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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA BIOLOGIA REPRODUTIVA DE BANISTERIOPSIS (MALPIGUIACEAE) NO JARDIM BOTÂNICO DE BRASÍLIA – DF. LAUDICÉA FARIAS LIMA Brasília 2005

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE BIOLOGIA DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA

BIOLOGIA REPRODUTIVA DE

BANISTERIOPSIS

(MALPIGUIACEAE) NO JARDIM

BOTÂNICO DE BRASÍLIA – DF.

LAUDICÉA FARIAS LIMA

Brasília

2005

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RESUMO

Foram estudadas três espécies de Banisteriopsis, família Malpighiaceae, quanto a sua

Biologia Reprodutiva, sendo elas Banisteriopsis laevifolia , B. megaphylla e B. sterallis no

Parque do Jardim Botânico de Brasília. Localizando-se este a sudoeste do Distrito Federal,

possue uma área de aproximadamente 500 hectares. As observações foram realizadas no

período de janeiro de 2004 a março de 2005; No estudo de fenologia foram marcados 10

indivíduos por espécie de Banisteriopsis, os quais foram escolhidos por ordem de aparição

nas trilhas escolhidas para o estudo. Através de uma análise qualitativa observaram-se as

fenofases de floração, frutificação brotamento e abscisão. Apresentando-se as espécies

estudas floridas e seqüencialmente frutificando nos meses de janeiro a maio quando então

iniciaram a maturação de seus diásporos; Para a biologia floral foram feitas observações

das características florais como: horário de antese, duração da flor, cor, odor, etc... e testes

de colorabilidade polínica (Radford et al 1974) e receptividade estigmática (Zeisler 1938).

As espécies apresentaram antese diurna, com duração de dois a quatro dias, possuindo suas

flores cores vivas e suave odor adocicado, enquadrando-se assim na síndrome de

melitofília, e oferecendo como principal recurso o óleo, encontrados nas glândulas do cálice

denominadas elaióforos; Os visitantes florais foram observados para B. laevifolia e B.

megaphylla de forma a identificar os que eram polinizadores dos pilhadores. Assim

reconheceu-se como polinizadores principais os gêneros Centris e Epicharis e como

polinizador secundário o gênero Paratetrapedia; O sistema reprodutivo foi avaliado através

de testes de autogamia, xenogâmia, agamospermia, polinização espontânea e polinização

natural e observação do crescimento do tubo polínico (Martin 1959). Os quais sugerem que

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as espécies estudadas sejam auto-incompatíveis, demonstrado características de

incompatibilidade tardia.

ABSTRACT The Reproductive Biology of three species of Banisteriopsis (Banisteriopsis

laevifolia, B. megaphylla e B. sterallis), from the Malpighiaceae family, were studied in the

Botanic Garden of Brasilia. The Botanic Garden is located in the Southwest of the Federal

District and it has approximately 500 hectares. The observations were done from January

2004 to March 2005. For the phenology study, 10 individuals from each species of

Banisteriopsis were marked, chosen according to their order of appearance on the tracks

chosen for the study. Through a qualitative analysis, the phenophases of flower buds,

flowers, fruits, leaf sprouting and abscision were observed. The species flowered and

produced fruits sequentially from January to May and dispores were mature during the dry

season. Observations of floral characteristics, such as the time of anthesis, flower duration,

color and smell, as well as tests of the stainability of pollen grains (Radford et al 1974) and

the stigmatic receptivity (Zeisler 1938), were carried out in the field. The species showed

diurnal anthesis, lasting from two to four days. Their flowers were colorful and exhaled a

sweet smell, and therefore can be included in the mellitophyllous syndrome. They offer as

their main resource the oil, produced in glands on the calyx called elaiophores; The floral

visitors were observed for the B. laevifolia e B. megaphylla and were identified as

pollinators and thieves. Thus, the Centris and Epicharis bees were recognized as the main

pollinators and the smaller Paratetrapedia as the secondary pollinators. The reproductive

system was evaluated by self- and cross hand pollinations, agamospermy tests, spontaneous

and natural pollination and the observation of the pollen tube growth (Martin 1959), which

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suggest that the studied species are self-incompatible, showing characteristics of delayed

self-incompatibility.

INTRODUÇÃO

O Cerrado brasileiro que ocupa 22% do território nacional é um ecossistema

caracterizado por várias fitofisionomias, que apresentam diferenças em sua densidade,

composição e distribuição de espécies. Estas fisionomias estão diretamente relacionadas ao

tipo e topografia dos diferentes solos existentes (Barreto 1990).

O clima é caracterizado por duas estações marcantes, uma seca com duração de 5 a

6 meses correspondentes ao inverno, outono e início da primavera e outra chuvosa

possuindo duração de 6 a 7 meses que se estende pela primavera e verão. A interação de

todos estes fatores é a responsável pelas fitofisionomias típicas do cerrado que são:

Cerradão, Cerrado Típico ou Propriamente Dito, Campo Cerrado ou Cerrado, Campo Sujo,

Campo Limpo, Matas de Galeria, Campos Campestres e Veredas (sendo os três últimos,

não exclusivos ao cerrado, ocorrendo em outros ecossistemas) (Barreto 1990).

A vegetação do cerrado apresenta forma típica com árvores não muito altas com

ramos grossos e retorcidos, casca espessa, folhas coriáceas e pilosas com raízes muito

desenvolvidas graças a qual sobrevivem a seca com sucesso. A distribuição de árvores e

arbustos é descontínua, contendo uma camada contínua de gramíneas herbáceas

subsistentes apenas no período chuvoso (Barreto 1990).

Malpighiaceae é uma das famílias que mais se destaca no cerrado brasileiro

ocorrendo no Distrito Federal cerca de 76 espécies dentro de 13 gêneros (Proença et al.

2001). A família está entre as dez mais representativas nos Neotrópicos (Gentry 1991).

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Com uma ampla representação nas regiões tropical e subtropical do hemisfério setentrional,

Malpighiaceae possui um total de 66 gêneros compreendendo 1200 espécies (Anderson

1979), das quais são restritos aos ecossistemas brasileiros 32 gêneros incluindo 300

espécies (Barroso et al. 1991).

As espécies de Malpighiaceae ocorrem em diferentes habitats brasileiros como

restingas, cerrado, florestas, campos abertos, etc. (Araújo 1994). Possuem hábitos que

também apresentam grande variabilidade, existindo espécies na forma de árvores, arbustos,

ervas ou lianas (Anderson 1979, 1990). Ao contrario desta variedade de hábitos, sua

morfologia floral apresenta grande uniformidade estrutural (Anderson 1979).

As glândulas no cálice que caracterizam as Malpighiaceae Neotropicais são

estruturas produtoras de óleo, denominadas elaióforos, nas quais se baseiam as hipóteses de

evolução da família. Acredita-se que a família Malpighiaceae tenha surgido no período

cretáceo a oeste da Gondwana e teriam flores de pólen portando nectários extra-nupciais

simples no cálice. Os elaióforos propriamente ditos teriam aparecido por apomorfia nos

Neotrópicos, após a divisão do supercontinente (Vogel 1990). Uma outra hipótese sugere

que a família e os elaióforos teriam surgido no novo mundo e espécimes teriam então

migrado por deriva transatlântica para os paleotrópicos, onde sofrerão uma redução ou

perda desses elaióforos. Mas dados sobre a morfologia do cálice suportam a primeira

hipótese (Vogel 1990).

O conservadorismo morfológico da família parece ser devido a estreita relação da

família com seus polinizadores, que são geralmente abelhas fêmeas Centridini da sub-

família Anthophoridae, especializadas na coleta de óleo dos elaióforos florais. Este íntimo

relacionamento é sugerido como responsável pelo sucesso da família, que no novo mundo

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possui em torno de 945 espécies comparadas as 124 espécies existentes no paleotróficos

(Vogel 1990).

O comportamento de coleta de óleo das abelhas é característico, acontecendo

quando as mesmas acessam as flores raspando o óleo situado nas glândulas da face abaxial

do cálice. Este óleo é carreado para a escopa, misturado com o pólen e usado como

alimento para as larvas. As Centridini polinizam diferentes taxa de Malpighiaceae, sendo a

fenologia das plantas aparentemente seqüencial às das abelhas, das quais esta família de

plantas depende quase que exclusivamente (Gottsberger 1986).

O sistema reprodutivo tem sido pouco investigado na Malpighiaceae. No entanto,

nos trabalhos existentes encontra-se para a família diferentes tipos de sistema, sendo que a

autogamia é possivelmente o sistema reprodutivo mais comum (Sigrist 2000). Outro

sistema reprodutivo presente é a xenogamia, com poucos relatos distribuídos entre espécies

de diferentes gêneros (Steiner 1985, Sigrist 2000). Já a agamospermia ocorre

principalmente no gênero Peixotoa (Anderson 1982). Outros sistemas sexuais e

reprodutivos são descritos para a família, tais como dioicismo funcional (Steiner 1985,

Sigrist 2000) e cleistogamia (Anderson 1980).

Banisteriopsis é um grande gênero Neotropical na família Malpighiaceae, que se

caracteriza por possuir frutos formados por três sâmaras com arilo dorsal. Possuem ainda

pequenas estipulas interpeciolares, pedicelos geralmente sésseis, 10 estames férteis e

estigma terminal liso. O gênero se distribui pelo novo mundo, sendo composto por 80

espécies. Poucas destas espécies ocorrem no México e Argentina e regiões subtropicais.

Muitas das espécies restritas aos trópicos ocorrem no Brasil, crescendo geralmente no

Planalto Central. Possuindo o gênero no Distrito Federal cerca 20 espécies (Proença et al.

2001). No Cerrado Banisteriopsis apresentam-se geralmente sob a forma de lianas,

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podendo também formar arbustos e arvoretas. Neste gênero algumas espécies se

desenvolveram nas diversas fitofisionomias do cerrado, como B. argyrophilla, enquanto

outras espécies são restritas a habitats especializados, demonstrando uma distribuição mais

pontual como a apresentada por B. vernoniifolia que ocorre em campos rupestres na

Chapada dos Veadeiros-Go. Dessa forma espécies ocorrentes no cerrado são mais ou

menos simpatrícas através de sua extensão, pertencendo a diferentes grupos de espécies

relativamente fechadas, separadas umas das outras normalmente por preferências

ecológicas (Gates 1977).

Assim são objetivos deste trabalho estudar a biologia floral de espécies de

Banisteriopsis presentes em áreas de cerrado, identificar os seus visitantes, especificando

aqueles que funcionam como polinizadores e determinar o sistema sexual das espécies

estudadas.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

Localizando-se a sudeste do Distrito Federal no Setor de Mansões Dom Bosco entre

os paralelos 47º 51-52’W e 15º 52-56’ (fig.1), o Jardim Botânico de Brasília (JBB) foi

criado em 8 de março de 1985 como um departamento da Fundação Zoobotânica, com uma

área 500 hectares. Em 26 de novembro de 1992 através do decreto nº 14.422 foram

anexados a este 3.991ha, passando assim o JBB a ter uma área de aproximadamente

4500ha. Seguidamente no dia 27 de novembro do mesmo ano passou a constituir

juntamente com outras duas áreas de conservação vizinhas, Fazenda Água Limpa e Reserva

Ecológica do IBGE, a APA Gama- Cabeça de Veado e integrar a área núcleo da Reserva

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Biosfera do Cerrado. O JBB é formado por duas diferentes áreas de conservação, que são

Parque e Estação Ecológica, os quais abrigam diversas fisionomias representativas do

cerrado, como campo limpo e campo sujo, cerradão, mata ciliar, vereda de buritis e cerrado.

O clima presente nesta região é sazonal, com precipitação entre 1400-1500 mm por

ano e maior precipitação no período de setembro a março. Os solos, latossolo vermelho-

amarelo, são pobres em nutrientes e muito ácidos. (Proença & Gibbs 1994).

Área de visitação

Área da estação ecológica

Figura 1- mapa de localização do JBB.

METODOLOGIA

Morfologia Floral

Para o estudo da morfologia floral utilizaram-se flores frescas, sendo coletadas

cinco flores por indivíduos num total de cinco indivíduos para cada espécie, nas quais

foram observadas características relativas a morfometria e estruturas florais. Para medição

das peças florais foi utilizado paquímetro enquanto para avaliação estrutural das flores

utilizou-se lupa e microscópio óptico. A descrição foi feita com base em Gates 1982.

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Espécies estudadas

Foram estudadas três espécies da família Malpighiaceae, todas pertencentes ao

gênero Banisteriopsis, sendo elas, Banisteriopsis stellaris, B. laevifolia e B. megaphylla. O

período de estudo foi janeiro de 2004 a março de 2005, sendo escolhidos 10 indivíduos de

cada espécie por ordem de aparição nas trilhas existentes na área de estudo. Situando-se

estas trilhas em diferentes fitofisisonomias representativas dos cerrados ocorrentes no JBB

(fig-2). Foram utilizadas 8 trilhas totalizando aproximadamente 8 quilômetros de extensão

que foram percorridas com periodicidade mensal, entre junho a agosto; quinzenal, de

setembro a dezembro, e semanal ou diariamente nos meses de janeiro a maio.

Os espécimes testemunhos foram depositados no JBB, no Herbário Ezechias Paulo

Heringer – HEPH como o seguinte número de registro: Banisteriopsis megaphylla (A.

Juss.) B. Gates – 20365-3, Banisteriopsis laevifolia ( A. Juss.) B. Gates – 20362-9,

Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B. Gates – 20369-6.

Figura 2 – Mapa de Vegetação e trilhas do JBB, Brasília-DF.

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Fenologia

O estudo da fenologia foi realizado com dez indivíduos por espécie de

Banisteriopsis encontrados nas trilhas anteriormente citadas. A distância entre indivíduos

variou de cinco metros a alguns quilômetros. A análise dos dados fenológicos levou em

conta somente a presença ou ausência dos eventos fenológicos nos indivíduos de cada

espécie, a partir de informações de campo.

As fenofases estudadas foram, floração que compreendeu botões e flores abertas,

frutificação, representada por frutos verdes e maduros, abscisão que foi a perda total ou

parcial da folhagem e brotação caracterizada pela rebrota da folhagem, apresentando folhas

jovens ou de tamanho adulto com coloração verde claro, avermelhada ou amarelada e com

consistência membranosa, isto é diferindo em cor e tamanho da folha adulta.

Biologia floral

No estudo de biologia floral foram feitas observações a respeito do hábito, presença

de nectários extra-florais, número de flores nas inflorescências, maturação da

inflorescência, cor da corola e alterações na coloração floral, presença de odor, duração da

flor, mudanças no posicionamento das peças florais e horário de antese, presença e

coloração de elaióforos, e ocorrência de produção de óleo. A viabilidade polínica foi

estimada a partir de material fixado em álcool 70% utilizando-se três flores de cinco

indivíduos diferentes por espécie e verificando a capacidade de coloração dos grãos de

pólen com carmim acético (Radford et al 1974). A receptividade estigmática foi estimada

através de peróxido de hidrogênio a 10V (Zeisler 1938), utilizando-se material fresco

observado com o auxílio de Lupa.

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Visitantes florais foram observados nas espécies B. laevifolia e B. megaphylla

(devido a dificuldades de acesso ao campo não foi possível a realização deste para B.

sterallis) e avaliados quanto à freqüência, horário de visitação, forma de acesso à flor e

trajetória utilizada. Os visitantes foram classificados em polinizadores quando tocavam o

estigma da flor, e pilhadores, quando os visitantes não tocavam o estigma floral. Os

espécimes testemunhos foram coletados com auxilio de saco plástico e puçá, sendo então

transferidos para frascos de armazenamento, montados e enviados a especialistas para

identificação.

O período total de observação foi de 48 horas para cada espécie, sendo realizadas

seções durante o período diurno, geralmente pelas manhas, com acompanhamento de um

único grupo de plantas/dia alternando-se os grupos em dias seguidos.

Sistema de Reprodução

Para avaliação do sistema sexual foram ensacadas inflorescências em pré-antese

sendo três inflorescências por indivíduo, para 10 indivíduos de cada espécie estudada, nos

quais realizaram-se testes para autogamia, no qual flores foram autopolinizadas. Para o

tratamento de xenogamia as flores abertas foram polinizadas com pólen de flores de

indivíduos de outras populações e então reensacadas. Já para o tratamento de

agamospermia flores ensacadas em pré-antese tiveram suas anteras retiradas, sendo

recobertas em seguida. A polinização natural foi observada em inflorescências, apenas

marcadas com fitas cujas flores foram contadas, podendo assim ser acessadas livremente

pelos visitantes florais. Apartir das polinizacões controladas, os tratamentos foram

avaliados pelo número total de frutos formados. Também foi calculado o “Índice de auto-

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incompatibilidade” (ISI), que é a divisão do porcentual de frutos provenientes de

autopolinizações pelo porcentual de frutos oriundos de polinizações cruzadas (Bullock

1985).

A avaliação do crescimento dos tubos polínicos foi realizada através de pistilos

conservados em álcool 70% e então diafanização com hidróxido de sódio a 9N em estufa a

60º. Posteriormente, o material foi lavado com água e corado com azul de anilina e então

observado em microscopia de fluorescência (Martin 1959). Foram realizados para cada

espécie tratamentos autogâmicos e xenogâmicos nos intervalos de 24, 48 e 72 horas, com

um número mínimo de cinco e máximo de dez pistilos por tratamento.

RESULTADOS

MORFOLOGIA FLORAL

1. Banisteropsis laevilfolia é um arbusto escandente que se distribui com freqüência

as margens da vegetação, não sendo muito comum encontrá-la dentro das quadras do

parque. Estes arbustos podem formar grandes moitas às margens das estradas ou se espalhar

sobre outros indivíduos de outras espécies. Suas flores zigomorfas são dispostas em

inflorescências dicásicas que podem conter de dezenas a duas ou três centenas de flores,

com longos pedúnculos e eixos florais. Também foi confirmada a presença de nectários

extra-florais em folhas, brácteas e bractéolas.

Inflorescência terminal e/ou axilar, em dicásios, composta de 4 a 6 flores por umbela,

pelos seríceos brancos ou dourados, brácteas e bractéolas presentes, triangulares,

persistentes, pedicelos 8-10 mm comprimeto. Flor 14-15 X 12-13 mm. Sépalas dourado-

esverdeadas, ovatas, reflexas, com glândulas verde-amareladas,3.0-5.0 X 1.0-3.0 mm, a

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sépala anterior é eglandular. Pétalas amarelas com unha ereta 1.0 mm de comprimento

sendo espessada na pétala posterior, limbo 6.0-7.0 x 4.0-6.0 mm comprimento côncavo a

convexo, crenado a denticulado. Estames 10 com filamentos 1.0 e 2.0 mm de

comprimento, anteras reflexas, pêlos densos e levemente seríceos, conectivos, lisos,

amarelos, Ovário com 3 carpelos possuindo 1 óvulo cada, com pêlos seríceos brancos,

estilete tubular, estigma plano, frutos samaróides com carpóforos.

2.Banisteropsis megaphylla é uma Malpighiaceae arbustiva, não escandente que

ocorre as margens das trilhas, sendo encontrada com certa freqüência dentro das quadras de

vegetação menos aberta. A espécie possui inflorescências dicásicas, com várias dezenas a

três centenas de flores, tendo essas odor suave e cor rósea que tendem a desbotar com o

passar do dia da antese.

Inflorescência terminal e/ou axilar, em dicásios, composta de 4 a 6 flores por umbela,

pêlos sericeos brancos, brácteas e bractéolas presentes, triangulares, persistentes, pedicelos

10-14mm comprimento. Flor 13-16 X 12-15 mm. Sépalas com pêlos, ovatas, com

glândulas róseas, sendo a anterior eglandular, 4.0-3.0 X 1.0-3.0 mm. Pétalas rosa vivo ou

pálido com margens rosa pink fimbriatas, a unha de 2.0 mm comprimento sendo espessada

na pétala posterior, o limbo de 6.0-9.0 X 4.0-7.0 mm de comprimento, côncavo a convexo

reflexas. Estames com 10 filamentos de 2.0-2.5 mm de comprimento soldados basalmente,

anteras reflexivas. Ovário com 3 carpelos possuindo 1 óvulo cada, pêlos brancos seríceos,

estilete tubular, estigma liso Fruto samaróide com carpóforo.

3.Banisteropsis sterallis é um arbusto escandente encontrado mais freqüentemente

sobre algum suporte e ocorre com certa freqüência na periferia do parque, enquanto que no

seu interior se distribui as margens das trilhas, em diferentes formações vegetais. Suas

flores são esbranquiçadas ou róseas, dispostas em inflorescência dicásicas que podem ter de

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algumas dezenas a 1 ou 2 centenas de flores, a quais apresentam odor suave e adocicado. O

padrão de coloração floral também sofre alteração com idade floral, sendo que flores de 2º

dia apresentam-se de cor creme, durando de três a quatro dias.

Inflorescências, terminal e/ou axilares, em dicásios, com 4 a 6 flores por umbela, com

pelos esparsos, brácteas e bractéolas presentes, triangulares. Pedicelos de 12-14 mm de

comprimento. Sépalas com pêlos, ovatas, com glândulas verdes à acastanhadas, geralmente

ausentes na sépala anterior, 2.0-3.0 mm X 1.0-2.0 mm. Pétalas brancas e/ou róseas, a unha

de 2.0-3.0 mm de comprimento, sendo mais espessada na pétala posterior, limbo 6.0-8.0 X

4.0-7.0 mm, côncavo a convexo, fimbriado, com glândulas de recompensa. Estames com

10 filamentos de 1.0-2.0 mm de comprimento, basalmente soldados, conectivos creme,

anteras reflexas. Ovário com 3 carpelos possuindo 1 óvulo cada, pêlos brancos seríceos,

estilete tubular, estigma liso. Fruto samaróide com carpóforo.

FENOLOGIA Mudança Foliar

Abscisão ocorreu desde o período inicial de frutificação, no mês de março de forma

gradual até maio, quando se deu uma intensa perda foliar, terminando no mês de outubro

quando as folhas restantes caíram de uma só vez para as três espécies. Assim as espécies

estudadas apresentaram-se caducifólias durante o mês de outubro (fig.6) coincidindo com o

início da estação chuvosa (fig. 3 ,4 e 5).

Brotação teve início no mês de novembro, ocorrendo simultaneamente para as três

espécies (fig. 3 ,4 e 5), com brotação de ramos e folhas novas de colorações diferenciadas,

assim para B .stellaris as folhas jovens apresentaram cor avermelhada, para B. megaphylla

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cor dourada e para B. laevifolia parda e esverdeada clara. As folhas jovens também são

intensamente cobertas de pelos quando comparadas às folhas adultas.

Na segunda quinzena de novembro a intensidade de brotação já havia diminuído

existindo poucas folhas jovens de cor diferenciadas, sendo que as folhas de tamanho

inferior ao tamanho adulto eram poucas e de cor verde clara. No entanto a brotação

continuou ocorrendo de forma gradual durante a floração.

Fenologia Reprodutiva As florações de B. stellaris, B. megaphilla e B. laevifolia se concentraram

principalmente no período chuvoso (fig.6) ocorrendo nos meses de dezembro a junho

correspondendo a seguinte ordem.

Banisteropsis laevifolia foi a primeira a florir, apresentando botões em estágio

inicial de desenvolvimento no mês de dezembro (fig. 3), e um único indivíduo com flores

abertas já neste mês. A floração teve duração de seis meses, pois ainda existiam indivíduos

florindo no mês de maio, apresentando baixa intensidade floral. Já o pico da fenofase deu-

se no mês de fevereiro, quando a espécie foi facilmente visualizada devido a enorme

quantidade de flores abertas. Apesar da maioria de seus indivíduos apresentarem o fim da

floração no mês de maio, um permaneceu florescendo até junho e foi o único a apresentar

um pico de floração na estação seca (bem menos intenso que a anterior) quando todos os

outros indivíduos tantos os observados no estudo, grupo do qual este estava incluído,

quanto os ocorrentes no parque do JBB, já apresentavam-se no período vegetativo. Durante

a coleta dos dados foi observada uma pequena variação temporal no intervalo de floração

entre as populações de B. laevifolia estudadas, de forma que tivemos alguns grupos

iniciando a fenofase floral enquanto outros já estavam no final do período.

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Banisteropsis megaphylla foi a espécie que floriu em seguida emitindo botões

florais no início de janeiro e abrindo suas flores em fevereiro. Seu pico de floração foi

março, finalizando a fenofase no mês de junho. Também demonstraram uma pequena

variação no intervalo de floração entre populações, ainda que menor quando comparada a

B. laevifolia.

Banisteropsis stellaris iniciou seu brotamento floral no mês de janeiro,

apresentando flores abertas em fevereiro e tendo como pico floração, o período entre os

meses de abril e maio de 2004. No ano seguinte a brotação floral efetuada no mês de

janeiro foi completamente abortada, só voltando a espécie a emitir botões florais no fim de

fevereiro. Dentre as espécies estudadas esta foi a que apresentou a maior variabilidade em

relação ao intervalo de floração dos grupos, já que ocorreram indivíduos floridos desde

fevereiro até junho em diferentes grupos, e com um razoável espaçamento temporal, além

de que sua intensidade de floração, foi bem mais suave quando comparadas a das espécies

anteriores. Outra característica de B. stellaris foi a ocorrência de floração quase continua,

em poucos indivíduos durante a época seca, com uma produção de flores bem menor que

no período úmido.

Frutificação O período de frutificação também foi seqüencial e respectivo entre as espécies,

como o de floração. Os frutos ocorreram no período de fevereiro a maio para B. laevifolia,,

de março a junho para B. megaphylla, e B. stellaris. Apesar das diferenças nos períodos de

formação, as três espécies iniciaram a dispersão de seus diásporos a partir de maio, início

da estação seca, quando ocorreu uma discreta mudança de cor nos alas dos frutos e seu

enrijecimento. O padrão de coloração dos frutos variou conforme a espécie e período de

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desenvolvimento, sendo que em B. laevifolia e B. sterallis os frutos eram de cor esverdeada

até atingirem em torno da metade do tamanho do fruto adulto, quando então tornavam-se

avermelhados, porém na época de dispersão, seus alas endureceram ficando castanhos. Já

B. .megaphylla possui frutos avermelhados no princípio de seu desenvolvimento que

passam a esverdeado. Quando atingem em torno de um terço do tamanho do fruto adulto,

estes também tornam-se acastanhados e com alas rígido próximo ao período de dispersão.

Em todos as espécies e possível encontra frutos do período reprodutivo anterior, que não

foram dispersos.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Brotação Floração Frutificação Abscisão Figura 3 – Fenograma de B. laevifolia, os intervalos de coloração mais intensa nas linhas

representam os picos das fenofases, dos indivíduos observados no JBB.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Brotação Floração Frutificação Abscisão

Figura 4 – Fenograma de B. sterallis, os intervalos de coloração mais intensa nas linhas

representam os picos das fenofases, dos indivíduos observados no JBB.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Brotação Floração Frutificação Abscisão Figura 5 – Fenograma de B. megaphylla, os intervalos de coloração mais intensa nas linhas

representam os picos das fenofases, dos indivíduos observados no JBB.

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Climatograma

05

1015202530

jan fev mar abr mai juh jul ago set out nov

Meses

Tem

pera

tura

(Cº)

024681012

Prec

ipita

ção

(mm

)

Temperatura Precipitação

Figura 7- Diagrama Climático baseado em dados da Reserva Ecológica do IBGE

do ano de 2004.

BIOLOGIA FLORAL

No início do estudo a maioria das espécies já se apresentava na fenofase floral,

possuindo flores novas, velhas e botões. Geralmente as espécies observadas situavam-se em

manchas a borda da vegetação, ocorrendo mais de uma espécie por mancha, podendo estas

possuir representantes do mesmo gênero, ou de gêneros diferentes ou ambos. As

Banisteriopsis geralmente eram freqüentadas por diferentes espécies de formigas (fig.13).

Banisteropsis laevifolia com suas flores amarelas que duram de dois a quatro dias,

possuem um suave odor adocicado, sendo mais perceptível durante a manhã, quando um

maior número de flores estão abertas. A antese acontece geralmente da base da

inflorescência para o ápice. No entanto como a inflorescência apresenta rebrota, este padrão

tende a ficar menos evidente com o tempo. As flores da base da inflorescência geralmente

não produzem frutos. Quando jovens apresentam um amarelo acentuado, e após o 2º dia,

apresentam uma coloração amarelo pardo.

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A antese ocorre no início da manhã e pode durar em torno de 45 minutos. Ao

começar a abertura do botão floral os estigmas florais estão muito próximos dando a

impressão de “fundidos” apresentam-se levemente afastados no fim da antese. Os estigmas

posteriormente continuam se afastando ficando assim perceptíveis no 2º dia pós antese,

apresentando também uma alteração da coloração que de inicialmente verde, torna-se

pardacenta a partir do 2º dia, mantendo-se o estilete com sua coloração inicial verde.

Os indivíduos aqui estudados apresentaram glândulas de óleo em suas flores, sendo

que produzem óleo até o período de abscisão da corola, também é possível observar gotas

de óleo disponível nos botões florais mais desenvolvidos. O óleo geralmente extravasa

formando uma gotícula na parte central e superior da glândula desta espécie, estando assim

disponível.

As anteras que se dispõem justapostas aos pistilos florais, logo após antese, movem-

se dobrando para fora e apresentam-se completamente curvadas e afastadas dos pistilos no

2º dia. O pólen esta disponível durante antese e fica mais acessível após o afastamento das

anteras, porém há uma intensa busca deste por parte dos polinizadores, e antes do fim da

manhã já não há mais pólen disponível. A fertilidade do pólen foi de aproximadamente

98%. A receptividade estigmática foi confirmada após antese .

Banisteropsis megaphylla possui antese ocorrendo nas primeiras horas do dia e

dura cerca de 40 minutos, durante todo o dia pode-se observar algumas flores se abrindo.

Durante a antese os estigmas que são esbranquiçados continuam aderidos e assim

permanecem mesmo após a abscisão floral que ocorre em torno do segundo dia após a

antese. Seu estilete e elaióforos também são róseos, possuindo óleo líquido ou gelatinoso

que se disponibiliza após leve pressão nas glândulas. Suas anteras disponibilizam pólen

durante a antese e também sofrem deflexão estando completamente afastadas dos estigmas

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no segundo dia. A fertilidade polínica é de aproximadamente 99% e receptividade

estigmática confirmada após a antese.

Banisteropsis sterallis apresentou a antese durante o início da manhã e dura em

torno de 30 a 40 minutos, entretanto como em B. laevifolia algumas flores continuam a se

abrir durante o dia. O padrão de abertura floral também se dá a partir da base em direção ao

ápice da inflorescência, nesta espécie a rebrota de inflorescência é menos intensa que na

espécie anterior.

Os elaióforos de cor verde-amarronzada apresentaram-se em todos os indivíduos

utilizados, porém o óleo não se disponibiliza formando gotículas, mais torna-se acessível

quando sofre pressão mecânica (fig. 9).

Durante a antese os estigmas não sofrem movimentação e permanecem justapostos,

mesmo dias após antese, já as anteras sofrem deflexão seguidamente a abertura floral

estando completamente curvadas no 2º dia. Nesta espécie o pólen da flor forma

freqüentemente uma cobertura sobre o estigma da mesma dificultando a aderência de pólen

exógeno. A fertilidade do pólen é de aproximadamente 95% e a receptividade estigmática

confirmada após a antese.

Visitantes Florais

Os visitantes florais observados para as espécies de B. megaphylla e B. laevifolia

estudadas foram em sua maioria Anthophoridae, porém também ocorrem indivíduos da

família Apidae e Vespidae e das ordens, Lepidoptera, Diptera e Coleóptera. Borboletas e

abelhas de diferentes grupos foram consideradas polinizadores, possuindo graus de

eficiência variados, já as vespas, moscas e besouros foram classificados como pilhadores,

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pois utilizaram-se dos recursos florais sem contribuir para a reprodução das plantas, já que

permaneciam nos botões florais, ou quando, raramente visitavam as flores abertas,

mantinham-se sobre o cálice não conectando a corola ou os órgãos reprodutivos da flor .

Foram considerados polinizadores principais indivíduos da família Anthophoridae

pertencentes aos gêneros Centris e Epicharis que estavam presentes em que quase todas as

amostragens, possuindo assim maior freqüência de visitação. Polinizadores secundários

indivíduos do gênero Paratetrapedia, visualizada em parte das observações e polinizadores

esporádicos, indivíduos do gênero Apidae e ordem Lepidoptera observados poucas vezes

visitando as flores.

O período de maior intensidade de visitas das abelhas ocorreu nos intervalos de 9:00

as 11:00 horas, nos outros horários do dia as visitas são esporádicas. Também ocorreram

variações de freqüência de visitantes conforme o tempo, sendo que em dias nublados as

visitas se iniciam mais tarde, atrasando o intervalo de maior intensidade de visitação floral.

No mês de janeiro a fevereiro ocorre um pico de polinizadores visitando B. laevifolia que é

a única espécie florida nesta época. Neste período as abelhas apresentaram-se mais lentas,

visitando as flores de B. laevifolia principalmente de 9:00 as 13:00 horas, sendo que nos

outros horários do dia, apesar de menor, o número de visitantes florais foi constante e não

esporádico como nos outros meses, ocorrendo também uma maior variedade de espécies de

polinizadores.

Coleta de recursos florais diferiu na forma de acesso a flor entre os gêneros

Paratetrapedia e Centris-Epicharis, e em opção de recursos entre as Anthophoridae e

Apidae. Centris e Epicharis possuem hábitos de coleta de óleo semelhantes, devido ao seu

tamanho por serem abelhas de médio e grande porte, medindo em torno de 23 mm, que

conseguem ou abraçar (fig. 11) a flor durante a obtenção de recurso floral, realizando assim

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a polinização. Estas abelhas acessam a flor frontalmente (fig. 11), prendendo-se através da

mandíbula a pétala posterior da flor, ficando dessa forma em posição vertical em relação ao

solo. Assim a parte ventral do seu tórax pressiona simultaneamente anteras e estigmas

florais, havendo assim aderência do pólen ao seu corpo (fig. 10). Ao mesmo tempo a abelha

presa abraçada a flor com suas pernas, primeiro e segundo pares que são os pentes

basitarsais, quando então inicia o processo da coleta de óleo através da raspagem dos

elaióforos com os dois pares de pernas anteriores, alternadamente. De forma que começam

a limpeza das glândulas geralmente pela direita utilizando as duas pernas deste lado com

um movimento que percorre os elaióforos da base para o ápice, seguidamente repetem o

movimento do lado esquerdo da flor e terminam a coleta retornando o movimento ao lado

direito. Quando se soltam, e realizam a limpeza do corpo transferindo o óleo das pernas

anteriores para a escopa no terceiro par de pernas.

Após a coleta podem se deslocar para outras flores da mesma, ou de outra

inflorescência, ou de outro indivíduo, ou ainda deslocar-se da área. Geralmente as abelhas

acessam de duas a quatro flores e se deslocam da área no período de menor intensidade de

polinizadores. Já durante seu maior período de ocorrência pode visitar tanto apresentando

este comportamento quanto visitar várias flores da mesma inflorescência e deslocar-se para

a próxima, permanecendo um longo tempo na mesma planta, antes de transferir-se de área.

O tempo de coleta por flor também variou conforme a intensidade de ocorrência de

visitantes, sendo mais lenta, 3 a 4 segundos por flor no período de maior intensidade, e de 2

a 3 segundos nos outros meses.

Já o comportamento de Paratetrapedia (fig. 12) diferiu basicamente na forma de

acesso a flor, devido ao seu pequeno tamanho, medem em torno de 3,5cm. A abelha ao

visitar a flor, pousa no centro desta, tocando seus órgãos reprodutivos e em seguida

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direciona-se geralmente pela pétala posterior, indo em direção a esta, e posicionando-se

com seu tórax atrás da corola conseguindo assim contata os elaióforos e realizar coleta de

óleo, enquanto seu abdome permanece na parte central da flor. Após utilização destes

elaióforos ela pode retornar ao centro da flor e reposicionar-se através dos espaços entre

pétalas ou então como freqüentemente ocorre, a abelha desloca-se para traz da flor

contornando-a sentido horário ou anti-horário enquanto recolhe o óleo, ao terminarem

retornam ao centro da flor de onde voam.

Abelhas e borboletas vão a busca de pólen nas flores, passeando de forma a explorar

o centro da corola de maneira que acabam tocando o estigma da flor, e assim

ocasionalmente polinizando-as.

Paratetrapedia costuma visitar as flores de Banisteriopsis mais demoradamente,

levando até um minuto por flor e utilizando varias flores no mesmo indivíduo antes de

transferir-se para outro indivíduo ou local. Estas abelhas foram também freqüentemente

encontradas em indivíduos de Banisteriopsis que eram fracamente visitados por Centris e

Epicharis, além de se apresentarem em maior número em horários menos utilizado pelas

Centridini.

A coleta de pólen pelas abelhas polinizadoras ocorreu somente uma vez durante o

período de observação. Sendo realizado por volta do meio-dia, horário em que as espécies

também começam a acessar os botões florais em pré-antese que dispunham de óleo. A

captura de pólen difere do comportamento de coleta de óleo, pois as Centridini, apesar de

acessar a flor da mesma forma tendem a manter distendidas suas pernas posteriores e vibrar

rapidamente enquanto a Paratetrapedia pousa sobre a flor e se mantém varrendo as

anteras. A listagem das espécies de abelhas visitantes de B. laevifolia e B. megaphylla estão

na tabela 1.

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Tabela 1 – Espécies de abelhas polinizadoras coletadas em B.laevifolia e B. megaphylla. no

JBB.

Espécies B.laevifolia B. megaphylla

Apis mellifera Linnaeus, 1758 + -

Tetragona clavipes Fabricius, 1804 + -

Trigona spinipes Fabricius, 1793 + -

Centris (Melacentris) xanthocnemis Perty, 1833 + -

Centris (Melacentris) sp. - +

Centris (Ptilotopus) scopipes Friese, 1899 + +

Centris (Trachina) longimana Fabricius, 1804 - +

Centris (Xanthemisia) lutea Friese, 1899 + -

Epicharis (Epicharana) flava Friese, 1900 + -

Epicharis (Epicharitides) iheringi Friese, 1899 + -

Epicharis (Triepicharis) schrottkyi Friese, 1899 + +

Paratetrapedia (Amphipedia) sp. - +

Paratetrapedia (Paratetrapedia) convexa Vachal,1909 + -

Paratetrapedia (Paratetrapedia) sp. + +

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SISTEMA REPRODUTIVO

As espécies parecem ser xenógamas, apresentando formação mais numerosa de

frutos por polinização cruzada do que pelos outros tratamentos. Foram contados os frutos

formados em função do número de pistilos polinizados por flor (n=3). A formação de frutos

foi maior em B. laevifolia e B. megaphylla, enquanto B. stellaris teve uma produção de

frutos menor, em torno de 50%, quando comparado às outras duas.

A autogamia apesar de muito discreta também ocorreu, sendo mais representativa

em B. laevifolia. A produção de frutos iniciados por autopolinização foi igual ou maior do

que a produção de frutos por polinização cruzada, no entanto, muitos frutos de

autopolinização são abortados durante seu desenvolvimento e poucos chegam a maturar. O

valor do ISI para as B. laevifolia, B. sterallis e B. megaphylla foi respectivamente: 0.11735,

0.0351, 0.04020.

Em intervalos de 24 horas, foram encontrados tubos polínicos crescendo (fig. 14) e

fertilizando óvulos para B. megaphylla e B. laevifolia (fig.15).

Tabela 2 – Resultados dos Tratamentos de Polinização, onde são apresentadas as

porcentagens de samaróides formados, seguidos pelo número de flores multiplicadas por 3

(número de pistilos por flor) e divididos pelos números de frutos samaróides formados, no

JBB.

Espécie Autopolinização manual

Autopolinização espontânea

Polinização Cruzada Agamospermia Polinização

Natural B.laevifolia 2.59%(593x3/42) 0.31%(314x3/3) 22.07%(512x3/339) 0%(100x3/0) 22.56%(426x3/96)

B. sterallis 0.35%(556x3/6) 0.19%(551x3/3) 9.96%(629x3/ 208) 0%(100x3/0) 4.60%(420x3/58)

B.megapylla 0.80%(333x3/8) 0%(202x3/0) 19.90%(345x3/206) 0%(100x3/0) 19.85%(759x3/429)

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DISCUSSÃO MORFOLOGIA FLORAL

As diferenças morfológicas presentes nas espécies estudadas foram apenas ao nível

de coloração e tamanho, pois a família Malpighiaceae apresenta uma grande uniformidade

floral para as espécies americanas. Acredita-se que tal uniformidade é devida ao tipo de

recurso oferecido, o óleo, e a conseqüente especialização de polinizadores (Anderson

1979).

As inflorescências das espécies estudadas são densas e com longos pedúnculos,

semelhantes ao descrito para outras espécies do gênero (Sigrist 2000). Esta disposição das

inflorescências parece conferir maior atratividade às plantas (Richards 1986). A presença

de nectários extra-florais nas folhas, brácteas e bractéolas aqui observadas também foram

verificadas para a maioria das espécies de Malpighiaceae (Vogel 1990, Barroso et al 1991).

A presença de um par de elaióforos por sépala, com exceção da sépala anterior, foi

comum às três espécies estudadas. Sendo que a ocorrência de oito elaióforos distribuídos

em pares nas sépalas, com a sépala anterior eglandulosa, é considera comum para a família

(Vogel 1990). Acredita-se que isso ocorra devido a dificuldade de coleta de óleo pelos

polinizadores nesta região, tendo havido assim sua supressão (Vogel 1990).

Nas espécies estudadas, como na maioria das espécies o óleo fica armazenado entre

o espaço cuticular e o epitélio glandular (Subramanian et al., 1990; Cocucci et al.1996)

ficando disponível através de um poro presente na cutícula do elaióforo ou então

simplesmente pela sua ruptura por pressão exercida pelo visitante floral (Cocucci et al.

1996).

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A corola das espécies estudadas apresentou simetria bilateral, como observado para

outras espécies de Malpighiaceae nos trabalhos de Sigrist (2000), Barros (1992) dentre

outros. Esta característica é comum em plantas polinizadas por abelhas (Proctor et al.

1996), pois favorece a polinização, por obrigar as mesmas uma aproximação frontal (Vogel

1990). A pétala posterior das espécies estudadas possui sua unha espessada sendo esta uma

característica morfológica marcante e freqüente para a família (Anderson 1990, Vogel

1990). Segundo Anderson (1979) e Gottsberger (1986), essa característica serve como

suporte para a abelha que se prende com a mandíbula a unha reforçada da pétala posterior.

Outra função atribuída a pétala posterior e a de direcionamento do polinizador, por esta

apresentar-se geralmente, com linhas e manchas coloridas que podem atuar como guia de

recursos florais. (Kevan & Baker 1983). Guias de recursos estão geralmente presentes em

plantas polinizadas por abelhas (Endress 1994).

FENOLOGIA

Mudança Foliar

Devido a ocorrência de abscisão das espécies na época seca com seu ápice ao final

desta estação e início da chuvosa, quando os arbustos estão completamente áfilos, torna-se

marcante a influência da período seco na deciduidade das três espécies. Diferentes fatores

controlam a mudança foliar, no caso da abscisão são considerados como fatores iniciadores

deste processo para o cerrado, a deficiência hídrica e a de nitrogênio, juntamente com a

idade foliar (Oosting 1956, Salisbury & Ross, 1978). Outros autores, no entanto,

consideram que a queda foliar esta relacionada à diminuição da temperatura, da

disponibilidade de água no solo, do fotoperíodo e da umidade relativa do ar (Mantovani &

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Martins 1988). Assim a perda foliar pode ser considerada como dependente das condições

edáfico climáticas (Barros & Caldas 1980).

Neste trabalho durante o início das chuvas houve emissão de nova folhagem nas

espécies de espécies estudadas, provavelmente respondendo ao aumento na pluviosidade.

Mantovani & Martins (1988) consideram que os fatores de brotação, fotoperíodo,

temperatura e água, são os mesmos tanto para mata mesófila quanto para o Cerrado. Sendo

que De Vuono et al (1986), considerada como indutores de brotação a pluviosidade, como

também o aumento acentuado nas medições mensais de temperatura e umidades relativas, e

a reposição de água do solo o que pode causar um aumento na solução do solo e por

conseqüência uma diluição das substâncias inibidoras de crescimento vegetal,

possivelmente vindo a desencadear o processo de brotação (De Vuono et al 1986).

Fenologia reprodutiva

As espécies aqui relatadas apesar de pertencerem ao estrato arbustivo arbóreo,

apresentaram comportamento fenológico mais próximo do estrato herbáceo-subarbustivo,

com picos de floração na estação úmida, sendo muito sugestiva sua relação com a

precipitação. Como observado em Mantovani & Martins (1988), no qual a ocorrência de

maior número de espécies floridas foram nos meses de janeiro a julho, devido a grande

representatividade do estrato herbáceo sub-arbustivo, correlacionando-se positivamente ao

aumento na precipitação, temperatura média mensal e fotoperíodo.

No entanto para a flora lenhosa do DF, observaram um maior número de espécies

florescendo nos últimos meses secos do ano, não sofrendo portanto influência da

precipitação (Aoki & Santos 1980, Gouveia & Felfili 1998, Oliveira 1998). Nas espécies

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lenhosas do cerrado a sazonalidade parece não limitar estritamente os eventos fenológicos

estando os períodos de floração e frutificação ocorrendo em plena época seca (Sarmiento &

Monasteiro 1983, Oliveira 1998).

Valio (1979) considera que a maioria das espécies que florescem após emissão

foliar, indica a necessidade de acumular carboidratos ou de atingir uma certa maturidade

para floração. Isso pode ocorrer no caso de Banisteriopsis em que as espécies demoram de

1 a 3 meses para abrirem suas flores após a brotação foliar. Assim pode ocorrer um maior

aproveitamento da água da chuva, refletindo em uma floração maior e mais intensa.

Espécies vegetais também podem apresentar uma sincronização de sua floração com

seus polinizadores (Valio 1979, Barros & Caldas 1980, Janzen 1980). A sincronização pode

ocorrer devido a fatores como estimulação da polinização, existência de sincronia com

atividades de polinizadores, redução das interferências competitivas e saciação das

populações de herbívoros, que se alimentam de sementes e flores. É sabido da profunda

interação da família Malpighiaceae com seus polinizadores (Gottsberger 1986), o que pode

refletir no seu período de floração, visto que, nas espécies estudadas com exceção apenas

de B. sterallis as plantas floriram dentro do período de maior intensidade dos polinizadores,

assim suas florações podem estar ajustadas a sazonalidade destes, de forma a facilitar o

processo de polinização. Para o JBB foi observado uma redução de atividades das abelhas

nos meses mais frios, apresentando as Anthophoridae maior riqueza em dezembro e abril e

maior abundância em abril e maio (Boaventura 1998).

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Frutificação

A frutificação é influenciada pelo período de floração, havendo um significado

adaptativo para dispersão de suas sementes (Mantovani & Martins 1988). Durante a estação

seca em Brasília as medições de velocidade dos ventos são maiores (Espinzola et al. 1982)

e muitas árvores apresentam-se sem folhas, favorecendo a dispersão deste período por uma

melhor circulação dos ventos (Ribeiro et al. 1982 apud Oliveira & Moreira 1992).

As espécies de Banisteriopsis tanto as de hábito lianescentes quanto a de hábito

arbustivo, apresentaram-se anemocóricas e conjuntamente decíduas, realizando desta forma

um melhor aproveitamento dos ventos e da abertura da vegetação que ocorrem neste

período. Para o Cerrado foi encontrado que 39% e 31,7% das espécies lenhosas eram

anemocóricas, nos estudos de Oliveira, (1980) e Mantovani & Martins (1988) ,

respectivamente. Diferentes autores observaram a existência de correlação entre

anemocoria e deciduidade, pois geralmente as espécies por eles estudadas quando

anemocóricas apresentaram-se também caducifólias (Mantovani & Martins 1988).

Os frutos de Banisteriopsis são bem adequados a dispersão anemocórica, sendo esta

possivelmente uma das características do gênero responsável por sua abundante

representação na vegetação do JBB com a ocorrência de várias manchas na vegetação.

Frutos samaróides com o formato dos de Banisteriopsis, foram classificados como

autogiros, e ocorreram em 71% das espécies anemocóricas em diferentes famílias,

evidenciando assim, uma evolução convergente, que sugere uma maior eficiência desses

frutos para as plantas tropicais (Oliveira & Moreira 1992).

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BIOLOGIA FLORAL

Banisteriopsis .laevifolia, B .stellaris, B. megaphylla como relatado possuem densas

inflorescências com flores de tamanhos medianos. Assim a quantidade de flores e suas

disposições nas inflorescências podem ser eficazes na atração de polinizadores visualmente,

como citado por Anderson (1979), Richards (1986) e Sigrist (2000).

Neste estudo, como no de Sigrist (2000), a ocorrência de nectários extra-florais nas

plantas foi confirmada. Estes são atrativos para diferentes insetos, principalmente formigas

que quase sempre cobriam os indivíduos, porém não fornecendo a botões, flores e frutos

nenhum tipo de proteção. Podendo e em algumas vezes até exercer função contrária, já que

algumas espécies de formigas pastoreavam pulgões nas plantas que ocupavam em B.

laevifolia e B. megaphylla. Este fato está em acordo com Bentley (1997), que sugere haver

apenas proteção às partes vegetativas da planta. E às vezes nem isso, quando se considera a

utilização dos pulgões pelas formigas.

As cores amarelas, róseas e brancas das flores além do odor suave e adocicado,

presentes nas Banisteriopsis estudadas são características de flores polinizadas por abelhas

(Faegri & Van der Pijl 1979). Como também a simetria bilateral, que em Malpighiaceae é

favorecida pela presença da pétala posterior, com sua posição vertical e ereta em relação ao

solo com unha dilatada, que confere direção (Vogel 1990) e suporte para os polinizadores

(Anderson 1979, Gottsberger, 1986).

Banisteriopsis laevifolia apresenta mudança de coloração da corola em relação à

duração floral, pois suas flores mais velhas apresentaram cor amarelo-pardo que difere do

amarelo apresentado pelas pétalas de flores novas. O mesmo ocorrendo com B. stellaris e

B. megaphylla que sofrem alterações entre o tom de róseo vivo (ou esbranquiçado para B.

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stellaris) apresentado pela flor jovem e o tom róseo pálido (ou amarelada para B.stellaris)

apresentado pela flor velha. Estando estes dados em conformidade com os dados

encontrados por Sigrist (2000). Diferentes autores citam que apesar de não serem mais úteis

diretamente a reprodução estas flores atuam na atração de polinizadores para as plantas

(Anderson 1979, Vogel 1990) sem competir com as flores jovens, pois os estes conseguem

distinguir entre elas não as visitando (Anderson 1979, Sigrist 2000).

As anteses florais como em outros estudos acontecem no início da manhã (Steiner

1985) com maior intensidade, não sendo porém, restrito àquele período no presente estudo.

As peças florais, após antese, também apresentaram mudanças em sua coloração e os

estigmas no segundo dia mostram-se escurecidos nas três espécies. As anteras não sofrem

alterações de coloração, porém seu movimento de deflexão deve atuar auxiliando o estigma

em obter um maior acúmulo de pólen exógeno, já que o polinizador consegue tocar mais

amplamente o estigma e também diminuir a possibilidade de autopolinização.

As espécies aqui estudadas possuem 8 glândulas distribuídas em pares. Sendo este

número de glândulas considerado mais evoluído para a família pela literatura, pois em

Malpighiaceae a variação no número de glândulas é de 10 a 8, sendo que as espécies com 8

elaióforos teriam evoluído, devido a eliminação do par de glândulas existente na sépala

posterior por estas não serem acessíveis aos polinizadores (Anderson 1990, Vogel 1990). A

família Malpighiaceae por oferecer como recurso floral óleo, além de pólen, enquadrando-

se na síndrome de flores de óleo descrita por Vogel 1969 apud Vogel 1974.

Os elaióforos apresentados por B. laevifolia, possuem coloração amarela, enquanto

em B. megaphylla os eles são róseos. Em ambos os casos eles acompanham a cor da

corola, e possivelmente atua na atração de polinizadores, visto que as abelhas que os

polinizam são sensíveis a cor amarela e rósea (Faegri & Pilj 1979). Somente B. stellaris

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apresentou elaióforos esverdeados diferente da cor das pétalas que variaram de róseo a

branco.

Visitantes Florais Abelhas são os principais polinizadores da vegetação de cerrado (Barbosa 1997)

possuindo também grande especificidade (Siberbauer-Gottsberger & Gottsberger 1988).

Para a família Malpighiaceae as abelhas do grupo Anthophoridae são de extrema

importância para sua reprodução (Anderson 1979, Gottsberger 1986, Buchmam 1987,

Barbosa 1997), pois apresentam estruturas morfológicas especializadas para a coleta de

óleo (Neff & Simpson 1981). Possuindo assim uma associação tão íntima que as tornaram

responsáveis pelo sucesso de Malpighiaceae nas Américas devido a estas apresentarem um

maior número de espécies, que as descritas para o continente Africano onde estas abelhas

não ocorrem (Vogel 1990). A estrutura morfológica responsável por esta especificidade na

polinização são as “elaiopernas”, que se caracterizam pela presença de pente composto de

cerdas modificadas no primeiro ou primeiros pares de pernas, utilizadas na coleta de óleo

(Neff & Simpson, 1981).

Os principais gêneros conhecidos como visitantes florais das Malpighiaceae são

Centris e Epicharis (Centridini), Monoeca, Paratetrapedia (Tapinostaspedini) e Tetrapedia

(Tetrapedini) (Neff & Simpson 1981). Vários autores consideram que o número de espécie

visitante de Malpighiaceae é próximo (Gottsberger 1986) ou menor para o gênero Centris e

Epicharis (Gottsberger 1986, Sazima & Sazima 1989) não sendo um consenso pois a

literatura cita Centris como o gênero mais rico em espécie (Barros 1992, Sigrist 2000).

Estando o trabalho de acordo com estes, pois a riqueza de Centris foi maior apresentando 5

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espécies, enquanto que para Epicharis listou-se 3 espécies. Entretanto o número de

indivíduos de Epicharis (n=28) visitantes foi maior que o de Centris (n =13).

Acredita-se que a maior freqüência de Epicharis em relação a Centris seja devido a

sua capacidade restrita de coletar óleo de elaióforos epiteliais apenas, enquanto Centris

pode coletar também de elaióforos tricomáticos. Dessa forma Epicharis tende a ser mais

dependente das Malpighiaceae como fonte de alimento (Sigrist 2000). Tanto Centris como

Epicharis são aqui considerados polinizadores principais sendo ambos eficientes apesar de

suas diferenças no número de espécie e indivíduos e freqüência de visitação.

O comportamento das espécies de Paratetrapedia deste estudo foi compatível para

classificá-las como polinizadores secundários, não só devido a sua presença em todas as

observações realizadas como também por sua ocorrência efetiva em indivíduos pouco ou

nada visitados por outras Centridini. Frankie et al (1983) cita que na ausência de

polinizadores de grande porte, os visitantes menores podem servir como polinizadores. O

gênero Paratetrapedia é considerado tanto como polinizador eventual como (Sigrist 2000),

pilhador (Barbosa 1997) quanto polinizador efetivo (Gottsberger 1986). Isso ocorre devido

ao seu pequeno tamanho e a diferenças na sua forma de acesso a flores de Malpighiaceae.

Abelhas da família Apidae e a ordem Lepidoptera são polinizadores ocasionais pois

coletam pólen nas flores podendo casualmente polinizá-las não sendo eficientes a

polinização de Banisteriopsis como em Sigrist (2000). Já as vespa, moscas e besouros,

apenas se utilizaram das plantas possivelmente para ovoposição ou predação. Outros

trabalhos também observaram presença de diferentes grupos de visitantes florais (Sigrist

2000, Barros 1992).

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SISTEMA REPRODUTIVO

O sistema reprodutivo de Malpighiaceae é bastante variado, sendo representado

tanto por plantas autógamas, como espécies de Byrsonima (Barros 1992), quanto alógamas

como Dicella bracteosa (Sigrist 2000), além da agamospermia que ocorre em alguma

espécies do gênero Peixotoa (Anderson 1982)

O gênero Banisteriopsis, como a família Malpighiaceae, também apresenta variação

no seu sistema sexual, podendo apresentar-se tanto autocompatível, como em B. adenopoda

e B. lútea, como parcialmente auto-incompatível, por exemplo. Banisteriopsis muricata, ou

ainda agamospérmico como em Banisteriopsis pubipetala (Sigrist 2000). A ocorrência de

diferentes tipos de sistemas de reprodução dentro de uma mesma família não é incomum

(Saraiva et al. 1996). A ocorrência de auto-incompatibilidade, observada para as espécies

do presente trabalho, é pouco descrita para a família Malpighiaceae, mais foi observada em

diferentes taxa como Dicella bracteosa, Mascagnia cordifolia, e Stigmaphyllon lalandium

(Sigrist 2000) e Byrsonima (Saraiva et al 1996). No entanto, é muito freqüente para plantas

lenhosas do cerrado, onde muitas plantas apresentam auto-incompatibilidade de ação tardia

semelhante as espécies de Banisteriopsis aqui estudadas (Oliveira & Gibbs 2000).

A incompatibilidade de ação tardia, na qual os processos de rejeição dos pistilos

autopolinizados acontecem no ovário se divide em 4 categorias. 1) Inibição ovariana do

crescimento do tubo polínico antes de alcançar o óvulo. 2) inibição da pré-fertilização no

interior do óvulo. 3) Rejeição pós-zigótica do embrião. 4) inibição ovular para a qual

detalhes citológicos não são conhecidos (Seavey & Bawa, 1986). A auto-incompatibilidade

de ação tardia esta representada por diversas espécies tropicais estudadas nas últimas

décadas, nas quais vários estudos têm demonstrado que não existem diferenças no

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crescimento dos tubos polínicos de autopolinização e polinização cruzada (Seavey & Bawa,

1986).

Nas espécies estudadas, tanto os tubos polínicos provenientes de autopolinização

quanto aqueles originados de polinização cruzada atingiram o ovário no mesmo intervalo

de tempo. Para B. megaphylla e B. laevifolia, foram observados tubos polínicos penetrando

na micrópila tanto para o tratamento autogâmico quanto para xenogâmico com o mesmo

intervalo de tempo, sugerindo portanto a ocorrência de auto-incompatibilidade de ação

tardia (sensu Seavey & Bawa, 1986). Mas não foi possível definir exatamente o modo de

rejeição dos pistilos auto-polinizados.

Apesar de as plantas não se apresentarem autocompatíveis neste estudo, as espécies

demonstraram um certo grau de compatibilidade, que foi maior em B. laevifolia e B.

megaphilla. Este comportamento foi verificado por Sigrist (2000) em B. lútea, na qual a

autopolinização teve valores menores que a cruzada, no entanto foi considerada pela autora

como parcialmente auto-incompatível. A autocompatibilidade parece mais freqüente nas

Malpighiaceae (Sigrist 2000) ocorrendo em espécies de diferentes gêneros como Byrsonima

(Bawa 1974, Saraiva 1996) e Peixotoa (Barbosa, 1997). Estando presente também no

gênero Banisteriopsis (Barbosa 1997, Saraiva et al 1996, Sigrist, 2000).

A frutificação porcentual apresentada em Banisteriopsis foi baixa, porém

considerando-se valores absolutos de frutos produzidos, as espécies possuem um número

considerável de diásporos formados em virtude das centenas de flores produzidas pelas

plantas. Este valor na produção de frutos parece ser eficaz na perpetuação das espécies

devido às inúmeras manchas ocorrentes no JBB. No cerrado, tem-se observado que plantas

de floração massiva podem apresentar baixa produção de frutos (Barros 1989). Existem

vários fatores para explicar este comportamento que vão desde atração de polinizadores

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através de apresentação de enorme display floral, ocorrência de gueitonogâmia (Frankie &

Harber 1983), e a incompetência da planta mãe de maturar uma quantidade de frutos muito

próxima a de flores produzidas (Stepheson 1986)

Para as espécies estudadas é muito provável que uma parte da redução de frutos

ocorra em virtude de autopolinizações, pois há enorme perda de frutos formados em torno

de 15 a 30 dias pós- polinização, sendo a formação de frutos neste período igual

proporcionalmente quando comparada a cruzada. No entanto este certamente não é o único

motivo pois também ocorre intensa predação por diferentes taxa de insetos, tanto aos

ovários das flores por besouros, larvas de lepidópteros e outros quanto em frutos de

diferentes estágios de desenvolvimento por pulgões e besouros e também outros insetos.

Sem que seja excluída a fisiologia da planta que pode ser incapaz de manter tantos frutos,

apesar de serem frutos de baixo custo nutricional, no caso samaroídes.

CONCLUSÃO

As espécies de Banisteriopsis estudadas florescem e frutificam durante o período

das chuvas, dispersando seus diásporos na época seca.

Características da biologia floral e morfologia conferem as espécies, adaptação a

melitofília.

Abelhas Epicharis e Centris (Anthophoridae) foram os principais polinizadores de

B. laevifolia e B. megaphylla..

As três espécies estudadas apresentaram-se auto-imcompatíveis, demonstrando

características de incompatibilidade tardia.

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ANEXO

Fig. 7 - Flor de B.sterallis.

Fig. 8 - Anteras e estigmas de

B. laevifolia.

Fig. 9 - Elaióforos de B.

sterallis extravasando óleo.

Fig. 10 - Centridini buscando a flor e

transportando pólen no seu ventre.

Fig. 11 - Centridini raspando óleo das

glândulas de B.laevifolia.

Fig. 12 - Paratetrapedia na inflorescência de B.

laevifolia.

Fig. 13 - Formiga na inflorescência de B.

megaphylla.

Fig. 14 - Grãos de polén germinados e atingindo o

ovário em B.sterallis.

Fig.15 - Tubo polínico fertilizando óvulo de B.

laevifolia.