biotecnologia: caracterização do sector

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Y Portugal 2013 BIOTECNOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DO SETOR ESTUDO DESENVOLVIDO NO ÂMBITO DO PROJETO “PROMOÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE CLUSTERS TECNOLÓGICOS EMERGENTES

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ESTUDO DESENVOLVIDO NO ÂMBITO DO

PROJETO “PROMOÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE

CLUSTERS TECNOLÓGICOS EMERGENTES”

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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Março 2013 Imagem da capa: http://2.bp.blogspot.com/-3afTbgeyni0/TcHlAREnOdI/AAAAAAAAAAk/YHRl5zg4F2U/s1600/Bio.jpg

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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Índice

1. Sumário Executivo ............................................................................................... 6

1.1. Definição ........................................................................................................ 6

1.2. Nanotecnologia em Portugal .......................................................................... 6

1.3. Futuro ............................................................................................................. 6

2. Enquadramento do Estudo ................................................................................... 8

3. Biotecnologia: Introdução ao setor ....................................................................... 9

3.1. O caminho desde a biotecnologia tradicional à moderna ............................... 9

3.2. Biotecnologia: O conceito ............................................................................. 15

3.3. As aplicações da biotecnologia .................................................................... 19

4. O setor da biotecnologia a nível mundial ........................................................... 31

4.1. O mercado biotecnológico a nível mundial ................................................... 32

4.2. Número de empresas biotecnológicas por países, ano 2011 ou último ano

disponível ............................................................................................................... 43

4.3. Registo de patentes internacionais PCT em matéria de biotecnologia ........ 45

5. Diagnóstico do setor biotecnológico em Portugal. Análise dos principais

indicadores ................................................................................................................ 47

5.1. Considerações metodológicas ..................................................................... 47

5 ......................................................................................................................... 48

5.2. Classificação das empresas biotecnológicas de Portugal segundo as suas

áreas de atividade ................................................................................................. 51

5.3. Tipo de empresas biotecnológicas portuguesas segundo a sua dimensão . 52

5.4. Distribuição geográfica das empresas biotecnológicas em Portugal ........... 55

5.5. Volume de exploração das empresas biotecnológicas em Portugal ............ 56

5.6. Número de empregos gerados pelas empresas biotecnológicas em Portugal .

..................................................................................................................... 61

6. Os instrumentos de financiamento da I&D&I ...................................................... 64

6.1. Projetos do 7.º PROGRAMA-Quadro ........................................................... 64

6.2. Projetos EUREKA ........................................................................................ 67

6.3. Projetos IBEROEKA ...................................................................................... 75

6.4. Projetos QREN ............................................................................................. 83

6.5. Convocatória NEOTEC ................................................................................ 89

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

4

7. Instrumentos de apoio no âmbito da biotecnologia ............................................ 93

7.1. Programa estratégico para o empreendedorismo e inovação (+E+I) ........... 94

7.2. Sistemas de incentivos do QREN ................................................................ 95

7.3. Sistemas de apoio a parques de ciência e tecnologia e incubadoras de

empresas de base tecnológica ............................................................................ 101

7.4. Sistemas de incentivos a acções colectivas (SIAC) ................................... 103

7.5. Capital de risco .......................................................................................... 104

7.6. Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional

................................................................................................................... 106

8. Agentes envolvidos no setor da Biotecnologia em portugal ............................. 109

8.1. Associações biotecnológicas ..................................................................... 109

8.2. Institutos tecnológicos ................................................................................ 112

8.3. Parques tecnológicos ................................................................................. 117

8.4. Agências de inovação ................................................................................ 122

8.5. Portal de notícias ....................................................................................... 123

8.6. Fundações ................................................................................................. 123

8.7. Centros tecnológicos .................................................................................. 124

8.8. Agentes na Europa..................................................................................... 129

9. Fatores de sucesso do setor da biotecnologia em Portugal e oportunidades do

meio ........................................................................................................................ 135

10. Aspetos críticos do setor biotecnológico em Portugal e ameaças do meio ...... 142

11. Tendências no setor biotecnológico ................................................................. 151

11.1. À espera do Horizonte 2020 ................................................................... 151

11.2. Tendências do setor biotecnológico ........................................................ 152

11.3. Tendências nos principais setores que aplicam a biotecnologia ............. 155

11.4. A inovação aberta e a difusão das capacidades ..................................... 165

11.5. A internacionalização como saída da crise nas empresas biotecnológicas ..

................................................................................................................ 167

12. Proposta estratégica para o setor biotecnológico em Portugal ........................ 169

12.1. A abordagem da política estratégica. A figura do cluster ........................ 169

12.2. Atuações estratégicas ............................................................................. 171

13. Reflexões finais ................................................................................................ 175

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

5

Bibliografia ....................................................................................................... 179

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

6

1. SUMÁRIO EXECUTIVO

1.1. Definição

A biotecnologia é a ciência que faz uso de organismos vivos ou parte deles para a produção

de bens e serviços. Nesta definição enquadra-se um conjunto de atividades que o homem

vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão,

vinho, iogurte, cerveja, entre outros). Por outro lado, a biotecnologia moderna é a que utiliza

a informação genética, integrando técnicas de ADN recombinante.

A biotecnologia combina disciplinas tais como a genética, a biologia molecular, a bioquímica,

a embriologia e a biologia celular, com a engenharia química, as tecnologias de informação,

a robótica, a bioética e o biodireito, entre outras.

1.2. Nanotecnologia em Portugal

A investigação em biotecnologia desenvolve-se um pouco por todo o país e Regiões

Autónomas, tendo sido já constituídos diversos grupos de unidades científicas de

investigação aplicada e empresas especializadas, entre os quais se encontra um Parque

Tecnológico dedicado à biotecnologia e institutos integrados de investigação multidisciplinar

reconhecidos a nível europeu.

O processo de desenvolvimento da biotecnologia em Portugal teve o seu início formal em

1989 com a criação da primeira organização de investigação especializada em

biotecnologia.

As áreas tecnológicas com desenvolvimento mais significativo incluem as ciências da vida,

(designadamente doenças genéticas, doenças infeciosas e imunologia, neurociências,

stress e biologia estrutural), os biomateriais, os materiais biodegradáveis e biomiméticos.

1.3. Futuro

Em termos industriais, tem-se assistido à criação de diversas empresas, resultantes, na sua

maior parte, de processos de empresarialização de resultados académicos e científicos. Em

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

7

1998, foi criada a APbio (Associação Portuguesa de Bioindústrias) que atualmente conta,

entre os seus associados, com mais de 30 empresas e diversos centros de investigação e

incubação.

Um dos problemas desta área empresarial é o tempo até ao mercado, que varia

normalmente entre 8 e 15 anos, exigindo grandes investimentos até os produtos chegarem

aos consumidores. A falta de empresas de capital de risco especializadas e com recursos

suficientes para suportar o esforço necessário ao processo de desenvolvimento,

certificação, testes e aprovação é a principal ameaça ao sucesso desta área tecnológica em

Portugal.

Page 8: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

8

2. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO

Perante a conjuntura atual e a necessidade de uma rápida reconversão da estrutura

económica, a BICS, Associação dos Centros de Empresa e Inovação Portugueses, com

o projeto de “Dinamização de Clusters Tecnológicos Emergentes” pretende envolver os

principais agentes de 4 áreas estratégicas emergentes: Nanotecnologia, Digital Media,

Clean Tech e Biotecnologia, para o impulsionamento de uma clusterização dinâmica.

Deste projeto deve resultar uma distinção pela positiva de clusters mais dinâmicos e

com maior potencial, fomentando debates de índole regional, recorrendo à promoção do

networking e a sistemas de open innovation e oriented innovation, além de criar condições

para a geração de externalidades indutoras de efeitos de arrastamento na economia,

sendo sensibilizador e incitador do Empreendedorismo, da Inovação e da Cooperação

Institucional em Portugal.

O projeto decorre paralelamente aos objetivos gerais dos BIC de fortalecer a

comunicação e cooperação com as Universidades, Institutos Politécnicos, Centros de

Transferência de Tecnologia e Entidades de Apoio às Empresas e aos

Empreendedores no sentido de fortalecer as redes regionais de desenvolvimento

económico e social, numa perspetiva de sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida e

competitividade das regiões.

No quadro deste projeto, o estudo de diagnóstico do setor biotecnológico em Portugal

pretende analisar a atual situação do setor e demonstrar a biotecnologia como um setor

horizontal que conta com grandes ferramentas para o desenvolvimento sustentável da

indústria nacional.

Page 9: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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3. BIOTECNOLOGIA: INTRODUÇÃO AO SETOR

3.1. O caminho desde a biotecnologia tradicional à moderna

A biotecnologia tradicional baseia-se na obtenção e utilização dos produtos do

metabolismo de certos micro-organismos. Pode ser definida como “a utilização de

organismos vivos para a obtenção de um bem ou serviço útil para o homem”.

Embora biotecnologia seja um termo que ao público em geral possa soar como inovador,

esta faz parte da vida humana há mais tempo do que as pessoas possam imaginar. A

aplicação da biologia na transformação da natureza é uma tecnologia muito antiga, isto é,

desde há séculos passados que o homem tem aplicado o uso de processos

biológicos como ferramentas de transformação de matérias-primas em produtos

finais.

Um claro exemplo da utilização da biotecnologia por parte do homem observa-se há

séculos na descoberta da fermentação. Ao fermentar as uvas obtinha-se um produto final,

o vinho, o mesmo acontecia com a fermentação dos cereais (a cerveja) ou das maçãs (a

sidra). Nestes processos intervêm micro-organismos que transformam componentes do

suco de frutas ou de cereais em álcool. A biotecnologia também faz parte da fabricação de

pão mediante a utilização de leveduras, conseguir produzir queijos através da adição de

bactérias, iogurte, entre outros. Embora, naquela altura, os homens não entendessem como

ocorriam estes processos, nem conhecessem a existência de micro-organismos, podiam

utilizá-los para seu benefício.

Todos estes processos foram desenvolvidos a partir de mecanismos de tentativa e

erro e “afinados” desde o século XIX com diversas técnicas (em consonância com o

desenvolvimento da química). Algo semelhante ocorreu com o desenvolvimento das

vacinas e de outros medicamentos de origem biológica: identificado o agente, a sua

atenuação permitia a cultura reprodutiva controlada e com isso a geração de vacinas.

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

10

O documento intitulado "Biotecnologia" e desenvolvido por ArgenBio1 faz referência a que a

biotecnologia começa a ser estudada nos inícios do século XIX, quando a procura de

mão-de-obra para a indústria incipiente estimulou o êxodo da população do campo para a

cidade. Como consequência, as condições sanitárias, doenças e fome eram cada vez

piores. Ao mesmo tempo, o progresso exigia processos industriais mais eficientes. Portanto,

o entendimento dos fenómenos naturais tornou-se indispensável para responder às

necessidades da sociedade.

A partir de 1850 surgem novas áreas do conhecimento; nascem a microbiologia, a

imunologia, a bioquímica e a genética. A química industrial evolui aceleradamente e,

também, aumenta a intervenção da engenharia agrícola e da pecuária na administração do

campo.

Em 1914, Karl Ereky, um engenheiro agrónomo húngaro, desenvolve um plano de criação

de porcos para substituir as práticas tradicionais por uma indústria agrícola capitalista,

baseada no conhecimento científico. Deve-se a Ereky (1919) a primeira definição de

biotecnologia, “a ciência dos métodos que permitem a obtenção de produtos a partir de

matéria-prima, mediante a intervenção de organismos vivos”. Para ele, a era bioquímica

substituiria a Idade da Pedra e do Ferro.

O século XX assiste a um desenvolvimento extraordinário da ciência e da tecnologia

(eletrónica e informática). Da convergência de ambas resultam êxitos extraordinários em

vários setores produtivos, onde os seres vivos constituem a base de aplicações tão diversas

como a geração de variedades vegetais mais produtivas, a fabricação de novos alimentos, o

tratamento dos resíduos e a produção de enzimas e antibióticos.

Sob esta premissa, definir-se-ia a biotecnologia moderna como a aplicação científica e

tecnológica a organismos vivos, as suas partes, produtos e modelos destinados a modificar

organismos vivos e/ou materiais aplicados à produção de conhecimentos, bens e serviços

(OCDE, 2006).

1 Estudo intitulado: BIOTECNOLOGIA. Elaborado para o ArgenBio e a Universidade de Quilmes Editorial. Autora: María Antonia Muñoz de Malajovich.

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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Pier Paolo Saviotti2 introduz-nos no início da biotecnologia moderna através do Relatório de

Vigilância Tecnológica, Comissão Europeia. Neste estudo indica que a biotecnologia

moderna deriva do aparecimento da biologia molecular, uma nova disciplina fundada nos

anos 1930 com o objetivo de aplicar os métodos da física à biologia. A descoberta da

estrutura do ADN por Watson e Crick demonstrou que os genes contêm a informação para

a produção de proteínas. Apesar de que foi imediatamente evidente que esta descoberta

poderia ter aplicações potenciais enormes para a medicina bem como para muitas outras

áreas de atividade, a aplicação prática deste potencial não começou a ser usada até a

descoberta do ADN recombinante e dos anticorpos monoclonais nos inícios dos anos

1970 (McKelvey, 1997; Goujon, 2001; Eliasson, 2000).

Estas duas descobertas abriram o caminho às aplicações industriais, das quais eram

esperados resultados económicos em períodos de tempo relativamente curtos. A isto

seguiu-se uma onda de investimentos que conduziram à criação de muitas empresas e a

uma nova forma de organização industrial. Assim, desde o seu começo, a biotecnologia

foi uma tecnologia muito intensa a nível científico. Os desenvolvimentos posteriores

dependeram fortemente do progresso técnico, por exemplo, da reação em cadeia da

polimerase (PCR), que permite a amplificação de quantidades de ADN e de material

genético para que esteja disponível para os investigadores, da emergência da

bioinformática (Saviotti et al, 2000), uma nova disciplina na interface entre a biologia e as

Tecnologias da Informação (TI), que provocou a automatização do sequenciamento de

ADN e acelerou, em grande parte, o Projeto Genoma Humano. Este projeto abriu a porta a

uma ampla gama de novas aplicações potenciais.

Como consequência, o desenvolvimento posterior da biotecnologia pode ser

caracterizado como um processo crescente de especialização no qual certas doenças se

converteram no centro das atenções e alguns desenvolvimentos técnicos emergentes foram

reconhecidos como subdisciplinas da biotecnologia.

A biotecnologia abrange hoje uma ampla área do conhecimento que surge da ciência

básica (biologia molecular, microbiologia, biologia celular, genética, etc.), da ciência

aplicada (técnicas imunológicas e bioquímicas, bem como técnicas baseadas na física e na

2 Pier Paolo Saviotti (UMR-GAEL, Grenoble e GREDEC, Sophia Antipolis). Informe de Vigilancia Tecnológica, Serie de informes de tecnologías clave de la Comisión Europea, Biotecnología. Mi+d. www.madrimasd.org

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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eletrónica) e de outras tecnologias (fermentações, separações, purificações, informáticas,

robótica e controle de processos) 3. Trata-se de uma rede complexa de conhecimentos onde

a ciência e a tecnologia se entrelaçam e se complementam.

O processo da biotecnologia como ciência à tecnologia aplicada

O documento Biotecnologia e desenvolvimento gerado por CEPAL (Nações Unidas) 4 serve

como base para analisar o processo de um desenvolvimento científico a uma técnica e

o desta a uma tecnologia com validade comercial.

No caso da biotecnologia, este processo implica uma vasta quantidade de procedimentos

interrelacionados - com as suas respetivas buscas para atividades terciárias - que podem

ser efetuadas por um único agente ou por vários (sendo requeridos, neste caso,

mecanismos de direitos de propriedade que facilitem os intercâmbios). Ou seja, trata-se de

uma atividade que apresenta uma vasta quantidade de “pontos de fuga” ou de “pontos de

rendimento” o que facilita ou requer a possibilidade de interligações.

É comum a todas as aplicações posteriores um primeiro conjunto de técnicas. Casos como

a identificação de espécies utilizando marcadores moleculares ou as técnicas básicas de

clonagem não diferem substantivamente segundo a sua aplicação posterior.

Este conjunto de desenvolvimentos é conhecido como tecnologias horizontais e estas são

relativamente padronizadas e passíveis de ser integradas como parte de processos formais

de formação de recursos humanos (cursos universitários e similares). Têm como elementos

críticos elevados níveis de conhecimentos em biologia, química fina, e inclusive

bioinformática.

Por outro lado, um segundo conjunto de tecnologias é de uso específico em aplicações e

casos concretos, daí o seu maior grau de especificidade. Geralmente, o seu

desenvolvimento e circulação é limitado a empresas ou instituições, ou faz parte de acordos

3 Fonte: BIOTECNOLOGIA. Elaborado para o ArgenBio e a Universidade de Quilmes Editorial. Autora: María Antonia Muñoz de Malajovich. 4 Documento Biotecnologia e desenvolvimento. Este documento foi preparado por Roberto Bisang e Verónica Cessa, consultores, e Mercedes Campi, assistente de investigação do gabinete da Comissão Económica para a América Latina e Caribe (CEPAL) em Buenos Aires a pedido do gabinete da Secretaria Executiva da CEPAL.

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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entre ambos. Os seus elementos críticos estão associados a atividades específicas tanto em

termos de conhecimentos (fisiologia vegetal e bovina; patologias humanas, etc.), como

operacionais (variedades vegetais e animais, equipamentos, etc.).

Somado a isso e incrementando a complexidade analítica, cabe acrescentar outros

elementos desde a perspetiva da posterior aplicação territorial destas técnicas, ao campo

específico. Se se referirem à sua utilização em agricultura e/ou gado, a sua aplicação deve

contemplar as especificidades dos solos e dos climas regionais (por outras palavras, a

inexistência de solos e climas homogéneos no mundo limita a possibilidade de uma

aplicação biotecnológica universal e uniforme); se a aplicação de técnicas gerais e/ou

específicas recai sobre o campo da saúde humana, também não é comum encontrar

patologias universais únicas, mas sim múltiplas doenças regionais, etc.

O processo que vai de uma ideia a um produto, no caso da biotecnologia, tem algumas

características específicas:

Geralmente, as “buscas científicas” (isolamento de um gene, relação entre um

gene e o traço que determina, mapas genéticos, etc.) estão orientadas desde o início

pelo desafio de resolver um problema (que gene determina a insuficiência

suprarrenal?; qual é o desequilíbrio que altera o comportamento de algumas células

e as torna cancerígenas?). O próprio desafio requer uma pré-orientação dos

desenvolvimentos científicos; trata-se de usos genéricos.

Próximo de realizar a pergunta de investigação, surge a eventual aplicação à

solução técnica de um problema. Estamos a um passo do pré-competitivo, no

entanto, o caminho técnico selecionado pode não ser o adequado, o qual reformula

as ações iniciais do biólogo ou de outro cientista. Trata-se de usos específicos.

Obtida a solução técnica, o passo seguinte é a viabilidade produtiva. Dado que o

processo é geralmente maleável, isso obriga a reformular todo o esquema de

desenvolvimento prévio. Desta maneira, os próprios desafios da biotecnologia

implicam uma maior relação entre “o científico”, “o tecnológico” e “os negócios”.

A complexidade dos desenvolvimentos científicos recomenda a “desmontagem”

das atividades até o ponto de que se geram múltiplas oportunidades/necessidades

(novas) de intercâmbio, que sob determinadas circunstâncias, se convertem em

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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mercados (reais ou potenciais). Isso leva a revalorizar conhecimentos desenvolvidos

previamente e a propor novos mercados.

Existe um conjunto de tecnologias comuns a todos os desenvolvimentos,

tecnologias horizontais, e outras tecnologias específicas para o desenvolvimento

de aplicações concretas em setores novos ou em processos novos de atividades

pré-existentes. Geralmente, as especificidades locais (climas e solos, patologias,

perfis alimentares, etc.) limitam a “universalidade” destas tecnologias, obrigando a

processos adaptativos locais.

O caminho de um desenvolvimento em laboratório a um produto provado (funcionalmente) e

aprovado (a nível regulamentar), que seja economicamente rentável e que com isso permita

um processo de acumulação que estabeleça as bases para o desenvolvimento, implica

outra longa série de etapas:

Desenvolvido o produto/processo é necessário o escalamento industrial, etapa

menos simples que em outras atividades, dado que se trata de produtos biológicos.

Esta etapa é concomitante com outro aspeto relevante como é o enquadramento

regulamentar. Isto refere-se não só aos direitos de propriedade, mas também às

condições de segurança, inocuidade e eficiência dos desenvolvimentos.

A etapa produtiva (incluindo fornecedores de um fator de produção, equipas,

capacidade laboral, balanço entre a produção interna e a subcontratação, etc.).

A distribuição e outros procedimentos até chegar ao consumidor. Dadas as

áreas de aplicação final da biotecnologia (medicamentos, vacinas, terapias

genéticas, produtos industriais, alimentos, etc.), alguns ativos complementares

reclamam importância, como as marcas, as relações contratuais prévias, o

armazenamento, as cadeias de frio e, em geral, a logística de distribuição.

Em síntese, a total captação do rendimento tecnológico e produtivo, requer não só domínio

tecnológico, mas também e fundamentalmente, controlo produtivo, capacidades para dar

resposta às regulações e utilização dos canais comerciais do produto até chegar ao

consumidor. Em perspetiva, o controlo tecnológico nos desenvolvimentos iniciais funciona

só como modo de condição necessária para captação de rendimentos. As condições

suficientes associam-se ao controlo das restantes etapas.

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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Obviamente, isto implica dois modelos polares de organização, formados, o primeiro por

grandes empresas com uma alta integração técnica e produtiva (especialmente nas

atividades estratégicas) e, o segundo, pela segmentação de atividades em cadeias

produtivas mais desconcentradas.

3.2. Biotecnologia: O conceito

A biotecnologia é um campo fortemente transversal e heterogéneo, que implica a utilização

de diferentes técnicas provenientes de diferentes ramos da ciência e com campos de

aplicação muitos variados. Assim, a definição de biotecnologia é um desafio importante que

tem sido abordado a partir de diferentes perspetivas nos últimos anos.

A palavra biotecnologia 5 é o resultado da união de outras duas: biologia e tecnologia. E a

biotecnologia é exatamente isso: tecnologia biológica. Os seres vivos podem ser

considerados máquinas biológicas. Utilizamos maquinaria biológica em forma de moléculas

para nos movermos, obtermos energia a partir do que comemos, respirarmos, pensarmos,

etc.

A biotecnologia consiste precisamente na utilização da maquinaria biológica de outros

seres vivos para que resulte num benefício para o ser humano, seja porque se obtém um

produto valioso ou porque se melhora um procedimento industrial. Através da biotecnologia,

os cientistas procuram formas de aproveitar a "tecnologia biológica" dos seres vivos para

gerar alimentos mais saudáveis, medicamentos melhores, materiais mais resistentes ou

menos poluentes, culturas mais produtivas, fontes de energia renováveis e inclusive

sistemas para eliminar a contaminação.

O Inventário diagnóstico das biotecnologias no MERCOSUL e a comparação com a União

Europeia apresenta os conceitos biotecnológicos existentes6.

Neste relatório, estabelece-se que na literatura existem duas opções principais quando se

trata de estabelecer uma definição de biotecnologia: por um lado, estabelecer um

enunciado único que englobe as possíveis atividades do campo ou utilizar uma lista de

5 Extrato de texto proveniente do portal www.biopositivizate.com 6 O relatório “Inventario diagnóstico de las biotecnologías en MERCOSUR y comparación con la Unión Europea” (BIOTECH ASA-2005-017-350-C2), foi realizado pelo Centro Redes para o Programa Biotech. Direção: Mario Albornoz ([email protected])

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

16

definições de diferentes tipos de biotecnologias. Nos Estados Unidos, durante a primeira

metade dos anos oitenta, foram utilizados os dois tipos de definição. A primeira considera a

biotecnologia como uma técnica, ou um conjunto de técnicas, que utiliza organismos

vivos - ou partes deles - para obter ou modificar produtos, melhorar plantas ou animais, ou

para desenvolver micro-organismos com usos determinados. Esta definição contém os

novos instrumentos biológicos e os métodos tradicionais de seleção genética. A segunda

definição define a biotecnologia em função da utilização das técnicas modernas do

ADNr, a fusão celular e os procedimentos de bioengenharia.

A definição da Enciclopédia Britânica destaca a importância da investigação, sem fazer

referência a uma área de conhecimento específica: “a aplicação dos avanços nas técnicas e

instrumentos de investigação das ciências biológicas à indústria”. No dicionário europeu

EURODICAUTOM, define-se a biotecnologia como toda a aplicação tecnológica que utilize

sistemas biológicos e organismos vivos ou seus derivados para criar ou modificar produtos

ou processos para usos específicos.

Num sentido estrito, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

(OCDE) 7 define a biotecnologia como um conjunto de técnicas que modificam organismos

vivos (ou parte dos mesmos), transformam substâncias de origem orgânica ou utilizam

processos biológicos para produzir um novo conhecimento, ou desenvolver produtos e

serviços. Esta definição abrange tanto a biotecnologia tradicional como a moderna, surgida

nos anos 1980, já que inclui técnicas de produção utilizadas há milhares de anos, como são

o uso de leveduras para a fermentação do pão ou produtos lácteos e técnicas de engenharia

genética, utilizadas para modificar e transferir genes de um organismo a outro.

Dada a marcada transversalidade da biotecnologia, esta classificação conceitual baseia-se

em métodos e técnicas da biotecnologia moderna, que dão como resultado aplicações

biotecnológicas. Por sua vez, o controlo da aplicação destas técnicas abrange um amplo

leque de situações que incluem:

Investigação e desenvolvimento experimental

Comercialização

Utilização para o desenvolvimento de novos produtos

7 Definição desenvolvida pela OCDE, atualizada em 2005. www.oecd.org

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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Utilização para a produção de bens e serviços biotecnológicos

Atividades chave em biotecnologia

I+D biotecnológica

Investigação de técnicas biotecnológicas e desenvolvimento de produtos ou processos

Produtos de conheciment

Produtos finais destas técnicas, utilizações finais de produtos biotecnológicos,

Técnicas baseadas em ADN/ARN, por genómica

Proteínas e outras moléculas

Cultura e engenharia celular e de tecidos

Técnicas

Técnicas que definem a

biotecnología

Aspetos que podem ser

medidos no

Produtos e processos biotecnológicos

I+D biotecnológica

Empresas biotecnológicas

Vendas e rendimentos biotecnológi

Modelo conceptual para as estatísticas em biotecnologia da OCDE

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

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Num sentido ainda mais extenso, a biotecnologia pode também ser definida como o

conjunto de técnicas que utiliza organismos vivos ou parte deles, para fabricar ou modificar

produtos, melhorar plantas ou animais, ou desenvolver micro-organismos para usos

específicos (Office of Technology Assessment - OTA, 1990). Esta definição englobaria a

biotecnologia tradicional.

Uma definição aceite internacionalmente é a proposta pela Nações Unidas8, segundo a

qual a biotecnologia se refere a toda aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos e

organismos vivos ou os seus derivados para a criação ou modificação de produtos ou

processos para usos específicos.

Na prática, a eleição de uma só definição de biotecnologia é complicada, pelos diferentes

significados atribuídos ao conceito em diferentes setores de aplicação.

A biotecnologia na agricultura costuma referir-se aos OGM (Organismos Geneticamente

Modificados) e às tecnologias associadas como os marcadores de ADN; costuma incluir a

cultura de tecidos, mas não as tecnologias tradicionais. A biotecnologia para as aplicações

meio-ambientais e industriais inclui tecnologias que não usam OGM, como a biorremediação

de terras contaminadas ou o branqueamento da polpa da madeira. No setor da saúde, a

biotecnologia refere-se a várias tecnologias avançadas, como a engenharia genética,

genómica e proteómica, mas inclui disciplinas, como a química combinatória, que se aplicam

em síntese de química tradicional.

Utilizar uma lista básica de definições pode ajudar a reduzir algumas das confusões que

rodeiam uma só definição e é útil quando as políticas públicas estão orientadas às

aplicações e benefícios da biotecnologia, as que variarão com o tipo de biotecnologia em

tilização. Também se torna útil quando empresas grandes e diversificadas utilizam a

biotecnologia em muitos setores diferentes, dado que possibilitam identificar as mesmas e

avaliar o grau de intensidade dos seus respetivos usos.

8 Definição desenvolvida pela Nações Unidas, Convention on Biological Diversity, Article 2. Use of Terms, United Nations. 1992

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Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

19

3.3. As aplicações da biotecnologia

A solução de problemas por métodos biotecnológicos implica abordá-los de maneira

multidisciplinar, com ferramentas de uso comum em diferentes disciplinas científicas

(biologia, bioquímica, genética, virologia, agronomia, engenharia, química e medicina, entre

outras). Na atualidade, o uso destes métodos está a ter um grande impacto nos diferentes

setores industriais. Por isso, surgiram várias classificações do conceito de biotecnologia

e as suas diferentes aplicações. Uma das mais simplificadas, embora não totalmente

aceite, foi desenvolvida durante o Congresso Europeu de Biotecnologia em 2005 e

engloba a biotecnologia em quatro áreas principais, dependendo do seu setor de aplicação:

vermelha, verde, branca e azul.

Biotecnologia

Vermelha

É a biotecnologia que abrange as aplicações e

investigações relativas à saúde

Biotecnologia Verde

É a biotecnologia que inclui as aplicações e

investigações agrícolas, pecuárias e florestais

Biotecnologia Branca

É a biotecnologia que se dedica às aplicações e

investigações industriais e ambientais

Biotecnologia Azul

É a biotecnologia que se dedica às aplicações com

origem em organismos aquáticos.

Page 20: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

20

Com o objetivo de aprofundar esta classificação, o observatório Bioemprende9 descreve

cada uma das biotecnologias e as áreas onde se podem aplicar:

9 O Observatório BIOEMPRENDE é um observatório transfronteiriço de inovação em biotecnologia. observatorio.bioemprende.eu

Biotecnologia Vermelha ou Sanitária

Esta área inclui a utilização de processos relacionados com a medicina e a

farmacologia e baseados na manipulação genética de organismos. Compreende as

aplicações terapêuticas, diagnósticas, de saúde animal e de investigação

biomédica.

Em referência ao anterior, é importante mencionar as seguintes áreas de

aplicação:

Diagnóstico molecular e biossensores: Baseia-se na deteção de marcadores

moleculares, sensíveis e específicos, presentes nos seres vivos que sejam

indicadores de alguma característica do estado fisiológico do corpo (patologias e

doenças, estados de stress celular...). Isto permite um diagnóstico precoce,

comprovar o estado da doença e inclusive a seleção do melhor tratamento. Entre

os marcadores presentes encontram-se marcadores genéticos (variedades

genéticas que predispõem a certas doenças, como o cancro), proteicos (enzimas

que silenciam genes ou têm defeitos...) ou moleculares (produtos secundários do

metabolismo...). Para isto, utilizam-se microarrays (arrays ou biochips), tanto de

genes como de proteínas, técnicas imunohistoquímicas, etc. Desta forma implanta-

se a chamada medicina personalizada, onde se administra o medicamento

adequado, com a concentração e local exatos graças ao estudo genético, proteico

e histológico do paciente.

Engenharia celular e de tecidos: Baseia-se na produção de células e tecidos que

substituam aqueles que estão danificados, que tenham sido extirpados ou que

perderam a sua função, pelo que se considera também medicina regenerativa.

Para isso, utilizam o conhecimento da engenharia, culturas celulares, células-

Page 21: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

21

tronco, entre outros.

Proteínas recombinantes e anticorpos monoclonais: Baseia-se na utilização

das células como ferramentas para produzir fármacos de forma barata e eficiente.

Com base nestas tecnologias foi possível descobrir e produzir muitas substâncias

com capacidade terapêutica.

Terapia genética: Baseia-se na modificação do material genético das células (só

na linha somática e não na germinativa, totalmente proibida na legislação), para

aumentar, substituir, diminuir ou silenciar a expressão de certos genes e as suas

respetivas proteínas decorrentes, com o objetivo de curar alguma doença ou

característica fisiológica não desejada.

Novos alvos terapêuticos, novos fármacos e novas vacinas: Em conjunto com

outras áreas da biotecnologia foi possível descobrir novos fármacos (a partir de

dados naturais do mundo marinho, de plantas ou animais) que têm capacidade

terapêutica em alvos de doenças já conhecidos ou novos (recetores de membrana,

enzimas ou os próprios genes). Da mesma forma, estão a descobrir-se novas

vacinas mais eficazes para todo o tipo de doenças, como as chamadas vacinas

recombinantes, que utilizam só as partes que conferem imunidade ao corpo sem

ter que utilizar o patogénico na sua totalidade.

Novos sistemas de administração de fármacos e vacinas: Graças à

implantação da nanotecnologia e ao avanço da química, existem novas e

promissoras formas de administrar fármacos e vacinas. Por exemplo, a

administração controlada de fármacos, que só são libertados perante

circunstâncias muito determinadas, à concentração adequada e só na zona

afetada.

Genética de populações e farmacogenética: Consiste no estudo da distribuição

e evolução da variabilidade genética entre os indivíduos de uma ou várias

populações, o que faz com que respondam, junto com as variáveis ambientais, de

forma diferente às doenças e às diferentes terapias. Desta forma pode obter-se

Page 22: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

22

informação valiosa sobre as diferentes variáveis genéticas e a sua relação com as

doenças e com a resposta às suas diferentes terapias (para assim conseguir uma

“medicina personalizada”).

Page 23: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

23

Biotecnologia Verde

A biotecnologia verde é a que se dedica a dar produtos e serviços à área

agroalimentar, mais concretamente trata-se de biotecnologia aplicada a processos

agrícolas.

Em referência ao anterior, é importante mencionar as seguintes áreas de

aplicação:

Organismos Geneticamente Modificados e plantas transgénicas: Graças aos

avanços em engenharia genética é possível criar plantas transgénicas, a partir da

variedade de espécies de plantas agrícolas, com uma variedade de novas

capacidades: resistência a pragas e pesticidas, resistências a fatores ambientais

(secas, salinidade, falta de luz, etc.), aumento da produtividade ou aceleração do

crescimento, conteúdo nutricional melhorado (com maior quantidade de certas

substâncias ou presença das mesmas quando antes essa planta não as tinha),

plantas como biofarmácias (com presença de substâncias terapêuticas), etc. As

possibilidades comerciais e de desenvolvimento são muito amplas, com um

importante objetivo de aliviar os problemas dos países em desenvolvimento (como

o chamado “arroz dourado”).

Bactérias e leveduras transgénicas: Consiste na mesma ideia, aplicada aos

elementos encarregados de modificar alimentos (produção de vinho, cerveja,

queijo...), para que se produzam alimentos com características especiais (melhores

características organoléticas, novas substâncias, maior capacidade de tolerância

ambiental…) ou melhorar a produção (crescimento mais rápido, melhor eficácia

enzimática...).

Alimentos funcionais: São aqueles que, sem ter capacidade terapêutica,

melhoram o estado de saúde ou previnem em relação a certas doenças (vitaminas,

fibra, antioxidantes, probióticos...). Estão cada vez mais presentes numa variedade

de alimentos quotidianos. Por exemplo, as sementes de soja com níveis superiores

de ácidos gordos monoinsaturados, que conseguem um azeite mais saudável, que

resiste mais a altas temperaturas e, portanto, permite um maior usam nas frituras.

Page 24: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

24

Produtos vegetais enriquecidos em macronutrientes e em micronutrientes

(vitaminas, minerais), que poderiam melhorar as deficiências nutritivas,

especialmente em países pobres cujas populações têm pouca variedade dietética.

Inclusive, se se avançar na tecnologia de transferência de múltiplos genes de uma

só vez, seria possível, por exemplo, enriquecer o conteúdo de aminoácidos

essenciais nas sementes (que os nossos corpos não podem fabricar por si

mesmos).

Não esqueçamos que muitos países africanos também estão a beneficiar de uma

biotecnologia não genética, limpa, barata e real: as culturas in vitro de tecidos e a

micropropagação (prática que consiste em multiplicar rapidamente e/ou regenerar

matéria vegetal para produzir uma grande quantidade de novas plantas

geneticamente idênticas, com métodos laboratoriais modernos) estão a permitir a

distribuição material de sementeira livre de vírus e dotada de resistência a fatores

adversos.

Page 25: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

25

Biotecnologia Branca

Conhecida como biotecnologia industrial, é a que se aplica à indústria e a

processos industriais. Esta categoria é muito ampla e engloba muitos setores

industriais, incluindo o setor químico, alimentar, meio ambiente, energia, etc. Inclui

também a biotecnologia ambiental: aplicação da biotecnologia na conservação do

meio ambiente.

Este tipo de atividade está a procurar substituir as tecnologias poluentes por outras

mais limpas ou amigas do ambiente. Basicamente, emprega organismos vivos e

enzimas para obter produtos mais fáceis de degradar, e que requeiram menos

energia e gerem menos resíduos durante a sua produção.

O uso de enzimas ou biocatalizadores é um dos avanços mais significativos na

área da biotecnologia branca. As vantagens da sua utilização residem na alta

seletividade e eficiência das enzimas em comparação com os processos químicos.

Enquanto os processos químicos convencionais requerem alta pressão e alta

temperatura, os micro-organismos e as suas enzimas trabalham a pressão e

temperaturas normais. Além disso, as enzimas são biodegradáveis e muitas delas

podem funcionar em solventes orgânicos, alta concentração de sais e outras

condições extremas. As enzimas são aplicadas hoje a praticamente todas as

indústrias, incluindo a farmacêutica, alimentar, química, têxtil, de detergentes, do

papel, etc.

Neste sentido, a biotecnologia branca pode ajudar em diferentes áreas:

Novas fontes de energia e novas tecnologias: Produção de tecnologias limpas

ou verdes, como podem ser os processos de biotransformação ou biomateriais que

geram resíduos biodegradáveis reduzindo os efeitos tóxicos sobre o meio ambiente

(bioplásticos, novos tecidos, materiais para a construção como teias de aranha,

etc.). Novas fontes de energia como são os biocombustíveis obtidos a partir de

recursos renováveis e menos poluentes que os combustíveis fósseis utilizados

atualmente (bioetanol e o biodiesel, ou a biomassa). A substituição destes por

biocarburantes supõe uma diminuição das emissões gasosas poluentes. Além

Page 26: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

26

Biotecnologia Branca

disso, por serem biodegradáveis, diminuem o nível do impacto ambiental de

derramamentos acidentais. Um dos benefícios mais importantes dos

biocombustíveis é a sua contribuição praticamente nula ao aumento de gases com

efeito de estufa na atmosfera.

Química e Nanobiotecnologia: Os avanços nos conhecimentos biotecnológicos

estão a permitir realizar transformações químicas de uma forma mais eficiente e

eficaz, utilizando enzimas ou células inteiras desenhadas para otimizar

transformações conhecidas e outras ainda por conhecer, que dão lugar a produtos

de química básica (como o hidrogénio), biomateriais (como o propanodiol) e de

química fina ou bioquímicos (como as vitaminas). Assim, e graças ao

desenvolvimento da nanotecnologia, está a começar-se a controlar e a utilizar as

moléculas provenientes dos seres vivos como base para produzir novos produtos e

serviços (como novos sequenciadores de ácidos nucleicos e proteínas, células

artificiais, biossensores...).

Fábricas celulares e bioprocessos: Utilizando as células como fábricas e o

estudo dos diferentes bioprocessos, estão a ser produzidos todo o tipo de produtos

de uma forma mais eficiente ou inovadora. Como novas enzimas para detergentes,

degradação ou conservação de materiais, vitaminas, proteínas recombinantes

aplicados à saúde ou à alimentação.

Limpeza de poluentes: Utilizando plantas e micro-organismos conseguem-se

descontaminar águas (lodos ativos e digestões anaeróbias), solos (fitorremediação)

e a atmosfera (biofiltros).

Melhoria dos processos industriais: Graças à eficiência dos processos

biológicos, a biotecnologia ambiental consegue otimizar processos industriais

tradicionais ou o desenvolvimento e a geração de outros novos (por exemplo, o uso

da bactéria Thiobacillus ferrooxidans nos processos de extração do cobre e ouro).

Conservação da biodiversidade: Proporciona ferramentas muito valiosas quanto

Page 27: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

27

Biotecnologia Branca

à identificação, classificação e preservação da biodiversidade. Descoberta e

caracterização de novas espécies, especialmente de micro-organismos e fungos;

desenvolver e otimizar métodos para a marcação e o controlo de exemplares;

conservação da biodiversidade, especialmente no que se refere a diagnósticos

veterinários e forenses aplicados à fauna silvestre; análise das vantagens e dos

riscos para o meio ambiente dos organismos geneticamente modificados (OGM);

utilização respeitável e sustentável da biodiversidade.

Page 28: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

28

Biotecnologia Azul ou Marinha

A biotecnologia azul ocupa-se da aplicação de métodos moleculares e biológicos

aos organismos marinhos e de água doce. Isto implica o uso destes organismos, e

seus derivados, para fins como aumentar a oferta de produtos do mar e a

segurança, o controlo da proliferação de micro-organismos nocivos transmitidos

pela água e o desenvolvimento de novos medicamentos.

Aquicultura: Consiste na criação ou cultivo de organismos aquáticos tendo em

vista a sua maior produção. Para isso é necessário um estudo minucioso da forma

de cultivo e crescimento, criação, dietas e padrões alimentares, patologias,

consequências no meio, etc. Por exemplo, as microalgas podem proporcionar uma

fonte de alimento fresco para as espécies cultivadas. Deste modo, será possível

obter dietas mais adaptadas para as espécies cultivadas que permitam melhorar a

produtividade e a qualidade das mesmas.

Novas fontes: O mar, uma das zonas menos conhecidas do planeta, é uma fonte

potencial de novas espécies e moléculas com capacidade terapêuticas,

cosméticas, etc.; novas fontes de energia; novos alimentos e modelos para a

descontaminação do meio ambiente ou a biorremediação; biomateriais e estruturas

biodegradáveis.

Na medicina, por exemplo, espera-se que a biotecnologia azul e a investigação em

biologia marinha contribuam para o avanço mediante o desenvolvimento de novas

substâncias de origem marinha como compostos bioativos, adesivos, antiadesivos,

coloides biocompatíveis, nanoestruturas e materiais porosos. Da mesma forma,

existe o potencial de descobrir novas moléculas que alteram a capacidade das

células tumorais de se unirem e se multiplicarem ou originarem metástases. Além

disso, um grande desafio com o qual os cientistas se deparam atualmente é que se

pode isolar uma grande quantidade de compostos inovadores provenientes de

invertebrados marinhos. Estudar todas estas moléculas e as suas atividades é

muito complicado e requer novas tecnologias em isolamento, identificação,

caracterização e técnicas de screening.

Page 29: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

29

Biotecnologia Azul ou Marinha

Algologia ou ficologia: O seu estudo e cultura estão a ter como resultado muitas

aplicações práticas como biossensores, novos alimentos, biorremediação,

cosméticos, produção de novos fármacos, etc. Um dos campos de interesse tem

relação com os derramamentos de hidrocarburantes, já que é uma das fontes de

contaminação mais importante dos oceanos. Estão a ser desenvolvidos novos

dispersores, micro-organismos e enzimas de origem marinha que permitam

controlar os derramamentos e favoreçam a sua eliminação. Outro dos campos que

está na ordem do dia é o de desenvolver novas fontes de energia não poluentes

que ajudem a reduzir as emissões de CO2 e contribuam para o controlo da

mudança climática. Neste sentido, as microalgas e as bactérias fotossintéticas

constituem uma aposta promissora como fonte para a obtenção de hidrogénio de

origem biotecnológica e para a obtenção de biodiesel.

Como foi comentado no princípio desta secção, existem várias classificações do conceito de

biotecnologia e das suas diferentes aplicações. Uma delas, a cada vez mais utilizada,

amplia a classificação anterior (biotecnologia vermelha, biotecnologia verde, biotecnologia

branca e biotecnologia azul) em mais duas áreas com os seus respetivos setores de

aplicação:

Biotecnologia

Preta

É a biotecnologia que abrange as aplicações e

investigações relativas com o bioterrorismo.

Trata-se da investigação sobre todos os aspetos

relacionados com o bioterrorismo: áreas militares, policiais,

de vigilância, luta contra o terrorismo, guerra biológica,

entre outros.

Biotecnologia

Cinza

É a biotecnologia relacionada diretamente com o meio

ambiente.

Divide-se em duas áreas: manutenção da biodiversidade e

a eliminação de resíduos poluentes.

Page 30: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

30

Por último, Edgar J. DaSilva difunde a Divisão de Ciências da Vida da UNESCO (2005).

Nesta divisão propõe-se uma nova classificação que integra as classificações vistas até

agora com quatro áreas novas: biotecnologia dourada, biotecnologia castanha,

biotecnologia rosa e biotecnologia amarela:

Biotecnologia

Dourada

Bioinformática e bionanotecnologia.

Uso das ferramentas informáticas e modelos

computacionais disponíveis na Internet para a conceção

de genes, enzimas, vias metabólicas (in silico); bem como

também nanoestruturas inovadoras dentro de contextos

biológicos.

Biotecnologia

Castanha

É a biotecnologia conhecida como biotecnologia de

desertos e zonas áridas, que procura aplicar a

biotecnologia neste tipo de terrenos.

Biotecnologia

Rosa

Relativa ao âmbito de patentes, publicações e invenções.

Os processos nos que intervém algum organismo vivo ou

alguma biomolécula obtida a partir destes são protegidos

por patentes. No entanto, ainda é um tema bastante

complexo.

Biotecnologia

Amarela

Biotecnologia de alimentos, Ciências da Nutrição.

Refere-se ao uso dos organismos vivos e/ou biomoléculas

na indústria alimentar. Baseia-se principalmente no uso

de enzimas para a produção e processamento dos

alimentos.

Page 31: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

31

4. O SETOR DA BIOTECNOLOGIA A NÍVEL MUNDIAL

A biotecnologia é uma indústria relativamente nova com um grande potencial de

crescimento. O desenvolvimento de novos produtos, um enquadramento regulamentar

favorável, o envelhecimento da população e um relativo bom acesso ao capital são fatores

que estão a contribuir de forma muito positiva para a sua expansão.

Apesar da crise económico-financeira que assola as indústrias a nível mundial desde 2008,

o setor da biotecnologia mostra sinais de crescimento desde 2010, após um 2009 que

demonstrou sintomas de estagnação e inclusive de leve retrocesso. Em 2012, a

biotecnologia atingiu um volume de negócio de 83,4 mil milhões de dólares (Ernst &

Young 2012), número semelhante ao registado no ano 2000, quando o negócio

biotecnológico estava no seu auge.

Parte do sucesso reside em ser uma indústria nascente, que há apenas uma década atrás

não existia, pelo que se deram até a data grandes crescimentos. Dado o potencial das

aplicações da biotecnologia moderna numa ampla variedade de setores, tais como

produtos biofarmacêuticos, plant breeding e a produção biotecnológica dos produtos

químicos, a biotecnologia é vista como uma das tecnologias essenciais deste século.

Ao mesmo tempo, contribuiu para importantes avanços na ciência básica e é objeto de

grandes programas nacionais de incentivo e financiamento.

Além disso, a biotecnologia apresenta-se como uma indústria facilitadora de novas

oportunidades para fazer frente a muitas necessidades e, portanto, é considerada como

um fator importante para o sucesso dos objetivos políticos no crescimento económico e na

criação de emprego, na saúde pública, na proteção do meio ambiente e no

desenvolvimento sustentável.

É um setor com grandes necessidades de investimento, tanto público como privado. A sua

capitalização na bolsa a nível mundial já supera os 376 mil milhões de dólares e

espera-se que chegue ao bilião de dólares em 2020.

Page 32: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

32

No entanto, apesar do potencial da biotecnologia, os dados sobre o consumo real da

mesma nos diferentes setores da indústria mundial são ainda escassos, mas é certo

que nos Estados Unidos da América (doravante EUA) a situação é melhor que no resto do

mundo, já que foram pioneiros neste setor.

Na atualidade, existe uma crescente preocupação a nível mundial sobre como afetará o

setor o agravamento da crise nos últimos anos, não só nos cortes de ajudas públicas, das

quais são tão dependentes as empresas baseadas na I&D, sobretudo na União Europeia,

mas também em outras indústrias de aplicação ou consumo de biotecnologia.

4.1. O mercado biotecnológico a nível mundial

Nesta secção, é realizado um diagnóstico do mercado biotecnológico a nível mundial,

prestando especial atenção ao mercado dos EUA e da União Europeia, líderes do setor

biotecnológico à escala internacional.

Diagnóstico do setor biotecnológico mundial

Diagnóstico global de empresas de biotecnologia, 2010-11 (em mil milhões de

dólares)

2011 2010 % variação % variação

(base normalizada)10

Dados públicos de empresas

Rendimentos 83,4 84,1 -1% 10%

Despesas em I&D 23,1 22,6 2% 9%

Rendimentos

líquidos 3,8 5,0 -24% -5%

Capitalização na

bolsa 376 401,1 -6% 0,20%

Número de

trabalhadores 163.630 177.100 -8% 4%

Número de empresas

10

As empresasempresas Genzyme, Cephalon e Talecris foram adquiridas por empresasempresas não biotecnológicas, visto que os seus resultados não são considerados para o setor em 2011, realiza-se uma base normalizada para obter uma percentagem de variação ajustada à saída das ditas empresas. 2

Ernst & Young Beyond Borders: Global Biotechnology Report, 2012. Este estudo está focado na análise da situação atual e das tendências da indústria biotecnológica a nível mundial.

Page 33: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

33

Empresas públicas

(Public companies) 617 629 -2% -1%

Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas.

Segundo se conclui do estudo realizado por Ernst & Young Beyond Borders: Global

Biotechnology Report 201211, os resultados atingidos pelo setor biotecnológico em 2011

são animadores. Consolida-se a recuperação da indústria biotecnológica que começou

em 2010, ano em que o comportamento mostrado pelas empresas biotecnológicas foi muito

positivo, iniciando uma drástica recuperação em relação à situação vivida durante 2009,

momento em que o setor se viu fortemente afetado pela crise financeira, refletida nos

inúmeros cortes sofridos e nas quedas na bolsa das empresas biotecnológicas cotadas no

mercado de valores.

Com o objetivo de obter uma visão mais realista do comportamento mundial demonstrado

pelo setor em 2011, a Ernst & Young constata a saída de três das grandes empresas

biotecnológicas americanas, que foram adquiridas por holdings não biotecnológicas. Não

representar estas três empresas, Genzyme Corp., Cephalon e Talecris Biotherapeutics, que

no seu conjunto contabilizavam rendimentos de 8,5 mil milhões de dólares, afeta negativa e

significativamente o comportamento global da indústria biotecnológica neste ano a que se

refere o estudo.

Portanto, a recuperação em 2011 da indústria da biotecnologia para níveis anteriores à

crise de 2008, reflete-se no crescimento dos rendimentos das empresas cotadas na

bolsa de valores, rendimentos que regressaram aos dois dígitos pela primeira vez desde

que estalou a crise, mostrando uma variação positiva nos rendimentos de 10% entre os

anos 2011 e 2010, quando a comparação com os dois anos anteriores se situava num

crescimento de 8%, 2010-2009. É certo que estes resultados ainda estão longe das altas

taxas de crescimento atingidas pela indústria na década anterior, certamente porque a crise

provocou mudanças em aspetos como a prudência dos investidores e a pressão exercida

sobre compradores/pagadores, sobretudo em ajustes de preço e pagamento, que é maior.

Outro dado que reflete a boa saúde do setor biotecnológico é o referente às despesas em

I&D. O investimento em I&D aumentou 9% em 2011, continuando com o crescimento

Page 34: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

34

mostrado em 2010, somente 2%, e superando completamente o retrocesso vivido em 2009,

onde pela primeira vez o orçamento das despesas em I&D diminuiu 21%.

Este aumento das despesas em I&D estende-se a todas as categorias da indústria, não se

concentrando simplesmente nas grandes empresas do setor. Nos EUA, 62% das empresas

aumentaram a despesa em I&D em 2011, em consonância com as tendências históricas,

face aos 51% das empresas que aumentaram o orçamento das despesas em I&D em 2010.

A situação na Europa é semelhante, 58% das empresas aumentam o I&D em 2011

(face aos 55% em 2010).

Por outro lado, os rendimentos líquidos da indústria biotecnológica registaram um

ligeiro retrocesso em 2011, consequência das profundas políticas de redução de

custos das empresas do setor, iniciadas em 2009 e 2010, que fizeram com que as

empresas vissem reduzidos os seus investimentos e, portanto, os seus rendimentos. Além

disso, as grandes empresas líderes do setor viram os seus rendimentos líquidos reduzidos

por motivos alheios à crise como, por exemplo, a Amgen (780 milhões de dólares por

assuntos legais), a Amylin Pharmaceuticals (431 milhões de dólares relacionados com uma

aliança estratégica) e a Actelion (407 milhões de dólares fruto de litígios legais).

Apesar de os enormes lucros acumulados nos últimos dois anos serem um acontecimento

digno de menção, trata-se de uma indústria que tem estado em números negativos ao longo

da sua curta história. Uma diminuição dos seus rendimentos líquidos pode ser simplesmente

um sinal de que as coisas estão realmente a começar a voltar à normalidade.

O mercado biotecnológico nos Estados Unidos (EUA)

Diagnóstico do setor biotecnológico nos EUA, 2010-11 (em mil milhões de dólares)

2011 2010 % variação % variação (base

normalizada)12

Dados públicos de empresas

Rendimentos 58,8 61,1 -4% 12%

3 As empresas Genzyme, Cephalon e Talecris foram adquiridas por empresas não biotecnológicas, visto que os seus

resultados não são considerados para o setor em 2011, se realiza uma base normalizada para obter uma porcentagem de variação ajustado à saída de ditas empresasempresasempresas.

Page 35: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

35

Despesas em I&D 17,2 17,2 0% 9%

Rendimentos

líquidos (perdas) 3,3 5,2 -36% -21%

Capitalização na

bolsa 278,0 292,1 -5% 4%

Número de

trabalhadores 98.560 113.010 -13% 5%

Financiamento

Capital obtido por

empresas públicas

(Public

companies)

25,4 17,1 49% 49%

Número de IPOs 10 15 -33% -33%

Capital obtido

pelas restantes

empresas

4,4 4,4 -1% -1%

Número de empresas

Número de

empresas 1.870 1.914 -2% -2%

Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas.

O estudo Ernst & Young Beyond Borders: Global Biotechnology Report 2012, situa os

EUA como o país que lidera a indústria biotecnológica mundialmente, a nível de

rendimentos, despesas em I&D, rentabilidade, patentes registadas e emprego gerado.

A indústria da biotecnologia nos EUA, com rendimentos em 2011 de 58,8 mil milhões de

dólares, só tem explorada uma pequena parte das suas numerosas aplicações potenciais.

Durante os últimos cinco anos, o seu crescimento anual foi de 2,0% em média.

Em 2009, a indústria registou pela primeira vez um saldo líquido positivo nos EUA

enquanto os resultados no resto do mundo ainda não superaram a etapa inicial de perdas.

Os seus números em 2011 assemelham-se aos resultados globais do setor. As vendas

das empresas biotecnológicas americanas cotadas na bolsa de valores contraíram-se

principalmente devido à aquisição de empresas como a Genzyme, Cephalon e Talecris por

empresas não biotecnológicas e, portanto, os seus resultados não foram considerados para

o setor. No entanto, após a normalização destas grandes aquisições, os rendimentos da

indústria dos EUA aumentaram 12%, superando a taxa de crescimento de 10%

registada em 2010 e 2009. Em termos de rendimentos líquidos, o setor vê um retrocesso

Page 36: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

36

em cerca de 35% passando de rendimentos líquidos de 5,2 mil milhões de dólares a

rendimentos de 3,3 mil milhões de dólares em 2011.

Se nos centrarmos no número de empresas ativas em 2011 nos EUA, os valores não são

tão negativos num ambiente de crise mundial como aos que estão submetidas as restantes

indústrias. As empresas diminuíram cerca de 2%, número que mostra que a drástica

queda produzida em anos anteriores se vê contida e estabilizada, mantendo-se pela

primeira vez em níveis estáveis que refletem que o setor sai da crise e volta a ser altamente

competitivo. Este crescimento da indústria biotecnológica traduz-se no emprego

gerado, que cresce 5% em 2011 (sobre a base normalizada depois das aquisições de

grandes empresas biotecnológicas dos EUA) e idêntico ao aumento do quadro em 2010.

A biotecnologia nos EUA: Líderes comerciais e outras empresas, 2010-11 (em mil

milhões de dólares)

2011 2010 Saldo (US$) % variação

Líderes comerciais

Rendimentos 48,0 50,3 (2,3) -5%

Despesa em I&D 9,2 9,4 (0,2) -2%

Rendimentos

líquidos (perdas) 10,0 11,5 (1,5) -13%

Capitalização na

bolsa 190,6 193,4 (2,7) -1%

Número de

trabalhadores 64.050 79.000 (14,950) -19%

Outras empresas

Faturação 10,8 10,8 (0,0) 0%

Despesas em I&D 7,9 7,7 0,1 2%

Rendimentos

líquidos (perdas) (6,6) (6,2) (0,4) 6%

Capitalização na

bolsa 87,0 97,1 (10,1) -10%

Número de

trabalhadores 34.510 34.010 500 1%

Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas.

Com o objetivo de fazer uma análise global sobre a situação das empresas

biotecnológicas nos EUA, Ernst & Young elabora uma lista em função das seguintes

medidas: rendimentos, despesas em I&D, rendimentos líquidos, capitalização na bolsa e

número de empregados. A partir destas medidas a Ernst & Young realiza a classificação de

Page 37: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

37

dois grandes grupos: por um lado as empresas representativas ou líderes do setor, e por

outro, um grupo que contém as restantes empresas.

Apesar de o número de líderes comerciais se manter sem mudanças nos últimos 16 anos,

as grandes empresas que foram adquiridas por empresas não biotecnológicas (Genzyme,

Cephalon e Talecris) eram bem maiores que as três empresas que as substituíram. Como

resultado, estas aquisições tiveram um impacto significativo no rendimento generalizado dos

líderes comerciais da indústria. Sobre a base normalizada (isto é, a eliminação das três

empresas adquiridas e a substituição destas por três líderes comerciais novos a partir dos

números obtidos em 2010 e 2011), os rendimentos dos líderes comerciais cresceram

9% e as despesas de I&D aumentaram 4%. No entanto, a rentabilidade líquida

diminuiu 7%.

As grandes empresas concentram 64.050 trabalhadores, 19% menos que os

trabalhadores registados em 2010, resultado menor devido à substituição das três empresas

adquiridas por empresas não biotecnológicas, citadas anteriormente, por outras empresas

de menor dimensão.

No que se refere à capitalização na bolsa de valores, o valor das empresas líderes

supera os 190 mil milhões de dólares, enquanto o resto das empresas biotecnológicas

incluídas no restante grupo rondam os 90 mil millhões de dólares.

O desempenho das outras sociedades - a grande maioria de pequenas e médias

empresas cotadas na bolsa de valores - foi relativamente plano, sem mudanças

substanciais nas medidas estabelecidas, sobretudo no que se refere aos

rendimentos, às despesas de I&D e à perda líquida.

Os rendimentos destas empresas situaram-se em 10,8 mil millhões de dólares, com uma

despesa em I&D de 7,9 mil millhões de dólares. A perda líquida aumenta 0,4% com

respeito a 2010, justificado pelos fortes investimentos que realizam estas empresas para

incrementar futuras potencialidades.

Page 38: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

38

Um ponto a destacar é o número de trabalhadores. Enquanto nas empresas líderes

diminui, o número de empregados no grupo de empresas de menor dimensão aumenta até

situar-se em 24.510 empregos.

O mercado biotecnológico na União Europeia (UE)

Diagnóstico do setor biotecnológico na UE, 2010-11 (em milhões de dólares)

2011 2010 % variação

Dados públicos de empresas

Rendimentos 18.911 17.233 10%

Despesas em I&D 4.921 4.513 9%

Rendimentos líquidos

(perdas) (0,3) (568) -100%

Capitalização na bolsa 71.519 78.639 -9%

Número de

trabalhadores 48.330 46.450 4%

Financiamento

Capital obtido pelas

empresas públicas

(Public companies)

1.570 2.407 -35%

Número de IPOs 6 10 -40%

Capital obtido pelas

restantes empresas 1.321 1.371 -4%

Número de empresas

Número de empresas 1.883 1.928 -2%

Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas.

A Europa conta atualmente com uma forte e crescente indústria biotecnológica. A União

Europeia (UE) considera a biotecnologia como uma das indústrias chave para o crescimento

da sua economia e de potencial para o desenvolvimento de emprego. É por isso que

procura incentivar esta indústria através de políticas específicas para o setor e programas

nacionais de financiamento de investigação.

Segundo se conclui do estudo realizado por Ernst & Young, Ernst & Young Beyond

Borders: Global Biotechnology Report 2012, na Europa, como nos EUA, o setor

biotecnológico continua com a tendência positiva iniciada em 2010, quando voltou ao

caminho do crescimento depois de uns anos, 2008 e 2009, de desaceleração fruto da crise

económico-financeira mundial.

Page 39: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

39

Este crescimento reflete-se nos rendimentos da indústria biotecnológica que atingiram

os 18.911 milhões de dólares, 10% mais que em 2010 e 19% mais que em 2009. Por sua

vez, as despesas em I&D, que tinham diminuído 2% em 2009 e aumentado ligeiramente

5% em 2010, aumentou de forma drástica em 2011, 9% mais que no ano anterior.

A diferença mais significativa sobre a boa saúde do setor refere-se às perdas líquidas.

As empresas biotecnológicas europeias refletiram uma perda líquida de 0,3 milhões de

dólares, quando em 2010 este número atingia os 568 milhões de dólares, uma

percentagem que se reduziu em mais de 100%, situando o setor à beira da rentabilidade

agregada pela primeira vez na sua história.

Apesar de o número de empresas se ter reduzido sensivelmente, somente 2%, o número

de empregados aumentou 4%, situando-se em 48.330 empregados, face a 1% em 2010 e

2009, outro índice realmente positivo.

A biotecnologia na UE: Líderes comerciais e outras empresas, 2010-11 (em milhões de

dólares)

2011 2010 Saldo (US$) % variação

Líderes comerciais

Rendimentos 15.522 13.042 2.480 19%

Despesas em I&D 2.641 2.100 541 26%

Rendimentos

líquidos (perdas) 2.024 1.429 595 42%

Capitalização na

bolsa 51.667 48.697 2.970 6%

Número de

trabalhadores 33.570 30.970 2.600 8%

Outras empresas

Faturação 3.389 4.191 (802) -19%

Despesas em I&D 2.280 2.413 (133) -6%

Rendimentos

líquidos (perdas) (2.024) (1.997) (27) 1%

Capitalização na

bolsa 19.852 29.942 (10.090) -34%

Número de

trabalhadores 14.760 15.480 (720) -5%

Fonte: Ernst &Young e dados das demonstrações financeiras de empresas.

Page 40: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

40

Como na mesma secção desenvolvida para os EUA, com o objetivo de fazer uma análise

global sobre a situação das empresas biotecnológicas nos EUA, a Ernst & Young

elabora uma lista em função das seguintes medidas: rendimentos, despesas em I&D,

rendimentos líquidos, capitalização na bolsa de valores e número de empregados. A partir

destas medidas, a Ernst & Young realiza a classificação de dois grandes grupos: por um

lado as empresas representativas ou líderes do setor, e por outro, um grupo que contém as

restantes empresas.

Nos EUA, a lista de líderes comerciais sofreu mudanças significativas devido a algumas

sociedades terem sido absorvidas e outras superaram o limite fixado para estabelecer a

diferença entre empresas líderes e convencionais. Na Europa, no entanto, a lista dos

líderes comerciais - Actelion, Elan Corporation, Eurofins Scientific, Ipsen, Meda,

Novozymes, Qiagen e Shire, entre outros - não mudou desde 2007.

Em 2011, o rendimento destes líderes comerciais contrastava fortemente com o do resto da

indústria. Os rendimentos dos líderes comerciais aumentaram 19%, enquanto as das

outras empresas diminuíram numa percentagem idêntica, -19%.

O mesmo padrão repete-se em todos os indicadores principais, mostrando a boa situação

dos líderes comerciais e o ligeiro retrocesso das restantes empresas:

As despesas em I&D das grandes empresas aumentam 26%, no resto da indústria

diminui 6%

Os rendimentos líquidos são positivos nos líderes do setor, aumentando em 42%

em relação ao ano anterior, enquanto as restantes empresas registam perdas

líquidas no valor de 2.024 milhões de dólares.

A capitalização na bolsa de valores é de 51.667 milhões de dólares, enquanto no

resto da indústria é de 19.852 milhões de dólares.

Ambos os grupos geram cerca de 50.000 postos de trabalhos.

Resumo comparativo em função dos principais indicadores biotecnológicos

analisados

Page 41: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

41

Os rendimentos das empresas

biotecnológicas a nível mundial em

2011 foram cifrados em 83,4 mil

milhões de dólares, dos quais 57%

(48 mil milhões de dólares) provêm

dos rendimentos obtidos por

empresas dos EUA, e 22% (18,9 mil

milhões de dólares) por empresas

provenientes da UE.

Estes rendimentos supõem 1%

menos em relação a 2010.

Fonte: Elaboração própria com

dados Ernst &Young e dados das

demonstrações financeiras de

empresas.

As despesas destinadas a I&D a

nível mundial em 2011 ascenderam

a 23,1 mil milhões de dólares, 2%

mais que em 2010.

O orçamento de despesas em I&D

das empresas dos EUA ascende a

17,2 mil milhões de dólares,

representando 74% sobre a

despesa mundial em I&D.

O orçamento de despesas em I&D

das empresas da UE ascende a 4,9

mil milhões de dólares,

representando 21% sobre a

despesa mundial em I&D.

Page 42: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

42

Fonte: Elaboração própria com

dados Ernst &Young e dados das

demonstrações financeiras de

empresas.

Page 43: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

43

Resumo comparativo em função dos principais indicadores biotecnológicos

analisados

A capitalização mundial, na bolsa

de valores, das empresas

biotecnológicas já supera os 376 mil

milhões de dólares, dos quais 278

mil milhões de dólares é o valor de

capitalização das empresas dos

EUA, e 71,5 mil milhões de dólares

correspondem ao valor de

capitalização das empresas da UE.

Fonte: Elaboração própria com dados Ernst

&Young e dados das demonstrações

financeiras de empresas.

O número de emprego gerado pelas

empresas biotecnológicas a nível

mundial ascende a 163.630

trabalhadores.Nos EUA, o valor está

fixado em 98.560 postos de trabalho

gerados, enquanto na UE o número

de trabalhadores é de 48.330.

Estes números são ligeiramente

inferiores aos obtidos em 2010.

Fonte: Elaboração própria com dados Ernst

&Young e dados das demonstrações

financeiras de empresas.

4.2. Número de empresas biotecnológicas por países, ano 2011 ou

último ano disponível

Para entender os dados apresentados na seguinte tabela informativa desenvolvida pela

OCDE, é necessário ter em conta a seguinte informação:

Page 44: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

44

Empresas biotecnológicas (biotech firms): Empresas que utilizam/consomem

biotecnologia para produzir bens ou serviços e/ou para realizar I&D biotecnológica.

Empresas cuja atividade principal é a biotecnologia (Dedicated biotech firms):

Empresas cuja atividade principal consiste na aplicação de técnicas de biotecnologia

para produzir bens ou serviços e/ou para realizar I&D biotecnológica.

Biotech R&D firms: Uma empresa que realiza a biotecnologia de I&D.

Países

Número de

empresas

biotecnológicas

Empresas

cuja atividade

principal é a

biotecnologia

Ano

Tipo de empresas

biotecnológicas

predominantes

% Dedicado

à

biotecnologia

EUA 6.213 2.370 2009 Biotech R&D firms 38%

Espanha 1.715 617 2010 Biotech firms 36%

França 1.481 941 2010 Biotech R&D firms 64%

Coreia 885 325 2010

Biotech

firms/Dedicated biotech

R&D firms

37%

Alemanha 678 552 2011 Biotech firms 81%

Austrália 527 384 2006 Biotech firms 73%

Japão 523 .. 2010 Biotech firms ..

Reino Unido13 488 .. 2011 Biotech firms ..

Nova Zelândia 369 135 2011 Biotech firms 37%

Suíça 288 156 2008 Biotech R&D firms 54%

Itália 265 146 2010

Biotech

firms/Dedicated biotech

R&D firms

55%

Países Baixos

14 262 65 2010 Biotech R&D firms 25%

Irlanda 237 193 2011 Biotech R&D firms 81%

Israel 233 216 2010 Biotech R&D firms 93%

Bélgica 224 .. 2010 Biotech firms ..

Noruega 192 .. 2010 Biotech R&D firms ..

Dinamarca 157 66 2009 Biotech R&D firms 42%

Finlândia 157 70 2011 Biotech R&D firms 45%

Suécia 5

129 65 2011 Biotech R&D firms 50%

Portugal 121 51 2010 Biotech R&D firms 42%

Áustria 113 77 2010 Biotech firms 68%

República

Checa 112 77 2011 Biotech R&D firms 69%

Polónia 91 31 2011 Biotech firms 34%

13 Para o Reino Unido, estima-se que 66% das empresas de biotecnologia realizam atividades de I&D. 14 Para os Países Baixos e Suécia, somente estão relacionadas na tabela aquelas que contam com 10 ou mais empregados.

Page 45: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

45

África do Sul 78 38 2006 Biotech firms 49%

Estónia 45 34 2011 Biotech R&D firms 76%

Eslovénia 15 33 14 2011 Biotech R&D firms 42%

República

Eslovaca 15 13 2011 Biotech R&D firms 87%

Fonte: OCDE, Biotechnology Statistics Database, dezembro de 2012

4.3. Registo de patentes internacionais PCT em matéria de

biotecnologia

Dos últimos dados apresentados pela OCDE em dezembro de 2012 relativos a patentes

internacionais PCT, conclui-se que os EUA ocupam a primeira posição como o país que

mais registou patentes entre os anos 2008-2010, com 41% de patentes apresentadas em

virtude do PCT sobre o total. Em seguida, encontra-se a União Europeia (UE) com 28%

das patentes registadas: Alemanha (6,8%), França (4,80%) e Espanha (1,79%) lideram na

UE neste aspeto.

O Japão, com 11,5% de patentes registadas, e a BRICS, sigla utilizada para referir-se

conjuntamente aos países representados pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,

com 5,3%, seriam os países mais representativos em patentes biotecnológicas depois dos

EUA e da UE.

Participação dos países em patentes internacionais biotecnológicas em virtude do

PCT, 2008-10

Classificação dos 26 primeiros países com maiores percentagens de patentes

internacionais biotecnológicas %

EUA 40,96

UE 27 27,95

Japão 11,49

Alemanha 6,77

BRICS 5,30

França 4,80

Reino Unido 3,92

Coreia 3,74

China 3,12

Canadá 2,64

Países Baixos 2,44

15 Para a Eslovénia os dados são provisórios.

Page 46: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

46

Espanha 1,79

Itália 1,68

Austrália 1,68

Dinamarca 1,60

Suíça 1,50

Israel 1,49

Bélgica 1,29

Suécia 1,21

Índia 1,11

Áustria 0,76

Singapura 0,70

Finlândia 0,57

Rússia 0,48

Brasil 0,41

Nova Zelândia 0,38

Noruega 0,35

Irlanda 0,32

Taipé Chinês 0,28

Fonte: OCDE, Patent Database, dezembro de 2012

Page 47: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

47

5. DIAGNÓSTICO DO SETOR BIOTECNOLÓGICO EM PORTUGAL. ANÁLISE DOS

PRINCIPAIS INDICADORES

Neste capítulo, pretende-se medir a situação da indústria biotecnológica através da

análise de uma série de indicadores que nos aproximem da realidade da mesma.

O objetivo é examinar o número de empresas que fazem parte da cadeia de valor da

indústria biotecnológica classificando-as pelas áreas dependentes do seu setor de

aplicação, biotecnologia vermelha, biotecnologia verde, biotecnologia branca e biotecnologia

azul, para assim analisar os indicadores relativos ao tamanho da empresa, volume de

faturação e emprego, bem como a distribuição das empresas pela geografia de Portugal.

Como as instituições e administrações públicas, bem como os agentes especializados de

biotecnologia em Portugal, não dispõem de um diretório central de empresas e agentes que

formam o setor biotecnológico, nem de nenhum estudo identificativo de resultados da

biotecnologia no país, foi necessário estabelecer uma metodologia de identificação das

empresas que formam o setor.

5.1. Considerações metodológicas

A biotecnologia tem um forte caráter transversal, pelo qual no momento de identificar o

conjunto de empresas que formam o setor biotecnológico em Portugal, não só se deve

considerar aquelas empresas cuja atividade principal é a biotecnologia, como também se

deve ter em conta aquelas empresas que utilizam, consomem biotecnologia ou aplicam

técnicas de biotecnologia nos seus processos para a obtenção de bens ou serviços e/ou

para realizar I&D biotecnológica.

O conjunto de empresas que formam o setor biotecnológico podem ser classificadas em três

grandes grupos:

Empresas biotecnológicas (biotech firms): Empresas que utilizam/consomem

biotecnologia para produzir bens ou serviços e/ou para realizar I&D biotecnológica.

Page 48: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

48

Empresas cuja atividade principal é a biotecnologia (dedicated biotech firms):

Empresas cuja atividade principal consiste na aplicação de técnicas de biotecnologia

para produzir bens ou serviços e/ou para realizar I&D biotecnológica.

Biotech R&D firms: Uma empresa que realiza a biotecnologia de I&D.

Processo de identificação das empresas do setor biotecnológico português

Para a caracterização do setor de biotecnologia em Portugal pretendemos identificar

aquelas empresas agrupadas nos três grupos mencionados anteriormente (biotech firms,

dedicated biotech firms e biotech R&D firms).

Por isso, estabelecem-se dois processos de procura com o objetivo de identificar as

empresas que fazem parte da cadeia de valor da indústria biotecnológica de Portugal:

Identificação dos setores e agentes chave biotecnológicos de Portugal

Identificação das empresas que formam o setor biotecnológico de Portugal

A. Identificação dos setores e agentes chave biotecnológicos de Portugal

Primeiramente, parte-se da análise daqueles setores ou agentes chave que representam

de forma diferenciada o desenvolvimento da biotecnologia em Portugal e a sua aplicação no

mercado, e nos quais se baseou a procura e identificação das empresas biotecnológicas

portuguesas utilizadas para a análise dos indicadores propostos.

Os setores e agentes biotecnológicos analisados com o objetivo de identificar as empresas

que aplicam ou desenvolvem biotecnologia foram os seguintes:

Setores identificados por código CAE - Classificação das Atividades

Económicas Portuguesa por Ramos de Atividade 16:

SECÇÃO M - ATIVIDADES DE CONSULTORIA, CIENTÍFICAS,

TÉCNICAS E SIMILARES

DIVISÃO 72 - Atividades de investigação científica e de desenvolvimento

GRUPO 721- Investigação e desenvolvimento das ciências físicas e

naturais

CLASSE 7211 – Investigação e desenvolvimento em

biotecnologia

16 Classificação Portuguesa de Atividades Económicas http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=caerev3&xpid=INE

Page 49: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

49

SECÇÃO C - Indústrias transformadoras

DIVISÃO 10 - Indústrias alimentares e bebidas

DIVISÃO 13 - Fabricação de têxteis

DIVISÃO 20 - Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou

artificiais, exceto produtos farmacêuticos

DIVISÃO 21 - Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de

preparações farmacêuticas

DIVISÃO 22 - Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas

Agentes públicos ou privados relacionados com a biotecnologia 17 como:

Centros tecnológicos

Parques tecnológicos

Parques biotecnológicos

Associações ligadas à biotecnologia e à bioindústria

Institutos tecnológicos

Incubadoras

Agências de inovação

Instituições tecnológicas públicas e privadas

Universidades

Portais de Internet sobre biotecnologia

Redes europeias de biotecnologia

B. Identificação das empresas que formam o setor biotecnológico de Portugal

A identificação das empresas objeto de estudo inicia-se com a análise dos agentes e

setores relacionados com a biotecnologia.

A primeira filtragem de empresas foi realizada para selecionar aquelas empresas que pela

sua atividade podiam fazer parte do setor objeto de análise, obtendo um total de 504

empresas distribuídas, por origem de procura da seguinte maneira:

Indústrias transformadoras: 308 empresas (a grande maioria, farmacêuticas)

Atividades de investigação científica e de desenvolvimento: 89 empresas

Agentes tecnológicos e biotecnológicos: 107 empresas

17 Ver capítulo de descrição dos principais agentes nacionais e europeus do setor bio. Página 105

Page 50: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

50

O segundo filtro procurou simplesmente eliminar duplicidades entre todas as buscas,

registando um total de 78 duplicidades, que foram eliminadas do primeiro banco de dados

criado. O total de empresas que resultou deste segundo filtro foi de 426 empresas.

Terceiro e quarto filtros. Com o objetivo de se aproximar a um número real, foi decidido

estabelecer-se dois critérios de filtragem para as empresas identificadas em cada um dos

blocos estabelecidos; Indústrias transformadoras, Atividades de investigação científica e de

desenvolvimento e Agentes tecnológicos e biotecnológicos.

Terceiro filtro: Seleção das empresas que participaram em programas/projetos de

I&D relacionados com a biotecnologia. Programas como: Qren, Eureka, Iberoeka,

NEOTEC, VII Programa Marco.

Quarto filtro: Eliminação das empresas cuja atividade principal é a

comercialização e distribuição de produtos. Este critério estabelece-se porque

não consideramos como empresas de biotecnologia aquelas empresas que

comercializam produtos biotecnológicos já elaborados. Assim eliminam-se, por

exemplo, as grandes farmacêuticas internacionais ou as grandes distribuidoras

internacionais deste tipo de produtos, que embora tenham sede em Portugal, a

biotecnologia é realizada nos seus países de origem.

Não obstante, se alguma destas empresas for filtrada pelo terceiro filtro não serão afetadas

por este critério.

Durante a aplicação destes critérios integrou-se desde um primeiro momento as empresas

pertencentes às associações biotecnológicas detetadas, bem como àquelas empresas cuja

atividade é CLASSE 7211 – Investigação e desenvolvimento em biotecnologia, já que

estas últimas compreendem a investigação e desenvolvimento (I&D) experimental em

biotecnologia, nomeadamente, sobre:

ADN/ARN (genómicos, farmacogenómicos, marcadores de genes, engenharia

genética, sequências/sínteses/amplificações do ADN/ARN, perfil da expressão do

gene e utilização da tecnologia antimenssageiro). O ADN (Ácido Desoxirribonucleico)

consiste numa molécula biológica complexa que determina a estrutura proteica e

Page 51: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

51

codifica a informação genética e/ou o ARN (Ácido Ribonucleico) permite que o ADN

realize a síntese proteica.

Proteínas e outras moléculas (sequências/sínteses/engenharia de proteínas e

peptídeos, grandes moléculas de hormonas, melhoria dos métodos de entrega para

grandes moléculas medicamentosas; proteómica, isolamento e purificação de

proteínas, sinalização, identificação de recetores de células; cultura de tecidos,

células e engenharia (cultura de células/tecidos, engenharia de tecidos, “esqueletos”

de tecidos, engenharia biomédica, fusão celular, estimulantes, vacinas/imune e

manipulação de embriões);

Técnicas do processo biotecnológico (fermentação utilizando birreatores,

bioprocessamento, biolixiviação, biodesfibração, biodeslocação, biodessulfuração,

biorecuperação, biofiltragem e fitorecuperação);

Vetores ARN e gene (terapêutica genética e vetores virais);

Bioinformática (construção de base de dados de genomas, sequências de

proteínas, modelização complexa de processos e sistemas biológicos);

Nanobiotecnologia (aplica as ferramentas e processo nano - microfabricação para

construir dispositivos para estudar biossistemas e aplicações na entrega de

medicamentos, diagnósticos e outras aplicações).

Uma vez ultrapassados todos os filtros, a amostra a analisar é composta por 174 empresas.

5.2. Classificação das empresas biotecnológicas de Portugal

segundo as suas áreas de atividade

Como comentado no capítulo de caracterização deste estudo, as empresas biotecnológicas

podem ser classificadas em função das suas diferentes aplicações ou áreas de atividade,

pertencendo, portanto, à biotecnologia vermelha, verde, branca ou azul.

De acordo com a exploração dos dados da amostra de empresas sobre a qual se apoia este

estudo, podemos considerar que as empresas biotecnológicas portuguesas se dedicam

numa ampla percentagem, 70% sobre o total, às aplicações e investigações relativas à

saúde (biotecnologia vermelha). São geralmente empresas cuja atividade principal

consiste na aplicação de técnicas de biotecnologia para produzir bens ou serviços e/ou para

Page 52: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

52

realizar I&D biotecnológica (dedicated biotech firms), embora muitas destas sejam Biotech

R&D firms, isto é, realizam biotecnologia de I&D.

30% das restantes empresas seriam empresas que utilizam/consomem biotecnologia para

produzir bens ou serviços e, portanto, realizam atividades próprias da biotecnologia verde

(10%), branca (18%) e azul (2%).

A baixa percentagem de empresas cujas aplicações correspondem à biotecnologia azul,

deve-se ao facto deste tipo de biotecnologia se encontrar ainda numa fase inicial de

desenvolvimento. Falta ainda muito que investigar e que conhecer para poder desenvolver

novos bens e serviços baseados na biotecnologia azul.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida.

Como vemos neste gráfico, as empresas que realizam biotecnologia vermelha representam

70% do total, as que realizam biotecnologia azul, 2%, as que realizam biotecnologia verde,

10%, e as que realizam biotecnologia branca, 18%.

5.3. Tipo de empresas biotecnológicas portuguesas segundo a sua

dimensão

As estruturas produtivas dos países, seja qual for o seu nível de desenvolvimento

económico, revelam uma clara prevalência das empresas de menor dimensão sobre as

2%

18%

70%

10%

Empresas biotecnológicas portuguesas segundo as suas áreas de atividade

AZUL

BRANCA

VERMELHA

VERDE

Page 53: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

53

empresas grandes. A recomendação da Comissão Europeia da União Europeia18 em

2003 define os requisitos que deve ter uma empresa para ser uma PME ou uma grande

empresa:

Tipo de empresa Empregados Faturação

(Milhões de €)

Total do Balanço

(Milhões de €)

Microempresa ≤ 2 y ≤ 2 o ≤ 2

Pequena empresa ≤ 10 y ≤ 10 o ≤ 10

Média empresa ≤ 50 y ≤ 50 o ≤ 43

Se nos basearmos nesta recomendação, o setor biotecnológico em Portugal não é diferente

do resto das indústrias produtivas do país. Sobre o censo de empresas nas que se baseia

este estudo, pode dizer-se que 75% das empresas biotecnológicas de Portugal são

microempresas, isto é, faturam menos de dois milhões de euros.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida

Como é possível observar, as restantes empresas seriam 15% pequenas empresas, 7%

médiasw empresas e somente 3% seriam grandes empresas.

Por ramo biotecnológico, o resultado é praticamente o mesmo. Predominam as

microempresas em níveis que rondam 75% em empresas de biotecnologia vermelha e 67%

18 Recomendação da Comissão Europeia da UE, de 6 de maio de 2003, baseada na Carta Europeia das Pequenas Empresas do Conselho Europeu de Santa Maria da Feira, de junho de 2000, em vigor desde 1 de janeiro de 2005, que define as condições que deve ter uma empresa para ser PME ou grande empresa.

3% 7%

75%

15%

Tipo de empresa biotecnológica

Grande empresa Média empresa

Microempresa Pequena empresa

Page 54: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

54

em empresas de biotecnologia verde. As pequenas empresas seriam a categoria

predominante seguinte nos diferentes ramos biotecnológicos, embora nas empresas cuja

atividade está focada na biotecnologia branca predominam mais as médias empresas. Isto

deve-se ao facto de serem empresas industriais.

Tamanho das empresas biotecnológicas segundo o tipo de biotecnologia

Área/Tamanho Microempresa Pequena empresa Média empresa Grande empresa

AZUL 100% - - -

BRANCA 75% 8% 3% 4%

VERMELHA 76% 17% 5% 3%

VERDE 8% 25% 1% -

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida.

Page 55: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

55

5.4. Distribuição geográfica das empresas biotecnológicas em

Portugal

Continuando com a análise do banco de dados registado, é estabelecida a distribuição

geográfica das empresas de biotecnologia em Portugal.

As áreas de Porto, Lisboa e Coimbra são as que contam com maior peso no setor da

biotecnologia. Quase 50% das empresas biotecnológicas estão concentradas nestas três

áreas, embora seja Lisboa a província que concentra o maior número de empresas, com

32%. Coimbra com 18% e Porto com 17% seriam as áreas seguintes de maior influência.

As demais empresas biotecnológicas estão bastante distribuídas, sendo importante destacar

as províncias de Braga, com 7% de concentração de empresas biotecnológicas, Setúbal e

Aveiro, com 5% de empresas.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

% de compañías biotecnológicas

Distribuição geográfica das empresas bio

Vila Real Viana Do Castelo Portalegre Ponta Delgada

Guarda Bragança Santarém Leira

Evora Castelo Branco Viseu Funchal

Faro Aveiro Setubal Braga

Porto Coimbra Lisboa

Page 56: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

56

5.5. Volume de exploração das empresas biotecnológicas em

Portugal

Os dados utilizados nesta secção correspondem à amostra de empresas

biotecnológicas sobre as que se apoia este estudo e foram extraídos do Sabi, Sistema

de Análise de Balanços Ibéricos, disponível através de informa 2012.

Biotecnologia Vermelha

Segundo os dados extraídos para o censo estabelecido, as empresas cuja atividade está

centrada nas aplicações e investigações relativas à saúde (biotecnologia vermelha),

concentram o maior volume de faturação da indústria biotecnológica, com cerca de 727

milhões de euros. Este resultado está apoiado, sobretudo, em empresas cuja atividade se

relaciona com a investigação e desenvolvimento em biotecnologia, e em empresas

farmacêuticas de base biotecnológica.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

Como foi comentado ao longo do estudo, o crescimento observado no setor deve-se, entre

outros fatores, ao facto do setor da biotecnologia ser relativamente novo, pelo que os

níveis de crescimento são próprios de uma indústria jovem e com grande potencial.

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

Volume de exploração das empresas cuja atividade se centra no desenvolvimento de biotecnologia vermelha

Page 57: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

57

A taxa de crescimento interanual entre os anos 2008 e 2009 foi de 4,46%, passando de

431,8 milhões de euros a aproximadamente 451,1 milhões de euros. Este salto quantitativo

produzido entre os anos 2009 e 2010, com uma taxa de crescimento de 57% até se situar

em 712,3 milhões de euros, poderia ser explicado pelo aumento da faturação da empresa

GILEAD SCIENCES, LDA., que cresceu cerca de 353%.

Segundo se observa, o setor da biotecnologia vermelha parece ter atingido os seus maiores

índices de aproveitamento depois de registar uma queda na faturação de cerca de 21%,

situando-se em resultados de 727,4 milhões de euros em 2011.

Biotecnologia branca, azul e verde

Para analisar as restantes empresas representativas da amostra estabelecida e cuja

atividade está ligada à biotecnologia verde, azul e branca, deve considerar-se que

estas empresas não têm como principal atividade o desenvolvimento de

biotecnologia, mas sim que estas utilizam/consomem biotecnologia para produzir

bens ou serviços. Por isso, para efeitos práticos, considerar-se-á que cerca de 25%

dos rendimentos de exploração destas empresas provêm da biotecnologia.

As empresas portuguesas ligadas à biotecnologia branca, representativas da amostra

estabelecida, refletem um crescimento constante desde 2008 até 2011, com uma taxa de

crescimento média de 9%. Em 2008, os rendimentos de exploração destas empresas

fixavam-se em 72,8 milhões de euros, número que seria superado nos anos seguintes: 77,3

milhões de euros em 2009, 86,5 milhões de euros em 2010, e 95,1 milhões de euros em

2011.

Page 58: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

58

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

Como se pode observar neste gráfico, as empresas representativas da biotecnologia branca

tiveram um crescimento constante em relação à sua faturação, 6,11% em 2009, 11,94%

em 2010, e 9,91% em 2011.

Por outro lado, as empresas representativas da biotecnologia azul, não atingem uma

faturação de destaque sobre o total do setor. Como se mencionou em mais de uma ocasião,

é um tipo de biotecnologia ainda em fase de desenvolvimento e, portanto, são poucas as

empresas ligadas a esta atividade.

No entanto, o setor atingiu em 2010 503,7 mil euros, ano de maior destaque dos quatro

anos em análise. Até 2010 as empresas mantiveram uma taxa de crescimento de 6,11%

entre os anos 2008 e 2009, passando de uma faturação de 396,2 mil euros em 2008 a uma

faturação de 458,7 mil euros em 2009.

No ano 2011, ano sobre o qual se tem os últimos dados de faturação, as empresas

representativas da biotecnologia azul, obtiveram uma faturação de 383 mil euros, valor que

as coloca em níveis de 2008. Isto supõe um retrocesso de 23% em relação ao ano anterior.

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

Volume de exploração das empresas cuja atividade se centra no desenvolvimento de biotecnologia branca

Page 59: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

59

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

Por último, vamos analisar as empresas de Portugal ligadas à biotecnologia verde,

representativas do censo estabelecido. Estas empresas obtiveram um crescimento

continuado iniciado entre os anos 2008 e 2009, passando de uma faturação de 14,62

milhões de euros para 16,22 milhões de euros, refletindo uma taxa de crescimento de

11%. Em 2010, atingiu o valor mais alto dos últimos anos, 19,163 milhões de euros, número

que precede o obtido em 2011, 17,74 milhões de euros, que mostra uma redução de cerca

de 7,3%.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

0

100

200

300

400

500

600

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

Volume de exploração das empresas cuja atividade se centra no desenvolvimento de biotecnologia azul

0

5000

10000

15000

20000

25000

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

Volume de exploração das empresas cuja atividade se centra no desenvolvimento de biotecnologia

verde

Page 60: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

60

Por último, pretendemos refletir o gráfico seguinte que mostra a evolução global do setor

biotecnológico em Portugal, segundo o banco de dados utilizado. Este setor obteve um

crescimento de 61,7% entre os anos de 2008 e 2011.

Rendimentos totais da exploração (milhares de euros)

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

519722,5 545098,5 818561 840679,25

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do Sabi, 2012.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

Embora os dados possam parecer chamativos, devido à situação generalizada da

economia, não devemos esquecer que a indústria biotecnológica a nível mundial, muito mais

madura que em Portugal, mostra índices de crescimento positivo nos resultados atingidos,

denotando assim que é uma das indústrias que melhor está a aguentar a crise económico-

financeira iniciada em 2008.

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

900000

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

Volume de exploração do setor biotecnológico em Portugal

Page 61: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

61

5.6. Número de empregos gerados pelas empresas biotecnológicas

em Portugal

Os dados utilizados nesta secção correspondem à amostra de empresas

biotecnológicas sobre as que se apoia este estudo e foram extraídos do Sabi, Sistema

de Análise de Balanços Ibéricos, disponível através de informa 2012.

Tal como na secção anterior, para efeitos práticos, considerar-se-á 25% dos trabalhadores

das empresas representativas da amostra estabelecida para as áreas da biotecnologia

verde, azul e branca. Devemos considerar que estas empresas não têm como principal

atividade o desenvolvimento de biotecnologia, senão que estas utilizam/consomem

biotecnologia para produzir bens ou serviços.

Volume de emprego gerado pelo setor biotecnológico

As empresas representativas da amostra estabelecida no presente estudo concentraram um

volume total de emprego de 2.626 trabalhadores no ano 2011. Segundo os dados

manipulados neste estudo, pode afirmar-se que o setor biotecnológico em Portugal é fonte

geradora de emprego refletindo uma taxa de crescimento de 17%, entre os anos 2008 e

2011.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

2.253

2.369

2.543

2.626

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011

Evolução do emprego biotecnológico

Page 62: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

62

No ano 2008, primeiro ano de análise deste estudo, o número de trabalhadores aumentou

para 2.253. Segundo se observa no gráfico seguinte, as empresas representativas da

biotecnologia vermelha concentraram a maioria dos empregos com 80,98%, seguidas pelas

empresas ligadas à indústria branca com 15,84%. A área da biotecnologia relacionada à

biotecnologia azul, corresponde a 0,32% sobre o total.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

No ano 2009, a taxa de emprego cresceu cerca de 5% em relação ao ano anterior, atingido

o valor de 2.369 postos de trabalho. As empresas associadas à biotecnologia da saúde

continuaram a contribuir com 82% dos empregos, enquanto as representativas da

biotecnologia branca retrocederam um ponto em relação ao ano anterior.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

81%

0% 16% 3%

Distribuição dos trabalhadores por área biotecnológica, 2008

VERMELHA AZUL BRANCA VERDE

81%

0% 16%

3%

Distribuição dos trabalhadores por área biotecnológica, 2009

VERMELHA AZUL BRANCA VERDE

Page 63: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

63

No ano 2010, o emprego gerado pelas empresas biotecnológicas continuou com a sua

ascensão. A taxa de crescimento em relação ao ano anterior foi de 7%, com um registo de

trabalhadores no ano 2010 de 2.543 empregos. A distribuição seguiu as linhas

estabelecidas nos anos anteriores, embora seja neste ano que as empresas ligadas à

biotecnologia verde cresceram um quarto de ponto até se situarem em 3,25% sobre o

volume de emprego total.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

No ano 2011, último ano do qual dispomos de dados, o emprego atingiu, tal como

comentado no princípio desta secção, o valor de 2.626 trabalhadores. A taxa de

crescimento continuou sendo positiva, mas reduziu os seus níveis de crescimento situando-

se em 3%. Os empregos distribuídos por ramos biotecnológicos não registaram mudanças

destacáveis, o que mostra que a tendência será seguida nos próximos anos.

Fonte: Elaboração própria baseada em dados da amostra estabelecida e extraídos do

Sabi, 2012.

82%

0% 15%

3%

Distribuição dos trabalhadores por área biotecnológica, 2010

VERMELHA AZUL BRANCA VERDE

82%

0% 15% 3%

Distribuição dos trabalhadores por área biotecnológica, 2011

VERMELHA AZUL BRANCA VERDE

Page 64: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

64

6. OS INSTRUMENTOS DE FINANCIAMENTO DA I&D&I

No enquadramento do presente relatório e com o objetivo de demonstrar a atividade dos

agentes portugueses em projetos de I&D&I e também de apoiar a deteção das empresas

e organismos mais ativos neste âmbito, foi elaborado este capítulo no qual se reflete a

importância do investimento em I&D&I por parte dos agentes do sistema português de

inovação, tomando como referência as empresas, universidades e centros de

investigação do setor biotecnológico de Portugal que participaram em projetos de I&D&I

cofinanciados com fundos comunitários e estatais, conforme seja o caso.

Os objetivos desta secção são os seguintes:

Destacar o investimento em I&D&I que o setor realiza.

Identificar que empresas participaram em projetos I&D&I, tanto a nível nacional como

europeu.

Identificar que universidades participaram em projetos I&D&I nacionais e europeus.

Identificar que projetos de I&D&I foram realizados nos últimos anos e que possíveis

projetos poderiam ser cofinanciados no futuro.

Para isso, reúne-se nesta secção informação sobre a participação dos diferentes agentes

portugueses em diferentes convocatórias públicas de projetos de I&D&I no âmbito da

biotecnologia, com o objetivo de realizar uma pequena análise sobre os tipos de agentes

participantes, a concentração das participações de acordo com os agentes, a evolução

temporal das mesmas, etc.

6.1. Projetos do 7.º PROGRAMA-Quadro

O Programa-Quadro é a principal iniciativa comunitária de fomento e apoio à I&D na União

Europeia, tendo como principal objetivo a melhoria da competitividade mediante o

financiamento fundamentalmente de atividades de I&DT, demonstração e inovação em

regime de colaboração transnacional entre empresas e instituições de investigação

pertencentes tanto aos países da União Europeia e estados associados como a países

terceiros.

Page 65: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

65

Além disto, o programa oferece apoio financeiro à melhoria e coordenação das

infraestruturas de investigação europeias, à promoção e formação do pessoal investigador,

à investigação básica e, especialmente a partir do atual 7.º Programa-Quadro, à

coordenação dos programas nacionais de I&D e à operacionalização de plataformas

tecnológicas europeias (PTE), concebidas para promover agendas estratégicas de

investigação em setores chave com a participação de todos os atores implicados. Ao

mesmo tempo, as PTE estão a promover, a nível estatal, as plataformas nacionais.

A atividade no Programa-Quadro centra-se nas convocatórias publicadas uma ou duas

vezes ao ano e os participantes recebem normalmente 50% dos custos reais pela sua

atividade nos projetos e, no caso de PME e investigadores, incluindo os centros

tecnológicos, 75% além do importante adiantamento na altura da assinatura do contrato.

Fonte: Base de dados CORDIS.

O Sétimo Programa-Quadro (7.º Programa-Quadro) agrupa todas as iniciativas

comunitárias atuais relativas à investigação sob um mesmo teto e desempenha um papel

crucial no êxito dos objetivos de crescimento, competitividade e emprego. Os amplos

objetivos do 7.º Programa-Quadro agruparam-se em quatro categorias: Cooperação,

Ideias, Pessoas e Capacidades. Para cada tipo de objetivo há um programa específico que

corresponde às áreas principais da política de investigação da UE. Todos os programas

específicos colaboram na promoção e criação de polos europeus de excelência (científica).

0

2

4

6

8

10

12

Distribuição das participações portuguesas em projetos do Programa-Quadro segundo a tipologia de agentes

Page 66: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

66

Em seguida, recolhem-se as participações de Portugal no âmbito biotecnológico neste tipo

de projetos aprovados no período 2008-2013. Além disso, fornecem-se também algumas

conclusões extraídas da análise destes dados:

As participações de agentes portugueses em projetos dos diferentes programas -

quadro relacionados com biotecnologia ascendem a 73.

Estas participações correspondem a 54 projetos diferentes, dentro de diferentes

programas dos sucessivos Programas-Quadro.

Durante anos, 34 destas participações são anteriores ao ano 2000 e 26 delas estão

dentro do 7.º Programa-Quadro.

Dentro da edição do programa-quadro que está prestes a finalizar, é em 2009 que se

dão mais participações de agentes portugueses no âmbito da biotecnologia: 8

participações. Em 2010 e 2012 as intervenções portuguesas são 5.

O agente com maior número de participações em projetos do Programa-Quadro é a

Fundação Calouste Gulbenkian, com 7 (5 delas dentro da convocatória FP7-IDEIAS-

ERC e outra da FP5-LIFE QUALITY).

Com 5 participações cada um, figuram o Instituto de Medicina Molecular, a

Universidade do Minho e a Universidade Nova de Lisboa, embora nos três casos

parte dos projetos são anteriores ao 7.º Programa-Quadro.

Como agentes, os organismos públicos de investigação representam quase 60% do

total das participações portuguesas e as empresas 19%. Além disso, há outro tipo de

agentes (fundações e associações, fundamentalmente) que supõem mais 19%.

Finalmente, a Administração suporia os restantes 19%.

Portanto, são os grupos de caráter universitário os de maior presença nos projetos

europeus de investigação relacionados com a biotecnologia, executados por agentes

portugueses, com 34% da participação.

Os projetos com maior número de participantes portugueses são Development of

microalgal pigments for aquaculture (1997) com 4 agentes e Exploiting new solutes

from hyperthermophiles for the preservation of biomaterials: cell factories for

production of hypersolutes (2001, FP5-LIFE QUALITY) e Folate-based

nanobiodevices for integrated diagnosis/therapy targeting chronic inflammatory

diseases (2009, FP7-NMP) com 3 agentes, cada um deles.

Page 67: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

67

Dentro das 25 participações portuguesas no âmbito da biotecnologia nos diferentes

programas recolhidos no 7.º Programa-Quadro, 56% são no FP7-NMP, 20% no FP7-

NMP, 16% no FP7-SME e os restantes 8% no FP7-REGPOT.

6.2. Projetos EUREKA

Os projetos EUREKA são projetos internacionais de cooperação tecnológica que avaliam

mediante um selo de qualidade os projetos aprovados.

Este selo Eureka, além de ser de um elemento promocional e de reconhecimento do nível

tecnológico da empresa promotora, torna-a credora de um financiamento público

especialmente favorável.

Assim que a proposta apresentada for certificada como projeto Eureka, cada sócio

solicitará financiamento no seu país para a sua participação no projeto. O tipo de

ajuda, bem como os mecanismos e esquemas de financiamento serão os utilizados

internamente em cada país para a promoção da investigação científica e do

desenvolvimento tecnológico.

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do programa Eureka.

São apresentadas, em seguida, as participações portuguesas neste tipo de projetos e

no âmbito da biotecnologia ou áreas afins. A fonte de informação destas listas foi a própria

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Evolução temporal das participações portuguesas no programa Eureka

Page 68: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

68

página web do programa Eureka. A partir das informações, foram extraídas algumas

reflexões que são mostradas em seguida:

As participações no programa EUREKA dos agentes portugueses no âmbito da

biotecnologia ascendem a 90.

10 destas participações são anteriores ao ano 2000.

Além disso, 32 delas são de 2010 ou posteriores.

No ano 2009, foi o ano em que se acabaram mais projetos com participação

portuguesa (15). Em seguida, está 2012 com 13, posteriormente 2002 e 2010, com

10 em cada um deles.

Estas participações encontram-se em projetos relacionados com a saúde, o meio

ambiente, a gestão de resíduos e os biocombustíveis, a indústria agroalimentar ou a

aquicultura, entre outros âmbitos.

Pelo que se refere aos tipos de agentes executantes, as empresas representam 53%

do total, seguidas dos centros públicos de investigação (26%) e dos grupos

universitários (14%). A Administração (6%) e os Centros Tecnológicos (1%) têm um

peso residual.

O agente com maior número de participações é o Instituto de Biologia Experimental e

Tecnologia, com 8. Já com 3, estão o Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia

Industrial – INETI, e a Universidade Católica Portuguesa (em conjunto com a Escola

Superior de Biotecnologia). Com duas participações estão a Kiwi Ibéria, S.A.R.L.,

GenIbet Biopharmaceuticals, S.A., Sparos, Lda.; Laboratoty of Plant Biotechnology,

Viveiros Jorge Boehm, Lda., Universidade Técnica de Lisboa e a Agência de

Inovação – ADI. Os restantes agentes participantes contam somente com 1

participação.

Page 69: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

69

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do programa Eureka

Os projetos relacionados com a biotecnologia que concentram o maior número de

intervenções por parte de agentes portugueses são o Application of Eco-Fungiplug in

the Control of Pathogenic Fungi and Studies on its Effect on Mycorrhizal Fungi

(ECOPLUGMIC) e Alternative Forages for Dairy Cows (GRASSMILK), ambas com 5.

Meristematic Cleaning of Grapevine Clones (GRAPEVINE) e Integrated Centre for

Recycling and Treatment of Medical and Industrial Hazardous Waste (CIVTRHI), com

4 em cada uma delas.

Por último, de referir que destas 90 participações portuguesas em projetos

relacionados com a biotecnologia previamente analisadas, três estão dentro de

projetos Umbrella e 8 Eurostar.

Na página seguinte, é fornecida uma tabela com as participações dos agentes portugueses

na convocatória de projetos de Eureka: Lista de participações portuguesas em projetos

do programa Eureka.

6%

1%

53%

26%

14%

Distribuição das participações portuguesas no programa Eureka segundo o tipo do agente

ADMON CT E OPI U

Page 70: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

70

Lista de participações portuguesas em projetos do programa Eureka.

Ano Entidades / Organismos Título Código Tipo de

projeto

2011 Empreendimentos Hot. Outeiro dos Cêpos, Lda. Investigation for the development of a more healthy,

easy-to-spread and oxidation resistant butter 6722- UNICLA RANGE 2011 Panicongelados, S.A.

2011 Raízes do Prado, Lda.

1997 Kiwi Ibérica, S.A.R.L. Advances in kiwi fruit production, storage and marketing 1132- EUROKIWI

2010 Investigação e Desenvolvimento de Produtos

Farmacêuticos, Lda.

Development of Carbon Monoxide Releasing Molecules

for the Treatment of Post-operative Ileus 5507- CORMPOI EUROSTAR

2001 Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar,

Dep. Produção Aq. Use of the crab Polybius henslow as food for aquaculture 2315- POLYBIUS

2001 Sanamar Comércio, Import. e Export. de

Produtos Alimentares

2009 Greenpharma, S.A. Development and Dermatological Screening of a

Hemisynthetic Library 2885- NATCHEM

2001 Escola Superior Agrária de Ponte de Lima -

ESAPL Development of new artificial pollination and growth

regulators to increase kiwi fruit production and quality 1862- KIWIREKA

2001 Kiwi Ibérica, S.A.R.L.

2011 Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e

Ambiental Offshore Cultivation of Seaweed 6027 SEAWEED-STAR EUROSTAR

2012 Biosurfit, S.A. Enabling large scale production of microfluidic cartridges 6851 BLISK EUROSTAR

1993 Universidade Técnica de Lisboa Processing of bitter lupins into high protein feed 292 LUPINPUR

1993 Europroteina, S.A.

2001 Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas,

S.A. - NECTON Microbial Specialty Feed for Aquaculture 2001 MISFA

2011 Ingredientes para a Indústria de Lacticínio, Lda. -

Frulact Novel formulations and technology optimisation for pro-

and symbiotic fruit matrices 5392 PROBIOFRU

2011 Universidade Católica de Portugal

2000 RAR - Refinarias de Açúcar Reunidas, S.A. Reducing Effluents in the Sugar Industry: New Alternative

Systems. 1974 RESINAS

2012 Instituto de Tecnologia Química e Biologia - ITQB New Technologies Oriented to Improve Sustainable

Management In the European Forestry Sector.

2144 EUROFOREST

(IMP)

2012 Centro de Estudos Florestais

Page 71: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

71

Ano Entidades / Organismos Título Código Tipo de

projeto

1997 Nutrição Animal e Produtos para a Pecuária, S.A.

- NUTASA

Quality Standardisation of Cured Products of Iberian Pigs

and Feedstuff Studies 1554 QIP

2010 Fundação da Universidade do Porto - Faculdade

de Engenharia Identification of molecules to treat Parkinson’s disease

(PD) using a novel zebrafish model 5553 PARK

2010 TechnoPhage, S.A., Investigação e

Desenvolvimento em Biotecnologia

2010 Instituto de Medicina Molecular

2010 Gestão de Redes e Resíduos, Lda. - GERAR Simultaneous Removal of Carbon and Nutrients from

Waste Water Through High Frequency Oxygen

Oscillations (HFO)

1697 HFO 2010 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia

2000 Centro de Tecnologia Química e Biológica

2012 Sparos, Lda. Developing a weaning- diet and protocol for bluefin tuna 7994 WEANTUNA

2004 Laboratory of Plant Biotechnology - LPB-ICAT

Optimization of Microbial Production of Lactic Acid (LA) 1870 BIOLACTATE 2004

Cooperativa de Produtores de Queijos da Beira -

Baixa C.R.L.

1996 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia Integrated Biotechnological Processing 1136 INBIOPRO

2009 Simbiotec LDA. Eco-Friendly Revitalization of Urban, Forestry and

Fruitculture Trees 4789 ECOTREE

2007 Universidade Técnica de Lisboa Improvement of Fertility in Swine: Control of Semen

Quality and Animal Welfare in Artificial Insemination

Centres

3427 FERT IA 2007 Agro Pecuária Valinho, S.A.

1995 Empresa de Investigação e Desenvolvimento em

Biotecnologia, S.A. - BIOEID S.A.

Rapid Diagnosis of, and Vaccination against Canine

Leishmaniosis 177 LEISHMANIOSIS

1998 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia Development of Virus-Like Particle (VIP) Candidate for

HIV Produced by Baculo Multi-Gene Expression Vectors 1243 HIVAC

2010 Casa Agrícola Cecílio Lda. Development and adaptation of the rice cultivars of other

areas to obtain high quality seeds 4167 CERTISEED

2012 Sociedade de Óleos e Rações, S.A. - SORGAL

Protein Concentrates for Aquaculture 5021 EUproteinAqua 2012

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro -

UTAD

2012 Engenharia de Sistemas, Lda. - UAVision Capsicum annuum L, a breeding strategy for constructing 7226 Ca-BS

Page 72: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

72

Ano Entidades / Organismos Título Código Tipo de

projeto

2012 Raúl Patrocínio Duarte, S.A. multiresistant genotypes adapted for cultivation under

IPM

2004 Sociedade de Inovação Ambiental, Lda. - SIA Bioreactor For Innovative Mass Bacteria Culture 2497 BIOMAC

2012 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia Development of a GMP pilot scale production process for

a bivalent vaccine against typhoid & paratyphoid enteric

fevers

4533 TYPHIVAC 2012 GenIbet Biopharmaceuticals, S.A.

2009 Associação para a Inovação e Desenvolvimento

Empresarial - INOVISA

Innovative and Advanced Technologies for Agriculture,

Food and Feed Industries 3038 EUROAGRI+ Umbrella

2009 Sovena Group - S.G.P.S., S.A.

Olive Oil for the World 4997 State-of-the-olive 2009 Logoplaste - Consultores Técnicos, SA

2009 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia

2009 Universidade Nova de Lisboa Novel device for standardized and rapid blood Plasma

Separation and Stabilization (PSST) 4816 PSST EUROSTAR

2002 Escola Superior Agrária de Bragança

Application of Eco-Fungiplug in the Control of Pathogenic

Fungi and Studies on its Effect on Mycorrhizal Fungi. 1845 ECOPLUGMIC

2002 Laboratory of Plant Biotechnology - LPB-ICAT

2002 Direção Geral das Florestas - CENASEF

2002 Castânia, Sociedade Agroforestal, S.A.

2002 Viveiros Jorge Boehm, Lda. - PLANSEL

2009 Agência de Inovação - ADI

To strengthen the competitiveness of the European agri-

food sector through facilitating the development of new

innovative products and processes as well as supporting

technologies.

4914 EUROAGRI

FOODCHAIN

2009 Eco-Partner S.A.

Integrated Centre for Recycling and Treatment of Medical

and Industrial Hazardous Waste 4521 CIVTRHI

2009 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia

2009 Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia

Industrial - INETI

2009 Serviço de Utilização Comum de Hospitais -

SUCH

2009 GenIbet Biopharmaceuticals, S.A. Development of a GMP pilot scale process for the

production of clinical grade oncolytical adenovirus for 4947 OncoVir

2009 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia

Page 73: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

73

Ano Entidades / Organismos Título Código Tipo de

projeto

cancer therapy

2000 Estação Fruteira do Montejunto, C.R.L. -

FRUTUS Preservation of Fruits Using Natural Substances 1714 ECOFRUIT

2000 Frucar - Comércio de Frutas, Lda.

2000 Cooperativa Agrícola de Bombarral C.R.L.

2009 Simbiotec, Lda. Microbe-based organic cultivation of fruit and vegetable

crops 4366 MICROFRUIT

2006 Viveiros Centrais Riba-Douro, Soc. Agr. Lda.

Selection/Multiplication of Chestnut Specimens Resistant

to Chestnut Ink Disease. Characterization of Resistance

Source.

2689 RECATI

2002 Universidade Técnica de Lisboa - ISA

Alternative Forages for Dairy Cows 2282 GRASSMILK

2002 Instituto para o Desenvolvimento Agrário da

Região Norte - IDARN

2002 União das Cooperativas de Produção de Leite de

Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes - AGROS

2002 Instituto de Ciências e Tecnologias Agro-

Alimentares - ICETA

2002

Direção Regional de Agricultura de Entre Douro

e Minho. Estação Regional de Culturas Arvenses

e Divisão de Produção Agrícola - DRAEDM

2010 Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia

Industrial - INETI Environmental Technologies Network 330 EUROENVIRON Umbrella

2011 Investigação e Desenvolvimento de Produtos

Farmacêuticos, Lda. - Alfama

Development of Carbon Monoxide-Releasing Molecules

for the Treatment of Non-Healing Wounds 5946 CORM-HEAL EUROSTAR

2012 Instituto Nacional de Recursos Biológicos - INRB Preserved zooplankton as a diet for marine aquaculture

species 6923 MARAQUAFEED EUROSTAR

2012 Sparos, Lda.

2013 Universidade do Minho

Production of biofuels from micro-algae with a high

content of starch and lipids using flue gas CO2 as a

carbon source

4493 ALGANOL

2010 Agência de Inovação - ADI European Network for innovative Aquaculture 3610 INNOFISK Umbrella

Page 74: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

74

Ano Entidades / Organismos Título Código Tipo de

projeto

2001 Escola Superior Agrária de Santarém - ESAS

Meristematic Cleaning of Grapevine Clones 2284 GRAPEVINE 2001 Universidade do Algarve

2001 Estação Agronómica Nacional

2001 Viveiros Jorge Boehm, Lda. - PLANSEL

2003 Universidade Católica de Portugal Euroagri 718 EUROAGRI

2010 Dão Sul - Sociedade Vitivinícola, S.A. Evaluation of new technologies for the reduction of

sulphur dioxide in wines 4506 WINESULFREE

2010 Universidade de Aveiro

2012 Clamitec Myco Solutions, LDA. Improving microbiological products for sustainable crop

management 7364 Poch-art EUROSTAR

2005 Produtos Nefrológicos, S.A. - PRONEFRO New Filter for Heparin Biocompatible for Infusion and

Dialysis Therapy. 2664 EPARIMED

2002 Instituto de Biologia Experimental e Tecnologia Structural Analyses of Steroid Receptors for Drug Design 1948 SASTEREC

1999 Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia

Industrial - INETI

European Mechanism for the Validation and Approval of

New Methods to Detect/Identify Microorganisms in Food

and Drinks

998 MICROVAL

1999 Universidade Católica de Portugal

1998 Refinarias de Açúcar Reunidas, S.A. - RAR Separation by Ultrafiltration as a General Alternative to

Refining. 820 SUGAR

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do Programa Eureka.

Page 75: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

75

6.3. Projetos IBEROEKA

Os projetos IBEROEKA são projetos internacionais de cooperação tecnológica onde

existe um compromisso entre os Organismos Gestores Iberoeka dos países

participantes mediante o qual o financiamento dos projetos é descentralizado e cada

país assume este financiamento de acordo com os recursos disponíveis em cada

momento. Assim que a proposta apresentada for certificada como projeto Iberoeka,

cada sócio solicitará financiamento no seu país para a sua participação no projeto. O

tipo de ajuda, bem como os mecanismos e esquemas de financiamento serão os

utilizados internamente em cada país para a promoção da investigação científica, do

desenvolvimento tecnológico e da transferência ou assimilação da tecnologia.

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do Programa Iberoeka.

Em seguida, são apresentadas as participações portuguesas neste tipo de projetos.

Estas foram extraídas de procuras na base de dados do Programa Ibero-americano da

Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED). Além disso, são fornecidas

algumas conclusões provenientes da análise destes dados:

Portugal acumula 91 participações nas convocatórias IBEROEKA no âmbito

biotecnológico.

Do total, 14 são anteriores ao ano 2000 e 17 são do ano 2000 ou posterior.

Estes projetos abrangem áreas relacionadas com a saúde, o meio ambiente, a

gestão de resíduos e os biocombustíveis, a indústria agroalimentar ou a

aquicultura.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

19961998199920002001200220032004200620082009201020112012

Evolução temporal das participações portuguesas no programa Iberoeka

Page 76: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

76

Por outro lado, e no que se refere ao tipo de agentes participantes, 47% das

participações correspondem a grupos universitários. Em segundo lugar, com

um peso relativo de 31% estão as empresas, e a seguir os centros públicos de

investigação, com 20%. A Administração tem um peso muito pouco

representativo, com apenas 2%.

Atendendo aos dois possíveis tipos de participações no programa IBEROEKA

(quer sejam de investigação ou de inovação), 62,63% são em projetos de

inovação e 37,36% em convocatórias de investigação, fundamentalmente

redes temáticas.

O tecido empresarial faz parte, em maior escala, de consórcios para projetos

dentro das convocatórias de inovação, enquanto os centros públicos de

investigação escolhem mais claramente projetos de investigação. No caso dos

grupos universitários, é muito similar o peso de um ou outro programa.

O agente com mais participações em projetos relacionados com a

biotecnologia dentro da convocatória IBEROEKA é a Universidade Técnica de

Lisboa com 8, seguida da Universidade de Porto com 6, e o INETI ou a

Universidade Católica Portuguesa com 5.

2008, 2002 e 2010 são os anos com maior número de participações em

projetos biotecnológicos aprovados nessa data, com 14 no primeiro caso e 11

nos dois seguintes. Paradoxalmente, em 2011 só foi aprovado um projeto

neste âmbito, embora em 2012 se perceba já uma verdadeira recuperação,

embora tímida.

Estas participações anteriormente comentadas correspondem a 32 projetos

IBEROEKA.

O projeto relacionado com biotecnologia que contou com maior número de

participações portuguesas foi o da Rede Ibero-americana de genética

molecular aplicada à medicina forense (1998), com 5 agentes, todos estes

organismos públicos de investigação. A seguir, estão o de Mirtilo com inovação

- desenvolvimento de novos produtos funcionais a partir do mirtilo e seus

subprodutos (MYRTILLUS, de 2010) e Microestabilização de aromas naturais

em azeite português de alta qualidade; incorporação de agentes de plantas

com ações na promoção da saúde; estudo da sua viabilidade no mercado

brasileiro (PHARMAOIL, 1999), com 5 em cada uma delas.

Page 77: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

77

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do Programa Iberoeka.

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do Programa Iberoeka.

Em seguida, é fornecida uma tabela com as participações dos agentes de Portugal na

convocatória de projetos de Iberoeka: Lista de participações portuguesas em projetos do

programa Iberoeka.

2%

31%

20%

47%

Distribuição das participações portuguesas no programa Iberoeka segundo o tipo do agente

ADMON E OPI U

0

5

10

15

20

25

30

INNOVACIÓN INVESTIGACIÓN

Distribuição das participações portuguesas no programa Iberoeka segundo o tipo do agente e o tipo de projeto

ADMON

E

OPI

U

Page 78: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

78

Lista de participações portuguesas em projetos do programa Iberoeka.

Ano Participantes Código Sigla Título

2002 Tratamento de Águas e

Biotecnologia, Lda. - STAB

IBK 02-279 SPYI-VINHO

Aplicação de métodos rápidos de diagnóstico das leveduras

contaminantes dekkera sp. e zygosaccharomyces sp. na

indústria do vinho: expansão para o mercado iberomericano

e estudo da incidência em vinhos do Uruguai 2002

Investigação e Serviços em

Ciências Biológicas, Lda. - STAB

VIDA

2004 Instituto Nacional de Engenharia,

Tecnologia e Inovação - INETI

IBK 04-383 BIOVALOR

Biotecnologia de hemiceluloses: biomoléculas de uso

industrial, alimentar e farmacêutico a partir de subprodutos

lenhocelulósicos

2004 Gabinete de Comercialização da

Ciência, Lda. - ATGC

2004 Universidade Técnica de Lisboa

2004 Jaba Farmacêutica, S.A.

2004 Universidade do Minho

2004 Universidade Técnica de Lisboa

2012 Universidade do Porto

Red 112RT0460 CORNUCOPIA

Caracterización y evaluación funcional y de seguridad de

compuestos bioactivos de frutas iberoamericanas como

ingredientes alimentarios 2012 Universidade do Algarve

2012 Circleroad, Lda. IBK 12-707

PROBIOKFG

Desarrollo de una mezcla microbiana probiótica adicionada

de prebióticos y fitogénicos como suplemento de la dieta

para pollos 2012

Universidade Lusófona de

Humanidades e Tecnologias IBK 12-707

2011 Escola Superior de Biotecnologia -

UCAPOR Red 111RT0421 FRUTACTIVA

Desenvolvimento de ingredientes bioativos a partir de frutas

tropicais não tradicionais (nativas e exóticas) da Ibero

América: identificação, avaliação, produção e segurança

2008 Instituto Nacional de Engenharia,

Tecnologia e Inovação - INETI IBK 08-564 LIGNOETANOL

Desenvolvimento de processo de obtenção do etanol

ligninocelulósico da biomassa de cana-de-açúcar, com

enfoque na palha 2008 Universidade Técnica de Lisboa

2010 Universidade Católica Portuguesa

IBK 10-633 PROBIO-PEIXE

Desenvolvimento sustentável da aquacultura:

implementação de um plano de imunização, uso de

probióticos e de dietas vegetais

2010 Universidade de Trás-os-Montes e

Alto Douro - UTAD

2010 Consultoria e Desenvolvimento de

Page 79: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

79

Ano Participantes Código Sigla Título

Projectos Bioquímicos, S.A. -

BIOSTRUMENT

2010

Centro Interdisciplinar de

Investigação Marinha e Ambiental

- CIIMAR

2004 Gecaro Exploração e Serviços

Agrícolas, Lda. IBK 04-373 ENDOSIMA

Estudio e investigación de la degradación del endosulfán y

de compuestos triazínicos en el olivar ecológico.

monitorización ambiental

1999 Aditiva - Fármacos e Suplementos,

Lda. IBK 99-059 UNCARIA 2000 Estudo das espécies de uncaria existentes no Peru

2000 Produtos Farmacêuticos, S.A. -

Laboratório MEDINFAR

IBK 00-105 PROTMAL Estudos sobre antimaláricos com relevância para protéases,

genes e plantas medicinais

2000 Centro de Química Fina e

Biotecnologia

2000 Instituto Nacional de Engenharia,

Tecnologia e Inovação - INETI

2000 Instituto de Higiene e Medicina

Tropical

2008 Instituto Nacional dos Recursos

Biológicos Red 108RT0336 BIOFAG

Fertilizantes biológicos para la agricultura y el medio

ambiente 2008 Universidade de Aveiro

2008 Universidade de Lisboa

2006 Olivar Fontes dos Frades, Lda. IBK 06-465 ALPECOM

I+D del proceso de compostaje de residuos sólidos

resultantes de la elaboración del aceite de oliva por

centrifugación en dos fases

2001 Universidade Técnica de Lisboa

IBK 01-149 LONG LIFE OIL Identificación de antioxidantes naturales con interés

comercial para uso en aceites alimenticios

2001 Plumapor, Lda.

2001 Universidade Técnica de Lisboa

2001 Innovation and Engineering in

Biotech - BIOTREND

Page 80: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

80

Ano Participantes Código Sigla Título

2010 Escola Superior de Biotecnologia -

UCAPOR Acción 110AC0386 IBEROFUN

Incorporación de nuevos ingredientes funcionales a

alimentos como contribución a la promoción de la salud y/o a

la prevención de enfermedades de la población

iberoamericana 2010

Ingredientes para a Indústria de

Lacticínios, S.A. - FRULACT

2002 Instituto Superior de Agronomia

IBK 02-278 INOVINI

Influencia de tecnologías innovadoras de maduración sobre

las características de vinos tintos de dos variedades de

paises iberoamericanos 2002 Finagra, S.A.

2002 Monsanto II, Lda. IBK 02-269 NUTECAC Investigación sobre nuevas tecnologías para su aplicación

en reforestación de tierras agrarias

1996 Universidade do Porto Acción II.2

Localización, caracterización y evaluación del potencial

extractivo de artemia, con destino a la acuicultura 1996 Universidade de Lisboa

2000 Universidade Técnica de Lisboa

IBK 99-021 PHARMAOIL

Microestabilização de aromas naturais em azeite português

de alta qualidade; incorporação de agentes de plantas com

ações na promoção da saúde; estudo da sua viabilidade no

mercado brasileiro

2000 Direcção Regional de Agricultura

2000 Universidade Técnica de Lisboa

2000 Plumapor, Lda.

2000 Universidade de Coimbra

2010 Sociedade de Produtores Horto-

Frutícolas, Lda. - MIRTILUSA

IBK 10-634 MYRTILLUS Mirtilo com inovação - desenvolvimento de novos produtos

funcionais a partir do mirtilo e seus subprodutos

2010 Ingredientes para a Indústria de

Lacticínios, S.A. - FRULACT

2010 Universidade Católica Portuguesa

2010 Universidade de Trás-os-Montes e

Alto Douro - UTAD

2010 Universidade do Porto

2003

Comercialização e Consultadoria

em Hortofrutícolas, S.A. -

CAMPOTEC IBK 03-331 CLEANTECH

Novas tecnologias limpas e introdução de embalagens

ativas para maior eficácia na manutenção da qualidade

intrínseca e prolongamento da vida de produtos hortícolas

minimamente processados 2003

Instituto Nacional de Engenharia,

Tecnologia e Inovação - INETI

2003 Instituto Superior de Agronomia

Page 81: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

81

Ano Participantes Código Sigla Título

1999 Direcção Geral de Protecção de

Culturas IBK 99-045 PMF

Obtención de nuevas variedades (cultivo in vitro) y

fitopatología en planta madre de fresón 1999

Sociedade de Fomento Hortícola,

Lda. - MULTIPLANTA

2009 Caesar Park Hotel Portugal, S.A.

IBK 09-601 ECO2 Obtención de sumideros de CO2 urbanos 2009 Fadigas + Partners, Lda.

2009 GJP Arquictetos

2009 Grupo MSF

2008 Ingredientes para a Indústria de

Lacticínios, S.A. - FRULACT IBK 08-575 FRUTAMAIS Preservação de características funcionais, nutricionais e

organoléticas de frutas e alimentos derivados 2008 Universidade Católica Portuguesa

2002 Quinta dos Ingleses IBK 02-237 ZIMLAC

Produção de enzimas para a indústria alimentar por

fermentação da lactose do soro de queijo 2002 Universidade do Minho

2008 Universidade do Minho

Producción de energía mediante la digestión anaerobia de

los residuos orgánicos provenientes de agroindustrias -

biogas, biocombustibles

2006 IPB-P

Red 306RT0279 BIOCOMRED Red de nuevas tecnologías para la obtención de

biocombustibles

2006 LSRE-UP

2006 Instituto Nacional de Engenharia,

Tecnologia e Inovação - INETI

2003 Instituto Nacional de Investigação

Agrária Red III.D BIOFAG Red iberoamericana de biofertilizantes microbianos para la

agricultura 2003 Universidade Técnica de Lisboa

2006 Universidade da Beira Interior Red 206RT0290 RIFF

Red iberoamericana de farmacogenetica: impacto en salud

publica 2006 Universidade do Algarve

1998 Centro de Genética Clínica

Red III.C Red iberoamericana de genética molecular aplicada a la

medicina forense

1998 Universidade de Aveiro

1998 Universidade do Porto

1998 Laboratório de Política Científica

1998 Instituto de Medicina Legal

Page 82: Biotecnologia: Caracterização do Sector

Caracterização do Setor BIOTECNOLOGIA

82

Ano Participantes Código Sigla Título

1996 Universidade Nova Lisboa

Red III.C Red iberoamericana de genética molecular aplicada a la

medicina forense

1996 Universidade do Porto

1996 Universidade de Coimbra

1996 Universidade da Beira Interior

2012 Instituto Nacional de Saúde

Ricardo Jorge Red 112RT0445 IBERCAROT

Red iberoamericana para el estudio de nuevos carotenoides

bioactivos como ingredientes de alimentos

2008 Universidade de Coimbra

Red 108RT0362

SUERO DE

QUESERÍA

PROBIÓTICO

Red iberoamericana para evaluar la factibilidad del

desarrollo de nuevos productos en la alimentación animal.

aprovechamiento de efluentes de quesería para la

producción de probióticos

2008 Universidade Católica Portuguesa

2008 Instituto Superior de Agronomia Red 108RT0346 ENZNUT

Red iberoamericana para la extraccion y transformacion

enzimatica de ingredientes funcionales y nutraceuticos de

plantas y agro-residuos regionales

2008 Universidade de Coimbra

Red 208RT0340 BIOFAB Rede ibero-americana de biofabricação: materiais,

processos e simulação 2008

Escola Superior de Artes de

Design

2008 Instituto Politécnico de Leiria

2002 Viveiros Jorge Boehm, Lda. IBK 02-228 RESISTEVID Resistência adquirida aos fungos de podridão da videira

2002 Universidade do Porto Acción XI.20 Tecnología de películas biodegradables para alimentos en

ibero-américa

2002 Lacticínios, S.A. - MAROFA II

IBK 02-215 PROBIOSORO

Utilização de matrizes obtidas a partir do lactossoro para

incorporação de estirpes probióticas, como processo de

valorização daquele subproduto 2002 Universidade Católica Portuguesa

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados do Programa Iberoeka.

Page 83: Biotecnologia: Caracterização do Sector

83

6.4. Projetos QREN

O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) constitui o enquadramento para a

aplicação em Portugal, no período 2007-2013, dos fundos oriundos da política de coesão da

União Europeia, traduzida num investimento comunitário de cerca de 21,5 mil milhões de

euros, ao serviço do desenvolvimento do país.

O QREN assume para este efeito cinco grandes prioridades estratégicas nacionais:

qualificação dos cidadãos; dinamização do crescimento sustentado; promoção da coesão

social; qualificação dos territórios e das cidades e aumento da eficiência e qualidade dos

serviços públicos.

No final de 2012 (informação reportada a 31 de dezembro de 2012), a taxa de execução do

QREN chegou aos 56,9% da dotação total dos fundos prevista executar até 2015, o que

corresponde a um volume de despesa validada de 12,2 mil milhões de euros de fundo.

Segundo um relatório da Agência de Inovação Portuguesa (ADI) sobre o impacto dos

resultados dos projetos de I&D financiados pela entidade entre 1993 e 2011, para este

período mais de 76% dos projetos são de inovação em meios de produção, com ou objetivo

de serem posteriormente vendidos a outras empresas, sob a forma de equipamentos,

software de gestão industrial, serviços às empresas ou bens intermediários. Isto é, os

resultados destes projetos de I&D, são depois difundidos pelas empresas suas clientes, sob

a forma de novos inputs mais eficientes e inovadores, sendo ainda suporte de transferência

de know-how.

Da elaboração de uma matriz que relacione as tecnologias com os setores de aplicação

para a cada um dos projetos financiados neste período é extraída informação sobre quais

são os setores que mais se beneficiaram desse processo de desenvolvimento e de

transferência da inovação tecnológica19.

19Na realidade, a densidade das relações de transferência de resultados é ainda mais rica, porque um mesmo projeto tem, em geral, aplicação em mais de um setor. Mas por razões metodológicas optaram por só quantificar o principal mercado de destino de cada projeto. Só para os casos em que isso seria uma simplificação muito grosseira, criamos um “setor” denominado “transversal ou vários setores”.

Page 84: Biotecnologia: Caracterização do Sector

84

Como se estabelece neste documento, a biotecnologia representa 8,8% do total dos

projetos que gozaram de financiamento através destas linhas do QREN, o que a posiciona

como a quinta tecnologia em ordem de importância, atrás das TIC, Materiais, Eletrónica e

Instrumentação e Agrárias e Alimentares. Quanto ao benefício transferido a cada um dos

setores, o que tem mais vantagem é o da Indústria farmacêutica, seguido da de Saúde e

Agroalimentar e de Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Pescas.

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados da ADI.

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados da ADI.

1% 2%

48%

19%

30%

Distribuição das participações nos programas QREN segundo os tipos de agentes

ADMON CT E OPI U

0

10

20

30

40

50

60

2008 2009 2010 2011

Evolução temporal das participações portuguesas nos programas QREN

Page 85: Biotecnologia: Caracterização do Sector

85

Em seguida, são apresentadas as participações portuguesas nestes programas no campo

da biotecnologia para o período 2008-2011, além de algumas conclusões extraídas da

análise destes dados reunidos da própria página do QREN:

As participações referem-se fundamentalmente à linha de I&D em Copromoção no

enquadramento do programa QREN.

As participações relacionadas com a biotecnologia nas diferentes convocatórias do

Quadro de Referência Estratégico Nacional Português (QREN) no intervalo 2008-

2011 ascendem a 110.

Nestas, a presença é fundamentalmente de organismos públicos de investigação,

sejam de caráter universitário ou laboratórios e institutos nacionais.

De facto, 48% correspondem a empresas, 30% a grupos universitários e 19% a

centros públicos de investigação.

Estes 110 participantes em projetos participam nos consórcios de 47 projetos.

Além disso, estas participações concentram-se fundamentalmente em 2009 e 2010,

embora possivelmente esta distribuição responda à disponibilidade de dados no

motor de busca de projetos da ADI e não tanto aos dados reais das resoluções das

convocatórias.

O agente com maior número de participações é a Universidade de Porto, com 10,

seguido pela Universidade Católica Portuguesa, com 9. Num segundo grupo estão a

Universidade de Lisboa, com 4, e a Biocant - Associação de Transferência de

Tecnologia, Indústria Agroalimentar, S.A. - FRULACT além da Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro, com 3 cada uma delas.

O projeto com maior número de participações, seja de agentes de investigação ou

empresariais, é Mirtilo com Inovação - Desenvolvimento de novos produtos

funcionais a partir do mirtilo e seus subprodutos (2010), com 5 integrantes do

consórcio, dos quais três são de origem universitária e dois empresariais. Depois

estão AgroControl - Viticultura de Precisão (2009), ECOPISCIS - Gestão e controlo

de emissões: tecnologia aplicada à aquicultura (2009), GreenDiets - Formulação e

teste de novas dietas à base de concentrados de microalgas para aplicação no setor

da aquacultura (2009) e InovWine - Inovação na Fileira do Vinho e da Vinha (2010),

todos eles com 4 sócios.

A quantia do apoio público recebido pelos agentes participantes através destas

ajudas ascende a 21.336.359,46 euros, o que supõe uma ajuda média por projeto de

453.965,09 euros.

Page 86: Biotecnologia: Caracterização do Sector

86

Em seguida, são apresentadas numa tabela as participações portuguesas no âmbito da

biotecnologia no programa de I&D em Copromoção e no intervalo 2008-2011:

Lista de participações portuguesas em projetos do programa QREN no período 2008-

2011

Sigla do projeto Agente participante

Ano de

concessão

da ajuda

Bicas Unicre Bebidas, S.A. 2008

Universidade do Porto 2008

Microprojecto Micologia Aplicada, Lda. - Microplano 2008

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD 2008

RTI-CD Biopremier, S.A. 2008

Biosurfit, S.A. 2008

AgroControl

Quinta Campos do Lima – Agro-turismo, Lda. 2009

Soluções Aplicadas em Geologia, Hidrogeologia e Ambiente

Lda. - Sinergeo 2009

Soluções de Biotecnologia para a Vitivinicultura Unipessoal

Lda. - Vinalia 2009

Universidade do Minho 2009

ECOPISCIS

Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial - INEGI 2009

Quinta do Salmão - Comércio de Peixe, Lda. 2009

Quinta do Salmão - Comércio de Peixe, Lda. 2009

Universidade do Porto 2009

FatValue

Irmãos Monteiro, S.A. 2009

Universidade do Minho 2009

Universidade do Porto 2009

FRUTAMAIS Indústria Agroalimentar, S.A. - FRULACT 2009

Universidade Católica Portuguesa 2009

GreenDiets

Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas, S.A. - NECTON 2009

Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas -

IPIMAR 2009

Sparos, Lda. 2009

Universidade do Algarve 2009

Leite Saudável

Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, C.R.L. 2009

Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares

- ICETA 2009

Page 87: Biotecnologia: Caracterização do Sector

87

Sigla do projeto Agente participante

Ano de

concessão

da ajuda

NanoForBone

Fluidinova - Engenharia de Fluidos, S.A. 2009

Instituto Nacional de Engenharia Biomédica - INEB 2009

Universidade do Porto 2009

NZYTech Diagnóstico Instituto Nacional de Recursos Biológicos 2009

NZYTech, Lda. 2009

OMNIVIEW-SISPORTO

WEB

Instituto Nacional de Engenharia Biomédica - INEB 2009

Speculum, Artigos Médicos Lda. 2009

OPTISOLE

A. Coelho e Castro, Lda. 2009

Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental -

CIIMAR 2009

PROAMBIENTE

A. Coelho e Castro, Lda. 2009

Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares

- ICETA 2009

Universidade do Porto 2009

PT-LYPTUS

Instituto de Investigação da Floresta e Papel - RAIZ 2009

Instituto Superior de Agronomia - ISA 2009

PortucelSoporcel Florestal - Sociedade de Desenvolvimento

Agro-florestal, S.A. 2009

RAPIDARROZ Ernesto Morgado, S.A. 2009

Universidade Católica Portuguesa 2009

RefinOlea

Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Baixo

Alentejo e Litoral - CEBAL 2009

União das Cooperativas Agrícolas do Sul - UCASUL 2009

Teste Fh8 Biognosis, Lda. 2009

Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge 2009

TyphiVac GenIbet Biopharmaceuticals, S.A. 2009

Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica - IBET 2009

Winesulfree Dão Sul - Sociedade Vitivinícola, S.A. 2009

Universidade de Aveiro 2009

ALGAENE Depsiextracta Tecnologias Biológicas, Lda. 2010

Instituto Nacional dos Recursos Biológicos - IP 2010

Anti EGFR Effective

Prestação de Serviços de Testes de Diagnóstico Genético,

S.A. - Genetest 2010

Universidade do Porto 2010

Biocork Amorim & Irmãos, S.A. 2010

Page 88: Biotecnologia: Caracterização do Sector

88

Sigla do projeto Agente participante

Ano de

concessão

da ajuda

Universidade do Porto 2010

BIOFUMADOS

Enchidos e Fumados à Moda de Ponte de Lima, Lda. -

MINHOFUMEIRO 2010

Instituto Politécnico de Viana do Castelo 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

Brainiac1 Ablynx, S.A. 2010

Instituto de Biologia Molecular e Celular 2010

ETANE FARE FUN Instituto Superior de Agronomia - ISA 2010

Mundi Globe Trading Comércio Internacional, S.A. 2010

EUProteinAQUA Sociedade de Óleos e Rações, S.A. - SORGAL 2010

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD 2010

Glaukit Biocant - Associação de Transferência de Tecnologia 2010

Interactome, Lda. 2010

iCOD

Pascoal & Filhos, S.A. 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

WeDoTech - Companhia de Ideias e Tecnologias, Lda. 2010

InovWine

Adega Cooperativa de Cantanhede, CRL 2010

Biocant - Associação de Transferência de Tecnologia 2010

Instituto Pedro Nunes - IPN - Associação para a Inovação e

Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia 2010

Viveiros Vitícolas Pierre Boyer, Lda. 2010

LEVEchamp Proenol - Indústria Biotecnológica, LDA 2010

Universidade de Lisboa 2010

LUSOEXTRACT

Serviços, Investigação e Desenvolvimento em Biotecnologia,

S.A. - BIOALVO 2010

Universidade de Lisboa 2010

Universidade Nova de Lisboa 2010

Myrtillus

Indústria Agroalimentar, S.A. - FRULACT 2010

Sociedade de Produtores Hortofrutícolas, Lda. - MIRTILUSA 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD 2010

Universidade do Porto 2010

OBit Plásticos Reforçados da Bairrada, Lda. - WePalvidro 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

ONCOVIR GenIbet Biopharmaceuticals, S.A. 2010

Page 89: Biotecnologia: Caracterização do Sector

89

Sigla do projeto Agente participante

Ano de

concessão

da ajuda

Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica - IBET 2010

PDT Bluepharma - Indústria Farmacêutica, S.A. 2010

Luzitin, Lda. 2010

PROBIOFRU Indústria Agroalimentar, S.A. - FRULACT 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

PROBIO-SOLEA

Consultadoria e Desenvolvimento de Projetos Bioquímicos,

S.A. - Biostrument 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

Universidade do Porto 2010

Sounds4Health Intelligent Sensing in Healthcare, Lda. - INTELLICARE 2010

Universidade de Lisboa 2010

TriBone Medmat Innovation - Materiais Médicos, Lda. 2010

ValorPeixe

Fábrica de Conservas "A Poveira", Lda. 2010

Universidade Católica Portuguesa 2010

Universidade do Porto 2010

AMILOTERA

Biomolecular Simulations, Lda. - BSIM2 2011

Centro de Neurociências e Biologia Celular 2011

Universidade de Coimbra 2011

BioClarVino Biocant - Associação de Transferência de Tecnologia 2011

Proenol - Indústria Biotecnológica, LDA 2011

FACIB Companhia Industrial Produtora de Antibióticos, S.A. - CIPAN 2011

Universidade de Lisboa 2011

INUTR Sparos, Lda. 2011

Universidade do Algarve 2011

6.5. Convocatória NEOTEC

Na continuidade da missão da Agência de Inovação de promover a valorização de

resultados de I&D surge a Iniciativa NEOTEC, lançada em 2005, que apoia a criação de

empresas de base tecnológica.

Esta iniciativa tem por objetivo acompanhar o amadurecimento do projeto empresarial

desde a prova de conceito até ao primeiro ano de atividade da nova empresa. É financiada

Page 90: Biotecnologia: Caracterização do Sector

90

pelo Programa Operacional Sociedade do Conhecimento, até um máximo de

100.000€ euros, durante não mais de 24 meses.

A Iniciativa NEOTEC – Novas Empresas de Base Tecnológica estimula:

A constituição de novas empresas de base tecnológica com elevado potencial de

crescimento, abrangendo as diferentes fases deste processo, desde a identificação

do potencial de mercado das tecnologias envolvidas até à fase inicial de

operacionalização e comercialização de resultados;

A mudança de atitude dos atores do Sistema Científico Nacional, induzindo-os a

incorporar nas suas atividades regulares o desenvolvimento e a aplicação de

métodos para a valorização do conhecimento que geram.

A Iniciativa NEOTEC visa, assim, facilitar a transferência de conhecimento das

instituições do Sistema Científico Nacional para o mercado, transformando o potencial de

ideias em inovação, o que se traduz em novos produtos, processos ou serviços com valor

no mercado.

Os projetos de criação e desenvolvimento de empresas, a apoiar pela Iniciativa NEOTEC,

compreendem três fases sequenciais distintas, com uma duração máxima cumulativa de 36

meses:

Fase 1 – Geração de conceitos de produtos, serviços ou processos

Esta fase, com a duração máxima de 6 meses, tem por objetivo apoiar a geração

de conceitos de produtos, serviços ou processos a partir de tecnologias

inovadoras e a análise da sua potencial aceitação por parte do mercado.

O projeto é considerado apto a passar à fase seguinte quando os seus

promotores conseguirem demonstrar o potencial das tecnologias em causa para

gerar produtos, serviços ou processos inovadores.

Fase 2 – Desenvolvimento de um modelo e de um plano de negócio

Esta fase, com a duração máxima de 6 meses, consiste na análise da viabilidade

técnica, económica e financeira do projeto definido na fase 1.

O projeto é considerado apto a passar à fase seguinte quando os promotores

conseguirem demonstrar a viabilidade do projeto e a capacidade de reunirem

uma equipa de gestão capaz de sustentar o negócio proposto.

A apresentação de parceiros ou investidores no final desta fase é considerada

desejável.

Page 91: Biotecnologia: Caracterização do Sector

91

Fase 3 – Constituição e arranque da empresa

Esta fase, com a duração máxima de 14 meses, inclui os procedimentos para a

constituição e o arranque da empresa, segundo o projeto definido nas fases

anteriores.

Os promotores, na sua totalidade ou em parte, devem ter participado na

constituição de uma sociedade comercial cujo objetivo seja o de materializar o

projeto nas fases anteriores.

Entre os programas realizados por instituições do Sistema Científico Nacional

com o objetivo de promoverem o conhecimento nelas gerado serão

particularmente valorizados aqueles que envolvam parcerias entre aquelas

instituições.

Em seguida, são analisadas as concessões destas ajudas a empresas portuguesas no

âmbito audiovisual:

As participações identificadas na convocatória NEOTEC no âmbito biotecnológico

ascendem a 19 no intervalo 2006-2008.

Delas, uma é de 2006, 8 de 2007 e 10 de 2008.

O custo total das ajudas ascende a 1.448.519,84 euros para todo o intervalo,

603.250,79 no ano 2007 e 775.269,05 em 2008.

Isto supõe um orçamento médio por projeto de 76.237,89 euros.

Dado o propósito do projeto, os agentes que coincidem a este financiamento são

sempre de caráter privado e do meio empresarial.

Page 92: Biotecnologia: Caracterização do Sector

92

Participações portuguesas no programa NEOTEC no âmbito da biotecnologia.

2006-2008

Sigla do projeto Título do projeto Ano de

concessão

BIOTECA Bioteca - Preservação de Células Estaminais, S.A. 2008

BIOPOLIF Biocrático - Natural Plant Extracts Research Development, Lda. 2008

ALGAFUEL Algafuel, S.A. 2008

INNOPHAGE InnoPhage, Lda. 2008

SICGEN SicGen - Investigação e Desenvolvimento em Biotecnologia, Lda. 2008

BIOSPINE Neurónios Especiais, Lda. 2008

PROBLAD Consumo em Verde - Biotecnologia das Plantas, S.A. 2008

CELLZYME NZYTech, Lda. 2008

VINOV Enomem, Lda. 2008

BIOHITEC WeDoTech - Companhia de Ideias e Tecnologias, Lda. 2007

BIOTECA Preservação de Células Estaminais, S.A. - BIOTECA 2008

EDIBLE_FRUITS 80 g, Lda. 2007

INDAIRCONTROL IndAirControl, Lda. 2007

MICOPLANT Micoplant - Micologia Aplicada, Lda. 2007

NEUROEYE Electromedicina e Psicofisiologia da Visão, Lda. - NEUROEYE 2007

Gene PreDiT Gene PreDiT, S.A. 2007

BIOALVO Serviços, Investigação e Desenvolvimento em Biotecnologia, S.A. -

BIOALVO 2006

RFH8

PorINTRADERMOREACÇÃO Biognosis, Lda. 2007

B-ONSTEM Stemmatters, Biotecnologia e Medicina Regenerativa, S.A. 2007

Fonte: Elaboração própria, a partir da base de dados da ADI

Page 93: Biotecnologia: Caracterização do Sector

93

7. INSTRUMENTOS DE APOIO NO ÂMBITO DA BIOTECNOLOGIA

Em Portugal, são vários os instrumentos de apoio no âmbito da biotecnologia:

Programa Estratégico para o Empreendedorismo e Inovação.

Sistemas de Incentivos (nomeadamente, SI I&DT e SI Inovação, Si Qualificação

Internacionalização PME).

Sistema de Apoio a Parques de Ciência e Tecnologia e Incubadoras de Empresas de

Base Tecnológica.

Sistema de Incentivos às Ações Coletivas.

Capital de Risco.

Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional.

Em termos substanciais, estas políticas e estes instrumentos encontram-se inseridos no

contexto do QREN20 (Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013), no âmbito do

COMPETE21 (Programa Operacional Factores de Competitividade) e dos POR22 (Programas

Operacionais Regionais), aplicando-se de forma mais ou menos transversal a todo o país,

embora, em parte, tenham financiamento de base regional (baseado nos POR).

QREN, Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013

O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) constitui o enquadramento para a

aplicação da Política Comunitária de Coesão Económica e Social em Portugal no período

2007-2013.

O QREN define as orientações fundamentais para a utilização nacional dos fundos

comunitários com caráter estrutural e para a estruturação dos programas operacionais

temáticos e regionais. Assume como grande desígnio estratégico a qualificação dos

portugueses, valorizando o Conhecimento, a Ciência, a Tecnologia e a Inovação, bem

como a promoção de níveis elevados e sustentados de desenvolvimento económico e

sociocultural e de qualificação territorial, num quadro de valorização da igualdade de

oportunidades e o aumento da eficiência e qualidade das Instituições Públicas.

20 QREN, Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013. www.qren.pt 21 COMPETE, Programa Operacional Factores de Competitividade. www.pofc.qren.pt 22 POR, Programas Operacionais Regionais. www.ifdr.pt

Page 94: Biotecnologia: Caracterização do Sector

94

O QREN oferece uma nova oportunidade para o país e as suas regiões investirem e

realizarem ações de desenvolvimento, que na ausência deste quadro financeiro, ficariam por

fazer, ou seriam realizadas em menor grau ou com menor ambição.

COMPETE, Programa Operacional Factores de Competitividade

A Autoridade de Gestão do COMPETE é a estrutura de missão responsável pela gestão e

execução do Programa Operacional Temático Factores de Competitividade - COMPETE

- inserido no Quadro de Referência Estratégico Nacional.

A Comissão Diretiva do COMPETE assegura ainda a articulação com as Comissões

Diretivas dos PO Regionais no âmbito dos Sistemas de Incentivos ao investimento

empresarial apoiados pelo FEDER, visando a eficácia e uma gestão coordenada, no que

respeita nomeadamente à elaboração e aprovação do Plano Anual de Concursos dos

Sistemas de Incentivos, à promoção da abertura dos avisos para apresentação de

candidaturas, e ao funcionamento da Comissão de Seleção dos Sistemas de Incentivos.

A Autoridade de Gestão do COMPETE é ainda a entidade competente pelo processo de

reconhecimento, acompanhamento e avaliação dos Polos de Competitividade e Tecnologia

e outros Clusters.

7.1. Programa estratégico para o empreendedorismo e inovação

(+E+I)

O Programa Estratégico +E+I (Resolução do Conselho de Ministros nº 54/2011, de 16 de

dezembro) ambiciona uma sociedade mais empreendedora, uma base alargada de

empresas inovadoras e com forte componente exportadora, um país em rede e inserido nas

redes internacionais de empreendedorismo, conhecimento e inovação, e orientado a

resultados.

Este programa quer apoiar projetos de empreendedorismo inovador e/ou com potencial

de elevado crescimento, por parte de jovens qualificados, através de um conjunto de

medidas de apoio específicas, complementadas com a prestação de assistência técnica ao

longo do desenvolvimento do projeto.

Page 95: Biotecnologia: Caracterização do Sector

95

Iniciativas específicas Assistência Técnica

Oferta de instrumentos de capacitação e

de alargamento de competências na área

do empreendedorismo

Assistência técnica no desenvolvimento

do modelo de negócio e na execução do

plano de negócios para projetos com um

elevado grau de complexidade

Promoção do acesso a mecanismos

financeiros de crédito e de capital de

risco, mediante aprovação do projeto

pelas entidades competentes

Acesso a bolsa para o desenvolvimento

de projeto empresarial a jovens (1,65

*IAS)

Acesso a uma rede de mentores e

promoção de redes de contactos para

apresentação dos projetos a investidores

privados e sociedades de capital de risco

Estudos de viabilidade técnica -científica

Assistência tecnológica, incluindo

prototipagem

Serviços de transferência de tecnologia

Consultoria para utilização de normas e

serviços de ensaio

Consultoria especializada para patentes

internacionais

Auxílio na conversão de ideias em

projetos empresariais estruturados, para

efeitos de apresentação a investidores

Intermediação na procura de parceiros

Financiadores ou empresariais

Candidaturas

São apresentadas junto do IAPMEI, I.P., mediante preenchimento de ficha com modelo

próprio: www.ei.gov.pt

7.2. Sistemas de incentivos do QREN

Os sistemas de incentivos do QREN23, em vigor no 2007-2013, afirmam-se como um dos

instrumentos públicos de apoio ao empreendedorismo tecnológico mais relevantes em

Portugal.

23 http://www.pofc.qren.pt/areas-do-compete/incentivos-as-empresas

Page 96: Biotecnologia: Caracterização do Sector

96

São três os sistemas de incentivos atualmente disponíveis no QREN:

Tipologia de SI Principais Objetivos dos Sistemas de Incentivos

SI I&DT

Intensificar o esforço empresarial nacional de I&DT

Criar novos conhecimentos com vista ao aumento da competitividade

das empresas

Promover a inserção das empresas em redes internacionais de

conhecimento, estimulando a criação e endogeneização de novos

conhecimentos indutores de novas oportunidades económicas

Promover a cooperação e o desenvolvimento de projetos de I&DT entre

as empresas e as entidades do Sistema Científico e Tecnológico (SCT)

Estimular a demonstração, experimentação tecnológica, a

disseminação e a transferência de tecnologia

SI Inovação

Promover a inovação no tecido empresarial, pela via da produção de

novos bens, serviços e processos que suportem a sua progressão na

cadeia de valor

Reforçar a orientação das empresas para os mercados internacionais

Estimular o empreendedorismo qualificado e o investimento

estruturante em novas áreas com potencial crescimento

SI Qualificação e

Internacionalização

de PME

Promoção da competitividade das empresas através do aumento da

produtividade, da flexibilidade e da capacidade de resposta e presença

ativa das PME no mercado global

Sistemas de incentivos I&DT (SI I&DT)

O SI I&DT afirma-se como um instrumento privilegiado para a promoção do

empreendedorismo tecnológico. Permite apoiar o desenvolvimento de ideias inovadoras

com conteúdo tecnológico em fases iniciais, mas ainda assim relativamente próximas do

mercado (investigação industrial e desenvolvimento experimental), favorecendo a

emergência de start-ups ou de spin-offs.

O SI I&DT apoia quatro tipos de projetos:

Projetos individuais, a realizar por empresas segundo uma lógica mais ou menos

autónoma;

Projetos em copromoção, a realizar em parceria entre empresas ou entre estas e

entidades do SCT, segundo lógicas de complementaridade de competências ou de

interesses comuns;

Projetos mobilizadores, com elevado conteúdo tecnológico e de inovação e com

impactos significativos a nível multissetorial, regional, de clusters e cadeias de valor;

Núcleos de I&DT, destinados a criar competências internas de I&DT nas empresas;

Page 97: Biotecnologia: Caracterização do Sector

97

Projetos simplificados (Vale I&DT), para aquisição de serviços de I&DT a

entidades do SCT.

As tipologias de projetos mais adaptadas ao apoio do empreendedorismo tecnológico são a

dos projetos individuais e a das copromoções, embora seja típico alguns mobilizadores

originarem o nascimento de novas empresas de base tecnológica (nomeadamente

produtoras de equipamentos).

As despesas elegíveis no SI I&DT são muito diversas, cobrindo o grosso das necessidades

usuais associadas normalmente ao desenvolvimento de um projeto de I&D:

Tipo de Projetos Itens específicos de Investimento

Projetos

Individuais

Despesas c/ pessoal técnico do promotor dedicado a atividades de I&DT

Aquisição de patentes

MP e componentes para a construção de protótipos e demonstração

Aquisição de serviços a terceiros, incluindo assistência técnica, científica e

consultoria

Aquisição de instrumentos e equipamento científico e técnico

Aquisição de software específico

Registo de propriedade intelectual

Promoção e divulgação de resultados

Missões Internacionais

Certificação do sistema de I+D+I

Custos indiretos

Projetos em

Copromoção

Projetos

Mobilizadores

Núcleos de

I&DT

Despesa com 3 novos quadros técnicos, por 24 meses

Equipamento científico e técnico afeto a atividades de I&DT, incluindo

licenças de software e certificação do Sistema de Gestão da I+D+I

Adaptação de instalações se imprescindível p/ projeto

Vale I&DT Aquisição de serviços a terceiros, incluindo assistência técnica, científica e

consultoria

Os incentivos concedidos ao abrigo do SI I&DT são do tipo não reembolsável, até certos

limites máximos definidos para cada tipo de projeto, passando depois a ser reembolsáveis.

As taxas de incentivo no SI I&DT variam substancialmente em função da tipologia de

projetos:

Tipo de Projetos Limites dos incentivos

Projetos

Individuais

Incentivo não reembolsável até 1.000.000€, passando a partir deste

valor a ser 25% reembolsável e 75% não reembolsável

Taxa de base de 25% para desenvolvimento experimental, majorada

em 10 p.p para médias empresas e 20 p.p para pequenas empresas,

25 p.p para investigação industrial e 15 p.p para situações de

cooperação interempresarial ou com entidades do SCT ou que

incluam divulgação ampla de resultados

Projetos em

Copromoção

Projetos

Mobilizadores

Núcleos de I&DT Incentivo não reembolsável até limite máximo de 500.000€

Page 98: Biotecnologia: Caracterização do Sector

98

Taxa de incentivo de 50% para pequenas empresas, 40% para

médias empresas e 30% para não PME

Vale I&DT Incentivo não reembolsável até limite máximo de 25.000€

Taxa de incentivo de 75%

Sistemas de incentivos I&DT (SI I&DT)

O SI Inovação constitui um sistema de incentivos fundamental para promover a

“industrialização” de projetos de empreendedorismo tecnológico, dado que está fortemente

orientado para apoiar a criação, modernização ou ampliação de capacidades produtivas

inovadoras em novas empresas ou em empresas existentes.

O SI Inovação apoia essencialmente duas tipologias de projetos:

Projetos de empreendedorismo qualificado, promovidos por “novas empresas”

intensivas em tecnologia e/ou conhecimento;

Projetos de inovação produtiva, promovidos por novas empresas ou por empresas

existentes.

Os apoios a conceder no âmbito do SI Inovação são do tipo reembolsável, sem pagamento

de juros ou outros encargos, com prazo de financiamento de 6 anos, com um período de

carência de capital de 3 anos (prazos mais alargados para grandes projetos e construção de

empreendimentos hoteleiros).

A taxa de incentivos de base é de 45%, sendo que esta pode ser majorada tendo em

conta os seguintes critérios: i) PME: 10 p.p para médias empresas e 20 p.p para pequenas

empresas; ii) projetos inseridos em EEC: 10 p.p; iii) projetos de empreendedorismo feminino

ou jovem: 10 p.p.

Os apoios a conceder no âmbito do SI Inovação são do tipo reembolsável, sem pagamento

de juros ou outros encargos, com prazo de financiamento de 6 anos, com um período de

carência de capital de 3 anos (prazos mais alargados para grandes projetos e construção de

empreendimentos hoteleiros).

O incentivo reembolsável poderá ser convertido em incentivo não reembolsável (prémio) até

ao montante máximo de 75% do incentivo reembolsável concedido, em função de duas

avaliações:

Page 99: Biotecnologia: Caracterização do Sector

99

Avaliação da realização do investimento: os primeiros 35% do “prémio potencial”

serão avaliados logo no encerramento do investimento do projeto, tendo em conta,

essencialmente, o grau de realização do investimento e o tempo gasto para o efeito;

Avaliação das metas estabelecidas em sede de candidatura: os restantes 65%

desse “prémio potencial” serão avaliados com base no grau de cumprimento das metas

do projeto, confrontando o mérito pós-projeto com o mérito pré-projeto no ano pós-

projeto (que é o terceiro exercício completo após a conclusão dos investimentos).

Do ponto de vista das tipologias de despesa elegível, encontramos uma base muito ampla

de apoio, que essencialmente deixa de fora apenas as obras de construção (somente

elegíveis em projetos ligados ao turismo) e os veículos automóveis ou outro material de

transporte:

Tipo de

Despesas Itens específicos de Investimento

Ativo Fixo

Tangível

Equipamentos ligados às áreas da gestão, produção, comercialização e

marketing, comunicações, logística, design, qualidade, segurança e saúde,

controlo laboratorial, eficiência energética e ambiente, e TIC

Sistemas energéticos para consumo próprio utilizando fontes renováveis de

energia

Software standard e específico

Ativo Intangível Despesas de transferência de tecnologia (aquisição de direitos de patentes,

licenças, “saber-fazer” ou conhecimentos técnicos

Outras

Despesas

Estudos associados ao projeto

Investimentos na área de eficiência energética e energias renováveis

Custos associados aos pedidos de direitos de propriedade industrial

Despesas com promoção internacional

Certificação de sistemas, produtos e serviços

Desenvolvimento de sistemas de gestão pela qualidade total

Despesas de obtenção do rótulo ecológico e certificação e marcação de

produtos

Desenvolvimento de insígnias, marcas, coleções próprias e catálogos

eletrónicos de produtos

Construção de edifícios e obras de remodelação e em projetos de turismo

SI Qualificação e Internacionalização de PME (SI Q&I PME)

O SI Qualificação e Internacionalização de PME, pelas suas características, está

globalmente mais orientado para o apoio a fases um pouco mais avançadas do ciclo de

desenvolvimento das empresas, embora possua uma vertente de projetos simplificados

(vales) e uma vertente específica de apoio à internacionalização das empresas (prospeção e

Page 100: Biotecnologia: Caracterização do Sector

100

presença em mercados externos) que se pode mostrar muito relevante para promover o

desenvolvimento de start-ups e spin-offs.

Com efeito, o SI Q&I PME apoia dois tipos de projetos:

Projetos individuais, que contemplem apostas em propriedade industrial, criação,

moda e design, desenvolvimento e engenharia de produtos, organização e gestão e

TIC, qualidade, ambiente, inovação, eficiência energética, economia digital,

comercialização e marketing, internacionalização, saúde no trabalho e igualdade de

oportunidades, etc.;

Projetos simplificados, de apoio à primeira fase de desenvolvimento das empresas

(Vale Empreendedorismo), à inovação/qualificação (Vale Inovação), à

internacionalização (Vale Internacionalização) e à eficiência energética e ambiente

(Vale Energia ou Ambiente).

As tipologias de despesa elegível no SI Qualificação e Internacionalização de PME são

relativamente abrangentes, cobrindo claramente as principais necessidades das empresas

(existentes ou novas) em matéria de qualificação (em áreas não produtivas) e de

internacionalização:

Tipo de Despesas Itens específicos de Investimento

Ativo Fixo

Tangível

Máquinas e equipamentos ligados às áreas da gestão, comercialização,

marketing, distribuição e logística, design, qualidade, segurança no trabalho,

ambiente, TIC, etc.

Software standard e específico

Equipamentos para superar as normas em matéria de ambiente

Ativo Intangível Despesas transferência de tecnologia (aquisição de direitos de patentes,

licenças, “saber fazer” ou conhecimentos técnicos

Outras Despesas

Estudos associados ao projeto

Investimentos na área de eficiência energética e energias renováveis

Custos associados aos pedidos de direitos de propriedade industrial

Despesas com promoção internacional

Certificação de sistemas, produtos e serviços

Desenvolvimento de sistemas de gestão pela qualidade total

Despesas com a implementação de sistemas de planeamento e controlo

Despesas de obtenção do rótulo ecológico e à certificação e marcação de

produtos

Criação e desenvolvimento de insígnias, marcas, coleções e catálogos

eletrónicos

Os incentivos concedidos ao abrigo do SI Q&I de PME são tipo não reembolsável (fundo

perdido), embora com limites máximos definidos para cada tipo de projeto.

Page 101: Biotecnologia: Caracterização do Sector

101

A taxa de incentivo de base neste sistema de incentivos é de 45% para aos projetos

individuais e de 75% para os projetos simplificados:

Tipo de

Projetos Limites dos incentivos

Projetos

Individuais

Incentivo não reembolsável até ao limite de 400.000€

Taxa de base de 45%, majorada em 5 p.p para micro e pequenas empresas

e para projetos inseridos em estratégias de eficiência coletiva

Taxa de base de 75% para despesas elegíveis relativas à participação em

feiras e exposições

Projetos

Simplificados

Incentivo não reembolsável

Taxa de base de 75%

Limite de incentivo de 25.000 €

As despesas no âmbito da internacionalização (não só no SI Q&I de PME, mas também no

SI Inovação) estão sujeitas a algumas restrições específicas.

7.3. Sistemas de apoio a parques de ciência e tecnologia e

incubadoras de empresas de base tecnológica

Estes sistemas enquadram-se nos POR (Programas Operacionais Regionais) do QREN e,

mais especificamente, no Eixo Prioritário 1 – Competitividade, Inovação e

Conhecimento.

Principais Objetivos

Criar, promover, consolidar ou expandir infraestruturas de acolhimento e apoio a

atividades de Ciência e Tecnologia (C&T) e à valorização económica e social dessas atividades

e de resultados de Investigação e Desenvolvimento (I&D)

Estimular relações institucionais entre empresas, unidades de I&D e instituições de ensino

superior, fortalecendo sistemas regionais e setoriais de inovação e desenvolvimento de

competências;

Promover processos de transferência de tecnologia entre entidades do Sistema Científico e

Tecnológico Nacional (SCTN) e o tecido produtivo, fomentando a interação entre agentes;

Promover a valorização económica e social da C&T e o empreendedorismo de base

científica e/ou tecnológica, estimulando a criação e o desenvolvimento de empresas de base

científica e/ou tecnológica.

Beneficiários

Os beneficiários potenciais deste programa são:

Entidades sem fins lucrativos do SCTN (públicas ou privadas), ou entidades por elas

participadas.

Page 102: Biotecnologia: Caracterização do Sector

102

Outras entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos que tenham como objetivo

a promoção do empreendedorismo de base científica e/ou tecnológica.

Business Inovation Centres.

Em termos mais específicos, os beneficiários e destinatários potenciais destes sistemas de

apoio são as entidades do SCTN, os BIC, os PCT, as IEBTs e as empresas de base

científica e/ou tecnológica:

Beneficiários e destinatários potenciais

Entidades do SCTN

Unidades de I&DT do setor público e privado, instituições de ensino

superior, laboratórios associados e do Estado, empresas com atividades

de I&D, infraestruturas de acolhimento de atividades de C&T, organismos

públicos e privados de coordenação e gestão de C&T.

Empresas de base

científica e/ou

tecnológica

Empresas que recorrem a desenvolvimentos científicos e/ou tecnologias

recentes para o exercício da sua atividade, utilizando de forma sistemática

recursos humanos com formação superior.

Business Innovation

Centres (BIC)

Espaço condominial gerido por uma entidade certificada e auditada a nível

Europeu, englobando uma forte componente de serviços avançados de

apoio à gestão e com ligações a centros de I&D e a centros de

transferência de tecnologia, bem como à incubação de empresas.

Parques de Ciência e

Tecnologia (PCT)

Espaços de acolhimento e interação que se organizam e estabelecem, em

parceria com entidades do SCTN, com o objetivo de estimular o fluxo de

conhecimentos e de tecnologias entre entidades do SCTN, empresas e

mercados.

Incubadoras de

empresas de base

tecnológica (IEBT)

Espaços de acolhimento e apoio a empreendedores na criação e

instalação de empresas de base tecnológica.

A tipologia de operações que são apoiadas por este sistema são as seguintes:

Infraestruturas Físicas PCT. Projetos de criação, consolidação, expansão ou

requalificação de PCT: edifícios e instalações específicas de uso comum

(laboratórios, infraestruturas físicas de uso coletivo, infraestruturas viárias,

telecomunicações, infraestruturas de banda larga, distribuição de água e energia,

recolha de resíduos e efluentes e outras tecnicamente necessárias).

Infraestruturas Físicas de Incubação de Empresas de Base Tecnológica.

Projetos de criação, consolidação, expansão ou requalificação de IEBT: edifícios e

instalações específicas de uso comum (laboratórios, infraestruturas físicas de uso

coletivo, infraestruturas viárias, telecomunicações, infraestruturas de banda larga,

distribuição de água e energia, recolha de resíduos e efluentes e outras

tecnicamente necessárias).

Page 103: Biotecnologia: Caracterização do Sector

103

Empreendedorismo Tecnológico. Projetos estruturados de promoção de novas

empresas de base tecnológica, promovidos pelas entidades gestoras de PCT ou de

IEBT ou por redes institucionais que integrem, entre outros parceiros, as referidas

entidades gestoras, excluindo o cofinanciamento direto de projetos empresariais.

Serviços Partilhados. Reforço da capacidade de gestão e serviços partilhados no

âmbito de PCT e IEBT.

Os incentivos concedidos ao abrigo deste tipo de sistema de apoio são do tipo não

reembolsável, não podendo a taxa máxima de cofinanciamento comunitário de cada

operação exceder os 70%.

Os avisos de abertura de concurso e/ou de orientações técnicas, gerais e específicas dos

PO podem definir condições específicas de admissibilidade e aceitabilidade de

operações, dos beneficiários e de elegibilidade de despesas.

A candidatura é materializada na submissão de um formulário eletrónico devidamente

preenchido e dirigido à Autoridade de Gestão respetiva e acompanhada pela documentação

identificada em sede de aviso de abertura de concurso.

7.4. Sistemas de incentivos a acções colectivas (SIAC)

Os SIAC são iniciativas em parceria ou outras ações de caráter estratégico e

estruturante, lideradas por instituições públicas ou por entidades privadas sem fins

lucrativos, prosseguindo objetivos de natureza geral com vista a resolver falhas de

mercado ou de sistema e a dinamizar a procura, através de um efeito demonstrador e de

disseminação alargada, potenciando as políticas públicas de desenvolvimento económico.

Características deste sistema de apoio

Apoio através de projetos coletivos de dinamização do espírito empresarial e do

empreendedorismo.

O SIAC é complementar aos SI diretamente dirigidos às empresas, potenciando a melhoria

das condições envolventes.

Os projetos, apresentados por uma ou mais entidades organizadas em copromoção,

devem ser representativos de uma região ou setor.

Os beneficiários são as entidades públicas com competências específicas em políticas

públicas no domínio empresarial, as associações empresariais e os centros tecnológicos e

outras entidades do SCT.

O apoio tem a natureza de apoio não reembolsável.

A taxa de financiamento varia entre os 40% e os 80% (85%, em alguns casos).

Page 104: Biotecnologia: Caracterização do Sector

104

7.5. Capital de risco

O Capital de Risco corresponde a investimento no capital social ou em outros ativos

patrimoniais associados a projetos empresariais iniciais ou de empresas em início de

atividade ou transformação e expansão, visando o sucesso empresarial e o lucro.

Dirige-se a setores de mercado altamente competitivos e caracterizados pela inovação de

produtos, serviços, processos de produção ou distribuição com grande potencial de

crescimento e rentabilidade.

É um tipo de investimento usualmente associado a elevados níveis de risco, realizado por

investidores individuais (business angels) ou institucionais (fundos de capital de risco), por

um prazo limitado, com intervenção direta na gestão dos projetos ou empresas

apoiadas.

O operador de capital de risco tem de acreditar: (i) no potencial de crescimento do

negócio, em resultado de algum tipo de vantagem competitiva; (ii) na credibilidade dos

promotores, com a capacidade e experiência necessária ao êxito do projeto; e (iii) na

disponibilidade dos promotores em aceitar um sócio.

Principais tipologias de Capital de Risco / Fases de investimento

Capital

semente

Dirigido a iniciativas empresariais em fase de projeto e desenvolvimento, antes

mesmo da instalação do negócio.

Pode envolver o apoio a estudos de mercado, para determinar a viabilidade de

um produto ou serviço, e ao desenvolvimento de produto a partir de projetos ou

estudos.

Start-up

Dirigido a empresas já existentes ou em processo final de instalação, com um

projeto desenvolvido, mas que não iniciaram ainda a comercialização dos

produtos ou serviços.

Geralmente o investimento é destinado ao marketing inicial e ao lançamento dos

produtos, serviços ou conceitos desenvolvidos.

Early stage

Dirigido a empresas recém-instaladas, que completaram a fase de

desenvolvimento de produto e que possam já ter iniciado a comercialização, mas

ainda sem lucros.

Investimento destinado à melhoria dos processos de fabrico e comercialização e

ao marketing.

Expansão

Dirigido a empresas que atingiram maturidade, mas que não têm capacidade

própria para expandir o seu negócio, aumentar a sua capacidade de produção ou

desenvolver técnicas de comercialização e promoção.

Page 105: Biotecnologia: Caracterização do Sector

105

Agentes financiadores de capital de risco

Os agentes financeiros dividem-se fundamentalmente em três:

Fundos Públicos

Fundos Privados

Business Angels

Operadores de capital de risco / Instrumentos

FINICIA – Financiamento à Criação de Novas Empresas: programa, gerido pelo IAPMEI, que

facilita o acesso a soluções de financiamento e assistência técnica na criação de empresas ou em

empresas na fase inicial do seu ciclo de vida, com projetos empresariais diferenciadores, próximos

do mercado ou com potencial de valorização económica.

Eixos de intervenção: http://www.iapmei.pt/iapmeimstplartigo01.php?temaid=102&msid=12

– Resultados de investigação ou projetos em fase de prova de conceito;

– Projetos com forte conteúdo de inovação;

– Projetos emergentes de pequena escala;

– Projetos empresariais de interesse regional/municipal.

Candidaturas abertas em contínuo.

Links essenciais (IAPMEI):

http://www.iapmei.pt/iapmei-mstplindex.php?msid=12

http://www.iapmei.pt/iapmei-mstplartigo-01.php?temaid=108&msid=12

http://www.iapmei.pt/iapmei-mstplartigo-01.php?temaid=109&msid=12

Portugal Ventures: nova operadora de capital de risco público, que concentrou numa única

entidade as competências da INOV Capital, a AICEP Capital e a Turismo Capital.

Eixos de atuação:

– Programa de ‘Ignição’, para financiamento da inovação e projetos com origem em

incubadoras e centros de promoção de empreendedorismo de base científica e tecnológica,

para geração de negócios com elevado potencial de crescimento;

– Participação de capital em start-up's de base tecnológica nas fases iniciais do seu

desenvolvimento e no crescimento do negócio;

– Revitalização do tecido económico tradicional de bens transacionáveis, através da

participação em negócios de reestruturação empresarial e de apoio a processos de

internacionalização de empresas.

Candidaturas (Call for Entrepreneurship) periódicas.

Links essenciais (Portugal Ventures):

http://www.portugalventures.pt/en/contents.html?hrq=150

Associação Portuguesa de Business Angels (APBA): associação de investidores individuais

que pretendem participar na criação de uma nova empresa ou no seu desenvolvimento, partilhar

as suas competências e o seu network (mentoring) com empresários dinâmicos.

Eixos de atuação:

– Elaboração de parecer independente sobre a qualidade de projetos;

– Financiamento e apoio a projetos pelos Business Angels Associados.

Candidaturas abertas em contínuo.

Links essenciais (APBA):

http://www.apba.pt/o-que-e-um

http://www.apba.pt/candidatura

Page 106: Biotecnologia: Caracterização do Sector

106

Operadores de capital de risco / Instrumentos

Entidades de Capital de Risco Privadas (associados da Associação Portuguesa de

Capital de Risco e de Desenvolvimento): http://www.apcri.pt/node/4

– BANCO EFISA, S.A.

– BANIF CAPITAL - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– BCP CAPITAL - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– BETA CAPITAL, SCR, S.A.

– CAIXA CAPITAL - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– CAPITAL CRIATIVO, SCR, SA

– CRÉDITO AGRÍCOLA CONSULT - Assessoria Financeira e de Gestão, S.A.

– ECS - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– ESPIRÍTO SANTO CAPITAL - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– ESPIRÍTO SANTO VENTURES - S.C.R., S.A.

– EXPLORER INVESTMENTS - S.C.R., S.A.

– INTER-RISCO - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– ISQ - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– NOVABASE CAPITAL - Sociedade de Capital de Risco, S.A.

– ONETIER PARTNERS, SCR, S.A.

– PATHENA SGPS SA

– SDEM - Sociedade de Desenvolvimento Empresarial da Madeira

7.6. Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e

Tecnológico Nacional

O Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional visa o

crescimento e reforço do sistema científico e tecnológico nacional, tornando-o mais

competitivo e agilizando a articulação entre os centros de saber e as empresas.

Aposta no crescimento e no reforço do Sistema Científico e Tecnológico, bem como na

intensificação do esforço de I&D e na criação de novos conhecimentos com vista ao

desenvolvimento do País e ao aumento da sua competitividade.

Objetivos

Promover a cultura científica e tecnológica, através de projetos e atividades

específicas;

Reforçar as competências das instituições científicas e tecnológicas,

nomeadamente, através do financiamento de programas e projetos de Investigação

Científica e Desenvolvimento Tecnológico (IC&DT) em todos os domínios científicos;

Promover projetos de IC&DT orientados para a implementação de políticas

públicas;

Page 107: Biotecnologia: Caracterização do Sector

107

Promover o desenvolvimento de redes temáticas e parcerias internacionais em

Ciência e Tecnologia;

Estimular o acesso e promover o sucesso da participação de instituições

portuguesas em projetos do 7.º Programa Quadro de IC&DT e outros programas

internacionais de C&T.

Beneficiários

Instituições do Ensino Superior, seus institutos e unidades de I&D;

Laboratórios associados;

Laboratórios do Estado;

Instituições privadas sem fins lucrativos que tenham como objeto principal atividades

de C&T;

Empresas desde que inseridas em projetos de IC&DT liderados por instituições de

I&D, ou em projetos de parcerias internacionais;

Outras instituições públicas e privadas, sem fins lucrativos, que desenvolvam,

promovam ou participem em atividades de investigação científica ou de educação e

cultura científica e tecnológica.

Tipologias de projetos

Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (IC&DT),

compreendendo atividades de investigação fundamental, investigação aplicada, e/ou

desenvolvimento experimental e tecnológico, envolvendo uma ou várias entidades do

SCTN, incluindo empresas, de acordo com as seguintes modalidades:

– Projetos em todos os domínios científicos;

– Projetos de redes temáticas de ciência e tecnologia;

– Projetos de criação e operação de consórcios de IC&DT;

– Projetos orientados para a implementação de políticas públicas ou para a

valorização dos resultados da investigação científica;

– Projetos de cooperação internacional, no âmbito de parcerias e acordos de

cooperação.

Projetos de estímulo à participação no Programa Quadro de IC&DT e outros

programas internacionais,

Projetos de promoção da cultura científica e tecnológica, de caráter transversal,

nomeadamente, no âmbito da “Ciência Viva”.

Page 108: Biotecnologia: Caracterização do Sector

108

Podem igualmente ser elegíveis outros projetos de IC&DT promovidos por Laboratórios

associados e Unidades de I&D, desde que sejam de relevância e interesse público

reconhecidos por despacho do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Âmbito territorial

Tem aplicação nas regiões do Objetivo Convergência (Regiões NUT II do Norte, Centro

e Alentejo).

Candidaturas

A apresentação das candidaturas efetua-se, em regra, através de concursos cujos

editais ou avisos para apresentação de candidaturas é definida pela Autoridade de

Gestão do POFC em articulação com os Organismos Intermédios, sendo divulgados

através dos respetivos sítios na Internet.

No caso de projetos de redes temáticas e de políticas públicas a apresentação de

candidaturas é precedida de uma fase de pré-qualificação, podendo ser adotada esta

metodologia a outras tipologias de projetos, sempre que se revele adequada.

As candidaturas são submetidas pela Internet através de formulários eletrónicos.

Page 109: Biotecnologia: Caracterização do Sector

109

8. AGENTES ENVOLVIDOS NO SETOR DA BIOTECNOLOGIA EM PORTUGAL

8.1. Associações biotecnológicas

Nome da organização

ApBio

Tipo de organização

Associação

Morada da sede

Biocant Park - Parque Tecnológico de Cantanhede, Núcleo 04, Lote 02

3060-197 Cantanhede

Telefone 231 410

960

Web www.apbio.pt Email [email protected]

Descrição da organização

Fundada em 1999, tem o objetivo de desenvolver um setor de bioindústrias competitivo, gerador de

valor acrescentado e criador de emprego baseado na qualidade científica de nível internacional e na

excelência de recursos humanos existentes em Portugal.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Alfama - Investigação e Desenvolvimento de Produtos Farmacêuticos, Lda.

AMGEN Biofarmacêutica, Lda.

Bioalvo

Biocant, Centro de Inovação em Biotecnologia

Biopremier - Inovação e Serviços em Biotecnologia, Lda.

Biosckin - Molecular and Cell Therapies S.A.

Biosurfit S.A.

Biotecnol S.A.

Biotempo

Biotrend - Inovação e Engenharia em Biotecnologia S.A.

Cell 2 B- Terapias para a Saúde

CGC - Centro de Genética Clínica

CLAMITEC, Myco solutions, Lda.

Crioestaminal, Saúde e Tecnologia, S.A

ECBio - Investigação e Desenvolvimento em Biotecnologia, SA

Eurotrials - Consultores Científicos S.A.

FSG Produção e Comercialização de Produtos de Biotecnologia Lda.

Gene PreDiT

GenIbet Biopharmaceuticals

Genzyme Portugal

IBET - Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica

LEF - Instituto Farmacêutico de Ciência e Tecnologia, Unipessoal, Lda.

Luzitin SA

Monsanto II, Produtos Químicos e Agrícolas, Sociedade Unipessoal, Lda.

Sartorius SA Representação em Portugal

Silicolife Lda.

Spinlogic

Page 110: Biotecnologia: Caracterização do Sector

110

Stemmatters, Biotecnologia e Medicina Regenerativa SA

Technophage SA

Thelial Technologies

TTC@UL - Oficina de Transferência de Tecnologia e Conhecimento da Universidade de

Lisboa

Hitag Biotechnology LdaHitag

Equigerminal, Lda.

Bioingenium Unipessoal Lda.

UCB Pharma

MadeBiotech, SAMadeBiotech

Sociedade Portuguesa de Inovação- C.E.F.I. SA

Nome da organização

CiB - Centro de Informação de Biotecnologia

Tipo de organização

Associação

Telefone (+351) 214 469 461 Web www.cibpt.org Email [email protected]

Descrição da organização

O CiB - Centro de Informação de Biotecnologia é uma associação privada sem fins lucrativos que

tem como objetivo promover a divulgação da biotecnologia em Portugal.

Nome da organização

Requimte

Tipo de organização

Associação

Morada da sede

CQFB - Centro de Química Fina e Biotecnologia

Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa

2829-516 Caparica, Portugal

Telefone 351.212948575 Web www.requimte.pt Email [email protected]

Descrição da organização

A REQUIMTE é a maior rede de Química e Engenharia Química estabelecida em Portugal e é

reconhecida como o Laboratório Associado à química verde pelo Ministério da Ciência e Tecnologia

e do Ensino Superior desde novembro de 2001. Os conhecimentos científicos e conhecimentos

complementares disponíveis são impulsionados pelos centros de investigação que formam a rede

(Centro de Química Fina e Biotecnologia-UNL e o Centro de Química-UP).

Page 111: Biotecnologia: Caracterização do Sector

111

Nome da organização

Sociedade Portuguesa

de Biotecnologia

Tipo de organização

Associação

Morada da sede

Departamento de Engenharia Biológica

Universidade do Minho

4710-057 Braga

Telefone (+351)253 604 401 Web www.spbt.pt Emai

l

[email protected]

Descrição da organização

A Sociedade Portuguesa de Biotecnologia tem por objeto estatutário: encorajar, estimular,

apoiar e conduzir o estudo e investigação em biotecnologia e outras ciências diretamente

aplicadas àquela; providenciar um fórum para apresentação, discussão e publicação dos

resultados de investigação e desenvolvimento, para o avanço da comunidade em geral e para

a prossecução do bem-estar comum; e promover a educação em biotecnologia.

Nome da organização

SpinLogi

c

Tipo de organização

Associação

Morada da sede

Universidade Católica Portuguesa - Porto

Campus da Asprela

R. Dr. António Bernardino de Almeida s/n

4200-072 Porto

Telefone (+351)

225580000

Web www.spinlogic.

porto.ucp.pt

Email [email protected]

.pt

Descrição da organização

A iniciativa Spinlogic resultou da questão: "Como otimizar a promoção e a concretização de projetos

empresariais de base tecnológica tirando partido do enorme potencial existente na Universidade

Católica no Porto e na sua envolvente?". Procurando dar resposta a esta questão foi desenvolvido

um 'trabalho de fundo', avaliando a ligação entre o capital intelectual existente e potencialmente

disponível, as 'boas práticas' identificadas a nível internacional neste contexto – e a capacidade e

recursos já existentes de Incubação de Empresas de Base Tecnológica. Desse estudo resultou um

modelo bastante simples e de baixa complexidade que irá permitir concentrar recursos no objetivo

concreto de desenvolver novas empresas de base tecnológica num ambiente universitário.

Page 112: Biotecnologia: Caracterização do Sector

112

8.2. Institutos tecnológicos

Nome da organização

Escola Superior de Biotecnologia

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Escola Superior de Biotecnologia

Rua Dr. António Bernardino de Almeida

4200-072 Porto

Telefone 22 558 000 Web www.esb.ucp Email [email protected]

Descrição da organização

A Escola Superior de Biotecnologia - ESB - insere-se no Campus da Asprela (junto ao Hospital de S.

João, no Porto) da Universidade Católica Portuguesa e foi fundada em 1984, há já mais de 25 anos.

A sua missão é intervir, de forma marcante, nas comunidades científica, social e económica, através

do desenvolvimento de iniciativas integradas de ensino, investigação e desenvolvimento, extensão e

empreendedorismo no âmbito da biotecnologia, afirmando-se como um fórum de excelência

internacional com forte consciência nacional, que revela e promove o espírito académico numa

perspetiva humanista.

Nome da organização

Institute for Biotechnology and

Bioengineering

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia Av. Rovisco Pais 1049-001 Lisboa - Portugal

Telefone +351 21 841 9065 Web www.ibb.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O IBB é uma unidade da investigação e desenvolvimento fundada em outubro de 2006 com o objetivo

de ser uma infraestrutura estratégica para o desenvolvimento das políticas portuguesas de I&D e

inovação nas áreas de Biotecnologia, Bioengenharia, Biomateriais e Vida, Ciências Biomédicas e da

Agricultura. IBB combina atividades de I&D com educação avançada, transferência de tecnologia,

consultoria e serviços, com o objetivo de fomentar a indústria, agricultura, saúde e meio ambiente.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Instituto de Biotecnologia e Química Fina (IBQF), no Instituto Superior Técnico, a unidade de

investigação líder;

Centro de Engenharia Biológica (CEB), Universidade do Minho;

Grupo de Investigação 3B's-Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos, Universidade do

Minho;

Centro de Genética e Biotecnologia (CGB), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;

Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural (CBME), Universidade do Algarve;

Page 113: Biotecnologia: Caracterização do Sector

113

Nome da organização

Instituto de biologia molecular e

celular | Institute for molecular and

cell biology Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Rua do campo alegre, 823, 4150-180 Porto – Portugal

Telefone +351 226 074 900 Web www.ibmc.up.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O IBMC é uma instituição de investigação multidisciplinar, que foi formado em 1997 com o objetivo de

reunir investigadores que trabalham dentro da Universidade do Porto e hospitais afiliados para

produzir um ambiente único, promover a investigação nas ciências da vida. Unidade de Investigação

reconhecida e financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Membros fundadores:

Universidade do Porto

Câmara Municipal do Porto

Centro Hospitalar de S. João

Instituto Nacional de Saúde "Dr. Ricardo Jorge"

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António

Nome da organização

Instituto Gulbenkian de Ciência

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Rua da Quinta Grande, 6

2780-156 Oeiras

Portugal

Telefone + 351 2144079

00

Web www.igc.gulbenkian.pt Emai

l

[email protected]

Descrição da organização

O IGC é um líder internacional em investigação biomédica e um instituto de graduação,

dedicado à excelência científica e à formação de uma nova geração de líderes científicos.

Page 114: Biotecnologia: Caracterização do Sector

114

Nome da organização

Instituto de Engenharia Biomédica

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Rua do Campo Alegre, 823

4150-180 Porto, Portugal

Telefone 351 226074900 Web www.ineb.up.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O INEB foi constituído formalmente no dia 26 de junho de 1989, como proposta de um grupo de

trabalho formado sob a égide da Reitoria da Universidade do Porto, do Prof. Alberto Amaral. Os

membros do grupo foram os Profs. Nuno Grande (ICBAS), Mário Barbosa (FEUP), Cassiano

Abreu Lima (FMUP) e Marques de Sá (FEUP).

Como membros fundadores de INEB encontram-se: Universidade do Porto, o Hospital de S.

António, o Hospital de S. João, Centro Hospitalar VN Gaia, Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento Regional do Norte e o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais.

Os novos membros que aderiram posteriormente ao INEB são: Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, Instituto Português de Oncologia, Instituto Português do Sangue, Centro

de Reabilitação Profissional de Gaia, Artur Salgado Lda. e o Centro de Performance Humana.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Instituto Português de Oncologia, Instituto

Português do Sangue, Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, Artur Salgado Lda. e

Centro de Performance Humana.

Nome da organização

Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET)

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Av. República, Qta. do Marquês

Estação Agronómica Nacional

Edifício IBET/ITQB

2780-157 Oeiras - Portugal

Telefone (+351) 214 427 787 Web www.ibet.pt Email [email protected]

Descrição da organização

Criado em 1989, o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET) é uma instituição

privada e sem fins lucrativos. Como uma Oganização de Investigação em Biotecnologia, o iBET

funciona como uma interface entre as instituições académicas enquanto cria e organiza

conhecimentos autónomos. O iBET reune como parceiros e colaboradores, empresas privadas e

instituições públicas, organizando competência para o desenvolvimento do produto e processo, em

que o mais relevante é o Instituto de Tecnologia Química e Biológica, ITQB / Faculdade de

Ciências e Tecnologia (FCT/UNL).

Page 115: Biotecnologia: Caracterização do Sector

115

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Medinfar

Fundação Luso Americana

Tecnimede

Bial

Reitoria Universidade Nova Lisboa

Laboratórios Azevedos

Faculdade Ciência Tecnologia/UNL

Iberfar

Instituto Tecnologia Química Biológica/UNL

José Mello Saúde

Fundação Ciência e Tecnologia

Nutrinveste

RAR

Instituto Nacional Recursos Biológicos

Sumol + Compal

Amorim Cork Investigação & Serviços

Instituto Apoio Pequenas Medias Empresas Inovação

Instituto de Investigação Científica e Tropical

Escola Superior Biotecnologia UC

Nome da organização

Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT)

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

R. da Junqueira, 86 - 1º

1300-344 Lisboa

Telefone 21 361 63 40 Web www2.iict.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) é um Instituto que se dedica ao Saber Tropical,

desenvolvendo investigação científica tropical nas áreas das Ciências Humanas e Naturais,

aumentando a capacitação científica e técnica dos países com que coopera e promovendo a

preservação do Património. Este laboratório de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros tem

por missão trabalhar em prol dos países das regiões tropicais, em particular, da Comunidade de

Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Acompanhar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e disponibilizar

digitalmente o vasto património histórico e científico aos países da CPLP, como recomendado pelos

Ministros da Ciência e Tecnologia da CPLP no âmbito da chamada “iniciativa portuguesa”, são as

suas principais prioridades. Tendo origem na Comissão de Cartografia, criada em 1883 - o mais

antigo organismo português dedicado à investigação nas áreas tropicais -, o IICT integra três serviços

Page 116: Biotecnologia: Caracterização do Sector

116

abertos ao público: Arquivo Histórico Ultramarino; Jardim Botânico Tropical e Centro de

Documentação e Informação.

Nome da organização

Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB)

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Av. da República

Estação Agronómica Nacional

2780-157 Oeiras

Portugal

Telefone (+351) 21 446 91 00 Web www.itqb.unl.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) é um instituto de investigação científica e

de formação avançada da Universidade Nova de Lisboa. O ITQB encontra-se na cidade de

Oeiras. Desde 1996 ocupa um edifício dentro do campus da Estação Agrícola Nacional, uma

instituição de I&D do Ministério de Agricultura. As suas instalações estão localizadas na

Estação Agrícola e no Instituto Gulbenkian.

Nome da organização

TecMinho

Tipo de organização

Instituto tecnológico

Morada da sede

Campus de Azurém

4800-058 Guimarães

Telefone +351 253 510

590

Web www.tecminho.uminho

.pt

Emai

l

[email protected]

o.pt

Descrição da organização

Fundada em 1990, a TecMinho é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, tendo

tido como promotores a Universidade do Minho e a Associação dos Municípios do Vale do Ave

(AMAVE).

Missão

Enquanto interface da Universidade do Minho, a TecMinho tem como missão a valorização e a

transferência de conhecimento para o tecido empresarial e demais atores económicos e

sociais, contribuindo para a inovação, o empreendedorismo e o desenvolvimento das

competências das organizações e das pessoas.

Page 117: Biotecnologia: Caracterização do Sector

117

8.3. Parques tecnológicos

Nome da organização

Biocant Park

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Biocant – Associação de Transferência de Tecnologia

Parque Tecnológico de Cantanhede, Núcleo 04, Lote 3

3060-197 Cantanhede

PORTUGAL

Telefone (+ 351) 231 410

890

Web www.biocant.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O BIOCANT Park é o primeiro parque de biotecnologia em Portugal, cujo objetivo é patrocinar,

desenvolver e aplicar o conhecimento avançado na área das ciências da vida, apoiando iniciativas

empresariais de elevado potencial.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

P-BIO - Associação Portuguesa de Bioindústrias

Biocant ventures

Biotrend

Bsim2

A Cnverde

Crioestaminal

Equigerminal

Hitag Biotechnology

Interactome

Gene Box

Genelab

Gene Predit

Klon, Innovate technologies

Matera

Nutri Add

VetDiagnos

4Health

Bioalvo

Cell2B

Hermatos

Laboratorios Vidaurre

NMT

Treat U

Page 118: Biotecnologia: Caracterização do Sector

118

Nome da organização

MADEIRA

TECNOPOLO

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Caminho da Penteada

9020-105 Funchal

Telefone 291720

000

Web www.madeiratecnopolo.

pt

Email admin@madeiratecnopol

o.pt

Descrição da organização

O Madeira Tecnopolo - Polo Cientifico e Tecnológico da Madeira, assume-se como um Centro

de Competências, num espaço físico que está em constante atualização, com o objetivo de

aproveitar e depois transmitir, as vantagens que advêm das relações estabelecidas. Tem

parcerias e protocolos com diversas entidades regionais ligadas à Investigação &

Desenvolvimento (I&D) quer públicas, quer privadas, que resultam num trabalho conjunto ao

nível de diversas iniciativas e também entidades internacionais. Estão presentes no parque

entidades ligadas quer à Oferta quer à Procura, à Investigação e às Novas Tecnologias.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Centre for Enterprises and Innovation in Madeira – CEIM

Regional Energy and Environment Agency – AREAM

Strategic Nucleus for the Information Society – NESI

Expedita - Architecture and Management of Information Systems, Ltd

In-Formar

Mostramadeira - Fairs, Exhibitions and Congresses

Gabinete de infoexclusão (Info-exclusion commitee)

Proinov - Consultancy in Management, Training and Multimedia

Arkikstudio - Communication Design

Awaiba

Gestools ASP - Online Management, Lda.

IE27, Lda.

ETIQAS - Consultancy and Engineering, Ltd

IndAirControl

Madeira GPS

BIZMadeira

DOMUSCONTROL - Automatic and Intelligent Home Solutions

SKYBLUE

TecParques - Portuguese Association of Technology and Science Parks

Page 119: Biotecnologia: Caracterização do Sector

119

Nome da organização

PARQUE TECNOLÓGICO DA

MUTELA (ALMADA)

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Av. Aliança Povo MFA 2804-537 Almada

Telefone 212 735 521 Web www.caixadimagens.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Parque Tecnológico da Mutela tem como vocação apoiar e dinamizar o desenvolvimento

tecnológico e de gestão para o aperfeiçoamento do processo produtivo e a modernização da

indústria. Fomenta a concentração de atividades de tecnologias avançadas, formada por empresas,

institutos, organismos de investigação e universidades, com capacidade para transferir tecnologia e

inovação para as empresas industriais e de serviços, o que constitui um instrumento fundamental na

estratégia de desenvolvimento da região.

Dispõe de 10.000 m2 de espaços de escritório e oficinas para ceder em regime, de direito de

superfície ou de aluguer.

Nome da organização

ÓBIDOS TERRA DIGITAL - PARQUE TECNOLÓGICO

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Casa do Largo da Porta da Vila, 1º Andar – Óbidos

2510-089 Óbidos

Telefone 262955 440 Web www.cm-

obidos.pt/or

Email [email protected]

Descrição da organização

O Parque tecnológico “Óbidos Terra Digital” terá como entidade gestora uma sociedade anónima de

capitais mistos, estando aberta à integração de novos acionistas que sejam empresas de referência,

estabelecimentos de ensino superior e profissional, associações empresariais, autarquias e

instituições públicas. Os principais objetivos do Parque Tecnológico de Óbidos passam por criar as

condições para o desenvolvimento de atividades de base tecnológica, essencialmente na área das

indústrias criativas, assegurando uma interligação dinâmica entre as empresas, o mercado e a

atividade académica e de

investigação.

Page 120: Biotecnologia: Caracterização do Sector

120

Nome da organização

PortusPark

Tipo de organização

Parque tecnológico

Incubadoras

Morada da sede

PortusPark – Rede de Parques C&T e Incubadoras

Rua Eng. Frederico Ulrich 2650

4470-605 Moreira da Maia

Portugal

Telefone +351229 431

690

Web www.portuspark.org Email [email protected]

Descrição da organização

A Rede PortusPark definiu vários objetivos estratégicos para a Região Norte que guiam os seus

projetos e atividades:

Promover e gerir a transferência de conhecimento entre as universidades, instituições de I&D,

empresas e o mercado;

Promover uma cultura de I+D+I no mundo empresarial, em particular nas PME em cooperação

com as universidades e institutos politécnicos;

Apoiar os empreendedores na constituição de novos negócios e no respetivo crescimento;

Captar centros de investigação de grandes empresas;

Criar condições essenciais para desenvolver nas empresas e demais instituições a necessidade

de recorrer a recursos humanos qualificados pela natureza dos seus negócios, criando emprego

qualificado (ajustado às qualificações dos recursos humanos existentes);

Promover a Região Norte como um local apetecível para o investimento que aposte na inovação

e no conhecimento como critérios preferenciais nas suas atividades e projetos;

Amadurecer um modelo de desenvolvimento sustentável baseado no conhecimento, tecnologia e

inovação, consubstanciando-se na prática em empresas de base tecnológica com quadros

altamente qualificados e que ofereçam ao mercado produtos e serviços diferenciadores e de

valor acrescentado no mercado global.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Instituto Empresarial do Minho

Tecmaia

Santo Tirso

Avepark

Page 121: Biotecnologia: Caracterização do Sector

121

Nome da organização

TAGUSPARQUE

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Taguspark, Núcleo Central, 100 2740-122 Oeiras

Telefone + 351 214 226 900 Web www.taguspark.pt Email [email protected]

Descrição da organização

A Tagusparque é uma sociedade anónima que tem como atividade principal a instalação,

desenvolvimento, promoção e gestão de um Parque de Ciência e Tecnologia, bem como a prestação

de serviços de apoio necessários à sua atividade. Foi criada por iniciativa governamental em 1992 e

é a componente principal de um plano integrado envolvendo cerca de 360 hectares, 200 dos quais

ocupados pelo Parque.

Nome da organização

TECPARQUES – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE

PARQUES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Taguspark – Núcleo Central, 100

2780-920 Oeiras

Telefone +351 214 226 900 Web www.tecparques.pt Email [email protected]

Descrição da organização

A TECPARQUES tem por objeto a promoção e valorização dos Parques de Ciência e Tecnologia e

da sua interação com outras organizações, quer nacionais quer internacionais, que visem igualmente

a modernização do tecido empresarial pela via da inovação de base tecnológica e da transferência de

conhecimento.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Algarve STP

Bioccant Park

Lispólis

Madan Parque

Madeira Tecnopolo

Parkurbis

Parque de Ciência e Tecnologia do Porto

Pólo Tecnológico da Mutela /Almada

TagusPark

TagusValley

Tecmaia

Tecnopolo de Coimbra

Page 122: Biotecnologia: Caracterização do Sector

122

Nome da organização

Uptec. Parque de Ciência e Tecnologia

Tipo de organização

Parque tecnológico

Morada da sede

Rua Actor Ferreira da Silva, nº 100

4200-298 Porto

PORTUGAL

Telefone +351 220 301 500 Web uptec.up.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Polo de Biotecnologia do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC BIO)

está orientado para o acolhimento de projetos empresariais nas áreas ligadas à biotecnologia. O

UPTEC BIO oferece infraestruturas e equipamentos tecnológicos que potenciam o desenvolvimento e

a aceleração dos projetos instalados, sejam estes oriundos de conhecimento e competências geradas

na Universidade do Porto ou resultantes da aproximação entre a Universidade e Mercado.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Espírito Santo Ventures

Microsoft Bizspark

Novabase Capital

Oceano XXI

Start UP

8.4. Agências de inovação

Nome da organização

Agência de Inovação

Tipo de organização

Agência de inovação

Morada da sede

Campus do Lumiar, Ed. O, 1º

Estrada do Paço do Lumiar

1649-038 Lisboa

Telefone +351214232100 Web www.adi.pt Email [email protected]

Descrição da organização

Promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico facilitando o aprofundamento das relações

entre o mundo da investigação e o tecido empresarial português é o objetivo central da Agência de

Inovação. A Agência de Inovação, S.A. (Adi) tem o seu capital subscrito em partes iguais pelo

Ministério da Educação e Ciência, através da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia (50%), e

pelo Ministério da Economia e do Emprego, através do IAPMEI (17%) e da PME - Investimentos

(33%).

Page 123: Biotecnologia: Caracterização do Sector

123

8.5. Portal de notícias

Nome da organização

Biotec ZONE

Tipo de organização

Portal de notícias

Telefone Web www.biotec-zone.net Email [email protected]

Descrição da organização

O Biotec-Zone® é um espaço de promoção e divulgação científica, tecnológica e empresarial no setor

da biotecnologia.

8.6. Fundações

Nome da organização

Fundação para a Ciência e Tecnologia

Tipo de organização

Fundações

Morada da sede

Av. D. Carlos I, 126

1249-074 Lisboa

Portugal

Telefone 213924300 Web www.fct.pt Email

Descrição da organização

A FCT, de acordo com o seu mandato para apoiar a comunidade científica e técnica portuguesa,

oferece apoios numa grande variedade de formatos destinados tanto a investigadores individuais, nas

diferentes fases das suas carreiras, ou a grupos de investigadores ou a instituições. Se conhece o

tipo de apoio em que está interessado, escolha-o no menu do lado direito desta página. Caso

contrário, ou se quiser ter uma perspetiva geral dos tipos de apoio disponíveis, agrupados segundo o

estatuto dos investigadores ou grupos de investigadores para os quais estão disponíveis, continue a

ler.

Para completar a descrição do conjunto de opções disponíveis esta página menciona programas

sobre os quais a FCT não tem responsabilidade, nomeadamente do programa Ciência Viva e das

Ações Marie Curie. De notar que, no caso destas últimas, a expressão europeu deve ser sempre

interpretada como referente a um estado da União Europeia ou Associado.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC)

Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC.INEB)

Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP)

Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB)

Instituto de Medicina Molecular (IMM)

REQUIMTE - Rede de Química e Tecnologia - Associação (REQUIMTE)

Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP)

Instituto de Telecomunicações (IT)

Laboratório de Robótica e Sistemas em Engenharia e Ciência (LARSyS)

Page 124: Biotecnologia: Caracterização do Sector

124

Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN)

Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO)

Centro de Estudos Sociais (CES)

Instituto de Ciências Sociais (ICS)

INESC Tecnologia e Ciência (INESC TEC)

Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMAR)

Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF)

Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM)

Instituto Dom Luís (IDL)

Laboratório de Processos de Separação e Reacção (LSRE)

Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: I&D Lisboa (INESC - Lisboa)

Laboratório Associado de Energia, Transportes e Aeronáutica (LAETA)

Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IBB)

Instituto de Nanotecnologias (IN)

Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N)

ICVS/3Bs - Laboratório Associado (ICVS/3Bs)

Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva (InBIO)

8.7. Centros tecnológicos

Nome da organização

Cebal

Tipo de organização

Centro tecnológico

Morada da sede

Rua Pedro Soares, s.n. Apartado 6158 7801-908 BEJA | PORTUGAL

Telefone +351 284 314 399 Web cebal.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O CEBAL é uma unidade de investigação e desenvolvimento (I&D) privada e sem fins lucrativos,

sediada na cidade de Beja e que tem por objetivo primeiro, o exercício e a promoção da investigação

no campo da biotecnologia como contributo para o desenvolvimento do Alentejo.

Nome da organização

Centro de Biotecnologia dos Açores

Tipo de organização

Centro tecnológico

Morada da sede

Universidade dos Açores

Departamento de Ciências Agrárias

Terra-Chã, 9700-851 Angra do Heroísmo

Page 125: Biotecnologia: Caracterização do Sector

125

Terceira - Açores – Portugal

Telefone (+351) 295 333 702 Web www.cba.angra.uac.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Centro de Biotecnologia dos Açores (CBA) foi criado em dezembro de 2003 por reconhecimento da

Fundação para a Ciência e Tecnologia. Foi fundado por um grupo de Professores do Departamento

de Ciências Agrárias, da Universidade dos Açores (UAç), tendo por objetivo geral desenvolver

investigação na área da Biotecnologia Agrícola.

O CBA é um organismo integrado na UAç, da qual depende para a gestão e administração financeira

dos seus projetos. Os múltiplos projetos que se estão a desenvolver são financiados pela União

Europeia, Fundação para a Ciência e Tecnologia e por várias instituições do Governo Regional dos

Açores.

Nome da organização

Centre of Biological Engineering of the University of Minho

Tipo de organização

Centro tecnológico

Morada da sede

Campus de Gualtar 4710-057 Braga PORTUGAL

Telefone (+351) 253 604

400

Web www.ceb.uminho.pt Email [email protected]

Nome da organização

Centre for Neuroscience and Cell Biology

Tipo de organização

Centro tecnológico de investigação

Morada da sede

Department of Zoology

University of Coimbra

3004-517 Coimbra – Portugal

Telefone +351 239 855 760 Web www.cnbc.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Centre for Neuroscience and Cell Biology (CNC) é um instituto de investigação comprometido com

a excelência em Biociência e Biomedicina.

Foi o primeiro laboratório associado em Portugal e faz parte da Rede Europeia de Institutos de

Neurociências (ENI). O CNC também está envolvido na colaboração entre o Governo de Portugal e o

Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Harvard Medical School (HMS).

Page 126: Biotecnologia: Caracterização do Sector

126

Nome da organização

Lispolis

Tipo de organização

Centro tecnológico

Morada da sede

Estrada do Paço do Lumiar, 44 – 1600-546 LISBOA

Telefone +351 217 101 700 Web www.lispolis.pt Email [email protected]

Descrição da organização

A LISPOLIS - Associação para o Pólo Tecnológico de Lisboa é uma associação privada sem

fins lucrativos, constituída com o objetivo de gerir o Pólo Tecnológico de Lisboa (PTL), e criar

as condições favoráveis para o sucesso das empresas aí instaladas.

Nome da organização

MADAN PARQUE DE CIÊNCIA

Tipo de organização

Centro tecnológico

Morada da sede

Campus da Caparica FCT-UNL, Edifício VI 2829-516 CAPARICA

Telefone +351 212 949

686

Web www.madanparque.pt Email [email protected]

Descrição da organização

O Madan Parque foi fundado em dezembro de 1995, tendo como associados a Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, a

Câmara Municipal de Almada e o UNINOVA – Instituto de Desenvolvimento de Novas Tecnologias.

Desde outubro de 2002 que conta também com o apoio da Câmara Municipal do Seixal.

A escolha do nome prende-se com a designação árabe de Almada: Al-madan. Em árabe, al-madan

significa mina. A existência, na altura, de uma mina junto ao atual seminário de Almada justifica a

designação da cidade.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

AMBERPIXEL

AMBIOSFERA

APMP

Artica

BLUEORIZN

CLEVER Ti

CRITICAL KINETICS

EIDT

Page 127: Biotecnologia: Caracterização do Sector

127

ENDU

EXEDRA

FIT

Geratriz

HOLOS

HST

INSPIRENNOViT

INWISIS

T CODE

KLAB

MEDIGRAYNGNS

NMT

NSOLARTEK

ONE POINT SALE

PARETOIT

QUALITAS INSTRUMENTS

REDPICK

S3 Group

SENHA

SPPS

SQIMI

STAB VIDA

TECNALIA

UCEA

Nome da organização

Tecs

Labs

Tipo de organização

Centro de Inovação

Morada da sede

Campus da FCUL, Campo Grande

1749-016 Lisboa, Portugal

Telefone (0351) 217 500 006 Web www.teclabs.pt Email [email protected]

Descrição da organização

Page 128: Biotecnologia: Caracterização do Sector

128

O Tec Labs Centro de Inovação acredita na inovação, no rigor e na colaboração. Estes valores

inspiram a visão de uma sociedade que valoriza o conhecimento criado em ambiente universitário.

Nesse sentido, assume como missão valorizar economicamente o conhecimento científico, através

da colaboração universidade-empresas em processos de investigação e desenvolvimento de

tecnologias inovadoras, bem como de incubação de negócios de base tecnológica.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que conformam a sua organização

AQUAFOOD

BIOALVO

BIOPREMIER

BIOSURFIT

EGA

ESCOLA DE MAR

FYTOZIMUS

ICTE

LUMISENSE

PRÉ-WIND

SDSIL

FLUIDDO

OUTMIND

PEOPLEWARE

SPEEDGES

AAVANZ

APD

BIZ4U

GESENGE

LUSITANICUS

MAKE IT BIZZ

OF-PRODUÇÕES

ORTIK

OTHER SIGNS

PAR

SCIENCE4YOU

UPAJE

WE VALUE

Page 129: Biotecnologia: Caracterização do Sector

129

8.8. Agentes na Europa

Nome da organização

European Biotechnology

Network

Tipo de organização

Associação

Morada da sede

Avenue de Tervueren 13

1040 Brussels, Belgium

Telefone +32 2 50 08 531 Web www.european-

biotechnology.org

Email info@european-

biotechnology.net

Descrição da organização

A European Biotechnology Network (Rede Europeia de Biotecnologia) dedica-se a facilitar a

cooperação entre os profissionais da biotecnologia e as ciências da vida em toda a Europa.

É uma organização sem fins lucrativos que reúne grupos de investigação, universidades, pequenas e

médias empresas, grandes empresas e todos os atores da biotecnologia.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que formam a sua organização

Asclepia Medchem Solutions; Destelbergen, Bélgica

BIOCOM AG; Berlim, Alemanha

Bioversys; Basileia, Suíça

BioWin; Gosselies, Bélgica

Centre for Integrative Biology, University of Trento (CIBIO); Trento, Itália

University of Copenhagen; Copenhaga, Dinamarca

Formula Pharmaceuticals; Berwyn, EUA

Fundación MEDINA; Armilla, Granada, Espanha

GlaxoSmithKline Biologicals; Rixensart, Bélgica

Grünecker, Kinkeldey, Stockmair & Schwanhäusser; Munique, Alemanha

Health Science Scotland; Glasgow, Escócia

Industrial Association of White Biotechnology (IWBio); Darmstadt, Alemanha

IRBM Science Park; Pomezia (RM), Itália

Université de Liège; Lieja, Bélgica

LifeTechnologies; Paisley, Escócia

University of Liverpool; Liverpool, Reino Unido

Network of Reference on Biotechnology of Catalonia (XRB); Barcelona, Espanha

Omnia Molecular SL; Barcelona, Espanha

OncoLab Diagnostics GmbH; Viena, Áustria

PricewaterhouseCoopers; Haia, Países Baixos

Professor Roslyn M. Bill, Aston University; Birmingham, Reino Unido

Pyxis Discovery; Delft, Países Baixos

Swiss Biotech Association; Zurique, Suíça

Technology Vision Group; Santa Cruz, CA, EUA

The Research Network; Sandwich, Reino Unido

Uteron Pharma; Lieja, Bélgica

Page 130: Biotecnologia: Caracterização do Sector

130

Nome da organização

European Technology

Platform

Tipo de organização

Plataforma tecnológica

PAÍS

Bélgica

Morada da sede

c/o European Seed Association

23/15 rue du Luxembourg (FR)/ Luxemburgstraat 4 (NL)

1000 BRUSSELS - Belgium

Telefone 32 2 7432865 Web www.plantetp.org Email silvia.travella(at)plantetp.

org

Descrição da organização

A European Technology Platform (ETP) "Plantas para o Futuro" é um fórum do setor das plantas

integrado pelos representantes da indústria, da academia e da comunidade agrícola. Serve como

uma plataforma para todas as partes interessadas neste setor, que procura proporcionar opiniões e

defender os seus interesses num processo de debate aberto. Impulsiona uma agenda estratégica de

investigação para o setor da planta europeia com o fim de estabelecer um consenso sobre as

investigações necessárias para cumprir a visão da plataforma. Além disso, esta plataforma defende

as principais questões com as organizações europeias como a Comissão Europeia e o Parlamento

Europeu. Estes temas incluem a importância crescente das plantas e das ciências para encarar os

desafios do futuro. Este papel futuro do setor é expresso na visão de uma Economia baseada em Bio-

Economia (KBBE), na qual as plantas são um pilar principal.

Nome da organização

The Biomedical Research Networking Centre on

Bioengineering, Biomaterials and Nanomedicine,

CIBER-BBN Tipo de organização

Associação

PAÍS

Espanha

Morada da sede

Campus Río Ebro - Edificio I+D

Bloque 5, 1ª planta

c/ Poeta Mariano Esquillor s/n

Zaragoza

Aragon 50018

Spain

Telefone Web http://www.cebr.net Email [email protected]

Descrição da organização

Missão

O CEBR nasce com a missão de construir um setor biotecnológico europeu competitivo no cenário

mundial, mediante a criação de redes, a colaboração, as recomendações para a política e

compartilhar as melhores práticas entre os entes regionais.

Page 131: Biotecnologia: Caracterização do Sector

131

O CEBR tem por objeto:

reduzir a fragmentação das empresas e regiões na Europa,

criar uma igualdade de condições para operação da empresa,

transformar a competitividade em cooperação entre regiões,

criar uma plataforma de iniciativas da UE a biotecnologia, incluindo os projetos financiados

pela CE.

História

O CEBR iniciou o seu funcionamento em 2006 mediante um projeto financiado pelo 6º Programa-

Quadro destinado aos agrupamentos através da rede de biotecnologia da Europa. O objetivo do

projeto era criar uma rede sustentável a longo prazo através da qual a biotecnologia na Europa e a

sua infraestrutura de apoio se tornou mais harmonizada. A rede estabeleceu-se em junho de 2006 e

reuniu os membros da força e desde então com mais de 100 Membros Associados e completo unir no

lançamento.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que formam a sua organização

Askomil Ltd

Barcelona Science Park

BIO.BE

Biocant Park

Commercialization Center for Innovative Technologies

EMBL-European Bioinformatics Institute

the Decision Group

Nome da organização

European Federation of Biotechnology

Tipo de organização

Associação biotecnológica europeia

PAÍS

Espanha

Morada da sede

European Federation of Biotechnology

Parc Científic Barcelona Torres R+D+I

Baldiri Reixac 4-8

08028 Barcelona

Catalunya, Spain

Telefone +34 93 402 0599 Web www.efb-

central.org

Email efb[at]efb-

central.org

Descrição da organização

Estabelecido por cientistas europeus em 1978, a Federação Europeia de Biotecnologia (EFB) é uma

entidade sem fins lucrativos que pretende integrar todas as federações de Associações Nacionais de

biotecnologia, sociedades científicas, universidades, institutos científicos, empresas de biotecnologia,

entre outros agentes, que trabalham para promover a biotecnologia em toda a Europa.

A missão da EFB é promover o uso seguro, sustentável e beneficioso das ciências da vida, promover

a investigação e a inovação em vanguarda da biotecnologia, para proporcionar um fórum para a

cooperação interdisciplinar e internacional, melhorar a educação científica e facilitar o diálogo entre

os cientistas e a sociedade.

Page 132: Biotecnologia: Caracterização do Sector

132

Com 108 membros institucionais de toda Europa e 13.500 membros individuais, o EFB tem 14

sucursais regionais na Europa.

O escritório central da EFB (ECO) está localizado em Barcelona, Espanha.

Entre as principais responsabilidades do ECO destacam-se: a administração de membros,

organização de encontros do Conselho Executivo e das Assembleias Gerais, administração de

páginas da Internet e da organização de congressos europeus sobre a biotecnologia.

Parceiros ou empresas de biotecnologia que formam a sua organização

Aachen University of Technology

Adebiotech

AgroBioInstitute (ABI)

Animal Cell Technology Industrial Platform (ACTIP)

Associazione Italiana di Ingegneria Chimica (AIDIC)

Austrian Center of Industrial Biotechnology

Austrian Society for Biotechnology (ÖGMBT)

BCNP Consultants GmbH

Beijing Genomics Institute (BGI), Chinese Academy of Sciences

Bio Blank International

Biomedico Forum

Bioprosperity

BIOSENSE Laboratories AS

Biotechnology Society of Turkey, Orta Dogu Teknik Universitesi (ODTU)

Biotest Pharma

Center of Excellence for Biosensors, Instrumentation and Process Control (COBIK)

Centre For Research and Technology Hellas (CERTH)

Centre of the Region Haná for Biotechnological and Agricultural Research

Chalmers University of Technology

Civil Association Biotrin

Cobra Biologics

Consorzio Interuniversitario Biotecnologie

Cosorzio Italbiotec

Croatian Society of Biotechnology, c/o PBF

Croatian Society of Chemical Engineers, and Technologists (HKDI)

Czech Biotechnology Society (Biotechnologická Spoleãnost)

Dansk Biokemisk Foreing - Danisht Society for Biochemistry and molecular biology

DECHEMA e.V.

EPOS-IASIS

ERA Biotech SL

EUROBIO SA

European Foundation of Traditional Chinese Medicine

Faculty of Life Sciences, University of Copehagen

Flanders Institute for Biotechnology (VIB)

FlandersBio

Fondazione Marino Golinelli

Fraunhofer Institute for Systems and Innovation Research ISI

Fraunhofer-Institut

French Society for Microbiology (SFM)

FUNDACIÓN UNIVERSITARIA BALMES

Global Biodiversity Information Facility

Page 133: Biotecnologia: Caracterização do Sector

133

HES-SO Valais

HTS BIO

Hungarian Biotechnolgy Association

INGENASA

Institut Biotecnologia i Biomedicina (IBB)

Institute of Chemical Technology Prague

INTERCELL AG

Italian Association of Biotechnologists - ANBI

Limerick Institute of Technology

Medical University of Gdansk

Mediterranean Biosciences

Monsanto Europe

National Institute of Chemistry

Norwegian Biochemical Society (Norsk Biokjemisk Selskap)

Novozymes A/S

Novozymes Biopharma UK

Pasha Group

Polish Academy of Sciences

Polska Federecja Biotechnology

Promega GmbH

Puerto Rico Science, Technology and Research Trust

Research Genetic Cancer Center

RiNA Netzwerk RNA-Technologien GmbH

Royal Institute of Technology (KTH)

Sartorius BBI Systems

Schweizerische Gesellschaft für Lebensmittel-Wissenschaft und Technologie (SGLWT)

SciLifeLab

Shanghai Chuangbo

Sigma-Aldrich Chemie GmbH

SIMGBM

Slovak Academy of Sciences (SAS)

Slovenian Microbiological Society (Slovensko Mikrobiolosko Drustvo)

Sociedade Portuguesa de Biotecnologia

Societatea Romana de Biotehnologie si Bioingeninerie (SRBB)

Società Italiana di Biochimica e Biologia Molecolare (SIB)

Society for Applied Microbiology (SFAM)

Society for General Microbiology (SGM)

Society of Chemical Industry (SCI)

Spanish Society of Biotechnology (SEBIOT)

Swiss Chemical Society (SCS)

Swiss Coordination Committee for Biotechnology (SCCB)

Swiss Society for Microbiology (SSM)

Technical University of Lodz (TUL)

Turku Bio Valley Lt

University of Aarhus

University of Amsterdam

University of Applied Sciences (Hochschule Wädenswil)

Page 134: Biotecnologia: Caracterização do Sector

134

University of Barcelona (UB)

University of Bologna

University of Insubria

University of Latvia

University of Pannonia

VBIO

VDI-TLS

Verein Osterreichischer Lebensmittel- und BiotechnologInnen (VÖLB)

Vichem Chemie Research Ltd.

Wroclaw University of Environmental and Life Sciences

Page 135: Biotecnologia: Caracterização do Sector

135

9. FATORES DE SUCESSO DO SETOR DA BIOTECNOLOGIA EM PORTUGAL E

OPORTUNIDADES DO MEIO

A biotecnologia tem potencial para ser um setor estratégico na economia de um território.

Com um número crescente de aplicações, novas oportunidades laborais para profissionais

qualificados e o seu caráter de força de tração da investigação básica de qualidade, o setor

biotecnológico reúne todos os elementos necessários para impulsionar um modelo de

crescimento económico sólido.

A biotecnologia é uma tecnologia disruptiva que provavelmente afetará muitos

setores e proporcionará vantagens competitivas por muito tempo para um amplo

espectro de atividades económicas.

Embora uma das principais aplicações da biotecnologia se restrinja ao âmbito da

saúde e no conjunto das ciências da vida, não se deve esquecer que o campo de

aplicação comercial e industrial da biotecnologia é imenso: diagnósticos para saúde

humana, para agricultura e pecuária, ensaios de qualidade de alimentos ou ambiental,

alimentação e meio ambiente.

Esta multidisciplinaridade do setor torna possível a interação entre diferentes âmbitos do

conhecimento e aproveitamento dos mesmos. Paralelamente, o setor da saúde tem um

marcado componente anticíclico, impermeável aos ciclos económicos. Esta virtude faz

com que o setor tenha uma importante capacidade de atração de investimentos.

As farmacêuticas estão a apostar na biotecnologia através da segregação das suas divisões

de I&D e da compra ou aliança com empresas biotecnológicas. Isso deve-se a que as

primeiras contam com maior disponibilidade de liquidez e com poucos produtos, enquanto

as empresas biotecnológicas são grandes fontes de inovação.

Está cada vez mais consolidada a opinião de que depois das TIC, a biotecnologia será o

próximo avanço da economia baseado nos conhecimentos. Apesar do forte investimento de

capital que esta precisa, a taxa de crescimento do setor durante a década de 1990 e, em

menor medida, no começo do século XXI, foi impressionante. A biotecnologia foi decisiva

em numerosos e importantes avanços nos setores farmacêuticos, agroquímico,

energético e meio-ambiental.

Page 136: Biotecnologia: Caracterização do Sector

136

O auge da biotecnologia no desenvolvimento de fármacos tem a sua origem, entre outras,

nas seguintes causas:

Nova estratégia de concentração seguida por parte do setor farmacêutico. As

grandes empresas farmacêuticas incrementam ano após ano o seu investimento em

I&D e, no entanto, o número de produtos lançado no mercado vai decrescendo.

Vencimento dos prazos de exploração de patentes no mercado farmacêutico.

Outro dos fatores positivos que está a impulsionar as valorizações das empresas de

biotecnologia encontra-se nas dificuldades que estão a encontrar as grandes

empresas farmacêuticas para comercializar novos medicamentos devido à

aproximação do prazo de vencimento de muitas patentes.

Menor taxa de aprovação da comercialização de medicamentos das

farmacêuticas tradicionais. O sucesso do setor biotecnológico evidencia-se pela

sua produtividade inovadora: nos últimos anos produziu-se um equilíbrio entre os

novos fármacos aprovados pelas autoridades e desenvolvidos por empresas

biotecnológicas, e os provenientes das farmacêuticas clássicas. Portanto,

atualmente, o setor biotecnológico conta com uma taxa de aprovação de

medicamentos maior que as próprias farmacêuticas.

Aposta no desenvolvimento tecnológico e inovação em diagnóstico. O setor

biotecnológico conta com maiores avanços quanto a sistemas inovadores de

diagnóstico de determinadas doenças, sistemas de diagnóstico precoce de cancro,

doenças neurodegenerativas e doenças cardiovasculares (DNA chips, etc.).

Aumento da confiança dos investidores nas empresas biotecnológicas. O setor

biotecnológico soube ganhar confiança dos investidores, tanto privados como

públicos.

Por sua vez, a biotecnologia industrial, com o que contribui à melhoria de bioprocessos

industriais, por um lado, e com a geração de biomateriais inovadores que se está a produzir

nos centros de investigação, por outro, representa uma oportunidade de futuro para

Portugal, se for capaz de incorporar estas tecnologias na rede industrial tradicional

para otimizar a sua eficiência e os custos e abri-la a novos mercados.

Por outro lado, o setor da biotecnologia e a biomedicina e os diferentes subsetores que o

formam, como as tecnologias médicas, estão caracterizados por uma composição

multidisciplinar dos seus conhecimentos e um elevado nível de capacitação formativa

com respeito aos recursos humanos que o compõem.

Page 137: Biotecnologia: Caracterização do Sector

137

Desde inícios do século XXI, o conceito de cultura da saúde em países como os Estados

Unidos, Canadá ou Alemanha emergiu com muita força. Esta mudança cultural apoia-se não

só na ausência de doença, como também na presença de bem-estar nas suas dimensões

física, psíquica e social. Isto supõe um aumento no consumo de determinados bens

orientados a melhorar este bem-estar. Trata-se de um mercado (o da saúde) no qual há

cada vez mais uma maior necessidade e procura por parte da população, sobretudo nos

países mais industrializados, e que cada vez mais, estará dominado por produtos de

biotecnologia. Trata-se de um claro exemplo de como a biotecnologia está cada vez mais

integrada, não só na vida diária, como também nos processos empresariais e

industriais, como é, por exemplo, o tratamento de resíduos ou a criação de materiais e

combustíveis de base biotecnológica, no caso da biotecnologia branca, ou as melhorias

nutricionais e agrícolas, no caso da biotecnologia verde. Exemplos desta mudança cultural

transferidos para o âmbito setorial são o grande crescimento da indústria da cosmética,

dos alimentos funcionais ou da para-farmacêutica, por nomear alguns deles. Mas, a

profundidade das mudanças não só afeta a setores das ciências da vida, mas também o

turismo, a alimentação e o estilo de vida.

Nos últimos anos, as empresas nacionais iniciaram um processo de internacionalização no

setor da saúde. Os custos de desenvolvimento, cada vez mais elevados, levaram a que as

empresas tivessem de gerar estratégias de internacionalização para poder recuperar

o investimento que amortizasse as despesas da investigação. Isto passa,

necessariamente, por gerar novas estratégias em todos os níveis da cadeia de valor e por

colocar os produtos no mercado global. Assim, as principais empresas farmacêuticas

nacionais implementaram um forte processo de internacionalização de parte da sua

cadeia de valor e das vendas de medicamentos. Por outra parte, a malha de empresas

biotecnológicas tem de tentar abrir as suas estratégias de negócio e o seu âmbito de

atuação a um nível bem mais globalizado que na atualidade, incorporando profissionais

internacionais, tanto ao nível de investigação como ao nível de direção empresarial, criando

acordos de valor com empresas estrangeiras e orientando a atenção a um âmbito muito

mais global.

A nível de emprego, esta estratégia gera, por um lado, a possibilidade de incorporar

talento de fora de Portugal, mas também um elevadíssimo número de oportunidades

laborais no âmbito da investigação no estrangeiro, opção que já enriqueceu o background

científico com a volta e reincorporação no sistema de inovação destes investigadores. Além

Page 138: Biotecnologia: Caracterização do Sector

138

disso, a possível incorporação de talento estrangeiro à gestão empresarial permitirá elevar a

capacidade de atração e negociação de capital estrangeiro e grupos investidores.

Em Portugal, tal como na Espanha, o surgimento e a promoção dos genéricos por parte

do Sistema Nacional de Saúde supôs uma mudança no modelo empresarial do setor

farmacêutico. Assim, as grandes multinacionais com produtos inovadores viram como a

entrada das empresas de genéricos e biossimilares se tornou num aumento da

concorrência. Isto transformou a estratégia das empresas dedicadas aos medicamentos

inovadores, criando divisões de genéricos, por um lado, ou procurando alianças com

empresas com um catálogo de investigação desenvolvido, para enfrentar a perda de

patentes, pelo outro. Esta situação traduz-se num grande número de fusões e aquisições,

mas também no aparecimento de novas empresas e novos postos de trabalho para

competir no mercado do genérico e dos biossimilares.

Por outro lado, há anos, observa-se uma tendência por parte das grandes empresas

farmacêuticas ao completar os seus catálogos de produto em desenvolvimento com

produtos biotecnológicos ou usando as tecnologias que pode contribuir para este

setor. Assim, há casos nos que a empresa biotecnológica é adquirida e integrada dentro da

estrutura da empresa farmacêutica, ou simplesmente em que se estabelecem alianças

pontuais para desenvolver algum produto ou empregar uma certa tecnologia.

O futuro da biotecnologia e da biomedicina está, inevitavelmente, marcado pela mudança

no modelo de produção na Espanha, e regressa a um modelo de alto valor agregado

numa economia baseada no conhecimento e na I&D. Isto levou a muitos esforços públicos

para criar uma rede empresarial, de universidades e de infraestruturas, que levará ao

desenvolvimento futuro em Portugal de um setor biotecnológico forte. A rede de

biotecnologia, composta na atualidade por pequenas e médias empresas, deveria ver

aumentar a sua massa crítica e promover o aparecimento de médias e grandes empresas, o

que significa uma grande mudança para esse novo modelo.

Por outro lado, e no que se refere à estrutura interna das empresas e à sua organização, é

de referir como a enorme flexibilidade destas empresas constitui uma fortaleza que as

ajuda a sobreviver em tempos de dificuldades económicas como são os atuais. Em tempos

de crise, as empresas reorientam-se, mudam os seus planos de negócio e inclusive, mudam

de mercado.

Page 139: Biotecnologia: Caracterização do Sector

139

A qualidade do sistema público de alta excelência em investigação básica neste âmbito, e

não só a vinculada ao espaço universitário, situa Portugal numa boa posição internacional

quanto à sua capacidade investigadora. Mas, além deste importante esforço público,

também existe um esforço por parte do setor privado em investir em I&D.

Outro ponto a destacar é o crescente ritmo de criação de empresas que caracteriza este

setor. Como consequência de uma mentalidade muito empreendedora e de novas

oportunidades de negócio e nichos de investigação, muitas entidades públicas, pessoas

empreendedoras e empresas privadas optam por constituir a sua própria empresa e

desenvolver um determinado projeto. É, pois, fundamental o apoio ao empreendedorismo

neste setor, às empresas de base tecnológica e às spin-offs.

Esta é também uma das razões pelas quais dentro do setor da biotecnologia e da

biomedicina se encontra um elevado nível de formação dos recursos humanos pela

existência de estruturas muito planas, nas que não há diferença entre os níveis de

direção empresarial e a parte científica.

Perante este panorama descrito anteriormente, foi identificada uma série de fatores de

sucesso a considerar e de oportunidades que o meio oferece como parte das chaves de

competitividade do setor nos próximos anos:

A União Europeia considera o setor biotecnológico como estratégico, apostando

claramente na investigação básica e aplicada ao campo da saúde.

Evidencia-se o importante papel que a biotecnologia poderia ter para a economia

portuguesa.

Embora uma das principais aplicações da biotecnologia se restrinja ao âmbito da

saúde, não se deve esquecer que o campo de aplicação comercial e industrial da

biotecnologia é imenso.

Constata-se a integração da biotecnologia em cada vez mais processos e âmbitos

empresariais para melhorar a eficiência e, ao mesmo tempo, aumentar a

competitividade do setor.

A penetração dos medicamentos biológicos no mercado para o tratamento de

doenças, mais específicos e com menos efeitos colaterais, significou o impulso

definitivo a um setor jovem em crescimento e consolidação.

A produção energética a partir da biomassa é atualmente uma alternativa real ao uso

de fontes fósseis e é a fonte de energia renovável mais utilizada.

Page 140: Biotecnologia: Caracterização do Sector

140

Destacar o papel da biotecnologia como ferramenta para diferentes setores

industriais e sanitários face a uma biotecnologia como produto final.

O setor da saúde tem um importante componente anticíclico, insensível aos ciclos

económicos.

Portugal dispõe de algumas infraestruturas e estruturas de alto nível como o

laboratório de nanotecnologia, os parques tecnológicos, algumas empresas, a

importante capacidade de investigação nos centros públicos de investigação, etc.

Este componente anticíclico também começa a exercer atração sobre os

investimentos a partir de outros setores mais tradicionais, o que o dota de uma

importante capacidade de atração de fundos.

Processo de internacionalização vivido pelas empresas no setor da saúde nestes

últimos anos.

Existência de maiores possibilidades de incorporar talento de fora das fronteiras

portuguesas.

Elevado esforço em investimentos dos agentes públicos portugueses e europeus

para a promoção da investigação e da inovação.

Grande número de fusões e aquisições entre as empresas do setor biotecnológico

português.

Crescente interesse por parte dos investidores em participar no financiamento de

projetos especializados com elevado potencial como os que se enquadram nestes

domínios.

Aparecimento de novas empresas e novos postos de trabalho para competir no

mercado dos genéricos e dos biossimilares.

Os produtores de genéricos serão os maiores beneficiados da crise atual e da

mudança experimentada nos sistemas nacionais de saúde.

A ampliação do espectro de aplicações da biotecnologia é contínua.

Está a emergir o modelo VIPCO24, que potencia a malha biotecnológica.

O ritmo de criação de novas empresas no âmbito biotecnológico é superior à média

de outros setores produtivos.

Trata-se de um setor empresarial que dedica um grande esforço às atividades de

I&D.

Conta com ampla experiência na constituição de spin-offs no meio universitário.

24

Trata-se de uma tendência na que se favorece o aparecimento de empresas que exteriorizam grande parte da cadeia de valor a terceiros, com o que se chega a constituir empresas virtuais com muito poucos recursos internos.

Page 141: Biotecnologia: Caracterização do Sector

141

As empresas biotecnológicas contam geralmente com uma enorme flexibilidade que

lhes atribui vantagens para sobreviver em tempos de dificuldades económicas.

As empresas farmacêuticas e biotecnológicas veem as complementaridades mútuas

como uma fórmula para compartilhar riscos e custos.

O setor conta com um elevado nível formativo e científico do seu quadro de

trabalhadores e investigadores.

É destacável o papel do capital de risco como instrumento de financiamento da

biotecnologia.

É importante o número de grupos de investigação básica e aplicada aos organismos

nestes campos.

A produção científica neste campo tem relevância.

Importância da experiência de colaboração de grupos de investigação universitária,

centros de investigação e hospitais clínicos.

Crescente abertura à colaboração com o exterior dos investigadores portugueses,

principalmente através de projetos de investigação financiados com convocatórias

públicas de caráter internacional.

Existem também políticas e instrumentos nacionais para promover a inovação e a

relação do setor público e privado.

Crescente número de investigadores e médicos formados no sistema universitário

português.

Importante rede de parques científicos e tecnológicos existente em Portugal.

Page 142: Biotecnologia: Caracterização do Sector

142

10. ASPETOS CRÍTICOS DO SETOR BIOTECNOLÓGICO EM PORTUGAL E

AMEAÇAS DO MEIO

Infelizmente, estas forças e oportunidades detetadas na seção anterior são acompanhadas

de fraquezas, e no estudo do setor são detetados muitos elementos de imaturidade do setor

biotecnológico português, que serão comentados em seguida e que será importante

considerá-los nos próximos anos.

Em primeiro lugar, a biotecnologia é provavelmente um dos setores no que se faz um

uso mais intenso da investigação. Em comparação com outros grandes setores que

também dependem de I&D, como o setor químico ou o farmacêutico, as empresas de

biotecnologia investem, geralmente, uma parte consideravelmente maior dos seus

rendimentos em I&D.

Outra questão a considerar é que em relação a muitos outros setores nos que existe uma

distinção clara entre a investigação básica, realizada pelos organismos públicos de

investigação, e a I&D aplicada, realizada por empresas privadas, na biotecnologia a

investigação básica e a aplicada costumam estar intimamente interrelacionadas.

Frequentemente, a investigação realizada em instituições académicas constitui a base para

a definição de aplicações biotecnológicas e, por sua vez, as empresas de biotecnologia

costumam desenvolver o que alguns consideram investigação básica.

Além disso, e como em qualquer outro setor que dependa da investigação, a proteção dos

resultados da investigação tem uma grande importância e não está a receber a devida

atenção por parte dos agentes portugueses.

Outro aspeto importante a considerar é o facto de que o custo da elaboração de novos

produtos e processos é geralmente muito alto, enquanto o custo da imitação é

relativamente baixo. O custo da investigação biotecnológica deve ser considerado tendo em

vista o alto risco inerente a todo projeto de investigação. Torna-se inicialmente difícil

predizer se os anos de investigação conduzirão a inovações revolucionárias com um grande

potencial comercial, ou se, pelo contrário, a empresa acabará com as mãos vazias, obtendo

resultados de rentabilidade improvável. Dado o alto custo existente na I&D, a relativa

facilidade de imitação é um problema muito preocupante.

Page 143: Biotecnologia: Caracterização do Sector

143

Alguns trabalhos sobre as barreiras ao desenvolvimento da biotecnologia consideram que a

relação entre o tempo dedicado ao projeto/o custo do mesmo e o acesso ao capital

são os principais obstáculos para o desenvolvimento da bioindústria nacional. A

seguir, classificam os requisitos regulamentares como um fator importante a considerar.

As crescentes dificuldades para desenvolver fármacos inovadores e os cortes

orçamentais aproximam-se cada vez mais as farmacêuticas e as empresas biotecnológicas

que veem nas suas complementaridades uma fórmula para compartilhar riscos e custos.

Tradicionalmente, as farmacêuticas familiares foram relutantes a propor fusões, porque

este tipo de alianças pontuais é cada vez mais atraente e vai dando lugar a acordos de I&D

sem que as empresas comprometam a sua identidade e o seu corpo de acionistas.

Outro dos aspetos que podem moderar o desenvolvimento setorial da biotecnologia, como

consequência da crise económica iniciada em 2009, são os cortes contínuos que os

governos aplicam ao orçamento da saúde e aos preços de referência dos

medicamentos financiados pelo Sistema Nacional de Saúde. Este facto tem impacto

dirto na perda de capacidade das empresas farmacêuticas (um dos principais

investidores e utilizadores da biotecnologia vermelha) para investir em I&D e,

consequentemente, no setor biotecnológico.

A política de contenção da despesa da saúde imposta no nosso meio está a pôr em risco

o crescimento e as margens de lucro das empresas farmacêuticas clássicas. Os sistemas

de preços de referência, as políticas de prescrição por princípio ativo e a substituição por

genéricos, ou a racionalização do consumo, também têm um efeito imediato na rentabilidade

da indústria farmacêutica25. Esta mudança nas políticas de saúde pública intensificou a

concorrência dos medicamentos genéricos. Atualmente, os genéricos podem diminuir os

seus custos e tempo no processo de aprovação, ao demonstrar simplesmente que os seus

produtos contêm os mesmos ingredientes ativos, equivalentes ao do produto de marca.

Nos últimos anos, a taxa de sucesso na introdução de novos medicamentos no

mercado é só metade face ao que era anteriormente, mas os medicamentos

biotecnológicos possuem o dobro de probabilidades de obter a aprovação das agências de

25 Mundialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS), na sua tentativa de incentivar o uso racional dos medicamentos requer à comunidade internacional para que potencialize a prescrição por princípio ativo (DCI) e o consumo de medicamentos genéricos.

Page 144: Biotecnologia: Caracterização do Sector

144

medicamentos, comparados com os medicamentos químicos tradicionais, pelo menos nos

Estados Unidos, segundo novo estudo elaborado pela Associação BIO e Bio-MedTracker.

De facto, quase todas as empresas biotecnológicas relatam entre as suas grandes

fraquezas o lançamento de biogenéricos no mercado, fármacos de composição igual que

são autorizados quando vence a patente das marcas originais.

A indústria biotecnológica foi objeto de grandes debates e, em muitas ocasiões, causaram

na sociedade a existência de uma perceção negativa ou no mínimo um olhar de

desconfiança frente aos produtos biotecnológicos (por exemplo, os alimentos

transgénicos). No entanto, deve considerar-se que a perceção pública da biotecnologia foi

evoluindo ao longo dos anos e a perceção sobre as suas aplicações são recebidas pela

população com diversas opiniões, passando desde a aceitação incondicional (biotecnologia

aplicada à medicina), em alguns casos, até uma rejeição absoluta (biotecnologia aplicada

aos alimentos) em outros.

Além disso, devem considerar-se as questões éticas que surgem de determinadas

aplicações da biotecnologia (clonagem, investigação com células-tronco, etc.). A perceção

pública desempenha um papel crucial e não devemos esquecer que nas avaliações públicas

da biotecnologia intervêm numerosos fatores que com frequência são muito difíceis de

determinar.

Logicamente, a importante crise económica iniciada em 2009 trouxe importantes cortes

em inovação tanto do setor público como do privado. O setor biotecnológico precisa de

investimentos elevados em I&D sem esquecer o risco inerente que os seus projetos de

desenvolvimento de produtos carregam. Custo, risco e tempo de desenvolvimento são

fatores utilizados para valorizar um produto biotecnológico em desenvolvimento. Mas,

apesar de ter recuperado a confiança dos investidores, as empresas biotecnológicas

precisam de dezenas de milhões de euros para sobreviver.

Por outro lado, os fundos de investimento de capital de risco, que constituem uma via de

financiamento para as novas empresas biotecnológicas, adotaram uma estratégia de

prudência investidora.

Além disso, a indústria de capital de risco da UE, apesar das melhorias consideráveis

obtidas nos anos 1990, está ainda abaixo da dos Estados Unidos. À parte das já

Page 145: Biotecnologia: Caracterização do Sector

145

mencionadas, uma fraqueza característica da UE vem da forte oposição à utilização da

biotecnologia moderna nos setores agrícola e alimentar.

Outro fator que representa uma verdadeira fraqueza é o facto de que o setor

biotecnológico está constituído por pequenas e médias empresas de fundação

recente, uma boa parte das quais ainda não chegou a comercializar nenhum produto. Em

muitos casos, tornam-se pequenas empresas de biotecnologia depois de ter obtido uma ou

várias patentes resultantes de investigação desenvolvida no seio de universidades ou

instituições públicas, ou em colaboração com elas.

Trata-se de um setor formado por muitas empresas numa fase inicial de maduração, com

pouca massa crítica em grande parte dos casos e com níveis de maturidade pouco

avançados. As causas deste facto são diversas, mas podem ser encontrados importantes

indícios relacionados com a falta de conhecimento empresarial necessário para atingir

objetivos e alianças para fazer crescer a massa crítica. O que leva à impossibilidade de

ter um setor forte e com peso económico em curto prazo. Seria bom contar com mais

exemplos de empresas que já se tenham convertido numa grande empresa como modelo

para exercer um efeito reboque do setor.

Esta pequena dimensão gera uma forte dependência de fontes de financiamento

externas e de capital de risco e vivenciou uma diminuição da injeção de capital nestes

projetos como consequência da crise económica iniciada em 2009.

Também devem ser favorecidas fusões e aquisições que permitam às empresas

adquirir a massa crítica necessária para poder competir no mercado global e empreender

projetos de maior envergadura.

Além disso, e como consequência de alguns dos fatores anteriores, para algumas

empresas de biotecnologia os direitos de propriedade industrial e intelectual são, de

facto, o produto final. Não é invulgar encontrar empresas biotecnológicas que obtêm

invenções inovadoras, as protegem e, a seguir, as licenciam a empresas de maior tamanho

que dispõem de recursos para colocar o produto no mercado. É, pois, possível que essas

empresas não vendam nunca um produto no sentido tradicional, mas que gerem os seus

rendimentos obtendo, protegendo e licenciando inovações.

Page 146: Biotecnologia: Caracterização do Sector

146

Ao analisar o nível de transferência tecnológica dos centros geradores de

conhecimento para as empresas, evidenciado no número de pedidos de patentes,

observa-se que a Galiza não está à frente em muitos aspetos em relação a outras regiões

mais dinâmicas.

Por outro lado, em Portugal ainda é necessário desenvolver um sistema de promoção do

pessoal científico com a finalidade de interromper a fuga de cérebros a países

estrangeiros para projetos mais atraentes no estrangeiro, pela falta de políticas

relacionadas com a estabilidade laboral, a retribuição e o reconhecimento social da classe

científica.

Nesta linha, evidencia-se que os currículos académicos atuais apresentam uma verdadeira

brecha entre o que se ensina nas aulas e o que o mercado precisa, sobretudo ao nível

de idiomas e de gestão empresarial. Numa análise das empresas biotecnológicas catalãs

realizada por Biocat e que pode ser de aplicação ao caso português, foram detetadas quatro

áreas de melhoria prioritárias: reforço dos órgãos de direção estratégica (conselhos de

administração); desenvolvimento do negócio (análise de mercados e posicionamento);

estratégia de I&D e gestão da carteira de propriedade industrial. Para dirigir e superar

estas fraquezas, as empresas podem recorrer a profissionais internacionais de ampla

experiência, mas nem sempre contam com recursos para fazê-lo.

Outros fatores que dificultaram o desenvolvimento da biotecnologia ao longo do último ano

podem ter sido a orientação da oferta tecnológica pública ao mercado e a fraca

sensibilidade da administração pública face ao setor. É também importante considerar a

orientação da oferta tecnológica pública ao mercado além das dificuldades atuais para

conseguir financiamento para os projetos e a falta de informação sobre o mercado

biotecnológico.

Por último, torna-se fundamental o impulso da internacionalização. O esforço deve ser

orientado tanto para o estabelecimento de colaborações de I&D como à comercialização de

produtos e serviços avançados. Atualmente, a tendência da maioria dos agentes é olhar

excessivamente para o mercado interior, mas o setor deveria focar-se num âmbito mais

internacional desde o início da sua vida.

Page 147: Biotecnologia: Caracterização do Sector

147

Outras ameaças a considerar para o pleno desenvolvimento da biotecnologia na UE vêm da

concorrência de vários países. Os EUA foram pioneiros em biotecnologia e ainda são os

líderes. A União Europeia começou mais tarde e melhorou a sua posição

consideravelmente, mas sem os alcançar. Ficar atrás não só poderia atrasar os efeitos

de crescimento potenciais desta tecnologia, como também poderia provocar o

crescimento das barreiras de entrada que podem evitar um processo de equilíbrio

pleno com os EUA. À parte dos EUA, outros países emergentes como Canadá, Austrália

ou Israel estão a oferecer uma concorrência crescente.

Face ao panorama descrito anteriormente, identificou-se também uma série de aspetos

críticos do setor biotecnológico em Portugal, a considerar como parte dos pontos principais

da competitividade do setor nos próximos anos:

A biotecnologia é provavelmente um dos setores nos que se faz um uso mais intenso

da investigação.

A investigação básica e a aplicada costumam estar intimamente interrelacionadas no

âmbito biotecnológico.

O custo das investigações neste setor costuma ser muito elevado, por serem

projetos a longo prazo com um peso elevado na investigação básica.

A taxa de sucesso na introdução de novos medicamentos no mercado nestes últimos

anos é só metade do que vem sendo até agora.

A proteção dos resultados da investigação tem grande importância neste setor.

Os direitos de propriedade intelectual são, de facto, o produto final para algumas

empresas de biotecnologia.

São desvantagens na realização dos ensaios clínicos os eventuais atrasos no tempo

e a velocidade de recrutamento de pacientes.

Atraso em relação ao nível de inovação industrial (pedido de patentes e número de

licenças) em Portugal relativamente à Europa.

As empresas encontram dificuldades para avançar desde as fases iniciais até

estados de maturidade, até uma massa crítica mais avançada.

A indústria biotecnológica precisa de um enquadramento de atuação que assegure a

sua sustentabilidade a médio e longo prazo e incentive a atividade inovadora que a

caracteriza.

Limitada priorização estratégica da biomedicina no desenho da política pública de

I&D.

Page 148: Biotecnologia: Caracterização do Sector

148

É necessário conseguir uma maior coerência entre as políticas de investigação e as

de promoção económica.

A política de compras do setor sanitário público encontra-se desligada da rede

produtiva local e não atua como fator importante de procura.

Têm sido efetuados importantes cortes no investimento em I&D&I por causa da crise

económica iniciada em 2009.

Os produtos mais inovadores como são os biotecnológicos e os medicamentos

órfãos deveriam ser excluídos destes cortes.

Recuperação lenta dos mercados de capitais que influenciará o crescimento futuro e

a resistência do setor biotecnológico.

Observa-se uma fragmentação das iniciativas de I&D&I na área biotecnológica e um

escasso nível de interação entre elas.

Praticaram-se restrições financeiras ao sistema de saúde e às novas infraestruturas

tecnológicas e científicas projetadas neste âmbito.

Escassez de fundos privados e de capital de risco disponíveis para a criação de

empresas de base tecnológica e para financiar a I&D.

Elevado nível de complexidade na acreditação do sistema de I&D para efeitos

fiscais.

É necessário manter os níveis de investimento em investigação para que esta

constitua uma prioridade estratégica do país, assumida por todas as instituições e

forças políticas.

Confere-se uma elevada importância ao investimento de origem público no

financiamento da atividade biotecnológica.

Deve aumentar-se a eficácia dos fundos investidos, evitando as duplicidades e a

dispersão de recursos.

Os cortes no orçamento da saúde podem provocar a perda da capacidade de

inovação por parte das empresas inovadoras.

Ainda existem certas reticências sociais ao uso das biotecnologias.

É necessário procurar formas para impulsionar a transferência de tecnologia no

sistema de investigação público e converter a investigação em inovação para que

chegue à população.

Há uma escassa orientação da oferta tecnológica pública face ao setor e ao

mercado.

Page 149: Biotecnologia: Caracterização do Sector

149

Escassa cooperação público-privada e elevado nível de incerteza nas atividades de

I&D.

Inexistência em Portugal de um cluster biotecnológico de caráter nacional que

concentre agentes das diferentes etapas da cadeia de valor do setor e que atue

como interlocutor único em relação à administração.

Reduzida capacidade de alguns agentes existentes na atualidade para acompanhar

projetos empresariais específicos na área de biotecnologia.

Ausência de uma transferência efetiva e uso do conhecimento e utilização do mesmo

na criação de valor e fortalecimento da rede económica.

Grande desenvolvimento da biotecnologia em outros pontos do mundo, com a

consequente atração de especialistas a estes territórios, dificultando assim a criação

de massa crítica no território nacional.

Setor empresarial incipiente, integrado com pequenas empresas e com pouca cultura

de cooperação.

Em muitos casos, pode haver uma possível divergência entre a política de patentes

seguida nas universidades e centros de investigação e a estratégia das empresas.

É necessário contar com empresas que exerçam um efeito reboque sobre as

empresas recentemente criadas.

Pouca coordenação entre o sistema de saúde e o setor empresarial.

É conveniente favorecer fusões e aquisições que permitam às empresas adquirir

massa crítica.

Baixo nível de inovação tecnológica nas empresas portuguesas de biotecnologia,

exceto no caso das spin-offs.

Há uma prevalência de grupos de investigação de tamanho pequeno e médio.

Precisa-se, pois, de um sistema de promoção do pessoal científico com a finalidade

de reduzir a fuga crescente de cérebros para países estrangeiros.

São percebidas importantes carências ao nível de conhecimentos empresariais e de

gestão.

Existem divergências entre o currículo académico dado nos centros de formação

superior e a procura do mercado laboral, o que debilita o posterior crescimento do

setor.

Procura-se a criação de mais espaços de bioincubação e parques científicos.

Há uma carência de infraestruturas de investigação avançadas transversais.

Page 150: Biotecnologia: Caracterização do Sector

150

Observa-se a emergência de novos competidores internacionais também no âmbito

da investigação.

O setor biotecnológico deveria dirigir a sua atenção a um âmbito mais internacional e

orientar-se para a empresa desde as primeiras fases de vida dos projetos.

Page 151: Biotecnologia: Caracterização do Sector

151

11. TENDÊNCIAS NO SETOR BIOTECNOLÓGICO

11.1. À espera do Horizonte 2020

O lançamento do novo programa europeu de investigação e inovação Horizonte 2020 que

substituirá o 7.º Programa-Quadro a partir do 1 de janeiro de 2014, responde à nova

estratégia Europa 2020 em converter a União Europeia numa economia baseada no

conhecimento, mais competitivo e dinâmico, capaz de crescer economicamente de maneira

sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social.

O novo programa Horizonte 2020 pretende contribuir para nova estratégia e é o maior

programa integrado de investigação e inovação do mundo, com uma dotação estimada de

80.000 milhões de euros até 2020. A proposta da Comissão tem como uma das prioridades

simplificar os procedimentos administrativos para que os agentes de I&D obtenham

subvenções para os seus projetos em melhores condições, aliviando prazos burocráticos e

estabelecendo uma única percentagem por ação em vez das diferentes taxas que

atualmente se aplicam em função do tipo de entidade, atividade ou outras variáveis.

Uma das principais novidades que apresenta Horizonte 2020 é o agrupamento num

mesmo programa de todas as diferentes iniciativas de apoio à investigação e à

inovação nas suas diferentes fases, pelo que se termina com a divergência de

programas, procedimentos geridos pela União Europeia, que encaram as empresas quando

enfrentam uma ajuda europeia.

A proposta da Comissão para o Horizonte 2020 estabelece três linhas de atuação:

A primeira trata da ciência de excelência para financiar projetos de investigação

básica de fronteira do conhecimento, fomentar a mobilidade e a carreira do

investigador e as Tecnologias Futuras e Emergentes (FET);

A segunda refere-se à liderança industrial onde se incluem os projetos sobre

Tecnologias Facilitadoras Industriais como as TIC, Nanotecnologias, Materiais,

Biotecnologia, Fabricação, etc., bem como os instrumentos de financiamento para as

PME e o capital de risco;

Page 152: Biotecnologia: Caracterização do Sector

152

A terceira e última abrange a investigação sobre desafios sociais como a saúde,

mudança demográfica e bem-estar, alimentação e agricultura sustentável, energia,

mudança climática, transporte e segurança.

Sob esta premissa, a indústria da biotecnologia pode desenvolver um papel crucial

para ajudar e potenciar os setores de principal aplicação desta tecnologia e de

consumo da mesma (setores como o da saúde, agroalimentar, ambiental, energético,

têxtil, entre outros), impulsionando o seu crescimento em produtividade,

competitividade e emprego.

No entanto, para converter o setor biotecnológico num dos motores da economia em

Portugal, é preciso integrar toda a cadeia de valor da indústria através de um novo

agente que atue como interlocutor entre o setor biotecnológico e o resto, liderando

assim as ações em relação à nova estratégia europeia 2020.

11.2. Tendências do setor biotecnológico

Tal e como conclui o estudo realizado no enquadramento do projeto Bioemprende26, as

tendências mundiais revelam que a competitividade dos países, das regiões e das

empresas se apoia sobre propostas diferenciadoras, oferecendo serviços e produtos

de valor acrescentado através da aplicação de tecnologias e modelos de negócio,

onde a I&D&I jogam um papel fundamental. Também, a cooperação com os centros

geradores de conhecimento (quer sejam universidades, centros tecnológicos ou de

investigação) faz parte das tendências globais para a mudança de paradigma para o que se

conhece como Economia do Conhecimento, sendo esta ligação estreita, e o fluxo de

intercâmbio de conhecimentos (tecnológicos e de mercado) os pilares de desenvolvimento,

que deve utilizar mecanismos de proteção da propriedade industrial para assegurar relações

de confiança e simbiose a longo prazo.

Uma vez realizado no presente estudo o diagnóstico da biotecnologia em Portugal e

conhecida a situação da mesma a nível mundial, observa-se que apesar das crises que

estão a afetar a economia mundial, este setor resiste e até mostra índices de crescimento

em todos os aspetos. No entanto, trata-se de um setor relativamente jovem com pouco peso

26 Diagnóstico do Setor da Biotecnologia na Eurorregião Galicia-Norte de Portugal 2011. Bioemprende

Page 153: Biotecnologia: Caracterização do Sector

153

na estrutura económica portuguesa, se bem que é certo que nas condições da economia do

país, postula-se como um dos motores de desenvolvimento, que baseia o seu

crescimento na aposta em I&D&I e a aplicação da inovação tecnológica que permite

criar novos produtos e processos de um alto valor acrescentado.

Aliás, os investidores veem a biotecnologia como um dos setores com mais

crescimento potencial ao poder aplicar os resultados que nele se geram em muitas

outras indústrias, de maneira que setores como o têxtil, o da saúde, agroalimentar,

ambiental ou energético, entre outros, podem beneficiar dos produtos ou processos

desenvolvidos pela biotecnologia.

Em seguida, apresentam-se algumas das principais tendências para cada uma das três

categorias da biotecnologia: vermelha, branca e verde.

Subárea Tema Tendência

Biotecnologia

vermelha

Conceção de organismos

para produzir antibióticos.

Desenvolvimento de vacinas

mais seguras e novos

fármacos.

Desenvolvimento de terapias

regenerativas.

Desenvolvimento da

engenharia genética para

curar doenças através da

manipulação génetica

Produzir metabólitos cuja análise qualitativa

e quantitativa produza novas alternativas à

medicina.

Desenvolvimento em bioterapias que inclui

engenharia de tecidos, estudos em células-

tronco, vacinas terapêuticas, vírus líticos,

ARN.

Biotecnologia

branca

Captura de CO2

Manejo de resíduos

Biocombustíveis

Enzimas

Processo de geração de

valor

Biopolímeros

Aproveitamento de resíduos

lenhocelulósicos para a produção de

etanol.

Manejo de vinhaças da indústria do álcool

carburante.

Aproveitamento de biomassa residual para

a produção de alimentos, combustíveis,

compostos químicos e energia.

Em produtos industriais de enzimas

trabalha-se com protéases, carbohidrases,

liposes, pectinoses, celuloses e anilases,

Page 154: Biotecnologia: Caracterização do Sector

154

Subárea Tema Tendência

etc.

Análises, conceção, simulação, aplicação e

otimização de obtenção de matérias-

primas, de pré-tratamento, esquemas de

reação, tecnologia de separação e ciclo de

vida da produção de biodiesel, etanol e

biocombustíveis de primeira.

Integração industrial dos bioprocessos.

Desenvolvimento e investigação em

materiais lenhocelulósicos, glicerol e algas.

Aproveitamento termoquímico da biomassa

para a produção de combustíveis e energia

por liquefação, pirólise e gasificação.

Práticas e estratégias para aumentar os

padrões de sustentabilidade de empresas

através do manuseamento de resíduos.

Redução, reciclagem e recuperação de

matérias-primas.

Fixação de CO2 a partir de algas.

Procura de microrganismos para fixar CO2

e produção de metabólitos.

Catálise para a conversão de CO2.

Captura de CO2 via química em forma de

carbonatos.

Biorremediação

Biotecnologia

verde

Conceção de plantas

transgénicas capazes de

crescer em condições

ambientais desfavoráveis.

Conceção de plantas

resistentes a pragas e

doenças.

Produção de soluções que

respeitem o ambiente em

comparação com os métodos

tradicionais da agricultura

Modificação de genes em plantas para

obter formas, texturas e propriedades que

facilitem o cultivo, a recolha, o

armazenamento e a qualidade.

Engenharia genética voltada à

fitorremediação.

Aumento da produtividade no cultivo por

reciclagem de energia metabólica.

Aumento de produção de matérias-primas

para biocombustíveis.

Modificação de genes em bovinos para a

Page 155: Biotecnologia: Caracterização do Sector

155

Subárea Tema Tendência

industrial. Exemplo:

biopesticidas e

biofertilizantes.

Desenvolvimento de animais

resistentes a doenças e

pragas.

Aumento da biomassa

animal e vegetal em zonas

rigorosas

obtenção de produtos lácteos com

características específicas.

Combinação genética de espécies para a

obtenção de novos materiais.

Desenvolvimento de novas vacinas.

11.3. Tendências nos principais setores que aplicam a biotecnologia

O estudo “Biotecnologia e Inovação na indústria, estudo de oportunidades

tecnológicas e de mercado” 27 elaborado por COTEC Portugal realiza uma análise sobre

os setores que consomem ou utilizam mais biotecnologia e que marcarão o futuro do setor.

Estes setores são os seguintes:

O setor têxtil

Os desenvolvimentos tecnológicos realizados por grandes empresas com vista à resolução

de problemas técnicos e à criação de novas oportunidades para o seu negócio têm cada vez

mais servido de motor ao desenvolvimento do setor como um todo. A biotecnologia, em

particular, tem vindo a distinguir-se nos últimos tempos pelas suas mais variadas

aplicações na indústria têxtil, que vão desde alternativas tecnológicas a nível da fibra

ou do tecido até ao melhoramento e à otimização dos processos de fabrico, passando

pelo desenvolvimento de novos materiais com novas características de acabamento,

toque e funcionalidades, e chegando mesmo a aplicações que reduzem os custos

energéticos, de água, e do impacto ambiental. Neste último aspeto, a consciencialização

dos consumidores para aspetos ligados ao ambiente atua como uma força motriz para o

desenvolvimento de soluções mais ecológicas.

27 Estudo realizado pelo Instituto Superior Técnico IN+, para COTEC Portugal e Fundação Luso-Americana.

Page 156: Biotecnologia: Caracterização do Sector

156

Exemplos de biotecnologias aplicadas ao setor têxtil são os seguintes: sondas de

ADN, biossensores, anticorpos monoclonais, plantas geneticamente modificadas, algodão

naturalmente colorido, organismos transgénicos, tosquia biológica, biopolímeros, produção

de corantes, degradação de corantes por via enzimática ou bacteriana, têxteis técnicos e

funcionais, uso de enzimas para processamento têxtil.

A área dos Têxteis Técnicos e Funcionais em Portugal surge como uma oportunidade de

diferenciação, diversificação e criação de valor acrescentado por parte das empresas de

forma a diferenciar-se da concorrência. Esta não será certamente uma solução para todas

as empresas mas poderá ser aproveitada por as que tenham a capacidade de diversificar as

suas atividades e tenham também capacidade financeira para o concretizar.

Por outro lado, a utilização de enzimas no processamento têxtil tem sido de fundamental

importância para a indústria devido ao facto de estas moléculas poderem catalisar reações

de um modo altamente específico e seletivo. Com a intensificação do estudo de processos

biotecnológicos alternativos aos tradicionais, tem-se procurado isolar e produzir enzimas

capazes de suportar condições de operação mais agressivas, com melhor desempenho,

melhor versatilidade nos processos, com tempos de vida mais longos e economicamente

mais atrativas. A utilização de enzimas nas diferentes fases do processamento têxtil é uma

área estabelecida e com claro potencial de crescimento.

O setor agroalimentar

Sendo de origem biológica a maioria das matérias-primas utilizadas no setor de Alimentação

e Bebidas, é natural que a biotecnologia esteja presente nos processos de produção

dos alimentos e de controlo de qualidade dos mesmos, e que se constitua como uma

ferramenta que permita a produção de novos aditivos/ingredientes alimentares ou novos

alimentos. De facto, a biotecnologia é reconhecida como uma das ferramentas mais

promissoras para a inovação e o crescimento no setor de alimentação e bebidas. O setor

alimentar continua a ser aquele que mais utiliza a biotecnologia, fruto da sua introdução há

milhares de anos, particularmente no fabrico de cerveja, vinho, pão e iogurte, com base em

conhecimento empírico e muito antes da perceção dos mecanismos biológicos subjacentes

à preparação daqueles alimentos.

Page 157: Biotecnologia: Caracterização do Sector

157

Atualmente, as aplicações biotecnológicas no setor são muito diversas e sustentadas por

conhecimento científico; por exemplo:

Melhoria dos processos

Utilização de enzimas para o processamento de sucos, queijos, vinho, óleos

alimentares.

Processos biotecnológicos implementados em larga escala para a produção de

adoçantes, aromas, vitaminas, aminoácidos, entre outros suplementos

alimentares de caráter técnico (com influência no processo ou nas características

físicas do produto) ou funcional (com potencial efeito no organismo).

Utilização da biotecnologia na seleção de microrganismos mais produtivos e

eficientes mesmo em processos mais tradicionais, nos quais a ação dos

microrganismos é utilizada para processar a matéria-prima ou para conferir

aromas e texturas aos alimentos.

Novos alimentos

Emergência de uma nova geração de alimentos, nos quais, para além da

nutrição convencional, se pretende potenciar efeitos benéficos para a saúde,

sendo exemplos os probióticos (microrganismos presentes no alimento que vão

desempenhar funções relevantes no organismo, por exemplo, regulação da flora

intestinal) ou os alimentos com baixo teor de alergénios (nos quais a

probabilidade de reação alérgica é reduzida ou eliminada). A produção de

alimentos que permitam atingir estes objetivos só é possível após uma apurada

investigação científica sobre o alimento, as suas alterações quando processado

durante o fabrico e pelo consumidor antes da sua ingestão, e sobre os efeitos in

vivo.

Produção de alimentos modificados geneticamente, com ganhos na eficiência do

seu processo produtivo e também com vantagens nutricionais. Tal já acontece

em vários países desenvolvidos, mas na Europa a resistência do consumidor, a

pressão política e das ONG europeias têm limitado a sua chegada ao mercado.

Perspetiva-se ainda que os alimentos possam vir a ser utilizados como veículos

de agentes terapêuticos ou vacinas.

Qualidade e segurança alimentar

A biotecnologia tem sido também um aliado no desenvolvimento de métodos

modernos e rápidos de controlo de qualidade alimentar, desde o controlo

Page 158: Biotecnologia: Caracterização do Sector

158

microbiológico convencional dos alimentos até técnicas utilizando chips de ADN

na deteção rápida de organismos patogénicos ou técnicas de biologia molecular

utilizadas na deteção e quantificação de organismos geneticamente modificados

nos alimentos.

Os exemplos não exaustivos referidos mostram que a inovação tecnológica no

setor alimentar abrange campos tão distintos da biotecnologia como a biologia

molecular, biologia de sistemas, nutrigenómica, microbiologia e engenharia de

bioprocessos, para citar apenas alguns.

Page 159: Biotecnologia: Caracterização do Sector

159

Tendências europeias

As áreas prioritárias de inovação para o setor de Alimentação e Bebidas, nas quais a

contribuição da biotecnologia se prevê crucial. De notar que estas áreas irão merecer

atenção especial na agenda europeia de investigação, desenvolvimento e inovação no setor

alimentar, através de diversos instrumentos a ser implementados durante o 7º Programa-

Quadro.

Alimentação e Saúde. A introdução de novos hábitos alimentares com base em

desenvolvimentos nas ciências da nutrição e de novos formatos de produtos

inovadores pode ter um impacto significativo na melhoria da qualidade de vida das

populações. São áreas prioritárias de investigação com potencial oportunidade para

a biotecnologia:

Novas estratégias para otimizar o crescimento e desenvolvimento mental nas

crianças; o controlo da massa corporal no adulto, com manutenção da função

muscular e prevenção da obesidade; o bom desempenho do sistema imunitário;

a saúde do trato gastrointestinal; a redução da incidência de doenças

cardiovasculares, de diabetes, de artrite, osteoporose e cancro; influência da

dieta no processo de envelhecimento;

Fortalecimento da base científica em áreas de interface entre a nutrição e a

saúde, tais como a biologia de sistemas, a nutrigenómica e o desenvolvimento de

biomarcadores.

Qualidade dos Alimentos e Tecnologias de Fabrico: Prevê-se o investimento no

desenvolvimento de tecnologias de fabrico inovadoras no sentido de responder às

exigências dos consumidores para produtos novos de elevada qualidade, com

melhores propriedades organoléticas e conveniência de uso. As principais áreas de

investigação com potencial oportunidade para a biotecnologia são:

Melhoria das propriedades organoléticas: redução de açúcar e gordura nos

alimentos sem comprometer as propriedades organoléticas; melhor compreensão

da dinâmica da perceção sensorial desde o recetor até ao cérebro; tecnologias

para a produção de novos alimentos com novas texturas e propriedades

organoléticas.

Inovação nos processos de fabrico, utilizando tecnologias que minimizem a

produção de subprodutos e resíduos; implementação de técnicas analíticas em

Page 160: Biotecnologia: Caracterização do Sector

160

tempo real a aplicar na receção das matérias-primas e no controlo do processo;

desenvolvimento de tecnologias de embalagens inteligentes ou ativas;

desenvolvimento de novos bioprocessos para a produção de novos ingredientes.

Segurança Alimentar: A necessidade de se produzir alimentos através de

procedimentos que garantam uma elevada segurança alimentar e que mereçam total

confiança dos consumidores é crescente, bem como as obrigações regulamentares,

abrindo oportunidades à investigação biotecnológica nas seguintes áreas:

Desenvolvimento de sistemas de rastreio e identificação de proveniência da

matéria-prima; estudos de vigilância e epidemiologia; ecofisiologia em

microbiologia alimentar e estudo de interações hospedeiro-microrganismo e

alimento-microrganismo; estudo dos mecanismos moleculares de emergência de

novos vírus, parasitas ou microrganismos patogénicos; redução ou eliminação de

testes em animais para avaliação da segurança alimentar.

O setor ambiental

O crescimento do setor poderá ser estimulado, em alguns casos, pelo cumprimento dos

documentos jurídicos em vigor ou prestes a entrar em vigor, devendo as empresas estar

atentas às oportunidades que as ações legislativas e regulamentares podem abrir, como por

exemplo as alterações que podem surgir no âmbito do regulamento das descargas de

águas residuais, passando a ter-se em conta não apenas a concentração da carga

poluente do efluente, mas também o caudal dos efluentes, de modo a se evitar a

mitigação da poluição por diluição. Estes pontos serão sempre um reflexo do facto mais

geral e óbvio de que, para se tornarem mais sustentáveis e competitivas, as empresas

devem sobretudo ser capazes de modificar continuamente os seus produtos, ou lançar

novos produtos, serviços e processos, que sejam mais ecoeficientes do que os

anteriores – e as empresas do setor ambiental servem precisamente para disponibilizar os

meios que permitam ao resto da indústria alcançar esse objetivo. Um exemplo de como

medidas legislativas ou regulamentares podem influenciar a atividade das empresas e dos

mercados é dado pelo caso do Mercado Europeu de Carbono.

Como conclusão, poder-se-á afirmar que, de modo a responder ao desafio da

competitividade num mercado global, as necessidades de evolução tecnológica no seio do

setor ambiental são elevadas, prevendo-se um aumento da dependência em relação às

Page 161: Biotecnologia: Caracterização do Sector

161

novas tecnologias de modo a tornar o setor ambiental mais competitivo e cada vez mais

relevante economicamente. A partir deste pressuposto poder-se-á então analisar a mais-

valia introduzida pela biotecnologia, e em particular os seus avanços mais recentes, no setor

ambiental. Poder-se-á também, especificamente, avaliar a atuação e as potencialidades do

Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) português relativas à competitividade

e desempenho do setor, avaliando ao mesmo tempo a recetividade do tecido empresarial no

que diz a respeito à incorporação de soluções tecnológicas inovadoras.

Biotecnologia e o ambiente

De entre as várias aplicações da biotecnologia no setor do ambiente poder-se-ão salientar

as seguintes:

O tratamento de efluentes domésticos e industriais (remoção de carga orgânica,

remoção de cor, remoção de nutrientes, digestão anaeróbia, entre outros).

O processamento biológico de subprodutos (lamas) e resíduos (biomassa) com vista

à sua valorização.

A biomonitorização de processos de tratamento de efluentes domésticos, industriais

e agrícolas.

A biomonitorização e deteção de agentes patogénicos, e outros, no ambiente.

A biorremediação de solos e águas subterrâneas (in situ, ex situ e “on-site”,

reabilitação de áreas contaminadas, biodegradação de moléculas xenobióticas e

recalcitrantes, fitorremediação).

O melhoramento de estirpes microbianas em relação à sua capacidade de

biorremediação em larga escala.

O uso de microrganismos geneticamente melhorados em ambientes confinados e

controlados (com propriedades degradadoras – bioadição, bioestimulação – com

capacidade biossurfactante).

A dissolução e precipitação de minerais e remoção de metais pesados, mediada por

microrganismos (bioleaching).

O tratamento de efluentes gasosos – extração e degradação de compostos

orgânicos voláteis em efluentes gasosos.

De notar que de entre as linhas citadas, algumas têm como objetivo a atenuação de

situações indesejáveis imediatas (air stripping, digestão anaeróbia) e outras perspetivam

soluções ou aproveitamento de oportunidades a longo prazo (tipicamente a

fitorremediação ou a biomonitorização). Existem também diferenças de custo entre as várias

Page 162: Biotecnologia: Caracterização do Sector

162

abordagens. Sendo assim, é lógico que algumas tecnologias – especialmente as que

poderão resolver problemas imediatos – tenham, inicialmente, uma maior facilidade em ser

assimiladas por parte de empresas. É importante realçar, no entanto, que as soluções a

longo prazo são frequentemente aquelas que têm melhor desempenho e no seu conjunto se

traduzem em maiores benefícios para as empresas, sendo por isso, muitas vezes, as mais

valiosas em termos estratégicos.

O setor energético

A produção de energia recorrendo a tecnologias de base biotecnológica tem recebido

particular atenção frente às questões sensíveis com que o setor se depara. A intervenção da

biotecnologia na produção de energia incide sobretudo (i) ao nível dos processos de

conversão, como nos casos da produção de bioetanol, biogás ou bio-hidrogénio e (ii)

no melhoramento de matérias-primas vegetais, utilizadas para a produção de

biocombustíveis líquidos e/ou energia elétrica.

Relativamente aos processos, o crescente conhecimento científico nas ciências da vida tem

permitido um aumento da compreensão dos fenómenos inerentes ao processamento

biológico, possibilitando melhorar e otimizar os processos, quer pela seleção de

microrganismos mais capazes e eficientes, quer pela aplicação dos avanços mais recentes

da biotecnologia. A aplicação da tecnologia do ADN recombinante (i.e. engenharia

genética), em particular, permite desenvolver estratégias promissoras para ultrapassar

dificuldades e deficiências tecnológicas atuais, através do desenvolvimento de

microrganismos com capacidades previamente não existentes. Por outro lado, o

desenvolvimento de novas enzimas tem permitido não só otimizar as aplicações já

existentes e reduzir os custos, mas também abrir a possibilidade de se processarem

diferentes matérias-primas, até então não passíveis de serem valorizadas energeticamente.

Ambas as abordagens se enquadram na denominada “biotecnologia industrial” (ou

biotecnologia “branca”), que está atualmente a gerar expectativas de ponta, nomeadamente

devido ao potencial de obtenção de biocombustíveis competitivos e de substituição dos

atuais produtos derivados da refinação do petróleo.

Ao nível das matérias-primas, por outro lado, o melhoramento de espécies vegetais, ainda

que muitas vezes tendo em vista outras aplicações, tem permitido o desenvolvimento de

Page 163: Biotecnologia: Caracterização do Sector

163

espécies com características condicentes com uma aplicação industrial mais rentável e

sustentável, incluindo no setor energético.

Alguns exemplos de tipo de aplicações biotecnológicas hoje em curso e seus

objetivos são:

Desenvolvimento de microrganismos geneticamente modificados ou melhorados

para fins industriais – “fábricas celulares” (maiores rendimentos de produção de

etanol; maior tolerância ao etanol e a produtos da pré-hidrólise; capacidade para

metabolizar pentoses, ou seja, potencial de utilização de toda a massa vegetal como

matéria-prima).

Desenvolvimento de tecnologias de sacarificação para pré-tratamento de biomassa

lenhocelulósica, possibilitando o aproveitamento industrial de 100% da planta.

Desenvolvimento de processos integrados de produção de bioetanol (sacarificação e

fermentação em simultâneo).

Desenvolvimento de novas enzimas recombinantes com maior estabilidade e

eficiência de conversão de amido ou outros polímeros (ex. celulósicos) em açúcares

fermentescíveis.

Desenvolvimento de tecnologias eficientes de digestão anaeróbia.

Produção de hidrogénio recorrendo a microrganismos fotossintéticos.

Melhoramento genético das características de plantas para fins energéticos

(crescimento mais rápido; maior resistências a condições de stress abiótico e biótico;

alteração da composição química).

A previsão de tendências futuras e perspetivas de novas oportunidades de negócios,

com:

Biocombustíveis – biodiesel e bioetanol;

Valorização energética de biomassa lenhocelulósica;

Valorização energética de resíduos (ETARs e indústrias agropecuárias e

agroalimentares);

Plantações energéticas.

Page 164: Biotecnologia: Caracterização do Sector

164

O setor da saúde

Como vimos na parte de análise das diferentes subdivisões biotecnológicas, as

empresas representativas da biotecnologia vermelha (ou da saúde) constituem a maior

fonte de emprego e volume de faturação do setor. O número de empregos que gera este

setor tem aumentado e os rendimentos destas empresas atingiram o seu ponto mais alto.

Como se constata no observatório de Bioemprende28, as tendências e as potencialidades

da biotecnologia aplicada ao setor, em comparação com a síntese química, são maiores e

com altas capacidades de investimento em I&D.

Consideram-se como grandes tendências tecnológicas a curto e médio prazo na

aplicação da biotecnologia ao setor da saúde:

O desenvolvimento de fármacos baseados na proteómica e na genómica;

O diagnóstico molecular e o prognóstico de doenças, através do desenvolvimento de

microarrays e biochips de ADN;

A terapia celular e a engenharia de tecidos, desenvolvidos através da engenharia de

órgãos e tecidos e a biomecânica e a utilização de células pluripotenciais;

A terapia genética, através da introdução de material genético em células para

combater ou impedir doenças, sendo esta tendência tecnológica a mais longo prazo

de aplicação, e considerando-se como a base da medicina do futuro.

A biotecnologia não só se aplica à produção de fármacos, mas também ao

desenvolvimento de terapêuticas inteligentes, à busca de novas formas de

administração, à identificação de biomarcadores aplicados à saúde, aos biomateriais (com

possibilidades de reconhecimento molecular ou sensíveis a mudanças biológicas) ou à

descoberta de novas técnicas de avaliação.

São todos estes campos os que abrem enormes possibilidades a novas empresas,

bioempreendedores e bioempresários, onde não é necessário competir pelo espaço

ocupado pelas grandes corporações farmacêuticas (grandes players mundiais com ampla

capacidade de I&D&I), senão encontrar um espaço para a especialização e a identificação

de nichos de mercado que permitam construir apostas sólidas.

28 www.bioemprende.eu

Page 165: Biotecnologia: Caracterização do Sector

165

Desta forma, o motor e o vetor de desenvolvimento da biotecnologia aplicada ao setor da

saúde será a investigação desenvolvida pelos grupos de investigação e espera-se que o

setor se desenvolva através da criação de novas empresas de base biotecnológica,

prestando serviços e comercializando produtos em nichos de mercado ou através de

empresas altamente especializadas e com um segmento de mercado reduzido para as

expectativas económicas dos grandes grupos.

Será também especialmente importante a criação de mecanismos de proteção da

propriedade industrial, de proteção de resultados e de transferência de tecnologia

(patentes, contratos e licenças) para a comercialização de resultados de investigação por

parte de empresas já estabelecidas e dos grupos de investigação, quando estes resultados

tenham interesse para a indústria farmacêutica de forma genérica e para estabelecer

relacionamentos de cooperação duradouras e de confiança mútua.

11.4. A inovação aberta e a difusão das capacidades

Devido à fraqueza detetada na transferência do conhecimento gerado nos organismos

públicos de investigação e no tecido empresarial, a necessidade de mostrar às empresas

os resultados e as capacidades de investigação deveria ser uma das principais

preocupações de universidades, organismos de investigação e centros tecnológicos.

Entre os instrumentos de que se podem valer os organismos para promover as suas

capacidades destacam-se: o sítio Web das próprias instituições, laboratórios, grupos ou

institutos universitários, a web 2.0 e as redes sociais, a comunicação presencial por parte

dos próprios investigadores ou dos técnicos atribuídos a estas tarefas, entre outros.

Sendo o contacto direto com clientes potenciais o caminho mais direto, os intermediários

organizados em torno das redes de transferência de tecnologia (de difusão tecnológica,

de intercâmbio de conhecimentos, de interação social, de inovação aberta, etc.) constituem

uma via fundamental para aceder à maioria do mercado. Nesta linha, os market place

tecnológicos são uma alternativa eficaz para a promoção e difusão da tecnologia de grande

interesse para os centros públicos de investigação. Trata-se de um local de encontro online

Page 166: Biotecnologia: Caracterização do Sector

166

para facilitar que empresas e cientistas identifiquem colaboradores em outras empresas ou

instituições29.

Além deste tipo de iniciativas, para gerir a transferência tecnológica é preciso recorrer a

tipologias de agentes como brokers e consultores privados (fundamentalmente

consultores de inovação e transferência de tecnologia ou technology brokers), redes de

inovação aberta nas que as próprias empresas destinatárias da tecnologia são as que levam

a iniciativa de procurar essas tecnologias ou investigações do seu interesse mediante a

proposta de um problema ou desafio tecnológico, ou as redes empresariais, que são

iniciadas por grandes empresas que sentem a necessidade de criar relações mais estáveis

e intensas com os fornecedores do meio científico e tecnológico, tanto académicos como

empresariais.

Em qualquer caso, embora os locais de oferta e procura podem provocar um conhecimento

das oportunidades por um lado, ou por outro, o desenvolvimento da transferência de

tecnologia necessita do contacto pessoal.

À margem das explicações anteriores, e para efeitos práticos de transferência de tecnologia

e conhecimento, o valor de uma rede é a relação entre os seus membros. A confiança

entre os componentes da rede, bem como as suas qualidades, são sem dúvida os ativos

mais valiosos, independentemente do apoio financeiro ou do suporte oficial que tenha por

trás. De facto, muitas relações informais entre técnicos de transferência de tecnologia

possuem uma alta capacidade de resultados ao serem capazes de chegar a muitos

contactos pessoais (efeito viral).

Neste sentido, o desenvolvimento das redes de transferência de tecnologia cresce em

paralelo ao das redes sociais geradas na Internet. São redes que avançam com uma força

imparável no âmbito dos contatos pessoais, como Facebook ou Myspace, ou profissionais,

como Xing ou LinkedIn. Num futuro próximo, sem dúvida, este tipo de iniciativas

convergirão com as redes de transferência de tecnologia existentes hoje em dia para

se complementarem entre si. Prova disso são os grupos específicos que se criam nas

redes sociais da Internet entre membros de universidades, centros tecnológicos ou outras

29 Funciona como um banco de dados organizado, onde reside informação tecnológica organizada e codificada, com o objetivo de aproveitar o conhecimento existente nos âmbitos intensivos em I&D por parte do meio empresarial. Mais que redes de transferência de tecnologia, este tipo de iniciativas incluir-se-iam melhor no conceito de sítio Web tecnológico, que costumam a ter, além de uma proatividade na procura de parceiros tecnológicos.

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167

redes de transferência de tecnologia, que veem nestas plataformas outro canal de conversa

para chegar às empresas, as quais encontram também ali o seu espaço.

11.5. A internacionalização como saída da crise nas empresas

biotecnológicas

O cenário atual em que se desenvolve a atividade económica caracteriza-se por uma crise

económica sem precedentes, que afetou de maneira preocupante numerosos países, entre

eles Portugal, e mais concretamente a sua malha empresarial. A queda dos lucros e do

emprego, as dificuldades de acesso ao crédito e a contração dos mercados são aspetos que

marcaram de forma notável o suceder da economia nacional nos últimos anos.

Para superar esta situação e conseguir o sucesso competitivo, uma opção é a potenciação

da estratégia internacionalizadora. Com independência da opção eleita, a conceção de

uma estratégia adequada de saída ao exterior é uma clara fonte de vantagem

competitiva. Portanto, a procura de novos mercados, quer em países onde os efeitos da

crise abrem oportunidades de negócios para setores e empresas mais competitivos que os

agentes já instalados neles, ou quer em países menos afetados pela crise ou com

expectativas de crescimento rápido e significativo, propõe-se como uma alternativa de

avanço interessante para as PME.

Em definitivo, este panorama deve animar as empresas em geral a aproveitar as diversas

iniciativas de internacionalização que existem em diferentes níveis e de diferentes

organismos, de tal maneira que iniciem, com as máximas garantias, um verdadeiro processo

de penetração em mercados exteriores, fazendo valer as suas vantagens competitivas para

além das fronteiras que delimitam o mercado interior, como um dos fatores que podem

contribuir à superação e saída da crise.

A internacionalização deixou de ser uma opção, e converteu-se numa saída à crise

atual e à falta de procura interna. As empresas que se atreveram a sair para o exterior,

assinalam que os fatores que mais as motivaram para se internacionalizaram foi a positiva

evolução da procura externa, seguida pela concorrência em qualidade e o tipo de mudança.

Graças à atual situação é importante animar as empresas a começarem os seus processos

de internacionalização, já que o mercado nacional não é suficiente para amortizar todas as

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despesas que uma empresa que faz I&D tem e a solução pode vir dos mercados externos.

A ideia de empresa deve ser global e deve inovar durante todo o seu ciclo de vida.

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12. PROPOSTA ESTRATÉGICA PARA O SETOR BIOTECNOLÓGICO EM

PORTUGAL

12.1. A abordagem da política estratégica. A figura do cluster

A partir do diagnóstico do setor biotecnológico em Portugal retira-se uma série de

conclusões que afeta diretamente o futuro da cadeia produtiva do setor.

Esta análise evidencia a necessidade de criar uma nova figura, agente, que lidere o setor

em Portugal e integre os atores das diferentes etapas da cadeia de valor do setor

biotecnológico do país. Os agentes suscetíveis de integrar esta nova figura são: empresas

do setor, instituições, centros tecnológicos, associações biotecnológicas, parques

tecnológicos, universidades, entre outros.

Este agente deve apoiar a geração e aplicação de conhecimento científico e

tecnológico, bem como a transferência e comercialização de tecnologia neste tema, a fim

de gerar produtos, processos e/ou serviços inovadores em Biotecnologia Aplicada, que

atendam com excelência a procura do mercado, sirvam de base para a criação de novas

empresas e ajudem o desenvolvimento económico de Portugal.

Em definitivo, esta figura tem de impulsionar a articulação do setor e, em particular, a

rede produtiva, apostando em ser o interlocutor entre os principais atores mencionados

anteriormente e a AAdministração pública a todos os níveis, Câmaras municipais, Governo

português, União Europeia, entre outros.

Este agente do qual estamos a falar, a que corresponderia a geração de sinergias, o

impulso da inovação, a melhoria da competitividade, a promoção do setor e a defesa

dos interesses do setor, tem como nome cluster.

A maioria dos Estados-Membros da UE estão atualmente a desenvolver e implementar

políticas de cluster, tanto a nível nacional como regional, como parte da sua política para

responder aos objetivos da Estratégia de Lisboa.

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Tal como se tem evidenciado em numerosas experiências de cluster de biotecnologia

de sucesso internacional, o desenvolvimento e a competitividade de um cluster implicam

a necessária combinação de esforços em âmbitos tais como a base científica e de recursos

humanos, a estrutura de apoio financeiro (sistema de crédito, capital de risco, etc.), as

estruturas e ações de cooperação e colaboração, entre outros.

A experiência constata que naqueles casos nos que não existia um setor produtivo forte e

bem estabelecido, como é o caso do setor biotecnológico em Portugal, a atuação do setor

público torna-se crucial na altura de realizar e dinamizar este processo. Neste sentido, é

crucial a definição e funcionamento de um mapa de caráter estratégico, no qual o

cluster, agente que se pretende criar para o setor biotecnológico de Portugal, possa

desempenhar um papel crucial como principal interlocutor do setor.

No entanto, em todas aquelas estruturas industriais onde a figura do cluster é positiva e

lidera em certa medida o futuro do setor, emerge outro tipo de agente externo que serve

de apoio e suporte ao plano de ação dirigido pelo cluster, centrando-se portanto em

fomentar o empreendimento e a inovação como os eixos do futuro do setor biotecnológico, e

que este setor seja fonte de crescimento empresarial e emprego em Portugal.

Os últimos avanços na teoria evolucionista da inovação têm evidenciado a relevância das

políticas estratégicas para o desenvolvimento eficaz de setores como o biotecnológico,

num contexto global e de constantes mudanças como o atual. Esta abordagem relativa à

definição e funcionamento de políticas estratégicas implica uma versão alargada do Ciclo da

Vida da Indústria, que parte do caráter evolutivo dos setores ao longo do seu

desenvolvimento. Ao longo das fases desta evolução, coexistem múltiplos e diversos fatores

que podem impulsionar o setor face à sua maturidade.

Estes fatores, que devem ser impulsionados pelo cluster, podem ser abordados como

dimensões da política estratégica e constituem elementos chave para a tomada de decisões

e o estabelecimento de políticas eficazes para o desenvolvimento do setor.

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12.2. Atuações estratégicas

O objetivo das atuações estratégicas é identificar os grandes objetivos para o âmbito da

biotecnologia, vinculando-os com as ações implantadas que podem ser chaves para o

desenvolvimento do setor e a consecução dos objetivos propostos.

É indispensável contar com um agente, o cluster, que atue como dinamizador do setor

biotecnológico em Portugal, estabelecendo e desenvolvendo uma estratégia que marque

os objetivos, eixos e atuações sobre os quais se direcionará a estratégia que se deve

desenvolver.

A proposta estratégica do cluster tem como objetivo implantar um plano de ação que

posicione o setor biotecnológico em Portugal como um setor de referência na estrutura

económica, não só a nível nacional como internacional.

Eixos estratégicos

A partir da análise que se realizou neste estudo, pode extrair-se uma imagem fiel sobre a

situação do setor biotecnológico em Portugal e dos fatores de sucesso ou chave que

marcarão as grandes linhas de trabalho que determinem os âmbitos de intervenção

considerados como prioritários.

Dada a grande variedade de ações de melhoria decorrentes do diagnóstico realizado,

considera-se conveniente agrupá-las em linhas de atuação de acordo com a natureza e

grau de complementaridade destas, o que permite delinear um plano estratégico com as

suas respetivas linhas de atuação. Por outro lado, essas linhas devem reordenar-se em

eixos que constituirão os pilares do plano de ação do setor biotecnológico: excelência

setorial, reconhecimento do setor e capital humano.

Esta estratégia deve ser dirigida pela figura do cluster mencionada anteriormente,

embora seja certo que o funcionamento das diferentes ações precisem, como comentado

anteriormente, do apoio de outro agente externo que fomente a inovação e o

empreendimento de maneira constante no setor biotecnológico, para se assegurar que este

setor não se torne estanque e continue a modernizar-se e a crescer no que se refere à

criação de empresas e emprego.

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Os eixos considerados chave para a dinamização do setor biotecnológico em Portugal são:

Nível I: eixos centrais

Eixo I: melhoria da capacidade inovadora. Impulso da I&D&I

Eixo II: expansão comercial. Novos mercados e internacionalização

Nível II: eixo complementar

Eixo III: empreendimento, crescimento e consolidação empresarial

Nível III: eixos instrumentais

Eixo IV: cooperação empresarial. Networking

Eixo V: comunicação e difusão

Estes cinco eixos centram as diretrizes de um plano de ação focado na melhoria da

competitividade das empresas biotecnológicas através de uma melhor informação e

formação dos recursos humanos para contribuir para a inovação (melhoria da estrutura

produtiva, novos produtos e meios de produção que lhes permita aumentar a sua presença

em novos mercados nacionais e internacionais).

Em seguida, apresenta-se o desenvolvimento do plano de ação sugerindo, para cada um

dos cincos eixos, as suas linhas de atuação:

Eixo I: melhoria da capacidade inovadora. Impulso da I&D&I

Os objetivos deste eixo são impulsionar a I&D biotecnológica potencializando a investigação de

técnicas biotecnológicas e o desenvolvimento ou melhoria de produtos e processos decorrentes da

I&D, procurando assim promover projetos tanto individuais como colaborativos de I&D&i entre

empresas ou centros geradores de conhecimento, melhoria nos processos de produção e

comercialização, potenciar o desenvolvimento de novos produtos e consolidar desta forma a I&D&I

biotecnológica em Portugal.

Além disso, deve procura-ser a melhoria ou conhecimento dos agentes do setor sobre gestão da

inovação, das tendências e dos recursos para a I&D&I.

Ações propostas

– Serviços de apoio à investigação.

– Valorização dos resultados de I&D.

– Investigação colaborativa e alianças estratégicas em I&D.

– Identificação de projetos estratégicos de I&D biotecnológica (focados no desenvolvimento de

novos produtos ou melhoria de outros já existentes, novos processos ou melhoria de outros já

existentes).

– Promoção de projetos colaborativos de I&D entre empresas biotecnológicas ou outros agentes

representados na cadeia de valor do setor, centros tecnológicos, associações biotecnológicas,

universidades, entre outros.

– Beneficiar do potencial do sistema I&D de Portugal, potencializando sinergias entre os agentes

representados na cadeia de valor do setor biotecnológico de Portugal.

– Promover a necessidade de planos institucionais públicos para potenciar o setor biotecnológico

em Portugal.

– Planos de formação orientados à gestão empresarial da inovação e das tendências e dos

recursos para a I&D&I.

Eixo II: expansão comercial. Novos mercados e internacionalização

O setor biotecnológico é um setor voltado aos mercados externos. Desde a investigação básica até a

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produção e comercialização de novos produtos biotecnológicos, todo o setor se move sobre a área

internacional, e a capacidade das empresas de atuar e competir neste meio é a chave para o seu

desenvolvimento e viabilidade futura.

É fundamental apoiar o setor biotecnológico através de diversas atuações vinculadas com o fomento

comercial num contexto de mercado de caráter nacional e internacional.

Ações propostas

– Prospeção de mercados internacionais voltada para conhecer novas tendências e recursos no

setor biotecnológico.

– Impulsionar programas de missões/ações comerciais internacionais.

– Promover os agentes participantes na cadeia de valor do setor através da sua presença em

feiras internacionais bio.

– Serviços orientados a fornecer informações sobre potenciais mercados de interesse para os

atores biotecnológicos do setor.

– Suporte à internalização das empresas.

– Ações vinculadas para posicionar as empresas do setor em novos mercados.

– Promover o setor biotecnológico de Portugal no exterior.

– Impulso de novos canais de distribuição e comercialização.

– Criação de uma rede comercial própria para o setor biotecnológico de Portugal.

– Internacionalização da estratégia de transferência.

Eixo III: empreendimento, crescimento e consolidação empresarial

O fomento da cultura empreendedora e o impulso à criação de novas empresas (start-up e spin-off) a

partir de uma crescente transferência tecnológica dos centros de investigação, universidades e

centros tecnológicos são imprescindíveis para o desenvolvimento do cluster.

O setor biotecnológico caracteriza-se, geralmente, por estar formado por pequenas e médias

empresas competitivas a nível nacional e internacional, mas com uma trajetória reduzida no tempo.

Por isso, é igualmente importante a consolidação e o crescimento das empresas existentes, que

solicitam acesso ao financiamento para além das fases de arranque (capital de risco e semente) e

reforço das estruturas de gestão e direção.

O cluster deve desempenhar um papel chave na interação entre investidores e empresas biotec,

facilitando a identificação de oportunidades e participando na avaliação de projetos inovadores.

Também deve facilitar a criação de consórcios empresariais para grandes projetos de I&D e

acompanhá-los para facilitar-lhes o acesso a fundos competitivos nacionais e internacionais.

Ações propostas

– Promover planos de empreendimento no setor biotecnológico.

– Impulso e aproveitamento de sinergias entre os agentes integrantes da cadeia de valor do setor,

ou sinergias entre o setor biotecnológico e outros setores.

– Otimização da logística e processos.

– Absorção e mobilidade de talento próprio do setor bio.

– Programas orientados ao crescimento, melhoria competitiva e consolidação das empresas

biotecnológicas.

– Apoio e procura de financiamento de projetos biotecnológicos.

– Dinamização de parques empresariais biotecnológicos.

– Projetos dirigidos a gerar novas linhas de negócio e aumentar o valor acrescentado.

– Melhoria da formação e o capital humano.

– Estudos da situação do setor biotecnológico em Portugal.

– Promover a transferência da tecnologia de acordo com a procura empresarial.

Eixo IV: cooperação empresarial. Networking

Por cooperação empresarial entendemos o contacto entre duas empresas, da mesma ou de diferente

nacionalidade, com interesses comuns, com a finalidade de chegar a algum tipo de acordo ou

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associação de caráter empresarial.

Os instrumentos que facilitam às empresas a possibilidade de chegar a ditos acordos são muitos e

variados: feiras, missões comerciais, encontros de cooperação ou plataformas online de procura de

parceiros, entre outros.

Com este eixo procura-se fomentar a cooperação e o trabalho em rede entre empresas do setor

biotecnológico e outros setores ou empresas.

Ações propostas

– Impulso de locais biotecnológicos para promover a procura e oferta relacionados com o setor.

– Promover a cooperação entre os agentes e empresas biotecnológicas do setor com a finalidade

de atingir objetivos comuns.

– Impulsionar convénios/acordos entre agentes de outros setores e as empresas e atores da

cadeia de valor do setor bio.

– Dinamização de uma rede de comercialização nacional com o objetivo de conhecer a procura de

outros setores e assim projetar um plano operativo de oferta que se adapte às necessidades do

mercado.

– Ações encaminhadas a proporcionar a cooperação empresarial para desenvolver ações

científicas e tecnológicas.

Eixo V: comunicação e difusão

Este eixo está projetado para promover e comunicar todos aqueles aspetos relevantes impulsionados

pelo setor biotecnológico de Portugal. Procura dar apoio, em matéria de comunicação, às empresas

biotecnológicas para promover as suas capacidades, projetos executados ou em curso, procura ativa

de parceiros, entre outros.

Além disso, pretende apoiar a difusão dos eventos organizados pelas instituições, parques

empresariais, parques tecnológicos, associações, ou eventos do próprio cluster, entre outros.

Um dos objetivos deste eixo é aproximar a biotecnologia da sociedade.

Ações propostas

– Desenvolvimento de planos de comunicação para as empresas ou integrantes da cadeia de valor

do setor biotecnológico.

– Formação específica para os atores do setor em matéria de comunicação.

– Promoção dos projetos impulsionados pelos agentes e empresas biotecnológicas.

– Novas tendências em comunicação. Sociedade 2.0

– Ações orientadas a aproximar a biotecnologia da sociedade.

– Dinamizar o setor biotecnológico através de ações concretas de comunicação.

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13. REFLEXÕES FINAIS

A mudança que se está a produzir no paradigma de consumo (diminuição do crescimento do

consumo de bens materiais e desmaterialização do consumo) constitui uma nova

oportunidade para os mercados globais e um enorme potencial de desenvolvimento das

aplicações na área da saúde e do bem-estar em todos os países industrializados.

Uma das conclusões retiradas deste trabalho é que existe um potencial a ser explorado

no que se refere ao aproveitamento de biotecnologias por parte de setores

importantes da indústria portuguesa. Assim, as recomendações principais do estudo são

na linha da criação de um mecanismo dedicado à prospeção contínua, a nível nacional e

internacional, de tecnologias que potencialmente venham a preencher as necessidades

tecnológicas das empresas portuguesas e ajudá-las a agarrar as oportunidades de inovação

que apareçam. Além disso, esta nova ferramenta deverá proporcionar informações sobre a

dimensão do setor em Portugal, caracterização do mesmo, principais tendências

empresariais, etc.

Para resolver alguns dos problemas mencionados anteriormente, é essencial manter os

níveis de investimento em investigação e que esta seja uma prioridade estratégica do

país assumida por todas as instituições e forças políticas. Mas, é igualmente importante

que se aumente a eficácia dos fundos investidos, evitando as duplicidades e a

dispersão de recursos.

Por outro lado, deve facilitar-se a criação e o crescimento empresarial, mediante a

eliminação de entraves burocráticos e o impulso de medidas fiscais que tenham em

consideração as especificidades do setor e favoreçam o financiamento. É essencial que se

ampliem as deduções fiscais a investimentos em investigação e que se facilite o acesso

a fundos financeiros sem procura de avais que o tornem impossíveis de enfrentar.

A indústria biotec precisa de um enquadramento de atuação que assegure a sua

sustentabilidade e incentive a atividade inovadora que a caracteriza, base do seu

negócio, dirigida a contribuir com soluções para doenças em muitos casos, hoje em dia,

incuráveis. Por isso, considera-se que deveriam ser excluídos destes cortes os produtos

mais inovadores como são os biotecnológicos e os medicamentos órfãos,

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176

especialmente sensíveis a estas medidas, já que a sua investigação requer um esforço

adicional porque estão indicados para um grupo reduzido de pacientes.

O governo deve atuar como força de tração da inovação aplicando de maneira ativa o

seu poder de compra pública e deve velar para que as empresas inovadoras tenham uma

participação compatível à sua liderança científica na compra pública do Estado. Como país,

não se pode permitir que os seus investimentos em investigação gerem o conhecimento

para elaborar um novo fármaco ou um novo sistema de diagnóstico e que, a seguir, a falta

de critérios unificados entre departamentos não permita introduzir essas inovações

no Sistema Nacional de Saúde.

Por outro lado, as várias fraquezas frequentemente apontadas no sistema científico nacional

não só se confirmam, como têm um reflexo profundo na capacidade das grandes empresas

absorverem inovação biotecnológica.

Outra das debilidades mais significativas da indústria biotecnológica portuguesa é a falta de

motivação dos investigadores e instituições académicas para contribuírem para a resolução

de problemas de relevância económica, que dificulta uma harmonização de linguagem,

cultura e objetivos entre o âmbito académico e as indústrias. Mas, também se verificam

problemas que se opõem especificamente à endogeneização da inovação biotecnológica

por parte de um ou de outro setor. Torna-se clara a falta de massa crítica ou tradição

académica relativamente a determinados âmbitos da biotecnologia.

Como já foi anteriormente comentado, está a acontecer uma importante fuga de cérebros

de Portugal para outros países e em paralelo uma importante carência de capacidade para

atrair talento estrangeiro, fundamentalmente no campo da gestão. Este tipo de aspetos

supõem uma desmotivação do pessoal, que se vê atraído a sair para o estrangeiro, a

desenvolver as suas atividades investigadoras pela falta de oportunidades no mercado local,

uma incapacidade das empresas para cobrir as suas necessidades de recursos humanos

formados e, sobretudo, um financiamento por parte do governo português da formação de

ativos que depois não geram retorno ao seu país.

Este trabalho não pretende dar soluções para todos os problemas, mas sim concluir que

existem pontos de intervenção que devem ser vistos como prioritários e que estão ao

alcance das empresas, dos governos e das suas agências e instituições científicas.

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É importante também abordar a valorização do conhecimento gerado nas instituições

científicas e académicas, através da constituição de empresas de base tecnológica e spin-

offs, a assinatura de acordos de cooperação e de fornecimento de serviços tecnológicos

com as empresas do setor e as operações com a carteira de títulos de propriedade industrial

destes agentes.

A internacionalização deixou de ser uma opção e converteu-se numa saída à crise

atual e à falta de procura interna. É importante animar as empresas a começarem os seus

processos de internacionalização já que o mercado nacional não é suficiente para amortizar

todas as despesas que uma empresa que faz I&D tem, e a solução pode vir dos mercados

externos. A ideia de empresa deve ser global e deve inovar durante todo o seu ciclo de

vida.

Tornou-se evidente ao longo deste estudo a necessidade de criar uma nova figura que

lidere o setor biotecnológico em Portugal e integre os atores das diferentes fases da

cadeia de valor. Este agente servirá de apoio na geração e na aplicação de conhecimento

científico e tecnológico, bem como na transferência e comercialização de tecnologia nesta

matéria, com a finalidade de gerar produtos, processos e/ou serviços inovadores em

biotecnologia, favorecendo a articulação do tecido produtivo setorial e apostando em ser

interlocutor perante a Administração pública a todos os níveis. Para o desenvolvimento

destas ações este novo agente deverá apoiar-se em figuras externas que lhe deem

suporte no projeto e na implementação das suas linhas estratégicas e na busca de sinergias

com outros agentes do sistema.

O Programa-Quadro de Investigação e Inovação da Comissão Europeia conhecido como

Horizonte 2020, que assinala que a biotecnologia é uma das seis tecnologias capacitadas

para impulsionar a economia europeia, apresenta-se como uma importante oportunidade

para financiar atividades de I&D&I neste âmbito e estabelecer uma ligação com as

prioridades da União Europeia quanto à política científica e tecnológica seguida em

Portugal.

Já que se considera que a biotecnologia é um instrumento importante para encarar os

grandes desafios da UE em agricultura sustentável, segurança alimentar, eficiência

dos recursos da bioeconomia, a previdência e o bem-estar da população, abordam-se

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neste programa vários temas, como o financiamento da investigação e da inovação

biotecnológicas, a colaboração entre os setores público e privado e um enquadramento

jurídico coerente e viável que garanta que as ideias e os produtos inventados na Europa se

comercializem na Europa.

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