biologia – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido...

7
BIOLOGIA – módulo 04 1 REINO ANIMALIA ou METAZOA É o maior reino em número de espécies perfazendo um total de um milhão distribuídas em 35 filos. Porém, para o vestibular, apenas 9 filos são cobrados. Os principais critérios utilizados na classificação dos animais serão citados abaixo. A abordagem dada neste módulo será apenas evolutiva e comparada, deixando de lado detalhismos que não são importantes para o vestibular. Desenvolvimento embrionário: Todos os animais possuem em comum, fases ou estágios do desenvolvimento embrionário devido à reprodução sexuada, presente na grande maioria. O desenvolvimento embrionário começa pela formação da célula ovo ou zigoto, seguindo-se pelas clivagens até a formação da mórula, um maciço celular com 32 células. A blástula é formada nas próximas clivagens, surgindo uma cavidade interna com líquido ou blastocele; nesse estágio, o embrião humano está com 8 dias de vida e prepara-se para nidar no útero materno. Na próxima fase, denominada de gástrula, surge uma nova cavidade proveniente da entrada de uma camada de células suprimindo a blastocele. Nessa fase formam-se os folhetos embrionários e um orifício comunicando esta cavidade com o meio exterior. O orifício chama-se blastóporo e, poderá dar origem à boca ou ao ânus nos animais com tubo digestivo completo. A cavidade é chamada de gastrocele ou arquêntero e trata-se do futuro tubo intestinal do organismo. A gastrulação mais avançada é responsável pela formação do terceiro folheto embrionário, nos animais triploblásticos, e o desenvolvimento de mais uma cavidade, em alguns animais, chamada de celoma. Veja a nomenclatura gerada a partir desses critérios: Quanto ao número de folhetos embrionários, os animais podem se classificados em: FOLHETOS FILOS Diploblásticos Ectoderma e endoderma Cnidaria Triploblásticos Ectoderma, mesoderma e endoderma Platyhelminthes Nematoda Anellida Arthropoda Mollusca Echinodermata Chordata Quanto à derivação do blastóporo: FILOS Protostômios: blastóporo origina a boca. Nematoda Anellida Arthropoda Mollusca Deuterostômios: blastóporo origina o ânus. Echinodermata Chordata Quanto à presença ou ausência do celoma: FILOS Acelomados: sem cavidade. Platyhelminthes Pseudocelomados: cavidade delimitada apenas externamente pelo mesoderma. Nematoda Celomados: cavidade delimitada interna e externamente pelo mesoderma. Anellida Arthropoda Mollusca Echinodermata Chordata Em termos evolutivos, ter um terceiro folheto de células cria a possibilidade de desenvolver tecidos intermediários como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica permite ao animal desenvolver e alojar órgãos originados da sua formação corpórea. Simetria: A simetria de um objeto ou organismo é estabelecida pela quantidade de metades espectrais que podem ser construídas a partir de cortes imaginários ou reais passando pelo centro. Quanto à simetria, os animais podem ser classificados como: FILOS Assimétricos: não possuem planos de simetria. Porifera (a maioria) Radiados: qualquer corte no plano longitudinal pode gerar duas metades iguais Porifera Cnidaria Equinodermata Bilatérios: apenas um corte longitudinal pode gerar duas metades iguais. Nematoda Anellida Arthropoda Mollusca Chordata A simetria radiada é típica de animais sésseis ou sedentários com mobilidade bastante limitada e duas regiões básicas no corpo chamadas de superfície oral e superfície aboral. Os animais bilatérios possuem quatro regiões no corpo denominadas de anterior, posterior, dorsal e ventral. A bilateralidade está intimamente ligada ao equilíbrio do corpo, pois, o apoio exercido por um dos membros se torna liberdade para a movimentação do outro. Cefalização: o desenvolvimento da massa cefálica e o posicionamento na região anterior do corpo estão intimamente ligados ao desenvolvimento de órgãos capazes de captar sinais sensitivos. A primeira região a entrar em contato com o meio é a região anterior; por isso, seres mais evoluídos possuem, audição, visão, olfato, etc. concentrados na região anterior do corpo. Metameria: A metameria ou segmentação corpórea é a divisão do corpo em segmentos iguais ou repetitivos. Animais de corpo segmentado apresentam capacidade de dobrar o corpo com maior eficiência propiciando melhor ataque e defesa. A seguir veremos de forma bastante sucinta a ecologia, a anatomia, fisiologia e reprodução de 9 filos do reino animal. Filo Porifera: As esponjas são organismos aquáticos, na maioria marinhos, que apresentam estrutura corpórea bastante simples, sendo sésseis, ou seja, fixos no substrato duro, geralmente rochas ou corais. Seu corpo apresenta-se crivado por pequenas células denominadas de porócitos cujos canais permitem a passagem de água para dentro do corpo da esponja; daí o nome do filo. Células flageladas distribuídas em câmaras ou no átrio (espongiocele), são responsáveis em criar essa corrente inalante e fagocitar partículas orgânicas ou

Upload: buique

Post on 08-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

1

REINO ANIMALIA ou METAZOA

É o maior reino em número de espécies perfazendo um total de um milhão distribuídas em 35 filos. Porém, para o vestibular, apenas 9 filos são cobrados.

Os principais critérios utilizados na classificação dos animais serão citados abaixo. A abordagem dada neste módulo será apenas evolutiva e comparada, deixando de lado detalhismos que não são importantes para o vestibular.

• Desenvolvimento embrionário: Todos os animais possuem em comum, fases ou estágios do desenvolvimento embrionário devido à reprodução sexuada, presente na grande maioria.

O desenvolvimento embrionário começa pela formação da célula ovo ou zigoto, seguindo-se pelas clivagens até a formação da mórula, um maciço celular com 32 células. A blástula é formada nas próximas clivagens, surgindo uma cavidade interna com líquido ou blastocele; nesse estágio, o embrião humano está com 8 dias de vida e prepara-se para nidar no útero materno.

Na próxima fase, denominada de gástrula, surge uma nova cavidade proveniente da entrada de uma camada de células suprimindo a blastocele. Nessa fase formam-se os folhetos embrionários e um orifício comunicando esta cavidade com o meio exterior. O orifício chama-se blastóporo e, poderá dar origem à boca ou ao ânus nos animais com tubo digestivo completo. A cavidade é chamada de gastrocele ou arquêntero e trata-se do futuro tubo intestinal do organismo.

A gastrulação mais avançada é responsável pela formação

do terceiro folheto embrionário, nos animais triploblásticos, e o desenvolvimento de mais uma cavidade, em alguns animais, chamada de celoma. Veja a nomenclatura gerada a partir desses critérios: Quanto ao número de folhetos embrionários, os animais podem se classificados em: FOLHETOS FILOS Diploblásticos Ectoderma e

endoderma Cnidaria

Triploblásticos Ectoderma, mesoderma e endoderma

Platyhelminthes Nematoda Anellida Arthropoda Mollusca Echinodermata Chordata

Quanto à derivação do blastóporo: FILOS Protostômios: blastóporo origina a boca.

Nematoda Anellida Arthropoda Mollusca

Deuterostômios: blastóporo origina o ânus.

Echinodermata Chordata

Quanto à presença ou ausência do celoma: FILOS Acelomados: sem cavidade. Platyhelminthes Pseudocelomados: cavidade delimitada apenas externamente pelo mesoderma.

Nematoda

Celomados: cavidade delimitada interna e externamente pelo mesoderma.

Anellida Arthropoda Mollusca Echinodermata Chordata

Em termos evolutivos, ter um terceiro folheto de células cria a possibilidade de desenvolver tecidos intermediários como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica permite ao animal desenvolver e alojar órgãos originados da sua formação corpórea.

• Simetria: A simetria de um objeto ou organismo é estabelecida pela quantidade de metades espectrais que podem ser construídas a partir de cortes imaginários ou reais passando pelo centro.

Quanto à simetria, os animais podem ser classificados como: FILOS Assimétricos: não possuem planos de simetria.

Porifera (a maioria)

Radiados: qualquer corte no plano longitudinal pode gerar duas metades iguais

Porifera Cnidaria Equinodermata

Bilatérios: apenas um corte longitudinal pode gerar duas metades iguais.

Nematoda Anellida Arthropoda Mollusca Chordata

A simetria radiada é típica de animais sésseis ou sedentários com mobilidade bastante limitada e duas regiões básicas no corpo chamadas de superfície oral e superfície aboral.

Os animais bilatérios possuem quatro regiões no corpo denominadas de anterior, posterior, dorsal e ventral. A bilateralidade está intimamente ligada ao equilíbrio do corpo, pois, o apoio exercido por um dos membros se torna liberdade para a movimentação do outro.

• Cefalização: o desenvolvimento da massa cefálica e o posicionamento na região anterior do corpo estão intimamente ligados ao desenvolvimento de órgãos capazes de captar sinais sensitivos. A primeira região a entrar em contato com o meio é a região anterior; por isso, seres mais evoluídos possuem, audição, visão, olfato, etc. concentrados na região anterior do corpo.

• Metameria: A metameria ou segmentação corpórea

é a divisão do corpo em segmentos iguais ou repetitivos. Animais de corpo segmentado apresentam capacidade de dobrar o corpo com maior eficiência propiciando melhor ataque e defesa.

A seguir veremos de forma bastante sucinta a ecologia, a anatomia, fisiologia e reprodução de 9 filos do reino animal.

Filo Porifera:

As esponjas são organismos aquáticos, na maioria marinhos, que apresentam estrutura corpórea bastante simples, sendo sésseis, ou seja, fixos no substrato duro, geralmente rochas ou corais. Seu corpo apresenta-se crivado por pequenas células denominadas de porócitos cujos canais permitem a passagem de água para dentro do corpo da esponja; daí o nome do filo. Células flageladas distribuídas em câmaras ou no átrio (espongiocele), são responsáveis em criar essa corrente inalante e fagocitar partículas orgânicas ou

Page 2: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

2

microorganismos para alimentação da esponja. Essas células denominam-se coanócitos devido a um colarinho de vilosidades voltadas para a corrente criada pelo flagelo.

A corrente de água sai por uma ou mais aberturas denominadas de ósculos, levando restos gerados do metabolismo. Também é possível liberar a gametas e larvas pela corrente exalante quando a reprodução é sexuada.

O material fagocitado pelos coanócitos é passado para a região mediana do corpo da espoja onde os amebócitos, células com movimento amebóide, capazes de digerir e distribuir os nutrientes ao restante das células que formam o corpo da esponja.

A simplicidade corpórea, a falta de tecidos diferenciados e

a ausência de sistema nervoso colocam as esponjas no grupo dos Parazoa cujo significado quer dizer “ao lado do reino animal”.

A reprodução pode ocorrer por processos assexuados como o brotamento, a gemulação e a fragmentação, mas também por processos sexuados com diferenciação de gametas a partir dos amebócitos.

Filo Cnidaria:

Animais pertencentes a esse filo apresentam dois possíveis

planos de organização corpórea: o pólipo e a medusa.

Os pólipos são sésseis e têm os tentáculos e a boca

voltados para cima; já as medusas são natantes ou planctônicas e apresentam a superfície oral voltada para baixo. Embora a estrutura seja diferenciada anatomicamente, ambos possuem uma cavidade digestiva ou gastrovascular e tentáculos com células especiais urticantes denominadas de cnidócitos. Daí o nome do grupo.

Um arranjo de células nervosas difusas garante a reação à estímulos e captura de alimento pelos tentáculos com direcionamento à boca. Não há ânus.

O alimento ingerido cai na gastrocele e recebe um suco de enzimas digestivas, porém uma parte da digestão ocorre dentro das células como nas esponjas.

Existem tipos de reprodução assexuada como brotamento e fissão longitudinal nas fases de pólipos, mas também reprodução sexuada, com ciclos metagenéticos em alguns grupos.

Filo Platyhelminthes:

Etimologicamente falando, platelmintos quer dizer vermes achatados. A forma afilada nas extremidades dá ao grupo o aspecto vermiforme ao grupo, e um achatamento dorso-ventral permite um maior contato das regiões interiores do corpo com a epiderme.

Esse nome, contudo, não significa que todos os representantes do filo sejam parasitas. As planárias são os principais representantes do grupo e são de vida livre.

A presença do folheto mesodérmico dá aos platelmintos o

desenvolvimento do sistema muscular que, aliado ao sistema nervoso ganglionar, facilita a mobilidade. Junto aos gânglios cerebróides ocorrem duas manchas ocelares com sensibilidade à luz.

No aparelho digestório existe uma faringe protrátil na região anterior a boca. É possível a ocorrência de ventosas ao redor da boca nos indivíduos com hábitos parasitários. O intestino termina em fundo de saco e, os alimentos não digeridos e restos, têm que sair pelo orifício bucal. A digestão ocorre parcialmente no intestino e o restante é digerido dentro das células.

A novidade é os protonefrídios ou células-flama localizados em pequenas câmaras com pequenos poros que se abrem na região dorsal, sendo responsáveis pela retirada de resíduos da região mais interna do corpo.

Alguns platelmintos pertencentes as classes Trematoda e Cestoda são parasitas do homem e de outras espécies de animais. Entre eles destacam-se o Schistosoma mansoni e a Taenia sp. endoparasitas comuns na região nordeste do Brasil.

A reprodução dos platelmintos pode ocorrer por estrobilação, regeneração corpórea, mas também por processos sexuados envolvendo troca de gametas masculinos

Page 3: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

3

entre indivíduos hermafroditas, pedogênese, seguidos de desenvolvimento direto (nasce indivíduo igual ao adulto, porém menor) e indireto com a formação de larvas.

A seguir vamos observar o ciclo de vida de dois vermes heteroxenos ou digenéticos:

Ciclo do Shistosoma mansoni.

Ciclo da Taenia solium.

Filo Nematoda:

Os representantes desse filo apresentam corpo com formato vermiforme e cilíndrico (nema= filamento). Embora possuam a grande maioria das espécies de vida livre, encontrados em solos úmidos e ambientes aquáticos, o maior interesse em seu estudo está ligado à ocorrência dos endoparasitas, bastante comuns no intestino e fluidos internos do corpo humano.

A presença do tubo digestório completo com permite a classificação dos nematódeos entre os organismos protostômios sendo possível também, incluí-los entre os pseudocelomados. A cavidade ao redor do intestino do embrião perdura no adulto desenvolvendo um esqueleto hidrostático que auxilia nos movimentos musculares dando um aspecto de chicote quando se locomovem (figura a seguir).

O aparecimento do tubo digestório, começando da boca e terminando no ânus, permitiu o desenvolvimento de diferenciações internas das câmaras como estômago e intestino, e no surgimento de glândulas anexas como fígado e pâncreas.

Os nematódeos apresentam sexos separados e fecundação interna sem a presença de gametas flagelados; os gametas masculinos movimentam-se por pseudópodos. As fêmeas produzem grande quantidade de óvulos e o desenvolvimento é direto em alguns e indireto em outros.

O Ascaris lumbricoides ou lombriga, Enterobius vermicularis ou

oxiúros, Ancylostoma duodenale ou ancilóstomo e o Wuchereria bancrofti ou filária estão entre os parasitas mais comuns representantes deste grupo. Abaixo está o ciclo de vida do ancilóstomo, verme capaz de causar sangramentos no tubo digestório humano levando a um quadro de anemia profunda e carência mineral.

Filo Mollusca:

Este filo é formado por animais de corpo mole sendo alguns protegidos por uma concha calcária ou exoesqueleto; são habitantes do ambiente aquático, dulcícola ou marinho, mas também possui exemplares no ambiente terrestre. Os três principais representantes do filo são os caracóis, os bivalves e os polvos. A profunda diferenciação corpórea entre os moluscos leva à criação didática do molusco hipotético, organismo detentor de características de todos os representantes.

Page 4: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

4

Existem três regiões básicas no corpo de um molusco: a

cabeça, o pé e a massa visceral. Na região da cabeça, encontram-se órgãos sensoriais como tentáculos e olhos e a boca. Nos animais filtradores, as brânquias são responsáveis pela filtração de partículas que são selecionadas para a deglutição, porém, outros grupos apresentam uma língua com dentículos quintinosos, com capacidade de raspar e envolver o alimento em muco para deglutição, a rádula.

Na massa visceral encontra-se, entre outros sistemas, a parte cardíaca envolvida no celoma. A presença de um sistema circulatório permite o crescimento corpóreo já que o sangue ou hemolinfa cumpre a função de distribuir nutrientes e gases pelo organismo. Embora caracóis e bivalves possuam circulação aberta, ou seja, a hemolinfa possa derramar em espaços abertos nos tecidos chamados de hemocelas, os cefalópodes como os polvos e lulas apresentam circulação fechada onde a hemolinfa circula apenas no interior de vasos.

O revestimento da massa visceral é feito por um tecido denominado manto. Este pode secretar, por células especiais, uma concha de CaCO3 dividida em duas porções que se articulam como nos bivalves, ou em apenas uma única como nos caracóis.

O pé é uma região musculosa e ativa rica em glândulas produtora de muco usado para reduzir o atrito entre o corpo e o solo durante o deslocamento, nos caracóis terrestres.

A reprodução dos moluscos envolve processos sexuados com fecundação interna e externa com hermafroditismo em alguns grupos de caramujos terrestres. O desenvolvimento pode ser direto ou indireto.

Filo Annelida:

A nome do filo deve-se a segmentação corpórea ou metameria. Nos anelídeos, a segmentação em anéis ou metâmeros é vista na superfície externa do corpo, mas também no padrão da parte interna sendo o tubo digestivo, a única estrutura não metamerizada.

A vocação detritívora das minhocas é acompanhada pelo desenvolvimento de um tubo digestivo com câmara de trituração (moela) e cecos intestinais para digestão da celulose.

A circulação é fechada e o sangue, nas minhocas, apresenta um pigmento vermelho que se assemelha muito a hemoglobina humana. A respiração, todavia, é limitada à superfície da pele, sempre úmida para efetuar as trocas gasosas.

Os anelídeos são hermafroditas na maioria, mas são incapazes de se autofecundar. Dois indivíduos trocam espermatozóides antes de ovopositar.

O critério básico usado na separação taxonômica das classes desse filo é o número ou presença de cerdas na superfície do corpo. Entre os representantes da classe Achaeta (sem cerdas) ou Hirudinea estão as sanguessugas com hábitos hematofágicos. Filo Arthropoda:

É o maior em número de espécies do reino animal (≈ 1000000). De tão grande que já foi desmembrado em pelo menos três outros filos; porém, ainda se mantém firme para o vestibular 2005.

O grande número de espécies e dispersão por todas as regiões do planeta retratam o sucesso evolutivo do grupo. As grandes conquistas evolutivas são o desenvolvimento de uma armadura ou exoesqueleto de quitina e outras substâncias impregnadas que impermeabiliza o corpo evitando desidratação e dando proteção, e o desenvolvimento de apêndices articulados adaptados as mais diversas funções como andar, triturar, perfurar, lamber, etc. A presença de asas em alguns membros também influencia na dispersão de espécies do grupo dos insetos.

Um limite, porém, foi o crescimento contínuo do corpo e a adaptação da armadura rígida. Por isso, o crescimento dos artrópodes é mais intenso em períodos de troca ou muda do exoesqueleto, processo controlado pelo hormônio da muda ou ecdisona.

Os artrópodes possuem corpo metamerizado, característica

que os aproxima dos anelídeos sendo ambos descendentes de um mesmo grupo de animais primitivo. Todavia, há fusão de metâmeros constituindo partes do corpo ou tagmas como cabeça, tórax, abdome, cefalotórax, etc.

A seguir, faremos um pequeno resumo esquemático com característica das três principais classes do filo Arthropoda. O grupo dos miriápodes que inclui as classes Chilopoda e Diplopoda, não será citado.

Page 5: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

5

Classe Insecta (gafanhotos, vespas, borboletas, formigas, etc.)

Características gerais: � Corpo segmentado com metameria. � Corpo dividido em cabeça, tórax e abdome. � 3 pares de patas (hexápodos), 1 par de anteras, 2

olhos compostos, e geralmente 3 simples, 2 pares de asas (maioria), 1 par de asas ou mesmo sem asas.

� Exoesqueleto quitinoso constituído de placas – 1 tergo dorsal, 1 esterno e 2 pleuras.

� Músculos – longitudinais e transversais. Ecologia:

� Terrestres � Aquáticos

Estrutura: • Cabeça

� Um par de antenas articuladas (díceros). � Dois olhos laterais e três ocelos. � Aparelhos bucais (mastigador, picador e sugador).

• Tórax � Três segmentos (um par de patas em cada). � Um par de asas com placas protetoras (élitros). � Um par de asas para vôo.

• Abdome � Estigmas (abertura para a traquéia). � Tímpanos (gafanhotos) – em outros nas patas. � Ovopositor (em muitas fêmeas). � Cercos (último segmento).

Anatomia e fisiologia: � Sistema respiratório traqueal (estigmas). � Sistema excretório por túbulos de Malpighi. � Sistema nervoso ganglionar ventral. � Sistema digestório completo. � Sistema circulatório aberto.

Reprodução: • Fecundação interna

� Partenogênese � Pedogênese � Poliembrionia

• Desenvolvimento: � Ametábolos � Hemimetábolos � Holometábolos

Classe Crustacea (camarões, lagostas, cracas, etc.)

Características gerais: � Corpo dividido em cefalotórax e abdome. � 2 pares de antenas. � Apêndices locomotores no cefalotórax e

abdome.

Ecologia: • Aquáticos

� Dulcícolas � Marinhos

• Terrestres – ambientes úmidos

Estrutura: � Cefalotórax � Apêndices cefalotoráxicos � Antenas � Maxilípedes � Base antenar

Abdome � Telson � Nadadeira caudal � Apêndices abdominais

Anatomia e fisiologia: � Sistema digestório completo. � Sistema respiratório branquial.

� Sistema circulatório aberto – coração dorsal. � Sistema excretório realizado pelas glândulas verdes ou

antenárias. � Sistema nervoso ganglionar ventral. � Exoesqueleto quitinoso com impregnação calcária. � Sistema sensorial (táctil, químico e visual). � Estatocisto (órgão de equilíbrio).

Reprodução:

� Sexos separados (maioria). � Fecundação cruzada envolvendo a copulação. � Desenvolvimento direto e indireto (a maioria).

Classe Arachinida (aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos)

Características gerais: � Corpo dividido em cefalotórax e abdome � Quelíceras e pedipalpos � Possuem 4 pares de patas locomotoras e olhos

simples � São carnívoros: predadores ou parasitas � Possuem glândulas de veneno � Ausência de antenas

Ecologia: � Aquáticos � Terrestres

Estrutura: • Cefalotórax (aranha – prossomo)

� Quelíceras � Pedipalpos

• Abdome (aranha – opistossomo)

� Fiandurão

Anatomia e fisiologia: � Sistema digestório completo.

• Digestão extracorpórea � Sistema respiratório.

• Filotraquéias • hemocianina

� Sistema circulatório aberto. � Sistema excretório.

• Túbulos de Malpighi e glândulas coxais. � Sistema nervoso ganglionar ventral � Exoesqueleto quitinoso completo.

Reprodução: � Sexos separados. � Fecundação interna com comportamento de corte. � Desenvolvimento direto.

Embora alguns artrópodes causem efeitos maléficos a

espécie humana agindo como vetores de doenças, pragas da agricultura, etc., outros são de extrema importância servindo de alimento ou atuando como polinizadores de espécies vegetais úteis na alimentação. Filo Echinodermata:

O filo recebe este nome pela presença de espinhos na derme, bastante visíveis nos ouriços, membros mais conhecidos do grupo.

Os equinodermos são os primeiros animais deuterostômios na escala crescente evolutiva, dividindo inclusive essa característica com os cordados. Outra aquisição é o endoesqueleto calcáreo, estrutura rija que permanece intacta em alguns casos, depois da morte do animal.

Juntamente com os ouriços-do-mar, fazem parte desse grupo as estrelas-do-mar, as bolachas-de-praia, os pepinos-do-mar, as serpentes-do-mar e os lírios-do-mar. Todos são animais exclusivamente marinhos e apresentam fluidos corpóreos com a mesma salinidade da água do mar.

Outra novidade do grupo é a presença do sistema ambulacrário ou hidrovascular (figura a seguir). Um conjunto

Page 6: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

6

de canais internos conduz água do mar pelo interior do corpo e distribui ao longo da superfície das 5 projeções do corpo da maioria com simetria pentaradiata. Na parte terminal de cada canal existe uma ampola e um pé ambulacral; as ampolas são musculosas atuando na sucção e os pés são musculosos e flexíveis capazes de serem retraídos e protraídos. O sistema ambulacral, dessa forma, atua na fixação e na locomoção do organismo, mas também cumpre internamente funções auxiliares na fisiologia como na circulação, excreção e na respiração do organismo.

Os equinodermos apresentam sexos separados e fecundação externa. O desenvolvimento é indireto com a formação de uma larva bilatéria denominada plúteo. A reprodução assexuada por regeneração é vista em alguns grupos.

Filo Chordata:

Todos os animais pertencentes a esse filo apresentam algumas estruturas, mesmo que apenas em uma curta etapa de sua vida.

• Notocorda: bastão rígido de células que mantém a estrutura do embrião;

• Cauda: projeção terminal do corpo usada para equilíbrio, locomoção e defesa;

• Fendas faringianas: pontos de conexão da faringe com o exterior. Nos peixes localizam-se os arcos branquiais; e

• Tubo nervoso dorsal: Sistema nervoso central formado pelo cérebro e medula passa para o dorso do animal.

Dois grupos do filo Chordata são formados por seres invertebrados o grupo do anfioxo (Chephalochordata), e o grupo das ascídias (Urochordata). O grupo dos vertebrados forma o terceiro grupo deste filo. Este último subdivide-se em 7 classes numa das quais, estamos incluídos.

Sub-filos: • Cephalochordata • Urochordata • Vertebrata:

O sub-filo Vertebrata é formado pelos peixes, que se subdividem em 3 classes (Agnatha, Chondrichtyies, Osteichtyes), pelos anfíbios (Amphibia), pelos répteis (Reptilia), pelas aves (Aves) e pelos mamíferos (Mammalia).

A abordagem para as classes dos vertebrados também será feita segundo aspectos evolutivos.

A vida dos vertebrados teve início nos mares através de peixes de corpo esguio formados por nadadeiras ímpares, 9 a 11 pares de fendas branquiais e uma boca circular, sem mandíbula. Algumas espécies descendentes desse grupo guardam essas características como as lampreias e os peixes-bruxa, parasitas ou detritívoros, respectivamente. O sucesso evolutivo teve início com o desenvolvimento da mandíbula, proveniente da fusão de arcos branquiais e sua articulação com o crânio. Nos peixes ósseos e cartilaginosos, restam apenas 5 a 7 pares de fendas branquiais e a mandíbula, com ou sem dentes, capaz de permitir que o animal capture uma maior quantidade de alimento e também mais endurecido, e triture pela mastigação.

Outra aquisição evolutiva dos peixes ósseos e

cartilaginosos foi o surgimento das nadadeiras pares peitorais e pélvicas dando ao animal equilíbrio e estabilidade nos movimentos.

Nos peixes ósseos, aliados a essas características, desenvolveu-se internamente, uma pequena bolsa capaz e aprisionar uma quantidade de gases retirados do sangue, facilitado a movimentação vertical na coluna de água; a bexiga natatória. Em peixes chamados de fisóstomos, há uma conexão entre a bexiga natatória e a faringe, permitindo inclusive a passagem de ar do meio para dentro da bexiga. Mais tarde, essa aquisição evolutiva propiciaria a inalação e trocas gasosas com o sangue como é feita pelos pulmões.

A ossificação das nadadeiras pares permitiu pequenos deslocamentos no ambiente aéreo suportados pelas cinturas, pélvica e peitoral. Os anfíbios retratam, durante seu ciclo de vida, esse momento quando girinos que respiram por brânquias e nadam no ambiente aquático, sofrem metamorfose e migram para o ambiente terrestre com o desenvolvimento das patas e dos pulmões.

Os primeiros tetrápodos verdadeiramente terrestres são os répteis. As transformações capazes de vencer os desafios terrestres começam pela proteção da pele contra a desidratação com, escamas, placas de queratina, etc., desenvolvimento de glândulas lacrimais e, acima de tudo, a capacidade de manter o desenvolvimento do embrião no ambiente terrestre.

Anexos embrionários como âmnio, alantóide foram essenciais na manutenção da vida embrionária fora do ambiente aquático. O âmnio é uma bolsa com líquido capaz de manter o embrião livre da desidratação reduzindo choques mecânicos. O alantóide permite o armazenamento dos restos produzidos pelo metabolismo de consumo das reservas do saco vitelínico. Nas fêmeas ovíparas, a casca calcária e a membrana coriônica concluem a proteção do embrião, permitindo as trocas gasosas durante o desenvolvimento.

As aves e os mamíferos são, provavelmente, descendentes

dos répteis. Durante a era mesozóica (225 – 65 milhões de anos atrás), os répteis dominaram o planeta, mas extinguiram-se pela provável queda de um meteoro. Uma grande quantidade de resíduos da explosão permaneceu por

Protochordata

Page 7: BIOLOGIA – módulo 04 - casadobiotony.files.wordpress.com · como o tecido muscular, o tecido esquelético e o tecido sanguíneo, por exemplo. Já a presença da cavidade celômica

BIOLOGIA – módulo 04

7

meses na atmosfera, impedindo a passagem de luz e eliminando grande parte dos produtores e herbívoros e toda a cadeia dependente deles.

Apenas répteis de pequeno porte sobreviveram ao holocausto. Mamíferos e aves, animais de pequeno porte com hábitos noturnos e com habilidade para voar, tinham alimento abundante pela redução da competição. A homeotermia desses dois últimos grupos foi essencial na sobrevivência deles durante os períodos mais frios da época.

Embora as aves tenham mantido a oviparidade, os mamíferos desenvolveram outras estratégias para sobrevivência do embrião. A viviparidade consiste em abrigar o embrião e feto no ventre da mãe. A alimentação e a respiração são efetuadas pelas adaptações da parede uterina e a membrana coriônica na formação da placenta e do cordão umbilical.

Após o nascimento, os cuidados com a prole e a amamentação garantem a integridade e a nutrição dos filhotes. O leite materno possui, além da hidratação, todos os componentes necessários à sobrevivência da prole.

O sucesso evolutivo alcançado pelos mamíferos permitiu o avanço do grupo para todos os ambientes do planeta, incluindo o ambiente marinho, conquistado pelos cetáceos e sirênios a mais de 50 milhões de anos atrás.

*****