferecerem uma plataforma conjunta de defesa de uma causa comum,
atribuio de oportunidades de aprendizagem, promoo de standards.
Foram identificadas cinco categorias principais de redes de servios que podem ser oferecidos pelas redes
internacionais ou regionais ou pelas associaes de mbito nacional:
Poltica de defesa, semelhana do lobbying poltico e do dilogo poltico com os governos ou com os
corpos internacionais esta funo pode catalizar uma rede de mbito nacional;
Disseminao de informao, incluindo investigao, trabalho em rede e publicaes / documentao;
Capacitao, oferta de servios tcnicos, incluindo cursos de formao e assistncia tcnica;
Monitorizao do desempenho, como a recolha de dados sobre a indstria, auto-regulao e o
desenvolvimento de benchmarks e padres nacionais de desempenho; e
Intermediao financeira, incluindo o papel instituies financeiras de segundo grau (servios a
grosso) e de distribuio de subsdios.
2.4 Governos: O Nvel MacroO papel do governo na construo de sistemas financeiros integrados uma questo controversa. Sobre este
tema coexiste m vrias perspectivas e muitas delas em rpida evoluo. Deveriam os governos sere m e nvolvidos
na microfinana? Deveriam os prprios governos atribuir crdito directo a quem dele ne cessita? Ou deveriam os
governos afastarem-se o mais possvel da atribuio de microcrditos, deixando este terreno ao cuidado do
sector privado como te m ocorrido, com suces so, nos mercados da microfinana na Bolvia e no Bangladesh?
Um consenso emergente defende que, de facto, os governos tm um papel importante em assegurar polticas
favorveis nas quais a microfinana possa florescer. Um bom ambiente poltico possibilita a coexistncia e a
concorrncia de um conjunto de fornecedores de servios financeiros pela oferta de servios de maior qualidade
e com custos mais baixos e a um maior nmero de clientes pobres.
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Nos ltimos anos, os governos tm-se interessado cada vez mais pelo tema da microfinana dirigida aos mais
pobres. O maior interesse por parte dos governos na microfinana traz oportunidades e riscos. Por um lado, os
governos bem informados podem implementar polticas que encorajem a em ergncia de instituies financeiras
permanentes e sustentveis para servirem os pobres. Ao limite, poderiam, inclusivamente, eliminar as polticas
que bloqueiam o desenvolvimento da microfinana. Por outro lado, a crescente ateno sobre este tematambm aumenta os riscos da sua politizao.
Muitos governos pensam que o microcrdito sinnimo de dar dinheiro s pessoas pobres. O perigo de um
excessivo envolvimento por parte dos governos nas questes da microfinana o de que os critrios polticos,
em vez de critrios rigorosos administrativos, poderiam dar lugar a decises sobre que m recebe o crdito e
onde se devem localizar as filiais destas operaes. E o cerne da ateno poltica continua a ser, em grande parte,
os enmprstimos, em vez de se concentrar sobre o conjunto de servios financeiros que as populaes mais
pobres necessitam.
Os governos envolvem-se tipicamente nos sistemas financeiros em, pelo menos, trs maneiras:
DIstribuem servios financeiros directa ou indirectamente, muitas vezes ao atribuirem crdito a grupos
preferenciais ou canalizando recursos para as instituies financeiras, muitas vezes atravs de acordos (em
qualquer dos casos , a maioria destes fundos chega atravs de doadores internacionais). Os governos no so
o melhor exemplo na atribuio directa de crdito, apesar de os bancos da propriedade do governo (por
exemplo, as caixas econmicas postais) serem bem sucedidos na mobilizao das poupanas ou na
transferncia de dinheiro.
Os governos definem polticas que afectam o sistema financeiro. Estas polticas incluem o assegurar da
estabilidade macro-econmica, a liberalizao das taxas de juro e o estabelecimento da regulamentao e
superviso bancria que tornam a microfinana possvel.
Os governos tm um papel importante na definio de polticas que permitam o aparecimento e florescimento
de servios financeiros sust entveis para os pobres. Existem, pelo menos, trs tipos de polticas que os governos
precisam de assegurar:
o A estabilidade macro-econmica,
o Taxas de juro liberalizadas, e
o Prticas apropriadas de regulamentao e de superviso dos bancos.
Podem promover de forma pr-activa a integrao oferecendo incentivos fiscais ou exigindo que as
instituies financeiras sirvam os clientes mais pobres ou com baixos rendimentos. Existem muito menos
experincias conclusivas nesta terceira dimenso, sobretudo nos pases e m des envolvimento.
Segundo a investigao da CGAP, nos ltimos dez anos, uma das questes mais importantes sobre as polticas
relacionadas com a microfinana, tem sido a discusso em torno de como tratar da melhor forma a
regulamentao e superviso da microfinana. medida que a microfinana amadurece ir, muito
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provavelmente, migrar para instituies que so licenciadas e supervisionadas pelos bancos centrais e por outras
autoridades financeiras. Na maioria dos pases, esta mudana requer o ajuste das regulamentaes bancrias
existentes.
A maioria das pessoas pensam em regulamentaes prudenciais quando (e se) pensarem sobre a
regulamentao das instituies financeiras. A regulao prudencial tem como objectivo assegurar a solidez
financeira das instituies regulamentadas para prevenir a instabilidade geral do sistema e proteger clientes que
a depositam o seu dinheiro de o perderem. Quando uma instituio que aceita depsitos colapsa, no podendo
pagar a quem a deposita o seu dinheiro, a confiana pblica pode ser afectada e desencadear o levantamento do
dinheiro depositado. Exemplos de regulao prudencial incluem normas de adequao do capital (em caso de
crise, ser que a instituio financeira tem patrimnio liquido suficiente?) e as reservas e liquidez (ser que tem
dinheiro suficiente em caixa para poder responder a um levantamento em massa por parte dos seus clientes?).
Contudo, a regulao prudencial pouco significa sem uma superviso efectiva igualmente prudencial.
A superviso envolve a monitorizao com o objectivo de verificar a conformidade com as regulaes prudenciais
e tomar as medidas necessrias para apoiar a solvncia de uma instituio regulamentada quando a conformidade
quelas regulaes se torna duvidosa. A regulao prudencial e a superviso so, geralmente, complexas, dificeis,
dispendiosas e invasivas. Exigem uma autoridade financeira especializada para a implementarem.
Para as instituies financeiras que recolhem depsitos ao pblico (estando assim, geralmente, sujeitas
regulao prudencial), existe a necessidade de adaptar algumas regulamentaes bancrias padro para que se
apliquem microfinana.
Os governos deveriam aplicar regulaes prudenciais mais pesadas apenas quando o sistema financeiro e o
dinheiro dos depositantes se encontra potencialmente em risco. Caso contrrio, as normas no pridenciais e as
abordagens reguladoras deveriam ser suficientes.
As regulaes no prudenciais incluem medidas como o registo com alguma autoridade com propsitos de
transparncia, manter contas adequadas, prevenir a fraude e os crimes financeiros e os vrios tipos de medidas
de proteco dos consumidores.
As instituies especializadas em micro-crdito que no aceitam depsitos (retalho) no deveriam estar sujeitas
regulao prudencial. Alguns pases, particular nos pases do antigo regime comunista, proibem as instituies
no bancrias no autorizadas, de emprestarem dinheiro. Esta restrio desnecessria, podendo bloquear a
experincia com o microcrdito. Nestes casos, as reformas que sujeitam quem oferece microcredito regulao
no prudencial, pode ser um meio relativamente simples e eficaz de libertar o desenvolvimento do microemprstimo em larga escala, como se observa na Bsnia e em Marrocos.
O custo e a dificuldade uma superviso prudencial efectiva, em particular nas instituies mais pequenas, um
assunto politico particularmente espinhoso. As autoridades supervisoras tm, tipicamente, poucos recursos sua
disposio. As autoridades utilizam o capital minimo exigido o capital mais baixo para obter a autorizao para
racionalizar o nmero de instituies financeiras que exigem superviso.
Muitos dos proponentes microfinana so da opinio que o capital minimo necessrio deveria ser muito mais
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baixo no caso das instituies que ajudam os pobres. Outros so da opinio que o capital minimo deveria limitar
as instituies autorizadas a um conjunto que os supervisores poderiam monitorizar de forma realista. Uma
sueprviso pouco eficaz pode ser pior do que nenhuma superviso, porque os clientes pobres (e no s)
podero ser induzidos num falso sentimento de segurana.
3 FinanciadoresA construo de siste mas financeiros inclusivos no ocorrer automaticamente. O dinheiro e o apoio tcnico so
ingredientes chave, apesar de a receita exigir menos dinheiro e muito mais apoio tcnico do que se costuma
acreditar.
Os ltimos anos tm visto uma exploso do nmero e do tipo de fontes de financiamento internacional para a
microfinana. Para alm da comunidade de doadores tradicional, um conjunto de investidores socialmente
motivados entrou no mercado da microfinana. Tambm tem vindo a ser dada mais ateno s fontes de
financiamento nacionais.
Num mundo ideal com sistemas financeiros inclusivos, os mercados financeiros nacionais forneceria o maior
parte dos fundos para a microfinana. Os fornecedores de servios financeiros apoiar-se-iam em poupanas do
pblico, emprstimo s do s ector dos bancos comerciais, emisso de obrigaes, e mercados nacionais de aces.
Quantidades limitadas de finana internacional complementariam o mercado nacional de funding.
No mundo real, as IMF mais especializadas ainda esto longe de se integrarem nos mercados nacionais. Alguns
fornecedores de servios financeiros como as caixas econmicas postais j actuam nos mercados financeiros
nacionais (em especial no caso das poupanas), como o fazem tambm alguns dos principais fornecedores
especializados em microfinana. Mas at ao momento, os subsdios internacionais tm desempenhado umenorme papel no arranque e no fortalecimento da microfinana.
As agncias internacionais de doadores injectaram bolsas e subsidiaram emprstimos para implementarem o
desenvolvimento e o crescimento da microfinanadando importantes contribuies e m todos os trs nveis
do sistema financeiro: micro, meso e macro.
medida que a microfinana evoluiu do estado em que quase s concedia crdito para a formao de micro-
empresas, para se concentrar em tornar os sistemas financeiros mais inclusivos, os doadores pblicos precisam
de se re -einventar a si prprios medida que define m para si um papel mais construtivo. A questo fundamental
como utilizar melhor os subsdios para estimular, sobretudo, as entidades privadas para servirem as pessoas
pobres com servios financeiros de qualidade, mais rapidamente do que o fariam por si prprias.
O panorama das opes de financiamento em microfinana muito dinmico e complexo. Os financiadores
existentes esto entre os que tm como misso principal uma misso social para aliviar a pobreza (agncias
internacionais de doadores e fundaes), e entre os que tm motivaes mais comerciais (investidores
comerciais e m ercados nacionais de capital), entre outros. Existem importantes diferenas em cada categoria. Por
exemplo, alguns investidores socialmente responsveis so mais sociais e outros mais comerciais.
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O maior desafio para que os financiadores avancem nos seus investimentos o de identificar as suas foras por
forma a concentrarem-se nos segmentos em que esto melhor posicionados para actuarem baseado nos seus
objectivos, os tipos de instrumentos financeiros que oferecem, a sua estrutura de custos, as suas foras tcnicas
internas e a sua vontade de arriscar.
3.1 Agncias e Fundaes Internacionais de DoadoresNeste captulo, o termo doador envolve um conjunto de agncias internacionais de desenvolvimento (por
vezes tambm denominadas como parceiros internacionais de desenvolvimento) que incluem os s eguintes:
Doadores bilaterais as agncias de ajuda governamentais dos pases industriais
Bancos e organizaes de desenvolvimento multilaterais agncias da propriedade dos governos do
mundo industrial e em dese nvolvimento, como o Banco Mundial, os bancos regionais de desenvolvimento e
as agncias das Naes Unidas como o Programa de Desenvolvimento das Naes Unidas (PNUD) ou o
Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrcola (IFAD).
Fundaes instituies privadas sem fins lucrativos atravs das quais investida e distribuda a riqueza
privada para fins pblicos e/ou de caridade, como a Fundao Ford, Argidius ou o Open Society Institute (OSI).
Estima-se que estes doadores gastem entre 800 milhes a mil milhes de dlares por ano em microfinana e
projectos de crdito. Segundo um estudo recente da CGAP sobre membros doadores, o Banco Mundial, o Banco
Asitico para o Desenvolvimento, Banco Inter-Americano para o Desenvolvimento e a Comisso Europeia, esto
entre os maiores financiadores pblicos da microfinana. Segundo a informao contida nesse relatrio, s estes
quatro doadores tm uma carteira de ttulos (portfolio) em microfinana (valor acumulado) no valo de 1.8 milmilhes de dlares no final de 2003.
As agncias de doadores apoiam a microfinana utilizando um conjunto de instrumentos. Os instrumentos a
disposio dos doadores incluem o apoio politico, a assistncia tcnica (apoio de especialistas que oferecem
consultoria tcnica), bolsas, emprstimos (que podem ser oferecidos com taxas de juro subvencionadas ou
comerciais, quasi-aco (usualmente emprstimos a baixo juro que podem ser convertidos em participaes
accionistas), investimentos accionistas em instituies que podem vender aces e garantias. So utilizadas
diferentes combinaes destes instrumentos para um conjunto de diferentes projectos, incluindo os seguintes:
Financiar a carteira de ttulos de emprstimo das instituies financeiras;
dar apoio tcnico s instituies financeiras e aos governos ( muitos veze s denominado capacitao);
melhorar a capacidade das instituies financeiras para acederem aos mercados de capital nacional
atravs da ajuda no estabelecimento de parcerias e de garantias;
construir o conjunto de competncias dos fornecedores de servios tcnicos, como as empresas de
consultoria locais ou formao; e
apoio das operaes das redes e associaes.
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Os doadores mais efectivos em microfinana so os que podem financiar directamente as organizaes privadas
nos pases em desenvolvimento. Infelizmente, muitos doadores, em particular os bancos de de
desenvolvimento multilateral, so capazes de trabalhar apenas com os governos, muitas vezes com pequenos
emprstimos. Este instrumento pode ser vlido para as tradicionais actividades de ajuda, como a construo de
estradas, hospitais e escolas, mas menos adequado para apoiar o sistema financeiro no domnio do sectorprivado. A maioria dos governos no tm um bom historial quando se trata de ofere cer servios financeiros.
IMF na rea do retalho (nvel micro) podem ser financiadas directa ou indirectamente pelos doadores ou atravs
de instituies de financiamento a grosso (apex). Estes canais indirectos so muitas vezes montados com a
inteno de canalizarem de forma mais eficiente os fundos e, por vezes, o apoio tcnico a mltiplas instituies
financeiras. Outros canais comummente utilizados para os fundos so as componentes de crdito de projectos
multisectoriais.
Tornar a ajuda mais efectiva. As boas notcias que o interesse dos doadores em construir sistemas financeiros
inclusivos tm trabalhado muito para terem uma posio comum sobre como fazer a coisa certa. Em 1995, as
agncias de donor codificaram orientaes de boas prticas para o apoio s IMF. Estas agncias produziram
recentemente orientaes actualizadas sob o ttulo Building Inclusive Financial Systems: Donor Guidelines on Go od
Practice in Microfinance.5 Este documento, disponibilizado e co-produzido pelo CGAP, contm lies aprendidas
e orientaes operacionais para os doadores e para outros que esto a trabalhar ao nvel da microfinana.
A m notcia a de que os doadores no aplicam de forma consistente estes princpios de boas prticas. Uma
grande parte do dinheiro que gastam no efectiva, tanto porque acaba por ficar preso a mecanismos de
financiamento pautados pelo insuces so e muitas vezes complicados, ou porque vai para parceiros que raramente
so obrigados a demonstrar a sua performance. Em alguns casos, programas pobremente concebidos atrasaram
o desenvolvimento dos sistemas financeiros inclusivos ao distorcerem os mercados e ao deslocarem asiniciativas comerciais nacionais com dinheiro barato ou gratuito. Muitas vezes os doadores encontram
dificuldades em aderir s boas prticas pelo modo como funcionam. As agncias de desenvolvimento poderiam
ter um impacto muito maior (mesmo com os actuais nveis de custos) alinhando as suas operaes com as boas
prticas e limitando a sua interveno s reas em que so especializados individualmente e como grupo.
Posicionando o financiamento dos doadores. O papel dos doadores no futuro ir mudar medida que o
progresso em direco aos sistemas financeiros inclusivos ganha impulso. A dependncia do financiamento dos
doadores ir diminuir em termos relativos medida que os mercados amadurecem. Os doadores precisaro de
encontrar modos de complem entar e no de substituir - o capital privado nacional e dom stico.
Os subsdios dos doadores sero necessrios a todos os nveis do sistema financeiro. O sector privado por si no
conseguir responder aos desafios colocados pela expanso e pelo aprofundamento do sistema financeiro ou,
pelo menos, no o far to rapidamente quanto o necessrio para alcanar os benefcios de desenvolvimento
urgentemente necessrios. Num curto espao de tempo, os investidores puramente comerciais podero achar o
5CGAP, Building Inclusive Financial Systems: Donor Guidelines on Good Practice in Microfinance;Disponvel em: http://www.cgap.org/docs/donorguidelines.pdf
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custo de fornecimento de servios financeiros demasiado elevado ou a taxa de retorno demasiado baixa, ou o
risco demasiado elevado. Os doadores so necessrios para promoverem a inovao a investigao e o
desenvolvimento de novos produtos ou tecnologias; melhorar a infra-estrutura financeira; encorajar o aumento
da transparncia sobre o desempenho e a competio entre os fornecedores de servios retalho; e a construo
de competncias financeiras a todos os nveis. Os doadores tambm podem influenciar as polticas financeirasnacionais e internacionais que possibilita, sistemas financeiros inclusivos em ergir e sere m bem sucedidos.
Finalmente os doadores deveriam estar preparados para terem mais riscos do que os actores privados, porque
podem absorver mais facilmente as perdas que podem ocorrer. Um apetite maior pelo risco significa que os
doadores deveriam concentrar-se nas instituies de financiamento que os investidores comerciais ou
socialmente responsveis deveriam evitar.RESUMO DOS PRINCPIOS CHAVE DA MICROFINANA
Estes princpios foram desenvolvidos e apoiad os pela CGAP e pelos seus 28 membros don ors, e
posteriormente defendidos pelos representantes do Grupo dos Oito, no Encontro do G8, em 10 de Junho de
2004, em Sea Island, Georgia,EUA.
1. As pessoas pobres precisam de uma variedade de servios financeiros, no apenasemprstimos.
Para alm do crdito, querem poupanas, seguros e s ervios de transferncia de dinheiro.2. A microfinana uma ferramenta poderosa para lutar contra a pobreza.Os agregados pobres utilizam os servios financeiros para aumentarem os seus rendimentosmensais, construir o seu esplio e protegerem-se contra choques exteriores.3. A microfinana significa construir sistemas financeiros para s ervir os pobres.A microfinana apenas conseguir o seu potencial completo s er f or integrada no sistema financeirodominante do pas.4. A microfinana pode pagar-se a si prpria e ter que o f azer se quiser chegar a um vasto
nmero de pessoas.A no ser que os fornecedores da microfinana cobrem o suficiente para cobrir os seus custos,estaro sempre limitados pelo parco e incerto fornecimento de subsdios por parte dos doadores edos governos.5. A microfinana sobre construir instituies locais permanentes que podem atrair depsitos
nacionais, recicl-los em emprstimos e fornecer outros servios financeiros.6. O microcrdito nem sempre a resposta.Outro tipo de apoios podero funcionar melhor para as pessoas que so to pobres que no tmqualquer rendimento ou formas de pagar os seus emprstimos.7. Os tectos de taxas de juro afectam as pessoas pobres ao tornar-lhes mais difcil o acesso ao
crdito. Fazer muitos emprstimos pequenos custa mais do que fazer grandes emprstimos.Os tectos dos juros impede as IMF de cobrirem os seus custos, e desta forma impede-as defornecer crdito aos pobres.
8. O trabalho do governo o permitir a existncia de servios financeiros e no o de atribu-losdirectamente.
Os governos quase nunca podem fazer um bom trabalho ao em prestar dinheiro, mas podemconstruir um a mbiente poltico de apoio.9. Os fundos de doadores deveriam complementar o capital privado e no competir com ele.Os subsdios de doadores deveriam apoiar a implementao de uma instituio e apoi-la at ao
ponto onde possa recorrer a fontes de financiamento privadas, como os depsitos.10. O entrave principal a falta de instituies fortes e de gestores.Os doadores deveriam concentrar o seu apoio na construo de competncias.11. A microfinana funciona melhor quando mede e mostra o seu desempenho.Os relatrios no apenas ajudam os accionistas a avaliarem os se us custos e bene fcios, mastambm a melhorar o seu desenvolvimento. As IMF precisam de produzir relatrios precisos ecomparveis que relatem o seu desempenho financeiro (por exemplo, o pagamento deemprstimos e a recuperao dos custos) bem como o seu desempenho social (por exemplo,nmero e grau de pobreza dos clientes a serem servidos).
Source: http://www.cgap.org/docs/donorguidelines.pdf
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3.2 Investidores InternacionaisO investimento internacional em microfinana est a aumentar. Os investidores internacionais socialmente
orientados incluem os investidores pblicos (os braos financeiros das agncias de desenvolvimento bilateral e
multilateral, normalmente conhecidas como instituies internacionais de financiamento ou IIF), que tm uma
abordagem mais comercial do que os doadores, e os fundos privados de muitos tipos. Estes fundos poderiam
aumentar potencialmente a atribuio de financiamentos onde o doador j no necessrio, mas em que os
financiamentos comerciais ainda no esto disponveis. Em conjunto, os fundos privados e IIF colocaram 1.2 mil
milhes de dlares em ttulos de dvida, patrimnio lquido e garantias em cerca de 500 IMF especializadas e
cooperativas. provvel que, a curto prazo, os investidores internacionais podero somar a este n mero cerca de650 milhes de dlares6.
A criao de mais de 50 fundos ao longo dos ltimos anos captou a ateno da comunidade da microfinana e
reflecte o aparecimento do entusiasmo para a microfinana. Os investidores privados chegam-nos sob vrias
formas e dimenses:
Fundos de investimentos independentes especializados em microfinana: Profund, A friCap.
Fundos associados e criados por redes de microfinana : ACCION Investments (ACCION Global
Bridge Fund, ACCION Latin America Bridge Fund, ACCION Gateway Fund), Opportunity International,
Dveloppement International Desjardins (Investment Fund for International Development
[FONIDI], the Partnership Fund, and the Guarantee Fund) e Internationale Micro Investitionen
Aktiengesellschaft (IMI-AG).
Fundos criados por investidores privados socialmente responsveis : Gray Ghost, Unitus,
Andromeda, Triodos, Oikocredit, responsibility e Socit dInvestissement et de Dveloppement
International (SIDI).
O crescimento substancial de investimentos internacionais em microfinana tem sido sinnimo tanto de
benefcios, como de perturbaes. Em primeiro lugar estes fundos do-nos um vasto conjunto de instrumentos
financeiros capazes de irem ao encontro das necessidades financeiras sobre IMF. Apesar de ter sido
relativamente difcil para as IMF obter no passado participaes accionistas, alguns fundos comeam a
providenciar aces. Isto importante, porque os investidores internacionais podem ter um impacto positivo na
governana e na gesto das IMF quando se tornam parcialmente proprietrios desses fundos. Para alm de dvida
e participaes accionistas, outros instrumentos oferecidos por estes investidores incluem quasi-aces
6Ivatury e Abrams, The Market for Microfinance Foreign Investment: Opportunities andChallenges, citado por CGAP (2006), Ac cess for All.
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(emprstimos com taxas de juro baixas a mdio e longo prazo destinados a serem pagos atravs dos lucros, e
que podem eventualmente serem transformados em participaes accionistas); compra de ttulos, certificados
de depsito e outros instrumentos; e garantias de modo a que as instituies financeiras possam obter
emprstimos junto dos bancos nacionais, emitir ttulos ou flutuar aces na bolsa.
A maioria do investimento internacional (em torno dos 90 por cento) chega directa ou indirectamente dos
fundos pblicos. Muitos dos fundos privados obtm o seu financiamento atravs dos IIFs. Mas a abordagem tanto
dos IIFs como dos fundos privados muito adversa ao risco. Tal reflecte-s e no elevado nvel de concentrao dos
investimentos, tanto geograficamente como no tipo de instrumentos oferecidos (ver figura 11). Cerca de 87 por
cento dos fundos vo para duas regies, a Europa e a sia Central (IIF) e a Amrica Latina (fundos privados). A
concentrao pode ser ainda maior, na medida em que os fundos privados e os IIF competem por um pequeno
grupo de instituies financeiras fortes e regulamentadas.
Por exemplo, cerca de um tero de todos os fundos privados financiaram o Banco Solidario no Equador e o
Confianza no Peru, e um tero dos IIF investiram dvida e aces num conjunto de instituies ProCredit na
Europa de Leste, nos Balc e na sia Central.
A elevada concentrao de financiamento levanta dvidas sobre se existem oportunidades de mercado
suficientes para apoiar tantos fundos pequenos. Alguns observadores prevm um aumento da consolidao
medida que os mercados dos fundos amadurece e os subsdios para o estabelecimento de fundos seca.
Outro nvel de concentrao a dos instrumentos utilizados. A maioria do dinheiro oferecido como um
emprstimo em moeda estrangeira, o que poderia colocar problemas s instituies que poderiam no saber
como gerir os riscos associados ao cmbio da moeda estrangeira. Dois exemplos de entidades emprestadoras
internacionais que desenvolveram os seus prprios mecanismos para mitigarem estes riscos, so os do Triodos
Bank e do Oikocredit. O Triodos combina emprstimos em moeda local com swap de divisas a taxa fixa sempre
que estas esto disponveis (por exemplo, a Indonsia, a ndia, frica do Sul, Brasil e Mxico) e, quando no esto
disponveis incorporam aquele risco no preo do emprstimo. Oikocredit montou um Local Currency Risk Fund
(LCRF), que com o o seguro que protege os seus e mprstimos contra flutuaes nas taxas cambiais. LCRF utiliza
bolsas de doadores para assegurar aos emprestadores que o retorno sobre os emprstimos em moeda forte
no caia para alm de um limite pr-definido.
Todos os investidores internacionais em microfinana tm uma coisa em comum: esto dispostos a aceitarem
um retorno mais modesto sobre os seus investimentos em troca dos retornos sociais gerados pela microfinana.
Ainda que os servios financeiros destinados aos pobres sejam atractivos para os investidores com misses
sociais, o mesmo pode no acontecer com os chamados investidores puramente comerciais, apenas
interessados nos lucros. Quanto maior for o nfase nos retornos sociais, maior ser o risco financeiro que os
investidores devem estar dispostos a assumir. Os doadores devem reduzir a sua ligao com aquelas IMF que
financiarem nos ltimos anos e encoraj-las a desenvolver laos com os mercados de capital domsticos. Isto
significa que devem dar prioridade prxima gerao de instituies fortes, oferecendo capital inicial e apoio no
desenvolvimento ou transformao destas novas estrelas.
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3.3 Mercados Nacionais de FinanciamentoIntegrar a microfinana nos mercados nacionais o objectivo ltimo para a construo de um sistemas
financeiros inclusivos. O financiamento nacional tm, pelo menos, trs vantagens. Em primeiro lugar a
disponibilidade de servios de depsitos financeiros (uma fonte de financiamento nacional) muito valorizada
pelas pessoas pobres ou com baixos rendimentos. Em segundo lugar, o financiamento nacional ajuda as
instituies financeiras a evitar o risco das operaes cambiais. Em terceiro, mais provvel que seja proveniente
de fontes comercialmente motivadas, ou seja, no ser dinheiro que teria sido utilizado com outros pr