boas vinhas - edição 1 - julho 2014

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  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

    1/8

    CVRVV | Comisso de Viticultura da Regio dos Vinhos Verdes | Directora: Maria Jos Pereira | Email: [email protected] | Edio n 001 | Julho 2014 | Jornal de distribuio gratuita

    N.DL:377222/14

    ISBN:97

    8-989-99078-1-2(Ebook)

    Tiragem2

    1.000exemplares

    Produo:OpalPublicidade

    Ostextosnorespeitamo

    novoacordoortogrfico.

    Julho 2014001

    MelhorVinha 2013P.02

    ProgramaVitisP.04

    Saibamos vivercom a flavescnciadouradaP.03

    A regioem nmerosP.07

    Maior densidadegarante maiorproduo?

    Mldio da VideiraPrincipal doena da videira na regio, provocandoestragos com maior repercusso na produo

    P.07

    P.06

    P.05

    Manga de plstico (agrobiofilm)nas vinhas novas

  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

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    EDITORIAL

    CONCURSO MELHOR VINHA 2013

    OS MELHORES VERDES 2014

    Concurso anuncia os melhores vinhos da regio

    Em simultneo com a cerimnia dos Melhores Verdes2014, no passado dia 9 de Maio, no Palcio da Bolsa, foianunciado o resultado do concurso da Melhor Vinha 2013.Na cerimnia foram atribudos os prmios: Melhor Vinha2013, Melhor Viticultor 2013 e A Vinha e o Ambiente.

    Na 11 edio do concurso participaram 20exploraes vitcolas, evidenciando cada umaparticularidades que contribuem para uma grandediversidade de exploraes na Regio.

    Durante a campanha vitcola, o jri tcnico,constitudo por representantes da CVRVV, DRAPN,PRODUO e SYNGENTA, realizaram visitass exploraes entre Junho e Setembro com oobjectivo de proceder a uma avaliao qualitativadas vinhas, nomeadamente, o estado vegetativo,sanitrio, produtivo, entre outros.

    A medalha de ouro para Melhor Vinha 2013 foi atribuda QUINTA DO MIRADOURO, pertena da Sociedade

    Agrcola Santa Leocdia-Quinta do Miradouro, Lda, emBaio, e QUINTA DE CORUTELO, pertena de ManuelEugnio Gonalves Rego, em Ponte de Lima.

    O prmio Melhor Viticultor 2013 foi atribudo a umjovem viticultor MANUEL EUGNIOGONALVES REGO,da Quinta de Coru-telo, que tem sob asua responsabilidadecerca de 11,5 hecta-res de vinha, ondepredomina a castaLoureiro.

    O prmio A Vinhae o Ambiente foiatribudo QUINTA

    DA VINHA E DA MOITA, do produtor Manuel Pinto FelizCarneiro da Frada, do concelho de Baio.

    A partir da vindima da campanha 2014/2015, o limite mximo derendimento por hectare para as vinhas aptas produo de VinhoVerde passa a ser de 15 toneladas por hectare e no de 13,5 toneladas.

    O Estatuto determina agora que a regio deve considerar 3 escalesde rendimentos:

    7,5 toneladas para as vinhas sem o cadastro actualizado;

    10,6 toneladas para as vinhas com cadastro actualizado hmenos de cinco anos;

    At 15 toneladas para as vinhas que cumpram os requisitos deprodutividade e qualidade a definir pelo conselho geral da CVRVV.

    Esta alterao visa beneficiar as vinhas mais produtivas, permitindoaos produtores a rentabilizao dos investimentos.

    Para beneficiarem do rendimento acima das 10,6 toneladas, osprodutores devero inscrever-se para uma vistoria prvia que ser

    feita pelos tcnicos da CVRVV.

    Os custos da vistoria sero tambm diferentes daquelesque se praticaram em 2013, na medida em que deixa de haver

    uma taxa fixa de 150 euros. Com efeito, o custo ser varivel,dependendo da rea de cada produtor, com um mnimo de 50euros, ao qual acrescem 14,50 euros por hectare a vistoriar.

    Para beneficiar deste novo escalo de produo, esteja atento circular da CVRVV que definir o prazo de apresentao na CVRVVdo respectivo pedido, que pode ser feito na aplicao informticaexistente na rea reservada do operador, na CVRVV ou numa das

    delegaes existentes.

    400 pessoas encheram completamente o lindssimo Ptio dasNaes, a sala central do Palcio da Bolsa, no Porto, para assistir entrega dos prmios do concurso Os Melhores Verdes 2014.Anualmente, desde h mais de duas dcadas, a CVRVV organiza esteconcurso que selecciona e distingue os melhores Vinhos Verdesde cada ano. Para a edio 2014 a CVRVV recebeu 236 amostrasrepartidas pelas vrias categorias a concurso: vinhos brancos, tintos,rosados, vinhos de casta, espumantes e aguardentes.As provas so realizadas em trs fases e em regime de prova cega, ouseja, os vinhos so distribudos por copos numerados e as amostrasso avaliadas sem qualquer identificao. O jri de pr-seleco fazuma primeira prova e identifica os melhores vinhos de cada umadas categorias mais concorridas, seleccionando apenas os vinhoscom mais de 75 pontos numa escala de 0-100. Feita esta seleco,o jri do concurso prova ento os vinhos mais pontuados e atribuias pontuaes finais. Assim se chega classificao que atribui osprmios Verde Ouro, Verde Prata e Verde Honra.

    Na prpria semana em que decorre a cerimnia de entrega de prmios,rene o terceiro jri, um jri internacional que vai atribuir os prmiosBest of Vinho Verde. Ao contrrio dos restantes jris que so

    compostos por tcnicos e jornalistas nacionais, este composto poroito especialistas dos principais mercados de exportao do VinhoVerde. O jri Best Of prova os 35 vinhos mais pontuados e seleccionaos 5 vinhos que, no seu entender, so os mais interessantes para osmercados de exportao. Tambm aqui a prova feita em coposnumerados, no identificados, mantendo o mesmo rigor e sigilo.A organizao deste concurso vasta e envolve dezenas de pessoas,no apoio tcnico, provas e logstica. O concurso organizado deacordo com as normas internacionais do OIV (LOrganisationInternationale de la Vigne et du Vin), pelo que os prmios soreconhecidos mundialmente e podem ser usados na rotulagem epublicidade dos vinhos.A cerimnia de entrega de prmios uma festa do Vinho Verde,que este ano contou com a presena do Secretrio de Estado daAgricultura, Jos Diogo Albuquerque, do Presidente do Instituto daVinha e do Vinho, Frederico Falco, e Jorge Monteiro, Presidente daViniportugal.Na abertura tomou a palavra o Presidente da CVRVV, ManuelPinheiro, que felicitou os premiados e afirmou a aposta do VinhoVerde na exportao, bem como a necessidade de reforar o

    investimento para que a Regio tenha mais e melhor viticultura. OSecretrio de Estado da Agricultura sublinhou a competitividadeexemplar que a Regio dos Vinhos Verdes tem demonstrado e garantiuo investimento do Estado e apoio do Governo para o desenvolvimentodeste sector que estratgico para a economia nacional.Da lista dos premiados destacamos os vinhos Best of Vinho Verde:Casal de Ventozela-Loureiro-2013; Dom Ponciano-Alvarinho-2013;Quinta das Almas-Avesso-2013; Quinta de Linhares-Avesso-2013 e ViaLatina-Alvarinho-2013.

    Em 2013, deram entrada na CVRVV pouco mais de 20.000 manifestos.Em 2014, a regio ficar pela primeira vez aqum dos 20.000. Emnmeros redondos, contamos com 20.000 viticultores e o mesmonmero de hectares.

    Teoricamente, a rea e o nmero de produtores seriam suficientes.A EVAG - Estao Vitivincola Amndio Galhano produz uma mdiaconsistente de 8,5 toneladas de uva por hectare. Aplicado este valor rea actual, a regio disporia de 170.000 toneladas de uva e osviticultores teriam um excelente rendimento. A verdade, porm, que estamos longe disso. A regio produz uma mdia que ronda as 4toneladas/hectare, valor que, alis, muito prximo do que se faz na

    Galiza, mas metade do que fazem os nossos concorrentes no sul dopas.

    A viticultura claramente a rea em que a regio mais precisa de intervire em que pode ter mais ganhos com efeitos benficos em toda a fileira.O marketing, a enologia e a prpria estrutura das empresas tm vindo adesenvolver-se de forma admirvel e esto no rumo certo.

    A regio tomou a opo correcta ao concentrar-se nas nossas castastradicionais. O Vinho Verde deve afirmar-se por um bom equilbrioentre a satisfao dos clientes e a diferenciao: as nossas castas soparte essencial desta diferenciao, que nos afirma como um vinhonico no mundo.

    No renegamos o carcter tradicional e socialmente relevante daviticultura. Em muito, o Minho a vinha. Na paisagem, na sociedade,

    na arquitectura, nos costumes. Porm, temos urgentemente quedesenvolver uma nova viso da viticultura. Uma actividade empresarialvocacionada para a inovao, qualidade e eficincia, tendo comoobjectivo a rentabilidade que gera ao viticultor. A regio precisa deempresrios viticultores e de evoluir para um modelo de negcio emque esta actividade apresente bons ndices de rentabilidade.

    A CVRVV no indiferente a esta questo. Pelo contrrio, estamos aevoluir e a adaptar a nossa estratgia para que a Comisso de Viticulturapossa dar um maior contributo aos produtores de uva. O que fazemoshoje j no pouco. Por exemplo, o seguro colectivo de colheitas umamedida sem igual nas restantes regies. Mas vamos certamente mais

    longe, como este jornal comprova. Na EVAG est j instalada a primeiramquina do pas para o tratamento do material vegetativo contra aFlavescncia Dourada. Pode e deve ser usada pelos produtores antesde plantarem as novas vinhas. Estamos a investir num programa deformao para a vinha, seja na EVAG, seja em outros pontos da regio.

    Ningum se engane, porm. O futuro de sucesso da regio passapor uma viticultura mais inovadora e mais rentvel. E a tarefa detal importncia que ser necessrio o contributo de todos para quesejamos bem sucedidos.

    Dito isto, boas vindimas!

    Manuel Pinheiro- Presidente da Comisso Executiva da CVRVV

    Medalha de ouro paraa Quinta de Miradouro e

    Quinta de Corutelo

    Limite ao rendimento/hectare aumentado para 15 toneladas

    Boas Vinhas um jornal anual de informao tcnica que pretende, atravs de texto e imagem, disseminar contedos sobre viticultura.Boas Vinhas um jornal ao servio do viticultor e quer contribuir para a divulgao de novas tecnologias na rea da cultura da vinha capazes de contribuir para uma viticultura rentvel.Boas Vinhas distingue claramente os artigos de opinio dos artigos informativos, sem prejuzo de poder assumir as suas prprias posies, sempre no respeito da legislao em vigor.Boas Vinhas tem um mbito regional e quer contribuir para a divulgao de eventos, artigos prticos e/ou cientficos, quando assim o entendam, sobre todas as novidades que viticultura dizem respeito.Boas Vinhas uma publicao independente, sem qualquer dependncia de natureza poltica, ideolgica e econmica.

    ESTATUTOEDITORIAL

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    Saibamosviver com aFlavescncia

    A CVRVVe a Viticultura

    Ser por essa data que deveser efectuado o primeirode dois ou trs tratamentosrecomendados, consoanteo grau de infeco da sua re-gio. Devem pois estar aten-tos ao servio de avisos paraque faam os tratamentosem nmero e no momentomais oportuno. Paralela-mente realizao dos tra-tamentos recomendados, fundamental prospectar emarcar nas vinhas as cepascontaminadas, que devemser arrancadas e queimadasde imediato.

    O problema novo em Por-tugal, mas no na Europa.Esta doena chegou a Franaem 1950. Desde ento que a Frana vive com o problema e a sua viti-cultura e a qualidade dos seus vinhos continuam a impor-se por essemundo fora. O mesmo se passa em Itlia e em Espanha.

    Tocou-nos agora o problema tambm a ns. Certamente como elessaberemos aprender a viver com a perigo da Flavescncia, aplicandoas medidas adequadas para o seu controlo definitivo ou, pelo menos,para a manter em nveis que no ponham em risco a sustentabilidadeda nossa viticultura. Mas sobre este objectivo, temos uma certeza: tals ser possvel se contarmos com o esforo e colaborao de todosos viticultores.

    Nas nossas condies, hoje por todos reconhecida a obrigato-riedade de se efectuarem tratamentos fitossanitrios s vinhas parase poder obter uma produo suficientemente compensadora.Sempre foi assim? No. Antes de 1863, os viticultores europeusno tinham necessidade de tratar as suas vinhas para terem umaproduo abundante. Foi-lhes estranho certamente nessa ocasioterem de passar a aplicar um produto (o enxofre) com caractersticasirritantes, nomeadamente para a vista, para que pudessem colher umcacho de uvas perfeito. Hoje em dia, porm, ningum questiona o usodo enxofre nas vinhas. Vem isto a propsito do tema deste artigo. Foi

    j em 2006 que foram identificadas na Regio dos Vinhos Verdes asprimeiras cepas atacadas com um novo problema fitossanitrio - aFlavescncia Dourada (Fig. 1). Trata-se de uma doena que afecta asvideiras, mas que contrariamente ao Mldio e ao Odio no tem para

    j um produto que a possa curar. Estamos portanto, perante umadoena que no tem cura. Este facto, por si, revela a importncia deque se reveste este assunto para a viticultura regional. Os sintomas dadoena manifestam-se na parte area da videira e so passveis de seconfundirem com outros problemas. Uma das consequncias da doena a perda considervel da produo, pelo abortar dos cachos e a morteda cepa em pouco tempo. Para se multiplicar, esta doena necessita,todavia, de um agente vector, vulgarmente designado por cigarrinhada Flavescncia (Fig. 2). este insecto que, ao alimentar-se nas folhasda videira por picadas nas nervuras, vai passando a doena das videirasinfectadas para as restantes. O controlo da Flavescncia Dourada passaportanto, entre outras medidas, pelo controlo do seu agente vector.

    A tomada de conscincia do perigo que representa esta doena paraa sustentabilidade da viticultura levou as entidades oficiais a criar umgrupo de trabalho que elaborou um plano nacional para o controlo eerradicao da Flavescncia Dourada em Portugal, actualmente emvigor. Estamos portanto perante um problema que poder tornar-segrave se continuarmos a agir como se no existisse e se continuarmosa no cumprir com as medidas que constam do referido plano deaco.

    Se o objectivo da erradicao da doena pode ser deveras impossvel,tal no significa que no o devamos tentar. Torna-se pois necessrioque os senhores viticultores cumpram e ajudem os seus colegas a cum-prir com os tratamentos insecticidas recomendados para a eliminaoda populao do agente vector (Cigarrinha da Flavescncia Dourada).Esta vem crescendo desde 2000 de forma constante e rapidamenteocupou todos os concelhos que constituem a Regio Demarcada dosVinhos Verdes. pois necessrio, para o bem da viticultura, efectuareste esforo adicional com os tratamentos para se reduzir ao valormnimo possvel a populao da Cigarrinha da Flavescncia na nossaregio. Os primeiros insectos adultos aparecem em finais de Junho.

    A lei do Oramento de Estado para 2013 veio trazer um conjunto dealteraes com significativo impacto no mbito do enquadramentodas actividades agrcolas, silvcolas ou pecurias.Os contribuintes que a 31 de Dezembro de 2012 se encontravamisentos de IVA ao abrigo do art. 9 do cdigo do CIVA ou no estavamregistados para efeitos fiscais no mbito destas actividades passamagora a ter algumas obrigaes. Assim, todos os agricultores queexeram uma actividade agrcola, silvcola, pecuria ou a prtica deacto isolado e que recebam subsdios ou subvenes financeirasrelacionadas com estas actividades possuem rendimentos agrcolasda categoria B. Os titulares destes rendimentos ficam sujeitos adeterminadas obrigaes:

    Declarao de incio, alterao e cessao de actividade;

    Declarar o total de rendimentos na declarao modelo 3 do IRS;

    Emitir factura por cada transmisso de bens, prestao deservios ou outras operaes efectuadas e emitir documentos dequitao de todas as importncias recebidas.

    Comunicar AT (Autoridade Tributria) os elementos dasfacturas emitidas at ao dia 25 do ms seguinte ao da sua emisso.

    Estas obrigaes so comuns aos viticultores que produzem uvas paraentregar na adega cooperativa ou vendam a centros de vinificao.Esto excludas de tributao os rendimentos agrcolas, silvcolas oupecurios quando o valor dos proveitos ou receitas no excedam poragregado familiar 4,5 vezes o valor do IAS (22.637,88).Estas alteraes tiveram impacto a nvel das contribuies paraa Segurana Social, pois, aps a inscrio de incio/reincio deactividade, os agricultores so automaticamente enquadrados naSegurana Social. No entanto, podem ficar isentos do pagamento dacontribuio, se os seus rendimentos brutos (vendas + prestaesde servios + subsdios da PAC) forem iguais ou inferiores a 1.676,88pois no so considerados trabalhadores independentes, logo nopagam contribuies. So trabalhadores independentes mas isentosda obrigao de pagar contribuies os agricultores que:

    Se inscrevam pela primeira vez na Segurana Social, j que scomeam a pagar contribuies 12meses aps o ms de inscrio ou te-nham um rendimento relevante anualque ultrapassa os 2.515,32.

    Faam descontos por conta de 0utremsobre mais de 5 .030,64 /ano.

    Pensionistas de velhice ou invalidez quepossam acumular uma actividadeindependente.

    Em termos de IVA, a lei n 66-B/2012de 31 de Dezembro revoga o n 33 do artigo 9 do cdigo do CIVAdeixando de existir a iseno do IVA relativa a operaes relacionadascom actividades de produo agrcola e prestao de serviosagrcolas com caracter acessrio. A actividade agrcola passou a estar

    genericamente sujeita a uma taxa reduzida de 6%. H que considerarque os volumes de negcios anuais at 10.000 esto isentos de IVA,ao abrigo do ar t. 53 do CIVA. Volumes de negcios anuais superioresa 10.000 ficam no regime geral, ou seja, esto sujeitos a IVA.Em termos de IVA, existem dificuldades especficas para osviticultores que entregam uvas nas adegas cooperativas ou centrosde vinificao, uma vez que, entre as entregas dos produtos pelosagricultores e o pagamento, h um desfasamento de tempo e devalores que dificulta o apuramento do imposto. Por esta razo, existeum regime especial de exigibilidade do IVA nas entregas de bens cooperativa. Assim:

    As cooperativas agrcolas s tero direito deduo do impostoque lhes for liquidado pelo agricultor quando efectuarem a este opagamento e se encontrarem na posse do recibo.

    As facturas a emitir pelos agricultores, na altura emque colocam os bens disposio da cooperativa,devem ter uma srie especial e conter a menoRegime de Caixa.

    Quando as cooperativas procederem aopagamento (total ou parcial) das facturas obrigatrio a emisso, por parte do agricultor, dorecibo pelo montante recebido.

    Assim, o IVA devido pelas transmisses de bensocorridas entre os agricultores e as cooperativasagrcolas de que sejam associados apenas ter de ser

    entregue nos cofres do Estado no perodo de imposto em que ocorreo recebimento.

    A Comisso de Viticultura da Regio dos Vinhos Verdes (CVRVV)definiu um plano estratgico para a VITICULTURA, a partir de 2014,que visa contribuir para uma viticultura rentvel, de qualidade e derespeito pelo meio ambiente. Condio essencial para que a regio

    seja capaz de se abastecer de uma forma sustentvel.Para o efeito, ao longo do ano ser desenvolvido um conjuntode aces de carcter formativo destinadas a apoiar, formar einformar os viticultores da regio.

    Das aces inicialmente previstas, destacamos:Jornadas Tcnicas de abertura da campanha - 04 Abril, naEVAG, Arcos de Valdevez;

    Jornadas Tcnicas de balano do Ano Vitivincola 2014 (data a definir), na EVAG, Arcos de Valdevez;

    Vrias aces de formao, durante uma manh ou tarde,relacionadas com temas importantes da viticultura;

    Road Showsobre Flavescncia Dourada;

    Dias de campo / demonstrao prtica;

    Edio de um jornal anual: o Boas Vinhas, de distribuio gratuita

    aos viticultores, de informao tcnica, que atravs de texto eimagem pretende disseminar contedos sobre viticultura;

    Portal Internet de viticultura com informao de base(tcnicas, financiamentos, legislao, trabalhos acadmicos);e informao actualizada (avisos agrcolas, meteorologia,estatstica, eventos);

    Reunies tcnicas e outras de interesse ao longo do ano;

    Estudo sobre conta da explorao da Vinha.

    Em suma, o que a CVRVV pretende ir ao encontro dasnecessidades do VITICULTOR, contribuir para a divulgao denovas tecnologias na rea da cultura da vinha, capazes de contribuirpara uma viticultura sustentvel. Em conjunto, divulgar e partilharconhecimentos adquiridos.

    Por isso, Sr. Viticultor, para qualquer informao e/ou sugesto, nohesite em contactar-nos por telefone 226077300 / 226077303 oue-mail [email protected]

    IMPOSTOS E VITICULTURA

    Alteraes fiscaispara o sectoragrcola

    Maria Jos Pereira - Viticultura CVRVV

    Maria Jos Soares -Terras de Felgueiras-Caves Felgueiras,CRL

    Joo Garrido - Estao Vitivincola Amndio Galhano (EVAG)

    Fig. 1 - Videira com Flavescncia Dourada

    Fig. 2 - Scaphoideus titanus

    A actividade agrcolapassou a estar

    genericamente sujeita auma taxa reduzida de 6%

    DISPONVEL NA EVAG:mquina para tratamento do material vegetativoA EVAG, Estao Vitivincola Amndio Galhano tem j disposi-o dos produtores uma mquina que procede ao tratamentotrmico dos materiais de propagao para eliminao do fito-plasma da Flavescncia Dourada. Trata-se do primeiro equi-pamento do pas para este fim. O material vegetativo (estacas,

    garfos, bacelos e enxertos-prontos) so submetidos a um banhode gua aquecida a 50C durante 45 minutos, perodo de temponecessrio para eliminar o fitoplasma, sem consequncias noci-vas para a planta.

    O tratamento est disposio de todos os produtores, seja paramaterial vegetativo fornecido pela EVAG ou para outro. Para maisinformaes, contactar o responsvel, o Eng Joo Garrido, pelotelefone 258 480 200 ou e-mail: [email protected].

  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

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    PROGRAMA VITIS

    O Regime de Apoio Reestruturao e Reconverso das Vinhas (VITIS)foi estabelecido pelo Regulamento CE n. 1234/2007 do Conselho de2 de Outubro e no Regulamento n. 555/2008 da Comisso de 27 deJunho, tendo as suas normas complementares de execuo para ocontinente portugus, para o perodo 2014-2018, sido estabelecidaspela Portaria n. 357/2013, de 13 de Dezembro, alterada pela Portaria n.67/2014, de 12 de Maro.

    O Programa VITIS um instrumento de apoio ao aumento dacompetitividade do sector vitivincola nacional e da melhoria dos seus

    produtos. Este regime de apoio concretizado atravs de medidasespecficas, atribuindo apoios Instalao de Vinhas, que incluem oarranque da vinha a reestruturar, a plantao da vinha e a melhoria dasinfraestruturas fundirias (drenagem e construo/reconstruo demuros) e Sobreenxertia ou Reenxertia de videiras.

    aplicvel s parcelas de vinha legais para produo de uvas para vinhoque, aps a candidatura, satisfaam as condies de produo de vinhocom Denominao de Origem (DOP) e Indicao Geogrfica (IGP),aos direitos de replantao e aos direitos dereplantao obtidos por transferncia.

    Os proponentes devem ser proprietrios daparcela a plantar com vinha ou detentoresde um ttulo vlido que constitua direito sua explorao. E as parcelas de vinha, apsa reestruturao ou reconverso, devemrespeitar as reas mnimas estabelecidas.

    A apresentao das candidaturas pode assumira forma de candidatura individual ou de

    candidatura conjunta.As formas de candidaturas conjuntas podemser: grupo de trs ou mais viticultores reestruturando parcelascontguas; entidades promotoras de emparcelamento; agrupadade trs ou mais viticultores, podendo as parcelas ser contguas ou no,sem rea mnima para as parcelas de vinha, englobando uma rea totalde mais de 20 ha e comprometendo-se a fornecer a sua produo auma estrutura associativa ou comercial que a vinifica e se constituicomo representante das suas candidaturas.

    A forma e nvel de apoio abrangem a concesso de umacomparticipao financeira para os investimentos realizados, atravsdo pagamento de uma ajuda e uma compensao pela perda de receitainerente reestruturao e reconverso da vinha.

    A compensao pela perda de receita pode ser feita sob a forma demanuteno da vinha velha durante as trs campanhas subsequentesao arranque ou por compensao financeira.

    Os valores da ajuda variam conforme se trate de zonas deconvergncia ou zonas de competitividade, no podendoultrapassar 75% e 50% do valor dos custos reais, respectivamente.

    As ajudas medida Instalao de Vinha nas regies de convergnciaem que se insere a Regio Norte de Portugal so as que figuram no

    Quadro 1.A ajuda relativa medida Sobreenxertia ou Reenxertia de 3.000/ha.

    A compensao financeira pela perda de receita, a atribuir nascondies estabelecidas, tem o valor de 1.500/ha no caso da Instalaode Vinha e de 1.000/ha no caso da Sobreenxertia ou Reenxertia.

    As candidaturas aprovadas em cada campanha devem serintegralmente executadas e ser objecto deapresentao do pedido de pagamento at30 de Junho do ano seguinte ou ser objecto,aps o incio da execuo e at aquela data, daapresentao de um pedido de pagamentoantecipado, mediante apresentao de umagarantia bancria ao IFAP, devendo concluir aexecuo at ao termo da segunda campanhaaps o pagamento do adiantamento. No caso dascandidaturas conjuntas, ao prazo de execuoreferido acresce uma campanha, excepto nocaso de emparcelamento, em que acrescem duas

    campanhas.Aps a apresentao dos pedidos de pagamento,

    as ajudas aprovadas so pagas aos viticultores em cada ano, depoisde verificada a execuo das medidas ou aps o incio da execuo damedida, mediante a apresentao de garantia bancria.

    A abertura das candidaturas ocorre anualmente, entre 15 de Novembroe 15 de Janeiro, atravs de aviso de abertura publicitado nos stios dainternet do IVV e do IFAP.

    Este texto no dispensa a consulta da legislao aplicvel.

    Manuel Cardoso - Director Regional

    O Programa VITIS um instrumento

    de apoio ao aumentoda competitividade

    do sector vitivincolanacional

    A rainha das leveduras seleccionadas para a vinificaode vinhos brancos Portuguesa.

    A levedura de vinificao conhecida por QA23foi seleccionada pela Universidadede Trs-os-Montes e Alto Douro (UTAD) com a coordenao da Comisso deViticultura da Regio dos Vinhos Verdes (CVRVV) e a colaborao da empresaportuguesa especializada em biotecnologia enolgica - PROENOL. uma levedura da espcie Saccharomyces cerevisiae, includa no grupo das antigasbayanus. recomendada principalmente para a elaborao de vinhos brancos, decastas neutras e de castas com alto potencial primrio como o Alvarinho, Loureiro,Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, Viognier, Verdejo, entre outras.A levedura QA23 produzida pela empresa Lallemand sob a forma de leveduraseca activa (LSA) e pela empresa Proenol sob a forma de leveduras encapsuladasdesidratadas em alginato de clcio.Esta estirpe comercializada a nvel internacional em quase todos os pasesprodutores de vinho (Fig. 1).

    A baixa necessidade de azoto facilmente assimilvel, assim como de oxignio, eo seu carcter frutfilo fazem da QA23 uma estirpe que permite a realizao defermentaes com muita segurana, com o consumo completo dos acaresexistentes no mosto, com vrios tipos de carncias e mesmo aqueles que sofreramfortes clarificaes. Dada a sua resistncia, tambm se adapta a vinificaes emmeio redutor bem ao estilo dos enlogos australianos.A QA23 no conhecida somente pela sua segurana fermentativa, mas tambmpelo seu impacto positivo a nvel organolptico segundo o estilo de vinho

    pretendido. uma levedura com boa aptido para a produo de aromas em formade steres frutados para uvas mais neutras. A QA23 possui uma boa capacidadeenzimtica, permitindo a revelao de aromas primrios varietais em castas de altopotencial primrio.

    Para quem gosta de trabalhar a baixas temperaturas, a QA23 permite que setrabalhe sem os riscos de reduo ou paragens de fermentao, sendo umaestirpe altamente resistente a estas condies graas sua alta produo detrealose e glucognio, que funcionam como crioprotector e reserva energticarespectivamente.

    A QA23 tambm utilizada na elaborao de espumantes pelo mtodo tradicional(fermentao em garrafa) sob a forma de levedura imobilizada em cpsulas dealginato previamente adaptada ao lcool. Esta aplicao tem suscitado muitointeresse, estando j largamente implementada em diferentes regies de Portugale presente em diversos pases vitcolas. O produto comercial designado por Proelif actualmente reconhecido por diversos enlogos, mesmo os da tradicional regiode Champanhe (no nordeste de Frana) pela sua facilidade de utilizao e pelascaractersticas organolpticas dos vinhos elaborados.

    PROENOL Indstria Biotecnolgica Lda.Fig.1 Vendas da levedura QA23 por pas

    Alemanha

    Frana

    Pases de Leste

    Estado Unidos

    Espanha

    Portugal

    Itlia

    China

    Sistematizaodo terreno

    Regio Densidade(plantas/hectare)

    Porta-enxertos(/ha)

    Enxertosprontos (/ha)

    Garfos(/ha)

    Sem alteraodo perfil

    Minho 1 100 - 1 600>1 600 - 2 500 9 2009 800 9 40010 400 8 3008 700

    Toda a rea doterritrio

    >2 500 - 3 000>3 000

    8 0008 700

    8 6509 400

    6 6007 000

    Com alteraodo perfil

    Minho 1 100 - 1 600>1 600 - 2 500

    10 50012 270

    10 70013 170

    9 80010 700

    Toda a rea doterritrio

    >2 500 - 3 000>3 000

    11 40012 400

    12 40013 400

    8 5009 500

    Alterao de perfil com terraceamentoou manuteno dos socalcos do douro

    Douro 4 000>4000

    13 23014 530

    14 73016 130

    11 10012 380

    Quadro 1 Ajudas instalao de vinha.

    A pgina de internet da CVRVV j est disponvel para que osviticultores possam fazer a sua DCP - Declarao de Colheita eProduo directamente, via internet, a partir de casa. Inscreva-se napgina www.vinhoverde.pt e receber pelo correio a senha de acessoao sistema.

    Em Outubro, aps a vindima, poder fazer o manifesto com toda asimplicidade e proceder ao pagamento numa caixa multibanco.

    Fazer o Manifestosem filas de espera

    Amrica do Sul

    frica do Sul

    Austrlia

    w ww.vinhoverde.pt

    ou por telefonepelo nmero:808 105 704

    Inscreva-segratuitamente

    na sua delegaoda CVRVV

    Oseuparceiro

    naven

    dadeVi

    nhoVer

    de!

    Bolsa

    Senhorprodutor.

    Se tem vinho para venda

    a granel, inscreva-o na

    Bolsa do Vinho Verde.

    A bolsa do Vinho Verde

    destina-se a ajudar os

    produtores a vender o seu

    vinho e no tem qualquer custo.

    Basta indicar quanto vinho

    pretende vender,

    se branco, tinto, rosado

    ou de casta, A CVRVVencarrega-se de fazer chegar esta

    informao a dezenas de

    comerciantes que o iro contactardirectamente.

    .........

  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

    5/85

    INOVAO

    OPINIO

    Ano Modalidade Peso da lenha poda / videira (g)

    2011 Agrobiofilm 318

    solo nu (tradicional) 19

    2012 Agrobiofilm 413

    solo nu (tradicional) 181

    Ano Modalidade Kg / videira t / ha

    2011 Agrobiofilm 4,1 9

    solo nu (tradicional) 0 0

    2012 Agrobiofilm 7,2 16

    solo nu (tradicional) 5,9 13

    Manga de plstico (agrobiofilm) nas vinhas novas

    Prof. Rogrio de Castro, um dos maiores especialistas na rea da viticultura nacional e internacional.

    Aplicao de agrobiofilm (plstico biodegradvel)na plantao da vinha

    A combinao destes factores potencia o desenvolvimento dasplantas de uma forma extraordinria e, assim, podemos antecipar emum ano a formao do tronco.

    No entanto, so estas mesmas vantagens que levantam os problemasque esta tecnologia pode apresentar:

    O excesso de humidade pode conduzir a problemas de asfixiaradicular, assim como potenciar o desenvolvimento de doenasradiculares.

    A temperatura ao nvel do plstico pode atingir valores quefazem com que o calo de enxertia cesse a vascularizao dostecidos e a consequente morte da planta.

    Concentra o desenvolvimento do sistema radicular junto superfcie do plstico, condicionando o desenvolvimento desteem profundidade.

    A tcnica de aplicao da manga revela-se bastante simples mas,segundo o Eng Eduardo Magalhes, necessrio que se verifiquemas seguintes condies:

    Que o terreno seja bem drenado, evitando zonas hmidas emuito pesadas.

    O revestimento do solo com manga de plstico uma tecnologiarecente na viticultura da Regio dos Vinhos Verdes que vem sendotestada por alguns produtores.

    Visitmos a Quinta de Valinhas, na freguesia da Unho, concelhode Felgueiras. Esta explorada pela Pipamolhada, uma empresaresponsvel actualmente por 32 hectares de vinha, nos quais seincluem 6,14 hectares de vinha nova.

    De acordo com Eduardo Magalhes, director da empresa, esta foiplantada em Junho de 2013, sendo as plantas recobertas com mangade plstico. Mostrando-se visivelmente satisfeito, foi-nos relatandoa sua experincia com esta tecnologia: A ideia de aplicar estatecnologia foi alvitrada pelo Eng Antonio Guedes da Quintada Aveleda, que nos relatou ser uma tecnologia j utilizadacorrentemente em Frana e sabia do ensaio realizado peloProfessor Rogrio de Castro na sua propriedade de Lousadacom bastante sucesso.

    Assim, j no decorrer do presente ano, Ano 1, fez-se a poda deformao do tronco em 90% da vinha e prev-se uma produode 4 ton/ha no Ferno Pires e de 1,5 ton/ha no Alvarinho. No Ano 2,prev-se o fecho do Cordo em 80% da vinha e produes entre as9 a 12 ton/ha para o Ferno Pires e 5 a 7 ton/ha para o Alvarinho. J nodecorrer desse ano prev resultados operacionais positivos. A partirdo Ano 3, atingir os 80% do potencial produtivo e espera j ter lucrona explorao desta vinha.

    Caractersticas da Vinha:

    rea: 6.14 hectaresIdade: 1 ano de instalaoCompasso: 2.20 m x 1,0 m; prximo de 4.500 videiras / hectarePorta-enxerto: 3309 CCastas: Alvarinho e Ferno PiresSistema de conduo (previsto): CSA bilateral

    A aplicao desta nova tcnica tem trs vantagens: umdesenvolvimento homogneo e vigoroso das plantas desde o inicioda plantao, o que permite antecipar a entrada em produo davinha num ano; forte impacto econmico e financeiro, que dadopela diminuio dos custos de explorao e pela antecipao dasreceitas; e um menor consumo de gua, dada a diminuio daevapotranspirao que o plstico proporciona.

    A utilizao da manga plstica aumenta a temperatura do solo na zonaradicular, aumenta a humidade do solo ao impedir a evaporao dagua por efeito da condensao da humidade no interior do plsticoe, por ltimo, elimina a competio das infestantes pelos nutrientes egua do solo.

    O sucesso de uma vinha depende da preparaodo terreno, da fertilizao e da rega. Porm, estascondies favorveis videira tambm so favorveiss infestantes. Tradicionalmente, a plantao feitaem solo nu, isto , sem qualquer proteco ao longoda linha. Mas as infestantes concorrem diariamentecom as videiras, consumindo nutrientes e gua, e sonaturalmente combatidas com sucessivas sachas

    manuais na zona da linha, tarefa absorvente em mode obra e exigente em termos de oportunidade.

    Tendo em vista estes problemas, tem-se recorrido, jcom bons resultados, a estufins (tubos protectoresde 50 cm de altura) que permitem a aplicao deherbicida, proteco contra roedores e tambmmelhor desenvolvimento das jovens plantas. Emtempos recorreu-se a outros materiais, tais comoplstico no degradvel, mas com resultadosinsatisfatrios.

    Em 2011, na Quinta de Lourosa, instalmos um ensaiona casta Loureiro comparando cobertura na linhacom agrobiofilm (plstico biodegradvel) com omtodo tradicional (solo nu). Nos quadros 1 e 2 so

    apresentados os valores de vigor (peso de lenha depoda no final dos dois primeiros anos) e rendimento(2 e 3 anos).

    A antecipao da produo e o maior rendimento,assim como o maior vigor ocorrido com a coberturado agrobiofilm deve-se, provavelmente, ao melhorambiente na zona radicular. De facto, este tipo

    de cobertura evita excessos de gua quando hchuva intensa no incio da campanha (Primavera)e permite um ganho de temperatura no solo. Poroutro lado, este plstico evita perdas de gua porevapotranspirao no perodo seco.

    H um aspecto relevante a ter em conta: este plsticono deve permanecer como cobertura do solo maisde dois anos, pois poder favorecer a ocorrncia derazes pastadeiras.

    Os resultados dos trs primeiros anos sopromissores. Porm, devemos ter em conta quea criao de uma doutrina exige persistncia nosresultados, po isso os ensaios continuam.

    A preparao do solo deve ser muito cuidada para que o plstico,ao assentar, no rasgue ou estique. Todas a pedras e inertesdevem ser retirados, os torres desfeitos, etc., como se fosse apreparao de uma horta.

    Antecipar a plantao para os meses de Maro/Abril, para seevitar temperaturas muito elevadas em plantas muito jovens.

    Aplicar o plstico no mesmo dia em que se realiza a plantao.

    Fazer cortes para retirar as plantas debaixo do plsticoimediatamente.

    A tcnica parece permitir ganhos muito importantes para o viticultore ser uma ferramenta de elevado potencial. Os solos pobres e secossero terreno de eleio para esta tcnica.

    Devemos, no entanto, ter em ateno que no h um histrico destatcnica na Regio e que, aplicada de forma incorrecta, pode terconsequncias graves.

    Nas palavras do tcnico Eduardo Magalhaes, para a Quintade Valinhas a experincia foi um sucesso, pois conseguiuantecipar em um ano a entrada em produo da vinha.

    Em Setembro, faremos nova visita a esta vinha para acompanhar avindima e verificar se a promessa que os cachos, j bem visveis, secumpriu.

    Fig. 1 - Desenvolvimento homogneo e vigoroso da vinha.

    Fig. 2 - Aspecto produtivo da vinha

    Fig. 1 Vinha com cobertura de agrobiofilm esquerda e solo nu (tradicional) direita, em Setembro de 2012.

    Quadro 1 Vigor por modalidade Quadro 2 Rendimento por modalidade

  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

    6/86

    O Mldio da Videira, provocado pelo fungoPlasmoparavitcola, umadoena gravssima que, em anos mais chuvosos, pode originar a per-da total da produo.Na Primavera, as infeces primriasexigem a combinao simul-tnea de 3 factores distintos, nomeadamente:

    1) Temperatura mnima acima de 10C;

    2) Crescimentos da vinha (novos lanamentos) com cerca de 10 cm;

    3) Chuva na ordem dos 10 mm.

    Reunindo-se estas condies, em simultneo, temos o cenrio idealpara os ataques deste fungo na vinha.Com o decorrer do tempo e o desenvolvimento da planta, o fungoque causa o mldio pode originar novos ciclos infecciosos in-feces secundrias que se desenvolvem a partir das manchasoleosas que entretanto esporulam.Para que tal no acontea bastar que, nesta fase, a temperatura sesitue entre os 24C e os 30C e se verifique humidade relativa elevadaou mesmo apenas o orvalho matinal. Aqui, interessa esclarecer queas infeces secundrias so muito menos exigentes nas condiesnecessrias ao seu desenvolvimento que os ataques primrios.Os sintomas mais visveis desta doena so:

    Manchas oleosas nas folhas (1)

    Enfeltrado branco na pgina inferior (2)

    Deformao em bculo das inflorescncias.

    Manchas em mosaico das folhas.

    ControloO controlo desta grave doena dever passar por uma estratgia essen-cialmentepreventiva (ou seja, manter a vinha s de modo a impedir que ofungo se instale e desenvolva), recorrendo aos diversos produtos fitofar-macuticos homologados para o efeito.

    As doses recomendadas devero ser sempre respeitadas de modo

    a no criarmos situaes de sobredosagem, passveis de contribuirpara um aumento dos custos e poluio do ambiente ou situaes desubdosagem, que favorecem o aparecimento de resistncias e podemcolocar em causa a eficcia do tratamento.Esta recomendao deve-se enorme gravidade do Mldio que, apso seu aparecimento, se torna extremamente difcil de controlar, sendopassvel de originar graves prejuzos, visveis na vindima.

    A Estratgia Sapec passa por uma aplicao direcionada a cada es-tado fenolgico da vinha, acompanhando o normal desenvolvimento daplanta.

    DESTA FORMA, DIFICILMENTE SEREMOSSURPREENDIDOS PELO MLDIO.

    Sada das Folhas - Folhas Livres

    Aplicao de Maestro F/ Maestro F WG Advance(300 g/hL) ouMaestro M(400 g/hL) para o controlo do Mldio.

    Estes dois fungicidas, que tm na sua base e em comum o Fosetil-Al(produto sistmico preventivo), so extremamente importantespara um bom arranque fitossanitrio da vinha pela sua actuao emduas vias:

    1. Directamente sobre os fungos que combatem;

    2. Potenciando as defesas naturais das plantas a a taques adversos.

    Seguro Vitcola de Colheitas 2014

    Mldio da Videira

    No mbito da parceria que vem sendo mantida entre a CVRVV e aCA Seguros, seguradora do grupo Crdito Agrcola, a Regio dosVinhos Verdes encontra-se coberta por uma aplice colectiva deSeguro Vitcola de Colheitas (SVC).

    Este mecanismo de apoio, que suportado pela CVRVV ecomparticipado pela Unio Europeia, tem como objectivocontribuir para proteger os rendimentos dos produtores, casosejam afectados por catstrofes naturais de natureza climtica,fenmenos climticos adversos, tais como o granizo, geada,incndio, raio, tornado, tromba de gua e queda de neve. para o

    efeito, o Prejuzo Mnimo Indemnizvel contratado pela CVRVV de 30% do Capital Seguro por verba segura.

    Quem fica abrangido?Todos os Produtores/Vitivinicultores da Regio Demarcada,inscritos na CVRVV que, nos ltimos 6 anos, tenham manifestadoa sua produo pelo menos duas vezes, sendo uma delas a ltimacampanha.

    No ficam abrangidos os produtores que:

    No tenham apresentado Declarao de Colheita e Produoou que o tenham feito aps o dia 31 de Dezembro;

    Tenham declarado toda a sua produo para auto-consumo;

    Tenham apresentado a sua Declarao de Colheita e Produo comproduo zero na campanha 2013/2014, excepto no caso de teremparticipado um sinistro aceite pela Seguradora no ano de 2013;

    No tenham a situao regularizada perante o IFAP e nopossuam o IB actualizado;

    No tenham as suas parcelas inscritas no Registo CentralVitcola do IVV.

    No entanto, podem beneficiar do seguro, suportando o custode adeso, os Produtores/Vitivinicultores que, no estandoabrangidos pela comparticipao da CVRVV, assim o pretendam.

    Em qualquer dos casos, os viticultores tm que estar inscritos noIFAP e ter o respectivo nmero de Identificao de Beneficirio(IB) actualizado. Devero tambm ter obrigatoriamente includasas suas parcelas no Registo Central Vitcola(RCV).

    Que quantidade de uvas est segura (em

    Kg) e a que preo?A quantidade de uvas a segurar determina-sepela mdia aritmtica simples das produes(em Kg) declaradas nos ltimos 6 anos. Nocaso de no haver ainda 6 anos de produesdeclaradas, a quantidade das uvas seguras obtida dividindo por 6 o total das produesmanifestadas. O preo base por Kg de uvasseguras, para toda a Regio, de 0,22 quer setrate de uvas brancas ou tintas.

    Pode alterar-se a quantidade segura ou o preo da uva?Sim, mas sempre antes da ocorrncia de qualquer sinistro e atdata estipulada, sendo que, para o efeito, dever-se- contactar aCVRVV .

    A quantidade segura apenas poder ser aumentada at 20% daproduo segura at ao limite mximo do rendimento por hectare.Os valores a pagar pelos aumentos so da inteira responsabilidadedo Vitivinicultor/Produtor, tendo o seu pagamento que serefectuado no acto da subscrio.

    Excepcionalmente, pode realizar-se um aumento superiora 20% da produo segura quando:

    O Vitivinicultor/Produtor tenha adquirido mais parcelas oualargado a sua rea de produo;

    Tenha vinhas novas (decorridos 3 anos da sua plantao) queneste ano apresentem maior produo.

    A produo segura no pode, em qualquer caso, exceder olimite da capacidade de produo paraVINHO VERDE, registada na CVRVV, deacordo com o limite do rendimento porhectare em vigor na regio, sendo os

    aumentos integralmente suportados pelosVitivinicultores/Produtores.

    O que fazer em caso de sinistro?Basta efectuar, no mais curto espao detempo e nunca depois de trinta dias apsa ocorrncia dos danos, uma Participaode Sinistro, disponvel atravs de umaaplicao online, na CVRVV-Porto e nasDelegaes Concelhias. O Seguro vigoraat vindima. Independentemente da

    vindima, o Seguro termina a 31 de Outubro de 2014.

    Onde se deve dirigir para tratar de qualquer assuntorelativo ao Seguro?Aos servios da CVRVV-Porto, bem como s suas DelegaesConcelhias ou aos servios das Adegas Cooperativasaderentes. Qualquer esclarecimento adicional pode ser obtido,gratuitamente, atravs do nmero 808 105 704, com atendimentopersonalizado nos dias teis das 9h00 s 17h00. Podero aindaser remetidos pedidos de esclarecimento via e-mail para info@

    vinhoverde.pt.

    2

    1

    Lino Viegas Afonso CA Seguros

    SAPEC AGRO PORTUGAL

    Fecho dos Cachos - Pintor

    Aps o fecho dos cachos, aconselhvel iniciar a utilizao do cobre,quer sob a forma de oxicloreto:Cuprital(3 a 6 kg/ha), Cuprital SC (3

    kg/ha), quer sob a forma de hidrxido: Kados(3kg/ha).Caso o mldio esteja mais agressivo ou as condies climatricassejam mais propcias doena, nomeadamente pela queda dechuva ou ocorrncia de trovoadas, h que recorrer a produtos quecontenham, alm do cobre, uma aco penetrante, como o caso doVitipec C(3kg/ha) e do Vitipec C WG Advance(3kg/ha).

    As vantagens do cobre so sobejamente conhecidas, mas nopodemos deixar de referir a sua aco indirecta sobre diversas pragase doenas (ex: traa, odio), pelo endurecimento da pelcula do bagoe tambm no contributo positivo para o atempamento das varas.

    Tal como sempre referimos, no h receitas fixas, sendo que autilizao dos produtos fitofarmacuticos dever ter sempre emconsiderao a especificidade de cada um deles, bem como a alturaideal para a sua aplicao.

    Nesse sentido fica, desde j, a nossa disponibilidade para ajudar,chamando a ateno para o nosso site na internet - www.sapecagro.pt -onde encontrar informao actualizada.

    Bago de Ervilha

    Passando a fase da florao / alimpa, os crescimentos tornam-se, emregra, menos exuberantes e, por conseguinte, no sero to impor-tantes os tratamentos com produtos sistmicos. Assim, possvelvoltar aos produtos penetrantes, procedendo aplicao de VitipecAzul(2 kg/ha) ou Vitipec WG Advance(1,5kg/ha) para o controlodo mldio.

    A escolha dever passar do Ekyp Combi Azulpara o Ekyp TrioAzul sempre que a presso da doena seja muito elevada e a vinhatenha estado sem tratamento durante fases propcias doena.

    A aco anti-esporulante destes produtos uma referncia nomercado e uma das mais importantes ferramentas no controlo domldio.

    Cachos visveis Botes forais separados

    Caso se verifiquem condies favorveis ocorrncia de infecesprimrias de mldio (osporos maduros, precipitao de 10 mm em48 horas e temperatura superior a 10C) continuar com o MaestroM(400 g/hL), Maestro F WG Advance(300 g/hL) ou aplicar Viti-pec WG Advance (150g/hL) ou Vitipec Azul(200 g/hL).

    Tambm poder optar pelo Vitipec Gold WG Advance (300 g/hL) o qual, merc da aco conjunta de 3 substncias activas ser asoluo ideal para situaes onde haja a possibilidade de existnciade infeces latentes por descuido nos tratamentos ou fases de in-feco a descoberto tendo, ainda, a grande vantagem de apresentaruma aco curativa, preventiva e de contacto.

    Florao Alimpa

    Fase de elevado crescimento vegetativo e elevada susceptibilidade daplanta, associada, normalmente, a condies climatricas favorveis ocorrncia de ataques de mldio: recomenda-se a aplicao de umanti-mldio sistmico (sistmico curativo), nomeadamente EkypCombi Azul(2kg/ha) ou Ekyp Trio Azul(2,5kg/ha).

    Vinho Verde:nica Regio com seguro

    colectivo de colheitas

  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

    7/87

    Maior densidade garante maior produo?

    O Cadastro da Vinhana Regio Demarcada dos Vinhos Verdes

    Esta uma das questes mais interessantes em debate na regio nestemomento. certo que precisamos de aumentar a produtividade, queneste momento est prxima das 4 toneladas por hectare. A lei jpermite certificar uvas com produes at 13,5 toneladas por hectaree em breve permitir at 15 toneladas por hectare. Ao contrrio doque era hbito na regio, vemos agora o aparecimento de vinhas com4.000 ou mais plantas por hectare, dispostas de metro a metro.

    Justifica-se aumentar a densidade para produzir mais? Recolhemos aopinio de quatro tcnicos com muita experincia na regio.

    Joo Pereira - Adega Coop. de Ponte da BarcaEste assunto j se encontra ultrapassado noutras regies. Noentanto, na RDVV ainda um tabu. Em resultado de alguns ensaiosna regio elaborados pela DRAPN, EVAG e por empresas e/ouagricultores particulares, temos assistido a uma nova viticultura.No existindo ainda um modelo ou valor de densidade concreto ouideal, este valor depender certamente de vrios factores de ordemtcnica e ambiental, nomeadamente: fertilidade do solo, exposio,orientao, casta, porta enxerto, etc..

    Passo a descrever as principais vantagens/desvanta-gens relativamente ao aumento de densidade.

    Vantagens: podemos atingir o limite mximo daprodutividade legal logo ao 3 ano de plantao. Comeste aumento de densidade, conseguiremos tambmmanter uma homogeneidade quer da produo, quer

    da qualidade ao longo de todo o perodo de vida donosso vinhedo.

    Desvantagens: ligeiro aumento dos custosrelacionados com a plantao, resultado do aumentodo nmero de plantas e respectiva plantao. Casoo compasso/densidade no seja bem ponderado e/ou ensaiado,

    pode existir algum risco de controlo de vigor das vinhas que, emalgumas campanhas, pode originar um aumento do desavinho e umincremento da incidncia de algumas doenas.

    Tendo em conta que no existe um sistema de conduo perfeito eque na actualidade no existe grande margem para o aumento do

    preo da uva, os viticultores tm que se virar para um a maximizaoda produtividade sem grandes perdas de qualidade, acompanhada

    por uma efcaz reduo dos custos. Assim sendo, temos que atingiro mximo legal de produo de uvas por hectare o mais cedo

    possvel. Considero que a regio pode e deve aumentar a densidadede plantao pelos argumentos anteriormente descritos. Mas cadatcnico ou viticultor que tem que ponderar e ensaiar a densidade e/ou sistema de conduo mais efcaz na sua empresa.

    Ricardo PedrosaPara melhorar a produtividade das vinhas na Regio dos VinhosVerdes e para atingirmos produes superiores s 14 ton/ha, entreum conjunto de aspectos que esto interligados e citando os que

    me parecem mais importantes, devemos elevar a carga poda paravalores na ordem dos 75000 a 100000 gomos por hectare. Issoconsegue-se optando por sistemas de poda mistos vara talo. importante utilizar sistemas de conduo e compassos adequados aesse objectivo de forma a permitir este tipo de carga poda e mesmoassim manter a vinha ecofsiologicamente equilibrada. Utilizar castas

    produtivas com boa seleco dos clones e enxertados em porta-enxertos equilibrados, mas de certa forma, indutores de produo.

    Aumentar a fertilidade dos solos (pH, macro e micronutrientes)sem nunca descuidar a matria orgnica e a adubao azotada quedeve existir. Mas deve ser equilibrada, sem originar consumo deluxo por parte da videira. Assegurar um regime hdrico adequado videira, sobretudo entre a alimpa e o pintor. Retirar a competio dasinfestantes na linha das videiras e manter a entrelinha enrelvada comuma ora equilibrada, devendo esta ser utilizada com o objectivoconcreto de trabalhar o vigor da vinha. Optar por intervenes emverde correctas e no permitir infeces de doenas criptogmicasou pragas acima do nvel econmico de ataque.

    Tendo em conta estes aspectos, possvel melhorar a produo dasvinhas com menor ou maior densidade de plantas por hectare.

    A meu ver, aumentar a densidade de plantao uma ferramentaao dispor do viticultor, interessante sobretudo em solos de encosta,com menor fertilidade e disponibilidade hdrica, devendo-se optar

    por densidades mais baixas de forma a diminui r riscos inerentes aoexcesso de vigor em solos de aluvio ricos em matria orgnica edisponibilidade de gua, que constituem uma boa parte dos vales daRegio dos Vinhos Verdes.

    Maria Jos Machado Aveleda, SAO aumento do nmero de plantas por hectare surge como umaforma de aumentar a produo e melhorar a qualidade. verdadeque implica um acrscimo das despesas quer no momento doinvestimento inicial pelo maior nmero de plantas, postes earames que necessita, quer pelo aumento das horas de mo-de-obra exigidas no decurso dos trabalhos anuais vitcolas. Por outrolado, proporciona produes mais elevadas sem diminuio dos

    parmetros de qualidade.

    Os sistemas de plantao com densidades maiores trazem vriasvantagens, nomeadamente: o preenchimento do cordo mais rpido(ao 4 ano aps a instalao est j em plena produo); reduodos problemas de acrotomia, evitando o desguarnecimento docordo com a idade; aumento do volume de tronco por hectare,

    proporcionando maiores reservas; maior densidade e profundidadedo sistema radicular, permitindo maior resistncia seca e melhorabsoro de elementos; maior superfcie foliar exposta e, como

    consequncia, melhor processo de maturao e maior quantidadede reservas. E, por fm, menor produo por videira, permitindomaior longevidade da planta.

    Pedro Lamas Terras Felgueiras-Caves Felgueiras, CRLO aumento da produtividade da vinha , na Regio dos VinhosVerdes, um tema complexo e ser um pouco redutor centralizarapenas a questo na densidade de plantao. Exemplo disso soas vinhas em produo com 10, 15 e 20 anos de idade instaladascom densidades entre as 1333 e 1667 plantas/hectare - a maioria

    sem sistem as de rega e produti vidad es frequen temente acimade 11 a 13 toneladas por hectare, assim como teoresalcolicos acima dos 10% vol..

    A Regio dos Vinhos Verdes caracter iza-senormalmente por vinhas com alguma expansovegetativa ou vigor. O adensamento de plantas podeimplicar alteraes no sistema de conduo e algunscuidados acrescidos nas intervenes em verde,

    sendo mesmo desacon selha do em castas como

    o Azal, Espadeiro e at o Alvarinho. No entanto, alocalizao, a exposio da vinha e as caractersticasdos solos so factores em prol das altas densidades,no caso de vinhas de encosta expostas a Sul-Poentee solos pobres de origem grantica. Os sistemas derega, cada vez mais vulgarizados nas vinhas novas,

    podem t ambm interf erir n a decis o do m elhor co mpass o.

    Julgo que o e studo des te tema in iciado h algun s anos na DRAPN ena EVAG ter que ter continuidade por mais anos, para obtermosconcluses mais fundamentadas da densidade de plantaoversus rendimento, custos de produo e qualidade das uvas/ vinho. O trabalho de seleco clonal das variedades iniciado

    pelas mesma s Entid ades e outras crucia l para a quest o daproduti vidad e, tal como acontece nas Regies Vitcol as maisimportantes do mundo.

    Em concluso, creio que este tema actualmente deve ser pautadopelo E QUILB RIO n o ecoss istema vinha e n o por tendnc ias. Porisso, a casta, o porta-enxerto, a localizao da vinha , o tipo de solo,a disponibilidade de gua, a mecanizao, a carga poda e outrosfactores podem originar vrias vinhas com diferentes densidadesde plantao e todas com alta produtividade.

    Ponto de partida para a certificao das uvas e para aferira rastreabilidade do vinho, o cadastro da Vinha umficheiro no qual encontramos informao detalhada sobrecada vinha, rea, localizao georreferenciada, castas emproduo, titulares e direitos de plantao e quem faz a suaexplorao.

    Com uma ligao informtica entre o Ministrio daAgricultura, balces de atendimento da DRAP-NORTE e aCVRVV, este ficheiro lder nacional pela actualizao diriae rigor com que opera: um s ficheiro utilizado por todasas entidades, no mbito das suas competncias.

    Na Regio dos Vinhos Verdes, foram criados mecanismos quepermitiram reforar a competitividade, atravs de sistemade controlo suportado em memria electrnica eficientee econmica, nomeadamente nos aspectos que permitemdesburocratizar os processos de condicionamento vitcola,garantindo um cadastro actualizado do patrimnio vitcola(direitos e plantaes) e registo dos movimentos culturais(arranque, plantao ou transferncia), identificando ecertificando as vinhas existentes, com informao de baseterritorial, caracterizando-as quanto altitude, exposio,

    qualidade do solo, etc., e disponibilizando essa informaoaos operadores econmicos.

    A parceria estabelecida entre o Instituto da Vinha e do Vinho(IVV) e a Direco Geral de Agricultura e Pescas do Norte(DRAPN), entidades envolvidas nos processos de aprovaoe de certificao das vinhas aptas produo dos vinhos,permitiram que a Comisso de Viticultura da Regio dosVinhos Verdes (CVRVV), entidade gestora da Denominaode Origem Vinho Verde e da Indicao Geogrfica Minho,optimizasse os procedimentos de certificao e controloda vinha, sendo a informao das parcelas de vinha tratadade uma forma automatizada e descentralizada.

    Manter o cadastro da sua vinha actualizado essencial paraa valorizao da sua produo.

    Visite um dos balces da DRAP Norte e verifique se ocadastro, no s nas reas mas tambm na identificao dascastas que tem em produo, se encontra actualizado.

    EM DEBATE

    Informao georreferenciada associada a um explorador.

    Jos Lus Reis - Academia do Vinho Verde- CVRVV

    A sede da SAPEC Agro, sita ao Parque das Naes em Lisboa, foi olocal escolhido para a assinatura formal do protocolo de colaboraoentre a CVRVV e a SAPEC para o ano de 2014, uma parceria que semantm j h vrios anos e que visa a realizao de aces conjuntaspara a formao e apoio viticultura.

    No mbito deste protocolo, a CVRVV realiza anualmente mais deuma dezena de reunies e aces de formao em toda a regio,abrangendo largas centenas de produtores, bem como iniciativasinovadoras como o lanamento deste jornal Boas Vinhas que ,logo no primeiro nmero, o jornal agrcola com mais tiragem no pas.

    objectivo comum da CVRVV e da SAPEC que estas iniciativaspossam contribuir para o sucesso da viticultura, que se pretenderentvel para o produtor e baseada em princpios de sustentabilidadee responsabilidade ambiental.

    CVRVV E SAPEC assinam Protocolo para a viticultura

    A REGIO EM NMEROS86.136 parcelas21.000 ha de vinha19.472 viticultores / exploradoresTop 4 das castas mais representativas do encepamento da regio:

    Loureiro 2839 haVinho 1977 ha

    Arinto / Pedern 1910 ha Alvarinho 1614 ha

  • 7/23/2019 Boas Vinhas - Edio 1 - Julho 2014

    8/8

    ROTA DOS VINHOS VERDESO PalcioEdificado no incio do sculo XIX, o Palcio da Brejoeira, classificadocomo Patrimnio Nacional desde 1910, reveste-se de especialimportncia por representar o encontro entre dois estilos - Barrocoe Neoclssico.O bosque e os jardins, em perfeita harmonia com as vinhas quecircundam a Quinta, reflectem o ambiente vitivincola de ondeprovm, atravs da casta Alvarinho, a prestigiada marca Palcio daBrejoeira (Vinho e Aguardentes). um conjunto notvel Palcio, capela, bosque, jardins, vinhas eadega antiga, que seduz e encanta pela harmonia que dela emana.

    Datada de 1806, o incio da sua construo, concluda em 1834. Em1908 edifica-se o teatro, revestem-se as paredes do trio e escadariade azulejos e, no exterior, reforma os jardins e o bosque riqussimoem espcies exticas, construindo ainda um belo lago. Em 1937,Francisco de Oliveira Paes adquire para oferecer sua filha, actualaccionista da Sociedade Annima, que entretanto se constitui naencantadora Quinta do Valle da Roza, actual Quinta da Brejoeira.Tudo aqui palaciano e pode ser visitado.

    Percurso SugeridoO percurso pedestre do Palcio da Brejoeira leva-o ao corao daQuinta. Encontram-se caminhos atravs da floresta fresca e frondosa,avenidas de rvores antigas, o jardim dos cisnes, o jardim das camlias,um lago secreto com a sua Ilha do Amor, que nos transportam para umcenrio paradisaco e inolvidvel. O ginsio, a torre branca do pombal,a Capela de S. Francisco, as fontes, as esttuas, etc., conferem-lhe umestilo que se enquadra perfeitamente num ambiente palaciano da poca.No bosque entramos num ambiente diferente, mgico, onde sobressaium osis verde e fresco, que nos transmite tranquilidade e relaxamento.Continuando o percurso, deparamos com uma vegetao bastantedensa, sob coberto de um ar voredo de diversas espcies como a sequoia-

    gigante, a maior espcie de rvores do mundo. De seguida, o percursoleva-o a passar pela a dega antiga, pela recepo e respectiva loja. Termineo seu percurso com uma prova do to Nobre Vinho Alvarinho Palcio daBrejoeira e Aguardentes.

    Horrio de FuncionamentoDe Maio a Setembro:Aberto todos os dias, das 9h00 s 12h30 e das 14h00 s 18h00

    De Outubro a Abril:De tera a domingo, das 9h00 s 12h30 e das 14h00 s 18h00

    Palcio da Brejoeira

    Provrbios da Vinha e do Vinho

    GUA DE S. JOO TIRA O VINHO E NO D PO.

    NO DIA DE SANTIAGO (25/07) PINTA O BAGO.

    NO DIA DE S. LOURENO (10/08) VAI VINHA E ENCHE O LENO.

    POR S. SIMO E S. JUDAS (28/10) COLHIDAS SO AS UVAS.

    NO DIA DE S. MARTINHO (11/11) VAI ADEGA E PROVA O VINHO.

    VINHA QUE REBENTA EM ABRIL D POUCO VINHO PARA O BARRIL.

    AT S. PEDRO, TEM A VINHA MEDO.

    MAIO FRIO E JUNHO QUENTE: BOM PO, VINHO VALENTE.

    VINDIMA MOLHADA, PIPA DEPRESSA DESPEJADA.

    AT AO LAVAR DOS CESTOS VINDIMA.

    Palcio da Brejoeira -Viticultores, SAQuinta da Brejoeira - Pinheiros4950-660 Mono

    Tel (+351)251666129Fax (+351)251 667 238Email [email protected] [email protected] www.palaciodabrejoeira.ptGPS 42.041594,-8.494438

    GASTRONOMIA E VINHO VERDE:o chef aconselha

    Chefe de cozinha- Hlder Rodrigues

    Restaurante O LaranjeiraRua Manuel Espregueira, 24 4900-318 Viana do Castelo

    t.: 258 822 258 . tlm.: 966 717 [email protected] www.olaranjeira.com

    Chefe de cozinha- Hlder Rodrigues

    Ementa de Cozinha Tradicional

    Vinho proposto: Vinho Verde da Casta Azal.Harmonizao:Para acompanhar a gulosa empanada de bacalhaue grelos sugerimos um Vinho Verde leve, com a frescura e aromasctricos da casta Azal, que harmoniza na perfeio a untuosidade doazeite do bacalhau envolvido pela massa intensa da empanada.

    IngredientesMassa:Farinha 150 g; Margarina 50 g; gua 2 dL; Sal q.b.Recheio:Bacalhau 200 g; Grelos cozidos 100 g; Pimento vermelho 25 g; Cebolagrande 1 uni; Azeite q.b.; Sal q.b.; Aafro q.b.; Ovo 2 gemas

    PreparaoMassa:Numa tigela junta-se a farinha, o sal e a margarina derretida.Envolve-se tudo muito bem e, aos poucos, vai-se adicionando a

    gua, envolvendo-a na massa continuamente at formar uma bolaconsistente. Deixa-se repousar cerca de 30 minutos.Recheio: Num tacho coze-se o bacalhau. Uma vez cozido, retira-see lasca-se. Reserva-se a gua da cozedura. Seguidamente numa sertcoloca-se o azeite e a cebola s rodelas finas. Deixa-se estrugir e enquantoisso leva-se picadora o bacalhau. De seguida junta-se este ao estrugido,com o pimento vermelho picado (pequenos cubos), adicionando, senecessrio, um pouco da gua da cozedura. Envolve-se bem, tempera-sede sal e polvilha-se com o aafro. Por fim, juntam-se os grelos j cortadosem pequenos pedaos envolvendo tudo. Estende-se a massa numa basede forma de tarte redonda (cerca de 25 cm de dimetro), previamentepolvilhada com farinha. Deita-se o recheio e espalha-se uniformementeat cerca de 0,5 cm da borda. Estende-se mais um pouco de massa parafazer a tampa e coloca-se por cima pressionando com os dedos a toda avolta de forma a unir as massas. Pincela-se a tampa com gema de ovo e vaiao forno a 190 C cerca de 15 minutos.

    Vinho proposto:Vinho Verde Alvarinho.Harmonizao:Rendidos sardinha, sugerimos um arroz caldosoda mesma, bem pequenina, e para acompanhar propomos umvinho de casta Alvarinho. Uma colheita menos recente de Alvarinhoapresenta uma evoluo e complexidade aromtica em garrafa muitointeressante, que vai harmonizar com elegncia os sabores intensosa mar do arroz malandro e da petinga. Por outro lado, a delicadezaem boca deste vinho, aliada a uma boa frescura sempre presente, vaifazer a ponte perfeita para a cremosidade do arroz e gordura naturaldo peixe.

    IngredientesPetingas 20; Pimento vermelho picado 50 g; Arroz agulha 200 g;Tomate picado 30 g; Pimento-doce q.b.; Cebola pequena 1; Coentrosfrescos q.b.; gua 1 L; Sal q.b.

    PreparaoNum tacho coloca-se a cebola e o pimento picados e pe-se a estrugircom o azeite. Um pouco depois acrescenta-se o tomate. De seguidaadiciona-se a gua e o pimento-doce. Quando levantar fervuracoloca-se o ar roz e o sal a gosto. Envolve-se suavemente e deixa-se cozerum pouco. A meio da cozedura juntam-se as petingas e os coentrospicados. No final, polvilha-se um pouco mais com coentros.

    Vinho proposto: Aguardente Bagaceira ou Aguardente de VinhoVerde envelhecida.Harmonizao: A torta que sugerimos, de toque um tudo-nadaconventual, de intenso sabor a laranja. A acompanh-la atrevemo-nosa servir uma aguardente envelhecida bem refrescada (inferior a 10C). Uma combinao perfeita pela forma delicada e vibrante comque a aguardente refrescada ameniza a doura da torta e enlaa ossabores da laranja com os seus aromas de fruta cristalizada, fruto doenvelhecimento em barrica.

    IngredientesAcar 300 g; Farinha 2 colheres de sopa: Ovos 6; Fermento 1 colherde ch; Laranja e raspa de laranja 1 a 2.

    PreparaoNuma bacia colocam-se os ovos inteiros, o acar, a raspa e o sumo

    de laranja e envolve-se um pouco. De seguida adiciona-se a farinha e ofermento e mexe-se bem. Deita-se o preparado numa forma (20 x 20cm) previamente untada com manteiga e revestida com papel vegetal,igualmente untado que e vai ao forno cerca de 20 a 25 minutos a 190 C.Depois de cozida, deposita-se a pasta num papel vegetal polvilhadocom acar. Com o auxlio do papel enrola-se de modo a ficar bemapertada. Por fim, decora-se com laranja s rodelas com a casca.

    Entrada:EMPANADADE BACALHAUCOM GRELOS

    Prato principal:ARROZMALANDRODE PETINGAE PIMENTOS

    Sobremesa:TORTADE LARANJADA D. PAULA

    Adaptao do Guia do Concurso de Vinhos Verdes e Gastronomia, CVRVV, edio 2012.