biotina final

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1 Ministério da Saúde Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde Biotina para o Tratamento da Deficiência de Biotinidase Outubro de 2012 Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – 06

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Biotina, Vitamina H

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  • 1

    Ministrio da Sade

    Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos

    Departamento de Gesto e Incorporao de Tecnologias em Sade

    Biotina para o Tratamento da Deficincia de

    Biotinidase

    Outubro de 2012

    Relatrio de Recomendao da Comisso Nacional de Incorporao de Tecnologias no SUS CONITEC 06

  • CONITEC

    2012 Ministrio da Sade.

    permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que

    no seja para venda ou qualquer fim comercial.

    A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da

    CONITEC.

    Informaes:

    MINISTRIO DA SADE

    Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos

    Esplanada dos Ministrios, Bloco G, Edifcio Sede, 9 andar, sala 933

    CEP: 70058-900, Braslia DF

    E-mail: [email protected]

    Home Page: www.saude.gov.br/sctie -> Novas Tecnologias

  • 2

    CONITEC

    CONTEXTO

    Em 28 de abril de 2011, foi publicada a lei n 12.401 que dispe sobre a

    assistncia teraputica e a incorporao de tecnologias em sade no mbito do SUS.

    Esta lei um marco para o SUS, pois define os critrios e prazos para a incorporao de

    tecnologias no sistema pblico de sade. Define, ainda, que o Ministrio da Sade,

    assessorado pela Comisso Nacional de Incorporao de Tecnologias CONITEC, tem

    como atribuies a incorporao, excluso ou alterao de novos medicamentos,

    produtos e procedimentos, bem como a constituio ou alterao de protocolo clnico

    ou de diretriz teraputica.

    Tendo em vista maior agilidade, transparncia e eficincia na anlise dos

    processos de incorporao de tecnologias, a nova legislao fixa o prazo de 180 dias

    (prorrogveis por mais 90 dias) para a tomada de deciso, bem como inclui a anlise

    baseada em evidncias, levando em considerao aspectos como eficcia, acurcia,

    efetividade e a segurana da tecnologia, alm da avaliao econmica comparativa dos

    benefcios e dos custos em relao s tecnologias j existentes.

    A nova lei estabelece a exigncia do registro prvio do produto na Agncia

    Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) para a que este possa ser avaliado para a

    incorporao no SUS.

    Para regulamentar a composio, as competncias e o funcionamento da

    CONITEC foi publicado o decreto n 7.646 de 21 de dezembro de 2011. A estrutura de

    funcionamento da CONITEC composta por dois fruns: Plenrio e Secretaria-

    Executiva.

    O Plenrio o frum responsvel pela emisso de recomendaes para

    assessorar o Ministrio da Sade na incorporao, excluso ou alterao das

    tecnologias, no mbito do SUS, na constituio ou alterao de protocolos clnicos e

    diretrizes teraputicas e na atualizao da Relao Nacional de Medicamentos

    Essenciais (RENAME), instituda pelo Decreto n 7.508, de 28 de junho de 2011.

    composto por treze membros, um representante de cada Secretaria do Ministrio da

    Sade sendo o indicado pela Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos

    (SCTIE) o presidente do Plenrio e um representante de cada uma das seguintes

    instituies: ANVISA, Agncia Nacional de Sade Suplementar - ANS, Conselho

    Nacional de Sade - CNS, Conselho Nacional de Secretrios de Sade - CONASS,

    Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sade - CONASEMS e Conselho

    Federal de Medicina - CFM.

    Cabe Secretaria-Executiva exercida pelo Departamento de Gesto e

    Incorporao de Tecnologias em Sade (DGITS) da SCTIE a gesto e a coordenao

    das atividades da CONITEC, bem como a emisso deste relatrio final sobre a

  • 3

    CONITEC

    tecnologia, que leva em considerao as evidncias cientficas, a avaliao econmica

    e o impacto da incorporao da tecnologia no SUS.

    Todas as recomendaes emitidas pelo Plenrio so submetidas consulta

    pblica (CP) pelo prazo de 20 dias, exceto em casos de urgncia da matria, quando a

    CP ter prazo de 10 dias. As contribuies e sugestes da consulta pblica so

    organizadas e inseridas ao relatrio final da CONITEC, que, posteriormente,

    encaminhado para o Secretrio de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos para a

    tomada de deciso. O Secretrio da SCTIE pode, ainda, solicitar a realizao de

    audincia pblica antes da sua deciso.

    Para a garantia da disponibilizao das tecnologias incorporadas no SUS, o

    decreto estipula um prazo de 180 dias para a efetivao de sua oferta populao

    brasileira.

  • 4

    CONITEC

    SUMRIO

    1. A DOENA .................................................................................................................................... 5

    2. A TECNOLOGIA .............................................................................................................................. 6

    3. ANLISE DA EVIDNCIA APRESENTADA PELO DEMANDANTE ........................................................ 7

    4. EVIDNCIAS CIENTFICAS ............................................................................................................ 11

    5. IMPACTO ORAMENTRIO ......................................................................................................... 12

    6. RECOMENDAO DA CONITEC....................................................................................................12

    7. CONSULTA PBLICA....................................................................................................................13

    8. DELIBERAO FINAL....................................................................................................................13

    9. DECISO ....................................................................................................................................14

    10. REFERNCIAS .............................................................................................................................15

  • 5

    CONITEC

    1. A DOENA

    A deficincia de biotinidase um erro inato do metabolismo, de herana

    autossmica recessiva. Na deficincia de biotinidase, a biotina no pode ser liberada a

    partir de pequenos biotinilpeptdeos e da biocitina. Assim, pacientes com esta

    deficincia so incapazes de reciclar a biotina endgena ou de usar a biotina ligada s

    protenas da dieta, conseqentemente a biotina perdida na urina. (1)

    Os pacientes com deficincia de biotinidase apresentam uma grande

    variabilidade de manifestaes clnicas da doena, bem como na idade de

    apresentao dos sintomas. O quadro clnico completo j foi relatado a partir de 7

    semanas de vida, mas sintomas neurolgicos mais discretos podem ocorrer mais cedo,

    ainda no perodo neonatal(2); no entanto, algumas crianas podem no desenvolver

    sintomas at a adolescncia.(3) As manifestaes neurolgicas como hipotonia

    muscular, letargia, crises convulsivas mioclnicas e ataxia so os sinais clnicos iniciais

    mais freqentes. (4)

    Devido variabilidade e inespecificidade das manifestaes clnicas, h um

    grande risco de atraso no diagnstico, quando esse no feito por meio de triagem

    neonatal.(5) Pacientes com diagnstico tardio, na maioria das vezes, tm retardo

    psicomotor e outros sintomas neurolgicos, que podem ser irreversivis e at mesmo

    fatais. (6, 7, 8)

    O diagnstico neonatal pode ser feito por meio de triagem neonatal (teste do

    pezinho ampliado) em pacientes ainda assintomticos.(11) O diagnstico definitivo da

    deficincia de biotinidase exige a confirmao laboratorial(9), que deve ser realizada

    por meio da medida da atividade da biotinidase, feita em plasma por mtodo

    colorimtrico.(10)

    Com base no nvel da atividade de biotinidase, os pacientes so classificados

    em trs grupos principais:

  • 6

    CONITEC

    1. Pacientes com deficincia de biotinidase profunda: possuem menos de 10%

    da mdia atividade srica normal de biotinidase.

    2. Pacientes com deficincia de biotinidase parcial: com 10-30% da mdia

    atividade srica normal de biotinidase.

    3. Pacientes com diminuio da afinidade da biotinidase pela biocitina: esses

    pacientes tem atividade enzimtica normal aos testes, usualmente realizados; mas a

    testagem com substratos mais especficos evidencia a diminuio de afinididade.

    No Brasil, estima-se que possam existir aproximadamente 3.200 pacientes com

    Deficincia de Biotinidase (incidncia aproximada de 1 para 60.000, em uma populao

    de cerca de 190 milhes de habitantes).

    2. A TECNOLOGIA

    Tipo: frmula alimentar

    Princpio Ativo: biotina

    A biotina (ou vitamina H) um composto pertencente ao grupo de vitaminas

    hidrossolveis do complexo B, necessria em diversas funes metablicas.

    Indicao aprovada na Anvisa: a ANVISA liberou o uso e comercializao da biotina

    (ou vitamina H) somente em associao de polivitamnicos, em doses abaixo das

    recomendadas para o tratamento de biotinidase. A sua comercializao na forma

    isolada (sem associaes a outras substncias) obtida somente em farmcias de

    manipulao.

    Indicao proposta: Indicado para o tratamento da Deficincia de Biotinidase,

    comprovada por meio de dosagem enzimtica em plasma.

    Posologia e Forma de Administrao: O medicamento biotina disponibilizado sob a

    forma de cpsula, comprimidos ou soluo lquida, em geral na dose de 10mg ou

    10mg/mL (nas solues lquidas), sendo sua administrao oral e preferencialmente

    fora das refeies, uma vez ao dia.

  • 7

    CONITEC

    Tempo de tratamento: uso crnico

    Eventos adversos e contraindicao: No existem relatos de complicaes ou efeitos

    adversos maiores associados ao uso de biotina em pacientes com Deficincia de

    Biotinidase. Evidentemente, pacientes que apresentam hipersensibilidade a esse

    componente devem evitar o consumo do mesmo. At o momento, no foram

    relatados casos de interaes medicamentosas com o uso do produto.

    3. ANLISE DA EVIDNCIA APRESENTADA PELO DEMANDANTE

    Demandante: Departamento de Ateno Especializada (DAE/SAS).

    Tipos de estudos: foram apresentados apenas sries e relatos de casos.

    Resumo das concluses dos estudos:

    Lslo et al, 2003(12) descreveram a evoluo clnica de 20 pacientes de um

    grupo de 58 indivduos diagnosticados com Deficincia de Biotinidase, por meio do

    programa de triagem neonatal da Hungria, no perodo de 1989 a 2001. Desses 20

    pacientes, 11 deles (55%) possuam deficincia profunda, 7 (35%) deficincia parcial e

    2 (10%) eram heterozigotos. Os autores relatam que todos os pacientes em

    tratamento com biotina permaneceram assintomticos, sendo que em 3 deles houve

    perodos de piora e remisso, relacionados no-aderncia ao tratamento.

    Mslinger et al, 2001(13) publicaram um trabalho descrevendo desfechos

    clnicos e neuropsicolgicos em 33 pacientes diagnosticados com Deficincia de

    Biotinidase por meio do programa de triagem neonatal na ustria. Do total de 30

    pacientes provenientes desse programa, 18 possuam deficincia profunda e 12

    deficincia parcial. Entre os desfechos clnicos, 12 pacientes com deficincia profunda

    que iniciaram o uso de biotina antes de 8 semanas de vida permaneceram

    assintomticos at a ltima reviso clnica e tiveram o escore de QI dentro do normal.

    Em nove pacientes que descontinuaram ou atrasaram o incio do tratamento, foi

  • 8

    CONITEC

    descrito QI abaixo do normal em trs deles e atraso na aquisio da fala em um

    paciente. Cinco desses nove pacientes realizaram exames de potencial evocado

    auditivo e visual, que foram normais.

    Mslinger et al, 2003(14) publicaram novamente um trabalho descrevendo

    desfechos neuropsicolgicos de 21 pacientes, dos quais 18 foram diagnosticados por

    meio de triagem neonatal e 3 por testagem de familiares. Os pacientes submetidos e

    diagnosticados por triagem neonatal (n=18) tiveram seu diagnstico estabelecido

    entre 4 a 8 semanas de vida. Doze pacientes que iniciaram tratamento com biotina at

    a 8 semana de vida permaneceram clnica e neurologicamente assintomticos at a

    ltima reviso dos autores, tendo escores de QI dentro da mdia. Nove pacientes

    tiveram atraso, descontinuamento ou no-aderncia ao tratamento com biotina, mas

    permaneceram assintomticos clnica e neurologicamente. No entanto, em 3 deles

    (33,3%) houve documentao de reduo do escore de QI abaixo do valor normal.

    Assim, os autores frisam que todos os pacientes, mesmo com deficincia profunda de

    biotinidase, quando iniciam o tratamento dentro das primeiras semanas de vida,

    mantm-se assintomticos e com escores de QI dentro da normalidade.

    Weber et al, 2004(15) publicou um trabalho sobre crianas com Deficincia de

    Biotinidase detectadas pela triagem neonatal na Sua e que foram tratadas ainda

    assintomticas (n=26) e crianas diagnosticadas e tratadas j sintomticas (n=11). No

    seguimento desses pacientes, foram avaliadas questes de desenvolvimento

    neurolgico, adaptao social e comportamental e seqelas residuais pelos mdicos e

    pais dos pacientes. Algumas (n=6/11) das crianas sintomticas tiveram seqelas

    residuais aps o tratamento: deficincia auditiva (n=2), atrofia ptica (n=2), deficincia

    auditiva e visual (n=2). Nenhuma criana com deficincia profunda de biotinidase

    detectada por triagem neonatal (n=25) e com tratamento iniciado no perodo pr-

    sintomtico teve perda auditiva ou visual. Crianas que iniciaram o tratamento j

    sintomticas mostram maior ocorrncia de problemas visuais e auditivos. Alm disso,

    esses pacientes tiveram maior atraso na aquisio da marcha aps os 18 meses de vida

    e na aquisio da fala aps 17 meses de vida, quando comparadas s que foram

    tratadas assintomticas. No houve diferena significativa na adaptao social ou

    problemas de comportamento entre crianas sintomticas e assintomticas.

  • 9

    CONITEC

    Kaye et al, 2006(16) refora que uma vez introduzido o tratamento com biotina,

    os sintomas cutneos, assim como as crises convulsivas e quadro atxico, tendem a se

    resolver rapidamente, diferentemente do sintomas oftalmolgicos e audiolgico que

    so menos reversveis.

    Genc et al, 2007(17) descreveu os achados audiolgicos em 20 pacientes com

    Deficincia de Biotinidase em tratamento com biotina (10mg/dia), em 17 deles o

    diagnstico foi estabelecido no perodo sintomtico. Os trs pacientes diagnosticados

    ainda assintomticos (por meio de histria familiar de irmos afetados) apresentaram

    avaliao auditiva normal, sem perda da acuidade. Os tempos de latncia e limiares de

    resposta dos potenciais evocados auditivos foram siginificativamente maiores nas

    crianas com diagnstico tardio, do que nas com diagnstico no perodo pr-

    sintomtico, indicando a importncia do tratamento precoce como forma de evitar

    complicaes, muitas vezes irreversveis como a perda auditiva nesses pacientes.

    Wallace, 1985(18) publicou o caso de um paciente diagnosticado com 2 semanas

    de vida, que iniciou o tratamento com 10 mg/dia de biotina, evoluindo sem alteraes

    visuais e auditivas aos 2 meses de vida. Foi reavaliado com 7 e 14 meses de vida,

    permanecendo sem complicaes visuais, auditivas, cutneas ou neurolgicas.

    Ramaekers et al, 1993(19) publicaram o relato de um paciente de 15 anos de

    idade, com neuropatia ptica bilateral progressiva de incio agudo aos 10 anos, que

    evoluiu para tetraparaparesia espstica e neuropatia motora axonal nos quatro

    membros. Aps a suplementao diria por via oral de 10 mg de biotina, houve

    melhora metablica imediata, seguida de recuperao siginificativa dos sintomas

    neuro oftalmolgicos, motores e dficits cognitivos.

    Casado de Fras et al, 1997(20) descreveram um menino com graves sintomas de

    Deficincia de Biotinidase diagnosticada aos 12 anos que mostrou uma grande

    melhora de seu quadro neurolgico e normalizao das anormalidades cerebrais logo

    aps a instituio de biotina por via oral.

  • 10

    CONITEC

    Tsao et al, 2002(21) descreveu uma menina que aos 17 meses apresentou ataxia

    episdica, que evoluiu para ataxia progressiva grave em dois meses. Esse quadro

    clnico, segundo os autores, foi completamente resolvido aps o tratamento com

    biotina. Alm disso, a surdez neurossensorial moderada que a paciente apresentava

    tambm voltou normalidade.

    Bay et al, 2010(22) descreve um paciente com 58 dias de vida que apresenta

    quadro de acidose ltica, alterao do sensrio, atraso neuropsicomotor, alopcia e

    rash cutneo e que aps o diagnstico e o tratamento com biotina, evolui com

    melhora rpida da crise metablica, seguida posteriormente de melhora do sinais

    neurolgico e desaparecimento das leses cutneas.

    Haagerup et al, 1997(23) descreveu duas crianas com apresentaes precoces

    da Deficincia de Biotinidase (2 e 3 semanas de vida), ambas com sintomas

    neurolgicos graves, alteraes na ressonncia magntica cerebral, que aps o

    tratamento com biotina desaparecem dentro de algumas semanas.

    Grnewald et al, 2004(24) revisaram a histria clnica e achados

    neurorradiolgicos de 5 pacientes com Deficincia de Biotinidase, diagnosticados no

    Reino Unido, j sintomticos neurologicamente. No seguimento dos pacientes aps o

    tratamento com biotina houve melhora na mielinizao, mas em um dos casos o

    paciente apresentou atrofia progressiva e degenerao cstica. A maioria dos pacientes

    tiveram seqelas neurolgicas, apesar da melhora e no-progresso da doena.

    Yang et al., 2007(25) descreveu o comprometimento da medula espinhal, uma

    complicao rara da doena. No relato de trs pacientes chineses com desmielinizao

    progressiva da medula espinhal associada Deficincia de Biotinidase, a

    suplementao de biotina conduziu a uma melhora dramtica dos sintomas clnicos

    nos 3 pacientes, bem como desaparecimento dos sinais radiolgicos na medula

    espinhal, reforando a importncia do diagnstico precoce e do tratamento com

    biotina.

  • 11

    CONITEC

    4. EVIDNCIAS CIENTFICAS

    Alm da anlise dos estudos apresentados pelo demandante, a Secretaria-

    Executiva da CONITEC realizou busca na literatura por artigos publicados at o dia

    01/05/2012.

    Busca na base de dados Medline/Pubmed(26): utilizando-se os termos

    "Biotinidase deficiency" [Mesh] e "Therapeutics" [Mesh], restringindo-se para estudos

    em humanos, identificou-se 9 estudos. Quando se utilizou os termos "Biotinidase

    deficiency" [Mesh] e "Treatment" [Mesh], restringindo-se para estudos em humanos,

    identificou-se 138 estudos.

    Busca na base de dados Embase(27): utilizando-se os termos Biotinidase

    deficiency e "Treatment", restringindo-se para estudos em humanos, identificou-se

    155 estudos.

    Busca na base de dados Cochrane(28): utilizando-se o termo Biotinidase

    deficiency, foram identificados 3 trabalhos: uma reviso sistemtica sobre triagem

    neonatal de erros inatos do metabolismo, um estudo de custo-utilidade sobre

    estratgias de triagem neonatal, uma avaliao econmica sobre programas de

    triagem neonatal sistemtica. Nenhuma metnalise sobre tratamento de Deficincia

    de Biotinidase foi identificada.

    Foram encontrados apenas relatos e srie de casos, portanto nenhuma reviso

    sistemtica ou ensaio clnico randomizado (ECR), que seriam as melhores evidncias

    para avaliar a eficcia de uma tecnologia usada para tratamento. Foram revisados

    todos os artigos clnicos em lngua inglesa, espanhola e portuguesa, sem restrio de

    data, que se referissem abordagem teraputica da Deficincia de Biotinidase em

    humanos (independente do sexo e idade).

    Observou-se uma concordncia com que foi descrito no Parecer Tcnico-

    Cientfico e no foram encontrados artigos mais recentes aos descritos

  • 12

    CONITEC

    5. IMPACTO ORAMENTRIO

    Considerando a posologia de uma cpsula de 10mg de biotina por dia, o

    consumo seria de 30 cpsulas ao ms. O preo mdio do tratamento mensal (30

    cpsulas) de R$ 23,84 e o custo anual do tratamento por paciente, R$ 286,10.

    Estimando que haja em torno de 3.200 pacientes com Deficincia de Biotinidase no

    Brasil, o impacto financeiro da incorporao do medicamento no CEAF em torno de

    R$ 915.520,00 por ano

    6. RECOMENDAO DA CONITEC

    Os membros da CONITEC presentes na reunio do plenrio do dia 10/05/2012

    apreciaram a proposta de incorporao da biotina para a deficincia de biotinidase. Os

    estudos disponveis sobre a biotina apresentam semelhantes resultados, todos

    afirmam que a maioria dos pacientes sintomticos com Deficincia de Biotinidase

    melhoraram aps o tratamento com biotina. Em crianas diagnosticadas

    precocemente, o uso de biotina preveniu as anormalidades clnicas e bioqumicas.

    Todos os estudos demonstram que quanto mais precocemente o tratamento

    institudo, melhor a resposta clnica. Com relao segurana, todos os estudos

    publicados com a descrio de uso da biotina demonstraram no haver, at hoje,

    relato de efeito adverso grave relacionado ao seu uso.

    Apesar das limitaes metodolgicas dos estudos, os resultados do tratamento

    da deficincia de biotinidase com biotina foram favorveis, demonstrando que o

    tratamento capaz de modificar de forma favorvel a histria natural da doena,

    revertendo os sinais e sintomas clnicos nos pacientes sintomticos e evitando a

    ocorrncia dos mesmos nos ainda assintomticos. Com relao segurana, no h

    qualquer descrio de efeitos adversos ou intolerncia ao uso desse medicamento e

    no foram encontrados trabalhos que descrevessem complicaes agudas ou tardias

    com o uso prolongado do medicamento.

    No Brasil, a ANVISA liberou a comercializao da biotina somente em

    associao de polivitamnicos, sendo assim, no h disponvel comercialmente a

    apresentao de biotina isolada, a qual dever ser manipulada.

  • 13

    CONITEC

    A posologia recomendada de 10mg ao dia (independente do peso corporal) e

    o tratamento dever ser mantido por toda a vida, j que a interrupo das medidas

    teraputicas produz o retorno ao quadro bioqumico inicial e suas conseqentes

    manifestaes clnicas. O custo do tratamento acessvel e no h outras alternativas

    de tratamento para a doena em questo.

    Considerando o exposto, a CONITEC recomenda a incorporao da Biotina para

    o tratamento da Deficincia da Biotinidase.

    7. CONSULTA PBLICA

    A consulta pblica foi realizada do dia 22/05/2012 ao dia 31/05/2012. Durante o

    perodo de realizao da consulta pblica, no foram recebidas contribuies sobre o

    tema.

    8. DELIBERAO FINAL

    Os membros da CONITEC presentes na 1 reunio extraordinria do dia

    04/07/2012, por unanimidade, ratificaram a deliberao de recomendar a

    incorporao da Biotina para o Tratamento da Deficincia de Biotinidase, conforme

    Protocolo Clnico e Diretrizes Teraputicas do Ministrio da Sade.

    O Conselho Nacional de Sade se absteve de votar conforme posio acordada

    pelo seu plenrio.

    Foi assinado o Registro de Deliberao n 06/2012.

  • 14

    CONITEC

    9. DECISO

    PORTARIA SCTIE/MS N 34, DE 27 DE SETEMBRO DE 2012

    Torna pblica a deciso de incorporar o medicamento Biotina para o Tratamento da Deficincia de Biotinidase no Sistema nico de Sade (SUS).

    O SECRETRIO DE CINCIA, TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATGICOS DO MINISTRIO DA SADE, no uso de suas atribuies legais e com base nos termos dos art. 20 e art. 23 do Decreto 7.646, de 21 de dezembro de 2011, resolve:

    Art. 1 Fica incorporado no SUS o medicamento Biotina para o Tratamento da Deficincia de Biotinidase, conforme Protocolo Clnico e Diretrizes Teraputicas (PCDT) do Ministrio da Sade.

    Art. 2 Conforme determina o art. 25 do Decreto 7.646, as reas tcnicas do

    Ministrio da Sade tero prazo mximo de cento e oitenta dias para efetivar a oferta ao SUS. A documentao objeto desta deciso est disposio dos interessados no endereo eletrnico: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area. cfm? id_ area= 1611.

    Art. 3 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao.

    CARLOS AUGUSTO GRABOIS GADELHA

    Publicao no Dirio Oficial da Unio: D.O.U. N 193, de 04 de outubro de 2012, pg.

    53.

  • 15

    CONITEC

    10. REFERNCIAS

    1- Baumgartner ER, Suormala T . Multiple carboxylase deficiency: inherited and

    acquired disorders of biotin metabolism. Int J Vit Nutr Res 1997, 67:377-384.

    2- Baumgartner ER, Suormala TM, Wick H, Bausch J, Bonjour JP. Biotinidase deficiency

    associated with renal loss of biocytin and biotin. Ann NY Acad Sci 1985, 447:272-286.

    3- Wolf B, Pompionio RJ, Norrgard KJ et al. Delayed onset profound biotinidase

    deficiency. J Pediatr 1998, 132:362-365.

    4- Baumgartner ER, Suormala TM, Wick H et al. Biotinidase deficiency: a cause of

    subacute necrotizing encephalomyelopathy (Leigh syndrome). Report of a case with

    lethal outcome. Pediatr Res 1989, 26:260-266.

    5- Grnewald S, Champion MP, Leonard JV, Schaper J, Morris AA. Biotinidase

    deficiency: a treatable leukoencephalopathy. Neuropediatrics 2004, 35:211-216.

    6- Ramaekers VTH, Suormala TM, Brab M. A biotinidase Km variant causing late onset

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