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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE EDUCAÇÃO Curso de Pós - Graduação Lato Sensu Docência e Escola Básica VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores. NITERÓI 06/2011

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Page 1: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Curso de Pós - Graduação Lato Sensu Docência e Escola Básica

VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO

BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores.

NITERÓI

06/2011

Page 2: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO

BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Docência e

Educação Básica da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção de título de

Especialista.

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª REJANY DOS SANTOS DOMINICK

NITERÓI

06/2011

Page 3: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO

BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Docência

e Educação Básica da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção de título

de Especialista.

Aprovada em março de 2011.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof.ª Dr.ª REJANY DOS SANTOS DOMINICK – Orientadora

____________________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª ANGELA MEYER BORBA – Pareceirista

_____________________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Rosângela – Parecerista

NITERÓI

06/2011

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AGRADECIMENTOS:

A Deus pela sua presença na minha vida;

Ao meu esposo Weslley pelo apoio e idéias;

Às blogueiras Cida, Andreza e Érika pela ajuda;

À professora Rejany Dominick que acolheu meu trabalho.

Page 5: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

RESUMO

O mundo globalizado vem sofrendo diversas transformações por conta do uso das novas tecnologias da informação e comunicação e tais mudanças acabam por interferir no mundo escolar e, principalmente, em seus principais sujeitos: alunos e professores. Aqui o foco principal é a docência e como estas novas formas de comunicação podem interferir no trabalho e formação docente. Esta monografia procura focar o estudo de alguns blogs escritos por profissionais do ensino fundamental. Estes espaços têm se mostrado um canal de comunicação entre as pessoas que os escrevem e aqueles que os acessam. O trabalho procura perceber o perfil dos escritores e leitores dos blogs aqui analisados. Para tal, realizou-se entrevistas com três blogueiras e também uma breve análise das mensagens postadas nos espaços pesquisados. Em relação às pessoas que acessam os weblogs escritos por profissionais da educação foi feito um questionário online. Os blogs pesquisados foram: ABC da professora Érika, Diálogo e Educação, e Meus Trabalhos Pedagógicos. Para compreender e relacionar o desenvolvimento de novas tecnologias da informação com as transformações sociais e seus reflexos nos sujeitos da escola dialogamos com Tapscott (2010), Demo (2006) e Libâneo (2009). Realizou-se uma apresentação panorâmica da presença das novas tecnologias no mundo e no Brasil e uma analise de como tal presença tem afetado a todos, criando uma nova cultura: a cibercultura.

Palavras-chave: Tecnologia. Blog. Professor.

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SUMÁRIO

Introdução 6

1. O que é tecnologia? 11

1.1. As novas tecnologias e a realidade atual 12

1.2. Desenvolvimento tecnológico e a Geração Internet 13

1.3. O Brasil e as novas tecnologias da informação e comunicação 15

1.4. A escola no novo cenário tecnológico 17

2. Blogs: Um espaço de comunicação na internet 24

2.1. O que são blogs? 24

2.2. Blogs e educação 26

3. A pesquisa 28

3.1. Questionário on line 29

3.1.2. Análise dos dados do questionário 32

3.2. Os blogs e seus conteúdos 37

3.2.1. Blog Diálogo e Educação 37

3.2.2. Blog Meus Trabalhos Pedagógicos 39

3.2.3. Blog ABC da Professora Érika 41

3.3.4. Considerações sobre os blogs e as entrevistas com as blogueiras 48

4. Considerações finais 50

5. Bibliografia 55

Page 7: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

Introdução

No fim do primeiro semestre de 2008 graduei-me em Pedagogia. Logo em seguida

iniciei uma pós Lato-Sensu e comecei a me preparar para os concursos na área da educação.

Passei no concurso para o cargo de Professor II, na cidade de Rio Bonito. No segundo

semestre de 2009, entrei pela primeira vez em uma sala de aula como professora. Antes só

havia trabalhado com crianças na função de bolsista do grupo de pesquisa CABE (Centro de

aprendizagens, pesquisa e extensão: cultura, corpo, arte e brinquedo em educação), na

brinquedoteca do Colégio Universitário Geraldo Reis, em Niterói, Rio de Janeiro.

Entrei na sala de aula sem experiência prática, mas amparada pela vivência e pelo

conhecimento adquirido no tempo em que trabalhei na brinquedoteca, com os

conhecimentos teóricos ministrados nas disciplinas da graduação em Pedagogia e com as

experiências vividas nas Atividades e Pesquisa e Prática Pedagógica (P.P.P)1. Confesso que

me sentia despreparada para ir para a sala de aula. Eu sabia muita teoria, mas sentia falta da

prática pedagógica. Às vezes assistia às aulas na faculdade e me perguntava, se todo aquele

conhecimento iria me ajudar na hora que eu caísse na sala de aula e tivesse que lidar com um

monte de crianças. Eu me sentia preparada, por conta da minha formação, para dar aula

sobre as teorias pedagógicas, mas não para entrar em uma escola e trabalhar no dia a dia

1Atividades e P.P.P. são componentes do currículo de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense. P.P.P. é

apresentado como um eixo articulador do curso, percorrendo os nove períodos da graduação e que ―deveria

possibilitar o diálogo entre e com os demais componentes do curso, tanto no sentido vertical, como no sentido

horizontal do currículo‖ (DOMINICK, 2004, p. 2). Atividades é um componente curricular pedagógico-

cultural, e quando fiz o curso, também estava presente nos nove períodos. Busca um diferencial em relação a

sala de aula convencional, oferecendo ao aluno participar de ―diversos modos de expressão (oficina, video-

debate, seminário, excursões)‖(Apresentação do Curso de Pedagogia UFF, disponível em:

http://www.uff.br/facedu/index.php?option=com_content&view=article&id=5:niteroi&catid=3:graduacao&Ite

mid=8. Acesso em 19/03/2011).

Page 8: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

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com os alunos. Não me sentia professora de fato. Graduei-me com tantas habilitações

(Orientação, supervisão, administração escolar; magistério das matérias pedagógicas,

educação infantil e primeiro segmento do ensino fundamental), que acabei me sentindo

perdida com todas elas. Este sentimento me remete à pergunta de Libâneo e Pimenta (1999):

―É viável formar num mesmo curso, com duração de quatro

anos, o professor profissionalmente competente de 1ª a 4ª série e, ao

mesmo tempo, o pedagogo Stricto Sensu, também profissionalmente

competente naqueles campos profissionais mencionados?‖ (1999,

LIBÂNEO, PIMENTA, p.250)

Fui trabalhar em uma escola rural do município de Rio Bonito. Lá trabalhei com a

Educação Infantil, com uma turma multisseriada. A escola, por ser muito pequena, não tinha

coordenação pedagógica e nenhum tipo de apoio ao professor e, se quiséssemos algum

apoio, deveríamos marcar horários com a coordenadora pedagógica do Pólo, do qual a

escola fazia parte. Este ficava na Secretaria de Educação, no centro da cidade.

No primeiro dia de trabalho fui orientada pela direção para trabalhar com uma

abordagem construtivista. E aí, surgiram todas as dúvidas. Eu sabia o que era

construtivismo, já tinha lido muitos textos e feito muitos trabalhos sobre o tema na

faculdade, mas o que eu devia fazer com aquelas crianças? Como começar a construir o

conhecimento com elas? O que fazer, já que todas tinham níveis de desenvolvimento

diferentes? Quem me ajudaria? Na faculdade tinha aprendido as teorias. Mas como

empregá-las de fato? Que atividades preparar?

As professoras da escola eram todas novas, nenhuma com muita experiência em dar

aula, e nunca haviam trabalhado com a educação infantil. A diretora também não. Não tinha

livro didático e nenhum material de apoio para utilizar. A coordenação do Pólo ficava a mais

de uma hora de distância da escola, o que dificultava a minha ida até lá. Então, eu não tinha

muita ajuda por perto.

Foi na internet que pude encontrar ajuda de forma mais imediata. O Google foi de

grande ajuda nesse momento. No site encontrei blogs de professoras que davam dicas de

atividades para fazer com os alunos. Inicialmente usei atividades prontas, cópias de páginas

de livros e que eram desenhos para pintar, ou linhas para cobrir, ou para ligar. Levei-as

mesmo sabendo que aquilo não era construtivismo. Isso durou sete dias, mas foi a saída que

tive no momento de sufoco. Pedi algumas idéias a uma professora que trabalhou na escola e

Page 9: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

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que conhecia a turma. Ela me deu algumas dicas. Comecei, então, a planejar minhas

atividades de uma nova forma e procurei relacionar o que tinha visto nas aulas de Educação

Infantil, na faculdade, com o conhecimento que adquiri no grupo de pesquisa. Voltei aos

blogs em busca de novas atividades que pudesse adaptar à definição que eu tinha sobre o

construtivismo e às características da minha turma. A partir das dicas, comecei a construir as

minhas próprias atividades relacionadas ao perfil da turma. Quando pude, finalmente, me

encontrar com a coordenadora, ela disse que eu estava no caminho certo. Percebi, então, que

eu começava a fazer um bom trabalho e começava a construir a minha prática pedagógica,

fazendo uma relação com a teoria, a vivência da sala de aula e a pesquisa nos blogs.

No ano seguinte fui trabalhar em outra escola da mesma cidade, no entanto com um

contexto bem diferente. A escola era próxima ao centro da cidade. Esta tinha mais alunos

que a primeira, e estes eram bem diferentes em relação ao comportamento. Ainda era uma

turma de educação infantil, mas não era multisseriada, contudo, o nível de desenvolvimento

e os conhecimentos dos alunos eram muito mais diversificados do que o encontrado na

escola anterior, que era realmente multisseriada. Na verdade, parecia até que a segunda

turma era multisseriada e a outra não. Na primeira turma tinha sete alunos com idade entre 3

e 5 anos. Na segunda, havia 21 crianças entre 4 e 5 anos.

Nessa nova escola alguns professores se prontificaram a me ajudar e tinha uma

orientadora pedagógica que ―estava‖ na escola uma vez por semana. No primeiro dia de

trabalho as professoras me deram vários modelos de atividades mimeografadas com linhas

para cobrir, desenhos prontos para pintar e etc. Pensei, então, que apesar da Secretaria de

Educação indicar o construtivismo como linha de atuação nas escolas, ali, naquela escola

não era assim que acontecia.

Comecei a usar aquele material com os alunos, mas logo percebi que não ia

funcionar. Era perda de tempo porque aquele material não permitia que eu trabalhasse com

todos ao mesmo tempo na sala de aula permitindo que cada um se desenvolvesse no seu

ritmo. Resolvi voltar à forma como eu trabalhava na outra escola, só que dessa vez o cenário

era muito diferente, então precisei de novas idéias para poder desenvolver com aquela

turma. Voltei ao meu ponto de partida e, novamente, os blogs se tornaram canal de pesquisa.

A partir do material que encontrei nestes espaços comecei a planejar as atividades para a

turma, de forma que dialogasse com o nível de desenvolvimento de cada um.

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Navegar pelos blogs criados por professores me mostrou uma nova realidade. Pude

ver que existem muitos profissionais interessados em compartilhar com os colegas de

profissão suas experiências e, assim, aprendemos uns com os outros e ajudando àqueles com

pouca ou nenhuma experiência, como era o meu caso. Algumas vezes, precisamos somente

de uma inspiração e de poder contar com a ajuda de colegas que têm prazer em

compartilhar suas idéias, trabalhos e conhecimento com outros professores. Vejam como

acontece esse diálogo2:

"Vera em 22/10/2010

Olá professora, tudo bem? Estou com uma dúvida. No começo do

ano que vem vou pegar uma sala para alfabetizar e gostaria de

começar com letras cursivas, é errado ter esse procedimento?

Profª Erika em 05/11/2010

Vera, para iniciar a alfabetização o ideal é a letra de forma, porque

tudo fora da escola é escrito com ela. Ela é mais significativa. Se

optar pela cursiva, use as 2.‖(http://abcdaproerika.blogspot.com/,

acesso em 15/11/2010)

―4 Out 10, 13:28

Paola Aguiar: É bom saber que aqui tem muitas coisas interessantes

para se trabalhar em sala de aula. Irei indicá-lo para minhas amigas

da faculdade de Pedagogia. ‖(http://dialogoeducacao.blogspot.com/,

acesso em 15/11/2010)

Por conta da ajuda que recebi das professoras blogueiras, decidi pesquisar sobre os

blogs escritos por docentes e sobre as pessoas que os acessam. Quero conhecer melhor o

perfil destas pessoas, analisar o que há nestes espaços, e o porquê das pessoas buscarem e

construírem estes blogs.

Vivemos em uma época onde praticamente tudo é ligado às novas tecnologias. O

acesso aos computadores e à internet tem se popularizado e os professores já estão

utilizando as novas ferramentas tecnológicas no seu dia a dia. Como e porque o professor

está buscando estes instrumentos digitais no seu processo de formação?

Estes foram os questionamentos que trouxe para este trabalho e que aprofundei a

partir de pesquisa bibliográfica, coleta de dados nos blogs e por meio de entrevista com as

blogueiras e professoras que acessam os blogs.

2 No texto a seguir foram feitas algumas correções para adaptar o texto à norma culta, não estando idêntico à

forma mais ágil de escrita da internet.

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No primeiro capítulo busquei explorar alguns conceitos de tecnologia e de novas

tecnologias para uma melhor compreensão do que acontece no Brasil e no mundo em

relação ao desenvolvimento tecnológico, tomando como base os autores Pierre Levy (1999)

e Don Tapscott (2010). O primeiro trabalha com os conceitos de ciberespaço e cibercultura

articulando-os com a produção e o uso do homem com as novas tecnologias. O segundo

autor cria o conceito de Geração Internet, referindo-se ao grupo de pessoas que nasceram e

cresceram junto com o desenvolvimento da Internet. Tais pessoas hoje se apresentam com

características diferentes da geração anterior a sua devido à relação da Geração Internet com

esta ferramenta tecnológica. Em seguida abordo a relação entre a escola e as novas

tecnologias e a importância do diálogo entre os indivíduos que compõe a escola e o

desenvolvimento tecnológico tendo como base teórica os autores Libâneo (2009) e Demo

(2006).

No segundo capítulo é apresentado o conceito de blog e o que o compõe, assim como

as várias formas como se apresentam este meio de comunicação na rede. Tive como apoio

teórico os autores Galdo (2009), Guedes (2010), Gutierrez (2004) e Prange (2003). Ainda

neste capítulo, discorro sobre o que são blogs educacionais e apresento uma classificação

destes espaços de acordo com Baltazar e Aguaded (2005).

No capítulo seguinte são apresentados os caminhos teórico-metodológicos da

pesquisa e os dados coletados. Apresento os dados coletados por meio de questionário

online, direcionado à profissionais da educação. É feita uma análise de 3 blogs educacionais.

Estes são escritos por duas pedagogas, uma atua como professora do ensino fundamental, a

outra trabalha como coordenadora de projetos de uma creche e a terceira é graduada em

Letras e trabalha como professora do ensino fundamental.

Os blogs escolhidos para a pesquisa estão disponíveis nos seguintes endereços:

http://abcdaproerika.blogspot.com/

http://dialogoeducacao.blogspot.com/

http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/

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1. O que é tecnologia?

Neste trabalho são abordados temas como blog e internet que fazem parte de um

grupo de novas tecnologias, as chamadas tecnologias da informação e comunicação, e que

estão se desenvolvendo de forma estrondosa, influenciando todas as esferas da vida humana,

sendo a educação uma delas. Para compreender melhor esse processo é importante saber o

que é tecnologia e como ela está presente em nosso cotidiano.

Quando ouvimos o termo tecnologia ele logo nos remete a modernos aparatos

eletrônicos, de última geração. Mesmo tudo isto sendo realmente tecnologia, o conceito é

mais abrangente. Desde os tempos mais remotos, tudo o que o homem cria, produz, é

tecnologia, desde a lança para caçar animais até as mais modernas armas de caça, por

exemplo. O que as diferencia é o modo como foram fabricadas e a época em que foram

fabricadas. Tecnologia seria tudo o que homem cria a partir do conhecimento cultural e

social, para solucionar problemas ou, realizar determinados objetivos. Siqueira (2008) traz

―o termo tecnologia como uma referência para o ato de organização ou de transformação

de elementos da natureza para atender às necessidades e aos propósitos do homem. Trata-se

de um enquadramento, de um desenho da realidade empreendido pelo homem.”. Levy

(1999) firma que tecnologias são produtos de uma sociedade, de uma cultura. Para

Rodrigues e Toschi (2003) o aparato tecnológico possui uma dimensão cultural, ética e

estética que traz agregado em si a dimensão cultural do conhecimento. Portanto, a tecnologia

vai além de uma dimensão física, não é a sua materialidade que a define, mas o sentido e o

uso que se tem e se faz dela. A tecnologia pode ser material ou não. Pode-se perceber essa

não materialidade na música ou na comunicação dos sinais da TV, por exemplo.

Para que a tecnologia seja produzida o homem utiliza-se da técnica, que seria o

meio, o caminho para a produção. Segundo Levy (1999) a técnica possui uma multiplicidade

de significações, o que a torna difícil de definir e dar-lhe um sentido único. Por trás dela

“agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de

poder, toda a gama dos jogos do homem em sociedade.” (LEVY, 1999, p. 24). Levy entende

que a ambivalência no significado da técnica se torna mais visível no mundo digital, uma

vez que ela está ligada a questões políticas, econômicas, sociais e científicas. Técnica e

tecnologia são produtos de uma sociedade e de uma cultura, elas agem sobre o homem e o

modifica, mas como produções humanas, vão sendo modificadas pelos homens. É um

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processo que está sempre em mutação.

Vive-se o boom de novas tecnologias, principalmente aquelas conhecidas como

tecnologias da informação e comunicação (TICs), dentre elas estão a informática, a internet,

a telefonia móvel, a TV digital etc. Nesse contexto surge o que Levy (1999) define por

ciberespaço, também chamado de rede, como novo meio de comunicação derivado da

interconexão mundial de computadores. Este espaço não abarca só a infra-estrutura material,

mas também o volume imenso de informações que abriga e as pessoas que participam desse

espaço e o alimenta. É um dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se

como um instrumento de inteligência coletiva, no qual os mais variados grupos trocam e

disponibilizam informações e conhecimentos. Junto com o crescimento do ciberespaço,

desenvolve-se um conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de

modos de pensamentos, de valores que se denomina Cibercultura (LEVY, 1999).

Neste novo espaço, onde todo tipo de informações são digitalizadas, ocorre uma

grande interação, troca, transferência, e modificação de informações. Segundo Levy (1999),

este pode vir a ser, no século XXI,―(...) o principal canal de comunicação e suporte de

memória da humanidade (...)‖.

1.1. As novas tecnologias e a realidade atual

Estamos na chamada ―Era da Informação‖, período que começou no início da década

de 1990 e estende-se até os dias atuais. A característica principal desse período é a rápida

mudança tecnológica. O mundo se transformou em uma verdadeira aldeia global com o

rápido e ascendente desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, de

forma integrada com a televisão, a telefonia e o computador. As informações chegam de um

lugar ao outro do planeta de forma muito rápida. Aconteceu a globalização política e

econômica, onde o conhecimento e as habilidades mentais tornaram-se fundamentais para o

mundo do trabalho (CHIAVENATO, 1999).

Todo desenvolvimento provoca mudanças no comportamento das pessoas e na sua

forma de se relacionar com ele e com o conhecimento, fazendo surgir diferenças entre

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gerações. Hoje, podemos falar em Geração Internet3, que se formou com o grande

desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comunicação. Esse grande

crescimento também afetou a população brasileira, que cada vez mais se insere no mundo

tecnológico e virtual, mudando, assim, a relação do brasileiro com o conhecimento e com a

informação. Essa mudança acaba influenciando o mundo escolar, que interage com os novos

cotidianos ao seu redor e precisa dialogar criticamente com eles, repensando o modo de

produzir diálogo entre os conhecimentos escolares e do mundo, bem como a formação

necessária aos professores que estarão trabalhando com estudantes das novas gerações.

1.2. Desenvolvimento tecnológico e a Geração Internet

A Geração Internet, de acordo com D. Tapscott (2010), autor deste conceito, é

formada por aqueles que nasceram de 1977 até 1997, período no qual a internet surgiu e

começou a ser utilizada de forma crescente, principalmente nos Estados Unidos. O

diferencial dessa geração é que ela assimilou a tecnologia da informação porque cresceu

com ela, diferente de seus pais, que faziam parte de outra geração, a dos Baby Boomers4. A

convivência com tal tecnologia liga esta geração à imagem da velocidade e liberdade. Para o

autor, os jovens da Geração Internet são emancipados e começam a transformar todas as

instituições da vida moderna. Estão substituindo uma cultura de controle por uma cultura de

capacitação.

Segundo Tapscott (2010), a Geração Internet pode ser descrita por oito

características que os diferenciam de seus pais:

Prezam a liberdade, e em especial, a liberdade de escolha;

Personalizam as coisas e querem apropriar-se delas;

São colaboradores naturais, que gostam de conversas e não de sermões;

Fazem análises minuciosas das pessoas e das empresas;

3 O termo Geração Internet encontra-se grafado conforme a grafia do texto original encontrado em:

TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: Como os jovens que cresceram usando a internet estão

mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010.

4 Geração nascida entre 1946 e 1964, período onde ocorreu uma explosão de natalidade após a II Guerra

Mundial. Essa explosão foi mais forte nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália. (2010, TAPSCOTT).

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Insistem na questão da integridade;

Querem se divertir no trabalho e na escola;

Percebem a velocidade como algo normal;

A inovação faz parte da vida.

Da Geração Tv para a Geração Internet aconteceu a passagem de uma mídia

difusora unidirecional para uma mídia interativa. A Geração Internet assiste menos televisão

e passa mais tempo na rede. De acordo com a pesquisa feita pelo Grupo NGenera5, quando

foi perguntado aos integrantes da Geração Internet, qual meio de comunicação podiam

dispensar, televisão ou internet, a televisão perdeu em todos os 12 países onde a pesquisa foi

realizada.

O uso de telefone doméstico para falar com os amigos diminuiu consideravelmente

segundo o estudo. Hoje se usa mais o Skype, G-talk, Facebook e outros espaços de

relacionamento. Atualmente, os celulares não servem somente para falar, eles são

multitarefa. No Brasil, de acordo com dados da pesquisa, cresce cada vez mais o número de

pessoas que possuem um celular. Os dados mostram que no país: existem mais linhas de

telefone celular, do que de telefone fixo. 78% dos jovens da Geração Internet enviam

mensagens de texto ou e-mail usando celulares, ficando na frente dos Estados Unidos (64%),

e atrás da China (95%), Japão (94%) e do Canadá (81%). No Brasil, De acordo com dados

do PNAD 20096, 57,7% dos brasileiros de 10 anos em diante têm uma linha pessoal de

telefonia móvel. Dentro desse grupo, de acordo com a pesquisa, as pessoas entre vinte e

trinta anos, são as que mais possuem celulares, e chegam a uma porcentagem maior que

70%.

O desenvolvimento tecnológico acontece em uma velocidade muito rápida. A

5 Pesquisa realizada entre os anos de 2006 e 2008, pelo grupo NGenera. Foram entrevistadas quase 10.000

pessoas de todo o mundo. Inicialmente entrevistaram 1.750 jovens entre 13 e 20 anos de idade, nos Estados

Unidos e Canadá. Depois foram entrevistados 5.935 integrantes da Geração Internet entre 16 e 29 anos de

idade em 12 países(Estados Unidos, Canadá, Rússia, China, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Espanha,

México, Brasil e Índia).

6 ―Trata-se de um sistema de pesquisas por amostra de domicílios que, por ter propósitos múltiplos, investiga

diversas características socioeconômicas e demográficas, umas de caráter permanente nas pesquisas, como as

características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação, e outras com periodicidade

variável, como as características sobre migração, fecundidade nupcialidade, saúde, segurança alimentar e

outros temas que são incluídos no sistema de acordo com as necessidades de informação para o

País.‖http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/default.shtm. Acesso

em 02/12/2010

Page 16: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

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internet nos seus primórdios era voltada para a navegação com busca de conteúdo. Hoje a

nova rede, a web 2.07, permite que as pessoas criem o conteúdo, há uma interação. Agora os

internautas colaboram entre si criando comunidades, redes sociais. A internet tornou-se uma

ferramenta de auto-organização. Para Tapscott (2010), a Geração Internet aumentou sua

inteligência com o fato de ter aprendido a acessar, selecionar, categorizar um mundo de

informações a que teve acesso. Para ele:

―Essa geração está transformando a internet de um lugar no

qual você encontra informações em um lugar no qual você

compartilha informações, colabora em projetos de interesse mútuo e

cria novas maneiras para resolver alguns dos nossos problemas mais

urgentes.

Uma maneira de fazer isso é criando conteúdo através de seus

próprios blogs ou em combinação com o conteúdo de outras pessoas.

Dessa maneira, a Geração Internet está democratizando a criação de

conteúdo, e esse novo paradigma de comunicação terá impacto

revolucionário em tudo que tocar – desde música e filmes até a vida

política, os negócios e a educação‖. (TAPSCOTT, 2010, p.54)

Apesar de o Brasil ter sido incluído na pesquisa realizada pelo Grupo NGenera, a

realidade do país, no uso das novas tecnologias da informação pela população,

principalmente pelo grupo que nasceu entre 1977 e 1997, é um tanto diferente em relação

aos outros países participantes da pesquisa, como é o caso dos Estados Unidos. Esse

conceito de Geração Internet para o Brasil se aplicaria a uma pequena parcela da população,

as camadas mais altas da sociedade, pois o acesso a computadores e à internet se

popularizou a pouco tempo no país, e muitos ainda não tem acesso a esses meios

tecnológicos.

1.3. O Brasil e as novas tecnologias da informação e comunicação

7 ―(...) um conjunto de ferramentas heterogêneas, on-line, que propiciam a interação e a colaboração entre

pessoas, por meio da Internet.‖ (2010, GALDO)

Page 17: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

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O acesso à internet comercial no Brasil teve início em 1995, um pouco mais tarde do

que em outros países. Nos Estados Unidos, em 1997, 36,6% dos lares possuíam computador

e 18% tinham acesso à internet8. No Brasil, de acordo com os dados do PNAD 2009, 35,0%

(58,6 milhões) dos domicílios pesquisados tinham microcomputadores (20,3 milhões), sendo

27,4% (16 milhões) com acesso à internet. No censo americano de 2009, 68,7% (119

milhões) de lares possuíam computador e internet em casa.

Apesar das dificuldades, o uso, principalmente, de telefones celulares, de

microcomputadores e da internet, começa a ser popularizados no Brasil, e cada vez mais os

brasileiros estarão imersos nesse mundo digital. O acesso tornou-se muito mais fácil,

embora ainda existam alguns lugares nos quais as novas tecnologias ainda não chegaram ou

existem de forma precária. Contudo, nos últimos anos o acesso vem aumentando a cada dia.

Suprir essa necessidade poderá demorar um pouco para acontecer no Brasil, pois o

acesso aos meios tecnológicos também depende de desenvolvimento econômico e social,

apesar do que, o acesso às tecnologias da informação cresce a passos largos. Segundo o site

do IBGE, baseado na PNAD 2009, a proporção de domicílios e de pessoas, com acesso às

tecnologias da informação cresceu de forma marcante entre os anos de 2005 e 2008. Dentro

deste período, segundo dados da pesquisa, houve um aumento de acesso à internet de 112%

dentre as pessoas acima de 10 anos.

Mas para a maioria da população, aqueles das camadas populares, os novos recursos

tecnológicos, ainda são caros e pouco acessíveis. De acordo com a PNAD 2009, as regiões

Norte e Nordeste, foram as que apresentaram a menor proporção de microcomputadores e

acesso a internet por domicílio. Com percentuais de 13,2% e 14,4%, respectivamente,

apresentam um índice bem diferente da região Sudeste com 43% dos domicílios com

microcomputadores, e 35,4% dos domicílios com acesso a internet.

De acordo com o site do SERPRO, o governo já lançou planos de incentivos para a

compra de computadores, com isenção fiscal, por meio do projeto “Computadores para

todos”. Segundo o site, várias escolas do país agora já contam com laboratórios de

8Dados obtidos em 02/12/2010 no site do Censo norte americano.

http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-

BR&langpair=en|pt&u=http://www.census.gov/population/socdemo/computer/2009/Appendix-

TableA.xls&rurl=translate.google.com.br&usg=ALkJrhhkXq8vbbM7Qg0WEUhB1YoN4NT-fw

Page 18: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

17

informática, montados com computadores enviados pelo Governo Federal. Além desses

programas, há o Programa SERPRO de Inclusão Digital (PSID), que busca promover a

inclusão digital e social daqueles que estão excluídos do mundo das Tecnologias da

Comunicação e Informação, com o intuito de ampliar a cidadania, combater a pobreza e

garantir a entrada do indivíduo na sociedade da informação, fortalecendo o desenvolvimento

local9.

1.4. A escola no novo cenário tecnológico

Hoje a vida caminha para se tornar informatizada, pois, mesmo que as pessoas não

percebam, o computador está presente em suas vidas diariamente. Além dos computadores,

temos os celulares que são muito populares, mp4, laptops e outros equipamentos como

carros, geladeiras, elevadores e cadeiras de roda que são produzidos com tecnologia de

informação. Convivemos com aparelhos que fazem de tudo e mais um pouco. Todo esse

desenvolvimento tecnológico tem facilitado muito nossas vidas e também tem mudado

significativamente a nossa sociedade nos mais variados aspectos. Hoje temos o mundo em

apenas um click. Podemos pagar nossas contas, ler livros, jornais, revistas, assistir filmes,

comprar ingressos, conhecer pessoas em todos os lugares do mundo, estudar, entre outras

tantas possibilidades que a internet nos dá. Temos escolas públicas informatizadas, casas

populares com computadores e acesso a internet, lan houses em vários lugares. Atualmente,

as crianças brincam com laptops e celulares. Internet, MSN, e jogos dos mais variados tipos,

estão presentes no dia a dia delas, principalmente no daquelas pertencentes às camadas

sociais mais elevadas.

Destaca-se que até mesmo aquelas das camadas populares já começam a ter mais

contato com os novos desenvolvimentos tecnológicos. Segundo Tapscott (2010) 10

as novas

tecnologias são para as novas gerações algo que está no ar, já naturalizado. Atualmente,

conhecer as novas tecnologias e saber utilizá-las tornou-se uma questão de necessidade, pois

permite que o indivíduo tenha acesso ao conhecimento e a oportunidades de trabalho.

9 http://www.serpro.gov.br/inclusao/oprograma. Acesso em 15/09/2010

10 TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: Como os jovens que cresceram usando a internet estão

mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010.

Page 19: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

18

O mundo contemporâneo, denominado por alguns, como pós-moderno, vive e está

localizado num grande avanço tecnológico, principalmente na comunicação e na

informática. Tais avanços têm provocado mudanças nas esferas econômicas, culturais,

políticas e sociais. São mudanças que atingem o cotidiano das pessoas e elas se vêem

imersas numa nova realidade, consumindo as novas tecnologias e tentando se adaptar a nova

cultura, e vice e versa. Surgem, nesse cenário, mudanças no mundo do trabalho, que exigem

novas qualificações. O trabalhador hoje precisa de uma formação que o leve a ter uma

atitude crítica com o seu fazer, ser criativo, capaz de solucionar problemas, competente. Não

basta seguir ordens.

Todas as transformações que estão acontecendo acabam exigindo mudanças na

escola, pois para formar o novo trabalhador, a escola precisa se relacionar com os saberes

ligados a tais tecnologias e acaba sofrendo múltiplas influências das transformações sociais.

Não que a escola deva formar os indivíduos para o mercado, mas deve formar o indivíduo

que, ao se deparar com o mundo do trabalho, esteja preparado para dialogar e interagir

criticamente com a realidade. Libâneo (2009, p.22), compreende que o importante “(...) é

defender o princípio básico de que a democratização econômica e política e a luta contra a

exclusão social continuam requerendo escolarização da população com qualidade

compatível com as demandas do mundo contemporâneo”.

Nos PCNs (p.138) podemos ler uma posição governamental que aponta para o fato

de que a escola precisa acompanhar as mudanças sociais, oferecendo aos alunos a formação

necessária aos novos requisitos da vida moderna, com o fim de contribuir para diminuir as

diferenças e desigualdades. Essa nova escola deve formar cidadãos críticos e reflexivos, com

uma sólida formação cultural e competência técnica.

Infelizmente a escola atual, não é muito diferente da escola de cem anos atrás, pois

reproduz a mesma composição da sala de aula com carteiras voltadas para o professor, e

este, voltado para um ensino instrucionista. Mesmo com vários estudos educacionais

mostrando novos meios de ensino, a escola ainda resiste ao novo, reproduzindo na maioria

das vezes, a escola que não deveríamos ter.

Aqui, não quero dizer que o professor é o culpado pela falta de mudanças na escola,

ele acaba sendo vítima de muitas situações, e inúmeras vezes são impedidos de colocar em

prática seus conhecimentos. Hoje, por mais que eles tentem inovar, torna-se uma tarefa

Page 20: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

19

difícil, pois, nem sempre recebem uma base e apoio material e pedagógico para tal

desenvolvimento. Lembro-me que na época em que estava em sala de aula, no município de

Rio Bonito, inúmeras vezes precisei pagar do meu bolso o custo de materiais para que

pudesse preparar melhores aulas para meus alunos. Outro fator que prejudica o

desenvolvimento do ensino na escola é a cobrança sobre o professor cumprir metas que lhes

são impostas pelos governos. Tais metas impedem os docentes de trabalharem conforme as

necessidades de seus alunos e são obrigados a incutir informações nos educandos e treiná-

los para terem um bom desempenho nos exames nacionais de avaliação, garantindo assim

verbas para as escolas a partir dos índices do IDEB11

, por exemplo, e garantindo, assim,

bonificações nos seus salários, como vemos abaixo em uma das metas da Secretaria de

Educação do Estado do Rio de Janeiro.

―Remuneração variável – avaliação e bonificação dos

professores de acordo com o desempenho da escola. Serão

considerados o fluxo escolar, o rendimento do aluno e a infra-

estrutura das escolas. O docente que conseguir atingir o limite

máximo das metas poderá receber até três salários a mais por ano.‖

(http://www.educacao.rj.gov.br/index5.aspx?tipo=categ&idcategoria

=663&idsecao=310&spid=2 . Aceso em 21/03/2011).

Hoje, não cabe mais na escola a mera transmissão de informações. Estas, o aluno

atual, as encontra, nos mais diversos espaços, principalmente nos virtuais. A nova geração

tem na ponta dos dedos acesso à boa parte dos conhecimentos do mundo, eles não recebem

passivamente as informações e eles as coletam no mundo todo.

No entanto, informação não é sinônimo de aprendizado. A aprendizagem envolve

muito mais do que acúmulo de conteúdo, vai além disso. Para Demo (2006), devemos

rejeitar o instrucionismo, e o estudo não pode se tornar uma rotina reprodutiva, pois a

aprendizagem é dinâmica, aprende-se a toda hora, em todo lugar.

11 ―Todo o PDE está ancorado justamente na criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira –

IDEB, que pondera os resultados do SAEB, da Prova Brasil e dos indicadores de desempenho captados pelo

censo escolar (evasão, aprovação e reprovação). Cria um indicador que varia de zero a dez, desdobrável por

estado e por município e por redes de ensino. A partir da construção do IDEB, o MEC vinculará o repasse de

recursos oriundos do FNDE à assinatura de compromisso dos gestores municipais com determinadas metas de

melhoria dos seus indicadores ao longo de determinado período‖.( Araújo, 2007 apud Freitas, 2007)

Page 21: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

20

―A fonte de aprendizagem é a ação do sujeito, ou seja, o

individuo aprende por força das ações que ele mesmo pratica: ações

que buscam êxito e ações que, a partir do êxito obtido, buscam a

verdade ao apropriar-se das ações que obtiveram êxito.‖ (DEMO,

2006. p.104)

Para Tapscott (2010), o modelo de educação onde o professor é o centro do processo

educacional, um modelo unidirecional, onde o aluno fica isolado no processo de

aprendizagem, não funciona para a nova geração. O ensino deveria ser voltado para um

modelo educacional focado no aluno, multidirecional, customizado e colaborativo. Esses

jovens aprenderiam mais colaborando com o professor e entre si.

―Para eles o aprendizado deve acontecer onde e quando

quiserem. Portanto, ir a uma aula expositiva de um professor

medíocre em um lugar e horários específicos, em uma sala de aula na

qual eles são receptores passivos, parece estranhamente antiquado,

ou até totalmente inapropriado.‖(Tapscott, 2010; p.95)

―(...) devem estimular os alunos a fazer descobertas sozinhos

e aprender um processo de pesquisa e de pensamento crítico em vez

de apenas decorar as informações transmitidas por eles. (...) precisam

adaptar o estilo de educação aos estilos individuais de aprendizado

dos seus alunos.‖(Tapscott, 2010;p.159).

O autor afirma que vem se formando uma geração mundial de colaboradores

naturais. Eles querem poder dar a sua opinião, ver que ela é importante. Querem que suas

decisões possam influenciar e aprimorar o seu processo de trabalho. A nova geração está

transformando, revolucionando a tecnologia. É uma geração que gosta de compartilhar

informações, que quer estar conectada com amigos e parentes o tempo todo, e usa a

tecnologia para fazer isso por meio dos telefones celulares, das redes sociais, dos blogs etc.

Esses são os alunos que escola precisa estar preparada para receber.

―Os jovens da Geração Internet também não aceitam

simplesmente o que lhes é oferecido. Eles são indicadores,

colaboradores, organizadores, leitores, escritores, autenticadores e

até mesmo estrategistas ativos, no caso dos jogadores de

videogames. Eles não apenas observam, mas também participam.

Perguntam, discutem, argumentam, jogam, compram, criticam,

Page 22: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

21

investigam, ridicularizam, fantasiam, procuram e informam.‖ (2010,

Tapscott, p.33)

Apesar de no nosso país, haver uma visão preconceituosa em relação a tecnologias

na educação, devido ao período da ditadura militar e da presença do tecnicismo na educação,

nós não podemos desprezar os acontecimentos ao nosso redor, porque os cotidianos que

perpassam o mundo escolar vêm se modificando. Demo (2006) indica que a escola, assim

como a universidade, precisa se transformar em comunidades de aprendizagem, e o

professor seria o mediador dessa aprendizagem.

Os PCNs (1984, p. 137), afirmam que:

―A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática

de sala de aula e na forma como professores e alunos utilizam os

recursos tecnológicos disponíveis — livro didático, giz e lousa,

televisão ou computador. A presença de aparato tecnológico na sala

de aula não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A

tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional,

propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma

atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores.‖

(BRASIL, 1998. p. 140)

Muitos professores já se apropriaram das novas tecnologias da comunicação e

informação no seu processo de formação, no entanto esta apropriação não se manifesta de

forma concreta na sala de aula, e estes recursos não são utilizados como caminhos

mediadores da construção do conhecimento. Guedes (2008, p.24) citando Almeida afirma:

―A vertiginosa evolução e utilização das novas tecnologias

informacionais vêm provocando transformações radicais nas

concepções de ciência e impulsiona as pessoas a conviverem com a

idéia de aprendizagem vitalícia, sem fronteiras e sem pré-requisitos.

Tudo isso implica em novas idéias de conhecimento, de ensino e de

aprendizagem, exigindo o repensar do currículo, da função da escola,

do papel do professor e do aluno.‖

Libâneo (2009), citando Santos (1994), afirma que as situações do dia a dia vão

requerer dos professores uma alfabetização científica e tecnológica, onde os saberes do

cotidiano deverão ser incorporados de forma mais estruturada para superar o senso comum.

Page 23: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

22

A tecnologia não deve ser usada de forma instrucionista, mas num processo crítico reflexivo,

ajudando o aluno a pensar sobre as informações que recebe.

Reflexiva também deve ser a formação do professor. Libâneo (2009, p. 89) defende a

formação crítica e reflexiva do professor, onde a prática se torna a referência da teoria, e a

teoria seria o nutriente de uma prática de melhor qualidade. A teoria seria um apoio à

reflexão sobre a prática, onde o professor pensa a realidade, e age sobre ela. O autor também

defende que no curso de formação de professores, desde o seu início, dever-se-ia fazer a

integração do conteúdo com situações da prática, acrescentando ainda problemas futuros

para que o novo professor pudesse experimentar diversas possibilidades de soluções com a

ajuda da teoria.

Alves (2003) ao citar Stenhouse (1991), desenvolve a idéia do professor pesquisador,

que a partir do momento que começa a questionar a sua prática, identificando-a e

analisando-a, pode fazer intervenções no cotidiano escolar e desenvolver alternativas para os

problemas que lhe fora proposto anteriormente.

Demo (2006, p. 35), defende a idéia de uma formação permanente, uma formação

onde “(...) vamos nos fazendo e refazendo, desfazendo e refazendo a vida toda , sem fim,

com o objetivo maior de desenvolvimento pessoal e social, não mercadológico”. O autor

compreende que o professor ao concluir seu curso de formação, não deve comemorar uma

formatura definitiva, mas o começo de um novo desafio, pois a formação precisa acontecer

continuadamente, para sempre. Para esse movimento se tornar realidade é preciso que se

criem políticas de incentivos na escola e de valorização do professor.

Só o uso das novas tecnologias não proporciona um melhor ensino, crítico e

reflexivo. Não basta só capacitar a escola com os recursos tecnológicos, é necessário a

mediação do professor. Para que esta situação possa ocorrer com sucesso é preciso

proporcionar ao professor meios para ter condições dignas de trabalho, como por exemplo,

salários decentes. Além disso, é importante que o docente possa ter tempo para investir em

formação e pesquisa. Hoje, este profissional precisa trabalhar em várias escolas para

conseguir sobreviver de forma mais digna, o que prejudica o seu trabalho. Com jornadas de

trabalho exaustivas, não sobra tempo para preparar melhores aulas, fazer pesquisas, ter

contato com fontes de cultura e prestar mais atenção no cotidiano de sua sala de aula e,

assim, trabalhar de acordo com as necessidades de seus alunos. Essas mudanças só ocorrerão

Page 24: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

23

se forem criadas políticas públicas de valorização do ensino e da docência, que não

percebam a escola como um lugar de mero instrucionismo visando alcançar metas, mas

perceberem a escola como um espaço de aprendizagem onde existem sujeitos que anseiam

por receber e produzir conhecimentos.

Page 25: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

24

2. Blogs: Um espaço de comunicação na internet

Conforme já vimos, a internet possibilita diversas formas de comunicação entre as

pessoas. É um espaço onde a informação está presente e é apresentada de muitas maneiras.

Com a web 2.0, as pessoas modificam e interagem com o conteúdo apresentado na rede.

Nesse mundo virtual encontramos diversos sites, comunidades, grupos de relacionamento,

fóruns e blogs. Nesta parte do trabalho abordarei especificamente, o que são blogs, pois

estes espaços contribuíram de forma considerável no processo de formação da minha prática

pedagógica e incentivaram os questionamentos geradores deste estudo que focou o olhar e as

análises nos blogs, mais especificamente nos blogs escritos por professores do ensino

fundamental e direcionado à professores.

2.1. O que são blogs?

O que são blogs? Muitas pessoas navegam pela rede e ainda não conhecem os blogs,

apesar de esses espaços estarem se popularizando cada vez mais. Em muitos momentos são

confundidos com uma simples web site. Os blogs não deixam de ser webs sites, pois ocupam

um ―sítio12

‖ na rede, ou seja, ocupam um pequeno espaço na world wide web13

. Todavia, o

que torna o blog diferente de uma web site é o seu caráter de registro tendo como foco

principal um tema.

De acordo com Prange (2003):

―O blog é uma forma abreviada de weblog, cuja tradução

literal é ‗ registro na rede‘. Pode ser definido como um sistema de

construção e atualização de sites, que pelas inúmeras facilidades que

apresenta, facilitou à propagação de homes pages pessoais, em outras

palavras, a criação de sites onde são colocados registros pessoais.‖

(p. 25)

12

Tradução de site para a Língua Portuguesa. 13

―A World Wide Web (que em português significa, "Rede de alcance mundial"; também conhecida como Web

e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet.‖(fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/World_Wide_Web. Acesso em 19/03/2011).

Page 26: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

25

A pessoa que escreve um blog é conhecida como blogueiro, bloguista ou blogger. O

que ela escreve neste espaço é conhecido como post ou artigo. O blogueiro escreve sobre

diversos assuntos, sobre aquilo que mais lhe interessa ou comenta notícias. Os posts não são

necessariamente diários, eles podem ser escritos em intervalos variáveis. As publicações vão

aparecendo na ordem da mais recente para a mais antiga e os arquivos das mensagens são

encontrados no layout do blog. Podem estar classificados por meses e anos ou por temas.

Existem blogs que são diários pessoais e outros que são temáticos. Podem ser de política,

culinária, televisão, viagens, literatura, concursos, cinema, artesanato, educação, saúde,

nutrição, de lojas, arquitetura, decoração, animais, jardinagem... São infinitas as

possibilidades.

Uma de suas características é a facilidade para criá-lo. Para ter um blog só é

necessário criar uma conta em sites com plataformas pessoais como o Blogger14

,

Wordpress15

, UOL16

etc.

Guedes (2008, p. 38) afirma que:

―As três vantagens mais significativas no uso de blogs são a

facilidade na produção e no manuseio dos instrumentos de

publicação; a possibilidade de focar conteúdos, proporcionada pelos

modelos das interfaces existentes e a funcionalidade como

comentários, arquivo, dentre outras.‖

Nestes espaços, quando o blogueiro posta, quer dizer, escreve algo, ou coloca uma

foto e a comenta, por exemplo, é permitido aos leitores escreverem comentários, o que

permite uma interação entre o escritor e o leitor. Os autores decidem quem pode ler e

também podem ignorar ou aceitar os comentários. O blogger pode escolher o design de sua

página e deixá-la do jeito que quiser.

No blog, além das mensagens escritas por seus autores e dos comentários dos

leitores, pode-se encontrar também pessoas que tornam esses locais como seus favoritos e

que são informadas quando há postagens novas, links para blogs que o autor gosta de

acessar, links de propaganda etc. São os seguidores do blog.

14

http://www.blogger.com 15

http://br.wordpress.org/ 16

http://www.blogger.com

Page 27: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

26

Pode ser o espaço de um ou mais autores, pode haver também colaboradores, que

fazem postagens sobre assuntos específicos com certa frequência. No blog encontra-se o

perfil do blogueiro onde há informações escolhidas pelo autor. Hoje, ser blogueiro já virou

até profissão, pois o que para muitos é só prazer, para outros já virou fonte de renda. Por

meio dos blogs são feitas vendas de produtos, de idéias e se faz merchandising.

Enfim, no blog muito mais do que a informação, o que importa é a comunicação

entre escritor e leitor, pois é ela que vai possibilitar e estimular que mais e mais pessoas

acessem o espaço, postando comentários e incentivando novas idéias. Segundo Guedes

(2008, p. 39), ―no espaço do weblog se apresenta a cooperatividade e se revela a construção

de idéias e a ampliação do conhecimento num movimento coletivo‖. Para Gutierrez (2004):

―Estas comunidades se comunicam e interagem em ambientes

virtuais e neles se manifestam por meio da linguagem como co-

autores de um gigantesco hipertexto em devir, sempre inacabado,

sempre aberto a inclusão de outras vozes. Criam, assim, condições

para a construção do conhecimento, a colaboração e a autoria.‖ (p.

25)

2.2. Blogs e educação

Como já foi falado, existem blogs que tratam de diversos assuntos e, muitos deles,

abordam temas que envolvem aspectos pedagógicos e práticas educacionais. Segundo Cruz e

Carvalho (2008, p.03), estes blogs são conhecidos como edublogs, ou blogs educacionais.

Baltazar e Aguaded (2005, p.4) dividem esses blogs em três tipos:

Blogs de professores: são usados por professores para disponibilizar aulas, materiais,

bibliografias etc. Segundo os autores, seria um depósito de informação e onde não há muita

comunicação.

Blogs de alunos: estes podem ser de vários tipos. Podem ter sido criados como um

trabalho de avaliação. Tem aqueles que contêm informações relacionadas aos estudos,

contendo materiais, dicas de livros, links para artigos, outros blogs etc. Há aqueles que são

feitos por colegas de escola com o intuito de comunicação e organização de trabalhos em

grupo, com o objetivo de estudar em conjunto e esclarecer dúvidas. Nestes, há mais

Page 28: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

27

comunicação entre seus membros. Por último, existem os blogs individuais ou coletivos de

alunos com o objetivo de divulgar trabalhos.

Blogs de disciplinas: estilo de blog criado com o objetivo de dar continuidade, em

outros espaços, ao trabalho da sala de aula. Pode ser mantido por alunos e ou professores. É

um espaço coletivo onde todos podem fazer suas postagens, o que faz dele um local

dinâmico.

Neste trabalho monográfico vou focar minhas análises em blogs escritos por

pedagogos e professores do ensino fundamental. Nestes espaços as autoras tratam de

diversos assuntos relacionados ao ensino, que vão desde a legislação até as atividades para

serem desenvolvidas em sala de aula.

Mais a frente será feita uma análise de três blogs que eram acessados por mim na

época em que comecei a lecionar e que auxiliaram na construção da minha prática

pedagógica. Será traçado um perfil de cada blog, especificando seus autores e o que compõe

cada um.

Page 29: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

28

3. A pesquisa

Como relatado no início da monografia, os blogs foram ferramentas importantes

para o processo de formação da minha prática pedagógica. Os conteúdos e diálogos

estabelecidos nestes espaços me ajudaram com informações, tiraram dúvidas e me

mostraram a importância de compartilhar conhecimento. Dessa experiência surgiram

questionamentos que me conduziram a este estudo. Quem são as pessoas que escrevem

nestes espaços? Quem visita? Como são? Será que todas as pessoas que visitam os blogs são

conduzidas até eles pelos mesmos motivos pelos quais eu os procurei?

Buscando compreender o perfil dos usuários dos blogs e de seus autores, e, além

disso, perceber como o espaço do blog tem contribuído para a formação dos professores,

usei como estratégias para a coleta de dados, a aplicação de um questionário online para

visitantes do blog Diálogo e Educação e para alguns profissionais da área de educação

convidados a participarem da pesquisa. Também foram realizadas entrevistas com as

blogueiras e a observação do conteúdo dos blogs pesquisados.

Esta foi uma pesquisa qualitativa devido à interação que ocorreu entre, eu, a

pesquisadora, as pessoas e o espaço (blogs). Na análise dos dados coletados, apesar de

conter dados quantitativos, os dados qualitativos prescindem a eles, sendo mais relevante a

interação entre o campo e as pessoas. Para Patrício e Silvério (2005) “(...) o pesquisador que

utiliza métodos qualitativos busca a objetivação e não a objetividade dos dados, pois em

seus princípios, tal como explica a física quântica, a neutralidade do pesquisador

(observador) no processo de pesquisa não é possível”. Observo que meu trabalho também

possui um caráter etnobiográfico na medida em que, como pesquisadora, estava envolvida

com o ambiente pesquisado e estava inserida, ali, naquele espaço. Foi a partir desta relação

com o espaço dos blogs e com a internet que surgiu a pesquisa e onde os dados foram

coletados. De acordo com Chizzoti (2006):

―Na etnobiografia, o discurso autobiográfico _ que o sujeito

conta _ constitui primeira versão da realidade que é complementada

com tratamentos e análises complementares e com outras

informações sobre a realidade social na qual o indivíduo está

inserido.‖ (2006, p.105)

Page 30: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

29

3.1. Questionário on line

Com o intuito de conhecer melhor as pessoas que acessam os blogs feitos por

profissionais da educação e voltados para a docência do ensino fundamental, foi realizado

um questionário online. O questionário era auto aplicado e estava localizado em dois locais,

um era o blog Docência e blogs, e o outro era o blog Diálogo e Educação. Neste último

havia um link que levava a uma página onde estava o questionário.

Na imagem a seguir pode ser visto o blog criado para colocar o questionário online.

Fonte: http://docenciaeblogs.blogspot.com/. Acesso em 25/01/2011.

Aqui vemos um post da blogueira Cida pedindo aos seus visitantes que participassem

da pesquisa.

Page 31: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

30

Fonte: http://dialogoeducacao.blogspot.com. Acesso em 05/12/2010.

A escolha de colocar o questionário nestes espaços deveu-se à facilidade de acesso

para as pessoas responderem e, também, devido ao meio utilizado para confeccioná-lo. Sua

produção foi realizada com o programa Google Docs, que permitia colocá-lo em várias

páginas da internet, inclusive blogs. Todas as respostas eram adicionadas em um

formulário17

e ficavam centralizadas em minha página privada do Google Docs.

Responderam ao questionário leitores do blog Diálogo e Educação e outros

professores e pedagogos. Estes foram convidados a participar da pesquisa por meio de e-

mail e scraps no Orkut. Tais profissionais fazem parte da minha lista de contatos no e-mail e

são meus amigos no Orkut.

Na página seguinte apresento a imagem de parte do formulário gerado pelo Google

Docs. Nesta figura podemos ver as perguntas presentes no questionário e as respostas com

as datas e horários em que ocorreram.

17

Para saber como criar um formulário acessar:

http://docs.google.com/support/bin/static.py?hl=pt-br&page=guide.cs&guide=27248

Page 32: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

31

Na primeira linha da tabela encontram-se as perguntas que estão divididas em colunas.

Em cada linha das colunas encontra-se a resposta de uma pessoa seguindo a ordem de

data e horário do acesso, que está indicado na primeira coluna.

Na primeira linha da tabela encontram-se as perguntas que estão divididas em colunas.

Em cada linha das colunas encontra-se a resposta de uma pessoa seguindo a ordem de

data e horário do acesso, que está indicado na primeira coluna.

Page 33: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

32

3.1.1. Estrutura do questionário

Este questionário online possuía questões fechadas. As perguntas objetivavam

traçar um breve perfil das pessoas que acessam os blogs e o motivo delas irem a este espaço.

Para isso, perguntou-se sobre o envolvimento do respondente com a educação, se ele

trabalhava em escola e sobre qual a sua função na mesma. Havia, ainda, o interesse em saber

o que motivava o professor a acessar os blogs e o que queriam encontrar lá. Também foi

perguntado se o docente conhecia e acessava outros espaços na rede que ajudavam o

professor em seu trabalho.

Nas duas primeiras perguntas do questionário o respondente só podia escolher

uma alternativa. Estas estavam relacionadas ao trabalho na área de educação e ao tempo de

trabalho. Em todas as outras questões podiam ser escolhidas mais de uma alternativa, tendo

ainda a possibilidade de o indivíduo responder a opção ―outros‖. Quando esta opção era

escolhida o entrevistado tinha que escrever a sua própria resposta. Eram cinco questões

nesse modelo. O questionário possuía sete perguntas. Os dados foram coletados por meio

deste questionário entre os dias 05/12/2010 e 27/01/2011, e enviados ao meu Google Docs.

3.1.2. Análise dos dados do questionário

O questionário foi respondido por vinte pessoas, destas apenas uma não trabalhava

na área da educação. Não é possível identificar entre os respondentes aqueles que são

freqüentadores dos blogs ou que foram ao blog onde se encontrava o questionário devido ao

convite feito por e-mail e pelo Orkut.

Page 34: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

33

18

Dos dezenove entrevistados que trabalhavam na área, nenhum deles trabalhava a

menos de um ano. Destes, nove trabalhavam de ―1 a 3 anos‖, três trabalhavam de ―4 a 6

anos‖, um trabalhava de ―7 a 10 anos‖, três trabalhavam de ―11 a 14 anos‖ e três

trabalhavam a ―mais de 15 anos na educação‖. É importante destacar a presença de um

grupo expressivo de pessoas que trabalham entre ―1 e 3 anos‖ na área da educação

Os vinte entrevistados informaram que eram: quinze professores, um estudante de

Pedagogia, um pedagogo especialista em educação especial, um professor e inspetor escolar,

um tutor de educação à distância e uma coordenadora. Destacamos aqui que a maioria das

pessoas que participaram da entrevista trabalhava na escola como professores.

18

Todos os gráficos aqui apresentados foram feitos a partir do Google Docs utilizando os dados do

questionário.

Page 35: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

34

Acesso aos blogs e tempo de acesso

19

Em relação ao acesso a blogs de educação e ao tempo de acesso, dentro das respostas

que foram oferecidas, cinco marcaram de ―1 a 3 horas por semana‖, três responderam ―de 4

a 6 horas por semana‖ e dois responderam ―de 7 a 9 horas por semana‖. Já no campo

―outros‖, ocorreram as seguintes respostas: ―não tem acessado‖, ―acessa menos de 1 hora

por semana‖, ―quando acha necessário‖, ―esporadicamente‖, ―a cada 15 dias‖ , ―de vez em

quando‖, ―acima de 9 horas por semana‖, ―mais de 9‖ e ―não acesso‖. Nesse campo houve

um total de nove respostas.

Ao relacionar os dados sobre o tempo de acesso com o tempo de trabalho na área de

educação percebi que o grupo que trabalhava de ―1 a 3 anos‖ acessa os blogs, mas não

investe muito tempo nesta tarefa. Já as pessoas que disseram gastar mais tempo nessa tarefa,

com mais de 9 horas de acesso por semana, curiosamente são aquelas com mais tempo na

área da educação e trabalham na docência.

19

Nesse modelo de quadro, na primeira coluna estão as opções que poderiam ser escolhidas. Na segunda

coluna está o número de pessoas que escolheram aquela opção e na terceira coluna encontra-se o percentual

do total de respondentes que escolheram aquela opção.

Page 36: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

35

O que procura nos blogs?

20

Em relação ao que procuram nos blogs, o item que teve mais marcações foi ―idéias

para sala de aula‖, com dezoito escolhas. O segundo mais marcado com sete escolhas foi

―dicas de livros‖, seguido de ―ajuda para solucionar problemas‖ e ―apoio técnico‖, com

cinco marcações cada. ―Tirar dúvidas sobre método de ensino‖ e ―procurar legislação‖ teve

uma marcação cada. No item ―outros‖ encontramos duas respostas, onde os entrevistados

dizem que ―não acessam‖ ou ―não tem acessado‖ os blogs. Estes dados nos mostram que

estes profissionais fazem um grande uso do espaço da internet e dos blogs para incrementar

a sua prática pedagógica.

O que levou à procura?

Sobre os motivos que levaram os professores aos blogs, a ―busca por novidades‖ foi

marcada por quinze pessoas. A segunda resposta mais escolhida, com nove marcações foi a

―demanda da escola por novidades‖. A terceira opção mais escolhida foi ―falta de

experiência com a sala de aula‖, escolhida por seis pessoas. Em seguida vem ―realidade da

20

As pessoas podiam marcar mais de uma caixa de seleção. O percentual de escolha refere-se ao total dos

respondentes (100%).

Page 37: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

36

escola diferente da que foi vista no curso de formação de professores‖ com quatro escolhas,

―mudança de faixa etária‖ com duas marcações e ―demanda da escola por uso de

metodologia específica‖ com uma marcação. No item ―outros‖ houve duas marcações e as

respostas foram ―não acesso‖, e ―pra mim blogar é um hobby‖.

Analisando esses dados com o tempo de trabalho, percebi que aqueles com mais de

quatro anos de trabalho na área da educação procuram em grande parte a busca por

novidades, já aqueles com menos tempo de trabalho indicam em sua maioria a pouca

experiência em sala de aula, como motivo para acessar estes espaços. Esse foi um dos

motivos que me levou a internet para buscar formas de como trabalhar com meus alunos, o

que pode evidenciar uma insegurança dos professores recém-formados na sala de aula, e

mostrar uma necessidade dos cursos de formação de professores agirem conforme sugere

Libâneo (2009), onde a prática se torna a referência da teoria e ainda fazer a integração do

conteúdo com situações da prática, e logo em seguida refletir sobre os reflexos desse

processo.

Tempo de acesso a sites que ajudam no trabalho

No último item do questionário foi perguntado aos entrevistados se eles fazem uso

regular da internet, além do uso de blogs, para ajudar no trabalho, relacionando ao tempo de

uso. Quatro responderam que acessam ―de 7 a 9 horas por semana‖, seis pessoas

responderam que acessam a internet ―de 4 a 6 horas por semana‖, cinco responderam que

usam ―de 1 a 3 horas por semana‖. No item ―outros‖ houve cinco marcações com as

seguintes respostas: ―10 horas por semana‖, ―não‖, ―quando acho necessário‖, ―mais de 9

horas‖, ―Leio na net todos os dias, estou sempre online, faço pesquisa, estou sempre

aprendendo‖. Relacionando esses dados com o tempo de trabalho e o uso de blogs, percebi

que as professoras ―de 1 a 3 anos‖, apesar de não dispensarem muito tempo no uso de blogs

para o seu trabalho, acessam mais outros espaços na internet. Nos dados coletados só uma

Page 38: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

37

pessoa disse não utilizar a internet e os blogs como apoio no seu trabalho.

Percebe-se também que a internet é uma ferramenta muito utilizada pelos

profissionais da educação como forma de apoio para o trabalho pedagógico, o que nos

mostra a influencia da cultura tecnológica no trabalho dos professores e confirma o que fala

Levy (1999) sobre o processo de mutação da produção humana influenciado pela tecnologia.

3.2. Os blogs e seus conteúdos

Conforme foi explicitado na introdução deste trabalho, foram escolhidos três blogs

como campo da pesquisa. Eles são produzidos por profissionais da educação, e foram

escolhidos para esta monografia por constarem na lista dos blogs que eram usados por mim

no período em que comecei a lecionar. É importante salientar que eles só foram incluídos no

estudo quando suas autoras permitiram. Para tal, foram feitos contatos via e-mail e Orkut.

Os blogs são grandes e têm conteúdo variado sobre educação. A seguir apresento alguns

aspectos gerais do que pode ser encontrado em cada espaço.

3.2.1. Blog Diálogo e Educação

Fonte: http://dialogoeducacao.blogspot.com. Acesso em 21/01/2010.

O blog Diálogo e Educação foi criado pela Cida21

em junho de 2009. Nele a autora

dá dicas de atividades para a sala de aula, indica livros infantis com links para downloads,

propõe trabalhos para datas comemorativas, orienta os professores quanto à organização da

sala de aula e ao planejamento. Trata de assuntos como pluralidade religiosa, diversidade

cultural, ética, sexualidade etc. Abaixo há um dos posts do blog Diálogo e Educação:

21

A autora possui um segundo blog chamado de Diálogo e Educação II, que tem o objetivo de levar

informações sobre farmacoadicção (viciados em drogas legais e ilegais), visando orientar e apoiar adictos,

familiares e professores.

Page 39: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

38

Fonte: http://dialogoeducacao.blogspot.com (Acesso em 21/01/2011).

No blog, a Cida também expõe as suas idéias e pensamentos:

―Hoje eu estava na sala dos professores e ouvi uma

professora dizendo assim:

_Enquanto ficamos calados os políticos vão enfiando na escola todo

tipo de criança (portadoras de necessidades especiais) e nós é que

temos que ensinar.

Fiquei abismada com essa fala, porque denota que esta professora

não tem conhecimento de como se dá a inclusão.

Não é simplesmente uma vontade política ( diga- se politicagem).

Toda ação é política consciente ou inconsciente, a nossa fala sempre

reforça uma linha filosófica, mesmo que a gente não saiba qual.

Ficar falando nas salas dos professores não resolve os problemas da

educação, precisamos ocupar os espaços de poder. E quais são esses?

-Conselhos escolares, APMs, Associações de bairros, sindicatos e

outros. São através desses espaços que conseguimos participar das

Conferências de Educação em nível local, municipal, estadual e

federal. São nessas esferas políticas que se deliberam política de

inclusão, livro didático, merenda escolar, transporte escolar e outras

políticas educacionais. Os grupos que estiverem mais organizados

são os que conseguem aprovar suas propostas. Como os professores

não ocupam seus espaços políticos a sociedade civil organizada

aprova de acordo com suas necessidades e sem ouvir o lado

pedagógico. Nas Conferências de Educação em Londrina é rara a

participação dos professores de sala de aula, tem muitos professores

Page 40: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

39

de gabinete defendendo a vontade política de quem os colocou em

seus cargos, já que não há concurso em nossa cidade para o cargo

que eles ocupam e são indicados politicamente. Se queremos

mudanças precisamos ocupar os nossos espaços de poder e decisão.

Eu particularmente sou a favor da inclusão, uma inclusão de

qualidade, com professores capacitados, salas com menor número de

criança e recursos didáticos adequados. Porque se não houver as

condições necessárias o educando será apenas escolarizado, ou seja

entrarão na estatística dos analfabetos funcionais que já são milhões

em nosso país, porque ainda não conseguimos incluir nem os que são

ditos "normais". Por outro lado o caminho se faz caminhando, como

disse o nosso amado e saudoso Paulo Freire. Então temos que

arregaçar as mangas, abandonar o comodismo e lutarmos por aquilo

que acreditamos.

Pedagoga Especialista Maria Aparecida da Silva‖

(http://dialogoeducacao.blogspot.com/search/label/Opini%C3%A3o.

Acesso em 20/01/2011)

No layout do blog encontramos postagens por temas (marcadores), dicas de sites,

lista de blogs que a autora lê, e recados enviados pelos leitores.

3.2.2. Blog Meus Trabalhos Pedagógicos

Fonte: http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/. Acesso em 21/01/2011.

O blog ―Meus Trabalhos Pedagógicos‖ é escrito pela Andreza desde 2008. O

espaço possui uma colaboradora, a professora Aline, que contribui com as postagens. Este

blog é voltado para atividades e projetos para a Educação Infantil. Nele podemos encontrar

várias atividades para os alunos, dicas de jogos, livros, músicas, modelos de projetos

educacionais, temas como convivência entre os alunos, avaliação, violência sexual infantil,

psicomotricidade, métodos, orientações para pais e professores etc. Abaixo estão algumas

postagens do blog:

Page 41: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

40

Fonte: http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/2010/07/jogo-do-alfabeto.html. Acesso em

21/01/2011.

Fonte: http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/2011/01/orientacao-para-pais-e-professores.html.

Acesso em 21/01/2010.

O blog disponibiliza CDs de atividades e apostilas para os professores. Em seu

layout há uma lista com atividades variadas, mural de recados, comentários recentes, lista de

blogs acessados pela autora, destaques das postagens do mês anterior, desenhos para

imprimir e arquivos do blog separado por meses e anos.

Page 42: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

41

3.2.3. Blog ABC da Professora Érika

Fonte: http://abcdaproerika.blogspot.com/. Acesso em 23/01/2011.

O blog ABC da Professora Érika existe desde 2006. Nele a autora posta informações

sobre diversos assuntos para os seus leitores. Há informações sobre legislação educacional,

alfabetização, psicologia infantil, psicomotricidade, interdisciplinaridade, organização do

trabalho pedagógico, brincadeiras etc. Ela também dá dicas de como o professor pode lidar

com determinadas situações em sala de aula e escreve sobre sua prática pedagógica. Veja o

exemplo a seguir:

Fonte: http://abcdaproerika.blogspot.com/2008_07_20_archive.html. Acesso em 23/01/2011.

Page 43: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

42

A blogueira procura focar seus assuntos na série em que leciona. Antes era o segundo

ano do ensino fundamental. No ano de 2011 é o terceiro ano do ensino fundamental.

Também escreve sobre educação infantil e alfabetização.

Fonte: http://abcdaproerika.blogspot.com/. Acesso em 32/01/2011.

No espaço, a professora Érika dá muitas dicas de atividades, mas não encontrei

atividades prontas em seu blog. No layout do blog podemos encontrar recados dos visitantes,

arquivos de postagens anteriores do blog e uma ―blogoteca‖ com links para outros blogs.

Ela criou junto com sua turma do ano de 2010 um blog com atividades que eles

realizaram em sala de aula. O nome do blog é Sala Virtual Legal22

.

22

http://salavirtuallegal.blogspot.com/

Page 44: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

43

Fonte: http://salavirtuallegal.blogspot.com/. Acesso em 23/01/2010.

3.3. Entrevista com as blogueiras

As entrevistas com as blogueiras ocorreram via e-mail, pois todas moram fora do

Rio de Janeiro, onde me encontro. Esta forma de contato, inicialmente, foi identificada como

a forma mais prática para todos os participantes da pesquisa, pois todas estavam ocupadas

com as tarefas de final de ano nas escolas e com o período de férias.

Os contatos foram realizados entre novembro e dezembro de 2010. Foram três

entrevistadas: a Cida do blog Diálogo e Educação, a Andreza do blog Meus Trabalhos

Pedagógicos, e a Érika do blog ABC da Professora Érika.

Por e-mail enviei um questionário com seis perguntas abertas sobre: a formação, o

tempo de trabalho na área da educação, a função na escola, a motivação para escrever o

blog, os assuntos sobre os quais escreve, e quais os pedidos de posts e dicas que recebem.

Essas questões tinham como objetivo explicitar o perfil das profissionais, conhecer as

motivações para escreverem os blogs e entender quais eram os critérios adotados para a

escolha dos posts. Baseado nas respostas, organizei um texto e os enviei por e-mail à todas

Page 45: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

44

para a confirmação dos dados e para um possível acréscimo de informações. Houve

acréscimo de informações por parte das blogueiras Cida e Andreza. A blogueira Érika não

sentiu necessidade de acréscimo ou correções.

Com a blogueira Cida foram feitos também contatos por MSN. Nesses momentos

aproveitei para sanar algumas dúvidas relacionadas às respostas do questionário que enviei

por e-mail.

3.3.1. Entrevista com a blogueira do blog Diálogo e Educação

A blogueira Maria Aparecida Silva tem dezoito anos de magistério. Trabalhou o ano

de 2010 com Educação Infantil e com a terceira série do Ensino Fundamental. Nesses anos

em que é educadora já trabalhou na Educação Infantil, na EJA e em todas as séries iniciais

do Ensino Fundamental. Também coordenou os projetos ―Infância e Juventude Saudável‖ e

―Menina em Formação‖, como voluntária. Foi Vice Presidente do CML - Conselho

Municipal de Educação de Londrina. Em 2011 trabalhará com prevenção de drogas na

formação de professores pela Federação AMOR EXIGENTE. Segundo a Cida, este espaço

foi criado “para compartilhar informações, fomentar idéias e provocar transformações”

(http://dialogoeducacao.blogspot.com/. Acesso em 20/01/2011).

Ela escolhe suas postagens de acordo com as datas comemorativas, conteúdos do

bimestre e com atividades que gosta e acha interessante partilhar. No blog, ela recebe

pedidos de posts e pedidos de ajuda. De acordo com a Cida:

―Recebo e respondo todos. Atendendo aos pedidos, já fiz e

postei um projeto sobre água e trânsito, já ajudei a escrever

monografia, como trabalhar determinado conteúdo, orientação de

como fazer projetos, sugestão de como planejar. Fiz amizades no

Brasil e no exterior e tenho convites para passar as férias nas casas

das pessoas que pedem sugestões. Geralmente quem pede alguma

orientação são recém formados, estudantes de pedagogia.‖ (MARIA

APARECIDA, 28/12/2010)

A Cida afirma que começou a escrever este espaço porque foi inspirada por outro

blog, o Espaço Educar. Ao entrar em contato com ele se apaixonou pela partilha e troca de

Page 46: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

45

conhecimentos e informações. Decidiu, então, compartilhar também o seu conhecimento e

ajudar a outros profissionais da educação.

―Eu gosto de escrever e elaborar atividades, e tudo que eu

produzia ficava restrito a minha sala, então quando conheci os blogs

comecei a postar as minhas idéias. Acredito que educação não tem

fronteiras, não tem direitos autorais (polêmico), tem que estar a

serviço de todos e só com a união dos docentes com toda a sociedade

civil é que conseguiremos uma educação de qualidade.‖ (MARIA

APARECIDA, 28/12/2010)

Aqui podemos confirmar como a internet vem permitindo a interação de pessoas de

vários lugares, formando, assim, redes de conhecimento. Os blogs têm inspirado professores

a compartilharem suas experiências e possibilitado o diálogo entre pessoas de diferentes

regiões do país. Infelizmente, conforme os dados do PNAD 2009, o Norte e o Nordeste

ainda são regiões com menos acesso à internet.

3.3.2. Entrevista com a blogueira do “Meus trabalhos pedagógicos”

―Meus trabalhos pedagógicos‖ é escrito pela Andreza Santos Florêncio de Melo.

Ela se graduou em março de 2010, em Pedagogia. Atualmente trabalha como voluntária em

uma creche de sua cidade com elaboração e execução de alguns projetos. Devido à sua

atuação no blog, também foi convidada pela Revista Educação Infantil, da Editora Minuano,

para produzir dois projetos que serão publicados na revista.

A autora escolhe suas postagens de acordo com as datas comemorativas das escolas,

coloca projetos sobre os temas e, a partir daí, posta atividades que complementam os

projetos como músicas, histórias, atividades recreativas, peças de teatro etc.

―Tento colocar de tudo um pouco para auxiliar o

desenvolvimento das atividades e enriquecer o dia a dia dos

educadores e alunos.‖ (Andreza, 17/01/2011)

Page 47: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

46

A Andreza recebe quase que diariamente pedidos de postagens ou dicas de como

trabalhar na sala de aula. Segundo ela, os pedidos são tantos que não consegue dar conta.

Entre as solicitações estão idéias de como trabalhar com crianças, esclarecimento de

dúvidas, textos, pedidos de monografias e TCC. Além dos pedidos, também recebe

depoimentos das conquistas e dos feitos de seus leitores. Os depoimentos são lidos e

postados após correções e tratamento de imagens, se houver necessidade. Ela diz que:

―(...) é como uma troca. Dou um pouco do que sei em troca

me dão um pouco do que sabem, e todos aprendem e compartilham.

Claro, quando eu compartilho as atividades das outras pessoas,

sempre dou os devidos créditos ao autor.‖ (ANDREZA, 17/01/2010)

Aqui a Andreza nos conta porque iniciou este projeto:

―Quando fazia faculdade vi como era difícil encontrar

material para confecção dos trabalhos e das atividades para as

escolas. Como sempre fui curiosa, descobria muito material bom em

várias ferramentas da internet como Orkut, sites de hospedagem de

arquivos, o 4shared etc. Via, também, que os blogs eram mais

pessoais, e contavam coisas mais particulares como fotos de alunos,

apresentações de datas comemorativas, e etc. Decidi, então, criar um

blog com os meus textos e planos de aula que montava para a

faculdade e tudo mais que servisse de subsídios que auxiliasse o

professor durante a sua carga horária dentro da escola, foi daí que

surgiu o nome Meus Trabalhos Pedagógicos.

Com o passar do tempo percebi que muitas pessoas me

pediam ajuda para planejamentos e montagem de projetos. Como

sempre gostei de inovar comecei a montar as atividades, dar idéias

aos professores via net e confeccionar minhas atividades assinando o

nome do blog. Já faz algum tempo que não coloco atividades de

terceiros, a maioria das atividades que coloco são de minha autoria,

assim o blog ficou com um layout próprio, pois carrega seu próprio

nome.‖ (Andreza, 17/01/2010)

A partir da fala da Andreza vemos a interação que ocorre entre os profissionais da

educação no ciberespaço e o próprio processo de interação de sua formação profissional e

tecnológica. A comunicação na internet influenciou a sua formação na graduação e

incentivou-a a construir um espaço de troca de conhecimentos que possibilita apoio para

Page 48: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

47

pessoas em formação inicial e na formação continuada. Identifico na entrevista de Andreza a

expressão de uma professora que se descobre outra.

3.3.3. Entrevista com a blogueira do “ABC da professora Érika”

A autora do blog ―ABC da professora Érika” é a professora Érika Araújo

Uhlemann. Ela é graduada em Letras e atua como professora do ensino fundamental há 13

anos. A professora afirma que suas postagens surgem conforme os acontecimentos em seu

trabalho, com as necessidades que aparecem. São, também, resultados de estudos e pedidos

feitos por colegas de profissão.

O seu objetivo com o blog é compartilhar suas experiências e ajudar novos

professores, principalmente os da alfabetização, que chegam à rede pública e encontram

muitos percalços em seus caminhos. Ela recebe muitos pedidos de sugestão sobre

alfabetização e comportamento infantil, muitos deles vêm de professores recém formados e

com pouca experiência.

Abaixo podemos ler um destes pedidos:

Fonte: https://www.blogger.com/comment.g?blogID=36795772&postID=5458909575859423811. Acesso em

24/01/2010.

Page 49: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

48

Analisando os dados obtidos a partir das respostas que a Érika me enviou e os

comentários e posts em seu blog pude perceber que, assim como eu, muitos professores

inexperientes vão a estes espaços em busca de apoio, de orientações de como realizar a

tarefa de ensinar buscando esse apoio na experiência de quem está no dia a dia da sala de

aula e não se incomoda em compartilhar o que aprendeu ao longo dos anos. É de fato, um

espaço no qual agente se sente seguro para dizer: ―preciso de ajuda‖. O mais importante é

que essa ajuda chega. Muitos que freqüentam os blogs se dispõe a ajudar e a compartilhar

experiências.

3.3.4. Considerações sobre os blogs e as entrevistas com as blogueiras

O que vi nos blogs e o que identifiquei por meio das entrevistas com as blogueiras

vieram confirmar que as autoras destes espaços têm muita consciência do que estão fazendo

e são professoras reflexivas, pois refletem sobre sua própria prática cotidiana e nesse

movimento produzem, conhecimento.

Muitos estudiosos da educação ressaltam que os professores

podem adquirir os saberes da experiência por intermédio da reflexão

sobre a própria prática cotidiana, mediada pelos pares. Tais saberes

só serão reconhecidos na sua formação e desenvolvimento na prática

docente, ao desenvolverem as competências ligadas ao trabalho

como professor.( FARIA & CASAGRANDE, 2004)

Todas são formadas em nível superior. Somente uma não trabalha diretamente na sala

de aula da Educação Básica, a blogueira Andreza, mas atua na área da educação. As outras

têm mais de 10 anos atuando no magistério, com vários anos de prática pedagógica e um

acúmulo grande de conhecimentos para compartilhar. Mesmo a Andrezza, com pouco

tempo na área da educação, procura disponibilizar suas experiências e conhecimentos. Nessa

ação ela também aprende, e como ela mesma afirma: ―ocorre uma troca‖. O que há em

comum em todas elas é o interesse em disponibilizar seus conhecimentos com o intuito de

ajudar outros colegas de profissão a desenvolverem um melhor trabalho pedagógico na sala

Page 50: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

49

de aula.

Outro fator de grande importância na análise destes espaços é ver como os

professores os procuram em busca de ajuda para a sua prática pedagógica, principalmente os

recém formados, como foi explicado por Érika e por Cida. Podemos ver um indício desta

situação nas respostas do questionário online, que fez parte desta pesquisa, onde a ―falta de

experiência com a sala de aula‖ foi a terceira opção mais escolhida quando foi perguntado o

motivo da ida aos blogs. Esses pedidos de ajuda acabam influenciando as postagens das

blogueiras que procuram responder às necessidades de seus leitores. Em relação às

postagens, percebe-se também a influencia das datas escolares, que são importantes

marcadores, e estão presentes na fala de duas blogueiras.

A partir da experiência destas profissionais vemos o uso da internet possibilitando

uma interação comunitária entre os profissionais da educação, reafirmando Levy (1999)

sobre a interação que ocorre no ciberespaço formando os mais variados grupos que trocam e

disponibilizam informações e conhecimentos. Esse compartilhamento de conteúdos e

conhecimento é também uma das características da Geração Internet citada por Tapscott

(2010). Nestes blogs muito mais do que uma troca de conhecimentos, vemos uma

comunidade de aprendizagem formada por professores autores e professores leitores que, a

partir da interação nesses espaços, transformam a sua prática pedagógica.

Page 51: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

50

4. Considerações finais

Volto ao início deste trabalho para relembrar a minha experiência e o que me levou a

procurar ajuda na internet e a encontrar os blogs educacionais: minha falta de experiência na

prática pedagógica. Percebi que este fato também foi o motivo que conduziu seis pessoas

que participaram do questionário online a procurarem os blogs. Na análise dos blogs e

entrevista com as blogueiras percebemos também que havia professoras que não se sentiam

preparadas para dar aulas e pediam ajuda a professores mais experientes.

Refletindo sobre a minha experiência e sobre os dados coletados nesta pesquisa,

entendo que quando saímos do curso de formação de professores, no meu caso graduação

em Pedagogia, não temos formação que nos ajude a lidar com segurança com as demandas

da sala de aula. Nos cursos de licenciatura vive-se muito no mundo de teorias que não

dialogam com o dia a dia da sala de aula. Quando o docente recém formado se depara com

as demandas cotidianas sente-se inseguro, devido à complexidade deste ambiente e a falta de

experiências sistematizadas e de reflexão sobre o cotidiano no e do trabalho nos afligem.

Identifico que na sala de aula, no convívio com os alunos, percebendo as necessidades da

turma e dialogando com elas, que de fato nos tornamos educadores. A teoria dá a base e o

apoio para o professor realizar com sucesso esse processo, mas há a necessidade de espaços

de diálogo sinceros para que o profissional recém formado permaneça em formação

continuada.

Retornando a pergunta feita por Libâneo e Pimenta (1999):

―É viável formar num mesmo curso, com duração de quatro

anos, o professor profissionalmente competente de 1ª a 4ª série e, ao

mesmo tempo, o pedagogo Stricto Sensu, também profissionalmente

competente naqueles campos profissionais mencionados?‖ ( p. 250)

A resposta para esta pergunta, eu realmente não sei dar ainda, mas a partir da

experiência que vivi e da pesquisa realizada pude chegar às seguintes considerações:

1) É importante que o curso de formação de professores forme seus alunos para

dialogarem com a teoria em situações cotidianas do ambiente escolar, pois hoje o que

identifico é um afastamento das universidades e seus professores com relação ao que

acontece realmente no cotidiano na sala de aula.

Page 52: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

51

Libâneo e Pimenta (1999) discutem sobre o grande descontentamento que há em

relação à formação de professores no país, principalmente depois das mudanças das

diretrizes curriculares do curso de Pedagogia, que passou também a abarcar a formação de

professores. Segundo estes autores a pedagogia “é uma reflexão teórica baseada nas

práticas educativas e sobre elas. Investiga os objetivos sociopolíticos e os meios

organizacionais e metodológicos” (1999, p.14). A formação do professor não deve deixar de

lado essa reflexão teórica, pois ela é importantíssima para a sua prática, é o que dá base para

a sua práxis. Contudo, ela precisa para que o professor, a partir da ação da sala de aula,

possa, dialogando com as teorias, elaborar reflexões sobre a realidade e refazer ou dar

continuidade a sua ação. No entanto, a formação inicial não pode deixar de lado as situações

práticas para que, quando chegar à sala de aula, o professor venha ter um bom ―vocabulário‖

pedagógico para usá-lo diante das mais diversas situações existentes. Concordo plenamente

com Libâneo e Pimenta quando dizem que:

―Desde o ingresso dos alunos no curso, é preciso integrar os

conteúdos das disciplinas em situações da prática que coloquem

problemas aos futuros professores e lhes possibilitem experimentar

soluções. Isso significa ter a prática, ao longo do curso, como

referente direto para contrastar seus estudos e formar seus próprios

conhecimentos e convicções a respeito. Ou seja, os alunos precisam

conhecer o mais cedo possível os sujeitos e as situações com que

irão trabalhar. Significa tomar a prática profissional como instância

permanente e sistemática na aprendizagem do futuro professor e

como referência para a organização curricular.‖ (LIBÂNEO;

PIMENTA. 1999. p. 29).

Em minha graduação, o único momento em que pude fazer o movimento que

Libâneo e Pimenta explicitam acima foi quando trabalhei como bolsista do CABE, na

brinquedoteca do Colégio Universitário Geraldo Reis. Naquele espaço pude perceber alguns

aspectos explicitados pelos autores que líamos no curso. Foi onde precisei, a partir do que

aprendi nas disciplinas, desenvolver soluções para os problemas que me eram apresentados

pelos alunos na brinquedoteca. Por exemplo: preparamos um jogo com um objetivo voltado

para o desenvolvimento da leitura, mas quando a criança pegava o jogo, via-se que ela não

sabia ler. Deduzíamos que ela saberia ler, visto que estava na quarta série, mas não era a

realidade daquele espaço. A partir desta situação tivemos que recriar as regras do jogo pra

que pudesse cumprir com o seu objetivo. Infelizmente só pude trabalhar neste espaço por

Page 53: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

52

três meses e o tempo foi muito pouco para criar uma prática pedagógica que me preparasse

para a sala de aula. E aqueles que não tiveram essa oportunidade? Tem muitos alunos que

não trabalham na área da educação. De acordo com pesquisa monográfica desenvolvida por

Ecar (2007), na Universidade Federal Fluminense, em entrevista realizada com alunos da

graduação em Pedagogia da UFF, dos 25 entrevistados, apenas nove possuíam formação de

professores em Nível Médio. Destes, seis trabalhavam em sala de aula como professores, o

que demonstra um pequeno grupo presente em sala de aula durante a sua formação na

graduação. Como os alunos que não estão trabalhando nas escolas vão estabelecer esse

diálogo com a sala de aula? Quem os vai acompanhar, dialogando e ajudando a construir

segurança na prática docente, inclusive para tocar e superar os não saberes ou ainda não

sabido?

2) Os cursos de formação de professores não podem ignorar as novas

tecnologias e as tecnologias da educação;

Como foi visto anteriormente estamos vivendo num período de mudanças na

sociedade em relação às tecnologias e não há como ignorar esse fato. É necessário que os

cursos de formação inicial de professores se dispam dos preconceitos com as novas e velhas

tecnologias visando aproximar a escola, professores e alunos de novas formas de ensinar e

aprender. Saber fazer uso crítico das informações disponíveis é um passo importante, mas

não apenas usar informações, mas compartilhar conhecimentos produzidos no cotidiano

escolar. Como afirma Dominick (2010):

―(...) os docentes que entrarão ou que já estão na escola e na

universidade precisam se apropriar criticamente destas novas

tecnologias, articulando-as com as velhas, para que nossa sociedade

não se esqueça de que todo artefato é produto cultural, tem história e

foi gerado pelo trabalho de muitos. Não basta trocar o velho artefato

pelo novo para que mudanças aconteçam, pois esta lógica pode criar

mais um caminho para a exclusão, pois relembrando Foucault o uso

dos saberes é também uma técnica de poder. O pensar crítico sobre

as mudanças tecnológicas é fundamental para uma apropriação

humanizada e humanizadora de tais produtos, em especial porque

ainda convivemos com uma cultura dominada pela racionalidade

moderna hegemônica que separou, segregou e hierarquizou,

chegando mesmo a exterminar, sujeitos que foram considerados

desqualificados por esta mesma forma de pensar-fazer política.‖

Page 54: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

53

É interessante que os professores das licenciaturas incentivem os futuros docentes a

irem à rede e trazerem as discussões que estão neste espaço para sala de aula visando, assim,

formar professores reflexivos e geradores de uma cultura crítica como a internet. Venho

aqui destacar a disciplina de ―Educação Infantil‖, ministrada pela professora Ângela Meyer

Borba, na UFF, que no segundo semestre de 2009 deu início ao blog Cadernos de

infância23

a partir de um trabalho realizado nesta disciplina. Ela tinha como objetivo formar

um espaço de diálogo sobre a infância e a educação infantil.

Hoje sabemos que no projeto ―As artes de fazer a educação em ciclos‖, que tem o

objetivo de ampliar os diálogos entre a UFF e as escolas, tem-se buscado fazer um diálogo

entre as velhas e novas tecnologias, onde se desenvolvem ações em redes colaborativas com

o intuito de formar o professor reflexivo em diferentes espaços: na escola, na universidade e

no hiperespaço (DOMINICK, 2010).

Quanto às tecnologias educacionais, é importante que o professor as conheçam e

saiba fazer uso delas não apenas como consumidor, mas como produtor de tecnologias

(DOMINICK, 2010). Um brinquedo pedagógico ou o material dourado são, por exemplo,

tecnologias educacionais, e são importantes para o aprendizado dos alunos. No meu curso de

graduação uma das disciplinas24

que mais me preparou para a prática pedagógica foi aquela

que me ensinou a trabalhar e criar tais materiais, no caso, eram jogos matemáticos, e que me

deu base para criar e desenvolver artefatos para trabalhar com os meus alunos.

3) A formação de um professor nunca termina e a troca de experiências com os

seus pares enriquecem esse processo.

Libâneo (2009) ao citar Dewey diz que toda comunicação é educativa, porque ela

envolve compartilhamento entre as pessoas, afetando não só a área intelectual e emocional,

mas também proporciona uma troca de experiências ampla e variada. Nos weblogs

educacionais é possível perceber claramente esse processo, quando há um oferecimento de

conhecimento e a troca ocorre a todo instante. Ao se deparar com estes espaços o professor

dialoga com as informações ali presentes e constrói o seu próprio caminho. Não só o leitor

se enriquece, o escritor também. Este pensa sobre o que escreveu, pratica e pesquisa,

23

http://cadernosdeinfancia.blogspot.com/

24

Disciplinas ministradas pela professora Maria Antonieta Pirrone no curso de Pedagogia da Universidade

Federal Fluminense:

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54

acrescentando mais e mais conhecimentos a sua formação.

Me pergunto porque nos processos de formação continuada e em serviço não existem

esses espaços para a interação? Outras perguntas também foram surgindo no processo, mas

que ficarão para outros estudos. Dentre elas estão: O que estão fazendo os Pedagogos das

escolas e das Secretarias de Educação que não dialogam e ajudam na formação e na

superação das dificuldades expressas pelos docentes nos blogs? Qual tem sido o espaço de

formação em serviço dos profissionais das escolas? Será que a formação inicial pode formar

plenamente o professor?

Hoje, caminho em busca de uma formação que me potencialize como sujeito

histórico em interação com outros sujeitos históricos.

Page 56: Blog um espaço de formação e comunicação entre os professores

55

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